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informativo do sindicato dos servidores da Justiça do rio Grande do sul – sindjus/rs - Edição 201 – Maio de 2015 LUTAR É PRECISO LUTAR É PRECISO Qual a Justiça que você vê? • O retrato da desvalorização | PAGS. 6 e 7 • Categorias unidas divulgam manifesto| PAG. 8

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informativo do sindicato dos servidores da Justiça do rio Grande do sul – sindjus/rs - Edição 201 – Maio de 2015

LUTARÉ PRECISOLUTARÉ PRECISO

Qual a Justiça que você vê?

• O retrato da desvalorização | PAGS. 6 e 7• Categorias unidas divulgam manifesto| PAG. 8

Editorial 2

Contra a força do patrão, o remédio sempre foi a união

Em sua mais famosa obra, “Do Contrato Social”, Jean-Jacques Rousseau diz: “O mais forte não é nunca assaz forte para ser sempre o senhor se não transforma essa força em direito e a obediência em dever. Daí o direito do mais forte, direito tomado ironicamente na aparência e realmente estabelecido em princípio. Mas explicar-nos-ão um dia esta palavra? A força é uma potência física; não vejo em absoluto que moralidade pode resultar de seus efeitos. Ceder à força constitui um ato de necessidade, não de vontade; é no máximo um ato de prudência. Em que sentido poderá ser um dever”? Às imposições da força e do poder, a resposta é somente a união e a conscientização em torno da causa maior e comum, muito embora diversificada em distintas metas, capazes de contemplar ao bem geral, e não somente a isoladas circunstâncias. Só essa união, consciente e organizada, fará fluir, por si mesma, ações e reações dignas de sucesso ao final de qualquer luta. Assim tem sido ao longo da História dos homens e dos povos. Aqueles que se dividiram foram derrotados. Assumir a consciência coletiva, abrindo mão de interesses individuais, é questão não apenas de estratégia, mas de pura sobrevivência dentro de um panorama cada vez mais hostil.

O abandono da ideia simplista de compor um grupo, apenas pagar a contribuição à sua entidade sindical sem participar, acreditando que uns poucos e abnegados colegas, entre base e direção, podem reverter um quadro adverso em várias frentes de luta, é um exercício de tempo, reflexão e paciência. Essa conscientização e essa reflexão, não só pelos servidores da Justiça, mas também de todas as categorias, são mais do que necessárias – são urgentes! Uma urgência que se requer igual ou maior do que a celeridade com que nossos direitos têm sido solapados, um a um, pelo poder público, num desmonte e numa desvalorização que contam, em muito, com a complacência originada na nossa habitual dificuldade em conciliar os interesses individuais com a visão ampla do bem comum. Por essas tão urgentes e necessárias união e consciência, em nome da direção sindical dirijo um apelo – que outras direções, em outras épocas, também o fizeram - para que todos compareçam às atividades sindicais internas e externas. O momento é de total mobilização, talvez a mais delicada e complexa conjuntura a ser enfrentada em toda a história, não só da nossa categoria, mas de todo o serviço público riograndense. Um caloroso abraço e boa leitura.

Por Marco Aurelio Ricciardi Weber | Coordenador-geral

À luta, mulheres!

Que nada nos defina. Que nada nos sujeite.Que a liberdade seja a nossa própria substância. Simone de Beauvoir

As conquistas passam pela luta e pela união de todos

Dica de leitura: Breve História de Quase Tudo

Para ver em casa: Capitalismo, Uma História de Amor

Dica de cinema: Relatos Selvagens

As conquistas passam pela luta e pela união de todos

Dica de leitura: Breve História de Quase Tudo

Para ver em casa: Capitalismo, Uma História de Amor

Dica de cinema: Relatos Selvagens

5 FILMES SOBRE A LUTA DAS MULHERES

Dois dias, uma noite

Frida

O cárcere e a rua

Enquanto isso, na vida real

Qualquer pessoa é verdadeiramente digna da liberdade quando não espera que esta lhe seja concedida, mas conquistada. Madeleine Pelletier

