que tipo de ciência pode ser a ciência da informação?

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Que tipo de ciência pode ser a Ciência da Informação? Michael Buckland School of Information, University of California, Berkeley, CA 94720-4600. E-mail: [email protected] Durante o século XX existiu um grande desejo de desenvolver uma ciência da informação a partir da biblioteconomia, bibliografia e documentação e em 1968 o American Documentation Institute mudou seu nome para American Society for Information Science. No início do século XXI, entretanto, departamentos de (biblioteconomia e) ciência da informação voltaram-se para as ciências sociais. Esses programas tratam de uma variedade de tópicos importantes, mas tem sido menos bem sucedidos em prover uma explicação coerente sobre a natureza e o escopo do campo. Progresso pode ser feito em relação a uma visão coerente e unificada dos papéis dos arquivos, bibliotecas, museus, serviços de informação online e organizações relacionadas se forem tratadas como serviços provedores de informação. No entanto, tal abordagem parece muito incompleta em relação a entendimentos comuns de fornecimento de informações. Ao invés de perguntar o que é a ciência da informação ou o que gostaríamos que ela fosse, perguntamos ao invés disso que tipo de campo ela pode ser dadas as nossas suposições sobre o assunto. Abordamos a questão examinando algumas palavras chave: ciência, informação, conhecimento e interdisciplinar. Concluímos que se a ciência da informação está preocupada com o que as pessoas sabem, então é uma forma de engajamento cultural, e no máximo, uma ciência do artificial. Introdução Durante o século XX houve um grande desejo para que a prestação de serviços se tornasse científica, para se deslocar da biblioteconomia, bibliografia e documentação para uma ciência da informação. Conforme isso, em 1968 o American Documentation Institute mudou seu nome para American Society for Information Science. No início do século XXI, entretanto, departamentos de (biblioteconomia e) ciência da informação voltaram-se para as ciências sociais. Os principais programas aumentaram seu tamanho e visibilidade com uma publicidade hábil liberalmente utilizando as palavras “informação”, “sociedade” e “tecnologia”. “Escola de Informação” atualmente é um nome ou apelido optativo. Esses programas tratam uma variedade de tópicos importantes, mas eles têm sido menos bem sucedidos em prover uma explicação coerente sobre a natureza e escopo do campo. É sábio para organizações realizarem a prospecção de novas oportunidades, mas ser oportunista sem uma justificativa coerente adjacente parece imprudente. Um problema relacionado tem a ver com a análise de serviços de informação. Algum progresso pode ser visto em relação a visões unificadas e coerentes sobre os papéis de arquivos, bibliotecas, museus, serviços de informação online e organizações relacionadas se elas são tratadas como serviços provedores de informações (Buckland, 1991a), mas tal abordagem parece muito incompleta em relação a entendimentos comuns de fornecimento de informações. Bibliotecas públicas, por exemplo, fazem mais do que simplesmente fornecerem informações. Novamente necessitamos de uma explicação mais ampla, profunda ou diferente. Abordagem Nossa abordagem considera algumas palavras-chaves: ciência, informação, conhecimento e interdisciplinar e faz distinções entre científico, acadêmico e crítico. Embora a palavra ciência seja às vezes usada amplamente por qualquer corpo de conhecimento (por exemplo, ciência doméstica, ciência de bibliotecas), aqui a utilizamos no sentido normativo como denotação das ciências físicas e formais (por exemplo, química, matemática e física). A ciência é um empreendimento construtivo. Ser científico envolve construção de modelos. Hipóteses e teorias são desenvolvidas para explicar e prever fenômenos observáveis. Ser acadêmico envolve mais do que ter muito conhecimento. Requere a busca afirmativa por evidências contrárias às teorias de alguém. Isso é verdade para todos os campos: nas humanidades, nas ciências sociais, nas ciências e práticas profissionais. Neste contexto, ser

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Tradução do artigo de M. K. Buckland, What Kind of Science can Information Science be?

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Que tipo de ciência pode ser a Ciência da Informação? Michael Buckland School of Information, University of California, Berkeley, CA 94720-4600. E-mail: [email protected] Durante o século XX existiu um grande desejo de desenvolver uma ciência da informação a partir da biblioteconomia, bibliografia e documentação e em 1968 o American Documentation Institute mudou seu nome para American Society for Information Science. No início do século XXI, entretanto, departamentos de (biblioteconomia e) ciência da informação voltaram-se para as ciências sociais. Esses programas tratam de uma variedade de tópicos importantes, mas tem sido menos bem sucedidos em prover uma explicação coerente sobre a natureza e o escopo do campo. Progresso pode ser feito em relação a uma visão coerente e unificada dos papéis dos arquivos, bibliotecas, museus, serviços de informação online e organizações relacionadas se forem tratadas como serviços provedores de informação. No entanto, tal abordagem parece muito incompleta em relação a entendimentos comuns de fornecimento de informações. Ao invés de perguntar o que é a ciência da informação ou o que gostaríamos que ela fosse, perguntamos ao invés disso que tipo de campo ela pode ser dadas as nossas suposições sobre o assunto. Abordamos a questão examinando algumas palavras chave: ciência, informação, conhecimento e interdisciplinar. Concluímos que se a ciência da informação está preocupada com o que as pessoas sabem, então é uma forma de engajamento cultural, e no máximo, uma ciência do artificial. Introdução

