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CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA – CNI
Robson Braga de AndradePresidente
DIRETORIA DE EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA – DIRET
Rafael Esmeraldo Lucchesi RamacciottiDiretor de Educação e Tecnologia
SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL – SENAI
Conselho Nacional
Robson Braga de AndradePresidente
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FICHA CATALOGRÁFICACatalogação-na-Publicação (CIP) – Brasil Biblioteca Artes Gráficas – SENAI-RJ
SENAI/DN.Química aplicada a petróleo e gás / SENAI/DN [e] SENAI/RJ. – Brasília :
SENAI/DN, 2012.138 p. : il. ; 29,7 cm. – (Série Petróleo e Gás).
ISBN 978-85-
1. Indústria petroquímica. 2. Química. I. SENAI/RJ. II. Serviço Nacional deAprendizagem Industrial. III. Título. IV. Série.
CDD: 665.5
S491q
SedeSetor Bancário Norte • Quadra 1 • Bloco C • Edifício Roberto Simonsen • 70040-903 • Brasília – DF • Tel.: (0xx61) 3317-9001Fax: (0xx61) 3317-9190 • http://www.senai.br
SENAIServiço Nacional de Aprendizagem IndustrialDepartamento Nacional
Lista de ilustrações
Figura 1 – Na Química, a transformação 13Figura 2 – Representação molécular da EDTA 17Figura 3 – Linha do tempo 17Figura 4 – Modelo atômico de Dalton 18Figura 5 – Modelo atômico de Thomson 19Figura 6 – Modelo atômico de Bohr 20Figura 7 – Tabela periódica 22Figura 8 – Ligação iônica entre o sódio (Na) e o Cloro (Cl) 23Figura 9 – Ligação iônica entre o alumínio e o oxigênio 24Figura 10 – Representação simbólica da ligação metálica (nuvem eletrônica) 25Figura 11 – Caso1: Ligação covalente entre dois átomos de nitrogênio
Caso 2: Ligação covalente entre o carbono e o oxigênio 26Figura 12 – Ligação covalente dativa 26Figura 13 – Ligação covalente entre berílio e hidrogênio 27Figura 14 – Ligação de formação do hexafl uoreto de enxofre 27Figura 15 – Tabela periódica 28Figura 16 – Mistura de água e óleo 36Figura 17 – Aspecto da mistura entre a água e o óleo 36Figura 18 – Demonstração das três fases (óleo, gelo e água) 37Figura 19 – Curva de solubilidade de uma substância hipotética 38Figura 20 – Curva de solubilidade de diversas substâncias 38Figura 21 – Diluição de uma solução 41Figura 22 – Gelo fl utuando quando em água 42Figura 23 – Demonstração da viscosidade 43Figura 24 – Fluidos e não fl uidos 43Figura 25 – Resistência ao escoamento 44Figura 26 – Maça oxidada 47Figura 27 – Material corroído 47Figura 28 – Alguns exemplos de materiais corroídos 50Figura 29 – Corrosão na indústria petrolífera 52Figura 30 – Dissociação do ácido clorídrico 53Figura 31 – Dissociação do hidróxido de sódio 56Figura 32 – Soda caústica 58Figura 33 – Limão 59Figura 34 – Leite de magnésia 60Figura 35 – Carbonato de cálcio 62Figura 36 – Estrutura de Lewis para o carbono 64Figura 37 – Representação da molécula de metano 64
Figura 38 – Relação entre as grandezas de pressão 82Figura 39 – Curva dos pontos de fusão e ebulição da água 83Figura 40 – Densímetro de posto de combustíveis 84Figura 41 – Página do INMETRO na internet 91Figura 42 – Ciclo do gás carbônico 97Figura 43 – Representação de meio ambiente e sustentabilidade 98Figura 44 – Opções de armazenamento do petróleo e gás 99Figura 45 – Esquema simplifi cado dos componentes dos óleos brutos 101Figura 46 – Percentual dos componentes do óleo cru 109Figura 47 – Representação da torre de destilação 109Figura 48 – Representação esquemática das indústrias petrolíferas 106Figura 49 – Normas técnicas são as bases para auxiliar a amostragem e conservação 111Figura 50 – Representação proporcional de uma amostra 113Figura 51 – Exemplo de recipientes de coleta de amostras 114Figura 52 – Curva de distribuição normal 116Figura 53 – Curva de distribuição normal 117Figura 54 – Curva normal X 6 sigmas 119Figura 55 – Comprimento de onda eletromagnética 123Figura 56 – Representações de periculosidade de substâncias químicas (NBR 14725) 126
Sumário
1. Introdução 13
2. Fundamentos de Química 17
2.1 Química geral 17
2.1.1 Introdução à Química aplicada 17
2.1.2 Ligações químicas 20
2.1.3 Polaridade 27
2.1.4 Forças intermoleculares 29
2.1.5 Balanceamento de reações 30
2.1.6 Estequiometria 32
2.1.7 Misturas homogêneas e heterogêneas 35
2.1.8 Soluções 37
2.1.9 Concentração das soluções 39
2.1.10 Densidade 42
2.1.11 Viscosidade 43
2.1.12 Conceitos fundamentais de eletroquímica (corrosão) 44
2.2 Química Inorgânica 53
2.2.1 Ácidos 53
2.2.2 Bases 55
2.2.3 Sais 60
2.2.4 Óxidos 62
2.3 Química Orgânica 64
2.3.1 Classifi cação das cadeias carbônicas 65
2.3.2 Hidrocarbonetos 68
2.3.3 Funções oxigenadas 74
2.3.4 Compostos nitrogenados 79
2.4 Estudo dos gases 81
2.4.1 Variáveis de estado de um gás 82
2.4.2 Transformações com massa gasosa fi xa 85
2.4.3 Condições normais de temperatura e pressão (CNTP) 87
2.4.4 Equação de Clapeyron 87
2.4.5 Hipótese de Avogadro 88
2.4.6 Mistura de gases 88
2.4.7 Densidade dos gases, difusão e efusão de gases 89
3. Petróleo, gás e seus derivados 97
3.1 Geologia do petróleo 98
3.2 Composição do petróleo 100
3.3 Derivados do petróleo e gás 103
3.4 Indústria do petróleo (produtos de primeira, segunda e terceira geração) 105
4. Técnicas de amostragem e conservação 111
4.1 Técnicas de amostragem e de conservação de amostra para área de petróleo e gás 112
4.1.1 Medidas de centralização 115
4.1.2 Medidas de dispersão 115
4.1.3 Distribuição normal 116
4.2 Técnicas de análise para a área de petróleo e gás 121
4.2.1 Densidade 121
4.2.2 Viscosidade 121
4.2.3 Potenciometria 122
4.2.4 Cromatografi a 122
4.2.5 Espectroscopia 123
4.3 Interpretação das fi chas de informação de produtos químicos (FISPQ) 124
4.4 Boas práticas de laboratório 125
Referências 133
Introdução
Wilh
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Figura 1 – Na Química, a transformação
1
O processo de transformação química e energética que ocorre na formação geológica do pe-tróleo gera inúmeras informações, que são utilizadas para determinação das características qua-litativas e quantitativas dos produtos formados. A elaboração de melhores formas do aprovei-tamento da exploração permite a segurança dos envolvidos e a sustentabilidade, não gerando assim problemas ambientais e de processo. A Química permite o estudo e pesquisa dos mais di-versos problemas do dia a dia. Ela relaciona a complexidade de temas como: alimentação, saú-de, energia, transporte, água, petróleo e também investigação científi ca aplicada a temas rele-vantes da sociedade, em que o macro e o micro relacionam-se em suas proporcionalidades den-tro dos desafi os impostos por ela.
A ciência, a tecnologia, o meio ambiente e a sociedade são avaliados hoje como faces de uma mesma dinâmica, em que a pesquisa e o desenvolvimento tecnológico forjam uma sociedade empreendedora, sem colocar em risco a qualidade de vida e compreendendo que todos per-tencem a um mesmo ciclo natural. O respeito a todos os ecossistemas existentes qualifi ca e di-namiza essa mesma sociedade.
QUÍMICA APLICADA A PETRÓLEO E GÁS14
Procuramos abordar neste livro, no capítulo 2, inicialmente os conceitos funda-mentais de Química, facilitando a compreensão futura de termos básicos utiliza-dos durante as etapas de exploração, obtenção e processo do petróleo e seus de-rivados, permitindo assim uma formação profi ssional baseada no dinamismo ne-cessário aos alicerces dos conteúdos posteriores. A aplicabilidade desses concei-tos tem como principal função os aspectos qualitativos, pois é gerando conheci-mento que o profi ssional poderá se desenvolver cada vez mais.
O capítulo 3 desta unidade envolve as principais características do petróleo, gás e seus derivados, relacionando-os a conceitos iniciais e fundamentando-os de for-ma inseparável da Química aplicada. O refi no e os produtos gerados pelas indús-trias de primeira, segunda e terceira geração baseiam-se no tipo de óleo bruto ini-cialmente extraído, infl uenciando, portanto, na quantidade e qualidade esperadas nos processos, seja como matéria-prima ou como produto acabado.
As técnicas de amostragem apresentadas no capítulo 4 evidenciam que não é possível gerar avaliações signifi cativas de processos tão expressivos sem o apro-veitamento das ferramentas estatísticas. A avaliação química aplicada a petróleo, gás e derivados só tem valor quando a amostra é retirada corretamente e apre-senta-se signifi cativa de toda a produção, muitas vezes, dada em milhares de to-neladas em que as variáveis de processo (pressão, nível, temperatura, volume e outros) são controladas a partir dos dados estatísticos estipulados da amostra-gem realizada. Abordamos aqui a grande importância relacionada à forma de con-servação de amostras, o reconhecimento da leitura de rótulos de reagentes quí-micos e de suas fi chas de segurança, permitindo que durante a formação profi s-sional o aluno tenha a dinâmica e refl exão dos limites dados por esses reagentes e produtos, permitindo a avaliação da sua segurança e dos profi ssionais envolvi-dos durante os processos de produção e análise da matéria-prima e do produto acabado. As ferramentas de qualidade são apresentadas apenas para uma fami-liarização inicial. Seu aprofundamento se dará nos módulos seguintes, mas fun-damenta a Química aplicada a petróleo e gás, amarra a relação entre os concei-tos da formação profi ssionalizante e evidencia a necessidade de uma gestão pe-la qualidade total.
Nos módulos seguintes você verá, com mais profundidade, o desenvolvimen-to do nosso tema central: QUÍMICA APLICADA A PETRÓLEO E GÁS.
Na página ao lado está a matriz curricular do curso para facilitar
seu entendimento sobre o percurso que terá que realizar.
INTRODUÇÃO 15
Química Aplicada a Petróleo e Gás
COMPONENTES CURRICULARES CARGA HORÁRIA
Módulo Básico
Módulo Específi co Profi ssional (1ª Etapa)
Módulo Específi co Profi ssional (2ª Etapa)
CARGA HORÁRIA TOTAL: TÉCNICO EM PETRÓLEO E GÁS: 1.200H
Fundamentos Técnicos e Científi cos de Petróleo e Gás
Comunicação/Informática – 32h
Fundamentos da Indústria de Petróleo e Gás – 60h
QSMS – 24h
Metrologia e Instrumentação Aplicadas a Petróleo e Gás – 80h
Química Aplicada a Petróleo e Gás – 80h
Física Aplicada a Petróleo e Gás – 80h
Operação de Sistema Produtivo na Cadeia de Petróleo e Gás
Exploração On-shore e Off -shore – 160h
Tecnologias do Sistema Produtivo On-shore e Off -shore – 160h
Processamento de Petróleo e Gás – 100h
Logística e Manutenção da Cadeia de Petróleo e Gás – 64h
Planejamento e Atividade na Cadeia de Petróleo e Gás
Gestão de Pessoas – 40h
Gestão da Produção – 80h
Controle da Qualidade de Insumos, Produtos e Processos na Cadeia de Petróleo e Gás
Ensaios Analíticos na Cadeia de Petróleo e Gás – 80h
Avaliação de Desempenho de Insumos, Produtos e Processos – 60h
Manutenção em Sistemas Produtivos na Cadeia de Petróleo e Gás
Manutenção Industrial – 100h
356h
484h
360h
2.1 QUÍMICA GERAL
2.1.1 INTRODUÇÃO À QUÍMICA APLICADA
A Química geral é um instrumento de estudo necessário para a resolução de problemas em muitas áreas de atuação. Pode ser utilizada na agricultura, oceanografi a, na engenharia, no cam-po alimentício e na produção de novas tecnologias, entre outros. A evolução química teve o apoio de diversos cientistas. Pode-se dizer que por meio de várias experiências foi possível de-fi nir conceitos até então desconhecidos para a sociedade da época. A descoberta do átomo em 450 a.C. por Demócrito causou grandes mudanças na sociedade de modo geral, trazendo alguns conceitos que foram aprimorados ao longo do tempo (Figura 3).
Fundamentos de Química
2
Figura 2 – Representação molécular da EDTA, substância utilizada na Química analítica e de processos
Figura 3 – Linha do tempo
In-F
ólio
/Pau
la M
oura
In-F
ólio
/Cris
Mar
cela
450 a.C.Defi nição do átomo
Modelo de Thomson
Descoberta do nêutron
Reformulação do modelo
atômico por Bohr
1803 1850 19111886 19321913
18 QUÍMICA APLICADA A PETRÓLEO E GÁS
Para Demócrito, o átomo constitui toda e qualquer matéria, e esses átomos se-riam caracetrizados como qualitativamente iguais, diferenciando-se apenas na for-ma, no tamanho e na massa.
No século XIX, mais precisamente em 1803, um cientista chamado John Dalton utilizando as leis da conservação de mas-sa e da composição defi nida, sugeriu uma teoria que explicava este e outros concei-tos químicos.
Dalton utilizou o antigo conceito de Demócrito sobre a existência dos átomos e manteve esse conceito com evidências experimentais. Suas principais evidên-cias formularam conceitos como: Figura 4 – Modelo atômico de Dalton
Dalton nasceu em Eaglesfield, Crumbria, em 6 de setem-bro de 1766, foi considerado o químico e físico inglês fundador da teoria atômica moderna.
VOCÊSABIA?
Em 1850, o conceito de Dalton sobre a indivisibilidade do átomo começou a ser repensado. Um cientista chamado Willian Crookes demonstrou um experimento com tubos de descarga de gás, geralmente chamados de tubos Crookes. Esse ex-perimento conseguiu explicar a existência de partículas carregadas negativamen-te, partículas estas que receberam o nome de elétrons. Em 1886, Goldstein refor-mulou o experimento de Crookes explicando a existência de partículas positivas denominadas prótons. Após essas descobertas, o conceito de Dalton sobre a indi-visibilidade do átomo começou a ser questionado.
In-F
ólio
/Cris
Mar
cela
Toda e qualquer matéria é composta por átomos (Figura 4).
Os átomos não podem ser criados nem destruídos.
Um dado elemento é caracterizado por seus átomos sendo todos os seus átomos idênticos em todos os aspectos.
Os átomos de diferentes elementos têm propriedades diferentes.
Compostos químicos são formados de átomos de dois ou mais elementos em uma razão fi xa.
Todas as transformações químicas consistem em combinação, separação ou rearranjo de átomos.
2 FUNDAMENTOS DE QUÍMICA 19
Após 48 anos do surgimento do modelo de Dalton, o cientista J. J. Thomson su-geriu que o átomo poderia consistir em uma esfera carregada positivamente con-tendo alguns elétrons incrustados nessa esfera positiva.
Joseph John Thomson, nascido em 1856, ficou também conhecido por J. J. Thomson; recebeu o Nobel de Física em 1906 pela descoberta do elétron.
Ernest Rutherford foi um físico e químico neozelandês que se tornou conhecido como o pai da Física Nuclear.Niels Henrick David Bohr foi um físico dinamarquês cujos trabalhos contribuíram decisivamente para a compreen-são da estrutura atômica e da Física Quântica.
VOCÊSABIA?
VOCÊSABIA?
Seguindo a linha do tempo da atomística, em 1911 o modelo de Thomson foi substituído por um modelo em que o átomo consiste em um pequeno núcleo ro-deado por um grande volume no qual os elétrons estão distribuídos. Esse mode-lo nuclear foi criado pelo cientista Rutherford. Em 1913, esse modelo foi reformu-lado pelo então cientista Niels Bohr. Seguido a formulação do modelo de Ruther-ford, em 1932, houve a descoberta da terceira partícula atômica pelo físico inglês J. Chadwick. Essa partícula não possui carga elétrica e possui a mesma massa de um próton. Essa partícula recebeu o nome de nêutron, devido à sua característica eletricamente neutra.
Figura 5 – Modelo atômico de Thomson
Esse modelo de átomo fi cou conhecido como “pudim de passas”. Confi ra na Fi-gura 5, abaixo.
In-F
ólio
/Cris
Mar
cela
20 QUÍMICA APLICADA A PETRÓLEO E GÁS
O novo modelo atômico introduziu alguns conceitos revolucionários que con-duziram fi nalmente ao desenvolvimento do modelo moderno da estrutura atômi-ca. O modelo de Bohr pode ser visualizado na Figura 6.
Para Bohr, os elétrons giravam ao redor de um núcleo positivo, de forma que esses elétrons estavam distribuídos em camadas ou órbitas bem defi nidas. Ao gi-rar em uma mesma órbita, o elétron não perde nem ganha energia. Ao saltar pa-ra outra órbita, o elétron adquire energia e emite essa energia adquirida ao retor-nar para a sua órbita de origem. O modelo de Bohr foi comparado ao sistema so-lar, sendo o núcleo o Sol e os elétrons, os planetas.
2.1.2 LIGAÇÕES QUÍMICAS
Todas as substâncias estão unidas de alguma forma. Das substâncias mais simples, como o sal de cozinha (cloreto de sódio), até as substâncias mais complexas, como o petróleo, por exemplo. A união entre os elementos que compõem as substâncias cha-ma-se ligação química. Cada elemento possui uma quantidade de elétrons. Um áto-mo de um mesmo elemento possui sempre a mesma quantidade de elétrons. Por exemplo, todo e qualquer hidrogênio no seu estado fundamental possui apenas um elétron, assim como todo oxigênio no seu estado fundamental possui oito elétrons.
De acordo com Bohr, esses elétrons estão divididos em órbitas, ou seja, em ca-madas, comportando um número máximo de elétrons. As sete camadas eletrôni-cas são: K, L, M, N, O, P e Q.
Figura 6 – Modelo atômico de Bohr
Núcleo positivo
In-F
ólio
/Cris
Mar
cela
K = 1a
L = 2a
N = 4a
M = 3a
O = 5a
P = 6a
Q = 7a
2 FUNDAMENTOS DE QUÍMICA 21
Distribuição em camadas eletrônicas
K suporta no máximo dois elétrons e L suporta no máximo oito elétrons. Ao atingir o máximo de uma camada, partimos para preencher a camada seguinte com os elétrons restantes e assim sucessivamente. O exemplo 2 representa o clo-ro, que possui 17 elétrons.
Exemplo 2
CAMADAS QUANTIDADE DE ELÉTRONS
K = 2, L = 6
K = 2, L = 8, M = 7
Observe que, neste caso, foi necessária uma terceira camada (M), pois a cama-da L suporta até oito elétrons.
ESTABILIDADE ELETRÔNICA
Outro conceito importante é o da estabilidade eletrônica. Um elemento é con-siderável estável quando atinge oito elétrons na última camada (camada de valên-cia). Esta teoria é chamada de regra do octeto.
K
L
M
N
O
P
Q
2
8
18
32
32
18
2
O oxigênio é um dos elementos encontrados no petróleo na forma de diferen-tes tipos de óxidos; ele é formado de oito elétrons. Neste caso, sua distribuição em camadas eletrônicas seria:
Exemplo 1
22 QUÍMICA APLICADA A PETRÓLEO E GÁS
VOCÊSABIA?
Ao observar a tabela periódica (Figura 7), nota-se que apenas os gases nobres que estão localizados no grupo 18 possuem oito elétrons na sua última camada. Para que os outros elementos atinjam essa estabilidade, é necessário que doem, recebam ou compartilhem seus elétrons. Essa doação, recebimento ou comparti-lhamento ocorre por meio da união entre os átomos a qual chamamos de ligação química. Essas ligações ocorrem de acordo com as características dos elementos que estão se unindo.
Antes de dar continuidade ao conceito de ligações quími-cas, precisamos entender a forma com que os elementos estão agrupados. Sentindo a necessidade de agrupar os elementos e facilitar o entendimento sobre o seu comporta-mento, em 1913 criou-se a classificação periódica moderna, em que se agrupavam os elementos químicos em ordem crescente de número atômico. A esse agrupamento de elementos em forma de tabela, chamamos tabela periódi-ca (Figura 7). A tabela periódica é dividida em famílias e períodos. As famílias são as colunas verticais e os períodos são as colu-nas horizontais. Observe que a tabela é formada por sete períodos. Cada período indica a quantidade de camadas que o elemento possui. Por exemplo, os elementos no primeiro período possuem apenas uma camada, ou seja apenas a camada K, os elementos localizados no segundo período possuem duas camadas, ou seja K e L e assim sucessivamente.
