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QUADRA PÚBLICA Conheça mais sobre a cidade de Bauru, seus patrimônios e quem usufrui desses espaços

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Suplemento produzido para a disciplina de Jornalismo Impresso II, 2011, do curso de Jornalismo da Unesp, câmpus Bauru, sob a orientação do Prof. Dr. Angelo Sottovia Aranha

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QUADRA PÚBLICA Conheça mais sobre a cidade de Bauru, seus patrimônios e quem usufrui desses espaços

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PRO

POST

A

Deve-se tombar apenas bens luxuosos?

Não, muitos imóveis modestos construídos com técnicas interes-santes e originalidade expressam hábitos ou outro valor, como as casas de tábua trazidas pela fer-rovia, as obras de taipa de mão

ou taipa de pilão, ou as manufaturas e fábricas

O que define os bens a serem tombados?

Deve-se fazer uma análise dos bens observando-se sua integ-

ridade, raridade, exemplaridade (bens mais significativos) e im-portância arquitetônica, cultural,

histórica, turística, sendo que o bem pode agregar um

desses aspectos ou outros.

Por que o nome tombamento?

Esse nome tem origem em Portu-gal, vem da Torre do Tombo, ou do Arquivo (uma das torres do Castelo de São Jorge), onde eram guarda-dos documentos importantes que

hoje fazem parte do Arquivo Central do Estado Portu-

guês.

O que é um tombamento?

É um conjunto de ações, rea-lizadas pelo poder público, que visa preservar os bens de valor

histórico, cultural, arquitetônico, ambiental e afetivo, impedindo a

sua destruição e/ou descarac-terização.

Há diferença entre espaço e patrimônio públi-

co?

O espaço público é considerado aquele de uso comum e posse cole-tiva. A rua é um bom exemplo de espaço público. Já o patrimônio

público é um bem material, histórico ou cultural que

está sob o poder do governo.

Os patrimônios públicos ur-banos são imagens vivas de tempos passados ou pre-

sentes da sociedade, constituindo ícones de memória, como uma igreja matriz ou um coreto. De acordo com a lei, patrimônio pú-blico é o conjunto de bens e direi-tos, mensurável em dinheiro, que pertence à União, a um Estado, a um Município, a uma autarquia ou empresa pública. Os bens per-mitem que o passado interaja com o presente, de forma a transmitir conhecimento e a formar a iden-tidade de um povo. Só na cidade de Bauru existem 36 bens tomba-dos, como a Aliança Francesa, sem contar outros 20 que estão em estudo para serem tombados, espalhados por toda a cidade. Aliados aos espaços públicos, eles constituem um importante me-canismo vivo de interação social e cultural da população local. Nossa equipe de reportagem foi tentar entender as questões por trás dos bens públicos para apresentar histórias e curiosidades dos prin-cipais patrimônios bauruenses.

Só para facilitar... Foto: Celso Melani

PÚBLICA

Jornal Quadra Pública

Novembro 2011

Curso de Jornalismo - Unesp

Bauru-São Paulo

EQUIPE: Ana Chiavegatti, Ariane Amaro, Bruno Ferrari,

Camilla Scherer, Jaderson Souza, Jason Mathias, Juliana Caval-

cante, Letícia Greco, Lígia Ferreira, Mayara Ísis, Natália Girolamo

JORNALISTAS RESPONSÁVEIS: Ângelo Sottovia Aranha

MTB: 12.870 e Renata Malta MTB: 34.600

QUADRA PÚBLICA - novembro de 20112

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QUADRA PÚBLICA - novembro de 2011

ÍNDICE 04

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PreservaçãoEntenda o processo de tombamento de um patrimônio público

ComunidadeConheça a Batista: uma das principais ruas da cidade de Bauru

Cotidiano e LazerVitória Régia: o cartão postal mais popular da cidade

CulturaOs benefícios que o Teatro Municipal e o Centro Cultural trouxeram à população

HistóriaEstação Ferroviária de Bauru conta a história da cidade

Fala Povo!A população bauruense dá sua opinião sobre os espaços públicos

Foto: Camilla Scherer

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QUADRA PÚBLICA - novembro de 2011

Bauru defende o patrimônio público há 15 anos

Os principais órgãos responsáveis pela preservação do acervo patri-monial no Brasil são o Instituto

do Patrimônio Histórico e Artístico Na-cional (IPHAN) e o Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (CONDEPHAAT), que é vinculado ao governo estadual. Na cidade de Bauru, a autarquia que cuida da questão é o Conselho de Defe-sa do Patrimônio Cultural (CODEPAC).

O CODEPAC foi aprovado em pro-jeto de lei em 1993 e regulamentado em 1996. O professor Nilson Ghirar-dello foi presidente da entidade por oito anos. O Conselho foi criado de-pois da reforma que descaracterizou o estilo da Praça Rui Barbosa, no centro de Bauru. Antes do CODEPAC, arqui-tetos, historiadores e estudantes pro-

testavam contra reformas ou demoli-ções que viessem a alterar algum local que tivesse importância histórica, ar-quitetônica ou cultural para a cidade.

Em Bauru, existem patrimônios mantidos pelo poder público, asso-ciações ou pela iniciativa privada. O ex-presidente do CODEPAC diz que os patrimônios que são manti-dos por particulares são os mais di-fíceis de preservar. Existe uma resis-tência por parte dos proprietários em manter o aspecto original dos bens.

