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Quellentext Escola Sra. da Piedade - Agrupamento de Escolas

Antônio Sena Faria de Vasconcelos

Bewegung und Unterricht/ Bewegung und Lernen/Bewegung und Rhythmisierung

(1) De momento o que há, os programas do ministério da educação, há as metas…

(2) Temos que atingir as metas…

(2) Temos que atingir as metas, agora a maneira como atingimos as metas temos toda a liberdade pedagógica de criar, de utilizar a metodologia que mais está de acordo com o nosso grupo. 5

(2) Ao nível da Matemática é fácil, é muito fácil, até no Português também.

(1) Quando dramatizamos um texto estamos a fazer movimento. Eles estão a expressar, a expressão corporal também é movimento. Se eu ponho uma a fazer de borboleta, ela tem que pelo menos mexer os braços.

(2) Agora evidentemente haverá colegas que não deixam mexer os meninos. 10

(1) Os meus têm toda a liberdade para se levantar e para se mexer, para andar e eu não sou capaz de os ver sentados.

E1) E a introdução, dentro deste assunto, a introdução de mais movimento nas aulas aumentaria a produtividade dos alunos?

(2) Tipos de movimento. Temos os movimentos de relaxe, o movimento e drama, a 15 determinada altura é necessário. Eu no outro dia estava ali numa sala e digo assim a um colega, um dia destes levamos os miúdos ali para o ginásio, e pomo-los a berrar contra a parede, a furar a parede, que é para ver se eles descarregam, para ver se eles chegam à conclusão por meio do ruido, por um lado para descansarem e por outro que no meio do ruído não se entendem, não é verdade. Agora nós podemos 20

fazer isso. Eu já o fiz uns quantos dias com crianças. Agora evidentemente não podemos aqui assumir pelos outros colegas, não é verdade?! Cada um tem a sua liberdade e o seu modo de ensinar. Agora que faz falta o movimento faz, faz falta expressarem-se às vezes até gritarem, faz sim senhora.

(E1) Na opinião dos professores como é que a escola pode desenvolver um decurso 25

rítmico com equilíbrio entre a aprendizagem concentrada e a distração através do movimento?

(1) O quê?

(E1) Como é que é possível encaixar, neste caso as aulas mais teóricas, para se ganhar mais com os espaços de movimento? 30

(1) Falei na Matemática, falei na Língua Portuguesa, falei quando dramatizam. E os meus dramatizam tanto que eu ponho-os a dramatizar.

(2) Explicações, que explicações existem sobre a inclusão mais concepcional do movimento na conceção do período integral da escola, 35

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isto é, se existe uma linha para se colocar espaços ou tempos para os alunos se movimentarem, nas aulas de educação física. Se existe uma preocupação quando na colocação do horário desses espaços.

(3) Existe sempre ao fim da tarde. (4) (2) Sempre ao final da tarde. Evidentemente que nós como professores do 1.º 40

ciclo, isto temo-lo feito durante toda a vida, concerteza que eu também. Vamos tendo a liberdade, vamos tomando a liberdade de quando os miúdos estão com stres ou estão cansados fazemos alguns exercícios de relaxamento até na sala de aula e se quisermos vir cá fora um bocadinho, também podemos vir. Que eu sei que não estamos proibidos 45 de o fazer, se o fizermos ninguém nos diz nada acerca disso.

(5) (1) Há certas áreas, por exemplo a matemática, eu gosto muito de dar no pátio e como? O que é que eu dou no pátio? A noção de área, os ângulos. Eu ponho os garotos com os elásticos agora tu esticas-te para ali, tu esticas-te para ali, fica o vértice e eles fazem os ângulos. A circunferência, traçar a 50

circunferência, com um pau, uma cordinha, um giz na ponta e agora vamos rodar e fazer uma circunferência, portanto é movimento associado à matemática.

(6) (2) Aprendem fazendo movimento, aprendem brincando. Evidentemente que nós, professores do 1.º ciclo, não sendo professores de educação 55 física tivémos alguma preparação brutal, somos obrigados a dá-las, no currículo.

(7) (E1) Como é que as escolas de período integral organizam ritmicamente o decorrer do dia. Como é que a organizam, ao nível de, como hei-de explicar… 60

(8) (2) O período integral, como é que organizam, atividades propriamente do currículo na manhã, mais levezinhas ao princípio da tarde, e as outras atividades de movimento, de expressões, apesar de haver música, apesar de haver EVT, mais para o final do dia. Evidentemente que nós até sabemos que ao nível das AEC’s as orientações do ministério era tornar as AEC’s num 65 espaço lúdico, e às vezes, não é espaço lúdico, e às vezes as pessoas…, podia falar em música, podia falar em inglês, aquilo não é AEC, mas torna-se uma disciplina que o professor quer, uma disciplina autêntica. Eu em tempos tive numa situação em que entrei numa AEC e em que estavam a dar solfejo e coisas do género a miúdos de 3.º e de 4.º ano. E às vezes isso transforma-70

se, aquilo, que devia ser lúdico, que devia ser para os miúdos espairecerem, acaba por ser mais uma carga horária, acaba por ser mais uma disciplina, o que não deveria ser

Bewegung und Lernen = SS können nicht nur im Sitzen lernen

(1) Então eles estão sempre a levantar-se e a sentar-se. 75

(2) Eles hoje em dia não conseguem estar sentados…

(1) Não conseguem estar sentados.

