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uniso.br A ções na justiça para garantir tratamentos de saúde ultra- passam 500 milhões de reais e crescem a cada ano nas esferas federal, estadual e municipal. Só no Ministério da Saúde, o custo anual com a distribuição de medicamentos, em atendimento às deman- das judiciais, passou de R$ 188 mil, em 2003, para R$ 83 milhões, em 2009. Pesquisa busca melhorar acesso a medicamentos no SUS Os números altos e contínuos mostram um caminho cada vez mais comum entre as pessoas que procuram a justiça para a obtenção de medicamentos não disponí- veis no SUS, gerando um impacto signi- ficativo nas finanças públicas. Segundo o professor Silvio Barberato, do Programa de Mestrado em Ciências Farmacêuticas, essa medida nem sempre traz benefícios ao paciente e pode comprometer a política nacional de saúde. Na busca por estratégias para discipli- nar o acesso aos medicamentos, cujas evi- dências comprovem o uso racional, uma pesquisa desenvolvida pelo Mestrado da Uniso, com o apoio da Fundação de Am- paro à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), pretende construir, de forma participativa, um modelo de gestão dessas demandas judiciais. Com previsão de conclusão no próxi- mo ano, o projeto é apoiado pela Secre- taria de Saúde de Sorocaba e pelo Depar- tamento Regional de Saúde de Sorocaba, que abrange 48 municípios, e poderá se estender a todo o País. A construção da proposta envolve pro- fissionais e pesquisadores de várias ins- tituições, como o Ministério da Saúde, a Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca – Fiocruz e a Fatec. Pela Uniso, participam os professores Fernando de Sá Del Fiol, Luciane Cruz Lopes, Simo- ne Sena Farina e Silvio Barberato, que coordena a pesquisa, além dos alunos de Farmácia, Nilsa Maria Galvão Almeida e Wesley Ricardo Araújo Pereira, do Pro- grama de Iniciação Científica. O projeto faz parte de um amplo estu- do do Mestrado em Ciências Farmacêuti- cas sobre uso racional de medicamentos. Medicamentos distribuídos por via judicial geram gastos públicos de milhões de reais Energia nuclear: sim ou não? Opinião p. 2 Você sabe controlar seu dinheiro? p. 4 e 5 As faces do bullying. Entrevista p. 6 e 7 José Neto Publicação da Universidade de Sorocaba (Uniso) • Ano IX • Número 559 • Maio 2011

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Page 1: Publicação da Universidade de Sorocaba (Uniso) • Ano IX • Número 559 ... · Uniso Notícias 559 Maio 2011 exp ediente Reitor da Uniso Prof. Dr. Fernando de Sá Del Fiol fernando.fiol@prof.uniso.br

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Uniso Notícias 559

Ações na justiça para garantir tratamentos de saúde ultra-passam 500 milhões de reais

e crescem a cada ano nas esferas federal, estadual e municipal. Só no Ministério da Saúde, o custo anual com a distribuição de medicamentos, em atendimento às deman-das judiciais, passou de R$ 188 mil, em 2003, para R$ 83 milhões, em 2009.

Pesquisa busca melhoraracesso a medicamentos no SUS

Os números altos e contínuos mostram um caminho cada vez mais comum entre as pessoas que procuram a justiça para a obtenção de medicamentos não disponí-veis no SUS, gerando um impacto signi-fi cativo nas fi nanças públicas. Segundo o professor Silvio Barberato, do Programa de Mestrado em Ciências Farmacêuticas, essa medida nem sempre traz benefícios

ao paciente e pode comprometer a política nacional de saúde.

Na busca por estratégias para discipli-nar o acesso aos medicamentos, cujas evi-dências comprovem o uso racional, uma pesquisa desenvolvida pelo Mestrado da Uniso, com o apoio da Fundação de Am-paro à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), pretende construir, de forma participativa, um modelo de gestão dessas demandas judiciais.

Com previsão de conclusão no próxi-mo ano, o projeto é apoiado pela Secre-taria de Saúde de Sorocaba e pelo Depar-tamento Regional de Saúde de Sorocaba, que abrange 48 municípios, e poderá se estender a todo o País.

