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Versão 1.3 Carlos Pimenta 1 R A C I O N A L I D A D E R A C I O N A L I D A D E

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Versão 1.3Carlos Pimenta 1

R A C I O N A L I D A D ER A C I O N A L I D A D E

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•• PrefPrefááciocio•• Conceitos IntrodutConceitos Introdutóóriosrios•• Racionalidade EconRacionalidade Econóómicamica•• Homo OeconomicusHomo Oeconomicus•• AnAnáálise Crlise Crííticatica•• Um Novo modeloUm Novo modelo

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Versão 1.3Carlos Pimenta 3

P R E F Á C I OP R E F Á C I O

AvisosAvisosee

LamentaçõesLamentações

1

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nota previanota previa

Conceito BásicoConceito Básico Toda a Ciência Económica se constrói admitindo uma Toda a Ciência Económica se constrói admitindo uma

certa “racionalidade económica”certa “racionalidade económica”

DúvidasDúvidas Mas é uma temática que coloca à partida grandes Mas é uma temática que coloca à partida grandes

dúvidasdúvidas

DificuldadesDificuldades E apresenta, no actual estágio de desenvolvimento E apresenta, no actual estágio de desenvolvimento

científico, sérias dificuldades.científico, sérias dificuldades.

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NP: CONCEITO BÁSICO (1)NP: CONCEITO BÁSICO (1)

Depois de se atribuir um significado ao que é Depois de se atribuir um significado ao que é actividade económicaactividade económica……

e aceitando como inequívoco que o e aceitando como inequívoco que o HomemHomem(também) é (também) é IndivíduoIndivíduo e e SociedadeSociedade……

estudar o Homem economicamente é descrever / estudar o Homem economicamente é descrever / interpretarinterpretarLógica do comportamento individual (Lógica do comportamento individual (RacionalidadeRacionalidade))Mecanismos de regulação colectiva (Mecanismos de regulação colectiva (MercadoMercado))

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NP: CONCEITO BÁSICO (2)NP: CONCEITO BÁSICO (2)

AdmitindoAdmitindoRazão e informação tendencialmente plenasRazão e informação tendencialmente plenasLógica maximizadoraLógica maximizadoraPropriedade limitando a acessibilidadePropriedade limitando a acessibilidade

Surgem dois conceitos base derivados:Surgem dois conceitos base derivados:Custo de OportunidadeCusto de OportunidadePreçoPreço

Admitindo que económico = escolhaAdmitindo que económico = escolhaPreço = Preço = Preço relativoPreço relativo

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NP: DÚVIDASNP: DÚVIDAS

?? É necessário encontrar os fundamentos dos É necessário encontrar os fundamentos dos comportamentos para construir uma ciência social?comportamentos para construir uma ciência social?

?? A importância atribuída à racionalidade não é uma A importância atribuída à racionalidade não é uma manifestação etnocêntrica da cultura grecomanifestação etnocêntrica da cultura greco--latina?latina?

?? A importância da racionalidade não é um subproduto da A importância da racionalidade não é um subproduto da absolutização de um dos termos de uma relação absolutização de um dos termos de uma relação indissociável (indivíduo, instituições, sociedade)?indissociável (indivíduo, instituições, sociedade)?

?? As semelhanças de racionalidade são mais importantes que As semelhanças de racionalidade são mais importantes que as diferenças?as diferenças?

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NP: DIFICULDADES (1)NP: DIFICULDADES (1)

@@A racionalidade do agente económico é a A racionalidade do agente económico é a racionalidade da Economia Políticaracionalidade da Economia Política@@Dificuldade de delimitação do “económico” Dificuldade de delimitação do “económico”

no no Homem totalHomem total, uno na multiplicidade das , uno na multiplicidade das determinaçõesdeterminações@@Terminologia adoptadaTerminologia adoptada

@@concepçãoconcepção (razão) ==> Acção [Psicologia](razão) ==> Acção [Psicologia]

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NP: DIFICULDADES (2)NP: DIFICULDADES (2)

"A questão da racionalidade económica é, "A questão da racionalidade económica é, pois, ao mesmo tempo a própria questão pois, ao mesmo tempo a própria questão epistemológica, da Economia política epistemológica, da Economia política enquanto ciência"enquanto ciência"

((GODELIER, MAURICE (s.d.), GODELIER, MAURICE (s.d.), Racionalidade e Irracionalidade na Racionalidade e Irracionalidade na

EconomiaEconomia, Rio de Janeiro, Tempo Brasileiro, pág. 18), Rio de Janeiro, Tempo Brasileiro, pág. 18)

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NP: DIFICULDADES (3)NP: DIFICULDADES (3)

@@AutoAuto--imagemimagem da racionalidade de que todos da racionalidade de que todos somos portadores é um “fantasma” da somos portadores é um “fantasma” da racionalidaderacionalidade@@Conceito de “racionalidade” Conceito de “racionalidade” é tambémé também@@produtor de ideologiaprodutor de ideologia@@(des)estruturador da sociedade(des)estruturador da sociedade

@@fonte de poderfonte de poder

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NP: DIFICULDADES (4)NP: DIFICULDADES (4)

@@Racionalidade económica objecto de Racionalidade económica objecto de duas duas leituras desencontradasleituras desencontradas@@Racionalidade Económica = Racionalidade x Racionalidade Económica = Racionalidade x

EconómicaEconómica@@Uma certa região da racionalidadeUma certa região da racionalidade

@@Uma certa óptica de toda a racionalidadeUma certa óptica de toda a racionalidade

@@Racionalidade EconómicaRacionalidade Económica@@A racionalidade quando aplicada ao económicoA racionalidade quando aplicada ao económico

@@Um certo tipo de racionalidadeUm certo tipo de racionalidade

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NP: DIFICULDADES (5)NP: DIFICULDADES (5)

@@OscilaçãoOscilação entreentre@@Racionalidade Racionalidade individualindividual -- Racionalidade Racionalidade colectivacolectiva@@Racionalidade Racionalidade ex anteex ante -- Racionalidade Racionalidade ex postex post

@@Racionalidade “Racionalidade “deve serdeve ser” ” -- Racionalidade “Racionalidade “éé””

@@Um conceito tão omnipresente que Um conceito tão omnipresente que é é esquecidoesquecido

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NP: “método de investigação”NP: “método de investigação”

As dificuldades que temos na apresentação deste tema As dificuldades que temos na apresentação deste tema levaleva--nos na apresentação seguinte a adoptar a sequência de nos na apresentação seguinte a adoptar a sequência de descoberta (“método de investigação”),descoberta (“método de investigação”),

em detrimento da sequência lógica dos conceitos, em detrimento da sequência lógica dos conceitos, caminhando do geral para o particular (“método de caminhando do geral para o particular (“método de exposição”), que exigia uma teoria acabada sobre o exposição”), que exigia uma teoria acabada sobre o assunto.assunto.

