questões e respostas de orais de processo ii
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QUESTÕES E RESPOSTAS DE ORAIS DE
PROCESSO II
- O que consta do objeto da prova?
O objeto da prova são fatos pertinentes para a matéria de prova, cfr. Art. 511º.
Contrariamente ao processo penal, não poderão ser fatos novos, mas sim fatos controvertidos
pelas partes, dado que os remanescentes ou foram considerados como não pertinentes ou
admitidos por confissão.
- E na Base Instrutória pode constar factos que não foram alegados?
Na base instrutória, a produção de prova basta-se com os factos alegados e controvertidos,
dado que a investigação processual não procurará factos novos. Todavia referimo-nos aos
factos essenciais, dado que quanto a factos instrumentais, na senda do Princípio do
Inquisitório, o tribunal pode oficiosamente investigar factos não articulados pelas partes
(650º/2-F e 264º/2 CPC);
- Os factos que estão na base instrutória, ou seja, o que é a base instrutória?
As provas cujo objeto foram controvertidas pelas partes e requerem discussão/apresentação
de prova para que se solidifiquem no processo, auxiliando a descoberta da verdade pelo
tribunal, ou se não, de uma verosimilhança com a verdade.
- A base Instrutória contrapõe-se à?
A base instrutória contrapõe-se à matéria assente no processo, tal como factos notórios,
admitidos por acordo, confessados, etc.
- Estas 2 peças (base instrutória e factos assentes) integram-se no Despacho Saneador?
Sim, conforme resulta da letra da lei (508º e 511º), estas duas peças fazem parte do conjunto
de decisões constantes no despacho saneador, neste caso, tendo-se verificado a necessidade de
fase instrutória;
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- Em que fase do processo é que o juiz organiza a matéria de facto assente e a matéria
controvertida?
O juiz organiza a matéria de facto assente e a matéria controvertida, findos os articulados. Tal
consta do despacho saneador onde constam os termos essenciais do objeto da causa (508º +
511º)
- Há uma fase que é a instrução. Quais são os Princípios orientadores da fase da Instrução?
O Princípio do Inquisitório (mencionado abaixo); o Princípio do Contraditório (possibilidade da
parte contestar e monitorizar o que a outra parte faz ao longo do processo, assim como o
tribunal. Permite que não sejam tomadas providências sem a parte ser ouvida, sendo certo que
este princípio é contraído nas Providências Cautelares); o Princípio da Igualdade de Armas
(decorre do Princípio do contraditório, sendo que em resumo resulta que ambas as partes
devem ter iguais meios de defesa. Especialmente nesta fase, este princípio releva pelo facto de
as partes terem de seguir um enumerado de normas que regulamentam a produção de prova,
permitindo assim, à parte, saber como e com que origem a prova surge, não sendo
surpreendido por algo que não esperava);
Princípio da Oralidade correlacionado com o Princípio da Imediação (levam a que a discussão
oral probatória seja feita o mais próximo do juiz possível, para que este avalie não só a
prova/testemunho, mas também, quem produz essa mesma prova, tal como os peritos,
testemunhas, etc. Decorre ainda destes dois princípios, que o meio de prova, por exemplo
testemunhal, deve ser a pessoa que mais perto/conhecimento, tem dessa mesma prova) ; o
Princípio da Cooperação (extremamente importante nesta fase processual, leva à celeridade
processual, com especial atinência à boa-fé, para qe em tempo útil o juiz possa proferir uma
decisão. Para tal as partes não deverão recorrer a expedientes dilatórios, não deverão dificultar
os exames ou perícias do tribunal, etc). e o Princípio da livre apreciação das provas ( a regra
será a prova livre, logo, balizado por determinadas normas, o juíz poderá formar uma
convicção relativa a um determinado facto..
- O Princípio do Inquisitório é um princípio fundamental na base da instrução?
Sim, dado que é um princípio que releva precisamente nesta fase, onde é solicitado às partes
que colaborem com a realização de diligências, tidas como pertinentes, pelo tribunal, que
tendencialmente levam à descoberta da verdade processual.
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- Dê um exemplo de uma manifestação concreta deste Princípio do Inquisitório, nesta fase
da Instrução?
As partes sujeitarem-se aos exames e perícias que o tribunal tenha como pertinentes para a
descoberta da verdade processual, e sejam tendentes à celeridade processual;
- Distinga prova bastante de plena e de pleníssima?
Entende-se por prova plena aquela que só é abalada perante prova do contrário, isto é, por
prova que mostre não ser verdadeiro o facto que dela era objeto (347º CC). Já a prova
pleníssima é aquela que não pode ser atacada, exceto através de demonstração de ilicitude dos
factos base em que esta presunção legal se alicerça.
- O que significa força probatória plena?
Significa a convicção formada no espírito do julgador por um mecanismo probatório que possui
um entendimento geral em como determinado facto assim deve ser entendido, não permitindo
outra interpretação, exceto, quando se prove não ser verdadeiro o facto que dela era objeto.
- O que é uma excepção peremptória?
Entende-se por exceção perentória, um meio de defesa, onde o réu invoca fatos impeditivos,
extintivos ou modificativos do efeito jurídico visado pelo autor. Conseguindo a consequência
será a absolvição total ou parcial do pedido. (487º/2 e 493º/3). Quanto às exceções
perentórias extintiva são as que destroem os efeitos jurídicos resultantes do preenchimento
de uma lei. (caducidade). As exceções perentórias impeditivas impedem a consequência
jurídica desejada pelo autor, apesarem de se verificarem os pressupostos para tal (erro na
declaração). Por fim, as modificativas são aquelas que implicam a modificação na pretensão
invocada pelo autor, alterando o objeto da ação (condição suspensiva);
- O que deve o juiz fazer perante uma excepção peremptória?
Caso o juiz entenda como procedente a invocação da exceção, o juiz ou absolve parcialmente
ou totalmente, o réu, do pedido formulado pelo autor.