Figura 7 – Tabela periódica
1
HHidrogênio
3
LiLítio
11
NaSódio
19
KPotássio
23
VVanádio
27
CoCobalto
33
AsArsênio
15
PFósforo
7
NNitrogênio
21
ScEscândio
25
MnManganês
31
GaGálio
13
AlAlumínio
5
BBoro
29
CuCobre
35
BrBromo
17
ClCloro
9
FFlúor
37
RbRubídio
41
NbNióbio
45
RhRódio
51
SbAntimônio
39
YÍtrio
43
TcTecnécio
49
InÍndio
47
AgPrata
53
IIodo
55
CsCésio
73
TaTantálio
77
IrIrídio
83
BiBismuto
57 – 7175
ReRênio
81
TiTálio
79
AuOuro
85
AtAstato
87
FrFrâncio
105
DbDúbio
109
MtMeitnério
115
UupUnunpentium
89 – 103107
BhBóhrio
113
UutUnuntrium
111
RgRoentgenium
117
UusUnunseptium
2
HeHélio
4
BeBerílio
12
MgMagnésio
20
CaCálcio
24
CrCromo
28
NiNíquel
34
SeSelênio
16
SEnxofre
8
OOxigênio
22
TiTitânio
26
FeFerro
32
GeGermânio
14
SiSilício
6
CCarbono
30
ZnZinco
36
KrCriptônio
18
ArArgon
10
NeNeón
38
SrEstrôncio
42
MoMolibdênio
46
PdPaládio
52
TeTelúrio
40
ZrZircônio
44
RuRutênio
50
SrEstanho
48
CdCádmio
54
XeXenônio
56
BaBário
74
WTungstênio
78
PtPlatina
84
PoPolônio
72
HfHáfnio
76
OsÓsmio
82
PbChumbo
80
HgMercúrio
86
RnRadônio
88
RaRádio
106
SgSeabórgio
110
DsDarmstádio
116
UuhUnunhexium
104
RfRuterfórdio
108
HsHássio
114
UuqUnunquadium
112
UubUnunbium
118
UuoUnunoctium
1
3
5
7
2
4
6
1373 1595 171121 1484 16106 1812
40
ZrZircônio
RepresentaçãoIn
-Fól
io/C
ris M
arce
la
57 – 71
89 – 103
58
CeCério
90
ThTório
62
SmSamário
94
PuPlutônio
68
ErÉrbio
100
FmFérmio
60
NdNeodímio
92
UUrânio
66
DyDisprósio
98
CfCalifórnio
64
GdGadolínio
96
CmCúrio
70
YbItérbio
102
NoNobélio
59
PrPraseodímio
91
PaProtactínio
63
EuEurópio
95
AmAmerício
69
TmTúlio
101
MdMendelévio
57
LaLatânio
89
AcActínio
61
PmPromécio
93
NpNetúnio
67
HoHólmio
99
EsEinstênio
65
TbTérbio
97
BkBerquélio
71
LuLutércio
103
LrLaurêncio
2 FUNDAMENTOS DE QUÍMICA 23
LIGAÇÃO IÔNICA
Este tipo de ligação ocorre entre um elemento metálico e outro elemento ame-tálico. Nesse caso há transferência defi nitiva do elétron de um elemento para o ou-tro, conforme o exemplo abaixo.
O sal de cozinha é um elemento muito comum, utilizado principalmente na culinária. O sal de cozinha de nome cloreto de sódio é formado pela união do áto-mo de sódio (Na) com o átomo de cloro (Cl). O átomo de sódio possui 11 elétrons e o átomo de cloro, 17 elétrons. Fazendo a distribuição em camadas para esses ele-mentos, temos:
Na K = 2, L = 8, M =1 Cl K = 2, L = 8, M = 7
Para que o átomo de cloro se torne estável, é necessário que ele ganhe um elé-tron. O sódio, por sua vez precisa, doar um elétron para que sua última camada fi -que com oito elétrons.
Neste caso, o sódio doa defi nitivamente o seu elétron da última camada para o cloro, conforme a Figura 8.
Um exemplo mais complexo é o do óxido de alumínio, ou melhor, a união en-tre átomos de oxigênio com átomos de alumínio. O alumínio é um metal que pos-sui 13 elétrons e o oxigênio, como já visto possui oito elétrons. Fazendo a distri-buição por camadas desses elementos têm-se:
Figura 8 – Ligação iônica entre o sódio (Na) e o cloro (Cl)
O K = 2, L = 6 Al K = 2, L = 8, M = 3
Note que o oxigênio precisa de dois elétrons para se tornar estável e o alumí-nio precisa doar 3 elétrons. Em uma ligação química não pode sobrar nem faltar elétrons; portanto, teremos que utilizar mais elementos para formar um compos-to estável. A Figura 9 demonstra como deve ser feita a união entre esses átomos.
Na Na+ Cl–Cl
In-F
ólio
/Cris
Mar
cela
24 QUÍMICA APLICADA A PETRÓLEO E GÁS
Note que, ao doar dois elétrons para o primeiro oxigênio, ainda sobra um outro elétron no elemento alumínio. Nesse caso, pega-se um segundo átomo de oxigênio e doa-se esse elétron. Esse segundo átomo de oxigênio fi ca com sete elétrons, ne-cessitando de mais um elétron para atingir a estabilidade. Então, pega-se mais um átomo de alumínio para que esse átomo doe um elétron, estabilizando esse segun-do átomo de oxigênio. No entanto, sobram dois elétrons no segundo átomo de alu-mínio. Para que esse átomo se estabilize, pega-se um terceiro átomo de oxigênio e doam-se estes dois elétrons, estabilizando tanto o segundo átomo de alumínio co-mo o terceiro átomo de oxigênio. Em resumo, tem-se um total de dois átomos de alumínio e três átomos de oxigênio, estando todos estabilizados.
O
O
O
Al
Al
Figura 9 – Ligação iônica entre o alumínio e o oxigênio
ÍonsUm átomo, quando ganha ou perde elétrons, adquire car-gas, podendo ser positivas ou negativas. Quando um átomo doa elétron ele fica com carga positiva.
Por exemplo:O sódio, ao doar um elétron, passa de Na para Na+; um elemento que perde dois elétrons adquire carga 2+.
Por exemplo:O magnésio, ao doar dois elétrons, passa a Mg2+.
Os elementos da família 3A, ao doarem seus três elétrons, ficam com carga 3+. Estes íons com carga positiva são chamados de cátions.Quando um elemento recebe elétrons, fica com carga nega-tiva. Por exemplo: quando o cloro recebe um elétron, ele passa de Cl para Cl–.Quando um elemento recebe dois elétrons, ele fica com carga 2–. Quando um elemento recebe três elétrons, ele fica com carga 3–.
In-F
ólio
/Cris
Mar
cela
2Al+3 + 3O–2 Al2O3
Portanto:
VOCÊSABIA?
2 FUNDAMENTOS DE QUÍMICA 25
LIGAÇÃO METÁLICA
Este tipo de ligação ocorre com elementos do tipo metálico. De acordo com a teoria da nuvem eletrônica, conhecida também como mar de elétrons, pode-se di-zer que os elementos metálicos possuem elétrons “soltos”, ou seja, “livres”. Esta nu-vem de elétrons mantém os átomos dos elementos metálicos unidos, formando assim a ligação metálica.
LIGAÇÃO COVALENTE
A ligação covalente pode ser caracterizada como o tipo de união em que não há doação de elétrons e sim o compartilhamento de um ou mais pares de elé-trons entre átomos, causando atração mútua. Essa ligação ocorre entre elemen-tos iguais e elementos não metálicos. A Figura 11 demonstra dois casos de liga-ção covalente. No Caso 1, a primeira molécula expressa a união entre dois átomos de nitrogênio. O nitrogênio está na família 15, portanto necessita de mais três elétrons para atingir a estabilidade. Como ambos os átomos são de nitrogênio, não é possivel que um doe elétrons para o outro. Nesse caso eles compartilham seus elétrons. Como cada nitrogênio precisa de três elétrons, foram necessários três compartilhamentos.
No Caso 2, tem-se a molécula do gás carbônico (CO2). O carbono está localiza-do na família 14 e o oxigênio, na família 16. Portanto, para o carbono se estabilizar será necessário que o mesmo tenha mais quatro elétrons e o oxigênio, apenas dois elétrons. Para fazer esta ligação, o primeiro oxigênio compartilha dois elétrons seus com dois elétrons do carbono. O oxigênio se estabiliza, porém o carbono fi ca com apenas seis elétrons. Neste caso, um segundo átomo de oxigênio compartilha dois elétrons seus com dois elétrons do carbono. Sendo assim, o segundo átomo de oxigênio atinge a estabilidade e o carbono também, estando todos os átomos com oito elétrons na camada de valência.
In-F
ólio
/Cris
Mar
cela
Li, Na, K, ... Mg, Ca, Sr, ...
Figura 10 – Representação simbólica da ligação metálica (nuvem eletrônica)
26 QUÍMICA APLICADA A PETRÓLEO E GÁS
In-F
ólio
/Cris
Mar
cela
LIGAÇÃO COVALENTE DATIVA
Observe a Figura 12. Nela é possível observar que o par de elétrons assinala-do, que liga o enxofre ao segundo oxigênio, inicialmente era apenas do enxofre. Portanto, esse tipo de ligação não pode ser classifi cado apenas como uma liga-ção covalente, pois o par de elétrons é cedido por apenas um dos átomos, ou se-ja, neste caso o segundo átomo de oxigênio não compartilha seus elétrons com o enxofre.
N NCaso 1
O C O
Caso 2
Figura 11 – Caso1: Ligação covalente entre dois átomos de nitrogênioCaso 2: Ligação covalente entre o carbono e o oxigênio
Figura 12 – Ligação covalente dativa
Confi ra que, na Figura 12, todos os átomos
permanecem com oito elétrons ao seu redor. A esse tipo de ligação chamamos de ligação
covalente dativa.Na página ao lado, veja o boxe com as exceções a
regra do octeto.
O S
2 1
O
In-F
ólio
/Cris
Mar
cela
2 FUNDAMENTOS DE QUÍMICA 27
In-F
ólio
/Cris
Mar
cela
H Be O
Um caso em que o elemento apresenta estabilidade com mais de oito elé-trons pode ser visto na união entre o enxofre e o fósforo. A molécula de SF6 (Figura 14) demonstra o elemento enxofre com 12 elétrons ao seu redor.
xx
F
F
F S
xx
xx
xx
xo
xx
xx
xx
x o
xx
xx
xx
o x
xx
xx
xx
oxxx
xx
xx
xo
xx
xx
xo F
F
F
Figura 14 – Ligação de formação do hexafl uoreto de enxofre
2.1.3 POLARIDADE
A polaridade de uma molécula está relacionada com o valor de eletronegatividade envolvido na ligação química. A eletronegatividade é uma propriedade que caracteri-za a capacidade que um átomo tem de atrair para si o par de elétrons que está sendo compartilhado em uma ligação do tipo covalente. Os elementos que apresentam maio-res valores de eletronegatividade são os elementos da família 17, também conhecidos como halogênios. As ligações podem ser defi nidas como polares ou apolares. As liga-ções do tipo apolar são aquelas em que a diferença de eletronegatividade é igual a ze-ro. A Figura 15 apresenta uma tabela com os valores de eletronegatividade.
Figura 13 – Ligação covalente entre berílio e hidrogênio
S
F
Exceções à regra do octeto
Existem alguns elementos que não obedecem à regra do octeto, ou seja, se estabilizam com menos ou com mais de oito elétrons. Um exemplo clássico de elemento que se estabiliza com menos de oito elétrons é o berílio (Be). A molé-cula de BeH2 evidencia que esse composto se estabiliza com apenas quatro elé-trons (Figura 13).
28 QUÍMICA APLICADA A PETRÓLEO E GÁS
VOCÊSABIA?
Figura 15 – Tabela periódica
Linus Pauling (1901- 1994) é considerado até hoje um grande cientista, pois foi o único químico a receber o Prêmio Nobel duas vezes. Em 1962, por ter contribuído ativamente contra testes e usos de materiais nucleares.Publicou vários trabalhos sobre a estrutura atômica, tendo como preocupação principal explicar e entender osfenômenos atômicos.
Um exemplo de molécula apolar é a molécula de O2. Observando a Tabela de Eletronegatividade verifi camos que o oxigênio possui um valor de eletronegativida-de igual a 3,5. Calculando a diferença de eletronegatividade da molécula teremos:
� = 3,5 – 3,5� = 0 (ligação covalente apolar)
Uma ligação covalente é considerada polar quando a diferença de eletronega-tividade é diferente de zero. A molécula de HCl é um exemplo disso. O valor de ele-tronegatividade do hidrogênio é 2,1 e do cloro 3. Calculando a diferença de ele-tronegatividade temos:
Escala de eletronegatividade de Pauling
H2,11 He
Li1,02
Na0,93
K0,84
Rb0,85
Cs0,76
Fr0,77
1GrupoPeríodo
Co1,9Rh2,2Ir
2,2Mt
9
V1,6Nb1,6Ta1,5Db
5
Ga1,6In
1,7Ti
1,8Uut
13
Sc1,3Y
1,2
*
**
3
Cu1,9Ad1,9Au2,4Rg
11
Mn1,5Tc1,9Re1,9Bh
7
As2,0Sb1,9Bi1,9Uup
15
Be1,5
NeF4,0
O3,5
N3,0
C2,5
B2,0
Mg1,2
ArCl3,0
S2,5
P2,1
Si1,8
Ai1,5
Ca1,0Sr1,0Ba0,9Ra0,9
2
Ni1,8Pd2,2Pt2,2Ds
10
Cr1,6Mo1,8W1,7Sg
6
Ge1,8Sn1,8Pb1,9Uuq
14
Br3,0
Kr
I2,5
Xe
At2,2Uus
17
Rn
Uuo
18
Ti1,5Zr1,4Hf1,3Rf
4
Zn1,6Cd1,7Hg1,9Uub
12
Fe1,8Ru2,2Os2,2Hs
8
Se2,4Te2,1Po2,0Uuh
16
In-F
ólio
/Cris
Mar
cela
2 FUNDAMENTOS DE QUÍMICA 29
2.1.4 FORÇAS INTERMOLECULARES
As forças intermoleculares são as forças que mantêm as moléculas unidas umas às outras. As forças intermoleculares podem ser divididas em:
� = 3 – 2,1� = 0,9 Eletronegatividade diferente de
zero; logo, ligação covalente polar
Van der WallsAs forças de Van der Walls podem ser identifi cadas quando em uma ligação covalente polar verifi ca-se em algum momento que a nuvem eletrônica tende para um dos polos da ligação.
Dipolo-DipoloÉ a força de atração que acontece entre duas moléculas polares, ligando-as pelos seus respectivos polos, ou seja, o polo positivo de uma molécula se liga ao polo negativo da outra molécula.
O exemplo abaixo representa um momento de dipolo entre a molécula de HF. Lembre que o hidrogênio apresenta eletronegatividade 2,1 e o flúor tem eletronegatividade 4.
Ou seja, o polo negativo da molécula flúor se liga ao polo positivo da molécula hidrogênio.
Pontes de hidrogênioAcontecem quando temos dentro das moléculas ligações de hidrogênio com elementos de eletrone-gatividade alta, como nitrogênio, oxigênio e fl úor. Pode acontecer tanto entre duas moléculas diferen-tes, o caso da água, como dentro de uma mesma molécula – ocorre também em moléculas muito grandes, como uma proteína. A força da ponte de hidrogênio varia de acordo com o átomo eletronega-tivo ligado a ele. Como o fl úor é o que possui a maior eletronegatividade, a ponte de hidrogênio ligada a ele é a que possui mais força.
H F H F Momento de dipolo entre o fl úor e o hidrogênio
30 QUÍMICA APLICADA A PETRÓLEO E GÁS
VOCÊSABIA?
VOCÊSABIA?
2.1.5 BALANCEAMENTO DE REAÇÕES
Balancear uma reação signifi ca equilibrar os coefi cientes de uma reação, ou seja, a quantidade de um mesmo elemento no reagente deverá ser igual no produto. O exemplo abaixo demonstra uma reação balanceada.
2H2 + O2 2H2O
Observe que os elementos que estão antes da seta () representam os reagen-tes e o elemento que se encontra depois da seta é o produto. Uma reação pode ter um ou mais reagentes e um ou mais produtos.
Reação balanceada
De acordo com a reação, temos no reagente 4 hidrogênios e 2 oxigênios e no produto 4 hidrogênios e 2 oxigênios. O coefi ciente multiplica todos os elementos em uma molécula; por exemplo, 2H2O. O coefi ciente 2 está multiplicando o hidro-gênio e o oxigênio. No caso do índice, ele multiplica apenas o elemento em que ele se encontra. Portanto, no caso da molécula de H2O, este 2 que está embaixo do hidrogênio está multiplicando somente o hidrogênio.
Em caso de moléculas que possuam parênteses, o número que está do lado de fora do parêntese está multiplicando todos os elementos que estão dentro dele. Por exemplo: a molécula de Al(OH)3 significa que temos 1 alumínio (Al), 3 oxigênios (O) e 3 hidrogênios (H). Observe que o alumínio não está dentro do parêntese; portanto, não deve ser multiplicado por 3.
O coeficiente é o número que antecede os elementos, e o índice é o número que está embaixo do elemento. Por exemplo:
É importante ressaltar que nem sempre as reações se encontram balanceadas, sendo necessário balanceá-las. Para fazer o balanceamento correto, utilizamos al-gumas regras.
2H2 ÍndiceCoefi ciente
2 FUNDAMENTOS DE QUÍMICA 31
1– Observar o elemento que aparece apenas uma vez no primeiro membro (re-agente) e uma vez no segundo membro (produto).
2 – Começar o balanceamento pelo elemento que possui o maior índice. Lem-bre-se de que ele deverá aparecer apenas uma vez em ambos os lados.
3 – Transferir o índice de um membro para o outro lado, utilizando-o como co-efi ciente.
4 – Prosseguir da mesma forma com os outros elementos até que todos este-jam balanceados.
5 – Apenas o índice pode tornar-se coefi ciente, e nunca o coefi ciente se tornar índice.
H2 + Cl2 HCl
Veja a representação de uma reação de formação do HCl. Analisando esta rea-ção, verifi ca-se que ela não se encontra balanceada. No primeiro membro, têm-se 2 hidrogênios e 2 cloros e no segundo membro apenas 1 hidrogênio e 1 cloro.
Neste caso, é necessário balanceá-la. Veja que tanto o cloro quanto o hidrogê-nio aparecem apenas uma vez de cada lado. Observando o segundo passo, tanto o cloro quanto o hidrogênio possuem índice 2, o que torna indiferente a escolha entre cloro e hidrogênio para transpor os índices. Supondo a escolha do hidrogê-nio para transpor o índice teríamos:
Observe que a reação 2 encontra-se balanceada. No primeiro membro têm-se 2 hi-drogênios e 2 cloros e no segundo membro têm-se também 2 hidrogênios e 2 cloros.
H2 + Cl2 HCl
H2 + Cl2 2 HCl
Reação 1
Reação 2
32 QUÍMICA APLICADA A PETRÓLEO E GÁS
2.1.6 ESTEQUIOMETRIA
A estequiometria permite calcular a quantidade de uma determinada substân-cia que está reagindo ou que está sendo produzida numa determinada reação.
Para calcular a quantidade de uma determinada substância em uma reação quí-mica, é necessário que a equação mencionada esteja balanceada, ou seja, todos os elementos participantes da reação deverão estar equilibrados.
O segundo passo para a estequiometria é fazer uma regra de três entre os ele-mentos participantes da reação. O coefi ciente de um elemento em uma reação química representa o seu número de mol (quantidade de matéria). Por exemplo, na reação:
C2D3 2C + 3D
O número de mol está sempre relacionado à massa atômica que o elemento possui. O hidrogênio possui massa atômica de 1g/mol, ou seja, cada 1 mol de hi-drogênio possui 1g. Seguindo a proporção, 2 mol de hidrogênio têm 2g e assim sucessivamente. O mesmo ocorre com os demais elementos.
Por exemplo
A massa do sódio na tabela periódica é de 23g/mol, o que signifi ca que a cada 1 mol de sódio (Na) temos 23g. Se tivéssemos 4 mol de sódio teríamos:
Temos:
1 mol de C2D3
2 mol de C
3 mol de D
X = 92g de Na
1 mol de sódio (Na) 23g
4 mol de sódio (Na) x
1mol . X = 4mol . 23g
92g . mol1mol
X =
2 FUNDAMENTOS DE QUÍMICA 33
Um exemplo mais complexo é quando temos uma molécula composta por mais de um elemento em uma reação. Supondo a reação 3 de neutralização de forma-ção do sal de cozinha (NaCl) pela junção de um ácido com uma base, temos:
H = 1g Cl = 35,5gNa = 23g O = 16g
De acordo com a tabela periódica, temos os seguintes valores de massa para os elementos da reação:
HCl + NaOH NaCl + H2OReação 3
Imagine se quiséssemos calcular a massa de NaCl produzida em 365g de HCl. Observe que a relação está entre HCl e NaCl. A reação 3 a que se refere o exemplo está balanceada, pois temos no reagente 2 hidrogênios (H), 1 sódio (Na), 1 oxigê-nio (O), 1 cloro (Cl) e, no produto, as mesmas quantidades.
Os coefi cientes da reação são todos iguais a 1, ou seja temos 1 mol de cada mo-lécula na reação; com isso, podemos concluir que para cada 1 mol de HCl temos 1 mol de NaCl produzido.
A massa total de HCl será igual à massa do hidrogênio somada à massa do cloro, ou seja: (1 + 35,5)g, totalizando 36,5g. O mesmo ocorre com a molécula de NaCl, sendo sua massa total a soma da massa do sódio com a massa do cloro, (23 +35,5)g. Sabendo essas massas podemos estabelecer a regra de três.
1 . 36,5g de HCl 1 . 58,5g
365g de HCl X
Resolvendo a regra de três:
36,5 X = 58,5 . 365
21352,536,5
X =
X = 585g de NaCl
34 QUÍMICA APLICADA A PETRÓLEO E GÁS
Para fazer a regra de três, escolha um dos elementos.
REAGENTE LIMITANTE
É o reagente que delimita a reação, ou seja, aquele que é consumido primeiro no processo. Suponha a reação 4 entre o hidróxido de cálcio e o ácido fl uorídrico.
KOH + HF KF + H2OReação 4
Sabendo que foram misturados 560g de KOH com 180g de HF, calcule o rea-gente limitante e o excesso de reagente na reação. Observe que a reação acima en-contra-se balanceada e temos 1mol para cada substância. Veja que a cada 1mol de KOH temos 1mol de HF. A tabela periódica, por sua vez, nos dá os seguintes valores de massa atômica para os elementos em questão:
K = 39μ F = 19μH = 1μ O = 16μ
Somando as massas temos para o KOH:
1 mol = (39 + 16 + 1) = 56g
1 mol = (1+19) = 20g
PRIMEIRA HIPÓTESE
Suponha que o elemento escolhido seja o KOH.
