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QUANDO DEUS É FEITO HOMEM

Uma História Contada Pelos Bichos

Volume 1

Sociedade Brasileira de Eubiose

ADIEL

Sociedade Brasileira de Eubiose Av. Getúlio Vargas, 481

São Lourenço – MG CEP 37470-000

Livro destinado a todas as idades, pois cada um tem,

dentro de si, uma criança...

Permitida a publicação parcial ou total

desde que sejam citadas as fontes:

Sociedade Brasileira de Eubiose, e a autora.

Livro dedicado à

Mãe Divina, Rainha do Céu e da Terra,

Mãe Imaculada do Universo

PROFECIA DO REI DO MUNDO

“E depois que as nações forem caindo uma a uma... Eu enviarei um povo agora desconhecido que, com mão firme, arrancará as más ervas da loucura e do vício e conduzirá os que ficarem fiéis ao Espírito do homem na batalha contra o mal... Eles fundarão uma nova vida sobre a Terra purificada pela morte das nações. Então os povos da Agartha sairão de suas cavernas subterrâneas e aparecerão na face da Terra”.

(Revista Dhãranâ nº 95/98, ano 1938)

NÃO DEIXE DE LER O livro QUANDO DEUS É FEITO HOMEM – Uma História

Contada Pelos Bichos, tem a pretensão de semear algumas verdades... Foi inspirado nos escritos do Professor Henrique José de Souza, ilustre brasileiro nascido em 1883, em São Salvador, Bahia. Se existe algum mérito de nossa parte, é o de não ter desistido de abordar um assunto de tão difícil compreensão e, quem sabe mesmo, de aceitação...

Para que “os Tesouros de Revelações não se apodreçam na Terra por falta de quem os transmita aos que devem ser salvos” – palavras textuais do Professor Henrique – achamos por bem divulgar, de seu valioso acervo, o que no momento é possível passar adiante.

Mestre na arte de ensinar, o Professor Henrique o faz quase sempre insinuando, para que o discípulo force o cérebro a trabalhar. Quando achamos que, para leitores pouco familiarizados com assuntos de ordem espiritual, seria difícil a compreensão, procuramos, conforme o nosso entendimento, usar linguagem fácil, pois nosso objetivo é alcançar todas as faixas de idade, mas, principalmente, as crianças, embora saibamos não ser fácil atrair o interesse delas para assuntos dessa natureza. É um projeto que pode dar certo ou não. Mas se não tentarmos... Nunca saberemos.

Diz o Professor Henrique: “A repetição é a alma do ensino”, por isso, para melhor compreensão de tão delicado quanto

incomum assunto, algumas vezes voltamos atrás em determinadas explicações, procurando, quando possível, usar palavras diferentes. Pequenas frases suas e também trechos maiores, fizemos constar no livro, entre aspas, para que o leitor possa apreciar o estilo invulgar e sedutor desse extraordinário mestre.

Sem desrespeitar a seriedade do assunto, e, de algum modo tentando adequá-lo mais às crianças, procuramos adoçar o texto, apelando para o imaginário da fantasia, que, então, nos trouxe à mente a ideia de uma conversa entre bichos, porém, humanizados... Durante a conversa, que se trata de um encontro, os bichos se queixam, fazem perguntas engraçadas, perguntas ingênuas, choram, reclamam, e dizem coisas bastante sérias. E aproveitam para falarem sobre si mesmos, e ensinar aos humanos como são chamadas as suas vozes.

Nossa gratidão aos veneráveis Hélio, Selene e Jefferson, filhos do Professor Henrique José de Souza e Senhora Helena Jefferson de Souza, pela oportunidade que nos deram de passar adiante muito pouco do muuuuuuuito que seus pais nos ensinaram.

Em 09 de setembro de 1963, Henrique retornou ao seu mundo de origem, após trabalhar exaustivamente pela evolução das humanas criaturas, e Helena, do mesmo modo o acompanhou, porém, mais adiante no tempo, no dia 31 de julho do ano 2000.

Adiel (“meu ornamento é Deus”)

HENRIQUE JOSÉ DE SOUZA e HELENA JEFFERSON DE SOUZA,

fundaram, em 1924, um Colégio Iniciático, denominado Dhâranâ Sociedade Mental Espiritualista, em homenagem aos Mestres do Oriente. “Como todas as Escolas orientais antigas e modernas, procurou, por meio dos véus maiávicos (ilusórios) da Iniciação, arregimentar um grupo de buscadores da Verdade, o que, aliás, conseguiu, após sacrifícios e sofrimentos sem conta”. Em 1928, em homenagem à mártir Helena Petrovna Blavatsky, passou a denominar-se Sociedade Teosófica Brasileira, “uma fase mais ampla, mais decisiva no mundo exterior...” E em 1969, fazendo jus ao lema que adota, Spes messis in semine (A esperança da colheita reside na semente), com uma “safra” bem mais abundante de discípulos, mudou seu nome para Sociedade Brasileira de Eubiose, nome até hoje mantido. “A grande Vereda da Iniciação é eriçada de espinhos, e os obstáculos para alcançar o seu término glorioso são de tal ordem, que, mister se faz o discípulo tornar-se surdo às vozes de escárnio e de maldade, partidas da negra floresta de Maya (ilusão) e de Avidya (ignorância) que serpenteia por toda ela”.

“Toda criança possui, mais ou menos, uma tendência para

este ou aquele ramo da chamada ciência oficial, das artes e até a filosofia, religião etc. Assim é que, existem os pintores, os que não largam um lápis e um papel da mão, outros que amam a música e tentam arrancar de qualquer instrumento algo que eles mesmos ignoram o que seja... Acolá, o que é atraído para os fracos, os humildes, os doentes, deixam transparecer seu desejo latente... de auxílio de vontade de curar, de fazer algo em seu benefício. Mais adiante, o evocador de mistérios, preferindo o isolamento, o afastamento de outras crianças, admiradores do céu, das noites estreladas... recordando seu próprio passado! Músicos, médicos, filósofos etc. etc. não há um só que não traga a ou as tendências que lhes são afins”.

Henrique José de Souza

Quando Deus É Feito Homem

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“Noite assombrosamente linda...” De uma ampla varanda eu

admirava a imensidão do Céu. Meu pensamento vagava entre uma estrela e outra, contemplando o “frio manto de estrelas bordado”. Sonhava acordada. De repente, um ruflar de asas despertou minha atenção: uma ave parecia vir em minha direção... Coisa estranha, mas eu não me enganara. Bem próxima de mim, ela deixou cair em meu colo um envelope cor de açafrão, pousando, em seguida, no galho de uma pitangueira e, ali ficou a me olhar... Abri o envelope. Dentro havia um convite a mim dirigido, que dizia assim:

A cada três anos, bichos de várias partes do mundo se reúnem para contar suas aventuras, avaliar suas desventuras, e encontrar meios de se ampararem mutuamente, já que não podem contar com os homens. À reunião, que ainda está por acontecer, eles deram o nome Abrindo Novos Caminhos... Você, como representante confiável do gênero humano, foi escolhida para assistir ao evento, registrando tudo que ouvir e ver, e, posteriormente, transformar em livro, independente do relatório que será feito pelo amigo Pinguim, destinado aos arquivos do Reino Animal. Não receie estar conosco. Sabemos que é sensível ao sofrimento dos animais e isso muito nos conforta. Esteja certa que não terá dificuldade em nos entender, pois, por meios que

Uma história contada pelos bichos

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não podemos revelar, essa possibilidade lhe será dada. Nossa confiança nos humanos é quase nula, porém, recebemos ordem para manter acesa por mais algum tempo, a chama da esperança, na expectativa de que alguma coisa boa possa acontecer, pelo menos enquanto houver tempo... Fique atenta, pois a qualquer momento será procurada e encaminhada ao local do encontro, por meios que a surpreenderão... Não nos desaponte. Assinado: Touro Tur-Zim-Muni.

Um misto de espanto e inquietação tomou conta de mim. Convidada por bichos... Teria havido antes coisa igual? Quem acreditaria? Minha curiosidade ficou ainda maior porque meu íntimo dizia que eu deveria ir. Mas como confirmar tão inusitado convite? Foi aí que lembrei-me da ave que, do galho da pitangueira, continuava me olhando... Retribuí como um sinal de aprovação. Absurdo, mas foi o que fiz. Parecendo entender, no mesmo instante ela voou até desaparecer no horizonte.

E aqui estou eu, após o encontro, de volta à mesma varanda, não refeita, ainda, de tudo que vi e ouvi, sem poder revelar como fui parar na reunião e nem como retornei. Mas confesso, muito aprendi com os bichos, que, de irracionais nada têm, como pensam os “civilizados”, pois cada um, a seu modo, tem o seu tipo de inteligência.

Passemos, então, a narrar o encontro Abrindo Novos

Caminhos, que, só não foi de todo bagunçado, porque foi estabelecido, entre eles mesmos, comparecer apenas o líder de cada espécie, acompanhado de uma fêmea. Mas isso não foi seguido à risca, tanto que alguns filhotes também


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compareceram. Após contarem suas aventuras, algumas bem engraçadas que pediram não anotar, é coisa deles, e discutirem seus problemas, escolheram o assunto a ser debatido, uma iniciativa proposta pelo Totem Mundial - o Boi ou Touro Tur-Zim-Muni, também chamado Touro Akbelino, e Guardião Geral da Terra - já adotada em encontros anteriores, a fim de que o Reino Animal se torne mais sabido, mais por dentro das coisas, para melhor identificar-se com os humanos da Nova Civilização, a mesma Nova Era.

O Boi ou Touro Tur-Zim-Muni, ele simboliza a força cósmica

criadora, e é animal andrógino. Originário de Vênus, ele é o Totem Universal, ou seja, ele é a manifestação divina, isto é, o avatara do Reino Animal. Como Deus do Reino Animal, todos os bichos têm nele o seu defensor e guia, e a ele recorrem para suas queixas, pedidos, agradecimentos, etc.

O Boi ou Touro Akbelino possui asas e tem três chifres dourados; é, portanto, tricórnio. Quando fala das entranhas da Terra, ele o faz em sílabas pequenas, como “ab, al, ba, baal, da, dal, mon, mom, aum, mu, mô, mó, ma, mê, mé, mi e outros sons parecidos”. Todos os bichos entendem a sua linguagem, assim como a entende o Buda Integral dos Reinos da Natureza, o senhor Rabi-Muni, nome cujo significado é “místico e sábio da floresta”.

O Boi ou Touro Akbelino vive no seio de uma montanha sagrada, e a Vaca Akbelina vive em Shamballah. Os dois formam a verdadeira Manjedoura, onde também se encontra o Cordeiro de Deus e outros animais sagrados, todos se alimentando da VIDA UNIVERSAL, que é o Sopro da Existência.


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O senhor Rabi-Muni é rei, sacerdote, e um arquivo-vivo de todas as evoluções passadas. Portanto, ele entende a linguagem de todos os Reinos da Natureza. Com a senhora Tara-Muni, sua parte feminina, ele vive no interior da mesma montanha onde vive o Boi ou Touro Tur-Zim-Muni, acompanhado de seus sete principais auxiliares: os Totens, sendo o oitavo desses mesmos Totens ou animais sagrados, o próprio Touro Akbelino.

Fora estipulado que o encontro não teria tempo para acabar,

por isso alguns bichos trouxeram suas tralhas, causando, no início, certo desconforto, mas depois tudo se ajeitava. Tendo comportamentos e reações diferentes, a regra era para que cada um respeitasse o outro e, se houvesse algum desentendimento, que fosse sem mordidas, coices, picadas, rabanadas e outros tipos de enfrentamento. Não se pode dizer que tudo correu às mil maravilhas, mas, se comparado às reuniões que os homens fazem entre si, até que os bichos deram um bom exemplo.

A Cabra foi a primeira a chegar, e, de longe, já berrava o seu béééé engraçadinho, crente que só estavam esperando por ela. Mas não, ela é que se adiantava, porque cortava caminho saltando de rocha em rocha. Logo após veio o Esquilo, que, com a mania de catar coquinhos e enterrar nozes que depois esquece, torna mais bonita ainda a “cabeleira do mundo”. Com seus 1.200 quilos de peso, chegou o Elefante, e, tendo corrido um pouco mais, achatou tudo pelo caminho. Junto com ele chegou o Carneiro, pingando de suor, coitadinho, de tanta lã. Atrás dele e aos berros, vinha o Papagaio, já anunciando ser ele o melhor imitador do homem. Com notável aparência humana, chegou o


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Pinguim, trazendo sob as asas não-voadoras, as folhas de papel para fazer o relatório. Vindo de carona na carapaça da Tartaruga, chegou a Preguiça. Uma infinidade de bichos foi então chegando, num lugar quase mágico, pois tudo que os bichos pudessem vir a precisar, ali parecia existir.

Rapapés, salamaleques, afagos, mordidinhas, chifradas, lambidas, cheira aqui, cheira ali, cada bicho finalmente se posicionou. No início se embolavam um pouco, mas depois ficavam numa boa. Antes mesmo de qualquer apresentação, reclamaram que, se as coisas continuarem como estão, nem eles e nem os humanos terão mais condições de sobreviver, pois a ousadia dos homens, em “roubar da atmosfera da Terra o que a ela pertence, a energia atômica e a nuclear”, deixou tudo e todos expostos às conseqüências terríveis, por terem mexido com forças cujos efeitos eles desconhecem... Tais efeitos se voltam agora, com todo o vigor, contra a própria humanidade.

Só isso já demonstrava a mim o que iria ser o encontro.

– O mundo deveria ser olhado como uma grande tela, onde o maior de todos os Artistas, que é DEUS, completou uma de suas melhores obras! – logo se adiantou o Elefante, maior animal terrestre de nosso mundo, e ele continuou: Os terríveis tufões, acionados pelas “circunvoluções atômicas”, que os homens chamam de nomes complicados, não darão trégua! Meus amigos, caso vocês não saibam, circunvolução é um movimento à volta de um centro. Portanto, essas forças se movem em curva ao redor da Terra, indo e voltando... Risco cujo resultado dia a dia, já se vê... As experiências duvidosas dos cientistas, deixou o


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mundo em mau estado. Se eles não controlarem com rapidez essas forças por eles desencadeadas, “tudo e todos se curvarão diante da ruína geral do mundo”. Por ora é só, vou fazer uns gargarejos para voltar com a voz mais legal.

– Por que os homens são assim? O sagrado mistério da vida é tão bonito... Sem mistério a vida perderia o encanto que tem – cacarejou a Seriema, que, ao cantar, anuncia o final da época das chuvas. Surpreendente, disse ela, é que sempre que o homem, por concessão de DEUS, desvenda uma parte do mistério da vida, outro maior aparece para desorientar os incrédulos, e é isso que torna a vida ainda mais encantadora e atraente.

Reclamações vinham de todos os lados. Lembraram até que “os homens sempre fazem mau uso do que descobrem, e que a radioatividade está deformando os seres humanos”. Eu nem sabia disso. Falaram dos malefícios do asfalto, das panelas de alumínio, do cloro que prejudica a água, que deveria ser ozonizada, do colchão de molas por possuir espirais em posição inadequada, dos cigarros contaminando homens e ambientes, dos agrotóxicos nas plantas, da fumaça dos coletivos, das drogas que viciam e matam, tudo isso envenenando homens e bichos, a Natureza enfim.

– Mas qual de nós usa colchão de molas? Já quase nem se usa mais – estranhou o Tatu. As galerias que faço me servem plenamente! Quanto ao asfalto, só ando nele quando preciso atravessar alguma estrada, e mesmo assim é vapt vupt!

– Eu também não uso essas coisas – roncou a Avestruz. Minha saúde é boa, e quando quero lubrificar minhas pernas, corro 60 km por hora, podendo, se estiver bem disposta, alcançar 80 km. Por isso tenho esse porte assim elegante.

O encontro era um festival de coisas engraçadas e tristes.


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Mas ficou claro, que a captura e o tráfico de que são vítimas, é a maior preocupação deles. Sobre isso nenhuma discordância. Disseram que somente à Natureza cabe fazer a seleção das espécies! Nunca o homem! Disseram, também, que a devastação das florestas, deixa os animais encurralados, e, quando eles procuram refúgio nos centros urbanos, em busca de alimento e abrigo, os próprios homens que criaram tal situação para eles, são os primeiros a matá-los, quando se veem diante de algum animal. Onde os bichos se abrigarão se acabarem com as florestas? Quantos deles morrem carbonizados nas queimadas criminosas? Pôr fogo na mata é um atentado contra DEUS! Até que a Natureza se refaça, deixará de existir uma infinidade de espécies. Pedido unânime dos bichos: que os homens sirvam a DEUS plantando árvores!

Sobre as experiências com animais vivos, o relato foi cruel. Chorei às pencas! Contaram, também, que nas florestas, os animais estão entrando em confronto por território, por causa da derrubada sem controle, de árvores robustas. Falaram que está visível as consequências do descaso do homem com a contaminação das nascentes, e com a esterilidade da terra... Falaram até da poluição mental e moral dos homens, coisa que nem julgava eles soubessem. Lembraram do efeito estufa, do buraco da camada de ozônio, do aquecimento global, enfim, foram tantas as reclamações, que eles mesmos disseram que, quando o homem abrir os olhos, já será tarde demais!

Eu nem imaginava o quanto ainda estava por vir.

– Embora tardiamente, os homens começam agora a acordar,


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porque a coisa está ficando preta também para eles. Sequer cogitam o quanto há muito tudo está péssimo para nós! É o caso de perguntarmos a eles: quem poderá conter o derretimento das calotas polares? O pior é que nessa enrascada eles nos levam junto – gorjeou o Corrupião, pássaro que, embora lindo e de canto melodioso, nem sempre constrói o seu próprio ninho para procriar, aproveitando ninhos alheios, chegando até mesmo a enxotar o dono do ninho, e jogando no chão os seus filhotes. Que feio, não?

Após enorme rosário de queixas, todas elas justas, no meu entender, os bichos trataram de escolher o assunto a ser debatido por eles.

– Que tal falarmos sobre aquele Anjo? – sugeriu a Lebre. – Qual deles? – indagaram os bichos. – Aquele... – assobiou a Lebre. O que desobedeceu... – Diz logo, o Arcanjo Rebelde! – berrou o Papagaio. – Não, não! – disse o tímido Alce. Assunto perigoso. – Discordo!– interveio o Ouriço, animal que pouco mudou

nos últimos 15 milhões de anos. Passa da hora de desvendar parte desse mistério!

– Vamos em frente! – animaram os bichos. – Eu nem sei o que é Arcanjo... – lamentou o Pintinho. – Não tem problema, amigo Pintinho, se ficar decidido

falarmos sobre o Arcanjo Rebelde, você logo entenderá! – animou o Ouriço, que, ao ser ameaçado, vira uma bola de espinhos, de tanto que se enrola.

A confusão aumentou, porque cada bicho queria falar primeiro, até que um fortíssimo clarão, acompanhado de um sutil bater de asas, deixou ver dois “gendarmes de asas”, ou seja, dois garbosos Devas (Anjos), formas da Mente Universal


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transformadas em Consciências... Que lindo, não? Uma voz retumbante então, vinda de um terceiro ser que não se via, advertiu o seguinte:

– Eu não quero que paire nenhuma dúvida sobre o Arcanjo Rebelde!

E tudo desapareceu! O resultado disso foi um silêncio de cemitério, com os bichos pulando que nem pipoca quente. Haviam compreendido que o assunto a ser debatido era sério e estaria sendo observado... Quiseram desistir, mas a Preguiça, num bocejo que mais parecia um túnel sem fim, sugeriu que se fizesse antes, como proteção para poder falar sobre o Arcanjo Rebelde, uma menta... mentaaaa... lização!

– Mas como mentalizar se não pensamos? – grassitou o Marreco.

– Ora! Humanos pensam e, no entanto, só arranjam confusão! – ironizou a Tartaruga. Façamos o seguinte: olhemos todos na mesma direção, fingindo ver a mesma coisa.

– E o que vamos ver fingindo? – cantou o Galo. – A Alma Universal, simbolizada pela Pomba do Espírito

Santo – sugeriu a Tartaruga. Fizeram a tal mentalização que até eu ajudei. O Touro

Akbelino gostou tanto, que da montanha onde vive deu três urros, e exaltou com as seguintes palavras:

– Desta gloriosa montanha, Lugar Sagrado onde se manifesta o ALTÍSSIMO, saúdo todos os bichos da Face da Terra, no seu admirável empenho em se ampararem mutuamente.

Após a fala do Touro Akbelino, um silêncio respeitoso se fez,


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até que o Elefante, voltando do tal gargarejo, perguntou qual bicho falaria primeiro sobre o tema escolhido. :

– Sugiro que façamos um sorteio – baliu a Cabra. – Concordo. Sobre o assunto uns não sabem nada, outros

sabem muito, alguns sabem alguma coisa, e outros nem vão abrir a boca ou o bico – barriu o Elefante, cuja vida pode durar 60 anos, mas se for prisioneiro de circo...

Feito o sorteio, coube ao Carneiro iniciar. Mas ele mesmo propôs que, a exemplo dos encontros anteriores, fosse dado um título ao assunto, pois o debate seria relatado pelo Pinguim, responsável pelo relatório destinado aos arquivos do Reino Animal. Nessa hora foi outra ladainha, até que a Preguiça, que acabara de acordar, disse ter sonhado que o livro a ser feito deveria chamar-se:

QUANDO DEUS É FEITO HOMEM

UMA HISTÓRIA CONTADA PELOS BICHOS Ah! Um sucesso a sugestão da Preguiça! O Carneiro ia

começar, mas a Capivara, lembrando algo importante, interrompeu dizendo:

– A verdade inteira sobre o Arcanjo Rebelde, só ELOHAH sabe!

Ao ouvir o nome de DEUS, os bichos baixaram respeitosamente a cabeça, combinando então, que, como aprendizado, seria interessante, durante todo o encontro, mencionar alguns dos muitos nomes com que DEUS é reverenciado no mundo inteiro, e que eu os anotasse em letras grandes, para que as pessoas que viessem a ler o livro pudessem melhor memorizar. É o que farei de agora em diante.


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O Carneiro então passou a ensinar o que sabia: – Meus antepassados contam, que a Vida Universal é

repartida em Ciclos que podem ser de poucos anos, de muitos anos, enormes, gigantescos. e até siderais. Cada Ciclo tem um programa estabelecido pelo “Legislador dos Legisladores”, que é o SUPREMO ARQUITETO DO UNIVERSO, o Qual acompanha a evolução de Globo em Globo ou de Planeta em Planeta, até que termine um Ciclo Completo de Evolução Planetária. Atualmente, dos sete Globos ou Planetas que compõem uma Cadeia Planetária, é no 4º Globo ou Planeta, que é a Terra, que os homens evoluem. Sempre que um Globo ou Planeta termina a sua evolução, o bem que ele produziu passa como Luz para o Globo ou Planeta seguinte, e o mal passa como Trevas.

– Mas o mal não existe! – rebateu o Galo, antigamente rei do galinheiro, hoje sem reinado e sem trono.

– Tem razão, amigo Galo – concordou o Carneiro. “A maldade é filha da ignorância”, ou melhor, o mal é causado pelo desconhecimento das coisas divinas ou superiores. Quando um Globo ou Planeta começa a sua evolução, ele recebe do Globo ou Planeta anteriormente trabalhado, “como se fosse um jogo de empurra”, o saldo de bem e mal que o mesmo produziu. O bem é então recebido como Luz, e o mal como Trevas. Na verdade “não existe nem bem nem mal, mas o mal no bem e o bem no mal”.

– Mas receber o mal não é ruim? – chiou o Coelho. – O risco existe, mas o atrito entre bem e mal é necessário, a

fim de que os seres da Terra saibam distinguir um do outro – respondeu o Carneiro.

– Nesse caso “o mal está na ignorância e o bem na inteligência” – acertou em cheio o Coelho.


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– Confere – baliu o Carneiro. O que os homens precisam, é “transformar a ignorância em sabedoria, as trevas em luz, a morte em imortalidade, e a matéria em espírito”, e isso eles começam a conseguir, quando passam a se interessar pela Sabedoria Divina ou Sabedoria Eterna, também chamada Sabedoria da Antiguidade, ou ainda Sabedoria Iniciática das Idades.

– Entendi – o Coelho agradeceu. O desconhecimento da Sabedoria Eterna, é que leva os homens a se converterem às várias religiões existentes, a maioria delas se combatendo, quando todas são apenas “pálidos raios” da verdadeira Sabedoria Divina que Jesus tanto lutou para restabelecer. A missão de Jesus era pregar o Amor Universal, o qual traria de volta a Sabedoria da Antiguidade, reduzindo assim a superstição que dominava aquele povo, e corrigindo os erros introduzidos nas várias religiões. Se Jesus tivesse tido êxito, seria abolido tudo quanto pudesse servir de obstáculo à rápida evolução do homem, na sua inevitável marcha para o divino.

– Quanta coisa ficaram sem receber, por causa do mal que fizeram a Jesus – lamentou o Alce.

Redondinho de tanta lã, o Carneiro continuou a ensinar: – O Globo ou Planeta trabalhado antes da Terra, foi a Lua,

mas não a Lua que vemos, na verdadeira Lua é que se desenrolou a evolução dos selenitas, como eram chamados os seres a ela pertencentes. O trabalho desenvolvido na Lua é chamado Cadeia Lunar. Só que, “não tendo terminado a sua evolução, a Lua não deu a recompensa” que deveria dar a Terra, ou seja, deveriam vir da Lua, para a Terra, seres com a evolução


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terminada. Uma “Catástrofe Celeste”, porém, impediu de isso acontecer. Então, o que veio para a Terra foram seres incompletos, inacabados, inferiores... Se tivessem terminado a sua evolução, teriam se tornados superiores. A Terra então, tendo de dar abrigo a eles, passou a sofrer a influência da Lua, o que não aconteceria se os seres da Lua tivessem completado a sua evolução. A Terra ficou então, em grande parte, subordinada à Lua, e até hoje se encontra nesta situação.

– O que significa ficar subordinada? – perguntou a Gazela. – É ficar dependente... “A Lua é a causadora multimilenar

dos sofrimentos da Terra” – explicou o Carneiro. Ficando com os órfãos da Lua, a Terra teve a sua evolução prejudicada desde o início, pois, ao invés de trabalhar para si mesma, teve de trabalhar pela complementação da evolução dos selenitas, como eram chamados os seres pertencentes a Lua, trabalho que alcançaria multimilênios, e que não competia a Terra fazer. A “Catástrofe Celeste” foi que alterou o que o Arcanjo Rebelde tanto queria, ou seja, que o 4º Globo ou Planeta, que é a Terra, “começasse (a sua evolução) com seres humanos, em vez do complemento da Cadeia Lunar”, mas o caso é que “a Cadeia Lunar não foi de todo completada na Lua, por sua causa...” Deu para entender? Devido a isso, os seres da Terra, que deveriam ser solares, passaram a lunares...

– Mau indício... – ciciou o Beija–flor. – O que aconteceu à Lua para ela não terminar a sua

evolução? – indagou o Quati, cujo nariz pontudo ajuda a escalar as árvores, onde no alto dorme bem enrolado.

– Aconteceu o que já foi dito: “uma Catástrofe Celeste” – repetiu o Carneiro.

– Mas se a Terra herdou o mal que a Lua produziu, deve ter


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também herdado o bem. Ou a Lua não produziu nada de bom? –argumentação correta do Quati.

– O bem também veio – berregou o Carneiro. – Não íamos falar sobre o Arcanjo? – interrompeu o Pavão,

antigamente considerado sagrado, na Índia. – Íamos, não; estamos falando, em tudo ele está presente –

garantiu o Carneiro. – Ele é tão importante assim? – pipilou o Pavão, ave que à

noite se recolhe no alto das árvores. – Sim. Deveria ser ele o Dirigente da Terra, o líder do

momento atual do Universo, mas a sua desobediência tirou dele esse direito. Esses fatos que estamos começando a comentar, envolvem três belos e imponentes Arcanjos, assunto que virou tabu com o passar do tempo – lamentou o Carneiro.

– O que é tabu? – perguntou o Pavão, que só consegue voar após correr um bom pedaço de chão.

– É coisa intocável, sagrada, proibida. Mas tudo tem sua hora... – argumentou o Carneiro. A desobediência de um desses três Arcanjos, sacrificou os outros dois, e o responsável maior ficou marcado para sempre.

– Marcado porque se machucou? – pipilou o Pavão, cujo costume de dar o alarme, avisa quando um predador se aproxima.

– De certa forma, sim, se machucou, pois o estigma fatal desde então o acompanha – considerou o Carneiro.

– O que é estigma? – quis saber a Doninha. – É uma cicatriz ou sinal. Mas no caso do Arcanjo, é a marca

infamante e desonrosa, que então passou a acompanhá-lo por causa de uma revolta no Céu... – informou o Carneiro.

– De que revolta você está falando? – rugiu a Puma.


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– De uma Rebelião Celeste... – respondeu o Carneiro. Vamos por partes porque o assunto é vasto. Primeiramente, vocês precisam saber que existem sete Arcanjos primordiais, pois nasceram do próprio “Brahma e seu aspecto feminino”, que é o PAI-MÃE UNIVERSAL. Esses sete Arcanjos primordiais formam o que poeticamente é chamado “Lampadário Celeste” ou “Heptacórdio Divino”. A consciência desses sete Arcanjos tem alcance Cósmico... Conforme o trabalho que desempenham, usam várias denominações: Planetários, Helohim, Dhyan-Chohans, Kumaras, Luzeiros, e outras denominações que agora não lembro. Do primeiro ao sétimo são Deuses, pois saíram da mesma Essência Divina: o PAI-MÃE UNIVERSAL. Somente diferem na função. Conforme o trabalho a desempenhar, até podem se opor... Mas tudo de acordo com a vontade do PAI. Nosso debate será sobre três desses sete Arcanjos primordiais: o 4º, o 5º e o 6º. Prestem atenção, porque “cada um desses Arcanjos tem a sua tônica”.

– O que é tônica? – perguntou o corpulento Texugo, o qual vive em tocas.

– Tônica é o que impulsiona o indivíduo, o que nele é mais forte. A sua, amigo Texugo, é escavar galerias – desse modo simples ensinou o Carneiro.

– Que bom que tenho tônica – o Texugo gostou. – Continuemos então – pediu atenção o Carneiro. A tônica

do 4º Arcanjo era de amor, disfarçada, porém, de tentação, porque os seres que ele governava eram sem iniciativa, precisavam de estímulo. A tônica do 5º Arcanjo era de rigor, reforçada com a revolta que ele sentia por tudo que fosse criado com a intenção de iludir e vacilar as criaturas. A tônica do 6º Arcanjo era de amor, porque a convicção dele era que só o Conhecimento liberta todo e


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qualquer ser. – Já vi que vamos ficar mais sabidos, mas também... –

desanimou o Pica-pau, cujos ninhos ele faz abrindo cavidade no alto dos troncos.

– Explico de novo – mostrou boa vontade o Carneiro. O 4º Arcanjo era o dirigente da Lua, mas quase no final do seu mandato, ele teve a sua gestão prejudicada. O 5º Arcanjo era o seu guia espiritual e, em parte, foi o responsável pelo acontecido ao 4º Arcanjo, pois querendo ajudar acabou piorando as coisas. O 6º Arcanjo, atendendo ao apelo do PAI, se prontificou a salvar os dois e conseguiu, mas para isso ele teve de ter incontáveis vidas, num período que podemos considerar eternidade. É a história desses três Arcanjos primordiais, que vamos tentar entender, mas sem brigar!

– Eu sou de paz – garantiu o Pintinho. – Não fosse a confusão celeste, e o 4º Arcanjo concluiria o seu

mandato na verdadeira Lua, e o 5º Arcanjo governaria espiritualmente a Terra – explicou o Carneiro.

– Como é governar espiritualmente? – indagou a Cutia, habilidosa em quebrar o coco da castanheira, proporcionando assim o nascimento de muitas novas castanheiras.

– Governar espiritualmente é não estar presente, é falar em segredo, despertar ideias, intuir, fazer pressentir as coisas sem recorrer ao raciocínio – ensinou o Carneiro.

– Prático, não? – gargalhou a Cutia. – Como você diz uma coisa dessas?! – reprovou o Carneiro.

Governar espiritualmente é assumir responsabilidade! Se os governados se desencaminham, triplica a responsabilidade de quem os guia. A evolução é um processo lento porém contínuo e feito por tentativas... Ao Globo ou Planeta Terra, cabia dar início


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à evolução do ser humano propriamente dito. Mas a Lua, a verdadeira, Astro trabalhado antes da Terra, não conseguiu concluir a sua evolução. A DIVINDADE então, ordenou ao Anjo Rebelde, como guia espiritual do 4º Arcanjo, que fizesse o transbordo dos seres da Lua, para a Terra, onde os selenitas deveriam prosseguir a evolução, até completá-la integralmente. Essa responsabilidade não era da Terra, mas a Terra teve que assumir, e foi isso que retardou o trabalho inicial da própria Terra, com repercussão até hoje sentida... O acontecido à Lua, cujo nome famoso é Selene, “fez sangrar a Terra...”

– A Terra então se feriu? – assim entendeu o Tucano. – Sangrar a Terra significa que, desde então, “todas as vezes

que um ser superior desejava dar a vida pela Terra”, para impulsionar a evolução da mesma, fatalmente seria sacrificado no confronto com os seres da Lua... Enfrentamento que até hoje acontece... “Os seres da Terra, provenientes da Lua, ou se transformam em estrelas luminosas, ou pecam como frutos que caem antes do tempo”. O prejuízo causado à Lua poderia ter sido contornado, se o Arcanjo Rebelde tivesse seguido as instruções dadas pelo PAI – explicou o Carneiro.

– Parece que tudo que se refere ao Arcanjo Rebelde é complicado – atreveu-se a dizer o Tico-Tico.

– É difícil entender a situação em que o Arcanjo Rebelde se colocou. E sabem por quê? Porque envolve homens-animais, homens propriamente ditos, semideuses, deuses, anjos, arcanjos, e planetários. Mas como hoje a Internet vasculha o mundo inteiro, talvez alguma coisa de tudo isso se possa entender – estranha desculpa arranjada pelo Carneiro.

– Mas qual de nós usa computador? Eu não uso! Você usa, amigo Elefante? – perguntou o Pinguim, preocupado se deveria


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anotar isso no relatório. – Não, é coisa de gente – bufou o Elefante. Se a humanidade

não tivesse crucificado Jesus, essa máquina supernotável e outras mais que ainda virão, há séculos já estaria entre os homens. Mas é preciso vigilância. Ficar atento para não se deixar escravizar pela máquina, isolando-se da família... Agir assim, é tirar da era da computação a sua principal finalidade: aproximar as pessoas em segundos, informar com rapidez, e tornar a vida mais prática. Lamentável é que a maldade e a malícia já se introduziram nela...

– Mas isso tem solução! É os internautas não acessarem páginas sujas! Autoridades precisam ficar atentas com os crimes virtuais! Criar leis que punam com severidade indivíduos que espalham terror e pornografia na Internet! – ergueu-se o mais que pôde, para pedir isso, o Pinguim.

– Mas o que tem a ver o Arcanjo Rebelde com o computador? – mostrou-se impaciente o Papagaio.

O Carneiro tomou de novo a palavra, pois tinha mais coisas a dizer:

– A humanidade precisa aprender a respeitar esse Arcanjo, que as interpretações errôneas da Sabedoria Divina, e o fanatismo religioso, fizeram dele um inimigo permanente. Isso não pode mais continuar! São poucas as pessoas que sabem separar o rigor e a rebeldia, do ódio e da perversidade. “Aquele que confunde Rigor e Rebeldia com ódio, perversidade, também confunde Mal com Bem, com Esplendor”. Se o pouco que sabemos sobre o Arcanjo Rebelde,


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for entendido, seja por nós ou por pequeno grupo de humanos, os três Arcanjos ficarão contentes e agradecidos. Principalmente o que se tornou uma eterna vítima, o qual, de agora em diante, passaremos a chamar de 6º Arcanjo ou Arcanjo Salvador, ou ainda irmão salvador.

– Vítima por que foi atropelado? – ficou apreensivo o Caititu.

– Sim, de certa forma, foi... Pois não era hora de ele exercer o seu mandato. Entretanto, atendendo ao apelo do PAI, concordou em vir para a Terra desempenhar um trabalho que não lhe competia fazer. Para entendermos melhor, voltemos a um longínquo passado. Façamos de conta que estamos na Lua, mas não a Lua que vemos, e sim a verdadeira Lua – propôs o Carneiro.

– Mas onde está a Lua da qual você fala? – baliu a Cabra. – Morreu – respondeu o Carneiro. – Morreu?! E nem me avisaram... – a Cabra começou a

chorar. – Perambula pelo espaço... Por trás dela tem umas coisas... –

fez de propósito o Carneiro. – Que coisas?! – a Cabra estava a ponto de desmaiar. – Trevas, o nada, o aniquilamento... – dramatizou o Carneiro. – Mas se a Lua que vemos não é a verdadeira, por que então

ela “se move em sentido idêntico ao da Terra”? – boa pergunta da Cabra.

– Age assim porque ela é passado morto de uma evolução... – respondeu o Carneiro. A Lua que vemos, é um “fóssil multieterno”, desempenhando a função de “ficar rondando sem cessar”. Na Lua verdadeira foi que se desenvolveram os primeiros seres que, no futuro, em outro Globo ou Planeta, que


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viria a ser a Terra, seria iniciado o Reino Hominal, que ainda está em formação. Algo gravíssimo, porém, como já foi ensinado, aconteceu, impossibilitando a Lua de prosseguir a sua evolução.

– A tal “Catástrofe celeste” – relembrou a Cabra. – Essa mesma – confirmou o Carneiro. O Arcanjo Rebelde

então, tutor ou guia espiritual do 4º Arcanjo, previu que o governo espiritual que ele próprio faria, na Terra, no futuro, já começaria mal. Ele então recorreu ao PAI, que o aconselhou a transferir, de imediato, os filhos da Lua, para a Terra, iniciando ele próprio o seu trabalho, antes que o pior acontecesse à Lua.

– Mas o que aconteceu à Lua? – o Coala se afligiu. – O que já contamos, faliu espiritualmente – repetiu o

Carneiro. Esse infortúnio impediu da Lua continuar a ser a Casa Planetária dos seus habitantes. A orientação do PAI, era que o Arcanjo transferisse para a Terra o bem e o mal produzido pela Lua, mas esse “novo e espiritual serviço” foi que o Arcanjo, “reconhecendo-se igual ou semelhante a DEUS ou BRAHMA”, sonegou, alegando que isso exigiria dele e de sua corte uma carga maior de responsabilidade, e a repetição de um trabalho praticamente já feito.

– Ele não gostava de trabalhar? – grasnou o Ganso. – Não é isso, é que a Terra fora programada para humanos, e

os filhos da Lua ainda não eram gente – informou o Carneiro. – Eram bichos então? – ficou animado o Ganso. – Também não. Eram seres de uma Cadeia Planetária

anteriormente trabalhada em outro Globo ou Planeta, a qual, por sua vez, parece ter tido, também, suas implicações.

– O ETERNO não ralhou com o Arcanjo Rebelde? – rouquejou o Sapo, anfíbio dependente da água para a postura dos ovos, pois estes não têm casca, de onde dias depois saem os girinos, que,


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espertinhos, já nascem sabendo nadar. – Sim o ETERNO alertou-o dos riscos, houve até uma

“confabulação celeste” – revelou o Carneiro. – O que é confabulação? – coaxou o Sapo. – É trocar ideias sobre um assunto secreto – ensinou o

Carneiro. – E daí? – insistiu o Sapo, cuja língua é longa e pegajosa. – Daí que, “o Antigo dos Antigos, o Homem Universal”, que é

JEHOVAH, determinou que o Arcanjo Rebelde, juntamente com sua hoste de revoltados, ajudasse a Terra nesse impasse, para que a evolução da Terra não fosse ainda mais prejudicada. Mas o Arcanjo discordou... – informou o Carneiro.

– Puxa... – resmungou o Sapo. – O Arcanjo não queria o contato de sua hoste com as formas

vis da evolução inacabada da Lua. Esta sua atitude, concorreu para que no Céu ele e sua corte passassem à categoria de Falsos Deuses ou Anjos Caídos pela arrogância. O ETERNO então, recorreu à suprema Lei Divina, que, com a sua “Voz Silenciosa, fez o julgamento do Arcanjo sob dois aspectos: a parte justa e a injusta” – explicou o Carneiro.

– O que é Lei Divina, e qual o resultado do julgamento? – duas perguntas do Sapo.

– Vamos por partes. A Lei Divina, por ser a Origem de todas as coisas, “nada está fechado nem aberto para ela, que é a própria VIDA UNIVERSAL, determinando os Ciclos que fazem mover a Roda da Vida, e tudo quanto se vê e não se vê com os olhos físicos, na abóbada celeste” – disse num só fôlego, o Carneiro, provocando indignação geral.

– Devagar! Assim não dá! – todos se queixaram. – Sei que é difícil, mas estudem, estudem... – insistiu o


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Carneiro. Na decisão da Lei Divina, há pontos a considerar que desconheço, e também se soubesse não saberia explicar. Acho que o Arcanjo Rebelde, como Senhor da Terra, já então considerado um “antagônico Arcanjo fora da Lei”, tinha o dever de colaborar com a evolução dos humanos, porque sua função era ser chefe de uma elite. Entretanto, como ser autônomo que ele era, teve, também, direito de julgar as coisas a seu modo. Portanto, o Arcanjo Rebelde “caiu” espiritualmente, mas não perdeu o direito de, num futuro ainda muito distante daquele tempo, vir a ser o dirigente do 4º Planeta ou Globo, que é a Terra, tendo, ainda, a possibilidade de ele e sua hoste de revoltados, voltarem se reiluminar... Ficarem novamente iluminados...

– Que bom! Se integrarem de novo em si mesmos! – vibrou a Andorinha, muito útil à Natureza, pois vive até oito anos, e tem a formidável capacidade de se alimentar até mesmo voando, caçando insetos no ar.

– Ah! Fosse comigo punha todos de castigo! – não se conteve o Esquilo, chamado também de Serelepe.

– Não é assim, amigo Esquilo – ralhou o Carneiro. Esses sete Arcanjos primordiais, eles são “Espíritos Planetários”, são o próprio ETERNO dividido em 7 partes, em 7 tônicas. São o próprio PAI por procuração, são seus administradores, seus advogados... São tão importantes, que nas Igrejas eles estão representados nos candelabros de 7 velas.

– Desdigo então o que disse – desculpou-se o Esquilo. – O Arcanjo Rebelde era tão luminoso, que era chamado pelos

seus companheiros, de “resplandecente estrela da manhã”, título bem condizente com ele, pois sua missão era ser o “Portador da Luz Celeste”, a mesma Sabedoria Divina, que ele deveria “comunicar na Terra aos homens”. Vejam quantos títulos ele


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possuía, mas perdeu devido a desobediência: Facho de Luz, Dirigente Celeste da Terra, Portador da Espada, Portador da Balança, Portador do Livro, Portador do Facho Sagrado, Portador do Fogo da Inteligência, Estrela Matutina, Divina Estrela, Filho da Manhã, Deva-Vani, Boca da Voz da Verdade, Portador do Verbo Solar, Anjo da Face, Anjo da Palavra, e outros títulos que não consegui gravar – contou o Carneiro.

– Nem perdendo não desistiu? – o Esquilo ficou perplexo. – Não desistiu, porque na opinião dele estava agindo certo –

respondeu o Carneiro. O ETERNO então, ainda que decepcionado, não se indispôs com o filho, mas lhe fez ver que Sua decisão era o que já havia recomendado. E disse mais: “Eu te amaldiçoo, filho de meu Trono, por tua maldade espiritual, aguardando a hora bendita de te abençoar, como filho pródigo que volta aos meus braços, que se estendem indefinidamente, acompanhando as minhas Barbas, onde espaço houver dentro do Universo!”

– Que lindas palavras! Coisa mesmo de PAI – disse o Cordei-rinho.

– A “Mão da Justiça”, então, através do ETERNO, deu ao Arcanjo Rebelde “Ciclos de espera” para ele se redimir, tempo que iria atravessar eternidades... – contou o Carneiro.

– Eu sei o que é Ciclo! – gritou o Bem-te-vi. É período com tempo determinado. A própria “marcha ininterrupta do tempo”, caminha através de Ciclos, que podem ser “Ciclos de decadência e de elevação”.

– E eu sei o que é redenção! – não quis ficar atrás o Curió. É salvar alguém de uma situação aflitiva.

– Ambos estão certos – elogiou o Carneiro. Como vocês sabem, os sete Arcanjos primordiais fazem parte de um Ciclo


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Completo de Evolução Planetária. Independente do modo de cada um deles trabalhar, ora é o rigor a agir, e ora é o amor. A tônica do 4º Arcanjo era a do amor; a do 5º Arcanjo, é do rigor; e a do 6º Arcanjo, a do amor. O futuro 7º Arcanjo, a tônica será do rigor. Arcanjos não descem para governar, eles guiam espiritualmente seus representantes, entretanto, o acontecido a Lua alterou esse esquema. O PAI então recorreu ao futuro 6º Arcanjo, que, aceitando a missão, “substituiu os dois irmãos, o 4º e o 5º, na direção da Terra”.

– Habilidade de YAWEH para contornar uma situação aflitiva – o Cavalo compreendeu.

– O 6º Arcanjo prontamente “desceu do Céu para auxiliar o seu irmão decaído”, enquanto o ETERNO recorria a futuras consciências, ou seja, seres cuja missão seria desempenhada em outros Globos ou Planetas, convocando-os a vir em socorro da Terra, auxiliar o 6º Arcanjo na difícil e duvidosa missão de fazer o trabalho do irmão rebelde. O 6º Arcanjo então, apropriando-se da Veste do Arcanjo Mikael, “Senhor do Poder Espiritual e que é igual a Deus”, entrou em Luta com o Anjo Rebelde, e sua corte, forçando-os a vir para a Terra – explicou o Carneiro.

– Nada mais justo! – latiu o Cão. Se o Arcanjo Salvador viria para a Terra exercer uma função que não era sua, evidente que os revoltosos não poderiam continuar no Céu como se nada tivessem feito.

– Luta feroz então se travou! – prosseguiu o Carneiro. Um a um foram todos vencidos. Mas como o Anjo Rebelde se negasse a vir, o 6º Arcanjo, ainda na Veste do “Chefe dos Guerreiros Celestes”, que é Mikael, entrou em combate com ele, expulsando-o, aprisionando-o, tomando-lhe a parte feminina, e “conduzindo-o pela força ao reino que rejeitara”: a Terra.


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– Puxa! Irmãos com forças iguais, mas desejos contrários – uivou o Cão.

– A vitória coube ao “Porteiro do Paraíso Celeste” (Arcanjo Mikael) que, tendo cedido sua Veste ao 6º Arcanjo, essa vitória fez com que Mikael, dali em diante, passasse a ser o Senhor das Duas Faces – completou o Carneiro.

– Por que Duas Faces? – o Cão não entendeu. – Porque dali em diante, caberia ao Arcanjo Mikael ser o

intermediário entre o Céu e a Terra, unindo e desunindo um mundo do outro... O Arcanjo Mikael teria de agir tanto para o Bem como para o Mal... Tanto para a Luz como para a Sombra... Tanto para ele próprio como para o outro... Ele mesmo comprovou esta sua real situação, ao dizer as seguintes palavras: “Eu sou Mikael, o Senhor das duas faces que expulsou do Céu o Arcanjo Rebelde. Bendito seja o PAI nas alturas como Luz! Bendita seja a sua sombra e maldito seja, afinal, o que se rebelou contra o PAI nas alturas” – acertada explicação do Carneiro, mas de difícil compreensão.

– Se estou perdido agora, que dirá no final do encontro – disse desanimado o Cão.

