quinta-feira, 10 de julho de 2008 - european parliament · de imagens durante a intervenção do...

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QUINTA-FEIRA, 10 DE JULHO DE 2008 PRESIDÊNCIA: ROURE Vice-Presidente 1. Abertura do período de sessões (A sessão tem início às 09H00) Daniel Cohn-Bendit (Verts/ALE). (FR) Senhora Presidente, gostaria de esclarecer algo consigo. Aparentemente, foi decidido, a pedido da Presidência francesa, controlar a captação de imagens durante a intervenção do Presidente Sarkozy. Gostaria de saber quem tomou essa decisão, quem fez esse pedido, e quem é o responsável pela captação de imagens no Parlamento Europeu. O Parlamento Europeu ou a Presidência francesa? Agradeço uma resposta antes do início da sessão. Presidente. – Senhor deputado Cohn-Bendit, terá uma resposta antes do início da sessão, mas, por agora, se não se importar, prosseguiremos com a votação. Astrid Lulling (PPE-DE). – (FR) Senhora Presidente, na qualidade de questora deste Parlamento, gostaria de chamar a sua atenção para o facto de um dos lados da estrada de acesso à entrada do Parlamento estar bloqueado pela polícia anti-motim. Não permite a entrada de veículos oficiais. Se alguns deputados chegarem atrasados porque têm de fazer outro desvio, não devem ser penalizados por não poderem participar na votação. Presidente. – É evidente, senhora deputada Lulling, que isso será tomado em conta, porque alguns deputados estão a ter dificuldades em entrar no Parlamento. 2. Transferências de dotações: ver Acta 3. Entrega de documentos: ver Acta 4. Criação, em Itália, de uma base de dados de impressões digitais dos Roma (propostas de resolução apresentadas): Ver Acta 5. Período de votação Presidente. – Segue-se na ordem do dia o período de votação. (Resultados pormenorizados da votação: ver Acta) 5.1. Instruções Consulares Comuns: dados biométricos e pedidos de visto (A6-0459/2007, Sarah Ludford) (votação) 5.2. Possibilidades de pesca e contrapartida financeira previstas no Acordo de Parceria CE-Mauritânia no sector das pescas (A6-0278/2008, Carmen Fraga Estévez) (votação) – Antes da votação das alterações 1 a 4: 1 Debates do Parlamento Europeu PT 10-07-2008

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QUINTA-FEIRA, 10 DE JULHO DE 2008

PRESIDÊNCIA: ROUREVice-Presidente

1. Abertura do período de sessões

(A sessão tem início às 09H00)

Daniel Cohn-Bendit (Verts/ALE). – (FR) Senhora Presidente, gostaria de esclarecer algoconsigo. Aparentemente, foi decidido, a pedido da Presidência francesa, controlar a captaçãode imagens durante a intervenção do Presidente Sarkozy.

Gostaria de saber quem tomou essa decisão, quem fez esse pedido, e quem é o responsávelpela captação de imagens no Parlamento Europeu. O Parlamento Europeu ou a Presidênciafrancesa? Agradeço uma resposta antes do início da sessão.

Presidente. – Senhor deputado Cohn-Bendit, terá uma resposta antes do início da sessão,mas, por agora, se não se importar, prosseguiremos com a votação.

Astrid Lulling (PPE-DE). – (FR) Senhora Presidente, na qualidade de questora desteParlamento, gostaria de chamar a sua atenção para o facto de um dos lados da estrada deacesso à entrada do Parlamento estar bloqueado pela polícia anti-motim. Não permite aentrada de veículos oficiais. Se alguns deputados chegarem atrasados porque têm de fazeroutro desvio, não devem ser penalizados por não poderem participar na votação.

Presidente. – É evidente, senhora deputada Lulling, que isso será tomado em conta,porque alguns deputados estão a ter dificuldades em entrar no Parlamento.

2. Transferências de dotações: ver Acta

3. Entrega de documentos: ver Acta

4. Criação, em Itália, de uma base de dados de impressões digitais dos Roma(propostas de resolução apresentadas): Ver Acta

5. Período de votação

Presidente. – Segue-se na ordem do dia o período de votação.

(Resultados pormenorizados da votação: ver Acta)

5.1. Instruções Consulares Comuns: dados biométricos e pedidos de visto(A6-0459/2007, Sarah Ludford) (votação)

5.2. Possibilidades de pesca e contrapartida financeira previstas no Acordo deParceria CE-Mauritânia no sector das pescas (A6-0278/2008, Carmen Fraga Estévez)(votação)

– Antes da votação das alterações 1 a 4:

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Avril Doyle (PPE-DE). - Senhora Presidente, agradecia o seu apoio à seguinte pequenaalteração no texto onde se lê: “A entrada em vigor do Tratado de Lisboa imporá umacooperação interinstitucional mais estreita”. Agradecia que os colegas, por razõescompreensíveis, concordassem em alterar essa frase para: “A entrada em vigor do Tratadode Lisboa imporá, se o tratado for ratificado, uma cooperação interinstitucional maisestreita”.

(O Parlamento aprova a alteração oral)

5.3. Frotas de pesca da UE afectadas pela crise económica (votação)

5.4. Criação em Itália de uma base de dados de impressões digitais para os Rom(votação)

– Antes da votação:

Jacques Barrot, Vice-Presidente da Comissão. – (FR) Senhora Presidente, Senhoras e SenhoresDeputados, na segunda-feira à noite realizaram um debate na sequência de informaçõessurgidas nos meios de comunicação social, segundo as quais as autoridades italianasestariam a recolher as impressões digitais das pessoas que vivem nos acampamentosnómadas. Posso, obviamente, confirmar a posição da Comissão apresentada nasegunda-feira pelo Senhor Comissário Špidla, que se referiu especificamente à carta queenviei às autoridades italianas em 3 de Julho. Durante este debate, o senhor deputadoSchulz considerou que eu devia informar o Parlamento Europeu.

Além disso – e, uma vez que o senhor deputado Deprez está presente, posso dizê-lo perantea Comissão das Liberdades Cívicas, da Justiça e dos Assuntos Internos –, informei a Mesae os coordenadores. Ontem, Senhora Presidente, se bem entendi, a Conferência dosPresidentes pediu-me para fazer uma breve declaração para pôr o Parlamento a par dasinformações mais recentes. Relembrarei rapidamente as medidas tomadas pela Comissãoque, no que respeita a estas matérias, está, naturalmente, extremamente vigilante.Encontrei-me com o Sr. Ronchi em 26 de Maio. Em 3 de Julho, solicitei ao Governo italianoque explicasse a finalidade e a proporcionalidade das medidas. Tivemos uma primeirareunião com o Sr. Maroni em Cannes, durante o Conselho Informal. O Sr. Maroni é oMinistro do Interior italiano.

Durante esta reunião, o senhor Maroni explicou que o recenseamento se destinava a verificaro direito a prestações sociais dos habitantes dos acampamentos nómadas. Explicou queas impressões digitais só seriam recolhidas se fosse impossível proceder a uma identificaçãopor outros meios, e que as impressões digitais das crianças só seriam recolhidas mediantedecisão judicial.

(Agitação)

Limito-me a repetir as palavras do senhor ministro. Já vos direi o que fiz. Afirmou quetinha pedido a abolição de qualquer recenseamento com base na religião ou na etnia, e queo Governo italiano, em cooperação com a Unicef, tinha lançado um plano de acção paraa educação dos menores. No entanto, devo referir que o Governo italiano concordou emenviar-nos, até final de Julho, um relatório sobre a situação, facto que é extremamenteimportante.

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Após esta reunião informal, solicitei ao Director-Geral da Justiça, da Liberdade e daSegurança, o senhor Jonathan Faull, que escrevesse às autoridades italianas no sentido deobter confirmação escrita destas informações e de pedir esclarecimentos adicionais antesdo relatório anunciado para o final de Julho. Em 9 de Julho foi enviada uma carta. Ontemà noite, já tarde, o meu pessoal em Bruxelas recebeu uma resposta preliminar. Estedocumento fornece esclarecimentos sobre a identificação da etnia e da religião.

Quanto aos restantes elementos, de momento não me é possível dizer se respondemplenamente às questões colocadas pela Comissão. É nossa intenção obter todas asinformações necessárias sobre o processo de recolha de impressões digitais. Qual a finalidadeda recolha de impressões digitais e como serão estas tratadas? Qual a base jurídica queautoriza este tipo de tratamento de dados pessoais? Estes dados serão conservados? De quemodo? Podem ser usados para outros fins? As pessoas a quem são recolhidas impressõesdigitais são previamente informadas por escrito?

No que respeita às crianças, solicitámos confirmação da informação de que as impressõesdigitais dos menores de catorze anos seriam recolhidas apenas com a autorização de umjuiz, com vista à identificação dos mesmos.

Indagámos igualmente sobre a situação nas dezassete regiões de Itália que não sãoabrangidas pelo decreto em que é declarado o estado de emergência.

Por último, solicitámos o envio dos textos, das medidas, das decisões e dos actos legislativos,regulamentares ou administrativos, que nos darão uma ideia da situação. Cabe a vós decidirse tencionamos seguir esta questão com toda a vigilância necessária e, evidentemente, seencetamos o diálogo necessário com as autoridades italianas.

Para terminar, Senhora Presidente, a Comissão deseja que esta questão seja tratada de formatransparente e respeitando os direitos fundamentais e o direito comunitário. O nosso papelé sermos guardiães dos Tratados, verificando com objectividade, assim que estejamos naposse de todas as informações pertinentes, a aplicação correcta, por parte da Itália, dodireito comunitário nestes casos.

De um modo geral, tal como o Senhor Comissário Špidla explicou, estou convencido – etransmiti-o ao Governo italiano – de que é necessário encontrar soluções eficazes adaptadasaos problemas que os Roma, em particular, enfrentam, sobretudo as crianças Roma, quesão as principais vítimas da situação de pobreza e de exclusão. Os Roma devem ser ajudadose não estigmatizados; é por esta razão que, no relatório que apresentou na passada semana,a Comissão salientou que a União Europeia, os Estados-Membros e a sociedade civil devemjuntar forças com vista a coordenar eficazmente os seus esforços neste sentido.

Manfred Weber, em nome do Grupo PPE-DE. – (DE) Senhora Presidente, Senhoras eSenhores Deputados, refiro-me ao artigo 170º do nosso Regimento e quero apresentaruma proposta do Grupo do Partido Popular Europeu (Democratas-Cristãos) e dosDemocratas Europeus relativa a esta votação.

Há questões e ideias políticas que nos dividem, mas também há coisas que nos unem nesteParlamento, entre elas o empenho nos direitos humanos e a luta contra todas as formasde racismo, pelo que não nos devemos deixar dividir nestas matérias em que estamos deacordo, porque, caso contrário, enfraqueceremos precisamente o que nos une. O nossocompetente Comissário, o senhor Jacques Barrot, explicou que continua a haver questõespor responder no que se refere à avaliação dos factos sobre os problemas que possamosestar a ter em Itália.

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Neste momento, referimo-nos principalmente a artigos surgidos na imprensa, ereferimo-nos a uma grande variedade de formulários que foram postos a circular noParlamento nas últimas semanas. Consequentemente, nós, o Grupo PPE-DE, propomosque a votação de hoje da resolução seja adiada para o período de sessões de Setembro,porque, nessa altura, os factos terão sido esclarecidos e saberemos o que estamos a votar.

Gostaria de dizer a todos os deputados que não concordam com isto que, desde que ovosso objectivo não seja ser notícia, mas sim cooperar com vista a conseguir alguma coisapara as minorias na Europa, e que todos os grupos neste Parlamento, grandes e pequenos,trabalhem de forma concertada, então juntos poderemos conseguir alguma coisa paraestas pessoas. Os deputados que pretendem apenas ser notícia, que pretendem apenaspublicidade, devem votar agora. Defendemos o adiamento até conhecermos a situaçãofactual. Tenho de reconhecer que o debate que estabelecemos nos últimos dias exerceupressão suficiente para fazer avançar a questão. Peço aos senhores deputados que queremrespostas sérias que apoiem a proposta de discussão desta matéria em Setembro.

(Aplausos da direita do Hemiciclo)

Martin Schulz, em nome do Grupo PSE. – (DE) Senhora Presidente, na segunda-feira ànoite e novamente ontem, o Grupo Socialista no Parlamento Europeu solicitou à Comissãoque fornecesse um relatório das suas conversas com o Governo italiano. O SenhorComissário Barrot referiu, de modo muito factual, porém conclusivo, que o Governoitaliano forneceu informação muito incompleta e que, a meu ver, não era particularmenterelevante.

Todos vós conheceis este formulário. É um formulário normalmente utilizado paraparticipar crimes, um formulário que demonstra claramente que o Governo italiano estáa tomar medidas que, quando muito, seriam adequadas para investigações criminais, masque indiscutivelmente não visam a protecção das crianças. A julgar pelo que o SenhorComissário Barrot acabou de nos dizer, é mais imperativo que nunca adoptar esta resoluçãohoje, para enviar um sinal claro do Parlamento Europeu.

(Aplausos do centro e da esquerda do Hemiciclo)

Roberta Angelilli, em nome do Grupo UEN. – (IT) Senhor Presidente, Senhoras e SenhoresDeputados, intervenho a favor da proposta do senhor deputado Weber e gostaria deagradecer ao Senhor Comissário Barrot, não só pelo que disse hoje nesta Assembleia, mastambém pelo seu empenho em resolver, da maneira melhor e mais construtiva, umasituação que em Itália deve ser reconhecida pelo que é, nomeadamente uma emergênciaque envolve milhares de pessoas. Garanto-vos que milhares de menores vivem em condiçõesde abandono absoluto, sem qualquer direito a tratamento médico, a vacinação ou aeducação.

Parece-me que a Comissão e o Governo italiano estão a colaborar... – Senhor Presidente,posso acabar de falar? Posso continuar ou devo interromper a minha intervenção? Podiarecordar à Assembleia que tenho o direito de falar? – Dizia eu que a Comissão e o Governoestão no bom caminho e, sobretudo, creio que não devemos votar uma resolução que estárepleta de imprecisões, de erros do ponto de vista jurídico, ou seja, repleta de falsidadesjurídicas. Por conseguinte, é uma resolução inteiramente política, sem qualquer fundamento.

Entre outras coisas, gostaria de lembrar a Assembleia – e estou a chegar à conclusão – que,embora o Senhor Comissário Barrot hoje tenha sido extremamente claro, há três dias, oSenhor Comissário Špidla declarou ainda não ter lido a acta, que, tanto quanto sei, consta

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apenas de duas páginas. Consequentemente, se os deputados da esquerda quiserem, a todoo custo, fazer um juízo prematuro sobre os métodos de um governo, isso é absolutamenteilegítimo.

(O Parlamento rejeita o pedido de adiamento da votação)

– Antes da votação da alteração 10:

Marco Cappato (ALDE). – (IT) Senhor Presidente, solicito que se acrescente “numa basecasuística” à segunda parte da alteração, no ponto em que solicitamos que a identificaçãoseja efectuada mediante procedimentos comuns e não discriminatórios. Ou seja, em inglês,“to employ, on a case-by-case basis, ordinary, non-discriminatory…”

(O Parlamento aprova a alteração oral)

5.5. Situação na China após o sismo, e antes dos Jogos Olímpicos (votação)

– Antes da votação da alteração 7:

Vytautas Landsbergis (PPE-DE). - Senhora Presidente, a minha alteração oral incidesobre o n.º 8, que exorta as autoridades chinesas a porem termo à discriminação de váriosgrupos. A minha proposta é que, depois de “sindicalistas”, se insiram as palavras “membrosdo Falun Gong”. São pessoas que praticam um tipo específico de movimento e respiração,mas são tratadas como dissidentes e perseguidas pelas autoridades comunistas.

(O Parlamento aprova a alteração oral)

- Após a votação:

Reinhard Rack (PPE-DE). – (DE) Senhora Presidente, hoje temos um númerorelativamente grande de votações importantes. Assim, é verdadeiramente desnecessárioque o senhor deputado Cohn-Bendit acompanhe e perturbe constantemente a votaçãocom os seus comentários e conversas; causa distracção.

José Ribeiro e Castro (PPE-DE). - Senhora Presidente, gostaria de chamar a atençãopara o facto de que acabámos de rejeitar uma alteração que solicitava a libertação de alguémque nomeámos para o Prémio Sakharov. Da próxima vez que atribuirmos o PrémioSakharov, em Dezembro, é melhor darmos-lhe uns grilhões e pode ir direito para a cadeia!

(Vivos aplausos)

5.6. Documento de estratégia sobre o alargamento (A6-0266/2008, Elmar Brok)(votação)

5.7. Situação no Zimbabué (votação)

– Antes da votação:

Michael Gahler (PPE-DE). – (DE) Senhora Presidente, de modo a manter tudo actualizado,solicito que se incorpore o seguinte texto, que encontrará na sua lista de votação:

– “Congratula-se com a declaração de 8 de Julho de 2008 dos líderes do G8 sobre oZimbabué, em particular com a sua recusa de aceitar a legitimidade de qualquer governoque não reflicta a vontade do povo do Zimbabué, com a sua recomendação para que seja

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nomeado um Enviado Especial do Secretário-Geral das Nações Unidas para elaborar umrelatório sobre a situação política, humanitária, dos direitos humanos e de segurança epara apoiar os esforços regionais para fazer avançar a mediação entre os partidos políticos,respeitando os resultados das eleições de 29 de Março de 2008, e com a sua intenção detomar outras medidas, nomeadamente financeiras, contra as pessoas responsáveis poractos de violência;”.

(O Parlamento aprova a alteração oral)

5.8. Espaço e segurança (A6-0250/2008, Karl von Wogau) (votação)

Presidente. – Está encerrado o período de votação.

6. Declarações de voto

Presidente. – Seguem-se na ordem do dia as declarações de voto.

Declarações de voto orais

– Relatório: Sarah Ludford (A6-0459/2007)

Daniel Hannan (NI). - Senhora Presidente, não demorou muito a regressarmos ànormalidade. No período de tempo que antecedeu o referendo irlandês muitos foram osrelatórios onde se lia “por favor, não tornem este relatório público antes de os irlandesesvotarem”. Assim que os votos foram devidamente contados, voltámos à nossa agenda deharmonização da política, nomeadamente no domínio da militarização, da justiça e dosassuntos internos.

A última vez que nos reunimos neste Hemiciclo como Assembleia, os sucessivos oradoresreferiram a necessidade de respeitar o voto irlandês, “mas...”. Agora percebemos o quesignificava o “mas”. O “mas” significava que devemos ignorar o resultado e avançar comeste processo de harmonização da justiça penal, do direito civil, da imigração, do asilo edos demais assuntos internos. Já nem fingimos respeitar o veredicto do povo. Voltámosao nosso pequeno mundo em que fazemos de conta que os eleitores não existem eprosseguimos com o que estávamos a fazer.

Bogusław Rogalski (UEN). - (PL) Senhora Presidente, em virtude das precauções maisrigorosas em matéria de segurança que actualmente vigoram em Estrasburgo, o que é umasituação altamente excepcional nunca antes ocorrida durante uma sessão plenária, nãome foi possível estar presente na primeira parte da votação. Permita-me, pois, que justifiquea minha ausência durante a votação nominal. O veículo que era suposto trazer-me para oParlamento Europeu atrasou-se mais de meia hora, e solicito que esta justificação fiqueregistada.

Presidente. - Senhor deputado Rogalski, abordámos esse assunto no início: os deputadosque chegaram durante os debates terão, naturalmente, justificação.

– Proposta de regulamento: Frotas de pesca da União Europeia afectadas pela criseeconómica

Syed Kamall (PPE-DE). - Senhora Presidente, estou certo de que muitas pessoas estãointeressadas no que vou dizer.

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Quero, na verdade, falar da ideia de que passamos sucessivamente de uma crise para outrano sector das pescas, sem tentarmos efectivamente resolver o problema fundamental. E oproblema fundamental do sector das pescas é, de facto, a política comum das pescas, umapolítica baseada no planeamento central ao estilo soviético, em que as quotas são atribuídasa vários Estados-Membros.

É, seguramente, chegado o momento de rasgar este modelo de planeamento centralcomunista e avançarmos para uma situação em que as soluções se baseiem nos direitos depropriedade.

Vejamos algumas das soluções mais bem sucedidas em termos de preservação das reservasde peixe: na Nova Zelândia, por exemplo, e na Islândia, onde se baseiam nos direitos depropriedade e nos direitos de propriedade transferíveis.

Está na altura de a UE deixar de pensar em termos de planeamento central e de se tornaruma “UERSS”. Avancemos para uma economia baseada no mercado livre.

– Proposta de resolução: Criação, em Itália, de uma base de dados de impressõesdigitais dos Roma (B6-0348/2008)

Frank Vanhecke (NI). – (NL) O facto de nos últimos dias este Parlamento ter desabadocomo um castelo de cartas relativamente a uma decisão perfeitamente razoável do Governoitaliano é sintomático do ambiente sufocante de correcção política da esquerda que existenesta instituição. No entanto, posso assegurar-vos que as opiniões da grande maioria dapopulação dos países europeus são absolutamente o contrário do que a maioria dosdeputados está, manifestamente, a votar. O lançamento de um sistema de impressõesdigitais pelo Governo italiano com vista a impulsionar a resolução dos enormes problemasresultantes da imigração maciça dos Roma para o país tem, indiscutivelmente, o apoio dagrande maioria da população.

Além disso, a ingerência europeia neste dossier é inaceitável. Espanta-me que a UniãoEuropeia não abra os seus edifícios de luxo aos Roma e as suas escolas particulares àscrianças Roma. Os tão proclamados “direitos humanos” acabam, obviamente, nas fronteirasdos domínios privilegiados da eurocracia.

Daniel Hannan (NI). - Senhora Presidente, começo a aperceber-me de que a Comissãodas Liberdades Cívicas deste Parlamento é praticamente o último lugar onde se esperariaencontrar qualquer defesa das liberdades cívicas. Assistimos a um assomo bastantepreocupante de intolerância nessa comissão quando esta se opôs à nomeação do senhordeputado Buttiglione para a Comissão. Depois assistimos à aprovação de legislaçãoextremamente draconiana a pretexto de leis anti-terrorismo.

Não posso esquecer o comentário do senhor deputado Graham Watson, líder dos LiberaisDemocratas, de que Osama Bin Laden contribuiu mais para o processo de integraçãoeuropeia que qualquer outra pessoa desde Jacques Delors! E agora, na votação que acabámosde realizar, assistimos a esta estranha recusa em sequer considerar os factos do caso.

Não sei se o Governo italiano tem razão quando afirma que há imprecisões neste relatório.Os meus instintos são liberais nesta matéria. Não gosto da ideia de bases de dados, nãogosto da ideia de recolha de impressões digitais. Mas, seguramente, a cortesia e a justiçaelementares deviam ter-nos impelido a permitir que o Governo convidasse um grupo desteParlamento para avaliar os factos do caso, antes da votação. Avançar com a votação antessequer de ouvir todos os factos confirma que, tal como a Comissão do Emprego é o último

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lugar que se pode esperar que defenda o emprego, tal como a Comissão das Pescas é oúltimo lugar que se pode esperar que defenda as pescas...

(A Presidente retira a palavra ao orador)

Reinhard Rack (PPE-DE). – (DE) Senhora Presidente, em nome da delegação do PartidoPopular Austríaco, gostaria de dizer que, naturalmente, todos concordamos que devemostomar todas as medidas para melhorar a situação difícil dos Roma, não só em Itália comoem qualquer outro lugar, e lidar com a situação de forma sensata. No entanto, julgamosque, na situação actual, em que não possuímos todos os factos, não devemos adoptar umaresolução, porque fazê-lo seria antecipar os factos.

– Proposta de resolução: Situação na China após o terramoto e antes dos JogosOlímpicos (RC-B6-0340/2008)

Zita Pleštinská (PPE-DE). – (SK) Abstive-me na votação desta proposta de resoluçãosobre a situação na China após o terramoto e antes dos Jogos Olímpicos porque a votaçãonão abrangeu quaisquer alterações exigindo a libertação de prisioneiros políticos,nomeadamente do candidato ao Prémio Sakharov. Gostaria igualmente de aproveitar estaoportunidade para chamar uma vez mais a atenção para a importância da liberdade deexpressão, que é a principal condição prévia para o início do processo de democratizaçãona China.

A liberdade da imprensa é muito importante, uma vez que são os meios de comunicaçãoindependentes que podem fornecer informação não censurada sobre a situação dos direitoshumanos na China. Por conseguinte, é essencial que estações de televisão independentescomo a NTDTV possam transmitir. Esta estação de televisão por satélite transmite 24 horaspor dia em chinês e em inglês através de satélites na Ásia, na Europa, na Austrália e naAmérica do Norte. Em 16 de Junho de 2008, a empresa francesa Eutelsat, que transmiteas emissões por satélite da NTDTV, interrompeu subitamente estas emissões televisivas naÁsia, manifestamente pressionada pelo Partido Comunista Chinês.

Para termos sucesso, temos de complementar as palavras da resolução com acções.Exortamos os líderes do Parlamento Europeu a insistirem no reinício das referidas emissõestelevisivas na Ásia.

Bernd Posselt (PPE-DE). – (DE) Senhora Presidente, esta Assembleia tem uma fortetradição de direitos humanos de que nos podemos orgulhar. Isso aplica-se também àsnossas políticas em relação à China e ao Tibete. É por essa razão que considero ainda maislamentável que a nossa resolução de hoje não respeite, de modo algum, estas exigências.Num momento histórico como este, não teve força para levantar as questões que deviamter sido levantadas no período de tempo que antecedeu os Jogos Olímpicos na China.

Consequentemente, quero afirmar categoricamente: o nosso Presidente, o senhor Pöttering,nos últimos meses representou inequivocamente os nossos princípios em matéria dedireitos humanos. A Chanceler alemã, a senhora Angela Merkel, fez o mesmo, de formaclara e impressionante. Gostaria pois de exortar esta Assembleia a voltar às declaraçõesclaras sobre a sua política em relação à China e ao Tibete dos últimos anos e décadas e aconsiderar esta resolução como um momento de fraqueza antes da pausa de Verão.

Laima Liucija Andrikienė (PPE-DE). – (LT) Gostaria de proferir algumas palavras sobreo documento, sobre a China. Votei a favor do documento, mas, com muita pena minha,muitas alterações importantes foram rejeitadas. Hoje afirmámos que a situação no Tibete

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é normal, o que não é verdade. Recusámo-nos a convidar o líder espiritual do Tibete parao Conselho “Assuntos Gerais”, o que é uma decisão muito errada; nem sequer fomos capazesde votar contra os praticantes de Falun Gong. Lamento este facto e considero que estasquestões devem ser abordadas novamente, tão cedo quanto possível.

Vytautas Landsbergis (PPE-DE). - Senhora Presidente, quero apenas dizer que eu emuitos colegas do meu grupo fomos confundidos pela lista de votação porque, de acordocom as sugestões nela constantes, votámos a favor de algumas posições absurdas. Convidaro Dalai Lama – não, contra. A situação no Tibete não é normal – não, votámos que é normal.Muitos de nós confundiram-se. Obviamente, tentei corrigir a situação, mas a informaçãofoi falsificada e a nossa lista estava extremamente incorrecta.

Georg Jarzembowski (PPE-DE). – (DE) Senhora Presidente, Senhoras e SenhoresDeputados, julgo que o senhor deputado Landsbergis não leu verdadeiramente a resoluçãoque adoptámos por maioria de dois terços. Se o tivesse feito, saberia que, por quatro vezes,fazemos referência à situação insustentável no Tibete e instamos o Governo chinês arespeitar os direitos humanos e os direitos culturais no Tibete. Senhor deputado Landsbergis,não diga falsidades. A grande maioria de nós – ou seja, a maioria deste Parlamento –defendeu os direitos humanos e a autonomia cultural do Tibete.

– Relatório: Elmar Brok (A6-0266/2008)

Ryszard Czarnecki (UEN). - (PL) Senhora Presidente, gostaria de expor as razões queme levaram a votar contra este relatório. Penso que este relatório é, na verdade – e digo-ocom profunda convicção –, um dos documentos mais controversos adoptados peloParlamento nos últimos tempos. Estou convencido de que a inexistência de um plano clarosobre a forma como a UE se abrirá ao Leste, em particular no contexto da eventual futuraadesão da Ucrânia, é uma razão perfeitamente válida para votar contra o relatório. Ignorareio facto de o projecto preliminar deste relatório ter sido uma confusão total.

Para terminar, uma observação dirigida a si, Senhora Presidente: permitiu a intervençãode duas pessoas que não estavam inscritas para falar. Por favor, respeite o Regimento.

Presidente. - O Presidente pode dar a palavra a quem entender. Quis dar a palavra adeputados que não estavam, efectivamente, inscritos, mas estou no meu perfeito direitode o fazer.

Philip Claeys (NI). – (NL) Uma das razões pelas quais votei contra o relatório Brok, diluídoque está por alterações, é a recomendação sobre uma “política de comunicação” que, defacto, se resumirá a ainda mais propaganda da UE.

Isso é sintomático do que está fundamentalmente mal na União Europeia. Em vez de terem conta as opiniões do eleitorado, a UE está a tentar mudar essas opiniões através depropaganda. No entanto, o referendo na Irlanda voltou a demonstrar que este tipo deengenharia social tem o resultado contrário. Consequentemente, seria melhor que a UEparasse com isso e mostrasse respeito pelas opiniões e queixas dos europeus, em vez defazer precisamente o oposto.

Bernd Posselt (PPE-DE). – (DE) Senhora Presidente, votei a favor do relatório Brokporque considero que é um passo importante no bom caminho. Apoio igualmente a políticade comunicação que este reclama. Contudo, a comunicação também implica verdade eclareza. Está na altura de, finalmente, afirmarmos claramente que a Croácia pode e deveaderir à UE durante a presente década. Os países do Sudeste Europeu têm perspectivas

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concretas de aderir à UE na próxima década, mas a verdade e a clareza também exigemque se reconheça que avançar com a adesão da Turquia iria prejudicar a UE. Por conseguinte,devemos ser honestos com o nosso parceiro, a Turquia, e dizer finalmente que teremos deencontrar outras formas de cooperar. Embora o relatório Brok não o diga por estas palavras,esta é a conclusão lógica do seu conteúdo, que está correcto.

– Proposta de resolução: Situação no Zimbabué (B6-0347/2008)

Ryszard Czarnecki (UEN). - (PL) Senhora Presidente, sou um dos autores deste relatório.Gostaria de dizer que a situação no Zimbabué parece a “História Interminável”. OParlamento Europeu está, mais uma vez, a fazer-se ouvir nesta matéria, e congratulo-mebastante com o facto de termos conseguido passar por cima de divisões políticas emanifestarmo-nos com tanta veemência e determinação sobre a situação escandalosa queestá a ocorrer nesse país. Foi por este motivo que votei a favor deste relatório, que, afinal,ajudei a redigir.

Syed Kamall (PPE-DE). - Senhora Presidente, estou muito satisfeito por falar sobre estaproposta, porque, na verdade, votei a favor dela, tal como muitos colegas nesta Assembleia.

Todavia, o pedido que faço aos deputados e políticos de toda a Europa é o seguinte:Asseguremos que não nos ficamos pelas palavras calorosas, que se destinam apenas atranquilizar a nossa consciência. Analisemos as acções, não as palavras. Refiro-me,naturalmente, à Cimeira de Lisboa, no âmbito da qual convidámos Mugabe, apesar dassanções.

Refiro-me, naturalmente, à Cimeira de Roma sobre a crise alimentar e a segurança alimentar:convidámos Robert Mugabe e os seus capangas a comprar nas lojas mais luxuosas daEuropa enquanto o seu povo morria de fome.

Já lá vai o tempo das palavras calorosas. É muito bom sentirmo-nos bem com o quedissemos, mas temos de transformar essas palavras em acção: temos de impor estas sançõescontra o regime de Mugabe. Deixemos de ser hipócritas, em particular os meus amigosportugueses e italianos.

Christopher Heaton-Harris (PPE-DE). - Senhora Presidente, votei a favor desta resoluçãoe, tal como o senhor deputado Kamall, nos últimos anos tenho vindo a receber um númerocada vez maior de cartas sobre a situação no Zimbabué.

As pessoas que represento nas East Midlands do Reino Unido não conseguem pura esimplesmente perceber como podemos defender opiniões tão fortes sobre o Zimbabuénesta instituição, mas permitir que o senhor Mugabe entre no continente para se sentar àmesa com os nossos líderes. É uma postura muito errada e muito hipócrita e que desvalorizaesta instituição e muitas outras. Espero que, no futuro, possamos resolver esta situação,afastar este homem horrível e que a democracia possa florescer no Zimbabué.

– Relatório: Karl von Wogau (A6-0250/2008)

Syed Kamall (PPE-DE). - Senhora Presidente, quero começar por pedir desculpa a todosos meus colegas nesta Assembleia por atrasar o próximo orador. Não me recordo do nomedele, mas espero igualmente que se levante quando falar e mostre algum respeito por estaAssembleia.

Prometeram-nos que o projecto Galileo não seria um elefante branco, mas queprocurávamos uma função para o mesmo. Em face de todos os outros sistemas de satélite

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– os sistemas de satélite chinês e russo e o GPS americano –, as pessoas perguntam por queprecisamos do Galileo. É bastante óbvio, se virmos este sistema – o elefante branco no céu–, que procuramos cada vez mais aplicações para o mesmo.

Agora procuramos uma dimensão militar. Por que necessitamos desta dimensão militar?É evidente que não necessitamos dela. Deve-se puramente à inveja dos americanos e àpolítica do “eu também”. Acabemos com este perfeito disparate, poupemos o dinheiro doscontribuintes, devolvamo-lo aos mesmos e utilizemos tecnologia que é muito melhor.

Ewa Klamt (PPE-DE). – (DE) Senhora Presidente, em minha opinião a maneira comoestamos a fazer isto não se coaduna com a boa reputação desta Assembleia. É inaceitávelque todo o Hemiciclo esteja a falar quando os oradores se levantam para intervir. Exorto-a,Senhora Presidente, a manter o Hemiciclo em silêncio e a providenciar para que osdeputados que não estão a ouvir saiam da sala.

Presidente. - Concordo plenamente consigo, senhora deputada Klamt, mas, como sabe,sempre que fazemos esse pedido, o resultado é invariavelmente o mesmo.

Declarações de voto escritas

– Relatório: Sarah Ludford (A6-0459/2007)

Jean-Pierre Audy (PPE-DE), por escrito. – (FR) Com base no relatório da minha colegabritânica, a senhora deputada Ludford, votei a favor da resolução legislativa que altera, emprimeira leitura do processo de co-decisão, a proposta de regulamento do ParlamentoEuropeu e do Conselho que altera as Instruções Consulares Comuns destinadas às missõesdiplomáticas e postos consulares de carreira no que diz respeito à introdução de dadosbiométricos, incluindo as disposições relativas à organização da recepção e do tratamentodos pedidos de visto. Esta proposta visa criar a base jurídica necessária para osEstados-Membros identificarem os identificadores biométricos obrigatórios – imagensfaciais e 10 impressões digitais – dos pedidos de visto e estabelecer um quadro jurídicopara a organização de consulados dos Estados-Membros, no sentido de aplicar o Sistemade Informação sobre Vistos (VIS), bem como criar centros comuns para apresentação depedidos. Isto evitaria que todos os Estados-Membros tivessem de equipar os seus consuladoscom o material necessário para a recolha de dados biométricos. Apoio a maior parte dasalterações, nomeadamente as que se referem à representação de um Estado-Membro poroutro, as medidas de segurança relativas aos parceiros externos e às campanhas deinformação.

Pedro Guerreiro (GUE/NGL), por escrito. − Os objectivos desta proposta de Regulamentosão a organização da recepção e do tratamento dos pedidos de visto no que diz respeito àintrodução de dados biométricos no Sistema de Informação sobre Vistos (VIS) ao nível daUE, prevendo, em primeiro lugar, a obrigação de fornecer dados biométricos para seremarmazenados neste sistema e as normas para o fazer e, em segundo lugar, as disposiçõessobre a organização da recepção dos pedidos de visto.

A presente proposta, inserida na comunitarização da gestão de fronteiras (Espaço Shengen),operacionaliza a recolha dos "identificadores biométricos" (fotografias e impressões digitais)dos requerentes de vistos, medida, no mínimo, questionável, onde um conjunto de questõespermanece por esclarecer, designadamente, quanto: à sua eficácia, à protecção destes dadospessoais, aos objectivos e critérios para a recolha, às normas relativas ao conteúdo dosficheiros VIS, aos direitos de acesso (nomeadamente, no quadro dos acordos entre a UE e

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diferentes países quanto ao intercâmbio de informações), enfim, à salvaguarda dos direitos,liberdades e garantias dos cidadãos.

Discordamos da comunitarização da justiça e dos assuntos internos e da criação deestruturas e instrumentos de vigilância e controlo ao nível da UE, promovendo políticasde cariz securitário.

Daí o nosso voto contra.

Marian Zlotea (PPE-DE), por escrito. − (RO) Espero que o voto que exerci hoje faciliteas negociações com os Estados Unidos sobre a isenção de vistos e que, em breve, todos oscidadãos dos Estados-Membros possam viajar livremente e receber o mesmo tratamento.

É imperativo que uma das questões negociadas pela Presidência francesa incida sobre oscritérios de atribuição de vistos por parte dos Estados Unidos a todos os cidadãos daComunidade Europeia.

– Relatório: Carmen Fraga Estévez (A6-0278/2008)

John Attard-Montalto (PSE), por escrito . − O acordo de pesca entre a UE e a Mauritâniaé indiscutivelmente importante para ambas as partes.

Através deste acordo, os pescadores do Mediterrâneo poderão exercer a sua actividadenoutro local, uma vez que o Mediterrâneo sofre de excesso de pesca. A recente questão doatum é apenas o começo. Tenho conhecimento que duas empresas pesqueiras de Maltausaram este acordo para pescar no Atlântico. Essa informação chegou ao meu conhecimentoquando fui enviado numa delegação oficial do Parlamento Europeu à Mauritânia e adelegação foi informada pelo Presidente que todos os esforços envidados no sentido deencontrar uma solução para esse acordo tinham, até então, fracassado.

Foi então que pedi para falar em particular com o Presidente. Perguntei se alguma vezdiscutira a questão com o Senhor Comissário, o Dr. Joe Borg, que é o Comissário maltês.O Presidente informou-me que não falara com ele, mas que eu era livre de o fazer, se assimo entendesse. Assumi a responsabilidade de entrar imediatamente em contacto com o Dr.Borg que, depois de avaliar o dossier, me forneceu uma sinopse das questões em causa.Chamei esse facto à atenção do Presidente, tendo-o igualmente informado do desejo doComissário de reatar as discussões.

Sylwester Chruszcz (NI), por escrito. − (PL) A União Europeia está, uma vez mais, ausurpar o direito de ser um Estado separado. Considero que a celebração de acordosinternacionais é da responsabilidade de um Estado, e não de uma organização regionalinternacional como a União Europeia, por isso votei contra este relatório.

Dorette Corbey (PSE), por escrito. – (NL) A delegação do Partido Trabalhista Holandêsvotou a favor do acordo com a Mauritânia, não por ser um bom acordo, mas por representaruma pequena melhoria da situação existente (redução das capturas).

Globalmente, opomo-nos a esses acordos, porque privam os países em desenvolvimentodas suas fontes de alimentação e rendimento. No caso da Mauritânia, é ainda mais lamentávelo facto de os fundos de desenvolvimento estarem a ser usados para apoiar os interessesdas pescas. É uma vergonha!

Christofer Fjellner (PPE-DE), por escrito. − (SV) Abstivemo-nos na votação de hojerelativa ao Acordo de Parceria no domínio da pesca entre a UE e a Mauritânia. Fomos

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colocados perante duas alternativas indesejáveis, um acordo mais curto com quotas depesca mais elevadas ou um acordo mais longo com quotas de pesca mais reduzidas.Infelizmente, não havia a opção de votar pelo fim do acordo.

Nós, moderados, somos contra acordos de pesca com Estados africanos. O relatóriocontinha melhorias insignificantes comparativamente ao actual acordo, mas tambémelementos retrógrados como um prolongamento do período de validade.

Face à escolha entre estas alternativas indesejáveis, abstivemo-nos na votação.

Duarte Freitas (PPE-DE), por escrito. − Congratulo-me com a manutenção do protocolode pesca com a Mauritânia, embora seja oportuno referir que o processo de negociaçãodo mesmo nem sempre decorreu da forma mais aberta e transparente.

Os Estados-Membros não foram suficientemente consultados durante o período negocial,o que deu lugar a um protocolo que reduz consideravelmente as possibilidades de pesca,ao mesmo tempo que mantém a compensação financeira virtualmente inalterada. Osaspectos técnicos essenciais para as principais frotas não foram resolvidos, impondo-se,em contrapartida, novas limitações, nomeadamente um período de repouso biológicoextraordinário, sem grande rigor científico.

Apesar do atrás referido, Portugal mantém uma posição razoável no que diz respeito àssuas possibilidades de pesca nestes pesqueiros, a saber, 886 GT por ano para a classe 1(navios para crustáceos, com excepção da lagosta e do caranguejo), ganha uma licença nacategoria 5 (cefalópodes) e mantém os 300 GT para a lagosta.

Com base no atrás referido, considero este acordo positivo para o meu país e voto-ofavoravelmente.

– Proposta de regulamento: Frotas de pesca da União Europeia afectadas pela criseeconómica

Jean-Pierre Audy (PPE-DE), por escrito. – (FR) Votei a favor da resolução legislativa doParlamento Europeu de 10 de Julho de 2008 relativa à proposta de regulamento doConselho que institui uma acção específica temporária destinada a promover areestruturação das frotas de pesca da União Europeia afectadas pela crise económica. Umdos principais desafios que o sector pesqueiro da UE enfrenta continua a ser, em muitoscasos, o desequilíbrio estrutural entre a capacidade da frota e os recursos disponíveis. Háalguns anos a sobrecapacidade da frota da UE foi calculada em cerca de 40%. Estasobrecapacidade, aliada à extinção das reservas de peixe resultante de décadas de pesca emexcesso, significa que o sector está a debater-se para resistir às pressões económicas externascomo a subida repentina dos preços do combustível. Gostava que tivesse sido previsto uminstrumento comunitário de anualização do aumento dos preços do petróleo, de modo aque o mercado interno tivesse tempo para reagir ao aumento dos preços de custo. Saúdoas acções do Ministro da Agricultura e das Pescas francês, o Sr. Michel Barnier, que trabalhouarduamente para obter este resultado. Graças a ele, obtiveram-se medidas de apoioimediatas.

Duarte Freitas (PPE-DE), por escrito. − O sector das pescas tem sido um dos sectores daeconomia que mais tem sofrido com a actual crise energética.

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A subida vertiginosa do preço dos combustíveis juntamente com a redução do esforço depesca instituído pela PCP e a estagnação dos preços de primeira venda do pescado colocaramarmadores e pescadores em posições delicadas.

Justifica-se, portanto, esta proposta de Regulamento do Conselho, com carácter de urgência,que pretende garantir uma adaptação da frota da EU à actual conjuntura económica ditadapela crise energética.

Esta proposta surge, aliás, na sequência de uma Comunicação da Comissão, onde osproblemas e constrangimentos da pesca aparecem bem diagnosticados, assim como asmedidas necessárias para atenuar o actual momento de crise.

Apesar de considerar positiva a iniciativa traduzida na apresentação deste Regulamento,considero que o mesmo fica um pouco aquém daquilo que seria de esperar após leitura daComunicação supracitada.

A cessação temporária das actividades de pesca enunciada no artigo 6.º, com obrigatoriedadede integração em planos de reestruturação das frotas, a não inclusão de motores no artigo7.º, todo o artigo 9.º, e o ponto 3 do artigo 12.º, que apenas defende os interesses do arrasto,parecem-me pontos menos conseguidos nesta proposta.

Apesar do atrás referido, e dadas as grandes dificuldades por que passa o sector das pescasa nível europeu, este documento merece o meu voto favorável.

Pedro Guerreiro (GUE/NGL), por escrito. − Como explicitámos em intervenção nodebate ontem realizado, são fundamentadas as razões que nos levam a votar contra estaproposta de regulamento. Se dúvidas existissem quanto à sua justeza, bastaria teracompanhado as intervenções da Comissão Europeia para que estas se dissipassem.

Para a Comissão Europeia o problema é a sobrecapacidade e o objectivo e solução a"reestruturação da frota". Qual crise socioeconómica? Qual aumento dos combustíveis(gasóleo e, sublinhe-se, a gasolina)? Qual preço do pescado na primeira venda? Para aComissão tudo é bem simples: "se houver uma maior redução da capacidade por parte de algunsEstados-Membros, isto beneficiará outros Estados-Membros, porque se houver uma redução dacapacidade com a consequente redução do esforço, haverá mais recursos e mais oportunidades demercado"...

Daí propor cerca de 1,6 mil milhões de euros (!!!) só para o abate de embarcações.

"Simples", se o sector das pescas não morre pela doença, morrerá pela "cura".

Não existem verbas para apoiar o sector a fazer face ao aumento dos custos de produçãoe para salvaguardar os salários. No entanto, propõem-se 1.600.000.000 de euros para acessação definitiva, parcial ou "temporária" da actividade.

Seguindo o mote, veja-se o Governo português que orçamenta para 2008 cerca de 8,2milhões de euros para o abate de 27 embarcações.

Catherine Stihler (PSE), por escrito . − O impacto negativo dos preços actuais do petróleoe do combustível afecta todos os cidadãos da UE. Este pacote “supostamente de ajuda”pouco contribuirá para garantir um sector pesqueiro sustentável. Embora apoie a reduçãoda capacidade – actualmente algumas pescas comunitárias estão, pelo menos, 40% acimada capacidade –, não creio que esta proposta consiga as mudanças necessárias para obterum sector pesqueiro sustentável da UE. Com 80% das reservas da UE em níveis

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preocupantes, necessitamos de uma redução efectiva da capacidade, não da construção denovas embarcações à custa dos contribuintes.

– Proposta de resolução: Criação, em Itália, de uma base de dados de impressõesdigitais dos Roma (B6-0348/2008)

Roberta Alma Anastase (PPE-DE), por escrito. − (RO) A situação da população Romaé mais uma vez trazida para a discussão num momento extremamente importante, quandoacontecimentos específicos demonstram que ainda existem deficiências consideráveis anível das políticas nacionais e europeias neste domínio e que a necessidade de as controlare consolidar é óbvia.

Julgo que o resultado do debate e a resolução relativa à recolha, em Itália, de impressõesdigitais do povo Roma se devem basear em duas conclusões fundamentais. Em primeirolugar, é essencial que as medidas nacionais relativas ao povo Roma sejam orientadas paraa integração social e a criação de um quadro de direitos e responsabilidades para estescidadãos. No entanto, esses direitos e responsabilidades devem respeitar os princípiosfundamentais de não-discriminação da UE, bem como as liberdades fundamentais e adignidade humana. Os direitos dos menores, independentemente da sua etnia, devem sergarantidos a título prioritário. Esta abordagem foi usada na Roménia e deve ser igualmentealargada à situação nos restantes Estados-Membros.

Em segundo lugar, tendo em conta as particularidades culturais do povo Roma, a soluçãopara a integração do mesmo deve ser encontrada a nível europeu, através da elaboraçãode uma estratégia coerente e abrangente. Além de garantir os direitos fundamentais, estaestratégia deve igualmente fomentar o acesso à educação, em especial à educação para atolerância no contexto do Ano Europeu do Diálogo Intercultural 2008.

Jean-Pierre Audy (PPE-DE), por escrito. – (FR) Votei contra a resolução do ParlamentoEuropeu que solicitava à Itália que pusesse fim ao recenseamento dos Roma com base naetnia, porque isso me parece prematuro e lamento que o Parlamento não tenha votado afavor da proposta de adiamento até Setembro de 2008 apresentada pelo meu grupo político,o Grupo do Partido Popular Europeu (Democratas-Cristãos) e dos Democratas Europeus.Sejamos claros: sou, naturalmente, a favor da proibição da recolha de impressões digitaisda população Roma, incluindo dos menores, e de usar as impressões digitais recolhidas,uma vez que tal constituiria, claramente, um acto de discriminação directa baseado na raçae na origem étnica, o que é proibido nos termos do artigo 14º da Convenção Europeia dosDireitos Humanos e das Liberdades Fundamentais, e representaria igualmente um acto dediscriminação. Todavia, fiquei convencido com os argumentos do Vice-Presidente daComissão Europeia, o meu amigo Jacques Barrot, porque afirmou claramente que aComissão estava a seguir a situação atentamente e com toda a transparência, no sentidode garantir a aplicação do direito comunitário. Em boa consciência, decidi que devemosesperar pelas diversas respostas do Governo italiano antes de tomarmos iniciativas políticascomo a resolução adoptada, que pode ser mal interpretada pelos cidadãos europeus.

Alessandro Battilocchio (PSE), por escrito. − (IT) Voto a favor desta resolução, emboraespere que não seja explorada pelos partidos para fins políticos. A questão dos Roma nãoé nem de direita nem de esquerda, mas sim simplesmente um problema grave e por resolverque requer intervenção urgente e que foi adiado por demasiado tempo. Somos a favor deuma cultura de integração e, consequentemente, temos de investir em esforços ecompromissos concretos.

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A medida em discussão no nosso Governo, apesar das garantias ambíguas do MinistroMaroni, deve limitar-se ao essencial: o problema desta medida não é a identificaçãopropriamente dita, mas o facto de se pretender usar um critério étnico e uma práticaaltamente discriminatória (a recolha de impressões digitais), em particular relativamenteaos menores. Não somos os únicos a destacar estes abusos: houve fortes protestos de vastossectores da Igreja Católica, e das associações e organizações de voluntariado, laicas ecatólicas. O Presidente nacional da Unicef também rejeitou firmemente o conteúdo destedecreto. Espero que este voto, que, em termos práticos, condena a Itália, dê uma lição aoGoverno: tem de sair do caminho errado que seguiu.

Philip Bradbourn (PPE-DE), por escrito . − Os deputados do Partido Conservador britânicovotaram contra esta resolução porque a questão que o texto aborda é do foro exclusivamenteinterno de um Estado-Membro, sendo pois irrelevante a nível da UE.

Glyn Ford (PSE), por escrito . − Substituam "Roma" por "Judeus" e ficamos a conhecer asorigens desta proposta e respectivas consequências, a menos que seja firmemente rejeitada.

Pedro Guerreiro (GUE/NGL), por escrito. − É com preocupação que nos confrontamoscom o crescente e inaceitável clima de racismo e de xenofobia na Europa, nomeadamentequando este é promovido por políticas neoliberais, que não dão resposta às necessidadese problemas - antes os agudizam -, que aumentam a insegurança e degradam as condiçõesde vida dos trabalhadores e das populações.

As recentes medidas adoptadas em Itália onde, a 21 de Maio, foi declarado "o estado deemergência em relação aos acampamentos de ciganos das regiões da Campânia, Lazio eLombardia", pelo período de um ano, são exemplo destas perigosas e inaceitáveis medidas,que promovem a discriminação, a segregação e a "criminalização" de cidadãos e populações,violando os seus direitos, liberdades e garantias, os seus mais elementares direitos humanos.

Acentuam-se, assim, situações de pobreza, de exclusão e desintegração social, originandoconsequentemente fenómenos de marginalização e de guetização, de analfabetismo, deinserção na economia informal, incentivando-se a não participação na sociedade de muitoscidadãos de origem romanichel.

Pelo contrário e como é salientado, a melhor maneira de proteger os direitos dosromanichéis é garantir o seu acesso à educação, à habitação e à saúde, ao emprego e àsegurança social, no âmbito de políticas de inclusão e integração.

Gunnar Hökmark (PPE-DE), por escrito. − (SV) A discriminação dos Roma é um problemagrave que tem de ser solucionado em todos os Estados-Membros. Todos os cidadãoseuropeus têm os mesmos direitos, independentemente da respectiva nacionalidade, origemétnica, religião ou género. Este é o fundamento dos sucessos e do desenvolvimento daUnião Europeia e é um princípio que temos o dever comum de fazer cumprir.

Tal facto suscita exigências relativamente ao acesso à educação e aos cuidados de saúde,assim como ao respeito pelo direito à integridade e à dignidade individual. A situação quecaracteriza o tratamento dos Roma em Itália tem de ser considerada no âmbito destaperspectiva. A UE tem a responsabilidade de assegurar que os direitos fundamentais dosindivíduos são respeitados em todos os países.

Todavia, o fundamento supramencionado implica igualmente que os indivíduos,independentemente da sua origem, sejam integrados na sociedade em que vivem, usufruindoda igualdade de tratamento de todos os cidadãos e da não discriminação. A integração

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nestes termos é importante para combater o tráfico de pessoas, a prostituição e a exclusãosocial. Esta responsabilidade aplica-se tanto em relação aos adultos quanto às crianças.

Foi considerando este contexto que sentimos não haver condições para apoiarmos qualqueruma das resoluções debatidas hoje pelo Parlamento.

Monica Maria Iacob-Ridzi (PPE-DE), por escrito. − (RO) Votei a favor da resolução emquestão e saúdo o facto de o Parlamento Europeu estar a adoptar uma posição contra estaacção discriminatória e ilegal segundo a legislação comunitária relativa aos direitoshumanos.

Não obstante, chamo a atenção para o facto de que uma mera resolução não solucionaráo problema básico, uma vez que este acto legislativo não é de natureza vinculativa. Poresta razão, penso que deveríamos instar a Comissão Europeia a tomar medidas contra aItália, pressionando-a a abandonar a sua política discriminatória da população de origemRoma.

A medida de recolha de impressões digitais não respeita a legislação comunitária nemqualquer outro instrumento de protecção dos direitos humanos na Europa. Ao nível daComunidade Europeia, a Directiva 380, de 28 de Abril de 2008, obriga à recolha deimpressões digitais dos cidadãos de países terceiros, a partir dos 6 anos. Não obstante,sublinho o facto de que a referida directiva respeita a países terceiros, não pertencentes àUnião Europeia. Além disso, a Directiva 2004/38/CE garante a livre circulação de todosos cidadãos dos Estados-Membros, pelo que a etnia não pode constituir, em qualquercircunstância, a base de uma medida legislativa.

David Martin (PSE), por escrito . − As acções de Itália contrapõem-se a todos os apelosdo Parlamento Europeu quanto a uma política comunitária coerente relativa à integraçãodos Roma. Os Roma são um dos alvos principais do racismo e da discriminação. O Governoitaliano está a tentar admitir e institucionalizar esse racismo e essa discriminação. Asautoridades italianas têm de abster-se de recolher as impressões digitais dos Roma; voteia favor da resolução.

Mairead McGuinness (PPE-DE), por escrito . − Votei a favor do adiamento da votaçãorelativamente a este relatório delicado, acreditando que seria mais adequado esperarmosaté termos acesso a toda a informação solicitada pela Comissão ao Governo italiano.

Enquanto a Assembleia votou a favor da rejeição do referido adiamento, abstive-me navotação final, uma vez que não queria apoiar a resolução sem que todos os factos estejamdisponíveis e porque tenho dúvidas quanto a determinada parte do texto; pretendoigualmente certificar-me de que quaisquer acções musculadas por parte das autoridadesque tenham por objecto um grupo específico da sociedade não podem ser admitidas.

Catherine Stihler (PSE), por escrito . − O tratamento da população Roma em Itália deveriasensibilizar-nos para o facto de que as minorias da Europa estão a ser tratadas de formadesumana, discriminatória e degradante por um Governo populista de direita. A recolhade impressões digitais de crianças é manifestamente errada. Tal facto evoca tempos idos enão deveria ter lugar numa Europa moderna. Exorto todos os Governos a condenarem oGoverno italiano e a agirem rapidamente para protegerem as crianças Roma em Itália.

Silvia-Adriana Ţicău (PSE), por escrito. − (RO) Acredito que a decisão do Governoitaliano de recolher as impressões digitais dos cidadãos de origem Roma e, em particular,das crianças, viola gravemente os direitos fundamentais dos cidadãos europeus.

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A recolha das impressões digitais de uma criança de tenra idade poderá marcá-la para avida. A recolha de impressões digitais de crianças com menos de 14 anos é feita com basenum modelo utilizado nas investigações criminais, o que viola os direitos fundamentaisdos cidadãos.

Não concordei com o adiamento da votação da resolução porque a situação é urgente e arecolha de impressões digitais das crianças tem de parar. Não podemos partir do princípioda presunção de culpa de determinadas crianças e o tratamento actual dos menores deorigem Roma em Itália é inaceitável.

Solicitamos ao Governo italiano que pare a recolha de impressões digitais de menores deorigem Roma em Itália.

A União Europeia deveria dar um exemplo relativamente ao respeito pelos direitosfundamentais e, por esta razão, a Comissão deveria investigar a situação em Itália e exigirao Governo italiano que ponha termo de imediato à recolha de impressões digitais decrianças de origem Roma.

Foi por estas razões que votei a favor da resolução do Parlamento Europeu para parar arecolha das impressões digitais de indivíduos de origem Roma e, em especial, das criançasRoma, no âmbito do quadro mais amplo de "Criação, em Itália, de uma base de dados deimpressões digitais dos Roma".

Manfred Weber (PPE-DE), por escrito. − (DE) Enquanto coordenador do Grupo do PartidoPopular Europeu (Democratas-Cristãos) e dos Democratas Europeus na Comissão dasLiberdades Cívicas, da Justiça e dos Assuntos Internos, gostaria de justificar, em meu nomee em nome dos senhores deputados do meu grupo, a nossa votação. Todos os grupos estãounidos na luta contra o racismo e todas as formas de discriminação étnica e na promoçãodos direitos humanos. O Grupo PPE-DE partilha o desejo de clarificação dos acontecimentosem Itália.

Na resolução, são considerados particularmente relatórios de imprensa, documentos etestemunhos de uma série de organizações e de indivíduos. Foi impossível à maioria dosparlamentares formar convicções relativamente à situação, utilizando os seus própriosrecursos.

As autoridades italianas convidaram representantes do Parlamento a deslocarem-se a Itáliapara aprofundarem as investigações e ofereceram-se igualmente para fornecer informaçõesadicionais. O senhor Comissário responsável, Jacques Barrot, prometeu apresentar umrelatório informativo até ao final de Julho, pelo qual o nosso grupo ficou a aguardar cominteresse. O nosso objectivo era, e continua a ser, clarificar adequadamente os factos emprimeiro lugar. Foi por esta razão que quisemos adiar a votação da resolução até à sessãode Setembro. Infelizmente, a nossa moção foi rejeitada, juntamente com uma série dealterações apresentadas, e é esta a razão que justifica o nosso voto.

O Grupo PPE-DE continua a ser de opinião que uma investigação minuciosa teria sido maisproveitosa do que a resolução em questão, a qual foi adoptada à pressa. O objectivo dosnossos adversários era apenas fazerem a primeira página dos jornais e, no processo,prejudicaram as pessoas interessadas.

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– Propostas de resoluções: Situação na China após o terramoto e antes dos JogosOlímpicos (RC-B6-0340/2008)

Glyn Ford (PSE), por escrito . − Penso que a decisão relativa à presença ou não na cerimóniade abertura dos Jogos Olímpicos deveria ser abordada colectivamente. Os meus colegassocialistas não partilham necessariamente todos da mesma opinião relativamente a estamatéria. Não obstante, não vejo qualquer razão válida para boicotar a cerimónia ou osJogos. Até mesmo o Dalai Lama apoia esta posição.

Do mesmo modo, a proposta relativa ao convite à participação do Dalai Lama no Conselho"Assuntos Gerais" é absurda para quem quer que não esteja deliberadamente a tentarprejudicar as relações entre a UE e a China. Quanto à discriminação de grupos na China,tais como uniões sindicais, existem motivos válidos para preocupações, mas o criticismodaqueles que querem estigmatizar a comunidade Roma italiana é, em certa medida, ridículo."Porque olhas para o argueiro que está no olho do teu irmão e não prestas atenção à traveque está no teu olho?".

Patrick Gaubert (PPE-DE), por escrito. – (FR) Saúdo a adopção desta resolução comumrelativa à situação na China. É importante continuarmos a pressionar a China antes darealização dos Jogos Olímpicos, daqui a menos de um mês.

Não podemos fechar os olhos às graves violações dos direitos humanos que têm lugar,contrariando as promessas feitas pela própria China. O Parlamento Europeu tem aresponsabilidade de lembrar à China as promessas feitas publicamente. É igualmenteimportante mencionar os direitos das minorias, o Estado de Direito e o ainda frequenterecurso à pena de morte.

Por último, gostaria que algumas das alterações mais severas relativamente à China tivessemsido adoptadas; tenho particularmente em mente as petições quanto à libertação dedissidentes e de defensores dos direitos humanos, tais como Hu Jia e sua mulher ZengJinyan, a referência à situação no Tibete, cuja resolução não está à vista, e as sentençasdesproporcionadas e nada transparentes atribuídas a participantes nas manifestações destaPrimavera.

Filip Kaczmarek (PPE-DE), por escrito. − (PL) Abstive-me de votar na resolução relativaà situação na China após o terramoto e antes dos Jogos Olímpicos. Assim fiz porque oParlamento rejeitou as alterações que levantavam questões quanto ao respeito dos direitoshumanos na China. Em resultado, a resolução tem um enfoque diferente do que era visadopor quem iniciou este debate. Por que razão o Parlamento não aprovou esta resoluçãoantes do recente Campeonato Europeu de Futebol EURO 2008? A razão para tal deve-sea não existirem problemas de observância dos direitos humanos na Áustria e na Suíça.Apontar à China os problemas existentes nesta matéria não é uma acção antichinesa, masapenas a esperança de que as normas mínimas estabelecidas pela nossa civilização sejamrespeitadas.

Tunne Kelam (PPE-DE), por escrito . − Votei a favor da alteração 19 porque acreditoconvictamente ser altamente recomendável convidar o Dalai Lama a participar numareunião do Conselho "Assuntos Gerais" para apresentar a sua avaliação da situação noTibete e para explicar aos 27 ministros dos negócios estrangeiros a abordagem "via domeio", assim como o seu conceito de autonomia genuína, os quais deveriam ser aplicadosa todos os tibetanos na China.

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Eija-Riitta Korhola (PPE-DE), por escrito. − (FI) Quanto à resolução relativa à situaçãona China, votei a favor da alteração proposta pelos Verdes porque o grau deincompatibilidade entre a actual situação na China, em vésperas dos Jogos Olímpicos, eas promessas e os compromissos assumidos publicamente na altura para melhorar asituação dos direitos humanos e do Tibete está consagrado na alteração 15.

Atribuo especial importância à exigência constante da alteração 16 de que sejam alcançadosresultados concretos através de negociações entre o Dalai Lama e representantes chinesesantes do início dos Jogos Olímpicos. A preocupação expressa nas alterações 11 e 12 quantoaos acontecimentos em Lhasa também merece atenção.

O pedido constante da alteração 20 de que a União Europeia e respectivos Estados-Membrostomem medidas relativamente à China está extremamente bem fundamentado.Pessoalmente, não eliminaria a possibilidade de um boicote total aos Jogos Olímpicos. Adecisão do senhor Presidente Pöttering foi sensata e humana. Em nome do ideal olímpicoe dos nossos valores, não podemos permitir que a China, de uma vez por todas, continuea utilizar "truques de magia" para construir um cenário olímpico.

David Martin (PSE), por escrito . − A forma como os chineses enfrentaram asconsequências do terramoto no sudoeste da China foi um exemplo dos progressosalcançados por este país nos últimos anos. Não obstante, são ainda necessários progressosem matéria de direitos humanos no país. Só se alcançarão progressos concretos nestedomínio se ambos os lados encetarem um diálogo construtivo. Os Jogos Olímpicos foramproclamados como uma grande oportunidade para dar maior relevo a este diálogo e paraincentivar melhorias relativamente aos direitos humanos e às liberdades. Por conseguinte,sublinho que a China deve intensificar os seus esforços para cumprir promessas feitaspublicamente ao Comité Olímpico Internacional no sentido de melhorar os direitoshumanos e democráticos. Votei a favor da resolução.

Marian Zlotea (PPE-DE), por escrito. − (RO) Enquanto membro da Delegação para asrelações com a República Popular da China, espero que, com a votação de hoje,convençamos as autoridades chinesas a cumprir os compromissos assumidos publicamenterelativamente aos direitos humanos, aos direitos das minorias, à democracia e ao Estadode Direito.

Exorto as autoridades chinesas a tomar medidas urgentes para melhorar a situação dosdireitos humanos, amnistiando todos os presos políticos e militantes dos direitos humanos,incluindo os detidos no Tibete no seguimento dos protestos de Março de 2008.

– Relatório: Elmar Brok (A6-0266/2008)

Jan Andersson, Göran Färm, Anna Hedh, Inger Segelström e Åsa Westlund (PSE),por escrito. − (SV) Nós, sociais-democratas suecos, abstivemo-nos na votação relativa aorelatório Brok. Queremos clarificar a nossa posição quanto ao futuro alargamento da UEnesta declaração de voto.

Pensamos que os critérios de Copenhaga são os únicos requisitos que podem ser impostosaos países candidatos que estão a negociar a adesão à UE. Somos a favor do alargamentocontinuado da UE e consideramo-lo uma das grandes questões do futuro para a UniãoEuropeia. Consideramos também que as negociações com a Turquia devem continuar eque o país deve ser avaliado segundo os mesmos critérios objectivos que outros paísescandidatos.

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Adam Bielan (UEN), por escrito. − (PL) Senhora Presidente, o relatório do senhordeputado Brok sublinha o desejo de melhoria das nossas relações com o Leste e foi poresta razão que o apoiei. Porém, creio que este relatório não é muito expressivo e que nãodefine o plano claro para a abertura da União Europeia ao Leste de que estávamos à espera.Esperávamos do Presidente da Comissão dos Assuntos Externos um documento mais bemelaborado.

Petru Filip (PPE-DE), por escrito. − (RO) Senhor Presidente, avaliando a complexidadee a utilidade pontual do documento de estratégia de 2007 da Comissão sobre o alargamento,consideramos que, no novo contexto determinado pela votação irlandesa, pelo menos adimensão interna da estratégia de alargamento deveria ser novamente alvo de debates maisespecíficos. A capacidade da União Europeia para cumprir os objectivos das suas políticase alcançar uma cooperação regional funcional, em especial nos países do sudeste europeu,depende do reforço das relações intra-comunidade.

Gostaria de realçar o facto de que qualquer fórmula de negociação que introduza otratamento diferenciado de um determinado Estado-Membro, independentemente dasrazões invocadas, iniciará uma "cadeia de fraquezas" e não acredito que tal abordagempossa trazer benefícios a longo prazo. O sucesso das nossas acções futuras depende daforma como saberemos explicar à opinião pública o impacto directo e as vantagens a longoprazo do alargamento. Poderia até afirmar que deveríamos analisar a votação irlandesa deuma perspectiva positiva: esta votação é a prova de que nem sempre soubemos ser parceirosabertos do cidadão comum, que é mais objecto de práticas políticas eficazes do que defensorde ideias e de conceitos visionários.

Robert Goebbels (PSE), por escrito. – (FR) Votei a favor do relatório Brok relativo àestratégia da UE sobre futuros alargamentos para reiterar a minha convicção de que nãoserão possíveis mais alargamentos sem um novo tratado, que permita à União Europeiafuncionar com 27 ou mais Estados-Membros, acompanhado por um enquadramentofinanceiro adequado.

Bruno Gollnisch (NI), por escrito. – (FR) Senhora Presidente, Senhoras e SenhoresDeputados, o relatório do senhor deputado Brok sobre o alargamento dá a entender queo êxito de qualquer nova adesão só pode ser alcançado se, e cito, "existir um apoio públicoclaro e inequívoco".

Esta frase parece-me totalmente hipócrita, uma vez que sucede em apenas poucos dias areacção escarnecedora da eurocracia ao claro "não" dos irlandeses ao Tratado de Lisboa, oqual é simplesmente uma repetição do "não" francês e holandês de 2005. A frase vemigualmente no seguimento da substituição, na Constituição Francesa, do referendoobrigatório sobre a adesão à UE por um pseudo-referendo baseado na "iniciativa popular",o qual depende na prática da boa vontade da Assembleia Nacional e do Senado franceses.

Sabendo que a grande maioria dos europeus é contra a adesão da Turquia à UE, o senhordeputado Brok nem sequer menciona a consulta pública por referendo. Para reunir o apoiopor ele descrito, o senhor relator propõe simplesmente propaganda à moda antiga dirigidaa um público considerado ignorante ou até mesmo fraco de espírito.

Se o senhor deputado Brok e os seus homólogos europeus e nacionais temem – oudesprezam – tanto o público, deveriam pelo menos ter a decência de não procurar a suaaprovação. A democracia europeia sairia certamente mais fortalecida.

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David Martin (PSE), por escrito . − Saúdo o relatório do senhor deputado Brok relativoao documento de estratégia de 2007 da Comissão sobre o alargamento. É preciso que aUE continue a cumprir as promessas feitas anteriormente quanto ao alargamento. Comefeito, tem de ser aplicado um conjunto de condições estritas e justas a todos os candidatose potenciais candidatos a quem fazemos as referidas promessas. Acredito que o relatóriodo senhor deputado Brok aborda adequadamente estas questões e votei a seu favor.

Athanasios Pafilis (GUE/NGL), por escrito. – (EL) A resolução é uma distorção escandalosada realidade vivida pelos povos dos países "antigos" e "novos" da União Europeia, queapresenta o aprofundamento e o alargamento da União como benéfica para os referidospovos, quando a verdade é exactamente o contrário. Os planos propostos para o novoalargamento têm como objectivo uma maior exploração e manipulação dos povos dospaíses candidatos à adesão, os quais já se encontram numa situação precária, e uma escaladada pilhagem dos países supramencionados pelo capital europeu. Em particular, o processode alargamento aos Balcãs Ocidentais é acompanhado por uma gigantesca operação desubjugação e de humilhação dos respectivos povos. Um exemplo típico é a insistência naplena cooperação com o Tribunal Penal Internacional das Nações Unidas para aex-Jugoslávia, o pseudo-tribunal criado pelos tiranos imperialistas americanos e europeuspara julgar as vítimas das suas guerras e crimes na zona e que foi utilizado para destruir oantigo presidente Slobodan Milošević. Em particular, os povos estão em perigo porque oprocesso de alargamento continua a basear-se na alteração das fronteiras e na criação deprotectorados para os imperialistas, como o protectorado do Kosovo, o que conduzirá aum novo ciclo de antagonismos e de choques imperialistas, sendo as vítimas os povos dazona.

Por conseguinte, nós, deputados ao PE do Partido Comunista da Grécia, votamos contraa resolução, reafirmando a nossa posição contra a UE imperialista e o seu alargamento.

Charles Tannock (PPE-DE), por escrito . − Os conservadores britânicos sempre foram econtinuam a ser apoiantes convictos do alargamento da UE, uma vez que este cria ummercado único mais extenso e uma Europa de Estados-nações mais ágil e flexível.

