quÍmica analÍtica instrumental - relatÓrio 2 - determinação de sódio e potássio empregando um...
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UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI - UFVJM
FACULDADE DE CIÊNCIAS EXATAS E SOCIAIS APLICADAS - FACESA
DEPARTAMENTO DE QUÍMICA - DEQUI
DISCIPLINA - QUÍMICA ANALÍTICA INSTRUMENTAL
DOCENTE: PROFa DRa RITA DE CÁSSIA SILVA LUZ
EXPERIMENTO N0 02:
DETERMINAÇÃO DE SÓDIO E POTÁSSIO UTILIZANDO
UM FOTÔMETRO DE CHAMA
DISCENTE: Eveline Cristine Batista
DIAMANTINA, AGOSTO DE 2009
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DETERMINAÇÃO DE SÓDIO E POTÁSSIO UTILIZANDO
UM FOTÔMETRO DE CHAMA
1- Introdução
A fotometria de chama é a mais simples das técnicas analíticas baseadas em
espectroscopia atômica. Nesse caso, a amostra contendo cátions metálicos é
inserida em uma chama e analisada pela quantidade de radiação emitida pelas
espécies atômicas ou iônicas excitadas. Os elementos, ao receberem energia de
uma chama, geram espécies excitadas que, ao retornarem para o estado
fundamental, liberam parte da energia recebida na forma de radiação, em
comprimentos de onda característicos para cada elemento químico.
Apesar da simplicidade da técnica, diversos conceitos importantes estão
envolvidos no desenvolvimento de experimentos usando a fotometria de chama,
desde os princípios de espectroscopia até a estatística no tratamento de dados,
passando por preparo de amostra e eliminação de interferências.
A espectroscopia atômica baseia-se em métodos de análise de elementos de
uma amostra, geralmente líquida, que é introduzida em uma chama, na qual
ocorrem fenômenos físicos e químicos, como evaporação, vaporização e
atomização. Um esquema dos fenômenos que ocorrem na chama é apresentado na
Figura 1.
Figura 1. Esquema das reações que ocorrem na chama
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A energia eletrônica é quantizada, isto é, apenas certos valores de energia
eletrônica são possíveis. Isso significa que os elétrons só podem ocupar certos
níveis de energia discretos e que eles absorvem ou emitem energias em
quantidades discretas, quando se movem de um orbital para outro. Quando o elétron
é promovido do estado fundamental para um estado excitado, ocorre o fenômeno de
absorção e quando este retorna para o estado fundamental observa-se o processo
de emissão.
Uma vez que um átomo de um determinado elemento origina um espectro
característico de raias, conclui-se que existem diferentes níveis energéticos, e que
estes são característicos para cada elemento. Além das transições entre os estados
excitados e o fundamental, existem também transições entre os diferentes estados
excitados. Assim, um espectro de emissão de um dado elemento pode ser
relativamente complexo. Considerando que a razão entre o número de átomos nos
estados excitados e o número de átomos no estado fundamental é muito pequena,
pode-se considerar que o espectro de absorção de um dado elemento é associado
às transições entre o estado fundamental e os estados de energia mais elevados.
Desta forma, um espectro de absorção é mais simples que um espectro de emissão.
Átomos na fase gasosa podem ser excitados pela própria chama ou por uma fonte
externa. Se forem excitados pela chama, ao retornarem para o estado fundamental,
liberam a energia na forma de radiação eletromagnética. Essa é a base da
espectrometria de emissão atômica que, antigamente, era conhecida como
fotometria de chama [1].
Durante muitos anos, as chamas têm sido usadas para excitar os espectros
de emissão para vários elementos, e os modernos espectrômetros de absorção
atômica são facilmente adaptados para as medidas de emissão por chama.
Entretanto, as chamas não são largamente utilizadas para esse fim porque , para a
maioria das determinações monoelementares, os métodos de absorção fornecem
resultados tão bons ou melhores em temos de exatidão, conveniência e limites de
detecção. Pra análises multielementares, as fontes de plasma são muito superiores
às chamas em vários aspectos. Por essas razões, a espectrometria de emissão por
chama é pouco usada exceto para a determinação de metais alcalinos e,
ocasionalmente, de cálcio. Esses elementos são excitados nas temperaturas
relativamente baixas das chamas, fornecendo espectros que são extremamente
simples e não sofrem interferências de outras espécies. Os espectros dos metais
2
alcalinos geralmente consistem de poucas linhas intensas, muitas das quais estão
na região do visível e são adequadas para as medidas quantitativas de emissão
Devido à sua simplicidade espectral, os elementos alcalinos e alcalinos
terrosos podem ser determinados, em análises de rotina, com fotômetros simples de
filtro. Uma chama de baixa temperatura é usada para evitar a excitação da maioria
dos outros elementos. Como resultado, os filtros de interferência podem isolar uma
linha de emissão apropriada [2].
