razÕes prÁticas
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7/28/2019 RAZES PRTICAS
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RAZES PRTICAS RESUMO
Pessoal, vou colocar aqui o resumo que fiz para a discusso sobre
Bourdieu. Quem quiser complementar com trechos, citaes e
com as questes discutidas, fique vontade!
BOURDIEU, P.Razes prticas: sobre a teoria da
ao. Campinas: Papirus, 1996.
Bourdieu procura traar uma teoria da ao focada nas dinmicas
e nos mecanismos das prticas dos sujeitos, os quais chama
frequentemente de agentes sociais. Bourdieu importante,
portanto para pensar a questo da agncia, suas motivaes e
mecanismos.
Critica a viso excessivamente teleolgica e racional da ao
projeto, finalismo, estratgia, intencionalidade e utilitarismo. Poroutro lado, condena tambm a viso estrutural-funcionalista, que
anula os sujeitos em favor dofuncionamentode uma estrutura
mais ou menos transcendental.
Tem como objeto de anlise sociedades complexas ocidentais,
que chama de sociedades diferenciadas, embora tenha pesquisado
tambm sociedades pr-capitalistas, como a sociedade cabila, naArglia. Sua noo de sociedade diferenciada traz lembrana os
processos de diferenciao em biologia e, como estes, no est
dissociada de uma orientao evolucionista.
Capital
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A ideia que fundamenta sua teoria da ao a de diferentes tipos
de capital, sua distribuio na sociedade e sua percepo pelos
agentes sociais: alm do capital econmico, j to estudado e
enfatizado pelo materialismo histrico, destaca o capital cultural,
poltico, religioso etc.
O capital simblico entra, aqui, como um metacapital, pois trata-
se da percepo de cada tipo de capital pelos agentes, que lhe
atribuem valor. Esta percepo e valorao dos capitais constitui
o capital simblico, que est na base no s da constituio do
Estado, mas tambm da instaurao e manuteno de relaes de
dominao.
Espao social
Os sujeitos ocupam diferentes espaos sociais, de acordo com adistribuio dos diferentes tipos de capital na sociedade. Bourdieu
exemplifica com um quadro da distribuio do capital cultural X
capital econmico. O espao social determina diferentes espaos
de tomada de posio, e diferentes disposies.
O espao relacional: () conjunto de posies distintas e
coexistentes, exteriores umas s outras por sua exterioridade
mtua e por relaes de proximidade, vizinhana ou de
distanciamento e, tambm, por relaes de ordem, como acima,
abaixo e entre. (p. 18)
De maneira geral, o espao de posies sociais se retraduz em
um espao de tomadas de posio pela intermediao do espao
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de disposies (ou do habitus); ou, em outros termos, ao sistema
de separaes diferenciais () A cada classe de posies
corresponde uma classe de habitus (p. 21)
O campo
Os campos so microcosmos, universos sociais que emergem na
diferenciao da sociedade, com dinmicas e regras de
funcionamento prprias e relativa autonomia.
Campo poltico, campo jurdico, campo burocrtico, campo
artstico, campo escolstico, etc.
O habitus
O habitus refere-se s disposies e estruturas cognitivasprofundamente enraizadas no sujeito, que orientam sua ao de
acordo. Ele depende da posio do sujeito no espao social e nos
campos sociais, e se constitui na consonncia entre a estrutura
estruturante (estrutura objetiva, exterior ao sujeito e imanente
sua realidade relacional) e a estrutura estruturada (subjetiva,
cognitiva)
Uma das funes na noo de habitus a de dar conta da
unidade de estilo que vincula as prticas e os bens de um agente
singular ou de uma classe de agentes. (p. 21)
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Os habitus so diferenciados; mas tambm so diferenciadores.
Distintos, distinguidos, eles tambm so operadores de distino.
(p. 22) Eles so princpios de viso e de diviso.
O habitus diz respeito mais ao corpo e ao inconsciente do que
mente e conscincia. Bourdieu critica aquilo que ele denomina
de filosofias da conscincia como fundamento da ao social.
O habitus preenche uma funo que, em uma outra filosofia,
confiamos conscincia transcendental: um corpo socializado,
um corpo estruturado, um corpo que incorporou as estruturas
imanentes de um mundo ou de um setor particular desse mundo ,
de um campo, e que estrutura tanto a percepo desse mundo
quanto a ao desse mundo. (p. 144)
A orquestrao dos habitus forma a coeso dos grupos e doscampos.
O Estado, principalmente por meio da escola, responsvel pela
imposio de estruturas cognitivas e pela conformao dos
habitus coletivos.
A gnese do Estado
Simultaneamente um processo de subjetivao e de acumulao
de capital simblico (monoplio das nomeaes e da distribuio
dos privilgios)
A questo do interesse
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Os campos como jogos sociais e a illusio: consonncia entre o
habitus e o campo
A illusio, aqui, significa estar envolvido pelo jogo, saber que ele
vale a pena. Apenas aqueles que compartilham as estruturas
cognitivas e os valores de um determinado campo podem
identificar por que o jogo vale a pena.
Bordieu desfaz o binmio interesse/desinteresse a partir da
paixo: uma vez que o ato desinteressado simbolicamente
recompensado e valorizado pelo campo, o agente no o faz por
interesse consciente, mas sim o faz como se por paixocomo se
no houvesse outra escolha.
A economia dos bens simblicos
Desmonta a primazia do capital economico : contra o utilitarismo
Universalizao, recompensa do universal e lucros simblicos: os
motores da universalizao
A anlise do campo escolstico
Descolamento do mundo das prticas: dificuldade das cincias
sociais em lidar com as prticas de maneira no purista e no
transcendental.
A sociologia
(..) conhecimento universal das invariantes e das variveis que a
sociologia pode e deve produzir. (p. 28)
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Apesar disso, Bourdieu no enxerga na estrutura algo de
transcendental sociedade. Contra os substancialismos, ele afirma
que o real relacional: as propriedades no so mecanicamente
associadas como substanciais ou intrnsecas a outras
caractersticas (biolgicas e culturais, por exemplo), mas
dependem da definio das posies sociais dos sujeitos e de suas
relaes. (p. 18)