Todavia, o relatório em questão inclui elementos que não podemos apoiar. Não acreditamosna Europa como um "projecto de integração política". Além disso, discordamos dos aspectosessenciais do ponto 19.º que sugere que a União deveria criar "um espaço baseado numconjunto de políticas comuns", em domínios como a justiça, a segurança, a migração, acirculação sem necessidade de vistos e a educação, o qual os conservadores britânicos nãopodem apoiar. Mais, estamos descontentes com o ponto 6.º que declara: "desenvolvimentode um espaço de liberdade, segurança e justiça, de preservação plena e incremento do seuacervo comunitário e de salvaguarda dos direitos e liberdades fundamentais consignadosna Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia".

As nossas preocupações relativas a estas e outras partes do relatório não diminuem deforma alguma o nosso apoio ao futuro alargamento da UE, desde que os Estados candidatoscumpram os critérios de Copenhaga.

Pelas razões acima enunciadas, decidimos abster-nos na votação deste relatório.

– Proposta de resolução: Situação no Zimbabué (B6-0347/2008)

Alessandro Battilocchio (PSE), por escrito. − (IT) Senhor Presidente, é positivo que aEuropa esteja a fazer ouvir a sua voz nesta parte de África que se encontra novamente em

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perigo de se tornar um palco de violentos conflitos, após a farsa que foi a campanhapresidencial testemunhada há alguns dias.

O G8 adoptou igualmente uma posição muito clara, não através da introdução de sanções,que teriam prejudicado a população civil em particular, mas com "medidas financeiras"aplicadas a empresas, bancos e personalidades do regime no poder desde 1980. A situaçãoactual é inaceitável, com eleições realizadas em condições desadequadas e por entre violênciasistemática. Espero igualmente que a diplomacia comunitária aja em apoio da propostada União Africana que reclama um governo de unidade nacional para superar esta difícilcrise.

Adam Bielan (UEN), por escrito. − (PL) Senhora Presidente, apoiei a resolução de hojeporque penso que temos de ser severos relativamente à violência no Zimbabué, aumentaras sanções e requerer o reconhecimento internacional da necessidade de depor o regimede Mugabe. A campanha de violência dirigida à oposição política e financiada pelo Estadoeliminou a possibilidade de realização de uma segunda ronda eleitoral livre nas eleiçõespresidenciais.

Marie-Arlette Carlotti (PSE), por escrito. – (FR) Tal como os povos de todo o mundo,os cidadãos do Zimbabué querem paz, democracia e prosperidade.

Sob o regime de Robert Mugabe, nada disto existe. Tendo sido antes um libertador do país,ele é agora o seu torturador. Hoje, o Parlamento está a enviar uma mensagem clara: já nãoqueremos Mugabe nem o seu regime. Esta decisão foi tomada pelo povo do Zimbabué. AUE tem de aplicar toda a sua influência na ajuda à população do Zimbabué e de África paraencontrar uma solução para a crise.

A prioridade é pôr fim à violência. Só um diálogo aberto a todos os membros da sociedadedo Zimbabué permitirá o estabelecimento de um regime transitório com um mandatoclaro relativo à organização de eleições livres e transparentes observadas pela comunidadeinternacional.

Porém, Robert Mugabe não se sentará à mesa das negociações a não ser que a tal sejaforçado. É por esta razão que temos de reforçar o nosso arsenal de sanções ao regime.

Por último, temos agora de planear a reconstrução do futuro Zimbabué: saúdo a propostada Comissão para conceder um fundo de emergência de 250 milhões de euros assim queo Zimbabué tenha um Governo legítimo e credível.

Edite Estrela (PSE), por escrito. − Votei favoravelmente a proposta de resolução doParlamento Europeu sobre a situação no Zimbabué, condenando o actual regime políticode Mugabe.

A campanha de violência por parte do governo contra a oposição, as consecutivas violaçõesdos direitos humanos e o desrespeito pelos princípios democráticos são inaceitáveis. Omundo civilizado tem de condenar, sem hesitações, o que se passa no Zimbabué. Asperseguições políticas, a violência gratuita, a fome, o sofrimento e a morte de muitoscidadãos são a "obra" recente de Mugabe que a história deverá registar. O povo do Zimbabuémerece melhor sorte. Considero que acção da comunidade internacional é crucial para aresolução da presente crise humanitária. A União Europeia deve dar o exemplo.

Filip Kaczmarek (PPE-DE), por escrito. − (PL) Votei a favor da resolução sobre oZimbabué. As acções de Robert Mugabe são inaceitáveis. Não lhe chamo "presidente"

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porque aquilo que aconteceu recentemente no Zimbabué não pode ser chamado de"eleições". Concordo com um político da Namíbia que afirmou que, não obstante as doençastradicionais que África tem de combater – como a malária, a tuberculose e a SIDA –, adoença mais perigosa dos nossos dias, aquela que tem de ser combatida com a maiorurgência, é o mugabismo. Mugabe tornou-se um inimigo do seu próprio povo. É muitofrustrante quando o tempo transforma um homem que lutou pela liberdade e pelaindependência num déspota perigoso. Espero que os africanos abram os olhos e percebamque pessoas como Mugabe são prejudiciais à África no seu conjunto.

Eija-Riitta Korhola (PPE-DE), por escrito. − (FI) Senhora Presidente, votei a favor daresolução sobre a situação no Zimbabué porque, em 27 de Julho, o reinado de terror doPresidente Mugabe ridicularizou mais uma vez os valores da comunidade internacional, ajustiça e a democracia. É impossível negar que as eleições presidenciais no Zimbabué foramilegítimas e que a violência, os assassínios, as detenções e o assédio à oposição no país sãouma característica particularmente selvagem da ausência de justiça.

Conforme declara a resolução, o Zimbabué necessita de um processo de mediação queinclua vários actores da comunidade internacional e de África. Os actores do diálogo têmde alcançar resultados sustentáveis para o Zimbabué e tal será apenas possível com aparticipação de toda a comunidade internacional e dos seus extensos poderes democráticos.O povo do Zimbabué há muito que deseja a democracia.

A situação no Zimbabué respeita a toda a comunidade internacional e à comunidade deEstados africanos e é absolutamente imperativo reconhecermos a tirania de Mugabe.Infelizmente, a China e a Líbia não partilham a opinião da comunidade internacional nestamatéria.

A UE deve apoiar e incentivar os Estados africanos que procuram boicotar as relações doZimbabué com África. Pelo contrário, o apoio político e económico da África do Sul aoregime de Mugabe e a expulsão da África do Sul de refugiados originários do Zimbabuésão contrários aos nossos valores comuns. Gostaria também de manifestar o meu apoioà ideia constante da resolução de que esta disputa poderá e deverá ter consequênciasnegativas nas relações entre a UE e a África do Sul.

Jean Lambert (Verts/ALE), por escrito . − Votei hoje a favor da resolução e espero que oConselho lhe dê seguimento com acções concertadas e severas. Espero igualmente que amudança de atitudes que estamos a testemunhar entre líderes africanos signifique que nãotenhamos de suportar a visão humilhante do Sr. Mugabe em reuniões internacionais emterritório da UE. O actual poder de Mugabe foi ganho pelo sangue e pelo sofrimento doseu povo. Os nossos Governos não deveriam compactuar com esta situação ao repatriaremà força cidadãos do Zimbabué. Não só estes indivíduos poderão correr perigo físico, mastambém poderão aumentar a instabilidade da situação e exercer pressão em recursos cadavez mais reduzidos. Conceder a estas pessoas o estatuto de migrantes legais e permitir-lhestrabalhar seria a medida positiva que os nossos Governos poderiam proporcionar:significaria igualmente que, quando o regresso fosse possível, os indivíduos regressariamcom competências práticas e potenciais recursos financeiros que ajudariam aodesenvolvimento do povo. De facto, os Governos deveriam estar a adoptar a políticasupramencionada em relação àqueles que não podem regressar a outros países em conflito.O povo do Zimbabué necessita do nosso apoio em todas as formas possíveis.

David Martin (PSE), por escrito . − A situação no Zimbabué é motivo para preocupações.Associo-me aos meus colegas parlamentares na condenação do comportamento do partido

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Zanu-PF durante as eleições e realço também que as eleições de 27 de Julho não podemser consideradas legítimas. Deveriam ser organizadas novas eleições que respeitassem asnormas democráticas. Vale a pena analisar a possibilidade de um acordo relativo a umaadministração transitória do país como forma de sairmos do actual impasse democráticoem que o Zimbabué se encontra. Votei a favor da resolução.

Catherine Stihler (PSE), por escrito . − Lamento a situação no Zimbabué e insto todosos deputados ao PE, a Comissão, o Conselho e todos os Governos nacionais a condenaremMugabe e a procurarem uma solução para esta crise. Saúdo a declaração do G8 quanto àrecusa em aceitar a legitimidade de qualquer Governo que não espelhe a vontade do povodo Zimbabué.

– Relatório: Karl von Wogau (A6-0250/2008)

Jean-Pierre Audy (PPE-DE), por escrito. – (FR) Votei a favor do relatório de iniciativa domeu colega alemão, o senhor deputado von Wogau, sobre espaço e segurança. Está nahora de adoptarmos uma abordagem comum para defendermos os interesses europeusno espaço. A cada dia que passa, torna-se cada vez mais claro que necessitamos de recursosespaciais que permitam às actividades políticas e diplomáticas da União Europeia basear-seem informação independente, fidedigna e completa, a fim de apoiar as suas políticas emmatéria de prevenção de conflitos, de operações de gestão de crises e de segurança global(em especial a vigilância da proliferação de armas de destruição maciça e dos seus meiosde transporte), de verificação do cumprimento dos tratados internacionais, de vigilânciado tráfico transnacional de armas ligeiras e de pequeno calibre, de protecção dasinfra-estruturas críticas e das fronteiras da União Europeia e de protecção civil em caso decrises e catástrofes naturais ou de origem humana. Sobre este aspecto, o Galileo é umapedra angular do papel da UE no espaço. Esta abordagem deveria ser conjugada com apolítica de defesa e com a ajuda à indústria de defesa europeia, nomeadamente ao sectoraeroespacial.

Glyn Ford (PSE), por escrito . − A União Europeia deve desenvolver as suas própriascapacidades no que respeita ao espaço. Opomo-nos ao armamento do espaço, masreconhecemos que, porque os EUA se recusam a cooperar estreitamente com a União nautilização conjunta de instalações de satélite em tempos de paz e de guerra, não nos restaalternativa senão tentarmos desenvolver o nosso próprio sistema na Europa.

O desenvolvimento da Política Externa e de Segurança Comum da Europa e as capacidadeseuropeias em matéria de segurança e de defesa requerem uma dimensão espacial. O senhordeputado von Wogau – presidente da nossa Subcomissão da Segurança e da Defesa –prestou um grande serviço ao Parlamento e à Europa com este relatório, o qual deveríamospôr em prática assim que possível.

Pedro Guerreiro (GUE/NGL), por escrito. − Mais claro seria difícil.

A maioria do PE rejeitou, no seu relatório de iniciativa sobre "o espaço e a segurança", asnossas propostas que:

- Salientavam que a utilização do espaço deve servir exclusivamente fins não militares;rejeitando toda e qualquer utilização militar directa ou indirecta;

- E que sublinhavam que o programa Galileo é um projecto exclusivamente não militar;

Ao mesmo tempo, entre outras perigosas medidas aprovou,:

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- A necessidade de recorrer ao programa Galileo para operações autónomas no âmbito daPESD, para a Política Externa e de Segurança Comum (PESC;

- O desenvolvimento de uma abordagem comum de inteligência geo-espacial, criando ascondições para a participação do CSUE na planificação de cada operação PESD que requeiraobservância e inteligência espaciais;

- Que a UE explore a possibilidade de conceder uma contribuição financeira ao CSUE acargo do orçamento da UE, a fim de disponibilizar fundos suficientes para atender àcrescente necessidade de operações no quadro da PESD;

- E a possibilidade de financiar, a cargo do orçamento da UE, futuros sistemas europeus detelecomunicações por satélite para apoiar operações no quadro da PESD;

Ou seja, a militarização do projecto Galileu e o crescente uso do orçamento comunitáriopara fins militares. Daí o nosso voto contra.

Anna Hedh (PSE), por escrito. − (SV) Votei contra o relatório porque acredito que oespaço só deve ser utilizado para fins pacíficos. O relatório foi longe demais.

David Martin (PSE), por escrito . − Saúdo, na generalidade, o relatório do senhor deputadovon Wogau sobre a segurança espacial. Apoio a condição proposta pelo senhor relatorquando à não militarização do espaço. O desenvolvimento de instrumentos voluntáriosque poderiam reforçar a segurança espacial é um passo positivo para assegurarmos umapolítica espacial responsável. Os orçamentos comunitários que financiam a PESD sãoactualmente intergovernamentais; consequentemente, julgo que seria inadequadoconjecturar sobre as referidas despesas no relatório. Estas opiniões reflectem-se no meuvoto.

Athanasios Pafilis (GUE/NGL), por escrito. – (EL) A utilização do espaço é essencial àeficácia das intervenções imperialistas da UE. É esta a conclusão do relatório adoptado peloParlamento Europeu sobre espaço e segurança na UE. O relatório sublinha a necessidadede utilizar o espaço para destacamentos de "Estados-Membros da UE" no âmbito da ONU,da NATO e de outras organizações semelhantes. O relatório requer o rápidodesenvolvimento dos programas EGNOS e Galileo, a conclusão do Centro de Satélites daUE e a coordenação, por parte da Agência Espacial Europeia, dos sistemas de comunicaçõespor satélite dos Estados-Membros com fins de espionagem e vigilância para fornecer"informação independente, fidedigna e completa, a fim de apoiar as suas políticas deprevenção de conflitos, operações de gestão de crises…".

O orçamento da UE já afecta uns astronómicos 5,25 mil milhões de euros a estes fins, sópara o período 2007-2013. Este facto, assim como a decisão de acelerar o programa Galileo,prova que a UE tenciona integrar a utilização do espaço nos recursos e capacidadesestratégicos para promover a Política Externa e de Segurança Comum e a Política Europeiade Segurança e Defesa – ou seja, o mecanismo para as intervenções imperialistas da UE emtodo o mundo.

À luz de tudo isto, o apelo do relatório à "não militarização" do espaço – prova típica daduplicidade escandalosa dos porta-vozes imperialistas – é o cúmulo da hipocrisia.

Glenis Willmott (PSE), por escrito . − O Partido Trabalhista no Parlamento Europeu saúdaeste relatório parlamentar e apoia, em particular, a criação de um código de conduta

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comunitário relativo às actividades no espaço, assim como o desenvolvimento deinstrumentos voluntários que poderiam reforçar a segurança espacial.

Todavia, não queremos julgar antecipadamente as decisões relativas ao futuro orçamentoda UE; as actividades da PESD são financiadas pelos orçamentos comunitários, os quaissão actualmente intergovernamentais. Por esta razão, votámos contra duas alterações quepropunham este tipo de financiamento em relação a actividades da PESD relacionadas como espaço.

Presidente. - Estão encerradas as declarações de voto.

7. Correcções e intenções de voto: ver Acta

PRESIDÊNCIA: HANS-GERT PÖTTERINGPresidente

8. Apresentação do programa da presidência francesa (debate)

Presidente. - Segue-se na ordem do dia a declaração do Conselho sobre a apresentaçãodo programa da Presidência francesa.

Senhor Presidente Sarkozy, bem-vindo ao Parlamento Europeu enquanto Presidente emexercício do Conselho.

(Aplausos)

Sei que se reúne hoje connosco após o regresso de uma longa viagem ao Japão. Bem-vindoao Parlamento Europeu, Senhor Presidente em exercício do Conselho.

(Aplausos)

Gostaria igualmente de dar as boas-vindas ao senhor Presidente da Comissão Europeia,José Manuel Durão Barroso, que, tal como o Presidente em exercício do Conselho Europeu,regressou há pouco do Japão. Foi uma viagem cansativa pelo que me absterei de maisobservações preliminares.

– Senhor Presidente em exercício do Conselho, sem mais demora, gostaria de convidá-loa usar da palavra perante o Parlamento Europeu.

Nicolas Sarkozy, Presidente em exercício do Conselho. – (FR) Senhor Presidente, Senhorase Senhores, é para mim uma honra dirigir-me à vossa Assembleia num momento tão crucialpara a Europa. Estou ciente de que todos temos uma grande responsabilidade. Claro que,enquanto Presidente em exercício do Conselho, a minha responsabilidade é grande, masa responsabilidade de todos os pró-europeus é idêntica.

Como tiramos a Europa da crise em que se encontra? Como prevenimos a inacção? Comosuperamos as nossas diferenças de opinião e as usamos ao serviço do mesmo ideal europeu?Aqui estamos no coração da democracia europeia. Cada um de vós, tendo a honra de terassento neste Parlamento, teve de conquistar o apoio dos compatriotas. São homens emulheres da esquerda, do centro, da direita; são representantes eleitos de 27 países. Porém,hoje temos de transformar as nossas diferenças numa força para uma União Europeiaenferma.

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Temos de fazer destas diferenças uma oportunidade para tranquilizar os cidadãos europeusque estão preocupados. Temos de manter a democracia viva, o que significa que temos dedialogar e, ao mesmo tempo, criar a imagem de uma Europa que rejeita a inacção. Toda afamília europeia, com os seus 27 Estados-Membros, tem de participar neste esforço;ninguém pode ficar de fora. Encontramo-nos a apenas alguns meses de uma data importantepara o Parlamento Europeu. É sensato que todos tenhamos consciência disso.Simultaneamente, temos esta manhã de transmitir a imagem de uma Europa que trabalhapara todos.

Já presenciei situações mais fáceis do que aquela em que a Europa se encontrapresentemente. Se me permitem falar livremente, tendo consciência de que enquantoPresidente em exercício do Conselho falo em nome de todos, tenho de ter em consideraçãoas susceptibilidades de cada um e, ao mesmo tempo, fornecer as respostas certas.

Primeira observação: temos um problema institucional. Chefes de Estado ou de Governotentaram encontrar um compromisso relativamente ao Tratado de Lisboa. Ninguémdeclarou que o Tratado de Lisboa iria resolver todos os nossos problemas, mas foi e continuaa ser a expressão de um compromisso aceite por todos. Eu próprio, enquanto Presidenteda República Francesa, tive de encarar as minhas responsabilidades. A França votou "não"em 2005, o que causou um problema para o nosso país. Senhoras e Senhores, as questõesque temos de abordar são muito difíceis e complexas; tentemos enviar a mensagem a todosde que estamos a trabalhar sem segundas intenções e sem preconceitos. É isso que se esperade nós.

(Aplausos)

Antes das eleições, propus ao povo francês a ratificação parlamentar do Tratado de Lisboa.Antes das eleições, declarei que não realizaria um referendo em França. Disse isto ao povode França num espírito democrático; foi uma escolha que fiz três dias antes de ser eleito,o que poderia ter sido muito significativo. Não me arrependo desta escolha. Acreditoconvictamente que as questões institucionais, a forma como agimos na Europa, são dacompetência dos membros do parlamento e não devem ser referendadas. É uma escolhapolítica que estou fazendo (aplausos) e é uma escolha política que fiz no meu próprio paísantes das eleições. Por conseguinte, é perfeitamente democrático.

Temos agora o problema do "não" irlandês. Certamente não cabe a um francês julgar esteresultado, tendo em conta o anterior "não" holandês e francês. Assim, em 21 de Julho, pelaprimeira vez no cargo de Presidente em exercício do Conselho, irei à Irlanda para ouvir,dialogar e tentar encontrar soluções. Em Outubro ou Dezembro, a Presidência francesaproporá um método e, espero, uma solução acordada com o Governo irlandês.

O problema é este: temos de evitar apressar os nossos amigos irlandeses e, ao mesmotempo, precisamos de definir as condições e o tratado com que vamos organizar as eleiçõeseuropeias de 2009. Ainda nos resta algum tempo, mas não muito. Temos o dever peranteos nossos concidadãos de saber em que base vamos organizar as eleições europeias. A baseserá o Tratado de Lisboa ou o Tratado de Nice. Não haverá uma nova conferênciainstitucional. Não haverá um novo tratado. É Lisboa ou Nice.

Deixem-me acrescentar, para ser muito claro – é a minha opinião, que vale enquanto tal–, que sou um dos que sempre apoiaram o alargamento da União Europeia. O alargamentode 2004 foi um sucesso. A família está novamente reunida; não deveríamos arrepender-nosdisso. Contudo, sou um dos que sempre desejou que a Europa fosse suficientemente sensata

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para criar novas instituições antes do alargamento. Foi um erro e hoje estamos a pagar porele. Teria sido mais corajoso criar instituições antes do alargamento.

Quero ser muito claro quanto a este assunto. Com certeza que não lamento o alargamento.A família tem de se manter unida. Todavia, Senhor Presidente Pöttering, não podemoscometer novamente os mesmos erros, neste aspecto sou inflexível. Se continuarmos comNice, é a Europa a 27. Se queremos o alargamento – e eu, pessoalmente, quero –, precisamosprimeiro de novas instituições. Quem imaginaria que a Europa, com os seus 27Estados-Membros, seria incapaz de criar as suas próprias instituições e que não teria outraprioridade a não ser continuar a alargar-se? Temos de ser claros: se queremos o alargamento– e nós queremos o alargamento –, precisamos de novas instituições.

(Aplausos)

Deixem-me acrescentar – e digo isto ao senhor deputado Schulz – que sou a favor doalargamento aos Balcãs, que os nossos amigos croatas, assim como os nossos amigossérvios, são inquestionavelmente europeus. Todavia, os países mais favoráveis aoalargamento não podem afirmar "não queremos Lisboa" e, ao mesmo tempo, "queremoso alargamento". É Lisboa e o alargamento. Não se trata de chantagem porque, na Europa,não fazemos chantagem. É uma questão de coerência, honestidade e lógica. Por conseguinte,no que toca à Croácia, temos de dar continuidade às negociações, mas todos têm de assumiras suas responsabilidades. Se a Europa vai crescer, e tem de crescer, tem de fazê-lo comnovas instituições.

Outra questão: nos debates sobre a Europa, ouço ocasionalmente dizer "ouçam, não temimportância se tivermos uma Europa a várias velocidades". Infelizmente, talvez um diatenhamos uma Europa a várias velocidades, mas tal poderá ser apenas um último recurso.A Europa pagou caro a sua divisão por um muro de vergonha. A Europa pagou caro peladitadura imposta a 80 milhões de europeus. Pensemos bem antes de deixarmos alguémpara trás.

Quando estávamos a negociar o Tratado de Lisboa em Bruxelas, a França lutou paraassegurar o lugar da Polónia no Tratado. Como podemos dizer a 38 milhões de polacosque é muito mais fácil livrarem-se do jugo da ditadura sob a qual viviam, e da qual selibertaram graças a pessoas de grande calibre como Lech Walesa e João Paulo II, do quepermanecerem numa Europa livre? Esta família tem 27 membros. Ninguém deve serdeixado para trás. Temos de reunir toda a família europeia; será nesse sentido que aPresidência francesa trabalhará.

(Aplausos)

Relativamente a outros assuntos, quanto aos quais acredito ser possível alcançarmos umconsenso, nada seria pior do que a Europa transmitir uma imagem de inacção devido amais um drama institucional. Seria terrível cairmos nessa armadilha. Rejeitamos instituiçõesque nos condenam à inacção, mas, ao mesmo tempo, os europeus estão impacientes porquepensam que estamos demasiado parados.

Não obstante o problema institucional, talvez até devido ao problema institucional, aEuropa tem o dever de agir e de agir agora. É esta a mensagem que a Presidência francesagostaria que todos enviássemos aos europeus. Estamos no processo de resolução dosproblemas institucionais, mas não estamos condenados à inacção. Quais são então asnossas prioridades?

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A prioridade é mostrarmos aos europeus que a Europa pode protegê-los. Gostaria decomentar esta palavra "protecção". Desde os tempos antigos, sempre que um povo elegiaum Governo, este último protegia-o. Senhor Presidente, a Europa tem de oferecer protecçãosem proteccionismo. O proteccionismo não nos leva a lado nenhum. Ver que os cidadãoseuropeus pensam hoje que a Europa, que foi concebida para protegê-los, é uma fonte depreocupações e não de protecção é um verdadeiro passo atrás. Por conseguinte, cabe-nosmostrar como a Europa irá proteger os seus cidadãos em questões concretas.

Primeiro, o Pacote sobre Energias Renováveis e Alterações Climáticas. Se existe um domínioem que as nossas nações são impotentes se agirem sozinhas, esse domínio é o da preservaçãodo equilíbrio ecológico do nosso planeta. No que respeita à poluição, ao CO2 e à camadade ozono, as fronteiras entre os nossos países são irrelevantes. A nossa responsabilidadeé imensa: desde o encontro de peritos do IPCC, ficámos a saber que somos a última geraçãoque pode evitar a catástrofe. A última geração! Se não agirmos agora, as gerações futuraspoderão ser capazes de limitar os danos, mas não poderão evitá-los.

Todos os países do mundo afirmam: "Estamos dispostos a tomar medidas desde que osoutros dêem o primeiro passo". Com este tipo de argumentação, os netos dos nossos netosnunca verão serem tomadas as decisões. Se nós, europeus, esperarmos que os outros tomema iniciativa antes de agirmos, poderemos ter de esperar muito tempo. Criámos a Europapara mostrarmos ao mundo o nosso modelo civilizacional e para defendermos os nossosvalores.

Entre esses valores está a certeza de que o mundo está condenado se não adoptarmos umadecisão de imediato. A Europa deve dar o exemplo. A Europa tem de liderar através deexemplos. Temos um objectivo: a conferência de 2009. Esta conferência deve gerir eorganizar a fase pós-Quioto. A Europa tem de apresentar-se unida na conferência, tendodecidido adoptar o Pacote sobre Energias Renováveis e Alterações Climáticas. Se assimnão for, não teremos influência para fazer com que os chineses, os indianos, os paísesemergentes e os americanos envidem os esforços acordados. Por conseguinte, é essencialque, sob a Presidência francesa, adoptemos o Pacote sobre Energias Renováveis e AlteraçõesClimáticas apresentado pela Comissão.

(Aplausos)

É um pacote exigente, é um pacote difícil, mas gostaria de apelar ao sentido deresponsabilidade de todos vós. Se todos os países começarem a querem renegociar osdomínios que lhes suscitam hesitações, com que não concordam totalmente, então,Senhoras e Senhores, nunca alcançaremos um acordo. É por esta razão que a Presidênciafrancesa insta o Parlamento Europeu a apoiar o Pacote sobre Energias Renováveis eAlterações Climáticas para que possamos adoptá-lo nos próximos seis meses. Esta é umaprioridade. Não é uma prioridade de direita ou de esquerda, é simplesmente bom senso.Se iniciarmos negociações Estado-Membro a Estado-Membro, não temos hipóteses desucesso.

Com certeza, existem questões que necessitam de ser clarificadas ou adaptadas. Tenhoparticularmente em mente uma matéria muito difícil: os problemas para as nossas empresas,às quais iremos, justificadamente, impor regras para preservar o equilíbrio do planeta.Deveremos impor regras essenciais às nossas empresas e, ao mesmo tempo, continuar aimportar produtos de países que não cumprem as normas impostas por nós às nossasempresas? Não é uma questão de proteccionismo; é uma questão de haver condiçõesequitativas, de justiça e de recusa da ingenuidade. Existe o problema de decidir quanto a

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um mecanismo fronteiriço. Deveremos criar quotas gratuitas ou mecanismos deajustamento? Pessoalmente, não sei, mas, de qualquer maneira, temos de debater esteassunto.

(Aplausos)

Segunda questão: sei que para determinados países – penso particularmente naqueles quese juntaram a nós em 2004 e cuja energia provém em grande medida dos combustíveisfósseis – os esforços deles exigidos são consideráveis. Estes países dizem-nos "há 10 anosque estamos a crescer; por favor, não nos privem desse crescimento". Não há dúvidas deque é possível englobar toda a gente e, juntamente com o Presidente da Comissão, temosde trabalhar para que todos percebam que não serão condenados à recessão, à miséria, àpobreza e ao desemprego. Este Pacote sobre Energias Renováveis e Alterações Climáticasé uma prioridade absoluta. O mundo não pode esperar; a Europa tem de ser pioneira.

Segundo ponto: dos 27 países, 24 pertencem ao espaço Schengen; por outras palavras, 24países de 27. 23 dizeis vós? Muito bem, 23, o que continua a não ser mau. Esta contagemnão inclui países que não são membros da União Europeia – e é por esta razão querealizamos debates frequentes –, mas que pertencem ao espaço Schengen. O que quer istodizer? Quer dizer que nos decidimos pela liberdade total de circulação entre os países doespaço Schengen.

Gostaria de dizer aos líderes dos grupos políticos e aos senhores deputados que nós, emFrança, com o senhor Ministro Bernard Kouchner e o senhor Ministro Jean-Pierre Jouyet,tomámos uma decisão que não foi fácil de tomar. Desde 1 de Julho, não existem barreirasque impeçam o acesso ao mercado de trabalho francês, porque anunciei a abolição de todasas restrições negociadas pelos meus antecessores. Qualquer trabalhador de qualquer paísda UE pode trabalhar em França.

(Aplausos)

Não foi simples; não foi fácil. De qualquer forma, e os senhores deputados franceses ao PEcorrigir-me-ão se me engano, foi-me dito que seria uma catástrofe se eu anunciasse estadecisão. Como de costume, tomámos a decisão e não aconteceu nenhuma catástrofe. Nãofiquei satisfeito com o litígio relativo ao infame "canalizador polaco" que não deu uma boaimagem do meu país nem da Europa. Não foi para isto que todos construímos a UniãoEuropeia.

(Aplausos)

Não obstante, agora que não temos fronteiras entre nós, será justo, será sensato que cadaum de nós decida a sua própria política de imigração, independentemente das limitaçõesdos outros? O Pacto Europeu sobre a Imigração e o Asilo é um documento essencial paraa Presidência francesa, por duas razões.

A primeira razão – e permitam-me dirigir-me em primeiro lugar à esquerda da Câmara –é que se todos nós, se todos os países europeus tiverem uma política europeia de imigração,eliminaremos a imigração dos debates nacionais, nos quais os extremistas instrumentalizama pobreza e o medo em prol de valores que não são nossos. A única forma de termos umdebate responsável sobre a imigração é criando uma política europeia. Não queremos quesegundas intenções partidárias obriguem países com diferentes sensibilidades a trabalharem conjunto.

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A sugestão do senhor Ministro Brice Hortefeux, que foi aprovada por todos os ministrose que deveria ser debatida pelo Comité de Representantes Permanentes e pelo ConselhoEuropeu, parece-me uma prioridade. Mostrará que a Europa não pretende ser uma fortaleza,que a Europa não recusa a entrada de pessoas, que a Europa necessita de trabalhadoresmigrantes, mas que a Europa não pode receber toda a gente que gostaria de vir para aEuropa.

Deixem-me acrescentar que, relativamente ao asilo político, não faz sentido um indivíduopoder apresentar 27 pedidos a 27 países democráticos e não obter sempre as mesmasrespostas ao mesmo problema. Permitam-me acrescentar que, para o desenvolvimento deÁfrica, seremos mais fortes se trabalharmos juntos; esta é a segunda prioridade daPresidência francesa.

Terceira prioridade: queremos aprofundar um conceito muitas vezes falado na Europa,mas que está a progredir lentamente, que é a defesa europeia. Estou ciente de que há muitadiscórdia em torno deste assunto, mas deixem dizer-vos aquilo que penso. Como pode aEuropa tornar-se uma potência política e fazer-se ouvir sendo incapaz de defender-se e dedestacar recursos em apoio à sua política?

Considerem o exemplo do Kosovo, que, a meu ver, é uma história de sucesso da UniãoEuropeia. Este é um problema europeu que tem de ser solucionado por europeus. Comopodem os europeus continuar a ter êxito neste domínio se não adquirirem os recursosmilitares e humanos que lhes permitam fazer cumprir as decisões adoptadas em conjunto?Como poderá a Europa tornar-se a zona económica mais próspera do mundo se for incapazde defender-se?

Sim, temos a NATO. Não ocorreria a ninguém, muito menos a mim, pôr em causa autilidade da NATO. Não se trata de escolher entre uma política de defesa europeia e aNATO, trata-se sim de termos a NATO – a aliança com os americanos – e uma políticaeuropeia de segurança autónoma. Queremos as duas, não uma ou outra. Permitam-meacrescentar que a Europa não pode continuar a assegurar a sua segurança com base nacontribuição de apenas quatro ou cinco países, com os outros dependendo dos esforçosdestes quatro ou cinco países. Os Estados-Membros não podem continuar a construirseparadamente as suas próprias aeronaves, com indústrias de armamento concorrentesao ponto de se arruinarem umas às outras, e a verem-se enfraquecidos pelo simples factode não serem suficientemente fortes para terem uma política de defesa europeia.

Quarta prioridade: a questão extremamente difícil da política agrícola comum. Estou prestesa chegar à minha conclusão que está relacionada com a PAC. É precisamente por ser difícilque precisamos de falar sobre ela. Estou perfeitamente ciente de que temos entre nós Estadosagrícolas que defendem ferozmente o trabalho dos seus agricultores e, ao mesmo tempo,Estados que consideram que esta política é demasiado onerosa.

Senhoras e Senhores, permitam-me apelar ao vosso bom senso. Em 2050 o mundo terá9 mil milhões de habitantes. Actualmente, existem 800 milhões de pessoas a morrer àfome. A cada 30 segundos, uma criança morre de fome. Será sensato pedir à Europa quereduza a sua produção agrícola numa altura em que o mundo está tão necessitado deprodutos alimentares? Penso que tal não é sensato. Não se trata da agricultura francesa;trata-se de bom senso.

(Aplausos)

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Permitam-me acrescentar uma segunda questão: independentemente de o vosso país seragrícola ou não, a segurança alimentar respeita a todos. Será sensato impor,justificadamente, normas de rastreabilidade e de segurança aos nossos criadores eagricultores e continuar a importar carne para a Europa originária de países que nãocumprem as normas que impomos aos nossos agricultores?

(Aplausos)

Terceira questão: os preços agrícolas nunca estiveram tão altos. Estamos na altura certapara falarmos de preços, para falarmos de subsídios e para falarmos de preferênciacomunitária. Creio também que entre o "exame de saúde" da política agrícola comum e aarbitragem financeira, poderemos ser capazes de acordar determinados conceitos, comoauto-suficiência alimentar e segurança alimentar para a Europa.

Senhoras e Senhores, existem muitos outros assuntos: por exemplo, a dimensão social éuma questão importantíssima. Permitam-me uma observação. Por vezes, testemunho umacerta contradição: ocasionalmente, surge uma visão determinada segundo a qual a Europanão deveria interferir em tudo, mas intervir apenas nos domínios que lhe dizem respeito.Todavia, as pessoas que acusam a Europa de meter o nariz em tudo são as primeiras afazerem-se ouvir quando não debatemos a dimensão social. Até agora, os Estados-Membrossempre quiseram que a política social fosse, em primeiro lugar, da competência nacional,uma vez que as pensões e os cuidados de saúde são principalmente questões nacionais.

Senhoras e Senhores, existe uma série de directivas sociais que o senhor Presidente Barrosofez bem em colocar na agenda. Penso nas directivas relativas aos conselhos de empresa,ao trabalho temporário e a várias normas básicas que têm de vincular todos os cidadãoseuropeus. A Presidência francesa fará disso uma prioridade.

Existem outros assuntos que deveriam igualmente ser incluídos na agenda da Presidênciafrancesa, apesar de não serem do domínio da competência da Europa. Deixem-me dar umexemplo que nos afecta a todos: a doença de Alzheimer. (Comentário do senhordeputado Cohn-Bendit sem microfone: "ainda não"). Senhor Deputado Cohn-Bendit, nunca meteria ocorrido que alguém tão jovem como o senhor pudesse já sofrer de uma doença que,apesar de não o afectar a si, afecta milhões de europeus. Estes milhões de europeus são tãoimportantes para mim quanto a sua saúde.

(Aplausos)

Como sabem, a subsidiariedade significa que a doença de Alzheimer não é do domínio dacompetência da Europa. Não obstante, gostaria que a Presidência francesa organizasse umencontro com todos os especialistas de todos os países europeus para partilharmos asmelhores práticas, para que os nossos investigadores possam unir as suas competências,descobrindo mais sobre esta doença, e para que, juntos, possamos encontrar uma solução.Imaginem o que os europeus diriam, então, sobre a Europa: é uma forma de curar estasdoenças terríveis. O que eu disse sobre a doença de Alzheimer poderia aplicar-se ao cancro,o qual destrói famílias. Não existe qualquer razão para que todos procurem sozinhossoluções para o cancro quando juntos teremos mais recursos e seremos mais fortes.

(Aplausos)

Por último, relativamente ao desporto e à cultura, deixem-me dizer que é um erro crassonão debatermos as questões que afectam o dia-a-dia dos europeus. Existe o princípio daexcepção cultural na Europa. A cultura tem de fazer parte do debate diário na Europa. O

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mundo não tem de subjugar-se a uma língua e a uma cultura. Temos de abordar claramentea questão do IVA relativamente aos vídeos e CD, como foi feito relativamente aos livros.

Quanto ao desporto, que transcende divisões políticas, permitam-me apenas dizer quegostaria que existisse um princípio de excepção neste domínio, como existe relativamenteà cultura. Sou a favor da liberdade de circulação de pessoas e de mercadorias, mas nãoaceito a ideia de que devemos fazer os nossos clubes de futebol pagar, prejudicando oinvestimento de muitos clubes em adolescentes que necessitam de permanecer junto doclube para fins de treino. Uma excepção desportiva, que significaria a independência dodesporto da economia de mercado, deveria merecer o apoio de todos os deputados ao PE.

(Aplausos)

Senhoras e Senhores, Senhor Presidente, gostaria de concluir – peço desculpa por me teralongado – com uma observação final. Sei onde vou fazer esta observação: onde bate ocoração da democracia europeia. A Europa sofreu muito. Sofreu, acima de tudo, devido àcobardia de alguns de nós, muito contentes por deixarem a Europa pagar pelasresponsabilidades que cabiam a líderes políticos, relutantes em fazer em público as escolhasque os líderes políticos se recusaram a defender em Bruxelas.

(Aplausos)

Isso é cobardia. Ao Presidente do Parlamento Europeu e ao Presidente da Comissão digo:a Presidência trabalhará estreitamente convosco. Se algum Estado-Membro não concordar,que se faça ouvir. Como disse ao senhor Presidente polaco que negociou pessoalmente oTratado de Lisboa, ele deu a sua palavra; temos de honrar a nossa palavra. Não é umaquestão de política, mas de moralidade.

(Aplausos)

Todavia, a Europa sofreu igualmente por outra razão. A Europa sofreu devido à falta dedebate. Gostaria de terminar com este assunto porque é muito importante para mim. Asnossas instituições são independentes, mas a independência não significa indiferença. Senós, líderes políticos, não tivermos a coragem de debater, quem terá? Debater o quê? Qualé a estratégia económica adequada? Qual é a estratégia monetária adequada? Qual é aestratégia de taxas de câmbio adequada? Qual é a estratégia de taxas de juro adequada? Écerto que todos têm direito às suas próprias convicções e digo isto aos nossos amigosalemães em particular. Porém, ninguém tem o direito de impedir um debate, um debateconstrutivo.

Claro que todos querem um acordo, como o acordo de comércio que está sendo negociado.Todavia, ninguém deve recear dizer que a Europa não pode ser ingénua. Temos de debateras vantagens do comércio livre, mas temos igualmente de dizer aos países emergentes quenão existem fundamentos para que exijam os mesmos direitos sem assumirem as mesmasobrigações. Não podemos ter medo de realizar um debate europeu. Temos de realizar umdebate europeu honrado, mas não podemos ter receio de defender as nossas convicções.

Não questionamos a independência do BCE quando perguntamos se é sensato aumentaras taxas de juro para 4,25% quando as taxas de juro nos EUA se situam em 2%. Estamos arealizar um debate. Um debate pacífico no qual ninguém tem o monopólio da verdade. Eucertamente não tenho, nem o têm os peritos que necessitam de demonstrar a eficácia dassuas decisões.

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Senhoras e Senhores, é neste espírito que tenciono, em conjunto com os ministros franceses,assumir esta responsabilidade. Sei que é difícil. Sei que o Presidente em exercício doConselho não defende os interesses do seu país, mas os interesses da União Europeia.Senhor Presidente, Senhores Presidentes, sei que temos de trabalhar em equipa no interesseda Europa dos 27 e espero que daqui a seis meses todos possam afirmar: "A Europaprogrediu graças à vossa participação e ao vosso apoio".

(Vivos aplausos)

Presidente. − Senhor Presidente em exercício do Conselho, obrigado pela sua intervenção.Desejamos-lhe coragem, determinação e, em especial, sucesso ao longo da sua Presidência– uma vez que com o seu sucesso vem o sucesso da União Europeia e, consequentemente,do Parlamento Europeu. Pode estar seguro de que o Parlamento Europeu o acompanharána sua contribuição determinada para um futuro repleto de êxitos da União Europeia. OParlamento Europeu apoiá-lo-á nesta tarefa.

Gostaria também de dar as boas-vindas aos senhores ministros que o acompanham hoje:o senhor Ministro Bernard Kouchner, o senhor Ministro Brice Hortefeux, um antigoparlamentar desta Assembleia, e, em especial, o seu Ministro Adjunto dos AssuntosEuropeus, Sr. Jean-Pierre Jouyet, que está quase sempre presente neste Parlamento. Sejammuito bem-vindos ao Parlamento Europeu.

(Aplausos)

José Manuel Barroso, Presidente da Comissão. – (FR) Senhor Presidente, Senhor Presidenteem exercício do Conselho, Senhoras e Senhores, tenho muito gosto em estar aqui hojeconvosco no Parlamento Europeu para assistir à apresentação do semestre da Presidênciafrancesa do Conselho da União Europeia. Penso que será uma Presidência repleta deiniciativa e de determinação e que será rica em resultados concretos para os quais todostrabalharemos. Senhor Presidente em exercício, era seu desejo que a França regressasse àEuropa e tal facto constitui inquestionavelmente excelentes notícias para todos nós.

Os cidadãos europeus e o Parlamento Europeu hoje aqui reunido têm muitas expectativasrelativamente à Presidência francesa. Como afirmei no nosso encontro em 1 de Julho, emParis, a Comissão apoiará a Presidência francesa e oferecer-lhe-á o seu apoio incondicionalpara assegurar o sucesso da União Europeia ao longo destes seis meses. Não faltarão desafios.

A globalização veio para ficar e a concorrência internacional está a tornar-seprogressivamente mais forte. O mundo enfrenta novos desafios, como a escassez decombustíveis fósseis e as alterações climáticas. Temos de agir de imediato para encontrarmossoluções conjuntas para estes desafios. Todos estes factores implicam uma reforma daseconomias europeias para que a Europa se torne mais competitiva, modernize os seusmodelos sociais e invista na educação, na investigação e na inovação. A Europa tem muitosases na manga, em particular enquanto uma das principais potências comerciais do mundo.Porém, tem de ter a coragem de se adaptar. Se queremos oferecer protecção, temos deadaptar-nos. É essa a chave.

Não vale a pena negar que a Europa está a atravessar um período difícil: o "não" irlandês eo clima económico global, a subida dos preços do petróleo e das mercadorias, a escaladados preços dos produtos alimentares e as pressões inflacionistas que são o maior inimigodo poder de compra. A inflação é também o maior inimigo da justiça social uma vez que,quando se verifica uma inflação muito acentuada, aqueles que mais sofrem são os indivíduosque vivem com baixos salários ou que dependem de uma pensão. Todos estes factores

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estão a ensombrar as nossas economias e a obrigar os nossos políticos, ao nível europeue nacional, a fazer escolhas difíceis. Temos de confrontar estas realidades de cabeça erguidae abordá-las com realismo e determinação.

Regressámos há pouco da Cimeira do G8, no Japão, onde pude claramente constatar quea influência da União Europeia, assim como as expectativas e o respeito que suscita emtodo o mundo, contrasta fortemente com a desesperança muitas vezes manifestada noseio da UE. Posso dizer-vos que, agora mais do que nunca, a União Europeia é vista forada Europa como um actor positivo e decisivo, um actor com enorme influência no palcomundial.

Consideremos dois assuntos concretos que estiveram no centro da Cimeira do G8: asalterações climáticas e o desenvolvimento – dois domínios em que a Europa tomou ainiciativa ao nível global. Os Estados Unidos acompanham-nos agora na luta contra asalterações climáticas ao subscreverem amplamente as nossas opiniões. Lembro-me de queno ano passado, em Heiligendamm, tivemos grandes dificuldades – o senhor PresidenteSarkozy estava presente – em convencer os americanos e os russos a aceitarem o princípiodas metas vinculativas para 2050. Agora, concretizámos este objectivo. Tal foi possívelgraças ao nosso papel de líder europeu; enquanto presidente de uma instituição europeia,orgulho-me deste feito. É mais um sucesso que devemos à unidade da Europa.

O segundo exemplo é o desenvolvimento e, especificamente, a subida acentuada dos preçosdos produtos alimentares que ameaça todos os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio(ODM). Foi-nos igualmente possível actuar como agente catalisador neste domínio graçasàs conclusões do Conselho Europeu do mês passado que, e cito, acolheu favoravelmente"a intenção da Comissão de apresentar uma proposta para um novo fundo de apoio àagricultura nos países em desenvolvimento".

A Comissão Europeia irá adoptar esta proposta na próxima semana. Estou a contar como apoio incondicional da autoridade orçamental para que a Europa possa fornecerrapidamente a ajuda necessária aos agricultores, em particular aos de África, em estreitacooperação com as organizações multilaterais competentes. Esta ajuda é essencial paragarantir "a revolução verde" de que África precisa para a sua estabilidade e para a suaprosperidade, que, como todos sabem, é também no interesse directo da Europa. Comosolicitado pelo Conselho Europeu, a nossa proposta respeitará os limites da perspectivafinanceira actual. A nossa abordagem, no contexto da política de apoio à agricultura,consiste na atribuição das poupanças geradas pela Europa àqueles foram mais duramenteatingidos pelo aumento dos preços internacionais. Em todo o mundo existem situaçõesde emergência e de catástrofe. Se tivessem ouvido as declarações do Presidente do BancoMundial, se tivessem ouvido alguns dos líderes de países africanos e de outros paísesrepresentados em reuniões alargadas falar sobre a fome, que representa uma ameaça realpara tantas pessoas no mundo, compreenderiam em que medida a ajuda europeia énecessária e indispensável.

(Aplausos)

É por esta razão que acredito que, mais uma vez, podemos dar um bom exemplo desolidariedade entre os agricultores europeus e africanos, ilustrando o facto de que a políticaagrícola comum (PAC) e a política de desenvolvimento podem e devem ser aplicadasconjuntamente porque, como afirmou há pouco o senhor Presidente Sarkozy, a segurançaalimentar é um problema global que temos de combater juntos. Não sozinhos, mas juntos.

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Por conseguinte, é verdade que existem preocupações, mas também é verdade que, agoramais do que nunca, a União Europeia desempenha um papel central na sua resolução. Emvez de mergulharmos naquilo em que por vezes chamo "crisofilia" – chega mesmo a falar-sede um declínio na Europa –, sublinhemos o valor das acções concretas e positivas da UE.Seja como for, esta é a melhor maneira de resolvermos os problemas internacionais criadospela não ratificação irlandesa do Tratado de Lisboa. Temos de abordar este assunto porqueo Tratado de Lisboa poderia permitir-nos trabalhar com mais eficácia e mais democracia,apesar de não podermos utilizar o "não" irlandês como desculpa para não respondermosde imediato às necessidades dos nossos cidadãos.

Os cidadãos europeus esperam respostas de nós. A melhor resposta que lhes podemos daré falar-lhes com franqueza e mostrarmos que temos coragem política. A Presidência francesadispõe destas duas qualidades em abundância.

Numa Europa posta à prova, temos de provar que a Europa funciona. Temos de centrar-nosem políticas que aproximem a Europa dos seus cidadãos e que alterem as suas vidasquotidianas. Mais do que nunca, estamos a traçar um mapa para uma Europa baseada emresultados.

Pessoalmente, estou confiante. As prioridades da vossa Presidência permitirão à Europaenfrentar os maiores desafios actuais enquanto se prepara para os problemas do futuro.

Saúdo a prioridade atribuída pela Presidência francesa à introdução de uma política integradarelativa à energia e às alterações climáticas. Senhor Presidente em exercício, tal como disse,esta é a prioridade da sua Presidência e nós sabemos quão determinado está em alcançareste acordo estratégico até ao final do ano, o que colocaria a UE numa posição favorávelpara encetar as negociações de Copenhaga daqui a um ano. A Comissão apoiaráincondicionalmente a Presidência francesa para que possamos alcançar um acordoambicioso e equilibrado com o Parlamento Europeu e os Estados-Membros. Fiz destamatéria uma prioridade da minha instituição e gostaria de agradecer novamente ao senhorPresidente em exercício o seu apoio incansável ao Pacote sobre Energias Renováveis eAlterações Climáticas apresentado pela Comissão Europeia.

Temos igualmente de avançar no sentido de uma política de imigração controlada naEuropa. Em primeiro lugar, temos de abordar a imigração, necessária a uma Europaenvelhecida, em determinados sectores económicos cruciais; esta abordagem deverá seracompanhada por uma integração adequada para que nos possamos orgulhar na nossaEuropa humanista da integração que oferecemos àqueles que querem verdadeiramentetrabalhar na UE. A adopção do "cartão azul" sob a Presidência francesa constituiria umimportante passo nesta direcção.

Porém, necessitamos igualmente de combater a imigração ilegal e a exploração muitasvezes daí resultante, em particular através do desenvolvimento da proposta de penalizaçãodos empregadores de trabalhadores ilegais. É aqui que temos de aplicar os nossos esforços;não podemos ameaçar os pobres trabalhadores que apenas desejam trabalhar na Europa,mas sim penalizar aqueles que querem explorá-los. Esta prática é uma vergonha para aEuropa. Que não haja mal-entendidos: temos de ser realistas na abordagem à questão daimigração.

Senhoras e Senhores, estou firmemente convicto de que a nossa incapacidade de abordarséria e responsavelmente esta questão é uma das maiores ameaças à Europa. Nãoresolveremos a questão da imigração sendo permissivos em todas as frentes. Esta seria a

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melhor desculpa para forças extremistas, para forças xenófobas. Temos de ser firmesrelativamente à imigração ilegal e, em simultâneo, mostrar que somos generosos e queestamos unidos na integração das comunidades de migrantes que querem contribuir parao crescimento e para o desenvolvimento da Europa. Acredito que temos de ser claros nestamatéria; temos de ser firmes relativamente ao crime, respeitando ao mesmo tempo osdireitos humanos que constituem a imagem de marca da civilização europeia e dos nossosplanos para a integração europeia.

Naturalmente, estas questões são delicadas e podem facilmente dar origem a polémicas ea mal-entendidos. Foi por esta razão que a Comissão quis apresentar uma propostaequilibrada e que definiu 10 princípios-chave para podermos avançar em conjunto. Foicom enorme satisfação que vi a Presidência francesa e os Ministros da Justiça e do Interiorfranceses apoiar esta abordagem integrada durante a sua reunião informal em Cannes, estasemana.

Senhoras e Senhores, permitam-me realçar que na Europa, no espaço Schengen, onde aliberdade de circulação é uma realidade, é absurdo continuarmos com 27 políticas deimigração diferentes. Aquilo de que precisamos é de uma política de imigração europeia.

Em fase de preparação está também a nossa agenda social. Não pode existir um modeloeconómico dinâmico e competitivo sem investimento social genuíno para evitar osproblemas de pobreza, de exclusão e de marginalização. A França tornou a nova agendasocial apresentada há alguns dias pela Comissão Europeia numa das suas prioridades.Saúdo este facto. Para prepararmos os europeus para o futuro, temos de oferecer-lhesoportunidades, acesso a serviços de qualidade, à educação, aos cuidados de saúde esolidariedade continuada. Ninguém na Europa pode ser deixado para trás. A essência daEuropa está nas oportunidades e na solidariedade.

Senhoras e Senhores, serão lançados muitos outros projectos ao longo dos próximos seismeses. Não posso descrevê-los a todos aqui, mas se me permitirem mencionar brevementedois, gostaria de louvar o projecto para a defesa europeia e a União para o Mediterrâneoque será apresentada no próximo domingo, em Paris. Vejo nestes projectos duasoportunidades para a Europa reforçar o seu papel no mundo. Também nestes domínios,é a nós que cabe traduzir esta ambição em acções concretas.

Desejo os maiores sucessos à Presidência francesa do Conselho e garanto o apoioincondicional da Comissão ao longo dos próximos seis meses que prometem serempolgantes.

O principal dever dos políticos é enfrentar os desafios e redobrar esforços para superá-los.

Juntos podemos alcançar muita coisa. Gostaria de homenagear os esforços envidados aolongo dos últimos meses pelo Governo francês ao mais alto nível no sentido de trabalharem estreita colaboração com as instituições europeias. As instituições, a Presidência e osEstados-Membros têm todos de trabalhar em conjunto. É esta a chave do sucesso conjuntoque devemos aos cidadãos da Europa; gostaria de homenagear o empenho reiterado aquihoje pelo Presidente em exercício em que, juntos, o Conselho, o Parlamento e a Comissãopossam encontrar soluções concretas para os problemas concretos que os nossos cidadãosenfrentam diariamente.

Joseph Daul, em nome do Grupo PPE-DE. – (FR) Senhor Presidente, Senhor Presidente emexercício do Conselho, Senhor Presidente da Comissão, Senhoras e Senhores, a Françadecidiu que a sua Presidência será sinónimo de empenho político.

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Precisamos de empenho político para superar as dificuldades enfrentadas pela integraçãoeuropeia. A mais complexa destas dificuldades é, sem dúvida, o "não" irlandês, aqui debatidoesta manhã. Temos de fomentar a participação dos nossos cidadãos na Europa. Existemmuitas razões para as dúvidas dos cidadãos, incluindo medos relacionados com aglobalização, a subida dos preços e alterações na família tradicional e nos valores sociais.

Se não conseguirmos convencer todos os cidadãos de que as grandes questões que secolocam à sociedade europeia, como a segurança, as alterações climáticas, a energia e amigração só podem ser negociadas eficazmente ao nível europeu – e quanto às grandesregiões do mundo, a Europa tem igualmente de ser suficientemente forte para convenceros Estados Unidos, a Índia, a China e o Brasil –, não podemos prever um futuro pacífico.

A Presidência francesa necessitará também de empenho político para convencer os seusparceiros de que o Tratado de Lisboa irá ajudar-nos a decidir com mais eficácia e maisdemocracia em todas estas questões comuns. Os membros do meu grupo pertencentes aoPartido Popular Europeu gostariam que todos os Estados-Membros que ainda nãoratificaram o Tratado o fizessem durante a Presidência francesa. Após um período dereflexão e com todo o devido respeito, esperamos que, como fizemos com a França e osPaíses Baixos, a Irlanda ofereça aos seus 26 parceiros uma solução para o impasse. Pedimosa todos os Estados-Membros que se abstenham de atitudes individualistas e que ajamresponsavelmente. O nosso grupo gostaria de ver encerrado este debate institucional eestamos confiantes de que a Presidência francesa trabalhará para atingir este objectivo.

Senhores Presidentes, Senhoras e Senhores Deputados, enquanto tentamos equipar-noscom um instrumento decisório melhor, os nossos problemas estão a acumular-se. A energiaque estamos despendendo poderia ser melhor gasta na criação de empregos, na defesa dosnossos interesses e na promoção do nosso modelo social e da Europa em geral. Como jáafirmei, precisaremos certamente de empenho político. Devemos igualmente certificar-nosde que nos empenhamos em abordar as prioridades que o Senhor Presidente em exercíciodo Conselho acabou de revelar. Temos de agir com celeridade em matéria de alteraçõesclimáticas, de energia, de migração, de segurança alimentar e de defesa.

Quanto às alterações climáticas e à energia, a alternativa é clara: ou os nossosEstados-Membros se convencem de que têm de agir e de dar o exemplo antes da Cimeirade Copenhaga (e, se assim for, temos de definir, antes de Dezembro, decisões a adoptarpara assegurar a reciprocidade dos nossos parceiros internacionais), ou decidem que, apesarde agravarem as condições climáticas e a nossa dependência energética, não há necessidadede agir com urgência. Creio não ser necessário dizer-vos para que lado pende o meu grupopolítico.

Quanto à migração, pretendemos também pôr fim a esta hipocrisia. Enquanto vários paísesdo mundo já adoptaram uma política de imigração com resultados razoavelmentesatisfatórios, a maioria dos nossos países adiou estas escolhas. Está na hora de debater estamatéria e de adoptar uma decisão positiva, humana e responsável. A proposta de um PactoEuropeu sobre a Imigração e o Asilo, que será debatida em Outubro, é um passo na direcçãocerta e felicito os ministros da UE pela reacção manifestada esta semana à proposta elaboradapelo senhor Ministro Brice Hortefeux. Tem o nosso apoio, Senhor Ministro Hortefeux.

Por último, gostaria de mencionar dois assuntos que me são muito caros e que são vitaispara o futuro e para a nossa independência: a segurança alimentar e a defesa. Gostaria quepensássemos nas pessoas mais desfavorecidas, tanto no mundo como nos nossos própriospaíses, para quem a subida dos preços dos produtos alimentares constitui um verdadeiro

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problema. Gostaria que a Europa e a Presidência francesa fizessem um esforço para ajudarestas pessoas a ultrapassarem estes tempos difíceis.

Em termos de defesa, gostaria apenas de fazer uma pergunta: como pode a Europa sercredível sem uma defesa digna desse nome? Precisamos de uma política de defesa paragarantirmos a paz na Europa e para ajudarmos as pessoas mais desfavorecidas do mundo.O nosso grupo apoia o empenho da Presidência francesa de ser pioneira nestes doisdomínios estratégicos, através da apresentação de propostas arrojadas aos seus parceiros.

Senhoras e Senhores, a integração europeia é, acima de tudo, um assunto político. Nãotenho dúvidas de que, se formos suficientemente corajosos para fazermos escolhas políticasinequívocas, os nossos cidadãos recuperarão a confiança na Europa. Acredito convictamenteque a nova Presidência nos incentivará neste sentido e que temos tudo a ganhar com aconfiança renovada dos nossos cidadãos antes das eleições europeias de 2009.

Martin Schulz, em nome do Grupo PSE. – (DE) Senhor Presidente, Senhoras e Senhores;Senhor Presidente Sarkozy, estamos de acordo com algumas das suas ideias e gostaria de,em primeiro lugar, abordar estes assuntos de forma mais pormenorizada. Fico muitocontente que tenha regressado são e salvo do Japão. Hoje, ouvimos falar novamente dapróxima série de compromissos no domínio das alterações climáticas e está na hora dealcançarmos resultados concretos.

Tem razão quando afirma que o pacote sobre alterações climáticas é uma prioridade: onosso grupo partilha esta prioridade consigo. Tem igualmente razão quando afirma queos Estados não conseguirão resolver este problema individualmente – nem sequer osalemães nem os franceses, através de acordos alcançados em Straubing. Existem outros25 países que partilham o mesmo problema e, acima de tudo, é o Parlamento Europeu queadopta a decisão final. Agiremos em cooperação convosco, mas não tomem iniciativasparalelas – nem sequer com a Sr.ª Angela Merkel, por melhor que a ideia possa parecer.

Já que falou em desporto, dei uma vista de olhos hoje de manhã aos jornais franceses paraver o que teriam escrito sobre a visita do senhor Presidente Sarkozy ao Parlamento Europeu.Nada! Escrevem muito sobre a Volta a França e é um alemão que actualmente veste acamisola amarela.

(Reacções diversas)

Senhor Presidente em exercício, ouvi atentamente as suas outras declarações sobre asalterações climáticas e, em particular, sobre o Tratado de Lisboa. De facto, se queremosalcançar resultados, necessitamos de instrumentos, o que nos coloca perante um dilema.Os cidadãos querem que sejamos mais eficazes, mais transparentes, mais democráticos equerem que os parlamentos nacionais sejam mais democráticos e tenham mais influência.Todas estas exigências são justificadas, mas sempre que queremos agir, somos privadosdo instrumento de que precisamos – um tratado revisto.

Tem razão: isto significa que necessitamos de uma nova abordagem, de um novo começo.Temos de tentar pôr em vigor este Tratado. Acho óptimo que vá à Irlanda e que trabalhede forma construtiva com o povo irlandês. Se me permite dar-lhe um conselho pessoal,desta vez, deixe o senhor Ministro Bernard Kouchner em Paris. Fiquei com a impressão deque os seus contributos anteriores não nos ajudaram propriamente a convencer osirlandeses.

(Aplausos, reacções diversas)

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Todavia, estou a falar de uma matéria relativamente à qual pensamos exactamente o opostode si. Falou de quatro prioridades para a sua Presidência e eu estava à espera de ver seexistiria uma quinta. Posteriormente, mencionou várias outras coisas que afirmou seremimportantes – não prioridades, apenas outras coisas. Nestas "outras coisas" incluíam-seuma Europa social, a qual declarou ser do domínio da competência dos Estados-nação.Acredito que tal perspectiva é um erro grave.

(Aplausos)

Quero dizer-lhe que esperamos uma abordagem diferente da Presidência francesa. UmaEuropa social não significa querermos criar um gabinete de segurança social na Europa ouum abono de família europeu. Uma Europa social significa outra coisa: durante muitotempo, as pessoas acreditaram – e com razão – que a Europa pode tornar possível oprogresso económico. Passámos 50 anos a trabalhar para assegurar que o progressoeconómico da Europa conduz a mais crescimento e a mais emprego, à garantia sustentadade mais segurança social.

Nos dias que correm, cada vez mais pessoas consideram que o contrário é verdade – queo progresso económico da Europa está a beneficiar alguns grandes conglomerados,determinadas companhias de seguros, fundos hedge e grandes empresas, mas não as pessoas.Cabe à União Europeia restaurar-lhes o sentimento de que o crescimento na Europa, oprogresso económico deste continente, não beneficia os bancos e os grandesconglomerados, mas sim cada cidadão. Além disso, se cabe aos Estados-nação garantiresta confiança, então o senhor Presidente em exercício do Conselho tem a obrigação deinformar os chefes de Estado ou de Governo de que se devem assegurar de que a justiçasocial, e não o radicalismo do mercado livre, assume o papel principal nos respectivosEstados-nação.

(Aplausos)

Gostaria de acrescentar que temos um Tribunal Europeu de Justiça que emana diariamenteacórdãos, e que alguns deles podem alterar o grau de assistência social nos Estados-Membrosapesar de estes não disporem de instrumentos para resistir. Senhor Presidente em exercício,é por esta razão que precisamos de uma Europa social e é por esta razão que esperamosque mude de opinião nesta matéria até Dezembro. Caso contrário, o grupo socialista doParlamento Europeu não poderá apoiá-lo.

Senhor Presidente em exercício, o medo da exclusão social tem consequências perigosase uma consequência perigosa é os Governos que estão na defensiva acreditarem que podemacabar com o medo da exclusão social através da perseguição das minorias. Actualmente,estamos a assistir a esta situação num Estado-Membro da União Europeia. Não sei qual apercentagem de crianças Roma na população italiana, mas sei que quando um Governoafirma "serão registados por uma espécie de departamento de registo criminal; as suasimpressões digitais têm de ser recolhidas", alegadamente para lhes proporcionar protecçãosocial, está a violar gravemente os direitos fundamentais da Europa.

O seu país, a França, deu à comunidade europeia de nações a sua primeira carta de direitosfundamentais. A primeira declaração de direitos humanos veio do seu país. Enquantopresidente dessa república, pertence à tradição do seu país. Peço-lhe que, enquantoPresidente em exercício do Conselho Europeu, influencie o Governo de Silvio Berlusconie que lhe diga que a Europa é uma comunidade fundada no Estado de Direito e não umaunião de caprichos.

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(Vivos aplausos)

A União Europeia enfrenta muitos desafios complexos, mas se não garantirmos a segurançasocial na Europa, as pessoas voltar-lhe-ão as costas e, nessa altura, o Tratado de Lisboa nãoterá qualquer utilidade; todo o projecto fracassará. Por conseguinte, precisamos de coragem.Sei que é um homem corajoso. Apoiamos as suas prioridades; agora, apoie as nossas –uma Europa social e as alterações climáticas, a reforma institucional e os direitos humanos.Então, a sua Presidência será bem sucedida.

(Aplausos da esquerda do hemiciclo)

Graham Watson, em nome do Grupo ALDE . – Senhor Presidente, diria ao SenhorPresidente em exercício que o voto irlandês contra o Tratado tornou a sua Presidência,aliás preparada de forma notável, , mais problemática. De igual forma, o "não" irlandêstorna imprescindível uma Europa com capacidade para resolver problemas na prática maisforte do que nunca.

Os pacotes sobre energia e alterações climáticas tornam-se mais urgentes a cada dia quepassa. O plafonamento do IVA é um paliativo de curto prazo: a Europa deveria estar areduzir a sua dependência do petróleo e da gasolina. Necessitamos de muito maisinvestimento nas energias renováveis: investimento de pequena escala e localizado parareduzir as contas domésticas e investimento de grande escala, nomeadamente na produçãode energia solar termodinâmica de alta voltagem no Norte de África através da União parao Mediterrâneo.

Na terça-feira, o G8, que constitui a fonte de quase dois terços do CO2 mundial, aprovouum objectivo de redução das emissões de 50%. Porém, as economias emergentes têm razãoem afirmar que o objectivo deveria ser mais elevado – talvez 80% – com metas intermédias.

Para estabilizarmos o preço dos produtos alimentares, necessitamos de boas ideias, comoas recentes reformas da PAC do senhor Comissário Fischer Boel, e não de proteccionismo,por mais disfarçado que esteja. A verdade é que as pessoas se preocupam mais com o preçodo petróleo e com a conta da padaria do que com os grandes objectivos da nossa União.Hoje ninguém deveria afirmar "Qu’ils mangent de la brioche" ("Que comam brioches").

O senhor Presidente em exercício tem razão ao colocar a ênfase na migração. Contudo, amigração só será abordada com sucesso quando abordarmos o desespero que leva tantaspessoas a arriscarem tanto para virem até à Europa. Deveria haver rotas para a migraçãolegal, medidas repressivas do tráfico humano e uma reforma da nossa política agrícolapara impulsionar a produção nos países de origem. Pode ser optimista da minha partepedir à Presidência francesa que liberalize os mercados. Porém, para alcançarmos asegurança dentro das nossas fronteiras, temos de levar a esperança aos países terceiros.

Existe outra matéria em que a Presidência francesa pode ser pioneira. A França deu-nos osDireitos do Homem. Agora, a França tem de liderar a sua defesa. Na Europa, avançandocom a Directiva "Antidiscriminação". No estrangeiro, ancorando a paz nos Balcãs ao futuroda União Europeia; recorrendo à União para o Mediterrâneo para melhorar a situação dosdireitos humanos no Norte de África; negociando em bloco com a Rússia e condenandoas medidas repressivas da China relativas aos dissidentes.

(FR) Senhor Presidente em exercício, não vá a Pequim. Jogue em equipa.

(Aplausos)

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Foi Voltaire que nos disse: "Os mortais são iguais; não é o nascimento, mas apenas a virtudeque estabelece a diferença entre eles".

E assumindo a liderança, a Europa pode demonstrar a sua virtude e exigir o reconhecimentoda dignidade de todos os homens e de todas as mulheres.

Senhor Presidente em exercício, para ser bem sucedido, terá de reunir consensos. Precisaráque o Parlamento, o Conselho e a Comissão trabalhem em conjunto numa agenda comumdefinida pelos 27 Estados-Membros e por esta Assembleia. Se houver discussões, que sejamsobre a referida agenda, não sobre os seus mensageiros. Vossa Excelência mergulhou numapolémica com o Presidente do BCE e com dois comissários, mas estes representam a nossaUnião e as políticas por nós acordadas. Na Europa, não dividimos para melhor reinarmos.Temos de defender os nossos princípios, mas é igualmente necessário trabalharmosconjuntamente para alcançarmos os nossos objectivos comuns.

(FR) Senhor Presidente, sei que estou quase a terminar, mas, por favor, conceda-me "soixantepetites secondes pour ma dernière minute" com o marido de Carla Bruni.

(Risos)

Senhor Presidente em exercício, se defender os seus princípios e nos permitir trabalharmosjuntos para atingirmos objectivos comuns, se assim fizer, os liberais e os democratastrabalharão consigo.

(Aplausos)

Cristiana Muscardini, em nome do Grupo UEN. – (IT) Senhor Presidente, Senhoras eSenhores, como afirmei na Convenção Europeia para o novo tratado, para aproximarmosos cidadãos da Europa é necessário dotarmos a Europa com uma alma que respeite as váriaslínguas e identidades, reafirmando raízes e valores comuns; Senhor Presidente em exercício,Vossa Excelência tentou expressar esta alma na sua intervenção de hoje.

Assim como Estrasburgo simboliza a paz renovada, hoje a bandeira europeia drapeja ladoa lado com as bandeiras nacionais, qual símbolo visível da união de todos os cidadãos emtorno de um projecto comum de defesa, de segurança, de crescimento cultural e económicoe de transparência do Banco Central: talvez o novo Tratado ainda peque por lacunas nestasmatérias.

Os políticos têm de assumir objectivos claros perante os jovens. Não pode haver futuroeconómico sem respeito pelo ambiente e não pode haver respeito pelos direitos sem oreconhecimento dos deveres associados. Esperamos que a Presidência francesa inclua nosseus objectivos a Carta Europeia dos Deveres. A democracia e a liberdade assentam naaplicação de normas. A Internet não pode ser uma ferramenta para o terrorismo, para ostraficantes de menores e para incentivos à violência. Temos de harmonizar as leis dosnossos países, desde a imigração à protecção de menores, desde a energia ao progressoharmonioso.

Uma nova Europa para um novo relacionamento com África. Não só certificados verdesou comércio, mas crescimento mútuo, partilhando conjuntamente o projectoeuromediterrânico; não podemos esquecer os núcleos de terrorismo em Mogadixo e aviolência no Zimbabué que impedem o desenvolvimento da democracia. Há demasiadahesitação no seio da UE: instamos o Conselho a aprovar a obrigatoriedade da indicação deorigem "fabricado em" para que o comércio internacional possa reger-se por normasprecisas.

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O combate à contrafacção e à ilegalidade é um problema económico, mas afecta igualmentea saúde dos nossos cidadãos; as pequenas e médias empresas são um valor cultural quedeveria ser defendido. Oferecemos à Presidência francesa o nosso apoio leal para queesperanças se possam tornar realidades partilhadas pelos cidadãos e para que, quem sabe,através do apoio ao desenvolvimento de avanços científicos para combater doenças raras,possamos igualmente combater a antipatia endémica do nosso inteligente amigo senhordeputado Schulz relativamente ao Primeiro-ministro Berlusconi.

