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27 com todas as letrasacerte no uso do lhe

Importantes dicas da nossa língua portuguesa

4 chicolei das manifestações

O complexo processo que envolve a transmissão e recepção das mensagens mediúnicas

6 biografiaesboço de autobiografia

A verdadeira história de um “Gigante”

12 mediunidadediretrizes de segurança

Questões sobre mediunidade

14 capaalegações de plágio noslivros de divaldo franco

18 informaçãoa língua portuguesa

Como ficará a ortografia a partir de 2008?

próxima ediçãocomo jesus dialogavacom o povo

sumário

22 reflexãodeus no pensamento filosófico

O que pensaram sobre Deus alguns dos maiores filósofos

21 mensagemagressores e nós

Como lidar com aqueles que nos ferem

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centro de estudos espíritas “nosso lar”rua luís silvério, 120 – vila marieta 13042-010 campinas/spcnpj: 01.990.042/0001-80 inscr. estadual: 244.933.991.112

assinaturasassinatura anual: r$45,00(exterior: us$50,00)

fale [email protected] (19) 3233-5596

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e adicione o nosso endereço:

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edição centro de estudos espíritas “nosso lar” – depto. editorial

Jornalista responsável renata levantesi (mtb 28.765)

projeto gráfico fernanda berquó spina

revisão zilda nascimento

administração e comércio elizabeth cristina s. silva

apoio cultural braga produtos adesivos

impressão citygráfica

o centro de estudos espíritas “nosso lar” responsabiliza-se doutrinariamente pelos artigos publicados nesta revista.

editorialComparemos a mediunidade à eletricidade.Ambas são, em si, forças neutras. Os resul-

tados obtidos com a sua aplicação dependerão exclusivamente de dosagem e direcionamento.

Da mesma forma, não é a simples presença da faculdade mediúnica que eleva ou compro-mete o indivíduo, mas sim o uso que se faz dela, mediante o livre-arbítrio.

Toda força psíquica necessita de educação para converter-se em recurso útil. E a educação se consolida de dentro para fora, compreendendo fases distintas, quais sejam o registro, a conscien-tização, a assimilação e a adoção de hábitos que passam a reger o comportamento.

No caso da prática mediúnica, esses princí-pios devem estar alicerçados na ética e na disci-plina. Por isso, educar a mediunidade significa, antes de tudo, reeducar a si mesmo, de dentro para fora.

Alheios a isso, inúmeros companheiros maravilham-se com a presença da faculdade em si mesmos, mas ignoram as tendências que car-regam no próprio campo moral, esquecendo-se que tais tendências podem significar a diferença entre o triunfo e o fracasso.

Por essa razão, a Doutrina Espírita recomenda que o desenvolvimento mediúnico faça parte de um programa maior, envolvendo a reforma interior da criatura em todos os aspectos.

Para isso, é necessário um mergulho interno que ultrapasse a superficialidade do fenômeno e vá além das barreiras do ego.

Conhecer-se melhor para melhor atuar no intercâmbio com o Além.

Conscientizar-se das próprias forças psíquicas a fim de canalizá-las adequadamente, de maneira que apresentem elemento útil na obra de cons-trução moral do planeta.

Renovar hábitos para ensejar o clima propício às comunicações úteis.

Assimilar as leis morais que regem o cosmos, fazendo-as vibrar no próprio universo interior.

Exteriorizar o bem por meio de pensamentos e atos, para que o bem, representando nossa vinculação com a Consciência Cósmica, nos sustente a marcha e nos credencie ao trabalho junto dos edificadores da Nova Era.

Sem isso, a mediunidade não passará de for-ça fora de controle, cujas conseqüências serão sempre imprevisíveis.

Augusto

LEVY, Clayton. Mediunidade e Autoconhecimento.

Págs. 75-78. CEAK. 2003

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fidelidadespírita | novembro 2007 chico

lei das manifestaçõespor suely caldas schubert

30-8-1947

“(...) Muito justo quanto me di-zes sobre as corrigendas. Compreen-do não só o trabalho que consagras ao serviço do plano espiritual, mas também o amor com que te devotas à obra. Estou de pleno acordo com todas as retificações, fruto de tua paciência e devotamento à Causa. Talvez não me tenha exprimido bem na carta última. Penso que não devemos apresentar é a declaração “edição revista pelo autor”, porque isto nos levaria a gravar dístico idêntico, no início dos outros livros recebidos aqui, dificultando a tarefa dos que vierem, na Federação, mais tarde. Creio que o campo deve ficar livre à colaboração da FEB, em qualquer tempo, independendo do médium. Ao mesmo tempo não daremos aos adversários de agora a impressão do receio da ação deles, o que viria a acontecer se gravássemos a aludida declaração nos próximos dois anos. A tua lembrança de a su-prirmos me alegra muito e resolve o caso. Retribuí-te o livro ontem com todas as corrigendas que fizeste e podes crer que esse reajustamento e todos os outros que puderes fazer, no “Brasil, Coração do Mundo” e em todos os outros livros, repre-sentam motivo de imenso prazer e de indefinível conforto para mim. Deus te recompense. Peço-te per-

dão por haver tomado tanto o teu tempo com longas considerações em torno do assunto, mas precisei esclarecer o que eu pensava e não sei ainda sintetizar. (...)”

Sorte a nossa, que Chico Xavier não tivesse sintetizado o assunto da missiva anterior (de 24-8-1947), pois assim temos a oportunidade de inteirarmos de todo esse delicado e complexo processo que envolve a transmissão e recepção das mensa-gens mediúnicas.

Na carta do dia 30 o mesmo as-sunto prossegue. Entre uma e outra medeiam apenas seis dias.

Chico se diz de acordo com as retificações feitas por Wantuil. Ambos chegam a acordo final, isto é, que não se deva apresentar a declaração “edição revista pelo autor”. Chico enfatiza que a FEB deve ter o campo livre para dar a sua colaboração. É de se notar que Chico, ao dizer isso, complementa: independendo do médium.

Muitos autores, não mediúni-cos, negam-se a admitir qualquer opinião a respeito do que escrevem. Embora a cooperação nesse sentido seja bastante salutar, porque ajuda e melhora a obra, não aceitam e não gostam de sugestões ou críticas, en-quanto escrevem. Todavia, há dife-

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novembro 2007 | fidelidadespírita chico

rença bem grande entre um escritor encarnado produzir determinado livro e a tarefa da psicografia. No momento em que escreve, por si mesmo, ele pode pesquisar, consul-tar outros autores, ter um fichário e dicionários à sua disposição. O mesmo não acontece, é óbvio, com o médium psicógrafo.

Para se entender melhor a com-plexidade da transmissão de uma mensagem, basta lembrar como é difícil e complicado, às vezes, trans-mitir-se um recado entre os próprios encarnados. Não um simples recado de meia dúzia de palavras, mas algo mais sério e que exija de quem vai levá-lo a compreensão do que está ouvindo. Mesmo sendo bem en-tendido, o recado será transmitido com palavras diferentes e dentro da capacidade de quem o dá.

Quanto à comunicação mediú-nica, o mecanismo é muitíssimas vezes mais complicado. Entre a transmissão e a recepção da mensa-gem existem várias etapas a serem cumpridas, que vão desde a prepa-ração do médium e do Espírito co-municante, a afinização e a sintonia entre ambos, a filtragem por parte do encarnado, até a harmonização dos que estiverem presentes, bem como a ambiência espiritual.

Escrevendo sobre a “lei das ma-nifestações espíritas”, Léon Denis esclarece:

“Nas comunicações espíritas a dificuldade, portanto, consiste em harmonizar vibrações e pensamen-tos diferentes. É na combinação das forças psíquicas e dos pensamentos entre os médiuns e os experimenta-dores, de um lado, e entre estes e os Espíritos, do outro, que reside intei-ramente a lei das manifestações.

São favoráveis as condições de experimentação quando o médium e os assistentes constituem um grupo harmônico, isto é, quando pensam e vibram em uníssono. No caso contrário, os pensamentos emitidos e as forças exteriorizadas se embaraçam e se anulam reciproca-mente. O médium, em meio dessas correntes contrárias, experimenta uma opressão, um mal-estar inde-finível; sente-se mesmo, às vezes, como que paralisado, sucumbido. Será necessário uma poderosa in-tervenção oculta para produzir o mínimo fenômeno.”

Explica ainda Léon Denis, que para haver a comunicação é preciso a graduação entre o pensamento do comunicante com o do médium. Quanto mais evoluído for o Espí-rito, mais velocidade terão as suas irradiações mentais, a sua freqüên-cia vibratória.

“Será, pois, o seu (do Espírito) primeiro cuidado imprimir às suas vibrações um movimento mais len-to. Para isso um estudo mais ou me-nos prolongado se tornará preciso,

variando as probabilidades de êxito conforme as aptidões e experiências do operador. Se falha a tentativa, toda comunicação direta se torna impossível, e ele terá que confiar a um Espírito mais poderoso ou menos hábil a transmissão de seus ditados. É o que freqüentemente acontece nas manifestações. Supon-des receber o pensamento direto de vosso amigo, e, entretanto, ele não vos chega senão graças ao auxílio de um intermediário espiritual. Daí certas inexatidões ou obscuridades, atribuíveis ao transmissor, que vos deixam perplexos, ao passo que a comunicação, em seu conjunto, apresenta todos os caracteres de autenticidade.” (“No Invisível”, cap. VIII, 1ª parte, 6ª ed. FEB.)

Dentro de toda essa complexida-de, que apenas abordamos superfi-cialmente, torna-se perfeitamente compreensível que Chico Xavier admita e até deseje a colaboração da FEB, representada, mais diretamen-te, por Wantuil de Freitas.

Não percamos de vista que aqui se trata de um médium do quilate de Chico Xavier, um dos maiores médiuns psicógrafos de que se tem notícia...

Ressaltamos, também, que as retificações ou corrigendas a que Chico alude são relacionadas com a forma de apresentação, não en-volvendo, porém, o conteúdo das mensagens, a essência do pensa-mento dos autores espirituais. Tal conteúdo e tal essência são sempre preservados, e não poderia ser de outra maneira.

fonte:

SCHUBERT, Suely Caldas. Testemunhos de

Chico Xavier. Págs. 172 - 175. Feb

São favoráveis as condições de experimentação quando o médium e os assistentes constituem um grupo harmônico

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fidelidadespírita | novembro 2007 biografia

esboço de autobiografiapor jerônimo mendonça

Meu pai não conheceu escola, era um homem simples, modesto lavrador

Ele pretendia escrever a sua biografia através de mãos amigas que usariam

a caneta por ele, mas, talvez por modéstia, interrompeu o trabalho e não o continuou após isso. Com suas palavras ditadas, aqui está o que relatou:

ituiutaba – minas gerais, 13 de abril de 1980.

“Meu nome é Jerônimo Mendonça, nasci em Ituiutaba, Triângulo Mineiro, no ano longínquo de 1939, sendo o nono filho de uma irmandade de dez. Meus pais: Altino Mendonça e Antonia Olímpia de Jesus. Meu nascimento se deu no dia primeiro de novembro, à rua 16 entre as avenidas 5 e 7, num modesto ranchinho de capim, tão pobre que não possuía numeração.

Assim que contava sete anos, co-mecei a conhecer a profunda penúria

de meus pais; a luta e o sacrifício de ambos, com uma prole tão numerosa de dez filhos. Também senti a necessidade de alguma coisa fazer, não obstante as minhas totais limitações.

Meu pai não conheceu escola, era um homem simples, modesto lavrador,

carreiro que foi de muita gente e eu passei a ajudá-lo como candeeiro até

a idade de nove anos. Trabalhei com ele muito tempo no ambiente rural de Ituiutaba.

Minha mãe era modesta lavadeira de roupas, da freguesia local, lutadora, corajosa, firme, de uma honra e de um caráter invencíveis. Não obstante a sua total pobreza, jamais se deixou vencer pelo desânimo ou pelo desalento. Nunca quis dar quaisquer de seus filhos para terceiros, não obstante o conselho de muita gente para que ela fizesse doação de alguns. Sua fibra de mãe sobrepujou as angústias e percalços daquele lar pobre.

Meu pai, como disse, era um traba-lhador, mas muito modesto, de caráter honrado, porém de parcos recursos econômicos. De todos os nossos irmãos, apenas eu pude chegar ao quarto ano primário. Trabalhei muito tempo no armazém do senhor Valmo Muniz, na avenida 7, depois fui balconista da loja de tecidos do senhor Fued Farha, a

”Que o leitor, ao ler estas páginas, imagine um homem totalmente paralítico, num leito há mais de trinta anos, sem mover nem o pescoço, cego há quase vinte anos, com dores no corpo, dores terríveis no peito, necessitando de quilos de peso de areia para suportar a dor...

...Levado por mãos amigas pelo Brasil afora em palestras, tamanho foi o seu exemplo que foi apelidado “O Gigante Deitado”...¹

¹jane, cambé, 06 de junho de 1992

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uma publicação do centro de estudos espíritas “nosso lar” – campinas/sp 7assine: (19) 3233-5596 uma publicação do centro de estudos espíritas “nosso lar” – campinas/sp

novembro 2007 | fidelidadespírita biografia

seguir fui secretário do senhor Demerval Borges, no escritório de contabilidade, não por méritos intelectuais, mas por bondade do mesmo, que nos adiantava salários sem exigir trabalho, coisa “sui generis”, somente um espírito daquele nível para entender as nossas carências. Mais tarde compreendi que ele tentava nos ajudar.

Quando contava treze anos, fui levado pela senhora Doralina Siqueira, hoje no mundo dos espíritos, a conhecer a Igreja Presbiteriana, quando na época o pastor era o Reverendo Taylor.

Fiquei encantado com os hinos, a beleza daquelas vozes harmoniosas, a beleza da pregação evangélica e, na mi-nha estrutura psicológica de treze anos, não relutei em aceitar as convicções da Igreja. Fui protestante até os quinze anos de idade, ali batizado. Confesso, caro leitor, que aprendi muito e a Igreja valeu-me como sendo um escudo onde eu me defendesse de muitos arremessos da ilusão e da vaidade, mas o meu espírito, sempre indagador, não se sujeitou aos horizontes estreitos da Igreja no que tange à crença em Deus, no universo e na imortalidade da alma, o conceito de uma vida única e de uma salvação limitada. Quando digo salvação limi-tada é porque nem todos se salvariam, conforme o texto sagrado analisado ao pé da letra.

Foi então que conheci, como acon-tece no caminho de todos, o meu sama-ritano, a quem eu julgo, a quem assim eu qualifico como sendo aquele luzeiro de bênçãos que colocou “O Evangelho Segundo Espiritismo” em minhas mãos. Refiro-me ao senhor Gabriel Rocha Galdino, mui digno presidente do grupo Espírita “Amor Fraterno”, em Ituiutaba, espírita de muitos anos de abnegação e renúncia, a quem o Espi-

ritismo ituiutabano muito deve. Hoje, octogenário, cego. Assim começou para mim uma nova visão de Deus, uma nova visão do universo, uma nova visão da vida, um novo conceito de destino, de causa e efeito, imperativo do trabalho e a riqueza do discernimento. Devo dizer ainda que neste ínterim entre a Igreja e o Centro eu trabalhei como engraxate com os senhores Bernal e João, na rua 22.

Diz a minha mãe que desde a mi-nha infância eu não gozava de muita saúde, sempre frágil, anêmico, doente, assim fui me desenvolvendo, mas como o Espiritismo ensina, o espírito reencarna com suas tendências, suas lutas, com seus problemas inerentes ao mérito e demérito, luz e sombra, fracasso e vitória de pretéritas lutas reencarnatórias.

Muito moço, contando agora os meus dezesseis anos de idade, na dinâ-mica mocidade espírita em Ituiutaba, fundamos a Campanha do Quilo “Auta de Souza”, na companhia de vários amigos e benfeitores do Espiritismo local e a ela nos entregamos de corpo e alma, com todo o nosso devotamento e abnegação.

Fui lendo as obras espíritas, foi aumentando em mim o discernimento espírita, fui aceitando as coisas que an-tes não tinha condições de aceitar, como sendo o lar pobre, pais pobrezinhos, ir-mãos carentes, vida difícil, enfermidade, fome, frio, amarguras e decepções. Todos os meus irmãos para logo se definiram na vida profissional e também na vida sentimental, casando-se e constituindo família, ficando apenas eu o único solteiro em casa. Quando atingimos os dezessete anos nasceu em mim a idéia de organizarmos um programa radiofônico na rádio local, a Rádio Cancella, dando a esse programa o nome de “Alvorada

Espírita Cristã”. Para mim foi uma alegria nova e estranha cantar dentro de minha alma entusiasta, arrojado, intrépido pelo conhecimento espírita, aquela disposição de carregar o mundo nas costas.

conflito das emoções

Para logo surgiram em nós os grandes conflitos psicológicos. De um lado, a

Ficamos o período todo de pé e, ao terminar o filme, estávamos petrificados

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fidelidadespírita | novembro 2007 biografia

sede da felicidade, o desejo de um lar, uma esposa, filhos; do outro lado, a carência, a dificuldade, o corpo frágil.

