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1 Reabilitação Respiratória em pacientes com Fibrose Cística: uma breve abordagem das principais Técnicas de Fisioterapia de higiene brônquica Maria Lauracy da Silva Medeiros 1 [email protected] Dayana Priscila Maia Mejia² Pós-graduação em Unidade de Terapia Intensiva -UTIFaculdade Ávila Resumo As técnicas de higiene brônquica são alternativas terapêuticas usadas em diversas patologias, dentre elas a Fibrose Cística, que tem uma condição clinica na qual a fisioterapia respiratória tem contribuído de uma maneira extremamente importante para os portadores dessa patologia. Os fisioterapeutas são parte importante em uma equipe multidisciplinar para a reabilitação desses pacientes. A aplicação das técnicas de higiene brônquica é uma importante estratégia de tratamento afim de que os fibrocísticos possam levar uma vida mais proveitosa no seu âmbito familiar. Tais técnicas são abordadas nesse artigo como sendo as principais usadas na fisioterapia respiratória, que tem as suas efeitos sobre a região alveolar que é uma das principais áreas acometidas por acumulo de secreção em portadores de fibrose cística. O objetivo desse estudo foi realizar uma revisão da literatura sobre as principais técnicas de higiene brônquica usado em portadores de Fibrose cística.Realizou-se buscas nas bases de dados: LILACS, SCIELO e nos principais sites americanos sobre Fibrose Cística, nas línguas portuguesas, inglesa e francesa. Palavras-chave: Fibrose Cística; Fisioterapia Respiratória. 1. Introdução A fibrose cística (FC), também conhecida como Mucoviscosidade é uma doença genética, e tem sido amplamente estudada por autores de diversos países, possibilitando maior entendimento em relação a sua fisiopatologia e o advento de novas modalidades terapêuticas, o que se refere de maneira significativa na diminuição da morbidade e no aumento da sobrevida dos pacientes (ALVAREZ,2004). A fibrose cística é uma doença genética de transmissão autossômica recessiva, causada por um distúrbio nas secreções de algumas glândulas produtoras de muco, conhecidas como glândulas exócrinas. Possui frequência média de desenvolvimento estimada em 1 a cada 2.500 nascidos vivos caucasianos. Suas principais manifestações, aparecendo em diferentes graus de expressão clínica caracterizam a tríade: doença pulmonar supurativa obstrutiva crônica (ZANCHET & CHINETT, 2006 e RIBEIRO et al,2011). Dessa forma, a doença estar associada a infecções respiratórias recorrentes ou persistentes. O circulo vicioso entre inflamação, infecção e lesão pulmonar resultam no progressivo declínio da função pulmonar e em morte prematura (ROVEDDER,2008 e LYCZAC ,2002). Segundo FARIA (2005), mais de 1.000 mutações tem sido identificadas no gene CFTR,o qual codifica para uma proteína contendo 1.489 aminoácidos FC é caracterizada pelo fluxo anormal de cloro na membrana apical das células epiteliais, causando diversas manifestações clínicas, que incluem insuficiência pancreática, doença pulmonar, íleo meconial níveis aumentados de cloro no suor e obstrução dos vasos eferentes. ¹ Pós graduanda em Terapia Intensiva. ²Orientadora, Fisioterapeuta Especialista em Metodologia do Ensino Superior, Mestranda em Bioética e Direito em Saúde. .

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Reabilitação Respiratória em pacientes com Fibrose Cística: uma

breve abordagem das principais Técnicas de Fisioterapia de higiene

brônquica

Maria Lauracy da Silva Medeiros1

[email protected]

Dayana Priscila Maia Mejia²

Pós-graduação em Unidade de Terapia Intensiva -UTI– Faculdade Ávila

Resumo

As técnicas de higiene brônquica são alternativas terapêuticas usadas em diversas

patologias, dentre elas a Fibrose Cística, que tem uma condição clinica na qual a fisioterapia

respiratória tem contribuído de uma maneira extremamente importante para os portadores

dessa patologia. Os fisioterapeutas são parte importante em uma equipe multidisciplinar

para a reabilitação desses pacientes. A aplicação das técnicas de higiene brônquica é uma

importante estratégia de tratamento afim de que os fibrocísticos possam levar uma vida mais

proveitosa no seu âmbito familiar. Tais técnicas são abordadas nesse artigo como sendo as

principais usadas na fisioterapia respiratória, que tem as suas efeitos sobre a região alveolar

que é uma das principais áreas acometidas por acumulo de secreção em portadores de

fibrose cística. O objetivo desse estudo foi realizar uma revisão da literatura sobre as

principais técnicas de higiene brônquica usado em portadores de Fibrose cística.Realizou-se

buscas nas bases de dados: LILACS, SCIELO e nos principais sites americanos sobre Fibrose

Cística, nas línguas portuguesas, inglesa e francesa.