Daniel Cohn-Bendit, em nome do Grupo Verts/ALE. – (FR) Senhor Presidente, o seuvoluntarismo europeu, a sua ambição para a Europa é um desafio partilhado pelo Grupodos Verdes/Aliança Livre Europeia. Eu diria até, parafraseando uma canção que conhece"it is a drug we are all hooked on" [é uma droga em que todos estamos viciados].

Todavia, gostaria de dizer uma coisa. Se, num minuto, somos suficientemente ambiciosospara afirmarmos que temos de aceitar o actual pacote sobre as alterações climáticas e, nominuto seguinte, nos vergamos perante o lobby da indústria automóvel alemã, entãofracassaremos porque todos dirão: "não se esqueçam de nós". É este o problema. Nãopodemos reclamar que o petróleo está demasiado caro e, ao mesmo tempo, permitir quea indústria automóvel fabrique veículos de elevado consumo de gasolina. Há 15 anos quedispomos de tecnologia para fabricar automóveis energeticamente eficientes, mas comonão existem normas que obriguem os fabricantes nesse sentido, os consumidores estãoagora a pagar preços elevados pelo petróleo. É esta a verdade da questão; é assim que ascoisas são.

(Aplausos do centro e da esquerda do hemiciclo)

Vossa Excelência mencionou o Pacto Europeu sobre a Imigração e o Asilo. Pois quetenhamos um Pacto Europeu sobre a Imigração e o Asilo. Inicie um diálogo: quanto àemigração legal, permita que o Parlamento Europeu participe sob o processo de co-decisãopara que tenhamos um debate político genuíno, um debate democrático genuíno. SenhorDeputado Daul, estou farto de que a imigração ilegal e a ameaça da imigração venha sempreà baila 15 segundos após termos começado a discutir a emigração. Primeiro que tudo, aEuropa é aquilo que é hoje graças aos homens e às mulheres que a construíram connosco.É essa a verdade.

(Aplausos do centro e da esquerda do hemiciclo)

Por favor, não sou um anjinho, mas construímos uma casa sem portas. As pessoas estãoa entrar pelas janelas. Digo-lhe: "Abramos as portas para que as pessoas possam entrar naEuropa e depois decidamos as medidas a tomar relativamente àqueles que entramilegalmente". Vossa Excelência diz-nos: "Precisamos de trabalhadores competentes"; porém,a Europa repatria anualmente dezenas de milhares de estudantes que vieram estudar aqui.Deixemo-los ficar; se estudaram aqui, não são imigrantes ilegais.

Agora, relativamente à sua afirmação de que a dimensão social não se enquadra no mandatoda Europa. Senhor Presidente em exercício, não protegerá os europeus se não trabalharmosjuntos no combate ao dumping social e fiscal. Precisamos que os europeus enfrentem esteproblema. Temos de colocar um ponto final nesta situação e estamos ao seu lado nestatarefa. Precisamos de realizar um debate com o Banco Central? Então, que esse debate serealize. Precisamos de realizar um debate com os irlandeses? Vamos a isso. Não podemoscontinuar a declarar que a dimensão social não cabe no mandato europeu. Esta situaçãonão pode manter-se.

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(Aplausos do centro e da esquerda do hemiciclo)

Gostaria agora de centrar-me nas questões em que estamos profundamente divididos.Vossa Excelência irá à China assistir à cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos com oPresidente chinês. Espero que goste! Pessoalmente, estarei a pensar em todos os prisioneirosque apodrecem nas prisões chinesas. Estarei a pensar em todos aqueles que foram detidos.Estarei a pensar em todos aqueles que estão sendo alvo de maus-tratos no Tibete. VossaExcelência teve uma oportunidade de ouro para defender os valores europeus da democraciae da liberdade dizendo: "Não assistirei à cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos, essafantochada do Partido Comunista Chinês". É isto que queremos ouvir.

(Aplausos do centro e da esquerda do hemiciclo)

Posso dizer-lhe que quando escrever as suas memórias, arrepender-se-á da sua opção.Arrepender-se-á porque as pessoas que prenderam estes cidadãos inocentes estarão adizer-lhes "Vêem, podemos fazer o que queremos: o mundo ocidental só quer os nossosmercados". Senhor Presidente, é uma vergonha, é patético assistir à cerimónia de aberturados Jogos Olímpicos.

(Aplausos do centro e da esquerda do hemiciclo)

Francis Wurtz, em nome do Grupo GUE/NGL. – (FR) Senhor Presidente, Senhor Presidenteem exercício do Conselho, Senhor Presidente da Comissão, gostaria de centrar a minhaintervenção na natureza dupla desta Presidência francesa, nomeadamente no seuinquestionável ponto forte e no seu mais do que óbvio ponto fraco.

O seu ponto forte, tendo em conta a tendência habitual da União, é não afirmar que aEuropa está de saúde e que deveria continuar seguindo este caminho quando cada vez maiseuropeus consideram que a União Europeia está enfraquecida e que deveria haver mudanças.Até agora, tudo bem. Mas, e depois? É aqui que reside o problema. Senhor Presidente, queconclusões retira desta aparente lucidez sobre a crise de legitimidade que a União atravessaactualmente, em particular no respeitante ao respectivo modelo económico e ao seu modode funcionamento?

Afirma querer compreender e que respeita as preocupações dos europeus relativas à União,mas pressiona o povo irlandês a reconsiderar a sua decisão quando este limitou-se a darvoz, como os franceses e os holandeses, às convicções de milhões de outros europeus.Critica, com razão, a forma como o Banco Central Europeu tem gerido o euro a partir dasua torre de marfim, mas nunca recomenda a revisão dos estatutos que lhe concedem todosesses poderes e lhe atribuem esta tarefa!

Relativamente à imigração, declara querer "servir os nossos valores", mas apoiou a directivavergonhosa, condenada pelo Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos doHomem, por todas as organizações de defesa dos direitos do homem e pelas igrejaseuropeias precisamente porque viola valores humanos fundamentais. Ignora a questãosocial – que afirma dever permanecer exclusivamente da responsabilidade dosEstados-Membros –, mas nada diz sobe o Tribunal Europeu de Justiça que, acórdão apósacórdão, coloca em concorrência os diversos modelos sociais dos países da União, e quese baseia nos artigos 43.º e 49.º do Tratado.

Afirma não ter gostado da imagem do "canalizador polaco". Eu também não gostei. Estaexpressão foi consagrada pela direita popular e popularizada nos ecrãs de televisão pelo

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senhor comissário Bolkestein. Eu digo "Que os trabalhadores de todos os países sejambem-vindos" com igualdade de tratamento em todos os domínios.

(Aplausos da esquerda do hemiciclo)

É precisamente isto que a actual lei comunitária rejeita. Senhor Presidente em exercício,permita-me recordar-lhe que, na Baixa Saxónia, de acordo com a Comissão, um trabalhadorde outro Estado-Membro pode receber metade do ordenado mínimo auferido por umtrabalhador alemão pelo mesmo trabalho no mesmo estaleiro de construção. É isto querepudiamos. Sabe o que pensa um homem que não pode ser acusado de populismo,nomeadamente o Sr. John Monks, Secretário-geral da Confederação Europeia dos Sindicatos?Este homem considera estas decisões "consideravelmente problemáticas" porque, segundoele, elas decretam "a primazia das liberdades económicas relativamente a direitosfundamentais e ao respeito pela lei laboral". Qual é a sua resposta a esta declaração?

Afirma querer construir uma "Europa que proteja", mas não o ouvimos criticar todas asmedidas estruturais que tornam a vida dos europeus precária: a obrigação de abrir asempresas classificadas como de utilidade pública à concorrência; as pressões do Pacto deEstabilidade nos salários e nas despesas sociais; e as "orientações" elaboradas pela Comissãoe adoptadas pelo Conselho, que Vossa Excelência aplica com zelo no seu país.

Poderia mencionar a Orientação n.º 2: a reforma dos sistemas de pensões, de segurançasocial e de saúde. Orientação n.º 5: flexibilidade dos mercados de trabalho. Orientação n.º13: a supressão dos obstáculos regulamentares, comerciais e outros que entravamindevidamente a concorrência. E não mencionei todas.

A reviravolta na posição da França – e da Itália – possibilita que o Conselho vá mais alémdas obrigações assumidas ao acordar com uma proposta de directiva permitindo umasemana de 65 horas. Esta situação consagra Dickens como o novo pai da Europa!

Uma última palavra, Senhor Presidente: esta semana, frente aos seus convidados europeus– o Presidente do Parlamento, o Presidente da Comissão e perante 2 000 dirigentes deempresas de direita franceses – concluiu o seu discurso com palavras que foraminterpretadas pelo movimento sindical como um incitamento – e um incitamento muitoinsensato –, ao afirmar que, agora, quando há uma greve, o povo francês já nem dá porisso. No dia seguinte a esta declaração arrogante, o seu ministro da Educação explicou queesta era "uma forma de tranquilizar os nossos parceiros europeus na presença dos seusmais eminentes representantes". Pois bem, se tem de insultar os sindicatos para tranquilizaros líderes europeus, está definitivamente na hora de haver mudanças na Europa.

(Aplausos da esquerda do hemiciclo)

Philippe de Villiers, em nome do Grupo IND/DEM. – (FR) Senhor Presidente da RepúblicaFrancesa, infelizmente, o povo da Europa tem de enfrentar diariamente os efeitos desastrososdas políticas adoptadas pelas autoridades europeias em Bruxelas e em Frankfurt. A cadadia que passa, o povo europeu vê todos os seus poderes escaparem-se-lhes por entre osdedos, vendo-se privado das suas liberdades, seja no que se refere ao poder de compra, àcarestia do euro, a OGM, impostos, pescas, falta de protecção ao comércio, imigração oumesmo futebol, o qual Vossa Excelência mencionou há pouco. Tudo está a escapar-se porentre os dedos e eu diria, Senhor Presidente da República, Senhor Presidente da UniãoEuropeia, que tudo se está a escapar por entre os seus dedos. Vossa Excelência admite-o,mas considera-o criticismo. Pois bem, está na altura de agir e de fazer corresponder as suasacções às suas palavras.

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Há pouco criticou a inexistência de uma preferência comunitária e com toda a razão.Porém, permita-me recordar-lhe que a preferência comunitária foi eliminada pelo Acordode Marraquexe, por si aprovado, e que não consta do Tratado de Lisboa, por si elaborado.

Vossa Excelência censura a irresponsabilidade do Banco Central e pede a realização de umdebate. Quanto a nós, queremos decisões. Permita-me lembrar-lhe nesta Assembleia queesta independência do Banco Central, esta irresponsabilidade a que assistimos diariamentefoi concebida e formalizada pelo Tratado de Maastricht. Vossa Excelência lamenta terobtido o acordo de Bruxelas para baixar os impostos sobre o petróleo, mas tal facto épuramente uma consequência dos Tratados de Nice e de Amesterdão por si ratificados porvia parlamentar.

Resumindo, Vossa Excelência lamenta hoje e todos os dias os efeitos daquilo que incentivadiariamente, ou seja, a retirada de poderes ao Estado em benefício de fórunspós-democráticos constituídos por detentores de altos cargos, por banqueiros e por juízes.A sua Presidência da União Europeia é uma oportunidade histórica para colocar novamentea Europa no caminho certo, uma Europa fundada na liberdade das nações que respeita ademocracia. É por esta razão que lhe pedimos que honre o voto do povo irlandês e quedeclare a morte do Tratado de Lisboa. Não cabe ao povo europeu reconciliar-se comBruxelas, cabe a Bruxelas reconciliar-se com o povo europeu!

(Aplausos da bancada do grupo do orador)

Jean-Marie Le Pen (NI). – (FR) Senhor Presidente, aqui está Vossa Excelência investidado rotativo e breve papel de Presidente da União Europeia durante seis meses. Ao contrárioda maioria do eleitorado francês, demonstrou ser zelosamente pró-europeu, indo ao pontode apresentar novamente, na forma ligeiramente diferente do Tratado de Lisboa, aConstituição que, juntamente com os holandeses, o povo francês rejeitou em 2005.Infelizmente, os seus planos encontraram um obstáculo na vontade do povo irlandês.

Por conseguinte, o Tratado de Lisboa é nulo, apesar de todos os esquemas que tentariaimpor ao povo europeu, a vontade da camarilha euro-globalista reinante.

Em 1957, enquanto jovem membro do Parlamento, votei contra o Tratado de Roma, aprimeira fase de um processo que, segundo os seus promotores, Monnet eCoudenhove-Kalergi entre outros, iria conduzir aos Estados Unidos da Europa: esta Torrede Babel que só pode ser construída sobre as ruínas das nações e, acima de tudo, da minhapátria, a França. Desde então, oponho-me determinadamente a este projecto.

Dizem-nos que a globalização está a provocar mudanças fundamentais em todo o mundo,às quais temos de nos submeter. Porém, na verdade, as nações de todo o mundo estão aganhar força, apoiadas num patriotismo fervoroso, à excepção de uma única zona – aEuropa – onde as nações e as pátrias são sacrificadas, desmanteladas e desmoralizadas embenefício de um projecto sem força e sem identidade, enquanto vagas de imigrantes ainvadem gradualmente e a abertura das fronteiras económicas a deixa à mercê daconcorrência feroz do resto do mundo.

Nenhuma das promessas feitas ao povo europeu para que este aceitasse a perda da suaindependência, da sua soberania, da sua identidade e da sua cultura foi cumprida: nemcrescimento, nem emprego para todos, nem prosperidade, nem segurança, enquanto osentimento predominante é de ansiedade à beira de uma crise sistémica: crises energética,alimentar e financeira. Entretanto, não restam dúvidas de que continuará o circo nos meiosde comunicação social. Ontem, o campeonato europeu de futebol e o ténis em Roland

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Garros; amanhã, os Jogos Olímpicos em Pequim; e, hoje, a saga miraculosa de um ícone,Ingrid, que ri, chora, reza e se apoia no seu ombro amigo!

Desejando ser o libertador, envolveu-se nas negociações com os terroristas das FARC, masnão foi Vossa Excelência nem o Sr. Chávez quem libertou a senhora senadoracolombiana Betancourt. Foi o Presidente Uribe que, contrariando o movimento generalizadode progressismo global, alcançou uma vitória decisiva sobre o terrorismo. Vossa Excelênciafez repetidas tentativas fúteis e foi ao ponto de convidar os terroristas comunistas das FARCque se declarassem arrependidos a receber asilo em França; mas para protegê-los de quem?Do Presidente Uribe, o democrata? Já que foi tão longe, porque não convidar os Talibãs, oHezbollah ou os Tigres Tamil? Vossa Excelência é como Anfisbena que era tão cara aCésaire. Não tenha dúvidas, Senhor Presidente, de que todos os seus talentos em orquestraros meios de comunicação social não serão suficientes para afastar os perigos iminentesque terá de enfrentar antes do final do ano.

A nossa Europa é uma embarcação a desviar-se da rota, fustigada pelos ventos e pelasondas, a única região do mundo que desmantelou deliberadamente as suas estruturaspolíticas e morais, que não tem fronteiras e que está sendo gradualmente invadida pelaimigração em massa, que está apenas no início! Economicamente arruinada peloultraliberalismo, socialmente empobrecida, demograficamente enfraquecida, sem espíritoe sem mecanismos de defesa, a Europa está condenada a ser, na melhor das hipóteses, umprotectorado dos EUA e, na pior das hipóteses, está condenada à sujeição, à submissão.Está na hora de abandonar a ilusão fatal do federalismo e de construir uma Europa denações, unida por alianças mais concretas que serão, sem dúvida, mais modestas, mas maiseficazes. Os duplos fracassos da Constituição e do Tratado deveriam servir de aviso. Opovo da Europa não quer ter nada a ver com estes planos e não permitirá que lhe sejamimpostos porque não quer morrer.

(O Presidente retira a palavra ao orador)

Nicolas Sarkozy, Presidente em exercício do Conselho. − (FR) Senhoras e Senhores, obrigadopelas vossas intervenções.

Em primeiro lugar, gostaria de agradecer ao senhor deputado Daul, presidente do Grupodo Partido Popular Europeu (Democratas-Cristãos) e dos Democratas Europeus, pelo seuapoio e pelo apoio do seu grupo, os quais serão de valor inestimável para a Presidênciafrancesa. Concordo com as suas análises e estou certo de que compreenderá que não meé possível abordar novamente cada um dos assuntos, apesar de o vosso empenhorelativamente a uma política de defesa ser extremamente necessário.

Senhor Deputado Schulz, permita-me dizer que apreciei o sentido de responsabilidade porsi manifestado na sua intervenção. Tal como aconteceu com o senhor deputado Daul,reunimo-nos e debatemos, pelo que não existem segredos. A democracia não deve ser umteatro de sombras. Deve permitir-nos compararmos as nossas ideias e tentarmos alcançarum compromisso. Pode estar certo de que, tal como acontece com o senhor deputadoDaul, a Presidência francesa valoriza o apoio do grupo socialista do Parlamento Europeue o seu apoio em assuntos de consenso. Além disso, não vejo qualquer razão para afirmarque o vosso apoio é menos precioso para mim por vir do presidente do grupo socialistaou para que o Senhor Deputado procure conflitos com a Presidência sob o pretexto de eunão pertencer ao mesmo partido político que Vossa Excelência.

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Permita-me dizer-lhe, e ao senhor deputado Daul, que tenho perfeita consciência de que,relativamente ao Pacote sobre Energias Renováveis e Alterações Climáticas, é ao Parlamentoque cabe a última palavra; mas, melhor que isso, não é somente uma questão de ter a últimapalavra. Será a mobilização do Parlamento que pressionará os Estados-Membros que nãopartilham as ambições do Parlamento, da Comissão e da Presidência. Senhor deputadoSchulz, não diria que a última palavra será sua. Digo, sim, que o seu compromisso éabsolutamente vital.

Gostaria igualmente de dizer ao senhor deputado Cohn-Bendit que não nos ajoelharemosà frente de ninguém, muito menos da indústria automóvel, seja ela francesa, italiana oualemã. Porquê visar exclusivamente a indústria alemã? Neste caso, o presidente em exercíciodo Conselho tem de considerar os interesses legítimos de cada Estado-Membro. É precisoresistirmos ao lobby da indústria, proporcionando-lhe, em simultâneo, condições justas eexplicarmos claramente que o facto de defendermos o Pacote sobre Energias Renováveise Alterações Climáticas não significa que sejamos ingénuos.

Por outras palavras, Senhor Deputado Cohn-Bendit, dado que o nosso desejo é alcançarmoso equilíbrio do planeta, não gostaria que fossemos acusados da promoção dedeslocalizações. Não se trata de respeitar o ambiente e de aceitar deslocalizações; trata-sede respeitar o ambiente e de rejeitar deslocalizações. Pensar de outra forma é suicídio. Sepedir aos Estados-Membros que escolham entre o ambiente e o crescimento, coloca-nosa todos num impasse. O desenvolvimento sustentável e o respeito pelo ambiente sãofactores do crescimento económico. Por esta razão, Senhor Deputado Cohn-Bendit, peço-lheque não me censure por preferir as análises dos senhores deputados Schulz e Daul à sua,só desta vez.

Senhor Deputado Schulz, falemos agora daquilo que identificou como um assunto dedesacordo. Permita-me dizer que discordo. Gostaria igualmente de dizer-lhe que a Europanão é responsável por os nossos amigos alemães não terem alcançado um acordo quantoao ordenado mínimo e que, pelo contrário, foi o debate político alemão que provocou arejeição do ordenado mínimo. Não atribua à Europa a responsabilidade de um fracassosocial do debate político nacional!

Neste caso, enquanto Presidente em exercício do Conselho, não me cabe, a mim, julgar.Eu diria simplesmente "Senhor Deputado Schulz, não nos peça para resolvermos problemasque vós, alemães, não fostes capazes de solucionar na vossa política interna". Gostaria deacrescentar que, em França, em matéria de questões sociais, atribuímos muita importânciaao salário mínimo. O que significaria a harmonização social? Vós, alemães, rejeitastes umsalário mínimo. Nós, franceses, queremos manter o nosso salário mínimo. Por conseguinte,a harmonização social significaria termos de rejeitar o nosso salário mínimo por os alemãesnão terem um. Oponho-me a esta regressão social, inclusive em nome do meu ideal europeu.Obrigado, Senhor Deputado Schulz, por me ter permitido clarificar os meus compromissossociais.

Todavia, Senhor Deputado Schulz, gostaria de acrescentar que tem toda a razão sobre aelevação dos padrões morais do capitalismo financeiro, das normas aplicáveis às agênciasde notação de crédito e da conduta repreensível de alguns dos nossos estabelecimentosfinanceiros; e gostaria de dizer outra coisa: em todos os nossos países, têm existido directoresde grandes bancos que gostam de dar sermões aos políticos sobre o rigor com que osassuntos do Estado deveriam ser conduzidos.

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Tendo assistido ao sucedido em vários bancos privados, diria que aqueles que deramsermões não estavam em posição para o fazer e que deveriam agora preparar-se para osreceber. Senhor Deputado Schulz, gostaria de acrescentar – digo isto sob o olhar atentodo senhor deputado Watson – que sou contra o proteccionismo. Sou a favor da liberdade,mas não podemos continuar num mundo sem regras, no qual as agências de notação decrédito têm livre-arbítrio e no qual alguns estabelecimentos financeiros pretendem ganharmilhares de milhões de euros em poucos segundos através da especulação nos mercados.

A Europa que queremos e, Senhor Deputado Schulz, a Presidência francesa apresentarápropostas nesta matéria, propostas de regulamentos que elevem os padrões morais docapitalismo financeiro, uma vez que sabemos agora que as razões pelas quais o crescimentoglobal estagnou durante um ano foram a crise dos créditos hipotecários de alto risco e acrise de confiança nas instituições financeiras, as quais agiram como quiseram, quandoquiseram, emprestando dinheiro a qualquer um, sob quaisquer condições. Se a Europa temalgum sentido, precisa de restabelecer alguma ordem naquilo que se tornou a lei de que"vale tudo". Gostaria de dizer ao senhor deputado Schulz que estou inteiramente de acordocom ele.

Quanto ao Pacto Europeu sobre a Imigração e o Asilo, gostaria de dizer aos senhoresdeputados Schulz e Cohn-Bendit que a Presidência francesa envolverá o Parlamento Europeuno processo. Esta é a melhor maneira de evitar excessos. Senhor Deputado Schulz, VossaExcelência falou sobre os excessos que são prática corrente num determinado país – nãome cabe mencioná-lo –, mas se todos acordarmos um conjunto de custos mínimos, osexcessos que mencionou deixarão de existir; e, Senhor Deputado Cohn-Bendit, estou certode que o senhor deputado Daul concordaria, por que razão não seria o Parlamento Europeuenvolvido neste processo? Não tenho a certeza de que seria institucionalmente possível.

(Comentário do senhor deputado Cohn-Bendit sem microfone)

Senhor Deputado Cohn-Bendit, estou ciente da sua generosidade. No geral, Vossa Excelênciaestá sempre pronto para dar conselhos, especialmente a mim. Mesmo que eu sofresse damesma modéstia que o Senhor Deputado, não precisaria deste conselho. Eu sabia que aunanimidade era necessária, mas não é necessária unanimidade para eu declarar aoParlamento Europeu que a questão da imigração é suficientemente importante para serdebatida politicamente e para englobar esta Assembleia nesse debate, mesmo antes dehaver um Tratado de Lisboa ou alguma alteração ao mesmo. Estou assumindo umcompromisso político e, juntamente com os senhores ministros Bernard Kouchner eBrice Hortefeux, apresentarei o Pacto ao Parlamento Europeu e debatê-lo-ei convosco.Discutiremos com o senhor Presidente do Parlamento e, possivelmente, com a Conferênciados Presidentes as condições sob as quais o Parlamento Europeu gostaria que puséssemoso Pacto em prática.

Senhor Deputado Watson, as dificuldades proporcionam uma oportunidade. Obviamente,quando alguém escolhe presidir a um país e tem a responsabilidade da Presidência da Uniãodurante seis meses aprecia enfrentar problemas ou dificuldades, caso contrário o melhoré não ser europeu e não se envolver na política. Pessoalmente, penso que estas dificuldadesconstituem uma oportunidade. Sabe porquê? Porque constituem uma oportunidade parasuperarmos o nosso egoísmo nacional e os nossos preconceitos partidários.

Permita-me dizer que, se tudo estivesse a correr de vento em popa, a minha intervençãoperante o Parlamento Europeu não teria necessariamente corrido melhor, uma vez que, aum ano das eleições, com o vento a favor e tudo a correr bem, todos se centram nos seus

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interesses partidários ou nacionais. Como a grande maioria dos deputados ao PE sãoeuropeus, acredito que estão cientes da gravidade da situação. Todos têm de fazer umesforço. Senhores Deputados Schulz e Cohn-Bendit, não sei se se teriam mostrado tãoabertos à Presidência francesa se a situação fosse mais fácil. Pessoalmente, considero queestas dificuldades podem constituir uma oportunidade.

Senhor Deputado Watson, existe uma matéria relativamente à qual errei claramente. Deveriater prolongado a minha intervenção sobre a política energética europeia. Vários senhoresdeputados envergam determinadas T-shirts porque se opõem a um tipo de energia.Respeito-vos. Outros optaram diversamente. Porém, um aspecto poderia unir-nos a todos:necessitamos de uma política energética europeia com transparência sobre as reservas ecom a conjugação de recursos de energia solar, fotovoltaica, biomassa e hidráulica.Perdoem-me por não ter dito isto na minha intervenção inicial, mas a definição de umapolítica energética – não obstante as nossas diferenças quanto à energia nuclear, nãoobstante essas diferenças – será uma prioridade da Presidência francesa. Penso que o senhorPresidente Barroso não se importará com esta afirmação, uma vez que é também uma dassuas prioridades. Temos de agir o mais rápido possível nesta matéria.

Gostaria igualmente de dizer ao senhor deputado Watson que não sou proteccionista.Nunca fui e nunca serei. Todavia, os liberais têm igualmente de reflectir sobre um assunto:estamos a abrir as nossas fronteiras e daí tirámos benefícios. Não obstante, os outros nãonos podem pedir que façamos aqui o que eles não concordam que façamos lá. A China, aÍndia, o Brasil, o México – os grandes países emergentes – não podem dizer "Abram asvossas fronteiras, reduzam os vossos subsídios, mas aqui faremos o que queremos". Istonão é comércio livre e não é um serviço que somos obrigados a prestar-lhes. Assim comoamar o nosso país não é nacionalismo, desejar reciprocidade e protecção não éproteccionismo. É possível ser a favor da liberdade de comércio e querer estabelecer umequilíbrio nessa mesma liberdade de comércio.

Senhor Deputado Watson, teremos mais assuntos para debater. Há quem coloque a ênfasena protecção, outros colocam-na na liberdade. Talvez consigamos alcançar um meio-termo.

Por último, permita-me felicitá-lo, Senhor Deputado Watson. Creio que partilhamos omesmo gosto em termos de canções.

(Risos)

Transmitirei o seu apreço à pessoa em questão e estou certo de que ela lhe autografará oseu CD mais recente, Senhor Deputado Watson. Sem ressentimentos.

(Risos)

Senhor Deputado Cohn-Bendit, já respondi a muitas das suas perguntas. Gostaria de discutirdois assuntos. O primeiro é a questão dos estudantes que é uma matéria extremamenteimportante. Certamente, a Europa precisa de se abrir à formação das elites de todo o mundo.Há algum tempo que penso que a abertura à formação das elites de todo o mundo significaacolhê-las nas nossas universidades e, ao mesmo tempo, dar-lhes a oportunidade deadquirirem uma primeira experiência profissional. Penso particularmente nos médicos.Porém, Senhor Deputado Cohn-Bendit, temos de ser cuidadosos para não usurparmos aselites dos países em desenvolvimento. Em França, e deveria reflectir sobre isto, existemmais médicos do Benim a exercer do que no próprio Benim. Penso que o Benim precisadas suas elites. Recusarmo-nos a usurpar as elites dos países em desenvolvimento nãosignifica recusar a imigração. Não esgotaremos este debate em poucos minutos. Estou-lhe

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grato pela forma como abordou o assunto, mas deve compreender que esta matéria mereceum debate aprofundado e não caricaturas. Não se trata de um conflito entre, por um lado,pessoas generosas e, por outro lado, pessoas insensíveis. Existem estadistas que vão tentarencontrar a melhor solução.

Se me permite, gostaria de falar sobre a questão da China que é uma matéria extremamenteséria e difícil. Gostaria de dizer, Senhor Deputado Cohn-Bendit, que, tal como todos ospresentes, ouvi a emoção na sua voz, o que só o valoriza, e que partilho os seus sentimentos.Gostaria igualmente de dizer ao senhor deputado Watson, que me pediu para jogar emequipa, que foi exactamente isso que fiz porque, enquanto presidente em exercício doConselho, consultei todos os Estados-Membros para saber o que pensavam e se algumdeles se opunha à minha participação – já falarei sobre a essência; primeiro, abordarei aforma. Gostaria de dizer que obtive a aprovação de todos os Estados-Membros para assistirà cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos. Como sabem, é um assunto difícil que temosde abordar com muito cuidado, uma vez que não podemos permitir-nos errar.

Porém, o senhor deputado Watson disse-me para "jogar em equipa". Quero que saibamque debati este assunto com todos os Estados-Membros. Nenhum deles se opôs à minhaparticipação e, até ao momento, treze Estados-Membros estarão representados na cerimóniade abertura. Isto não é uma razão, Senhor Deputado Watson, é simplesmente uma respostaà questão de jogar em equipa.

Agora, se me permitem, falemos da essência da questão. Compreendo aqueles que afirmamque os europeus não deveriam assistir à cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos emPequim. Todos têm direito a uma opinião sobre a melhor maneira de defender os direitoshumanos e eu tenho o dever de respeitar aqueles que declaram que deveríamos boicotara cerimónia. Todavia, a minha opinião pessoal – e creio que esta opinião deveria serrespeitada porque é respeitável – é a de que não será através da humilhação da China quefaremos progressos em matéria de direitos humanos, mas através de um diálogo franco edirecto. Gostaria mesmo de dizer o seguinte: penso que não podemos boicotar um quartoda humanidade. Penso que não é uma opção inteligente nem responsável para alguém quetem a responsabilidade de ser o presidente em exercício do Conselho dizer a um quarto dahumanidade "Não iremos; estamos a humilhar-vos perante o mundo inteiro". Quero lá ire quero falar.

Relativamente à questão essencial da defesa dos direitos humanos, estamos de acordo.Relativamente à forma como devemos defender esses direitos humanos, reconheçam quepode haver um debate e que o debate não se esgotará com a questão dos Jogos Olímpicos.Por conseguinte, quero deslocar-me a Pequim, falar sobre os direitos humanos e defendê-los.Senhor Deputado Cohn-Bendit, irei mesmo mais longe. Há certas coisas que não direi àChina porque ela deve ser respeitada; mas existem coisas que a China não deveria dizer aospaíses europeus, particularmente à França, porque a França e os países europeus devemser respeitados, tal como a China. Não cabe à China organizar a minha agenda e os meuscompromissos.

De igual modo, não me cabe organizar a agenda e as reuniões do presidente chinês. Porconseguinte, defenderei a questão dos direitos humanos e, ao mesmo tempo, enquantoChefe de Estado, tenho de ter algo em consideração. Falamos sempre sobre acordos. Gostariade desafiar esta ideia, uma vez que não é ilegítimo um Chefe de Estado eleitodemocraticamente defender os interesses económicos e os postos de trabalho dos seusconcidadãos. Quero falar de outro assunto. A China é um membro permanente do Conselhode Segurança. Precisamos da China para acabarmos com o escândalo no Darfur porque a

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China é influente no Sudão. Precisamos da China para isolarmos o Irão para que nem oIrão nem qualquer outro país que se atreva a afirmar que quer apagar Israel do mapa tenhaacesso a uma bomba nuclear. Como podemos dizer à China "Ajudem-nos a estabelecer apaz no mundo, a assegurar a estabilidade do mundo" e, ao mesmo tempo, boicotar o paísnuma altura em que organiza um acontecimento fundamental para 1,3 mil milhões dehabitantes? Tal não seria sensato, não seria responsável e não seria digno de um estadistacom amor-próprio.

(Aplausos)

Tendo manifestado o meu respeito pelas opiniões e sentimentos do senhordeputado Cohn-Bendit e de todos os presentes nesta Assembleia que partilham a mesmaforma de pensar, gostaria, por fim, de acrescentar o seguinte: respeitem aqueles que, talcomo nós, pensam como eu. Antes de terminar, questionei o senhor deputado Watson eo senhor deputado Schulz, presidente do grupo socialista, e creio poder afirmar em seunome que ele concorda totalmente com a necessidade de não boicotarmos a China. Ele éum socialista, eu não sou. Questionei o senhor deputado Daul, que está inteiramente deacordo com esta posição.

Gostaria de dizer uma última coisa. Vejam como a China foi pragmática quanto à questãode Hong Kong. Lembrem-se, Senhoras e Senhores, de que era um assunto muito difícil. AChina conseguiu ser pragmática na resolução da questão de Hong Kong. Olhem paraMacau. A China conseguiu, através do diálogo, resolver a questão de Macau. Irei ainda maislonge. Olhem para a questão actual de Taiwan, relativamente à qual os progressosalcançados pelo senhor Presidente Hu Jintao são extraordinários. Há cinco anos, todospensavam que um conflito entre Taiwan e a China seria inevitável, o que não aconteceu.Faremos a China progredir através do diálogo franco, corajoso e directo ou através dahumilhação? Optei pelo diálogo, pela franqueza e pela coragem.

(Aplausos)

Senhor Presidente, peço-lhe só mais um minuto por delicadeza para com o senhordeputado Wurtz. Primeiro que tudo, gostaria de dizer-lhe que pode ter a certeza de quenão estou a insultar os sindicatos, mas agradeço-lhe por ter declarado que a França podemudar, como está actualmente a acontecer, sem ficar paralisada. É um insulto aos sindicatospensar que a sua única utilidade é paralisar. Os sindicatos desempenham um papel dedemocracia social, tal como os líderes políticos. Nem mais nem menos. Todavia, o que euqueria dizer era que ninguém tem o direito de fazer os utilizadores reféns. Senhor DeputadoWurtz, estou certo de que um homem tão cortês como Vossa Excelência, que nuncabloqueou o que quer que fosse, consegue compreender o que quero dizer.

Quanto ao resto, Senhor Deputado Wurtz, não estamos de acordo, mas tal não me impedede ficar imensamente grato pela forma como expressou o seu desacordo.

Senhor Deputado de Villiers, gostaria de dizer que compreendo ainda melhor o seu discursodado que Vossa Excelência representa indiscutivelmente uma tendência política deproporções significativas no seu país, mas também na Europa. Direi mesmo melhor, SenhorDeputado de Villiers. Pessoalmente, não considero o seu discurso antieuropeu, mas umapelo à construção da Europa de forma diferente. Senhor Deputado de Villiers, não querocolocar a facção "sim" contra a facção "não". Quero simplesmente tentar integrar toda agente numa Europa diferente, baseada na democracia, na paz e no crescimento. Apercebi-me

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das suas reservas, estou ciente delas e tentarei dar-lhes resposta, não com palavras, mascom factos.

Quanto a si, Sr. Le Pen, enquanto o ouvia, dizia para comigo que durante anos a Françateve a grande infelicidade de ter a extrema-direita mais forte da Europa. Ao ouvi-lo, Sr. LePen, fico muito contente por esta situação ter chegado ao fim.

(Vivos aplausos)

Philip Bushill-Matthews (PPE-DE). - Senhor Presidente, dou as boas-vindas ao Presidenteem exercício do Conselho. Em primeiro lugar, permita-me agradecer em nome da delegaçãoconservadora britânica a sua hospitalidade na passada semana e manifestar-lhe o nossomais vivo interesse em cooperar consigo para assegurar o sucesso da sua Presidência.

Confiamos na sua energia e no seu empenho e, tendo lido recentemente um livro muitobom, confiamos na sua visão. Refiro-me, claro, ao seu livro, Témoignage [Testemunho].Permitam-me os colegas que ainda não tiveram o benefício de ler esta obra notável quesugira que o façam e, em particular, recomendo que abram o livro na página 146. Aí, VossaExcelência descreve a insensatez da semana de 35 horas de trabalho e descreve os benefíciosde, para utilizar o lema do UMP, "Travailler plus pour gagner plus". Continua afirmando: "Emvez de termos uma semana de trabalho de trinta e cinco horas rígida e unidimensional e areforma imposta aos sessenta anos, queremos mais flexibilidade. Os que querem ganharmais querem ter a liberdade para trabalhar mais, e todos querem fazer depender as suashoras de trabalho do momento da vida em que se encontram".

Senhor Presidente em exercício, esta afirmação resume tudo! É esta a verdadeira Europasocial. Não cabe aos Governos obrigar as pessoas a trabalharem mais ou forçá-las atrabalharem menos, cabe, sim, aos Governos permitir às pessoas trabalharem mais se elasoptarem por trabalhar mais.

O seu partido defende a liberdade; o seu partido defende o direito a optar e é isso que oPartido Conservador britânico defende também. Por conseguinte, se estes princípiosguiarem a sua Presidência, estaremos sempre do seu lado. Quando a directiva relativa àorganização do tempo de trabalho for revista, estaremos do lado da liberdade e do direitoa optar; quando a directiva relativa às condições de trabalho dos trabalhadores temporáriosfor revista, estaremos, novamente, do lado da liberdade e do direito a optar.

Por último, Senhor Presidente em exercício, permita-me dizer que os nossos partidos nãodeveriam limitar-se a defender a liberdade de escolha; deveriam também respeitar a escolhado povo quando este escolhe livremente. Por conseguinte, peço-lhe que respeite a escolhado povo irlandês no recente referendo. Peço-lhe que considere a decisão da Irlanda nãoum problema a solucionar, mas uma oportunidade a não perder – uma oportunidade paraa Europa se aproximar novamente dos seus cidadãos. É certo que esta tarefa exigirá muitotrabalho consigo e com os seus colegas do Conselho. Mas como Vossa Excelência disse:travailler plus pour gagner plus.

Bernard Poignant (PSE). – (FR) Senhor Presidente, sou um socialista francês e europeu.Isto significa que, em Paris, não sou um dos seus apoiantes, mas que, em Estrasburgo, nãosou inteiramente da oposição, em especial quando o vejo rodeado por dois sociaisdemocratas. Mesmo que o meu Presidente seja de um partido da oposição, não deixa deser meu Presidente. Por conseguinte, desejo sucesso à Presidência francesa e, portanto, àPresidência europeia.

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Desde o início que descontraí enquanto o observava, pois compreendo o seu desejo deestar no Parlamento francês. O que vejo é certamente um Chefe de Estado, mas vejo tambémum pouco de primeiro-ministro sincero. Quanto ao capítulo social e às suas prioridades,penso que é necessário fazer uma distinção. Existem, de facto, matérias que têm depermanecer sob a alçada nacional. Estou a pensar nas pensões. Contudo, em tudo o queafecta o emprego, como o mercado único, a moeda única e a liberdade de circulação, temosde procurar harmonizar o melhor que pudermos.

Por isso, é necessário fazer uma distinção. Gostaria de acrescentar que, neste capítulo, teriaficado contente se tivesse envidado esforços consideráveis para elaborar umadirectiva-quadro em matéria de serviços públicos. Fê-lo para os proprietários deestabelecimentos de restauração e o mesmo necessita de ser feito para os serviços públicos.

Por fim, não creio que a crise europeia seja apenas social e democrática. Penso que é tambémuma crise de identidade. Desde que a paz foi alcançada, a liberdade conquistada e ademocracia instaurada, o mundo actual dificultou a muitos dos cidadãos o conhecimentoe a compreensão do significado da história da União.

É por esta razão que domínios como a cultura, a educação, a mobilidade dos artistas, osjovens, os estudantes e as geminações, todas estas coisas, são fundamentais porque aconsciência europeia já não pode ser tida como certa. Ela construir-se-á e penso que estesassuntos têm de impregnar a Presidência francesa.

Por último, é óbvio que iremos julgá-lo durante seis meses. Para um francês, não háproblema porque, em França, um semestre é muito tempo, como sabe. Portanto, emDezembro teremos os resultados. O certo é que o Tratado não terá certamente sidoratificado. Quis um tratado simplificado e arranjou uma situação complicada; agora,resolva-a!

Gostaria de terminar com uma frase emprestada de um escritor polaco que diz o seguinte,Senhor Presidente, se me permite: "Ser francês é ter em consideração outras coisas que nãoa França". É esta a reputação que temos e talvez Vossa Excelência também a tenha umpouco, Senhor Presidente.

Nicolas Sarkozy, Presidente em exercício do Conselho. − (FR) Senhor Presidente, gostariade apresentar as minhas sinceras desculpas à senhora deputada Cristiana Muscardini porqueme deixei levar pelo entusiasmo que o senhor deputado Poignant realçou tão gentilmente,esquecendo-me de lhe responder e de lhe dizer o quanto necessitaremos do seu grupo.

Conheço os seus membros e sei que estão entre aqueles que amam a Europa e que existemdeputados ao PE que amam igualmente as suas nações. Senhora Deputada Muscardini,pode estar certa de que terei em consideração as suas observações e que ao longo dospróximos seis meses tentarei, juntamente com as Instituições Europeias, construir umaEuropa que responda às suas preocupações.

Portanto, coube à senhora deputada demonstrar – provando que o senhordeputado Poignant tem razão – que me esqueço de quão sobrestimada é a minha reputação.

Marielle De Sarnez (ALDE). – (FR) Senhor Presidente, há algumas semanas, a Irlandadisse "não" e eu penso que este facto, como todos sabemos, ilustra a divisão crescente entreos cidadãos europeus.

Obviamente, este "não" não deveria ser subestimado e creio que, pelo contrário, deveriaobrigar todos os líderes políticos a terem em conta as expectativas e as preocupações do

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povo e a tentarem dar-lhe respostas, independentemente do tratado em vigor. Mesmo quetivéssemos o Tratado de Lisboa amanhã, os problemas não desapareceriam por artesmágicas.

A Presidência francesa optou por centrar-se em quatro domínios, o que é muito útil, emespecial quanto às alterações climáticas. Todavia, nesta época de crise profunda (crisefinanceira e alimentar, subida acentuada do preço das matérias-primas, crescente escassezde petróleo e respectiva subida de preço), penso que o que as pessoas esperam não é apenasuma questão de matérias, mas é também uma questão de visão; o que as pessoas esperamé uma questão de perspectivas.

Gostaria agora de sugerir três vias de reflexão. A primeira respeita à questão fundamental,essencial da nossa identidade. Acredito convictamente que existe um modelo europeu,que existe um projecto de sociedade europeia. Este modelo europeu é económico,sustentável e também social. Por exemplo, este modelo europeu procura combater ascrescentes desigualdades. Existe, portanto, um modelo europeu do qual nos devemosorgulhar, que devemos reivindicar, assumir, defender e proteger. Esta é a primeira via.

Depois, temos uma segunda via para reflexão. Penso que necessitamos de uma nova visãoquanto à organização do mundo. Ao dizer isto, penso particularmente em África. Pensona questão dos produtos agrícolas; penso que deveríamos parar de subvencionar asexportações dos nossos produtos agrícolas e, em vez disso, trabalharmos no sentido deÁfrica ser auto-suficiente em termos de alimentos e de energia. É esta a nova revoluçãoque precisamos para termos um mundo mais justo no futuro.

(Aplausos)

Por último, acredito, e nunca deveríamos esquecer-nos disto, que existem valores europeusaos quais nunca deveríamos renunciar: chamam-se democracia e direitos humanos e sãoválidos para nós, na Europa, e serão válidos no futuro da União para o Mediterrâneo, ondeos negócios não se sobreporão aos direitos humanos. A questão dos direitos humanos éessencial para as décadas que se avizinham; é a identidade intrínseca da Europa e mereceser defendida.

Senhor Presidente, estas são algumas das questões que, na minha opinião, temos de abordar;dizem respeito a matérias fundamentais, ou seja, à visão e ao significado mais profundoque temos e queremos dar à Europa. Estas questões são não só um assunto de política, mastambém um assunto de consciência.

Brian Crowley (UEN). - Senhor Presidente, gostaria de dar novamente as boas-vindas aEstrasburgo ao senhor Presidente Sarkozy e de felicitá-lo por trabalhar conjuntamentecom o Parlamento e por ser genuíno nas suas ideias, apesar de saber de antemão que nãohaveria um consenso generalizado na Assembleia relativamente às mesmas.

Há muito tempo que nos agarramos às ideologias fracassadas do passado, que fechamosos olhos às novas fronteiras com que nos deparamos e que não enfrentamos esses desafiosde cabeça erguida. Temos jogado pelo seguro, recuando para a zona de conforto dos ideaisimperialistas do passado ou do controlo pós-fascista ou ainda, atrevo-me a dizer, dos novosparadigmas de pensamento do século XX quanto à vida humana e aos direitos humanos.

A complexidade do mundo de hoje é muito diferente e muito mais variada, sendo impossívelabordá-la da perspectiva de uma única ideologia ou de um único plano. Mencionou comrazão a importância de trabalhar conjuntamente com outros Governos mundiais: com a

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China para resolver o problema do Chade e do Sudão, assegurando que os problemas deÁfrica e do mundo em desenvolvimento são enfrentados de cabeça erguida.

Hoje homenageamos as vidas de sete elementos das forças de manutenção da paz queperderam a vida no Sudão, cumprindo um mandato das Nações Unidas, simplesmenteporque os Governos não intervieram adequadamente e não pressionaram as autoridadesdo Chade e do Sudão a proteger as vidas dos refugiados e dos requerentes de asilo.

Fica bem debatermos com falinhas mansas neste Parlamento a importância da imigraçãoe da autorização da liberdade de circulação das pessoas. Porém, é melhor se permitirmosàs pessoas ficarem em casa. Venho da Irlanda, uma nação que teve de exportar 12 milhõesdos seus cidadãos ao longo de mais de cem anos. Nenhum deles queria deixar a Irlanda.Foram obrigados a deixar a Irlanda. Se dermos às pessoas a oportunidade de permaneceremnos seus próprios países, se as ajudarmos através de mecanismos das políticas por nóselaboradas, seja no comércio ou noutros domínios, podemos consegui-lo.

Por último, Senhor Presidente em exercício, afirmou há pouco que a legitimidade da suaposição ao trazer a ratificação do Tratado de Lisboa ao Parlamento era a única forma deconseguir essa mesma ratificação. Concordo consigo. Está certo para a França. Masigualmente legítimo é o direito a um referendo e esse direito deveria ser sempre protegido.Não pode ser um ou outro. Existem problemas e dificuldades suscitados pelo resultado naIrlanda, mas esse problema não respeita exclusivamente à relação da Irlanda com a Europa.O problema suscitado espelha um mal-estar mais profundo do povo e da Europa.

Mikel Irujo Amezaga (Verts/ALE). – (FR) Senhor Presidente, gostaria de interrogá-loagora sobre a posição da Presidência francesa relativamente à diversidade linguística. Adiversidade é um princípio fundador da Europa. Todas as línguas do mundo fazem partedo património da humanidade e é um dever das instituições públicas agir em sua defesa.

(ES) Senhor Presidente, as conclusões do Conselho de 22 de Maio sobre o multilinguismoconvidaram a Comissão a elaborar um quadro global de política relativamente aomultilingualismo; a Comissão anunciou que assim fará até ao Outono.

Qual será a posição e que acções adoptará a Presidência francesa relativamente à políticado multilingualismo? Qual será a posição da Presidência e que papel esta atribuirá às línguasnão oficiais da UE, também chamadas línguas "regionais" e "minoritárias"?

Porque, Senhor Presidente, enquanto aguardamos a votação no Senado francês na próximasemana, a França é actualmente um exemplo muito mau para todos aqueles entre nós queacreditam que a diversidade linguística constitui um património comum de todos oseuropeus.

(O orador prossegue a intervenção em basco)

Nigel Farage (IND/DEM). - Senhor Presidente, gostaria de responder ao senhor Presidenteem exercício Sarkozy. Senhor Presidente Sarkozy, Vossa Excelência é um excelente orador,mas não tenho tanta certeza de que seja um bom ouvinte. O programa da Presidência porsi apresentado esta manhã mostra que quer uma União Europeia que controle literalmentetodos os aspectos das nossas vidas, desde uma política de imigração comum até à formacomo gerimos os nossos hospitais e os nossos clubes de futebol.

Também percebi das suas declarações que nos quer muito isolados do resto do mundo,que não faremos comércio com quem não se reger pelas mesmas normas que nós. Mas opior de tudo é a completa arrogância com que afirma saber o que é melhor para o projecto

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europeu. Está a demonstrar desprezo não só pelo povo irlandês, mas também pelo próprioconceito de democracia do qual se diz um defensor.

Afirmou que o presidente polaco tem de cumprir a sua palavra, que tem de ratificar oTratado pois assim foi por ele acordado. Pois bem, o povo irlandês falou. Respeitará o votoirlandês? Honrará a sua parte deste contrato que diz que o Tratado está morto? Eu pensoque Vossa Excelência não percebe, pois não? Os povos da Europa não pretendem umaintegração política mais aprofundada. Foi por esta razão que a França disse "não", que aHolanda disse "não" e que a Irlanda disse "não"; e se tivéssemos realizado uma votação naGrã-Bretanha, uma esmagadora maioria teria dito "não".

Democracia a que preço, Senhor Presidente Sarkozy? Em 21 de Julho irá a Dublim. Porfavor, não tente fazer com os irlandeses o que fez em França, tentando evitar um segundoreferendo, tentando fazer com que alterem as normas e que ratifiquem este Tratado pelaporta das traseiras. Tal seria uma demonstração de total desprezo pela democracia. Porfavor, não o faça.

Margie Sudre (PPE-DE). – (FR) Senhor Presidente, Senhor Presidente em exercício doConselho, para satisfazermos as nossas expectativas e as expectativas dos nossosconcidadãos, o Conselho a que Vossa Excelência preside e o Parlamento têm de demonstraruma vontade política clara, inteligível e concreta. A sua presença na liderança do Conselhoconstitui, desde logo, uma garantia de determinação. A este propósito, todos nóstestemunhámos, aqui em Estrasburgo e em Bruxelas, a qualidade dos trabalhos preparatóriospara esta Presidência de seis meses e a disponibilidade dos membros do Governo francês.

As prioridades que enumerou há pouco são as adequadas para dar resposta às preocupaçõesdos cidadãos da UE. Da mesma forma, os outros desafios que apresentou, incluindo agovernação económica da área do euro em resposta à subida em flecha dos preços globaisdas matérias-primas e dos hidrocarbonetos ou a criação de uma zona de estabilidade e deprosperidade na Bacia do Mediterrâneo, são completamente representativos do seucompromisso relativo a uma União Europeia mais activa a enfrentar os problemas e maisatenta à sua população.

Em resposta à opinião pública, nas matérias que suscitam dúvidas e nas quais, por vezes,as pessoas cedem à tentação de recuar para o nível nacional para resolverem os problemas,é agora mais importante do que nunca lembrar que o nosso continente tem um númeroconsiderável de recursos e que continua a ser uma das raras zonas de estabilidade nummundo cada vez mais imprevisível. A União Europeia deveria procurar demonstrar quenão se submete à globalização sem proteger a sua população e eu saúdo o seu compromissoquanto a provar isto mesmo.

Por fim, como a União está a atravessar uma crise significativa de confiança, queremossinceramente que a Presidência francesa conclua os mais de quinze anos de esforços parareformar o funcionamento da Europa alargada. Precisamos que o Tratado de Lisboa entreem vigor o mais depressa possível, o que afirmou convictamente. Todos confiamos em sipara negociar com os nossos amigos irlandeses e para convencer os poucosEstados-Membros ainda hesitantes a ratificarem o Tratado de uma vez por todas.

Senhor Presidente, Vossa Excelência declarou no passado fim-de-semana que não estavapreparado para voltar a enfiar a bandeira europeia no bolso e, de facto, constatámos quea hasteou sob o Arco do Triunfo, ao lado da bandeira francesa. Interpretamos este gesto

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simbólico como uma prova da sua determinação em agir ao serviço da Comunidade eagradecemos-lhe, Senhor Presidente.

Poul Nyrup Rasmussen (PSE). - Senhor Presidente, permita-me dirigir a palavra aosenhor Presidente em exercício e dizer-lhe que sou Rasmussen I, a não confundir comRasmussen II; porém, quero assegurá-lo de uma coisa. Vossa Excelência fala sabiamentesobre o novo Tratado de Lisboa e eu digo ao senhor deputado Farage que ele se esqueceudo caso dinamarquês. Votámos "não" a Maastricht, mas votámos "sim" ao acordo deEdimburgo e nunca teríamos sonhado dizer que, por termos votado "não" na primeirafase, iríamos bloquear o resto da Europa. Nunca diríamos tal coisa. O senhor deputadoFarage está errado: isso não é democracia.

Quero somente assegurá-lo, Senhor Presidente em exercício, e assegurar a França de queencontrámos a solução para a Dinamarca e de que encontraremos uma solução para opovo irlandês.

Em segundo lugar, quero dizer-lhe o seguinte: tenho um apelo a fazer a Vossa Excelênciaem nome do Partido Social-democrata Europeu e de todos os meus colegas, líderes e famíliapolítica. O meu apelo é que adicione mais uma prioridade às suas quatro prioridades. Aminha prioridade – e espero que venha a ser sua, sei que é sua – respeita ao emprego, aocrescimento, à sustentabilidade. Vossa Excelência disse – e fiquei muito contente ao ouvi-lodizer: "Precisamos de regular melhor os mercados financeiros". Não podia estar mais deacordo consigo. Estamos presentemente a trabalhar neste mesmo Parlamento para terminarum relatório e espero – e apelo aos meus colegas dos Grupos PPE-DE e ALDE – quepossamos entregar à Presidência francesa um relatório sensato sobre melhor regulação.

Falo de transparência. Falo de melhor regulação da imparcialidade, dos prémios concedidos,das opções sobre acções e de tudo o resto sobre o qual discursou tão sensatamente. Falode responsabilização e de responsabilidade, para assegurar que o mercado financeiro sejauma força de financiamento paciente e das nossas necessidades de investimento a longoprazo para mais e melhor emprego.

A propósito deste assunto, tenho mais uma ideia para si. Tem razão quando afirma queestamos a perder crescimento, que estamos a perder postos de trabalho, em especial noReino Unido, em Espanha e também em França. Por que motivo não tomamos uma novainiciativa para o crescimento, uma nova acção coordenada de investimento? Imagine oseguinte cenário: se cada um de nós investir conjuntamente só mais um por cento naeducação, na estrutura, em todas as questões relevantes, teremos nos próximos quatroanos pelo menos mais 10 milhões de postos de trabalho do que temos actualmente. Imagineo que poderíamos fazer juntos.

Vossa Excelência afirmou que o desporto é mais do que economia de mercado. Euacrescentaria: concordo e tal aplica-se à Europa como um todo. A Europa é mais do queeconomia de mercado. Engloba postos de trabalho e pessoas. Preocupemo-nos com eles.Desejo muitas felicidades à Presidência francesa.

Silvana Koch-Mehrin (ALDE). – (FR) Senhor Presidente, Vossa Excelência afirmou "AFrança não pode julgar o "não" irlandês".

(DE) Concordo. O "não" irlandês deve ser respeitado. O povo irlandês tinha todo o direitoa votar como votou. Todavia, todos os outros países da Europa têm também o direito deprosseguir em direcção a uma Europa mais democrática e mais transparente com maiscapacidade para agir. O Tratado de Lisboa é um passo nesta direcção. Por isso, saúdo o

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facto de a ratificação estar em marcha. Contudo, penso igualmente – e neste ponto nãopartilho o seu ponto de vista, discordo – que seria benéfico dizermos abertamente que jáexiste uma Europa a várias velocidades. Pensem no euro, no Acordo de Schengen, na Cartados Direitos Fundamentais e em muitos outros domínios. As sensibilidades e os desejosdos Estados-Membros da UE estão espelhados nas respectivas escolhas de diferentesvelocidades em domínios abordados em conjunto.

Uma Europa a várias velocidades possibilita que os países que querem ir mais longe juntosassim o façam, uma vez que é importante conservarmos o princípio da voluntariedade naEuropa. É importante que os países que queiram agir conjuntamente o façamvoluntariamente e que todos os países tenham a opção de se associarem em qualquermomento. Nenhum país deve ser obrigado a adoptar um grau mais elevado de solidariedade.

Uma Europa a várias velocidades também facilita a continuação das negociações de adesão.Penso que está errado punirmos a Croácia e a Turquia porque a maioria do povo irlandêsvotou "não".

Senhor Presidente em exercício, tem toda a razão em orgulhar-se de o seu país ser a casados direitos humanos. Os direitos humanos são intemporais; são universais. Os JogosOlímpicos são um acontecimento desportivo, não um acontecimento político. Porconseguinte, acredito que está errado Vossa Excelência querer deslocar-se à China para acerimónia de abertura e fico contente por o Presidente do Parlamento Europeu, oSr. Pöttering, não ir à China.

Senhor Presidente em exercício, permita-me dizer para terminar que encontrou no seuassento uma saudação de muitas das minhas colegas deputadas – uma rosa e uma carta.A carta solicita-lhe que faça o que está ao seu alcance para que mais mulheres cheguem aotopo da União Europeia. As mulheres estão a depositar as suas esperanças em si enquanto"cavalheiro". Por favor, permita-me adicionar mais um pedido: enquanto representantedemocraticamente eleito, espero que nos apoie a assegurar que este Parlamento Europeutem capacidade para adoptar uma decisão independente sobre o Tratado em que se baseia.

Adam Bielan (UEN). - (PL) Senhor Presidente, Senhor Presidente em exercício doConselho, em primeiro lugar gostaria de apresentar os meus sinceros parabéns por assumira Presidência da União Europeia. Esta não será uma Presidência fácil. Coincide com umperíodo difícil, mas obviamente desejo-lhe sucesso. A Irlanda rejeitou o Tratado de Lisboa.Não podemos excluir a possibilidade de a Irlanda mudar de ideias no futuro, mas édefinitivamente inaceitável tentar influenciar a decisão irlandesa através de ameaças, damesma maneira que os franceses e os holandeses não foram ameaçados quando rejeitaramo Tratado há três anos e deram início aos problemas com que nos deparamos hoje. Ospaíses da UE não podem ser divididos em melhores e piores. Por conseguinte, agradeço-lhepor ter afirmado hoje que nenhum dos 27 Estados-Membros pode ser excluído da famíliaeuropeia, como a senhora que interveio antes de mim, a senhora deputada Koch-Mehrin,talvez gostasse.

Senhor Presidente, gostaria também de aproveitar esta oportunidade para lhe agradecer arecente abertura do mercado de trabalho francês aos polacos, entre outros. Há algum tempoque esperávamos por isso – há muito mais tempo do que noutros países, mas mais valetarde do que nunca.

Um assunto que não ouvi mencionado no seu discurso de hoje refere-se ao nosso vizinhoeuropeu de maiores dimensões, a Ucrânia. Não obstante, espero que a cimeira marcada

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para 9 de Setembro de 2008, em Evian, nos aproxime significativamente da assinatura deum acordo de associação com a Ucrânia. Afinal de contas, neste momento, uma mensagemclara da União Europeia é de especial importância para os nossos amigos na Ucrânia, emespecial numa altura em que se verificam mais ameaças da Rússia.

Por último, em nome dos milhões de europeus actualmente afectados pela subida contínuados custos, gostaria de agradecer ao Senhor Presidente os esforços que envidou para fazerbaixar o IVA sobre o combustível. Gostaria de manter a esperança de que, durante aPresidência francesa, Vossa Excelência irá convencer outros líderes a seguirem as suaspisadas, incluindo o primeiro-ministro do meu país, a Polónia.

Werner Langen (PPE-DE). – (DE) Senhor Presidente, Senhoras e Senhores, gostaria deelogiar abertamente o Senhor Presidente em exercício do Conselho. Esta é a 29.ª Presidênciado Conselho a que assisto e devo dizer sem quaisquer reservas que nunca testemunhei umaapresentação tão convincente de um programa e de um ideal europeu como este, e digo-ocom toda a sinceridade.

(Aplausos)

Só existiu uma outra ocasião em que um presidente em exercício do Conselho foi recebidoainda mais calorosamente, mas tal aconteceu apenas na abertura. No final, nada cumpriuda agenda. Falo do Primeiro-Ministro britânico, Sr. Tony Blair. Estamos certos, SenhorPresidente Sarkozy, de que terminará a sua Presidência do Conselho daqui a seis mesescom bons resultados. A forma como explicou tudo hoje – a forma como respondeu àsquestões levantadas pelos senhores deputados, o facto de se ter familiarizado com as pastase de não estar a apresentar uma "lista de desejos", mas uma série de prioridades fundadasno bom senso –, tudo isto me dá esperança de que Vossa Excelência é, de facto, capaz derealizar o seu programa ambicioso.

Se precisa que trabalhemos consigo para concluir o pacote sobre alterações climáticas,pode contar com o apoio deste Parlamento. Todavia, temo ser provável que existamproblemas adicionais no seio do Conselho, problemas relativos à responsabilidade doConselho e de cada Estado-Membro: que as quotas previstas não serão aceites aqui. Tambémconcordamos consigo quando afirma que a energia nuclear tem de estar representada nestepacote sobre alterações climáticas. Aqui, neste Parlamento, existe uma clara maioria a favorda utilização civil da energia nuclear. Não deixe que aquelas T-shirts o confundam.

Relativamente à vontade da Alemanha e da França de assumirem conjuntamente a liderançada União Europeia relativamente a questões de conteúdo – não relativamente a declaraçõesde grande importância de natureza política global – estamos do seu lado. Devo dizer-lheque é óbvio que a senhora deputada Koch-Mehrin não estava a ouvir quando VossaExcelência explicou as razões subjacentes à sua posição relativa à China. Foi uma lição dediplomacia para este Parlamento e só posso encorajá-lo a permanecer tão coerente e firmecomo se tem mostrado até agora nestas matérias.

Robert Goebbels (PSE). – (FR) Senhor Presidente, Senhor Presidente em exercício doConselho, Senhor Presidente da Comissão, 10 nações produzem 60% do total das emissõesde dióxido de carbono. Estes 10 países incluem apenas um país europeu – a Alemanha.Os 27 Estados-Membros representam apenas 14% do total das emissões. Os Estados Unidos,17%; o Brasil, a Rússia, a Índia e a China têm emissões cumulativas que excedem um terçodo total das emissões de dióxido de carbono. Tudo isto prova que as iniciativas europeias

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para combater as alterações climáticas continuarão a ser vãs, sem esforços comparáveispor parte dos americanos, dos chineses e das outras nações industrializadas.

Enquanto aguardamos este acordo, a Europa tem de combater as emissões de carbono.Actualmente, nenhum grande grupo industrial está a investir na Europa. A ArcelorMittalestá a fechar na França, mas a investir no Brasil, na Rússia, na Turquia, na Índia e na China.A ThyssenKrupp está a investir no Brasil; o grupo austríaco Vöest Group está a investir naÍndia. No Norte de África, estão actualmente a ser construídas 10 fábricas para produçãode vidro flutuante para o mercado europeu.

Na ausência de um compromisso específico por parte de outros Estados industrializados,a Europa tem de mostrar a sua determinação em defender a sua estrutura industrial, as suastécnicas industriais. Impor sacrifícios aos cidadãos europeus não terá qualquer resultadose o resto do mundo não acompanhar a Europa.

(Aplausos)

Jean-Marie Cavada (ALDE). – (FR) Senhor Presidente, Senhor Presidente em exercíciodo Conselho, tal como o senhor Presidente do Parlamento Europeu, tal como muitos outroscolegas deputados, sou filho das ruínas da Segunda Guerra Mundial e, por conseguinte,aprecio a dedicação presente na sua intervenção que desconsidera o cepticismo. Vejo ocepticismo como algo pertencente ao espírito de Munique e como o ácido que dissolve avontade europeia. Foi por esta razão que gostei muito da energia que emanou do seudiscurso que, tal como a senhora deputada Lulling disse há pouco na televisão, considerámosclaro, preciso e, posso afirmá-lo sem a mínima afectação, convincente.

A segunda coisa que gostaria de dizer, Senhor Presidente, é que não há dúvidas de queVossa Excelência tem razão e isto tem de ser dito nesta Assembleia. Os medos na Europae as ameaças a este continente eram certamente maiores durante a sua construção na décadade 1950, mas ao passo que a natureza destes medos mudou, muitos deles persistem aindahoje. É por esta razão que é necessária uma resposta absolutamente determinada.

Estou muito satisfeito com as prioridades: digo-o sinceramente porque são reais, emparticular a política de imigração que será liderada pelo senhor Ministro Hortefeux, nossoantigo colega. Há dois anos, tive a honra de representar o Parlamento Europeu naConferência Euro-africana, em Rabat. Pela primeira vez, os países com as mesmasresponsabilidades foram reunidos, quer fossem países de origem, de passagem ou deacolhimento de imigrantes e, tal como o senhor deputado Watson disse há pouco, pensoser muito importante termos uma política generosa de proximidade e de vigilância, emespecial – e porque não? – através da estrutura da União para o Mediterrâneo.

Por fim, um último reparo; Senhor Presidente, não se esqueça que a razão pela qual a Europatem uma influência ímpar em todo o mundo é ser um berço da cultura; porque é a culturaque cimenta as nossas diferenças; porque a cultura é a plataforma dos nossos sistemaspolíticos e é por esta razão que somos vistos de forma completamente diferente.Provavelmente, a sua energia será necessária se quisermos agir determinadamente nodomínio da cultura.

Jan Zahradil (PPE-DE). – (CS) Senhor Presidente, em primeiro lugar, gostaria de mostraro meu agrado pelo facto de a França ter aberto, a partir de 1 de Julho, o seu mercado detrabalho a novos Estados-Membros, removendo assim uma das últimas barreiras entre osEstados-Membros "antigos" e "novos". Só espero que a Sr.ª Merkel siga este exemplo. AFrança, a República Checa e a Suécia prepararam conjuntamente um programa de

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Presidência de 18 meses e estou contente por o referido programa dar prioridade à questãoda energia, que é absolutamente fundamental, e também à questão da reforma da políticaagrícola comum porque esta matéria está relacionada com a estrutura financeira pós-2013e, por conseguinte, com o dinheiro que teremos disponível no futuro. É com agrado quevejo que a França quer resolver estas questões e estes problemas actuais porque é isto quepreocupa e interessa as pessoas.

Quanto a questões institucionais, não falo enquanto membro do PPE, mas como membrodos DE, pelo que não deve constituir surpresa que não estejamos completamente de acordonesta matéria. Acredito que não podemos estacar perante o Tratado de Lisboa como umcoelho apanhado pelos faróis. Não é o fim do mundo e nós não pretendemos criar umaatmosfera de crise, pelo que a situação tem de ser resolvida calmamente, sem qualquerpressão política, sem quaisquer truques jurídicos e de acordo com as nossas própriasnormas. Estas normas estabelecem que nenhum tratado pode entrar em vigor sem o acordode todas as partes e, presentemente, não dispomos desse acordo. Creio que é possívelcontinuarmos a expandir-nos sem o Tratado de Lisboa. Acredito que pelo menos a Croáciapode ser aceite na União Europeia sem o Tratado de Lisboa. Do mesmo modo, não acreditoque tenhamos de optar entre Nice e Lisboa. Temos certamente várias opções e devemosser capazes de analisá-las racionalmente e sem histeria e de resolver a situação. Em todo ocaso, Senhor Presidente, desejo-lhe muitos êxitos na sua liderança da União Europeia.

Pasqualina Napoletano (PSE). – (IT) Senhor Presidente, Senhoras e Senhores, temosseguido a iniciativa da União para o Mediterrâneo, na qual se centrará a cimeira do próximodomingo, em Paris, e esperamos que a iniciativa seja bem sucedida.

Porém, gostaria de clarificar algumas questões. Esta iniciativa tem como objectivo reforçara dimensão euromediterrânica multilateral. Acredito que tal está certo e que devemosavançar nesta direcção. Todavia, penso que se existe uma política que necessita de umaavaliação crítica é a política de vizinhança com os países do sul porque esta coloca emconcorrência países muito divididos. Temos de trabalhar para a integração entre estespaíses e entre eles e a Europa e de afectar recursos a este domínio.

Dir-lhe-ei abertamente, Senhor Presidente em exercício do Conselho, que não nos agradou– e digo isto também ao senhor Presidente Barroso – ter acabado com o financiamento doprograma Audiovisuel Méditerranée, que constituía o único instrumento de co-produçãocultural. Afirmou existir uma excepção cultural europeia, mas eu acrescentaria, SenhorPresidente, que existe uma excepção cultural euromediterrânica. Se considerar os 20maiores intelectuais do mundo, encontrará entre os 10 maiores muitos intelectuais decultura muçulmana e imensos euromediterrânicos.

Portanto, ajudemo-nos uns aos outros para criarmos políticas eficazes que mudem as vidasde muita gente nestes países, em especial dos jovens e das mulheres, que colocam as suasesperanças na Europa. Não precisamos de bons alunos: precisamos de mudar a realidadedesta relação e o Parlamento está pronto para cooperar com a sua Presidência, caso pretendaagir neste sentido.

José Ignacio Salafranca Sánchez-Neyra (PPE-DE). – (ES) Senhor Presidente, asprioridades da Presidência francesa da UE são prioridades realistas que, a meu ver, têmcapacidade suficiente para dar resposta às críticas que o Sr. Durão Barroso, Presidente daComissão, mencionou e que têm a ver com a impotência e com a incapacidade da Europaem dar resposta às preocupações diárias dos nossos cidadãos: o problema constitucional,os preços dos produtos alimentares e da energia, a Europa da defesa e da imigração.

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Hoje, a morte de um imigrante num camião refrigerado no túnel da Mancha ou atiradoborda fora de uma embarcação patera com destino às Canárias – como aconteceu há apenasalgumas horas – é uma das maiores tragédias contemporâneas. É um problema sério eurgente e a União Europeia tem de encontrar uma resposta adequada.

O senhor deputado Daul, presidente do Grupo do Partido Popular Europeu(Democratas-Cristãos) e dos Democratas Europeus, falou sobre a necessidade de mobilizara vontade política e eu creio que a esta Presidência não falta vontade política.

Porém, Senhor Presidente, a vontade política é necessária, mas não é suficiente: ascircunstâncias também contam e, mesmo que sejam passageiras, de curta duração outemporárias, enquanto existem afectam-nos e impõem-nos limitações e eu saúdo o factode o senhor Presidente Sarkozy ter afirmado que temos de converter as circunstâncias emoportunidades.