O Conselho, inclusive, tentou apro-var um projeto de lei que previa a isen-ção de IPTU para os proprietários de imóveis tombados. O projeto foi re-jeitado pela Câmara Municipal. Para que o imposto pudesse ser abatido, os proprietários deveriam apresentar no-

tas fiscais de eventuais reformas dos imóveis com o mesmo valor do IPTU.

Entre as entidades que participam do CODEPAC estão: universidades, prefeitura e secretarias (Planejamento, Negócios Jurídicos e Cultura, sendo que a última tem dois membros no Conse-lho), Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB), Associação dos Engenheiros, Ar-quitetos e Agrônomos de Bauru (Asse-nag), OAB e Associação dos Geógrafos Brasileiros. Apesar de não fazer mais parte do Conselho, Ghirardello acredita ter desempenhado um bom papel en-quanto foi membro: “a gente fez um tra-balho heróico. Não considero que foi o ideal. Mas foi em um momento em que não se falava sobre preservação dos pa-trimônios da cidade. Cabe a nós elevar a discussão a um nível mais complexo”.

Jaderson Souza

Plano Diretor deve prever manutenção dos patrimônios

Um plano diretor coordena a or-ganização dos espaços e pat-rimônios públicos de uma ci-

dade. É ele que determina a parcela do dinheiro público a ser aplicada em toda a cidade, de modo a contemplar a infra-estrutura do espaço urbano.

Edificações tombadas na cidade de Bauru são enquadradas pelo plano dire-tor como Áreas de Interesse Histórico, Cultural e Esportivo destinadas a preser-vação, recuperação e manutenção do patrimônio, diz Rosio Salcedo, arquiteta integrante do Centro Internacional para a Conservação do Patrimônio (CICOP).

Porém, não há políticas públicas que apóiem a preservação de imóveis tombados em Bauru. Segundo Rosio, a gestão do conselho não se preocupa com questões pós-tombamento, como a necessidade de incentivos fiscais para os proprietários, maiores informa-ções na documentação histórica e in-fra-estrutura de acesso e convivência.

Como alternativa para a promoção dos patrimônios públicos, Rosio afirma que a prefeitura deve acrescentar no Plano Diretor de Bauru uma regulamentação específica para as Zonas de Interesse Cul-tural e as Áreas de Interesse Histórico, Cultural e Esportivo, de modo a direcio-nar os investimentos para a manutenção da infra-estrutura, bem como para a di-vulgação de informações históricas e cul-turais dos patrimônios, de modo a man-tê-los vivos na memória da população.

Tombamento de imóveis é lento e complexo

Jason Mathias

O CODEPAC é o órgão que está à frente da preservação do patrimônio público de Bauru

desde 1996. O Conselho analisa os pedidos e dá prosseguimento aos pro-cessos de tombamento. Entretanto, a palavra final é sempre do prefeito.

De acordo com levantamento do Conselho, até setembro de 2011 exis-tiam em Bauru 36 bens já tombados como patrimônio público e 21 em processo de estudo de tombamento.

Especulação imobiliáriaA possibilidade de ter seus bens

declarados como patrimônios públi-cos não é bem-vista por alguns pro-prietários da cidade. Uma das queixas é a recomendação de que o bem não

sofra nenhuma alteração durante o período em que transcorrer o pro-cesso de estudo de tombamento. O último bem tombado, a Fazenda Val de Palmas, demorou 15 anos para ter o seu processo finalizado.

A resistência dos proprietários reflete a pouca movimentação no co-mércio efetivo de bens tombados. Dos imóveis tombados ou em processo de tombamento, os únicos que tro-caram de dono foram o Bauru Tênis Clube e o prédio da Aliança Francesa.

Atualmente, está prevista mul-ta para os proprietários que não cuidam dos patrimônios de for-ma adequada. O valor gira em tor-no de 1 a 20% do valor do imóvel.

Jaderson Souza

1 Pedido de tombamento do imóvel: pode ser feito por qualquer cidadão que tenha uma justificativa para o tom-bamento;

2 Levantamento das es-crituras: pesquisa sobre os antigos donos do imóvel; o dono atual é notificado da ab-ertura do processo;

3 Parecer histórico: pes-quisa da relevância histórica, cultural ou arquitetônica do patrimônio;

4 Levantamento métrico: avaliação das condições físi-cas do bem;

5 Votação do conselho: caso receba resposta positiva, é encaminhado para aprova-ção do prefeito.

As cinco etapas do processo de tombamento de patrimônios públicos

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O Reforma descaracteriza Praça Rui Barbosa e motiva criação do CODEPAC

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Caminhando pelas ruas do centro da cidade não é raro nos depa-rarmos com casas e edifícios an-

tigos. Muitos foram construídos a mais de meio século e ainda mantém estilos arquitetônicos clássicos.

Essas construções têm uma impor-tância incalculável, pois representam a própria história do município. Muitas delas acabam sendo “tombadas” pela prefeitura e passam ser preservadas, uma vez consideradas “patrimônios his-tóricos” .

No entanto, mesmo depois do pro-cesso de tombamento, imóveis acabam esquecidos. Um bom exemplo é uma casa localizada na Rua Araújo Leite. É uma construção bem antiga, apresenta rachaduras e infiltrações, ameaçando os vizinhos e até mesmo as pessoas que passam na rua.

Poucos sabem, mas essa casa é muito especial. Foi uma das primeiras ocupa-ções urbanas de Bauru.

