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PARECER TÉCNICO N. 072/2013 Ref.: Processo MPRJ n. 2012.00636641, MA 6886, ACP n. 0421134-‐93.2012.8.19.0001
Origem: GAEMA -‐ Grupo de Atuação Especial de Defesa do Meio Ambiente
PARECER TÉCNICO. NOVO AUTÓDROMO DO RIO
DE JANEIRO. Realização de vistoria, na área
pretendida para implantação do Novo
Autódromo Internacional, localizada na Estrada
do Camboatá, Ricardo de Albuquerque, RJ,
visando verificar o cumprimento da Liminar
concedida no Processo n. 0421134-‐
93.2012.8.19.0001, para que o estado se
abstenha de realizar qualquer intervenção no
local.
Palavra-‐Chave: Autódromo, Fragmento Florestal de Mata Atlântica, Processo de Licenciamento, Danos Ambientais, Área de Preservação Permanente, Ricardo de Albuquerque.
1. INTRODUÇÃO
O presente Parecer Técnico refere-‐se à vistoria, realizada no dia 01/04/13, na
área pretendida para implantação do Novo Autódromo Internacional do Rio de
Janeiro, em atendimento à solicitação do Grupo de Atuação Especial de Defesa do
Meio Ambiente – GAEMA. A vistoria teve como objetivo verificar o cumprimento da
liminar concedida no Processo n. 0421134-‐93.2012.8.19.0001, para que o estado se
abstenha de realizar qualquer intervenção no local até a concessão da LI com
observância dos requisitos legais e realização de Estudo de Impacto Ambiental.
A vistoria na área foi realizada em duas etapas. No período da manhã a vistoria
foi acompanhada pelo Promotor de Justiça, Dr. José Alexandre Maximino Mota, e
2
foram percorridas as vias de acesso que cortam a propriedade identificando-‐se corpos
hídricos existentes na propriedade, bem como, as áreas onde está sendo realizada a
atividade de descontaminação do terreno. No período da tarde, os técnicos que a este
subscrevem, realizaram a caracterização de trecho dos remanescentes florestais onde
estão previstas as intervenções voltadas à supressão vegetação para implantação do
autódromo, de modo a obter informações sobre o estado de conservação da
vegetação e composição florística local (Figura 01).
Figura 1 – Área percorrida na vistoria realizada em 01/04/2013. Em amarelo e vermelho observam-‐se os trechos percorridos durante a vistoria, onde se realizou a caracterização dos remanescentes florestais. Em rosa, observam-‐se a localização de ecossistemas brejosos constatados durante a vistoria.
2. CARACATERIZAÇÃO FLORISTICA DA ÁREA
A vegetação do município do Rio de Janeiro encontra-‐se inserida no domínio da
Mata Atlântica, que abrange diversas formações florestais e ecossistemas associados à
3
costa atlântica brasileira. A área esta inserida integralmente na formação classificada
como Floresta Ombrófila Densa de Terras Baixas, formações florestais originalmente
presentes na região do empreendimento1.
Constatou-‐se, que atualmente, tais fragmentos representam trechos de
vegetação secundária em variados estágios sucessionais de regeneração.
Os fragmentos caracterizam-‐se por apresentar uma fisionomia arbórea onde
ocorre a diferenciação em estratos (i) estrato superior, (ii) estrato médio, (iii) estrato
arbustivo/baixo-‐arbóreo e (iv) estrato herbáceo/subarbustivo.
O estrato superior apresenta-‐se descontínuo e com árvores que apresentam
alturas variando entre 10-‐14 metros, ocorre a presença de árvores emergentes
alcançando aproximadamente 18 m, onde caracteriza-‐se pela presença de Ficus spp.,
Tabebuia spp. e Arecastrum sp., Ocotea sp., Cinnamomum sp., Caesalpiniea férrea,
entre outras (Figuras 02 a 05).
Figura 02-‐ Vista do dossel da floresta e observação da presença das árvores emergentes.
1 Sistema fisionômico-‐ecológico proposto por Veloso et al., (1991) e adotado pelo IBGE (1992)
4
Figura 03-‐ Vista do dossel e em destaque a presença da espécie Caesalpiniea ferrea (pau-‐ferro).
