questionário: níveis de comunicação

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Teorias e Modelos de Comunicação Pós – Graduação em Tecnologias de Informação e Comunicação – 2009/2010 Instituto Jean Piaget – Macedo de Cavaleiros 1 Questionário: Contextos ou níveis da comunicação 1 – Dentro dos Níveis de Comunicação diga qual, ou quais, na sua opinião condicionam mais a prática docente. R: Os níveis de comunicação que, em minha opinião, condicionam mais a prática docente são: a comunicação interpessoal e a comunicação grupal. Comunicação interpessoal estabelecida entre professor/aluno em contexto de interacção face-a-face através de pergunta/resposta; comunicação grupal na medida em que, em ambiente de sala de aula, as pessoas interactuam (agem e/ou reagem), segundo um processo comunicativo estabelecido, a estímulos proferidos por outrem. O termo “comunicação” é indissociável de uma relação intencional de consciências que se pretende recíproca na partilha de um ou mais objectos definidos: neste caso, a implementação de uma relação afectiva entre os intervenientes e o sucesso educativo. Sem dúvida que o alcance dos objectivos pré- definidos dependerá da consciência e do comportamento dos actores no acto comunicativo. O uso de uma linguagem adequada e a completa ausência de ruído (mau comportamento: barulho, questões despropositadas etc.) serão factores convergentes (mas não únicos) para o pleno educativo. Como cada elemento tem os seus tributos (carácter, formação, experiência, etc.) para que uma mensagem produza os efeitos pretendidos, tem de ser compreendida, devendo, por esse motivo, o docente ajustá-la às características individuais de cada aluno. Para que tal efeito se concretize é necessário que a informação circule livremente por todos e convém que a mesma seja: Clara, ou seja, que todos compreendam o sentido, o alcance e o limite dessa informação; Completa, ou pelo menos o mais completa possível; Objectiva, a informação deve referir-se ao assunto que está a ser estudado, e não a qualquer outro assunto que lhe esteja próximo; devem-se utilizar as fontes de informação que ofereçam a melhor garantia de seriedade quanto ao conteúdo e de variedade da informação fornecida; Coerente, uma informação incompleta ou incoerente pode prejudicar a eficácia da investigação por ser falha de sentido, e um pormenor que é omitido pode orientar em sentido diferente as opiniões baseadas na informação recebida. O difícil não é falar sem considerar as especificidades de cada um, mas garantir que a mensagem seja compreendida por quem a recebe. Como qualquer outra área, a educação não é alheia de conflitos na pura e estreita relação professor - aluno. Uma relação de causa-efeito, onde a preocupação não é pôr em comum mas simplesmente reagir ao que o outro faz ou diz é o célebre diálogo (adaptado): “Eu retraio-me porque o senhor implica” e “Eu implico porque tu te retrais”. Não se deve renunciar perante a dificuldade, mas antes ser lúcido e dotado de bom senso para fazer as rectificações necessárias.

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Teorias e Modelos de Comunicação Pós – Graduação em Tecnologias de Informação e Comunicação – 2009/2010

Instituto Jean Piaget – Macedo de Cavaleiros

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Questionário: Contextos ou níveis da comunicação

1 – Dentro dos Níveis de Comunicação diga qual, ou quais, na sua opinião condicionam mais a prática docente. R: Os níveis de comunicação que, em minha opinião, condicionam mais a prática docente são: a comunicação interpessoal e a comunicação grupal. Comunicação interpessoal estabelecida entre professor/aluno em contexto de interacção face-a-face através de pergunta/resposta; comunicação grupal na medida em que, em ambiente de sala de aula, as pessoas interactuam (agem e/ou reagem), segundo um processo comunicativo estabelecido, a estímulos proferidos por outrem. O termo “comunicação” é indissociável de uma relação intencional de consciências que se pretende recíproca na partilha de um ou mais objectos definidos: neste caso, a implementação de uma relação afectiva entre os intervenientes e o sucesso educativo. Sem dúvida que o alcance dos objectivos pré-definidos dependerá da consciência e do comportamento dos actores no acto comunicativo. O uso de uma linguagem adequada e a completa ausência de ruído (mau comportamento: barulho, questões despropositadas etc.) serão factores convergentes (mas não únicos) para o pleno educativo. Como cada elemento tem os seus tributos (carácter, formação, experiência, etc.) para que uma mensagem produza os efeitos pretendidos, tem de ser compreendida, devendo, por esse motivo, o docente ajustá-la às características individuais de cada aluno. Para que tal efeito se concretize é necessário que a informação circule livremente por todos e convém que a mesma seja:

Clara, ou seja, que todos compreendam o sentido, o alcance e o limite dessa informação; Completa, ou pelo menos o mais completa possível; Objectiva, a informação deve referir-se ao assunto que está a ser estudado, e não a qualquer

outro assunto que lhe esteja próximo; devem-se utilizar as fontes de informação que ofereçam a melhor garantia de seriedade quanto ao conteúdo e de variedade da informação fornecida;

Coerente, uma informação incompleta ou incoerente pode prejudicar a eficácia da investigação por ser falha de sentido, e um pormenor que é omitido pode orientar em sentido diferente as opiniões baseadas na informação recebida.

O difícil não é falar sem considerar as especificidades de cada um, mas garantir que a mensagem seja compreendida por quem a recebe. Como qualquer outra área, a educação não é alheia de conflitos na pura e estreita relação professor - aluno. Uma relação de causa-efeito, onde a preocupação não é pôr em comum mas simplesmente reagir ao que o outro faz ou diz é o célebre diálogo (adaptado): “Eu retraio-me porque o senhor implica” e “Eu implico porque tu te retrais”. Não se deve renunciar perante a dificuldade, mas antes ser lúcido e dotado de bom senso para fazer as rectificações necessárias.