Quando ela foi tombada, a inten-ção era fundar a “casa do colono” (uma construção simples com elementos que lembrem a época em que a cidade come-çava a ser ocupada). A prefeitura quer comprar a casa. O problema é que a re-sidência vem de uma antiga herança, e nesse caso, o processo é cheio de buro-

cracia, mas já está em andamento.Próximo ao local, encontramos um

dos vizinhos, o barbeiro “Jerônimo Per-nambuco”, que vive a trinta e três anos ali na região. Um senhor muito simpáti-co, que nos passou algumas dados. Se-gundo ele, lá morava um antigo maqui-nista de trem da cidade.

Ele nos contou que os arredores da casa também foram interditados. Uma faixa foi colocada para impedir que os carros estacionem ali, devido ao risco de desabamento.

“Ano que vem tem eleição. Quem sabe os políticos não façam alguma coi-sa”, afirma o barbeiro pernambucano.

Continuando a caminhada, já nos afastamos um pouco do centro, próxi-mo ao local onde está sendo construído o “novo shopping.

Na década de 30, o conde Francesco Matarazzo instalou 40 indústrias em 30 cidades do interior, Bauru foi uma de-las. Era o início da fase de plantio do al-godão, período pós-crise de 29. Nascia, assim, as “Indústrias Matarazzo”.

Mas hoje, no local onde funcionava a fábrica, a situação é diferente.

Os prédios, considerados históri-cos, simplesmente foram demolidos em 2002. O que sobrou foi apenas um gal-pão. E lá, encontramos “Maria Eunice”.

Ela tem 61 anos e mora lá há 9 com sua família.

Além dela, mais quatro pessoas tam-bém vivem ali, seu marido e seus três filhos. Inicialmente, o casal trabalhava como caseiros da área .

No entanto, do dia pra noite, sem nenhum aviso, receberam uma notifi-cação, dizendo que deveriam sair de sua casa, pois essa seria demolida. No local, deverá ser construído o estacionamento do “novo shopping”. Pelo menos, é isso o que Maria Eunice acha, porque em nenhum momento foi explicado a ela os reais motivos da desapropriação. Hoje, ela luta na justiça por uma indenização e busca outro lugar pra morar.

O descaso não termina por aí. Além de tudo isso, ainda há uma pendência trabalhista com seus ex-patrões. Segun-do Eunice, eles não descontaram do seu pagamento alguns encargos como FGTS (fundo de garantia) e INSS (referente a aposentadoria).

“Esse pessoal tem muito dinheiro”, desabafa Maria Eunice.

Percebemos que a degradação não se dá apenas contra o patrimônio público, mas também contra a vida de pessoas que são tratadas como marionetes den-tro de um grande show dramático diri-gido por senhores de colarinho branco.

Cidadãos relatam a história de Bauru

Bruno Ferrari

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processo de tom-bamento, imóveis acabam esqueci-dos”.

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QUADRA PÚBLICA - novembro de 2011

Bauru ganha praça paradesportiva

A Batista tem de tudo!Nascida praticamente junto com a cidade de Bauru, a Batista de Carvalho é um dos principais pontos do

comércio e da história da cidadeCamilla Scherer

Quem anda pelo calçadão da Batista de Carvalho, uma das principais e mais tradicionais

ruas de Bauru, nem imagina quan-tas mudanças aquelas quadras tes-temunharam. Presente no cotidiano bauruense desde 1900, e ainda se-quer sem nome, a Batista de Carva-lho hoje é um dos maiores centros comerciais da cidade, contando com sete quadras e cerca de 130 lojas, num espaço exclusivo para pedestres.

Diariamente, milhares de pessoas circulam pelas quadras da Batista, onde encontram de tudo: eletrodo-mésticos, comida, bijuterias, roupas, calçados, medicamentos... ou sim-plesmente um espaço para “batistar”. A gíria é comum aos bauruenses, que têm o costume de passear pelo calça-dão para olhar vitrines ou tomar um lanche. Os comerciantes que alugam um ponto na Batista chegam a pagar de R$500 a R$600 pelo metro qua-drado, variando de acordo com a qua-dra. Até o começo do ano, tudo isso era administrado pela Associação das Empresas do Calçadão (AEC), mas problemas com o Tribunal de Contas da União fizeram com que a Prefeitura assumisse esse papel.

Dentre a infinidade de pessoas que circulam pelo calçadão

diariamente, está dona Dirce. A aposentada de 56 anos trabalha todos os dias na Batista de Carvalho como vendedora de “icegurte”. Das 10h da manhã até as 5 da tarde, ela vende os saquinhos de iogurte para economizar dinheiro e pintar a casa própria. Mas a rotina de dona Dirce começa bem mais cedo, por volta das 8:30. “Senão não dá tempo de pegar o ônibus e depois pegar os iogurtes na firma”, diz a aposentada que mora no Jardim Planalto. Apesar de ter renda própria, dona Dirce conta que muitos amigos que também trabalham no centro dependem da venda do produto para sobreviver. “Sabe aquele carrinho que fica em frente à Câmara? Então, ela vive disso”.

Batista quem?

As quadras e contornos da Ba-tista de Carvalho se desenvolve-ram graças à Estação Ferroviária, hoje próxima ao calçadão. Os tra-balhadores da estação fixaram mo-radia por ali, como muitos até hoje fazem, dividindo o espaço do co-mércio com a própria casa. A histó-ria da rua passa pelo comerciante João Batista de Carvalho, que tinha

uma loja na esquina da Batista

com a Araújo Leite. No local, ele co-locou uma placa batizando a rua de “Rua dos Esquecidos”, sendo home-nageado depois com o próprio nome.