Durante o século XX houve um grande desejo para que a prestação de serviços se

tornasse científica, para se deslocar da biblioteconomia, bibliografia e documentação para uma ciência da informação. Conforme isso, em 1968 o American Documentation Institute mudou seu nome para American Society for Information Science. No início do século XXI, entretanto, departamentos de (biblioteconomia e) ciência da informação voltaram-se para as ciências sociais. Os principais programas aumentaram seu tamanho e visibilidade com uma publicidade hábil liberalmente utilizando as palavras “informação”, “sociedade” e “tecnologia”. “Escola de Informação” atualmente é um nome ou apelido optativo. Esses programas tratam uma variedade de tópicos importantes, mas eles têm sido menos bem sucedidos em prover uma explicação coerente sobre a natureza e escopo do campo. É sábio para organizações realizarem a prospecção de novas oportunidades, mas ser oportunista sem uma justificativa coerente adjacente parece imprudente.

Um problema relacionado tem a ver com a análise de serviços de informação. Algum progresso pode ser visto em relação a visões unificadas e coerentes sobre os papéis de arquivos, bibliotecas, museus, serviços de informação online e organizações relacionadas se elas são tratadas como serviços provedores de informações (Buckland, 1991a), mas tal abordagem parece muito incompleta em relação a entendimentos comuns de fornecimento de informações. Bibliotecas públicas, por exemplo, fazem mais do que simplesmente fornecerem informações. Novamente necessitamos de uma explicação mais ampla, profunda ou diferente. Abordagem

Nossa abordagem considera algumas palavras-chaves: ciência, informação, conhecimento e interdisciplinar e faz distinções entre científico, acadêmico e crítico.

Embora a palavra ciência seja às vezes usada amplamente por qualquer corpo de conhecimento (por exemplo, ciência doméstica, ciência de bibliotecas), aqui a utilizamos no sentido normativo como denotação das ciências físicas e formais (por exemplo, química, matemática e física). A ciência é um empreendimento construtivo. Ser científico envolve construção de modelos. Hipóteses e teorias são desenvolvidas para explicar e prever fenômenos observáveis. Ser acadêmico envolve mais do que ter muito conhecimento. Requere a busca afirmativa por evidências contrárias às teorias de alguém. Isso é verdade para todos os campos: nas humanidades, nas ciências sociais, nas ciências e práticas profissionais. Neste contexto, ser

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crítico não é questão de ser hostil ou negativo, mas de questionar pressupostos subjacentes e escolhas metodológicas. Como as conclusões foram determinadas, ou pelo menos influenciadas, por pressupostos particulares ou a escolha do método? O ideal é ser científico e acadêmico e crítico. Quanto mais pudermos nos aproximar deste ideal, mais robustas nossas idéias serão.

Também é importante lembrar-se da distinção entre as coisas e seus nomes: descrever algum fenômeno é uma questão separada de decidir como nomeá-lo. Nomes podem ser múltiplos, ambíguos e instáveis. Discussões passadas sobre informação e termos relacionados têm sido dificultadas pela falha em reconhecer essa distinção óbvia e qualquer declaração na forma de “Informação é...” deveria ser vista com desconfiança se não houver alguma explicação sobre o que está se referindo. Outro guia útil é a navalha de Ockham, o princípio que, outras coisas sendo iguais, a explicação mais simples é geralmente a preferida. Esses princípios fornecem uma base não apenas para examinar noções individuais de informação, mas também por considerar que tipo de campo a ciência da informação pode ser e, assim, identificar um terreno plausível para programas de ciência da informação. Informação

A palavra informação tem sido tão usada que chegou a dominar o discurso (Day,

2001). Um website de pós-graduação em Informação recentemente continha duas declarações impressionantes: “161 exabytes de novas informações são criadas a cada ano” (eles queriam dizer bits digitais) e “Informação: o poder de transformar o mundo” (eles não queriam dizer bits digitais). A vagueza e inconsistência são vantajosas para slogans e o uso de “palavras camaleão” que assumem cores diferentes em contextos diferentes permite flexibilidade para leitores perceberem o que querem. Entretanto, quando a clareza é buscada definições mais cuidadosas são necessárias.

