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ASSUNTOS: (Texto 4) Poder Constituinte; Mutação Constitucional; e Nova Constituição e Ordem Jurídica Anterior. OBJETIVOS: Conceituar Poder Constituinte; Identificar e Caracterizar o Poder Constituinte Originário; Classificar e Caracterizar o Poder Constituinte Derivado; Conceituar Mutação Constitucional; e Apontar as principais conseqüências da Nova Constituição em relação à Ordem Jurídica Anterior. SUMÁRIO: I - INTRODUÇÃO II - DESENVOLVIMENTO 1. Poder Constituinte; 2. Poder Constituinte Originário; 3. Natureza; 4. Subdivisão do Poder Constituinte Originário; 5.Características; 6. Formas de Expressão do Poder Constituinte Originário; 7. Poder Constituinte Derivado; 8. Mutação Constitucional; e 9. Nova Constituição e Ordem Jurídica Anterior. III – CONCLUSÃO Questões Aplicadas no Exame de Ordem (OAB/RJ ) e outros Concursos; Referências Bibliográficas.

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Page 1: Questões Aplicadas no Exame de Ordem (OAB/RJ ) …prof-audalio.com/constitucional1/texto4-poder...Prof. Audálio Ferreira Sobrinho 2 I – Introdução A teoria do Poder Constituinte

ASSUNTOS: (Texto 4) Poder Constituinte; Mutação Constitucional; e Nova Constituição e Ordem Jurídica Anterior. OBJETIVOS: Conceituar Poder Constituinte; Identificar e Caracterizar o Poder Constituinte Originário; Classificar e Caracterizar o Poder Constituinte Derivado; Conceituar Mutação Constitucional; e Apontar as principais conseqüências da Nova Constituição em relação à Ordem Jurídica Anterior. SUMÁRIO: I - INTRODUÇÃO II - DESENVOLVIMENTO

1. Poder Constituinte; 2. Poder Constituinte Originário; 3. Natureza;

4. Subdivisão do Poder Constituinte Originário; 5.Características;

6. Formas de Expressão do Poder Constituinte Originário; 7. Poder Constituinte Derivado;

8. Mutação Constitucional; e 9. Nova Constituição e Ordem Jurídica Anterior.

III – CONCLUSÃO

Questões Aplicadas no Exame de Ordem (OAB/RJ ) e outros

Concursos; Referências Bibliográficas.

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I – Introdução A teoria do Poder Constituinte surge, em sua feição clássica, com o desenvolvimento da Revolução Francesa de 1789. Isto deveu-se principalmente às idéias desenvolvidas pelo Abade Emmanuel Joseph Sieyès que muito contribuiu para esse movimento revolucionário. O pensamento político-jurídico de Sieyès traz a primeira noção de Poder Constituinte (originário, supremo, fundacional, de primeiro grau, dentre outros) cuja divulgação de sua obra - Que é o terceiro estado? - concorreu para a ruptura do Antigo Regime. Assim, Sieyès separou o poder constituinte dos demais poderes, além de expressar as reivindicações da burguesia contra o privilégio (clero e nobreza) e o absolutismo. 1. Poder Constituinte

É o poder de elaborar ou atualizar uma Constituição, através da supressão, modificação ou acréscimo de normas constitucionais.

Portanto, a titularidade do poder constituinte, conforme assinala a doutrina moderna, é o povo. Originário Poder Constituinte Reformador Derivado Decorrente Revisor

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2. Poder Constituinte Originário

O poder constituinte originário (fundacional, inicial, primário ou inaugural) é aquele que elabora uma nova Constituição, rompendo por completo com a ordem jurídica anterior. Ou seja, o objetivo principal do Poder Constituinte Originário é inaugurar um novo Estado, diverso do que vigorava em decorrência do poder constituinte precedente. Vale observar que existem os poderes constituídos, isto é, Executivo, Legislativo e Judiciário os quais são instituídos pela Constituição, em decorrência do exercício do poder constituinte. O Poder Constituinte Originário elabora a Constituição e organiza juridicamente o Estado. Este por sua vez é definido como uma nação política e juridicamente organizada, graças ao advento da Constituição. Poder Legislativo Poderes Poder Constituinte CF Poder Executivo Poder Judiciário Constituídos Obs.: - O Estado é uma pessoa jurídica de direito público, que manifesta a sua vontade por meio de seus órgãos diretivos. Os órgãos diretivos dos Estados são seus poderes. A lei é a manifestação da vontade pelo poder legislativo, assim como o ato é do poder executivo.

