quando a violÊncia infanto-juvenil indaga a pedagogia. miguel arroyo

35
PLANEJAMENTO EDUCACIONAL E PROJETO INSTITUCIONAL QUANDO A VIOLÊNCIA INFANTO-JUVENIL INDAGA A PEDAGOGIA MIGUEL GONZÁLEZ ARROYO Acadêmico: Róbson da Rosa Barcelos

Upload: robson-barcelos

Post on 08-Jul-2015

167 views

Category:

Education


9 download

DESCRIPTION

Resumo do artigo, QUANDO A VIOLÊNCIA INFANTO-JUVENIL INDAGA A PEDAGOGIA. de Miguel Arroyo

TRANSCRIPT

Page 1: QUANDO A VIOLÊNCIA INFANTO-JUVENIL INDAGA A PEDAGOGIA. Miguel Arroyo

PLANEJAMENTO EDUCACIONAL E

PROJETO INSTITUCIONAL

QUANDO A VIOLÊNCIA INFANTO-JUVENILINDAGA A PEDAGOGIA

MIGUEL GONZÁLEZ ARROYO

Acadêmico: Róbson da Rosa Barcelos

Page 2: QUANDO A VIOLÊNCIA INFANTO-JUVENIL INDAGA A PEDAGOGIA. Miguel Arroyo

Violência praticadas nas escolas e pelos docentes

Concentro minha atenção nas reações da sociedade, da mídia,da academia, do campo do direito e das políticas sociais.

Que perspectivas abrem para a formulação de políticas públicas?

Que crenças desconstroem?

Page 3: QUANDO A VIOLÊNCIA INFANTO-JUVENIL INDAGA A PEDAGOGIA. Miguel Arroyo

Violência-violentos, novo parâmetro segregador?

violência=indisciplina (segregação, estigmatização)

Page 4: QUANDO A VIOLÊNCIA INFANTO-JUVENIL INDAGA A PEDAGOGIA. Miguel Arroyo

Temos pouca reflexão acumulada sobre como a condição de pacientes, vítimas de tantas formas de violência, afeta os processos de socialização, formação intelectual e ética, identitária e cultural, como afeta os processos de desenvolvimento humano de tantos coletivos de educandos. Temos pouco acúmulo sobre os impactos nos processos de aprendizagem escolar das perversas e destrutivas formas com que a sociedade contemporânea vitima os coletivos de crianças, adolescentes e jovens, sobretudo populares. Deixamo-nos impactar mais pelo quanto nos incomodam suas condutas na sociedade e nas escolas. Para entender e acompanhar processos de formação desde a infância, o preocupante é que sejam tanto atores quanto vítimas das violências. Que impactos pode ter em suas identidades se saber, desde crianças, segregados como violentos e infratores na sociedade e até nas famílias e nas escolas? (ARROYO, p.789)

Page 5: QUANDO A VIOLÊNCIA INFANTO-JUVENIL INDAGA A PEDAGOGIA. Miguel Arroyo

Como uma criança-adolescente ou um coletivo de crianças, adolescentes ou jovens elabora o fato de ser catalogado como violentos, infratores, bárbaros em seus processos de conformação de identidades? Como os profissionais desses delicados processos serão capazes de acompanhá-los? (ARROYO, p. 790)

Qualidades morais, de sua origem, da sua família

Page 6: QUANDO A VIOLÊNCIA INFANTO-JUVENIL INDAGA A PEDAGOGIA. Miguel Arroyo

Aluno-problema Diríamos que as reações à violência

infanto-juvenil na sociedade e nas escolas estão provocando uma redefinição e radicalização nos tradicionais parâmetros de classificação, segregação e marginalização de indivíduos e, sobretudo, de coletivos. Os parâmetros morais adquirem novas dimensões políticas na produção da segregação social e cultural. Que papel vêm cumprindo as escolas? (ARROYO, p. 790)

Page 7: QUANDO A VIOLÊNCIA INFANTO-JUVENIL INDAGA A PEDAGOGIA. Miguel Arroyo

A infância-adolescência no debate público

Jovens infratores

O pensar, sentir, avaliar, julgar e condenar as infâncias infratoras vieram à tona, expostos ao debate aberto, como feridas sociais. (ARROYO, p. 790)

Horror como sentimento contemporâneo.

