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ÁREA DO CONHECIMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL – HABILITAÇÃO EM PUBLICIDADE E PROPAGANDA
MAYARA VASQUES ROSA
COMUNICAÇÃO NO TERCEIRO SETOR: MÉDICOS SEM FRONTEIRAS E ABUSCA DO ENGAJAMENTO NAS REDES SOCIAIS
CAXIAS DO SUL2018
MAYARA VASQUES ROSA
COMUNICAÇÃO NO TERCEIRO SETOR: MÉDICOS SEM FRONTEIRAS E A BUSCA DO ENGAJAMENTO NAS REDES SOCIAIS
Caxias do Sul 2018
MAYARA VASQUES ROSA
COMUNICAÇÃO NO TERCEIRO SETOR: MÉDICOS SEM FRONTEIRAS E A BUSCA DO ENGAJAMENTO NAS REDES SOCIAIS
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Comunicação Social – Habilitação em Publicidade e Propaganda da Universidade de Caxias do Sul, como requisito para obtenção do título de Bacharel em Publicidade e Propaganda. Orientadora: Profª. Drª. Ivana Almeida da Silva.
Caxias do Sul
2018
MAYARA VASQUES ROSA
COMUNICAÇÃO NO TERCEIRO SETOR: MÉDICOS SEM FRONTEIRAS E A BUSCA DO ENGAJAMENTO NAS REDES SOCIAIS
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Comunicação Social – Habilitação em Publicidade e Propaganda da Universidade de Caxias do Sul, como requisito para obtenção do título de Bacharel em Publicidade e Propaganda. Aprovada em: ___/___/___.
Banca Examinadora ___________________________________ Profª. Drª. Ivana Almeida da Silva Universidade de Caxias do Sul – UCS ___________________________________ Prof. Me. Eduardo Luiz Cardoso Universidade de Caxias do Sul – UCS ___________________________________ Prof. Dr. Ronei Teodoro da Silva Universidade de Caxias do Sul – UCS
Dedico este trabalho aos meus pais, que sempre buscaram me proporcionar oportunidades para crescer como pessoa e profissional, e também a minha filha que logo logo estará em meus braços.
AGRADECIMENTOS
Uma das certezas que eu tenho é sobre o quanto esses 5 anos e meio na
Universidade me fizeram crescer, mais do que profissionalmente, esse crescimento
foi pessoal. Me proporcionou experiências incríveis que fizeram com que eu tivesse
um melhor desempenho para me expressar e sentir mais confiança no mercado
profissional.
Primeiramente, agradeço a Deus por por toda a proteção, saúde e orientação
durante esse caminho, sendo assim capaz de conquistar todos os meus objetivos.
Agradeço também aos meus pais, Itacir Mendes da Rosa e Divina Aparecida
Vasques Rosa, que apesar de não terem estudado, sempre buscaram fornecer
todas as possibilidades para meu desenvolvimento profissional, consequentemente
são os patrocinadores da minha graduação, e sempre me deram liberdade para que
eu buscasse e experimentasse novos caminhos para descobrir meus gostos e
anseios da vida. Um agradecimento especial à minha pequena Helena que ainda
não se encontra em meus braços, mas que esteve comigo durante esse último
semestre, ela se desenvolvendo e me trazendo diversos novos sentimentos,
preocupações, mas também muito amor e desejo de ser o melhor de mim.
Aos meus amigos, Vinícius Escobar Ribeiro, Juliane de Fátima Anghinoni,
Évelynn Marinho Alves, Micaela Regina de Sousa, Aline Lopes e Talita Bozza, além
dos demais amigos que conquistei ao longo da graduação, agradeço pelo apoio e
momentos de alegria e risadas nos momentos mais estressantes.
Sou grata também, aos professores que contribuíram para toda a minha
formação, através de seus ensinamentos e assistência. Ao meu primeiro orientador
Carlos Antônio de Andrade Arnt, com quem iniciei o projeto de monografia e
entendeu meu processo de adaptação e mudança de orientador para a minha agora
orientadora Ivana Almeida da Silva, a quem sou muito grata pela sua ajuda, sendo
sempre prestativa e dedicada no acompanhamento deste trabalho, o qual não seria
o mesmo sem sua ajuda. Também, agradeço minha banca avaliadora, professor
Eduardo Luiz Cardoso e Ronei Teodoro da Silva.
Sei que aqui é só parte do meu caminho, tenho muitas conquistas a percorrer,
mas sei que com vocês ao meu lado tudo será mais fácil e feliz!
“Cada boa ação que você pratica é uma luz que você acende em torno dos próprios passos.”
Chico Xavier (espírito André Luiz)
RESUMO
Esta monografia tem como principal objetivo estudar de que forma o Terceiro Setor busca atingir o engajamento da sociedade a partir da comunicação pelas redes sociais. Esse estudo apresenta um capítulo sobre a história do Terceiro Setor e a comunicação utilizada por este para expressar-se com seu público. Outro, refere-se ao tema das mídias sociais, aprofundando a pesquisa no tema redes sociais e engajamento. E, por fim, parte para apresentação do estudo de caso Médico Sem Fronteiras. A pesquisa possui uma abordagem qualitativa, de viés exploratório, e para seu desenvolvimento teve como base a pesquisa bibliográfica e o estudo de caso, que contou, especialmente, com a observação da comunicação, a partir das redes sociais, da entidade estudada. Desta forma, ao final do trabalho, é possível observar de que forma configura-se a comunicação no Terceiro Setor, especialmente no caso de Médicos Sem Fronteiras, na busca do engajamento da sociedade, que nestes espaços busca maior visibilidade, confiabilidade e transparência para sua causa, promovendo a mobilização a partir de conteúdo divulgado através do poder das redes sociais na atualidade. Palavras-chave: Terceiro Setor. Comunicação. Redes Sociais. Engajamento. Médicos Sem Fronteiras.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Esquema Terceiro Setor……………………………………………………. 16
Figura 2 - Prédio da Santa Casa da Misericórdia (1939)......................................... 17
Figura 3 - Gráfico de percentual de serviço prestado………………………………… 19
Figura 4 - Faixa etária de serviço de Convivência e fortalecimento de vínculos….. 20
Figura 5 - Gráfico percentual de tipo de trabalhadores………………………………. 21
Figura 6 - Perfil Ampara Animal Instagram.………………………………………….... 43
Figura 7 - Post Ampara Animal Instagram..…………………………………………..... 44
Figura 8 - Vídeos Canal AACD.…………………………………………....................... 45
Figura 9 - Post Hospital de Amor Facebook..………………………………………….. 46
Figura 10 - Hospital de MSF em Leogane (Haiti)….………………………………….. 49
Figura 11 - Estrutura organizacional MSF……………………………......................... 50
Figura 12 - Comercial MSF……………….....………………………………………….. 52
Figura 13 - Médicos Sem Fronteiras nas redes sociais.…………………………….. 54
Figura 14 - Perfil MSF no Instagram…………….….………………………………….. 55
Figura 15 - Post MSF Instagram………...……………………………......................... 56
Figura 16 - Vídeo Quem é quem?……….....………………………………………….. 58
Figura 17 - Vídeo uma mulher na mecânica de MSF…..…………………………….. 59
Figura 18 - Post Facebook MSF…..…………….….………………………………….. 61
Figura 19 - Comentários post Facebook MSF………………………......................... 62
Figura 20 - Página Facebook Greenpeace Brasil…………………………………….. 64
Figura 21 - Página Facebook MSF…………………..…..…………………………….. 65
Figura 22 - Tweet MSF…………………..……………..…..……………………………. 67
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO…………………………………………………………………………. 10
1.1 METODOLOGIA…………………………………………………………………….. 11
2 TERCEIRO SETOR…………………………………………………………………… 14
2.1 HISTÓRIA E CONCEITO DE TERCEIRO SETOR……………………………..... 14
2.2 COMUNICAÇÃO NO TERCEIRO SETOR………………………………………... 22
3 MÍDIAS SOCIAIS………………………………………………………………………. 29
3.1 CONCEITOS……..………………………………………………………………….. 29
3.1.1 Facebook….……………………………………………………………………….. 34
3.1.2 Twitter…..….……………………………………………………………………….. 35
3.1.3 Instagram….……………………………………………………………………….. 36
3.1.4 YouYube….…………………………………………………………………..…….. 39
3.2 ENGAJAMENTO NAS MÍDIAS SOCIAIS: COMUNICANDO PARA O TERCEIRO
SETOR……………………………………………………………………….…..………... 39
4 ESTUDO DE CASO.............................................................................................. 47
4.1 MÉDICOS SEM FRONTEIRAS.......................................................................... 48
4.2 MÉDICOS SEM FRONTEIRAS E REDES SOCIAIS……................................... 53
4.2.1 Poder simbólico............................................................................................ 54
4.2.2 Tocar o indivíduo de diferentes formas, de acordo com a rede............... 57
4.2.3 União da sociedade por uma causa............................................................. 60
4.2.4 Espaço de visibilidade………………............................................................. 62
4.2.5 Discussões éticas......................................................................................... 66
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................. 69
REFERÊNCIAS......................................................................................................... 71
APÊNDICE – PROJETO DE MONOGRAFIA........................................................... 77
10
1 INTRODUÇÃO
Abordando a temática do engajamento a partir das redes sociais, esta
monografia tem como questão norteadora: “De que forma o Terceiro Setor busca
atingir o engajamento da sociedade a partir da comunicação pelas redes
sociais?”. A partir dessa questão, se tem como objetivo geral investigar como a
comunicação no meio digital favorece o engajamento da sociedade com o Terceiro
Setor, no caso, Médicos Sem Fronteiras, pelas redes sociais.
Para facilitar a pesquisa, esta monografia possui também, como objetivos
específicos: investigar como uma organização do Terceiro Setor se comunica a fim
de propagar seu trabalho e obter reputação, além de novos financiadores; analisar
os meios de propagação do conteúdo digital próprio gerado por uma instituição;
compreender de que forma a organização estudada envolve o grande público,
adquirindo o engajamento do mesmo; entender a relevância do conteúdo gerado por
Médicos Sem Fronteiras para a sociedade, formando assim, a importância da
organização, a partir do seu trabalho comunicacional realizado.
A ideia do projeto surgiu a partir do interesse em relacionar a comunicação
social com o Terceiro Setor. Empregar a organização internacional Médicos Sem
Fronteiras nesse estudo, se deu pela empatia da estudante com a mesma, sendo
doadora há dois anos. A acadêmica possuía uma percepção empírica de que as
mídias sociais, quando comparadas às mídias tradicionais, na internet, a
interatividade é muito maior. A partir desta interatividade, podemos sugerir e
participar da geração de conteúdos, concordar, discordar, e até, sermos produtores
de informação. Dessa forma, tudo aquilo que, antes, era encoberto pela mídia
tradicional, passa a ser facilmente disseminado na internet pelos próprios
internautas, sem que esses estejam, necessariamente, ligados a causas ou
organizações específicas.
Atualmente, com a ampla conectividade entre as pessoas, favorecida pela
internet, é possível se obter “repercussões sociais importantes, que potencializam
processos de trabalho coletivo, de troca afetiva, de produção e circulação de
informações.” (PRIMO, 2007, p. 2). Segundo Recuero (2011), o crescimento dos
11
meios digitais, além de proporcionar a amplitude de se comunicar, oportunizou
também a criação de diversas redes mediadas pelo computador.
Essa comunicação propiciada pela internet, forma novos meios de
relacionamentos, a partir da interação entre seus usuários, gerando relações sociais.
O engajamento em rede, demonstrado a partir do envolvimento das pessoas com o
objeto, pode ser pretendido de várias maneiras, além de se poder utilizar métodos
estratégicos para seu alcance. O que vai determinar a efetividade desse
engajamento não compete a esta pesquisa, uma vez que, a questão norteadora tem
como foco a investigação do modo que Médicos Sem Fronteiras procura atingir o
engajamento.
Para se obter uma melhor compreensão do assunto, o trabalho foi dividido em
três capítulos. No capítulo 2, traremos a exploração da história e conceituação de
Terceiro Setor. Em seguida, observaremos a importância da comunicação para este
setor, o desenvolvimento e princípios éticos a ser utilizados nesta comunicação,
além dos meios de comunicação por ele utilizado.
Já o capítulo 3, apresentará as mídias sociais como fator de ascensão da
comunicação interativa, evidenciando as redes sociais como grande gerador das
relações sociais na internet e dessa forma, de engajamento. Assim, possuindo
suporte para o estudo de como, se forma o engajamento nas redes sociais do
Terceiro Setor.
Para finalizar, no capítulo 4, estudaremos o nosso caso único: Médicos Sem
Fronteiras. Com base nas características de relacionamento encontradas nas redes
sociais, iremos analisar como a organização utiliza das propriedades
comunicacionais dessas redes, e assim, explora seus conteúdos para buscar o
engajamento.
1.1 METODOLOGIA
De acordo com Gil (2010, p. 1), pesquisa classifica-se como um
“procedimento racional e sistemático que tem como objetivo proporcionar respostas
aos problemas que são propostos”. Assim, determinar os métodos mais adequados
para a realização do estudo, se torna indispensável, após a escolha do tema.
12
A pesquisa é desenvolvida mediante o concurso dos conhecimentos disponíveis e a utilização cuidadosa de métodos e técnicas de investigação científica. Na realidade, a pesquisa desenvolve-se ao longo de um processo que envolve inúmeras fases, desde a adequada formulação do problema até a satisfatória apresentação dos resultados. (GIL, 2010, p. 1).
A partir do problema e dos objetivos referidos neste trabalho, a utilização do
estudo exploratório, a pesquisa bibliográfica e observatória, sobre o estudo de caso,
se faz crucial para se obter resultados satisfatórios.
O estudo exploratório, nosso ponto de partida, “têm como principal
característica a informalidade, a flexibilidade e a criatividade, e neles procura-se
obter um primeiro contato com a situação a ser pesquisada ou um melhor
conhecimento.” (SAMARA; BARROS, 2002, p. 29). Dessa forma, gerar proximidade
entre estudante e assunto escolhido. Para que a partir disso, se inicie um processo
de aperfeiçoamento das ideias.
Após o estudo exploratório, a pesquisa bibliográfica é o próximo passo. Pois,
é dela que parte “desde a identificação, localização e obtenção da bibliografia
pertinente sobre o assunto, até a apresentação de um texto sistematizado, onde é
apresentada toda a literatura que o aluno examinou” (STUMPF in DUARTE, J.;
BARROS, 2011, p. 51). Dessa forma, através de livros, artigos, revistas e teses é
que nosso referencial teórico será obtido. Stumpf (2011) ainda aborda a necessidade
da pesquisa bibliográfica. “Descobrir o que outros já escreveram sobre um assunto,
juntar ideias, refletir, concordar, discordar e expor seus próprios conceitos pode se
tornar uma atividade criativa e prazerosa” (STUMPF in DUARTE, J.; BARROS, 2011,
p. 61).
O estudo de caso, também se faz necessário nesta pesquisa, pois é a partir
dele que analisaremos as redes sociais de Médicos Sem Fronteiras. Pois, segundo
Yin (2010) o estudo de caso “é usado em muitas situações, para contribuir ao nosso
conhecimento dos fenômenos individuais, grupais, organizacionais, sociais, políticos
e relacionados” (YIN, 2010, p. 24).
E por último, devido estarmos falando de meios de comunicação pela
internet, a pesquisa também terá viés observatório através da web. “A riqueza da
internet como campo e ferramenta de pesquisa é em grande parte derivada do fato
13
de que tantas informações e registros sobre a vida social estão disponíveis online”
(FRAGOSO; RECUERO; AMARAL, 2011, p. 22). Sendo assim, Fragoso, Recuero e
Amaral (2011), reconhecem que a pesquisa por meio da internet possibilita um bom
estudo de análise de dados. Complementando, Marteleto (2001, p. 72) afirma que,
especificamente na análise de redes sociais, “não existe uma ‘teoria das redes
sociais’ e que o conceito pode ser empregado com diversas teorias sociais,
necessitando de dados empíricos complementares, além da identificação dos elos e
relações entre indivíduos.”
14
2 TERCEIRO SETOR
O Terceiro Setor é conhecido pela sociedade, principalmente pelas
organizações não-governamentais, as ONGs, porém, seu conceito é muito mais
abrangente, e atua junto à esfera pública, “[...]seja através de parcerias ou
exercendo pressão política, a fim de conscientizar e zelar para que sejam cumpridas
as metas pregadas pelo próprio Estado e as que sejam idealizadas pelos novos
conceitos de eficiência da gestão pública.” (CALEGARE, JUNIOR, 2009, não
paginado). Já Filho (2002, p. 10), associa o termo Terceiro Setor ao universo das
organizações sem fins lucrativos por possuir uma ideia de filantropia a partir de uma
herança anglo-saxônica.
Neste capítulo, será abordada a origem do termo Terceiro Setor, explicando
seu conceito diante a sociedade. Assim, apresentando as características presentes
no setor, além de dados relativos a suas atividades, para uma melhor compreensão
de sua atuação na esfera pública. Como toda organização, seja ela de origem
pública ou privada, possui uma necessidade de comunicação, iremos explorar seus
critérios para essa comunicação e como ela é desenvolvida. Assim, o capítulo foi
divido em duas partes nos seguintes temas: “História e conceito de Terceiro Setor” e
“Comunicação no Terceiro Setor”.
2.1 HISTÓRIA E CONCEITO DE TERCEIRO SETOR
A caridade, derivante do latim caritas (afeto, amor), que remete a questões
religiosas e traz o aspecto de doação (de si para outro). É um sentimento e ou uma
ação percebida há muito tempo por histórias de benevolência e empatia com o outro.
