quem é o sujeito do direito

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Quem é o Sujeito do Direito? Sujeito Capaz QUEM? Indivíduo autor O QUÊ? Ação motivo PORQUÊ? Explicação SUJEITO CAPAZ capacidade de designar-se autor de seus atos; capacidade de auto-estima e de autorespeito. Quem fala? Sujeito que tem capacidade de se designar a si mesmo, como autor de seus enunciados. Quem é o autor da ação? Importância na atribuição específica a um sujeito em função de determinado ato realizado individualmente ou no grupo. Para que sejam imputadas as reparações necessárias pelos danos causados pelos atos. A capacidade de designar-se a si mesmo como autor de seus atos e o poder de intervir nestas ações, pressuposto pelo conceito ético- jurídico da imputação, são indispensáveis para atribuição ulterior de direitos e deveres. Distinção entre componente narrativa da identidade pessoal ou coletiva, capaz de agir e portanto em constante mutação e a identidade das coisas que é estática. Esta distinção tem importância para um inquérito sobre identidade dos povos e das nações. Em última instância resta analisarmos os predicados éticos e morais, que se ligam quer à idéia de bem (ético) quer à idéia de obrigação (moral), aplicados às ações do indivíduo, que consideramos boas ou más. Um sujeito de imputação resulta da aplicação reflexiva destes predicados aos próprios agentes. A noção de sujeito capaz atinge seu ápice na capacidade de sermos dignos de estima ou de respeito enquanto somo capazes de avaliar Filosofia do Direito (Beatriz, Camila, Maria Lygia, Sandra) Página 1

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Page 1: quem é o sujeito do direito

Quem é o Sujeito do Direito?

Sujeito Capaz QUEM? Indivíduo autor

O QUÊ? Ação motivo

PORQUÊ? Explicação

SUJEITO CAPAZ capacidade de designar-se autor de seus atos;

capacidade de auto-estima e de autorespeito.

Quem fala? Sujeito que tem capacidade de se designar a si mesmo, como autor de seus enunciados.

Quem é o autor da ação? Importância na atribuição específica a um sujeito em função de determinado ato realizado individualmente ou no grupo. Para que sejam imputadas as reparações necessárias pelos danos causados pelos atos.

A capacidade de designar-se a si mesmo como autor de seus atos e o poder de intervir nestas ações, pressuposto pelo conceito ético-jurídico da imputação, são indispensáveis para atribuição ulterior de direitos e deveres.

Distinção entre componente narrativa da identidade pessoal ou coletiva, capaz de agir e portanto em constante mutação e a identidade das coisas que é estática. Esta distinção tem importância para um inquérito sobre identidade dos povos e das nações.

Em última instância resta analisarmos os predicados éticos e morais, que se ligam quer à idéia de bem (ético) quer à idéia de obrigação (moral), aplicados às ações do indivíduo, que consideramos boas ou más. Um sujeito de imputação resulta da aplicação reflexiva destes predicados aos próprios agentes.

A noção de sujeito capaz atinge seu ápice na capacidade de sermos dignos de estima ou de respeito enquanto somo capazes de avaliar como boas ou más, de declarar como permitidas ou proibidas as ações dos outros ou as nossas.

Consideramos uma ligação de implicação mútua entre estima de si e avaliação ética (segundo visão aristotélica- individual) e respeito de si e avaliação moral (sentido kantiano- social). Em conjunto, estima de si e respeito de si definem a dimensão ética e moral do eu, na medida em que se caracterizam o homem como sujeito de imputação ético-jurídica.

Segundo Paul Ricoeur: “Estimamo-nos como capazes de estimar nossas próprias ações, respeitamo-nos por sermos capazes de julgar imparcialmente nossas próprias ações. Assim, auto-estima e autorespeito dirigem-se reflexivamente a um sujeito capaz.”

Filosofia do Direito (Beatriz, Camila, Maria Lygia, Sandra) Página 1

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SUJEITO DE DIREITO

Necessidade de: alteridade interpessoal (eu e tu) – interação com o próximo

alteridade institucional (terceiro) – interação com a sociedade

Passagem de sujeito capaz para um sujeito de direito efetivo, ocorre em quatro níveis.