A construção da proposta envolve pro-fi ssionais e pesquisadores de várias ins-tituições, como o Ministério da Saúde, a Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca – Fiocruz e a Fatec. Pela Uniso, participam os professores Fernando de Sá Del Fiol, Luciane Cruz Lopes, Simo-ne Sena Farina e Silvio Barberato, que coordena a pesquisa, além dos alunos de Farmácia, Nilsa Maria Galvão Almeida e Wesley Ricardo Araújo Pereira, do Pro-grama de Iniciação Científi ca.

O projeto faz parte de um amplo estu-do do Mestrado em Ciências Farmacêuti-cas sobre uso racional de medicamentos.

Medicamentos distribuídos por via judicial geram gastos públicos de milhões de reais

Energia nuclear: sim ou não?

Opiniãop. 2

Você sabe controlar seu

dinheiro?p. 4 e 5

As faces do bullying.Entrevistap. 6 e 7

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Publicação da Universidade de Sorocaba (Uniso) • Ano IX • Número 559 • Maio 2011

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Maio 2011Uniso Notícias 559

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Reitor da UnisoProf. Dr. Fernando de Sá Del [email protected]

Pró-Reitor AdministrativoProf. Dr. Rogério Augusto [email protected]

Pró-Reitor Acadêmico Prof. Dr. José Martins de Oliveira [email protected]

O Uniso Notícias é uma publicação mensal-produzida pela Assessoria de Comunicação Social da Uniso - Assecoms.

Cidade Universitária Rod. Raposo Tavares, km 92.5uniso [email protected]|(15) 2101-7006 ou 2101•7007|0800•702•7005

Editora Responsável:Mônica Ribeiro (MTB 27.877)

Equipe: Vivian Marques (Jornalismo), Maria Lígia Conti (Revisão Ortográfica) e Jéssica de Almeida Bastida Raszl (diagramação e arte).

Impressão: LinografTiragem: 3 mil exemplares

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Se você tem fotos produzidas na

Uniso, mande para a gente! As

melhores serão publicadas no

� ickr , além de ser escolhida uma,

a cada edição, para este quadro.

[email protected]

Todas as máquinas e atividades hu-manas sempre trazem um lado obscuro em suas aplicações. Ninguém faz ome-letes sem quebrar ovos. Para a continui-dade do uso da energia nuclear se fazem necessárias ponderações cuidadosas sobre limites de segurança. Afi nal, se-ria mais sensato usá-la com mais segu-rança ou descartá-la defi nitivamente? Seguem algumas considerações para refl exão:

Não devemos esquecer os acidentes nucleares, principalmente o de Cher-nobyl, que será sempre lembrado pelo desastre ambiental e pelas perdas hu-manas.

Sim, devemos lembrar sempre os benefícios do uso da energia nuclear, principalmente na área industrial e na medicina nuclear, oferecendo diagnós-tico precoce e tratamento de moléstias.

Não podemos negar os problemas nucleares gravíssimos gerados após o terremoto seguido de tsunami no Japão, muito menos os fl agelos humanos de-correntes desses fatos, que ainda não cessaram.

Sim, devemos lembrar que, hoje, as aproximadamente 400 usinas nuclea-res geram para o mundo cerca de 17% de toda a energia elétrica, satisfazendo cerca de um bilhão de pessoas. Não é difícil de imaginar o caos para o aqueci-mento global que ocorreria se todo esse percentual fosse feito por meio da quei-ma de combustíveis fósseis. Certamen-te outras formas de geração de energia seriam impotentes para absorver rapi-damente esta responsabilidade.

Marco Antonio Proença Vieira de Moraes, professor dos cursos de Engenharia, Física e Matemática. ([email protected])

Energia Nuclear: Sim ou não?