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C O N C E I T O S C O N C E I T O S I N T R O D U T Ó R I O SI N T R O D U T Ó R I O S

Falamos Falamos dede

RacionalidadeRacionalidade EconómicaEconómica

2

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DE que falamosDE que falamos

•• Os Homens têm Os Homens têm comportamentoscomportamentos que tem uma que tem uma lógicalógica

•• Essa lógica = Essa lógica = RacionalidadeRacionalidade

•• Duas posturasDuas posturas–– Descrever comportamentosDescrever comportamentos

–– Compreender comportamentosCompreender comportamentos

•• Compreender essa lógica é compreender o comportamento Compreender essa lógica é compreender o comportamento humanohumano

•• Frequentemente a descrição tem subjacente a Frequentemente a descrição tem subjacente a compreensão.compreensão.

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E como falamosE como falamos

Racionalidade das condutas sociais é um Racionalidade das condutas sociais é um postulado fundamental das ciências sociaispostulado fundamental das ciências sociais

(Postulado: afirmação que é aceite como verdadeira (Postulado: afirmação que é aceite como verdadeira sem demonstração)sem demonstração)

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RACIONALIDADERACIONALIDADE

O que é a Racionalidade?O que é a Racionalidade?

Leitura filosóficaLeitura filosófica

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R: características da racionalidadeR: características da racionalidade

Visão tradicionalVisão tradicional–– ConsistênciaConsistência (não contradição)(não contradição)

–– AutonomiaAutonomia da Razão (em relação à autoridade, da Razão (em relação à autoridade, paixão, revelação, sensibilidade)paixão, revelação, sensibilidade)

–– InteligibilidadeInteligibilidade do real (incluindo da própria do real (incluindo da própria racionalidade)racionalidade)

–– UniversalidadeUniversalidade (aplicação a todo o ser)(aplicação a todo o ser)

–– UnidadeUnidade da razãoda razão

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R: características da racionalidadeR: características da racionalidade

Considerações:Considerações:–– As lógicas que englobam a contradição (inconsistente e não triviAs lógicas que englobam a contradição (inconsistente e não trivial) al)

põe em causa a consistência?põe em causa a consistência?–– A visão integrada do Homem põe em causa a autonomia da Razão?A visão integrada do Homem põe em causa a autonomia da Razão?–– A identidade entre o objecto e o sujeito modifica a natureza do A identidade entre o objecto e o sujeito modifica a natureza do

conhecimento?conhecimento?–– A eventual descontinuidade do ser permite manter a A eventual descontinuidade do ser permite manter a

universalidade?universalidade?–– As racionalidades regionais põem em causa a unidade da razão?As racionalidades regionais põem em causa a unidade da razão?

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ECONÓMICOECONÓMICO

O que é o “económico”O que é o “económico” ouou

o que permite adjectivar uma realidade o que permite adjectivar uma realidade como “económica”?como “económica”?

Leitura da Economia de si própriaLeitura da Economia de si própria

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E: UMA dupla definiçãoE: UMA dupla definição

•• Definir o objecto de estudo (“económico”) é Definir o objecto de estudo (“económico”) é simultaneamente definir a Ciência simultaneamente definir a Ciência EconómicaEconómica

O “económico” é simultaneamenteO “económico” é simultaneamente•• uma “parte” do Homem, objecto realuma “parte” do Homem, objecto real•• o objecto científico definidor da Ciência Económicao objecto científico definidor da Ciência Económica

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E: Elementos da definiçãoE: Elementos da definição

ObjectoObjecto (conjunto de elementos/aspectos do (conjunto de elementos/aspectos do Homem)Homem)

MétodoMétodo (procedimentos conducentes ao (procedimentos conducentes ao objecto)objecto)

Aspectos interligadosAspectos interligadosVamos incidir sobre o objectoVamos incidir sobre o objecto

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E: ECONÓMICO como domínio de E: ECONÓMICO como domínio de actividades específicas (1)actividades específicas (1)

Adam SmithAdam Smith–– Economia é Economia é “o conhecimento sistemático dos “o conhecimento sistemático dos

fenómenos que deriva, da actividade do homem fenómenos que deriva, da actividade do homem na aquisição e no uso da riqueza”na aquisição e no uso da riqueza”

–– A sua obra pretende explicar A sua obra pretende explicar “como fazer uma “como fazer uma nação rica”nação rica”

–– Económico: Económico: RiquezaRiqueza

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E: ECONÓMICO como domínio de E: ECONÓMICO como domínio de actividades específicas (2)actividades específicas (2)

Marx:Marx:–– Economia é a ciência da produção, distribuição, Economia é a ciência da produção, distribuição,

circulação e consumocirculação e consumo

–– Económico: Económico: relações entre os homensrelações entre os homens na na produção, distribuição, circulação e consumoprodução, distribuição, circulação e consumo

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E: ECONÓMICO como domínio de E: ECONÓMICO como domínio de actividades específicas (3)actividades específicas (3)

J. B. SayJ. B. Say–– Economia é a ciência da produção, consumo e Economia é a ciência da produção, consumo e

distribuição da riquezadistribuição da riqueza

–– Económico: Económico: fenómenosfenómenos da produção, da produção, consumo e distribuição da riquezaconsumo e distribuição da riqueza

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E: ECONÓMICO como domínio de E: ECONÓMICO como domínio de actividades específicas (4)actividades específicas (4)

J. Stuart MillJ. Stuart Mill–– Economia é a ciência da produção, distribuição Economia é a ciência da produção, distribuição

e permuta da riquezae permuta da riqueza

–– Económico: Económico: fenómenosfenómenos da produção, da produção, distribuição e troca da riquezadistribuição e troca da riqueza

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E: ECONÓMICO como domínio de E: ECONÓMICO como domínio de actividades específicas (5)actividades específicas (5)

GeneralizadamenteGeneralizadamente

–– Economia é a ciência das trocasEconomia é a ciência das trocas

–– Económico: Económico: actividades dos homens actividades dos homens relacionadasrelacionadas com a trocacom a troca