Figura 04 – Em destaque a presença de espécies emergentes do interior dos fragmentos.
5
Figura 05-‐ Vista do dossel da floresta.
Foi observado, no segundo estrato árvores com alturas entre 6 e 9 metros
apresentando espécies como Alchornea triplinervia, Croton sp., Xylopia sp., Cordia sp.,
Piptadenia gonoacantha, Parapiptadenia sp., Inga sp., Trema micranta, Luehea
divaricata, Tabebuia sp. e entre outras (Figura 06).
Figura 06-‐ Vista do diâmetro das árvores presente no estrato médio no interior do fragmento florestal.
No interior da mata, o estrato arbustivo/baixo-‐arbóreo exibe uma densidade
média a alta que dividem o espaço com indivíduos jovens de espécies arbóreas
6
características dos estratos superiores (Figura 07). Trepadeiras e lenhosas são comuns
nas bordas e em alguns trechos no interior dos fragmentos.
O estrato herbáceo/subarbustivo mostra-‐se medianamente denso, e
sobressaem espécies das famílias Fabaceae, Melastomataceae, Myrtaceae, Piperaceae
e entre outras (Figura 08). É comum ao longo dos fragmentos a formação de uma
camada geralmente espessa e contínua de serapilheira em intensa decomposição.
As áreas antropizadas se concentram nas bordas dos fragmentos onde estão
localizadas as estradas e trilhas
Figura 07 -‐ Vista do sub-‐bosque do fragmento florestal.
7
Figura 08 -‐ Vista da sucessão ecológica do fragmento florestal.
3. PRESENÇA DE ÁREAS BREJOSAS E PROVÁVEL OCORRÊNCIA DE ESPÉCIES DA FAUNA AMEAÇADAS DE EXTINÇÃO
A vistoria ocorreu em período chuvoso, constatando-‐se a presença de cursos
d’água e ecossistemas brejosos na área da vistoriada (Figura 09 e 10). As vias de acesso
existentes no interior da propriedade transpassam áreas alagadiças e na ocasião da
vistoria alguns trechos estavam submersos (Figura 11).
Esse tipo de ambiente consiste de habitat típico de espécies de peixes da
família Rivulidae, conhecidos como peixe anual ou peixe das nuvens. Espécies dessa
família possuem um ciclo de vida altamente especializado, vivendo unicamente em
brejos temporários regulados pelos ciclos das chuvas. Devido a essa especificidade e a
crescente destruição de seu habitat, espécies desse grupo estão ameaçadas de
extinção em âmbito global.
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Figura 09-‐ Vista de área brejosa, biótopo de peixe temporários (Rivulídeos), inserida no interior da área prevista para implantação do Novo Autódromo.
Figura 10-‐ Vista de outra área brejosa inserida no interior da área prevista para implantação do Novo Autódromo.
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Figura 11-‐ Vista de trecho da via de acesso que corta áreas alagadiças.
Há registro na literatura científica (Costa 20132) da presença de espécie de
Rivulidade, Leptolebias opalescens, em ecossistema brejo próximo, localizada no
Campo de Gerencinó. Esta informação, aliada à existência do Biótopo da espécie na
área, reforçam a probabilidade de ocorrência da mesma na área pretendida para a
instalação do novo autódromo. Leptolebias opalescens consta da Lista Nacional de
espécies de invertebrados aquáticos e peixes ameaçados de extinção (Instrução
Normativa do Ministério do Meio Ambiente n. 5 de 21 de maio de 2004) como
criticamente em perigo.
Apesar da evidencia da presença da espécie na área prevista para implantação
do Novo Autódromo, tal questão não foi considerada no processo de Licenciamento
2 Costa W. J. E. M. Leptolebias opalescens, a supposedly extinct seasonal killifish from the
Atlantic Forest of south-‐eastern Brazil, rediscovered 31 years after its last record (Cyprinodontiformes: Rivulidae). Ichthyol. Explor. Freshwaters, Vol. 23, No. 4, pp. 357-‐358, 1 fig., March 2013
10
ambiental, deixando-‐se de avaliar possível existência de Área de Preservação
Permanente, referente ao habitat de espécie ameaçada de extinção3.