“Birinjela” (Gui Martelli) e “Ispinafre”(Rômulo Guerra) no BISHOW, na Cidade Universitária

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Violência escolar, propriedades antiin-flamatórias de fitoterápicos, análise micro-biológica das águas do Rio Sorocaba, pop arte, a história do rádio sorocabano, a mo-rosidade do Judiciário, expressões idiomá-ticas comuns entre Brasil e Rússia. Esses são apenas alguns dos mais de 80 temas que estão sendo pesquisados pelos alunos que fazem Iniciação Científica na Uniso.

As alunas Camila Firmino de Fácio e Fernanda Oliveira Desani, de Terapia Ocupacional, estão entre eles e desen-volvem juntas um projeto que analisa as possibilidades de inclusão dos alunos com deficiência física em escolas públicas es-taduais e municipais, através da Terapia Ocupacional.

“Ao ingressar na pesquisa, o aluno deve estar ciente do compromisso assu-mido, tratar de um tema que tenha interes-se, e sempre procurar se atualizar” afirma Camila.

Já Débora Oliveira, aluna de Filoso-fia, investiga as relações ideológicas e de identidade que se processam no espaço da escola e que são influenciadas pelas carac-terísticas da formação do espaço onde está inserida, no caso o bairro Votocel, em Vo-torantim. A pesquisa tem como fio condu-tor a imagem – fotografias produzidas pe-los alunos e a realização de um documentá-rio que enfocam a memória do bairro.

“Minha relação com a Graduação se amplia a cada dia por meio do contato com novos autores e a escola passa a desvelar novas possibilidades de trabalhos coleti-vos,”, complementa Débora, que também leciona na escola onde realiza a pesquisa.

Na Uniso, os alunos da Graduação po-dem ingressar no Programa de Iniciação Científica na condição de bolsista institu-cional, voluntário ou bolsista externo (PI-BIC/CNPq).

As inscrições estarão abertas de 2 a 13 de maio. Mais informações na Secretaria do Programa, segundo andar do prédio administrativo, Cidade Universitária, e no endereço www.uniso.br/iniciacao_cienti-fica/ic/edital_2_2011.asp

Nos caminhos da pesquisa

Quando a hoje estudante de Pedagogia, Maria Lúcia do Amaral Notário Caliani,

chegou a Sorocaba, há 18 anos, tinha o objetivo de construir uma vida melhor com o marido e as duas filhas pequenas.

Vinha de Pérola do Oeste, no Paraná, em busca de emprego, deixando para trás a árdua rotina de trabalhadora rural. “Che-gamos com a cara e a coragem”, conta.

Após a família se estabilizar, anos de-pois, ela retomou um sonho antigo, estu-dar. Encontrou em seu bairro um núcleo do Programa de Educação de Jovens e Adultos da Uniso (Proeja) e completou sua formação escolar, do Ensino Funda-mental até o Ensino Médio. Maria Lú-cia havia abandonado os estudos ainda criança, devido à falta de condições e de incentivo na família.

“As dificuldades para estudar eram enormes na época, a escola ficava a 20 quilômetros de onde eu morava, eu e

Uniso e eu

Ex-aluna do Proeja hoje cursa Pedagogia

minha irmã pegávamos carona em um caminhão que fazia o transporte da crian-çada. Além disso, meu pai achava que, para uma mulher, saber apenas escrever já estava de bom tamanho e que não era importante continuar estudando.”

Maria Lúcia passou pelo Proeja “com muita luta”, conciliando estudos e o tra-balho como empregada doméstica e, ainda, a construção da casa. Quando in-gressou em Pedagogia, suas duas filhas estudavam na Uniso, hoje formadas em Administração e Logística.

Hoje, aos 43 anos, Maria Lúcia é es-tagiária da Educação Infantil, no Colégio Dom Aguirre. Quando se formar, no pri-meiro semestre de 2012, terá conquista-do seu objetivo. “O que me moveu foi o sonho de estudar. Mas não quero parar, temos sempre que continuar crescendo”, afirma, mencionando que a próxima eta-pa será prestar concurso público em sua área.

Maria Lúcia faz estágio do curso no Colégio Dom Aguirre

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Maio 2011Uniso Notícias 559 pag.4

Você sabe controlar seu dinheiro ?Cerca de 40% das famílias

brasileiras não têm condições de pagar suas dívidas, de

acordo com o Índice de Expectativas das Famílias (IEF). A pesquisa, aplica-da em março pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), mostra tam-bém que em 22% dos casos o valor da dívida varia de uma a duas vezes o da renda mensal.