A regra de três seria:
56g de KOH 20g de HF
560g de KOH X
Calculando:
56 X = 560 . 20
11.20056
X =
X = 200g de HF
Somando as massas temos para o HF:
Logo:
μ = Unidade de massa atômica
2 FUNDAMENTOS DE QUÍMICA 35
Na primeira hipótese vemos que, para gastar as 560g de KOH, teríamos que ter 200g de fl úor e, no entanto, temos apenas 180g. Na segunda hipótese isso é con-fi rmado, pois para gastar as 180g de fl úor só seriam necessários 504g de KOH e, no entanto, temos 560g de KOH. Contudo, conclui-se que o ácido fl uorídrico (HF) é o reagente limitante, pois ele é consumido totalmente primeiro, ou seja, é o que acaba primeiro durante a reação. Sabendo qual elemento é o reagente limitante podemos calcular o excesso. O reagente que se encontra em excesso é o KOH. O excesso é calculado subtraindo-se da massa inicial a massa realmente gasta até o término da reação.
A massa inicial do KOH era 560g. Sabendo que a reação acaba quando todo re-agente limitante (neste caso HF) é consumido, vimos que seriam necessários 504g de KOH. Logo, o excesso de KOH será 560-504, totalizando 56g de excesso de KOH.
2.1.7 MISTURAS HOMOGÊNEAS E HETEROGÊNEAS
As misturas podem ser classifi cadas de acordo com o seu aspecto. Uma mistu-ra homogênea é aquela que apresenta aspecto uniforme, ou seja, em qualquer ponto da solução suas propriedades são iguais.
A mistura heterogênea, por sua vez, não apresenta aspecto uniforme e suas propriedades variam para cada fase.
Fase
Uma fase pode ser considerada toda a porção homogênea dentro de um siste-ma heterogêneo.
SEGUNDA HIPÓTESE
Suponha que o elemento escolhido seja o HF.
A regra de três seria:
56g de KOH ---------------- 20g de HF
x ------------------------- 180g de HF
Calculando:
20 X = 56 . 180
10080020
X =
X = 504g de KOH
36 QUÍMICA APLICADA A PETRÓLEO E GÁS
Por exemplo
A Figura 16 apresenta a mistura de óleo e água. Observe que, ao colocar óleo em um copo com água, o óleo em nenhum momento se torna homogêneo com a água.
A Figura 17 demonstra como fi ca o aspecto da mistura entre óleo e água. Note que a mistura não apresenta uniformidade; porém, ao analisar as substâncias se-paradamente, é possível observar que tanto o óleo quanto a água apresentam as-pecto uniforme. A cada porção com aspecto uniforme chamamos de fase. Neste caso, a mistura água e óleo possui duas fases, ou seja o óleo representa uma fase e a água representa outra fase.
Figura 16 – Mistura de água e óleo
Figura 17 – Aspecto da mistura entre a água e o óleo
In-F
ólio
/Jos
é Ca
rlos
Mar
tins
In-F
ólio
/Jos
é Ca
rlos
Mar
tins
2 FUNDAMENTOS DE QUÍMICA 37
VOCÊSABIA?
Figura 18 – Demonstração das três fases (óleo, gelo e água)
Apesar da existência de três fases no exemplo mostrado na Figura 18 acima, temos apenas duas substâncias, na qual uma delas (água) encontra-se em dois estados físicos diferentes (líquido e sólido).
2.1.8 SOLUÇÕES
Toda mistura homogênea formada por duas ou mais substâncias é chamada de solução verdadeira. A maioria das reações químicas ocorre em solução aquosa, pois a água é conhecida como solvente universal, sendo de fundamental impor-tância o conhecimento das relações existentes em uma solução.
SOLUÇÃO = SOLUTO + SOLVENTE
In-F
ólio
/Jos
é Ca
rlos
Mar
tins
Água
Gelo
Óleo
Observe a Figura 18. Veja que temos no recipiente uma mistura entre gelo, água e óleo. Neste caso temos três fases. O óleo representa a primeira fase (menos densa), seguido pela pedra de gelo (segunda fase) e a terceira representada pela água líquida.
SUPERSATURADA Quantidade
de soluto maior que seu coefi ciente de solubilidade
SATURADA É a quantidade
máxima de soluto que o solvente pode diluir
INSATURADA Menor
quantidade de soluto que seu coefi ciente de solubilidade
O coefi ciente de solubilidade é a quantidade máxima de soluto para determinado solvente a uma
dada temperatura. Em relação à solubilidade podemos classifi car as soluções assim:
In-F
ólio
/Cris
Mar
cela
38 QUÍMICA APLICADA A PETRÓLEO E GÁS
VOCÊSABIA?
Figura 19 – Curva de solubilidade de uma substância hipotética
Soluçõessupersaturadas
Soluçõesinsaturadas
Soluções saturadas (Curva de solubilidade)
Temperatura (ºC)
Quantidade de soluto100g de água
Cada substância possui curva de solubilidade diferente. Algumas substâncias aumentam a quantidade de soluto com o aumento da temperatura, porém outras têm sua solubilidade reduzida com o aumento da temperatura.
Figura 20 – Curva de solubilidade de diversas substâncias
150
Solubilidade em gramas de substância por 100g de água
AgNO3
KI
NaNO3
KBr
KNO3
NH4Cl
Na4SO4
KOH
NaCl
KCl
Na2SO410H2O
10 5030 70 9020 6040 80 100
110
70
30
130
90
50
10
140
100
60
20
120
80
40
m1(g)
CaCl26H2O
CaCl24H2O
CaCl22H2O
t (ºC)
In-F
ólio
/Cris
Mar
cela
In-F
ólio
/Cris
Mar
cela
2 FUNDAMENTOS DE QUÍMICA 39
OUTRAS FORMAS DE CLASSIFICAÇÃO DAS SOLUÇÕES
As substâncias podem ser classifi cadas de acordo com a condutividade elétrica:
Condutividade elétricaEletrolíticas ou iônicas
Diluida
Não eletrolíticas ou moleculares
Concentrada
Proporção soluto / Solvente
2.1.9 CONCENTRAÇÃO DAS SOLUÇÕES
A relação proporcional entre a quantidade de soluto e o solvente pode ser ex-pressa por diversas formas:
Concentração comum
É a massa do soluto em gramas (g) por litro de solução (L).
Concentração em quantidade de matéria (mol)
Corresponde ao número de mol do soluto por litro de solução. Mol é o nome da unidade de base do Sistema Internacional de Medidas (SI), que estabelece a propor-cionalidade da quantidade de matéria e a massa molar da própria substância.
C = g/L
m = g
V = L
mV
C =
m = mol/L
m = g
V = L
nV
mol =
m
moln =
De acordo com a proporção soluto/solvente:
40 QUÍMICA APLICADA A PETRÓLEO E GÁS
Título (massa e volume)
É o quociente entre a (massa ou volume) de um determinado soluto em rela-ção à massa ou volume de uma solução.
msoluto
msoluçãoT =
1 parte de soluto
106 partes de solução1ppm =
n1
n1 + n2x1 =
n2
n1 + n2x2 =
Vsoluto
VsoluçãoT =ou
ppm e ppb
Em soluções muito diluídas, a relação entre a massa do soluto e o volume de solvente tende a se igualar. Chamamos de ppm a relação de uma parte do soluto para um milhão de partes do solvente e ppb uma parte do soluto para um bilhão de partes do solvente.
Fração molar
É a relação entre o número de mol do soluto e o número de mol totais da solu-ção, podendo-se calcular também a fração correspondente de mol do solvente em relação ao número de mol totais da solução.
Fração molar do soluto
Fração molar do solvente
2 FUNDAMENTOS DE QUÍMICA 41
DILUIÇÃO DAS SOLUÇÕES
Em processos em que ocorre a necessidade da adição de solventes para a di-minuição de sua concentração, teremos a chamada diluição.
Retirada da alíquota
Diluição com solvente
Solução diluída
MISTURA DE SOLUÇÕES DE UM MESMO SOLUTO
Para um mesmo soluto, o produto de uma concentração fi nal por seu volume fi -nal será o somatório do produto das concentrações iniciais por seus respectivos vo-lumes.
Figura 21 – Diluição de uma solução
Cf . Vf = C1V1 + C2V2
MISTURA DE SOLUÇÕES COM REAÇÃO QUÍMICA
Neste caso, só podemos estabelecer a concentração dos produtos após a veri-fi cação da estequiometria da reação.
Exemplo
Um frasco contendo 200mL de uma solução aquosa de HCL 0,20 mol/L reagiu completamente com 50mL de uma solução aquosa de Ca(OH)2. Qual a concentra-ção em quantidade de matéria do hidróxido formado?
In-F
ólio
/Cris
Mar
cela
2HCl + Ca(OH)2 CaCl2 + 2H2OTemos, portanto, uma reação de neutralização
42 QUÍMICA APLICADA A PETRÓLEO E GÁS
É importante associar o conceito de densidade em função da temperatura, pois um mesmo material tem diferentes valo-res de densidade em função de diferentes estados físicos. Por exemplo, a água no es-tado líquido possui densidade de 1g/cm3, já no estado sólido (gelo) possui densida-de de 0,92g/cm3.
Portanto, o gelo em um copo com água líquida irá fl utuar (Figura 22). O gelo fl utua porque possui menor densidade em com-paração com a água líquida.
Dois mol de ácido clorídrico reagem com 1 mol de hidróxido de cálcio, forman-do 1 mol de cloreto de cálcio e 2 mol de água.
2.1.10 DENSIDADE
A densidade é uma medida importante, pois relaciona o volume de um deter-minado material com uma determinada temperatura. Para calcular a densidade basta dividir a massa do material pelo seu volume, conforme a fórmula abaixo:
mb = 0,4mol/ L
ma x Va(L)
mb x Vb(L)ab
=
0,20 x 0,2
mb x 0,0521
=
HClV = 200mLm = 0,20mol/L
+Ca(OH)2V = 50mLm = ?
d = Densidade (g/cm3)
V = Volume (cm3)
m = Massa (m)
mV
d =
Figura 22 – Gelo fl utuando quando em água
In-F
ólio
/Jos
é Ca
rlos
Mar
tins
2 FUNDAMENTOS DE QUÍMICA 43
2.1.11 VISCOSIDADE
A viscosidade é uma propriedade associada aos fl uidos e está relacionada à di-fi culdade de escoamento da substância (Figura 23).
Para ser considerado um fl uido, a substância deve adquirir a forma do recipien-te em que for depositado. Entretanto, isso não ocorre em todas as situações. Na si-tuação da direita temos uma pedra em um recipiente. Veja que a pedra não adqui-re a forma do recipiente em que ela está diferentemente do gás que está no balão e do líquido que está na garrafa; ambos adquirem a forma do recipiente. Fazendo uma analogia entre as fi guras, verifi ca-se que os componentes sólidos não são fl ui-dos, pois não adquirem a forma do recipiente. Assim, apenas líquidos e gases po-dem ser considerado fl uidos.
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Figura 23 – Demonstração da viscosidade
Figura 24 – Fluidos e não fl uidos
Os fl uidos possuem a característica de adquirir a forma dos seus recipientes. Ob-serve que a Figura 24 apresenta três situações distintas.
44 QUÍMICA APLICADA A PETRÓLEO E GÁS
A viscosidade é a medida de quanto um fl uido resiste ao escoamento (Figura 25), ou seja, é uma medida que se relaciona a tempo de escoamento. Assim, como a densidade, a viscosidade também depende da temperatura. Quanto maior a tem-peratura, menor a viscosidade e assim o líquido escoa com maior facilidade.
2.1.12 – CONCEITOS FUNDAMENTAIS DE ELETROQUÍMICA
Figura 25 – Resistência ao escoamento
Observe que o potássio (K) doou um elétron para o cloro (Cl). Neste caso dizemos que o potássio se oxidou. Oxidação é o nome dado à perda de elétrons. É importante ressaltar que, para existir oxidação, é necessário que ocorra a redução simultaneamen-te de outro elemento. A redução é caracterizada pelo ganho de elétrons. Na represen-tação acima, observe que o cloro está recebendo o elétron doado pelo potássio. Lo-go, podemos dizer que o cloro está sofrendo redução. Quando isso ocorre em uma re-ação, dizemos que essa reação é de oxirredução, porque nela há transferência de elé-trons. Outro conceito importante é o de agente oxidante e agente redutor. Agente oxi-dante é aquele que promove a oxidação de algum elemento, faz com que um elemen-to se oxide. Já sabemos que, para um elemento se oxidar, outro elemento terá que so-frer redução, o elemento que é agente oxidante terá que sofrer redução. O mesmo ocorre com o elemento que é agente redutor. Agente redutor é aquele que promove a redução de outro elemento. Neste caso ele terá que sofrer oxidação.
K + HCl HCl + 1/2H2
KCl K+ + Cl–
Quem sofre oxidação é agente redutor
Quem sofre redução é agente oxidante
Veja esta representação:
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H2O
2 FUNDAMENTOS DE QUÍMICA 45
NÚMERO DE OXIDAÇÃO (NOX)
O número de oxidação representa a carga que o elemento possui. Existem ele-mentos que já possuem número de oxidação fi xo. Outros elementos podem ter NOX variáveis. Os elementos que possuem NOX fi xo são:
O oxigênio possui NOX = –2, com exceção dos peróxidos e superóxidos.
O hidrogênio possui NOX = +1, com exceção dos hidretos metálicos.
Os elementos da família 1 da tabela periódica possuem todos NOX = +1.
Os elementos da família 2 da tabela periódica possuem todos NOX = +2.
O alumínio possui NOX = +3.
Os elementos da família 17 em compostos binários têm NOX = –1.
Os elementos que não possuem NOX fi xo são os elementos da família 15, 16 e 17.
Observe estes exemplos:
Logo X = –1
O número de oxidação do cloro é igual a –1.
+1 + X = 0
Logo, o seu NOX = +1; o oxigênio possui NOX = –2
Em uma molécula que não possui carga, a soma dos números de oxidação deve ser igual a zero.
O hidrogênio está localizado na família 1
HCl
H2SO4
O hidrogênio está localizado na família 1. Portanto seu NOX = +1. Seguindo a regra de que as moléculas têm que ter soma de cargas igual a zero, temos:
46 QUÍMICA APLICADA A PETRÓLEO E GÁS
Agora temos que calcular o NOX para o enxofre (S).
Temos:
Calculando:
2 . (+1) + X + 4 . (–2) = 0
+ 2 + X – 8 = 0
X = + 8 – 2
X = + 6
H = +1
S = X
O = –2
Logo:
+1 + X + 2 . (–2) = 0
X = 4 – 1
X = + 3
H família 1 NOX = +1
Cl família 17 NOX = X
O família 16 NOX = –2
Observe que o NOX do hidrogênio foi multiplicado por 2 porque na mesma mo-lécula temos 2 átomos de hidrogênio.
O mesmo acontece com o oxigênio, que na molécula tem 4 átomos.
HClO2
Observe que nesta molécula o cloro não está em uma das pontas da molécula; portanto, não podemos defi nir seu NOX como –1. Neste caso temos que calcular, já que ele é o elemento intermediário na molécula.
CORROSÃO
Muitas reações químicas espontâneas ocorrem na natureza, como por exem-plo a variação de cor dos produtos alimentícios, resultante na sua decomposição. Nos metais há também a decomposição, com a formação de óxidos nas sua super-fícies. Confi ra nas Figuras 26 e 27.
2 FUNDAMENTOS DE QUÍMICA 47
Para compreender a maioria dessas transformações, devemos lembrar que ca-da elemento químico é formado por estruturas totalmente diferentes umas das outras, até mesmo tratando-se das partículas subatômicas que os compõem. Isso gera um comportamento diferente desses elementos na formação dos compos-tos com maior estabilidade.
Na busca pela estabilidade, os elementos podem perder ou ganhar elétrons, ge-rando alteração em seu número de oxidação. Esse potencial de perda ou ganho de-nomina-se potencial padrão de redução medido em volts. Podemos prever se uma reação química é espontânea ou não com o auxílio da Tabela 1, na página seguinte.
Figura 26 – Maça oxidada
Figura 27 – Material corroído
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48 QUÍMICA APLICADA A PETRÓLEO E GÁS
Tabela1 – Potencial de redução dos elementos químicos
SEMI-REAÇÃO E0(V)
Li+(aq) + e– Li(s)
K+(aq) + e– K(s)
Ba2+(aq) + 2e– Ba(s)
Ca2+(aq) + 2e– Ca(s)
Na+(aq) + e– Na(s)
Mg2+(aq) + 2e– Mg(s)
Al3+(aq) + 3e– Al(s)
Mn2+(aq) + 2e– Mn(s)
Zn2+(aq) + 2e– Zn(s)
Cr3+(aq) + 3e– Cr(s)
Fe3+(aq) + 2e– Fe(s)
Cd2+(aq) + 2e– Cd(s)
Co2+(aq) + 2e– Co(s)
Ni2+(aq) + 2e– Ni(s)
Sn2+(aq) + 2e– Sn(s)
Pb2+(aq) + 2e– Pb(s)
2H+(aq) + 2e– H2(s)
Sn4+(aq) + 2e– Sn2+(s)
Cu2+(aq) + e– Cu(aq)
Cu2+(aq) + 2e– Cu(s)
O2+ 2H2O + 4e– 4OH–(aq)
I2(s) + 2e– 2I–(aq)
O2(g) + 2H+(aq) + 2e– H2O2(aq)
Fe3+(aq) + e– Fe2+(aq)
Ag+(aq) + e– Ag(s)
Hg2+2(aq) + 2e– 2Hg(l)
2Hg2+(aq) + 2e– Hg2+2(aq)
Br2(l) + 2e– 2Br+(l)
O2(g) + 4H+(aq) + 4e– 2H2O
Cr2O2–7(aq) + 14H+(aq) + 6e– 2Cr3+(aq) + 7H2O
Cl2(g) + 4e– 2Cl–
Au3+(aq) + 3e– Au(s)
MnO–4(aq) + 8H+(aq) + 5e– Mn2+(aq) + 4H2O
PbO2(s) + 4H+(aq) + SP2–4 (aq) + 2e– PbSO4(s) + 2H2O
H2O2(aq) + 2H+ (aq) + 2e– 2H2O
Co3+ (aq) + e– Co2+(aq)
O3(g) + 2H+(aq) + 2e– O2(g) + H2O(I)
F2(g) + 2e– 2F– (aq)
–3,05
–2,93
–2,90
–2,87
–2,71
–2,3
–1,66
–1,18
–0,76
–0,74
–0,44
–0,40
–0,28
–0,25
–0,14
–0,13
–0,00
+0,13
+0,15
+0,34
+0,40
+0,53
+0,68
+0,77
+0,80
+0,85
+0,92
+1,07
+1,23
+1,33
+1,36
+1,50
+1,51
+1,70
+1,77
+1,82
+2,07
+2,87
2 FUNDAMENTOS DE QUÍMICA 49
Grande parte dos materiais metálicos deteriora-se com o uso, quando expos-tos a ambientes oxidantes ou corrosivos. Como não é possível eliminar de todo a corrosão, a melhor maneira de garantir um bom projeto de engenharia está nos processos de controle da corrosão.
A corrosão pode ser defi nida como uma deterioração dos metais provocada por uma reação de oxirredução. Veja novamente a Figura 27.
A corrosão eletroquímica acontece, por exemplo, numa pilha do seu rádio ou lanterna. Vamos mostrar a corrosão que ocorre em uma barra de ferro na presen-ça de ácido clorídrico (HCl).
Com auxílio da Tabela1 – potencial de redução dos elementos químicos, na pá-gina ao lado, acompanhe as reações:
Oxidação
Fe0 Fe2+ + 2eE0 = + 0,44v (inverte a reação)
Equação global
Fe0 + 2H+ Fe2+ + H2
Redução
2H+ + 2e H2E0 = – 0,00v (permanece)
Fe2+ + 2e Fe0
E0 = – 0,44v2H+ + 2e H2
E0 = – 0,00v
Observe pelas reações que o valor do potencial do hidrogênio em solução (ácida) é maior que a do metal (ferro). Logo quem possui maior potencial de redução vai re-duzir a outra substância. No entanto, deverá fl uir sua equação no sentido da oxidação.
Anodo
É o eletrodo no qual há oxidação. Ele perde elétrons (–).
Catodo
É o eletrodo no qual há redução. Ele recebe elétrons (+)
Acompanhe os exemplos.
Anodo
Fe0 Fe2+ + 2eE0 = + 0,44v (inverte a reação)
Redução
2H+ + 2e H2E0 = – 0,00v (permanece)
50 QUÍMICA APLICADA A PETRÓLEO E GÁS
Figura 28 – Alguns exemplos de materiais corroídos
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2 FUNDAMENTOS DE QUÍMICA 51
Aqui ocorreu a corrosão de metal (ferro). A formação de seu íon corresponden-te indica que o metal passou para sua forma solúvel, ocorrendo portanto o des-gaste do material. Veja alguns processos corrosivos de diferentes formas:
Alveolar
Uniforme
Placas
Esfoliação
AlveolarQuando a corrosão produz escavações na superfície metálica.
UniformeQuando se processa em toda a extensão da superfície, ocasionando perda uni-
forme da espessura do material.
PlacasQuando não ocorre em toda extensão da superfície metálica e sim em regiões
da superfície, formando placas com escavações.
EsfoliaçãoÉ um tipo de corrosão subsuperfi cial, que se inicia em uma superfície limpa,
mas se espalha abaixo dela.
A corrosão, como foi descrita, ocorre pela a exposição do material em contato com a atmosfera. Alguns fatores que infl uenciam no processo de corrosão são:
Umidade relativa.
Substâncias poluentes, como materiais particulados e gases.
Fatores como o clima, vento, insolação, chuvas e a temperatura em que se encontra o material.
Para minimizar os efeitos ocasionados por esses fatores, utilizam-se como for-ma de controle os revestimentos para proteção.
Os revestimentos mais utilizados são:
Tintas
Esmaltes vítreos
Plásticos
Películas protetoras
Revestimentos metálicos
52 QUÍMICA APLICADA A PETRÓLEO E GÁS
As indústrias químicas, petrolíferas, petroquímicas, naval, entre outras, devem estabelecer rigorosas formas de con-trole dos processos corrosivos nos ambientes de produ-ção, tendo como objetivo os seguintes parâmetros:
Redução de custos nas substituições de peças ou equi-pamentos de produção (substituição de material corro-ído pode custar relativamente pouco em termos de perda de produção).
Perdas do processo na formação do produto acabado por motivo das diversas formas de contaminação.
Proteção dos funcionários envolvidos, com o objetivo de evitar paralisações acidentais.
Perda energética do processo, exigindo maior esforço dos equipamentos e, consequentemente, maior custo do produto final.
VOCÊSABIA?
