rando kim - editora sextante · para com toda a energia no início da prova para desmaiar de...
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Rando Kim
Não é fácilser jovem
Como descobrir o seu potencial, lidar com as incertezas e ir em busca dos seus sonhos
Sumário
Prólogo Lembrem-se: vocês são lindos 7
pa rt e 1 encontre a resposta em seus olhos 11
Que horas são no seu relógio da vida? 13
Siga sua paixão 16
Cada flor tem sua estação para desabrochar 20
A resposta está dentro de você 25
Eu também mudei meus planos 30
Pare para pensar 33
Ainda não é hora de começar uma poupança programada 36
Pare e avalie seus métodos 40
Meta, método e ação 44
Invejar é perder o jogo 45
Uma mensagem para você 48
pa rt e 2 o poço não é tão fundo quanto
você pensa 51
As provações são o nosso combustível 53
O poço não é tão fundo quanto você pensa 57
Aquele alguém que é seu vasto oceano 61
Os perigos do amor 64
Uma revolução interna: a história de Frida Kahlo 68
Meu caderno de respostas erradas 71
Hoje é o dia de sua vida em que você está mais velho 75
O dia que você está tendo hoje é o dia dos sonhos de muita gente 78
Uma carta para mim: sonhe com entusiasmo 81
Uma carta para você: a vida após o rompimento 83
pa rt e 3 milagres acontecem lentamente 87
É difícil para qualquer um cumprir uma resolução 89
Não seja um protagonista solitário 93
Encontre um professor 97
Comece suas manhãs com um jornal na mão 99
Escrever bem é mais importante do que você pensa 102
O conhecimento não tem hierarquia 106
O quebra-cabeça de 29.220 peças 108
A culpa não é da falta de tempo 111
Carpe diem 118
Qual é a rima da sua vida? 120
Milagres acontecem lentamente 122
Uma carta sobre sua segunda tentativa de entrar na faculdade 124
pa rt e 4 uma vida determinada pelo amanhã,
uma vida determinada por sua vocação 129
Quem decide sua vida é você 131
Uma vida determinada pelo amanhã e pela minha vocação 135
Inteligentes e despreparados 139
A faculdade é a linha de chegada ou a linha de partida para você? 142
Deixe que eles ouçam sua história, em vez de verem seu currículo 146
O que é mais importante do que ganhar dinheiro aos 20 e poucos anos 150
O que a faculdade representa para você? 153
Primeiro embarque no trem 158
Despedindo-se do campus 163
Uma carta para mim: reflexão sobre o auge da minha vida 169
Epílogo Ao meu caríssimo filho 171
7
Prólogo
lembrem-se: vocês são lindos
“A juventude é maravilhosa. Que crime desperdiçá-
-la com os jovens”, disse o dramaturgo irlandês George
Bernard Shaw. Por mais paradoxal que essa afirmação possa soar,
para mim ela ainda está longe de definir quão complexo e precio-
so é o tesouro da juventude.
Essa é a época mais importante da vida, um período para o
qual as pessoas mais velhas costumam olhar com saudade – às
vezes até com um pouco de nostalgia e culpa.
O que faz a juventude ser tão maravilhosa é trazer em si todas
as possibilidades do mundo. Vocês, jovens, são como uma pedra
bruta que pode alcançar um valor inestimável dependendo da
maneira como for lapidada. E é na faculdade que o melhor de
vocês emerge e que seu brilho atinge o auge.
Mas sei que essa fase da vida pode ser insuportável também.
Os mais velhos dizem que vocês não têm com que se preocupar,
afirmam que “na minha época as coisas eram bem mais difíceis”,
mas a verdade é que o peso que vocês carregam sobre os ombros é
maior do que qualquer um imagina. Para a maioria dos estudan-
tes de 20 e poucos anos, a rotina é um equilíbrio precário entre a
vida de adulto responsável e a de pós-adolescente recém-liberto,
em que a angústia reprimida durante o vestibular aflora e explode
como um vulcão. É também um período de discórdia, em que
a sua paixão bate de frente com as expectativas dos outros, que
acreditam saber melhor do que vocês o que é bom para sua vida.
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Como resultado, seus dias na faculdade podem ter cores brilhan-
tes e, mesmo assim, ser sombrios.
Muitos de vocês acham a juventude difícil e não veem a hora
de passar logo dessa fase. O que não percebem é que existem
infinitas possibilidades à sua frente. Vocês não se dão conta de
que, embora esse pareça o período mais pesado que já viveram,
também pode ser a época mais rica de suas vidas. Muitos se
perdem num mar de preocupações e afundam num poço de
autopiedade, desperdiçando quase todas as oportunidades. Tal-
vez até se sintam espertos, mas tomam uma decisão insensata
após a outra.
Passei muitos anos convivendo com jovens inseguros e ofere-
cendo-lhes consolo para que pudessem enfrentar seus medos. Eu
queria despertar suas mentes com palavras de sabedoria que os
fizessem abrir os olhos. Queria encorajá-los e ajudá-los a extrair
o máximo desse período da vida.
