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Construção e teste de um sistema de ‘Rotating Cage’ para realização de medidas eletroquímicas em altas tensões de cisalhamento para avaliação da corrosão em aço carbono utilizado em dutos de transporte de petróleo. Isadora Nogueira Viçosa Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia de Materiais da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheira de Materiais. Orientadores: Oscar Rosa Mattos Merlin Cristina Elaine Bandeira Rio de Janeiro Fevereiro de 2015

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Construção e teste de um sistema de ‘Rotating Cage’ para

realização de medidas eletroquímicas em altas tensões de

cisalhamento para avaliação da corrosão em aço carbono

utilizado em dutos de transporte de petróleo.

Isadora Nogueira Viçosa

Projeto de Graduação apresentado ao Curso de

Engenharia de Materiais da Escola Politécnica,

Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte

dos requisitos necessários à obtenção do título de

Engenheira de Materiais.

Orientadores: Oscar Rosa Mattos

Merlin Cristina Elaine Bandeira

Rio de Janeiro

Fevereiro de 2015

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Viçosa, Isadora Nogueira

Construção e teste de um sistema de ‘Rotating Cage’ para

realização de medidas eletroquímicas em altas tensões de

cisalhamento para avaliação da corrosão em aço carbono utilizado

em dutos de transporte de petróleo / Isadora Nogueira Viçosa – Rio

de Janeiro: UFRJ/ Escola Politécnica, 2015.

xvi, 61 p.: il.; 29,7cm

Orientadores: Oscar Rosa Mattos e Merlin Cristina Elaine

Bandeira

Projeto de Graduação – UFRJ/ Escola Politécnica/ Curso de

Engenharia de Materiais, 2015.

Referências Bibliográficas: p. 58-61.

1. Corrosão 2. Rotating Cage 3. Técnicas Eletroquímicas.

I. Mattos, Oscar Rosa; Bandeira, Merlin C. E. II. Universidade

Federal do Rio de Janeiro, UFRJ, Engenharia de Materiais.

III. Construção e teste de um sistema de ‘Rotating Cage’

para realização de medidas eletroquímicas em altas tensões

de cisalhamento para avaliação da corrosão em aço carbono

utilizado em dutos de transporte de petróleo.

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"Só existem dois dias no ano que nada pode ser feito.

Um se chama ontem e o outro se chama amanhã,

portanto, hoje é o dia certo para amar, acreditar,

fazer e principalmente viver."

Dalai Lama

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Agradecimentos

À Deus, pelas oportunidades abençoadas em minha vida.

À minha família, que formam a base em que posso sempre me apoiar e ganhar

forças para continuar a trilhar meu caminho.

Aos meus amigos da UFRJ, em especial a Marcella Lage, Romulo Saldanha,

Luis Filipe Saba e também ao meu grupo Friends Metalmat, que estiveram sempre

presente ao meu lado, fazendo com que esses anos de faculdade fossem uma experiência

inesquecível, prazerosa e muito divertida.

Aos professores do Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais, da

UFRJ, pela sabedoria compartilhada em cada disciplina cursada ao longo do curso. Em

especial aos professores Oscar Rosa Mattos, Luis Marcelo Tavares e Dilson Silva dos

Santos pela participação especial em minha formação acadêmica.

Em especial, agradeço a Merlin Bandeira e Rogaciano Moreira, meus eternos

orientadores do LNDC, que estiveram sempre ao meu lado, me apoiando e

compartilhando todo conhecimento que ajudaram a me tornar uma engenheira, além de

fazer meus dias no laboratório, durante esses cinco anos, serem sempre um melhor que

o outro.

A todos que direta ou indiretamente me ajudaram na realização deste trabalho.

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Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte

dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheira de Materiais.

Construção e teste de um sistema de ‘Rotating Cage’ para realização de medidas

eletroquímicas em altas tensões de cisalhamento para monitoramento da corrosão em

aço carbono utilizado em dutos de transporte de petróleo.

Isadora Nogueira Viçosa

Fevereiro/2015

Orientadores: Oscar Rosa Mattos e Merlin Cristina Elaine Bandeira

Curso: Engenharia de Materiais

Visando minimizar custos e aumentar eficiência, o transporte de óleo geralmente

ocorre em regime de fluxo turbulento. É sabido que essas condições de operação podem

ocasionar degradação dos materiais das tubulações, tais como a corrosão localizada

induzida pelo fluxo. O aço carbono é amplamente utilizado na indústria de petróleo e

gás devido ao seu baixo custo, fácil aquisição, boa soldabilidade e excelentes

propriedades mecânicas. Nas novas descobertas dos campos da camada pré-sal, as

condições que vêm sendo encontradas são cada vez mais agressivas do ponto de vista

da corrosão, por isso é necessário avaliar o desempenho deste material nestas novas

condições. Para mitigar os efeitos da corrosão causados pelo meio agressivo e pelo

regime de fluxo turbulento, ao qual o aço está exposto, inibidores de corrosão são

amplamente utilizados. Sendo assim, é extremamente importante que os testes de

qualificação de material e inibidores realizados em laboratório estejam condizentes com

as condições de campo. Os testes em Rotating Cage, RC, têm sido amplamente

utilizados para seleção/qualificação de inibidores em condições de fluxo turbulento.

Este sistema de teste tem se mostrado uma alternativa eficiente e mais simples do que

os sistemas normalmente utilizados para ensaios em fluxo: loop, jato impingimento e

eletrodo rotatório. Todavia em sistemas convencionais de RC não é possível realizar

medidas eletroquímicas. Neste contexto este projeto de conclusão de curso propõe a

construção de um sistema de RC capaz de realizar medidas eletroquímicas e avaliações

de perda de massa.

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Palavras-chave: corrosão, rotating cage, técnicas eletroquímicas, corrosão por

fluxo acelerado, aço carbono, indústria do petróleo.

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Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial

fulfilment of the requirements for degree of Material Engineer.

Construction and testing of a system of 'Rotating Cage' to perform electrochemical

measurements at high shear stresses for monitoring corrosion of carbon steel used in oil

transportation pipelines.

Isadora Nogueira Viçosa

February/2015

Advisors: Oscar Rosa Mattos and Merlin Cristina Elaine Bandeira

Course: Material Engineering

Aiming to minimize costs and increase efficiency, the oil transport usually occurs in

turbulent flow regime. The operating conditions may cause degradation of materials of

pipes, such as flow-induced localized corrosion. Carbon steel is widely used in the oil

and gas industry due to its low cost, ease of purchase, good weldability and excellent

mechanical properties. In the new discoveries of pre-salt fields, the conditions that have

been found are increasingly aggressive from corrosion perspective, so it is necessary to

evaluate the performance of this material in these new conditions. In order to mitigate

the effects of corrosion caused by aggressive environment and the turbulent flow

regime, which the steel is exposed, corrosion inhibitors are widely used. Therefore, it is

extremely important that the material qualification tests and laboratory performed

inhibitors are consistent with the field conditions. Tests on Rotating Cage, RC, have

been widely used for selection and qualification of inhibitors in turbulent flow

conditions. This test system has been shown to be an effective and simpler than

alternative systems commonly used for flow testing: flow loop, jet impingement and

cylinder and disk rotating electrode. However in conventional RC systems cannot

perform electrochemical measurements. Therefore, this undergraduate project proposes

the construction of an RC system able to perform electrochemical measurements and

weight loss test.

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Keywords: corrosion, rotating cage, electrochemical techniques, corrosion accelerated

flow, carbon steel, oil industry.

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INDICE DE FIGURAS

Figura 1 - Principais causas de vazamentos, segundo PHMSA, 2002-2009 [13]. ........................ 6

Figura 2 - Comparação entre as curvas de impedância para as técnicas de Loop, JI e RCE [21] .

............................................................................................................................................. 14

Figura 3 - Relação entre tensão de cisalhamento e taxa de corrosão do aço AISI 1020 num meio

contendo CO2. (SCHIMITT.G;MUELLER,M.;1999) ........................................................ 15

Figura 4 - Características hidrodinâmicas do jato impingemento sobre uma placa plana que

mostra a posição do anel de ensaio no campo de fluxo e suas regiões características de

fluxo (Dawson e Shih, 1987) [24]. ...................................................................................... 18

Figura 5 - Gaiola do Rotating Cage ............................................................................................ 21

Figura 6 - Desenho esquemático do sistema de teste Rotating Cage . ........................................ 22

Figura 7 - Zonas distintas de fluxo para o sistema de teste Rotating Cage [24]. ........................ 23

Figura 8 - Posição dos microeletrodos de ouro em relação aos corpos de prova. ....................... 26

Figura 9 - Configuração do ensaio RC com interface eletroquímica proposto por L. Chaal et AL

[3]. ....................................................................................................................................... 28

Figura 10 - Simulação computadorizada da dinâmica do fluido em 1000 rpm [34]. .................. 30

Figura 11 - Curva de OCP do aço carbono com 20 segundos de monitoramento. ...................... 32

Figura 12 - Curva de RPL obtida para aço carbono em meio contendo Cloreto. ........................ 33

Figura 13 – Diagrama de Nyquist. .............................................................................................. 35

Figura 14 - Fotografia obtida pelo estereoscópico com aumento de 1,25x. ................................ 40

Figura 15 - Eletrodo de referência em Hastelloy. ....................................................................... 42

Figura 16 - Corte do projeto em Solid Work que detalha o contato elétrico entre o corpo de

prova e o eixo do sistema. ................................................................................................... 43

Figura 17 - Corpo de Prova com furo para parafuso. .................................................................. 44

Figura 18 - Desenho geral do sistema RC eletroquímico. ........................................................... 45

Figura 19 - Corte do projeto mostrando os detalhes internos do sistema de RC eletroquímico. 46

Figura 20 - Gaiola a base de Peek para o teste de Rotating Cage Eletroquímico. ...................... 47

Figura 21 - Sistema completo do ensaio de Rotating Cage Eletroquímico ................................. 48

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Figura 22 - Ensaio em andamento: autoclave com sistema de RC Eletroquímico e potenciostato.