Lamento que o senhor deputado Schulz não esteja de momento connosco porque quandoele falou sobre desporto, lembrei-me de uma circunstância particular. Gostaria que acamisola amarela voltasse a ser da Espanha, como aconteceu na primeira etapa da Volta aFrança.

Todavia, o senhor Presidente em exercício do Conselho tem razão quando afirma que odesporto deve ter uma dimensão europeia; vários deputados ao PE solicitaram-me que lhepedisse para considerar a pertinência de os atletas franceses que irão participar nos JogosOlímpicos, que aqui debatemos hoje, envergarem um emblema da UE junto à bandeiranacional, de modo a que outros Estados-Membros possam aderir voluntariamente a estainiciativa.

Senhor Presidente em exercício, esperamos que a Presidência francesa seja capaz de unirforças e de criar consensos para que, tal como Vossa Excelência propôs, a União Europeiapossa avançar decisivamente sob a sua Presidência.

Harlem Désir (PSE). – (FR) Senhor Presidente, Senhor Presidente em exercício doConselho, o senhor quis colocar a sua Presidência sob a égide da Europa que protege, epenso que há de facto uma enorme expectativa nesse sentido entre os cidadãos europeus.Contudo, precisamente por isso, existe aqui uma contradição – e o senhor percebeu amensagem fundamental do Grupo Socialista no Parlamento Europeu – com o facto de nãoter sido conferido à dimensão social da integração europeia o estatuto de uma das quatroprincipais prioridades da sua Presidência.

Na verdade, como vimos em recentes referendos, as pessoas são consultadas sobre asinstituições e os tratados, mas a sua resposta, de facto, diz respeito ao progresso daintegração europeia e depois às políticas europeias. Penso que o desequilíbrio que foi criadonos últimos anos entre o progresso da integração económica – que foi prosseguida, e issoé positivo – e a estagnação da dimensão social está também por trás do desencanto doscidadãos da UE, do seu alheamento das instituições europeias.

O problema não é, portanto, dizer que a Europa se deve envolver em todas as questões denatureza social; o problema é que, a partir do momento em que existe um mercado único,incluindo um mercado único do emprego, é necessário criar regras comuns para combaterdisparidades que, de outro modo, conduzem ao “dumping” social, e assegurar que oselementos de convergência promovem padrões elevados, promovem a melhoria, em vezde arrastarem mais para baixo as situações sociais.

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A Comissão acaba de publicar uma agenda social, mas se o Conselho não se comprometercom algumas questões concretas – o senhor falou numa Europa concreta – a fim de reforçaros poderes dos conselhos de empresa, de proteger os trabalhadores temporários, demelhorar a Directiva relativa ao destacamento de trabalhadores, e a fim de – é necessárioacrescentar isto – assegurar a existência de uma Directiva relativa à protecção dos serviçospúblicos e dos serviços sociais de interesse geral, não haverá uma resposta a esta necessidadede protecção.

Uma das suas prioridades é a Europa da imigração, mas a Europa da imigração não podeser reduzida a uma Europa das expulsões. Por esse motivo é necessário também um pactopara a integração – de que falámos com o Senhor Ministro Hortefeux – e um pacto para odesenvolvimento. O senhor acaba de chegar do G8; a Europa e alguns dos Estados-Membros,incluindo a França, foram acusados de não cumprirem os seus compromissos em termosde ajuda pública ao desenvolvimento. Durante a sua Presidência, zele pelo cumprimentodo compromisso de aproximação dos 0,7% do PIB, o que será mais eficaz para uma boagestão da imigração internacional do que a vergonhosa “directiva do retorno” .

Jerzy Buzek (PPE-DE). - (PL) Senhor Presidente, Senhor Presidente em exercício doConselho, Senhor Presidente da Comissão, concordo com o senhor Presidente em exercíciodo Conselho. Este é um momento difícil para a Europa. Cada um de nós sente issopessoalmente, incluindo eu próprio. Quando fui responsável pelas negociações sobre aadesão do meu país à União Europeia, fiz tudo o que pude para que a futura cooperaçãoeuropeia corresse bem. Gostaria também de sublinhar que hoje, felizmente, não há qualquerproblema com o apoio polaco à UE e ao Tratado. Uma maioria considerável do parlamentopolaco votou a favor do Tratado, e quase 80% dos polacos são a favor da adesão à UE.

Subscrevo a avaliação do senhor Presidente em exercício do Conselho. Temos de agir emfavor e em nome dos nossos cidadãos. A prioridade para nós, os políticos, é um pacoteclima/energia, mas temos de fazer tudo o que nos for possível para que a sua aplicação nãoatinja os europeus com preços elevados e perda de competitividade da nossa economia.Este pacote tem de ser adoptado com alguma celeridade, mas seria negativo se a rapidezviesse em primeiro lugar e a deliberação em segundo. O nosso pacote deve ser a prova danossa liderança na batalha contra o aquecimento global. Concordo que precisamos disto,primeiro em Poznań e depois em Copenhaga; contudo, este pacote não servirá de exemplopara ninguém. Ninguém o seguirá se a economia europeia ficar a perder com a sua aplicação.Congratulo-me, por isso, com o facto de o senhor ver estes perigos, Senhor Presidente emexercício do Conselho, e acreditar que os princípios do comércio de licenças de emissão –porque é essencialmente disso que se trata – serão reestruturados de boa fé. Temos, defacto, experiência. O Regulamento REACH foi significativamente alterado no Parlamentocom o envolvimento do Conselho e da Comissão, em benefício de todos. Podemos seguiro mesmo caminho.

Senhor Presidente em exercício do Conselho, permita-me que o felicite por ter tomado asrédeas na Europa. Desejo-lhe sucesso nas duas matérias mais importantes para os próximosseis meses: o Tratado e o pacote clima/energia.

Enrique Barón Crespo (PSE). – (FR) Senhor Presidente, Senhor Presidente em exercíciodo Conselho, o senhor terá de pegar o “touro pelos cornos” na questão da incerteza emrelação a Lisboa; a França já tem bastante experiência na arte de, por vezes, fazer avançara integração europeia e de, por vezes, a fazer recuar. Peço-lhe que encontre uma solução

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para os irlandeses, respeitando ao mesmo tempo a vontade da esmagadora maioria doseuropeus, que também conta.

Gostaria também de dizer que, de um ponto de vista social, no Tratado de Lisboa estápresente a Carta dos Direitos Fundamentais, está presente o modelo social europeu. Assim,por exemplo, já foram recolhidas mais de um milhão de assinaturas de europeusincapacitados, que representam um em cada quatro agregados familiares e estão a favordo Tratado porque ele elimina uma discriminação secular. O senhor tem, por isso, apoiopara avançar e integrar o modelo social.

No que respeita à imigração, o senhor dirigiu-se à esquerda, mas terá de reconhecer queos governos de esquerda têm dado ideias que lhe têm permitido preparar um pacote menosfechado e mais progressista, que julgo que o Parlamento poderá melhorar ainda mais, mastemos de trabalhar persistentemente nesta matéria.

Mais ainda, Senhor Presidente – e isto está directamente ligado à imigração – o senhorfalou da PAC, mas não fez referência a Doha; é, todavia, importante que a Europa unidaseja capaz de encontrar uma solução e dar reposta aos Objectivos do Milénio, porque tudofaz parte do mesmo pacote; trata-se de explorar a nossa capacidade económica parafazermos avançar toda a humanidade.

Stefano Zappalà (PPE-DE). – (IT) Senhor Presidente, Senhor Presidente em exercício doConselho, caros Colegas, na qualidade de presidente da delegação italiana do Grupo doPartido Popular Europeu (Democratas-Cristãos) e dos Democratas Europeus, congratulo-mecom o facto de ter assumido o leme da Europa e congratulo-me com o que o senhor disse.O senhor irradia entusiasmo e orgulho. O senhor acredita e faz as pessoas acreditaremnuma instituição, a Europa, que tem muitos problemas e que precisa realmente de líderessensatos, esclarecidos e conscientes, que foi o que o senhor demonstrou ser.

A Itália teve sempre fortes laços culturais e sociais com a França: são dois países que fizeramenormes sacrifícios para fundar e para construir a Europa, que todos os seus membros têmagora o dever de desenvolver. Qualquer pessoa que trabalhe nesta instituição sabe que oprocesso de desenvolvimento e integração pode enfrentar inúmeras porque é um processoque tem de ser construído entre povos com diferentes histórias, culturas, situações sociaise tradições. As posições politicamente oportunistas exprimidas ainda há pouco pelo senhordeputado Schulz acerca do actual e muito popular Governo italiano não ajudam certamente.No entanto, é um processo que temos de fazer avançar apesar das desilusões que ele porvezes implica.

O Tratado de Lisboa, um excelente tratado, está em segundo plano e será necessária umagrande boa-vontade para o recuperar, se queremos evitar marginalizar aqueles que não oentenderam. Contudo, concordo com o que o senhor disse: antes de qualquer futuroalargamento, temos de definir novas regras, mas sem deixar a Irlanda num limbo. A ondade imigração com destino à Europa, especialmente a alguns Estados-Membros, eprincipalmente ao meu país e aos países da zona do Mediterrâneo, tem de ser regulamentadae vista como um problema comum em vez de um motivo para fazer distinções ou para,na realidade, explorar a situação penalizando países que já estão a fazer tantos sacrifícios.Os povos dos nossos países têm de ser salvaguardados e a integração tem de ser construídanuma base razoável.

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Senhor Presidente em exercício do Conselho, o Governo e o povo italianos observam oseu mandato com atenção e com confiança, na certeza de que a posição na história e nasociedade que o senhor representa hoje injectarão esperança e desenvolvimento na Europa.

Zita Gurmai (PSE). - (HU) Três coisas – como única oradora do lado oriental do Murode Berlim. Estou desiludida pelo facto de a igualdade de oportunidades ter sido deixada defora do discurso do senhor Presidente. Felizmente, Senhor Presidente em exercício doConselho, nós, as mulheres dos sete partidos políticos, descrevemos com rigor aquilo quepretendemos numa carta: é a flor, é a nossa flor para si, caro Presidente.

Em primeiro lugar, saúdo os esforços da Presidência francesa a nível europeu nos interessesda igualdade social entre homens e mulheres, mas, ao mesmo tempo, parece contraditórioque as instituições locais que tratam da igualdade de oportunidades estejam a ser fechadas.Será que se considera aconselhável aplicar a nível europeu uma política diferente da que aFrança aplica?

Segundo: o Senhor Presidente informou os cidadãos franceses de que serão criados 350 000lugares para acolhimento de crianças durante os próximos cinco anos. Esta é uma medidaimportante, já que proporciona iguais oportunidades a homens e mulheres no mercadode trabalho, bem como uma oportunidade para combinarem a vida profissional e a vidafamiliar. Boa qualidade, preços comportáveis e acessibilidade a todos são factores essenciaispara que isso aconteça, uma vez que se trata de um instrumento para a igualdade deoportunidades e para a integração.

Na questão da vida familiar, achará o senhor Presidente que as mulheres serão capazes deconjugar as suas actividades profissionais e familiares se trabalharem 65 horas por semana?As mulheres estão mais indefesas no local de trabalho e, geralmente, não são membros deorganização profissionais.

Sim, precisamos de uma política europeia comum de imigração, mas ela tem de discutiros direitos e as obrigações dos cidadãos e dos imigrantes. A política de migração tem deser complementada pela política de integração do país receptor. Muito obrigada.

Ioannis Varvitsiotis (PPE-DE). - (EL) Senhor Presidente, gostaria de me dirigir ao senhorPresidente em exercício do Conselho para dizer o seguinte: aguardava com expectativa ecom particular interesse o seu discurso de hoje. A posição que manifestou hojeconvenceu-me de que o senhor criará ondas durante os seis meses da sua Presidência.

O mundo inteiro enfrenta uma das mais graves crises económicas das últimas décadas,mas a Europa enfrenta também as suas próprias crises.

É óbvio que, hoje, a Europa a 27 não pode funcionar de acordo com as regras da Europaa 15. É esta a crise institucional que a Europa está a atravessar. É também óbvio que, hoje,alguns Estados-Membros não querem a unificação política da Europa e não querem queseja realizada a visão dos nossos antecessores. Isto é uma crise de identidade. A criseinstitucional será resolvida, mas como se poderá resolver a crise de identidade?

Parece-me, infelizmente, que há apenas uma solução: os Estados-Membros que queremharmonização política devem avançar, e os Estados-Membros que vêem a Europa apenascomo uma união económica devem ficar para trás. Receio, com efeito, que se nãoavançarmos com esta solução, a Europa deixará de ser um jogador no tabuleiro do xadrezinternacional.

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As crises podem induzir grandes saltos em frente, mas apenas se houver a coragemnecessária. Acredito que o senhor tem visão e coragem. Seja corajoso!

Othmar Karas (PPE-DE). – (DE) Senhor Presidente, Senhor Presidente em exercício doConselho, a sua orientação de base tem o meu total apoio. Acredito que o senhor é oPresidente em exercício do Conselho certo num momento extremamente delicado, e quetem a necessária sensibilidade às preocupações das pessoas e a necessária determinaçãopara liderar e para conciliar. Quando estava a responder às perguntas, o senhor não sacudiua água do capote e chamou as coisas pelos nomes. Não fugiu, antes enfrentou as questões.

Gostaria de sublinhar em particular o seu forte compromisso com a democraciaparlamentar. Este compromisso é especialmente importante nos dias de hoje porque, emvários Estados-Membros – incluindo o meu país de origem, a Áustria – está-se a propugnara democracia directa em oposição à democracia parlamentar, com a consequenteincapacitação dos parlamentos em matérias europeias nas democracias parlamentares.Defendamos em conjunto a democracia parlamentar e lutemos contra a sua incapacitação.

(Aplausos)

Também é importante para mim que o senhor tenha abordado directamente a cobardiaou, pode dizer-se, a duplicidade de critérios de muitos governos e membros de governosem relação às suas responsabilidades europeias partilhadas, já que esta duplicidade decritérios é uma das principais causas da falta de confiança e das acusações mútuas a quetemos de pôr fim. Não pedimos que todos sejam mais arrojados, mas pedimos que todossejam honestos e tenham princípios.

Gostaria de mencionar mais três questões. A primeira é a sua posição sobre o Tratado. Osenhor não ficou paralisado, não está à espera da Irlanda, está a continuar o processo deratificação, aproximando-se, ao mesmo tempo, da Irlanda. Acredito firmemente que sóchegaremos a acordo com a Irlanda depois de os outros 26 Estados-Membros teremratificado o Tratado.

Contudo, não podemos deixar a Croácia ao abandono. Saúdo o seu compromisso de abrirtodos os capítulos até ao final do ano. Precisamos também de um calendário para aMacedónia. Peço ainda ao Conselho que tome uma decisão relativamente ao “Small BusinessAct” na sua Cimeira de Dezembro, já que as principais competências são da responsabilidadedos Estados-Membros. Precisamos de disposições vinculativas e não de mais uma declaraçãopolítica pública.

Genowefa Grabowska (PSE). - (PL) Senhor Presidente, tenho boas notícias da Polónia.Hoje, Senhor Presidente, está a ser realizado um debate no Parlamento polaco que culminaránuma resolução que insta o Presidente polaco a cumprir o seu dever constitucional e assinaro Tratado de Lisboa. É esta a vontade dos polacos, dos quais 80% apoiam a União Europeiae estão muito satisfeitos com a adesão. Mostrem-me outro Estado em que o apoio à UEseja tão elevado. Este é um sinal de que a Polónia vai cumprir as suas obrigações para como Tratado.

Outro tema: tenho um pedido a fazer-lhe, Senhor Presidente. Pode assumir o compromissode pôr a situação das crianças na União Europeia na agenda e de nomear um provedor,um procurador para os assuntos das crianças, seguindo o modelo do Provedor de JustiçaEuropeu para os direitos humanos? Gostaríamos que o Conselho chegasse a um acordo eaceitasse esta instituição de que a Europa tanto necessita.

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Hartmut Nassauer (PPE-DE). – (DE) Senhor Presidente, minhas Senhoras e meusSenhores, se eu quisesse resumir o debate desta manhã, diria que é positivo que a Françaexerça a Presidência nesta altura e que o Senhor Presidente Sarkozy ocupe o cargo dePresidente em exercício do Conselho. Este foi um dia positivo para a Europa e para oParlamento, já que, pela primeira vez em muito tempo, temos perante nós alguém que falapela Europa com paixão, não apenas com bons argumentos. Talvez seja precisamente dissoque necessitamos para convencer os irlandeses e recuperar os nossos cidadãos: paixão ebom senso, um bom senso que implica que a Europa se restrinja a determinados limites.

Gostaria de vos dar o “segredo do sucesso”: precisamos não apenas do Tratado na Irlanda,mas também de uma nova cultura de subsidiariedade. Precisamos de limites para a Europaem relação ao resto do mundo, mas também precisamos de limites dentro da Europa. Umanova cultura de subsidiariedade trará uma nova aprovação da Europa; estou em total acordocom o senhor Presidente Barroso nessa matéria. Boa sorte, Senhor Presidente Sarkozy.

Marian Harkin (ALDE). - (EN) Senhor Presidente, dou as boas-vindas ao senhorPresidente Sarkozy ao Parlamento Europeu. Apreciei, naturalmente, o seu discursoponderado e bem fundamentado.

Enquanto deputado irlandês, dar-lhe-ei também as boas-vindas quando ele visitar a Irlandacomo Presidente da UE, um Presidente que dá passos concretos para melhorar a vida doscidadãos. Isso ficou claro nas suas prioridades.

Apreciei também os seus comentários sobre segurança alimentar e sobre a procura de umequilíbrio no contexto dos regulamentos e restrições impostos às nossas empresas e aosnossos agricultores. Como ele próprio disse, protecção sem proteccionismo.

Na sua apresentação e na sua voz, senti o seu compromisso com a Europa. Eu e muitasoutras pessoas irlandesas partilhamos esse compromisso. Este processo levará tempo eexigirá disponibilidade de todas as partes para fazer cedências. Não pode haver prazos.

Como alguém que fez campanha pelo voto no “sim”, sei que ele concordará comigo quandodigo que um “não” irlandês é tão legítimo como um “não” francês, neerlandês oudinamarquês. Deve merecer o mesmo respeito, e só assim poderemos avançar. Poderemosprogredir. Aguardo com expectativa que isso aconteça e desejo-lhe sucesso na suaPresidência.

Jan Tadeusz Masiel (UEN). – (FR) Senhor Presidente, Senhor Presidente em exercício doConselho, a Presidência francesa acaba de definir os seus objectivos, e desejo-lhe sucesso.O objectivo último que se vos coloca é reforçar a União Europeia e a sua capacidade deacção. À luz desse objectivo, a não ratificação do Tratado de Lisboa seria uma oportunidadeperdida. A Europa precisa da França, especialmente neste momento difícil; precisa da Françaque foi convertida, consigo, Senhor Presidente Sarkozy, após o referendo francês.

Não é a Polónia, infelizmente, que faz avançar hoje a Europa, mas sê-lo-á um dia, e acreditoque em breve. Espero, por vós, que a Presidência francesa, com as suas políticas de integraçãoeuropeia, de imigração desejada, de alargamento aos Balcãs, devolva aos europeus a suaconfiança e o seu apreço pela Europa.

Gay Mitchell (PPE-DE). - Senhor Presidente, a Irlanda precisou de 700 anos para pôrfora os britânicos, e eu tenho de estar aqui sentado, uma e outra vez, a ouvir repetidamenteas pessoas que expulsámos dizerem-nos o que devemos fazer na Irlanda. Penso que já é

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demais. Por favor, deixem que uma decisão na República da Irlanda seja tomada pelo povoda República da Irlanda.

Em segundo lugar, gostaria de dizer o seguinte ao Senhor Presidente da República Francesa:se o senhor quiser mudar a opinião do povo da Irlanda, traga consigo o senhor deputadoLe Pen. Será suficiente para mudar a opinião do povo da República da Irlanda.

Fui responsável eleitoral do Fine Gael, que faz parte do Partido Popular Europeu, em quatroreferendos europeus: o Acto Único Europeu, o Tratado de Maastricht, o Tratado deAmesterdão e o Tratado de Lisboa, e quero dizer que o Tratado de Lisboa perdeu por váriasrazões. As pessoas não o entenderam; o Governo está no poder desde 1994; há políticosque estão a comparecer perante comissões de inquérito; os principais partidos do Governoe da oposição – o poder político instalado – queriam que ele fosse aprovado. Havia receiosrelativos à defesa e ao recrutamento militar, ao aborto e à eutanásia – acompanhados deseringas distribuídas por deputados deste Parlamento –, à fiscalidade, aos postos de trabalho,à imigração. Muitas destas questões foram conduzidas pelos extremistas, à esquerda e àdireita.

Diria apenas isto ao senhor Presidente em exercício do Conselho. Por favor, prepare-separa a sua visita à Irlanda. Se a sua ajuda é importante para mudar a situação na Irlanda,por favor venha preparado e venha preparado para ouvir. Será muito bem-vindo, mas aquestão é complexa, e será necessário algum tempo para resolver esta situação difícil.

Adrian Severin (PSE). – (FR) Senhor Presidente, os europeus estão a depositar grandeesperança na Presidência francesa, e esta esperança tem de ser bem gerida. A Presidênciatem de evitar alimentar sonhos irrealistas e receios despropositados, incluindo nos paísesvizinhos e nos países candidatos.

No que respeita ao Tratado de Lisboa, não existe encorajamento diplomático à ratificação.A Presidência tem de ajudar a gizar uma estratégia de saída ou de salvaguarda para o casode as coisas correrem mal. Para evitar o pior, temos de mostrar desde o início que estamospreparados para enfrentar o pior.

Gostaria de concluir com algumas palavras sobre o fenómeno perigoso da renacionalizaçãoda Europa. O nacional-populismo é a expressão mais alarmante deste fenómeno, e estátambém por trás da propaganda a favor do “não” irlandês, da xenofobia racista em Itália,mas também da retórica sobre a natureza nacional das políticas sociais. A Europa terá deser social ou entrará em colapso. Espero que a Presidência francesa seja sensível a este ladoda questão.

Presidente. − Lamento, mas não posso aceitar mais oradores. Já ultrapassámos largamenteo nosso tempo. Estou muito grato ao senhor Presidente Sarkozy e, naturalmente, ao senhorPresidente Barroso pelo tempo que nos dedicaram hoje. Por conseguinte, gostaria deconcluir dando a palavra primeiro ao senhor Presidente Barroso e, de seguida, ao senhorPresidente Sarkozy.

José Manuel Barroso, Presidente da Comissão. − (FR) Senhor Presidente, começarei, muitobrevemente, por me associar às felicitações exprimidas pela larga maioria dos deputadosque intervieram: felicitações pela convicção, pelo entusiasmo, pela energia e pela vontadepolítica que o senhor Presidente Sarkozy expressou aqui hoje, e que, estou certo, ele e osseus ministros e colegas demonstrarão ao longo da Presidência francesa.

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Gostaria de dizer que isto não é, de todo, uma surpresa para mim. Estava inteiramenteconvencido de que seria uma óptima notícia o facto de a França assumir a responsabilidadeda Presidência do Conselho durante este período particularmente difícil. É claro que osenhor Presidente Sarkozy e todos nós teríamos preferido que o horizonte estivesse menoscarregado de um ponto de vista institucional, mas penso que são precisamente estes temposdifíceis que nos dão a medida da capacidade política e da plena importância de uma fortevontade política.

Sou a favor deste debate político democrático. Disse muitas vezes que precisamos dereconhecer politicamente as diferenças e os múltiplos pontos de vista existentes, porexemplo, aqui no Parlamento. Precisamos de saber como expressar estas diferenças, porquea Europa é diferente de um sistema político nacional. Nos nossos sistemas democráticosnacionais, cada vez que há uma discussão política, mesmo, por vezes, uma discussão muitopolarizada, não pomos em causa a própria legitimidade do Estado, enquanto na Europa,muitas vezes, quando nós, os que somos favoráveis à Europa, expressamos vigorosamentealgumas objecções, temos de enfrentar aqueles que são contra a Europa e que exploramtodas as formas de populismo para lesar as nossas instituições e comprometer este grandeprojecto de paz e de solidariedade que é o projecto europeu.

(Aplausos)

É por isso que precisamos realmente de poder exprimir todos os nossos pontos de vista,mas reforçando, ao mesmo tempo, o lado europeísta durante este período particularmentedifícil. Sejamos claros, temos as eleições europeias em Junho de 2009. Se as diferentesforças políticas europeias e instituições europeias não trabalharem de mãos dadas comuma posição construtiva, estaremos a dar argumentos àqueles que, nos extremos, queremexplorar o populismo, a xenofobia e o nacionalismo estabelecendo uma ligação entrenacionalismo e pátria, o que é um erro. Aliás, cito frequentemente um grande autor francês,que disse que “o patriotismo é o amor pelo nosso povo; o nacionalismo é o ódio aos outrospovos’.

Podemos amar a nossa pátria e, ao mesmo tempo, defender o nosso projecto europeu comconvicção, como disse há pouco o senhor Presidente Sarkozy. Espero, por isso, que odebate que terá lugar ao longo dos próximos seis meses reforce as instituições europeias,bem como o nosso projecto para a Europa do futuro.

É com muito gosto que vou responder a uma pergunta específica. Trata-se da única perguntaespecífica que me foi feita, e eu, naturalmente, deixarei as restantes para o senhor PresidenteSarkozy, que está em muito melhor posição do que eu para lhes responder. Esta perguntaespecífica foi feita pela senhora deputada Napoletano em relação ao programa culturalEuromed.

Tenho o prazer de poder informar que o programa actual, o programa cultural Euromed,ainda tem uma dotação de 15 milhões de euros para este ano. Para 2009-2010, é verdadeque ainda nada foi decidido, mas há uma grande pressão sobre as despesas externas, enestes casos, o que acontece, muito francamente, é que os países terceiros em causa tendema dar prioridade à cooperação bilateral em detrimento dos orçamentos regionais. Trata-se,por isso, de uma questão que deve ser discutida com os países Euromed. De facto, um dosaspectos interessantes da iniciativa francesa de criar uma União para o Mediterrâneo − que,diga-se, apoiei desde o início − é o elemento de cooperação regional que ela contém.

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Por vezes, perguntam-me o que é que a União para o Mediterrâneo acrescenta ao processode Barcelona. É, naturalmente, um elemento de maior apropriação política e é tambémuma valorização política, em particular graças à cimeira bianual; mas acrescenta, alémdisso, a dimensão conferida por projectos regionais específicos e, espero, também porprojectos muito específicos aos quais poderemos acrescentar uma dimensão do sectorprivado mais forte, já que ainda precisamos de mais recursos.

Este é, portanto, o domínio específico em que estamos a trabalhar e, para concluir, gostariaapenas de dizer: “Boa sorte, França, e boa sorte, meu caro amigo, Presidente Sarkozy!’.

(Aplausos)

Presidente. – Agradeço ao senhor Presidente Barroso e ao senhor Vice-PresidenteJacques Barrot por terem estado aqui três horas sem interrupção.

Nicolas Sarkozy, Presidente em exercício do Conselho. − (FR) Senhor Presidente, gostaria,em primeiro lugar, de dizer que é natural, quando alguém tem a honra de ser Presidenteem exercício do Conselho, estar perante o Parlamento tantas horas quantas o Parlamentodesejar, não apenas no primeiro dia da Presidência, e quero dizer-lhe, aliás, Senhor Presidentedo Parlamento Europeu, bem como a todos os presidentes dos grupos e à Conferência dosPresidentes, que, se desejarem que eu cá venha em momentos específicos durante aPresidência, estou à disposição do Parlamento. Temos de cumprir as regras do jogo dasinstituições europeias.

O Parlamento Europeu está no coração da democracia parlamentar. Não é uma questãode disponibilidade; é uma questão de prioridade. A Presidência precisa do ParlamentoEuropeu e, por isso, está à sua disposição.

(Aplausos)

Se os oradores me permitem, gostaria de dirigir algumas palavras a cada um deles. Emprimeiro lugar, gostaria de dizer ao senhor deputado Bushill-Matthews que sou dos quepensam que a Europa precisa do Reino Unido. Nunca fui daquelas pessoas europeias oufrancesas que achavam que devíamos ser muito cautelosos com os nossos amigos britânicos.O Reino Unido pode trazer muito mais do que acredita que pode à Europa. O Reino Unidoé a porta para o mundo anglo-saxónico, representa a principal língua do mundo e éeconomicamente dinâmico, como ficou demonstrado nos últimos anos. Gostaria de dizeraos nossos amigos conservadores britânicos: “Acreditem que a Europa precisa de vós, quetêm um lugar aqui, e que se os britânicos tiverem um pé dentro e um pé fora, a Europa ficaenfraquecida”. O Reino Unido é uma grande nação. Não tem nada a temer da Europa, e aEuropa tem muito a esperar do Reino Unido.

Ao senhor deputado Poignant, que percebeu profundamente o que sou e entendeu, porisso, que adoro política e que o Parlamento era um pouco como o meu jardim, gostaria dedizer, sim, o Parlamento é o lugar da democracia, e eu não respeito nem entendo os líderespolíticos que não têm gosto em expressar e defender as suas ideias no berço da democraciaparlamentar. Espero que a sua observação exprimisse alguma pena e não uma visãoexagerada do mercado do emprego.

O mesmo se aplica ao senhor deputado Désir; concordo inteiramente consigo, sou contraa harmonização completa porque as pessoas a rejeitariam. Contudo, ter regras mínimasno contexto de um mercado do emprego, no contexto de um mercado económico único,é perfeitamente natural.

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Temos de ter consciência das dificuldades. Veja-se a Áustria, por exemplo, que é governadapor um Primeiro-Ministro e um Governo socialistas; eles dir-vos-ão que a idade da reformaé 65 anos e que o período de contribuição é de 45 anos. Os senhores conhecem as muitasdificuldades que enfrentei para prolongar o período contributivo até 40 anos, e não tiveo apoio imediato do Partido Socialista Francês.

Expliquem-me então como é que, tendo eu encontrado tantas dificuldades para assegurarum período contributivo de 40 anos em França, só preciso de ser Presidente da Europadurante seis meses para, preferencialmente, alcançar uma solução entre os 45 anos decontribuição da Áustria e os 40 anos da França. Como é possível fazer isso? Há uma grandedistância entre o sonho e a realidade, mas talvez seja essa a diferença entre o PartidoSocialista Francês e o Partido Socialista Europeu. Por vezes, sinto-me mais próximo doPartido Socialista Europeu do que do Partido Socialista Francês; confesso a minha falha e,é claro, peço desculpa por ela.

(Intervenção sem microfone do deputado Schulz)

Presidente. − Isto não funciona assim. Não é o senhor que decide quem intervém. Otempo de intervenção não pode ser dividido entre o Grupo Socialista no ParlamentoEuropeu e o senhor Presidente em exercício do Conselho. Senhor Presidente Sarkozy, estána disposição de permitir uma pergunta do senhor deputado Schulz? Se assim for, dar-lhe-eia palavra.

Nicolas Sarkozy, Presidente em exercício do Conselho. − (FR) Senhor Presidente, sim, desdeque eu não seja apanhado no fogo cruzado de um debate totalmente alemão.

Martin Schulz (PSE). – (DE) Muito obrigado, Senhor Presidente, pela sua magnanimidade.Senhor Presidente Sarkozy, é muito simpático da sua parte querer aproximar-se destaforma do socialismo. Tendo apoiado vivamente as posições dos Sociais-DemocratasAlemães no seu discurso de há pouco, distanciando-se assim da Chanceler Merkel, proponhoque faça o seguinte. Se se sente assim tão confortável no seio da congregaçãosocial-democrata europeia, venha primeiro à Alemanha: nós aproximamo-lo gradualmenteda social-democracia francesa e, no final, será um óptimo camarada.

Presidente. − Senhor Deputado Schulz, isto tem pouco que ver com magnanimidade emais com os procedimentos correctos – que são, afinal, o que queremos manter na Europa.

Nicolas Sarkozy, Presidente em exercício do Conselho. − (FR) Senhor Presidente, notará queeu já tenho um socialista à minha direita, mas tenho espaço para um socialista à minhaesquerda.

(Aplausos)

Como sabem, Senhoras e Senhores Deputados, eu não acho que estejamos a perder tempoporque penso que a democracia a nível europeu pode abdicar da violência que por vezesa caracteriza a nível nacional. O nível europeu permite que todos se afastem um pouco darotina eleitoral, que é brutal, muitas vezes injusta e sempre difícil. Finalmente, o facto denum fórum como o vosso podermos falar mantendo um sorriso e respeitando-nosmutuamente é porventura também algo que vai encorajar as pessoas a entusiasmarem-secom o ideal europeu e a aderir a esse ideal. Em qualquer caso, não vejo isto como tempoperdido e gostaria que o senhor deputado Poignant e o senhor deputado Schulz tivessema certeza disto.

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A senhora deputada De Sarnez tem toda a razão. Temos de mudar a nossa política dedesenvolvimento, fazendo da agricultura alimentar uma prioridade. É absolutamenteessencial; os países africanos precisam de ter os recursos necessários para se tornaremauto-suficientes em termos de alimentos, e, indiscutivelmente, uma parte das verbas quededicámos ao desenvolvimento de grandes infra-estruturas tem de ser investida emmicroprojectos agrícolas. É um ponto no qual partilho plenamente a sua posição.

Também me instou a defender uma visão da Europa. Partilho dessa ambição. Espero queseja suficientemente generosa para me aconselhar sobre o conteúdo dessa visão. A senhoratem perfeita consciência de que, uma vez mais, entre o grande e algo incorpóreo ideal etodas as questões técnicas da vida diária, o problema para cada um de nós é ter de decidirconstantemente o que fazer às grandes ideias que por vezes ultrapassam largamente asdificuldades do dia-a-dia com que se confrontam os nossos cidadãos, e o que fazer pararesolver as questões técnicas que afectam as suas vidas diárias. Não é assim tão simples,mas, em qualquer caso, vou tentar.

Para lhe responder, Senhor Deputado Crowley, sim, precisamos de desenvolvimento paraevitar a imigração ilegal. Mais ainda, todos têm consciência de que a melhor resposta àquestão da imigração é o desenvolvimento. Há 475 milhões de jovens africanos com menosde 17 anos e há 12 km do estreito de Gibraltar entre a Europa e a África. As catástrofes deÁfrica serão as catástrofes da Europa, e não há barreiras ou fronteiras que lhes possamresistir. Por essa razão, precisamos, de facto, de uma política de desenvolvimento. Maisuma vez, é muito difícil decidir entre o multilateralismo e o bilateralismo. Este é um temasignificativo, e tenciono dedicar-lhe bastante atenção.

O senhor deputado Irujo falou da diversidade linguística. Estou inteiramente de acordo,incluindo – e percebo que não goste da expressão “língua regional” – no que diz respeitoa línguas oficiais. Note-se que eu sou daqueles que pensam que estaríamos apenas a ajudartodos os movimentos pró-autonomia e pró-independência se lhes déssemos o monopólioda defesa das línguas regionais, e isso seria um erro muito grave. Estou a falar da Córsega,na República Francesa, onde há pessoas que são corsas, que amam a Córsega e que falamcorso nas suas aldeias; mas isso não constitui uma ameaça à unidade nacional. Porconseguinte, a diversidade linguística é, a meu ver, tão importante como a diversidadecultural, e, em qualquer caso, não haverá diversidade cultural se houver apenas uma língua.

Senhor Deputado Farage, gostei bastante do seu discurso, mas vou dizer-lhe uma coisa: osbritânicos ficaram muito satisfeitos por eu ter encerrado Sangatte, porque fui eu, na verdade,quem encerrou Sangatte, e foram os senhores que me pediram para o fazer. Mesmo sendoo senhor um cidadão britânico que ama o seu país, não pode resolver todos os seusproblemas de imigração, e tenho de lhe dizer que a França não tenciona ser a guarda defronteira do Reino Unido. Permita-me que diga que é muito interessante dizer “no meupaís, não quero bilhetes de identidade e não quero uma política comum de imigração”,mas isso não o impede de ficar muito satisfeito com o facto de os estrangeiros cujodocumentos não estão em ordem serem detidos em França para que os senhores não ostenham no Reino Unido. Tal como a França, o Reino Unido não consegue resolver tudosozinho.

Gostaria de acrescentar, Senhor Deputado Farage, que respeito os polacos, mas o senhornão esteve no meu gabinete a negociar o Tratado de Lisboa com vários colegas. Estávamosem Bruxelas, e quem estava no meu gabinete? Não era o Primeiro-Ministro Tusk, porqueo Primeiro-Ministro da altura era o irmão do Senhor Kaczynski. Era o Presidente Kaczynski,e digo-lhe uma coisa: ele é um homem em quem posso confiar e um homem que respeito.

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Contudo, na Europa, quando assinamos um documento, se começamos por não o respeitar,não há Europa, não há absolutamente nada, não há negociações. Quando um de nós assumeum compromisso pelo seu país, em Bruxelas, tem de assumir esse compromisso tambémno seu país. Foi isto que eu disse, nem mais, nem menos.

(Aplausos)

Isto respeita plenamente os polacos: Senhor Deputado Farage, penso que defendi a Polónia.O senhor Presidente Barroso poderá dizê-lo melhor do que ninguém. Precisamos da Polónia,mas também precisamos de respeitar a palavra dada.

Senhora Deputada Sudre, obrigado pelo seu apoio. Concordo inteiramente com a suaanálise, pela qual estou sinceramente grato. Senhor Deputado Rasmussen, que percebitratar-se do Rasmussen I – e tenho uma ideia de quem é o Rasmussen II – gostaria de dizerque a Dinamarca é um bom exemplo de um país que foi capaz de avançar, e isto permite-meresponder a todos os oradores acerca da questão irlandesa.

É claro que não devemos “forçar a mão” dos irlandeses e temos de os respeitar, mas é precisoter a coragem de dizer aos nossos amigos irlandeses: “Também têm de respeitar os outrospaíses que ratificaram o Tratado. Não vos estamos a dar lições, mas tenham em conta queoutros também têm opiniões a expressar e que em algum momento teremos de encontrarum caminho comum. A Europa não quer continuar sem vós, mas a Europa não pode ficarparada apenas por vossa causa.”. Digo isto com todo o respeito que tenho por um país quevotou “não”.

Nós, os franceses, criámos-vos problemas e dificuldades consideráveis, mas acabaremospor ter de sair desta situação em que todos olham uns para os outros e esperam que outrotome a iniciativa. A Presidência francesa, em conjunto com a Presidência da Comissão ecom a Presidência do Parlamento Europeu, tem de tomar a iniciativa. Depois disso, algunsdirão sim e alguns dirão não. Pessoalmente, penso que há uma solução, mas ela não passaseguramente por manter a situação actual ou por dizer “vamos esperar e deixar que o tempofaça o seu trabalho”. Pessoalmente, penso que o tempo joga contra nós, que a Europa estáà espera há anos e que não faz sentido esperar mais tempo. Vamos encontrar uma solução,estou convencido disso, tal como os dinamarqueses encontraram.

Senhora Deputada Mehrin, fiquei muito sensibilizado com a avaliação que fez de mimcomo um “sedutor”. Deixo o conteúdo consigo; honestamente, não sei exactamente o queisso quer dizer e terei o cuidado de não seguir esse caminho, porque não quero que meinterprete mal. Sei que a Europa a várias velocidades existe, de facto. Não estamos todosno euro e não estamos todos em Schengen. Contudo, em última análise, antes deconstruirmos uma Europa institucional a várias velocidades, gostaria que tentássemostodos fazê-lo em conjunto. Não critique a Presidência por ter a ambição de trazer todosconsigo porque, se, mesmo antes de começarmos, Senhora Deputada, dizemos “de qualquermodo, não importa, deixemos isso ”, um dia estaremos a negociar uma excepção socialpara os britânicos, no dia seguinte estaremos a negociar uma excepção institucional paraos irlandeses e no seguinte estaremos a negociar uma excepção para os polacos. Nessemomento teremos chegado, infelizmente, a uma situação em que todos os países vão, comtoda a razão, pedir uma excepção, e, nessa altura, onde estará a União Europeia? Ondeestará o projecto que os pais fundadores baptizaram? É a isso que me refiro. Talvez tenhamosde chegar a esse ponto, mas gostaria que lá chegássemos depois de termos tentado trazerconnosco toda a família.

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Àqueles que estão preocupados com a Croácia quero dizer que sou, naturalmente, a favorde continuarmos as negociações, e penso que seria um erro grave fechar a porta da Europaaos Balcãs, porque os Balcãs precisam da paz e da democracia que a União lhes pode trazer,mas não voltarei ao debate de Lisboa.

Gostaria de dizer ao senhor deputado Bielan que não desejo ameaçar a Irlanda; além disso,não poderia fazê-lo, nem tal coisa me ocorreria. Vou lá e vou ouvir, mas, ao mesmo tempo,é preciso que todos compreendam que, nas sondagens, 80% das pessoas dizem-se a favorda Europa; é possível trabalhar com elas sem as ameaçar.

O IVA sobre os combustíveis é uma proposta francesa; não a quero impor a ninguém.Gostaria simplesmente de chamar a vossa atenção para o facto de eu estar convencido deque o preço do petróleo vai continuar a aumentar. Temos de ter a coragem de dizer istoaos nossos concidadãos.

A produção de petróleo diminui 3% por ano devido ao esgotamento das reservas, e oconsumo aumenta entre 2% e 3% por ano, devido ao crescimento dos países emergentes.A minha ideia é simplesmente que o IVA é um imposto que é proporcional ao preço. Se,amanhã, o petróleo estiver a 175 dólares por barril, poderemos continuar, sem dizer nada,a cobrar um imposto de 20% sobre os preços do petróleo, que sobem em flecha? É esta apergunta que quero fazer. Em conjunto com a Presidência da Comissão, prestaremosinformações sobre esta matéria em Outubro. Procurarei agir de acordo com as minhasconvicções, e veremos qual será o resultado.

No que respeita à Ucrânia, haverá uma cimeira, e faremos avançar as coisas. Temos deencorajar a Ucrânia no caminho para a democracia e temos de a aproximar da UniãoEuropeia. A Ucrânia não é insignificante, tem 42 milhões de habitantes. Não é uma decisãomenor. Por agora, estamos na fase de associação, mas qualquer pessoa que percorra as ruasde Kiev pode ver que é uma capital europeia.

Senhor Deputado Langen, gostaria de agradecer os seus elogios, que me sensibilizarambastante. Gostei sobretudo da referência a Tony Blair. Não sei se foi por isso que fez essareferência, mas penso que Tony Blair é um dos homens de Estado que muito fez pela Europae muito fez pelo seu país e, francamente, não sei se ele se importa que eu diga isto, mas,em muitos domínios, julgo que ele restituiu crédito e força ao debate político britânico eao debate político europeu. Penso que precisamos de líderes na Europa e que, no seu tempo,Tony Blair foi incontestavelmente um desses líderes.

Isto vai marcar-me como estando um pouco mais à esquerda, ainda que eu tenha observadoque os elogios ao Sr. Blair provenientes daquele lado do espectro político nem sempre sãomuito expansivos.

Sim, Senhor Deputado Goebbels, os outros têm, de facto, de fazer um esforço, e essa é umaquestão que estará sempre presente nas negociações sobre as alterações climáticas, mas aEuropa tem de dar o exemplo. Não sou ingénuo ao dizer isto. Penso que temos maiscredibilidade quando praticamos aquilo que apregoamos. Alguns poderão dizer que émelhor aguardar. Pessoalmente, penso que temos de correr o risco de agir.Fundamentalmente, Senhor Deputado Goebbels, a minha filosofia política é de que nadaé pior do que a inacção. O pior risco é não correr riscos.

Senhor Deputado Cavada, tem toda a razão, temos de responder a esses medos. Obrigadopelo seu apoio.

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No que respeita à União para o Mediterrâneo, gostaria de dizer que, no meu espírito, noseguimento do que disse o senhor Presidente Barroso, não há nenhuma crítica ao Processode Barcelona. Mas quero dizer uma coisa. Barcelona foi uma óptima ideia, mas houve umproblema na Cimeira de Barcelona. Tanto quanto me recordo, estava presente apenas umChefe de Estado árabe, o Primeiro-Ministro Abu Mazen. Como acham que podemos criaruma União para o Mediterrâneo, aproximando a costa norte da costa sul, se a costa sul nãoestá presente?

Na Cimeira de Paris, creio, embora o senhor Ministro Bernard Kouchner me possa corrigirmais tarde, que todos os Chefes de Estado árabes estavam presentes. Esta pode ser umadiferença menor, mas para mim é fundamental.

Gostaria também de dizer ao senhor deputado Zahradil que a questão aqui não é criar umacrise em relação a Lisboa, mas também não devemos fazer de conta que não aconteceunada. Não devemos dramatizar, mas ao mesmo tempo é preocupante que os últimos trêsreferendos na União Europeia tenham terminado com o voto no “não”, o que se ficou adever, certamente, a outros motivos, mas isso não invalida que, no mínimo, se trata de umsinal que não é particularmente encorajador.

Não lhe respondo, Senhora Deputada Napoletano, porque o senhor Presidente Barroso jálhe deu uma boa resposta.

Senhor Deputado Sánchez-Neyra, sim, é efectivamente necessário conferir uma dimensãoeuropeia ao desporto, e penso que seria muito benéfico que as estatísticas dos JogosOlímpicos fossem contabilizadas nação por nação, mas com uma coluna específica paraas medalhas europeias. Esta seria uma forma de mostrar que também existimos na Europado desporto.

Senhor Deputado Désir, respondi-lhe em relação às normas no mercado do trabalho. Noque respeita à política social, temos um famoso debate. A semana de 35 horas não ésuficiente para ganhar as eleições nem para ter uma política social genuína. Gostaria deacrescentar que se me esforcei tanto para ultrapassar o código automático e rígido das 35horas em França, foi precisamente em nome da harmonização europeia, porque nenhumoutro país os tinha acompanhado nesse caminho. Nenhum. Nem um único. Incluindo osgovernos socialistas europeus. Por conseguinte, note-se que estou muito satisfeito porestarmos a apelar à harmonização social, mas gostaria de dizer aos nossos amigos socialistasfranceses que a harmonização social implica não defender ideias em França que maisninguém defende na Europa, porque isso é uma excepção, e o nosso país está a sofrer comisso.

Gostaria de agradecer ao senhor deputado Buzek pelo compromisso europeu da Polónia.Nunca duvidei do compromisso europeu da Polónia. A Polónia é um dos seis países maispovoados da Europa, e é precisamente por isso que digo ao Presidente Kaczynski queprecisamos da sua assinatura, porque a Polónia não é apenas mais um país europeu. Éextremamente importante, é um símbolo, e, naturalmente, temos de reduzir a criseinstitucional apenas à questão da Irlanda.

Senhor Deputado Barón Crespo, Doha, sim, foi o que eu disse ao senhor Presidente Barroso,foi o que eu disse a Gordon Brown, mas, em resumo, Doha, sim, mas não a qualquer preço.Gostaria de defender duas ideias que me são muito caras. Em primeiro lugar, dizem-meque, se não houver acordo, não haverá crescimento. Peço desculpa, mas já não há acordohá sete anos, e durante seis anos o mundo conheceu um crescimento sem precedentes. O

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acordo da OMC é preferível a não haver acordo nenhum, mas não se deve dizer que semacordo não pode haver crescimento. Durante seis anos, tivemos crescimento.

Em segundo lugar, o que o Presidente Barroso, o Primeiro-Ministro canadiano e atéAngela Merkel dizem actualmente é que o acordo não é suficiente. O Brasil não está a fazerqualquer esforço em relação à redução das tarifas pautais na indústria; não há qualqueresforço em relação aos serviços. Para além disso, o que se pode dizer do encerramento domercado chinês? Não há nenhuma excepção francesa deste ponto de vista. Em primeirolugar, enquanto Presidente em exercício do Conselho, tenho de defender lealmente aposição da União. Contudo, em termos da posição da União, não ouvi ninguém, nemmesmo o Governo britânico, dizer que o acordo deve ser assinado na fase actual dasnegociações. Somos, por isso, unânimes na Europa, ainda que não pelos mesmos motivos,em dizer que, tal como as coisas estão, não é suficiente; que a Europa fez todos os esforçose não pode continuar a fazer esforços se outras grandes regiões do mundo não estiveremempenhadas em avançar. Deste ponto de vista, penso que estamos todos de acordo.

Gostaria de dizer ao senhor deputado Zappalà que estou grato pelo seu apoio à políticaeuropeia de imigração, e à senhora deputada Gurmai que penso que a igualdade entrehomens e mulheres é muito importante, mas não sei se o seu comentário se dirigia a mimtambém. Em qualquer caso, o facto de ela ser húngara é já um trunfo inegável.

Quero dizer ao senhor deputado Varvitsiotis que tenho perfeita consciência de que existeuma crise de identidade europeia, e talvez o Parlamento Europeu possa também ajudartodas as instituições nesta questão. Porque não imaginar um verdadeiro debate, SenhorPresidente Pöttering, sobre o que é a identidade europeia? Este tema da identidade europeiaé um tema para debate no Parlamento Europeu, e não matéria para um Chefe de Estadoou de Governo. Talvez o Parlamento Europeu possa mesmo organizar debates sobre estetema, e nós viremos aqui para darmos a nossa opinião. Pessoalmente, penso que é maisadequado que seja o Parlamento a definir a identidade europeia do que os governos, que,naturalmente, se encarregam da administração quotidiana em cada um dos seus países. Sehá, de facto, um lugar onde a identidade europeia deve ser definida, penso, e espero que oPresidente Barroso esteja de acordo, que ele não é o Conselho Europeu, nem a Comissão,mas, em primeiro lugar, o Parlamento Europeu.

Gostaria de responder ao senhor deputado Karas, que disse que eu preciso de demonstrardiplomacia. Sim, entendido, vou tentar ser mais diplomático. Espero que, pela sua parte,ele não estivesse a pensar que talvez o meu temperamento me impeça de ser diplomático.Não é apenas uma questão de ser fraco mas inteligente, ou de ser dinâmico mas inábil.Talvez seja mesmo possível ser ao mesmo tempo dinâmico e hábil mas, em qualquer caso,obrigado por me ter dado a oportunidade de o demonstrar.

(Vivos aplausos)

Presidente. − Muito obrigado, Senhor Presidente Sarkozy. Sou deputado ao ParlamentoEuropeu há 29 anos e não me recordo de uma ocasião em que um Presidente em exercíciodo Conselho tenha passado três horas e meia em discussão connosco e respondido a todosos discursos. Ficamos a aguardar com expectativa a sua próxima visita.

Está encerrado o debate.

Declarações escritas (Artigo 142.º)

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Roberta Alma Anastase (PPE-DE), por escrito. – (RO) Acredito que a França assumiu aPresidência da União Europeia num momento crucial, em que a Europa procura respostasadequadas para os numerosos desafios de natureza estratégica.

A França tem a tarefa de assegurar a continuidade do processo de ratificação do Tratadode Lisboa, de se centrar no domínio da energia e de consolidar a política de segurança edefesa da União Europeia. Exprimo o meu apoio a estas prioridades da Presidência francesae espero que a sua aplicação seja bem-sucedida.

Enquanto membro da Comissão dos Assuntos Externos e relatora sobre a cooperação parao Mar Negro, gostaria de realçar um aspecto importante que deve ser promovido na políticaexterna da UE. Saúdo a iniciativa da França de consolidar a política europeia de vizinhança,mas insisto no facto de a sua dimensão oriental dever receber a mesma atenção eenvolvimento da sua dimensão mediterrânica.

Este objectivo deve aplicar-se tanto a relações bilaterais, no contexto de negociações sobreas futuras relações contratuais da UE, como a relações multilaterais, no âmbito da Sinergiado Mar Negro.

Finalmente, a França vai assumir a Presidência da UE durante o Ano do Diálogo Interculturale deve prosseguir com êxito as acções neste domínio.

Jean-Pierre Audy (PPE-DE), por escrito. – (FR) Gostaria, em primeiro lugar, de saudar ocompromisso europeu do Senhor Presidente em Exercício do Conselho, Nicolas Sarkozy,e a sua visão dos desafios actuais que se colocam à União.

Apoio a posição política de que as novas instituições baseadas no Tratado de Lisboa sãoessenciais, e sem elas seria irresponsável considerar mais adesões. A Europa de resultadostem de ter em conta as expectativas dos cidadãos e mostrar-se uma solução, não umproblema.

Apoio a ideia da existência de um mecanismo nas fronteiras que permita uma concorrêncialeal e não distorcida, tendo em conta o impacto das medidas ambientais associadas àsquestões da energia e do clima.

A prioridade de uma política europeia de imigração legal é também uma necessidadehumana, económica e social. Gostaria de felicitar Brice Hortefeux pelo seu excelente trabalhorespeitante ao Pacto Europeu sobre a Imigração.

No que respeita à defesa europeia, as posições arrojadas do senhor Presidente em exercíciodo Conselho vão permitir-nos avançar neste tema difícil, particularmente através doenvolvimento de soldados de todas as populações e do apoio à emergência de uma indústriaeuropeia do armamento.

O senhor Presidente tem razão em defender a PAC, que nunca foi tão necessária.

Finalmente, gostaria de sublinhar a necessidade de um melhor diálogo político com o BCEpara termos uma governação europeia em matéria económica consentânea com as actuaisexigências globais.

Alessandro Battilocchio (PSE), por escrito. – (IT) Obrigado, Senhor Presidente. Gostariade desejar ao senhor Presidente Sarkozy as maiores felicidades para o seu trabalho nomomento em que ele toma a seu cargo o destino do Conselho nos próximos seis meses.Infelizmente, acumulam-se nuvens negras sobre o futuro da UE: o paradoxal voto irlandês(já que a Irlanda se transformou no “Tigre Celta” que conhecemos graças aos fundos da

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UE), a crise governamental na Áustria, as declarações do Presidente polaco, são sinaispreocupantes. Temos de encontrar a força e a perícia necessárias para relançar um caminhoeuropeu que tem de reavivar o entusiasmo e a emoção dos cidadãos, que ainda vêem a UEcomo algo distante e difícil de compreender. Aproveito também esta oportunidade parafazer uma provocação ao senhor Presidente em exercício do Conselho: para aproximar oscidadãos da UE, é necessário enviar sinais concretos. Seria excelente que o Presidente francêspudesse iniciar um debate sério para tratar da questão das duas sedes do Parlamento:concentremos todas as actividades em Bruxelas e evitemos a deslocação mensal aEstrasburgo (onde o local poderia ser utilizada para outros fins, por exemplo, o centro deexcelência tecnológica): esta “viagem” representa um enorme e injustificado desperdíciode recursos financeiros e energéticos.

Ivo Belet (PPE-DE), por escrito. – (NL) A Presidência francesa definiu as prioridades certas− por exemplo o clima, a imigração e a defesa −, mas gostaria de me centrar num aspectoque recebe menos atenção mas que é extremamente importante para os nossos jovens epara todo o sector do desporto na Europa.

A Presidência francesa apoia a regra “seis mais cinco” no desporto: uma restrição do númerode jogadores estrangeiros. Os objectivos são positivos: obrigar os clubes a investir mais naformação dos seus jovens, dando assim um passo no sentido da reposição do equilíbriocompetitivo. O Parlamento está cem por cento de acordo com isto.

Daí o nosso apoio à regra “jogadores da casa”, que – embora de forma mais modesta – temos mesmos objectivos em mente. A questão é saber se a regra “seis mais cinco” é exequívela nível europeu. Ela entra em conflito com a livre circulação de trabalhadores e só podeser aplicada se for feita uma derrogação ao Tratado UE, e estamos muito distantes desseprocedimento. É duvidoso que o Tribunal de Justiça aceitasse sequer tal coisa, mesmo àluz do novo artigo relativo ao desporto do Tratado de Lisboa.

Nós, no Parlamento, queremos participar na procura de uma solução que beneficie o futeboleuropeu. Estamos simplesmente a apelar a uma solução sólida, uma solução que nãomergulhe o futebol no caos. Ninguém precisa de uma segunda versão do caso Bosman.

Ilda Figueiredo (GUE/NGL), por escrito . – O Presidente Sarkozy gastou cerca de umterço do seu discurso na defesa do Tratado de Lisboa, na pressão e chantagem que continuasobre a Irlanda, esquecendo o que dizem as próprias regras da União Europeia, para aentrada em vigor de um novo Tratado - a sua ratificação por todos os Estados-Membros.Ora, se o povo da Irlanda maioritariamente o rejeitou, o tratado acabou. Não deviamcontinuar as ratificações. É uma atitude anti-democrática insistir na sua ratificação.

Outra prioridade é o aprofundamento da política de imigração, onde se destaca a directivado retorno, também conhecida pela directiva da vergonha, por não respeitar direitoshumanos fundamentais e tratar os imigrantes clandestinos como criminosos e não comopessoas que fugiram à fome nos seus países, em busca de um futuro melhor para si e suasfamílias.

Onde houve uma total desvalorização foi na área social. É que sabe a oposição que existeà proposta relativa à alteração da directiva sobre tempo de trabalho e das propostas que oConselho aprovou e enviou ao Parlamento Europeu, visando fragilizar os direitos laborais,abrir caminho ao prolongamento da jornada semanal média de trabalho até às 60 ou 65horas, à desregulamentação do trabalho e à nova desvalorização salarial.

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Bogdan Golik (PSE), por escrito. – (PL) Gostaria de exprimir a esperança de que os seismeses da Presidência francesa fiquem marcados por um trabalho frutuoso e eficaz parabem de todos os cidadãos de uma Europa unida.

Quero, neste momento, sublinhar o significado considerável da agricultura para aComunidade Europeia. Na Polónia, por exemplo, em 2005, mais de 17% das pessoasempregadas trabalhavam na agricultura. A questão agrícola tem uma importância indirectapara os Estados-Membros – estou a pensar sobretudo no problema da segurança alimentarno contexto do contínuo aumento dos preços dos produtos alimentares nos mercadosmundiais.

Espero que a Presidência francesa traga uma solução para várias questões controversasrelacionadas com o modelo agrícola europeu. A Europa não tem um clima ou condiçõesagrárias tão favoráveis que lhe permitam abdicar totalmente do apoio aos seus agricultores.Os custos da produção de carne, leite ou cereais serão sempre superiores no nossocontinente aos da América do Sul, dos Estados Unidos ou da Austrália. Temos de ter emmente que estes países também apoiam os seus agricultores.

A meu ver, o aumento dos preços dos produtos agrícolas está a criar uma oportunidadede desenvolvimento para a agricultura europeia. Existe o perigo, todavia, de o rendimentoadicional vir a ser interceptado por instâncias intermediárias; por outras palavras, umaumento dos preços alimentares provoca um aumento desproporcionado dos custos dométodo de produção agrícola. O resultado é que o rendimento excedente é absorvido porinstâncias intermediárias.

A agricultura continua a ser um sector económico importante. As condições em quefunciona actualmente mudaram, mas as principais prioridades – assegurar um nível derendimento adequado para agricultores e segurança alimentar – mantêm-se.

Pedro Guerreiro (GUE/NGL), por escrito . – Depois de iludir o seu povo, afirmando querespeitaria a vontade expressa no referendo realizado em 2005 - que rejeitou a dita"constituição europeia" -, ao mesmo tempo que avançava com o dito "mini-tratado", queno fundo recuperava o conteúdo do tratado rejeitado, apresentando-o sob uma outra formae evitando a realização de um novo referendo, Sarkozy toma nas suas mãos o processoque foi impulsionado por Merkel, isto é, tentar impor, mais uma vez, o tratado federalista,neoliberal, militarista que já foi rejeitado por três vezes.

Face ao aprofundamento da crise do capitalismo, o grande capital e as grandes potênciasda UE, com destaque para a Alemanha e a França, apontam como "saída" a fuga em frente,através da prossecução das políticas federalistas, neoliberais e militaristas e desta propostade tratado, onde querem alicerçar as bases de um "super-Estado", para reforçar osmecanismos de intervenção imperialista em estreita colaboração com os EUA e a NATO.

Para tal, as pressões e as chantagens (alargamento, UE a duas velocidades,...) multiplicam-se.Surda, muda e cega face à vontade expressa pelo povo irlandês, a UE conspira para queeste venha a realizar um novo referendo, ainda antes das eleições para o PE, em 2009.

Gyula Hegyi (PSE), por escrito. – (HU) Uma das tarefas mais importantes da Presidênciafrancesa será coordenar as obrigações dos Estados-Membros em matéria de alteraçõesclimáticas. É muito importante que reduzamos as emissões de gases com efeito de estufaa nível da União. Isto pode acontecer se levarmos o Protocolo de Quioto a sério e, emconformidade com as suas disposições, reduzirmos as emissões de forma contínua esignificativa em comparação com o ano de base de 1990.

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Seria certamente escandaloso se os Estados-Membros que não reduziram e antesaumentaram as suas emissões entre 1990 e 2005 recebessem agora uma recompensa daUnião Europeia e continuassem a manter a vantagem que têm, que é contraditória com oProtocolo de Quioto. Seria ainda mais revoltante se os Estados-Membros que levam oProtocolo de Quioto a sério e reduzem as suas emissões honestamente – incluindo a Hungria– fossem punidos com mais restrições. Espero que a Presidência francesa nunca aceite talridicularização do Protocolo de Quioto e uma discriminação negativa dos novosEstados-Membros, incluindo a minha pátria.

Mieczysław Edmund Janowski (UEN), por escrito. – (PL) Gostaria de agradecer aoPresidente francês um discurso que levanta muitos dos problemas fundamentais da UE. Éverdade que temos de pensar como tirar a Europa da crise em que se encontra. Não servede consolo que praticamente todo o mundo se encontre numa situação quase crítica. Istotem uma dimensão económica e social significativa. Falo da ameaça de fome em muitasregiões do mundo, dado que os preços dos alimentos estão a subir em flecha, da segurançaenergética e também do estado do ambiente. O sistema financeiro mundial está a tornar-secada vez mais instável. Porque ponho a tónica nestas questões? Porque não devemos sersobranceiros. Os quase 500 milhões de cidadãos da UE constituem actualmente menos de8% da população mundial e, daqui a 40 anos, esta proporção mal chegará ao limiar eleitoral– 5%. A nossa visão europeia não deve, por isso, fechar os olhos a valores de ordem superiorligados à manutenção da civilização euro-atlântica. Isto tem também uma dimensão ética.

Assim, em cada país da UE, temos de cuidar devidamente da família, que, embora seja umacomunidade muito pequena, é ao mesmo tempo a pedra angular de toda a ComunidadeEuropeia. Não podemos perder isto de vista. Se o fizermos, perdermos o contacto com arealidade, como estamos a fazer agora, abusando da palavra “casamento” ao aplicá-la auniões que não são casamentos. É verdade que precisamos de novos enquadramentosjurídicos, mas têm de ser enquadramentos que as pessoas possam entender. Os cidadãosda UE são o sujeito das acções levadas a cabo pelo Parlamento, pelo Conselho e pelaComissão. Estamos apenas a executar um serviço. É precisamente a esta luz que vemos ocaso da Irlanda.

Filip Kaczmarek (PPE-DE), por escrito. – (PL) Como, de um modo geral, se previa, umadas prioridades da Presidência francesa passou a ser a questão da ratificação do Tratado deLisboa. Contudo, inesperadamente para alguns observadores, a personagem principal noinício da Presidência francesa é a Polónia ou, para ser mais preciso, nem tanto, a Polóniamas o Presidente polaco, Lech Kaczyński. Não entendo os argumentos apresentados peloPresidente da Polónia para se recusar a assinar os documentos de ratificação do tratado deLisboa. O Tratado foi ratificado pelo Sejm e pelo Senado. Não aconteceu nada que justifiqueo adiamento da assinatura do Presidente. O Tratado não foi, por exemplo, remetido parao Tribunal Constitucional. Parece tratar-se de desrespeito pelo Parlamento e de violaçãode um acordo com o Primeiro-Ministro, Donald Tusk. Concordo com o Presidente emexercício do Conselho em que esta matéria não é, por natureza, política, mas ética. APolónia negociou o Tratado, assinou-o e, nos termos do direito internacional, é obrigadaa avançar com o processo de ratificação. Espero também, muito sinceramente, que asituação relativa à ratificação do Tratado se altere em breve e que a atitude sejasignificativamente melhor no final da Presidência francesa do que é no presente.

Eija-Riitta Korhola (PPE-DE), por escrito. – (FI) Senhor Presidente, respeito o desejoclaro do senhor Presidente em exercício do Conselho Nicolas Sarkozy de adoptar umaatitude ambiciosa em relação ao pacote energia/clima da UE e de conseguir uma Convenção

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a esse respeito durante a Presidência francesa. Espero que isto indique, acima de tudo, queos desafios das alterações climáticas estão finalmente no centro da política.

Gostaria, contudo, de recordar ao Presidente em exercício do Conselho a seriedade da tarefa– o comércio de licenças de emissão é um instrumento de mercado muito significativo eafecta tantas pessoas que não nos podemos dar ao luxo de aspirar a um calendário políticoque avance à custa do ambiente e do desenvolvimento sustentável. Caso contrário, a Françapode sair ridicularizada, algo de que nunca se poderia orgulhar.

No mês passado, organizei um seminário em que organizações ambientais, organismosde investigação e outros organismos afectados pelo comércio de licenças de emissãopuderam exprimir os seus pontos de vista sobre os seus efeitos económico. A mensagemque recebi foi clara: a proposta da Comissão resultará em custos muito mais elevados, semgerar benefícios ambientais comparáveis. Refiro-me à preocupante análise McKinsey a estamatéria. O comércio de licenças de emissão tem de ser melhorado. A situação é grave. Nãovamos poder utilizar novamente a indústria europeia, que tem resolvido bem os seusassuntos, como cobaia, a não ser que o sistema seja gerido de forma negligente. É melhornão concretizar do que concretizar um fracasso.

Acredito que podemos obter um bom resultado em tempo útil, mas são necessários algunsajustes vitais. As emissões de carbono não vão ser prevenidas com esperanças e promessaspias, a não ser que elas passem a estar incluídas na própria directiva. Devemos manter-nosfirmes na redução da obrigação, mas o procedimento está aberto à discussão. NoParlamento, apresentámos uma ampla frente de contestação à forma como a Comissãoabordou as alternativas em causa. Peço-lhe que se familiarize com ela, Senhor Presidenteem exercício do Conselho.

Marian-Jean Marinescu (PPE-DE), por escrito. – (RO) Senhor Presidente, o senhorapresentou um programa extremamente ambicioso, que espero seja concluído com êxito.

O pacto sobre a imigração é uma prioridade necessária para diminuir a imigração ilegal econstruir uma política comum em matéria de imigração legal.

Contudo, gostaria de sublinhar um aspecto que o senhor deve ter em conta antes de iniciaras acções planeadas: o pacto deve incluir uma série de acções que tenham em conta asrestrições ao mercado de trabalho europeu, impostas aos trabalhadores por alguns novosEstados-Membros.

Não é normal que a migração económica proveniente de países terceiros seja superior àlivre circulação entre países dentro da União.

Há Estados-Membros que têm disposições transitórias em vigor, regulando o acesso aomercado de trabalho para trabalhadores da UE.

Quando a política de imigração ilegal for aplicada, existe o risco de ela colocar os cidadãoseuropeus em desvantagem em comparação com cidadãos de países terceiros.

A este respeito, gostaria de felicitar a França, que deu o primeiro passo nesta direcção em1 de Julho, quando abriu o seu mercado de trabalho aos cidadãos dos países que aderiramem 2004.

Espero que a Roménia e a Bulgária passem a ser tratadas em pé de igualdade o maisrapidamente possível e incito os outros Estados-Membros a seguirem o exemplo da França.

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Nicolae Vlad Popa (PPE-DE), por escrito. – (EN) A França assumiu a missão de liderar aagenda europeia durante seis meses num contexto difícil criado após a Irlanda ter rejeitadoo Tratado de Lisboa.

O programa da Presidência francesa da UE é ambicioso, mas a Presidência deve tambémter consciência das expectativas da população. A mais recente sondagem Eurobarómetrorevela que apenas 52% dos cidadãos da UE consideram que a adesão foi positiva para oseu país. É necessária uma estratégia que consciencialize os cidadãos europeus para o factode os interesses comuns serem muito mais importantes, de um ponto de vista económicoe político, do que as coisas que nos separam.

Obviamente, a prioridade da Presidência francesa é identificar um método para assimilara falha irlandesa, já que o processo europeu tem de continuar, pois o Tratado de Nicebloqueia o alargamento.

No que respeita à segunda prioridade da Presidência francesa da UE – a política agrícolacomum e a sua preparação para desafios futuros – deve referir-se que a manutenção de umsistema de pagamento único será aplicável na Roménia a partir de 2013. Sendo tambémbeneficiária da PAC, a Roménia receberá este ano 735 milhões de euros de ajuda europeiadirecta aos agricultores romenos.

Martine Roure (PSE), por escrito. – (FR) Vou limitar a minha intervenção a dois pontos:

- É absolutamente impossível pedir asilo em 27 países. Temos o Regulamento Dublim II,que resolve a questão da responsabilidade dos países de acolhimento. Contudo, é verdadeque ainda há diferenças entre Estados-Membros no que respeita ao reconhecimento daprotecção internacional, e isso é um problema real.

- O segundo ponto que quero abordar é o problema básico da humanidade neste mundo.Como podemos viver todos juntos num mundo globalizado? Temos de resolver as causasprofundas que levam algumas pessoas desesperadas a abandonarem o seu país, e, a meuver, o pacto europeu de imigração não alcança o justo equilíbrio entre o combate aostraficantes, a promoção de imigração legal e a definição de políticas ambiciosas deco-desenvolvimento.

Katrin Saks (PSE), por escrito. – (ET) Este ano é uma oportunidade para a União Europeiase olhar ao espelho e perceber se as decisões que tomámos no ano passado deram frutos.No ano passado, assistimos ao início do plano de acção para o ambiente e energia, destinadoa reduzir os gases com efeito de estufa e a combater o aquecimento global. Discutimosuma política comum de imigração para a Europa e, há bem pouco tempo, ouvimostestemunhos do enorme crescimento da imigração ilegal. Também abordámos questõesde protecção: forças europeias conjuntas têm vindo a realizar operações no mundo exteriore, desde 2004, temos criado grupos de combate e unidades de resposta a situações deemergência.

A nova Presidência, na pessoa do senhor Presidente Nicolas Sarkozy, trouxe frescura eesperança à política europeia, deu-nos a ideia de um mini-acordo e adoptou uma novaabordagem em relação aos novos Estados-Membros. Há muitos exemplos disso. Com oseu dinamismo e a sua iniciativa, ele conseguirá certamente lançar ou acelerar muitosprojectos estimulantes.

Por essa razão, quero sublinhar que o país que exerce a Presidência não gere sozinho osassuntos europeus, embora tenha o direito de propor alguns pontos para a ordem de

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trabalhos. O facto de a Presidência não ser responsável por decisões tomadas no ConselhoEuropeu é, por si só, uma matéria fundamental, na qual a Presidência deve centrar a suaatenção, em vez de a dedicar a uma festa decorada com promessas ocas. Acima de tudo,espero, muito sinceramente, que a Presidência francesa seja capaz de inspirar esperançaaos europeus para projectos específicos.