Um dia, quando descíamos a aveni-da 13, em direção ao Bairro Progresso, onde residia o senhor Josias, alfaiate, hoje residente em Brasília, este chamou-nos. Entramos em sua alfaiataria e ele sorrindo-nos disse:

- Tenho uma surpresa para você.Perplexo, indagamos: “Qual?”. Ao

que ele respondeu: “Um terno.”Naquela hora sentimos as pernas

faltarem, um tremor nos invadiu o corpo: Um terno! Pela primeira vez, aos dezessete anos, íamos conhecer o que era usar um terno. Ele, de propósito, nos fizera uma surpresa, com sua alma boa, conhecedora da nossa pobre vida de lutas.

Foi aí que vestimos o nosso primeiro terno branco, a nossa primeira grava-ta, o nosso primeiro par de sapatos e, naquele dia, entusiasmado e feliz, chegamos cantando em nossa casa. Nossa mãe estranhou a nossa alegria, contamos-lhe o fato e ela rejubilou-se.

Fomos ao banheiro, higienizamos o corpo, entramos para nosso quarto, quando, com o nosso 1,83 m, vaidoso, penteávamos os cabelos até caírem na testa, peito largo, dizendo para nós mesmos, batendo no peito: “Tarzã, rei dos macacos”.

As rádios locais anunciavam um filme com muita ênfase: “E o Vento Levou”, e fomos à noite, estreando o terno. Assistimos ao filme de quatro horas de duração, nenhuma cadeira vazia, nenhuma vaga. Ficamos o perí-odo todo de pé e, ao terminar o filme, estávamos petrificados, como se os pés houvessem sido parafusados no piso, pálido, com grande vibração de dor nos membros inferiores. Foi aí que começou

para nós a jornada inicial dolorosa e difícil da paralisia.

Nós, que entráramos jubilosos no Cine Capitólio para assistir ao filme “E o Vento Levou”, sentimos naquele exato momento que o vento havia leva-do nossos sonhos, nossa pouca saúde e nossa esperança. Voltamos carregados para casa, que nessa época ficava à rua 36 com avenida 1 e 3 do Bairro Progresso.

Nossa mãe assustou-se ao ver-nos chegar carregado por dois amigos.

E aquela calça que vestíramos com tanto entusiasmo, com tantas alegrias, foi cortada a tesoura. Tão grande era o inchaço dos pés que ela não passava. Ali, então, foram torturados e massacra-dos os nossos primeiros sonhos de moço, aos dezessete anos de idade.

Nossos pais chamaram o médico e este deu triste diagnóstico. Naquela época não sabíamos precisar o peso desse vocabulário: Artrite. Sentimos apenas um impacto profundo, uma dor imensa, grandes contorções de dores nos quadris, nos joelhos, nos pés e uma vaga intuição de que todo aquele castelo de sonhos havia soçobrado. Foi então que tivemos pela primeira vez os nossos três primeiros meses de leito, plenamente impossibili-tado de locomoção. Logo após, gozando de uma melhora relativa, alcançamos as muletas, pudemos locomover-nos. Tendo necessidade de continuar trabalhando, para ajudar a família, abraçamos a profissão de professor rural, próximo a Ituiutaba, onde lecionamos numa chácara da senhora Maria Ferreira para seis alunos, ganhando o ordenado de 400 mil réis por mês. Pudemos ajudar no casamento das duas irmãs caçulas, para logo jornadearmos em direção a uma vida de lutas, uma vida de grandes batalhas de sentimentos, de grandes sonhos e de grandes frustrações.

Depois da cadeira de rodas, fomos para o leito, onde começava uma nova jornada

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novembro 2007 | fidelidadespírita biografia

as lutas e o sexo

Conhecemos vários amores, conhece-mos várias ilusões, naquela tentativa de encontrar a felicidade. Mas quem pode encontrar a felicidade, infelicitando, quem pode ter paz, criando desespero, a intranqüilidade ... Jovem, sentindo toda a força vibrante do erotismo, era o conflito entre o espírito e a matéria, era o conflito entre o céu e a terra, era o conflito entre a luz e a sombra, era o conflito entre o amor e a paixão, numa ânsia de equilibrarmo-nos, de sujeitar-mo-nos a um ponto ideal de equilíbrio emocional de todas as aventuras. Neste campo, confessamos ao leitor que de to-das elas saímos vencido, mais solitário, até que um dia, cansado de debater-nos nesses paraxismos, surgiu para nós a cadeira de rodas; a muleta já não nos bastava. Depois da cadeira de rodas, fomos para o leito, onde começava uma nova jornada, uma nova experiência.

Sendo sonhador, confessamos que tivemos sempre a alma muito românti-ca, sempre gostamos de escrever poesias, crônicas. Sempre gostamos de filosofar e, auxiliado pela grandeza da doutrina espírita, esse movimento granítico de moral, de grandezas eternas, a intuição, a amplitude de conceitos filosóficos mui-to nos ajudaram neste capítulo, embora continuássemos lutando e lutando, e devemos confessar ao caro leitor, para experiência do mesmo, que sempre foi nossa vida uma grande batalha, uma grande luta.

É um erro pensarem os outros que um homem em decúbito dorsal na cama ou numa cadeira de rodas, trazendo esta ou aquela inibição física, já seja um santo. Nunca quisemos passar por santo e sempre o nosso coração chorava no peito quando nos consideravam um

santo ou um, segundo Chico Xavier. Pobre Chico!

Mal sabiam os amigos das grandes batalhas interiores do nosso coração, que não desmereciam em nada a luta de um espírito à procura de sua auto-afirmação. Se nós não estávamos no primitivismo total da evolução, também não nos encontrávamos na cúpula da perfeição de santidade alguma.

A vida é sempre uma benção de Deus, mas o mito, um inferno. No duelo de alma e corpo, matéria e espírito, amor e paixão, caminhamos pela vida, dando e recebendo decepções. Por mais que os espíritos nos orientassem, por mais que os benfeitores viessem ao nosso socorro e nosso auxílio, nós, às vezes por rebeldia, nos mostrávamos surdo, queríamos ser feliz, precisávamos ser feliz, tínhamos que realizar nossos sonhos.

E assim foi, de lágrima em lágrima, de tortura em tortura, pesadelo em pe-sadelo, de experiências em experiências ...

trabalho

Agradecemos ao Espiritismo a fé racional e o fato de ele não nos ter permitido julgarmo-nos uma pessoa inválida, inútil.

... Jerônimo soube, como poucos, com-preender e aplicar em sua vida os princípios espíritas. Profundo conhecedor da Codificação Kardequiana, sabia e sentia que o seu marti-rólogo era efeito de equivocadas atitudes em outras encarnações. Compreendia, portanto, qual a origem de seus sofrimentos e deles extraía todos os benefícios possíveis, a tudo suportando com heróicas e cristãs resignação e paciência...²

²izaias claro, junho de 1994

Começamos a sentir o imperativo do trabalho desde o momento em que nos tornamos espíritas

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fidelidadespírita | novembro 2007 biografia

Começamos a sentir o imperativo do trabalho desde o momento em que nos tornamos espíritas. Enxugar lágrimas, consolar as dores maiores, trazer os aflitos ao coração; falar-lhes de Deus, de Jesus, da imortalidade da alma; atender os estômagos famintos, o corpo desnudo, os pés descalços foi sempre nosso grande sonho. Começamos uma nova etapa na doutrina, no campo da filantropia. Começamos a fazer cam-panhas, solicitar recursos para ajudar os necessitados. Andamos nas zonas rurais abordando fazendeiros, apelamos através da imprensa falada e escrita e passamos então, sem que o quiséssemos, a ter o nosso nome divulgado em vários lugares do Brasil, pelo pequeno traba-lho realizado, mais pelo merecimento dos espíritos do que por nosso próprio merecimento. Veio-nos então a idéia de construirmos num terreno à rua 16, entre 1 e 3, um centro espírita. O terreno, na época, foi vendido por dois e meio milhões antigos.

Fizemos campanha e arrecadamos o fundo necessário. Na época padece-mos incompreensão até dos próprios espíritas, que nos achavam vaidoso, or-gulhoso. “Por que não dávamos o nosso pequeno trabalho aos centros espíritas já existentes?” Muitos afirmavam que seríamos levados ao fracasso.

A tudo perdoávamos. O próprio ambiente doméstico se alterava. Nossa mãe certamente não queria ver o nosso fracasso e apelava para que abandonás-semos a idéia, mas não abandonamos. O Centro Espírita “Seareiros de Jesus” foi inaugurado em 13 de setembro de 1970.

Ali começou a sopa dos carentes, que persiste até hoje. Depois do centro

espírita veio o pequeno terreno doado pelo Dr. Petrônio Rodrigues Chaves no programa “Pinga-Fogo”, o primeiro “Pinga-Fogo” de Chico Xavier, quando lhe demos um telefonema e falamos de nossa inspiração de termos o terreno onde pudéssemos cultivar os legumes da sopa e ele nos deu 340 litros de chão.

O senhor Dorival Sortinho, com quem travamos conhecimentos em São Paulo, através de seu pai Mário Sor-tino, que conhecemos numa pequena palestra, deu-nos a gravar o primeiro LP, “Obrigado Senhor”, de cuja renda construímos a casa da pequena chá-

cara. Depois surgiu a gráfica “Caibar Schutel”, depois a Casa da Sopeira, e sucessivamente o gabinete dentário, o nosso primeiro livro “Crepúsculo de Um Coração”, o nosso segundo LP, “Inti-midade Espírita”. A renda, tanto do livro como dos discos, foi toda para as

obras assistenciais do Centro Espírita “Seareiros de Jesus”.

Um estimado amigo de Ribeirão Preto, São Paulo, o Dr. Guido Hetem, deu a prova de desprendimento dos bens terrenos, compadecendo-se de nossas dores físicas, pois andávamos numa “perua” Kombi, doada há anos. Ele nos deu uma Veraneio 73 zero Km para que tivéssemos maior conforto em nosso trabalho. A esse benfeitor ficou para sempre a nossa gratidão e a nossa memória agradecida.

O tempo foi passando, o traba-lho foi aumentando, as tempestades desabando, as incompreensões se mul-tiplicando, porque a sombra nunca perdoa o avanço da luz. Não seríamos nós, pobre espírito devedor de muitas reencarnações, que teríamos de passar na Terra sem ser alvo de muitas contro-vérsias até mesmo no ambiente espírita, mas tendo por benfeitor incondicional o médium Francisco Cândido Xavier, que sempre constituiu para nós um pai espiritual. Junto com a médium Antusa Martins, nunca nos deixaram esmorecer na tarefa, ensinando-nos a perdoar, a perseverar, a compreender que a batalha é esta.

Um dia o Chico nos disse que mais vale um desenho do que um rio de pre-gações vazias e que nós não deixávamos de ser um desenho no mostruário da vida, para que os outros, ao olhar-nos, pensassem um pouco na lei de causa e efeito. Mesmo dentro de nossas limita-ções, que não deixássemos de trabalhar, pois que por trabalho Kardec definiu toda ocupação útil.

Nova vida, nova experiência, nova luta, novo exercício, nova ginástica no campo da auto-aceitação, quando a

Nós sempre lutamos para ao parecermos pior do que éramos, numa luta gigantesca para errarmos o menos possível e acertarmos o máximo.

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novembro 2007 | fidelidadespírita biografia

fonte:

MARTINS, Jane Vilela. O Gigante Deitado.

Págs. 49 - 65. Casa Editora O Clarim, 2001.

cegueira nos atingiu, perder a visão da exterior, não contemplar mais o cenário estuante da natureza, presenciar um pôr do sol, a benção poética de um amanhecer, não ver mais o rosto de nossa mãe, de nossos irmãos, de nossos amigos, de nossas amigas era para nós um desafio, uma nova etapa a que devíamos enfrentar com coragem e es-toicismo, sempre apoiados na Doutrina Espírita, sempre a cultivá-la.

Nós sempre lutamos para ao pa-recermos pior do que éramos, numa luta gigantesca para errarmos o menos possível e acertarmos o máximo.

Assim tendo sido nossa vida até a data de 1980 em que traçamos pince-ladas rápidas para esta autobiografia,

que nada tem de meritória mas que pode ser compêndio de experiência para todos aqueles que a manuseiem, no sentido de se prepararem melhor para as grandes lutas da vida carnal.

Claro que nesse lance autobiográ-fico triste e desfigurado não temos a pretensão de colocarmos todos os par-ticularismos da nossa vida, que daria um romance de milhões de páginas. Nós estamos apenas buscando o essencial, uma síntese, um resumo, uma súmula dessa jornada nossa até hoje.

Foi então, meus irmãos, que nos tornamos conhecido mercê do Espiri-tismo em quase todo o Brasil, através de correspondências, mensagens, discos, palestras, viagens, contatos por todo

esse Brasil, onde o Senhor Jesus nos enriqueceu de forma maravilhosa de centenas e centenas de afeições de ab-negados irmãos de outras terras, sempre nos ajudando, amparando, com seu desvelo, carinho e compreensão”.

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fidelidadespírita | novembro 2007 mediunidade

diretrizes de segurança

05.de que dispõe o médium psicofônico consciente para distinguir seu pensamento do pensamento da entidade comunicante?divaldo – o médium consciente dispõe do bom senso. eis porque, antes de exercitar a mediunidade deve

estudá-la; antes de entregar-se ao ministério da vivência mediúnica é-lhe lícito entender o próprio mecanismo do fenômeno mediúnico. allan Kardec, aliás, sábio por excelência, teve a inspiração ditosa de primeiro oferecer à humanidade o livro dos espíritos, que é um tratado de filosofia moral. logo depois, o livro dos médiuns, que é um compêndio de metodologia do exercício da faculdade mediúnica. há de ver-se, no capítulo iii, que é dedicado ao método, sobre a necessidade de o indivíduo conhecer a função que vai disciplinar. então o médium tem conhecimento de suas próprias aptidões e de sua capacidade de exercitá-las.

na mediunidade consciente ou lúcida o fenômeno é, a princípio, “inspirativo”.naturalmente os espíritos se utilizam do nível cultural do médium, o mesmo ocorrendo nas demais ex-

pressões mediúnicas: na semiconsciente e na inconsciente ou sonambúlica. o médium, no começo, terá que vencer o constrangimento da dúvida, em cujo período ele não tem maior certeza se a ocorrência parte do seu inconsciente, dos arquivos da memória anterior, ou se provém da indução de natureza extrínseca. atra-vés do exercício, ele adquirirá um conhecimento de tal maneira equilibrada que poderá identificar quando se trata de si próprio – animismo – ou de interferência espiritual – mediunismo. através da lei dos fluidos, pelas sensações que o médium registra, durante a influência que o envolve, passa a identificar qual a entidade que dele se acerca. a partir daí, se oferece numa entrega tranqüila, e o espírito que o conduz inspira-o além da sua própria capacidade, dando leveza às suas idéias habituais, oferecendo-lhe a possibilidade de síntese que não lhe é comum, canalizando idéias às quais não está acostumado e que ocorrem somente naquele instante da concentração mediúnica. só o tempo, porém, pelo exercício continuado, oferecerá a lucidez, a segurança para discernir quando se trata de informação dos seus próprios arquivos ou da interferência dos bons espíritos.

por raul teixeira e divaldo franco

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novembro 2007 | fidelidadespírita mediunidade

06.pode o médium, em algumas comunicações, não conseguir evitar, totalmente, as atitudes desequilibradas dos espíritos comunicantes? divaldo – À medida que o médium educa a força nervosa, logra o impacto do desequilíbrio do co-

municante. É compreensível que, em se comunicando um suicida, não venhamos a esperar harmonia por parte da entidade em sofrimento; alguém que foi vítima de uma tragédia sendo arrebatado do corpo sem o preparo para a vida espiritual apresentará no médium o estertor do momento final, na própria comunicação, algumas convulsões em virtude do quadro emocional em que o espírito se encontra.

há, porém, certos cacoetes e viciações que nos cumpre disciplinar. há médiuns que só incorporam (termo incorreto), isto é, somente dão comunicação psicofônica, se bocejarem bastante. para dar um toque de humor: quando eu comecei a freqüentar a casa espírita, na minha terra natal, a primeira parte era um deus-nos-acuda! porque as pessoas bocejavam e choravam, demasiadamente. eu, como era médium principiante, cria que também deveria bocejar de quebrar o queixo. a “médium principal”, que era uma senhora muito católica, iniciava as comunicações sempre depois de intermináveis bocejos e tosses que levavam às lágrimas. hoje não bocejo, nem no meu estado normal. Quando eles vêm eu cerro os dentes e os evito.