............................................................................................................................................. 49

Figura 23 - Diagrama de Nyquist para Aço Inoxidável 304 em diversas rotações (65.000 Cl-,

40ºC, 20 bar de CO2). .......................................................................................................... 51

Figura 24 - Diagrama de Nyquist obtido nas condições de Teste 2. (a) Primeiro teste. (b)

Duplicata. (16502 ppm NaCl + 292 ppm CH3CO2 + 123 ppm NaHCO3,40ºC, 1 bar de CO2,

50 Pa). .................................................................................................................................. 52

Figura 25 - Valores de Rp em função do tempo de ensaio para o Teste 2. ................................. 53

Figura 26 - Diagrama de Nyquist obtido para o Teste 3 (1000 ppm Cl-, 65ºC, 20 bar de CO2, 40

Pa). (a) Teste sem inibidor, (b) Teste com inibidor. ............................................................ 55

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INDICE DE TABELAS

Tabela 1 - Tabela comparativa entre as principais técnicas de teste de corrosão em fluxo

acelerado [20]. ..................................................................................................................... 31

Tabela 2 - Condições de teste utilizadas para validação do sistema RC Eletroquímico. ............ 40

Tabela 3 - Tabela de conversão em tensão de cisalhamento, segundo a equação 19. ................. 49

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 1

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .............................................................................. 3

2.1 CORROSÃO ....................................................................................................... 3

2.1.1 Aspectos Gerais ....................................................................................................... 3

2.1.2 Corrosão na Indústria do Petróleo ............................................................................ 5

2.1.3 Corrosão por CO2/H2S ............................................................................................. 8

2.1.4 A influência da tensão de cisalhamento na corrosão de dutos ................................. 9

2.2 MÉTODOS DE TESTE DE CORROSÃO EM SISTEMA DE FLUXO ............. 15

2.2.1 Sistema de fluxo em Loop ..................................................................................... 16

2.2.2 Jato Impingimento ................................................................................................. 17

2.2.3 Eletrodo de Cilindro Rotatório ............................................................................... 20

2.2.4 Rotating Cage ........................................................................................................ 21

2.2.5 Comparação entre os métodos ............................................................................... 30

2.3 MEDIDAS ELETROQUÍMICAS ...................................................................... 31

2.3.1 Potencial de Circuito Aberto (OCP) ...................................................................... 31

2.3.2 RPL ........................................................................................................................ 32

2.3.3 Medidas de Impedância Eletroquímica .................................................................. 34

3. OBJETIVO E JUSTIFICATIVA ........................................................................ 37

4. MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................ 38

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4.1 PROJETO E USINAGEM ................................................................................. 38

4.2 PREPARAÇÃO DOS CP'S................................................................................ 39

4.3 CONDIÇÕES DE TESTE UTILIZADAS .......................................................... 40

4.4 MONTAGEM DOS TESTES ............................................................................ 41

4.5 MEDIDAS ELETROQUÍMICAS ...................................................................... 41

5. RESULTADOS E DISCUSSÕES ....................................................................... 43

6. CONCLUSÕES ..................................................................................................... 56

7. SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS .............................................. 57

8. REFERÊNCIAS BILIOGRÁFICAS .................................................................. 58

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1. INTRODUÇÃO

Os principais processos degenerativos dos aços carbonos são a corrosão

generalizada, a localizada e a corrosão sob tensão. Nas cadeias de produção e refino do

petróleo estes aços estão expostos a meios altamente agressivos caracterizados por altas

concentrações de cloretos, elevadas pressões parciais de gases ácidos (CO2 e H2S),

elevadas temperaturas, esforços mecânicos, além das altas tensões de cisalhamento

oriundas do regime de fluxo turbulento adotado no transporte dos fluidos pelas

tubulações e equipamentos. Estas condições oferecem riscos à integridade dos

equipamentos caso algumas medidas preventivas, como controle adequado da

composição do meio, adição de inibidores de corrosão, aplicação de revestimentos,

proteção catódica, dentre outras, não sejam adotadas [1].

O aço carbono é amplamente utilizado na indústria de petróleo e gás devido ao

seu baixo custo, fácil aquisição, boa soldabilidade e excelentes propriedades mecânicas.

Esse aço é normalmente empregado em equipamentos tais como colunas de produção,

colunas de revestimento de poços, dutos, dutos flexíveis, tanques de armazenamentos e

etc. Nas novas descobertas dos campos da camada pré-sal, as condições que vêm sendo

encontradas são cada vez mais agressivas do ponto de vista da corrosão e mesmo assim

o aço carbono é ainda muito utilizado e, portanto é bastante justificável o entendimento

dos processos de corrosão que o cercam.

Devido à baixa resistência à corrosão dos aços carbono o processo de seleção e

de determinação da eficiência dos inibidores de corrosão é de fundamental importância

para garantir o tempo de operação estimado em projetos, segurança de operação de

tubulações e equipamentos, além de uma relação custo/benefício favorável à sua

utilização.

De acordo com a norma ASTM G170 [2], atualmente existem quatro

metodologias validadas para a determinação da eficiência de inibidores de corrosão:

sistema de loop, eletrodo de cilindro rotatório (RCE), jato impingimento (JI) e rotating

cage (RC). O RC apresenta algumas vantagens em relação aos demais métodos: aparato

experimental mais simples, geometria mais simples dos corpos de prova e, portanto de

fabricação mais barata, possibilidade de testar vários materiais simultaneamente e

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sistema facilmente adaptável para realização de testes em altas pressões e temperaturas

[3].

Com exceção do RC (ASTM G184) [4], nos demais sistemas é possível realizar

tanto medidas eletroquímicas como de avaliação das taxas de corrosão por perda de

massa (ASTM G1) [5] em testes de imersão (ASTM G31) [6].

Medidas eletroquímicas, tais como espectroscopia de impedância eletroquímica

(EIE), resistência à polarização linear (RPL), são muito utilizadas na avaliação da

interface metal-solução e por isso são vastamente aplicadas no estudo da corrosão

[1,7,8].

Com a construção de um sistema de RC adaptado para realização de medidas

eletroquímicas será possível obter resultados que permitam avaliar a evolução do

processo corrosivo assim como a atuação dos inibidores de corrosão durante todo o

período de imersão, visto que as medidas eletroquímicas fornecem informações

instantâneas da interface em estudo, enquanto as taxas de corrosão obtidas a partir de

avaliações de perda de massa fornecem uma média de todo o período de teste.

Neste trabalho será apresentado um novo sistema de Rotating Cage adaptado

para realizar medidas eletroquímicas. O dispositivo foi projetado e fabricado durante o

desenvolvimento deste projeto. Após a fabricação, o novo sistema de RC foi testado e

os resultados comparados com os obtidos em condições similares, mas em outras

técnicas com regime de fluxo semelhante a fim de comparar e validar as medidas

eletroquímicas obtidas a partir do sistema de RC eletroquímico.

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2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 CORROSÃO

2.1.1 Aspectos Gerais

A corrosão pode ser definida como a deterioração de um material, normalmente

metálico, devido à ação química ou eletroquímica do meio, combinada ou não a

esforços mecânicos. A interação físico-química entre o material e seu meio, causa

deterioração que representa alterações danosas indesejáveis, como por exemplo,

desgaste, modificações químicas ou mudanças estruturais, tornando-o impróprio para o

uso [9].

Podemos chegar a ponto de considerar a corrosão como o inverso do processo

metalúrgico que possibilitou a obtenção do metal da natureza, já que a extração do

metal a partir de seus minérios ou de outros compostos faz o caminho inverso ao da

corrosão, que tende a oxidar o metal tornando-o bem parecido ao momento de sua

obtenção, sem tratamento da natureza [9].

A corrosão sendo, geralmente, um processo espontâneo está constantemente

modificando os materiais metálicos de maneira que a durabilidade e desempenho dos

mesmos deixam de atender as necessidades aos quais são destinados. Apesar de estar

sempre associado a materiais metálicos, esse fenômeno ocorre em outros materiais,

como concreto e polímeros orgânicos, entre outros. Sem que se perceba, processos

corrosivos estão presentes direta ou indiretamente no nosso cotidiano, pois podem

ocorrer em grades, automóveis, eletrodomésticos e instalações industriais. Ao se

considerar o emprego de materiais na construção de equipamentos ou instalações, é

exigido a durabilidade e resistência à corrosão que justifiquem os altos valores

investidos e evitem acidentes com danos materiais incalculáveis ou danos pessoais

irreparáveis.

Pode-se classificar a corrosão em: eletroquímica, química e eletrolítica.

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A corrosão eletroquímica ocorre quando íons metálicos (M+) deixam a

superfície do metal e vão para o meio reacional. Para cada M+ liberado, um elétron é

deixado para trás na superfície metálica, formando assim sítios catódicos. Os sítios

anódicos são a região metálica que perde o M+ para o meio. Em meios isentos de

oxigênio, os elétrons se combinam com os íons hidrogênios produzindo hidrogênio

molecular. Já na presença de oxigênio, os elétrons se combinam com o oxigênio e o

hidrogênio produzindo água [10].

Por exemplo, o mecanismo de corrosão do ferro, no qual a reação anódica (oxidação) se

dá pela equação:

Fe → Fe2+

+ 2e– (1)

Enquanto a reação catódica (redução):

2H2O + 2e– → H2 + 2OH

– (2)

Assim uma região intermediária surge com a migração dos íons de Fe 2+

para a região

catódica ao passo que os íons OH- direcionam-se para a anódica, formando assim o

hidróxido ferroso:

Fe2+

+ 2OH– → Fe(OH)2 (3)

Quando a reação ocorre em um meio com baixo teor de oxigênio, o hidróxido ferroso

sofre a seguinte transformação:

3Fe(OH)2 → Fe3O4 + 2H2O + H2 (4)

Enquanto para teores elevados de oxigênio, tem-se:

2Fe(OH)2 + H2O + 1/2 O2 → 2Fe(OH)3 (5)

2Fe(OH)3 → Fe2O3.H2O + 2H2O (6)

Finalmente, acarretando a formação do produto de corrosão em forma de filme

de compostos Fe3O4 (coloração preta) e Fe2O3.H2O (coloração alaranjada ou

castanho-avermelhada).

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A corrosão química corresponde ao ataque de um agente químico diretamente

sobre o material, sem transferência de elétrons de uma área para outra. Enquanto que a

corrosão eletrolítica se caracteriza por ser um processo eletroquímico, que se dá com a

aplicação de corrente elétrica externa, ou seja, trata-se de uma corrosão não espontânea

[11].

A corrosão apresenta-se de diversas maneiras com características físicas e

químicas diferentes e pode ocorrer sob diferentes formas. O conhecimento das mesmas

é muito importante no estudo de um processo corrosivo. As formas de corrosão podem

ser apresentadas considerando a aparência ou forma de ataque e as diferentes causas da

corrosão e seus mecanismos. Para este trabalho, é de grande importância conhecer sobre

a corrosão generalizada, ou uniforme, e a corrosão localizada, ou por pite.

A corrosão uniforme se processa em toda a extensão da superfície, ocorrendo

perda uniforme de espessura, esta forma é comum em metais que não formam películas

protetoras, como resultado do ataque [12].

A corrosão por pite atua em pontos ou em pequenas áreas localizadas na

superfície metálica produzindo pites, que são cavidades que apresentam o fundo em

forma angulosa e profundidade geralmente maior que o seu diâmetro, é frequente em

metais formadores de películas protetoras, em geral passivas, que, sob a ação de certos

agentes agressivos, são destruídas em pontos localizados, os quais se tornam ativos,

possibilitando corrosão muito intensa. Exemplo comum é representado pelos aços

inoxidáveis austeníticos em meios que contêm cloretos.

2.1.2 Corrosão na Indústria do Petróleo

Os acidentes ambientais com dutos de petróleo e derivados podem ser definidos

como sendo eventos inesperados que afetam direta ou indiretamente a segurança, a

empresa e a saúde da população envolvida, causando impactos ao meio-ambiente

gerando altos custos de operação. Os acidentes de origem tecnológica (corrosões,

trincas, erro de escavação, etc) são, em sua grande maioria, previsíveis, razão pela qual

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há que se trabalhar principalmente na prevenção destes episódios, sem esquecer

obviamente da preparação e intervenção quando da ocorrência dos mesmos [11].

Com o avanço tecnológico mundialmente alcançado, os custos da corrosão

evidentemente se elevam, tornando-se um fator de grande importância a ser considerado

já na fase de projeto de grandes instalações industriais, para evitar ou minimizar futuros

processos corrosivos. Os custos relativos à corrosão incluem não só o gasto com

reposição de materiais, mas também os gastos com prevenção de corrosão como

emprego de materiais mais resistentes ao processo corrosivo, medidas de proteção e

com manutenção. Geralmente, quanto mais avançado tecnologicamente for um país,

mais elevado o seu gasto com corrosão, daí pode-se considerar que a corrosão avança

paralelamente ao desenvolvimento tecnológico, por isso as medidas para sua prevenção

e combate não podem ser desprezadas.

Figura 1 - Principais causas de vazamentos, segundo PHMSA, 2002-2009 [13].