Este livro é o resultado de todos os meus esforços. Não estou
aqui para dizer palavras vazias de positividade e esperança, nem
para afirmar “Não se preocupem, tudo vai ficar bem”. Tam -
pouco ensinarei a importância de se preparar um currículo per-
feito. Não é nada disso. Estou aqui para abrir meu coração e tocar
sua alma. Quero instigar sua consciência e pôr sua mente para
funcionar. Quero ajudá-los a ver a vida por uma perspectiva mais
ampla, enquanto vocês enfrentam suas batalhas diárias, presos à
obsessão de encontrar um bom emprego. Como educador, meu
desejo é animá-los – às vezes até repreendê-los – à medida que
formos compartilhando sua dor e sua ansiedade em relação aos
estudos, à carreira ou mesmo ao coração.
De certo modo, tudo o que escrevi neste livro pode ser visto
como aquele velho conselho de sempre: sonhe grande, seja res-
ponsável e acumule conhecimentos.
Conheci muitos jovens pessoalmente, comuniquei-me com
eles pela internet e realizei pesquisas com quase mil estudantes,
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na esperança de ter uma visão mais objetiva dos reais problemas
da juventude.
Algumas histórias da minha vida podem parecer falsas e,
para ser honesto, até me deixam um pouco constrangido,
mas tentarei ser franco e compartilhar as experiências que vivi
quando jovem. Não quero ser como um professor distante, e sim
como um mestre genuinamente interessado, um educador, uma
pessoa mais velha que já viveu mais do que vocês.
Eu não teria sido capaz de escrever este livro se minha profis-
são não exigisse o convívio com jovens diariamente ou se eu não
tivesse vivido as mesmas angústias, dúvidas e provações que eles.
Muitas vezes, faço referências à faculdade, mas se você não for
um estudante universitário, não tem problema: considere minhas
palavras como um conselho aplicável a qualquer que seja sua
realidade no momento.
Vou ajudá-lo a ser menos cauteloso. Em vez de ser um investi-
dor audacioso que faz negócios visando cada centavo possível de
lucro, quero que você aprenda a ser um investidor des preo cupa-
do que sabe esperar pacientemente todas as possibilidades que se
apresentarem. Deixe de se comportar como o velocista que dis-
para com toda a energia no início da prova para desmaiar de
exaustão no meio do caminho e aja como um bravo explorador
que dá um passo de cada vez, focado apenas no destino distante
aonde deseja chegar.
Você tem a vibração da juventude. Comece sua jornada agora.
Se encontrar inspiração em qualquer parte deste livro, minha
tarefa foi cumprida.
Rando Kim
Inverno de 2010
p a r t e 1
encontre a resposta em seus olhos
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que horas são no seu relógio da vida?
Tenho um relógio na minha escrivaninha. Ele está para-
do, mas não está quebrado.
Tirei as pilhas de propósito. Apesar disso, o relógio nem sem-
pre fica parado. A cada ano, no dia do meu aniversário, avanço o
ponteiro grande em 18 minutos.
Um rapaz chamado Kim me procurou recentemente. Ele se
abriu comigo, lamentando que logo chegaria aos 30 anos mas
não construíra nada de significativo na vida e nem sequer tinha
um plano para o futuro. Ele falou por um bom tempo e contou
que se sentia tão frustrado que estava a ponto de enlouquecer.
Não é fácil se formar em quatro anos. Sabendo que precisará de
um bom currículo para conseguir emprego ao sair da faculdade,
talvez você se inscreva num programa de intercâmbio ou adquira
experiência profissional num estágio ou num emprego de meio
expediente. Essas atividades extras exigem que você se afaste da fa-
culdade. Se você ingressou no ensino superior mais tarde, mudou
de carreira em algum momento, fez vários cursos antes de entrar
na universidade ou se frequenta cursinhos preparatórios para con-
cursos públicos, é provável que chegue aos 30 sem nem perceber.
Muitos jovens estão assustados com a velocidade da passagem
do tempo, mesmo que ainda estejam no começo da casa dos 20. Os
calouros se espantam, achando que o primeiro semestre passou rá-
pido demais, enquanto os que estão prestes a se formar lamentam
que a graduação se aproxima a galope. Se você não tem nenhuma
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promessa de emprego após a formatura, cada dia que passa pode
ser carregado de ansiedade e frustração. Você se pergunta se todos
os seus problemas se resolverão depois que der seu primeiro passo
bem-sucedido no “mundo real”. Não responda a essa pergunta de
maneira precipitada. Não se preocupe tanto com o amanhã.
Quanto da sua vida você acha que já passou?
Essa pergunta lhe parece absurda? Então vou reformulá-la.
Vamos supor que a duração de sua vida – do nascimento à morte
– seja de 24 horas. Onde você acha que os ponteiros de seu re-
lógio da vida estão neste momento? No meio-dia? Entre uma e
duas da tarde, quando a maioria das pessoas acabou de almoçar
e está voltando ao trabalho?
Vamos descobrir onde está o relógio de um jovem de 24 anos, re-
cém-formado na faculdade. Considerando que ele viverá 80 anos,
seu relógio da vida estará marcando 7h12 da manhã. Você acha
cedo demais? A essa hora, a maioria das pessoas está se preparando
para sair de casa e ir para o trabalho.
Então é isso.