Segundo a Secretaria de Desen-volvimento de Bauru, quem cuida da limpeza diária da Batista de Carvalho é a EMDURB, e a manutenção elétri-ca e do próprio calçadão são respon-sabilidade da Secretaria. Dona Dir-ce conta que um dos problemas que mais vê na Batista são pessoas escor-regando nos azulejos, principalmen-te nos cruzamentos com as aveni-das. “Sempre cai gente aqui. Já vi até mulher com criança de colo, grávida caindo”. A Secretaria de Desenvolvi-mento afirma que já foi aberta uma licitação para substituição das pe-dras do calçadão, e para terceirização dos serviços de manutenção da via.

Até lá, a Batista de Carvalho vai continuar oferecendo aos cidadãos bauruenses e de cidades vizinhas, o que já se via a muito tempo: opor-tunidades de negócios, renda para o comércio da cidade, um espaço de convivência e até a oportunida-de de “batistar” como forma de la-zer. Há mais de um século presen-te no espaço de Bauru, o calçadão vai continuar contando dia após dia a história da cidade e do seu povo.

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“Diariamente, milhares de pesso-

as circulam pelas quadras da Batista, onde encontram de

tudo”.

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Poucos discutem a importância do es-porte para o desenvolvimento pes-soal. Agora, imagine a dimensão que

a prática esportiva toma para os deficientes físicos. Com o objetivo de promover a inte-gração entre a sociedade e os portadores de necessidades especiais, a Prefeitura de Ba-uru e a Secretaria Estadual dos Direitos da Pessoa com Deficiência firmaram um con-vênio. E quem ganha é a população. No dia 20 de setembro, foi inaugurada a Praça Paradesportiva, projeto inédito no Estado de São Paulo. O Estado disponibilizou R$ 1,6 milhão, a prefeitura concedeu o espaço para a construção e se responsabiliza pela manutenção.

Situada na rua Nuno de Assis, quadra 5, a praça conta com acessibilidade ple-na, tanto no interior do complexo quanto fora, com piso antiderrapante contornan-do a construção. As pessoas que passarem pelo Jardim Bela Vista poderão observar os cadeirantes praticando handebol, tênis, basquete e futebol, em uma das três qua-dras disponíveis. A previsão é que o local ganhe também campo de futebol society, playground com tanque de areia e pista de caminhada cimentada, itens que ainda não foram entregues.

De acordo com Maria Amélia Theodoro, responsável por agendar as práticas e ge-renciar a Praça, a intenção não é isolar os deficientes nesse ambiente, mas sim inte-grá-los à sociedade; “por isso, o espaço não é restrito a essas pessoas, além de inserir os deficientes no esporte, [a Praça] serve como convívio”.

Já para Carol Silva, 9 anos, é fácil di-mensionar a importância do local: “se eu não estivesse aqui, ia ficar a tarde toda ven-do TV, presa dentro de casa”. As crianças são as que mais se beneficiam, com treinos esportivos.A praça Paradesportiva compor-ta 150 pessoas em atividade simultânea e 1.200 pessoas por dia.

Além das quadras de esportes, o espaço é ponto de integração

para todos

Natália Girolamo

Bauru ganha praça paradesportiva

Natália Girolamo

Aproposta do prefeito Rodrigo Agostinho é simples: propor-cionar à população bauruense por meio da prática esportiva, saúde, inserção social e qualidade de vida. Como fazer? Ins-

talando em diversos pontos da cidade as chamadas academias ao ar livre, complexos formados por equipamentos de ginástica. Os con-juntos são compostos por simulador de caminhada, volante vertical duplo, balanço lateral, bicicleta, abdominal e elevação de braços.

A Secretaria de Esportes já implantou 12 equipamentos des-de 2009, em diferentes bairros da cidade, tais como praça da Co-paíba, na Avenida Getúlio Vargas; praça Alcides Pasquarelli, no Jardim Redentor; no bairro Nova Esperança. Junto com os bene-fícios de integração social, outras demandas também são levan-tadas: qual a real eficácia dos exercícios realizados nesses con-juntos? Como fica a questão da manutenção dos equipamentos?

Segundo o Conselho Nacional de Educação Física (CONFEF), é imprescindível a presença de profissionais nesses espaços, o que não acontece em Bauru. O órgão sustenta a posição de que o risco de lesões durante um movimento acompanhado por um profissional é infinita-mente menor; tirando o fato que em casos de acidentes, tais como mal sú-bito e afins, a primeira assistência será concedida por alguém treinado.

Por consequência da falta de instrução aos usuários, os comple-xos esportivos sofrem com equipamentos quebrados e falta de ma-nutenção periódica. De acordo com a Prefeitura, a ideia é que seja firmado um convênio entre a Secretaria de Obras e a Secretária Muni-cipal de Esporte e Lazer (SEMEL), ainda sem previsão para ser imple-mentado, para que ocorra efetivamente a conservação dos aparelhos.

Para o professor de Educação Física Valério Matos, as academias ao ar livre são a maior expressão democrática do esporte; “qualquer um, seja criança ou adulto, pode desfrutar do espaço público que lhe é de direito, e aí pode ser tanto para o lazer quanto para a saúde”.

Academias ao ar livre se multiplicam em Bauru

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Integração, la-zer e saúde são os destaques na academia instalada na Av. Eng. Luiz Edmundo Carrijo Coube

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Vitória Régia, o cartão postal de BauruParque é área verde para se divertir e ganhar dinheiro

Considerado o mais popular cartão de visitas de Bauru, o Parque Vitória Régia é

aberto ao público todos os dias do ano. Localizado na avenida Na-ções Unidas, altura da quadra 24, também é famoso pelo projeto do arquiteto Jurandyr Bueno Filho, o Anfiteatro Vitória Régia, consti-tuído de concha acústica e arqui-bancadas. O anfiteatro não tem sido muito utilizado, mas já ser-viu de palco para grandes eventos culturais e populares.

