queridos fiéis,às crianças de fátima e a devoção ao imaculado coração d’ela. o inferno...

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Queridos Fiéis, Terminaram as conversas com Roma, “sem êxito”, como acham alguns, por exemplo, inimigos da Tradição, ou concretamente as autoridades em Roma. A Fraternidade, desde o princípio, mantém que não pode aceitar-se o Concílio Vaticano Segundo na sua totalidade. Mesmo o actual Papa escreveu num livro, na altura quando era Cardeal, que determinados textos do Concílio sobre a Liberdade Religiosa e sobre as religiões do mundo são “uma certa revisão” do Syllabus do Papa Pio IX (que é uma enumeração e condenação de muitas heresias da história) e “até uma espécie de «contra-syllabus»” (Ratzinger). Os Cardeais Ottaviani e Bacci explicaram teo- logicamente no livrinho sobre o exame crítico da Nova Missa, que ela se distancia, infelizmente, muito da Teologia católica sobre a missa, a qual tem sempre sido parte da Fé e que ficou expressa na Sessão 22 do Concílio Tridentino. Os dois Cardeais acrescentam que o novo rito se distancia no conjunto e em alguns pormenores. Não se pode aceitar inovações na Única verdadeira Religião, que a mudariam e po- riam a nossa salvação em perigo. Santa Teresa de Ávila entendeu depois da visão do Inferno, melhor do que antes, que é difícil lograr a eterna salvação. Sobre esta visão diz ela mais tarde que era a maior Graça mística que tem recebido ao longo da sua vida mística. Durante a visão, viu o sítio que os diabos já lhe haviam preparado no Inferno e julgava que já estava mesmo no Inferno para toda a eternidade. Podemos imaginar o susto, que lhe perdurou depois durante muito tempo e que fez com que ela fizesse um esforço muito acima do que teria aplicado se não tivesse recebido esta visão. Esforçou-se depois em tal grau que ficou uma grande santa. Vendo o mundo de hoje, com tantas pessoas que vivem sem fazer caso algum do que se passará na eternidade com as suas almas, ficamos com um medo bastante grande de que poderá não haver muitos que se salvam nestes nossos tempos. Considerando as coisas assim, é-nos claríssimo, o quanto precisamos dos Sacramentos e dos meios da Única verdadeira Igreja. Não será o mais importante para nós, o que é que pensa de nós algum Cardeal rico e gordo que leva uma bela vida em Roma e é estimado pelo povo, mas sim estamos preocupados com nossa própria salvação. Um dia chegará para cada um de nós em que o tempo de permanência neste mundo terminará, e nes- se dia somente encontraremos a felicidade na certeza de termos utilizado as Graças que Nosso Senhor nos propôs pela Igreja fundada por Ele. Quero aqui lembrar os leitores de uma coisa conhecida, mas que alguns poderiam não recordar. Jesus disse aos Apóstolos (Evangelho de S. João 20, 21) “Assim como o Pai me enviou a mim, assim eu vos envio a vós.” Há, por tanto, três instâncias que tratam da nossa salvação: Deus Pai, Jesus Cristo, os Apóstolos. Os Apóstolos é que devem directamente tratar de nós. E há três passos, com que o Inferno quer destruir a nossa salvação: eliminar a fé nos Apóstolos, a fé em Jesus Cristo e a fé em Deus Pai.

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Page 1: Queridos Fiéis,às crianças de Fátima e a devoção ao Imaculado Coração d’Ela. O inferno quer que o mundo se esqueça das verdades sobrenaturais. Nossa Senhora quer lembrar-nos

Queridos Fiéis,

Terminaram as conversas com Roma, “sem êxito”, como acham alguns, por exemplo, inimigos da Tradição, ou concretamente as autoridades em Roma. A Fraternidade, desde o princípio, mantém que não pode aceitar-se o Concílio Vaticano Segundo na sua totalidade. Mesmo o actual Papa escreveu num livro, na altura quando era Cardeal, que determinados textos do Concílio sobre a Liberdade Religiosa e sobre as religiões do mundo são “uma certa revisão” do Syllabus do Papa Pio IX (que é uma enumeração e condenação de muitas heresias da história) e “até uma espécie de «contra-syllabus»” (Ratzinger). Os Cardeais Ottaviani e Bacci explicaram teo-logicamente no livrinho sobre o exame crítico da Nova Missa, que ela se distancia, infelizmente, muito da Teologia católica sobre a missa, a qual tem sempre sido parte da Fé e que ficou expressa na Sessão 22 do Concílio Tridentino. Os dois Cardeais acrescentam que o novo rito se distancia no conjunto e em alguns pormenores.

Não se pode aceitar inovações na Única verdadeira Religião, que a mudariam e po-riam a nossa salvação em perigo. Santa Teresa de Ávila entendeu depois da visão do Inferno, melhor do que antes, que é difícil lograr a eterna salvação. Sobre esta visão diz ela mais tarde que era a maior Graça mística que tem recebido ao longo da sua vida mística. Durante a visão, viu o sítio que os diabos já lhe haviam preparado no Inferno e julgava que já estava mesmo no Inferno para toda a eternidade. Podemos imaginar o susto, que lhe perdurou depois durante muito tempo e que fez com que ela fizesse um esforço muito acima do que teria aplicado se não tivesse recebido esta visão. Esforçou-se depois em tal grau que ficou uma grande santa.

Vendo o mundo de hoje, com tantas pessoas que vivem sem fazer caso algum do que se passará na eternidade com as suas almas, ficamos com um medo bastante grande de que poderá não haver muitos que se salvam nestes nossos tempos. Considerando as coisas assim, é-nos claríssimo, o quanto precisamos dos Sacramentos e dos meios da Única verdadeira Igreja. Não será o mais importante para nós, o que é que pensa de nós algum Cardeal rico e gordo que leva uma bela vida em Roma e é estimado pelo povo, mas sim estamos preocupados com nossa própria salvação. Um dia chegará para cada um de nós em que o tempo de permanência neste mundo terminará, e nes-se dia somente encontraremos a felicidade na certeza de termos utilizado as Graças que Nosso Senhor nos propôs pela Igreja fundada por Ele.

Quero aqui lembrar os leitores de uma coisa conhecida, mas que alguns poderiam não recordar. Jesus disse aos Apóstolos (Evangelho de S. João 20, 21) “Assim como o Pai me enviou a mim, assim eu vos envio a vós.” Há, por tanto, três instâncias que tratam da nossa salvação: Deus Pai, Jesus Cristo, os Apóstolos. Os Apóstolos é que devem directamente tratar de nós. E há três passos, com que o Inferno quer destruir a nossa salvação: eliminar a fé nos Apóstolos, a fé em Jesus Cristo e a fé em Deus Pai.

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Estes três passos de negação aconteceram, nos anos 1517, 1717, 1917.

No ano 1517 Lutero, promulgando as suas “teses”, renegou a Igreja, dizendo que o Papa é um lobo. Não renegou somente o Papa da época, mas o papado e a Fé na Igreja Católica. Mas reparemos bem, Lutero não negou a Jesus Cristo; até chamava-se “cristão” e também os “evangélicos” (quer dizer os adeptos de Lutero, chamados também Protestantes) chamam-se assim. Somente a próxima negação é que negou também a Jesus Cristo.

No ano 1717 foi fundada a Maçonaria em Inglaterra. Ela é um conjunto de pessoas muito inteligentes e “boas” com objectivos declaradamente muito nobres e benéfi-cos, mas não quer nada de Jesus Cristo. A Maçonaria luta de uma maneira sublime contra Cristo e o Cristianismo, especialmente contra o Catolicismo. Sublime, por-que nem sequer Fiéis Católicos inteligentes podem descobrir sempre com facilidade a astúcia deste movimento. A filosofia maçom não é totalmente ateia; os Maçons têm certa ideia de uma divindade que dirige o universo, mas Jesus para eles não é Deus, mas eventualmente um reformador social e nada mais. Não negam, portanto, a Deus. Somente a próxima “espécie de negação” é que já não aceita nada de sobre-natural.

Isto foi no ano 1917, pelo comunismo e o materialismo, que é a negação total de religião, o ateísmo “perfeito”. O comunismo até é um ateísmo combatente. Não é, por tanto, só um sistema econômico, baseado na ideia duma propriedade comum. Os comunistas mataram muitos, muitos cristãos na Rússia e nos países comunistas. Segundo as investigações mais recentes, eram a volta de 200.000 de sacerdotes e re-ligiosos que foram mortos no tempo de Stalin em Rússia. Mas não somente mártires! Também mataram por razões não-religiosas, sobretudo políticas. Os números são segundo historiadores à volta de 20 milhões de mortos na união soviética, em China 65 milhões, e em outros países mais vários milhões de mortos.

O mundo chegou, com este terceiro passo de negação, ao cume de aversão de Deus. No mesmo ano, em que Lênin agiu, apareceu Nossa Senhora em Fátima, para lem-brar-nos da salvação e dos meios da salvação, para lembrar-nos que Ela existe e que é nossa mãe e para ensinar-nos sobre mistérios importantes da nossa religião em tem-pos, em que muitos negam estas verdades, por exemplo, o inferno, que foi mostrado às crianças de Fátima e a devoção ao Imaculado Coração d’Ela.

O inferno quer que o mundo se esqueça das verdades sobrenaturais. Nossa Senhora quer lembrar-nos delas. É um combate terrível, mais terrível do que uma guerra com armas de fogo ou armas atômicas. Trata-se de mais do que da vida e morte de cor-pos, trata-se de ganhar ou perder a vida eterna. Infelizmente, o espírito de negação da obra de Deus pelo Protestantismo, pela Maçonaria e pelo Comunismo, infiltrou-

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... Por que é que existe uma Frater-nidadeSãoPioX?Porqueéquenostornamos sacerdotes? Não é apenaspelo prazer de celebrar a Missa an-tiga.ÉparairmosparaoCéu;éparasalvarmos almas! Certamente, aomesmo tempo em que preservamosostesourosdaIgreja,mascomoob-jetivodesalvaralmas,desantificá-lasarrebatando-asdopecado,conduzin-do-asaoCéu, levando-asparaNossoSenhor.

Emqueposiçãonosencontramosjun-toaRoma?Deixem-meexplicardoispontos.Primeiramente,umolharnoqueaconteceu.Emseguida,umolharnopresenteetalveznofuturo.

Primeiramente: no que aconteceu.Umaprovação,talvezamaiorqueja-maistivemos,deveu-seaumconjun-

todediversosfatoresqueocorreramaomesmotempoecriaramumestadodeconfusão,dedúvidabastantepro-fundaquedeixa lesões—edasferi-das mais graves, sem dúvida, aquelaquenoscausaumadorenorme:aper-dadeumdenossosbispos.Issonãoépoucacoisa!Issonãosedevesomenteàcriseatual.Estaéumalongahistó-ria,maselaencontraasuaconclusãoaqui.

Duas mensagens contrárias de Roma

Bem, o que aconteceu? Acho que oprimeiro fator é um problema quetem ocorrido há vários anos e quetenhomencionado,pelomenos,des-de��009.Eudissequenosencontra-mos confrontando a contradição emRoma.Eessacontradiçãoemnossas

EmqueposiçãonosencontramosjuntoaRoma?

No dia 1º de novembro de 2012, festa de Todos os Santos, Dom Bernard Fellay ce-lebrou uma Missa no seminário de Ecône. Durante o seu sermão, após recordar o sentido espiritual desta festa, ele explicou o status das relações da Fraternidade São Pio X com Roma

se na Igreja Católica, ou digamos melhor, nas mentes dos teólogos modernistas e nas mentes dos responsáveis da Igreja, e com esta infiltração dirige-se a obra de Satanás ao seu cume. Infelizmente, não se pode esperar quase nada do lado dos mesmos res-ponsáveis, porque, precisamente, já não transmitem a Fé na sua totalidade.

Mas, contudo, nós queremos salvar as nossas almas e almas de muitas outras pesso-as. Sejamos sempre fortes na Fé!

Que Deus vos abençoe,

Padre Anselmo

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relaçõescomaSantaSétemsemani-festadohácercadeumano,desdese-tembro,quandorecebiatravésdeca-nais oficiais alguns documentos queexpressavamclaramenteadisposiçãopor parte de Roma de reconhecer aFraternidade, mas era necessário as-sinarumdocumentoquenãopodía-mosassinar.Eaomesmotempohaviaumaoutralinhadeinforma-çõesquerecebi,eeraimpos-sívelqueeuduvidassedesuaautenticidade.Essalinhadeinformaçõesrealmentediziaalgodiferente.

Issocomeçouemmeadosdeagosto,aopassoqueeunãorecebi o documento oficialaté���desetembrode��0��.Desde meados de agosto,uma pessoa no Vaticanovemmedizendo:“OPapairáreconheceraFraternidadeeserá como foi com as exco-munhões, em outras pala-vras,semnada[exigido]emtroca.”Assim,foinessesen-tidoquemeprepareiparaareuniãododia���desetem-bro ao preparar argumen-tos,dizendo:“Masosenhorrefletiu cuidadosamente noque o senhor está fazendo?Oqueosenhorestátentan-dofazer?Issonãoiráfuncionar.”E,defato, o documento que nos foi apre-sentadoeracompletamentediferentedaquelequenosfoianunciado.