Através do gráfico apresentado na figura 1, podemos notar que mesmo com as

avançadas tecnologias de monitoramento, a corrosão é a causa mais frequente dos

vazamentos de dutos. A NACE (National Association of Corrosion Engineers)

atualmente estima os custos totais atribuídos a todos os tipos de corrosão em 276.000

milhões de dólares americanos, onde a corrosão de gás onshore e gasodutos de

transporte de líquidos representam 7.000 milhões de dólares deste total. Segundo dados

da PHMSA (Departamento Americano de Dutos de Transporte e Administração da

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Segurança de Materiais Perigosos), houve entre 40 e 65 incidentes significativos de

corrosão por ano em tubulações, durante os últimos 20 anos, que em média ocorrem 52

incidentes desse tipo por ano.

Dutos desprotegidos, seja enterrado no solo, expostos à atmosfera, ou submersos

em água, são susceptíveis à corrosão. Sem manutenção adequada, cada sistema de

gasodutos acabará por se deteriorar. A corrosão pode enfraquecer a integridade

estrutural de um duto e torná-lo um veículo não seguro para o transporte de materiais

potencialmente perigosos. As falhas de corrosão podem ser tanto o rompimento como o

vazamento de produto. Vazamentos de gasodutos geralmente não causam grandes

danos ao meio ambiente porque o gás que escapa dispersa na atmosfera. No entanto, as

fugas de uma linha de líquido pode contaminar o solo, águas subterrâneas e superficiais.

Por outro lado, a ruptura em um gasoduto é mais propensa a causar uma explosão e

incêndio, resultando, em média, em mais mortes e ferimentos.

Garantir, em longo prazo, a integridade do sistema rentável requer uma

abordagem integrada baseada no uso de inspeção, monitoração, mitigação, avaliação

forense, e previsão. À medida que novos materiais são desenvolvidos e as condições

ambientais mudam, a avaliação do desempenho material considerando a corrosão

assume uma importância crescente [14].

Então, o monitoramento da corrosão é fundamental para prevenir falhas graves,

identificar condições potencialmente graves, prever a vida útil do equipamento através

da taxa de corrosão, entre outras vantagens. Através de ensaios de corrosão realizados

em laboratório e, eventualmente, no campo, é possível caracterizar a agressividade de

um determinado meio corrosivo e fornecer fundamentos básicos para o controle da

corrosão. Podem ser feitos no laboratório ou no campo, dependendo dos objetivos que

se quer alcançar como também das limitações [9].

Os ensaios de laboratório são úteis para estudar o mecanismo do processo

corrosivo além de indicar o material metálico, liga ou revestimento mais adequado para

uma determinada aplicação. Tais testes podem ser realizados sob condições variadas

visando reproduzir as condições de utilização dos materiais em campo. Entre os testes

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8

mais comuns estão os ensaios de imersão, ensaios com fluxo contínuo, que serão

abordados no item 2.2, e ensaios de corrosão conjugados às solicitações mecânicas [9].

2.1.3 Corrosão por CO2/H2S

A corrosão do aço carbono na presença de CO2 e H2S representa um problema

significativo para as indústrias de petróleo e gás já que tem sido responsável por

numerosas falhas na área de produção e transporte de petróleo. Em inúmeros casos os

materiais são especificados sem que sejam conhecidas ou levadas em consideração as

condições corrosivas a que estarão submetidos, como o pH da água, os teores de

bicarbonato, acetato e cloretos e a pressão parcial dos gases ácidos e mesmo a

temperatura.

A compreensão do efeito do H2S sobre corrosão de CO2 ainda é limitada porque

a natureza da interação com aço carbono é complicada. O H2S é cerca de três vezes

mais solúvel do que o CO2, o ácido formado pela dissociação de H2S é cerca de três

vezes mais fraco do que o ácido carbônico. Assim, o efeito do H2S em diminuir o pH da

solução é aproximadamente o mesmo que o gás CO2 [15].

A corrosão em meios contendo dióxido de carbono (CO2) é muito estudada em

meios específicos para a indústria de petróleo e gás. Isto se deve à presença de CO2 em

petróleo bruto e gás natural desde o poço/gás do reservatório. A corrosão por CO2 é

uma reação eletroquímica que conduz a precipitação de produtos de corrosão, que

podem possuir características protetoras ou não dependendo das condições do meio.

A presença de CO2 aumenta a taxa de corrosão do aço em soluções aquosas pelo

aumento da taxa de evolução do hidrogênio. Em geral, se considera a acidificação do

meio como sendo o fator principal para os danos causados pelo CO2, apesar da

deterioração observada nos ambientes industriais ser muito pior que a esperada pela

influência individual da acidificação. O dióxido de carbono, solubilizado em água,

forma o ácido carbônico que, mesmo sendo um ácido fraco, ocasiona uma diminuição

do pH, tornando a água mais agressiva [16].

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9

A severidade da corrosão por CO2 depende das variáveis do processo sendo sua

localização e morfologia influenciada por uma complexa interação de parâmetros do

ambiente, tais como pH, temperatura, pressão parcial de CO2, e a presença de ácidos

orgânicos.

A presença de sulfeto de hidrogênio, também representa um problema

significativo às refinarias e instalações de tratamento de gás natural. A formação de

incrustações nas superfícies das tubulações é um dos fatores importantes que regulam a

taxa de corrosão. Entretanto o mecanismo de precipitação de sulfeto de ferro não é

totalmente conhecido, o que dificulta a compreensão da cinética de formação do FeS. O

mecanismo mais provável para a dissolução do ferro em soluções aquosas contendo

H2S foi proposto por Sun et al [17].

Quando o H2S está presente em baixa concentração num sistema saturado por

CO2, o filme de sulfeto de ferro (FeS) interfere na formação da camada de carbonato de

ferro (FeCO3). Isto é de interesse porque o filme sulfeto de ferro parece ser mais

facilmente removível da parede do tubo do que o filme de carbonato de ferro. E sob

condições de turbulência, a remoção dessa camada de proteção irá levar a um aumento

da taxa de corrosão [18]. A composição da superfície do produto de corrosão em

sistemas CO2/H2S não só irá depender da composição química da água do mar, mas

também da respectiva solubilidade de carbonatos de ferro e sulfetos de ferro, mas

também da cinética competitiva dos dois mecanismos de formação.

2.1.4 A influência da tensão de cisalhamento na corrosão de dutos

A escolha do material mais adequado para aplicações na indústria de óleo e gás

consiste em um complexo estudo, devido aos diversos tipos de equipamentos e

tubulações indispensáveis para o desempenho de tarefas durante a exploração e

produção de hidrocarbonetos. Para a produção de óleo e gás existe um universo de

tubulações que possuem finalidades distintas. Este universo de linhas presentes na

produção de hidrocarbonetos transporta diversos tipos de fluidos. Os fluidos podem ser;

água do mar para injeção, produtos químicos como inibidores de corrosão, óleo e gás

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10

produzidos contendo H2S e CO2, entre outros que geralmente estão pressurizados e em

altas temperaturas, sendo estes, em sua maioria, altamente corrosivos [19].

Quando um fluido se move sobre uma superfície sólida, o fluxo é caracterizado

como laminar ou turbulento. Praticamente em todas as situações onde ocorre a corrosão

acelerada por fluxo, o fluxo é turbulento [33]. O fluxo turbulento é usado com

frequência na indústria em detrimento do fluxo laminar, a fim de aumentar a eficiência

do transporte de fluidos, por exemplo, óleo e água e, possivelmente, para minimizar o

seu custo. Infelizmente, o consumo de energia para conseguir isto pode ser elevado e o

fluxo pode induzir um tipo de degradação do material, como a corrosão localizada

induzida pelo fluxo [3].

Devido à associação dos efeitos mecânicos com a ação corrosiva, os processos

de corrosão podem sofrer aceleração durante o escoamento dos fluidos, que podem

muitas vezes atrapalhar os filmes da superfície que poderiam oferecer proteção contra a

corrosão.

Para maior clareza, a corrosão por fluxo acelerado é definida aqui como a

corrosão, resultante do efeito de turbulência devido o fluxo de um fluido que não

contem partículas sólidas, de concentração e/ou tamanho suficiente para colidir com a

superfície de metal. A corrosão por fluxo acelerado por partículas sólidas é denominada

corrosão-erosão. Esta distinção é necessária por causa dos mecanismos de corrosão

diferentes em jogo para a corrosão por fluxo acelerado e corrosão-erosão [20].

O desgaste acelerado de equipamentos, em função de processos de corrosão

associados ao escoamento de fluidos, quando não detectado a tempo, pode trazer graves

consequências, como vazamentos, paradas não programadas, incêndios ou mesmo

acidentes com sérios danos ambientais.

A intensidade e o mecanismo de corrosão em um duto é fortemente dependente

dos fenômenos de superfície, nos quais se incluem as interações da parede interna do

duto com o fluxo do eletrólito. Desta forma, a cinética da corrosão sob condições de

fluxo é totalmente dependente dos fatores hidrodinâmicos do meio.

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11

Um dos conceitos fundamentais para compreender melhor os efeitos do fluxo de

um fluido na resistência à corrosão do aço carbono é a tensão de cisalhamento.

A tensão de cisalhamento é uma das forças de superfície que atua na fronteira

entre o fluido e a parede do duto, através do contato direto. Ela é o quociente entre o

módulo da componente tangencial da força (Ft) e a área (A) sobre a qual está sendo

aplicada, cuja unidade no SI é o N/m2. Para um fluido em repouso, não existirá tensão

de cisalhamento.

(7)

A tensão de cisalhamento é uma medida direta da perda de energia viscosa

dentro de uma camada limite turbulenta e está relacionada com a intensidade da

turbulência que o fluido atua sobre a parede da tubulação. Também pode ser definida

como a perda de pressão isotérmica em um fluido em movimento devido ao atrito do

contato com a parede.

A soma total da tensão de cisalhamento de um fluido em movimento é a soma

das tensões viscosas e de Reynolds, que tende a zero na parede deixando somente a

tensão viscosa atuando no fluido:

(8)

Para que se possam aplicar os dados dos testes em laboratórios às operações em

campo, a corrosão acelerada por fluxo deve ser expressa em termos de parâmetros de

fluxo independentes de geometria, comuns a todos os sistemas hidrodinâmicos. Estes

parâmetros são calculados a partir de equações empíricas desenvolvidas para

caracterizar o regime de fluxo do fluido. Os parâmetros mais frequentemente utilizados

são a tensão de cisalhamento (τw) e o coeficiente de transferência de massa (k) [20].

O coeficiente de transferência de massa está intimamente ligado à tensão de

cisalhamento, e os dois não podem ser praticamente separados quer experimentalmente

quer matematicamente. Podemos definir o coeficiente de transferência de massa como

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12

sendo a proporcionalidade entre a densidade do fluxo de massa e o gradiente de

concentração.

Esta ligação não é totalmente independente da geometria, no entanto, a relação

entre a transferência de massa e tensão de cisalhamento pode mudar de uma geometria

de escoamento para outro.

Tais parâmetros hidrodinâmicos estão relacionados entre eles a partir da

analogia criada por Chilton Colburn [20]:

(9)

Uma descrição completa do escoamento do fluido exige a definição de fatores

como, a transferência de calor (térmica), transferência de massa (química) e de

transferência de momento (físicas), que dependem um do outra.

A transferência de calor em tubulações, por si só, não é suficiente para afetar a

corrosão. A transferência de massa é a taxa na qual os reagentes ou os produtos são

transportados para e a partir da superfície do metal, medida pelo coeficiente de

transferência de massa, k, para cada uma das espécies químicas relevantes. E a

transferência de momento é a força de atuação dos fluidos através de turbulência na

superfície do material sólido, medida pela tensão de cisalhamento.

Mudanças na tensão de cisalhamento (quantidade de momento) afetam o

coeficiente de difusão (transferência de massa), assim como modificam o gradiente

térmico (transferência de calor). Estes efeitos de interação devem ser considerados

quando é avaliada a corrosão acelerada por fluxo [21].