Nossa primeira restrição é limitar nosso uso de informação à sua associação tradicional com conhecimento e aprendizagem humana. Isso diferencia nosso escopo de outros campos importantes que também usaram o nome “ciência da informação”. Um é a ciência da computação, preocupada com a teoria e aplicação de algoritmos. Outra, preocupada com entropia, probabilidade, a teoria da informação de Shannon-Weaver, padrões físicos (in-formar), e tópicos relacionados, é às vezes reconhecido como a “física da informação”. Também, a palavra informação é, claro, usada na tecnologia da informação (TI, também TIC, para tecnologias da informação e comunicação), mas amplamente restrita em prática ao uso de eletrônicos para comunicação e computação. Essas outras áreas não são consideradas aqui. Ao invés disso, nos preocupamos com aquelas áreas geralmente entendidas como sendo o escopo da biblioteconomia e ciência da informação (BCI) e os interesses da American Society for Information Science and Technology. Para uma análise mais ampla e detalhada de vários campos com interesse em informação, veja Machlup e Mansfield (1983).

Jonathan Furner (2004) sabiamente nos lembrou que para cada um dos múltiplos significados da palavra informação já existe outra palavra satisfatória mais específica. Estudos da informação não requerem uso da palavra informação! Outra mudança é classificar os usos variados da palavra informação em categorias, incluindo: - Informação-como-conhecimento para conhecimento transmitido, o que foi aprendido como resultado de ser informado; - Informação-como-processo para se tornar informado, para aprendizagem; e - Informação-como-coisa para bits, bytes, livros, sons, imagens e qualquer coisa física percebida como significante. A palavra “documento”, que não foi historicamente limitada à mídia textual, pode ser usada como termo técnico para informação-como-coisa (Buckland, 1991a, 1991b, 1997).

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Começando com esta última categoria, informação-como-coisa, podemos perguntar quais documentos fazem ou, mais, corretamente, o que pessoas fazem com informações-como-coisas, com documentos, isto é, com dados, registros, textos e mídia de qualquer tipo.

O uso de documentos

Achamos, quando olhamos, que documentos são amplamente utilizados para uma

variedade de propósitos. Governos os usam para nos controlar, requerendo o uso de passaportes, declarações fiscais de renda, carteiras de habilitação, e assim por diante. Escolas utilizam textos e padrões curriculares para guiarem estudantes e professores. Religiões utilizam textos sagrados para instigarem crença e influenciarem condutas. Comerciantes investem muito em propaganda para influenciar o que compramos. Políticos usam slogans e declarações políticas para ganharem votos e atraírem apoio financeiro e eleitoral. Artistas utilizam mídias variadas para nos entreter e geralmente atrair pagamentos de nós. Indivíduos utilizam mensagens para se comunicar e os social media para chamar atenção. Museus apresentam interpretações de nossos antepassados através de uma apresentação seletiva e interpretação habilidosa de artefatos. Bibliotecas fornecem acesso a coleções de documentos... E assim por diante. Qualquer um pode fazer tal lista e a lista rapidamente se torna longa.

Contemplar isso ou qualquer lista similar nos lembra de alguns pontos importantes:

1. Documentos estão infiltrados em nossa sociedade e dão forma à nossas vidas.

Dependência de documentos aumentou ao longo do tempo. Economias modernas são baseadas em uma divisão do trabalho cada vez maior e na existência de mercados, ambos dependentes de comunicação e documentação, que em troca têm sido progressivamente facilitados pelas inovações técnicas (escrita, impressão, telégrafos, rádio, Internet, etc.). Como Patrick Wilson coloca, estamos mais e mais dependentes de “conhecimento de segunda mão” (Wilson, 1983a).

2. O uso de informação e comportamento informacional são ordinariamente

compreendidos como se referindo ao indivíduo que gostaria de ser informado. Entretanto, como fica claro com a lista, esta é apenas uma pequena parte da história. Muito do uso de documentos não é iniciado pelo usuário, mas por um conjunto amplo e diverso de agentes ativos (governos, escolas, religiões, comerciantes, etc.) com propósitos diferentes e que às vezes competem entre si.

3. A forma mais comum de comportamento relacionado à informação é simplesmente

notar as coisas, um papel minimamente ativo. Pode ser não-intencional (bem como quando ouvimos um trovão), inesperado, ou inconsciente (quando for subliminar).

4. O uso de documentos pode incluir – mas não se reduz a – achar fatos, buscar

informações ou solucionar problemas. Como fica claro com a lista, as agendas e meios são variados. Bibliotecas públicas não são simplesmente serviços de informação, ao menos não em um sentido simples e normal. “Uma das coisas que bibliotecas públicas tem feito razoavelmente bem é perceber que sua missão, seu trabalho, tem a ver com a criação de comunidades”, coloca Martin Gómez (Institute of Museum and Library Services, 2009, p. 9).

