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ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA WANDERLEY MONTEAGUDO RASGA JUNIOR ASSUNTOS CIVIS: Realidade, desafios e perspectivas Rio de Janeiro 2012

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ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA

WANDERLEY MONTEAGUDO RASGA JUNIOR

ASSUNTOS CIVIS:

Realidade, desafios e perspectivas

Rio de Janeiro 2012

WANDERLEY MONTEAGUDO RASGA JUNIOR

ASSUNTOS CIVIS:

Realidade, desafios e perspectivas

Trabalho de Conclusão de Curso – Monografia apresentada ao Departamento de Estudos da Escola Superior de Guerra como requisito à obtenção do diploma do Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia. ORIENTADOR: Prof Adj José Amaral Argolo

Rio de Janeiro 2012

C2012 ESG

Este trabalho, nos termos da legislação que resguarda os direitos autorais, é considerado propriedade da ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA (ESG). É permitido a transcrição parcial de textos do trabalho, ou mencioná-los, para comentários e citações, desde que sem propósitos comerciais e que seja feita a referência bibliográfica completa. Os conceitos expressos neste trabalho são de responsabilidade do autor e não expressam qualquer orientação institucional da ESG.

________________________________

Wanderley Monteagudo Rasga Junior

Biblioteca General Cordeiro de Farias

Rasga Junior, Wanderley Monteagudo Assuntos Civis: Realidade, desafios e perspectivas / Wanderley

Monteagudo Rasga Junior. - Rio de Janeiro : ESG, 2012.

64 f.: il.

Orientador: Prof Adj José Amaral Argolo Trabalho de Conclusão de Curso – Monografia apresentada ao

Departamento de Estudos da Escola Superior de Guerra como requisito à obtenção do diploma do Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia (CAEPE), ano.

1. Operações de Assuntos Civis. 2. Defesa Civil. 3. Forças Armadas. I.Título.

A minha família, que

contribuiu com incentivos durante as

minhas atividades desenvolvidas na ESG,

e, em especial, a minha esposa Bianca,

pela compreensão nos

momentos de minha ausência.

AGRADECIMENTOS

Ao Corpo Permanente da ESG e aos demais professores e palestrantes do

CAEPE 2012, pela contribuição valiosa no meu aprendizado, permitindo-me

compreender a realidade e fazer uma avaliação mais profunda da conjuntura

de nosso país.

Aos colegas da Turma PROANTAR (CAEPE 2012), pela amizade e pelo

convívio harmonioso durante todos os momentos.

Ao meu orientador, Prof Adj José Amaral Argolo, pelas orientações objetivas na

elaboração deste trabalho.

É preciso conhecer o passado, para entendermos o presente e projetarmos o futuro. Prof. Expedito Bastos

RESUMO

As atividades de Assuntos Civis são todas aquelas atividades referentes ao

relacionamento do comandante e dos demais componentes da força legal com as

autoridades civis e a população da área ou território sob controle da força. Países

como os Estados Unidos têm uma doutrina sobre Assuntos Civis bem desenvolvida,

que pode servir de modelo para outros países. A participação da Força Terrestre na

garantia da lei da ordem tem se intensificado nos últimos anos, devido à situação

sócio-econômica do País e pela crise dos órgãos de segurança pública. Essa

participação tem sido feita, na maioria das vezes, para auxiliar a Defesa Civil no

gerenciamento de crises provocadas por desastres naturais no País e também nas

missões de paz das Nações Unidas, como no Haiti. O emprego da tropa federal está

amparado pela Constituição do Brasil de 1988 e por vasta legislação em vigor.

Nessas participações têm-se notado a necessidade de utilização de especialistas

sobre Assuntos Civis. No presente trabalho o autor disserta sobre o emprego das

atividades de Assuntos Civis nas operações de guerra e não guerra. Descrevem-se

o desenvolvimento das atividades de Assuntos Civis realizadas por Caxias, nas

revoltas internas do século XIX, as experiências sobre Assuntos Civis dos Estados

Unidos, os fatores que poderão gerar possíveis crises com os diversos públicos

envolvidos e como está organizada a doutrina brasileira sobre o assunto. Por fim,

conclui-se propondo algumas sugestões sobre as atividades de Assuntos Civis das

Forças Armadas por ocasião do emprego dual da tropa em todo espectro de

possibilidades.

Palavras-chave: Assuntos Civis; Operações Militares.

ABSTRACT

The activities of Civil Affairs are all those activities regarding the commander's

relationship and of the other components of the government force with the civil

authorities and the population of the area or territory under control of the force.

Countries as the United States have a Civil Affairs doctrine well developed, that can

serve as a model for other countries. The participation of the Terrestrial Force in the

guarantee of the law and order, has intensified in the last years, due to the

socioeconomic situation of the Country and for the crisis of the public security

organs. That participation has been made, most of the time, to augment the civil

defense during natural disasters and during United Nations Peaces Missions in Haiti.

The job of the federal troop is aided by the Constitution of Brazil 1988 and for vast

legislation in energy. In those participations they have been noticing the need of

specialists' use on civil affairs. In the present work the author lectures on the job of

the civil affairs activities in the operations to guarantee the law and order. They are

described the development of the activities of Civil Affairs accomplished by Caxias, in

the internal revolts, the experiences on Civil Affairs of the United States, the factors

that can generate possible crises with the several involved publics and as the

Brazilian doctrine is organized on the subject. Finally, was concluded proposing

some suggestions about the activities of Civil Affairs of the Armed Forces for

occasion of the job of the troop in multiple purpose employment.

Keywords: Civil Affairs; Military Operations.

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Comandos continentais norte-americanos.......................................... 35 Figura 2 – Situações emergenciais sazonais....................................................... 40 Figura 3 – Comandos Militares de Área do Exército Brasileiro............................ 41

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ACISO Ações Cívico Sociais

ACM Ação Civil Militar

Adj Adjunto

Agpt Agrupamento

AJP-9 Manual de CIMIC

ANA Agência Nacional de Águas

Ap Log Apoio Logístico

ARE Área de Reunião de Evacuados

Art Artigo

As Civ Assuntos Civis

Bda Brigada

BE Boletim do Exército

BRABATT Brazilian Battalion

BRAENGCOY Companhia de Engenharia de Força de Paz Haiti

CA Civil Affairs

CACOM Civil Affairs Command

CAEPE Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia

CAT Civil Affairs Team

CCE Centro de Controle de Evacuados

CF Constituição Federal

CFN Corpo de Fuzileiros Navais

CGCFN Comando Geral do Corpo de Fuzileiros Navais

CIMIC Civil-Military Cooperation

CMA Comando Militar da Amazônia

CMilA Comando Militar de Área

CML Comando Militar do Leste

CMNE Comando Militar do Oeste

CMO Civil Military Operation

CMO Comando Militar do Oeste

CMOC Civil-Military Operations Center

CMP Comando Militar do Planalto

CMS Comando Militar do Sul

CMSE Comando Militar do Sudeste

COAC Centro de Operações de Assuntos Civis

Com Soc Comunicação Social

COTER Comando de Operações Terrestres

CPTEC Aviso Meteorológico

CS Conselho de Segurança

Ct Op Controle Operacional

DE Divisão de Exército

DIRDN Década Internacional para Redução dos Desastres Naturais

DN Distrito Naval

DPKO Departamento de Operações de Manutenção de Paz

DSH Department of Homeland Security

EB Exército Brasileiro

ECEME Escola de Comando e Estado-Maior do Exército

EGN Escola de Guerra Naval

Elm Anf Elemento Anfíbio

EMD Estado-Maior de Defesa

EMCFA Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas

EME Estado-Maior do Exército

END Estratégia Nacional de Defesa

Eqp Equipe

ESF Emergency Support Functions

ESG Escola Superior de Guerra

EUA Estados Unidos da América

FA Força(s) Armada(s)

FAB Força Aérea Brasileira

FAC Força Aérea Componente

FCO Federal Coordinating Officer

FEMA Federal Emergency Management Agency

FNC Força Naval Componente

FT Força Tarefa

FTC Força Terrestre Componente

F Ter Força Terrestre

FUNCAP Fundo Especial para Calamidades Públicas

G9 Oficial/Seção de Assuntos Civis

GCDA Programa de Gestão e Controle da Distribuição de Água

GCmdoOpFTer Grande Comando Operacional da Força Terrestre

GEACAP Grupo Especial para Assuntos de Calamidades Públicas

GLO Garanta da Lei e da Ordem

GptOpFuzNav Grupamento Operativo de Fuzileiros Navais

GSI Gabinete de Segurança Institucional da Presidência República

IEM Informações Estratégicas Militares

IG Instruções Gerais

IP Instrução Provisória

ISF Forças de Segurança do Iraque

Intlg Inteligência

HE Hipótese de Emprego

IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais

Renováveis

MB Marinha do Brasil

MC Manual de Campanha

MCDU Unidade de Defesa Civil Militar

MCT Ministério da Ciência e Tecnologia

MD Ministério da Defesa

ME Manual Escolar

MIF Força Multinacional Interina

MF Ministério da Fazenda

MIN Ministério da Integração Nacional

MINUSTAH Missão das Nações Unidas para a Estabilização no Haiti

MJ Ministério da Justiça

MPOG Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão

MRE Ministério das Relações Exteriores

OCHA Gabinete da ONU para coordenação de ajuda humanitária

OEA Organização dos Estados Americanos

OG Organizações Governamentais

OM Organização Militar

ONG Organizações Não Governamentais

ONU Organização das Nações Unidas

Op Psc Operações Psicológicas

OTAN Organização do Tratado do Atlântico Norte

PDN Política de Defesa Nacional

Pel Pelotão

PKF Força de Manutenção de Paz

PNDC Política Nacional de Defesa Civil

PNDEC Política Nacional de Proteção e Defesa Civil

PNGR Planejamento Nacional para Gestão de Riscos

PPCDAM Programa de Prevenção Controle ao Desmatamento na

Amazônia Legal

PROANTAR Programa Antártico Brasileiro

QCP Quadro de Cargos Previstos

REDEC Coordenadorias Regionais de Defesa Civil

SEDEC Secretaria Nacional de Defesa Civil

SINPDEC Sistema Nacional de Proteção e Defesa Civil

RM Região Militar

SE Seção de Emprego

SIPLEX Sistema de Planejamento Estratégico do Exército

SU Subunidade

TO Teatro de Operações

TOT Teatro de Operações Terrestres

TOM Teatro de Operações Marítimo

TV Televisão

UNDP Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas

UNITAF Força-Tarefa Unificada

USACAPOC United States Army Civil Affairs and Psychological Operations

Command

USASOC United States Army Special Operations Command

USAFRICOM The United States Africa Command

USAR The United States Army Reserve

USCENTCOM The United States Central Command

USEUCOM The United States European Command

USMCA The United States Marine Corps

USPACOM The United States Pacific Command

USSOUTHCOM The United States Southern Command

WHINSEC Western Hemisphere Institute for Security Cooperation

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO....................................................................................... 16

2 OPERAÇÕES DE ASSUNTOS CIVIS NAS FORÇAS ARMADAS

DOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA..............................................

20

2.1 HISTÓRICO........................................................................................... 20

2.2 DOUTRINA............................................................................................ 21

2.3 TAREFAS FUNDAMENTAIS........................................................... 22

2.3.1 Controle de População e Recursos................................................... 22

2.3.2 Ajuda Humanitária no Estrangeiro........................................... 22

2.3.3

2.3.4

2.3.5

2.4

2.5

2.5.1

2.5.2

2.6

2.6.1

2.6.2

2.6.3

2.6.4

2.7

2.7.1

2.7.2

2.7.3

2.7.4

2.7.5

2.7.6

2.7.7

2.7.8

Administração da Informação Civil...............................................

Assistência à Nação.......................................................................

Apoio à Administração Civil..........................................................

APOIO ÀS OPERAÇÕES ESPECIAIS.............................................

ORGANIZAÇÃO, FUNÇÕES E CAPACIDADES...............................

Força de Assuntos Civis................................................................

Centro de Operações Civil-Militar.................................................

DEFESA CIVIL.................................................................................

Histórico.........................................................................................

Forma de Emprego.........................................................................

Estrutura.........................................................................................

Furacão Katrina..............................................................................

CASOS REAIS............................................................. ....................

Operação Fúria Urgente em Granada............................................

Operação no Panamá.....................................................................

Operação na Somália.....................................................................

Operação no Haiti...........................................................................

Operação em Kosovo.....................................................................

Operação no Afeganistão..............................................................

Operação no Iraque.......................................................................

Considerações Finais....................................................................

22

23

23

24

24

25

25

26

26

27

28

30

30

31

32

32

33

36

36

37

38

3 CONTEXTO BRASILEIRO.................................................................... 40

3.1

3.2

HISTÓRICO...........................................................................................

DOUTRINA............................................................................................

40

42

3.3

3.3.1

3.3.2

3.3.2.1

3.3.2.2

3.3.2.3

3.3.2.4

3.4

ORGANIZAÇÃO....................................................................................

Comando de Assuntos Civis..............................................................

Organizações de Assuntos Civis.......................................................

Batalhão de Assuntos Civis...................................................................

Companhia de Assuntos Civis...............................................................

Pelotão de Assuntos Civis.....................................................................

Equipes de Assuntos Civis.....................................................................

SISTEMA NACIONAL DE PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL (SINPDEC).

