questionários_poemas2

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Leia o texto com muita atenção. As pessoas sensíveis 1 As pessoas sensíveis não são capazes De matar galinhas, Porém são capazes De comer galinhas 5 O dinheiro cheira a pobre e cheira À roupa do seu corpo Aquela roupa Que depois da chuva secou sobre o corpo Porque não tinham outra 10 O dinheiro cheira a pobre e cheira A roupa Que depois do suor não foi lavada Porque não tinham outra "Ganharás o pão com o suor do teu rosto" 15 Assim nos foi imposto E não: "Com o suor dos outros ganharás o pão" Ó vendilhões do templo Ó construtores 20 Das grandes estátuas balofas e pesadas Ó cheiros de devoção e de proveito Perdoai-lhes Senhor Porque eles sabem o que fazem Sophia de Mello Breyner Andresen, Livro Sexto, Caminho 2003 1. Neste poema, o sujeito poético denuncia a hipocrisia social. 1.1. Ordene as afirmações que se seguem, fazendo-as corresponder a cada uma das quatro partes do poema: a. Contradição entre o comportamento das "pessoas sensíveis" e os preceitos bíblicos. b. Invocação e responsabilização dos cristãos fingidos que frequentam a Igreja mas não praticam os seus ensinamentos. c. Hipocrisia das pessoas sensíveis.

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Page 1: questionários_poemas2

Leia o texto com muita atenção.

As pessoas sensíveis

1 As pessoas sensíveis não são capazes De matar galinhas,Porém são capazesDe comer galinhas

5 O dinheiro cheira a pobre e cheiraÀ roupa do seu corpoAquela roupaQue depois da chuva secou sobre o corpoPorque não tinham outra

10 O dinheiro cheira a pobre e cheiraA roupaQue depois do suor não foi lavadaPorque não tinham outra "Ganharás o pão com o suor do teu rosto"

15 Assim nos foi impostoE não:"Com o suor dos outros ganharás o pão" Ó vendilhões do temploÓ construtores

20 Das grandes estátuas balofas e pesadasÓ cheiros de devoção e de proveito

Perdoai-lhes SenhorPorque eles sabem o que fazem

Sophia de Mello Breyner Andresen, Livro Sexto, Caminho 2003

1. Neste poema, o sujeito poético denuncia a hipocrisia social.

1.1. Ordene as afirmações que se seguem, fazendo-as corresponder a cada uma das quatro partes do poema:

a. Contradição entre o comportamento das "pessoas sensíveis" e os preceitos bíblicos.

b. Invocação e responsabilização dos cristãos fingidos que frequentam a Igreja mas não praticam os seus ensinamentos.

c. Hipocrisia das pessoas sensíveis.

d. Denúncia da exploração do homem pelo homem.

1.2. Assinale os versos em que a ironia, presente ao longo de todo o poema, é mais evidente.

1.3. Diga, por palavras suas, quem são as "pessoas sensíveis" referidas logo no título.

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1.4. Aponte três recursos estilísticos presentes no poema para designar estas "pessoas".

1.5. Explicite o sentido dos quatro primeiros versos, evidenciando o valor do conector "porém".

2. Atente na segunda estrofe.

2.1. Caracterize as pessoas que se opõem às "pessoas sensíveis".

2.2. Identifique e comente o recurso estilístico presente no segmento: "O dinheiro cheira a pobre" (vv. 5, 6).

2.3. Explicite a importância da repetição do verso: "Porque não tinham outra" (vv. 9, 13).

2.4. Classifique a oração presente neste verso.

3. Os versos 14 e 17 (na 3.ª estrofe) e os versos da quarta estrofe encerram sentidos que não estão explícitos devido à ausência de pontuação.

3.1. Pontue-os, de acordo com a intencionalidade que eles contêm.

4. Nesta composição, encontramos referências claras a passagens da Bíblia.

4.1. Comente a importância destas passagens para o sentido global do poema.

4.2. Os dois últimos versos da composição fazem alusão às palavras de Cristo na cruz: "Perdoai-lhes Senhor, porque eles não sabem o que fazem."

4.2.1. Explicite a omissão do advérbio de negação.

5. Sintetize, em cerca de trinta palavras, o conteúdo do poema.

Leia o poema com muita atenção.

