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Universidade do Vale do ParabaInstituto de Pesquisa e Desenvolvimento
"Efeito do laser de baixa potncia (As-Ga-Al) em tecido sseo de ratosubmetido leso, analisado por histomorfometria ssea"
Renata Amadei Nicolau
Dissertao de Mestrado apresentada noPrograma de Ps-Graduao em EngenhariaBiomdica, como complementao doscrditos necessrios para obteno do ttulode Mestre em Engenharia Biomdica.
So Jos dos Campos, SP
2001
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Universidade do Vale do ParabaInstituto de Pesquisa e Desenvolvimento
"Efeito do laser de baixa potncia (As-Ga-Al) em tecido sseo de ratosubmetido leso, analisado por histomorfometria ssea"
Renata Amadei Nicolau
Dissertao de Mestrado apresentada noPrograma de Ps-Graduao em EngenhariaBiomdica, como complementao doscrditos necessrios para obteno do ttulode Mestre em Engenharia Biomdica.
Orientador (Univap): Prof. Dr. RenatoAmaro Zngaro.Orientador (USP): Prof.a Dra. VandaJorgetti
So Jos dos Campos, SP2001
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Autorizo, exclusivamente para fins acadmicos e cientficos, a reproduo total ouparcial desta dissertao, por processos fotocopiadores ou transmisso eletrnica.
Renata Amadei NicolauSo Jos dos Campos, 29 de julho de 2001.
539.12.04N548e Nicolau, Renata Amadei Efeito do laser de baixa potncia (As-Ga-Al) Em tecido sseo de rato submetido leso, Analisado por histomorfometria ssea. So Jos Dos Campos: UniVap, 2001. 98p.
Dissertao de Mestrado apresentada ao Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento Universidade do Vale do Paraba, 2001.
1.Efeito do laser de baixa potncia 2.Tecido sseo 3. Engenharia Biomdica I. Zngaro, Renato Amaro, orient. II. Jorgetti, Vanda, orient. III.t.
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Dedicatria
Ao meu saudoso pai, exemplo de
bondade; meu eterno dolo.
Ao meu marido
e principalmente minha
filha pelo apoio e compreenso
nas horas de ausncia.
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Agradecimentos
Ao meu orientador Prof. Dr. Renato Amaro Zngaro, pelo incentivo e amizade.
Agradeo por me permitir usufruir de seu exemplo de profissionalismo e humildade, me
ajudando em todos os momentos necessrios.
A Prof. Dra. Vanda Jorgetti pela confiana e apoio, tornando possvel a
realizao de grande parte deste trabalho. Minha mestra em tecido sseo, a quem devo
grande parte dos meus conhecimentos.
A Prof. Dra. Josepa Rigau i Mas, pelo imenso carinho e ateno. Pessoa a qual
devo minha formao em laser de baixa potncia.
A biloga Luciene Machado dos Reis, pela inigualvel ajuda prestada na parte
laboratorial.
Ao Prof. Dr. Antonio Luiz Barbosa Pinheiro, com o qual tive a honra e
satisfao de trabalhar durante os ltimos anos.
Prof.a Dra. Mnica Fernandes Gomes, pessoa nica, a qual me ajudou a dar os
primeiros passos na experimentao animal; presto minha eterna gratido.
Ao Prof. Dr. Jos Benedicto de Mello, pelo incentivo ao ingresso na carreira
cientfica.
Ao Prof. Dr. Batista Gargione Filho e ao Prof. Dr. Marcos Tadeu T. Pacheco
pela confiana depositada em mim tornando possvel a realizao deste trabalho.
A Marlene Amadei Usier, minha me, pelo constante apoio e interesse na minha
formao acadmica.
A todos os professores, colegas e funcionrios do Instituto de Pesquisa e
Desenvolvimento da Univap, que em algum momento solicitei apoio e orientao.
E principalmente a Deus, que tornou possvel tudo acontecer.
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Nota
Esta dissertao apresenta-se dentro das normas explicitadas pelo Instituto de
Pesquisa e Desenvolvimento da Universidade do Vale do Paraba para obteno do ttulo
de Mestre em Cincias do Curso de Ps-Graduao em Engenharia Biomdica. Para
aproximar expresses tcnicas s normas lexicogrficas, o texto foi adequado segundo os
seguintes dicionrios:
-Dicionrio Latino Portugus. Geraldo de Ulhoa Cintra e Jos Cretela Jnior. So Paulo,
1944. Editora Anchieta Limitada.
-Mini Dicionrio Aurlio Sculo XXI. Aurlio Buarque de Holanda Ferreira, 4 edio.
Rio de Janeiro, 2000. Editora Nova Fronteira.
Para as referncias bibliogrficas, foram adaptadas e simplificadas as normas da
Associao Brasileira de Normas Tcnicas, ABNT-NRB 06023/2000.
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Resumo
Trabalhos utilizando Terapia com Laser de Baixa Potncia (TLBP) tmdemonstrado efeito estimulatrio no tecido sseo em processo de reparao. A TLBPtem sido utilizada como coadjuvante na cicatrizao de tecido sseo lesionado,promovendo incremento da neovascularizao, nmero de osteoblastos e incorporaode clcio. O objetivo deste trabalho foi analisar o efeito da TLBP em tecido sseo.Realizou-se uma perfurao no fmur de 48 ratos (divididos em grupo controle eirradiado). O grupo irradiado recebeu 10J/cm2 do laser de As-Ga-Al (660nm). Osanimais foram sacrificados em 5, 15 e 25 dias ps-cirurgia. Foi realizado o estudohistomorfomtrico do tecido sseo, realizando microscopia ptica e de fluorescncia. Osresultados em 15 dias demonstraram que o grupo irradiado apresentou superfcieosteoblstica significativamente maior (p=0,0002) que o grupo controle. No grupocontrole em 25 dias houve uma diminuio acentuada do ndice de remodelao sseaquando comparada ao grupo irradiado. A taxa de aposio mineral apresentou ndicessignificativamente superiores (p
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SUMRIO
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1. Introduo 1
2. Reviso da Literatura 4
2.1 Laser de Baixa Potncia 5
2.2 Tecido sseo 15
3. Objetivo 22
4. Mtodos 24
4.1 Animais 25
4.2 Cirurgia e Medicao 25
4.3 Terapia com Laser de Baixa Potncia 26
4.4 Sacrifcio 28
4.5 Tcnica Histolgica 28
4.6 Anlise Histomorfomtrica 32
4.6.1 Anlise Histomorfomtrica - Parmetros Estticos 33
4.6.2 Anlise Histomorfomtrica Parmetro Dinmico 33
4.7 Metodologia Estatstica 36
5. Resultados 37
5.1 ndice de volume trabecular e parmetros estruturais 38
5.2 ndices de formao ssea 42
5.3 ndices de reabsoro 46
6. Discusso 49
7. Concluso 56
8. Referncias Bibliogrficas 58
9. Apndices 68
Apndice 1 (Certificado do Comit de tica em Pesquisa - Univap)
Apndice 2 (Grficos / estatstica)
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LISTA DE ABREVIATURAS
As-Ga-Al: Arsenieto de Glio-Alumnio
As-Ga: Arsenieto de Glio
ATP: Adenosina trifosfato
C: Grau centgrado
cm: Centmetro
cm2: Centmetro quadrado
dE: Densidade de energia
dpc: Dias aps a cirurgia
ER: Espectroscopia Raman
FaNT: Fator a de necrose tumoral
FC: Fator de crescimento
FCF: Fator de crescimento dos fibroblastos
FCSI: Fator de crescimento semelhante a insulina
FCT: Fator de crescimento transformador
FNT: Fator de necrose tumoral
He-Ne: Hlio-Nenio
Hz: Hertz
IgA: Imunoglobulina A
IL-1: Interleucina-1
J: Joule
Kg: Kilograma
LBP: Laser de baixa potncia
mg: Miligrama
ml: Mililitro
mm: Milmetro
mW: Miliwatts
mmm: Micrometro
nm: Nanometro
TLBP: Terapia com laser de baixa potncia
W: Watts
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LISTA DE FIGURAS
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Figura 2.2.1 - Fotomicrografia de tecido sseo corada com azul de toluidina.
Osteoblastos (Ob) e Osteide (Ost) recobrindo a parte da superfcie
da trabcula ssea (Tr). Medula (M). 200x (NICOLAU, RA et al..
Fotobioestimulao de Tecido sseo com Laser de Baixa
Potncia. IV FNCTS. 1998)..............................................................19
Figura 2.2.2 - Fotomicrografia de tecido sseo corada com azul de toluidina.
Osteoclasto (Oc) sobre superfcie de reabsoro (lacuna de Howship)
(setas ). Trabcula ssea (Tr). Medula (M). 400x (NICOLAU, RA et
al.. Fotobioestimulao de Tecido sseo com Laser de Baixa
Potncia. IV FNCTS. 1998).Figura 2.2.3 - Fotomicrografia de
tecido sseo. Superfcie de reabsoro (setas). Osteoclastos (Oc)
em lacunas de reabsoro sobre a trave ssea. Trabcula ssea (Tr).
Medula (M) .......................................................................................20
Figura 2.2.3 - Fotomicrografia de tecido sseo corada com azul de toluidina.
Superfcie de reabsoro (lacuna de Howship) (setas). Trabcula
ssea (Tr). Medula (M). 200x (NICOLAU, RA et al..
Fotobioestimulao de Tecido sseo com Laser de Baixa
Potncia. IV FNCTS. 1998)..............................................................21
Figura 4.3.1 - Animal em decbito lateral, sobre plataforma recebendo TLBP. Feixe
laser direcionado perpendicularmente a regio femural...................27
Figura 4.5.1 - A) vista posterior da amostra, B) vista frontal da amostra, C)
extremidade distal da epfise, D) distal lateral da amostra................30
Figura 4.5.2 - Bloco preparado para microtomia.........................................................30
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Figura 4.6.1.1 Representao esquemtica da diartrose entre fmur e tbia. Regio
de: perfurao, cartilagem de crescimento e anlise
histomorfomtrica. (Modificado: JUNQUEIRA, LC; CARNEIRO, J.
Histologia Bsica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan.
1999)..................................................................................................33
Figura 4.6.2.1 - Fotomicrografia de tecido sseo calcificado com 7mm de espessura.
Observao feita sob luz ultravioleta em microscpio de
fluorescncia. Osteoblastos (Ob). Trabcula ssea (Tr). Medula (M).