44

44

45

45

45

46

46

46

3.5 OPERAÇÕES SUBSIDIÁRIAS E CASOS REAIS................................. 49

3.5.1 Socorro e Assistência a Desabrigados.............................................. 50

3.5.2 Operação Pipa...................................................................................... 51

3.5.3 Combate a Incêndios Florestais......................................................... 51

3.5.4 Apoio no Combate a Delitos Ambientais........................................... 52

3.5.5 Ações Sociais...................................................................................... 52

3.5.6 Campanhas de Saúde e Controle de Epidemias............................... 52

3.5.7 Operação Serrana 2011....................................................................... 53

3.5.8 Participação Brasileira do Haiti.......................................................... 54

3.5.9 Estrutura Atual de Coordenação das Atividades Subsidiárias no

Exército Brasileiro...............................................................................

55

3.6 POSSIBILIDADES FUTURAS............................................................... 57

4 CONCLUSÃO....................................................................................... 59

REFERÊNCIAS..................................................................................... 62

16

1 INTRODUÇÃO

As Operações de Assuntos Civis são um conjunto de atividades referentes ao

relacionamento do comandante e dos demais componentes de uma organização ou

força militar com as autoridades civis e a população da área ou território, sob a

responsabilidade ou jurisdição do comandante desta organização ou força.

Compreendem comunicação social, ação comunitária e assuntos de governo.

(BRASIL, 2007)

No Brasil, o primeiro chefe militar a sistematizar esse tipo de operação foi Luís

Alves de Lima e Silva, o Duque de Caxias. A partir do século XIX, durante as guerras

externas e nas revoltas internas, o Patrono do Exército Brasileiro notabilizou-se

como estrategista e exemplo de soldado, atuando, principalmente, nos campos

político e diplomático.

A atuação de Caxias foi decisiva em , pelo menos, dois momentos da história,

com enfoque nos Assuntos Civis, por ocasião do sufocamento das rebeliões

regenciais no Maranhão e no Rio Grande do Sul.

Desde então, não faltaram oportunidades para desenvolvimento da doutrina

brasileira. As Forças Armadas foram empregadas na Guerra de Canudos e na do

Contestado, na 2ª Guerra Mundial, além do emprego sob a égide de Organismos

Internacionais, no caso de Suez (Egito) e de São Domingos (República Dominicana).

Entretanto, por diversos motivos, os Assuntos Civis ficaram relegados a um papel

secundário no contexto militar brasileiro e perdeu-se a chance de consolidar

adequadamente a doutrina.

Recentemente, com o reposicionamento internacional do Brasil,

determinando novas posturas governamentais em diversos setores, detectou-se a

necessidade de se aperfeiçoar a doutrina brasileira para não só empregá-la em

operações de guerra, mas também em operações de não guerra, como nos caso do

Timor Leste e do Haiti.

Também no território nacional, têm crescido as missões cumpridas com este

enfoque. Seja em ações subsidiárias de apoio ao desenvolvimento do País; na linha

de fronteira, impedindo que traficantes invadam o território do País; em operações

de garantia da lei da ordem em todo o território brasileiro; de forma preventiva e

operativa, realizando o apoio logístico, de inteligência, de comunicações e de

instrução aos órgãos do governo envolvidos em missão de garantia da lei e da

17

ordem; e no restabelecimento da ordem pública ou da paz social ameaçadas por

grave e iminente instabilidade institucional.

Um modelo que deve ser apreciado e, com as devidas adaptações,

considerado como base para reorganizar o núcleo de Assuntos Civis nas Forças

Armadas Brasileira é o adotado pelas Forças Armadas dos Estados Unidos da

América.

O principal ator mundial desenvolve a sua doutrina de Operações de

Assuntos Civis desde a guerra contra o México, ocorrida entre 1846 e 1848. Nesta

ocasião, foi prestada, de forma inédita até então, assistência humanitária às

populações civis envolvidas no conflito. O Exército dos Estados Unidos considera

que esta é a origem desse tipo de operação militar.

O emprego sistemático foi sendo aperfeiçoado através dos tempos. Para isso,

serviram de laboratório para o desenvolvimento da doutrina todas as operações em

que as Forças Militares norte-americanas foram empregadas ao redor do mundo.

Uma importante diferença entre o emprego norte-americano e o brasileiro é

que o Governo dos Estados Unidos da América só considera a utilização do aparato

militar das Forças Armadas em seu próprio território em casos excepcionais,

motivados por calamidades naturais de grandes proporções e que excedam a

capacidade de emprego de sua estrutura de Defesa Civil.

No Brasil, no atual status-quo, qualquer proposta de estruturação de Forças

militares vocacionadas para as Operações de Assuntos Civis deverá considerar o

emprego dual, ou seja, tanto no Brasil quanto no exterior, em operações de guerra e

não guerra.

Essas constatações levam a refletir e a realizar o presente trabalho que versa

sobre um estudo acerca da situação atual das Operações de Assuntos Civis,

identificando suas possibilidades de atender, total ou parcialmente, às necessidades

estratégicas do Governo brasileiro e das Força Armadas. Buscou-se, portanto,

responder ao seguinte questionamento: Como estruturar e sistematizar as

Operações de Assuntos Civis a fim de atender às necessidades estratégicas das

Forças Armadas?

Para tanto, foram identificados os aspectos mais relevantes referenciados na

legislação e nos documentos reunidos, que justificassem a importância de se possuir

uma tropa vocacionada para emprego dual.

18

Além disso, foi identificado como modelo o caso norte-americano,

notoriamente consagrado em termos mundiais. Com o conhecimento adquirido em

Curso realizado no Exército dos Estados Unidos da América e com o entendimento

do modelo praticado no Brasil, bem como das causas de seus sucessos e

insucessos, tornou-se possível a formulação de uma sugestão de um modelo de

estrutura que possa atender às necessidades estratégicas das Forças Armadas.

A sugestão de um modelo, focado no atendimento das necessidades

estratégicas das Forças Armadas, objeto final deste trabalho, pode vir a servir de

fonte de reflexões aos estudos ora realizados no que se refere ao reorganização e,

particularmente, à revitalização da doutrina de Assuntos Civis.

A metodologia empregada na realização do trabalho teve por base uma

investigação descritiva sustentada por pesquisas bibliográfica e documental.

As pesquisas, bibliográfica e documental, foram realizadas por meio de

consultas na Biblioteca da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército e da

Escola Superior de Guerra, nos livros, revistas, periódicos e monografias, e nas

organizações civis e militares, onde foram obtidas fontes como relatórios e

documentos institucionais

A fim de atingir os objetivos mencionados e melhor compreender a pesquisa

realizada, além do presente capítulo, o trabalho é composto pelos:

Capítulo 2, onde é apresentado um breve histórico das Operações de

Assuntos Civis no Exército dos Estados Unidos da América, além de identificar a

estrutura militar e de Defesa Civil existente, doutrina, formas de emprego e

apresentações de caso reais, ao longo dos tempos.

Capítulo 3, onde são apresentadas as características dos Assuntos Civis

desenvolvidas pelas Forças Armadas Brasileiras. São identificados o histórico, a

doutrina, o emprego, a base legal, a estrutura de Defesa Civil e militar, além de

exemplos de casos reais. É apresentado um diagnóstico de possibilidades futuras a

partir da nova realidade brasileira.

As conclusões finais, apresentadas no capítulo 4, visam à consolidação das

idéias desenvolvidas no decorrer do trabalho, bem como apresentar sugestões para

continuidade da pesquisa científica realizada. Apresenta-se uma estrutura básica

para desenvolvimento a partir de uma comparação com o modelo norte-americano.

Considerou-se para isso, as diferenças existentes entre as duas Forças

19

Armadas, bem como as áreas alvo dos interesses geopolíticos de cada governo.

20

2 OPERAÇÕES DE ASSUNTOS CIVIS NAS FORÇAS ARMADAS DOS ESTADOS

UNIDOS DA AMÉRICA

Será apresentado, a seguir, um breve relato sobre como está estruturado o

sistema Assuntos Civis nas Forças Armadas dos Estados Unidos da América,

particularmente no Exército norte-americano, protagonista deste sistema. As

observações foram obtidas, basicamente, durante o curso de operações de

Assuntos Civis realizado em 2010 no WHINSEC, Western Hemisphere Institute for

Security Cooperation, localizado em Fort Benning - estado da Georgia, uma das

escolas responsáveis pela difusão da doutrina de Assuntos Civis no Exército.

Embora o curso tenha sido de natureza militar e sua aplicação voltada para

operações de guerra e não guerra, acessoriamente, foi realizado um exercício de

aplicação dos conhecimentos adquiridos voltados para uma situação de calamidade

pública, a fim de que o aspecto dual do sistema fosse explorado.

2.1 HISTÓRICO

Pode-se afirmar que o segundo quartil do século XIX marcou o início efetivo

das operações de Assuntos Civis no âmbito do Exército dos Estados Unidos.

Por ocasião da guerra com o México, em 1846, o General Scott, considerado

o Patrono dos Assuntos Civis, pioneiramente, estruturou um sistema a partir da

análise do ambiente operacional, identificando padrões de comportamento da

população civil e buscando obter vantagem militar a partir das conclusões

elaboradas nos campos psicossocial e econômico.

Desde então, os soldados de Assuntos Civis têm participado de todos os

conflitos militares protagonizados pelos Estados Unidos da América, com destaques

para a guerra hispano-americana de 1890, a 2ª Guerra Mundial, a Guerra da Coréia,

a Guerra do Vietnam, a Operação Fúria Urgente no Panamá, a Guerra das Filipinas

e recentemente nos conflitos no Iraque e no Afeganistão.

ESTADOS UNIDOS (2004), o Escritório de História do USASOC relata em “os

Assuntos Civis durante a Operação Liberdade do Iraque” que

[...] Quando o regime Taliban entrou em colapso no Afeganistão, o transtorno da economia e infraestruturas afegãs requereu um esforço concentrado em Assuntos Civis. A equipe de Assuntos Civis A32 (CAT-A32) estabeleceu suas operações em dois hangares abandonados no aeroporto de Bagram. Deste lugar, a equipe contatou várias organizações não governamentais na área, trabalhando para coordenar esforços das operações civil-militares

21

com o fluxo da ajuda humanitária na região. A evacuação de 40 crianças lesionadas para a Alemanha a fim serem hospitalizadas é uma de tantas tarefas que foi executada. A equipe facilitou a chegada da primeira aeronave de socorro a Bagram e a distribuição de 945 cestas básicas e 1440 cobertores para a população local. A rápida resposta ao esforço de socorro humanitário foi fundamental no estabelecimento de uma primeira impressão positiva da população local para o esforço militar norte-americano. (EUA, 2004).

2.2 DOUTRINA

Os Assuntos Civis emprestam ao Comandante Militar a experiência do

componente civil do ambiente operacional. O Comandante utiliza as capacidades

dos Assuntos Civis para analisar e influenciar o terreno humano por meio de

processos específicos, recursos e pessoal dedicado. Conduzem operações

enquadradas dentro da missão e intenção geral das operações civil-militares (CMO).

Ajudam consideravelmente na garantia da legitimidade e credibilidade da missão,

sugerindo a melhor forma de satisfazer as obrigações morais e legais para com as

populações afetadas pelas operações militares (ESTADOS UNIDOS, 2006).

A missão das Forças é colaborar ativamente com população civil mediante o

planejamento, execução e na transferência final de responsabilidade dos Assuntos

Civis para o público alvo em operações do Exército, Conjuntas, Interagencias e

Multinacionais. Deve assessorar, ainda, os Comandantes na participação do

componente civil do ambiente operacional, apoiando as operações civil-militares

antes, durante e depois do conflito (ESTADOS UNIDOS, 2006).

As operações civil-militares são atividades de um Comandante que

estabelecem, influem ou exploram as relações entre forças militares, organizações e

autoridades governamentais, não governamentais e a população civil em uma área

amiga, neutra ou hostil, com a finalidade de facilitar as operações militares e atingir

os objetivos propostos (ESTADOS UNIDOS, 2006).

A Organização do Tratado do Atlântico Norte e a Organização das Nações

Unidas referem-se a estas operações como Civil-Military Cooperation (CIMIC).

As tropas de Assuntos Civis apoiam o Comandante durante as operações

civil-militares, dentro do contexto de espectro total, executando Operações de

Assuntos Civis.

A doutrina norte-americana prevê o emprego de Assuntos Civis,

obrigatoriamente, em conjunto com outros sistemas militares, tais como Operações

Psicológicas, Inteligência e Comunicação Social, a fim de multiplicar o poder de

22

combate das Forças Militares. Assim, não se concebe o emprego singular dos

Assuntos Civis em nenhum tipo de operação. A integração de todo sistema é

imperativa e necessária.

2.3 TAREFAS FUNDAMENTAIS

As tarefas fundamentas de Assuntos Civis são as cinco atividades que as

Forças de Assuntos Civis estão em condições de planejar, apoiar e executar:

Controle de População e Recursos, Ajuda Humanitária no Estrangeiro,

Administração da Informação Civil, Assistência à Nação e Apoio à Administração

Civil.

Todas as referidas tarefas apoiam uma operação civil-militar.

2.3.1 Controle de População e Recursos

O Controle de População e Recursos engloba as ações que levam a cabo um

governo para prover a segurança à população em casos de emergência civil ou

militar, livrando a sociedade da subversão, da anarquia e da insurgência.

Os tipos de medidas são: o Controle da População, o Controle de Recursos, a

Operação com Civis Deslocados (civis que se encontram involuntariamente fora de

seus limites nacionais) e Operação de Evacuação de Não combatentes.

2.3.2 Ajuda Humanitária no Estrangeiro

A Ajuda Humanitária no Estrangeiro é o conjunto de programas que se

executam para aliviar ou reduzir os resultados dos desastres naturais ou provocados

pelo homem, outras condições endêmicas como o sofrimento humano, a

enfermidade, a fome e a privação que possa se considerar ameaça séria à vida ou

causar danos graves e perdas de propriedade.

