queda de braço sem fim

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esportes JORNAL VALE DO AÇO QUARTA-FEIRA, 20 DE OUTUBRO DE 2010 2 ATÉ QUANDO? QUEDA DE BRAÇO SEM FIM Capitão dos Bombeiros afirma que algumas exigências do projeto do estádio Ipatingão ainda não foram realizadas pelo poder público. Prefeitura busca forma de conseguir a liberação total do estádio sem a execução total do projeto POR VINÍCIUS FERREIRA IPATINGA - A queda de braço entre a Administração Municipal e o Corpo de Bombeiros de Ipatinga para a liberação total de público do estádio Ipatingão parece estar longe do fim. Mesmo com a construção de mais saídas de emergência (próximo ao conhecido 'Morro da Pitimba'), a capacidade máxima do está- dio, que é de 27 mil pessoas, segue reduzida a 11.120 - número que impede o estádio de receber novos jogos da Série A do Brasileiro. Tentando esclarecer o impasse, a reportagem do jor- nal VALE DO AÇO conversou, na tarde de ontem, com o comandante do Corpo de Bombeiros no Vale do Aço, capitão Neri Mattos. O capitão explicou que, mesmo com o projeto aprovado, as obras estão somente no papel e o que já foi feito ainda não está de acordo com o especificado no projeto, entregue pela pre- feitura e aprovado pelo Corpo de Bombeiros no dia 27 de julho deste ano. De acordo com Mattos, só a existência do projeto não é suficiente para garantir a liberação e a segurança dos torcedores. "A lei é o que está travando a liberação do estádio. Não são os bombeiros. Não compete a um homem aprovar ou desa- provar o público máximo, compete ao estádio se ade- quar as condições. Alegam que nunca deu problema nenhum, mas isto não quer dizer que nunca irá aconte- cer", comentou o capitão. A reportagem teve acesso ao projeto do estádio. Neri Mattos explicou quais exigên- cias já foram realizadas e quais ainda necessitam serem concluídas. "Eu estou aqui na região como capitão dos bom- beiros há quase três anos, e acompanhei a série de refor- mas que tem sido feitas para a liberação do estádio. Foram feitas algumas melhorias, pro- postas pelos bombeiros, mas ainda tem pontos a serem observados, pontos importan- tes. Não adianta fazer várias saídas de emergência, sendo que a forma dos torcedores chegarem a elas, em um caso de pânico, por exemplo, conti- nua a mesma. É necessário aumentar os acessos a estas saídas de emergência. Tudo isto está especificado no pro- jeto que a prefeitura passou para a gente e que aprova- mos. Quando a prefeitura rea- lizar as obras que estão infor- madas aqui no projeto, do jeito especificado pelo engenheiro responsável, aí sim será emiti- do o AVCB (Auto Vistoria do Corpo de Bombeiros) liberan- do a capacidade máxima do estádio", afirmou o capitão. OBRAS ERRADAS Segundo o capitão Neri Mattos, as obras realizadas antes da aprovação do proje- to, na tentativa de conseguir aumentar a capacidade do estádio, foram feitas de forma errada. "O processo deve acontecer da seguinte forma: a prefeitura apresenta um pro- jeto, os bombeiros aprovam, ela executa, os bombeiros vis- toriam a obra e liberam ou não o AVCB. A Prefeitura de Ipatinga realizou várias refor- mas antes de definir um proje- to principal, e pedia aos bom- beiros para vistoriarem. Somente em julho que foi definido um projeto, que, como foi divulgado na impren- sa, foi aprovado pelos bom- beiros. O projeto foi aprovado, mas para liberar o público total é necessário que o proje- to, da forma como foi aprova- do, seja concluído. A prefeitu- ra entendeu de forma errada o que foi conversado comigo e divulgou que a capacidade máxima seria liberada", disse o capitão. MAIS ESCADAS De acordo com o projeto do estádio, além do aumento das saídas de emergência, é necessária a construção de vias para os torcedores pode- rem chegar, com mais segu- rança e facilidade, aos por- tões de emergência - em caso de uma situação que exija evacuação rápida do estádio. E é ai que o projeto encontra a sua maior dificul- dade. "A prefeitura construiu novas saídas de emergência. Os bombeiros exigem 180 metros de saídas de emer- gências, mas, mesmo assim, não adianta ter todas as saí- das se a forma de se chegar a elas ainda é um funil. E isto, em uma situação emergencial, pode causar atropelamentos e pisoteamentos. Os acessos do estádio são insuficientes e o projeto apresenta uma solução para isto. Nas laterais do está- dio, da forma que foi determi- nada pelo engenheiro que fez o projeto, serão construídas escadas da parte superior da arquibancada, descendo em direção as saídas do estádio. Serão feitas quatro escada- rias, sendo duas, uma de cada lado das cabines, e outras duas, na mesma posi- ção, só que do outro lado do estádio. Esta obra pode ser considerada a principal, pois aumentaria e muito a vazão do público em caso de uma emergência", explica o capi- tão. A área a qual o Neri Mattos se referiu hoje abriga palmei- ras e outras árvores dentro do estádio, que seriam retiradas para a colocação das escada- rias. Os dois lances de esca- das, que ladeariam as cabines do estádio, terminariam próxi- mo aos bares. Do lado oposto seria feito a mesma obra, mas com uma escada maior, devi- do ao maior público que seria colocado no espaço. PROIBIDA A ENTRADA A reportagem, em compa- nhia do capitão Neri Mattos, tentou visitar o estádio na tarde de ontem para verificar a situação das obras e a cons- trução das escadas, mas a entrada no estádio não foi autorizada pela Administração Municipal. O prefeito Robson Gomes também estava no local, mas não quis se pronun- ciar sobre o assunto. O OUTRO LADO A reportagem também entrou em contato com a Administração Municipal sobre o assunto, que se manifestou através de uma nota. "A Prefeitura de Ipatinga informa que desde o início do mês de setembro vem mantendo contato com o comandante do Batalhão do Corpo de Bombeiros, em Governador Valadares, Major Primo Lara de Almeida Júnior, e vem solicitando soluções para aumentar a capacidade do público do Ipatingão. Tendo em vista a informação dada pelo citado oficial sobre a possibilidade de assinatura de uma resolução do Corpo de Bombeiros que deve alte- rar as normas para estádios. Havia a expectativa de que esta resolução fosse assina- da ainda no mês passado, o que não aconteceu. Não obstante a esta possi- bilidade, a PMI buscou outras alternativas providen- ciando a instalação de três novos portões de saída de emergência com metragem de 7,80 metros de compri- mento e 2,20 metros de altu- ra cada um. Neste sentido, e ainda mantendo contato com o comandante, foi encami- nhado um ofício solicitando nova vistoria para avaliar a possibilidade de aumentar a capacidade. A PMI espera que o diálogo seja mantido e que junto ao Corpo de Bombeiros possam possibilitar outras interven- ções a fim de aumentar a capacidade do estádio". O CAPITÃO NERI Mattos mostrou o projeto do Ipatingão e explicou o que precisa ser feito para sua liberação total LAIRTO MARTINS