Figura 29 – Corrosão na indústria petrolífera
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As tintas são consideradas o revestimento mais importante, devido à sua im-permeabilidade ao ar e à umidade. Geralmente as tintas são misturadas a pigmen-tos como zarcão, cromato de chumbo e cromato de zinco, que contribuem para a inibição da corrosão.
2 FUNDAMENTOS DE QUÍMICA 53
2.2 QUÍMICA INORGÂNICA
A Química Inorgânica estuda os elementos químicos com exceção do carbono, que compete à Química Orgânica. As substâncias inorgânicas são originadas dos minerais, e o número desses compostos é muito grande, sendo, portanto, dividi-dos em quatro funções conforme as suas características.
HCIágua H+ + Cl–
Os ácidos podem ser classifi cados de acordo com a presença ou não de oxigê-nio na sua molécula.
Ácidos compostos de oxigênio são chamados de oxiácidos.
Ácidos que não possuem oxigênio em sua composição são chamados de hi-drácidos.
Figura 30 – Dissociação do ácido clorídrico
As quatro funções da Química Inorgânica são:
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2.2.1 ÁCIDOS
Os ácidos são substâncias que apresentam características como: sabor azedo; formam substâncias aquosas que conduzem eletricidade e podem modifi car a cor de certas substâncias.
São várias as substâncias que contêm algum tipo de ácido. Um exemplo típico, voltado à área industrial, são as baterias automotivas. Elas são compostas de áci-do sulfúrico. Os ácidos na indústria química possuem papel fundamental na pro-dução de novos materiais.
A defi nição de Arrhenius teoriza que um ácido, em presença de água, forma íons H+ (Veja a Figura 30).
SAIS
ÓXIDOS
ÁCIDOS
BASES
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54 QUÍMICA APLICADA A PETRÓLEO E GÁS
NOMENCLATURA DOS ÁCIDOS
Hidrácidos
Os hidrácidos, ou seja, ácidos que não possuem oxigênio em sua composição, são nomeados da seguinte maneira:
H2SO4 Ácido sulfúrico (oxiácido)
HCl Ácido clorídrico (hidrácido)
Oxiácidos
São ácidos que possuem o oxigênio na formação de seu composto.
Quando o elemento forma apenas um oxiácido, é nomeado da seguinte forma:
ácido + nome do ânion + ídrico
HCl – ácido clorídrico
HF – ácido fl uorídrico
HBr – ácido bromídrico
ácido + nome do ânion + ico
Quando o elemento forma dois oxiácidos, a nomenclatura é feita de acordo com o NOX do elemento.
Quando o elemento está no seu maior NOX, utilizamos a terminação ico, como por exemplo, na molécula de H2SO4.
Utilizando os conceitos de NOX previamente estudados, podemos dizer que o en-xofre (S) possui NOX 6. Neste caso, o enxofre está no seu maior NOX, ele está alocado na família 16, e portanto pode ter no máximo NOX = + 6 . Neste caso, a nomenclatura é:
Ácido sulfúrico (H2SO4)
2 FUNDAMENTOS DE QUÍMICA 55
Quando o elemento está no seu menor NOX, utilizamos a terminação oso, co-mo por exemplo, na molécula de H2SO3. Calculando o NOX do enxofre nessa mo-lécula, verifi ca-se que ele apresenta valor igual a 4. Sabendo que o NOX máximo do enxofre é 6, podemos concluir que na molécula de H2SO3 o enxofre não está no seu maior NOX. Neste caso, a nomenclatura utilizada deverá ser diferente, em-pregando a terminação oso, conforme o exemplo abaixo:
Ácido sulfuroso (H2SO3)
2.2.2 BASES
As bases são substâncias que apresentam algumas características essenciais na indústria química. Em geral as bases são tóxicas e corrosivas.
Fazem algumas substâncias retornarem à sua cor natural, caso tenham sido al-teradas por alguma substância ácida.
Existem alguns elementos que formam três ou mais oxiáci-dos. Neste caso, obedecem a uma nova regra. Observe a nomenclatura de acordo com o NOX. O primeiro exemplo mostra o NOX mais alto e assim suces-sivamente.
Os exemplos abaixo demonstram o uso dessas nomenclaturas:
Ácido + per (nome do ânion) + ico
Ácido + nome do ânion + ico
Ácido + nome do ânion + oso
Ácido + hipo (nome do ânion) + osoNOX
HClO4 – Cloro no seu maior NOX, valor 7 ácido perclórico
HClO3 – Cloro no seu segundo maior NOX, valor 5 ácido clórico
HClO2 – Cloro no seu segundo menor NOX, valor 3 ácido cloroso
HClO – Cloro no seu menor NOX, valor 1 ácido hipocloroso
As bases são condutoras de eletricidade, quando
em solução aquosa.
VOCÊSABIA?
56 QUÍMICA APLICADA A PETRÓLEO E GÁS
As bases podem ser classificadas de acordo com o número de hidroxilas (OH–). O número de hidroxilas de uma base pode variar de um até quatro. Esse número depende do elemento ao qual a base está ligada.O valor do NOX (número de oxidação) para a hidroxila é igual a –1. Como as bases são elementos que não possuem carga, a soma do NOX dos elementos que a compõem tem que ser igual a zero.
Observe o exemplo abaixo.
Ca(OH)2Neste caso temos duas hidroxilas. O cálcio está na família 2, portanto seu NOX é +2. Para que a soma dos NOX seja igual a zero temos que ter duas hidroxilas (OH), partindo do princípio de que cada uma tenha o valor de NOX -1. Logo temos:
+ 2 + 2 x (–1) = 0
Em relação à solubilidade em água, as bases podem ser classifi cadas como:
Praticamente insolúveis Pouco solúveis Solúveis
As bases solúveis são as bases formadas por metais alcalinos, ou seja, elemen-tos da família 1, com exceção do hidrogênio.
As base pouco solúveis são aquelas compostas por metais da família 2 ou pe-los outros metais.
As bases também podem ser classifi cadas de acordo com o seu grau de ioniza-ção, que é o seu grau de dissociação iônica em água.
As bases com dissociação de praticamente 100% são chamadas de bases for-tes e são compostas por metais da família 1 e 2. As bases fracas são aquelas que apresentam grau de ionização menor que 5% e são formadas pelos demais metais da tabela periódica.
NaOH H2O Na+ + OH–
Figura 31 – Dissociação do hidróxido de sódio
Para Arrhenius, uma base pode ser defi nida como um composto que em solu-ção aquosa libera íons OH– (hidroxila).
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VOCÊSABIA?
2 FUNDAMENTOS DE QUÍMICA 57
NOMENCLATURA DAS BASES
Quando um elemento forma apenas uma base (monobásico), possui apenas uma hidroxila. A nomenclatura é feita da seguinte forma:
Hidróxido de + nome do elemento metálico
NaOH Hidróxido de sódio
Sn(OH)4– hidróxido estânico
Maior NOX + icoMenor NOX + oso
As monobases são aquelas formadas por elementos da família 1.
Veja o exemplo abaixo:
Quando o elemento forma duas bases, (dibásico) utiliza-se a regra do maior e do menor NOX vista anteriormente para os elementos ácidos. Quando o metal es-tiver no seu maior NOX, utilizaremos o sufi xo ico; quando o elemento o metal es-tiver no seu menor NOX, utilizamos o sufi xo oso.
O estanho forma duas bases, o Sn(OH)4 e o Sn(OH)2, e está localizado na famí-lia 14, portanto o maior NOX que este elemento pode atingir é + 4. Na base Sn(OH)4, o estanho possui valor de NOX igual a + 4; portanto, para nomeá-la utilizaremos o sufi xo ico. Observe:
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O estanho na base Sn(OH)2 apresenta NOX igual a + 2; portanto, nesta molécula ele não está no seu maior NOX, sendo necessário o emprego do sufi xo oso na nomenclatura.
58 QUÍMICA APLICADA A PETRÓLEO E GÁS
PROPRIEDADES DOS ÁCIDOS E DAS BASES
Vamos verifi car algumas diferenças entre os ácidos e as bases no quadro a seguir.
A soda cáustica, também conhecida como hidróxido de sódio, é um sólido branco produzido industrialmente por eletrólise e apresenta características tóxicas e corrosivas. No que diz respeito à indústria petrolífera, o hidróxido de sódio é utilizado na purificação dos derivados do petróleo. Na indústria química, o hidróxido de sódio é utilizado na produção de sabão.
Figura 32 – Soda caústica
Quando um ácido modifi ca a cor de uma substância, a base faz com que aquela substância retome a sua cor inicial
A união de um ácido com uma base forma sal e água. A essa reação damos o nome de neutralização
PROPRIEDADES ÁCIDOS BASES
São moleculares
Em grande parte são solúveis
Conduzem corrente em água
Família 1 e 2 iônicos e as demais bases moleculares
Em grande parte insolúveis
Conduzem corrente em água. Os hidróxidos alcalinos iônicos conduzem corrente elétrica quando fundidos
Estrutura
Solubilidade
Condutividade elétrica
Como indicadores
União
REAÇÕES DE NEUTRALIZAÇÃO
Uma reação de neutralização é uma junção entre um ácido e uma base. Os pro-dutos resultantes dessa reação são sal e água. Confi ra no exemplo a seguir.
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VOCÊSABIA?
2 FUNDAMENTOS DE QUÍMICA 59
A reação acima representa a união entre o ácido clorídrico (ácido) e o hidróxi-do de sódio (base). Esta reação tem como produto o sal, cloreto de sódio e uma molécula de água.
MEDIDA DE ACIDEZ E BASICIDADE
Para medir a acidez ou a basicidade de uma solução utilizamos uma escala de pH. Essa escala varia de zero a quatorze. Substâncias que apresentam valor de pH menor que 7 são classifi cadas como ácidas. Substâncias que apresentam valor de pH igual a 7 são denominadas neutras. As que apresentam valor de pH maior que 7 são denominadas básicas. Medir o pH torna-se uma importante ferramenta pa-ra a indústria. Por meio da aferição do pH podemos controlar o nível de acidez e basicidade das substâncias. Essas características estão diretamente ligadas ao sa-bor, cor e dissociação dos elementos, como os alimentos, por exemplo.
O limão é um exemplo de alimento de características ácidas. Para medir o ca-ráter ácido ou básico de uma substância utilizamos os indicadores de acidez e ba-sicidade. Um teste muito utilizado em laboratório é o papel tornassol (azul e ver-melho). O papel tornassol azul mede a acidez das substâncias. Caso as substâncias apresentem características ácidas, o papel, ao entrar em contato com essas subs-tâncias, torna-se de coloração avermelhada.
HCl (ácido)
+ +NaOH(base)
NaCl(sal)
H2O(água)
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Figura 33 – Limão
60 QUÍMICA APLICADA A PETRÓLEO E GÁS
Para medir o valor de pH utiliza-se uma fi ta que é comparada a um padrão de acordo com a sua coloração. Cada combinação de cores representa um valor de pH.
2.2.3 SAIS
São substâncias em que sua molécula é formada com pelo menos um cátion diferente de H+ e 1 ânion diferente de OH–.
FÓRMULA GERAL
Todo sal é formado por um cátion (X) proveniente da base que o gerou e de um ânion (Y) proveniente do ácido da reação de neutralização. Para colocar os índi-ces embaixo dos elementos na molécula basta verifi car o NOX do elemento ao la-do. Por exemplo, o NOX do cátion será o índice do ânion e o NOX do ânion será o índice do cátion, conforme o esquema a seguir:
Xb logo Xa YbYa
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Figura 34 – Leite de magnésia
Um exemplo de substância básica é o leite de magnésia, muito conhecido por todos nós. Neste caso utilizamos o papel tornassol vermelho. Ele identifi ca se a substância apresenta características básicas. Em contato com a substância básica, o papel tornassol vermelho torna-se de cor azul.
2 FUNDAMENTOS DE QUÍMICA 61
NOMENCLATURA DOS SAIS
A nomenclatura dos sais está relacionada com o ácido e a base que o forma-ram. Observe o esquema abaixo:
Todo sal proveniente de um ácido não oxigenado de nomenclatura ídrico terá na nomenclatura do sal correspondente a terminação eto. Sais formados por áci-dos oxigenados em que os ânions encontram-se no seu menor NOX (oso) serão nomeados com a terminação ito. Sais formados por um ácido de nomenclatura ico, ou seja, que estão no seu maior NOX serão nomeados com a terminação ato. A nomenclatura será feita da seguinte forma:
ídrico
oso
ico
ÁCIDO
eto
ito
ato
SAL
Confi ra no exemplo ao lado
NaCl Cloreto de sódio
Neste caso o sal (NaCl) é formado por um ácido não oxigenado, portanto a termi-nação para o ânion do sal será eto. Observe que o ânion proveniente do sal é o cloro (Cl) e o cátion proveniente da base é o sódio (Na). Assim a nomenclatura deverá ser:
HCl + NaOH NaCl + H2O
Nome do ácido de origem
Nome do cátion oriundo da base
etoitoato
de
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Ca2+ CaCl2Cl –
Al+3 Al2(SO4)3SO–24
Exemplo
62 QUÍMICA APLICADA A PETRÓLEO E GÁS
2.2.4 ÓXIDOS
Os óxidos podem ser defi nidos como compostos binários em que o oxigênio é o elemento mais eletronegativo. Obrigatoriamente o oxigênio tem que estar presente para ser óxido. A estrutura de um óxido, ou seja, sua fórmula geral é dada da mesma forma que a do sal. O valor do NOX do ânion será o índice do cátion e vice-versa.
Carbonato de cálcio (CaCO3)
O carbonato de cálcio é um importante sal. É comumente encon-trado na forma de calcita, calcário e mármore. O uso mais co-mum na indústria para o carbonato de cálcio é na produção de cal virgem (CaO) e na produção do cimento. Na agricultura, o carbonato de cálcio é utilizado para reduzir a acidez do solo.
Figura 35 – Carbonato de cálcio
Xb logo Xa YbYa
CLASSIFICAÇÃO E NOMENCLATURA DOS ÓXIDOS
Os óxidos podem ser classifi cados de acordo com suas características de rea-ção e os produtos provenientes dessas reações.
Óxidos básicos
São aqueles que, ao reagir com a água, formam uma base ou reagem com um ácido formando sal e água.
Na2O + H2O 2 NaOH
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VOCÊSABIA?
2 FUNDAMENTOS DE QUÍMICA 63
Existem alguns tipos de óxidos que se formam ou reagem de maneira diferenciada dos óxidos ácidos e básicos:
Óxidos neutrosSão óxidos que, ao contrário dos óxidos ácidos e dos ácidos básicos, não reagem com a água. Estes óxidos também não reagem com compostos ácidos nem com compostos básicos.
Óxidos duplosSão óxidos que apresentam comportamento como se dois óxidos tivessem se unido formando um só elemento.
PeróxidosSão óxidos que, ao reagir com a água ou com ácidos diluídos, produzem a água oxigenada.
Na2O Óxido de sódio
A nomenclatura dos óxidos é feita assim:
1 Quando forma só um óxido:
Óxido de + nome do elemento
ÓXIDOS ÁCIDOS
São óxidos que reagem com a água, produzindo um ácido, ou com uma base, produzindo sal e água.
2 Quando forma mais de um óxido:
Utiliza-se a terminação ico (maior NOX) e oso (menor NOX).Veja os exemplos para o ferro:
Fe2O3 Óxido férrico FeO Óxido ferroso
Pb3O4 2PbO + PbO2
SO3 + H2O H2SO4
H2O2
In-F
ólio
/Cris
Mar
cela
Veja os exemplos
A nomenclatura dos óxidos ácidos é feita assim:
Anidrido + nome do ânion + ico ou oso
SO3 Anidrido sulfúrico SO2 Anidrido sulfuroso
In-F
ólio
/Cris
Mar
cela
VOCÊSABIA?
64 QUÍMICA APLICADA A PETRÓLEO E GÁS
2.3 QUÍMICA ORGÂNICA
A Química Orgânica é a parte da Química que estuda os compostos do carbono. Os compostos orgânicos podem ser divididos em orgânicos naturais e sintéticos.
Os compostos orgânicos naturais são aqueles provenientes da natureza de for-ma vegetal ou animal, como o carvão mineral, o petróleo e o gás natural, entre ou-tros.
Já os compostos orgânicos sintéticos são aqueles produzidos pelas indústrias químicas, como os medicamentos, entre outros produtos.
O carbono é um elemento de número atômico 6 e está localizado na família 4 A, tendo, portanto, 4 elétrons na sua última camada.
Seguindo a regra do octeto, o carbono precisará de 8 ligações para que se tor-ne estável. A Figura 36 apresenta a estrutura de Lewis para o carbono. A Figura 37 apresenta a molécula do metano, em que o carbono encontra-se estabilizado.
Figura 36 – Estrutura de Lewis para o carbono
As quatro valências do carbono são iguais entre si. Somente diferentes tipos de ligante determinam os tipos de compostos formados.
Outras características importantes do carbono:
Figura 37 – Representação da molécula de metano
LIGAÇÕES SIMPLES LIGAÇÕES DUPLAS LIGAÇÕES TRIPLAS
Forma diferentes tipos de ligação
2 FUNDAMENTOS DE QUÍMICA 65
H
H
H
H H
CL
H C C C H
H H
H H H
Br
H C C C CH3
NO2
2.3.1 CLASSIFICAÇÃO DAS CADEIAS CARBÔNICAS
Veja como as cadeias carbônicas podem ser classifi cadas:
Aberta ou fechada
Normal ou ramifi cada
Saturada ou insaturada
Homogênea ou heterogênea
Liga-se a vários elementos químicos
Oxigênio, nitrogênio, enxofre, fósforo, cloro, fl úor, iodo e outros
H
H
H H
H HH
H C CH CH C H
H
H
H H H H
HH
H C C C C C C H
H
H H H
H H
HH
H C C C C C H
Forma cadeias
66 QUÍMICA APLICADA A PETRÓLEO E GÁS
ABERTAS OU FECHADAS
Cadeias abertas são aquelas que possuem pontas, também conhecidas como alifáticas. As cadeias fechadas são aquelas que formam ciclos.
NORMAL OU RAMIFICADA
As cadeias carbônicas normais são aquelas que apresentam uma única sequência. As cadeias ramifi cadas são aquelas que apresentam ramifi cações. Veja os exemplos:
H C C C C C C H
H
H
H
H
H
H
H
H
H
H
H
H
H C C H
H C C H
H
H
HCadeia fechada
Cadeia aberta
H C C C H
H
H
H
H
H
H
Cadeia normal
Cadeia ramifi cada
H C C C H
H
H
H
H
H
H C H
H
2 FUNDAMENTOS DE QUÍMICA 67
SATURADA OU INSATURADA
As cadeias carbônicas classifi cadas como saturadas são aquelas que apresen-tam apenas ligações simples entre os carbonos. São insaturadas quando apresen-tam ligações duplas ou triplas.
Observe que, no primeiro exemplo, a cadeia apresenta apenas ligações simples (−); portanto, será classifi cada como saturada. Já no segundo exemplo apresenta ligação dupla (=), portanto deverá ser considerada insaturada.
HOMOGÊNEA OU HETEROGÊNEA
As cadeias carbônicas homogêneas são aquelas em que não existe nenhum átomo diferente do carbono (heteroátomo) entre os carbonos. Na cadeia hetero-gênea existe um heteroátomo entre os carbonos.
H C C C H
H
H
H
H
H
H
H C C C H
H
H
HH
H
Cadeia insaturada
Cadeia saturada
Na página seguinte, confi ra nos exemplos que, quando o heteroátomo está na ponta da cadeia carbônica, ela será considerada homogênea.
Veja que a representação mostra uma cadeia sem heteroátomos; portanto, é classifi cada como homogênea. In
-Fól
io/P
aula
Mou
ra
68 QUÍMICA APLICADA A PETRÓLEO E GÁS
2.3.2 HIDROCARBONETOS
São compostos formados apenas por átomos de carbono, e hidrogênio. O no-me hidrocarboneto é justifi cado:
hidro-hidrogênio carboneto-carbono
Os hidrocarbonetos podem possuir cadeias abertas ou fechadas, saturadas ou insaturadas e normais ou ramifi cadas. Para cada tipo existe uma nomenclatura e classifi cação.
ALCANOS E CICLOALCANOS
Os alcanos são compostos de cadeia aberta que possuem apenas ligações simples.
Os cicloalcanos são compostos de cadeia fechada que também só possuem li-gações simples, conforme as representações mostradas na página ao lado.
Cadeia heterogêneaAqui o oxigênio se encontra entre dois carbonos. É uma cadeia heterogênea.
H C O C H
H
H
H
H
Cadeia homogênea
H C C C H
H
H
H
H
H
H
Aqui o oxigênio está na ponta da cadeia, ele não está entre dois carbonos, é classifi cada então como cadeia homogênea.
VOCÊSABIA?
H C C O H
H
H
H
H
2 FUNDAMENTOS DE QUÍMICA 69
NOMENCLATURA
QUANTIDADE DE CARBONOS
QUANTIDADE DE CARBONOS
PREFIXO PREFIXO
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
Met
Et
Prop
But
Pent
Hex
Hept
Oct
Non
Dec
De forma geral, a nomenclatura dos compostos orgânicos é feita utilizando-se um prefi xo para a quantidade de carbonos presentes na cadeia. Esses prefi xos são utilizados para todos os compostos orgânicos.
O sufi xo será determinado de acordo com a classifi cação do composto. No ca-so dos alcanos utilizamos a terminação ano. Observe a fi gura.
Esta molécula é composta por três carbonos; portanto, seu prefi xo será prop. Co-mo é composta apenas por ligações simples (alcano) sua terminação será ano, logo:
H C C C H
H
H
H
H
H
H
Prop + ano = propano
H C C C C C C H
H
H
H
H
H
H
H
H
H
H
H
H
Alcano Cicloalcano
CH2
CH2
CH2
CH2
H2C
H2C
70 QUÍMICA APLICADA A PETRÓLEO E GÁS
No caso dos compostos cíclicos, é preciso colocar a palavra ciclo para indicar que é um composto de cadeia fechada. A representação apresenta seis carbonos.
Neste caso, por ser uma cadeia fechada, a nomenclatura será ciclo-hexano. Ve-ja a confi guração:
Observe que a contagem em ambos os casos é feita pela extremidade mais pró-xima da dupla ligação. Todas as duas moléculas possuem quatro carbonos, por-tanto o prefi xo será but.
