rafael pandolfo 26-05-14- planejamento

31
Rafael Pandolfo Advogado em Porto Alegre Conselheiro Titular do CARF/MF Professor Conferencista do IBET Conselheiro do CONTEC-FIERGS Conselheiro da Fecomércio-RS

Upload: fernanda-moreira

Post on 06-Jul-2015

263 views

Category:

Documents


6 download

TRANSCRIPT

Page 1: Rafael pandolfo   26-05-14- planejamento

Rafael PandolfoAdvogado em Porto Alegre

Conselheiro Titular do CARF/MF

Professor Conferencista do IBET

Conselheiro do CONTEC-FIERGS

Conselheiro da Fecomércio-RS

Page 2: Rafael pandolfo   26-05-14- planejamento

Evasão: uso de artifícios ilícitos para

reduzir/eliminar o ônus tributário.• Ex.: nota calçada, adulteração de livros contábeis.

Elisão: uso de estruturas e institutos lícitos

para reduzir/eliminar o ônus tributário.• Ex.: reestruturações societárias, casa e separa.

Page 3: Rafael pandolfo   26-05-14- planejamento

Antielisivistas:• Elisão, embora lícita, é ilegítima, pois viola a isonomia,

é maléfica à concorrência e prejudica a arrecadação.

• Estado Liberal Estado Social: tributação dascapacidades contributivas dissociadas da molduralegal

Elisivistas• Elisão é lícita, e seu exercício é legítimo, vez que

ninguém é obrigado a pagar o maior tributo possível.

• A vedação aos planejamentos é papel do legislador,não do aplicador.

Page 4: Rafael pandolfo   26-05-14- planejamento

Direito individual – 1ª Geração• É o direito do cidadão de exigir a intangibilidade

do passado e a previsibilidade do futuro.

Direito Difuso – 3ª Geração• É o direito do cidadão de ter um ambiente fértil ao

desenvolvimento econômico, criado pelo respeito

às leis, por leis de redação simples e pela

estabilidade do sistema jurídico.

Page 5: Rafael pandolfo   26-05-14- planejamento

A segurança jurídica de um país o torna

atrativo a investimentos, e, por

conseguinte, beneficia os cidadãos deste

país com uma maior gama de

oportunidades econômicas, tanto de

trabalho, quanto de investimento,

proporcionando maior amplitude de

escolhas no exercício da liberdade.

Page 6: Rafael pandolfo   26-05-14- planejamento

Art. 116. omissis

Parágrafo único. A autoridade

administrativa poderá desconsiderar atos

ou negócios jurídicos praticados com a

finalidade de dissimular a ocorrência do

fato gerador do tributo ou a natureza dos

elementos constitutivos da obrigação

tributária, observados os procedimentos a

serem estabelecidos em lei ordinária.

Page 7: Rafael pandolfo   26-05-14- planejamento

Simulação — Art. 149, VII, CTN• Simulação é relatar negócio inexistente.

• Ex.: Nota fria emitida para aproveitar crédito, quandonão ocorreu venda alguma.

Dissimulação — Art. 167, CC• Dissimular é modificar os fatos de modo a ocultar a

realidade.

Dissimulação – Art. 116, Pár. Único, CTN• Dissimular é utilizar fato para confundir a incidência de

fato gerador abstrato através de interpretaçãoabusiva.

Page 8: Rafael pandolfo   26-05-14- planejamento

observados os procedimentos a serem

estabelecidos em lei ordinária

Procedimentos a serem estabelecidos, ou

seja, que não existiam à época de

introdução do artigo. Norma de eficácia

contida, portanto. Somente será aplicável

quando for devidamente regulada.

Page 9: Rafael pandolfo   26-05-14- planejamento
Page 10: Rafael pandolfo   26-05-14- planejamento

Contrato oneroso que estabelece uma

obrigação de fazer do contratado em

relação ao contratante,

Serviço se torna personalíssimo quando o

contrato é realizado intuitu personae, ou

seja, o contratado é insubstituível na

prestação do serviço.

Page 11: Rafael pandolfo   26-05-14- planejamento

Duas espécies: Morais e Patrimoniais;

Morais: dizem respeito à honra do detentor

e ao controle da utilização da imagem.