2- Objetivos
Determinação da concentração de sódio nas amostras de água mineral, água
do reservatório do Campus II e de Gatorade® pela técnica da Espectroscopia de
Emissão por Fotômetro de Chama.
3- Metodologia
3.1 – Materiais e Reagentes
Nesses experimentos foram utilizados os seguintes materiais e reagentes:
- Fotômetro de chama com filtro para sódio;
- Bomba de vácuo;
- Dessecador;
- Estufa;
- Balança analítica
- 05 Balões volumétricos de 50 mL;
- 05 Béqueres de 10 mL;
- 09 Béqueres de 50 mL;
- 01 Balão volumétrico de 250 mL;
- 01 Pipeta de 25 mL;
- Cloreto de sódio;
- Água mineral;
- Garotade®;
- Água de abastecimento;
3
3.2 – Procedimento Experimental
3.2.1 – Preparo de uma solução-estoque de íons sódio:
Pesou-se 0,6357 g de cloreto de sódio, seco em estufa a 200oC por 3 horas e
resfriado a temperatura ambiente, em dessecador. Transferiu-se para um balão
volumétrico de 250 mL e completou-se o volume com água destilada.
3.2.2 – Preparo das soluções-padrão de íons sódio:
A partir da solução-estoque, preparou-se soluções de concentrações
intermediárias (0,100 mg/mL, 0,200 mg/mL, 0,300 mg/mL, 0,400 mg/mL, 0,500
mg/mL, e 0,600 mg/mL) diluindo-se os volumes de 10, 15, 20, 25 e 30 mL para um
volume final de 50 mL com água destilada e deionizada.
3.2.3 – Preparação do Fotômetro de Chama:
Ajustou-se o comprimento de onda para 589 nm para íons sódio e colocou-se
os filtros adequados para a determinação desse íon. Zerou-se a escala de medida
com água destilada e deionizada.
Com o fotômetro já calibrado e zerado, fez-se a leitura das amostras, sempre
checando o zero da escala do aparelho com água bidestilada e deionizada, entre as
medidas.
3.2.4 – Leitura das Absorbâncias:
Inicialmente, realizou-se 05 medidas do branco e anotou-se as absorbâncias
para cada medida. Calculou-se a média dessas amostras e o desvio padrão entre as
medidas.
Fez-se as leituras das soluções-padrão, iniciando com a solução mais diluída.
Construiu-se a curva analítica e calculou-se a sensibilidade, o limite de detecção e o
limite de quantificação.
Fez-se as leituras, em triplicata, das amostras de água mineral, água do
reservatório do Campus II e do Garotade® e determinou-se a quantidade de sódio
presente em cada uma das amostras.