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- Princípio da Supremacia da Constituição A constituição tem por origem a manifestação da vontade da Nação. Ao passo que a lei, o ato administrativo e a sentença são manifestações da vontade do Estado. Por isso, estas manifestações não podem alterar a Constituição. 3. Natureza (o que representa para o Direito?) O poder constituinte originário é um poder de fato, pois brota das relações político-sociais, seu fundamento reside nas necessidades econômicas, culturais, filosóficas, antropológicas e religiosas da vida em sociedade. Tal poder primário não tem como referencial nenhuma norma jurídica que o precedeu. Trata-se de um poder preexistente à ordem jurídica, ou melhor, não é um poder jurídico, sujeito ao mundo do Direito, e sim metajurídico ou extrajurídico. Vale observar que existe uma corrente (adotada pelo Brasil), liderada por Kelsen, Celso Bastos, Canotilho, dentre outros, que considera o poder constituinte originário como Poder de Fato, em face dele não está respaldado em uma norma de Direito Positivo. Para os juspositivistas, o direito só existe, enquanto norma escrita. Por outro lado, uma segunda corrente, liderada por Sieyès, Manoel Gonçalves, Pinto Ferreira, defende

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que esse poder originário é um Poder de Direito, porque está ancorado em normas de Direito Natural. Obs.: Positivismo: baseia-se nas normas positivadas; Naturalismo: baseia-se em princípios de direito; Pós-positivistas: acolhe as normas e os princípios.

Assim, há normas-princípios. Normas são os gêneros; os princípios e as regras são as espécies. Portanto, existem normas-princípios e normas-regras (estas já foram positivadas).

4. Subdivisão do Poder Constituinte Originário

Pode ser subdividido em histórico e revolucionário.

Histórico (ou Material) – é o poder de auto-organização do Estado, seria o verdadeiro poder constituinte originário estruturando, pela primeira vez, o Estado. Portanto, ele antecede o poder constituinte originário formal. Revolucionário (ou Formal) – aquele que rompe por completo com a antiga ordem e instaura um novo Estado. Trata-se do órgão que elabora o novo texto constitucional. 5. Características

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O poder constituinte originário caracteriza-se pelos seguintes atributos: inicial, autônomo, ilimitado, incondicionado e soberano na tomada de suas decisões. Inicial – antecede e instaura a nova ordem jurídica do

Estado (originário); Qual o efeito do exercício do poder constituinte originário sobre a constituição e a legislação anteriores? No que tange à Constituição Federal antiga, a nova gerará ab-rogação total. A CF antiga estará inteiramente revogada. Ilimitado – não tem que respeitar os limites postos pelo

direito anterior; As restrições não são jurídicas, mas poderão ser

de ordem ética, moral, religiosa etc. Ex.: 1) Uma nova constituição pode instituir o

nazismo. Juridicamente ela será válida por não haver restrições. Entretanto, não seria ética. Assim, pode-se dizer que há limitações extrajurídicas. Ex.: 2) - Em um determinado País se instaura uma Assembléia Nacional Constituinte, elabora-se um regimento interno que regrará o funcionamento da Assembléia Nacional Constituinte, e a partir dali começam a elaborar a Constituição para aquele país, num exercício do poder constituinte originário, juridicamente ilimitado. No transcorrer das votações, dos debates entre os constituintes, em determinada votação, certo constituinte julga que o regimento interno da assembléia nacional constituinte foi violado, foi descumprido o art. 15 do regimento interno, porque não havia o quorum para votar esse tipo de matéria, porque tal discussão não passou pela comissão “x” que seria de passagem obrigatória segundo o regimento interno. Então, eles discutem a própria validade da votação no seio da Assembléia Nacional Constituinte. Um constituinte inconformado por que a Mesa da Assembléia Constituinte mantém a mesma postura, ele recorre ao Poder Judiciário postulando a anulação daquela votação – Fundamento: Violação do regimento Interno da Assembléia Nacional Constituinte (È uma votação dentro da assembléia descumprindo suas próprias regras).