Assim, o ato de doar, seja o por meio de dinheiro ou tempo, no caso de voluntariado,
pode partir de uma individualidade isolada ou de um grupo. Já a filantropia “é o
contraponto moderno e humanista à caridade religiosa” (FERNANDES, 2005, p. 26),
“distinguindo-se da caridade pelos seus objetivos. A fim de tornar a ajuda útil
àqueles que dela necessitam, acreditando ser necessário mudar-lhes a natureza, dar
mais conselhos do que bens.” (CONFEDERAÇÃO DAS SANTAS CASAS DE
15
MISERICÓRDIA). A partir desse contexto, podemos dizer que diversas organizações
fundadas, de cunho social que, se hoje, fariam ou fazem parte do Terceiro Setor.
A expressão Terceiro Setor, traduzida do inglês third sector , passa a ser
utilizada a partir dos anos setenta nos Estados Unidos. É assim chamada por ser
uma das combinações resultantes da conjunção entre o “público” e o “privado”:
privados para públicos = terceiro setor (FERNANDES, 2002), gerando assim bens e
serviços públicos a partir de um conjunto de organizações e iniciativas privadas que
não geram lucros e atendem às necessidades coletivas. Fernandes (2005) também
fala sobre outras expressões utilizadas paralelamente com o Terceiro Setor como,
“organizações sem fins lucrativos”, em que seus diretores e associados não podem
receber benefícios financeiros, e “organizações voluntárias”, uma expressão
complementar à anterior mencionada, onde se supõe que a sua criação seja
puramente por vontade de seus fundadores, visto que não lhes é permitido lucros e
não se resulta de uma ação governamental, reforçando seu conceito.
[...] o Terceiro Setor é composto de organizações sem fins lucrativos, criadas e mantidas pela ênfase na participação voluntária, num âmbito não-governamental [...] expandindo o seu sentido para outros domínios, graças, sobretudo, à incorporação do conceito de cidadania e de suas múltiplas manifestações na sociedade civil (FERNANDES, 1995 e 1996a apud FERNANDES, 2005).
Apesar de muitos terem a percepção de que o Terceiro Setor é somente
social, pelo seu cunho de atividade, ele na verdade não possuiria as características
que lhe valem o nome sem o mercado. “É sem fins lucrativos porque supõe a
existência do lucro em outro plano. Não houvesse a autonomia do mercado, não
haveria a autonomia das organizações sem fins lucrativos.” (FERNANDES, 2005,
p.32). Em que a captação de recursos se faz necessária para trazer a eficácia do
trabalho social proposto. Complementando, Tachizawa (2012) ainda chama o
Terceiro Setor de mercado social, em que “ocupa espaços não preenchidos pelo
Estado e pela atuação do setor privado, que enfatiza a comercialização de bens e
serviços, a fim de atender a expectativa de um mercado comercial.” (2012, p. 6)
16
Figura 1 - Esquema Terceiro Setor
Fonte: Esquema realizado pela estudante a partir dos conceitos de Fernandes (2002) e Tachizawa (2012).
Para Grazzioli e Rafael (2011), o Terceiro Setor surge juntamente com a
globalização, em que a necessidade de informação é sempre muito rápida e
crescente e que ampliou as relações entre empresas e pessoas. Ainda alegam que o
Estado não pode tentar oferecer tudo a população, quando sequer cumpre suas
obrigações básicas como educação, saúde pública e segurança. Calegare e Junior
(2009) abordam o Terceiro Setor como uma promessa de mudança e renovação
para estas questões sociais:
o Terceiro Setor surge como o portador de uma nova e grande promessa: a renovação do espaço público, o resgate da solidariedade e da cidadania, a humanização do capitalismo e, na medida do possível, a superação da pobreza. Uma promessa realizada através de atos simples e fórmulas antigas, como o voluntariado e filantropia, revestidas de uma roupagem mais empresarial. Promete-nos, implicitamente, um mundo onde são deixados para trás os antagonismos e conflitos entre classe e, se quisermos acreditar, promete-nos muito mais. (CALEGARE; JUNIOR, 2009, não paginado)
No Brasil podemos encontrar o surgimento do Terceiro Setor em semelhante
contexto de desequilíbrio político e social. Tachizawa (2012, p. 12) destaca os anos
de regime militar como o começo de uma sociedade organizada, a partir de ideários
autônomos em relação ao Estado. De acordo com Prando e Milani Filho (2006) o
termo Terceiro Setor começou a ser utilizado pela Fundação Roberto Marinho,
criada em 1977. Entretanto, como antes mencionado, há organizações que
17
antecedem a expressão Terceiro Setor. A Santa Casa de Misericórdia de Santos
(figura 2) é um exemplo delas no Brasil. Criada em 1543, “talvez seja a primeira
instituição do Terceiro Setor de que se tem registro no Brasil” (REVISTA
BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO, 2002, p. 30). Se percebe assim, a tradição
religiosa fortemente ligada com os propósitos do setor.
As Santas Casas eram “instituições parcialmente movidas pelo trabalho
voluntário, que a Igreja Católica implantou no Brasil no século XVI, conforme modelo
trazido de Portugal” (CORULLÓN 2002, p. 23), que atendiam doentes
desamparados e órfãos abandonados. Inicialmente possuindo natureza caritativa e a
partir de 1838 passou a ter natureza filantrópica. Ou seja, começaram a oferecer
mais do que bens, iniciaram atividades de orientações e conselhos para com os
indivíduos. (CONFEDERAÇÃO DAS SANTAS CASAS DE MISERICÓRDIA). A
caridade cristã, exercida no Santa Casa, em seu início, se baseava na obrigação,
sob os olhos de Deus, que todo religioso tinha com os menos favorecidos, em um
momento que a vida pública era fortemente regida por valores religiosos.
Figura 2 - Prédio da Santa Casa da Misericórdia (1939)
Fonte: Jornal eletrônico Novo Milênio. Foto: publicada em matéria de A Tribuna Na sua edição especial de 26 de janeiro de 1939 (exemplar no acervo do historiador Waldir Rueda). Disponível em: <http://www.novomilenio.inf.br/santos/h0260d10.htm> Acesso em: 14 de abril de 2018.
Como visto, esta realidade do Terceiro Setor não é nova no país, apesar de
antes negligenciada e dada como exclusivamente filantrópica ou solidária.
18
Entretanto, Coelho (2000) aborda que apesar de improvável sua sobrevivência
devido aos relatos de absurda distribuição de renda entre os indivíduos, há um
inexplicável fluxo de recursos que propiciou e criou condições mais humanas para
muitos grupos marginalizados, recebendo novos investimentos na sociabilidade.
Assim, “instalando legitimidade nas instituições.” (COELHO, 2000, p.11).
Apesar de suas diferenças de porte, diversidade e objetivos, há
características em comum entre as organizações do Terceiro Setor, como cita
Prando e Milani Filho (2006, p. 19):
Não há proprietários. Possuem autonomia diretiva. Suprem parcialmente o papel do Estado no atendimento a determinadas necessidades sociais. Possuem estrutura e presença institucionais. São constituídas pelo interesse social; portanto, visam proporcionar benefícios sociais. São agentes econômicos. Precisam obter recursos para a própria sobrevivência e manutenção de suas atividades (esses recursos podem ser públicos e/ou privados. Não deve haver qualquer distribuição de resultados entre os seus membros ou colaboradores, reinvestindo os superávits obtidos. Podem gozar de privilégios fiscais, conforme a legislação vigente.
As áreas de atuação das organizações são extremamente diversificadas. De
acordo com Tachizawa (2012, p.14), elas definem suas atividades por grau de
importância de acordo com suas percepções de importância do que fazem. Áreas
como educação, saúde, segurança, assistencialismo, caridade, filantropia,
responsabilidade social entre outras, estão como as principais atividades exercidas
pelo Setor. Como por exemplo, hospitais filantrópicos, que é o caso da Santa Casa
da Misericórdia antes citada, entidades ambientalistas, sindicatos, associações
desportivas, organizações religiosas, etc.
Em pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE) em parceria com o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome
- Pesquisa de Entidades de Assistência Social Privadas sem Fins Lucrativos - PEAS
referentes aos anos 2014-2015 - mostra em destaque que mais de 3/4 do total de 1
organizações pesquisadas afirma prestar serviço em predomínio, de convivência e
fortalecimento de vínculos (75,4%) (figura 3), que visa “fortalecer as relações
familiares e comunitárias, além de promover a integração e a troca de experiências
1 Disponível em: <https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv94686.pdf> Acesso em: 21 de abril de 2018
19
entre os participantes, valorizando o sentido de vida coletiva.” Sendo uma forma de
intervenção social, onde são oferecidas atividades artísticas, culturais, de lazer e
esportivas, dentre outras, de acordo com a idade dos usuários. (MINISTÉRIO DO
DESENVOLVIMENTO SOCIAL)
O serviço de convivência e fortalecimento de vínculos diferencia-se dos demais serviços da proteção social básica porque oferta atividades que contemplam diferentes faixas etárias e públicos variados. Os usuários deste serviço são divididos em grupos etários e o trabalho nos grupos é organizado em percursos, de forma a estimular as trocas culturais e a partilha de vivências, desenvolver o sentimento de pertença e de identidade, e fortalecer os vínculos familiares, sempre sob a perspectiva de incentivar a socialização e a convivência familiar e comunitária. (PEAS, 2015, p. 20)
Figura 3 - Gráfico de percentual de serviço prestado.
Fonte: PDF de análise de resultados da PEAS 2014-2015. Disponível em: <https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv94686.pdf> p. 21. Acesso em: 16 de abril de 2018.
20
Aprofundando no serviço de convivência e fortalecimento de vínculos, temos
a faixa etária das pessoas atendidas (figura 4), e nela destaca-se o atendimento de
crianças e adolescentes de 7 a 14 anos, como podemos ver no gráfico abaixo. “O
serviço tem como foco, para essa faixa etária, a constituição de espaço de
convivência, a formação para a participação e a cidadania, bem como o
desenvolvimento do protagonismo e da autonomia.” (PEAS, 2015, p. 30). Podemos,
assim presumir que a educação está diretamente ligada neste serviço, trabalhando a
partir da educação a conscientização e a cidadania. Sendo, desde os anos oitenta,
foco das atividades da grande maioria das organizações, tendo seu caráter
eminentemente educativo. (TACHIZAWA, 2012, p. 14)
Figura 4 - Faixa etária de serviço de convivência e fortalecimento de vínculos.
Fonte: PDF de análise de resultados da PEAS 2014-2015. Disponível em: <https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv94686.pdf> p. 30. Acesso em: 17 de abril de 2018.
Seja qual for a área atendida, o indiscutível é a exigência de mão-de-obra
para as atividades desenvolvidas nessas instituições. De acordo com os dados da
PEAS (2015) (figura 5), conseguimos perceber a grande participação do trabalho
voluntário nas entidades. No país, cerca de 77,1% das entidades contam com o
21
auxílio de trabalho voluntário. Esse dado pode ser explicado “pela ‘prontidão’ da
população que se sensibiliza e assim deseja ter participação ativa e construtiva na
sociedade.” (DOHME, 2006, p. 40). Em seguida, no gráfico da pesquisa, possui
funcionários contratados correspondendo a 68,1% do total, referindo-se a
trabalhadores com emprego formal e direitos trabalhistas garantidos pela legislação.
Destes funcionários, os que possuem formação, maioria de assistentes sociais,
pedagogos e psicólogos. (PEAS, 2015, p. 46) Assim, conclui-se que parte dos
recursos necessitados das diversas organizações sejam destinadas a
operacionalidade e manutenção dos trabalhos desenvolvidos pela mesma.
Figura 5 - Gráfico percentual de tipo de trabalhadores.
Fonte: PDF de análise de resultados da PEAS 2014-2015. Disponível em: <https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv94686.pdf> p. 42. Acesso em: 19 de abril de 2018.
Ao longo do histórico do Terceiro Setor no país, observa-se a transição da
lógica na qual um elemento externo organizacional deve assistir os marginalizados,
da natureza caritativa, para a concepção de que o indivíduo, que merece especial
atenção, deve ser estimulado a empreender a sua própria emancipação social.
(LIMA, 2012, p. 36). Podemos assim, ver uma consolidação e um aumento
significativo cada vez maior do Terceiro Setor no país.
Com este constante crescimento do setor no país, o investimento em
propaganda passa a ser inerente ao contexto de eficiência comunicacional das
22
instituições. Visibilidade, reconhecimento social e busca por investidores e ou
captações de recursos para o desenvolvimento do trabalho das organizações,
exigindo então um eficiente plano de comunicação de marketing.
2.2 COMUNICAÇÃO NO TERCEIRO SETOR
Em qualquer sociedade, a natureza das relações entre pessoas depende da
eficácia das comunicações entre elas. Nos negócios em geral e no marketing em
particular, a “eficácia do sistema também depende da eficácia das comunicações.”
(GOMES, 2008, p. 17). Para Gomes (2008, p. 18) há duas finalidades no sistema de
comunicação: informar e persuadir. Para tal, há a necessidade de se criar uma
imagem favorável e um clima propício para a realização eficiente dessas atividades
persuasivas e informativas, estabelecendo-se assim uma estratégia de marketing.
A comunicação persuasiva se refere em maior extensão à Publicidade, de
acordo com Gomes (2008), entretanto, em seguida encontramos a Propaganda, com
a comunicação política ou qualquer que seja a forma de transmissão para
convencimento ideológico. De modo que, quando mencionamos a comunicação no
Terceiro Setor, estamos nos referindo tanto a propaganda, por ter bases ideológicas
e não mercadológicas, quanto a publicidade por possuir finalidade econômica. Há
confusão entre elas pelo fato de, como cita Gomes (2008, p. 42), publicidade e
propaganda possuírem técnicas comuns aos instrumentos de comunicação
persuasiva.
Quando influente uma organização pode ter o “poder” de influenciar e ou
persuadir o meio em que atua.
A persuasão gera coerções morais e ideológicas cujo poderio sobre os indivíduos não há de ser subestimado. Onde eficaz, a dedicação voluntária gera recursos e as consequentes disputas pela sua distribuição. As instituições resultantes deste gênero de atividade incorporam a necessidade de auto-reprodução e passam a funcionar com os cacoetes característicos das corporações. Formam um mercado de trabalho específico. Influenciam a legislação em seus mais variados domínios e condicionam orçamentos dos governos, das empresas e dos indivíduos. (FERNANDES, 2002, p. 24)
23
Para trazer a credibilidade, visibilidade e reconhecimento social que as
instituições tanto almejam, Prando e Milani Filho (2006, p. 21) destacam a
importância da eficiente comunicação das atividades-meio e fins para com seus
receptores. Duarte (2002, p. 19) enfoca que a comunicação no Terceiro Setor deve
promover e contribuir para a cidadania e democratização da comunicação. Que é
preciso refletir sobre os compromissos éticos da comunicação, a concentração de
poder da mídia e a qualidade dos espaços de entretenimento.
A dimensão comunicacional, por sua vez, enfoca as informações provenientes da relação entre atividades-meio e atividades-fim. As atividades que as organizações desenvolvem devem ser orientadas pela missão, visão e valores que se propõem. A eficiência e eficácia na gestão, ou seja, nas atividades-meio, permitem a concretização dos objetivos: as atividades-fim. Há dessa forma, uma necessidade premente de comunicar à sociedade a missão, os valores e a visão da organização. (PRANDO; MILANI FILHO, 2006, p. 20)
Assim, através de divulgação publicitária de projetos, as organizações do
Terceiro Setor também visam, além da visibilidade da instituição, a participação do
público em atividades da instituição, evidenciando que suas ações são um meio para
promover o respeito humanitário em seu ciclo de atuação. Logo, a meta da
comunicação publicitária do Terceiro Setor, além do estímulo a um comportamento
de consumo, seja de produtos criados para custeio, doações e serviços, como é
usual na persuasão tradicional, deve visar que seja estimulada uma reflexão sobre
cada causa defendida pela organização.
Para tal visibilidade, confiança, credibilidade Bonilha (2006, p. 65) nos traz a
importância das organizações carregarem uma imagem, pois a imagem é o maior
patrimônio de uma instituição. Uma vez danificada, dificilmente a instituição
conseguirá se reerguer. A autora ainda nos traz exemplos para criar ou sustentar
essa imagem, como o capricho que pode ser aplicado à papéis, correspondências,
envelopes, até ao jardim, manutenção do local, etc. Cuidar nos exageros de
apelação para arrecadar recursos, como utilizar uma imagem de uma criança
subnutrida nos braços da mãe aos prantos, e assim ter dignidade ao retratar
determinada situação, prezando pela verdade e pela realidade, promovendo suas
ações exibindo como sua intervenção contribui positivamente para a comunidade.
24
Além de todas essas ações, Bonilha (2006, p. 66-70) ainda fala da importância da
identidade visual da instituição, em que o logo necessita representar a instituição,
assim como deve haver rigor na sua reprodução, objetivando a promoção de
fortalecimento e reconhecimento da marca.
Seguindo nas questões de imagem, Prando e Milani Filho (2006, p. 21)
alegam que “nunca foi dada tanta importância à imagem, já que o acesso à
informação é em tempo real e de qualquer lugar do planeta. Textos, sons,
fotografias, imagens em movimento e com sons estão todas reunidas e acessíveis
na internet, ao alcance de um clique”, trazendo a internet como a plataforma que
modificou e exigiu uma preocupação muito maior com a imagem, seja pessoal,
quanto de marca.
