quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013 - prefeitura.sp.gov.br · descarte -velhos ou que, por algum...

13
QUINTA-FEIRA, 21 DE FEVEREIRO DE 2013

Upload: lekien

Post on 11-Feb-2019

214 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

QUINTA-FEIRA, 21 DE FEVEREIRO DE 2013

Parceria vai deixar a capital mais verde

Primeira árvore de projeto-piloto foi plantada na Zona Sul. Vergueiro ganhará 140

espécies de grande porte ao longo de 1,6 quilômetro

Um projeto piloto que promete deixar a capital paulista mais arborizada teve o pontapé

inicial dado ontem de manhã. A Secretaria Municipal do Verde e a Promotoria de

Justiça do Meio Ambiente da Capital realizaram o plantio simbólico de um pau-brasil

em frente à Estação Ana Rosa do Metrô, na Zona Sul. Um trecho de 1,6 quilômetro na

Rua Vergueiro vai ganhar 140 árvores de grande porte a partir de agora.

A ideia é do promotor Marcos Lúcio Barreto, a partir da investigação de um caso de

poluição sonora devido ao trânsito. “Recebi o parecer de um especialista indicando que

o plantio de árvores é uma medida atenuadora do excesso de ruído”, diz o promotor,

explicando a origem da iniciativa. Ele se inspirou no Pomar, projeto do governo

estadual que arborizou as marginais Tietê e Pinheiros.

Assim como nas marginais, o novo projeto conta com ajuda da iniciativa privada. Nas

calçadas da Rua Vergueiro, no trecho paralelo à Rua Domingos de Morais, as árvores

serão plantadas pela Construtora EZ TEC, que vai ficar responsável pela manutenção

das calçadas e do canteiro central. A contrapartida será a colocação de até cinco placas

indicativas da cooperação. Cabe à Secretaria do Verde e à Subprefeitura da Vila

Mariana o acompanhamento e fiscalização do cumprimento do projeto, assinado para

três anos.

O promotor fala que o objetivo é buscar mais parcerias para arborizar outras avenidas

de tráfego intenso. Barreto destaca que o investimento também ajuda na melhoria do ar

e deixa o ambiente mais bonito.

Governo quer licitar áreas de mineração

O governo tem realizado reuniões com representantes de Estados

produtores de minerais para apresentar e discutir o texto do novo

marco regulatório para a mineração, disse ontem o ministro de

Minas e Energia, Edison Lobão.

Segundo fontes com conhecimento do assunto, o governo estuda

implementar royalties mais elevados em regiões com maior nível

de produção, como, por exemplo, em Carajás, no Pará, onde a

Vale explora uma das maiores jazidas de minério de ferro do

mundo. O modelo seria semelhante ao que já ocorre no setor de

petróleo, com a cobrança de participações especiais sobre os

campos de altíssima produtividade.

Também está em discussão a possibilidade de royalties flexíveis sobre a exploração mineral, de maneira que, quando

os preços de um determinado mineral ou metal subirem expressivamente, a alíquota de royalty também aumente.

Lobão disse que se encontrou ontem com a ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, para tratar do tema, e reiterou que

as novas regras do setor deverão ser encaminhadas em breve ao Congresso Nacional. "O código está em fase final de

elaboração", afirmou.

Além dos Estados produtores, o governo tem se reunido com representantes da iniciativa privada para a finalização do

novo marco da mineração.

Mudanças – Um dos objetivos do governo brasileiro com a nova legislação é mudar o critério de aquisição de

concessões minerárias, com a criação de leilões para áreas consideradas estratégicas. Até então, quem solicitava a

outorga primeiro conseguia a licença, provocando filas nos escritórios do Departamento Nacional de Produção Mineral

(DNPM) espalhados pelo País.

Outras medidas que podem constar do texto a ser enviado ao Congresso Nacional são a fixação de prazos

exploratórios para as minas e a criação de uma agência reguladora para o setor, tal como já existe no setor de

petróleo.

Prefeitura e Eletropaulo batem boca sobre árvores A Prefeitura de São Paulo e a Eletropaulo entraram em um jogo de empurra em relação à responsabilidade sobre a demora em resolver a falta de energia elétrica causada por quedas de árvores na fiação durante temporais que atingiram a capital nesta semana.

Em alguns bairros, moradores ficaram mais de 24 horas sem luz.

A concessionária afirmou, anteontem, que, para poder trabalhar quando uma árvore cai sobre fios elétricos, seus funcionários precisaram aguardar que equipes das subprefeituras cortassem os galhos enroscados na fiação.