Quando as dívidas começam a abo-canhar a maior parte do orçamento é si-nal de que está faltando planejamento.

“Planejar evita que as dívidas saiam do controle. Hoje, a educação financeira tornou-se extremamente necessária”, afirma o professor Plínio Bernardi Júnior. “Por uma questão cultural, o brasileiro possui um senso imediatista para gastar. Além disso, a facilidade de acesso ao crédito, que cresceu nos últimos anos, e o apelo consumista difundido pela mídia contribuem para o caos financeiro das famílias”.

A estudante de Farmácia Taiana Liz Teixeira de Siqueira conta que está pa-gando algumas dívidas que fez em 2010. “Sou controlada, mas recentemente aca-bei saindo um pouco do orçamento”, co-menta.

A colega, Maria Paula Carriel Soares, também. “Eu ganho pouco e não sei para onde vai meu dinheiro”, diz.

PouparPor outro lado, não é ter um bom

salário que faz a diferença, mas como se administra o que se ganha. Bernardi Júnior explica que a fórmula é simples, embora muitas vezes seja difícil colocá-la em prática: é preciso gastar menos do que se ganha e ainda fazer sobrar. “As pessoas se esquecem que na velhice terão

reduzida sua capacidade produtiva e que precisam poupar”, ressalta.

É o que tem feito a estudante de Fi-

sioterapia, Giseli Ferreira da Silva. Há três anos, quando ingressou em seu primeiro emprego, costuma poupar,

Maria Paula e Taiana: orçamento fora do controle

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Você sabe controlar seu dinheiro ?

Giseli poupa pensando no futuro

Thiago evita financiamentos a longo prazo

pensando no futuro. “Pago a faculdade e minhas outras contas e, independentemente de quanto ganho, faço meu ‘pé-de-meia’”.

Thiago Belotto, aluno de Engenharia Civil, conta que administra bem seu or-çamento. “O que sobra acabo gastando mesmo, mas evito fazer financiamentos a longo prazo”.

Já a estudante de Direito, Isabella Lopes Gomes, evita o endividamento pensando duas vezes antes de adquirir algo caro. “Valorizo o que ganho e como sou responsável por minhas contas, sem-pre avalio bem se vale a pena fazer uma dívida”.

Planejamento deve começar cedoDe acordo com Bernardi Júnior, os

universitários fazem parte de uma gera-ção que vivencia um modelo de consumo com duas características que não afeta-vam seus pais e avós: acesso ao crédito, o que permite o parcelamento a perder de vista, e também as facilidades de com-pra, como as transações pela internet.

“Esse jovem precisa usar o tempo ao seu favor e pensar no futuro. Se na faixa dos 20 anos começar a poupar uma quan-tia todo mês, com certeza irá colher bons frutos na velhice”, salienta.

Ações que se multiplicam

Naishi, Luiz Felipe e José Renato. Jo-vens e universitários, eles fazem parte de um grupo da Uniso que, além de cumprir com as atividades acadêmicas, se dedica semanalmente a ações na comunidade, dentro do Programa de Bolsas de Exten-são (Probex).

Luiz Felipe Cattani e José Renato Campos do Amaral, do curso de Gas-tronomia, promovem um curso teórico-prático de auxiliar de cozinha para os pais dos alunos do projeto social - Centro de Orientação e Educação Social (COESO), com o objetivo de capacitá-los para o mercado de trabalho, mostrando, ainda, caminhos para o empreendedorismo.

Além do benefício da bolsa de estudo, para Luiz Felipe, o curso propicia a troca de experiências. “Posso transmitir meus conhecimentos a essas pessoas que tanto precisam, mas por outro lado, também tenho aprendido muito.”

