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71
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO QUÍMICA BACHARELADO EM QUÍMICA TECNOLÓGICA RAFAEL DE CARVALHO ELLER ESTUDO DA APLICAÇÃO DE CINZAS DA CASCA DE ARROZ NA OBTENÇÃO DE GEOPOLÍMEROS CAMPO GRANDE MS 2013

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TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

QUÍMICA – BACHARELADO EM QUÍMICA TECNOLÓGICA

RAFAEL DE CARVALHO ELLER

ESTUDO DA APLICAÇÃO DE CINZAS DA CASCA DE ARROZ NA

OBTENÇÃO DE GEOPOLÍMEROS

CAMPO GRANDE – MS

2013

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ii

RAFAEL DE CARVALHO ELLER

ESTUDO DA APLICAÇÃO DE CINZAS DA CASCA DE ARROZ NA

OBTENÇÃO DE GEOPOLÍMEROS

Trabalho de conclusão de Curso apresentada a

Fundação Universidade Federal de Mato Grosso

do Sul, como requisito parcial para a obtenção do

título de Química – Bacharelado em Química

Tecnológica.

ORIENTADOR PROF. DR. SÉRGIO CARVALHO DE ARAÚJO

CAMPO GRANDE – MS

2013

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iii

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iv

AGRADECIMENTO

Agradeço a Deus, primeiramente, por me dar força e coragem durante toda minha jornada na

universidade.

A minha mãe por me incentivar e me ajudar a crescer na vida, mesmo passando por

dificuldades (como a morte do pai quando só tinha 12 anos de idade). Eu agradeço a Deus por

tê-la como uma amiga, uma companheira na minha vida desde quando nasci, me cuidando nas

horas das doenças, das alegrias e tristezas. TE AMO MUITO MÃE!

A meu pai, que faleceu quando eu era novo, por me dar conselhos, me dar um abrigo, a

comida do dia a dia, e mesmo na vida, se esforçando para me fazer feliz. Te vejo como um

HERÓI pela suas batalhas e pelo exemplo de homem que o senhor era. OBRIGADO POR

TUDO PAI! Eu sou um homem muito realizado, por que hoje eu estou crescendo

profissionalmente por causa das ações feitas pelo senhor e pela mãe. AMO MUITO PAI!

Ao Prof. Dr. Sérgio Carvalho de Araújo pelo acompanhamento da minha monografia, dando a

rumo ou a orientação para que esse trabalho de conclusão de curso fosse realizado e pela

paciência.

Aos Professores (a) Odilar Costa Rondom e a Sandra Regina Bertocini por orientar e explicar

os procedimentos, além de se disponibiliza para ser banca da minha monografia.

Aos técnicos de laboratório do CCET, Israel e Sr. Ernesto

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v

A Química da Fabrica de Cimento da CAUE Pamela Glajchman por realizar a análise de

fluorêcencia de raio-x da amostra da cinza da casca de arroz.

Aos amigos Marcus Vinicius, Daniel, Ivan, Marcus Oliveira, Priscila, Gabi, Talita, Jessica,

Miuki, Fugita por estar sempre presente nas brincadeiras e estudos de matérias na faculdade.

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vi

“É muito melhor lançar-se em

buscas grandiosas, mesmo expondo-se

ao fracasso, do que alinhar-se com os

pobres de espírito, que nem gozam

muito e nem sofrem muito, por que

vivem numa penumbra cinzenta, onde

não conhecem nem a vitória, nem

derrota”

Theodore Roosevelt

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vii

RESUMO

A policondensação de monômeros a partir dos materiais alumino-silicatos amorfos em razão

adequada, sintetizada a temperatura ambiente por meio de reações de um sólido a base de

sílica e alumínio e solução de base hidróxiladas são nomeados de geopolímeros. A partir da

reação alcançada, podem-se obter produtos com propriedades em termos de resistência

mecânica e durabilidade. No Brasil existem poucos trabalhos desenvolvidos utilizando

resíduos como fonte primaria para produção de materiais geopolímericos. O arroz, material

que possui proporção elevada de sílica na sua cinza da casca, é um dos cereais mais

consumidos no mundo e no Brasil é muito produzido no estado de Rio Grande do Sul. A

casca do arroz, no final do processo de produção, é descartada, pois o material não possui

nenhum valor econômico. A casca de arroz foi utilizada na produção de cinzas utilizadas na

produção de pasta monocomponente catalisada com solução de hidróxido de sódio nas

concentrações de 5 mol.L-1

e 10 mol.L-1

para formar um produto polimérico inorgânico.

Dois tipos de tratamento térmicos foram utilizados: queima em uma fornalha e queima em

uma fornalha seguida de calcinação em mufla a 6000C. As massas geopoliméricas produzidas

com as cinzas formadas foram colocadas em formas prismáticas e depois submetidas a testes

de resistências mecânicas. O resultado obtido foi um material sem nenhuma resistência,

porém com características de um material aderente e elastômero.

Palavras-chaves: geopolímero, resíduo, cinza de casca de arroz

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viii

ABSTRACT

The polycondensation of monomers as materials for amorphous alumino-silicates

suitable ratio, temperature synthesized by the reaction of a solid silica-based and aluminum

hydroxylated base solution are named geopolymers. From the reaction reached, can be

obtained product with properties in terms of mechanical strength and durability. In Brazil

there are few studies developed using waste as a primary source for the production of

materials geopolymeric. Rice, material that has a high proportion of silica in its husk ash, is

one of the most consumed cereal in the world and Brazil is much produced in the state of Rio

Grande do Sul rice husk at the end of the production process, is discarded because the

material has no economic value. Rice husk was used to produce ashes used in the pulp

monolithic catalyzed with sodium hydroxide solution at concentrations of 5 mol.L-1

and 10

mol L-1

to form an inorganic polymer product. Two types of heat treatments were used:

burning in a furnace and burned in a furnace followed by calcination in an oven at 6000C. The

pasta produced geopoliméricas formed with the ashes were placed in prismatic shapes and

then tested for mechanical strength. The result was a material with no resistance, but with

characteristics of an adhesive material and elastomer.

Keywords: geopolymers, residue, rice husk ash

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ix

LISTA DE ABREVIATURAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas

TG – Termogravimétria

DTG – 10

Derivada Termogravimétrica

CCET – Centro de Ciências Exatas e Tecnologia

CCA – Cinza de Casca de Arroz

CCAP – Cinza de Casca de Arroz Preto ou Cinza de Casca de Arroz não Queimado a 6000C

CCAB - Cinza de Casca de Arroz Branco ou Cinza de Casca de Arroz Queimado a 6000C

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x

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Classe N: Pozolânas naturais e artificiais (argilas calcinadas); Classe C: Cinzas

volantes e materiais resultantes da queima do carvão; Classe E: O que não se enquadra nas

classes N e C; 8

Tabela 2 - Exigências Físicas; 9

Tabela 3 - Atividade Pozolânica Chapelle modificado para metacaulim e sílica ativa; 12

Tabela 4 - Distribuição granulométrica da casca de arroz em massa de 100.03g total; 35

Tabela 5 - Teor em porcentagem de massa dos compostos na CCAB e CCAP; 38

Tabela 6 - Teor de porcentagem de massa dos compostos na escória; 39

Tabela 7 - Valores em gramas e mililitros utilizados no ensaio; 43

Tabela 8 - Valores médios em gramas e mililitros utilizados no ensaio; 44

Tabela 9 - Valor do Índice de Pozolânicidade das amostras CCAP e CCAB; 44

Tabela 10 - Massa Especifica do CCAP e CCAB; 45

Tabela 11 - Ensaio de Consistência do CCAB; 47

Tabela 12 - Ensaio de Consistência do CCAP ; 48

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xi

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Figura 1 – Fornalha com leito fixo e paredes feitas de tijolos refratados para

queima da CCA; 5

Figura 2 – Fluxograma da produção da casca de arroz; 6

Figura 3 - Montagem do sistema para ensaio de Chapelle modificado; 11

Figura 4 - Esquema da radiação da DRX em uma amostra; 13

Figura 5 - Esquema de caixas de um processo de reação de geopolimerização; 15

Figura 6 - Expressão empírica da matriz polimérica; 15

Figura 7 - Esqueleto tetraédrico do aluminosilicato; 16

Figura 8 – Fornalha experimental; 19

Figura 9 - CCA sem ser retirada da fornalha; 20

Figura 10 - CCA obtida pela queima no tonel e separada para melhor visualização da cinza;