Palavras-chave: Fibrose Cística; Fisioterapia Respiratória.

1. Introdução

A fibrose cística (FC), também conhecida como Mucoviscosidade é uma doença genética, e

tem sido amplamente estudada por autores de diversos países, possibilitando maior

entendimento em relação a sua fisiopatologia e o advento de novas modalidades terapêuticas,

o que se refere de maneira significativa na diminuição da morbidade e no aumento da

sobrevida dos pacientes (ALVAREZ,2004).

A fibrose cística é uma doença genética de transmissão autossômica recessiva, causada por

um distúrbio nas secreções de algumas glândulas produtoras de muco, conhecidas como

glândulas exócrinas. Possui frequência média de desenvolvimento estimada em 1 a cada 2.500

nascidos vivos caucasianos. Suas principais manifestações, aparecendo em diferentes graus de

expressão clínica caracterizam a tríade: doença pulmonar supurativa obstrutiva crônica

(ZANCHET & CHINETT, 2006 e RIBEIRO et al,2011).

Dessa forma, a doença estar associada a infecções respiratórias recorrentes ou persistentes. O

circulo vicioso entre inflamação, infecção e lesão pulmonar resultam no progressivo declínio

da função pulmonar e em morte prematura (ROVEDDER,2008 e LYCZAC ,2002).

Segundo FARIA (2005), mais de 1.000 mutações tem sido identificadas no gene CFTR,o qual

codifica para uma proteína contendo 1.489 aminoácidos FC é caracterizada pelo fluxo

anormal de cloro na membrana apical das células epiteliais, causando diversas manifestações

clínicas, que incluem insuficiência pancreática, doença pulmonar, íleo meconial níveis

aumentados de cloro no suor e obstrução dos vasos eferentes.

¹ Pós graduanda em Terapia Intensiva.

²Orientadora, Fisioterapeuta Especialista em Metodologia do Ensino Superior, Mestranda em Bioética e Direito

em Saúde. .

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A respeito do caráter sistêmico da fibrose cística, o acometimento pulmonar é a principal

causa de morbidade e mortalidade nessa afecção. Alterações anatomopatológicas se instalam

já nos primeiros meses de vida, com dilatação e hipertrofia de glândulas produtoras de muco

(CAMARGOS, 2002).

De acordo com MORROW, (2008),A Fibrose Cística (FC) é uma doença séria e herdada

comum na África do Sul, ocorrendo em todos os grupos populacionais. A doença pulmonar é

responsável por grande parte da morbidade e mortalidade existente, com padrão previsível de

progressão.

Nos últimos 70 anos, a fibrose cística foi reconhecida como a mais importante doença

hereditária, potencialmente letal. Esta foi uma das doenças que mais mobilizou familiares de

forma tão organizada, a ponto de constituírem associação de pais na Europa, nas Américas e,

inclusive no Brasil, desempenhando um importante papel no tratamento da fibrose cística.

(ROSA, 2008 e RIBEIRO et al,2011).

Estima-se que aproximadamente 10 milhões de pessoas no mundo sejam portadoras

assintomáticas da doença (CYSTIC FIBROSIS FUNDATION, 2000).

No Brasil, a incidência estimada da doença para a população da região sul é mais próxima da

população caucasiana centro- europeia (1 em 2000 – 2500 nascido vivo, enquanto que nas

outras regiões esta estimativa se reduz para 1,10.000 nascidos vivos (CHAVEZ ,2007).

1.1Genética

A Fibrose Cística é uma doença autossômica recessiva. O portador da doença apresenta uma

só mutação e é assintomático. Num casal de portadores o risco de FC na descendência é de

25%%; 50% serão portadores; e 25% não terão nenhuma mutação (DAMAS et al 2008).

