psoríase -...

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Psoríase Bruno de Oliveira Rocha A psoríase é uma desordem sistêmica inflamatória, imunomediada e de grande polimorfismo genético geralmente caracterizada por placas eritêmato-escamosas bem delimitadas, com descamação argêntica. Suas lesões características são a repercussão clínica da hiperqueratose, paraceratose, acantose epidérmica, tortuosidade e dilatação de vasos sanguíneos e da presença de infiltrado inflamatório (predominantemente linfocitário). A doença é de baixa mortalidade, entretanto é elevada a morbidade, o que prejudica significativamente a qualidade de vida do paciente. Esta pode ser similar ou até pior que nos indivíduos com doença cardíaca isquêmica e diabetes. As alterações psicológicas parecem não tem relação com a localização anatômica nem com a gravidade das lesões, sendo observado depressão, ansiedade, disfunção sexual, baixa auto-estima e pensamento suicida mesmo nos indivíduos com lesão mínima. Epidemiologia Trata-se de uma doença crônica que afeta de 0,1 a 11,8% da população, sem preferência por algum gênero; sendo a sua prevalência no Brasil igual a 3%. A média mundial é de 2% e, nos EUA, a cada ano são diagnosticados 150.000 novos casos. As populações com menos prevalência são: Africanos, afro-americanos e asiáticos (entre 0,4 e 0,7%). Apesar de seu início ocorrer em qualquer idade, os dois picos de incidência são entre os 20-30 anos e os 50-60 anos e 75% dos casos ocorrem antes dos 40 anos. Vale ressaltar que, apesar de as mulheres apresentarem as lesões cutâneas de psoríase mais precocemente que os homens, a história natural da doença e similar nos dois gêneros; crônico com períodos de remissão. Em um estudo realizado na Universidade de Standford, 39% dos pacientes relataram períodos de remissão que variavam entre 1 e 59 anos. Cerca de ⅔ dos pacientes psoriásicos sofrem de uma forma mais branda da doença, enquanto tem um acometimento mais severo. Alterações ungueais podem ser observadas em 79% dos indivíduos e artrite psoriásica em 5-30%; sendo que o aparecimento das lesões cutâneas precede a artralgia em 85-95% dos pacientes. Em crianças, a forma mais frequente é a psoríase gutata, associada à infecção estreptocócica. Fatores Genéticos Estudos demonstram uma história familiar positive para psoríase entre 35 a 90% dos casos. Um estudo alemão identificou que, se ambos os pais forem portadores de psoríase, o risco de se desenvolver a doença é de 41%; enquanto que, se apenas um pai for acometido, esse risco cai para 14%. Para pais sem psoríase, o risco encontrado foi de 6%. A influência genetica também pode ser observada pela concordância entre gêmeos monozigóticos e dizigóticos. Os monozigóticos apresentam concordância de 58%, enquanto que, nos dizigóticos, a concordância é de 20%. Um fato importante é que a distribuição das lesões, a gravidade e a idade de início da doença tende a ser similar entre os gêmeos monozigóticos; diferentemente do observado em dizigóticos.

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Psoríase

Bruno de Oliveira Rocha

A psoríase é uma desordem sistêmica inflamatória, imunomediada e de grande

polimorfismo genético geralmente caracterizada por placas eritêmato-escamosas bem

delimitadas, com descamação argêntica. Suas lesões características são a repercussão

clínica da hiperqueratose, paraceratose, acantose epidérmica, tortuosidade e dilatação de

vasos sanguíneos e da presença de infiltrado inflamatório (predominantemente

linfocitário).

A doença é de baixa mortalidade, entretanto é elevada a morbidade, o que

prejudica significativamente a qualidade de vida do paciente. Esta pode ser similar ou

até pior que nos indivíduos com doença cardíaca isquêmica e diabetes. As alterações

psicológicas parecem não tem relação com a localização anatômica nem com a

gravidade das lesões, sendo observado depressão, ansiedade, disfunção sexual, baixa

auto-estima e pensamento suicida mesmo nos indivíduos com lesão mínima.