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Matéria publicada no Jornal Vale do Aço no dia 20 de outubro de 2010.

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Page 1: Queda de braço sem fim

eessppoorrtteess JORNAL VALE DO AÇO QUARTA-FEIRA, 20 DE OUTUBRO DE 2010

2ATÉ QUANDO?

QUEDA DE BRAÇO SEM FIMCapitão dos Bombeiros afirma que algumas exigências do projeto do estádio Ipatingão ainda não foram realizadas

pelo poder público. Prefeitura busca forma de conseguir a liberação total do estádio sem a execução total do projeto

POR VINÍCIUS FERREIRA

IPATINGA - A queda debraço entre a AdministraçãoMunicipal e o Corpo deBombeiros de Ipatinga para aliberação total de público doestádio Ipatingão parece estarlonge do fim. Mesmo com aconstrução de mais saídas deemergência (próximo aoconhecido 'Morro da Pitimba'),a capacidade máxima do está-dio, que é de 27 mil pessoas,segue reduzida a 11.120 -número que impede o estádiode receber novos jogos daSérie A do Brasileiro.

Tentando esclarecer oimpasse, a reportagem do jor-nal VALE DO AÇO conversou,na tarde de ontem, com ocomandante do Corpo deBombeiros no Vale do Aço,capitão Neri Mattos. O capitãoexplicou que, mesmo com oprojeto aprovado, as obrasestão somente no papel e oque já foi feito ainda não estáde acordo com o especificadono projeto, entregue pela pre-feitura e aprovado pelo Corpode Bombeiros no dia 27 dejulho deste ano. De acordocom Mattos, só a existênciado projeto não é suficientepara garantir a liberação e asegurança dos torcedores. "Alei é o que está travando aliberação do estádio. Não sãoos bombeiros. Não compete aum homem aprovar ou desa-provar o público máximo,compete ao estádio se ade-quar as condições. Alegamque nunca deu problemanenhum, mas isto não querdizer que nunca irá aconte-cer", comentou o capitão.

A reportagem teve acessoao projeto do estádio. NeriMattos explicou quais exigên-cias já foram realizadas equais ainda necessitam seremconcluídas. "Eu estou aqui naregião como capitão dos bom-beiros há quase três anos, eacompanhei a série de refor-mas que tem sido feitas para aliberação do estádio. Foramfeitas algumas melhorias, pro-postas pelos bombeiros, masainda tem pontos a seremobservados, pontos importan-tes. Não adianta fazer várias

saídas de emergência, sendoque a forma dos torcedoreschegarem a elas, em um casode pânico, por exemplo, conti-nua a mesma. É necessárioaumentar os acessos a estassaídas de emergência. Tudoisto está especificado no pro-jeto que a prefeitura passoupara a gente e que aprova-mos. Quando a prefeitura rea-lizar as obras que estão infor-madas aqui no projeto, do jeitoespecificado pelo engenheiroresponsável, aí sim será emiti-do o AVCB (Auto Vistoria doCorpo de Bombeiros) liberan-do a capacidade máxima doestádio", afirmou o capitão.