Durante um longo tempo a velocidade do fluido foi muito utilizada como

parâmetro primário para comparação entre os resultados dos testes de laboratório com

as aplicações em campo, mas esse conceito começou a mudar na década de 1970. Os

dados referentes ao parâmetro hidrodinâmico para o calculo da tensão de cisalhamento

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(w) na corrosão foram publicadas pela primeira vez em 1977 para ligas de cobre em

sistemas de fluxo contendo água do mar [22].

Diversos trabalhos estudaram a distribuição de fluxo no corpo de prova em

ensaio de corrosão acelerada em fluxo. De acordo com o trabalho de G.A. Zhang [23],

ao estudar o fluxo através da técnica de Jato Impingimento, foi observado que a

velocidade de fluxo e a tensão de cisalhamento não são muito diferentes nas diferentes

regiões que ocorrem num teste de jato impingimento, conforme ilustração apresentada

na figura 4 da seção 2.2.2.

Aparentemente, a hidrodinâmica do fluido têm um papel importante na corrosão

do aço em sistemas de fluxo. A diminuição da taxa de transferência de massa e da

tensão de cisalhamento resulta em uma diminuição da taxa de corrosão do aço, pois está

atribuído à capacidade de afinar, degradar ou mesmo remover completamente a camada

de carbonato formado, afetando assim à corrosão do aço.

K.D. Efird et al. [21], analisou as características hidrodinâmicas do cilindro

rotatório em comparação com outras técnicas (Jato Impingimento e Loop) através de

medidas eletroquímicas. Em velocidades muito baixas de rotação do eletrodo, o fluxo

em torno do RCE é laminar e ocorre em círculos concêntricos ao redor do cilindro. Em

velocidades de rotação mais altas, esse padrão de fluxo simples torna-se instável.

Com o aumento da velocidade de rotação, o fluxo torna-se totalmente turbulento. A

transição para o fluxo turbulento ocorre inteiramente em Re ~ 200.

Os valores das taxas de corrosão obtidos para mesma tensão de cisalhamento,

w, utilizando-se as técnicas de cilindro rotatório (RCE) e Loop não apresentaram

correlação direta. A taxa de corrosão para o RCE, foi 3 vezes menor do que para o Loop

em valores w equivalentes, com um ainda maior desvio para valores de k equivalentes

(coeficientes de transferência de massa) [21].

A análise de dados durante o trabalho implicou em uma equação geral que

descreve o efeito da tensão de cisalhamento na taxa de corrosão do aço, expressa como:

(10)

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14

Onde Rcorr é a taxa de corrosão do aço, em mm/ano; o coeficiente a é

equivalente à 7,7 para o Loop, 6,8 para o jato impingimento, e de 2,8 para o RCE,

enquanto b vale 0,10 ± 0,02 para o todas as técnicas.

Nesse artigo [21], surgiu a questão do por que as taxas de corrosão do cilindro

rotatório não se correlacionam com as taxas de corrosão do Loop e JI quando baseada

nos valores de tensão de cisalhamento. Uma possível explicação para as baixas taxas de

corrosão do RCE é que a tensão de cisalhamento real na superfície do eletrodo é

significativamente menor do que indicado na equação. Porém, os resultados das

impedâncias eletroquímicas, apresentados na figura 2, apoiaram a conclusão de que o

cálculo do w ou k não foi a principal razão para a falta de correlação, outro mecanismo

deve ter reduzido a taxa de corrosão para o RCE abaixo dos valores encontrados para o

Loop em valores w ou k equivalentes. Os autores concluíram ainda que os dados de

impedância eletroquímica para essas geometrias muito diferentes devem ser

comparados com cautela.

Figura 2 - Comparação entre as curvas de impedância para as técnicas de Loop, JI e RCE [21] .

Concluiu-se então que a tensão de cisalhamento não pode ser utilizada como

base para analisar o mecanismo de corrosão por fluxo acelerado, pois a tensão de

cisalhamento não é o único, ou ainda o mais expressivo dos fatores que afetam a

corrosão em sistema de fluxo. A tensão de cisalhamento deveria ser utilizada como um

indicador de geometria independente do grau de turbulência do fluxo. Porém, tais

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conclusões estão baseadas no sistema estudado, e não garante que as técnicas não

possam ser correlacionadas para outros sistemas.

Na figura 3, podemos observar a relação entre a tensão de cisalhamento e a

perda de massa para o aço AISI 1020, num meio contendo CO2. Com o aumento na

tensão de cisalhamento do fluido há uma redução da taxa de corrosão generalizada do

metal. Isto ocorreu porque a presença de inibidores de corrosão diminui a incidência de

corrosão generalizada, provocando apenas corrosão localizada, o que diminui as taxas

de corrosão, mesmo com elevadas tensões de cisalhamento e meio bastante agressivo.

Figura 3 - Relação entre tensão de cisalhamento e taxa de corrosão do aço AISI 1020 num meio

contendo CO2. (SCHIMITT.G;MUELLER,M.;1999)

Dada a importância dos estudos de corrosão considerando a influência da tensão

de cisalhamento, a seguir serão apresentados os métodos de teste mais utilizados para

simular condições de fluxo.

2.2 MÉTODOS DE TESTE DE CORROSÃO EM SISTEMA DE

FLUXO

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Já foi discutido anteriormente que o movimento de um fluido pode influenciar

no mecanismo e na taxa de corrosão experimentada por um material. Nos processos em

que a taxa de transferência de massa está controlando o processo corrosivo, a taxa de

corrosão pode, em teoria, ser calculada a partir do coeficiente de transferência de massa,

da geometria do arranjo experimental e do meio, onde a diferença de concentração

limita o processo.

Os testes de corrosão realizados em laboratório podem fornecer informações

relevantes para estimar o desempenho do material nas condições de serviço no campo.

Para simular as condições de campo, em laboratório, a composição de liquido, gás e do

aço, além da temperatura, pressão e fluxo de ensaio devem ser reproduzidas. Dentre tais

variáveis, apenas a simulação do fluxo em laboratório não é direta. Por este motivo, os

parâmetros hidrodinâmicos do fluxo são determinados, e, em seguida, os testes de

corrosão de laboratório são conduzidos sob os parâmetros hidrodinâmicos calculados

[9].

Por isso um grande número de sistemas tem sido utilizado em laboratório para

reproduzir o processo de corrosão na presença de fluxo de um fluido, pois os ensaios

em fluxo podem fornecer dados mais realistas que os testes realizados em meio

estagnado, uma vez que reproduzem com mais fidelidade as condições de campo.

A seguir serão abordadas resumidamente as técnicas mais utilizadas para avaliar

a corrosão em sistemas de fluxo. Não há um teste que irá fornecer todos os dados

relevantes para cada projeto. O investigador deve escolher o método ou os métodos

mais adequados à situação particular.

2.2.1 Sistema de fluxo em Loop

Em geral, os últimos testes para a avaliação de inibidores são feitos em um

“Loop”, onde o fluido recircula em um sistema onde estão os corpos de prova. Os testes

de corrosão em Loop possuem geometria e equipamentos variados. Tal metodologia é

regida por equações de transferência de massa e de tensão de cisalhamento bem

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17

estabelecidas, garantindo a distribuição uniforme da tensão de cisalhamento ao longo da

superfície do corpo de prova.

A geometria dos corpos de prova deve ser cuidadosamente estudada para

garantir que os resultados possam ser traduzidos paras as condições de escoamento.

Neste sistema podem ser realizados ensaios de perda de massa e eletroquímicos com o

auxílio de um potenciostato/galvanostato.

A maioria dos loops é restrita ao escoamento apenas com líquidos, mas existem

alguns que suportam o escoamento de misturas de gás e líquido, e são capazes de

reproduzir condições de escoamentos multifásicos.

A seção de teste contem os eletrodos eletroquímicos que serão usados para

medir a influência do fluxo na corrosão. O diâmetro da seção de teste é um problema

tanto para sistemas monofásicos quanto para sistemas multifásicos. Em sistemas

monofásicos, o diâmetro do tubo deve ser suficiente de modo que o padrão de fluxo

estabelecido não seja afetado. O rompimento desse padrão de fluxo significa que as

equações de fluxo turbulento não são aplicáveis e a simulação de fluxo em tubulação de

produção com diâmetro grande se torna inválido. Para sistema multifásico, o diâmetro

deve ser suficientemente grande para permitir a evolução do regime de fluxo a ser

estudado [20].

Algumas das vantagens desta técnica são: a possibilidade de simulação de fluxo

multifásico, poder estimar a concentração necessária de inibidor, realização de testes

eletroquímicos. Contudo, possui um alto custo de construção e operacional, juntamente

com a necessidade de mão de obra especializada, dificuldade de obtenção de altas taxas

de cisalhamento, como também, requer uma grande quantidade de fluido, além de uma

pressão de bombeamento que garanta a condições de turbulência.

2.2.2 Jato Impingimento

O teste de jato impigimento “jet impingement” (JI) pode simular de forma

confiável e reprodutível as condições em alta turbulência, alta temperatura e a alta

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18

pressão, para gás, líquido e sistema multifásico turbulento. Juntamente com os ensaios

de perda de massa, alia a possibilidade de realização de testes eletroquímicos que

auxiliem no controle do processo, ou seja, os testes eletroquímicos se tornam mais uma

ferramenta para entender o fenômeno da corrosão.

A técnica de jato impingimento pode ser utilizada para avaliar a taxa de corrosão

e compará-la com a taxa obtida no campo, pois utiliza correlações que levam em

consideração a hidrodinâmica do fluido, através de parâmetros como velocidade de

fluido, tensão de cisalhamento e número de Reynolds [25].

Em um sistema circular de placa plana, com o eixo central do jato perpendicular

a placa, existe um ponto de estagnação na interseção deste eixo com a placa, e o fluxo é

assimétrico. Somente o fluxo e as propriedades do fluido no plano radial normal ao

disco são considerados [24].

A figura 4 descreve as diferentes regiões que ocorrem num teste de jato

impingimento.

Figura 4 - Características hidrodinâmicas do jato impingemento sobre uma placa plana que mostra

a posição do anel de ensaio no campo de fluxo e suas regiões características de fluxo (Dawson e

Shih, 1987) [24].

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19

A região A é uma região onde o regime do fluxo é laminar, onde há mudança de

direção na velocidade do fluido de acordo com a distância radial. É nesta região que o

fluido incide primeiramente, e, portanto a determinação de sua velocidade se torna mais

complexa, não sendo tão utilizada para a correlação com as condições de campo. A

região B é uma região de turbulência elevada, com alta velocidade de fluido, onde a

direção do vetor velocidade já se estabeleceu e a tensão de cisalhamento na superfície

do metal é proporcional à velocidade. É nesta região que se pode correlacionar o teste

feito em laboratório com o que realmente ocorre nas tubulações reais. Para essa região

temos os seguintes equacionamentos [25] [26]:

τ

(11)

(12)

A região C já apresenta um decaimento na turbulência o que aumenta a espessura da

camada de fluido na superfície do metal. Já nesta região, as condições não reproduzem

bem as condições de campo, apesar de ser de mais fácil tratamento matemático.

Além da reprodução de condições de fluxo, outras vantagens do jato

impingimento são a necessidade de um volume pequeno de fluido, seu fácil controle e

também o fato de ser o teste menos agressivo para usar condições eletroquímicas.

Entretanto possui como desvantagem o fato da amostra ser pequena, o que dificulta

realizar ensaios de perda de massa [25].