(E1) E como é que os professores reagem a essas necessidades e como é que as controlam?

(2) Cada um à sua maneira, a colega está aqui pode dizer como os controla, 80

deveriam estar mais colegas para nos dar essas informações.

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(1) É assim, eu geralmente eu dou certa liberdade para eles se movimentarem, para virem ao quadro, para se dirigirem a mim. Não sou muito rígida que têm de estar ali todos perfiladinhos. Mas também quando estou a expor as matérias, e agora no quarto ano são muito complexas, eles têm que estar minimamente atentos e não 85 conseguem estar, hoje caiu-me uma da cadeira, hoje caiu-me uma da cadeira porque está sempre assim.

(2) E outras que estão com os pés de cima da cadeira, com os pés para trás e de vez em quando aquilo vira-se.

(1) Hoje uma estava deitada, deitadinha, ajoelhada e com a cabecinhana cadeira. E 90 eu disse: tu tens sono? Pois tenho. Mas aqui não temos camas, tens que te sentar.

(E1) Existem diferenças no ensino da tarde e no ensino da manhã?

1) Existe.

(2) Existe, existe.

(1) A concentração e a atenção de manhã são muito mais. 95

(2) Não foi por acaso que eu lhe falei naqueles períodos da manhã, concentração e nós temos…

(1) E por isso a carga horária da manhã são sempre as atividades mais fortes, mais complicadas.

(2) Mas não quer dizer que a da tarde não seja cansativa, porque principalmente as 100

AEC’s se tornaram numas disciplinas.

(1) Pois, obrigatórias de avaliação.

(2) Ainda por cima de avaliação, onde determinadas aprendizagens às vezes muito complexas.

(1) E os professores do movimento altamente rígidos. 105

(2) Aliás nós verificamos que há aqui professores de educação física nas AEC’s, que ficam descontrolados quando os miúdos se começam a mexer. Metem-nos dentro da sala e ninguém vai fazer ginástica. Quando deveria ser ao contrário. Sim senhora, venham cá, vão correr, correm, correm, correm até não poderem mais. Então agora vamos fazer um joguinho, vamos descansar primeiro e vamos fazer um 110 jogo. Não, é ao contrário, eles começam…

(1) Já dissemos que sim.

(2) Eu sempre o fiz, eu sempre fiz isso.

(E1) Nas aulas de noventa minutos acha que se deveria incluir dois a três minutos, quando eles estão a ficar menos concentrados e meter o movimento 115

para depois voltar a…

(1) De vez em quando já metemos.

(2) O levantar da cadeira, faz isto, faz isso, inspira, expira…

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(1) Vamos bater palmas, vamos levantar os braços, levantar o braço esquerdo, levantar a perna esquerda, no primeiro ano fazemos imenso para a lateralidade. 120

“Não, não se faz aula com movimento na sala de aula... Não é fácil planejar com tanto conteúdo já designado pela Sede ao professor , que é obrigado a executar este no dia-a-dia e, ainda incluir, o movimento com estes conteúdos...ou, até mesmo realizar na sala de aula alguma pausa com movimento...ou ainda, elaborar suas aulas, como a senhora comentou, planejada com movimento (...). Até que achei 125

interessante, mas nós não temos muito tempo para nos reunirmos e planejarmos isto assim não...E, muitas das vezes conversamos mais nos intervalos, e eu não posso lhe garantir que os professores façam isto não...” (Bewegung und Unterricht) (Interview mit Rektor) Schüler 130 (E1) Durante as aulas vocês podem levantar-se e andar pela sala?

(1) Só com a ordem dos professores.

(4) Pois.

(E1) E como é que fazem para pedir autorização?

(1) É metermos o dedo no ar e perguntamos se o professor nos der ordem. 135

(E1) Os professores fazem intervalos?

(1) Nas aulas não. Durante as aulas.

(4) Fazem, casa de banho.

(E1) Só mesmo os intervalos que estão no horário?

(1) (2) (3) Sim. 140

(5) Só mesmo nos intervalos.

(E1) E para andar na sala é só mesmo com autorização?

(1) Sim.

(4) É.

(3) Às vezes não. 145

(E1) E o que é que vocês fazem quando podem andar na sala?

(1) Vamos ao pé da professora para a professora corrigir os trabalhos.

(3) E vamos buscar o dossier.

(E1) Afiar o lápis?

(4) Pois e afiar o lápis, e escrever no quadro. 150

Orange = Lehrer sind an der Curriculumentwicklung nicht beteiligt; Bewegung war noch kein Thema einer Lehrerkonferenz

(2) Não tenho conhecimento.