Revolução em Dagenham

Sem teto nem lei

Jornal_Marco_v5.indd Spread 2 of 6 - Pages(2, 11) 05/03/2015 11:46:35

O SindjusRS vai iniciar, no próximo mês, uma pesquisa com o objetivo de avaliar as condições de trabalho e de saúde de toda a categoria. Vamos reunir informações que embasarão ações do sindicato em nossa luta pela preservação da saúde dos servidores e contra o adoecimento no trabalho. Na próxima edição do jornal LUTAR É PRECISO, traremos mais notícias sobre a pesquisa.

Pesquisa de saúde

lutar é prEciso 3

O PL da Terceirização e outros ataques aos trabalhadores Um mês que se inicia com o significativo feriado do Dia do Trabalho é ocasião privilegiada para debater a situação dos trabalhadores, que enfrentam poderosos ataques. Os famigerados ajustes propostos pelos governos resultam sempre na pressão para que os trabalhadores paguem a conta. Enquanto as maiores fortunas seguem sem taxação e políticos de todas as esferas não apenas mantêm como ampliam seus penduricalhos e mordomias, o governo federal trabalhou para aprovar um pacote de maldades que inclui cortes em direitos como seguro-desemprego, abono salarial e auxílio-doença. Em nível estadual, o governador Sartori corta gastos com serviços públicos essenciais e ameaça o funcionalismo com atraso e parcelamento de salários enquanto sanciona aumento salarial para o primeiro escalão do governo e para os deputados. Os servidores do Judiciário são constrangidos a se contentarem com migalhas enquanto magistrados ganham um auxílio-moradia que sangra os cofres públicos em milhões de reais mensais. Um outro ataque que ameaça atingir em cheio a dignidade de trabalhadores de todo o Brasil é o PL da Terceirização, o 4330, já aprovado na Câmara dos Deputados, apesar de resistência de sindicatos e movimentos sociais, e que agora tramita no Senado sob o nome de PLC 30. Combater esse nefasto projeto de desmonte de direitos é obrigação de todo trabalhador consciente do seu lugar no mundo e da importância da união de todas as categorias. Confira alguns motivos para dizer não ao PL da Terceirização, compilados por Piero Locatelli, da Repórter Brasil:

1. Salários e benefícios devem ser cortados O salário de trabalhadores terceirizados é 24% menor do que o dos empregados formais, segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).

À luta, mulheres!

Que nada nos defina. Que nada nos sujeite.Que a liberdade seja a nossa própria substância. Simone de Beauvoir

As conquistas passam pela luta e pela união de todos

Dica de leitura: Breve História de Quase Tudo

Para ver em casa: Capitalismo, Uma História de Amor

Dica de cinema: Relatos Selvagens

As conquistas passam pela luta e pela união de todos

Dica de leitura: Breve História de Quase Tudo

Para ver em casa: Capitalismo, Uma História de Amor

Dica de cinema: Relatos Selvagens

5 FILMES SOBRE A LUTA DAS MULHERES

Dois dias, uma noite

Frida

O cárcere e a rua

Enquanto isso, na vida real

Qualquer pessoa é verdadeiramente digna da liberdade quando não espera que esta lhe seja concedida, mas conquistada. Madeleine Pelletier

Revolução em Dagenham

Sem teto nem lei

Jornal_Marco_v5.indd Spread 2 of 6 - Pages(2, 11) 05/03/2015 11:46:35

2. Número de empregos pode cair Terceirizados trabalham, em média, três horas a mais por semana do que contratados diretamente. Com mais gente fazendo jornadas maiores, deve cair o número de vagas em todos os setores.