Porém, esse ensaio possui uma montagem experimental complexa e cara;

frequentemente ocorre corrosão por fresta nos corpos de prova, inviabilizando testes de

perda de massa. Além disso, a adaptação da bomba dentro de autoclaves é bastante

problemática.

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20

2.2.3 Eletrodo de Cilindro Rotatório

O eletrodo de cilindro rotatório é compacto, relativamente barato e de fácil

controle, consegue reproduzir condições estáveis de regime turbulento, necessita de

pouco volume de fluido. Entretanto não pode ser usado para altas pressões e altas

temperaturas para gás e liquido e apesar de conseguir reproduzir condições de

turbulência, isto só é possível dentro de certo limite, condições com tensão de

cisalhamento maiores que 300 Pa são difíceis de conseguir [20] [25] [27]. Comparada

com o jato impingimento, o eletrodo de cilindro rotatório fornece taxas de corrosão

menores [26].

Pode ser usado apenas para sistemas de uma fase. Além de possuir como

vantagens o desenvolvimento matemático definido, regime de fluido estabelecido na

região dos corpos de prova e a possibilidade de realizar medidas eletroquímicas, ele não

necessita de compressores ou válvulas específicas como o sistema de loop [20]. Além

de permitir a correlações entre o coeficiente de transferência de massa (número de

Sherwood), a velocidade do fluxo (número de Reynolds) e as propriedades físicas do

fluido (número de Schmidt) e as taxas de corrosão poder ser estimadas por perda de

massa ou medidas eletroquímicas.

Nos ensaios envolvendo o eletrodo de cilindro rotatório (RCE), o corpo de prova

é rotacionado com uma taxa controlada em um meio corrosivo. A tensão de

cisalhamento causada pela velocidade do fluido nos dutos reais é função de fator de

atrito, f. Este fator de atrito nada mais é do que uma resistência ao escoamento causada

pela velocidade do fluido e pela parede da tubulação. A partir das equações (13) e (14),

pode-se calcular esta tensão de cisalhamento e o fator de atrito, que é função do número

de Reynolds, para o duto. A partir desses valores pode-se fazer a correlação com a

rotação apropriada para os testes em Eletrodo de Cilindro Rotatório, a fim de atingir a

mesma tensão de cisalhamento utilizando a equação (15) [28]:

τ

(13)

(14)

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τ (15)

Esta equação foi obtida através de parâmetros experimentais por Silverman,

entretanto, segundo Efird e AL [25], a tensão de cisalhamento pode não obedecer esta

equação, e em seus experimentos, ele obteve uma tensão menor do que a pela eq. 17.

Este mesmo autor concluiu que a referida equação não era capaz de prever corretamente

a tensão de cisalhamento e por isso, provavelmente, os resultados de RCE não foram

semelhantes aos de loop quando realizados nas mesmas condições. Todavia, no final do

seu trabalho chegou a conclusão que apenas um erro no calculo da tensão de

cisalhamento não poderia ser responsável pelas diferenças observadas nas taxas de

corrosão dos testes de RCE e Loop. Muitos anos depois, Papavinasam [30] em um

trabalho comparativo entre RCE, RC e JI concluiu que apesar dos mecanismos de

corrosão serem os mesmos em condições hidrodinâmicas idênticas as taxas de corrosão

são diferentes para RCE x RC.

2.2.4 Rotating Cage

A técnica de gaiola rotativa, Rotating Cage, foi estabelecida como uma boa

metodologia de laboratório para simular condições de operação de oleodutos, utilizando

um procedimento relativamente simples.

A técnica se baseia em uma gaiola feita a partir de dois discos de teflon a uma

distancia determinada, na qual se fixam os corpos de prova, conforme a figura 5 ilustra.

Figura 5 - Gaiola do Rotating Cage

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22

Tal gaiola é fixada em um eixo que é posto a girar, formando assim um vórtice

no qual as suas dimensões aumentam com o aumento da velocidade de rotação, até que

sua largura toque as paredes laterais da autoclave.

Figura 6 - Desenho esquemático do sistema de teste Rotating Cage .

Dependendo das velocidades de rotação e nível de líquido, o fluxo é classificado

em quatro zonas distintas:

1. Zona homogênea: A dimensão do vórtice aumenta com a velocidade de

rotação.

2. Zona afetada pelas paredes laterais: O comprimento do vórtice aumenta, mas

a largura colide com as paredes laterais.

3. Zona turbulenta: O comprimento do vórtice entra na unidade da gaiola

rotatória e cria um fluxo turbulento.

4. Zona afetada pelo topo: O nível do líquido oscila e sobe até o topo que

restringe o avanço do vórtice.

Tais zonas são apresentadas na figura 7.

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23

Figura 7 - Zonas distintas de fluxo para o sistema de teste Rotating Cage [24].

A tensão de cisalhamento para o método Rotating Cage é definida pela equação

que relaciona o numero de Reynolds (Re), densidade do fluido ( ), raio da gaiola (r) e a

velocidade angular ():

(16)

Porém, a equação (16) só é utilizada para calcular as tensões de cisalhamento na

zona homogênea, demonstrada na figura 7. Na zona turbulenta, a tensão de

cisalhamento pode ser mais elevada do que a prevista pela equação (17), por outro lado,

nas zonas afetadas pelo topo e pelas paredes laterais, a tensão de cisalhamento pode ser

inferior à prevista pela equação (17), devido ao movimento de uma parte do fluido na

direção oposta ao fluxo do vórtex.

(17)

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24

Neste método da taxa de corrosão média é calculada a partir da perda de massa

dos corpos de prova que tenham sido rodados dentro do ambiente de teste. Tal

metodologia está descrita na norma ASTM G1 [5]. Após o fim do ensaio, os corpos de

prova são pesados e então imersos em solução de decapagem, durante intervalos

estabelecidos pela norma, para dissolução do produto de corrosão. Desta forma, com a

massa inicial e a área do corpo de prova previamente determinadas e a massa final após

as decapagens, determina-se a perda de massa. Considerando a perda de massa em

função do tempo de ensaio, calculou-se também a taxa de corrosão atraves da fórmula:

(18)

Onde:

∆m = perda de massa expressa em g (mi-mf);

Tcorrosão = taxa de corrosão expressa em mm/ano;

d = densidade do corpo-de-prova expressa em g/cm³;

A = área do corpo-de-prova expressa em cm²;

t = tempo do ensaio empresso em horas.

Mais recentemente, o ensaio Rotating Cage (RC) foi proposto e desenvolvido

como uma metodologia laboratorial promissora e confiável para o estudo da

susceptibilidade dos materiais ou da eficiência de inibidores em condições de

escoamento turbulento [29]. O padrão de fluxo característico, bem como as taxas de

corrosão na geometria do RC foram investigada por Papavinasam et al. [30] [31]

[32]. Seus estudos para avaliação e seleção de inibidores são citados na norma ASTM

G184-06 [4], a qual é destinada para seleção de inibidores de corrosão.

Em comparação com outros métodos utilizados para investigar a corrosão sob

fluxo acelerado, o RC tem as seguintes vantagens: a configuração experimental simples,

a preparação fácil e de baixo custo dos corpos de prova, a implementação experimental

fácil sob alta temperatura e condições de pressão elevada, e as informações confiáveis

sobre a resistência à corrosão e desempenho de inibidor. Suas principais desvantagens

são a cinética local do fluxo ser mal definida devido à geometria complexa do fluxo da

gaiola e, portanto, a tensão de cisalhamento não poderia ser prevista a partir das

equações de Navier-Stokes [3], além de não ser possível a realização de ensaios

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eletroquímicos. Quando comparado ao jato impingimento, o Rotating Cage pode atingir

valores mais elevados de tensão de cisalhamento (>1000 Pa), através do uso de motores

convencionais, além de não necessitar de bombas, o que torna a montagem mais

simples [20].

Utilizando o Rotating Cage é possível avaliar inibidores de corrosão e, também,

a resistência à corrosão de materiais em condições muito similares às de campo, pois

consegue reproduzir cenários extremos, uma vez que pode atingir condições de alta

turbulência.

Nos últimos anos, diversos pesquisadores apresentaram equações empíricas para

estimar a tensão de cisalhamento na parede dos corpos de prova durante o ensaio RC

[3][30][33][34]. A equação (16), que a norma ASTM G170 fornece, prevê a tensão

máxima de cisalhamento ao longo de toda a superfície da amostra ensaiada.

Delouis et al. [33] mediu eletroquimicamente a tensão de cisalhamento local

instalando microeletrodos de ouro em diferentes alturas na superficie dos corpos de

prova, fora da especificação da norma. Uma interface eletroquímica polarizou os

microeletrodos para um potencial no qual ocorre a difusão controlada de redução do

sistema de hexacianoferrato. A corrente de difusão limite foi amplificada e a corrente

proporcional à voltagem foi registrada para cada microeletrodo. Para cada corrente

medida dentro do intervalo de tempo de experimento, uma distribuição da tensão de

cisalhamento real foi obtida. Os microeletrodos foram posicionados sobre os corpos de

prova em vários locais verticalmente ou horizontalmente, como ilustra a figura 8, e

verificaram que a tensão varia consideravelmente na superfície. Foi observado que os

principais parâmetros que influenciam o sistema de fluxo são a velocidade de rotação, a

viscosidade e a geometria do sistema.

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26

Figura 8 - Posição dos microeletrodos de ouro em relação aos corpos de prova.

Como esperado, a tensão de cisalhamento na parede dos corpos de prova

aumentava com o aumento da rotação da gaiola, o que pode-se relacionar à influência

da viscosidade do fluido. O gradiente de tensões de cisalhamento entre a borda superior

e inferior na superfície exterior do cupom é significativa somente em viscosidades

hidrodinâmicas mais elevados. As maiores tensões de cisalhamento instantâneas foram

encontradas de 1,4 a 4 vezes maior do que a tensão de cisalhamento média máxima,

dependendo da posição do corpo de prova e da viscosidade do líquido.

Foi investigado também o efeito da espessura do corpo de prova, no qual

revelou que as tensões de cisalhamento locais média para cp's de 4 mm são de 20 a 25%

menores do que com 2 mm de espessura. Assim como, pôde-se verificar que o número

de cp e seu arranjo na gaiola influenciam significativamente às tensões de cisalhamento

locais. A maior parte dos resultados foram obtidos com seis cp's na gaiola, a redução

desse número para quatro resultou numa diminuição de 10-15% da tensões de

cisalhamento, com dois corpos de provas, posicionadas simetricamente, as tensões

máximas de cisalhamento tornaram-se comparáveis com o arranjo de seis cp's.

Baseando-se neste estudo [33], podemos concluir que aumentar ligeiramente o

espaçamento entre os cps não alterará significativamente a tensão de cisalhamento nos

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27

cps. Por outro lado, um aumento na espessura do corpo de prova pode representar uma

diminuição significativa naquela tensão.

L. Chaal [3], em 2009, propôs uma re-configuração experimental do sistema

RC, trazido por Deslouis [33], e obteve resultados semelhantes, concluindo que a tensão

de cisalhamento em que os corpos de prova são submetidos durante o ensaio RC pode

ser facilmente calculada graças a um mapeamento detalhado usando microeletrodos de

ouro, através da equação (19).

(19)

Onde,

é a densidade, em kg/m³,

D é o coeficiente de difusão das espécies ativas dos eletrodos, em m²/s,

é a viscosidade cinemática, em m²/s,

d é o diâmetro do microeletrodo, em m,

Sh é o numero de Sherwood, adimensional, definido por:

(20)

Foi observado que as maiores tensões de cisalhamento foram medidas na face

dianteira do corpo de prova, perto da borda externa e à 1/3 da tampa superior da gaiola.

Podemos observar a disposição geral dos elementos na montagem do sistema de

RC com interface eletroquímica, utilizado por Delouis [33] e Chaal [3], na figura 9.