Hoje o parque Vitória Régia é mais aproveitado como palco de feiras de artesanato, shows musicais e eventos comemorati-vos da cidade. Além disso, abri-ga um espaço de recreação com brinquedos; gira-gira, balanços, gangorra e escorregador fazem a diversão das crianças. Há uma ampla área verde utilizada em ca-minhadas, piqueniques e outras atividades que a população se sentir confortável em fazer, como os treinos de uma equipe de fute-bol americano, todos os sábados e

domingos.A inspiração para o nome do

mais famoso espaço público de Bauru vem de uma planta aquá-tica exuberante: a Vitória Régia. Ela lembra uma espécie de “ban-deja” por causa do seu formato circular. Verde na parte interna e púrpura na borda externa, pode ser encontrada em lagos e rios de águas calmas.

Como em outros lugares de vi-sitação pública ao ar livre, as au-toridades policiais recomendam que o parque não seja visitado em períodos de baixa concentração de pessoas e após às nove e meia da noite.

Fonte de renda

Além de ser local de lazer o parque também é a fonte de ren-da de muitos trabalhadores do comércio informal. Josi Santos, 42 anos, tira o sustento da famí-lia toda com o negócio que man-tém no parque há dois anos. “O que eu ganho aqui, trabalhando

aos domingos e feriados, é muito mais do que eu ganhava quando trabalhava de secretária; por isso minhas expectativas são de conti-nuar e crescer”, conta Josi.

O pula-pula de Josi atrai a criançada, por isso ela afirma que o parque não é importante só para ela, mas para toda a população. “Aqui no parque as crianças têm uma forma de diversão e lazer, e a gente une isso a nossa fonte de renda”, comenta.

Segundo os trabalhadores do local, a prefeitura tem investido bastante no parque, deixando-o sempre limpo, exercendo seu pa-pel de manutenção, mas afirmam também que eles fazem a sua par-te para manter tudo sempre em ótimas condições.

Outro comerciante do local, Osni Celestino da Silva, diz que seria ainda melhor se houvessem mais parques como o Vitória Ré-gia na cidade; “assim a população teria mais opções de lazer e mais comerciantes teriam espaço para trabalhar”.

Lígia Ferreira

Fotos: Lígia Ferreria

O Parque Vitória Régia é um lugar para diversão, trabalho e lazer

“Hoje o parque Vitória Régia é mais

aproveitado como espaço para feiras

de artesanato, shows musicais e eventos comemorativos da

cidade”.

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Bem-vindo ao Zoo!Aonça brinca tranquilamente

com sua companheira de ca-tiveiro, enquanto os macacos

fazem graça para os que passam e os observam. Rodeado por mata nativa, o Zoológico de Bauru possui habitats preparados, cuidadosamente, para re-ceber cada espécie Há 20 anos na ci-dade, o zoo busca desenvolver a con-servação das espécies fora da natureza, trabalhar com pesquisa na área, pro-mover a educação ambiental e o lazer.

O zoológico conta com uma equi-pe técnica composta por dois biólogos,

dois zootecnistas e 2 veterinários que, além de cuidarem do ambiente, desen-volvem pesquisa em busca de benefí-cios para o cuidado com os animais em cativeiro. Eles recebem toda a atenção necessária para uma sobrevivência saudável; 90% deles são nascidos em cativeiro e alguns são trazidos pela po-lícia ambiental ou pelo IBAMA. Estes, quando machucados, recebem cuidados e, caso advenham de ambiente livre, são devolvidos ao seu habitat natural.

O zoo conta com uma equipe de 60 funcionários que cuida da lim-

peza, planejamento dos ambientes e são responsáveis por garantir uma alimentação balanceada aos animais.

Entramos em contato com um es-paço rodeado de árvores no meio da cidade, onde é possível conhecer varia-das espécies de animais. É assim o zo-ológico de Bauru, um passeio que não pode ser esquecido no roteiro turísti-co da cidade. Diversão para crianças e adultos. O zoo fica na Praça das Cere-jeiras, número 1-59, e funciona de se-gunda à sexta das 8h às 16h e aos sába-dos, domingos e feriados das 8h às 17h.

Ariane Amaro

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Cheguei à rodoviária de Bauru como quem estava lá pela primeira vez. Aqueles que por mim cruzaram

devem ter sentido de longe o cheiro do nervosismo. Nem parecia que já estivera ali inúmeras vezes, e tampouco se podia notar que aquela não era minha primeira entrevista. Tomada pela ansiedade, pro-curei o banheiro para acertar as ideias e ir em busca de meus “personagens” e suas histórias.

Fui à área de desembarque. Ao subir a rampa vi seu Antonio, encostado na mureta, esperando por serviço: mais um desembarque e malas para carregar. Me aproximei e comecei uma fala pretensio-sa de quem estava sedenta por “histórias curiosas e fantásticas”. Simples e simpá-tico, Seu Antonio, 60 anos, foi contando como gosta da vida bauruense, depois de 11 anos na cidade e de trabalho na Rodo-viária. Com uma palha no canto da boca foi desmontando minhas ideias e reve-lando como “vai levando” o dia-a-dia cru-zado com tantas vidas.