É lógico que uma entidade sofredora nos impregna de energia perniciosa, advindo o desejo de exte-riorizar pelo bocejo. É uma forma de eliminar toxinas. mas nós podemos eliminá-las pela sudorese, por outros processos orgânicos, não necessariamente o bocejo. há outros médiuns que têm a dependência, de todas as vezes em que vão comunicar-se os espíritos, bater na mesa, ou bater os pés, porque se não baterem não se comunicam. lembro de uma vez em que tivemos uma mesa redonda. o presidente da mesa era um homem muito bom, muito evangelizado, mas não havia entendido bem a doutrina, tendo idéias doutrinárias muito pessoais. ele me perguntou quando é que o espírito incorpora no médium. mas logo respondeu: “a gente chupa... chupa ... até engolir! não é verdade?” são cacoetes, destituídos de sentido e lógica.

os médiuns têm o dever de coibir o excesso de distúrbios da entidade comunicante.

na minha terra, vi senhoras que se jogavam no chão, e vinham os cavalheiros prestimosos ajudá-las ... graças a deus eram todas magrinhas ...

o médium deve controlar o espírito que se comunica, para que este lhe respeite a instrumentalidade, mesmo porque o espírito não entra no médium.

a comunicação é sempre através do perispírito, que vai oferecer campo ao desencarnado. todavia, a diretriz é do encarnado.

fonte:

FRANCO, Divaldo P. TEIXEIRA, Raul J. Dire-

trizes de Segurança. Págs. 17 - 19. Frater, 2002.

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ca

pa

por Washington fernandes

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novembro 2007 | fidelidadespírita

1) Divaldo tem hoje mais de duzentos livros publicados (140 psi-cografados mais os biográficos e as coletâneas), sete milhões e meio de livros editados, traduções para dezessete idiomas, mensagens por xenoglossia, de forma especular (de trás para frente), diferentes temas e estilos (Filosofia, Crônicas, Ensaios de Psicologia Espírita, Romances – Temas Sociais/Reencarnação e Obsessão/Alienações, Infanto-Juvenil, Comportamento, Narrações Evangélicas, Poética, Mediunidade, Depoimentos de Além-Túmulo, Casa Espírita, Bio-gráfico de Divaldo). Tal currículo é impossível de plagiar;

2) Como falar de plágio de quem realizou fatos inéditos, como por exemplo:

1. Único médium que psicografou um livro inteiramente num idioma que não era o seu (Hacia las Estrellas, em espanhol, ed. LEAL);

2. Único médium que psicografou 140 livros nos primeiros 40 anos de publicações mediúnicas (o dobro de qualquer outro médium até hoje);

3. Único médium que psicografou livros com temas modernos e inéditos na literatura mediúnica, na área da psicologia, psiquiatria e psicopatologias, relacionando-os à mediunidade e obsessão. A Psicóloga Dra. Cristina Maria Carvalho Delou, com pós-graduação na UERJ, e que foi Diretora da Associação Brasileira para Superdotados, em 1987, analisou os livros do Espírito Joanna de Angelis (Guia de Divaldo), fazendo um paralelo com a “Quarta Força em Psicologia” (Transpesso-al): “Joanna é uma profunda conhecedora dos problemas humanos”; sua linguagem, cientificamente, é moderna, principalmente no que diz respeito à discussão inicial sobre a mudança de paradigma...”;

amigos pediram para comentar alegações de plágio nos livros de divaldo em relação às obras do médium chico xavier. consideramos:

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fidelidadespírita | novembro 2007

4. Psicografou sete livros durante viagens ao Exterior para fazer palestras; (trabalhou ambas as faculdades mediúnicas – oratória e psicografia);

5. Psicografou centenas de mensagens em vários países onde foi fazer palestras, em idios-sincrasia histórica e cultural;

6. Único médium considerado persona non grata e proibido de entrar num país (Portu-gal e colônias africanas, em 1972), em virtude de mensagem psicográfica, incluída no Index Expurgatorius, considerada atentatória ao regime ditatorial salazarista da época;

7. Único médium intimado por uma polícia internacio-nal (a PIDE, na África), para explicar as informações histó-ricas do País, contidas numa mensagem psicografada;

8. Há mais de dez anos fazemos pesquisas das obras do médium Divaldo Franco. Contabilizamos mais de 260 Espíritos Comunicantes que, quando encarnados, tiveram quinze diferentes atividades profissionais (Prê-mios Nobel, Acadêmicos de Letras, Filósofos, Cientistas, Poetas, Militares, Educadores, Médiuns, Vultos espíritas, Políticos, Presidentes da República, Religiosos, campeões esportistas, Santos e Santas). Identificamos a naturalidade deles: EUROPA (nove países); AMÉRICA (seis países e de 16 Estados do Brasil); ÁFRICA (dois países); e ÁSIA (um país);

9. Em cem mensagens familiares por ele psicografadas, de sessenta Espíritos para seus entes queridos, identifica-mos mais de 750 particularidades e detalhes nas mesmas. Divaldo desconhecia o Espírito missivista e seus familiares, que eram médicos, advogados, ar-quitetos, desembargadores, escritores, etc., revelando capacidade para avaliar a psicografia;

10. Fizemos um VADE MECUM (Dicionário Temático Remissivo) de todos os livros do médium Divaldo (em revisão), o qual totalizou mais de 20 mil remissões e cerca de três mil verbetes (assuntos). Evidente o ineditismo e fecundidade das obras;

11. Analisamos quatro livros psicografados por Divaldo, do Espírito Vianna de Carvalho (1874 – 1926). Há citação de quase quinhentos nomes de pessoas conhecidas na História, nas mais diversas áreas de atuação e de diferentes lugares. Com relação às outras citações – científicas, filosóficas, históricas, políticas, bíblicas, literárias e médicas – encontramos cerca de 1.100 delas. A produção psicográfica do médium Divaldo é enciclopédica, impossível de plagiar, ele que nem o ginásio cursou.

A produção psicográfica do médium Divaldo é enciclopédica, impossível de plagiar, ele que nem o ginásio cursou

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novembro 2007 | fidelidadespírita

há treze anos estamos pesquisando as obras completas do escritor francês victor hugo (1802 – 1885), pois divaldo psicografou oito obras atribuídas a este espírito. anotamos milhares de características em comum entre o escritor victor hugo e o espírito victor hugo (metáforas, hipérboles, anticreses, antíteses, neologismos, vocabulário, cor local, citações em latim, em espanhol, em inglês, o grotesco, o burlesco, onomástico, peculiaridades lingüísticas, método enfático, citações geográficas, históricas, mitologia, etc.). este gigantesco trabalho terá oportuna publicidade, com resultados da comparação literária, que já se vislumbram;

3) a primeira questão a considerar numa mensagem é seu conteúdo. se um livro fala de perdão ou amar o próximo, não há plágio se outros espíritos, por outros médiuns, escreverem a mesma coisa (a fonte é o evangelho e não este ou aquele espírito ou médium). não há plágio se as mensagens tratam do mesmo assunto (filosofia, sociologia, cristianismo, evan- gelho, espiritismo etc). caso contrá- rio, o evangelista joão seria acusado de plagiar os outros evangelistas que o precederam; todos os espíritos que di- taram livros após allan Kardec teriam plagiado as mensa-gens da codifica- ção. por isso tam-bém que o médium divaldo não acusa de plágio quem ma- nifesta semelhança com sua oratória. os assuntos tratados são os mesmos, com a agravante de o subconsciente de cada um arquivar inevitavelmente lições recebidas. divaldo tornou-se o maior discípulo de allan Kardec de todos os tempos. a humanidade precisa muito de plágio, plágio das lições de jesus, vivenciando seu evangelho...

fonte:

Jornal Mundo Espírita, Novembro/2007.

Divaldotornou-se o maior Discípulo de Allan Kardec de todos os tempos

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fidelidadespírita | novembro 2007

língua portuguesa

Linguagem é a faculdade que o homem tem de se exprimir e comunicar por meio da fala.

Cada povo exerce essa capacidade por meio de um determinado código lingüís- tico, ou seja, utilizando um sistema de signos vocais distintos e significativos, a que se dá o nome de língua ou idioma.

Criação social da mais alta importân-cia, a língua é por excelência o veículo do conhecimento humano e a base do patrimônio cultural de um povo.

A utilização da língua pelo indivíduo denomina-se fala. A fala nasce da inelutável necessidade humana de comunicação.

A comunicação lingüística se realiza por meio da expressão oral ou escrita.

A língua não é um sistema intangível, imutável; como toda criação humana,

a língua portuguesapor zilda nascimento

está sujeita à ação do tempo e do espaço geográfico, sofre constantes alterações e reflete forçosamente as diferenças indi-viduais dos falantes. Daí a existência de falares regionais e de vários níveis de fala: culta, popular, coloquial, etc.

A história, o registro e a sistematização dos fatos de uma língua constituem maté-ria da gramática.

A gramática histórica estuda a origem e a evolução de uma língua, acompanhando-lhe os passos desde o seu alvorecer até a época atual.

A gramática normativa enfoca a língua como é falada em determinada fase de sua evolução: faz o registro sistemático dos fatos lingüísticos e dos meios de expressão, aponta normas para correta utilização oral e escrita do idioma, em suma, ensina a falar e escrever a língua-padrão correta-mente.

766. a vida social é uma obrigação natural?

- certamente. deus fez o homem para viver em sociedade. deus deu-lhe a palavra e todas as demais faculdades necessárias ao relacionamento.

assim, como é inevitável o progresso e evolução da humanidade, a transformação, atualização da linguagem usada pelo homem, isto é, sua língua ou seu idioma, também acompanha.

informação

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novembro 2007 | fidelidadespírita

fjioerifnbvfhgfos HD IODEhdoie nbfioe-sierufhfnb cbfurgpqhnvjc

mudanças na língua portuguesa

As alterações que terão validade a partir de janeiro de 2008 já esta-vam previstas no acordo ortográfico assinado em 199O pelos membros da Comunidade de Países de Lín-gua Portuguesa – Brasil, Portugal, Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor Leste.

O objetivo da comunidade é unificar as duas ortografias que hoje vigoram em nosso idioma. Essa ortografia única facilitará bastante a divulgação de nossa língua e a propagação das muitas culturas que dela resultam. Permitirá também a adoção do Português como língua oficial em eventos patrocinados pela ONU e simplificará muito o intercâmbio, por meios impressos, de informações e de conhecimentos entre os países da Comunidade de Língua Portuguesa.

Uma vez implantadas as modifi-cações pretendidas pelo acordo, pre-vê-se que menos de 2% das palavras usadas em Portugal sofrerão alguma mudança, enquanto no Brasil essa porcentagem é bem menor: menos de 0,5% dos vocábulos terá a grafia alterada.

o Que mudará e como ficará a ortografia a partir de 2008?

1. Nosso alfabeto passará de 23 para 26 letras. K, W e Y voltam a fazer parte da nossa língua.

a. As três letras devem ser empregadas apenas em:• Substantivos próprios de origem estrangeira (Taylor, Wil-

son, Franklin, Kuwait, Malawi, etc.)• Abreviaturas que indiquem unidades de medida de uso inter-

nacional (quilograma – kg, oeste – W, kiloWatt – kW, jarda – yd).

2. O “trema” deixará de existir em palavras portuguesas e aportu-guesadas.

No entanto, esse sinal deverá permanecer em nomes próprios estrangeiros e seus derivados:

Exemplos:• Frequência, tranquilo, quinquênio, linguiça, aguentar.• Müller, mülleriano, Hübner, hübneriano.

3. Os hiatos ÊE e ÔO perdem o acento circunflexo.Exemplos:• Veem, reveem, teem, releem, creem, deem, enjoo (verbo e

substantivo), perdoo, voo (verbo e substantivo), povoo.

4. O acento agudo ou circunflexo diferencial deixará de existir.No entanto, permanecem com acento:• Fôrma (substantivo); e• Pôde (verbo, no pretérito perfeito)

Estas palavras passarão a ser escritas sem acento diferencial:• Coa, coas (verbo coar)• Para (verbo parar)• Pera (substantivo)• Polo (substantivo)• Por (verbo)

êàü

Q

X

K, W, Y

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fidelidadespírita | novembro 2007

fwiaerifnbvfhgfoshdaiefwiaemtxiqypinformação

5. Os ditongos ÉI e ÓI nas palavras paroxítonas deixarão de ser acentuadas.• Assembleia, ideia, boleia, apoio (verbo), heroico, paranoico, etc.

6. Hífen para ligar prefixos ou falsos prefixos a um segundo elemento:

Usará hífen:• Quando o segundo elemento começar por H: anti-higiênico, co-herdeiro, extra-hu-

mano, sub-hepático, eletro-higrômetro, neo-helênico, semi-hospitalar, super-homem, etc.• Quando o prefixo ou o falso prefixo terminar na mesma vogal com que se inicia o

segundo elemento: anti-ibérico, contra-almirante, supra-auricular, arqui-inimigo, anti-infla-matório, micro-onda, auto-observação, semi-interno, etc.

• Quando os prefixos SUPER, HIPER e INTER antecederem um segundo elemento iniciado por R: super-resistente, hiper-requisitado, inter-regional, hiper-realismo, etc.

• Quando os prefixos PÓS, PRÓ e PRÉ são acentuados graficamente e o segundo elemento tiver vida à parte: pós-graduação, pró-africano, pré-fabricado, pós-operatório, pró-socialismo, pré-fixado, etc.

• Quando empregamos os prefixos EX, VICE, SOTO e SOTA: ex-marido, vice-diretor, sota-almirante, soto-mestre, etc.

Não se usará hífen:• Quando o prefixo ou o falso prefixo terminar em vogal e o segundo elemento come-

çar por R ou S. Grafa-se tudo junto, duplicando-se o R e o S: antirreligioso, antissocial, contrarregra, contrassenha, cosseno, infrassom, ultrassom, extrarregular, semirreta, ultrar-romântico, contrassenso, autorregulamentação, antessala, etc.

• Quando o prefixo ou o falso prefixo terminar em vogal e o segundo elemento começar por vogal diferente. Grafa-se tudo junto: antiaéreo, coeducador, extraescolar, autoaprendi-zagem, autoestrada, extraoficial, semianalfabeto, etc.

• Quando o prefixo CO anteceder o segundo elemento iniciado pela vogal O: coobri-gação, coocupante, coordenar, etc.

fwiaerifnbvfhgfoshdaiefwiaemgfaowqpmnbtxeaguylpszbvfhfwiaerifnbvcfhgfolshpdaikefqwiaremtxeaguylpszfjfgrhgfaowqpmnbfwiaerifnbvfhgfoshdaiefwiaemgfaowqpmnbtxeaguylpszbvfh wianbvfhefwiaemgfaowbtxeaguylpszbvfhfonte:

CEGALLA, Domingos Paschoal. Novíssima

Gramática da Língua Portuguesa. Pág. 16. Na-

cional, 2002.

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novembro 2007 | fidelidadespírita mensagem

Quase sempre catego-rizamos aqueles que nos ferem por inimigos

intoleráveis; entretanto, o Divino Mestre que tomamos por guia, de-termina venhamos a perdoar-lhes setenta vezes sete.

Por outro lado, as ciências psico-lógicas da atualidade terrestre nos recomendam que é preciso desinibir o coração, escoimando-o de quais-quer ressentimentos, e estabelecer o equilíbrio das potências mentais, a fim de que a paz interior se nos expresse por harmonia e saúde.

Como, porém, executar seme-lhante feito? Compreendendo-se que o entendimento não é fruto de meras afirmativas labiais, reconhece-mos que o perdão verdadeiro exige operações profundas nas estruturas da consciência.

Se a injúria nos visita o cotidiano,

agressores e nóspor emmanuel / chico xavier

pensemos em nossos opositores na condição de filhos de Deus, tanto quanto nós, e, situando-nos no lugar deles, analisemos o que estimarí-amos receber de melhor das Leis Divinas se estivéssemos em análogas circunstâncias.

À luz do novo entendimento que nos repontará dos recessos da alma,

observaremos que muito dificilmen-te estaremos sem alguma parcela de culpa nas ocorrências desagradáveis de que nos cremos vítimas.

Recordaremos, em silêncio, os nossos próprios impulsos infelizes, as sugestões delituosas, as pequenas acusações indébitas e as diminutas desconsiderações que arremessamos sobre determinados companheiros, até que eles, sem maior resistência, diante de nossas mesmas provoca-ções, caem na posição de adversários perante nós.

Efetuando o auto-exame, não mais nos permitiremos qualquer censura e sim proclamaremos no coração a urgente necessidade de amparo da Misericórdia Divina, em favor deles, e a nosso próprio benefício.

Então, à frente de qualquer agres-sor, não mais diremos no singular: “eu te perdôo”, e sim reconhece-remos a profunda significação das palavras de Jesus na oração domini-cal, ensinando-nos a pedir a Deus desculpas para as nossas próprias falhas, antes de as rogar para os nossos ofensores, e repetiremos com todas as forças do coração:

“Perdoai, Senhor, as nossas dí-vidas assim como perdoamos aos nossos devedores!”

...é preciso desinibir o coração, escoimando-o de quaisquer ressentimentos

fonte:

XAVIER, Francisco Cândido. Rumo Certo. Págs.

63 – 65. Feb. 2005.