20

Figura 11 - CCA queimada a 6000C; 21

Figura 12 – Introdução da CCA; 21

Figura 13 - Parte inferior do moinho de bolas; 22

Figura 14 - CCA calcinada a 6000C e moída durante 4 horas; 22

Figura 15 - CCA não calcinado a 6000C e moído durante 4 horas; 23

Figura 16 - Peneiras e equipamento de vibração; 24

Figura 17 - Esquema de montagem de um equipamento de fluorescência de raio-x; 25

Figura 18 - CCA sendo agitada com temperatura a 900C; 26

Figura 19 - Titulação da CCA já aquecida e agitada durante 16 horas; 26

Figura 20 - Frasco de Le Chatelier; 27

Figura 21 - Termômetro de agulha digital; 27

Figura 22 – Estufa; 29

Figura 23 - Misturador marca Eberle, modelo c3010; 30

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xii

Figura 24 - Pasta monocomponete produzida do CCA queimado a 6000C; 31

Figura 25 - Pasta monocomponente produzida do CCA não queimado a 6000C; 31

Figura 26 - Mesa de Consistência; 32

Figura 27 - Corpo de prova do monocomponete não queimado a 6000C; 33

Figura 28 - Corpo de prova do monocomponente queimado a 6000C; 33

Figura 29 - Aparelho de análise de resistência; 34

Figura 30 - Curva Granulométrica; 36

Figura 31 - Espectro de Infravermelho da CCAB ou CCA queimado a 6000C; 37

Figura 32 - Espectro de Infravermelho da CCAP ou CCA não queimado a 6000C; 37

Figura 33 - 10 Derivada da Análise Termogravimétrica da CCAB; 40

Figura 34 - 10 Derivada da Análise Termogravimétrica da CCAP; 41

Figura 35 - Análise termogravimétrica da CCAB; 41

Figura 36 - Análise termogravimétrica da CCAP; 42

Figura 37 - Porcentages de perdas de água do CCAP; 45

Figura 38 - Poncentagens de perdas de água do CCAB; 46

Figura 39 - % de PF das Cinzas queimadas a 4500C; 46

Figura 40 - CCAP depois de ser aplicada força axialmente; 49

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xiii

SUMÁRIO

RESUMO vii

ABSTRACT viii

LISTA DE ABREVIATURAS ix

LISTA DE TABELAS x

LISTA DE FIGURAS xi

1. INTRODUÇÃO 1

1.2 VALOR DA PESQUISA 1

1.3 OBJETIVO 2

1.3.1 Objetivo geral 2

1.3.2 Objetivo específico 2

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 3

2.2 CINZA DE CASCA DE ARROZ 3

2.2.1 Características da Cinza da Casca de Arroz (CCA) 3

2.2.2 Produção da Cinza Casca de Arroz (CCA) 5

2.2.3 Aproveitando da CCA como Matéria-Prima 6

2.3 POZOLANA 7

2.3.1 Definição 7

2.3.2 Categorização 8

2.3.3 Técnicas de Determinação de Índice de Pozolânicidade 9

2.4 GEOPOLIMERIZAÇÃO 14

2.4.1 Definição 14

2.4.2 Vantagens da Geopolimerização 16

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xiv

3. PROGRAMA EXPERIMENTAL 18

3.2 MATERIAIS E REAGENTES 18

3.2.1 Casca de Arroz 18

3.2.2 Reagentes 18

3.3 MÉTODOS 19

3.3.1 Obtenção da Cinza da Casca do Arroz 19

3.3.2 Preparo da CCA 21

3.3.3 Análise Granulométrica 23

3.3.4 Análise de Infravermelho (FT-IR) 24

3.3.5 Análise de Fluorescência de Raio-X 24

3.3.6 Determinação do Índice de Pozolânicidade 25

3.3.7 Determinação da Massa Específica 26

3.3.8 Determinação de Umidade 28

3.3.9 Ensaio de Perda ao Fogo 29

3.3.10 Análise Termogravimétrica (TG) 29

3.3.11 Produção da Pasta Monocomponete 30

3.3.12 Análise de Consistência da Pasta Geopolimérica 32

3.3.13 Resistência à Flexão 32

3.3.14 Resistência à Compressão Axial 34

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES 35

4.2 ANÁLISE GRANULOMÉTRICA 35

4.3 ANÁLISE DE INFRAVERMELHO 36

4.4 ANÁLISE DE FLUORESCÊNCIA DE RAIO-X 38

4.5 ANÁLISE TERMOGRAVIMÉTRICA (TG) 40

4.6 DETERMINAÇÃO DE ÍNDICE DE POZOLÂNICIDADE 43

4.7 DETERMINAÇÕES DE MASSA ESPECÍFICA 45

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xv

4.8 DETERMINAÇÃO DE UMIDADE 45

4.9 ENSAIO DE PERDA AO FOGO 46

4.10 PRODUÇÃO DA PASTA MONOCOMPONENTE 47

4.11 ANÁLISE DE CONSISTÊNCIA DA PASTA GEOPOLIMÉRICA 47

4.12 RESISTÊNCIAS A FLEXÃO E A COMPRESSÃO AXIAL 48

5. CONCLUSÃO 50

6. REFERÊNCIAS 52

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1

1. INTRODUÇÃO

1.2 VALOR DA PESQUISA

As atividades industriais geram inúmeros resíduos poluindo e contaminando o meio

ambiente, além de impactar a saúde pública da população, quando sofre efeitos de ações

inadequadas de gerenciamento.

Sob esse ponto de vista, as técnicas de processamento e beneficiamento de cada

localidade de interesse estão sendo estudas para melhor aperfeiçoamento, introduzindo novas

posturas frente ao uso dos recursos naturais, diminuindo consumo e adicionando tecnologia

limpa, assegurando a integridade do ambiente natural.

A adição de resíduos inorgânicos em matriz cimentícia, como cimento Portland, tem

gerado vários estudos. Esses materiais particulados, que possuem alumina-silicato, melhoram

a resistência mecânica de argamassas e concretos de cimento Portland, consequentemente,

atribuindo um tempo maior de desgaste desse material, ou seja, aumentando a durabilidade.

A queima da casca de arroz propicia na produção de cinza. Esse resíduo contém

silicatos em maior proporção, entre seus componentes, apresentando características

pozolânicas, isto é, sozinha não possui valor aglomerante, porém moído em presença de uma

base, forma um material polimérico, que são chamadas de reações de geopolimerização. Nem

todas as pozolanas formam materiais geopoliméricos, entretanto a cinza da casca de arroz tem

estrutura compatível para ser realizada a reação.

O termo geopolímero foi introduzido por Davidovits na década de 70 para mostrar a

ligação do oxigênio entre o silicato e alumínio em determinada condição físico-química de

uma reação de um material alumino-silicato amorfa (TEIXEIRA A. P., 2006).

Outra condição favorável à utilização de reação geopolimérica é a não liberação de gás

CO2 na atmosfera, pois todo material que contêm carbono, ao queimar, libera grandes

quantidades de CO2 para a atmosfera. O excesso dela causa o aumento do aquecimento

global, pela formação de efeito estufa (Word Business Council, 2002).

Page 17: Rafael_de_Carvalho_Eller  - Monografia.pdf

2

1.3 OBJETIVO

1.3.1 Objetivo geral

Esta pesquisa tem como finalidade investigar a aplicação da casca de arroz na

obtenção de materiais geopoliméricos para a aplicação na construção civil.