- Imagine que alguém intenta uma ação de condenação contra outra pessoa pedindo uma
indemnização Cível e endereça ao Tribunal de Trabalho. Este verifica que deveria ser para o
Tribunal Cível e decide recusar a petição. Pode fazê-lo? A Secretaria pode recusar a petição?
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Sim, a secretaria poderia recusar a petição, em virtude de estar endereçada a outro tribunal,
cfr resulta do artigo 474º/A CPC;
- E se houvesse ineptidão poderia recusar?
A falta de requisitos que permitam a secretaria recusar uma petição inicial, são requisitos de
forma, (474º) que não carecem de profundo conhecimento da lei, mas sim de enquadramento
administrativo. O caso da ineptidão do pedido, deve ser alvo de análise e despacho do julgador,
cfr 192º/2 e 510º/1-A.
- Qual a diferença entre revelia absoluta e revelia relativa? A diferença de actuação do réu e
da actuação do juiz tem alguma relevância se se tratar de revelia absoluta ou se for revelia
relativa?
Revelia entende-se como sendo a ausência de contestação por parte do réu, como se de uma
passividade se tratasse, por parte do réu, finda a sua citação, e com esta, a tomada de
conhecimento do que lhe é imputado e em que termos. Sendo um direito que o réu tem, deve
igualmente ser entendido como um ónus, dado que se não contestar, os factos alegados pelo
autor, consideram-se provados por admissão. Quanto á diferença, entende-se revelia absoluta
quando existe uma total ausência de ação por parte do réu, já na revelia relativa, quanto mais
não seja, o réu constituiu mandatário judicial.
- A confissão judicial só pode valer no processo em que foi proferida ou pode valer como
meio de prova noutros processos?
A confissão judicial é a modalidade de confissão em que o réu admite determinado fato que lhe
é prejudicial (art. 355º/1 CC). Este tipo de confissão é judicial dado que é produzida nos
articulados ou perante o tribunal, tratando-se de um meio de prova com força probatória
plena.
Quanto a valer como meio de prova em outros processos, de acordo com o art. 522º/1, tal
poderá acontecer, desde quanto sejam os intervenientes ouvidos em sede de contraditório que
apresente as mesmas ou mais garantias, em comparação com o processo que lhe deu origem;
- É correto dizer-se que o autor e réu têm, em conjunto, o ónus de alegar todos os factos
relevantes?
Sim, é correto, dado que se não o fizerem, essa matéria é tida como assente no processo, não
sendo controvertida em sede de instrução/julgamento. Igualmente, mesmo que fosse por
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estratégia do causídico, não poderia essa mesma matéria ser novamente discutida em tribunal,
dado que já havia precludido em sede de processo, exceto se for deduzido algum fato
superveniente relacionado com essa mesma matéria;
- Imagine aquele facto que ocorreu no Colombo, em que alguém atirou, divulgado por todos
os meios de comunicação. O autor teria que alegar e provar?
Se fosse entendido como um fato notório e de conhecimento comum não teria de ser provado,
nos termos do art. 514º/1. São entendidos como fatos instrumentais, todavia requer prova
quanto ao fato ser do conhecimento geral, dado que, não é por algo ser divulgado nos meios
de comunicação social que é verdade;
- Qual a diferença entre uma impugnação qualificada e uma defesa por exceção?
Ambas são estratégias de defesa previstas no art. 487º. Quanto á defesa por impugnação, esta
opera quando o réu contradiz os fatos alegados pelo autor ou afirma que os fatos têm um
significado jurídico daquele que o autor pretende. Já quanto á exceção, neste tipo de defesa, o
réu aceita a narração fática apresentada pelo autor, porém faz chegar ao processo novos fatos
susceptíveis de gerar a sua absolvição ou a absolvição da instância.
- Exceções dilatórias, o que são?
Entendem-se por exceções dilatórias aquelas que impedem o tribunal de conhecer o mérito da
causa e que levam à absolvição da instância ou do réu. O conhecimento destas exceções tem
preferência sobre o conhecimento do mérito da causa, impedindo a procedência da ação no
momento mas não no futuro, (487º, 493º e 494º)
- Pode haver exceções dilatórias inominadas?
Quanto a poder haver exceções dilatórias inominadas, tal resulta 493º e 494º. Atendendo a
que para que se verifiquem exceções dilatórias é necessário que se verifiquem determinados
pressupostos processuais, ou melhor, a falta destes. Assim, o seu leque de existência encontra-
se no catálogo taxativo do art. 494º, não sendo permitido que existam exceções dilatórias
inominadas;
- Referiu que origina a absolvição da instância. Porquê?
Se os vícios não forem sanados pelo autor e dado que estas são de conhecimento oficioso
(495º), vícios estes que comportam falta de pressupostos processuais, o juíz não pode fazer
mais nada, se não absolver a instância, aquando da não sanação das mesmas.
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- As exceções dilatórias são todas de conhecimento oficioso?
Não, as exceções de incompetência relativa (fora dos casos do 110º), dependem da alegação
do réu.
- O que significa conhecimento oficioso?
Conhecimento oficioso é quando determinada matéria é de tal forma importante, que não
pode ficar na disponibilidade das partes a sua alegação, devendo o tribunal por sua própria
iniciativa, trazer esse conhecimento ao processo, fazendo nele repercutir as implicações legais
necessárias.
- É intentada uma ação na 1.ª Vara da 2.ª Secção do Tribunal X, que é da competência da 10.ª
Vara do mesmo Tribunal, onde também aí decorre um Proc.º com as mesmas partes, pedido
e causa de pedir. Os juízes de ambas as Varas são muito amigos e o da 1.ª Vara vem a saber
que o da 10.ª Vara já está a apreciar o pedido. O que deve aquele fazer?
A questão remete-nos para os casos de Litispendência previstos no art. 497º e seguintes.
Verificando-se os pressupostos, que a hipótese nos dá como confirmados, estamos perante
um caso de litispendência, aquando da segunda ação, neste caso, a da 1ª Vara. Assim, o juíz da
1ª Vara deve-se abster de conhecer do caso.