São apenas 7h12 se você tem 24 anos.
É a hora em que a maioria das pessoas sai de casa para trabalhar.
Não é uma metáfora interessante?
Bem, e uma pessoa de 60 anos que acabou de se aposentar? Em
seu relógio da vida, são seis da tarde, hora em que a maioria das
pessoas encerra o expediente, deixa o escritório e volta para casa
a fim de curtir a família. Não é incrível? Por isso adoro comparar
o tempo de vida de 80 anos com as 24 horas de um relógio.
É fácil calcular a hora no relógio da vida. Em 24 horas existem
1.440 minutos. Dividindo-os por 80 – que é a expectativa de vida
média –, obtém-se 18 minutos por ano. Você pode encontrar sua
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hora exata no relógio da vida compreendendo que um ano equi-
vale a 18 minutos e uma década equivale a três horas. Assim, 20
anos corresponde a 6h e 29 anos a 8h42.
Numa festa da faculdade, conheci um ex-aluno que estava com
60 anos. Ele me contou que havia sido professor na época em que
o Ministério da Educação fez uma mudança súbita na política de
aposentadoria, forçando-o a parar de trabalhar quando menos
esperava.
No início ele odiara a ideia, mas naquele momento se sentia
real mente grato. Descobriu que um mundo feliz, novinho em
folha, se abria após a aposentadoria e estava grato ao ministro que
tornara essa descoberta possível dois anos antes da hora. Fiquei
chocado ao ouvi-lo. Mas ele estava certo. Havia um mundo real-
mente novo a ser explorado após as 18h, quando o crepúsculo
começa a colorir a vida.
A reação da maioria das pessoas ao relógio da vida é de choque,
porque normalmente nossa hora é mais cedo do que imaginamos.
Quando contei a um amigo de 50 anos que seu relógio estava ba-
tendo três da tarde, ele ficou espantado. Quando falo com meus
alunos de 24 anos sobre o horário correspondente à sua idade, eles
dizem: “Só 7h12? Pensei que já tivesse vivido mais!” A hora está
certa. Ainda há muita coisa pela frente. O seu dia não está arruina-
do só porque você teve uns probleminhas às sete da manhã.
Os ponteiros do relógio na minha escrivaninha estão mar-
cando 14h24. Quando me sinto deprimido, pensando que vou
completar 50 anos e não construí nada de útil, ergo a cabeça, olho
para meu relógio da vida e lembro que ainda tenho quase um dia
inteiro pela frente. No filme O curioso caso de Benjamin Button o
personagem principal resume essa ideia melhor do que eu quan-
do escreve uma carta à sua filha: “Nunca é tarde demais ou, no
meu caso, cedo demais para ser quem você quer ser.”
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siga sua paixão
� Você deve aceitar o que pague menos.
� Escolha não o que você deseja, mas o que deseja você.
� Opte sempre pelo que ofereça pouca promessa de promoção.
� Prefira o que exija que você comece do zero, como uma página
em branco.
� Não aceite o que todos estão disputando. Prefira seguir um
caminho que ninguém percorreu.
� Você deve escolher o que parece não dar futuro.
� Opte pelo que não inspire tanto respeito à sociedade.
� Você deve buscar a borda, não o centro.
� Escolha o que seus pais ou sua namorada não aprovam.
� Escolha um caminho onde uma guilhotina, não uma coroa, o
aguarda.
Essas dicas estranhas são os Dez Mandamentos em que os
alunos da Escola Geochang, em Kyungnam, se baseiam para es-
colher uma carreira. Essa lista é tão famosa na Coreia do Sul que
foi registrada nos principais mecanismos de busca da internet no
país. Sempre que a vejo, me pergunto: será que já dei aos meus
alunos conselhos tão valiosos?
Faz pouco tempo, Kim veio me ver. Ele havia terminado o
doutorado e estava lecionando em várias universidades como
professor assistente. Uma grande empresa, conhecida por pagar
bem e por ter uma ótima cultura corporativa, lhe ofereceu um
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emprego em seu centro de pesquisas, mas ele ficou em dúvida
sobre o que deveria fazer. O que de fato queria era esperar e se
tornar professor titular, mas todos os seus conhecidos lhe aconse-
lharam o contrário, dizendo que ele deveria aceitar a oferta.
Na Coreia, o cargo de professor assistente é um dos mais mal
remunerados, a ponto de alguns profissionais não aguentarem
a pressão e cometerem suicídio. Fui professor assistente por
dois anos e conheço bem essa dura realidade. Se você dá aula
em três lugares ao mesmo tempo, não recebe nem mil dólares
por mês. Durante as férias, não é remunerado. Você também
não tem nenhum benefício e ainda é obrigado a estar disponí-
vel e realizar pequenas tarefas acadêmicas sempre que os pro-
fessores titulares e os departamentos da faculdade solicitam. A
situação melhorou um pouco agora e parece que os jovens pro-
fessores estão sendo tratados com mais respeito ultimamente.
Mas considerando a enorme quantidade de tempo e energia
que eles despendem para concluir o curso, o tratamento está
longe de ser justo.