A característica principal deste tipo de tarefa é que a mesma tem duração

limitada e não é conduzida no território dos Estados Unidos.

São ocasiões para desencadeamento deste tipo de tarefa: terremotos,

inundações, derramamento de petróleo, conflitos civis, furacões e incidentes

terroristas.

2.3.3 Administração da Informação Civil

A Administração da Informação Civil é um levantamento de dados

23

relacionados com uma determinada região. Envolve dados sobre a área de

operações, as estruturas e organizações existentes, as capacidades disponíveis, o

povo que habita e os eventos civis previstos. Esses dados são processados e

asseguram a disponibilidade oportuna da informação, bem como uma análise

adequada para utilização das Forças.

ESTADOS UNIDOS (2004), o 425º Batalhão de Assuntos Civis relata em

“Problemas de administração da informação de Assuntos Civis durante a Operação

Liberdade do Iraque” que

[...] A informação civil foi um problema para quem tinha que tomar decisões financeiras de projeto para o trabalho de apoio ao governo e à inteligência. Em Bagdá, as unidades de Assuntos Civis tiveram ferramentas e procedimentos não eficazes para a execução do apoio ao governo e à administração deste projeto. Parte do problema se deveu a incapacidade do software para facilitar a administração de contatos comunitários. A supervisão e a administração são praticamente impossíveis quando os níveis de visibilidade e de retroinformação em projetos, eventos e ações são deficientes (EUA, 2004).

2.3.4 Assistência à Nação

É uma assistência civil ou militar que as Forças militares dos Estados Unidos

prestam a uma nação dentro de seu território durante tempos de paz, guerra, crise

ou emergência em base de acordos efetuados mutuamente entre os Estados Unidos

e a referida nação. A característica principal desta tarefa é a sua longa duração

firmada por intermédio de contrato entre os dois governos.

A estratégia de emprego é baseada em Ações Cívico-Militares (ACISO) com o

objetivo de ganhar o apoio da população local para o atendimento dos objetivos do

Governo local e das Forças militares. Consiste em projetos que beneficiam o país

anfitrião nas áreas de educação, saúde e outras.

2.3.5 Apoio à Administração Civil

São as operações militares que ajudam a estabilizar ou dar continuidade nas

operações do órgão ou estrutura civil de um país estrangeiro, seja participando de

um governo estabelecido ou estabelecendo uma autoridade militar sobre a área

ocupada.

24

2.4 APOIO ÀS OPERAÇÕES ESPECIAIS

Além das tarefas fundamentais, os Assuntos Civis podem ser empregados,

excepcionalmente, em apoio às seguintes situações: Defesa Civil, Guerra Não

Convencional, Combate ao terrorismo, Operações de Manutenção de Paz e

Operaçõe Anti-drogas.

2.5 ORGANIZAÇÃO, FUNÇÕES E CAPACIDADES

A função principal das unidades de Assuntos Civis do Exército é proporcionar

ao Comandante apoiado, a partir do nível estratégico, a capacidade de empregar o

componente civil existente no ambiente operacional. Para atingir este requisito, as

referidas unidades estão organizadas para apoiar as Forças aliadas, as agências

integrantes do Governo, as agências de Governos de outros países e as

organizações não governamentais. A prioridade da missão do Comandante do nível

estratégico remete a um enfoque regional, baseado em cinco Comandos

continentais norte-americanos: Comando do Sul (USSOUTHCOM), Comando do

Pacífico (USPACOM), Comando Central (USCENTCOM) e Comando Europeu

(USEUCOM) e Comando Africano (USAFRICOM).

Figura 1: Comandos Continentais Norte-americanos Fonte: US Government (2011)

25

A unidades de Assuntos Civis apoiam tanto as Forças Especiais quanto as

Forças Convencionais desde o planejamento no nível estratégico até o emprego

efetivo no nível tático.

2.5.1 Força de Assuntos Civis

A maior parte do efetivo da Força de Assuntos Civis compõe a reserva

mobilizável do Exército (USAR). Esta Força é composta de cinco Comandos de

Assuntos Civis (CACOM) vocacionados para apoiar cada um dos cinco Comandos

continentais.

No Exército regular, há uma Brigada de Assuntos Civis (95th Civil Affairs

Brigade - Fort Bragg) com cinco Batalhões vocacionados para pronto emprego em

cada um dos cinco Comandos continentais.

Estar vocacionado significa possuir conhecer a região e estar ambientado

com os assuntos culturais, linguísticos e políticos das diversas áreas continentais.

Essa capacidade satisfaz os requisitos iniciais de apoio de Assuntos Civis

durante uma determinada operação de contingência. A passagem de funções

subsequente à Força de Assuntos Civis da USAR inicia-se logo que esta Força

possa ser mobilizada e empregada na respectiva área.

A Marinha norte-americana possui um Grupo de Assuntos Civis que é

convocado em caso de emprego.

Encontra-se em fase final de planejamento, a criação de uma segunda

Brigada de Assuntos Civis (85th Civil Affairs Brigade - Fort Hood) na ativa. Esta

demanda foi observada devido ao crescimento do emprego da capacidade de

Assuntos Civis na atualidade em todo o mundo e sinaliza um novo viés de emprego

das Forças Armadas dos Estados Unidos.

2.5.2 Centro de Operações Civil-Militar

Os planejadores de Assuntos Civis, nos diversos níveis, têm como missão

principal conceber o planejamento, a coordenação, as políticas e programas de

Assuntos Civis para a área considerada em apoio aos esforços de estabilização,

reconstrução e desenvolvimento.

Para isso, conta em sua estrutura de um Centro de Operações Civil-Militar

(CMOC) que é uma capacidade permanente existente em todas as unidades de

Assuntos Civis do nível subunidade até o nível Comando continental.

26

É considerado o coração das operações de Assuntos Civis

O CMOC é um elemento operacional e de apoio às unidades de Assuntos

Civis, como também, um mecanismo de coordenação de uma operação civil-militar.

As atividades principais de um CMOC são: coordenar o trabalho de socorro

com as organizações não governamentais, nações amigas e pessoal local; ser o

elemento principal das operações de substituição; monitorar as atividades de

Assuntos Civis na área de operação; manter um banco de dados com todos os

recursos disponíveis; facilitar a criação e organização de um sistema logístico de

distribuição de alimentos, água e remédios; coordenar os pedidos de escolta de

veículos, segurança de campo de refugiados e centros de distribuição de alimentos

e contribuir com o planejamento de Assuntos Civis do respectivo Comando.

2.6 DEFESA CIVIL

Nos Estados Unidos da América, a Defesa Civil é uma responsabiliadde

governamental em todos os níveis.

A Federal Emergency Management (FEMA), fundada em 1979, é a agência

responsável por proporcionar e coordenar os serviços de emergência em áreas

declaradas pelo Presidente como áreas de desastre. A FEMA trabalha em parceria

com diferentes partes do governo federais, estaduais e municipais e organizações

voluntárias.

Embora grande parte das últimas notícias sobre a FEMA tenha sido negativa,

a agência vem ajudando intensamente os norte-americanos a se preparar, lidar e se

recuperar de alguns dos piores desastres da história. De furacões e terremotos a

explosões em usinas de energia nuclear e contaminação tóxica, a FEMA existe para

ajudar as pessoas em situações de risco.

2.6.1 Histórico

Antes de 1979, o gerenciamento de desastres nos Estados Unidos era

composto por um conglomerado de agências federais, estaduais e locais com

legislação específica e grupos voluntários. As U.S. Army Corps of Engineers

(Divisões de Engenharia das Forças Armadas dos EUA) controlavam alguns

aspectos da minimização dos desastres, enquanto diferentes agências do governo

forneciam o seguro contra os danos. Às vezes, havia mais de 100 agências para

27

lidar com essas situações e muitas delas duplicavam os esforços de outras sem a

menor necessidade.

O presidente Jimmy Carter criou a FEMA por meio de uma ordem executiva,

em 1979, e a nova agência absorveu muitas outras que existiam. A FEMA assumiu

uma ampla gama de responsabilidades, que incluiu desastres naturais e planos de

defesa civil em caso de guerra. Em 2003, a FEMA passou a fazer parte do

Departamento de Segurança Nacional.

A FEMA tem a incumbência de lidar com todos os desastres possíveis. Isso

inclui desastres naturais, como furacões e terremotos, além de outros causados pelo

homem, como derramamentos de substâncias perigosas, atentados a bomba e

guerras. Embora a maioria das pessoas associe a FEMA a desastres, a agência

dedica grande parte dos seus esforços à preparação contra eles. Essas preparações

incluem casas à prova de furacões e proteção de construções para torná-las mais

seguras no caso de um terremoto. O terremoto de Nisqually, que ocorreu em 2001,

no estado de Washington, poderia ter causado uma destruição ainda maior se as

construções na área não tivessem sido protegidas por meio do Projeto Impacto da

FEMA.

Durante a Guerra Fria, boa parte do empenho da FEMA se voltou para a

preparação contra um ataque nuclear. Hoje, amenizar os danos do terrorismo é

parte fundamental das obrigações da FEMA.

2.6.2 Forma de Emprego

Após a ocorrência de um desastre, as pessoas sofrem danos ou suas casas

ficam destruídas, não há lugar para trabalhar nem transporte e as propriedades são

arrasadas ou se perdem. Muitas famílias também têm que lidar com uma das

maiores tragédias de todas: entes queridos feridos, desaparecidos ou mortos.

Normalmente, a FEMA pode fornecer auxílio em todas essas áreas em

conjunto com a Cruz Vermelha e outras organizações voluntárias.

A primeira etapa do auxílio em um desastre é providenciar centros de ajuda

para fornecer condições básicas às vítimas: comida, água, abrigo e assistência

médica. Em geral, as informações sobre os lugares dos centros de ajuda são

transmitidas pelas estações locais de TV e de rádio.

28

Depois que as necessidades básicas são atendidas, a FEMA pode ajudar as

pessoas a se restabelecer, encontrar um lugar para morar e começar a

reconstrução. Quando o presidente declara um grande desastre em uma área,

programas de ajuda especiais são disponibilizados. As vítimas podem se inscrever

online ou por telefone.

A FEMA fornece três tipos diferentes de assistência: habitacional, médica e

de infraestrutura.

2.6.3 Estrutura

Antes da formação do Departamento de Segurança Nacional, era a FEMA

quem desempenhava muitas das funções que hoje são do DSH. Na década de 90, a

FEMA era composta por uma agência de nível de gabinete e sua meta de atender a

todos os riscos estava de acordo com as funções gerais da segurança nacional.

Entretanto, os ataques terroristas de 2001 expuseram a necessidade da existência

de uma agência mais abrangente, que também coordenasse a segurança nas

fronteiras, agências de inteligência e agências legais. Hoje, a FEMA é apenas uma

parte do Departamento de Segurança Nacional.

A FEMA está dividida em dez escritórios regionais. Esses escritórios

trabalham com os estados em suas regiões para coordenar a ação e minimização

aos desastres. A agência emprega cerca de 2600 pessoas no país todo, com uma

reserva de mais 4 mil que permanecem na retaguarda até que ocorra um desastre.

Quando ocorre um desastre, ou antes que ele aconteça, se houver algum tipo

de advertência, a FEMA começa a trabalhar com o Responsável Federal pela

Coordenação (FCO - Federal Coordinating Officer). Essa pessoa é recomendada

pela FEMA e indicada pelo presidente. Um Escritório do Campo do Desastre é

estabelecido próximo ao local da ocorrência. A partir daí, o FCO coordena os

esforços de mitigação e trabalha para manter um fluxo de informações para resgatar

líderes de equipes e líderes políticos. Grupos federais e estaduais trabalham juntos

para realizar os esforços de mitigação necessários.

O trabalho de mitigação de desastres federais é dividido em 12 Funções de

Suporte de Emergência (ESF, Emergency Support Functions), cada uma delas

providenciada por uma ou mais agências diferentes.

29

No passado, houve problemas com relação às ações emergenciais da FEMA

aos desastres e eles ficaram mais evidenciados quando o furacão Katrina ocorreu.

Os críticos afirmam que um dos maiores problemas da FEMA é a burocracia.

Há muitos funcionários administrativos que se sobrepõem às agências estaduais e

federais e às prioridades políticas. Parece uma ironia porque originalmente a FEMA

foi formada para eliminar as redundâncias e as ineficiências dos esforços de

gerenciamento de desastres do passado. A agência pode atuar com muita rapidez,

pois o presidente pode dar uma declaração sobre um desastre em poucas horas.

Entretanto, solicitações têm sido negadas ou devolvidas porque formulários corretos

não são preenchidos de forma adequada ou falta uma assinatura. Às vezes, os

responsáveis devolvem as solicitações por correio, atrasando em dias a resposta da

FEMA ao desastre.

Talvez alguns dos problemas tenham se originado com as recentes

mudanças na organização da FEMA relacionadas à absorção da agência pelo

Departamento de Segurança Nacional. Antes dessa mudança, os responsáveis

estaduais e federais respondiam, planejavam e reagiam juntos aos desastres. A

FEMA foi reconhecida por sua resposta a desastres como o atentado à bomba de

Oklahoma e o terremoto de Los Angeles, em 1994. O governo Bush está

trabalhando para transferir a responsabilidade do gerenciamento de desastres das

agências federais para as agências estaduais e locais. O governo também cortou

boa parte da subvenção da FEMA. Em Louisiana, os recursos para estudos e

esforços de prevenção contra enchentes na área do Lago Pontchartrain foram

cortados em mais de US$40 milhões e as Divisões de Engenharia das Forças

Armadas tiveram seu orçamento diminuído em US$71 milhões.