A internet pode ser entendida como sendo parte da comunicação de massa,
pois seu conceito se dá pelo emissor dirigindo-se, de maneira simultânea, a um
grande número de receptores, utilizando os chamados “mass media” como suportes
físicos de transmissão, ou seja, transmitir uma mensagem, a partir de uma minoria
organizada, a um vasto público, heterogêneo, anônimo e geograficamente disperso.
(GOMES, 2008 p. 43) Podemos dizer então, que a internet está inserida no processo
de globalização, pois “seu aspecto central é a intensificação das interligações entre
sociedades” (CANCLINI, 2003, p. 11), tendo a sua concepção como expansão do
mercado, e assim, a potencialidade econômica das sociedades. (CANCLINI, 2003,
p.19)
Esse processo de globalização para Canclini se desenvolveu a partir de dois
processos que são a internacionalização, que se iniciou com as aberturas comerciais
da Europa para outros continentes com as navegações pelo século XIX, mas que
obtinham rígidos padrões para proteger a produção local. A transnacionalização,
mediante a internacionalização advém a partir de empresas cuja sede não se
encontra exclusivamente nem predominantemente numa nação, ou ainda
interconexões que trazem a marca da nação, como as telenovelas mexicanas, por
exemplo. Todo esse processo teve seu fator facilitador com a evolução da
tecnologia, como nos mostra em que as barreiras foram superadas, as mensagens
se expandiram de seus territórios e as fronteiras se tornaram porosa. (2003, p. 42)
25
De acordo com o que agora sabemos da globalização, parece melhor concebê-la como um processo com várias agendas, reais e virtuais que estaciona em fronteiras ou em situações translocais e trabalha com sua diversidade. (CANCLINI, 2003. p. 47) Coca-Cola e Sony “estão convencidas de que a globalização não significa construir fábricas por todo o mundo, e sim conseguir se transformar em parte viva de cada cultura” (BECK, 1998, p. 16 apud CANCLINI, 2003. p. 47)
Grandes questionamentos críticos foram gerados a partir desse processo de
globalização e sobre as suas teorias, ao mesmo tempo, surgiram muitas
oportunidades para estes mesmos críticos estenderem seus projetos, influências e
marcas para outros países, como nos traz Canclini (2003, p. 47), em que
Greenpeace e Le Monde Diplomatique usufruíram desta globalização ecológica,
jornalística e política para disseminar suas influências. Hoje, para as OTS , essa 2
mesma disseminação é intensificada com a internet, que mostra-se cotidianamente
como um elemento principal para a divulgação e captação de recursos nas mais
diversas fontes. (PRANDO; MILANI FILHO, 2006, p. 21).
Outros meios de comunicação de massa também são utilizados pelas
organizações. Meios como o rádio, a tv e o jornal foram e ainda são importantes
meios para a divulgação das ações, eventos, e campanhas realizadas na instituição.
Uma vez que, “[...] a quantidade de tempo gasta pelas pessoas com os veículos de
comunicação de massa cresceu espetacularmente nestas últimas décadas.”
(DEFLEUR; ROCKEACH, 1993 p. 285). Este fato pode ser atribuído a qualidade do
texto publicitário, hoje utilizado, que “[...]pode realizar-se buscando maior
originalidade, quebrando certas normas preestabelecidas, causando impacto no
receptor através de mecanismos de “estranhamento”, situações “incômodas”, que
levam, muitas vezes, à indagação ou a pura indignação.” (CITELLI, 2004, p. 55). O
que pode eleger a escolha de um meio de comunicação ou outro, é o perfil do
público final, regionalidade e número de público a ser atingido.
Cada processo comunicacional exige estratégias de comunicação, e o
princípio básico nesses processos é tratar a tudo e a todos com ética. De acordo
com Vázquez (2013, p. 23) “a ética é a teoria ou ciência do comportamento moral
2 Organizações do Terceiro Setor - Essa sigla será utilizada no trabalho para representar, de forma geral, as organizações do Terceiro Setor.
26
dos homens em sociedade.” Sendo assim, a ética se torna o estudo e reflexão sobre
a moral, que vêm de âmbito social por ser costumes (normas ou regras) adquiridos e
ou conquistados pela sociedade. Enquanto a ética, mesmo que também adquirida ou
conquistada, se refere ao caráter, não correspondendo a uma disposição natural, e
sim pela reflexão individual. (VÁZQUEZ, 2013, p.24). Para Liberal (2006, p. 169) o
princípio ético que baliza as instituições é a fraternidade. O autor ainda traz que a
possível proliferação das organizações se deva pela busca constante dos valores
éticos (2006, p. 170), que propicia a “não-violência e a concretização do sentido de
responsabilidade individual, a sublimação do respeito ao outro, a emancipação do
tangível amor a Deus e ao próximo.” (2006, p. 165)
Nas questões comunicacionais das organizações Prando e Milani FIlho (2006,
p. 21) consideram a ética um fator predominante para permear todos os ambientes e
níveis das instituições e todas as suas relações (entre voluntários, funcionários,
atendidos, parceiros, etc.) e, “por isso mesmo, a comunicação ética dos objetivos e
realizações das OTS são de suma importância para a consolidação do jogo
democrático e da cidadania global.” Neto e Liberal (2006, p. 26) tratam as OTS como
influências políticas sociais e por expressarem, de certo modo, a forma de enfrentar
problemas de desigualdade, pobreza e injustiças, elas repercutem na concretização
das políticas públicas. Dessa forma, sendo então um influenciador, de acordo com
Lima (2012, p. 34), o Terceiro Setor necessita de profissionais da comunicação que
estejam habilitados nas questões específicas da sua ética e valores. Para assim,
terem seus interesses bem compreendidos pelos seus receptores.
Os valores existem unicamente em atos ou produtos humanos. Tão somente o que tem um significado humano pode ser avaliado moralmente, mas, por sua vez, tão somente os atos ou produtos que os homens podem reconhecer como seus, isto é, os realizados conscientemente e livremente, e pelos quais se lhes pode atribuir uma responsabilidade moral. Neste sentido podemos qualificar moralmente o comportamento dos indivíduos ou de grupos sociais, as intenções de seus atos e seus resultados e consequências, as atividades das instituições sociais etc. (VÁZQUEZ, 2013, p. 149-150)
Os receptores, anteriormente citados, são seus principais tipos de captação
de recursos, que podem vir de diferentes fontes como indivíduos, empresas e
governo. Para cada fonte, uma estratégia comunicacional diferente deve ser
27
montada, visando a eficácia de sua intenção. “Um bom trabalho de arrecadação de
fundos só adquire sustentabilidade se for baseado na diversificação das fontes e na
retenção dos doadores.” (MARTINS, 2006 p. 54)
Quando falamos em recursos públicos, ou seja, de origem do governo, para
as organizações, há toda uma burocracia para assim o adquirir. De acordo com
Martins (2006), a partir de editais lançados pelo Governo convidando organizações
apresentando propostas de trabalho relacionadas a áreas específicas, que é feita a
distribuição de fundos disponíveis para tal. Estes editais possuem exigências
rigorosas, que visam a capacitação técnica da instituição. E assim permanecem
obrigadas a cumprir todas estas exigências, além de prestação de contas e
licitações. Assim, como adverte Martins, a organização deve avaliar se está disposta
a abrir mão da independência para desempenhar e defender seus interesses.
(MARTINS, 2006, p. 59-60)
Para as empresas o cuidado para a busca de recursos deve ser grande, pois
os valores e precedências da empresa não pode ir contra os da organização. Assim
Martins (2006, p. 57) nos mostra a importância da pesquisa antes de trazer suas
propostas para parcerias com a empresa. Entretanto quando firmada a parceria,
grandes frutos podem ser colhidos, pois cada vez mais as empresas buscam se
associar às causas sociais, pretendendo investir em um novo modelo de negócios,
tendo um relacionamento mais competitivo no mercado.
Já os indivíduos, que são os principais financiadores dos projetos sociais,
segundo uma pesquisa da FGV e Articulação D3, constituem 17 milhões de
brasileiros, ou seja, cerca de 9% da população realizam doações individuais para
entidades. (ABONG, 2013) Se tornando assim, o principal público-alvo de sua
abordagem comunicacional e de captação de recursos. Martins (2006, p. 56) nos
traz a importância de mostrar aos doadores e ou possíveis doadores os resultados
concretos das doações no trabalho desenvolvido pela organização, do que as
mudanças que os projetos possam produzir, se tornando assim fiéis as causas,
quando percebem que o trabalho está sendo realizado da forma que foi prometido.
A comunicação das organizações também pode variar de acordo com a sua
magnitude territorial. No caso de uma instituição mundial, suas estratégias devem
conseguir se inserir numa escala mundial, utilizando da transnacionalização para
28
eliminar os aspectos nacionais e regionais. (CANCLINI, 1999, p. 168) Entretanto,
deve-se levar em conta as diferenças locais e regionais para “conceber a
universalização e as particularidades regionais como complementares.” (CANCLINI,
1999, p. 170) Assim sendo, a assertividade da estratégia se dá de forma mais
concreta quando bem estruturadas de acordo com os pontos anteriormente citados.
29
3 MÍDIAS SOCIAIS
Hoje em dia, muito se fala em mídias sociais, redes sociais, mídia digital etc.
Cabe a nós. profissionais de comunicação, aprender a distingui-las como
expressões da “nova” comunicação que nasceu com o surgimento da internet. Essa
comunicação mediada pelo computador, de acordo com Recuero (2009) amplificou a
capacidade de conexão, permitindo que redes fossem criadas e expressas neste
espaço. Dessa forma, pode-se dizer que há uma urgência da sociedade para que
cada cidadão possua uma cultura digital, como também, “aptidões de base para
dispor de uma igualdade de oportunidades mais efetiva em um mundo em que se
multiplicam as mediações digitais, inclusive no âmbito das relações sociais.”
(RAUPP; EICHLER, 2012, p. 1).
Neste capítulo discutiremos como as mídias sociais, em específico as redes
sociais, permitem a criação das relações sociais a partir das interações dos
indivíduos presentes nelas. Como as redes sociais têm o “poder” de engajamento
com a sociedade, iremos analisar o processo para engajar e os elementos que o
propiciam.
Dessa forma, o capítulo foi segmentado em duas partes, sendo: “Conceitos”,
com seções de conceitos de sites de redes sociais, e “Engajamento nas mídias
sociais: comunicando para o Terceiro Setor”.
3.1 CONCEITOS
O conceito de mídia se refere a qualquer instrumento ou meio de
comunicação social, em que Silverstone (2014, p. 9) nos mostra a nossa
incapacidade de fugir a ela. “A mídia está presente em todos os aspectos da nossa
vida cotidiana”, sendo onipresente, diária, uma dimensão essencial de nossa
experiência contemporânea. (2014 p.12) Se mostrando então, uma ferramenta
indispensável e evidente da globalização. Dentre os instrumentos da mídia, os mais
tradicionais e conhecidos são o jornal, a televisão e o rádio, que de forma
generalizada, consiste na imprensa. Estes são caracterizados por não possuir
30
grandes possibilidades de participação ou opinião do público, ou seja, uma via de
mão única.
Essa mídia tradicional nos traz cada informação como um momento que pode
conter diversos significados, significados estes que dependem de saber se
“realmente o notamos, se ele nos toca, choca, repugna ou atrai, enquanto entramos,
atravessamos e saímos do ambiente midiático cada vez mais insistente e intenso.”
(SILVERSTONE, 2014 p. 12). Além de contribuir para nossa “capacidade de
compreender o mundo, de produzir e partilhar seus significados.” (SILVERSTONE,
2014, p. 13). Dessa forma podemos dizer que cada indivíduo possui seu senso
crítico de cada momento através das informações midiáticas, só não contém voz
para opinar nas questões que a imprensa comunica.
As mídias sociais, entretanto, possibilitam que o público se comunique,
interaja e participe, ou seja, uma via de mão dupla. Assim, formando instrumentos
que permitem a criação e o intercâmbio de conteúdos, muitos dos quais gerados
pelos próprios usuários. Fragoso (2006) aborda em seu artigo, Reflexões sobre a
convergência midiática, como a possibilidade de interatividade trouxe “voz”,
participação e criação de conteúdo do público aos meios de comunicação, gerando
assim, empoderamento para esse receptor:
[...] a interatividade era o instrumento que faltava para conferir ao receptor poderes correspondentes aos dos produtores midiáticos. Não foram poucos os autores que, partindo de um tal raciocínio, descartaram muitos desenvolvimentos das Teorias da Comunicação para apoiar-se nas variantes mais duras da Teoria dos Efeitos e afirmar que o público, até então “passivo e manipulável”, estaria prestes, graças ao advento da interatividade, a ascender ao exercício criativo no papel de protagonista nas mais diferentes modalidades de expressão. (FRAGOSO, 2006, p. 4)
Nesse caso os sites de redes sociais entram como um serviço facilitador
desse intercâmbio. A autora Raquel Recuero (2009) nos traz a definição de rede
social a partir das palavras de Wasserman e Faust, que é definida como um conjunto
de dois elementos: atores (pessoas, instituições ou grupos; os nós da rede) e suas
conexões (interações ou laços sociais). (WASSERMAN E FAUST apud RECUERO,
2009, p. 24)
31
Com os avanços das tecnologias digitais, e as diversas novas formas de
conexão sem fio, há uma influencia na criação de usos flexíveis do espaço urbano:
acesso nômade à internet, conectividade permanente com os telefones celulares,
objetos que passam informações aos diversos dispositivos, equipamentos com
bluetooth que criam redes caseiras, etc. (LEMOS; 2005, p. 1-2) Assim, podemos
perceber como esses avanços das tecnologias contribuíram para essa maior
interação entre os usuários nas redes sociais, com a facilidade e mobilidade da
internet. Raupp e Eichler (2012) trazem em seu artigo o termo de Web 2.0, que é
utilizado para representar uma nova era da internet que exemplifica toda essa
mudança das relações sociais no mundo digital:
Nessa nova sociedade a questão da interatividade tem um papel de destaque. A Web 2.0 – termo usado para definir a chamada segunda geração da internet – é fortemente marcada pela interatividade, pelos conteúdos gerados por usuários e pela personalização de serviços. Com isso, a internet deixou de ser uma plataforma em que uma informação pronta era divulgada, com um portal de jornais e revistas, para ser um meio de divulgação livre de conteúdos. Alguns exemplos de sites típicos dessa geração são os blogs – uma abreviação de weblog que significa registro eletrônico na internet (e as variações fotologs e videologs), as redes sociais e os sites de compartilhamento de arquivos. (RAUPP; EICHLER, 2012, p. 2)
Para Primo (2007), a Web 2.0 possui uma importância tecnológica
fundamental. Entretanto, o autor afirma que as dinâmicas sociais não devem ser
explicadas pela mediação da informática, pois as interações sociais são sensíveis a
certos condicionamentos trazidos pela tecnologia. Dessa forma, as redes sociais
tratam-se de um processo emergente que mantém sua existência através de
interações entre os envolvidos. (PRIMO, 2007, p. 7) Recuero (2009, p. 79) também
aborda as dinâmicas das redes sociais de forma influenciada pelas interações
sociais ali existentes, e por isso as redes estão sempre em constante transformação,
com constante mutação no tempo, pois as interações influenciam ou não nas
atualizações das redes, que não ficam estagnadas em suas versões atuais.
Lemos (2005, p. 2) afirma que o desenvolvimento da cibercultura se dá com o
surgimento da microinformática nos anos setenta, com a convergência tecnológica e
o estabelecimento do computador pessoal. Lévy (1999, p. 17) afirma que a
cibercultura é “o conjunto de técnicas (materiais e intelectuais), de práticas, de
32
atitudes, de modos de pensamento e valores que se desenvolvem juntamente com o
crescimento do ciberespaço.” E então, o termo ciberespaço é definido como “o
espaço de comunicação aberta pela interconexão mundial de computadores e das
memórias dos computadores.” (LÉVY, 1999, p. 94). Ou seja, a partir do ciberespaço
é que a cibercultura se consolida, uma vez que nele pessoas de todo o mundo estão
conectadas, realizando uma comunicação interativa e instantânea.
Os envolvidos nessa comunicação instantânea são os atores, anteriormente
citados, que refere-se às pessoas, obviamente, envolvidas na rede, em que Recuero
(2009) aborda como sendo parte de um sistema e atuam em moldes da estrutura
social através da interação e da constituição de laços sociais. Essas interações dos
atores se dá através de perfis, ou seja a identidade de si no ciberespaço, se
tornando a presença do “eu”, num espaço privado que ao mesmo tempo é público,
expressando “alguém que fala”. (RECUERO, 2009, p. 27) para assim, cada
identidade possuir visibilidade nesse meio social, podendo ser identificados a partir
das interações sociais entre si.
As interações que surgem com as relações entre os atores provém de uma
ação que possui um reflexo comunicativo entre o indivíduo e seus semelhantes,
onde Recuero (2009) aborda como um reflexo social. Esse reflexo pode partir de
uma conversação onde a ação de um ator depende da percepção daquilo que o
outro está dizendo. (SILVERSTONE, 2014, p. 31) E essa percepção varia de acordo
com o entendimento do universo que rodeia esse indivíduo, influenciado por suas
motivações particulares. Recuero ainda nos mostra que as interações podem ser
encontradas em diversas plataformas de comunicação, e essa migração de
plataformas, como ela afirma, pode auxiliar na multiplexidade que são essas 3
relações, sendo um indicativo da presença de laços fortes na rede. (2009, p.36)
Os sites das redes sociais permitem então, que os atores sociais criem perfis
individualizados, que vão funcionar como representações de si, que suas redes
sociais sejam publicadas pelas plataformas como Facebook, Twitter, Instagram entre
outros. E assim, esses atores podem utilizar esses sites como ferramentas de
conversação e interação uns com os outros. Recuero (2014, p. 115) nos mostra
3 Métrica dos vários tipos de relações entre os atores, onde poderá existir mais do que um tipo de relação. O que pode ser associado à força do relacionamento existente.