3. Risco de acidente deve aumentar Os terceirizados são os empregados que mais sofrem acidentes. Na Petrobras, mais de 80% dos mortos em serviço entre 1995 e 2013 eram subcontratados. A segurança é prejudicada porque companhias de menor porte não têm as mesmas condições tecnológicas e econômicas. Além disso, elas recebem menos cobrança para manter um padrão equivalente ao seu porte.

4. O preconceito no trabalho pode crescer A maior ocorrência de denúncias de discriminação está em setores onde há mais terceirizados, como os de limpeza e vigilância, segundo relatório da Central Única dos Trabalhadores (CUT).

5. Negociação com patrão ficarámaisdifícil Terceirizados que trabalham em um mesmo local têm patrões diferentes e são representados por sindicatos de setores distintos. Essa divisão afeta a capacidade de eles pressionarem por benefícios.

6. Casos de trabalho escravo podem se multiplicar A mão de obra terceirizada é usada para tentar fugir das responsabilidades trabalhistas. Entre 2010 e 2014, cerca de 90% dos trabalhadores resgatados nos dez maiores flagrantes de trabalho escravo contemporâneo eram terceirizados, conforme dados do Ministério do Trabalho e Emprego.

7. Maus empregadores sairão impunes Com a nova lei, ficará mais difícil responsabilizar empregadores que desrespeitam os direitos trabalhistas, porque a relação entre a empresa principal e o funcionário terceirizado fica mais distante e difícil de ser comprovada.

8. Haverá mais facilidades para corrupção Casos de corrupção como o do bicheiro Carlos Cachoeira e do ex-governador do Distrito Federal José Roberto Arruda envolviam a terceirização de serviços públicos. Em diversos casos menores, contratos fraudulentos de terceirização também foram usados para desviar dinheiro do Estado.

9. Estado terá menos arrecadação e mais gastos Empresas menores pagam menos impostos. Como o trabalho terceirizado transfere funcionários para empresas menores, isso diminuiria a arrecadação do Estado. Ao mesmo tempo, a ampliação da terceirização deve provocar uma sobrecarga adicional ao Sistema Único de Saúde (SUS) e ao INSS. Segundo juízes do TST, isso acontece porque os trabalhadores terceirizados são vítimas de acidentes de trabalho e doenças ocupacionais com mais frequência, o que gera gastos ao setor público.

Fontes: Relatórios e pareceres da Procuradoria Geral da República (PGR), da Central Única dos Trabalhadores (CUT), do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos e de juízes do Tribunal Superior do Trabalho. Entrevistas com o auditor fiscal Renato Bignami e o procurador do trabalho Rafael Gomes.

Porto Alegre

13/04

Passo Fundo

15/04

assEMBlEias rEGioNais 4

Em todo o Estado, categoria constrói plano de lutas A direção do SindjusRS percorreu diversas comarcas no interior do Estado, realizando uma rodada de Assembleias Regionais. Nos encontros, todos em parceria com os servidores do Ministério Público, foram debatidas pautas e demandas das categorias, e se construiu, conjuntamente, um plano de lutas e

estratégias para a nossa campanha de valorização deste ano. O pontapé inicial foi dado no dia 13/04, em Porto Alegre. Depois dessa Assembleia Regional, servidores caminharam até a sede do Tribunal de Justiça, onde entregaram uma carta de reinvindicações à Presidência do órgão.

16/04

Palmeira das Missões

Pelotas

23/04

Santa Maria

29/04

Tramandaí

05/05

Santo Ângelo

17/04

Lajeado

22/04

assEMBlEias rEGioNais 5

06/05

Caxias do Sul

06/05

Santana do Livramento

EspEcial 6

Aumenta percentual de CCs em relação ao de concursados

A desvalorizaçãoDemandas crescem mais que número de servidores

Servidor é trabalhador. E trabalhador explorado, que enfrenta jornadas cada vez extenuantes em nome de metas absurdas, que sofre cada vez mais com assédio moral e doenças laborais. Confira, nestas páginas, algumas das mazelas que os trabalhadores da Justiça enfrentam no dia a dia.