Rgua Micromtrica (Rm) utilizada para medida entre duas
marcaes por tetraciclina no dia da cirurgia {Tetr (i)} e 24 horas
antes do sacrifcio {Tetr (f)}. (1260x) (Modificado: MALLUCHE,
HH; FAUGERE, MC. Atlas of Mineralized Bone Histology. New
York: Karger. 1986)..........................................................................35
Figura 5.1.1 - Regio de anlise histomorfomtrica da lmina n 914-3 de um animal
do grupo controle 5 dias ps-cirurgia. As medidas foram realizadas
em 30 campos, um campo (375,4mm2) acima da cartilagem de
crescimento........................................................................................41
Figura 5.1.2 - Figura 5.1.2 Regio de anlise histomorfomtrica da lmina n 929-
1 de um animal do grupo irradiado 5 dias ps-cirurgia. As medidas
foram realizadas em 30 campos, um campo (375,4mm2) acima da
cartilagem de crescimento.................................................................41
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LISTA DE TABELAS
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Tabela 2.1 - Reviso do efeito da TLBP em tecido sseo (In Vitro e In Vivo)..........14
Tabela 4.1 - Diviso dos animais em grupos e cronograma do sacrifcio..................25
Tabela 4.3.1 - Protocolo de irradiao com laser de As-Ga-Al.......................................27
Tabela 5.1 - Anlise histomorfomtrica do volume trabecular e dos parmetros
estruturais dos grupos irradiados e controle...........................................39
Tabela 5.2.1 - Anlise histomorfomtrica dos ndices de formao ssea.....................43
Tabela 5.2.2 - Anlise histomorfomtrica da taxa de aposio mineral diria...............44
Tabela 5.4 - Anlise histomorfomtrica dos ndices de reabsoro ssea...................47
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LISTA DE GRFICOS
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Grfico 5.1.1 Volume trabecular (BV/TV) em reas prximas injria ssea, dos
animais controles e irradiados nos diferentes dias ps-cirurgia. Cada
ponto representa a mdia e o desvio padro de um grupo experimental
(n=7-8).................................................................................................40
Grfico 5.1.2 Espessura trabecular (Tb.Th) em reas prximas injria ssea, dos
animais controles e irradiados nos diferentes dias ps-cirurgia. Cada
ponto representa a mdia e o desvio padro de um grupo experimental
(n=7-8).................................................................................................40
Grfico 5.1.3 Distncia trabecular (Tb.Sp) em reas prximas injria ssea, dos
animais controles e irradiados nos diferentes dias ps-cirurgia. Cada
ponto representa a mdia e o desvio padro de um grupo experimental
(n=7-8).................................................................................................40
Grfico 5.1.4 Numero de trabculas (Tb.N) em reas prximas injria ssea dos
animais controles e irradiados nos diferentes dias ps-cirurgia. Cada
ponto representa a mdia e o desvio padro de um grupo experimental
(n=7-8).................................................................................................40
Grfico 5.2.1 Volume osteide (OV/BV) em reas prximas injria ssea, dos
animais controles e irradiados nos diferentes dias ps-cirurgia. Cada
ponto representa a mdia e o desvio padro de um grupo experimental
(n=7-8)................................................................................................ 45
Grfico 5.2.2 Superfcie osteide (OS/BS) em reas prximas injria ssea, dos
animais controles e irradiados nos diferentes dias ps-cirurgia. Cada
-
ponto representa a mdia e o desvio padro de um grupo experimental
(n=7-8).................................................................................................45
Grfico 5.2.3 Superfcie osteoblstica (Ob.S/BS) em reas prximas injria ssea,
dos animais controles e irradiados nos diferentes dias ps-cirurgia.
Cada ponto representa a mdia e o desvio padro de um grupo
experimental (n=7-8)...........................................................................45
Grfico 5.2.4 Espessura osteide (O.Th) em reas prximas injria ssea, dos
animais controles e irradiados nos diferentes dias ps-cirurgia. Cada
ponto representa a mdia e o desvio padro de um grupo experimental
(n=7-8).................................................................................................45
Grfico 5.3.1 Superfcie de reabsoro (Oc.S/BS) em reas prximas injria ssea,
dos animais controles e irradiados nos diferentes dias ps-cirurgia.
Cada ponto representa a mdia e o desvio padro de um grupo
experimental (n=7-8)...........................................................................48
Grfico 5.3.2 Superfcie osteoclstica (ES/BS) em reas prximas injria ssea,
dos animais controles e irradiados nos diferentes dias ps-cirurgia.
Cada ponto representa a mdia e o desvio padro de um grupo
experimental (n=7-8)...........................................................................48
Apndice 2
Grfico 1- Volume trabecular (BV/TV%) em reas prximas injria ssea dos animais
controles (C) e irradiados (I) nos diferentes dias ps-cirurgia (dpc). Cada
coluna representa a mdia aritmtica de um grupo experimental (n=7-8).
Grfico 2 - Espessura Trabecular (Tb.Th (mm)) em reas prximas injria ssea dos
animais controles (C) e irradiados (I) nos diferentes dias ps-cirurgia (dpc).
Cada coluna representa a mdia aritmtica de um grupo experimental (n=7-
8).
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Grfico 3 - Distncia trabecular (Tb.Sp (mm)) em reas prximas injria ssea dos
animais controles (C) e irradiados (I) nos diferentes dias ps-cirurgia (dpc).
Cada coluna representa a mdia aritmtica de um grupo experimental (n=7-
8).
Grfico 4 - Nmero de trabculas (ou nmero de traves) (Tb.N (/mm)) em reas
prximas injria ssea dos animais controles (C) e irradiados (I) nos
diferentes dias ps-cirurgia (dpc). Cada coluna representa a mdia aritmtica
de um grupo experimental (n=7-8).
Grfico 5 - Volume osteide (OV/BV%) em reas prximas injria ssea dos animais
controles (C) e irradiados (I) nos diferentes dias ps-cirurgia (dpc). Cada
coluna representa a mdia aritmtica de um grupo experimental (n=7-8).
Grfico 6 - Superfcie osteide (OS/BS%) em reas prximas injria ssea dos
animais controles (C) e irradiados (I) nos diferentes dias ps-cirurgia (dpc).
Cada coluna representa a mdia aritmtica de um grupo experimental (n=7-
8).
Grfico 7 - Superfcie osteoblstica (Ob.S/BS%) em reas prximas injria ssea dos
animais controles (C) e irradiados (I) nos diferentes dias ps-cirurgia (dpc).
Cada coluna representa a mdia aritmtica de um grupo experimental (n=7-
8).
Grfico 8 - Espessura osteide (O.Th (mm)) em reas prximas injria ssea dos
animais controles (C) e irradiados (I) nos diferentes dias ps-cirurgia (dpc).
Cada coluna representa a mdia aritmtica de um grupo experimental (n=7-
8).
Grfico 9 - Taxa de aposio mineral diria (MAR(mm/d)) em reas prximas injria
ssea dos animais controles (C) e irradiados (I) nos diferentes dias ps-
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cirurgia (dpc). Cada coluna representa a mdia aritmtica de um grupo
experimental (n=7-8).
Grfico 10 - Superfcie osteoclstica (Oc.S/BS%) em reas prximas injria ssea dos
animais controles (C) e irradiados (I) nos diferentes dias ps-cirurgia (dpc).
Cada coluna representa a mdia aritmtica de um grupo experimental (n=7-
8).
Grfico 11 - Superfcie de reabsoro (ES/BS%) em reas prximas injria ssea dos
animais controles (C) e irradiados (I) nos diferentes dias ps-cirurgia (dpc).
Cada coluna representa a mdia aritmtica de um grupo experimental (n=7-
8).
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11. Introduo
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21. Introduo
O reparo tecidual um dos fenmenos mais interessantes observado nos
organismos vivos, podendo ser considerado como um dos mecanismos primrios de
sobrevivncia (LIZARELLI, LAMANO-CARVALHO e BRENTEGANI, 1999). Um
dos tecidos com maior capacidade de repararao o tecido sseo, exibindo um
potencial de regenerao surpreendente capaz de restaurar perfeitamente sua estrutura
original e suas propriedades mecnicas (SCHENK, 1996). A remodelao ssea e sua
estimulao so motivos de um grande nmero de estudos, impulsionados nas ltimas
dcadas pelo intenso uso de prteses de titnio na Odontologia e Ortopedia. O interesse
nesta rea se deve, principalmente, aos fatores capazes de acelerar a osteointegrao que
promove uma maior rapidez na reabilitao do paciente. O estmulo do incremento
sseo tm sido obtido atravs de vrios meios entre eles: enxerto de osso autgeno, uso
de protena morfogentica ssea (HECKMAN et al., 1991); IGF-I (SPENCER et al.,
1991); uso do ultra-som pulsado com baixa intensidade (PILLA et al., 1990); emprego
de campos eletromagnticos (CANE, BOTTI e SOANA, 1993); e mais recentemente
por terapia com laser de baixa potncia (TLBP) (NICOLAU, ZNGARO e PACHECO,
1998; KUCEROV et al., 2000).
O uso da TLBP na maioria dos pases (KARU, 1989 (a) e 1989 (b); ATSUMI,
1989 e ROSHAL, 1991) se faz principalmente nas reas de Fisioterapia e Dermatologia,
auxiliando na reparao de leses musculares e lceras de decbito. A Ortopedia pouco
usufrui desta tcnica devido a escasses de relatos experimentais e clnicos no tecido
sseo. Em princpio, esta terapia modula vrios sistemas biolgicos envolvidos no
processo de reparao, promovendo modificaes bioqumicas, eltricas, etc.
(GALLETTI et al., 1992).
A TLBP tem demonstrado resultados favorveis In Vitro e In Vivo quanto ao
estmulo da reparao ssea, neste sentido trabalhos In Vivo sugere que esta terapia
promove acelerao da reparao ssea, tais como: reparao alveolar (OLIVEIRA,
1992; GARCIA, CARVALHO e OLIVEIRA, 1995); neoformao ssea ps disjuno
palatina (SAITO e SHIMIZU, 1997); e reparao de fraturas (LUGER et al., 1998).
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3Os lasers mais estudados em TLBP esto na regio do espectro eletromagntico
compreendido entre o visvel e o infravermelho prximo (Hlio-Nenio (He-Ne
632,8nm) e Arsenieto de Glio (As-Ga 904nm)).
At o momento, a maioria dos estudos realizados In Vivo utilizando TLBP em
tecido sseo so qualitativos e para que seja comprovada sua eficcia, quanto ao
aumento da remodelao ssea, estudos quantitativos devem ser realizados.
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42. Reviso da Literatura
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52.1 Laser de Baixa Potncia
A palavra LASER um acrnimo de Light Amplification by Stimulated Emission
of Radiation, ou seja, luz amplificada por emisso estimulada de radiao. As
caractersticas que diferem a luz laser de uma lmpada so: a monocromaticidade, a
brilhncia, a coerncia e a direcionalidade. A possibilidade de focalizao em pequenas
reas e a emisso de altas densidades de energia, fazem do laser um instrumento de
grande interesse e importncia para aplicaes nas reas da sade, tanto no diagnstico
como na terapia.
Os lasers so divididos em lasers de alta e baixa potncia. Os primeiros so
destinados a remoo, corte e coagulao de tecidos, enquanto que os lasers de baixa
potncia (LBP) so utilizados em processos de reparao tecidual. Os principais efeitos
gerados pelo LBP nos tecidos tm natureza estimulatria, causando aumento do
metabolismo celular, quimiotaxia e vascularizao, etc (LOPES e BRUGNERA, 1998).
A coerncia uma das propriedades da luz laser, porm ao penetrar no tecido,
esta propriedade se perde nos primeiros extratos da pele. Isto ocorre devido grande
variedade de estruturas celulares que compem a pele (WHARTON et al., 1964 e 1966;
PARRISH; 1980, JORI, 1980; ANDERSON et al., 1982, MICKILEY et al., 1988;
HACZEKI et al., 1988 e 1989). Segundo alguns autores, apesar da perda de coerncia
da radiao do LBP no interior dos tecidos, esta absorvida pelas clulas gerando
alteraes no seu metabolismo tanto em tecidos superficiais como profundos (GIESE,
1980; MESTER et al., 1985; LOBKO et al., 1985; SVAASAND, 1990). O efeito de
estimulao com LBP depende do comprimento de onda, da dose e da intensidade da
luz utilizada na irradiao (FEDOSEYEVA et al., 1988).
O LBP age principalmente sobre organelas celulares (mitocndria e membrana),
gerando aumento de ATP e modificando o transporte inico. Acredita-se que existem
fotorreceptores celulares, sensveis a determinados comprimentos de onda, que, ao
absorverem ftons, desencadeiam reaes qumicas. Desta forma o LBP acelera, a curto
prazo, a sntese de ATP (gliclise e oxidao fosforilativa) e a longo prazo a transcrio
e a replicao do DNA (KARU, 1987; KARU, 1989 (a, b e c)).