Ontem, Chico Macena, secretário da Coordenação das Subprefeituras, afirmou, em entrevista ao "SPTV", da Globo, que muitas árvores caíram sobre a fiação nos temporais, mas, para "poder cortar essas árvores", é preciso "que a Eletropaulo desligue a rede elétrica".

Galope final

Sem criação de cavalos específica para o abate, frigoríficos buscam animais de descarte em fazendas; atividade causou polêmica em São Gabriel (RS), que abriga a principal exportadora do país

TATIANA FREITAS DE SÃO PAULO

Os produtores rurais do município gaúcho de São Gabriel receberam com repúdio o frigorífico Foresta, há cerca de 15 anos. O motivo: em vez de bois, o grupo com origem uruguaia abate cavalos.

"Esse hábito violentava os nossos costumes e tradições. Um gaúcho jamais mataria um cavalo de montaria que foi companheiro do homem", afirma o produtor Renato Fagundes, que tem fazenda em São Gabriel e já vendeu animais para o frigorífico.

Com o tempo, os produtores perceberam que poderiam fazer negócio com animais de descarte -velhos ou que, por algum motivo, não servem para o trabalho no campo. "E o abate se tornou natural."

Hoje, o Foresta é o único no país com exportações regulares relevantes. Em janeiro, 80% dos embarques do setor partiram de São Gabriel.

É o sobrevivente de um setor em declínio. Até 2009, o Brasil alternava a terceira e a quinta posição entre os maiores exportadores de carne de cavalo -prato estranho aos brasileiros, mas uma iguaria na culinária europeia.

A partir daí, os embarques despencaram, refletindo as novas regras da União Europeia. O bloco passou a apresentar exigências parecidas com as do comércio de carne bovina para as importações.

Para vender à Europa, os frigoríficos passaram a ser obrigados a apresentar um histórico detalhado da vida do cavalo nos seis meses que antecedem o abate.

"Em função desse rastreamento, ficou muito difícil para o Brasil exportar", diz Roberto Arruda de Souza Lima, professor do departamento de economia da Esalq/USP e especialista no setor.

A rastreabilidade é quase inviável no Brasil, onde não há cavalos criados só para o abate, assim como na maioria dos países produtores. Como o animal converte pouco o que consome em carne, o negócio não é lucrativo.

Os frigoríficos buscam nas fazendas os cavalos para abater. Segundo produtores, há preocupação com a saúde do cavalo na aquisição, mas os compradores não pedem histórico detalhado do animal e dos medicamentos ingeridos.

Eles demonstram insatisfação com a remuneração, classificada como "ninharia". "Não é uma atividade lucrativa. Vendemos só para não deixar os animais morrerem ali", diz Fagundes.

A última venda feita pelo produtor de arroz, ovinos e bovinos de São Gabriel ao frigorífico Foresta ocorreu há cerca de um mês. Ele não se lembra do valor exato da venda, mas diz que o quilo do cavalo vivo pode sair por menos de R$ 1. O quilo do boi vivo, na mesma região, é comercializado por mais de R$ 3.

SOBREVIVENTES

No auge das exportações de carne equina, sete frigoríficos estavam habilitados pelo Ministério da Agricultura a abater cavalos. Restaram três. Além do Foresta, podem abater os animais o frigorífico Mississipi, de Apucarana (PR), e o Prosperidad, localizado em Araguari (MG).

O último está com as atividades suspensas desde novembro passado, após o registro de casos de mormo, doença comum em equinos, na região de Araguari.

Há rumores de que o frigorífico, ligado à trading DSM, volte a operar em abril. A Folha procurou a empresa e todos os frigoríficos citados, mas não obteve resposta dos responsáveis.

Lima, da Esalq, diz que o silêncio é comum no setor, que teme reações violentas. "No Nordeste, tentaram abrir um frigorífico e fecharam por pressão popular", afirma.

Neste momento, o silêncio pode estar relacionado ao escândalo na Europa envolvendo a presença de carne de cavalo em alimentos processados que deveriam conter apenas carne bovina.

A possibilidade de fraudes no Brasil, no entanto, é descartada por especialistas e pelo Ministério da Agricultura, pois o controle nos frigoríficos é rígido. Fiscais do ministério acompanham os abates dentro das unidades e dão certificado de origem à carne.

PALADAR

Restaurantes paulistas, como o italiano Friccò e o japonês Hideki, tentaram inserir carne de cavalo no cardápio, mas não tiveram sucesso.

"Como no Japão é muito comum o consumo de cavalo, testamos no cardápio. Mas o paladar brasileiro não aceitou", diz Hideki Fuchikami, chef e proprietário do Hideki.