Enquanto outras categorias são valorizadas, os servidores do Judiciário veem seus vencimentos perderem poder de compra. A título ilustrativo do arrocho e da desvalorização que nos são impostos ano após ano, o salário inicial de um Oficial Escrevente, no ano 2000, correspondia a R$ 1.026,00. O salário mínimo em janeiro de 2000 correspondia a R$ 151,00. Portanto, um Oficial Escrevente ganhava 6,8 salários mínimos à época citada. Hoje, com um salário mínimo de R$ 788,00, um Oficial Escrevente de entrância inicial recebe R$ 3.417,95, correspondente a 4,3 salários mínimos. Seguindo a lógica da evolução do salário mínimo, o salário de um Oficial Escrevente deveria ser hoje de R$ 5.358,40.

Enquanto o número de servidores de carreira foi o que menos aumentou, a demanda de trabalho deu um salto, aumentando a sobrecarga dos trabalhadores, que perdem qualidade de vida com jornadas extenuantes e aumento de casos de assédio moral. Se em 2005, num universo de 5,6 mil servidores, o total de processos iniciados foi de 1.879.284, em 2014, com um quadro de funcionários concursados só 15,57% maior, foram iniciados 2.917.716 de novos processos. Além dessas novas demandas surgidas, restam milhões de processos não concluídos. Só na última década, o saldo de processos inconclusos que se arrastam pelos cartórios ficou em mais de 2 milhões.

Aumento de processos iniciados: +55,25% Aumento do quadro de concursados: +15,7%

Veja quanto aumentou a

força de trabalho de cada grupo:

+ 15,57%Servidores de carreira:

+ 24,18%Magistrados:

+ 39,18% CCs:

Com informações obtidas junto ao Tribunal de Justiça do RS a partir de pedido via Lei de Acesso à Informação, é possível expôr em números o quadro de precarização do trabalho no Judiciário. O levantamento aponta que, do final de 2004 até o final de 2014 o número de servidores de carreira aumentou menos que o número de CCs e magistrados, e muito menos que o aumento das demandas no mesmo período. Em dezembro de 2004, o total de servidores concursados no TJ era 5.669. Em dezembro de 2014, era 6.552. Nesse mesmo intervalo, o número de CCs passou de 888 para 1.236 e o de juízes subiu de 653 para 815.

O retrato da desvalorização

EspEcial 7

Sem considerar ou mesmo respeitar um dos principais anseios da categoria, que é a construção de um PCS que preserve e amplie direitos, o TJ tristemente aposta é na divisão e na desunião da categoria. O PL 25/2015, no qual se encontram propostas claramente prejudiciais, como a extinção do cargo de ajudante, com a criação em seu lugar de nova função gratificada de sub-chefia, estipulada em menos da metade do que atualmente se paga aos designados, é prova clara de uma política de arrocho e completa desvalorização. O TJ não se constrange nem um pouco em sacrificar ainda mais seus colaboradores.

Além disso, o mesmo PL propõe um aumento de 6% tão só para os detentores de cargos de confiança (CCs), com o que em hipótese alguma poderíamos concordar, vez que, no ano passado, tivemos a ínfima reposição de 7,5%, em três parcelas, em face da alegada falta de condições de concessão de remuneração mais digna a todos. Ora, mas contraditoriamente, para os CCs se verificam presentes as mesmas condições inexistentes para os outros reles mortais da categoria. Por fim, o único ponto positivo desse nefasto Projeto é a majoração em 34% das FGs de auxiliares de juiz e pretor, o que é evidentemente positivo porque valoriza o servidor concursado e qualificado. O problema é que o PL 25/2015 é dúbio. Pode-se dizer que ele é o bem e o mal heterogeneizados. Deus e o Diabo disputando um mesmo espaço, num terreno bastante fértil e capaz de produzir injustiças. Entre esses dados, o que mais chama a atenção é a diferença salarial em relação ao que é pago na substituição do cargo de Oficial Ajudante e o valor das funções a serem criadas. Pelo teor integral do projeto, a diferença a ser paga em relação às substituições do cargo de Oficial Ajudante e as funções a serem criadas, nas três entrâncias é a seguinte:

FONTE: RBS TV

Diferença atualmente paga ao Oficial Escrevente que substituiu o Oficial Ajudante, em comarcas iniciais: R$ 2.103,05. A economia a ser gerada às custas do cargo de Oficial Escrevente a ser designado(a) SUBCHEFE - FG será de quase 50% - CINQUENTA POR CENTO do que hoje percebe quando em substituição, executando serviço de alta complexidade em troca de uma Função Gratificada de R$ 1.282,25 ou seja, R$ 820,80 A MENOS do que hoje percebe esse(a) colega mais comprometido(a) e ligado à chefia cartorária, nas comarcas iniciais. No caso da substituição em comarca intermediária, a diferença é ainda maior, pois a economia que o Judiciário pretende fazer, em cima do (a) servidor (a) é de R$ 1.412,47 por cargo. Cada servidor que hoje substitui a ajudância, e, sabemos, são muitos, percebe a diferença de R$ 2.694,72 por seu maior comprometimento e dedicação. Estes passarão a perceber, MENOS, ou seja, os R$ 1.282,25 como já referido. A mesma lógica de exploração da força de trabalho se aplicará também na Capital e nas demais comarcas de entrância final (Caxias do Sul, Santa Maria Pelotas e Passo Fundo), onde a diferença a menor a ser paga a cada um dos servidores será de R$ 1.451,98! Com a pressão da categoria, o projeto não tem avançado na Comissão e Constituição e Justiça da Assembleia. O Sindjus não é contrário à parte benéfica do projeto, mas entende que a sua parte nefasta é mais grave e luta pela valorização da categoria como um todo.

uNidadE Na luta 8

Manifesto dos Servidores da Justiça e do MP Os servidores da Justiça e do Ministério Público, de forma democrática e respeitosa, buscando o diálogo e com a finalidade primeira de construir uma justiça qualificada para os desafios que teremos enquanto instituições visando ao atendimento às demandas crescentes da sociedade, vêm expor o que segue: Enfrentamos um quadro de aumento de processos que não vem acompanhado do preenchimento dos cargos vagos de servidores, sobrecarregando as estruturas cartorárias e administrativas. Hoje, são mais de 2 mil cargos vagos no Judiciário e 440 no MP. Nesse cenário, importante ressaltar que não há no Poder Judiciário e MP gaúchos programas de prevenção ao adoecimento crescente dos servidores em virtude de doenças laborais, cujo número cresce assustadoramente nos quadros. Além disso, a priorização de nomeação de cargos em comissão nos níveis de assessoramento técnico tem precarizado a qualidade do serviço e criado contradições e conflitos nos ambientes de trabalho, sendo uma porta aberta para a proliferação de casos de assédio moral. Nos últimos 15 anos, no Judiciário, houve um crescimento de mais de 270% no número de CCs, enquanto o número de servidores concursados cresceu apenas 18%. Já no MP, no mesmo período o crescimento de CCs criados na Instituição foi de 240% . Essa visão de Estado se materializa em outras inciativas, como o recente projeto de lei prevendo majoração exclusiva de 6% para os salários de cargos comissionados do primeiro grau do Judiciário. Contra essa iniciativa, diversas entidades representativas dos servidores públicos das mais variadas categorias estão se articulando, pois ela constitui verdadeira afronta ao serviço público em geral. Da mesma forma, na última versão do anteprojeto do Plano de Cargos e Salários do TJRS há previsão de aumento de 100% do salário dos assessores de juiz e pretor em cinco anos. Mais que isso, a política de prestação de serviços à população é atrasada, impondo um horário de atendimento reduzido e mantendo