OBRAS ERRADASSegundo o capitão Neri

Mattos, as obras realizadasantes da aprovação do proje-to, na tentativa de conseguiraumentar a capacidade doestádio, foram feitas de formaerrada. "O processo deveacontecer da seguinte forma:a prefeitura apresenta um pro-jeto, os bombeiros aprovam,ela executa, os bombeiros vis-toriam a obra e liberam ounão o AVCB. A Prefeitura deIpatinga realizou várias refor-mas antes de definir um proje-to principal, e pedia aos bom-beiros para vistoriarem.Somente em julho que foidefinido um projeto, que,como foi divulgado na impren-sa, foi aprovado pelos bom-beiros. O projeto foi aprovado,mas para liberar o públicototal é necessário que o proje-to, da forma como foi aprova-do, seja concluído. A prefeitu-ra entendeu de forma erradao que foi conversado comigoe divulgou que a capacidademáxima seria liberada", disseo capitão.

MAIS ESCADAS De acordo com o projeto

do estádio, além do aumentodas saídas de emergência, énecessária a construção devias para os torcedores pode-rem chegar, com mais segu-rança e facilidade, aos por-tões de emergência - emcaso de uma situação queexija evacuação rápida doestádio. E é ai que o projeto

encontra a sua maior dificul-dade. "A prefeitura construiunovas saídas de emergência.Os bombeiros exigem 180metros de saídas de emer-gências, mas, mesmo assim,não adianta ter todas as saí-das se a forma de se chegar aelas ainda é um funil. E isto,em uma situação emergencial,pode causar atropelamentos episoteamentos. Os acessos doestádio são insuficientes e oprojeto apresenta uma soluçãopara isto. Nas laterais do está-dio, da forma que foi determi-nada pelo engenheiro que fezo projeto, serão construídasescadas da parte superior daarquibancada, descendo emdireção as saídas do estádio.Serão feitas quatro escada-

rias, sendo duas, uma decada lado das cabines, eoutras duas, na mesma posi-ção, só que do outro lado doestádio. Esta obra pode serconsiderada a principal, poisaumentaria e muito a vazãodo público em caso de umaemergência", explica o capi-tão.

A área a qual o Neri Mattosse referiu hoje abriga palmei-ras e outras árvores dentro doestádio, que seriam retiradaspara a colocação das escada-rias. Os dois lances de esca-das, que ladeariam as cabinesdo estádio, terminariam próxi-mo aos bares. Do lado opostoseria feito a mesma obra, mascom uma escada maior, devi-do ao maior público que seria

colocado no espaço.

PROIBIDA A ENTRADAA reportagem, em compa-

nhia do capitão Neri Mattos,tentou visitar o estádio natarde de ontem para verificar asituação das obras e a cons-trução das escadas, mas aentrada no estádio não foiautorizada pela AdministraçãoMunicipal. O prefeito RobsonGomes também estava nolocal, mas não quis se pronun-ciar sobre o assunto.

O OUTRO LADOA reportagem também

entrou em contato com aAdministração Municipalsobre o assunto, que semanifestou através de umanota. "A Prefeitura deIpatinga informa que desde oinício do mês de setembrovem mantendo contato como comandante do 6ºBatalhão do Corpo deBombeiros, em GovernadorValadares, Major Primo Larade Almeida Júnior, e vemsolicitando soluções paraaumentar a capacidade dopúblico do Ipatingão. Tendoem vista a informação dadapelo citado oficial sobre apossibilidade de assinaturade uma resolução do Corpode Bombeiros que deve alte-rar as normas para estádios.Havia a expectativa de queesta resolução fosse assina-da ainda no mês passado, oque não aconteceu.

Não obstante a esta possi-bilidade, a PMI buscououtras alternativas providen-ciando a instalação de trêsnovos portões de saída deemergência com metragemde 7,80 metros de compri-mento e 2,20 metros de altu-ra cada um. Neste sentido, eainda mantendo contato como comandante, foi encami-nhado um ofício solicitandonova vistoria para avaliar apossibilidade de aumentar acapacidade.

A PMI espera que o diálogoseja mantido e que junto aoCorpo de Bombeiros possampossibilitar outras interven-ções a fim de aumentar acapacidade do estádio".

O CAPITÃO NERI Mattos mostrou o projeto do Ipatingão e explicou o que precisa ser feito para sua liberação total

LAIRTO MARTINS