1.3.2 Objetivo específico

As principais metas para a pesquisa serão:

I. Analisar comportamento físico-químico das CCA proveniente das variações de

temperatura de queima aplicada e ao se adicionar diferentes concentrações de bases;

II. Produzir um aglomerante totalmente feito de cinca de casca de arroz (CCA);

III. Moldagem em prismas para posterior rompimento;

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3

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.2 CINZA DE CASCA DE ARROZ

Um dos resíduos mais abundantes do setor agrícola, possuí um alto poder calorífico e

regularidade térmica, sendo empregada nos processos termoelétricos com a vantagem de

poluir menos do que o carvão.

No Brasil são produzidos arroz, com 11.541.520,00 toneladas em 2012 (IBGE, 2012).

Os outros componentes do arroz como casca, caule e raiz são considerados como materiais

que não possuem nenhuma finalidade econômica, e por seu volume, ajudam a aumentar os

problemas ambientais.

Rio Grande do Sul é um dos maiores produtores de arroz no Brasil, em 2012 colheu

quase nove milhões de toneladas na última safra. Desse total, 20% correspondem à casca

(MALHOTRA; MEHTA, 1996).

Esse resíduo não é inerte e não perigoso à saúde e ao meio ambiente, porém sua lenta

degradação contribui para que fiquem longos períodos de tempo inalterados (REGO, 2004).

Na geração de energia pela combustão da casca de arroz, produz uma cinza residual

quando obtida sem nenhum controle de temperatura (DELLA et al., 2001). Esse resíduo

possui alto teor de sílica e com alta superfície específica (FERREIRA, 1999).

A utilização desse material fecharia o ciclo da industrialização do arroz, gerando uma

produção ideal, que é aquele que não há resíduos, aumentando a lucratividade e diminuindo

poluição ao meio ambiente.

2.2.1 Características da Cinza da Casca de Arroz (CCA)

A cinza da casca de arroz é um material que constitui em sua maioria sílica pura,

quando tratada adequadamente com elevação temperatura, ela se torna um material com

diâmetro médio de partículas inferior a 0.1 μm e amorfo, isto é, altamente reativa segundo a

classificação proposta por Metha (1990).

Page 19: Rafael_de_Carvalho_Eller  - Monografia.pdf

4

A casca de arroz é composta por um manto lenhosa, resistente e altamente silicosa.

Apresenta 50% de celulose, 30% de lignina e 20% de sílica em base anidra (HUSTON, 1972;

BARTHA e HUPPERTZ, 1974; METHA, 1992).

A variação de cor da cinza da casca de arroz é altamente dependente do teor de

carbono e, consequentemente, com o grau de temperatura aplicada na queima. Quanto mais

escuro maior será o teor de carbono, indicando a presença de matéria orgânica. A cor clara,

por sua vez, indica completa oxidação do material, isto é, não há sinais de resíduos orgânicos

na cinza.

Fator importante para a reatividade desse resíduo é o tempo de queima e aumento de

temperatura do mesmo.

Com o aumento de temperatura, em pressão atmosférica, segundo Subbarao et al

(1973) a cristalinidade da sílica mostra varias formas, ou seja, poliformismo até apresentar a

sílica fundida. As fases são:

I. Quartzo-α;

É considerada a configuração mais estável da cinza a temperatura ambiente. Com

avanço da queima, em 5730C, o Quartzo-α modifica para o Quartzo-β.

II. Quartzo-β;

Ainda nessa forma, o CCA é um material amorfo chegando ao patamar de 8700C.

III. Tridimita;

Nesse ponto o material particulado começa a chegar ao estado cristalino, mudando de

fase para o cristobalita.

IV. Cristobalita;

O resíduo já se torna um material totalmente cristalizado, não reagindo com nenhuma

base para que possa ocorrer polimerização.

Segundo Sugita et al (1992) a melhor temperatura de queima para obter material

amorfo está entre 400 a 6600C. Algumas literaturas dizem que a 700

0C consegue produzir

CCA amorfo, acima desse valor consegue observar pontos cristalinos na amostra.

Outro fator a ser discutido é o tempo de moagem influenciando nas propriedades do

CCA. Ao aplicar o fator moagem, ele provocará diretamente na deformação dos fragmentos

impondo maior compacidade a mistura.

Page 20: Rafael_de_Carvalho_Eller  - Monografia.pdf

5

Pesquisadores como Prudêncio Jr (2003) constatou que quando maior o tempo de

moagem, maior será o aumento de índice de pozolânicidade. Todavia, em moagens maiores

que quatro horas esse efeito decresce.

2.2.2 Produção da Cinza Casca de Arroz (CCA)

Pesquisadores como Dafico (2001) vêm procurando estudar e realizar a produção de

cinzas com baixo teor de carbono livre, pois os mesmos causam degradação excessiva de

concretos (DAFICO, 2001; WEBER, 2001, SANTOS, 2003). Com isso foram sendo

estudadas novas maquinas com diferentes processos de queima, que a partir dele possa obter

um material de cor mais clara.

Então o autor desenvolveu uma fornalha de leito fixo, apresentando duas chapas de

aço, feita de tijolos refratários com duas câmaras separadas.

Figura 1 - Figura 1 – Fornalha com leito fixo e paredes feitas de tijolos refratados para queima da

CCA;

Fonte: Dafico, 2011

A fornalha funciona da seguinte maneira:

I. Ar é inserido no resíduo de cima para baixo e a ignição da queima é feita por baixo

da casca de arroz.

II. Com o aquecimento e o ar entrando na parte superior do equipamento, os

compostos conseguem calor suficiente para volatilizar, não deixando rastros de

carbono na superfície da cinza.

Page 21: Rafael_de_Carvalho_Eller  - Monografia.pdf

6

2.2.3 Aproveitando da CCA como Matéria-Prima

No processo industrial do arroz, seja ele para produção de arroz parbolizado e/ou arroz

branco, a casca do arroz é retirada e não utilizada, pois não apresenta valores nutritivos, sendo

inúteis para alimentação humana ou animal.

Figura 2 – Fluxograma da produção da casca de arroz;

Fonte: DARABAS A. M., COOPERJA

Recebimento da Matéria Prima

Limpeza Primária

Secadores

Armazenagem em Silos

Limpeza Secundária

Descascador

Brunidor

Resfriador

Selecionador de Grãos

Brilhador

Empacotamento

Selecionador de Grãos

Carregamento

Page 22: Rafael_de_Carvalho_Eller  - Monografia.pdf

7

Essa casca de arroz retirada é queimada em termoelétricas gerando uma cinza.

Dependendo da temperatura utilizada, pode-se tornar amorfa ou cristalina.

Em várias literaturas observasse a utilização do CCA. Eles são:

I. Na substituição do cimento e uso em concreto e argamassas (FERREIRA, 1999 e

CASSAL, 2000);

II. Produção de sílica pura (KALAPATHY ET AL, 2000);

III. Adsorventes (MALEK; MAHVI, 2006);

IV. Carga em concreto polimérico (FOLLETO ET AL, 2005);

2.3 POZOLANA

A descrição de várias marcas históricas acerca de construções expõe que os egípcios

foram os pioneiros a utilizarem materiais ligantes. A pirâmide Giza foi feita por ligantes

alcalina a base de alumina-silicato, que ao passar do tempo, pode observar uma reação

polimérica, chamado de geopolimerização. Posteriormente, a cal tornou-se o aglomerante que

difundiu ao longo da historia das civilizações (ALVES, 2002; BARSOUM e GANGULY,

2006).

Com a evolução dos conhecimentos e aprimoramento de alguns materiais foram sendo

descobertos novos aglomerantes, como o cimento Portland, que nos dias atuais, esta sendo

substituído pelas pozolanas novamente, pois o mercado consumidor está exigindo materiais

sustentáveis (COOK, 1986; SANTOS, 2008)

2.3.1 Definição

Historicamente todo material que reagia com a cal na presença de água, a temperatura

ambiente era considerado um material pozolânico. A definição atual foi estendida para todos

os materiais, de diversas origens, que apresentam composição e reatividade semelhante

(MASSAZZA, 1998)

Todo material inorgânico, natural ou artificial, silicoso ou alumino-silicoso que

apresenta forma reativa, ou seja, não apresentando formas cristalinas, finamente moídas e em

Page 23: Rafael_de_Carvalho_Eller  - Monografia.pdf

8

presença de água, reage com uma base formando um produto resistente (ACI 116-R-00,

2002).