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E: Do domínio … Ao aspecto da E: Do domínio … Ao aspecto da actividade humanaactividade humana

•• MasMas–– As actividades no económico podem ser estudadas por As actividades no económico podem ser estudadas por

outras ciênciasoutras ciências–– Há aspectos similares ao económico noutros domíniosHá aspectos similares ao económico noutros domínios

•• LogoLogo–– Económico como aspecto das actividades humanas Económico como aspecto das actividades humanas

relacionados com a reprodução da base “material” da relacionados com a reprodução da base “material” da sociedadesociedade

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E: É UMA Visão social e E: É UMA Visão social e “macroeconomica”“macroeconomica”

De uma forma genérica nestas interpretações que têm De uma forma genérica nestas interpretações que têm como referência importante a como referência importante a divisão social do divisão social do trabalhotrabalho::

–– Está em análise as Está em análise as relações entre os homensrelações entre os homens em em determinadas actividadesdeterminadas actividades

–– Os comportamentos individuais são partes Os comportamentos individuais são partes integrantes desses processos sociaisintegrantes desses processos sociais

–– O económico deve reflectir o Homem (Ciência O económico deve reflectir o Homem (Ciência tem a preocupação de tem a preocupação de explicarexplicar))

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E: UM CERTO aspecto de toda a E: UM CERTO aspecto de toda a actividade humanaactividade humana

•• “Realidades” que fundamentam o económico:“Realidades” que fundamentam o económico:–– raridaderaridade–– racionalidaderacionalidade

•• Lionel Robbins:Lionel Robbins:–– Economia é Economia é “a ciência que estuda o comportamento “a ciência que estuda o comportamento

humano como uma relação entre fins (dados) e meios humano como uma relação entre fins (dados) e meios escassos com usos alternativos”escassos com usos alternativos”

–– Económico: Económico: Tomada de decisõesTomada de decisões em ambiente de em ambiente de escassezescassez

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E: Uma visão individual, E: Uma visão individual, microeconómica e gestionáriamicroeconómica e gestionária

Esta é, hoje, a interpretação dominante, assente no conceito Esta é, hoje, a interpretação dominante, assente no conceito (que exige aprofundamento) de (que exige aprofundamento) de escassezescassez::

–– Está em análise a decisão assumida por Está em análise a decisão assumida por cada cada indivíduoindivíduo

–– A indicação dos comportamentos individuais A indicação dos comportamentos individuais mais mais optimizantesoptimizantes

–– O económico deve orientar o Homem (Ciência O económico deve orientar o Homem (Ciência tem a preocupação de tem a preocupação de preverprever))

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Racionalidade Racionalidade económicaeconómica

Falamos Falamos dede

Racionalidade Racionalidade EconómicaEconómica

3

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Versão 1.3Carlos Pimenta 33

RACIONALIDADE ECONÓMICARACIONALIDADE ECONÓMICA

Qual é o entendimento que os economistas têm dado Qual é o entendimento que os economistas têm dado da racionalidade económica?da racionalidade económica?

Leitura económicaLeitura económica

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RACIONALIDADE ECONÓMICARACIONALIDADE ECONÓMICA

PrimeiroPrimeiroconjunto de posiçõesconjunto de posições

Que racionalidade considerar?Que racionalidade considerar?

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Versão 1.3Carlos Pimenta 35

re: DIFERENTES SENTIDOS (1)re: DIFERENTES SENTIDOS (1)

Ludwig von MieseLudwig von Miese: : –– Toda a acção consciente e intencional do Toda a acção consciente e intencional do

homem é uma acção racionalhomem é uma acção racional

•• PorquePorque–– é sempre a satisfação de algum desejoé sempre a satisfação de algum desejo–– é um factoé um facto–– não há lugar a valorações da acção por terceirosnão há lugar a valorações da acção por terceiros

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LaLa acciónacción humana eshumana es conductaconducta consciente;consciente; movilizada voluntadmovilizada voluntadtransformadatransformada en actuaciónen actuación, que pretende, que pretende alcanzaralcanzar precisos fines yprecisos fines yobjetivosobjetivos; es consciente; es consciente reacción del egoreacción del ego anteante loslos estímulos yestímulos y laslascircunstanciascircunstancias deldel ambiente; es reflexivaambiente; es reflexiva acomodaciónacomodación aa aquella aquella disposición deldisposición del universo que estáuniverso que está influyendo en lainfluyendo en la vidavida del sujetodel sujeto. (...). (...)Nuestra cienciaNuestra ciencia se ocupa dese ocupa de la acciónla acción humana, no dehumana, no de loslos fenómenos fenómenos psicológicospsicológicos capacescapaces de ocasionar determinadasde ocasionar determinadas actuacionesactuaciones. Es. Es elloelloprecisamenteprecisamente lolo que distingue y separaque distingue y separa la teoríala teoría general degeneral de la acciónla acciónhumana, ohumana, o praxeologíapraxeología, de, de la psicologíala psicología. (...) El. (...) El hombrehombre,, enen cambio,cambio, alalactuar, opta, determina y procuraactuar, opta, determina y procura alcanzar unalcanzar un fin. De dos cosas que nofin. De dos cosas que nopueda disfrutar al tiempopueda disfrutar al tiempo,, eligeelige una yuna y rechaza la otrarechaza la otra. La. La acciónacción, por , por tanto, implica,tanto, implica, siempresiempre y ay a lala vez, preferir y renunciar. {35vez, preferir y renunciar. {35--36}36}

......

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LaLa acciónacción humana eshumana es siempresiempre racional. Elracional. El hablarhablar de «de «acciónacción racional»racional»supone incurrir ensupone incurrir en evidente pleonasmo u, por tanto,evidente pleonasmo u, por tanto, debe rechazarsedebe rechazarse taltalexpresiónexpresión. Aplicados a. Aplicados a loslos fines últimos defines últimos de la acciónla acción,, loslos términos términos racional e irracional noracional e irracional no son apropiadosson apropiados yy carecencarecen de sentido. Elde sentido. El finfinultimo deultimo de la acción siemprela acción siempre eses la satisfacciónla satisfacción dede algún deseo del algún deseo del hombre actuantehombre actuante.. PuestoPuesto queque nadie puede reemplazar los juiciosnadie puede reemplazar los juicios dedevaloración del sujeto en acciónvaloración del sujeto en acción porpor los proprioslos proprios,, vanovano resultaresulta enjuiciar enjuiciar los anheloslos anhelos yy las volicioneslas voliciones dede los demáslos demás {46}{46}