Toomas Savi (ALDE), por escrito . – (EN) Senhor Presidente em exercício do Conselho,na última Cimeira Europeia, em Bruxelas, foi discutida a criação da União Mediterrânica– uma iniciativa importante para toda a região do Mediterrâneo e uma prioridade daPresidência francesa.

Contudo, eu espero sinceramente que, posta a tónica na União Mediterrânica durante estaPresidência, a região do mar Báltico e a estratégia relativa ao mar Báltico não sejamdescuradas. O mar Báltico transformou-se, basicamente, num lago da União Europeia,com oito Estados-Membros à sua volta, desde 2004. A estratégia relativa ao mar Bálticoabrange os domínios do ambiente, da economia, da cultura e educação e da segurança,criando um plano sustentável para o desenvolvimento desta região.

Seria para mim motivo de regozijo que a Presidência francesa encontrasse tempo paraatender às questões respeitantes à região do mar Báltico, e a definição do Mediterrâneocomo prioridade não implica tirar o tapete àquela região.

Tendo em mente que, no futuro próximo, teremos a Presidência da Suécia, seria razoávelcomeçar a abordar a estratégia relativa ao mar Báltico, a fim de assegurar uma maiorcoerência entre Presidências.

Silvia-Adriana Ţicău (PSE), por escrito. – (RO) Nos próximos seis meses, a Presidênciafrancesa terá uma grande responsabilidade para com o futuro da União Europeia.

A União precisa do Tratado de Lisboa. O enquadramento institucional existente, com orequisito de unanimidade para determinadas decisões, é pesado. Mais ainda, o Tratado deLisboa aumenta o grau de harmonização, aumentando o poder dos parlamentos nacionaise introduzindo o processo de co-decisão na maior parte dos domínios.

A Presidência francesa deve também apoiar a política agrícola comum de modo a permitiraos agricultores produzir mais.

Em conjunto com todos os Estados-Membros, a Presidência francesa deve encontrarsoluções para o impasse da União após o referendo irlandês.

A Presidência francesa anunciou as suas prioridades para o próximo período: as alteraçõesclimáticas, a imigração, a política agrícola comum, a defesa e a segurança da União.

No próximo Outono, em Copenhaga, a União vai participar na celebração de um acordointernacional pós-Quioto. A UE deve dar um exemplo de acção no combate às alteraçõesclimáticas e, por esta razão, a adopção do pacote clima/energia deve ser um dos principaisobjectivos da Presidência francesa.

Bernard Wojciechowski (IND/DEM), por escrito . – (EN) Ninguém é capaz de explicaros motivos do resultado do referendo na Irlanda.

Uma norma passa a ser uma lei com base na aprovação universal do povo. O seu espíritodeve corresponder à convicção da unidade de todos. O seu compatriota, um pensador quejaz no Panteão, Rousseau, escreveu que “qualquer lei que o povo não tenha ratificado

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pessoalmente é nula, não é, de todo, uma lei”. É por isso que o povo deve controlar osgovernos que ameacem usurpar os seus direitos. Mas como pode o povo assumir o controloatravés um instrumento que não entende, cuja estrutura é tão complicada e pouco claracomo o recente tratado?

Não tenho dúvidas de que o senhor quer aparecer – parafraseando Dominique de Villepin,neste “templo” do Parlamento Europeu – como um “guardião de um ideal e um guardiãode uma consciência”. Prevejo, contudo, que estará mais interessado em transmitirinformações sobre as plataformas comuns de concretização dos interesses europeus àsopiniões públicas, o que, por sua vez, poderá levar os meios de comunicação social aafastarem-se da sua vida privada para se centrarem na sua vida política.

(A sessão, suspensa às 13H40, é reiniciada às 15H00)

PRESIDÊNCIA: ONESTAVice-Presidente

9. Aprovação da acta da sessão anterior: ver Acta

10. Quórum

Presidente. – Apraz-me constatar que o Presidente da Comissão dos AssuntosConstitucionais está presente, porque temos um problema muito delicado para resolver.Meu caro Jo, regresse ao seu lugar, se não se importa. Vou explicar o problema que aquitemos, Senhoras e Senhor Deputados.

O artigo 149.º estipula que podemos confirmar se existe quórum. Como sabem, há sempremuitos deputados no Parlamento quando se vai discutir a ordem do dia e aprovar actas,pelo que, nesse caso, não é necessário verificar o quórum. Contudo, o n.º 3 do artigo 149.ºestipula que, se houver um requerimento prévio de pelo menos quarenta deputados, poderáser feita a verificação do quórum.

Recebi um requerimento por escrito de quarenta deputados que pretendem queverifiquemos se existe quórum. Assim sendo, obviamente... Senhor Deputado Posselt,deixe-me, por favor, explicar os factos. Obviamente, considero que foi claramente feito,de facto, um requerimento prévio.

O problema é o seguinte: depois disso, o Regimento é muito mais vago. Não diz, em artigoalgum, que os quarenta deputados têm de estar presentes na sala para apresentar orequerimento de verificação do quórum, mas também não exclui essa premissa. Porconseguinte, tenho poder de decisão. Em ocasiões anteriores, que verificámos, o Presidenteda sessão considerou sempre que os quarenta deputados tinham de estar na sala paraconferir substância ao n.º 4 do artigo 149.º, que estipula que durante a verificação doquórum, os quarenta deputados devem ser incluídos na contagem. Isso implica que osquarenta deputados têm de estar presentes.

Contudo, eu tenho poder de decisão, e há também a forma como o requerimento estáredigido: diz respeito à votação de questões urgentes, de todas as questões urgentes; nãoapenas uma, mas todas. Se considerarmos que o requerimento para verificação do quórumé admissível e que não existe quórum, cairão todas as questões urgentes e, como sabem,elas não podem ser diferidas. Quer isto dizer que não votaremos Caxemira, a pena da morteou Bangladeche. Se não votarmos estas matérias, não as vamos diferir para a próxima

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sessão. O Parlamento não tomará qualquer decisão sobre estas questões consideradasurgentes.

Antes de dar a minha opinião, gostaria, por isso, de ouvir em particular a opinião doPresidente da Comissão dos Assuntos Constitucionais. Senhor Deputado Leinen, do seuponto de vista, devo considerar que os quarenta peticionários devem estar presentes nasala como sugere o n.º 4 do artigo 149.º, ou posso considerar que um requerimento préviopor escrito é, por si só, suficiente, como sugere o n.º 3 do artigo 149.º? Ouvirei com atençãoa sua resposta.

Jo Leinen, presidente da Comissão dos Assuntos Constitucionais. – (DE) Senhor Presidente,acabei de consultar o texto, e é verdade que o n.º 3 do artigo 149.º estipula que, desde queo requerimento seja subscrito por quarenta deputados, pode ser pedida a verificação doquórum. Existirá quórum se estiverem presentes na sala um terço dos deputados doParlamento. O Presidente responde a esse requerimento confirmando se existe ou nãoquórum.

A seguir vem o n.º 4, que o senhor mencionou, que estipula que “Os deputados querequererem a verificação do quórum serão incluídos na contagem das presenças (…),mesmo que já não se encontrem na sala das sessões.”. Estamos neste momento numa sessãoque foi reiniciada e, do meu ponto de vista, os deputados que estiveram presentes e disserampretender uma verificação do quórum devem ser incluídos na contagem de presenças,mesmo não estando já presentes aqui no plenário esta tarde. É assim que eu entendo o n.º4.

Dizem-me que o senhor recebeu um requerimento de quarenta deputados deste Parlamentopara verificar esta tarde se existe ou não quórum. Pode olhar à sua volta – um terço de 785é um pouco mais de 200, e estamos aqui cerca de 30. Por muito que tentemos, dificilmentechegaremos aos 200 esta tarde, a não ser que apareçam todos.

Senhor Presidente, podemos discutir a questão, mas, se o senhor determinar que o númerode deputados aqui presentes não atinge um terço, então não podemos votar. É isso que dizo Regimento.

Bernd Posselt (PPE-DE). – (DE) Senhor Presidente, Senhor Deputado Leinen, sou umveterano destes debates sobre questões urgentes e muito importantes. Costumavam terlugar às sextas-feiras, depois foram transferidos para as tardes de quinta-feira. Todos osgrupos tentavam regularmente o truque de fazer um requerimento como este se houvessealguma matéria urgente que não lhes conviesse, como o tema de Caxemira, neste caso.

Foi por isso que o Regimento foi alterado e que se introduziu a estipulação de que osquarenta deputados – pode não estar formulada com muita clareza, mas foi essa a intençãoda reforma – têm de estar na sala e contestar o quórum. Foi introduzida porque tínhamosconsciência do problema e, desde então, nunca esteve presente na sala o número dedeputados exigido para requerer uma confirmação do quórum, pelo que sempre se presumiuque ele existia.

Penso que é importante considerar a intenção desta regra do ponto de vista jurídico. Estoucerto de que é possível consultá-la nas actas da comissão e do plenário. A intenção dareforma era vincular a questão do quórum a um número de deputados presentes que fossesuficientemente elevado para evitar que ela se transformasse num jogo de salão frequente,já que isso quase teria neutralizado estes debates. Foi com o propósito de os salvar que,naquele momento, introduzimos o quórum de quarenta deputados.

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Contudo, se transformarmos isso em quarenta assinaturas, a reforma deixa de fazer sentido.

Pierre Pribetich (PSE). – (FR) Senhor Presidente, pediu em primeiro lugar a opinião donosso colega, senhor deputado Leinen, a fim de saber o que ele pensa disto. Como o meucolega já disse, é verdade que esta manobra parece ser um pouco dilatória; por outraspalavras, quarenta dos nossos colegas que, por motivos que lhes dizem respeito, nãopuderam estar presentes nesta sessão, estão a tentar utilizar medidas e procedimentosdestinados a evitar que tenha lugar aqui hoje um debate urgente. Penso sinceramente que,porventura, em vez de aplicarmos escrupulosamente as regras, devemos olhar para oespírito do Regimento.

O espírito do Regimento é, na verdade, o de assegurar que as pessoas que apresentam esterequerimento para verificação do quórum estejam presentes para, pelo menos, poderemelas próprias confirmar que não existe quórum. Caso contrário, parece-me que orequerimento é uma manobra política ou é táctico, mas é dilatório. Não gostaria que,aplicando estritamente a lei, chegássemos a uma posição em que os debates urgentesorganizados regularmente nas tardes de quinta-feira, que são importantes, acabassem porser “evitados”, o que não valorizaria o trabalho do Parlamento.

Sarah Ludford (ALDE). - (EN) Senhor Presidente, penso que os oradores anterioresapresentaram argumentos válidos. Julgo ter entendido que a leitura que o senhor deputadoLeinen fez do Regimento – e ele corrigir-me-á se eu estiver enganada – implica que osdeputados devem, pelo menos, estar aqui no início da sessão, mesmo que saiam depois.Qualquer outra interpretação seria, seguramente, oportunista, porque desse modo aspessoas ausentes poderiam apresentar um pedido para que se diga que não existe quórum,quando elas próprias contribuíram para que não existisse quórum! Não vejo como possaser correcto concluir que eles podem estar permanentemente ausentes e dizer que nós, queficamos, não formamos quórum.

O outro facto é, francamente, um hábito nas tardes de quinta-feira. Sabemos que nuncaexiste quórum para as questões urgentes e, se ele vai de repente ser invocado agora, poderáhaver um problema com o Regimento que temos de resolver. Se os senhores vãocomprometer as questões urgentes desta tarde, podem comprometer as questões urgentesde todas as tardes de quinta-feira.

O meu argumento fundamental é o seguinte: como é possível interpretar o Regimentocomo dizendo que quarenta pessoas ausentes podem dizer às restantes que elas nãoconstituem quórum, assegurando, com a sua ausência, que não existe quórum?

José Ribeiro e Castro (PPE-DE). - Senhor Presidente, não é a primeira vez que nosconfrontamos com uma manobra deste tipo, e eu gostava de chamar a atenção dos colegase da Mesa para o seguinte: em todos os parlamentos do mundo há duas coisas, as regras,o regulamento, e as praxes parlamentares, a prática estabelecida. Isso acontece em todosos parlamentos do mundo, e a prática das nossas quintas-feiras, como anteriormente assextas-feiras de manhã, é esta. Todos nós sabemos isso.

A manobra a que assistimos é manifestamente uma manobra desleal e eu creio que nãopode ser considerado um requerimento de colegas que não estão presentes na sala. E euapelo, aliás, aos colegas que são mais adestrados na preparação de alterações ao Regimento,nomeadamente o colega Jo Leinen, e também o colega Corbett, que preparem uma alteraçãoa esta regra que estipule o seguinte: se houver um requerimento de contagem de quórume se quem fez o requerimento não estiver sala no momento da contagem, perde o per diem

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desse dia, e todos os que não estiverem na sala, contado o quórum que não for verificado,perdem metade do per diem desse dia, para acabarmos de vez com este tipo de manobras,que constituem um golpe desleal contra o funcionamento do Parlamento e, nomeadamente,o nosso funcionamento em Estrasburgo.

Ewa Tomaszewska (UEN). - (PL) Senhor Presidente, não sou jurista, mas parece-meque a decência nos obriga a um comportamento diferente do que foi exemplificado pelosrequerentes. Essa é uma questão. Agora, uma segunda questão: se alguém está ausente,não tem fundamentos para duvidar da existência ou não de quórum. Em terceiro lugar,esta abordagem a matérias de direitos humanos, que se revestem de particular importânciapara nós, em conjunto com as ausências e com as tentativas de romper com osprocedimentos, parece-me nitidamente repreensível. Parece-me que o espírito da lei é maisimportante do que a letra.

Esko Seppänen (GUE/NGL). - (FI) Senhor Presidente, a matéria em discussão deve sertratada em conformidade com o Regimento do Parlamento e, na minha opinião, o senhordeputado Leinen não tem autoridade para interpretar o Regimento porque não lhe competeagir sozinho como seu intérprete.

Na minha opinião, Senhor Presidente, cabe-lhe a si assumir a responsabilidade pela formacomo devemos proceder na matéria em questão e, mais tarde, o caminho que seguir deveser examinado pelos Serviços Jurídicos e pelos Presidentes, caso contrário esta matéria nãovai ficar mais clara.

Marios Matsakis (ALDE). - (EN) Senhor Presidente, um ponto de ordem: penso que osenhor deputado Leinen disse que o senhor deveria ter-se contentado com o facto de osquarenta deputados terem sido contados no início – ou seja, hoje, há pouco. Isso nãoaconteceu. O Senhor Presidente contou os quarenta deputados que apresentaram esterequerimento há pouco? É óbvio que não. Assim, o argumento do senhor deputado Leinende que isto satisfaz o n.º 4 não se aplica neste caso.

Zdzisław Zbigniew Podkański (UEN). - (PL) Senhor Presidente, este é,indiscutivelmente, um procedimento que não deveria ter de ocorrer, mas nós tambémsomos pessoas racionais. Podemos ver, temos olhos, e quero dizer, com toda a honestidade,que não existe quórum. Todos vemos isso. Não nos podemos iludir. Não podemos inventarinterpretações que violam o Regimento e a lei. Por outro lado, esta é uma matéria demasiadoimportante para ser ignorada. Apresento, por isso, um requerimento específico para queeste debate se realize, mas também para que sejam feitas alterações ao Regimento e paraque não sejam feitas interpretações desfasadas em relação à ideia do Regimento. Seviolarmos o Regimento e a Constituição, isso significa que estaremos nós próprios a fazeralgo que não é bom para a democracia e que estaremos nós próprios a violá-la.

Neena Gill (PSE). - (EN) Senhor Presidente, na verdade, a questão do quórum não estárelacionada com este debate. O debate pode ter lugar. A questão do quórum diz respeitoà votação. Surpreende-me que estejamos efectivamente a discutir esta questão agora, porqueo quórum só é realmente necessário para a votação.

Concordo com todos os meus colegas quando dizem que estas questões urgentes são muitoimportantes. Contudo, não temos quase ninguém aqui. Na última vez, votaram 58 de 785deputados do Parlamento. Não creio, sinceramente, que reforce a credibilidade desteParlamento termos tão poucas pessoas a votar e a participar em questões fundamentais.

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Assim, incitar-vos-ia a tomarem uma decisão na votação, porque o que não é aceitável éque nunca haja quórum.

Pensamos que estas questões urgentes são importantes. Devemos assegurar que osdeputados estejam presentes. Estamos a tentar assegurar que as pessoas aparecem, de facto,para votar nestas questões urgentes. Não é correcto adiarmos sucessivamente questõesurgentes quando não temos o número suficiente de pessoas.

Jo Leinen (PSE). – (DE) Senhor Presidente, o senhor deputado Onesta perguntou-mecomo interpreto o n.º 4 do artigo 149.º. Percebo que o senhor deputado Posselt e outroscolegas digam que devemos agir de qualquer forma, mesmo que não respeitemos oRegimento. Fascina-me o argumento do colega: ou temos o Regimento e cumprimo-lo,ou não o cumprimos e, portanto, não precisamos dele.

Posso ser presidente da Comissão dos Assuntos Constitucionais, mas foram deputadosanteriores a mim que criaram esta regra e a adoptaram em plenário com uma maioriaabsoluta. O n.º 4 é bastante claro. Diz o seguinte: “Os deputados que requererem averificação do quórum serão incluídos na contagem das presenças (…), mesmo que já nãose encontrem na sala das sessões.” Isto é claro. Se quarenta deputados, que estiverampresentes na sessão em Estrasburgo, requererem a confirmação da votação ou do quórum,então serão acrescentados ao número dos presentes. É assim que eu o leio.

Se os senhores quiserem que seja de outra forma, então têm de alterar o n.º 4, mas, parajá, ele tem a redacção que tem. Senhor Deputado Posselt, qualquer pessoa que o leia temde o entender desta forma; não há outra forma de o entender.

Por conseguinte, Senhor Presidente, cabe-lhe tomar uma decisão.

Bernd Posselt (PPE-DE). – (DE) Senhor Presidente, o senhor deputado Leinen acusou-mede sugerir que ignoremos o Regimento. Eu estava presente quando ele foi adoptado, e osenhor não estava. O contexto era o seguinte: anteriormente, era costume entrarem quarentadeputados no hemiciclo, que pediam a verificação do quórum e depois saíam. É por issoque existe a regra.

Presidente. – Esta é a minha interpretação depois de, creiam, vos ter ouvido com muitaatenção. A forma como está redigido o requerimento dos quarenta peticionários nãomenciona a questão de Caxemira, mas todas as questões urgentes, todas as questões urgentesdesta tarde, incluindo a pena de morte. Esta é uma matéria importante. Podemos realizaros debates sem qualquer problema, a senhora deputada Gill tem razão. A questão dizrespeito unicamente à votação, mas eu quis discutir este assunto no início para que nãohouvesse ambiguidade durante toda a tarde.

Penso que o motivo que levou o Parlamento a dar-se ao trabalho de redigir o n.º 4 do artigo194.º, que estipula que devem ser contados os deputados que requereram a verificação doquórum, em conformidade com o n.º 2, mesmo que eles não estejam na sala, como disseo senhor deputado Posselt, penso que este artigo foi redigido unicamente para evitar quesaiam deputados da sala no momento da contagem, o que implica que estiveram presentesno início da contagem.

Dado que não vejo os quarenta peticionários presentes no início da contagem – a não serque, como diz a senhora deputada Gill, eles estejam presentes no momento da votação, oque verificaremos, e nesse caso haverá um requerimento para verificação do quórum –vou seguir os precedentes criados pelos outros Presidentes de sessões que, como eu, se

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confrontaram com este problema, dizendo que o requerimento para verificação do quórumnão pode ser validado porque os quarenta peticionários não estão presentes.

Dito isto, o senhor deputado Leinen tinha razão em chamar a nossa atenção para o factode a forma como o n.º 4 está redigido poder causar confusão. É por isso que penso ser estauma muito boa ocasião – e não me cabe a mim decidir isto, mas aos órgãos competentes– para a comissão que lidera, Jo, clarificar muito rapidamente se o n.º 3 estipula ou nãoque os deputados têm de estar presentes quando submetem o seu requerimento paraverificação do quórum e que os deputados têm de estar presentes no momento da contagem,no início da contagem. Penso que a interpretação da Comissão dos Assuntos Constitucionaisnos tirará de uma situação intrincada.

Contudo, no que respeita ao dia de hoje, dada a importância dos debates, e tendo em contaas opiniões que me manifestaram, que apoiam claramente, e amplamente, o que acabei dedizer, e com base nas decisões anteriores, vamos realizar os nossos debates e, quandochegar a altura da votação, se os quarenta peticionários não estiverem presentes, não vourequerer a verificação do quórum. Vamos, por conseguinte, dar início aos debates.

11. Debate sobre casos de violação dos direitos humanos, da democracia e do Estadode direito(debate)

11.1. Alegada existência de valas comuns na parte de Cachemira administrada pelaÍndia

Presidente. – Segue-se na ordem do dia o debate de seis propostas de resolução sobre aalegada existência de valas comuns na parte de Caxemira administrada pela Índia (1) .

Marios Matsakis, autor . − (EN) Senhor Presidente, congratulo-me com a decisão muitoacertada que tomou.

Senhor Comissário, milhares de civis foram vítimas de execuções extrajudiciais,desaparecimentos forçados, tortura, violação e outros abusos de direitos humanos queocorreram em Jammu e Caxemira desde o início do conflito armado em 1989.Vergonhosamente, a maior parte destes crimes ainda não foi totalmente resolvida até àdata. Mais ainda, existem preocupações reais acerca da segurança dos activistas dos direitoshumanos, incluindo daqueles que estão a procurar investigar o destino das muitas pessoasdesaparecidas.

Este Parlamento condena firmemente todos os actos que envolvem abusos de direitoshumanos naquela região e apela a todos os governos em causa para que demonstrem umaforte vontade de proteger o Estado de direito e a justiça e redobrem os seus esforços nosentido de assegurar a investigação exaustiva dos crimes de motivação política cometidosno passado em Jammu e em Caxemira.

Ryszard Czarnecki, autor. − (PL) Senhor Presidente, tenho de dizer que não é bom queum presidente da “antiga” UE discrimine deputados da “nova” UE permitindo, por duasvezes, que um deputado da “antiga” UE, o senhor deputado Posselt, intervenha, enquantoeu, co-autor de três relatórios, não posso usar da palavra uma única vez acerca desta matéria.Classifico isso como discriminação e como algo que é totalmente inaceitável. Apresentareiuma carta sobre este assunto, Senhor Presidente. É um facto muito perturbador.

(1) Ver Acta.

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No que respeita a esta situação, não estamos a ver um filme a preto e branco. Na fronteiraentre a Índia e o Paquistão, surgem conflitos que são frequentemente provocados pelo ladopaquistanês, como bem sabemos. Sabemos da existência da chamada linha de controloguardada pelas forças armadas dos dois países. Após o recente período de 20 anos de pazao longo desta fronteira, o Paquistão retomou os seus ataques contra o Estado de Caxemira.Peço, por isso, que seja dada atenção também ao outro lado. É claro que não estou asubestimar a questão das valas que estamos aqui a discutir, apesar de o número de vítimasser provavelmente bastante inferior naquela zona.

Jean Lambert, autora . − (EN) Senhor Presidente, saúdo a oportunidade de debater estaquestão em particular, porque é motivo de preocupação para muitos de nós aqui noParlamento, em qualquer momento, em qualquer parte do mundo, a descoberta de umnúmero significativo de valas comuns a que só é possível aceder com permissão das forçasda segurança.

Assim sendo, esta proposta de resolução – juntamente com a audição da próxima semanana Subcomissão dos Direitos do Homem – assume um significado ainda maior por forçada situação política e da situação em termos de segurança na zona. Como este Parlamentobem sabe, já debatemos aqui anteriormente aquela situação global, porventura tambémem condições nada transparentes.

Existe, de facto, um historial de desaparecimentos na região. Sabemos que alguns delesforam associados às actividades das forças de segurança. Sabemos que esta é a zona maisintensamente militarizada do mundo. Sabemos que esta é também uma zona onde sãoefectuadas prisões e detenções em número significativo sem julgamento. Por conseguinte,isso também deturpa a nossa interpretação destes dados, o que torna ainda mais importanteque haja uma investigação verdadeiramente aberta que permita plena transparência econceda pleno acesso à comunidade internacional.

Espero que a União Europeia, como refere a resolução, ofereça o seu apoio em termos deconhecimentos técnicos de elevada qualidade e qualquer outra assistência que seja necessárianesta investigação, porque é importante para a nossa interpretação do que está a acontecerque consigamos a mais completa compreensão possível. Isto deve ser acompanhado –como disseram outros colegas – da protecção dos activistas dos direitos humanos queestão, eles próprios, a tentar investigar a questão, como, por exemplo, Pervez Imroz.

Penso que todos concordaremos que é dever de todos os governos democraticamenteeleitos investigar integralmente esses dados em completa transparência, bem como tentaridentificar os corpos das pessoas que lá estão e os seus familiares, para podermos ter umacompreensão total da situação e não atribuir várias interpretações da situação, que podemnão ser verdadeiras.

Penso que o Parlamento tem toda a razão em discutir esta questão, e tem toda a razão emapelar à Comissão para que ofereça a sua assistência, particularmente tendo em conta osproblemas contínuos a que estamos a assistir actualmente na região.

Esko Seppänen, autor. − (FI) Senhor Presidente, encaro a sua interpretação do Regimentocomo politicamente correcta mas juridicamente incorrecta e gostaria, seguramente, queessa matéria fosse examinada pelos presidentes e pelos Serviços Jurídicos do Parlamento;digo isto porque a aplicação do artigo em questão não admite a interpretação que o senhorfez hoje e requer um estudo mais detalhado.

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Quando à matéria em causa, a Índia foi considerada o maior Estado democrático do mundo.É, de facto, grande em termos de população, mas a ideia de um país ser democrático ounão depende também da sua situação em termos de direitos humanos. Medidasalegadamente tomadas pelos serviços de segurança do Governo contra activistas dosdireitos humanos em Jammu e em Caxemira indicam que nem todos os princípios doEstado de direito são respeitados na Índia, não obstante o facto de o Governo do país termanifestamente declarado que não permite violações dos direitos humanos.

Encaramos a acção do Governo indiano como pouco credível e perguntamos onde estãoos milhares de pessoas desaparecidas e de quem são os corpos encontrados nas valascomuns. Condenamos os desaparecimentos forçados, a tortura, a violação e outros abusosde direitos humanos. O facto de suspeitarmos de que o Governo indiano tem um papelactivo em tudo isto é uma matéria particularmente séria. Por conseguinte, nós, noParlamento Europeu, exigimos que seja levada a cabo uma investigação independente peloGoverno indiano a fim de identificar a origem das valas comuns e as identidades dosassassinos e das suas vítimas.

Esta matéria não é insignificante, dada a natureza da região de Caxemira. Existe um riscode o Estado vizinho, o Paquistão, se envolver num novo conflito e, nesse caso, os factosem questão poderiam funcionar como rastilho de uma bomba nacionalista nesta zonaexplosiva. Temos de apoiar a resolução comum sobre uma investigação aprofundada dosfactos ocorridos em Jammu e em Caxemira.

Bernd Posselt, autor. − (DE) Senhor Presidente, discutimos aqui muitas vezes o conflitoem Caxemira, e tenho de acrescentar que houve um período de esperança, de reaproximaçãoentre o Paquistão e a Índia. Esperava-se que a situação acalmasse. Infelizmente, as crisespolíticas internas nas duas nações originaram um endurecimento, e nós, o ParlamentoEuropeu, estamos a trabalhar afincadamente para pôr a situação novamente em andamento.

Estou muito grato ao senhor deputado Gahler, que, enquanto chefe da nossa missão deobservação das eleições no Paquistão, trabalhou tão afincadamente pela democracia noPaquistão e para que os nossos contactos com a Índia contribuam para o mesmo objectivoe a nossa acção contribua para a criação de confiança.

Poder-se-ia perguntar porque estamos a abordar a questão das valas comuns, já que istonão vai devolver a vida aos mortos e pode piorar o clima entre os dois países. Estamos afazê-lo porque só é possível criar uma paz verdadeira quando houver justiça para as vítimas– e há vítimas para além das que têm passaportes paquistaneses ou indianos. Há vítimasde ambos os lados, e a principal vítima é o povo caxemir. É por isso que temos de investigarestas valas comuns, temos de determinar onde estão as muitas pessoas que desaparecerame que estão a ser choradas pelas suas famílias. Só depois será possível estabelecer a confiançanecessária para uma solução verdadeiramente pacífica de que o povo se sinta parte.

Caxemira pertence, acima de tudo, ao próprio povo caxemir. Devemos, por isso, apoiaruma solução que dê finalmente aos caxemires algum espaço para respirar, que criefinalmente liberdade política e proporcione uma solução de compromisso sensata, já queeste é um dos mais longos conflitos de todos. Já grassa desde a Segunda Guerra Mundial,e é escandaloso que ninguém tenha ainda conseguido colocar o problema sob controlo.

Por conseguinte, apoiamos todos os esforços destinados a levar a cabo estas investigaçõese a ajudar a dar às vítimas a dignidade e a justiça que elas merecem.

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Neena Gill, em nome do Grupo PSE . – (EN) Senhor Presidente, só para que conste, nãosou co-autora desta resolução. Não sei quem inscreveu o meu nome, porque eu não aassinei.

Quero apenas dizer que estou realmente surpreendida por ver este tema como uma questãourgente antes de o debatermos devidamente, seja na Subcomissão dos Direitos do Homemseja, de igual modo, em qualquer outra subcomissão ou delegação deste Parlamento. Estanão é uma questão nova e foi exaustivamente investigada pelos meios de comunicaçãosocial na Índia. Foi levantada repetidas vezes. Teria sido positivo realizar o debate maiscedo. É por esse motivo que o Grupo Socialista era contra o tratamento deste tema comoquestão urgente neste momento, porque entendíamos que ele deveria ter sido devidamentediscutido anteriormente, em sede de comissão.

Toda esta urgência baseia-se em relatórios de uma única ONG. Não nego que estas coisasestão a acontecer, mas tive contactos com a Comissão, que está a pôr em causa váriosaspectos deste relatório. Assim, eu questionaria, na verdade, o efeito na credibilidade desteParlamento do facto de estarmos a tratar uma questão urgente antes de as coisas estaremdevidamente investigadas.

Enquanto presidente da Delegação para as Relações com a Índia do Parlamento Europeu,gostaria, pessoalmente, de ter tido uma oportunidade de olhar para o conteúdo desterelatório e de examinar o número de casos de que estamos a falar e o resultado do conflitona região, onde já se verificaram qualquer coisa como 4 500 mortes entre pessoal militare onde 13 000 civis perderam a vida. As valas comuns de que estamos a falar estão na linhade controlo.

O texto da resolução ignora o facto de a questão estar a ser investigada nos últimos cincoanos, após as eleições de 2002, e fui informada de que as ONG tiveram acesso à zona eforam convidadas a apresentar os nomes das pessoas desaparecidas a fim de ajudar asautoridades a identificar os corpos nas valas. Ninguém nega que as forças de segurançaestiveram envolvidas nos desaparecimentos. O que esta resolução omite é que eles foraminvestigados pelas autoridades. Pessoalmente, incitaria o Parlamento a não votar a favordesta resolução.

Tunne Kelam, em nome do Grupo PPE-DE . – (EN) Senhor Presidente, só posso associar-meàs preocupações pela descoberta de centenas de valas em Jammu e em Caxemira desde2006, mas estou particularmente preocupado com o ataque armado contra o respeitadoadvogado especializado em direitos humanos Pervez Imroz, há apenas 11 dias, em Srinagar,e a perseguição contínua a numerosos activistas dos direitos humanos. Penso, por isso,que é oportuno incitar o Governo indiano a lançar uma investigação independente sobreestas valas como um primeiro passo para proteger os locais onde se situam, a fim depreservar as provas.

Apelamos também à Comissão Europeia para que ofereça ao Governo indiano assistênciafinanceira e técnica através do Instrumento de Estabilidade para um inquérito desse tipoe, possivelmente, mais medidas de resolução de conflitos em Caxemira.

Sarah Ludford, em nome do Grupo ALDE . – (EN) Senhor Presidente, penso que devemosser claros sobre o que esta proposta de resolução não é: não é uma reposição do bastantecontroverso e contencioso relatório que tivemos no ano passado; não se trata de obteruma solução política para a disputa e para o conflito territoriais em Caxemira. Não é nada

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disso. É uma simples focalização em questões humanitárias, com um apelo a umainvestigação independente e imparcial e à responsabilização por alegados desaparecimentos.

Este tema poderia ter sido tratado de várias formas. É verdade que a descoberta de valasnão identificadas remonta a 2006. Mas houve duas coisas que levaram ao pedido deurgência. Uma foi o relatório, datado de 29 de Março, da Associação dos Pais das PessoasDesaparecidas, e a segunda foi o ataque de 30 de Junho, perpetrado por desconhecidos,contra Pervez Imroz, o galardoado advogado especializado em direitos humanos e fundadordaquela associação. Penso que isso justifica a urgência.

Pelo menos parte do propósito desta resolução é incitar a alguma acção da União Europeia,nomeadamente no n.º 2, que exorta a Comissão a oferecer assistência financeira e técnicaao Governo indiano. Convida também os Estados-Membros da UE a abordarem a questãono próximo diálogo sobre direitos humanos com o Governo indiano, que terá lugar nosegundo semestre deste ano. Assim, a tónica é posta em obter uma investigaçãoindependente e, designadamente, em nomear um procurador civil para essa tarefa. Pensoque a resolução se justifica e que tem uma tónica específica e circunscrita e não fala daquestão global de Caxemira.

Leopold Józef Rutowicz, em nome do Grupo UEN. – (PL) Senhor Presidente, a resoluçãofala de factos resultantes do conflito de Caxemira entre o Paquistão e a Índia que se vemarrastando pelos últimos 50 anos. Este conflito foi a causa de várias guerras. Só a Chinatirou benefícios. Tem havido um envolvimento indirecto da Rússia e dos Estados Unidosno conflito, e surgiram fundos de países árabes e da China. A ONU teve um papel positivona mitigação do conflito. Este conflito continua, e os ataques de fundamentalistas continuama produzir resultados sangrentos. Este é o problema mais sério que se coloca aos habitantesde Caxemira. As vítimas do lado indiano são enterradas, enquanto no lado paquistanês setransformam em objectos de vingança. O papel principal na resolução do conflito e naavaliação dos factos deve ser desempenhado pela ONU, não por nós. Sentimo-nosmoralmente obrigados, na medida em que o Governo democrático da Índia não o faz , aprestar assistência e promover a estabilidade, na situação actual em Caxemira e no contextode uma avaliação moral das acções levadas a cabo no conflito. Vejo a realização de umdebate sobre este assunto mais como uma manifestação política do que como uma acçãopragmática. Não apoio a resolução.

Laima Liucija Andrikienė (PPE-DE). – (LT) Estamos plenamente conscientes do factode o conflito militar em Jammu e em Caxemira durar há várias décadas. Contudo, hoje, oponto mais importante é que, apesar do compromisso do Governo indiano de não tolerarabusos de direitos humanos em Jammu e em Caxemira, a comunidade internacional aindarecebe informações sobre violações dos direitos humanos, mais recentemente em relaçãocom um grande número de valas desconhecidas, com centenas de corpos humanos nãoidentificados. Queremos saber e temos de descobrir quem eram estas pessoas, de que tipode violência foram vítimas e que crimes terão alegadamente cometido.

Não só condenamos execuções e desaparecimentos extrajudiciais, mas também insistimosem que o Governo indiano leve a cabo uma investigação independente aprofundada sobreas valas comuns, que protegeram com o objectivo de preservar as provas. Acredito, defacto, que a Comissão Europeia encontrará formas de prestar apoio financeiro e técnicoao Governo indiano para facilitar a investigação.

Marios Matsakis (ALDE). - (EN) Senhor Presidente, quero usar da palavra mais uma vezapenas porque, enquanto co-autor desta resolução, sinto-me obrigado a responder ao que

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disse a senhora deputada Gill. É extremamente raro que as questões urgentes que discutimosnas tardes de quinta-feira sejam apresentadas em sede de comissão antes de chegarem aqui,caso contrário não seriam urgentes. Trata-se de uma questão urgente porque existem valascomuns que foram descobertas recentemente, e temos de tratar este problema.

Em segundo lugar, se o Grupo Socialista quer ter uma maioria na votação, talvez o Grupoda senhora deputada Gill deva certificar-se de que os seus deputados não saem antes dofinal da sessão plenária para chegarem a casa mais cedo – enquanto nós temos de ficar aquia discutir e votar. Diria o seguinte à senhora Deputada Gill: deve primeiro ver o que sepassa com os deputados do seu grupo, porque é a senhora quem se está a queixar dasituação, e só depois falar dos deputados dos outros grupos.

Zdzisław Zbigniew Podkański (UEN). - (PL) Senhor Presidente, as valas comuns e oenterro em massa de pessoas nos Estados de Jammu e de Caxemira gelam-nos o sanguenas veias. A nós, europeus, faz-nos recordar os crimes alemães e soviéticos e os lados negrosdo fascismo e do estalinismo. Reaviva memórias dos campos de concentração de Hitler edo assassínio dos oficiais polacos em Katyń pelos soviéticos. Depois das nossas experiênciasdistantes e mais recentes, devemos fazer tudo o que nos for possível para pôr fim aogenocídio e, onde este já ocorreu, devemos recordá-lo e dar às famílias o direito às sepulturasdos seus antepassados e ao ressarcimento. A situação em Caxemira exige que seja prestadaa assistência financeira e técnica necessária ao Governo indiano e que a resposta da ONUseja reforçada, a fim de repor a normalidade nesta região do mundo.

Kathy Sinnott (IND/DEM). - (EN) Senhor Presidente, quando são encontradas valascomuns, independentemente do local onde são encontradas, é imperativo descobrir quemsão as vítimas, como e porquê foram mortas, quem está a investigar e quem está a serinvestigado. Em vez de ser uma actividade incendiária, é um procedimento que repõe averdade e que honra a memória das vítimas, o que constitui o início do estabelecimentoda verdade, da verdade que nos liberta a todos.

Olli Rehn, Membro da Comissão . − (EN) Senhor Presidente, a Comissão está ciente, e temtido acesso a relatórios sobre a existência de valas comuns na parte de Caxemiraadministrada pela Índia e estamos a acompanhar de perto os pedidos das ONG dirigidosao Governo indiano para que dê início a investigações urgentes, imparciais e independentessobre esta matéria. Entretanto, as autoridades indianas e o Governo central mantêm-se emsilêncio relativamente ao relatório.

Recebemos também a informação de que o advogado Pervez Imroz e um outro activistade uma ONG que investigou as acusações de violações dos direitos humanos em Caxemiraforam sujeitos a intimidação e assédio nos dias 20 e 21 de Junho.

A delegação da Comissão em Nova Deli está a investigar mais aprofundadamente estaquestão, em estreita cooperação com a Presidência francesa e com as embaixadas dosEstados-Membros na capital indiana. A Presidência contactou o Comissário residente daparte de Caxemira administrada pela Índia em Nova Deli e exprimiu as preocupações daUE com a situação. Caso sejam exactos, aqueles relatos traduzem uma evolução muitopreocupante do ponto de vista dos princípios democráticos e do Estado de direito e emcontradição com uma certa evolução positiva ocorrida na Caxemira administrada pelaÍndia, nomeadamente o diálogo alargado, que ainda está a decorrer.

Presidente. – Está encerrado o debate.

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A votação terá lugar após os debates, excepto, como afirmei anteriormente, se forapresentado um pedido adequado e for devidamente verificado que não existe quórum.

11.2. Situação no Bangladesh

Presidente. – Segue-se na ordem do dia o debate de seis propostas sobre a situação noBangladeche (2) .

Ewa Tomaszewska, autora. − (PL) Senhor Presidente, em relação aos distúrbios deJaneiro de 2007, o Governo Provisório do Bangladeche declarou o estado de emergênciae, em 11 de Junho deste ano, aprovou um novo regulamento restringindo os direitoshumanos através de uma definição imprecisa de acto terrorista.

Em Junho ocorreu uma onda de detenções em massa no Bangladeche, tirando partido dasextraordinárias prerrogativas que permitem efectuar detenções sem um mandado judicial,nos casos em seja possível presumir uma ligação entre os delitos e a pessoa a deter. Comefeito, as detenções visaram dirigentes, membros e simpatizantes dos dois principais gruposda oposição, a Liga Awami e o Partido Popular do Bangladeche, que recusaram cooperarcom o Governo na organização de eleições gerais até que os respectivos dirigentes fossemlibertados do cativeiro. Actualmente, as negociações, ainda que incipientes, com a LigaAwami permitem alimentar alguma esperança. Não obstante, a subida massiva dos preçosdos géneros alimentícios está a ameaçar a estabilidade do país. Nestas condições, as eleiçõesprevistas para Dezembro não constituem uma garantia de que o Bangladeche esteja aavançar no caminho da democracia.

Instamos o Governo do Bangladeche a levantar o estado de emergência e a respeitar osdireitos humanos, o que irá contribuir para a manutenção das normas democráticas duranteas eleições. Apelamos à retirada das forças armadas de acções associadas à organizaçãodas eleições.

Jean Lambert, autora . − (EN) Senhor Presidente, como é do conhecimento de todos, asituação no Bangladesh é motivo de preocupação há já bastante tempo para o ParlamentoEuropeu. Apoiámos os apelos para que se garantisse a realização de eleições livres e justas,bem como os apelos da sociedade civil no sentido de se reverem e actualizarem os registoseleitorais, de molde a assegurar a maior participação possível da população nestas eleições.

Penso que é importante dizer que nos congratulamos pelos progressos registados emrelação ao novo registo electrónico. Trata-se de um passo importante que foi dado e que,se for concluído atempadamente e se garantir que os grupos minoritários, etc., tambémserão incluídos no mesmo, constituirá efectivamente um êxito histórico das autoridadesdo Bangladesh. Sabemos que o registo eleitoral teve já um efeito positivo, nomeadamentepara bastantes mulheres de famílias e origens mais pobres, que por fim sentem que têmuma identidade, que podem agora contrair pequenos empréstimos que lhes permitirão,por exemplo, abrir os seus próprios negócios.

Registaram-se, por conseguinte, acções positivas. Congratulamo-nos igualmente pelasacções adoptadas recentemente contra os criminosos de guerra e pelas acções que o governo,ou pelo menos parte dele, empreendeu contra a corrupção.

(2) Ver Acta.

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Alimentamos, porém, grandes preocupações acerca do papel e das actividades do persistenteGoverno Provisório e sobre a subsistência do estado de emergência. Houve quem afirmasseque o estado de emergência é, de alguma forma, uma questão técnica para assegurar apermanência de um governo para além do período de transição.

Quer concordemos ou não com isto, penso que o que se está a passar com o estado deemergência começa, sem dúvida, a revelar uma falta inequívoca de controlo e de equilíbriosdentro do sistema, em particular tendo em conta os relatórios, como acabámos de ouvir,de detenções em massa, da falta de um processo justo, de alegações de tortura, relatóriosde execuções extrajudiciais, de pressão exercida contra jornalistas e de uma violênciacrescente contra as mulheres.

É, por conseguinte, claramente necessário que o Governo Provisório controle as forçasarmadas, que ponha termo às detenções em massa e que acuse ou liberte as pessoas detidas,garantindo-lhes um processo justo. Esta resolução reflecte, sem dúvida, o desejo que pensoexistir no Parlamento de levantar o estado de emergência e de garantir que a sociedade civilpossa caminhar para eleições totalmente livres e justas, com o apoio da União Europeia,pelo menos através da sua capacidade de observador das eleições.

Marios Matsakis, autor . − (EN) Senhor Presidente, o Bangladeche é um dos países maispobres do mundo e cuja integridade física tem uma data de validade; caso não se ponhacobro à ameaça do aquecimento global, grande parte do país ficará submersa pelo marantes de 2050. O estado de emergência, com todas as suas manifestações antidemocráticas– estado declarado pelo Governo Provisório instituído em 2007, no contexto da violênciaque ocorreu no período pré-eleitoral – já deveria ter sido levantado. Todos os indivíduosdetidos no âmbito das leis ditadas pelo estado de emergência devem ser julgados oulibertados.

Além disso, o novo decreto antiterrorismo deve ser urgentemente alinhado com as normasaceites internacionalmente, salvaguardando os direitos e liberdades pessoais. As forçasarmadas do Bangladecehe têm de pôr fim à sua participação nos processos políticos dopaís, devendo as próximas eleições ser realizadas num clima de tranquilidade política nãomilitarizada.

Esko Seppänen, autor. − (FI) Senhor Presidente, na resolução que acabámos de aprovar,o Parlamento Europeu exigia o respeito dos direitos humanos do povo indiano.

A situação no Bangladeche é muito problemática. Todo o país está, há já 18 meses, emestado de emergência e não se vislumbra a realização de eleições livres. O Bangladeche nãoé um Estado democrático, mas também é verdade que o mundo está repleto de Estadosnão democráticos e de violações da democracia. De todos os Estados não democráticos,apenas o Zimbabué foi alvo da condenação da UE e dos Estados Unidos. O carácter nãodemocrático das suas eleições pode ser livremente criticado nos meios de comunicaçãodo mundo ocidental, dado que o país não tem petróleo. O petróleo funciona como umabarreira de protecção contra as violações da democracia.

O Bangladeche também não tem petróleo. Por essa razão, os meios de comunicaçãopuderam denunciar a situação no país com a bênção silenciosa dos governantes dependentesdo petróleo. O Bangladeche reintroduziu a pena de morte e, na sequência da declaraçãodo estado de emergência, foram detidas 300 000 pessoas por motivos dúbios, das quais12 000 morreram no mês passado. Algumas das pessoas detidas nas últimas semanas eram

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defensores da democracia, membros locais activos de partidos políticos e apoiantes dademocracia, considerados criminosos pelo Estado e pelo Governo.

O terrorismo está na ordem do dia também no Bangladeche e constitui um pretexto paraas violações dos direitos humanos. O Bangladeche não é um Estado baseado no primadoda lei. As violações dos direitos humanos ocorrem sob a forma de detenções de todos ostipos, deficiências nos direitos de defesa dos arguidos e lacunas na publicação das sentençase na sua fundamentação. Os direitos humanos consagrados na Constituição não sãorespeitados. Por essas razões, instamos o Parlamento a apoiar a resolução comum queexige a revogação imediata do estado de emergência e a realização, na devida altura, deeleições livres.

Thomas Mann , em nome do grupo PPE-DE . – (DE) Senhor Presidente, o Governo detransição de Ahmed tem de se concentrar nos seus verdadeiros objectivos: a luta contra acorrupção, a consolidação da segurança do país e a criação das condições necessárias paraa realização de eleições – em Agosto, a nível regional, e em Dezembro, a nível nacional.No entanto, estas eleições têm de ser realizadas de forma equitativa, respeitar as convençõesinternacionais e proporcionar às minorias étnicas e religiosas a oportunidade de participar,tanto de forma passiva como activa. Os observadores eleitorais, nomeadamente os daUnião Europeia, devem fazer o acompanhamento necessário deste processo em todo opaís.

É óbvio que se impõe impedir os ataques extremistas. No entanto, o novo decretoantiterrorismo de 2008, cujo objectivo é precisamente esse, tem de cumprir o direitointernacional. Por enquanto, isso não está a acontecer. Actualmente, está a ser utilizadaprincipalmente para visar pessoas que são vítimas de perseguição política. Não é de estranharque o Bangladeche seja um local de medo, onde que os activistas dos direitos humanos eos cidadãos que manifestam as suas críticas são detidos de forma arbitrária.

Quem é detido tem direito a um processo justo. A organização dos direitos humanosOdhikar afirmou que as informações sobre as detenções em massa e os maus-tratos foramconfirmadas. Na qualidade de membro da Associação para a Cooperação Regional da Ásiado Sul (SAARC), já visitei várias vezes o Bangladeche. Muitos dos membros hoje aquipresentes também já o fizeram. Nesse país islâmico moderado, existem muitas pessoas emcargos de responsabilidade que manifestam uma posição favorável. Esperamdesesperadamente por uma colaboração do exterior, nomeadamente da União Europeia– da Comissão e do Conselho.

Senhor Presidente, quero felicitá-lo pela decisão que acabou de tomar relativamente aoquórum no Parlamento Europeu. Senhora Deputada Gill, gostaria que pudéssemos mantervivas todas as questões que consideramos urgentes e que não tivéssemos de estarconstantemente a dizer que irão ser abordadas pela comissão pertinente. O senhor deputadoMatsakis tem toda a razão. Outro passo neste sentido seria que, de repente, deixassem deexistir intergrupos. Isso também seria fatal, porque as comissões não podem fazer essetrabalho.

Temos de tirar o máximo partido da oportunidade de dispormos de tempo suficiente, paraque não voltemos a encontrar-nos na situação actual, em que o pobre presidente tem deutilizar o seu martelo, pois no futuro esperamos ter o dobro do tempo de intervenção,para que o Parlamento Europeu fique conhecido como a voz dos direitos humanos e possaganhar força – mas isso leva o seu tempo.

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Neena Gill, em nome do Grupo PSE . – (EN) Senhor Presidente, depois de ter presidido àDelegação para as Relações com os Países da Ásia do Sul e ter visitado o Bangladeche,gostaria de dizer que se trata de um país frágil, que já sofreu mais do que a sua dose dereveses políticos, ambientais, económicos e sociais. Não obstante, quando lá estive fiqueiimpressionada com os meios de comunicação, livres e dinâmicos, e com a determinaçãodos cidadãos em superar as dificuldades.

Penso que no cerne das nossas relações com o Bangladeche deve estar o apoio aosmovimentos democráticos no país e ao estabelecimento do Estado de direito, assim comoa ajuda à formação de instituições democráticas. Embora a UE desempenhe um papelimportante para auxiliar o Bangladeche a atingir estes objectivos, esse auxílio devetraduzir-se em acções construtivas de apoio ao país e não em procurar fazer umamicrogestão dos problemas.

Congratulo-me vivamente com o anúncio das eleições agendadas para a terceira semanade Dezembro deste ano e apelo ao Governo Provisório para que garanta que estas eleiçõessejam livres e equitativas e para que permita à Comissão Eleitoral prosseguir com o seutrabalho.

Gostaria de me referir aos pontos que o senhor deputado Mann levantou contra mim,porque penso que não é adequado retomar assuntos de debates anteriores. Quero dizerque, se levamos as questões urgentes verdadeiramente a sério, o senhor deputado Manndeve assegurar que todas as pessoas interessadas estejam presentes. Todos nós temos aresponsabilidade de velar por que os nossos colegas estejam no hemiciclo, porque existemgrupos minoritários que estão a influenciar o modo como o Parlamento Europeu é vistoem todo o mundo. Quando discutimos estas questões, devemos ter em mente que, se éimportante que haja um período para questões urgentes, também é importante que todosos deputados estejam presentes.

Janusz Onyszkiewicz, em nome do Grupo ALDE. – (PL) Senhor Presidente, o Bangladecheé o sétimo maior país do mundo em população, com mais de 150 milhões de habitantes.É um país que conquistou a independência em 1971, mas que sofreu durante 20 anos, sobo jugo de governos autocráticos, frequentemente de natureza militar. No entanto, em1991, a situação começou a evoluir. A democracia desenvolveu-se e registou-se umcrescimento de 5%. A conhecida empresa Goldman Sachs afirmou que o Bangladeche eraum país com um futuro muito promissor, face ao seu rápido crescimento económico.Actualmente, estamos a assistir a uma regressão massiva e a uma crise política. O exércitoapareceu nas ruas. Além disso, o exército quer alterar a Constituição para introduzir, deacordo com as suas palavras, a sua forma própria de democracia. Já ouvimos isto antes. Játivemos a oportunidade de observar de perto em que consiste esta forma especial dedemocracia. Se esta nova forma implica trazer o exército para a vida política, isso é, naminha opinião, um rumo muito negativo.

Ryszard Czarnecki, em nome do Grupo UEN. – (PL) Senhor Presidente, a situação noBangladeche sempre foi muito grave, mas agravou-se particularmente nos últimos 18meses, desde a altura em que foi declarado o estado de emergência. Uma das consequênciasfoi, por exemplo, o aumento do número de condenações à morte e a detenção de mais de300 000 pessoas, muitas das quais foram torturadas. O problema é que estas formas derepressão não estão a dar sinais de abrandar. Há seis semanas, foram detidas mais de 12000 pessoas. Tudo isto acontece num contexto económico dramático. O preço do arroze dos produtos alimentares básicos registou uma subida de um terço. Irá provavelmente

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ocorrer uma enorme onda de emigração que irá chegar aos 25 milhões nos próximos 40anos. Este êxodo será causado pelas prováveis inundações que se verificarão em resultadoda subida do nível do mar na Baía de Bengala. Tudo isto aponta para uma conclusão: oBangladeche é um país pelo qual nos devemos interessar e que temos de ajudar. Temostambém de apoiar as mudanças económicas e democráticas neste país, que é o mais pobredo mundo.

Eija-Riitta Korhola (PPE-DE). - (EN) Senhor Presidente, de acordo com as leis do estadode emergência declarado em 2007, uma pessoa pode ficar detida indefinidamente semmandado judicial, com base numa suspeita razoável de participação em actividadesrelacionadas com corrupção. Com a detenção recente de Motiur Rahman Nizami, os trêsprincipais dirigentes de partidos políticos foram detidos com base em falsas acusações decorrupção.

Desde Março de 2008, pelo menos 12 000 pessoas foram detidas, sem direito a libertaçãosob fiança. Entre elas contam-se centenas de membros de partidos políticos, apesar dealguns empresários e jornalistas terem também sido alvo desta caça às bruxas anticorrupção.

Com as eleições previstas para Dezembro deste ano, os principais dirigentes políticosvêem-se impossibilitados de participar no diálogo, o que constitui uma inibição ao processodemocrático. Embora o Governo Provisório negue as alegações de que estas detenções têmmotivações políticas, o momento estratégico em que ocorrem constitui uma coincidênciademasiado óbvia para poder ser ignorada.

Os detidos devem ser legalmente acusados, com base em provas fundamentadas ouimediatamente libertados. Caso contrário, o resultado das eleições será fraudulento e estarálonge de ser democrático.

Lidia Joanna Geringer de Oedenberg (PSE). - (PL) Senhor Presidente, os problemasno Bangladeche, para os quais já temos vindo a chamar a atenção há alguns anos, continuampor resolver. O mundo continua a tomar conhecimento de cada vez mais casos de violaçõesdos direitos humanos nesse país. O Bangladeche está em estado de emergência desde Janeirode 2007. O decreto antiterrorismo que entrou em vigor em 11 de Junho colocou maisrestrições aos direitos humanos, tornando-se um instrumento da batalha política. Duranteos últimos 18 meses, foram efectuadas 300 000 detenções e foi alargado o âmbito deaplicação da pena de morte. Os prisioneiros são sujeitos a tortura e morrem emcircunstâncias pouco explícitas. As autoridades do Bangladeche não estão a fazer muitopara apoiar a economia do país, onde os preços dos produtos alimentares subiram emmais de um terço nos últimos meses e onde um quarto do território está sob a ameaçaconstante de inundações e de catástrofe humanitária. A realização de eleições parlamentareslivres, precedidas do levantamento do estado de emergência, proporciona uma oportunidadepara a mudança no país. É fundamental que o Governo Provisório garanta a liberdade dosmeios de comunicação durante o período pré-eleitoral e a participação nas eleições derepresentantes de todas as minorias étnicas e religiosas do país. A UE deve restaurar, tãobrevemente quanto possível, a sua missão de observação eleitoral no Bangladeche e, antesdisso, a Representação da Comissão Europeia no Bangladeche tem de vigiar atentamentea situação política no país e a observância dos direitos humanos fundamentais.

Leopold Józef Rutowicz (UEN). - (PL) Senhor Presidente, a liberdade e a soberania noBangladeche foram garantidas e conquistadas à custa das vidas de muitos milhões dos seuscidadãos. Esta nação também sofre enormes perdas devido à sua situação e à configuraçãodo terreno. É um país assolado por desastres naturais. O país está sobrepovoado, com 1040

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habitantes por quilómetro quadrado; não está urbanizado e tem um rendimento per capitaextremamente baixo. É difícil de governar devido ao analfabetismo e à falta de estradas ede comunicações. Necessita de auxílio constante do exterior, nomeadamente no que dizrespeito à criação de um sistema democrático eficaz, o que constitui um problemaimportante e de difícil resolução nos países islâmicos. A ponderação de formas eficazesde assistência é uma questão muito importante, para que o Bangladeche não venha a sergovernado por governos totalitários. Apoio a resolução. Um debate sobre a questão dademocracia pode vir a incentivar uma acção positiva por parte do Parlamento.

Filip Kaczmarek (PPE-DE). - (PL) Senhor Presidente, o Governo Provisório doBangladeche, apoiado pelo exército, está a proceder à detenção de milhares de pessoas,entre as quais membros da oposição. Essas pessoas são mantidas em cativeiro durantemeses sem a apresentação de qualquer acusação. Estes factos estão a ocorrer sob o pretextode uma luta contra a corrupção e o terrorismo. O Governo persegue também os meios decomunicação independentes e permite a prática da tortura. Tudo isto se passa num paísque é dos mais pobres e com maior densidade populacional do mundo. Neste contexto, énecessário afirmar com alguma preocupação que a União Europeia está a atribuir muitopouca importância aos problemas do Bangladeche. Isso tem de mudar. As eleiçõesparlamentares anunciadas para o final do ano devem constituir uma boa oportunidadepara essa mudança. A Comissão Europeia e o Conselho devem, definitivamente,desempenhar um papel mais activo em defesa do levantamento do estado de emergênciae do fim das violações dos direitos humanos. A UE deve exercer uma pressão especial,particularmente no que diz respeito às próximas eleições, e observar atentamente osrespectivos preparativos e realização.

Jo Leinen (PSE). – (DE) Senhor Presidente, a União Europeia tem todo o interesse emque existam condições democráticas e respeito dos direitos humanos no Bangladeche.Também apelo à realização de eleições livres e equitativas e ao levantamento, num futuropróximo, das medidas ditadas pelo estado de emergência. Não pode, obviamente, existirum debate democrático num clima de medo e intimidação.

É um facto que fazemos exigências ao Governo Provisório, mas temos também de realçarque o poder político instituído no Bangladeche tem um estilo de actuação bastante primárioe que as coisas não acontecem de forma pacífica, mas com grande violência, particularmentedurante as campanhas eleitorais. As campanhas eleitorais são habitualmente utilizadaspara intimidar as minorias. Por isso, a nossa mensagem dirige-se a todos os intervenientes,principalmente ao Governo, mas também aos partidos políticos.

Todavia, Senhor Presidente, respeito a sua decisão, embora gostasse apenas de salientarque o nosso Regimento afirma que, “Se a votação demonstrar que não existe quórum, seráinscrita na ordem do dia da sessão seguinte.” (n.º 3 do artigo 149.º). Espero que essasvotações tenham lugar não com 30 deputados presentes, mas com 600, como acontecesempre nas votações do meio-dia.

Justas Vincas Paleckis (PSE). – (LT) O Bangladeche é um dos países mais pobres domundo. É também um dos que têm a maior densidade populacional. É o país mais ameaçadopelas alterações climáticas. Por fim, é um dos menos democráticos.

Referi quatro problemas, quatro ameaças, e até o país mais são poderia sucumbir a apenasuma delas. Para quebrar esta corrente, portanto, é necessário restaurar a democracia, e osdebates de hoje devem apontar nesse sentido.

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Marios Matsakis (ALDE). − (EN) Senhor Presidente, lamento ter de intervir novamente,mas tenho de voltar a responder à senhora deputada Gill. A senhora deputada declarouque o debate de quinta-feira à tarde e as resoluções são o resultado das pretensões depequenos grupos minoritários. Atrevo-me a afirmar que se trata de uma acusaçãodesrespeitosa, injusta e infundada. Estas resoluções são exaustivamente discutidas emreuniões onde estão presentes representantes de todos os grupos, nomeadamente do GrupoPSE, um ou dois dias antes do debate que aqui tem lugar na quinta-feira à tarde. Sãoaprovadas pelos representantes destes grupos, caso concordem com o respectivo conteúdo,sendo posteriormente debatidas e votadas.

Por isso, se existir algum problema relativamente ao Grupo Socialista, isso não nos dizrespeito. É um problema que diz respeito ao grupo da senhora deputada Gill. Talvez nãodiscutam estas questões a tempo ou o suficiente, mas isso é um problema da senhoradeputada. No que diz respeito à quinta-feira à tarde, é precisamente o contrário. Não setrata de grupos minoritários. O grupo PPE-DE tem a maioria na quinta-feira à tarde e vaiser aprovado aquilo que o Grupo PPE-DE quiser, dado que detém a maioria.

Zdzisław Zbigniew Podkański (UEN). - (PL) Senhor Presidente, tornou-se uma práticado Parlamento Europeu analisar os casos de violações dos direitos humanos, dos princípiosdemocráticos e do Estado de direito e adoptar resoluções adequadas em sessão plenária.Um dos temas que estamos a abordar hoje é a situação no Bangladeche, onde as eleiçõesprevistas para 22 de Janeiro de 2007 não se realizaram, tendo sido adiadas para Dezembrode 2008. Este facto agravou a situação, levando, por um lado, a inúmeros protestossociopolíticos e, por outro, a um reforço da legislação e a uma resposta mais dura por partedas forças governamentais. As expressões “terrorismo”, “actos lesivos de bens e pessoas”e “crimes graves” são frequentemente utilizadas como fundamento para as detenções edecisões dos tribunais. O estado de descontentamento é agravado por uma crise alimentar,de que resulta um aumento da despesa com os produtos alimentares que atinge os 60%.Não é um problema que possa ser resolvido recorrendo à força – com detenções, decisõesjudiciais ou encarceramentos. O que é necessário é uma reconciliação entre as facções emconflito. Essa reconciliação poderia ter lugar através de eleições democráticas, pelo queuma resolução que apele à sua realização faz todo o sentido e deve ser apoiada.

Presidente. – Antes de dar a palavra à Comissão, gostaria de responder ao meu amigo ecolega Jo Leinen.

Jo, dizia que se não votássemos hoje à tarde, a votação teria lugar na próxima vez. Issoestaria correcto se não se tratasse de uma votação sobre questões urgentes, dado que,segundo a interpretação elaborada pela Comissão dos Assuntos Constitucionais, a quepreside, o n.º 6 do artigo 115.º do nosso Regimento afirma muito claramente que aspropostas de resolução sobre assuntos urgentes que não possam ser apreciadas dentro dolapso de tempo previsto para o debate caducarão. Aplica-se o mesmo regime às propostasde resolução em relação às quais se verifique a falta de quórum.

Por conseguinte, no caso das questões urgentes, e apenas nesse caso, se se verificar a faltade quórum, a votação nunca se realiza. Nos termos do n.º 6 do artigo 115.º, a votação nãopode ser adiada.

Olli Rehn, Membro da Comissão . − (EN) Senhor Presidente, as eleições parlamentares deDezembro são, na realidade, fundamentais para garantir uma democracia sustentável noBangladeche. Já se realizaram progressos, mas são ainda necessários muitos mais,especialmente no domínio dos direitos humanos.

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Até este momento, consideramos as medidas tomadas pelo Governo para preparar estaseleições, no que diz respeito ao quadro eleitoral e ao diálogo com os partidos políticos,francamente positivas. Foram realizados progressos substanciais no domínio dospreparativos técnicos.

Ainda assim, uma vez que o Bangladeche se encontra em estado de emergência, iremosvigiar de perto se o levantamento progressivo das restrições ao exercício dos direitos civise políticos permite a realização de eleições livres e equitativas credíveis. Gostaria tambémde deixar claro que a nossa participação no processo, nomeadamente o eventual reenvioda missão de observação eleitoral suspensa no início de 2007, estará associada a estecompromisso do Governo.

Também partilhamos as preocupações expressas pelo Parlamento na sua resolução de 6de Setembro do ano passado, assim como nas propostas apresentadas pelos partidospolíticos para este debate de hoje. As restrições ao exercício das liberdades fundamentaistêm de ser limitadas ao que é estritamente necessário para garantir a segurança.

Presidente. – Está encerrado o debate.

A votação terá lugar no final dos debates.

Charles Tannock (PPE-DE), por escrito . – (EN) O Bangladeche é um país estratégico ede grande dimensão situado na Ásia meridional, que conta com 153 milhões de habitantese cerca de 80 milhões de eleitores recenseados, pelo que é uma das maiores democraciasdo mundo.

O Governo Provisório informou a UE e os EUA de que irá realizar eleições democráticasem Dezembro de 2008, depois de levada a bom termo a elaboração de cadernos eleitoraisseguros contra fraudes. As forças militares estão presentemente empenhadas em retirar-sedo processo político. A antiga Primeira-Ministra Sheikh Hasina foi libertada por razões denatureza humanitária. Os poderes do estado de emergência, que a presente resoluçãopretende, com toda a razão, ver levantado, continuam a ser aplicados e devem ser revogadosantes das eleições. É necessário libertar ou levantar acusação contra o enorme número depessoas detidas na sequência dos acontecimentos violentos do ano passado, que levaramà declaração do estado de emergência Os observadores a longo prazo da UE devem regressaro mais brevemente possível para acompanhar a situação durante o período pré-eleitoral.

A UE está a vigiar muito de perto a situação no Bangladeche, em virtude das preocupaçõescom a deterioração da situação dos direitos humanos nos últimos anos e com o aumentoda radicalização islâmica da sua sociedade, com o êxodo de hindus, ahmadis e cristãos ecom o aparente abandono por parte do Governo do seu modelo comprovado de umademocracia pluripartidária secular. O Bangladeche tem todos os ingredientes para ser umademocracia plena no mundo muçulmano, e a UE deve prestar-lhe todo o apoio.

11.3. Pena de morte, nomeadamente o caso de Troy Davis

Presidente. – Segue-se na ordem do dia o debate de seis propostas de resolução sobre apena de morte, em particular o caso de Troy Davis (3) .

(3) Ver Acta.

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Marios Matsakis, autor . − (EN) Senhor Presidente, este Parlamento assumiu uma posiçãoclara e determinada no que diz respeito à pena de morte. Apoia a sua abolição e anecessidade de uma moratória imediata das execuções nos países onde ainda se aplica apena de morte.

É este o caso de muitos dos estados dos Estados Unidos, como o Estado da Geórgia, ondeTroy Davis aguarda a execução do seu assassínio legal, prevista para o fim de Julho. Paraalém de considerações de natureza ideológica e humanística contra a execução de sereshumanos, no caso de Troy Davis parecem existir razões adicionais, como a existência desérias dúvidas, desde o início do processo, relativamente à solidez e validade das provasque levaram à sua condenação.

Consideramos que essas dúvidas justificam o argumento de qualquer indivíduo com sensocomum de que, neste caso, deve ser concedido um novo julgamento. Por conseguinte,apelamos às autoridades competentes nos EUA para que ordenem a repetição do julgamentode Troy Davis e, caso este venha a ser novamente declarado culpado, que a sua condenaçãoà morte seja comutada para prisão perpétua.

Além disso, exortamos uma vez mais o Governo dos Estados Unidos e todos os governosdo mundo que ainda aplicam a pena de morte, a aboli-la em nome da humanidade.Exortamos, em particular, os governos de países como a China, Irão, Paquistão e ArábiaSaudita, onde as execuções continuam a ser realizadas regularmente e onde, em muitoscasos, são levadas a cabo da forma mais bárbara, a que ponham fim às execuções.

Ryszard Czarnecki, autor. − (PL) Senhor Presidente, não gostaria que esta discussão setornasse num debate sobre a questão da pena de morte. Dado que não podemos ocultar ofacto de que existem diferenças de opiniões sobre esta matéria, parece-me que devemosdebruçar-nos sobre o caso muito específico de um indivíduo a quem foi decretada acondenação à morte, após a qual sete das nove testemunhas de acusação se retractaram.Trata-se de uma situação muito concreta. Não gostaria que enveredássemos, de uma formaabstracta, por um debate sobre a questão da pena de morte ser ou não absolutamentereprovável. Não pretendo, neste momento, apelar às autoridades norte-americanas paraque alterem uma lei que, em 1972, ou seja, há 36 anos, voltou a instaurar a aplicação dapena de morte. Estamos a falar acerca de um caso específico e extraordinariamentecontroverso. É importante defender o senhor Davis e demonstrar que existem situaçõesem que vale a pena intervir. Gostaria de alertar para o perigo das generalizações, razão pelaqual não me associei à assinatura desta resolução comum.

Jean Lambert, autora . − (EN) Senhor Presidente, este é, sem dúvida, um caso urgente,já que, como ficámos a saber, a execução está prevista para finais deste mês. Por isso, apeloa que todos nós neste Parlamento, que estamos a assistir ao presente debate, façamosdiligências, a título individual, junto do Governo norte-americano, e até mesmo junto doGoverno do Estado da Geórgia, no sentido de que seja aplicada a clemência. Posteriormente,insistiríamos, caso fosse necessário, na necessidade da realização de um novo julgamento.Pelo menos, manteríamos a pessoa viva e poderia proceder-se a uma repetição dojulgamento. Considero que é extremamente importante responsabilizarmo-nospessoalmente por este caso, assim como tentarmos fazer diligências através do Parlamento.

Não há dúvidas de que, neste caso em particular, as provas, com base nas declarações demuitas das testemunhas, foram retractadas e contestadas. A equipa de avaliação da penade morte da Geórgia da American Bar Association divulgou um relatório que analisa ascircunstâncias naquele Estado em particular e concluiu que um dos maiores problemas

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encontrados é a inadequação da defesa, e considerou preocupante que arguidos que já seencontram no corredor da morte podem não ter tido uma defesa adequada durante ojulgamento. Esta equipa salientou que o Estado da Geórgia é o único que não facultaadvogados aos reclusos no corredor da morte para recurso da sentença.

Existem, portanto, vários motivos para preocupação relativamente a este caso, referido notítulo “Resolução sobre a pena de morte, em particular o caso de Troy Davis”. Mas gostariatambém de mencionar outros casos, nomeadamente o que está actualmente a acontecercom algumas das pessoas que continuam detidas em Guantánamo. Um caso específico éo de um cidadão residente no Reino Unido, Binyamin Mohamed, que se encontra detidoem Guantánamo há seis anos e que parece vir a ter de enfrentar uma comissão militar, doque pode, com grande probabilidade, resultar uma sentença de morte.

Este Parlamento e a União Europeia no seu conjunto têm uma posição muito determinadarelativamente à pena de morte. Consideramos que não deve ser aplicada por uma sociedadecivilizada e que existem razões mais do que suficientes para não impor a condenação àmorte. O caso de Troy Davis, na minha opinião, é um exemplo absolutamente clássicodos problemas reais que se colocam à aplicação da pena capital.