Naishi Brandão Ruas, de Engenharia Ambiental, por sua vez, cuida do viveiro de mudas e da horta do Centro de Educa-ção Infantil – CEI 78 “Ettore Marangoni”, em Sorocaba, onde são produzidos os ali-mentos para a refeição das crianças e para doação à comunidade, e desenvolvidas as atividades práticas da escola.

A aluna também colabora com eventos relacionados ao meio ambiente, como um recente mutirão promovido para o plantio de mudas de árvores e outras ações, que envolveram toda comunidade. O objetivo, segundo Naishi, é sensibilizar para a ali-mentação saudável e os cuidados com o meio ambiente, “pequenas atitudes que tendem a multiplicar-se”, destaca.

Desde 2005, o Probex já envolveu mais de 500 alunos, que desenvolveram 267 em projetos para Sorocaba e Região. Mais informações ww.uniso.br, menu Ex-tensão/Probex.

Naishi desenvolve projeto ambiental em escola

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O tipo de violência hoje caracterizado como bullying sempre existiu. O que o surgimento desse conceito representa? A hostilidade cresceu no ambiente escolar ou houve uma tomada de consciência sobre o problema?Acredito que essa mudança e afi rmação do conceito fazem com que a sociedade possa visualizar cada vez mais o prob-lema. A violência existe desde que o homem é homem, mas o cuidado com os danos dessa violência é mais recente. Procuramos hoje acolher as necessidades

das pessoas e temos uma visão de preven-ção de saúde mental, que é relativamente recente em nossa sociedade. A escola não era vista como um lugar de prevenção em saúde, porque os temas saúde e educa-ção eram tomados como distintos. Hoje, nos cursos de formação em saúde existe a preocupação de formar o profi ssional como um educador e o bullying, que faz parte das doenças tidas como emociona-is, passou a fazer parte da preocupação e do estudo desses profi ssionais. Já do lado da educação, os professores encaram

As faces

Três em cada dez estudantes já sofre-ram algum tipo de violência praticada pelos colegas, identifi cada como bul-

lying*. O termo designa uma série de com-portamentos agressivos no ambiente escolar, produzidos com a intenção de humilhar e excluir, e vem sendo discutido por vários especialistas na área da Educação.

Para a psicóloga e professora Ana Laura Schliemann, as formas vela-das de bullying preocupam porque são as que mais se repetem. Nesta entrevista, ela fala sobre alguns aspectos do problema no ambiente universitário.

do Bullying

essa situação como fundamental para o desenvolvimento humano e tomam logo providências coletivas, dentro da classe, ou individuais. Trotes violentos e agressões como o “Rodeio das Gordas” [ocorrido du-rante uma festa em que universitários agrediram colegas obesas, agarrando-as e fi cando o maior tempo possível sobre elas, como em um rodeio] são exem-plos extremados de violência. Porém, o bullying pode se manifestar de formas

rês em cada dez estudantes já sofre-ram algum tipo de violência praticada pelos colegas, identifi cada como bul-

lying*. O termo designa uma série de com-portamentos agressivos no ambiente escolar, produzidos com a intenção de humilhar e excluir, e vem sendo discutido por vários

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do Bullyingsutis, muitas vezes como agressão psi-cológica. Quais os tipos mais comuns no ambiente universitário? Como diferen-ciar essas situações, que muitas vezes estão maquiadas como “brincadeiras”?Tenho sempre medo dessas formas sutis, porque a maior queixa das pessoas é com relação às violências psicológicas. No meio universitário vemos que as formas aparecem nos “sarros de capacidade ou competência”, isolamento dos grupos de trabalho por sexo, raça, cor ou por condição financeira. As brincadeiras do “sem querer querendo” são sempre as mais comuns, e precisamos lembrar que o bullying é sentido por aquele que é agredido. Se para a pessoa aquilo foi uma violência é porque é, e sem-pre precisa ser conversada. Se você se sentir ofendido e for conversar com seu colega, se não houve maldade por parte do primeiro, a tendência é um pedido de desculpas e uma conscientização da situação, sem ofensa. Se houve bullying ou uma violência pensada, a tendência é manter a situação de violência. Muitas vezes as pessoas não sabem que estão nos magoando.