A FEMA foi criticada pelo tempo de resposta insuficiente aos desastres

anteriores ao governo Bush, como o furacão Andrew, em 1992, e o furacão Hugo,

em 1990. Alguns críticos creem que a qualidade da liderança na agência continua

baixa devido à desigualdade do registro de respostas. Os presidentes indicaram

amigos para altos cargos na FEMA, mas muitas das pessoas indicadas tinham

pouca ou nenhuma experiência no gerenciamento de desastres. O presidente

George W. Bush foi acusado de ter feito isso quando nomeou Michael Brown como o

responsável pela FEMA.

30

2.6.4 Furacão Katrina

Após a passagem do furacão Katrina, em 2005, ficou difícil apontar um

culpado pela resposta lenta e inadequada à catástrofe da Costa do Golfo do México.

Ray Nagin, prefeito de New Orleans e Kathleen Blanco, governadora da Louisiana,

culparam a FEMA e o governo federal. Michael Brown, responsável pela FEMA, na

época do desastre, culpou o estado "despreparado" da Louisiana. Pouco depois,

Brown se demitiu. Mais tarde foi revelado que ele planejava se demitir antes do

furacão Katrina, o que a senadora Susan M. Collins afirma que "em parte, pode

explicar sua indiferença durante a catástrofe ".

Em última instância, nenhuma agência pode se eximir da culpa. Os cortes no

orçamento federal deixaram a cidade de Nova Orleans vulnerável a uma tempestade

que todos sabiam que poderia ocorrer um dia. Os responsáveis locais poderiam ter

feito mais para ajudar a evacuar as pessoas que não conseguiram se deslocar

sozinhas, como as pessoas idosas, doentes e pobres. A FEMA poderia ter sido mais

rápida na resposta. Contatado na noite em que ocorreu o furacão pela governadora

Blanco, o presidente Bush não respondeu com um auxílio imediato. De acordo com

a Newsweek: "há uma série de providências que Bush poderia ter tomado,

assumindo o controle federal em grande escala, como determinar que o exército

assumisse o sistema de comunicações de emergência deplorável e (agora)

interrompido na região. Mas o presidente, que estava em San Diego se preparando

para fazer um pronunciamento no dia seguinte sobre a guerra no Iraque, foi dormir".

A FEMA poderia ter permitido que as agências externas fornecessem ajuda

mais rápido. Há vários casos de funcionários públicos, departamentos de polícia e

grupos de voluntários que estavam preparados e aguardando para ir à Nova Orleans

e fornecer auxílio imediato, mas foram recusados pelos responsáveis da FEMA

devido a motivos burocráticos. Realmente, não há um culpado: os esforços para

minimizar o desastre parecem ter falhado em todas as esferas, começando de cima.

2.7 CASOS REAIS

A partir da II Guerra Mundial, o emprego de equipes de Assuntos Civis pelos

EUA vem crescendo a cada conflito, fruto da necessidade de se confirmar a vitória

31

na fase pós-conflito. Estas atividades têm sido empregadas em todo o tipo de

operação, seja ofensiva, defensiva, de estabilidade ou de apoio.

A seguir, serão abordadas as principais atuações dos EUA desde o final do

século XX até o início do século XXI.

2.7.1 Operação Fúria Urgente em Granada

Em outubro de 1983, uma luta de poder dentro do governo marxista da nação

da ilha de Granada teve como resultado a apreensão e assassinato subsequente do

Primeiro-ministro marxista Maurice Bishop e de vários membros do seu Gabinete,

por elementos do Exército Revolucionário Popular.

Atendendo ao pedido de socorro do Governador Geral de Granada à

Organização de Estados Caribenhos Orientais, forças norte-americanas, juntamente

com contingentes de forças de segurança de vários países vizinhos do Caribe

invadiram a ilha, no dia 25 de outubro, com a missão de expulsar o Governo

Revolucionário Popular, proteger os cidadãos norte-americanos e restabelecer o

Governo legal. Estes objetivos foram alcançados em três dias.

Nesta operação, elementos do 96º Batalhão de Assuntos Civis

acompanharam a força invasora, sem, no entanto, terem um papel definido durante

os combates iniciais. O Estado-Maior do 96º Batalhão de Assuntos Civis, sediado no

Comando do Atlântico, planejou o emprego das equipes, todavia, o Comandante do

Comando do Atlântico Sul dos Estados Unidos e o seu Estado-Maior não deram a

devida importância a estas atividades.

Nenhum especialista em Assuntos Civis esteve presente nas operações de

combate durante a invasão.

Uma semana após o sucesso da invasão, equipes do 96º Batalhão de

Assuntos Civis e do 4º Grupo de Operações Psicológicas chegaram a Granada e foi

constituído o Centro de Operações Civis-Militares (CMOC), que passou a realizar o

controle dos danos e estabelecer o apoio à população.

No mês seguinte a invasão, o 358º Batalhão de Assuntos Civis foi empregado

em Granada na reconstrução às comunicações públicas, na reconstrução da

infraestrutura econômica do país.

Os EUA mantiveram as operações de Assuntos Civis, em Granada, nesta

fase pós-conflito, até agosto de 1985, quando as mesmas foram encerradas.

32

2.7.2 Operação no Panamá

No Panamá, em 1989, os Estados Unidos da América conduziram operações

militares contra o regime do General Manuel Noriega, após as revelações das

atrocidades cometidas no país, como a anulação das eleições de maio de 1989 e o

envio de grupo de paramilitares para caçar os candidatos de oposição, que

culminaram com a operação “Justa Causa”.

O Comando do Atlântico Sul dos Estados Unidos (USSOUTHCOM), mais

uma vez, não previu o emprego de especialistas de Assuntos Civis, julgando que o

restabelecimento da ordem na fase pós-conflito, poderia ser realizado por tropa de

polícia do exército.

As operações de manutenção da lei e da ordem pós-conflito ficaram

inicialmente a cargo de um Batalhão de Polícia do Exército (Military Police) que foi

incapaz de absorver todas as missões, particularmente com o fim da Força de

defesa panamenha, que desencadeou uma onda de saques e vandalismos no país.

Nenhuma equipe de Assuntos Civis ou de engenheiros foi empregada, o que

dificultou o processo de estabilização e de reconstrução do Panamá.

Os chefes da missão admitiram mais tarde, que a não utilização destas

equipes de Assuntos Civis pelas forças norte-americanas dificultaram a consolidação

da vitória na fase de estabilização e apoio pós-conflito.

Posteriormente, o 350º Comando de Assuntos Civis foi desdobrado no

Panamá para facilitar a realização do Simpósio das Relações Civis-Militares entre o

os governos dos Estados Unidos e do Panamá, constituindo-se num multiplicador da

diplomacia norte-americana.

2.7.3 Operação na Somália

O Presidente e ditador de Somália, desde 1969, Mohamed Siad Barer, fugiu

do país em janeiro de 1991, levando com ele todo ouro e moeda corrente

estrangeira do Banco Central, num total de cerca de 27 milhões de dólares

americanos.

A disputa amarga pela condução do país teve como resultado uma sangrenta

guerra civil. As intensas violências criaram uma crise humanitária de grandes

proporções ao longo da porção Sul da Somália.

A ONU enviou um grupo de observadores militares com base em Mogadishu

e proporcionou transporte aéreo de comida para as áreas importantes e periféricas.

33

A violência crescente e bandos de milícias armadas confinaram os observadores no

Aeroporto de Mogadishu e impediram os esforços de ajuda humanitária

internacional. Em dezembro de 1992, os Estados Unidos, junto com vários outros

países da ONU, enviaram uma Força-Tarefa Unificada (UNITAF) para garantir a

segurança da ajuda humanitária internacional e proporcionar condições para a

retomada da paz na Somália.

A força tarefa combinada norte-americana foi composta com base no

Comando Central dos Estados Unidos (USCENTCOM).

As atividades de Assuntos Civis tiveram início com a chegada Companhia “C”

do 96º Batalhão de Assuntos Civis, que tinha a missão de promover a ligação entre

os comandantes militares e os representantes dos setores civis da Somália.

A 321ª Brigada de Assuntos Civis foi empregada numa 2ª fase com a missão

de ajudar na reconstrução do país realizando o confisco de armamento da

população, coordenado as atividades de saúde e projetos civis, promovendo a

ligação entre líderes locais e representantes de entidades civis internacionais,

promovendo a identificação e registro da população civil, treinando elementos das

forças de coalizão para o planejamento e condução de operações civis-militares

(CMO), entre outras atividades.

2.7.4 Operação no Haiti

No Haiti, a crise política vem desde o século XIX. Desde então, até o início

do Século XX, 20 governantes sucederam-se no poder. Desses, 16 foram depostos

ou assassinados.

Tropas dos Estados Unidos da América (EUA) ocuparam o Haiti entre 1915

e 1934, sob o pretexto de proteger os interesses norte-americanos no país. Em

1946, foi eleito um presidente negro, Dusmarsais Estimé. Após a derrubada de mais

duas administrações governamentais, o médico François Duvalier foi eleito

presidente em 1957.

François Duvalier, conhecido como Papa Doc, instaurou feroz ditadura,

baseada no terror policial dos “tontons macoutes” (bichos-papões), sua guarda

pessoal, e na exploração do vodu. Presidente vitalício, a partir de 1964, Duvalier

exterminou a oposição e perseguiu a Igreja Católica. Papa Doc morreu em 1971 e foi

substituído por seu filho, Jean-Claude Duvalier - o Baby Doc.

34

Em 1986, Baby Doc decretou estado de sítio. Os protestos populares se

intensificaram e ele fugiu com a família para a França, deixando em seu lugar o

General Henri Namphy. Eleições foram convocadas e Leslie Manigat foi eleito, em

pleito caracterizado por grande abstenção. Manigat governou de fevereiro a junho de

1988, quando foi deposto por Namphy. Três meses depois, outro golpe pôs no poder

o chefe da guarda presidencial, General Prosper Avril.

Depois de mais um período de grande conturbação política, foram realizadas

eleições presidenciais livres em dezembro de 1990, vencidas pelo padre esquerdista

Jean-Bertrand Aristide. Em setembro de 1991, Aristide foi deposto num golpe de

Estado liderado pelo General Raul Cedras e se exilou nos EUA. A Organização dos

Estados Americanos (OEA), a Organização das Nações Unidas (ONU) e os EUA

impuseram sanções econômicas ao país para forçar os militares a permitirem a volta

de Aristide ao poder.

Em julho de 1993, Cedras e Aristide assinaram pacto em Nova York,

acordando o retorno do governo constitucional e a reforma das Forças Armadas. Em

outubro de 1993, porém, grupos paramilitares impediram o desembarque de

soldados norte-americanos, integrantes de uma Força de Paz da ONU. O elevado

número de refugiados haitianos que tentavam ingressar nos EUA fez aumentar a

pressão americana pela volta de Aristide. Em maio de 1994, o Conselho de

Segurança da ONU decretou bloqueio total ao país. A junta militar empossou um

civil, Émile Jonassaint, para exercer a presidência até as eleições marcadas para

fevereiro de 1995. Os EUA denunciaram o ato como ilegal. Em julho, a ONU

autorizou uma intervenção militar, liderada pelos EUA. Jonaissant decretou estado

de sítio em 1º de agosto.

Em setembro de 1994, força multinacional, liderada pelos EUA, entrou no

Haiti para reempossar Aristide, restabelecendo a administração pública. As unidades

militares treinaram a polícia local e assumiram naquele momento a responsabilidade

primária pela segurança do Haiti. Os chefes militares haitianos renunciaram a seus

postos e foram anistiados. Jonaissant deixou a presidência em outubro e Aristide

reassumiu o País com a economia destroçada pelas convulsões internas.

A 358ª Brigada de Assuntos Civis atuou no Haiti, por ocasião da intervenção

norte-americana. Com base que a democracia não pode viver sem a justiça, a

principal missão dos especialistas da 358ª Brigada de Assuntos Civis foi a de avaliar

e organizar o sistema jurídico haitiano. Soldados com experiência civil como juízes e

35

em organizações policiais examinaram os três esferas do sistema jurídico do Haiti, a

polícia, os tribunais e as prisões. Eles verificaram a penetração da justiça nas áreas

rurais e detectaram que a corrupção impedia que a justiça funcionasse no país. A

elite rica do país oferecia enorme soma de dinheiro aos juízes, que eram mal pagos,

para eles decidirem a seu favor. A partir de então. Os juízes passaram a ter um

salário adequado às condições do país e receberam proteção.

Em 1996, uma equipe de Assuntos Civis da 358ª Brigada de Assuntos Civis

esteve em Trinidad e Tobago para realizar o diagnóstico da epidemia de raiva sobre

a população. Nesta operação foi verificado que os morcegos infectaram o gado.

Essa missão estendeu-se para Granada. Saint Vincent, salvando vidas de muitos

habitantes locais e de turistas norte-americanos.

A experiência no Haiti foi o primeiro esforço norte-americano de implementar

uma administração desde a Segunda Guerra Mundial. Os Estados Unidos da

América, no período de 1992 a 1995, gastaram cerca de 1,6 bilhões de dólares nas

operações dentro do Haiti.

Desde a saída das últimas tropas americanas da ilha, em 1996, a situação

política se deteriorou, regredindo para as condições anteriores à intervenção. No

período de 1994-2000, apesar de avanços como a eleição democrática de dois

presidentes, o Haiti viveu mergulhado em crises. Devido à instabilidade, reformas

políticas profundas não puderam ser implementadas.