De fala serena, o trabalhador vai pon-tuando o “diferente”. “De bom ou de ruim?”, intervém Seu Antonio. Os que entregam as malas ao carregador mal imaginam que ele está há seis anos sem férias ou folga, trabalhando de segunda a segunda das 6h30 às 14h30 e das 20h30 às 23h30. E ele reclama? Que nada! Cada vez que questiono, ele é sempre enfático: “Mas tá bom, né”. Talvez o segredo dessa calma com a vida seja fruto de sua raiz, uma cidade de vida pacata no interior

do Paraná, onde passou boa parte de sua vida trabalhando na roça.

Como quem já viu de tudo um pou-co, ele baixa o tom para falar das pessoas que ajuda como e quando pode. Senti um certo pesar e ao mesmo tempo seu ‘pé no chão’ na fala de quem sabe muito bem que não pode levar os “problemas” para casa. Nem mesmo naquele dia em que juntou papelão para uma mãe e seus filhos pas-sarem a noite na rodoviária, ou em tantos dias em que vê jovens e crianças à mercê das drogas e praticando pequenos furtos. Seu Antonio diz que, às vezes, chega em casa e conta à sua mulher, companheira de 41 anos, ou a seus quatro filhos as ho-ras passadas no trabalho. Talvez sejam os dias em que as bagagens pesem demais, dias em que carrega histórias para si.

Mesmo que não “guarde” as vidas com que cruza diariamente, pois diz ter visto tantas histórias que a maioria de-las já se tornaram “bônus” ou “ ônus” da vivência diária, relegadas ao necessário esquecimento, Seu Antonio mantém a solidariedade, educação e a presteza dos que lidam com gente. Enquanto infor-malmente me dá toda a atenção, retém os olhos em uma mãe e seus dois filhos. Nossa conversa só é interrompida por sua preocupação em ver se essa família chegaria ao seu destino. Seu Antonio se despede para levar mais algumas baga-gens, as últimas do dia, com a satisfação de quem ajuda como pode e carrega al-gumas histórias para casa. Mas, “tá bom, né?”.

Um carregador de históriasMayara Ísis

Fotos: Ariane Amaro

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Seu Antônio, o carregador de bagagens e de histórias da rodoviária de Bauru.

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RA PALCO PRA TODA

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Oteatro, mais do que um ambiente público onde se contempla a ficção, é o lu-

gar onde se condensam as am-biguidades e paradoxos, onde a complexidade se une, perfeita, ao questionamento. Onde as dan-ças e tragédias e as encenações e os cantos ganham trato e são tratadas, com uma encantado-ra multiplicidade de sentidos.

Onde estaria, então, a vida e a beleza de uma cidade, sem um te-atro? Em Bauru não poderia ser diferente. A cidade sempre foi alvo de críticas, provenientes majori-tariamente da classe artística, por não oferecer um espaço adequado e acessível onde fosse possível a apresentação de seus trabalhos. Foi então que, visando atender às exi-gências dos artistas e aproximar da sociedade entretenimento e cultu-ra, na noite de 26 de abril de 2000 foi inaugurado o Teatro Munici-pal “Celina Lourdes Alves Neves”. De lá para cá, muitas mãos, pés e vozes construíram por ali: shows musicais e grandes nomes da dra-maturgia brasileira passaram por seu palco, assim como os muitos

trabalhos de crianças e adultos anônimos e diversos grupos ama-dores. No teatro, todos têm lugar.

Rosângela Dias cuida da limpe-za do Teatro Municipal há 7 anos e tem boas lembranças do que já viu por entre as frestas de cada espetáculo. “Muita gente já pas-sou por aqui, cada sessão é dife-rente das outras. As pessoas que chegam parecem buscar algo para aprender. Quando elas vão em-bora também deixam um peda-cinho de si”, observa Rosângela.

O local foi construído com ver-ba pública e o custo ficou em torno de R$ 1 milhão. O Teatro Munici-pal tem área total superior a 800 metros quadrados e 488 poltronas, além de dez lugares bem equipa-dos para receber deficientes. Nos bastidores do palco e por trás dos panos da cortina é possível enxer-gar que o teatro é apenas a mais conhecida das atrações desse gran-de espaço construído em plena avenida Nações Unidas. O Teatro Municipal de Bauru faz parte do “Centro Cultural Carlos Fernandes de Paiva”, mas tudo o que se cria ali é história para o próximo Ato.

Juliana Cavalcante

Sim, nós temos cultura!

BBatizado de “Carlos Fernandes Paiva”, o centro cultural da cidade de Bauru custou R$ 3,5 milhões e foi ocupado

gradativamente ao longo dos últimos anos. Além de abrigar o Teatro Municipal “Celina Lourdes Alves Neves ”, o centro cultural tam-bém sedia a Secretaria Municipal de Cultura (SMC), a Galeria “Angelina Waldemarin Mes-semberg” e a Biblioteca Municipal Central.

A principal biblioteca de Bauru foi inaugu-rada em 1972. Ficava, inicialmente, no prédio da Câmara dos vereadores. Passou a ter seu próprio espaço no centro da cidade em 1984, com o nome Biblioteca Rodrigues de Abreu. Foi em 1999 que ganhou endereço fixo, logo na saguão de entrada no Centro Cultural.

Nilson Batista Júnior, diretor da Divisão de Bibliotecas, explica que o acervo total dis-põe de 70 mil exemplares acessíveis para em-préstimo, contando ainda com um acervo de livros raros que datam de 1930 e 1940. Estes, só podem ser emprestados via solicitação es-pecial aos bibliotecários. Lá, encontram-se originais do patrono da biblioteca, Rodrigues de Abreu, gibis autografados por Maurício de Souza, livros de poesia de 1930, entre outras raridades. Nilson garante que o acervo ab-erto é dinâmico e renovado com freqüência. Compra-se livros novos sempre que possível.