O gene da fibrose cística localiza-se no braço longo do cromossomo 7,no lócus q31,é formado

por 250kb de acido desoxirribonucléico (DNA),com 27 exos e tem a propriedade de codificar

um acido ribonucleico mensageiro (RNAm) (RIBEIRO ET AL,2011).

Neste pequeno fragmento é codificada uma proteína de 1480 aminoacidos ,denominada CFTR

(Cystic Fibrosis Transmembrane Regulator) ou regulador da condutância através da

membrana celular (RENATA,2007) apud ( ROTHBAUM,1997).

Fonte: medicina.ufmg.br

Esquema de transmissão da Fibrose Cística

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2. Manifestações Clínicas do Aparelho Respiratório

A idade de inicio dos sintomas respiratórios é variável. As principais manifestações do foro

respiratório incluem tosse persistente, seca de inicio e posteriormente com broncorréia

abundante, sendo as secreções brônquicas espessas e viscosas. À medida que ocorre a

progressão da doença diminui a capacidade de esforço e surge a dispneia (DAMAS 2008)

apud (EGAM, 2000).

O curso clínico determinado por muco viscoso e clearance mucuciliar diminuído, predispondo

a sinusite, bronquite, pneumonia, bronquiectasia, fibrose e falência respiratória (RIBEIRO JD,

2002).

Nas fases avançadas, os pacientes têm tórax enfisematoso, broncorréia purulenta,

principalmente matinal, freqüência respiratória aumentada, dificuldade expiratória, cianose

periungueal e baqueteamento digital acentuado, como observado na figura 1. Nessa fase

queixam-se de falta de ar durante exercícios e fisioterapia, e posteriormente em repouso

(RIBEIRO JD, 2002).

Fonte: www.biologiahouse.blogspot.com

Baqueteamento Digital

3. Diagnóstico da Fibrose Cística

É feito na presença dois dos quatros critérios clínicos – laboratoriais: história familiar de

fibrose cística, insuficiência pancreática, doença pulmonar obstrutiva supurativa crônica e

níveis elevados de cloro e sódio no suor (WEBER & FERRARI,2008). Observa-se esses

níveis a partir do teste do suor, como pode-se observar na figura 2. Não se aceita este teste

sem a técnica de iontoforese com pilocarpina. Necessitam-se pelo menos duas amostras

positivas. Valor anormal: cloro acima de 60mEq-1.Quantidade mínima de suor para um

exame confiável:75mg (BRITO et al 2001). Segundo RIBEIRO, (2002), nos países

desenvolvidos, a maioria dos pacientes tem diagnostico firmado antes dos dois anos de idade.

No Brasil, 40 a 50% dos casos são diagnosticados após três anos de idade. É de

responsabilidade de o pediatra geral estar alerta para as manifestações clinicas da FC, para

melhor orientar os exames diagnosticados.

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Fonte:www.hospitaldopulmão.com.br

Figura 2 – Teste de suor

Fonte: Jornal de Pediatria – Vol.78, supl.2,2002.

4. Tratamento

Apesar dos avanços no conhecimento da doença,ainda não existe tratamento específico para a

FC. Devido ao seu caráter multisssitêmico e crônico tratamento deve ser realizado em centros

de referência,com equipe multidisciplinar (RIBEIRO JD et al,2002). Apesar do tratamento ser

suportivo,influi favoravelmente no tempo de sobre vida e na qualidade de vida, especialmente

se o diagnóstico for precoce (BRITO et al 2001). GRIESE & KAPPLER,(2008) afirmam que

membros de equipe constantes,incluindo o especialista sênior em fibrose cistica,o

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fisioterapeuta especializado em fibrose cistica,o enfermeiro especialista e outros,constroem

relações duradouras com seus pacientes.

O objetivo principal da abordagem da infecção respiratória será tentar freiar a deterioração da

função respiratoria, controlar a clínica e facilitar a drenagem de secreções.O transplante

pulmonar é a alternativa terapêutica em pacientes com enfermidade pulmonar crônica.