Epidemiologia

Trata-se de uma doença crônica que afeta de 0,1 a 11,8% da população, sem

preferência por algum gênero; sendo a sua prevalência no Brasil igual a 3%. A média

mundial é de 2% e, nos EUA, a cada ano são diagnosticados 150.000 novos casos. As

populações com menos prevalência são: Africanos, afro-americanos e asiáticos (entre

0,4 e 0,7%).

Apesar de seu início ocorrer em qualquer idade, os dois picos de incidência são

entre os 20-30 anos e os 50-60 anos e 75% dos casos ocorrem antes dos 40 anos. Vale

ressaltar que, apesar de as mulheres apresentarem as lesões cutâneas de psoríase mais

precocemente que os homens, a história natural da doença e similar nos dois gêneros;

crônico com períodos de remissão. Em um estudo realizado na Universidade de

Standford, 39% dos pacientes relataram períodos de remissão que variavam entre 1 e 59

anos.

Cerca de ⅔ dos pacientes psoriásicos sofrem de uma forma mais branda da

doença, enquanto ⅓ tem um acometimento mais severo. Alterações ungueais podem ser

observadas em 79% dos indivíduos e artrite psoriásica em 5-30%; sendo que o

aparecimento das lesões cutâneas precede a artralgia em 85-95% dos pacientes.

Em crianças, a forma mais frequente é a psoríase gutata, associada à infecção

estreptocócica.

Fatores Genéticos

Estudos demonstram uma história familiar positive para psoríase entre 35 a 90%

dos casos. Um estudo alemão identificou que, se ambos os pais forem portadores de

psoríase, o risco de se desenvolver a doença é de 41%; enquanto que, se apenas um pai

for acometido, esse risco cai para 14%. Para pais sem psoríase, o risco encontrado foi de

6%.

A influência genetica também pode ser observada pela concordância entre

gêmeos monozigóticos e dizigóticos. Os monozigóticos apresentam concordância de

58%, enquanto que, nos dizigóticos, a concordância é de 20%. Um fato importante é

que a distribuição das lesões, a gravidade e a idade de início da doença tende a ser

similar entre os gêmeos monozigóticos; diferentemente do observado em dizigóticos.

A psoríase está associada com diversos antígenos leucocitários humanos

(HLA’s): HLA-B13, HLA-B17, HLA-B37 e HLA-Bw16. Alguns estudos

demonstraram que a relação da psoríase com o HLA-Bw16 é secundária à uma

associação com o HLA-Cw6, que confere um risco relativo de 13 para o

desenvolvimento de psoríase em caucasianos e de 25 em japoneses.

Na psoríase pustulosa e na acrodermatite contínua de Hallopeau há uma maior

prevalência do HLA-B27 (também associado com artrite psoriásica axial); entretanto,

esta associação não foi observada na forma palmo-plantar (mais relacionada com o

HLA-Aw19 e HLA-Bw35). Em crianças com psoríase gutata, a expressão do HLA-B13

e HLA-B17 foi mais pronunciada. Na forma eritrodérmica, alta frequância do HLA-B13

e HLA-B17 também foi observada.

O HLA-Cw6 também está envolvido na idade de início das lesões, sendo

expresso em 90% dos pacientes com manifestações precoces, em 50% nos de

manifestação mais tardia e rm 7,4% na população geral.

Os estudos de concordância familiar e dos loci gênicos associados com a

psoríase apontam que a herança poligênica é o melhor modelo para se explicar a

influência de fatores genéticos na patogênese da psoríase. Dentre estes genes, o

PSORS1 destaca-se por estar presente em mais de 50% dos pacientes. Outros genes

com seus respectivos loci são citados abaixo.