Foi demonstrado por MESTER e MESTER (1989) que, alm do efeito local a A
terapia com laser de baixa potncia (TLBP), promove efeitos sistmicos. Os autores
-
6realizaram experimentos nos quais compararam a evoluo de feridas por queimaduras
em animais. Os animais foram distribudos em dois grupos, um grupo controle que no
recebeu irradiao laser e um segundo grupo com duas feridas (uma ferida de cada lado
da espinha dorsal) e que s recebeu tratamento em uma delas. Tanto a ferida irradiada
como a no irradiada, foram reparadas ao mesmo tempo e muito antes do que nos
animais controles.
Os estudos In Vitro tm demonstrado efeitos moduladores da TLBP em vrios
tipos de tecido. Embora extrema cautela deva ser tomada ao extrapolar resultados In
Vitro para situaes clnicas, provvel que os efeitos da TLBP estejam envolvidos na
acelerao do processo de cicatrizao tecidual (RIGAU, 1996).
O maior nmero de estudos realizados com TLBP foi direcionado na avaliao
da reparao de feridas cutneas devido a relativa facilidade de realizao deste tipo de
experimento, assim como o curto perodo de tempo necessrio para a reparao tecidual.
Segundo autores a TLBP causa estimulao da degranulao de mastcitos e melhora na
microcirculao (SNYDER-MACKLER et al., 1989; AUN et al., 1989; SNYDER-
MACKLER et al., 1989; SILVEIRA e LOPES, 1993; YANG et al., 1997). Devido aos
resultados positivos obtidos pela utilizao da TLBP quanto a estimuao no reparo de
leses cutneas e musculares estudos foram dirigidos ao do laser sobre tecido sseo
(BARUSHKA, YAAKOBI e ORON, 1995).
Um dos primeiros trabalhos foi realizado por BENEDICENTI e MARTINO, em
1983, no qual verificaram aumento de 22% na sntese de ATP mitocondrial, aps TLBP
em alvolo dentrio em reparao. Segundo esses autores a elevao da taxa de ATP
aumentaria o metabolismo celular contribuindo para a reparao alveolar.
BOGATOV et al. (1983) estudaram a regenerao ssea em mandbula de ratos
e observaram que a TLBP reduzia o tempo de reparao em ferimentos.
LOMNITSKII e BINIASHEVSKII (1983) estudaram o efeito de vrias doses de
radiao emitidas por laser de He-Ne (632,8nm) em 105 coelhos e os resultados obtidos
sugeriram estmulo na osteognese. Eles verificaram que a TLBP causava efeitos nas
clulas osteoblsticas e na regenerao ssea periodontal. Os autores inferiram que esta
terapia ativa as clulas osteoblsticas e acelera seu desenvolvimento e a calcificao.
TRELLES e MAYAYO (1987), observaram que o laser de He-Ne (632,8nm)
com irradiao de 2,4J/cm2 alternando dias, num perodo de trs semanas, auxiliava na
-
7reparao de fraturas sseas. Esses autores detectaram aumento da largura trabecular.
Alm de maior nmero de fibroblsticos nos calos sseos irradiados quando
comparados aos no irradiados.
TAKEDA (1988) utilizou o laser de As-Ga (904nm) com densidade de energia
de 20J/cm2 e densidade de potncia de 0,025W/cm2, durante cinco minutos, em uma
nica aplicao, em animais com periodontite. O autor observou maior proliferao de
fibroblastos nos animais irradiados. Am de maior formao do tecido osteide (osso
neoformado) e deposio de chumbo neste grupo quando comparado ao controle.
DE TEJADA et al. (1990), estudaram o efeito da irradiao com laser de He-Ne
(632,8nm) com potncia de 6mW, em fratura de fmur de rato, atravs de anlise ultra-
estrutural e hormonal. Os resultados levaram os autores a concluir que a TLBP aumenta
vascularizao e o rpido aparecimento de clulas osteognicas.
YAMADA (1991) verificou que a TLBP promove um efeito positivo na
proliferao, e diferenciao das clulas osteoblsticas In Vitro.
NAGASAWA et al. (1991) observaram que a TLBP (He-Ne; 632,8nm), sobre
osso alveolar aps exodontia, durante aproximadamente quatro minutos, favorece
reparao ssea mais rpida que em pacientes no irradiados (NAGASAWA et
al.,1991).
KUSAKARI et al. (1992) realizaram trabalhos In Vivo e In Vitro atravs dos
quais demonstraram a ao moduladora da TLBP sobre a reparao ssea e cultura de
osteoblastos. No experimento In Vivo utilizaram ces adultos submetidos perfuraes
na regio da mandbula e tratadas com TLBP (780nm), com uma potncia de 30mW.
Utilizando os mesmos parmetros de irradiao, os autores estudaram a ao deste laser
em cultura de osteoblastos (linhagem UMR 106) marcadas com timidina tritiada. Um
terceiro experimento foi realizado tambm com ces, aps exodontias com implantao
de cilindros de titnio nos alvolos. O protocolo de irradiao aplicado nesta fase do
trabalho foi utilizando um laser em 810nm e potncia de 60mW. Os resultados In Vitro
demonstraram que o laser em 780nm promoveu estimulao na sntese de DNA, sntese
protica e ativao de fosfatase alcalina. In Vivo, os lasers promoveram, sem muita
diferena entre os comprimentos de onda, aumento da reparao observado pela
elevao da quantidade de vasos presente no local de leso.
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8OLIVEIRA (1992) realizou um estudo histolgico em osso alveolar infectado
(alveolite) tratado com TLBP. Utilizou o laser de As-Ga (904nm), com uma potncia de
entre 0,5 e 3,5mW e freqncia de 500 a 3700Hz. Analisando o processo de reparao
aps seis, 15 e 28 dias, o autor concluiu que a radiao laser acelerou a cronologia do
reparo das feridas, principalmente no sexto dia.
CAFALLI et al. (1993), realizaram estudo em coelhos submetidos TLBP aps
leses em osso subcondral dos joelhos. Os animais foram sacrificados aps 15, 30, 45 e
60 dias. Verificou-se que o tecido sseo, reparou-se mais rpido nos animais irradiados.
Na fase final do processo de reparao os resultados so semelhantes nos animais
tratados e no tratados com TLBP.
Na periodontia o surgimento da TLBP e sua aplicao clnica abriu novas
perspectivas teraputicas (LUGER, 1994; NEIBURGER, 1995).
BARUSHKA, YAAKOBI e ORON (1995) utilizou a TLBP (He-Ne 632,8nm),
com uma dose de 31J/cm2, durante 2,3 minutos, com potncia de 6mW; aplicada sobre
pequenas perfuraes em tbia de rato no quinto e sexto dia ps-cirurgia. Verificaram
que a TLBP promoveu o aumento no nmero de osteoblastos e o estgio de reparao
foi aproximadamente duas vezes mais acelerado, avaliados pela elevao da fosfatase
alcalina e histomorfometria repectivamente.
GLINKOWSKY E ROWINSKY (1995) utilizaram TLBP em fratura de tbia de
ratos e demonstraram atravs de anlise radiogrfica que a densidade ptica nos grupos
irradiados era maior que no grupo controle.
GARCIA, CARVALHO E OLIVEIRA (1995) analisaram histologicamente a
ao da TLBP (As-Ga 904nm) em alveolites provocadas experimentalmente. Para tanto
utilizaram 36 ratos Wistar divididos em trs grupos: grupo I (controle), grupo II e III
(irradiados por 2 e 4 minutos respectivamente, 2mW, 2.100Hz). A irradiao dos grupos
II e III foi realizada trs dias aps a cirurgia. Os animais foram sacrificados aps seis,
15, utilizando laser de He-Ne (632,8nm), e 28 dias do ato cirrgico. Os autores
observaram que o processo de reparao ssea foi mais intenso nos grupos II e III, como
proliferao fibroblstica e capilar, e aparecimento de trabculas sseas, aos 15 dias.
Concluram que a TLBP acelerou o reparo de alvolos infectados, sendo mais evidente
nos perodos iniciais (seis e 15 dias) e no grupo onde a irradiao foi de quatro minutos.
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9DAVID et al. (1996), estudaram o efeito da TLBP utilizando o laser de He-Ne
(632,8nm), na reparao ssea de fraturas com fixao interna em tbia de ratos.
Sessenta e dois animais tiveram ambas as tbias submetidas cirurgia, tendo sido
utilizada a tbia contralateral como controle. A irradiao foi feita com doses de 0, 2 e
4J/cm2, com uma potncia de 10mW, sobre uma rea de 7mm2, de forma transcutnea.
Os animais foram submetidos irradiao diria, sendo sacrificados aps duas e seis
semanas ps-cirurgia. Avaliaram a reparao ssea das tbias atravs de radiografias e
estudo histolgico. Os resultados demonstraram no haver diferenas significativas
entre a regio de reparao nas tbias irradiadas quando comparados aos controles.
YAAKOBI et al. (1996) obtiveram bons resultados em ratos com leses tibiais
tratados com TLBP (He-Ne 632,8nm). A dosimetria aplicada neste estudo foi de
31J/cm2, com potncia de 5,3mW, durante 2,3 minutos diretamente sobre a regio de
perfurao no quinto e sexto dia ps-cirurgia. Os autores avaliaram a quantidade de
fosfatase alcalina e clcio na regio de reparao. Nos animais submetidos ao laser
houve mais deposio de clcio, assim como aumento da fosfatase alcalina, sugerindo
maior atividade e/ou nmero de osteoblastos no local de reparao.
ANDREU e ZALDVAR (1997), realizaram um trabalho clnico com intuito de
avaliar o efeito do laser de He-Ne (632,8nm) sobre reparao ssea periapical. Para
tanto selecionaram 40 pacientes de ambos os sexos, com idades entre 10 e 60
(agrupados entre 10 e 34 anos e 35 e 60 anos) que apresentavam leso periapical
crnica. Os pacientes receberam tratamento pulporradicular convencional e TLBP com
15J/cm2 e 7J/cm2, 2mW aplicados de forma pontual. Foram analisados variaes quanto
a idade e tempo de reparao do defeito sseo atravs de radiografia periapical da regio
logo aps o incio da terapia, aos trs,seis e 12 meses. O estudo demonstrou que houve
reparao do defeito sseo em 90% dos pacientes, sendo que em 67,5% destes este fato
ocorreu em um perodo inferior a seis meses ps tratamento. Os autores concluram que
houve acelerao no processo de reparao ssea e que a idade dos pacientes no
influenciou nos resultados obtidos.
HERNNDEZ et al. (1997) realizaram um ensaio clnico com 60 pacientes
portadores de doena periodontal verificando a ao do laser de He-Ne (632,8nm) na
reparao ssea. Os pacientes foram divididos em dois grupos: irradiado e no
irradiado, ambo submetidos cirurgia periodontal. O grupo irradiado foi tratado com
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10
uma dose de 3J/cm2 (2mW) aps a cirurgia periodontal. Um controle radiogrfico
peridico foi realizado trs, seis e 12 meses aps a concluso do tratamento. Cem
porcento dos pacientes com periodontite simples incipiente tiveram ganho sseo parcial.
Daqueles que apresentavam periodontite simples moderada, 83,3% obtiveram ganho
sseo. Concluram que os pacientes tratados com laser tiveram valores de ganho sseo
cerca de 20% superiores comparados aos pacientes no tratados.
SAITO e SHIMIZU (1997), obtiveram bons resultados na regenerao ssea de
sutura palatina com utilizao de laser de As-Ga-Al (830nm), aps a disjuno palatina
em ratos. Foram realizadas irradiaes com dose de 35,3J/cm2 e potncia de 100mW
sobre a regio proposta, onde a expanso levou cerca de sete dias (trs a 10 minutos por
dia), trs dias (sete minutos por dia, durante os dias 0-2 ou 4-6), e um dia (21 minutos).