Cidade

Cidade, rumor e vaivém sem paz das ruas, Ó vida suja, hostil, inutilmente gasta, Saber que existe o mar e as praias nuas,

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Montanhas sem nome e planícies mais vastas Que o mais vasto desejo, E eu estou em ti fechada e apenas vejo Os muros e as paredes, e não vejo Nem o crescer do mar nem o mudar das luas.

Saber que tomas em ti a minha vida E que arrastas pela sombra das paredes A minha alma que fora prometida Às ondas brancas e às florestas verdes.

Sophia de Mello Breyner Andresen, Poesia, Lisboa, Editorial Caminho, 2003

[Assinale com X a alternativa correcta, de acordo com o sentido do texto.

1. A cidade é caracterizada negativamente. As três palavras ("suja", "hostil" e " "gasta") que o comprovam são

___ adjectivos;

___ nomes;

___ nomes e adjectivos.

2. No verso "A minha alma que fora prometida", a verbo "ser" está no

___ pretérito perfeito simples.

___ pretérito mais-que-perfeito simples.

___ pretérito perfeito composto.

3. O verso "A minha alma que fora prometida" sugere, no contexto da relação do sujeito poético com as duas realidades,

___ uma opção pela natureza.

___ uma opção pela cidade.

4. Os versos do poema

___ não têm o mesmo número de sílabas métricas.

___ têm o mesmo número de sílabas métricas.

Responda agora às questões que se seguem:

5. O poema apresenta duas realidades que se opõem. Identifique-as.

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6. A natureza é representada por diferentes elementos. Quais?

7. Cidade e natureza são relacionadas com as ideias de prisão e liberdade. Justifique com expressões textuais.

8. Explicite como a cidade se identifica com o espaço da vida e a natureza com o espaço da alma (tem em conta o valor dos verbos "Saber" e "Ver").

9. Identifique no poema os seguintes recursos expressivos e estilísticos:

Enumeração: Aliteração: Repetição: Metáfora:

10. Apresente a classificação estrófica do poema, o esquema rimático e classifique as rimas.

[Oficina de escrita]

Rediga um texto expositivo-argumentativo sobre a sua cidade.

Antes de começar a escrever, tome atenção às instruções que se seguem:

Procure organizar as ideias de forma coerente e exprimi-Ias correctamente. Reveja o texto com cuidado e corrija-o, se necessário.

Desfecho

Não tenho mais palavras.Gastei-as a negar-te...(Só a negar-te eu pude combaterO terror de te verEm toda a parte).

Fosse qual fosse o chão da caminhada,Era certa a meu lado

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A divina presença impertinente,Do teu vulto calado,E paciente...

E lutei, como luta um solitárioQuando, alguém lhe perturba a solidãoFechado num ouriço de recusas,Soltei a voz, arma que tu não usas,Sempre silencioso na agressão.

Mas o tempo moeu na sua móO joio amargo do que te dizia...Agora somos dois obstinados,Mudos e malogrados,Que apenas vão a par na teimosia.

Miguel Torga, Câmara Ardente

1. Divide o poema nas suas partes lógicas e identifica o assunto de cada uma.

2. Identifica e caracteriza o destinatário do poema.

3. Explicita a relação estabelecida entre o sujeito poético e esse destinatário:

- no passado;

- no presente.

4. "Soltei a voz, arma que tu não usas, / Sempre silencioso na agressão."

4.1 - Explica o sentido dos versos transcritos.

4.2 - Identifica os recursos estético - estilísticos.

5 Comprove, a partir do poema, que a negação do Divino é, para Torga, uma forma de

afirmar o Homem.

Urgentemente

É urgente o amor. É urgente um barco no mar.

É urgente destruir certas palavras,

1. Detecta os elementos capazes de recriarem o amor.

2. Indica os conceitos que se opõem ao amor.

3. Explica o significado de cada um dos elementos dessa oposição.

4. Justifica a escolha dos verbos "inventar" e

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ódio, solidão e crueldade, alguns lamentos, muitas espadas.

É urgente inventar alegria, multiplicar os beijos, as searas, é urgente descobrir rosas e rios e manhãs claras.

Cai o silêncio nos ombros e a luz impura, até doer. É urgente o amor, é urgente permanecer.

Eugénio de Andrade

Até Amanhã

"permanecer".

5. Identifica a anáfora em que se apoia a estrutura do poema.

6. Comenta o poema à luz do título da obra "Até Amanhã"