Se contemplarmos a lista acima ou qualquer lista similar, é razoável perguntar qual

termo pode abarcar esse leque de atividades relacionadas à informação. A característica em comum é que elas são culturais. Aqui não utilizamos “cultura” no sentido popular de alta cultura, denotando ópera e outras atividades elitistas, mas no sentido amplo acadêmico utilizado em antropologia. A definição clássica é do Sir Edward Tylor em 1871: “Cultura ou civilização, levado

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em seu sentido etnográfico amplo, é um todo complexo que inclui conhecimento, crença, arte, moral, leis, costumes e quaisquer outras capacidades e hábitos adquiridos pelo homem enquanto membro de uma sociedade” (p.1). A suposição mais simples então, é que os usos da informação, quando falamos de informação-como-coisa, são propriamente vistos como um engajamento ativo na esfera cultural.

Conhecimento

A teoria do conhecimento foi dominada pela filosofia analítica com uma ênfase na

verdade de sentenças proposicionais e conhecimento como uma crença verdadeira justificada (Chisholm, 1989). Esta abordagem é problemática de vários modos. Podemos questionar o adjetivo “justificada” porque é provável que ninguém aceite que tenha crenças injustificadas. O verdadeiro critério também não se mantém bem na inspeção. No discurso comum, “verdade” tende a implicar consistência com alguma realidade objetiva, mas o conhecimento subjetivo da realidade objetiva é filosoficamente suspeito e na prática, a verdade se reduz à congruência com alguma crença anterior ou suposição.

Conhecimento proposicional (crença verdadeira justificada) é ilustrado neste excerto da Enciclopédia Stanford de Filosofia (2006):

Suponha, por exemplo, que James, que está relaxando num banco em um parque, observe um cachorro que, há uns sete metros dele, está mascando um osso. Então ele acredita 5. Existe um cachorro ali. Suponha ainda que o que ele acredita ser um cachorro é na verdade um robô-cachorro tão perfeito que, apenas com a visão, não poderia ser distinguido de um cachorro de verdade. ... Colocadas estas suposições, (5) é, naturalmente, falsa. Mas suponha ainda que apenas a alguns centímetros de distância do robô-cachorro exista um cachorro de verdade. Atrás de um arbusto ele está escondido da visão de James. Dada esta hipótese, a crença de James é verdadeira. Então mais uma vez, o que temos diante de nós é uma crença verdadeira justificada que ... nos dá o resultado errado do que James conhece (5).

A filosofia analítica deste tipo tem pouca relevância às realidades do dia a dia em uma sociedade permeada por documentos, nossa dependência inevitável em conhecimentos de segunda mão, e a necessidade perene de ter de decidir em quem e no que confiar. Um livro de lógica famoso do século XVII resumiu muito bem a situação:

… uma ampla diferença deve ser feita entre dois tipos de verdades: uma, que é relacionada simplesmente à natureza das coisas e sua essência intercambiável, independentemente de sua existência; os outros, que têm relação com as coisas que existem, e especialmente aos acidentes humanos e eventos,... No primeiro tipo de verdades, uma vez que tudo é necessário, nada é verdade o que não é verdade universalmente; e ainda podemos concluir que uma coisa é falsa, se é falsa em um único caso. Mas se pensarmos em seguir as mesmas regras na crença de eventos humanos, devemos sempre, exceto por acidente, julgar falsamente, e fazer centenas de raciocínios falsos sobre eles. Por estes eventos serem contingentes por natureza, seria ridículo buscar neles uma verdade necessária: ... (Arnauld, 1662/1850, pp. 345–346).

Em 1946 Gilbert Ryle (1946) escreveu, “Os filósofos não tem feito justiça à distinção

que é bem familiar a todos nós entre saber que algo é o caso e saber como fazer coisas” (p. 4). Ele argumentou que saber como não pode ser definido em termos de saber que e que saber como é logicamente anterior a saber que. Mas isto não é o suficiente. A teoria do conhecimento precisa ser levada mais longe para uma outra distinção bem familiar a todos nós: saber sobre. Em nossas vidas diárias, operamos com conhecimento necessariamente imperfeito, incompleto e incerto. Continuamente decidimos em quais documentos depender, se neste ou aquele. Na vida real, temos um saber sobre imperfeito e temos que contar mais com a confiança do que com a verdade. Visto deste modo, a importância de armazenar os documentos mais adequados disponíveis para nós mesmos ou para os outros, uma preocupação nuclear da biblioteconomia e ciência da informação é evidente. Nesta situação uma distinção entre conhecimento e crença

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parece questionável, e conhecimento proposicional, preocupado com a verdade de sentenças avulsas, torna-se uma fundação teórica implausível. Se tornar informado