A regenerao de osso na sutura de palatina, avaliada por histomorfometria, revelou
maior regenerao no grupo tratado por sete dias mostrou, demonstrando a relao entre
dose e intensidade de reparao. A irradiao durante o perodo inicial de expanso (0 a
dois dias) foi mais efetiva, visto que posteriormente (dias quatro a seis) a irradiao no
teve qualquer efeito sobre a regenerao ssea. Estes achados, sugerem que o LBP pode
acelerar a regenerao ssea na sutura palatina durante expanso palatal rpida e que
este efeito no dependente s da dose de irradiao de laser total, como tambm do
tempo e freqncia de irradiao. Os autores sugerem que a TLBP possa ser de
benefcio teraputico, encurtando o perodo de reteno (aparelho ortodntico) devido a
acelerao da regenerao ssea em tratamentos ortodnticos.
NICOLAU, ZNGARO e PACHECO (1998) analisaram o grau de reparao
ssea mediante utilizao de TLBP. Utilizaram 12 ratos Wistar, divididos em grupo
controle e grupo irradiado. Os animais tiveram o fmur direito perfurado, recebendo
irradiao com laser de He-Ne (632,8nm), a cada 24 horas, com densidade de energia de
2J/cm2 e potncia de 2,68mW. As irradiao foram feitas de forma transcutnea a cada
24 horas durante 30 dias. Os grupos (controle e irradiado) foram radiografados aps
cinco, 15 e 30 dias da cirurgia. Para a anlise das radiografias foi utilizado o programa
de imagem ImageLab 2.3. As reas de reparao ssea no grupo irradiado
apresentaram maior ndice de radiopacidade comparado ao grupo controle,
demonstrando qualitativamente maior calcificao. Estes dados levaram os autores a
concluir que a TLBP causou o estmulo da maturao ssea no local de leso,
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evidenciado 15 dias aps cirurgia. Em 30 dias no houve diferena entre animais
controles e irradiados.
OZAWA et al. (1998), verificaram a ao da irradiao de 500mW com laser de
As-Ga-Al (830nm) em osteoblastos de rato em cultura. Os resultados demonstraram que
a irradiao promoveu maior proliferao celular e aumento da fosfatase alcalina. Foi
percebida maior formao de ndulos sseos nas culturas irradiadas, aps 21 dias. Os
autores ressaltam dois pontos importantes neste estudo: um que houve a estimulao da
proliferao celular de osteoblastos, outro que a irradiao ocasionou estmulo na
diferenciao celular, percebida pela maior diferenciao de clulas osteoblsticas e
incremento na formao ssea.
PICON et al. (1998), realizaram um estudo histolgico em ratos, investigando a
reparao alveolar modulada por laser de He-Ne (550nm). Os autores utilizaram 48
animais os quais foram submetidos a exodontia. Vinte e quatro animais tiveram o
alvolo irradiado previamente sutura com 0,95mW, durante seis minutos. A radiao
foi conduzida ao interior do alvolo via fibra ptica (125mm). Os animais foram
sacrificados trs, sete, 14 e 21 dias aps a cirurgia. No grupo irradiado foi verificado
pequeno aumento no significativo na proliferao osteoblstica e na formao de
tecido sseo, quando comparado ao grupo controle. Segundo os autores estes resultados
sugerem que esse tipo de tratamento no trouxe benefcios significantes para o processo
de reparao, atribuindo este fato principalmente ao comprimento de onda utilizado
(regio do verde com 550nm).
LUGER et al. (1998) investigaram o efeito da TLBP na reparao de fraturas
sseas em ratos. Neste trabalho 50 ratos Wistar, divididos dois grupos de 25 animais,
foram submetidos a fratura da tbia, fixada internamente. Um dos grupos foi tratado
com laser de He-Ne (632,8nm, 35mW), diariamente durante 14 dias, 30 minutos por
dia. O segundo grupo serviu como um controle. Depois de quatro semanas, a tbia foi
analisada por teste de tenso (Lloyd LR). A dureza estrutural da tbia (dureza de calo) e
a carga mxima de extenso e fratura foram medidas. A carga mxima e dureza
estrutural da tbia foram significativamente maiores no grupo irradiado quando
comparados aos controles. Em quatro animais controle observou-se a no consolidao
da fratura, o que no foi percebido em nenhum animal do grupo irradiado.
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SATHAIAH, NICOLAU e ZNGARO (1999) investigaram o efeito da TLBP
na reparao ssea de ratos Wistar atravs da tcnica de Espectroscopia Raman (ER) no
infravermelho prximo. Neste estudo foram utilizados 30 ratos Wistar (20 irradiados e
10 controles), os quais tiveram a tbia direita perfurada. Os animais foram irradiados a
cada 24 horas em quatro sesses com 4J/cm2; 2,68mW; durante 100 segundos, atravs
de um laser de He-Ne (632,8nm). Os animais foram sacrificados cinco, 10, 15, 20, e 25
dias aps a cirurgia e as amostras ssea submetidas a ER em cinco pontos cada. A
anlise de resultados foi realizada observando o deslocamento Raman do pico de
hidroxiapatita de clcio (960cm 1) atravs de espectros Raman. Observou-se que o pico
da hidroxiapatita de clcio apresentou-se significativamente mais intenso nos animais
irradiados, sendo esta diferena mais evidente no grupo com 15 dias ps-cirurgia. Os
autores concluram a existncia de maior incorporao de hidroxiapatita de clcio em
estruturas sseas sobre a ao do laser de He-Ne.
LIZARELLI, LAMANO-CARVALHO e BRENTEGANI (1999) observaram a
ao do laser de As-Ga-Al (790nm) sobre reparao ssea alveolar em ratos. Para tal
estudo utilizaram 1,5J/cm2, 30mW, durante 20 segundos, sobre uma rea de 0,4cm2,
aplicados em uma dose nica em forma de varredura imediatamente aps a cirurgia. O
estudo foi realizado atravs de anlise histolgica sete, 14 e 21 dias ps-cirurgia. Aps
sete e 14 dias o grupo irradiado apresentou uma quantidade de tecido sseo formado
cerca de 10% maior que o grupo controle.
KUCEROV et al. (2000), realizou um estudo para avaliar o efeito de diferentes
freqncias de radiao de 1,5J/cm2 por cinco dias, com LBP sobre o processo de
reparao ssea. Para tanto 124 pacientes foram submetidos a exodontias de molares
inferiores (36, 37, 38, 46, 47, 48). Foram tratados com TLBP com laser As-Ga-Al
(670nm), com potncia de 20mW e freqncias de cinco, 292 e 9.000Hz. O nvel de
IgA e albumina na saliva, e mudanas na densidade ssea do alvolo foram
monitorados. Observaram diferenas significantes nos nveis de IgA e albumina no
grupo irradiado quando comparados aos no irradiados. Foram observados nveis
significativamente maiores de IgA e albumina no grupo irradiado comparados ao
controle, principalmente no grupo tratado com 9.000Hz. A densidade ssea analisada
por radiografia digital, seis meses aps o tratamento cirrgico no mostrou diferenas
entre os grupos irradiado e controle.
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DRTBUDAK, HASS e MAILATH-POKORNY (2000), investigaram a ao
da TLBP com laser As-Ga-Al (690nm) em culturas de clulas sseas. Neste estudo 30
culturas foram irradiadas com uma densidade de energia de 1,6J/cm2, durante 60
segundos, com potncia de 21mW, analisadas em trs, cinco e sete dias. Utilizaram
tetraciclina incorporada ao meio de cultura para identificao dos nveis de
mineralizao. A intensidade de fluorescncia das culturas foi mensurada aps oito, 12 e
16 dias. A anlise aos 12 dias demonstrou que o grupo irradiado apresentava
crescimento superior ao controle. A produo de matriz ssea e intensidade de
fluorescncia foi significativamente maior no grupo irradiado aps oito, 12 e 16 dias,
quando comparados aos controles.
FREITAS, BARANAUSKAS e CRUZ-HFLING (2000) estudaram a
influncia do laser de He-Ne sobre a osteognese ps fratura, em tbia de ratos Wistar.
O tratamento foi realizado 24 horas aps a leso com doses de 3,15; 31,5 e 94,7J/cm2.
Os animais foram sacrificados oito e 15 dias aps a fratura, e a leso analisada por
microscopia eletrnica de varredura. Com dose de 3,15J/cm2 os animais irradiados no
apresentaram diferenas significantes, em relao aos controles. Entretanto com a dose
de 94,7J/cm2 houve maior consolidao no grupo irradiado. Alm disso, os autores
observaram aumento do volume trabecular e dos osteoblastos aps a TLBP. Na tabela
2.1 est reunida a reviso do efeito da TLBP em tecido sseo In Vitro e In Vivo.
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Tabela 2.1 Reviso do efeito da TLBP em tecido sseo (In Vitro e In Vivo):
Elemento de anlise Efeito Modelo Laser Autor
Reparao: alveolar + Rato As-Ga (904nm) Bedicenti e Martino, !983
+ Humano He-Ne (632,8nm) Nagasawa et al., !991
+ Rato As-Ga (904nm) Oliveira, !992
+ Rato As-Ga (904nm) Garcia et al., !995
o Rato He-Ne (550nm) Picon et al., !998
+ Rato As-Ga-Al (790nm) Lizarelli et al., 1999
+ Rato As-Ga-Al (790nm) Kucerov et al., 2000perfurao mandbula + Co As-Ga-Al (780nm) Kusakari et al., 1992
+ Rato As-Ga-Al (780nm) Kusakari et al., 1992perfurao osso longo + Rato He-Ne (632,8nm) Baruska et al., 1995
+ Rato He-Ne (632,8nm) Yaakobi et al., 1996
+ Rato He-Ne (632,8nm) Nicolau et al., 1998
+ Rato He-Ne (632,8nm) Freitas et al., 2000osso periodontal + Coelho He-Ne (632,8nm) Lomnitskii e Biniashevskii, 1983osso periapical + Humano He-Ne (632,8nm) Andreu e Zaldvar, !997
+ Humano He-Ne (632,8nm) Hernndez et al., !997disjuno palatina + Rato As-Ga-Al (830nm) Saito e Shimizu, 1997fratura + Rato He-Ne (632,8nm) Trelles e Mayayo, 1987
+ Rato As-Ga (904nm) Glinkowsky e Rowinsky, !995
o Rato He-Ne (632,8nm) David et al., 1996
+ Rato He-Ne (632,8nm) Luger et al., 1998osteointegrao + Co As-Ga-Al (810nm) Kusakari et al., 1992
Osteoblastos:n de clulas + Coelho He-Ne (632,8nm) Lomnitskii e Biniashevskii, 1983
+ Cultura As-Ga-Al (830nm) Ozawa et al., 1998
+ Cultura As-Ga-Al (890nm) Drtbudak et al., 2000
+ Rato He-Ne (632,8nm) Trelles e Mayayo, 1987
+ Rato He-Ne (632,8nm) Baruska et al., 1995
Rato He-Ne (550nm) Picon et al., !998
+ Rato He-Ne (632,8nm) Freitas et al, 2000Sntese de DNA + Cultura As-Ga-Al (780nm) Kusakari et al., 1992Sntese protica + Cultura As-Ga-Al (780nm) Kusakari et al., 1992Fosfatase alcalina + Cultura As-Ga-Al (780nm) Kusakari et al., 1992
+ Cultura As-Ga-Al (830nm) Ozawa et al., 1998
+ Rato He-Ne (632,8nm) Baruska et al., 1995
+ Rato He-Ne (632,8nm) Yaakobi et al., 1996
+ Rato He-Ne (632,8nm) Freitas et al, 2000
Largura Trabecular: + Rato He-Ne (632,8nm) Trelles e Mayayo, 1987
Superfcie Osteide: + Rato As-Ga (904nm) Takeda, 1988
N de Vasos Sangneos: + Co As-Ga-Al (780nm) Kusakari et al., 1992
+ Co As-Ga-Al (810nm) Kusakari et al., 1992
Matriz Osteide: + Cultura As-Ga-Al (890nm) Drtbudak et al., 2000
Deposio Mineral: + Rato As-Ga (904nm) Takeda, 1988
+ Rato He-Ne (632,8nm) Yaakobi et al., 1996
+ Rato He-Ne (632,8nm) Sathaiah et al., 1999
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2.2 Tecido sseo
O tecido sseo possui alto grau de rigidez e resistncia presso. Os ossos so
grandes armazenadores de substncias, sobretudo de ons de clcio e fosfato. A extrema
rigidez do tecido sseo resultado da interao entre os componentes orgnicos e
mineral da matriz. A matriz ssea composta por uma parte orgnica e uma parte
inorgnica cuja composio dada basicamente por ons fosfato e clcio formando
cristais de hidroxiapatita (JUNQUEIRA e CARNEIRO, 1999).