– No final do encontro, amigo Cão, os companheiros que tiverem entendido, ensinarão aos que nada ou pouco entenderam. É assim que deve ser – impôs o Carneiro.

– Presumo que uma Luta desse porte tenha tido repercussão em outros mundos – boa lembrança do Leão.

– Sim, repercussão ou eco em todos os planos do Universo, pois tudo e todos estão interligados – completou o Carneiro.

– O que houve depois do Combate? – grunhiu o Hipopótamo.

– Como um sol a iluminar o peregrino da vida, que dali em


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diante passaria a ser o 6º Arcanjo, uma linda nave espacial esperava por ele e sua corte, assim como aguardava os magnânimos seres que se dispuseram a ajudá-lo nessa empreitada quase impossível – contou o Carneiro.

– Bonita solidariedade – suspirou a Ema, ave cuja incubação dos ovos é responsabilidade do macho, assim como é ele quem cuida dos filhotes, até que atinjam a idade adulta, aos dois anos.

– Um sinal do 6º Arcanjo, e as naves zarpariam via Terra, onde o Arcanjo Salvador iniciaria seu intrincado trabalho, que iria durar multimilênios – baliu o Carneiro.

– Uma via crucis – estridulou o Bem-te-vi.

– Como foi o Combate do 6º Arcanjo, na Veste do Arcanjo Mikael, Senhor das Hostes Celestes, com o Divino Rebelde? – o Pinguim fez a pergunta ao Elefante, para pôr no relatório.

– Terrível! Vitória no próprio Trono de Deus, “contra o cego orgulho do 5º Arcanjo”, que, aprisionado, foi lançado na Terra, para nela reparar sua falta contra o PAI – bramiu o Elefante, caçado por causa dos dentes de marfim, mesmo com leis proibindo isso.

– Cineastas bem poderiam fazer um filme mostrando a luta entre o Arcanjo Rebelde e o Arcanjo Salvador, este na Veste do Arcanjo Mikael. Seria excelente aprendizado para a humanidade – lançou a ideia o Pinguim.

– MIKAEL não é aquele Arcanjo que empunha uma Espada de Fogo numa das mãos, e na outra uma Balança de dois pratos ou conchas? – grunhiu o Porquinho.

– Esse mesmo – falou com sua voz fininha, a Borboleta. Os


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dois pratos significam Amor e Inteligência. São “as duas conchas da espiritual balança”, onde são pesados os atos, as palavras, os pensamentos, e até o que os humanos sentem e escrevem. Nada fica oculto da Consciência Universal.

– Não sabia que Universo tinha consciência... – o Cão ficou impressionado.

– Como não sabia?! “Tudo na vida está na consciência, donde o remorso e o não remorso das humanas criaturas, no momento da morte...” Hora em que a dúvida se dissipa, nascendo uma outra consciência... Você também não tem a “sua consciência animal”? – a Borboleta falou isso para o Cachorro.

– Tenho? Ah, que bom! – Pois então. Sabia que “mil milhões de mundos formam o

Universo”? Sabia que Consciência Universal, Eu-Universal, Mente Universal, são a mesma coisa? São aglomerados de consciências de Seres Superiores, já trabalhadas – ensinou a Borboleta.

– Sei... – o Cão disfarçou que tinha entendido. – Quando uma pessoa capta um elevado potencial dessa

Consciência Universal, ela realiza a maior de todas as ressurreições, que é a ressurreição do Espírito de Deus, abraçado com a Alma e o Corpo da pessoa, que, então, passa a instrumento de DEUS, ou seja, se torna um avatara. Em outras palavras: é o triunfo da pessoa sobre o seu próprio karma – ensinou a Borboleta, de novo indo beijar as flores, na sua missão de polinizar as plantas.

– Não entendi nada, mas achei lindo o que você disse! – ganiu o Cão.

– Não se preocupe, amiguinho Cão – a Borboleta retornou, pousou no nariz do Cão, dobrou as asas para cima como


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costuma fazer quando repousa, e disse para o Cão: ficou em você a semente do que eu falei, mais tarde o entendimento vem.

– Vem? Ah! Que bom! Então aproveita e explica o que é karma e o que é avatara – pediu o Cão.

– Explico, sim. Karma é palavra sânscrita, língua antiga da Índia, com o significado de “ação”. Ações más geram karma negativo; boas ações geram karma positivo. O karma é que faz a pessoa nascer na Face da Terra, e, se ao morrer, ela ainda tiver karma negativo, terá de novamente encarnar. Não gerar karma negativo, dá oportunidade da Alma nascer em mundos superiores. Quanto à sua outra pergunta, avatara ou avatar, é DEUS emprestado na Terra por uns tempos. É a manifestação de DEUS no corpo de um ser julgado à altura de receber um potencial “x” de DEUS, pois o avatara não é feito, ele se faz avatara... Toda vez que um avatara se manifesta, DEUS está presente no mundo, feito-Homem – a Borboleta concluiu, e foi beijar a face das flores.

– Obrigado, amiguinha Borboleta! Legal o que você ensinou! – o Cão latiu bem alto para ela, já distante, ouvir.

– Diz de novo – pediu o Rinoceronte ao Carneiro. Qual o

resultado da Luta travada entre o Arcanjo Rebelde e o Arcanjo Salvador, este na Veste do Arcanjo Mikael?

– Repito, sim. “Vencido, o rebelde não pôde escapar. Sem tempo de renovar as forças, o Arcanjo se viu arrebatado do Céu”. Despencou para a Terra sem a Pedra Rubra que resplendia em sua fronte, e que era o “símbolo de seu poder cósmico”. Como Chefe das hostes Elementais da Natureza, ele desceu


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revoltado... Prestem atenção nisso. E ainda forçou a vir junto com ele, o 4º Arcanjo, mesmo “contra a vontade de DEUS”.

– Desobedeceu de novo – deduziu certo o Rinoceronte. – Agarrado ao 4º Arcanjo, o Rebelde se viu atravessando em

espiral vertiginosa, as dimensões do Mundo Divino ou Espiritual, para o Mundo Terreno ou Material. Visto de longe, os dois pareciam “um feixe de duas varas sumido na sombra” – explicou, bastante emocionado, o Carneiro.

– O que é espiral vertiginosa? – bramiu o Rinoceronte. – É ter a impressão de que tudo gira ao redor. A mudança

ultraveloz de dimensão foi um choque terrível para ambos. Revoltado, o Arcanjo Rebelde logo se transformou num fantástico Dragão “cuspidor de fogo” – revelou o Carneiro.

– Como ele conseguiu tal proeza? – indagou o Rinoceronte. – Planetários podem se transformar no que quiserem –

esclareceu o Carneiro. Muitas das Lutas do Arcanjo Salvador com o Arcanjo Rebelde foram com este transformado em Dragão cuspindo fogo, e outras vezes metamorfoseado em Serpente. E também em outras formas. “Dragão ou Serpente alada, são a mesma coisa”.

– Adoro Dragão! Animal mitológico; representa Força e Luta! Ainda mais cuspindo fogo! – ficou animado o Papagaio. Serpente também é bom! Simboliza Sabedoria e Prudência...

– Uma descida assim vertiginosa perturba a razão, o raciocínio foge, a serenidade desaparece, ainda mais que o Arcanjo foi arrebatado do Céu sem a sua coroa, sem a sua “rainha” ou parte feminina de si mesmo, sem a sua Essência Divina, que é a sua consciência planetária, e sem a sua fulgurante Pedra Rubra ou Pedra Ígnea em forma de Estrela Rutilante, que ele tinha na fronte – contou essa tragédia, o Carneiro.


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– Mas tiraram tudo isso dele? – o espanto foi geral. – Sim, e por ele ter descido espiritualmente cego, logo se

tornou um ferrenho Opositor de Deus – acrescentou o Carneiro. – Tiraram-lhe a coroa... – começou o Rinoceronte a chorar. – Separam-no de sua parte feminina... – desmanchou-se em

choro, o Tatu. – Veio sem a sua Estrela Rutilante... – choramingou a

Chinchila. – Parem com a choradeira! – exigiu o Carneiro. Reconheço

ser triste tudo isso, mas com o passar dos tempos, o Arcanjo resolveu melhor a situação: tornou-se um opositor estratégico de DEUS.

– Mas não é a mesma coisa? – avaliou o Rinoceronte. – Não. Opositor estratégico é lutar com habilidade, com

planos previamente estabelecidos. “Como sombra de Deus, tomando a forma de Mal ou involução”, mais tarde ele mesmo reconheceria que somente agindo assim, poderia reconquistar o seu Trono. Mas enquanto isso, ele tudo faria para criar embaraços ao trabalho do irmão, pois pretendia provar ao PAI que agira certo em recusar aqueles seres despreparados da Lua. Passou então a agir por conta própria, e, embora não desejasse, concorreu, de novo, para a queda espiritual do 4º Arcanjo, seu tutelado, aumentando assim, ainda mais, a sua já pesada carga de responsabilidade. Como tutor espiritual do 4º Arcanjo, tinha obrigação de a este salvar, mas somente o conseguiria com a ajuda do 6º Arcanjo.

– Mas ele se rebelou sozinho? – perguntou o Rinoceronte. – Não, mas chefiou a Rebelião... Discordou do “Homem

Cósmico, que é JEHOVAH”– foi taxativo o Carneiro.


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– Que coisa! – ficou surpreso o Rinoceronte. – Ai da humanidade “se as coisas fossem ao seu modo” –

insinuou o Carneiro. “Quando desceu, o Arcanjo arrastou tudo, fazendo com que 22 estrelas se apagassem...”

– Elas caíram ou quiseram vir com ele? – perguntou a Elefanta, cuja gestação dura 22 meses.

– Difícil responder – baliu o Carneiro. Só sei que na Terra elas passaram a andróginas, e, com o passar do tempo, por se envolverem com os terráqueos, passaram a seres comuns, que o ETERNO considerou como expulsos do Céu. Não se sabe se já retornaram ou se ainda se perdem na Terra...

– Regrediram na evolução – considerou a Elefanta, cujos filhotes levam anos para atingir a idade adulta. Mas amigo Carneiro, o que é andrógino?

– Hum... Como vou explicar? O amigo Leão poderia ajudar? – a Elefanta passou o problema adiante, alegando não estar se sentindo bem..

– Posso tentar – o Leão aceitou o desafio. Facilita o fato de vocês já terem conhecimento que o Sol e a Lua são os astros que dirigem o destino dos homens. Daí existirem homens solares e homens lunares, isto é, seres pertencentes ao Sol e seres pertencentes à Lua. O andrógino verdadeiro, ele é solar e lunar ao mesmo tempo, ou seja, ele tanto é regido pelo Sol como é regido pela Lua; pode ser solar por fora e lunar por dentro, ou pode ser lunar por fora e solar por dentro, mas cada qual em seu sexo. Serve assim?

O silêncio e a cara dos bichos, mostrou que ficaram todos na mesma. Mas o Leão não desanimou:

– Vejam bem: o andrógino masculino é solar por fora e lunar por dentro, e o andrógino feminino é lunar por fora e solar por


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dentro. Ambos regidos pelo Sol e pela Lua. Está mais fácil agora? – Nesse caso, seres masculinos são solilunares e seres

femininos são lunisolares. É isso? – Esquilo esperto, tanto que faz os ninhos bem no alto das árvores, com folhas e galhos, protegendo os filhotes do vento e da chuva.

– Acertou! – urrou o Leão. A conhecida frase “o que Deus uniu o homem não separa”, é a isso que se refere. São Almas que se sentem física e espiritualmente atraídas uma pela outra, e, por isso, são chamadas Almas irmãs ou Almas gêmeas, ou ainda Contrapartes.

– E eu lá sei o que é Alma! – resmungou o Esquilo, cujo rabo charmoso mede 30 cm, muitas vezes 5 cm a mais que o seu próprio corpo. Lindinho, não? Ainda mais que ele é sensível a sons musicais, como flauta, gaita e harpa.

– Não seja este o impedimento, amigo Esquilo, ensino a você o que é Alma – fremiu o Leão. A Alma é formada com as experiências que a pessoa vai tendo de vida em vida, as quais vão formando o seu caráter. Daí Alma e caráter ser a mesma coisa. A razão de existir, é evoluir! O ser humano que nunca desperta para a espiritualidade, acaba que um dia desperta pelo sofrimento... Só assim lembra que DEUS lhe concedeu o dom da vida para que se torne Uno com ELE. É raro uma Alma regredir, mas pode acontecer, e, se ocorre em encarnações seguidas, a Alma pode vir a morrer...

A Coruja, na sua costumeira imobilidade, passou a corujar: – Embora o Arcanjo Rebelde representasse a Ciência do Bem

e a Ciência do Mal, e, mesmo sendo boas as suas intenções, essas


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mesmas boas intenções concorreram para que ele cometesse inúmeros erros, nos quais reincidiu várias vezes, por sempre querer agir por conta própria. Agindo assim, ele retardava ainda mais a posse integral de sua própria Consciência Planetária. Entretanto, mesmo ele “tendo errado, jamais errou”, e, embora vencendo, foi vencido...

– Vou fazer de conta que não ouvi – resposta engraçada do Tatu, cuja carapaça lhe serve de armadura, pois quando se sente ameaçado, enrola-se como uma bola defensiva. O que eu quero saber – continuou ele, é se o 6º Arcanjo aceitou fazer numa boa, o trabalho do Arcanjo Rebelde.

– Aceitou pressurosamente – respondeu a Coruja. – O que é pressurosamente? – choramingou o Tatu. – É agir com pressa, apressado, impaciente, ansioso.

Lembrem-se que o 6º Arcanjo é um ser do futuro, onde a rapidez em tudo é o normal – revelou a Coruja.

– Mesmo sabendo que teria de assumir um corpo muito inferior? – ficou intrigado o Tatu.

– Mesmo sabendo – confirmou a Coruja. – Ficar prisioneiro de um corpo de carne com limitações? –

não conseguia entender isso o Tatu. – Mesmo assim – sussuriou a Coruja. – É verdade que o ETERNO deu “carta-branca” ao 6º

Arcanjo para agir como quisesse com o Anjo Rebelde, podendo até “castigá-lo com pancadas” se preciso fosse? – indagou o Tatu.

– Sim, mas somente ele poderia fazer isso. Deveria tudo fazer para salvar o irmão, e, nunca desistir, pois quando o Arcanjo se arrependesse, a sua tônica de rigor se transformaria em esplendor! O ETERNO recomendou, também, que ser algum, absolutamente nunca, e sob nenhum pretexto, ofendesse o


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Arcanjo Rebelde! Nenhuma crítica inconveniente deveria ser feita ao filho faltoso – afiançou a Coruja.

– Amor de PAI – reconheceu o Tatu. – Para dar início à missão, o 6º Arcanjo precisava da ajuda

daquelas consciências do futuro, os venusianos, estão lembrados? Seres que viram na atitude do Arcanjo Rebelde, uma cegueira espiritual temporária.

– Temporária?! – estranharam os bichos. – Sim, onde o Arcanjo sonegou, não existe tempo e nem

espaço, que é coisa de humanos – explicou a Coruja. – Sonegar é o mesmo que recusar? – quis saber o Tatu, que

em poucas horas consome quantidade incrível de formigas e cupins, mantendo assim a Natureza em equilíbrio. Caçar Tatus é quebrar essa harmonia que ele, sozinho, consegue manter.

– Sonegar, e recusar, são coisas diferentes – respondeu a Coruja. Sonegar é deixar de contribuir, é não partilhar, esquivar-se. Recusar é não aceitar o que é oferecido, opor-se, negar. O Arcanjo Rebelde sonegou, mas nunca atraiçoou, e o Arcanjo Salvador, que tudo fez pelo irmão, nunca abandonou seu posto, “acompanhou toda a evolução até hoje, ele que tem sido desde rei a mendigo, a louco, a quase abstração, por ser obrigado a ser formado pelos farrapos do outro...”

– Que estranhas palavras... – ficou intrigado o Tatu. Lamento informar não ter entendido, e creio ter acontecido o mesmo aos meus companheiros.

– Por tudo que ainda não sabemos, é que a presença, na Terra, do 6º Arcanjo, foi sempre “o maior dos absurdos”, pois ele existia, mas não deveria existir e não poderia fracassar. Muitas vezes ele próprio sentiu-se o “maior dos enigmas, a maior das


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incógnitas”, desabafando para si mesmo, que o PAI exigia muito dele... – revelou a Coruja.

– Como vou explicar no relatório o que é incógnita, se nem sei o que é? – resmungou o Pinguim.

– Incógnita é o que se procura saber, o que é desconhecido – veio ensinando na sua costumeira velocidade, o Colibri.

– Obrigado, amiguinho Colibri! – gritou contente o Pinguim. – Uma coisa é certa: jamais devemos esquecer que coisa

alguma é separada do Grande Todo. Por isso a sonegação do Arcanjo repercutiu em toda a Cadeia de Universos. Daí o 6º Arcanjo ter de convocar Anjos e Deuses da sua própria corte, Anjos e Deuses da corte do 4º Arcanjo, e Anjos e Deuses da corte do 5º Arcanjo que não haviam aderido à Rebelião. Para abrandar o filho faltoso e tentar salvá-lo, o ETERNO deu ao 6º Arcanjo um direito único: o de agir com Amor e Rigor ao mesmo tempo. Para isso ele teria de desempenhar um trabalho duplo, como se duas consciências agissem dentro dele... Ou seja, ele teria vidas em que num mesmo corpo a sua mente trabalharia junto com a mente do Anjo Rebelde, perigosa manobra que poderia dar certo ou não... O 6º Arcanjo seria olhado, no mundo, como um ser comum, embora não sendo... Ninguém acreditaria que nele estaria integrado, também, o Arcanjo Rebelde... Dois Arcanjos subjetivos, ou seja, imateriais, porém materializados na Terra para sobrevivência da própria Terra, ou melhor, uma imposição da própria Terra... Teria aparência humana, embora não sendo... Estratagema duplo que faria o Arcanjo Rebelde ir recebendo, da parte do irmão, lições de humildade, ponderação, respeito e paciência, dando assim tempo para que o Rebelde se modificasse, e, um dia, pudesse ser salvo – confidenciou a Coruja.


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– Adiantou? – se apressou em perguntar o Cisne. – Milênios se passaram, mas adiantou – respondeu a Coruja. – Agir em separado, até entendo, mas duas mentes num

mesmo corpo... – balançou a cabeça, desacreditando, o Papagaio. – Está duvidando, amigo Papagaio? Pois saiba que houve

vidas em que tanto um quanto o outro tinham feições semelhantes, podendo até ser confundidos, mas “ambos com a sua razão específica”, ou seja, cada qual com o seu tipo de trabalho – embrulhada proposital da Coruja, mas sem nenhuma falha.

Com sua robustez natural, o inquieto Touro passou a bufar: – Se o Arcanjo Rebelde não tivesse discordado do PAI, ele

seria o “Anjo da Palavra e da Espada, e a Voz das Grandes Profecias”. Seria o intérprete do Som Divino, transformando-o em palavras compreensíveis para os seres da Terra. Uma linda missão! Seria a Semente dos Avataras, ou seja, dele nasceriam todos os avataras, não somente com a missão de serem Manus (dirigentes de povos), mas também como Legisladores (autores de leis). Mas tudo isso ele perdeu, por ter sido “expulso do Céu, coisa impossível em todas as épocas”. Quem fez todo o trabalho que a ele competia, foi o 6º Arcanjo, e, por isso, “em toda parte da Terra está a sua Semente”, ou seja, filhos seus em quantidade... Não fosse a desobediência, e o Arcanjo exerceria a sua linda missão através de avatarização; ele não precisaria vir para a Terra, faria tudo diretamente do seu Trono. Ainda assim, mesmo tendo agido como agiu, na Atlântida o PAI deu a ele excelente oportunidade de se redimir, deixando-o trabalhar junto


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com o rei Baal-Ima, naquele tempo o dirigente da 4ª cidade Atlante, e uma das vidas do 4º Arcanjo. O Anjo Rebelde agiria avatarizado no corpo do rei Baal-Ima, desde que seguisse certas regras...

– Hum... – a Garça ficou desconfiada. – Governada por Dinastias Divinas, a Atlântida era dirigida

por sete monarcas, conhecidos como Reis e Rainhas de Edom, título cujo significado é: “Deuses da Cruz” ou “Deuses do Caminho”. Independente do rei Baal-Ima governar a 4ª cidade Atlante, com seus dois principais ministros, existia, também, um misterioso ser central... Já devem ter adivinhado quem era... Este ser central ajudava a governar a Atlântida por inteiro, avatarizado no corpo imortal do rei Baal-Ima, que, para ele, era um excelente baluarte. Por um bom tempo este ser central agiu corretamente. Mas havia um empecilho: esse corpo não pertencia a um só ser, mas ao glorioso Rei do Mundo, Rei dos Seres da Terra, que, naquela época, era o magnânimo senhor Rigden-Djyepo, uma “Veste da própria Divindade”, avatarizada no rei Baal-Ima. Portanto, um corpo que, de certa forma, aprisionava o Rebelde... Esse “corpo-prisão” continha rica experiência de vida, e era destinado a um trabalho completamente diferente da missão do Arcanjo Rebelde. Essa estratégia do ETERNO, era para que o filho faltoso fosse “obrigado a evoluir com o 4º Arcanjo, a quem ele obrigou a cair, a renegar a sua função” num passado distante. Ajudando a governar a Atlântida através desse digníssimo corpo, o Arcanjo Rebelde ficara responsável pelo bom ou mau uso que do mesmo fizesse... – explicação legal do Touro.

– Correto. Se o mestre prejudica o discípulo, tem de voltar atrás para salvá-lo – disse uma Joaninha que passava.

– No princípio tudo correu bem. Mas depois... – o Touro


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mugiu como se sentisse dor. Obstinado em sempre apressar a evolução por conta própria, mais uma vez o Arcanjo causou sofrimento e dor ao ETERNO, que se alastrou pelo Universo... Verdadeiros demônios lunares, deuses maus que ajudaram a conspirar e a precipitar a queda espiritual do 4º Arcanjo, aproveitaram a fragilidade do continente Atlante, com o comportamento desvairado do povo, até que não foi mais possível impedir: o “sublime império de Mu”, que era toda a Atlântida, numa só noite desapareceu no fundo do mar... A equilibrante Raça Atlante, assim chamada por ser a 4ª raça, das 7 que compõem uma Cadeia Planetária, submergiu... Mais uma vez o Arcanjo Rebelde prejudicara a função do 4º Planetário (o mesmo 4º Arcanjo), e, por isso, a Lei Divina decidir “conservar até o fim o corpo do 4º Planetário, obrigando o expulso do Céu a tomar posse do mesmo, como Essência Espiritual do outro”.

– A que outro você está se referindo? – veio voando o Albatroz, que não entendeu nada.

– O 3º Arcanjo, do qual o 4º era o seu guia espiritual, assim como o 5º era o guia espiritual do 4º Arcanjo, e assim por diante – esclareceu o Touro. Daí o corpo do senhor Rigden-Djyepo, naquele tão distante tempo “Rei dos Terráqueos”, e contraforte do Arcanjo Rebelde, ter se tornado um corpo milenar, conservado graças à avançada ciência e tecnologia de mundos espiritualmente avançados.

– Mas conservá-lo até o fim de quê? – insistiu o Albatroz. – Até que o Arcanjo Rebelde, avatarizado nesse corpo

milenar, pelo qual ele se tornara responsável, fosse julgado – explicou o Touro.

– Agora entendi – agradeceu o Albatroz.


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Vivendo em bando e morando nas árvores, o travesso e ágil

Sagui começou a assobiar: – Admirável o trabalho do 6º Arcanjo! O próprio ETERNO

não se cansava de mirar Sua grandiosa Obra, desdobrada em três mundos: Céu, Face, e Seio da Terra. Mas quando olhava a Face da Terra... Xi! Caía numa tristeza...

– Por quê? – indagou o Guaxinim: – Ora! Porque “o insulto, a maldição, ainda fazem parte da

linguagem da Face da Terra, onde os bons, os ligados ao Céu, estão sempre sofrendo, são sempre sacrificados, estão sempre com sua coroa de espinhos”. A vida na superfície da Terra, ainda é bem semelhante às Cadeias Planetárias anteriormente trabalhadas em outros Globos ou Planetas, “onde os mais fracos serviam de pasto para os mais fortes”.

– Que coisa horrível que você disse! – o Guaxinim ficou chocado.

– Sei que é horrível, mas esse tempo existiu... – roncou o Sagui. Falemos então de coisas amenas: 666 seres pertencentes à hierarquia do 6º Arcanjo, fiéis à Lei Divina, seres puros “que jamais caíram e sem nenhum erro durante milênios”, totalmente independentes, pois não tinham mais qualquer obrigação com a Terra, no entanto ajudaram muito o nosso Planeta, principalmente nos setores favoráveis à humanidade e aos Planos do TODO-PODEROSO. Foram eles “que cuidaram espiritualmente do 4º e do 5º Arcanjos, os dois irmãos transviados para o bem da evolução, mas condenados, pela Lei Divina, a trabalhar muitas vezes sob o manto das trevas, tanto interferindo


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no Mal como no Bem, para um dia saírem vitoriosos. São os três irmãos inseparáveis”. Esses seres puros da hierarquia do 6º Arcanjo, são o oposto aos 666 que caíram espiritualmente, por agirem contra os desígnios de DEUS, e que no Apocalipse são chamados o “Número da Besta”.

– Mas o que é Apocalipse? – perguntou o Guaxinim. – Apocalipse significa “revelação”. É o nome do último livro

do Novo Testamento (Bíblia), onde consta as revelações do evangelista João, um dos discípulos de Jesus, que, segundo a História, morreu dormindo aos 94 anos de idade, em Patmos, uma ilha na Grécia, para onde ele foi banido por ordem do Imperador Domiciano. Nesta pequena ilha árida e rochosa, onde eram despejados os criminosos, foi que João, segundo contam, escreveu o Apocalipse – concluiu o Sagui.

Maravilha da criação, o Cavalo, que para escapar dos

predadores depende da velocidade, vive de 25 a 30 anos. Eis o que ele relinchou para nós:

– Temos que reconhecer: o Arcanjo Rebelde não tinha lá essas considerações pelos seres da Terra, porque sabia terem sido estes que haviam dado vida e forma ao diabo. Sendo a missão do Arcanjo, fazer desaparecer do mundo tudo que atravancasse a evolução, ele espertamente utilizava essa forma grotesca, a fim de facilitar seu próprio trabalho, tarefa nada fácil e nem agradável, daí a humanidade tê-lo confundido com o maligno, o que nada tem a ver.

– Mas que engenhoso – disse o Lobo.


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– Inteligente, isto sim – disse o Cão. – Como não ser inteligente, se foi ele quem deu à

humanidade o poder de pensar? O que seria o homem sem a mente? O próprio mundo “começou a ter sua evolução através do mental” – reforçou o Cavalo.

– Nas vidas em que a mente do Arcanjo Salvador agiu junto

com a mente do Arcanjo Rebelde, aconteceu de alguma vez, ele próprio se ver atrapalhado com essa dualidade de mentes? – interessante pergunta da Raposa.

– É possível – respondeu o Cavalo. O que servia de freio ao Arcanjo Rebelde, era o temperamento conciliador do 6º Arcanjo, pois o Rebelde não admitia que seu irmão fosse ofendido e nem maltratado.

– Ora essa! Só ele é que podia? – ficou emburrada a Raposa. Não me olhem assim porque não estou dizendo nada demais! O sistemático impedimento do Arcanjo Rebelde, ao trabalho do irmão, não era um maltratar diário? Como entender uma coisa dessas? Dois irmãos que se amavam, mas se combatendo?

– Modo de agir que só eles e o PAI para entenderem – esclareceu o Cavalo. Quando o irmão rebelde agia contra o 6º Arcanjo, fosse de que modo fosse, era sempre com a intenção de acelerar seu próprio trabalho. Arcanjos não olham a si mesmos, eles visam o todo, o que vem pela frente, o futuro. Desde que sirvam ao PAI, eles não ligam se é feio ou bonito o que fazem. A coisa se complica ainda mais, porque o Rebelde servia à Lei Divina, mas desvirtuando-A, enquanto o 6º Arcanjo servia ao ETERNO. Situações diferentes, cujas perturbações até hoje são


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sentidas na Terra... – Controlar uma só mente já é difícil, que dirá duas num

mesmo corpo, ainda mais uma querendo contrariar a outra... – engraçada observação da Raposa, mas tem sentido.

– Não fica só nisso não! – reagiu o Cavalo. Várias vezes o Arcanjo Rebelde tentou se apoderar do corpo do 6º Arcanjo.

– Ele fez isso?! – a Rã estufou de tão indignada. Acho pouco dizer que o irmão dele é eterna vítima.

– Concordo com você, amiga Rã. Eterna vítima, por ter de “deixar seu Lugar em cima, lutar contra seu próprio irmão, castigá-lo pelo erro que não é tal se encarado ou julgado em cima, mas sim em baixo onde ele ia reinar ou dirigir”. Eterna vítima, por “ter de lutar com aquele que, da DIVINDADE, era o seu inverso” – embolado do Cavalo, isento de falha.

– Mas o ETERNO também é eterna vítima! – voltou a falar a Raposa. Sua Obra sempre encontra obstáculos! O Arcanjo Rebelde também é eterna vítima, pelas ofensas que recebe da humanidade. Para mim isso é sofrer. Enquanto a humanidade não se tornar tão evoluída quanto os seres dos Mundos Interiores, tais Mundos terão de existir, a fim de salvaguardar os mistérios divinos, e proteger os seres que seguem os ditames da Lei Divina. A propósito, vocês sabiam que nos Mundos Interiores, o 6º Arcanjo é considerado “o Senhor de todas as tragédias”?

– Isso nós sabemos! – garantiu o Cavalo. É senhor de todas as tragédias, porque teve de “fazer o papel de outro, encarnando–se na Terra”. É senhor de todas as tragédias, porque veio para a Terra lutar contra seu próprio irmão, e ainda castigá–lo por um sonegar que, se tivesse acontecido num plano espiritual mais elevado, tudo teria se ajeitado. É


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senhor de todas as tragédias, porque as lutas travadas entre os dois irmãos, eram acertos dolorosos que ambos faziam a favor da evolução, uma espécie de “esmola celeste”, que os homens jamais compreenderão. Percebo que ficaram na mesma e isso me deixa desolado, vou dar uns giros por aí. Volto depois.

Cochichos, resmungos, e reconheceram que o Cavalo não tinha culpa, o assunto é que era mesmo difícil. Então o Periquito, que até então pouco falara, resolveu pôr mais lenha na fogueira, chalrando o seguinte:

– Nas vidas em que a mente do Arcanjo Rebelde funcionava junto com a mente do 6º Arcanjo, presumo que este deva ter passado alguns maus momentos.

– Como assim? – perguntaram os bichos. – Por exemplo: estando a falar com ternura, de repente se vê

falando com um rigor inesperado – explicou o Periquito. –Tem lógica! – bufou o Cavalo. Seria, naturalmente a

intromissão do outro... – Que outro? – Galinha está sempre por fora. – Aos que não entendiam essa “dupla personalidade” do 6º

Arcanjo, ficava parecendo que nele funcionava uma dualidade muito estranha... – soube definir bem o Periquito. Mas esse comportamento tinha a ver, também, com a constituição ternária do próprio 6º Arcanjo, pois nele tanto agia o Pai, como agia o Filho e o Espírito Santo ou Mãe, Consciências com as quais ele muitas vezes conversava... Por causa disso, o sofrimento e a amargura que o atingiam, martirizava, também, o próprio PAI-MÃE que nele habitava... Daí a dificuldade de pessoas comuns entenderem um Homem assim... Achavam nele contradições que, no entanto, não existiam... Somente seres de elevada consciência, com quem muitas vezes ele conversava, sabiam dos


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“quantos mistérios, humanos e cósmicos, envolvem esses dois seres, que, por sua vez, representam o maior enigma na evolução humana e super-humana”.

– Por tudo isso ser ainda mistério para a humanidade, “é que não pode chegar ao domínio de todos, mas de uma elite”. Mas hoje a mente humana tem um potencial incrível, já se pode levantar um pouco a ponta do mistério. Os mais esclarecidos, conduzirão os que tiverem dificuldade em entender, a percorrer “o Caminho do Dever, da Honra, do Amor e da Justiça, até que não seja mais necessária a referida seleção (entre as pessoas), isto é, quando a humanidade inteira (utopia para os pessimistas de todas as épocas) estiver equilibrada por tão elevados princípios” – concluiu com louvor, o Periquito.

Pedindo licença, a Arara passou a martelar: – Quando o 6º Arcanjo era insultado, desprezado, caluniado,

ele sempre agia com prudência, a fim de não despertar a ira do irmão... Procurava dar bons exemplos, pois não podia fracassar na missão de reabilitar aquele que vivia dentro dele...

– Paciência de Abelhinha – admitiu o Papagaio. – Que história deslumbrante! – exclamou a Ema, ave de

grandes asas embora não voe, mas com elas se equilibra para mudar de direção na corrida.

– Uma coisa é certa: o Arcanjo Rebelde não fez somente o mal, ele fez também o bem, principalmente quando o PAI o testava... – lembrou a Arara. A própria Bíblia, assim como as Escrituras Sagradas do Oriente, narram episódios magníficos de várias vidas do Arcanjo Rebelde agindo com certa


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independência, mas sempre sendo vigiado... Vidas dignas de nota. Tanto que a própria “Idade humana dos homens”, delas não se esquece, pois são fatos históricos. Por essas e outras, é que tudo que envolve o Arcanjo Rebelde, ainda é nebuloso, impenetrável, misterioso, e só será desvendado de todo, e devidamente entendido, na medida em que a inteligência do homem for se ampliando. Quando a mente do homem agir em consonância com o seu coração, a maligna Serpente do Mal, manifestada como sexos separados, e, muitas vezes, com ares falsos de coisas sagradas... Ela para sempre será exterminada!

A Serpente tudo ouvia, mas não se manifestava, sabia que sobre ela pesam também outros valores.

– Um mundão de coisas com poucas palavras! – exaltou a Ema, que engole pedras pequenas para transformar em massa o alimento que consome.

– Até hoje o Arcanjo Rebelde paga tributo ao PAI... – esclareceu a Arara. As vidas que renderam a ele grandes méritos diante do PAI foram avatarizações divinas. Por sua vez, os divinos rebeldes seguem, também, até hoje, pagando seus tributos, que são contribuições kármicas, algumas bem dolorosas... Tanto eles, quanto o Arcanjo, estão numa continuada ação de voltarem a se iluminar... Voltar a ser o que eram antes.

– O que é tributo? – suspirou a Ema. – É uma dívida espiritual... Uma compensação que, ao

mesmo tempo, é uma homenagem – grasnou a Arara. – É pago com quê? – roncou a Ema. – Com trabalho, lealdade, dedicação, respeito e entusiasmo.

Pode, também, ser pago com dinheiro, desde que seja aplicado em causas nobres e para o bem comum. “Nem mesmo o Brasil, assim como o resto do mundo, escapará de pagar o seu tributo”,


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pois todas as nações têm sua dívida espiritual com JEHOVAH. O próprio Abrahão, patriarca hebreu que viveu no século 19 a.C., pagava tributo ao Rei Melquisedeque, o Ser que sempre nasce de Si mesmo... – palrou a Arara.

– O tributo dos divinos faltosos é grande... – alertou a Arara. Pois, ao invés de criarem um Deva, criaram uma forma demoníaca, com os desatinos que cometeram, unindo-se aos terráqueos... O Arcanjo Rebelde só é culpado, porque levou sua própria gente aos erros do passado e da vida presente, e, embora ele tenha sido feito prisioneiro, mesmo assim o mal permaneceu no mundo... Os homens afirmam: “errar é humano”, mas nunca aqueles que já haviam alcançado tão grande elevação espiritual, como eram os divinos rebeldes! Tudo que o 6º Arcanjo e o ETERNO fizeram pelos divinos rebeldes, um dia eles terão que retribuir! Deverão fazer por outros “caídos” o mesmo que foi feito e ainda se faz por eles.

– Uma coisa anda a me intrigar – bufou a Mula. Nas vidas

em que as mentes dos dois Arcanjos funcionavam juntas, aconteceu de alguma vez o Arcanjo Rebelde, de propósito punir a si mesmo?

– Não havia cogitado nisso – martelou a Arara. Enquanto ele esteve no auge da revolta, não creio que isso tenha acontecido, mas quando o arrependimento começou, quem sabe?

– Fantástico! – relinchou a Mula. Mentes brilhantes agindo num mesmo corpo: uma perdoando, outra castigando, uma amorosa, outra julgadora, uma construindo, outra destruindo.


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– Destruição e construção são coisas necessárias ao mundo dos homens, tanto para o aperfeiçoamento da Terra, como das Raças – avaliou a Arara. O trabalho do Arcanjo Rebelde, era e continua sendo o de destruir as coisas desnecessárias, trabalho que barra em interesses contrários... O trabalho do 6º Arcanjo é o de construir as coisas necessárias. Os dois irmãos nunca perderam tempo e nem vacilaram. Aceleraram ao máximo os seus trabalhos, deixando, para trás, tudo quanto se referisse ao trabalho já terminado do 4º Arcanjo.

– Qual a função atual do 4º Arcanjo? – perguntou a Mula. – Toma conta das Almas “que conservam fidelidade a DEUS,

obedecendo aos seus ideais religiosos e filosóficos”. O local onde essas Almas se encontram, chama-se “Mansão das Almas”, e os guardiões são animais... – respondeu a Arara.

– Como vou guardar tudo isso? – resmungou o Peru. – Deixe de rabugice e atente para o que agora vou dizer: “O

6º Arcanjo dirigia o 5º e o 4º, ainda que o 5º tutelasse realmente o 4º, mas sendo orientado pelo 6º” – fez de propósito a Arara, essa explicação perturbadora, porém correta.

– Vou fazer de conta que não ouvi – grugrulejou o Peru. – O trabalho do 6º Arcanjo, foi o de reconduzir o 4º e o 5º

Arcanjos às suas dignidades hierárquicas, assim como suas respectivas cortes – mais confusão da Arara.

– Deixa como está, não mexe mais – quase suplicou o Peru. – Está bem – concordou a Arara. Um caso, porém, inédito,

entre o Arcanjo Rebelde e o Arcanjo Salvador, não posso deixar de contar. Num dos muitos Combates, um dia os dois irmãos saíram vitoriosos! Para o PAI isso foi uma glória! Tocou-O tão profundamente, que proporcionou ao Arcanjo Salvador - que sempre estava em comunhão mental com o PAI - ouvir revelações


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tão surpreendentes, que um “duplo sentimento” se apoderou dele, fazendo com que chorasse do lado esquerdo e sorrisse do lado direito...

– Sorriso de um, lágrimas de outro... – assim interpretou a Mula.

Sem nenhuma cerimônia, a Cutia se apresentou e passou a

gargalhar: – O 6º Arcanjo “deu tudo quanto poderia dar àqueles a quem

ele se propôs salvar”, e, por isso, “se tornou o senhor das angústias, o senhor do sofrimento, o senhor que deu tudo pelo seu amor pela humanidade”. Isso é ponto de honra para nós! Jamais deveremos esquecer!

– Tem razão, amiga Cutia – gorjeou a Andorinha. Diga-nos: os divinos rebeldes foram todos salvos?

– “Infelizmente, o número não foi de todo salvo”, por isso algumas providências tiveram que ser tomadas, providências tristes, porém necessárias – respondeu a Cutia.

– Antes de receber a missão de fazer o trabalho do Planetário Rebelde, o 6º Arcanjo era um andrógino perfeito, mas para agir no mundo dos homens, ele precisou se tornar andrógino dual, ou seja, masculino e feminino em separado. Passou então à “diversas metempsicoses, ou de corpo em corpo”, isto é, passou a reencarnar – contou a Cutia.

– Não sei se entendi – ficou na dúvida a Andorinha. – Explico de novo – foi legal a Cutia. Para trabalhar pela

redenção do faltoso, o 6º Arcanjo teve de nascer como Homem e não como Divindade, e, mesmo a Lei Divina não permitindo que


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ele, durante todo o peregrinar de sua missão, que alcançaria eternidades, tivesse reencarnações além do suportável, ainda assim ele teve “umas vinte mil vidas, senão mais...” Pode-se mesmo dizer que ele foi tudo na vida, pois teve experiências as mais diversas, e, na existência em que ele salvou o irmão, “nunca houve ninguém, absolutamente ninguém, que tivesse semelhante vida no mundo”, pelo muito que sofreu em todos os sentidos.

– Por que o Arcanjo Rebelde não queria que os homens

recebessem o dom de pensar? – perguntou a Andorinha. – Porque “o domínio do mental daria aos humanos o conheci-

mento perfeito das coisas e, consequentemente, o direito de discernir o bem do mal” – respondeu a Cutia.

– Mas isso não seria bom? – retrucou a Andorinha. – Seria, se, ao ser banido, ele não tivesse interpretado a sua

expulsão do Céu, como uma usurpação ao seu Trono. Talvez ele não previsse que sua hora havia soado... Sim, porque a Lei Divina deve ter dado a ele um prazo para se decidir: voltar atrás na sua intenção, ou ir adiante no que pretendia. O caso é que a “queda do Arcanjo na matéria”, como é mais acertado dizer, tornou a Terra uma célula doente no imenso e saudável Organismo Sideral. Precisava ser descartada... – explicou a Cutia.

– Descartada?! – os bichos se espantaram. – Sim, a Revolta Celeste afastou a Terra do conjunto de

Planetas Harmoniosos, afastamento que causou uma brutal ruptura, rompimento tão terrível, que provocou um estrondo tipo big-bang, e a Terra então passou a ser olhada com reserva...


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Ficou sendo Globo ou Planeta de expiação, de acerto de contas, de remir culpas – esclareceu a Cutia.

– O que é remir? – perguntou a Andorinha. – É resgatar! E nesse sentido a Terra tem sido vitoriosa! –

exclamou o Golfinho, aproveitando para chamar a atenção sobre países que ainda matam Golfinhos, Botos, Delfins, Focas, Baleias e outros mamíferos, e também reclamar sobre o lixo orgânico e a quantidade incrível de plásticos que vão ter ao mar, e que os animais marinhos confundem com alimento, morrendo asfixiados, ou ficando deformados na medida em que crescem.

– Faz muito bem em chamar a atenção, amigo Golfinho! Os homens precisam compreender que estão matando a Mãe-Terra – disse a Cutia, agradecendo a interrupção do Golfinho para tão importante denúncia. Voltemos ao que falávamos antes. Tão forte abalo sideral, rompeu o fio energético de Luz que ligava a Terra à cadeia de Planetas Harmoniosos. Por quanto tempo ela ficaria assim? Eternidades... Tal ruptura provocou chuva, corisco, trovão, raios, faíscas, relâmpagos, e um espantoso “ziguezaguear serpentino”, como se fossem Lanças de luzes verde e vermelha em fúria... Desde então, o Arcanjo Rebelde, que antes era a “Luz de Deus”, passou a “Sombra da Divindade, máscara do mal...”

– Que infelicidade – lamentou a Andorinha. A Zebra com seu pijama de listras, apresentou-se para contar

o que ela sabia, e foi logo zurrando: – Antes da queda na matéria (Terra), a inteligência do Arcanjo


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refletia em sua fronte como uma Estrela rutilante. Mas ao despencar para o mundo ele já não a tinha mais... Sentiu-se então perdido. Estava espiritualmente apagado...

– Deve ter sido horrível – chorou geladinho o Pinguim. – Para o bem do próprio filho, o ETERNO ocultou a Estrela

rutilante do excelso faltoso, no coração do 6º Arcanjo... Conforme o próprio PAI previra, a “Divina Revolta” pôs em confronto os três Arcanjos: o 4º, o 5º e o 6º, e foi esse confronto que pôs em evidência a revolta nos próprios seres da Terra... – explicou a Zebra.

– Os combates na Terra seriam então uma continuação da guerra que já vinha do Céu? – perguntou o Pinguim.

– Acredito que sim – respondeu a Zebra. Essas contendas, principalmente entre o Arcanjo Rebelde e o Arcanjo Salvador e suas respectivas cortes, algumas na calmaria, outras sob forte pressão, e muitas aos trambolhões, com ambos sofrendo e saindo vitoriosos, de certa forma impulsionaram os Planos do ETERNO. O lamentável, é que o passar do tempo fez os Arcanjos perderem a lembrança de quem eram e de onde tinham vindo.

– Mas aconteceu também ao 6º Arcanjo? Afinal ele veio ajudar... – não achou isso justo o Pinguim.

– Também. Mas como ele era um ser programado para o futuro, sua mente estava sempre adiante no tempo. Afora isso, ele tinha vidas em que ouvia a Voz Interna, à qual ele obedecia por confiar. Mesmo em criança isso às vezes acontecia. Nas incontáveis vidas que ele teve, em algumas ele nascia com uma espécie de “Reserva Interior”, para ir revelando ao mundo as coisas do Ciclo de Jesus, e, mais adiante no tempo, as coisas do Ciclo de Apavanadeva, nome cíclico do avatara Maitréia, o “Deus das3 Águas”, e, também, parte de seu próprio trabalho futuro,


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quando o Ciclo a ele pertencente, já então em outro Globo ou Planeta, ele governar seres alados... Comparando o potencial do 6º Arcanjo, com as sete notas musicais, é como se ele possuísse “as Sete Escalas da Sabedoria Divina” – desse modo simples, sem erro, explicou a Zebra.

– Que prodígio! – exultou o Pinguim. Mas o que é Voz Interna?

– É a “Voz da Natureza”, a Voz de Deus, a Voz da Centelha Divina, a Voz da Verdade – ensinou a Zebra.

– Pode ter acontecido dos três Arcanjos cometerem erros? – pipilou o Faisão, ave que no Japão, pelo seu modo de agir, anuncia quando há risco de terremoto.

– Claro que sim – a resposta veio rápida do Beija-flor, o“pássaro que, como a Roda da Vida, não cessa de mover as asas, no moto-contínuo das eternidades”. Trabalhar pela evolução de raças de distintos Globos ou Planetas, é tarefa delicada, difícil, que demanda tempo, esforço e renúncia, podendo, sim, ser passível de erros. Em se tratando do 4º e do 6º Arcanjos, não foi de imediato o esquecimento deles, de suas origens; aconteceu na medida em que morriam e tinham de novamente reencarnar, pois mesmo sendo seres imortais, deveriam seguir as leis do mundo em que estavam em missão. Os Arcanjos, por terem potencial que ultrapassa o poder da imaginação humana, a Essência Divina deles habita vários corpos ao mesmo tempo, pois um só corpo jamais aguentaria.

– Muito boa a sua explicação, amiguinho Beija-flor – elogiou a Zebra. A “Revolta do Trono”, desencadeada por “aquele que deveria ser o seu espiritual dirigente”, trouxe, em parte, benefício para os seres da Terra. Qual a razão? Porque o 6º Arcanjo, “no cumprimento do dever, sem olhar obstáculos,


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perseguições, calúnias, injúrias, difamações de toda espécie”, fez com que a luminosidade estelar, presente nos seres de Vênus e de Mercúrio, que vieram auxiliar o “Adepto de todos os Adeptos”, que é o próprio 6º Arcanjo, fosse uma bênção para os seres da Terra, uma infusão de favor, numa humanidade ainda animal, e, de tendências bastante lunares. “Uma humanidade evoluída de favor, graças a esses mesmos Deuses”, os quais deram vida e forma a seres super-humanos, ainda hoje existentes. De uma forma ou de outra, a humanidade foi sendo envolvida nas contendas entre os três Arcanjos, e isso fez com que ela se aprimorasse, até atingir a perfeição anatômica de hoje, pois o ser humano é um belo espécime! E como a evolução é sempre um passo adiante na perfeição das coisas, será ainda mais belo no futuro.

– Nessas Lutas sem fim, principalmente entre o Arcanjo Rebelde e o Arcanjo Salvador, sabiam que o alvo principal foi sempre raptar ou seduzir o elemento feminino do 6º Arcanjo? – revelou a Zebra.