- Quais os factos que o Juiz pode conhecer oficiosamente?
O juiz pode conhecer oficiosamente os fatos instrumentais, exceções dilatórias e todos os fatos
que impeçam ao andamento da causa, sendo certo, que o impulso para a sua sanação, quando
depender destas, cabe às partes.
- No julgamento o réu diz: “Metade da dívida já foi paga”. Chega ao conhecimento do
Tribunal este facto que não foi alegado na contestação. O Juiz pode conhecer dele?
O juíz não poderá conhecer dele dado que o réu teve a oportunidade para alegar tais factos e
não o fez. Esta será a posição doutrinária maioritariamente seguida. Todavia, na minha
humilde opinião, o sistema da Revelia pode ser encarado como um ónus, como já foi feito
referência ou como uma estratégia da defesa do réu. Este pode constituir advogado a qualquer
altura ou o tribunal nomeará um dado que o próprio código assim o obriga. Em termos
académicos, admitindo que estaremos num processo comum ordinário (acima dos 30 000
Euros), é obrigatória a representação legal. Assim sendo, pode o advogado arguir a sua defesa,
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junto do juíz, face ao princípio da imediação e ao princípio da adequação. Contudo, será
apenas a minha opinião.
- A resposta anterior é Não. E isto tem a ver com que Princípios?
Segundo a maioria doutrinária, e conforme indica a própria hipótese, esta alegação não seria
possível, com base no princípio da preclusão e no princípio da concentração da defesa.
- E se o réu disser: “Acabei de pagar a dívida a semana passada”. É a mesma coisa?
Não, não é dado que é um fato superveniente que não podia ser alegado na contestação, um
dado que ainda não tinha ocorrido. Nada impede que o réu não tivesse pago a dívida até ao
momento em que foi citado, até mesmo ao momento em que apresentou a contestação, e
posteriormente, antes da audiência preliminar ou audiência final, tenha obtido meios para o
fazer, ou simplesmente, tenha caído em si, para seguir o que o Direito diz ser correto, que era o
pagamento da dívida. Assim não procede, relativamente aos juros que o autor peça em sede de
ação declarativa, que esses requerem o assentimento da sentença declarativa do direito.
- Como é que o réu leva isto ao Processo?
Tal como afirmado anteriormente, com base num articulado superveniente, ou então, em sede
de audiência preliminar ou audiência de julgamento.
- Então como deveria proceder o advogado do réu?
Cumpridos os requisitos, e verificados os prazos o advogado deveria enquadrar a apresentação
do articulado superveniente numa das suas três fases: 1) na audiência preliminar (506º/3-A); 2)
nos 10 dias posteriores à notificação da audiência de julgamento (508º/A-2-b e 512º/2); 3) na
audiência de julgamento se os factos ocorrem após a data de marcação da mesma (506º/3-C).
Tal é a posição de Remédio Marques.
- Se o autor na PI não indicar a forma de proc.º, o que pode suceder?
A petição é recusada liminarmente pela secretaria, 474º/D, devendo o autor reformular o
pedido no prazo devido, para que este possa então ser aceite pelo tribunal, sendo que citado o
réu em tempo, a data de início do processo é a data inicial (476º);
- E se a secretaria não se apercebesse e não recusar?
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O controlo da petição incicial cabe ao Tribunal em sentido lato. Assim, quanto ao controlo do
vício de conteúdo este caberá ao juiz, já quanto ao controlo de vicio formal externo, esta cabe
às secretarias dos vários tribunais.
Todavia, mantém-se a responsabilidade do juiz em despachar favoravelmente, ou não, os
requerimentos que lhe interponham quanto ás exceções dilatórias que já deveria conhecer
oficiosamente.
- Se o réu não observar o art.º 488.º - última parte, qual é a consequência?
Caso o réu não observe o disposto no art. 488º/última parte, as exceções firmam-se na ação,
sendo que o réu perde o direito a argui-las e os fatos que não sejam impugnados consideram-
se provados por admissão.
- No Proc.º Comum ordinário tem que haver sempre lugar a réplica?
No processo comum ordinário, a réplica é o terceiro articulado. Serve para responder à
contestação do réu, tratando-se assim de um articulado eventual. Imagine-se, que não
previstos os casos do art. 502º/1, por exemplo, caso o réu haja livremente optado pelo regime
da revelia, não há motivo para o autor replicar.
- Dê exemplo de um caso em que pode haver réplica.
Nos termos do art. 502º/1 do CPC pode o autor deduzir réplica, caso o reu tenha alegado na
contestação uma exceção dilatória ou uma exceção perentória, caso seja necessário responder
a um pedido reconvencional do réu. De acordo com este artigo, e na sequência da questão
anterior, a réplica serve para responder à contestação.
- E na sequência disso, pode haver tréplica?
Na sequência da réplica, é assegurado ao réu o princípio do contraditório, pode o réu
responder nos termos da tréplica sendo este mais um articulado eventual. Em sentido formal
constitui resposta à réplica, em sentido material (503º/1) serve para responder às exceções que
o autor se opôs no pedido reconvencional; para impugnar a modificação do pedido. Não serve
nem pode servir para que o réu alegue exceções que deveria ter alegado na contestação, dado
que já perdeu essa oportunidade.
- Como é que o autor pode responder?
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Não pode, dado que o contraditório não fica assegurado nos articulados. Assim a ser, o
processo duraria ad eterno apenas ainda na fase dos articulados. A haver necessidade de o
autor de responder às exceções deduzidas na tréplica. A única solução viável é exercer o seu
contraditório na audiência preliminar (508º/A), ou caso esta não se realize, na audiência final,
(arts. 651º e 652º por remissão do art. 3º/4). Em termos comparação com o processo
sumaríssimo, a doutrina defende nesta conjugação, a possibilidade de exercer o contraditório
no sumaríssimo.