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Pergunta-se: Será que o Poder Judiciário pode apreciar um pedido como esse? R: Não, porque para quem exerce o poder constituinte originário não existe Poder Judiciário ainda constituído, pois o Poder Judiciário existente é fundado na antiga Constituição que ainda está em vigor, mas não pode intervir em face do Poder Constituinte Originário ser ilimitado juridicamente e não encontrar nenhum Poder constituído diante de si (exemplo retirado de apontamentos do Prof. Berthier). Soberano – mais do que um poder autônomo, é auto-

suficiente. Não tem como referencial atos normativos, estes lhe tomam de parâmetro para serem válidos com a nova Constituição. A soberania pode ser vista sob o ângulo interno (ápice da pirâmide do direito público interno) e externo (noção de direito internacional). Poder supremo (interno) e independente (externo).

Incondicionado – não está sujeito a nenhuma condição ( norma), não encontra condicionamentos a sua existência, é juridicamente ilimitado e livre de qualquer formalidade.

Permanente – é um poder contínuo, atemporal, pronto para ser acionado a qualquer momento, não se basta com a sua obra originária, pois se isso ocorresse estaríamos com a Constituição de 1824. Cabe observar que esse novo acionamento do poder constituinte originário, ocorre sob as vestes do poder constituinte derivado.

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6. Formas de Expressão do Poder Constituinte Originário

As principais formas de expressão ou manifestação do poder constituinte originário são: outorga e assembléia nacional constituinte. Outorga Caracteriza-se pela declaração unilateral do agente

revolucionário. Inexiste o debate democrático, bem como a participação dos governados. Ex.: Constituições de 1824, 1937, 1967 e EC n. 1/69.

Assembléia Nacional Constituinte (ou Convenção) Nasce da deliberação da representação popular. Ex.:

Constituições de 1891, 1934, 1946 e 1988. A Assembléia Nacional Constituinte é um órgão

integrado por representantes eleitos pelo povo. Estes representantes se reunirão e promulgarão a constituição, pois são os exercentes do Poder Constituinte.

Cumpre assinalar que quem figura como exercente do poder constituinte originário é o órgão ou a pessoa que em nome do povo edita a Constituição.

Exercente (agente) – é aquele que exerce o poder constituinte em nome do titular (povo). Exemplos: Promulgação – representantes eleitos

(Assembléia Nacional Constituinte); Promulgação – comando revolucionário

(Comando da Revolução Vitoriosa); Outorga – liderança de movimento autocrático

(Comando de Golpe Vitorioso: não há vontade do

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povo, consequentemente não há consenso e nem legitimidade ).

OBS.: a) A diferença de órgão e entidade: “órgão” não tem personalidade jurídica, enquanto “ente” possui. b) Assembléia Nacional Constituinte Pura: é aquela que foi eleita com exclusiva finalidade de promulgar a Constituição, com a criação da Constituição ela se exaure. c)Assembléia Nacional Constituinte Congressual: eleita por um prazo, faz a Constituição e depois eles continuam como legisladores, mas com a Lei Maior já produzida. Ex.: Assembléia Nacional Constituinte de 1986, de manhã eram legisladores, à tarde, Constituintes. 7. Poder Constituinte Derivado Reformador altera a C F. Poder Constituinte Derivado Decorrente cria e reformula as

Constituições Estaduais.

O Poder Constituinte Derivado é um poder de direito, sendo criado e instituído pelo poder constituinte originário. Inclusive, está respaldado em normas de direito, ou seja, na Carta Magna. O Poder Constituinte Derivado é também denominado de instituído, constituído, de segundo grau

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ou secundário, inclusive tem natureza jurídica, enquanto o poder originário é um poder de fato, um poder político que possui uma força ou energia social. Observa-se que, enquanto o Poder Constituinte Originário é inicial, ilimitado e incondicionado, o Poder Constituinte Derivado é limitado, secundário e condicionado aos parâmetros impostos pelo seu criador. Impende assinalar que existem duas espécies de poder constituinte derivado: a primeira é o Poder Constituinte Derivado Reformador, destinado a rever a CF; a segunda é o Poder Constituinte Derivado Decorrente, cuja essência é estabelecer e modificar as constituições dos Estados-membros. A CRFB/88 disciplina em seu texto o regime jurídico do poder constituinte derivado, conforme a seguir: • Art.60 – disciplinou a emenda á Constituição; • Art. 3º do ADCT - previu a revisão constitucional,

isto é, cinco anos após a promulgação do Texto Maior (1994), foram promulgadas seis Emendas Constitucionais de Revisão (ECR), dessa forma esgotou-se a eficácia desse artigo;

• Art. 11 do ADCT – estabeleceu prazo de um ano para o poder constituinte derivado decorrente ser exercido.