– Ele então era sequestrador?! – o Pinguim ficou horrorizado. – Não no sentido que hoje se dá a essa palavra – atenuou a

Zebra. “Sempre aniquilando os esforços” do irmão, ele tentava, ao mesmo tempo, conquistar ou raptar o elemento feminino do 6º Arcanjo, não só porque supunha pudesse ser ela a sua parte feminina, como também por represália, pois não perdoara o fato do irmão ter tirado dele a sua rainha ou parte feminina. O Rebelde não sabia que a Essência Divina da sua parte feminina, o PAI alçara “no ambiente cósmico da Terra, numa estrela chamada Sakali, que a ciência oficial denomina de Algol”, e onde ela ficaria como “estrela fêmea”, com “duas horas de luminosidade e duas de obscuridade”, algo bem parecido com o


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que acontecia ao próprio Arcanjo Rebelde, que, momentaneamente se iluminava, e logo depois se obscurecia...

– Impressionante! – ficou maravilhado o Pinguim. – O fato de ele ser unitário, ou seja, não ter o seu aspecto

feminino, deixava o Arcanjo inconformado – explicou a Zebra. Mas o 6º Arcanjo não poderia ter agido de outro modo, do contrário ele não conseguiria realizar a missão que recebera do PAI. Se o Arcanjo Rebelde tivesse consigo a sua parte feminina, ele tudo poderia! Para a humanidade, seria terrível se as coisas corressem do modo como ele queria...

– Era tão perigoso assim ele estar com a sua parte feminina? Hum... Entendi. Teriam muitos filhos, todos rebeldezinhos... – interessante dedução do Pinguim.

– Se ele a tivesse consigo, teria êxito em tudo! Mesmo que fosse com a parte feminina do 6º Arcanjo. Daí a sua tenaz perseguição em conquistá-la ou raptá-la – esclareceu a Zebra.

– Mas por que só essas duas? Ele não podia arranjar outra namorada? – insistiu o Pinguim.

– As duas eram da mesma linhagem. No Céu essas coisas são levadas a sério. Se o Arcanjo Rebelde tivesse consigo a sua parte feminina ou a parte feminina do 6º Arcanjo, ele tudo poderia! O maior perigo ao trabalho do Arcanjo Salvador, foi sempre o de perder sua “veste dual”, ou seja, sua rainha ou elemento feminino – zurrou a Zebra.

– É como reis e rainhas que antigamente casavam com reis e rainhas de outros países para manter o sangue real, é isso? – perguntou o Pinguim.

– Não é bem isso, mas serve como comparação – disse a Zebra. Sem a sua parte feminina, o Arcanjo estava incompleto.

– O que faltava nele? – o Pinguim se viu atrapalhado.


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– Ainda não entendeu? – fez cara feia a Zebra. O Arcanjo e sua parte feminina eram um só e mesmo ser.

– Ah é? Então todo ser masculino tem o seu complemento feminino, e vice-versa? – o Pinguim não se abateu.

– Isso mesmo. Desde que houve a separação dos sexos, é assim que funciona, e esta separação é a causa da atração do masculino pelo feminino. Sem saber, um vê no outro o que lhe falta... Por isso se sentem atraídos... Completar o que falta em cada um – esclareceu a Zebra.

– Então é por isso que Adão quis ter uma companheira? – não afrouxou o assunto, o Pinguim.

– Adão já tinha, nele mesmo, a sua parte feminina, pois Adão era andrógino, mas, para cumprir sua missão na Terra, ele teve de se tornar andrógino em separado, ou seja, masculino e feminino. Como pote de argila vazio, que ele ainda era, por falta de experiência na Terra, teve de doar um pedaço de si mesmo para Eva ser formada – contou a Zebra.

– A tal costela... – completou o Pinguim. – Eu, particularmente, preferia que Eva tivesse nascido do

coração de Adão, mas parece que foi mesmo da costela, ou melhor, não exatamente da costela, mas de um “centro de força” na altura das costelas, cujo nome correto é “chakra esplênico”, um disco de energia que gira sem parar, não dentro do corpo, mas bem próximo da superfície do corpo. “Centro de força” que todo ser humano possui, com mais outros, cada um com o seu nome e respectiva função, distribuídos pelo corpo. Usando a força do pensamento sobre o seu próprio “chakra esplênico”, Adão conseguiu dar vida e forma à Eva, pois a missão de ambos era dar nascimento a uma nova categoria de seres. Por isso o correto é dizer Adão-Eva, juntinhos, e não Adão e Eva, separados,


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pois os dois eram um só e mesmo ser. A Essência Divina ou Essência Espiritual, do casal, era a mesma – boa lição da Zebra.

– Jesus e Maria também eram um só e mesmo ser. Maria, “como Pomba, também representa Mãe ou Espírito Santo”. Mas diga-nos, amiga Zebra, por que Adão hesitou tanto em morder a maçã? Ele não gostava de maçã? – questionou o Pinguim.

– Ora! Não é a fruta! É o que ela representa – ficou de cara amarrada a Zebra. A maçã foi escolhida para simbolizar o fruto da Árvore do Conhecimento, cujos mistérios, no Jardim das Delícias (Paraíso), seus habitantes aprendiam e praticavam. Édem, na língua hebraica, quer dizer “delícia”. Foi no Jardim do Édem ou Jardim das Delícias, que “caiu” ou desceu do Céu o casal Adão-Eva.

– Mas havia uma parte do Jardim do Édem que era proibido entrar – sustentou o Pinguim.

– Sim, é verdade. Tentarei explicar. Após exaustivo trabalho de garimpagem, o SUPREMO ARQUITETO DO UNIVERSO conseguiu, no Jardim das Delícias, reunir os melhores seres, os quais, guiados espiritualmente pelo casal divino Adão-Eva, deveriam dar nascimento a uma nova classe de seres, para um novo Ciclo de Evolução. Mas na Terra já existiam seres de evoluções anteriores, trabalhadas em outros Globos ou Planetas, e era a esses seres que os escolhidos ou eleitos não deveriam misturar-se, sob pena de comprometer a qualidade das “sementes (humanas) de um novo Ciclo de Evolução” – prosseguiu ensinando a Zebra.

– Já vejo confusão – o Pintinho ficou atrevido. – Então a Serpente, forma com que determinado ser

altamente nocivo, tomou como disfarce, sorrateiramente penetrou no Jardim do Édem, com o firme propósito de acabar com a solidez daquele Paraíso. Hábil em enganar, ela conseguiu


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reverter todo o processo planejado pelo SUPREMO ARQUITETO DO UNIVERSO, tornando em ruína o que antes era santo – advertiu a Zebra.

– O que era santo antes? – desconfiou a Vaca. – O sexo – respondeu a Zebra. – Por que deixou de ser? – insistiu a Vaca. – Porque se ligou à mente... – respondeu a Zebra. – Antes não era? – Vaca insistente. – Antes o sexo era ligado ao Mundo Divino, e não ao Mundo

Terreno como então passou a acontecer – a Zebra quis encerrar o assunto, mas...

– E daí? – Vaca persistente. – Daí que, ligado a Terra, o sexo perdeu a pureza e a

santidade que antes possuía – informou a Zebra. – O Anjo Rebelde teve participação nisso? – Vaca maçante. – Não diretamente, mas também não impediu... Isso o

tornou ainda mais responsável – comentou a Zebra. – Como alguém pode virar Serpente assim de uma hora para

outra? — cantou o Canário, se referindo à transformação do ser altamente nocivo, em Serpente.

– Anjos, Arcanjos, Planetários, Kumaras, Deuses de várias categorias, e até Anjos e Deuses caídos, podem se transformar no que quiserem. A isso se chama metamorfose – respondeu a Zebra.

– A Serpente maligna era um desses seres que você citou? – de novo cantou o Canário, aproveitando para exigir o fim das gaiolas, ou então deixar a gaiola aberta, com comidinha e água, para os passarinhos saírem e voltarem quando quiserem.

– A Serpente maligna era um ser de alta estirpe que caiu espiritualmente, e cujo poder permitia que se apresentasse como


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e quando quisesse. Só que, na Árvore do Conhecimento plantada no Céu, mas “com reflexo no Paraíso terrestre”, já existia uma Serpente única, cuja função era fazer refletir, na Constelação de Touro, a Luz Celeste da qual essa Serpente única era a portadora. Antevendo o perigo que se aproximava, a Serpente única se desdobrou em duas... Uma branca representando o Mundo Divino, e outra negra representando o Mundo Terreno. Ou, o que é a mesma coisa, uma como Bem e outra como Mal – ensinou a Zebra.

– Bem e mal sempre atrapalha – resmungou a Vaca. – Bem e mal existem desde a 1ª Cadeia Planetária, ou seja,

desde o início das coisas... Na Face da Terra, bem e mal é uma necessidade. Sem essa polaridade não haveria evolução – justificou a Zebra.

– Eu sempre analiso bem e mal do seguinte modo: “o bem está na inteligência e o mal na ignorância” – até que a Vaca colaborou.

– Correto, amiga Vaca. O mal nem sempre é olhado do mesmo modo por todos. Um ser altamente evoluído, ele encara o mal de uma forma; talvez nem considere mal o que outro ser menos evoluído encare como um grande mal – explicou a Zebra.

– Nesse caso, Adão-Eva foram então os primeiros Pais da humanidade – lembrou a Vaca.

– Nunca se é o primeiro e nem o último. Em tempos não mais lembrados, deve ter havido outros adões e evas. O Adão-Eva do qual estamos falando, estava destinado a iniciar uma nova humanidade; seria o primeiro casal, na Terra, a ser avatarizado pelo PAI-MÃE CÓSMICO. Esse “Casal elite espiritual”, tinha, como missão, dar nascimento ao “padrão humano feito do barro da Terra”: o homem e a mulher terrenos.


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Mas, como já foi ensinado, na Terra já existiam seres de outras Cadeias Planetárias, trabalhadas, anteriormente, em outros Globos ou Planetas – ensinou a Zebra.

Ao ouvir o nome Eva, a Serpente sibilou: – Carrego a culpa de traiçoeira, mas não é bem assim. – Você despertou, sim, a tentação no casal Adão-Eva – não

conseguiu travar a língua o Papagaio. – Dizem tantas coisas de mim... – lamuriou a Serpente.

Algumas verdadeiras, outras não. Acho que meu esqueleto tem parte nisso.

– Por que, ele não é de osso? – fez gracejo o Papagaio. – Existem coisas entre mim e os humanos que se

assemelham... – fez ar de mistério, a Serpente. – O quê, por exemplo? – taramelou o Papagaio. – A energia do sexo... – chocalhou a Serpente. Quando nos

humanos essa energia está em repouso, ela se aloja no final da coluna vertebral, enrolada, que nem eu quando descanso.

– E o que isso tem demais? – achou tolice o Papagaio. – Quando essa energia é ativada, ela serpenteia que nem eu

quando ando... – Você não anda, você rasteja. Mas não deixa de ser

interessante o que você disse, começa a esquentar... – o Papagaio se referia ao assunto.

– Esquenta mesmo... – confirmou a Serpente. Quando a mente do homem se volta para a parte inferior do corpo, a energia do sexo esquenta porque a mente não pára, é que nem criança, precisa ser vigiada... Estarei sendo entendida?

– Hum... Creio que sim – coçou a cabeça o Papagaio. Você quer dizer que a mente deve ser comandada pela cabeça e não pela barriga.


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– Você entendeu – os olhos da Serpente brilharam. – Parece que você entende do assunto – desafiou o Papagaio. – Como não entender, se minha existência se perde na noite

dos tempos? – assobiou a Serpente. – Puxa! É tão velha assim e ainda não tem pernas? – o

Papagaio ficou com dó. – Enquanto os homens se atolarem no sexo, terei de me

arrastar... – lamentou a Serpente, dando mostra de querer chorar. Mas quando eles se tornarem andróginos, aí, sim, serei um misto de dragão-serpente, com sete escamas refletindo as cores do Arco-Íris. Serei como “a Serpente irisiforme das lendas Nahoas”.

– Tudo bem! Não precisa chorar. Eu mesmo já ouvi algo a respeito. Soube, inclusive, que você é a “Serpente do Mistério”. Mas santinha você não é! Alguma fez para se arrastar ao invés de andar! – foi incisivo o Papagaio.

– Vocês não podem avaliar o que é arrastar-se indefinidamente. Um dia terei asas... – cerrou os olhos a Serpente.

– Que nem eu? – piou do alto o Condor. – Sim, que nem você. Tenho companheiras voadoras...

Serpentes sagradas, que, “ao pousar em terra, o fazem por meio de coleios...” Simbolicamente, “a maior de todas as Serpentes é a própria Agartha, o País das sete escamas ou cidades, cuja última é a gloriosa Shamballah, a Morada Sagrada dos Deuses”. Vocês não sabem nada! – faiscaram, os olhos da Serpente.

– Não é só você que sabe das coisas! – ficou brabo o Papagaio. Não faz muitos dias, soubemos que na Agartha é que estão as “sementeiras estelares, digamos assim, das experiências Cíclicas da Terra”. Vai ver você nem sabe disso!

– Como não sei? – não se intimidou a Serpente. Vocês é que


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ignoram que a energia do sexo é um fogo cósmico serpentino, cujo nome, na língua hindu, é kundaline, com o significado de “poder inflamado”. Esse fogo cósmico existe em todas as formas de vida: tanto na superfície do Planeta, como no seu interior, pois “o Seio da Terra é o Laboratório do Espírito Santo”. Esse fogo cósmico se manifesta no Universo de sete formas diferentes, e o mais grosseiro deles, vejam que maravilha, é a luz elétrica... Esse fogo cósmico ou fogo divino foi roubado dos Céus por um personagem da Mitologia grega chamado Prometeu, cujo ousado roubo tem vários significados. Um deles é simbolizar o homem acorrentado a um corpo de carne, corpo mortal, enquanto a humanidade, como um todo, não se tornar uma Gigantesca Estrela Luminosa. Esse fogo cósmico serpentino, Prometeu escondeu-o num bastão oco, ou seja, na sua cana...

– Cana de verdade? – inocência do Pintinho. – Quê?! – os olhos da Serpente de novo faiscaram. “Cana de

Prometeu” é o nome simbólico da coluna vertebral das humanas criaturas. O nome correto é “Cana de Mercúrio”. No final da coluna vertebral dos homens, é “onde se manifesta esse fogo cósmico ou kundaline, enroscado por estar em descanso”. Sem vaidade alguma, posso assegurar que essa energia, no homem, ela se parece com duas Serpentes em luta... Mas não se assustem, porque quando o homem se tornar andrógino, essa luta cessará... E as duas Serpentes desaparecerão... Esse ousado roubo de Prometeu, foi que deu ao homem Inteligência e potência igual à dos Deuses do Olimpo (Céu).

– Que presentão, hem?! Não existindo mais as duas Serpentes, elas vão pra onde? – preocupação tola do Papagaio.

– Não vê que são símbolos?! – respondeu áspera a Serpente. – Puxa! Ia perguntar o que é Céu, nem tenho mais coragem –


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resmungou o Papagaio. – Eu respondo, amigo Papagaio! – se ofereceu o Leão. “O

lugar de recompensa para os seres da Terra será o seu Céu”, pois Céu é sempre o lugar que está adiante na evolução. Vejam que coisa bem bolada: no próprio corpo do homem, o Céu e a Terra estão presentes: a cabeça é o Céu, e o restante do corpo é a Terra, sendo o pescoço a “ponte” que separa um mundo de outro... DEUS trabalha direitinho.

– O que vocês acham de falarmos um pouco mais sobre o

que é andrógino? – sugeriu a Girafa, cuja altura chega a 5 metros. Talvez vocês não saibam, mas em época não mais lembrada, existiu, na Terra, uma hierarquia composta de 777 andróginos, denominada Manasaputras, nome cujo significado é: “Filhos do Fogo” ou “Filhos da Mente Universal”, porque nasceram da força mental dos Kumaras, aqueles mesmos seres de Vênus sobre os quais já falamos, estão lembrados? Os Adeptos, seres que atingiram a perfeição, chamam os Mansaputras de “eternos adolescentes das 16 primaveras”, porque estes não envelhecem e nem morrem, a não ser quando em missão na Terra, e, mesmo assim, é morte ilusória, pois no Mundo dos Imortais, de onde eles procedem, despertam... A hierarquia dos Manasaputras se divide em três classes, mas sete deles nasceram do próprio “Brahma e seu aspecto feminino: o PAI-MÃE universal”.

– Que nome engraçado, Manasaputras – comentou o Antílope.

– É nome teogônico, isto é, o próprio nome já indica que são


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Divindades que ajudam na formação do mundo, ou seja, são “representantes da Mente Universal”. Sabendo disso ou não, a Igreja Católica rende homenagem a eles na Ladainha de Todos os Santos, quando, em louvor, dizem: “Vasos de Honra”, “Vasos de Eleição” ou “Vasos de Insigne Devoção” – continuou a Girafa, cuja língua mede 40 cm de comprimento, adaptada para prender, e, podendo, para se alimentar, alcançar folhas que estejam até 6 metros de altura.

– Justamente por pertencerem à hierarquia dos Kumaras, é que cabia aos sete Arcanjos primordiais criar e dirigir a Terra. Mas como um deles se rebelou... As coisas tomaram outro rumo. Então, um dos Arcanjos primordiais, cuja função seria exercida num futuro ainda muito distante, foi convocado pelo ETERNO, a fim de substituir o que se rebelou. Vamos ver se vocês ainda se lembram qual foi o convocado pelo ETERNO – perguntou a Girafa, cuja vida varia de 15 a 20 anos.

– O 6º Arcanjo! – gritaram os bichos. – Muito bem! Continuemos, então: “Se não fosse a falha da

Cadeia Lunar, os Manasaputras viriam na primeira raça”, que então passaria a ser constituída de humanos. Os seres da Lua não são considerados raça, pois não terminaram a sua evolução. A intenção do Arcanjo Rebelde, era que a Terra começasse a sua evolução já com a primeira raça humana, que, no caso, seria a raça Lemuriana. “Mas o ETERNO quis que se completasse (na Terra) aquilo que não tinha sido feito” na Lua. Essa disposição do ETERNO, foi que o Arcanjo Rebelde não gostou e não quis seguir, sendo, por isso mesmo, banido do Céu. Então, após os Manasaputras cumprirem na Terra a missão que lhes cabia, “foram postos em custódia no Sanctum Sanctorum da Mãe-Terra”, ou seja, o Seio da Terra, onde eles permanecem em sono


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paranishpânico, nome complicado de um sono em que suas Consciências “estão fora da Terra, mas, ao mesmo tempo, dentro dela”, agindo nos seus “intermediários”, que são um determinado número de Humanos, a maioria deles, Adeptos (seres perfeitos). Quando o ETERNO precisa desses “Adormecidos”, eles são acordados “pelos clarins celestiais”.

– O que é custódia? – perguntou o Antílope. – É o lugar onde se guarda ou se protege algo sagrado, algo

superior. Surgiu então, dos Manasaputras, uma raça intermediária: os Semideuses... Que, veladamente, a Bíblia e o Livro de Enock, apontam como “filhos da união dos Anjos com as filhas dos homens” – concluiu sua fala a Girafa, cujas folhas ela come, mas, por serem pouco nutritivas, faz com que ela passe quase 20 horas por dia, comendo.

Nervosa e assustada, a delicada Gazela, cujos chifres em

forma espiral, ambos os sexos possuem, deu sua contribuição: – Lamento dizer, mas o mal ainda está impregnado no

homem e o Arcanjo Rebelde sabia disso. Tanto que, por causa disso, ele se saia bem em quase todas as suas investidas. Procedendo assim, ele aumentava ainda mais a já medonha carga de trabalho do irmão que tudo fazia para salvá-lo.

– Não gostei da palavra medonha que você usou – disse o Tigre.

– Ora essa! Como usar outra, se o trabalho do 6º Arcanjo foi mesmo medonho! Assustador! – reagiu a Gazela, animal cujos filhotes, por não terem cheiro, faz com que os pais precisem


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escondê-los bem dos predadores. Empreguei, sim, corretamente, a palavra medonha, pois o 6º Arcanjo teria que completar a evolução dos seres da Lua, salvar o Arcanjo Rebelde para que este pudesse salvar o 4º Arcanjo, reabilitar Anjos e Deuses decaídos, e, pasmem! “Elevar o Coração e a Mente dos divinos rebeldes que, outrora, se rebelaram contra o Trono de Deus, e outras vezes procuraram estabelecer a anarquia”. Acham tudo isso moleza?

– Queira desculpar, amiga Gazela, tem toda razão – rugiu o Tigre.

– Pois então. O 6º Arcanjo teria que viver uma situação nunca antes vista, fazer um trabalho que não era dele, viver perigosa função dupla, adaptar-se a um mundo que não era o dele, e ainda usar o Divino Dom da Palavra, para tentar equilibrar o grande mal causado à energia santa do sexo. Quem, senão um Arcanjo, para suportar tão grande carga de trabalho? – insistiu a Gazela.

A resposta foi um silêncio geral. Mas o Esquilo não entrou na onda de não falar. Disse que não achava legal o Arcanjo Rebelde tentar os humanos em suas fraquezas.

– Não julgue! – foi firme em falar isso, a Gazela. O Arcanjo Rebelde “lançou mão do mal para ocasionar o bem”. Consequentemente, ele tanto serviu a si próprio como serviu ao 4º e ao 6º Arcanjos. Sei que é difícil entender isso, mas foi o que aconteceu.

– Sendo assim... – abaixou o rabo o Esquilo. – Sei que vocês já sabem, mas é bom lembrar: a atitude do

Arcanjo Rebelde, fez com que os honrosos títulos de “Voz Divina na Terra, Voz de Deva-Vani, Voz do Céu, Transmissor das Verdades Divinas e Anjo da Palavra”, fossem todos


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transferidos para o 6º Arcanjo, que, por sua vez, para desempenhar a função do irmão faltoso, precisaria possuir os Sete Dons da Inteligência, atributo próprio do 5º Arcanjo. Que fez ele então? Como tinha esse direito, apropriou-se da fulgurante inteligência do Rebelde, juntando-a a sua própria Sabedoria do futuro, ficando então com um potencial incrível, que ele usaria enquanto durasse a sua missão, pois se propusera salvar os seres da Terra com o Conhecimento! Sua intenção era fazer de cada homem um Deus em miniatura – ótima explicação da Gazela, animal que tem boa visão e excelente audição.

– Que grandeza! – pipilou a Gaivota. – Grandeza e precaução... – observou a Gazela. – Por que precaução? – não entendeu a Gaivota. – Porque somente o Conhecimento poderia evitar novas

rebeliões... – excelente observação da Gazela. – Previsão para o futuro – reconheceu a Gaivota. “A

humanidade, corrompida por vícios e costumes contrários à Lei Divina, necessita de ensinamentos puros e sublimes, a fim de não se despencar no abismo da degeneração, em cuja borda ela se acha fascinada”. Infelizmente não lhe é passado, pelos que deveriam fazer isso, os bons exemplos que a salvaria.

– Nas incontáveis vidas do 6º Arcanjo, algumas de relativa paz, a maioria de tremendas dificuldades, muitas “um rosário de dores”, outras “um lacrimário de tragédias”, fora as de “súplicas inúteis lançadas aos quatro ventos...”, em todas elas, conforme era a capacidade de entendimento das humanas criaturas, o 6º Arcanjo ia passando os Sete Dons da Inteligência. Mas os homens só mereceram mesmo ser chamados de homens, após eles terem se entrelaçado com os três Reinos da Natureza anteriores a


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ele, trabalhados em outros Globos ou Planetas. Principalmente após eles terem recebido o divino dom de pensar. “É à Inteligência que a humanidade deve o que é; aí começou a sua própria Origem”. Infelizmente ela ainda não sabe usar, com sabedoria e prudência, o divino dom do raciocínio, do contrário o mundo não estaria de pernas para o ar, pois até mesmo o “Santuário do Lar está deformado, moralmente falando”. Já não se vê, nos olhos de muitas pessoas, o brilho da felicidade, mas foi o próprio homem que tornou o mundo assim. Somente ele pode fazer do mundo um paraíso ou um inferno – concluiu a Gazela.

– Bruta responsabilidade! E os homens não estão nem aí com essas coisas – lamentou a Gaivota.

A tromba do Elefante, fusão de nariz e lábio superior, se

ergueu, como a dizer que tinha algo a transmitir. E disse mesmo: – O primeiro martírio do 6º Arcanjo, foi entrar no Portal do

Mundo... Ainda mais com responsabilidade dupla: a dele próprio, representando o Mundo Celeste, e a do Anjo Rebelde, representando o Mundo Terreno. Essa dupla missão, que iria atravessar eternidades, muitas vezes, no decorrer dela, ele iria se sentir o próprio Atlas, aquela divindade grega que conduz nos ombros o Globo terrestre, divindade que simboliza o 4º Arcanjo.

– Por falar no 4º Arcanjo, ele já terminou a sua missão? – quis saber a Puma.

– “O 4º Arcanjo já teve o seu trabalho e dele já se viu livre; está no lugar que lhe compete”: ele toma conta das Almas que, no presente Ciclo de Evolução, se salvaram. Como nada acontece


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por acaso, Atlas, a divindade grega que representa o 4º Arcanjo, foi o nome escolhido para o mapa geral da Terra, e para a 1ª vértebra da coluna vertebral humana, sustentadora da cabeça... – contou o Elefante, que, na velhice, ao caírem os seus molares, morre de fome, por se ver impedido de se alimentar de plantas.

– Missão sublime a do Arcanjo Salvador: despertar consciências – reconheceu a Puma.

– Sim, no entanto, “Luz em demasia para inteligência ainda perturbada pelas atrações da Terra”, o choque às vezes é inevitável, e, muitas vezes, originando um acréscimo de vícios, e um perigo ainda maior: a vaidade do Saber... – explicou o Elefante, cujas presas, de um adulto, cresce 15 cm por ano.

– Vindo para a Terra e nela crucificado pelo tipo de missão a desempenhar, o 6º Arcanjo passou a ser o mais combatido e incompreendido dos homens – continuou o Elefante. Sendo um ser do futuro, foi doloroso para ele ter de voltar a estágios de evolução há milênios superados, e, mais penoso ainda, fazer-se entender... Num dia em que a desolação não o largava, desabafou para si mesmo: “eu existo sem existir...” Talvez esperasse um consolo... Consolo que então veio! De repente, linda Criança se materializou em seu colo e, sorrindo para ele, disse-lhe: Eu sou o ETERNO...

– Ai, que lindo! – cantou o Sabiá. – O que é materializar? – indagou a Puma. – É tomar forma, fazer-se visível... – ensinou o Elefante. Para

exaltar e consolar o filho, o PAI se materializou na forma de uma Criança, e, arrebatando-o, extravasaram, em dimensões superiores, todo o amor que sempre os uniu.

– Deve ter sido doloroso ter de voltar... – considerou a Puma.


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– Por que o Arcanjo Rebelde preferiu seguir suas próprias convicções, ao invés de obedecer ao PAI? – perguntou a Puma.

– Achou “mais lógico e fácil” pôr em prática o que pretendia, do que assumir a direção da Terra com os seres inferiores da Lua – justificou a Elefante. O Arcanjo só confiava em si mesmo, pois “se reconhecia igual ou semelhante a DEUS ou Brahma, o Sol Espiritual”.

– Mas que teimoso! – atrevimento da Puma que o Elefante logo repreendeu:

– Ele não estava errado! O Arcanjo é o próprio ETERNO por procuração. Só que, “tendo errado, em vez de guiar... é guiado”.

– Desculpe então – soube reconhecer o erro, a Puma. Mas como ele fez para sair da situação em que se meteu?

– Criou vários recursos, alguns razoáveis e outros um desastre. Porém, sempre atento, o PAI tinha também Seus recursos. Um deles, na minha opinião o mais fascinante de todos, foi criar “dois Seres mais que fantásticos”, uma espécie de estátuas vivas, dois Corpos ou Vestes para servirem de cobertura espiritual do próprio PAI, do filho rebelde, e do 6º Arcanjo e sua parte feminina. Todos os sucessos obtidos a favor do mundo, têm sido graças a esses dois Corpos ou Vestes, que, na medida em que realizam seus trabalhos, se tornam cada vez mais primorosos e conscientes... Através de avatarização consentida, várias vezes esses Corpos ou Vestes têm sido utilizados pelo próprio Arcanjo Rebelde, e, no futuro, quando ele governar a Terra, esses mesmos Corpos ou Vestes serão a Alma Andrógina do Arcanjo e de sua rainha ou parte feminina – assegurou o


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Elefante, cujos machos adolescentes vivem em pequenos bandos, e os machos adultos, isolados.

– Ele vai mesmo governar a Terra? – perguntou já com as pernas a tremer, a Puma.

– Sim, é sua missão, e está ansioso por fazê-lo – afirmou o Elefante. Tanto que várias vezes tentou se apoderar desses Corpos ou Vestes, antes do tempo... Ficava até agressivo por não possuí-los, pois sabia que se tomasse posse dos mesmos, poderia fazer o que quisesse. Quando tentava essa imprudência, a Luta entre os dois irmãos se intensificava... Lutas titânicas, em que “o maior de todos os Heróis do Mal, na Humana História, foi adquirindo experiência através do sofrimento”. Sofrimento necessário para o próprio retorno de sua Consciência Planetária. Mas quando ele se avatarizava nesses Corpos ou Vestes, com o consentimento do PAI, foi através deles que o Arcanjo Rebelde evoluiu, obteve fama e glória, e, finalmente, adquiriu o prestígio de sua própria hierarquia planetária. O Arcanjo Rebelde causou muito sofrimento e muitos estragos, mas também muito sofreu. O seu maior sofrimento, porém, foi o “enigmático, mas tremendo castigo de ser algo sem ser, e não ser, sendo...”

– Como vou explicar esse final no relatório? – reclamou o Pinguim.

– Faça compreender que o enigmático e maior castigo do Arcanjo Rebelde, era não ter direito a ter corpo físico, pois ele não nascia na Terra como homem, só podia agir por avatarização, que, às vezes era avatarização divina, e outras vezes não... Um trabalho contraditório, mas que, às vezes servia à Lei Divina, e outras vezes, não... Ficou mais claro agora? – evidente que a explicação do Elefante...


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– Já vi que falar sobre Arcanjos é assim mesmo. Se pegar, pegou, se não pegar fica por isso mesmo – o Pinguim acabou se conformando.

– Eu também estou enrolado – admitiu o Gato. – E eu mais ainda – resmungou a Avestruz, que não voa, mas

em compensação pode atingir até 80 km por hora, pois uma só passada sua já alcança 4 a 5 metros.

– Vai ficar assim mesmo! Não sei explicar de outro jeito. Eu mesmo levei tempo para entender essas coisas. Não tenham pressa. Confiem – se saiu bem o Elefante.

Sentindo-se na obrigação de explicar, tanto ao Pinguim quanto

à Avestruz, o que era avatarização, o Elefante continuou. Vejamos o que ele disse:

– Avatarização é inspirar, intuir, influenciar... No caso do Arcanjo Rebelde, a avatarização que ele fazia nem sempre era divina, era mais para atender seus propósitos... Na avatarização divina, a capacidade mental de quem é avatarizado, é ampliada sem que a pessoa avatarizada se desligue de sua própria consciência. Está a contento a explicação?

– Muito boa – o Pinguim e a Avestruz agradeceram. Como Guardiã ou Totem do antigo povo Inca, a Lhama se

apresentou para dar a sua interpretação: – Avatarização é um ser ou mais de um ensinando à distância. – Muito bom! – o Elefante gostou. É a influência de seres

superiores, vivos.


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– Ainda bem que são vivos – parou de tremer a Avestruz, que, das aves terrestres, é a que tem maiores olhos.

– O termo avatarização tem origem na palavra avatara, que significa “descida da Lei” ou “descida da Divindade”. Na língua Tupi, avatara quer dizer “antepassado, antigo, velho, avô”. Ou seja, a manifestação daquele que tem mais Sabedoria, no caso, o ANCIÃO DAS IDADES, que, simbolicamente, “sempre se apresenta como um Ancião de Barbas Brancas e Longas e com uma Mitra, contendo uma criança no alto”. Avataras são “seres de outros planos dirigindo os destinos da Terra”. Quando o avatara se manifesta, um opositor tem direito de também se manifestar, porque o homem, não tendo terminado ainda a sua evolução, é, por isso mesmo, imperfeito, traz, em si, em luta, o bem e o mal... Forças brancas e negras, divinais e infernais, positivas e negativas, luminosas e sombrias... – ensinou o Elefante, que cada vez morre mais cedo, devido o desmatamento provocar a escassez de plantas, que é o seu sustento.

– Não se poderia evitar a manifestação das forças sombrias? – perguntou a Avestruz.

– Não enquanto os habitantes da Terra as atraírem... – explicou o Elefante. Se o ambiente for favorável, não há como impedir. Sempre que ALLAH se manifesta como Homem, é um avatara. No início das coisas, a própria “encarnação do Espírito de Verdade” foi que se manifestou... A Verdade foi, primeiramente, impulsionada no mundo pelo próprio Espírito de Deus. Sei que é complicado entender isso, mas não sei explicar de outro modo. Vão ter que se arranjar sozinhos.

– Não se preocupe, amigo Elefante, já nos foi ensinado que o avatara “aparece na Terra para diminuir o peso da mesma”. Aprendemos, também, que a Essência Divina do avatara é sempre a


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mesma, o que difere é o modo dela agir, que varia conforme a época em que a Essência Divina se manifesta. Mas como reconhecer o avatara é que ainda não aprendemos – grasnou a Avestruz.

– A Iniciação ajuda a reconhecer – ensinou o Elefante. – Mas o que é Iniciação? – roncou a Avestruz, cuja média de

vida é de 50 anos, tem visão e audição bem desenvolvidas, mas não possui dentes, por isso engole pedrinhas, a fim de ajudar a esmagar os alimentos que consome.

– Iniciação é adquirir o “Saber que redime, o Conhecimento Real”, sempre progressivo, proporcionando, ao interessado, expiar faltas, se redimir, se libertar... O Conhecimento Real amplia a consciência, fazendo com que o discípulo evolua mais rápido, e, consequentemente, esgote mais depressa o seu karma. Por sua própria natureza divina, o homem “se transforma diariamente”, o que não deixa de ser, também, Iniciação, ainda que inconsciente. Mas o Iniciado mesmo, ele sofre, pois descontar karma mais rápido, reduzindo o número de reencarnações, não é gratuito, tem suas agruras... Outro fator importante, é que o Iniciado realmente integrado no Conhecimento Real, ele sente a Dor do Mundo. E por que sente? Porque entende a razão do sofrimento, e quer, então, ajudar outros a entenderem, mas não consegue ser ouvido... A maioria acha esse assunto maçante... Uma coisa, porém, é certa: “tudo na vida é Iniciação”. Quando o homem começa a sentir atração pelas coisas divinas ou superiores, ele já é um Iniciado em perspectiva. Decorrido algum tempo, ele passa a discípulo de um verdadeiro Mestre, que, visível ou não, sempre estará ao seu lado, ajudando-o, até que ele saiba caminhar sozinho, na Grande Vereda da Iniciação. Passado alguns anos, que varia de discípulo para discípulo, chega, finalmente, o dia em que o discípulo terá


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de, forçosamente, “aniquilar o Dragão do Umbral”, que é a forma simbólica de todos os erros cometidos em todas as suas existências... Aniquilado esse Dragão simbólico, “a Consciência (Divina) se manifesta no homem e o Dragão desaparece” – ensinamento superlegal do Elefante.

– Amigo Elefante, tentando entender o que você ensinou, concluí o seguinte: Iniciado ou não, “raro é aquele que não possui o Dragão do Umbral” – Avestruz espertinha.

– Você entendeu bem. E digo mais: “No começo da evolução não havia necessidade de Mistérios Iniciáticos. O Conhecimento era propriedade de todos, e predominou, universalmente, durante a Idade de Ouro (melhor época que a Terra viveu). Porém, os homens se multiplicaram muito rapidamente, e então múltiplas também foram as mudanças em seus corpos e mentes... Certos exageros contrários à natureza humana, se enraizaram de tal maneira (nos homens), que acabaram por levá-los a crer em uma série de superstições. Dos desejos e paixões até então desconhecidos, nasceu o egoísmo, pelo qual os homens abusaram de seu poder e sabedoria, até que, finalmente, foi preciso limitar o número dos conhecedores (da Verdade)... Assim, teve lugar então a Iniciação e seus Mistérios. A necessidade de encobrir a Verdade para resguardá-la de possíveis profanações, fez-se sentir cada vez mais em cada geração, e assim se converteu em Mistério”. Esta é a explicação que consigo passar para vocês, de como a Iniciação, que antes


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HOMEM EVOLUÍDO, INICIADO é todo aquele que se dedica a desvendar a Sabedoria Divina ou Sabedoria Iniciática das Idades, que então faz dele um Colaborador da DIVINDADE. O aura do Iniciado adquire então a harmoniosa forma ovóide, com cores suaves, que variam de pessoa para pessoa.

(Ilustração baseada no desenho da pintora Yolanda Campello)


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DISCÍPULO INICIADO, IDEALISTA é todo aquele que quer para si os “tesouros espirituais”; um Mestre ou Guru passa então a se interessar por ele, atento ao novo Caminho do discípulo, rumo à Fonte Primordial, que é retornar à Casa do PAI, de onde todos nós, um dia, partimos... “Só o fogo sagrado da Iniciação espanta as trevas da ignorância” (Henrique José de Souza). “O Caminho da Iniciação é rude e abrupto. Por vezes os pés do discípulo falseiam, mas a beleza da Verdade gradativamente desvelada, compensa todos os sacrifícios, todas as dores que a vereda estreita da Iniciação fatalmente traz. Razão das palavras do Cristo: “Muitos serão chamados e poucos os escolhidos”.

Paulo Machado Albernaz

(Ilustração baseada no desenho da pintora Yolanda C ampello)


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era um privilégio de todos, teve de ser ocultada, destinada apenas àqueles que realmente tivessem interesse pelas coisas divinas ou superiores – finalizou o Elefante.

– Entendi e creio que os companheiros também. Concluímos então: Iniciação é responsabilidade! – afirmou o Papagaio.

– Sim, compromisso com DEUS, que, se não for levado a sério, melhor seria nunca assumir – acrescentou o Elefante.

– Se não assumir, ou se a pessoa desistir no meio do caminho, o que acontece? – ficou preocupado o Papagaio.

– Ao dedicar-se à Iniciação, ou seja, aos Grandes Mistérios ou ao “Saber que redime”, a pessoa passa a provar do saboroso fruto do Conhecimento Real. Se mais tarde abandona esse Caminho Espiritual, ela ainda não sabe, mas com o passar do tempo, sua Alma começará a inquietar-se... Por quê? Porque ficou impedida de alcançar um grau maior na sua evolução. A pessoa então passa a sentir uma insatisfação interna que, a princípio, não entende, mas se for observadora, perceberá que é o lamento de sua própria Alma, que se sentiu traída... Traída por um motivo muitas vezes banal, que poderia ter sido olhado como um teste da própria Iniciação... Ou então, traída por duvidar... Ou ainda por Preguiça! – esse final do Elefante estragou tudo.

– Tinha que falar no meu nome! – a Preguiça se exasperou, e dei razão a ela.

Sem nem sequer se alterar com a revolta da Preguiça, o

Elefante continuou: – O Arcanjo Rebelde, ao perceber que o seu irmão salvador

sempre tentava corrigir as suas diabruras, resolveu seguir nesse


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ritmo, pois via nisso excelente vantagem de adiantar seu próprio trabalho futuro. Mas o que de pior ele fez, foi tentar repetir, na Atlântida, a Batalha havida em Cima... – revelou o Elefante.

– Arcanjo levado! – o Pintinho virou franguinho. – “Se o Arcanjo Rebelde não tivesse errado, não haveria

necessidade de avataras, porque em tais ocasiões, a DIVINDADE se manifestaria por ele”, pois era ele quem deveria “dirigir o mundo de cima para baixo, e dele se originariam todos os avataras, grandes e pequenos”. A desobediência, porém, fez a direção do mundo ser transferida para o 6º Arcanjo, a quem o ETERNO recorreu. Como o Rebelde despencou do Céu espiritualmente cego, ele não conseguia distinguir o bem do mal, e, por isso mesmo, houve necessidade de avataras... Se assim não fosse, a Obra de DEUS “seria o mesmo que um Lar sem filhos”, não teria continuidade. Somente os avataras poderiam contrabalançar a relutância do Arcanjo Rebelde em “querer e não querer coisas que resolveriam a marcha da evolução”. Prestem bem atenção nisso, pois uma coisa é o Lugar onde o Arcanjo antes vivia, e outra, é o Lugar em que ele foi obrigado a permanecer, sem poder distinguir o certo do errado. E pior: sem direito a ter corpo físico para agir na Terra, tendo que permanecer na Terra através de outros... Sem contar que esses outros também poderiam errar... – ensinou o Elefante.

– Situação sem saída... – disseram os bichos. – Por reconhecer o perigo que sempre rondaria o 6º Arcanjo,

num tipo de missão em que não há memória ter havido outra igual, e, pior de futuro incerto, é que o ETERNO resolveu dar a ele, como único no mundo, o direito de poder julgar o próprio irmão... Mas “sem nisso haver oposição, mas tão-somente neutralidade. Um tinha que forçosamente dar combate ao outro,


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na esperança de um dia desaparecer o desentendimento” – concluiu com louvor o Elefante.

– Por que o Arcanjo não queria o surgimento da raça Ariana? Saberia nos dizer, amigo Touro? – perguntou o Texugo.

– Outra vez?! Já foi dito antes, que “ele não admitia que a quinta raça fosse dirigida por outro, que não ele”. De fato deveria ser ele o governante dessa raça, mas a desobediência tirou-lhe esse direito. O Arcanjo sabia que a raça Ariana seria a do desenvolvimento do mental. Sabia, também, que no final da evolução dessa raça, fato ainda muito distante, ela terá o domínio total da Consciência, podendo então, se assim desejar os seus representantes, apresentar, aos Senhores do Karma, um estudo ou um testamento, narrando como se processou a evolução da Terra, e contando a confusão estabelecida por aquele deveria ser o seu principal dirigente: o Arcanjo Rebelde.

– Mas ele armou a confusão e não queria que se falasse sobre ela? Queria que a humanidade permanecesse na ignorância primitiva? – o Texugo não achou isso legal.

– Cuidado com o que fala! – alertou o Touro. O Arcanjo não poderia admitir que ser algum abaixo de sua hierarquia se intrometesse no seu ponto de vista. Por causa desta sua teimosia, é que o “SENHOR DAS ETERNIDADES, para vencer a Si mesmo salvando Seu filho das trevas”, se fez Homem na Atlântida... O fez, porém, encoberto com uma capa preta por fora e amarela por dentro, semelhante, na parte externa, à capa que o filho rebelde pusera sobre os próprios ombros... O ETERNO então, “fez-se sua sombra”, ou seja, ficou parecendo o filho


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faltoso... Conseguiu assim iludir sete dos mais perigosíssimos instigadores do filho faltoso, assim como “arrastou todos os seres que o Arcanjo Rebelde havia arregimentado, pois que os mesmos O tomaram por aquele...” Deu para entender?

– Inteiramente – confirmaram os bichos. – Esse disfarce funcionou como uma “maya cósmica”, dando

condições para que o SENHOR DAS ETERNIDADES pudesse dar, à quinta raça Ariana, o domínio do mental. Raça que, no final da sua evolução, “acabaria como andrógina”, resolvendo assim, de vez, a questão da separatividade de sexos, ou seja, o crucial problema do sexo – mugiu o Touro.

– Notável! Mas o que é maya cósmica? – perguntou o Texugo.

– Maya é palavra indiana, que significa ilusão – respondeu o Touro. Ilusão dos sentidos... Maya cósmica deve ser uma ilusão em escala interestelar, algo que, embora parecesse real, não era...

– E funcionou! – disse o Texugo. – Sim, funcionou. Na verdade, “tudo que se vê no

firmamento é reflexo da grande Maya” ou grande Ilusão. Na Índia, os Mestres ou Gurus ensinam aos discípulos por meio de Maya, que eles denominam de Maya Budista, porque lá, o sistema filosófico ou religioso, que predomina, é o Budismo. Disfarçado com “a capa da maldade”, o ETERNO conseguiu salvar seres de elevada hierarquia, que, então, O seguiram... Seguiram julgando ser o outro... Essa surpreendente “Maya” do ETERNO, foi que deu origem à lenda dos “sete Cisnes brancos acompanhando o mais velho, que era preto” – esclareceu o Touro.

– Sensacional! – o Texugo se entusiasmou. Mas amigo Touro, você disse que no final da evolução da raça Ariana, os seres se


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tornariam andróginos. Houve alguma coisa para que isto não possa vir a acontecer?

– Houve – confirmou o Touro. No final da evolução da raça Atlante, ela não conseguiu dar para a Terra o 8º ramo racial como estava previsto. 8º ramo racial é uma elite (melhores seres) destinada a dar nascimento a uma nova raça ou civilização. Isso não aconteceu, porque o descontrole e a decadência que assolou a Atlântida, acabou por levar aquele belo continente para o fundo do mar. O que então restou, para a Terra, foram principiantes, seres descendentes dos Lemurianos e dos Atlantes, mas de pouca evolução, prejudicando, enormemente e de forma irreversível, o surgimento sem mancha, da nova raça Ariana.

– Está explicado – agradeceu o Texugo. Mas não havia outra alternativa?

– A alternativa foi aqueles dois Corpos ou Vestes sobre os quais já se falou, criados pelo Poder de Vontade do ETERNO, em substituição ao casal Mu-Iska e Mu-Ísis, semideuses degolados na Atlântida pelos Rebeldes, em represália por não terem conseguido escalar as muralhas da Porta do Céu... Mu-Iska e Mu-Ísis eram os próprios Olhos do ETERNO... Com o surgimento dos dois Corpos ou Vestes, “sobreveio a vitória para que a raça Ariana prosseguisse a sua marcha triunfal até o fim”. Fim ainda muito distante de nosso tempo. Eram milhares os Rebeldes que acompanhavam o Arcanjo Faltoso... Por isso foi necessária uma atitude urgente e segura, por parte do PAI, para que o próprio Arcanjo não corresse o risco de vir a perder a sua dignidade de Planetário e Senhor da Terra. Daí o ETERNO ter lançado mão do excelso subterfúgio da “capa”, para que o próprio filho faltoso, de início não compreendesse, caindo, assim, em suas próprias armadilhas... O que o PAI fez, naquela


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época, foi uma espécie de “dente por dente, olho por olho”, necessário apenas naquela ocasião – explicou o Touro.

– Que legal! “Armadilhas de Deus para conservar a dignidade espiritual” do próprio filho faltoso – comentou o Texugo. O que aconteceu ao Arcanjo quando ele descobriu a façanha do PAI?

– “Foi aí que o mesmo sofreu e se perdeu, foi vencido” – bufou o Touro.

– E aí? – ficou esperando o Texugo. – Aí que você faz perguntas demais! – encerrou o assunto, o

Touro. – Uma coisa ainda me preocupa. Quando o Arcanjo governar

a Terra, ele vai ser bonzinho? – cacarejou a Galinha – Ora! Que nos importa isso? – alegou o Carneiro. Com sua

tônica de rigor acho isso difícil, ainda mais que ele terá de consertar muita coisa... Provavelmente será exigente, para compensar o tempo em que ficou prisioneiro de si mesmo... Mas até lá, e bota tempo nisso, os seres da Terra já terão um novo modo de pensar, aceitarão o modo de ser do Governador do Mundo, cuja voz deverá ecoar pelo mundo inteiro (uma Internet revolucionária?). Quando esse tempo chegar, de “posse de seu Trono em Shamballah, esta já na Face da terra”, o Arcanjo continuará sendo inspirado pelo seu maior guia espiritual que sempre foi e continuará sendo, por muito tempo ainda, o 6º Arcanjo.