- A vem dizer na PI que B lhe deve 50. O réu na contestação pede 45 que A lhe deve.
A questão em causa alude para a teoria da compensação-exceção. De acordo com o art.
274º/2-B. Para ser arguida tal tese, nos termos deste artigo e teoria, há a convergência de dois
contra-créditos com vista à regularização das dívidas. Esta doutrina demanda que pode ser
solicitada a compensação, caso o crédito invocado na contestação seja amior que o crédito
invocado na petição inicial. A doutrina que defende a compensação-reconvenção perfilha a
ideia que este pedido do réu, é sempre um pedido reconvencional dado que representa uma
pretensão autónoma, mesmo que o montante não exceda o valor do crédito invocado pelo
autor.
- Mas o contrato é nulo, vem alegar o autor. As excepções das excepções são mais
conhecidas por?
A questão alude à figura da tréplica onde o réu pode exercer a sua defesa por exceção
perentória ou dilatória, (art. 503º).
- Qual é o prazo para contestar?
O prazo para contestar, conforme 503º/2 é de 15 dias.
- E esse prazo pode ser prorrogado?
O prazo pode ser prorrogado desde que respeite os requisitos do art. 486º/4, 5 e 6, por
remissão do artigo 504º.
- Qual é a diferença entre o prazo perentório e o prazo dilatório?
A diferença entre prazo perentório e prazo dilatório é que no primeiro extingue-se o direito de
praticar determinado ato, caso o prazo seja ultrapassado. No segundo, o ato é diferido para
um momento posterior, é o caso do art. 252º/A. Quanto a ambos os prazos resulta do
preceituado no art. 145º.
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- O prazo de 30 dias da contestação é perentório ou dilatório?
O prazo de 30 dias para a contestação (486º/1), é um prazo dilatório dado que permite ainda
uma prorrogação de mais 30 dias, conforme 486º/3.
- É correto dizer que o ónus da prova constitui, no nosso direito, uma regra de decisão?
A meu ver constitui uma regra de decisão, quando à imputabilidade da arguição da prova.
Assim, a decisão, apenas pode ser entendida, sobre quem recai o ónus de fazer prova de
determinado direito alegado. Desta forma, a não alegação de determinado direito, ou a não
comprovação desse mesmo direito, leva a uma decisão desfavorável a quem tinha esse ónus,
ilibando a contraparte.
- O que é que o autor numa ação de cumprimento de uma divida tem que alegar?
O autor numa ação desta tipologia tem de alegar que a dívida existe, qual a sua origem
(contratual, obrigacional, etc) e que a mesma ainda não foi paga.
- Os factos integrantes do contrato são constitutivos, ou seja, tem que dar sempre uma
decisão?
Sim, é o que decorre do art. 516º
- Quem tem que provar o não cumprimento? O autor ou o réu?
Não se tratando no imediato do autor ou do réu, mas sim da parte que alega o direito, sendo
que, em regra será o autor.
- Porque é que é importante para o autor distinguir a impugnação da exceção perentória?
A diferença substancial reside na admissibilidade, ou não, da réplica – não pode apresentar
réplica aos factos impugnados. O réu tem que separar a defesa por exceção da defesa por
impugnação – art.º 488.º.
- E se o réu não respeitar o art.º 488.º?
Por efeito do princípio da preclusão perde a tempestividade para alegar os fatos e exceções
que pretendia.
- Qual será a consequência do autor apresentar a réplica quando não o podia fazer?
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A réplica seria considerada nula e não poderia ser repetida, tendo o autor, que exercer o
contraditório na audiência preliminar ou na audiência final.
- É intentada uma ação de condenação em montante de 70.000,00 (contrato de mútuo). O
autor na PI não junta o contrato. O ré contesta, mas não impugna a celebração do contrato
de mútuo. O que deve fazer o juiz, acabados os articulados?
Convidar as partes a aperfeiçoar os articulados, suprindo a insuficiência da exposição, como
consta do art. 508º/3.
- O autor estava obrigado a juntar na PI?
Sim, mas podia fazê-lo posteriormente sendo condenado ao pagamento de multa – art.º
523º/1 e 2.
- Não impugnando, considera-se admitido por acordo?
Não, dado que se trata de um documento, tem que ser provado por documento escrito, art.º
490.º/2 – 2.ª parte.
- Findos os articulados, o autor não junta o contrato, o réu não impugnou (não fica dado
como assente) O que faz o Juiz?
Tal como na questão anterior, convida as partes a aperfeiçoarem ou suprirem as faltas
constantes nos articulados, art.º 508.º/2 b e 508º/3.
- O juiz não fez o convite na audiência preliminar. O juiz deve incluir o quesito na matéria de
facto assente, na base instrutória ou em ambas?
O juiz não tendo feito o convite na audiência preliminar, devia tê-lo feito face aos princípios
que a ele estão subjacentes, tais como o dever de celeridade processual. Assim, sendo na
audiência de julgamento, em atinência ao art. 3º/4, por analogia, deveria permitir que a parte
fizesse chegar ao tribunal o dito documento. Diferente posição seria a adotada pelo art. 646º/4
em que se têm por não escritas as questões que apenas possam ser provadas por documento e
tal documento não foi carreado para os autos.
- Onde podemos encontrar o Princípio do Contraditório no CPC?
O princípio do contraditório manifesta-se na sua plenitude na fase da instrução, não obstante
de o princípio deve ser observado ao longo de todo o processo. A sua noção e base deriva do
art. 3º/3.
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- O autor intenta ação por responsabilidade civil extracontratual e pede indemnização de
500 euros. No decurso do processo, na fase de instrução, aparecem mais danos provenientes
do mesmo facto. O autor poderia vir alegar mais esses danos?
Sim, com base num articulado superveniente, nos termos do artigo 506º/1 e n.º 3-C,
- O autor pede 500 euros. O juiz condena em 1000 euros. Pode fazê-lo? Pode o juiz condenar
em quantidade superior?