O que o estudante agredido deve fazer?Ele precisa conversar com os professores e coordenadores, bem como com os seus familiares. Depois dessa conversa podem ser tomadas as demais providências ne-

cessárias. Se for preciso tratamento psi-cológico, retratação ou outras medidas. Qual é o papel do professor diante de uma situação de bullying?Primeiro, o professor precisa se informar sobre o que é o bullying, por meio de re-portagens e artigos científicos. Outro fa-tor importante é que o professor pense o que para ele significa a violência, porque existem situações que são culturais, soci-ais e daí não são identificadas como vio-lentas. Por exemplo, na cultura italiana, um tapinha no rosto pode ser entendido como aceitação, mas no Brasil é uma ofensa. Os professores precisam assistir a filmes, discutir com especialistas, e acredito que seja importante que a insti-tuição abra esses espaços de formação. Quando um aluno se queixa de bullying é preciso ouvi-lo, ouvir os envolvidos e nunca ter uma atitude impensada, porque pode significar um julgamento ou um mal entendido. Vejo que nossos maiores erros, como educadores, são aqueles que tomamos sem reflexão ou pensamentos. É importante que os professores possam trabalhar essas questões de forma pre-ventiva nos grupos e classes; sintam-se confortáveis para discutir o tema, caso aconteça uma situação de bullying.

Avaliação positivaApós passar por uma criteriosa avalia-

ção in loco por comissões do MEC, Biotec-nologia e Comércio Exterior conquistaram nota 4, numa escala de 1 a 5. Foram avalia-dos a organização didático-pedagógica, o corpo docente e as instalações físicas.

EPIC: inscrições abertasO XIV EPIC - 14° Encontro de Pes-

quisadores e de Iniciação Científica e o 9°. Encontro de Extensão, que será reali-zado de 23 a 25 de agosto, está com as inscrições abertas para apresentação de trabalhos pelo site www.uniso.br, até 24 de maio. Para ouvintes, o prazo prossegue até 31 de junho.

Processo Seletivo - 2º semestreAs inscrições prosseguem até 1º de ju-

nho pela internet (www.uniso.br), na Ci-dade Universitária ou no câmpus Trujillo. Alguns dos cursos oferecidos no período da manhã terão desconto de 50% nas men-salidades dos primeiros semestres. Confi-ra o edital e outras informações no site da Uniso ou pelo telefone 0800.7027005.

Alunos de Direito na ArgentinaUm grupo de cerca de 60 alunos de

Direito fará uma viagem técnica a Buenos Aires, na Argentina, de 18 a 22 de maio, para visitar as sedes dos três poderes: a Casa Rosada, o Congresso Nacional e a Corte Suprema, além da Universidade de Buenos Aires.

Monitoria em MatemáticaO Programa de Apoio aos Ingressantes

(PAI), vinculado ao Laboratório de Edu-cação Matemática, está inscrevendo mo-nitores voluntários para auxiliar os calou-ros nos componentes curriculares iniciais de Matemática e demais cursos de Exatas. Inscrições e informações: das 17h às 19h, sala 101B, Bloco A, Cidade Universitária.

Centro AcadêmicoAlunos de Pedagogia acabam de criar

seu Centro Acadêmico, que recebe o nome da educadora Nísia Floresta, pas-sando para dez o número de CAs na Uni-so. Já estão em atividade os dos cursos de Artes, Direito, Engenharias Ambiental e de Produção, Filosofia, Gestão Ambien-tal, História, Jornalismo e Publicidade e Propaganda. Também estão sendo organi-zados os CAs de Gestão da Qualidade e de Letras e o Diretório Acadêmico de Bio-lógicas e Saúde. A Uniso possui ainda o Diretório Central dos Estudantes (DCE).

(*)Pesquisa Nacional da Saúde Escolar (Pense) do IBGE- 2009

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Crazy Space Ilustração (nanquim e caneta hidrocor aguada) de Cláudio Miguel Ramos Barroso, aluno de Design Gráfi co

SE.GRE.DOO dicionário traz uma definição:Aquilo sigilo que é confidencial

Que, se descoberto, pode até ser mortal;O medo do escuro, uma intensa paixão...