uma jornada de trabalho extenuante e improdutiva. Entendemos que é necessária a adoção de uma jornada de trabalho racional, com a diminuição do horário de trabalho sem prejuízo do horário de funcionamento, medida sem impacto financeiro, geradora de inúmeras melhorias onde foi adotada, como a economia de recursos. As experiências em todo o Brasil nesse sentido são positivas, sendo que já há a adoção do horário racional de trabalho em mais de 20 estados da federação e vários tribunais regionais federais e do trabalho. Outra batalha a ser enfrentada é a que diz respeito à autonomia e à garantia do funcionamento dos Poderes e Instituições. O povo gaúcho é sabedor das tentativas do Governo Sartori de impor uma agenda de restrição de direitos aos servidores públicos do Executivo. No Judiciário e MP gaúchos, o ataque do Governo se dará na tentativa de restrição orçamentária e nos repasses mensais constitucionais e já aprovados na peça orcamentária deste ano. Com isso, além de cortes nos investimentos e custeio que redundariam em melhoria no atendimento à população, está em risco o direito constitucional à recomposição das perdas inflacionárias. Não podemos receber essa conta calados!

Nesse cenário, é inaceitável que as Administrações ainda silenciem e não se coloquem a negociar os itens da campanha salarial, em especial, o índice de reposição salarial deste ano. Os servidores do Judiciário e do Ministério Público não serão fiadores da crise e da pressão exercida pelo governo e para isso se colocarão em movimento para evitar qualquer retrocesso nos seus direitos e conquistar sua pauta de reivindicações para o ano de 2015:

Contamos com o seu apoio às nossas reivindicações e nossa luta em busca de uma justiça que tenha efetividade social e qualidade na sua prestação. Sindicato dos Servidores da Justiça do RS - SindjusRSSindicato dos Servidores do Ministério Público - SimpeRSAssociação dos Servidores do Ministério Público - Aprojus

REPOSIÇÃO DE 15%

REDUÇÃO DA JORNADA DE TRABALHO PARA SEIS HORAS DIÁRIAS

PLANO DE CARREIRA NEGOCIADO

artiGos 9

Sede de cara nova

Entidades se reúnem com chefe da Casa Civil

Outdoors expõem indignação da categoria

Chimarreada no Dia do Trabalho

A direção do Sindjus tem feito um trabalho de revitalização da sede do sindicato, que estava em condições precárias. A reforma tem sido tocada sem custo para os servidores, apenas com recursos oriundos de parte da comissão que o Sindjus recebe por contratos como agente da Caixa

Para tratar de um problema que atinge diversos poderes e órgãos do Estado, dirigentes do SindjusRS, do Simpe-RS, do SindisPGE e da Aprojus se reuniram no dia 05/05 com o chefe da Casa Civil do Piratini, secretário Márcio Biolchi. No encontro, os representantes dos trabalhadores apresentaram a campanha Basta de CCs e pediram o apoio do governo do Estado para o projeto. Biolchi se mostrou receptivo a diversos pontos da campanha

No mês de abril, ganhou as ruas a campanha conjunta de valorização dos servidores do Judiciário e do MP, com mais de 50 outdoors espalhados pela Grande Porto Alegre, que expõem a desigualdade com que são tratados os servidores em relação a magistrados e promotores.

No dia 1º de maio, feriado do Dia do Trabalho, dirigentes do Sindjus, Simpe-RS e SindisPGE, acompanhados por servidores das categorias, promoveram no Parque da Redenção, em Porto Alegre, a Chimarreada pela Valorização do Servidor. O ato começou às 10h, junto ao Monumento ao Expedicionário e o Brique da Redenção, tradicional ponto de encontro e convívio dos porto-alegrenses. Além de matear juntos e confraternizar, os dirigentes sindicais e servidores entregaram panfletos e conversaram com os frequentadores do parque sobre as demandas dos servidores e a necessidade de resistir aos projetos de desmonte de direitos empreendidos pelos governos Dilma e Sartori.