33
como esses sites geraram um impacto profundo nas redes sociais por “não apenas
as traduzirem para o digital, mas porque as reconstroem nesse espaço, gerando
novas formas de estar conectado, principalmente através das chamadas conexões
associativas.” Essas conexões trazem representações dos laços sociais,
reconstruídas e mantidas através desses sites. (2014, p. 115)
As redes sociais na Internet não podem ser confundidas com a ferramenta que as suporta. São, por si, expressões de grupos sociais, de pessoas e instituições que estão permanentemente interconectadas pelas novas tecnologias de comunicação e informação. Elas expressam e tornam complexas as relações sociais já existentes, são utilizadas para integrar membros com interesses e ideologias ligados pela relevância de um determinado assunto e para proporcionar integração e interatividade através de comunicação e compartilhamento de conteúdo. (ARAÚJO, 2012, p. 5)
Para podermos ter uma melhor percepção das relações nas redes sociais
temos como base o livro de Recuero (2009), que de forma simplificada e geral,
trazemos as definições das interações sociais por ela estudada: a partir dessas
interações dos atores temos então a construção de um laço social. O conjunto
dessas interações são chamamos de relações sociais, ou seja, “a interação mediada
pelo computador é geradora de relações sociais, que por sua vez, vão gerar laços
sociais.” (RECUERO, 2009, p. 36). A autora também traz um elemento gerado pelas
interações, o capital social, que se refere a um valor concedido as relações sociais
(2009, p. 45), em que esse valor possui uma combinação entre os recursos do
coletivo que em conjunto com as relações sociais são moldados pelo conteúdo das
relações. (2009, p. 49)
Dentre as diversas redes sociais encontradas nesse ciberespaço, algumas
são tidas como cruciais para promover notoriedade para marcas e celebridades,
além de se estar inserida em importantes meios de comunicação que seu público
interage, criando posicionamento e visibilidade para si. Entre elas estão: Facebook,
Twitter, Instagram e YouTube. Cada uma possuindo suas particularidades e meios
diferentes de interação com o público além de manifestar diferentes conteúdos que
contribui para estabelecer vínculos e credibilidade, já que se percebe uma mudança
na maneira que as pessoas se comunicam, socializam, aprendem e tomam decisões
a partir das plataformas de redes sociais. (LIMA, 2014, p. 39)
34
3.1.2 Facebook
O Facebook, hoje uma das mais importantes e imponentes redes sociais que
temos na atualidade, sendo o sistema com maior base de usuários no mundo, onde
em janeiro de 2018, foi divulgado a presença de mais de 2,13 bilhões de usuários
ativos (ESTADÃO, 2018) dos quais mais de 103 milhões deles estão no Brasil.
(FACEBOOK BUSINESS, 2016). A rede surgiu inicialmente com o intuito de
satisfazer a demanda de uma rede de contatos entre uma comunidade acadêmica,
tendo como foco, alunos que estariam saindo do High School e novos ingressos na
universidade. Mark Zuckerberg o criou ainda na universidade de Harvard (Estados
Unidos) e teve seu lançamento em 2004. Desde então sua significação para as
redes sociais se tornou muito relevante, ao passo que, sua constante atualização,
melhoramento e criação de novos meios de interação dentro de sua própria
plataforma foi primordial para o seu crescimento, e por que não, pelo fato de ter
“acabado” com o orkut.
O fato do Facebook ter tomado as proporções que é hoje, e ter milhares de
brasileiros conectados em sua plataforma, diz respeito ao site proporcionar a
comunicação com um alto número de pessoas, de forma facilitada e instantânea. Em
que possui um chat online disponibilizado para que o usuário saiba e possa ver
quem de seus amigos está disponível para conversar. Algo que integrou o antigo
serviço Messenger com a plataforma do Orkut. Essa rotina alterou de forma
“agressiva” o processo comunicacional e de sociabilização. A rede aproxima
pessoas que estão distantes, e para alguns, que afasta as que estão próximas. Isso
quer dizer que, o “Facebook permite o contato com pessoas de todas as partes do
planeta, que tenham acesso à Internet, a um baixo custo, de forma instantânea,
rápida e direta.” (ARAÚJO, 2012, p. 10)
Uma das mais interessantes e mudanças que o Facebook proporcionou
também na sociedade, foi a possibilidade de marcas interagirem com seu público, a
partir de páginas ou fan pages, que funcionam como perfis não pessoal, seja de uma
causa, uma marca, um evento, blog ou de figuras públicas, que também são comuns
35
e entram na esfera pública, onde seus conteúdos e interações não se limitam a uma
relação social só.
Araújo (2012) aborda em seu artigo como o Facebook também atua de forma
a auxiliar às mobilizações de cunho político e social. Isso ocorre com eventos
nacionais a diversas causas, que possam despertar o interesse dos usuários foram
divulgados, além da participação efetiva no movimento. Sendo efetiva também na
divulgação de eventos locais, sejam eles de cunho cultural, social, político, ou de
mero entretenimento.
A ferramenta estimula as discussões sobre os mais variados assuntos, em vista que qualquer ponto de vista postado na rede é acompanhado por um grande número de usuários. Dessa forma, como o ser humano possui diferentes ideologias inerentes a ele, é possível que um ponto de vista compartilhado, seja aceito ou criticado pelos outros usuários. De uma forma ou de outra, o Facebook possibilita a ampliação dos espaços de discussão e a maior visualidade desses, entretanto, há mais casos de mobilizações pela Internet que não surtem efeito nenhum, ou pelo menos, não chegam ao efeito desejado. (ARAÚJO, 2012, p. 12)
A partir do compartilhamento de conteúdos entre os usuários e páginas
designadas a própria distribuição de conteúdos, podemos perceber as interações
dos usuários por meio de comentários que podem gerar ou não uma discussão
sobre o assunto abordado. Esse tipo de interação é facilmente observado pelos
demais usuários, uma vez que fica “público” aos demais.
3.1.3 Twitter
Fundado em 2006 por Jack Dorsay, Biz Stone, Noah Glass e Evan Willians,
sendo Willians fundador da plataforma Blogger, vendida para o Google e Dorsey já
havia criado um app para Blackberry que tinha o intuito de mostrar aos seus
contatos o que ele estava fazendo. O quarteto então, colegas na empresa de
podcasts Odeo, criaram o Twitter, que carrega esse nome pelo termo encontrado em
um dicionário por Glass, “uma breve e inconsequente explosão de informações” ou
“um barulho feito por pássaros”, vindo daí o uso do pássaro em seus layouts e logo.
(TEC MUNDO, 2010). 4
4 Disponível em: <https://www.tecmundo.com.br/rede-social/3667-a-historia-do-twitter.htm> Acesso
36
Como qualquer outra plataforma, o Twitter sofreu alterações e melhoramentos
ao longo desses anos. Uma de suas principais características que era o limite de
140 caracteres, hoje já alterado para 280 caracteres, acarretava em diversas
reclamações dos usuários, apesar de ser esse o objetivo da plataforma: curtas
mensagens e informações como um SMS. A plataforma ainda possui disponibilidade
de inclusão de fotos, vídeos a partir de link do YouTube, gifs, outros links e hashtags
em seus “tweets”, termo utilizado para chamar cada publicação dada pelo usuário,
como fala Recuero e Zago (2009, p. 82) sobre as funcionalidades da ferramenta:
“Ali, é possível construir uma página, escolher quais atores “seguir” e ser “seguido”
por outros. Essas conexões são expressas por meio de links nas páginas dos
usuários. Cada ator tem suas mensagens publicadas (também chamadas “tweets”)
para os seguidores, que acompanham em uma janela própria.”
As hashtags se tornaram uma importante ferramenta de busca na plataforma,
anteriormente já utilizada em outros sistemas de busca. As palavras ou frases que
acompanhadas de # (hashtag) se tornam links que podem ser acessados e assim,
visualizar todas as interações e usos dessa hashtag pelos usuários. A partir dessas
hashtags temos o trending topics do Twitter. Esse item mostra os assuntos mais
comentados na ferramenta, que é mensurado pela utilização das hashtags, seja
mundial ou nacional. “Com isso, a ferramenta permite não apenas a difusão das
informações, mas igualmente o debate em cima das mesmas.” (RECUERO, 2009, p.
10)
3.1.4 Instagram
O famoso aplicativo de fotos, que é conhecido pelo seu “estouro” em
pouquíssimo tempo, foi fundado em outubro de 2010, pelo brasileiro Mike Krieger e
seu amigo norte-americano Kevin Systrom, atual CEO da empresa. Inicialmente eles
criaram o Burbn, um aplicativo que daria origem ao Instagram. Após perceberem que
este era muito complicado, de acordo com os próprios fundadores, o Burbn foi
repensado e acaba se transformando no Instagram, que aplica filtros às imagens e
as compartilha em redes como Facebook e o Twitter. O aplicativo, que no momento
em: 12 de maio de 2018.
37
de seu lançamento era disponível apenas para usuários de aparelhos da Apple, se
torna uma nova rede social, pelo fato de possibilitar a interação entre os usuários,
com curtidas e comentários nas fotos de outros usuários. Em um mês após o seu
lançamento, o "Business Insider" afirma que o Instagram levantou cerca de US$ 20
milhões, e com apenas três meses de mercado, o Instagram chega ao marco de 1
milhão de usuários. Em 2012 o aplicativo ganha a sua versão para android e é
comprado pelo Facebook, conquistando assim uma quantidade significativa a mais
de usuários.
A função do Instagram é simples: compartilhar fotos e vídeos, que tem como
intenção ser de origem do próprio celular, mas que permite a inserção de imagens já
salvas no arquivo do celular. A partir disso a imagem ou vídeo podem ganhar
pequenas edições que a própria plataforma oferece, além da localização, uma
legenda e também a possibilidade de marcar pessoas que possam conter na
imagem. A sua publicação pode ser instantaneamente para outras redes,
compartilhando a imagem ou vídeo diretamente para outros meios, como já citado.
Como acontece no twitter, no instagram o uso das hashtags é muito utilizado, e
possui a mesma funcionalidade de acesso ao uso de uma hashtag específica por
outros usuários.
Para entender o sucesso do Instagram entre os usuários, Silva (2012)
evidencia que o momento é de instantaneidade e mobilidade que propicia a
fotografia a todo instante:
[...]estamos em um momento cuja produção de imagens se tornou incontrolável por vir de vários meios. Neste sentido é que a relação entre fotografia e sujeito nunca esteve tanto “à mão‟ para atribuir novos sentidos às dinâmicas comunicacionais. Podemos fotografar fluentemente. Ao contrário do tempo em que somente utilizávamos nossas câmeras em ocasiões especiais como férias, formaturas, festas ou outros eventos importantes. (SILVA, 2012, p. 10)
Uma das diferenças do Instagram para as demais redes aqui citadas é a sua
funcionalidade quanto computador versus celular. Apesar de poder visualizar os
perfis, publicações, e até curtir e comentar pelo computador, a principal função que é
de compartilhar o conteúdo, ou seja, postar uma imagem ou vídeo, só é permitida via
celular.
38
3.1.5 YouTube
O YouTube, apesar de conter uma proposta bem diferente das demais redes,
também é considerado um site que faz parte das redes sociais. A palavra YouTube
consiste na união da palavra “you” (você) com “tube” (tube), que pode ser entendido
como: “você na televisão”. Foi lançado oficialmente em junho de 2005. Com foco
inicial principal, que cada usuário pudesse fazer uploads de vídeos de forma
simples. Entretanto, após seu lançamento, a empresa Google decidiu comprá-lo,
investindo US$ 1,65 bilhão na plataforma. Jeff Jarvis (2010), em sua obra afirma que
ele se tornaria o padrão para vídeos e, sendo assim, faria a distribuição para
qualquer site, que é o que acontece hoje em dia. O YouTube possui mais de um
bilhão de usuários, o que representa quase um terço da população que se mantém
conectado na Internet.
Quer você o ame, quer você o odeie, o YouTube agora faz parte do cenário da mídia de massa e é uma força a ser levada em consideração no contexto da cultura popular contemporânea. Embora não seja o único site de compartilhamento de vídeos da internet, a rápida ascensão do YouTube, sua ampla variedade de conteúdo e sua projeção pública no Ocidente entre os falantes de língua inglesa o tornam bastante útil para a compreensão das relações ainda em evolução entre as novas tecnologias de mídia, as indústrias criativas e as políticas da cultura popular. (BURGESS; GREEN, 2009, p. 13)
A possibilidade de hospedar quaisquer vídeos tornou o YouTube o site com
maior popularidade do tipo, com ele pessoas de todo mundo podem enviar seus
vídeos digitais, gravados a partir de filmadoras caseiras, webcams e até celulares
para compartilhar com os outros usuários do site. Seu formato permite que os
usuários coloquem seus vídeos em blogs, ou sites pessoais através de mecanismos
desenvolvidos pelo site. (WERNERCK, CRUZ, 2009, p. 8)
Assim, podemos considerar que quanto mais vasto o conteúdo for, maior será
a disseminação da cultura popular. Por esse motivo, o YouTube em sua rede conta
com diversos canais, e oferecendo para seus usuários a ferramenta “inscrição”. A
utilização dessa ferramenta se deve para que o público ao se deparar com canais
que disponibilizam conteúdos de sua preferência, possam inscrever-se, ou seja,
39
acessar de maneira facilitada os vídeos de interesse, seja conteúdos de educação,
entretenimento, palestras, etc.
Além disso os usuários podem criar seus próprios canais, possibilitando uma
maior interatividade entre eles. Werneck e Cruz (2009) abordam como os canais
podem ser utilizados na prática e também podemos perceber a diversificação deles:
Os canais são como uma página no YouTube, estes vão desde canais de cantores de música, como o canal do cantor Gilberto Gil para divulgação de músicas para seus fãs, e até o canal do Vaticano, com vídeos curtos sobre as atividades do Papa Bento XVI, além de eventos e cultos, com áudio e texto. (WERNECK; CRUZ, 2009, p. 8)
É importante destacarmos que cada rede social possui suas particularidades
e seus meios de estarem inseridos no cotidiano de cada usuário. Umas são mais
comuns que outras entre os indivíduos.
3.2 ENGAJAMENTO NAS MÍDIAS SOCIAIS: COMUNICANDO PARA O TERCEIRO
SETOR
No dicionário de língua portuguesa, a palavra engajamento significa:
Contratar (indivíduos para determinado serviço); Aliciar para determinada atividade,
especialmente para a emigração; Envolver ou envolver-se politicamente ou ao
serviço de uma causa; Alistar-se nas forças armadas; Ser contratado como
engajado. (https://dicionariodoaurelio.com/engajar acesso em: 16 de maio de 2018).
A partir disso, podemos encontrar a palavra em contextos como por exemplo, no ato
de participar de modo voluntário para algum trabalho ou atividade ou quando a
participação é feita com o intuito de apoiar algum partido político, uma causa
filantrópica e ideal. Na sua forma etimológica, o termo engajar se originou a partir do
francês engager, que significa “dar em garantia”, “empenhar” ou “dar como caução”.
Engajar também pode ser empregado no sentido de dedicação, ou seja, fazer algo
com afinco e vontade. (https://www.significados.com.br/engajar/ acesso em: 16 de
maio de 2018)
Lima (2014) fala em sua pesquisa sobre os diferentes conceitos de
engajamento nos estudos, principalmente no das ciências sociais, sendo elas na
40
maioria de áreas como ciências políticas, áreas de sociologia, educação, psicologia
e comportamento organizacional. Dessa forma podemos perceber como o termo
está diretamente relacionado às relações sociais dos indivíduos, sendo assim, é
“possível dizer que o constructo é sempre elaborado a partir de uma perspectiva
unidimensional ou multidimensional, tendo como base as dimensões de emoção,
cognição e comportamento.” (LIMA, 2014, p. 45)
A partir dessa perspectiva, citada anteriormente, encontramos o termo
engajamento muito forte também na área do marketing, sendo utilizado como,
engajamento do consumidor, engajamento do cliente e engajamento da marca, que
é medido de acordo com o envolvimento do indivíduo com o objeto. (LIMA, 2014, p.
46) Dessa forma, Lima (2014) aborda o engajamento por meio da Web em que o
engajamento é estudado e fundamentado na “experiência interativa com a marca e
que o indivíduo tenha o valor instrumental e experimental ativados em suas
interações.” (2014, p. 48), ou seja, para engajar precisa possuir valor nas suas
interações. Podemos a partir disso, introduzir o capital social, já discutido
anteriormente, como um impulsionador para o engajamento efetivo entre indivíduos
e marcas como afirma os resultados da pesquisa de Zambaldi e Botelho (2015, não
paginado): “O principal gatilho do engajamento com a fan page das marcas é a
geração de capital social. Pessoas com laços fortes e que compartilham os mesmos
interesses se engajam e têm maior confiança e percepção de valor.”