Loci Gênicos Associados com a Psoríase

Locus Gênico Localização Cromossômica Locus Gênico Localização Cromossômica

PSORS1 6p21.3 PSORS6 19p13–q13

PSORS2 17q25 PSORS7 1p35–34

PSORS3 4q32–35 PSORS8 16q12–13

PSORS4 1cen–q21 PSORS9 4q31–34

PSORS5 3q21 PSORASI 16q12 Fonte: Bolognia – Dermatology, 2

nd Ed.

Outros Fatores Associados

A psoríase está associada com diversos fatores desencadeantes (tanto externos

quanto sistêmicos) em indivíduos geneticamente predispostos.

Fatores Externos: O fenômeno de köebner é observado em 25% dos pacientes

com psoríase. Um mesmo paciente pode se mostrar köebner-negativo em dado

momento e köebner-positivo em outro. As lesões também podem ser precedidas

por outras formas de injúria cutânea: queimaduras, exantemas virais e erupções

relacionadas a drogas. O tempo decorrido entre o trauma e o aparecimento das

lesões varia de 2 a 6 semanas.

Psoríase tipo I: início precoce das lesões, história

familiar positiva e associada ao HLA-Cw6 e maior

gravidade;

Psoríase tipo II: início tardio das lesões, história

familiar negativa, não associada ao HLA-Cw6,

curso benigno e maior influência ambiental

(principalmente do tabaco).

Fenômeno de Köebner na psoríase

Fatores Sistêmicos: Infecções: Podem ser observadas como fator desencadeante em 45% dos

paciente. As mais comuns são as infecções estreptocócicas,

especialmente a faringite; que está mais associada com a psoríase gutata

em adolescentes e crianças. As infecções também poderm desencadear

psoríase pustulosa ou agravar a psoríase vulgar. Acredita-se que o

mecanismo envolvido seja a ativação de superantígenos;

HIV: O vírus da imunodeficiência humana está associado com uma

maior gravidade da psoríase, embora não aumente a frequência dela;

Estresse: Pode estar associado tanto à primeira manifestação da doença

quanto às recindivas. A exacerbação da psoríase pode ser notada

semanas ou meses após o evento extressor;

Drogas: De modo geral, o lítio, interferon (IFN), β-bloqueadores e

drogas antimaláricas associam-se com o aparecimento da psoríase.

Corticosteróides podem desencadear psoríase pustulosa ou agravar a

psoríase em placas;

Etilismo, Tabagismo e Obesidade: Enquanto o tabagismo relaciona-se

com o desencadear da doença, a obesidade parece ser uma consequência

da psoríase. O consumo aumentado de álcool parece estar mais

relacionado com o impacto psicológico gerado pela doença.

Patogênese

Devido ao fato de a psoríase responder à administração de retinóides,

incialmente ela foi considerada uma dermatose restrita aos queratinócitos. Na década de

1980, foi demonstrado que vários mediadores bioquímicos e enzimas encontravam-se

alterados na psoríase, entre eles: AMPc, eicosanóides, proteína C quinase, fosfolipase

C, poliamines e TGF-α. Entretanto, a associação com anormalidades imunológicas foi

proposta na década de 1970, quando foi observada significante melhora da psoríase em

pacientes que utilizaram ciclosporina (inibidor das células T).

Apesar de se falar na psoríase como doença auto-imune, ainda não foram

detectados auto-antígenos associados à ela.

A resposta imunológica anormal que ocorre em paciente com psoríase é

responsável pelo dano tecidual que resulta na disfunção dos queratinócitos. Na área da

lesão, é observado um aumento na atividade mitótica dos queratinócitos em cerca de 50

vezes; enquanto que na pele normal a migração destes da camada basal para a camada

córnea ocorre em 28-30 dias, na pele com psoríase esta migração se dá em penas 3-5

dias.