7.1 Poder Constituinte Derivado Reformador O poder constituinte derivado reformador tem a capacidade de modificar a Carta Magna (arts. 59, I e 60 da CRFB/88), através de um procedimento específico,

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estabelecido pelo originário, sem que haja uma verdadeira revolução. A manifestação do poder constituinte reformador verifica-se através das emendas constitucionais (alteração localizada), e pelo poder de revisão (reforma de maior amplitude), embora no Brasil não há mais falar em ECR (eficácia exaurida e aplicabilidade esgotada, conforme art. 3º do ADCT). Portanto, o poder constituinte originário permite a alteração do Texto Magno, mas terá que obedecer alguns limites: • proibição de alterar a Constituição na vigência de

estado de defesa, de sítio, ou sob intervenção federal(art. 60, § 1º - limitação circunstancial);

• quorum qualificado de três quintos (art. 60, § 2º -limitação procedimental ou formal);

• existência de um núcleo (irreformável) de matérias intangíveis, isto é, não podem ser objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir as notáveis cláusulas pétreas (cláusulas de inamovibilidade) previstas no art. 60, § 4º, da CF/88 (limitação material explícita).

Limitações existentes ao poder de reforma constitucional, conforme Nélson de Souza Sampaio: Temporal Limitações Circunstancial Explícita Material Implícita

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1) Temporal Está impedida a reforma da constituição durante

um certo intervalo de tempo. Durante este tempo, não poderá haver revisão. No Brasil não há limitação temporal. Somente a Constituição de 1824 (Imperial) teve tal limitação. O ADCT em seu art. 3º - não limitação temporal. Trata-se de um tipo de reforma e não de emenda. Art. 60, § 1º CF/88 - a matéria não pode ser objeto de mesma proposta no mesmo ano.

2)

Circunstancial

A reforma constitucional fica impedida durante a ocorrência de uma circunstância extraordinária. Art. 60, § 1º CF/88: não cabe emenda ou reforma em Estado de defesa, de sítio e intervenção federal. Inefetividade da intervenção federal. Por que a intervenção federal tornou-se inefetiva? O que simboliza a inefetividade? Significa que em vários Estados há a causa para a sua decretação, mas ela nunca é colocada em prática. E por quê? A causa está no art. 60, § 1º da CF/88 = como ainda necessitamos fazer várias emendas e há cinco em andamento, havendo uma intervenção elas não poderão ocorrer. A causa é não impedir a reforma da constituição.

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Com isso ocorre o que alguns autores chamam de intervenção branca, é aquela não prevista na CF, mas que a prática acaba criando. Ex.: uso das Forças Armadas. Não há previsão constitucional do uso do exército em patrulhamento urbano. Na intervenção federal, que é um estado de exceção, ela recai sobre a autonomia do Estado. Não se afasta qualquer direito ou garantia.

2)

Refere-se à certa matéria. A reforma é impossibilitada em relação a certa matéria. Esta pode ser implícita (decorre do sistema) ou explícita (norma expressa), conforme haja ou não norma expressa.

Material

- Explícita

-

- há norma expressa indicando a limitação. Ex.: cláusula pétrea (art. 60, § 4º CF/88) Implícita

Titularidade e exercício do poder constituinte não poderão ser alterados (art. 1º, parágrafo único CF/88).

:

Processo de reforma constitucional. Não caberá reforma no art. 60, caput

7.2 Poder Constituinte Derivado Decorrente

, § 2º, § 3º, § 5º CF/88. Os §§ 1º e 4º referem-se a outros fatores. Seria como se a Emenda alterasse as regras da Emenda. Assim, esta é uma limitação inequívoca.