– Menos mal. Desconfio mesmo que esse Arcanjo nunca foi de todo suspenso – soltou a suspeita a Galinha.


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– Tenho igual desconfiança – assegurou o Carneiro. Sem ele ter um pouco de liberdade, a humanidade jamais conseguiria distinguir o bem do mal, e, portanto, não evoluiria. “O rigor, mas do bem contra o mal, que lhe concedeu a própria Lei Divina, diz tudo”. Tanto que, como a pouco foi comentado, ele tomou para si a “capa do mal que encobria seu irmão”, o 4º Arcanjo.

– Ainda por cima ficou com a capa do irmão – censurou a Galinha.

– Amiga Galinha, usar a capa do mal, simboliza o Arcanjo Rebelde tomar para si toda a maldade que a humanidade desfechara sobre o seu tutelado, o 4º Arcanjo, ficando ele, portanto, obrigado a salvar este seu irmão – explicou o Carneiro.

– Então o que ele fez foi um ato nobre – admitiu a Galinha. – Situação difícil a do Arcanjo, pois com essa “capa” sobre os

próprios ombros, ele se viu forçado a perseguir o bem no bem, que, no caso, seria perseguir o próprio Arcanjo Salvador, atitude que, então, obrigou o 6º Arcanjo, que já lhe dava combate, a combater também o mal – foi como se saiu o Carneiro, para explicar essa embrulhada.

– Não entendi nada, embora desconfie que essa “capa” que o Anjo Rebelde pôs sobre os próprios ombros, complicou ainda mais a situação dele, que já não era fácil – saiu-se bem a Galinha.

– O que sei, é que o Arcanjo Rebelde perseguia o Cristo Universal, porque queria que este o livrasse da maldita “capa ou veste negra” do 4º Arcanjo, a qual, em parte, continha o mal da Tragédia de Cima... – rolo feito pelo Carneiro, pronto para ser despachado.

– Se fosse um capote talvez desse menos confusão – disse o Pintinho na sua inocência.

– Vocês falam tanto em capa... – resmungou a Égua. Acabei


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lembrando de “uma capa encarnada atirada nos ombros do Cristo, por deboche, e ainda lhe deram como coroa uma de espinhos, e, por cetro, uma cana grosseira”, zombaria total, que, no final das contas, com o crescimento do Cristianismo, a Cruz se transformou num símbolo universal, respeitado em todo o mundo.

Mugindo e ruminando capim fresquinho, a Vaca demonstrou

ter algo a dizer. E disse: – Da atual raça Ária ou Ariana, irá surgir uma Nova

Civilização atuante no “Grande Drama de Dez Mil anos”, onde o personagem principal será o senhor Mitra-Deva, no qual “vibra a Alma do Mundo”. Sabiam disso?

– Sabíamos – respondeu o Panda. Mas onde se encaixa, no “Grande Drama de Dez Mil anos”, o “eminente Filho de Shamballah”, que é Maitréia?

– Maitréia é o inspirador de Mitra–Deva e do próprio Arcanjo sobre o qual estamos comentando. Sabem por quê? Porque o senhor Maitréia tem, em si mesmo, o potencial de todos os Budas que já existiram, mais o potencial de 49 seres, aos quais falta apenas mais uma encarnação para se tornarem Budas. “Buda e Cristo estão juntos em Maitréia” – ensinou a Vaca.

– Nunca a Terra recebeu tão ilustre visitante! – observou o Panda.

– Não mesmo! – confirmou a Vaca. É preciso esclarecer o seguinte: não é que o Arcanjo Rebelde não quisesse que a humanidade tomasse conhecimento da Revolta Celeste, é que o desinteresse dela para com as coisas divinas ou superiores, não a


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deixaria compreender os reais motivos que o levaram a agir como agiu, e essa incompreensão prejudicaria ainda mais a missão que lhe cabe, de destruir, no mundo, as coisas desnecessárias, pois, conforme já aprendemos, ele “governará a Terra após mil anos do avatara Maitréia”.

– Bem... Olhado por esse ângulo, dou razão a ele – deu seu parecer o Panda. A “dificuldade da humanidade, entre ser e não-ser, entre a compreensão e a incompreensão, entre o que se chama Mal e o que se chama Bem”, é, realmente, um problema de difícil solução.

– Afinal! – gritou além do normal, o Papagaio – o Arcanjo tinha ou não tinha razão em agir como agiu?

– Cuidado, amigo Papagaio! Modere o seu tagarelar! Não estamos falando de gente, estamos falando de um ser Arcangélico! – censurou a Vaca. Além disso, estamos tentando desembaraçar um rolo cujo nó ainda não se desfez de todo. A própria Lua, a verdadeira, recebeu uma triste herança: veio para ela o que restou de uma catástrofe celeste, ou seja, o “mal” restante de uma Cadeia Planetária anterior, trabalhada em outro Globo ou Planeta, justo no momento em que a Lua estava para terminar a sua evolução, preparando os melhores seres para serem transmigrados para a Terra.

– Que infelicidade – admitiu o Papagaio, se desculpando. A coisa então vem de longe. Mas o que é transmigrar?

Rapidinho, a Borboleta veio e se posicionou no nariz do Papagaio, passando a ensiná-lo:

– Transmigrar é mudar de região, de país, ou até de mundo, mas também pode ser uma Alma passando de um corpo para outro (reencarnação). Até o ano 325 d.C., a Igreja católica adotava a “transmigração da Alma”, porém, após o Concílio de Nicéia


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(reunião presidida pelo Papa) as coisas mudaram... Por sua vez, no ano 553 d.C., Justiniano, imperador romano, durante uma assembléia de padres, redigiu um edital, exigindo que se extraísse da Bíblia tudo que se referisse à transmigração da Alma, pré-existência, enfim, tudo que pudesse identificar a existência da reencarnação... Que coisa, hem? Daí começou, para os primeiros cristãos, a desfiguração do verdadeiro Cristianismo. A sábia lei da reencarnação, a Igreja substituiu pela “ressurreição da carne”, coisa que só pode ser conseguida após muitas existências, com o aprimoramento da Alma. Delicada como sou, alguém bem entendido no assunto, e inspirado por DEUS, escolheu a mim como símbolo da transmigração da Alma. Não vão me cumprimentar?

A Borboleta ficou esperando um tempão, e como não houve reação alguma, ela cumprimentou a si mesma, dizendo assim: Parabéns Borboletinha! Não é à toa que foste escolhida para ser o símbolo dos Gêmeos Espirituais, aquele mesmo 6º Arcanjo com sua rainha ou parte feminina. E foi embora a Borboleta, de novo namorar as flores.

O Veado se aproximou, e, com pose de quem ia fazer um

belo discurso, começou a bramir: – É bom relembrarmos o seguinte: diante da falência da Lua,

o ETERNO ordenou que o Arcanjo Rebelde transferisse, para a Terra, os seres da Lua, mesmo com a evolução inacabada. E que ele assumisse, com a sua corte, a construção da Terra, e o término da evolução dos selenitas. Essa ordem foi que o Arcanjo Rebelde “sonegou, por motivos que, a seu ver, eram justos e


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razoáveis”. Os próprios seres de sua corte também se revoltaram, dizendo assim: “Ficar sepultados nesses corpos vis e procriar sexualmente?” Repetir um trabalho já feito? Entrar em “corpos desprezíveis e animalizados”, em total desacordo com a nossa atual evolução?

Xi! Esse final causou indignação aos bichos. Não houve um que não se sentisse ofendido.

– Amigos – suplicou o Veado. Não se sintam tão ofendidos, eu também sou bicho e nem liguei pra isso. Façam o mesmo. Por que eu iria ligar? Sejamos condescendentes. Os selenitas, naquele tempo do qual não se tem memória, eram mesmo seres muito rudimentares, pois não tendo terminado a sua evolução, não eram bonitinhos quem nem nós.

– Podia ter dito que não eram gente e nem bicho, ficava mais de acordo – não deixou de resmungar o Tucano.

– Pronto! Você já disse! – solucionou o Veado. Vamos adiante. Os aliados do Arcanjo Rebelde, pertenciam a uma das três classes em que é dividida a hierarquia dos Kumaras. Para eles, conviver com seres de evolução tão distante, e ainda por cima inacabada, era retornar a um passado já superado por eles, podendo cobri-los de sombras... Eles “seriam obrigados a descer, perder a consciência, e se sujeitar a esse metabolismo biológico (do sexo) até se iluminarem novamente”. Para eles isso era terrível, pois já haviam conseguido transformar a energia santa do sexo, em poderosa energia mental. Unirem-se a seres assim tão rudimentares, era um risco muito grande a correr.

– Convenhamos, em parte eles tinham razão – ponderou o Tucano. Mas essa recusa não seria, também, falta de confiança neles mesmos?


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– O que você disse, amigo Tucano, não é de se desprezar – bramiu o Veado. Rememoremos mais um pouco: como o Arcanjo Rebelde “se tivesse revoltado à frente dos que lhe ficaram fiéis”, a Lei Divina obrigou que todos eles tomassem a forma humana. Foi então que o articulador de tudo isso, e que vocês já sabem quem é, passou a ser a “face sombria da DIVINDADE”, por se negar a vir para a Terra. Então, para que a Terra não ficasse ao desamparo, o ETERNO recorreu ao 6º Arcanjo, que, envolvendo-se na Veste do Arcanjo Mikael, “Guardião do Portal que separa o Mundo divino do Mundo terreno”, entrou em Luta com o sonegador de sua função, vencendo-o, e expulsando-o do Céu.

– Relembremos mais ainda – propôs de novo o Veado. Então, “ao invés da direção imediata da Terra”, como determinara o PAI, o Anjo Rebelde, “querendo diminuir tal esforço, achou mais lógico e fácil finalizar a evolução da Lua de modo diferente do que a Lei Divina exigia”, ou seja, ele e sua corte se uniram às deusas da 3ª Cadeia Planetária, deusas de um trabalho que havia sido desenvolvido num outro Globo ou Planeta, interpenetração cujo resultado foi o “castigo da animalidade dos seres da Terra, pelo referido fenômeno entre o Arcanjo e sua corte”. Animalidade que até hoje persiste em muitas pessoas...

– Mas por que não deu certo? – se interessou em saber, o Tucano.

– Porque essa interpenetração foi com seres femininos restantes de um trabalho de evolução com formas praticamente já extintas. E pior: para isso eles contaram com a colaboração de seres nada amigáveis e nem confiáveis daquele tão distante tempo – explicou o Veado.


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– O que é interpenetração? – quis saber o Tucano. – É praticar uma ação mútua de dar e receber em troca –

ensinou o Veado. Essa atitude do Rebelde Dirigente da Terra, acabou criando, para ele mesmo, a obrigação de, num futuro ainda muito distante daquele tempo, quando a raça Ariana já estivesse implantada, houvesse uma compensação pelo gravíssimo erro do passado... Essa compensação seria “os Anjos, os Devas, os Deuses, enfim, terem que se ligar com as formosas filhas dos homens”, fato que a própria Bíblia aponta, embora “na interpretação mais infeliz possível”. Bíblia é palavra grega que significa Livro. A Bíblia é o Livro sagrado do Ocidente. Desde então, a inconveniente malícia dada ao fenômeno natural do sexo, fez cair espiritualmente até mesmo seres de elevada categoria, destruindo, radicalmente, os valores da Lei Divina, que, então, teve que tomar medidas enérgicas e de punição severa... Mas não se apavorem muito, porque aperfeiçoar raças com seres de Mundos superiores, embora não tenha sido isso que o Arcanjo Rebelde fez, é normal nos Planos de DEUS. Sem esse recurso, a evolução estaria sempre no mesmo passo de Tartaruga – sem querer o Tucano...

– Mas será possível?! – esperneou a Tartaruga. – “Pretendendo opiniões próprias, contrárias à Boca que

Sopra, ao Hálito que Cria, às Barbas que atingem o fundo da Terra”, que é o ANCIÃO DAS IDADES, somente milênios depois, o Arcanjo Rebelde reconheceu ter, “em má hora, sonegado a sua missão”. Admitiu ter decepcionado o PAI, e criado um problema universal, que recaiu todo ele sobre o irmão que um dia o salvaria – bramiu o Veado.

– Por que ele disse má hora? – O Peru não entendeu. – O Arcanjo não se referia à hora de relógio, mas à


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inconveniente ocasião em que ele tomou tal atitude, forçando, com isso, o 6º Arcanjo a vir “em socorro do ETERNO, na hora da traição ao Trono” – explicou o Veado.

– Onde fica o Trono onde houve a traição? – chalrou o Tucano.

– “O Lugar onde se deu a queda ou Traição ao Trono, está muito além de todas as cogitações humanas, de todos os cálculos matemáticos”. Isso porque, são três os Tronos de DEUS: o 1º é o próprio ETERNO, o 2º é o Céu, o 3º é a Terra – o Veado encerrou a conversa, não quis mais papo.

– Sabem por que é difícil explicar e entender, o trabalho do

Arcanjo Rebelde e do 6º Arcanjo? – a Coruja fez a pergunta à bicharada. É porque a própria Lei Divina exigia de um dar combate ao outro. Onde o Arcanjo Salvador se manifestava como Espírito ou Verdade, logo ocupava o mesmo lugar o Arcanjo Rebelde, como Matéria ou Mentira... Como fazer entender uma coisa dessas? Quando um deles deveria “construir as coisas necessárias”, na mesma ocasião ou com pequeno intervalo de tempo, o outro deveria “destruir as coisas desnecessárias”. Eram trabalhos paralelos. Um tipo de trabalho assim, desenvolvido por décadas, pelos três Arcanjos, foi o da Revolução Francesa, onde eles se avatarizaram nos principais personagens da Queda da Bastilha: o Conde S. Germano, o Conde Cagliostro, e José Bálsamo. Nessa missão conjunta, esses três personagens se confundiam... Além de usarem vários


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CONDE DE SÃO GERMANO – “O Homem de todas as épocas. O pouco que se conhece de sua vida não está contido em biografias arranjadas por escritores pouco escrupulosos; mas sim, através de ligeiros relatos feitos por sua amiga, a condessa Adhemar, como se pode verificar em “Páginas Ocultas e Contos Macabros”, de Helena Petrovna Blavatsky, comentadas pelo teósofo Dr. Mário Roso de Luna”. (Henrique José de Souza)

Curiosa resposta de São Germano à frívola rainha de França, Maria

Antonieta, quando esta lhe perguntou pelo lugar do seu nascimento: “Nasci em Jerusalém faz tanto tempo, que nem desejo lembrar-me... Não gosto, também, de dar a minha idade, pois isso pode trazer desgraça... Basta apenas acrescentar que todo ato de obediência, por minha parte, é de pura cortesia... Não desejo ir à Bastilha nem tão pouco que outro por mim vá ter a semelhante lugar...”

“As misteriosas personalidades dos Condes de Cagliostro e São Germano”

Henrique José de Souza - Revista Dhâranâ nº 110, ano 1941.

(Desenho a crayon do artista plástico Ruy Horta dos Santos)


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CONDE DE CAGLIOSTRO

Revista Dhâranâ nº 110, ano 1941

“Em um dos cantões da Suíça existe um monumento que lhe foi dedicado, e onde em verso e prosa são assinalados os benefícios pelo mesmo prestado à referida localidade. A fotografia de que nos servimos é uma cópia da que figura no referido monumento, por sinal que encontrada também, como cópia, em sua obra intitulada “O Evangelho de Cagliostro”, única poupada entre as que foram destruídas em uma fogueira inquisitorial”.


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nomes, alguns conhecidos pela História oficial, outros não... São Germano, então, tinha mistérios insondáveis. Outras “Bastilhas”, no mundo, ainda precisam ser derrubadas...

– Os três personagens se confundiam porque eram parecidos? – perguntou o Jegue.

– Não tanto por isso, mas sempre que precisavam despistar os inimigos da Lei Divina, um se fazia passar pelo outro, numa manobra que só DEUS sabe – informou a Coruja.

– Talvez se apresentassem mascarados, assim não se saberia qual dos três era – considerou o Jegue.

– O fato é que era preciso desorientar o “mau consciente”, ou seja, fazer perder o rumo, todos aqueles que tentavam impedir o trabalho projetado pela Lei Divina, face aos desmandos da realeza, ante a miséria do povo francês. Mesmo assim, o “mau consciente” deixou sua marca na Revolução Francesa, fazendo aparecer um quarto personagem, o qual causou estragos consideráveis na missão dos três principais personagens a pouco citados. Usando falsos argumentos, e tomando atitudes indignas, esse quarto personagem várias vezes se fez passar pelo Conde Cagliostro, cuja missão, deste, era agir na Queda da Bastilha, como “Mal ou Rigor”, ou seja, premiar os bons e castigar os maus. A intervenção maldosa desse quarto personagem, inimigo de sentimento rancoroso para com Cagliostro, prejudicou a imagem histórica deste último, pois não falta quem o aponte, em obras que poucas verdades contam, que ele foi charlatão e ladrão, quando, na verdade, ele nunca recebeu quantia alguma das pessoas que curava, pois, muitas vezes, era ele quem oferecia “dos seus imensos haveres, um pouco a cada um dos que o procuravam”– explicou a Coruja, seguindo adiante no assunto:

– A não ser o experiente escritor Alexandre Dumas, e


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mesmo assim muito ligeiramente, poucos escritores souberam explicar o verdadeiro papel do Conde Cagliostro, como sendo o personagem que, de fato, abalou as bases da Revolução Francesa, onde, na guilhotina, milhares de cabeças rolaram, bem mais que o apontado pela História oficial. “Foi Cagliostro o chefe ou cabeça de todo aquele movimento que abriu uma nova página na História do mundo, inclusive sobre o Brasil, bastando dizer que a nossa República foi estabelecida um século justo depois, isto é, em 1889”. Seis anos antes, nascia um brasileirinho de corpo, alma e espírito, até hoje ignorado, mesmo tendo feito muito pelo Brasil. A missão de Cagliostro, na “Tomada da Bastilha”, foi difícil, delicada, e extremamente perigosa para a própria sobrevivência dele.

– Como você soube tudo isso? – perguntou a Anta, Totem dos índios Tupis.

– Encare meus olhos! – exigiu a Coruja. Veja como são grandes. Enxergo tudo! Principalmente à noite. E ainda tenho cara em forma de coração. Não havia notado?

– Não é que é mesmo?! – a Anta ficou admirada. – Essa questão de um personagem passar por outro,

acontecia também com o Arcanjo Rebelde e o Arcanjo Salvador. Não tem conta às vezes em que isso aconteceu – chirreou a Coruja. “Em várias vidas, nunca se soube ao certo quem era um ou era outro”. As Lutas entre os dois irmãos, nos “milênios que somem na penumbra dos tempos”, acabou obrigando o 6º Arcanjo a ter um rosário imenso de vidas.

– Dá para dizer algumas? – pediu a Anta. – É complicado, seria um nunca acabar. Como eu poderia

explicar que ele teve vidas em que foi Manu, o “senhor da vida e morte tanto de seu povo como do mundo”? Como poderia


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explicar, que ele teve vidas em que julgou vivos e mortos? Como fazer entender, que ele teve vidas em que agiu como julgador do karma das pessoas? Como informar, que ele teve vidas em que atuou como moderador para evitar excessos? Como dar ciência, que ele teve vidas como avatara, como andrógino unido, e como andrógino em separado? Como instruir, que ele teve vidas integrais, com todo o seu potencial de Arcanjo? Como explicar, que houve vidas em que ele mesmo comparou ao perfume das rosas, embora algumas terminassem em tragédias? Como fazer entender, que ele assumiu vidas como “castigo kármico”, a fim de salvar determinados seres? Como ensinar, que as vidas esparsas que ele teve, foram “muito mais complexas do que se possa imaginar”? E, finalmente, como fazer entender, que ele teve vidas como “farrapo humano”? Aposto que nada entenderam, e isso é uma amolação! – emburrou a cara a Coruja.

– Nem precisa apostar – disseram em coro os bichos. – Pois então. Mas como não sou de desistir, vou tentar

explicar caso a caso – sentiu–se encorajada a Coruja. Vidas como avatara divino, era o 6º Arcanjo e sua parte feminina agindo num mesmo corpo ou em corpos separados. Do mesmo modo era assim, nas vidas em que ele agia como andrógino unido e como andrógino em separado.

– Duas cabeças num mesmo corpo – fez de propósito o Papagaio.

– Não são cabeças, são consciências, e você sabe disso muito bem, pois é ave inteligente, alegre, falante, com aparelho fonador que permite imitar vozes de aves e de mamíferos, e até a voz humana – a Coruja achou melhor elogiar. – Vidas como “farrapo humano”, foi quando o 6º Arcanjo se juntou a um bando de maltrapilhos, estado a que haviam


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chegado os divinos faltosos, como estratégia para salvá-los, e quando então o Arcanjo Rebelde passou a sofrer ainda mais – revelou a Coruja.

– Por quê? – perguntou o Papagaio. – Porque era desses “farrapos humanos” que ele se

utilizava... Não esqueçam que o Arcanjo não tinha direito a ter corpo físico. Precisava de corpos que tivessem afinidade com seus propósitos, para neles se avatarizar... Sem esses “farrapos” ele ficou sem o seu principal suporte – crocitou a Coruja.

– Entendi – o Papagaio agradeceu. – O 6º Arcanjo se servia desses “farrapos humanos” para

fazer o bem através deles, mas o bem impulsionado por ele próprio... Dava assim, aos faltosos, oportunidade de se salvarem. Não era confortável para ele coabitar com seres assim tão arruinados, mas o fazia por compaixão, e porque a melhor maneira de confundir o Anjo Rebelde, “era imitando-o junto a seu povo” – interessante informação da Coruja.

– Grande altruísmo! – disse o Colibri, o pássaro que tem as cores do espectro solar.

– Vidas como “castigo kármico”, foram as que o 6º Arcanjo atraiu para si mesmo – crujou a Coruja.

– Mas por que tal sacrifício? – taramelou o Papagaio. – Para salvar determinados seres, cuja queda espiritual,

provocada pelos 4º e 5º Arcanjos, fizeram deles “folhas soltas da Árvore da Vida”, ou melhor, “filhos do pecado” – explicou a Coruja.

– Folhas soltas... Parece nome de poesia – disse o Papagaio. – A queda espiritual desses seres, foi tão grave, que suas Almas

se desprenderam da Árvore da Vida... Ficaram como folhas sem rumo... “Sombras de si mesmos”. Achar uma a uma foi difícil e


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desgastante... A Árvore da Vida de onde elas se desprenderam, um dia se transformará em “Macieira de Ouro”, fazendo retornar a eterna primavera, que já existiu na Terra. Todos então viverão “alegres e felizes, na doce comunhão da existência” – boa nova da Coruja.

– Quanto às vidas esparsas, foram as que poderiam frutificar, murchar ou apodrecer... Com outras palavras: foram vidas que poderiam dar certo ou não dar em nada. A maioria delas foi de sofrimento, e sempre nos Ciclos de menor duração de tempo. Mas graças às vidas esparsas, é que o mundo pôde extasiar-se com tantos gênios da arte e da cultura em geral – explicou a Coruja.

– Decorridos tantos milênios, a esperança do Arcanjo Salvador, era ver proveitosa a colheita da “Boa semente” que ele espalhou pelo mundo inteiro... Ou seja, seres nascidos dele mesmo... Sementes humanas que, junto aos abnegados seres de sua própria corte, que tanto o auxiliaram em tão difícil empreitada, embora tenham vivido à sombra da Obra do ETERNO, esses seres funcionaram como um Imenso Farol, iluminando os náufragos da vida, que eram os divinos rebeldes – finalizou a Coruja.

– Amigo Cisne, saberia nos dizer onde estará o 5º Arcanjo no

ano 3005? – indagou a Puma. – Em Shamballah, a ilha que “armazena os Deuses do

Olimpo” (Céu), e que então estará onde hoje se situa a cidade de São Lourenço, sul de Minas Gerais, no Brasil, com mais sete cidades ao redor, incluindo outras mais em volta. Quando esse


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tempo chegar, a geografia do mundo já será outra... – São Lourenço? A cidade que tem o nome daquele santo

que foi martirizado numa grelha candente? Que tem águas medicinais exploradas continuamente, sem nenhum controle? – escancarou os olhos a Puma.

– Essa mesma – respondeu o Cisne, ave-símbolo da evolução. No Ciclo atual de evolução, São Lourenço é a Meca do Brasil, o lugar considerado pela Lei Divina, como a “capital espiritual do mundo, a Shamballah brasileira”. Mas isso no seu bojo... Desde o ano 2005, sete cidades da Agartha estão mais do que firmadas no seio da Terra, ao redor de São Lourenço... Misturado a essas coisas tão sublimes, é triste ver que o Brasil, escolhido como “origem de um Mundo Novo”, está muito aquém do pretendido pelo SENHOR DAS ETERNIDADES. “É uma vergonha o que se passa nesse País”, onde os 4º, 5º e 6º Arcanjos, tantas vezes se defrontaram sem que os homens viessem a saber... Os terráqueos, infelizmente, preferem ritos ultrapassados. Parece incrível, mas “até hoje existem cultos que lembram ainda o passado da humanidade”. O Brasil, pesaroso é dizer, é um dos países que mais matéria densa (grosseira) contém, e essa matéria densa, sendo mal trabalhada, se transforma em tenebrosos karmas...

– O que significa matéria densa mal trabalhada? – rugiu a Puma.

– É não dar educação e cultura ao povo, e condições dignas de viver, três alavancas que levantariam o Gigante Adormecido. Isso não acontecendo, os obstáculos não param de surgir, e são cada vez mais violentos e perturbadores... “Honra, dignidade, não são compradas com dinheiro...” Já basta o Karma Universal que oprime tantos povos, asfixiados com dívidas que os donos


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do mundo espertamente manobram para que elas nunca terminem... – valoroso depoimento do Cisne.

– Quem sabe a presença do avatara Maitréia melhore tudo isso? – rugiu não muito animada, a Puma. Mas é preciso a participação de cada cidadão do mundo. Sem essa colaboração, nada feito!

– Confere! Nas próprias bibliotecas dos Mundos Interiores, um livro muito antigo profetisa que Maitréia um dia se manifestaria no Mundo dos Homens, cercado de asuras luminosos (certa classe de seres). E que Três Templos a ele pertencentes, o receberia de portas abertas... Profetiza, também, que no início nem todos o reconheceriam... E que, depois, ficaria no lugar dele o seu irmão Mitra–Deva, para que na Terra se firme o Trono de Deus... Mas antes disso, continua o livro, Três Reis do Oriente “virão preparar o caminho para Maitréia”, e esses Três Reis precisariam ser reconhecidos... Os três reis são o reflexo dos 4º, 5º e 6º Arcanjos. Quem “tem olhos de ver”, percebe que esse tempo já chegou, pois “soam os clarins da Agartha, desfraldam-se os Estandartes, os homens se revezam, tudo se modifica na própria Terra. Aí estão os Sinais dos Tempos. Aí vem a Tríade Superior nos Três Reis do Oriente. Abaixo os falsos messias e profetas, em homens e religiões”, por terem distorcido a Verdade Divina!

– Você pegou forte, mostra que é corajoso! – elogiou a Puma.

Nessa hora veio voando o pássaro Jahu, que só canta gritando, e do alto mesmo ele anunciou:

– Acabo de saber que o senhor Maitréia, o Cristo–Rei ou Cristo Universal, ou ainda Cristo Renovado, é alegre e comunicativo. Acho isso uma glória! Mas disseram, também, que se ele não for reconhecido pelos que antecipadamente foram


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informados da sua presença, ele ficará triste e desapontado. Precisamos com urgência avisar isso aos homens!

– Quando começou, amigo Javali, a queda espiritual dos

Atlantes? – perguntou o Furão, animal ágil e extremamente curioso, especialista em fuçar esconderijos, onde entra com facilidade, espantando de suas tocas os bichos roedores. Como dorme de 14 a 18 horas, vive em media de 3 a 6 anos, e, sendo monogâmico, ao perder o companheiro ou companheira, morre dias depois, de tristeza ou depressão.

– A queda espiritual dos Atlantes começou quando na 4ª Cidade reacendia uma Rebelião – respondeu o Javali.

– Mas de novo rebelião?! – o Furão até perdeu o sono. – Sim, rebelião liderada pelo Arcanjo afugentado do Céu

pela Espada de Mikael – arruou o Javali. Sobre isso já se falou, mas é bom relembrar. O Arcanjo e seus aliados queriam tomar de assalto a 8ª Cidade Atlante, onde vivia o casal regente espiritual de todo o continente. Queriam “galgar o Céu antes do tempo”, escalando as altíssimas muralhas de Shamballah.

– Mas não eram muralhas intransponíveis? – lembrou o Furão.

– Sim, mas deixe-me explicar – grunhiu o Javali. “Os humanos e os Deuses da Atlântida se entendiam de duas espécies: os Deuses falavam uma linguagem universal, e os homens a língua natural do momento, a língua Atlante. Os Deuses os entendiam, mas os homens só sabiam a linguagem dos Deuses quando estes falavam na sua língua”. Os homens não entendiam os Deuses quando eles falavam entre si, mas lhes


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obedeciam quando lhes falavam na língua da Terra. Essa misturada de línguas foi um dos fatores que o Arcanjo Rebelde e seus aliados souberam tirar proveito, para pôr em execução o que eles já tinham em mente: apoderar-se de Shamballah.

– Oportunistas! – exclamou a Joaninha, rainha dos insetos. – A situação piorou ainda mais, porque “havia uma língua

intermediária separando uma da outra na mais terrível das confusões. Essa língua intermediária era a Lemuriana, semi-humana, semi-animal, pois nas três primeiras raças, os homens aprenderam a linguagem que lhes servia de entendimento, através dos animais daquela época. Até hoje os Manus falam com os Totens”, que são os representantes dos animais. O Anjo Rebelde então, aproveitou essa confusão de línguas para “lançar a discórdia entre todos”, pois ele “jamais se conformou em não possuir os Dois Poderes: o Espiritual e o Temporal”; ele sempre lutou para arrancar das mãos do 6º Arcanjo, o que ele chamava de seu próprio Cetro, o Bastão de Comando do Mundo, a Terra, que ele não se cansava de dizer que era sua – prosseguiu o Javali.

– Persistente e teimoso! – reforçou a Joaninha, grande aliada dos agricultores.

– Essa miscelânea de línguas, foi conveniente ao Rebelde, que, então, tratou de “estabelecer a confusão entre Deuses, Semideuses e Homens”, três categorias de seres que, na Atlântida, conviviam juntas e em paz. De tanto que era feliz, “a raça Atlante confundia seres da Terra com os das outras hierarquias”. O Anjo Rebelde então, junto com seus aliados, se atiraram sobre a 8ª Cidade, não só para destruí-la, mas também para se apoderarem do casal divino Mu-Iska e Mu-Ísis, Regentes Espirituais “que os reis, sacerdotes, e a própria população, aceitavam como Deuses Vivos”, e que, na Terra, eram o próprio


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Sol e Lua em corpos semideíficos. Tudo fizeram para escalar as “altíssimas muralhas, mas como não pudessem destruí-la, por ser a Shamballah daquela época”, se vingaram nesse casal divino, que era o mesmo Adão-Eva, do passado, em novos corpos... Naquele tempo, Adão-Eva possuíam corpos semi-humanos, porém, na Atlântida, seus corpos já eram semideíficos. O casal foi então capturado, “e logo trataram de lhes cortar as cabeças, para que o domínio do mental fosse dele apenas...” Como ele conseguiria isso se tivesse dado certo o seu plano? Possivelmente pela Eucaristia... Mas “DEUS que vê tudo, DEUS que sabe tudo, DEUS que é tudo, no momento da Tragédia retirou a Divina Essência dos corpos de Mu-Iska e Mu-Ísis, antes que maior fosse a Tragédia, atingindo a referida cidade e os Deuses nela existentes”. Foram então, atirados pelos Rebeldes, em rio próximo, as cabeças e os corpos dos Regentes Espirituais... – prosseguiu contando o Javali.

– Minha nossa! – o Esquilo nem conseguiu mais sentar. – Com essa “outra queda”, o Divino Rebelde praticou um grande

deicídio... Só não deu certo de todo, porque o PAI imediatamente retirou a Essência Divina dos corpos de Mu-Iska e Mu-Ísis, que então ficaram vazios... Quando o Arcanjo olhou para o interior desses corpos e viu que estavam sem a Essência Divina, gritou colérico: “Maldito que Tu és, enganando a Ti mesmo”. A destruição desse casal–semente dos avataras, “suportes físicos” e integrais do PAI, foi um duro golpe para os Planos da DIVINDADE, pois daquele casal, deveriam sempre nascer os avataras... A morte trágica de Mu-Iska e Mu-Ísis foi um prejuízo irreparável para o resto dos tempos – roncou o Javali.

– Corpos sem nada dentro... – ficou abalado o Esquilo. – Não é oco, oco – explicou o Javali. Mu-Ísis e Mu-Iska


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ficaram sem a Essência Divina, sem o Espírito, sem a Centelha Divina, sem a Energia de Deus, sem a Consciência Imortal, sem a Mônada, sem o Hálito de Deus ou Hálito de Jehovah, pois tudo isso é uma só e mesma coisa, e o ETERNO a Boca que tudo isso assopra.

– Depois dessa barbaridade o Arcanjo não foi preso? – interrogou a Onça.

– Ele fugiu para o seio da Terra... Mas sem poder voltar... – arruou o Javali.

– Olha só como estou tremendo – a Mula parecia gelatina. – Não fiquem tão abalados assim, isso foi há milênios, e, embora

a humanidade ainda considere a Atlântida como lenda, o fato é que ela existiu, e o funesto acontecimento também. Escritos deturpados sobre o acontecimento, falam de uma gigantesca torre chamada Babel, desmoronada por causa da revolta do povo pela confusão de línguas. Os dicionários, por sua vez, apontam “babel” como “confusão de línguas ou vozes”, mas o eminente Professor Henrique José de Souza, afirma que “babel” não quer dizer “confusão”, e sim “Porta do Céu”, pois “a confusão se deu na Porta do Céu ou Shamballah”, a Mansão Celeste, a Casa de Deus, onde o deicídio foi praticado – finalizou com chave de ouro, o Javali.

– O que é deicídio? – perguntou o Canguru. – É matar um Deus – voltou a ensinar o Javali. O que fizeram

com o Cristo das Idades, também foi deicídio, pois Jesus sofreu pelo bem que fez e o mal que não fez... “Tendo poderes para escapar do martírio”, no entanto ele deixou que sua carne fosse martirizada, para resgatar o karma do passado daquele povo. Quando, a caminho do Gólgota, chicoteado, cuspido e vilipendiado, carregando sobre os ombros os pecados dos homens, representados pela Cruz, ele, ao ver as mulheres chorando, disse para elas: “filhas de Jerusalém, não


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choreis a minha sorte, chorai a sorte de um povo, que morre com a minha morte...” Infelizmente os milagres de Jesus não tocaram o coração dos homens, pois “os seres da Terra hoje estão talvez piores que antes. De que serviu ele morrer pelo mundo se este é muito pior do que naquela época?”

– Tem razão, amigo Javali, infelizmente não temos como discordar de você – lamentaram os bichos.

– Tenho ótima notícia a dar! – urrou o Elefante. A bela Atlântida,

desaparecida no Oceano que leva o seu nome, vejam que coisa boa, ela está de volta! Verdade! Eu não minto! Ela “fulge, gloriosamente no Novo Mundo que é a América!” Está no coração de todos aqueles nos quais vibram as crepitantes brasas da Obra do ETERNO!

– É mesmo? Mas que coisa boa! E que lindas palavras, amigo Elefante! – elogiou o Boi.

– Gostaram? Repitam então comigo! Brasil! Tu tens o glorioso destino de ser o Farol do Mundo! Olha pelas tuas Crianças! Esta generosa terra tem em seu seio “O Esperado” de todas as religiões! Cumpre teu dever! Não te desvies da missão! Sê vigilante! Brasil, não tens o direito de fracassar! Não retardes o futuro que te aguarda!

Os bichos repetiram as palavras do Boi, e o fizeram com tanto entusiasmo, que o Touro Akbelino, da própria montanha onde vive, deu mais três longos urros! O Sabiá, animado com tudo aquilo, abrilhantou ainda mais o fato, cantando assim: “Quem não sente nesta hora o desabrochar da Aurora pondo tudo num Braseiro?”

E os bichos responderam: – Brasil!!!


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Foi comovente, jamais esquecerei.

A esguia Cegonha se apresentou, e, como todas as demais da sua espécie, por não possuírem faringe não emitem som vocal, mas produzem sons, batendo com o bico umas nas outras, ação que se chama gloterar:

– Os Atlantes, disse ela, se alimentavam de frutas. Os animais não eram sacrificados. Nesse glorioso tempo, “os atores principais da evolução”, que são os Kumaras, aqueles seres venusianos, mais o 4º e o 5º Arcanjo, tiveram, sob a supervisão do 6º Arcanjo, importante atuação na Terra.

– Por que são os Kumaras os atores principais da evolução? – quis saber o Urso.

– Porque os Kumaras são os “construtores de mundos e de seres”, são pais e guias da humanidade. O “Grande Mistério ocasionado pela Lua”, a tal Catástrofe Celeste, foi que fez virem antes do tempo os Kumaras, a fim de ajudarem o 6º Arcanjo, em sua difícil e perigosa missão. Vênus passou então a ser o “Espírito Guia” dos homens, pois os Kumaras são andróginos, eles pertencem ao futuro da humanidade. São seres puros e virgens, imortais, pertencem a uma hierarquia que é dividida em três classes. “Não são Deuses, e sim porta-vozes de DEUS, movedores da roda da vida” – gloterou a Cegonha.

– Vou dormir três dias para, talvez no quarto, entender alguma coisa do que você disse – choramingou o Urso.

– A maior vingança do Arcanjo, foi decapitar aqueles que, na Terra, eram os Olhos do PAI: o casal divino Mu-Iska e Mu-Ísis. O sangue desse casal foi então recolhido numa Taça, a mesma Taça


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onde um dia seria recolhido o sangue de Jesus e as lágrimas de Maria. Tal vingança, da qual o ETERNO não se conformou, fez com que “a própria DIVINDADE, em forma de Estrela, caísse sobre o continente Atlante, levando-o às profundezas do Oceano que até hoje leva o seu nome”. Antes, porém, foram destruídos os corpos dos Seres Divinos que perderam o perfume da santidade... Voltou ao Céu a Essência Divina de cada um deles... A colossal Estrela então desabou sobre a região traidora, levando, para o fundo do mar, aquele belo continente. “Dessa tragédia Atlante resultaram sete povos dispersos pelo mundo” – grasnou a Cegonha.

– Nunca ouvimos tantas tragédias ao mesmo tempo – disseram os bichos, ficando murchos por um bom tempo, e eu também não estava lá essas coisas.

– A batalha na “Porta do Céu” da Atlântida, foi tão terrível

quanto a que houve em Cima... – afirmou a Vaca. – Em cima de onde? – Galinha custa a entender. – A que houve no Cosmos! – respondeu a Vaca. Um tremendo

Combate entre Devas luminosos e Devas sombrios, “entre os Anjos Rebeldes e os que ficaram fiéis ao Trono”.

– Você quer dizer que há anjos do mal? – caiu sentado do susto, o Canguru.

– Sim – confirmou a Vaca. Os Anjos ou Devas “são o que são, e nada mais; formas da Mente Universal, transformadas em consciências voláteis”, ou seja, que voam... Os Anjos ou Devas dos Mundos Interiores são formas mentais dos mais excelsos seres, agindo em defesa do mundo. O Arcanjo Rebelde detestava esses


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Devas, e luta feroz sempre se travava entre esses e os dele... – Barbaridade! Estou aprendendo coisas que jamais supunha

existir! – não conseguiu levantar do chão, o Canguru. – Nesse tipo de Combate, onde formas mentais de Amor

enfrentavam formas mentais de Ódio, parece incrível, mas até o terçar das armas se ouvia... Ouviam-se também os pensamentos... Tudo isso vindo do Grande Poder Cósmico, num desfecho que, ao próprio Universo, preocupava... Preocupava porque “o Pensamento, tanto dá vida como mata... E tão imenso é o valor do Pensamento, que cria Budas, Devas luminosos e egrégoras”. Mas também cria anticristos, devas sombrios, e egrégoras do mal... – a Vaca seguiu ensinando.

– O que são egrégoras? – indagou o Canguru. – O pensamento constante numa determinada coisa, cria uma

egrégora! – explicou a Vaca. – Qual o resultado do Combate? – quis saber o Canguru. – Meio a meio, nem vencido e nem vencedor, resultado nada

bom para a humanidade... – alertou a Vaca. Num tempo em que só o ETERNO saberia calcular, o “mal” ligado a esse Combate Cósmico, só não se apresentaria na Terra, se a humanidade, na medida em que fosse evoluindo, contribuísse com suficiente ”bem” para neutralizar o pacto estabelecido. Como a contribuição de “bem”, por parte da humanidade, foi abaixo do esperado, quando chegou o momento fixado, o “mal” teve direito de manifestar-se...

– Que desventura... – o Canguru chorou. Esse “mal” teria alguma relação com a 1ª e a 2ª Guerra mundial?

– Quem sabe? Antes mesmo do término da 1ª Guerra mundial, que durou de 1914 a 1918, Nossa Senhora surpreendeu três pastorzinhos, com a sua aparição em Fátima, Portugal, em


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1917, bastante preocupada... Foram várias aparições, sempre pedindo às crianças que rezassem pelas “alminhas”, pois muitas iriam se perder... Quem sabe seria uma alusão à 2ª Guerra Mundial, já em caminho, embora ainda sob disfarce... Guerra da qual a humanidade tem triste memória, pelos horrores praticados pelo anticristo, desdobrado em três terríveis seres... Só mesmo o 6º Arcanjo para enfrentar tão grande mau, tanto em número quanto em força... Mas se animem, amiguinhos! O esplendor que aguarda a Era de Aquário, em parte poderá neutralizar muito desse mau ainda não desfeito de todo, “desde que esse Amanhã (de Esplendor) se prolongue por alguns milênios”, e isso só depende da humanidade... Se ela não contribuir com suficiente bem, “quase no meio desse Ciclo (de Aquário), o Dragão do mal tomará novamente posse da Terra... E então, as intrigas... Até mesmo os bons, os sábios, os fiéis à Lei Divina, poderão de novo se perder. Crimes acontecerão, vícios aparecerão, e tudo o mais de horror”. Esse risco existe, pois a Terra ainda estará atravessando a Idade do Ferro, que é a Idade da Dor e da Discórdia, tempo em que bons e maus se misturam... Só isso já diz tudo. Sabendo dessas coisas, é o homem evitar o mal consciente, para que a Terra volte a ser o Paraíso que já foi, e mais esplendoroso ainda. Tudo depende dos homens...

– Que grande responsabilidade... – o Papagaio chorou. Sonho tanto com uma época em que nenhum pássaro mais será perseguido e engaiolado...

– Vamos lá, amiguinho, nada de tristeza! O Grande Dia do Sede Conosco, que é a manifestação do último avatara, deixará a Terra às mil maravilhas! Isso ainda vai demorar muito, mas irá acontecer! Levante a cabeça, amigão! – animou a Vaca. Quando esse tempo chegar, “será então o fim para os Deuses, mas


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começo para os seres da Terra completamente redimidos das suas faltas”. No Grande Dia do Sede Conosco, o 6º Arcanjo e sua parte feminina subirão aos Céus, pois “o que é dos Céus para estes volverá, deixando a Terra aquilo que lhe pertence. Ressurreição total, em vez de cinzas...”

Novamente a Cegonha se apresentou, e bastante animada

começou a gloterar: – No século 11, mais precisamente no ano 1095, expedições

armadas sob as ordens do Papa Urbano II, partiram para conquistar Jerusalém, a “Cidade da Luz ou do Sol” ou “Casa da Paz...”, em busca da Taça Sagrada e, quem sabe, do Santo Sudário também. Por onde passavam, procuravam atrair cavaleiros nobres para aumentar o contingente, no entanto, com o passar do tempo, necessitando de mais combatentes, pois muitos morriam, assim como matavam, fora os que debandavam, apelavam para qualquer um, aos gritos absurdos de “Deus o quer!” Se houve objetivos nobres nas Cruzadas, nome pelo qual ficaram conhecidas essas expedições, que só vieram a terminar no século 13, tais objetivos se perderam pelas incontáveis mortes provocadas. É acreditar ou não. Os mais interessados na Taça Sagrada, eram, evidentemente, os divinos rebeldes, pois sabiam que “o sangue do Redentor dos Homens”, transformado em “Licor Eucarístico, une os seres da Terra com o Mundo divino”, restituindo a Imortalidade perdida... Principalmente os que conheciam os prodígios da magia teúrgica, ansiavam ainda mais, pois o sangue dos avataras, proporciona o retorno da consciência deífica...


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Mesmo não sabendo o que era sangue eucarístico e nem magia teúrgica, os bichos se conservaram em respeitoso silêncio. Até que...

– O que é Licor Eucarístico? – perguntou o Urso. – É o licor que desperta a consciência espiritual adormecida

– informou a Cegonha. – E magia teúrgica? – outra pergunta do Urso. – É a ciência que atrai forças celestes através de atos ou

palavras, provocando o que os homens consideram milagre, porque não têm como entender. A medicina moderna, embora ainda pequenina diante dessas coisas, e sempre sujeita a mudanças e erros, é uma síntese modesta da magia teúrgica – esclareceu a Cegonha, concluindo o que sabia.

– Chegou a vez do Javali, Guardião da Cidade de São Lourenço, falar. Ele então passou a arruar:

– Sei que vocês já sabem, mas vou relembrar: a Batalha havida em Cima, que o Arcanjo rebelde quis repetir na Atlântida, foi tão grave, que, mesmo sendo ele o “Senhor da Terra, concorreu para que a Estrela Baal, monstruoso bólido em que se transformou a própria DIVINDADE, caísse sobre a 4ª Cidade Atlante, destruindo as demais cidades que daquela ficaram separadas. A Estrela Baal desabou sobre a região traidora, levando dois terços ou mais do continente Atlante para as profundezas do Oceano, pois era toda essa quantidade terrena que merecia tal castigo. Durante horas seguidas... um verdadeiro abismo, num vórtice tremendo, teve lugar, só restando uma ilha no meio do Oceano, que, depois, ficou conhecida pelo nome de Poseidonis ou a Posse de Adônis, o Senhor das Águas,


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o Netuno grego”. – Virgem Maria! Quanto trabalho desfeito – lamentou a Garça. – É verdade – grunhiu o Javali. A queda da Estrela Baal, fez

com que Sírio, a estrela mais brilhante da Constelação do Cão Maior, tivesse seu fulgor apagado, “até que se deu o início da raça Ária, através da mais terrível de todas as Batalhas”. Batalha na qual não houve necessidade de metralhadoras, canhões e nem bombas atômicas, “porque cada Homem Celeste, era um facho destruidor, e cada homem terrestre, os próprios Deuses decaídos...” Os que mereciam ser salvos, foram antes retirados pelos Vimanas, naves siderais da Atlântida. E os que sobreviveram, mas não foram retirados por razões que desconheço, tiveram de se adaptar a uma vida com todo o tipo de dificuldade. Os pós-diluvianos Atlantes passaram então a migrar para regiões onde melhor se adaptassem. O passar do tempo, porém, e a dura realidade a enfrentar, acabaram por torna-los selvagens... “Os indígenas não são mais que sementes degeneradas de civilizações, ou mesmo clãs raciais passados“.

– O próprio nome “Atlântida quer dizer ´a nascida das águas`, justo aonde ela viria perecer, como se fora o oceano seu berço e túmulo”. Numa só noite, o belo continente desapareceu nas águas profundas do oceano que leva o seu nome: o oceano Atlântico... Tantos séculos se passaram, e ainda hoje existem pessoas com as mesmas tendências bestiais daquele tempo, sacrificando animais e até pessoas em rituais macabros, coisa de religiões procedentes daquele perdido continente, quando começou a decair... – contou o Javali.