1. Sujeito Capaz – análise antropológica do homem capaz;2. Alteridade Interpessoal – capacidade de interagir com o próximo, reconhecer o “tu”, como

seu igual em termos de direitos e deveres, a posição de “eu” e “tu” alternando-se na interação;

3. Alteridade Institucional – capacidade de reconhecer terceiros (sociedade, nação), dentro de uma mesma linguagem ou grupo, nem sempre com regras iguais, mas sendo imprescindível a sinceridade e a confiança nas relações. A ligação entre os agentes se dá através de sistemas sociais designados de “ordem de reconhecimento” (Jean-Mac Ferry), organizações que estruturam as interações (sistemas técnicos, sistemas jurídicos e burocráticos, etc..);

4. Dimensão Política – meio de concretização das potencialidades humanas, exercidas num “espaço público” (Hannah Arendt), viver em conjunto. O espaço público pensado como condição para a existência da pluralidade advinda das relações inter-humanas, que abrange todos aqueles que se colocam para além da relação ética (eu e tu) e, em seu papel de terceiros trazem o político até a superfície. O poder resulta da efetiva vontade de viver em conjunto.

A vontade de viver em conjunto é conferida pela instituição política numa estrutura distinta de todos os sistemas caracterizados como “ordem de reconhecimento”.

“A justiça, é a virtude primeira das instituições sociais, tal como a verdade o é para os sistemas de pensamento”(Rawls – Uma Teoria da Justiça). A justiça tem a mesma extensão que as “ordens de reconhecimento”, pois a aplicação da regra de justiça nas interações humanas supõe que se possa considerar a sociedade como um vasto sistema de distribuição, isto é, de partilha de papéis, de cargos, de tarefas e muito para além da simples distribuição no plano econômico de valores materiais.

CONCLUSÃO: Quem é o sujeito de direito? A distinção entre capacidade e realização, que implica a distinção entre duas versões do liberalismo. Numa primeira hipótese é o sujeito capaz digno de respeito, que segundo o Contrato Social, é um sujeito de direito completo antes de entrar na relação contratual, cede direitos reais (naturais) em troca de segurança (Hobbes) ou civilidade e cidadania (Rosseau e Kant), sendo esta associação a outros indivíduos num corpo político, aleatória e revogável. Na segunda hipótese, defendida por Ricouer, um sujeito de direito é um cidadão nascido desta mediação institucional que só pode desejar que todos os homens gozem como ele dessa mediação política que, juntando-se às condições necessárias que relevam de uma antropologia filosófica, se torna uma condição suficiente para transição do homem capaz para o cidadão real.

Posicionando-se além do liberalismo tradicional, Ricoeur entende que sem a mediação institucional “... o indivíduo é apenas um esboço de homem...”, requer, para sua “realização humana” o pertencimento a um corpo político, de modo que, este pertencer não seria passível de revogação – buscando, por isso, ampliar a toda a humanidade o usufruto da mediação política, meio pelo qual seria possível existir uma verdadeira cidadania.

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Ricoeur, ao tratar da questão do sujeito de direito, traça as mediações de ordem interpessoale institucional que permitem a transição da condição de “sujeito capaz” para a de “sujeito dedireito”, que se expressa não apenas no plano do direito, mas também no moral e político22.Segundo Paul Ricoeur: “Estimamo-nos como capazes de estimar nossas próprias ações, respeitamonos por sermos capazes de julgar imparcialmente nossas próprias ações. Assim, auto-estima e autorespeitodirigem-se reflexivamente a um sujeito capaz.23”.Nesse sentido, o campo político surge como meio por excelência de concretização daspotencialidades das pessoas, sob a égide do espaço público. Este, pensado como condição para aexistência da pluralidade advinda das relações inter-humanas, que abrange todos aqueles que secolocam para além da relação ética (eu e tu) e, em seu papel de terceiros trazem o político até asuperfície.Posicionando-se além do liberalismo tradicional, Ricoeur entende que sem a mediaçãoinstitucional “... o indivíduo é apenas um esboço de homem...24”, requer, para sua “realizaçãohumana” o pertencimento a um corpo político, de modo que, este pertencer não seria passível de revogação – buscando, por isso, ampliar a toda a humanidade o usufruto da mediação política, meio pelo qual seria possível existir uma verdadeira cidadania.

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