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4- Resultados e Discussão
Com base nos procedimentos citados, foram obtidos os seguintes valores:
4.1 – Absorbâncias referentes ao branco:
Os valores para as absorbâncias da amostra do branco são dados na Tabela 1:
Tabela 1 – Valores das absorbâncias das amostras do branco
Amostra 1 2 3 4 5
Absorbância (589 nm) 0 0 0 -1 0
4.1.1 - Cálculo da média das absorbâncias e do desvio padrão entre as medidas:
Pelo tratamento estatístico das amostras, tem-se que:
A=−0,0200 S=0 ,4472
4.2 – Absorbâncias das amostras-padrão de cloreto de sódio:
Os valores para as absorbâncias das amostras-padrão de sódio para a
construção da curva analítica são dados na Tabela 2:
Tabela 2 – Valores das absorbâncias das amostras-padrão de sódio
Amostra 1 2 3 4 5
Concentração
(mg/mL)0,200 0,300 0,400 0,500 0,600
Absorbância
(589 nm)
121 169 210 238 279
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4.2.1 - Construção da curva analítica e determinação da equação da reta:
A curva analítica para as amostras-padrão de sódio é dada pelo Gráfico 1:
0,2 0,3 0,4 0,5 0,6100
120
140
160
180
200
220
240
260
280
300
Ab
sorb
ân
cia
Concentração de Sódio (mg/mL)
Gráfico 1: Concentrações das amostras de sódio vs. Absorbância
Os parâmetros encontrados para o Gráfico 1, foram:
Y = A + B . X
Parâmetro Valor Erro
A 49,40 8,00125
B 385 18,85913
Coeficiente de Correlação 0,99642
Desvio Padrão 2,56989 x 10-4
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A partir do Gráfico1 obteve-se a seguinte equação da reta
y=49,40+385 x
que foi usada para os cálculos das concentrações de sódio para cada amostra
analisada, onde:
A=49,40+385¿
Portanto,
¿
4.3 – Cálculo da sensibilidade da curva analítica:
Como a sensibilidade da curva é dada pela inclinação da reta, ou seja, pelo
coeficiente angular desta, temos que, sendo a equação da reta:
y=49,40+385 x
A sensibilidade () é igual à:
= 385
4.4 – Cálculo do Limite de Detecção (LOD)
O sinal analítico mínimo que se pode obter na ausência do analito, ou seja, o
limite de detecção, é dado por:
LOD=3. SbrancoB
Com isso,
7
LOD=3.2,56989 x10−4
385LOD=2,003 x10−6mg /mL
4.5 – Cálculo do Limite de Quantificação (LOQ)
A quantidade mínima de analito possível de ser quantificada, ou seja, o limite
de quantificação é dado por:
LOQ=10 . Sbranco
B
Com isso,
LOD=10 .2,56989 x10−4
385LOD=6,675 x 10−6mg /mL
4.6 – Absorbâncias das amostras de água mineral comercial:
Os valores para as absorbâncias das amostras de água mineral comercial são
dados na Tabela 3:
Tabela 3 – Valores das absorbâncias das amostras de água mineral comercial
Amostra 1 2 3
Absorbância (589 nm) 174 178 176
4.6.1 - Cálculo das concentrações de sódio nas amostras de água mineral comercial:
Amostra 1:
¿
¿
Amostra 2:
¿
8
¿
Amostra 3:
¿
¿
A Tabela 4 apresenta os dados das absorbâncias a 589 nm e as
concentrações referentes ao sódio presente nas amostras de água mineral
comercial.
Tabela 4 – Valores das absorbâncias das amostras de água mineral comercial e
suas concentrações obtidas.
Amostra 1 2 3
Absorbância (589 nm) 174 178 176
Concentração (mg/mL) 0,3236 0,3340 0,3288
4.6.2 - Cálculo do valor médio das concentrações:
¿¿
¿¿
4.6.3 - Cálculo do Desvio Padrão (S) das Amostras:
Obteve-se o seguinte valor para o Desvio Padrão das amostras:
S = 0,0052
4.6.4 - Cálculo do Desvio Padrão Médio (Smédio) das Amostras:
Sendo o Desvio Padrão Médio dado por:
9
Smédio=S
√3Então:
Smédio=0,0052
√3→Smédio=0,0030
4.6.5 - Cálculo do Fator de Confiança (FC):
Para um nível de confiança de 95%, tem-se que t = 4,303.
Portanto,
FC=t .S
√n→FC=4,303 x 0,0052
√3
FC = 0,0129 mg/mL
Tem-se, contudo, o valor da concentração final de sódio na água mineral
comercial, que é dada por:
¿ final = Cmg/mL (mé dia ) ± FC
¿= ( 0,3288 ± 0,0129 ) mg/mL
4.7 – Absorbâncias das amostras de água do reservatório do Campus II:
Os valores para as absorbâncias das amostras de água do reservatório do
Campus II são dados na Tabela 5:
Tabela 5 – Valores das absorbâncias das amostras de água do reservatório do
Campus II
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Amostra 1 2 3
Absorbância (589 nm) 199 194 194
4.7.1 - Cálculo das concentrações de sódio nas amostras de água do reservatório do
Campus II:
Amostra 1:
¿
¿
Amostra 2:
¿
¿
Amostra 3:
¿
¿
A Tabela 6 apresenta os dados das absorbâncias a 589 nm e as
concentrações referentes ao sódio presente nas amostras de água do reservatório
do Campus II.
Tabela 6 – Valores das absorbâncias das amostras de água do reservatório do
Campus II e suas concentrações obtidas.