Maseunãotinhaapenasumafonte,eu tinha diversas notificações quediziam a mesma coisa. Um Cardealdeclarou:“Sim,éverdade,hádiferen-ças,maséoPapaquemasquer.”Estamesmapessoaquenosdeuessainfor-maçãonosdisse,depoisdetermosre-cebidoodocumentooficial:“IssonãoéoqueoPapaquer”.Contradição!

Oquedevíamosfazer?Dadaaserie-dadedasinformaçõesquenosindica-vamqueoPapaqueria fazeralgumacoisa — mas até onde? — Fui obri-gadoaverificaressa informação.Po-

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rém, era impossível comunicar issoaosfiéis.Essasinformaçõeschegaramatravésdecanaisinformais,masmui-to próximos do Papa. Mencionareipara vocês algumas das declaraçõesque me foram transmitidas. Primei-ramenteesta:“Euseimuitobemqueseriamaisfáciltantoparamimquan-to para a Fraternidade que as coisaspermanecessem do jeito que estão”.Oquemostraclaramentequeelesabequeelemesmoteráproblemas,enóstambém.Masatéondeelequerir?

Outras declarações do Papa: “DigamàFraternidadequearesoluçãodoseuproblema está no centro das priori-dades do meu pontificado”. Ou isso:“Há homens no Vaticano que estãofazendotudoquepodemparaderru-barosprojetosdoPapa”.Eestaoutra:“Nãotemam;emseguidavocêspode-rãocontinuaratacandotantoquantoquiserem, exatamente como fazemagora”. E esta outra declaração: “OPapaestáacimadaCongregaçãoparaa Doutrina da Fé; mesmo se a Con-gregaçãoparaaDoutrinadaFétomaruma decisão desfavorável a seu res-peito,oPapairárevertê-la.”

Esseéotipodeinformaçãoqueche-gou até mim. Obviamente não estáclaro, quando, por um lado, há do-cumentosoficiaisaosquaisvocêtemquedizernão,porqueelesestãonospedindoparaaceitaroConcílioeissonão é possível, e quando, por outrolado, tais informes lhes são comu-nicados. Todavia, dei uma resposta

inicialemquedizianão.Alguémmetelefonou dizendo: “O senhor nãopoderiaserumpouquinhomaispre-ciso?”Escreviumasegundavez.Nãohavia mais conteúdo do que da pri-meira vez. E assim chegamos ao dia�6 de março, quando eles me apre-sentaram uma carta dizendo, “Estacarta vem da Congregação para aDoutrinadaFé,maselaestáaprovadapeloPapa”.Seeunãotivesseemmãosnada além dessa carta, nossas rela-çõescomRomaestariamterminadas,porqueessacartadiziaqueninguémtem o direito de contrapor o Magis-tério passado ao Magistério atual.Portanto, ninguém tem o direito dedizerquehojeemdiaasautoridadesromanas estão em contradição comaquelas de ontem. Ela também diziaquearejeiçãododocumentode���desetembro, que estava explicitamen-te aprovado pelo Papa, equivalia, defato,aumarejeiçãodaautoridadedoPapa.Haviaatémesmoumareferên-ciaaoscânonesquefalavamdocismaesobreexcomunhãodocisma.Acartacontinuava: “O Papa, em sua bonda-de, está possibilitando que o senhortenhamaisummêspararefletir;seosenhor desejar mudar a sua decisão,informeaCongregaçãoparaaDoutri-nadaFéaesserespeito”.Então,estáclaro!Nãohánadamaisafazer.Essacartaqueveioatémimpelocanalofi-cial encerra o debate. Está acabado.Masaomesmotempo,recebiumcon-selhoinformalquemedisse:“Sim,osenhorreceberáumacartadura,mas

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permaneça calmo” ou, na verdade:“nãoentreempânico”.

A carta ao Papa e sua resposta

Umavezquehaviaintervençõesdes-setipo,tomeicoragemdepassarporcima da Congregação para a Dou-trina da Fé e escrevi diretamente aoPapa. E também porque percebi queopontomaisdelicadoemnossasre-laçõeseraoseguinte:asautoridadesromanasestavampersuadidasdequeestávamos dizendo, na teoria, quereconhecíamos o Papa, mas na prá-tica estávamos rejeitando tudo. Elesestãopersuadidosqueparanós,des-de�96��,nãosobrounada:nãomaisPapa,nãomaisMagistério.Penseiqueeu deveria corrigir isso, porque issonãoéverdade.Rejeitamosmuitascoi-sas,nãoestamosdeacordocommui-tas coisas, mas quando dizemos queoreconhecemoscomoPapa,essaéaverdade,nósverdadeiramenteoreco-nhecemoscomoPapa.Reconhecemosque ele é bastante capaz de praticaratospontifícios.

E assim tomei coragem de escrever.Obviamente, era um assunto delica-do, porque era necessário dizer, aomesmotempo,queestamosdeacor-doequenãoestamosdeacordo.Essacarta extremamente delicada parecetersidoaprovadapeloPapaefoiatémesmoaprovadaposteriormentepe-loscardeais.Masnotextoquemefoiapresentado em junho, tudo que eutinha retirado, porque não podia seraceito, havia sido colocado de volta

novamente.

Quando este documento me foi en-tregue,eudisse:“Não,eunãoassina-rei isso; a Fraternidade não vai assi-nar.”EscreviaoPapa:“Nãopodemosassinar isso”, explicando: “Até agora—umavezquenãoestamosdeacor-do a respeito do Concílio e uma vezque o senhor deseja, ao que parece,nos reconhecer — eu havia pensadoqueosenhorestavaprontoparadei-xaroConcíliodelado”.Deiumexem-plohistórico,aqueledauniãocomosgregosnoConcíliodeFlorença,ondeelesnãochegaramaumacordosobrea questão da nulidade matrimonialemrazãodeinfidelidade.Osortodo-xosachamqueesseéummotivoquepode anular um matrimônio, a Igre-jaCatólicanãopensaassim.Elesnãochegaramaumacordo.Oqueelesfi-zeram?Elesdeixaramoproblemadelado.Pode-severmuitoclaramenteadiferença entre o Decreto aos Armê-nios, onde a questão do matrimônioé mencionada, e o caso dos gregos,ondeelaéomitida.Fizessa referên-cia enquanto dizia: “Talvez o senhorpossa fazer a mesma coisa; talvez osenhorpensequeémaisimportantenosreconhecercomocatólicosdoqueinsistir no Concílio. Mas agora comotextoqueosenhorestánosentre-gando, penso que foi um erro. Diga-nos,então,realmente,oqueosenhorquer.Porqueentrenósessasquestõessemeiamaconfusão”.

OPapamerespondeu,emumacarta

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datadade�0dejunho,naqualelees-tabelecetrêscondições:

A primeira é que devemos reco-nhecer que o Magistério é o juizautênticodaTradiçãoApostólica—issosignificaqueoMagistérioéaquelequenosdizoqueperten-ce à Tradição. Isso é verdadeiro.Mas obviamente as autoridadesromanas querem utilizar issoparadizer:vocêreconheceissoe,portanto, agora decidimos que oConcílioétradicional,eosenhorteráqueaceitá-lo.Eisso,inciden-talmente,éasegundacondição.

ÉnecessárioqueaceitemosofatodequeoConcílioéumapartein-tegrantedaTradição,daTradiçãoApostólica.Porém,dizemosqueaobservaçãodiárianosprovaocon-trário. Como é que alguém podedizer de repente que este Concí-lio é tradicional? Para ser capazdedizertalcoisa,énecessáriotermodificadocompletamenteosig-nificadodaexpressão“Tradição”.E,defato,percebemosclaramen-tequeelesmodificaramosentidodapalavra“Tradição”;porquenãoé insignificante que no ConcílioVaticano II eles rejeitaram a de-finição dada por São Vicente deLérins, que é a definição tradi-cional total: “Aquilo que é cridopor todos, em todos os lugarese sempre.” “Aquiloque foi crido”é um objeto. Agora, para eles, aTradição é algo vivo, não é mais

um objeto, é o que eles chamamde“sujeito Igreja”,éa Igrejaquecresce.EssaéaTradição,que,detemposemtemposfazcoisasno-vas e acumula; e esse acúmulo éaTradiçãoquesedesenvolve,queaumenta. Esse sentido é verda-deirotambém,masésecundário.

Comoumterceiroponto,éneces-sárioaceitaravalidadeealicitudedaMissaNova.

Eu havia enviado a Roma os docu-mentosdoCapítuloGeral,nossaDe-claração final, que está clara, e nos-sas condições para eventualmente,quando chegasse a hora, chegarmosaumacordosobreumpossívelreco-nhecimento canônico. Essas são ascondições sem as quais é impossível[paraaFraternidade]viver;issoseriasimplesmente uma autodestruição.Pois, aceitar tudo o que está sendofeito hoje em dia na Igreja significadestruiranósmesmos.ÉabandonartodosostesourosdaTradição.

Por que há estas contradições em Roma?

Areconciliaçãoproposta,defato,cor-respondeanosreconciliarcomoVa-ticanoII.NãocomaIgreja,nãocomaIgrejadesempre.Alémdomais,nósnãoprecisamosserreconciliadoscomaIgrejadesempre;nósestamosnela.E Roma diz: “Nós ainda não recebe-mos a sua resposta oficial”. Mas portrêsvezeseurespondiquenãopodí-amos,quenãoiríamoscaminharporestavia.

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Há não muito tempo, tivemos umatomada de posição do presidenteda Ecclesia Dei, que ao mesmo tem-po é o Prefeito da Congregação paraa Doutrina da Fé, afirmando que asdiscussões com a Fraternidade es-tãoterminadas.Enoúltimosábado,uma nova declaração da Ecclesia Dei diz:“Não,nósdevemoslhesconcederalgum tempo; é compreensível queapóstrintaanosdedebateelesdevamprecisardealgumtempo;nósvemosqueelestêmumdesejoardentedesereconciliarem”.Tenhoaimpressãodequeelesotemmaisdoquenós.Enóspensamos:oqueestáacontecendo?

Obviamente,maisumavez,issoestásemeando confusão, mas não deve-mos nos deixar perturbar. Continu-amos o nosso caminho. Simples as-sim.Temosaqui,umavezmais,umamanifestação da contradição que seencontra em Roma. Por que há estacontradição? É claro, porque há pes-soasquequeremcontinuarnestaviamoderna,nocaminhodadestruição,dademolição,eentãoháoutrosqueestãocomeçandoaperceberqueissonãoestáfuncionandoequenosque-rem bem. Mas podemos confiar ne-les?Issodependedascircunstâncias;nãobastanosquererbem.

Emtodasessasdiscussões,chegueiàconclusão—ecreioqueissoexplicaoqueestáacontecendoagora—queoPapa realmente, seriamente gostariade reconhecer a Fraternidade. Toda-via, as condições que ele impõe são

impossíveis para nós. As condiçõesque se encontram em sua carta sãoparanóssimplesmenteimpossíveis.

AfirmarqueoConcílioé tradicional!Enquanto tudo nos diz o contrário!Cinquentaanosdehistóriada Igrejadizem o contrário! Dizer que a novaMissa é boa! Aqui também bastaabrir os olhos para ver o desastre. Aexperiênciaquetivemosnosúltimosanoscompadresquevieramnosveré esclarecedora. Eu novamente tiveum desses encontros, bem recente-mente.EstavanaArgentina,quandotomei conhecimento de um sacerdo-terelativamentejovemquenãosabiaabsolutamentenadasobreaTradição,quedescobriraaMissa.EraaprimeiravezqueeleassistiaàMissaTradicio-nal:atépoucotempoatráselesequersabiaqueelaexistia.Equalfoiasuareação?Eledissequeestavaterrivel-mentefrustrado,furiosocomaquelesquelheesconderamessetesouro!Eisa suareação: “ÉestaaMissa?Eelesnuncanosdisseramisso!”

A Tradição é um tesouro, e não um anacronismo.

O caminho para sair da crise é mui-to simples. Se quisermos falar sobreumanovaevangelização—ostermosque são usados não importam –, oúnico caminho para sair da crise é oretorno ao que a Igreja sempre fez.Isso é muito simples, nada compli-cado. E isso não é ser anacrônico ouarcaico. Eu sei muito bem que esta-mosvivendonomundodehoje.Nós

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não estamos experimentando o on-temouoanteontem;há—éverdade—novosproblemas,masassoluçõesdoBomDeusestãoaí!Estassoluçõessão eternas. Nós sabemos que emnenhummomentodenossavidase-remosprivadosdagraça.Semprequeháumaescolha,semprequeháumatentação,oBomDeusnosdáagraçacorrespondente à situação, a fim desuperá-la.OsmandamentosdeDeussão tão válidos hoje como ontem.DeuspermaneceDeus,vejam!