Uma vez mais, para além do que se preconiza nesta Resolução em particular, gostaria deapelar a todos, enquanto indivíduos responsáveis, para que tomemos também a iniciativade manifestar a nossa inquietação com este caso concreto.

Laima Liucija Andrikienė, autora. – (LT) O Parlamento Europeu aprovou uma série deregulamentos que incentivam a abolição da pena de morte e das execuções ou, pelo menos,uma moratória das execuções nos países onde ainda se aplica a pena de morte.

Hoje nós, o Parlamento Europeu, estamos a apoiar uma pessoa que não conhecemos, TroyDavis, que deverá ser executada no final deste mês. Imaginem-se no seu lugar: já passou17 anos à espera de ser declarado inocente ou executado, quando existem provas sólidasque confirmam a sua inocência, quando as sete testemunhas que atestaram contra ele seretractaram, etc. São conhecidos alguns casos de pessoas que executadas cuja inocênciafoi comprovada posteriormente. Existem muitos casos em que as pessoas são condenadasà morte mas em que a execução é evitada devido à descoberta de novas provas que atestama sua inocência relativamente ao crime em causa.

Por conseguinte, instamos hoje, uma vez mais, todos os países do mundo onde a pena demorte ainda é aplicada, a que tomem medidas imediatas com vista à sua abolição. Estamosa marcar claramente a nossa posição contra a pena de morte, apoiando uma pessoa real ea apelar aos tribunais norte-americanos competentes para que voltem a investigar o casode Troy Davis e para que apliquem uma sentença mais branda do que a pena de morte.

Na minha opinião, apoiar uma pessoa real, tentar evitar que seja executada, mesmo quetenha cometido um erro enorme, é a melhor forma de manifestar inequivocamente a nossaposição quanto à necessidade de abolir a pena de morte.

Ana Maria Gomes, Autora . − Senhor Presidente, o primeiro dos direitos humanos é oda inviolabilidade da vida. A pena de morte é o mais insolente dos desdéns à dignidade, àcivilização e ao progresso. Neste instante, neste exacto minuto em que respiramos e falamoslivremente, há um homem fechado numa cela, Troy Davis, que vive contando os minutosque lhe restam de vida. Ele está há mais de 15 anos no corredor da morte e sempre negouter cometido o crime de que foi acusado. Parte dos que testemunharam contra eledesmentiram ou apresentaram contradições nos seus depoimentos, obtidos mediante

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pressão policial. Neste caso não existem provas claras, objectivas e convincentes. A aplicaçãoda pena de morte a Troy Davis, pelas autoridades do Estado da Geórgia, é totalmentecontrária à moratória à pena de morte aprovada no passado mês de Dezembro pelaAssembleia Geral das Nações Unidas.

Embora não seja legalmente penalizante, esta moratória carrega um enorme peso morale político. Cabe hoje aos Estados que não o fizeram, rever a sua política no sentido de abolira pena capital e de respeitar os direitos humanos na sua íntegra. O Estado da Geórgia, comeste caso, tem agora a oportunidade de voltar a dar substância merecida aos valores maisessenciais da democracia. Recentemente, o Comissário Louis Michel ouviu da boca doPresidente do Sudão, Omar al-Bashir, que não entregaria os indiciados por crimes contraa humanidade ao Tribunal Penal Internacional, tal como os Estados Unidos não o faziam.O exemplo dos Estados Unidos nestas duas matérias é uma desgraça, e nós temos que, portodos os meios, fazer sentir aos Estados Unidos que não podemos aceitar esta posição eque exemplo terrível é dado ao mundo em matéria de direitos humanos.

Por isso, como se pede na resolução, é essencial que a Presidência da União Europeia, quea delegação da Comissão Europeia em Washington, sem demora, façam diligências paraevitar a condenação de Troy Davis e para que os Estados Unidos efectivamente revejam asua posição em relação à pena de morte.

Józef Pinior, em nome do Grupo PSE. – (PL) Senhor Presidente, em 2007 realizaram-se1252 execuções em 24 países do mundo. O número real é indubitavelmente mais elevado.Oitenta e oito por cento dessas execuções tiveram lugar na China, no Irão, na ArábiaSaudita, no Paquistão e nos Estados Unidos.

Há duas questões que gostaria de levantar no debate de hoje. Em primeiro lugar, discordointeiramente das afirmações do meu colega Czarnecki, segundo as quais a pena de morteé uma questão sobre a qual há diferentes opiniões dentro da União Europeia. Não é issoque acontece. Recordo ao senhor deputado Czarnecki a posição oficial da doutrina daIgreja Católica Romana, coincidente também com a opinião pessoal do Papa João PauloII, que era contrário à aplicação da pena de morte. Parece-me que isto deverá constituiruma indicação muito clara para o senhor deputado Czarnecki da posição maioritária sobreesta matéria nos países da UE.

A segunda questão prende-se, obviamente, com as circunstâncias concretas da situaçãode Troy Davis, nos Estados Unidos, a quem irá ser aplicada a pena de morte. Temos defazer tudo o que estiver ao nosso alcance para suspender a execução desta sentença e paraque se proceda a uma revisão do processo, com a possível substituição da pena capital pelaprisão perpétua, caso seja provada a culpa do arguido.

Dumitru Oprea (PPE-DE). – (RO) São mais de 40 os países que renunciaram ao métododa pena de morte desde 1990 e, actualmente, a aplicação dessa pena é legalmente proibidaem mais de 120 países.

A nível europeu, no âmbito da Convenção Europeia dos Direitos do Homem, que se refere,no artigo 2.º ao direito à vida e, no artigo 1.º do protocolo n.º 6 à “Abolição da pena demorte”, ninguém pode ser condenado à pena de morte nem executado.

Os dados estatísticos apresentados relativamente ao resto do mundo são chocantes. Em2006, foram executadas mais de 1591 pessoas e mais de 3861 foram condenadas à morteem 55 países.

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Penso que ninguém tem o direito de tirar a vida a outro ser humano. Como é possível tiraralgo que não é nosso? Por essa razão, não consigo sequer conceber algo semelhante,especialmente porque nos países que aplicam a pena de morte o número de crimes gravesnão diminuiu em virtude da aplicação dessa pena.

O que propomos é a substituição da pena de morte pela privação da liberdade.

Janusz Onyszkiewicz (ALDE). - (PL) Senhor Presidente, a nossa discussão tem,obviamente de fazer alusão a uma questão fundamental e que é o sentido, em termos gerais,assim como o aspecto moral dessas sentenças judiciais que condenam pessoas à morte.Um dos argumentos que considero ser muito importante nesta discussão é a dúvida sobrea culpabilidade de uma pessoa que foi acusada de forma absolutamente inequívoca do actoque lhe é imputado. Em qualquer outra situação, existe sempre a possibilidade de anulara sentença e permitir à pessoa voltar à sua vida normal. No caso da pena de morte, essapossibilidade não existe. Face a isso, para além dos aspectos de natureza exclusivamentemoral, que são extraordinariamente importantes, este aspecto jurídico tem também de serlevado em conta. É especificamente o que estamos a discutir neste caso, em que existemdúvidas importantes relativamente aos fundamentos da acusação.

Ewa Tomaszewska, (UEN). − (PL) Senhor Presidente, todas as pessoas devem ter direitoa um julgamento justo. Neste caso, em que existem muitas dúvidas sobre a culpabilidadedo acusado e em que sete das testemunhas se retractaram, é necessário que o condenadovolte a ser ouvido. Uma outra questão, que foi referida pelos oradores anteriores, é oproblema da irreversibilidade da pena de morte. A existência de dúvida é uma razão maisdo que suficiente para a não aplicação dessa pena.

Maciej Marian Giertych (NI). - (EN) Senhor Presidente, gostaria de aproveitar aoportunidade proporcionada por este debate para apelar a uma moratória à pena de morteaplicada a seres humanos inocentes que ainda nem nasceram. Já é mais do que tempo deos países civilizados abandonarem a prática do aborto.

Olli Rehn, Membro da Comissão . − (EN) Senhor Presidente, a União Europeia opõe-sefirmemente à aplicação da pena de morte e trabalha activamente para a sua abolição emtodos os países do mundo.

Nos países que mantêm a pena de morte, a UE tem por objectivo a restrição progressivado seu âmbito de aplicação e a introdução de uma moratória com vista à abolição total.

As orientações da política da UE para os países terceiros relativamente à pena de morte,adoptadas em 1998 e revistas em 2008, definem o quadro de acção da UE nesta matéria.Incluem declarações ou diligências empreendidas em fóruns internacionais e relativas apaíses terceiros, nomeadamente os Estados Unidos da América.

No que diz respeito aos EUA, a União Europeia está profundamente preocupada com oreatamento das execuções desde o levantamento, em Maio, da moratória de facto à penade morte.

Exortámos repetidamente o Governo norte-americano a reintroduzir uma moratória àpena de morte a nível federal e esperamos que os EUA considerem a abolição por lei destapena num futuro previsível.

Tomámos conhecimento da proposta de resolução do Parlamento relativamente ao casoparticular de Troy Davis. Recebemos informações da nossa delegação em Washington,

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segundo as quais o Governador do Estado da Geórgia ainda não tinha assinado a ordemde execução e não estava, aparentemente, com muita pressa em fazê-lo.

A Comissão, os Estados-Membros e a Presidência da UE irão, obviamente, acompanharmuito de perto a evolução deste caso.

Presidente. – Está encerrado o debate.

A votação terá lugar no final dos debates.

Neena Gill (PSE). - (EN) Senhor Presidente, o senhor deputado Matsakis referiu-se hápouco a mim, e gostaria de lhe dar uma resposta. Não tinha intenção de abusar doprocedimento catch-the-eye num debate diferente sobre uma questão tão importante comoa pena de morte. Não obstante, creio que o senhor deputado Matsakis quis dizer que eunão entendo o sistema das questões urgentes. Gostaria apenas de declarar, para que fiqueregistado, que já intervim numa série de questões urgentes e que é o sistema menos abertoe transparente de todos nossos sistemas.

É óbvio que debatemos a questão no meu grupo, mas as questões urgentes só ficamestabelecidas na quinta-feira anterior à sessão de Estrasburgo, e é na terça-feira anteriorque realizamos uma reunião de uma hora, durante a qual as questões urgentes sãorapidamente alinhavadas.

Penso que algumas destas questões não são urgentes e que deveriam ser devidamentedebatidas neste Parlamento, a bem da sua credibilidade.

12. Quórum (continuação)

Presidente. – No início da sessão desta tarde, solicitei a opinião de pelo menos umrepresentante de cada grupo, dado que me tinha sido pedido que o quórum fosse verificado,em conformidade com o artigo 149.º do nosso Regimento. Esse pedido tinha por base umpedido escrito de quarenta deputados. Com efeito, para ser totalmente sincero, 39 + 1,uma vez que o décimo primeiro nome constante da lista é completamente ilegível. Nãoconsigo dizer-vos, não conseguimos dizer-vos quem é o quadragésimo signatário dessalista.

Após a realização de um debate e depois de ter recebido o parecer do presidente da Comissãodos Assuntos Constitucionais, assumi a responsabilidade e também interpretei o n.º 4 doartigo 149.º do nosso Regimento, que determina que os deputados que tiverem solicitadoa verificação do quórum serão contados como presentes mesmo que já não se encontremno Hemiciclo.

Gostaria de chamar a vossa atenção para as palavras “já não”. Não se refere aos que “nãoestão no Hemiciclo”, mas aos que “já não estão”. Isto significa que eles tiveram de lá estarantes. O “antes” não se refere obviamente ao facto de eles lá terem estado em mesesanteriores, mas, seguramente, no momento em que o pedido relativo ao quórum foi feito.Por conseguinte, especifiquei que antes da votação iria verificar se os quarenta signatáriosestavam presentes, apesar da dificuldade em determinar a identidade do quadragésimo.

Segundo os nossos serviços, estão presentes cinco. Posto isto, se agora se levantaremquarenta deputados e apresentarem um pedido de verificação do quórum, assim o farei.Estão presentes quarenta deputados que queiram levantar-se e solicitar a verificação doquórum?

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Neena Gill (PSE). - (EN) Senhor Presidente, poderia verificar se estão presentes quarentadeputados, dado que não é fácil saber?

Presidente. – Senhora Deputada Gill, parece-me que, sobretudo depois desta tarde,começo a saber de cor o artigo 149.º. Está a referir-se ao n.º 5. É da responsabilidade doPresidente da sessão, e apenas dele, decidir, em qualquer momento, proceder à constataçãode que não existe quórum. No entanto, dada a importância da votação que vai ser realizada,especialmente sobre o caso de uma pessoa condenada à morte, não me vou prestar a essejogo. Se não existirem quarenta colegas dispostos a assumir a sua responsabilidadelevantando-se, não irei verificar o quórum.

Há quarenta colegas que queiram levantar-se? Não estou a vê-los. Procedamos então àvotação.

13. Período de votação

Presidente. – Segue-se na ordem do dia o período de votação.

(Resultados pormenorizados das votações: ver Acta)

13.1. Alegada existência de valas comuns na parte de Cachemira administrada pelaÍndia (votação)

13.2. Situação no Bangladesh (votação)

- Antes da votação da primeira parte do considerando K

Thomas Mann (PPE-DE). – (DE) Senhor Presidente, apenas um pormenor: sugiro quesubstituamos “21 de Dezembro de 2008” por “a terceira semana de Dezembro de 2008”.Seria essa a data exacta. É um pormenor, mas devemos ser fiéis aos factos.

(O Parlamento aprova a alteração oral)

13.3. Pena de morte, nomeadamente o caso de Troy Davis (votação)

Presidente. – Estão encerradas as votações.

14. Reforço do papel dos jovens e da juventude nas políticas europeias (declaraçãoescrita): Ver Acta

15. Cooperação urgente para recuperar crianças desaparecidas (declaração escrita):Ver Acta

16. Comunicação de posições comuns do Conselho: Ver Acta

17. Correcções e intenções de voto: ver Acta

18. Decisões sobre determinados documentos: ver acta

19. Declarações escritas inscritas no registo (artigo 116º do Regimento): ver acta.

20. Transmissão dos textos aprovados durante a presente sessão: ver Acta

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21. Calendário das próximas sessões: ver Acta

22. Interrupção da Sessão

Presidente. – Dou por interrompida a sessão do Parlamento Europeu.

(A sessão é suspensa às 16H45)

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ANEXO (Respostas escritas)

PERGUNTAS AO CONSELHO (Estas respostas são da exclusivaresponsabilidade da Presidência em exercício do Conselho da UniãoEuropeia)

Pergunta nº 12 de Colm Burke ( H-0447/08 )

Assunto: Somália

Na sequência das conclusões da reunião do Conselho "Assuntos Gerais e Relações Externas"(AGEX) de 26 e 27 de Maio de 2008:

Que diligências tenciona o Conselho efectuar para promover e apoiar um diálogo políticoinclusivo entre todas as partes?

Que medidas tenciona o Conselho adoptar para velar pela aplicação do direito humanitáriointernacional e da legislação internacional sobre os direitos humanos, bem como paragarantir a realização de inquéritos em caso de infracção, a fim de pôr termo ao clima deimpunidade que reina actualmente no país?

Que medidas tenciona o Conselho adoptar para garantir o livre acesso à ajuda humanitáriae para induzir o governo federal de transição a respeitar a sua intenção expressa de criarum núcleo de coordenação da ajuda humanitária?

Resposta

(FR) A presente resposta, elaborada pela Presidência e que não responsabiliza nem oConselho, nem os seus membros enquanto tais, não foi apresentada oralmente durante operíodo de perguntas ao Conselho, durante o período de sessões de Julho de 2008 doParlamento Europeu em Estrasburgo.

O Conselho está a analisar diferentes possibilidades de concretizar todos os compromissosque figuram nas conclusões sobre a Somália que adoptou em 26 de Maio e em 16 de Junho.

O Conselho incentiva um diálogo abrangente, que associe o conjunto das partes em presençana Somália, através de um diálogo político com membros das instituições federais detransição, membros moderados da oposição e a sociedade civil. Dentro deste espírito, oConselho apoia integralmente o acordo alcançado em Djibuti, em 9 de Junho, entre oGoverno Federal de Transição e a Aliança para a Re-Libertação da Somália, e continuará afornecer apoio político e financeiro aos esforços desenvolvidos pela ONU.

O Conselho está profundamente preocupado com a extrema gravidade da situaçãohumanitária na Somália. Verificou com satisfação que o governo federal de transiçãotenciona criar um centro de ligação para a crise humanitária.

O Conselho dá apoio ao de Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos,e nomeadamente ao perito independente para a Somália e incitou-os a desencadear umamissão de inquérito e avaliação independente sobre a situação dos direitos humanos.

Em resposta ao pedido formulado pelo Conselho, nas suas conclusões de 16 de Junhosobre a Somália, o Secretário-Geral das Nações Unidas e a Comissão estão a analisar aspossibilidades de implementação da resolução 1816 relativa à luta contra a pirataria e osroubos à mão armada no mar cometidos ao largo das costas da Somália.

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Pergunta nº 13 de Jim Higgins ( H-0449/08 )

Assunto: Prioridades em matéria de segurança rodoviária

Poderá o Conselho indicar as medidas que espera poder promover, por forma a que a UEcumpra o seu objectivo de reduzir para metade a mortalidade rodoviária até 2010, e queoutras medidas se propõe introduzir durante a actual Presidência?

Resposta

(FR) A presente resposta, elaborada pela Presidência e que não responsabiliza nem oConselho, nem os seus membros enquanto tais, não foi apresentada oralmente durante operíodo de perguntas ao Conselho, durante o período de sessões de Julho de 2008 doParlamento Europeu em Estrasburgo.

No que respeita às medidas a promover, durante os próximos seis meses, com vista a reduziro número de vítimas de acidentes de viação na União Europeia, a Presidência francesa doConselho zelará pela adopção da proposta de directiva do Parlamento Europeu e doConselho relativa à gestão da segurança da infra-estrutura rodoviária (4) , sobre a qual oConselho e o Parlamento Europeu acabam de chegar a acordo em primeira leitura.

O objectivo desta proposta é o de garantir a integração da segurança em todas as fases daplanificação, da concepção e da exploração das infra-estruturas rodoviárias da redetranseuropeia de transportes (RTE-T). Tal como as considerações de ordem económica eambiental, a segurança constituirá um aspecto primordial da concepção de novasinfra-estruturas. A directiva proposta garantirá também aos gestores das infra-estruturasrodoviárias o acesso às orientações, à formação e às informações necessárias para assegurara segurança na rede rodoviária.

A Presidência francesa presta aliás uma importância muito especial à proposta de directivado Parlamento Europeu e do Conselho que visa facilitar a aplicação transfronteiras dasregras de segurança rodoviária (5) .

O objectivo desta proposta é o de garantir a integração da segurança em todas as fases daplanificação, da concepção e da exploração das infra-estruturas rodoviárias da redetranseuropeia de transportes (RTE-T). Tal como as considerações de ordem económica eambiental, a segurança constituirá um aspecto primordial da concepção de novasinfra-estruturas. A directiva proposta garantirá também aos gestores das infra-estruturasrodoviárias o acesso às orientações, à formação e às informações necessárias para assegurara segurança na rede rodoviária.

Esta proposta de directiva vem completar o dispositivo previsto na decisão-quadro doConselho relativa à aplicação do princípio do reconhecimento mútuo às sanções pecuniárias.Esta decisão-quadro, adoptada em Fevereiro de 2005, contribuirá para fazer com que tantoparticulares, como sociedades, deixem de poder evitar pagar as suas multas. Permitirá aqualquer autoridade judiciária ou administrativa dirigir uma sanção pecuniária directamentea uma qualquer autoridade de outro Estado-Membro e garantir o reconhecimento e aexecução dessa sanção sem mais formalidades.

(4) COM(2006)0569(5) COM(2008)0151

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Por fim, note-se que a Presidência francesa vai organizar, a 11 e 12 de Setembro, em Paris,um seminário sobre a coordenação da luta contra a insegurança rodoviária, centrada naproblemática do controlo e das sanções. Acolherá também em Paris, a 13 de Outubro,uma conferência sobre "a segurança rodoviária nas nossas cidades", organizada pelaComissão no âmbito do Dia Europeu da Segurança Rodoviária.

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Pergunta nº 14 de Mairead McGuinness ( H-0451/08 )

Assunto: Segurança alimentar à escala global

Terá o Conselho abordado o problema novo mas muito preocupante da segurança alimentarà escala global? Reconhece o Conselho que parte das causas do problema da insegurançaalimentar reside nos anos de negligência em termos de despesa na investigação edesenvolvimento na agricultura e na produção alimentar? Que medidas considera oConselho serem essenciais para fazer face à crise?

Resposta

(FR) A presente resposta, elaborada pela Presidência e que não responsabiliza nem oConselho, nem os seus membros enquanto tais, não foi apresentada oralmente durante operíodo de perguntas ao Conselho, durante o período de sessões de Julho de 2008 doParlamento Europeu em Estrasburgo.

No que respeita às medidas a tomar para dar uma resposta política a longo prazo à crisealimentar mundial, o Conselho remete a senhora deputada para a resposta à pergunta oralH-0358/08 apresentada por Dimitrios Papadimoulis.

Além disso, como saberá certamente a senhora deputada, o Conselho Europeu, na suaúltima reunião de 20 de Junho, analisou as consequências políticas do encarecimento dosgéneros alimentícios e do petróleo. Remeto-a para as conclusões da Presidência sobre oassunto.

No sector da agricultura, a União já tomou medidas com vista a limitar a pressão exercidasobre os preços dos género alimentícios, vendendo stocks de intervenção, reduzindo asrestituições à exportação, suprimindo a exigência de retirada de terras para 2008,aumentando as quotas leiteiras e suspendendo os direitos de importação para os cereais,o que permitiu melhorar o aprovisionamento e contribuiu para a estabilização dos mercadosagrícolas.

Além disso, o Conselho salienta que devem ser prosseguidos, na União Europeia como anível mundial, os trabalhos de inovação, de investigação e de desenvolvimento relativos àprodução agrícola. Essas actividades revestir-se-ão de uma importância muito especialdevido às alterações climáticas, que exigirão do sector agrícola esforços de adaptaçãoconsideráveis. Esta questão foi analisada de forma informal em 19 de Maio de 2008 pelosMinistros da Agricultura, com a participação de Janez Potočnik e de Mariann Fischer Boel,membros da Comissão, nomeadamente com o objectivo de definir prioridades futuras emmatéria de investigação e desenvolvimento.

Por fim, a senhora deputada não ignorará certamente que a Presidência francesa organizou,em 3 de Julho, em parceria com a Comissão e o Parlamento Europeu, uma conferênciasubordinada ao tema "Quem vai alimentar o mundo?". Essa conferência tinha por objectivo

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debater os desafios a enfrentar actualmente pela agricultura, incluindo tudo o que respeitaao futuro da agricultura nos países em desenvolvimento.

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Pergunta nº 15 de Gay Mitchell ( H-0453/08 )

Assunto: União do Mediterrâneo

O projecto de União do Mediterrâneo é uma evolução positiva nas relações entre a UE eos países da orla do Mediterrâneo. Quais são os planos do Conselho nesta fase preliminarpara assegurar que esta União reforce e faça avançar o processo de Barcelona? É claro quea União não será criada numa posição de concorrência com o processo de Barcelona?Foram realizadas discussões sobre o papel a desempenhar pelo Parlamento Europeu numaUnião do Mediterrâneo?

Resposta

(FR) A presente resposta, elaborada pela Presidência e que não responsabiliza nem oConselho, nem os seus membros enquanto tais, não foi apresentada oralmente durante operíodo de perguntas ao Conselho, durante o período de sessões de Julho de 2008 doParlamento Europeu em Estrasburgo.

O Conselho Europeu, na sua reunião de 13 e 14 de Março de 2008, convidou a ComissãoEuropeia a apresentar as propostas necessárias para definir as modalidades do "Processode Barcelona: União para o Mediterrâneo". A articulação entre o "acervo de Barcelona" ea próxima fase da parceria euro-mediterrânica está portanto assegurada. Nem é precisodizer que não se trata de forma nenhuma de estruturas concorrentes.

Os parceiros do processo estão a discutir actualmente o texto de uma declaração com vistaà cimeira de Paris que terá lugar a 13 de Julho. Pensa-se que essa declaração irá saudarclaramente o importante papel desempenhado pela Assembleia ParlamentarEuro-Mediterrânica e que ela continuará a desempenhar nesta parceria. A este respeito, aresolução aprovada pelo Parlamento Europeu, em 5 de Junho de 2008, constitui umelemento extremamente positivo.

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Pergunta nº 16 de Marie Panayotopoulos-Cassiotou ( H-0456/08 )

Assunto: Aliança Europeia para a Família

Que medidas tenciona tomar a nova Presidência para a melhor aplicação e promoçãopossível da Aliança Europeia para a Família a fim de cobrir as necessidades específicas dasfamílias vulneráveis (famílias numerosas, monoparentais, etc.) assegurar o seu trabalho erendimento e contribuir para uma melhor conciliação da vida profissional com a vidafamiliar nos EstadosMembros da UE?

Pergunta-se ainda ao Conselho se, no quadro da elaboração de políticas favoráveis à família,tenciona propor a redução da taxa de IVA sobre os artigos para criança, nomeadamentecaso produtos similares já sejam objecto de derrogações?

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Resposta

(FR) A presente resposta, elaborada pela Presidência e que não responsabiliza nem oConselho, nem os seus membros enquanto tais, não foi apresentada oralmente durante operíodo de perguntas ao Conselho, durante o período de sessões de Julho de 2008 doParlamento Europeu em Estrasburgo.

A senhora deputada levanta a importante questão da política familiar, e tem toda a razãoem dizer que devemos apoiar as famílias mais vulneráveis. Também o Conselho estáresolvido a tomas medidas enérgicas nesse domínio.

Nas conclusões que adoptou em Maio de 2007, o Conselho manifestou o seu apoio àcriação da Aliança Europeia para a Família e convidou os Estados-Membros e "recorreremeficazmente à Aliança para as Famílias, a fim de fomentar a adopção de boas práticas e deabordagens inovadoras em relação às políticas a favor da família" (6) .

Como a senhora deputada não ignorará, o Conselho reaprecia regularmente as questõesrelativas à política do emprego no âmbito da Estratégia de Lisboa. Em Fevereiro deste ano,o Conselho Emprego, Política Social, Saúde e Consumidores adoptou um conjunto demensagens essenciais que dirigiu ao Conselho Europeu da Primavera (7) , nas quais apeloua uma melhoria quantitativa e qualitativa do emprego e salientou que os mercados dotrabalho devem estar acessíveis a todos e que a dimensão da igualdade entre homens emulheres tem de ser tomada em conta. Estas mensagens essenciais foram aprovadas peloConselho Europeu em Março de 2008.

No que respeita ao equilíbrio entre a vida profissional e a vida familiar, recorde-se que jáno ano 2000, o Conselho tinha adoptado uma resolução relativa à participação equilibradadas mulheres e dos homens na vida profissional e na vida familiar (8) . Esta questão continuaa figurar entre as prioridades do Conselho, que adoptou recentemente conclusões intituladas"Equilíbrio dos papéis das mulheres e dos homens", nas quais apelou aos Estados-Membrospara que "Conciliem a vida profissional com a vida familiar e a vida privada, promovampolíticas eficazes que não obriguem as mulheres e os homens a escolherem entre famíliae trabalho e a darem prioridade a um desses aspectos à custa do outro" (9) .

No que respeita aos futuros trabalhos do Conselho neste domínio, tenho o prazer deanunciar que a Presidência francesa apresentará o seu programa à Comissão dos Direitosda Mulher e da Igualdade dos Géneros do Parlamento Europeu a 15 de Julho de 2008. APresidência francesa apresentou também o seu programa à Comissão do Emprego e dosAssuntos Sociais em 25 de Junho de 2008.

Por fim, estou contente ao constatar que o Conselho e o Parlamento concordaram emconsiderar a questão das famílias, em particular a das famílias numerosas e monoparentais,uma das prioridades do Ano Europeu da Luta contra a Pobreza e a Exclusão Social (2010),que será em breve proclamado por uma decisão que as duas instituições adoptarão emconjunto. Gostaria de agradecer à senhora deputada, que foi relatora deste dossiê, pela suacolaboração construtiva ao longo das negociações.

(6) Ver doc. 9317/1/07/ rev 1.(7) Ver doc. 7171/08.(8) JO C 218 de 31.7.2000, p. 5.(9) Ver doc. 14136/07 + COR 1.

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No que respeita às taxas de IVA, a senhora deputada não ignorará que o Conselho actuacom base em propostas da Comissão; para já, esta ainda não apresentou nenhuma propostado tipo sugerido pela senhora deputada.

Vai haver em breve uma discussão sobre as taxas de IVA, mas seria prematuro o Conselhoantecipar o resultado de discussões futuras.

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Pergunta nº 17 de Bernd Posselt ( H-0459/08 )

Assunto: Estrasburgo, capital parlamentar

No Tratado de Amesterdão, a cidade de Estrasburgo foi definitivamente designada comoa única sede – e não como a segunda sede, como frequentemente se pretende – doParlamento Europeu. Estrasburgo é, por conseguinte, a capital parlamentar da Europa esímbolo de um modelo de Europa democrático, descentralizado, próximo dos cidadãos,de natureza político-cultural e caracterizada pela compreensão entre os povos. Como seposiciona o Conselho face à supramencionada disposição, consagrada no Tratado, e quaisas medidas previstas para reforçar a posição de Estrasburgo nos planos organizativo,político e jurídico? Partilha o Conselho o ponto de vista segundo o qual seria possívelrealizar importantes economias e ganhar em eficácia e visibilidade concentrando maisnesta cidade os trabalhos parlamentares, mediante, por exemplo, a realização, nesta cidade,de semanas de sessão plenária de novo com uma duração de cinco dias e a redução donúmero das dispendiosas mini-sessões plenárias realizadas em Bruxelas?

Resposta

(FR) A presente resposta, elaborada pela Presidência e que não responsabiliza nem oConselho, nem os seus membros enquanto tais, não foi apresentada oralmente durante operíodo de perguntas ao Conselho, durante o período de sessões de Julho de 2008 doParlamento Europeu em Estrasburgo.

Nos termos do artigo 289.º do Tratado que institui a Comunidade Europeia e do artigo189.º do Tratado que institui a Comunidade Europeia da Energia Atómica, "A sede dasinstituições da Comunidade é fixada, de comum acordo, pelos Governos dosEstados-Membros". Nos termos do artigo único, alínea a), do oitavo protocolo sobre adesignação das sedes das instituições, anexo ao Tratado da União Europeia e aos Tratadosque instituem as Comunidades Europeias, "O Parlamento Europeu tem sede em Estrasburgo,onde se realizam as doze sessões plenárias mensais, incluindo a sessão orçamental. Assessões plenárias suplementares realizam-se em Bruxelas. As comissões do ParlamentoEuropeu reúnem-se em Bruxelas. O Secretariado-Geral do Parlamento Europeu e os seusserviços permanecem no Luxemburgo".

O Conselho não pode pronunciar-se sobre a organização interna das outras instituições.

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Pergunta nº 18 de Wolfgang Bulfon ( H-0461/08 )

Assunto: Ampliação do âmbito de aplicação do Fundo de Solidariedade

Em 2006, a Comissão solicitou ao Conselho que revisse o Regulamento (CE) n.º2012/2002 (10) , que institui o Fundo de Solidariedade da União Europeia. Há dois anosque tem vindo a ser travado um debate aceso no Conselho sobre esta matéria e,nomeadamente, sobre o âmbito de aplicação do Regulamento. No futuro, o Fundo deSolidariedade deveria poder ser igualmente mobilizado em caso de catástrofes comoacidentes industriais ou ataques terroristas. Será que o Conselho pode indicar se já existeum consenso em torno deste assunto e/ou com que alterações do Regulamento supracitadose poderá contar?

Resposta

(FR) A presente resposta, elaborada pela Presidência e que não responsabiliza nem oConselho, nem os seus membros enquanto tais, não foi apresentada oralmente durante operíodo de perguntas ao Conselho, durante o período de sessões de Julho de 2008 doParlamento Europeu em Estrasburgo.

O Tribunal de Contas elaborou um relatório especial (n.º 3/2008) sobre a aplicação doFundo de Solidariedade da União Europeia.

Nesse relatório, o Tribunal de Contas concluiu nomeadamente:

- que a gestão da Comissão se tinha revelado eficiente;

- que o Fundo não deu provas de falta de flexibilidade no tratamento de quaisquer casos;

- que todos os requerentes que responderam à sondagem estão satisfeitos com o Fundo,pelo que este atingiu o objectivo essencial que lhe tinha sido fixado: dar provas desolidariedade relativamente aos Estados-Membros afectados por uma catástrofe.

O Conselho tenciona adoptar conclusões sobre este relatório especial, nas quais indicaráque não considera necessário, nesta fase, proceder à revisão do Regulamento (CE) n.º2012/2002.

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Pergunta nº 19 de Zdzisław Kazimierz Chmielewski ( H-0462/08 )

Assunto: Última recomendação do CIEM relativa ao bacalhau do Mar Báltico

Os peritos que consultei transmitiram-me a última recomendação do CIEM (ConselhoInternacional para o Estudo do Mar) relativa ao bacalhau do Mar Báltico para o ano 2009.Comparado com as anteriores recomendações do CIEM, este documento apresenta umaabordagem radicalmente diferente do problema da avaliação do número de espécimesexistentes nesta zona. É a primeira vez que o CIEM reconhece de maneira inequívoca queo método de previsão com base em níveis de referência se apoia em dados discutíveis(errados?). De acordo com a nova avaliação do CIEM, a pesca do bacalhau é autorizada aum nível muito mais elevado do que nos últimos anos.

(10) JO L 311 de 14.11.2002, p. 3.

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Como se deverá, assim, interpretar o excerto da proposta de Regulamento do Conselho,de 2 de Abril do ano em curso [2008/0063(CNS)], respeitante à recuperação das unidadespopulacionais de bacalhau, segundo o qual, nos termos do ponto 6 da página 9, "éconveniente estabelecer disposições que permitam assegurar que o TAC seja fixado deforma coerente, mesmo em situações de escassez de dados"? Uma tal asserção poderia tercomo consequência uma nova redução das quotas de pesca de bacalhau para os pescadorespolacos.

Respeito o facto de o Conselho se deixar guiar pela ideia nobre de reconstituir a todo ocusto as unidades populacionais de bacalhau, mas, perante as novas avaliações do CIEM,será que se justifica uma restrição que tantos prejuízos causa aos pescadores polacos?

Resposta

(FR) A presente resposta, elaborada pela Presidência e que não responsabiliza nem oConselho, nem os seus membros enquanto tais, não foi apresentada oralmente durante operíodo de perguntas ao Conselho, durante o período de sessões de Julho de 2008 doParlamento Europeu em Estrasburgo.

O Conselho gostaria de recordar que compete à Comissão apresentar uma proposta relativaàs possibilidades de pesca do bacalhau no Báltico em 2009, à luz das recomendaçõesformuladas pelo Conselho Internacional para o Estudo do Mar (CIEM) e com base nospareceres científicos emitidos pelo Comité Científico, Técnico e Económico da Pesca(CCTEP). O Conselho irá proceder então à análise da referida proposta.

O considerando 6 da proposta de regulamento do Conselho que altera o Regulamento(CE) n.º 423/2004 (11) que estabelece medidas para a recuperação das unidadespopulacionais de bacalhau nas zonas de Kattegat, no Mar do Norte, de Skagerrak e daMancha Oriental, assim como a Oeste da Escócia, no Mar da Irlanda e no Mar Celta, prevêque seja fixado de forma coerente um total admissível de capturas (TAC), mesmo com baseem dados insuficientes. Esse considerando está ligado ao artigo 6.º-A, o qual prevê oprocedimento a seguir para a fixação dos TAC quando os dados são insuficientes, e aoartigo 7.º que prevê uma clausula de avaliação que permitem adoptar alterações em funçãode novas informações e pareceres científicos.

O Conselho quer além disso salientar que o Regulamento (CE) n.º 1098/2007 (12) doConselho que estabelece um plano plurianual aplicável às unidades populacionais debacalhau do Mar Báltico não contém artigos equivalentes.

Por fim, o Conselho recorda o senhor deputado que compete ao Tribunal de Justiça, emúltima análise, interpretar os actos jurídicos.

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Pergunta nº 20 de David Martin ( H-0465/08 )

Assunto: Governo de Unidade Palestiniana

O antigo Presidente dos EUA Jimmy Carter criticou recentemente a continuação do embargosobre Gaza do Quarteto para o Médio Oriente. No entendimento do Conselho, a

(11) Doc. do Conselho n.º 7676/08 PESCAS 63.(12) JO L 248 de 22.9.2007, p. 1.

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continuação do embargo pode contribuir para resolver pacificamente as dificuldadesinternas da Palestina? Pondera o Conselho a formação de um governo de unidade, com aparticipação do Hamas, como um passo aceitável para uma solução?

Resposta

(FR) A presente resposta, elaborada pela Presidência e que não responsabiliza nem oConselho, nem os seus membros enquanto tais, não foi apresentada oralmente durante operíodo de perguntas ao Conselho, durante o período de sessões de Julho de 2008 doParlamento Europeu em Estrasburgo.

A União Europeia manifestou repetidas vezes a sua viva preocupação perante a deterioraçãocontinua da situação humanitária em Gaza. O Quarteto, reunido ao mais alto nível, solicitou,na sua declaração de 2 de Maio e depois na de 24 de Junho, que continuem a ser fornecidasajuda de urgência e ajuda humanitária e que sejam fornecidos serviços essenciais a Gaza,sem obstruções. Além disso, instou firmemente Israel, a Autoridade Palestiniana e o Egiptoa procurarem em conjunto uma nova estratégia para Gaza que garanta a segurança detodos os seus habitantes, que ponha fim a todos os actos de terrorismo e que permita aabertura duradoura e controlável dos pontos de passagem para fins humanitários ecomerciais. As tréguas concluídas sob a égide do Egipto e que entraram em vigor a 19 deJunho constituem um passo positivo nessa direcção. A Presidência da UE saudou essastréguas na sua declaração de 18 de Junho de 2008. Têm agora de ser respeitadas por todasas partes.

No que respeita à "constituição de um governo de unidade incluindo o Hamas, enquantoprocesso aceitável com vista a uma solução", o Conselho recordou, nas suas conclusõesde 23 e 24 de Abril de 2007, que estava disposto a cooperar com um Governo palestinianocujas política e acções tenham em conta os princípios enunciados pelo Quarteto. Em 2007,a União Europeia tinha iniciado uma colaboração com os membros do governo de unidadenacional que tinham aceite esses princípios. A UE tomou boa nota da iniciativa dereconciliação inter-palestiniana iniciada no mês passado pelo Presidente Mahmoud Abbas.Apoiamos todas as iniciativas susceptíveis de reforçar os esforços de paz do Presidentepalestiniano. O objectivo continua a ser o da criação de um Estado palestinianoindependente, democrático e viável na Cisjordânia e em Gaza, juntando todos osPalestinianos, vivendo ao lado de Israelitas e dos seus vizinhos na paz e na segurança.

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Pergunta nº 21 de Sarah Ludford ( H-0467/08 )

Assunto: Tirar impressões digitais a crianças para combater o tráfico de crianças

Avança-se a tese de que seria essencial tirar as impressões digitais a crianças a partir dosseis anos (ou antes), pois tal seria útil no combate ao tráfico de crianças. O mesmoargumento é utilizado em apoio da posição segundo a qual as crianças com menos de 12anos deveriam ter um passaporte próprio.

Contudo, faltam dados objectivos que permitam verificar estes pressupostos. O Conselhotem conhecimento de alguns estudos que confirmem a relação entre a obtenção deimpressões digitais em idade precoce e uma diminuição do risco de tráfico de crianças?

10-07-2008Debates do Parlamento EuropeuPT120

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Resposta

(FR) A presente resposta, elaborada pela Presidência e que não responsabiliza nem oConselho, nem os seus membros enquanto tais, não foi apresentada oralmente durante operíodo de perguntas ao Conselho, durante o período de sessões de Julho de 2008 doParlamento Europeu em Estrasburgo.

O Conselho não tem actualmente conhecimento de quaisquer estudos que mostrem umarelação entre a recolha de impressões digitais em crianças pequenas e a diminuição do riscode rapto de crianças.

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Pergunta nº 22 de Johan Van Hecke ( H-0469/08 )

Assunto: Conversações multilaterais no continente africano

Na sessão plenária de Estrasburgo, em Abril, foi aprovado um relatório que defende umdiálogo com a China relativamente a África. O Parlamento Europeu afirma no relatórioque a China é culpada pela corrupção e que viola as normas em matéria de ambiente. Porconseguinte, solicita à UE e à China que se sentem à mesma mesa para delinearem,juntamente com a própria África, um futuro sustentável para o continente. Além dapresença crescente da China no continente africano, também países como a Índia e o Brasilrevelam interesse por África. O Brasil está neste momento a alargar a sua ajuda à agriculturaem África, concentrando-se nos biocombustíveis. Contudo, à luz do aumento dos preçosdos produtos alimentares, colocam-se muitas perguntas sobre a exploração do solo parabioenergia nos países em desenvolvimento.

Tencionará o Conselho, durante a próxima cimeira, empreender medidas para dar inícioa esse diálogo? Que formas deve assumir este diálogo? Considera o Conselho que importaencetar o diálogo igualmente com outras novas partes interessadas?

Resposta

(FR) A presente resposta, elaborada pela Presidência e que não responsabiliza nem oConselho, nem os seus membros enquanto tais, não foi apresentada oralmente durante operíodo de perguntas ao Conselho, durante o período de sessões de Julho de 2008 doParlamento Europeu em Estrasburgo.

O Conselho tomou boa nota no relatório do Parlamento Europeu sobre a política chinesae seus efeitos sobre a África, que apresenta, entre muitas outras questões abordadas, osdesafios que a União Europeia terá de enfrentar enquanto actor da cena mundial. Na últimacimeira, que se realizou em Junho, algumas das questões de interesse mundial referidaspelo senhor deputado foram debatidas e encontram-se referidas nas conclusões daPresidência.

Nestes últimos anos, a União Europeia, tal como a China, fizeram o ponto da situação dasua parceria política, económica e de desenvolvimento com África, e intensificaram-na. AUnião Europeia adoptou assim uma estratégica comum UE-África na Cimeira realizadaem Lisboa em 2007. A China e a África aprovaram uma declaração comum por altura doFórum sobre a Cooperação Sino-africana, por altura da Cimeira realizada em Pequim em2006.

121Debates do Parlamento EuropeuPT10-07-2008

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Desde 2005 que a África tem figurado na ordem do dia das reuniões que a União Europeiarealizou com a China no quadro do diálogo bilateral. Por outro lado, o Conselho iniciou,através de uma primeira reunião oficial da Tróica, realizada em Pequim no ano passado,um diálogo regular com a China a nível de altos funcionários dedicado exclusivamente aquestões de interesse mútuo em África.

Neste contexto, a Comissão intensificou ainda mais as suas actividades e referiu que iaadoptar, em Outubro deste ano, uma comunicação sobre a China e a África com o fim deuma eventual cooperação trilateral entre a África, a China e a União Europeia. Sob reservade outras consultas e de um acordo com a China e a África, será proposto estabelecer umacooperação em domínios importantes como a gestão sustentável dos recursos naturais,as infra-estruturas, a paz e a segurança. A China informou que não se opunha a talcooperação trilateral, desde que a parte africana aceitasse essa abordagem.

No que respeita aos outros novos actores, como o Brasil e a Índia, o Conselho consideraque os grandes problemas mundiais só podem ser tratados num âmbito multilateralcentrado numa ONU forte. Trata-se de fazer com que os países terceiros que se interessampor África cumpram eles próprios o princípio de um multilateralismo eficaz, que constituio melhor meio de conservar a paz e a segurança a nível internacional e de enfrentar osdesafios, limitar os riscos e aproveitar as oportunidades que representa o mundointerdependente que conhecemos hoje. As primeiras iniciativas foram tomadasrelativamente à Índia, onde a evolução geral da situação em África já figura entre asprincipais preocupações. Estão agora em curso negociações com o Brasil com o objectivode adoptar um Plano de Acção, com um dos capítulos dedicado a África.

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Pergunta nº 23 de Koenraad Dillen ( H-0471/08 )

Assunto: Liberdade de culto na Argélia

Em 3 de Junho de 2008, quatro pessoas que se converteram à religião católica foramcondenadas a penas de prisão suspensas na Argélia devido à "prática ilegal duma religiãonão islâmica". Mais especificamente, elas receberam essas penas porque não praticaram asua religião no quadro previsto pela lei de 28 de Fevereiro de 2006. Esta prevê,nomeadamente, que o local de prática duma religião tem de ser aprovado pelo Ministrodos Assuntos Religiosos. Os condenados tinham arranjado um espaço de oração no seuapartamento ("Quatre chrétiens condamnés en Algérie", Le Figaro.fr, 3 de Junho de 2008;Ryma Achoura, "De la prison avec sursis pour des chrétiens d'Algérie", Libération.fr, 4 deJunho de 2008).

O artigo 2.º do Acordo de Associação entre a Comunidade Europeia e os seusEstados-Membros, por um lado, e a República Argelina Democrática e Popular, poroutro (13) , de 22 de Abril de 2002, determina que o respeito pelos princípios democráticose pelos direitos humanos fundamentais constitui um "elemento essencial" do acordo.

O procedimento penal contra os quatro cristãos convertidos e a sua condenação constituem,para o Conselho, uma violação da liberdade de culto? Em caso negativo, porque não? Emcaso afirmativo, que medidas irá tomar o Conselho no âmbito do Acordo de Associação?

(13) JO L 265 de 10.10.2005, p. 2.

10-07-2008Debates do Parlamento EuropeuPT122

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Resposta

(FR) A presente resposta, elaborada pela Presidência e que não responsabiliza nem oConselho, nem os seus membros enquanto tais, não foi apresentada oralmente durante operíodo de perguntas ao Conselho, durante o período de sessões de Julho de 2008 doParlamento Europeu em Estrasburgo.

No que respeita à liberdade de culto na Argélia, o Conselho lamenta os factos recordadospelo senhor deputado, que se inscrevem numa série de casos ocorridos recentemente.

Depois de já ter manifestado a sua preocupação no último Conselho de Associação coma Argélia, em 10 de Março de 2008, o Conselho continua a acompanhar de perto essaevolução. De facto, o Conselho estima que a aplicação das leis existentes que regulam oexercício de todas as religiões na Argélia deve manter a compatibilidade com as normassubscritas pela Argélia a nível do direito internacional, nomeadamente no que respeita àluta contra todas as formas de discriminação e à promoção da tolerância nos domínios dacultura, do culto religioso, das minorias e em matéria de direitos fundamentais.

O Conselho continuará a apelar para as autoridades argelinas nesse sentido, em particularno âmbito do diálogo político previsto no Acordo de Associação.

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Pergunta nº 24 de Dimitrios Papadimoulis ( H-0472/08 )

Assunto: Proposta de criação de uma lista dos infractores violentos no quadro dosistema de informação Schengen (SIS)

Um Estado-Membro apresentou ao grupo de trabalho do Sistema de Informação Schengenuma proposta (documento de trabalho 8204/08) com vista à criação de uma lista, noquadro do sistema de informação Schengen (SIS) de "infractores violentos", que participamem manifestações internacionais; para além do carácter vago do seu conteúdo, esta propostaentra em contradição com as garantias oferecidas pelo direito comunitário em matéria dedireitos humanos e liberdades fundamentais.

Esta representação nacional propõe o registo no SIS dos indivíduos relativamente aos quaishá, com base em certos acontecimentos, a convicção de que irão cometer graves actoscriminosos graves utilizando a violência ou a ameaça de violência. Consideram-se razõesque recomendam este tipo de previsão negativa o facto de o individuo ser consideradosuspeito, ter sido acusado ou condenado por acto criminoso grave.

Como comenta o Conselho esta proposta? Tenciona a Presidência francesa dar seguimentoa esta iniciativa que é objecto de justificadas críticas por parte de organizações de defesados direitos humanos e das liberdades fundamentais?

Resposta

(FR) A presente resposta, elaborada pela Presidência e que não responsabiliza nem oConselho, nem os seus membros enquanto tais, não foi apresentada oralmente durante operíodo de perguntas ao Conselho, durante o período de sessões de Julho de 2008 doParlamento Europeu em Estrasburgo.

123Debates do Parlamento EuropeuPT10-07-2008

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O Conselho, nas suas conclusões de 13 de Julho de 2001 (14) , reconheceu a necessidadede utilizar todas possibilidades legais e técnicas com vista a reforçar e promover umintercâmbio rápido e mais estruturado dos dados relativos aos acusados de infracçõesviolentas com base nos ficheiros nacionais. No âmbito das suas conclusões de 5 e 6 deJunho de 2003 sobre a segunda geração do SIS (15) , o Conselho tomou nota de que aproposta de inserção, no SIS II, de infractores violentos tinha suscitado um certo interesse,mas que era conveniente prosseguir uma análise da exequibilidade, da utilidade e daaplicação concreta e convidou os grupos envolvidos a reflectirem sobre o assunto. Na suadecisão de 2007/533/JAI sobre o estabelecimento, o funcionamento e a utilização (16) doSIS II, o Conselho não retomou essa proposta.

Continua a realizar-se no seio dos grupos de trabalhos competentes uma reflexão comvista, nomeadamente, a definir o conceito de "infractor violento". Nas suas reflexões, oConselho tem evidentemente em conta as garantias oferecidas aos cidadãos pelo direitocomunitário em matéria de direitos humanos e liberdades fundamentais.

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Pergunta nº 25 de Mogens Camre ( H-0474/08 )

Assunto: Lista de organizações terroristas e PMOI

Em 7 de Maio de 2008, o Tribunal de Recurso britânico rejeitou um recurso do Governodo Reino Unido e ordenou ao Ministro da Administração Interna que retirasse o movimentode resistência iraniano, Organização Mujahedin do Povo do Irão (PMOI), da sua lista deorganizações proibidas.

Em Dezembro de 2006, o Tribunal de Primeira Instância anulou uma decisão de incluir aPMOI na lista negra europeia. Não obstante, em Junho de 2007 a UE incluiu a referidaorganização na nova lista negra actualizada, argumentando que se baseava na "decisão deuma autoridade competente" da UE, o Ministro da Administração Interna britânico. Adecisão do ministro em causa foi agora declarada ilegal pela mais alta instância jurídica,sem possibilidade de recurso.

Tenciona a UE solicitar que seja respeitado o Estado de direito nas próximas reuniões doConselho, apoiando a retirada da PMOI da lista de organizações terroristas da UE?

Resposta

(FR) A presente resposta, elaborada pela Presidência e que não responsabiliza nem oConselho, nem os seus membros enquanto tais, não foi apresentada oralmente durante operíodo de perguntas ao Conselho, durante o período de sessões de Julho de 2008 doParlamento Europeu em Estrasburgo.

O Conselho tomou nota do acórdão emitido em 7 de Maio pelo Tribunal de Recursobritânico no processo relativo à Organização Mujahedin do Povo do Irão (PMOI).

Como previam os métodos de trabalho do Conselho para a aplicação da posição comum2001/931/PESC relativa à aplicação de medidas específicas com vista a lutar contra o

(14) doc. 10916/01(15) doc. 9808/03(16) JO L 205 de 7.8.2007, p. 63.

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terrorismo, qualquer novo elemento relativo às inscrições anteriores é devidamente tomadoem conta quando avaliamos se os motivos que deram lugar a essas inscrições continuamválidos.

Neste contexto, o Conselho está naturalmente a estudar as implicações e consequênciasdo acórdão emitido recentemente pelo Reino Unido com vista a tomar uma decisão a nívelda UE o mais rapidamente possível.

No que se refere ao acórdão do Tribunal de Primeira Instância das Comunidades Europeiasde Dezembro de 2006 a que se refere o senhor deputado, note-se que diz respeito aoprocesso de adopção da decisão inscrita na PMOI sobre a lista das pessoas e entidadesimplicadas em actos de terrorismo, e não o seu conteúdo. No seguimento do acórdão doTribunal de Primeira Instância, o Conselho procedeu, durante o primeiro semestre de 2007,a uma análise aprofundada e à consolidação dos seus procedimentos dizendo respeito àinscrição de pessoas, grupos e entidades na lista acima referida, bem como a sua retiradadessa lista nos termos do Regulamento (CE) n.º 2580/2001 do Conselho (17) . No seguimentodesta análise, foram estabelecidos procedimentos claros e transparentes. Nomeadamente,passou a ser fornecida uma exposição de motivos a cada pessoa ou entidade objecto deum congelamento de bens.

As pessoas, grupos e entidades inscritas na lista podem nomeadamente:

- solicitar ao Conselho a reapreciação da sua inscrição na lista, com base em documentosjustificativos;

- contestar a decisão da autoridade nacional competente, nos termos dos procedimentosnacionais;

- se forem objecto de medidas restritivas nos termos do Regulamento (CE) n.º 2580/2001do Conselho, contestar a decisão do Conselho perante o Tribunal de Primeira Instância,nas condições previstas nos n.ºs 4 e 5 do artigo 230.º do Tratado que institui a ComunidadeEuropeia (TCE);

- se forem objecto de medidas restritivas nos termos do Regulamento (CE) n.º 2580/2001do Conselho, solicitar a aplicação de derrogações a título humanitário, de forma a que assuas necessidades essenciais sejam satisfeitas.

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Pergunta nº 26 de Jana Hybášková ( H-0476/08 )

Assunto: O meio de comunicação terrorista "Al-Aqsa" emite os seus programasatravés de um prestador de serviços por satélite europeu

O Hamas, que a União Europeia reconheceu como organização terrorista em Setembrode 2003, lançou um canal televisivo denominado "Al-Aqsa", segundo o modelo do canaltelevisivo do Hezbollah "Al-Manar". Segundo frequentes notícias da imprensa, as emissõespara crianças do canal Al-Aqsa utilizam personagens semelhantes aos de Walt Disney paraencorajar as crianças a aspirar a converter-se em terroristas suicidas.

Tem o Conselho conhecimento de que o prestador de serviços por satélite europeu Eutelsatemite os programas do canal "Al-Aqsa" através do Atlantic Bird 4, que aluga ao prestador

(17) JO L 344 de 28.12.2001, p. 70 a 75.

125Debates do Parlamento EuropeuPT10-07-2008

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de serviços por satélite jordano Noorsat? Que medidas tomou o Conselho para pôr termoàs emissões do canal Al-Aqsa através do Eutelsat? Levantou o Conselho esta questão juntodo Conselho Superior do Audiovisual (CSA) em França?

Pergunta nº 27 de Frédérique Ries ( H-0484/08 )

Assunto: Capacidade de transmissão do canal terrorista Al-Aqsa num satélite europeu

Na sua resposta à pergunta E-1666/08, a Comissão afirma partilhar a preocupação quesuscita a difusão de programas televisivos com conteúdos que incitam ao ódio através desatélites sob a jurisdição de um Estado-membro. O canal televisivo do Hamas Al-Aqsautiliza a capacidade do satélite europeu Atlantic Bird 4, da empresa francesa Eutelsat, quea Eutelsat aluga ao operador jordano Noorsat, para incitar à violência e ao ódio e parajustificar o terrorismo na Europa e no mundo. Tal como a cadeia de televisão do HezbollahAl-Manar, nos programas transmitidos pelo canal Al-Aqsa aparecem crianças vestidascomo os autores de atentados suicidas que são apresentadas como heróis. Numa dasemissões, o coelho Assud, personagem muito popular, recomenda a todas as crianças quetelefonam ao programa o martírio e os atentados suicidas como ideal a atingir. Num outroprograma, o personagem de desenhos animados diz que vai "morder e devorar" osDinamarqueses porque um jornal dinamarquês publicou caricaturas de cariz político queele não apreciou. Durante a emissão, o coelho Assud recebe uma chamada de alguém quediz "vamos matar, assassinar" o desenhador, propósitos que merecem o entusiástico apoiode Assud.

Como tenciona o Conselho impedir que o canal Al-Aqsa utilize capacidades de satéliteseuropeus? Dada a similitude entre as emissões da estação Al-Manar e o incitamento àviolência e ao terrorismo difundido pela Al-Aqsa, será que não nos encontramos peranteuma violação do artigo 3-B ("incitamento ao ódio") da directiva revista "Audiovisual semfronteiras" (Directiva 2007/65/CE (18) ), como aconteceu no caso da estação televisivaAl-Manar?

Resposta comum

(FR) A presente resposta, elaborada pela Presidência e que não responsabiliza nem oConselho, nem os seus membros enquanto tais, não foi apresentada oralmente durante operíodo de perguntas ao Conselho, durante o período de sessões de Julho de 2008 doParlamento Europeu em Estrasburgo.

A difusão de programas televisivos incitando ao ódio racial ou religioso é incompatívelcom os valores que fundamentam as nossas democracias, e absolutamente intolerável.

Os n.ºs 4 e 6 do artigo 2.º da Directiva relativa aos serviços audiovisuais de comunicaçãosocial (Directiva 89/552/CEE alterada em último lugar pela Directiva 2007/65/CE) prevêque os prestadores de serviços estabelecidos em países terceiros podem, em certos casos,depender da competência de um Estado-Membro.

Os Estados-Membros, que são os destinatários da directiva em questão, são supostosaplicá-la, sob a supervisão da Comissão. No âmbito da directiva atrás referida, compete àsautoridades nacionais envolvidas analisar com atenção o problema levantado pelos senhoresdeputados.

(18) JO L 332 de 18.12.2007, p. 27.

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Além disso, a União Europeia rejeita todo e qualquer tipo de incitamento público a cometeruma infracção terrorista, como atesta a alteração recentemente introduzida à decisão-quadrodo Conselho da União Europeia relativa ao combate ao terrorismo (2002/475/JAI), queinclui três novas infracções: o incitamento público a cometer uma infracção terrorista, orecrutamento para fins terroristas e o treino para fins terroristas. Além disso, está previstoque todos os Estados-Membros ratifiquem a Convenção do Conselho da Europa para aPrevenção do Terrorismo (2006), que obriga as partes a considerar como infracção penalqualquer incitamento público a cometer uma infracção terrorista.

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Pergunta nº 28 de Paulo Casaca ( H-0478/08 )

Assunto: Cidadãos europeus condenados à morte pelo regime iraniano

De acordo com a e-Newsletter Hands off Cain n° 105, de 4 de Junho, Foroud Fouladvand,cidadão europeu com passaporte britânico, Alexander Valizadeh, cidadão europeu compassaporte alemão, e Nazem Schmidtt, cidadão americano, serão (ou terão já sido)executados pelo regime iraniano.

Recorde-se que o Dr. Foroud Fouladvand é um académico e estudioso do Corão quepublicamente tem condenado o regime iraniano e a sua tirania.

Tem o Conselho conhecimento desta condenação e planeada execução? Pode o Conselhoesclarecer que medidas tomou para a protecção destes cidadãos europeus?

Resposta

(FR) A presente resposta, elaborada pela Presidência e que não responsabiliza nem oConselho, nem os seus membros enquanto tais, não foi apresentada oralmente durante operíodo de perguntas ao Conselho, durante o período de sessões de Julho de 2008 doParlamento Europeu em Estrasburgo.

O Conselho sabe que essas três pessoas desapareceram em Yüksekova, distrito da provínciade Hakkari, na Turquia, perto da fronteira com o Irão. Em Teerão, as embaixadas dosEstados-Membros da União Europeia empenham-se neste momento a recolher informaçõescomplementares e acompanham de muito perto este caso, sem que estejam aptas aconfirmar que essas pessoas se encontram detidas pelas autoridades iranianas.

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Pergunta nº 29 de Charles Tannock ( H-0483/08 )

Assunto: Interdição de viajar para a UE imposta ao Presidente Robert Mugabe

O Conselho impôs uma interdição de viajar para a UE a vários altos funcionários e políticosdo Zimbabué, incluindo o Presidente Robert Mugabe. Todavia, no passado, o PresidenteMugabe desafiou esta proibição, deslocando-se a Itália e exercendo o seu direito de participarem cimeiras da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO)em Roma, ao abrigo do acordo de sede entre o Governo italiano e essa organização.

Em termos gerais, que medidas tenciona o Conselho tomar com vista ao reforço dainterdição de viajar, à luz dos acontecimentos mais recentes? No caso específico de Mugabee da FAO, que pode o Conselho fazer para encorajar o Governo italiano a renegociar o seu

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acordo de sede com a FAO por forma a permitir à Itália que aplique plenamente a interdiçãode viajar para a UE e negue a Mugabe a oportunidade de aproveitar esta lacuna? Que pensao Conselho da utilidade e eficácia desta interdição, se pode ser violada com tal facilidade?

Resposta

(FR) A presente resposta, elaborada pela Presidência e que não responsabiliza nem oConselho, nem os seus membros enquanto tais, não foi apresentada oralmente durante operíodo de perguntas ao Conselho, durante o período de sessões de Julho de 2008 doParlamento Europeu em Estrasburgo.

O Conselho não se debruçou sobre a questão do reforço da proibição de viajar dados osúltimos acontecimentos mas, nas conclusões da Presidência do Conselho Europeu de 19e 20 de Junho, o Conselho Europeu recorda que está disposto a tomar outras medidascontra os autores de actos de violência.

Compete aos Estados-Membros aplicarem a proibição de viajar, nos termos da sua legislaçãonacional. A Itália não é o único país que concluiu acordos de sede que, em diversas ocasiões,permitiram a responsáveis do Zimbabué acederem a diferentes Estados-Membros da UniãoEuropeia.

Desde 2002 que o Conselho renova anualmente a proibição de viajar imposta aos membrosdo Governos do Zimbabué.

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Pergunta nº 30 de Yiannakis Matsis ( H-0486/08 )

Assunto: Medidas contra o elevado custo de vida

Considero particularmente preocupante o aumento galopante dos preços (inflação) e oconstante e rapidíssimo aumento dos preços do petróleo e do trigo, assim como aincapacidade para tomar medidas adequadas em benefício dos cidadãos europeus, daseconomias dos Estados-Membros assim como da própria UE. Quais as orientações políticasda UE a fim de, em colaboração com os Estados-Membros, fazer face aos aumentosgalopantes do preço do petróleo, do trigo e do custo de vida? Estão planeadas medidasconcretas e, em caso afirmativo, quais e em que consistem exactamente?

Resposta

(FR) A presente resposta, elaborada pela Presidência e que não responsabiliza nem oConselho, nem os seus membros enquanto tais, não foi apresentada oralmente durante operíodo de perguntas ao Conselho, durante o período de sessões de Julho de 2008 doParlamento Europeu em Estrasburgo.

Os importantes problemas referidos nesta pergunta já foram discutidos repetidas vezesno seio do Conselho, nomeadamente com base nas comunicações da Comissão "Fazer faceà subida dos preços dos géneros alimentícios" (19) e "Enfrentar o desafio da subida dospreços do petróleo" (20) .

(19) Doc. 9923/08(20) Doc. 10824/08

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O Conselho Europeu de 19 e 20 de Junho de 2008 discutiu este assunto com base numrelatório do Conselho "Assuntos Económicos e Financeiros" sobre a "recente evolução dospreços dos géneros alimentícios - principais causas e medidas a adoptar" (21) . Assim, asconclusões da Presidência prevêem toda uma série de medidas concretas a realizar, devendoa maior parte das quais ser aplicadas até Dezembro de 2008.

Além disso, nessas conclusões a Presidência toma nota das medidas concretas já tomadaspela União Europeia, nomeadamente no sector da agricultura, a fim de limitar a pressãoexercida sobre os preços dos géneros alimentícios, vendendo stocks de intervenção,reduzindo as restituições à exportação, suprimindo a exigência de retirada de terras para2008, aumentando as quotas leiteiras e suspendendo os direitos de importação para oscereais, o que permitiu melhorar o aprovisionamento e contribuiu para a estabilização dosmercados agrícolas. Além disso, as sucessivas reformas da política agrícola comumcontribuíram para uma melhor eficácia do sector agrícola na Europa. O Conselho analisaráoutras medidas destinadas a permitir resolver essas questões no âmbito do "Exame deSaúde" da política agrícola comum.

No que respeita às medidas a tomar, o Conselho Europeu frisou a importância de fazercom que as políticas relativas aos biocombustíveis tenham uma acção a longo prazo,estabelecendo critérios de sustentabilidade para a produção dos biocombustíveis de primeirageração e encorajando o desenvolvimento de biocombustíveis de segunda geraçãofabricados a partir de subprodutos, assim como a necessidade de avaliar o mais rapidamentepossível as eventuais incidências dessas políticas sobre os produtos agrícolas destinados àalimentação, e de tomar medidas destinadas, se for caso disso, a fazer face a eventuaisproblemas.

O Conselho Europeu afirmou também a sua determinação em continuar à procura de umresultado final global, ambicioso e equilibrado para o ciclo de Doha e em dissuadir os paísesterceiros de limitarem ou proibirem as exportações de géneros alimentícios. A UniãoEuropeia levantará esta questão no seio da OMC e de outras instâncias internacionaiscompetentes.

O Conselho Europeu saudou as iniciativas da Comissão que visam analisar a questão daregulamentação restritiva no sector do comércio a retalho e congratulou-se com a suaintenção de acompanhar atentamente as actividades nos mercados financeiros ligados aosprodutos de base, incluindo as operações especulativas, assim como as suas repercussõessobre os movimentos de preços e as eventuais consequências para a acção da União.Convidou a Comissão a apresentar este problema antes do Conselho Europeu de Dezembrode 2008 e a ponderar a hipótese de propor medidas adequadas para lhe fazer face,nomeadamente medidas com vista a melhorar a transparência do mercado.

No que se refere aos preços do petróleo e do gás, a Presidência foi convidada, em colaboraçãocom a Comissão, a analisar a exequibilidade e a incidência de medidas destinadas a limitaros efeitos da subida em flecha dos preços do petróleo e do gás e a apresentá-las perante oConselho Europeu de Outubro de 2008. O Conselho Europeu convidou também osEstados-Membros, a Comissão e o Banco Europeu de Investimento (BEI) a apoiarem asmedidas visando favorecer os investimentos dos agregados familiares e da indústria a favorda eficácia energética, da utilização de fontes de energia renováveis e de uma utilizaçãodos combustíveis fósseis mais respeitadora do ambiente. Solicitou aos Estados-Membros

(21) Doc. 10326/08

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e à Comissão que acelerem a implementação do Plano de Acção de 2006 para a eficiênciaenergética, bem como ponderar a sua reapreciação.

Nessas mesmas conclusões, a Comissão foi encorajada a acompanhar também, para alémdos preços do petróleo e dos géneros alimentícios, a evolução da situação em outrosmercados ligados aos produtos de base, e o Conselho Assuntos Gerais e Relações Externasfoi convidado a acompanhar de perto os trabalhos conduzidos sobre as questões ligadasaos preços do petróleo e dos géneros alimentícios no seio das outras formaçõescompetentes, apresentando um relatório ao Conselho Europeu até Outubro de 2008.

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Pergunta nº 31 de Helmuth Markov ( H-0489/08 )

Assunto: Colômbia, governo apoiado por forças paramilitares

Na Colômbia, o Supremo Tribunal concluiu que 64 parlamentares que apoiam o Governodo Presidente Uribe estão ligados a grupos paramilitares (esquadrões da morte). O Presidenteexortou os parlamentares que lhes são próximos a impedirem o Congresso Nacional deadoptar uma lei que reforma o congresso, a fim de evitar que os partidos políticos substituamos parlamentares associados a forças paramilitares por suplentes. A conclusão lógia é deque o Governo tem como base de apoio políticos ligados aos grupos paramilitares e quea reeleição do Presidente depende destes parlamentares.

Prosseguirá o Conselho a negociação de um acordo de associação com um governo apoiadopor forças paramilitares? Caso o novo acordo preveja uma cláusula de direitos humanos,será razoável assinar um acordo com um Governo que viola os direitos humanos mesmoainda da respectiva assinatura?

Resposta

(FR) A presente resposta, elaborada pela Presidência e que não responsabiliza nem oConselho, nem os seus membros enquanto tais, não foi apresentada oralmente durante operíodo de perguntas ao Conselho, durante o período de sessões de Julho de 2008 doParlamento Europeu em Estrasburgo.

O Conselho teve conhecimento de informações sobre eventuais laços existentes entrepersonalidades políticas e membros de grupos paramilitares colombianos e acompanharáde perto a evolução da situação. O Acordo de Associação em curso de negociação com aComunidade Andina incluirá evidentemente a essencial cláusula-tipo sobre os direitoshumanos e os princípios democráticos. Neste caso, recorde-se que, nas suas conclusõessobre a Colômbia adoptadas no final de 2007:

O Conselho exprime toda a solidariedade da União Europeia para com o povo colombianoe o seu apoio sem reservas ao Governo daquele país na sua procura de uma soluçãonegociada para o conflito armado interno, e realça a importância dada pela União Europeiaà aplicação da lei sobre a justiça e a paz e do respectivo quadro jurídico, assim como àimplementação do processo de desarmamento, desmobilização e reintegração (DDR)previsto na referida lei.

O Conselho confirma de novo que a União Europeia e os seus Estados-Membros estãoprontos a ajudar o Governo colombiano, as instituições públicas, a sociedade civil e asorganizações internacionais, apoiando as acções em prol da paz, da verdade, da justiça,

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das reparações e da reconciliação, assim como as acções com vista a fazer progredir osprocessos de DDR.

O Conselho congratula-se com as disposições tomadas pelo Governo e pelas autoridadesda Colômbia com vista à aplicação da lei sobre a justiça e a paz de forma transparente eefectiva, com o trabalho desenvolvido pela Comissão Nacional de Reparação eReconciliação, assim como com o papel desempenhado pelo Tribunal Constitucional. OConselho congratula-se também com a nomeação do Alto Comissário para a integraçãosocial e económica dos indivíduos e dos grupos armados, assim como pela sua acção.

Embora consciente dos resultados já alcançados, o Conselho verifica que a lei sobre a justiçae a paz está longe de ser aplicada integralmente. Insta o Governo colombiano a apoiar aaplicação rápida e eficaz de todos os aspectos da lei sobre a justiça e a paz e a desbloquearos correspondentes recursos, inclusive dotando de suficientes efectivos a unidadeencarregada da referida lei no seio dos serviços do Procurador Geral, e privilegiando osdireitos das vítimas à verdade, à justiça e à reparação.

O Conselho encorajou igualmente o Governo colombiano na sua determinação emmelhorar o respeito dos direitos humanos no seio das forças armadas e saúda os progressosrealizados na matéria. Constatou, no entanto, com viva preocupação, a persistência dasviolações dos direitos humanos cometidas por certos membros das forças de segurança,incluindo execuções extrajudiciais.