MISES,MISES, Ludwig vonLudwig von; ; LaLa AccionAccion Humana. Tratado de Humana. Tratado de EconomiaEconomia; 4ª. ed., 1986, Madrid,; 4ª. ed., 1986, Madrid, UnionUnion EditorialEditorial

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Versão 1.3Carlos Pimenta 38

re: DIFERENTES SENTIDOS (2)re: DIFERENTES SENTIDOS (2)

Max WeberMax Weber: : –– Há Há diversos tipos de acçõesdiversos tipos de acções dos homens (racionais, dos homens (racionais,

tradicionais, emocionais)tradicionais, emocionais)–– As As acções racionais podem ser teleológicas ou acções racionais podem ser teleológicas ou

axiológicasaxiológicas (valorativas)(valorativas)–– As acções teleológicas são a base das acções As acções teleológicas são a base das acções

económicaseconómicas

•• Leituras “económicas” de WeberLeituras “económicas” de Weber–– As acções axiológicas são redutíveis às teleológicasAs acções axiológicas são redutíveis às teleológicas

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Versão 1.3Carlos Pimenta 39

re: DIFERENTES SENTIDOS (3)re: DIFERENTES SENTIDOS (3)

LangeLange: : –– Racionalidade é um produto histórico associado à Racionalidade é um produto histórico associado à

empresaempresa

LogoLogo–– é uma ruptura em relação à tradição e à rotinaé uma ruptura em relação à tradição e à rotina–– nascido com a Revolução Industrialnascido com a Revolução Industrial–– as leis económicas baseadas na racionalidade não as leis económicas baseadas na racionalidade não

ultrapassam este quadro histórico.ultrapassam este quadro histórico.

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Versão 1.3Carlos Pimenta 40

“Por conseguinte, na economia mercantil e monetária, tanto o fim“Por conseguinte, na economia mercantil e monetária, tanto o fimcomo o meio da actividade de ganho são cortados da tradição. A como o meio da actividade de ganho são cortados da tradição. A actividade de ganho tornaactividade de ganho torna--se uma actividade baseada no raciocínio, ou se uma actividade baseada no raciocínio, ou seja, uma seja, uma actividade racionalactividade racional. (...) A passagem da actividade . (...) A passagem da actividade económica tradicional e costumeira para a actividade de ganho económica tradicional e costumeira para a actividade de ganho tradicional, ou seja, a tradicional, ou seja, a racionalizaçãoracionalização da actividade económica, da actividade económica, efectuaefectua--se progressivamente, de modo simultâneo e proporcional ao se progressivamente, de modo simultâneo e proporcional ao desenvolvimento das relações mercantis e monetárias. (...) O desenvolvimento das relações mercantis e monetárias. (...) O desenvolvimento das relações mercantis e monetárias, e sobretudodesenvolvimento das relações mercantis e monetárias, e sobretudo o o modo de produção capitalista, isolando e generalizando a actividmodo de produção capitalista, isolando e generalizando a actividade de ade de ganho, dandoganho, dando--lhe o carácter de uma actividade racional baseada no lhe o carácter de uma actividade racional baseada no raciocínio, introduziram também araciocínio, introduziram também a mensurabilidademensurabilidade e ae acomensurabilidadecomensurabilidade do fim e dos meios desta actividade. (...) A do fim e dos meios desta actividade. (...) A quantificação do fim da actividade de ganho provoca o desejo de quantificação do fim da actividade de ganho provoca o desejo de atingir o máximo (...) O desejo de atingir o lucro máximo em dinatingir o máximo (...) O desejo de atingir o lucro máximo em dinheiro heiro desenvolvedesenvolve--se paralelamente ao desenvolvimento das relações se paralelamente ao desenvolvimento das relações mercantis e monetárias”mercantis e monetárias”

(LANGE,(LANGE, Moderna Economia Política. Problemas GeraisModerna Economia Política. Problemas Gerais, 148/53), 148/53)

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Versão 1.3Carlos Pimenta 41

re: DIFERENTES SENTIDOS (4)re: DIFERENTES SENTIDOS (4)

MarshallMarshall::–– Intenção: Intenção: a racionalidade engloba todos os a racionalidade engloba todos os

comportamentos do “grupo industrial”comportamentos do “grupo industrial”

–– Facto: concentraFacto: concentra--se no “se no “normalnormal””

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Versão 1.3Carlos Pimenta 42

•• Prefácio à primeira edição:Prefácio à primeira edição:•• “Na presente obra considera“Na presente obra considera--sese açãoação normal aquela que se espera, sob certas condições, normal aquela que se espera, sob certas condições,

dos membros de um grupo industrial, e não se tenta excluir a infdos membros de um grupo industrial, e não se tenta excluir a influência de quaisquer luência de quaisquer motivos, cujamotivos, cuja açãoação seja regular, somente porque sejam altruísticos. (...) princípiseja regular, somente porque sejam altruísticos. (...) princípio de o de continuidade.: (4) “aplicado não só à qualidade ética dos motivocontinuidade.: (4) “aplicado não só à qualidade ética dos motivos pelos quais um s pelos quais um homem pode ser influenciado na escolha de seus fins, mas também homem pode ser influenciado na escolha de seus fins, mas também à sagacidade, à à sagacidade, à energia e à disposição com que os procura.” (4) “Do mesmo modo qenergia e à disposição com que os procura.” (4) “Do mesmo modo que não existe uma ue não existe uma linha nítida de divisão entre uma conduta que é normal e a que dlinha nítida de divisão entre uma conduta que é normal e a que deve ser provisoriamente eve ser provisoriamente desprezada como anormal, assim também não há nenhuma entre os vadesprezada como anormal, assim também não há nenhuma entre os valores normais de lores normais de um “lado e, de outro, os valores “correntes”, “do mercado” ou “oum “lado e, de outro, os valores “correntes”, “do mercado” ou “ocasionais”” (4) o casionais”” (4) o elemento tempo, que é o centro das principais dificuldades de quelemento tempo, que é o centro das principais dificuldades de quase todos os problemasase todos os problemaseconômicoseconômicos, é, em si mesmo, absolutamente contínuo” (5) “embora haja uma l, é, em si mesmo, absolutamente contínuo” (5) “embora haja uma linha inha nítida de divisão entre o próprio homem e os meios que ele usa, nítida de divisão entre o próprio homem e os meios que ele usa, e ainda que a oferta e a e ainda que a oferta e a procura dos esforços e sacrifícios humanos ofereçam particularidprocura dos esforços e sacrifícios humanos ofereçam particularidades que lhes são ades que lhes são próprias e que não são comuns à oferta e à procura de bens materpróprias e que não são comuns à oferta e à procura de bens materiais, ainda assim tais iais, ainda assim tais bens materiais, em Ultima análise, são geralmente, eles mesmos, bens materiais, em Ultima análise, são geralmente, eles mesmos, o resultado do trabalho o resultado do trabalho humano.” (5) “Tem havido sempre uma tentação para classificar oshumano.” (5) “Tem havido sempre uma tentação para classificar os bensbens econômicoseconômicos em em grupos claramente definidos, (...) : Mas grandes males talvez tegrupos claramente definidos, (...) : Mas grandes males talvez tenham sido causados nham sido causados pelos que, não. resistindo à tentação, traçam, artificialmente, pelos que, não. resistindo à tentação, traçam, artificialmente, largas linhas de divisão largas linhas de divisão onde a Natureza não traçou nenhuma.” (5) “A noção de continuidadonde a Natureza não traçou nenhuma.” (5) “A noção de continuidade no que diz respeito e no que diz respeito à evolução é comum a todas as modernas escolas do pensamentoà evolução é comum a todas as modernas escolas do pensamento econômicoeconômico” (6)” (6)