Page 8: QUANDO A VIOLÊNCIA INFANTO-JUVENIL INDAGA A PEDAGOGIA. Miguel Arroyo

E a pedagogia diante desse “problema”?

Crianças como simples reflexo de suas famílias?

Se os projetos se limitam a recuperar a paz nas escolas... Se a infância apenas interessa à Pedagogia na qualidade de alunos (Arroyo, 2004a).(ARROYO, p.791)

Page 9: QUANDO A VIOLÊNCIA INFANTO-JUVENIL INDAGA A PEDAGOGIA. Miguel Arroyo

Escola distante da sociedade?

Afirmação da pedagogia perante a sociedade.

Por que o sistema escolar não foi preparado para lidar com essas infâncias? Por que sua função não é educar, mas apenas ensinar?(ARROYO, p. 791)

Page 10: QUANDO A VIOLÊNCIA INFANTO-JUVENIL INDAGA A PEDAGOGIA. Miguel Arroyo

Ensinar para mercado de trabalho?

Assumir essas infâncias como indagação pode ser uma forma de tornar as escolas e as universidades mais públicas.(ARROYO, p.792)

Page 11: QUANDO A VIOLÊNCIA INFANTO-JUVENIL INDAGA A PEDAGOGIA. Miguel Arroyo

A fragilidade da escola como espaço público – a fragilidade da proclamação

da educação como direito de todos.

A afirmação da educação como direito de todo cidadão, bandeira dos anos de 1980, e o reconhecimento da infância-dolescência como sujeito de direitos, bandeira dos anos de 1990, com o Estatuto da Infância e da Adolescência (ECA). (ARROYO, p. 792)

Page 12: QUANDO A VIOLÊNCIA INFANTO-JUVENIL INDAGA A PEDAGOGIA. Miguel Arroyo

A escola é um espaço público? Ou a escola demonstra a fragilidade do

direito de todos à educação, assim como de considerar as crianças e adoslecentes como seres de direito?(ARROYO, P. 792)

As escolas se atribuem direito de expulsar, criar classes “especiais”, como forma de exclusão social dentro da escola.

Page 13: QUANDO A VIOLÊNCIA INFANTO-JUVENIL INDAGA A PEDAGOGIA. Miguel Arroyo

Há urgência em dessacralizar conceitos abstratos perante as dificuldades concretas de incluir todas as infâncias no conceito de direito à educação. Os direitos são produtos culturais contextualizados (Herrera Flores, 2005). (ARROYO, p. 793)

Teoria X prática

Reconceituar os conceitos diante da realidade.

Page 14: QUANDO A VIOLÊNCIA INFANTO-JUVENIL INDAGA A PEDAGOGIA. Miguel Arroyo

Cidadão= disciplinado, dentro das regras. (esse tem direito a educação, com políticas públicas voltadas a esses sujeitos)

Cidadania ordeira e participativa crítica, mas que não aceita os “indisciplinados”.

Formas de lidar com o diferente e desigual

Page 15: QUANDO A VIOLÊNCIA INFANTO-JUVENIL INDAGA A PEDAGOGIA. Miguel Arroyo

A fragilidade do reconhecimento da infância-adolescência como

sujeitos de direitos

Crise dos direitos das crianças e adolescentes postos em cheque pelos mesmos sujeitos de direito, nas suas realidade concretas, os quais são diferente e desiguais perante a lei, conceitos e concepções da sociedade. (ARROYO, p.795)

Page 16: QUANDO A VIOLÊNCIA INFANTO-JUVENIL INDAGA A PEDAGOGIA. Miguel Arroyo

Fomos levados a deixar de ver aqueles que são considera dos violentos, indisciplinados, infratores como infância-adolescência, para criar e enquadrá-los em uma categoria ambígua, “menores infratores”, sem direito até a serem reconhecidos como crianças e adolescentes. Desprovidos do direito mais elementar: serem reconhecidos como gente, como humanos. (ARROYO, p. 795)

Page 17: QUANDO A VIOLÊNCIA INFANTO-JUVENIL INDAGA A PEDAGOGIA. Miguel Arroyo

Tempos de infância, como tempos de ludicidade. Esta visão que já vinha sendo desconstruída, do imaginário pedagógico, volta e reafirma-se pelo avesso, diante dos dados sobre as violências infanto-juvenis.(ARROYO, p. 796)

Page 18: QUANDO A VIOLÊNCIA INFANTO-JUVENIL INDAGA A PEDAGOGIA. Miguel Arroyo

“in-fans, sem fala, sem opinião, sem pensamento, mas uma infância pensante, sujeito de decisões e escolhas, de valores, de liberdade e de autoria própria. (…) Distante da condição de sujeitos de direitos humanos.” (ARROYO, p. 796)

Page 19: QUANDO A VIOLÊNCIA INFANTO-JUVENIL INDAGA A PEDAGOGIA. Miguel Arroyo

Políticas públicas nas mãos da instância privada.