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fidelidadespírita | novembro 2007

reflexão

22

Conta-se que certa vez um famoso sábio da academia, aborrecido

e decepcionado com a vida agitada dos grandes centros urbanos, que, muito embora proporcione enor-mes facilidades em razão dos velozes meios de transporte, dos eficientes equipamentos de comunicação, das modernas conquistas científicas e de outros aparatos tecnológicos cada vez mais preciosos e sofistica-dos, paradoxalmente está deixando o homem isolado, estressado e dis-tante de Deus, resolveu fazer uma excursão ao campo, em busca da alegada sabedoria cabocla, a qual seria o resultado de uma vida rural mais amena e saudável.

deus no pensamento filosófico

Não demorou muito e logo ele vislumbrou um camponês vestido a caráter, com roupas rústicas, chapéu de abas largas e sugando o indefectí-vel cigarro de palha. Era um dia cla-ro de verão, de céu azul, Sol a pino e o caboclo estava lavrando a terra pacientemente, desferindo certeiros golpes com a sua enxada de cabo longo. Certamente ele já percebera a aproximação do estranho, que caminhava desajeitadamente na sua direção, tropeçando nos tocos de árvores e assim denunciando a sua condição de homem da cidade, mas fingia que nada vira.

Quando chegou mais perto, o sábio da academia cumprimentou o roceiro, que, depois de uma demora

proposital de alguns segundos, res-mungou um monossílabo à guisa de resposta e continuou capinando. O grande sábio então perguntou, de chofre: “Será que o senhor poderia me dizer onde está Deus?”. O cabo-clo parou de capinar, levantou a aba do chapéu, passeou vagarosamente o olhar em todas as direções, e finalmente respondeu: “Olha meu senhor, onde está Deus eu não sei, não senhor. Mas será que o senhor poderia me dizer onde é que Deus não está?!?”

Este conto, não obstante a sua aparência simplória e pueril, serve como uma luva para o nosso propósito de tentar demonstrar que a Filosofia, a despeito de ter

por eliseu mota junior

vincent van gogh, midday rest, 1890.

estressado e distante de Deus, resolveu fazer uma excursão ao campo, em busca da alegada sabedoria cabocla

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novembro 2007 | fidelidadespírita reflexão

sofrido sério prejuízo pela produ-ção de algumas obras complexas, complicadas e pessimistas, que com certeza emanaram de cérebros ator-mentados pelo ateísmo materialista que contaminou grande parte dos chamados “grandes pensadores da Humanidade”, não é propriedade exclusiva da academia, porque, como visto, muitas vezes, pode fluir dos lábios de um simples caboclo.

É que o filósofo propriamente dito tem que ser simultaneamente um sábio real, legítimo e espontâ-neo, porque, ao contrário da cul-tura, que pode ser adquirida pelo estudo, a sabedoria é uma conquista interior, fruto de contínua obser-vação, de reflexões íntimas, de um estado de alma enfim.

Entretanto, é com pesar que assistimos a um verdadeiro festival de vaidosas e complicadas teses fi-losóficas, sobretudo quando o tema central é Deus. Com efeito, a Filo-sofia, definida como a ciência geral dos princípios e causas, ou sistema de noções gerais sobre o conjun-to das coisas, busca a concepção positiva ou negativa de Deus não pelos princípios físicos e químicos das ciências exatas e nem através dos dogmas religiosos, porém o faz sobretudo pelo raciocínio.

Desse modo, podemos dividir os filósofos em dois grandes grupos bem definidos, um deles composto pelos materialistas, para quem o ho-mem é apenas um corpo animado, cujo pensamento é produto de uma exsudação do cérebro, e que negam sistematicamente um Criador ima-

nente preexistindo e subsistindo a tudo, e outra corrente formada pelos espiritualistas, sustentando a existência de Deus e da alma humana. Entre esses dois extremos principais gravitam intermináveis constelações de subgrupos, com nomes e títulos ao sabor da imagi-nação de cada um.

Desse modo, seria ótimo se pudéssemos mergulhar nas profun-dezas das obras filosóficas, investi-gando as minúcias das bases intelec-tuais que sustentam a hipótese ma-

terialista, para confrontá-las com os alicerces lógicos do espiritualismo, a fim de podermos extrair a essência de cada uma dessas filosofias que sempre dividiram os pensadores, pois, conforme lembrou Manoel São Marcos, a “história da Filoso-fia é, precipuamente a história do pensamento humano, dedicado a perscrutar os problemas do ser no decurso do tempo elaborando o

conhecimento que satisfaz o anseio de saber, e põe soluções compatíveis com a possibilidade das épocas, e da capacidade intelectiva do homem, na imensa problemática da realida-de existencial”.¹

Porém, como não temos a mí-nima condição de analisar todo o tratado filosófico da Humanidade, vamos apenas refletir sobre o que pensaram sobre Deus alguns dos maiores filósofos, posto que de modo bastante acanhado, mas que irá mostrar coisas interessantes, tais como conceitos mitológicos e teocráticos misturados, um filósofo teocida que afirmou ter matado Deus, o panteísmo de Espinosa e a “aposentadoria de Deus” sugerida pelo positivista Augusto Comte.

Vejamos:

Entre os gregos, se podemos notar a mitologia influenciando o pensamento filosófico de Homero, ao afirmar que concebia Zeus, rei soberano, pai dos deuses e dos ho-mens, sendo seguido por Ésquilo, para quem o mesmo Zeus é o ar, a terra, o mundo, Zeus é tudo, tam-bém podemos surpreender Xenófa-nes de Colofón dizendo que existe um só Deus, maior do que todos os deuses e os homens, que não se parece com o homem nem pela for-ma exterior nem pelo pensamento, e Hermes trimegisto ensinando que Deus não é intelecto, mas a causa do intelecto. Deus não é o sopro, mas a origem do sopro Deus não

vamos apenas refletir sobre o que pensaram sobre Deus alguns dos maiores filósofos

¹ manoel p. sÃo marcos. noções de história da filosofia, p. 24.

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fidelidadespírita | novembro 2007 reflexão

é a luz, mas a causa da luz. Ele é o espaço que se contém a si mesmo. Incorporal, incapaz de erro, impas-sível, intangível, imutável².

Muito tempo depois desses gran-des filósofos gregos nasceu Wilhelm Friedrich Nietzsche, exatamente no dia 15 de outubro de 1844, em Roecken, pequena cidade situada em território alemão, o qual ines-peradamente resolveu matar Deus. Com efeito, vamos ler atentamente o famoso episódio da “Morte de Deus” que ele escreveu:

“O homem louco. – Não ouvi-ram falar daquele homem louco que em plena manhã acendeu uma lanterna e correu ao mercado, e pôs-se a gritar incessantemente: ´Procuro Deus!’ ´Procuro Deus!?’ – E como lá se encontrassem muitos daqueles que não criam em Deus, ele despertou com isso uma grande gargalhada. Então ele está perdido?

Perguntou um deles. Ele se perdeu como uma criança? Disse o outro. Está se escondendo? Ele tem medo de nós? Embarcou num navio? Emi-grou? – gritavam e riam uns para os outros. O homem louco se lançou para o meio deles e trespassou-os com seu olhar. ‘Para onde foi Deus’ gritou ele, ‘já lhes direi’! Nós o ma-tamos – vocês e eu. Somos todos seus assassinos! Mas como fizemos isso? Como conseguimos beber in-teiramente o mar? Quem nos deu a esponja para apagar o horizonte? Que fizemos nós, ao desatar a Tarra do seu sol? Para onde ela se move agora? Para onde nos movemos nós? Para longe de todos os sóis? Não caí-mos continuamente? Para trás, para os lados, para a frente, em todas as direções? Existem ainda ‘em cima’ e ‘embaixo’? Não vagamos como que através de um nada infinito? Não sentimos na pele o sopro do

vácuo? Não se tornou ele mais frio? Não anoitece eternamente? Não temos que acender lanternas de manhã? Não ouvimos o barulho dos coveiros a enterrar Deus? Não sentimos o cheiro da putrefação divina? – também os deuses apo-drecem! Deus está morto! Deus continua morto! E nós o matamos! Como nos consolar, a nós, assassi-nos entre assassinos? O mais forte e mais sagrado que o mundo até então possuíra, sangrou inteiro sob os nossos punhais – quem nos limpará este sangue? Com que água poderíamos nos lavar? Que ritos expiatórios, que jogos sagrados tere-mos de inventar? A grandeza desse ato não é demasiado grande para nós? Não deveríamos nós mesmos nos tornar deuses, para ao menos parecer dignos dele? Nunca houve um ato maior – e quem vier depois de nós pertencerá, por causa desse

² deus está de volta, matéria de capa da revista globo ciência n° 43, ano 4, p. 31-37.

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novembro 2007 | fidelidadespírita

Da Filosofia também surgiu o panteísmo, palavra formada por pan (tudo), theos (Deus) e ismo (sistema)

reflexão

ato, a uma história mais elevada que toda a história até então! Nesse momento silenciou o homem lou-co, e novamente olhou para seus ouvintes: também eles ficaram em silêncio, olhando espantados para ele. ‘Eu venho cedo demais’, disse então, ‘não é ainda meu tempo. Esse acontecimento enorme está a caminho, ainda anda: não chegou ainda aos ouvidos dos homens. O corisco e o trovão precisam de tempo, a luz das estrelas precisa de tempo, os atos, mesmo depois de feitos, precisam de tempo para serem vistos e ouvidos. Esse ato ainda lhes é mais distante que a mais longínqua constelação – e no entanto eles o cometeram!’ – Con-ta-se também que no mesmo dia o homem louco irrompeu em várias igrejas, e em cada uma entoou o seu Réquiem aeternam deo (“descanso eterno de Deus”). Levado para fora e interrogado, limitava-se a respon-der: ‘O que são ainda essas igrejas, se não os mausoléus e túmulos de Deus”³.

É bom não esquecer que em 1889, algum tempo depois de ter “assassinado Deus”, Nietzsche per-deu a razão, vivendo em estado de demência até a sua morte, ocorrida no dia 25 de agosto de 1900. Alguns dizem4 que ele e Marx foram profun-damente influenciados p elas idéias evolucionistas de Charles Darwim, aplicando ao domínio social e políti-co o que Darwin tentava aplicar ao domínio biológico, porém o célebre

evolucionista inglês, respondendo às acusações de ateísmo formuladas contra si, declarou o seguinte: Por maiores que tenham sido as crises por que passei, nunca desci até o ateísmo, nunca cheguei a negar a existência de Deus5.

Da Filosofia também surgiu o panteísmo, palavra formada por pan (tudo), theos (Deus) e ismo (sistema), significando então o sis-tema daqueles que acreditam que Deus é a universalidade dos seres. A proposta panteísta mais definida partiu de Baruch (ou Bento em português, ou Benedictus em latim) Espinosa, que “nasceu marcado pelo conflito de suas origens: judeu,

porque recebido na comunidade de Abraão e por receber educa-ção rabínica; português (e com o catolicismo implícito nesse fato), porque seus pais eram emigrantes

portugueses, o português sua língua materna; holandês, porque nasceu em Amsterdam”6, na Holanda, no dia 24 de novembro de 1632, e fale-ceu em Haia, no dia 21 de fevereiro de 1677.

Na sua perspectiva panteísta ou monística, Espinosa afirma que “o mundo consiste em uma única subs-tância infinita (Deus ou Natureza) e o que nos aparece como múltiplas, distintas substâncias (por exemplo, pessoas e objetos físicos), são para Espinosa apenas formas distintas daquela substância única. Espinosa, com seu monismo, também deu for-mulação filosófica à perspectiva que considera o mental e o físico como diferentes atributos da mesma re-alidade (visão altamente referida, nas ciências e na filosofia, como paralelismo psicofísico). Uma das partes mais fascinantes da filosofia de Espinosa é a que fala da servidão humana às paixões (no sentido de afetos ou impulsos irracionais) e do papel libertador do intelecto, capaz de reconhecer que o curso eterno das coisas está estritamen-te determinado e de contemplar serenamente e identificar-se com a realidade essencial, em ‘amor inte-lectual Deus”7.

Bem a propósito, gostaríamos de consignar que Allan Kardec submeteu o panteísmo ao crivo dos Espíritos superiores, formulando-lhes a seguinte indagação: Que se deve pensar da opinião segundo a qual todos os corpos da Natureza,

³ W. friedrich nietzsche. a gaia ciência, § 125, cf. apêndice do seu genealogia da moral.4 vide veio o homem a existir por evolução ou por criação?, p. 169-170.5 revista globo ciência citada.6 os pensadores, baruch de espinosa, p. vi.7 conforme nova enciclopédia ilustrada folha, vol. 2, p. 904.

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fidelidadespírita | novembro 2007

“Não podendo fazer-se Deus, o homem quer ao menos ser parte de Deus.”

reflexão

todos os seres, todos os globos do Universo seriam partes da Divinda-de e constituiriam, em conjunto, a própria Divindade, ou, por outra, que se deve pensar da doutrina panteísta?

Em resposta das inteligências que ditaram a Doutrina Espírita foi curta, clara e incisiva: “Não poden-do fazer-se Deus, o homem quer ao menos ser parte de Deus.”8.

Outro grande pensador que não pode ser esquecido neste ca-pítulo é o filósofo francês Augusto Comte (1798-1857), autor do cé-lebre Curso de Filosofia Positiva, criador do termo ‘sociologia’ e do positivismo, sistema baseado nos fatos e na experiência, e que deriva do conjunto das ciências positivas, recusando qualquer proposta me-tafísica ou sobrenatural, firmando, desse modo, uma tendência para encarar a vida apenas pelo seu lado prático e útil.

Já na fase final da sua vida, Augusto Comte intensificou seu interesse pelas questões morais e desenvolveu sua doutrina positi-vista como uma nova ‘religião da Humanidade’, à altura dos desafios trazidos pela mudança da sociedade moderna. O positivismo exerceu influência também fora da França, e seu lema, ordem e progresso, figura até hoje na bandeira brasilei-ra.”9 Comte chegou ao exagero de

afirmar que a Ciência aposentara o Pai da Natureza e acabava de “reconduzir Deus às suas frontei-ras, agradecendo os seus serviços provisórios”, mas essa sua assertiva acabou sendo até providencial, por-que provocou vigorosos protestos da parte de Camille Flammarion, o qual, reagindo a ela, brindou toda a Humanidade com o seu admirável livro Deus na Natureza.

Mas dentre todos os grandes

pensadores, deixamos propositada-mente por último o físico, geômetra e filósofo francês René Descartes (1596-1650), que, entre outras idéias de alta relevância para refle-xões, formulou radical distinção entre “substância infinita” (Deus), “substância pensante” (alma) e “substância extensa” (matéria).

nietzsche, Wilhelm friedrich (1844-1900)Filósofo alemão que, através

do homem louco, personagem de um de seus livros, afirmou ter matado Deus. Em 1889, algum tempo depois, do “assassinato de Deus” Nietzsche perdeu a razão, vivendo em estado de demência até a sua morte, ocorrida no dia 25 de agosto de 1900.

espinosa, baruch (1632-1677)Filósofo holandês, de origem

portuguesa e judeu por tradição familiar, criador do panteísmo: opinião segundo a qual todos os seres, todos os globos do Univer-so seriam partes da Divindade e constituiriam, em conjunto, a própria Divindade. Espinosa foi excomungado pela comunidade judaica de Amsterdam a 27 de julho de 1656.

augusto comte (1798-1857)Filósofo francês, criador do

termo sociologia e da teoria do positivismo. Comte afirmou que a Ciência aposentou Deus e o reconduziu às suas fronteiras, agradecendo pelos seus serviços provisórios.

8 allan Kardec, o livro dos espíritos, questão 15.9 enciclopédia folha citada, vol. 1, p. 214.

fonte:

MOTA JÚNIOR, Eliseu F. da. Que é Deus?.

Págs. 102 – 110. O Clarim. 1998

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27uma publicação do centro de estudos espíritas “nosso lar” – campinas/spassine: (19) 3233-5596

novembro 2007 | fidelidadespírita

fonte:

MARTINS, Eduardo. Com Todas as Letras. Pág.

17. Editora Moderna. São Paulo/SP, 1999.

por eduardo martins

com todas as letras

O lhe e o lhes, gramaticalmente, são formas próprias do objeto indireto. Em termos práticos: ligam-se a verbos que exigem preposição e substituem a ele, a eles, a você e a vocês, respondendo à pergunta a quem.

Veja uma série de exemplos corretos: Enviei-lhe o livro (enviei o livro a ele). / Dei-lhe os parabéns (dei os parabéns a ele). / Quero dizer-lhe quanto gosto de você (quero dizer a você quanto gosto de você). / Tudo isso lhes diz respeito (tudo isso diz respeito a eles, a vocês). / Agradeceu-lhe a gentileza (agradeceu a ela, a ele, a gentileza). / Nada lhes agrada (nada agrada a eles, a elas, a vocês).

Todos esses verbos, você deve ter notado, exigem preposição. Por isso, a conseqüência imediata é: o lhe e o lhes não podem ser usados quando o verbo responde à pergunta quem.

Repare algumas formas erradas: Ele “lhe” ama. / Não “lhe” deixe. / Nós “lhes”convidamos. / Queria abraçar-“lhe”, / Nunca “lhes” vi. O certo: Ele a ama. / Não o deixe. / Nós os convidamos. / Queria abraçá-lo. / Nunca as vi. Em nenhum desses casos, você poderia substituir o lhe por a ele, a ela, a eles, a elas, a você e a vocês, mas apenas por você, vocês, etc. Assim: Ele ama a quem? Você. / Nós convidamos quem? Vocês. / Queria abraçar quem? Os amigos (eles, elas).