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Versão 1.3Carlos Pimenta 43

Prefácio à oitava edição: Prefácio à oitava edição:

“Todavia, as forças a serem encaradas são tão numerosas que o me“Todavia, as forças a serem encaradas são tão numerosas que o melhorar lhorar um certo numero de soluções parciais como auxiliares de nosso esum certo numero de soluções parciais como auxiliares de nosso estudo tudo principal Começamos assim por isolar as relações primarias de ofprincipal Começamos assim por isolar as relações primarias de oferta, erta, procura e preço em relação a uma mercadoria particular. Reduzimoprocura e preço em relação a uma mercadoria particular. Reduzimos as s as outras forças à inércia com a frase “todos os outrosoutras forças à inércia com a frase “todos os outros fatoresfatores sendo iguais”: sendo iguais”: não supomos que sejam inertes, mas por enquanto ignoramos suanão supomos que sejam inertes, mas por enquanto ignoramos suaatividadeatividade. Esse expediente científico é bem mais velho do que a ciência: . Esse expediente científico é bem mais velho do que a ciência: é é o método pelo qual,o método pelo qual, conscientementeconscientemente ou não, homens sensatos trataram ou não, homens sensatos trataram desde tempos imemoriais cada problema difícil da vida ordinária.desde tempos imemoriais cada problema difícil da vida ordinária. Num Num segundo estágio novas forças são liberadas do sono hipotético qusegundo estágio novas forças são liberadas do sono hipotético que lhes foi e lhes foi imposto: mudanças nas condições de procura e de oferta de gruposimposto: mudanças nas condições de procura e de oferta de gruposdeterminados de mercadorias entram em jogo, e suas complexas e mdeterminados de mercadorias entram em jogo, e suas complexas e mutuasutuasinteraçõesinterações começam a ser observadas. Gradualmente a área do problema começam a ser observadas. Gradualmente a área do problema dinâmico se torna maior, diminui a área abrangida por pressuposidinâmico se torna maior, diminui a área abrangida por pressuposições ções estáticas provisórias” (10/11)estáticas provisórias” (10/11)

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Versão 1.3Carlos Pimenta 44

re: DIFERENTES SENTIDOS (5)re: DIFERENTES SENTIDOS (5)

ParetoPareto::–– A racionalidade estudada pela ciência A racionalidade estudada pela ciência

económica é a inerente às acções lógicas, económica é a inerente às acções lógicas, repetidas, na satisfação dos gostosrepetidas, na satisfação dos gostos

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Versão 1.3Carlos Pimenta 45

“Podemos, portanto, por abstracção, distinguir: 1) as “Podemos, portanto, por abstracção, distinguir: 1) as acções não lógicas; 2) as acções lógicas.acções não lógicas; 2) as acções lógicas. DeizemosDeizemos: por : por abstracção, porque nas acções reais os tipos estão quase abstracção, porque nas acções reais os tipos estão quase sempre misturados e uma acção pode ser, em grande parte, sempre misturados e uma acção pode ser, em grande parte, nãonão--lógica e, em pequena parte, lógica, ou vicelógica e, em pequena parte, lógica, ou vice--versa. (...) versa. (...) nãonão--lógica não significa ilógica” (29/30)lógica não significa ilógica” (29/30)

estudaremos as acções lógicas, repetidas em grande estudaremos as acções lógicas, repetidas em grande número, que os homens executam para buscar as coisas número, que os homens executam para buscar as coisas que satisfazem os seus gostos” (79)que satisfazem os seus gostos” (79)

((ParetoPareto, Manual de Economia Política), Manual de Economia Política)

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Versão 1.3Carlos Pimenta 46

RACIONALIDADE ECONÓMICARACIONALIDADE ECONÓMICA

SegundoSegundoconjunto de posiçõesconjunto de posições

Que racionalidade tomar como referência?Que racionalidade tomar como referência?

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Versão 1.3Carlos Pimenta 47

re: DIFERENTES SENTIDOS (I)re: DIFERENTES SENTIDOS (I)

Realidade típica: empresa capitalistaRealidade típica: empresa capitalista

–– Localizada historicamenteLocalizada historicamente–– Atribui uma prioridade (real ou conceptual) à Atribui uma prioridade (real ou conceptual) à

produçãoprodução

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Versão 1.3Carlos Pimenta 48

re: DIFERENTES SENTIDOS (II)re: DIFERENTES SENTIDOS (II)

O homem normal na sociedade industrialO homem normal na sociedade industrial

–– Localizada historicamenteLocalizada historicamente–– Consideração da situação “média”Consideração da situação “média”

–– Comum em todos os homens é o consumoComum em todos os homens é o consumo

–– Hegemonia do “consumidor” e da trocaHegemonia do “consumidor” e da troca

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Versão 1.3Carlos Pimenta 49

re: DIFERENTES SENTIDOS (III)re: DIFERENTES SENTIDOS (III)

ArquétipoArquétipo

De dois tipos:De dois tipos:

•• Natureza humanaNatureza humana•• Racionalidade individualRacionalidade individual

•• Produto da SociedadeProduto da Sociedade•• Racionalidade históricaRacionalidade histórica