Portanto,quandoelesnosdizemqueénecessárionosadaptarmosaomun-do, adotar a sua linguagem… ou oquequerqueseja,énecessáriotentarexplicar as coisas. Sim, isso é verda-de,masnósnãoprecisamosmudaraVerdade.OcaminhoparaoCéuper-manece um caminho de renúncia aopecado, a Satanás e ao mundo. Estaéaprimeiracondiçãoquetemosnaspromessas do batismo: “Renuncias aSatanás? Renuncias às suas obras?”.Este ainda é o caminho; não há ou-tro.Aspessoashojefazemdiscursossobreosdivorciadoserecasados.Noanopassado,osbisposdaAlemanhaafirmaramqueumadesuasmetaserachegar à comunhão para divorciadose recasados. Bem! A Igreja, e não sóa Igreja,masoBomSenhornosdiz:não,énecessárioprimeiroregularizaressasituação.OBomDeusdáagraçaàqueles que estão em uma situaçãodifícil.Ninguémdizqueéfácil!Quan-do um casamento é rompido, é umatragédia,masoBomDeusdáasgra-

ças.Aquelesqueestãonessasituaçãodevem ser fortes, e a Cruz de NossoSenhorosajuda,masnósnãovamosratificar [o segundo casamento], oufazeroquefazemaquinadiocesedeSion, onde eles têm um ritual paraabençoar essas uniões. As pessoasnão falam isso muito abertamente,mas é uma realidade. Agora, fazerisso é abençoar o pecado; e isso nãopodevirdoBomDeus!Ospadresouosbisposqueofazemestão levandoas almas para o inferno. Eles estãofazendoexatamenteoopostoaoqueeles foramchamadosa fazerquandosetornarampadresoubispos.

Estaéarealidadecomaqualnoscon-frontamos! E como poderia alguémdizersimatudoisso?ÉatragédiadaIgrejacomquenosconfrontamos.

Agora,parafalarsobreofuturo,oquetentaremosfazercomasautoridadesromanasélhesdizernãolevaanadapretender,emnomedafé,queaIgrejanão possa estar equivocada. Porque,noâmbitodafé,estamostotalmentedeacordosobreaassistênciadoEspí-ritoSanto,masénecessárioabrirosolhosparaoqueestáacontecendonaIgreja!Énecessárioparardedizer:aIgreja não pode fazer nada de mau,portanto,anovaMissaéboa.Éneces-sárioparardedizer:aIgrejanãopodeerrare,logo,nãoháerronoConcílio.Mas olhem, então, para a realidade!Não pode haver contradição entre arealidadequeapreendemoseafé.ÉomesmoDeusquefezasduas.Portan-

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to, se há uma aparente contradição,certamente há uma solução. Talvezainda não a tenhamos, mas não ire-mosnegararealidadeemnomedafé!Agora, esta é verdadeiramente a im-pressãoquesetemarespeitodoqueRomaestátentandonosimporhoje.E aqui nós respondemos: não pode-mos.Issoétudo.

E então nós continuamos, venha oquevier!Sabemosmuitobemqueumdiaessaprovação—queafetatodaaIgreja — acabará, mas não sabemoscomo.Nóstentamosfazertudooquepodemos.Nãotenhammedo.ObomDeusestáacimadetudoisso;Eleain-daéomestre.Issoéoextraordinário.EaIgreja,mesmonesseestado,aindaé santa, ainda é capaz de santificar.Sehoje,meuscaríssimosirmãos,nósrecebemosossacramentos,agraça,afé,éatravésdestaIgrejaCatólicaRo-mana,nãoporsuasfaltas,mascerta-mente por esta Igreja real, concreta.Nãoéumaimagem,nãoéumaidéia,éarealidade,omaisbeloaspectodoqueestamoscelebrandohoje:oCéu!Bem,oCéuépreparadocáembaixo.Esta é a beleza da Igreja, esse terrí-vel, extraordinário combate contraas forças do mal no qual a Igreja seencontra, e mesmo nesse estado deterrível sofrimento no qual ela estáhoje,elaaindaécapazdetransmitira fé, de transmitir a graça, os sacra-mentos.Esenósosoferecemos—es-tessacramentoseestafé—éatravésdestaIgreja,éemnomedestaIgreja,é como instrumentos e membros da

IgrejaCatólicaqueofazemos.

Possam os Santos no Céu, possamos anjos vir em nosso socorro e nosajudar! Obviamente, não é fácil, ob-viamenteestamostemerosos.Éoquediz o Gradual de hoje. É necessáriotemeraDeus.ÀquelesqueOtemem,o bom Deus dá tudo. Não receemostemeraoSenhor.OtemordeDeuséocomeçodasabedoria.Possaelenosconduzirpeloslabirintosdavidaaquiembaixo em direção ao Céu, onde aSantíssimaVirgemMaria,Rainhadetodos os Santos, Rainha dos Anjos,é verdadeiramente a nossa proteto-ra, verdadeiramente nossa Mãe. Sedizemos que Nosso Senhor quer sertudoemtodos,devemosdizerquaseomesmosobreaSantíssimaVirgem.TemosumaMãenoCéuquerecebeude Deus um poder extraordinário,o poder de esmagar a cabeça de Sa-tanás, de esmagar todas as heresias.Portanto,nóstambémpodemosdizerqueelaéaMãedaFé,aMãedaGraça.Vamos a Ela. Consagremo-nos a Elanossasvidas,nossasfamílias,nossasalegrias, nossos sofrimentos, nossosprojetos, nossos desejos. Possa Elanos conduzir àquele porto eterno,para que possamos sempre gozar dafelicidade eterna com todos os san-tos,aquelavisãodeDeusqueéavisãobeatífica.Assimseja.Amém.

A fim de preservar seu caráter próprio, o estilo oral deste sermão foi mantido.

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Carosconfrades,carosreligiosos,ca-ríssimosfiéis,queridosamigos,

A minha intenção é de vos falar dasqualidadesdamilíciaespiritual,cris-tã, católica, das condições que deverevestirocombatepelaFé;eeviden-temente de vos dizer algumas pala-vrasacercadasituaçãodaFraternida-defaceaRoma.

NolivrodeJobédito:«Militiaestvitahominis super terram et sicut diesmercenariidiesejus»(Job�,�).Avidadohomemsobreaterraconstituiumtempo de serviço, e os seus dias sãocomoosdomercenário.ÉaEscritura,éJobqueministraestafiguramuitointeressante.

Se a vida de todo o homem sobre aTerra constitui um combate, commaisforterazãoavidadocatólico,docristão baptizado, confirmado e por-tanto comprometido neste combatepor Nosso Senhor Jesus Cristo, porCristo-Rei.Eeudiriaqueseavidadetodoocristãoconstituiumcombate,a vida do cristão, hoje, constitui porexcelênciaumaluta,umcombate,umtempodeserviço.

Nestafrasenósencontramosenuncia-

daanecessidadedecombate,éneces-sário,éanossacondição,eissonãoénovo,ésempreeemtodooladoqueocombateénecessário.Existeumcom-bate na vida, mas existe sobretudoumcombateparaconquistaraeterni-dade,oqueimplicamuitacoisa.

É por isso que é necessário possuirum espírito combativo. O que é queé requerido da parte dum soldado?Certamentequeelesejacapazde lu-tar,desebater,queelesejacorajoso,valente.

EstetextomuitocurtofazreferênciaaumaProvidência,poisquetantoumbom soldado como um mercenárioencontram-se ao serviço dum chefe,portanto nós combatemos por DeusNosso Senhor Jesus Cristo. NossoSenhorJesusCristoéonossochefe,Eleénossosoberano,masEleéigual-menteoMestreeSenhordaHistória,eaSuaProvidênciagovernatodasascircunstânciasparticulares.

São João da Cruz afirma que tudo éProvidência,nosentidodequetudooquenosacontecenoséenviadodumaformainteiramenteconscienteeque-ridapelaProvidência.

Aútilliçãodapassadaprovação-��deOutubrode��0���

No sábado 13 de Outubro de 2012, por ocasião das jornadas da Tradição, em Ville-preux (França), Monsenhor Alfonso de Galarreta pronunciou esta conferência, onde ele analisa o estado das relações da Fraternidade São Pio X com Roma. A presente versão desta conferência é um pouco mais curta que o original, pois falta a última parte.

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Uma perspectiva sobrenatural do combate da fé

Consequentemente um soldado, ummercenário, lutam e combatem poruma vitória, e na exacta medida emqueavidacáembaixoéumcombate,issoquerdizer,issosignificaqueavi-tórianãoresidenestemundoterreno.Se toda a nossa vida é um combate,tal significa que a nossa vitória é naeternidade.

Eu penso que é necessário que nósguardemosestaperspectivadeFéso-brenaturaldocombate.

Nós lutamos nesta vida sobre a Ter-raporumacoroaeterna.Todavianãoé para vos desmobilizar que eu digoisto, porque um cristão, um católi-co sabe que o combate é conduzidonestavida,queeleémuitoreal,queénecessáriobatermo-nos.Mastendooconhecimentoqueavitóriadefinitivasesituanaeternidade,nósnãopossu-ímos,porassimdizer,nãopossuímosverdadeiranecessidadedeconquistara vitória nesta vida, se Deus o nãoquer,poisqueanossavitória,emúl-tima instância, consubstancia-se noconquistardaeternidade,paranóseparaosnossos.

Alémdisso,estepequenoversículodeJob demonstra-nos outros aspectosdestecombate,porexemplo:épeno-so-penoso,nosentidoetimológicodapalavra-ocombatepelaFé,ocomba-teespiritual,sobrenatural,pressupõesofrimentos e provações, contradi-ções, e nesta vida também derrotas.

SantaTeresadeJesuspossuiumtextomuitobelo,ondeelaafirmaqueaqui-loqueésolicitadoaocristãonãoéovencer, mas sim o lutar, ou melhor:elademonstraquecombaterpelaFééjáumavitóriadocristão.

Eumoutroautordizia:Defacto,Deusnão exige de nós a vitória, mas sim,exigedenósonãosermosvencidos.Constitui uma realidade do maiorinteresse, como reflexão, verificareisque podereis aplicar tudo isto a estacrisedaIgreja.

Deus não nos solicita o vencermos,é Ele Quem dá a vitória, se quiser,quandoquiser,comoquiser.IssonãoLhe custa absolutamente nada. Maso que Deus nos solicita a nós, é dedefender o Bem que possuímos, nãosendoassimvencidos.

O magistério do cardeal Pie

Existe um texto do Cardeal Pie quegostariadevos ler;écheiodeFé,deensinamentos, e está admiravelmen-tebemexpresso:«osábiodaIdumeiadisse:«AvidadoHomemsobreaTer-ra é um combate» (Job VII,�) e estaverdadenãoémenosaplicávelàsso-ciedadesdoqueaosindivíduos.Com-posto de duas substâncias essencial-mentedistintas,todoofilhodeAdãotransportanoseuseio,comoaesposadeIsaac,doishomensquesecontra-dizem e se combatem (Gn. XXV,����).Estes dois homens, ou se quiserdes,estas duas naturezas possuem ten-dências e inclinações contrárias, Ar-rastadopelaleidossentidos,ohomem

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terrestre encontra-se em perpétuainsurreição contra o homem celeste,regidopelaleidoespírito(Gal,V,��): antagonismo profundo, e que nãopoderiaterminaraquinaTerrasenãopeladefecçãovergonhosadoespírito,entregandoasarmasàcarne,eaban-donando-seàsuadiscrição.»(�)

Assimportantoaúnicamaneiradeal-cançarapaznestecombate,portantoopacifismo,éavitóriadacarne,esenãoquisermosessaformadepaz,so-mosobrigadosacombateratéànossamorte, porque o triunfo reside paraalém de tudo isso.Éassimdamaiorcongruência aquilo que oCardealPienosquer trans-mitir:

« Digamo-lo pois, meus ir-mãos,avidadohomemso-breaTerra,avidadavirtu-de,avidadodever,constituia nobre aliança, constitui aSanta Cruzada de todas asfaculdades da nossa alma,sustentada pelo reforço daGraça, sua aliada, contratodas as forças reunidas dacarne,domundoedoInfer-no:Militiaestvitahominissuperterram.»

Tal constitui um comba-te para nós, mas constituiigualmenteumcombateso-cial, público. «Ora se procedermos àconsideraçãodestesmesmoselemen-tosdequefalámosequeactuamporemulação, destas mesmas forças ini-

migas, não já num plano individual,mas incorporadas na assembleia dehomensdenominadasociedade,entãoalutaadquiremaioresproporções».Eo Bispo de Poitiers cita a Escritura,o Génesis: « As duas crianças que seferemeentrechocamnoteuseio,dizoSenhoraRebecca,constituemduasNações;osteusdoisfilhosserãodoispovos, dos quais um será dominadopelo outro, devendo obedecer-lhe.» (Gen. XXV,���). Neste quadro concep-tual,meusirmãos,ogénerohumanocompõe-se de dois povos, o povo doespírito e o povo da matéria; o pri-meiro personificando a alma, com

tudooquenelahádenobreeelevado;ooutrorepresentaacarnecomtudooquenelaexistedegrosseiroedeter-restre.Amaiordesgraçaquesepode

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abater sobre uma Nação consiste nacessaçãodecombatesentreestaspo-tênciasadversas.Estearmistícioviu-senopaganismo.