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O poder constituinte derivado decorrente estabelece e reformula a constituição estadual, organizando o Estado-membro, conforme a CF. Esse poder secundário é também chamado de poder constituinte estadual, atua como poder institucionalizador, quando vai criar a constituição do estado (CE) e como poder de reforma estadual, quando Viabilizar as alterações nas cartas estaduais. Conforme Celso Bastos, o único ponto comum entre o Poder Constituinte Nacional e o chamado Poder Constituinte Estadual é que ambos se reúnem para elaborar uma Constituição. De outro ângulo, esse autor destaca que tudo o mais são diferenças, dentre elas cita: o poder constituinte originário é soberano e não está subordinado a nenhuma limitação jurídica, enquanto o poder constituinte estadual é autônomo e atua dentro de uma área de competência delimitada pela Constituição Federal. Essa competência o qual lhe confere autonomia é delegada pelo Poder Originário e decorre da capacidade de auto-organização (poder de elaborar suas normas, a começar pela própria Constituição do Estado-membro, art. 25 da CF/88), autogoverno (competência para estabelecer a estrutura dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, conforme arts. 27, 28 e 125 da CF), auto-administração e autolegislação (capacidade de estabelecer regras de competência legislativa e não legislativas, arts. 18 e 25-28 da CF).

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De acordo com Uadi Lammêgo Bulos, tal poder decorrente se desenvolve norteado por limites, conforme se segue: princípios constitucionais sensíveis (ou enumerados) – art. 34, VII, a-e, da CF/88; princípios constitucionais estabelecidos (organizatórios) – são aqueles que vedam, ou proíbem a ação indiscriminada do poder decorrente, dentre eles: • limites explícitos vedatórios – proíbem os Estados de

praticar atos ou procedimentos contrários ao fixado pelo poder constituinte originário (arts. 19, 35, 150, 152)

• limites explícitos mandatórios – restrições à liberdade de organização (arts. 18, §4º, 29, 31,§ 1º, 37 a 42, 96, 98, 125, § 2º etc.).

• limites inerentes – implícitos ou tácitos, vedam qualquer possibilidade de invasão de competência por parte dos Estados-membros (arts. 21e 22; 30; 34, VII, c; 25§ 3º;

• limites decorrentes - decorrem de disposições expressas (necessidade de observância do princípio federativo, art. 1º, caput; art.1º, III, da dignidade da pessoa humana; art. 5º, caput, da igualdade; art. 37, da moralidade; art. 43, do combate às desigualdades regionais etc.

Por fim, o Poder Constituinte Decorrente, segundo Ana Cândida da Cunha Ferraz, tem um caráter de complementaridade em relação à Constituição e destina-se a concluir a obra do poder originário nos

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Estados Federais, para estabelecer a constituição dos seus Estados-membros. 8. Mutação Constitucional É o fenômeno pelo qual os textos constitucionais são alterados sem revisões ou emendas. É uma alteração de contexto sem modificar o texto. Trata-se de um processo informal de mudança das constituições que atribui novos sentidos as suas normas, isto é, recebem um sentido diferente do originário. O fenômeno das mutações constitucionais, conforme Uadi Bulos, é uma constante na vida dos Estados. As constituições, como organismos vivos que são, acompanham o evoluir das circunstâncias sociais, políticas, econômicas, pois, se não alteram o texto na letra e na forma, modificam-no na substância, no significado, no alcance e no sentido de seus dispositivos. Exemplos: Lei sobre concubinato. Art. 223, § 3º CF disciplina a

união estável. Na doutrina e na jurisprudência começa a ser aceita a idéia de união estável sem a co-habitação. O mesmo acontecendo com a união homoafetiva.

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O Poder Judiciário (STF) ao interpretar o art. 5º, inc. XI, da CF/88, pacificou o entendimento de que a palavra casa inserida nesse preceito, não é apenas a residência, a habitação com intenção definitiva, mas todo local, determinado e separado, que alguém ocupa com exclusividade, a qualquer título, inclusive profissionalmente. Assim, o conceito de casa estende-se ao escritório de empresa comercial e conseqüentemente essa interpretação enseja a mutação constitucional.