A eleição parlamentar e presidencial de 2000 foi marcada pela suspeita de

manipulação por Aristide e seu partido. O diálogo entre oposição e governo ficou

prejudicado. Em 2003, a oposição passou a clamar pela renúncia de Aristide. A

Comunidade do Caribe, Canadá, União Européia, França, Organização dos Estados

Americanos e EUA, apresentaram-se como mediadores. Entretanto, a oposição

refutou as propostas de mediação, aprofundando a crise.

Em fevereiro de 2004, conflitos armados eclodiram em Gonaives,

espalhando-se por outras cidades nos dias subseqüentes. Gradualmente, os

insurgentes assumiram o controle do norte do Haiti. Apesar dos esforços

diplomáticos, a oposição armada ameaçou marchar sobre Porto Príncipe. Aristide

deixou o País em 29 de fevereiro e asilou-se na África do Sul. De acordo com as

regras de sucessão constitucional, o presidente da Suprema Corte, Bonifácio

Alexandre, assumiu a presidência, interinamente. Bonifácio requisitou, de imediato,

assistência das Nações Unidas para apoiar uma transição política pacífica e

36

constitucional e manter a segurança interna. Nesse sentido, o Conselho de

Segurança (CS) aprovou o envio da Força Multinacional Interina (MIF) que,

prontamente, iniciou seu desdobramento, liderada pelos EUA.

Considerando que a situação no Haiti ainda constitui-se ameaça para a paz

internacional e a segurança na região, o CS decidiu estabelecer a Missão das

Nações Unidas para a Estabilização no Haiti (MINUSTAH), que assumiu a

autoridade exercida pela MIF em 01 de junho de 2004. Para o comando do

componente militar da MINUSTAH foi designado o General Augusto Heleno Ribeiro

Pereira, do Exército Brasileiro.

2.7.5 Operação em Kosovo

Em 1999, os Estados Unidos da América participaram em um esforço

internacional para promover ajuda para os refugiados albaneses, aliviando a tensão

na Macedônia, que tinha cerca de 140.000 refugiados, os quais com medo das

atrocidades e morte, fugiram do país vizinho - Kosovo. De 5 maio a 31 de julho de

1999, o Forte Dix, na Nova Jersey, tornou-se um centro de recepção e

processamento de cerca de 3.547 albaneses que foram para os Estados Unidos da

América.

A Operação “PROVIDE REFUGE” constituiu-se numa verdadeira operação

civil-miltar (CMO), com o emprego do Departamento de Saúde e de Recursos

Humanos realizando o alojamento, a inspeção média e o processamento dos

albaneses para estabelecimento no país. Outras agências federais também

participaram deste processo. Merecem destaque o Serviço de Naturalização, o

Departamento de Estado, o Departamento de Defesa, a Imigração, o Serviço de

Refugiados e agências internacionais, como a Anistia Internacional e a Cruz

Vermelha. Especialistas militares da 358º Brigada de Assuntos Civis, mobiliaram o

Centro de Operações Civis-Militares (CMOC) e assessoram o comando da operação

nas atividades envolvendo a população.

2.7.6 Operação no Afeganistão

Os Estados Unidos e o Reino Unido iniciaram uma fase militar da guerra

global contra terrorismo, no dia 7 de outubro de 2001, em resposta aos ataques

terroristas nos Estados Unidos da América, no dia 11 de setembro de 2001. A

operação “JUSTIÇA INFINITA”, depois renomeada de operação “LIBERDADE

37

DURADOURA” tinha como objetivos a identificação da organização terrorista Al

Qaeda e a deposição do governo Taliban no Afeganistão, evitando o uso de áreas

afegãs por terroristas.

No período de dois meses, forças de oposição, apoiaram a coalizão

internacional, depondo o governo Taliban e enfraquecendo as forças do Al Qaeda.

Todavia, estas forças, mesmo espalhadas e enfraquecidas, continuam a

realizar atos terroristas pelo mundo, particularmente nos países orientais.

A operação “ANACONDA” desenvolveu como parte do esforço contínuo para

desentocar das cavernas e esconderijos nas montanhas do Afeganistão, as forças

Talibans e do Al Qaeda. A operação aconteceu em março de 2002, envolvendo

inicialmente forças dos Estados Unidos da América e do Afeganistão e mais tarde

uma coalizão com tropas das Austrália, Canadá, Alemanha, Dinamarca, França e

Noruega.

Equipes do 96º Batalhão de Assuntos Civis estiveram presentes com a

missão de apoiar as operações militares em 17(dezessete) províncias no

Afeganistão, criando um relacionamento amistoso com os líderes locais, contribuindo

para o cumprimento da missão, realizando ações civis-militares e de apoio a

administração civil.

A atuação das equipes do 96º Batalhão de Assuntos Civis em alguns

momentos, por motivo de segurança, deixaram de operar em alguma das províncias.

2.7.7 Operação no Iraque

O conflito no Iraque teve início em março de 2003, quando o país foi atacado

por uma coalizão de países liderada pelos Estados Unidos (EUA) e ocupado

militarmente desde então.

O mês de novembro de 2004 foi o que apresentou até então o maior número

de baixas de soldados norte-americanos no Iraque desde o início da guerra: 136

mortes. As tropas de ocupação têm de fazer frente a uma complicada insurreição

iraquiana.

Além de enfrentar baixas de iraquianos e de soldados da coalizão, o governo

Bush não encontrou no Iraque as armas de destruição em massa usadas pela Casa

Branca como justificativa para a iniciar a guerra. Um relatório divulgado em outubro

de 2004 por Charles Duelfer, inspetor de armas norte-americano no Iraque, afirma

que as armas de destruição em massa dos iraquianos haviam sido eliminadas mais

38

de dez anos atrás. O mesmo relatório chega à conclusão de que os iraquianos

abandonaram o programa de armas biológicas em 1995.

O escândalo da prisão de Abu Ghraib, onde soldados norte-americanos

cometeram abusos e tortura contra prisioneiros iraquianos, contribuiu ainda mais

para a perda de credibilidade da política de Bush no Iraque. Sob intensa pressão, o

governo norte-americano se viu levado a negociar na Organização das Nações

Unidas (ONU) a transferência de poder para um governo interino iraquiano.

Mas nem a posse dos novos governantes, em junho de 2004, trouxe

estabilidade. O governo provisório iraquiano, sustentado pelos EUA, tenta equilibrar

o complexo mosaico étnico religioso do Iraque, composto de uma maioria xiita, uma

minoria sunita – que sempre governou o país – e pelos curdos, que vivem no norte

do Iraque. Seja em cidades de maioria sunita, como em Samarra, seja nas de

maioria xiita, como Najaf, as tropas deparam com forte resistência, muito maior do

que os EUA esperavam no início da ocupação. Entre as táticas usadas pelos

insurgentes estão os seqüestros e a escalada de atentados. Imagens de

seqüestrados degolados correm o mundo pela TV e pela internet e a violência não

cessa.

A tremenda dificuldade em estabilizar a situação causaram desgastes na

coalizão de países com tropas no Iraque.

A retirada dessas tropas teve inicio em meados de 2011.

2.7.8 Considerações Finais

Após esta passagem por algumas das intervenções norte-americanas nos

últimos anos, percebe-se a necessidade de elementos no Estado-Maior dos diversos

escalões de comando, com conhecimento sobre os aspectos de preparação e

execução de operações civis-militares (CMO), bem como, a importância do

entendimento da intenção do comandante para a condução destas operações. Na

ocupação do Iraque, percebe-se que algumas especialidades dentro do exército

norte-americano, como Assuntos Civis, polícia do exército, engenharia e logística

têm sido mais requisitadas na fase de estabilização e reconstrução do país pós-

guerra.

As diversas equipes de Assuntos Civis têm sido largamente empregadas,

nos diversos escalões, pelos diversos comandantes, aumentando o poder relativo de

combate das forças da coalizão, contribuindo assim, para o sucesso da missão.

39

No Iraque, os Estados Unidos colocou em prática e aprimorou as lições

apreendidas de Assuntos Civis desenvolvidas, em Kosovo, na Península Balcânica,

consolidando essa atividade, que desde o final da segunda guerra mundial vem

crescendo em importância.

No âmbito interno, a passagem do furacão Katrina demonstrou a

necessidade da Defesa Civil dispor de procedimentos ágeis e desburocratizados

para mitigar as consequências advindas de desastres naturais. Mesmo a

superpotência mundial tem demonstrado que o aprimoramento constante dos

processos é fundamental para o sucesso da missão.

40

3 CONTEXTO BRASILEIRO

As atividades de Assuntos Civis, no Brasil, são divididas em quatro categorias

- governo, economia, serviços públicos e atividades especiais, que abrangem toda a

estrutura típica dos setores civis de um governo.

Os principais objetivos dessas atividades são auxiliar as operações militares e

promover a política interna e externa do Brasil, na área considerada. O desiderato

das ações é o de apressar a transferência da responsabilidade das funções civis,

eventualmente a cargo do comando militar, para representantes do governo civil.

Portanto, essas atividades são realizadas por especialistas estruturados em equipes

funcionais, pertencentes às organizações de assuntos civis do Teatro de Operações

(TO) (BRASIL, 1987).

Na atual organização Ministério da Defesa, não existe nenhuma estrutura nos

níveis estratégicos, operacional e tático capazes de levar a efeito a coordenação

dessas atividades e/ou assumir as diversas tarefas de administração civil do TO, a

fim de facilitar as operações militares e minimizar os efeitos colaterais com a

população civil da área.

No entanto, cabe destacar que, em tempo de paz, as ações subsidiárias

desenvolvidas pela Força Terrestre são coordenadas pelo Comando de Operações

Terrestres (COTER), mostrando a adaptabilidade e criatividade do soldado em

cumprir essas atividades com outras agências governamentais. Necessário se faz,

portanto, organizar e disseminar as lições aprendidas, organizar um banco de dados

sobre os atores civis envolvidos e capacitar os recursos humanos.

Neste capítulo, será elaborado um diagnóstico das atividades de Assuntos

Civis realizadas no âmbito brasileiro, procurando-se destacar as fortalezas e as

fraquezas das referidas atividades desencadeadas na atualidade.

3.1 HISTÓRICO

Pode-se considerar como a origem da atividade no Brasil a atuação do Duque

de Caxias na pacificação das revoltas internas, durante o século XIX.

Na Província do Maranhão, tão logo Caxias assumiu a função de Presidente

da Província e Comandante das Armas, tomou ciência da situação e deu início ao

restabelecimento da ordem, realizando, de forma pioneira, atividades de Assuntos

Civis, como: manter a população informada, promover o bem-estar da população,

41

restabelecer a economia da região, manter o patrimônio histórico e recuperar a

agricultura.

Com o fim do levante, Caxias garantiu sobrevida ao período monárquico e

passou a prestar atenção às ações diplomáticas e de relações públicas em nome do

Imperador e da Igreja, garantindo uma transição sem sobressaltos para o novo

Presidente da Província.

Merece destaque na Província do Maranhão a recuperação do moral da tropa,

a contenção dos gastos públicos, o incentivo a navegação nos principais rios da

região, o incentivo a agricultura e manutenção da ordem pública.

O movimento dos Farrapos, no Rio Grande do Sul, chegou ao fim, em 1845,

em Ponche Verde. Assim como no Maranhão, Caxias acumulou as funções de

Presidente e de comandante militar da então Província, que a partir de 1846, o

elegeu senador vitalício por cerca de 30 anos.

Na Província do Rio Grande do Sul, tão logo assumiu o Comando, tomou

ciência do da situação geral e deu início a diversas atividades, como a recuperação

do moral da tropa e de Assuntos Civis, como justiça, segurança pública, bem-estar

da população e defesa civil.

Ao final da revolta Caxias tornou-se o pioneiro abolicionista ao assegurar a

liberdade para os escravos que lutaram com os farrapos, incorporando-os à

Cavalaria Ligeira do Exército. Merece destaque a administração de Caxias, a

preocupação com a população, com a assistência religiosa, o incentivo ao

crescimento econômico, a preocupação pioneira na região Sul com a poluição do rio

Guaíba, a preocupação com o ensino, em particular dos mais necessitados, com a

manutenção da ordem pública e com a manutenção das obras públicas.

A partir deste marco inicial, o desenvolvimento da atividade sofreu várias

soluções de continuidade, sendo retomado sempre que uma necessidade militar

surgia. Foi assim na Campanha de Canudos e do Contestado, na 2ª Guerra Mundial,

e mais recentemente, em apoio aos Organismos Internacionais.

Paralelamente às necessidades militares, as Forças Armadas têm aplicado a

doutrina de Assuntos Civis em conjunto como os órgãos da Defesa Civil nas

nomeadas Ações Subsidiárias em apoio às populações atingidas por catástrofes

naturais.

42

Nos últimos 10 anos, cerca de 80% das missões reais cumpridas pelas

Forças Armadas foram relativas a ações subsidiárias (SALVADOR, 2012),

executando o trabalho que a Defesa Civil deveria realizar de forma protagonista.

3.2 DOUTRINA

A doutrina brasileira encontra-se espraiada em vários documentos que

abordam o assunto. O principal manual do Exército é um anteprojeto escolar da

Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME), de 1987. O Ministério da

Defesa baseou-se em um Manual do Corpo de Fuzileiros Navais de 2004 para

sistematizar a evacuação de Não combatentes, em uma operação de não guerra, a

Força Aérea apoia as diversas atividades de acordo com a demanda e suas

possibilidades.

Observa-se, assim, a necessidade de uniformização da doutrina e dos

procedimentos no âmbito das Forças, e de sua atualização com a tendência

mundial, adaptando-a às peculiaridades da realidade brasileira.