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(1) Não tenho conhecimento disso, nunca me chamaram para saber qual é o currículo que eu quero. 155

Blau = Integration, sozial emotional auffällige SS

(2) Eram seis, mas nós temos meninos do ensino especial e estamos abrangidos pela equipa do ensino especial com o apoio que dispõem.

(1) Eu aqui, eu, eu sou, sou pela defesa do aluno, sempre, em primeiro lugar e acho que os meninos do ensino especial, os meninos com necessidades educativas 160

especiais estão muito penalizados pelas regras, pelas leis que regem o ensino especial, porque enquanto eu tenho uma turma que a minha turma já teve vinte e três alunos, neste momento tem dezanove com dois meninos do ensino especial, eu tenho esses meninos dentro da minha sala numa semana vinte e duas horas, e as outras horas que são cinco, nem chegará a cinco… 165

(2) Nem chegará a cinco.

(1) … estarão com a professora do ensino especial, isso é muito pouco porque eu não sou técnica do ensino especial, eu não tenho formação para dar, para…, formação específica, para dar… para atuar e acho que quem é penalizado é a criança e é a criança com necessidades educativas especiais. Isto deveria ser ao 170 contrário, sou pela inclusão, mas pela inclusão, vice-versa, vinte e duas horas com o professor do ensino especial, com o técnico que está preparado para isso, e devia estar na turma, no grupo, em atividades lúdicas, em atividades em que ele se sentisse par, porque ele assim não se sente par na aprendizagem. Completamente desfasado, eu tenho uma menina com trissomia 21 que quer é ir para a professora 175

do apoio porque ela ali está a aprender a apertar sapatos, está a aprender a apertar os botões e eu estou ali a massacrá-la com o método da Victória Troncoso1, e trabalho e trabalho e trabalho.

(2) Nós à partida, as limitações são enormes…

Grün: Stundendeputat und Stundenbelastung: a) Die Verteilung ist ungleich b) 180 im Alter keine Stundenentlastung

E depois outra coisa, o meu horário. Eu tenho trinta e cinco anos de serviço, cinquenta e cinco de idade, tenho uma carga horária letiva com vinte e oito horas. Não tenho qualquer redução. A professora, isto não é nada contra os professores do ensino especial, a professora do ensino especial tem uma carga letiva de catorze 185

horas ou de dezasseis horas…

(2) No máximo vinte e duas.

(1) … no máximo vinte e duas no princípio da carreira, e eu que estava no fim, agora não estou, tenho, continuo sempre com a mesma carga horária, isto é de loucos.

Gelb= Ganztagsschule und Stundenverteilung/ Rhythmisierung 190

1 Método de Victória Troncoso é um método de leitura e de escrita para crianças com síndroma de Down, baseado

em vinte anos de prática e de investigação, desenvolvido pela espanhola Maria Victória Troncoso. Baseia-se realmente

no método global de leitura e nos seus pressupostos psicolinguísticos, difere porque implica pôr as crianças a ler

precocemente (2, 3 anos), quando ainda não falam fluentemente.

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1ª Pausa - o intervalo das 10h30 ás 11 horas. Neste momento o referido Diretor reforça que anteriormente à esta pausa, logo cedo, se valoriza a concentração dos alunos para as disciplinas/matérias curriculares, que são Português e Matemática (todos os dias pela manhã). Seguindo depois com as outras disciplinas/matérias Estudo do Meio (3 vezes por semana) e Expressão Artística 195

(também 3 vezes por semana) . (Rhythmisierung)

Comenta que deixa as crianças o mais livre possível, sem nenhuma orientação de atividades nesta pausa, existindo sempre um auxiliar, ou, às vezes, pode ser até mesmo um professor, o qual se reversam para controlar um pouco a dinâmica desta pausa. (Pausenaktivitäten) 200

2ª Pausa - o almoço das 12:30 ás 14 horas. Neste momento se divide os alunos da 1ª e 2ª classe primeiro para irem ao almoço e, depois se segue com os alunos da 3ª e 4ª classe. Os alunos comem e depois ficam livres podendo utilizar tanto o corredor, quanto o pátio que é aberto e arborizado.(Räume in der Mittagspause) 3ª. Pausa - conhecida como o intervalo da tarde, que ocorre das 16h ás 16:30. 205 Neste período se oferta as atividades denominadas não curriculares, como a Educação Física (da 1ª á 4ª classe, que é oferecida duas vezes por semana), a Música (somente para a 3ª e 4ª classe, que é oferecida uma vez por semana) e a chamada Introdução à Tecnologia. (Interview mit dem Rektor)

210 (1) Os horários estão…, a carga horária, a língua portuguesa, a matemática estão sempre nos períodos da manhã.

(2) Essa carga horária, o horário, foi-nos imposto. O horário não fomos nós que escolhemos, os horários foram-nos dados, foram-nos impostos. Evidentemente que na parte da tarde há mais as aulas de expressão, não é, as aulas mais lúdicas. A 215 matemática e o português estão essencialmente da parte da manhã.