2.3.2 Categorização

A NRB 12653 (1992) classificou em três classes os materiais pozolânicos, apresentado

na tabela 1.

Tabela 1 - Classe N: Pozolânas naturais e artificiais (argilas calcinadas); Classe C: Cinzas volantes e

materiais resultantes da queima do carvão; Classe E: O que não se enquadra nas classes N e C;

Fonte : NBR 12653:1992 – Materiais Pozolânicos

Recomendações Classe N Classe C Classe E

SiO2 + Al2O3 + Fe2O3 %min 70 70 50

SO3 % Max 4 5 5

Teor de Umidade % máx 3 3 3

Perda ao fogo % Max 10 6 6

Alcális disponíveis em Na2O, % máx 1,5 1,5 1,5

Page 24: Rafael_de_Carvalho_Eller  - Monografia.pdf

9

Tabela 2 - Exigências Físicas;

Fonte : NBR 12653:1992 – Materiais Pozolânicos

Propriedade Classe do Material Pozolânico

N C E

Material retido na peneira 45 μm,

%máx

34 34 34

Índice de atividade pozolânica;

- com cimento aos 28 dias, em

relação ao controle, % min

75 75 75

- com cal aos 7 dias, em MPa 6,0 6,0 6,0

- Água retida, % Max 115 110 110

Um elemento que se pode debater é a classificação dos materiais em função

exclusivamente da origem. Ele não classifica, particularmente, as pozolânas altamente

reativas, como a cinca de casca de arroz (CCA), sílica ativa e a metacaulim.

A pesquisadora Gava (1999) considera que os dados postos pela NBR 12653 (ABNT,

1992) não está relacionada com a propriedade dos materiais. Ela cita que a atividade

pozolânica é influenciada pela quantidade de SiO2 e/ ou Al2O3 amorfos na estrutura e não pelo

limite mínimo de 70% da soma de SiO2 + Al2O3 + Fe2O3. Portanto, é necessário aprimorar as

normas em relação às características químicas, físicas e mineralógicas das adições minerais.

2.3.3 Técnicas de Determinação de Índice de Pozolânicidade

Para ver se há atributos pozolânicos no material, é necessário aplicar métodos capazes

de combinar fatores que não podem ser totalmente controladas.

Existem várias normas aplicando métodos variados para avaliação de pozolânicidade

no Brasil. Eles são diferenciados pela medida direta na variação do teor de hidróxido de cálcio

Page 25: Rafael_de_Carvalho_Eller  - Monografia.pdf

10

e pela medida indireta que não possui distinção ao ganho de resistência devido ao efeito

químico ou físico.

2.3.3.1 AVALIAÇÃO DIRETA

2.3.3.1.1 MÉTODO CHAPELLE MODIFICADO

Esse método é um dos modelos de avaliação quantitativa de materiais pozolanicos

(RAVERDY et al, 1980). Ele avalia a quantidade de cal adsorvida pela pozolana. Foi

descoberta em 1959 por Chapelle com diferencial de obter resultados em menor tempo, em

relação aos outros métodos. O experimento é feito pela adição de 1g de óxido de cálcio

(CaO), juntamente com 1g de pozolana e 250ml de água deionizada. O sistema é colocada em

aquecimento, a 900C, em agitação mecânica durante 16 horas. Após resfriamento da solução,

em temperatura ambiente, o material é filtrado e depois titulado por uma solução de HCl 0.1

N, calculando no final do ensaio a variação de consumo de óxido de cálcio presente na

amostra, mostrado na equação 1

mg de CaO / g de material = [28.(V3 . m3 – V2 . m4) / m4 . m3 . m2] . Fc (Equação 1)

m2 – massa de material pozolânico em g.

m3– massa de CaO empregado no ensaio com a amostra.

m4 – massa de CaO empregado no ensaio em branco.

V2 – volume de HCl 0,1N consumido no ensaio com amostra em ml.

V3 – volume de HCl 0,1N consumido no ensaio em branco.

Fc – fator de correção do HCl para uma concentração de 0,1N

Page 26: Rafael_de_Carvalho_Eller  - Monografia.pdf

11

Figura 3 - Montagem do sistema para ensaio de Chapelle modificado;

Fonte: Universidade de Aveiro, departamento de engenharia civil

Os fatores grau de pureza, amorfização e finura implicam diretamente no ensaio,

variando o consumo de hidróxido de cálcio (JOHN et al, 2003).

Os resultados da Tabela 3 exibem valores das atividades pozolânica para os

metacaulim e a sílica ativa. E nela mostra que a metacaulim possui um poder mais reativo do

que a própria sílica ativa.

Page 27: Rafael_de_Carvalho_Eller  - Monografia.pdf

12

Tabela 3 - Atividade Pozolânica Chapelle modificado para metacaulim e sílica ativa;

Fonte: SOMMERFELD, H. S.

Pozolana Atividade Chapelle Referência

Metacaulim

795 mg CaO/g de material ASBRIDGE et al, 1994 apud

SABIR et al, 2001

833 mg CaO/g de material SALVADOR, 1995

719 mg CaO/g de material KOSTUCH et al, 1993 apud

McCARTER e TRAN, 1996

533-617 mg CaO/g de material KAKALI et al, 2001

Sílica Ativa

323 mg CaO/g de material KOSTUCH et al, 1993 apud

McCARTER e TRAN, 1996

616-665 mg CaO/g de material

442 mg CaO/g de material

BONNEAU et al, 2000

2.3.3.1.2 DIFRAÇÃO DE RAIO-X

A técnica de difração de raio-x é apontado como o fenômeno de radiação

eletromagnética por um arranjo ordenado com a mesma magnitude do comprimento da

radiação incidente. O feixe difratado é analisado manifestando o arranjo atômico e geométrico

cristalino.

Page 28: Rafael_de_Carvalho_Eller  - Monografia.pdf

13

Figura 4 - Esquema da radiação da DRX em uma amostra;

Fonte: Webmaster – Luis Pandel – Bacharel em Física / U.E.P.G

O cálculo é feito pela equação de Bragg (equação 2), que defini a relação entre o

ângulo de difração e o comprimento entre os planos.

N.λ = 2.d.senθ (Equação 2)

N = número inteiro;

λ = comprimento da onde dos raios que incidem;

d = distância entre os planos;

θ = ângulo de difração;

2.3.3.1.3 TERMOGRAVIMETRIA (TG)

É a técnica que estabelece a variação de perda de massa de uma amostra em função da

elevação de temperatura e de tempo no experimento, submetido a programa controlado,

Permitindo distinguir os componentes devido aos eventos sofridos pela alteração térmica na

amostra, por meio da curva termogravimétrica TG e termogravimétrica derivada DTG.

Page 29: Rafael_de_Carvalho_Eller  - Monografia.pdf

14

2.3.3.2 AVALIAÇÃO INDIRETA

2.3.3.2.1 MÉTODO APONTADO PELAS NORMAS NBR 5751:1992 E NBR

5752:2012

Trata-se de métodos que medem o índice de pozolânicidade através do ganho de

resistência mecânica dos corpos de prova.

Eles são feitos de proporções de misturas volumétricas determinadas de pozolânas

com cal ou cimento, areia normal e água.

Um dos fatores que influenciam nesse método é a o tempo de cura. Pois há riscos do

hidróxido de sódio ser consumido pela reação de carbonatação. Para que não haja esse

processo, é devidamente colocado o corpo de prova com a mistura dentro da água saturada até

a época de ensaio.