O que mais incomoda os professores assistentes, porém, não
é a remuneração baixa ou as más condições de trabalho, mas as
poucas possibilidades de se tornar titular. Médicos residentes
e estagiários de Direito também ganham pouco e trabalham
muito, mas, de alguma forma, parecem estar num nível diferente
dos professores assistentes de universidades. Como podem con-
tar com o fato de que um dia se tornarão médicos e advogados,
conseguem tolerar um sacrifício temporário. Enquanto a pos-
sibilidade de realizar seu sonho existir e for palpável, nenhuma
realidade será difícil demais de suportar.
Mas com os professores assistentes a história é outra. Não é
fácil virar titular. Com um número limitado de ofertas de em-
prego, os profissionais precisam esperar bastante até surgir uma
vaga. Quando ela surge, a notícia logo se espalha e a competição
é feroz.
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Sabendo de tudo isso, eu não podia aconselhar Kim a rejeitar
aquele emprego, uma oportunidade pela qual muita gente daria
a vida. Mas eu tinha de ser honesto. Então disse a ele:
– Você realmente quer se tornar professor titular? Não há
como prever quando surgirá uma oportunidade e talvez você
precise aguardar por um longo tempo. Mas se sua vocação é forte
o suficiente para você superar isso, se está seguro de sua paixão,
que tal recusar essa oferta e esperar mais um pouco?
Ele mordeu os lábios, disse que ia pensar no assunto por mais
uns dias e partiu. Mas no dia seguinte voltou a me procurar.
– Já informei a empresa sobre a minha decisão. Recusei a ofer-
ta. Vou continuar tentando até conseguir realizar o sonho pelo
qual tanto me esforcei.
Uma decisão absurda para muita gente.
O emprego naquela grande companhia era um passaporte
para uma vida profissional segura e promissora. Qualquer um
concluiria que a decisão mais lógica seria aceitar a oferta, firmar-
-se no emprego e construir uma carreira enquanto espera pela
oportunidade de se tornar professor titular.
Mas eu sei, e ele também sabia, que, se entrasse na empresa,
dificilmente encontraria tempo para escrever artigos e obter ex-
periência. Suas chances diminuiriam aos poucos. Muitas pessoas
estiveram nessa situação antes dele e acabaram vendo o fim de
seu sonho de virar professor.
Mesmo que você resolva correr riscos, não há garantia de su-
cesso. Portanto, se tivesse a cabeça no lugar, ele teria aceitado a
oferta. Mas tomou uma decisão absurda.
E o fez por uma única razão: seguir sua paixão. Kim sabia perfei-
tamente que ser professor titular não era o emprego mais maravi-
lhoso do mundo, mas também conhecia a alegria de compartilhar
seus conhecimentos com alunos em uma sala de aula.
O poder da paixão nunca deve ser subestimado. Esse é o poder
que guia você pela vida, que mede seu valor e seu senso de reali-
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zação. Muitas pessoas tomam decisões absurdas e pegam estradas
esburacadas, até que um dia percebem que construíram uma
vida com a qual jamais haviam sonhado. Por outro lado, você
pode fazer apenas escolhas sensatas e descobrir que as decisões
ideais nem sempre dão origem ao resultado lógico. O que faz a
diferença é a paixão.
Quando eu estava na faculdade, observei uma tendência entre
os alunos do ensino médio em relação à carreira que escolhiam.
Quando um filme sobre um piloto de nave espacial fazia sucesso,
o número de estudantes querendo estudar astronomia aumenta-
va sensivelmente. Se o sucesso do momento era um filme sobre
um chef de cozinha, muitos jovens passavam a se interessar por
gastronomia. Não me entenda mal: todos esses cursos são óti-
mos. O que me incomoda é ver que os estudantes definiam seu
futuro com base em algo que não passava de ficção.
Não quero subestimar profissões como médico e advogado.
Quero apenas ressaltar o vazio que você acabará sentindo se
escolher uma carreira baseando-se apenas na popularidade, na
estabilidade ou na promessa de um bom salário.
A sua vida deveria ser determinada pelo futuro, por seu sonho
e sua paixão. A palavra “paixão” vem do termo latino passio, que
significa dor. Não poderia ser mais verdadeiro. Quando você abre
mão do doce fruto da certeza em prol do sonho, começa a dor.
Steve Jobs, CEO da Apple, disse que não trabalhava com paixão
por causa do dinheiro, mas que, quando trabalhava com paixão, o
dinheiro aparecia. Como grande acionista da Apple, Jobs foi um
dos homens mais ricos do mundo. Ele tinha razão, mas muitas
pessoas não compreendem a relação entre dinheiro e paixão.
Não sei se Kim conhecia os Dez Mandamentos da Escola Geo-
chang, mas ele obedeceu aos mandamentos com força total.
Espero que realize seu sonho mais cedo do que imagina. Ele de-
finitivamente tomou uma decisão absurda. Mas sua insensatez o
levará mais rapidamente ao encontro de seu objetivo.
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cada flor tem sua estação para desabrochar
Um dos meus grandes prazeres como professor é ver o
campus passando por mudanças sazonais. A universidade
em que leciono fica ao pé de uma montanha, no local onde an-
tigamente existia um campo de golfe famoso por sua paisagem
extraordinária. Uma de suas características é a sucessão de flo-
res diferentes que desabrocham durante todo o ano.