(ARCH BONCONEUMOL,2001). DARBEE et al ( 2005), reforça que os supostos objetivos

também são para diminuir a obstrução das vias aéreas e limitação do fluxo aéreo e para

melhorar a distribuição da ventilação atraves da mobilização do muco das vias

respiratórias.As técnicas de desobstrução das vias aéreas são (ACTS) críticos componentes da

rotina diária realizadas porpessoas com FC (DARBEE et al,2005)

5. Reabilitação Respiratória

Muitas técnicas de fisioterapia respiratória tem sido utilizadas como coadjuvantes do

tratamento da FC em todos os centros de referência. Embora essas técnicas acompanhem os

pacientes portadores da FC por toda vida, não existem trabalhos que tenham avaliado a

eficácia das mesmas sobre a penetração de drogas nos pulmões destes pacientes com

diferentes idades e gravidades (GROTTA et al,2009). Em 1979, Batman alertava para a

eficácia da fisioterapia respiratória na remoção de secreções de vias aéreas em pacientes com

obstrução crônica dessas e assim, pela importância da secreção crônica no aumento da

resistência de vias aéreas (RUIZ et al,1999) apud (BATMAN et al,1979).

A indicação de fisioterapia pulmonar na fibrose cistica estar bem estabelecida nas literaturas

médicas nacional e internacional.O inicio deve ser imediato apos o diagnostico (ANTONIO et

al,2011).O (a) fisioterapeuta de FC deve estar envolvido na avaliação dos pacientes,oferendo

orientações relativas as técnicas de limpeza das vias aereas,controle de qualidade e

desenvolvimento profissinal.Em cooperação com o paciente e a familia (MACHADO &

MATOS,2012). As manobras de higiene bronquica auxiliam a eliminação de secreções

reduzindo a obstrução das vias aereas e suas consequencias,como atelectasias e

hiperinsulflação (GOMIDE et al,2007).

Os objetivos da fisioterapia são:

- Reduzir os broncoespasmos e limpar os campos pulmonares

- Estimular as atividades de manutenção de condicionamento físico com melhor

tolerancia ao exercício

- Treinar a consciência postural e o relaxamento

- Educar o paciente no autocuidado e tratamento (TIDY,2005).

6. Técnicas que facilitam a eliminação de secreções:

Fisioterapia Respiratória

6.1 HUFFS

Técnicas de expiração forçada (huffing e tosse) são efetivas e podem ser usadas

independentemente pelos pacientes.

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6.2 DRENAGEM AUTOGENA:

Usa diversos fluxos de ar para mover o muco.Trata-se de alcançar fluxos de ar muito grandes

e em diferentes partes dos pulmões (CYSTIC FIBROSIS FOUNDATION,2006). Essa técnica de respiração utiliza altas taxas de fluxo expiratórioem diferentes

volumes pulmonares para aumentar a limpeza da mucosa das vias aéreas, evitando

colabamento (MAIN et al, 2009).

(CHEVAILLIER apud por COPPO,2000), descreve a drenagem autogênica em 3

fases:descolar(respiração de baixo volume pulmonar, mobiliza o muco periférico),coletar

(respiração abaixo do volume pulmonar,vias aereas médias) e eliminar (respirações a alto

volume pulmonar,vias aéreas centrais) (GEBER & ARAUJO,2003).

Um huff a partir de alto volume pulmonar é então encentivado para eliminar as secreções da

traqueia, (PRYOR & WEBBER 2002) apud (CHEVAILLIER,1995).

A técnica necessita ser ensinada para o paciente que precisa ter disciplina e concentração,

porém não é necessário nenhum equipamento.Por não permitir tosses violentas é favorável em

caso de hemoptise (SANTOS,2002).É geralmente praticada na posição sentada.Leva de 10 a

20 minutos para ensinar os principios básicos e são necessárias sessões de 30 a 45 minutos

duas vezes ao dia (PRYOR & WEBWE), 2002 apud (DAVID,1991).

Segundo FITIPALDI,(2009), a técnica de drenagem autogênica ja foi intensamente estudada

em pacientes com fibrose cistica. EGAN,(2000) relata que em pacientes com fibrose cisticaa

DA produz uma depuração do escarro comparável a drenagem postural em conjunto com a

percussão e a vibração,mas apresenta menor probabilidade de produzir a dessaturação de

oxigênio e pode ser melhor tolerada pelos pacientes.De acordo com o Concenso de Lyon a

drenagem autogênica é uma técnica de higiene brônquica que visa a mobilização de secreções

distais,e progressivamente,no volume de reserva inspiratória para eliminação proximal em

maior quantidade (GEBER & ARAUJO,2003).

Esta técnica exige grande cooperação do paciente,e é recomendada para pacientes acima de

oito anos de idade que tenha uma boa percepção de sua ventilação para serem capazes de

controlar os volumes e fluxos ,sendo assim, é a tecnica mais dificil de controlar (FINK,2007).