2.4 GEOPOLIMERIZAÇÃO

2.4.1 Definição

Os poli-silico-aluminatos ou geopolímeros são materiais que possuem

microestrutura amorfa, sintetizados em temperatura ambiente e raramente levemente

elevadas, através de reações químicas em meio altamente alcalinos onde certos minerais

como alumínio e sílica irão reagir gerando um processo de polimerização. Devido a esse

método de obtenção, os polissialatos são recursos úteis para transformar resíduos em fontes

ligantes que possuem excelentes propriedades em termos de resistência mecânica e

durabilidade.

Page 30: Rafael_de_Carvalho_Eller  - Monografia.pdf

15

Figura 5 - Esquema de caixas de um processo de reação de geopolimerização;

A fórmula empírica da matriz polimérica (SOARES, 2008) é constituída pela

repetitividade das unidades de sílica e alumínio (figura 6), formando um arranjo molecular

tetraédrico (figura 7).

Figura 6 - Expressão empírica da matriz polimérica;

Page 31: Rafael_de_Carvalho_Eller  - Monografia.pdf

16

Figura 7 - Esqueleto tetraédrico do aluminosilicato;

Fonte: DAVIDOVITS, 2002

Os geopolímeros podem ser empregados em vários campos. Esses setores são

originados em função da composição química do material de origem e do tipo de ativador a

ser utilizado.

2.4.2 Vantagens da Geopolimerização

As vantagens de usar produtos geopolimericos são:

I. Uso de matéria prima abundante: é possível criar um geopolímero através do

uso de uma vulgar pozolana ou através de produtos cuja composição contenha

quantidades de sílica e alumina;

II. Processo de produção simples: basta realizar uma mistura da pozolana com o

Page 32: Rafael_de_Carvalho_Eller  - Monografia.pdf

17

fluido alcalino. O processo de mistura assemelha-se à produção do vulgar

betão que utiliza como ligante o cimento Portland;

III. Ganhos rápidos de resistência: estudos indicam que os geopolímeros adquirem

cerca de 70% da resistência à compressão em 4 horas;

IV. Excelentes propriedades de Durabilidade: possuem uma resistência a ataques

de ácidos significativamente superiores à resistência de betões convencionais;

V. Não dá origem à formação de reações alcali-agregado;

VI. Elevada resistência ao fogo: conseguem resistir a temperaturas de 1000º C a

1200º C sem perder características funcionais;

VII. Boa estabilidade volumétrica do geopolímero;

Por apresentar teores elevados de sílica na sua cinza, com baixa densidade e peso

especifico, a casca de arroz foi escolhida para ser a matéria-prima para a reação

geopolímerica, além de ser um resíduo que, em meio ambiente, cria problemas estéticos, o

processo de combustão dessa palha gera partículas de cinzas que contêm carbono,

chamados fuligem, que causam doenças que podem levar a morte se for inalado em alto

excesso (SOUZA, F. X.; 2006).

Em resumo, a geopolimerização da casca de arroz produz economia de energia,

pois não requer grandes quantidades de energia para a sua produção e melhora a qualidade

de vida da população criando materiais cimentícios para construção de casas.

Page 33: Rafael_de_Carvalho_Eller  - Monografia.pdf

18

3. PROGRAMA EXPERIMENTAL

Neste tópico será abordada a produção da pasta geopolimérica além de todos os

ensaios e análises realizadas na cinza da casca de arroz (CCA).

O presente trabalho foi desenvolvido no Laboratório de Tecnologia Química

(EPIAGRO) e no Laboratório de Materiais de Construção no Centro de Ciências Exatas e

Tecnologicas (CCET) da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS). As

normas da ABNT utilizadas foram às desenvolvidas para o cimento Portland para a

confecção do aglomerante polimérico.

3.2 MATERIAIS E REAGENTES

3.2.1 Casca de Arroz

A casca de arroz utilizada nesse trabalho foi obtida pela Indústria e Comercio de

Arroz Castelo Ltda,

3.2.2 Reagentes

I. Hidróxido de Sódio (NaOH) da marca MERCK adquirida por empresa local;

II. Oxido de Cálcio (CaO) da marca MERCK fornecida pela UFMS da sala dos

técnicos da química da marca REAGEN;

III. Água destilada produzida pela UFMS nos laboratórios de pesquisas da química;

IV. Querosene oriundo do DEC da marca GOL;

V. Fenolftaleína adquirida pela UFMS nos laboratórios de química;

IV. Ácido Cloridrico (HCl) 0.1N padronizada e adquirida nos técnicos da UFMS.

Page 34: Rafael_de_Carvalho_Eller  - Monografia.pdf

19

3.3 MÉTODOS

3.3.1 Obtenção da Cinza da Casca do Arroz

Para a produção da cinza da casca de arroz foi produzida uma fornalha utilizando

um tambor metálico cuja tampa foi removida e o fundo foi cortado na forma de uma

grelha.

Com o objetivo de obter um material amorfo e com baixo teor de carbono a cinza

da casca de arroz foi produzida através da queima controlada utilizando como fonte de

calor a própria energia contida nas casca. Visando reduzir a temperatura de queima e

fornecer excesso de ar para garantir uma combustão completa foi utilizado um ventilador.

A ignição do processo de combustão foi realizada pelo fundo da fornalha e a

injeção de ar pela parte superior da fornalha como pode ser observada na figura 8.

Figura 8 – Fornalha experimental;

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20

Figura 9 - CCA sem ser retirada da fornalha;

Figura 10 - CCA obtida pela queima no tonel e separada para melhor visualização da cinza;

Com objetivo de obter o mínimo de teor de carbono na sílica, parte da CCA produzida

pela fornalha foi tratada na mufla a uma temperatura de 6000C por 5 horas.

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21

Figura 11 - CCA queimada a 6000C;

3.3.2 Preparo da CCA

As cinzas foram moídas em moinho de bolas para uniformização de sua granulométria

e obter um maior índice de pozolânicidade.

Figura 12 – Introdução da CCA;

Page 37: Rafael_de_Carvalho_Eller  - Monografia.pdf

22

Figura 13 - Parte inferior do moinho de bolas;

Figura 14 - CCA calcinada a 6000C e moída durante 4 horas;

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23

Figura 15 - CCA não calcinado a 6000C e moído durante 4 horas;

3.3.3 Análise Granulométrica

O estudo da dispersão granulométrica tem como objetivo avaliar a dimensão das

partículas que constitui a amostra.

A CCA calcinado e não calcinado foi passado por uma peneira com abertura de

malhas a partir a 4,75mm até 0,037, utilizando um equipamento de vibração da marca

ViaTeste e modelo 76773 Kuhardt – Germany

A distribuição granulométrica do material é dado pelas fórmulas da equação 3,

expondo as informações sobre uniformidade e graduação do material estudado.

Cu = D60% / D10% e Cc = (D30%)2 / (D60% x D10%) (Equação 3)

Cu ˂ 5 = muito uniforme;

5 ˂ Cu ˂ 15 = moderadamente uniforme

Cu ˃ 15 = não uniforme

Cc ˂ 1 e Cc ˃ 3 = mal graduado

1 ˂ Cc ˂ 3 = bem graduado

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24

Figura 16 - Peneiras e equipamento de vibração;

3.3.4 Análise de Infravermelho (FT-IR)

Espectros de infravermelho das cinzas foram obtidos em um espectrômetro de

infravermelho da BOMEM modelo 100 na região de 4000 a 400 cm-1

em pastilhas de KBr

3.3.5 Análise de Fluorescência de Raio-X

Essa técnica tem com o principal objetivo analisar qualitativamente (identificação dos

elementos presentes em uma amostra) e quantitativamente a amostra, sem destruí-la,

permitindo estabelecer a proporção de cada elemento que se encontra presente.

Usa-se fonte de radiação X de elevada energia para provocar excitação dos átomos na

substância que pretende analisar. Quando o átomo deixa de estar no estado excitado, pode-se

observar fótons X correspondentes as transições eletrônicas L K M K ou M L

Page 40: Rafael_de_Carvalho_Eller  - Monografia.pdf

25

Figura 17 - Esquema de montagem de um equipamento de fluorescência de raio-x;

A determinação mássica dos constituintes das cinzas foi realizada por fluorescência de

raio x em um equipamento de marca Bruker AXS e modelo S4 Pioneer na Fabrica de

Cimento da CAUE.