Informa-‐se ainda, que Leptolebias opalescens é uma das espécies foco do
“Plano de Ação Nacional para a Conservação dos Peixes Rivulídeos Ameaçados de
Extinção” encabeçado pelo ICMBio e que tem entre seus objetivos4:
Proteger os biótopos remanescentes na região de distribuição das espécies de peixes rivulídeos focais do PAN, impedindo que sejam alterados ou suprimidos em decorrência de atividades agrosilvopastoris, da implantação de empreendimentos (como barragens, açudes, rodovias, parques eólicos, portos, complexos hoteleiros e outros) e da urbanização.
A confirmação da presença do peixe na área e a preservação de seu biótopo
são ações essenciais para a conservação da espécie, uma vez que os brejos
representam áreas de grande sensibilidade ambiental e qualquer intervenção na área
ou proximidades pode vir alterar o regime hidrológico e levar a extinção local da
espécie. Informa-‐se que o projeto considerado no processo de Licenciamento se
sobrepõe a essas áreas constatadas no trecho vistoriado da propriedade (Figura 12).
3 Os locais de refúgio e reprodução de espécies ameaçadas de extinção são Áreas de
Preservação Permanente de acordo com o art. 3º, XIV da Resolução CONAMA 303 de 20 de março de 2002 e inciso IV do art. 268 da Constituição do Estado do Rio de Janeiro.
4 MMA. Sumário Executivo Do Plano De Ação Nacional Para A Conservação Dos Peixes Rivulídeos Ameaçados De Extinção. Brasília, Janeiro de 2013.
http://www.icmbio.gov.br/portal/biodiversidade/fauna-‐brasileira/plano-‐de-‐acao/2833-‐plano-‐de-‐acao-‐nacional-‐para-‐a-‐conservacao-‐dos-‐rivulideos.html
11
Figura 12-‐ Vista do Projeto do autódromo com desenho esquemático identificando, aproximadamente (em vermelho), local onde há sobreposição do projeto aos ecossistemas brejosos identificados durante a vistoria.
4. DAS INTERVENÇÕES CONSTATADAS DURANTE A VISTORIA DO DIA 01/04/2013 E OS DANOS AMBIENTAIS ASSOCIADOS
Durante a vistoria, constatou-‐se que não foram iniciadas as obras para
instalação do empreendimento. No entanto, o exército iniciou o processo de
descontaminação do terreno, cujo subsolo encontra-‐se contaminado por artefatos
militares. Nas áreas de floresta, visando possibilitar o acesso aos equipamentos
inerentes à atividade de descontaminação, esta sendo realizada a supressão
deliberada do sub-‐bosque (Figuras 13 e 14).
Essa supressão vem sendo executada sem qualquer planejamento ou
acompanhamento por profissional habilitado, constatando-‐se que, em alguns trechos,
a limpeza excede o necessário, atingindo, além da vegetação sub-‐arbustiva e rasteira
do extrato inferior da floresta (sub-‐bosque), espécies de maior porte (Figura 15 a 18).
12
Figura 13 e 14-‐ Vista de trecho onde foi realizada a supressão de vegetação para a descontaminação. Em segundo plano observa-‐se a mata fechada adjacente que não sofreu intervenção.
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Figura 15-‐ Vista de trecho onde foi realizada a supressão de vegetação, observando-‐se o tronco com diâmetro de aproximadamente 15cm.
Figura 16-‐ Vista de trecho onde foi realizada a supressão de vegetação, observando-‐ se o tronco com diâmetro aproximado de 20cm.
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Figura 17-‐ Vista de trecho onde foi realizada a supressão de vegetação, observando-‐se o tronco com diâmetro 12 a 15cm.
Figura 18-‐ Vista de trecho onde foi realizada a supressão de vegetação.
A supressão deliberada do sub-‐bosque da floresta tem efeito deletério sobre
todo o ecossistema, comprometendo a biodiversidade da flora, assim como, da fauna
associada à ambientes florestais. Os danos ambientais relacionados com esta
intervenção podem ser caracterizados da seguinte forma:
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(a) Supressão de espécies da flora e perda de material genético;
(b) Extinção das populações de espécies da flora em uma comunidade;
(c) Diminuição da capacidade suporte para a fauna em decorrência da supressão de áreas de nidificação, abrigo e diminuição de recursos alimentares. É importante destacar que o sub-‐bosque provê recursos alimentares e habitat para diversos grupos faunísticos, existindo espécies que dependem exclusivamente desse tipo de ambiente.