6.3 CICLO ATIVO DA RESPIRAÇÃO

O ciclo ativo das técnicas de respiração é usado com o objetivo de mobilizar o excesso de

secreções brônquicas,sendo eficaz na sua eliminação e melhora da função pulmonar,sem

causar aumento da hipoxemia ou da obstrução ao fluxo aéreo (FITIPALDI,2009).

O CAR é flexivel e adaptado para atender as necessidades dos pacientes.Pode ser usado em

qualquer posição inclusive em drenagem postural.É eficaz,tanto com ou sem auxilio de uma

pessoa (PRYOR,1999).

O ciclo ativo de técnicas de respiração (CAR) inclui relaxamento controleda respiração,

expiração forçada, técnica (FET), exercícios de expansão torácica e podem incluir

drenagem postural e da percussão (MAINet al, 2009).

Sequência do Ciclo Ativo da Respiração:

- Relaxamento e controle respiratorio

- Três a quatro exercicios de expansão toracica

- Relaxamento e controle respiratorio

- Repetir tres a quatro exercicios de expansão toracica

- Repetir o controle do relaxamentro e da respiração

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- Realizar uma ou duas técnicas de expiração forçada (huffs)

- Repetir o relaxamento e o controle respiratorio,(EGAN,2000).

As crianças podem ser ensinadas a fazer huff jogando jogos, é importante lembrar que o

objetivo não é o de uma manobra de fluxo máximo, como a realizada para testes de função

pulmonar (JEFREY & HEADLEY,2003). A técnica é indicada para pacientes acima de 8 anos

ou 9 anos sendo auxiliados, e 12 e 13 com independencia,nunca deve ser desconfortavel ou

causar fadiga ao paciente (SALCEDO & GARCIA,1998).

Exemplos para demosntrar a flexibilidade do ciclo ativo das técnicas de respiração:

Fonte:Fisioterapia para Problemas respiratorios e cardíacos

BC;controle da respiração;TEE,de expansão toracica;FET,tecnica de expiração forçada.

Para pacientes com quantidade moderada de secreções brônquicas, por exemplo, casos de

bronquiectasias e fibrose cística, um minimo de 10 minutos em qualquer posição

produtiva é geralmente necessário (PRYOR & WEBBER,2002).

6.4 FLUTTER

O Flutter é um dispositivo manual semelhante a um cachimbo, no qual o paciente expira em

seu bocal, como pode ser observado na figura abaixo. Possui uma esfera de aço em seu

anterior que vibra durante a passagem do ar expirado.Essa vibração faz com que os pulmões

também vibrem o que leva a uma quebra das ligações moleculares constituintes do

muco,fluidificando-o e deste modo facilitando sua eliminação (SANTOS, 2002) apud

(CHIARATTI & KERKOSKI,2005).

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Fonte: www.anunciopublico.com.br

Figura 5: Flutter

Durante a utilização do aparelho é solicitado que o paciente expire ativamente no interior

do aparelho, sendo que no inicio a esfera gera uma pressão positiva de 10 a 25H2O. Após

vencer essa resistência,o fluxo faz com que ocorra oscilação (15Hz da esfera e esta se

transmite para o interior das vias aéreas (KUNIYOSHI,2004). Segundo MAIZ et al,(2001)

o flutter é um instrumento que produz uma vibração na via aérea e ajuda a desprender o

muco e sua movimentação até a traquea.

Para FITIPALDI, (2009) o flutter combina os efeitos da PEP com os da oscilações orais de

alta frequência. Deve-se seguir as seguintes instruções para utilizar o aparelho:

1. Posicionar o paciente sentado com as costas apoiadas,estender e elevar levemente

sua cabeça,e realizar a técinica de controle respiratorio;

2. Solicitar uma expiração de 2-3 vezes maior do que a inspiração normal e realizar

uma pausa inspiratoria de 2-3 segundos;

3. Posicionar o aparelho flutter na boca e solicitar uma expiração ao nivel da

capacidade residual funcional (CRF);

4. Desencorajar episódios de tosse inprodutiva ;

5. Durante a expiração pelo aparelho flutter, advertir o paciente a posicionar o

aparelho mais horizontal em um ângulo que ofereça uma maior sensação de

vibração dentro dos pulmões.