Não, não, eu tenho essa liberdade, na minha sala quem manda sou eu.

(2) Nós tomamo-la, mas se forem a ver todos horários que estão ali afixados vieram, já vinham feitos, evidentemente que nós…

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(1) E vem tudo igual. 220

(2) Há colegas que não, há colegas que fazem, e compreendem, que a nível do 1.º ciclo é completamente…, uma hora de trabalho a nível de matemática ou língua portuguesa, um bloco de quarenta e cinco, para que é que serve? Aqui é uma hora! Há agrupamentos que têm blocos de quarenta e cinco. Aqui não. Mas há agrupamentos que eu sei que têm blocos de quarenta e cinco. 225

(1) Mas mesmo numa hora quem tem uma turma com vinte e cinco alunos. Reparem, eu quero por a ler vinte e cinco meninos, uma hora não chega para todos, portanto não pode ser, por isso é a monodocência. Nós com o nosso horário podemos…, eu posso estar uma manhã inteira a explorar a oralidade e depois a parte escrita nessa manhã, quando falo da manhã inteira falo das nove às dez e 230 meia, depois das onze ao meio dia e meio eu posso explorar a parte escrita, conteúdos gramaticais, o dia até me passa…

(2) Mas tens que registar a matemática…

(1) … mas tenho de registar a matemática. Porque tenho de lá escrever, nem que seja revisões, se eu não trabalhei nada na matemática, revisões. 235

(2) Temos toda a liberdade condicionada, é uma democracia imposta. Portanto os horários duplos da manhã e duplos da tarde, toda a gente sabe que o horário duplo da manhã era o horário que funcionava muito melhor e que rendia muito mais aos miúdos. Eu não estou a favor do horário duplo da manhã ou do horário duplo da tarde, acho que atividades de aprendizagens do currículo, deviam ser feitas da parte 240 da manhã, vamos imaginar das nove à uma, depois, e já temos aí quatro horas, da uma às duas e meia teriam o seu almoço descansadinhos, das duas e meia a três e meia teriam uma atividade letiva normal mas na área das expressões, na área da educação física, e depois ficariam com técnicos no pátio, num espaço evidentemente também para fazerem os seus trabalhos de casa, mas com espaço 245

para eles fazerem o que eles estão a fazer ali fora, para brincarem, para correrem, para saltarem com alguma orientação. Porque aqui mesmo assim os miúdos já sabem brincar uns com os outros, mas já estive em escolas em que eles não sabem, eles não são capazes de partilhar um campo, não são. E eu acho que aí, e faz-lhes muita falta aos miúdos brincarem. 250

Rhytmisierung = Schulanfang

Sim, sim, sim, abre às sete e meia.

(E1) E têm algumas, são oferecidos algumas actividades para eles…

(1) Tínhamos animadora, mas agora não temos que a animadora ainda não chegou.

(2) Estamos a aguardar que a animadora chegue, quando a animadora chegar… 255

(1) Estamos a aguardar que desbloqueiem a verba para lhe pagar. São as entrevistas, são os concursos.

(2) Aí têm, pode colocar que tem, têm à entrada e têm à saída. Os miúdos saem daqui, podem sair daqui às seis e meia ou sete.

(1) Quando cá estava a animadora até às sete menos um quarto. 260

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(2) Até às sete menos um quarto tinham atividades, sempre acompanhados e os miúdos nunca estavam sozinhos, estavam sempre acompanhados, com atividades dirigidas ou não. Quando está a animadora, quando não está nem por isso…

“ (...) para isto temos espaços polivalentes para os exercícios e esportes da Educação Física e, também temos uma divisória com sala coberta de tatames para 265

as lutas, o judô...A senhora sabe tudo deve ser conservado e deve se manter sempre limpo, por isto fechamos nos intervalos, para que os alunos não invadem aqui e assim conseguimos preservar assim, olhe, tudo em ordem”... E continua, “(...) ás vezes quando chove é que providenciamos neste espaço algum filme para quê as crianças possam assistir no horário do intervalo, e também até o inicio deste ano 270 tínhamos os chamados “animadores” que utilizava este espaço para as suas atividades dinâmicas nas pausas, mas agora com toda esta política aqui em Portugal, não se dar mais pra pagar os “animadores” (Pausenräume und –aktivitäten)(Interview mit dem Rektor) Schüler 275 (E1) Vocês acham que têm muitas aulas por dia?

(1) (2) (3) (4) (5) Sim.

(E1) Porquê?

(1) Porque é chato ao final do dia estarmos sempre a ouvir os professores e a nos dar ordens. 280

(2) Porque devíamos ter acho mais atividades assim dava para adaptar melhor essas atividades e haver menos tempo de aulas mas as mesmas aulas. E dividir isso por mais atividades.