Dentre os tipos celulares que compem o tecido sseo se encontram:
Osteoblastos: Clulas que sintetizam a parte orgnica da matriz ssea. Durante a alta
atividade sinttica, os osteoblastos destacam-se por apresentar elevada basofilia, que se
atenua a medida que a sntese protica reduzida. Essas clulas apresentam-se com
formato polidrico, possuindo ncleo ovide e sistemas de comunicao intercelular. Os
osteoblastos no momento em que esto envolvidos completamente por matriz ssea do
origem aos ostecitos (ROSS e ROMRELL, 1993; SILVA, 2000) (Figura 2.2.1).
Ostecitos: So clulas localizadas em cavidades ou lacunas dentro de trabculas
sseas. Estas clulas esto associadas nutrio das trabculas, possuindo estas,
prolongamentos citoplasmticos que conectam umas as outras (ROSS e ROMRELL,
1993; SILVA, 2000).
Osteoclastos: Clulas que participam dos processos de reabsoro do tecido sseo. So
clulas gigantes e multinucleadas, extensamente ramificadas, derivadas da fuso de
moncitos que atravessam os capilares sangneos. Medem 30 a 50 micrometros,
possuem trs a seis ncleos ovides (Figura 2.2.2). Nos osteoclastos jovens, o
citoplasma apresenta uma leve basofilia que vai progressivamente diminuindo com o
amadurecimento da clula, at que o citoplasma torna-se acidfilo. Os osteoclastos
atravs da ao enzimtica, escavam a matriz ssea, formando depresses conhecidas
como superfcies de reabsoro ou lacunas de Howship (ROSS e ROMRELL, 1993;
SILVA, 2000) (Figura 2.2.3).
O tecido sseo frente a injria tem uma inigualvel capacidade de reparao. O
mecanismo de reparao ssea em condies normais, ocorre inicialmente por um
aumento da atividade osteoblstica, formando rapidamente tecido sseo imaturo, matriz
orgnica, seguida pelo depsito de sais de clcio. Os osteoblastos secretam colgeno e
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16
substncia fundamental amorfa que constituem tecido sseo no mineralizado, ou
osteide. Esta matriz colgena passvel de mineralizao posterior.
A resposta do osso fratura, perfurao, infeco, interrupo da fonte sangnea
e s leses de expanso relativamente limitada. O osso inerte deve ser reabsorvido, e o
osso novo deve ser formado, ocorrendo crescimento de vasos sangneos na rea
envolvida (GUYTON, 1993; ROSS e ROMRELL, 1993).
Qualquer leso ssea (fratura, defeito, fixao de implantes, interrupo do
suprimento sangneo) ativa a regenerao ssea local pela liberao de fatores de
crescimento (FC) e indutores. O osso uma das fontes mais ricas em fatores de
crescimento. Entre os fatores de crescimento detectados no osso, alguns so produzidos
pelas clulas sseas, tais como: fator de crescimento semelhante a insulina (FCSI), fator
de crescimento de transformao (FCT), fator de crescimento de fibroblasto (FCF),
fator de crescimento derivado de plaquetas (FCDP) enquanto outros so sintetizados por
tecidos sseos relacionados (interleucina-1 {IL-1}, fator a de necrose tumoral {FaNT}).
O reparo em defeitos sseos um bom modelo para o estudo da regenerao ssea. Ao
contrrio das fraturas, os defeitos so menos propensos a fatores mecnicos e obstrues
do suprimento sangneo. A cicatrizao do defeito, portanto, foi utilizada em muitas
experincias clssicas tratando-se da influncia de medidas cirrgicas e farmacolgicas
para melhorar a regenerao ssea. Com relao aos pequenos defeitos corticais,
estudos foram dirigidos cicatrizao de orifcios criados com dimetros entre 0,1 e
1,0mm na tbia de coelhos. A formao ssea no interior destes orifcios inicia-se dois
dias aps a leso, sem precedncia de reabsoro osteoclstica, e revelou a dependncia
de tamanho definido. Aps quatro semanas os defeitos esto preenchidos por osso
compacto. Uma simples leso produzida pela perfurao de um orifcio parece ativar
uma seqncia programada de eventos, iniciados pelo preenchimento do defeito por
formao ssea aposicional e depois conduzida a uma integrao estrutural da rea do
defeito por remodelao harversiana. Pequenos defeitos sseos esponjosos revelam um
padro de cicatrizao similar ao da cortical. A cicatrizao tambm ocorre em duas
fases, comeando com formao de osso embrionrio atravessando o defeito e no
interior dos espaos intertrabeculares adjacentes. Numa segunda fase, a remodelao
restaura a arquitetura trabecular (SCHENK; 1996).
-
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O estudo do tecido sseo, tanto do ponto de vista fisiolgico como patolgico,
desenvolveu-se, principalmente, a partir da dcada de 60 (SEDLIN et al., 1963) atravs
da histomorfometria ssea. Alguns dos avanos tecnolgicos que contriburam para esse
desenvolvimento foram:
I) A incluso de amostras sseas em plsticos e o uso de micrtomos de impacto que
permitiram a obteno de cortes finos e uma diferenciao perfeita entre o tecido
mineralizado, no mineralizado (osteide) e clulas sseas (FROST, 1958);
II) A quantificao das vrias estruturas morfolgicas, o que permite estabelecer as
caractersticas do tecido (FROST, 1973).
A histomorfometria ssea utiliza princpios da estereologia, que estuda
estruturas tridimensionais de amostras bidimensionais (DELESSE, 1847; BADDLEY et
al., 1986). Segundo COMPSON et al. (1989), a histomorfometria ssea descreve, de
forma quantitativa, informaes quanto ao crescimento, remodelao e estrutura ssea.
Alm disso, a histomorfometria analisa os componentes da morfologia ssea tais quais:
medidas de volume, rea, permetro, etc. Uma das tcnicas empregadas na leitura
histomorfomtrica o mtodo semi-automtico, que utiliza um microscpio conectado a
um computador e a uma cmera clara ou cmera de vdeo (MALLUCHE et al.,1982).
As imagens histolgicas so desenhadas com auxlio de um cursor sobre placa
digitalizadora (GARRAHAN et al., 1986). A anlise quantitativa das estruturas
observadas, depende do tipo de software empregado, o qual pode permitir tambm o
estudo da microarquitetura do tecido sseo (GARRAHAN et al., 1986; COMPSTON et
al., 1989; MELLISH et al., 1991; PARISIEN et al., 1995). Tal tcnica precisa,
reprodutvel, alm de possibilitar ao operador eliminao de artefatos histolgicos
(GARRAHAN et al., 1986).
Outro avano tecnolgico que contribuiu para o estudo do tecido sseo tanto
em nveis fisiolgicos quanto patolgicos, foi a possibilidade de estudar a formao
ssea atravs do uso de marcadores como por exemplo a Tetraciclina (FROST et al.,
1961). A Tetraciclina tambm um quelante de clcio e incorpora-se no tecido sseo
recm formado especialmente nas regies onde o mineral foi recentemente depositado.
Assim, pode ser facilmente identificado, quando o corte histolgico exposto a luz
ultravioleta. A mineralizao avana em direo borda ssea, em velocidade
proporcional ao ritmo de deposio e maturao de novas camadas de matriz osteide
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18
depositada pelos osteoblastos localizados na borda (MEUNIER, 1973). Dessa forma, ao
administrarmos dois perodos de Tetraciclina com intervalo de dias conhecidos,
podemos observar duas linhas de fluorescncia e calcular sem dvidas, a taxa de
deposio mineral diria (PARFITT et al., 1983).
-
19
Figura 2.2.1. - Fotomicrografia de tecido sseo corada com azul de toluidina. Osteoblastos
(Ob) e Osteide (Ost) recobrindo a parte da superfcie da trabcula ssea (Tr).
Medula (M). 200x (NICOLAU, RA et al.. Fotobioestimulao de Tecido
sseo com Laser de Baixa Potncia. IV FNCTS. 1998).
Tr
Tr
Obr
M
Ostc r
-
20
Figura 2.2.2 - Fotomicrografia de tecido sseo corada com azul de toluidina. Osteoclasto
(Oc) sobre superfcie de reabsoro (lacuna de Howship) (setas ). Trabcula
ssea (Tr). Medula (M). 400x (NICOLAU, RA et al.. Fotobioestimulao
de Tecido sseo com Laser de Baixa Potncia. IV FNCTS. 1998).
M
Oc
Tr
-
21
Figura 2.2.3 - Fotomicrografia de tecido sseo corada com azul de toluidina. Superfcie de
reabsoro (lacuna de Howship) (setas ). Trabcula ssea (Tr). Medula (M).
200x (NICOLAU, RA et al.. Fotobioestimulao de Tecido sseo
com Laser de Baixa Potncia. IV FNCTS. 1998).
M
Tr
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3. Objetivo
-
23
3. Objetivo
Avaliao do efeito do Laser de Baixa Potncia (As-Ga-Al) em tecido sseo de
rato submetido uma injria, analisado por histomorfometria ssea atravs de
microscopia ptica e de fluorescncia.
-
24
4. Mtodos
-
25
4. Mtodos
Neste estudo foram aplicados os princpios ticos da experimentao animal em
conformidade COBEA (Colgio Brasileiro de Experimentao Animal), tendo sido
aprovado pelo Comit de tica em Pesquisa da Univap (Apndice I).
4.1. Animais
Foram utilizados 48 ratos, da raa Wistar, Rattus norvegicus, variao albinus,
com peso mdio de 250 gramas. Os animais tiveram origem no Centro de Zootecnia da
Universidade de So Paulo, os quais passaram por um perodo de sete dias de
ambientao no Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento da Univap em ambiente
climatizado (23 C), alimentados com rao LABINA e gua a vontade. A tabela 4.1
descreve a diviso dos grupos, nmero de animais de cada grupo e cronograma do
estudo
Tabela 4.1 - Diviso do animais em grupos e cronograma do sacrifcio.
GRUPO SUBGRUPOS N. DE ANIMAIS SACRIFCIO APS A CIRURGIA
CONTROLE 5, 15, 25 24 (8 para cada subgrupo) 5, 15, 25 diasIRRADIADO 5,15, 25 24 (8 para cada subgrupo) 5, 15, 25 dias
Os animais foram pesados e a seguir anestesiados com anestsico geral Zoletil
50 (Virbac) na dose de 50,0mg/Kg IM, com seringas de insulina descartveis (Becton
Dickson Indstrias Cirrgicas Ltda). Aps a anestesia, os animais foram submetidos
depilao na regio femural da perna direita. A seguir realizou-se a delimitao da rea
a ser incisionada com lpis dermatogrfico. O traado se fez sobre a pele na regio
lateral de fmur, joelho, tbia e fbula. Com povidine promoveu-se assepsia da regio. A
rea a ser operada foi isolada com TNT (tecido no tecido) fenestrado estril.