O incentivo à leitura é a palavra de or-dem. O programa proposto pela biblioteca busca reafirmar a importância de se colocar o livro na mão da criança, daí o cuidado com a gibiteca e a biblioteca infantil. São ofer-ecidos projetos com contadores de histórias que estimulam a criatividade e a curiosidade dos pequenos. É muito bom fazer uma visita. É cultura logo ali – e para todas as idades.

Ariane Amaro e Juliana Cavalcante

Centro Cultural: O que tem por lá

- Teatro Municipal - Brinquedoteca, Biblioteca Infantil - Gibiteca Municipal - Salas para Artes Visuais - Artes Cênicas e Música - Biblioteca Municipal “Rodrigues Abreu” - Auditório Municipal “Helvécio Barros” - Restaurante “Fantasma da Ópera”.

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Cultura em Bauru:(Esq. para dir.) Centro Cultural e

Peça “Carmem” no Teatro Municipal

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QUADRA PÚBLICA - novembro de 2011

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Edifício Brasil Portugal é um marco da arquitetura modernista em Bauru

O tombamento aconteceu em 2002, 38 anos depois de sua construçãoAna Carla Chiavegatti

Na esquina das Avenidas Rodri-gues Alves e Nações Unidas há um grande prédio, de 12 anda-

res, que dá para se ver mesmo longe do local. É o edifício Brasil Portugal, um dos primeiros grandes prédios constru-ído na cidade de Bauru. Ele foi projetado em 1961, pelo arquiteto Fernando Pinho, um português radicado no Brasil, e teve sua construção concluída em 1964. O edifício foi tombado em 2002, através da atuação do CODEPAC, o Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Bauru.

O edifício é um marco da construção civil da cidade por ser uma típica obra modernista. O atual presidente do CO-DEPAC, Sérgio Losnak, explica esse e al-guns outros motivos de seu tombamen-to: “A obra é extremamente significativa para a cidade de Bauru devido suas quali-dades de implantação espacial, constru-tiva e tipológica. A construção do prédio foi destinada a uma classe média em as-censão, que iniciava o costume de morar em condomínios verticais”. Sérgio Los-nak enfatiza também a importância de suas características arquitetônicas, “Sua implantação no lote de esquina é abso-lutamente original, em diagonal a duas avenidas que lhe dão distanciamento de visuais, imponência e, sobretudo, recuo compatível com sua altura. Ao contrário dos demais prédios residenciais desse

período, ele não é uma caixa retangular, maciça, pesadamente presa ao solo, e sim, uma alta e inovadora estrutura que é despregada do solo por um pavimen-to de garagens e outro de uso comum”, e conclui “Essa construção é importante para a cidade como um todo, até nos dias atuais, quando a quantidade de edifícios é bem maior.”

De modo geral, o tombamento não encontrou resistência por parte dos mo-radores, apesar de algumas reclamações por problemas que não podem ser re-solvidos. Graciema Achoa, que mora no condomínio há 31 anos, disse que não houve diferença na vida dos condôminos depois que o prédio foi tombado: “Não vi problema, porque quase nada mudou. A única coisa é que não podemos mudar a fachada do prédio. Mas continuo poden-do mudar meu apartamento por dentro, posso alugá-lo ou vende-lo. Na vida de quem mora aqui, acho difícil alguma coi-sa ter mudado”. Já José Carlos Paseto Alves, um morador recente, que vive lá há 7 anos, reclama que o maior proble-ma do condomínio é a pouca quantidade de vagas na garagem, “Tem poucas va-gas no estacionamento. Tem um monte de gente que tem que deixar o carro pra fora. E como a gente não pode mexer na infra-estrutura do prédio ou na fachada, não podemos resolver esse problema.” Fo

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A história da cidade de Bau-ru está diretamente ligada as das linhas ferroviárias de

Bauru. O início do desenvolvimento da cidade se deve a criação da estação ferroviária. Bauru era um importan-te ponto de embarque e desembarque de cargas, principalmente na época áurea do café. Por isso, a Estação Ferroviária é mais do que um patri-mônio público e histórico da cidade, é também um patrimônio simbólico.

A chegada da ferrovia na cidade se deu no ano de 1905, com a Estra-da de Ferro Sorocabana, que ligava Bauru a São Paulo. Em 1906, outra li-nha foi construída, a Estrada de Fer-ro Noroeste do Brasil, prolongando a Sorocabana. As linhas foram sendo extendidas, e em sua ultima expan-são, em 1952, a linha Noroeste chegou à Corumbá, perto das fronteiras boli-viana e paraguaia. Segundo Ricardo

Volpe Ortega, coordenador cultural do Museu da Ferroviária, com o ad-vento da ferroviária houve a chegada de imigrantes.

Ao todo, as linhas ferroviárias de Bauru possuem 1600 km e chegou a ser uma das maiores redes ferro-viárias do estado de São Paulo nas primeiras décadas do século XX. Em 1961, todas as ferrovias paulistas fo-ram encampadas pelo governo pau-lista.

Os trens de passageiro foram ex-tintos em 1995. E em 1998 toda a ma-lha ferroviária foi entregue a inicia-tiva privada. Hoje em dia, a Estação Ferroviária de Bauru está sendo usa-da apenas para embarque e desem-barque de trens de carga.