Podem-se encontrar as principais definições sobre Assuntos Civis nos

seguintes manuais: C41-6 Assuntos de Governo (anteprojeto) -1987, CGCFN-2300-

Manual de Evacuação de Não-Combatentes por Gpt Op Fuz Nav- 2004, ME C 29-2

Apoio Logístico nos G Cmdo Op F Ter - 1995, C 100-5 Operações - 1997 e C 101-5

Estado-Maior e Ordens 2003; e Manual Escolar ECEME 320-5.

O manual de campanha C 100-5 – Operações, no Artigo IV, que trata sobre

as operações de Assuntos Civis, comenta no seu parágrafo 8-7 o seguinte:

- O campo dos Assuntos Civis engloba as atividades de comunicação social,

ação comunitária e assuntos de governo.

- Nos estados-maiores de Grandes Comandos e de Grandes Unidades,

competem às 5ª Seções o assessoramento, o planejamento e a condução das

atividades de Assuntos Civis. As 5ª Seções podem ser reforçadas por equipes de

especialistas em Assuntos Civis ou em comunicação social.

- O comandante emprega as operações de Assuntos Civis para obter a

cooperação e o apoio essenciais dos civis, ou para reduzir sua interferência no

cumprimento da missão. Tais operações envolvem as relações entre as forças

militares e as autoridades civis e a população do país ou da área em que as forças

são empregadas. As operações de Assuntos Civis podem incluir a execução, pelas

forças militares, de algumas ou de todas as funções, normalmente, desempenhadas

43

pelo governo civil. Essas operações destinam-se a utilizar os recursos disponíveis

nas comunidades e reduzir os problemas advindos do movimento de refugiados, das

baixas maciças entre a população civil e das exigências legais no sentido de prover

a população civil com um mínimo de apoio em suprimentos, proteção e assistência

hospitalar.

O parágrafo 8-8 do mesmo manual define o seguinte: as operações de

Assuntos Civis são empregadas para assegurar a utilização máxima dos recursos

locais, inclusive material, instalações e mão de obra, dentro dos limites

estabelecidos pela política nacional, pelo teatro de operações, pelos acordos

internacionais ou pelas leis de guerra.

Elas contribuem para a proteção do pessoal, das instalações e das atividades,

com o emprego mínimo de forças de combate, por meio de relações amistosas com

as autoridades e populações locais, para reduzir a subversão, a espionagem, a

sabotagem e a ação de forças irregulares.

Tais atividades hostis representam uma ameaça ou um problema importante

para as forças legais, quando são apoiadas, ativa ou passivamente, por uma porção

significativa da população local. As operações de Assuntos Civis, por si só, não

podem alcançar todos esses objetivos, pois dependem do êxito que tenham as

atividades de inteligência e contra-inteligência, das medidas tomadas para a

segurança da área de retaguarda e da atitude e do comportamento do pessoal

militar, inclusive aliados, em relação à população civil.

O Manual de Campanha C 101-5 – Estado-Maior e Ordens, no seu artigo VI,

do volume II, no parágrafo A-59, define o seguinte sobre os Assuntos Civis:

- As ações de comunicação social e de Assuntos Civis apoiam a missão

político-militar de um comandante e, assim, afetam, direta ou indiretamente, outras

operações militares. Coordenação contínua é essencial entre os Assuntos Civis, a

comunicação social e outros planos militares, instrução e operações.

- O Batalhão de Assuntos Civis ou organização equivalente é necessário

como órgão de execução das operações de Assuntos Civis. Unidades de Assuntos

Civis são unidades típicas de organização celular não previstas em quadro, mas a

serem constituídas e organizadas de acordo com as necessidades.

O manual escolar ME 320-5 - Vocabulário da ECEME define Assuntos Civis e

Ação Cívico-Social como:

44

- Assuntos Civis são o conjunto de atividades referentes ao relacionamento do

comandante e dos demais componentes de uma organização ou força militar com as

autoridades civis e a população da área ou território sob a responsabilidade ou

jurisdição do comandante dessa organização ou força.

- Ação-Cívico-Social (ACISO) é o conjunto de atividades de caráter episódico

ou programado de assistência e auxílio a comunidades, desenvolvendo o espírito

cívico e comunitário dos cidadãos, no país ou no exterior, para resolver problemas

imediatos e prementes (além da natureza assistencial e, às vezes, de socorro às

populações, a Ação-Cívico-Social também se insere como Assuntos Civis e colabora

nas Operações Psicológicas - Op Psc).

Visto os conceitos de Assuntos Civis acima expostos, nota-se que não há

diferença entre os manuais e, sim uma complementaridade dos mesmos. As

definições de Assuntos Civis e Ação Cívico Social podem gerar dúvida, mas a

diferença está na abrangência. Os Assuntos Civis atuam nas ramificações da

estrutura sócio-político-administrativa da área ou território sob a responsabilidade do

Comandante da Força, abrangendo as atividades de governo, de serviços públicos e

especiais.

Os objetivos gerais das atividades de Assuntos Civis são cumprir as

obrigações impostas por leis e tratados firmados, promover uma política interna e

externa no País, na área considerada e promover uma rápida transferência de

responsabilidade das funções civis, que porventura esteja sob o controle da

administração militar, para o governo civil e, principalmente, auxiliar as operações

militares.

3.3 ORGANIZAÇÃO

As Organizações Militares de Assuntos Civis da Força Terrestre podem ser:

Comando de Assuntos Civis (COAC), Unidades de Assuntos Civis e Equipes de

Assuntos Civis.

3.3.1 Comando de Assuntos Civis

É o comando responsável pela execução das atividades de Assuntos Civis

em apoio a Força Terrestre Componente (FTC) de um Teatro de Operações

Terrestre (TOT). Tem o encargo de atribuir as áreas de responsabilidade às

unidades de Assuntos Civis, de acordo com a densidade da população, das

45

características da área e da peculiaridade do governo local. Um COAC pode

enquadrar de 2 (dois) a 6 (seis) Batalhões de Assuntos Civis.

3.3.2 Organizações de Assuntos Civis

As organizações de Assuntos Civis são os Batalhões, as Companhias e os

Pelotões de Assuntos Civis. Estas organizações são próprias de uma estrutura

celular que não é prevista na composição atual do Exército Brasileiro, mas, que

podem vir a ser organizadas a partir de um quadro de necessidade. A seguir,

veremos cada uma dessas organizações.

3.3.2.1 BATALHÃO DE ASSUNTOS CIVIS

Os Batalhões de Assuntos Civis são compostos por uma equipe de comando

e de 2 (duas) a 6 (seis) Companhias. Têm a missão de exercer o controle da

população e, se necessário, o governo militar de uma área ou zona de ação, além

de executar operações psicológicas. O emprego mais comum dos Batalhões é o

apoio à FTC ou ao Exército de Campanha. Pode ainda prestar o apoio em um

Estado ou numa cidade de grande porte.

O 96º Batalhão de Assuntos Civis dos EUA, que tem sua estrutura ativada,

mesmo em tempo de paz, tem sua composição muito parecida com a prevista pelo

Exército Brasileiro .

A diferença é que a estrutura brasileira prevê equipes funcionais, que

poderão ser agregadas à organização para o cumprimento de determinada missão,

subordinadas diretamente ao Comando da Unidade.

Na estrutura do 96º Batalhão de Assuntos Civis, o acréscimo de equipes

funcionais, se vierem ocorrer, será junto a uma das suas cinco subunidades de

Assuntos Civis.

3.3.2.2 COMPANHIA DE ASSUNTOS CIVIS

A Companhia de Assuntos Civis é formada por uma equipe de comando e

de 2 (dois) a 6 (seis) equipes de Assuntos Civis. Têm a missão de prestar o apoio

nesta área, em situações eventuais, a uma Divisão de Exército (DE). Pode também

receber a missão de prestar o apoio a uma cidade grande ou a uma área de um

Estado. Pode, ainda, integrar um Batalhão de Assuntos Civis. Assim, como outras

46

unidades de mesmo escalão, a companhia é o menor elemento de Assuntos Civis

com encargo administrativo.

A estrutura da Companhia de Assuntos Civis é um pouco diferente da norte-

americana. A brasileira não possui o Pelotão de Administração e possui um

organograma mais simples, todavia, com as funções de Comandante e de

Subcomandante.

3.3.2.3 PELOTÃO DE ASSUNTOS CIVIS

Os Pelotões de Assuntos Civis são constituídos por uma equipe de comando

e equipes funcionais, que variam de 2 (duas) a 10 (dez). Têm a missão de executar

o controle da população e, se necessário, o governo, militar de uma área ou zona de

ação. O Pelotão é o menor comando de Assuntos Civis. Não dispõe de

especialistas, no entanto, recebe tantas equipes funcionais quanto forem

necessárias para o cumprimento das missões. A principal missão é prestar o apoio a

Divisão de Exército e a Brigada. A organização do Pelotão brasileiro é mais simples

que a do norte-americano e atende nas mesmas condições todas as atividades de

emprego de Assuntos Civis.

3.3.2.4 EQUIPES DE ASSUNTOS CIVIS

As equipes funcionais são organizações celulares destinadas ao

cumprimento de missões específicas. Normalmente integram os Pelotões e possuem

efetivo variável. Estas equipes atuam enquadradas nos Batalhões, Companhias ou

Pelotões de Assuntos Civis ou ainda, sob o controle operacional de uma

Organização militar apoiada. As equipes utilizadas em Brigadas ou escalões

superiores podem ser empregadas no planejamento, no assessoramento e na

supervisão. Já as equipes dos Batalhões e Companhias são empregadas

diretamente nas operações de Assuntos Civis.

3.4 SISTEMA NACIONAL DE PROTEÇÃO E DEFESA CIVIL (SINPDEC)

No Brasil, o tema defesa Civil começou a ser tratado em 1942, após o

afundamento dos navios militares Baependi, Araraquara e Aníbal Benévolo no litoral

de Sergipe e do vapor Itagiba torpedeado pelo submarino alemão U-507, no litoral

do estado da Bahia. Na tarde de 17 de agosto, as vitimas do vapor Itagiba são

resgatadas pelo cargueiro Arará que também é torpedeado pelo submarino alemão

47

U-507 e vem à pique causando a morte de 36 passageiros civis, entre eles mulheres

e crianças, e 20 tripulantes.A notícia dos afundamentos fez com que a população

brasileira fosse às ruas exigindo do governo uma resposta imediata aos ataques,

que culminou com a declaração de guerra do Brasil contra a Alemanha nazista e a

Itália fascista, no dia 22 de agosto.

O governo federal preocupado com a segurança da população cria em 1942,

o Serviço de Defesa Passiva Antiaérea, a obrigatoriedade do ensino da defesa

passiva em todos estabelecimentos de ensino, oficiais ou particulares, existentes no

país.

Em 1943, a denominação de Defesa Passiva Antiaérea é alterada para

Serviço de Defesa Civil, sob a supervisão da Diretoria Nacional do Serviço da

Defesa Civil, do Ministério da Justiça e Negócios Interiores. Este órgão é extinto em

1946, bem como, suas Diretorias Regionais criadas nos Estados, Territórios e no

Distrito Federal.Hoje, em todo o mundo, a Defesa Civil, se organiza em sistemas

abertos com a participação dos governos locais e da população no

desencadeamento das ações preventivas e de resposta aos desastres, seguindo o

princípio da Defesa Comunitária.

O Brasil começou a se estruturar em função de fortes chuvas que assolaram

a região Sudeste entre 1966 e 1967, provocando enchentes no Estado da

Guanabara e deslizamentos na Serra das Araras, no Rio de Janeiro e

Caraguatatuba em São Paulo. Foi constituiu um Grupo de Trabalho, no âmbito do

Estado da Guanabara, com a finalidade de estudar a mobilização dos diversos

órgãos estaduais em casos de catástrofes. Este grupo elaborou o Plano Diretor de

Defesa Civil do Estado da Guanabara, criando as Coordenadorias Regionais de

Defesa Civil – REDEC no Brasil e definindo atribuições para cada órgão componente

do Sistema Estadual de Defesa Civil. Em dezembro de 1966 é organizada no Estado

da Guanabara, a primeira Defesa Civil Estadual do Brasil. Ainda, em consequência

desses eventos foi criado, em 1967, o Ministério do Interior com a competência,

entre outras, de assistir as populações atingidas por calamidade pública em todo

território nacional.

No final da década de 60, foram instituídos no Ministério do Interior, o Fundo

Especial para Calamidades Públicas (FUNCAP) e o Grupo Especial para Assuntos

48

de Calamidades Públicas - GEACAP (embrião da Secretaria Nacional de Defesa

Civil) com incumbência de prestar assistência a defesa permanente contra as

calamidades públicas.

A proposta de pensar a Defesa Civil como instituição estratégica para

redução de riscos de desastres veio com a organização do Sistema Nacional de

Defesa Civil, no Decreto nº 97.274, de 16.12.1988. Um ano depois a Assembleia

Geral da ONU realizada em 22 de dezembro, aprovou a Resolução 44/236, que

estabelecia o ano de 1990 como início da Década Internacional para Redução dos

Desastres Naturais (DIRDN). O objetivo central da campanha era a redução de

perdas de vidas, danos e transtornos sócio-econômicos, especialmente nos países

em desenvolvimento, provocados por desastres naturais como escorregamentos,

terremotos, erupções vulcânicas, tsunamis, inundações, vendavais, seca e

desertificação, incêndios, pragas, além de outras calamidades de origem natural.

Para atender o compromisso firmado na Resolução 44/236, o Brasil elaborou

um plano nacional de redução de desastres para a década de 90 que estabelecia

metas e programas a serem alcançados até o ano 2.000 conhecido como Política

Nacional de Defesa Civil (PNDC) estruturada em quatro pilares: prevenção,

preparação, resposta e reconstrução.