Em resumo: se a preposição cabe, o uso do lhe é correto; se não, é incorreto.

acerte no uso do lhe

Você tem dúvida sobre o uso do lhe ou do lhes? Se não tem, parabéns, porque o mau emprego desses pronomes é um dos erros mais comuns

na linguagem escrita e falada. Se tem, aproveite para saber quando eles cabem ou não no texto.

tambÉm existem as exceções

Alguns verbos indiretos não admitem lhe ou lhes, como assistir (no sentido de estar presente), ajudar, aspi-rar, presidir e recorrer. Dessa maneira, substitua o lhe por a ele, a você, a alguma coisa, etc.: Assistirei a ele (a um jogo, por exemplo). / Ajudam sempre aos amigos (e não ajudam-“lhes”). / Aspirava ao cargo (e não aspira-va-“lhe”). / Presidiu à reunião (e não presidiu-“lhe”). / Recorreram a vocês (e não recorreram-“lhes”).

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Emmanuel - Chico XavierVinha de Luz

em nossa luta diária, tenhamos suficiente cuidado no uso dos poderes que nos foram emprestados pelo senhor.a idéia de destruição assalta-nos a mente em ocasiões incontáveis.associações de forças menos esclarecidas no bem e na verdade?somos tentados a movimentar processos de aniquilamento.companheiros menos desejáveis nos trabalhos de cada dia?intentamos abandoná-los de vez.cooperadores endurecidos?deixá-los ao desamparo.manifestações apaixonadas, em desacordo com os imperativos da prudência evangélica?nossos ímpetos iniciais resumem-se a propósitos de sufocação violenta.algo que nos contrarie as idéias e os programas pessoais?nossa intolerância cristalizada reclama destruição.entretanto, qual a finalidade dos poderes que repousam em nossas mãos, em nome do divino doador?responde-nos paulo de tarso, com muita propriedade, esclarecendo-nos que recebeu faculdades do senhor para edificar e não para destruir.não estamos na obra do mundo para aniquilar o que é imperfeito, mas para completar o que se encontra inacabado.renovemos para o bem, transformemos para a luz.o supremo pai não nos concede poderes para disseminarmos a morte. nossa missão é de amor infatigável para a vida abundante.

Em nossa luta “Segundo o poder que o Senhor me deu para edificação, e não para destruição.” – Paulo (II Coríntios, 13:10.)

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55 com todas as letrascuidado com as formas verbais inexistentes

Importantes dicas da nossa língua portuguesa

32 chicofluidos venenosos - vergastadas por

servir À causa

Há poucos momentos de tréguas para aqueles que estão no trabalho do Bem

34 profissão de féo credo de eurípedes

Escrito na noite de 31 de outubro de 1913

40 mediunidadediretrizes de segurança

Questões sobre mediunidade

42 capacomo jesus dialogavacom o povo

48 ensinamentoo cristo consolador

Consolo e esperança nas palavras de Jesus

próxima ediçãohomenagem ao amigoleandro camargo

sumário

50 reflexãotormentos voluntários

Lições através de acontecimentos dramáticos

38 mensagemo tempo

As belas palavras do Espírito Vinícius

53 poesiaestudo no lar

Chico Xavier nos enriquece com suas palavras

54 esclarecimentoos laudatórios e a observância dos

mandamentos

Jesus trazendo as palavras de Deus

39 liçãoa balança

Exemplo simples e importante de ponderação

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edição centro de estudos espíritas “nosso lar” – depto. editorial

Jornalista responsável renata levantesi (mtb 28.765)

projeto gráfico fernanda berquó spina

revisão zilda nascimento

administração e comércio elizabeth cristina s. silva

apoio cultural braga produtos adesivos

impressão citygráfica

o centro de estudos espíritas “nosso lar” responsabiliza-se doutrinariamente pelos artigos publicados nesta revista.

editorial

Observemos a natureza e identificaremos diversos de seus integrantes na condição de intermediários.

O leito aberto por entre as rochas serve de canal para o rio que abastece as coletividades.

O vento transporta sementes, que formarão jardins e pomares.

O solo funciona como meio indispensável à germinação de lavouras inteiras.

Aprofundemos a observação e constataremos, sem dificuldade, que a condição de interme-diários igualmente os torna beneficiários dos recursos que canalizam.

O leito que serve de canal para os rios tam-bém se beneficia com a presença da água.

O vento que espalha sementes também se balsamiza com o perfume dos jardins por onde passa.

O solo que multiplica plantações também se enriquece com a formação da lavoura.

Transportemos a imagem para a prática medi-única e compreenderemos que os médiuns não se limitam a meros retransmissores. Freqüen-temente, as mensagens enviadas pelos orienta-dores espirituais têm como endereço o próprio intermediário, cabendo a ele abrir a mente e o coração para as orientações recebidas.

Por não terem o hábito de estudar a si mesmos, inúmeros companheiros imaginam-se excluídos dos apontamentos elucidativos dos quais se fazem mensageiros.

Ignoram que a luz que chega aos outros por seu intermédio também tem o objetivo de ilu-minar a própria mente.

Em mediunidade, quem ensina também aprende.

Assim, se desejas cooperar com a espirituali-dade amiga no intercâmbio mediúnico, aprende a considerar as mensagens de fundo moral como endereçadas a ti em primeiro lugar.

Medita no que dizem e encontrarás, em teu mundo interior, a aplicação exata para os con-ceitos de que te fazes portador.

Aprenderás, assim, que tanto quanto o leito do rio, o solo e o vento, também necessitas dos recursos divinos para continuar seguindo no rumo do próprio aperfeiçoamento interior e da felicidade imperecível.

Augusto

LEVY, Clayton. Mediunidade e Autoconhecimento. Págs.

79-82. CEAK. 2003

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fidelidadespírita | dezembro 2007 chico

fluidos venenosos -vergastadas por servir à causa

por suely caldas schubert

15-9-1947

“(...) Peço fervorosamente ao Céu que as tuas energias sejam multipli-cadas. Não podemos ficar sem a tua supervisão. (...)

Espero que o centenário de Hy-desville seja solenemente comemorado por nossos companheiros do Norte. Esperarei tuas informações alusivas ao trabalho de que ficaram incumbidos o Ismael e o Rocha Garcia.

De Belo Horizonte não tenho novas notícias. O Dr. Ludolf é um missionário do bem e tuas notícias confirmam as impressões pessoais que recolhi (...) em 1944.

(...) As notícias que me deste do Ismael muito me reconfortam. Deve esse nosso querido amigo ter recebido em São Paulo minha notícias telegráficas. Pedi a ele que me represente no XI Congresso Brasileiro de Esperanto. (...)

O que me contas (...) é impressio-nante. De qualquer modo, peço-te não entregar o coração a essas sombras. Sei como isso te dói na alma sensível, posta a serviço de tua consciência nobre e reta, mas deixa a água do silêncio trabalhar nesses “incêndios”, trazidos pela incom-preensão e pela ingratidão de muitos dos nossos companheiros. Quanto mais seguro estiveres em tua missão de orien-

tar mais golpes serão vibrados em torno dos teus passos. Não te incomodes. Jesus será o teu advogado.

Imaginas que eu, sem qualquer expressão no movimento doutrinário, isolado no sertão agreste de Minas, tenho recebido todos os nomes grosseiros conhecidos. Tudo quanto é “acusação”, as mais esquisitas, tem vindo sobre mim. Há dias em que me sinto enlouquecer, porque registro a carga pesada de fluidos venenosos que me atiram. Mas Deus há de auxiliar-nos. Ele nos ajudará a chegar até o ponto em que nos for permitido seguir, por Sua Divina Vontade.”

Vamos observando que há pou-cos momentos de tréguas para aqueles que estão no trabalho do Bem. As investidas das sombras são freqüentes. O sofrimento é o com-panheiro de toda hora. E quanto mais intensa for a integração entre o servidor e a Seara, mais constan-tes serão os golpes dos adversários gratuitos.

Novamente Chico aconselha o silêncio, o não revidar, o não se defender: “deixa a água do silêncio trabalhar nesses “incêndios”.” Esta é, realmente, a única atitude compa-tível para aquele que está a serviço

do Cristo. Revidar, defender-se, contra-atacar é lançar gasolina no fogo da incompreensão.

Isto nos deve merecer profundas reflexões.

Em seguida, Chico fala do seu próprio caso. E diz algo muito im-portante, nessa pequena referência aos sofrimentos que enfrenta: “Há dias em que me sinto enlouquecer, porque registro a carga pesada de fluidos venenosos que me ati-ram.”

Chico fala de algo concreto. Que existe e que o atinge. Mas que pa-rece ser desconhecido dos próprios espíritas: a ação dos fluidos. Allan Kardec, entretanto, leciona sobre o assunto em “A Gênese”, cap. XIV, de onde extraímos estes trechos, para nossa lembrança:

“(...) Os maus pensamentos corrompem os fluidos espirituais, como os miasmas deletérios corrom-pem o ar respirável. Os fluidos que envolvem os Espíritos maus, ou que estes projetam, são, portanto, vicia-dos, ao passo que os que recebem,

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dezembro 2007 | fidelidadespírita chico

fonte:

SCHUBERT, Suely Caldas. Testemunhos de

Chico Xavier. Págs. 176 - 180. Feb

De maneira geral damos pouca importância à ação do pensamento

a influência dos bons Espíritos são tão puros quanto o comporta o grau da perfeição moral destes. (...)

Sob o ponto de vista moral, trazem (os fluidos) o cunho dos sentimentos de ódio, de inveja, de ciúme, de orgulho, de egoísmo, de violência, de hipocrisia, de bon-dade, de benevolência, de amor, de caridade, de doçura, etc. Sob o aspecto físico, são excitantes, cal-mantes, penetrantes, adstringentes, irritantes, dulcificantes, suporíficos, narcóticos, tóxicos, reparadores, expulsivos; tornam-se força de trans-missão, de propulsão, etc. O quadro dos fluidos seria, pois, o de todas as paixões, das virtudes e dos vícios da Humanidade e das propriedades da matéria, correspondentes aos efeitos que eles produzem.”

Todavia, poucos meditam sobre a ação dos fluidos e das vibrações mentais. Não se tem levado em consideração que os comentários desairosos, as críticas irônicas con-tindentes e descaridosas são acom-panhadas de uma carga fluídica de igual teor vibratório, constituindo-se em verdadeiros venenos fluídicos. A pessoa-alvo dessas vibrações, mesmo que profundamente equilibrada e vigilante, terá que travar árdua luta para sobrepor-se e anular tais dar-dos mentais. Se se levar em conta a sensibilidade mediúnica de Chico Xavier, tem-se então pálida idéia dos tormentos que isso representa.

De maneira geral damos pouca importância à ação do pensamento. Não refletimos suficientemente a respeito desse tema fundamental na vida de cada pessoa. No entanto, está no comando mental a base da existência humana. Pelo pensa-

mento plasmamos o nosso mundo íntimo. Criamos o nosso céu ou nosso inferno particular.

Emmanuel diria mais tarde, em uma de suas belíssimas páginas:

“(...) Nossos pensamentos são paredes em que nos enclausuramos ou asas com que progredimos na ascese.

Como pensas, viverás.Nossa vida íntima – nosso lu-

gar.A fim de que não perturbemos

as leis do Universo, a Natureza

somente nos concede as bênçãos da vida, de conformidade com as nossas concepções.

Recolhe-te e enxergarás o limite de tudo o que te cerca.

Expande-te e encontrarás o infinito de tudo o que existe. (...)” (“Fonte Viva”, cap. 149.)

Nos livros “Roteiro” e “Pensa-mento e Vida”, Emmanuel nos fala acerca da ação do pensamento com maiores detalhes.

“Não esmoreças nem te sensibilizes demasiado. Entrega a Jesus as pedras que te forem lançadas. Ele há de uti-lizá-las em construções divinas para o teu futuro.

Defendamos a Causa com o nosso amor. Mas, se formos vergastados por servirmos a ela, nunca revidemos. A voz de Deus se fará sentir, em nosso bene-fício, através de alguém ou de alguma coisa. (...)”

Nesse trecho, inserido na mesma carta de 15-9-1947, o termo sensibi-lizes exprime a idéia de mágoa. Com justa experiência, Chico aconselha o amigo. Ele sabe que a mágoa pode ocasionar graves problemas, inclusive afastar o trabalhador da tarefa, desviá-lo de seu caminho. Por isso, aduz: “Entrega a Jesus as pedras que te forem lançadas. Ele há de utilizá-las em construções divinas para o teu futuro.”

Quanto é extraordinária essa posição, que muitos não saberão ainda compreender.

Para a maioria o melhor cami-nho é o revide. Não se concebe que se possa deixar uma afronta sem a respectiva resposta à altura. Chico Xavier, todavia, dá a receita: Defen-damos a Causa com o nosso amor. Mas, se formos vergastados por servirmos a ela, nunca revidemos. A voz de Deus se fará sentir, em nosso benefício, através de alguém ou de alguma coisa.

Tal é a posição da não-violência, da não-agressão, que somente raros homens são capazes de adotar.

Foi a filosofia de vida de Gan-dhi.

E é a de Chico Xavier.

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fidelidadespírita | dezembro 2007 profissão de fé

o credo de eurípedespor carolina novelino

Foi ao ensejo da memorável vitória de Eurípedes sobre o famoso orador1 sacro de Campinas, Estado de São Paulo, que ele lançou aos quatro ventos do Brasil notável publicação de alto valor histórico – o CREDO QUE EURÍPEDES SUBSCREVEU (E CUMPRIU).

Trata-se do CREDO de Emanuel Darcey, incondicionalmente subscrito por Eurípedes, em noite de 31 de outubro de 1913 – dois dias depois da polêmica acima pelos versos de Victor Hugo, que seguem:

credo

“tudo se move e exalta e se esforça e gravita;tudo se evola e eleva e vive e ressuscita;nada pode ficar na surda obscuridade.d´alma exilada a senda é toda a eternidade,que se aconchega ao céu, que a todos nós reclama.

aos dóceis se atenua a dolorosa flamada dura provação. a sombra faz-se aurora,homem e besta em anjos se aprimora;e pela expiação, escada e eqüidade,de que uma parte é treva e a outra claridade,sem cessar, sob o azul do céu calmo e formoso,sobe ao universo dor, ao universo gozo.”

victor hugo

1 padre feliciano iague

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dezembro 2007 | fidelidadespírita profissão de fé

CREIO que, saindo desta vida, não entramos em estado definitivo; que nada se acaba neste mundo; que enquanto um destino humano tem alguma coisa a cumprir, isto é, um progresso a realizar, nada está para ele acabado; que a morte não deve ser tomada senão como um descanso em nossa viagem; que a morte é feixe de caminhos, que irradiam em todas as direções do universo e nos quais efetuamos nosso destino infinito.

“CREIO que não temos nossa causa em nós mesmos; que existe acima do homem e superior à natureza um Ser Pensante, Infinito, Eterno, Imutável, um Supremo Legislador; que a existência de um Criador, de uma Razão primitiva, é um fato adquirido pela evidência material dos fatos, que o Universo não é nem surdo, nem cego; que a vida não é uma confu-são sem fim, um caos informe; que tudo tem a sua razão de ser, seu alvo, seu fim.

CREIO que o Nada é uma palavra vã; que a Morte não existe; que nada morre; que o ser sobrevive ao seu invólucro; que a morte não existe; que a morte não é um termo, mas, uma metamorfose, uma transformação necessária, um renovamento; que somos eter-nos pela base do nosso ser; que nada do que existe pode ser aniquilado; que existiremos, porque existimos.

CREIO que não há aniquilamento, mas sempre estados sucedendo a outros estados, a eterna transmissão de outra ordem de coisas a outra, de uma economia a outra, de um serviço a outro; que tudo renasce; que tudo volta a sua hora, melhorado, aperfeiçoado pelo labor; que o nascimento não é o verda-deiro começo; que nascer não é principiar, mas mudar de figura; que nossas existências não são mais do que continuações, séries, conseqüências; que sono ou despertar, morte

ou nascimento, são uma e a mesma coisa; transição semelhante, acidente previsto.

CREIO que tudo evolui e tende para um estado superior; que tudo se transforma e aperfeiçoa; que o homem marcha sempre e sempre se engrandece; que tudo rola, prolon-ga-se e renova-se; que a morte não é o único teatro de nossas lutas e de nossos progressos; que o universo é sem lacuna; que há mundos infinitos nesse universo infinito; que o mundo é um ponto que conduz a outro e que os há para todos os graus de crescimento.

CREIO que DEUS não criou almas civi-lizadas; que a alma humana é o resultado do trabalho da vida; que todos os homens são ci-dadãos da mesma pátria, membros da mesma família, ramos da mesma árvore; que a todos têm origem, destino e aspiração comuns, que

todos começaram a ascensão e que estão so-mente mais ou menos altos; que os mais vis têm por lei alcançar os mais elevados.