Por fim, o Conselho declarou-se preocupado com o aparecimento de novos gruposparamilitares e outros grupos criminosos armados. Toma nota das acções já empreendidaspelas autoridades com vista ao combate a esse fenómeno e insta o Governo colombianoa intensificar os esforços que desenvolve actualmente e a reforçar as medidas que tomapara lutar contra esses grupos.

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Pergunta nº 32 de Philip Claeys ( H-0490/08 )

Assunto: Levantamento das sanções imposta a Cuba

Segundo alguns órgãos de comunicação social, os Estados-Membros da UE estão aconsiderar seriamente a possibilidade de levantar as sanções impostas a Cuba, apesar dasreservas de fundo expressas pela organização "Human Rights Watch" e por outrasorganizações de defesa dos direitos do Homem.

Podem os cubanos fazer valer plenamente o Pacto das Nações Unidas sobre os DireitosCivis e Políticos, bem como o Pacto das Nações Unidas sobre os Direitos Económicos,Sociais e Culturais? Que progressos concretos, palpáveis e comprovados considera oConselho que foram realizados em Cuba nos domínios da liberdade de expressão, daliberdade de reunião, da liberdade de circulação, da liberdade de imprensa, bem como dareforma estrutural do sistema judicial desde 2003, ano em que foram impostas as primeirassanções?

Resposta

(FR) A presente resposta, elaborada pela Presidência e que não responsabiliza nem oConselho, nem os seus membros enquanto tais, não foi apresentada oralmente durante o

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período de perguntas ao Conselho, durante o período de sessões de Julho de 2008 doParlamento Europeu em Estrasburgo.

Em 28 de Fevereiro de 2008, Cuba assinou o Pacto internacional sobre os direitos civis epolíticos e o Pacto internacional sobre os direitos económicos, sociais e culturais, factocom que a Presidência da União Europeia se congratulou na sua declaração de 4 de Marçode 2008.

Enquanto esses pactos não forem ratificados, os cidadãos cubanos não podem invocar assuas disposições. Todavia, o Conselho salienta que, ao assiná-los, Cuba já declarou a suaintenção de respeitar os direitos civis e políticos incluídos nesses Pactos, na DeclaraçãoUniversal dos Direitos do Homem e noutras convenções sobre os direitos humanosratificadas por Cuba.

As suas conclusões de 23 de Junho de 2008 sobre Cuba, o Conselho solicitou às autoridadescubanas que ratifiquem e ponham em prática esses pactos e apelou mais uma vez aoGoverno cubano para que traduza na prática a defesa dos direitos humanos que manifestouao assinar aqueles dois Pactos sobre a matéria.

Nessas mesmas conclusões, o Conselho tomou nota das alterações já empreendidas peloGoverno cubano. Manifestou-se favorável ao empenhamento de Cuba na via da liberalizaçãoe encorajou o Governo cubano a tomar medidas nesse sentido.

O Conselho pediu ao Governo cubano que melhore, na prática, a situação em matéria dedireitos humanos, nomeadamente libertando sem condições todos os prisioneiros políticos,incluindo as pessoas detidas e condenadas em 2003. Eis aquilo que continua a ser umaprioridade essencial para a União Europeia. Além disso, o Conselho convidou o Governocubano a permitir que as organizações humanitárias internacionais tenham um acessofacilitado às prisões cubanas.

O Conselho afirmou que continuava a defender a posição comum adoptada em 1996, queconserva toda a sua pertinência, e reafirmou que estava determinado a desenvolver umdiálogo com as autoridades cubanas, assim como com os representantes da sociedade civile da oposição democrática, nos termos das políticas da União Europeia, com vista apromover o respeito dos direitos humanos e a realização de progressos reais na via dopluralismo democrático. O Conselho salientou que a União Europeia continuaria a oferecera todos os sectores da sociedade um apoio concreto em prol de uma mudança pacífica emCuba. Além disso, a União Europeia lançou um novo apelo ao Governo cubano no sentidode este permitir o exercício da liberdade de informação e de expressão, incluindo o acessoà Internet, e convidou-o a mostrar-se cooperante neste domínio.

A União Europeia reafirmou o direito dos cidadãos cubanos a decidirem sozinhos o seufuturo e afirmou que continuaria disposta a contribuir de forma construtiva para odesenvolvimento de todos os sectores da sociedade cubana, inclusive através dosinstrumentos de cooperação para o desenvolvimento.

O Conselho acrescentou que a União Europeia estava disposta a retomar um diálogo globale aberto com as autoridades cubanas sobre todos os assuntos de interesse mútuo. A partirde Junho de 2007, tiveram início discussões preliminares a nível ministerial, entre a UE eCuba, assim como a nível bilateral, sobre a possibilidade de lançar tal diálogo. Esse diálogodeveria abranger a totalidade dos potenciais domínios de cooperação, incluindo tanto asquestões relativas ao direitos humanos, como os temas políticos, económicos, científicose culturais, e deveria ter lugar com base na reciprocidade, sem condições prévias, deveria

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ser não discriminatório e visar a obtenção de resultados concretos. No âmbito desse diálogo,a União Europeia exporá ao Governo cubano o seu ponto de vista sobre a democracia, osdireitos humanos universais e as liberdades fundamentais. O Conselho reafirmou que asua política relativa aos contactos da União Europeia com a oposição democrática semantinha válida. Durante as visitas de alto nível, deveriam ser sistematicamente abordadasas questões relativas aos direitos humanos; poderão eventualmente ser incluídos, no âmbitodessas visitas de alto nível, encontros com a oposição democrática.

Assim, o Conselho decidiu desenvolver o diálogo político global acima referido com oGoverno cubano. Neste contexto, o Conselho decidiu levantar as medidas de 2003, quetinham sido suspensas, a fim de facilitar o diálogo político e permitir a utilização integraldos meios previstos na sua posição comum de 1996.

Por ocasião da avaliação anual da política comum, em Junho de 2009, o Conselho fará oponto da situação das suas relações com Cuba, incluindo a eficácia do processo de diálogopolítico. Após essa data, o diálogo prosseguirá se o Conselho estimar que se revelou eficaz,tendo nomeadamente em conta os elementos que figuram na segunda alínea das presentesconclusões.

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Pergunta nº 33 de Christopher Heaton-Harris ( H-0493/08 )

Assunto: O desporto no Tratado de Lisboa

Tenciona o Conselho tratar de obter por todos os meios disponíveis a competência jurídicano âmbito do desporto contemplada no artigo 149.º do Tratado de Lisboa, agora que estejá não pode aplicar-se devido ao «não» registado no referendo irlandês?

Resposta

(FR) A presente resposta, elaborada pela Presidência e que não responsabiliza nem oConselho, nem os seus membros enquanto tais, não foi apresentada oralmente durante operíodo de perguntas ao Conselho, durante o período de sessões de Julho de 2008 doParlamento Europeu em Estrasburgo.

Em matéria de direito, a União apenas dispõe das competências que lhe são conferidaspelos Tratados. Assim, o Conselho não pode, ele próprio, conferir novas competências àUnião.

No que respeita à competência jurídica a nível desportivo prevista no artigo 149.º doTratado de Lisboa, recorde-se que o Conselho Europeu dos passados dias 19 e 20 de Junhotomou nota dos resultados do referendo irlandês e considerou que era preciso mais tempopara analisar a situação. Recordou também que o Tratado de Lisboa tem por objectivoajudar a União alargada a agir com mais eficácia e de forma mais democrática, e referiuque os parlamentos de 19 Estados-Membros já tinham ratificado o Tratado, prosseguindoo processo de ratificação noutros Estados-Membros (22) .

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(22) O Conselho Europeu afirmou que a República Checa não podia completar o seu processo de ratificação enquantoo Tribunal Constitucional não emitir um parecer favorável sobre a conformidade do Tratado de Lisboa à ordemconstitucional checa.

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Pergunta nº 34 de Georgios Toussas ( H-0500/08 )

Assunto: Perseguições dos juízes pelo regime ditatorial do Paquistão

Em Novembro de 2007, o regime militar do ditador paquistanês Musharaf, apoiado pelosamericanos, impôs a lei marcial com inúmeras detenções e brutais actos de violência contrao povo paquistanês. O mundo jurídico do país, que se tinha oposto à ditadura, encontrou-sena linha de mira do regime militar, que deteve milhares de advogados e 45 altos magistradosque expulsou da magistratura e perseguiu politicamente, incluindo o Presidente do SupremoTribunal, Iftikhar Chaudhry. Os juízes expulsos tinham-se igualmente oposto aos raptose detenções dos seus compatriotas nos diversos infernos tipo Guantanamo bem como àvenda das riquezas do país. Quatro anos após a derrota de Musharaf e da eleição do novogoverno, os magistrados expulsos não foram reintegrados e aumentam as pressõesamericanas para que o Paquistão permaneça um aliado fiel dos EUA na sua campanhahistérica contra o terrorismo.

Que medidas irá o Conselho tomar para a reintegração dos magistrados expulsos e arestauração dos direitos e liberdades democráticas no Paquistão?

Resposta

(FR) A presente resposta, elaborada pela Presidência e que não responsabiliza nem oConselho, nem os seus membros enquanto tais, não foi apresentada oralmente durante operíodo de perguntas ao Conselho, durante o período de sessões de Julho de 2008 doParlamento Europeu em Estrasburgo.

A União Europeia defende firmemente o respeito pela independência do poder judiciário,elemento constitutivo da democracia, garante do Estado de direito e protector da ordemconstitucional e das liberdades individuais.

No que se refere ao Paquistão, a União Europeia está muito preocupada com a destituiçãodo presidente do Supremo Tribunal e de diversos outros juízes, uma decisão que pôs emperigo os princípios fundamentais de constitucionalidade e de Estado de direito.

A União Europeia apoia normalmente os defensores dos direitos humanos, incluindoaqueles que lutam pela independência do poder judiciário.

De uma forma geral, a União Europeia encoraja o novo Governo paquistanês acomprometer-se resolutamente em defesa do respeito dos direitos humanos e das liberdadesfundamentais e da consolidação do sistema democrático e do restabelecimento daindependência do poder judiciário. Estas questões fazem parte integrante do diálogoexistente entre a União Europeia e o Paquistão.

A União Europeia está decidida a ajudar o povo paquistanês a construir uma sociedadepróspera e estável, baseada nos direitos humanos, na democracia e no Estado de direito.

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Pergunta nº 35 de Konstantinos Droutsas ( H-0502/08 )

Assunto: Intimidação de Mohamed Barakeh pelas autoridades israelitas

A 20 de Maio de 2008, Mohamed Barakeh, membro da direcção do PC de Israel e Presidentee líder do grupo parlamentar do Hadash no Parlamento de Israel, foi interrogado pelapolícia israelita, com base em acusações forjadas sobre um suposto ataque contra um

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polícia no decurso das mobilizações contra a guerra no Líbano de 2006. Mohamed Barakeh,que participou em audições do Parlamento Europeu a 13 e 14 de Maio de 2008, é conhecidopelas suas posições a favor da paz e da segurança no Próximo Oriente.

Condena o Conselho estes actos das autoridades israelitas que são um ataque directo contraa política do Hadash e do PC de Israel para uma solução justa da questão palestina e acoexistência pacífica de israelitas e palestinos?

Resposta

(FR) A presente resposta, elaborada pela Presidência e que não responsabiliza nem oConselho, nem os seus membros enquanto tais, não foi apresentada oralmente durante operíodo de perguntas ao Conselho, durante o período de sessões de Julho de 2008 doParlamento Europeu em Estrasburgo.

Está em curso um processo judicial em Israel, e não o Conselho não deve interferir nesseprocesso, da competência dos assuntos internos do Estado de Israel. Pelo contrário, oConselho pronunciou-se repetidas vezes em defesa de uma resolução justa, global eduradoura do conflito israelo-palestiniano.

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Pergunta nº 36 de Athanasios Pafilis ( H-0509/08 )

Assunto: Novo caso de anti comunismo

Na terça-feira, dia 17 de Junho, o Parlamento da Lituânia aprovou um novo projecto delei que doravante proíbe a utilização dos símbolos do comunismo e do fascismo.

Trata-se de uma identificação inaceitável, historicamente incorrecta e perigosa que, paraalém do mais, ofende a memória de milhares de comunistas que deram a sua vida paraesmagar o fascismo.

Esta decisão das forças políticas no poder na Lituânia, um país onde o partido comunistaestá proibido, prevê igualmente sanções pecuniárias. Logo que a nova lei for aprovada peloPresidente, todos quanto utilizarem publicamente a foice e o martelo pagarão uma multade 150 a 300 euros.

É sabido que muitos partidos comunistas, incluindo o Partido Comunista da Grécia (KKE),utilizam a foice e o martelo como seu símbolo e logótipo eleitoral .

Qual a posição do Conselho face a esta acção inaceitável e historicamente errada? Qual aposição do Conselho perante o facto de durante as próximas eleições europeias, com basenessa lei, será proibida a actividade dos partidos comunistas, como por exemplo o KKE,para conquistar o voto dos cidadãos gregos que residem na Lituânia ?

Resposta

(FR) A presente resposta, elaborada pela Presidência e que não responsabiliza nem oConselho, nem os seus membros enquanto tais, não foi apresentada oralmente durante operíodo de perguntas ao Conselho, durante o período de sessões de Julho de 2008 doParlamento Europeu em Estrasburgo.

O Conselho não debateu essa questão, que não releva da sua competência.

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Pergunta nº 38 de Laima Liucija Andrikienė ( H-0514/08 )

Assunto: Negociações da UE com a Rússia sobre o novo acordo de parceria ecooperação

Moscovo aventou a possibilidade de o recente "Não" do referendo irlandês ao Tratado deLisboa afectar as conversações sobre um novo acordo de parceria estratégica entre a UniãoEuropeia e a Rússia (www.euobserver.com). Qual é a posição da Presidência francesarelativamente à possível influência do processo de ratificação do Tratado de Lisboa nasnegociações de um novo acordo de parceria e cooperação com a Rússia? Está a Rússiapronta para iniciar as negociações do novo acordo de parceria e cooperação? Qual foi areacção da Rússia ao mandato de negociação da UE que abrange problemas há muitoexistentes e ainda por solucionar, incluídos no mandato da UE por iniciativa da Lituânia?

Resposta

(FR) A presente resposta, elaborada pela Presidência e que não responsabiliza nem oConselho, nem os seus membros enquanto tais, não foi apresentada oralmente durante operíodo de perguntas ao Conselho, durante o período de sessões de Julho de 2008 doParlamento Europeu em Estrasburgo.

Não existe uma relação directa entre o processo de ratificação do Tratado de Lisboa e asnegociações relativas à conclusão de um novo acordo com a Rússia. Estas não serãoafectadas pelo resultado do referendo irlandês e podem prosseguir como previsto. A Rússiae a UE estão de facto prontas para iniciar negociações de um novo acordo bilateral destinadoa substituir o actual acordo de parceria e cooperação. Essas negociações foram lançadaspor ocasião da cimeira realizada recentemente em Khanty-Mansiysk entre a UE e a Rússia,as quais adoptaram uma declaração comum afirmando o seguinte:

"Acordámos que o objectivo era o de concluir um acordo estratégico que servirá de quadrogeral às relações UE-Rússia num futuro próximo e que contribuirá para desenvolver opotencial que essas relações apresentam. Esse acordo deverá prever uma base jurídicareforçada e compromissos juridicamente vinculativos relativamente ao conjunto dosgrandes domínios sobre os quais incidem as nossas relações, tal como enunciados nosquatro espaços comuns UE-Rússia e nos correspondentes roteiros adoptados em Maio de2005 na cimeira de Moscovo.

O novo acordo basear-se-á nos compromissos internacionais que ligam a União Europeiae a Rússia.

A primeira série de negociações teve lugar em 4 de Julho em Bruxelas, onde foi alcançadoum acordo sobre a forma de avançar com o processo de negociações.

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Pergunta nº 39 de Neena Gill ( H-0517/08 )

Assunto: A PAC e o aumento dos preços dos géneros alimentícios

Michel Barnier, Ministro da Agricultura da França, solicitou a elaboração de um plano desegurança alimentar ao nível europeu, evitando cortes suplementares nas dotaçõesdestinadas à agricultura pela UE. Na realidade, porém, tal medida poderia ser

10-07-2008Debates do Parlamento EuropeuPT136

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contraproducente, com um aumento dos preços dos géneros alimentícios ao nível mundialem período de crise, não contribuindo da forma alguma para a boa saúde, a longo prazo,da agricultura europeia. Pode o Conselho informar qual é o seu ponto de vista a respeitodo impacto da PAC nos preços dos géneros alimentícios?

Resposta

(FR) A presente resposta, elaborada pela Presidência e que não responsabiliza nem oConselho, nem os seus membros enquanto tais, não foi apresentada oralmente durante operíodo de perguntas ao Conselho, durante o período de sessões de Julho de 2008 doParlamento Europeu em Estrasburgo.

O Conselho está perfeitamente consciente da necessidade de procurar respostas adequadase eficazes para o aumento dos preços dos produtos alimentares.

Como a senhora deputada sabe, o assunto foi analisado pelo Conselho Europeu de 19-20de Junho (23) , com base nos trabalhos do Conselho e da Comunicação apresentada pelaComissão (24) .

O aumento galopante dos preços é um fenómeno complexo, com inúmeras razõesprofundas e consequências.

Entre as causas invocadas, está nomeadamente em causa o clima e as recentes más colheitasem certos países do mundo, que se devem em grande medida a condições climáticasdesfavoráveis; o aumento da procura mundial, nomeadamente da parte de certos paísesemergentes, de determinados géneros alimentícios; o desenvolvimento dos biocombustíveisà escala mundial: o efeito das especulações mas praças financeiras sobre a volatilidade e oaumento dos preços; e o aumento dos custos de produção e dos transportes dos génerosalimentícios devido ao aumento dos preços do petróleo.

Tendo em conta esta situação complexa, o Conselho Europeu salienta a importância deum acompanhamento adequado por parte de todas as instâncias pertinentes e refere umvasto leque de pistas possíveis. Neste contexto, identifica, entre outros aspectos, a agriculturacomo podendo fornecer uma contribuição útil e constituir uma das respostas possíveispara a crise actual.

O Conselho recorda a propósito, nas suas conclusões, que "a União já tomou medidas comvista a limitar a pressão exercida sobre os preços dos géneros alimentícios, vendendo stocksde intervenção, reduzindo as restituições à exportação, suprimindo a exigência de retiradade terras para 2008, aumentando as quotas leiteiras e suspendendo os direitos de importaçãorelativamente aos cereais, o que permitiu melhorar o aprovisionamento e contribuiu paraa estabilização dos mercados agrícolas".

O Conselho Europeu recorda também que, no fundo, as sucessivas reformas da políticaagrícola comum (PAC) "a centraram mais no mercado e tornaram os agricultores europeusmais reactivos à evolução dos preços"; segundo o Conselho Europeu, há portanto queprosseguir e reforçar essa orientação, "garantindo simultaneamente uma concorrência leal,

(23) Doc. 11018/08, n.ºs 25 a 40.(24) Comunicação da Comissão ao Parlamento Europeu, ao Conselho, ao Comité Económico e Social Europeu e ao

Comité das Regiões:

Fazer face à subida dos preços dos géneros alimentícios - Orientações para a acção da União Europeia (doc. 9923/08)

137Debates do Parlamento EuropeuPT10-07-2008

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favorecendo uma agricultura sustentável em toda a União e garantindo uma oferta adequadade géneros alimentícios".

Para o futuro, o Conselho Europeu refere que, "no âmbito do exame de saúde da PAC, oConselho analisará outras medidas que permitam atacar essas questões".

Estão também em preparação no seio dos serviços da Comissão medidas específicas comvista a ajudar os mais desfavorecidos, tanto na Europa como no mundo, medidas essas queo Conselho irá apreciar no momento oportuno. Além disso, temos de prosseguir os esforçosno sentido de reforçar a prioridade conferida ao sector agrícola na nossa política decooperação.

Por fim, previsões de colheitas em alta para a próxima campanha agrícola deverão contribuirpara diminuir a pressão sobre os preços agrícolas.

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Pergunta nº 40 de Ryszard Czarnecki ( H-0519/08 )

Assunto: Luta contra o terrorismo

A Europa está determinada a lutar contra o terrorismo sob todas as suas formas. Temconhecimento o Conselho do facto de que consta que alguns dirigentes políticas em certospaíses europeus têm participado em reuniões organizadas por líderes extremistas doCalistão que tinham unicamente por objectivo coordenar as actividades de todos os gruposterroristas e separatistas na Índia, a fim de perturbar a unidade e a integridade desse paíssecular, democrático e liberal?

Resposta

(FR) A presente resposta, elaborada pela Presidência e que não responsabiliza nem oConselho, nem os seus membros enquanto tais, não foi apresentada oralmente durante operíodo de perguntas ao Conselho, durante o período de sessões de Julho de 2008 doParlamento Europeu em Estrasburgo.

O Conselho não debateu a questão da presença de personalidades políticas europeias emreuniões organizadas por líderes extremistas do Calistão.

No âmbito da luta antiterrorista que conduz com determinação, a União Europeia publicouuma lista de pessoas e entidades implicadas em actos de terrorismo que incluinomeadamente a Khalistan Zindabad Force, cujos bens estão se encontram assim congeladosem toda a União.

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Pergunta nº 41 de Pedro Guerreiro ( H-0521/08 )

Assunto: Adopção de propostas de directivas pelo Conselho

Face à decisão do Conselho de adoptar a "directiva relativa a normas e procedimentoscomuns nos Estados Membros para o regresso de nacionais de países terceiros em situaçãoirregular" (o que exige a tomada de decisão por unanimidade) e de adoptar a proposta dealteração à "directiva relativa a determinados aspectos da organização do tempo de trabalho"(o que exige uma decisão por maioria qualificada),

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Qual o voto de cada Estado-Membro (contra, a favor ou abstenção) relativamente a cadauma destas decisões?

Resposta

(FR) A presente resposta, elaborada pela Presidência e que não responsabiliza nem oConselho, nem os seus membros enquanto tais, não foi apresentada oralmente durante operíodo de perguntas ao Conselho, durante o período de sessões de Julho de 2008 doParlamento Europeu em Estrasburgo.

No que se refere à directiva relativa a normas e procedimentos comuns nos Estados Membrospara o regresso de nacionais de países terceiros em situação irregular, o Conselho recordaque a proposta em questão tem por base o n.º 3, alínea b), do artigo 63.º do Tratado CE.Assim, aplica-se o processo de co-decisão e o Conselho decide por maioria qualificada.

Na sua sessão plenária de 18 de Junho de 2008, o Parlamento aprovou alterações à propostada Comissão. Uma vez que essas alterações correspondem às que o presidente do COREPERtinha referido ao presidente da Comissão das Liberdades Cívicas, da Justiça e dos AssuntosInternos, por carta datada de 4 de Junho de 2008, serem aceitáveis pelo Conselho, podemosafirmar que foi alcançado um acordo em primeira leitura (25) . Por conseguinte, ainda nãose realizou qualquer votação no seio do Conselho, mas tão somente negociações duranteas quais se chegou a um acordo informal sobre o conteúdo da referida carta.

A revisão jurídico-linguística do texto resultante da votação do Parlamento está agora emcurso pelos peritos das duas Instituições. Após o que, o Parlamento Europeu e o Conselho,decidindo por maioria qualificada, procederão à adopção do acto legislativo.

No que respeita à directiva relativa a determinados aspectos da organização do tempo detrabalho: em 9 de Junho de 2008 o Conselho chegou a um acordo, por maioria qualificada,sobre um compromisso global proposto pela Presidência sobre essa directiva. Quatrodelegações (grega, húngara, maltesa e espanhola) não puderam aceitar a proposta decompromisso da Presidência, e três outras delegações (belga, cipriota e portuguesa)abstiveram-se. Cinco delegações (belga, cipriota, grega, húngara e espanhola) apresentaramuma declaração conjunta, a inscrever na acta do Conselho (26) , explicando a sua posição.Nessa declaração, as referidas delegações salientaram igualmente que estavam dispostas aanalisar, dentro de um espírito construtivo, outras soluções que permitissem chegar a umcompromisso global com a Presidência, a Comissão e o Parlamento Europeu na altura daadopção definitiva do projecto de directiva.

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Pergunta nº 42 de Silvia-Adriana Ţicău ( H-0523/08 )

Assunto: Extensão da rede transeuropeia de transportes (RTE-T)

Em 2005, o grupo de peritos de alto nível conduzido pela Sra. Loyola de Palacio elaborouum relatório sobre a extensão da rede transeuropeia de transportes (RTE-T) tendo em vistagarantir a integração entre as redes europeias de transporte e as dos Estados vizinhos daUnião. Em inícios de 2008, a Comissão publicou igualmente uma comunicação nessesentido. Na mesma época, a União analisou o estado de adiantamento dos projectos

(25) Doc. 9829/08.(26) Doc. 10583/08 ADD 1.

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prioritários para as redes transeuropeias de transporte, prevendo propor a extensão dalista de 30 projectos prioritários aprovada em 2004. No passado dia 6 de Maio, realizou-seem Liubliana a reunião informal dos ministros europeus dos transportes cuja ordem dodia previa, entre outros assuntos, a extensão da rede RTE-T a fim de ter em conta asnecessidades dos 27 Estados-Membros.

Pode o Conselho indicar qual o estado de adiantamento dos debates sobre a extensão darede RTE-T, qual o seu calendário e, sobretudo, quais os projectos da União no domíniodo transporte (marítimo, ferroviário de alta velocidade, corredores ferroviários demercadorias, transporte aéreo e rodoviário) que permitirão o acesso da União ao MarNegro?

Resposta

(FR) A presente resposta, elaborada pela Presidência e que não responsabiliza nem oConselho, nem os seus membros enquanto tais, não foi apresentada oralmente durante operíodo de perguntas ao Conselho, durante o período de sessões de Julho de 2008 doParlamento Europeu em Estrasburgo.

A senhora deputada sabe seguramente que o Conselho só pode analisar alterações aintroduzir em instrumentos jurídicos em vigor com base numa proposta da Comissão.Ora, a Comissão ainda não apresentou qualquer proposta com vista a alterar a Decisão n.º884/2004/CE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 29 de Abril de 2004, sobre asorientações comunitárias para o desenvolvimento da rede transeuropeia de transportes,que inclui uma lista de 30 projectos prioritários. Segundo a Comissão, está prevista para2010 uma proposta de revisão dessas orientações e da lista dos projectos prioritários, nostermos do n.º 3 do artigo 19.º da Decisão atrás referida.

Note-se que o projecto prioritário n.º 7 em curso de construção (Eixo de auto-estradasIgoumenitsa / Patra-Atenas-Sófia-Budapeste, incluindo um ramal para Bucareste eConstanţa) e o projecto prioritário n.º 18 (Eixo fluvial do Reno/Mosa-Meno-Danúbio), quecorrespondem em parte à definição do corredor pan-europeu VII, contribuem para aconexão com o Mar Negro.

O Conselho presta uma grande importância à necessidade de ter em linha de conta asalterações ocorridas no seio da UE após a adopção das orientações em matéria de redetranseuropeia de transportes (RTE-T) e de dar resposta à necessidades geradas pelo aumentodos fluxos comerciais e de transportes, como recordam as conclusões relativas à extensãodos grandes eixos transeuropeus de transportes aos países e regiões vizinhos, adoptadaspelo Conselho "Transportes, Telecomunicações e Energia" de Junho de 2007.

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PERGUNTAS À COMISSÃO

Pergunta nº 49 de Jim Higgins ( H-0450/08 )

Assunto: Trabalhadores com contratos a prazo no sector da educação

Poderá a Comissão informar se considera ser motivo de preocupação a prática de contratarpessoal nas escolas primárias e secundárias com base em contratos alinhados pelo termodo ano escolar, que são subsequentemente renovados no início do novo ano escolar para

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serem novamente suspensos durante o período de Verão, privando o pessoal,designadamente secretárias e pessoal de manutenção, de direitos iguais aos do pessoalpermanente, muito embora prestem o mesmo serviço e ocupem frequentemente durantemuitos anos o mesmo posto de trabalho?

Resposta

A Directiva 1999/70/CE (27) do Conselho, de 28 de Junho de 1999, respeitante aoacordo-quadro CES (28) , UNICE e CEEP relativo a contratos de trabalho a termo tem porprincipais objectivos "melhorar a qualidade do trabalho com contrato a termo, garantindoo princípio da não discriminação, e de estabelecer um quadro para impedir os abusosdecorrentes da utilização de sucessivos contratos de trabalho ou relações laborais a termo".

Para impedir os abusos decorrentes da utilização de sucessivos contratos de trabalho, acláusula 5.ª do acordo-quadro obriga os Estados-Membros "a introduzir uma ou várias dasseguintes medidas:

(a) Razões objectivas que justifiquem a renovação dos supracitados contratos ou relaçõeslaborais a termo;

(b) Duração máxima total dos sucessivos contratos de trabalho ou relações laborais a termo;

(c) Número máximo de renovações dos contratos ou relações laborais a termo."

Todos os Estados-Membros introduziram uma ou mais dessas medidas. Isso leva a que oscontratos a termo não possam ser renovados mais que um determinado número de vezesou após um determinado período de tempo, ou salvo se existirem razões objectivas paratal. A legislação de transposição em causa deve ter como consequência a impossibilidadede renovação ou prorrogação indefinida dos contratos a termo.

Com excepção da Espanha, onde a legislação foi alterada para passar a abranger osprofessores de religião, a Comissão não tem conhecimento de caso algum de recursosistemático à contratação a termo de pessoal para as escolas primárias e secundárias.

A lei comunitária visa prevenir o abuso dos contratos a termo. A Comissão convida osenhor deputado a comunicar-lhe qualquer informação pertinente relativa aos locais emque tal prática tem lugar e às formas que assume. Com base nos elementos que lhe sejamfacultados, a Comissão decidirá da linha de acção mais adequada.

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Pergunta nº 50 de Evangelia Tzampazi ( H-0501/08 )

Assunto: Nova proposta de directiva europeia contra as discriminações

A UE dispõe hoje de um moderno e ambicioso quadro jurídico no domínio do combateàs discriminações que irá reforçar e completar com a adopção da nova directiva europeiaque irá alargar o princípio da igualdade de tratamento para além do sector do emprego.No entanto, a experiência tem revelado que a transposição para o direito nacional dasdisposições das suas anteriores directivas contra as discriminações (2000/78/CE (29) e

(27) JO L 175 de 10.7.1999.(28) Confederação Europeia dos Sindicatos.(29) JO L 303 de 2.12.2000, p. 16.

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2000/43/CE (30) ) e a sua integração na legislação nacional não está associada, na prática,à igualdade de tratamento.

Que novas medidas concretas propõe a Comissão na nova directiva contra as discriminaçõesrelativamente à prevenção das discriminações, do assédio e da vitimização, a melhoria dofuncionamento das entidades responsáveis pela igualdade de oportunidades, o apoio àsvítimas de discriminação e o reforço do direito de interpor recurso em caso de discriminaçãocom vista à aplicação eficaz da legislação?

Resposta

No dia 2 de Julho de 2008, no quadro da Agenda Social Renovada (31) , a Comissão adoptouuma proposta de directiva (32) que proíbe a discriminação em razão da idade, deficiência,orientação sexual e religião ou crença fora da esfera do emprego. Adoptou ainda acomunicação "Não-discriminação e igualdade de Oportunidades: um compromissorenovado" (33) , que define a sua política geral nesta área.

A proposta de directiva integra disposições contra o assédio e a vitimização, bem comoobrigações em matéria de criação de organismos de promoção da igualdade de tratamentodestinados, em particular, a apoiar as vítimas de discriminação. As disposições em causaestão em consonância com as disposições similares da Directiva 2000/43/CE (34) . Se a suatransposição para os ordenamentos jurídicos nacionais for feita de modo correcto, aComissão acredita que proporcionarão garantias adequadas às vítimas de discriminaçãoem busca de reparação.

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Pergunta nº 51 de Konstantinos Droutsas ( H-0503/08 )

Assunto: O custo de vida e o desemprego fustigam os trabalhadores gregos

Dados dos serviços de estatística gregos revelam que no primeiro trimestre de 2008 odesemprego registado atingiu 8,3% sendo os mais recentemente entrados no mercado detrabalho (33,4%), os jovens (17,3%) e as mulheres jovens (22,2%) as principais vítimas.200.000 são desempregados de longa duração 46,7% que deixarão de ter direito aomiserável subsídio de desemprego de 404 euros ao fim de 12 meses de desemprego.

Que medidas tenciona a Comissão tomar, num período em que a carestia incontrolada,os salários e os subsídios de pobreza fustigam as classes populares, para responder àspropostas do movimento sindical operário para uma protecção efectiva dos desempregadosnos Estados-Membros da UE, um subsídio de desemprego equivalente a 80% do salário debase e segurança social para os desempregados durante a totalidade do período dedesemprego, até que encontrem um trabalho a tempo inteiro e estável?

(30) JO L 180 de 19.7.2000, p. 22.(31) COM(2008)0412 final(32) COM(2008)0420 final(33) COM(2008)0426 final(34) JO L 180, 19.7.2000

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Resposta

A Comissão conhece os problemas com que os Estados-Membros se debatem para enfrentara alta dos preços e a subida do desemprego.

As bases da economia da União Europeia, conforme o Conselho Europeu de Março de2008 teve ocasião de confirmar, permanecem sólidas: os défices públicos foram reduzidospara menos de metade desde 2005 e a dívida pública declinou igualmente, para um valorligeiramente abaixo dos 60%; o crescimento económico atingiu os 2,9% em 2007, masdeverá baixar em 2008; nos últimos dois anos criaram-se 6,5 milhões de empregos. Emboratenha subjacente a acção de factores cíclicos, esta evolução ficou a dever-se também àsreformas estruturais empreendidas nos últimos anos ao abrigo da Estratégia de Lisboa eaos efeitos benéficos da introdução do euro e da criação do mercado único.Consequentemente, as taxas de desemprego e de desemprego de longa duração estão acair e há progressos a assinalar no emprego de mulheres e de trabalhadores das faixasetárias mais elevadas.

Não obstante, continuam a ser necessários mais esforços tendentes a tornar os mercadosde trabalho mais inclusivos. É preciso intensificar a inclusão nos mercados de trabalho deestratos que se encontram à margem (gente com baixo perfil de qualificações, deficientes,migrantes e jovens de sectores desfavorecidos) para se atingirem as metas de empregoestabelecidas para 2010 e promover a dimensão social da "Estratégia de Crescimento eEmprego" renovada.

A inclusão dos grupos vulneráveis é uma das prioridades do método aberto de coordenaçãonos domínios da protecção social e da inclusão social. Por meio desse processo, a UniãoEuropeia coordena e estimula a acção dos Estados-Membros no plano do combate à pobrezae à exclusão social e da reforma dos seus sistemas de protecção social, com base nointercâmbio de boas práticas e na aprendizagem recíproca. Para fomentar a integração dosmais desfavorecidos, a Comissão promove uma nova estratégia de 'inclusão activa' queconjuga a prestação de um apoio pecuniário adequado, o reforço da ligação ao mercadode trabalho e um melhor acesso aos serviços. No que toca aos efeitos da subida do preçodos alimentos e do petróleo, em particular, a Comissão remete o senhor deputado para assuas recentes comunicações sobre essas questões, incluindo a que se intitula "Fazer face àsubida dos preços dos géneros alimentícios – Orientações para a acção da UE" (35) .

Acresce que o programa da UE de distribuição de alimentos às pessoas mais carenciadasda Comunidade (36) , que disponibiliza ajuda alimentar aos mais carenciados há mais de20 anos, está presentemente a ser revisto e poderá sofrer uma série de inovações. Oorçamento desse programa, que visa complementar as iniciativas dos Estados-Membros,aumentou ao longo dos anos, de menos de 100 milhões de euros em 1987 para mais de305 milhões em 2008.

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(35) COM(2008)0321 final, de 20 de Maio de 2008.(36) Regulamento (CE) n.º 1234/2007 do Conselho.

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Pergunta nº 52 de Georgios Toussas ( H-0506/08 )

Assunto: Impedimento de acção sindical no parque industrial de Schistos

As entidades patronais do parque industrial de Schistos na Ática lançaram uma ofensivacontra as liberdades sindicais. De forma provocatória, na noite de 11 de Junho, fizeramretirar o contentor onde estavam provisoriamente instalados cinco sindicalistasrepresentantes dos trabalhadores do parque. É manifesto que esta acção do patronato visaa criação de um gueto onde não se aplicam as convenções colectivas de trabalho nem asregras de saúde e segurança dos trabalhadores. Milhares de trabalhadores reagiramimediatamente exigindo a instalação de sindicatos no parque industrial.

Condena a Comissão esta acção do patronato que é uma afronta directa à liberdade deacção e expressão sindical?

Resposta

A Comissão frisa que a liberdade de associação tem de ser tratada como um direitofundamental. Deve por isso ser respeitada em todas as situações a que seja aplicável odireito comunitário.

No acórdão do processo Bosman, o Tribunal de Justiça afirma que (o princípio d")a"liberdade de associação [...] consagrado no artigo 11.º da Convenção Europeia para aProtecção dos Direitos do Homem e das Liberdades Fundamentais e resultante das tradiçõesconstitucionais comuns aos Estados-Membros, faz parte dos direitos fundamentais que[…] são protegidos na ordem jurídica comunitária."

Para além disso, o artigo 12.º da Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia estatuique todas as pessoas têm direito à liberdade de associação, nomeadamente no domíniosindical. A Carta Comunitária dos Direitos Sociais Fundamentais dos Trabalhadores contémum preceito similar (secção 13) (37) .

Todavia, o direito de associação não se encontra expressamente consagrado na legislaçãoda CE. Nos termos do n.º 5 do artigo 137.º do Tratado CE, o direito dos Estados-Membrosde adoptarem medidas no domínio da política social não é extensivo à esfera do direito deassociação.

A Comissão salienta que o Tratado CE não habilita a Comissão a actuar contra empresasprivadas que possam ter violado a liberdade de associação. Nesses casos, é às autoridadesnacionais e, em especial, aos tribunais, que cabe assegurar que esse direito seja respeitadono interior do respectivo território, com base em toda a matéria de facto relevante do casoespecífico e de harmonia com o direito nacional, comunitário e internacional.

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Pergunta nº 53 de Justas Vincas Paleckis ( H-0512/08 )

Assunto: Liberdade de circulação dos trabalhadores

Mais cedo do que o previsto, isto é, logo no primeiro dia da sua presidência da UE, a Françasuprimiu as restrições impostas à liberdade de circulação dos trabalhadores dos novosEstados-Membros da UE (à excepção da Roménia e da Bulgária).

(37) As duas Cartas citadas não se revestem actualmente de força obrigatória.

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Em 2006, foi outorgado aos cidadãos dos Estados-Membros de Leste o livre acesso aoemprego na França, embora este direito se limitasse a certos grupos profissionais, de talforma que só 40% do mercado francês de trabalho estava de facto acessível às pessoas emcausa. Ainda antes de o período transitório expirar em 2009, a França decidiu agora suprimirtodos os obstáculos à livre circulação de trabalhadores. Os receios de que a abertura parcialdo mercado de trabalho provocaria um influxo maciço de trabalhadores da Europa deLeste revelaram-se infundados e a personificação desses medos, o "canalizador polaco",não destruiu o mercado francês do trabalho.

Contudo, na Alemanha, Áustria, Dinamarca e Bélgica, ainda são aplicadas restrições aostrabalhadores dos Estados-Membros da Europa de Leste.

Na opinião da Comissão, como irá o exemplo da França, um dos maiores Estados-Membrosda UE, influenciar os países que ainda aplicam restrições? Que impacto terá a supressãodos obstáculos à livre circulação na economia francesa?

Resposta

As disposições transitórias do Tratado de Adesão de 2003, que habilitam osEstados-Membros a restringir o acesso aos seus mercados de trabalho, prevêem três fasesdistintas. A actual fase (a segunda) termina em 30 de Abril de 2009. Ao longo desta fase,os Estados-Membros que ainda restringem o acesso aos seus mercados de trabalho dostrabalhadores provenientes de 8 dos 10 Estados-Membros que ingressaram na União em1 de Maio de 2004 poderão optar entre manter o regime de restrição do acesso até ao fimda mesma e antecipar o levantamento das restrições.

Em princípio, todas as restrições têm de cessar até 30 de Abril de 2009; para lá dessa datasó Estados-Membros cujos mercados de trabalho sejam atingidos, ou corram o risco deser atingidos, por sérias perturbações — sujeitas a notificação à Comissão até 30 de Abril2009 — poderão manter as restrições em vigor, por um período não superior a dois anos.

O impacto na economia francesa da decisão governamental de abrir o respectivo mercadode trabalho será, provavelmente, positivo, visto que as empresas francesas passarão a terao seu dispor uma base de recrutamento de mão-de-obra alargada, que lhes permitirápreencher mais facilmente as vagas que não conseguem suprir com trabalhadores locais.A análise da experiência de todos os Estados-Membros que abriram os seus mercados detrabalho antes do fim do prazo estipulado indica que a migração de trabalhadores oriundosdos 'novos' Estados-Membros reduziu os estrangulamentos existentes nos respectivosmercados de trabalho, aumentou a flexibilidade da força de trabalho, diminuiu as pressõesinflacionistas e contribuiu para o crescimento económico, sem produzir qualquer impactonegativo substancial no emprego ou nos salários dos trabalhadores locais.

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Pergunta nº 54 de Athanasios Pafilis ( H-0513/08 )

Assunto: Novo caso de agressão violenta de trabalhadores migrantes

A política geral contrária aos imigrantes e a "imunidade" de que beneficiam as empresasdá lugar a actos de barbárie contra os trabalhadores. Exemplo característico desta situaçãoé a indústria de confecção "Lady Fashion" onde o patronato reage com actos de terrorismoe uso da violência crua contra os trabalhadores que protestam contra as inaceitáveiscondições de trabalho. Simultaneamente, o patronato impede por todos os meios a

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intervenção dos sindicatos. Vários trabalhadores foram atacados por homens de mão amando do patronato com tubos de ferro e paus por não terem ido trabalhar ao domingo.Ao protesto dos trabalhadores contra as agressões a empresa respondeu que os ia despedira todos. Um caso de violência semelhante ocorreu quando um trabalhador migrante pediupara receber os salários em atraso.

Condena a Comissão estes actos, bem como o impedimento da acção dos sindicatos, quese generaliza em consequência da política anti laboral seguida?

Resposta

A Comissão considera inaceitáveis a exploração de trabalhadores e a violação dos seusdireitos humanos fundamentais. Todas as pessoas, independentemente da sua nacionalidade,têm direito a que a sua dignidade e a sua integridade, tanto física como mental, sejamrespeitadas. Esses direitos encontram-se consignados na Carta dos Direitos Fundamentaisda União Europeia, solenemente proclamada em Nice no ano 2000. Acresce que, nostermos da Directiva 89/391/CEE (38) , sobre a entidade patronal impende um dever geralde assegurar a segurança e a saúde dos trabalhadores em todos os aspectos relacionadoscom o trabalho.

No que se refere aos imigrantes que residem ilegalmente na UE, a Comissão adoptou emMaio de 2007 uma proposta de directiva que prevê a aplicação de sanções aos empregadoresde nacionais de países terceiros em situação irregular (39) . Ao abrigo dessa proposta, aentidade patronal incorrerá numa série de sanções, incluindo multas ou coimas e opagamento de qualquer remuneração em falta. Além disso, incorrerá também em sançõespenais nos casos mais graves, incluindo os de imposição de condições de trabalho queconsubstanciem situações de exploração extrema. Os Estados-Membros serão obrigadosa estabelecer mecanismos de apresentação de queixa eficazes que habilitem os nacionaisde países terceiros afectados a deduzir participações directamente ou através de terceirosdesignados, como associações sindicais ou outras.

No que toca à pergunta específica do senhor deputado relativa à obstrução da actividadedos sindicatos por parte do patronato, a Comissão frisa que a liberdade de associação temde ser tratada como um direito fundamental. Deve por isso ser respeitada em todas assituações a que seja aplicável o direito comunitário.

No acórdão do processo Bosman, o Tribunal de Justiça afirma que (o princípio d")a"liberdade de associação [...] consagrado no artigo 11.º da Convenção Europeia para aProtecção dos Direitos do Homem e das Liberdades Fundamentais e resultante das tradiçõesconstitucionais comuns aos Estados-Membros, faz parte dos direitos fundamentais que[…] são protegidos na ordem jurídica comunitária." Para além disso, o artigo 12.º da Cartados Direitos Fundamentais da União Europeia estatui que todas as pessoas têm direito àliberdade de associação, nomeadamente no domínio sindical. A Carta Comunitária dosDireitos Sociais Fundamentais dos Trabalhadores contém um preceito similar(secção 13) (40) .

(38) Directiva 89/391/CEE do Conselho, de 12 de Junho de 1989, relativa à aplicação de medidas destinadas a promovera melhoria da segurança e da saúde dos trabalhadores no trabalho, JO L 183, 29.6.1989.

(39) COM(2007)0249 final(40) As duas Cartas citadas não se revestem actualmente de força obrigatória.

10-07-2008Debates do Parlamento EuropeuPT146

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Nos termos do n.º 5 do artigo 137.º do Tratado CE, o direito dos Estados-Membros deadoptarem medidas no domínio da política social não é aplicável ao direito de associação.A Comissão salienta que o Tratado CE não a habilita a actuar contra empresas privadasque possam ter violado a liberdade de associação. Nesses casos, é às autoridades nacionaise, em especial, aos tribunais, que cabe assegurar que esse direito seja respeitado no interiordo respectivo território, com base em toda a matéria de facto relevante do caso específicoe de harmonia com o direito nacional, comunitário e internacional.

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Pergunta nº 58 de Christopher Heaton-Harris ( H-0494/08 )

Assunto: Indústria na União Europeia

A Comissão considera que, face à actual impossibilidade de aplicar o Tratado de Lisboa, aindústria na União Europeia será mais forte ou mais fraca? No entender da Comissão, quaisserão as repercussões para indústria decorrentes deste revés causado pela não ratificaçãodo Tratado de Lisboa em todos os 27 Estados-Membros?

Resposta

No discurso que proferiu no Parlamento no dia 18 de Junho de 2008, o Presidente daComissão sublinhou que o Tratado de Lisboa continua a ser um elemento essencial parase dar resposta aos desafios que a União Europeia hoje enfrenta, como a construção deuma União mais democrática, o alargamento dos poderes do Parlamento, o reconhecimentodo papel dos parlamentos nacionais, o reforço da capacidade de acção da União emdomínios como o das migrações, energia, alterações climáticas e segurança interna, bemcomo o aumento da sua coerência e eficácia na cena mundial.

No que toca à política industrial, o artigo 157.º do actual Tratado que institui a Comunidadejá confere um mandato claro para a prossecução de uma política industrial a nívelcomunitário. A referida política visa assegurar as condições necessárias ao desenvolvimentoda capacidade concorrencial e de inovação da nossa indústria, tendo em conta que a maioriadas empresas são PME. Ela integra iniciativas horizontais e sectoriais tendentes a auxiliaras empresas a vencer os desafios da globalização, da mutação tecnológica acelerada e daadaptação às alterações climáticas, com vista a melhorar a competitividade e fomentar ocrescimento, a inovação e a criação de emprego.

O Tratado de Lisboa prevê a introdução das seguintes modificações no novo artigo 173.º:"A Comissão pode tomar todas as iniciativas necessárias para promover a referidacoordenação, nomeadamente através de iniciativas para definir orientações e indicadores,organizar o intercâmbio das melhores práticas e preparar os elementos necessários àvigilância e à avaliação periódica. O Parlamento Europeu é plenamente informado." OTratado explicitaria melhor o papel da Comissão na política industrial, mormente no querespeita à coordenação do seu trabalho com o dos Estados-Membros. Reforçaria tambémo papel do Parlamento na prossecução dos objectivos estabelecidos no Tratado.

O Tratado de Lisboa não implicaria, porém, qualquer reorientação fundamental da actualpolítica industrial da UE. As alterações que o Tratado de Lisboa introduziria na área dapolítica industrial não são indispensáveis para que a Comissão possa prosseguir a políticaindustrial moderna em questão.

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Pergunta nº 61 de Manuel Medina Ortega ( H-0441/08 )

Assunto: Crise alimentar e política agrícola comum

Face às questões abordadas na Conferência sobre a Segurança Alimentar Mundial que aFAO acaba de organizar em Roma, que medidas tenciona a Comissão propor a fim deadaptar a política agrícola comum aos resultados desta conferência?

Pergunta nº 63 de Mairead McGuinness ( H-0452/08 )

Assunto: Acção da UE à luz das preocupações em matéria de segurança alimentara nível mundial

Na Comunicação da Comissão (COM(2008)0321), intitulada "Fazer face à subida dospreços dos géneros alimentícios - Orientações para a acção da UE", é delineada toda umasérie de intervenções para acometer as crise e atenuar os efeitos mais gravosos da situaçãoem causa, em particular nos países do mundo em desenvolvimento, em que assistimos asublevações motivadas pela falta de acesso aos alimentos e ao aumento da fome e damalnutrição. Na Comunicação, a Política Agrícola Comum da UE apenas brevemente éreferida, salientando algumas das alterações menores que foram introduzidas à luz daspreocupações emergentes quanto à produção alimentar. Poderia a Comissão fazer umadeclaração clara sobre a necessidade de a UE manter e expandir a produção alimentar faceàs preocupações em matéria de segurança alimentar a nível mundial? Poderia a Comissãoigualmente dar a conhecer de que modo avalia a complexa interacção entre as medidas deredução das alterações climáticas, a reduzida utilização dos factores de produção a níveldas explorações agrícolas e a produção alimentar, por um lado, e a necessidade de pôr emprimeiro plano a questão da produção alimentar sustentável?

Pergunta nº 64 de Gay Mitchell ( H-0454/08 )

Assunto: Crise alimentar e subvenções agrícolas não utilizadas

A crise alimentar, juntamente com o aumento constante do preço do petróleo, ameaçaanular os grandes progressos alcançados em matéria de desenvolvimento na última décadae meia. A crise alimentar mundial requer uma liderança forte da UE. Perante estes factos,em que ponto se encontram os planos da Comissária para atribuir as subvenções agrícolasnão utilizadas aos agricultores dos países em desenvolvimento, de modo a fazer face aoaumento dos preços e proporcionar o tão necessário financiamento do desenvolvimentoda agricultura?

Pergunta nº 68 de Alyn Smith ( H-0475/08 )

Assunto: Crise alimentar mundial

Diz a União Europeia a verdade quando afirma querer resolver a crise alimentar do mundoem desenvolvimento? Se assim é, não devia fazer muito mais para realizar o potencialoferecido pelos seus próprios agricultores?

A Comissão parece ainda hesitar em convidar os agricultores da União Europeia adesempenhar plenamente o seu papel na produção alimentar mundial. É óbvio que aprodução alimentar em todo o mundo, incluindo a UE, tem de aumentar.

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É necessário investir seriamente na investigação e no desenvolvimento e se, ao mesmotempo, for lançado um verdadeiro ataque contra a burocracia que nos impede de avançar,a diferença será enorme.

Como tenciona a Comissão Europeia reagir a este desafio e criar uma cadeia alimentarprodutiva e competitiva na União Europeia que contribua para a segurança alimentarmundial e beneficie os consumidores da UE?

Resposta Comum

A primeira observação de carácter geral que se oferece à Comissão fazer constitui umaresposta parcial às quatro perguntas e diz respeito `vertente "exame de saúde". A propostaem causa prevê mudanças de política destinadas a dar resposta às preocupações relacionadascom a produção alimentar e o crescimento da procura de produtos alimentares: propõe-sea abolição do regime de retirada de terras de produção e a supressão progressiva do sistemade quotas leiteiras. Estas medidas vêm na sequência da redução a zero da superfície de terrasujeita a retirada e do aumento das quotas de produção de leite já em 2008, que jáproduziram impactos na produção deste ano. Esses impactos na produção constituemrespostas cumulativas importantes, que têm vindo a ser dadas ao longo do tempo àspreocupações em matéria de segurança alimentar. É por isso que a política agrícola comum(PAC), também no futuro, é parte da solução para aliviar a pressão global sobre os preçosdos alimentos.

A pergunta do senhor deputado Medina Ortega versa o seguimento a dar à Conferênciasobre a Segurança Alimentar Mundial organizada pela FAO (41) que teve lugar em Romanos dias 3, 4 e 5 de Junho de 2008. A Comissária responsável pelo sector da agricultura edo desenvolvimento rural participou nessa conferência e a Comissão já reagiu à declaração,que pede uma "acção coordenada urgente para combater os impactos negativos da explosãodos preços dos alimentos sobre os países e as populações mais vulneráveis do mundo". AComissão está também activamente empenhada em conseguir uma rápida e bem sucedidaconclusão da Agenda de Doha para o Desenvolvimento. O intento da Comissão é alcançarum acordo que propicie uma melhoria da situação alimentar nos países emdesenvolvimento. Além disso - e esta questão foi igualmente abordada pelo Comissárioresponsável pelo pelouro do desenvolvimento e da ajuda humanitária - a Comissão está apreparar uma proposta de criação de um novo fundo de apoio à agricultura dos países emdesenvolvimento. A UE apoiará uma resposta forte da oferta agrícola nos paísesdesenvolvidos, designadamente fornecendo o financiamento necessário para factores deprodução e assistência. A Comissão tenciona apresentar uma proposta concreta ainda nocorrente mês de Julho de 2008. O "pacote" alargado em causa responde também às questõessuscitadas pelo senhor deputado Smith.

A senhora deputada McGuinness pretende saber que avaliação faz a Comissão da questãodas alterações climáticas e da sua articulação com a sustentabilidade da produção de génerosalimentícios. A Comissão considera que os respectivos efeitos sobre a produção agrícolana Europa diferem amplamente de região para região e de sector para sector, não havendopor conseguinte uma solução única capaz de dar resposta a todas as preocupações comque a União se debate. Como a Senhora Comissária responsável pelo sector da agriculturae do desenvolvimento rural observou na sua resposta às perguntas anteriores, a Comissãopropôs no quadro do "exame de saúde" da PAC que as preocupações crescentes relacionadas

(41) Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura.

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com as alterações climáticas e a sustentabilidade da produção de géneros alimentíciosfossem abordadas por meio de medidas do segundo pilar.

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Pergunta nº 66 de Bernd Posselt ( H-0460/08 )

Assunto: Karlsbader Oblaten (bolachas finas de Karlsbad)

As "Karlsbader Oblaten" - especialidade mundialmente conhecida - foram fabricadas,durante séculos, por pasteleiros alemães dos Sudetas, no triângulo constituído pelas cidadestermais da Boémia Karlsbad-Marienbad-Franzensbad. Nos séculos XIX e XX, estaespecialidade foi igualmente fabricada noutras regiões da Europa e do mundo. Actualmente,esta bolacha fina, de excelente qualidade, é sobretudo produzida pela empresa Wetzel,implantada na cidade bávara de Dilligen, nas margens do Danúbio. Foi nessa localidadeque a proprietária da empresa, Marlene Wetzel-Hackspacher, retomou o fabrico daespecialidade em questão, após ter sido expulsa da sua Boémia natal, na sequência daSegunda Guerra Mundial. Poderá a Comissão garantir que a família Wetzel-Hackspachercontinue a fabricar e a comercializar esta especialidade sob a denominação "KarlsbaderOblaten"? Qual a situação observada relativamente a certas tentativas de alguns sectoresda República Checa que visam pôr termo a esta preciosa tradição pasteleira?

Resposta

A Comissão confirma que recebeu objecções à proposta de registo da "Karlovarské oplatky"como Indicação Geográfica Protegida (IGP) e que estão em curso consultas entre as partesinteressadas. Enquanto o processo estiver a decorrer, a Comissão não pode intervir e seriaerrado estar a pronunciar-se sobre a validade dos argumentos de qualquer dos lados.

Seja consentido à Comissão assinalar, contudo, que, caso a designação "Karlovarské oplatky"seja registada, a sua utilização ficará protegida contra, inter alia, qualquer "usurpação,imitação ou evocação, ainda que (…) a denominação protegida seja traduzida". Em casode litígio, se a designação "Karlovarské oplatky" for registada, matéria que não foi aindadecidida, caberá aos tribunais nacionais e, se necessário, em última instância, ao Tribunalde Justiça Europeu, determinar se a utilização do nome "Karlsbader Oblaten" a que o senhordeputado faz referência é ou não subsumível no âmbito de aplicação desse ou de qualqueroutro preceito do Regulamento (CE) n.º 510/2006 do Conselho, de 20 de Março de 2006,relativo à protecção das indicações geográficas e denominações de origem dos produtosagrícolas e dos géneros alimentícios (42) .

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Pergunta nº 67 de David Martin ( H-0466/08 )

Assunto: Agenda de Doha para o Desenvolvimento da OMC - Versão revista dotexto sobre a agricultura

Na sequência da publicação da versão revista do texto sobre a agricultura e do apoioexpresso pela maioria dos Estados-Membros a esse texto, a Comissão pode indicar se houvesinais positivos por parte de outras autoridades da OMC relativamente às negociações

(42) JO L 93 de 31.3.2006, p. 12.

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sobre a agricultura? A Comissão pensa que estão reunidas as condições para concluir aronda com êxito até ao final do ano?

Resposta

O actual projecto de texto sobre as modalidades agrícolas é tido pela generalidade dospaíses-membros da Organização Mundial de Comércio (OMC) como uma base denegociação aceitável. Todavia, há algumas questões ainda por resolver. A Comissão estápor isso a trabalhar com outros membros da OMC em Genebra para que o presidente docomité de negociação agrícola possa finalizar a redacção de um texto capaz de constituiruma base adequada para a realização de negociações a nível ministerial.

Quanto à questão de saber se estão reunidas as condições necessárias para que a rondapossa ser concluída até ao final de 2008, a Comissão crê que é perfeitamente concebívelque se chegue a acordo, e vai dar o seu melhor para atingir esse objectivo nos termos domandato que recebeu do Conselho. No entanto, para isso há muito trabalho árduo a fazerprimeiro.

O Director-Geral da OMC, senhor Lamy, acaba de anunciar a intenção de convocar umareunião ministerial para à volta d dia 21 de Julho de 2008. A possibilidade de encerramentoda ronda antes do fim de 2008 dependerá em grande medida do resultado dessa reuniãoministerial e da vontade de prosseguir as negociações que os membros demonstremulteriormente.

Seja como for, qualquer eventual acordo final tem de ter um âmbito alargado e cobrir asquestões que se revestem de um interesse claro para a UE. Em particular, o resultadoambicioso que se pretende no campo da agricultura tem de ter correspondência plenanoutros capítulos de negociação, incluindo os do NAMA (43) , dos serviços e das regras,assim como no das indicações geográficas.

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Pergunta nº 69 de Zbigniew Krzysztof Kuźmiuk ( H-0510/08 )

Assunto: Harmonização do montante dos pagamentos directos por hectare nosantigos e nos novos Estados-Membros

Na sua resposta de 17 de Junho de 2008 à minha pergunta oral H-0387/08 relativa àintrodução da modulação nos novos Estados-Membros, a Comissão informa que, em 2012,os pagamentos directos nos antigos e nos novos Estados-Membros serão idênticos (apósa introdução da modulação) e que ascenderão a 87% do pagamento total.

Infelizmente, o montante do pagamento por hectare de superfície agrícola útil não seráidêntico, apesar de os custos de produção nos novos e nos antigos Estados-Membros seremmuito semelhantes em 2012.

Qual o prazo previsto pela Comissão para a harmonização do montante das ajudas porhectare nos antigos e nos novos Estados-Membros?

(43) Acesso ao mercado dos produtos não agrícolas.

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Resposta

Nos termos do acordado no Tratado de Adesão, as ajudas dissociadas têm por baseparâmetros históricos ou regionais dos UE-15 e os dados relativos aos UE-10 mais fiáveisentão disponíveis. Assim, a diferenciação do nível dos pagamentos directos é um facto nãoapenas entre os Estados-Membros mais antigos e mais recentes, como também entre todosos Estados-Membros e regiões e agricultores individuais (em função da modalidade depagamento dissociado escolhida).

A avaliação de impacto do "exame de saúde" mostrou que a aplicação de um mesmomontante fixo a todos os Estados-Membros da UE-27 não melhoraria a situação global de"assimetria" na distribuição dos pagamentos pelas diferentes explorações e levaria a umaenorme redistribuição entre os Estados-Membros. Além disso, distorceria o equilíbrioexistente em matéria de rendimento entre o sector agrícola e os demais sectores daeconomia, dado que o rendimento agrícola nos UE-12 já sofreu um forte crescimentodesde a adesão à UE.

Mas a proposta do "exame de saúde" facilita a evolução no sentido da introdução de umregime de maior uniformidade das ajudas no interior dos Estados-Membros, visto que estestêm mais possibilidades de promover a redistribuição dos apoios que ela pode implicar deacordo com critérios mais objectivos. Todavia, toda e qualquer grande reafectação derecursos entre Estados-Membros terá forçosamente de ser contemplada no contexto deuma revisão orçamental e do nível global de alocação de fundos, e não apenas da dosrecursos afectos a pagamentos directos.

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Pergunta nº 70 de Silvia-Adriana Ţicău ( H-0524/08 )

Assunto: Sistemas de irrigação na União Europeia

As alterações climáticas fizeram já sentir os seus efeitos em todos os Estados-Membros daUnião Europeia. Nos próximos anos, a União deve ser capaz tanto de lutar eficazmentecontra as causas das alterações do clima como de se adaptar às novas condições climáticas.Em particular, os Estados-Membros do sul e do leste da União continuarão a ser afectadospela seca, pela canícula e pela desertificação das suas regiões agrícolas, o que teráconsequências devastadoras para as culturas agrícolas destinadas à alimentação dapopulação. Além disso, segundo um estudo científico, a água, e nomeadamente a águapotável, tornar-se-á nos próximos anos um recurso deficitário.

Pode a Comissão Europeia indicar quais são as medidas que prevê adoptar para desenvolverum sistema eficiente de irrigação, susceptível de permitir aos Estados-Membros acimamencionados disporem de uma agricultura eficaz, capaz não só de proporcionar alimentosà população dessas regiões, mas também exportar produtos agrícolas para outros países?Pode a Comissão indicar quais são os fundos comunitários previstos para essas medidas equal irá ser a política da União em matéria de irrigação das superfícies agrícolas?

Resposta

A política agrícola comum já faculta assistência financeira tendente a incentivar a alteraçãode práticas agrícolas. Estão em causa, por exemplo, a substituição de sistemas de irrigaçãoantigos por sistemas novos que consomem menos água, a conversão de terras aráveis empastagens, a redução da utilização de água nas culturas actuais e a criação de bacias de

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armazenamento ou outros elementos. Essa assistência é prestada, em particular, atravésde medidas agro-ambientais e de apoio ao investimento.

Além disso, a Comissão apresentou recentemente propostas de revisão da reforma dapolítica agrícola comum de 2003, as chamadas propostas do "exame de saúde". Parte dasmedidas propostas são susceptíveis de dar um contributo no que se refere à resposta àspreocupações relativas às disponibilidades de água. A nova norma de boas condiçõesagrícolas e ambientais proposta sujeita a utilização de água para fins de irrigação a umprocedimento de autorização. A proposta de alargamento da modulação obrigatória para13% até 2013 proporcionaria novos fundos para o reforço dos programas dedesenvolvimento rural, inter alia, para fins de melhoria da gestão da água. A Comissãochama ainda a atenção da senhora deputada para o facto de, no que se refere a secas, teradoptado em Julho de 2007 uma comunicação sobre o tema "Enfrentar o desafio da escassezde água e das secas na União Europeia", que traça um conjunto de orientações políticasprioritárias que deve presidir à acção futura. O documento destaca o importante potencialpara poupança de água que existe na Europa e a necessidade de se esgotar esse potencialantes de se considerar o recurso a quaisquer soluções adicionais em matéria deabastecimento de água. Isto é válido para as actividades agrícolas, e para a irrigação emparticular, nos casos em que a utilização de tecnologias e práticas aperfeiçoadas de irrigaçãoe a beneficiação das redes de irrigação podem permitir efectuar poupanças significativasde água. A Comissão está empenhada em adoptar um relatório de seguimento dacomunicação até ao fim de 2008.

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Pergunta nº 71 de Marian Harkin ( H-0429/08 )

Assunto: Ano Europeu do Voluntariado

Tendo em conta que mais de 100 milhões de europeus exercem, todos os anos, umaactividade voluntária e que o voluntariado promove a solidariedade intergeracional, odiálogo intercultural e a coesão social, que fazem parte dos valores e dos objectivos daUnião Europeia consagrados nos Tratados, partilha a Comissão a opinião de que um AnoEuropeu do Voluntariado em 2011 seria uma forma ideal de a Comissão prestar um apoioespecífico a todos voluntários na União Europeia?

Resposta

A Comissão está perfeitamente consciente da importância do voluntariado na Europa edo valioso contributo que ele presta no plano da promoção da coesão social, de um exercícioactivo da cidadania europeia, da solidariedade intergeracional e do diálogo intercultural,entre muitas outras coisas.

A Comissão acompanhou de perto o trabalho desenvolvido nos últimos meses peloParlamento, pelo Comité das Regiões e pelo Comité Económico e Social Europeu na áreado voluntariado.

O relatório sobre a contribuição do voluntariado para a coesão económica e socialapresentado pela senhora deputada, em particular, representa um importante passo noapoio ao voluntariado na União Europeia e contém conselhos muito válidos. A Comissãoconcorda inteiramente com o destaque que nele se dá à relevância do voluntariado napromoção da coesão social através da aprendizagem informal e não formal.

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A Comissão vai promover a realização de um estudo sobre o voluntariado na UniãoEuropeia, que focará em especial a situação actual e os desafios e questões críticos para osector na UE, tendo em vista auxiliar os responsáveis pela definição das políticas adeterminarem a melhor via a seguir e o âmbito de iniciativas a nível europeu quefuturamente possam vir a ser lançadas.

Com base nos resultados do estudo supramencionado, a Comissão ponderará depois quaispoderão ser as iniciativas mais adequadas a empreender na área do voluntariado,considerando também a possibilidade de promover um Ano Europeu do Voluntariado.

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Pergunta nº 72 de Avril Doyle ( H-0446/08 )

Assunto: Indústrias com forte consumo de energia afectadas por fugas de carbonono RCLE UE

Em 23 de Janeiro de 2008, a Comissão apresentou um pacote de propostas de grandealcance que permitirá cumprir os ambiciosos compromissos da União Europeia no que serefere à luta contra as alterações climáticas e à promoção da utilização de energias renováveisaté 2020 e posteriormente. O elemento central da estratégia é o reforço e a expansão doRegime de Comércio de Licenças de Emissão da UE (RCLE UE), a ferramenta-chave da UEpara reduzir as emissões de uma forma eficaz em termos de custos.

No âmbito de um acordo internacional, o risco de fugas de carbono poderá ser insignificante.Contudo, esse acordo ainda não existe.

Há que dispor de mais informações para determinar quais as indústrias com forte consumode energia que serão mais afectadas por fugas de carbono. Neste sentido, a DG Empresaestá actualmente a compilar os resultados de um questionário enviado a diversos sectoresincluídos no RCLE UE.

Atendendo à inquietação gerada por esta questão, poderá o Senhor Comissário comentaros progressos realizados até à data e indicar eventuais resultados preliminares que possapartilhar connosco?

Para quando poderá o Parlamento Europeu esperar um relatório pormenorizado sobre asconclusões da Comissão?

Resposta

Para a Comissão a grande prioridade é chegar a um acordo internacional, sobre as questõesdo clima, ambicioso e de âmbito alargado para o período pós-2012, ano em que expiramos actuais compromissos de Quioto. Na ausência de um acordo internacional, há o riscode certas indústrias com elevada intensidade energética se deslocarem para fora da Europa,dando origem a um aumento das emissões globais (fuga de carbono).

A Comissão não está, de momento, em condições de poder identificar com precisão ossectores e/ou subsectores em que existem riscos de fuga de carbono. No levantamento queé necessário efectuar para o efeito devem ser aplicados todos os critérios objectivospertinentes, nomeadamente a maior ou menor possibilidade que os sectores em causa têmde repercutir nos preços praticados o aumento de custos resultante da introdução dasnovas regras do Regime de Comércio de Emissões (RCE) sem sofrerem perdas significativasde quota de mercado para produtores menos eficientes em matéria de carbono de países

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terceiros, a capacidade desses sectores para lograrem novas reduções das emissões e aspolíticas em matéria de alterações climáticas em vigor nos países em que os seusconcorrentes operam.

A Comissão está, portanto, a examinar esta questão e propõe-se determinar os sectores ousubsectores expostos a um risco significativo de fuga de carbono, o mais tardar, até Junhode 2010.

Na avaliação da situação dessas indústrias com elevada intensidade energética, a Comissãousará como base o acordo internacional sobre o clima alcançado ou quaisquer acordossectoriais que possam ter sido concluídos. A Comissão submeterá depois ao Parlamentoe ao Conselho, até Junho de 2011, o mais tardar, um relatório assente nessa avaliação,acompanhado da proposta de quaisquer medidas que eventualmente se revelem necessárias.As medidas em causa devem integrar um ajustamento das atribuições gratuitas de licençasou a inclusão dos importadores no RCE, ou ainda uma combinação de ambas as soluções.

A Comissão já começou a trabalhar na questão específica das fugas de carbono. Por meiode um questionário enviado às associações das indústrias europeias, coligiu dados, quevão agora ser objecto de um exame pormenorizado, em que será utilizado um quadroanalítico que está a ser desenvolvido neste momento.

O objectivo do trabalho da Comissão nesta área é o de avaliar o risco de fugas de carbono,tendo em consideração os critérios previstos na sua proposta de alteração daDirectiva "RCE". A Comissão, à semelhança do que já fez na reunião de 11 de Abril de 2008,continuará a informar os intervenientes dos resultados desse trabalho quando dispuser deresultados relevantes. A realização de uma reunião desse tipo está prevista para finais deSetembro de 2008, ainda sujeita a confirmação.

A Comissão inteirará também o Parlamento e o Conselho dos progressos obtidos e dosresultados atingidos com este trabalho, com vista à consecução de um acordo sobre o"pacote" relativo ao Clima e Energia até ao fim de 2008.

Nesta fase, porém, a Comissão não faz tenções de apresentar qualquer relatório oficialsobre os resultados preliminares do trabalho em curso.

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Pergunta nº 73 de Manolis Mavrommatis ( H-0464/08 )

Assunto: Euronews ganha o concurso da Comissão para um canal internacional emárabe

Segundo uma entrevista dada em Junho de 2007 a um jornal espanhol pelo Presidente econselheiro internacional do Euronews, Philippe Cayla, o Euronews ganhou o concursoda Comissão para a criação de um canal noticioso internacional em língua árabe que iráemitir 24 horas por dia e 7 dias por semana.

Pode a Comissão informar que empresas de televisão participaram no concurso em questãoe quais foram os critérios de selecção? Prevê a Comissão continuar a financiar a criação deum canal noticioso de televisão noutras línguas europeias? Qual será o critério para a ordemde selecção das línguas que se seguirão?