Para o Terceiro Setor, principal foco de pesquisa desta monografia, a
importância do engajamento e a forma que ela se dá, para Fontes (1999), não é
considerada da mesma forma que para as marcas comerciais. Em seu estudo o
autor discorre sobre a diferença das relações entre indivíduo e marca e indivíduo e
Terceiro Setor, que ele aborda como uma produção de solidariedade a partir da
construção de laços fortes:
41
Os intercâmbios estabelecidos entre os atores não se dão de forma pontual e localizada, como é o caso das situações de troca de mercado entre consumidores, ou nas relações do Estado na provisão de serviços públicos, caracterizando também uma relação localizada entre o produtor de bens e o detentor de direitos (o cidadão). A solidariedade produzida na esfera do mundo da vida se dá a partir de trocas não circunscritas em um espaço de tempo, traduzindo-se antes de tudo pela reafirmação de laços sociais que se prolongam por uma trajetória de sociabilidade não necessariamente inscrita na contabilidade da equivalência de objetos que se intercambiam. (FONTES, 1999, p. 242)
Já Lima (2014) nos traz a concepção de engajamento em comunidade virtual,
a partir de Brodie et al (2011), muito semelhante ao de Fontes(1999):
O engajamento do consumidor em uma comunidade virtual de marca envolve experiências específicas de interação entre consumidores e marca e/ou com outros membros da comunidade. Deve ser considerado como um estado psicológico altamente dependente de contexto que pode ser observado e classificado a partir de níveis de comprometimento estabelecidos por interações dinâmicas e contínuas. O engajamento é um conceito multidimensional que possui o comportamento, a cognição e a emoção como dimensões fundamentais, além de possuir elementos de significado correlato que funcionam como antecedentes e/ou consequentes no processo (BRODIE et al, 2011, apud LIMA, 2014, p. 54)
A partir dessas duas concepções, podemos afirmar que o engajamento foi
modificado ao decorrer dos anos com as mídias sociais. A possibilidade de
aproximação entre emissor e receptor, seja de âmbito comercial ou de
organizacional, propiciou relações e laços fortes entre si, que se dão de forma mais
emocional, experimentativa e de partilhamento de mesmos valores. Assim,
consideramos engajamento a partir de um relacionamento estabelecido por
interações dinâmicas e contínuas, entre indivíduo e marca ou OTS.
A partir da possibilidade de engajamento nas redes sociais, se percebe a
importância de marcas, figuras públicas ou organizações, estarem inseridas nessas
redes, além de propagar e divulgar suas atividades. Essas redes dispõem de
ferramentas mais complexas para acompanhar o desempenho de conteúdos e
alcance com o público, a partir de métricas disponibilizadas pela própria rede para
medir o alcance de uma publicação, por exemplo. Ferramentas essas que são
cruciais para medir a eficácia do planejamento de marketing comunicacional de
qualquer entidade.
42
Outro fator importante a ser considerado quando se fala em redes sociais, é
sobre quais delas é importante se estar inserida. No Brasil, atualmente, o Facebook,
Instagram, Twitter e YouTube, são as mais famosas e que possuem uma quantidade
de usuários ativos significativo. Ou seja, possuem um grande número de alcance de
conteúdos gerados, para assim conferir conhecimento e confiabilidade dos usuários
para com a empresa. Se estivéssemos analisando outro país, provavelmente alguma
dessas redes mudariam, mesmo sendo elas globais e disponibilizadas em diversos
idiomas.
Sabemos também que um perfil de rede social “verificada”, ou seja, que
possui um selo de certificação de confiabilidade, corresponde verdadeiramente ao
emissor de origem, o que provoca uma certeza e confiança naqueles que buscam
pelo perfil. Torna assim, um elemento importante a ser buscado pelas empresas,
figuras públicas e organizações. Isso claro, a nível nacional.
A utilização das redes, a partir dos estudos até o momento, se mostrou de
suma importância para todas as finalidades, seja comercial ou social. A necessidade
de um planejamento estratégico comunicacional também se mostrou relevante para
se haver engajamento nas redes. Além disso, a qualidade do conteúdo gerado se
faz fundamental para o êxito comunicacional com seu público. Outro fator importante
nas redes é estar presente de verdade, com publicações periódicas, estar atento a
qualquer interação dos usuários com a página e muitas vezes é necessário interagir
de volta. Assim, se percebe o comprometimento da organização com suas causas e
seu público.
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Figura 6 - Perfil Ampara Animal Instagram.
Fonte: Print screen do perfil da Ampara Animal no Instagram. Disponível em: <https://www.instagram.com/amparanimal/?hl=pt-br> Acesso em: 17 de maio de 2018.
A AMPARA Animal, um instituto de defesa e direitos aos animais, tem seu
perfil no Instagram (figura 6) para promover suas atividades, contar a história de
animais abandonados ou à espera de adoção (figura 7) e promover a consciência
do cuidado com os animais. Seus conteúdos são variados, possuem periodicidade,
estão sempre interagindo com os usuários, e uma das estratégias é a ação com
diversos artistas, que contribui para um maior engajamento do perfil com seus
seguidores. Outro estímulo é a utilização da contação das histórias dos animais
abandonados em primeira pessoa do singular o “eu”, que visa uma maior
identificação e emoção para quem lê.
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Figura 7 - Post Ampara Animal Instagram.
Fonte: Print screen de post da AMPARA Animal no Instagram. Disponível em: <https://www.instagram.com/p/BjkD8tbA2q2/?hl=pt-br&taken-by=amparanimal> Acesso em: 17 de maio de 2018
Já a AACD, importante instituição de amparo e tratamento de deficientes
físicos, possui seu canal no YouTube (figura 8) e apesar de possuir alguns vídeos
explicativos de tipos de tratamentos oferecidos nas unidades da organização,
campanhas institucionais, entre outros, ela não busca possuir periodicidade de
publicação em seu canal. Isso resulta na falta de inscritos, visualizações para seus
vídeos na plataforma e praticamente nada de interação. Por ser uma organização de
muita visibilidade nacional pelo conhecido programa televisivo Teleton, que acontece
todos os anos e serve como uma estratégia de captação de recursos para a
instituição, ela possui um nível muito baixo de conteúdo para o YouTube. Com uma
observação rápida em suas redes percebemos que, sua aposta maior fica no
Facebook e Instagram, em que percebemos um maior uso de vídeos, publicados
diretamente nessas plataformas. Em geral nessas duas redes percebemos
praticamente os mesmos conteúdos, algo muito comum por diversas páginas, utilizar
dos mesmos conteúdos para publicações em todas as redes. Isso também acontece
na página do Twitter da AACD, os conteúdos estáticos (fotos) são as mesmas
compartilhadas no Facebook e Instagram, com excessão dos vídeos, que não possui
suporte próprio para tal.
45
Figura 8 - Vídeos Canal AACD.
Fonte: Print screen dos vídeos do canal da AACD no YouTube. Disponível em: <https://www.youtube.com/user/aacdmkt/videos> Acesso em: 17 de maio de 2018.
Um dos cases de maior sucesso recentemente no Facebook referente a
engajamento e Terceiro Setor aqui no Brasil, foi pelo Hospital do Câncer de Barretos
que teve seu nome alterado para Hospital de Amor, e por essa alteração ganhou
uma animação emocionante feita pela WMcCann para apresentar esse novo nome
(figura 9). Tanto pela página da agência quanto pela do hospital, a quantidade de
envolvimento e interação foi alta. Mais de dois milhões de visualizações, 50 mil
reações, 160 mil compartilhamentos e milhares de comentários. O envolvimento foi o
melhor possível, sem falas, somente com música e imagens que mostram metáforas
das mudanças emocionais na vida de quem passa pelo câncer, dessa forma
transmite emoções, e o vídeo por se tratar de um tema em que as pessoas podem
se identificar, obteve interações realmente de amor. Diversos comentários apoiando
a causa, contando suas histórias de familiares ou amigos com câncer e do quanto o
vídeo mexeu com os sentimentos dos usuários podem ser vistos e acessados.
46
Figura 9 - Post Hospital de Amor Facebook.
Fonte: Print screen de um dos posts do Hospital de Amor no Facebook. Disponível em: <https://www.facebook.com/ohospitaldeamor/> Acesso em: 17 de maio de 2018.
O engajamento muitas vezes se dá de forma inesperada, ou simplesmente não
se dá da forma esperada. Cada publicação deve ser pensada e construída de forma
a conquistar o melhor aproveitamento possível da visibilidade das redes sociais, ao
mesmo tempo que deve também ser cautelosa com assuntos polêmicos e que
podem afetar a credibilidade da instituição. O ideal é buscar pela maior interação dos
usuários, tendo participações efetivas em suas publicações e páginas, a fim de obter
cada vez mais pessoas que partilhem dos interesses da organização, seja como um
doador, voluntário, influenciador midiático e afins.
47
4 ESTUDO DE CASO
O principal objetivo deste capítulo é estudar a construção do engajamento nas
redes sociais do Terceiro Setor. Dessa forma, será explorado através do estudo de
caso a organização internacional Médicos Sem Fronteiras. Visto que, o estudo de
caso é o método mais adequado quando se estuda questões do tipo “como” e “por
que”. E esse tipo de análise “surge do desejo de se compreender fenômenos sociais
complexos” (YIN, 2010, p. 21)
Dessa forma, iremos observar as interações nas principais redes sociais em
que a organização está inserida, que são, Facebook, Twitter, Instagram e YouTube.
Fragoso, Recuero e Amaral (2011, p. 22) abordam sobre a vastidão da internet em
informações e registros da vida social online, proporcionando, dessa forma, uma
riqueza em campo e ferramenta de pesquisa.
Segundo Gil (2010) e Yin (2010), o estudo de caso é formulado a partir de um
problema, onde o desenvolvimento do mesmo consiste em um conhecimento
aprofundado e que se refere “a um indivíduo, um grupo, uma organização, um
fenômeno, etc” (GIL, 2010, p. 118) Yin (2010, p. 24) complementa afirmando que o
estudo de caso é “usado em muitas situações, para contribuir ao nosso
conhecimento dos fenômenos individuais, grupais, organizacionais, sociais, políticos
e relacionados.”
Em resumo, o método de estudo de caso permite que os investigadores retenham as características holísticas e significativas dos eventos da vida real - como os ciclos individuais da vida, o comportamento dos pequenos grupos, os processos organizacionais e administrativos, a mudança de vizinhança, o desempenho escolar, as relações internacionais e a maturação das indústrias (YIN, 2010, p. 24).
Desse modo, podemos afirmar que as pesquisas bibliográficas, análises de
websites e todos os outros conhecimentos adquiridos ao longo desta monografia, se
fizeram de extrema importância para embasar o nosso estudo de caso com mais
eficácia.
48
4.1 MÉDICOS SEM FRONTEIRAS
Medicins Sans Frontieres , de tradução para o português, Médicos Sem 5
Fronteiras, popularmente representado pelas siglas MSF, é uma Organização Não
Governamental criada, na França, por jornalistas e jovens médicos que atuaram
voluntariamente em uma guerra civil no final dos anos 60 em Biafra, na Nigéria.
Estes profissionais percebendo a dificuldade da ajuda humanitária, o acesso aos
locais, a burocracia e a política, criam o MSF em 1971, associando ajuda médica e a
sensibilização do público referente ao sofrimento de seus pacientes, dando
visibilidade a realidades de países que não podem permanecer negligenciadas.
Leva, desde então, “cuidados de saúde a pessoas afetadas por conflitos armados,
desastres naturais, epidemias, desnutrição ou sem qualquer acesso à assistência
médica.” (MSF) 6
Hoje, após mais de 45 anos de atividade, a ONG está presente em mais de
setenta países e possui mais de trinta e seis mil funcionários de diferentes áreas e
nacionalidades em toda a organização. Segundo a organização, seus recursos
provém 90% por doações de indivíduos e iniciativas privadas, sendo uma
organização que independe do governo, e trabalha de forma livre atuando nas
necessidades da população (figura 10).
5 Médicos Sem Fronteiras em francês, língua oficial do país de origem, França. 6 Disponível em: <www.msf.org.br/nossa-historia> Acesso em 6 de junho de 2018
49
Figura 10 - Hospital de MSF em Leogane (Haiti)
Fonte: MSF. Disponível em: <https://www.msf.org.br/fotos/terremoto-no-haiti-3-anos-depois> Acesso em: 10 de junho de 2018
O escritório de Médicos Sem Fronteiras no Brasil integra a rede de 28 sedes
da organização existente por todo o mundo, sendo destes, o escritório Internacional
de MSF situado em Genebra, Suíça, onde se encontra a Presidente Internacional da
organização, Dra. Joanne Liu. Sua estrutura se baseia em cinco Seções
Operacionais na Bélgica, França, Holanda, Espanha e Suíça (figura 11). São elas
responsáveis pelo controle direto de cada projeto, têm o poder de decisão sobre
onde e quando iniciar ou terminar um projeto e quais necessidades serão atendidas,
além de contarem com departamentos de suporte médico, de recursos humanos,
financeiro, logístico e de comunicação. Os escritórios de apoio, como é o caso do
Brasil, tem como função prestar suporte aos projetos de campo por meio da
captação de recursos, comunicação, suporte médico e recrutamento de
profissionais.
50
Figura 11 - Estrutura organizacional MSF
Fonte: Print screen Estrutura MSF. Disponível em: <https://www.msf.org.br/nossa-estrutura> Acesso em: 10 de junho de 2018
A organização tem como princípios a independência, a imparcialidade, a
neutralidade, a transparência e a ética médica em todas as suas ações. Desta
forma, cada membro da organização deve estar de acordo com a Carta de
Princípios: “A organização Médicos Sem Fronteiras leva ajuda médico-humanitária às populações em
perigo e às vítimas de catástrofes de origem natural ou humana e de situações de conflito, sem qualquer discriminação racial, religiosa, filosófica ou política. Trabalhando com neutralidade e imparcialidade, Médicos Sem Fronteiras reivindica, em nome da ética médica universal e do direito à assistência humanitária, a liberdade total e completa do exercício de suas atividades. Os membros da organização se empenham em respeitar os princípios deontológicos de sua profissão e em manter total independência em relação a todo poder, bem como a toda e qualquer força política, econômica ou religiosa. Voluntários, eles compreendem os riscos e os perigos dos trabalhos que realizam e não reclamam para si qualquer compensação que não seja aquela oferecida pela organização.”
A partir da utilização seu seus princípios, o MSF, “como organização neutra,
imparcial e independente, o MSF comunica apenas aquilo que é de seu
conhecimento por meio do contato direto: atividades que realiza, sejam elas médicas
ou não; e depoimentos de pacientes e interlocutores das comunidades com as quais
trabalha. Toda comunicação é cuidadosamente pensada de forma a não
comprometer a segurança daqueles que estão em campo, tanto profissionais como
pacientes.” Desta forma, podemos considerar toda e qualquer tipo de comunicação 7
7 Disponível em: <https://www.msf.org.br/o-que-fazemos/manifestando-se-publicamente> Acesso em 10 de junho de 2018.
51
e conteúdo de origem própria da organização, respeitando sempre seus princípios
éticos.
Por se tratar de uma organização internacional, uma quantidade significativa
de conteúdos são gerados. Vídeos, revistas, fotos, relatos de voluntários, médicos e
trabalhadores ao redor do mundo, são alguns deles produzidos. Muitos destes
criados em outros países e traduzido ou adaptado para a divulgação no Brasil ou
qualquer outro país, que podem ser encontrados em seu site www.msf.org.br, que
de forma organizada armazena conteúdos de toda a sua história, tanto no mundo
como no Brasil, notícias sobre os variados projetos, prestação de contas, área para
interessados em trabalhar na organização, além de um espaço para o doador.
Os doadores do MSF contam com conteúdos diferenciados, além dos já
disponíveis nas redes sociais como, informativos, revistas semestrais, contendo os
projetos realizados e em andamento, que são enviados pelos Correios, e-mails
marketing, calendário de final de ano e uma área em seu site, em que o doador pode
acessar com o seu código do doador, gerado a partir da primeira doação. Em que o
doador tem a liberdade de alterar o valor de sua doação, visualizar recibos e alterar
dados cadastrais e de pagamento.
Para uma divulgação de seu trabalho e captação de novos doadores, de
forma ampla e rápida, no que conhecemos como comunicação de massa, o MSF
utiliza de comerciais televisivos que podem ser vistos em diversos canais (figura 12).
Com abordagens persuasivas e de grande apelo, devido as fortes imagens utilizadas
juntamente com um texto de impacto, eles servem para fomentar novos doadores.
Esses comerciais trazem um discurso persuasivo autoritário, sendo um “discurso
exclusivista, pouco afeito a aceitar mediações ou ponderações.” (CITELLI, 2004, p.
52) podendo causar desconforto ao receptor, além da reflexão, notoriedade aos
diversos problemas mundiais e empatia pelo outro.