4.2. Cirurgia e Medicao
Utilizando-se de bisturi cirrgico descartvel (lmina n 15), realizou-se uma
inciso contnua, sobre o traado com lpis dermatogrfico sobre a pele na regio lateral
-
26
de fmur, joelho, tbia e fbula. Os tecidos subcutneo e muscular foram divulsionados,
com o auxlio de uma tesoura romba (tipo Metzembaum), permitindo acesso ao
peristeo sem rompimento de fibras de tecido muscular. O peristeo foi incisionado e
descolado permitindo assim acesso ao fmur. A visibilidade do tecido sseo foi possvel
por meio de afastadores cirrgicos (retrator gengival - Duflex) que mantiveram tecido
muscular, pele e peristeo afastados do osso durante a perfurao. Realizada a
exposio do tecido sseo foi feita a perfurao, lateralmente epfise distal do fmur;
1,5mm a cima da insero superior da cpsula articular do joelho. A perfurao foi
efetuada com broca cirrgica para osso (1mm), acoplada a um micromotor (405n
Dentec), atingindo peristeo e cortical ssea, removendo cerca de 2mm de profundidade
de substncia esponjosa. A profundidade da broca foi obtida atravs stopers
endodnticos estreis. Aps a perfurao, houve o reposicionamento do tecido muscular
que foi suturado com fio de sutura absorvvel Vycril (Johnson e Johnson 6-0). A pele do
animal foi suturada com fio de seda montado com agulha (Johnson e Johnson 4-0). Cada
procedimento cirrgico acarretou em um tempo mdio de 45 minutos. Foi administrada
Tetraciclina {Terramicina (Pfizer)} na dose de 20mg/Kg IM no dia da cirurgia e 24
horas antes do sacrifcio, com seringas de insulina descartveis (Becton Dickson
Indstrias Cirrgicas Ltda). A tetraciclina foi utilizada como marcador para anlise
histomorfomtrica dinmica (taxa de aposio mineral diria) (PARFITT, 1983).
4.3 Terapia com Laser de Baixa Potncia (TLBP)
Para a realizao da TBLP os animais receberam sedao com 15,0mg/Kg de peso
Zoletil 50 (Virbac), mnima dose capaz de torn-los cooperativos terapia. Estes eram
posicionados em decbito lateral sobre uma plataforma. A TLBP foi realizada no 2, 4, 6
e 8 dia aps a cirurgia seguindo parmetros conforme tabela 4.3.1. Os animais foram
irradiados com laser de As-Ga-Al (660nm) (Dermolaser-HD 2040-Solaris) na pele sobre
a regio lesionada de forma pontual em apenas um ponto (Figura 4.3.1). Os animais
controle receberam o mesmo tipo de manipulao que os animais irradiados, porm com
o laser desligado.
-
27
Tabela 4.3.1 - Protocolo de irradiao com laser de As-Ga-Al.
Parmetros de irradiao valores
Densidade de Energia (dE) 10J/cm2
Potncia 5,0 x 10-3W
Comprimento de Onda 660nm
rea do Feixe 0,08cm2
Distncia da Pele 1cm
Tempo 160 segundos
Figura 4.3.1 - Animal em decbito lateral, sobre plataforma recebendo TLBP. Feixe laser
direcionado perpendicularmente regio femural.
-
28
4.4. Sacrifcio
O sacrifcio dos animais foi realizado cinco, 15 e 25 dias aps a cirurgia (dpc)
com inalao de ter Etlico seguido de deslocamento cervical.
4.5. Tcnica Histolgica
Aps o sacrifcio, o fmur direito de cada animal foi dissecado, conservando-se a
cartilagem de crescimento.
Os fragmentos sseos foram cortados na regio mediana da difise e desgastada
frontalmente na epfise distal, sendo estes submetidos as seguintes etapas de
processamento:
a) Etanol a 70%: permanncia por sete dias;
b) Etanol 100%: permanncia por sete dias;
c) Tolueno: permanncia por um dia;
d) Soluo A (75% de metilmetacrilato e 25% de dibutilftalato): permanncia por sete
dias;
e) Soluo A + 1% de perxido de benzola: permanncia por sete dias;
f) Incluso: A incluso do fragmento foi realizada em uma pr base, ou seja, em um
frasco de vidro de 20ml com tampa, com cerca de 5ml de Soluo A + 2,5% de
Perxido de Benzola, j polimerizada (em estufa 37C). O fragmento foi
adicionado sobre esta pr base com subsequente preenchimento do frasco com
10ml de Soluo A + 2,5% de Perxido de Benzola, ficando desta maneira imerso o
fragmento. O frasco foi levado estufa a 37C por 48 horas para polimerizao da
Soluo A + 2,5% de Perxido de Benzola.
-
29
g) Preparo do Bloco: O frasco de vidro de 20ml no qual foi realizada a incluso, serviu
somente como molde, desta maneira o mesmo foi quebrado (Figura 4.5.1).
Aps a remoo do vidro foi confeccionado um bloco retangular com auxlio
de uma serra. Seguindo de lixamento do mesmo com lixa d'gua e identificao. Neste
momento o bloco estava pronto para a microtomia (Figura 4.5.2).
-
30
A
DC
B
Figura 4.5.1 - A) vista posterior da amostra, B) vista frontal da amostra, C) extremidade distal da
epfise, D) distal lateral da amostra.
Figura 4.5.2 - Bloco preparado para microtomia.
-
31
h) Microtomia: O bloco foi fixado em um micrtomo de impacto (Junk K) com navalha
de Tungstnio. De cada bloco foram obtidos seis cortes histolgicos de 5mm e
quatro cortes histolgicos de 10mm. Os cortes foram colocados em lmina
gelatinadas (#soluo a 2%), esticados com lcool 50% e 100% com pincel.
Aps a microtomia as lminas foram deixadas em estufa 37C por cerca de 12
horas. As lminas com cortes de 5mm de espessura foram coradas com Azul de
Toluidina a 0,1%, e as lminas com 10mm foram montadas em lmina e
lamnula sem colorao.
# Gelatina a 2%:
Gelatina branca (em torno de duas gramas) picada, dissolvida em 100ml de gua
destilada (placa aquecedora).
i) Desplastificao: As lminas foram imersas em metilmetacrilato 100% para
desplastificao dos cortes, durante aproximadamente 20 minutos. Aps a
desplastificao foram desidratadas em Etanol 100% e reidratadas em Etanol
50% e por fim gua destilada;
j) Colorao com Azul de Toluidina (0,1%): As lminas desplastificadas foram coradas
com Azul de Toluidina a 0,1% por cerca de 10 minutos. Aps a colorao as
lminas foram secadas cuidadosamente em leno de papel e passadas em lcool
butlico e clareadas em Tolueno.
Todas as lminas coradas foram avaliadas superficialmente em microscpio
para verificar a necessidade ou no de novos cortes, mediante colorao inadequada ou
presena de artefatos em excesso.
-
32
4.6. Anlise Histomorfomtrica (AH)
Os parmetros histomorfomtricos estudados foram os parmetros estticos e
parmetro dinmico, e seguiram a nomenclatura padronizada pela American Society of
Bone and Mineral Research (PARFITT et al., 1987) traduzida para o portugus, com
exceo das abreviaes.
Parmetros histomorfomtricos estticos:
- Volume trabecular (BV/TV%): volume ocupado pelo osso trabecular, mineralizado
ou no, expresso como porcentagem do volume ocupado pela medula e trabculas.
- Volume osteide (OV/BV%): volume ocupado pelo osso no mineralizado
(osteide), expresso como porcentagem do volume ocupado pelo osso trabecular
(mineralizado e no mineralizado).
- Superfcie osteide (OS/BS%): porcentagem da superfcie trabecular recoberta por
matriz osteide em relao a superfcie trabecular total.
- Superfcie osteoblstica (Ob.S/BS%): porcentagem trabecular, que apresenta
osteoblastos em relao a superfcie trabecular total.
- Superfcie osteoclstica (Oc.S/BS%): percentual da superfcie trabecular, que
apresenta osteoclastos em relao a superfcie trabecular total.
- Superfcie de reabsoro (ES/BS%): percentual da superfcie trabecular que
apresenta lacunas de reabsoro ssea com a presena ou no de osteoclastos.
- Espessura trabecular (ou espessura das traves) {Tb.Th (mmm)}: espessura das
trabculas sseas expressa em micrometro.
- Espessura osteide {O.Th (mmm)}: espessura do rebordo da matriz osteide depositada
nas trabculas sseas, expressa em micrometros.
- Distncia trabecular {Tb.Sp (mmm)}: distncia entre as trabculas sseas, expressa em
micrometros.
- Nmero de trabculas (ou nmero de traves) {Tb.N (/mm)}: nmero de trabculas
sseas, por milmetro de tecido, sendo tambm um ndice que expressa a densidade
trabecular.
-
33
Parmetro histomorfomtrico dinmico:
- Taxa de aposio mineral diria {MAR(mmm/d)}: distncia entre duas marcaes por
tetraciclina dividida pelo intervalo de tempo entre as duas marcaes, expresso em
micrometros por dia.
4.6.1. Anlise Histomorfomtrica (AH) -Parmetros Estticos
As lminas com cortes de 5mm coradas com azul de toluidina tiveram anlise
histomorfomtrica com parmetros estticos (volume osteide, superfcie osteide,
superfcie osteoblstica, espessura osteide, superfcie de reabsoro, superfcie
osteoclstica, volume trabecular, espessura das trabculas sseas, distncia entre as
trabculas sseas, nmero de trabculas sseas). As medidas foram realizadas em 30
campos por lmina, imediatamente um campo (375,4mm2) acima da cartilagem de
crescimento. Este estudo foi realizado com auxlio de microscpio (Nikon, Labophot-
2A) cursor, placa digitalizadora e o programa Osteomeasure (Osteometrics, Inc.)
(GARRAHAN et al., 1986) (Figura 4.6.1.1).
4.6.2. Anlise Histomorfomtrica (AH) -Parmetro Dinmico
As lminas com cortes de 10mm tiveram anlise histomorfomtrica com
parmetro dinmico (taxa de aposio mineral diria), analisadas pela dupla marcao
com tetraciclina presentes no tecido sseo na regio. Foram analisadas cerca de 10
regies com dupla marcao pela tetraciclina, situadas acima da cartilagem de
crescimento (Figura 4.6.1.1). Este estudo foi realizado com microscpio provido de: luz
ultravioleta (Labophot 2A Nikon), placa digitalizadora, programa Osteomeasure
(Osteometrics, Inc.) (GARRAHAN et al., 1986) (Figura 4.6.2.1).
-
34
Figura 4.6.1.1 Representao esquemtica da diartrose entre fmur e tbia. Regio de:perfurao, cartilagem de crescimento e anlise histomorfomtrica.(Modificado: JUNQUEIRA, LC; CARNEIRO, J. Histologia Bsica.Rio de Janeiro: Guanabara Koogan. 1999).
Regio deperfurao
Regio de anlisehistomorfomtrica
Peristeo
Membrana sinovial
Cpsula
Cartilagem articular
Cavidade articular
Osso esponjoso
Osso compacto
Cavidade medular
TBIA
FMUR
Cartilagem de crescimento
-
35
Figura 4.6.2.1- Fotomicrografia de tecido sseo calcificado com 7mm de espessura. Observao
feita sob luz ultravioleta em microscpio de fluorescncia. Osteoblastos (Ob).