Quando bem guardado, resiste a um vendaval!

Consegue-se esconder do pai, da mãe, do irmão,

Do melhor amigo não adianta esconder nãoIsso seria um impulso incondicional?

Às vezes, temos vontade de expô-lo ao mundo,

Revelar o que sentimos de mais profundo,Mas a razão felizmente nos cala a boca.

Sim, o segredo é a mais louca das coisas loucas.É sempre num papo ordinariamente vil

Que, quando percebemos... Opa, escapuliu!

João Paulo Lopes de Meira Hegesel, aluno de Letras: Portu-guês/Inglês

eurecomendo!

Uma viagem pela VENEZUELA, país vizinho ao Brasil, que agrada a todos os gostos. Para quem gosta de esportes ra-dicais, Salto Angel, a maior queda d’água do mundo; para quem gosta de praia, o arquipélago Los Roques, no Mar do Caribe, com praias paradisíacas; e para quem gosta de ba-lada ou de consumo, Ilha Margarita, onde se compra com isenção fi scal. Qualquer uma dessas opções com uma pi-tada de programação cultural, como um concerto de uma das orquestras do projeto social FESNOJIV, que abriga mais de 300 mil crianças e que está por todo o país, faz com que essa viagem fi que uma delícia!Faiga Toff olo, mestranda em Comunicação e Cultura

O livro “Amor Líquido”, de Zygmunt Bauman, para compreender melhor a fragilidade das relações humanasRodrigo Chiba, aluno de Artes Visuais

O documentário LIXO EXTRAORDINÁRIO. Mostra uma dura realidade. “Não é vergonha ser pobre, vergonha é ter fama com a alma suja de lama” (frase de um dos per-sonagens). Não é agradável viver em meio ao lixo, mas é melhor do estar fazendo coisas erradas, como roubar.Os catadores são profi ssionais e merecem respeito. Esse documentário nos sensibiliza não só pelo desme-recimento sofrido por esses trabalhadores, mas tam-bém por mostrar que entre eles há pessoas que têm muito mais consciência e cultura do que outras que vêm de classes mais altas. Interessante também ver a evo-lução de cada personagem, cada um com sua história, seu sonho.Leandro Feitosa, aluno de Biotecnologia

Curtas

Mande sua dica para esta página: [email protected]

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Katharsis em São Paulo: o grupo de teatro da Uniso apresenta “Astros, patas e bananas”, no Teatro Commune (Rua da Consolação, 1.218, Centro), nos dias 7, 8, 14, 15, 21 e 22 de maio. Sábados, às 21h, e domingos, às 19h. A entrada custa R$ 5. O espetáculo tem apoio do Programa de Ação Cultural do Governo do Estado de São Pau-lo (PROAC).

I Simpósio Regional de Filosofi a An-ti ga – “Filosofi a Anti ga e Educação: como, por que e para que educar”. De 18 a 20 de Maio, das 8h às 11h30, Cidade Universi-tária, Uniso. Inscrições: www.uniso.br

Cineclube “Maria José Sodré” da Ter-ceira Idade da Uniso: Toda sexta-feira, às 14h, no Núcleo de Educação, Tecnologia e Cultura da UFSCAR, à rua Maria Cinto de Biaggio, nº 130, Santa Rosália, com en-trada franca. Inscrições pelo telefone (15) 3202.2472, com Célia.

LançamentosFisionomia da cidade – Cotidiano e

transformações urbanas: 1890 – 1943. Liv-ro do professor Rogério Lopes Pinheiro de Carvalho, do curso de História da Uniso. Dia 27 de maio, às 19h Salão Vermelho, câmpus Trujillo. Editora Biblioteca 24 horas.

Anilina, Ziguezague e Désirée. Livro de contos juvenis lançado por João Paulo Hergesel, aluno de Letras: Português/Inglês. Editora Patuá (www.editorapatua.com.br)

Porém Efervescente. Livro de poesias lançado pelo ex-aluno Marcelo Plácido, de Teatro: Arte-Educação. Editora Inteligência.