A categoria remanescente, informação-como-processo, preocupa-se com a transmissão do conhecimento, com o aprendizado. Enquanto estamos preocupados com a compreensão ao invés da mera memorização, aprendizado depende do que já sabemos. A aprendizagem é incremental, uma mudança no que já sabíamos ao invés de uma simples adição, exceto, parece, na pesquisa em BCI onde encontramos uma deficiência fundamental. Uma análise de conteúdo detalhada da literatura em BCI realizada por Allan Konrad (2007) descobriu que apenas 5.6% de uma seleção de 413 textos canônicos examinados eram harmônicos com o princípio de que a aprendizagem é incremental; a maioria (88.8%, incluindo 83% em um subconjunto categorizado como estudos cognitivos) ou ignoraram o princípio ou fizeram apenas menção a ele; 5.6% explicitamente ou implicitamente refutaram-no (p. 499–569, especialmente a p. 508).

Dada a moda do campo em relação às ciências sociais e conversa explícita sobre uma “virada cognitiva” (Ingwersen & Järvelin, 2005), estes achados são impressionantes. Podemos especular sobre suas razões. Uma consideração é que é muito difícil na prática levar em consideração o que os indivíduos já sabem. Outro fator é que técnicas formais e algorítmicas por sua natureza resistem à inclusão de cultura (Ekbia, 2008). A física newtoniana não permitiu nenhum lugar para céu ou inferno, e a CI focou-se muito no armazenamento da informação e sistemas de recuperação, principalmente em sistemas de fornecimento de documentos, ao invés de sistemas que informam (Buckland, 1991a). Em terceiro lugar, com algumas exceções louváveis (tais como Allen Bryce e Carol Kuhltau) os então chamados “virada cognitiva” tiveram a tendência ao invés disso de ser uma virada baseada rasamente em ciência cognitiva. (testemunhe a freqüente referência a artigos de inteligência artificial ao invés dos campos mais amplos de psicologia educacional). A freqüente referencia à “estados do conhecimento” implica uma simplificação dúbia porque cada vez que lembramos de algo criamos uma lembrança levemente diferente. Søren Brier (2008) caracterizou a situação como se segue: o paradigma dominante atual é muito influenciado pela ciência cognitiva que é um programa de pesquisa lógico e algorítmico que investiga o processamento da informação em humanos, animais, e máquinas. Esta abordagem é baseada na cibernética de Wiener, na teoria de informação de Shannon e Weaver, em lógica, em teoria de conjuntos e computação. É inadequado porque fracassa em acomodar as realidades culturais de aprendizagem e comunicação, a complexidade fenomenológica de percepção e compreensão, ou a interação social e pessoal. O resultado é uma confusão geral entre vários significados alternativos da palavra “informação” e uma abordagem ao comportamento informacional que é inóspito tanto à comunicação quanto ao aprendizado (Brier, 2008). Linguagem e Fatos

Recuperação da Informação, amplamente reconhecida (juntamente com a bibliometria) como sendo a parte mais científica dos estudos de informação, depende muito de operações algorítmicas sobre texto, especialmente a co-ocorrência de palavras especificadas (na verdade, linha de caracteres) tanto em documentos quanto em questões de busca. Estes métodos são muito úteis apesar de algumas fraquezas que surgem das palavras com múltiplos significados e formas variantes, palavras diferentes terem a mesma grafia, e significados sendo instáveis. A comunicação humana, em contraste, depende de códigos culturais e significado. Robert Fairthorne (1974) teve bons insights sobre essas questões com sua distinção cuidadosa entre menção e significado e sua explicação sobre a irresistível obsolescência da indexação de assuntos. A linguagem evolui no diálogo e no discurso. O indexador é necessariamente retrógrado pois termos de índices precisam ser baseados no uso já estabelecido no discurso

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passado. Mas o indexador também precisa ser atual porque a indexação é destinada ao uso futuro. Significados de palavras continuam a evoluir com o tempo, mas um termo de índice inscrito em algum ponto fixo no tempo retrocede ao passado enquanto discurso, linguagem e o indexador segue em frente (Buckland, 2007, impresso).

Se a cultura e a linguagem resistem a algoritmos e técnicas formais, mais progresso poderia ser feito se pudéssemos reduzir o literário ao factual. Paul Otlet pensava assim. Ele considerava livros e artigos ineficientes, teimosos e duplicados. A idéia dele era extrair fatos de textos, como ervilhas de vagens e organizar os fatos em uma web semântica oficial usando declarações unitárias factuais (“monografias”) descritas, posicionadas, e coletivamente associadas usando o sistema de Classificação Decimal Universal (Frohmann, 2008). O resultado, ele declarou, poderia ser compartilhado como uma extensão comum do cérebro. (O entendimento de Otlet de um “mundo cérebro”, compartilhado com Wilhelm Ostwald e H. G. Wells, era uma fonte de comunidade mais como uma Wikipédia rigorosamente editada do que uma entidade autônoma como o computador Hal em 2001: uma Odisséia no Espaço).