CREIO que o homem não é o último anel que une a criatura ao Criador; que não somos os primeiros depois de DEUS; que temos ao menos tantos degraus sobre nossa cabeça como abaixo dos pés; que a vida está em toda parte, que a alma está em toda coisa, que o corpo envolve um espírito; que o homem não

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fidelidadespírita | dezembro 2007 profissão de fé

é o único; que é seguido de uma sombra; que todos, o próprio calhau miserável, tem atrás de si uma sombra, uma sombra diante deles; que todos são a alma que vive, que viveu, que deve viver.

CREIO que a harmonia do Universo se resume em uma só lei; que o progresso por toda parte é para todos, para o animal como para a planta, para a planta como para o mineral; que tudo segue a mesma rotação, que tudo morre da mesma maneira e morre ultimamente; que a vida sorve todos os seus elementos da própria morte; que cresce por série contínua de transformações infinitas, que parte do infinitamente pequeno e marcha para o infinitamente grande.

CREIO que tudo que vive é encarnação; que toda evolução, toda transformação é encarnação; que as criaturas sobem no cres-cimento d´alma como no dos invólucros; que o homem é o espírito encarnado; que a alma não é criada ao mesmo tempo que o corpo, que ela é apenas incorporada; que a encarnação é uma lei da natureza, uma neces-sidade absoluta, conseqüência lógica da lei do progresso; que todo o homem é um resumo de existências anteriores, que se compõem de numerosos personagens, formando um só.

CREIO na pluralidade dos mundos, na multiplicidade das existências, na universal ascensão dos seres, na progressão contínua da alma, com os seus transportes, seus recuos, suas crises e as sanções que daí decorrem.

CREIO que neste Universo, obra da Infi-nita Sabedoria, nada acontece pelo jogo do acaso; que nada se faz sem uma Soberana Jus-tiça; que toda desordem não existe senão em aparência; que não há acaso nem fatalidade; que há forças, leis, que ninguém pode derro-gar; que todas as coisas do mundo têm ligação entre si; que nada é isolado; que o mundo

material é solidário com o mundo espiritual e que ambos se penetram reciprocamente; que tudo se mantém, tudo se concorda, tudo se encadeia, e se liga, sobre o ponto de vista moral, como físico; que na ordem dos fatos, dos mais simples ao mais complexos, tudo é regulado por uma lei.

CREIO que a lei moral é uma verdade ab-soluta; que a Justiça, a Sabedoria, a Virtude, existem na marcha do mundo, tanto quanto a realidade física; que não se pode transpor, sem trabalho e sem mérito, um grau na ini-ciação humana; que o espírito deve chegar só, por si, à verdade, e que tem de tornar-se merecedor de sua felicidade; que a felicidade para ter tido o seu preço, deve ser adquirida e não concedida.

CREIO que a vida não é um jogo, uma ilusão, que a verdadeira vida não é a que multiplica os gozos; que a felicidade tal qual a entendemos não pode existir; que é preci-so que o esforço subsista neste mundo; que não estamos aqui para gozar, mas para lutar, trabalhar, combater; que a luta é necessária ao desenvolvimento do espírito; que o ver-dadeiro fim da vida consiste no dever que incumbe a todo ser humano de subjugar a matéria ao espírito.

CREIO que o homem é justificado não por sua fé, mas por suas obras; que a prática do bem é a lei superior, a condição sine qua non de nosso futuro; que a santidade é o alvo a que devemos chegar; que não se pode fazer tudo impunemente; que a felicidade e a des-graça dos homens dependem absolutamente da observação da lei universal, que rege a ordem em a natureza.

CREIO que existem um Inferno e um Paraíso filosóficos, isto é, um sistema natural que liga entre si, intimamente, as causas além e aquém do tempo; que sempre nos sucede-

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dezembro 2007 | fidelidadespírita profissão de fé

mos a nós mesmos; que sempre determina-mos, por nossa marcha presente a marcha que seguiremos mais tarde.

CREIO que o presente determina o futu-ro; que cada homem tece em volta de si o seu destino; que se torna sem cessar o que mere-ceu ser; que nenhum desvio do caminho reto fica impune; que os que dele se afastam serão a ele levados fatalmente; que o progresso é uma lei soberana a qual ninguém resiste; que não há um defeito, uma imperfeição moral, uma ação má que não tenha a sua contradita e suas conseqüências naturais; que não há ato útil sem proveito, falta sem sanção; que não há ação que possa sonegar-se.

CREIO que cada um deve a si mesmo a sua sorte; que cada um cria as suas alegrias como as suas penas; que o homem é o seu próprio algoz; que se remunera e se pune a si mesmo; que colhe o que semeia e nutre-se do que colhe, debilitado ou fortificado pelos alimentos que ele próprio produziu; que a alma transporta em si mesma o seu próprio castigo, em todo o lugar em que se possa en-contrar; que o inferno não é um lugar, mas uma condição de ser, um estado da alma; que pertence a cada um de nós sair dele ou aí nos manter.

CREIO que a pena não está senão na fal-ta; que é impossível que essas coisas possam separar-se; que o sofrimento não é o resultado do acaso; que toda lágrima lava alguma coisa; que dor e culpabilidade são sinônimos; que o homem em evolução é tributário de seus erros e de seus maus pensamentos; que somos nós os instrumentos de nosso próprio suplício.

CREIO que toda vida culposa deve ser resgatada; que toda falta cometida, todo mal causado é uma dívida contraída, que deve ser paga no momento ou noutro, quer em uma existência quer na outra; que a fatalidade

fonte:

NOVELINO, Corina. Eurípedes - o Homem e a

Missão Pág. 180 - 184. Feb. 1999.

aparente, que semeia de males o caminho da vida, não é senão a conseqüência do nosso passado, o efeito produzido pela causa; que a vida terrestre é ao mesmo tempo reparação e preparação; que nenhum de nós é o que deve ser e que é preciso que a razão se cumpra, que a justiça se faça e o bem seja.

CREIO que cada nova existência é um novo ponto de partida, em que o homem é aquilo que se fez; que renasce com seu débito e com o seu crédito; que nada perde do que adquiriu; que o esquecimento temporário do passado é a condição indispensável de toda provação e de todo o progresso; que é preciso que o esforço seja livre e voluntário; que o conhecimento dos fatos anteriores e das sanções inevitáveis embaraçaria o homem, em lugar de ajudá-lo; que é justo e necessário que, em seu estado atual, o passado e o futuro lhe sejam ocultos.

CREIO, enfim, que a revelação é progres-siva, que a verdade se desvenda sempre, se-gundo os tempos e os lugares; que estamos na aurora da vida consciente e que marchamos, todos, na solidariedade universal, através de vidas sucessivas para a infinita perfeição; que o futuro encerra e que tudo foi criado, tendo em vista um bem final; que o Bem é a lei do Universo e o Mal um estado transitório, sempre reparável, uma das fases inferiores da evolução dos seres para o bem; que nada de ir-remediável pesa sobre nós; que tudo se apaga; tudo se dissolve; que a dor é libertadora, que nada é negro, nada é triste; que tudo acaba bem e que não se tem senão de esperar a sua hora em um mundo ou em outro”.

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fidelidadespírita | dezembro 2007 mensagem

fonte:

VINÍCIUS. Em Torno do Mestre. Págs. 353 - 354. Feb. 1999.

“Para Deus mil anos são como um dia, e um dia é como mil anos.”Como poderemos definir o tempo e dar uma idéia exata do que seja?Há dias que correm céleres como os relâmpagos, traçando sinuosas

linhas de fogo no espaço. São os dias da mocidade.Outros há, tão longos quanto aqueles do Gênesis. São os dias da repa-

ração e da expiação da culpa.Há horas que, de tão rápidas, nunca são presentes: são sempre passadas;

porquanto, logo que percebidas, já não são mais: tinham sido, foram... Essas horas chamam-se saudade.

Horas há tão penosas que a vida nelas vivida é um pesadelo do qual parece jamais se acordar! São as horas do desengano.

Concluímos, portanto, que o tempo é uma abstração, uma fantasia criada pela nossa própria mente. O tempo está em nós mesmos e não fora de nós como supomos. Nós o forjamos consoante as transformações e as emoções por que passamos.

A nossa matéria se transforma continuadamente sob a influência de leis naturais: dizemos, então, que estamos envelhecendo por obra do tempo. Recordamos de fatos que nos impressionaram e damos a isso o nome de passado. Aspiramos a um bem que ainda não alcançamos e, daí, nos vem a idéia de – futuro.

Quando sonhamos, embalados na magia do amor, a vida se torna leve e o nosso ser diáfano. Não percebemos o jugo da matéria, nem o peso da atmosfera terrena que nos envolve. Quando, porém, suportamos as conseqüências amargas dos nossos erros e das nossas fraquezas, a vida se transforma em fardo cujo peso se nos afigura insuportável.

Daí a relatividade do tempo. De fato, e realmente, não existe o tempo tal como imaginamos. Não há passado, nem futuro. O que há é o pre-sente eterno onde a nossa alma imortal realiza o objeto supremo da vida mediante o influxo da lei incoercível que a rege: a evolução.

Por isso disse o sapientíssimo Mestre: A hora vem, e agora é.

O Tempopor vinícius

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dezembro 2007 | fidelidadespírita lição

Quando menino eu vivia brigando com meus companheiros

de brinquedos. E voltava para casa lamuriando e queixando-me deles. Isso ocorria, as mais das vezes, com Beto, o meu melhor amigo.

Um dia, quando corri para casa e procurei mamãe para queixar-me do Beto ela me ouviu e disse o seguinte:

- Vai buscar a sua balança e os blocos.

- Mas, o que tem isso a ver com o Beto?

- Você verá... Vamos fazer uma brincadeira.

Obedeci e trouxe a balança e os blocos. Então ela disse:

- Primeiro vamos colocar neste prato da balança um bloco para representar cada defeito do Beto. Conte-me quais são.

Fui relacionando-os e certo número de blocos foi empilhado daquele lado.

- Você não tem mais nada a dizer? Eu não tinha e ela propôs: Então você vai, agora, enumerar as qualidades dele. Cada uma delas será um bloco no outro prato da balança.

Eu hesitei, porém, ela me ani-mou dizendo:

a balançapor Wallace leal v. rodrigues

- Ele não deixa você andar de bicicleta? Não reparte o seu doce com você?

Concordei e ela passou a men-cionar o que havia de bom no caráter de meu amiguinho. Ela foi colocando os blocos do outro lado. De repente eu percebi que a balança oscilava. Mas vieram outros e outros blocos em favor do Beto.

Dei uma risada e mamãe ob-servou:

- Você gosta do Beto e ficou alegre por verificar que as suas boas qualidades ultrapassam os seus defeitos. Isso sempre acontece, conforme você mesmo vai verificar ao longo de sua vida.

fonte:

RODRIGUES, Wallace Leal V. E para o resta da

vida... Págs. 17 - 18. O Clarim, 2005.

E de fato. Através dos anos aquele pequeno incidente de pe-sagem tem exercido importante influência sobre meus julgamentos. Antes de criticar uma pessoa, lem-bro-me daquela balança e comparo seus pontos bons com os maus. E, felizmente, quase sempre há uma vantagem compensadora, o que for-talece em muito a minha confiança no gênero humano.

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fidelidadespírita | dezembro 2007 mediunidade

diretrizes de segurança

por raul teixeira e divaldo franco

07.Quais são os requisitos necessários aos médiuns que militam na tarefa mediúnica?

raul – percebendo que a mediunidade é uma faculdade mental, ela independe de o indivíduo ser no-bre ou devasso. sendo a mediunidade essa luz do espírito que se projeta através da carne, admitiremos também poder encontrá-la representando a treva do espírito que escorre através do soma. e exatamente por isso, percebemos que o médium deverá ajustar-se, quando deseje servir com o cristo. atrelado às forças do bem, ajustar-se ao esforço de vivenciar as lições evangélicas, renovando, gradativamente, os panoramas da própria existência, domando as inclinações infelizes, inferiores, elevando o padrão men-tal para que sua mentalização se dirija para o sentido nobre, fazendo-o cada vez mais vibrátil nas mãos das entidades felizes. logo, os requisitos para o exercício da mediunidade no enfoque espírita serão o exercício da humildade, da humildade que não se converte em subserviência, mas que é a atitude de reconhecimento da grandeza da vida em face da nossa pequenez pessoal; o espírito de estudo, de apercebimento continuado das leis que nos regem, que nos governam. o médium espírita deverá estar sempre voltado para aumentar o seu patrimônio de conhecimento das coisas, dando-nos conta de que o espírito da verdade nos disse ser necessário o amor que assiste, que guarda, que renuncia, que serve, e, ao mesmo tempo, a instrução que de maneira alguma representará apenas o diploma acadêmico, mas que é esse engrandecimento do caráter, da inteligência, esse amadurecimento que, muitas vezes, o diploma não confere. exatamente aí o médium deverá ater-se ao estudo, ao trabalho, à abnegação ao semelhante e nesse esforço estará logrando também subir a ladeira para conquistar a humildade.

numa colocação feita pelo espírito albino teixeira, através de chico xavier, no livro paz e renovação¹, diz ele que o melhor médium para o mundo espiritual não é o que seja portador de múltiplas faculdades, mas é aquele que esteja sempre disposto a aprender e sempre pronto a servir.

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dezembro 2007 | fidelidadespírita mediunidade

fonte:

FRANCO, Divaldo P. TEIXEIRA, Raul J. Dire-

trizes de Segurança. Págs. 17 - 19. Frater, 2002.

08.o médium é responsável por toda e qualquer comunicação mediúnica?

divaldo – deve sê-lo, porque não é um autômato. Quaisquer comunicações que lhe ocorram são através do seu psicossoma ou perispírito. a conduta do médium é de sua responsabilidade e, graças a essa conduta, ele responde pela aplicação de suas forças mediúnicas.

É muito comum a pessoa assumir comportamentos contrários ao bom-tom e depois dizer que foram as entidades perniciosas que agiram dessa forma. isso é uma evasão da responsabilidade, porque os espí-ritos somente atuam pelo médium, nele encontrando receptividade para as suas induções. É importante saber que o médium é responsável pela manifestação que ocorra através dele. para que se torne um médium seguro, um instrumento confiável, é necessário que evolua moral e intelectualmente, na razão em que exercita a faculdade.

gostaria de dar uma informação que nos transmitem os amigos espirituais: referem-se à seriedade com que as entidades que aqui trabalham estão encarando este encontro2. um dos fatores mais im-portantes para a divulgação da doutrina espírita, além do estudo sério, é a mediunidade na vivência, no comportamento dos médiuns. porque os neófitos atraídos para a doutrina vêm, invariavelmente, ansio-sos pelos fenômenos e por soluções para problemas que eles não querem equacionar. a invigilância de alguns aprendizes do espiritismo, trabalhando na mediunidade, responde pela deserção dos inseguros, pelos desequilíbrios na comunidade mediúnica. esses mentores estão empenhados em nos ajudar para o bom discernimento das nossas realizações.

registro, outrossim, a presença de vários desses amigos que prosseguem colaborando, vivamente empenhados no trabalho de educação e de iluminação das almas. eles hoje aqui capitaneados pelo espí-rito dr. camilo chaves, que também convidou um número muito grande de antigos colaboradores da doutrina espírita nesta cidade, tais como pascoal comanducci, henriot, bady elias curi, dolores abreu, professor cícero pereira, virgílio almeida, célia xavier, schembri e outros trabalhadores afeiçoados ao bem, que se encontram empenhados em promover o consolador em nossas vidas para que as mesmas sigam, por acréscimo de misericórdia, na direção de jesus.

_____________________________________________________¹ xavier, f.c. paz e renovação, diversos espíritos, cap. 34, 4ª ed., cec, uberaba-mg, 1979.

_____________________________________________________________________________2 referência ao simpósio sobre mediunidade realizado pela aliança municipal espírita de belo

horizonte-mg e pela associação espírita célia xavier, da mesma cidade, nos dias 16 e 17 de junho de 1984, com a participação de divaldo franco e raul teixeira.

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ca

pa

por therezinha oliveira

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dezembro 2007 | fidelidadespírita

apartes e comentários 1. “Bem-aventurada, aquela que te concebeu e os seios que te amamentaram! (Lc 11:27-28)Aparte de uma mulher da multidão, enquanto Jesus pregava.“Antes bem-aventurados são os que ouvem a palavra de Deus e a guardam!”Ensino: A verdadeira felicidade não está nos méritos alheios, mas em entender a vontade de Deus e cumpri-la.

2. Os galileus que Pilatos mandou matar, quando faziam sacrifícios. (Lc 13:1-5)Contaram o fato a Jesus, que comentou:“Pensais que esses galileus eram mais pecadores do que todos os outros galileus, por terem padecido essas coisas? Não eram, eu vo-lo afirmo; se, porém, não vos arrepen-derdes, todos igualmente perecereis.” Ensino: Se não modificarmos nossa conduta moral, a desencarnação nos apanhará tão despreparados espiritualmente quanto os que sofrem morte súbita e inesperada.