Não, esse é precisamente um dos limites da condenação, não podendo condenar em
quantidade superior ao objeto pedido, neste caso ao montante indemnizatório.
- Ação intentada contra 2 pessoas – pedido de pagamento de indemnização. Estamos
perante litisconsórcio ou coligação?
Estamos perante um litisconsórcio voluntário, em que apenas há uma relação controvertida
entre uma parte contra a outra, sendo que esta última tem pluralidade de sujeitos (27º/1).
- Dos 2 réus, só um contesta. Relativamente ao outro réu, consideram-se confessados os
factos?
Atendendo a este facto, em que só um contesta, de acordo com os efeitos da revelia
inoperante, prevista no art. 485º/A, não se consideram confessados os factos.
- Imagine que A intenta contra B e pede simultaneamente:
1º Condenação a pagar o preço do frigorífico que lhe vendeu
2º B seja condenado a deixar a casa que estava a ocupar em Sintra ilegitimamente.
Estamos perante uma cumulação de pedidos, nos termos do art. 470º/1, que é perfeitamente
possível nos termos da ação declarativa comum/ordinária, ou no sumário, atendendo ao valor
da causa. Ao caso concreto, teria sempre de se ver o regime de incompatibilidade, para ver se
algo obstava à cumulação.
- Admite-se que os requisitos do art.º 31.º estão todos verificados. Acha que ainda assim era
possível?
Atendendo à querela doutrinária subjacente à incompatibilidade subjectiva prevista no art.
30º, seria necessário confirmar a conjugação deste artigo com o art. 470º. Para alguns autores,
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de forma analógica, aplica-se á cumulação de pedidos, por força do art. 31º/4 e 5, tentando
encontrar um sucedâneo para não aplicar a cumulação objectiva.
- Os princípios não poderão aqui ajudar na aplicação ou não do art.º 30.º?
Esta questão seria solucionada pela previsão do art. 31º/A, que prevê um aproveitamento
processual, aplicando necessariamente, uma solução por pedido subsidiário;
- O que é a prova por confissão?
Prova por confissão, nas palavras de Lebre de Freitas, é o reconhecimento da realidade de um
facto desfavorável ao declarante (352º CC). Tem como limite quando se trate de uma confissão
de um facto fisicamente impossível ou notoriamente inexistente. Igualmente, quando a lei
proíbe a confirmação desta confissão, estamos igualmente perante a impossibilidade de
verificação desta confissão. Nos termos do 355º/2 CC, esta confissão pode ser judicial ou
extrajudicial.
- Na audiência preliminar podem apresentar-se testemunhas?
Sim, na AP podem apresentar-se as testemunhas, nos termos da indicação dos meios de prova
previstos no art. 508º/A-2-A
- O que acontece quando o Juiz dispensa a audiência preliminar. Deve justificar?
A ação prossegue o seu rumo, devendo a sua dispensa ser enquadrada nos termos do art.
508º/B-1. A justificação deverá vir ínsita no âmbito do 508º/B-2, ou seja, no despacho
saneador.
Todavia, tem sido discutido na doutrina que cada vez mais, escapando à regra, tem sido
dispensada a audiência preliminar, levando a considerar-se que devem ser mais apertados os
critérios que permitam ao juiz tal dispensa.
- E se não justificar?
A realização da AP constitui a regra do processo ordinário, sendo que a sua não realização é
entendido como a exceção á regra, pelos motivos já expostos, no art. 508º/B.
- Na audiência preliminar, o réu diz que o autor tem razão? Quais as consequências?
Caso o autor admita o direito invocado pelo réu, estamos perante uma tentativa de conciliação
das partes, que decorre da própria audiência preliminar, que no fundo é uma negociação
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dentro dos limites dos direitos disponíveis e da auto-composição de litígios (229º/1, 287º/D,
293º/2 e 294º). Havendo esta confissão, daria origem a uma sentença de homologação, por
forma a declarar o direito do autor.
- Não pode haver confissão do pedido? Se sim, qual é a forma da confissão do pedido?
Sim, pode haver confissão do pedido, na forma escrita, dado que é numa audiência, deve ser
reduzido a escrito, tratando-se de uma confissão judicial (355º/1 CC, sendo esta, de acordo
com a hipótese, de forma, espontânea, realizada na pessoa do réu.
- Havendo confissão, como vai ser a sentença final?
Irá ser uma sentença de homologação favorável ao autor.
- Qual o valor probatório da prova testemunhal?
A testemunha narra fatos que possui inseridos na sua memória, relativos a um
acontecimento/fato que presenciou/vivenciou. Esta recordação está sujeita á incógnita de
estar em perfeito relação com a verdade factual ou então, enferme, por deturpações de
memória ou erros de perceção, motivo pelo qual é sujeita à livre apreciação do juiz, possuindo
menos valor probatório do que por exemplo, um documento. Poder-se-á dizer que enquadra o
nível da Prova Bastante.
- O que é a livre apreciação da prova?
O princípio da livre apreciação da prova, constante no art. 655º, permite ao juiz valorar a prova
de acordo com a experiência comum e convicção de que o fato em si existe. Surge da noção de
prova livre e não do regime da prova legal ou tarifada;
- O juiz pode ordenar um arresto em vez de um arrolamento, providencia esta, que tinha
sido solicitada pelo requerente?
Sim pode, dado que o tribunal não está adstrito à providência concretamente requerida, cfr.
art. 392º/3;
- Qual o prazo para a notificação das medidas cautelares?
Para a sua apreciação, dado o carácter urgente, o prazo deveria ser de 24 a 48 horas, contudo,
possuem o prazo de dois meses em 1ª Instância e 15 dias, (caso o réu não tenha sido citado),
art. 382º/1.