6. Solicite vários ciclos ventilatórios com controle respiratório e depois uma

inspiração profunda, seguida de pausa inspiratória de 2-3 segundos e uma

expiração forçada ao nível do volume residual.

7. Apos a realização de 1ou 2 expirações com alto fluxo expiratório, solicite um huff.

O indivíduo deve ser compatível e responsável para dizer em que ângulo o flutter que ele

sente mais oscilação dentro de seus pulmões. Se a técnica não for feita dentro do

procedimento correto, não é tão eficaz como a fisioterapia manual (CYASTIC FIBROSIS

CENTER, 2009). Konstan et Al observaram um aumento de cinco vezes no muco

expectorado através deste método em pacientes com fibrose cística, em comparação com tosse

ou drenagem postural, outros autores não foram capazes de encontrar diferenças na

expectoração (GOSSELINK, 2006). Alta frequência de oscilação da parede torácica

(HFCWO) é o tratamento padrão para a desobstrução das vias aéreas nos EUA (FAINARDI,

2011). Segundo CHIARATTI & KERKOSKI,(2005) apud PADMAN et al,(1999) O flutter

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parece ser simples e seguro, eficaz, e custo efetivo para pacientes com Fibrose Cística capaz

de assegurar estipo de terapia. É mais efetivo do que as técnicas convencionais na limpeza do

muco brônquico das vias aéreas de pacientes com fibrose cística supera o encremento da

função pulmonar das outras técnicas de terapia de higiene brônquica (KONSTAN et al,1994).

Acredita-se que um dispositivo de higiene brônquica como o flutter auxilia o batimento ciliar,

pois faz com que a pressão de expiração seja oscilante em frequências próximas as de

ressonância do sistema respiratório, mas existem apenas especulações sobre o assunto que são

motivo de intensa investigação (MORAIS et al,2006).

6. 5 MÁSCARA DE EPAP

O EPAP é uma modalidade terapêutica que foi introduzida na Dinamarca, no ano de 1984,

utilizada no tratamento de pacientes portadores de mucoviscidose, onde foi muito bem aceita.

A técnica recebeu o nome de PepMask (Positive Expiratory Pressure) que corresponde hoje ao

EPAP ou PEEP em ventilação espontânea ( FREITAS,2009). Alguns pesquisadores não

foram capazes demostrar adicionais em curto prazo sobre o transporte de muco em

fibrosescística ou bronquite crônica. No entanto, foi demonstrado que a terapia de pressão

positiva expiratória é superior ao padrão de tratamento na preservação da função pulmonar

durante um termpo longo (GOSSELINK,2006) apud (ROSA et al,2008).

Os principais objetivos de indica-los para os pacientes e que promove recrutamento alveolar e

remove secreções taqueobronquicas (VERONESE &SCORTEGAGNA,2011). A PEP terapia

(Pressão Expiratória Positiva) recebeu uma atenção especial nos últimos dez anos,

especialmente no tratamento de pacientes com fibrose cística. De acordo com McCoolet al.

(2006), a recomendação para a utilização desta terapia apresenta-se com grau de evidência B,

com benefício na remoção de secreções pulmonares (ALBUQUERQUE, 2012). A PEEP

máscara tem uma válvula de sentido único para o qual um orifício expiratório resistor é

ligado. Quando o paciente expira através do resistor de uma pressão positiva é gerada nas vias

aéreas(10-20 cm de H2O) e o colapso pulmonar são re-inflado e eleva acapacidade funcional

residual. Figura 6 (MAIN et al,2009). Os artefatos capazes de criarem esta pressão ao final da

expiração são classificados como válvulas de resistência a fluxo e válvulas de resistência

linear. As válvulas de resistência a fluxo necessitam que o gás passe através de orifícios fixos

para que a pressão positiva expiratória seja criada (PIRES, 2007).

Fonte: www. cpaps.com.br

Figura 6 – Máscara de EPAP

Este dispositivo pode ser utilizado de forma independente por pacientes para o tratamento

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regular, no entanto, e apropriado educação e reeducação por um fisioterapeuta, para uma

terapia eficaz e atenção deve separa corrigiros procedimentos de limpeza, a fim de reduziro

risco de infecção (ROGERS &DOULL,2005). ALBUQUERQUE,(2012) apud FUCUNALE

et al, (2005) em um estudo constataram que o EPAP aumenta o volume pulmonar espiratório

final e reduz a resistência nas vias aereas e promove o aumento da capacidade residual final

(CRF).