– Manuscritos no Mosteiro de Lhassa, no Tibete, e também no Museu de Londres, contam passagens sobre o acontecido com a Atlântida, catástrofe que foi tão violenta, que modificou o eixo


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magnético da Terra, que, então, saiu do seu lugar primitivo, assim como a constelação do Cruzeiro do Sul, naquele tempo chamada Ziat ou Zait, acabou por tomar a posição em que desde então se acha – mais informação do Javali.

– A Terra então ficou torta? – empenou o pescoço a Girafa. – O eixo da Terra é que se desviou do seu lugar primitivo, e isso

mexeu com a atmosfera do Planeta, que, então, passou a ter quatro diferentes climas, quatro temperamentos humanos, quatro tipos de sangue, e quatro Idades para a própria Terra – respondeu o Javali. Porém, as explosões atômicas e as experiências nucleares dos últimos sessenta anos, acabaram por alterar até mesmo as quatro estações do ano, que já não são mais as mesmas, elas agora se interpenetram. O próprio Ciclo de vida das plantas foi alterado. O homem quebrou a harmonia da Natureza! Um crime irreparável! Pobre Terra... Não! Pobre de nós, pois sem ela nada somos! Somente quando a humanidade compreender que “o Espírito e o Corpo de todos os homens, são um com o Espírito e a Matéria do Universo”, a Terra voltará a ser o Paraíso que já foi, e ainda mais venturoso será.

– Não sabem respeitar a Mãe-Terra – lamentou a Girafa. – E os homens ainda reclamam quando sofrem. O que eles

esperavam receber de volta? Se causam sofrimento à Terra, só poderiam receber sofrimento também – finalizou o Javali.

O encantador Golfinho, com seu linguajar parecendo voz de

neném, prosseguiu com o assunto que o Javali havia começado: – Em Poseidonis, porção de terra que sobrou da Atlântida, foi

que o ETERNO se metamorfoseou, ou seja, manifestou-Se como Homem. Estão lembrados? Usando a maneira de agir do 4º


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Arcanjo, mas com a aparência exterior do Arcanjo Rebelde, o ETERNO conseguiu iludir os divinos faltosos que o filho habilmente manejava. Pôde então, o ETERNO, salvar muitos deles.

– Lembramos, sim, uma manobra inteligente – guinchou o Macaco.

– Mas o 6º Arcanjo também tinha suas táticas – lembrou o Golfinho. Inúmeras vezes ele conseguiu confundir o Anjo Rebelde, “imitando-o junto a seu povo”. Muitos foram salvos assim. Por gerações seguidas tudo corria bem em Poseidonis; o acontecido com a Atlântida parecia estar vivo na memória do povo. Mas estava apenas camuflado... Era nessa Ilha “que residia o povo de Israel que, naquela época, era o Povo Eleito de Deus. Esse povo, no entanto, encheu-se de orgulho e quis, como de outras vezes... galgar o Céu antes do tempo, descambando para práticas necromânticas (magia negra), atraindo, com isso, a Divina Ira sobre a Ilha. Antes que Posedonis recebesse o terrível castigo que a destruiria, os Escolhidos receberam ordens de rumar para outras plagas. O cataclismo foi tão violento, que provocou um grande movimento orogenético (formação das montanhas dos Andes, Alpes etc.), além de provocar outras e profundas alterações da crosta terrestre. É bem provável que o dilúvio bíblico seja daquela época. Os cataclismos que abalaram a Terra teriam sido tão poderosos, que os homens remanescentes, esquecidos de DEUS, caíram em estado de selvagismo, dando origem ao chamado homem primitivo, posterior ao dilúvio”.

– Que coisa horrível! – tampou os olhos o Macaco. – Da tragédia de Poseidonis resultaram sete povos que

teriam dado origem às Civilizações da América, cujas marcas indeléveis de sua passagem, através de monumentos e de


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inscrições rupestres, até hoje existem, e dessas Civilizações resultou a “Semente Inca-Tupi”, que ao 5º Arcanjo pertence. Tupi significa “Pai Supremo” – concluiu seu relato o Golfinho.

O Pinguim, ave marinha cujas asas impermeáveis a Natureza

não quis que fossem voadoras, para que lhes servissem de barbatanas, contou o seguinte para os companheiros:

– A teimosia do Arcanjo em não querer o surgimento da raça Áriana, forçou o ETERNO a manifestar-Se como Homem, avatarizado no senhor Vaisvasvata, amoroso ser que, então, se tornou o primeiro manu da raça Aria. Isso foi há 850.000 anos, e a missão do senhor Vaisvasvata era escolher, entre os remanescentes Atlantes, os melhores seres, e encaminhá-los para a meseta do Pamir, no Norte da Índia e Oeste do Tibete, onde os eleitos dariam nascimento a uma nova categoria de seres. Daí ser o Norte da Índia considerado o berço da raça Ária ou Ariana, região que o próprio manu Vaisvasvata chamava de Ária-Vartha, “a terra dos Árias”. Com o passar dos anos, a região passou a ser conhecida mundialmente como “Telhado do Mundo”, não tanto pela altitude, mas porque ali sempre se cultuou o Conhecimento Real, a mesma Sabedoria do Céu ou Sabedoria Iniciática das Idades.

Dando continuidade, o Pinguim disse que as Lutas travadas

pelo 6º Arcanjo, avatarizado em Mikael, o “Anjo do Livro, vencedor de todas as Batalhas Celestes”, com o antagônico Arcanjo Rebelde, não devem ser comparadas a nenhuma das lutas


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que os homens fazem entre si, porque os homens não lutam, os homens brigam! Brigam por posse, por vingança, por rivalidade, por dinheiro, por conquistas, por ambição, enfim, dificilmente por alguma causa nobre. O Combate travado pelo 6º Arcanjo (já então avatarizado no Guerreiro Akdorge), contra o Buda Negro, este um gigante sombrio, e o outro um guerreiro luminoso, foi vencida com a Espada viva do 6º Arcanjo, cuja luminosidade deslumbra o oponente... É Luta fora do plano físico, mas teve e ainda tem repercussão no mundo, porque os homens ajudaram a criar e a robustecer essa encarnação do mal.

– Barbaridade! – a Coruja conseguiu gritar. Os homens não podem mesmo ignorar tais coisas! Temos que passar isso adiante! A todo o instante eles podem estar criando coisas ruins e nem se apercebem disso. Tomara que o nosso livro saia logo e que muitos sejam os seus leitores. Vamos torcer para isso.

Era assim o encontro dos bichos, cada um contava o que sabia, mas a maioria mesmo sequer abria a boca ou o bico. Só que, juntando tudo, eles iam aprendendo um monte de coisas, muitas das quais nem eu mesma sabia.

Em voo rasante, o Gavião escolheu para pousar uma

Caneleira, e pôs-se a atitar coisas que os bichos ainda desconheciam:

– O 6º Arcanjo, “de vida em vida, ele teve de defender com unhas e dentes” a sua rainha ou parte feminina, para que não lhe fosse tirada, raptada, ou pelo Anjo Rebelde, conquistada... Preocupante, não? Pois sabemos que “o Espírito é forte, mas a


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carne é fraca”. – Você está insinuando que a parte feminina do 6º Arcanjo

poderia ser seduzida pelo Arcanjo Decaído? – desconfiou o Tucano.

– Por que não? – crocitou o Gavião. O que não faltava ao Rebelde era habilidade em enganar... Quantas vezes ele deve ter se avatarizado em seres de belo porte e inteligência apurada, fatores bem atraentes para o sexo feminino. Tanto que, para poupar o 6º Arcanjo dessa constante agonia, o ETERNO algumas vezes fez ele nascer num determinado lugar, enquanto seu elemento feminino nascia em região distante, cada qual com o seu tipo de missão, sem um saber que o outro existia. Mas quando eles tinham que dar filhos para o mundo, eram as vidas mais difíceis, pois nasciam de forma a um dia se encontrarem e se amarem, e isso, o Arcanjo Rebelde sempre tentava impedir, pois não suportava vê-los juntos.

– Mas que amor difícil! – exclamou o Tucano. – “Amor que não separa, amor supino” – disse o Gavião. – O que é amor supino? – chalrou o Tucano. – É o amor voltado para o alto, elevado, universal... Mas não

foi em todas as vidas que o amor entre eles foi assim. Houve vidas em que o amor dos dois foi ardente como uma “imensa chaga...” E outras vezes, “o karma inclemente” criou impasses terríveis ao amor de ambos – ensinou o Gavião.

– Nas incontáveis vidas, que tanto o 6º Arcanjo, como sua rainha ou elemento feminino, tiveram, em algumas ele era ela e ela era ele – veio rápido o Beija-flor para dizer isso, e, na mesma velocidade, fez uma caprichada marcha-ré, único pássaro a conseguir voar para trás.

– O que o Beija-flor quis dizer, é que houve vidas em que a


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parte masculina do 6º Arcanjo nasceu como mulher, e a parte feminina nasceu como homem – explicou o Gavião. São trocas inteligentes que a Lei Divina faz, e nos humanos isso é bastante comum. Não se nasce sempre masculino ou sempre feminino. O homem de hoje pode, numa vida futura, vir a ser mulher, e a mulher de hoje pode, numa nova encarnação, vir a ser homem. Acho isso notável! Assim a Alma tem experiência dos dois sexos.

– Mas se ele era ela e ela era ele, se ela era cortejada, não era ela que ele cortejava, era ele – o Papagaio se esforçou tanto em entender e explicar isso, que de verde ele passou a escarlate.

– Quando se nasce sempre homem ou mulher, em encarnações seguidas, é sinal de evolução, mas se ficar trocando de sexo, em cada existência, é sinal que andou fazendo das suas – explicação engraçada, porém verdadeira, do Gavião.

A história dos três Arcanjos era mesmo complicada. Alguns bichos entendiam, outros fingiam entender, tinha os que não entendiam nada, e a maioria só ouvia e bocejava.

– Arcanjo é sempre Arcanjo – comentou o Tucano. Tenho pra mim que o Arcanjo Rebelde não foi tão enganado assim. Ou será que foi? O que vocês acham? Caramba! Não vão dizer nada?

– Em alguns Combates, o 6º Arcanjo espontaneamente entregava a própria vida, a fim de sensibilizar o coração do irmão rebelde; cedia para vencer... Em outros ele fazia o mesmo, para evitar a morte de companheiros leais. Mas a cegueira espiritual do Arcanjo, não deixava que ele visse a grandeza do cordeiro imaculado... Para a humanidade, então, as Lutas travadas entre esses dois Arcanjos, para a salvação do 4º Arcanjo, é um jogo praticamente indecifrável – notável rolo feito pelo Gavião.

– Como agia o Arcanjo Rebelde quando era ele o derrotado? – boa pergunta do Tucano.


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– Sofria – respondeu o Gavião. Sofria revoltado, mas sofria. Ele não compreendia o vazio que sentia. Então, para que o mal no mundo não se tornasse ainda maior, com a angústia do Senhor da Terra, chefe dos Elementais... (atenção nisso), o ETERNO usou para com ele o recurso da ilusão, coisa que há muito já vinha fazendo, sem que o filho faltoso percebesse...

– Você está querendo dizer que o Arcanjo Rebelde alguma vez foi iludido? – ficou na maior atenção o Tucano.

– Xi! Não uma, mas muitas vezes! – exclamou o Gavião. E sempre que utilizava esse recurso, a intenção do PAI era salvar os “duplamente rebeldes”: o 4º e o Arcanjo Rebelde.

– Que belo ardil! – disse o Tucano. Agora consigo entender porque o ETERNO “dorme acordado no leito da Sua própria Vontade, mas desperta para dormir na Atividade”, e a Mãe Divina, “vive acordada e dormindo no Filho, tanto em relação com o mundo como com os avataras que se manifestam na Terra”. Interpretem isso!

– Ainda mais esta... – resmungação geral. – Alguma vez o Arcanjo Rebelde descobriu as façanhas do

PAI? – ficou curioso o Tucano. – É difícil enganar Arcanjos, só mesmo outro Arcanjo para

conseguir isso, mas na maioria das vezes ele foi, sim, iludido, só percebendo depois. Mas teve uma vez que ele descobriu rapidinho – lembrou o Gavião.

– Foi? Conta! Qual a reação dele? – a curiosidade do Tucano dobrou de tamanho.

– Disse que o ETERNO não enganara a ele, filho, mas sim a Ele, Pai – respondeu o Gavião.

– Novo enigma... – resmungo da bicharada. – Não é enigma! – rebateu o Gavião. Só é enigma para os


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que veem a letra morta e não o espírito que a ela dá vida. Jesus mesmo sempre avisava: “É por baixo da letra que mata, que deve ser descoberto o Espírito que vivifica”.

– Eu nem sabia que letra morria... – grasnou o Ganso, ave que ao sentir algum companheiro não estar bem ou prestes a morrer, seja no solo ou em pleno voo, junta-se a ele com mais outro e, pondo-se um em cada lado, fica com o companheiro até que ele renove as forças ou dê seu último suspiro.

– O que foi mesmo que o Arcanjo Rebelde disse para o PAI? – pediu o Tucano para o Gavião repetir.

– Disse assim: “Pensaste que me enganaste, mas foi a Ti mesmo que enganaste”. Parece resposta malcriada, mas não é. O Anjo Rebelde quis dizer que, sendo ele uma oitava parte do ETERNO, não fora ele o enganado, mas sim o PAI que enganara a Si mesmo.

– É aquele negócio que DEUS se divide nos sete Arcanjos primordiais, etc. etc. etc. – o Tucano compreendeu.

– Isso mesmo – confirmou o Gavião. O PAI, sendo o Oitavo, cada Arcanjo primordial é uma oitava parte Dele, daí o Arcanjo Rebelde ter dito que o PAI não enganara a ele, filho, mas sim a Ele, PAI. Acreditem ou não, esse antagonismo do Arcanjo em parte tornou a humanidade autossuficiente, pois ela passou a ter certa independência que antes não tinha, e esse era, também, um dos objetivos do próprio Arcanjo Rebelde.

– Como foi a chegada à Terra dos Anjos ou Deuses alados? Ainda não se falou sobre isso. Esqueceram de comentar? – perguntou o Tucano.

– O ETERNO esperava que eles se arrependessem e aproveitassem o exílio para ajudar na construção da Terra e na evolução dos seres. Se agissem assim, teriam sido perdoados. Mas


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não foi o que aconteceu. Tornaram-se soberbos, arrogantes, presunçosos, e déspotas. Muitos dos que vieram auxiliar o 6º Arcanjo sofreram em suas mãos. Humanos também sofreram, pois se deixaram influenciar por seres inferiores, que, então, se aproveitaram da fragilidade da Terra, com o Grande Impasse Celeste, aqui se instalando e ficando de vez – crocitou o Gavião.

– Como eles conseguiram se infiltrar na Terra? – chalrou o Tucano.

– Foram os próprios seres da Terra que abriram brechas para eles entrarem... Aí foi fácil. Comportamentos inadequados criam brechas... A Atlântida, quando Paraíso, era normal o intercâmbio dos seres da Terra com seres de outros mundos. Os Vimanas, naves Atlantes que os humanos de hoje chamam de Discos Voadores, era comum vê-los cruzando os Céus da Atlântida. Quando, porém, a decadência dominou aquele povo, os Vimanas foram escasseando, até desaparecer. Não houve mais a reciprocidade de relações... A Terra foi então desligada do conjunto de Planetas Harmoniosos, passando a Planeta vulnerável... Seres de categoria inferior, de outros mundos, disso então se aproveitaram, e até hoje estão por aí... Agem disfarçados em Cordeiros, mas são Lobos vorazes... – atitou o Gavião.

– Eu não gostei do final!! – reagiu o Lobo. – Queira desculpar, amigo Lobo, é que andei lendo a história

da vovó que o Lobo comeu, por isso usei seu nome como comparação.

– Mas logo o meu? – ululou o Lobo.

O Boi se candidatou para nova contribuição. Mugindo, ele


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contou o seguinte: – Os Anjos ou Deuses alados, aliados da Rebelião Celeste,

enviados para a Terra por imposição do ETERNO, eles odiavam os seus próprios irmãos que vieram auxiliar o 6º Arcanjo na construção da Terra, aqueles seres de Vênus, lembram? O ódio era “por lhes obrigar ao penoso trabalho que julgavam não mais lhes pertencer”, o de ajudar os seres da Lua a completarem a sua evolução. Arrogantes e orgulhosos, cumpriam a tarefa sem disciplina e sem boa vontade, talvez até desdenhando daqueles a quem deveriam conduzir para o bom caminho. De tanto subestimá-los, a Lei de karma, que nunca se distrai, de tal modo agiu, que eles acabaram tendo os mesmos dilemas que seus dependentes, isto é, adoecer, envelhecer e morrer, tendo de novamente reencarnar, e assim sucessivamente. Isso os fez esquecer quem eram e de onde tinham vindo, daí a tão conhecida frase: “Deuses fomos e nos temos esquecido”, que se refere tão somente aos Anjos ou Deuses Alados, esquecidos de sua origem pelo excesso de orgulho, e não que a frase se refira aos humanos, cujo Reino Hominal, ao qual pertencem, ainda está em formação.

– O Céu de onde vieram os Anjos ou Deuses Alados, é o mesmo Céu que vemos? – mugiu a Vaca.

– Não. O Céu de onde eles vieram é Céu de outro Céu, e, por aí vai – respondeu o Boi. A união dos Anjos ou Deuses alados com as formosas filhas da Terra, fato que a própria Bíblia aponta, foi que deu aos homens o aperfeiçoamento físico que eles têm, e que será cada vez mais formoso, à medida que evoluírem, Mas o homem, como já foi dito, não está de todo formado, pois ainda não terminou a sua evolução. Isso ajudou em muito o Arcanjo Rebelde a obter êxito em suas investidas, embora o sucesso sempre lhe desagradasse... Saberiam dizer por quê?


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– Porque demonstrava que os seres da Terra, da qual ele sempre disse ser o dono, estavam longe do ponto ideal de evolução que ele tanto queria – matou a charada a Vaca. Daí a sua revolta contra o irmão, pois não se conformava do amor que este devotava aos seres da Terra, tão ínfimos em tudo... Desse amor ele zombava, dando, às vezes, até gargalhadas, principalmente quando assistia o desprendimento do irmão, em troca de coisa nenhuma... Era como se ele dissesse para o irmão: O que esperavas de gente assim? Mas o 6º Arcanjo, preocupado em salvar o máximo de Almas, continuou a ser O Bom Semeador... E foi com esse sentimento nobre, e esse seu modo de ser, mais sofrendo que sorrindo, que ele conseguiu amolecer o coração do Anjo Rebelde, até conseguir a sua Redenção.

– Mas se o homem ainda não está de todo formado, não se poderia exigir dele o que mentalmente ele não conseguiria alcançar – a Vaca foi atrevida. Algo me diz que, quando chegar o tempo do Arcanjo governar a Terra, lá pelos idos de 3005, “nos primeiros tempos ele será mil vezes pior”. Ainda bem que não estarei mais aqui.

– Vai pra onde? – só podia ser a Galinha. – Mas toda evolução tem seus riscos – assegurou o Boi. Em

compensação tem também encantos e acertos. O 6º Arcanjo sempre lutou em defesa do ETERNO, como Lei bem certa, e o Arcanjo Rebelde lutava por suas próprias ideias. Mas isso não impediu da Terra evoluir, e nem de seus habitantes avançarem na evolução. Quando o Arcanjo Rebelde vivia momentos de intensa aflição, ele às vezes se voltava para o PAI, dizendo coisas mais ou menos assim: “Por que me abandonas há tantos milênios? Por maior mal que Te fizesse, foi a mim mesmo que fiz sofrer. Por que ages desse modo? Não vês quanto eu sofro? Foste Tu e não eu o causador de tudo isso... Filho do meu próprio orgulho, não


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me deste tempo a arrependimento. Fui imediatamente expulso. Não me abandones, PAI de todos os talentos”.

Tais palavras deixaram os animais em profunda quietude. A mim me pareceu estarem respeitando os momentos difíceis do Arcanjo. Também eu fiquei solidária.

– Será que o Arcanjo Rebelde exagerou em não atender as ordens do PAI? – gorjeou o Sabiá.

– Isso só o ETERNO sabe. Mas dizem que “ele é e não é o que se pensa dele; que é um rei que propositadamente errou para auxiliar a evolução” – arruou o Boi.

– Não se pode mesmo abrir o bico, são coisas sérias demais. Se tirarmos conclusões erradas, poderemos estar sendo injustos – modulou o Sabiá.

– A Guerra nos Céus foi que causou “o rompimento da Lei Divina na Terra pelos dois”: pelo Arcanjo Rebelde e o 4º Arcanjo, sendo que este, naquele tão distante tempo, era o governante da Lua. Essa Guerra foi que provocou a separação do Mundo Divino do Mundo Terreno. Se a “Revolta do Trono” tivesse ocorrido mais acima, como já uma vez foi citado, a situação não teria sido tão grave, as coisas teriam se resolvido – explicou o Boi.

– Mais acima? – o Sabiá não entendeu. – Sim, num plano espiritual mais elevado, onde consciências

mais avançadas saberiam contornar a situação – explicou o Boi. Foi essa “revolta no Céu” que deixou a Terra ao desamparo, pois ao Arcanjo caberia ser o seu dirigente espiritual, e a verdadeira Lua, o Espírito da Terra. Então, para que a Terra não ficasse órfã, os Senhores de Vênus e de Mercúrio, vieram em socorro dela, e a adotaram como filha.

– Que bonitinho! A Terra foi adotada! Eu também fui, sabiam? – o Sabiá não prestara atenção, pois já havia sido


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ensinado que a Terra fora adotada. – Bem que Jesus dizia: “Não julgueis o bom por bom, nem o

mau por mau” – recordou o Boi. Isso demonstra o quanto é difícil, para o homem comum, entender a situação em que se colocou o Anjo Rebelde. Para o homem não Iniciado, não tem como entender isso. A própria humanidade e também as religiões, consideram o Arcanjo Rebelde como espírito do mal, e nunca como oposição ao bem. “Que sabem homens e religiões a seu respeito?” Que sabem homens e religiões a respeito do 6º Arcanjo? “Glorificam a Moisés, copiam-lhe os rigorosos Mandamentos, porque ignoram os (Mandamentos) amorosos do excelso Manu” da primeira raça Ária, o senhor Vaisvasvata. O Anjo Rebelde, “ora ele se manifestava como mal, ora como bem”, porque isso era e continua sendo a missão dele. Dificílima por sinal, por isso mesmo, concorreu para que muitas vezes ele cometesse erros, cometendo, ao mesmo tempo, pecados.

– Mas criar obstáculos ao bem não é praticar o mal? – o Sabiá se viu atrapalhado.

– Nem sempre, amiguinho Sabiá – bramiu o Boi. Muitas vezes, o que se julga ser um bem, não é, e o que se julga ser um mal, também não é. Bem e mal são duas correntes ou forças agindo, cada qual, por sua vez, conforme a necessidade do Ciclo que está em evolução. O 4º Arcanjo julgava o bem e o mal de um determinado modo; o 5º Arcanjo julgava e julga o bem e o mal de modo diverso do seu antecessor; e o 6º Arcanjo, julga o bem e o mal de forma completamente diferente dos outros dois, tudo é conforme o Ciclo que está em atividade.

– Bem e mal é mesmo duro de entender – modulou o Sabiá. – Quantas vezes são os próprios homens e as religiões que

interrompem o curso normal da evolução – prosseguiu o Boi. E


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por que isso acontece? Por não entenderem que Rigor e Rebeldia, fazem parte da própria Evolução dos Mundos e dos Universos. Ser Rigoroso e Rebelde, era e continua sendo a missão do Arcanjo. Um trabalho aparentemente contraditório, e, por isso mesmo, por não ser entendido, é que homens e religiões fizeram deste Arcanjo, também, uma eterna vítima. Enquanto as religiões e os homens não se apossarem da Verdade original, tornando-se, assim, superiores ou “Adeptos da Boa Lei”, ambos, religiões e homens, fenecerão como a flor que morre por falta de ar.

– Coitadinha da flor – única preocupação da sonolenta Preguiça.

– Muitas vezes o Arcanjo Rebelde criava obstáculos ao bem, porque ele não se conformava do irmão dar tanto de si para seres que ele considerava insuficientes em tudo. A sua tônica de rigor exigia que o aprendizado dos seres da Terra fosse mais severo. Digamos, quando necessário, na base mesmo do vergástulo (chicote)... Convenhamos, alguns merecem. O 6º Arcanjo, porém, com a paciência própria da sua tônica de amor, impulsionava a evolução com tolerância e compaixão, e, por isso mesmo, dos três irmãos foi sempre o que mais sofreu.

– Para ele não poderia ser de outro modo – disse o Sabiá.

A Lebre aproximou-se para colaborar, passando a assobiar: – Os divinos rebeldes, como “aves de arribação” vindas do

Céu, há muito já deveriam ter retornado ao seu mundo de origem, de onde um dia, a contragosto, tiveram de partir... Ao invés de aproveitarem o exílio para se redimirem, acabaram se interpenetrando com os terráqueos, por fim se confundindo com


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eles, passando então a “pedaços de gente”, reencarnando ora aqui ora ali, muitas vezes olhando o Céu, esperando uma resposta que não vinha... Não se sentiam melhores nem piores que os demais, mas se sentiam diferentes... Diferença que eles mesmos não entendiam. “Cometeram os maiores absurdos”, gerando, com isso, um tipo de karma muito estranho... Karma com vida própria... Não sei bem explicar, mas foi o que aconteceu. Então, após vidas “de grandes tragédias e de grandes esplendores”, o sofrimento e a revolta que sentiam, finalmente passou a rebeldia salvadora.

– Mas existe isso? – perguntaram os bichos. – Sim, é a rebeldia pelo que é ultrapassado, falso, imoral,

adulterado, que tem aparência e não conteúdo, regride ao invés de avançar, prende em vez de libertar, reprime ao contrário de expandir. Rebeldia assim é salvadora, pois é preciso “que a Alma seja rebelde contra tudo que ela pressinta que não seja Justo, Bom e Verdadeiro, porque essa Alma age com o Espírito e dele não se acha afastada”. Mas a rebeldia salvadora dos faltosos, só veio após eles muito sofrerem... Como já foi dito, “o sofrimento é uma prova passageira, necessária e purificadora”, portanto, não poderia ser diferente com os faltosos. Foi o sofrimento que os fez se renderem à espiritualidade que um dia renegaram... E tudo isso se passava sob o olhar complacente do IMPERADOR DO CÉU, que nunca perdeu a esperança de ter de volta esses “Deuses esquecidos de sua própria procedência”. Os que ainda resistem, se deixarem passar a última oportunidade que têm, é porque são soberbos demais, pois a indulgência é um dos muitos atributos de DEUS – garantiu a Lebre.

– Grande verdade, amiga Lebre! – do alto, atitou o Gavião. – Vendo aproximar-se o final do tempo estipulado para ele,


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mais que depressa o Arcanjo Rebelde armou um “terrível obstáculo aos desígnios da Lei Divina”, num dos momentos mais propícios ao trabalho desenvolvido pelo 6º Arcanjo.

– O que fez ele desta vez?! – de cara feia, o Papagaio se aprumou para ouvir.

– Na sua mais “trágica e dolorosa intervenção”, ele conseguiu tirar de cena, intencionalmente, a rainha ou parte feminina do Arcanjo Salvador – contou aos prantos, a Lebre. Para isso ele usou, por meio de avatarização, um ou mais de um dos divinos faltosos...

– Ela então mo... mo... rreu? – o Papagaio ficou arrasado. – Retornou ao seu mundo de origem – respondeu sem parar

de chorar, a Lebre. Tragédia que provocou séria alteração nos Planos do PAI, pois Sua intenção era transferir, para a principal cidade dos Mundos Interiores, o 6º Arcanjo e a sua rainha, onde o casal daria continuidade a missão, através de avatarização, “sem doenças nem dores de qualquer espécie”, coisa que não acontecia na superfície da Terra, onde o Calvário era companheiro assíduo.

– E o irmão impediu... – o Papagaio ficou desolado. – Sim, fez isso para que “viesse a ganhar os sete filhos que

ele tanto queria...” – acrescentou a Lebre. – Que filhos? Pra que filhos? Ainda mais sete? Que exagero!

– o Papagaio estava indignado. – Calma, amigo Papagaio! Não se fala apressadamente sobre

assuntos tão sérios – repreendeu a Lebre. Com essa tragédia, a Obra de DEUS ficou num impasse... Pois esses sete filhos que o Arcanjo Rebelde tanto queria, somente deveriam aparecer no mundo num futuro ainda muito distante de nosso tempo. Nascendo antes, que foi, afinal, o que o 6º Arcanjo acabou


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providenciando, esses sete filhos estariam adiantando, de forma espetacular, o trabalho futuro do próprio Arcanjo Rebelde. Por quê? Porque esses sete filhos seriam reflexos dos sete Arcanjos primordiais, e os personagens principais do trabalho a ser desenvolvido pelo próprio Arcanjo, quando, em 3005, ele governar a Terra.

– E aí? – ficou mais ansioso ainda, o Papagaio. – Aí que, para poder prosseguir a sua missão, o 6º Arcanjo

fez “virem antes do tempo” os sete filhos que o Rebelde tanto queria... – revelou a Lebre. Portanto, para ele “nada se perdeu...” Mas para o 6º Arcanjo, a separação de sua parte feminina, fez com que a tristeza o acompanhasse pelo resto daquela sua existência. Para o ETERNO foi um duro golpe! Tão terrível quanto outra tragédia provocada pelo 5º Arcanjo, no ano 985 da nossa Era, no Tibete, o “País do Conhecimento, da Sabedoria Perfeita”. Uma cilada espiritual gravíssima, fez cair, de forma degradante, discípulos altamente evoluídos, chamados “Irmãos da Pureza”, tal a santidade de seus corpos... Discípulos que estavam sendo preparados para serem as “sementes humanas” de uma Nova Civilização. Deles nasceria uma nova categoria de seres, pois seriam pais de uma nova humanidade. Um perigo real, porém, rondava esses discípulos... O perigo de se dedicarem em excesso às coisas do Céu, esquecendo que a Terra tanto precisava deles... Foi essa falta de vigilância, por parte dos “Irmãos da Pureza”, que o 5ºArcanjo soube bem aproveitar... A cilada espiritual em que eles caíram, tornou impuros seus corpos... Justificativa do 5º Arcanjo para o que fizera: Agi assim, “para que DEUS não se divorciasse da Terra”.

– E vamos entender uma coisa dessas? – reagiram os bichos. – Tentarei explicar de outra maneira – guinchou a Lebre. O


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ardil pecaminoso do 5º Arcanjo, foi fazer “novamente descer, aos planos infraterrenos”, a consciência dos “Irmãos da Pureza”. Por quê? Porque os discípulos, por falta de vigilância dos sentidos, viviam mais nos planos celestiais, quando isso não poderia acontecer, pois estavam em missão na Terra, e para a Terra! O 5º Arcanjo não os queria no Céu, e sim, na Terra. A ele não convinha que os Irmãos da Pureza gozassem as delícias do Paraíso. O que ele queria era antecipar as necessidades espirituais da Terra, que eram muitas, por sinal. Queria esses discípulos atentos às conveniências da Terra, por isso ele usou a tática, que, julgou, daria aos discípulos “a possibilidade de firmarem, no corpo físico, a Consciência do Divino”, ou seja, era como se ele dissesse assim para os discípulos: Não lhes ofereço Céu algum! O que ofereço, é trabalho!

– Puxa! Não deu folga! – abriu o bico o Tico-tico. – Foi desastroso o resultado dessa pecaminosa cilada... –

assobiou a Lebre. Tão funesto, que o PAI, para que esses primorosos seres não se perdessem ainda mais, retirou de todos eles a Essência Divina, e castigou o faltoso aprisionando sua força destruidora, numa Estátua...

– Numa Estátua?! – todos os bichos arregalaram os olhos. – Sim, numa Estátua. Durante séculos, a sua força destruidora

ficou nela retida... Um dia, por compaixão, o 6º Arcanjo o libertou desse terrível castigo, embora tenha sido ele, o próprio Arcanjo Salvador, o único e maior mártir daquele trágico episódio do Tibete, por tudo de horroroso e monstruoso que os “Irmãos da Pureza” fizeram com o seu divino corpo, naquela sua existência... – explicou a Lebre.

Um silêncio profundo, acompanhado de tristeza e lágrimas, foi o que assisti. Ao ser escolhido o assunto a ser debatido, os animais


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não supunham aprender tanto uns com os outros. Isso mostra que debates, diálogos, e até discussões, desde que não haja ofensas e nem agressões, é válido, pois assim o Conhecimento, a Sabedoria, e as experiências de cada um, se espalham... Não fica restrito a um só bicho, ou a uma só pessoa, todos aprendem. Os que não puderam vir ao encontro, iriam aprender com os que vieram, ficando assim o Reino Animal mais de acordo com a Nova Era ou Era de Aquário, já iniciada.

– Os discípulos do Tibete, já então vazios, pois estavam sem a Essência Divina, continuaram a cometer desatinos, e o maior deles foi se unirem aos humanos, quando já haviam superado essa etapa da evolução. Com isso atraíram karmas terríveis... Tão dolorosos que nem convém comentar. Durante séculos ficaram reencarnando, ora aqui, ora ali, pois nos Mundos Interiores, para os quais antes estavam sendo preparados, não entra quem esteja em débito com a DIVINDADE. “Lá é Templo e não escola”. Escola é a Face da Terra, onde se aprende a corrigir as imperfeições morais. Se, ao morrer, o karrma de cada um deles não tiver sido de todo extinto, alguns poucos, dependendo de avaliação, até podem ir para os Mundos Subterrâneos, mas depois terão de novamente reencarnar, pois “o karma é para ser vencido”, trabalhado, transformado... É por isso que os Adeptos da Boa Lei, seres moralmente perfeitos, exaltam tanto a palavra LABOR – nota cem para a aula da Lebre.

Tomando a palavra, o Condor crocitou: – O Arcanjo Rebelde não suportava a evolução lenta dos

seres da Terra, e nem a facilidade com que se corrompiam... Nisso o mundo pouco mudou. No tempo de Jesus, um dos


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muitos tentados foi Judas Iscariotes... Por 30 moedas entregou o Messias. Depois, tardiamente se arrependeu.

– Você está querendo dizer que o Arcanjo Rebelde atuou em Judas, colaborando para a morte do irmão? – a Rolinha deu de chorar.

– Não é bem assim, amiga Rolinha, esclareçamos o que for possível – grasnou o Condor. Na Face da Terra, Verdades sublimes não podem ser ditas de uma só vez, porque, não estando as mentes preparadas, além do ensinamento não ser entendido, deturpam o que é passado. A interpretação errada de grandes Verdades é um grande prejuízo para a DIVINDADE. O que posso adiantar, é que na Crucificação de Jesus, estavam juntos os Dois Poderes: o Temporal e o Espiritual. “Formou essas duas coisas uma só!” Em várias passagens da vida de Cristo, se percebe esses Dois Poderes atuando juntos. Um exemplo disso, é o Cristo ensinar que, ao se receber uma bofetada, deve-se dar, como resposta, o outro lado da face. Isso demonstra perdão, amor, benevolência. É o Poder Espiritual atuando. Quando Jesus ensina que, castigar os que erram, é obra de misericórdia, daí ele ter expulsado a chicote, os Vendilhões do Templo, isso demonstra indignação, rigor, revolta. É o Poder Temporal atuando. Será que me fiz entender?

– Acho que sim – respondeu a Rolinha. Nesse caso, quando Jesus, segundo assim interpretaram, é tentado pelo Arcanjo Rebelde, no Horto das Oliveiras, não foi propriamente tentação, pois, “oferecendo-lhe o mundo que é seu”, ele estava dizendo a maior das verdades, pois cabia a ele, de fato, ser o Governante da Terra, direito que lhe foi tirado por causa da desobediência. Continue, amigo Condor, estamos gostando da explicação.

– O Cristo, por ser pura Consciência Cósmica, ele


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representava a Essência Máxima. Mas para Se manifestar em corpo físico, na superfície da Terra, ele não poderia fazê-lo integralmente num único ser, porque nenhum corpo, por mais preparado que fosse, aguentaria o potencial da Essência Máxima do “Cristo Cósmico Universal”. Então, para que essa Consciência Cósmica pudesse estar na Face da Terra, ela teve de repartir sua Essência Máxima em sete seres de grande envergadura espiritual, capazes de receber e suportar a sua imanente vibração.

– Quer dizer então que os Dois Poderes, Espiritual e Temporal, foram, cada um deles, desdobrados em sete seres? – indagaram os bichos.

– Assim interpreto – disse o Condor. Se o Arcanjo Rebelde não tivesse “caído em cima”, talvez nem a Tragédia do Gólgota houvesse acontecido, pois todos “os avataras seriam feitos por seu intermédio, através do 4º Arcanjo, como Dirigente da Terra” naquele tão distante tempo. Porém, tendo sonegado a função que lhe cabia, o Arcanjo teve de vir para a Terra aos trambolhões, e, como tutor espiritual que era, do 4º Arcanjo, ficou com a obrigação de a este salvar, embora jamais o conseguisse sem a ajuda do 6º Arcanjo. Insistente em sempre avançar a evolução por conta própria, ele acabou provocando uma nova queda espiritual do seu tutelado, o 4º Arcanjo, que, dos três irmãos, em parte foi o mais culpado... “Mas quem na Terra não cairia com seu chefe, digamos, um exército com seu general?”

Dando continuidade, o Condor contou mais o seguinte: – Se observarmos bem, tanto na História oficial como nas

Lendas e na Mitologia, há vários seres que foram vidas desses


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três Arcanjos, e dos “dois seres mais que fantásticos”, criados pelo Poder de Vontade do ETERNO, e que são aquelas duas Vestes ou Corpos, sobre os quais já falamos, e que sempre agiram como defensores do ETERNO, além de terem sido e continuam sendo, uma espécie de ponte entre o 5º e o 6º Arcanjos, pois ora trabalham para um e ora trabalham para outro.

– Poderíamos saber quais foram essas vidas? – relinchou o Cavalo.

– Impossível falar sobre todas e nem eu saberia dizer. Citarei apenas algumas, que, segundo o meu entendimento, ora auxiliaram a evolução, e ora a prejudicaram, mas sempre de acordo com os Ciclos favoráveis a um ou a outro tipo de trabalho, pois a Lei Divina tem também seus mistérios. Nas poucas vidas que muito sucintamente citarei, procurem identificar a quais dos três Arcanjos elas se referem, ou se às duas Vestes ou Corpos. Mas atenção! Ao analisar, levem em conta que, muitas vezes, um ou mais de um Arcanjo, ou mesmo as duas Vestes ou Corpos, agiram num mesmo e único ser... Daí as diferentes opiniões dos próprios historiadores, sobre certos personagens da História que se destacaram pelos seus feitos, assim como nas Lendas e na Mitologia – explicou o Condor.

– Nada complicado... – ironizou o Papagaio. – Adoro desvendar coisas! – completou a Rolinha. – Uma dessas vidas, foi David, “rei dos Israelitas, fundador

de Jerusalém”, a “Cidade da Luz ou do Sol”, modelo perfeito de Luz e Justiça. Foi “o primeiro rei, na sua época, a ser o portador do Verbo, haja vista os seus Salmos” onde tão bem exalta a DIVINDADE, com a “sua lira, sua música, seus bailados, seus mistérios, pois até Manu ele foi, para aprimoramento da raça”.


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David era poeta, músico e profeta. Com a sua funda mágica, que possuía o poder ígneo de destruir o Mal onde quer que se manifestasse, venceu o gigante Goliath. Tendo sido sagrado por Samuel, sumo sacerdote das sete tribos que deviam espalhar-se pelo mundo, David achou por bem multiplicar os 10 Mandamentos de Moisés, pelo Arcano 15, por ser este o Arcano donde saiu a própria humanidade, construindo assim os 150 Salmos – começou a enumerar, o Condor.

“Desaparecido Isboset, que impedia a reunificação de Israel, David foi ungido Rei pelo desejo unânime de todas as tribos”.

(Legenda e ilustração da: Trópico - Enciclopédia ilustrada em cores).


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– Outra vida foi Hércules, na Grécia chamado Herakles, o semideus que deu origem a todas as lutas na Terra, e até à primeira do Céu... Uma das mais antigas lutas de Hércules, foi quando ele se apresentou diante do Arcanjo Rebelde com a

“Os primeiros dias de Hércules, neste mundo,

foram tão assombrosos como o resto de sua vida: ainda recém-nascido, estrangulou duas cobras

que haviam entrado em seu berço”.

“Depois do êxito vitorioso da quarta guerra, David compôs o cântico em que agradecia ao Senhor por havê-lo libertado de todos os inimigos”.

(Legenda e ilustração da: Trópico - Enciclopédia ilustrada em cores).


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Veste do Arcanjo Mikael... Venceu o Rebelde, aprisionou-o, e tomou-lhe a parte feminina... Hércules e Mikael se confundem, porque ambos são guerreiros vitoriosos, sempre defendendo uma Causa justa, uma mulher, etc.

– Outra vida foi Amenophis IV, o faraó que reinou 3.640 anos a.C., adotando, durante o seu reinado, o nome Kunaton, que significa “o amado de seu Pai”. Kunaton deu “origem e é o patrono de todas as Ordens Secretas”; pode-se mesmo dizer que Kunaton é uma miniatura de Hércules, uma “Esfinge viva”, pelo seu grande esforço em lutar “contra as falsas e corrompidas religiões que degradavam a terra sagrada do Egito”, o país herdeiro forçado da Atlântida.

– Por que herdeiro forçado? – tartareou o Papagaio. – Porque, mesmo sem merecer, tinha de ser ele, o Egito,

“Morte de Hércules. Dejanira chora aos pés da pira em que arde o corpo do marido, mas Hércules, por vontade de Júpiter, subirá ao Olimpo, residência dos deuses, alcançando a imortalidade”.

(Legendas e ilustrações da: Trópico – Enciclopédia ilustrada em cores).


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AMENOPHIS IV ou KUNATON foi um avatara... “Coração bondoso a toda prova, embora que violento contra tudo quanto achava prejudicial à felicidade humana. Espírito sutil, tenaz e sistemático, este sonhador e místico ia até o fim de suas ideias, alem de rápido nas suas resoluções. Infelizmente seu reinado durou apenas

dezesseis anos, o que não lhe permitiu implantar as suas elevadas ideias na Terra”. “Filho e herdeiro dos deuses”, sucessor de Amon-Ra, padroeiro de Tebas, “a cidade das cem portas”, a revolução religiosa que esse faraó implantou, destronou o grande deus nacional Amon-Rá, decrépito e artificial, particular à determinada cidade... Tal revolução já havia sido iniciada no fim da 18ª dinastia, mas foi Amenophis IV, “o incompreendido faraó”, que realmente modificou por completo a face das coisas, impedindo que os sacerdotes continuassem destronando os reis... No ano 6 de seu reinado, Tebas já não era mais a capital do Egito, a nova capital chamava-se “Kutaton” ou “Horizonte de Aton”, uma força da própria Humanidade agindo em benefício de todos. Confiscados os bens de Amon-Ra em benefício do deus Aton, deixou de existir todo o clero, pois o culto de Amon se tornara proibido em todo o território egípcio. Não mais se pronunciava o nome desse deus e nem podia ser escrito em papiros e pedras... Aniquilar esse nome era refazer a história do Egito, onde a glória dos grandes feitos realizados ficaria nas mãos dos seus verdadeiros autores: os faraós, o exército, e o próprio povo, e não em favor de um deus orgulhoso, interesseiro, forjado pelos próprios sacerdotes... Para destruir tão negro passado, Amenophis IV finalmente modifica seu próprio nome para Kunaton, “o amado de seu Pai ATON”. (“Amenophis IV ou Kunaton”, de Henrique José de Souza.

Revista Dhâranâ nº 107/108, ano 1941).

Kunaton, a encarnação do Verbo Solar, pintura de Miranda Júnior.


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o continuador do trabalho desenvolvido na Atlântida – disse o Condor.

– Kunaton e a esposa Nepher–Tit eram andróginos. Apoiando–se em militares fiéis, Kunaton desencadeou, em 1370 a.C., uma “guerra militar e religiosa”, com a finalidade única de firmar, em terras egípcias, o DEUS ÚNICO E VERDADEIRO, por ele chamado ATON. Ao faraó desagradava os sacerdotes egípcios cultuarem o falso deus Amon-Ra. Porém, mesmo tendo conseguido o que quis, “de nada adiantou, porque novamente o deus Amom-Ra, ao invés de Aton, foi entronizado por seu primo Tut-Ank-Amom, por negra vingança”, após a morte de Kunaton que, segundo alguns historiadores, foi provocada...

– É difícil implantar o bem... – suspirou o Papagaio. – Outra vida foi Ram, Imperador sinárquico que “conduziu

seu povo para a planície do Eufrates”, obrigado a lutar com o gigante Râvana, por este lhe ter roubado a esposa... Vencendo, Ram “matou Râvana e retomou sua esposa Shita”.

– Hum... Esse roubo... – miou desconfiou o Gato. – O que é sinarquia? – cantou a Cotovia. – É governo de sábios, de união, de influência recíproca em

que todos são beneficiados. É o Paraíso implantado na Terra – ensinou o Condor.

– Maravilha! – de novo cantou a Cotovia. – Outra vida foi Ulisses, nome pelo qual ele é chamado em

Roma, e na Grécia o chamam Odissei ou Odisseu, o herói “que realizou o seu maior trabalho na Terra”. Como rei de Ítaca, uma das muitas ilhas gregas do mar Jônico, um dia, quando seu filho Telêmaco ainda era bebê, Ulisses foi procurado por um emissário do rei Menelau, convocando-o para se juntar aos gregos contra a cidade de Troia. Segundo alguns historiadores,


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para escapar da convocação, Ulisses fingiu estar louco, lançando sal sobre suas plantações, passando então a puxar o arado como

se ele próprio fosse o boi. Mas Palamedes, o emissário do rei, não se convenceu. Tanto que o testou, pondo à frente do arado o próprio bebê de Ulisses, o qual, então, parou com a máquina bem próximo da criança. Começava ali a Odisseia de Ulisses, que, se despedindo da esposa, somente voltaria a revê-la vinte anos depois...

– O que se diz, é que a guerra de Troia foi motivada pelo rapto de uma mulher... Helena, esposa de Menelau, rei de Esparta,

“... Os Troianos, a princípio desconfiados acerca do presente que os Gregos lhes haviam deixado, depois convictos e tranquilizados pela falsa narrativa de Sinon, carregaram o cavalo para dentro da cidade”.

(Legenda e ilustração da: Trópico – Enciclopédia ilustrada em cores).


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município da Grécia, fora raptada pelo príncipe Páris, filho do rei de Tróia. Há quem diga, porém, que Helena se deixou raptar ou conduzir... Contando com o apoio de príncipes de várias nações, mais de mil barcos, os melhores guerreiros, Menelau se preparou para invadir Tróia e recuperar Helena... Troia ficou então sitiada por dez anos, pois foi esse o tempo que os gregos tudo fizeram para invadir a cidade, sem conseguir. Cansado e com saudade do lar, um dia Ulisses teve engenhosa ideia: construir, com os fragmentos da guerra, um enorme cavalo de pau, em cujo bojo se ocultariam os soldados e os melhores guerreiros. De forma a não serem vistos, os gregos construíram o enorme Cavalo de pau, que, quando pronto, e já com os homens dentro, os gregos, com o seu comportamento habilmente planejado, deram a entender aos troianos que estavam desistindo da guerra. O Cavalo de pau, no entanto, ficou... Ingenuamente, acreditando mesmo que os gregos haviam ido embora deixando para trás o Cavalo gigante, os troianos trouxeram o troféu para dentro da cidade... Foi sua desgraça. Quando a população, já adormecida, e os soldados dormindo profundamente, amortecidos pelo vinho que haviam tomado em honra da falsa vitória, os inimigos saíram de dentro do Cavalo de pau, e, abrindo os portões da cidade, para os demais que haviam se escondido atrás das matas, deram início à matança, sem dó nem piedade... Poucos troianos sobreviveram...