Trabcula ssea (Tr). Medula (M). Rgua Micromtrica (Rm) utilizada para
medida entre duas marcaes por tetraciclina no dia da cirurgia {Tetr (i)} e 24
horas antes do sacrifcio {Tetr (f)}. (1260x) (Modificado: MALLUCHE, HH;
FAUGERE, MC. Atlas of Mineralized Bone Histology. New York: Karger.
1986).
Tr
M
Ob
Rm
Tetr (i) Tetr (f)
-
36
4.7. Metodologia Estatstica
Todas as variveis aferidas no estudo foram analisadas com o auxlio do
programa GraphPad Prism. A expresso dos valores est demonstrada em mdia
aritmtica e desvio-padro, submetido ao teste estatstico ANOVA e t-Student e
complementado pelo ps- teste Bonferroni. O nvel de significncia estabelecido foi de
5% (p
-
37
5. Resultados
-
38
5. Resultados
5.1 - ndice de volume trabecular e parmetros estruturais*:
Na comparao entre o grupo controle e irradiado, o volume trabecular nos
animais irradiados cinco dias ps- cirrgico (dpc) foi significativamente (p= 0,0346)
maior que o apresentado pelos animais controle (Tabela 5.1, Grfico 5.1.1 e Figura
5.1.1 e 5.1.2). A distncia entre as trabculas sseas dos animais do grupo controle
cinco e 15 dpc foi maior (p=0,0586) que a observada nos animais do grupo irradiado.
Os grupos controle e irradiados apresentam uma curva com mesma tendncia,
onde os valores para 25 dpc so semelhantes para todos os ndices estruturais e de
volume trabecular (Tabela 5.1 e Grfico 5.1.1, 5.1.2, 5.1.3 e 5.1.4). Para ambos os
grupos a espessura trabacular aumentou significativamente (p
-
1Tabela 5.1 -Anlise histomorfomtrica do volume trabecular e dos parmetros estruturais dos grupos irradiados e controle.
Grupo Controle Grupo Irradiado
dpc BV/TV(%) Tb.Th(mmm) Tb.Sp(mmm) Tb.N(/mm) dpc BV/TV(%) Tb.Th(mmm) Tb.Sp(mmm) Tb.N(/mm)
5 (n=7) 30,5 1,7 48,6 2,6 112,1 6,6 6,3 0,3 5 (n=8) 35,6 1,4# 54,5 1,7 99,4 4,9 6,6 0,215 (n=7) 33,0 5,1 48,9 1,0 101,9 8,0 6,8 0,4 a 15 (n=8) 38,6 1,9 51,6 2,3 83,2 4,8 7,5 0,3 a
25 (n=7) 38,9 1,6 b 65,3 2,9 e f 104,2 6,4 6,0 0,3 25 (n=8) 38,0 1,0 61,3 2,5 c 102,9 4,3 c 6,1 0,2 c
BV/TV(%)- Volume trabecular; Tb.Th(mm)- Espessura das trabculas sseas; Tb.Sp- Distncia entre as trabculas sseas; Tb.N(/mm)- Nmero de trabculas sseas.# p < 0,05 ou p < 0,01, nvel de significncia estatstica na comparao entre os grupos controle e irradiado. Nvel de significncia entre os tempos experimentais,p < 0,05: a (5 vs 15 dpc), b: (5 vs 25 dpc), c (15 vs 25 dpc), p < 0,01: d (5 vs 15 dpc), e: (5 vs 25 dpc), f (15 vs 25 dpc).
-
125
30
35
40
45
50
0 5 10 15 20 25 30dias ps-cirurgia
Vol
ume
trabe
cula
r (%
)
controle
irradiado
40
50
60
70
80
0 5 10 15 20 25 30dias ps- cirurgia
Esp
essu
ra tr
abec
ular
(m
m)
controle
irradiado
70
80
90
100
110
120
130
0 5 10 15 20 25 30
dias ps- cirurgia
Dis
tnc
ia tr
abec
ular
(m) controle
irradiado
Grfico 5.1.2 Espessura trabecular (Tb.Th) em reasprximas injria ssea, dos animais controles e irradiadosnos diferentes dias ps-cirurgia. Cada ponto representa amdia e o desvio padro de um grupo experimental (n=7-8)
Grfico 5.1.1 Volume trabecular (BV/TV) em reas prximas injria ssea, dos animais controles e irradiados nos diferentesdias ps-cirurgia. Cada ponto representa a mdia e o desviopadro de um grupo experimental (n=7-8)
Grfico 5.1.3 Distncia trabecular (Tb.Sp) em reasprximas injria ssea, dos animais controles e irradiadosnos diferentes dias ps-cirurgia. Cada ponto representa amdia e o desvio padro de um grupo experimental (n=7-8).
Grfico 5.1.4 Numero de trabculas (Tb.N) em reasprximas injria ssea dos animais controles e irradiados nosdiferentes dias ps-cirurgia. Cada ponto representa a mdia e odesvio padro de um grupo experimental (n=7-8).
4
5
6
7
8
9
10
0 5 10 15 20 25 30
dias ps- cirurgia
Nm
ero
de tr
abc
ulas
(/m
m) controle
irradiado
-
2
Figura 5.1.1 Regio de anlise histomorfomtrica da lmina n 914-3 de um animal do grupocontrole 5 dias ps-cirurgia. As medidas foram realizadas em 30 campos, umcampo (375,4mm2) acima da cartilagem de crescimento.
Figura 5.1.2 Regio de anlise histomorfomtrica da lmina n 929-1 de um animal do grupoirradiado 5 dias ps-cirurgia. As medidas foram realizadas em 30 campos, umcampo (375,4mm2) acima da cartilagem de crescimento.
-
35.2 - ndices de formao ssea*:
Os grupos controle e irradiados apresentam uma curva com mesma tendncia,
decrescente e significativa (p
-
1Tabela 5.2.1 - Anlise histomorfomtrica dos ndices de formao ssea.
Grupo Controle Grupo Irradiado
dpc OV/BV(%) OS/BS(%) Ob.S/BS(%) O.Th(mmm) dpc OV/BV(%) OS/BS(%) Ob.S/BS(%) O.Th(mmm)
5 (n=7) 0,3 0,1 16,7 2,1 10,1 1,1 1,0 0,1 5 (n=8) 0,5 0,1 25,1 3,8 14,0 2.0 1,2 0,115 (n=7) 0,4 0,05 15,2 1,8 8,7 0,5 1,2 0,1 15 (n=8) 0,7 0,2 19,4 1,4 12,7 0,6 1,6 0,425 (n=7) 0,01 0,01 e f 1,1 0,4 e f 0,5 0,2 e f 0,7 0,1 e 25 (n=8) 0,1 0,01# b f 2,8 0,8 e f 1,3 0,4 e f 1,1 0,2
OV/BV(%)- Volume osteide; OS/BS(%)- Superfcie osteide; Ob.S/BS(%) - Superfcie osteoblstica; O.Th(mm)- Espessura osteide# p < 0,05 ou p < 0,01, nvel de significncia estatstica na comparao entre os grupos controle e irradiado. Nvel de significncia entre os tempos experimentais,p < 0,05: a (5 vs 15 dpc), b: (5 vs 25 dpc), c (15 vs 25 dpc), p < 0,01: d (5 vs 15 dpc), e: (5 vs 25 dpc), f (15 vs 25 dpc).
-
2Tabela 5.2.2 - Anlise histomorfomtrica da taxa de aposio mineral diria.
Grupo Controle Grupo Irradiado
dpc MAR(mmm/d) dpc MAR(mmm/d)
15 (n=7) 0,48 0,05 15 (n=8) 0,82 0,16
25 (n=7) 0,26 0,05 f 25 (n=8) 0,38 0,06 f
MAR(mm/d): taxa de aposio mineral# p < 0,05 ou p < 0,01, nvel de significncia estatstica na comparao entre os grupos controle e irradiado. Nvel de significncia entre os tempos experimentais,p < 0,05: c (15 vs 25 dpc), p < 0,01: f (15 vs 25 dpc).
-
10
3
6
9
12
15
18
0 5 10 15 20 25 30dias ps-cirurgia
Sup
erfc
ie o
steo
bls
tica
(%)
controle
irradiado
0
0.4
0.8
1.2
1.6
2
2.4
0 5 10 15 20 25 30dias ps-cirurgia
Esp
essu
ra o
ste
ide
(mm
) controle
irradiado
Grfico 5.2.1 Volume osteide (OV/BV) em reasprximas injria ssea, dos animais controles eirradiados nos diferentes dias ps-cirurgia. Cada pontorepresenta a mdia e o desvio padro de um grupoexperimental (n=7-8).
Grfico 5.2.2 Superfcie osteide (OS/BS) em reasprximas injria ssea, dos animais controles e irradiadosnos diferentes dias ps-cirurgia. Cada ponto representa amdia e o desvio padro de um grupo experimental (n=7-8).
Grfico 5.2.3 Superfcie osteoblstica (Ob.S/BS) em reasprximas injria ssea, dos animais controles e irradiadosnos diferentes dias ps-cirurgia. Cada ponto representa amdia e o desvio padro de um grupo experimental (n=7-8).
Grfico 5.2.4 Espessura osteide (O. Th) em reasprximas injria ssea, dos animais controles e irradiadosnos diferentes dias ps-cirurgia. Cada ponto representa amdia e o desvio padro de um grupo experimental (n=7-8).
0.01
0.1
1
0 5 10 15 20 25 30dias ps-cirurgia
Volum
e os
teide
(%)
controle
irradiado
0
5
10
15
20
25
30
35
0 5 10 15 20 25 30dias ps- cirurgia
Sup
erfc
ie o
ste
ide
(%)
controle
irradiado
-
25.3 - ndices de reabsoro*:
Os ndices que avaliam a reabsoro ssea, ou seja, a superfcie de reabsoro e
a superfcie osteoclstica (Figura 5.3.1) foram mais elevados no grupo irradiado cinco
dpc, porm somente a superfcie osteoclstica foi significativamente (p=0,0492) maior
que o grupo controle (Tabelas 5.3 e Grfico 5.3.1 e 5.3.2).
Nos animais irradiados 15 dpc no foram observadas diferenas em relao ao
controle, no entanto com 25 dpc tanto a superfcie de reabsoro (p= 0,0032) quanto a
superfcie osteoclstica (p=0,0028) foram significativamente maiores que nos controles
(Tabelas 5.3 e Grfico 5.3.1 e 5.3.2).
No grupo irradiado a reabsoro reduz significativamente (p
-
1Tabela 5.3 - Anlise histomorfomtrica dos ndices de reabsoro ssea.
Grupo Controle Grupo Irradiado
Dpc ES/BS(%) Oc.S/BS(%) dpc ES/BS(%) Oc.S/BS(%)
5 (n=7) 8,9 0,9 7,4 0,7 5 (n=8) 14,2 2,2 12,2 1,9 #
15 (n=7) 8,6 1,0 6,4 0,8 15 (n=8) 7,8 0,9 a 5,9 0,8 d
25 (n=7) 4,0 0,4 e f 3,3 0,4 e f 25 (n=8) 8,7 1,1 7,5 1,0
ES/BS(%)- Superfcie de reabsoro; Oc.S/BS(%)- Superfcie osteoclstica# p < 0,05 ou p < 0,01, nvel de significncia estatstica na comparao entre os grupos controle e irradiado. Nvel de significncia entre os tempos experimentais, p < 0,05: a (5 vs 15 dpc), b: (5 vs 25 dpc), c (15 vs 25 dpc), p < 0,01: d (5 vs 15 dpc), e: (5 vs 25 dpc), f (15 vs 25 dpc).