No início da primavera, quando a universidade recebe os ca-
louros, nascem flores de damasco, forsítias, azaleias e magnó-
lias. Mais ou menos no meio do ano letivo chega a estação das
flores de cerejeira. Elas surgem todas ao mesmo tempo e logo
são levadas pelo vento, como uma chuva de pétalas. Maio é a
época das rosas e dos cravos. Durante as férias de verão, vejo
ipomeias e girassóis florescendo em todos os cantos do cam-
pus. Quando noto as primeiras flores de cosmos, me dou conta
de que o outono está chegando. Assim que as aulas começam,
fico confuso, sem saber se estamos no semestre de primavera
ou no de outono.
Citei todas essas flores porque tenho uma pergunta para fa-
zer: de todas as que mencionei, qual você considera a melhor?
Sim, você leu certo. Eu não perguntei qual flor você prefere.
Perguntei qual delas é a melhor.
Você deve estar pensando: “Ele está maluco! Cada flor tem
sua estação mais propícia para nascer e é bonita à sua própria
maneira. Como uma flor pode ser melhor do que outra?”
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De fato, não existe uma flor que seja melhor que as demais. Por
alguma razão, cada flor nasce numa época específica.
Podemos ser racionais sobre as flores, mas não somos lógicos
quando se trata de nossa própria vida. A maioria dos jovens quer
ser o primeiro a desabrochar, como as flores de damasco que sur-
gem antes de todas as outras.
Quando se trata de nossa vida, ficamos míopes. Não vemos
nada além do aqui e agora. Portanto, não conseguimos perceber
que a estação dos crisântemos ainda vai chegar e que eles colorem
esplendorosamente o final do outono. Todos querem ser as flores
de damasco que nascem no início da primavera, quando a maio-
ria das outras está longe de despertar do sono invernal.
Mas as flores de damasco são melhores porque desabrocham
antes? São mais bonitas do que as outras por esse motivo?
Claro que não.
Quando chega maio e as flores de damasco desapareceram, as
rosas começam a surgir. E se as rosas decidissem ser impacientes
e começassem a florescer antes, digamos, em março? Elas prova-
velmente não sobreviveriam ao orvalho gelado do princípio de
março.
Cada planta tem o seu tempo de florir. As flores sabem em
que estação desabrocharão, ao contrário da maioria de nós, que
somos obcecados por estar sempre à frente dos outros.
Você sente que está ficando para trás? Acha que está perdendo
tempo enquanto todos os seus amigos estão progredindo? Lem-
bre-se de que cada um tem sua estação própria para florescer, e
a sua pode não ter chegado ainda. Mas chegará – quando for o
momento de abrir suas pétalas. Mesmo desabrochando depois,
você florescerá de forma tão intensa quanto os que o antecede-
ram. Portanto, mantenha a cabeça erguida e prepare-se para a
chegada de sua estação.
* * *
22
Na China antiga e na Coreia havia uma política que recrutava
talentos para o serviço público, buscando jovens entre 20 e 30
anos para ocupar cargos governamentais de alto nível. Ocasio-
nalmente, adolescentes prodígios eram descobertos e recrutados
pelo governo. Como ter um cargo público naquela época era
garantia de honra e riqueza, você deve achar que os escolhidos,
especialmente os mais jovens, eram invejados por todos.
Mas isso não ocorria.
Na verdade, os chineses e coreanos antigamente acreditavam
que obter um emprego público em tenra idade era uma das três
maiores tragédias humanas. Por quê? Por que é trágico alcançar
o sucesso cedo na vida?
Porque quando você se dá bem numa época em que ainda é
imaturo, tem mais chances de se tornar arrogante e indolente. E
se você é indolente, deixa de crescer; se é arrogante, faz inimigos.
Portanto, não consegue alcançar novos sucessos e acaba tendo
um final infeliz.
Como educador, não desejo que você alcance o sucesso cedo;
mas que tenha grande sucesso. A vida é uma sequência de altos e
baixos. No fim da jornada, você deve ser capaz de olhar para trás e
dizer, com orgulho, que conseguiu construir alguma coisa sólida ao
longo dos anos. Isso é muito mais importante do que passar a vida
se vangloriando: “Eu fazia o maior sucesso quando tinha 20 anos.”
Hoje em dia, muitos jovens sentem inveja daqueles que alcan-
çam o sucesso antes dos outros e tremem diante da possibilidade
de fracassar. Eles se sentem incompletos quando ficam para trás.
Você não precisa se sentir assim. Não se esqueça: a sua estação
ainda está por vir.
O ex-presidente sul-coreano Kim Dae-jung foi apelidado de In-
dongcho, nome de uma flor conhecida no Ocidente como madres-
silva. O significado literal do termo é “videira resistente ao inverno”.
Quando você acha que esse homem entrou na época da floração
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em sua vida? As opiniões são unânimes: foi no ano 2000, quando
era presidente e recebeu o Prêmio Nobel da Paz, aos 76 anos.