Econômica Federal. O espaço mais representativo da nova sede é a Sala Rosane Rehermann, batizada em homenagem à nossa aguerrida colega que morreu na tragédia da Boate Kiss. A sala se destina a reuniões e pode abrigar atividades culturais e de formação da categoria.

Fundo de Greve O Fundo de Greve e Mobilização é um instrumento inédito criado pelo sindicato em apoio à luta da categoria por valorização. O sindicato criou esse mecanismo para subsidiar o corte de ponto e de efetividade nos vencimentos dos servidores

que porventura sejam penalizados por aderir a um movimento paredista. Esse fundo criado pelo SindjusRS para garantir eventuais prejuízos financeiros neste mês ultrapassará a casa dos R$ 80 mil.

Nap 10

O papel das amizades na terceira e em qualquer idade

Sobre a execução de URVs

Desde a Grécia Antiga, a amizade é adorada e cultivada. Muitos filósofos desse período já abordavam o valor e a beleza dos laços fraternos. Aristóteles, por exemplo, afirmava que o ser humano é um ser político que não vive sozinho. Também dizia que a amizade, como virtude, é algo extremamente necessário para a vida. Já Epicuro, também um pensador do século IV a.C., compreendia que a amizade é um dos maiores bens que a sabedoria pode proporcionar. Todavia, nessa época em que o tempo parece escasso, muitas vezes nos afastamos de nossos amigos queridos, ocupados que estamos com a carreira, filhos, cuidados com a casa, etc. Outro fenômeno comum, nesse sentido, diz respeito ao afastamento do convívio com os pares quando ocorre a aposentadoria. O que acontece é que, em muitas situações, a maior parte dos laços de amizade está relacionada com o ambiente de trabalho. Outra situação que pode acontecer, concomitante com a aposentadoria e afastamento do convívio fraterno, é a saída dos filhos de casa. Estes já estão com suas famílias, e ocupados em construir seus projetos de vida. Nesse contexto de importantes mudanças, pode haver uma sensação de perda de função social, sentimento de inutilidade e de um esvaziamento da identidade. É interessante ressaltar que esses sentimentos são comuns devido à adaptação quanto aos investimentos pessoais. No entanto, tal quadro se mostra preocupante

Como é do conhecimento de todos, o Sindjus RS foi vitorioso na ação de reconhecimento da existência de URVs (processo nº 001.105.0269892-0), onde o Estado do RS foi condenado ao pagamento das diferenças de URV. Agora, ingressaremos com a execução de valores pendentes, mesmo para aqueles que já tenham recebido administrativamente. Desse modo, cada servidor que tiver interesse em ingressar com a execução deverá entregar seus documentos na sede do sindicato, conforme exigências que constarão de um “kit” de documentos.

Informativo do Núcleo dos Aposentados do Sindicato dos Servidores da Justiça do Rio Grande do Sul | Nov / Dez | 2014 | Número 8 | Ano 2

Por Lísia Refosco | Psicóloga

quando persistente e associado a alguns sintomas como apatia, vazio, alteração no sono, apetite, entre outros. Nesses casos, pode-se pensar na procura de ajuda profissional. Assim, é importante frisar a fundamental importância de o sujeito ter, ao longo de sua vida, interesses distintos, hábitos culturais, descobrir sonhos que o movimentem. Também, readaptar e não abandonar os mediadores sociais (instituições, grupos de amigos) em que está inserido. Certamente a vida fica imbuída de maior sentido e beleza quando estamos acompanhados de bons amigos.