(3) Porque assim tínhamos mais tempo para descansar e não tínhamos que tar tanto tempo na escola e assim podíamos sair mais vezes. 285

(4) Porque assim às vezes damos sempre a mesma matéria e é um bocado cansativo.

(5) Porque é muito cansativo.

(E1) E o cansaço depois afeta-vos em casa não é?

(4) Sim. 290

(E1) Vocês chegam a casa já não têm vontade de fazer nada.

(1) Sim.

(2) Depois temos de ir para as atividades.

(1) Para o desporto.

(E1) E já vão cansados para as atividades? 295

(1) (5) Sim.

(4) Já.

(E1) Mas mesmo assim gostam de ir?

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(1) (3) (4) (5) Sim

(2) E depois quando saímos ainda temos que fazer os trabalhos de casa. 300

(1) Pois.

(E1) Vocês já disseram que não podem movimentar-se nem mexer-se durante a aula, pois não?

(3) Podemos.

(1) Podemos na cadeira ou assim. 305

(5) Mas brincar não.

(2) Pois brincar não.

(E1) E vocês sentem falta de por exemplo a professora parava a aula para vocês, não sei, fazer um jogo...?

(4) Exato. 310

(3) (5) Sim.

(E1) Uma brincadeira?

(1) Só uma.

(E1) Claro que depois também tinha que se fazer os trabalhos na mesma.

(3) (5) Sim. 315

(2) Quando a professora São estava, não estava presente tivemos outro professor e ele fazia isso.

(E1) E vocês gostavam dessas iniciativas?

(1) (2) (3) (4) (5) Sim.

(E1) Vocês gostavam de ter mais intervalos? Ou os mesmos intervalos mas 320 maiores?

(1) Os mesmos.

(1) (3) (4) Mas maiores.

(5) Os mesmos intervalos, mas maiores.

(E1) Já estão mais habituados. 325

(2) De 45 minutos.

(5) Sim.

(4) Ai isso é muito pouco.

(3) 3 Horas é que era bom.

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Braun= Die Bedeutung von Spielen und Bewegen in der Schule aus Sicht der 330

Eltern und eines Lehrers = Konflikte zwischen Eltern und Lehrern, weil unterschiedliche Auffassungen

A escola a tempo inteiro para mim é uma violência. É muito bom. Os pais estão descansados. Eu também sou mãe. Eu também tinha o problema de ser mãe trabalhadora, assim que chegava do meu local de trabalho a primeira coisa, antes de 335 chegar a casa, ia buscar o meu filho que o tinha num colégio privado, saia da escola ia para um colégio privado para ter as AEC’s, que não havia, mas tinham outras atividades. Agora os pais habituaram-se a que a escola é um depósito de meninos e nós temos que responder e corresponder a todas as expetativas deles e estamos descurar o brincar, o crescer. Para crescer é preciso brincar, é preciso partir a 340

cabeça e é preciso partir um braço, e os pais não querem que os filhos brinquem, querem que os filhos estejam guardados, encaixotados, engavetados e chega a casa toma banho, janta e vai para a cama, não me chateies.

Grau: Kritik am Schulhof, danach Kritik an den motor. Fähigkeiten bzw. Spielkompetenzen der GSKinder. 345

(1) É como os pátios, hoje em dia os pátios já são quase todos, até os jardins públicos, já são todos de borracha, são todos emborrachados. Não! Eles precisam de areia para se arranharem. Ainda hoje de manhã estava a pensar nisto e antigamente nós tínhamos isso tudo, na primavera tínhamos um colchão, tínhamos uma almofada que era a relva, que era onde brincava, e chegávamos a casa todos 350

sujos, e no verão até aparecíamos lá cheios de pó, todos arranhados e não era por isso que nós deixávamos de ser crianças, pelo contrário. Os próprios pátios da escola também não deveriam ter gravilha, deviam ter areia ou outra coisa do género, agora nós próprios tiramos tudo aos miúdos. (2) Nós vamos dar um passeio por aqui a fora… eu há uns anos estive numa escola, numa aldeia, em que o miúdo aparecia-355 lhe assim um torrãozito de terra e já não punha lá os pés, uma inclinaçãozinha e já não conseguia andar. Porquê? Ainda não se falava em consolas, isto já aconteceu aqui há quase há vinte anos, começo a olhar para o miúdo, os outros brincavam às escondidas em cima dos pinheiros, saltavam por tudo quanto era sítio, e ele não era capaz de saltar um muro com meio metro, vivendo numa aldeia. Digo eu, mas o que 360

é que se passa com aquele miúdo? Sabe uma coisa Professor, o pai está na Suíça, trouxe-lhe uma consola, passa lá o tempo todo no quarto. Isto já há vinte anos, não havia consolas em Portugal, estão a ver o que isto traz de bom. Hoje de manhã fomos ali ao café, o que é que estava lá uma criança a fazer, o que é que ontem ela lá estava a fazer?! 365

(1) Logo no computador.

(2) E depois eles não sabem partilhar, não sabem brincar.