Metodologia

Foram pesquisados para elaboração deste artigo livros e artigos científicos em português,

inglês e francês utlizando também material eletrônico. A pesquisa bibliográfica faz

referência as opiniões de diversos autores com relação ao assunto pesquisado, abordando

vários ângulos referidos a fibrose cística, bem como forma de tratamento e a principal

abordagem, higiene brônquica e a atuação fisioterapêutica.

Resultados e Discussão

Este estudo investigou a respeito das ténicas utilizadas para higiene brônquica em pacientes

portadores de fibrose cística, e observou-se que existem vários meios utilizados, bem como

aparelhos. Entende-se que a fibrose cística não tem cura, mas tem meios de tratamento que

podem melhorar a qualidade de vida do portador da doença. De uma maneira bem esclarecida

encontra-se estudos a respeito das técnicas de higiene brônquica em portadores de Fibrose

Cística.Os fisioterapeutas possuem um papel de extrema relevância no cuidado de pacientes

com afeccções respiratórias (FITIPALDI,2009).

Vale salientar que as técnicas requerem cuidados na aplicação e algumas são realizadas

independentemente, como flutter, drenagem autógena e terapia de pressão positiva expiratória

(LAMARI, et al 2006).

Secreções infectadas contêm citocinas e proteases que destroem o tecido pulmonar

contribuindo para a formação de bronquiectasias. Por essa razão a fisioterapia respiratória é

um dos pilares no tratamento da FC (VERONEZI & SCORTEGAGNA, 2011).

Conclusão

Pode-se perceber que, nos últimos anos, houve um aumento da sobrevida dos pacientes

fibrocisticos, devido às pesquisas e os avanços científicos que possibilitaram um melhor

conhecimento da doença (ROSA et al,2008). Um dos controles de complicações pulmonares

na fibrose cística (FC) envolve a administração de fisioterapia respiratória para remover as

secreções que obstruem as vias aéreas (CHIARATTI & KERKOSKI,2005). Contudo é

realmente necessário mais estudos com maior rigor metódologico, com o objetivo de definir a

maneira mais adequada para a utilização e aplicação das técnicas, proporcionando

consequente efetividade no tratamento das afecções pulmonares (LIEBANO et al,2009).

Em 2006 a Cystic Fibrosis Foundation, publicou que a sobrevivência esperada para pessoas

com Fibrose Cística tem aumentado a mais de 30 anos de idade isso significa que há mais

adultos com FC, isto é, nos Estados Unidos há mais pessoas maiores de 18 anos com Fibrose

Cistica atualmente. Porém para um tratamento efetivo, sério e completo é necessário

equipamentos de relativa complexidade e pessoal qualificado, estes grandes centros estão

localizados em cidades de grande e médio porte, obrigando muitos desses doentes a se

deslocarem até eles (CAMARGOS et al,2002) . Em uma reunião da Organização Mundial de

Saúde e da Cystic Fibrosis (Mucoviscidosis) Association ICF (M) a indentificou os problemas

mais comuns da FC em países em desenvolvimento, que são: subdiagnóstico da FC,

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expectativa de vida reduzida em comparação com outros países desenvolvidos, pouca

disponibilidade de drogas necessárias e falta de centros multidisciplinares e centros de

pesquisas básicas de FC (RIBEIRO et al,2002) & (TORRES),et al 2010 .

Existem varias normatizações para que os centros de tratamento especializado em FC tenham

equipes multidisciplinares, facilitando a avaliação global dos pacientes. Porém,isso acarreta

em um aumento da complexidade e do custo desses serviços, principalmente em países em

desenvolvimento (TORRES,et al 2010).

Para um conhecimento melhor dessa patologia faz-se necessário que os pais tenham um

melhor esclarecimento sobre a doença e sua história, pois o tratamento em domicilio fica por

conta dos pais que não possuem na maioria das vezes condições financeiras a altura para a

realização principalmente da fisioterapia respiratória que é imprecidível duas e até tres vezes

por dia com ajuda de um profissional.

Para os fibrocísticos uma melhor qualidade de vida é oferecida e,ao Sistema de Saúde uma

redução de gastos financeiros visto que menos internações e intercorrências estes pacientes

terão ( ZANAROLI,2008).

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