(d) Afugentamento da fauna de maior mobilidade, especialmente da fauna alada;
(e) Comprometimento do processo de polinização;
(f) Comprometimento do processo de sucessão ecológica;
(g) Alteração na estrutura da população da fauna em decorrência de possível aumento de competição predação e possível extinção local de populações de espécies em uma comunidade;
(h) Risco de supressão de espécies ameaçadas de extinção, uma vez que não houve estudos prévios e controle sobre a intervenção realizada.
(i) Maior influência dos fatores abióticos como luz e temperatura;
(j) Alteração da composição e estrutura florística;
(k) Aumento do efeito de borda5 o que contribuirá para o desequilíbrio do ecossistema criando condições para a colonização da área por espécies exóticas e agressivas em detrimento da vegetação nativa.
(l) Ressecamento e comprometimento da fertilização do solo;
(m) Aumento do escoamento superficial e alteração da hidrologia local;
(n) Possibilidade de instalação de processos erosivos.
5 Efeito exercido pela área adjacente sobre o fragmento de floresta a partir das bordas que são
trechos de floresta perturbada, mais quentes e mais iluminadas que o interior das matas.
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5. RELEVÂNCIA DA ÁREA COMO CORREDOR ECOLÓGICO
Como já destacado no PT 113/2012 elaborado pelo GATE em 18/06/20126 a
SMAC incluiu a área do autódromo no projeto corredores verdes7, integrando o
Corredor Maciço do Mendanha-‐Maciço da Pedra Branca (via Vila Militar), que engloba:
área do Campo de Gericinó, a Vila Militar, o Morro da Estação, e o curso do Rio
Marangá (Figura 19), como estratégia para conservação da fauna e flora em longo
prazo, incentivado pelo Ministério do Meio Ambiente – MMA, no âmbito do Mosaico
Carioca (reconhecido formalmente através da Portaria MMA 245, de 11 de julho de 2011).
Figura 19 -‐ Localização da área do empreendimento, no âmbito do Corredor Maciço do Mendanha-‐Maciço da Pedra Branca.
O fragmento florestal existente no terreno ora em análise, assume uma posição
fundamental para a conexão entre as Unidades de Conservação e a manutenção do
fluxo gênico entre populações, uma vez que representa um dos poucos fragmentos
6 Cf. fls. 149/167 , Volume I do Inquérito Civil. 7 Corredores Verdes -‐ Relatório do Grupo de Trabalho (Resolução SMAC P nº183 de 07.11.2011).
Mapeamento da Cobertura Vegetal e do Uso das Terras do Município do Rio de Janeiro. http://www.rio.rj.gov.br/web/smac/
Área do empreendimento
17
florestais íntegros na paisagem que integra o corredor Maciço do Mendanha-‐Maciço
da Pedra Branca.
Nesse contexto, extrai-‐se a seguinte análise apresentada no “Relatório de
Avaliação da Vegetação do Fragmento Florestal do Morro do Camboatá, no Centro de
Instruções de Operações Especiais, Bairro de Deodoro, Município do Rio de Janeiro”,
elaborado por pesquisadores do Instituto de Pesquisa Jardim Botânico do Rio de
Janeiro (fls. 335. Vol. I do Inquérito Civil):
O remanescente florestal de Camboatá está estrategicamente localizado, como uma ilha de vegetação nativa encravada em uma matriz fortemente antropizada, entre os Maciços da Tijuca, Pedra Branca e Gerincinó-‐ Mendanha (Figura 5). Sua localização peculiar e a existência de ao menos 20ha de floresta nativa madura, além de cerca de 67ha de floresta em estágio avançado de regeneração, favorece que o Campo de Instrução do Camboatá seja utilizado por animais, especialmente alados, como pássaros e morcegos, no forrageamento entre as áreas dos diferentes maciços. As florestas do Camboatá devem servir como área de descanso, pouso, alimentação ou abrigo, permitindo que o remanescente funcione como um ponto de parado (“step stone”) para os animais, enquanto forrageiam entre os maciços.