Portanto, acho que os colegas da área do desporto têm uma coisa, que têm que se calhar pôr no currículo, para eles transmitirem aos meninos quando estão aqui a fazer jogos de equipa, eu às vezes estou aqui a ver, professores de educação física 370

a fazer jogos de equipas e depois brigam uns com os outros porque não ganharam, porque aquele não correu como havia de correr, porque o outro não chegou lá porque devia correr mais, porque não acertou com a bola e devia ter acertado. Oh meu deus! Depois não pode ser, todas as atividades de movimento que os põem em competição têm que ser fora do currículo. Para mim, é a minha opinião, eu 375

sou velha.

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Schüler und Schulhof

(E1) Reparem que não é só vocês, é a escola toda no intervalo. Se vocês acham que devia de haver mais espaço para vocês brincarem? Por exemplo o espaço aqui a frente vocês não podem vir para cá pois não? 380

(1) Não.

(2) Não

(E1) Só ali atrás?

(4) Só.

(E1) Vocês acham que é adequado para vocês todos brincarem? 385

(1) (2) (3) (4) (5) Não.

(2) Esta parte também podia ser um pouco usada.

(1) Pois.

(3) Só usamos à saída.

(2) Aquele portão lá ao fundo, que está lá ao fundo podia estar aberto assim 390

podíamos estar aqui.

(E1) Vocês gostavam que a escola fosse diferente para se poderem movimentar melhor?

(2) (4) Sim.

(E1) Como por exemplo? 395

(2) Tivesse um pavilhão mesmo apropriado para certos jogos.

(4) Pois.

(E1) Balizas e redes de volei?

(2) Sim.

(3) Exato. 400

(E1) Vocês tem uma tabela não é?

(1) Sim.

(4) Só que está muito perto do campo de futebol.

(1) E já está partida.

(3) E o campo de futebol já tá partes rasgadas sem aquelas... 405

(E1) Os buracos.

(3) Sim.

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(1) Já estão sem as partes pretas.

Einstellung der Lehrer zu Bewegung

Lila= Curriculum Kritik am Wettkampfsport, weil er ungebrochen in den SU 410 übernommen wird und sich danach ständig Streitereien ergeben

(2) Mas essa questão da competição, isto nos últimos anos vem-se acentuando. Acompanhei o desporto aí no Desportivo, durante muitos anos, e os próprios professores de educação física, os treinadores, a incutir isso nos miúdos, nos miúdos pequeninos, Benjamins ou que é que fossem, era sempre a competir, e 415 saiam de lá a chorar se não ganhassem. E depois aconteciam outras coisas muito interessantes e muito tristes, que era porem a jogar, já nas partes finais, os miúdos que já estavam no segundo ou terceiro ano. Para quê? Para ganhar. Agora eles aí têm um bocado de culpa, tu tens toda a razão. Porque eles incutem o espirito, eles incutem o espirito de competição e a própria sociedade é assim também. Os 420

próprios desenhos animados, embora veja muito poucos, não tenho lá filhos pequenitos em casa, nem lá tenho netos ainda, acho que os próprios desenhos animados, a comunicação social incutem muito isso nas pessoas. Nós, aquele espírito de partilha de saber perder isso já não existe. E aí é verdade, quando eles têm educação física deveriam vir melhor, deviam deitar cá para fora as energias, e 425 depois, evidentemente que tínhamos de fazer ali um momento de relaxe e de concentração, eles vão é brigar uns com os outros, aquilo que hipoteticamente ou à partida deveria ser para os acalmar, torna-os é agressivos.

Grau= Kritik an der Sporthalle und am fehlenden Material

E outra coisa, as escolas também não estão equipadas para ter educação física. 430 Nós temos um ginásio para oito turmas.

(2) Nós não temos ginásio, temos uma salinha.

(1) Uma salinha para oito turmas, pronto! Mas é um espaço sem qualquer material.

(2) Tu com vinte miúdos lá dentro é só berros e gritos e não aguentas lá nada.

(1) Berros e gritos, e sem material. 435

(2) Quer dizer há lá algum, umas bolas, uns arcos partidos.

(1) Umas bolas, uns arcos partidos, umas cordas todas velhas, aquelas coisas, os banquinhos para eles caminharem não sei como é que se chamam, um trampolim temos lá um mas não é nosso.

(2) Está lá um banquito, uma trave para eles usarem. É muito reduzido, o material é 440

muito reduzido.

(1) Muito pouco, muito pouco. No intervalo? É bom, temos bolas, está ali uma tabela de basquete.

(E2) Mas eles podem pedir.

(2) A gente dá-lhes sempre bolas, damos-lhe sempre bolas, bolas, cordas, aquela 445

tabela e arcos às vezes. Os arcos às vezes dão mal resultado que não estão, eles

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metem os arcos pela cabeça começam-se a puxar e a coisa às vezes não corre muito bem.

Schwarz = AG, Kooperation mit Sportvereinen/ außerschulische Bewegungsaktivitäten nach Schulschluss 450

(2) Não, não, não temos conhecimento, não há clubes aí, não há clubes na escola.