– Essa afronta a Poseidonis, o Deus do Mar que protegia Troia, não ficou impune! Quando Ulisses e seus companheiros retornavam aos lares, as doze embarcações que constituíam a sua frota, ficou a deriva... Por dez anos Ulisses foi vendo morrer um a um seus companheiros, nas piores tormentas e nas terríveis aventuras (provas) pelas quais todos passaram. Somente ele sobreviveu, graças a sua agudeza de espírito... A vida de Ulisses


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é cercada de aventuras e mistérios... Uma dessas aventuras acho sensacional: só ele conseguiu vazar o único olho de Polifemo, o mais célebre dos Ciclopes.

– Mas o calvário de Penélope, esposa de Ulisses, não foi menor. Decorrido algum tempo da partida de Ulisses, ela se viu assediada, insistentemente, pelos pretendentes à sua mão, todos interessados em apoderar-se do trono e dos bens de Ulisses, insinuando que ele já havia morrido. Telêmaco, filho de Ulisses, já então jovem, um dia resolve ir em busca de notícias do pai, tomando conhecimento, pelo rei Menelau, que Ulisses estaria vivo, mas

“De novo em viagem, os Acaios chegam à ilha Eólia, onde são recebidos por Éolo, deus dos ventos, que, ao despedir-se de Ulisses, dá-lhe de presente um odre em que estão contidos os ventos contrários. Na proximidade de Ítaca, os marinheiros aproveitam-se do sono de Ulisses para abrir o odre, onde julgam estejam encerrados esplêndidos tesouros; os ventos tempestuosos desprendem-se e atiram os barcos para o mar alto, bem longe da pátria desejada e novamente na direção da ilha Eólica”.

(Legenda e ilustração da: Trópico – Enciclopédia ilustrada em cores).


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há sete anos cativo numa ilha, pela ninfa Calipso (Ninfas são habitantes imortais de rios, fontes e bosques). De fato, após perder toda a frota, Ulisses ficou vagando por dez dias, agarrado a alguns destroços da embarcação, até que as ondas o levaram para a ilha da ninfa Calipso, a quem Ulisses, em péssimo estado, pediu auxílio e hospitalidade. – Na ilha vivia o nobre povo dos Feaces, mestres na arte de navegar, ilha governada pelo sábio Alcínoo, pai de Calipso, que, alguns historiadores chamam de Nausícaa. Ulisses foi bem aceito, e, um dia, o rei, ao vê-lo chorar, perguntou qual o motivo da tristeza, e então Ulisses contou a sua história. Alcínoo, ao tomar conhecimento que seu hóspede era o grande herói Ulisses, deus ordens para que fosse aprontado um grande barco que conduzisse Ulisses à sua pátria, além de cobri-lo de valiosos presentes, fora os que o herói recebeu dos amigos do rei. Ulisses então partiu. Após navegar um dia inteiro, surgiu, no horizonte, pouco antes do entardecer, as montanhas de Ítaca, a terra de Ulisses. Mas o herói não chegou a ver as montanhas, porque uma força irresistível, que só DEUS sabe de onde vinha, o fez tombar em profundo sono. A embarcação, já então encalhada, marinheiros rudes, do povo Fealces, de olho nela, carregaram Ulisses que dormia profundamente que nem criança, e o puseram na areia com alguns dos presentes ao lado, enquanto levavam embora a embarcação. Acordando horas depois, Ulisses não reconheceu onde estava. Um rapaz de nome Palas Atená, que passava, a ele Ulisses pediu informações, foi quando soube que estava em Ítaca, sua terra querida. Ulisses então se ajoelhou e beijou o chão.

– Destino cruel também aguardava os ambiciosos pretendentes à mão de Penélope, com olho nos bens de Ulisses.


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Já refeito, e reconhecido pela esposa e pelo filho, Ulisses, numa disputa de arco com todos eles, matou-os. Esse “grande Herói da Batalha de Troia”, sobreviveu a tantas perigosas aventuras, porque era astuto, esperto, e sabia como usar as próprias artimanhas que engendrava... Graças a sua sagacidade e prudência, ele recebeu, como prêmio, terras que batizou com o nome de Ulíssipa, “feminino de Ulisses”, fundando então Lisboa, a cidade que ele dizia ser “a Boa Lis de seus amores”. Mas o infortúnio também alcançou os principais comandantes da Guerra de Troia: Aquiles morreu por um dardo envenenado no calcanhar. Ajax matou-se, e Agamenon, ao retornar ao lar, foi assassinado pela própria esposa e seu amante.

– Outra vida foi Krishna, conhecido como O Salvador dos

A mais bela e pura manifestação da Divindade.

Pintura de Miranda Júnior


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hindus, filho de Devaki, a mulher a quem um Anjo anunciou que ela teria “o bendito fruto do teu ventre”. O livro Bhagavad-Gitâ, cujo título significa “o Canto do Senhor ou do Bem--Aventurado”, narra instrutiva polêmica entre Krishna e o famoso Arjuna, um lutador, mas também sábio... em que Krishna diz o seguinte para Arjuna: “Eu volto em cada Yuga” (Idade ou Ciclo). Com isso, Krishna quis dizer que, todas as vezes que a Lei justa, no mundo, declina, e o contrário, se levanta, ele se “manifesta para salvação dos bons e destruição dos maus” O livro Bhagavad-Gitâ, narra, também, a Luta mortal havida entre “as hordas do mal e o exército do bem...”, ocasião em que Krishna é desafiado para um duelo por um inimigo poderoso, e isso em plena raça Ária...

– “O erro das religiões, é pensar que Buda, Cristo, Krishna e outros Seres são diferentes; não querem compreender que é a mesma Essência Divina se manifestando em épocas diferentes”. Esse “mistério provém da confusão que se estabelece entre a Essência Divina que desce e a Essência Terrena que sobe. Tal fenômeno não é conhecido do próprio Oriente. Só se fala num avatara... ignorando que o próprio Yeseus Krishna foi duplo, isto é, era gêmeo com um outro...” Os avataras são sempre duplos. E o mais importante: Rama, Moisés, Krishna, Buda, Jesus, nenhum deles fundou a religião que lhes atribuem – finalizou o Condor, as vidas que ele quis citar.

Elevando a tromba, o Elefante passou a urrar: – Meus amigos, para reconduzir o 4º Arcanjo e o Arcanjo

Rebelde, às posições honrosas que eles antes ocupavam, e ainda


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salvar os divinos rebeldes que “se perderam dos caminhos dos Céus”, o 6º Arcanjo e sua parte feminina tiveram de ter uma infinidade de vidas, com uma variedade incrível de vivências. Um Arcanjo com aparência de Homem, embora não sendo... Numa dessas vidas, de propósito ele se tornou mendigo, para poder estar junto às “ovelhas desgarradas”, que era um bando de ladrões esfarrapados, estado a que haviam chegado seres que no passado haviam sido Deuses, mas que após tantos descaminhos, só mesmo um Arcanjo para enxergar o pouco de Luz que ainda existia neles...

– Arriscar-se a tanto... Ainda mais tendo de enfrentar um intransigente Arcanjo de igual força e poder – ponderou o Leão.

– É verdade, mas acreditem ou não, o Rebelde amava o seu irmão – afirmou o Elefante. Era um amor meio atrapalhado, porque ora o elogiava e ora o atacava, ora o acusava e ora o defendia, dizia até que era o seu “espelho”, seu “fantasma”, “sua própria sombra”.

– Quem sabe ele não era mesmo? Quem sabe não podia agir de outro modo? – disse o Leão. Afinal, quando o Arcanjo Rebelde tomou a atitude que tomou, o 4º Arcanjo governava seres que ainda nem gente eram. Hoje a capacidade humana de entendimento está consideravelmente ampliada. Já se pode explicar alguns pontos obscuros sobre o Anjo Rebelde, dando a ele a reparação e o respeito que nunca lhe deram. Os seres daquele tempo imemorial, não tinham alcance algum para compreender a complicada situação em que o Arcanjo se colocou.

– Será que agora têm? – desconfiou o Elefante. – Se não tentarmos, não saberemos. O livro que será feito é

para isso. Não estamos nós tentando entender? Eles que façam o


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mesmo! – rugiu o Leão, animal que simboliza o karma criado pelo ser humano, pois se o homem vence o seu “Leão” interno, que é a fúria, a revolta, ele consegue destruir o karma, adquirindo o direito de penetrar em mundos superiores, mas se é vencido pelo Leão... permanece na Face da Terra, até que esgote o karma que criou.

– O que não entra na minha cabeça, é a judiação do Arcanjo com o irmão que tudo fazia para salvá-lo – cantou o Rouxinol.

– Lembre-se, amiguinho Rouxinol, que ele estava espiritualmente cego, não sabia quem era e nem de onde tinha vindo. As Lutas entre os esses dois irmãos foram sempre de embate, ou seja, o “Anjo Rebelde dirigindo as hostes negras ou sombrias”, e o Anjo Salvador numa tarefa quase impossível: transformar homens-animais em homens-deuses, trabalho hercúleo, pois Anjos ou Deuses alados também se corromperam, concorrendo para que eles mesmos se tornassem Deuses humanizados em animais... – revelação bombástica do Elefante.

– Eu ouvi direito? – perguntou o Coelho. – Ouviu, sim, e os demais também. Você não sabe que toda dor

tem o seu antídoto? – bramiu o Elefante. – Tem? Não sabia? Como assim? – ficou surpreso o Coelho. – Todo sofrimento traz um ganho espiritual, um aumento na

evolução do ser que sofre. Preste atenção ao exemplo que vou dar: “Uma mariposa devorada por um pássaro sofre por ter sido destruída, mas ao mesmo tempo a Natureza lhe fornece uma vantagem: ela evolui, sobe um pouco mais a escala natural à custa do pássaro que a devorou. O mesmo acontece com o homem, que mata vidas para se alimentar. Os animais assim mortos sofrem, mas ao mesmo tempo evoluem para o sentido humano; por seu lado, o homem sofre por destruir vidas. Muitos sofrimentos


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humanos seriam evitados se eles tivessem uma alimentação adequada: frugívora”. Por isso pessoas evoluídas escolhem melhor seus alimentos, pois o karma diminuindo, o corpo se aprimora e a sensibilidade aumenta. “Os seres brutos da Natureza não sofrem moléstia, a não ser acidentalmente”, e, se morrem bruscamente, a Natureza lhes dá farta compensação: eles entram num sono tranquilo por um bom tempo, e, em seguida, reencarnam sem perda de tempo – interessante lição do Elefante.

– Se não entendermos todas essas coisas, não será de todo mal, os homens é que não podem deixar de entender! Pois são os que dão trabalho à DIVINDADE – desculpa arranjada pelo Coelho.

– Eles são assim porque “estão sendo burilados pela própria evolução” – veio rápido o Beija-Flor para dizer isso. Fiquem atentos, amiguinhos, pois “os Lobos circulam ávidos pelas Ovelhas do Cristo”. Não se ofenda o nosso amigo Lobo, por eu falar assim, é que os Lobos significam os homens que governam o mundo com clima de terror, matando, sem nenhum dó, as Ovelhas, que são os seres justos e bons.

– Mas logo a mim, amiguinho Beija-flor, você escolheu como comparação? Vou deixar passar porque sou seu admirador, só por isso – o Lobo se conformou.

A Seriema, mais correndo que voando, a menos que se sinta

obrigada a fazer isso, e sempre desconfiada, propôs relembrar alguns pontos já debatidos, porque ela soube que “a repetição é a alma do ensino”. Ela então gargalhou:

– Para o 6º Arcanjo exercer a função do Arcanjo Rebelde, ele teve de arcar com o Poder Espiritual e o Poder Temporal ao mesmo


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tempo. Poder Temporal, é tudo que se relaciona com as coisas da Terra, coisas profanas ou do Mundo terreno. Poder Espiritual, é tudo que se relaciona com as coisas dos Céus, coisas divinas ou do Mundo celeste. Com o Poder Espiritual, o 6º Arcanjo agia com amor, e com o Poder Temporal ele agia com rigor. Não era tão rigoroso quanto se fora o próprio Arcanjo Rebelde a agir, mas quando era preciso, ele o fazia, pois se não o fizesse o “outro” poderia se antecipar... O 6º Arcanjo sabia que excesso de amor, quando não recomendado ou merecido, nem sempre dá bom resultado. Quando ele sentia que não era tão arriscado deixar o Arcanjo Rebelde agir, sutilmente dava-lhe a oportunidade... Mas quase sempre era ele mesmo, dando assim exemplos admiráveis ao irmão, um trabalho de Abelhinha. Tanto isso é verdade, que muitas vezes “as lágrimas do Senhor do Mundo, no seu eterno castigo, se confundiam com as dele, que o substituía e o ajudaria a se redimir”.

– Que história triste... Dois irmãos se amando, mas tendo que se combater – de novo a Rolinha chorou.

– É por isso, e também pelo muito que ainda não sabemos, é que a história do Arcanjo Rebelde é complicada para humanos, que dirá para nós os bichos. Provavelmente muitos humanos nem abrirão o nosso livro. Outros, mesmo se lerem, não se agradarão, e outros nem chegarão ao final. Mas nada disso nos deve desanimar, pois mesmo entre nós, há os que só sabem reclamar – a qual bicho a Seriema estaria se referindo?

– Isso não pode ser comigo! Sou falador, mas não sou como certas pessoas que procuram os Mestres, querendo absorver seus ensinamentos, e depois se afastam dele, falando mal de quem tanto Conhecimento lhes deu – foi sincero o Papagaio.

– Não estou me referindo a nenhum de vocês. Muito menos ao


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amigo Papagaio, que tem toda a razão, isso é mesmo muito comum entre os homens. Sempre admirei o esforço dos Mestres em passar, para os discípulos, coisas transcendentes em linguagem simples, o que não é nada fácil. Num passado não tão distante, o jeito era eles passarem pequenas doses do mistério em forma de conto da carochinha – aflautou a Seriema, ave que ao se sentir ameaçada pelo homem, enfrenta-o abrindo as asas.

– Ah! Bem que eu desconfiava que alguns contos infantis ocultam certas verdades! – dessa vez até que a Galinha...

– Parabéns, amiguinha Galinha! Recordemos um pouco mais o que já aprendemos – nova tentativa da Seriema, que só faz ninho no alto das árvores, onde à noite se recolhe. A missão do Arcanjo Rebelde era revelar a Sabedoria Divina ou Sabedoria da Antiguidade, em linguagem a ser entendida pelos seres da Terra. Em razão disso, o PAI o chamava de “Anjo da Palavra, Transmissor das Verdades Divinas, e Boca da Verdade”. Mas, quando a suposta desordem se desencadeou no Trono Celeste, o PAI, agindo como Lei bem certa, “logo tomou as providências que tão tremendo fenômeno exigia: apelou para que o 6º descesse com o 5º”, passando então para o 6º a missão de propagar as Verdades divinas. Por ser uma tarefa espinhosa, desgastante, e com futuro incerto, o 6º Arcanjo passou a ser “o Homem de todos os Tempos”, pois o trabalho a ser desenvolvido por ele iria atravessar eternidades... Além de ele representar, na Terra, a Sabedoria Divina ou Sabedoria Iniciática das Idades, o 6º Arcanjo teria mais três grandes responsabilidades: agir como Lei, como Razão, e como Moderador.

– Entendi. O 6º Arcanjo teria de dirigir o 5º e o 4º ao mesmo tempo, mas com o 5º tutelando o 4º, pelo qual ele era responsável – embrulhada talentosa do Gorila, animal que os cientistas consideram altamente inteligente.


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– Vocês sabiam que a parte luminosa ou espiritual do Arcanjo

Rebelde, também fez das suas? – deu a notícia o Touro. – Amigo Touro, o modo de agir dos Arcanjos, não nos cabe

avaliar, pois foge à nossa compreensão – reagiu a Vaca. Para eles, desde que a atitude a ser tomada, seja para impulsionar a evolução, não se importam e nem se intimidam em ferir a sensibilidades de seres de sua própria hierarquia, assim como não ligam se estão manchando o seu nome, pois em primeiro lugar está a responsabilidade que assumiram.

– Estou exausta! – choramingou a Preguiça. Preciso fazer

alongamento. Se quiserem e não me apressarem, podem vir junto, desde que não me empurrem!

– Vamos todos, sim! – gritou o Pinguim. Precisamos mesmo espairecer, beber água, forrar o estômago, olhar o Céu...

A ideia da Preguiça foi bem acolhida, foram todos curtir o local. Andaram, pularam, coicearam, chifraram, brincaram, e ao retornarem, um Arco-Íris lindão, desses que nunca mais se esquece, fez com que todos lembrassem do Arco-Íris que envolveu a Arca de Noé, quando o Manu desse mesmo nome conduzia seu povo para a “Terra Prometida”. O nome Noé, se for lido ao contrário, dá Eon, palavra cujo significado é “semente”, mas tem também o significado de “manifestação da Divindade na Terra”.


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De novo, todos os bichos agrupados, o Pinguim, na sua função de relator, perguntou qual deles iria reiniciar o debate.

– Eu! – gritou o Gorila, entrando direto no assunto. Quantas vezes o Arcanjo Rebelde tentava enganar o Arcanjo Salvador, quantas vezes era ele o enganado. Sem contar às vezes em que ele ficava preso nas próprias armadilhas, sempre que ultrapassava o direito que o PAI lhe dera de se opor à Sua “Obra, que continuará pelos séculos adentro, através de Ciclos que já se foram e Ciclos que hão de vir, como grão de areia na ampulheta do Tempo”.

– Ele devia ficar bem zangado! – ponderou a Coruja. – Que nada! – disse o Gorila. Quando se conscientizava de

que havia sido ele o enganado, sentia-se o mais infeliz ser da

“O primeiro pensamento de Noé, ao repor o pé na terra, foi agradecer a Deus, erguendo-Lhe um altar. Em sinal de aliança com os homens, Deus enviou-lhe

o Arco-Íris”.


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Terra. Terra que ele não cansava de dizer que era sua... – Sofria então – se compadeceu a Coruja. – Sim, sofria – confirmou o Gorila. Seu sofrimento só

passará, ou melhor, diminuirá, quando com sua rainha ou parte feminina, ele governar a Terra, já então de posse da “fantástica parelha”, que são aqueles dois Corpos ou Vestes sobre os quais tantas vezes se falou. Corpos ou Vestes que são Deuses “incompreensíveis, invisíveis e imortais, criados pelo DEUS ÚNICO E VERDADEIRO”. Sempre que necessário, esses Corpos ou Vestes se tornam figuras humanas... No passado, quantas vezes eles foram o “manto protetor” do próprio Arcanjo Rebelde, servindo-lhe como “ponte entre o Céu e a Terra”. Mas sempre sob a vigilância do PAI e do próprio 6º Arcanjo, pois quando a revolta o dominava, ele chegou a ponto de tentar usar esses Corpos ou Vestes por conta própria, e em outras ocasiões, tentou até raptá-los. Numa das vezes em que tentou fazer isso, a “Mão da Justiça ou Lei Divina”, prontamente se manifestou, e o castigo para ele não se fez esperar! Contudo, isso foi em certos Ciclos, porque em outros, ele se serviu magnificamente bem desses Corpos ou Vestes, com o consentimento do PAI. Corpos ou Vestes que são “o poder, a gravitação e a força defensora da Lei Divina”, e, um dia, pertencerão ao Arcanjo e sua parte feminina, e só lhes serão tomados, quando eles não mais precisarem deles.

– Coisa mesmo de PAI, sempre atento às necessidades do filho. E tudo isso porque foi “expulso do Trono o sonegador da sua função na Terra”. Mas amigos, convenhamos, se tantas o Arcanjo Rebelde fez, sem ter direito a ter corpo físico, que dirá se tivesse... – esperta observação da Coruja.

– É verdade. Nos Combates, ou mesmo pelejas, entre os dois


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irmãos, conforme eram as intenções, tanto de um quanto de outro, eles se transformavam no que lhes fosse mais favorável. O Arcanjo Rebelde mudava frequentemente de forma: ora ele se apresentava como pedra, ora como animal, ora como homem, e até como anjo... Mas mil vezes ele se disfarçava, e mil vezes o Arcanjo Salvador o distinguia, pois este tinha também seus poderes... Senão um pouco mais... E como o Arcanjo “se fez cego desde que dos Céus desabou”, ele raramente soube distinguir os múltiplos disfarces do 6º Arcanjo, que, se metamorfoseava não para provocá-lo, mas para salva-lo... Um dia, porém, ainda que indistintamente e a muito custo, ele descobriu um desses disfarces... Descobriu porque a luminosidade do 6º Arcanjo, sobre o Rebelde, foi tanta, que momentaneamente o fez “adquirir a clarividência que possuía outrora nos Céus!” Ele então desandou a chorar... Depois, já refeito, passou a desafiar o irmão para uma Luta desigual, pois nos primeiros golpes ele logo era vencido, ainda que o irmão salvador, de propósito, se fizesse um pigmeu diante de quem era o Gigante do Mundo... Gigante com mais de três metros de altura, julgando vencer, com poucos golpes, aquele que o salvaria... O triunfo, porém, sempre lhe saía às avessas – narrou isso o Gorila, animal que os cientistas consideram, depois do Chimpanzé, o parente mais próximo do homem, pela alta porcentagem do seu DNA com o DNA humano.

– Fatos incríveis, excelsos e verdadeiros – lá do alto piou o Falcão.

– Lutas assim lembram as de David, com “d” no final que é como gosto, com a sua funda mágica, vencendo o gigante Goliath, com “th” no final, pois era esse o verdadeiro inimigo. Luta que também faz lembrar a de Ram - o Imperador que tinha


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o fogo do Amor aceso em seu coração - com o gigante Râvana... Fatos históricos da vida humana e religiosa, tanto do Oriente como do Ocidente – continuou o Gorila.

– Um dia, extremamente exausto, desapontado e sofrido, o 6º Arcanjo conseguiu ouvir a Voz do próprio Tempo... Voz que lhe revelou o seguinte: “Gigante nos Céus, pigmeu és na Terra, pois é esta quem te faz de tal modo. Razão da tua doença e dela...” – contou o Gorila.

– Dela quem? – de novo a Galinha... – A parte feminina do 6º Arcanjo – explicou o Gorila. A Rena, cujos chifres ambos os sexos têm, sendo os do

macho mais ornamentados, disse ter algo importante a falar: – Muitos confundem o Cavaleiro Akdorge com o Arcanjo

Mikael, porque ambos são guerreiros. A diferença, ou melhor, a função de cada um, é a seguinte: Akdorge é Guerreiro Terrestre, porque ele representa a energia santa de Kundaline, agindo como Justiça Terrena. Mikael é Guerreiro Celeste, porque ele representa a energia santa de Fohat, agindo como Justiça Divina. Espero ter esclarecido isso, porque é importante.

– Esclareceu, sim, amiga Rena. Mas esqueceu do Cavaleiro Akgorge, qual a função dele? – corujou a Coruja.

– “Nascido das entranhas da Terra”, Akgorge é o Cavaleiro da Cruz, trabalhando a favor do Bem. Daí o 6º Arcanjo ter passado para ele o seu Báculo ou Bagueta Sacerdotal, pois Akgorge, além de ser sábio, oráculo, místico, e religioso, é também o Cavaleiro ideal para a função oculta e importantíssima que lhe cabe – acentuou a Rena.


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– Tudo bem ajeitadinho – a Coruja gostou e agradeceu. – Convém repisar o seguinte: o 6º Arcanjo sempre exerceu os

dois Poderes: o Espiritual, representado pelo Báculo ou Bagueta Sacerdotal, e o Temporal, representado pela Espada Flamígera ou Espada Cósmica, a qual deveria ter sido do Anjo Rebelde, mas passou para o 6º Arcanjo, devido a “Grande Tragédia Celeste” – explicou a Rena.

– De que é feita a Espada Flamígera ou Espada Cósmica? – ficou interessada em saber, a Coruja.

– Foi forjada com um dos 777 Raios do esplendor de JEHOVAH. Com ela o 6º Arcanjo venceu incontáveis vezes o seu irmão rebelde – respondeu a Rena.

– É verdade que o Cavaleiro Akdorge é o mesmo Cavaleiro das Idades? – crocitou a Coruja.

– Sim, é verdade. Akdorge “é o Guerreiro de todas as tradições, o Imperador e Chefe dos exércitos celestes, o próprio JEHOVAH” reinando com mais dois outros reis guerreiros: Kadir e Akadir, nomes apenas para estudo, pois conforme a missão que desempenham, seus nomes se alteram. Todo nome tem um potencial que vibra... Daí a importância do nome a ser dado a criança, pois ficará vibrando por toda a vida dela. Em mundos superiores, os nomes não são dados aleatoriamente, são analisados para não influir negativamente na vida do ser. Está complicado? – ensinou a Coruja.

– JEHOVAH, com os dois reis guerreiros acima citados, “cavalgam cavalos alados, e estão a postos para o Dia da invasão angelical dos homens e cavalos alados” – avisou a Rena.

– Que dia será este? – indagou vindo sorrateiro, o Crocodilo. – Um Crocodilo!!! – correu apavorada a Galinha. – Ué?! Mas não é encontro de bichos? O que estaria eu


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fazendo aqui? – o Crocodilo até se espantou. Tranquilizem-se, estou de barriga cheia. Sou Crocodilo de palavra, quer dizer, acho que sou Jacaré, sei lá, o que quero saber, é que dia é este em que os Três Reis Guerreiros, “julgadores de uma raça que se finda para uma outra que começa”, virão para a invasão angelical. Não sei porque todo esse estardalhaço, é só isso que quero saber.

– Isso ainda não sabemos! – respondeu a Rena, tremendo mais que gelatina. Mas esse dia virá! “Do mesmo modo virá uma chuva terrível de Discos Voadores. Estão em preparo para acompanhar por cima o grande fenômeno. E então as religiões verão em sete nuvens de cores diferentes, a silhueta do seu DEUS, seja Ram, Krishna, Buda, Jesus, Moisés, mas também Orfeu executando uma música”.

– Nossa! – o Crocodilo se surpreendeu. Como irá coroar tudo isso o TODO-PODEROSO?

– Ah, isso eu sei! – exclamou o Golfinho. Quer dizer, acho que sei. Até idealizei como será este dia: “Um Olho aparecerá no Céu como sinal da vinda do Avatara e do final das coisas”. Esse Olho lançará chispas em sete direções cósmicas, espetáculo que causará temor às pessoas que tiverem a consciência pesada... Enquanto isso, os Três Reis Guerreiros, em seus cavalos alados, estarão contemplando as angústias do mundo, fazendo, ao mesmo tempo, um trabalho de limpeza...

– Contemplando? – estranhou o Caititu, Guardião da cidade de São Lourenço. Como podem reis divinos contemplar as angústias do mundo? Que eu saiba, contemplar é apreciar com admiração e respeito!

– Tem razão, amigo Caititu – respondeu o Golfinho. Seria realmente estranho, se eles fossem pessoas comuns, mas são


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Guerreiros Divinos com função punitiva... São os “solicitadores do Ciclo”, ou seja, o próprio Ciclo de evolução reclama a presença deles. Em seus cavalos alados, eles estão vindo do Oriente para o Ocidente, abrindo, com um toque mágico, as embocaduras (passagens) e todos os orifícios da Terra que dão entrada para os Mundos Subterrâneos. Irão “provar aos homens que eles não são os únicos habitantes do Globo terrestre. Abrirão as cavernas e embocaduras, dando saída aos povos subterrâneos, os povos de Agartha, fazendo cumprir assim as profecias do Rei do mundo, transmitidas aos homens através do valoroso Ferdinando Ossendowsky”.

– Oba! Vamos conhecer gente nova! – gritou o Caititu. Em que altura do mundo estão eles agora? Saberia nos dizer, amigo Golfinho?

– Como vou saber? Mas devem estar mandando brasa, pois a função dos três é “arrancar as ervas daninhas que fazem germinar o mal”.

– Hum... Ervas daninhas... Só pode ser gente ruim – grunhiu o Caititu. Como serão os seus Cavalos alados?

– Quatro patas eu garanto! Mas também têm asas – disse o Golfinho. O de Akdorge é branco, e a armadura do Cavaleiro é de ferro. O de Kadir é castanho, e a armadura do Cavaleiro é de prata. O de Akadir é negro, e a armadura do Cavaleiro é de ouro. A cor dos três cavalos faz lembrar a cor da pele dos Três Reis Magos que homenagearam Jesus quando ele era bebezinho: “o preto ou africano, o branco ou europeu, e o mulato ou amarelo, mongol”, cujos nomes eram: Baltazar, Gaspar e Melkior.

– Qual profecia do Rei do Mundo que o escritor Ossen, Ossen, pôs no livro que posteriormente ele escreveu? – engasgou-se com o nome do escritor, o Elefante.


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– Ossendowsky! – corrigiu o Golfinho. “A profecia do Rei do Mundo, é de 1890, e em 17 de maio de 1921, no Mosteiro de Urga, na Mongólia, o escritor Ferdinando Ossendowsky veio a conhecê-la”. Só lembro do final: “E... com a morte das nações, eu virei à frente de meu Povo, dos reinos subterrâneos da Agartha, para implantar uma Nova vida no Mundo”. Nessa mesma profecia, o Rei do Mundo diz que os piores (naquela época) ainda não haviam nascido... Isso dá o que pensar... Por favor, não me contradigam, porque cada animal tem o seu grau de inteligência, e o meu é bem avançado!

– Se as nações até agora não morreram, é sinal que o Rei do Mundo ainda não veio ou até mesmo desistiu – roncou o Caititu.

– Morte das nações, amigo Caititu, significa a decadência em que quase todas elas estão – explicou o Golfinho.

– Fale mais sobre o Rei do Mundo – pediu o Elefante. – Falo, sim – concordou o Golfinho. O Rei do Mundo é o

Imperador da Terra, função que passa de uma descendência para outra. Na época em que Ferdinando Ossendowsky tomou conhecimento da profecia, o Rei do Mundo era o magnânimo e “digníssimo senhor Rigden-Djyepo, conhecido no Oriente pelos lamas (sacerdotes) de maior fama, e na Índia pelos mais sábios e ilustres homens do Norte da Índia”. Seus principais auxiliares chamavam-se Polydorus Isurenus e Mama-Sahib,

– Quem é esse Ossen, Ossen? – de novo engasgou o Elefante. – Ossendowsky! – corrigiu de novo o Golfinho. “Um eleito de

Deus”, um escritor russo que fugiu de seu país em 1920, por causa da Guerra Civil desencadeada em 1917. Após passar por muitas privações, Ossendowsky chegou à cidade de Urga, na Mongólia, onde esteve com os lamas (sacerdotes) daquele país, os quais passaram para ele lições primorosas, pois em Urga existem


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preciosos livros de sabedoria. Foi quando ele tomou conhecimento das profecias do mais santo e mais poderoso dos Homens: o Rei do Mundo. Ao retornar a sua terra natal, Ossendowsky escreveu um livro narrando suas atribulações e as profecias daquele excelso ser.

– Você leu o livro, amiga Vaca? – perguntou o Elefante. – Lá tenho tempo para isso? Humanos não fazem outra coisa

senão me espremerem as tetas, quando não fazem coisa pior, pois até para ter bezerros eles se intrometem. Fazem cada coisa... Nem tenho coragem de contar.

– Eles chamam isso de progresso genético – o Golfinho quis consolar a Vaca.

– Não é neles... – gemeu a Vaca. Lindos esguichos, e a Baleia, o maior mamífero do mundo,

caçada com crueldade por alguns países, contou o que sabia: – A Revolta Celeste foi uma situação nunca antes vista.

Naquele tempo do qual não se tem nenhuma memória, a atitude do Arcanjo foi avaliada pela Lei Divina como séria desobediência, e assim permaneceu por anos a fio, até que não se sabe como e nem porquê, a atitude dele foi desvirtuada, a ponto de o conceberem como um ser maligno, desprezível, culpado de tudo, renegado, amaldiçoado por DEUS, e entronizado no inferno.

– O que aconteceu para deturparem tanto assim o que ele fez? – perguntou o Texugo.

– Interesses políticos e religiosos, amigo Texugo. O próprio Jesus contrariou a “nefasta política” do seu tempo, ao dizer verdades que os poderosos da época não queriam ouvir. “Nem


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todos sabem o que vem a ser a verdadeira Política”, a difícil arte de governar, de construir um mundo melhor para todos, servindo, ao mesmo tempo, a Nação, o Governo e o Povo. O próprio Jesus escandalizou os sacerdotes do seu tempo, porque os advertiu de que a religião deveria acompanhar a evolução dos tempos, isto é, ser dinâmica! Enfrentando-os com verdades que eles precisavam ouvir, mas não gostaram e nem admitiram, sacerdotes e políticos se uniram, passando a perseguir o Messias, chamando-o de traidor e herege, pois tinham medo que Jesus despertasse a consciência do povo, manipulado por eles com bajulações e mentiras. Jesus sobressaindo, eles perderiam a influência sobre a população, que, então, ficaria mais esperta... Esperta, ela prejudicaria o comércio vil que eles faziam com as coisas sagradas – Baleia corajosa.

– Situação crítica a de Jesus. Infelizmente ainda hoje religião alguma é dinâmica, e até poderia ser, se de fato a religião religasse o homem ao Seu CRIADOR, conforme é o sentido real da própria palavra religião. Sendo assim, todas continuam no mesmo passo de Tartaruga – o Texugo esqueceu...

– Agora chega! Tão logo termine o encontro, vou ao cartório dos bichos mudar de nome! Desaforo! Só lembram de mim para falar mal! – abriu o bocão a Tartaruga, e eu fiquei do lado dela.

Sem se abalar com a justa revolta da Tartaruga, a Baleia continuou a sua pregação:

– A multidão ouvia Jesus, mas poucos punham em prática o que ele ensinava. Sacerdotes, políticos, classes dominantes e interesseiras, “negaram lugar ao Cristo”; não aceitavam as verdades que ele dizia, as quais contrariavam as regras rígidas daquele tempo... – e continuou a Baleia:


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– Descontentes com as atitudes de Jesus, sacerdotes e

políticos se aliaram... Infiltrando-se na multidão, eles passaram a instigar a população para um julgamento perverso e injusto, que até hoje envergonha a humanidade. O maior causador de tudo foi o fanatismo, e o pior deles é o religioso. O próprio Conde Cagliostro disse certa vez: “O ódio religioso é o pior e o mais persistente de todos os ódios”. As religiões não se entendem porque “criaram um Deus próprio e por isso lutam entre si”.

Saltitante, a Cabra avisou que tinha novidades a contar. Pôs-

se então a badalar: – A situação do Arcanjo Rebelde se agravou ainda mais,

Imagem de Jesus, pertencente à Dona Amélia, mãe de Henrique José de Souza, e ante a qual, quando menino, ele chorava.

Imagem de Jesus, pertencente à Dona Amélia, mãe de Henrique José de Souza, e ante a qual, quando menino, ele chorava.


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após passarem a representá-lo com cara, patas e chifres de Bode. – O que tem de mais ele se parecer com um de nós? Ainda

mais que fui eu o escolhido – logo se opôs o Bode. – Não teria se ele fosse do Reino Animal, mas amigo Bode,

ele é do Reino Arcanjélico! – lembrou a Cabra. Como, porém, não existe acaso, mesmo tendo sido profanada a figura do Arcanjo, algumas coisas, no modo simbólico como passaram a representá-lo, até vieram a calhar.

– Mesmo com cara de Bode?! – reação geral. – Mesmo com cara de Bode – sustentou a Cabra. Mas não se

antecipem antes de ouvir o que tenho a dizer: Bode gosta de subir montes para apreciar o Céu mais de perto, e a Natureza colaborou com ele, pois lhe deu pulmões desenvolvidos, que o faz suportar bem ficar bastante tempo em grandes alturas. Do Céu veio o Arcanjo, cuja Inteligência, se comparada com a beleza sem igual das línguas de fogo, faz lembrar “cornucópias fosforescentes”. Uma das labaredas saía do alto de sua cabeça, como “símbolo da Iluminação Perfeita”; outras duas saíam dos ouvidos, e mais duas de cada lado do rosto. Cinco labaredas ou uma Estrela Flamejante. Um Arcanjo lindo!

– Que a falta de entendimento dos homens, transformou em grandes orelhas, cornos, e barba de Bode – adicionou a Foca. Mas o que é cornucópia?

– Cornucópia é vaso em forma de chifre. No passado esses vasos simbolizavam fertilidade e abundância, hoje simboliza apenas agricultura e comércio – ensinou a Cabra.

– Mas por que fizeram isso com o Arcanjo? – a Foca ficou penalizada.

– Quando as coisas sagradas não são entendidas, facilmente são deturpadas. É mais fácil fazer isso do que forçar a mente a


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trabalhar. Não que o façam por mal, mas por ignorância. O Arcanjo, se não tivesse sonegado a missão, ele conseguiria, com a sua fulgurante Inteligência, destruir no mundo as formalidades e os preconceitos falsos que tanto atrasam a evolução dos humanos – explicou a Cabra.

– Fiquei na mesma porque não sei o que são essas duas coisas – ajeitou os bigodes a Foca.

– Formalidades, é fazer o que todo mundo faz porque outros também fazem. São regras que os humanos criam para eles mesmos, de acordo com os seus interesses... – ensinou a Cabra.

– Não acho justo – a Foca deixou os bigodes em paz. – Preconceito, é ter uma opinião precipitada e sem base

alguma sobre alguém ou alguma coisa – adicionou a Cabra. – Também não é legal. Nesse caso o Arcanjo tinha razão em

querer acabar com essas chatices – reforçou a Foca, cujo corpo em forma de torpedo, com membranas, permite que seja excelente nadadora, embora em terra não tenha habilidade alguma para se ver livre do urso polar e dos caçadores.

– Se o Arcanjo tivesse seguido as instruções do PAI, as coisas teriam sido bem diferentes. O próprio passar do tempo, concorreu para que a sua atitude de independência fosse cada vez mais sendo desfigurada, pois até mesmo no “Grande Jogo da Vida”, que é o baralho, ele e o 6º Arcanjo estão representados – revelou a Cabra.

– No baralho?! – o Coala despertou com a novidade. – Sim, no baralho – confirmou a Cabra. Os 4 naipes vezes 13

cartas, dá 52, número que, somado aos 4 bobos da Corte do próprio baralho, dá 56. No grupo Copas, que representa o amor, está o 6º Arcanjo. No grupo Espadas, que representa o rigor, está o Arcanjo Rebelde. Na Dama ou Rainha e no Valete ou Conde,


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está “a forma-dual cósmica manifestada na Terra pelo 6º Arcanjo e sua parte feminina”. No grupo Rei, está o ETERNO, e na carta do Curinga, estão as armadilhas e os obstáculos que os três Arcanjos tiveram que enfrentar. Gostaram da explicação?

– Que coisa bem bolada! – ficou em pé o Ratinho branco. – Outro baralho, este de nome Tarô, com 78 cartas chamadas

Arcanos, palavra cujo significado é “conservado ou guardado em arca”, não são cartas de entretenimento, mas de consulta e estudo. As figuras do Tarô, mostram, simbolicamente, muito do que estamos comentando neste nosso encontro. Há quem diga que as cartas do Tarô “representam o verdadeiro Jogo da Vida”, pois 22 delas são consideradas maiores, porque “se acham estreitamente ligadas às Constelações”, e 56 são consideradas menores, porque se relacionam com a Terra. O Tarô e o Baralho têm o mesmo número de cartas: 56 – ensinou a Cabra.

– Desses 22 Arcanos maiores, tem algum que representa o Arcanjo Rebelde? – perguntou a Foca, cujas narinas podem se fechar quando submersa.

– Tem, é o Arcano 15, cuja figura não causa boa impressão aos que não sabem interpretá-lo corretamente – informou a Cabra.

– Por quê? – quis saber a Foca. – Porque mostra a figura de um Bode com uma estrela na

testa, sendo macho da cintura para baixo, e da cintura para cima tem seios femininos. Para entender corretamente esse Arcano, é preciso estudá-lo com seriedade, a fim de não pôr maldade onde ela não existe – esclareceu a Cabra.

– Queira desculpar, amigo Bode, de qualquer modo não foi gentil, da parte dos humanos, apresentar o autor da “Grande Tragédia Celeste” na forma animal, ainda que tenha sido você o


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escolhido – desaprovou a Foca. Convenhamos, ele é um ser Arcanjélico lutando por suas próprias ideias. Como foi banido do Céu dividido em três partes, natural que ele tenha se sentido revoltado e perdido.

– Dividido em três partes? Mas eu não sabia disso! – o Bode se assustou.

– Calma, vou explicar – disse a Foca. O Céu não combina com insurreição, portanto, o Arcanjo não poderia continuar permanecendo nele. Como castigo pelo que fez, foi projetado para a Terra, após enfrentar ferrenha Luta com o 6º Arcanjo, este avatarizado no Arcanjo Mikael. Vencido, a sua “queda forçada” na matéria, ou seja, no plano terreno, deixou-o espiritualmente cego, ainda mais que foi tirada dele a sua parte feminina, pois se assim não fosse tudo seria em vão. Perdeu, também, o direito a ter corpo físico para atuar na Terra. Sua mente, entretanto, teria que ficar em algum lugar, pois sem a tônica de rigor, que a ele pertence, a humanidade não evoluiria. Um mundo só de amor, sem nenhum rigor, torna-se um mundo injusto... Que fez, então, o ETERNO? Apelou para o 6º Arcanjo, e, com o consentimento deste, passou-lhe a mente do Arcanjo Rebelde, ficando então o 6º Arcanjo com responsabilidade dupla: fazer o trabalho do Arcanjo Rebelde, e ainda tentar de tudo para salvá-lo. O 6º Arcanjo teria duas mentes: uma compassiva e amorosa, a dele própria, e outra sombria e revoltada, pertencente ao autor da Traição ao Trono. Caso tenham entendido, são essas as três partes que o Arcanjo Rebelde ficou sem elas.

– Fascinante! Mas difícil de convencer... – admitiu o Touro. – Nada do que acabei de dizer é fantasia, mas ainda que

fosse, a fantasia é um dos muitos disfarces que a Verdade usa para se fazer entender... O maior tormento do Arcanjo Rebelde


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foi o de sempre viver assim dividido, ou seja, tripartido. Mas se assim não fosse, ele “jamais evoluiria com a própria humanidade que deveria estar sob a sua guarda”. Eis o grande mistério que a humanidade e mesmo as religiões, desconhecem. O próprio mundo estaria perdido, se o Arcanjo Rebelde o governasse na sua forma Arcanjélica gigantesca... E ainda por cima revoltada... E tendo, como aliados, um exército de rebeldes... Todos em forma humana... Daí ele sempre tentar se apoderar do corpo do 6º Arcanjo, e, principalmente, da parte feminina deste, pois se ele a tivesse consigo, ele tudo poderia!

– Tenho dó, mas que tenho eu a ver com isso? – o Bode ainda estava assustado.

– É possível que o ETERNO não tenha desaprovado de todo o fato do Arcanjo Rebelde ser simbolizado na forma de Bode, porque, depois dele ter tanto fulgor no Céu, na Terra ele teve que passar para uma categoria bem inferior... Se assim não fosse, ele não poderia refazer o trabalho do seu antecessor, o 4º Arcanjo, governante de seres que ainda não eram gente... – correta observação da Foca.

– Deve ter sido por isso que ele passou a deus e animal ao mesmo tempo, sofrendo as consequências de tão triste metamorfose – até que o Bode...

– É por isso que o Arcano 15, a carta do “Grande Mistério”, representa o 5º e o 6º Arcanjos, ligados “a humana vida”. Tanto isso é verdade, que o próprio ser humano tem, na cabeça, 22 ossos representando o Mundo Divino ou os 22 Arcanos maiores, e, no tronco, 56 ossos representando o Mundo Terreno ou os 56 Arcanos menores. Formidável, não acham? – perguntou, empolgada, a Foca.


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– Mais do que formidável! – exultou o Bode. E como sou bom em conta, vou já fazer meus cálculos: 22+56 = 78, o total de cartas do Tarô. 7+8 = 15, o número do Arcano que sou eu, quer dizer, que simboliza o 5º e o 6º Arcanjo.

– Correto – confirmou a Foca. São poucas as pessoas que sabem interpretar corretamente o “mistério do Andrógino Primitivo”, simbolizado no Arcano 15. Mas o que você não vai gostar mesmo, amigo Bode, é o nome vulgar que deram ao Arcano que tem a sua figura estampada.

– Então não diz! – rejeitou o Bode. Já basta o susto que levei! Além do mais, não sou vulgar, e não quero outro nome! E nem a Cabra iria gostar que me chamassem de... de... de quê mesmo?

– O nome vulgar não se refere a você, amigo Bode, mas à forma com que ficaram conhecidos, no mundo, esses Arcanos. São nomes de aparência, pois existem outros nomes bem mais apropriados, dados por seres que se aprofundaram no estudo dos Arcanos. Quer mesmo saber o nome vulgar que deram ao Arcano que tem você com duas patas? – insistiu a Foca.

– Duas patas?! – o Bode ficou horrorizado. Onde estão as outras duas?

– Viraram braços – respondeu numa boa, a Foca. A pata, ou melhor, o braço que está voltado para baixo, simboliza a Matéria espiritualizada, e o que aponta para cima, simboliza o Espírito materializado.

– Ainda mais essa... – desanimou o Bode. – Explico de outro modo – nova tentativa da Foca. Tudo que

é visível ou não, é matéria, seja ela grosseira, delicada ou sutil. Espiritualizar a Matéria significa torná-la delicada, sutil, quase abstrata. Materializar o Espírito é torná-lo denso, compacto, quase concreto. É assim que funciona, pois o Espírito, para se


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manifestar, ele precisa da Matéria, e a Matéria, sem o Espírito, não tem vida própria.

– Deixa pra lá – o Bode desistiu. – Vê se entende assim: o Espírito precisa se materializar para

ter experiências de um mundo que ele ainda desconhece. A Matéria precisa se espiritualizar para atingir a perfeição. Essa necessidade, tanto do Espírito, como da Matéria, é como se fosse “o próprio Deus feito Homem na Terra”. Como poderia DEUS, que é Espírito, manifestar-Se na Terra, se não houvesse a Matéria para O acolher? – nova explicação da Foca.

– Melhorou – recobrou a cor o Bode. Espírito e Matéria são então a mesma coisa, mas em situações diferentes.

– Isso! – a Foca aprovou. – E o nome vulgar do Arcano onde estou representado? – o

Bode resolveu encarar. – Di... Di... – a Foca não conseguiu dizer o nome. Tentou de

novo: Di... Di... – não desembuchou. Di...di... abo, saiu o nome. Mas não se impressione, amigo Bode, diabo é criação humana, nasceu da maldade dos homens. O diabo existe porque os homens quiseram que ele existisse, pois foram seus criadores, e o alimentaram e alimentam o tempo todo. Só que, espertamente, o Arcanjo Rebelde se aproveitava dessa veste tenebrosa, já criada, para destruir, no mundo, as coisas desnecessárias, função que lhe cabe, e, por isso, acabou ficando com a fama de ser o próprio.

– Que alívio! Julgava ser um nome ainda mais feio, afinal, diabo quer dizer “duplo de deus”. Agora entendo porque pessoas más e ignorantes sacrificam Bodes e outros animais, em rituais diabólicos. Que crueldade! Que atraso! Que ofensa a DEUS! Deve ser por isso que se fala tanto em “bode expiatório”, aquele que sofre as consequências do que não fez. Incrível!


