pt 8 ano

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Colégio Êxito São Paulo Nome: ............................................................................ .................................... Data: ............................ Professora Andrea 8º ano – Not AVALIAÇÃO DE PRODUÇÃO DE TEXTO- I BIMESTRE É válido simpli car a linguagem de um clássico? Em meados de !"#$ uma %ol&mi'a agitou os meios liter(rios e edu'a'ionais )r es'ritora de'idiu %u)li'ar$ 'om o a%oio de lei de in'enti*o do +inistério da ada%ta,ão sim%li-'ada do 'onto / alienista $ de +a'0ado de Assis. Para 1ust %ro1eto$ a es'ritora alegou 2ue a di-'uldade da linguagem do texto original da leitura desse autor 3 um dos maiores es'ritores )rasileiros. Entre edu'ad liter(rios e 1ornalistas$ as o%ini5es se di*idiram: 0ou*e 2uem 'on'ordasse ' a%ro*asse a ini'iati*a6 0ou*e 2uem ta'0asse o %ro1eto de e2ui*o'ado e até de textos 2ue a'om%an0am a %ro%osta de reda,ão deste m&s$ a%resentamos algumas o%ini5es em 'on7ito$ %ara *o'& formar uma ideia do de)ate. A %artir delas e 'on0e'imentos e o%ini5es$ redi1a uma disserta,ão ex%ondo o seu %onto de *ist ti%o de ada%ta,ão de o)ras liter(rias. 9o'& é 'ontra ou a fa*or Por 2u& Palavra da adaptadora Entendo %or 2ue os 1o*ens não gostam de +a'0ado de Assis $ di; a es'ritora Patr4'i dele t&m 'in'o ou seis %ala*ras 2ue não entendem %or frase. As 'onstru,5es são mui sim%li-'o isso. Ela sim%li-'a mesmo: Patr4'ia lan,ar( uma *ersão de / Alienista $ %u)li'ada em "88$ em 2ue as frases estão mais diretas e %ala*ras são tro'adas %or 'omuns =um saga'idade *irou es%erte;a $ %or exem%lo . A mudan,a não fere o estil mais 'ele)rado do >rasil$ di; Patr4'ia. A ideia não é mudar o 2ue ele disse$ s t [Folha de S. Paulo] A funço da !"#ola ? a)surdo imaginar 2ue a fun,ão da es'ola se1a fa'ilitar 2ual2uer 'oisa$ em *e; d 'om as di-'uldades da *ida$ da 'r4ti'a e do 'on0e'imento $ 'omenta o %rofessor da Ele se di; indignado: A%resentar 'omo sendo de +a'0ado de Assis uma mutila,ão )is texto não de*ia dar 'adeia . [Folha de S. Paulo] P!rda da !""$n#%a nfeli;mente$ Patr4'ia Se''o falseia +a'0ado de Assis. Além de l0e des-gurar o est Sua ada%ta,ão é um retro'esso$ 2ue sa'ri-'a até os a*an,os lingu4sti'os do estilo ousadamente %r ximo da linguagem 'olo2uial$ numa ante'i%a,ão das *anguardas do mod s iriam se 'onsolidar no >rasil 2uase meio sé'ulo de%ois. A autora es2ue'eu3se de assim 'omo >orges$ >e'Bett$ ra'iliano$ não d( %ara ser ada%tado em %rosa sem 2ue ess&n'ia de sua arte. A o)ra ma'0adiana é )asi'amente linguagem. Em seus roman'es$ enredos ro'am)oles'os nem %rofusão de %ersonagens$ 'omo 0( em omero$ Cer*antes e rom nti'os. +esmo F/ AlienistaG$ tal*e; o enredo mais mo*imentado de toda a sua o) su)stan'ialmente da linguagem$ %ois é nela 2ue moram a argH'ia e a ironia do 'onto [José Maria e Silva, Revista Bula] U&a #'an#! para o" #l(""%#o" A'reditar 2ue as *ers5es sim%li-'adas de +a'0ado de Assis em)urre'erão a %o%ula,ão Iuem defende esse argumento %arte do %ressu%osto de 2ue *i*emos num %a4s de leitor +a'0ado de Assis 2ue$ %or %ura %regui,a$ tro'arão a *ersão original %ela ada%ta,ão enri2ue'er seu *o'a)ul(rio. Nada mais distante da realidade. A grande maioria dos leitura o)rigat ria de%ois de es)arrar na %rimeira %ala*ra dif4'il e re'orre a res a'ertar a meia dH;ia de 2uest5es dedi'adas a +a'0ado nas %ro*as es'olares. +uitos