Mas, ao mesmo tempo Otlet estava resumindo suas idéias em seu enciclopédico Traité de documentation, publicado em Bruxelas em 1934, Ludwik Fleck (1935/1979) na Polônia estava argumentando uma visão muito diferente em sua Gênese e Desenvolvimento do Fato Científico publicado no ano seguinte em 1935. Fleck argumentou que fatos encontrados nas enciclopédias populares eram super simplificados quando reduzidos a simples afirmações fora de contexto e isoladas de narrativas explicativas. Além disso, fatos surgiram apenas em um relacionamento triádico de um conceito, o indivíduo e a mentalidade cultural prevalecente (Denkkollektiv) que tanto permitia e restringia. Mesmo fatos científicos, argumentou Fleck, por muito tempo antecipando os paradigmas e revoluções científicas de Thomas Kuhn e a arqueologia do conhecimento de Michel Foucault, são construtos culturalmente situados. Até mesmo um pouco de atenção à história intelectual ilustra o caso dele. Paracelsus, o médico da Renascença que lutou pela ciência moderna sendo pioneiro no uso medicinal de química e aguda atenção ao tamanho da dose, estava tão imerso em alquimia medieval que lhe faltava conceitos adequados e terminologia (Ball, 2006). Ele não teria compreendido nossos textos médicos modernos e nós não podemos compreender os dele. O arranjo adequado de documentos

A resposta de Vesa Suominen (1997) à questão “O que constitui um bom bibliotecário?”, foi a que um bom bibliotecário é aquele que alcança um arranjo adequado de documentos para o leitor. Que existem vários diferentes leitores, que cada um tem múltiplos interesses, que existem muitos e muitos documentos, e que leitores, interesses e documentos são todos bastante instáveis, complica enormemente a tarefa, mas a noção é, em princípio, atraente. Certamente, a biblioteconomia e a ciência da informação estão muito preocupadas com o arranjo adequado de documentos de uma forma ou de outra.

Bibliografia e descrição bibliográfica estão preocupadas em estabelecer arranjos adequados de dois modos: relacionamentos entre documentos são estabelecidos através de descrições, listas descritivas, e índices e estas descrições, listas descritivas e índices são utilizados para identificar meios documentários adequados para algum propósito (Wilson, 1968).

Sistemas de recuperação da informação, no entanto complexos, tem a mesma propriedade subjacente que bibliografia. Todas as máquinas de seleção (tanto para recuperação e para filtragem) são compostas de correntes de apenas dois tipos primitivos de operação: a modificação de documentos (incluindo a derivação de índices) e seu (re)arranjo (classificando, fazendo ranking, agrupando e coisas do tipo) (Buckland & Plaunt, 1994; Plaunt, 1997). A recuperação da informação é algorítmica, quantitativa e amplamente útil, mas é científica? (cf. Neill, 1992). Sistemas de operação de seleção dependem de teoria de conjuntos e relevância. A teoria de conjuntos é uma conveniente simplificação porque documentos não são realmente discretamente diferentes em conteúdo ou significado. Um problema mais amplo é que não há tal coisa como relevância, ou pelo menos nada tangível, uma vez que se torna mais claro que

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substituímos a palavra “adequado” por “relevante” que podemos fazer sem trocar o significado. A relevância pode parecer mais científica porque tem um significado formal de vinculação em lógica e por causa de 50 anos de medidas de relevância em avaliação de recuperação da informação. Na prática, documentos são classificados usando algum substituto arbitrário para relevância. Estes substitutos vagam das co-ocorrências de linhas de caracteres através do uso de julgamentos de relevância de terceiros, às vezes modificados, depois da recuperação inicial pela percepção subjetiva daqueles para os quais a recuperação foi realizada. Em geral, a posição de recuo é se o tópico (ou uso da palavra) é similar (Buckland, 1983). Não é de se admirar que as definições e a literatura sobre relevância têm permanecido teimosamente problemáticas por 50 anos apesar dos esforços sustentados de tantos pesquisadores talentosos e motivados. Uma ciência natural (como química ou física) requer uma propriedade de medida física. Uma ciência formal (como lógica ou matemática) requer uma definição clara e rigorosa. É característico das ciências sociais mais suaves que nenhum destes requerimentos esteja disponível e é preciso fazer o melhor que se pode com o mínimo de substitutos insatisfatórios.