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Versão 1.3Carlos Pimenta 50

re: DIFERENTES SENTIDOS (III) re: DIFERENTES SENTIDOS (III)

Arquétipo solipsistaArquétipo solipsista

–– AhistóricoAhistórico

–– Presente em todos os homensPresente em todos os homens

–– Sociedade é um subproduto do indivíduoSociedade é um subproduto do indivíduo

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Versão 1.3Carlos Pimenta 51

“Mostrar que os fenómenos da vida económica se regem “Mostrar que os fenómenos da vida económica se regem estritamente por leis iguais à leis da Natureza. O que estritamente por leis iguais à leis da Natureza. O que importa éimporta é precavermoprecavermo--nos contra a opinião daqueles que nos contra a opinião daqueles que negam a regularidade dos fenómenos políticonegam a regularidade dos fenómenos político--económicos económicos em função da liberdade humana em função da liberdade humana -- pois em se aceitando pois em se aceitando essa tese, negaressa tese, negar--sese--ia toda a Economia Política como ia toda a Economia Política como Ciência”Ciência”

(MENGER, (MENGER, Princípios de Economia PolíticaPrincípios de Economia Política, 31), 31)

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Versão 1.3Carlos Pimenta 52

re: DIFERENTES SENTIDOS (III)re: DIFERENTES SENTIDOS (III)

Arquétipo socialArquétipo social

–– HistóricoHistórico–– Abrangendo todos os homens de forma específica em Abrangendo todos os homens de forma específica em

cada época históricacada época histórica–– Abrangendo numa época histórica de forma diferente Abrangendo numa época histórica de forma diferente

conforme o modo de produção e a classe socialconforme o modo de produção e a classe social–– Indivíduo é um produto da sociedadeIndivíduo é um produto da sociedade

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Versão 1.3Carlos Pimenta 53

““Il ne s’agit point ici du développement plus au moin Il ne s’agit point ici du développement plus au moin complet des antagonismes sociaux qu’engendrent les lois complet des antagonismes sociaux qu’engendrent les lois naturellesnaturelles dede la production capitalistela production capitaliste, mais de, mais de ces ces lois lois elleselles--mêmesmêmes,, des des tendancestendances quiqui sese manifestentmanifestent et seet seréalisent avecréalisent avec uneune necessiténecessité dede ferfer. (...). (...) il ne s’agit ici des il ne s’agit ici des personnespersonnes,, qu’autant qu’elles sont la qu’autant qu’elles sont la personnificationpersonnification dedecatégories économiquescatégories économiques,, les les suports d’intérêtssuports d’intérêts et deet derapportsrapports de classesde classes déterminésdéterminés.”.”

(MARX,(MARX, LeLe Capital, I,20, Ed. Capital, I,20, Ed. SocialesSociales))

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Versão 1.3Carlos Pimenta 54

re: DIFERENTES SENTIDOS (IV)re: DIFERENTES SENTIDOS (IV)

Abrange o homem económico, o homem Abrange o homem económico, o homem ético, o homem contratual, o homem subético, o homem contratual, o homem sub--

racionalracional

–– Arquétipos múltiplos coexistentesArquétipos múltiplos coexistentes–– Coexistência de modelos alternativosCoexistência de modelos alternativos–– Possibilidade de um arquétipo assumirPossibilidade de um arquétipo assumir--se como o mais se como o mais

possível.possível.–– Modelo probabilísticoModelo probabilístico

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Versão 1.3Carlos Pimenta 55

RACIONALIDADE ECONÓMICARACIONALIDADE ECONÓMICA

Uma posição alternativaUma posição alternativa

Será necessário considerar a racionalidade?Será necessário considerar a racionalidade?

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Versão 1.3Carlos Pimenta 56

PREFERÊNCIAS REVeladas: negação do PREFERÊNCIAS REVeladas: negação do estudo da racionalidade?estudo da racionalidade?

ConteúdoConteúdo

O que interessa é a acção. Não interessam as suas O que interessa é a acção. Não interessam as suas motivaçõesmotivações

Comentários:Comentários:–– Suficiente para descrever, insuficiente para interpretarSuficiente para descrever, insuficiente para interpretar–– Análise exAnálise ex--ante trabalha com motivações. Pode não ter ante trabalha com motivações. Pode não ter

acção.acção.–– Mantém subjacente qualquer dos outros modelosMantém subjacente qualquer dos outros modelos

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Versão 1.3Carlos Pimenta 57

H o m oH o m oo e c o n o m I c u so e c o n o m I c u s

ApresentaçãoApresentaçãododo

modelo hoje dominantemodelo hoje dominante

4

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Versão 1.3Carlos Pimenta 58

RE: CONCEPÇÃO dominante (1)RE: CONCEPÇÃO dominante (1)

Homem EconómicoHomem Económico

Homem ideal (mas não irreal, pois baseiaHomem ideal (mas não irreal, pois baseia--se na se na natureza humana), perfeitamente racional, natureza humana), perfeitamente racional, utilizado por numerosos teóricos.utilizado por numerosos teóricos.

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Versão 1.3Carlos Pimenta 59

RE: CONCEPÇÃO dominante (2)RE: CONCEPÇÃO dominante (2)

Com Racionalidade PlenaCom Racionalidade Plena•• Total informaçãoTotal informação

–– Se não tiver uma informação plena há o erro mas a sua racionalidSe não tiver uma informação plena há o erro mas a sua racionalidade ade subjacente é a mesma.subjacente é a mesma.

•• Compara (todos) os objectivos com (todos) os meios Compara (todos) os objectivos com (todos) os meios limitados disponíveislimitados disponíveis

•• Faz as melhores escolhasFaz as melhores escolhas•• Ha uma liberdade de actuação que faz com esta seja a Ha uma liberdade de actuação que faz com esta seja a

expressão fiel das opções assumidasexpressão fiel das opções assumidas..ðð (Egoísmo individual gera bem(Egoísmo individual gera bem--estar social)estar social)

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Versão 1.3Carlos Pimenta 60

RE: CONCEPÇÃO dominante (3)RE: CONCEPÇÃO dominante (3)

Entre o “dever ser” e o “ser”Entre o “dever ser” e o “ser”

“Deve ser”“Deve ser”–– Homem ideal em condições ideaisHomem ideal em condições ideais–– Indica o melhor meio de gerir meios escassosIndica o melhor meio de gerir meios escassos

“É”“É”–– Natureza humanaNatureza humana–– Permite modelos com boas previsõesPermite modelos com boas previsões

