quem tem o verdadeiro poder

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Texto básico de Raul Teixeira (Ante o vigor do espiritismo), com adaptações por Antonio Fernando Navarro/2002 Quem tem verdadeiramente o poder? Curiosa é a marcha do ser humano em busca do poder. A posse do poder costuma se transformar em uma ver4dadeira obsessão. Há o poder do dinheiro, mas a morte os afasta das propriedades e dos cofres abarrotados, para que experimentem, no país da verdade, as realidades da vida. Há o poder da política, mas a morte os exclui das decisões bem urdidas, dos conchavos escusos, onde se julgavam fortes, imbatíveis, para que possam identificar as realidades da vida. Há o poder da força; mas a morte arranca-lhes a espada e a lança, fazendo silenciar a sua voz de comando, conduzindo-os ao contato das realidades da vida. Há o poder pelo poder, mas a morte, porém, rouba-lhes o cetro, desaloja-os do trono de ilusão e lhes impõe o conhecimento das realidades da vida. Há o poder sobre familiares indefesos que, frágeis, suportam ameaças, violências físicas e morais, mas a morte lhes desarticula da presunção, desarma-lhes a prepotência, arremessando- os para as realidades da vida. Nenhum poder tipicamente do mundo resiste às transformações que o tempo a tudo impõe. Em verdade, somente a vida, vivida com amor, com fraternidade, com dedicação pelo próximo possibilita que se entenda o que realmente existe como força no mundo todo. A morte, agindo sobre o corpo físico, determina o final das experiências enlouquecidas da alma sobre a terra, fazendo fechar-se o ciclo de abusos, de desmandos, a fim de que o espírito, esse viajante da evolução, possa cair em si, através de meditações profundas, despertando para as realidades da vida. Quem detém o verdadeiro poder no mundo, é todo o indivíduo que se acostumou a construir a paz dentro de si, conseguindo espalhá-la ao seu redor. O verdadeiro poder no mundo pertence àquele que trabalha com honradez, calejando as próprias mãos, simbolicamente, ajudando a iluminar as estradas sombrias desse nosso planeta tão minúsculo diante do universo tão vasto. Somente aqueles que sabem renunciar aos convites dos vícios do mundo, a fim de conquistar as virtudes sublimes que valorizam o íntimo da criatura, é que são reais detentores do mais grandioso poder: o poder sobre si mesmos. O poder do mundo é passageiro, é precário, é temporal. O poder do espírito é imorredouro e propicia a verdadeira felicidade a quem o possui. O poder real é daquele que tudo podendo exigir, torna-se, na terra, o verdadeiro servidor de todos.

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Page 1: Quem tem o verdadeiro poder

Texto básico de Raul Teixeira (Ante o vigor do espiritismo), com adaptações por Antonio Fernando Navarro/2002

Quem tem verdadeiramente o poder? Curiosa é a marcha do ser humano em busca do poder. A posse do poder costuma se transformar em uma ver4dadeira obsessão. Há o poder do dinheiro, mas a morte os afasta das propriedades e dos cofres abarrotados, para que experimentem, no país da verdade, as realidades da vida. Há o poder da política, mas a morte os exclui das decisões bem urdidas, dos conchavos escusos, onde se julgavam fortes, imbatíveis, para que possam identificar as realidades da vida. Há o poder da força; mas a morte arranca-lhes a espada e a lança, fazendo silenciar a sua voz de comando, conduzindo-os ao contato das realidades da vida. Há o poder pelo poder, mas a morte, porém, rouba-lhes o cetro, desaloja-os do trono de ilusão e lhes impõe o conhecimento das realidades da vida. Há o poder sobre familiares indefesos que, frágeis, suportam ameaças, violências físicas e morais, mas a morte lhes desarticula da presunção, desarma-lhes a prepotência, arremessando-os para as realidades da vida. Nenhum poder tipicamente do mundo resiste às transformações que o tempo a tudo impõe. Em verdade, somente a vida, vivida com amor, com fraternidade, com dedicação pelo próximo possibilita que se entenda o que realmente existe como força no mundo todo. A morte, agindo sobre o corpo físico, determina o final das experiências enlouquecidas da alma sobre a terra, fazendo fechar-se o ciclo de abusos, de desmandos, a fim de que o espírito, esse viajante da evolução, possa cair em si, através de meditações profundas, despertando para as realidades da vida. Quem detém o verdadeiro poder no mundo, é todo o indivíduo que se acostumou a construir a paz dentro de si, conseguindo espalhá-la ao seu redor. O verdadeiro poder no mundo pertence àquele que trabalha com honradez, calejando as próprias mãos, simbolicamente, ajudando a iluminar as estradas sombrias desse nosso planeta tão minúsculo diante do universo tão vasto. Somente aqueles que sabem renunciar aos convites dos vícios do mundo, a fim de conquistar as virtudes sublimes que valorizam o íntimo da criatura, é que são reais detentores do mais grandioso poder: o poder sobre si mesmos. O poder do mundo é passageiro, é precário, é temporal. O poder do espírito é imorredouro e

propicia a verdadeira felicidade a quem o possui. O poder real é daquele que tudo

podendo exigir, torna-se, na terra, o verdadeiro servidor de todos.