3.3.6 Determinação do Índice de Pozolânicidade

A determinação do índice de pozolonoicidade das cinzas foi realizada pelo método de

Chapelle Modificado.

Um grama (1 g) de pozolana, um grama (1 g) de óxido de cálcio e 250 ml de água

destilada são misturados com agitação mecânica e temperatura a 900C durante 16 horas. A

solução obtida após atingir a temperatura ambiente é filtrada e titulada com ácido clorídrico

0,1 N com indicador fenolftaleína.

O agitador utilizado foi da marca Fisatom, modelo 752A

Detector

de raios X AMPLIADOR Multicanal

FONTE Am-241

Amostra

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26

Figura 18 - CCA sendo agitada com temperatura a 900C;

Figura 19 - Titulação da CCA já aquecida e agitada durante 16 horas;

3.3.7 Determinação da Massa Específica

A massa específica das cinzas foram determinadas segundo a norma NBR 6474:1984

(Cimento Portland e outros materiais em pó – Determinação da massa específica).

No ensaio foram utilizados: utilizado o frasco de Le Chatelier, querosene, balança da

marca TECNAL, funil, termômetro de agulha digital da marca Instrutherm e banho

termorregulador.

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27

Figura 20 - Frasco de Le Chatelier;

Figura 21 - Termômetro de agulha digital;

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28

A norma segue o procedimento a seguir:

I. Adicionar querosene no frasco nas marcas correspondente a zero.

II. Para que não haja o contato do material acima do nível, é necessário que tenha

uma limpeza do mesmo.

III. Colocar o frasco no banho termorregulador para que possa igualar a temperatura

dentro e fora, medindo com termômetro e depois marcar a primeira leitura do

volume (V1).

IV. Acrescentar massa conhecida do material no frasco ate que o líquido desloque-se

nas marcas entre 18 cm3 a 24 cm

3, marcando o volume final (V2)

A fórmula para o calculo da massa espécifica é:

ρ = m/V (Equação 4)

ρ = massa específica do material

m = massa do material

V = Volume deslocado ( V2 – V1)

3.3.8 Determinação de Umidade

O teor de umidade das cinzas foi determinado de acordo com o seguinte

procedimento:

Os materiais utilizados foram recipiente, CCA e estufa dotada de termômetro. O

procedimento foi realizado com adição do CCA no recipiente e depois colocado em estufa a

1050C. Isso faz com que o CCA perca água no seu interior, pois a temperatura de ebulição da

água é de 1000C.

A estufa utilizada no ensaio citado foi da marca MedClave, modelo 3.

%U = [(Ms-Mu) x 100] / Mu (Equação 5)

Ms = Massa Seca em 1050C

Mu = Massa Umida

Page 44: Rafael_de_Carvalho_Eller  - Monografia.pdf

29

Figura 22 – Estufa;

3.3.9 Ensaio de Perda ao Fogo

Esse ensaio tem como finalidade de determinar a perda de massa do material durante a

queima em mufla. Ela seguiu a norma NBR 5743:1989. Para o estudo a seguir, foi utilizada a

queima de 4500C. O cálculo do ensaio foi feita pela equação 5.

%PF = [(Mq-Ms) x 100] / Ms (Equação 6)

Ms: massa seca a 1000C.

Mq: massa queimada a 4500C.

3.3.10 Análise Termogravimétrica (TG)

Foram feitas análises das amostras CCAP e CCAB no equipamento de marca TGA 50

série V20.10 Build 36, no departamento de Química da UFMS. As condições de análise foram

Atmosfera de Ar, em rampa de aquecimento de 100 C/min.

Page 45: Rafael_de_Carvalho_Eller  - Monografia.pdf

30

3.3.11 Produção da Pasta Monocomponete

Para produção da pasta monocomponete foi utilizada a NBR 7215 (ABNT, 1996) para

cimento Portland com concentrações de 5 e 10 mol.L-1

.

O aglomerante polimérico foi preparada da seguinte maneira:

I. Acrescentou-se a solução no recipiente;

II. Acrescentou a CCA;

III. Agitou-se na velocidade 1 durante 1 min e depois na velocidade 2 durante 30s;

IV. Removeu-se o conteúdo da borda do recipiente no tempo de 15s;

V. Deixou-se a massa descansar 1 min e 15s;

VI. Agitou-se na velocidade 2 durante 1 min;

Figura 23 - Misturador marca Eberle, modelo c3010;

Page 46: Rafael_de_Carvalho_Eller  - Monografia.pdf

31

Figura 24 - Pasta monocomponete produzida do CCA queimado a 6000C;

Figura 25 - Pasta monocomponente produzida do CCA não queimado a 6000C;

Page 47: Rafael_de_Carvalho_Eller  - Monografia.pdf

32

3.3.12 Análise de Consistência da Pasta Geopolimérica

Este ensaio foi realizado segundo a norma NBR 13276, onde se verifica a consistência

da massa, pelo espaçamento do mesmo sobre a plataforma da mesa (figura 26). O

procedimento consiste na produção da pasta monocomponente e rapidamente moldado na

plataforma da mesa. Em seguida, aplica-se 30 batidas no intervalo de 30 segundos, movendo

rotacionalmente a manivela do aparelho. Posteriormente mede-se o diâmetro da pasta, não

podendo ultrapassar o espaçamento de 255 ± 10 mm (Flow Table).

Figura 26 - Mesa de Consistência;

3.3.13 Resistência à Flexão

O método mecânico de verificar a resistência a flexão do material consiste em preparar

corpos de prova e rompe-los.

Foram utilizados moldes prismáticos com 4 cm x 4 cm x 16 cm, sendo que para cada

idade (3, 7 e 28 dias, seguida pela norma NBR 13279), concentrações distintas de solução de

hidróxido de sódio e materiais diferenciados de teor de carbono foram feito em triplicata.

Após à analise de flexão, as partes restantes da ruptura serviram para a análise de

compressão axial.

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33

Figura 27 - Corpo de prova do monocomponete não queimado a 6000C;

Figura 28 - Corpo de prova do monocomponente queimado a 6000C;

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34

3.3.14 Resistência à Compressão Axial

O ensaio de compressão axial foi realizado de acordo com a NBR 13279 (ABNT,

2005). O equipamento de aplicação de força era da marca FORNEY com capacidade de 120

toneladas.

Figura 29 - Aparelho de análise de resistência;

Page 50: Rafael_de_Carvalho_Eller  - Monografia.pdf

35

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.2 ANÁLISE GRANULOMÉTRICA

A determinação da granulométria da cinza da casca de arroz (CCA) moída está

representada na tabela 4.

Tabela 4 - Distribuição granulométrica da casca de arroz em massa de 100.03g total;

Peneira (mm) Peso amostra (g)

Retido Passado % do Passado

0,3 0 100,3 100

0,15 22,21 78,09 77,86

0,075 30,45 47,64 47,50

0,053 45,68 1,96 1,95

0,045 1,23 0,73 0,73

0,037 0,42 0,31 0,31

Fundo 0,31 0 0

Page 51: Rafael_de_Carvalho_Eller  - Monografia.pdf

36

Figura 30 - Curva Granulométrica;

Pode-se observar que as malhas utilizadas para a realização do experimento foi a de

peneiramento fino, ou seja, todos os grãos da CCA ficaram retidos em peneiras com

dimensões de um material fino.

Por apresentar uma granulométrica muito fina, a cinza de casca de arroz retém muita

água, pois sua superfície específica é alta. Então pode ser observado que quanto maior a

superfície da cinza, maior será a adsorção da água (DUFF A ABRAMS, 1922)

A distribuição granulométrica do material estudado foi de Cu = 1.54 e Cc = 0.77, isto

é, a CCA é um material muito uniforme e mal graduado.