Crianças e adolescentes vistos como ameaça ao status quo da sociedade.

Docentes como profissionais públicos, realizando a inserção das futuras gerações no espaço público.

Discurso frágil perante a realidade.

Page 20: QUANDO A VIOLÊNCIA INFANTO-JUVENIL INDAGA A PEDAGOGIA. Miguel Arroyo

Enquanto nossas representações sobre o imaginario das crianças e adolescente ainda for imaginária (descolado da realidade) evidência sua fragilidade e sua disputa nas discussões com a sociedade.

Também as REAÇÕES diante da “violência” infanto-juvenil demonstram a instabilidade sobre as representações das crianças e jovens.

Page 21: QUANDO A VIOLÊNCIA INFANTO-JUVENIL INDAGA A PEDAGOGIA. Miguel Arroyo

Uma disputa por imaginários de infância popular

Massificação da educação.

Até onde essa imagem mais positiva vinha sendo incorporada na nossa cultura política, elitista e segregadora de tudo o que é popular e especificamente dos filhos do povo? Inclusive, até onde essa imagem menos negativa teria se incorporado no pensamento pedagógico, no imaginário e na cultura escolar e docente?(ARROYO, p. 797)

Page 22: QUANDO A VIOLÊNCIA INFANTO-JUVENIL INDAGA A PEDAGOGIA. Miguel Arroyo

Como a reação demonstra algo sobre o assunto?

Pesquisas sobre violência infanto-juvenil nas escolas públicas.

Os “menores infratores”em sua maioria são negros, pobres.

Disputa pelo imaginário infantil popular em torno da miséria moral. “possibilidade de serem essas pessoas capazes de agir por valores e de serem sujeitos éticos, humanos. (ARROYO, p. 798)

Page 23: QUANDO A VIOLÊNCIA INFANTO-JUVENIL INDAGA A PEDAGOGIA. Miguel Arroyo

Crianças populares, pobres e negras como menos capazes cognitivamente.

Ainda se mantem o imaginário das crianças populares, por meio de sua entrada na escola pública, pois a ela se manteve indiferente (não se reconfigurou) a sua entrada.

Visão de infância-adolescência igual a que se tem do povo. Julgamento provindos da cultura política.

Page 24: QUANDO A VIOLÊNCIA INFANTO-JUVENIL INDAGA A PEDAGOGIA. Miguel Arroyo

De um lado, a imagem desejada: um povo ordeiro, humilde, pacato, conformado com sua sorte e seu lugar no trabalho e na pirâmide social. Povo pobre, mas conformado. De outro lado: povo malandro, preguiçoso, não dado ao esforço, atrelado aos valores tradicionais, distante dos valores modernos de trabalho, esforço, sucesso, estudo. (ARROYO, p. 799)

Page 25: QUANDO A VIOLÊNCIA INFANTO-JUVENIL INDAGA A PEDAGOGIA. Miguel Arroyo

Uma nova imagem passou a entrar na disputa: coletivos populares diversos afirmando-se sujeitos de direitos coletivos, direitos sociais e culturais coletivos. Afirmando-se inclusive sujeitos políticos, de ações políticas, atrevendo-se a formular políticas de reforma agrária, urbana, educativa, inclusive atrevendo-se a exigir políticas afirmativas na universidade, no trabalho.(ARROYO, p. 800)

Page 26: QUANDO A VIOLÊNCIA INFANTO-JUVENIL INDAGA A PEDAGOGIA. Miguel Arroyo

Desmoralização dos coletivos. (ex: globo)

Qual o conceito de povo?Conceito de infância popular?Quais os conceitos que permeam a função social da escola e do docente no que tange os valores, condutas e da moralidade popular?