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Ainda hoje existe essa prática maldita! Magia negra das brabas! Horrores que não ficarão impunes! Quem assim age, quando morre, no outro lado da vida, passa pelo mesmo processo nas mãos de seres do qual o astral inferior está cheio... – assegurou o Bode.

– É como eu disse: “as lendas são fatos reais sob os véus da fantasia dos tempos...” – continuou a Foca. A própria origem da lenda do “bode expiatório que paga o mal que não fez”, está representada no Arcano 16, intitulado A Mansão de Deus ou A Queda do Espírito na Matéria. Esse Arcano mostra “uma Torre despedaçada pelos raios”, e a queda forçada, do Céu, de um ser “acompanhando seu irmão expulso. Dois reis caídos na Terra, um coroado, outro sem coroa... O Vencedor e o Vencido”. O vencido é apedrejado e ridicularizado como se fosse um bobo da corte. Preciso dizer mais alguma coisa?

– Mas como vocês falam! Nunca vi coisa igual! Não virei mais a encontro algum! Só ficando sozinha para conseguir dormir! – resolveu ficar braba a Preguiça.

– Dorme, amiguinha Preguiça, dorme, mas não sem antes saber que o Arcanjo Rebelde, é, em parte, o responsável pela humanidade ter-se mantido na ignorância do que é o Bem, e por não ter tido a compreensão exata do que é o Mal. Agora pode dormir – autorizou a Foca.

– Agora quem não quer sou eu! Como posso dormir se você aguçou a minha curiosidade? Quero saber, sim, por que você acha isso que acabou de falar! – continuou braba a Preguiça.

– Porque a raça ariana, a raça do “domínio do Mental”, o Arcanjo Rebelde tentou de tudo para que ela não surgisse. É graças ao ETERNO, que se fez Homem, que a raça ariana existe. Uma Vitória do próprio ETERNO! – exultou a Foca.


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– Mas me garantiram, e eu acredito, que o diabo um dia será encostado na parede pelos próprios homens! – continuou a Foca. Será quando eles conseguirem ouvir a Voz da Verdade! Amigo Bode, eu soube que estudiosos do Tarô, deram ao Arcano 15 outros nomes bem mais autênticos. Gostaria de saber?

– Pode dizer – O bode consentiu. – Ouça, e veja como são bonitos. Destino foi o nome dado

pelo Conde Cagliostro. Compreensão foi o nome dado pelo Conde São Germano. A Grande Luz foi o nome dado pelo 6º Arcanjo. Qual você prefere?

– Gosto dos três – disse o Bode. – Muito bem. Você sabe por que é difícil interpretar

corretamente o Arcano 15? É porque ele representa a face luminosa do 6º Arcanjo, em luta com a face sombria do Arcanjo Rebelde. É o amor perdoando, e, ao mesmo tempo, castigando ou sendo rigoroso. Foi a “rebeldia na Mansão Celeste”, que fez do 6º Arcanjo e sua parte feminina, os “bodes expiatórios de todos os tempos”. Ninguém mais que eles sofreram tanto as consequências do que não fizeram – explicou a Foca.

– Entendi. Mas por que me puseram seios femininos e “cinturinha de mulher”? – continuou intrigado o Bode.

– Porque os dois Arcanjos, que a sua figura representa, são andróginos – respondeu a Foca.

– Qual o Arcano que representa o “tremendo instante da pretensa queda espiritual do 5º Arcanjo”? – insistiu o Bode.

– O Arcano 16, sobre o qual a pouco falamos. Nele se vê uma “torre caída pela fúria dos próprios raios celestes, de onde dois Deuses caem” para auxiliar um outro que na figura não aparece. O Arcano 16 tem vários significados, e um deles é simbolizar a “queda” do Espírito dos Anjos, no mundo dos homens... Maiores


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detalhes sobre “o momento da queda dos dois Reis, o bem e o mal, não pode ser comentado”, é coisa entre eles mesmos e o PAI. O que não se vê na figura, é o 4º Arcanjo, e o que aparece caindo “sem coroa, apedrejado pelas próprias ruínas da Torre”, é o Arcanjo Rebelde, obrigado a assistir o seu irmão dirigir a Terra no lugar dele. O que está coroado é o 6º Arcanjo, foi o que “desceu do Céu para auxiliar o seu irmão decaído” – excelente miscelânea da Foca.

– Como vou mastigar tudo isso? – o Bode quase chorou, mas continuou a investigar. Por que estou num pedestal?

– Arcanjos são divindades, merecem pedestal – disse a Foca. – E por que asas de morcego? – nova investida do Bode. – Asas de morcego simbolizam o tempo em que o Arcanjo

esteve envolvido nas trevas; mas ele também é representado com asas de Anjo, o que é mais apropriado para ele. O PAI não permitiria que exibissem a figura do Arcanjo de forma inadequada, se não houvesse, para cada um desses símbolos, uma explicação mais ou menos sensata – ressaltou a Foca.

– Você acha? – o Bode ficou atento. – Sim, acho. Por um bom tempo, o Arcano 15 ainda

continuará sendo o mais incompreendido de todos. Somente quando a humanidade compreender a sua própria história, saberá interpretar o Arcano 15, corretamente, pois já então, ela terá desvendado o porquê da “queda” no sexo, e o mistério do bem e do mal – afirmou a Foca.

– Eu sei porque o Arcano 15 é o mais difícil de todos! É porque ele “funciona como mal no bem e bem no mal e ainda bem no bem” – fez esse enrolado a Serpente, e foi saindo...

– Matreira... – comentou a Foca. Foi assim que ela envolveu a Eva.


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– O que representa, no Arcano 15, os dois Cabritinhos que ladeiam a figura central? – continuou o Bode a sua apuração.

– Observe que o Cabritinho da direita é vermelho, está preso ao pedestal por uma corrente no pescoço, e tem chifres maiores. Assim está, também, a Cabritinha da esquerda, que é verde, e tem chifres menores – explicou a Foca.

– Sim, e daí? – o Bode não viu nisso nada demais. – Daí que o Cabritinho vermelho simboliza a mente, e a

Cabritinha verde simboliza a fecundação – ensinou a Foca. – E eu, na figura central, o que faço ali? – não deu trégua o

Bode. – A figura central é o andrógino unido, masculino e feminino

ao mesmo tempo, e os dois Cabritinhos que o ladeiam, é ele mesmo, porém como andrógino dual, isto é, masculino e feminino em separado – a Foca achou que não haveria mais perguntas.

– E por que me puseram escamas? – Escamas simbolizam a Era de Peixes, terminada em 10 de

Março de 1955, Era ‘pertencente a Jesus. Se prestarem atenção, o próprio Papa, em certas cerimônias, usa um tipo de chapéu que lembra boca de Peixe... Embora ainda esteja no início, já estamos na feminina Era de Aquário ou Era do Espírito Santo ou Mãe, profetizada até mesmo pelo grande poeta português, Fernando Pessoa, que a denominou de Império do Espírito Santo ou Quinto Império... A Era de Aquário é a Era de Maitréia, porque ela tanto pertence ao Pai, como à Mãe e ao Filho, mas com predominância na Mãe, por ser Ela quem dá forma (plasma) a tudo que o PAI cria, e o Filho executa... – difícil, porém correta explicação da Foca.

– Sei... – só saiu isso do Bode. – “A Era de Aquário ou Era do Espírito Santo, é aquela em


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que se manifestam Fohat, como Luz, e Kundaline, como Fogo, entrelaçados... para a exaltação do Espírito na Matéria” – nova confusão da Foca, mas também sem falha.

– Se bem entendi, será durante o decorrer da Era do Espírito Santo que, finalmente, os humanos conseguirão pôr em equilibro, em si mesmos, as energias de Fohat e Kundaline. Será isso? – perguntou o Bode.

– Acertou! – gritou com entusiasmo, a Foca. – E os que não conseguirem pôr em equilíbrio essas duas

santas energias, até o final da Era de Aquário? – ficou atento o Bode.

– Estarão em outros Orbes... Serão exilados... – disse a Foca. Não continuarão a fazer parte da Terra Renovada, que, então, precisará de Almas vitoriosas! É difícil explicar coisas assim transcendentes.

– O que é transcendente? – perguntou o Bode. – É o que é superior, excelso – esclareceu a Foca. O próprio

Jesus, para tentar ser entendido, falava “por meio de parábolas para o povo, e de modo revelado para os seus discípulos ou Adeptos”.

– O que são parábolas? – outra pergunta do Bode. – São historinhas que fazem a pessoa que ouve ou lê, ficar

atenta, para tentar compreender – informou a Foca. – Se ainda hoje, poucas são as pessoas que entendem assuntos

transcendentes, que dirá no tempo do “Cavaleiro andante com Seus 12 apóstolos”, que foi Jesus, e que aos íntimos falava com clareza, e, mesmo assim, ouvia cada tipo de pergunta... – deu de rir o Golfinho.

– A cruz esquisita, posta, sabem onde... O que ela representa? – interrompeu o Bode com a amolação de sempre.


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– A cruz que você chama esquisita porque está no baixo ventre, não tem nada de mal, é o Caduceu de Mercúrio, o símbolo cósmico da criação sexual. Para melhor compreensão desse Arcano, é não esquecer que ele “representa a Ciência do Bem e do Mal, a Sombra e a Luz da Vida, o Túmulo e o Berço, o Fim e o Começo para novamente recomeçar” – a Foca conseguiu complicar.

– E como vou entender uma coisa dessas? – se exaltou o Bode.

– Calma, amigo Bode, sinto muito, é que não sei explicar de outro modo – pediu desculpas a Foca. Observe o anel de formatura do médico; ele também tem o Caduceu de Mercúrio, pois “o médico joga com a Vida e a Morte das pessoas. A mesma coisa faz o homem com a sua própria vida: joga com o destino enquanto não atinge a Imortalidade”. E joga mal...

– É então o homem o arquiteto de seu próprio destino? – achou isso estranho, o Bode.

– Sim, “incalculável é o mal que homens e mulheres causam ao mundo e a si próprios, pela força destruidora de seus pensamentos hostis, de suas palavras de ódio, de inveja, de egoísmo. Também a calúnia, a maledicência, o rancor, são outros tantos inimigos mortais da Alma”, atraindo um mau destino... Amigo Bode, retornando ao Arcano 15 que tanto lhe desagradou, anime-se! Os 22 Arcanos maiores pertencentes ao Novo Ciclo, o 6º Arcanjo viu todos eles projetados no Céu, e são diferentes dos Arcanos da terminada Era de Peixes. O novo Arcano 15 não é mais você, é um homem vigoroso que usa capa e calção vermelho, e tem três chifres que saem do alto da cabeça dele. O braço direito do homem está voltado para baixo, e o esquerdo, para cima. No lado direito do homem tem uma fogueira saindo


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do chão, e do lado esquerdo um chifre esverdeado. O 6º Arcanjo notou que tanto o chifre quanto a fogueira, “eram móveis, vivos, como se fossem seres...”

– Ah! Agora você vem com uma coisa dessas! Já havia me acostumado com a minha figura no Arcano 15. Reclamei tanto, e quando estava gostando... Vou sentir falta da minha presença num Arcano tão importante. O Arcano 16 também mudou?

– Sim. Todos os 22 Arcanos maiores mudaram. O 16, ao invés da queda dos três reis, lembra? Agora é um grande Deva “gesticulando com uma Espada na mão”, e esta sua atitude faz com que apague a abóbada celeste, o Trono, e todas as “12 filas de Devas diferentes” que circundavam o Trono vazio... Porque o Deva faz isso eu não sei, é tema a ser estudado. Serve assim a explicação?

– Que fazer se não tem outro jeito. Deixei de ser famoso – o Bode ficou melancólico.

– Nos foi ensinado que JEHOVAH foi quem mandou

expulsar o Arcanjo Rebelde do Céu, só não nos explicaram quem é JEHOVAH – chiou a Lontra.

– JEHOVAH é o mesmo ANCIÃO DAS IDADES, o Chefe dos Exércitos Celestes, o Homem Cósmico, o Deus de todas as criaturas, “o Sol que arde em todas as coisas” – foi rápido na lição, o Pinguim.

– Tudo isso?! – assobiou a Lontra. – Sim, tudo isso, e mais o que ainda não sabemos. Cada ser

que existe é uma semente pronta a germinar desse “Bom Semeador” que é JEHOVAH – explicou o Pinguim. Atualmente,


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o mais novo corpo de JEHOVAH é o Guerreiro Akdorge, “augusto senhor provisório da Terra, espelho fidedigno onde se reflete o corpo inteiro de seu PAI”. Akdorge é o escudo protetor do senhor Maitréia, pois ele serve de “barreira kármica entre os deuses e os homens”. Quando JEHOVAH quer se dar a conhecer, costuma fazê-Lo na figura de “Cavaleiro das Hostes Celestes”, montado em seu Cavalo Branco. Aliás, é desse modo que JEHOVAH é representado no Ocidente, e no Oriente Ele é tido como o próprio senhor Maitréia, porque Maitréia também possui, em Si mesmo, a Essência do Pai, do Filho e do Espírito Santo ou Mãe, “seja Mãe-Terra ou Mulher”.

– Vou dormir, não dá para encarar tudo isso – tomou a decisão a Marmota.

– Não dorme não, amiga Marmota, escuta mais esta: há mais de mil anos, no Tibete, assunto já comentado entre nós, uma atuação desastrada, provocada pelo 5º Arcanjo, fez com que o único mártir, naquela ocasião e a partir de então, fosse o 6º Arcanjo. Sabem por quê? Porque o 5º Arcanjo “puxou para a Terra o que deveria permanecer no Céu”, e fez isso de propósito! – fofoca do Pinguim.

– E eu vou entender uma coisa dessas? – a Marmota resolveu dormir.

– Que pena. Vai ficar sem saber que tudo que ocorre no Céu, repercute na Terra. E por que repercute? Porque tudo e todos estão interligados. O homem é um Universo em miniatura. Jesus, ao alertar os discípulos, dizendo: “conhece–te a ti mesmo”, era a isso que ele se referia. A própria “Guerra dos Céus” ou dos “Anjos caídos”, teve repercussão na Terra. Nada é isolado! A repercussão ou consequência pode não ser imediata, mas um dia vem. O próprio homem, por não ter terminado ainda a sua


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evolução, é um ser inacabado... Portanto, imperfeito. O Reino Hominal, ao qual ele pertence, está em formação, por isso o homem ainda traz, dentro de si, em luta, um Anjo e um demônio. Evoluir é não deixar o demônio vencer o Anjo, porque “o demônio é deus às avessas, invertido, de cabeça para baixo”. Fohat e kundalíne, as duas energias que em tudo e em todos existe, no homem a relacionada ao Anjo, é fohat, e a relacionada ao demônio, é kundalíne. O homem que consegue neutralizar, em si mesmo, essas duas energias, ele domestica o demônio... Faz dele um Anjo... Quando, essa batalha interna no homem, termina, ele se livra das reencarnações, podendo então viver em mundos superiores, onde essa luta não mais existe – bonita lição do Pinguim.

– Pensando bem, não se espantem porque eu penso! Quando, dois terços da humanidade, está mais ligada ao bem, o um terço de mal não tem tanta força, mas quando é o contrário... – breve comentário da Lontra.

– Seria o caso de agora, amiga Lontra? – suspeitou o Cão. – Acho que sim. Não deveria ser, pois hoje a maioria dos

humanos sabe discernir o certo do errado. O mal que faz é quase todo consciente, e isso é julgado com mais rigor pela Lei Divina. Muitos erros e maldades poderiam ser evitados, mas como nada se faz para impedir, seja por indolência ou por outra coisa qualquer, “a humanidade pagará segundo o que criou” – recado da Lontra que deveria ser levado em consideração.

– O PAI não terá sido severo demais com o Arcanjo Rebelde? – a Onça se atreveu a dizer isso.


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– Você acha que o ETERNO não sofreu? – discordou o Gavião. Nenhum pai gosta de punir o filho. Tanto sofreu, que a recomendação Dele ao 6º Arcanjo, foi de que nunca, quem quer que fosse, deveria ofender e nem atacar o filho faltoso.

– É verdade, havia esquecido. Mas será que o Arcanjo imaginava que sua desobediência teria efeitos tão desastrosos e tão duradouros? – insistiu a Onça.

– Como saber? Quando, da sua “queda na matéria”, que é a forma mais correta de intitular o que aconteceu, a revolta o dominava inteiramente. O passar dos tempos, porém, fez com que ele passasse a olhar com mais brandura o trabalho do irmão, embora nunca deixasse de prejudicá-lo, desde que visse, na ocasião, oportunidade de adiantar o seu próprio trabalho futuro – explicou o Gavião.

– Difícil aceitar isso – não fez mais perguntas a Onça. – Aos olhos do mundo, todo esse Drama Celeste parece

errado, mas não é tanto assim – crocitou o Gavião. A própria conduta dos Deuses responsáveis pela verdadeira Lua, já naquele tempo imemorial, a Lei Divina havia desaprovado, assim como desaprovou os fatos ali consumados, que, mesmo tendo decorrido tanto tempo, acabou por influir na decadência dos Atlantes, e, muito antes, influiu, também, na “queda demoníaca ou mais que animal dos seres decadentes do final da raça Lemuriana”, um tipo de degradação que, ainda hoje, infelizmente, persiste na humanidade... Quase nada, na atualidade, é digno da Era de Aquário, e isso é lamentável, pois no decorrer da Era de Aquário, será desenvolvido, no homem, a mente superior, abrindo para ele as portas de uma nova percepção: a intuição ou o chamado 6º sentido, um a mais dos cinco que o homem já possui (visão, audição, tato, paladar e


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olfato). Embora muitos se esforcem, na atualidade estão em decadência as religiões, as filosofias, assim como a Política... Atualmente, pouca coisa no mundo escapa da degradação, sinal evidente do final dos tempos...

– Sempre atento à angústia do filho, várias vezes o ETERNO,

e não foram poucas as vezes, deu oportunidade ao Anjo Rebelde de se redimir. Sabem como? Experimentando-o... – revelou o Boi.

– Como assim? – os bichos ficaram atentos. – Permitindo que ele se avatarizasse em determinados seres,

sem ser vingativo... Mas mesmo assim, a sua tônica de rigor sempre exigia o melhor, e em situações que lhe desagradavam, ele se revoltava que nem fez Jesus “ao expulsar os vendilhões do Templo, que ainda não era, evidentemente, um templo cristão, mas Jesus reconhecia, no referido santuário, todo o valor espiritual que até hoje possui, qualquer lugar onde em seu nome ou de Seu PAI, duas ou mais pessoas estiverem reunidas” – explicou o Boi.

– Que templo era esse em que Jesus tomou tal atitude? – ficou curiosa em saber, a Corça.

– O Templo de Júpiter – respondeu o Boi. Mas não foi com os feirantes que “o Cristo Temporal tomou de um vergástulo (chicote) para expulsar os vendilhões do Templo”, mas sim com os sacerdotes, que, conforme Jesus mesmo afirmou, estavam “fazendo da Casa de Meu Pai mercado vil”. São os mesmos infames de outros tempos... Os mesmos que, agindo como forças do mal, “apedrejaram Cristo e o crucificaram entre dois ladrões. Foram essas mesmas forças do mal que lançaram os primeiros


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cristãos às feras nos circos romanos, espalhados por todo o império; e a elas se deve, também, a guerra aos Templários, e à Revolução Francesa. Da inutilidade dos seus esforços nos fala toda a História”. Cristo não distinguia santuários, o Templo dele era o Cosmos, e seu altar as humanas criaturas. Os sacerdotes, escribas e anciãos do povo, ficaram indignados com a ousadia do Mestre, pois “não podiam admitir aquele intrujão na vida deles. Jesus já os havia expulsado de um Templo, hoje tido por pagão como todos os outros anteriores a Jesus, mas que ele chamou de Casa de Meu Pai”. Chamou-o assim, porque Jesus não tinha preconceito de espécie alguma. “E Jesus tinha razão, porque, se aquele Templo era dedicado a Júpiter, este nome é idêntico ao de Jove, Jehove ou Jehovah, por isso mesmo, tanto Pai de Jesus, como de todos os seres da Terra. Não se julgue que os tais vendilhões do Templo eram feirantes, além do mais, porque as autoridades daquela época não permitiriam jamais semelhante profanação num Templo. E sim uma referência aos sacerdotes daquela época que já faziam mercado vil com as coisas divinas. Um crime de profanação, de lesa–Divindade ou Evolução, muitíssimo maior do que se o fora de simples feirantes” – magnífica lição do Boi.

– Quanta coisa ignorada! – admitiu a Corça. – “A plebe, digamos, os sacerdotes, os fariseus, revoltados

com Jesus por terem descoberto que ele queria governar espiritual e temporalmente aquele povo, ainda que desconhecessem a existência dos dois Irmãos... Por escárnio lhe deram o título de Jesus Nazareus Rex Judeorum (Jesus nazareno rei dos judeus), como quem diz: estás aí entronizado e não no Trono que desejavas possuir, tu que ninguém conhece a origem, mesmo que digas que és da nossa raça...” – acrescentou, sem


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temor, o Boi. – Não o reconheceram... – lamentou o Cordeirinho. – Por essas e outras, é que Jesus, indignado, exclamou em

alto e bom som: “Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas! Sois semelhantes a sepulcros caiados, que por fora parecem bonitos, mas por dentro estão cheios de ossos de mortos e de toda podridão” – relatou mais essa parte, o Boi.

– Jesus não podia mesmo catequizar com mansidão seres assim – deu sua opinião a Corça. Seria o mesmo que elogiar o que os sacerdotes estavam fazendo: negociar favores em causa própria, com as coisas sagradas.

– Como teria sido o trabalho do Arcanjo Rebelde se ele

tivesse seguido as instruções do PAI? – quis saber a Corça. – Provavelmente promoveria o nascimento de seres dignos

de sua realeza, pois como “Dirigente Celeste da Terra”, ele deveria guiar espiritualmente o 4º Arcanjo, até que este terminasse o seu mandato. Da raça Ária em diante, ele governaria a Terra, inspirado pelo seu tutor e guia espiritual, o 6º Arcanjo. Mas como nada disso aconteceu, ele ficou sem o privilégio de ser o Portador do Conhecimento para os seres da Terra. Passou então, a pesar sobre seus ombros, como uma pesada cruz, a sombria “Luz amarga ou sacrificial” – arruou o Boi.

– Esta nós não vamos decifrar!! – garantiu a Corça. – Por que não? – encorajou a Coruja. Luz amarga ou

sacrificial, deve ser o Arcanjo ter que provar do mesmo “trago de fel, o vinagre que foi oferecido por Longuinho ao Jesus


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crucificado”.

Fã da Mitologia, o Javali, grunhindo, perguntou o seguinte aos companheiros:

– Vocês sabiam que Prometeu, um personagem da Mitologia grega, roubou dos Céus o Fogo dos Deuses “para distribuí-lo na Terra e não voltar aos céus”? Júpiter, no entanto, ou seja, o mesmo JEHOVAH, Deus do Raio, não aprovou o que Prometeu fez. Castigou-o, acorrentando-o num rochedo, onde, diariamente, uma Águia lhe devorava o fígado, mas esse órgão sempre se renovando... Já viram coisa pior? Condoído com esse milenar castigo de Prometeu, o grande herói Hércules um dia livrou-o desse martírio...

– Mas também com esse nome... Prometeu tem que cumprir – essa do Peru...

– Não vai dizer que Prometeu... – o Pinguim nem terminou, porque o Javali logo confirmou:

– É, sim, o que você está cogitando! A figura de Prometeu simboliza o Arcanjo Rebelde, o “representante da Luz das Esferas”, o qual roubou dos Deuses o fogo da Inteligência, a fim de trazer para si a Luminosidade que havia perdido... Mas esse mesmo Fogo da Inteligência ele doou à humanidade... Por isso ele é “o maior instrutor dos homens”, pois como “senhor do mental”, ele sabia que “a Ignorância conduz ao chamado Mal”. A forma simbólica como Prometeu é apresentado na Mitologia, também representa a “humanidade acorrentada nos grilhões da Ignorância, ou falta de Conhecimentos superiores”.

– Já havia ouvido algo a respeito, mas foi sobre um tal de


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“Prometeu encadeado”. Seria o mesmo? – indagou o Pinguim. – Prometeu encadeado, Prometeu agrilhoado, Prometeu

acorrentado, são títulos de uma mesma peça de teatro do escritor Ésquilo, nascido em 525 a.C., peça que expressa “a Verdade divina que dormita tristemente no íntimo de cada pessoa, à espera de carinhosa mão que venha despertá-la do sono profundo e amargurado em que vive, a fim de elevar-se altaneira e crepitante, tal como o Fogo Sagrado que a gerou!” Ufa! Não é linda a interpretação que dei? – ficou esperando o Javali.

– Conseguiu respirar? Desde que não chame Ésquilo de Esquilo, pra mim tudo bem. – brincou com a semelhança do nome, o próprio Esquilo. Pior é o que aconteceu ao próprio Ésquilo, caso seja verdade o que contam: que sua morte foi provocada por uma Águia, que, em pleno voo, segurando sob as garras uma Tartaruga para o seu almoço, confundiu a calvície do escritor com uma pedra... E na tal “pedra” a Águia resolveu jogar a Tartaruga, para que a carapaça da mesma se partisse. Seria isso uma alegoria? Ou foi mesmo falta de sorte do grande escritor?

– A parte revoltada ou sombria do Arcanjo, era a mais

temida, porque nela estava concentrada toda a força de Kundaline, a energia santa ligada ao Sexo e ao Seio da Terra... Já a sua parte luminosa, estava concentrada na força de Fohat, a energia santa ligada à Inteligência e aos Céus... – revelou isso a Capivara.

– O Arcanjo não se conformava com a evolução lenta dos seres humanos. Um dia, de tão amargurado que estava, falou


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assim para o PAI: “Por que ages desse modo? Não vês quanto eu sofro? Dá-me um momento de paz que não seja desse modo“. Em outras ocasiões, ele declarava amor ao PAI, mas ao mesmo tempo dizia que O detestava. Passada a revolta, era envolvido por uma Luz poderosa, e então se voltava como o mais amante dos filhos: “Me sinto como Tu, Onipotente, Onisciente, Onipresente...” O PAI então o enchia de Seu Hálito Caritativo, mas logo em seguida, como amarga e dura lição, mostrava-lhe a situação em que ele colocara o mundo, e a eterna vítima em que se transformara o irmão – prosseguiu a Capivara.

– Mas o Arcanjo Rebelde não deixa de ser, também, uma eterna vítima – sustentou o Cavalo. Pois não tendo a humanidade alcance para entender os motivos que o levaram a agir como agiu, continuam a insultá-lo e a menosprezá-lo, e isto é sofrer!

– Tem razão, amigo Cavalo – a Capivara concordou. Como conseguir explicar aos humanos, as oportunidades que o PAI dava ao filho rebelde, de atuar nos Corpos ou Vestes que o próprio PAI criara com o seu Poder de Vontade? Como tornar claro, que a Alma desses Corpos ou Vestes, era o próprio 6º Arcanjo, e a Essência Divina dos mesmos, o próprio ETERNO? Como fazer entender, que tais Corpos ou Vestes, às vezes agiam invisivelmente, e às vezes tomavam forma física? Como expor que esses Corpos ou Vestes, quando preciso, agiam em auxílio do 6º Arcanjo e de sua parte feminina? Como expressar que esses Corpos também são Vestes do próprio ETERNO? Como tornar inteligível que, com a aprovação do PAI, algumas vezes esses Corpos ou Vestes foram utilizados pelo Anjo Rebelde, e o seu desempenho foi notável? Tudo isso já foi explicado, mas é preciso repetir, porque sem entender esse jogo divino, tudo se torna ainda mais complicado.


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– Não dá mesmo. Nem sei como você conseguiu enumerá-los tão bem – elogiou o Cavalo.

– Da humanidade o Arcanjo Rebelde só tem recebido repulsa e desprezo. Que tristeza maior para ele? Mas hoje é esplêndida a capacidade mental das humanas criaturas. Já se pode levantar um pouco o véu do mistério. O que não se pode mais, é adiar! Há que se levantar uma ponta do que estava encoberto... E a finalidade disso, é ajudar o trabalho do próprio Arcanjo, quando, em 3005, ele governar a Terra. A humanidade precisa tomar conhecimento das ações do Senhor da Terra – foi veemente em dizer isso, a Capivara.

– O sentimento do Arcanjo Rebelde, para com o seu irmão salvador, oscilava sempre entre ódio e admiração. Vagando entre um e outro sentimento, ele não tomava uma resolução acertada. Era como se dissesse para si mesmo: “Olho e não vejo, penso e não crio nada que me possa servir de auxílio, sinto-me em pedaços, vivendo em toda parte. O que era e continua sendo meu, passa a não ser. Fecho os olhos, tapando-os com as mãos, e sinto apenas dois buracos. Onde estão meus olhos? Onde estão minhas mãos? Onde estão os meus pensamentos, os meus atos? Sei que não sei, e continuo querendo saber alguma coisa”. Vocês acham que isso não é sofrer? – perguntou a Capivara.

Uma cachoeira de lágrimas foi o que assisti. Nem todos os bichos entendiam a história do Arcanjo, mas ficavam penalizados com a sua desventura e desolada situação. Ouvindo todas essas coisas, eu também não conseguia me conter. Chorava com eles.

– Nós, os bichos, nos dispomos a espalhar todas essas coisas para a humanidade – propôs a Capivara. Não vamos mais admitir que considerem o Arcanjo “como espírito do mal, e não


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como oposição ao bem”. Chega de defini-lo “como inimigo de Deus, o perseguidor das almas, o entronizado no Inferno, embora que real no verdadeiro sentido da palavra”, pois enquanto a humanidade não entender que o mal está nela mesma, o Arcanjo realmente viverá num Inferno. Sem saber, os próprios seres da Terra colaboraram para o sofrimento deste Arcanjo, pois distorcerem uma verdade tão linda e tão triste, que, afinal, é a própria história deles. Os “Senhores de Vênus, altas inteligências cósmicas que adotaram a Terra, e que deram à humanidade o intelecto”, esse mesmo intelecto fará com que um dia a humanidade entenda tudo que neste encontro estamos comentando. O signo dos venusianos, em forma de chifres, eles o carregam simbolicamente na cabeça. A distorção das coisas sagradas, é mais fácil do que pôr a mente a trabalhar.

– Tenho uma informação daquelas! – gritou o Boi. Um dia o

Arcanjo Rebelde cansou... – Oba! Maravilha! Que formidável! – Calma, amigos! – pediu atenção o Boi. Deixe-me explicar:

“Depois de várias tragédias, de vários mistérios, combates ou destruições, seguidos de construções”, finalmente o Arcanjo arrependeu-se. É bem verdade que o arrependimento veio quase no final do tempo estipulado para ele... Mas veio, e era previsto pela Lei Divina, que tudo sabe por antecipação... Seu sofrimento então aumentou consideravelmente, pois nada mais podia fazer para remediar o que já havia feito. Agoniado, passou a observar mais atentamente as tentativas que o irmão fazia para salvá-lo, e os sofrimentos pelos quais passava para


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isso. Passou a sentir o sofrimento do irmão, “pelos erros do mundo e, mais que isso, pelos erros daqueles a quem salvara...”

– Qual a reação do Arcanjo diante de um sentimento assim, até então desconhecido para ele? – rugiu a Onça.

– Chorava – respondeu o Boi. – Mas isso ele já fazia antes – ponderou a Onça. – Sim, mas agora era um choro convulsivo e muito mais

sentido, pois além do arrependimento, vinha para ele, na mesma ocasião, lampejos de quem poderia ser... Passados esses rápidos momentos, a revolta reacendia... E então ficava confuso com essa duplicidade de sentimentos. Passou a sentir que sobre ele pesava um estigma fatal que o acompanhava, e que não conseguia identificar. Seria esse estigma fatal o responsável por tudo que ele passava, e pelos insultos que a humanidade desfechava contra ele? Mas então qual seria o seu nome? – relatou o Boi.

– Mas meu DEUS que penitência! – exclamou a Onça. – Enquanto o arrependimento não o havia tocado, ver morrer

os que lutavam por sua reabilitação, lhe era praticamente indiferente, mas quando tocou... Tudo no Arcanjo mudou. Embora ele ainda não soubesse compreender porque tantas e tão diferentes emoções o assaltavam, acredito que a angústia, o remorso, a preocupação, o temor, o arrependimento, o pesar, eram sentimentos que não o largavam – tentou o Boi explicar, para os seus companheiros, o que o Arcanjo provavelmente poderia estar sentindo.

– Deve ter sido mesmo horrível, pois “a consciência é o próprio Espírito em luta” – anotou o Pinguim o que ele mesmo dissera.

– Por mais que nos esforcemos, nenhum de nós e nem mesmo os humanos, saberíamos avaliar a luta interna do Anjo Rebelde – concluiu o Boi.


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Com sua bonita galhada, a Rena disse ter um fato interessante a contar, ocorrido em 1890, bem antes do arrependimento do Arcanjo. Disse ela:

– Um dia, ao celebrar a santa missa no Vaticano, o severo e ao mesmo tempo bondoso Papa Leão XIII, “viu e ouviu” uma estranha conversa entre o Anjo Rebelde e o Cristo, em que aquele pedia a este um prazo para derrubar a Sua Igreja... O Papa ficou tão assustado, que saiu rápido do altar, deixando os fiéis sem entender o que se passara. O diálogo que o Papa ouviu, foi mais ou menos assim: O Arcanjo Rebelde dizia para o Cristo: “Sempre consegui fazer muitos estragos na vossa Igreja, e, se tivesse mais liberdade... Nosso Senhor então perguntou: Que é que tu farias se tivesses mais liberdade? Destruiria a Igreja! – respondeu o Arcanjo. Nosso Senhor então disse: Quanto tempo tu queres para isso? Cinquenta... sessenta anos... – disse o Arcanjo. Nosso Senhor então concluiu: Está bem, concedo-te esse tempo e depois faremos as contas”.

Tudo quanto era olho estava esbugalhado. Os meus também. O Gato chegou a comentar, que, provavelmente, o Arcanjo achava que nessa disputa ele se sairia bem. Já o Cão foi mais cauteloso, disse que a visão era um generoso aviso do Céu, para que a Igreja reformulasse os seus conceitos, ou seja, se atualizasse.

– A Igreja reformulou? – todos os bichos fizeram a pergunta. – ??? – Já se esgotou o tempo pedido pelo Arcanjo? – latiu o Cão. – Claro! O desafio foi em 1890 – disse a Rena. Terminado o


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prazo, o Cristo passou a cobrar do Anjo Rebelde o compromisso assumido. Descontente, ele se rendeu, mas foi por pouco tempo. Uma nova tentativa, mas ainda estava indomável. Fugiu. Dias depois, talvez inconformado por ter de assumir o compromisso assumido, aproveitou um momento em que o 6º Arcanjo se entregava ao sono, e, assediou-o violentamente. Porém, sempre vigilante, o 6º Arcanjo no mesmo instante revidou, travando com ele Luta feroz, vencendo-o com a sua Espada Viva... O Arcanjo então ouviu o que não queria, pois chegara a hora de um ajuste de contas pessoal... Uma espécie de julgamento improvisado, em que todo o passado veio à tona... O Rebelde tudo ouviu calado... Por fim, retirou-se, mas não com humildade.

– Mas o momento era inadiável – continuou a Rena. O Arcanjo deveria cumprir a palavra e ir a Julgamento. Nova tentativa, e, finalmente, ele veio. “Falou, revelou-se e penitenciou-se”. Diante da Taça do sofrimento dos avataras, ele se pôs “de joelho esquerdo em terra, e, cobrindo com os braços a sua face”, mostrou estar ansioso em beber a Essência da Taça da Salvação... Mas foi contido pelo Arcanjo Mikael... Nesse justo momento, “a Pedra Ígnea que honra a sua hierarquia divina”, readquiriu vida, fazendo retornar a sua Consciência de Planetário... Então, mais que rápido o 6º Arcanjo avatarizou-se no Arcanjo Mikael, arrancando, com incrível rapidez, da fronte do Arcanjo, a Pedra Ígnea da sua realeza! Segurando-a firme, passou a agir, diante do Arcanjo, como se fosse um espadachim, pois movia a mão repetidamente, tentando, com esse gesto, controlar a ânsia do irmão em beber na Taça da Salvação, angústia que o irmão teria que suportar... A Pedra Ígnea ou Pedra Rubra é a Consciência Luminosa do Arcanjo, chamada, pelos humanos, de Tetragramatom, e que é simbolizada por uma estrela de cinco


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pontas, a qual alegoriza o Homem Cósmico, que é JEHOVAH, com seu Nome circunscrito pelas quatro letras sagradas hebraicas: YOD–HÉ–VAU–HÉTH. Com o ambiente cheio de Devas, o Arcanjo finalmente cedeu de todo... Extremamente comovido, ele reconheceu o que há milênios tantos esperavam... “Meu excelso irmão, meu Redentor”, disse ele, enquanto um fulgurante raio rasgava a imensidão do Céu, mas na Face da Terra todos dormiam...

– Lindo! Mas também triste. Continue, amiga Rena, estamos por demais interessados na continuação – pediram os bichos.

– O Arcanjo Mikael, após cumprir a função que lhe cabia naquele exato momento, voltou ao seu posto de trabalho. Enquanto isso, o Arcanjo Salvador, expondo-se a sérios riscos... Levou o Arcanjo para a Mansão Celeste, onde o rebelde, “chorando, exclama: ‘Estou em Shamballah! ’. Sim, como se estivesse no Céu, em seu próprio Trono”. Fora levado ali para que pudesse compreender...

– Compreender o quê? – Galinha nunca entende. – Compreender sua real situação, tomar consciência de que

ainda havia muita coisa a ser readquirida para ele voltar a ser o que era antes... “Tendo perdido outrora a sua Inteligência, aos poucos a foi ganhando, até ficar igual ao seu passado”, e isso ele conseguiu mais rapidamente no período vivido em Shamballah, pois a Cidade Eterna, foi o toque que faltava para ele alcançar “o máximo de intensidade, tornando-se igual a como era em cima, antes da renegada, mas espiritual queda”. Atitude perigosa a do 6º Arcanjo, encaminhando-o para a Cidade dos Deuses, porém, compreensível, pois com a vibração de Shamballah, e a presença dos augustos seres ali existentes, o Arcanjo deixaria de ser ruim.

Diante do que haviam ouvido, nenhum bicho se mexeu. A


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maioria chorava. O Papagaio então ficou um bagaço. A Rena também chorava. E eu, como sempre, acompanhava na choradeira.

– Mas ele ficou prisioneiro de um Paraíso? – estranhou a Cabra.

– Sim, foi levado para Shamballah por amor do irmão, e por ele ser um tesouro extraviado do Céu – admitiu a Rena. Razão de lhe ter sido dado, como “prêmio-castigo”, um trono-prisão, ou melhor, um retrotrono, por ser oposto ao da frente. No da frente está o seu substituto, o Guerreiro Akdorge, o atual Rei do Mundo, “lutador do Mal”, porque ele representa, na Terra, a Justiça Divina. A ele o 6º Arcanjo entregou a sua Espada Flamígera, com a qual, por várias vezes, combateu seu pertinaz inimigo... Akdorge ocupará o Trono de Shamballah “até que o outro... chegue a possuir semelhante privilégio”. Espero que tenham entendido. Nenhum lugar mais apropriado que Shamballah, para o “prisioneiro de seu próprio Trono” reconquistar a sua Consciência Planetária, e a sua vitalidade de Kumara. “Cercado de luzes, de magníficos esplendores, mirando o Céu, o Trono que se destaca na Casa de Deus”, tudo isso ajudaria o Arcanjo a readquirir mais rápido a sua Consciência deífica, tornando-o um vitorioso, embora que, “no sentido de volta...”.

– Que lindo! A vitória dele foi também vitória do irmão salvador e da Lei Divina! – assegurou a Onça.

– Exatamente! “A Pedra Rubra da direção do mundo”, que o 6º Arcanjo arrancou da fronte do Arcanjo Rebelde, passando-a no mesmo instante para o Cavaleiro Akdorge, este agradeceu cantando assim: “Eu sou Lohengrin. Meu Pai é Parsifal”. Esse canto foi esclarecedor para o Arcanjo, pois fez com que ele


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compreendesse porque fora Akdorge o escolhido... – finalizou a Rena.

– Quando foi que o Arcanjo Salvador percebeu estar o

Arcanjo Rebelde dando mostras de estar se arrependendo? – perguntou a Corça.

– Quando o seu próprio peito iluminou-se... – respondeu o Boi. O coração do Arcanjo Salvador tornou-se ígneo como se estivesse do lado de fora... Era a Pedra Rubra do faltoso, que, em seu peito, reacendia... Cinco vezes isso aconteceu. Ora a Luz era verde, ora vermelha... Sinal de confraternização...

– Que deslumbrante! – declarou a Corça. – Uma profecia muito antiga, existente nas bibliotecas dos

Mundos Interiores, já apontava de um dia isso vir a acontecer – disse o Boi. Profecias ou prognósticos são avisos antecipados do que pode ou não acontecer.

– Mas adianta avisar se tiver que acontecer? – indagou a Corça.

– Adianta, porque uma mudança de comportamento pode alterar a profecia. A ciência e a tecnologia substituíram os profetas do passado. São poucos os que ainda têm esse poder. O que mais existe são charlatões, pessoas induzindo os incautos a acreditar neles. Hoje a ciência pode diagnosticar, com razoável antecedência, catástrofes, ou melhor, algumas alterações da Natureza, dando tempo para que as pessoas se previnam. Mas nem sempre isso acontece. O lamentável, é que ninguém ouve o clamor da própria Terra, que claramente mostra estar precisando de socorro. A Terra vive um período


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crucial... Mas não é ouvida. Nem mesmo as autoridades mundiais, que têm condições de ajudá-la, se recusam e se acusam mutuamente, e nada de concreto resolvem. Enquanto isso o karma mundial se alastra... Aumentando de tamanho e de peso... Vê-se bem que os elementos revoltados da Natureza estão prestes a ser liberados de todo, e isso será terrível. É por isso, amiguinha Corça, que as profecias ou prognósticos ruins, quase sempre se realizam.

Saindo de sua imobilidade habitual, a Coruja, símbolo da

sabedoria, cujo pescoço consegue girar até 180º, pousou de frente para os bichos, e, sem se importar com a fama de que seu piar e voo silencioso, é de mau agouro porque anuncia a morte, passou a sussuriar:

– São três os astros envolvidos no mistério dos três Arcanjos da nossa história: a Lua, representando o passado; a Terra, representando o presente; e o Sol, representando o futuro. Ou, o que é a mesma coisa: o passado representado pelo 4º Arcanjo, o presente pelo 5º Arcanjo, e o futuro pelo 6º Arcanjo.

– Sim, e daí – de novo essa mania do Esquilo. – Daí que, 32.000 anos é o tempo que o Arcanjo tem para

voltar a ter a luminosidade de antes... Esse longo período já está sendo cronometrado desde o ano 2000. Quanto aos 32.000 anos, será dividido assim: 16 Ciclos de 2.000 anos cada um, durante os quais o 6º Arcanjo e sua parte feminina, terão 8 vidas como avataras integrais, e 56 encarnações esparsas. Findo os 32.000 anos, o 6º Arcanjo e seu elemento feminino retornarão ao Céu. Não mais estarão entre os homens – a Coruja revelou isso e voou.


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– Repouso mais que merecido – acentuou a Águia. – Embora fugindo do bem, o Arcanjo Rebelde conseguiu, na

sua peregrinação multimilenar, alcançar “o fim da mais que sombria estrada” percorrida por ele. Quando governar a Terra, no princípio ele será como um “Peregrino da Vida”, percorrendo nova e apoteótica estrada do bem. Terá o seu Cetro e a sua Coroa, como recompensa divina que as eternidades lhe destinam. Mesmo sendo ele uma divindade, a natureza do seu trabalho acabou por envolvê-lo de determinada matéria grosseira, e, por isso, foi exigido que ele passasse, de cidade em cidade, da Agartha, como se fosse um judeu errante, a fim de sujeitar-se a uma espécie de purificação... Essa peregrinação foi como um banho espiritual, ainda mais que o fez avatarizado no corpo de um ser de primorosa evolução espiritual – a Coruja voltou a ensinar.

– Depois dessa jornada, ele teve que “percorrer o mundo inteiro em todos os sentidos”, avatarizado num ser de alta estirpe, a fim de “contemplar os destroços de uma civilização que poderia ter sido sua”. Vendo o castigo das pessoas que viraram as costas para a DIVINDADE, ele chorou muito, sofrendo com o mal que havia deixado na Terra – nova lição da Coruja.

– Depois disso, acompanhado de dois escudeiros ou colunas, foi levado a “Julgamento num corpo que não era o seu”. Conduzido a um recinto apropriado, ele se viu diante do “Grande Revelador Melquisedeque, Rei Guerreiro e Sacerdote do ALTÍSSIMO, Senhor da Luz e da Justiça”, devidamente paramentado para julgá-lo... Rodeando o Rei Melquisedeque,


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estavam Seus sete principais Sábios, mais o 4º e o 6º Arcanjo. Realizado o Julgamento, o Arcanjo foi considerado redimido, mas com liberdade assistida... Ficou assentado que, durante 1000 anos, a contar do ano 2005, ele trabalharia pela evolução da Terra e dos homens, em surdina... Ou seja, com estratagemas, astúcia e disfarces – sussuriou a Coruja.

– Mas ele já não fazia isso antes? – Salamandra esperta. – Sim e não – respondeu a Coruja, e não quis mais estender o

assunto. – Trabalhar em surdina não seria um teste para ele mesmo? –

boa pergunta da Salamandra. – Pode até ser – respondeu a Coruja. De qualquer modo, a

evolução dos seres da Terra não poderia prosseguir sem a tônica do rigor, e esta cabe ao Arcanjo Redimido.

– Poderia explicar melhor? – pediu a Salamandra. – Há que haver rigor, pois os seres da superfície da Terra

ainda trazem o mal dentro de si – fechou o bico a Coruja. O Cão, social e grande amigo do homem, excelente olfato e

audição, inteligente, rápido em aprender, latindo com insistência, lançou a sua desconfiança:

– Vocês acham que o Arcanjo, conforme aponta a própria Bíblia, vai ficar só observando, por 1000 anos? Ainda mais que ele não aprova o termo redimido dado a ele, pois diz que “lançou mão do mal para ocasionar o bem”.

– Amigo Cão, isso em absoluto não me preocupa!– disse a Ave do Paraíso. Mesmo porque, “o espírito sopra onde quer”. Creio que isso responde à sua insinuação. Quanto ao termo


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redimido, é fato, o próprio Arcanjo, disse assim: “Nunca fui redimido porque meu papel foi sempre este”. Desde o Julgamento ele busca recuperar os esplendores dos 7 estados de Consciência que lhe pertencem, mas perdera... Não se pode, porém, desconsiderar os vários deslizes e exageros que a sua parte sombria e revoltada, cometeu... Mas isso não cabe a nós, e nem aos humanos, avaliar, é coisa entre ele e o PAI.

– Mas como pode, agora que está redimido, ser mantido prisioneiro? – insistiu o Cão.

– Não é prisioneiro no sentido desagradável da palavra, ele vive no interior de uma montanha, cuja dimensão espacial é diferente da nossa. 1000 anos onde ele se encontra, é quase nada. A sua parte, antes revoltada, é que precisa de mais tempo... Com pessoas comuns isso também acontece. Quantas, apesar de generosas e evoluídas, ainda guardam, dentro de si, algo que precisam superar ou transformar... – desse modo simples explicou a linda Ave do Paraíso.