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Versão 1.3Carlos Pimenta 61

RE: CONCEPÇÃO dominante (4)RE: CONCEPÇÃO dominante (4)

MaximizaçãoMaximização

–– Na satisfação das necessidades (organização da Na satisfação das necessidades (organização da economia em função do consumidor final e economia em função do consumidor final e satisfação das suas necessidades)satisfação das suas necessidades)

–– Utilidade marginal decrescenteUtilidade marginal decrescente

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Versão 1.3Carlos Pimenta 62

Hipóteses de maximização (na troca)Hipóteses de maximização (na troca)–– “O consumidor individual, quando se defronta com uma escolha ent“O consumidor individual, quando se defronta com uma escolha entre re

certas quantidades de bens, pode decidir qual prefere ou qual lhcertas quantidades de bens, pode decidir qual prefere ou qual lhe é e é indiferente”indiferente”

–– “O consumidor é coerente na escolha entre combinações de bens”“O consumidor é coerente na escolha entre combinações de bens”–– transitividade:transitividade:

–– Preferência por X num momentoPreferência por X num momento PfPf(X)(X)–– X é um bem com um único atributoX é um bem com um único atributo–– PfPf(A) >(A) > PfPf(B) e(B) e PfPf(B) >(B) > PfPf(C) =>(C) => PfPf(A) >(A) > PfPf(C)(C)

–– Mais é preferido a menosMais é preferido a menos•• Nenhum indivíduo está saciado com as mercadorias que possuiNenhum indivíduo está saciado com as mercadorias que possui

–– “O consumidor tem pleno conhecimento da disponibilidade de bens,“O consumidor tem pleno conhecimento da disponibilidade de bens, de seus de seus atributos tecnológicos, e de seus preços” atributos tecnológicos, e de seus preços”

((MillerMiller, 1981, 14/5), 1981, 14/5)

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Versão 1.3Carlos Pimenta 63

A N Á L I S EA N Á L I S EC R í T I C AC R í T I C A

Análise das coerências interna e externa e o Análise das coerências interna e externa e o surgimento de novos conceitossurgimento de novos conceitos

5

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Versão 1.3Carlos Pimenta 64

re: reflexões críticasre: reflexões críticas

Apreciação de cada uma das posiçõesApreciação de cada uma das posições

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Versão 1.3Carlos Pimenta 65

Hipóteses heterodoxas (1)Hipóteses heterodoxas (1)

Interrogar a racionalidade à luz de um Interrogar a racionalidade à luz de um novo conjunto de questões novo conjunto de questões

problemáticasproblemáticas

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Versão 1.3Carlos Pimenta 66

Se os modelos mais gerais podem resultar da articulação de Se os modelos mais gerais podem resultar da articulação de alguns preexistentes também alguns preexistentes também podem ser construídos pela podem ser construídos pela reformulação das problemáticas e procura de respostas reformulação das problemáticas e procura de respostas suficientemente abrangentes e rigorosassuficientemente abrangentes e rigorosas. Este trabalho . Este trabalho de investigação exige a reconsideração dos conceitos de investigação exige a reconsideração dos conceitos elementares, isto é, daqueles que estão na base de todos os elementares, isto é, daqueles que estão na base de todos os modelos teóricos da Economia. Retomando a terminologia modelos teóricos da Economia. Retomando a terminologia da complexidade, que se aplica à própria construção da complexidade, que se aplica à própria construção científica, os paradigmas da Economia são muito sensíveis científica, os paradigmas da Economia são muito sensíveis às condições iniciais, isto é, pequenas alterações no às condições iniciais, isto é, pequenas alterações no significado desses conceitos elementares têm fortes significado desses conceitos elementares têm fortes repercussões no conjunto do trabalho teórico desenvolvidorepercussões no conjunto do trabalho teórico desenvolvido..

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Versão 1.3Carlos Pimenta 67

Hipóteses heterodoxas (2)Hipóteses heterodoxas (2)

Fazer uma leitura interdisciplinar da Fazer uma leitura interdisciplinar da racionalidaderacionalidade..

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Versão 1.3Carlos Pimenta 68

O objecto teórico da Ciência Económica só retém uma parte O objecto teórico da Ciência Económica só retém uma parte da realidade Humana/Social, cabendo a outras ciências a da realidade Humana/Social, cabendo a outras ciências a captação das restantes. Independentemente de questionar se captação das restantes. Independentemente de questionar se toda a realidade social e todos os ângulos de focagem estão toda a realidade social e todos os ângulos de focagem estão cobertos pelas actuais ciências sociais e humanas, é cobertos pelas actuais ciências sociais e humanas, é indubitável a existência de muitas zonas de intercepção em indubitável a existência de muitas zonas de intercepção em que aque a multidisciplinaridademultidisciplinaridade e interdisciplinaridade são e interdisciplinaridade são possíveis e necessárias. Não só como exercício aplicável às possíveis e necessárias. Não só como exercício aplicável às “problemáticas comuns” mas como processo de “problemáticas comuns” mas como processo de aprendizagem mútua e de reconstrução dos seus objectos aprendizagem mútua e de reconstrução dos seus objectos teóricos, metodologias e modelos. Também as chamadas teóricos, metodologias e modelos. Também as chamadas ciências exactas ou da natureza podem trazer contributos ciências exactas ou da natureza podem trazer contributos para opara o reequacionamentoreequacionamento da Economia Política. da Economia Política. AAmultidisciplinaridademultidisciplinaridade surge como uma possível área de surge como uma possível área de investigação e ponto de partida para ainvestigação e ponto de partida para a reelaboraçãoreelaboração dos dos paradigmas económicosparadigmas económicos..

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Versão 1.3Carlos Pimenta 69

Hipóteses heterodoxas (3)Hipóteses heterodoxas (3)

Construir modelos para as racionalidades marginalizadas

Construir modelos para as racionalidades Construir modelos para as racionalidades marginalizadasmarginalizadas

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Versão 1.3Carlos Pimenta 70

Godelier Godelier afirma “que a racionalidade económica e a afirma “que a racionalidade económica e a racionalidade da Ciência Económica são uma só e mesma racionalidade da Ciência Económica são uma só e mesma questão.” (GODELIER,questão.” (GODELIER, sdsd, 36). Existem diversas , 36). Existem diversas concepções possíveis dessa racionalidade, tendo até hoje a concepções possíveis dessa racionalidade, tendo até hoje a Ciência Económica assentado num conjunto de arquétipos, Ciência Económica assentado num conjunto de arquétipos, sustentados mais em hipótesessustentados mais em hipóteses simplificadorassimplificadoras, realistas ou , realistas ou não, do que numa observação adequada das acções não, do que numa observação adequada das acções humanas. Para além dos reforços da sua compreensão humanas. Para além dos reforços da sua compreensão provenientes daprovenientes da multidisciplinaridademultidisciplinaridade anteriormente anteriormente referida, há outras possibilidades de aprofundamento do referida, há outras possibilidades de aprofundamento do seu conteúdo. seu conteúdo.