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28

Figura 9 - Configuração do ensaio RC com interface eletroquímica proposto por L. Chaal et AL [3].

Papavinasam et al. [30] realizaram experimentos variando as dimensões do

sistema RC mas concentrando seus esforços sobre a influência dos fatores no padrão de

escoamento e na taxa de corrosão na avaliação de inibidores. Fatores como o

comprimento da gaiola (e, como consequência, o comprimento da amostra), diâmetro da

gaiola, velocidade de rotação e também o volume de líquido foram estudados. O

comprimento do vórtice aumentou com o aumento da velocidade de rotação, e o

aumento do diâmetro da gaiola geralmente produziu um vórtice maior com a mesma

velocidade de rotação e volume. Em relação ao alinhamento dos furos da autoclave, foi

observado que o comprimento do vórtice diminui na seguinte ordem: gaiola com furos

alinhados > gaiola com furos desalinhados > bloco sólido. Gaiolas mais longas, ou seja,

corpos de prova com maiores comprimentos produziram um vórtice maior com a

mesma velocidade de rotação e de volume. Com o aumento da velocidade de rotação, o

comprimento do vórtice aumentou independentemente da posição e da extensão da

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29

gaiola. É importante ressaltar que a taxa de corrosão aumenta com o aumento do

comprimento do vórtice.

Amit Kumar et al. [34] estudaram o impacto das modificações do sistema RC

em autoclave, na tensão de cisalhamento e no padrão de fluxo. Foram desenvolvidos

modelos computadorizados da dinâmica do fluido (CFD) do sistema e utilizado para

compreender o efeito do complexo padrão de fluxo na tensão de cisalhamento nas

superfícies dos corpos de prova.

Tal estudo teve como base o trabalho de Runstedtler et al. [35], que utilizou um

CFD para determinar a variação da tensão de cisalhamento na superfície do corpo de

prova e investigar a influência do comportamento da dinâmica do fluido. Para

simplificar o modelo utilizado, Runstedtler ignorou a presença dos furos na tampa da

gaiola, assumindo uma simetria no desenho da gaiola. Porém é sabido que os furos

influenciam no fluxo do fluido dentro da gaiola e, portanto, influenciam na tensão de

cisalhamento e no tamanho do vórtex. Ainda, esse autor assumiu que o fluxo para o RC

seria laminar, o que não é correto afirmar para altas rotações.

Amit Kumar [34] pôde observar que a distribuição das tensões de cisalhamento

na superfície dos corpos de prova é altamente não-uniforme. As maiores tensões de

cisalhamento foram encontradas sobre as bordas superiores dos cp's, geralmente mais

elevadas sobre a face exterior em relação à face interna, como ilustrado na figura 10.

Como esperado, a tensão de cisalhamento aumenta como aumento da rotação da gaiola.

A redução do diâmetro da autoclave reduz a tensão de cisalhamento e uma redução no

número de corpos de prova na gaiola, ou aumento do espaçamento entre eles, reduz a

tensão de cisalhamento média ponderada por área, mas os valores máximos não são

afetados. O uso de furos inclinados na tampa da gaiola gera um jato na superfície dos

cp's e leva a regiões localizadas de maior tensão de cisalhamento na superfície interna

dos cp's.

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30

Figura 10 - Simulação computadorizada da dinâmica do fluido em 1000 rpm [34].

Os resultados de Delouis [33], Chall [3] e Kumar [34] mostraram que a tensão

de cisalhamento não é uniforme na superfície dos corpos de prova. Em gaiolas sem

furos na tampa as maiores tensões foram observadas nas laterais externas.

2.2.5 Comparação entre os métodos

Uma comparação das características importantes dos quatro métodos de ensaio

utilizados para a avaliação de corrosão através do fluxo acelerado é dada na tabela 1.

Dentre os ensaios apresentados, o método do Rotating Cage é o mais usado

como teste de rotina sob condições de alta turbulência a fim de comparar o desempenho

dos materiais ou dos métodos de proteção quanto à corrosão. É o teste mais simples e

relativamente mais barato quanto à reprodutibilidade das condições de alta turbulência

nos corpos de prova.

As variadas técnicas nem sempre produzem os mesmos resultados quando

conduzidos nas mesmas condições. As razões para tais diferenças são constantemente

discutidas e são relacionadas com a camada limite de difusão. Atualmente é mais aceito

que as discrepâncias são explicadas pela porção da camada limite de difusão que

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31

permanece em equilíbrio [20]. Todavia, estudos recentes questionam a existência dessa

camada limite de difusão, porém essa discussão não será tratada no presente trabalho.

Tabela 1 - Tabela comparativa entre as principais técnicas de teste de corrosão em fluxo acelerado

[20].

Critério para o Teste

Método de Teste de Fluxo

Fluxo em Loop Eletrodo

Rotatório

Jato

Impingimento

Rotating

Cage Diâmetros

Menores

Diâmetros

Maiores

Custo de Construção Alto Muito alto Baixo Médio Baixo

Custo de Operação Alto Muito alto Baixo Médio Baixo

Operação em Alta

Pressão Sim Sim Não Sim Sim

Determinação de k e/ou Sim Sim Sim Sim Não

Operação a altas

(>1000 Pa) Não Sim Não Sim Sim

Teste Multifásico Sim Sim Não Sim Sim

Testes Eletroquímicos Sim Sim Sim Sim Não

2.3 MEDIDAS ELETROQUÍMICAS

2.3.1 Potencial de Circuito Aberto (OCP)

Quando um metal é imerso em uma solução eletrolítica, estabelece-se uma

interface condutor metálico - condutor iônico, caracterizada por uma distribuição não

homogênea de cargas. Na interface, além dos processos de transferência de carga,

ocorrem fenômenos de superfície, definidos pela adsorção de moléculas do solvente,

íons do eletrólito e de outras moléculas presentes no mesmo. Em consequência, existe

uma diferença de potencial entre o metal e a solução que, medido em relação a um

eletrodo de referência, recebe o nome de potencial de circuito aberto (OCP) [36].

Então, um gráfico do valor de potencial de circuito aberto em relação ao tempo

de monitoramento pode ser construído para acompanhar o valor do potencial de

corrosão ou potencial de circuito aberto. A figura 11 ilustra a variação do OCP do aço

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32

carbono com o tempo imerso em solução contendo íons de cloreto, bicarbonato e de

acido acético, com pH 4,2.

Figura 11 - Curva de OCP do aço carbono com 20 segundos de monitoramento.

2.3.2 RPL

As medidas de Resistência à Polarização Linear são utilizadas para monitorar o

comportamento de um determinado material frente à corrosão em função do tempo.

Trata-se do método eletroquímico mais rápido e simples para uma avaliação inicial do

comportamento de corrosão e que não perturba significativamente a superfície em

estudo.

As curvas de resistência à polarização linear são obtidas quando se impõe ao

metal em estudo uma pequena variação de potencial em relação ao potencial de

corrosão, feita através de um potenciostato. O potenciostato permite impor ao eletrodo

de trabalho qualquer variação do valor de potencial desejado com relação a um eletrodo

de referência, permite também medir a corrente de polarização e registrá-la em função

do potencial, como apresentado na figura 12.

0 5 10 15 20

-450

-452

-454

-456

-458

-460

-462

-464

Po

ten

cia

l (m

V)

Tempo (s)

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33

Figura 12 - Curva de RPL obtida para aço carbono em meio contendo Cloreto.

O método da resistência à polarização linear está descrito na norma ASTM G

59-97 [37], onde também se padroniza a realização deste tipo de medidas. A equação

para a resistência a polarização está apresentada na equação (21):

(21)

Rp é definida como a inclinação da curva de potencial vs. densidade de corrente

em i=0. A densidade de corrente (i) pode ser relacionada com a resistência a

polarização através do coeficiente de Stern e Geary, B, para alguns sistemas, e tais

parâmetros são apresentados na norma [37], através das equações:

(22)

(23)

A unidade para o valor de Rp é ohm.cm2, icorr é µA/cm2, e B é V.

-0,480 -0,475 -0,470 -0,465 -0,460

-0,14

-0,13

-0,12

-0,11

-0,10

-0,09

-0,08

-0,07

-0,06

Co

rre

nte

(m

A)

Potencial (V)

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34

2.3.3 Medidas de Impedância Eletroquímica

Medidas de impedância de interfaces eletroquímicas são utilizadas para diversas

aplicações no estudo da corrosão, como por exemplo, a elucidação de mecanismos de

corrosão além de possibilitar o estudo sobre a cinética das reações de corrosão [38]. As

reações na interface eletroquímica abrangem tópicos tais como a natureza da interface

eletrodo-solução, termodinâmica e cinética de reações de eletrodo, bem como efeitos de

transporte de massa.

Assim como a resistência, a impedância é a medida da capacidade que um

circuito tem de resistir ao fluxo de corrente elétrica.

O método baseia-se em medidas de impedância do eletrodo de trabalho, tendo

como princípio a imposição de uma perturbação de um estado estacionário, aplicando-

se um sinal senoidal de pequena amplitude de modo a permitir uma análise linear dos

resultados. A relação entre a perturbação imposta e a resposta em corrente irá depender

da frequência da senoide aplicada e define uma grandeza denominada impedância, que

é representada por um número complexo, segundo a equação (24).

(24)

Onde,

Z = impedância do sistema

E = Potencial elétrico

I = Corrente elétrica

j = Número complexo (√-1)

Ø = Defasagem da corrente com relação ao potencial

A expressão para Z( ) é composta pela parte real e imaginária. A parte real é

representada no eixo X e a parte imaginária no eixo Y no gráfico, que é chamado de

"Diagrama de Nyquist" (vide Figura 13), o qual consiste de uma série de pontos, cada

um representando a grandeza e a direção do vetor de impedância para uma frequência

particular, de módulo Z [10].

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35

Figura 13 – Diagrama de Nyquist.

A análise dos diagramas de impedância permite estudar, por exemplo,

fenômenos que envolvem transporte de massa e o efeito capacitivo da dupla camada,

além da obtenção de valores de resistência do eletrólito e resistência à polarização.

O semi circulo nos permite estimar a resistência de polarização (Rp), definida

como lim →0 Z, que corresponde ao valor de intercepção do eixo real em baixa

frequência, e é inversamente proporcional a taxa de corrosão. Assim, quanto maior o

valor de Rp , menor será a taxa de corrosão, salvo alguns sistemas que não seguem esse

raciocínio e serão discutidas posteriormente.

A resistência da solução (Rs), definida como lim →∞ Z, pode ser encontrada

através da leitura do valor real no eixo de intercepção de alta frequência. Pode ser

interpretada como sendo a resistência a capacidade de condução iônica através da

solução.

Stern e Geary utilizam a equação (25) para relacionar quantitativamente a

resistência de polarização no potencial de corrosão (Rp) com a densidade de corrente de

corrosão (icorr):

(25)

Onde: e são respectivamente as inclinações anódica e catódica de Tafel.

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36

Estudiosos defendem que a resistência Rt (limite da impedância faradaica

quando a frequência tende para infinito, descontando-se a Rs), designada como

resistência de transferência de carga, possui uma melhor correlação com as medidas de

perda de massa do que com Rp, conforme defendido por Stern e Geary. Assim, a

equação (25), seria aplicável somente para os casos particulares em que Rp = Rt, ou

seja, sistemas com um único arco capacitivo [39].