3. “Feliz aquele que comer pão no reino dos céus!”Assim exclamou um dos comensais numa refeição (Lc 14:15-24) em casa de um dos chefes dos fariseus, porque Jesus acabara de falar da recompensa dos justos na ressur-reição.Talvez israelitas achassem que teriam acesso ao reino de Deus, por serem dos “filhos de Abraão” e seguirem à risca os mandamentos de Moisés e demais ordenações.Então, Jesus conta a parábola do festim de bodas. (Mt 22:11-12)Ensino: Há quem tem condições para maior comunhão espiritual, mas a isso não se dispõe (não atende o convite). Há quem receba essa oportunidade por misericórdia divina e, entretanto, não a valorize, não preparando a necessária “túnica nupcial” (o perispírito).

Jesus sabia valorizar a palavra como instrumento divino de co-municação. Seus diálogos com o povo sempre resultavam em um ensinamento espiritual, quer fosse uma simples pergunta

e resposta ou uma conversa mais demorada. Merecem, por isso, ser estudados. Vejamos alguns exemplos:

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fidelidadespírita | dezembro 2007

pedidos

1. “Mestre, dize a meu irmão que reparta comigo a herança.” (Lc 12:13-15) Estaria o homem prejudicado em seu direito? Ou apenas estava impaciente para entrar na livre posse de sua parte na herança?“Homem, quem me colocou como juiz ou partidor entre vós? Guardai-vos de toda e qualquer avareza, porque a vida de um homem não depende dos bens que ele possui.”Ensino: Não peçamos ao plano espiritual o atendimen-to de direitos materiais, que se resolvem nos tribunais humanos. Nossa realização como seres espirituais não depende dos bens materiais.

2. “Senhor, Filho de Davi, tem compaixão de mim! Minha filha está horrivelmente endemoninhada.” (Mt 15:21-28) Clamava desse modo uma mulher cananéia (siro-fe-nícia) e os discípulos pediam a Jesus que a atendesse, porque os seguia com esse clamor, Jesus disse:“Não fui enviado senão às ovelhas da casa de Israel.” (Fora àquela região buscando interessar os israelitas que ali moravam, presumindo-se que deviam estar espiritualmente mais preparados para receber a sua mensagem.)A mulher, porém, aproximou-se, reverenciou-o e pediu:“Senhor, socorre-me!“Não é bom tomar o pão dos filhos e lançá-lo aos cachorrinhos.Sim, Senhor, porém os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa dos seus donos.“Ó mulher, grande é a tua fé! Faça-se contigo como queres. E desde aquele momento sua filha ficou sã.”Ensino: Embora não fosse israelita, a mulher demons-trou estar em condições de receber o benefício que pedia, pela humildade (de reconhecer sua carência espiritual), pela fé (confiança no poder espiritual de Je-sus) e pela perseverança (na busca do que precisava).Nosso modo de pensar, sentir e agir é que nos dá condições e merecimento para sermos atendidos.

3. “Senhor, ensina-nos a orar, como também João ensinou aos seus discípulos.” (Mt 6:9-15 e Lc 11:1-13)Assim pediu um dos discípulos, quando Jesus, certa vez, havia terminado de fazer sua oração.“Quando orardes, dizei: Pai nosso, que estais nos céus (...)”Contou, ainda, a parábola do amigo importuno e estimulou à oração.“Pedi, e dar-se-vos-á (...)”Comparou: somos maus e, apesar disso, sabemos conceder boas dádivas aos nossos filhos. Deus, que é Pai e bondoso, enviará um bom Espírito para socorrer aos que lhe pedirem.

4. “Manda que, no teu reino, estes meus dois filhos se assentem, um à tua direita e o outro, à tua esquerda.” Mt 20:20-28)Foi o que pediu a mulher de Zebedeu e mãe de Tiago e João.“Não sabeis o que pedis. Podeis vós beber o cálice que eu estou para beber?” (Jesus aludia ao sacrifício-testemunho pelo qual passaria.)“Podemos.” (Eles nem sabiam ao que Jesus se referia, mas no futuro também teriam de testemunhar.)“Bebereis o meu cálice; mas o assentar-se à minha direita e à minha esquerda não me compete concedê-lo; é, porém, para aqueles a quem está preparado por meu Pai.”Ensino: O merecimento espiritual decorre do triunfo nas provações e testemunho ante Deus, não é conces-são de um Espírito para outro.Os outros dez apóstolos se indignaram contra os dois irmãos. Jesus chamou-os e ensinou:“Sabeis que os governadores dos povos os dominam e que os maiorais exercem autoridade sobre eles. Não é assim entre vós; pelo contrário, quem quiser tornar-se grande entre vós, será esse o que vos sirva; e quem qui-ser ser o primeiro entre vós, será vosso servo; tal como o filho do homem que não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos.”

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dezembro 2007 | fidelidadespírita

perguntas dos apóstolos

1. “Senhor, até quantas vezes pecará meu irmão contra mim e eu lhe perdoa-rei? Até sete?” (Mt. 18:21-22)Foi Pedro quem perguntou, após Jesus ter falado sobre o perdão e como agir quando um irmão “peca” contra nós.“Não te digo até sete, mas setenta vezes sete.”Ensino: Perdoemos quantas vezes for necessário.

2. “Por que, dizem, pois, os escribas ser necessário que primeiro venha Elias?” (Mt 17:9-13)

Interrogam os discípulos a Jesus, após o verem transfigurado e Moi-sés e Elias conversando com ele.“De fato, Elias virá e restaurará todas as coisas. Eu, porém, vos declaro que Elias já veio, e não o

Se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a este monte: Passa daqui para acolá, e ele passará

reconheceram, antes fizeram com ele tudo quanto quiseram. Assim também o Filho do Homem há de padecer nas mãos deles,”Então, os discípulos entenderam que lhes falara a respeito de João Batista.Ensino: João Batista era Elias reen-carnado.

3. “Por que não pudemos nós expulsá-lo?” (Mt 17:14-21 e Mc 9:14-29) Indagam os apóstolos, quando Je-sus afasta o mau Espírito que eles

não haviam conseguido afastar do menino obsidiado.“Por causa da vossa pouca fé. Se tiverdes fé como um grão de mostar-da, direis a este monte: Passa daqui para acolá, e ele passará. Nada vos será impossível.”“Mas esta casta não se expele senão por meio de oração e jejum.”Ensino: Para ser respeitado pelos Espíritos inferiores, é preciso ter condições de convicção espiritual; essa fé somente se consegue com conhecimento e vivência das leis divinas.

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fidelidadespírita | dezembro 2007

respondendo aos adversários

Muitas foram as perguntas que os adversários de Jesus lhe fizeram, procurando apanhá-lo em falha contra a lei dos israelitas ou contra César. Jesus respondia evitando as armadilhas e aproveitando, ainda, para ensinar aos adversários e a todos que ouviam.

1. “Por que come o vosso Mestre com os publicanos e pecadores?” (Lc 5:29-32 e Mt 9:10-13)Jesus respondeu pelos discípulos à pergunta dos fariseus:“Os sãos não precisam de médico e, sim, os doentes. Ide, porém, e aprendei o que significa: “Miseri-córdia quero e não holocaustos”, pois não vinha chamar justos e, sim pecadores [ao arrependimento]”.Ensino: Não podemos deixar sem assistência espiritual aos sofredores e perturbados que nos procuram. São os que mais precisam dela.

2. “Moisés mandou que tais mulheres sejam apedrejadas; tu, pois, que dizes?” (Jo 8:1-11)Perguntaram os escribas e fariseus, apresentando-lhe uma mulher adúltera. A pergunta era uma ar-madilha, pois o Decálogo proibia matar. Queriam ver como Jesus responderia.“Aquele que dentre vós estiver sem pecado, seja o primeiro que lhe atire a pedra.”Acusados pela própria consciência, foram-se retirando um por um, a começar pelos mais velhos até os

últimos, ficando somente Jesus e a mulher.“Mulher, onde estão os teus acusa-dores? Ninguém te condenou?Ninguém, Senhor.Nem eu tampouco te condeno; vai e não peques mais.”Ensino: Podemos orientar quem está errado, para que corrija suas ati-tudes, mas não nos cabe condenar quem erra, porque também temos falhas e defeitos.

3. “É lícito ou não pagar o tributo a César?” (Mt 22:15-22)Pergunta formulada pelos discí-pulos dos fariseus aliados com os herodianos (partidários de Herodes e amigos de Roma). Antes, simulan-do deferência e pensando espicaçar

Os sãos não precisam de médico e, sim, os doentes. Ide, porém, e aprendei o que significa: “Misericórdia quero e não holocaustos”

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dezembro 2007 | fidelidadespírita

fonte:

OLIVEIRA. Therezinha. Estudos Espíritas

do Evangelho. Págs. 215 – 223. Editora Allan

Kardec. 2005

orgulho em Jesus, saudaram:“Mestre, sabemos que és verdadeiro e que ensinas o caminho de Deus, de acordo com a verdade, sem te importares com quem quer que seja, porque não olhas a aparência dos homens. Dize-nos, pois, que te parece?” (E então fizeram a pergun-ta acima.)“Por que me experimentais, hi-pócritas? Mostrai-me a moeda do tributo. Apresentaram um denário e Jesus perguntou:De quem é esta efígie e inscrição?De César.Daí, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus.”Ensino: Devemos atender aos de-veres materiais sem descurar dos deveres espirituais.

4. “É lícito ao marido repudiar a sua mulher por qualquer motivo?” (Mt 19:3-12)A pergunta foi dos fariseus, “expe-rimentando a Jesus”.“Não tendes lido que o Criador desde o princípio os fez homem e mulher e que disse: ‘Por esta causa deixará o homem pai e mãe, e se unirá à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne?’; de modo que já não são mais dois, porém uma só carne. Portanto, o que Deus ajun-tou não o separe o homem.Por que mandou então Moisés dar carta de divórcio e repudiar?Por causa da dureza de vosso cora-ção é que Moisés vos permitiu re-pudiar vossas mulheres; entretanto, não foi assim desde o princípio.Eu, porém, vos digo: Quem repu-

diar sua mulher, não sendo por cau-sa de adultério, e casar com outra, comete adultério [e o que casar com a repudiada comete adultério].Se essa é a condição do homem relativamente à sua mulher, não convém casar [disseram os discí-pulos].“Nem todos são aptos para receber este conceito, mas apenas aqueles a quem é dado. Porque há eunucos de nascença; há outros a quem os homens fizeram assim; e há outros que a si mesmos se fizeram eunucos, por causa do reino dos céus. Quem é apto para o admitir, admita.”Ensinos: - Como instituição divi-na, o casamento tem propósitos superiores e não deve ser desfeito sem motivo sério. Ainda hoje os Espíritos instrutores “permitem” o divórcio pela dureza dos corações humanos.- Quanto à atividade sexual, alguns a ela renunciam buscando maior re-alização espiritual, mas nem todos têm condições para essa renúncia.

5. “Na ressurreição, de qual dos sete será ela esposa? Porque todos a despo-saram? (Mt 22:23-33)Não acreditando na ressurreição (continuidade da existência espi-ritual após a morte), os saduceus apresentaram a Jesus uma situa-ção:“Mestre, Moisés disse: ‘Se alguém morrer, não tendo filho, seu irmão casará com a viúva e suscitará des-cendência ao falecido.’ Ora, havia entre nós sete irmãos; o primeiro,

tendo casado, morreu, e não tendo descendência, deixou sua mulher a seu irmão; o mesmo sucedeu com o segundo, com o terceiro, até o sé-timo; depois de todos eles, morreu também a mulher.”Finalmente, fizeram a pergunta acima, ao que Jesus respondeu:“Errais, não conhecendo as Escritu-ras nem o poder de Deus. Porque na ressurreição nem casam nem se dão em casamento; são, porém, como os anjos no céu.Quanto à ressurreição dos mortos, não tendes lido o que Deus vos de-clarou: “Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó”? Ele não é Deus de mortos e, sim, de vivos.”Ensino: Espiritualmente imortais, para Deus todos sempre somos vivos. Na vida espiritual perdurará o sentimento de amor, mas não as condições físicas do casamento (a não ser para Espíritos ainda muito apegados às sensações terrenas.)Seguindo a Jesus, valorizemos a palavra empregando-a com justiça e com amor, procurando dizer: “sim, sim; não, não”, porque como adver-te o Mestre, o que passa disso “pro-cede do maligno” (Mt 5:37).

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fidelidadespírita | dezembro 2007 ensinamento

o jugo leve

1. Vinde a mim, todos vós que sofreis e que estais sobrecarregados e eu vos aliviarei. Tomai meu jugo sobre vós, e aprendei de mim que sou brando e humilde de coração, e encontrareis o repouso de vossas almas; porque meu jugo é suave e meu fardo é leve. (São Mateus, cap. XI, v. 28, 29 e 30).

Todos os sofrimentos: misérias, decepções, dores físicas, perda de seres queridos, encontram sua consolação na fé no futuro, na confiança na justiça de Deus, que

o Cristo veio ensinar aos homens. Sobre aquele, ao contrário, que não espera nada depois desta vida,

o cristo consoladorpor allan Kardec

...mas esse jugo é leve e essa lei é suave, uma vez que impõem por dever o amor e a caridade

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dezembro 2007 | fidelidadespírita ensinamento

fonte:

KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o

Espiritismo. Pág. 96 - 98. Ide, 2006.

ou que duvida simplesmente, as aflições se abatem com todo seu peso, e nenhuma esperança vem suavizar-lhe a amargura. Eis o que levou Jesus a dizer: Vinde a mim, todos vós que estais fatigados e eu vos aliviarei.

Entretanto, Jesus coloca uma condição à sua assistência e à felici-dade que promete aos aflitos; essa condição está na lei que ensina; seu jugo é a observação dessa lei; mas esse jugo é leve e essa lei é suave, uma vez que impõem por dever o amor e a caridade.

consolador prometido

2. Se vós me amais, guardai meus mandamentos; e eu pedirei a meu Pai, e ele vos enviará um outro consolador, a fim de que permaneça eternamente convosco: o Espírito de Verdade que o mundo não pode receber, porque não o vê e não o conhece. Mas quanto a vós, conhecê-lo-eis porque permanecerá convosco e estará em vós. Mas o conso-lador, que é o Santo-Espírito, que meu Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas e vos fará relembrar de tudo aquilo que eu vos tenha dito. (São João, cap. XIV, v. 15, 16, 17 e 26).

Jesus promete um outro conso-lador: O Espírito de Verdade, que o mundo não conhece ainda, porque não está maduro para compreendê-lo, que o Pai enviará para ensinar todas as coisas, e para fazer recordar aquilo que o Cristo disse. Se, pois, o Espírito de Verdade deve vir mais

tarde ensinar todas as coisas, é que o Cristo não disse tudo; se ele vem fazer recordar aquilo que o Cristo disse, é porque isso foi esquecido ou mal compreendido.

O Espiritismo vem, no tempo marcado, cumprir a promessa do Cristo: o Espírito de Verdade preside à sua instituição, chama os homens à observância da lei e ensina todas as coisas em fazendo compreender o que o Cristo não disse senão por parábolas. O Cristo disse: “Que ouçam os que têm ouvi-dos para ouvir”; o Espiritismo vem abrir os olhos e os ouvidos, porque

fala sem figuras e sem alegorias; ele ergue o véu deixado proposi-tadamente sobre certos mistérios, vem, enfim, trazer uma suprema consolação aos deserdados da Terra e a todos aqueles que sofrem, dan-do uma causa justa e um fim útil a todas as dores.

O Cristo disse: “Bem-aventura-dos os aflitos, porque serão conso-lados”; mas de que forma se achar

o Espiritismo vem abrir os olhos e os ouvidos, porque fala sem figuras e sem alegorias

feliz sofrendo não sabendo porque se sofre? O Espiritismo mostra-lhe a causa nas existências anteriores e na destinação da Terra, onde o homem expia seu passado; mostra-lhe o objetivo naquilo em que os sofrimentos são como crises salu-tares que conduzem à cura e são a depuração que assegura a felicidade nas existências futuras. O homem compreende que mereceu sofrer e acha o sofrimento justo; sabe que esse sofrimento ajuda o seu progresso, e o aceita sem lamentar, como o obreiro aceita o trabalho que deve lhe valer seu salário. O Espiritismo lhe dá uma fé inabalá-vel no futuro, e a dúvida pungente não mais se abate sobre sua alma; fazendo-o ver do alto, a importância das vicissitudes terrestres se perde no vasto e esplêndido horizonte que ele descortina, e a perspectiva da felicidade que o espera lhe dá a paciência, a resignação e a coragem de ir até o fim do caminho.

Assim o Espiritismo realiza o que Jesus disse do consolador pro-metido: conhecimento das coisas, que faz o homem saber de onde vem, para onde vai e porque está na Terra; chamamento aos verdadeiros princípios da lei de Deus, e consola-ção pela fé e pela esperança.

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fidelidadespírita | dezembro 2007

reflexão

22

tormentos voluntáriospor Yvonne a. pereira

Assim, algumas pessoas crêem que, ao nascer, o homem traz consigo irremediável destino

Os acontecimentos di-ários da vida, quase sempre dramáticos,

costumam oferecer lições de alto valor educativo ao observador. Ao mesmo tempo, a nós outros, espí-ritas, recordam detalhes preciosos da moral exposta pelos instrutores espirituais que ditaram os códigos da Terceira revelação a Allan Kar-dec. Essa moral, se bem assimilada e praticada pelo adepto, engrandecê-lo-á perante si próprio e perante o conceito alheio, garantindo ainda possibilidades para a sua paz inte-rior e social, a sua felicidade pessoal e o seu progresso.