No primeiro caso a insaturação está no carbono 1; portanto, but-1-eno, ou ape-nas buteno. No segundo caso, a insaturação se encontra no segundo carbono, portanto but-2-eno.
CH2
CH2
CH2
CH2
2HC
2HC
ALCENOS
Os alcenos são compostos de cadeia aberta que possuem ligações simples e li-gação do tipo dupla. Sua nomenclatura é feita utilizando os prefi xos de acordo com a quantidade de carbonos e a terminação eno. A contagem dos carbonos é feita ini-ciando-se pela extremidade mais próxima da dupla ligação. É necessário que na no-menclatura seja descrito o número em que se encontra a insaturação (=).
C C C CH2
4
H3
2 1
H
3
H2
C C C CH3
H3 HH
But-1-eno
But-2-eno
1 3 42
2 FUNDAMENTOS DE QUÍMICA 71
A contagem é feita pela extremidade mais próxima da insaturação. A tripla li-gação encontra-se no segundo carbono (da direita para esquerda). Como temos no total cinco carbonos, o prefi xo será pent. Portanto temos pent-2-ino.
HIDROCARBONETOS RAMIFICADOS
Os hidrocarbonetos, sejam eles alcanos, alcenos, alcinos ou compostos cíclicos, podem apresentar ramifi cações. Neste caso, é necessário evidenciá-las na nomen-clatura; para tanto é necessário colocar o número onde se encontra a ramifi cação na cadeia carbônica. As ramifi cações podem ser: metil para um carbono, etil pa-ra dois carbonos, propil para três carbonos, butil para quatro carbonos e assim sucessivamente.
A cadeia principal sempre será a maior cadeia carbônica, seja ela aberta ou fe-chada. Em caso de haver insaturações além de ramifi cações, a contagem dos car-bonos será feita a partir da extremidade mais próxima da insaturação. No caso dos alcanos, que possuem apenas ligações simples, a contagem deverá ser feita a par-tir da extremidade mais próxima da ramifi cação.
H C C C C C H
H
H
H
H
H
H
ALCINOS
Os alcinos são compostos de cadeia aberta que possuem ligações simples e li-gação do tipo tripla. Sua nomenclatura é feita utilizando os prefi xos de acordo com a quantidade de carbono e a terminação ino. A contagem dos carbonos é feita ini-ciando-se pela extremidade mais próxima à tripla ligação. É necessário que na no-menclatura seja descrito o número em que se encontra a insaturação ( ).
Caso existam ramifi cações iguais na mesma molécula, podemos utilizar para nomeá-las os prefi xos:
di
tri
tetra
Confi ra, a seguir, quatro exemplos. In-F
ólio
/Pau
la M
oura
72 QUÍMICA APLICADA A PETRÓLEO E GÁS
Primeiro exemplo A cadeia principal está em amarelo. É composta de cinco carbonos li-gados apenas por ligações simples (alcanos). Portanto, teremos o prefi xo pent e a ter-minação ano. No caso das ramifi cações que precedem à nomenclatura, estão localiza-das nos carbonos 2 e 3. Ambas são do tipo metil, pois são compostas apenas de um carbono cada. Neste caso, este composto será nomeado como 2,3 dimetil pentano. Observe que precisamos colocar os dois números em que estão localizadas as ramifi -cações. O prefi xo di signifi ca que possuímos duas ramifi cações do mesmo tipo.
Segundo exemplo Revela uma cadeia principal composta por sete carbonos, todos com ligações do tipo simples. Portanto, a cadeia principal terá como prefi xo hept e o sufi xo ano. A contagem deverá ser feita da esquerda para a direita, pois as ra-mifi cações estão mais próximas da extremidade da esquerda. Temos duas ramifi -cações do tipo metil nos carbonos 2 e 6 e uma ramifi cação do tipo etil localizada no carbono 3. Logo a nomenclatura fi cará assim:
Terceiro exemplo Demonstra uma cadeia principal composta por seis carbonos e contendo uma ligação dupla (=) alceno. Portanto, a cadeia principal terá como pre-fi xo hex e como sufi xo eno, lembrando que a dupla ligação está no carbono 2. No caso das ramifi cações temos uma ramifi cação do tipo metil no carbono 2 e uma ramifi cação do tipo etil no carbono 4. Veja a ramifi cação:
4-etil-2-metil-hex-2-eno C C C C C CH3
H3 CH3 H CH2
CH3
H2
H
C C C C C C CH3
H3
CH3
H
H CH3H H
H HH C H
CH3
C C C C C
H3 CH3 CH3 H2 H3 2,3 dimetil pentano
1 3 4 52
1 3 4 5 62
2,6 dimetil-3 etil-heptano
2 FUNDAMENTOS DE QUÍMICA 73
Quarto exemplo Demonstra uma ca-deia principal com seis carbonos e uma insaturação dupla no carbono 2. A ramifi cação é do tipo metil e es-tá localizada no carbono 5. Confi ra a nomenclatura ao lado:
HIDROCARBONETOS AROMÁTICOS
São compostos que possuem em sua fórmula estrutural pelo menos um anel benzênico na molécula.
C C C C C C
H3 H3CH3 H2 H H
H
5-metil-hex-2-eno
H
H
HH
HH
C
C
C C
C C
A melhor forma de obtenção dos compostos aromáticos em produção indus-trial é por meio da hulha (variedade de carvão mineral) em processos especiais de destilação. Esses hidrocarbonetos não seguem uma norma fi xa em sua nomencla-tura, sendo usualmente adotados os nomes comerciais. Os compostos aromáticos apresentam propriedades químicas semelhantes às dos hidrocarbonetos, possuin-do seu ponto de fusão um pouco mais elevado, já que suas moléculas são planas, o que permite maior interação intermolecular.
Benzeno
Metil benzenoTolueno
1,2-Dimetil benzenoOrto-dimetil benzeno2-Metil tolueno
1,4-Dimetil benzenoPara-dimetil benzeno4-Metil tolueno
Isopropil benzenoCumeno
Vinil benzenoEstireno
Fenil benzenoDifenilo
Naftaleno Antraceno Fenantreno
CH3 CH3
H3C CH3H3C
H3C C CH3
H
C CH3
H
Aqui estão alguns exemplos de compostos aromáticos
In-F
ólio
/Cris
Mar
cela
74 QUÍMICA APLICADA A PETRÓLEO E GÁS
O PETRÓLEO E OS HIDROCARBONETOS
O petróleo é uma substância formada por uma mistura de diversos compostos orgânicos. Dentre eles estão compostos mais complexos, em que os elementos enxofre e nitrogênio estão presentes e são responsáveis pela poluição liberada na queima de alguns combustíveis, como por exemplo a gasolina e o diesel. Os prin-cipais componentes do petróleo são os alcanos.
O GÁS NATURAL
O gás natural é uma mistura de gases em que o metano (CH4) tem uma com-posição acima de 70%. Os demais gases que compõem o gás natural são H2S, CO2, NO2, entre outros. O gás natural, assim como o petróleo, são encontrados em lo-cais subterrâneos denominados jazidas. No Brasil, as reservas de gás natural estão localizadas principalmente em Santos e em Campos.
2.3.3 FUNÇÕES OXIGENADAS
Diferentemente dos hidrocarbonetos, as funções orgânicas oxigenadas não pos-suem apenas carbono e hidrogênio em sua composição; possuem também átomos de oxigênio. Em relação à nomenclatura, podemos destacar que os prefi xos utiliza-dos para os hidrocarbonetos são utilizados para todas as funções oxigenadas.
ÁLCOOL
São compostos orgânicos que possuem uma ou mais hidroxilas (OH) ligadas a carbonos saturados, ou seja, que fazem ligações simples.
A nomenclatura destes compostos é dada de forma que numeramos a cadeia carbônica a partir da extremidade onde está ligado o grupo funcional. Numera-mos apenas os carbonos. A terminação para o álcool é ol.
Neste caso também é preciso indicar em qual carbono está ligada a hidroxila e evidenciá-la na nomenclatura. Confi ra nos exemplos 1 e 2.
In-F
ólio
/Pau
la M
oura
Como combustível, o gás natural se destaca pelo seu alto poder calorífi co e por ser menos poluente do que os combustíveis derivados do petróleo.
2 FUNDAMENTOS DE QUÍMICA 75
Nesta molécula (exemplo 1) temos dois carbonos e a hidroxila está ligada ao primeiro carbono. O nome des-te composto é etano-1-ol. É etano porque temos dois carbonos na cadeia, ano por ter apenas ligações sim-ples entre carbonos e ol porque se trata de um álcool, que por sua vez está localizado no carbono 1.
Neste caso (exemplo 2) temos três carbonos e a hidroxila está ligada ao carbono 2. O nome deste composto é pro-pano-2-ol. Prop porque se trata de uma molécula com três carbonos, ano porque as ligações entre os carbonos são do tipo simples e ol porque se trata de um álcool (OH), que por sua vez está ligado ao segundo carbono.
In-F
ólio
/Pau
la M
oura
Caso a molécula
possua ramifi cações, a
contagem de carbonos
será feita a partir do
carbono em que a
hidroxila estiver
diretamente ligada.
H C C OH
H
H
H
H
Exemplo 2
Exemplo 1
H C C C H
H
H
H
OH
H
H
O grupo funcional que representa o álcool é R-OH, em que R é uma cadeia carbônica saturada.
In-F
ólio
/Pau
la M
oura
FENOL
São compostos orgânicos oxigenados em que a hidroxila (OH) está ligada di-retamente ao anel aromático.
A nomenclatura destes compostos é feita de forma diferente. Utilizamos à pa-lavra hidroxi para designar a hidroxila.
O etanol é o composto mais importante dos álcoois. Pode ser utilizado na limpeza doméstica, como solvente indus-trial e principalmente como combustível. No Brasil, o álcool é obtido pelo processo de fermentação da cana-de-açúcar.
VOCÊSABIA?
76 QUÍMICA APLICADA A PETRÓLEO E GÁS
A molécula do exemplo 1 é chamada de hidroxi-benzeno. Hidroxi devido à hidroxila e benzeno, pois o composto aromático é o benzeno. Na molécula do exemplo 2 temos uma ramifi cação do tipo metil. Neste caso, ela também fará par-te da nomenclatura. A contagem dos carbonos é feita a partir do carbono a que a hidroxila (OH) está ligada. A nomenclatura é 2-metil-1-hidroxi-benzeno. Obser-ve que a ramifi cação está ligada ao segundo carbono.
OH
Exemplo 1
Exemplo 1
Exemplo 2
CH3
OH2
5
13
64
ÉTER
Os éteres são compostos orgânicos em que o oxigênio está ligado a duas ca-deias carbônicas ao mesmo tempo, ou seja o oxigênio está entre dois carbonos.
A nomenclatura é feita nomeando-se primeiro o menor grupo acrescentando a palavra oxi e depois se nomeia o segundo grupo utilizando a regra dos hidrocar-bonetos. Acompanhe os exemplos 1 e 2.
No exemplo 1, ambas as cadeias carbônicas são compostas de apenas um car-bono. Neste caso, o prefi xo utilizado será met. A nomenclatura deste composto é metóxi-metano. Met por só ter um carbono, oxi por ser um éter e metano por-que o segundo grupo é um hidrocarboneto de cadeia simples (alcano) composto por apenas um carbono.
No exemplo 2, temos duas cadeias carbônicas, uma com um carbono e outra com dois carbonos. Seguindo a regra, temos a nomenclatura metóxi-etano. Me-nor grupo + oxi seguido do nome do segundo grupo. Prefi xo met porque o me-nor grupo possui apenas 1 carbono e prefi xo et para o segundo grupo por ter dois carbonos. A cadeia é saturada, por isso a terminação ano.
H C O C H
H
H
H
H
H C C O CH3
H H
H H
Exemplo 2
In-F
ólio
/Pau
la M
oura
O grupo funcional que representa o éter é R-O-R’, em que R e R’ são cadeias carbônicas saturadas iguais ou diferentes.
2 FUNDAMENTOS DE QUÍMICA 77
ALDEÍDOS
São compostos orgânicos em que um carbono da extremidade faz uma dupla ligação com o oxigênio e uma ligação simples com o hidrogênio.
No exemplo 1, a nomenclatura é feita contando os carbonos a partir do carbo-no do grupo funcional e a terminação utilizada é al. Caso a cadeia possua ramifi -cações, é necessário que ela seja identifi cada na nomenclatura. Et porque só te-mos dois carbonos e al por ser uma molécula de aldeído.
No exemplo 2, metil porque a ramifi cação só possui um carbono e está locali-zada no carbono 2, prop porque a cadeia principal possui três carbonos e al por ser um aldeído.
Exemplo 1
H C C
H
H
H
O
Etanal
Exemplo 2
H C C C
H H
H
H H C H
H
O
2-metil-propanal
CETONA
São compostos que possuem uma carbonila (C = O) entre carbonos.
A nomenclatura é feita contando os carbonos a partir do carbono que está na ex-tremidade mais próxima do grupo funcional e a terminação utilizada é ona.
Caso a cadeia possua ramifi cações, é necessário que ela seja identifi cada na no-menclatura.
A molécula mostrada como exemplo é identifi cada como propan-2-ona; prop por ter três carbonos na cadeia principal e 2-ona por ser cetona e se localizar no se-gundo carbono.
In-F
ólio
/Pau
la M
oura
O grupo funcional que representa o aldeído é
em que R é uma cadeia carbônica.
R CO
H(CHO) ou
In-F
ólio
/Pau
la M
oura
Veja no exemplo ao lado.
O grupo funcional que representa a cetona é C = O.
H C C C H
H
H
HO
H
Exemplo
78 QUÍMICA APLICADA A PETRÓLEO E GÁS
ÁCIDO CARBOXÍLICO
Os ácidos carboxílicos são compostos orgânicos oxigenados que se caracteri-zam por conter em sua molécula o grupamento COOH na cadeia carbônica.
A nomenclatura destes compostos é feita de forma que a contagem inicia-se pelo carbono do grupo funcional (carboxila). A terminação utilizada é oico. Caso haja ramifi cação, ela deve ser expressa na nomenclatura. Por ser um ácido, a pala-vra ácido também consta na nomenclatura. A seguir veja dois exemplos.
No exemplo 1, a nomenclatura é assim descrita, pois ácido representa uma molécula de caráter ácido. O pre-fi xo pent corresponde à quantidade de cinco carbonos e oico por ser um ácido carboxílico.
No exemplo 2, a palavra ácido ca-racteriza a molécula, 3 metil repre-senta a ramifi cação que está ligada ao carbono 3 da cadeia principal e oico por ser um ácido carboxílico.
ÉSTERES
Os ésteres são compostos orgânicos formados por meio da troca do hidrogê-nio no grupamento carboxila por uma cadeira carbônica aberta ou fechada.
In-F
ólio
/Pau
la M
oura
A nomenclatura dos ésteres é assim representada:
Acompanhe o exemplo 1, Etanoato de metila e o exemplo 2, Benzoato de metila, mostrados na página ao lado.
Primeiro grupo + ato + segundo grupo + ila
H C C C C C
H H H H
H HH H
O
OH
Ácido pentanoico
Ácido 3-metil-butanoico
H C C C C
H H H
H HCH3 H
O
OH
Exemplo 1
Exemplo 2
4 3 2 1
O grupo funcional que representa o ácido carboxílico é
COH
OCOOH ouIn
-Fól
io/P
aula
Mou
ra
2 FUNDAMENTOS DE QUÍMICA 79
Veja no exemplo1: etano porque o primeiro grupo apresenta dois carbonos e apenas ligações simples entre os carbonos; + ato, que indi-ca o éster, met por ter apenas um carbono no segundo grupo + ila que representa a nomenclatura do éster.
No exemplo 2, benzoato por-que o primeiro grupo é constituí-do pelo aromático benzeno + ato, que representa a nomenclatura do éster, met porque o segundo gru-po apresenta apenas um carbono e ila, que também representa a nomenclatura do éster.
H C C
H HH
H HH
O
O C H
Etanoato de metila
Benzoato de metila
Exemplo 1
Exemplo 2
In-F
ólio
/Cris
Mar
cela
H
H
O C H
O
AMINAS
H C C NH2
H H
H H
H C N C C H
H H H
H H H H
H C C N C C H
H H H H
H H H H
Primárias
Secundárias
Terciárias
2.3.4 COMPOSTOS NITROGENADOS
AMINAS
São compostos que possuem origem nos derivados da molécula de amônia (NH3), quando temos a substituição de um ou mais hidrogênios ligados à molécu-la por um hidrocarboneto.
80 QUÍMICA APLICADA A PETRÓLEO E GÁS
Segundo a IUPAC (União Internacional de Química Pura e Aplicada), a nomen-clatura estabelecida, coloca como terminação a palavra amina. Veja os exemplos:
Etilamina
Etil-metilamina
Fenil-dietilamina
H C C NH2
H H
H H
H C N C C H
H H H
H H H H
H C C N C C H
H H H H
H H H H
AMIDAS
São compostos derivados do ácido carboxílico por substituição do grupo oxi-drila (OH–) pelo grupo (–NH2). Sua nomenclatura recomenda colocar a palavra amida após o hidrocarboneto correspondente. Confi ra nos exemplos:
Exemplo 1
H C C C
H H
H H
O
NH2
Propanoamida
H C C C
H HH
H HHCH2
CH3
O
N C CH3
Exemplo 2
n,n-dietil-propanoamida
In-F
ólio
/Cris
Mar
cela
2 FUNDAMENTOS DE QUÍMICA 81
NITROCOMPOSTOS
São formados pelo grupo funcional denominado nitro (–NO2). A IUPAC reco-menda o emprego do prefi xo nitro na nomenclatura desses compostos.
NITRILOS
Apresentam o grupo funcional – C N; sua nomenclatura; possui a termina-ção nitrilo com o hidrocarboneto correspondente.
É também empregado o prefi xo cianeto em sua nomenclatura.
H C C C N
H H
H H
Propanonitrilo ou Cianeto de etila
Exemplo 1
H C C NO2
H H
H HNitro etano
2.4 ESTUDO DOS GASES
O estudo dos gases possibilita a você compreender a relação desses gases e a aplicação correta das variáveis de processo como pressão, temperatura e nível.
Permite também um entendimento maior das tecnologias atualmente aplica-das no processo de extração e produção de gás natural e de outras frações gaso-sas do petróleo.
In-F
ólio
/Pau
la M
ouraO gás natural é
uma mistura de hidrocarbonetos que têm origem na decomposição da matéria orgânica.
82 QUÍMICA APLICADA A PETRÓLEO E GÁS
Unidade Símbolo Equivelência
2.4.1 VARIÁVEIS DE ESTADO DE UM GÁS
PRESSÃO
É uma grandeza que relaciona a força aplicada a uma superfície. A colisão en-tre as moléculas do gás em determinado recipiente gera uma força resultante de-nominada pressão relativa, pois leva em consideração a pressão atmosférica lo-cal. Portanto, a pressão medida de um gás em uma tubulação pode ser chamada de pressão relativa ou manométrica.
Pressão absoluta
Pressão de vácuo Pressão manométrica
Pressão diferencial
Pressão diferencial
Grau de vácuo
Vácuo perfeito Pressão atmosféricaIn
-Fól
io/C
ris M
arce
la
A pressão de um gás pode ser medida em atmosfera (atm), centímetro de mer-cúrio (cmHg) e milímetro de mercúrio (mmHg).
Figura 38 – Relação entre as grandezas de pressão
CONVERSÃO DE UNIDADES – PRESSÃO
Pascal
Atmosfera
Bar
Torricelli
Milímetro de mercúrio (convencional)
Libra por polegada quadrada
Milímetro de água
Pa
atm
bar
Torr
mmHg
psi
mmH2O
= 1 N.m–2 = 1 kg.m–1.s–2
= 101325 Pa = 101325 N.m–2
= 105 Pa
= (101325/760) Pa ~ 133,323 Pa
= 1 torr
~ 6,894 757 x 103 Pa
~ 9,859 503 Pa
2 FUNDAMENTOS DE QUÍMICA 83
TEMPERATURA
É a medida da energia cinética ou grau de liberdade que as moléculas possuem em um sistema equilibrado. A transferência de energia térmica entre os corpos possibilita a elaboração de diversos tipos de escala, resultando nas mais variadas formas de medi-la: escalas Celcius, Fahrenheit, Kelvin, Rankine entre outras.
Em trabalhos científi cos, o Kelvin é adotado de forma unânime, principalmen-te por apresentar teoricamente seu valor absoluto.
Nem sempre o aumento da temperatura está diretamente relacionado ao aumento de energia, como, por exemplo, nas mudanças de estado físico.
Figura 39 – Curva dos pontos de fusão e ebulição da água
Temperatura
Quantidade de calor absorvido
TE
TF
A
B C
D E
F
Corpo sem energia alguma = 0 K
In-F
ólio
/Pau
la M
oura
In-F
ólio
/Cris
Mar
cela
Cada trecho no diagrama indica:
AB – Somente sólido
BC – Sólido em fusão + líquido
CD – Líquido
DE – Líquido em ebulição + vapor
EF – Vapor
TF – Temperatura de fusão
TE – Temperatura de ebulição
Neste caso verifi camos a presença de calor sensível (com variação de temperatura) e calor latente (sem variação de temperatura, porém propiciando a mudança de estado físico)
VOCÊSABIA?
84 QUÍMICA APLICADA A PETRÓLEO E GÁS
CONVERSÃO DE UNIDADES – TEMPERATURA
ºF – Graus Fahrenheit
ºC – Graus Célsius ou Centígrados
ºR – Graus Rankine ou Réaumur
K – Kelvin
ºC ºR ºF – 32 K – 2735 4 9 5
= = =
VOLUME
Toda matéria ocupa lugar no espaço. Portanto, a medida da quantidade de es-paço ocupado por um sólido, líquido ou gás poderá ser avaliada em unidades co-mo cm3, m3, in3, entre outras unidades.
A unidade de medida de volume no Sistema Internacional de Unidades é o me-tro cúbico (m3), sendo também aceito o litro (L).