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Colgio xito So Paulo

Nome: ...............................................................................................................................................................................N..............Data: ............................ Professora Andrea 8 ano Nota:

AVALIAO DE PRODUO DE TEXTO- I BIMESTRE

vlido simplificar a linguagem de um clssico?Em meados de 2014, uma polmica agitou os meios literrios e educacionais brasileiros: uma escritora decidiu publicar, com o apoio de lei de incentivo do Ministrio da Cultura, uma adaptao simplificada do conto "O alienista", de Machado de Assis. Para justificar seu projeto, a escritora alegou que a dificuldade da linguagem do texto original afasta os jovens da leitura desse autor - um dos maiores escritores brasileiros. Entre educadores, crticos literrios e jornalistas, as opinies se dividiram: houve quem concordasse com ela e aprovasse a iniciativa; houve quem tachasse o projeto de equivocado e at de criminoso. Nos textos que acompanham a proposta de redao deste ms, apresentamos algumas das opinies em conflito, para voc formar uma ideia do debate. A partir delas e de seus prprios conhecimentos e opinies, redija uma dissertao expondo o seu ponto de vista sobre esse tipo de adaptao de obras literrias. Voc contra ou a favor? Por qu?

Palavra da adaptadora"Entendo por que os jovens no gostam de Machado de Assis", diz a escritora Patrcia Secco. "Os livros dele tm cinco ou seis palavras que no entendem por frase. As construes so muito longas. Eu simplifico isso." Ela simplifica mesmo: Patrcia lanar uma verso de "O Alienista", obra de Machado publicada em 1882, em que as frases esto mais diretas e palavras so trocadas por sinnimos mais comuns (um "sagacidade" virou "esperteza", por exemplo". A mudana no fere o estilo do escritor mais celebrado do Brasil, diz Patrcia. "A ideia no mudar o que ele disse, s tornar mais fcil."[Folha de S. Paulo]

A funo da escola" absurdo imaginar que a funo da escola seja facilitar qualquer coisa, em vez de levar a trabalhar com as dificuldades da vida, da crtica e do conhecimento", comenta o professor da USP Alcides Villaa. Ele se diz indignado: "Apresentar como sendo de Machado de Assis uma mutilao bisonha de seu texto no devia dar cadeia?".[Folha de S. Paulo]

Perda da essnciaInfelizmente, Patrcia Secco falseia Machado de Assis. Alm de lhe desfigurar o estilo, ela o emburrece. Sua adaptao um retrocesso, que sacrifica at os avanos lingusticos do estilo machadiano, j ousadamente prximo da linguagem coloquial, numa antecipao das vanguardas do modernismo que s iriam se consolidar no Brasil quase meio sculo depois. A autora esqueceu-se de que Machado, assim como Borges, Beckett, Graciliano, no d para ser adaptado em prosa sem que se perca a essncia de sua arte. A obra machadiana basicamente linguagem. Em seus romances, no h enredos rocambolescos nem profuso de personagens, como h em Homero, Cervantes e nos clssicos romnticos. Mesmo O Alienista, talvez o enredo mais movimentado de toda a sua obra, depende substancialmente da linguagem, pois nela que moram a argcia e a ironia do conto.[Jos Maria e Silva, Revista Bula]

Uma chance para os clssicosAcreditar que as verses simplificadas de Machado de Assis emburrecero a populao errneo. Quem defende esse argumento parte do pressuposto de que vivemos num pas de leitores vidos de Machado de Assis que, por pura preguia, trocaro a verso original pela adaptao e deixaro de enriquecer seu vocabulrio. Nada mais distante da realidade. A grande maioria dos alunos foge da leitura obrigatria depois de esbarrar na primeira palavra difcil e recorre a resumos (ou cola) para acertar a meia dzia de questes dedicadas a Machado nas provas escolares. Muitos jamais do outra chance aos clssicos da literatura. Uma verso simplificada poderia diminuir o choque e prepar-los para descobrir a obra original mais tarde, quando estiverem prontos.[Danilo Venticinque, poca]