Por fim, MUTAÇÃO CONSTITUCIONAL nada

mais é do que uma alteração da constituição em função de nova exegese que se dá ao texto que já existia, mas que até então recebia outra interpretação. 9. Nova Constituição e Ordem Jurídica Anterior O efeito da Constituição vigente sobre a anterior é de revogação total ou ab-rogação. Cabe assinalar que a conseqüência da nova Constituição sobre a legislação ordinária precedente é o fenômeno de a norma ser ou não recepcionada. A recepção é o ingresso na nova ordem jurídica de normas ordinárias anteriores à Constituição e com esta compatível. Contudo, quando ocorre dessas normas ordinárias anteriores conflitarem materialmente com a nova Carta Magna, tais normas são revogadas.

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Nesse contexto, é importante destacarmos a não adoção, no Brasil, da Teoria da Desconstitucionalização e alguns institutos assemelhados ao da recepção, porém com ele não se confunde: Repristinação, Efeito Repristinatório, Mutação Constitucional (já analisada), Filtragem Constitucional e Inconstitucionalidade Superveniente. Desconstitucionalização – essa teoria, que não é adotada pelo Brasil, consiste no fato de que as normas formais da Constituição anterior, desde que compatíveis com a nova ordem, permanecem em vigor, mas com o status de norma infraconstitucional. Adotamos a Teoria da Ab-rogação, conforme entendimento do STF, e não mais se discute se existe a desconstitucionalização. Esta teoria é austríaca e tem como base as idéias de Carl Schimitt. Ele parte de uma distinção de que a norma pode ser formal ou materialmente constitucional. As formalmente constitucionais são aquelas previstas no texto da constituição, mesmo que versem sobre matérias que não lhes são próprias. Ex.: art. 242, §1º CF/88. As materialmente constitucionais são aquelas que versem sobre matéria constitucional, mesmo não estando em seu texto, isto é, mesmo que não estejam na constituição. Exemplos: O CC menciona o direito ao nome, que é uma garantia/direito fundamental.

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O CPC refere-se à citação. A citação é um instrumento que perfaz o contraditório e permite o exercício da ampla defesa que são garantias constitucionais.

O CP em seu art. 150, §5º conceitua domicílio, dizendo-o inviolável, o que é garantia constitucional.

O CPP menciona as formalidades da prisão provisória.

O CTN em seu art. 9º menciona e limita as ações do poder de tributar que são garantias constitucionais. As normas que estão na constituição e versem sobre questões constitucionais são material e formalmente constitucionais. A teoria da desconstitucionalização preceitua que surgida constituição nova, deve-se verificar na antiga quais são as normas formalmente constitucionais e quais são as formal e materialmente constitucionais. Estas normas formal e materialmente constitucionais, surgida nova constituição estarão revogadas automaticamente. As formalmente constitucionais da constituição antiga permanecem em vigor, mas como normas legais. Elas perdem seu caráter constitucional, de acordo com a Teoria da Desconstitucionalização. Repristinação - trata-se de um instituto que, em regra geral, também não é adotado no Brasil, salvo se a nova ordem jurídica expressamente assim se pronunciar. Repristinação é um termo formado da partícula re (retomar, retornar) e pristimus (adjetivo latino: anterior,

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precedente), para significar revigoração de normas legais em virtude de cessação da vigência de lei que as havia revogado. Pressupõe a existência de três normas: “Lei A” “Lei B” “Lei C” Revoga “A” Revoga “B” A lei “A” só repristinaria, isto é, voltaria a produzir efeitos, tão-somente se a nova ordem jurídica (“C”) expressamente declarar (art. 2º, § 3º da LICC). Efeito Repristinatório – pressupõe duas normas e uma revogação inválida. “Lei A” “Lei B” Revogação Inválida de “A” A norma “B” (posterior), embora tenha invalidamente revogado a norma “A” (anterior), foi declarada inconstitucional. Logo, o efeito repristinatório é a retomada de vigência de uma norma (“A”), supostamente revogada, declarada inconstitucional (art. 11, §2º da Lei 9868/99). Cabe assinalar que o efeito repristinatório decorre de um ato jurisdicional (declaração de inconstitucionalidade).

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Inconstitucionalidade Superveniente – é um dos tipos de inconstitucionalidade em que o vício aparece depois (pode decorrer de uma mudança fática, ex., lei sobre meio ambiente que depois se torna inconstitucional). Inclusive, insta ressaltar que o STF não admite a teoria da inconstitucionalidade superveniente de ato produzido antes da nova constituição e perante o novo paradigma. Neste caso, ou se fala em compatibilidade e aí ocorrerá recepção, ou revogação por inexistência de recepção. Assim, o STF esclarece que vigora o princípio da contemporaneidade, isto é, uma lei só é constitucional perante o paradigma de confronto em relação ao qual ela foi produzida.