E o Espírito Santo, que nos traçouum quadro de todas estas torpezassociaisedomésticas,queresultavamdesta monstruosa capitulação ( Sab,XIV) termina o seu retrato por estederradeirotraço:Seráqueoshomensvivendo,semnissopensar,nestema-rasmo, mil vezes mais mortífero doque uma guerra, iludir-se-ão até aoponto de denominar como paz tãograndesenumerososmales.»-Estaébemasituaçãoactual,(dotempodoCardealPie,emmeadosdoséculoXIX)nãoé?Apaz,apaz,apaz!

« Insensibilidade funesta, prossegueoCardealPie,aqualnãoeraoutrase-não a da morte, paz lúgubre que se-rianecessáriocompararaosilenciosoe tranquilo trabalho dos vermes queroemocadávernoseusepulcro».

«ogénerohumanoenlanguescianes-teestadodeprostraçãoeabatimentomoral,quandooFilhodeDeusdesceusobre a Terra, transportando não apaz mas a espada ( Mat. X,���). EstegládiodoEspíritoqueoDeuscriadorhaviaestatuídonasmãosdohomemparacombatercontraacarne,equeohomemhaviaignominiosamentedei-xadocairdassuasmãos,essegládio,NOSSO SENHOR JESUS CRISTO, orecolheu da ignóbil poeira onde porlongotempodormiu;eapósohaverretemperadocomoSeuSangue,após

dealgumamaneiraoterexperimenta-donoSeupróprioCorpo,Ele(NossoSenhorJesusCristo)restituiu-ocommais acrisolado gume, e mais pene-trantedoquenuncaaonovopovoqueEleveiofundarsobreaTerra.Eentãorecomeçou no seio da Humanidade,paranãomaisterminarsenãonofimdomundo,oantagonismodoespíritoedacarne:Nonvenipacemmittere,sedgladium.»

ÉumlongotextodoCardealPie,mascomo vós podeis verificar pode-sedizerquetudoláestá,tudoédito,emuitobemdito.Anecessidadedestecombate,dequenosfalaJob,apala-vradeDeus,nãoconstituiumcomba-tesomenteinterior,individual,encer-rado no lar doméstico, ou na escola,constituiumcombatetambémessen-cialmentesocial,políticoereligioso.

Há dois espíritos, há duas cidades.Estecombateinelutável,nósnelenosdevemoscomprometer,nósdevemoscontinuá-lo.

Em meu entender este quadro vospermite bem compreender em queconsisteocombatedaFé,ocombatecatólico,ocombatecristãonacidade,ocombatedaTradiçãonestacrisepa-vorosadaIgreja,nestaapostasia.Con-sequentementeeuvoupassaragoraaalgumas reflexões sobre a nossa re-centebatalha,aquelaquenósatraves-sámosoanopassado,extremamentedifícil, não por causa do inimigo co-mum,verdadeseja,masporcausadasdiferenças que existiram entre nós,

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diferenças inteiramente lógicas, ex-plicáveis,humanas,porquenãodeve-mosrasgarosnossosvestidosporquedescobrimosquenóssomoshomens.Nós temos as mesmas limitações doqueosoutros,querodizer–naraiz,desdeopecadooriginal:Aignorância,amalícia,afraqueza.

O que produziu toda a dificuldade,daquiloqueaconteceunoanoescolarpassado,consubstanciou-seemtodasessasrealidades:asdificuldadesouasprovaçõesentrenós,queconstituemaliás as mais difíceis e as mais dolo-rosas.Éporissoqueelasnãodeverãoser objecto duma análise superficialeirreflectida,eaindamenosdeverãocomportar soluções menos ponde-radas. É como um pequeno conflitofamiliar: é necessário resolvê-lo commuita delicadeza, muita caridade,muita prudência, muita subtileza– mas é necessário resolvê-lo, certa-mente!

Breve resumo histórico das nossas relações com Roma

Euquerotransmitir-vosomeupensa-mento,poisquenestacriseouvem-semuitasopiniõesdiferentes,vozesdi-vergentes,eépossívelquehajaaindarecaídas,tambémdigoparamimmes-moqueeranecessárioqueconhecês-seisomeupensamento.Euvoupoisretomar rapidamente alguns factospara me explicar, fazendo um poucode História, a partir do fim da cru-zada do Rosário,estacruzadadeora-çõescujoobjectoeraoferecer���mi-

lhõesdeterços,cruzadaqueterminouno Pentecostes deste ano. Foi apósofimdacruzadaquenósrecebemostrêsrespostas,umaatrásdaoutra,dapartedeRoma.Nessemomentohaviaa proposta (duma declaração doutri-nal)daFraternidade,apresentadanomês de Abril, e foi após Pentecostesquenósrecebemosumaprimeirares-postadaCongregaçãoparaadoutrinadaFé.

E nesta resposta, as autoridades ro-manas diziam-nos claramente queelas rejeitavam, que elas não aceita-vamanossaproposta,eprocediamaváriascorrecçõesque,emsíntese,nosdiziam:é necessário aceitar o concí-lio Vaticano II, é necessário aceitar a legitimidade da nova missa, é ne-cessário aceitar o magistério vivo,quer dizer que elas, as autoridadesromanas, são os intérpretes autênti-cosdaTradição,portantosãoelesquedizemoqueéTradiçãoeoquenãoéTradição;énecessárioaceitaronovoCódigodeDireitoCanónico.Eisasuaresposta.

Emsequência,eeuconsideroqueistofoiumarespostadaProvidência,pro-cessou-seanomeaçãodeMonsenhorMuller. Eles nomearam-no à cabeçada Congregação para a Doutrina daFé e igualmente como presidente dacomissão Ecclesia Dei- aquela quetem a seu cargo todos aqueles queestãovinculadosàEcclesiaDei,equeestáemcontactocomaFraternidadeSão Pio X. Pois bem! Este bispo que

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foinomeadoparachefiarodicastérioda doutrina da Fé, bem como a Ec-clesiaDei-além do facto de que ele coloca em dúvida várias verdades de fé – hojeéeleoguardadaFé.É,digamos,umvelhoconhecimentodaFraternidade, pois que era bispo deRatisbona, diocese onde se encontrao nosso Seminário de Zaitzkofen, enós já havíamos tido dificuldades eafrontamentos com ele. Mesmo hátrês anos, ele tinha ameaçado o bis-poqueiaprocederàsordenaçõesemZaitzkofendeoexcomungar,naquelecasoobispoeraeu.Eleameaçou-medeexcomunhão,bemcomoaosdiáco-nosque iamreceberosacerdócio,osnovospadres.Posteriormenteeleter-giversou; de qualquer maneira é umdosquenãonosestima,quenãogos-tadenós,éclaro,atéjádeclarouqueosbisposdaFraternidadesótêmumacoisaafazer:deporoseuepiscopadoentreasmãosdoSantoPadreeiremencerrar-se num convento. É aindaassim bastante cruel, não é? Depoiselemuitosimplesmentedissequenósnãotínhamossenãodeaceitarocon-cílio, e é tudo. Não havia mais nadaparadiscutir.

QuandonósesperávamosaluzdoEs-píritoSanto,tivemosestaresposta.

Seguidamente,antesdoCapítuloGe-ral, o nosso Superior Geral havia es-critoaopapaparasaberseverdadei-ramenteeraestaasuaresposta,poisqueemgrandeparte,oproblemaquenósconhecemospromanavadofacto

de que existia uma dupla mensagemdeRoma.

Certasautoridadesdiziam-nos:Ares-postadaCongregaçãodaFééoficial,eles fazem o seu trabalho, mas vósnão a tendes em consideração, é ne-cessárioapreciá-lapeloseumérito;dequalquer maneira nós queremos umacordo,nósqueremosreconhecer-vostalqualsois.

Todavia a resposta da Congrega-çãodaFé,bemcomoanomeaçãodeMonsenhor Muller não fluíam nessesentido,nosentidodasegundamen-sagem. Neste enquadramento, paradesenganar a sua consciência, Mon-senhor Fellay escreveu ao papa como objectivo de saber se essa era ver-dadeiramente a sua resposta, o seupensamento. E precisamente antesdo Capítulo, durante o retiro que oprecedeu, Monsenhor Fellay recebeuumaresposta,-eraaprimeiravezquehavia uma resposta do papa a Mon-senhor Fellay- e ele comunicou-nos,àmesadedomingo,nofimdoretiro:eis que eu recebi uma carta do papaonde ele confirma que a resposta daCongregação da Fé constitui verda-deiramenteasuaresposta,queeleaaprovou.Eelerecorda,reconduzindo-asatrêspontos,assuasexigências,assuascondições,«sinequanon»,paraqueseprocedaaumreconhecimentocanónico:

reconhecerqueomagistériovivoconstitui o intérprete autênticodaTradição,querdizer-asauto-

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ridadesromanas;

queoconcílioVaticanoIIestáemperfeitoacordocomaTradição;énecessárioaceitá-lo;

quenósdevemosaceitaravalida-deea legitimidadedanovamis-sa.

Elescolocaramostermos:(licéité)(li-citud)–provavelmentequeemfran-cêsestetermopossuiumsentidoumpoucoambíguo–paraeles issoquerdizersimplesmente legal,quepossuias formas legais, mas na linguagem canónica, é muito mais profundo, isso quer dizer que constitui uma verdadeira lei, que possui força de lei.

Contudo, a Santa Igreja não podepossuir lei contrária à Fé Católica. Enóscontestámossempre,nessesenti-do,alegalidadedareformalitúrgica,bemcomodanovamissa,porqueelanãopodepossuirforçadeleinoseioda Santa Igreja, é impossível porquecontrárioàFé,naexactamedidaemquecomtalreformaelesarruínamaFé,eelesempregarambemostermosvalidadeelegitimidade.

Dito de outra maneira, como podeisobservar, aceitando estas condições,seria em todo o essencial do nossocombate–estecombatedasduascida-des,dosdoisespíritos–queseimpo-riacomonecessáriocederetrair.En-tãoevidentemente,sobreesteponto,aDivinaProvidêncianostinhatraça-doocaminhodoCapítulo.EraRoma

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quedizia:Não,permanece-sesobreoplanodoutrinal,evósaceitaistudooquevóshaveisrejeitadoatéagora.

O Capítulo geral ( 9-14 Julho 2012)

ConsequentementetevelugaroCapí-tulo; eu não posso facultar-vos mui-tos pormenores, que são mantidasem segredo, mas Monsenhor Fellay,elepróprio, jádeua conhecer certosaspectos, e existem elementos queforamindicadosna Declaração final,constituem as condições que vós co-nheceis.Oqueeuvospossocomuni-car, é que a Divina Providência nosassistiu durante o Capítulo de umaformaclaraetangível.

Tudo se processou muito bem, digo-vo-lomuitosimplesmente,nóspude-mosfalartranquilamente,livremente,abertamente, nós pudemos abordaros problemas cruciais, mesmo quetivéssemos de deixar os outros, asquestões que estavam previstas noprograma inicial. Nós empregámostodo o tempo necessário para discu-tireconfrontámosospontosdevista,comoconvémentremembrosdeumamesma congregação, de um mesmoexército. Isso não constitui proble-ma, a Fraternidade não é uma esco-lademoças,nãoé?Entãosealgumavezhádiscussõesentrenós,tambémnãosedevefazerdissoumahistória.LedeoCardealPiequandoelesusten-tadiscussõespúblicascomosbispos,emFrança,noséculoXIX.Elejustifi-ca-as,eexplicaporquê,eledizquesetrata dum combate, e consequente-

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mente–étudo!Tudoistoparadizerquetambémnãodevemosfazerdistoumdrama.Odramaseriaabandonara Fé; mas que haja discussões sobrequestõesdeoportunidadeprudencialsobreistoouaquilo,énormal.Háas-pectosdiferentes,hátemperamentos,existemsituações…Éextremamentecomplicado;nãosepodelogodesem-bainharaespadaparacortaronógór-dio, dizendo: Eis como eu resolvo asituaçãocomumsógolpe,não!OCa-pítulopassou-secomoeuvo-lodigo,epensoquenósverdadeiramenteex-traímosliçõesúteisdasprovaçõesporquepassámos;mesmosenemtudoéperfeito,oqueconstituioutroaspec-toqueénecessárioteremconta.Nanossavidatudosepassanaimperfei-ção;LedeaHistóriadaIgreja!Nãosedevesolicitarumaperfeiçãoquenãopertenceaestemundo,maséneces-sáriopermanecercomosolhosfixosnoessencial,sobreaquiloqueconta;então depois podemos passar porcimademuitasoutrasrealidades.Navossavidanãoéassimqueprocedeisem família? Sim, é assim que proce-deis. Senão, nada nem ninguém seaguenta neste mundo, nesta vida, emesmoentrenós.

Alguns inquietam-se: ah! Sim, e nocaso presente! – É necessário obser-var a complexidade do problema,a complexidade da situação. E nãoesqueçamos que existe também arealidade das nossas paixões. Elasexistem, mesmo em nós. Tudo istopara vos dizer que no meu entender

nãodevemosficaragastadiçosnestasquestões. É necessário verificar se oessencialestáláounão.