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Resposta

Nos termos do estabelecido no Regulamento Financeiro, o caderno de encargos do concurso(incluindo os critérios de exclusão, de selecção e de adjudicação) para a criação de um canalnoticioso internacional de TV em língua árabe foi publicado no Jornal Oficial (44) , assimcomo os respectivos resultados (45) .

Neste momento, não existem planos para a criação de novos canais noticiosos noutraslínguas europeias.

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Pergunta nº 74 de Sarah Ludford ( H-0468/08 )

Assunto: Não reconhecimento das parcerias civis britânicas em França e vice-versa

De acordo com informações disponíveis, as parcerias civis britânicas não são reconhecidaspelas autoridades francesas como equivalentes ao casamento, nem sequer ao PACS (PactoCivil de Solidariedade). Para além disso, os casais registados no âmbito da parceria civil noReino Unido não podem mudar-se para França e solicitar um PACS porquanto necessitamde um "certificat de coutume" (certificado de registo civil) declarando que os parceiros nãose encontram numa relação de parceria civil, casados, nem beneficiam do PACS no ReinoUnido. Em caso de morte de um dos parceiros civis, as autoridades francesas tributam oparceiro sobrevivo em 60% e, nos termos da lei francesa, este não pode beneficiar dequalquer direito. Se um cidadão francês pretender celebrar um PACS com um cidadãobritânico na embaixada francesa em Londres, o "certificat de coutume" já não é necessário,mesmo que entre estas duas pessoas já exista uma parceria civil no Reino Unido. O artigo25.º do contrato em matéria de dupla tributação celebrado entre a França e o Reino Unidoprevê ainda que os nacionais da França e do Reino Unido não sejam objecto de tratamentodiferente em matéria de impostos, caso já se encontrem na mesma situação.

A Comissão não considera que esta situação é um obstáculo à livre circulação dos cidadãose respectivas famílias e que estes requisitos diferentes relativos ao "certificat de coutume"e à legislação fiscal constituem uma discriminação baseada na orientação sexual? Será quea Comissão tenciona solicitar a estes Estados-Membros que garantam o reconhecimentomútuo destes contratos, para que a liberdade de circulação dos cidadãos da UE sejaassegurada?

Resposta

A senhora deputada chama a atenção da Comissão para as dificuldades decorrentes do nãoreconhecimento pelas autoridades francesas da equivalência das parcerias civis britânicasao casamento, ou sequer ao PACS (Pacto Civil de Solidariedade).

O reconhecimento mútuo na área do direito da família é, efectivamente, uma prioridadepara a Comissão. Actualmente, o Regulamento (CE) n.º 2201/2003 do Conselho, de 27de Novembro de 2003, relativo à competência, ao reconhecimento e à execução de decisõesem matéria matrimonial e em matéria de responsabilidade parental (46) (Regulamento

(44) Jornal Oficial S 134-163977, de 14 de Julho de 2007(45) Jornal Oficial S 30-039418 de 13 de Fevereiro de 2008(46) JO L 338, 23.12.2003.

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Bruxelas II A) é o principal instrumento legal no plano do reconhecimento mútuo na áreado direito da família. Este regulamento disciplina o reconhecimento mútuo de determinadasdecisões em sede de divórcio, separação judicial ou anulação do casamento.

Contudo, no ordenamento jurídico comunitário não existe legislação que preveja oreconhecimento de casamentos ou parcerias entre pessoas do mesmo sexo em toda a UniãoEuropeia. Consequentemente, a Comissão não dispõe de competência para ajuizar daexistência de discriminação entre os casais ligados pelo casamento e os casais ligados porparcerias civis.

As diferenças visíveis em alguns Estados-Membros, relativamente ao tratamento dado àsparcerias civis celebradas noutros Estados-Membros, e respectivos efeitos fiscais, sãoconsequência da falta de normas uniformes em matéria de reconhecimento do casamentoe das parcerias civis na União Europeia.

A Comunidade Europeia não tem poderes para adoptar legislação em questões ligadas aoestado civil, que têm um impacto directo sobre a vida quotidiana dos cidadãos europeus.Enquanto não forem conferidos poderes adicionais à Comunidade, a Comissão não tembase jurídica para actuar neste domínio.

No entanto, a Comissão lançou um estudo comparativo no campo do registo civil comvista a dar resposta à necessidade de reconhecimento mútuo das relações jurídicas emcausa, por via da mobilidade crescente dos cidadãos no interior da União Europeia. Estecampo é actualmente regido pelo direito nacional e por convenções internacionais. Oestudo comparativo citado visa traçar uma panorâmica dos regimes jurídicos e das práticasvigentes a nível nacional nesta matéria, identificar os problemas concretos com que sedebatem os cidadãos e indicar soluções possíveis para os mesmos. Este extenso estudodeverá ser concluído ainda em 2008. Ele dotará a Comissão de uma base sólida para aavaliação das diferentes medidas que poderão ser tomadas a nível da União Europeia paramelhorar o reconhecimento mútuo de actos de registo civil. Para obviar às consequênciaspessoais e financeiras adversas que a ausência desse reconhecimento acarreta para oscidadãos em causa.

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Pergunta nº 75 de Dimitrios Papadimoulis ( H-0473/08 )

Assunto: Transacções no interior das empresas - direitos das autoridades fiscais

Para o consumidor grego o mercado único falhou completamente a harmonização dospreços, em particular, dos bens de consumo essenciais. Há muitos anos que o índice depreços ao consumidor na Grécia é dos mais elevados da UE-15 e sensivelmente mais elevadoque a média comunitária. Recentemente, o centro grego de protecção do consumidorprocedeu a um inquérito sobre os preços de 86 produtos de utilização diária na mesmacadeia de supermercados em Berlim e em Salónica. Este estudo revela que na totalidadedos produtos Salónica é 32,57% mais cara e que o preço de muitos produtos era 100%mais elevado.

Nos casos da fixação dos preços não controlada para as transacções no interior das empresas,de que meios dispõe o governo grego para repor os preços aos níveis da UE? De que meiosdispõe para por fim à fixação de preços incontrolada que se processa nas transacções nointerior das empresas? Têm as autoridades fiscais nacionais o direito de considerar nãosinceros os dados apresentados pelas empresas no caso: (a) das transacções no interior da

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mesma empresa, (b) de empresas de importação de produtos de consumo básicos quandoos preços fixados manifestamente não correspondem aos preços em vigor noutrosEstados-Membros?

Resposta

O primeiro objectivo da política de concorrência da CE é melhorar o funcionamento dosmercados para benefício dos consumidores da UE. A Comissão coopera estreitamente comas autoridades nacionais da concorrência (ANC) de cada Estado-Membro em matéria deaplicação das regras de concorrência da CE (no quadro do Regulamento n.º 1/2003 doConselho) para assegurar que os mercados funcionem para benefício dos consumidores.Há lugar a investigações sempre que se verifica existirem indícios jurídicos e económicosde práticas anticoncorrenciais.

Urge, contudo, sublinhar que as diferenças de preços de Estado-Membro paraEstado-Membro não resultam forçosamente de uma aplicação deficiente das regras daconcorrência. Com efeito, há toda uma série de factores-chave susceptíveis de terem umimpacto considerável na formação dos preços. As diferenças de preços observadas podemadvir de um conjunto de factores ligados à oferta, a nível quer da UE quer global(desenvolvimentos de ordem estrutural, condições climáticas, etc.), de determinantes dolado da procura (aumento da procura global de uma mercadoria, alterações dos padrõesalimentares, emergência de novos mercados, etc.) ou da estrutura e do funcionamento dosector do comércio retalhista e da distribuição em cada Estado-Membro. Entre esses factoresincluem-se, por exemplo, as preferências dos consumidores nos mercados em apreço, asusceptibilidade de comercialização de certos produtos/serviços e os componentes decustos (custo infraestruturais, de recursos humanos, etc.).

As ANC estão bem colocadas para darem resposta a questões especificamente atinentesao funcionamento do sector de retalho e/ou da cadeia de abastecimento alimentar nas suasáreas de jurisdição. Pode mitigar-se o impacto da subida dos preços ao consumidor, emparticular, assegurando um grau de concorrência suficiente, bem como suprimindoregulação injustificada susceptível de restringir a concorrência em prejuízo dosconsumidores, no sector retalhista de cada Estado-Membro.

As regras de concorrência da CE proíbem a celebração, entre firmas concorrentes, deacordos destinados a limitar ou eliminar a competição mútua, mediante fixação de preços,limitação da produção, partilha de mercados, cativação de clientes ou áreas de negócio,manipulação fraudulenta de processos de concurso ou uma combinação desses tipos deconduta. Na medida em que possam distorcer a concorrência, aos procedimentos internosdas empresas (em particular, no domínio da fixação de preços de retalho) são aplicáveis asregras de concorrência que proíbem o recurso a práticas anticoncorrenciais por uma firmadominante com o fim de defender ou reforçar a sua posição no mercado. Neste contexto,cobrar um preço excessivo em função do valor económico do(s) produto(s) em causa(prática de preços excessivos/lesivos) constitui uma forma de conduta abusiva que seencontra devidamente tipificada na lei.

A Comissão continua a acompanhar a evolução dos níveis comparativos de preços. Osníveis e as diferenças de preços ao consumidor entre os diversos Estados-Membros sãoigualmente objecto de seguimento anual no Painel de Avaliação dos Mercados aoConsumidor. A primeira edição do Painel foi publicada no início de 2008 e o exercícioserá realizado anualmente. Algumas diferenças de preços, especialmente no caso deprodutos e serviços não comercializáveis, podem dever-se às diferenças de rendimento

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existentes entre os Estados-Membros. Não obstante, as diferenças particularmentepronunciadas entre Estados-Membros podem justificar uma análise mais aprofundada.

Na Análise do mercado único, a Comissão identificou o comércio a retalho como um dossectores que requerem uma monitorização em profundidade, pela sua relevância para osmercados de consumo e abastecimento e pelo seu actual nível de fragmentação. Para 2009será preparado um relatório de acompanhamento em que se analisarão as razões quepoderão estão por trás do mau funcionamento dos serviços a retalho, de acordo com asperspectivas tanto dos consumidores como dos fornecedores.

A Comissão adoptou uma comunicação sobre o tema "Fazer face à subida dos preços dosgéneros alimentícios – Orientações para a acção da UE" em 20 de Maio de 2008 (47) . Odocumento sugere diversas iniciativas tendentes a mitigar o impacto do aumento dospreços dos alimentos na UE, a saber: monitorização da evolução dos preços; ajustamentoda política agrícola comum (PAC); adopção de medidas de protecção das pessoas maiscarenciadas; promoção do estudo do funcionamento da cadeia de abastecimento alimentar.A Comissão vai criar um grupo de trabalho para examinar o funcionamento da referidacadeia, incluindo a concentração e a segmentação de mercado dos sectores do comércioa retalho e da distribuição alimentares na UE.

** *

Pergunta nº 76 de Jana Hybášková ( H-0477/08 )

Assunto: O meio de comunicação terrorista "Al-Aqsa" emite os seus programasatravés de um prestador de serviços por satélite europeu

O Hamas, que a União Europeia reconheceu como organização terrorista em Setembrode 2003, lançou um canal televisivo denominado "Al-Aqsa", segundo o modelo do canaltelevisivo do Hezbollah "Al-Manar". Segundo frequentes notícias da imprensa, as emissõespara crianças do canal Al-Aqsa utilizam personagens semelhantes aos de Walt Disney paraencorajar as crianças a aspirar a converter-se em terroristas suicidas.

Tem a Comissão conhecimento de que o prestador de serviços por satélite europeu Eutelsatemite os programas do canal "Al-Aqsa" através do Atlantic Bird 4, que aluga ao prestadorde serviços por satélite jordano Noorsat? Que medidas tomou a Comissão para pôr termoàs emissões do canal Al-Aqsa através do Eutelsat? Levantou a Comissão este tema juntodo Conselho Superior do Audiovisual (CSA) em França?

Pergunta nº 77 de Frédérique Ries ( H-0485/08 )

Assunto: Capacidade de satélite europeia para o meio de comunicação terroristaAl-Aqsa

Na sua resposta à pergunta E-1666/08, a Comissão salienta que partilha as preocupaçõesno que diz respeito ao incitamento à difusão do ódio sob a jurisdição de um dosEstados-Membros. O canal de televisão do Hamas, Al-Aqsa, utiliza a capacidade de satéliteda empresa francesa Eutelsat's Atlantic Bird 4, disponibilizada pela Eutelsat ao operadorjordano de satélite Noorsat, para incitar à violência e ao ódio e para justificar o terrorismo,dentro e fora da Europa. Tal como sucede no canal de televisão do Hezbollah, Al-Manar,na programação de Al-Aqsa podem ver-se crianças vestidas de bombistas suicidas, que são

(47) http://ec.europa.eu/commission_barroso/president/pdf/20080521_document_en.pdf

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apresentadas como heróis. Num dos programas, Assud, um popular coelho, defende omartírio e os atentados suicidas como o objectivo ideal para todas as crianças que telefonemdurante a emissão. Noutro programa, o desenho animado afirma que vai morder e comeros dinamarqueses, porque um jornal daquele país publicou caricaturas políticas que nãoagradaram. O coelho Assud recebe, durante o programa, uma chamada de alguém que diz«havemos de matar, de assassinar» o autor das caricaturas, o que merece a concordânciaplena de Assud.

Que medidas tenciona a Comissão adoptar para impedir que Al-Aqsa emita utilizando acapacidade de satélite europeia? Dadas as semelhanças existentes entre Al-Manar e oincitamento à violência e ao terrorismo difundido por Al-Aqsa, tal não configura umaviolação do artigo 3.º-B (incitamento ao ódio) da Directiva revista sobre o exercício deactividades de radiodifusão televisiva (Directiva 2007/65/CE (48) ), como sucedeu comAl-Manar?

Resposta Comum

A Comissão comunga das preocupações dos senhores deputados no que se refere àtransmissão de programas que veiculam incitamentos ao ódio na esfera da jurisdição deEstados-Membros. Coopera activamente com, e promove a cooperação entre, osEstados-Membros com vista a assegurar a aplicação cabal da legislação comunitária nestedomínio especialmente sensível.

O artigo 22.º-A da Directiva 89/552/CEE proíbe a difusão de incitamentos ao ódio emrazão da raça, do sexo, da religião ou da nacionalidade. Convém recordar ainda que odireito à liberdade de expressão constitui uma pedra angular das sociedades democráticase pluralistas.

A Comissão tem conhecimento de que a emissão da estação televisiva Al-Aqsa TV édifundida pelo satélite Atlantic Bird 4 da operadora Eutelsat, sedeada em território francês.Até à data, porém, não recebeu qualquer queixa formal relativa aos programas transmitidospela Al-Aqsa.

Quando, de acordo com os critérios estabelecidos na directiva, uma estação emissora deum país terceiro caia sob a alçada de um Estado-Membro, o dever de assegurar aconformidade das respectivas emissões com o disposto na directiva e, nomeadamente,com a interdição do incitamento ao ódio em razão da raça, do sexo, da religião ou danacionalidade, incumbe, em primeira instância, às autoridades nacionais do país em causa.Como tal, é à entidade reguladora francesa, o Conseil Supérieur de l'Audiovisuel (CSA),que cumpre em primeira instância verificar se os programas emitidos pela estação Al-Aqsacontêm incitamentos ao ódio e tomar as competentes medidas. Contrariamente ao quesucede no caso do canal Al Manar, de harmonia com a avaliação feita pela CSA, não existemindícios suficientes para justificar uma interdição total da estação Al-Aqsa. Até à data, aComissão não tem motivos para pôr em causa a avaliação efectuada pela CSA.

Atendendo, designadamente, ao impacto que a avaliação de uma autoridade reguladorade um Estado-Membro pode ter noutros Estados-Membros, a Comissão tomou medidasno sentido de garantir que haja uma cooperação profícua e eficiente entre as autoridadesreguladoras dos Estados-Membros, tendo criado um fórum para intercâmbio de informaçãoentre reguladores. A Comissão refere-se em especial à reunião presidida pela Comissária

(48) JO L 332, de 18.12.2007, p. 27.

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responsável pela pasta da Sociedade de Informação e da Comunicação Social que se realizouem Março de 2005 no contexto da proibição da difusão da emissão da estação Al Manarpela autoridade reguladora francesa.

A Comissão suscitará a questão do canal Al-Aqsa na próxima reunião com as autoridadesreguladoras nacionais, que terá lugar antes das férias de verão de 2008 e, subsequentemente,informará a senhora deputada do resultado da dita reunião.

** *

Pergunta nº 78 de Nickolay Mladenov ( H-0480/08 )

Assunto: Resultados da reunião do Subcomité UE-Egipto sobre "Questões políticas:direitos humanos e democracia", dos dias 2 e 3 de Junho, no que diz respeito aAl-Manar

O Plano de Acção UE-Egipto vincula este país a "cooperar na luta contra todas as formasde discriminação, a intolerância, o racismo e a xenofobia e, em especial, o ódio e asdeclarações difamatórias com base na religião, nas convicções, na raça ou na origem". Ooperador de satélite Nilesat, controlado pelo Estado egípcio, continua a difundir na Europao canal por satélite Al-Manar, pertencente ao Hezbollah, permitindo assim que cheguemà Europa mensagens de ódio e de carácter terrorista. Na sua resposta à perguntaH-0246/08 (49) , a Comissão salientou que o subcomité sobre "Questões políticas: direitoshumanos e democracia" representa o mecanismo adequado para suscitar matériasrelacionadas com a luta contra o racismo e a xenofobia. O referido subcomité reuniu nosdias 2 e 3 de Junho, em Bruxelas.

Poderá a Comissão informar se foi suscitada a questão de Al-Manar? Em caso afirmativo,de que modo? Que acções foram acordadas com o Egipto no que diz respeito a Al-Manare aos compromissos do Egipto que decorrem das disposições do Plano de Acção UE-Egiptorelativas à luta contra a discriminação, a intolerância, o racismo e a xenofobia?

Pergunta nº 79 de Rumiana Jeleva ( H-0491/08 )

Assunto: Conclusões da reunião da Subcomissão dos Assuntos Políticos UE-Egipto"Questões políticas: direitos humanos e democracia", realizada em 2 e 3 de Junho,no que diz respeito da Al Manar

Reconhecendo que o ódio e o teor violento das emissões da estação de televisão doHezbollah, Al-Manar, contrariam o artigo 3.º-B da Directiva "Televisão sem fronteiras-2007/65/CE (50) " (antigo artigo 22.º-A), todos os operadores de satélite deixaram de difundireste canal. Da mesma forma, as emissões da Al-Manar difundidas através do Nilesatcontrariam os compromissos do Egipto no âmbito do Plano de Acção UE-Egipto,especificamente relacionados com o combate à intolerância, à discriminação, ao racismoe à xenofobia e a promoção do respeito das religiões e das culturas.

Até que ponto abordou a Comissão a questão da Al-Manar durante a reunião dasubcomissão e de que modo tenciona a Comissão impedir a Al-Manar de emitir mensagensdestruidoras de ódio e terror na Europa através de operadores de satélite não europeus?

(49) Resposta escrita de 22.4.2008.(50) JO L 332 de 18.12.2007, p. 27.

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Resposta Comum

A convocação da primeira sessão da Subcomissão dos Assuntos Políticos UE-Egiptorepresentou um passo de vulto no sentido do aprofundamento das relações políticas como Egipto e da criação de um clima de confiança no processo de diálogo político, em cujoâmbito a Comissão suscitará igualmente questões de interesse comum, de uma formaconstrutiva assente na confiança e no respeito mútuos.

A Comissão comunga da preocupação dos senhores deputados de que a programaçãotransmitida pelo canal televisivo citado possa configurar um factor de incitamento ao ódio.A Subcomissão dos Assuntos Políticos é, efectivamente, a via adequada para suscitarquestões relacionadas com o combate ao racismo, à xenofobia e à intolerância. Este incluios compromissos assumidos no Plano de Acção UE-Egipto de "reforçar o papel dos meiosde comunicação social no combate à xenofobia e à discriminação baseada na crença religiosaou na cultura" e encorajar os mesmos "a assumir as suas responsabilidades nesta matéria".

No entanto, dado o grande número de outros desenvolvimentos prementes, políticos eem matéria de direitos humanos, que se impunha abordar, bem como as prioridadesestabelecidas pela UE para este diálogo, decidiu-se com os Estados-Membros não debatera questão do incitamento ao ódio através de meios de comunicação social nesta primeirareunião da subcomissão.

A Comissão, naturalmente, continua a seguir de perto esta questão e poderá levantá-lanoutra ocasião no quadro do diálogo político regular da UE com o Egipto.

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Pergunta nº 80 de Costas Botopoulos ( H-0481/08 )

Assunto: Visita de uma equipa do Eurostat à Grécia

Na primeira semana de Junho, a representante política do PASOK para os assuntoseconómicos, Louka Kasteli, comunicou com o gabinete do Director-geral do Eurostat parasolicitar, na perspectiva da visita iminente de uma equipa do Eurostat à Grécia, a realizaçãode um encontro com os responsáveis dos principais partidos da oposição para os informarsobre as estimativas do Eurostat sobre a situação da economia grega. O representante doEurostat recusou um tal encontro sustentando que a visita será exclusivamente de caráctertécnico e que os respectivos contactos se realizarão apenas com serviços governamentais.

Aceita a Comissão a recusa por parte do Eurostat de realizar um encontro comrepresentantes dos principais partidos da oposição?

As razões invocadas para a recusa decorrem de regras ou práticas específicas da Comissão?

Considera a Comissão que tais práticas servem os objectivos da promoção activa doprincípio da transparência e da igualdade de acesso à informação de todos os partidospolíticos e, por extensão, de todos os cidadãos da União?

Resposta

A Comissão (Eurostat) realiza visitas de diálogo e metodológicas regulares aosEstados-Membros para discutir com as respectivas autoridades competentes questõespendentes relacionadas com a qualidade dos dados estatísticos relativos ao défice e à dívidacomunicados. Essas visitas inserem-se no âmbito da aplicação do

10-07-2008Debates do Parlamento EuropeuPT162

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Regulamento (CE) n.º 3605/93 do Conselho, relativo à aplicação do protocolo sobre oprocedimento relativo aos défices excessivos anexo ao Tratado que institui a ComunidadeEuropeia, com a última redacção que lhe foi dada pelo Regulamento (CE) n.º 2103/2005.As conclusões dessas visitas são, oportunamente, publicadas no sítio Web do Eurostat, deacordo com o disposto no citado regulamento do Conselho.

No que diz respeito à visita à Grécia prevista para 2008, a Comissão (Eurostat) podeconfirmar que foi contactada em 3 de Junho de 2008 por uma representante do MovimentoSocialista Pan-helénico (PASOK) que lhe apresentou uma solicitação no sentido de quefosse dada ao seu partido político a possibilidade de participar nas reuniões com asautoridades gregas.

Os serviços competentes da Comissão (Eurostat) informaram a dita representante de que,neste tipo de reuniões, é às autoridades do Estado-Membro em causa que cabe decidir dacomposição da respectiva delegação.

Neste contexto, a Comissão (Eurostat) reitera o seu pleno empenhamento na defesa dosprincípios da transparência e da igualdade de todos os cidadãos da UE no acesso àinformação, nos termos da regulação em vigor nesta matéria. A Comissão (Eurostat) podeassegurar que a todas as partes interessadas será dado um ensejo adequado de apresentaros seus pontos de vista sobre a questão.

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Pergunta nº 81 de Bogusław Sonik ( H-0482/08 )

Assunto: Regras sanitárias aplicáveis aos subprodutos animais

Quem, nos termos da legislação comunitária, é responsável num dos Estados-Membrosda UE (Polónia), pela nomeação e o funcionamento de centrais de incineração de materiaisperigosos da categoria 1, por exemplo, farinha de carne e de ossos de ruminantes(tratando-se de suprodutos resultantes do processamento de animais/gado abatidos, porexemplo), no que diz respeito ao Regulamento (CE) n.º 1774/2002 (51) do ParlamentoEuropeu e do Conselho, de 3 de Outubro de 2002, que estabelece regras sanitárias relativasaos subprodutos animais não destinados ao consumo humano, e à Directiva2000/76/CE (52) , do Parlamento Europeu e do Conselho, de 4 de Dezembro de 2000,relativa à incineração de resíduos?

Poderá a Comissão clarificar o significado de "autoridade competente", conforme é utilizadona referida legislação? Como avalia a Comissão o funcionamento das centrais deprocessamento de farinha de carne e de ossos de ruminantes (resíduos da categoria 1) naPolónia, entre 2005 e 2007, e qual é a situação actual a este respeito?

Resposta

O Regulamento (CE) n.º 1774/2002 (53) estabelece um quadro integrado para a recolha eeliminação dos subprodutos animais não destinados ao consumo humano. Nos termosdo regulamento, a eliminação de subprodutos animais da Categoria 1 pode ser efectuada

(51) JO L 273 de 10.10.2002, p. 1.(52) JO L 332 de 28.12.2000, p. 91.(53) JO L 273, 10.10.2002.

163Debates do Parlamento EuropeuPT10-07-2008

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numa unidade de incineração aprovada que opere em conformidade com o disposto nadirectiva relativa à incineração de resíduos.

Cada Estado-Membro tem de ter instalado um sistema de eliminação com a capacidadenecessária para assegurar a eliminação do volume de subprodutos animais que é geradono seu território.

Os operadores de unidades de incineração têm de satisfazer os requisitos legais aplicáveise estão sujeitos a controlos oficiais pelas autoridades competentes dos Estados-Membros.

O regulamento relativo aos subprodutos animais define como competente a autoridadecentral de um Estado-Membro responsável pelo cumprimento das regras do regulamentoou qualquer autoridade em quem aquela tenha delegado essa competência.

A directiva relativa à incineração de resíduos não designa as autoridades competentes, masdescreve algumas das funções que lhes estão cometidas. A directiva incumbe as autoridadescompetentes de apreciarem os pedidos de licenciamento de unidades de incineração eco-incineração de resíduos. As autoridades competentes são responsáveis pela concessãode licenças, actividade que inclui a adopção de medidas tendentes a assegurar ocumprimento dos requisitos estabelecidos na directiva, e pelo respectivo reexame periódicoe, sempre que necessário, actualização das condições de licenciamento. Às autoridadescompetentes cabe ainda tomar as providências necessárias para fazer cumprir as normasem caso de desrespeito por uma unidade das respectivas condições de licenciamento e, emparticular, dos valores-limite de emissões estabelecidos na directiva.

Assim, é aos Estados-Membros que cabe determinar quais são as autoridades responsáveispela correcta implementação da lei comunitária no seu território.

Desde 2005, os serviços de inspecção veterinária da Comissão fizeram duas visitas à Polóniapara avaliarem as medidas adoptadas pelas autoridades polacas com vista à correctaaplicação das normas referentes aos subprodutos animais. Por ocasião da segunda visita,que teve lugar em Abril de 2007, as medidas para a correcta eliminação dos subprodutosanimais da Categoria 1 foram dadas como amplamente satisfatórias.

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Pergunta nº 82 de Yiannakis Matsis ( H-0487/08 )

Assunto: Medias contra o aumento do custo de vida

Considero particularmente preocupante o aumento galopante dos preços (inflação) e oconstante e rapidíssimo aumento dos preços do petróleo e do trigo, assim como aincapacidade para tomar medidas adequadas em benefício dos cidadãos europeus, daseconomias dos Estados-Membros assim como da própria UE.

Quais as orientações políticas da UE a fim de, em colaboração com os Estados-Membros,fazer face aos aumentos galopantes do preço do petróleo, do trigo e do custo de vida? Estãoplaneadas medidas concretas e, em caso afirmativo, quais e em que consistem exactamente?

10-07-2008Debates do Parlamento EuropeuPT164

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Pergunta nº 83 de Laima Liucija Andrikienė ( H-0515/08 )

Assunto: A estratégia comunitária de resposta aos novos desafios colocados peloaumento dos preços dos combustíveis e dos produtos alimentares

A União Europeia e o mundo estão a atravessar uma grave crise nos sectores da alimentaçãoe dos combustíveis. Terá a Comissão alguma estratégia prevista para responder aos novosdesafios colocados pelo aumento dos preços dos combustíveis e dos produtos alimentaresna União Europeia e no mundo? Que influência terão estes desenvolvimentos na aplicaçãoda Estratégia de Lisboa na União Europeia?

Resposta Comum

A resposta da Comissão ao aumento dos preços dos produtos alimentares e do petróleoconsta de duas recentes comunicações que balizaram a discussão da matéria com osEstados-Membros no Conselho Europeu de 19 e 20 de Junho de 2008. A Comissão gostariade salientar o apoio dado pelo Conselho Europeu à sua abordagem.

No que se refere ao petróleo, a subida dos preços é imputável, em grande medida, a grandestransformações estruturais sobrevindas na economia global. Estamos a assistir ao fim daera do petróleo barato e facilmente acessível. Trata-se de uma tendência inelutável e dealcance geral e global. Isto reclama uma distinção clara entre medidas de curto prazodirigidas a mitigar as dificuldades de sectores vulneráveis da sociedade e medidas a prazomais dilatado de acompanhamento e promoção da transição para uma economia combaixas emissões de carbono.

Nos países consumidores, e cada vez mais também nos países produtores, os governostêm pouca capacidade de influenciar a evolução dos preços no curto prazo nos mercadospetrolíferos globais. A pressão política dos cidadãos e das empresas centra-se, por isso, naatribuição a grupos vulneráveis de subsídios destinados a ajudá-los a suportar o custo daenergia num tempo de subida de preços. É necessária contenção, para que o apoio selectivoe limitado no tempo aos mais vulneráveis não apareça aos olhos dos produtores como umsinal de que os contribuintes estão preparados para absorver as subidas de preços, em lugarde os reflectir nos preços finais ao consumidor. É igualmente importante assegurar que oincentivo à poupança e à alteração dos nossos padrões de consumo de energia que o elevadonível actual dos preços constitui atinja todos os utilizadores, e que, entretanto, se adoptemmedidas complementares de poupança de energia e de fomento da eficiência energética.Por conseguinte, é necessário evitar medidas financeiras ou outras intervenções públicassusceptíveis de causarem distorções, na medida em que levam os agentes económicos aabster-se de proceder aos ajustamentos necessários.

É importante também melhorar a cooperação entre os países produtores e os paísesconsumidores de petróleo, para clarificar o modo como o mercado funciona e evitar avolatilidade dos preços no futuro. A recente cimeira de Jeddah é um exemplo a seguir. Aomesmo tempo, os diálogos que já desenvolvemos com fornecedores-chave como a Rússia,a Noruega e a OPEP (54) serão reforçados. Uma maior transparência no campo das reservasde petróleo também poderia ser útil. Nessa matéria, a Comissão continuará a estudar aviabilidade da ideia de se disponibilizarem ao público os dados relativos às reservascomerciais e apresentará até ao fim do ano uma proposta de revisão da legislaçãocomunitária em matéria de reservas de emergência.

(54) Organização dos Países Exportadores de Petróleo

165Debates do Parlamento EuropeuPT10-07-2008

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Conforme confirmou o Conselho Europeu, a resposta apropriada à alta dos preços dopetróleo consiste na conversão estrutural do sistema energético europeu, com a adopçãode formas de energia limpas e uma utilização mais eficiente da energia. A proposta daComissão de 23 de Janeiro de 2008 relativa ao "pacote" de medidas de execução em matériade alterações climáticas e de energias renováveis prevê a transição para uma economiacom baixas emissões de carbono. Isso permitirá reduzir as importações de energia e tornara Europa menos vulnerável às flutuações do mercado. Com a subida do preço da energia,os benefícios do "pacote" do clima e da energia tornam-se cada vez mais óbvios e a respectivaadopção é, por conseguinte, uma prioridade para a Comissão, como deve sê-lo para oParlamento e os Estados-Membros.

A UE deve tomar mais a sério o desafio da eficiência energética, se pretendemos realmenteatingir o objectivo de reduzir o consumo de energia em 20% até 2020. A Comissãocontinuará a insistir junto dos Estados-Membros na aplicação integral do actual plano deacção para melhorar a eficiência energética na Comunidade Europeia. Ainda este ano, aComissão apresentará uma proposta de reformulação da directiva relativa ao desempenhoenergético dos edifícios.

No que toca ao preço dos produtos alimentares, a UE já actuou. Suspendeu a obrigação deretirada de 10 por cento da superfície arável durante a campanha de 2008, aumentou asquotas leiteiras em 2 por cento e suspendeu temporariamente os direitos de importaçãoda maioria dos cereais. A política agrícola comum reformada (PAC) dá aos nossosagricultores possibilidades crescentes de basearem as suas decisões de produção nasindicações que recebem do mercado, e não no que lhes confere direito a um subsídio maior.Isto porque os subsídios se encontram cada vez mais dissociados da produção. O "examede saúde" da PAC suprimirá outras restrições, para lhes permitir reagir com flexibilidadeao crescimento da procura. Eliminará definitivamente o regime de retirada, reduzirá opapel de intervenção nos mercados e eliminará progressivamente as quotas de produçãode leite até 2015. A maioria dos subsídios ligados à produção remanescentes será dissociadadela, para que os agricultores sejam, em grande medida, livres de produzir aquilo que omercado pede.

Três acções específicas justificam uma menção particular. Em primeiro lugar, a Comissãoapresentará em breve uma proposta de regulamento que cria um instrumento de respostarápida à crise decorrente da subida dos preços dos alimentos nos países emdesenvolvimento. A Comissão tem em mente um instrumento temporário estritamenteligado à produção agrícola nos países mais afectados. Usar-se-ão recursos não utilizadosdo orçamento agrícola para estimular a produção interna nos países em desenvolvimento.Em segundo lugar, para acorrer às necessidades dos estratos mais vulneráveis no interiorda UE, a Comissão proporá um regulamento de revisão do programa de ajuda alimentar,com vista a aumentar o financiamento disponível. O propósito é aumentar o apoio egarantir que ele reverta a favor dos sectores mais carenciados e abranja os produtos maisindicados. Em terceiro lugar, a Comissão vai levar a cabo uma análise da cadeia deabastecimento alimentar, monitorizar a evolução dos preços e proceder a um estudo maisaprofundado dos desenvolvimentos nos mercados financeiros relacionados com asmercadorias.

No que se refere à implementação da estratégia de Lisboa, a Comissão gostaria de recordarque o seu último relatório sobre a mesma destaca o papel das fontes de energia renováveise com baixas emissões de carbono e dos produtos, serviços e tecnologias eficientes noplano do aproveitamento dos recursos. O aumento dos preços do petróleo demonstra que

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é do interesse da economia europeia efectuar a transição para um modelo de baixas emissõesde carbono.

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Pergunta nº 84 de Jens Holm ( H-0488/08 )

Assunto: Exercício da oposição na Colômbia

No domingo 31 de Maio, o Presidente Uribe atacou severamente o senador AlexanderLópez, a quem se referiu juntamente com outros políticos que trabalham com o movimentosocial, como políticos que arruinaram as EMCALI (Empresas Municipais de Cali) e quelideram actos terroristas em Cali, com o apoio do Eln e das Farc e politiqueiros que semeiamo ódio de classe.

Simultaneamente, o Procurador-Geral, antigo vice-ministro do Governo do PresidenteUribe, vai apresentar uma denúncia contra vários deputados e senadores e reconhecidosopositores do Governo da Colômbia que estarão supostamente ligados às FARC com basenuma informação encontrada no computador do líder da guerrilha Raúl Reyes, computadorque segundo o relatório da INTERPOL, foi já analisado pelos serviços de informação daColômbia entre 1 e 3 de Março de 2008.

Poderá a Comissão informar que medidas tenciona tomar para garantir que na Colômbiacontinue a ser possível o exercício de alguma oposição política e de alguma liberdade deopinião? Que iniciativa tomou após a publicação da declaração da Presidência eslovenasobre a Colômbia, na qual consta o assassínio de defensores dos direitos humanos, algunsdos quais pertencem a programas financiados pela UE?

Resposta

A Comissão está a seguir atentamente a evolução da situação na Colômbia e partilha daspreocupações do senhor deputado acerca da polarização política que está a dar-se naquelepaís e das suas repercussões sobre o funcionamento do respectivo sistema democrático.

A democracia colombiana é uma das mais antigas e mais bem enraizadas da AméricaLatina. Sem embargo das taxas de aprovação pública muito elevadas do Presidente Uribee da sua maioria parlamentar, a oposição política, composta, nomeadamente, pelo PartidoLiberal e pelo "Pólo Democrático Alternativo", dispõe de uma forte representação noCongresso colombiano, e governa uma série de departamentos e municípios, entre os quaisse inclui a cidade de Bogotá. A oposição tem uma posição robusta igualmente na área dacomunicação social, onde é representada por periódicos influentes como o "El NuevoSiglo" e "Semana".

A Comissão considera que as ligações entre políticos e responsáveis, por um lado, e gruposarmados colombianos, por outro, constituem um golpe vibrado no próprio coração dademocracia do país. É, portanto, crucial investigá-las cabalmente e sancioná-las de formaadequada, quer se trate de possíveis conexões com os antigos paramilitares, que já levarama que mais de 60 parlamentares tivessem sido pronunciados, ou com os grupos de guerrilha.A tarefa deve ser levada a cabo com toda a imparcialidade e neutralidade pelas autoridadesjudiciais colombianas, no uso da independência que a Constituição lhes garante.

Apesar de estar consagrada na Constituição colombiana, na prática o exercício da liberdadede opinião é condicionado por ameaças e ataques dirigidos contra os jornalistas e defensores

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dos direitos humanos. Apesar dos esforços desenvolvidos pelo Governo e dos progressosque deles resultaram, a Colômbia continua a ser um dos países mais perigosos do mundopara esses grupos. Desde o início de 2008 registou-se uma nova vaga de ameaças e agressões,o que é muito preocupante por vários motivos, o menor dos quais não será a circunstânciade ter atingido uma série de pessoas estreitamente ligadas ao programa de cooperação daUE na Colômbia, designadamente os "laboratórios de paz", financiados pela CE, que estãoa funcionar em Magdalena Medio e noutras regiões.

A Comissão tem manifestado regularmente as suas preocupações ao Governo colombiano.As ameaças e os ataques a defensores dos direitos humanos foram objecto de uma diligênciarecente dos embaixadores da "Tróica" da UE em Bogotá, bem como da declaração daPresidência da UE a que o senhor deputado se refere, emitida em 19 de Maio de 2008. Elasforam ainda suscitadas pelo Director-Geral das Relações Externas da Comissão, aquandoda sua visita à Colômbia, em meados de Maio de 2008.

Na sequência da declaração, os chefes das missões diplomáticas da UE em Bogotá fizeramuma visita a Magdalena Medio, em que se avistaram com defensores dos direitos humanos,líderes comunitários e representantes da sociedade civil e exprimiram o apoio da UE aotrabalho das pessoas e organizações em causa, bem como a solidariedade da UE face àsameaças por eles recebidas. Encontros similares tiveram lugar também em Bogotá.

No intuito de contribuir para a protecção das pessoas que trabalham a nível de base, aDelegação da Comissão em Bogotá organizou um encontro de representantes dos projectosfinanciados pela CE com o Responsável Regional pela Segurança, em que lhes foram feitasrecomendações relacionadas com a segurança do pessoal ao serviço dos projectos. OLaboratório de Paz de Magdalena Medio tomou também algumas medidas preventivas,incluindo a retirada temporária dos líderes e peritos do projecto da região meridional deBolívar.

A Comissão continuará a dar apoio aos defensores dos direitos humanos através do seuprograma de cooperação. Entre outras iniciativas, apoia o jornalismo de âmbito regionalatravés dos seus laboratórios de paz e, a nível nacional, co-financia um programa de TValternativo emblemático (Contravía, da responsabilidade do conhecido jornalista HollmanMorris, que foi uma das pessoas que receberam ameaças de morte recentemente). A CEapoia ainda o trabalho do poder judiciário, mediante algumas acções em grande escaladestinadas a reforçar a capacidade da Procuradoria-Geral e do Supremo Tribunal, que visamprestar-lhes assistência no tratamento dos casos respeitantes às vítimas do conflito internona Colômbia.

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Pergunta nº 85 de Dimitar Stoyanov ( H-0492/08 )

Assunto: Pressão política exercida sobre o sistema judiciário búlgaro em relação àDecisão 2007/848 do Conselho de Ministros

Em 28 de Dezembro de 2006, o Conselho de Ministros da Bulgária decidiu anular oconcurso público para a prospecção de jazigos mineiros na plataforma continental do MarNegro, devido às infracções cometidas pela empresa candidata Melrose Resources SARL,Luxemburgo. Um ano mais tarde, em 6 de Dezembro de 2007, o Conselho de Ministrosadoptou a Decisão 2007/848 pela qual confiava a prospecção à referida empresa. EstaDecisão foi adoptada em violação do procedimento oficial, o que, tal como a actuação

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inconsequente do Conselho de Ministros, levanta suspeitas de corrupção no topo. Estassuspeitas são reforçadas pelo comportamento do Supremo Tribunal Administrativo daBulgária e do Ministério Público. O Supremo Tribunal Administrativo recusa-se a reunirprovas contra o Conselho de Ministros devido a pressões políticas. O Ministério Público,apesar de dispor de indícios de delito penal, arquivou o processo judicial sem proceder aum inquérito.

Que medidas tenciona a Comissão adoptar para um acompanhamento urgente deste casoescandaloso de arbitrariedade administrativa e negação de justiça?

Resposta

Segundo a pergunta do senhor deputado, o contrato em causa respeitará à exploração derecursos naturais. De harmonia com o disposto no respectivo artigo 7.º, aDirectiva 2004/17/CE do Parlamento e do Conselho, de 31 de Março de 2004, relativa àcoordenação dos processos de adjudicação de contratos nos sectores da água, da energia,dos transportes e dos serviços postais, é aplicável aos contratos respeitantes a actividadesrelacionadas com a exploração de uma área geográfica "para efeitos de pesquisa ou extracçãode petróleo, gás, carvão ou outros combustíveis sólidos".

Todavia, ainda segundo a pergunta do senhor deputado, o concurso em causa já estaria adecorrer em 2006, ou seja, antes da adesão da Bulgária à União Europeia. Pelos dadosaduzidos, o processo terá sido simplesmente suspenso em Dezembro de 2006, não havendonada que indicie que o mesmo tenha sido oficialmente cancelado ou anulado. O contratofoi depois adjudicado em 6 de Dezembro de 2007. Assim, não haverá lugar a aplicaçãodas directivas da CE relativas à celebração de contratos públicos, visto que se trata de umconcurso lançado antes da adesão da Bulgária à União Europeia.

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Pergunta nº 86 de Struan Stevenson ( H-0495/08 )

Assunto: Segurança aérea e aeroportos de países terceiros

Os passageiros aéreos que se encontram em trânsito em aeroportos da UE ou do EspaçoEconómico Europeu de regresso a casa a partir de "países terceiros" continuam a enfrentara perspectiva de verem as suas compras duty free confiscadas.

Em Julho de 2007, foi aprovado o Regulamento (CE) n.º 915/2007 (55) com o objectivode pôr termo a esta situação desastrosa. Um grande número de países não pertencentes àUE solicitou, em conformidade com o citado Regulamento, uma avaliação das normas desegurança dos seus aeroportos e, no caso de corresponderem aos padrões exigidos, quesejam aprovadas como aceitáveis para a autoridade competente da UE.

Como se explica o facto de que, um ano após a adopção do Regulamento, apenas um paístenha sido aprovado? A Comissão tenciona tomar uma iniciativa para facilitar a rápidaaprovação de mais países?

(55) JO L 200 de 1.8.2007, p. 3.

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Pergunta nº 88 de James Nicholson ( H-0497/08 )

Assunto: Produtos adquiridos com isenção de impostos

A contínua apreensão de produtos adquiridos com isenção de impostos aos passageirosaéreos que, de regresso ao seu país de origem em proveniência de países não comunitários,fazem escala em aeroportos da UE ou do EEE tem causado enormes prejuízos ao sector davenda de produtos com isenção de impostos e aos seus fornecedores de produtos. Comefeito, os passageiros aéreos hesitam em comprar produtos com isenção de impostos, comreceio de que lhes venham a ser apreendidos.

Esperava-se que o problema seria resolvido com a introdução, em Julho de 2007, doRegulamento (CE) n.º 915/2007 (56) . Com base nesse regulamento, muitos países terceirosformularam pedidos a fim de os passageiros fossem autorizados a adquirir produtos nassuas lojas francas sem receio de que lhes viessem a ser apreendidos.

Tendo em conta o facto de a segurança nos aeroportos dos países que formularam taispedidos ser igual e, nalguns casos inclusivamente superior à existente nos aeroportos daUE, por que razão foi deferido o pedido unicamente em relação a um único dos paísesrequerentes, no ano passado?

Resposta Comum

Conforme foi explicado na resposta à Pergunta Parlamentar H-0022/08 do senhordeputado Nicholson (57) , a Comissão criou, mediante o Regulamento (CE) n.º 915/2007 (58)

da Comissão, um mecanismo de equiparação, em matéria de medidas de segurançaaplicáveis, dos líquidos, aerossóis e géis (LAG) vendidos em aeroportos de países terceiros,que permite prevenir a apreensão desses produtos nos controlos de segurança efectuadosnos aeroportos comunitários.

Desde a entrada em vigor do Regulamento n.º 915/2007, houve uma série de países terceirosque manifestaram interesse em beneficiar de uma isenção das normas gerais da Comunidadeem matéria de LAG.

Até à data, tal isenção foi concedida apenas a Singapura. A Comissão partilha da decepçãodos senhores deputados pelo facto de ela não ter sido concedida a mais aeroportos depaíses terceiros. Contudo, a Comissão não teve possibilidade de a conceder a outrosaeroportos, pois nenhum lhe facultou ainda toda a informação necessária ao processo deverificação.

O ritmo do processo de concessão de equiparação às disposições de segurança vigentesem aeroportos de países terceiros é, em larga medida, determinado pelo próprio paísterceiro. Para que lhes seja concedida a equiparação, eles têm de demonstrar que os seuspadrões de segurança são equivalentes, o que envolve uma análise da legislação nacionale de outra informação pertinente. Além disso, terão de aplicar as orientações recomendadaspara os controlos de segurança da Organização da Aviação Civil Internacional para orastreio de líquidos, géis e aerossóis e instituir o uso de sacos invioláveis no transporte de

(56) JO L 200 de 1.8.2007, p. 3.(57) Resposta escrita de 19 de Fevereiro de 2008.(58) Regulamento (CE) n.º 915/2007 da Comissão, de 31 de Julho de 2007, que altera o Regulamento (CE) n.º 622/2003,

relativo ao estabelecimento de medidas de aplicação das normas de base comum sobre a segurança da aviação (Textorelevante para efeitos do EEE), JO L 200, 1.8.2007.

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líquidos vendidos nas suas instalações. Depois de concluída, a análise dessa informaçãopode ser complementada pela Comissão com a realização de uma inspecção.

Embora numerosos países terceiros tenham manifestado interesse em que os seus aeroportosfigurassem no rol dos aeroportos isentos, poucos foram os que prestaram a informaçãonecessária para sustentar essa pretensão e alguns, lastimavelmente, não introduziram ouso de sacos invioláveis nas lojas francas dos seus aeroportos.

Para acelerar o processo, a Comissão frisou bem aos países terceiros em causa que eraessencial fornecerem a informação necessária e/ou garantias referentes às estruturas desegurança dos seus aeroportos que estão a entravar a tramitação do processo.

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Pergunta nº 87 de Frieda Brepoels ( H-0496/08 )

Assunto: Valorização das relações UE-Israel

O Conselho de Associação decidiu, em 16 de Junho de 2008, proceder à valorização dasrelações UE-Israel com vista a conseguir o reforço do diálogo político, uma maiorcooperação económica, uma integração significativa no mercado interno europeu e umacooperação no domínio da justiça e assuntos internos. A Comissária Benita Ferrero-Waldneradmitiu à imprensa que o texto foi elaborado de forma intencionalmente vaga. Umadelegação do PE que visitou a região no início de Junho foi unânime em concordar que,devido ao conflito persistente, tal valorização não pode acontecer agora. Gaza continua aser uma prisão a céu aberto. Israel continua a construir colonatos. Prossegue a construçãodo muro. O presidente do PE enviou uma carta à Comissária, em 29 de Maio de 2008,solicitando que o PE seja informado e consultado sobre eventuais propostas da UE aoConselho de Associação. Até agora isso não aconteceu de forma nenhuma.

A Comissão não acha que o PE tem de ser consultado previamente? Em caso afirmativo,porque não? Quando é que isso acontecerá? Por que motivo é que o texto foi elaboradode forma intencionalmente vaga? Qual é exactamente o seu conteúdo e que pretende a UEcom tal valorização? Em que domínios e em que medida serão valorizadas as relações comIsrael? Este novo acordo entrará em vigor a partir de quando? A Comissão não acha quedesta forma a UE prescinde de um meio de pressão importante para influenciar o processode paz? Por que motivo é que não se estabeleceu de nenhuma forma uma relação com oprocesso de paz em curso?

Resposta

Permita-se à Comissão que comece por descrever em traços gerais o que foi decidido em16 de Junho de 2008 no Conselho de Associação: um país parceiro, que é um dos maisavançados da nossa vizinhança, manifestou vontade de estreitar a sua cooperação com aUE.

A Comissão, na sua comunicação ao Parlamento e ao Conselho sobre a Política Europeiade Vizinhança (PEV), de Abril de 2008, já expusera os seus pontos de vista acerca dodesenvolvimento de relações mais intensas e frutuosas com os nossos parceiros da PEV,assentes no princípio da diferenciação, apontando Israel como um dos países maisdestacados no âmbito da PEV. Qualquer novo desenvolvimento das relações bilaterais comIsrael terá de se circunscrever ao quadro da dita PEV.

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Os Ministros, na sua declaração de 16 de Junho de 2008 – que é um documento público–, afirmam que o desenvolvimento das relações com Israel tem de se inserir no contextodo processo de paz do Médio Oriente.

O Conselho de Associação com Israel, em 16 de Junho de 2008, marcou o início de umnovo processo. Esse processo não conduzirá a uma nova forma de associação; terá porbase o actual Acordo Euro-Mediterrânico de Associação com Israel.

A UE e Israel identificaram áreas de interesse mútuo para o aprofundamento da cooperação,que são enumeradas na declaração da UE. Nos próximos meses essas áreas serão objectode discussão. As negociações não arrancaram. A Comissão está pronta a manter informadoo Parlamento de todos os progressos obtidos nas áreas da sua competência.

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Pergunta nº 89 de Ryszard Czarnecki ( H-0499/08 )

Assunto: Exploração por grupos extremistas do Calistão

O Parlamento Europeu e os EstadosMembros da União Europeia defenderam, desde sempre,os direitos humanos e a democracia. Recomendou a Comissão Europeia aos Estados-Membros que não se deixassem explorar por grupos extremistas do Calistão, que se sabeterem já recorrido à violência para cumprir os seus objectivos, invocando como pretextoa defesa dos direitos humanos e da autodeterminação?

Pergunta nº 90 de Leopold Józef Rutowicz ( H-0520/08 )

Assunto: Actividade de elementos extremistas na Europa

Tem a Comissão conhecimento de que elementos extremistas na Europa estão a tentarrevitalizar o movimento khalistan, tendo em vista a criação de um Estado sikh independenteda Índia por meios violentos? Em caso afirmativo, que acções tomou ou tenciona tomara Comissão para persuadir os Estados-Membros da União Europeia da necessidade de evitartais actividades?

Resposta Comum

A questão do terrorismo associado ao movimento separatista do Calistão, que luta pelaindependência de uma nação sikh (o Calistão), tem de ser, antes de mais, situada no contextomais amplo da história política recente do Punjab. O Estado indiano do Punjab, que, porobra de separatistas sikhs, foi pasto de violência ao longo de mais de 15 anos na décadade 1980, regressou a uma situação de normalidade depois de o movimento ter sidoneutralizado com sucesso em meados da década de 1990. Após anos de administraçãodirecta a partir de Nova Deli, o processo democrático foi restaurado com êxito, com aconstituição de um executivo democraticamente eleito em 1997. A última eleição estadual,realizada em 2007, catapultou para o governo o partido Akali Dal (que representaexclusivamente os interesses da população sikh).

A imprensa tem veiculado várias notícias que dão conta de que continua a existir uma redeterrorista, em especial no exterior do território indiano, o que pode constituir umaexplicação parcial para o modo como militantes sikhs conseguiram fazer explodir umabomba no interior de um cinema em Ludhiana (sete mortos, incluindo uma criança de10 anos de idade, e 40 feridos) no dia 14 de Outubro de 2007. Na leitura da Comissão,

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contudo, a ideologia que inspirou uma década e meia de terrorismo no Punjab foi rejeitadapela população.

Respondendo às perguntas dos senhores deputados, a Comissão acredita que a melhorforma de alertar os Estados-Membros para o risco de se deixarem instrumentalizar pelosgrupos extremistas do Calistão é convidá-los a seguir com atenção os esforços conjuntosda UE e da Índia no domínio do combate ao terrorismo e a apoiar os encontros entre ogrupo de trabalho da UE e peritos indianos, bem como as solicitações da Índia no sentidodo reforço da cooperação com a Europol.

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Pergunta nº 91 de Wiesław Stefan Kuc ( H-0504/08 )

Assunto: Reciclagem dos resíduos da produção

Ao longo dos últimos anos, um número crescente de empresas públicas passou para asmãos de proprietários privados, designadamente, nos novos Estados-Membros da UniãoEuropeia. Infelizmente, ninguém parece incomodar-se com o destino dos resíduos daprodução. Estes resíduos industriais representam uma séria ameaça para o ambiente e paraa saúde humana. Na maioria dos casos, depois de comprarem uma empresa, os novosproprietários demonstram não possuir os meios financeiros indispensáveis à gestão (e àdestruição) dos resíduos. Além disso, não recebem quaisquer ajudas da parte do Estado.Na ausência de legislação interna em matéria de resíduos e tendo em conta os enormescustos dos processos ligados à sua reciclagem, os empresários dão provas de inércia. Casoesta situação se prolongue, o problema poderá tornar-se, dentro de alguns anos, difícil desuperar.

Tenciona a Comissão tomar medidas a este respeito?

Resposta

A gestão dos resíduos, incluindo a de resíduos industriais, tem de obedecer ao disposto nalegislação comunitária aplicável, com particular realce para a Directiva 2006/12/CE relativaaos resíduos (59) . De acordo com essa directiva, cabe aos Estados-Membros tomar todasas medidas necessárias para garantir que os resíduos sejam recuperados ou eliminados sempôr em risco a saúde humana e sem utilizar processos ou métodos susceptíveis de agrediremo ambiente. A recuperação e a eliminação de resíduos devem, em particular, ser feitas demodo que não acarrete riscos para a água, o ar, o solo, a fauna ou a flora, não causeperturbações sonoras ou por cheiros e não danifique os locais de interesse e a paisagem.A directiva citada especifica que, de harmonia com o princípio "poluidor-pagador", oscustos da eliminação dos resíduos devem ser suportados (a) pelo detentor que entrega osresíduos a um serviço de recolha ou a uma das empresas nele mencionadas; e/ou (b) pelosdetentores anteriores ou pelo produtor do produto gerador dos resíduos.

Alguns resíduos industriais podem ser perigosos. Os resíduos perigosos envolvem umrisco maior para o ambiente e para a saúde humana que os resíduos não perigosos e exigem,por isso, um regime de controlo mais rigoroso. No caso dos resíduos desse tipo, sãoaplicáveis as disposições da Directiva 91/689/CE relativa aos resíduos perigosos (60) ,

(59) JO L 114, 27.4.2006.(60) JO L 377, 31.12.1991.

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incluindo obrigações adicionais de registo, monitorização e controlo ao longo de todo oseu ciclo de vida, do produtor do resíduo à eliminação ou recuperação final.

Os Estados-Membros têm o dever de transpor para os respectivos ordenamentos jurídicostodas as determinações da legislação supramencionada e de garantir a sua observância. AComissão monitoriza regularmente a transposição da legislação comunitária em matériade resíduos pelos Estados-Membros. Em caso de não transposição para o direito nacional,transposição incorrecta, ou inobservância da legislação comunitária aplicável, a Comissãopode proceder, e procede, judicialmente contra o Estado-Membro em questão.

No que se refere aos custos de implementação da legislação comunitária em matéria deresíduos, as autoridades nacionais competentes devem dispor de liberdade de decisãocaso-a-caso. Os Estados-Membros podem contribuir financeiramente para a recuperaçãoou eliminação de resíduos industriais, sobretudo quando já não seja possível identificar oseu actual ou anterior detentor ou produtor. Para o efeito, os Estados-Membros podemutilizar recursos próprios ou financiamento comunitário, de acordo com os procedimentosaplicáveis.

O financiamento comunitário de prioridades ambientais na Polónia é planeado ao abrigodo grande Programa operacional de infra-estruturas e de ambiente da política de coesão(2007-2013) e de 16 programas operacionais regionais. No período 2007-13, por exemplo,estarão disponíveis para projectos ambientais e de prevenção de risco na Polónia,aproximadamente, 8800 milhões de euros (cerca de 13,5% do montante total disponívelpara o período de programação em causa), dos quais 1300 milhões se destinam ao sectordos resíduos (2% do financiamento total), atribuídos sob o título "Gestão dos resíduosdomésticos e industriais". Cada novo Estado-Membro dispõe de uma dotação. Não obstantea mobilização destes recursos, há ainda um significativo diferencial financeiro a cobrir emsede de implementação da legislação comunitária, incluindo as directivas relativas aosresíduos, para cuja aplicação estão previstos no Tratado de Adesão períodos de transição.

Em matéria de gestão de resíduos, o apoio do Programa operacional de infra-estruturas ede ambiente contemplará iniciativas de prevenção ou limitação dos resíduos domésticos,introdução de tecnologias de reciclagem e de neutralização de resíduos domésticos, bemcomo de supressão dos riscos ligados à eliminação de resíduos, de acordo com planosnacionais e regionais de gestão de resíduos, e iniciativas no domínio da reabilitação deterrenos que tenham estado afectos a usos industriais ou militares. No que respeita areabilitação de terrenos, são elegíveis projectos para áreas de grande dimensão situadasem zonas não urbanizadas cujos actuais proprietários não sejam os responsáveis peloestado de poluição ou de degradação do ambiente em que as mesmas se encontram.

No quadro deste Programa operacional, grandes empresas e PME são igualmente elegíveispara concessão de apoio destinado a assegurar o cumprimento das determinaçõesambientais. A assistência visa, inter alia, reduzir o volume de resíduos não domésticosgerados e aumentar os índices de recuperação e de reciclagem, assim como de recuperaçãode resíduos industriais e de resíduos perigosos.

O financiamento do Programa operacional de infra-estruturas e de ambiente será canalizadoatravés de programas operacionais regionais que estão habilitados a apoiar projectos degestão de resíduos que se insiram em planos regionais de gestão de resíduos. Os programasoperacionais regionais co-financiarão também actividades de assistência a PME no campoda gestão de resíduos. Estes últimos poderão, por exemplo, conceder apoio a sistemas degestão ambiental, racionalização da gestão de recursos e de resíduos, e gestão de resíduos

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industriais e de resíduos perigosos, bem como à implementação das Melhores TécnicasDisponíveis (MTD).

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Pergunta nº 92 de Karin Riis-Jørgensen ( H-0505/08 )

Assunto: Venda de terrenos portuários no porto de Aalborg

Em 2006, a sociedade Aalborg Havn, da qual o município é proprietário, vendeu os terrenos

portuários de Østre Havn, com uma superfície de 75 000 m2, à sociedade privada A.Enggaard, por 44 milhões de coroas dinamarquesas. Contudo, o valor da transacção éconsiderado por peritos muito inferior ao preço de mercado. Além disso, a venda não foiobjecto de leilão e o preço não foi submetido a qualquer avaliação especializada eindependente.

A Comissão não considera que esta transacção constitui uma infracção às regras europeiasem matéria de concorrência? Não poderá a mesma ser considerada um auxílio estatal ilegal?A Comissão tenciona intervir neste caso?

Resposta

Na sua Comunicação relativa aos elementos de auxílio estatal no âmbito da venda deterrenos e imóveis públicos (61) , a Comissão fornece aos Estados-Membros uma orientaçãogeral que visa aclarar a sua abordagem do problema. Aí se afirma que, quando umaautoridade pública não tencione efectuar a venda mediante concurso de carácterincondicional, deve promover a avaliação do bem por um ou mais peritos independentespreviamente à respectiva negociação, com vista a estabelecer o seu valor de mercado combase em indicadores e normas de avaliação geralmente aceites. O preço de mercado assimestabelecido é o preço mínimo de transacção que pode ser acordado sem haver lugar aauxílio estatal.

O caso exposto pela senhora deputada não é do conhecimento da Comissão. Se lhe forfacultada informação mais circunstanciada sobre o alegado auxílio estatal na alienação deuma parte do porto de Aalborg, a Comissão poderá, eventualmente, fazer uma avaliaçãomais específica da situação e actuar, se houver razão para tal. Para facilitar a dedução departicipações de auxílios estatais e orientar potenciais queixosos, no sítio Web daDirecção-Geral da Concorrência encontra-se disponível um formulário.

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Pergunta nº 93 de Frank Vanhecke ( H-0507/08 )

Assunto: Acordo de repatriamento entre a Grécia e a Turquia

Segundo o Ministro da Administração Interna da Grécia, Sr. Prokopis Pavlopoulos, aTurquia não está de modo algum a honrar os seus compromissos no âmbito do acordo derepatriamento com a Grécia, sujeitando mesmo o país, através da sua política, a um aumentomaciço da imigração para a Grécia. Entretanto, a última ronda de negociações sobre umacordo de repatriamento entre a CE e a Turquia terá ocorrido, segundo se afirma, emDezembro de 2006, sem que se tenha registado qualquer avanço fundamental.

(61) JO C 209, 10.7.97.

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De que modo avalia a Comissão a execução do acordo de repatriamento entre a Turquiae a Grécia, bem como as declarações do Ministro da Administração Interna da Grécia?Como explica a Comissão o facto de não ter ainda sido celebrado qualquer acordo derepatriamento entre a CE e a Turquia? Quais são os obstáculos? Que influência tem, sobreas negociações, a recusa da Turquia em celebrar um acordo de repatriamento com a CEe/ou dar cumprimento ao acordo de repatriamento com a Grécia?

Resposta

As questões relacionadas com acordos bilaterais de readmissão entre Estados-Membros epaíses terceiros são da alçada dos países contratantes. Todavia, nas reuniões regulares dasubcomissão JLS (62) com a Turquia, a Comissão insistirá sempre na necessidade de secelebrarem acordos de readmissão com os países vizinhos e de se aplicarem devidamenteos acordos de readmissão já existentes.

Quanto às negociações com vista à celebração de um acordo de readmissão CE-Turquia,a última ronda formal de negociações teve lugar em Dezembro de 2006. Desde então, temhavido contactos entre a Comissão e as autoridades turcas que não levaram, porém, àconsecução de novos progressos. A assinatura de um acordo de readmissão com a Turquiacontinua a constituir uma prioridade para a UE, razão pela qual a UE está presentementea ponderar modos de superar o impasse.

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Pergunta nº 94 de Ivo Belet ( H-0508/08 )

Assunto: Produtores europeus de lâmpadas de baixo consumo energético

A Comissão está a elaborar uma proposta com vista à supressão gradual da utilização e dofabrico de lâmpadas incandescentes tradicionais e à sua substituição por lâmpadas de baixoconsumo energético de concepção ecológica.

Quando tenciona a Comissão apresentar esta proposta?

Que medidas tomará a Comissão para apoiar os produtores europeus na transição eficazpara a tecnologia, de concepção ecológica, de lâmpadas de baixo consumo energético?

Qual será o impacto desta iniciativa, na sua forma mais ambiciosa, no emprego europeue que medidas de acompanhamento estão previstas?

Relativamente ao calendário para a supressão gradual da utilização de lâmpadasincandescentes, pode a Comissão indicar quando tenciona proceder à revisão da Directivarelativa à concepção ecológica (em geral, mas também em relação às lâmpadas) e daDirectiva 98/11/CE (63) relativa à rotulagem energética das lâmpadas eléctricas para usodoméstico?

(62) Justiça, Liberdade, Segurança.(63) JO L 71 de 10.3.1998, p. 1.

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Resposta

A Comissão está neste momento a trabalhar numa possível medida de execução da directivarelativa à concepção ecológica dos produtos que consomem energia (64) para o equipamentode iluminação geral. O principal objectivo é estabelecer requisitos mínimos obrigatóriosem matéria de eficiência energética que as lâmpadas utilizadas para iluminação geral(incluindo as lâmpadas incandescentes) terão de satisfazer para poderem ser introduzidasno mercado da UE. A proposta constitui o corolário de um estudotécnico-económico-ambiental preparatório que recomenda vias de melhoramento dodesempenho ambiental dos produtos de iluminação geral, tendo em consideração o ciclode vida das lâmpadas. Actualmente, está a ser efectuada uma avaliação de impacto quedeverá contribuir para a avaliação do impacto ambiental, social e económico das diversasopções em apreço.

Até à data, todos os indícios disponíveis apontam para a necessidade de fixar os requisitosde eficiência em valores que conduzam, na prática, à supressão gradual da utilização delâmpadas incandescentes tradicionais para fins de iluminação geral. A avaliação de impactoincide, inter alia, sobre as questões de saber qual é o momento azado para a introduçãodos requisitos mínimos, e dos efeitos da medida sobre a indústria europeia de material deiluminação e o emprego, com vista à salvaguarda da respectiva competitividade no processotendente à adopção de providências rápidas no plano do combate às alterações climáticas.

Uma primeira data indicativa para a adopção de uma medida de execução relativa aomaterial de iluminação geral pela Comissão é a primavera de 2009, precedendo escrutíniopelo Parlamento. Para já, não foi tomada ainda nenhuma decisão final.

A Comissão deverá actualizar a directiva relativa à rotulagem energética das lâmpadaseléctricas para uso doméstico (65) em 2010, para a ajustar aos novos requisitos de eficiência.A directiva relativa à concepção ecológica não carece de ser revista no âmbito da adopçãode uma medida de execução respeitante ao material de iluminação.

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Pergunta nº 95 de Anne E. Jensen ( H-0518/08 )

Assunto: Gestão do tacógrafo digital pela Comissão

A introdução do tacógrafo digital causou problemas na prática e, após a Decisão doProvedor de Justiça de 26 de Maio de 2008 sobre a queixa 284/2006/PB, colocam-sedúvidas sobre a sua gestão pela parte da Comissão.

O que pensa fazer a Comissão para que não se repita uma situação idêntica à da mencionadaqueixa?

Na sua resposta à pergunta P-1488/08, a Comissão reconhece que as especificações técnicasdo tacógrafo digital estão desactualizadas, pelo que a Comissão tenciona adaptá-las aoprogresso tecnológico.

(64) Directiva 2005/32/CE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 6 de Julho de 2005, relativa à criação de um quadropara definir os requisitos de concepção ecológica dos produtos que consomem energia, JO L 191, 22.7.2005.

(65) Directiva 98/11/CE da Comissão, de 27 de Janeiro de 1998, relativa à aplicação da Directiva 92/75/CEE do Conselhono que respeita à rotulagem energética das lâmpadas eléctricas para uso doméstico, JO L 71, 10.3.1998.

177Debates do Parlamento EuropeuPT10-07-2008

Page 178: QUINTA-FEIRA, 10 DE JULHO DE 2008 - European Parliament · de imagens durante a intervenção do Presidente Sarkozy. ... em nome do Grupo PSE. – (DE) ... que fornecesse um relatório

Em que ponto se encontra esta reavaliação e qual é o calendário previsto?

Resposta

A Comissão tomou nota da decisão do Provedor de Justiça Europeu sobre aqueixa 284/2006/PB, respeitante à aplicação da legislação comunitária relativa à introduçãodo tacógrafo digital nos veículos comerciais. A Comissão tomou também nota dasobservações aduzidas a título de fundamentação na dita decisão.

A Comissão recorda, contudo, que, pela sua excepcionalidade, a situação reclamava aadopção de medidas imediatas tendentes a evitar o risco de atrasos mais substanciais naintrodução do tacógrafo digital passíveis de produzirem um impacto negativo sobre oadequado funcionamento do mercado do transporte rodoviário em toda a Comunidade.

A Comissão considera que este tipo de situação pode ser evitado mediante a inserção nalegislação de disposições adequadas que prevejam o adiamento da entrada em vigor demedidas técnicas complexas que dependam simultaneamente da indústria e de umacoordenação eficaz a nível da UE.

Conforme explicitou na resposta à pergunta prioritária P-1488/08, da senhora deputada,a Comissão tenciona adaptar as especificações técnicas do tacógrafo ao actual estágio dedesenvolvimento tecnológico em 2009, tendo encomendado já um estudo com vista àdefinição das novas especificações. No quadro desse projecto, está neste momento emcurso uma consulta aos intervenientes do sector, incluindo a indústria do transporterodoviário de mercadorias, fabricantes de tacógrafos e associações de agentes de tráfego.A mais longo prazo, com base nos resultados dessa consulta e dos desenvolvimentos quevenham a dar-se, nomeadamente no contexto do plano de acção no domínio dos Sistemasde Transportes Inteligentes, a Comissão poderá equacionar a possibilidade de vir a submeterao Parlamento e ao Conselho uma proposta de reformulação do Regulamento 3821/85numa fase posterior.

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Pergunta nº 96 de Pedro Guerreiro ( H-0522/08 )

Assunto: A agudização da crise socioeconómica do sector das pescas comoconsequência do aumento do preço dos combustíveis (gasolina e gasóleo)

Face à agudização da crise socioeconómica do sector das pescas como consequência doaumento do preço dos combustíveis (gasolina e gasóleo) e às recentes acções organizadaspelo sector, em vários países na UE, como Portugal, reivindicando medidas urgentes deapoio efectivo,

Qual o ponto de situação quanto a cada uma das propostas que anunciou no passado dia17 de Junho, designadamente face às conclusões do Conselho da Agricultura e Pescas, de23 e 24 de Junho?

Resposta

A Comissão tem o prazer de informar o senhor deputado de que o Colégio dos Comissáriosadoptou no dia 8 de Julho de 2008 um "pacote" legislativo elaborado nos moldes daspropostas anunciadas em 17 de Junho de 2008. O referido "pacote" já foi transmitido aoParlamento, para que este emita o seu parecer sobre ele, e enviado ao Conselho de Ministrospara adopção, em 15 de Julho de 2008.

10-07-2008Debates do Parlamento EuropeuPT178

Page 179: QUINTA-FEIRA, 10 DE JULHO DE 2008 - European Parliament · de imagens durante a intervenção do Presidente Sarkozy. ... em nome do Grupo PSE. – (DE) ... que fornecesse um relatório

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