Entretanto, segundo MATTOS (1982) [40], de acordo com processos anódicos e

catódicos que possam ocorrer num determinado sistema eletroquímico, as medidas de

perda de massa podem apresentar uma correlação de menor complexidade com Rt ou

com Rp. Podendo ainda ocorrer casos em que a perda de massa possa não se

correlacionar nem com Rt nem com Rp, mas sim com o ângulo de fase [41]. E ainda,

segundo D.S. CARVALHO (2005) [1] podem haver casos em que tanto Rt quanto Rp

possam ser correlacionados diretamente com a perda de massa [42].

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37

3. OBJETIVO E JUSTIFICATIVA

Atualmente os ensaios eletroquímicos dinâmicos podem ser realizados em

sistema de loop, RCE ou JI. Todavia, conforme citado anteriormente, o RC apresenta

algumas vantagens em relação aos demais métodos: aparato experimental mais simples,

geometria mais simples dos corpos de prova e, portanto de fabricação mais barata,

possibilidade de testar vários materiais simultaneamente e sistema facilmente adaptável

para realização de testes em altas pressões e temperaturas. Neste contexto, adaptar um

sistema de RC de modo que seja possível realizar as medidas eletroquímicas torna

possível aumentar a tensões de cisalhamento aumentando o diâmetro da gaiola. Com

essa modificação é possível atingir altas tensões de cisalhamento utilizando um motor

de baixo custo e sem submeter o mecanismo de rotação a um desgaste excessivo,

diminuindo custos e aumentando o tempo de vida deste equipamento.

Diante do que foi apresentado, o objetivo do trabalho é a construção de um

sistema de Rotating Cage capaz de realizar medidas eletroquímicas. Testar esse

dispositivo de RC realizando medidas em condições já realizadas em sistemas de

eletrodo rotatório e com isso avaliar o desempenho do sistema e os resultados obtidos.

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38

4. MATERIAIS E MÉTODOS

4.1 PROJETO E USINAGEM

Inspirados nos estudos apresentados por Delouis [33] e L. Chaal [3], onde

microeletrodos foram adaptados ao sistema de RC para estudo do mapeamento da

tensão de cisalhamento e influência da geometria do sistema nas condições de fluxo,

descrito na seção 2.2.4, um novo sistema de teste de Rotating Cage com capacidade

para realizar medidas eletroquímicas foi projetado.

Inicialmente foi realizado um estudo para definir o material mais apropriado

para a construção do RC com contatos elétricos em um dos corpos de prova da gaiola..

Os materiais selecionados para a fabricação do sistema de RC foram:

PEEK (polieteretercetona) para a gaiola e o revestimento externo

do eixo do RC

Aço Inoxidável 316, para confecção do eixo central do RC e o

parafuso de contato entre o corpo de prova eletroquímico e o eixo.

Aço Carbono X65, X70 e Aço Inox 304 para confecção dos

corpos de prova.

A segunda etapa consistiu na adaptação do RC convencional para um RC com

contatos elétricos no sistema de rotação. Após esta etapa o desenho técnico foi realizado

utilizando-se os programas Solid Works e AutoCad para esboço e projeto de fabricação.

O desenho foi realizado pelos engenheiros mecânicos do Laboratório de Ensaios Não

Destrutivos, Corrosão e Soldagem da UFRJ, e possui todos os direitos reservados.

Com a conclusão do projeto, os desenhos de fabricação foram encaminhados

para usinagem juntamente com o material escolhido para a fabricação do mesmo.

Após a fabricação de todas as partes necessárias para a montagem do novo

sistema de RC foram realizadas as modificações necessárias na tampa de autoclaves já

existentes no LNDC para adequação e fixação do sistema de RC.

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39

Os desenhos de projeto, juntamente com as fotos da montagem do sistema de

RC serão apresentados na seção de resultados.

4.2 PREPARAÇÃO DOS CP'S

Quando finalizada a etapa de usinagem, os corpos de provas foram medidos para

verificar se os mesmo se encontravam dentro das especificações fornecidas. As

amostras devem possuir aproximadamente 30 mm de comprimento, 20 mm de largura e

6 mm de espessura, o que totaliza uma área de 18 cm², sendo que a área exposta em

solução durante o ensaio se limita à 15,6 cm².

Os corpos de provas foram submetidos ao processo de lixamento, no qual se

utiliza folhas de SiC desde 120 até a lixa 600 grid para retirar as marcas de usinagem e

garantir a mesma rugosidade na superfície de todos os corpos de prova. Após a

finalização do lixamento os cps foram lavados com acetona e seco com o auxílio de ar

comprimido. Os cp's foram identificados através da tipagem, pesados com balança de

precisão e medidos com paquímetro para garantir a precisão necessária nas etapas de

pós-teste, tais como a perda de massa.

Após a tipagem, pesagem e medição, os corpos de prova são levados para a sala

de microscopia, para serem fotografados antes do ensaio com auxílio do esterescópio

com um aumento de 1,25x. A figura 14 ilustra o corpo de prova após sua preparação

através do esterescópio.

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40

Figura 14 - Fotografia obtida pelo estereoscópico com aumento de 1,25x.

4.3 CONDIÇÕES DE TESTE UTILIZADAS

Para validar os resultados obtidos com o sistema de rotating cage adaptado para

executar medidas eletroquímicas foram escolhidas condições de testes já realizadas

previamente em sistema de eletrodo rotatório. Além disso, foram realizados testes para

avaliar a influência do inibidor de corrosão. Na tabela 2 estão apresentados todos os

parâmetros utilizados em cada uma das condições de teste. Em todos os casos o volume

total de solução foi de 5L em uma autoclave de 8L. Todas as soluções foram preparadas

com água destilada e reagentes de grau PA.

Tabela 2 - Condições de teste utilizadas para validação do sistema RC Eletroquímico.

TESTE 1

TESTE 2

Amostra Aço 304 Amostra Aço X65

Rotação (rpm) 100, 300, 500, 800, 1000 Rotação 715rpm (50 Pa)

Solução 65000 ppm Cl- Solução

16502 ppm NaCl + 292

ppm CH3CO2 + 123

ppm NaHCO3

Temperatura 40ºC Temperatura 40ºC

Atmosfera CO2 Atmosfera CO2 - Borbulhamento

Contínuo

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41

Pressão 15 bar Pressão Ambiente

Duração (hrs) 24 Duração (hrs) 48

TESTE 3

Amostra Aço X65

Rotação 640 rpm (40 Pa)

Solução 1000 ppm Cl

-

Temperatura 65ºC

Atmosfera CO2

Pressão 20 bar

Duração (hrs) 24

Inibidor RE 7231 CRW Baker

4.4 MONTAGEM DOS TESTES

Após a preparação dos corpos de prova e da solução de teste iniciou-se a

montagem do sistema de Rotating Cage para dar inicio ao ensaio desejado.

Primeiramente, a gaiola com três corpos de prova do material estudado foi

montada com mais três corpos de prova de Peek para contrabalancear o peso e

completar a gaiola, tendo em vista que a gaiola deve estar totalmente fechada para

simular um cilindro rotatório, caso para o qual a equação (16) é válida. Na seção de

resultados será apresentada em detalhes a montagem do sistema de RC eletroquímico

enfatizando as modificações realizadas quando comparado ao sistema de RC descrito na

norma ASTM G170 [2]. Todos os testes foram realizados na zona homogênea,

conforme ilustrado na figura 7. As velocidades de rotação foram calculadas para uma

dada tensão de cisalhamento utilizando a equação (16).

4.5 MEDIDAS ELETROQUÍMICAS

Para realização das medidas eletroquímicas durante o ensaio de Rotating Cage,

foi utilizado o potenciostato Ivium através da montagem de uma célula de três

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42

eletrodos, sendo um dos corpos de prova na gaiola o eletrodo de trabalho, um eletrodo

circular de Hastelloy, posicionado no fundo da autoclave, como eletrodo de referência

(ver figura 15), enquanto o corpo de Hastelloy da própria autoclave foi usado como

contra-eletrodo.

Figura 15 - Eletrodo de referência em Hastelloy.

O potencial de circuito aberto (OCP) foi monitorado durante 20 segundos antes

das medidas de resistência a polarização linear (RPL), que foi realizado através de uma

variação de potencial de ±5 mV, com uma velocidade de varredura de 1 mV/s.

As curvas de impedância eletroquímica foram obtidas em uma faixa de

frequências que variou de 5 kHz até 2mHz, com amplitude de 10 mV com aquisição de

5 pontos/década. O OCP também foi monitorado durante 20 segundos antes do início

das medidas de impedância.

O software Ivium Soft permitiu a montagem de um "Batch Mode", ou seja, uma

sequência de testes OCP → RPL → OCP → EIS, com o número de ciclos ajustados

para compreender o tempo total de imersão. Desta maneira, as medidas eletroquímicas

foram realizadas interruptamente.

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43

5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

A principal etapa para o projeto do sistema RC eletroquímico foi estabelecer

com seria feito o contato elétrico, já que estamos tratando de um contato entre um

sistema rotatório e um ponto fixo fora da autoclave que permita a conexão ao

potenciostato. Dentre as opções viáveis cogitadas optou-se pela adaptação de um

contato elétrico de grafite pressionado por uma mola ao eixo de rotação, como é

tradicionalmente realizado em sistemas de eletrodo rotatório. O contato elétrico do

corpo de prova foi feito através de um parafuso rosqueado diretamente no cp (contato

1), o qual estava em contato com outro parafuso de aço inoxidável embutido na tampa

da gaiola e rosqueado no eixo central (contato 2), conforme ilustra a figura 16.

Figura 16 - Corte do projeto em Solid Work que detalha o contato elétrico entre o corpo de prova e

o eixo do sistema.

A gaiola projetada para este ensaio permite o uso de seis corpos de prova, no

qual cinco são para perda de massa e um para medidas eletroquímicas, devido à

limitação do contato elétrico. As dimensões dos cp's foram alteradas para permitir um

furo para o uso de um parafuso, de medida M2, para o contato entre a amostra e o eixo,

no topo do cp eletroquímico, conforme a figura 17 apresenta.

Eixo

Contato 2

Contato 1

Corpo de Prova

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Figura 17 - Corpo de Prova com furo para parafuso.

Assim, o próximo aspecto a ser definido foi o isolamento do eixo, já que será o

meio de condução do contato elétrico entre a amostra e o potenciostato. No teste de RC

convencional, o eixo rotativo fica exposto em solução, pois não há contato elétrico entre

o corpo de prova e o ponto externo a autoclave. No novo modelo de teste, duas luvas de

PEEK foram projetadas para isolar o eixo da solução de teste.

O resultado final obtido para o sistema de ensaio de Rotating Cage adaptado

para medidas eletroquímicas é apresentado nas figuras 18 e 19.

Podemos observar todo o conjunto, desde a gaiola, eixo e suas luvas de PEEK, a

base para o contato elétrico, e a bucha de conexão entre o eixo do RC e o eixo de

rotação do motor da autoclave. O sistema foi projetado para a autoclave da Cortest de 8

litros.

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45

Figura 18 - Desenho geral do sistema RC eletroquímico.

Bucha de conexão entre o

eixo do RC e o eixo de

rotação do motor da

autoclave

Base para o

contato elétrico

Eixo RC e suas

luvas de PEEK

Gaiola

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46

Figura 19 - Corte do projeto mostrando os detalhes internos do sistema de RC eletroquímico.

A partir do resultado final, o sistema foi montado para iniciar os testes de

validação.

Primeiramente, para montagem da gaiola, todos os cps devem apresentar,

aproximadamente, o mesmo comprimento para não prejudicar o fechamento total da

gaiola, o isolamento do eixo pode ser comprometido caso haja alguma passagem de

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solução. A figura 20 mostra a gaiola com todos os corpos de provas corretamente

posicionados.

Figura 20 - Gaiola a base de Peek para o teste de Rotating Cage Eletroquímico.