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- Distinção entre notificação e citação:
A citação é o ato pelo qual o tribunal dá conhecimento ao réu da ação que existe contra si,
proporcionando-lhe o direito de defesa. Possui uma tripla aceção, em que dá conhecimento ao
réu, convida-o a defender-se e constitui o mesmo como réu. Para al é-lhe entregue uma cópia
da petição inicial e documentos apensos. Todavia a maior diferença residirá no início da
instância, com a produção da sua estabilidade em que se fecha a relação triangular entre
autor, réu e tribunal;
Já uma notificação, não possui a mesma extensão de informação; tendencialmente já existe
um processo constituído, tendo já sido executada a citação; não é necessário que a notificação
seja remetida apenas ao réu;
- Pode haver dispensa do despacho saneador?
A função do despacho saneador é a de verificar a regularidade da instância e a apreciação de
nulidades. Desta forma evita-se o retardamento da ação. A sua imprescindibilidade é tal que a
sua decisão pode ser vinculativa ao nível das questões processuais como exceções dilatórias e
nulidades, ou pode produzir uma sentença de mérito, quanto ás questões de direito material.
Assim, nos termos do artigo 510º, não pode haver dispensa do despacho saneador.
- Pode haver dispensa da audiência preliminar?
Sim, muito embora fosse a exceção, os tribunais têm feito do art. 508º B, a regra. Todavia esta
figura prevê esta dispensa quando a simplicidade da ação o justifique, quando esta versasse
sobre matéria já debatida nos articulados, nos casos em que a sua apreciação revele manifesta
simplicidade.
- Se o réu for citado para contestar e não o fizer, o que é que isso implica?
Neste caso, se a citação tiver sido feita sem qualquer irregularidade, o réu torna-se revel, nos
termos do art. 483º conjugado com o art. 484º/1, sendo que, os factos que lhe são imputados,
passam a considerar-se confessados por admissão, o que na ausência de contestação, poderá
fazer surgir uma sentença por homologação da confissão nos termos do art. 300º/4.
- Diferenças entre o processo sumário e o processo comum? Pode haver
contestação/reconvenção no processo sumário?
O processo comum é por excelência o processo mais garantístico do processo civil. Requer que
seja interposto para ação acima do valor da alçada da relação (30 000€) e dirige-se a ações
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mais complexas. Possui prazos mais alargados e em teoria, o processamento mais extenso e
mais complexo.
Já o processo sumário, será tendencialmente para as ações menos complexas, que permita
uma resolução mais célere, através dos meios jurídicos dispostos para este tipo de processos.
Os seus expedientes levam a que as partes tenham menos margem de manobra e assim se
possa obter uma resposta mais depressa.
Quanto a haver reconvenção na contestação em processo sumário, esta surge logo na letra da
lei no art. 786º.
- Habilitação intervivos e mortis causa?
A habilitação inter-vivos rege-se pelo art. 376º, tendo como pressuposto os efeitos do direito
litigioso, ou seja, a pendência de uma ação litigiosa, que haja a transmissão de um direito
implícito na ação, bem como a sua publicidade. Trata-se de uma nova causa de legitimidade.
Concretiza o princípio da economia processual permitindo que não se suspenda a ação só por
causa da transmissão.
Já a transmissão mortis causa, pressupondo a mesma celeridade processual, rege-se pelo art.
371º.
- Intervenção de terceiros provocada e espontânea?
A intervenção de terceiros provocada surge, cfr. art. 325º e seguintes, como uma modalidade
de ampliação do pedido na ação. É no fundo uma das partes chamar a juízo um interessado
(nos termos do art. 320º), por forma a que este possa defender o seu interesse em juízo. Já a
intervenção espontânea, surge quando o interessado, autonomamente, intervir na causa que
tiver interesse igual ao do autor ou do réu, seja individualmente ou enquanto coligação.
- Reconvenção – pode haver reconvenção em todas as formas de processo?
Partindo de um princípio que nos termos do processo comum e do processo sumário é licito a
existência da reconvenção, a querela doutrinária surge quanto á reconvenção no Processo
Sumaríssimo. Antunes Varela e Montalvão Machado não admitem a reconvenção neste tipo de
processo. Alegam que o tipo de processo não permite tantos articulados e põe em causa a sua
celeridade. Já Teixeira de Sousa defende que a celeridade não deve ser mais importante do que
a defesa do réu, pelo que faz uma interpretação extensiva do processo sumário, alegando o
princípio da igualdade de armas, bem como uma aplicação do art. 3º/4,para poder aplicar a
reconvenção ao sumaríssimo. JLR não concorda.
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- Negócios Processuais – quais conhece?
OS negócios processuais existentes no tráfego jurídico do direito processual civil são a
transação; a desistência do pedido (art. 293º); a desistência da instância; a confissão do réu.
Para todos eles apenas pode haver a figura da representação, nos limites d art. 297º. A
definição da transação processual surge do 1248º do CC.
- Diferenças entre desistência do pedido e desistência da instância.
A desistência da instância apenas vigora para a ação que decorria, sendo que o seu efeito
retroage até ao momento da propositura da ação, como se nunca tivesse existido, permitindo
assim, que o autor interponha uma nova ação.
A desistência do pedido, faz com que o autor extinga o direito que pretendia fazer valer, como
se o autor reconhecesse, que o direito que pretendia fazer valer, não existia.
- Se houver contestação do réu antes da desistência da instância, aproveitam-se os seus
efeitos?
Sim aproveitam-se, desde que não sejam dependentes do pedido do autor e o réu aceite a
desistência da instância por parte do autor, cfr. artigo 296, n.ºs 1 e 2.
- Numa ação de divórcio por violação de deveres conjugais, o autor apresenta como prova
fotografias da sua mulher com outro homem, tiradas pelo seu amigo. Essas fotos são uma
prova lícita ou ilícita?
Atendendo ao art. 515º, ou seja, às provas atendíveis, estas seriam levadas à livre apreciação
do juiz, que as avaliaria não só quanto ao seu mérito, mas também, quanto á sua legalidade e
admissibilidade. Na minha opinião, estas provas não seriam atendíveis, dado não terem sido
obtidas de forma legítima, sendo por isso, inadmissíveis em tribunal, face aos métodos
proibidos de prova.