Indisponíveis.

Patrimoniais: dizem respeito à exploração

econômica da imagem. Disponíveis.

Page 12: Rafael pandolfo   26-05-14- planejamento

São cedidos (dar temporário/locação) os

direitos patrimoniais nos limites do

contrato, mas o dono da imagem mantém

os direitos morais.

É necessário que o detentor dos direitos

de imagem assine todos os contratos

envolvendo o uso de seus direitos de

imagem, decorrência da indisponibilidade

dos direitos morais.

Page 13: Rafael pandolfo   26-05-14- planejamento

Direitos Subjetivos

PersonalíssimosDireitos morais de

imagem

PatrimoniaisExploração

econômica da imagem

Serviços

Personalíssimos

(infungíveis)

Impessoais

(fungíveis)

Page 14: Rafael pandolfo   26-05-14- planejamento

Art. 87-A. O direito ao uso da imagem do

atleta pode ser por ele cedido ou explorado,

mediante ajuste contratual de natureza civil

e com fixação de direitos, deveres e

condições inconfundíveis com o contrato

especial de trabalho desportivo. (Incluído

pela Lei nº 12.395, de 2011).

Page 15: Rafael pandolfo   26-05-14- planejamento

Art. 129. Para fins fiscais eprevidenciários, a prestação de serviçosintelectuais, inclusive os de naturezacientífica, artística ou cultural, em caráterpersonalíssimo ou não, com ou sem adesignação de quaisquer obrigações a sóciosou empregados da sociedade prestadora deserviços, quando por esta realizada, sesujeita tão-somente à legislação aplicávelàs pessoas jurídicas, sem prejuízo daobservância do disposto no art. 50 da Lei no10.406, de 10 de janeiro de 2002 - CódigoCivil.

Page 16: Rafael pandolfo   26-05-14- planejamento

Art. 980-A. A empresa individual de responsabilidade

limitada será constituída por uma única pessoa titular da

totalidade do capital social, devidamente integralizado,

que não será inferior a 100 (cem) vezes o maior salário-

mínimo vigente no País.

§ 5º Poderá ser atribuída à empresa individual de

responsabilidade limitada constituída para a

prestação de serviços de qualquer natureza a

remuneração decorrente da cessão de direitos

patrimoniais de autor ou de imagem, nome, marca ou

voz de que seja detentor o titular da pessoa jurídica,

vinculados à atividade profissional.

Page 17: Rafael pandolfo   26-05-14- planejamento

Atleta Clube

Empresa do Atleta

Cessão de direito de

imagemDividendos(Isentos)

Vínculo federativo

Salário(27,5%)

Cessão de direito de imagem Pagamento por

uso da imagem do atleta

(14,53%)

Page 18: Rafael pandolfo   26-05-14- planejamento

Tributação dos valores recebidos como

pessoa jurídica (tributação menor):• Pessoa Física: tabela progressiva, até 27,5%;

• Pessoa Jurídica: lucro presumido, carga tributária

final de 14,53% (direito de imagem) / 19,53%

(prestação de serviços).

Page 19: Rafael pandolfo   26-05-14- planejamento

BEMEP

A

B

C

Bernardo de

Mello

O empresário Bernardo de Mello, sócio

majoritário das empresas A, B e C foi

contratado para prestar serviço de

administração de empresas através da

BEMEP Ltda, da qual era sócio

majoritário, com 99% das quotas.

Page 20: Rafael pandolfo   26-05-14- planejamento

BEMEP

A

B

C

Bernardo de

Mello

No entanto, a BEMEP era empresa

fantasma. Não possuía funcionários,

sua sede correspondia a uma das

empresas administradas e não foram

apresentados livros contábeis.

Page 21: Rafael pandolfo   26-05-14- planejamento

BEMEP

A

B

C

Bernardo de

Mello

Ainda, a remuneração era paga

diretamente a Bernardo de Mello pelas

empresas administradas.

Acredita-se que o intuito desta estrutura foi

contornar o veto à distribuição de dividendos

a sócios que estavam sujeitas as empresas

A, B e C, pela inadimplência de tributos das

empresas, além de reduzir a tributação.