52
Figura 12 - Comercial MSF
Fonte: Print screen vídeo canal YouTube MSF - . Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=YHk3kLPjwvw> Acesso em: 07 de junho de 2018
Hoje, é possível observar um reconhecimento à organização pela comunidade
internacional por meio de diversos prêmios e homenagens. O prêmio mais notório foi
em 1999, em que recebeu o prêmio Nobel da Paz, “em reconhecimento ao trabalho
humanitário pioneiro em diversos continentes” (MSF) . Realiza frequentes 8
campanhas de vacinação, controle de epidemias e acesso a medicamentos
essenciais. Um dos seus trabalhos, ultimamente mais comentados midiaticamente, é
a sua luta constante no resgate de refugiados no mar Mediterrâneo, em que, fugidos
de seus países, se aventuram em barcos superlotados em busca de uma vida
melhor em outros países, apesar dos riscos que isso pode acarretar. Esses resgates
ganham visão midiática principalmente pela resistência de certos países da Europa
em receberem esses refugiados. O caso mais recente foi do navio Aquarius,
8 Disponível em: <https://www.msf.org.br/nossa-historia/nobel-da-paz> Acesso em: 13 de junho de 2018
53
operado pelo SOS Mediterrâneo e Médicos Sem Fronteiras, que após receber 9
negativa da Itália para atracar, ficou a deriva na espera de respostas das
autoridades europeias, até que a Espanha deu abertura para recebê-los. Todo esse
processo ocasionou na escassez de alimentos e água a bordo do navio, podendo
gerar uma catástrofe. (VEJA, 2018)
Como vimos nos capítulos anteriores a comunicação no Terceiro Setor de faz
essencial para manter e aumentar seu trabalho proposto com a sociedade. Guerra
(2006) enfatiza essa afirmativa:
A entidade adquire o tamanho proporcional à comunicação que consegue promover, da mesma forma que sua responsabilidade perante a sociedade passa a ser medida em razão desse crescimento. A comunicação é, portanto, o meio que essas entidades têm para que consigam se diferenciar do todo e criar com seus públicos uma relação essencial de confiança[...] (GUERRA, 2006, p. 106)
Podemos, então, afirmar que esse grande reconhecimento mundial da
organização provém de toda a qualidade na sua comunicação exercida, tornando-se
além de auxiliares humanitários, divulgadores dos problemas sociais por eles
percebidos e disseminadores culturais. A grande ascensão, dessa comunicação
tornou-se ainda mais palpável com a possibilidade de propagação de seus
conteúdos e comunicação com o público pelas redes sociais. A organização possui
perfis nas principais redes sociais da internet tais como, página no Facebook,
Instagram, Twitter, Canal no YouTube e LinkedIn. A rede social LinkedIn não fará
parte de nosso estudo por não possuir divulgação da própria organização.
4.2 MÉDICOS SEM FRONTEIRAS E REDES SOCIAIS
As redes sociais, como já abordado no capítulo anterior, é um ambiente de
comunicação social, em que há a interação entre os indivíduos. E foi a partir dessas
interações que verificamos alguns aspectos dessa comunicação em rede que leva o
Terceiro Setor, neste caso, Médicos Sem Fronteiras, a estar inserido nas redes
sociais (figura 13). Leva-se em consideração que a investigação se fez por meio da
9 Organização humanitária europeia para salvamentos no Mediterrâneo.
54
observação das redes, no período entre dez de maio e vinte de junho de dois mil e
dezoito.
Figura 13 - Médicos Sem Fronteiras nas redes sociais
Fonte: Esquema criado pela estudante com base nos estudos teóricos e conhecimentos empíricos a partir das percepções de engajamento encontradas nas redes sociais.
Com base nestes pontos encontrados nas redes é que o engajamento é
gerado e a formação de capital social é construída. Visto que, as redes sociais
possui uma comunicação de forma dinâmica e com conteúdos diferenciados para
cada rede, traremos para análise cada elemento, observando a rede em que se faz
mais presente, para que assim, compreendamos de que forma o Terceiro Setor
pleiteia o engajamento nas redes sociais.
4.2.1 Poder simbólico
Utilizaremos a rede social Instagram para abordar o poder simbólico, que é
manifestado nas redes sociais por meio de palavras e ou imagens, podendo gerar
uma mudança nos atores sociais. Bourdieu (1989) fala sobre o efeito de poder
invisível que possui.
55
Poder simbólico é a capacidade de intervir no curso dos acontecimentos, de influenciar as ações e crenças dos outros e, na verdade, de também criar acontecimentos, através da produção e transmissão de formas simbólicas. Ou seja, utilizar o acúmulo de prestígio, reconhecimento e respeito que lhe foram atribuídos, por exemplo, a reputação, que além de ser considerada um atributo é, também, um recurso muito utilizado no campo político, enquanto forma de poder simbólico. (THOMPSON, 2002, p. 132).
No perfil de Médicos Sem Fronteiras no Instagram (figura 13), percebemos o
número de seus seguidores, suas publicações, stories em destaque, uma breve
descrição da organização e links para suas demais redes e site.
Figura 14 - Perfil MSF no Instagram
Fonte: Print screen Instagram MSF Brasil. Disponível em: <https://www.instagram.com/msf_brasil> Acesso em: 18 de junho de 2018
Como já visto no capítulo 3, o Instagram é uma rede social visual, pois tem
como princípio o compartilhamento de imagens. Uma imagem postada,
acompanhada de sua legenda, forma o resultado de sua significação aos usuários
da rede. Uma imagem publicada isoladamente, sem respaldo descritivo, é visto
somente pela estética e sentimentos que ela passa, entretanto o uso da legenda tem
o poder de traduzir uma história por trás da imagem e ir além do que os olhos nos
trazem. Isto é, o que Silva (2012) chama de unificação da comunicação e imagem.
56
Figura 15 - Post MSF Instagram
Fonte: Print screen post Instagram MSF Brasil. Disponível em: <https://www.instagram.com/p/BkFwZJMHepe/?taken-by=msf_brasil> Acesso em: 14 de junho de 2018
Na figura acima, temos uma das variadas postagens no Instagram da
organização. Na imagem vemos uma mulher sorrindo para a câmera, ao seu lado
uma criança que se encontra deitada, sem aparecer seu rosto. O que temos na
legenda é a utilização do nome pessoal da mulher da imagem, caracterizando seu
sorriso pela felicidade do momento, além da utilização carinhosa da palavra
“pequeno” para se referir ao seu filho que se encontrava em recuperação de
pneumonia.
Apesar de não se ter conhecimento da veracidade dessa história, se percebe
nesta postagem a utilização constante do máximo de aproximação possível do
emissor para com o receptor, ou seja, MSF utiliza de palavras para que seus
seguidores sintam-se próximos àquela história, como se conhecessem Charlotte e
sentissem no seu sorriso a felicidade que é ver seu “pequeno” bem e se
recuperando, “expondo consigo o ponto de vista da intimidade, das relações de
consumo, das experiências do sujeito. Tal exposição pressupõe uma espera ou
convicção na promessa de ser visto, não ser esquecido.” (SILVA, 2012, p. 6) Dessa
forma, traz a empatia e a solidariedade à tona, formando o poder simbólico que
57
referimos: “como poder de constituir o dado pela enunciação, de fazer ver e fazer
crer [...] só se exerce se for reconhecido.” (BOURDIEU, 1989, p. 14).
Assim, se percebe que o Instagram vem se mostrando uma boa ferramenta
para buscar o engajamento, uma vez que a comunicação se encontra num estágio
cada vez mais visual. Este fato, de acordo com Silva (2012) se dá pela mobilidade
dos dispositivos, a facilidade de manuseio e a conexão da Internet. Além disso, a
autora aborda as mudanças na rede que está “ligada à dinâmica de seleção que o
sujeito faz para mostrar somente o que reforça a imagem que ele está construindo
de si para o mundo[...]”. Dessa forma, compreendemos que há uma construção da
comunicação em rede por meio de imagens e significados que se deseja revelar
para o outro.
4.2.2 Tocar o indivíduo de diferentes formas
Cada indivíduo pode se sentir tocado de diferentes formas por um conteúdo.
Não adentrando nas questões mentais e psicológicas de cada um, mas abordando
as diferentes percepções que se pode ter com um mesmo conteúdo, vamos utilizar
do YouTube, rede social de conteúdos audiovisuais, para trazer essas ideias.
58
Figura 16 - Vídeo Quem é quem?
Fonte: Print screen vídeo canal YouTube MSF. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=HGfw-zOFLcA> Acesso em: 13 de junho de 2018
No vídeo Quem é quem na guerra da Síria (figura 16), se tem uma animação,
de criação própria de MSF, ilustrando como a guerra no país já não diferencia
população de médicos ou combatentes. Essa ilustração se inicia com a pergunta:
“Quem é quem?”. Quatro respostas aparecem: médico, paciente, filho traumatizado,
estudante de medicina. Enquanto isso, uma imagem fixa abaixo mostra uma pessoa
numa maca, outra ao lado, com um estetoscópio no pescoço, à direita outra
verificando uma bolsa de sangue e outra sentada ao lado, com a cabeça entre as
mãos, em que mal se percebe o sangue que se escorre entre elas. Aparentemente
óbvia a resposta, logo em seguida se tem o desfecho da questão. de que o médico,
na maca, fora atingido enquanto atendia um paciente, o estudante teve que assumir
o lugar do médico, o filho substituiu um enfermeiro que havia sido morto, para salvar
a vida de seu pai, e ao lado, o paciente que recebia o atendimento do médico
quando fora atingido.
Se percebe que além de informar sobre a realidade da Síria, o vídeo pode
chocar pois retira a obviedade do processo e forma um novo significado, uma vez
59
que, a informação é vista como um momento e precisa ser “sentida” no ambiente
midiático. (SILVERSTONE, 2014, p. 12)
Figura 17 - Vídeo uma mulher na mecânica de MSF
Fonte: Print screen vídeo canal YouTube MSF. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=pLPFV2eD80k> Acesso em: 10 de junho de 2018
Já no vídeo Uma mulher na mecânica de MSF, se tem uma ideia mais clara
sobre o seu tema, a representatividade da mulher em trabalhos oriundos do “mundo
dos homens”. No vídeo decorre o cotidiano de Poni na mecânica de MSF, no Sudão
do Sul, além de, relatos próprios sobre como a família lida com isso, e o orgulho que
possui de seu trabalho no local. O conteúdo do vídeo possui significado e é sentido
por dispor de forte teor para “integrar membros com interesses e ideologias ligados
pela relevância de um determinado assunto e para proporcionar integração e
interatividade através de comunicação e compartilhamento de conteúdo.” (ARAÚJO,
2012, p. 5)
Contudo, percebemos que os dois vídeos apresentados nesta análise
possuem conteúdos com finalidades diferentes para envolver o receptor. Isso ocorre
porque YouTube permite que haja a produção de vídeos digitais de forma fácil,
rápida e econômica, podendo utilizar de variados assuntos para a criação de
60
conteúdos. Além disso, a rede têm a vantagem de compartilhamento de vídeo para
outros meios. Pois, “sua capacidade de multiplicação do vídeo, e da ferramenta de
busca que incorpora, que permite ao internauta, literalmente, descobrir seu vídeo.”
(WERNECK; CRUZ, 2009, p. 9). Assim, possibilita que o vídeo um maior número de
pessoas que possam se engajar com a causa.
4.2.3 União da sociedade por uma causa
A visibilidade das redes possui o poder de gerar uma visibilidade social, essa
que se caracteriza pela propagação social a partir de novas formas de serem
expostas. “A visibilidade do comum é algo sedutor, na medida em que constitui um
valor específico da nossa era, uma forma de capitalizar um dos grandes valores da
contemporaneidade, a atenção.” (RECUERO, 2012, p. 154). A partir disso, contendo
outra perspectiva para mostrar os problemas sociais, o MSF, dessa forma, gera uma
reflexão à sociedade, em que se pode criar valores como a intimidade, confiança e
proximidade entre si, “o que vai caracterizar a presença de laços sociais mais fortes
ou mais fracos” (RECUERO, 2012, p. 135).
Os laços sociais são difíceis de serem percebidos, por si, na Internet. No entanto, a partir da observação sistemática das interações, é possível identificar elementos como o grau de intimidade entre os integrantes, a natureza do capital social trocado e outras informações que auxiliam na percepção da força do laço que une cada par. (RECUERO, 2009, p. 43).
A partir da existência desses laços sociais é possível gerar uma mobilização
social, que tem como objetivo “mostrar o problema, compartilhá-lo, distribuí-lo, para
que assim as pessoas se sintam co-responsáveis por ele e passem a agir na
tentativa de solucioná-lo.” (HENRIQUES; BRAGA; MAFRA, 2007, p. 3)
61
Figura 18 - Post Facebook MSF
Fonte: Print screen post Facebook MSF. Disponível em: <https://www.facebook.com/MedicosSemFronteiras/> Acesso em 14 de junho de 2018.
Na imagem acima (figura 18), podemos ver a publicação de divulgação do
trabalho de MSF e o relato da médica brasileira sobre o surto de cólera em
Moçambique, na África. O problema foi apresentado a partir do relato da
trabalhadora de MSF, que vivenciou todo o processo. A solução é trazida já de
imediato, com a atuação da organização no tratamento do surto. As reações,
compartilhamentos e comentários (figura 19) vão em acordo com essa afirmativa de
solução, formando a união da causa. Partindo do pressuposto que esses apoiadores
sejam, em sua maioria, doadores ativos da organização e possuam vínculos fortes
estabelecidos, o apoio público demonstrado pode ser considerado um fator de
favorecimento e estímulo para que não doadores também apoiem a causa.
62
Figura 19 - Comentários post Facebook MSF
Fonte: Print screen comentários post Facebook MSF. Disponível em: <https://www.facebook.com/MedicosSemFronteiras/> Acesso em 14 de junho de 2018.
Essa união ocorre porque segundo Recuero (2014) valores diferenciados
podem ser gerados para os atores através das redes. Sabe-se que uma mobilização
social é motivada pelos interesses individuais, assim, o mesmo podemos verificar na
figura 19, no qual “os atores participam de grupos e redes porque percebem valores
constituídos nessas ações, que são acessíveis a eles” (RECUERO, 2014, p.116).
4.2.4 Espaço de visibilidade
Sabemos que, a visibilidade que as redes sociais proporciona, é um de seus
valores, o que torna qualquer ator social mais visível. Quanto mais conectado maior
63
é a chance de visibilidade, “um determinado nó pode amplificar os valores que são
obtidos através dessas conexões, tais como o suporte social e as informações.”
(RECUERO, 2012, p. 108).
A partir da visibilidade se consegue outros valores como, a reputação, que
“implica diretamente no fato de que há informações sobre quem somos e o que
pensamos, que auxiliam os outros a construir, por sua vez, suas impressões sobre
nós” (RECUERO, 2009, p. 109). A popularidade, que é associada à audiência em
que Recuero (2009) faz a percepção de se estar mais presente em laços fracos já
que este é associado à quantidade e não a qualidade das conexões. E por último, a
autoridade, que se refere ao poder de influência de um ator social na rede, se
desprendendo da reputação e utilizando, geralmente, de assuntos específicos para
gerar conversas em torno do tema. (RECUERO, 2009, p. 112).
O Facebook, por ser a rede que mais possui usuários ativos, se torna a rede
com maior visibilidade para os atores sociais, assim como, de Médicos Sem
Fronteiras. Sua página conta com mais de um milhão e setecentos mil curtidas,
número expressivo, tendo em conta que se trata de uma organização internacional,
porém de âmbito nacional. Esse número de curtidas se refere a popularidade, antes
comentada, e por não significar qualidade nas conexões esse número não pode ser
julgado como referência de visibilidade, uma vez que as redes exigem mais e mais
interatividade entre seus atores sociais para que traga relevância em seus
conteúdos e assim, uma maior disseminação.
Como exemplo, temos a página da organização Greenpeace Brasil, também
de atuação internacional, que possui mais de três milhões e duzentas mil curtidas.
64
Figura 20 - Página Facebook Greenpeace Brasil
Fonte: Print screen Facebook Greenpeace. Disponível em: <https://www.facebook.com/GreenpeaceBrasil/> Acesso em: 14 de junho de 2018
A publicação, que pode ser vista na imagem, possui cento e vinte e três
reações e trinta e um compartilhamentos, é uma interação muito pequena quando
comparada com o número de curtidas na página. Sabemos que a interatividade varia
de publicação para publicação, entretanto pode ser percebida uma média de
interações muito semelhante a essa da imagem, nas demais publicações da página,
salvo algumas exceções.
65
Figura 21 - Página Facebook MSF
Fonte: Print screen Facebook MSF. Disponível em: <https://www.facebook.com/GreenpeaceBrasil/> Acesso em: 14 de junho de 2018
Em contrapartida, na página de MSF percebemos uma melhor média entre
número de curtidas na página e as interações nas publicações, que possuem em
torno de quinhentas reações e cem compartilhamentos. Além da popularidade é
possível avaliar sua reputação pela suas informações divulgadas e histórico de seus
trabalhos propagados, Dessa forma, podemos afirmar que a página de MSF possui
mais visibilidade que a de Greenpeace Brasil.
Percebemos como de fato o Facebook é um grande espaço de visibilidade
para o Terceiro Setor, porém, quando falamos em espaço de visibilidade, embora
seja um fator engajador, não significa que este resultará em um bom engajamento.
Trazemos como parâmetro o perfil de MSF no Instagram que possui um número
muito menor de atores ligados a ele, entretanto, a média de interações é muito maior
que no Facebook. Podemos então, concluir que o Facebook está perdendo a sua
força comunicacional, pois se percebe uma diminuição da participação dos atores
nessa comunicação. Participação esta que, de acordo com Recuero (2014, p. 119),
se torna visível “com um investimento mínimo, pois o ator não necessariamente
precisa ler tudo o que foi dito. É uma forma de participar da conversação sinalizando
que a mensagem foi recebida."