(E2) Para além das AEC’s não há nada em que exista colaboração…? 455

(2) Na escola do 1.º ciclo não. Provavelmente nos outros ciclos haverá, mas mais dentro do Desporto Escolar. Porque eu não tenho conhecimento aqui. Lá em baixo há qualquer coisa de música, não havia? Havia qualquer coisa.

(1) Havia. Ah não. Mas isso é música.

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(2) Mas não era com o 1.º ciclo. 460

(1) Não.

(2) No 1.º ciclo não temos conhecimento de nada.

(1) E havia esgrima. Havia o clube de esgrima.

(2) Mas não era com o 1.º ciclo.

(1) Não, nada com o 1.º ciclo. Houve Hip Hop no ano passado para todos, as minhas 465

inscreveram-se, mas desistiram.

(E1) O dia escolar mais longo tem influência para a participação das crianças ou jovens em atividades desportivas dos clubes?

(1) Nós não temos.

(2) Não temos os clubes. 470

(E1) Não, mas se o dia for mais longo se as crianças podem ir participar em atividades extracurriculares ou de lazer noutros clubes? Mesmo não tendo…

(2) Aqui o horário é rígido, é o que é.

(E2) Não têm eventualmente ideia se há meninos aqui que…

(1) Há, há. Uns têm futebol, outros têm natação… 475

(E2) Até que ponto, é que o estarem mais tempo aqui pode ou não ser impeditivo que eles tenham uma prática, fora da…

(2) Não é impeditivo porque alarga-lhe o período diário para o noturno.

(1) Eu tenho um que sai às quatro horas na quinta feira porque tem que ir para o Valongo jogar futebol. 480

(2) Uns vão para o Valongo, uns vão para a Dança, outros vão para a Natação. Eles têm outras ofertas, mas não é ofertas da escola.

(1) Os meus têm muitas coisas.

(2) Têm desde o judo à natação, ao futebol, ao ballet.

(1) A outra coisa que ainda hoje uma me disse que andava. Na natação andam 485

muitas, mas a outra disse-me outra coisa mas já não me lembro.

(2) Agora há para aí umas novas modas que a gente nem sabe o que é, não sabemos dessas coisas.

(1) Acho que aquilo está relacionado com a dança.

(2) Um nestes dias também falou na capoeira e nessas coisas. 490

(1) Mas aquela não…

(2) Aquela não era na capoeira.

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Außerschulische Bewegungsaktivitäten. Es scheint, dass viele SS nach Schulschluss diverse außerschulische Bewegungsangebote wahrnehmen = Bewegung und Kindheit. 495

Braun= Verhältnis Lehrer untereinander, Lehrer – Rektor, Lehrer – Leitung des agrupamentos

Ai é muito bom. Aqui com o nosso diretor é excelente, com o Zé…

(2) Coordenador!

(1) Ah coordenador… 500

(2) Já estavas a promover o senhor.

(1) Com o director da CAP2. É meu amigo pessoal mas aqui a relação de proximidade com a escola ainda nunca o vi cá. É muito pouco tempo, não podemos sequer falar no assunto. O homem está só com entrevistas.

(2) Se nos perguntarem qual é o ambiente entre os colegas, é bom, evidentemente. 505

A CAP está aí desde Junho, muita coisa a fazer, não há ainda grandes relacionamentos, a não ser os relacionamentos pessoais que existem. Porque institucionais não tem havido, houve uma reunião ou duas, e a partir daí não houve mais. Mas creio que estas coisas funcionam o melhor possível, até porque quem é que nos dá também alguma liberdade para… o coordenador, para tomar conta aqui 510

das coisas e orientar.

(1) Nós não somos pressionados…

(2) Nada, nada…

(1) Nada, ninguém, ninguém sabe se eu falto, se eu venho, se eu chego a horas. Eu agora estou aqui e os garotos estão lá sozinhos, ainda lá está uma funcionária a 515 guardá-los. Mas, percebe, ninguém nos controla, não há aqui…

(2) Eu acho que nós temos tido, pelo menos ao longo dos anos, nós professores primários, que é o curso que nós temos, nunca precisámos que ninguém nos controlasse e auto regulámo-nos sempre muito bem.