No meu entender, nós verdadeira-mentesuperámosacrise,nósaultra-passámosepassámosadiante,ecomose impunha, sobretudo nas medidaspráticas,graçasàsdiscussõesquenospermitiramclarificarentrenósasre-alidades,sopesarbemosargumentos,sobtodososaspectos,seleccioná-los,para alcançar uma mais perfeita cla-rividência,lucidezperanteasituação,o que constitui a vantagem das pro-vações,sedelasseextraemasdevidaslições.Apartirdestasliçõesextrema-menteimportantesericas,nósesta-belecemos condições que poderiampermitir encarar hipoteticamenteumanormalizaçãocanónica,eaestepropósito, se reflectirdesbem,oquefoi realizado reconduz-se na reinte-graçãodetodaaquestãodoutrinalelitúrgica,paradelaproduzirumacon-diçãoprática.

As condições para uma eventual normalização canónica

É seguro, que como vos dizia, nemtudoestáperfeito,enósmesmosul-teriormente nos consciencializámosdisso com rapidez, que a distinçãoentre condições sine qua non e con-diçõesdesejáveisnãoeramuitojusta,nem… desejável. De facto, para nós,entre as condições que indicámoscomo desejáveis, existem condiçõessinequanon,maspreferencialmentede ordem prática, canónica, concre-

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ta. Estas condições, a Casa geral daFraternidade as havia já solicitado aRoma,equantoàmaioria–apósdis-putasmúltiplas,dasidasevindasnu-merosas-Romaestavaprestesacon-cedê-las, emesmoactualmente.Maso objectivo do Capítulo, a sua preo-cupação,consubstanciava-seembemdefinir não aquilo que se apresentacomoumaconsequência,oquesevaiseguir, mas o essencial prévio, quenósnãohavíamosdefinidoatéaopre-sente.Ditodeoutraforma,nocasodafiguradumpapa,dumpróximopapaque pretenderia verdadeiramente fa-zer um acordo com a Fraternidade,quaissãoascondiçõesdeordemdou-trinal, que concernem à doutrina, àfidelidadeàFé,àTradição,àconfissãopúblicadaFé,emesmoàresistênciapúblicaopostaàquelesquedifundemoserros,mesmotratando-sedeauto-ridades eclesiásticas. Foi sobre esteponto que nós definimos com muitaprecisãoasduasprimeirascondiçõessinequanon.

Eéevidentequetudoestálá.Eupos-sorelê-lasparavós.

A primeira: «Liberdade de guardar, transmitir e ensinar a santa dou-trina do magistério constante da santa Igreja, bem como da verdade imutável da Tradição Divina». Tudoisso vos parece certamente uma lin-guagem um pouco difícil, de facto éextremamente precisa. «Guardar»,isso quer dizer que nós aí tenhamosa garantia duma normalização, da

parte do papa que nos reconheceria.Ditodeoutramaneira:assegurar-nosmediante um acordo escrito, de po-dermosguardar,transmitireensinarasantadoutrina;asantadoutrina,domagistérioconstante.Porqueasauto-ridadesromanaspossuemumanoçãoevolutiva do magistério, e se se diz“magistério”talnãoésuficiente,sesediz “magistério de sempre” tambémpermaneceaindaduvidosonalingua-gem deles; consequentemente nósdeterminámos –“Verdade imutável da Tradição Divina.”

Porquê verdade imutável? Porquepara eles a Tradição é viva… Assimpodeisverificarqueéumalinguagemmuito precisa, enriquecidos com aexperiênciadasdiscussõesqueman-tivemosdurantequaseumanoemeiocomacomissãoromana.Prossigamoscom este primeiro ponto: « Liberda-de de defender a verdade, corrigir,repreender, mesmo publicamente,osfautoresdeerrosounovidadesdomodernismo,do liberalismodoCon-cílioVaticano II,bemcomodassuasconsequências». Eu penso que difi-cilmentesepodeacrescentaralgumacoisa. Tudo aí está. Trata-se dumaliberdadedeconfessaredeatacarpu-blicamente os erros, uma liberdadedeensinarpublicamenteasverdadesnegadasoudiminuídas,etambémdenosopormos(nósFraternidade)pu-blicamente àqueles que difundem oserros,mesmoqueestessejamautori-dadeseclesiásticas.

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Queerros?Oserrosmodernistas, li-berais,osqueseenraízamnoVatica-noIIenasreformasquedeleproma-naram,oudassuasconsequênciasdeordemdoutrinal,litúrgicaoucanóni-ca.Tudoestáaí.

Em sequência, segundo ponto: «uso exclusivo da liturgia de 1962», por-tantotodaaliturgiade�96��,nãoso-mente a Santa Missa, tudo, mesmoo Pontifical. Manter a prática sacra-mental que nós possuímos actual-mente,compreendendoaítudooqueserefereaossacramentosdaOrdem,da Confirmação, e do Matrimónio.Vósbemobservaiscomoaíincluímoscertosaspectosdapráticasacramen-talecanónicaquenossãonecessáriospara possuirmos verdadeiramente,nocasodumacordooudumreconhe-cimento,aliberdadepráticaereal,noquadrodumasituaçãoquecontinua-riaasermaisoumenosmodernista.Nósreordenamosseénecessário,nósreconfirmamos,enoqueconcerneaomatrimónio nós não aceitamos, evi-dentemente, certas novas causas denulidade.

Nesteenquadramento,sempreama-nutençãodascondiçõessinequanon:garantia de pelo menos um bispo.Comovosdizia,nemtudoestáperfei-to: porque todos estamos de acordo,naFraternidade,sobreofactodequeháquesolicitarváriosbisposauxilia-res,umaprelatura;todosestamosdeacordo,nissonãoháproblema,antesnão constituía problema, agora tam-

bémnãoconstitui.Assimnãoháqueficarmos agastados por causa disso.Pelocontrário,nósdefinimosbememqueconsistiuoproblema,namedidaemquetambémdonossoladonãoes-tava claramente definido, e tambémporque havia uma dupla mensagemdoladodeRoma.

Decidiu-seigualmentenessecapítuloqueseaCasagerallograsseconseguiralgodeválidoeinteressantecomes-tascondições,terialugarumCapítulodeliberativo; significa isso que a suadecisão obrigaria necessariamen-te (aos membros da Fraternidade).Quando se reúne Capítulo consulti-vo, solicita-se conselho, mas depoisa autoridade decide livremente. UmCapítulo deliberativo significa que adecisãotomadapelamaioriaabsoluta–metademaisum,oquenospareceurazoável-essadecisãoseriaobservadapelaFraternidade.

TalcomoodemonstrouoúltimoCapí-tulo,quandopudemosfalarentrenós,talcomoeranecessário,conseguimossuperaroproblemadasdiscrepânciasque havíamos experimentado. Estáclaro que um Capítulo deliberativoconstitui uma medida muito sábia esuficienteparaaprovareventualmen-teoquepuderconseguir-sedeRoma.Porqueéquaseimpossívelqueamaio-ria, mais o superior da Fraternidade–depoisdeumadiscussãofranca,deuma análise a fundo de todos os as-pectos,detodasasconsequências–éimpensável que a maioria se equivo-

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queemmatériaprudencial.

Na vida presente não há garantiasabsolutas, na medida em que cadaum–começandoporsimesmo–nãopossuigarantiassobrecomoprocede-ráamanhã.DestemodoumCapítuloéamplamentesuficienteparasairdobecosemsaídaemquenosencontrá-vamos,porquesevósprestardesaten-ção,onossoúltimoCapítulocolocouexactamente as mesmas condiçõesqueRoma,masemsentidocontrário:exigem-nosaquilo,enósocontrário.Evidentemente que a possibilidadedum acordo se distancia; sobretudooriscodummauacordoencontra-se,parece-me, definitivamenteexcluído.Definitivamente:nãoquerdizerparasempre,masparaestavez.

Tambémevitámosumadivisãoentrenós,enãoépoucacoisa;tinhaquesepensarnisso,ecompreenderquenosíamosdividirtodos,naFraternidade,nasCongregações,nas famílias;enamedida em que somos mais fortes edenodados no combate, ter-nos-ía-mos destroçado mutuamente, comumvigor,umaconstância,quepodeisimaginar!

Estaeraarealidade.Todavia,graçasaessacompreensãoentrenós,graçasaestadecisão,mesmoimperfeita,con-seguimossuperarumadivisãoquete-riaconstituídoumaformadedesonraem ordem àquilo que defendemos,emordemàverdadeiraFé,emordemao nosso combate, e uma afronta aotestemunho que herdámos daqueles

que na Fé nos precederam: Monse-nhorLefebvreeMonsenhordeCastroMayer.

Condições tendo em vista o bem que poderíamos operar na Santa Igreja

Alémdisso,comovosdizia,graçasaoque temos vivido, as provas, as dis-cussões, por vezes as contradições,lográmos alcançar uma melhor com-preensão da realidade, uma melhordefinição.AposiçãodaFraternidadeémuitomaisprecisaelúcidanestemo-mentodoqueháseismeses,émuitomelhor.Nãoexcluímosapossibilida-dedequeocaminhoeleitopelaPro-vidênciaparaoretornoàFéserealizeprimeiromediantea conversão,peloregressoàDoutrinadeumpapa,comumapartedosCardeais;denenhumamaneiraexcluímosisso.Talnãoémaisdifícildoqueooutrocaminho,oca-minhoprático.Todavia,simplesmen-tenósdizemos:SuponhamosquenãoseprocesseprimeiroumretornoàFéporpartedeRoma,doregressodeumpróximopapaàTradição,naTeologia,nosprincípios,naFé,noMagistério;nocasoemqueessepapapretenderaapenas permitir oficialmente a Tra-dição,quaissãoascondiçõesquenosautorizariam a aceitar uma norma-lização canónica, em ordem ao bemque poderíamos operar na Igreja, equeéconsiderável–issotambémnãodevesernegado.

Nomeuentender,constituiumaper-feiçoamento no mesmo sentido. Jáprocedemos à correcta definição de

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quais seriam as condições susceptí-veisdenosprotegeremtotalmentenaFé,enocombateíntegropelamesmaFé. Mas conjecturar sobre o futuropertence à profecia e à adivinhação;nãosabemosoqueoBomDeusnosvai mandar. Apresento-vos um casoeventual, uma hipótese: suponha-mos que amanhã haja um papa, nasituaçãoactualmodernista,masquenãosejamodernistanasuateologia,no seu pensamento- como é o casoactualmente; suponhamos que nãoseja modernista na sua teologia, noseucoração,noseuforoíntimo,equequeira realmente regressar à Tradi-ção, carecendo todavia de um poucode convicção, na exacta medida emquepararesistir–evóssabei-lobem– é necessária muita convicção; pararesistirnaverdadeiraFéeperseverar,parafazerfrenteatodoomodernis-moque infestaa Igreja,énecessáriauma convicção realmente heróica.Suponhamosquetalpapanãopossuatal convicção, ou que a possua, masseja débil, temeroso, condicionadopelo ambiente – aqui faço referênciaacasosproporcionadospelaHistóriada Igreja; HOUVE BISPOS E PAPASDESTEGÉNERO.Houvepapasmuitobonsnadoutrina,masqueerampes-soalmente indignos, tal como houvepapasfracos,talcomohouveexcelen-tes papas que se equivocaram, agoradizemosqueseequivocaramemcer-tas decisões históricas que tiveramconsequênciasenormes.

Nestequadroconceptual,naeventu-

alidade dum papa que não dispuses-se da convicção, da fortaleza, ou osmeios,para reconstituirpara restau-rar, ele mesmo, a situação actual daIgreja, nesta crise de Fé, ele poderiamuito bem utilizar-nos (à Fraterni-dade) como ponta de lança, podiamuitobemfacultar-nosascondiçõesrequeridas para que possamos, nósmesmos,operarcomopontadelançacontraesteabcesso.Alémdisso,pen-sando bem, se um papa um dia nosoutorga tais condições, ele mesmodesferirá o primeiro golpe contra oedifíciodoVaticanoIIedaIgrejacon-ciliar;porqueporestemesmofactojáadmitiria que o Concílio contém er-ros,equeéassimsusceptívelderecu-sa,eétempoderegressaràTradição.Seumpapatomasseemconsideraçãoestas exigentes condições, quase im-possíveishumanamente,declarar-se-ia imediatamente a guerra à Igrejaconciliar. A suposta Igreja conciliarseriadinamitada,éclaro.Porestara-zão,anossosolhos,asquestõescanó-nicasconstituemapenaspormenores.Porquequandoumpapaquiserconce-der-nososdoisprimeirospontos,talquererá significar que já se encontradispostoatudonosconceder,inclusi-venoplanocanónico;eissosemdúvi-daosolicitaremos.

NOTA-�-PanegíricodeSãoLuís,reide França, pregado pelo Cardeal PienaCatedraldeBlois,noDomingo��9deAgostode������,enaCatedraldeVersalhesnoDomingo���deAgostode�������.

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Na exacta medida em que Deus, dizum bispo, quis ser homem, Ele con-sentiu para todo o sempre em serrepresentadocáembaixoporumho-mem.Eestehomem,éemRomaqueestá colocado–expressãoabreviada,mas poderosa, que diz tudo sobre agrandequestãodomundo,equeirra-diaaverdadeira luz sobaqualéne-cessárioolharoPapa(�).