66
4.2.5 Discussões éticas
Por se tratar de uma organização social de ajuda humanitária e trabalhar em
diversos países com diferentes culturas e religiões, MSF traz constantemente em
seus conteúdos esses problemas presenciados por seus trabalhadores. Apesar de
se tratar de uma organização neutra, como ela mesma se diz em seus princípios, em
sua comunicação traz a abordagem de possuir um lado a defender, o das pessoas
que são prejudicadas de alguma maneira pelos problemas daquele país e possuir
questões políticas e sociais em seu conteúdo. A partir disso, a possibilidade de
discussão ética está presente, uma vez que ele se faz a partir “da reflexão
individual.” (VÁZQUEZ, 2013, p.24)
Obviamente, as ferramentas tecnológicas não criam a participação, mas são construídas exatamente porque um conjunto crescente de cidadãos está disposto a discutir e a participar do debate sobre diversos assuntos [...] Nunca cidadãos comuns produziram tanto conteúdo comunicacional, inclusive de caráter político, como ocorreu a partir do advento da comunicação em redes digitais distribuídas. (SILVEIRA, 2009, p. 82)
A partir dessas condições de discussão e participação, Marques (2011)
aborda como se desenvolve esses debates:
[...]vários grupos e indivíduos lutam pelo reconhecimento de suas singularidades e argumentam com base em suas experiências subjetivas, esse processo de esclarecimento recíproco é fundamental para a revisão e reformulação das representações simbólicas que norteiam as interações comunicativas, e para a integração de questões morais coletivas a um amplo debate público.” (MARQUES, 2011, p. 89)
Um exemplo desse tipo de conteúdo, que possibilita uma discussão ética,
pode ser vista na imagem abaixo (figura 21). Um tweet que apresenta uma
conferência de imprensa, que ocorria no momento da publicação por uma
transmissão ao vivo que ocorreu pelo Facebook de MSF English, sobre o navio
Aquarius, história comentada anteriormente. A partir desse tweet, novos tweets
foram feitos com falas, traduzidas para o português, de médicos e trabalhadores de
MSF, que passaram por todo o desenrolar da aceitação dos refugiados.
67
Figura 22 - Tweet MSF
Fonte: Print screen tweet Twitter MSF. Disponível em: <https://twitter.com/MSF_brasil/status/1008367410443898883> Acesso em: 17 de junho de 2018.
As discussões, nesse caso, podem partir de inúmeras reflexões sobre o tema
em questão. Traz como possibilidade de discussão tanto as condições dos países de
origem desses refugiados, quanto a atitude dos países europeus em bloquearem a
entrada dos mesmos, predispondo-os em vulnerabilidade humana.
68
Contudo, Recuero e Zago (2009), tratam a rede social Twitter como uma rede
que vai além das conexões usuais:
[...]é possível formar uma rede de contatos na qual jamais houve qualquer tipo de interação recíproca. E essa conexão, embora não recíproca, pode dar ao ator acesso a determinados valores sociais que não estariam acessíveis de outra forma, tais como determinados tipos de informações. (RECUERO; ZAGO, 2009, p. 83)
Dessa forma, o Twitter não depende de interações para se ter relevância, pois
conforme Recuero e Zago (2009, p. 93) afirmam, “há uma grande tendência dentre
os usuários da ferramenta a usá-la para a publicação de informações.” Assim, as
discussões podem ser geradas a partir do conhecimento da informação, sendo ou
não discutida em rede.
69
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente trabalho, Comunicação no Terceiro Setor: Médicos Sem
Fronteiras e a busca do engajamento nas redes sociais, teve como grande tema
comunicação e Terceiro Setor. E possuiu a finalidade de estudar a seguinte questão
norteadora: De que forma o Terceiro Setor busca atingir o engajamento da
sociedade a partir da comunicação pelas redes sociais? A partir do estudo de
caso de Médicos Sem Fronteiras. Essa pesquisa analisou as redes sociais de MSF
de forma combinada aos dados encontrados que dizem respeito às relações sociais
nas redes, bem como o engajamento gerado por elas e toda a informação obtida por
meio da revisão bibliográfica presente neste trabalho. Dessa forma, no decorrer do
estudo, podemos perceber que muitas teorias se mostraram de maneira a tornar o
mesmo mais consistente e estruturado. Com isso, verifica-se que o objetivo geral e
os objetivos específicos, os quais apareceram no início desta monografia, foram
atingidos satisfatoriamente.
Todavia, para que esse resultado fosse obtido, no capítulo 2, compreendemos
que o Terceiro Setor está interligado aos demais setores, uma vez que ele aparece
como sendo um extensor do Governo a soluções de problemas sociais, e também
possuir estruturas e necessidades privadas, porém sem finalidade lucrativa.
Percebemos também, que o Terceiro Setor, no Brasil, vive uma trajetória histórica
de crescimento econômico e credibilidade social, e a tendência é de que continue o
crescimento de sua importância na globalização, como uma instância de mediação
dos conflitos encontrados entre Primeiro e Segundo Setor.
Como os demais setores, o Terceiro Setor também possui a necessidade de
se comunicar. Constatamos que a transparência é fator expressivo dessa
comunicação, como também o uso da ética comunicacional, a partir dos valores da
organização, além de, discursos persuasivos, uma vez que, é a partir dessa
comunicabilidade que se obtém a credibilidade e a visibilidade almejada.
No capítulo 3, percebemos como as relações são geradas e se desenvolvem
nas mídias sociais, principalmente, nas redes sociais. Cada rede social possui sua
característica quanto a comunicação por ela gerada, ou seja, como vimos no
capítulo, o tipo de conteúdo se diversifica entre as redes, proporcionando dinamismo
70
nas interações. Portanto, nota-se que o valor gerado por essas interações de
comunicação é o que proporciona o envolvimento da sociedade com a causa, isto é,
gera o engajamento.
Já no capítulo 4, a partir do nosso estudo de caso, é possível compreender o
trabalho de atuação de Médicos Sem Fronteiras e a sua relevância para a
sociedade. Assim, por meio do estudo realizado no decorrer deste trabalho e por
bases empíricas, desenvolvemos um esquema para responder o porque de MSF
estar inserido nas redes sociais.
De modo geral, é possível entender que há meios estratégicos de
comunicação por trás dos conteúdos publicados, para se buscar assim, o
engajamento da sociedade. Estratégias estas que não conseguimos dimensionar
pela falta de um comunicador interno da organização a quem nos embasar.
Profissional este que se buscou o contato pelos e-mails disponibilizados no site da
organização e pelas redes sociais, porém não se obteve retorno em nenhum dos
meios.
Entretanto, a partir da observação das redes e da base teórica anteriormente
estudada, que se deu no período entre dez de maio e vinte de junho de dois mil e
dezoito, foi possível identificar pontos que favorecem que a organização obtenha o
engajamento nas redes sociais. Dessa forma, conseguimos realizar a análise desses
pontos com alguns exemplos de conteúdo publicado nas redes sociais de MSF.
Após a análise, se conclui que há a utilização do potencial máximo de cada rede e
do modo como MSF utiliza os pontos citados a seu favor para comunicar, criando
conteúdos diversificados e que acompanha o fluxo de cada rede, e assim, buscando
o engajamento. No entanto, fica o questionamento, será que realmente se
engajaram? Essa é uma questão que pode ser estudada em outra pesquisa.
Para encerrar, constatamos que essa pesquisa se fez de suma importância
para observar o trabalho de comunicação de Médicos Sem Fronteiras nas mídias
sociais, ao qual possui grandes admiradores pela sua atividade humanitária
realizada ao redor do mundo. Que esse trabalho possa ampliar e amadurecer os
conhecimentos sobre este contexto social e comunicacional, assim, como foi para
mim.
71
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77
APÊNDICE – PROJETO DE MONOGRAFIA
78
UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL
MAYARA VASQUES ROSA
A INFLUÊNCIA DO CONTEÚDO DIGITAL PARA ENGAJAMENTO DE MARCA NO TERCEIRO SETOR - ESTUDO DE CASO MÉDICOS SEM FRONTEIRAS
Caxias do Sul 2017
79
UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL ÁREA DO CONHECIMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS
CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL HABILITAÇÃO EM PUBLICIDADE E PROPAGANDA
MAYARA VASQUES ROSA
A INFLUÊNCIA DO CONTEÚDO DIGITAL PARA ENGAJAMENTO DE MARCA NO TERCEIRO SETOR - ESTUDO DE CASO MÉDICOS SEM FRONTEIRAS
Projeto de Monografia apresentado como requisito para aprovação na disciplina de Monografia I – COM0491AN Orientador(a): Prof.º Carlos Antonio de Andrade Arnt
Caxias do Sul 2017
80
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Voluntário do MSF em Nìger………………………………………………. 18
81
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 – Cronograma de atividades (calendário 2018)........................................ 22
82
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO………………………………………………………………………….. 05 2 TEMA…………………………………………………………………………………….. 07 2.1 DELIMITAÇÃO DO TEMA…………………………………………………………… 07 3 JUSTIFICATIVA………………………………………………………………………… 08 4 QUESTÃO NORTEADORA…………………………………………………………… 09 5 OBJETIVOS…………………………………………………………………………….. 10 5.1 OBJETIVO GERAL……………………………………………...…………………… 10 5.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS………………………………………………………… 10 6 METODOLOGIA………………………………………………………………………..
11 7 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA…………………………………………………………. 13 7.1 Mídias Sociais, interação e comportamento do consumidor nas mídias…….... 13 7.2 Terceiro Setor…………………………………………………………………………. 16 7.3 Médicos Sem Fronteiras…………………………………………………………….. 18 8 ROTEIRO DOS CAPÍTULOS………………………………………………………… 21 9 CRONOGRAMA……………………………………………………………………….. 22 REFERÊNCIAS…………………………………………………………………………... 23
83
1 INTRODUÇÃO
É evidente todas as mudanças que a internet provocou no dia a dia dos
usuários. Como afirma Ferreira Júnior e Azevedo “[...] mudaram a forma como as
pessoas leem e acessam as notícias, já que agora a notícia não é somente texto:
temos vídeo, gráficos e integração entre as mídias, tudo ao mesmo tempo.” (2015, p.
38). Assim, a gama de conteúdos gerados desde então são incontáveis.
Estando conectados, é possível obter diversos dados, trocar informações,
compartilhar materiais e principalmente se comunicar com o mundo inteiro de forma
rápida e acessível. Por esta razão, a comunicação é considerada um dos maiores
avanços desse meio. Para Raquel Recuero (2009), a evolução dos meios digitais,
além de proporcionar uma extensão na forma de se comunicar, oportunizou também
a criação de redes mediadas pelo computador.
Estas diversas redes originou grandes oportunidades para as marcas, ao
mesmo tempo que acarretou em muitos desafios. Se enquadrar nas vertentes da
internet e proporcionar relacionamento com o consumidor pelas mídias sociais se
tornou algo imprescindível, seja uma empresa de pequeno porte, a grandes
multinacionais. Poder gerar empatia, engajamento e assim a fidelidade do público
pelos meios digitais. Mas esta não é uma atividade simples, como afirma Ferreira
Júnior e Azevedo.
Se o cliente não perceber a empresa como uma fonte confiável, se não enxergar reais benefícios no relacionamento com a organização ou se sentir que ela não é de fato aquilo que tenta transparecer, é bem possível que os resultados não sejam bons. Para atingir o sucesso, é preciso entender que as mídias sociais são novas plataformas de negócio e, assim, exigem atenção e cuidado. (FERREIRA; AZEVEDO, 2015, p. 45)
No que refere-se a esse cenário, essa transformações nas formas de contato,
indica que a intenção do marketing digital (JENKINS, 2009) é a de estreitar o
relacionamento de uma marca com o seu público alvo. Utilizando das
potencialidades da comunidade conectada digitalmente, como a troca de
informações, consultando sobre a validade das promessas dos anúncios,
84
estimulando uma circulação dinâmica desses dados promocionais para cada vez
mais consumidores em potencial.
Com a explosão de informações à disposição do consumidor, é cada vez mais
difícil realizar esse contato e engajamento com ele. A relevância e a diversificação
do conteúdo se tornou crucial para a sua visibilidade com os usuários. Este
conteúdo precisa trazer clareza, lealdade e qualidade no material proposto a ser
divulgado.
No Terceiro Setor a empatia e o relacionamento com o consumidor se
apresenta de forma mais simples e natural, por se tratar de organizações que
produzem bens de serviços públicos e atende necessidades comuns. Entretanto,
como citado anteriormente, a marca necessita mostrar confiabilidade. Isso se dá
principalmente em conteúdo de seus trabalhos desenvolvidos, para assim conquistar
a fidelidade de seu público. Para Renan Mafra a mídia possui um papel fundamental
nesse processo, “é uma instância privilegiada para gerar visibilidade e, com uma
força simbólica considerável, conferir existência pública a temas que antes poderiam
não ser problematizados com tamanho alcance e audiência.” (2006, p. 40)
Desta forma, o futuro estudo irá se construir através da organização
humanitária internacional Médicos Sem Fronteiras. Conhecida mundialmente, realiza
diversos trabalhos de assistência em mais de 70 países em situações de
vulnerabilidade. Em razão disso, é relevante explorar este case para entender o
início de seu trabalho, a projeção de suas ações nos mais diversos países, seu
conteúdo digital e o engajamento que estes fatores trazem para a marca.
A análise destes tópicos é de total importância para compreender como o
conteúdo proposto por uma marca do terceiro setor pode se tornar significativo para
o reforço e consumo da mesma. Tornar seu público fidelizado e promover empatia e
informação entre sua rede de usuários, gerando engajamento e interação.
85
2 TEMA
Conteúdo digital e sua influência
2.1 Delimitação do tema
A influência do conteúdo digital da marca, do Terceiro Setor, Médicos Sem
Fronteiras para o engajamento de público.
86
3 JUSTIFICATIVA
A publicidade, como ressalta Neusa Demartini Gomes (2003) é uma forma de
comunicação persuasiva que serve para favorecer e incentivar bens e serviços.
Utilizada como instrumento de comunicação, encontra-se inserida em diversos
meios de comunicação.
O meio digital, é um importante modo de interação entre marcas e seus
consumidores, além de prospecção de novos consumidores. Tendo em vista essa
importância, é de grande relevância o estudo sobre a geração de conteúdos próprios
nesse meio.
Levado em consideração que a publicidade está diretamente ligada com o
consumo, o procedimento de divulgação de um determinado produto ou serviço,
deve possuir estratégias que façam conectar os consumidores com as marcas a fim
de alavancar o reconhecimento do público.
Escolhe-se o tema Terceiro Setor considerando a empatia do ser humano
pelo outro e o crescimento econômico do setor, devido as diversas causas e ações
defendidas. Neste caso, opta-se por explorar a organização Médicos Sem
Fronteiras. Evidente organização da atualidade, destaca-se por seu alto nível de
trabalhos e conteúdos disseminados. Dessa forma, é possível realizar uma vasta
análise em seus canais de comunicação e trabalhos desenvolvidos.
Logo, o estudo pretende compreender o processo de propagação da
organização. Além de identificar os principais itens que levou a sua relevância na
sociedade, consequentemente a criação de seus conteúdos e o consumo da mesma
e como isso interfere na empatia do seu público.
87
4 QUESTÃO NORTEADORA
Como o conteúdo digital influencia no engajamento e assim, a fidelização de
público para uma marca do terceiro setor?
88
5 OBJETIVOS
5.1 Objetivo geral
Estudar como no meio digital o conteúdo digital próprio influencia na
fidelização e afinidade do público de uma marca do terceiro setor, como o Médicos
Sem Fronteiras.
5.2 Objetivos específicos
Verificar como uma marca se comunica e suas estratégias de conteúdo para
tal.
Analisar os meios de propagação do conteúdo digital próprio gerado pelo
Médicos Sem Fronteiras.
Compreender de que forma a marca envolve o público, adquirindo a
fidelização do mesmo.
Entender a importância do conteúdo gerado pelo Médicos Sem Fronteiras
para a sociedade.
89
6 METODOLOGIA
De acordo com Gil, pesquisa classifica-se como “procedimento racional e
sistemático que tem como objetivo proporcionar respostas aos problemas que são
propostos”. Assim, é evidente a importância de determinar os métodos mais
adequados para a realização do estudo, após a escolha do tema.
A pesquisa é desenvolvida mediante o concurso dos conhecimentos disponíveis e a utilização cuidadosa de métodos e técnicas de investigação científica. Na realidade, a pesquisa desenvolve-se ao longo de um processo que envolve inúmeras fases, desde a adequada formulação do problema até a satisfatória apresentação dos resultados. (GIL, 2010, p. 1).
Conforme os objetivos propostos neste projeto, a utilização do estudo
exploratório, a pesquisa bibliográfica e a netnografia, sobre o estudo de caso, se
tornará fundamental para atingir resultados satisfatórios.
O estudo exploratório é considerado etapa inicial do estudo, pois “têm como
principal característica a informalidade, a flexibilidade e a criatividade, e neles
procura-se obter um primeiro contato com a situação a ser pesquisada ou um melhor
conhecimento” (SAMARA; BARROS, 2002, p. 29), para assim desenvolver maior
familiaridade com o assunto escolhido. Para que a partir disso, seja iniciado um
processo de aprimoramento de ideias e, futuramente, construir hipóteses.
A próxima etapa da construção da pesquisa se dá através da pesquisa
bibliográfica. Conforme Ida Regina C. Stumpf, a pesquisa parte “desde a
identificação, localização e obtenção da bibliografia pertinente sobre o assunto, até a
apresentação de um texto sistematizado, onde é apresentada toda a literatura que o
aluno examinou” (STUMPF in DUARTE, J.; BARROS, 2011, p. 51). Ela ainda
enfatiza o quanto é preciso revisar a literatura. “Descobrir o que outros já
escreveram sobre um assunto, juntar ideias, refletir, concordar, discordar e expor
seus próprios conceitos pode se tornar uma atividade criativa e prazerosa” (STUMPF
in DUARTE, J.; BARROS, 2011, p. 61). E para esta monografia, o referencial teórico
será alcançado através de livros, artigos, revistas e teses.
90
O estudo de caso, que também é utilizado para compor esse trabalho,
segundo Robert K. Yin (2010) “é usado em muitas situações, para contribuir ao
nosso conhecimento dos fenômenos individuais, grupais, organizacionais, sociais,
políticos e relacionados” (YIN, 2010, p. 24).