Page 27: QUANDO A VIOLÊNCIA INFANTO-JUVENIL INDAGA A PEDAGOGIA. Miguel Arroyo

Retomar a função moral das escolas e a autoridade moral dos seus mestres?

Debate em torno do tipo de pena aplicar para os menores considerados delinqüentes. (ARROYO, p. 801)

Como tratar da “delinquencia” nas escolas?

Autoridade docente moral.

Page 28: QUANDO A VIOLÊNCIA INFANTO-JUVENIL INDAGA A PEDAGOGIA. Miguel Arroyo

Como se a disputa fosse que as escolas tivessem de redefinir sua função de centros de ensino e transmissão de competências para centros de reabilitação de condutas e de contravalores para valores de ordem e disciplina. (ARROYO, p. 801)

Escola como ambiente moral.

Visão da sociedade sobre a escola como uma ambiente moral

Page 29: QUANDO A VIOLÊNCIA INFANTO-JUVENIL INDAGA A PEDAGOGIA. Miguel Arroyo

Não seria o conteúdo moral o que confere a autoridade moral ao educador e à escola, mas é a autoridade moral desta e daquele que confere legitimidade ao que é ensinado e ao ambiente moral da escola e da aula. (…) Entretanto, essa autoridade moral se redefine não apenas quando a relação escolas-mestres com o saber, a cultura e os valores se redefine, mas quando a relação dos educandos com a cultura, os valores, o conhecimento se redefine.(ARROYO, P.802)

Page 30: QUANDO A VIOLÊNCIA INFANTO-JUVENIL INDAGA A PEDAGOGIA. Miguel Arroyo

Qual a função da escola e da docência? Ensinar, transmitir competências para a inserção no mercado? Garantir o direito ao conhecimento, às ciências e tecnologias? Que espaços há para a educação e formação ética, para o trato dos valores?(ARROYO, p.803)

Gestão democrática mas com práticas autoriárias, menos dinâmicas, dialógicas e participativas.

Page 31: QUANDO A VIOLÊNCIA INFANTO-JUVENIL INDAGA A PEDAGOGIA. Miguel Arroyo

Observa-se, sobretudo, o discurso moralizante da infância-adolescência popular ante a ausência educadora e moralizadora das famílias e da sociedade. (ARROYO, p.803)

Função da escola delegada pela elite: moralizar os bárbaros.(ARROYO, p. 803)

Page 32: QUANDO A VIOLÊNCIA INFANTO-JUVENIL INDAGA A PEDAGOGIA. Miguel Arroyo

Essas infâncias, um estranho incômodo?

Chegaram a níveis de desumanização que tornam essas infâncias moralmente irrecuperáveis? Ainda terão efeito medidas educativas, ou não há mais espaço para a educação?(ARROYO, P.804)

As altas porcentagens de jovens e adolescentes populares mortos ou exterminados revelam a descrença da sociedade em sua educabilidade.(ARROYO, p.803)

Page 33: QUANDO A VIOLÊNCIA INFANTO-JUVENIL INDAGA A PEDAGOGIA. Miguel Arroyo

Recuperação da pedagogia?

Os contextos são desumanizadores?

Será possível reverter essa visão tão pessimista e essa redução do fazer educativo como uma tarefa de exceção?( ARROYO, p.805)

(…) Pedagogia: acreditar nas possibilidades de todo ser humano, desde a infância, se tornar humano, acreditar que toda criança-adolescente é perfectível.(ARROYO, p.805)

Page 34: QUANDO A VIOLÊNCIA INFANTO-JUVENIL INDAGA A PEDAGOGIA. Miguel Arroyo

Essas infâncias ousam profanar, dessacralizar nossas crenças. Incomodam e indagam a Pedagogia.(ARROYO, p. 806)

Poucas pesquisas e reflexões acerca dos processos desumanizadores realizados na educação.

Page 35: QUANDO A VIOLÊNCIA INFANTO-JUVENIL INDAGA A PEDAGOGIA. Miguel Arroyo

Referência:

ARROYO, Miguel G. Quando a violência infanto-juvenil indaga a Pedagogia. In: Educ. Soc. Campinas, vol. 28, n. 100 - Especial, p. 787-807, out. 2007. Disponível em:<http://www.cedes.unicamp.br>. Acessado em 18 de novembro de 2014.