Sentado em cima de uma pedra para melhor ser visualizado,

o Sapo deu de coaxar: – Tenho algo sério a dizer. Após ser redimido, o Arcanjo quis

reverenciar o irmão que tanto fizera por ele. Mandou então o Anjo Maliak ao encontro do Arcanjo Salvador, a fim de sugerir-lhe algo relacionado ao “embrião do mal...” Tendo o Arcanjo readquirido a sua Consciência Planetária, ele sabia que, mais dia menos dia, o Arcanjo Salvador iria enfrentar a perigosa forma criada por ele enquanto estivera espiritualmente cego... O próprio senhor Rigden-Djyepo, nome que significa “Reino da Terra” ou “Esplendor do


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Dia”, já antes havia alertado o Arcanjo Salvador, sobre o grande risco que correria, em enfrentar tão perigoso ser...

– Esse embrião tinha então forma? – suspeitou o Galo. – Sim, forma animal... – respondeu, cauteloso, o Sapo. Seja

quem for, seja divino ou não, tudo que faz, pensa, fala, e sente, tem forma, cor, vibração, e odor. Desde que houve a “redenção do maior de todos os faltosos”, esse “embrião do mal”, na sua original criação, andava confuso... Por quê? Porque não mais recebia ordens de seu senhor... Mais confuso ainda o “embrião” ficava, porque aquele Ser de Luz, que ele insistentemente observava, sequer o temia ou reclamava por estar sendo espionado. Por que ele, “embrião do mal”, tendo tanto poder, não recebia ordem de seu senhor para acabar de vez com aquele Ser de Luz?

– Que coragem a do Arcanjo Salvador! Eu já teria dado no pé! – disse quase desmaiando, o Peru.

– Os dias foram passando, e o “embrião do mal” cada vez mais confuso com o silêncio de seu criador... – prosseguiu, cauteloso no assunto, o Sapo. Aquela forma animal, com “dois olhos verdes mantidos por um sistema de miríades de pontículos vermelhos”, estava indeciso... Sua vibração era tão terrível, que de um só golpe ele poderia matar o 6º Arcanjo. Mas como nada acontece sem que a Lei Divina consinta, o dia para o enfrentamento final chegara... Aconteceu então algo inesperado e surpreendente! Com tal intensidade a grandeza da mente e do coração, do Arcanjo Salvador, se projetou como Luz, sobre o “embrião do mal”, que este não resistiu... Foi vencido... Não foi derrotado, foi ven-ci-do! Vitória radical! Que teve, em parte, a colaboração superficial do seu próprio criador, que, estando de posse da sua Consciência Planetária, “soube recompensar,


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enviando o Anjo Maliak e, auxiliando assim a vencer a sua própria criação”.

Esse relato, deveras impressionante, deixou os bichos estáticos e eu em suspense. O Sapo achou um exagero ficarem assim tão perturbados, tanto que não deu a mínima, e continuou:

– Esta sensacional Vitória sobre o “embrião do mal”, fez chegar ao máximo o trabalho desenvolvido pelo 6º Arcanjo! Por que digo isso? Porque, redimido o criador do “embrião”, ambos, criador e criatura, não mais representariam a maldade. Mas o caso é que mesmo tendo sido vencida “a forma mental pelo Arcanjo formada, e tudo quanto ele fez para a ruína do mundo, restou o mal que os homens têm feito até agora, e que, por infelicidade, existe em cada um dos que não passaram para o Novo Ciclo”.

– Mas já se sabe os que não farão parte do Novo Ciclo? – ficou surpreso o Ratinho branco.

– Sim, sabe-se porque os homens já foram julgados. Mas cada um sabe, internamente, se é merecedor ou não de participar da Terra Renovada. A própria consciência lhe diz... – deixou perceber isso, o Sapo.

– Madame Helena Blavatsky, mártir e heroína do século 19, ela mesma já dizia: “Entre a mão direita e a esquerda, só existe um tênue fio de aranha”. Com isso ela quis dizer que facilmente se passa do bem para o mal, sem mesmo perceber... Daí a vigilância que cada um deve ter para consigo mesmo, pois pode, a todo o momento, estar criando filhotes daquele fatídico “embrião do mal”. Atentar sempre para o que fala, faz, pensa e sente... Esses filhotes do mal, que a humanidade, sem perceber, a todo o momento cria, precisam ser combatidos com “boas ações, moral irrepreensível, inteligência superior, esforço e trabalho” –


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ótima lição do Sapo. – Muito bem, amigo Sapo. Parabéns! – o Papagaio soube

exaltar o companheiro. – “O Arcanjo, adquirindo o seu verdadeiro Lugar, a criação

perdendo a sua total vitalidade, não mais podendo fazer mal a ninguém”, o que sobra é “o mal que os homens têm feito até agora e que, por infelicidade, existe em cada um dos homens que não passaram para o Novo Ciclo”. São aqueles que deixaram a Centelha divina ir embora... Esses continuarão com o seu dragão interno, espécie de anticristo a lhes corroer a Alma – finalizou, dramatizando, o Sapo.

– Que belo quebra-cabeça! – exclamou o Papagaio. Vou levar um tempão para converter tudo isso em coisa a ser entendida. Mas eu chego lá!

– É fácil entender, amigo Papagaio. Assim como se cria um “embrião do mal”, se cria, também, um “embrião do bem”, e esse foi sendo criado pelo 6º Arcanjo, nos multimilênios em que trabalhou a favor da Verdade. Na vida em que ele venceu o fatal “embrião do mal”, a sua saúde ficou para o resto daquela sua existência seriamente comprometida. “Quem perde a saúde perde a maior das fortunas”. Neste seu infortúnio, colaborou, também, a humanidade, pois o merecimento desta era insuficiente para se ver livre dessa “embrionária maldade” que ajudou a construir... Mas se esses “cascalhos do mal”, acumulados num único ser, não fosse derrotado, o Arcanjo Salvador teria dificuldades intransponíveis para salvar o próprio irmão... Corria perigo a própria reabilitação do Arcanjo... Essa Luta do 6º Arcanjo com o fatal “embrião do mal”, foi tão terrível em matéria de desgaste físico, que superou, em muito, o também tremendo esforço havido na Batalha de Cima... “A de Cima foi


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com a criação de uma vingança absurda”, por parte de quem vocês já sabem... Prestem atenção no que vou dizer agora: “Muita diferença há em lutar contra algo consciente, mesmo que no mal, do que algo inconsciente nesse mesmo mal”. Vejo que esse final não foi de todo entendido, e isso é desolador para mim – concluiu meio chateado, o Sapo.

– Um dia a humanidade entenderá, porque a revolta do

Arcanjo, após a sua redenção, se transformou em esplendor. Os três Arcanjos lutam agora pelo mesmo ideal: fazer dos seres da Terra, fachos de Luz que nem eles! – bramiu o Boi.

– Que coisa linda! – exaltou a Pombinha. – Sobre aqueles dois Corpos ou Vestes, é preciso que vocês

saibam que eles são a força, o poder e a razão, pois até então, eles têm servido de “obstáculos à passagem dos cavaleiros negros do Ciclo decadente”, estes, sim, é que devemos temer, por serem terrivelmente cruéis e destruidores! O que nós não sabemos, é até quando esses Corpos ou Vestes poderão servir de barreira para esses “cavaleiros negros do Ciclo decadente”, pois a humanidade tem de dar a sua contribuição, principalmente revertendo o modo como tratam a Mãe-Terra, seus irmãos auxiliares os animaizinhos, e os seus semelhantes – alerta do Boi.

– Que cavaleiros destruidores são esses? – uivou o Cão, já com o rabo entre as pernas.

– São os Cavaleiros do Apocalipse, os “Quatro Flagelos de Deus”, denominados Domínio, Guerra, Peste e Fome. Não é o que estamos vendo no mundo de hoje? As bombas e os testes nucleares, mais o que os cientistas fazem às escondidas, e que só


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DEUS sabe, todas essas coisas, “estão concorrendo para tirar a anatomia do mundo e de seus habitantes. Surpresas desagradáveis advirão (já estão aí) com os resíduos nucleares, pois que nem debaixo dos oceanos, nem enterrados, como se quer fazer, deixarão de provocar sérios distúrbios”, e embora nenhum de nós tenhamos contribuído para isso, sofremos também as consequências – lamentou o Boi.

– Voltando ao Arcanjo Redimido, tomamos conhecimento que desde o ano 2005, ele observa o caminhar da evolução sem interferir diretamente. Será assim, segundo parece, por um milênio. O próprio Apocalipse fala a respeito, dizendo que “ele ficará ainda prisioneiro durante mil anos”. Nada, porém, deve ser levado ao pé da letra, pois “o Espírito sopra onde quer depois de liberto...”

– Você quer dizer que o Arcanjo é um preso meio solto? – Castor esperto.

– Não deixa de ser, pois com a sua parte feminina, ele está “entronizado no lugar que lhe incumbe”, junto com o seu maior colaborador, que é o Anjo Maliak, Chefe da Corte Celeste de seu futuro reinado. Enquanto ele não reina, desempenha importante trabalho no “interior de uma Serra toda iluminada por um Templo transparente”, onde o vento ronca como se sentisse dor... Esta Serra é ligada subterraneamente a outra Serra existente no mesmo país. Os guardiões ou “defensores externos” dessa montanha, são os Xavantes, hoje não mais selvagens, pois há anos “cedem terreno aos civilizados”, com acesso livre às suas aldeias. No passado, quem tentasse “invadir os seus domínios”, era recebido a flechadas. O Lugar é sagrado, pois guarda, secretamente, a semente (raça) Inca-Tupi, pertencente ao Arcanjo Redimido, que, com a sua corte, ali permanecerá por 1000 anos,


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já contados desde o ano 2005, a não ser que o ETERNO tenha modificado Seus Planos. Será assim, até o dia em que ele vier para a Face da Terra, com a sua corte, e, quando então, ele terá “a primeira e maior responsabilidade depois de sua redenção”— contou o Boi

– Que teste para ele... – considerou o Castor. Mas que país é este que tem duas Serras ligadas subterraneamente?

– Você não sabe?! – o Boi nem acreditou. Em qual país arde o Fogo Sagrado?

– O Brasil! – gritaram os bichos. A Preguiça tentou gritar, mas só saiu Braaaaaa... e ficou por isso mesmo.

– Até onde sabemos, o Arcanjo Redimido se encontra avatarizado no corpo de um nobre rei de nome Salo, mas Sua Essência Divina é livre e age em conformidade com o senhor Mitra-Deva, enquanto a Essência Divina do 6º Arcanjo, age em conformidade com o senhor Maitréia. “Uma coisa vem de cima para baixo e outra vem de baixo para cima”. É só assim que sei explicar, portanto, se virem. O Arcanjo Redimido continua aguardando o momento de ser oficialmente liberado de todo, quando então, “o grande vencido vitorioso no Bem”, finalmente ocupará o seu Trono – noticiou o Boi.

– Mas ele está mesmo preso?– o Marreco não se convenceu.

– Está impedido de agir com liberdade total, pois ainda se encontra comprometido... – confidenciou o Boi.

– Com quem? – perguntou o Marreco. – Com o PAI. Assim também está toda a humanidade, pois

chegou a hora de cada ser da Terra decidir se toma o caminho do bem e do amor, ou o do mal e do ódio. Devem decidir com urgência! Pois “as possibilidades de salvação vão diminuindo


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cada vez mais” – avisou o Boi. – Puxa! Como isso é importante! Tomara que o livro a ser

feito tenha muitos leitores! – almejou o Marreco. Mas amigo Boi, o Arcanjo já se tornou igual ao que ele era “antes da renegada, mas espiritual queda”?

– Minha resposta não será de todo entendida, mas darei assim mesmo: o Arcanjo, mesmo tendo caminhado para trás, fugindo do bem, ele também caminhou para frente.

– Vamos ver se entendi – pôs-se a analisar o Marreco. Embora fugindo do bem, ele também caminhou para frente, porque, de vida em vida, “dentro” do 6º Arcanjo, foi recebendo, da parte do irmão, bons exemplos, e lampejos de sua Consciência Integral perdida... Seria isso?

– Você entendeu! – o Boi vibrou. Mas o Arcanjo continua desolado. E por quê? Porque muitos dos que participaram da “Revolta no Céu”, ainda estão por aí a fazer o que não devem, e ele se sente responsável. “Para se redimir, ele procura salvar aqueles a quem fez cair”.

– É duro, mas isso ele tem de suportar – considerou o Marreco.

– Quanto à Lei Divina, ela sempre encontra meios de compensar os prejuízos causados à evolução. Mas ela também não pode ficar o tempo todo dependente desta ou daquela pessoa, deste ou daquele grupo, desta ou daquela instituição em prejuízo de um Trabalho Universal, “pois o Ciclo não espera avanços particulares, todos seguem em conjunto: homens e deuses”. Tudo o que o 6º Arcanjo poderia fazer para salvar a humanidade, incluindo os divinos rebeldes, ele fez! Agora, a salvação depende de cada um. Não há mais meio termo – o Boi arrasou na explicação.


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– Nos foi dito que o Arcanjo Redimido ganhou um novo nome, que lhe foi dado pelo 6ºArcanjo. Isso é verdade? – grassitou o Marreco.

– Sim! – a resposta veio na ligeireza de sempre, do Beija-flor. Eu mesmo ouvi, não o nome, mas o significado dele, que o próprio 6º Arcanjo me confidenciou, quando piniquei o lóbulo da sua orelha. O significado é: “Deus da Ara ou do Altar” ou “Deus do Altar do Fogo”. Deve ter relação com a região onde se encontra o Arcanjo Redimido. Fui então, rapidinho, dar a ele os meus parabéns. Orgulhoso do novo nome, ele disse não trocá-lo por nenhum outro. O inconveniente, eu até me assustei ao ouvir, é que ele disse ser a imagem de DEUS esculpida pelo próprio PAI...

– Mas ele está certo! – defendeu o Cavalo. O 5º Arcanjo realmente surgiu do “sopro incessante que vibra na Cidade Eterna de Shamballah”, a Cidade Lunar, Ilha imperecível, pedaço de Vênus engastado na Terra. Os sete Arcanjos primordiais, eles nasceram do próprio ETERNO, que lhes concedeu direitos que não poderia tirar e nem recriminar, “pois os Arcanjos são o próprio ETERNO por procuração”.

– Puxa! Como são importantes! – espanto geral dos bichos. – Desses sete Arcanjos primordiais, nasceram outros seres de

grande envergadura espiritual, e assim por diante. E tenho dito! – finalizou o Cavalo.

Com seu porte avantajado, e num voo rasante daqueles, o

Condor passou a crocitar: – Redimido, o Arcanjo se tornou ainda mais excelso que antes,


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pois o longo exílio, mais a recuperação de sua Consciência Planetária, tornou-o vitorioso e firme como uma rocha! Como rei e governador do mundo, que deveria ter sido, ele segue arrastado pela Barca que é toda a Terra, e, embora seja ele o Timoneiro dessa mesma Barca, o 6º Arcanjo é quem fez todo o trabalho, ou seja, fez a Barca navegar... Será assim por muito tempo ainda, embora que, após a redenção, os dois irmãos conduzem juntos a nova e ao mesmo tempo milenar, Barca de Salvação, hoje com o glorioso nome de Obra do ETERNO. Mas o Arcanjo sofre, pois ele quer para si os tesouros da Terra, que são os homens... Mesmo sabendo que eles continuam ínfimos em quase tudo...

– O que é ínfimo? – piou o Pintinho. – É ter pouco valor, ser de pouca importância... – grasnou o

Condor. O jeito é o Arcanjo “colher os próprios frutos da Terra, salvando o maior número possível de jovens, adolescentes e crianças, para que se forme a humanidade futura; e isso, sem necessidade, pois tem sido a maior das vergonhas da Terra, de lançar mão da semente agartina (seres superiores de outros mundos). Prova disso, é o próprio Rei do Mundo ter dito, nas suas profecias, que viria dos reinos subterrâneos à frente de seu Povo, quando nada mais houvesse de sadio na Face da Terra, isto é, com a morte das nações, etc.”.

– Como vamos absorver tudo isso? – queixa geral. – Estudem! – não deu moleza o Condor. – A redenção do Arcanjo foi uma vitória inigualável! Uniu os

dois irmãos num só ideal: acordar humanidade! Talvez por isso


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a Lei Divina esteja dando um pouco mais de tempo aos retardatários... Principalmente aos descrentes das duas sábias leis de Karma e Reencarnação, as únicas que fazem compreender a razão do sofrimento, e que, no outro lado da vida, ao passar pelo fenômeno da morte, ajuda a pessoa a compreender a situação em que se encontra a sua Alma. Que os humanos acordem! Pois a cada minuto o tempo para isso escasseia... – aviso importante do Golfinho, que convém ser levado a sério.

– Aceitando, ou melhor, entendendo essas duas sábias Leis, de Karma e Reencarnação, os humanos compreenderiam que não existe vítima e nem algoz... Cada pessoa é autora de seu próprio destino, o qual foi construído numa ou mais de uma vida anterior. Daí a importância da compreensão dessas duas sábias leis. A própria destruição da Atlântida, ocorrida numa só noite, catástrofe que remonta há mais de um milhão de anos, trouxe, para os Seres Superiores, exaustivo trabalho de recuperação do Planeta, tarefa nada fácil, e que demandou séculos de trabalho árduo, experiência crucial que eles não gostariam ter de repetir... Depende apenas do homem isso não se reproduzir novamente. Viver é fácil, mas os homens complicam a vida. Poucos são os que realmente sabem viver – explicou o Golfinho.

– É uma arte saber viver – arrulhou a Pombinha. A Capivara, excelente nadadora porque possui pés com

pequenas membranas, além de dormir submersa horas a fio, só com o focinho fora da água, vantagem que lhe permite servir-se da água e se esconder dos predadores, fez a seguinte proposta aos companheiros:


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– Vamos voltar ao tempo em que o Arcanjo, estando espiritualmente cego, vivia em conflito consigo mesmo. O sentimento duplo e desordenado de amar e odiar o irmão ao mesmo tempo, deixava-o confuso, não atinando quem era e nem o que queria. Sem entender o que se passava com ele, não tinha uma definição de si mesmo, pois ora se sentia no Céu, ora no Inferno, ora se envolvia de Luz, ora de Trevas, a humanidade inteira o atormentava... Mais ainda os que amavam o seu lado sombrio... E mais que todos, os que sacrificavam animais e até pessoas, reminiscência de “religiões procedentes da Atlântida...” Todos esses apunhalavam o desventurado Arcanjo, que, então, se sentia repartido em toda parte, uma sombra de si mesmo. Quando o arrependimento chegou, o sofrimento dele, que já não era pouco, triplicou.

– Mas que padecimento! – o Pintinho chorou. – Jamais os homens deveriam recorrer a essas coisas, pois

“todos os homens trazem DEUS no cérebro e no coração”. Jamais deveriam cultuar as trevas, pois fazer isso é se perder num labirinto sem volta – avisou a Capivara.

– Mas por que fizeram todas essas coisas com o Arcanjo? – voltou a falar o Pintinho.

– A maioria por ignorância, e outros por maus instintos. Praticar magia negra é regredir na evolução. E isso não tem volta! É insultar o DEUS ÚNICO E VERDADEIRO! O Arcanjo, conforme ia diminuindo a sua cegueira espiritual, foi tomando consciência do quanto contribuíra para a queda espiritual do seu tutelado, o 4º Arcanjo, razão da Lei Divina exigir que ele evoluísse junto com o mesmo. Quando o Arcanjo obteve de volta, integralmente, a sua Consciência de Planetário, foi que ele compreendeu ter feito da vida do Arcanjo Salvador, um “arquivo


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de sofrimentos no sacrário divino” do seu corpo. Sim, quantas vezes ele escarnecera da dedicação do irmão aos seres da Terra. Quantas vezes zombara da indulgência dele até mesmo para com os divinos rebeldes... Até do PAI ele rira... Esquecendo que agindo assim ria de si mesmo... Gargalhadas que mais tarde lhe custaram grossas lágrimas... Até hoje ele “chora e sofre com o mal que deixou na face da Terra” – deu por terminado, a Capivara.

– A humanidade precisa tomar conhecimento disso! Não se pode mais adiar tais informações! São valiosas demais – disse o Touro.

Com bonitos acordes, o Canário anunciou que tinha coisas a

dizer, e não podia perder tempo. – Eu sei por que o rigor do Arcanjo, após a sua redenção, se

transformou em esplendor. Porque se entrelaçou com o amor do irmão. Desde então, nem bem, nem mal... O Tetragramatom que ao 5º Arcanjo pertencia, desapareceu... O Hexágono do 6º Arcanjo passou a ser dos dois... Desde então ambos bebem na mesma Taça, o resultado de suas realizações. Os dois irmãos passaram a um só, mas com o 6º Arcanjo sempre auxiliando o Arcanjo Redimido em sua “dignidade espiritual”. Nos casos mais delicados, que um ou outro, ou mesmo ambos, tenham que enfrentar, eles até podem ser confundidos... É coisa deles. Direito tem o 6º Arcanjo de agir assim, porque foi ele quem salvou os seus irmãos, o 4º e o 5º Arcanjo.

– Mas por que uma Taça só? – estridulou o Bem-te-vi. – Beber na mesma Taça, amigo Bem-te-vi, é um ato

simbólico. A Taça, embora simbolize sofrimento, também


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simboliza Vitória e Redenção! Foi o que aconteceu ao Arcanjo! – trinou o Canário.

– Que bom que eles fizeram as pazes! – cantou o Galo. – Nunca estiveram de mal! – rebateu o Canário. Tiveram

graves desentendimentos, combates tremendos, mas o objetivo principal, dos três, aliás, sempre foi e continua sendo o de impulsionar a evolução da Terra e dos seres a ela pertencente. Como é natural, os dois irmãos devem estar ansiosos por se verem livre dessa grande responsabilidade assumida, e quando estiverem de todo liberados, estarão cercados pela neutralidade.

– O que é neutralidade? – de novo cantou o Galo. – É ter consciência do dever, obrigação que os hindus

chamam de Dharma, a “Lei Evolutiva que rege os destinos de homens e coisas”. Quando não há Sombra e nem Luz, nem Mentira e nem Verdade, é quando a neutralidade está presente. Onde a neutralidade existe, a Luz e a Sombra se encontram e não acontece nada, porque não há oposição... É o Lugar da Criação... – bonita e perfeita definição do Canário.

– Que coisa linda! – três vezes cantou o Galo... – Mesmo antes da redenção, houve Combates em que os dois

Arcanjos “beberam na mesma Taça” o trago amargo de algumas tragédias – modulou o Canário.

– Só morrendo e nascendo de novo para entender isso que você disse – ganiu o Cão.

– Não se apresse em entender, amigo Cão, o tempo cuidará disso – consolou o Canário. Com o próprio Arcanjo, antes Rebelde, foi assim. Vendo ele que não conseguia vencer o irmão do modo como agia, usou a tática de forçá-lo a fazer “saques contra o futuro”.

– E eu lá sei o que é isso? – uivou o Cão.


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– Saque contra o futuro, é trazer o porvir para o presente. São alternativas que a própria Lei Divina adota, quando um imprevisto prejudica a marcha da evolução. Saque contra o futuro é antecipar um acontecimento que se daria adiante no tempo. Os sete filhos que o Arcanjo tanto queria, estão lembrados? Que o 6º Arcanjo acabou providenciando, foi um saque que este fez contra o futuro, e quem ganhou com essa jogada, foi a Terra. O próprio apelo do ETERNO, ao 6º Arcanjo, “a fim de expulsar um igual em hierarquia, revoltado contra o Trono”, foi um saque que o ETERNO fez contra o futuro. São empréstimos... Adiantamentos concedidos pela Inteligência Cósmica, que, um dia, terão que ser retribuídos – acentuou o Canário.

– Nesse caso os saques contra o futuro para salvar o Divino Rebelde, assim como os de sua corte, um dia também terão de ser retribuídos – latiu o Cão.

– Evidente. São favores... Milhões de Almas foram e têm sido salvas assim, de favor, benefícios que elas irão retribuindo à medida que aparece oportunidade para isso. Favor nenhum deve ficar sem retribuição. É assim que funciona e assim deve ser. Do contrário não haveria Justiça – justificou o Canário.

Dócil e sensível, a Ovelha novamente berregou: – Após o Arcanjo ter sido redimido, ele e o irmão que o

salvou, “dialogaram noutras dimensões mais elevadas e mais transcendentes” do espaço sideral, ocasião em que o 6º Arcanjo mostrou ao irmão a parte feminina deste, “alçada no Cosmos, no ambiente terráqueo, pois se fora (ela) estivesse, jamais ele a teria... E ele muito sofreu com isso”. Mas logo a seguir, “sorriu


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todo cheio de esperanças”, porque o irmão apontou para baixo, e ele então viu, na Terra, o reflexo dela no 4º Arcanjo.

Por não entenderem esse final, os bichos ficaram inseguros. Então a Ovelha voltou a falar de coisas já debatidas, a fim de fazê-los compreender o que ela acabara de esclarecer:

– A Rebelião Celeste foi o pivô da expulsão do Arcanjo. Sua rainha ou parte feminina foi então separada dele. Por não ser permitido, tanto a ele quanto a ela, ter corpo físico para atuar na Terra, diferente do que passou a acontecer com os 4º e 6º Arcanjos, ambos só poderiam agir por avatarização. A Essência Divina de sua parte feminina foi então alçada no Cosmos, e uma parte da Alma dela passou para o 4º Arcanjo, sem que Arcanjo Rebelde soubesse... O 4º Arcanjo podia ceder seu corpo para o elemento feminino do Arcanjo Rebelde, porque este era o guia espiritual do 4º Arcanjo. Agora entenderam?

– 4º, 5º, 6º... Um osso duro de roer – rosnou o Cão. – Basta não esquecer que Arcanjos são Homens Cósmicos

que se ajudam mutuamente – recomendou a Ovelha. A Essência Divina do elemento feminino do Arcanjo Rebelde, foi entronizada na “Estrela Sakali, que a ciência oficial chama de Algol”; ela então passou a dividir o seu tempo de brilho, acendendo e apagando... Foi assim “até chegar o momento final da sua Redenção”, quando então ela “começou a iluminar–se por mais tempo, como pivô desse mesmo mistério”. Mas não esqueçam: o elemento feminino do Arcanjo Rebelde tinha, também, a sua parte revoltada ou sombria. Conforme as estripulias que ambos faziam, eram combatidos, ora pelo 6º Arcanjo, ora pelo 6º Arcanjo avatarizado no Arcanjo Mikael, ora por Hércules, ora por Ulisses, e por outros vários heróis da Mitologia.


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Altaneira, a Águia crocitou: – Quando, com evidente arrependimento, o Arcanjo via seu

irmão chorar por “tantas desilusões, tantos sofrimentos”, ele também chorava e dizia para si mesmo: “Eu fui o culpado”. Com grande preocupação, passou a acompanhar as doenças misteriosas que abatiam o irmão, os estranhos acidentes que sofria, o receio que tinha de morrer antes do término da missão, e o que o surpreendia e impressionava ainda mais, eram as ressurreições... Quantas vezes o vira “esmagando a morte para poder escrever”, transmitir o Conhecimento Real, aos “Deuses esquecidos de sua própria procedência”. Tudo isso ele assistia, e, causava-lhe profundo sentimento de culpa, fazendo os Deuses preverem que não demoraria muito, um entendimento amistoso haveria entre os dois...

– Já houve o entendimento amistoso? – se apressaram em perguntar todos os bichos.

– Sim – confirmou a Águia. Aconteceu numa região sideral onde não existe nem bem, nem mal. Puderam então, os dois irmãos, extravasar todo o amor que sentem um pelo outro. Muito mais que um entendimento amistoso, o que houve foi um “Consórcio Amoroso”.

– Mas se não existe nem bem e nem mal, o que há por lá? – quis saber a Lebre.

– Não há vazio em parte alguma – explicou a Águia. Mas na dimensão espacial onde houve o “Consórcio Amoroso”, reina absoluta serenidade... Na neutralidade há consciência plena do dever, por isso a consciência integral do Arcanjo pôde ali se


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manifestar... Disse ele: “Na verdade, nem vós me vencestes, nem eu vos venci, nas lutas cíclicas que travamos. Ambos trabalhamos, cada qual ao seu modo, para Glória do ETERNO”.

– Que lindas palavras! – cantou o Uirapuru. – Qual a resposta do Arcanjo Salvador? – guinchou a Lebre. – Ele disse: “Nunca houve lutas entre nós... Cada golpe foi

um passo para a vitória. Cumpriste teu dever; eu fiz o mesmo. Nenhum de nós fez favor ao outro, e sim ao SENHOR DAS ETERNIDADES”. Falou também outras coisas, mas não entendi bem, creio que são palavras que não são para todos e nem todos são para elas – disse a Águia.

Os bichos olhavam um para o outro esperando qual deles dissesse alguma coisa. Como nenhum desembuchou, a Águia, com a sua visão e audição super desenvolvidas, deu a sua interpretação sobre o que ela mesma acabara de falar. Eis o que ela murmurou:

– O 6º Arcanjo deu a entender que, os três Arcanjos, acompanhados de suas colunas ou ministros, agora se encontram no lugar que lhes compete, e isso, graças à Corte Celeste que, tendo enviado para a Terra, o que de melhor poderia oferecer, ninguém mais ousará dizer que houve Revolta no Trono.

– Hum... Isso cheira a repreensão, só não sei a quem – assobiou a Lebre.

– Caso eu esteja certa – continuou a Águia. Diria que o 6º Arcanjo se referia a sete seres, assunto já abordado entre nós, e que somente apareceriam na Terra num futuro ainda muito distante: os tais filhos que o Arcanjo Rebelde tanto queria, estão lembrados? Filhos que o 6º Arcanjo providenciou, com mais um oitavo por sua própria conta, a fim de compensar uma trágica


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ausência provocada pelo próprio Anjo Rebelde... Com isso o 6º Arcanjo satisfez o desejo do irmão, e ainda deu à Terra um prêmio valioso com enorme antecipação de tempo. O que na realidade o 6º Arcanjo fez, foi um saque contra o futuro.

– E aí? – fixação do Esquilo. – Aí que, por vários anos, esses sete seres viveram na Face da

Terra, estudando e trabalhando como pessoas comuns. Depois foram conduzidos para os Mundos Subterrâneos, onde eles são olhados como Deuses criados na Terra! Algo extraordinário, que só num futuro ainda muito distante, a humanidade compreenderá – frisou a Águia.

– Puxa! Que avanço para a humanidade! – ou o Esquilo compreendeu, ou quis dar a entender que havia entendido. Conta mais, amiga Águia, fale sobre o entendimento amistoso!

– No entendimento amistoso, o 6º Arcanjo disse para o irmão, que muitos dos atritos entre os dois, foram imprevistos causados pela humanidade diabólica, sempre disposta a manter ativas as forças do mal, fazendo com que tivessem que se defrontar e se duelar muitas vezes, sofrendo ainda mais. O 6º Arcanjo também confessou, que, mesmo ele, algumas vezes, teve suas revoltas, tanto era o sofrimento e o desânimo que dele tomava conta, espécie de loucura divina, devido às barreiras quase intransponíveis que o impediam de prosseguir com a Obra do PAI.

– Meu Deus! Quanta coisa importante a humanidade desconhece! – baliu com tristeza o Cordeirinho.

– O que mais o 6º Arcanjo falou? – pediu o Esquilo, e a Águia cedeu:

– Disse que seu irmão era uma estrela bendita a luzir, e o maior instrutor dos homens, por ter dado à humanidade o poder


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de pensar. Assegurou que o rigor do irmão, agindo dentro dele, por vontade do PAI, era como um juiz rigoroso da humanidade, pois se não fora essa ajuda, a humanidade teria permanecido na ignorância e nas trevas. Lembrou que existem mais quatro graus de Inteligência que a humanidade precisa conquistar, pois são graus pertencentes à Terra, e é nela que devem ser alcançados. Contou, também, que muitas vezes a evolução na Face da Terra esteve comprometida, sendo salva por essa mesma evolução, porém, com o auxílio daqueles seres que nasceram da própria Origem da evolução...

– A explicação ia bem, mas esse final... – deu de resmungar o Esquilo.

– Não resmungue, vibre! Estamos aprendendo coisas que a maioria dos humanos desconhece. O trabalho do 6º Arcanjo, amparando, por multimilênios, o 4º Arcanjo e o Anjo Rebelde, é, a meu ver, o mais excelso de todos os entendimentos amistosos. Por que digo isso? Porque na existência em que o Arcanjo Salvador teve o “Consórcio Amoroso” com o irmão, o seu corpo chegara ao máximo de sofrimento e de desgaste. Ele praticamente estava sem olhos para ver, sem boca para falar, e sem ouvidos para ouvir, mas estava feliz... Feliz porque dava ao irmão o mais sublime de todos os beijos de conciliação, relembrando os feitos notáveis que ambos fizeram, pois se juntos nessa empreitada não estivessem, o mundo teria se transformado num abismo profundo de mentiras e desilusões, muito pior do que o acontecido à Lua, na sua majestática queda – afirmou a Águia.

– O que será majestática queda... – ficou falando baixinho para si mesmo, o Esquilo, mas a Águia escutou e deu a resposta:

– Presumo que seja uma queda imponente, nobre, que inspira respeito. Esse encontro amistoso entre os dois irmãos, se


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prolongará por muito tempo ainda, sempre como uma Ceia Fraterna entre os dois, não importando o lugar em que ambos estejam.

– Escapuliu mais alguma coisa que possamos saber? – nova

bisbilhotice do Esquilo. – Bem... – a Águia vacilou. Além daquele pedaço grande que

já contei, a Harpia, a maior ave de rapina do mundo, cujos ninhos ela faz nas árvores mais altas, conseguiu ouvir algumas passagens do “consórcio amoroso”, mas ela não garante se as palavras estão no lugar certo.

– Não faz mal, conta assim mesmo – insistiu o Esquilo. – A Harpia ouviu o Arcanjo Salvador dizer para o irmão o

seguinte: “Por seres rigoroso na tua revolta, muitas vezes contra o Bem, tu querias levar o nome da DIVINDADE aos páramos

“Durante a Última Ceia, Jesus instituiu a Eucaristia. Realizou-se, assim, a promessa de um “pão celestial”, feito em Cafarnaum, alguns meses antes, após o milagre da multiplicação dos pães”.(Legenda e ilustração da: Trópico - Enciclopédia ilustrada em cores).


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(ponto mais alto) do Amor, da Glória e da Justiça, que é teu irmão, que é o Amoroso, o Justiceiro e o Glorioso, como tu mesmo o chamaste”. Isso que a Harpia contou, amigo Esquilo, nem eu e nem ela compreendemos, mas achamos de uma beleza sem igual!

– Também acho. Parece um rasgar de elogios – disse o Esquilo. Mostra bem o quanto se amam. “Eis aí o amor que outrora parecia ódio, mas não era. Era Rigor, era Revolta, e agora se tornou Esplendor. Esplendor que também é amor, é brilho intenso, é fulgor. O Coração de Jesus também tem esplendor, de onde saem labaredas; o coração aceso, coração ardente, é aquele que tem o fogo da Inteligência, que então sobe para o cérebro”.

– Puxa! Onde você aprendeu a falar tão bonito assim? – exaltou a Águia.

– Eu não só como coquinhos, amiga Águia. E aí? A Harpia só ficou nisso?

– Não. Tem mais, ela contou umas coisas... – suspense proposital da Águia. Só que a Harpia acha, e eu também acho, que só mesmo os dois irmãos para entenderem o que eles mesmos disseram. Ela escutou o Arcanjo dizer para o irmão salvador, o seguinte: “A minha rede é tecida com fios de aço, por isso dela não se escapa a presa que colho. A vossa é de frágeis cordéis e pelas suas malhas foge o peixe... Que se torna mais tarde em vosso peçonhento inimigo”.

– Vou pensar a respeito. O que estão olhando? Eu penso, sim! O que mais a Harpia contou? – Esquilo impaciente.

– A Harpia ouviu outra passagem, mas também não sabe se as palavras estão no devido lugar. O Arcanjo disse para o irmão salvador, que, “cada ser humano tem o seu próprio demônio”. Isso nós já sabemos, lembram? Em seguida ele fez uma


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declaração de amor: “Irmão adorável que me destes o Esplendor, desde quando a vossa Essência circundava a minha face, pois que antes, no `Jardim das Oliveiras´, eu vos oferecia - de bom grado – o mundo que era meu...”. Vós entendestes, mas o mundo entendeu esse meu gesto como coisa do diabo... Isso muito me entristeceu. “Mas vós, por mim trabalhando, transformastes em Amor, Glória e Justiça, o Rigor e a Revolta” que eu sentia. Eu e meu irmão o 4º (Arcanjo), somos iguais, mas também são iguais os 1º, 2º, e 3º (Arcanjos), cujos trabalhos terminados (em outros Globos ou Planetas), foram por mim absorvidos, embora o 4º (Arcanjo), “pelo qual também me responsabilizei outrora”, não o tenha terminado de todo. Vós, no entanto, “tomando sobre os ombros o pesado madeiro da Terra”, nunca deixou de nos auxiliar nessa perigosa encruzilhada em que nos vimos envolvidos. (...) Os outros Arcanjos futuros, incluindo vós mesmos, pois viestes antes do tempo para me salvar, aguardarão a sua abençoada Hora de servir ao GRANDE SENHOR. “Beijo os vossos pés, o corpo inteiro – carnal - anímico e espiritual. Sim, esse corpo dorido, angustiado. Corpo que sangrou inúmeras vezes a favor do mundo. Uma vida inteira repleta de Tragédias, ofuscando todas as outras...” (...) Na vida em que fui salvo por vós, foi a que mais sofrestes. Como “semente” de todos os Avataras, vós sois “o Maior de todos os Mártires, a favor de uma Humanidade que nem sequer vos lhe conhecendo, despreza, injuria, difama e calunia... Sim, a hora soou dos Grandes Horrores”.

– Ai, ai, ai! Não gostei do final, mas que fazer se estiver programado... – o Esquilo sossegou, mas não por muito tempo. Logo em seguida:

– O que mais a Harpia contou?


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Com paciência de mãe, a Águia continuou: – A Harpia ouviu o Arcanjo falar para o irmão salvador, que

a Árvore do Conhecimento, era dele, e nela existiam duas Serpentes enroscadas, porém, “por causa da aparente desinteligência” que ele teve com o PAI, a Árvore do Conhecimento passou para o 6º Arcanjo. Depois disso ele deu um beijo no irmão.

– Aparente desinteligência? – ficou inconformado o Esquilo. Não, ele teve foi uma “discussão com o ETERNO”, e justo no começo da Cadeia Planetária da Terra. Amiga Águia, qual a reação do irmão ao beijo recebido?

– “Nunca houve lutas entre nós, já vos afirmei, como vós também a mim durante os esforços que fizemos para conduzir o mundo ao seu final estratégico. A Lei Divina forneceu a ambos os meios para nos reconhecermos como irmãos indissolúveis. As Espadas com as quais nos combatemos eram intangíveis (intocáveis). Cada golpe foi um passo para a Vitória. Cada Vitória outro passo para a Realização dos acontecimentos”. Foi nessa hora que ele retribuiu o beijo.

– Que amor bonito! – suspirou o Esquilo. Mas quantos insucessos... Mas também quantas vitórias! E finalmente a apoteose!

– O que é apoteose? – perguntou o Pintinho. – É a divinização de um acontecimento, o endeusamento de

um fato – ensinou o Esquilo. – No Arcanjo Redimido, porém, “ainda perdura a revolta a

favor do bem, a favor do seu glorioso e excelente irmão que o arrancou sempre dessa mesma revolta” – observou a Águia.

– Por que isso ainda acontece? – indagou o Esquilo. – Porque ele não vê, na humanidade, merecimento para o


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bem que recebe – justificou a Águia. – O que dizer diante disso, se ele tem razão... – reconheceu o

Esquilo. – Se os que lerem o nosso livro, ainda que ignorem tudo que

estamos comentando, e mesmo não acreditem no que aqui foi exposto, se conscientizarem de que uma mudança de comportamento, para melhor, ainda que pequena, pode contribuir para melhorar o mundo, a história dos três Arcanjos já terá obtido o sucesso desejado – disse finalmente a Águia.

– Ei! Não acham que já aprendemos coisas demais? – piou

lá do alto a Águia. Deixemos o resto para um próximo encontro. Que tal encerrarmos cantando em homenagem aos sete Arcanjos Primordiais?

– Muito bom! Cantemos, sim, em louvor a eles! – disseram os bichos.

Animação geral, e os ensaios começaram. Desafinação das piores. O regente era o Elefante, usando a tromba como batuta. Mas depois dos ensaios, uma lindeza! Mais bonito ainda, porque os animais de pelo cantaram na direção Sul, e os de pena na direção Norte. O glu, glu, glu do Peru é que não foi bem aceito. Uns disseram que ele desafinava, outros ficaram a favor dele, e tinha os que diziam ser pior o tagarelar da Maritaca. Por fim se entenderam e tudo correu bem. Foi demais! Tão bonito, que me fez lembrar uma canção inovadora, que diz assim: “Cantam as águas, canta o vento, cantam os pássaros, tudo canta, canta a vida seu lamento, canta a pedra, até a planta”. A Natureza também festejou a cantoria, pois se


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sentia isso nas árvores, cachoeiras, “e tudo mais quanto representa a Vida Universal”. Tive vontade de abraçar todos aqueles companheiros, mas como era impossível, abracei o mais próximo: o Papagaio. Ele gostou tanto, que para minha surpresa tartareou assim:

– Seu abraço tocou meu coração. Geralmente reclamam do meu linguajar, que dizem ser barulhento. Mas que fazer, se humanos me adotam, me ensinam um monte de besteiras, que eu repito porque eles dão gargalhadas, e gosto de vê-los felizes. Na medida em que convivo com os humanos, vou imitando o que eles falam, pois sou ave bem dotada. Mas quero pedir-lhe um favor! Suplicar! Peça aos homens que não roubem filhotes de Papagaio, de Arara, da Ararinha azul, e de tantas outras aves, arrancadas de seus ninhos, morrendo pelo caminho, de fome, sede, e abafadas... Fazem o mesmo com outros animais, sejam filhotes ou não. Passarinhos então, é em quantidade! Estão empobrecendo a Natureza... Lesando a Pátria do Avatara, onde DEUS fez nascer tantas espécies bonitas! Que será do homem sem o Reno Animal? Faça alguma coisa por nós! E disse o meu nome... Direitinho...

O Touro Akbelino ficou tão entusiasmado, que da montanha mesmo ele deu três urros! Cada qual mais longo, como se quisesse alcançar o mundo. Em seguida disse as seguintes palavras: “As miragens da Terra são pastos, onde agora nem os animais encontram alimento. A vida vai sumindo aos poucos, e só com a vinda da Potestade Celeste voltará a bonança, a fartura, a alegria real”. Que as vitalidades da Terra, embora desgastadas pela maldade dos homens, vos animem a viver!

Em seguida uma Voz vibrante vinda de fonte desconhecida, acrescentou mais o seguinte:


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– Convoco o Senhor da Montanha Sagrada para encerrar este encontro abençoado, incentivando os bichos a aguardarem com paciência e resignação, a purificação da Terra, que será, sim, dolorosa, mas não deixem de confiar! Não percam a esperança! Uma bela e tranquila Terra, sem fronteiras, aguarda a todos!

O senhor Rabi-Muni então, representando a Vida Universal, e como reflexo do 6º Arcanjo, se pôs a falar. Enquanto o fazia, o Céu se encheu de “Devas minúsculos”. Disse ele:

– Meus filhos! Agora que estão mais sabidos, procurem criar novo ânimo! Não se deixem abater com os momentos difíceis que o maldoso homem vos impõe. O Cetro de Comando do Mundo está nas mãos do TODO-PODEROSO! Alguns anos mais, e tudo isso irá melhorar. A Terra está morrendo para renascer de suas próprias cinzas, como acontece à Ave Fênix, da Mitologia grega, a Ave-símbolo da Imortalidade e da Ressurreição. A Terra terá novo vigor, novas formas de vida, novo Céu, nova atmosfera, novos habitantes. Tudo isso se fará, porque é a Vontade do TODO-PODEROSO! Mas até lá, amiguinhos, tenham paciência e resignação, e não esqueçam: todos estão sendo rigorosamente observados! Nada é oculto do PAI.

Para surpresa minha e dos bichos também, surgiram então oito Vimanas, naves chamadas assim no tempo da Atlântida, e que hoje os humanos chamam de Discos Voadores. Uma delas pousou, e as demais permaneceram no espaço, não longe do solo. Da que pousou saíram três tripulantes, apresentando-se sorridentes e dando seus nomes: Hélio, Selene e Jefferson. Disseram ter vindo de um mundo onde todas as coisas que os bichos, no encontro, lamentaram, no mundo deles não existe. Tendo assistido o encontro, quiseram homenagear o Reino Animal, trabalhado em outro Globo ou Planeta antes mesmo do


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surgimento do homem. Enalteceram o encontro, um acontecimento nunca antes visto, e elogiaram o assunto debatido, e a seriedade com que foi tratado. Tantos louvores deixaram os bichos em grande animação, pois jamais tinham sido tratados com tanta consideração. Por fim, foram todos convidados a entrar no Vimana, e eu não fui esquecida. A nave então zarpou, seguida das demais, podendo a beleza e imensidão do Cosmos ser apreciada. Tão grande era a animação, que os bichos decidiram saudar os três tripulantes, repetindo, dentro da nave, o canto entoado em Terra, pois estavam convictos que fora a Ode que os havia atraído... Creio que nossos amiguinhos tinham razão.

Ao se agruparem para o canto, os três tripulantes fizeram ao mesmo tempo a mesma pergunta:

– Não esqueceram nada? – O que teríamos esquecido? – cada bicho perguntava ao

outro. – Pensem bem, pois cada animal tem o seu tipo de raciocínio

– disse o tripulante Hélio. – Seria o agradecimento? Mas isso nós faríamos agora com a

Ode! – disseram os bichos. – Não se trata de agradecimento, mas de dar o nome do

Arcanjo, que, durante todo o encontro, vocês esqueceram de mencionar. É preciso que o façam! Os homens precisam saber de quem se trata. Alguns já devem ter adivinhado, mas precisam, também, conhecer o significado do novo nome dado a ele após a Redenção – explicou o tripulante Jefferson.

– Não é que esquecemos?! Que falha a nossa! Temos ainda tempo para corrigir? – perguntou o Pinguim.


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– Claro! Sempre há tempo para se reconhecer o erro – disse o tripulante Hélio. Digam o nome do Arcanjo, e em seguida o significado do novo nome, que lhe foi dado pelo irmão que o salvou, e do qual, com justa razão, ele muito se orgulha. Apenas o significado, que, aliás, o Beija-flor escutou, ao pinicar o lóbulo da orelha do Arcanjo, e já contou para vocês.

Como relator do encontro, o Pinguim se apresentou para anunciar o nome antigo do Arcanjo, assim como o significado do novo nome:

– O nome antigo do Arcanjo Rebelde, era “Lúcifer ou Lucifel, mas também Lusbel ou Bela Luz”, cujo significado é: “aquele que ilumina”. O Arcanjo, originário de Vênus, a Estrela-Guia da Terra, desde a sua redenção, passou a ter novo nome, cujo significado é “Deus da Ara ou do Altar” ou “Deus do Altar do Fogo”.

– Muito bem! Agora, sim! Está completo o trabalho! – disse a tripulante Selene. Agora, de fato está arrematado o livro que será feito! Podem cantar a Ode! Eu e meus irmãos Hélio e Jefferson teremos muito gosto em ouvi-los.

Enquanto os bichos cantavam, grandes Devas, com seus instrumentos musicais, foram atraídos pela Ode, enquanto outros cantavam louvores ao GRANDE SENHOR! Uma Ode sideral belíssima! Difícil de descrever, e, mais ainda, esquecer! Até que...

Bem... O resto foi pedido para não contarmos...

ENCERRADA A CORTINA PARA REABRIR NO LIVRO

MUITO POUCO DE MUUUUUUUITO UMA CONVERSA ENTRE BICHOS

Volume 2

quando eus É eito omemsemeandoconhecimento.com.br/conteudo/uploads/2015/... · uma história...

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