Unidade Símbolo Equivelência
CONVERSÃO DE UNIDADES – VOLUME
metro cúbico
litro
lambda
barril (US)
galão (US)
galão (UK)
m3
l, L, l
λ
US-bl
US-gal
B-gal
= 1m3
= dm³ = 10–3m3
= μl = 10–6d87m3
~ 158,987dm3
= 3,78541dm3
= 4,546 09dm3
O aparelho utilizado para medir a densidade dos materiais é o densíme-tro. Esse aparelho pode ser encontrado com facilida-de nos postos de gasolina; tem a finali-dade de medir a densidade do álcool que está sendo vendido.
Figura 40 – Densímetro de posto de combustíveis
In-F
ólio
/Jos
é Ca
rlos
Mar
tins
VOCÊSABIA?
2 FUNDAMENTOS DE QUÍMICA 85
2.4.2 TRANSFORMAÇÕES COM MASSA GASOSA FIXA
Transformações gasosas podem ocorrer em uma massa constante, quando apli-camos valores diferentes às variáveis deste gás. Chamamos de gás ideal ou gás perfeito o modelo teórico que obedece às equações:
Onde:
p = pressão
V = volume
T = temperatura
K = constante
n = número de mol
R = constante geral dos gases
p . VT
= k p . V = n . R .Te
P1 . V1T1
= k1 P2 . V2T2
= k2e
k1 = k2 P1 . V1 P2 . V2T1 T2
=
Na prática, temos gases reais. Um gás real tende para o gás ideal quando a pres-são tende a zero e a temperatura se eleva.
Submetendo um gás a qualquer variação, suas condições iniciais e fi nais serão dadas pelas equações:
Como a mesma quantidade de gás, as constantes k1 e k2 são iguais, temos:
In-F
ólio
/Pau
la M
oura
Como você verifi cou, constatamos aqui que o volume é inversamente proporcional à pressão e diretamente proporcional à temperatura.
86 QUÍMICA APLICADA A PETRÓLEO E GÁS
Transformações isotérmicas
Ocorrem sem alteração da temperatura do respectivo gás(Lei de Boyle e Mariotte):
V1 V2T1 T2
=
P1 P2T1 T2
=
P1 . V1 = P2 . V2 = K
Transformações isobáricas
Ocorrem sem alteração da pressão. É conhecida como a Lei de Charles e Gay--Lussac.
Transformações isocóricas
Ocorrem sem alteração do volume. É conhecida como a Segunda Lei de Char-les e Gay-Lussac.
O físico e químico inglês John Dalton (1766-1844), criador da teoria atômica, publicou o artigo Absorção de gases pela água e outros líquidos, estabelecendo o princípio básico de sua teoria:
A pressão total de uma mistura de gases é igual à soma das pressões parciais dos gases que a constituem
A pressão parcial, nesse caso, seria a pressão de cada gás individualmente. Com base nessa teoria, criou a Teoria de Dalton, na qual constatou que os átomos de determinado elemento eram iguais e de peso invariável, concluindo que átomos de diferentes elementos são diferentes entre si.
In-F
ólio
/Pau
la M
oura
As equações acima se aplicam somente para massas fi xas do respectivo gás e em condições ideais.
VOCÊSABIA?
2 FUNDAMENTOS DE QUÍMICA 87
Exemplo
Em uma bombona de 50 litros são colocados 5 mol de um gás perfeito à tem-peratura de 300K. Qual a pressão exercida pelo gás nessas condições?
2.4.3 CONDIÇÕES NORMAIS DE TEMPERATURA E PRESSÃO (CNTP)
Um gás encontra-se nas CNTP quando suas variáveis possuem os valores:
p = 1 atm 760mmHgou T = 00C 273Kou
2.4.4 EQUAÇÃO DE CLAPEYRON
Podemos calcular uma constante universal para os gases ideais, sabendo que as transformações das variáveis do estado do gás geram um valor único para as unidades correspondentes.
atm. Lmol . K
R = 0,082
1mol . K
R = 8,31
2calmol . K
R =
R = 62,3mmHg . L / K . mol
P . V = n . R . T
n . R . TV
p =
R = 0,082 atm . L / K . mol
Esta constante foi calculada relacionando uma massa fi xa de gás (1 mol) e justifi cando o uso da expressão:
Resolução
n = 5 mol
V = 50L
T = 300 K
p . V = n . R . T
5 . 0,082 . 30050
p = = 2,46 atm
Devemos aplicar a constante universal que corresponda a unidades usadas pelas variáveis de estado.
88 QUÍMICA APLICADA A PETRÓLEO E GÁS
2.4.5 HIPÓTESE DE AVOGADRO
Reconhecendo que diferentes tipos de moléculas gasosas possuem diferentes massas, Amedeo Avogadro elaborou a lei conhecida como Hipótese de Avogadro:
Volumes iguais de diferentes gases, nas mesmas condições de temperatura e pressão, possuem a mesma quantidade de matéria
Volume molar
É o volume ocupado por 1 mol de qualquer gás nas CNTP (condições normais de temperatura e pressão), ou seja, na temperatura de 273K e 1 atm de pressão.
22,4L / mol
2.4.6 MISTURA DE GASES
A maior parte dos sistemas gasosos naturais encontra-se na forma de misturas, principalmente por possuírem miscibilidade, independente da proporção dos for-madores da mistura.
Pressão parcial
Conhecida como Lei de Dalton das pressões parciais.
A pressão de um sistema corresponde à soma das pressões exercidas pelos componentes da mistura
Como a massa de um gás ocupa um volume cons-tante, podemos relacionar a pressão total e parcial com a fração molar do respectivo gás.
Volume parcial
É o volume que o gás ocuparia sob a infl uência da pressão total da mistura ga-sosa e sob a mesma temperatura; é a Lei de Amagat.
PTotal = P1 + P2 + ...
P1 = PTotal . X1
VTotal = VA + VB + ... + VN
VA = XA . VT P . VT = nT . RT
nA
nTotalXA =
2 FUNDAMENTOS DE QUÍMICA 89
O volume parcial de cada gás da mistura corresponde proporcionalmente à quantidade de matéria do gás (número de mol), sendo uma relação do volume ocupado por um dos componentes e o volume total. Temos a mesma relação de sua fração molar (XA).
Cálculo de combustíveis gasosos
Quando uma combustão em que tanto os reagentes quanto os produtos de uma reação encontram-se em seu estado gasoso, temos maior facilidade para calcular por meio da estequiometria em volume, utilizando a equação dos gases perfeitos.
2.4.7 DENSIDADE DOS GASES, DIFUSÃO E EFUSÃO DE GASES
DENSIDADE ABSOLUTA
A densidade absoluta de um gás é o quociente entre a massa e o volume des-se gás, avaliado segundo a sua temperatura e pressão. Podemos deduzir a densi-dade absoluta de um gás aplicando a equação de estado dos gases ideais:
P1 . V1 P2 . V2T1 T2
=
A combustão do gás propano obedece à estequiometria da reação para as mesmas condições de temperatura e pressão.
C3H8 + 5O2 3CO2 + 4H2O
Nesta reação, as proporções molares 1:5 e 3:4 não depen-dem das condições de temperatura e pressão, pois utilizam a unidade química de quantidade de matéria (mol), ou seja, está diretamente relacionada a sua massa.
mMM
P . V = R . Tou
Onde:
P = Pressão
V = Volume
m = massa
R = Constante do gás
T = Temperatura
MM = Massa molecular
n = Número de real
P . V = n . R . T
VOCÊSABIA?
90 QUÍMICA APLICADA A PETRÓLEO E GÁS
Em termos gerais, sendo a densidade a razão entre a massa e seu volume, temos:
PMRT
mV
=
Onde:
P = Pressão
MM = Massa molecular
m = massa em gramas
R = Constante dos gases
T = Temperatura
V = Volume
A unidade usada é g / L
DENSIDADE RELATIVA
É dada pela relação entre suas densidades absolutas.
DIFUSÃO E EFUSÃO DOS GASES
DifusãoMiscibilidade espontânea
EfusãoPassagem de um gás por
pequenos orifícios
Por meio de resultados experimentais, o físico inglês Graham, em 1928, estabe-leceu a seguinte relação matemática:
A velocidade de difusão e efusão de um gás é inversamente proporcional à raiz quadrada de sua densidade
v1
v2 =
d2
d1
PMART
dA = PMBRT
dB =
dAdB
MAMB
=
dAdB
PMA/RTPMB/RT
=
Podemos concluir, por estas relações, que quanto maior for a massa molar de um gás, maior será sua densidade.
Onde:
P = Pressão
d = Densidade
MM = Massa molecular
R = Constante dos gases
T = Temperatura
Onde:
v = Velocidade
d = Densidade
2 FUNDAMENTOS DE QUÍMICA 91
Para a mesma pressão e temperatura, a relação entre as densidades de dois ga-ses é igual à relação entre suas massas molares.
SAIBA MAIS
No Brasil, o INMETRO – Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia tem como uma de suas competências:
Verificar a observância das normas técnicas e legais no que se refere às unidades de medidas, métodos de medição, medidas materializadas, instrumentos de medição e produtos pré-medidos
O INMETRO possui um laboratório de análise de gases e atua no desenvolvimento de novas metodologias analíticas para o processo de certificação de misturas gasosas a partir de padrões primários de referência (Padrões Primários de Misturas Gasosas – PPMG), trabalhando em linhas de pesquisa e ensaios de proficiência.
In-F
ólio
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Mar
cela
Figura 41 – Página do INMETRO na internet
In-F
ólio
/Pau
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oura
Entre no site do INMETRO e faça sua pesquisa.
www.inmetro.gov.br
92 QUÍMICA APLICADA A PETRÓLEO E GÁS
A QUÍMICA DA ÁGUA NOS PROCESSOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR
Todas as indústrias que trabalham com calor, utilizando a água como veículo na transferência de energia, dependem diretamente que os parâmetros químicos dessa água atendam a especifi cações que evitem problemas.
Esses problemas são: entupimento das tubulações de vazão, oxidação dos materiais metálicos dos equipamentos envolvidos no processo, condutividade elétrica e aumento ou redução descontrolada da condutividade gerada pelos equipamentos.
SUSTENTABILIDADE APLICADA
A água extraída em grandes campos petrolíferos durante muito tempo foi
desperdiçada, não sendo possível aproveitar as suas inúmeras aplicabilida-
des nos processos industriais. A reutilização da água, hoje, é uma realidade,
e seu aproveitamento na geração de vapor permite processos com melhor
resultado, principalmente quando usadas para retirar o óleo altamente vis-
coso dos depósitos rochosos onde o encontramos.
A qualidade da água usada nesses processos deve ser rigorosamente moni-
torada, a fi m de evitar problemas de incrustações provocados por sais inso-
lúveis formados principalmente por cálcio e magnésio e processos corrosi-
vos devido à condutividade da água, acidez e outros parâmetros que devem
ser controlados.
Mesmo exigindo formas de controle, o aproveitamento dessa água permi-
te uma diminuição signifi cativa do uso da água que possui parâmetros de
potabilidade (própria para consumo humano), o que gera benefícios para
toda a sociedade, de forma a contribuir no ciclo de sustentabilidade no qual
todos devem estar envolvidos com seu uso consciente de forma efi ciente,
permitindo um futuro digno com água de qualidade para todos.
Muitos estudos ainda são realizados para que seu aproveitamento possa ser
feito em outras áreas, como por exemplo na agricultura, dependendo da
avaliação completa de seu impacto sobre o ser humano, proporcionando
um consumo com qualidade e segurança.
CASOS E RELATOS
2 FUNDAMENTOS DE QUÍMICA 93
Esses problemas podem ocasionar acidentes perigosos em locais de trabalho como, plataformas de petróleo, indústrias de polímeros, entre outros.
Veja alguns exemplos de parâmetros de controle em água de processo em caldeiras e refrigeração:
Condutividade
Dureza
pH In-F
ólio
/Cris
Mar
cela
Condutividade
Alguns íons, como os cloretos (Cl–) em solução aquosa, permitem o aumento do fl uxo de elétrons em solução, tornando a solução mais condutora e aumentan-do os processos, como os de corrosão.
Dureza
Também chamada de água dura. Este controle é efetuado verifi cando-se a re-dução de íons de cálcio e magnésio em solução. Estes são responsáveis pela for-mação de incrustações em tubulações, diminuindo a capacidade de fl uxo de e au-mentando o risco de explosão da caldeira em vale.
pH
O potencial hidrogeniônico (pH) é controlado evitando reações paralelas ou mesmo a solubilização dos metais que participam da instrumentação de análise e de processo. Outras importantes análises são efetuadas, como: alcalinidade, fosfa-tos, sílica entre outros, em que a compreensão desses parâmetros químicos pelo analista e pelo operador é de grande importância na redução dos riscos inerentes ao processo.
Plataformas de petróleo, refi narias e indústrias devem obrigatoriamente con-trolar a qualidade da água de seus processos. Isso evita acidentes que possam con-taminar o meio ambiente e gerar prejuízo para a sociedade.
Na página seguinte você vai encontrar o texto
RECAPITULANDO, sobre o capítulo que você
acabou de estudar.
94 QUÍMICA APLICADA A PETRÓLEO E GÁS
Partículas negativas elétrons
Partículas positivas prótons
Partículas sem cargas nêutrons
Ligação iônica
Há transferência defi nitiva do elétron de um elemento para o outro.
Ligação covalente
Há o compartilhamento dos elétrons.
Ligação metálica
Os elementos metálicos possuem elétrons “soltos”, ou seja, “livres”.
Esta nuvem de elétrons mantém os átomos dos elementos metálicos uni-dos, formando assim a ligação metálica.
Balanceamento de reação
Balancear uma reação signifi ca equilibrar os coefi cientes de uma reação. A quantidade de um mesmo elemento no reagente deve ser igual no produto.
Reagente limitante
É o reagente que delimita a reação. É aquele que é consumido primeiro no processo.
Corrosão
A corrosão pode ser defi nida como uma deterioração dos metais provoca-da por uma reação de oxirredução.
Oxirredução
Reação em que há perda e ganho de elétrons.
Química orgânica
A Química Orgânica é a parte da Química que estuda os compostos do carbono. Os compostos orgânicos podem ser divididos em orgânicos naturais e sintéticos.
Alcanos
São os hidrocarbonetos mais encontrados no petróleo.
RECAPITULANDO
Na Química estudamos o amplo contexto das substâncias formadoras da mistura de hidro-carbonetos (petróleo), desde a origem de seus compostos aos diferentes processos químicos de menor ou maior complexidade, sendo aplicado como matéria-prima ou mesmo como produto acabado. Para compreender de forma adequada o comportamento químico das diversas subs-tâncias presentes no petróleo, sua origem, seu processo de refi no e sua utilização em processos industriais, faremos uma introdução à Química do Carbono. Inicialmente foi chamada de Quími-ca Orgânica, pois seus compostos eram inicialmente encontrados em organismos vivos.
Atualmente, mais de 9 milhões de substâncias orgânicas são conhecidas pelo homem, devi-do às inúmeras propriedades do carbono
Milhares de compostos orgânicos e inorgânicos apresentam o elemento carbono em suas es-truturas moleculares. É o composto mais abundante na atmosfera, sendo solúvel em água na for-ma de CO2, atuando no ciclo do carbono por difusão (troca da água do mar com a atmosfera).
Petróleo, gás e seus derivados
In-F
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3
Figura 42 – Ciclo do gás carbônico
Combustão
Petróleo
Difusão
Rochas sedimentares
AtmosferaFotosínteseCO2O2
98 QUÍMICA APLICADA A PETRÓLEO E GÁS
3.1 GEOLOGIA DO PETRÓLEO
A aplicação conjunta dos procedimentos técnicos e científi cos da Geologia (ci-ência que estuda a Terra, sua composição, estrutura e propriedades físico-quími-cas) com técnicas diversas relacionadas à busca do petróleo e seus derivados per-mite o estudo de aspectos particulares relacionados à exploração dos diferentes tipos de petróleo associados à origem dos reservatórios.
As bacias sedimentares (depressões da superfície terrestre) evidenciam que o petróleo pode ter sido formado pela transformação da matéria orgânica prove-niente da superfície e depositada na forma de sedimentos em regiões onde não há a presença de oxigênio. Depois de milhares de anos após as reativações tectô-nicas ocorre a ascensão dos hidrocarbonetos, que, em presença de bactérias, in-teragem formando os diversos tipos de óleos (leves e pesados).
Nas atividades biológicas, os compostos orgânicos são quebrados, liberando CO2, que no processo de fotossíntese é convertido novamente em carbono (C) inorgânico. A decomposição e oxidação dos organismos vivos, quando soterrados, geram a formação de combustíveis fósseis (carvão ou petróleo), reinserindo-os no ciclo de formação do carbono.
Ciclos biogeoquimicos
Os processos naturais que envolvem diferentes substâncias químicas em processos físicos, químicos e biológicos permi-tem o equilíbrio da concentração deles na Terra e são fun-damentais para a compreensão do nosso meio ambiente, e levam o homem a ter uma interação sem prejuízo, respei-tando princípios de sustentabilidade. A água, o carbono, o oxigênio, o fósforo e outros elementos são exemplos de substâncias que participam desses processos naturais.
In-F
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/Cris
Mar
cela
Figura 43 – Representação de meio ambiente e sustentabilidade
VOCÊSABIA?
3 PETRÓLEO, GÁS E SEUS DERIVADOS 99
Confi ra os principais aspectos avaliados em bacias sedimentares para exploração do petróleoRocha reservatório ou rocha fonteLocal de acúmulo formado por rochas porosas e permeáveis, permitindo sua extração.
Selo ou rocha selanteUnidade de baixa permeabilidade, que impede o fl uxo de hidrocarbonetos da rocha reservatório.
TrapaJustaposição entre a rocha reservatório e a rocha selante que impede a fuga do hidrocarboneto do reservatório de origem (característica estrutural).
TempoCronologia e histórico do processo.
MaturaçãoAvaliação histórica termal da rocha fonte, cronologia da geração e expulsão dos hidrocarbonetos existentes.
MigraçãoEstudo do movimento dos hidrocarbonetos na rocha fonte para uma área em particular.
Todas as características físicas de um reservatório são de fundamental importân-cia na exploração dos hidrocarbonetos existentes. Elas permitem maior controle dos aspectos econômicos da exploração e principalmente avaliam os riscos ambientais inerentes ao processo, o que permite prever possíveis danos e minimizá-los. A Figu-ra 52 mostra que a Geologia estudada exige diferentes formas de trabalhar a ex-tração de petróleo para um melhor aproveitamento.
In-F
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/Cris
Mar
cela
Figura 44 – Opções de armazenamento do petróleo e gás
32
41 5
1 Reservatório esgotado de petróleo e gás
2 Uso forçado de gás carbônico na recuperação de petróleo e gás
3 Formação de salinas profundas – off shore
4 Formação de salinas profundas – onshore
5 Uso de gás carbônico na maior recuperação de metano em leito de carvão
Petróleo ou gás produzido
Injeção de gás carbônico
Armazenamento de gás carbônico
100 QUÍMICA APLICADA A PETRÓLEO E GÁS
3.2 COMPOSIÇÃO DO PETRÓLEO
É um líquido escuro de composição indefi nida, em que a mistura de hidrocar-bonetos está mais associada à sua formação geológica. Quimicamente constitui--se de uma mistura de de compostos orgânicos (principalmente alcanos de cadeia linear), alifáticos, alicíclicos e aromáticos. Podemos expressar sua composição a partir dos elementos que são obtidos em sua destilação ou fracionamento. Outras composições menores também podem ser encontradas, como enxofre, nitrogê-nio, oxigênio e metais. A Tabela 1 mostra a composição média do petróleo cru tí-pico em teor percentual com os elementos químicos correspondentes.
Tabela 2 – Composição química do petróleo
Hidrogênio
Enxofre
Oxigênio
11-14%
0,06-8%
0,1-2%
83-87%
0,11-1,7%
até 0,3%
Carbono
Nitrogênio
Metais (Fe, Ni, V, entre outro)
PRINCIPAIS COMPONENTES DO ÓLEO BRUTO
Parafi nas
Hidrocarbonetos lineares ou ramifi cados, de fórmula geral Cn H2n + 2, geralmen-te com até 20 átomos de carbono.
Exemplo
Metano, etano, propano, butano, isobutano, pentano, hexano, heptano, n-oc-tano, iso-octano, entre outros.
Apresentam-se no estado líquido ou gasoso, de acordo com a temperatura.
Cicloalcanos
Hidrocarbonetos saturados de cadeia fechada mas sem ligações duplas (CnH2n) e com um ou mais anéis por molécula.
Exemplo
Ciclopentano; metilciclopentano; ciclohexano; metilciclohexano, entre outros.
Estes compostos são normalmente líquidos.
Aromáticos
Hidrocarbonetos que apresentam anel aromático de seis carbonos com liga-ções duplas alternadas, podendo possuir mais de um anel na formação de seus compostos.
Fonte: Fundamentos do Refi no de Petróleo – Tecnologia e Economia.
3 PETRÓLEO, GÁS E SEUS DERIVADOS 101
Exemplo
Benzeno, tolueno, xileno, naftaleno etc. Estes compostos são normalmente lí-quidos à temperatura ambiente.
Alquenos
Hidrocarbonetos lineares ou ramifi cados com ligações duplas (CnH2n).
Exemplo
Etileno, buteno, isobuteno, entre outros.
Estes compostos podem ser gases ou líquidos. Os alquenos raramente estão presentes no petróleo bruto, mas surgem durante o processo de refi nação.
Resinas e asfaltenos
Substâncias de peso molecular elevado, não relacionadas com qualquer classe defi nida de compostos orgânicos, conhecidas como resinas (gomas), asfaltenos, carbenos e carboides. Nelas estão presentes, além do carbono e hidrogênio, o oxi-gênio e o enxofre.
Em alguns casos, aparecem nitrogênio e metais. Os asfaltenos pertencem à fra-ção de compostos mais pesados e polares de óleos crus. São complexos conten-do inúmeros grupos funcionais diferentes, estruturas moleculares e massa mole-cular relativamente elevada.