Em resumo, o método de estudo de caso permite que os investigadores retenham as características holísticas e significativas dos eventos da vida real - como os ciclos individuais da vida, o comportamento dos pequenos grupos, os processos organizacionais e administrativos, a mudança de vizinhança, o desempenho escolar, as relações internacionais e a maturação das indústrias (YIN, 2010, p. 24).
Yin também coloca que a pesquisa exige investigação de um caso particular
e necessita levar em consideração duas questões importantes: “como” e “porque”.
Considerando isso, o vigente trabalho busca compreender “como o conteúdo digital
pode influenciar no engajamento entre marca e consumidor”, expondo como objeto
de estudo o case sobre uma marca do terceiro setor, Médicos Sem Fronteiras.
Nesta monografia, acompanhado com o estudo exploratório e a pesquisa
bibliográfica, será explorado a comunicação digital da Organização Não
Governamental Médicos Sem Fronteiras (figura 1).
Por estarmos falando de meios de comunicação pela internet, a pesquisa
também terá viés observatório através do ambiente virtual. “A riqueza da internet
como campo e ferramenta de pesquisa é em grande parte derivada do fato de que
tantas informações e registros sobre a vida social estão disponíveis online”
(FRAGOSO; RECUERO; AMARAL, 2011, p. 22). Sendo assim, Fragoso, Recuero e
Amaral (2011), reconhecem que a pesquisa por meio da internet possibilita um bom
estudo de análise e coleta de dados.
E ainda no meio digital, a netnografia, que mantém as premissas básicas da
tradição etnográfica (SÁ, 2002, p. 159), porém, no meio digital, se torna um método
interpretativo e investigativo para o comportamento cultural e de comunidades
on-line (KOZINETS, 1997), e assim, trará as impressões necessárias de
relacionamento entre a marca e seu público.
91
7 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
7.1 MÍDIAS SOCIAIS
Vivemos na era digital, em que cerca de 3,2 bilhões de pessoas tem acesso à
internet, segundo (UIT, 2012) órgão ligado a ONU – equivalente a 40% da população
mundial. E uma das suas particularidades notórias, é o público que utiliza as redes
sociais, que tornou-se um grande formador de opiniões, sejam positivas ou
negativas.
Assim, com a internet muitas mudanças ocorreram para a sociedade. Para
Raquel Recuero (2009), entre essas mudanças está o surgimento das redes sociais.
Com este aparecimento, a interação e a comunicação entre os usuários, sejam de
onde forem, tornaram-se ainda mais acessíveis.
A interação mediada pelo computador é também geradora e mantenedora de relações complexas e de tipos de valores que constroem e mantêm as redes sociais na Internet. Mas mais do que isso, a interação mediada pelo computador é geradora de relações sociais que, por sua vez, vão gerar laços sociais (RECUERO, 2009, p. 36).
Para Michael R. Solomon a internet se tornou um “meio social e interativo a
partir de suas raízes originais como uma forma de transmissão unilateral dos
produtores para os consumidores.” (2011, p.43). Dessa forma todo e qualquer
conteúdo da internet tem o propósito de visualização e interação com o consumidor,
seja ele informativo, educacional, com cunho em venda, entre outros, porém todos
possuem o intuído de persuasão com esse consumidor. A partir da dinâmica que a
internet proporciona, deve-se levar em conta o comportamento de seu consumidor,
visto que, de acordo com os anseios e necessidades deles é que se formam
conteúdos e campanhas direcionadas e de fácil empatia.
[...] comportamento do consumidor envolve os pensamentos e os sentimentos que as pessoas experimentam e suas ações no processo de consumo. Inclui também todas as coisas no ambiente que influenciam esses pensamentos, sentimentos e ações, tais como comentários alheios, propagandas, informações sobre preço, embalagem, aparência dos produtos e muitos outros. É fundamental notar nessa definição que o comportamento do consumidor é dinâmico e envolveinterações e trocas (PETER; OLSON, 2010, p.5).
92
Desta forma, podemos levar em consideração que na maioria das vezes o
consumidor ao adquirir determinado produto/serviço/conteúdo é envolvido por
atitudes mentais e emocionais, dependendo do que mais satisfaz sua vontade.
Com isso, as redes sociais digitais dos consumidores se tornaram um elo
importante para orientar o consumo, processo no qual algumas marcas tentam
intervir produzindo anúncios que buscam estimular uma boa aceitação da marca por
parte dos usuários de redes sociais digitais.
Diante disso, “quanto mais os profissionais de marketing souberem sobre a
maneira como essas interações influenciam os consumidores individualmente, [...]
melhor poderão satisfazer as necessidades e os desejos do consumidor e criar valor
para ele” (PETER; OLSON, 2010, p. 8).
Para a definição de marketing, segundo um dos maiores estudiosos do
marketing atual, “o marketing envolve a identificação e a satisfação das
necessidades humanas e sociais. Para definí-lo de uma maneira bem simples,
podemos dizer que ele supre necessidades lucrativamente” (KOTLER 2006 p.30).
O marketing também pode ser definido de uma forma mais ampla, como um
meio de se obter o que se deseja através de uma troca de valor entre os clientes e
as organizações, e de uma forma mais específica como uma forma de se construir
relacionamentos mais estreitos entre eles.
Definido de maneira geral, o marketing é um processo administrativo e social pelo qual indivíduos e organizações obtêm o que necessitam por meio da criação e troca de valor um com o outro. Em um contexto mais específico dos negócios, o marketing implica construir relacionamentos lucrativos e de valor com os clientes. Assim, definimos marketing como o processo pelo qual as empresas criam valor para os clientes e constroem fortes relacionamentos com eles para capturar valor deles em troca. (KOTLER, 2013, p. 4)
Ainda segundo o autor, o marketing está relacionado a pessoas, teve que
evoluir e se atualizar para atender as reais necessidades dos clientes, portanto o
objetivo do marketing não é mais apenas vender.
Hoje, o marketing não deve ser entendido no velho sentido de efetuar uma venda – “mostrar e vender” -, mas no novo sentido de satisfazer as necessidades dos clientes. Se a empresa entende as necessidades dos clientes, desenvolve produtos que oferecem valor superior e define preços, distribui os produtos e promove de maneira eficiente.(KOTLER, 2013, p. 4)
93
Castells (2003, p.7) apresenta um dos conceitos-chave para explicar essa
estrutura social nas redes sociais que, entendido como um conjunto de nós
conectados entre si, apresenta “vantagens extraordinárias como ferramentas de
organização em virtude de sua flexibilidade e adaptabilidade inerentes,
características para se sobreviver e prosperar num ambiente em rápida mutação”,
razão pela qual as redes desempenham um papel fundamental na sociedade, visto
que “a informação circula pelas redes” e “cada vez mais, as pessoas estão
organizadas não simplesmente em redes sociais, entretanto Cipriani (2011)
argumenta que as mídias sociais são instrumentos por meio dos quais pessoas e
organizações interagem na internet com o objetivo de prover vida em comunidade e
cooperação, e acrescenta que as mídias sociais digitais oferecem espaços para a
discussão de assuntos específicos e colocam no centro das atenções os usuários,
dando-lhes possibilidades de alterar e misturar o conteúdo de terceiros, formando
assim seus próprios conteúdos.(CIPRIANI, 2011, p. 176).
O conteúdo de uma mídia social tende a uma infinidade de possibilidades,
uma vez que qualquer pessoa pode dar a sua colaboração, seja compartilhando,
comentando, curtindo ou ajudando a disseminar as informações da forma que julgar
necessário.
De acordo com Bretzke (1999), um programa de fidelização de clientes deve
ir além da divulgação da organização. Ele deve expressar para os clientes algo
especial, que realmente seja percebido como um valor agregado. Ou seja, para que
o cliente se torne fiel, é necessário que perceba valor nos serviços e produtos que
estão recebendo.
Para a criação de valor, as empresas precisam buscar interatividade com os
seus clientes. Elas precisam conhecer o gosto dos clientes, a fim de elaborar formas
criativas e eficazes de surpreendê-los. Portanto o processo completo deve
apresentar uma interatividade, fazendo com que as chances do valor a ser percebido
pelos clientes sejam aumentadas e as redes sociais é um dos meios que mais
possibilita essa interatividade entre marca e cliente.
94
7.2 TERCEIRO SETOR
O Terceiro Setor, para Fernandes, teria sido um termo traduzido do inglês
(third sector) e importado do vocabulário sociológico americano para definir
organizações, que embora tenham caráter privado, promovem um interesse público,
entretanto que não advém do Estado (primeiro setor), tão pouco do segundo setor
(Mercado) (2002, p. 18), e visam a produção de bens de serviços públicos, assim
possui dupla qualificação, não geram lucros e respondem a necessidades coletivas
(2002, p. 21 ) Com isso, o termo abrange desde organizações de caráter
assistencialista até organizações criadas por empresas, que visam o
desenvolvimento de seus projetos sociais.
Como dito anteriormente, a definição do Terceiro Setor se distingue da esfera
governamental (meios públicos para fins públicos) e da esfera privada (meios
privados para fins privados), sendo de uma formação híbrida, por se caracterizar em
meios privados para fins públicos. Dessa forma, denomina-se o Estado, em todos os
seus níveis, como Primeiro Setor, e a iniciativa privada, as empresas, como
Segundo Setor. Característica que pode ser constatada pela seguinte definição de
Gama (2004, p. 14):
[O Terceiro Setor] Figura entre o Estado e o setor privado com o objetivo de prestar serviços à sociedade nas áreas de saúde, educação, cultura, meio ambiente, assistência social, desenvolvimento econômico e social, da ética, da paz, da cidadania, dos direitos humanos, da democracia e de outros valores sociais, além da defesa, conservação e preservação do meio ambiente.
Muitas organizações atuam em parceria com a área governamental, visando
interferir em pontos do sistema burocrático e atuando como um sistema “externo”,
representando a sociedade civil, que exige o cumprimento dos propósitos que o
Estado não esteja alcançando. Caso esses propósitos venham a ser cumpridos pelo
Estado, as entidades do Terceiro Setor tendem a interferir em outro ponto do
sistema público, no sentido de avançar em direção aos ideais dos direitos essenciais
do cidadão, e não em substituição das obrigações do Estado. Sendo assim, O
Terceiro Setor atua em conjunto à esfera pública, seja através de parcerias ou
95
exercendo pressão política, a fim de conscientizar e proteger para que sejam
cumpridas as metas colocadas pelo próprio Estado.
Dentre os diversas categorias de organizações existentes, o Médicos Sem
Fronteiras é visto como uma Organização Humanitária Internacional, por prestar
serviço social humanitário por tantos países, que de acordo com a Carta das Nações
Unidas de 1945 (ONU), tem a função de:
[...] preservar as gerações vindouras do flagelo da guerra,que por duas vezes, no espaço da nossa vida, trouxe sofrimentos indizíveis à humanidade, e a reafirmar a fé nos direitos fundamentais do homem, na dignidade e no valor do ser humano, na igualdade de direito dos homens e das mulheres, assim como das nações grandes e pequenas, e a estabelecer condições sob as quais a justiça e o respeito às obrigações decorrentes de tratados e de outras fontes do direito internacional possam ser mantidos, e a promover o progresso social e melhores condições de vida dentro de uma liberdade ampla.
As instituições do Terceiro Setor, assim como as instituições pertencentes ao
Primeiro e Segundo Setor, utilizam de estratégias de comunicação, também a
publicidade, como forma de instrumento para atingir suas metas, visando seu
sustento e manutenção social.
O Terceiro Setor também tem como meta persuadir a confiabilidade na sua
marca institucional e promover a venda de seus produtos e serviços, mas se
diferencia por que essas ações não são um fim, caracterizam-se em um meio para
dar consciência das consequências dos hábitos culturais para o indivíduo.
De acordo com Raquel Recuero, “é preciso ser “visto” para existir no
ciberespaço” e ainda fazer parte dessa sociedade em rede, criando um “eu” dentro
dessa atmosfera (2009, p. 27). E assim, criar uma identidade representativa para
esse meio social, “É preciso, assim, colocar rostos, informações que gerem
individualidade e empatia” (2009, p. 27) que para as marcas, isso é de extrema
importância.
Assim, através de divulgação publicitária de projetos nas redes, as marcas do
Terceiro Setor também visam, além da visibilidade da instituição, a participação do
público em atividades da instituição, e que evidenciem que suas ações são um meio
para promover o respeito ao entorno humanitário ao redor do mundo. Logo, a meta
da comunicação publicitária do Terceiro Setor, além do estímulo a um
96
comportamento de consumo, seja de produtos criados para custeio, doações e
serviços, como é usual na persuasão tradicional, deve visar que seja estimulada
uma reflexão sobre cada causa defendida pela organização.
7.3 MÉDICOS SEM FRONTEIRAS
As pessoas estão cada vez mais conectadas, e com o mundo virtual às
informações rapidamente chegam aos usuários. Presentemente, é difícil encontrar
alguém que desconheça a organização Médicos Sem Fronteiras.
Fundada em 1971, o Medicins Sans Frontieres (MSF) é uma Organização
Não Governamental criada, na França, por jornalistas e jovens médicos. Levando
desde então “cuidados de saúde a pessoas afetadas por conflitos armados,
desastres naturais, epidemias, desnutrição ou sem qualquer acesso à assistência
médica. Além disso, a organização busca chamar a atenção para as dificuldades
enfrentadas pelas pessoas atendidas em seus projetos, dando visibilidade a
realidades que não podem permanecer negligenciadas.”
(www.msf.org.br/nossa-historia). Hoje, após mais de 40 anos de atividade, a ONG
está presente em mais de 70 países e possui mais de 36 mil funcionários de
diferentes áreas e nacionalidades em toda a organização. Seus recursos provém
90% por doações de indivíduos e iniciativas privadas, sendo uma organização que
independe do governo, e trabalha de forma livre atuando nas necessidades da
população.
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Figura 1 - Voluntário do MSF em Níger
Fonte: MSF. Foto: Guillem Valle Disponível em:
<https://www.msf.org.br/noticias/niger-evitando-propagacao-da-hepatite-e>. Acesso em: 19 de outubro de 2017
O escritório de Médicos Sem Fronteiras (MSF) no Brasil integra a rede de 28
sedes da organização existente por todo o mundo, escritórios estes, que prestam
suporte aos projetos de campo por meio da captação de recursos, comunicação,
suporte médico e recrutamento de profissionais.
Diversas marcas do terceiro setor, como a wwf, utilizam de interferência
cultural para impactar o consumidor com campanhas que objetiva minar os esforços
do mundo corporativo para dominar nosso panorama cultural. (SOLOMON, 2011, p.
56). Desta forma elas trazem uma provocação em suas campanhas, a fim de que o
consumidor se conscientize mais sobre o consumo capitalista e o que esse ato
atinge na sociedade em geral. Diferentemente desse método o MSF carrega em
suas redes sociais somente conteúdos de cunho informacional, pertinentes aos seus
trabalhos desenvolvidos por todos os diversos países inseridos.
De acordo com o próprio MSF, “como organização neutra, imparcial e
independente, o MSF comunica apenas aquilo que é de seu conhecimento por meio
do contato direto: atividades que realiza, sejam elas médicas ou não; e depoimentos
de pacientes e interlocutores das comunidades com as quais trabalha. Toda
98
comunicação é cuidadosamente pensada de forma a não comprometer a segurança
daqueles que estão em campo, tanto profissionais como pacientes.” Desta forma sua
comunicação e conteúdo é totalmente próprio e respeitando sempre seu princípios e
ética.
Por se tratar de uma organização internacional é gerado uma gama
significativa de conteúdo. Vídeos, revistas, fotos, relatos de voluntários, médicos e
trabalhadores ao redor do mundo, são alguns deles produzidos. Muitos destes
criados em outro país e traduzido ou adaptado para a divulgação no Brasil. Para a
veiculação e propagação destes conteúdos citados, a organização possui conta nas
principais redes sociais da internet tais como, página no Facebook, Instagram,
Twitter, Canal no Youtube e LinkedIn.
Hoje, com mais de 45 anos de trabalho ativo, o MSF é considerado uma das
maiores e mais relevantes organizações do mundo todo. Com frequentes
campanhas de vacinação e controle de epidemias, um dos seus trabalhos,
ultimamente mais comentados, é a sua luta constante no resgate de refugiados no
mar Mediterrâneo, em que, fugidos de seus países, pessoas se aventuram em
barcos superlotados em busca de uma vida melhor em outros países, apesar dos
riscos que isso pode acarretar. Passando dias no mar sem água ou comida, muitos
chegam a morrer nessa trajetória.
99
8 ROTEIRO DOS CAPÍTULOS
1 INTRODUÇÃO
2 MÍDIAS SOCIAIS
2.1 MÍDIAS SOCIAIS E CONTEÚDO DIGITAL
2.2 ENGAJAMENTO NAS MÍDIAS
3 TERCEIRO SETOR
3.1 TERCEIRO SETOR E PUBLICIDADE
3.1.1 Terceiro Setor e as mídias sociais
4 ESTUDO DE CASO
4.1 MÉDICOS SEM FRONTEIRAS
4.1.1 Análise de interação do conteúdo digital
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
100
9 CRONOGRAMA
ATIVIDADES PERÍODO LETIVO 2018/2
FEVEREIRO MARÇO ABRIL MAIO JUNHO JULHO
Revisão Bibliográfica X
Redação da Introdução X
Redação do capítulo 2 X
Redação do capítulo 3 X
Redação do capítulo 4 X
Considerações Finais X
Revisão, formatação e
Impressão
X
Defesa X
101
REFERÊNCIAS
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102
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