Page 22: Rafael pandolfo   26-05-14- planejamento

Luis Felipe

Scolari

Dona Olga

Sociedade

Esportiva Palmeiras

L.F. Promoções

Serviços e

Participações Ltda.

A empresa L.F. Promoções Serviços e

Participações Ltda., pré-existente ao

planejamento, firmou contrato com a

Sociedade Esportiva Palmeiras, tendo como

objeto a prestação de serviços de técnico de

futebol pelo seu sócio, Luis Felipe Scolari.

Page 23: Rafael pandolfo   26-05-14- planejamento

Luis Felipe

Scolari

Dona Olga

L.F. Promoções

Serviços e

Participações Ltda.

O fisco considerou que o que havia, na

realidade, era uma relação entre o

Palmeiras e o técnico, com interposta

pessoa para tentar escapar do vínculo

trabalhista. Sendo assim, alocou a receita

como se do técnico fosse.

Ainda, o fisco identificou que o tipo

societário (empresa ltda.) não era

compatível com a prestação de serviços

intelectuais, motivo que reforçava o

caráter simulatório da estrutura.

Sociedade

Esportiva Palmeiras

Page 24: Rafael pandolfo   26-05-14- planejamento

Gustavo

Kuerten

Rodrigo

Kuerten

Guga Kuerten

Participações e

Empreendimentos

Ltda.

B

C

D

E

F

O tenista Gustavo Kuerten constituiu

sociedade com seu irmão, empresário

e também tenista, Rodrigo Kuerten.

As quotas da empresa eram

repartidas igualmente (50%

para cada) e esta proporção era

respeitada na distribuição de

lucros.

Page 25: Rafael pandolfo   26-05-14- planejamento

Gustavo

Kuerten

Rodrigo

Kuerten

Guga Kuerten

Participações e

Empreendimentos

Ltda.

B

C

D

E

F

O tenista Gustavo Kuerten cedeu os

direitos patrimoniais à imagem à

empresa, que a explorava mediante

contrato com diversas empresas

As rendas de premiação em

torneios e com patrocinadores

no exterior eram de titularidade

do tenista e tributadas na

pessoa física.

Page 26: Rafael pandolfo   26-05-14- planejamento

Gustavo

Kuerten

Rodrigo

Kuerten

Guga Kuerten

Participações e

Empreendimentos

Ltda.

B

C

D

E

F

Fiscalização entendeu que o uso da

sociedade não possuía propósito

negocial, e que as rendas deveriam

ser tributadas na pessoa física do

tenista.

Voto-vencedor do CARF considerou

direito de imagem como serviço,

quando na verdade é cessão de bem.

Ainda, o planejamento possuía

propósito negocial (o irmão cuidava

dos contratos, enquanto o tenista cedia

os direitos de imagem)

Page 27: Rafael pandolfo   26-05-14- planejamento

Bernardo de Mello Paz Felipão Gustavo Kuerten

Confusão patrimonial + - -

Contratante

único/vinculado+ + -

Ausência/poucas

despesas+ + n/a

Número de Sócios/

Proporção no Capital+ + -

Incompatibilidade do tipo

societárion/a + n/a

Endereço irregular + - -

Objeto contratual: serviço + + -

Objeto contratual: cessão

de imagem- + +

Funcionários - n/a +

Resultado: Inválido Inválido Inválido

Page 28: Rafael pandolfo   26-05-14- planejamento

O elemento mais importante, para o CARF, éa existência de propósito negocial, motivoextratributário predominante. Se o únicomotivo é o tributário, então o Conselho temconsiderado o planejamento um abuso deforma.

Nem sempre o motivo (motivo real)corresponde à motivação (motivo aparente).Sendo assim, é ônus do fisco comprovar quehá diferença entre motivo e motivação, e queaquele é exclusivamente tributário.

Page 29: Rafael pandolfo   26-05-14- planejamento

The bridge

www.academiatributaria.com.br29

Page 30: Rafael pandolfo   26-05-14- planejamento

Bernardo de Mello• Simulação;

Caso Felipão• Dissimulação

Caso Gustavo Kuerten• Planejamento tributário lícito;

Page 31: Rafael pandolfo   26-05-14- planejamento

“Se alguém não sabe para que porto está

velejando, nenhum vento é favorável”

Sêneca