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2 - O nível de comunicação interpessoal caracteriza-se essencialmente pelos seus axiomas. Justifique a importância dos axiomas. R: Quando existe interesse numa interacção face-a-face, as pessoas estabelecem uma relação alimentada por percepções e interesses comuns. Os cinco axiomas de comunicação, constantes na obra “Pragmática da comunicação humana”, de Paul Watzlawick, Janet Helmick Beavin e Don D. Jackson, ajudar-nos-ão a percepcionar melhor a envolvência da interacção humana abrangida pela comunicação interpessoal. A dupla negação expressa no primeiro axioma (“Não se pode não comunicar”), patenteia a impossibilidade de não comunicar. Refere Watzlawick que mesmo “um indivíduo sozinho, tem a possibilidade de dialogar em fantasia, com as suas alucinações ou com a vida”. Partindo deste pressuposto, numa situação de sala de aula, todo o comportamento que um aluno emita, ainda que seja de apatia ou de distracção, tem um valor de mensagem: o aluno comunica ao professor, de forma involuntária, que não está disposto a colaborar nas tarefas propostas. A importância do segundo axioma (“Toda a comunicação tem um aspecto de conteúdo e um aspecto de relação…”) está na base do compromisso estabelecido entre os actores de qualquer comunicação, definindo uma situação relacional onde se emite um relato (conteúdo da mensagem) e à forma como ele é aceite. No terceiro axioma (“A natureza de uma relação está na contingência da pontuação das sequências comunicativas entre os comunicadores”) está implícita a importância da troca de mensagens entre os comunicadores. A natureza da relação (de sucesso ou insucesso) depende da ordem sequencial da mensagem e do conteúdo convergir ou não para um interesse comum. Também importante em comunicação é a forma e os mecanismos que o Homem possui para o fazer. O quarto axioma (“Os seres humanos comunicam digital e analogicamente …”) refere-se a capacidade humana em comunicar de forma digital e analógica. Para além das palavras, e do que é dito e escrito (comunicação digital), a forma como é dito (a expressão corporal, a gestão dos silêncios, as onomatopeias ou qualquer outra manifestação não verbal) também desempenham um importante papel no acto de comunicar – comunicação analógica. Quando dois comunicadores assumem papéis semelhantes, a relação é simétrica. Mas, quando as diferenças são acentuadas, colocando-se os intervenientes em planos distintos na comunicação, a relação comunicação é complementar. Assim, por exemplo, dois estudantes de uma turma estão num processo comunicacional simétrico quando interactuaram no sentido de enfatizar o seu estatuto de liderança relativamente aos restantes colegas. As competências de um professor serão complementares às de um aluno, na sua relação de ensino-aprendizagem. Este exemplo ilustra a importância do quinto axioma (“Todas as permutas comunicacionais ou são simétricas ou complementares, segundo se baseiam na igualdade ou na diferença em comunicação interpessoal”).

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3 - Segundo Watzlawick, existem 5 axiomas na sua teoria da comunicação entre dois indivíduos. Se um destes axiomas não for considerado pelo comunicador, que procura uma comunicação eficaz, a comunicação pode falhar. Porquê? R: Sendo um axioma uma afirmação cuja veracidade se aceita (não carece de demonstração) é indiscutível a sua aceitação para que determinado procedimento tenha implicações nos objectivos definidos. Ora se um axioma, imprescindível na aplicação em determinado procedimento, for desconsiderado, o(s) objectivo(s) tornam-se susceptíveis de falha. Por exemplo, quando os discentes revelam ausência da consciência dos seus deveres e responsabilidades, em comunicação interpessoal, desconsiderando algum dos axiomas da comunicação, o acto comunicativo pode evoluir para um sistema entrópico (fechado a uma comunicação plena e eficaz) ou para um sistema com presença constante de ruído, responsável pelas interferências que prejudicam a transmissão de uma mensagem em condições óptimas. Nesse caso, compete ao docente, implementar estratégias que estabeleçam um canal comunicativo eficaz na transmissão da mensagem de modo a eliminar ou minimizar os “estragos” causados pelo ruído e que conduzam ao sucesso educativo. 4- A comunicação de massas é um tema muito debatido na sociedade actual, principalmente pelas influências que gera. Comente a importância deste nível (massas) para a prática docente.

R: Pelo facto dos centros de produção e difusão da informação serem restritos e porque também os seus destinatários constituíam uma elite cultural bem delimitada, a informação manteve-se confinada ao espaço e ao tempo da sua realização, durante muito tempo. Hoje em dia a informação, devidamente filtrada, proveniente de cinema, televisão, imprensa, rádio, pode ser posta ao serviço da prática docente na exploração e transmissão de conhecimentos, através de visitas de estudo, visualização de filmes e documentários, realização de programas de rádio, pondo em prática os conteúdos programáticos, leitura e interpretação de artigos de jornais etc. Mais recentemente a comunicação de massas tornou-se (ou está a tornar-se) num modo generalizável de comunicação moderna. Um indivíduo pode expor o conteúdo de uma mensagem e dirigir-se simultaneamente a um grande número de destinatários através da internet e de todas as suas potencialidade. Esta nova “ferramenta”, em parceria com outras novas tecnologias, se usada de forma racional, ao romper com práticas de ensino ultrapassadas, pode auxiliar as metodologias actuais, facilitando na visualização e transmissão da informação, na leccionação de aulas à distância e na motivação dos alunos, contribuindo para o sucesso da humanidade.

FIM

Trabalho realizado por: Carlos Manuel Lourenço

Aluno nº 44695