4.3 ANÁLISE DE INFRAVERMELHO

Os espectros de infravermelho das cinzas da casca de arroz branco (CCAB) e cinza de

casca de arroz preto (CCAP) tiveram os resultados em função da transmitância % pelo

número de onda / cm-1

. As figuras abaixo mostram qualitativamente as regiões de absorção

dos óxidos presentes e dos outros constituintes CCAB e CCAP.

Page 52: Rafael_de_Carvalho_Eller  - Monografia.pdf

37

4000 3000 2000 1000 0

20

30

40

50

60

70

80

90

Tran

smitâ

ncia

%

Número de onda / cm-1

Figura 31 - Espectro de Infravermelho da CCAB ou CCA queimado a 6000C;

A absorção próxima de 3500 cm-1

é proveniente do estiramento da molécula O-H da

água adsorvida na amostra. As bandas em 1000 cm-1

e 650 cm-1

são as mais importantes no

espectro, pois são atribuídas a ligação de Si-O de silicatos presentes na amostra do CCAB, ou

seja, mostra a presença de sílica na CCAB.

4000 3000 2000 1000 0

40

50

60

70

80

90

100

Tran

smitâ

ncia

%

Número de onda / cm-1

Figura 32 - Espectro de Infravermelho da CCAP ou CCA não queimado a 6000C;

A banda próxima de 3500 cm-1 é caracterizada pelo estiramento de O-H da água

adsorvida na amostra. A banca em 2400 cm-1 é devido ao estiramento de C-O do CO2

Page 53: Rafael_de_Carvalho_Eller  - Monografia.pdf

38

presente no meio da analise. As bandas em 1000 cm-1 e 650 cm-1 são atribuídas ao

estiramento de Si-O de silicatos presentes na amostra de CCAP, isto é, há sílica na amostra de

CCAP.

4.4 ANÁLISE DE FLUORESCÊNCIA DE RAIO-X

As amostras foram avaliadas em uma curva semiquantitativa própria do equipamento

que visualiza e registra todos os elementos em termos de óxidos.

A tabela 5 mostra a composição da cinza da casca de arroz queimada a 6000C ou

CCAB e a cinza da casca de arroz não queimada a 6000C ou CCAP.

Tabela 5 - Teor em porcentagem de massa dos compostos na CCAB e CCAP;

CCAB CCAP

Composição Teor % Massa Composição Teor % Massa

SiO2 75,4 SiO2 70,6

K2O 1,44 K2O 1,28

CaO 0,883 CaO 0,699

P2O5 0,476 P2O5 0,340

MgO 0,231 MgO 0,219

Fe2O3 0,979

MnO 0,140

Page 54: Rafael_de_Carvalho_Eller  - Monografia.pdf

39

Tabela 6 - Teor de porcentagem de massa dos compostos na escória;

Compostos Teor % Massa Compostos Teor % Massa

CaO

SiO2

Fe2O3

Al2O3

K2O

MgO

CaCO3

P2O5

59,3 ± 0,4

18,9 ± 0,2

7,9 ± 0,4

6,8 ± 0,3

3,0 ± 0,1

1,2 ± 0,1

1,7 ± 0,1

0,57 ± 0,03

SrO

MnO

Cr2O3

SO3

Cl

ZrO2

Y2O3

ZnO

0,41 ± 0,02

0,37 ± 0,02

0,20 ± 0,01

0,15 ± 0,01

0,04 ± 0,01

0,03 ± 0,01

0,02 ± 0,01

0,02 ± 0,01

A partir dos resultados obtidos dos teores de massa avaliada pela fluorescência de

raio-x, além dos outros resultados dos ensaios como perda ao fogo e de umidade não foi

possível classificar a CCA segundo a NBR 12635 (ABNT, 1992) como apresentado na tabela

1 e 2. Segundo Gava (1999) os resultados normalizados pela NBR 12635 (ABNT, 1992) não

estão relacionados com as propriedades do material, pois a atividade pozolânica da cinza da

casca de arroz (CCA) é influenciada pelo teor de SiO2 amorfo e não pela soma de SiO2 +

Al2O3 + Fe2O3 conforme discutido na pagina 4.

Page 55: Rafael_de_Carvalho_Eller  - Monografia.pdf

40

No tratamento térmico a 6000C da CCA, pode-se observar a perda de Fe2O3 e MnO na

sua composição, pois esses materiais não suportam temperaturas elevadas, resultando na

volatilização dos mesmos.

Em relação a outros materiais geopolímericos, como a escoria de alto-forno, a

composição da CCA é diferenciada pelo alto teor de SiO2 e por não apresentar na sua

composição: Al2O3, CaCO3, SrO, Cr2O3, SO3, Cl, ZrO2, Y2O3 e ZnO como apresentado na

tabela 6.

4.5 ANÁLISE TERMOGRAVIMÉTRICA (TG)

As figuras 33, 34, 35 e 36 mostram, respectivamente, as análises termogravimétricas

derivadas e não derivadas da CCAB e CCAP, possibilitando verificar o decréscimo da massa

em função do aumento de temperatura.

Figura 33 - 10 Derivada da Análise Termogravimétrica da CCAB;

Page 56: Rafael_de_Carvalho_Eller  - Monografia.pdf

41

Figura 34 - 10 Derivada da Análise Termogravimétrica da CCAP;

Figura 35 - Análise termogravimétrica da CCAB;

Page 57: Rafael_de_Carvalho_Eller  - Monografia.pdf

42

Figura 36 - Análise termogravimétrica da CCAP;

A varredura começou em 33.60C e 32.6

0C e terminou em 895.7

0C e 895.8

0C para

CCAB e CCAP, respectivamente, conseguindo obter uma variação de massa de 1.31372 mg

de CCAB, enquanto no CCAP teve diferença de massa igual a 9.46669 mg.

A variação de massa de 1,31372 mg de CCAB é devido a perda de materiais

inorgânicos como SiO2, no patamar de 5020C até 760

0C, e outros componentes volatilizados

na região de 7600C até 900

0C. Enquanto a perda de massa igual a 9.46669 é devido as perdas

de Fe2O3, MnO, CO2, SiO2 e outros compostos volatilizados no equipamento de

termogravimétrica, que estão nas regiões de início de 4200C até 502

0C, 350

0C até 420

0C,

1400C até 350

0C, 502

0C até 742

0C e bandas de 742

0C até 890

0C respectivamente.

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43

4.6 DETERMINAÇÃO DE ÍNDICE DE POZOLÂNICIDADE

As tabelas 7, 8 e 9 mostram os resultados adquiridos em triplicada para as amostras

padrão e com a CCAP e CCAB, além dos valores de índice de pozolânicidade.

Tabela 7 - Valores em gramas e mililitros utilizados no ensaio;

Amostra

Massa (g) de

CaO

Massa (g) de

Cinza

Volume (ml)

Gasto de HCL

0.1 N

Padrão

1,008 64,1

1,004 62,2

1,002 61,5

CCAP

1,000 1,003 20,3

1,007 1,002 16,2

1,008 0,999 14,5

CCAB

1,006 1,005 22,4

1,002 1,007 25,3

1,003 1,001 21,7

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44

Tabela 8 - Valores médios em gramas e mililitros utilizados no ensaio;

Tabela 9 - Valor do Índice de Pozolânicidade das amostras CCAP e CCAB;

Amostra Valor do índice de Pozolânicidade em

(g de Cao / g de material)

CCAP 1269,223

CCAB 1094,702

Sabendo que a pozolânicidade está associada à quantidade de hidróxido de cálcio que

pode reagir com a pozolana, com os resultados observados, pode-se concluir que os dois

materiais tem índice de pozolânicidade alto, comparando com a tabela 2. Porém o que

apresenta maior atividade pozolânica é a cinza de casca de arroz não queimada a 6000C ou

CCAP.

Um dos possíveis fatores que pode ter influenciado na atividade pozolânica

diferenciada entre as duas amostras é a composição distintas dos mesmos, sendo que o CCAP

possui óxidos, que são o Fe2O3 e o MnO, a mais do que o CCAB, devido a diferença de

tratamento térmico aplicada nas amostras.