Em seguida, a gaiola é acoplada no eixo do sistema RC que é revestido por

luvas de PEEK. O conjunto, então, passa por uma base de PEEK e é acoplado ao eixo

de acionamento do motor, através de uma bucha de PEEK. O sistema completamente

montado é demonstrado na figura 21.

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48

Figura 21 - Sistema completo do ensaio de Rotating Cage Eletroquímico

A etapa seguinte consiste no fechamento da autoclave e aperto dos parafusos

com o torque necessário (103 N.m). Todas as conexões, serpentinas e válvulas são

acopladas e apertadas, juntamente com a conexão com o vaso de solução, previamente

fechado.

A próxima etapa consiste na passagem de N2 para desaeração do sistema,

incluindo solução, para a retirada de oxigênio. Para a desaeração do vaso de solução, é

necessária uma vazão adequada para que a razão de 1 hora de passagem de N2 para 1

litro de solução seja obedecida, ou seja, é necessário aguardar no mínimo 7 horas para

garantir a desaeração completa.

Finalmente, com a autoclave e a solução devidamente desaerada, o ensaio é

iniciado, após o aquecimento do sistema para a temperatura de teste, velocidade de

rotação estabelecida e pressão de teste ajustado. O potenciostato é posicionado de modo

que os cabos alcancem os eletrodos de referencia, de trabalho e o contra-eletrodo.

Bucha de PEEK

Base de PEEK

Eixo isolado com

capas de PEEK

Gaiola

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A figura 22 apresenta o ensaio em andamento, com todos os aparatos

posicionados.

Figura 22 - Ensaio em andamento: autoclave com sistema de RC Eletroquímico e potenciostato.

Diversos testes foram realizados, porém muitos apresentaram problemas de

contato elétrico, montagem, vedação, entre outros motivos. Ajustes no sistema

inicialmente projetado foram realizados a fim de melhorar seu desempenho.

As condições utilizadas nos teste foram apresentadas na seção 4.3 e os

resultados serão apresentados e discutidos a seguir.

O Teste 1, foi realizado com o objetivo de verificar a funcionalidade do aparato

montado para medição eletroquímica. A rotação foi alterada ao longo do ensaio, para

testar se a leitura continuaria estável mesmo em altas tensões de cisalhamento.

Utilizando a equação (16) foi possível transformar o valor da rotação em rpm em tensão

de cisalhamento (Pa), conforme dados apresentados na tabela 3.

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Tabela 3 - Tabela de conversão em tensão de cisalhamento, segundo a equação 18, para condição de

teste 1.

Rotating Cage

Diâmetro v Densidade Viscosidade

Dinâmica Reynolds

Tensão de

Cisalhamento

(m) (rpm) (m/s) (rad/seg) (kg/m3) (kg/m*s) (Pascal)

0,08 100 0,42 10,47 984 0,00047 70354,98 0,98

0,08 300 1,26 31,42 984 0,00047 211064,95 8,84

0,08 500 2,09 52,36 984 0,00047 351774,91 24,55

0,08 800 3,35 83,78 984 0,00047 562839,86 62,84

0,08 1000 4,19 104,72 984 0,00047 703549,83 98,19

Os diagramas de impedância apresentados na figura 23 mostram medidas

estáveis mesmo em baixas frequências. Nas medidas realizadas em alta rotação também

não foi observado dispersão nos pontos medidos. Os valores de Rs e Rp variaram nas

diferentes velocidades de rotação testadas. Todavia, apenas com este teste, não é

possível dizer se estas alterações são consequência do aumento na tensão de

cisalhamento ou se são apenas a evolução do sistema com o tempo de imersão. Para

avaliar a influência da tensão de cisalhamento deverão ser realizados mais ensaios,

sendo cada um numa dada tensão de cisalhamento do início ao final do teste.

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Figura 23 - Diagrama de Nyquist para Aço Inoxidável 304 em diversas rotações (65.000 Cl-, 40ºC,

20 bar de CO2).

Visto que o sistema de RC eletroquímico apresentou resultados satisfatórios no

teste preliminar, foi iniciada a segunda fase de testes. Foram realizados testes

comparativos, ou seja, testes nas mesmas condições aos já realizados, mas em sistema

de eletrodo de cilindro rotatório. Os resultados serão apresentados nos testes 2 e 3.

Durante o Teste 2, foram realizadas medidas de RPL e EIE.

0 50 100 150 200 250 300

0

50

100

150

200

250

300

20 mHz666 mHz

94 mHz94 mHz

-Z im

(o

hm

.cm

²)

Z real (ohm.cm²)

100 rpm

300 rpm

500 rpm

800 rpm

1000 rpm

94 mHz

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(a)

(b)

Figura 24 - Diagrama de Nyquist obtido nas condições de Teste 2. (a) Primeiro teste. (b) Duplicata.

(16502 ppm NaCl + 292 ppm CH3CO2 + 123 ppm NaHCO3,40ºC, 1 bar de CO2, 50 Pa).

0 50 100 150 200 250 300 350

0

50

100

150

200

250

300

350

5 Hz

20 Hz

2 mHz

- Z

im (

oh

m.c

m²)

Z real (ohm.cm²)

Scan 3 - 0 hr

Scan 6 - 0,5 hr

Scan 12 - 1 hrs

Scan 45 - 8 hrs

Scan 96 - 16 hrs

Scan 171 - 28 hrs

Scan 249 - 40 hrs

2 Hz

0 50 100 150

0

50

100

150

50 mHz

5 mHz

5 Hz

- Z

im

(o

hm

.cm

²)

Z real (ohm.cm²)

Scan 9 - 1 hr

Scan 27 - 4 hrs

Scan 57 - 9 hrs

Scan 87 - 14 hrs

Scan 114 - 18 hrs

Scan 129 - 20 hrs

5 Hz

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Através das medidas de RPL e utilizando a equação (21), podem-se obter os

valores de Rp em função do tempo de teste, conforme apresenta a figura 25. Ao

comparar aos valores de Rp obtidos no ensaio realizado em RC com os de RCE, pode-

se verificar que os valores obtidos em testes de RC são cerca de quatro vezes maiores

que os obtidos em RCE. Os dados de perda de massa também apresentaram valores

quase quatro vezes maiores para os testes de RCE. Mais testes serão necessários para

comprovar se os resultados encontrados são devido a divergências experimentais ou se

os sistemas são intrinsecamente diferentes. Uma hipótese para a divergência dos

resultados pode ser a diferença geométrica dos sistemas, visto que o espaçamento entre

os cps do sistema de RC eletroquímico faz com que ele não seja um cilindro perfeito,

como é assumido nas equações para RCE.

Figura 25 - Valores de Rp em função do tempo de ensaio para o Teste 2.

A equação sugerida pela norma ASTM G184 [4] para correlacionar velocidade

angular e tensão de cisalhamento pode não ser apropriada para o sistema de RC. Em um

dos trabalhos de Chall et al [3] foi apresentada uma equação empírica para calcular a

tensão de cisalhamento de um sistema de RC baseando-se na corrente limite de redução

0 10 20 30 40 50

0

50

100

150

200

250

300

Rp

(o

hm

)

Tempo (h)

RC Eletroquimico

RCE

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de uma espécie conhecida. Visto que o trabalho realizado por Delouis [33] demonstrou

que a variação no espaçamento entre os cps na gaiola ocasionou redução de 10 a 15%

na tensão de cisalhamento, consideramos que a equação proposta por Chall [3] pode ser

utilizada para o sistema de RC apresentado neste trabalho. Sendo assim, a construção de

uma tabela correlacionando velocidade angular e tensão de cisalhamento é

perfeitamente possível e em testes futuros a tensão utilizada não será fonte de erro ou

dúvida.

A aplicação mais convencional dos sistemas de RC é na seleção de inibidores de

corrosão, sendo assim foram realizados testes preliminares para investigar as

potencialidades do RC eletroquímico em estudos para avaliação de inibidores.

O Teste 3 foi realizado afim de verificar as medidas eletroquímicas antes e

depois de injeção de inibidor. O intervalo entre as medidas foi de aproximadamente 1

hora e 30 minutos.

As medidas eletroquímicas demonstraram que será possível avaliar a proteção

conferida pelos inibidores baseando-se nos dados de resistência à polarização. Também

poderão ser conduzidos ensaios para verificar a partir de quanto tempo após a injeção o

inibidor atinge o máximo de eficiência. Estudos com diferentes tensões de cisalhamento

também poderão ser realizados, correlacionando eficiência do inibidor x w.

Os diagramas apresentados na figura 26 são bastante coerentes e demonstram

claramente a ação protetora do inibidor de corrosão. Houve dispersão nos pontos em

baixa frequência na curva sem inibidor. Este comportamento pode estar associado a não

estabilidade do sistema ocasionada por um processo corrosivo intenso. A curva com

inibidor não apresentou pontos dispersos, todavia não foram registradas frequências

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(a)

(b)

Figura 26 - Diagrama de Nyquist obtido para o Teste 3 (1000 ppm Cl-, 65ºC, 20 bar de CO2, 40 Pa).

(a) Teste sem inibidor, (b) Teste com inibidor.

150 200 250 300

0

50

100

150

28 Hz

- Z

im

(o

hm

.cm

²)

Z real (ohm.cm²)

Sem Inibidor

400 mHz

0,0 400,0 800,0 1,2k 1,6k 2,0k

0,0

400,0

800,0

1,2k

1,6k

2,0k

160,0 180,0 200,0 220,0 240,0 260,0 280,0 300,00,0

30,0

60,0

90,0

120,0

150,0

52 mHz

- Z

im

(o

hm

.cm

²)

Z real (ohm.cm²)

Sem Inibidor

Com Inibidor

10 mHz

8 Hz

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6. CONCLUSÕES

Apesar dos problemas iniciais de montagem e de contato elétrico, enfrentados

durante a execução deste projeto o objetivo principal foi alcançado e hoje existe um

sistema de RC eletroquímico pronto para realização de ensaios, mas que ainda pode ser

aprimorado.

Os resultados apresentados neste trabalho demonstram que é possível realizar

medidas eletroquímicas, inclusive de impedância em baixas frequências no sistema de

RC eletroquímico. Nos testes realizados com adição de inibidor de corrosão foi possível

observar a influência do inibidor no processo de corrosão daquele aço quando

comparado com os diagramas de impedância sem a adição do mesmo. Tais resultados

são promissores e demonstraram que o RC eletroquímico será uma ferramenta

inovadora para o estudo da ação de inibidores de corrosão em altas tensões de

cisalhamento.

As comparações dos resultados obtidos nos testes de RC eletroquímico com os

obtidos em iguais condições em sistema de eletrodo de cilindro rotatório, RCE, não

apresentaram boa correlação tanto nos resultados de perda de massa quanto nos

eletroquímicos. Será necessário realizar mais testes para determinar se as diferenças

encontradas são devido a erros experimentais, ou ainda se as equações utilizadas para

calcular a tensão de cisalhamento nos experimentos de RC não são capazes de

descrever corretamente o regime de fluxo deste sistema.

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7. SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

Realização de testes com corpo de prova de aço inox na gaiola de RC para

calcular a tensão de cisalhamento a partir das correntes limites (oxidação ou redução)

de uma espécie bem conhecida.

Construção de uma tabela de correlação entre velocidade angular e tensão de

cisalhamento utilizando uma equação específica para RC descrita na literatura, mas

diferente da indicada pela norma de testes em RC.

Repetição dos testes comparativos RC eletroquímico e RCE utilizando as

tensões de cisalhamento obtidas a partir da tabela mencionada acima.

Estudo eletroquímico da ação de inibidores de corrosão utilizando o sistema de

RC eletroquímico. Como por exemplo, a influência da tensão de cisalhamento na ação

do inibidor.

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