A bibliometria, baseada principalmente em análise de citações, é o outro epicentro de quantificação na ciência da informação. Aqui, ambos os motivos e a significância de atos individuais de citação tendem a permanecer obscuros, exceto em termos vagos gerais, então a bibliometria assemelha-se à recuperação da informação em que o cálculo virtuoso não é baseado em fundações firmes. Tanto a bibliometria quanto a recuperação da informação nos trazem métodos desenvolvidos em e para ambientes formais (lógicos, bem definidos) e os usam em objetos e em ambientes que não são formais, lógicos ou bem definidos. Isso produz resultados úteis mas também processos comprometidos, incongruentes. Interdisciplinar

Ser interdisciplinar é considerado amplamente uma coisa boa e às vezes é. Um bom exemplo prático seria quando um programa acadêmico desejado não foi aprovado, apresentado como uma alternativa de um programa enquadrado como sendo interdisciplinar pode suceder. Não obstante, palavras começando com “inter” comumente implicam uma posição de fraqueza (por exemplo, intervalo, intermissão, interregno e ínterim) e indicam algo posicionado por entre outras entidades mais substanciais.

Uma visão pessoal é que em um ambiente universitário afirmações sobre ser interdisciplinar atrai planejadores, mas que em tempos de crise econômica o poder político tende a residir em disciplinas bem estabelecidas. Então, argumentar uma reivindicação de fontes baseados em ser interdisciplinar ou em ser uma disciplina emergente é, em geral, escolher ocupar uma posição fraca.

Felizmente para estudos da informação, existe uma forte alternativa: necessidade social. Quem quer ter de lidar com um mecânico ignorante, um médico com conhecimentos datados, um gestor mal informado, manuais obsoletos ou um governo não transparente? Com algumas exceções, notavelmente relacionando-se à privacidade e segurança, todos temos um interesse substancial investido em uma sociedade bem informada. Precisamos de pessoas bem informadas que saibam sobre o que estão fazendo. As principais necessidades sociais são tipicamente complexas. Quem quer que se comprometa a tentar resolver os problemas precisa ser metodologicamente versátil de um modo que é inadequadamente capturado pela “interdisciplinaridade”. Existe uma ironia nisso porque os departamentos acadêmicos mais respeitáveis (por exemplo, história, química e linguagens) foram originados na percepção do século XIX das necessidades sociais das nações-estado.

O livro de Søren Brier’s (2008), Cybersemiotics: Why Information Is Not Enough! (Cybersemiótica: Porque Informação Não é o Suficiente!) é uma teorização excepcionalmente erudita, completa e coesa da natureza dos estudos de informação. Este livro é interdisciplinar? Inspira-se amplamente em vários campos, incluindo a biologia, cibernética, psicologia, semiótica e mais, então claramente é. Mas dizer isso faz com que percamos o ponto mais importante que é uma teoria unificadora coerente para um campo existente.

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Cada especialidade acadêmica desenvolve sua própria cultura de conhecimento, linguagem, valores e estruturas sociais. Em conseqüência eles são necessariamente mais ou menos diferentes um do outro em escopo e potencialmente incompatíveis, ou ao menos dissonantes. É possível que nenhuma especialidade prefira uma cultura unificada (epistemologia, terminologia) para sua própria cultura nativa que evolui, então uma tensão é de ser esperada entre um desejo pelos benefícios da compatibilidade com outras especialidades e o desconforto de lidar com as culturas mais ou menos estrangeiras de outras especialidades. O Ylva Lindholm-Romantschuk tardio, que estudou o fluxo de idéias dentro e entre disciplinas, era da opinião de que a posição mais produtiva era ser firmemente enraizada em nossa própria área para depois ir fazendo a prospecção nas fronteiras com outros campos (Lindholm-Romantschuk, comunicação pessoal, 1994).

Conclusões

“Informação” e outras palavras vagas e/ou polissêmicas podem ser muito valiosas em slogans e em retórica.

A “Ciência da Informação” tem sido usada para denotar campos diferentes que podemos distinguir usando nomes diferentes: biblioteconomia e ciência da informação, ciência da computação, física da informação, entropia, etc., e tecnologia da informação, significando tecnologia eletrônica aplicada à comunicação e computação. Destes, apenas o primeiro é diretamente preocupado com o conhecimento e a aprendizagem.

Permitir que pessoas se tornem melhor informadas (aprendizagem, tornar-se mais bem informado) é, ou deveria ser, a preocupação central dos estudos de informação e os serviços de informação são, na prática, mais diretamente preocupados com saber sobre do que saber como ou saber que. Conhecimento no dia a dia é crença, é cultural e não é necessariamente bem justificado ou verdadeiro em nenhum sentido mais forte. Uma conseqüência é que as sutilezas da filosofia analítica provêm uma base inadequada para a teorização da ciência da informação.