Além das metas contidas na PNDC o plano previa ainda: a reestruturação da

SEDEC como Secretaria Especial de Defesa Civil; a classificação, tipificação e

codificação de desastres, ameaças e riscos, embasados na realidade brasileira (O

Codar codificou e caracterizou 154 desastres possíveis de ocorrer no Brasil); a

organização dos Manuais de Planejamento em Defesa Civil; e, a criação de um

programa de capacitação em desastres, com o enfoque na preparação de gestores

nacionais, estaduais, municipais e de áreas setoriais para atuarem em todo o

território nacional.

Na década de 2.000, o foco de atuação da SEDEC foi o gerenciamento dos

desastres e a capacitação de agentes locais de defesa civil. Em 2009, foi realizada a

1ª Conferência Nacional de Defesa Civil e Assistência Humanitária cujos 1.500

delegados representantes dos Estados, Distrito Federal e Municípios brasileiros,

destacaram a importância do fortalecimento das instituições de Defesa Civil

municipais. Ao final da etapa nacional foram aprovadas 104 diretrizes.

49

A segunda dezena do século XXI caracteriza-se pela retomada dos

princípios de redução de desastres, com a implantação do Planejamento Nacional

para Gestão de Riscos - PNGR, a construção do Banco de Dados de Registros de

Desastres e do Atlas Brasileiro de Desastres Naturais, a criação da Política Nacional

de Proteção e Defesa Civil (PNDEC), a organização do Sistema Nacional de

Proteção Civil (SINPDEC), entre outras ações de gerenciamento de riscos e

desastres.

3.5 OPERAÇÕES SUBSIDIÁRIAS E CASOS REAIS

Operações Subsidiárias são aquelas desenvolvidas pelas Forças Armadas

com o intuito de contribuir para o desenvolvimento nacional, o apoio à defesa civil

em situações de emergência, ações de cunho social e repressão a delitos

ambientais e transnacionais, sem comprometer suas atividades fim.

Importante fator de projeção da imagem das Instituições junto à sociedade

civil, as atividades caracterizadas como atribuições subsidiárias são previstas no

ordenamento jurídico nacional brasileiro pela lei complementar Nr 97, de 9 de junho

de 1999, alterada pela lei complementar Nr 117, de 2 de setembro de 2004, que

dispõe sobre a organização, o preparo e o emprego das Forças Armadas ficando

estabelecido que:

Art. 16. Cabe às Forças Armadas, como atribuição subsidiária geral, cooperar com o desenvolvimento nacional e a defesa civil, na forma determinada pelo Presidente da República.

Parágrafo único. Para os efeitos deste artigo, integra as referidas ações de caráter geral a participação em campanhas institucionais de utilidade pública ou de interesse social. (Incluído pela Lei Complementar nº 117, de 2004)

Art. 17A. Cabe ao Exército, além de outras ações pertinentes, como atribuições subsidiárias particulares: (Incluído pela Lei Complementar nº 117, de 2004)

I – contribuir para a formulação e condução de políticas nacionais que digam respeito ao Poder Militar Terrestre; (Incluído pela Lei Complementar nº 117, de 2004)

II – cooperar com órgãos públicos federais, estaduais e municipais e, excepcionalmente, com empresas privadas, na execução de obras e serviços de engenharia, sendo os recursos advindos do órgão solicitante; (Incluído pela Lei Complementar nº 117, de 2004)

III – cooperar com órgãos federais, quando se fizer necessário, na repressão aos delitos de repercussão nacional e internacional, no território nacional, na forma de apoio logístico, de inteligência, de comunicações e de instrução; (Incluído pela Lei Complementar nº 117, de 2004)

50

IV – atuar, por meio de ações preventivas e repressivas, na faixa de fronteira terrestre, contra delitos transfronteiriços e ambientais, isoladamente ou em coordenação com outros órgãos do Poder Executivo, executando, dentre outras, as ações de: (Incluído pela Lei Complementar nº 117, de 2004)

a) patrulhamento; b) revista de pessoas, de veículos terrestres, de

embarcações e de aeronaves; e

c) prisões em flagrante delito.

Baseado nesses pressupostos legais, o Exército Brasileiro vêm atendendo a

diversas demandas de órgãos civis governamentais e do terceiro setor, sendo

latente a percepção do incremento anual das solicitações de apoio das mais

diversas origens e finalidades.

No Brasil, verifica-se que cada Comando Militar de Área (CMilA) é acometido

sazonalmente por situações emergenciais que acabam por demandar o apoio de

Organizações Militares, sendo mais comuns as situações constantes da Figura 2.

C Mil A Tipos de apoio e período do ano

Comando Militar da

Amazônia

- Chuvas e inundações: Dezembro a Março

- Incêndios: Julho a Novembro

- Epidemias de dengue: Julho a Novembro

Comando Militar do Sul - Chuvas e inundações: Dezembro a Março

- Epidemias de dengue: Janeiro a Março

Comando Militar do Leste - Chuvas e inundações: Dezembro a Março

- Epidemias de dengue: Janeiro a Março

Comando Militar do

Nordeste

- Estiagem: Agosto a Março

- Chuvas e inundações:Maio a Julho

- Epidemias de dengue Janeiro a Março

Comando Militar do Oeste - Chuvas e inundações: dezembro a Março

- Epidemias de dengue: Abril a julho

Figura 2: Situações emergenciais sazonais Fonte: O autor (2011)

3.5.1 Socorro e Assistência a Desabrigados

As operações de socorro e assistência a desabrigados por desastres

naturais (chuvas, desabamentos, tornados) geralmente seguem o inverso dos

padrões de acionamento por se tratarem de situações emergenciais. Geralmente as

Organizações Militares iniciam o emprego de seus meios imediatamente após a

solicitação dos Órgãos de Defesa Civil local.

51

Suas ações compreendem em uma primeira fase a remoção de famílias

de áreas de risco, confecção, transporte e distribuição de cestas de alimentos e

donativos, fornecimento de alimentos, água potável e alojamento. Pode ainda ser

acionado, em uma segunda fase, para participar do processo de reconstrução de

cenários atingidos pelo desastre, sendo grande parceiro nesse caso da Secretaria

Nacional de Defesa Civil.

As regiões que mais tem solicitado o apoio do Exército por ocasião do

acometimento de desastres naturais são: Norte (Estados do Amazonas e Pará),

Nordeste (Estados de Pernambuco, Piauí, Sergipe, Alagoas e Maranhão), Sudeste

(Rio de Janeiro) e Sul (Rio Grande do Sul e Santa Catarina).

3.5.2 Operação Pipa

O Programa Emergencial de Distribuição de Água Potável no Semiárido

Brasileiro (Operação Pipa), é uma das principais operações conduzidas pelo

Exército Brasileiro. Iniciada em 1998, a Operação Pipa é fruto de uma parceria entre

o Ministério da Defesa e o Ministério da Integração Nacional no sentido de amenizar

o sofrimento do povo nordestino atingido pelas sucessivas estiagens que ocorrem

naquela região. O Exército Brasileiro, em apoio à Secretaria Nacional de Defesa

Civil, promove a coordenação das atividades constantes do processo de distribuição

de água potável por carros pipa, sendo responsável pela organização administrativa

do processo, contratação de pipeiros, verificação da qualidade da água, fiscalização

e pagamento dos prestadores de serviço.

Devido a sua complexidade administrativa e logística, foi desenvolvido um

programa destinado a gerenciar todas as atividades centralizando em uma única

ferramenta todo o processo de distribuição de água via on line - GCDA (Programa

de Gestão e Controle da Distribuição de Água), possibilitando dessa forma a todos

os gestores da operação o acesso ilimitado , vinte e quatro horas por dia de todos os

dados que podem ser gerados pela Operação.

3.5.3 Combate a Incêndios Florestais

Esporadicamente as Forças Armadas são acionadas para auxiliar os

governos estaduais e federal para combater incêndios florestais de grandes

proporções, como ocorrido por duas vezes no Estado de Roraima (1998 e 2005),

52

sendo alocados recursos humanos e materiais para complementar as ações das

equipes dos corpos de bombeiros militares.

3.5.4 Apoio no Combate a Delitos Ambientais

O Brasil e sua grandes reservas naturais é constantemente atingido pela

ação de indivíduos e empresas perpetradores de graves delitos ambientais, que

colocam em risco a imensa biodiversidade do país. O Instituto Brasileiro do Meio

Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), iniciou em 2004 um

ambicioso plano de combate a tais delitos - PPCDAM (Programa de Prevenção

Controle ao Desmatamento na Amazônia Legal) solicitando ao Exército apoio

logístico às ações empreendidas desde então, sendo firmado em 2004 uma parceria

técnica formalizada pela portaria interministerial Nr 702, de 13 de julho de 2004,

onde ficam estabelecidos os termos da cooperação.

Com a maior parte das ações centralizadas nos Estados de Rondônia, Acre,

Pará, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, diversas Organizações Militares do

Comando Militar da Amazônia e do Comando Militar do Oeste são anualmente

empregadas para atender as demandas logísticas das operações do IBAMA, sendo

constatado quedas consideráveis nos índices de desmatamento dessas regiões.

3.5.5 Ações Sociais

O Exército apóia o Ministério do Esporte e da Educação com projetos de

educação cívica e de incentivo à prática de esportes, Programa Forças no Esporte,

além de possuir em diversas Organizações Militares, projetos de assistência a

menores carentes em situação de risco. Apoia ainda o Projeto Rondon, que promove

assistência médica e social no locais mais pobres do país, deslocando estudantes

universitários a essas áreas de risco social.

Promove ainda as Ações Cívico Sociais (ACISO) que são realizadas nas

áreas de responsabilidade das diversas organizações militares espalhadas pelo

território brasileiro.

3.5.6 Campanhas de Saúde e Controle de Epidemias

As Forças Armadas têm disponibilizado equipes de saúde para apoiar os

governos federal, estadual e municipal em situações de emergência médica, além de

fornecer pessoal para as campanhas de combate aos focos dos mosquitos da

53

dengue, febre amarela, leishmaniose e malária, além de controle de pandemias de

vírus (Gripe A) e combate a doenças animais (Febre Aftosa).

3.5.7 Operação Serrana 2011

Um forte temporal atingiu a região serrana do Estado do Rio de Janeiro entre

a noite de 11 de janeiro e a manhã do dia seguinte. Choveu em um 24 horas o

esperado para o mês inteiro e o resultado foi a maior tragédia climática registrada no

país, segundo especialistas de várias áreas.

Deslizamentos de terra e enchentes mataram mais de 900 pessoas e

deixaram quase 400 desaparecidas. Cerca de 30 mil sobreviventes ficaram

desalojados ou desabrigados. Escolas, ginásios esportivos e igrejas viraram abrigos.

Hospitais ficaram cheios de feridos na primeira semana. Cerca de 15 dias

depois da catástrofe, doenças como leptospirose começaram a assolar a população.

Autoridades então passaram a monitorar casos confirmados e pacientes suspeitos,

além de educar o povo em relação à prevenção.

As cidades de Nova Friburgo, Teresópolis, Petrópolis, Sumidouro, São José

do Vale do Rio Preto, Bom Jardim e Areal foram as mais afetadas e decretaram

estado de calamidade pública. Serviços como água, luz e telefone foram

interrompidos, estradas foram interditadas, pontes caíram e bairros ficaram isolados

durante alguns dias.

As três esferas de governo se uniram para ajudar as vítimas e reconstruir as

cidades. No dia 14 de janeiro, a presidenta Dilma Rousseff liberou R$ 100 milhões

para ações de socorro e assistência. Além disso, o governo federal anunciou a

antecipação do Bolsa Família para os 20 mil inscritos no programa em Nova

Friburgo, Teresópolis e Petrópolis. No dia 27 do mesmo mês, a presidente esteve no

Rio e anunciou a entrega de 8.000 casas para desabrigados.

A ajuda também veio através de doações. Pessoas de diversos estados e

países se comoveram com a tragédia e enviaram principalmente dinheiro, roupas,

alimentos, remédios, água e colchões. Em fevereiro, as maiores necessidades, de

acordo com as prefeituras dos municípios afetados, são material de limpeza,

material de higiene pessoal e material descartável.

54

O Ministério da Defesa empregou cerca de 1000 militares, 06 helicópteros,

93 viaturas militares, 04 pontes móveis e Hospitais de Campanha para participar do

esforço de apoio às vítimas.

Foram realizadas as seguintes ações: Operação de Postos de Distribuição

de donativos, carregamento e descarregamento de caminhões de transporte de

donativos, segurança de instalações sensíveis, controle de trânsito, remoção de

escombros, transporte de desabrigados, distribuição de água potável, controle do

espaço aéreo, operações de busca e resgate de pessoas, transporte aéreo de

pessoal e material de socorro, resgate de corpos, lançamento de pontes móveis.

Percebe-se pelo rol de missões, a prevalência daquelas previstas na

doutrina de Assuntos Civis.

3.5.8 Participação Brasileira no Haiti

A participação brasileira na Missão de Estabilização das Nações Unidas no

Haiti (MINUSTAH) tem como marco inicial a aprovação, por unanimidade, pelo

Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), da Resolução

de nº 1542, de 30 de abril de 2004.

A participação das Forças Armadas do Brasil foi uma decisão de governo,

após consulta realizada pela ONU ao Brasil, sobre a possibilidade de participação de

tropas brasileiras no contingente militar multinacional da referida missão. Após a

Exposição de Motivos Nº 91, de 07 de Maio de 2004, do Presidente da República ao

Congresso Nacional, foi aprovado o Decreto Legislativo nº 207, de 19 de Maio de

2004, que oficializou o compromisso assumido pelo Governo brasileiro com a ONU.