OHomem-DeusfoioHomemdador,Ele não praticou senão obras de jus-tiçaclementeedemisericórdiapura,elefoiodiado,caluniado,achincalha-do, entregue à morte. Aqueles queEle tinha instruídopelaSuapalavra,curadopelosSeusmilagres,libertadopelaSuadoutrina–gritaram:NósnãoqueremosqueElereinesobrenós!Eleexperimentou o cálice das infâmiase das iniquidades humanas. Os Seusamigos, eles mesmos, O abandona-ram,Orenegaram;Eletinhaalimen-tado com a Sua carne aquele que Ovendeu.Opoderpúblico,proclaman-doaSuainocência,fê-l’Oaçoitarcomvaras, antes de O entregar à morte.Mataram-n’O em nome da verdade,invocando o interesse do povo, bemcomoointeressedocéu,eumavilpo-pulaçatevelicençadeOinsultarmes-monopretórioeatésobreaCruz.Eiso Homem-Deus, escondido e comoqueaniquiladonoseiodoHomemdasdores.DoCéu,quepareceencerrado,nenhumsocorro;sobreaTerra,oSeu

domínioéoCalvário,oSeutrono,umpatíbulo.

Entretanto,Elereina.OtítulodaSuaRealeza, escrito pela mão que O en-trega,encontra-secravadonoinstru-mento de suplício pelas mãos que Ocrucificam.Queesforçosserão feitospara retirar esta Cruz, para dela ar-rancarestetítuloreal!TodaviaaCruzé estável, e o título real está escritoparatodaaeternidade.Semduvidarjamais da Sua fraqueza, nem da Suavitória, o Divino supliciado haviadito:Euvenciomundo.Eleexpira;astrevas envolvem a Terra, os mortossaem das sepulturas. Advertido porestasperturbações,ohomemdaforçapública,aquelequeacabadeassegurara execução da sentença iníqua, reco-nheceeadoraaVítima:Eraverdadei-ramenteoFilhodeDeus!Énecessáriorecordarmo-nosdestahistóriaedestafiguraantesqueesbocemosafiguraeahistóriadePioIX.Nósnãonosen-contramos nas condições ordináriasda biografia. Não vamos bosquejarumhomemsemelhanteaosoutros.

Estenãonasceuparaasobrascomuns.Numacarnesubmetidaàsenfermida-des comuns e à morte, ele (O Papa)incorpora,comonós,umespíritoex-postoaoerro,masnãoencerradoemtodas as nossas limitações nem sub-metidoatodasasnossasfalhas.Deusvinculou-oporumjuramentoeternoeassiste-oespecialmente.Eleéaque-

OPapa,sucessordeNossoSenhorJesusCristo

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leaquemoSalvadordisse:Euestoucontigo.Aquiacarnemortalenvolvemaisimortalidadedoqueemnós.EleéPedroquenãomorre,sentadonumTronoquenãosedesmorona.EleéorepresentantedeDeus,queDeusco-locouemRoma,porqueRomaconsti-tuiolocalondeaprazaDeushabitar;e a sua História encerra mais o ele-mentoDivinodoquequalqueroutra.Fraco, difamado, ridicularizado, cru-cificado como o Homem das dores,invencívelcomooHomem-Deus,nascondiçõesdoCalvário,ElecontinuaaobradoCalvário;obraincomparável,prosseguidaeengrandecidadesdehádezoitoséculosperantehomenspros-ternados diante do milagre ou estu-pefactosefuriososfaceaoproblema.OPapaensina,expia, liberta,morre,elereina.

Elelevaumnomeincomunicável;eleéoPapa,oPai!Qualquerlíngua,mes-morebelde,assimodenomina,ene-nhumaonãodenominaassim.Asuarealeza paternal, a mais antiga queexiste no mundo, é simultaneamen-te,globalmente,amaiscontestadadotempo histórico, mas a mais seguradofuturo.Nesteponto,osentimentoprofundodosmaisinteligentesentreosseusinimigosestádeacordocomacrençadosseusfiéismaisfirmes.Por-quê? Os seus fiéis cobrem o mundo;avalia-seoseunúmeroemduzentosmilhões, todavia encontram-se dis-seminados,reduzidosdefacto,comoforça activa, a um punhado; os seusinimigossãoporémemnúmerodes-

comunal, poderosos, ardentes, coli-gados,munidosdearmassoberanas.Elesdesejameelesprofetizamaque-da do Papado. Qual porém a causadoseudesespero?QualacausaparaqueoPapado,cercadodearmadilhas,pressionado por soldados, mortifica-do de golpes, escoltado de injúrias edeescárnios,viva,marche,enãovejapartealgumadeterralongínqua,nempovo inimigo que ele, o Papado, nãoespere conquistar? Tal constitui omilagre,talconstituioproblema,talconstitui o triunfo permanente doHomemdasdores.

Nóstemossobosolhosesteescânda-lodarazãohumana.EcomoarazãohumananãofoinuncamaisrevoltadacontraoDeusdaCruzdoqueagora,ejamaisnegoucommaiorobstinaçãoosSeusdireitossobreomundodoquehoje,nuncaoseuescândalofoimaior.Pode dizer-se que ela (a razão) tudovenceu.Oquenãodestruiu,elaalte-rou-oàsuamaneira.Elasubverteuasinstituições,formatouosespíritosnadúvida, paralisou os corações. Rom-pendo com a Ordem Sobrenatural,as suas leis (da razão) proclamaramaexautoraçãodeDeusNossoSenhorJesus Cristo, Cuja Divindade e até aexistência histórica foi negada pelaciência.

ArazãoimpôssobreaTerraumdirei-todesuaautoria,odireitodohomem,denominado mais tarde o “Direitonovo”, o qual constitui simplesmen-teodireitodoseucapricho.Armada

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com este direito, a razão renegou edesprezou todo o Direito anterior,todo o Direito da Terra e todo o Di-reito do Céu. Ela despojou violenta-menteosReisdasuacoroa,ospovosda sua nacionalidade, os indivíduosda sua propriedade, as almas da suacrença,osAltaresdasualiberdade.Osseussofismascorrompempelomedooshomensaosquaisaindanãoconse-guiramarruinarobomsenso:todaaresistênciaévã.Jamaisdéspotamaisinsolentedisseàconsciência:Cala-te!Jamaisaconsciênciafoiabandonadaaos apupos dos facínoras com maiordesdém. Quem portanto constituiaindaumfreioparaa razão,eentãoporqueéquetendoela(arazão)tudovencido, ainda não se apoderou detudo?

Um só homem se ergue perante arazão sobre as ruínas da civilizaçãocristã, impedindo-as de se dispersa-rem em poeira, preservando por en-tre estas ruínas o espírito que tudopoderenovarnasequênciadastradi-çõeseternas,sobasasasdaCruz.Estehomem pacífico DIZ NÃO À RAZÃOHUMANA SEPARADA DA RAZÃODIVINA;nãoaoseudireitonovo;nãoaos seus empreendimentos arreba-tados contra os direitos dos povos econtraosdireitosdeDeus,poisquan-doambossãoseparados-anulam-se;constituindo o Papado a integraçãoplena e verdadeira expressão dessesdireitos. Na sua fraqueza, invencívelatéagora,oPapadosalvaguardaoquenãopoderiaperecersemqueogéne-

ro humano se visse imediatamentereposicionadosobapataenvenenadadodespotismoantigo.

Roma pertencerá a Pedro, Sacerdo-te de Nosso Senhor Jesus Cristo, oupertencerá a Nero, sacerdote da suaprópria divindade? O problema co-loca-se hodiernamente tal como hádezoito séculos, mais resolutamenteaceitepelaapostasiadoqueofoipelaincredulidade. «Nós não queremosque Ele reine sobre nós!» Este gritodasinagogaéfomentadoporhomensque receberam o Baptismo. E comonosprimeirosdias,aTerratreme,astrevas descem, os mortos saem dossepulcros.Quefantasmasnãoassom-bramosolharesdosvivos?Sim,ose-pulcro de Nero pode-se reabrir. MasPedronãomorre!

Pedro! Posicionada atrás dele, des-pertadapelasuavoz,emocionadadeadmiração e amor, saudando-o comtítulos magníficos que lhe conferemosdoutores,aCatolicidadenomeia-o(aoPapa)aindaMoisés,OPatriarcaUniversal, o Pai dos Pais, O Herdei-rodosApóstolos,aBocaeochefedoapostolado, o Refúgio dos Bispos, oPastordetodosospastores,ovínculodeunidade.

LouisVeuillot(�����-������)

(�) O texto original indica aqui «odoceegrandePioIX».Estasubstitui-çãopretendesublinharoalcanceuni-versaldareflexãodesenvolvidanestaslinhas, bem como a pertinência queaindahojepossuem.

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Veneráveis Irmãos: Saúde e BênçãoApostólica!

�. Pelos inescrutáveis desígnios deDeusfomoselevadosdenossapeque-nezaocargodeSupremoPastordoRe-banhodeCristo,emdiasbemcríticoseamargos,poisoantigoinimigoandaem redor deste Rebanho e lhe armalaçosemtãopérfidaastúcia,quehoje,principalmente,parecehaver-secum-pridoaquelaprofeciadoApóstoloaosanciãosdaIgrejadeÉfeso:“Seique…voshãodeassaltarlobosvorazes,quenãopouparãooRebanho”(At��0,��9).DosmalesqueafligemaReligiãonãoháquem,animadodezelopelaGlóriadivina,deixedeinvestigarascausaserazões,acontecendoque,comoasen-contra cada qual diversas, proponha

diferentesmeios,deacordocomasuaopiniãopessoal,paradefendereres-tauraroReinodeDeusnaTerra.Nãoproscrevemos,VeneráveisIrmãos,ospareceres alheios, mas estamos comos que pensam que esta depressão edebilidadedasalmas,dequederivamos maiores males, provêm, princi-palmente, da ignorância das CoisasDivinas. Esta opinião concorda in-teiramentecomoqueoDeusmesmodeclaroupeloProfetaOséias:“Nãoháconhecimento de Deus na Terra. Amaldição e a mentira, e o homicídioeorouboeoadultériotudoinunda-ram; o sangue junta-se ao sangue eporcausadistoaTerrasecobrirádelutoetodososseusmoradoresdesfa-lecerão”(Os��,�-�).

CARTAENCíCLICA

desuaSantidadeoPapaSãoPioX

Acerbo Nimis

Sobre o Ensino do Catecismo

Aos Veneráveis Irmãos Patriarcas, Primazes, Arcebispos, Bispos e Mais Ordinários em Paz e Comunhão com a Santa Sé Apostólica

EmOutubrode�9���foieditadopelaprimeiravezemRomaoCa-tecismodeSãoPioX.Fezagoracemanos.SãoPioXreviupessoal-mentetodootexto;tendoconfiadoaredacçãoitalianaaescritoresdeprestígio.EraumaépocaemqueoreinodeItália,laico,proibiaoensinodareligiãonasescolasoficiais.

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Necessidade da Instrução

��. Quão fundadas são, desgraçada-mente, estas lamentações, hoje, queexiste tão crescido número de pes-soas,entreoPovoCristão,queigno-ramtotalmenteascoisasqueémisterconhecer para conseguir a SalvaçãoEterna!Aodizer–PovoCristão–nãonosreferimossomenteàplebe,ouàsclassesinferiores–àsquaisservemdeescusa o acharem-se com freqüênciasubmetidas a homens tão duros quelhesnãodeixamtemponemparacui-dardesimesmas,nemdascoisasquesereferemàsuaalma–maseprinci-palmentefalamosdaquelesaosquaisnão falta entendimento nem culturaeatésemostramdotadosdeprofanaerudição,apesardequeemcoisasdeReligião vivem da maneira mais te-merária e imprudente que imaginarse possa. Dificílimo seria ponderar aespessuradastrevasqueosenvolveme–oquemais tristeé–a tranqüili-dadecomquenelaspermanecem!DeDeus, Soberano Autor e Moderadordetodasascoisas,edaSabedoriadaFéCristãnãosepreocupam,deformaqueverdadeiramentenadasabemdaEncarnação do Verbo de Deus, nemda Perfeita Restauração do GêneroHumano, por Ele consumada; nadasabemacercadaGraça,principalau-xílio para alcançar os Bens Eternos;nada, acerca do Augusto Sacrifícionem dos Sacramentos, mediante osquais conseguimos e conservamos aGraça.Quantoaopecado,nãoconhe-cemsuamalícianemoopróbrioque

consigotraz,desortequenãopõemo menor cuidado em evitá-lo ou ex-piá-lo,e chegamaoDiaExtremoemdisposiçãotalque,paranãoosdeixarsem qualquer Esperança de Salva-ção, o Sacerdote se vê constrangidoaaproveitarosderradeirosinstantesdevidaparasumariamentelhesensi-narReligião,aoinvésdeempregá-losprincipalmente, conforme conviria,emmovê-losaafetosdeCaridade;istoquandonãosucedequeomoribundosofra de tão culpável ignorância quetenha por inútil o auxílio do Sacer-dote e resolva tranqüilamente fran-quearosUmbraisdaEternidadesemhaverprestadoaDeuscontadosseuspecados.Por isso,oNossoPredeces-sor Bento XIV justamente escreveu:“Afirmamos que a maior parte doscondenadosàspenas eternas padecesuaperpétuadesgraçaporignorarosMistérios da Fé, que necessariamen-tesedevemconhecerecrer,parasercontadononúmerodoseleitos”(Ins-tit.XXVII,���).