Como seu apelido sugere, o presidente Kim Dae-jung supor-
tou diversas retaliações e opressões políticas até bem depois de
seu sexagésimo aniversário. Ele se tornou membro do Parlamen-
to ainda jovem, chegou a ser condenado à morte, mas sua sen-
tença foi modificada. Ele passou boa parte da vida na cadeia ou
em prisão domiciliar. Em alguns períodos, seu nome foi banido
da mídia. Falecido em 2009, ele é lembrado pelos sul-coreanos
como o ex-presidente ou o vencedor do Prêmio Nobel. O fato de
ter ingressado cedo na política ou de ter passado vários anos de
sua juventude na prisão não glorifica nem desvaloriza suas outras
realizações, bem mais duradouras.
Às vezes me pergunto o que teria acontecido se Kim Dae-jung
tivesse tentado alcançar o sucesso mais cedo, como muitos jovens
fazem. Ele teria chegado antes à presidência? Teria recebido o
Prêmio Nobel mais novo? Provavelmente não. Acabaria no rol
dos políticos que fazem sucesso mas logo são esquecidos.
O que interessa, no final das contas, não é quão rápido você
chega lá, mas quão integralmente realiza sua jornada.
Nos festivais de cinema da Coreia existe uma premiação para a
categoria de melhor ator/atriz estreante. É agraciado aquele que
teve um desempenho de destaque em seu filme de estreia. Uma
grande honra, por ser um prêmio que só se pode ganhar uma vez
na vida.
Essa categoria, no entanto, não existe nos festivais de cinema
americanos. Por que será? Na minha opinião, é porque grandes
atores e atrizes estreantes são raros – talvez pareça que eles emer-
giram naquele momento, mas quando você lê sua filmografia,
descobre que vinham representando papéis menores durante anos.
Nesse caso, como definir um ator estreante? Alguém que re-
presentou seu primeiro papel num filme, mesmo que pequeno?
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Ou alguém que representou pela primeira vez um papel signi-
ficativo?
Se você fosse ator, que prêmio se sentiria mais honrado em
ganhar? De melhor ator ou de melhor ator estreante?
O prêmio de estreante é para aqueles que se destacaram no
início de sua carreira. Muitas pessoas invejam essa glória prema-
tura, mas infelizmente grande parte dos artistas que brilham no
primeiro papel não consegue repetir o sucesso e cai no esqueci-
mento.
Mas os vencedores de melhor ator e atriz são diferentes. Eles
geralmente são reconhecidos no auge de uma longa carreira, es-
tando, portanto, menos sujeitos a altos e baixos.
Por isso não há dúvida sobre qual é a maior honraria: é muito
mais importante ser reconhecido como melhor ator.
No entanto, muitos jovens desejam receber aplausos logo na
estreia. Querem encontrar um ótimo emprego em uma grande
empresa, construir uma carreira bem-sucedida em pouco tempo
e fazer fortuna antes dos amigos. Todos parecem obcecados pelo
prêmio de melhor ator estreante e não se preocupam em con-
quistar o prêmio pelo conjunto da obra, que vem mais tarde na
jornada da vida.
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a resposta está dentro de você
Posso dividir os alunos que me pedem conselhos sobre a
carreira em dois grupos: aqueles que têm um plano claro
para o futuro e aqueles que não têm. Chamo os primeiros de “es-
tudantes flecha” e os segundos de “estudantes barco de papel”. Os
estudantes flecha me procuram porque estão ansiosos, e os barco
de papel, porque se sentem perdidos.
Quem tem a personalidade tipo flecha possui metas bem es-
pecíficas, tanto a longo quanto a curto prazo. Por exemplo, um
aluno meu deseja fazer carreira numa organização internacional,
como a ONU. Ele acredita que para alcançar esse objetivo precisa
estudar no exterior, por isso participou de um acampamento
universitário internacional nas últimas férias. Ele também pla-
neja fazer um estágio em alguma organização do mesmo tipo no
próximo verão. Esse jovem me procurou porque não tem certeza
de quais cursos deve fazer para se preparar melhor.
Chamo esses estudantes de flecha porque eles planejam sua
vida da maneira mais eficaz e concisa possível. Transformam
sua meta num alvo e avaliam as melhores formas de atingi-lo.
Acreditam que, se seguirem seus planos um por um, acabarão
alcançando seu objetivo rapidamente – como uma flecha indo ao
encontro do alvo.
Esses jovens ficam o tempo todo questionando se escolheram
as melhores estratégias para chegar aonde desejam. Pela minha
experiência, sei que às vezes seus planos de ação são baseados
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em expectativas irreais, mas eles acreditam que estão fazendo
a melhor escolha. Sua maior preocupação é saber se estão no
caminho certo ou se existe um atalho que os levaria ao destino
com mais rapidez.
Muitos dos estudantes flecha são alunos exemplares. Eles
seguem cronogramas impressionantemente organizados e só
descansam depois de esquematizarem todas as tarefas de acordo
com um plano específico. Não importa se tais planos funciona-
rão no final: o que interessa a eles é que sejam elaborados com
perfeição. Embora tenham metas bem definidas e saibam quais
são os meios para alcançá-las, estão constantemente ansiosos.
Claro que é ótimo ter metas já traçadas na vida. O problema é
que esses jovens muitas vezes fecham as portas para novas opor-
tunidades sem nem perceberem.