A carne equina faz sucesso nutricionalmente: tem o dobro do ferro da carne bovina, mais aminoácido e menos gordura, segundo Lima.

Demora na retirada de árvore caída vira 'jogo de

empurra' em SP

A prefeitura e a Eletropaulo (empresa concessionária de energia) estão jogando uma para a outra a responsabilidade de retirar galhos e árvores que caíram em São Paulo após a série de tempestades que atingiu a capital nos últimos dias.

Anteontem, a concessionária disse que aguardava a chegada de equipes das subprefeituras em algumas regiões para restabelecer o fornecimento de energia.

Já ontem, o secretário de Coordenação das Subprefeituras, Chico Macena, afirmou em entrevista na TV que o "problema é que muitas árvores caíram com a fiação [da rede elétrica]".

O secretário também disse que, para poder cortar essas árvores, a prefeitura precisa esperar que a Eletropaulo desligue a rede elétrica.

Já a concessionária afirmou que chegou antes da prefeitura aos locais e que a responsabilidade de cuidar das árvores é da prefeitura.

"Em nenhum dos casos, tivemos responsabilidade [na demora]. A gente chega, entra em contato com eles, vemos as condições e esperamos", afirmou Otávio Grillo, diretor de operações da Eletropaulo.

Árvore danifica carro e interrompe o tráfego fica na alameda Casa Branca, na região do Jardins, zona

oeste de SP, após cair com a forte chuva que atingiu a cidade ontem

De acordo com ele, anteontem as equipes da concessionária esperaram 18 horas pela chegada da prefeitura em um ponto da alameda Casa Branca, nos Jardins (zona oeste de São Paulo).

Grillo disse que, em casos menos graves, os técnicos da Eletropaulo conseguem retirar galhos dos fios. No ano passado, segundo o diretor de operações, a concessionária fez 262 mil podas preventiva de galhos que haviam atingido a fiação da rede.

A prefeitura afirmou que tem mais de 60 equipes para fazer a retirada e a poda das árvores. Em nota, a Secretaria de Coordenação da Subprefeitura disse que "é necessário apoio mútuo" entre a prefeitura e a Eletropaulo.

A secretaria também disse que precisa da concessionária para desligar a energia por questões de segurança. Ontem, apesar de não ter sido registrada chuva significativa ao longo do dia, a capital paulista ainda sofria os transtornos dos temporais do início da semana.

No Jabaquara, zona sul, um exemplo: o tronco de dez metros de uma quaresmeira só foi retirado ontem, cinco dias depois da tempestade que o derrubou, na última sexta-feira. Nesse período, a árvore ficou obstruindo a entrada da garagem da professora de botânica aposentada Myriam de Oliveira, 77.

Por volta das 20h de ontem, havia 42 árvores caídas e 97 semáforos apagados ou com o amarelo intermitente.

De 12 locais que alagaram nesta semana, 11 já sofriam com enchentes há 20 anos 'Estado' pesquisou 12 vias que tiveram enchentes nos dois primeiros meses de 1993 e de 2003 para verificar se voltaram a alagar neste ano; só a Avenida Pacaembu não encheu até agora

Daniel Teixeira/AE

Rua Turiaçu, ao lado do Parque Antártica, alaga há pelo menos 20 anos

SÃO PAULO - A água represada na Praça da Bandeira, no centro, interditou o local. O Viaduto Antártica, na zona oeste, fechou por causa do alagamento na Avenida Marquês de São Vicente. O trânsito na Via Anchieta ficou complicado por causa do transbordamento do Ribeirão dos Couros, na zona sul. Tudo isso aconteceu depois dos temporais dos últimos dias em São Paulo. Mas foram também frases de reportagens sobre enchentes publicadas 10 ou 20 anos atrás. O Estado pesquisou 12 vias que tiveram enchentes nos dois primeiros meses de 1993 e de 2003 para verificar se voltaram a alagar neste ano. Só uma passou incólume até agora: a Avenida Pacaembu, na zona oeste, que costumava inundar há duas décadas. Os outros 11 pontos seguem sofrendo com transtornos de alagamentos. Basta chover forte para inundarem, complicando o trânsito e a vida de pedestres, moradores e comerciantes.

A Rua Turiaçu, na Pompeia, na zona oeste, é um desses pontos frequentes de alagamentos. Há 10 anos, uma reportagem já informava que a via havia ficado cheia de água em uma tarde de janeiro. Não muito longe, a Avenida Marquês de São Vicente, perto do Viaduto Antártica, também inundava, isolando veículos. Os dois pontos voltaram a alagar com a chuva dos últimos dias.