Amostra 1 2 3
Absorbância (589 nm) 199 194 194
Concentração (mg/mL) 0,3886 0,3756 0,3756
4.7.2 - Cálculo do valor médio das concentrações:
11
¿¿
¿¿
4.7.3 - Cálculo do Desvio Padrão (S) das Amostras:
Obteve-se o seguinte valor para o Desvio Padrão das amostras:
S = 0,0075
4.7.4 - Cálculo do Desvio Padrão Médio (Smédio) das Amostras:
Sendo o Desvio Padrão Médio dado por:
Smédio=S
√3Então:
Smédio=0,0075
√3→Smédio=0,00 43
4.7.5 - Cálculo do Fator de Confiança (FC):
Para um nível de confiança de 95%, tem-se que t = 4,303.
Portanto,
FC=t .S
√n→FC=4,303 x 0,0075
√3
FC = 0,0186 mg/mL
Tem-se, contudo, o valor da concentração final de sódio na água do
reservatório do Campus II, que é dada por:
¿ final = Cmg/mL (mé dia ) ± FC
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¿= ( 0,3799 ± 0,0186 ) mg/mL
4.8 – Absorbâncias das amostras de Gatorade®:
Os valores para as absorbâncias das amostras de Gatorade® são dados na
Tabela 7:
Tabela 7 – Valores das absorbâncias das amostras de Gatorade®
Amostra 1 2 3
Absorbância (589 nm) 159 159 160
4.8.1 - Cálculo das concentrações de sódio nas amostras de Gatorade®:
Amostra 1:
¿
¿
Amostra 2:
¿
¿
Amostra 3:
¿
¿
A Tabela 8 apresenta os dados das absorbâncias a 589 nm e as
concentrações referentes ao sódio presente nas amostras de Gatorade®.
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Tabela 8 – Valores das absorbâncias das amostras de Gatorade® e suas
concentrações obtidas.
Amostra 1 2 3
Absorbância (589 nm) 159 159 160
Concentração (mg/mL) 0,2847 0,2847 0,2873
4.8.2 - Cálculo do valor médio das concentrações:
¿¿
¿¿
4.8.3 - Cálculo do Desvio Padrão (S) das Amostras:
Obteve-se o seguinte valor para o Desvio Padrão das amostras:
S = 0,0015
4.8.4 - Cálculo do Desvio Padrão Médio (Smédio) das Amostras:
Sendo o Desvio Padrão Médio dado por:
Smédio=S
√3Então:
Smédio=0,0015
√3→Smédio=0,0009
4.8.5 - Cálculo do Fator de Confiança (FC):
Para um nível de confiança de 95%, tem-se que t = 4,303.
Portanto,14
FC=t .S
√n→FC=4,303 x 0,0015
√3
FC = 0,0037 mg/mL
Tem-se, contudo, o valor da concentração final de sódio na amostra de
Gatorade®, que é dada por:
¿ final = Cmg/mL (mé dia ) ± FC
¿= ( 0,2856 ± 0,0037 ) mg/mL
4.8.6 - Cálculo do Erro Percentual (E%):
Como o E% é dado por:
E%=C experimental−C teórico
cteóricox 100
Portanto:
E%=0,2856−0,18000,1800
x 100→E%=58,67%
5- Conclusão
Através da prática realizada, pode-se concluir que a Espectrofotometria de
Emissão utilizando Fotômetro de Chama é um método eficiente e sensível para
determinação de íons sódio em amostras de água e Gatorade®, uma vez que os
resultados encontrados apresentaram um erro relativo baixo e uma boa proximidade
entre os valores de concentração de cada replicata. Conclui-se ainda que as
amostras de água mineral apresentam concentração de íons sódio de 0,3288 ±
0,0129 mg/mL enquanto as amostras de água referentes ao reservatório de água do 15
Campus II foi 0,3799 ± 0,0186 mg/mL. Já as amostras de Gatorade® apresentaram
uma concentração de 0,2856 ± 0,0037 mg/mL, valor esse superior ao fornecido pelo
fabricante que é de 0,180 mg/mL apresentando um erro de 58,67%.
6- Bibliografia
[1] - http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-404220040050026
Data de Acesso: 27 de agosto de 2009
[2] - HOLLER, F.James; SKOOG, Douglas A.; CROUCH, Stanley R. Princípios de
Análise Instrumental. 6a Ed. Porto Alegre: Bookman, 2009.
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