“O que você acha, professor?” é a pergunta típica que eles me
fazem após detalharem seus planos para o futuro.
Aí pergunto de volta:
“Você tinha planos semelhantes quando cursava o ensino
médio?”
Faço essa pergunta porque quero saber se eles ao menos pen-
saram em fazer planos assim quando estavam na escola. Com
certeza eles tinham planos, como que carreira seguir e qual uni-
versidade escolher. Mas será que tudo o que planejaram naquela
época continua válido agora que estão na faculdade? Nunca ouvi
ninguém responder que sim.
Isso acontece porque no curso superior os jovens muitas vezes
se deparam com livros, professores ou experiências que fazem
sua vida dar uma guinada radical, mudando todos os planos
anteriores.
As circunstâncias com certeza mudarão, de uma forma ou de
outra. Assim como muitas coisas na faculdade se revelam comple-
tamente diferentes do que você imaginou, seus planos atuais prova-
velmente passarão por mudanças geradas por fatores imprevistos.
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Portanto, não fique tão ansioso com os planos que você esboçou
para o futuro e deixe as portas abertas para novas oportunidades.
O problema dos estudantes barco de papel é que suas metas
são obscuras. “Que carreira devo seguir, professor?”, eles me
perguntam, para minha grande frustração. “Bem, o que você faz
melhor do que os outros? O que gostaria de fazer mais do que
qualquer outra coisa?”, respondo.
Então recebo uma resposta tão obscura quanto suas metas:
“Não sei direito. Acho que não sei o que gosto de fazer nem o que
faço bem.”
Isso me surpreende. Mas no fundo sei que, se esses jovens ti-
vessem uma ideia clara sobre que carreira pretendiam seguir, não
viriam me pedir ajuda.
Quando são colocados num riacho, os barcos de papel come-
çam a fluir com a corrente e seguem sem destino – exatamente
como esses estudantes. Mas não me entenda mal: não estou criti-
cando os estudantes com esse perfil. Na verdade, eles pensam no
futuro e se preocupam com ele. Talvez vejam a vida com mais se-
riedade do que os estudantes flecha. Alguns têm a cabeça cheia de
questionamentos e problemas, outros são detalhistas obsessivos.
No entanto, não conseguem formular um plano concreto porque
sua visão para o futuro vive mudando, e o resultado é que estão
sempre angustiados.
Esses alunos temem estar desperdiçando seu tempo sem con-
seguir ter uma visão mais objetiva da vida, enquanto seus amigos
parecem ter metas específicas e saber exatamente como alcançá-
-las. Quando me procuram, esperam que eu consiga identificar o
potencial oculto neles e dizer: “Que tal isto?”
Mas os professores não podem definir objetivos de vida para
seus alunos. Na verdade, ninguém pode planejar a vida para eles.
Depois de tanta prática, acabei encontrando uma maneira eficaz
de aconselhar aqueles que vêm me pedir orientação. É a seguinte:
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deixo que eles falem, que botem para fora tudo aquilo que lhes
passa pela cabeça, e depois dou a resposta que gostariam de ouvir.
Claro que não é fácil descobrir exatamente o que eles querem
ouvir, e esse pode parecer um modo irresponsável de dar conse-
lhos. Mas a questão é que geralmente funciona. Em vez de dizer
o que penso, eu os aconselho com base nas chaves que encontro
em suas próprias palavras. Isso funciona melhor para estudantes
com o perfil barco de papel, porque eles já têm as respostas den-
tro de si. Só não conseguem enxergá-las.
Assim, quando dou a resposta que eles esperam, seus olhos
brilham. Eles parecem despertar, e eu sinto um imenso alívio.
Afinal, estou ali para ajudar, e quando os ajudo a refletir sobre si
mesmos, considero minha missão cumprida.
Meu conselho para você, como educador e como pessoa que
já viveu um pouco mais, é: ao subir uma escadaria, concentre-se
no próximo passo que precisa dar, em vez de olhar para o último
degrau lá no alto.
Espero que você aprenda a estabelecer metas mais imediatas e a
dar um passo de cada vez, até alcançar seu destino final. A armadi-
lha mais perigosa para os estudantes barco de papel é a indolência.
Muitos estudantes, depois de passarem tanto tempo confusos
sobre o futuro, acabam desistindo de fazer planos para a vida.
Eles se sentem incapazes e acabam caindo na inércia. Quando a
indolência se torna parte da rotina, os jovens passam a se culpar,
sabendo que não deveriam agir assim, e logo o senso de direção
ou de objetivo desaparece por completo. No fim, esse processo se
torna um círculo vicioso.
Portanto, se você é do tipo barco de papel, é importante fazer
planos simples para as pequenas coisas que pode fazer hoje, esta
semana ou este mês. E siga seu planejamento.
O ideal é estar em algum ponto entre a flecha e o barco de pa-
pel. A vida não segue direto para um alvo como uma flecha, nem
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fica à deriva diante de um destino incerto como um barco de
papel. Portanto, mantenha-se aberto a novas experiências, esteja
sempre consciente da direção que sua vida está tomando e seja
flexível, adaptando-se às mudanças imprevistas.