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Versão 1.3Carlos Pimenta 71

Na medida em que o conhecimento do outro ajuda Na medida em que o conhecimento do outro ajuda a compreender o eu pode ser interessante, a compreender o eu pode ser interessante, trilhando caminhos similares da Psicologia e da trilhando caminhos similares da Psicologia e da Neurologia, entre outras, estudar as racionalidades Neurologia, entre outras, estudar as racionalidades «anormais» para que melhor compreendamos as «anormais» para que melhor compreendamos as «normais». «normais». Construir uma Economia Política Construir uma Economia Política da Marginalidade seria, eventualmente, uma da Marginalidade seria, eventualmente, uma fase dafase da imperatividadeimperatividade de reconstrução dos de reconstrução dos paradigmas em Economiaparadigmas em Economia..

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Versão 1.3Carlos Pimenta 72

U M N o v oU M N o v om o d e l om o d e l o

ContributosContributospara um novo modelo de racionalidade.para um novo modelo de racionalidade.Prolegómenos de um novo paradigmaProlegómenos de um novo paradigma

6

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Versão 1.3Carlos Pimenta 73

(Deixado propositadamente em branco)(Deixado propositadamente em branco)(A ser preenchido)(A ser preenchido)

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Versão 1.3Carlos Pimenta 74

A bibliografia sobre este A bibliografia sobre este assunto é vastíssima.assunto é vastíssima.

Apenas referimos alguns Apenas referimos alguns trabalhos que podem ter trabalhos que podem ter interesse.interesse.

Cabe aos mestrando fazer a Cabe aos mestrando fazer a pesquisa bibliográfica pesquisa bibliográfica adicional de acordo com os adicional de acordo com os seus interesses e posturasseus interesses e posturas

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Versão 1.3Carlos Pimenta 75

Para além de obras de Economia tem muito interesse Para além de obras de Economia tem muito interesse publicações depublicações de–– Antropologia e Antropologia EconómicaAntropologia e Antropologia Económica–– Sociologia e Sociologia EconómicaSociologia e Sociologia Económica–– Psicologia, Psicologia Social e Psicologia EconómicaPsicologia, Psicologia Social e Psicologia Económica–– Neurologia e FisiologiaNeurologia e Fisiologia–– FilosofiaFilosofia–– LógicaLógica–– ......

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Versão 1.3Carlos Pimenta 76

Obras dos “autores clássicos” da Economia Obras dos “autores clássicos” da Economia com destaque paracom destaque para–– Adam Adam SmithSmith

–– MarxMarx

–– MengerMenger

–– ParetoPareto–– MarshallMarshall

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Algumas obras tratando directa ou Algumas obras tratando directa ou indirectamente do temaindirectamente do tema–– BLAUG, BLAUG, MarkMark (1994) (1994) A Metodologia da A Metodologia da

Economia, Economia, Lisboa,Lisboa, GradivaGradiva, pp. 389, pp. 389–– DENIS, DENIS, HenriHenri, , História do Pensamento História do Pensamento

EconómicoEconómico, Lisboa, Livros Horizonte, Lisboa, Livros Horizonte–– GÉLÉDAN, GÉLÉDAN, Alian Alian & Outros (1988) & Outros (1988) Histoire Histoire

des Pensées Économiquesdes Pensées Économiques: : les contemporainsles contemporains, , Paris, Paris, DireyDirey

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Versão 1.3Carlos Pimenta 78

–– GODELIER,GODELIER, MauriceMaurice ((sdsd) ) Racionalidade e Racionalidade e Irracionalidade na Economia, Irracionalidade na Economia, Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Tempo Brasileiro, 396Tempo Brasileiro, 396

–– MINGAT, A & Outros,MINGAT, A & Outros, Méthodologie Méthodologie ÉconomiqueÉconomique, Paris, PUF, Paris, PUF

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Versão 1.3Carlos Pimenta 79

E genéricasE genéricas–– HODGSON,HODGSON, GeoffreyGeoffrey M. (1994) M. (1994) Economia e Economia e

Instituições,Instituições, OeirasOeiras, Celta, pp. 339, Celta, pp. 339

–– SAMUELSON / NORDHAUS, SAMUELSON / NORDHAUS, EconomiaEconomia, , Lisboa, Lisboa, McGrawHillMcGrawHill

–– MOCHÓN, Francisco, MOCHÓN, Francisco, Economia, Teoria y Economia, Teoria y PoliticaPolitica, Madrid, , Madrid, McGrawHillMcGrawHill

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Trabalhos em que abordo o assuntoTrabalhos em que abordo o assunto–– (1990a) “Economia Política e Racionalidades”, (1990a) “Economia Política e Racionalidades”, EstudosEstudos

EconômicoEconômicoss, 20/, 20/EspEsp, pág. 39/58, pág. 39/58–– (1990b) “Para um Renascimento da Economia Política (1990b) “Para um Renascimento da Economia Política

(a Propósito de(a Propósito de KatouzianKatouzian)”, )”, Cadernos de Ciências Cadernos de Ciências SociaiSociais, nº. 8s, nº. 8--9, pág. 255/679, pág. 255/67

–– (1995) “Ciência e Pedagogia. Racionalidade e (1995) “Ciência e Pedagogia. Racionalidade e Imaginação Hoje.”,Imaginação Hoje.”, inin Ensaios de Homenagem a Ensaios de Homenagem a Francisco Pereira de MourFrancisco Pereira de Moura, Lisboa, ISEG, pp. 977a, Lisboa, ISEG, pp. 977

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–– (1996) “Economia, Dialéctica e Caos”, Porto, FEP, (1996) “Economia, Dialéctica e Caos”, Porto, FEP, Investigação Economia Investigação Economia 56, pp. 1656, pp. 16

–– (1999) “Em Busca da Racionalidade Perdida”, (1999) “Em Busca da Racionalidade Perdida”, Africana Africana StudiaStudia, nº 1, pág. 2748, nº 1, pág. 2748