�. Sendo assim, Veneráveis Irmãos,que há de surpreendente, pergunto,em que a corrupção dos costumes esua depravação sejam tão grandes ecresçam diariamente, não digo nasnações bárbaras, mas até nos pró-priosPovosqueostentamonomedeCristãos?ComrazãodiziaoApóstoloSãoPaulo,escrevendoaosEfésios:“Afornicaçãoetodaespéciedeimpurezaouavarezanemsequersenomeieen-trevós,comoconvémaSantos;nempalavras torpes, nem chocarrices”

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(Ef �,�-��). Como fundamento destePudor e Santidade, com os quais semoderam as paixões, determinou aCiênciadasCoisasDivinas:“Eassim,cuidai,irmãos,emandarcomPrudên-cia;nãocomo insensatos,mascomocircunspectos… Portanto, não sejaisimprudentes,masconsideraiqualéaVontadedeDeus”(Ef�,��.��).

Sentençajusta;porqueavontadehu-mana apenas conserva algum restodaqueleamoràhonestidadeeàreti-dão,inspiradosaohomemporDeus,seuCriador,amorqueoimpeliaparaumbem,nãoveladoporsombras,masclaramentevisto.Mas,depravadapelacorrupçãodopecadooriginaleesque-cidadeDeus,seuGerador,avontadehumana inclina-se a amar a vaidadee a procurar a mentira. Extraviada ecega pelas más paixões, necessita deum guia que lhe mostre o caminhoparaqueretomeasVeredasdaJusti-ça,quedesgraçadamenteabandonou.Este guia, que não é preciso buscarforadohomem,edequeanaturezaoproveu,éaprópriarazão;masseàrazão falta aquela luz, irmã sua, queéaCiênciadasCoisasDivinas,suce-deráqueumcegoguiaráoutrocegoeamboscairãonoabismo.OSantoReiDavi,glorificandoaDeusporestaLuzda Verdade que havia infundido narazãohumana,dizia:“AluzdoVossorosto,Senhor,estáimpressaemnós”.EindicavaoefeitodestacomunicaçãodaLuz,acrescentando:“Infundistesaalegriaemmeucoração”(Sl��,6-�).

Efeitos das Doutrina Cristã

��. Descobre-se facilmente que assimé, porque, de fato, a Doutrina Cris-tã nos faz conhecer a Deus e o quechamamos suas Infinitas Perfeições,quiçámaisfundamentequeasforçasnaturais. E de que forma? Mandan-do-nosaomesmotemporeverenciaraDeusporobrigaçãode“Fé”,queserefere à razão; por dever de “Espe-rança”,queserefereàvontade,epordeverde“Caridade”,queserefereaocoração, com o qual torna o homeminteiramente submetido a Deus, seuCriador e Moderador. De igual for-ma só a Doutrina Cristã estabeleceo homem na posse de sua eminentedignidade natural como filho do PaiCelestial,queestánosCéus,equeofezàSuaimagemesemelhançaparavivereternamentefelizcomEle.Masdesta mesma dignidade e do conhe-cimento que dela se deve ter, deduzCristoqueoshomensdevemamar-secomo irmãos e viver na Terra comoconvém aos Filhos da Luz, “não emglutonerias e embriaguez, não emdesonestidadesedissoluções,nãoemcontendas e emulações” (Rm ��,��).Manda-nos, outrossim, que nos en-treguemos às Mãos de Deus, que équem cuida de nós; que socorramosos pobres, façamos o bem a nossosinimigos e prefiramos os Bens Eter-nos da alma aos perecedores benstemporais. E, mesmo sem esmiuçartudo, não é, porventura, a DoutrinadeCristoquerecomendaeprescreveao homem soberbo aquela humilda-

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de que é o verdadeiro manancial deSuaGlória?“Todoaquele,pois,quesehumilhar,esseseráomaiornoReinodos Céus” (Mt ���,��). Nesta CelestialDoutrinanoséensinadaigualmenteaPrudênciadeEspírito,queserveparanos proteger da prudência da carne;aJustiça,pormeiodaqualdamosacadaumoquelhepertence;aForta-leza, que nos torna capaz de sofrere padecer tudo generosamente porDeusepelaBem-aventurançaEterna;enfim, a Temperança, que nos tornaamávelaPobrezaporAmordeDeus,equeemmeiodenossashumilhaçõesfaz com que nos gloriemos na Cruz.DemaneiraquepelaSabedoriaCristãnão somente recebe nossa inteligên-ciaaLuzquenospermitealcançaraVerdade, mas até a vontade fica em-polgada daquele Amor que nos con-duzaDeuseaElenosunemedianteoexercíciodaVirtude.

�. Longe estamos de afirmar que amalícia da alma e a corrupção doscostumesnãopossamco-existircomaconsciênciadaReligião.ProuveraaDeus que os fatos demonstrassem ocontrário. Mas compreendemos quequando e espírito está envolto pelasespessas trevas da ignorância, nãose pode capacitar nem da retidão davontade nem dos bons costumes,porque se, caminhando com olhosabertos,podeohomemapartar-sedobomcaminho,oquesofredecegueiraestá em perigo iminente de desviar-se. Acrescente-se que em quem nãoestádetodoapagadooarchotedaFé,

restaaindaumaEsperançadequeseemende e se cure da corrupção doscostumes; mas quando a ignorânciase junta à depravação, já não restapossibilidade de remédio, mas estáabertoocaminhodaruína.

O Primeiro Ministério.

6.PostoquedaignorânciadaReligiãoprocedemtãogravesdanos,e,deou-trolado,sãotãograndesanecessida-deeautilidadedaDoutrinaReligiosa,desdeque,desconhecendo-a,emvãoseesperariaquealguémcumprisseasobrigações de Cristão, convém saberagora a quem compete preservar asalmas desta perniciosa ignorância einstruí-las em tão indispensável Ci-ência.Oque,VeneráveisIrmãos,nãooferece dificuldade alguma, porqueessa transcendente missão recai so-breosPastoresdeAlmas.Estes,efe-tivamente, acham-se obrigados porpreceitodopróprioCristoaconhecere apascentar as ovelhas que lhes fo-ramconfiadas.Apascentaré,antesdomais,doutrinar.“EuvosdareiPasto-ressegundooMeuCoração,quevosapascentarão com a Ciência e com aDoutrina”(Jr�,��).

AssimfalavaJeremias,inspiradoporDeus; pelo que dizia o Apóstolo SãoPaulo:“CristonãomeenviouparaBa-tizar, mas para pregar” (�Cor �,��).AdvertindoassimqueoprincipalMi-nistériodequantosexercem,emcer-tosentido,ogovernoda Igreja,con-sisteemensinaraosfiéisaDoutrinaSagrada.

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�. Inútil se nos afigura aduzir novasprovas da excelência deste Ministé-rioedaestimaquemerecedeDeus.CertoéqueDeusexaltagrandemen-teaPiedadequenosmoveaprocuraro alívio das humanas misérias; mas,quem negará que muito acima deladevemsercolocadosozeloeotraba-lhomedianteosquaisoentendimen-torecebeoensinoeosconselhosrefe-rentes,nãoàsnecessidadesterrenas,mas aos Bens Celestiais? Nada podeser mais grato a Jesus Cristo, Salva-dordasalmas,quepeloProfetaIsaíasdissedeSiMesmo:“FuienviadoparaEvangelizarospobres”(Lc��,���).

Importa muito, Veneráveis Irmãos,insistirparaquetodososSacerdotescompreendambemqueninguémtemmaior obrigação e dever mais impe-rioso. Porque, quem negará que noSacerdote hão de unir-se a Ciência ea Santidade de Vida? “Nos lábios doSacerdotedeveestarodepósitodaCi-ência”(Ml��,�).E,comefeito,aIgre-ja o exige rigorosamente de quantosaspirama ingressarnoSacerdócio.Epor que isto? Porque o Povo Cristãoesperareceberdosacerdoteoensina-mentodaDivinaLeieporqueDeusodestinaparapropagá-la.“DesuabocasehádeaprenderaLei,poisqueeleéoAnjodoSenhordosExércitos”(Ml��,�). Por isso, nas Ordens Sacras, oBispodiz,dirigindo-seaosquevãoserelevados ao Sacerdócio: “Que vossaDoutrinasejaremédioespiritualparaoPovodeDeus,eoscooperadoresdenossa Ordem sejam prudentes, para

que,meditandodiaenoiteacercadaLei, creiam no que leram e ensinemaquilo em que acreditam” (PontificalRomano).

SenãoháSacerdotealgumaquemnãocorrespondamestasobrigações,quaisnãoserãoasdaquelesquepelonomeeautoridadequeostentameporsuamesma dignidade têm a seu cargo ecomoqueporcompromissoaCuradasAlmas?EstesdevemsercolocadosdealgummodonasfileirasdosPastoreseDoutoresqueJesusCristodeuaosfiéis“paraquenãosejamcomomeni-nosflutuantes,elevados,aosabordetodo vento de doutrina, pela malig-nidadedoshomens,pelaastúciadosqueinduzemaoerro,mas,praticandoaVerdadenaCaridade,cresçamosemtodasascoisasnaquelequeéaCabe-ça,oCristo”(Ef��,���-��).

Disposições da Igreja.

��.Porisso,oSacrossantoConcíliodeTrento, falando dos Pastores de Al-mas,julgouqueaprimeiraeamaiordesuasobrigaçõeseraadeensinaroPovoCristão(Sess.V,c.��deRefor. ;XXII,c.��;sess.XXIV.c.��e�deRe-for. ). Dispôs, em conseqüência, queaomenosnosDomingoseFestasSo-lenes dessem ao Povo Instrução Re-ligiosa, e durante os Santos Temposde Avento e Quaresma diariamenteouaomenos trêsvezespor semana.Masnãosóisto,porqueacrescentaoConcílioqueosPárocosestãoobriga-dos,aomenosnosDomingoseDiasdeFesta,aensinar,porsiouporou-

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tros,aosmeninosasVerdadesdaFéeaObediênciaquedevemaDeuseaseus pais; e lhes manda, outrossim,que, quando tenham de administraralgumSacramento, instruamemsuavirtude os que o vão receber, expli-cando-o por meio de Pregações emlínguavulgar.

9.EmsuaConstituição“EtsiMinime”,NossoPredecessorBentoXIVresumiuestasprescriçõeseasdeterminoucla-ramente, dizendo: “Duas obrigaçõesimpõe principalmente o Concílio deTrento aos Pastores de almas: uma,que todos os Dias de Festa falem aoPovoacercadasCoisasDivinas;outra,queensinemaosmeninoseaosigno-rantes os Elementos da Lei Divina eda Fé”. Este Sapientíssimo Pontíficedistingue justamenteoduploMinis-tério,asaber,aPregação,quehabitu-almentesechamaExplicaçãodoEvan-gelho,eoEnsinodaDoutrinaCristã.Nãofaltarão,porventura,Sacerdotesque,movidosdodesejodepoupar-setrabalho,crêemquecomasHomiliassatisfazem a obrigação de ensinar oCatecismo.Quemquerquereflitades-cobriráocaráctererróneodestaopi-nião;porqueaPregaçãodoEvangelhoestádestinadaaosquejápossuemosElementosdaFéevemasercomoopãoquesedevedaraosadultos;mas,pelo contrário, o Ensino do Catecis-moéaquelealimentodequeSãoPe-dro queria que todos o desejassemavidamente com simplicidade, comomeninosrecém-nascidos.EsteOfíciodeCatequistaconsisteem[�]escolher

algumasVerdadesrelativasàFéeaosBonsCostumesCristãoseexpô-laseexplicá-lasemtodososseusaspectos.EcomoofimdoensinoéaPerfeiçãoda Vida, o Catequista há de compa-raroqueDeusmandaobrareoqueos homens realmente fazem, depoisdo que, e havendo extraído oportu-namente algum exemplo da SagradaEscritura,daHistóriadaIgrejaoudasVidasdosSantos,hádeaconselharoseuauditórioecomoqueindicar-lheadedoanormaaquesedeveajustaravida,eterminaráexortandoospre-sentesafugirdosvícioseapraticaraVirtude.

Instrução Popular.