É importante destacar ainda que o Morro da Estação, inserido no terreno do
empreendimento, é considerado Sítio de Relevante Interesse Paisagístico e Ambiental
Municipal, pelo artigo 117, VIII do Plano Diretor da Cidade do Rio de Janeiro (Lei
Complementar 111, de 1 de fevereiro de 2011).
6. DAS RESTRIÇÕES LEGAIS A SUPRESSÃO DE VEGETAÇÃO
Em relação à supressão de vegetação de Mata Atlântica, deve-‐se analisar o
atendimento à Lei 11428, de 22 de dezembro de 2006, que no art. 31 e art. 31, §1º,
que estabelece critérios para autorização de vegetação secundária em estágio médio
de regeneração em áreas urbanas.
De acordo com a Lei 11428, de 22 de dezembro de 2006, supressão de
vegetação secundária em estágio médio e/ou avançado de regeneração, para fins de
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loteamento ou edificação, depende de prévia autorização do órgão estadual
competente e da garantia de preservação de vegetação nativa em, no mínimo, 30%
(trinta por cento) e 50% (cinquenta por cento) da área total coberta por estas
vegetações, respectivamente. No entanto, ressalva-‐se o disposto nos arts. 11, 12 e 17
da referida lei.
A ressalva relacionada ao art. 11 refere-‐se aos seguintes casos em que a
supressão de vegetação em estágio médio e avançado de regeneração não pode ser
autorizada: (i) possuir excepcional valor paisagístico, reconhecido pelos órgãos
executivos competentes do Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA; (ii) ou
formar corredores entre remanescentes de vegetação primária ou secundária em
estágio avançado de regeneração.
Como apresentado nos itens anteriores e no PT do GATE 113/2012, o Morro da
Estação, que se insere na área do empreendimento, é considerado Sítio de Relevante
Interesse Paisagístico e Ambiental Municipal e o fragmento florestal existente no
empreendimento possui um posicionamento estratégico e relevância para a
manutenção da conexão entre os ecossistemas existentes em unidades de
conservação do entorno. Neste contexto, é o entendimento desse grupo técnico que
tais requisitos fundamentam o enquadramento da floresta existente na área destinada
à implantação do novo autódromo do Rio de Janeiro nas hipóteses em que a supressão
de vegetação não pode ser autorizada, destacadas nos itens i e ii no parágrafo
anterior.
Além das questões relacionadas às restrições à supressão de vegetação, há
ainda as restrições relacionadas às Áreas de Preservação Permanente que devem ser
investigadas.
7. CONCLUSÃO
Durante a vistoria constatou-‐se que o exército iniciou o processo de
descontaminação da propriedade prevista para implantação do Novo Autódromo do
Rio de Janeiro.
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Neste processo, vem sendo realizada a supressão deliberada do sub-‐bosque e,
em alguns casos, de árvores de maior porte, sem qualquer planejamento,
licenciamento ambiental ou ainda, acompanhamento por profissional habilitado. Essa
intervenção acarreta danos ambientais à fauna e flora.
Constatou-‐se a presença de ecossistemas brejosos na área vistoriada, biótipo
de espécies da família Rivulidade, ressaltando-‐se a grande probabilidade de ocorrência
de espécies no local, em especial Leptolebias opalescens, uma vez que a presença da
espécie foi registrada em área próxima. Essa espécie encontra-‐se criticamente
ameaçada de extinção.
A investigação da presença da espécie na área é fundamental devendo ser
preservado seu biótipo como Área de Preservação Permanente.
Nesse contexto, recomenda-‐se que seja realizada consulta ao ICMBio no
âmbito do “Plano de Ação Nacional para a Conservação dos Peixes Rivulídeos
Ameaçados de Extinção” encabeçado pelo referido órgão.
Rio de Janeiro, 10 de abril de 2013.
SIMONE MANNHEIMER DE ALVARENGA
Técnico Pericial Matrícula n. 2924
FERNANDA FERREIRA FONTES Técnica Pericial Matrícula n. 6129