III – CONCLUSÃO

Questões Aplicadas no Exame de Ordem (OAB/RJ ) e outros Concursos

1) Quanto ao poder constituinte derivado podemos afirmar que:

A. Tem como principais características ser secundário, autônomo, incondicionado e limitado;

B. No exercício do poder constituinte decorrente atua de forma ilimitada, dada a autonomia dos Estados Membros no sistema federativo;

C. Pode ser dividido em poder constituinte reformador, sendo o poder de modificar a Constituição da República e, no poder constituinte decorrente, poder de instituir a constituição estadual;

D. No que tange a Constituição Federal, possui apenas limitações materiais e circunstanciais.

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2) No que se refere ao poder constituinte, marque a opção correta:

A. A convocação do poder constituinte originário implica na restauração de uma ordem jurídica pretérita, invocando-se as tradições culturais do povo e a manutenção do status quo da sociedade.

B. O poder constituinte derivado tem a função de regulamentar o texto constitucional, não sendo lícito afirmar que poderá modificá-lo.

C. Enquanto convocado, o poder constituinte originário de essência democrática, poderá modificar relações jurídicas em curso, interferindo no funcionamento de órgãos políticos antes mesmo da "promulgação" da nova Constituição.

D. Duas são as funções primordiais do poder constituinte derivado: regulamentar o texto constitucional, produzindo normas infraconstitucionais; e promover a reforma da Carta através de produção de normas constitucionais derivadas.

3) No que concerne ao Poder Constituinte, à Constituição, à eficácia e aplicabilidade das normas constitucionais e à reforma do Texto fundamental, indique a alternativa VÁLIDA:

a. O Poder Constituinte derivado decorrente, cujo exercício autoriza a organização dos Estados federados através da promulgação de Constituições próprias, além de secundário, é limitado e condicionado;

b. Segundo a doutrina assente, as denominadas Constituições históricas, quanto ao modo de elaboração, são aquelas que, conexas à idéia de documentos solenes, só podem ser alteradas através de processo qualificado ou dificultoso;

c. Deve ser considerada de eficácia limitada, de acordo com a doutrina sustentada a partir das lições de José Afonso da Silva, a norma inserta no art. 5°, inc. VIII, da Constituição da República, segundo a qual "ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei;

d. A proposta de emenda à Constituição pode ser apresentada, ao Congresso Nacional, por qualquer Deputado ou Senador, individualmente, no exercício de sua atividade parlamentar, assim como pelo Presidente da República, através de mensagem.

4) Em tema de Poder Constituinte, de Constituição e do reflexo dessa sobre a legislação ordinária anterior é CORRETO afirmar:

a. Que o Poder Constituinte originário, segundo a doutrina, é responsável pela produção primitiva da ordem jurídica fundamental do Estado, assim como pela alteração do Texto dela resultante, sem qualquer limitação, através do processo de emenda constitucional;

b. Que, consoante o modo de elaboração, são classificadas como históricas as Constituições que possuem uma parte rígida e outra flexível, sendo facultada a alteração da parte rígida através de processo legislativo ordinário ou não dificultoso;

c. Que a regra contida no art. 1º, caput, da Lex Fundamentalis, dispondo que "A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito", revela exemplo, de acordo com a classificação do Prof. José Afonso da Silva, de norma constitucional de eficácia limitada e princípio institutivo;

d. Que o fenômeno da recepção consiste no acolhimento de norma legal, editada ao tempo de Constituição anterior, que não confronte, materialmente, com a nova ordem fundamental.

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5) Em tema de Poder Constituinte e de Constituição da República Federativa do Brasil, é lícito afirmar que:

a. A Constituição em vigor é produto do Poder Constituinte derivado decorrente, que é ilimitado e incondicionado;

b. É material a limitação que proíbe a alteração do texto da constituição na vigência de intervenção Federal, de estado de defesa e de estado de sítio;

c. A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, com o respectivo número de ordem;

d. Os Municípios, assim como os Estados Federados, exercem, no sistema em curso, Poder Constituinte originário para a promulgação de suas respectivas Leis Orgânicas, com a sanção dos Prefeitos Municipais.