Não obstante, certos detalhes dos códigos espíritas parecem passar despercebidos a alguns adeptos da Doutrina, e bom será que, de vez em quando, procuremos recordá-los a fim de que a propaganda que fi-zermos das virtudes do Espiritismo não sofra deficiências explicativas, pois tais detalhes são, comumente, preciosos para a boa compreensão das lições expostas.

Assim, algumas pessoas crêem que, ao nascer, o homem traz con-sigo irremediável destino, cercado pela fatalidade, de molde a desafiar possibilidades de superação. Se, porém, observamos com atenção

a nossa própria vida e a vida do nosso próximo, compreenderemos que assim não é, que muitas dores e difíceis situações poderão ser evi-tadas no trajeto da nossa condição terrena, se agirmos criteriosamente em torno de nós mesmos.

Os livros doutrinários espíritas, quer os clássicos, quer as contribui-

ções mediúnicas, apreciam de for-ma edificante essa atraente questão, destacando os infortúnios atraídos pelas ações do presente, para a nossa vida, daqueles provenientes de existências anteriores, como herança de um passado criminoso, a constituir o chamado Carma inevitável.

Allan Kardec e seus colabora-dores, assim como os instrutores espirituais que nos honram com suas lições, são unânimes em nos advertir de que são mais numerosos os sofrimentos que procuramos por nossa livre e espontânea vontade, na própria existência atual, do que aqueles que realmente constituem expiações de vidas anteriores.

Vale então recordar nestas linhas o critério exposto por Allan Kardec no parágrafo 4 do capítulo V de “O Evangelho segundo o Espiritismo”, livro ao qual devemos a reeducação que se opera em nossos caracteres:

“(...) Remontando-se à origem dos males terrestres, reconhecer-se-á que muitos são conseqüência natural do caráter e do proceder dos que os suportam.

Quantos homens caem por sua própria culpa! Quantos são vítimas de sua imprevidência, de seu orgu-lho e de sua ambição!

Quantos se arruínam por falta de ordem, de perseverança, pelo mau proceder, ou por não terem sabido limitar seus desejos!

Quantas uniões desgraçadas, porque resultaram de um cálculo de interesse ou de vaidade e nas quais o coração não tomou parte alguma!

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dezembro 2007 | fidelidadespírita reflexão

Quantas doenças e enfermidades decorrem da intemperança e dos excessos de todo gênero!

Quantas dissensões e funestas disputas se teriam evitado com um pouco de moderação e menos suscetibilidade!

Quantas doenças e enfermida-des decorrem da intemperança e dos excessos de todo gênero!

Quantos pais são infelizes em seus filhos, porque não lhes com-bateram desde o princípio as más tendências! Por fraqueza, ou indi-ferença, deixaram que se desenvol-vessem os germens do orgulho, do egoísmo e da tola vaidade, que pro-duzem a secura do coração; depois, mais tarde, quando colhem o que semearam, admiram-se e se afligem da falta da deferência com que são tratados e da ingratidão deles!

Interroguem friamente suas consciências todos os que são feri-dos no coração pelas vicissitudes e decepções da vida; remontem passo a passo à origem dos males que os torturam e verifiquem se, as mais das vezes, não poderão dizer: “Se eu houvesse feito, ou deixado de fazer tal coisa, não estaria em semelhante condição.” etc.

Tais considerações assaltaram o nosso raciocínio diante de um fato doloroso que acaba de chegar ao nosso conhecimento, e que perfeitamente se enquadra na tese em apreço.

Durante uma visita feita, há dias, a pessoas amigas, em subúr-bio afastado, no Rio de Janeiro, tivemos ocasião de ver, sentada tristemente à porta de um casebre, o vulto de uma mulher maltratada, sofredora. Faltavam-lhe as duas pernas e vivia de esmolas exíguas,

visto que, não podendo caminhar, não poderia também recorrer a peditórios no bairro. Ao seu lado uma criança, um menino, regulan-do sete anos de idade, igualmente maltratado, aleijado, incapaz de se manter em pé.

Indagando da causa de tal anor-malidade, fomos inteirado de que

a mulher era casada em segundas núpcias com um operário, do qual possuía um filho, e que levara do primeiro matrimônio aquele que víamos a seu lado.

O casal vivia por entre dificul-dades financeiras, como é comum entre as famílias cujos recursos são pequenos. A situação, portanto, não constituía exceção. Mas a casa era mantida com o necessário, pois o homem trabalhava normalmente, a fim de manter a família; a mulher ocupava-se apenas com os afazeres domésticos, como o faz toda mãe de família, e, assim, ninguém sofria verdadeiras privações.

Um dia, porém, queixou-se o marido das dificuldades financeiras e pediu à esposa que procurasse economizar o mais possível, evitan-do gastos supérfluos, observação naturalíssima que, ao bom-senso, não encerrará ofensa. Mas a mu-lher ofendeu-se com a advertência,

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fidelidadespírita | dezembro 2007

Bastaria uma prece do coração ou um apelo à razão para que tudo fosse evitado

reflexão

houve discussão acalorada e só Deus sabe o que mais teria havido entre os esposos. Tentando evitar maiores males, o operário saiu de casa procurando refazer-se longe da enfurecida esposa. Indignada, esta, fazendo-se acompanhar dos dois filhos, deixou também a casa, dirigindo-se à linha férrea da Cen-tral do Brasil. Ao aproximar-se o comboio elétrico, atira-se diante dele, arrastando as suas crianças em procura do suicídio.

Resultado: A criança de dois anos de idade, filha do segundo casamento, foi esmagada pelo com-boio. A criança de cinco anos, filha do primeiro matrimônio, atirada a grande distância, pelo comboio, não morreu, mas tornou-se invá-lida. E ela, a mulher, teve as duas pernas amputadas, sem conseguir o trágico fim que desejava. Quanto ao marido, revoltado ante o acon-tecimento, não podendo ou não querendo reconciliar-se com a mu-lher criminosa, que levara à morte o filho que era dele, abandonou-a irremediavelmente, nunca mais dando notícias suas. E o saldo do terrível gesto de cólera e impaciên-cia, aí está: a grave responsabilidade da morte do filho pequenino e da invalidez do outro; a sua invalidez e todos os agravos dolorosos daí derivados para si mesma e para o fi-lho, inclusive o remorso do próprio crime perante as leis de Deus.

O suicídio não é uma lei, assim como não o são a revolta, a cólera e a impaciência. Essa mulher, portanto, não trouxe de vidas pas-

sadas, ao reencarnar, seu trágico destino. Trouxera, sim, a prova da paciência e da resignação na pobreza. O seu lamentável destino foi, portanto, criação dela, falindo no testemunho que deveria dar. Tão grande acervo de desgraças

poderia ser evitado se a infeliz cria-tura cumprisse melhor o seu dever de esposa e de mãe e respeitasse a própria crença em Deus. Bastaria uma prece do coração ou um apelo à razão para que tudo fosse evitado. Os tormentos que presentemente sofre, e os que sofrerá futuramente, ao desencarnar, conseqüentes do mesmo fato, representam o efeito da sua própria vontade, ou seja, os tormentos voluntários de que nos fala “O Evangelho segundo o Espiritismo”.

Nossa alma de crentes compre-ensivos, diante das lutas de cada dia, chora, em verdade, compun-gida ante tanta descrença e alhea-mento ao respeito a Deus e à Vida.

Assim, diante de tais complexos com que diariamente esbarramos, cumpre-nos acelerar as exposições da Doutrina da Imortalidade, que professamos, fazendo chegar sua luz protetora aos corações endurecidos pela revolta e pela ignorância das coisas de Deus; cumpre-nos ofe-recer, aos sofredores de qualquer espécie, não apenas o pão mate-rial, que sacia o corpo físico, mas, principalmente, o alimento imortal para a alma necessitada: as lições daquele Consolador prometido por Jesus, que fortalece o coração e a razão do sofredor, para a vitó-ria nas lutas diárias, e que muitas outras coisas mais ensinará à nossa ignorância, como por exemplo:

Que devemos ser pacientes e mansos de coração em qualquer circunstância da vida, a fim de ad-quirirmos a ciência de nós mesmos, e que o suicídio é a maior desgraça que poderá atingir o ser humano, ainda mesmo quando não chegue a consumar-se.

fonte:

PEREIRA, Yvonne A.. À Luz do Consolador.

Pág. 81 - 85. Feb. 1997.

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dezembro 2007 | fidelidadespírita poesia

estudo no lar

por maria dolores / chico xavier

fonte:

XAVIER, Francisco C. Maria Dolores. Cap. 13.

Ideal. 1994.

Indagas, muitas vezes, de alma aflita,Onde, na Terra, a fórmula benditaDe conquistar a paz, nas trilhas do dever;Entretanto, no mundo, alma querida,Tudo aquilo que nutre ou que engrandece a vidaÉ trabalho do bem que procura esquecer.

Ninguém pode olvidar as instruções das cousas,Fita o abrigo doméstico onde pousasNum momento qualquer de silêncio ou lazer;Do piso ao teto ou do alimento á mesa,Pensa nas formações da natureza,Que te apóiam no lar, procurando esquecer.

As pedras do alicerce que se esconde,Não te pedem aplauso nem te explicam ondeQueriam, por si, permanecer;Aceitam suportar-te a casa, instante a instante,Lembrando humildes mãos, resguardandoUm gigante,Esquecidas no chão, procurando esquecer.

A porta que te guarda a segurança,Seja em madeira ou não, jamais se cansaDe amparar-te, gastar-se e obedecer;Água corrente e limpa em teu próprio aposentoPraticando humildade e ajudando, a contento,É a fonte que se dá procurando esquecer.

A lâmpada a teu lado, o armário, o leito amigo, O livro que conversa a sós contigo,Doando-te consolo e ensinando-te a ver,A roupa que te veste, o prato firme e atento,Isso tudo é valor em movimento,Agindo em teu favor, procurando esquecer.

Assim também, no mundo, alma querida e boa,Para reter a paz, ama, luta e abençoa,Não te doa ajudar, nem te importe sofrer...Dores e inquietações? Alegra-te ao vencê-las,Do sub-solo ao chão e do chão às estrelas,Deus nos pode servir, trabalhar e esquecer.

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fidelidadespírita | dezembro 2007 esclarecimento

fonte:

SCHUTEL, Cairbar. O Espírito do Cristian-

ismo. Págs. 113 – 114. O Clarim. 2001.

Enquanto assim falava, uma mulher do meio da multidão levantou a voz e disse-lhe: Bem-aventurados o ventre que te trouxe e

os peitos a que foste criado. Mas ele respondeu: Antes, bem-aventurados aqueles que ouvem a palavra de Deus e a observam.” (Lucas XI, 27 – 28)

O motivo exclusivo da vinda de Jesus ao mun-do foi a pregação da Palavra de Deus.

Nenhum outro intuito poderia abalar o Divi-no Mestre a deixar as Alturas, a Vida Eterna, e se enclausurar na vida mortal em que esteve, em que sofreu e foi tão mal compreendido.

Os laudatórios, as palmas, as felicitações não lhe prendiam a menor atenção, e, quando havia ocasiões para laudatórios, ele sabia muito bem opor aos laudatórios sua incisivas sentenças, que se gravaram no coração dos seus seguidores.

os laudatórios e a observância dos mandamentospor cairbar schutel

“Bem-aventurados o ventre que te trouxe e os peitos que te criaram”, disse a mulher extasiada com a sua Palavra de Amor e Verdade. E o Mestre respondeu imediatamente: “Antes, bem-aventurados aqueles que ouvem a palavra de Deus e a observam.”

Cremos mesmo que nenhum santo queira ser louvado, mas sim estudado, compreendido e seguido.

Aplaudir calorosamente os santos, e não fazer nem observar o que eles mandam, é assemelhar-se à rocha que recebe a semente, fá-la germinar logo, mas em seguida deixa-a morrer por não ter elementos para dar-lhe vida.

Esta passagem vai com vista aos glorificadores de Maria de Nazaré, mãe de Jesus, que é honrada com festas, mas cujos mandamentos – “fazei tudo o que meu filho vos ordenar” – não são obede-cidos, pois não querem ouvir nem observar a Palavra de Deus, que tomam por escândalo.

Os melhores meios de ovacionar a Jesus con-sistem no estudo da sua Doutrina e na observân-cia dos seus Preceitos de Vida Eterna.

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55uma publicação do centro de estudos espíritas “nosso lar” – campinas/spassine: (19) 3233-5596

dezembro 2007 | fidelidadespírita

fonte:

MARTINS, Eduardo. Com Todas as Letras. Pág.

24. Editora Moderna. São Paulo/SP, 1999.

por eduardo martins

com todas as letras

cuidado com as formas verbais inexistentes

Reaver faz parte de uma ca-tegoria muito especial de verbos chamados defectivos (ou “defei-tuosos”, em termos práticos), que não apresentam todos os tempos ou pessoas. Por isso, só pode ser conjugado nas pessoas em que, no verbo haver, existe a letra v.

Você lembra do presente do in-dicativo de haver? Eu hei, tu hás, ele há, nós havemos, vós haveis, eles hão.

Repare que só havemos e haveis têm a letra v. Portanto, reavemos e reaveis. Bem, e as demais pessoas? Procure substituí-las pelas formas correspondentes de recuperar, re-cobrar, etc. O título que abre este comentário, por exemplo, poderia ser: Psicóloga cassada em 91 recupera o registro.

Falta ao verbo também todo o presente do subjuntivo, porque haja, hajamos, hajais, etc., não têm a letra v. Os demais tempos são

regulares, ou seja, em todos eles, haver tem v: reavia, reaviam; reouve, reouveram (e nunca “reaveram”); reouvera, reouveram; reaverei, reaverão; reaverias, reaveriam; se reouvesse, se reouvessem (e nunca se “reavesse”); se reouver, se reouverem (e nunca se “reaverem”); reavei vós (única pes-soa do imperativo); reavido. Assim, também não existem “reaveja”, “re-avejam”, etc., mas recupere, recobrem e equivalentes.

Com adequar, ocorre algo seme-lhante. O presente do indicativo só tem as formas adequamos e adequais. É errado, então, usar “adequo”, “ade-quas” e “adequam”. O verbo não se conjuga também no presente do subjuntivo. Portanto também não existem “adéqüe”, “adeqúem”, e mui-to menos “adeqúe” ou “adeqúem”, etc. Como fazer então? Recorrer a ajusta, ajuste, adapta, adapte ou equivalente.

não “expluda” nem “exploda”

Ao ficar muito irritado com alguém, você não po-derá desejar que a pessoa “exploda” ou “expluda”? Se alimenta esse sentimento, é bom saber: explodir só tem as formas em que ao d se se-guem e ou i. Assim: explode, explodia, explodiu, explodirá, ex-plodiria, explodisse, explodi vós, etc. Igualmente não existem “expludo”, “explodam”, “explu-dam”, etc., porque depois do d viria a ou o. Se precisar, portanto, use rebentar para as pessoas inexistentes de explodir.

O título ocupava todo o alto da página do jornal: Psicóloga cassada em 91 reavê o registro. Você encontra algo estranho nele? Se pôs em dúvida a forma “reavê”, acertou em cheio.

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Emmanuel - Chico XavierVinha de Luz

Não faltam recursos de trabalho espiritual a todo irmão que deseje reerguer-se, aprimorar-se, elevar-se.

Lacunas e necessidades, problemas e obstáculos desafiam o espírito de serviço dos companheiros de fé, em toda parte.

A ignorância pede instrutores, a dor reclama enfermeiros, o desespero suplica orientadores.

Onde, porém, os que procuram abraçar o trabalho por amor de servir?

Com raras exceções, observamos, na maioria das vezes, a fuga, o pretexto, o retraimento.

Aqui, há temor de responsabilidade; ali, receios da crítica; acolá, pavor de iniciativa a benefício de todos.

Como poderá o artista fazer ouvir a beleza da melodia se lhe foge o instrumento?

Nesse caso, temos em Jesus o artista divino e em nós outros, encarnados e desencarnados, os instrumentos dEle para a eterna melodia do bem no mundo.

Se algemamos o coração ao medo de trabalhar em benefício coletivo, como encontrar serviço feito que tranqüilize e ajude a nós mesmos? como recolher felicidade que não semeamos ou amealhar dons de que nos afastamos suspeitosos?

Onde esteja a possibilidade de sermos úteis, avancemos, de ânimo forte, para a frente, construindo o bem, ainda que defrontados pela ironia, pela frieza ou pela ingratidão, porque, conforme a palavra iluminada do apóstolo aos gentios, “Deus não nos deu o espírito de temor, mas de fortaleza, amor e moderação”.

De ânimo forte“Porque Deus não nos deu o espírito de temor, mas de fortaleza, amor e moderação.”- Paulo (II Timóteo, 1:7)