No centro, o fechamento do Túnel do Anhangabaú e dos primeiros metros da Avenida 23 de Maio já ocorriam em temporais de 1993. No começo da semana, seguiram a velha tendência e alagaram de novo, assim como trechos da Radial Leste e Avenida Aricanduva, na zona leste. Nem a famosa Rua 25 de Março escapa. Apesar de não alagar tanto quanto em 2003, ainda sofre com enormes espelhos d’água.

Na esquina da Avenida Professor Luiz Ignácio de Anhaia Mello com a Rua Bento Sabino dos Reis, na Vila Ema, zona leste, a população é obrigada a conviver com as enchentes todo ano. Dos 22 verões que a comerciante Neide da Silva, de 47 anos, passou em sua casa naquela rua, em apenas dois não presenciou um transbordamento. Ela diz que não consegue dormir quando chove e o nervosismo a fez procurar tratamento psicológico. Na segunda-feira, Neide perdeu móveis e eletrodomésticos.

Um caso parecido é o da Rua Mateus Mascarenhas, no Limão, na zona norte. Já há dez anos, a via alagava bastante. No início desta semana, suas casas voltaram a sofrer com a água suja. É o que conta a atendente Tamara Regina dos Santos, de 21 anos. “Perdi a geladeira, que havia colocado na garagem, pois estou de mudança.”

Vila Madalena. Outros locais que não deixaram de encher são a Via Anchieta, na altura do km 13, na zona sul, e o cruzamento das Avenidas Brasil e Rebouças, em Pinheiros, na zona oeste. A Vila Madalena, na zona oeste, também tem enxurradas tanto quanto dez anos atrás. Em nota, a Prefeitura informou que houve intervenções em alguns pontos citados pela reportagem e estuda “um pacote de intervenções” para tentar resolver o problema.

Pacaembu virou exemplo após piscinão Reservatório na Praça Charles Miller fez avenida da zona oeste sair da lista das vias que, duas décadas depois, continuam inundando

O único bom exemplo encontrado pela reportagem dos 12 pontos avaliados de enchentes em 1993 e 2003 é a Avenida Pacaembu, na zona oeste da capital. A via não alagou nenhuma vez neste ano, ao contrário das demais. Em grande parte, a solução pode ser creditada à construção do piscinão sob a Praça Charles Miller, em 1994. Contudo, nem sempre os reservatórios são suficientes para conter alagamentos.

É o caso do Ribeirão dos Couros, nas imediações da Via Anchieta, na zona sul da capital, perto da divisa com São Bernardo do Campo, no ABC. Embora o governo do Estado tenha construído cinco piscinões no percurso do rio desde o fim da década de 1990, a rodovia alagou em algumas ocasiões, inclusive em 2003 e neste ano. O Departamento de Águas e Energia Elétrica (Daee) afirmou que, apesar de a região ser uma das que mais têm piscinões, ainda é "das que mais sofrem com as chuvas".

A Região Metropolitana tem hoje 53 piscinões, parte administrada pelas prefeituras parte pelo Daee, do governo do Estado. A Prefeitura informou que pretende fazer mais piscinões. Um deve ficar na Praça das Bandeiras, no centro, o que ajudaria a desafogar o Túnel do Anhangabaú e a Avenida 23 de Maio. A Prefeitura quer ainda obras para ampliar galerias dos Córregos Água Preta e Sumaré, beneficiando a Rua Turiaçu, a Avenida Pompeia e o Viaduto Antártica.

Para o especialista em hidráulica e saneamento Julio Cerqueira Cesar Neto, engenheiro e professor aposentado da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP), os governos precisam investir menos em piscinões e mais em ampliação de córregos e galerias para resolver as enchentes. Ele lembra que há cerca de duas décadas as administrações públicas vêm dando muita ênfase à construção de reservatórios, quando, na verdade, deveriam se ocupar em aumentar a vazão das enxurradas. "Há 20 anos, o governo do Estado e a Prefeitura aceitaram a tese de que a solução de alagamentos na cidade passa pela construção dos piscinões, o que, a meu ver, é fora de propósito numa área urbana tão densa."

Urbanização. Até aquela época, afirma, os engenheiros resolviam a questão principalmente com a ampliação do sistema de drenagem, ou seja, com o alargamento de galerias. "Mas isso foi quase abandonado e, agora, a urbanização vai aumentando e a rede de drenagem não tem mais tanta capacidade." / CAIO DO VALLE