Os cálculos serão realizados de forma individual, e somente após a entrega dos documentos ingressaremos com as ações. Os contracheques de 2005 a 2015 só poderão ser acessados via Portal do Servidor . Para anos anteriores, é preciso encaminhar a declaração de autorização de retirada de documentos via Sindjus. Mais informações podem ser obtidas com o nosso setor jurídico com os colegas Edson Busatto, Paulo Berny e Dilnei Gisler, pelos emails [email protected],[email protected] e [email protected]

cultura 11

TRÊS FILMES SOBRE O TRABALHO Tempos Modernos

Amor Sem Escalas Roger e Eu

O clássico de Charlie Chaplin é presença obrigatória em qualquer lista do gênero. O fi lme aborda o drama dos trabalhadores da indústria no início do século 20. Era uma época em que o fordismo nascente aumentava a exploração e, pela fragmentação e hiperespecialização das atividades, descaracterizava o labor do operário. Na linha de montagem que não se sabe onde

O fi lme estrelado por George Clooney e Anna Kendrick aborda a questão do trabalho por dois enfoques distintos. Com a crise de 2008, surge nos Estados Unidos um nicho de mercado promissor: o de consultorias terceirizadas especializadas em demitir trabalhadores. O trabalho dos personagens de Clooney e Anna consiste em viajar pelo país para cuidar dos processos de demissão em massa de empresas em crise, um processo traumático em que eles se envolvem em dramas pessoais dos demitidos. O segundo enfoque é o modo como as carreiras dos próprios protagonistas impactam nas suas vidas e os afastam das pessoas que amam. A perambulação aérea pelo território americano serve de alegoria para explicar como eles se descolaram do mundo ao desistirem de ter vida pessoal em nome do sucesso profi ssional. Quando se dão conta dessa condição, eles se veem em um dilema: priorizar o trabalho ou a própria vida?

Um dos documentários que projetaram o nome de Michael Moore, Roger e Eu trata da tragédia social provocada pela montadora General Motors na cidade natal do cineasta: Flint, Michigan. O fi o condutor é a série de tentativas de Moore de conseguir uma entrevista com o então presidente da GM, Roger Smith. As fábricas, que davam lucro, foram desativadas para que a empresa instalasse novas plantas no México, onde a mão de obra é mais barata. O saldo: quase 70 mil desempregados em Flint e o colapso da economia da cidade.

Neste mês do Trabalhador, indicamos uma seleção de fi lmes que abordam a temática trabalhista:

GuilhermeBoulos Filósofo e coordenadordo MTST

“ Salário menor, jornada maior e alta rotatividade. Essas são as

condições que os deputados, sob o comando de Eduardo Cunha, querem impor ao conjunto dos

trabalhadores do país”.

Entre Aspas

começa nem onde termina, o produto do trabalho do nosso protagonista é uma placa com dois parafusos apertados, algo que ele não pode chamar de seu e que se destina apenas a engordar os lucros do patrão. É a denúncia de um sistema que desumaniza o trabalhador e o converte em peça descartável de uma engrenagem.

Perguntas de umtrabalhador que lê

Quem construiu a Tebas de sete portas?Nos livros estão nomes de reis.

Arrastaram eles os blocos de pedras?E a Babilônia várias vezes destruída -

quem a reconstruiu tantas vezes? Em que casas

da Lima dourada moravam os construtores?

Para onde foram os pedreiros, na noite em que a Muralha da China ficou pronta?

A grande Roma está cheia de arcos do triunfo.

Quem os ergueu? Sobre quemtriunfaram os Césares? A decantada Bizâncio

tinha somente palácios para seus habitantes? Mesmo na lendária

Atlântida,os que se afogavam gritavam

por seus escravosna noite em que o mar a tragou.

O jovem Alexandre conquistou a Índia.Sozinho?

César bateu os gauleses.Não levava sequer um cozinheiro?

Filipe da Espanha chorou quando sua Armada

naufragou. Ninguém mais chorou?Frederico II venceu a Guerra dos Sete

Anos.Quem venceu além dele?Cada página uma vitória.

Quem cozinhava o banquete?A cada dez anos um grande homem.

Quem pagava a conta?Tantas histórias.Tantas questões.

(Bertolt Brecht)