Independentemente de qual seja o seu perfil, há uma coisa que
você nunca deve esquecer: é preciso tempo para refletir. Não dei-
xe ninguém interferir naquilo que você é. Não se deixe influen-
ciar pelo que seus pais esperam de você, pelas circunstâncias que
o cercam ou pelas tendências que seus amigos estão seguindo.
Simplesmente pergunte a si mesmo:
“O que eu quero?”
“O que me deixa feliz?”
“Em que sou bom?”
“Quem eu sou?”
Olhe profundamente para si mesmo e depois vá em busca de
seus sonhos.
As respostas não estão em nenhum lugar, a não ser dentro de
você mesmo.
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eu também mudei meus planos
Todo mundo tem metas. Durante o ensino médio, nosso
objetivo costuma ser passar no vestibular. Mais tarde, que-
remos encontrar um bom emprego, ser promovidos para cargos
mais altos com salários maiores ou mudar para uma empresa
melhor. Essas são algumas das metas que todos compartilham.
Somos condicionados a pensar que, se não tivermos planos como
esses, vamos ficar para trás.
Não sou uma exceção. Eu também tinha metas e me esforçava
para alcançá-las. Algumas eu atingi, mas a maioria, não. Olhando
para trás, o que sou agora não é exatamente o que eu planejava.
Eu já havia refletido sobre minhas opções profissionais depois
que me formasse, porém, somente no segundo ano da faculdade
é que comecei a pensar em ser professor.
No entanto, não fico me culpando por não ter conseguido
alcançar meus objetivos originais, nem insisto em fixar outras
metas ambiciosas – e não é por achar que sou bem-sucedido
do jeito que sou. O motivo real é que, fazendo o que faço agora,
obtenho a sensação de realização que imaginei na juventude. A
vida que levo hoje é completamente diferente da que sonhei e
planejei, porém, isso não significa que eu tenha fracassado. Para
ser honesto, acho que foi melhor assim.
O primeiro problema que você encontra quando começa a
faculdade é a dispersão de suas metas. Você se preparou para
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atingir esse objetivo durante anos, e quando chega lá se pergunta:
“E agora?”
Talvez por essa razão muitos estudantes se vejam angustiados
mais ou menos no final do primeiro semestre. Eles experimen-
tam uma sensação de inutilidade quando percebem que a meta
que perseguiram a vida inteira finalmente foi alcançada e que
atingi-la parece não resolver nada.
Muitos calouros reclamam dessa falta de rumo. Eles não sabem
o que fazer nem o que almejar em seguida. A ansiedade acaba se
transformando em pânico e os estudantes começam a se sentir
mal por não terem mais nenhum plano.
Não deixe essa preocupação derrubá-lo. Pelo contrário, use a
ansiedade como combustível e tire vantagem das oportunidades
inesperadas que aparecerem no seu caminho. Isso não significa
que você deva se deixar levar pelo fluxo dos acontecimentos ou
se agarrar a qualquer coisa para não ficar à deriva. O que estou
dizendo é que você não pode se sentir derrotado só porque seus
planos não saíram do jeito que você imaginou.
Daniel Pink, autor do livro A revolução do lado direito do
cérebro, visitou a Coreia em 2009. Durante uma entrevista, um
repórter perguntou-lhe que conselho ele daria para os jovens. A
resposta foi: “Não faça planos.” Isso deixou o jornalista surpreso,
mas depois Pink acrescentou: “Fazer planos de realizar isso ou
aquilo enquanto você tem 20 e poucos anos é uma total insen-
satez. Absolutamente inútil. Nada acontecerá do jeito que você
planejou. O mundo é complexo demais e está sempre mudando.
Então aprenda algo novo, tente algo novo. Cometa erros fantás-
ticos. Eles são seu patrimônio. Mas não repita erros estúpidos;
simplesmente aprenda com seus erros.”
Siga o conselho de Daniel Pink: não tenha medo de cometer
erros e procure tirar lições deles enquanto avança.
A questão principal aqui não é exatamente cometer erros fan-
tásticos, mas não repetir erros estúpidos. Você precisa aprender
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com seus fracassos para crescer. Talvez essa seja a forma certa de
confiar nas oportunidades que a vida lhe apresenta.
Em algumas ocasiões, eu também aproveitei as oportunidades
que surgiram diante de mim. Quando penso na minha juventu-
de, percebo que não precisava ter ficado tão ansioso. Poderia ter
confiado mais no meu potencial em vez de me culpar por não
possuir metas que valessem a pena ou por não conseguir me
aproximar das poucas que tinha.
Assim, hoje posso lhe dizer uma coisa: confie no seu potencial.
Você pode ficar temporariamente sem objetivos ou passar por
experiências difíceis ao tentar alcançá-los, mas permaneça sempre
fiel a si mesmo. Não desperdice seu talento correndo atrás de metas
medíocres, fáceis de alcançar – como passar em testes de seleção de
emprego ou fazer um monte de cursos –, que não passam de uma
linha a mais no seu currículo.
Deixe um espaço em seu plano de vida para as oportunidades
que você não previu. É mais fácil atingir algo maior quando se
está aberto a novas possibilidades do que quando você se limita a
seguir direto rumo a metas já traçadas.
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