Não nos esqueçamos do princípio da prova livre que prescreve que devem ser aceites todos os
meios de prova legais, tendentes a demonstrar determinada realidade.
Contrariamente ao Processo Penal, o CPC não estatui claramente os meios proibidos de
obtenção de prova, pelo que se tem de atender a outros diplomas e princípios gerais de direito.
A atividade probatória, não pode lançar mão dos meios proibidos de obtenção de prova, sob
pena de não limitar esses mesmos meios e tudo ser possível. Todavia, essa mesma proibição
não obsta a que não possam ser valoradas em determinadas ocasiões. A lei fundamental, a
CRP, no art. 32º/8 expõe isso mesmo, quanto aos métodos proibidos de obtenção de prova.
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Todavia, na esteira de Remédio Marques, provas ilícitas não deveriam ser susceptíveis de servir
de fundamento a qualquer decisão, contudo, esta valoração surge quando a parte que alega
determinado facto, usa determinado método proibido sem o qual não poderia fazer valer o seu
direito em juízo.
Assim no caso em apreço, haveria de fazer uma ponderação dos bens jurídicos envolvidos,
impedindo no caso em apreço, que o direito de personalidade da mulher prevalecesse sobre o
direito do homem em obter o seu legítimo divórcio. É uma ponderação feita à luz da
proporcionalidade, da necessidade e da adequação.
Esta prova requereria a sua validação enquanto tal, feita à luz da livre apreciação da prova.
Como crítica pessoal, ao contrair-se assim os direitos de uma pessoa, para fazer valer o direito
(logo o interesse) de uma outra pessoa, não estaremos a valorar mais o interesse de um
cidadão face aos demais, quando no processo penal, para proteger o interesse de todos, as
restrições à produção de prova são muito maiores.
- Quais são os limites de admissibilidade de provas?
Face ao teor da questão, que pode ser tanto formal como material, passaremos a explicar os
dois. Assim, em termos materiais, os limites à produção de prova serão os acima explanados,
que é a limitação imposta à produção de prova ilícita.
Quanto aos limites formais, existem os tempos para apresentação de prova, sob pena de se
consolidar o princípio da preclusão, sendo que devem ser apresentadas na petição
inicial/contestação, articulados supervenientes; devem ser especificados na audiência
preliminar.
- Confrontada a CRP quando é admissível a devassa da vida privada de uma pessoa?
Num confronto simples com a CRP nunca é admitida a devassa da vida privada de uma pessoa,
dado que dado que, os meios lícitos de obtenção de prova, são uma garantia incluída nos
direitos, liberdades e garantias. Contudo, este mesmo direito pode ser comprimido, em sede de
direito criminal, através de meios lícitos de obtenção de prova no âmbito da investigação
criminal.
- Limites jurídicos à discricionariedade dos juízes na apreciação da prova?
A livre apreciação da prova encontra-se regulada no artigo 655º/1. Esta livre apreciação é
norteada por um juízo prudente, sendo que possui limitações. Em Portugal não existe o regime
da prova tarifada, contudo existem determinadas limitações, que podem ser quanto às
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formalidades especiais que existam (655º/2); quanto à força probatória plena na confissão
judicial (358º/1); a força probatória pela dos documentos autênticos (371º/1 CC); etc.
Há casos em que a audiência preliminar é obrigatória? Quais?
Os casos elencados no art. 508º-A/1 constituem a regra da audiência preliminar. Nas palavras
de Remédio Marques, embora a sua convocação não seja obrigatória, a sua realização
constitui, ainda, a regra nas ações comuns que seguem a forma do processo ordinário. A
própria reforma processual influi no sentido que esta passe a ser realizada em quase todos os
processos que não estejam previstos os pressupostos do 508º-B.
A exceção a esta regra, que leva que seja mesmo obrigatória a AP são quanto á apreciação de
exceções dilatórias (508º-A/1b); Quando se possa conhecer do mérito da causa cuja perspetiva
jurídica não foi alegada pelas partes; Quando a base instrutória seja complexa e haja sido
contestada;
- 485º al.a) – a revelia afeta TODOS os réus ou apenas o que conteste?
Esta figura jurídica da revelia inoperante, prevista nesta alínea aplica-se ás situações de
coligação ou litisconsórcio. Neste caso, este tipo de revelia inoperante afeta todos os réus,
dado que é por isso mesmo, uma das exceções aos efeitos da revelia absoluta. Como tal o seu
efeito aproveita a todos.
- 484º,nº1, última parte – trata-se de uma verdadeira confissão?
Nos termos do artigo, não se trata de uma confissão judicial, em que o réu, oralmente ou por
escrita, em obediência ao princípio da imediação, na presença do juiz confesse os factos contra
si desfavoráveis, contudo é um procedimento automático, tratando-se de uma operante e ex
lege, por admissão dos fatos.
- Quais são os requisitos da coligação?
A coligação é uma modalidade de pluralidade das partes. Para que esta ocorra tem de
respeitar os seus requisitos, nomeadamente a compatibilidade substantiva; a conexão objetiva
entre os pedidos respeitem a mesma forma de processo (com a exceção que se a diferença for
meramente o valor da causa, pode ser admitida a coligação).
- O que é a compatibilidade substantiva?
Entende-se por compatibilidade substantiva creio ser, com base no direito substantivo do
Código Civil, a identidade da causa de pedir, prevista no art. 30º/1.
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- 2 réus, 2 contratos diferentes. O autor pede o cumprimento a A e a resolução a B. Existe
compatibilidade substancial neste caso?
Sim pode, desde que nos termos do 30º/1, a causa de pedir seja a mesma ou que os pedidos
estejam entre si numa relação de prejudicialidade ou de dependência. Depende do caso em
concreto. Já assim não seria se fosse apenas um réu e ambos os pedidos lhe fossem a si
dirigidos, momento em que seriam pedidos incompatíveis.
- Defina e distinga Coligação e Cumulação.