Além do uso da linha férrea, há dentro da Estação, o Museu Ferrovi-ário. Neste, pode-se conhecer a histó-ria da estação através dos diversos

aparelhos e máquinas antigas, que já foram utilizados. Também aconte-ce há cada mês um passei de Maria--Fumaça. “Isso tudo foi uma forma de preservar e revelar para as novas gerações a importância e imponên-cia que Bauru já teve por causa de sua Estação Ferroviária”, acrescenta o coordenador cultural do Museu da Ferroviária. Além da existência do museu, há um projeto em tramite na Câmara dos Vereadores em que se pretende instalar as secretarias da Saúde e da Educação no piso superior do prédio da Estação Ferroviária.

O museu ferroviário fica aberto de terça a sábado, das 8 da manhã às 5 da tarde. Só o passeio de maria-fu-ria-fu-maça que acontece excepcionalmente nos terceiros domingos do mês.O telefone de contato do museu é: 3212 8262.

Estação Ferroviária de Bauru conta a história da cidadeA história do desenvolvimento da cidade se confunde com a da linha ferroviária

Ana Carla Chiavegatti

Ana Carla Chiavegatti

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QUADRA PÚBLICA - novembro de 2011

FALA,

POVO!

Conversamos com a população para saber qual é a relevân-cia dos patrimônios para a cidade. Veja o que as pessoas disseram.

Camilla Scherer

“Eu vou na Praça da Paz, no Vitória Régia e no parquinho ao lado. Minhas filhas vão ao zoológico por causa da escolinha. Eu tenho um carinho especial pela Pra-

ça da Paz, porque há alguns anos, tinha recre-ação pras crianças no domingo a tarde, então era um encontro de famílias, tinha jogos que a própria prefeitura levava, e isso faz falta. Hoje a Praça se transformou em comércio. A Nações Unidas ta sendo muito bem cuidada, estão sempre cortando a grama, pintando as guias, virou um cartão postal de Bauru mes-mo.”

Andréia Batista da Silva, vendedora

“Com certeza o maior cartão postal é o Vi-tória Régia, porque o próprio prefeito faz vários eventos pra Bauru e região. A popu-lação que vem de fora já conhece o parque

por causa do acesso, e por ser perto do Centri-nho. É mais importante que o estádio, que hoje quase não tem jogos, só treino. Eu vou (ao Vi-tória) quando tem shows. O forte de Bauru é o comércio, então o calçadão oferece uma grande variedade. O zoológico ta fazendo uns eventos todo domingo de manhã com bandas que vão lá tocar, pra atrair a população até lá, porque hoje só quem vai são crianças e escolas.”

Natália Lima Alencar, estudante

“Eu não freqüento nenhum, porque não tenho tempo, mas a infraestrutu-ra dos lugares é boa. Mas o que lem-bra a cidade lá fora é a Ferroviária, ou

o lanche. Aquele projeto que desenvolve-ram de fazer um boulevard naquele espaço ia colocar Bauru entre as grandes cidades, com grandes obras. Ia diferenciar o inte-rior paulista.”

Bruno Alexandro, gerente “Eu conheço só o Vitória Régia, o Sambódromo e a Praça da Paz. O Vitória Régia é o que tem mais a cara de Bauru, porque hoje ele está bem situado; todo mundo que chega na cidade

já observa o Vitória Régia, e é onde hoje acontecem os maiores eventos como a Virada Cultural, ou an-tigamente o Vitória Rock. Hoje qualquer outro tipo de evento musical, apresentações, são lá. Eu acho que deveria ser feito um outro lugar público pra aproximar a população.”

Douglas Alves Guerra, vendedor

“Eu sou de Avaré, e só conheço a Pra-ça da Paz e o Vitória Régia. Eu vou lá quase sempre, porque eu faço ca-minhada e lá é mais gostoso. Adoro

a pizza da Praça da Paz. O ponto positivo da Praça são as barraquinhas de comida a noite. O Vitória Régia é grande, e a vege-tação de lá é muito bonita. A infraestru-tura é ótima, mas tem muita pichação.”

Felipe Campos da Silva, gerente

“ O mais importante pra cidade é o calçadão, porque é o centro do comércio. É o que eu mais freqüento, eu gosto de lá. Eu

gosto da infraestrutura, é bem limpo, mas poderia melhorar o atendimento das lojas também. Mas o Vitória Régia é o cartão postal mesmo, porque é o único lugar que tem mais bonitinho.

Jessica Roberta Chalita, vendedora

“Eu sou de São Paulo, e toda vez que a gente vê Bauru nas outras cidades, é o Vitória Régia que está sendo mostrado. Tinha uma exposição fotográfica em

São Paulo, a ‘Cidade Sem Limites’, e era o Vitória que mostrava Bauru. Mas pra popu-lação, sem dúvida o lugar mais importante é o calçadão da Batista. Tem muita gente que não tem como vir pro shopping faz compra no calçadão. O lugar de Bauru mais esque-cido é a antiga estação de trem. Eu já vim de trem de São Paulo pra Bauru e parava ali. Agora é uma judiação. O certo era fazer um shopping que atraísse a população pra lá, ou colocar os camelôs ali”.

Marco Aurélio, técnico em informática

“O Parque Vitória Régia é o prin-cipal. É o lugar onde tem mais shows, eventos, tem espaço pra criança, adulto, até pra cachor-

ro. Eu morava do lado, então sempre levava meu filho pra brincar ali. Eu acho que deveria haver mais even-tos no Sambódromo, porque não tem evento nenhum lá naquele espaço.”

Sandra Pereira Palombo, vendedora

Fotos: Camilla Scherer

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