Unterstreichungen= Lehrer berichten von ihren Erfahrungen an früheren 520 Landschulen

(1) Eu, agora isto é em off, eu já sou professora há quantos anos, casei-me muito nova, tinha dezanove anos e depois só tínhamos um carro e o meu marido precisava do carro. Então eu ia em transportes públicos até a uma aldeia depois dessa aldeia, não era de transportes públicos até à vila, depois da vila para a aldeia, eu esperava 525 pelo autocarro seguinte, chegava às dez da manhã à outra aldeia, o dia que entrava às nove na aldeia, na outra, mas não conseguia chegar lá, ficava ali à espera ao pé da igreja, à espera do táxi, e às vezes o táxi não estava, eu ia lá à senhora e perguntava, olhe o senhor do táxi demora muito?! Ah hoje o senhor foi para Coimbra, então agora como é que eu vou para lá?! Telefonava para a aldeia, 530

perguntava assim, está lá o miúdo?! E o miúdo vinha-me buscar de mota, então

2 CAP = Comissão Administrativa Provisória do Agrupamento (nota do redator).

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íamos oito quilómetros, eu agarradinha a um garoto, eu outra garota que eu tinha dezanove anos, agarradinha ao garoto…

(2) E ele nem carta tinha de certeza…

(1) Às vezes o garoto também não estava lá, tinha ido a apanhar resina. Então 535

passava o homem que ia comprar os cabritos e dizia-me assim, oh professora está aqui?! Estou, estou. Então a professora tem de vir. O homem dizia assim: abra aí a porta e entre cá para dentro. Mas o homem ali dentro levava peles de cabra, aquilo era um cheiro nauseabundo, e eu dizia assim: olhe senhor eu antes quero lá ir atrás ao pé dos cabritos. E agora perguntem-me lá, tinha casa de banho?! Não! Tomava 540 banho? Não podia só assim numa bacia pequenina, tinha de lá ficar uma semana inteira.

(2) As casas de banho das escolas, era no meio dos pinheiros, os homens…

(1) Na escola havia uma casinha de banho, quem ia lá entrava com um guarda-chuva aberto, porque chovia. 545

(2) Tinhas sorte, que algumas não funcionavam.

(1) E um dia tive a ousadia de levar um decote, mas essa foi aqui em Malpica. Havia um pátio e as casas de banho eram do lado de lá do pátio. Um dia abri a porta, porque aquilo era preciso uma força brutal para abrir a porta, quando eu abro a porta, eu ousei levar um decote, caiu-me uma coisa aqui no pescoço e eu só fiz 550

assim e gritei e gritei e gritei, até que apareceu toda a gente, e eramos umas quatro naquela altura lá em Malpica, e eu quando fiz assim elas viram uma osga. Bem nós sujeitámo-nos a tudo.

(2) Eu andei quilómetros e quilómetros a pé. Tinha um colega, eu ia daqui para a Sertã, depois da Sertã para Vila de Rei e fazia lá o transbordo com o colega. Só 555

para acabar, só que ele falhava muita vez. Olha vim tanta vez quilómetros e quilómetros a pé, apanhar táxi para vir depois para a Sertã.

(1) Portanto isto. Olhe, a primeira escola onde eu trabalhei é ao pé do rio Zêzere. E quando o meu pai me lá foi levar, o meu pai, o meu marido e a minha mãe, eu era muito nova tinha dezanove anos, diz assim o meu pai: olha filha eu pago-te o 560 ordenado toda a vida, eu não te quero aqui. Mas eu disse: não eu tenho de ficar cá. E eu fiquei e estava lá uma colega e ela diz-me assim: dormes comigo lá na minha cama. Quando eu estava daqui a despir-me, estavam dalém um casal de velhinhos a despir-se também, o quarto era dividido por tábuas, e as tábuas distavam uma das outras assim. Eu hoje à distância penso assim. Dormir com uma colega que eu não 565

conhecia de lado nenhum, não tinha outro sitio onde ficar. Os velhotes a despirem-se dali. Eu só ria, ria, ria, ria, à gargalhada, e a outra tapava-me a boca para eu não me rir.

(2) Mas tu como mulher ainda te davam estadia, a homens não davam.

(1) Ah mas uma vez fiquei com as malas até à meia-noite num terraço. 570

(2) Uma vez consegui ficar numa localidade a dormir num sofá todo partido, daqueles antigos. Eu levantava-me todos os dias às seis da manhã, então eu não conseguia dormir, não é. Eu deitava-me à meia noite levantava-me às seis.

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(1) Ali na Ribeira da Isna, o Vitor foi-me lá levar e diz assim…, no fim do Vitor se vir embora diz assim: olhe agora o problema é se o meu marido não a quer, não deixa 575 que a senhora fique cá, se ele vem bêbado estamos feitas. E esta garota, era meia-noite quando o homem parou o trator à porta e disse assim a mulher: graças a deus não vem bêbado. Agora vejam como é que eu estava, desde as nove da noite até à meia-noite à espera que o homem viesse, bêbado ou não, e para onde é que eu ia?

(2) Vamos continuar. 580

Lila = Außerschulische Bewegungsaktivitäten = Am Wochenende wenig Bewegung, mehr Computer

(1) Com muita orientação.

(2) O problema não está na escola, o problema está nos miúdos. Reparem, a gente não vê os pais com os miúdos nos hipers. Nos fins-de-semana quase não se vêm 585 miúdos na rua, a maior parte dos parques infantis, no verão ainda vá, mas nos fins-de-semana não vêem. Estão sempre enjaulados dentro daquele quarto à frente da televisão ou do computador. Acho eu, pelo menos é a ideia que tenho, quando falamos com eles dizemos isso.

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