A coligação, conforme já foi referido, nos termos do artigo 30º e seguintes, é uma modalidade
de pluralidade das partes, lateral ao litisconsórcio. Pode implicar uma pluralidade de partes e
uma pluralidade de relações materiais controvertidas (pedidos). A cumulação de pedidos,
envolve a mesma(s) parte(s) com vários pedidos cumuláveis e compatíveis entre si (art. 470º/1)
- Quando dois pedidos são incompatíveis, o que faz o tribunal?
Verificado que é que num processo existem dois pedidos incompatíveis (com efeitos jurídicos
contrários/opostos) o tribunal declara a ineptidão da causa por incompatibilidade dos pedidos,
de acordo com a conjugação do 470º/1, 31º e do 193º/2-C;
- Deve o tribunal discernir qual o pedido que ele pretende continuar? – Base Legal – Isto
seria uma desistência?
De acordo com Remédio Marques, da leitura da petição inicial, é possível aferir qual o pedido
que faz sentido com a causa de pedir. Todavia, esta interpretação não compete ao tribunal,
face ao princípio do dispositivo. Contudo, atendendo ao princípio do aproveitamento dos atos
processuais, deveria o juiz no despacho pré-saneador, convidar o auto a suprir as deficiências,
podendo o autor apresentar nova petição (508º/3). Caso aí não seja possível ao autor, ou este
não queira retificar o seu pedido, então aí este torna-se inteligível e gera a ineptidão da causa.
- A afirma que tem um contrato de compra e venda com B. B – réu – contesta, afirmando que
o que existe é um contrato de doação de A em seu favor. Qualifique a defesa do réu.
Face ao exposto, considero que o réu ao contestar o contrato de CV e alegar um contrato de
doação, defende-se por impugnação (487º/2) negando os fatos que lhe são imputados, neste
caso a existência de um contrato de CV; bem como defendesse por exceção, através de uma
exceção dilatória, trazendo um fato novo ao processo, dizendo que o contrato é de uma
doação. Trata-se de um fato processual novo que poderia levar à sua absolvição
- Consequências da defesa do réu – o autor pode responder? Quando é admissível a réplica?
Neste caso em particular, nos termos do processo ordinário ou sumário, o autor poderia
responder numa réplica, dado que, foi deduzida uma exceção, sendo um dos requisitos para
este articulado eventual (502º/1)
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- Compensação?
A compensação ínsita na reconvenção, resulta da conjugação do artigo 274º/2-B com o art.
874º CC. Esta matéria tem levantado uma querela doutrinária grande, quanto à sua aceitação
ou não e forma de processamento.
A parte da doutrina que considera que o contra-crédito alegado poderia ser mais do que o
valor sub Júdice, alega que esta diferença teria de ser pedida ao abrigo de uma exceção. Uma
outra parte doutrinária, admite este pedido com base numa reconvenção e compensação. No
caso de se versar por esta doutrina, há que dividir os valores da reconvenção e da
compensação e averiguar a compatibilidade processual e formal. (274º/3).
- Regime processual das providências cautelares – prazos para a oposição, apresentação de
testemunhas, etc…
No âmbito das providências cautelares, o requerido possui um prazo de dilação de 10 dias
(385º/3 + 252º-A);
Acrescente-se que os prazos para as providências cautelares não se suspendem no decurso das
férias judiciais (144º/1). Quanto aos prazos para apreciação do procedimento, é de 2 meses
quando o requerido seja ouvido e de 15 dias se este não for ouvido (382º/2);
- 486º - é aplicável aos incidentes de habilitação?
Nos termos do artigo art. 372º/1 sim, pode ser aplicado, dado que pode ser habilitada uma
pessoa que ainda não fosse parte no processo, logo, ainda não teria sido citada no âmbito do
mesmo. Esta habilitação poderia ser mortis causa ou inter vivos.
- Incidentes de habilitação – onde estão previstos?
Encontram-se previstos nos artigos 371º e seguintes.
- Reconvenção e Contestação – diferenças.
A contestação é a simples resposta/defesa do réu à petição inicial, podendo a sua defesa ser
por impugnação (em que o réu contradiz os fatos alegados pelo autor) ou por exceção (em que
o réu aceita a narração fática do autor, porém faz chegar ao processo novos fatos susceptíveis
de gerar a sua absolvição ou a absolvição da instância). Já a reconvenção (art. 501º) é quando,
é deduzido com a contestação, especificadamente, um pedido novo ao autor feito pelo réu. É
um contra-ataque do réu em que não só contesta a ação, mas como formula um pedido novo
que considera ser um seu direito.
A reconvenção está sujeita a condições de admissibilidade tais como a competência do tribunal
(98º); compatibilidade processual entre o pedido do réu e do autor; o pedido reconvencional
tem de emergir da mesma causa de pedir da ação (274º); quando o réu pretenda com o seu
pedido, o mesmo efeito jurídico que o autor (274º/2-C). Como exemplo pode ser uma
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compensação de créditos enquanto extinção de uma obrigação ou a indemnização pelas
benfeitorias realizadas.
- As excepções têm ou não que ser individualizadas na contestação?
Sim, têm de ser individualizadas na contestação, conforme consta do art. 488º - última parte.
- Formalidades da contestação – 490º/488º
As formalidades processuais da contestação são que esta seja entregue dentro dos prazos
prescritos; que a contestação seja acompanhada das cópias necessárias para o autor, tribunal
e arquivo. Quanto às formalidades de conteúdo, há que respeitar a especificação imposta no
488º e 490º, sob pena de ficarem admitidos por acordo os fatos que não forem impugnados.
Passada esta oportunidade, sob o efeito do princípio da preclusão, perde-se a tempestividade
do ato, salvo, se for um fato superveniente.
- Em que fase o juíz organiza a base instrutória? Audiência preliminar?
Nos termos do artigo 508º A/1-e conjugado com o artigo 511º, a matéria de fato relevante é
decidida na base instrutória.
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