Inserido nesse contexto e, conforme preconizam as normas estabelecidas

pela ONU, constantes da “Diretriz para os Países que Contribuem com Tropas para

a MINUSTAH”, o Brasil, a cada seis meses, substitui todo o contingente brasileiros

que faz parte da MINUSTAH.

O Conselho de Segurança da ONU, através da Resolução de 13 de outubro

de 2009, estendeu o mandato da MINUSTAH até 13 de outubro de 2010. A

autorização dada pelo Congresso brasileiro para a participação das tropas do País

no Haiti não fixou prazo determinado para o encerramento da missão.

55

O contingente das Forças Armadas mantido pelo Brasil no Haiti é o maior

efetivo enviado para fora do País desde a Segunda Guerra Mundial. Os militares

brasileiros formam o maior contingente militar da missão, dentre os mais de sete mil

militares, de 16 países que atuam no Haiti.

Nesse contexto, os dois Batalhões brasileiros (BRABATT) que integram a

MINUSTAH possuem em seu estado-maior o oficial de Assuntos Civis (G9),

responsável por realizar o planejamento das atividades a serem realizadas. Não

conta com tropa especialista em Assuntos Civis para emprego no terreno.

No âmbito da ONU, as operações de assuntos civis são denominadas de

CIMIC (Civil Military Cooperation).

As principais atribuições do G9 são apoiar o comandante na relação com as

autoridades civis e a população, fomentar a legitimidade da missão e aumentar a

eficiência das operações militares e apoiar as atividades de gerenciamento de

crises.

Para isso, gerenciam as Ações Cívico Sociais (ACISO), promovem reuniões

com organizações não governamentais e participam de atividades de assistência

humanitária, distribuição de água e distribuição de recursos.

3.5.9 Estrutura Atual de Coordenação das Atividades Subsidiárias no Exército

Brasileiro

Criada inicialmente como Seção de Emprego Nr 5 – SE 5 (1997-1999) e

posteriormente como seção de ações complementares (2000 a 2005), a Divisão de

Ações Subsidiárias (denominação atual) do Comando de Operações Terrestres

(COTER), conta com um efetivo de 3 militares (dois oficiais superiores e uma praça)

e é a Divisão responsável pela coordenação do emprego da Força Terrestre em

atividades subsidiárias, não estando abrangidos neste rol de responsabilidades as

obras de engenharia de construção, as operações de garantia da lei e da ordem e

as ações na faixa de fronteira.

Cabe a ela representar o Exército junto aos órgãos solicitantes de apoio,

formular as diretrizes de emprego, gerenciar os recursos financeiros recebidos,

acompanhar a execução das atividades em operação, apresentar os resultados das

ações realizadas assim como a prestação de contas dos recursos financeiros

56

recebidos e participar de grupos de trabalho junto a Secretaria Nacional de Defesa

Civil e Gabinete de Segurança Institucional da Presidência República entre outros.

No ano de 2011, foram realizadas trinta e três operações caracterizadas como

subsidiárias, envolvendo três mil oitocentos e setenta militares de mais de cento e

trinta organizações militares de todos os Comandos Militares de Área, exigindo

grande capacidade de coordenação e articulação, uma vez que grande parte das

solicitações são inopinadas e de caráter emergencial.

Figura 3 - Comandos Militares de Área do Exército Brasileiro Fonte: Sistema de Planejamento Estratégico do Exército (SIPLEX) (2004)

Como os Comandos Militares de Área não possuem estrutura semelhante a

do COTER ou específica para tratar de temas ligados às atividades subsidiárias, um

mesmo assunto é tratado em seções diferentes nos diversos Grandes Comandos,

não existindo uma forma padrão de tratamento da questão, fato que dificulta o

gerenciamento das informações, inviabiliza a existência de um banco de dados

centralizado e muitas vezes exige que o COTER busque informações sobre a

execução do apoio diretamente com a Organização Militar empregada, exigindo uma

demanda maior de tempo e de meios.

57

Cabe ressaltar ainda que a falta de uma seção ou assessoria dedicada

exclusivamente a atividades subsidiárias/Assuntos Civis no MD, Forças singulares e,

mesmo nos Grandes Comandos mais acionados, impede muitas vezes que

Organizações Militares empregadas em situações emergenciais, sejam beneficiadas

com o aporte de recursos financeiros que poderiam maximizar suas possibilidades

de apoio.

3.6 POSSIBILIDADES FUTURAS

Com o objetivo de realizar o planejamento integrado de ações de Defesa

Civil, visando minimizar as consequências danosas a população atingida por

desastres naturais, o Governo brasileiro lançou dois Planos especialmente voltados

para essas atividades: o Plano Nacional de Gestão de Risco e Resposta a Desastres

Naturais de agosto de 2012 e o Plano Emergencial de Emprego das Forças

Armadas em caso de Desastres Naturais 2011/2012.

O primeiro prevê recursos para a expansão da rede de observação com a

aquisição de nove radares, 4100 pluviômetros, 286 estações hidrológicas, 100

estações agro meteorológicas, 286 conjuntos geotécnicos e 500 sensores de

umidade de solo, além de implementar salas de situação em todos os estados para

monitoramento hidrológico pela Agência Nacional de Águas (ANA). Também serão

executadas obras de prevenção de inundações e deslizamentos, como drenagem e

contenção de encostas e cheias em 154 municípios de 15 regiões metropolitanas e

bacias hidrográficas prioritárias.

O Plano Emergencial de Emprego das Forças Armadas em caso de

Desastres Naturais 2011/2012 prevê, sem comprometimento de sua missão

constitucional, a atuação das Forças Armadas em cooperação com os órgãos e

entidades do SINPDEC responsáveis pela defesa civil, na coordenação de ações

e/ou operações de Defesa Civil, a fim de contribuir com o socorro às situações de

desastres, atenuando os seus efeitos, preservando o moral da população e

restabelecendo a normalidade social.

Embora sejam iniciativas governamentais reativas, os planos revelam a

preocupação do segmento político em dar uma resposta coerente às aspirações da

população atingida por catástrofes naturais em território nacional.

58

Muitas dessas catástrofes podem ser mapeadas com antecedência e

mitigada em seus efeitos caso os governantes formulem políticas adequadas e

realizem gestões responsáveis dos recursos públicos. O emprego de pessoal e

material especializado em determinadas emergências pode significar a diferença

entre a vida e a morte.

Neste contexto, o combatente de Assuntos Civis devidamente preparado e

adestrado poderá fazer a diferença no assessoramento dos planejadores de todos

os níveis, bem como na orientação do emprego dos meios existentes.

“…Entendo que as ações CIMIC são uma forma de operar psicologicamente

o ambiente e que estas ações necessitam ser planejadas no mais alto nível… hoje o

prestígio e a credibilidade da missão se encontram nas mãos dos militares CIMIC...

(SANTOS CRUZ, 2007).

59

4 CONCLUSÃO

Os Assuntos Civis compõem um vetor importante nas operações modernas,

aumentando o poder relativo de combate e auxiliando o comandante da operação.

A cooperação civil-militar apresenta-se como uma das maiores

necessidades e, ao mesmo tempo, um dos maiores desafios no contexto dos

conflitos armados da atualidade.

Tais conflitos caracterizam-se cada vez mais por um cenário

multidimensional e complexo, em que diversos atores buscam objetivos muitas

vezes comuns, mas por vezes diversos ou até divergentes, e realizam atividades

que, se mal coordenadas, podem se contrapor ou até mesmo se anular. Neste

contexto, observou-se o aprimoramento das coordenação e cooperação entre civis e

militares ao longo da História, especialmente a partir da década de 1990, o que pode

se entender ter ocorrido por diversos motivos, dentre os quais a maior preocupação

a nível mundial com o destino de refugiados, deslocados e vítimas civis dos conflitos,

além do surgimento de um número cada vez maior de agências civis, sejam

internacionais, governamentais ou não governamentais. Cada uma destas novas

células vai exigir atenção específica para que suas atividades se tornem sinérgicas

com o todo, o que certamente implicará na coordenação de seu trabalho com os

demais atores civis e militares presentes.

Além disso, vale ressaltar, ainda, sendo o ambiente operacional parte do

território brasileiro, o normal é que as atividades de Assuntos Civis sejam

desenvolvidas pelos órgãos civis nacionais responsáveis, cabendo às Forças

Armadas a missão e de apoio e coordenação das atividades.

Ao final deste trabalho de pesquisa sobre este tema ainda pouco explorado

em âmbito nacional, porém de grande importância nas operações nos dias atuais,

chega-se a algumas conclusões.

Já existem, nas Forças Armadas, recursos humanos capazes de conduzir

Operações de Assuntos Civis. São oficiais e praças que participaram da Força de

Paz da ONU enviada ao Haiti, além de outros tantos que realizaram cursos no

exterior, particularmente nos Estados Unidos.

No que se refere especificamente aos Estados Unidos da América, o

assunto em pauta também apresenta significativa importância ao país, pois além de

serem os pioneiros na abordagem do tema, têm organizações militares com a

missão específica de Civil Affairs, permitindo constante capacitação de militares e

60

atualização da doutrina. Sua participação constante em combate permite inferir que

seu modelo de aplicação da coordenação civil-militar deve ser considerado para a

evolução nacional no assunto, além de ser aconselhável a busca de ensinamentos

úteis que possam ser aproveitados.

O Brasil necessita de certo aprimoramento da doutrina, tanto no que se

refere aos Assuntos Civis quanto ao que se refere à cooperação civil-militar. É fato

que as atividades realizadas pela tropa brasileira no Haiti têm proporcionado

progressos no assunto, mas a CIMIC se ressente de maior regulamentação.

Normalmente, a cooperação é feita na prática, e o jeito de ser do povo brasileiro é

um fator que traz grande sucesso nessas atividades, mas talvez pequenas

modificações pudessem trazer resultados mais expressivos. Nesse contexto, a

análise de lições aprendidas por outros países é fator primordial para que a doutrina

brasileira esteja eixada com as melhores práticas no assunto, possibilitando que

objetivos dentro da CIMIC sejam atingidos com muito mais eficiência e facilidade.

Esses recursos humanos, já existentes nas Forças, poderiam ser reunidos

em um núcleo operacional para estudar a problemática militar brasileira. Assim, o

conhecimento adquirido na prática e a doutrina moderna assimilada no exterior,

temperada com as características nacionais serviriam de base para a criação de

uma Unidade Conjunta de Assuntos Civis, no nível tático, tão necessária nos dias de

hoje. Nos níveis operacional e estratégico, um outro núcleo poderia ser formado no

Ministério da Defesa para adequar a doutrina, que hoje encontra-se defasada, com a

parte tática. Nesse nível seria idealizado o processo de ligação com as demais

agências do Governo para potencializar os meios existentes. O modelo de sugerido

seria que a Unidade Conjunta de Assuntos Civis a ser criada seria subordinada ao

Exército Brasileiro para fins de preparo e vinculada ao Ministério da Defesa para fins

de emprego.

A realização de temas escolares nas Escolas de Comando e Estado-Maior e

nas Escolas de Aperfeiçoamento de Oficiais das Forças, contando inicialmente com

o assessoramento desses núcleos, contribuirá para o rápido desenvolvimento da

doutrina e da mentalidade de Assuntos Civis.

No nível político, a criação de uma Assessoria especializada em Assuntos

Civis ligada diretamente ao Ministro da Defesa e com trânsito político nos outros

ministérios facilitará a tomada de decisão e agilizará os procedimentos burocráticos

61

existentes em caso de emprego emergencial em território nacional, caracterizando,

assim, o aspecto dual da atividade

Ao Governo caberá, também, a cobrança de planos e procedimentos das

esferas estaduais e municipais para o caso de acionamento em emergências,

engajando toda esfera política para a solução de problemas históricos ou não. Para

a confecção desse planos, o núcleo conjunto a ser criado poderá sugerir os

procedimentos necessário, integrando todos os atores envolvidos.

Depois de estabelecida a base necessária ao início dos trabalhos, com o

objetivo de aumentar o efetivo de pessoal dedicado, seriam criados cursos e

estágios de Assuntos Civis, sob a tutela do Estado-Maior Conjunto das Forças

Armadas a serem realizados no âmbito da Unidade Conjunta de Assuntos Civis.

Essa organização militar deverá possuir equipamentos próprios, que

garantam sua autonomia de emprego nas operações, particularmente de comando e

controle. Nesse aspecto, é desejável fomentar a Base Industrial de Defesa para

possuir plenas capacidades para o desenvolvimento e a fabricação de meios

dedicados a este mister.

Entende-se que os ensinamentos abordados neste trabalho podem ficar

como memória, e o incremento desse banco de dados com informações colhidas em

outros conflitos ou das próprias evoluções da doutrina estrangeira, se

disponibilizadas, podem ser a base de possíveis trabalhos futuros que aprimorem a

doutrina brasileira, talvez com a compilação de um manual ou nota doutrinária

Desta forma, busca-se que o Brasil, e mais especificamente as Forças Armadas,

procurem acompanhar essa realidade, pois o cenário que atualmente se configura,

pela análise dos conflitos atuais, torna lícito supor que atividades como os Assuntos

Civis, apesar de por si só não levarem à vitória, trariam prejuízos tais às operações,

caso indevidamente realizadas ou inexistentes, que contribuiriam sobremaneira para

a derrota.

Com relação ao aspecto dual do caso brasileiro, vale dizer que as

atividades de Assuntos Civis, se corretamente conduzidas vão promover a

integração das atividades militares e civis, corroborando com as Forças Armadas no

cumprimento de sua missão e garantindo menor transtorno à população civil, por

potencializar os recursos existentes em todas as esferas do poder.

62

REFERÊNCIAS

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