-
1Grfico 5.3.1 Superfcie de reabsoro (Oc.S/BS) em reasprximas injria ssea, dos animais controles e irradiados nosdiferentes dias ps-cirurgia. Cada ponto representa a mdia e odesvio padro de um grupo experimental (n=7-8).
Grfico 5.3.1 Superfcie osteoclstica (ES/BS) em reasprximas injria ssea, dos animais controles e irradiados nosdiferentes dias ps-cirurgia. Cada ponto representa a mdia e odesvio padro de um grupo experimental (n=7-8).
2
5
8
11
14
17
20
0 5 10 15 20 25 30dias ps- cirurgia
Sup
erfc
ie d
e re
abso
ro
(%
)
controle
irradiado
2
5
8
11
14
0 5 10 15 20 25 30dias ps- cirurgia
Supe
rfci
e os
teoc
lst
ica
(%) controle
irradiado
-
26. Discusso
-
36. Discusso
O uso de ratos em estudos experimentais clssico pela sua facilidade de
manuseio e baixo custo. A utilizao de ratos para estudo da remodelao ssea tambm
freqente, uma vez que as respostas do tecido sseo destes mamferos s injrias se
assemelham as encontradas em humanos (GOUVEIA, 1996; SCHENK, 1996). Foram
utilizados ratos machos adultos jovens em fase de crescimento, para evitar a
interferncia de fatores como climatrio e idade. Optou-se por analisar na histologia
uma regio do fmur composta predominantemente por osso trabecular, pois trata-se de
osso metabolicamente mais ativo que o osso cortical, e, portanto, mais susceptvel
ao de estmulos (PARFITT et al., 1987).
Na literatura, observa-se uma grande variao de protocolos nos estudos In Vivo,
quanto ao tipo de laser utilizado, a dosimetria e metodologias de irradiao empregadas,
dificultando a comparao entre os mesmos (TAKEDA, 1988; OLIVEIRA, 1992;
BARUSHKA et al., 1995; LUGER et al., 1998).
Dos poucos estudos sobre a TLBP aplicada ao tecido sseo, a maioria no
utilizou mtodos quantitativos de anlise (GARCIA et al., 1996; HERNNDEZ et al.,
1997) ou ento avaliaram a rea contralateral irradiada como controle (DAVID, et al.,
1996). Este procedimento contra-indicado devido a relatos de efeito sistmico da
TLBP (SARTI et al., 1995; MESTER e MESTER, 1989).
DRTBUDK, HAAS e MAILATH-POKORNY (2000), relatam que o laser de
As-Ga-Al emitindo radiao em 660nm eficiente na estimulao de clulas sseas In
Vitro. Apesar dos cuidados que se deve ter para extrapolar resultados In Vitro para In
Vivo, este trabalho serviu de base para os estudos In Vivo realizados no presente estudo.
DAVID et al. (1996), contrariando achados de TRELLES e MAYAYO (1987),
verificaram que o laser de He-Ne com doses de energia de 2 e 4J/cm2, no causava
efeito estimulatrio no processo de reparao de fraturas sseas em ratos. Os autores
utilizaram ambas as tbias do mesmo animal, sendo uma controle e a outra irradiada.
Esta metodologia utilizando rea contralateral como controle, pode ter levado ao
resultado ineficaz da TLBP obtido pelos autores, justificado pelo provvel efeito
sistmico gerado por esta terapia (RIGAU, 1996).
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4 Uma segunda proposta utilizando doses de energia mais elevadas foi relatada por
FREITAS, BARANAUSKAS e CRUZ-HFLING (2000) e LUGER et al. (1998),
utilizando 31,5J/cm2 e 63J/cm2, respectivamente, para modular processos de reparao
de fratura. Os autores verificaram o incremento do nmero de osteoblastos e fibras
colgenas em reas de reparao e acelerao da reparao ssea. A dosimetria
empregada no presente trabalho baseou-se nos estudos de NEIBURGER (1995) e RIGAU
(1996), cuja densidade de energia foi da ordem de 10J/cm2, considerada eficiente para
reparao de tecidos.
O estudo da velocidade de aposio mineral (parmetro dinmico da
histomorfometria) foi descrito por SAITO e SHIMIZU (1997), atravs do qual
observaram maior aposio mineral em animais irradiados com As-Ga-Al em
comparao aos controles, durante disjuno palatina. Neste trabalho, utilizando o
mesmo tipo de laser, nos valemos tambm da histomorfometria para anlise do tecido
sseo, pois esta tcnica permite uma anlise quantitativa dos parmetros de formao,
reabsoro e estruturais, favorecendo a compreenso do processo de remodelao ssea
normal e modulada pela TLBP. A padronizao da leso (profundidade, largura e local
de perfurao) e da leitura histomorfomtrica, permitiu avaliar o processo de
remodelao ssea entre a cartilagem de crescimento e a regio de injria.
BARUSHKA, YAAKOBI e ORON (1995) obtiveram um volume trabecular
superior em animais controles comparados a irradiados. No entanto, OLIVEIRA (1992)
observou aumento no volume trabecular em alvolos em processo de reparao aps
irradiao com laser de As-Ga evidente em seis dias ps- cirurgia. Resultados
semelhantes aos de OLIVEIRA foram encontrados neste trabalho, no qual o volume
trabecular do grupo irradiado foi superior ao do controle aps cinco dias ps-cirurgia.
Coerente com estes resultados observamos que a distncia entre as trabculas sseas do
grupo irradiado foi menor do que o grupo controle nesse mesmo perodo ps-cirurgia.
Os resultados de nosso estudo demonstraram uma formao ssea superior nos
animais irradiados (Tabelas 5.2.1 e 5.2.2 e Grfico 5.2.1, 5.2.2, 5.2.3 e 5.2.4). Este
resultado concordante com os obtidos por BARUSKA, YAAKOBI e ORON (1995),
que avaliaram a atividade osteoblstica atravs dos nveis de fosfatase alcalina,
verificando elevao da fosfatase alcalina nos animais irradiados e portanto maior
atividade osteoblstica.
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5YAAKOBI, MALTZ e ORON (1996), avaliaram a atividade osteoblstica
atravs da anlise da concentrao local de fosfatase alcalina. Os autores observaram
que a atividade osteoblstica reduziu-se, com o passar do tempo ps- cirurgia, nos
animais controles e irradiados, sendo menos acentuada nestes ltimos. Os mesmos
autores utilizando como marcador o 45CaCl2 (clcio radioativo) observaram que a
aposio mineral nos animais irradiados foi cerca de 50% maior quando comparados
aos controles 15 dias ps-cirurgia. A concentrao mineral reduziu-se aos 28 dias para
nveis prximos dos controles, porm ainda superiores aos dos animais irradiados,
demonstrando com isso que alm do estmulo da atividade osteoblstica houve maior
aposio mineral. Outro estudo analisando a estrutura mineral foi realizado por
SATHAIAH, NICOLAU e ZNGARO (1999), que utilizando a tcnica de
Espectroscopia Raman observaram maior quantidade de hidroxiapatita de clcio nos
animais irradiados quando comparados aos controles aps 15 dias. Segundo os autores o
aumento da concentrao de hidroxiapatita de clcio pode ter ocorrido em decorrncia
do aumento da atividade osteoblstica (aumento da formao de matriz orgnica)
promovido pela TLBP. Os resultados obtidos pelos autores corroboram nossos achados,
visto que a superfcie osteoblstica nos animais irradiados era significativamente maior
que nos controles. Da mesma forma verificamos que a taxa de aposio mineral do
grupo irradiado foi maior que o do controle neste mesmo perodo. Este ndice sofreu um
decrscimo em funo do tempo para ambos os grupos, porm sempre foi superior nos
animais irradiados.
FREITAS, BARANAUSKAS e CRUZ-HFLING (2000), estudando fraturas
sseas submetidas irradiao, atravs de microscopia eletrnica de varredura,
verificaram que os animais irradiados 15 dias aps a fratura, apresentavam intensa
proliferao de osteoblastos e reparo mais rpido das fraturas quando comparados aos
controles. Em nosso estudo verificamos que o volume osteide foi mais elevado nos
animais irradiados em 25 dpc em relao ao controle. Provavelmente, a superioridade
deste ndice de formao (volume osteide) nos animais irradiados tenha ocorrido
devido a maior quantidade de osteoblastos (superfcie osteoblstica), verificada em 15
dias nestes animais. Esta elevao da atividade osteoblstica modulada pela TLBP foi
descrita por KUSAKARI et al. (1992) o qual reportou a estimulao de DNA, sntese de
protenas e fosfatase alcalina em cultura de clulas osteoblsticas (UMR 106) irradiadas.
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6De forma semelhante OZAWA et al. (1998) observaram estimulao na proliferao de
osteoblastos aps irradiao, verificada pela anlise do nmero de mitoses e nveis de
fosfatase alcalina.
Segundo ZAIDI et al. (1993) o osteoblasto a principal clula envolvida na
ativao hormonal dos osteoclastos, sendo estes ativados por um mecanismo
dependente principalmente de substncias solveis liberadas pelos osteoblastos.
Conforme descrito, neste trabalho verificou-se que a superfcie osteoblstica nos
animais irradiados foi significativamente superior a dos controles em 15 dias, desta
forma pode-se justificar a maior superfcie osteoclstica e superfcie de reabsoro em
25 dias nos animais irradiados. No grupo irradiado a superfcie osteoclstica em cinco
dias tambm foi significativamente maior do que o controle, demonstrando a provvel
ao estimuladora da TLBP sobre osteoclastos em perodos iniciais de reparao. A
elevao deste ndice pode justificar a presena de uma maior superfcie de reabsoro,
a qual resultado da ao dos osteoclastos.
Nos animais irradiados, verificamos que os ndices de reabsoro reduzem em
funo do tempo de cinco para 15 dias, porm permanecem estveis em 25 dias. No
grupo controle esta reduo da reabsoro ocorre somente em 25 dias (Tabela 5.3 e
Grfico 5.3.1 e 5.3.2). Analisando-se a superioridade da atividade osteoblstica em 15
dias nos animais irradiados e consequente aumento do volume osteide (matriz ssea)
em 25 dias, provavelmente os osteoblastos tenham estimulados a elevao dos nveis de
reabsoro, de forma a manter a remodelao ssea em nveis de normalidade. Estes
resultados so embasados pela fisiologia ssea, pois segundo HENTUNEN et al.
(1994), da matriz ssea liberada uma protena que estimula formao de osteoclastos
de forma dose dependente.
No foram observadas diferenas significativas quanto a superfcie osteoclstica e
superfcie de reabsoro em 15 dias entre os grupos irradiado e controle (Tabela 5.3 e
Grfico 5.3.1 e 5.3.2). Estes dados no so corroborados pelos resultados obtidos por
BARUSHKA, YAAKOBI e ORON (1995), os quais verificaram que nos animais
irradiados havia maior nvel de fosfatase cida em 15 dias ps- cirurgia.
A relativa superioridade de reabsoro ssea ocorrida nos animais irradiados em
relao aos controles, verificada neste trabalho pode ter sido gerada devido a
estimulao da liberao de prostaglandina E2 (ZAIDI et al., 1993), promovida pela
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7TLBP, estimulao esta verificada por TRELLES e MAYAYO (1987). Estes resultados
demonstraram uma remodelao ssea acentuada, sugerindo a existncia de estimulao
do processo de reparao ssea (NAGASAWA et al.,1991), uma vez que a estimulao
da remodelao ssea em reas vizinhas a reparao, proporciona um ambiente
favorvel a esta.
O aumento da remodelao ssea verificada neste trabalho, vai de encontro a
resultados obtidos em exp