Outro fator que pode ser proposto é a cristalografia das amostras. O material não

queimado a 6000C pode ter quantidades de SiO amorfos a mais do que o queimado a 600

0C,

afetando o consumo de oxido de cálcio.

Amostra Média dos valores

da Massa (g) de

CaO

Média dos Valores

da Massa (g) de

Cinza

Média dos Valores

para Volume (ml)

Gasto de HCl 0.1N

Padrão 1,005 62,6

CCAP 1,005 1,001 17

CCAB 1,004 1,004 23,13

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45

4.7 DETERMINAÇÕES DE MASSA ESPECÍFICA

Os valores obtidos pela determinação da massa específica dos materiais moídos estão

citados na tabela 10.

Tabela 10 - Massa Especifica do CCAP e CCAB;

Amostra Massa Específica (g/cm3)

CCAP 1,90

CCAB 2,04

Pode-se entender que os grãos do CCAP é um pouco maior do que as partículas da

CCAB, pois precisou de menos material para preencher o espaço vazio de 1 cm3.

4.8 DETERMINAÇÃO DE UMIDADE

A figura 37 e 38 mostram as porcentagens de perda de água das CCAP e CCAB

moídas.

Figura 37 - Porcentages de perdas de água do CCAP;

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46

Figura 38 - Poncentagens de perdas de água do CCAB;

Ao fato de possuir uma massa espécifica maior e, conseqüentemente, uma área

específica de contato menor, as cinzas da casca de arroz branco reteve mais água do que a

cinza de casca de arroz não queimada a 6000C.

4.9 ENSAIO DE PERDA AO FOGO

Neste ensaio foram feitas testes em triplicata para uma padronização mostrado na

figura 39.

Figura 39 - % de PF das Cinzas queimadas a 4500C;

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47

A presença de maior perda ao fogo do CCAP é devido a elevada constituição de

carbonos em sua estrutura, enquanto a tratada a 6000C indico a ausência de material

carbonáceo

4.10 PRODUÇÃO DA PASTA MONOCOMPONENTE

A pasta monocomponente foi ativada com uma solução de base hidratada de hidroxido

de sódio seguindo a norma NBR 7215 (ABNT, 1996). O traço realizado foi de 0.85:1 de

massa, em gramas, de cinza de casca de arroz por volume, ml, de solução de base hidratada

para as ambas concentrações de 5 mol. L-1 e 10 mol. L-1 e para as duas cinzas em questão.

4.11 ANÁLISE DE CONSISTÊNCIA DA PASTA GEOPOLIMÉRICA

O método de ensaio seguiu a NBR 13276 (ABNT, 2005) com os mesmo traços

realizados na produção da pasta monocomponente (0.85:1). A temperatura do ambiente estava

a 250C e a umidade relativa do ar era de 44%. Os resultados do ensaio está mencionado na

tabela 11 e 12.

Tabela 11 - Ensaio de Consistência do CCAB;

Pasta (NaOH) do CCAB Flow table (mm)

5 mol. L-1 255

10 mol. L-1

246

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48

Tabela 12 - Ensaio de Consistência do CCAP ;

Pasta (NaOH) do CCAP Flow table (mm)

5 mol. L-1

245

10 mol. L-1

251

A partir dos valores descobertos, pode-se concluir que ao reagir hidroxido de sodio, 5

mol. L-1

e 10 mol. L-1

, com as cinzas CCAB e CCAP, elas sofrem váriações de consistência.

Isto deve-se ao fato da atividade quimica em relação ao teor de alcalinidade no meio e

também em relação a composição dos materiais.

Outro fator importante foi a observação da pasta de CCAP. Ela obteve uma reação de

polimerização mais rápida com coloração mais escura do que a pasta CCAB. Possivelmente

essa observação esta relacionada com a maior presença de componentes capazes de reagir em

passo acelerado com a hidratação dos óxidos, ajudando a formar e enrijecer as ligações do

esqueleto e pela presença de carbono, dando a cor característica a pasta CCAP.

4.12 RESISTÊNCIAS A FLEXÃO E A COMPRESSÃO AXIAL

Os ensaios de tração a flexão e compressão axial foram feitas na pasta

monocomponente. Não foram encontrados resultados de resistência do corpo-de-prova a

aplicação de força pelo equipamento nas diferentes idades, concentrações e diferenças de

cinzas, pois o material apresentou comportamento totalmente diferente a de um material

cimentício.

Os corpos-de-prova de 10 mol. L-1

e 5 mol. L-1

de CCAP e de CCAB, por análise

visual, obteve comportamento de um elastômero, ou seja, exibiu propriedades iguais a de um

material emborrachado, porém com qualidades inferiores a de uma borracha sintética

comercial. Isso, possivelmente, se deve ao fato de apresentar alto teor de oxido de silício na

estrutura da CCA, fazendo uma ligação diferenciada a de outras pastas monocomponetes

poliméricas, como a escória de alto-forno (SOMMERFELD H. S., 2011).

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49

Outra diferença entre eles foram o tempo de endurecerem até apresentar características

emborrachadas. A possível falta dos componentes Fe2O3 e MnO podem ter sido o motivo do

material CCAB de ambas as concentrações demorar a exibir características elastômeras do

que o CCAP.

A cinza de arroz não queimada a 6000C com concentração de 5 mol. L

-1 mostrou

características endurecidas, porém sem ganho de resistência.

Figura 40 - CCAP depois de ser aplicada força axialmente;

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50

5. CONCLUSÃO

A intenção de melhorar a qualidade de vida da população e do meio ambiente com o

aproveitamento dos resíduos tem sido cada vez maior nas indústrias modernas. Embora haja

muitas pesquisas desenvolvidas a partir desses materiais, ainda há uma barreira do uso da

casca de arroz em produção de algum material comercial.

Neste presente trabalho, foram empregadas técnicas normalizadas pelas NBRs e

literaturas para produção e caracterização da geopolimerização da cinza da casca de arroz, já

que esse material preciso se adéqua em alguma determinada condição, para que possa ser

comparada com materiais já existentes.

O resultado do estudo da cinza da casca de arroz, como aglomerante único, para

formação da geopolimerização teve êxito, todavia o material não apresentou comportamento

endurecido, ganhando resistência igual ao material cimentício. No entanto, com qualidades

inferiores a uma borracha, o corpo de prova proporcionou características iguais a de um

elastômero, mostrando pouca flexibilidade e muita deformação.

A fornalha feita para proporcionar cinzas que não oferecessem queima maior a 6000C

mostrou resultado esperado, pois conseguiu fazer um material capaz de polimerizar, com

característica flexível. Porém, com o posterior tratamento térmico em mufla, o resultado não

obteve êxito, pois o material perdeu algumas moléculas e diminuiu a velocidade de

polimerização.

O material apresentou característica pozolânica, ou seja, o material consumiu oxido de

cálcio. Isso se deve ao fato de estar presentes silicatos na composição da cinza da casca de

arroz. O CCAP mostrou maior índice pozolânico do que o CCAB, por que o CCAP

possivelmente exibiu maior quantidade de componentes e SiO amorfo do que o CCAB.

Pela análise termogravimétrica pode-se notar que a CCAB obteve maior estabilidade

termica, ou seja, a cinza manteve suas propriedades inalteradas sob aquecimento. Isso pode

ser observado pelo único e pequeno patamar formado em ±5500C. Enquanto o CCAP teve

várias perdas de massa em relação ao aumento da temperatura, consequentemente, existindo

mais patamares analisados pela técnica termogravimétrica.

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51

Com perspectivas de trabalhos futuros, o material será estudado com objetivo de obter

outras aplicabilidades e, talvez, possa novamente ser avaliado como material cimentício

adicionando algum reagente que possa ganhar características resistivas à aplicação de forças.

Page 67: Rafael_de_Carvalho_Eller  - Monografia.pdf

52

6. REFERÊNCIAS

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Page 68: Rafael_de_Carvalho_Eller  - Monografia.pdf

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