Figura 45 – Esquema simplifi cado dos componentes dos óleos brutos
ALIFÁTICOS
25%
C1 – C60
METÁLICOS
< 100ppm
AROMÁTICOS
17%
(C6 – C5)1
NAFTENOS
50%
Cicloalcanos
SULFURADOS
< 8%
SH
S
NITROGENADOS
< 1%
NH
OXIGENADOS
< 3%
O
CO OH
ÓLEO CRU
HIDROCARBONETOS OUTROS COMPOSTOSIn
-Fól
io/C
ris M
arce
la
102 QUÍMICA APLICADA A PETRÓLEO E GÁS
CLASSIFICAÇÃO DO PETRÓLEO
O petróleo está diretamente relacionado à sua rocha reservatória, ou seja, às condições geológicas de sua formação, que permitem esta classifi cação:
Petróleo de base parafínica
Petróleo de base naftênica
Petróleo de base aromática
A diferença entre estes óleos é perceptível durante o processo de destilação. O petróleo de base parafínica apresenta, como resíduo, substâncias ceráceas con-tendo principalmente elementos da série parafínica. tO petróleo de base naftêni-ca apresenta resíduo asfáltico. O petróleo aromático apresenta, em seus compo-nentes, derivados da cadeia do benzeno.
O Instituto Americano do Petróleo (API, do inglês American Petroleum Institu-te) classifi ca os óleos crus baseado em sua densidade. Atualmente essa classifi ca-ção também é empregada no Brasil com a fi nalidade de defi nir parâmetros de qua-lidade para o respectivo óleo.
A característica do petróleo em função da gravidade API é defi nida por graus, conforme a Tabela 3:
Tabela 3 – Classifi cação de grau API
Faixa API Descrição Viscosidade Cor Componentes
0º – 22,3º
22,3º – 31,3º
31,3º – 47º
PESADO
MÉDIO
LEVE
Extrema
Média
Fluido
Escuro
Marrom
Amarelo claro
Asfalto
Gasolina e diesel
Condensado/
gasolina
Fatores que podem afetar o ºAPI do petróleo
Idade geológica das rochas terciárias de origem do óleo
Profundidade dos reservatórios
Teor de enxofre
Tectonismo (tensões nas camadas geológicas)
Salinidade dos poços de origem
3 PETRÓLEO, GÁS E SEUS DERIVADOS 103
3.3 DERIVADOS DO PETRÓLEO E GÁS
Após a extração e transporte, o petróleo passa por um processo de separação e purifi cação de seus componentes, chamado de refi no. O óleo bruto, após aque-cimento (forno), começa a desprender vapores, que se elevam da base (área mais quente) para o alto da torre de destilação (área mais fria). A condensação em pra-tos correspondentes permite a separação de forma específi ca de seus componen-tes. Observe a Figura 47.
Figura 46 – Percentual dos componentes do óleo cru
Figura 47 – Representação da torre de destilação
In-F
ólio
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la M
oura
In-F
ólio
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Mar
cela
Naftenos – 50%
Aromáticos – 7%
Asfálticos – 8%
Outros – 10%
Saturados – 25%
GásPetróleo
Retorta
Forno
Nafta
Gasolina
Querosene
Óleo diesel
Óleo lubrifi cante
Óleo combustível
Asfalto
Um óleo cru com uma gravidade API de 35º pode ter esta composição:
104 QUÍMICA APLICADA A PETRÓLEO E GÁS
A composição do óleo, como escrito anteriormente, pode variar signifi cativa-mente, o que irá impor sistemas complexos com múltiplas operações até a forma-ção dos produtos fi nais, que são:
Combustíveis
Gasolina, GLP, querosene e outros.
Produtos acabados não combustíveis
Solventes, lubrifi cantes, graxas, asfalto e coque (para produção de ferro-gusa).
Intermediários da indústria química
Nafta, etano, propano, butano, etileno, propileno, butilenos, butadieno e BTX (benzeno, tolueno e xileno).
Algumas operações realizadas pelas refi narias de petróleo, para obtenção dos produtos fi nais são:
Topping
Destilação fracionada.
Craqueamento
É a quebra de frações mais pesadas (moléculas maiores) do petróleo. Este pro-cesso é realizado com o uso de calor e/ou catalisadores para melhor aproveitamen-to fi nal dos produtos formados.
Combinação de hidrocarbonetos
O processo envolve duas ou mais moléculas para a formação de uma molécu-la maior, como por exemplo combinar dois combustíveis gasosos com o propósi-to de produzir um combustível líquido.
Exemplo
Produção de gasolina de alta octanagem.
Rearranjo de hidrocarbonetos (reforming)
Altera a estrutura da molécula original sem modifi car o número de átomos de carbono da molécula, modifi cando, portanto, suas propriedades físicas e químicas (formação de isômeros).
Tratamento e blending
Remoção de substâncias indesejaveis na formação do produto fi nal, como en-xofre, nitrogênio, metais pesados e outras impurezas. O blending corresponde à última etapa do tratamento, em que pode ocorrer a recuperação de parte do que foi removido (mistura a formulação do produto), permitindo que o produto aten-da as especifi cações desejadas.
3 PETRÓLEO, GÁS E SEUS DERIVADOS 105
3.4 INDÚSTRIA DO PETRÓLEO (PRODUTOS DE PRIMEIRA, SEGUNDA E TERCEIRA GERAÇÃO)
Os produtos fi nais gerados pelas refi narias de petróleo servem de matéria-pri-ma para o segmentos indústriais e são organizados em produtos de primeira, se-gunda e terceira geração, de acordo com o destino ou fi nalidade.
INDÚSTRIAS DE PRIMEIRA GERAÇÃO
Correspondem às indústrias petroquímicas básicas, também denominados de “craqueadores”. Essas empresas compram a nafta da Petrobras para fabricar pro-dutos petroquímicos básicos, utilizados no segmento industrial.
Exemplos
Olefi nas, principalmente eteno, propeno e butadieno
Aromáticos, tais como benzeno, tolueno e xilenos
INDÚSTRIAS DE SEGUNDA GERAÇÃO
Estas empresas processam os produtos petroquímicos básicos, gerando produtos intermediários utilizados como matérias-primas na fabricação de plásticos e borrachas.
Exemplos
Polietileno, poliestireno e EDC/PVC (produzidos a partir do eteno)
Polipropileno e acrilonitrila (produzidos a partir do propeno)
Cumeno e etilbenzeno (produzidos a partir do benzeno)
Polibutadieno (produzido a partir do butadieno)
Estes produtos intermediários são feitos na forma sólida (placas ou em pó) e transportados para as indústrias de terceira geração.
INDÚSTRIAS DE TERCEIRA GERAÇÃO
Também chamados de transformadores, pois a partir da matéria-prima produ-zida pelas indústria de segunda geração a sua aplicabilidade torna-se diretamen-te voltada para o consumidor fi nal, na forma de utensílios como materiais de em-balagem, garrafas, tintas, autopeças, brinquedos e bens de consumo eletrônico.
106 QUÍMICA APLICADA A PETRÓLEO E GÁS
Exemplos
Plásticos (produzidos a partir de polietileno, polipropileno e PVC
Fibras acrílicas (produzidas a partir de acrilonitrila)
Náilon (produzido a partir de fenol, no Brasil)
Elastômeros (produzidos a partir de butadieno)
Embalagens descartáveis (produzidas a partir de poliestireno e polipropileno)
Figura 48 – Representação esquemática das indústrias petrolíferas
In-F
ólio
/Cris
Mar
cela
PRIMEIRA GERAÇÃO
PRIMEIRA GERAÇÃO
Propeno
Butadieno
Gasolina automotiva
Borracha de estireno Butadieno
Látex – SBR
ABS
DMT
Ácido tereftálico
PET
Filmes, embalagens, garrafas, utensílios
domésticos, fi os e cabos
Tubos, conexões, fi lmes, calçados, frascos, fi os e cabos
Autopeças, sacarias e embalagens
Borrachas, papel e celulose, auxiliar têxtil, calçados
Eletrônicos e embalagens
Fibras sintéticas e borrachas para automóveis,
eletroeletrônicos e telefones
Embalagens e fi bras têxteis de poliéster
SEGUNDA GERAÇÃO
SEGUNDA GERAÇÃO
TERCEIRA GERAÇÃO
TERCEIRA GERAÇÃO
Nafta/Gás Petroquímicos básicos Resinas/Outros
PetróleoNafta
Gás natural Etano Eteno
Paraxileno
Polietileno
Dicloretano/PVC
Polioropileno
Etilbenzeno PoliestirenoBenzeno
Cloro
Buteno
Estireno
Refinaria Petroquímico básico
Resinas Transformadores
3 PETRÓLEO, GÁS E SEUS DERIVADOS 107
APLICAÇÕES DO OURO NEGRO
É comum imaginar que algo dourado tenha seu valor na própria palavra,
ou seja, possui brilho; realmente as inúmeras aplicações do petróleo em
diversos materiais contribuem com a qualidade que vivemos em nosso dia
a dia. Na prática, o petróleo, ao prover inúmeros combustíveis que são usa-
dos, seja na produção de eletricidade (Furnas), nos veículos automotivos,
nas indústrias de polímeros e em outros segmentos, mostra que seu valor
está além das percepções de um líquido escuro e viscoso, mas promove
com brilhantismo os processos tecnológicos que melhoram a vida em so-
ciedade.
Os mais diversos segmentos industriais utilizam o petróleo como matéria-
-prima, sendo, portanto, um recurso mineral imprescindível para a socie-
dade por sua excelência.
As indústrias de primeira, segunda e terceira geração de petróleo envolvem
diversos processos físicos e químicos que concorrem para a melhoria da vi-
da em sociedade.
As evoluções tecnológicas permitem o aprimoramento das técnicas utiliza-
das, diminuindo custos e seus impactos no meio ambiente. A mistura de
compostos orgânicos presentes no ouro negro nos fornece uma grande de-
manda de possibilidades na criação de novos produtos, necessitando, por-
tanto, de pesquisa e desenvolvimento, gerando uma crescente necessida-
de de formação de profi ssionais qualifi cados para as diversas áreas analíti-
cas de produção e de qualidade.
CASOS E RELATOS
Na página seguinte você vai encontrar o texto
RECAPITULANDO sobre o capítulo PETRÓLEO, GÁS E SEUS DEVIRADOS.
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108 QUÍMICA APLICADA A PETRÓLEO E GÁS
COMPONENTES DO ÓLEO BRUTO
Parafi nas
Hidrocarbonetos lineares ou ramifi cados, de fórmula geral CnH2n + 2 , geral-mente com até 20 átomos de carbono.
Cicloalcanos
Hidrocarbonetos saturados de cadeia fechada mas sem ligações duplas (CnH2n) e com um ou mais anéis por molécula.
Aromáticos
Hidrocarbonetos que apresentam anel aromático de seis carbonos com li-gações duplas alternadas, podendo possuir mais de um anel na formação de seus compostos.
Alquenos
Hidrocarbonetos lineares ou ramifi cados com ligações duplas (CnH2n).
Exemplo
Etileno, buteno, isobuteno, entre outros.
Resinas e asfaltenos
Substâncias de peso molecular elevado, que não são relacionadas com qual-quer classe defi nida de compostos orgânicos; conhecidas como resinas (go-mas), asfaltenos, carbenos e carboides.
Petróleo de base aromática
A diferença entre estes óleos é perceptível durante o processo de destilação, em que os petróleos de base parafínica apresentam, como resíduo, substân-cias ceráceas contendo principalmente elementos da série parafínica.
O petróleo naftênico apresenta resíduo asfáltico.
O petróleo aromático apresenta, em seus componentes, derivados da ca-deia do benzeno.
RECAPITULANDO
O emprego de normas técnicas para amostragem e conservação permite evidenciar o tempo necessário para estocar adequadamente, não modifi cando suas características que representam a composição da totalidade na área ou do tanque amostrado. Veja as normas mais utilizadas:
ABNT NBR-5725Guia para inspeção por amostragem no controle e certifi cação de qualidade
ABNT NBR-5726Plano de amostragem e procedimentos na inspeção por atributos
ABNT NBR-5727Norma de utilização da norma NBR-5726
ABNT NBR-5728Procedimentos estatísticos para determinação de validade de inspeção por atributos feita
pelos fornecedores
ABNT NBR-10007Amostragem de resíduos sólidos
Técnicas de amostragem e conservação
4
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Figura 49 – Normas técnicas são as bases para auxiliar a amostragem e conservação
112 QUÍMICA APLICADA A PETRÓLEO E GÁS
ABNT NBR-14883Petróleo e produtos de petróleo – Amostragem manual
Portaria ANP nº 238Regulamento técnico que estabelece os procedimentos para a coleta de amos-
tras de rocha e de fl uidos de poços perfurados pelos operadores nas bacias sedi-mentares brasileiras.
De acordo com essas normas citadas, vários fatores devem ser considerados para que tenhamos amostras representativas:
Ensaios analíticos a serem realizados.
Tipos de recipientes de amostra a serem utilizados.
Instruções específi cas para materiais especiais a serem amostrados.
4.1 TÉCNICAS DE AMOSTRAGEM E CONSERVAÇÃO DE AMOSTRA PARA A ÁREA DE PETRÓLEO E GÁS
Para compreender os procedimentos adotados pelas indústrias da cadeia petro-química, algumas terminologias são essenciais para compreensão do manual dos equi-pamentos utilizados e as normas técnicas que se aplicam a esses equipamentos.
Amostragem
Operações realizadas com o objetivo de obter uma pequena porção (amostra) que represente toda composição produzida (lote).
Amostra analítica
Pequena porção do material objeto da análise química que representa a com-posição média qualitativa e/ou quantitativa do lote.
Analito
Espécie química identifi cada durante procedimento analítico (cálcio, por exem-plo) presente em amostra de água para determinação de dureza.
Emulsão
Mistura óleo/água que não se separa facilmente.
Alíquota
Porção de amostra coletada a partir de recipiente primário ou intermediário pa-ra análise. Entende-se por recipientes primários de amostra os frascos de vidro e plástico, latas, amostrador de alçapão e receptores de amostras fi xos e portáteis.
4 TÉCNICAS DE AMOSTRAGEM E CONSERVAÇÃO 113
Sinal analítico (ou sinal)
Resposta instrumental gerada de forma amplifi cada sobre as propriedades ana-lisadas (absorbância, intensidade de emissão etc.)
Matriz
Engloba todos os constituintes de amostra. Logo, além do analito a matriz con-tém os outros componentes chamados “concomitantes”.
Sensibilidade
Capacidade de um instrumento em distinguir pequenas diferenças na concen-tração de um analito.
Limite de detecção
É o menor nível de concentração (ou quantidade) de analito detectável por um instrumento.
Seletividade
Refere-se ao quão um método analítico está livre de interferências de outras espécies presentes na matriz.
Uma amostra pode ser considerada uma porção ou parte de uma população de interesse, e sua retirada está diretamente relacionada à necessidade de controle estatístico de processos; portanto, a amostra deverá ser representativa do processo em estudo.
Figura 50 – Representação proporcional de uma amostra
População
Amostra
Amostragem
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114 QUÍMICA APLICADA A PETRÓLEO E GÁS
A aparelhagem adotada na coleta de amostra possui variedade de formas, ta-manhos e materiais. Por esse motivo, o produto a ser coletado deverá ser conhe-cido, para garantir que não haverá interação do referido produto com o recipien-te de coleta.
Outra prática adotada pelas indústrias de petróleo e gás no momento da cole-ta da amostra é a de não exceder em 80% do volume total do recipiente, a fi m de permitir a expansão térmica do material coletado e facilitar sua homogeneização.
Algumas instruções especiais descritas na NBR 14883 (Petróleo e produtos de petróleo – Amostragem manual) diminuem os erros de coleta, quando referem-se a materiais como petróleo e óleos combustíveis residuais:
1. Não retirar amostra próximo ao fundo do tanque. Ali a concentração de água livre é maior, não permitindo uma avaliação correta dessa concentração.
2. Não retirar amostra em interfaces emulcionadas ou em formação de borras.
3. Recomenda-se retirar amostras durante transferências de tanques quando houver a concordância entre as partes envolvidas no processo.
4. Amostras voláteis ou sensíveis à luz devem ser protegidas, de forma a garan-tir a estabilidade durante o processo de análise.
Exemplo
Utilização de vidro âmbar ou envolvidos com material opaco.
Figura 51 – Exemplo de recipientes de coleta de amostras
O laboratório, ao receber as amostras, deve manter a integridade e conservação delas, resfriando as amostras voláteis antes de serem abertas.
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4 TÉCNICAS DE AMOSTRAGEM E CONSERVAÇÃO 115
4.1.1 MEDIDAS DE CENTRALIZAÇÃO
Quando avaliamos estatisticamente uma amostra, percebemos que muitos va-lores tendem a concentrar-se onde valores intermediários apresentam frequência maiores do que os valores extremos.
Algumas medidas de centralização muito usadas em planos de amostragem são:
Média
É a soma dos valores amostrados dividido pelo número total de termos:
Onde:
X – Média dos valores
�X – Somatório dos valores
n – Número de termos
X = �Xn
Mediana
É a medida central, quando os termos são colocados em ordem crescente de valores. No caso de a quantidade dos termos ser ímpar, a mediana será o valor cen-tral. Quando o número de termos for par, a mediana será a soma dos dois valores centrais dividido por 2.
Onde:
X – Mediana dos valores
n – Número de termos
X = n2
Par: X = n + 1
2
Ímpar:
Moda
É o valor mais frequente disponibilizado em uma amostra.
4.1.2 MEDIDAS DE DISPERSÃO
São medidas que localizam as sensíveis diferenças que ocorrem entre os pró-prios valores. Demonstram a variabilidade da distribuição. São medidas estatísti-cas de dispersão adotadas em amostragem para o controle de processos:
Amplitude (R)
É a diferença entre o maior e o menor valor medido em uma amostra.
116 QUÍMICA APLICADA A PETRÓLEO E GÁS
Variança (s)
Variável aleatória de medida da dispersão estatística, indicando o distanciamen-to que determinados valores possuem do valor esperado.
Desvio padrão (σ)
É o índice de variabilidade entre os termos da amostra.
s = �(X – X)2
n – 1
σ = �(X – X)2
n – 1
4.1.3 DISTRIBUIÇÃO NORMAL
É uma das mais importantes ferramentas estatísticas de aplicação da probabi-lidade usando dados amostrados que fazem referência a medidas de centraliza-ção e de dispersão. Sua importância está relacionada à compreensão do compor-tamento da Curva de Gauss (ou Curva de Sino) frente aos diferentes valores numé-ricos que se afastam da média.
A proporção de área sob a curva entre esses dois valores é a probabilidade de que o referido valor seja encontrado dentro dos intervalos. Cada curva de distri-buição normal é caracterizada pelos parâmetros μ (média) e σ (desvio padrão).
Percentual do grupo
99,7%
95,4%
68,3%
34,1%
13,6% 13,6% 2,1%2,1%
55 85 115 14570 100 130
34,1%
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Figura 52 – Curva de distribuição normal
4 TÉCNICAS DE AMOSTRAGEM E CONSERVAÇÃO 117
Com a finalidade de padronizar uma metodologia que transforme qualquer distribuição normal N(μ, σ) em um único tipo de função, caracte-rizada por ter média μ = 0 e desvio pa-drão σ = 1, aplicamos a chamada fun-ção de distribuição normal reduzida.
As probabilidades resultantes da integração da função f(z) estão cal-culadas e apresentadas na Tabela 4, onde Z é o valor do escore desejado (área resultante da média até o inter-valo desejado).
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X1 X2μFigura 53 – Curva de distribuição normal
Z = X – μ
σ
Tabela 4 – Referência para avaliação da área compreendida pela curva normal reduzida N(0;1), de 0 a z*)
0,00 0,040,02 0,06 0,080,01 0,050,03 0,07 0,09
0,00,10,20,30,40,50,60,70,80,91,01,11,21,31,41,51,61,71,81,92,02,12,22,32,42,52,62,72,82,93,0
0,00000,03980,07930,11790,15540,19150,22570,25800,28810,31590,34130,36430,38490,40320,41920,43320,44520,45540,46410,47130,47720,48210,48610,48930,49181,49380,49530,49650,49740,49810,4987
0,01600,05570,948
0,13310,17000,20540,23890,27040,29950,32640,35080,37290,39250,40990,42510,43820,44950,591
0,46710,47380,47930,48380,48750,49040,49270,49450,49590,49690,49770,49840,4988
0,00800,04780,08710,12550,16280,19850,23240,26420,29390,32120,34610,36860,38880,40660,42220,43570,44740,45730,46560,47260,47830,48300,48680,48980,49220,49410,49560,49670,49760,49820,4987
0,02390,06360,10260,14060,17720,21230,24540,27640,30510,33150,35540,37700,39620,41310,42790,44060,45150,46080,46860,47500,48030,48460,48810,49090,49310,49480,49610,49710,49790,49850,4989
0,03190,07140,11030,14800,18440,21900,25170,28230,31060,33650,35990,38100,39970,41620,43060,44290,45350,46250,46990,47610,48120,48540,48870,49130,49340,49510,49630,49730,49800,49860,4990
0,00400,04380,08320,12170,15910,19500,22910,26110,29100,31860,34380,36650,38690,40490,42070,43450,44630,45640,46490,47190,47780,48260,48640,48960,49200,49400,49550,49660,49750,49820,4987
0,01990,05960,09870,13680,17360,20880,24220,27340,30230,32890,35310,37490,39440,41150,42650,43940,45050,45990,46780,47440,47980,48420,48780,49060,49290,49460,49300,49700,49780,49840,4989
0,01200,05170,09100,12930,16640,20190,23570,26730,29670,32380,34850,37080,39070,40820,42360,43700,44840,45820,46640,47320,47880,48340,48710,49010,49250,49430,49570,48680,49770,49830,4988
0,02790,06750,10640,14430,18080,21570,24860,27940,30780,33400,35770,37900,39800,41470,42920,44180,45250,46160,46930,47560,48080,48500,48840,49110,49320,49490,49620,49720,49790,49850,4989
0,03590,07530,11410,15170,18790,22240,25490,28520,31330,33890,36210,38300,40150,41770,43190,44410,45450,46330,47060,47670,48170,48570,48900,49160,49360,49520,49640,49740,49810,49860,4990
118 QUÍMICA APLICADA A PETRÓLEO E GÁS
EXEMPLOS APLICADOS AO CONTROLE DE PROCESSOS POR AMOSTRAGEM
Exemplo 1
O rendimento, em óleo, de algumas espécies de oleaginosas com potencial pa-ra a produção de biodiesel é apresentado na tabela abaixo.
Solução
Moda é o valor que ocorre com maior frequência. Logo, a moda é o valor 0,80.
Mediana é o número central (ou a média aritmética dos dois números centrais) de um determinado conjunto de números colocados em ordem crescente. Observe que 0,80 e 0,90 são os valores centrais. Assim, a mediana é (0,80 + 0,90) / 2 = 0,85.