No dia a dia dependemos muito e cada vez mais de conhecimento de segunda mão. Podemos determinar pouco do que precisamos saber por nós mesmos, em primeira mão, da experiência direta. Temos que depender de outros, amplamente através de documentos. Ao mesmo tempo, há uma multiplicidade de agências ansiosas para influenciar nossas vidas usando documentos como seus meios de alcançar seus variados e às vezes controversos fins. Nesta inundação de informação, precisamos selecionar e precisamos decidir no que confiar. O que acreditamos acerca de um documento influencia em nosso uso dele e mais importante, nosso uso de documentos influencia no que acreditamos. Suzanne Briet reconheceu estas questões quando escreveu em 1951 sobre documentação não apenas como uma “necessidade do nosso tempo”, mas também como “uma nova técnica cultural” (Briet, 1951/2006, Grifo Nosso; Day, 2006).

Recuperação da informação e bibliometria, ambas muito úteis, são quantitativas e técnicas, mas não são científicas no sentido normativo porque são baseadas em fundações fracamente definidas. Se a ciência da informação é uma ciência, é uma ciência do artificial (Simon, 1996) ao invés de uma ciência natural (como a física) ou ciência formal (como a matemática). Patrick Wilson estava certo: estudos da Informação envolvem uma ampla gama das ciências sociais (e humanidades) e um pouco de engenharia altamente especializada (Wilson, 1983b, 1996).

Essas conclusões desagradariam a muitos que no século XX foram determinados em criar uma ciência séria a partir da ciência da informação. A resposta precisa ser que se um problema é importante o objeto do problema deveria determinar a metodologia, não o contrário. Deveríamos nos consolar que qualquer (re)enquadramento do campo ilumine oportunidades bem como limitações. Algumas que vem a mente são que se as técnicas de filosofia analítica em conhecimento proposicional parecem estéreis para nossas necessidades,

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então a ênfase em conhecimento como crença e como cultural deve ser fértil. Se tivermos uma visão funcional e notarmos que relacionamentos entre documentos tem há muito tempo sido estudados nas humanidades, então a bibliografia pode ser enriquecida por considerá-lo como uma forma de paratexto e vice versa. Se o uso de algoritmos depende de uma simplificação útil, uma investigação mais profunda das conseqüências deste compromisso é indicada. A Internet amplificou a questão de decidir em quais documentos acreditar, mas estudos sobre como a crença afeta o uso de documentos precisam ser complementados por estudos de como o uso de documentos afeta a crença; e se a natureza incremental de tornar-se informado tem sido negligenciada, há muito a ser feito para mudar a ênfase de serviços de suprimento de informação parar sistemas que informem.

Pelas razões especificadas neste artigo, a ciência da informação preocupa-se com engajamento cultural. Abordagens formais e quantitativas são extremamente valorosas, mas o campo em si mesmo é incorrigivelmente cultural. Métodos formais e quantitativos, embora úteis, nunca podem ser mais do que papéis auxiliares altamente valorizados. Caracterizar a recuperação da informação e bibliometria como ciências do artificial é uma descrição, não uma crítica.

Essas conclusões não são direcionadas a outros, tipos diferentes de estudos da informação, notavelmente a ciência da computação, física da informação, ou tecnologia da informação, que não são diretamente preocupadas com o que as pessoas acreditam.

No final, podemos ver que nossos argumentos têm de algum modo uma forma circular. Uma vez que escolhemos reconhecer a noção central de informação como relacionadas à aprendizagem e ao conhecimento existem conseqüências. Primeiro, há uma separação das zonas essencialmente livres de conhecimento ocupadas pela ciência da computação, física da informação e tecnologia da informação. Segundo, qualquer noção de estudos da informação envolvendo o que e como sabemos, pode ser apenas um questionamento cultural. Terceiro, aceitar o contexto cultural da ciência da informação deveria nos levar a contribuições mais realistas e mais efetivas para nossa sociedade permeada por documentos.

Agradecimentos Versões anteriores deste artigo foram apresentadas no Document Academy Conference que aconteceu na Faculdade de Informação da Universidade do Norte do Texas de Denton, em 19 de março de 2010 e na Escola de Biblioteconomia e Ciência da Informação da Universidade da Carolina do Sul, em sete de abril de 2011. Referências Arnauld, A. (1850). Logic; or, the art of thinking: Being the Port Royal logic (T. R. Baynes, Trans.). Edinburgh, Scotland: Sutherland and Knox. (Original work published 1662) Ball, P. (2006). The devil’s doctor: Paracelsus and the world of Renaissance magic and science. NewYork: Farrar, Straus and Giroux. Brier, S. (2008). Cybersemiotics: Why information is not enough! Toronto: University of Toronto Press.

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Tradução por Isadora Garrido, 25.11.2011 [[email protected]]