�0.Nãoignoramos,emverdade,queoOfíciodeEnsinaraDoutrinaCristãnãoégratoamuitos,queoestimamempoucoeacasoimpróprioparacon-seguir o elogio popular; isto posto,entendemos que semelhante juízopertenceaosquesedeixamlevarpelaleviandademaisdoquepelaVerdade.Não negamos certamente a aprova-ção devida aos Oradores Sacros que,movidos do sincero desejo da GlóriaDivina,seempregamnadefesaerei-vindicação da Fé ou em fazer o Pa-negírico dos Santos; mas seu laborrequer outra preliminar, a dos Cate-quistas, pois, faltando esta, não háfundamento e em vão se fadigam osqueedificamacasa.Assazfreqüenteéquefloridosdiscursos,recebidoscomaplausopornutridasassembléias,so-mentesirvamparaagradaraoouvido

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enãocomovamasalmas.Emtroca,oEnsino Catequético, ainda que sim-ples e humilde, merecem que se lheapliquemestaspalavrasqueDeusins-pirouaIsaías:“DomesmomodoqueachuvaeanevedescemdoCéueaelenãoretornam,masempapamaterraeapenetramefecundam,afimdequeproduzamsementeparasemearepãoparacomer,assimseráaPalavraquesaidaminhaboca:nãotornaráamimvazia,masobrarátudoaquiloqueEuqueroeexecutaráfelizmenteaquelascoisasparaqueEuaenviei”(Is��,�0-��).OmesmojuízosehádeformulardaquelesSacerdotesque,paramelhorexporemasVerdadesdaReligião,pu-blicameruditosvolumes,motivopeloqualsãodignos,certamente,decopio-soselogios;mas,semembargo,quãoreduzidoéonúmerodosqueconsul-tam as obras deste gênero e destastiramosfrutosquecorresponderiamaosdesejosdoautor!MasoEnsinodaDoutrinaCristã,sefeitocomosedevefazê-lo, nunca é inútil para os que oescutam.

��. Convém repeti-lo, para inflamaro zelo dos Ministros do Senhor; já écrescidíssimo, e aumenta cada diamais, o número dos que tudo igno-ram em matéria de Religião, ou têmde Deus e da Fé Cristã conceito tal,que, em plena Luz da Verdade Cató-lica,lhespermitevivercomopagãos.Ai!Quão grande é o número, não di-Quãograndeéonúmero,nãodi-remosdemeninos,masdeadultoseaté de anciãos, encurvados pela ida-de, que ignoram absolutamente os

principaisMistériosdaFé,e,ouvindofalar de cristo, respondem: “Quemé Ele… para que eu creia n’Ele?” (Jo(Jo9,�6). Daí o terem por lícito forjar emanteródiocontraopróximo, fazercontratos iníquos, explorar negóciosinfames, fazer empréstimos usurá-rios e constituir-se réus de outrasprevaricações semelhantes. Daí que,ignorantesdaLeideCristo–quenãosomenteproíbetodaaçãotorpe,mastambémtodopensamentovoluntárioeodesejodecometê-la–muitosque,seja lápeloquefor,quaseseabstêmdosprazeresvergonhosos,alimentamemsuasalmas,quecarecemdePrin-cípios Religiosos, os pensamentosmais perversos, e tornam o númerodesuas iniqüidadesmaiorqueodoscabelosdesuacabeça.Edeve-serepe-tirqueestesvíciosnãoseencontramsomenteentreagentedoCampoeoPovoBaixodasCidades,mastambém,e acaso com maior freqüência, entrehomensdeoutracategoria, inclusiveentreosqueseenvaidecemdeseusa-bere,apoiadosemumavãerudição,pretendem ridicularizar a Religião e“blasfemar de tudo quanto não co-nhecem”(Jd�0).

���. Se é coisa vã esperar colheita deterra que não foi semeada, como sepode esperar gerações adornadas deboas obras, se oportunamente nãoforaminstruídasnaDoutrinaCristã?Dondejustamenteinferimosque,seaFéenlanguesceemnossosdiasapon-to de que em muitos sujeitos parecemorta,équesetemcumpridodescui-

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dadamente, ou se omitiu de todo, aobrigaçãodeensinarasVerdadescon-tidasnoCatecismo.Inútilserádizer,para encontrar escusa, que a Fé nosfoidadagratuitamenteeconferidaacada um no Batismo. Porque, certa-mente, quando fomos batizados emJesusCristo,fomosenriquecidoscomapossedaFé;masestadivinasementenãochegaa“crescer…elançargrandesramos”(Mc��,���)seficaabandonadaa si mesma e à sua nativa Virtude.Temohomem,desdequevemaestemundo,afaculdadedeentender;masestafaculdadenecessitadaexcitaçãodapalavramaternaparaconverter-seem ato, como se costuma dizer nasescolas. Isto, precisamente, aconteceao homem Cristão, que, ao renascerpela água e pelo Espírito Santo, trazcomo que em germe a Fé; necessita,porém,doensinamentodaIgrejaparaqueestaFépossanutrir-se,desenvol-ver-seedarfruto.PeloqueescreviaoApóstolo: “AFéprovémdoouvireoouvirdependedaPregaçãodaPalavradeCristo”(Rm�0,��).E,paramostraranecessidadedoensino,acrescentou:“Comoouvirãofalar,senãoháquemlhespregue?”(Rm�0,���).

Normas.

��.Se,peloqueatéaquifoiexposto,jásepodeverquala importânciadaInstruçãoReligiosadoPovo,devemosfazer quanto nos seja possível a fimde que o Ensino da Sagrada Doutri-na, que, servindo-nos das palavrasdoNossoPredecessorBentoXIV,éa

instituiçãomaisútilparaaGlóriadeDeuseaSalvaçãodasAlmas(Const.EtsiMinime,��),semantenhasem-pre florescente ou, onde tenha sidodescuidada, se restaure.Assim,pois,VeneráveisIrmãos,querendocumpriresta grave obrigação do ApostoladoSupremo e fazer que em toda partese observem em matéria tão impor-tanteasmesmaspráticas,emvirtudede Nossa Suprema Autoridade, esta-belecemos para todas as Dioceses asseguintes disposições, que deverãoserrigorosamenteobservadasecum-pridas:

���. I. Todos os Párocos, e em geralquantos Sacerdotes exercem a CuradeAlmas,hãodeinstruircomrespei-to ao Catecismo, durante uma horainteira,todososDomingoseDiasdeFestadoano,semexcetuarnenhum,atodososmeninosemeninasnaqui-loquedevemcrerepraticarparaal-cançaraSalvaçãoEterna.

��. II. Os mesmos hão de prepararasmeninasemeninos,emépocafixadoano,emedianteInstruçãoquehádedurarváriosdias,areceberdigna-menteosSacramentosdaPenitênciaeConfirmação.

�6. III. Além disso, hão de prepararcomespecialcuidadoaosjovenzinhosejovenzinhas,paraque,santamente,se aproximem pela primeira vez daSagrada Mesa, valendo-se para estefim de oportunas Instruções e Exor-tações,durantetodososdiasdaQua-resma, e, se for necessário, durante

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váriosoutrosdepoisdaPáscoa.

��.IV.EmtodasasParóquiasseeri-girá canonicamente a Associaçãoque vulgarmente se denomina Con-gregaçãodaDoutrinaCristã[Cf.CD,�0],comaqual,principalmenteondeaconteçaserescassoonúmerodeSa-cerdotes, terão os Párocos auxiliaresdo Estado Secular para o Ensino doCatecismo,osquaisseocuparãonesteMinistério, tanto por zelo da Glóriade Deus, como para lucrar as SantasIndulgênciasqueosromanosPontífi-cestêmenriquecidoessaAssociação.

���.V.Nasgrandescidades,principal-menteondehajaFaculdadesmaiores,LiceuseColégios,fundem-seEscolasde Religião, para instruir nas Verda-desdaFéenaspráticasdaVidaCristãaJuventudequefreqüentaasEscolasPúblicasemquesenãomencionaasCoisasdeReligião.

�9. VI. Porque nestes tempos de de-sordem a Idade Madura não estámenos que a Infância necessitadade Instrução Religiosa, os Párocos equantos Sacerdotes tenham Cura deAlmas, além da costumada HomiliasobreoSantoEvangelho,quehãodefazertodososDiasdeFesta,naMissaParoquial,escolhamahoramaisopor-tunaparaocomparecimentodosfiéis–excetuandoadestinadaàDoutrinadosmeninos–efaçamInstruçõesCa-tequéticasaosadultos,emformasim-pleseacomodadasàssuas inteligên-cias, devendo para isso acomodar-seao Catecismo do Concílio de Trento;

detalmodoquenoespaçodequatroou cinco anos expliquem quanto serefere ao Símbolo, aos Sacramentos,ao Decálogo, à Oração e aos Manda-mentosdaIgreja.

��0.VII.Todasascoisas,VeneráveisIr-mãos,mandamoseestabelecemosemvirtudedeNossaAutoridadeApostóli-ca.Agora,obrigaçãovossaéprocurar,cadaqualemsuaprópriaDiocese,queestasprescriçõessecumpraminteira-menteesemtardança.Velai,pois,e,comaautoridadequevosépeculiar,procurai que nossos mandamentosnãocaiamemolvidoou–oqueseriaigual – se cumpram com negligênciae frouxidão. Para evitar esta falta,haveis de empregar as recomenda-çõesmaisassíduaseimperativasaosPárocos,afimdequenãoexpliquemo Catecismo sem preparação, maspreparando-seantescomesmero,demodoquenãofalema linguagemdasabedoria humana, senão que “comsimplicidadedecoraçãoesinceridadediantedeDeus”(��Cor�,���)sigamoexemplodeCristo,que,emboraexpu-sesse“coisasqueestavamocultasdes-de a criação do mundo” (Mt ���,���),semembargo“asdiziatodasaopovopormeiodeParábolas”ouexemplos,“e sem Parábolas não lhes pregava”(Mt ���,���). Sabemos também que omesmo fizeram os Apóstolos, ensi-nadosporJesusCristo,edelesdiziaSãoGregórioMagno: “Puseramtodocuidadoempregaraospovosignoran-tescoisassimpleseacessíveis,enãocoisasaltaseárduas”(Moral. lib.��,

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c.��6).E,emCoisasdeReligião,umagrande parte de homens de nossotempodeveserconsideradaignoran-te.

O Trabalho do Ensino.

���. Não quiséramos que alguém, emrazãodestamesmasimplicidadequeconvém observar, imaginasse queo Ensino Catequético não requeiratrabalho nem meditação; pelo con-trário,sãodemaiornecessidadequeemqualqueroutra.ÉmaisfácilacharumOradorquefalecomabundânciaebrilho,queumCatequistacujasex-plicações mereçam elogios em tudo.Todos,portanto,hãodeteremcontaque,porgrandequesejaa facilidadedeconceitosedeexpressãodequese-jam naturalmente dotados, nenhumfalarádaDoutrinaCristãcomprovei-toespiritualdosadultosedosmeni-nos,seantesnãosepreparoucomes-tudosesériameditação.Enganam-seos que, fiando-se na inexperiência eaviltamento intelectual do Povo, jul-gam-se poderem proceder negligen-temente nesta matéria. O contrárioéqueéaverdade;quantomaissejaaincultura do auditório, maior zelo ecuidadoserequerempara lograrqueas Verdades mais sublimes, tão ele-vadas sobre o entendimento da ge-neralidadedoshomens,penetremnainteligênciadosignorantes,osquais,nãomenosqueossábios,necessitamconhecê-las para alcançar a EternaBem-Aventurança.

����. Seja-nos permitido, Veneráveis

Irmãos, dizer-vos ao terminar estaCarta, o que disse Moisés: “AquelequesejadoSenhor,reúna-secomigo”(Ex ���,��6). Rogamos-vos e suplica-mosqueobserveisquãograndessãoosestragosqueproduznasalmasasóignorânciadasCoisasDivinas.TalvezmuitasoutrasobrasúteisedignasdeelogioseencontremestabelecidasporvósnasvossasDioceses,parabemdevossos respectivos rebanhos; mas,com preferência a todas elas, e comtodo o empenho, todo o zelo e todaaconstânciaquevossejampossíveis,haveis de cuidar esmeradamente dequeoconhecimentodaDoutrinaCris-tã chegue a penetrar na mente e nocoração de todos. “Comunique cadaqual ao próximo – repetimos com oApóstoloSãoPedro–agraçasegundoa recebeu, como bons dispensadoresdosdonsdeDeus,osquaissãomulti-formes”(�Pe��,�0).

Que,medianteaintercessãodaIma-culada e Bem-Aventurada Virgem,vossozeloepiedosa indústriaseex-citem com a Bênção Apostólica, queamorosamente vos concedemos, avós,avossoCleroeaoPovoquevosestá confiado, e seja testemunha deNosso afeto e primícias dos DivinosDons.

Dado em Roma, junto de São Pedro,nodia��deAbrildoanode�90�,se-gundodeNossoPontificado.

Pio,PapaX

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FestividadedaPassagemdoAno

NoPrioradodaFraternidadeemFátima

Dia��deDezembro

�9:00 SantaMissa��0:00 TerçonaCapelinhadasAparições•

���:00 JantarnoPriorado���:�� TerçoemfrentedoSantíssimo

Dia�deJaneiro

0:�0 BrindedeNovoAno��:�0 MissaFestiva

Avisos:

OPadreMontagut,superiordeEspanhaePortugal,estaráconnosco.

Os interessados queiram comunicar a sua presença, pelo menos algunsdiasantes.

Pedimosajudaparaopratoprincipaldojantar.

OmomentodoterçonaCapelinhapodeaindamudar.