6) Assinale a alternativa correta:

a. O Poder Constituinte originário exercitado, no Estado Federal brasileiro, pelo Distrito Federal e pelos Municípios, na formulação das suas respectivas Constituições, é limitado e condicionado;

b. A proposta de emenda à Constituição Federal será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos respectivos membros;

c. O Poder Constituinte derivado decorrente utilizado, no Estado Federal brasileiro, pelos Estados Federados, na elaboração das suas respectivas Constituições, é ilimitado e incondicionado;

d. A proposta de emenda à Constituição Federal, depois de aprovada pelas Casas do Congresso Nacional, será sancionada e promulgada pelo Presidente da República, com o respectivo número de ordem.

7) O poder constituinte derivado de reforma, com forra de emendar a Constituição da República Federativa é:

a. Inicial, incondicionado e ilimitado;

b. Soberano, permanente e incondicionado;

c. Secundário, limitado e condicionado;

d. Temporário, autônomo e ilimitado. 8) Assinale a opção correta:

a. O poder constituinte originário é autônomo, ilimitado e condicionado, apenas, às cláusulas pétreas;

b. A Constituição Federal não poderá ser emendada na vigência de intervenção federal, de estado de defesa ou de estado de sítio;

c. Constitui limitação circunstancial a proibição de deliberação acerca de proposta de emenda tendente a abolir a forma federativa de Estado, o voto direto, secreto, universal e periódico, a separação de Poderes e os direitos e garantias individuais;

d. A proposta de emenda aprovada pelas Casas do Congresso Nacional será submetida ao Presidente da República que, aquiescendo, a sancionará.

9) Assegura-se, em tema de Poder Constituinte e de alteração de texto constitucional, que é procedente a assertiva:

a. O Poder Constituinte originário, responsável, nos Estados Federais, pela organização dos Estado Federados, é inicial e limitado, apenas, às cláusulas pétreas;

b. É de ordem circunstancial a limitação que proíbe emenda à Constituição na vigência de intervenção federal, de estado de defesa e de estado de sítio;

c. A proposta de emenda à Constituição, aprovada pelas Casas do Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos, em ambos, dos votos dos respectivos membros, será encaminhada ao Presidente da República que, aquiescendo, a sancionará;

d. O Poder Constituinte derivado é exercido pelo Municípios para a promulgação das leis orgânicas, com a contribuição dos Prefeitos Municipais.

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10) Identifique, dentre as hipóteses abaixo, a alternativa verdadeira:

a. O Poder Constituinte originário deferido aos Estados Federados, de sorte a que se auto-organizem, é inicial, permanente, ilimitado e incondicionado;

b. A rigidez constitucional, identificada nas Constituições escritas, está apoiada na idéia da imutabibilidade do Texto Fundamental por processo ordinário de elaboração legislativa;

c. A recepção, como fenômeno da norma legal no tempo, corresponde à restauração de vigência de lei revogada, pela perda de vigência da lei revogadora;

d. A norma contida no art. 5°, inciso XIII, da Constituição da República Federativa do Brasil em vigor, enunciando que "livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer", constitui exemplo, segundo a classificação de José Afonso da Silva, de norma constitucional de eficácia limitada.

11) Assinale, dentre as alternativas abaixo, a afirmação verdadeira:

a. O Poder Constituinte derivado decorrente institucionalizador é exercitado pelo Congresso Nacional, de forma ilimitada e incondicionada, para prover a reforma da Constituição Federal;

b. A proposta de emenda à Constituição aprovada pelas Casas do Congresso Nacional, em dois turnos de discussão e votação, será encaminhada ao Presidente da República que, aquiescendo, a sancionará;

c. As cláusulas pétreas, hospedadas no art. 60 § 4º, da Constituição Federal, revelam hipótese de limitação material explícita ao poder de reforma constitucional;

d. As Constituições do tipo rígido somente poderão ser alteradas por atividade de Assembléia Constituinte, convocada, especialmente, para tal fim.

Respostas Corretas: 1-c; 2- d; 3- a; 4-d; 5-c; 6-b; 7-a; 8-b; 9-b; 10-b; 11-c.

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Referências Bibliográficas

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