Média é a soma de todos os termos amostrados, divididos pelo número de ter-mos: (0,60 + 0,80 +0,80 + 0,90 + 1,00 + 1,50) / 6 = 0,933 t/ha
Exemplo 2
A duração de um certo componente eletrônico tem média de 850 dias e des-vio padrão de 40 dias. Sabendo que a duração é normalmente distribuída, calcu-le a probabilidade de esse componente durar:
Z1 = = = –3,75X – XS
700 – 85040
X = 850
P (–3,75 < Z < 3,75) = P (–3,75 < Z < 0) + P (0 < Z < 3,75) =
= P (0 < Z < 3,75) + P (0 < Z < 3,75) = 0,4990 + 0,4990 = 0,998 ou 99,98%
S = 40
–3,75 < Z < 3,75
a) Entre 700 e 1.000 dias
700 X 1.000
Z2 = = = 3,751.000 – 85040
X – XS
Espécie Rendimento em óleo (t/ha)
SojaBabaçuAmendoim ColzaMamonaGirassol
0,600,800,800,901,001,50
Determine, do conjunto de dados dessa tabela:
Moda
Mediana
Média
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4 TÉCNICAS DE AMOSTRAGEM E CONSERVAÇÃO 119
SEIS SIGMAS NO GERENCIAMENTO DOS PROCESSOS
Empresas de grande porte da área de petróleo de derivados e demais seg-mentos industriais possuem como ferramenta na gestão do desempenho e da variabilidade de processos o 6σ. A letra grega sigma (σ), matematicamente, corresponde ao desvio padrão de uma determinada população, facilitando a avaliação da qualidade de uma infinita gama de possibilidades de produtos, serviços e processos.
Z = = = –1,75X – XS
800 – 85040
P ( Z > –1,25) = P (–1,25 < Z < 0) + P (Z > 0) =
= P (0 < Z < 1,25) + P (Z > 0) = 0,3944 + 0,5 = 0,8944 ou 89,44%
b) Mais de 800 dias
X 850800
µ – 3σ µ + 3σµ – 2σ µ + 2σµ – σ µ + σµ
Podemos observar na Figura 54 que a partir do valor central (μ = média) os des-vios padrões correspondentes são 3 acima da média e 3 abaixo da média, permi-tindo a cobertura de uma área total do gráfi co de 99,74%. Dessa forma, quando temos limites de controle que correspondam à área do gráfi co entre os seis des-vios padrões (6σ), operacionalmente o processo encontra-se estável, atendendo, portanto, a parâmetros de qualidade.
Figura 54 – Curva normal X 6 sigmas
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120 QUÍMICA APLICADA A PETRÓLEO E GÁS
O emprego do seis sigmas pelas indústrias em geral corresponde apenas a uma das ferramentas utilizadas na gestão pela qualidade total. O emprego de gráficos de controle, histogramas, fluxogramas e outros facilitadores desempenha um importante papel nas decisões tomadas gelo gestor.Outros exemplos de ferramentas da qualidade são:
5sCinco passos dirigidos à simples organização do espaço
PDCAPlanejar, desenvolver, checar e aplicar
FluxogramasGráficos que demonstram a sequência operacional do desenvolvimento de um processo
ISOSignifica Organização Internacional para Normalização (International Organization for Standardization)
FOCO NA QUALIDADE ALGUMAS DAS PRINCIPAIS FERRAMENTAS DE GESTÃO DIRECIONADAS PELO SEIS SIGMAS
Mapeamento de processos
Elaboração de fl uxogramas para identifi car os parâmetros críticos do processo, ciclos de retroalimentação e outras características que mostram a operação inefi -ciente ou efi ciente do processo.
Análise de sistemas de medição
Estabelece a capacidade de um sistema de medição na detecção de pequenas mudanças que infl uem no real desempenho de uma variável, possibilitando cali-bração de instrumentos ou até mesmo sua substituição.
Capabilidade de processos
Dimensiona a relação entre o desempenho de um processo e o desempenho esperado pelo cliente do processo.
Controle estatístico de processos (CEP)
Permite elaborar gráfi cos de controle no monitoramento de parâmetros críti-cos que norteiam a qualidade exigida pelo cliente e mantém o desempenho do processo, permitindo um ajuste muito mais preciso e seguro. Os parâmetros de controle também permitem a avaliação dos operadores em processo e o aponta-mento da necessidade de ajustes na variabilidade do processo.
VOCÊSABIA?
4 TÉCNICAS DE AMOSTRAGEM E CONSERVAÇÃO 121
4.2 TÉCNICAS DE ANÁLISE PARA A ÁREA DE PETRÓLEO E GÁS
Os métodos analíticos utilizados por um laboratório de análise empregam mé-todos clássicos, como a gravimetria e a titulometria, ou métodos instrumentais, que fazem uso direto de equipamentos tecnológicos necessários à velocidade ine-rente aos sistemas de produção modernos. São os mais utilizados, pois permitem maior velocidade e precisão dos resultados, facilitando a gestão do processo em conformidade com a demanda de produção.
4.2.1 DENSIDADE
A determinação da massa específi ca e da densidade relativa de destilados de petróleo e óleos viscosos é abordada pela norma brasileira ABNT 14065:2006. Sua importância concentra-se na necessidade de identifi car a maior ou menor concen-tração de hidrocarbonetos com menor peso molecular.
Não confunda densidade relativa com ºAPI, pois a densi-dade relativa é avaliada em relação à densidade da água.A escala API, medida em graus, varia inversamente à densidade relativa.Quanto maior for a densidade relativa, menor será o grau API. O grau API é maior quando o petróleo é mais leve.O aparelho mais utilizado para determinação de densida-de é o densímetro digital.
4.2.2 VISCOSIDADE
A difi culdade de escoamento de determinado óleo é avaliada pela sua viscosi-dade. As forças internas de atrito do fl uido em movimento no interior de uma tu-bulação demandam grande quantidade de energia.
Os aparelhos utilizados em suas determinações são os viscosímetros capilares e os viscosímeros rotativos.
Viscosímetros capilares
Medem a taxa de escoamento de um volume de fl uido através de um peque-no orifício a uma determinada temperatura.
Viscosímetros rotativos
São usados para a determinação da viscosidade dinâmica e medida a baixas temperaturas utilizando o torque em um eixo rotativo (agulha) para medir a resis-tência do fl uido ao escoamento.
VOCÊSABIA?
122 QUÍMICA APLICADA A PETRÓLEO E GÁS
VOCÊSABIA?
4.2.3 POTENCIOMETRIA
A eletroanalítica compreende um grupo de métodos analíticos baseados nas pro-priedades elétricas das soluções. O método potenciométrico de análise baseia-se na medida do potencial de uma cela eletroquímica na variabilidade da corrente utilizada para detectar o ponto fi nal de titulações (titulações potenciométricas), ou para a de-terminação direta de um constituinte em uma amostra, por meio da medida do po-tencial de um eletrodo íon-seletivo; um equipamento simples, constituído de um ele-trodo de referência, um eletrodo indicador e um dispositivo para leitura do potencial.
O medidor de pH é de excepcional importância para controle da atividade do íon H+ em soluções, sendo comumente utilizados instrumentos com eletrodo de membrana de vidro, que é altamente seletivo e tem boa sensibilidade na de-tecção desse íon. Existem também outros tipos de eletrodos que podem detectar outras espécies iônicas e que também são utilizados.
4.2.4 CROMATOGRAFIA
É método físico-químico fundamentado na migração diferenciada dos compo-nentes químicos de uma amostra. As diferentes interações que ocorrem entre du-as fases imiscíveis (móvel e estacionária) permitem a separação de componentes, que são identifi cados por comparação com padrões previamente existentes. Apre-sentamos aqui uma ampla visão dos tipos de cromatografi as existentes.
O pH é uma variável de processo, portanto a correta calibra-ção do equipamento utilizado durante a análise é signifi cati-va. Permite avaliar processos corrosivos, o consumo de reagentes químicos e até mesmo a proporção de alguns componentes em análises quantitativas, como a titulação potenciométrica. A calibração permite uma medição confi á-vel, sendo fundamental no diagnóstico de todo o processo.
CROMATOGRAFIA
CENTRÍFUGACCD CP
PLANAR
CLÁSSICA CLAE CG CGAR
COLUNA
LÍQUIDA CSC GASOSA
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CCD – Cromatografi a em camada delgada
CENTRÍFUGA – Chromatotron
CP – Cromatografi a em papel
CSC – Cromatografi a supercrítica
CLAE – Cromatografi a líquida de alta efi ciência
CG – Cromatografi a gasosa
CGAR – Cromatografi a gasosa de alta resolução
4 TÉCNICAS DE AMOSTRAGEM E CONSERVAÇÃO 123
4.2.5 ESPECTROSCOPIA
As propriedades radiantes da luz servem de base na elaboração de métodos ana-líticos ópticos, que permitem análises quantitativas e qualitativas das substâncias. Atualmente, matéria e energia não são consideradas entidades distintas e, portan-to, correlacionam-se no aspecto relacionado a propriedades físicas e químicas.
LUZ VISÍVEL
A energia luminosa é caracterizada pela energia dos fótons que permitem a avaliação do comprimento de onda, frequência e velocidade de acordo com o meio de propagação; chamamos, portanto, a luz de onda eletromagnética.
INFRAVERMELHO
A caracterização do petróleo por espectroscopia no infravermelho próximo (NIR) é utilizada com êxito na previsão de resultados relacionados às propriedades dos seus derivados como gasolina, diesel e até mesmo nos derivados do processo de craqueamento catalítico. Este tipo de equipamento, assim como na espectroscopia, também utiliza as propriedades das ondas eletromagnéticas, fugindo, no entanto, da faixa pertinente à luz visível, como podemos identifi car na Figura 55.
Figura 55 – Comprimento de onda eletromagnética
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124 QUÍMICA APLICADA A PETRÓLEO E GÁS
Esta técnica possui atrativos como:
Rapidez para obtenção dos resultados.
Método não destrutivo, mantendo a integridade da amostra e permitindo seu uso em outros tipos de ensaio.
Pode ser guardada de forma íntegra como testemunho dos valores encon-trados após análise ou mesmo ser usada em outros analisadores.
ULTRAVIOLETA
Este equipamento utiliza as mesmas propriedades dos equipamentos de es-pectroscopia anteriores. Trabalha com um comprimento de onda menor que os demais e isso permite maior gama de substâncias que podem ser analisadas, além de promover a desinfecção da amostra, o que evita erros devido ao crescimento microbiológico de interferentes analíticos.
4.3 INTERPRETAÇÃO DAS FICHAS DE INFORMAÇÃO DE PRODUTOS QUÍMICOS (FISPQ)
Os produtos químicos que são produzidos ou empregados de forma direta ou indireta na produção ou na análise de novos produtos devem obedecer às infor-mações referentes a proteção, segurança, saúde e meio ambiente descritas para cada produto químico. O documento de referência para a elaboração dessas fi chas é baseado na norma brasileira ABNT 14725-x (Produtos químicos – Informações sobre segurança, saúde e meio ambiente, Partes 1, 2, 3 e 4).
Essa é a ordem das informações de forma obrigatória:
1. Identifi cação do produto e da empresa
2. Identifi cação de perigos
3. Composição e informações sobre os ingredientes
4. Medidas de primeiros socorros
5. Medidas de combate a incêndio
6. Medidas de controle para derramamento ou vazamento
7. Manuseio e armazenamento
4 TÉCNICAS DE AMOSTRAGEM E CONSERVAÇÃO 125
8. Controle de exposição e proteção individual
9. Propriedades físicas e químicas
10. Estabilidade e reatividade
11. Informações toxicológicas
12. Informações ecológicas
13. Considerações sobre tratamento e disposição
14. Informações sobre transporte
15. Regulamentações
16. Outras informações
Esta ultima seção deve fornecer qualquer outra informação que possa ser im-portante do ponto de vista da segurança, principalmente o uso de EPIs (equipa-mentos de proteção individual), saúde e meio ambiente.
4.4 BOAS PRÁTICAS DE LABORATÓRIO
Com o objetivo de proteger operadores, analistas, técnicos engenheiros e outros profi ssionais envolvidos diretamente na amostragem e/ou na determi-nação analítica de produtos realizados em laboratório físico, químico ou micro-biológico, as empresas adotam manuais e ministram cursos de forma regular, com a fi nalidade de padronizar os procedimentos que zelem pela segurança de todos envolvidos.
Alguns princípios gerais devem ser abordados para a compreensão de todos os trabalhadores envolvidos:
1. Alimentos e bebidas não podem ser consumidos no setor.
2. Equipamentos devem ser destinados apenas para seu propósito designado.
3. Os envolvidos no processo de análise devem conhecer as fi chas de seguran-ça dos produtos antes de manuseá-los (FISPQ), determinando causas de riscos po-tenciais e as precauções de segurança apropriadas antes de começar a utilizar no-vos equipamentos ou implantar novas técnicas no laboratório. Confi rmar se exis-tem condições e equipamentos de segurança sufi cientes para a implantação do novo procedimento.
126 QUÍMICA APLICADA A PETRÓLEO E GÁS
4. Conhecer a localização e o uso correto dos equipamentos de segurança dis-poníveis.
5. Não proceder a vários eventos de forma concomitante, para que não ocor-ram riscos de acidente durante o processo analítico.
6. Certifi car-se de que todos estejam usando os equipamentos de segurança apropriados.
7. Assegurar-se de que todos os agentes estejam rotulados e estocados corre-tamente, identifi cando propriedades potencialmente perigosas, conforme exem-plos abaixo.
Figura 56 – Representações de periculosidade de substâncias químicas (NBR 14725)
Símbolo de perigo Denominação
Bomba explodindo
Chama
Chama sobre círculo
Cilindro de gás
Corrosão
Crânio e ossos cruzados
Ponto de exclamação
Perigoso à saúde
Meio ambiente
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4 TÉCNICAS DE AMOSTRAGEM E CONSERVAÇÃO 127
8. Seguir os procedimentos de descarte adequados para cada reagente ou ma-terial de laboratório.
Consultar NBR 10004 (descarte de resíduos sólidos).
9. Nunca pipetar ou sugar diretamente com a boca materiais biológicos, peri-gosos, cáusticos, tóxicos, radioativos ou cancerígenos.
10. Proceder em conformidade com as normas técnicas vigentes, não permi-tindo a contaminação ambiental por uso indevido de materiais em excesso.
Verifi car se tem característica de: Corrosividade Infl amabilidade Toxicidade Reatividade
Resíduos classe 1 Perigoso
Resíduo não perigoso
NÃO
NÃO
NÃO
NÃO
NÃO
SIM SIM
SIM
Resíduos com origem
desconhecida
Resíduos com origem conhecida
Consultar listagem 5
Consultar listagens 5 e 6
Analizar periculosidade
Avaliar características
de periculosidade
SIM
SIM
SIM
Contém substâncias da
listagem 4?
Tem alguma característica?
É perigoso?Existe razão
para considerar perigoso?
Está na listagem?
É produto ou subproduto fora de
especifi cações?
É resto de embalagem?
NÃO NÃO
SIM
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128 QUÍMICA APLICADA A PETRÓLEO E GÁS
QUALIDADE EM LABORATÓRIOS
Um sistema de qualidade em um laboratório é basicamente o fl uxo correto de informações que são utilizadas e geradas durante todo um processo de medição. O uso de ferramentas da gestão pela qualidade total, como o PDCA (planejar, de-senvolver, checar e agir), permitem uma correta relação entre o cumprimento das normas de qualidade ISO – 9000 e a dos Requisitos Gerais para Competência de Laboratórios de Ensaio e Calibração (ISO/IEC – 17025), que têm como principal ob-jetivo a acreditação de um laboratório, em que uma atestação de terceira parte, relacionada a um organismo de avaliação de conformidade, atesta formalmente ao laboratório sua competência para realizar tarefas específi cas.
A acreditação de laboratórios produz vantagens como:
Evidência da competência técnica
Aprimoramento das práticas laboratoriais
Reconhecimento e aceitação internacional de suas atividades
Conquista de novos mercados
A elaboração de procedimentos operacionais padronizados (POP), manuais de qualidade, registro dos resultados de medição permite a rastreabilidade de uma amostra avaliada em laboratório, descreve medidas globais que um laboratório deve utilizar para assegurar a qualidade em suas operações.
São objetivos da ISO/IEC-17025:
Atestar a competência dos laboratórios para realizar en-saios e/ou calibrações, estabele-cendo um padrão internacional e único de amostragem.
Facilitar a interpretação e a aplicação dos requisitos, evitan-do ao máximo opiniões diver-gentes e confl itantes.
Facilitar a forma de amostra-gem e desenvolvimento de novos métodos.
Estabelecer uma relação mais estreita, clara e sem ambiguida-de com a ISO 9001 e 9002.
4 TÉCNICAS DE AMOSTRAGEM E CONSERVAÇÃO 129
REPRESENTATIVIDADE E AMOSTRAGEM
A conformidade que uma amostra possui ao relacioná-la com uma determi-nada população depende de inúmeros fatores, sendo de grande importân-cia os parâmetros de produção que permitem uma avaliação estatística do processo. Os critérios que são adotados para a aprovação de matérias-pri-mas ou produtos acabados dependem diretamente de fatores como arma-zenamento do material, da dinâmica do processo e fi nalmente da forma co-mo o mesmo é distribuído, chegando a seu destino fi nal.
Sem dúvida a amostragem que possa representar essa dinâmica deve ser elaborada de forma a diminuir ou até mesmo eliminar prováveis erros do processo, permitindo maior controle e confi abilidade dos resultados.
Todos os passos que direcionam uma análise confi ável possuem início na forma e na quantidade de amostra que é retirada de um determinado lote ou população. Os instrumentos analíticos de nada servem, assim como os procedimentos analíticos, se não forem aplicados a uma amostra signifi ca-tiva do todo. Ou seja, as avaliações estatísticas do processo permitem maior confi abilidade no resultado fi nal.
As perspectivas de segurança, como o uso de EPI e cuidados diferenciados com o tipo de amostra a ser coletado, também devem ser observados, per-mitindo uma interação durante todo o processo de avaliação.
CASOS E RELATOS
Na página seguinte você vai encontrar o texto RECAPITULANDO
sobre o capítulo TÉCNICAS DE AMOSTRAGEM E CONSERVAÇÃO.
População
Amostra
Amostragem
Amostra
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130 QUÍMICA APLICADA A PETRÓLEO E GÁS
A utilização de normas técnicas para amostragem e conservação de amos-tras permite evidenciar o tempo necessário para estocá-las adequadamen-te, não modifi cando suas características que representam a composição da totalidade na área ou tanque amostrado.
As propriedades radiantes da luz servem de base na elaboração de méto-dos analíticos ópticos, que permitem análises quantitativas e qualitativas das substâncias. Atualmente matéria e energia não são consideradas enti-dades distintas e, portanto, correlacionam-se no aspecto relacionado a pro-priedades físicas e químicas.
RECAPITULANDO
REFERÊNCIAS
ATKINS, Peter. Princípios de Química: questionando a vida moderna e o meio ambiente.
BROWN, Lawrence S.; HOLME, Thomas A. Química geral aplicada à engenharia. Cengage, 2009.
RUSSEL, John B. Química geral. V. 1 e v. 2.
MINICURRÍCULO DOS AUTORES
GISELE TEIXEIRA SALEIRO
Graduada em Licenciatura em Química pela Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ri-beiro. Mestre em Engenharia e Ciência dos Materiais na mesma universidade, defendendo a dis-sertação intitulada Avaliação do processamento de cerâmica vermelha sob condições de queima rá-pida.
Na Universidade do Grande Rio – Unigranrio se formou em bacharel em Química Tecnológica. Como professora, leciona na área de educação profi ssional ligada à Química de Petróleo e Gás. Participou de diversos congressos na área de Química envolvendo a área ligada ao meio am-biente, com apresentação de trabalhos referentes a pesquisas realizadas durante a graduação e pós-graduação.
Atualmente é instrutora especialista do Senai na área de Petróleo e Gás no Centro de Referência em Automação e Simulação na cidade do Rio de Janeiro. Leciona disciplinas como Química Apli-cada, Tratamento de Água e Controle de Processos. Além disso, atua como professora universitá-ria na formação de engenheiros de petróleo, meio ambiente e químicos.
WILHERMYSON LIMA LEITE
Graduado em licenciatura e bacharelado em Química pela FTESM, iniciou seus estudos na área de Química com formação técnica no Ensino Médio. É especialista em Ensino de Ciências pelo Insti-tuto Federal do Rio de Janeiro. Ainda na graduação, iniciou sua carreira na indústria como técni-co em Química, supervisor de produção, analista químico de Controle de Qualidade e responsá-vel técnico, o que lhe garantiu experiência para posteriormente lecionar em escolas técnicas pro-fi ssionalizantes.
Atualmente é professor das redes estadual e particular de ensino médio e profi ssionalizante e, dentre essas instituições, destaque para o Senai, onde atua como instrutor especializado nas áre-as de Química Aplicada a Petróleo e Gás, Tratamento de Águas Industriais, Corrosão, Controle Es-tatístico de Processos e outras disciplinas correlatas.
SENAI – DEPARTAMENTO NACIONALUNIDADE DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA – UNIEP
Rolando Vargas VallejosGerente Executivo
Felipe Esteves MorgadoGerente Executivo Adjunto
Diana NeriCoordenação Geral do Desenvolvimento dos Livros
i-ComunicaçãoProjeto Gráfi co
José Carlos MartinsDesign Educacional
Alexandre Rodrigues AlvesRevisão Ortográfi ca e Gramatical
Cris Marcela Paula MouraAndré Brito Ilustrações
Grafi ttoProdução Executiva
In-FólioProgramação Visual, Edição e Produção Editorial
SENAI – DEPARTAMENTO REGIONAL DO RIO DE JANEIRONÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA – NUCED
Luis Roberto ArrudaMarcela Gomes GeraldoCoordenação do Desenvolvimento dos Livros no Departamento Regional
Ana Beatriz Lima Guedes MonteiroCoordenação do Projeto
Gisele Teixeira SaleiroWilhermyson Lima Leite Elaboração
Cleber Magno do Sacramento Gisele Teixeira Saleiro Revisão Técnica
Biblioteca Artes Gráfi casNormalização