Algumas citocinas, como IL-1, IL-6 e INF-γ atuariam como mitógenos para

queratinócitos. A contínua liberação de citocinas pró-inflamatórias a partir de células T

ativadas e, conseqüente migração de linfócitos para a epiderme, além de ativar citocinas

como, por exemplo, o Fator de Crescimento Epitelial (EGF), ativam outras de

importância no processo de hiperplasia persistente da epiderme. Células de indivíduos

com psoríase produzem níveis elevados de citocinas pró-inflamatórias, assim como

baixos níveis das anti-inflamatórias, como a IL-10, havendo predominância das

citocinas do tipo Th1, IFN-γ, IL-2 e TNF-α. Elas atuam como o pivô no tráfico e

compartimentalização dos leucócitos no processo da doença. Em adição às citocinas

derivadas dos linfócitos T, as células apresentadoras de antígenos (APC’s) também

produzem IL-18, IL-23 e TNF-α; ambas as citocinas IL-18 e IL-23 são indutoras da

produção de IFN-γ por células T CD8+, sendo a IL-12 a citocina dominante na placa

psoriásica.

A epiderme dos pacientes com psoríase expressa antígenos associados com

hiperproliferação, heterodímeros (queratina-6 e queratina-16) e proteínas do choque

térmico, além de antígenos do MHC-II. O infiltrado inflamatório contém linfócitos T

ativados tanto na epiderme como na derme, com células T CD4+ distribuídas

aleatoriamente. As células T CD8+ estão predominantemente na epiderme e muitas

expressam receptores de adesão de epitélio-específico. Muitas células T CD8+ têm a

expressão aumentada de moléculas co-estimulatórias como o CD2, moléculas de adesão

como o LFA-1, CLA ou aumento na afinidade do receptor de IL-2. O desencadeamento

do processo inflamatório da psoríase não está elucidado. Dados clínicos, biológicos e

epidemiológicos apontam para um conjunto de fatores desencadeantes que

provavelmente atuam em conjunto, sobretudo nos indivíduos geneticamente mais

susceptíveis.

Citocinas envolvidas na patogênese da psoríase e sua relação com células do sistema imune e da pele

Manifestações Clínicas

Do ponto de vista clínico, a psoríase pode ser considerada como uma doença

espectral, com diferentes formas de apresentação. Pacientes podem apresentar mais de

um tipo de psoríase, mas as lesões sempre apresentam eritema, espessamento e

descamação. Estes sinais refletem os achados histológicos de angiogênese próxima à

superfície cutânea, acantose epidérmica com infiltrado celular e queratinização anormal,

respectivamente.

As placas da psoríase geralmente são circulares, ovais ou policíclicas, têm

limites precisos, com escamas argênticas (Sinal da Vela), que ao serem removidas

evidenciam pontos sangrantes (Sinal do Orvalho Sangrante ou Auspitz). Esses sinais

têm valor diagnóstico, mas está ausente na psoríase invertida e pustulosa e na maioria

dos casos eritrodérmicos. Ocasionalmente pode se observar uma zona clara perilesional

(Sinal ou Halo de Woronoff).

Halo de Woronoff (vasoconstricção na periferia da placa)

A sua distribuição é tipicamente simétrica em couro cabeludo, cotovelos,

joelhos, área lombo-sacra e em dobras do corpo. Podem ser observadas lesões lineares

em áreas de trauma prévio, como queimadura solar, eczema de contato, trauma

mecânico, entre outros (Fenômeno de Köebner), que é bastante característico desta

patologia, mas que pode ocorrer em outras.

Em geral são assintomáticas, mas alguns pacientes se queixam de prurido ou

queimação, sobretudo durante as exacerbações.

Eventualmente, as lesões clarificam com hipo ou hiperpigmentação pós-

inflamatória.

Formas Clínicas da Psoríase

Psoríase em Placas ou Vulgar. É a forma mais comum (90%). O paciente apresenta

placas eritêmato-escamosas de tamanhos e formas variadas. O couro cabeludo,

cotovelos, joelhos e região lombossacra são as áreas mais acometidas, juntamente com

as mãos e pés. A lesão inicial pode ser máculas ou pápulas eritematosas medindo menos

que 1cm, que se estendem perifericamente e se coalescem formando placas. Escamas

argênticas estão presentes com espessuras variadas.

(a) (b) Psoríase vulgar: (a) escamas argênticas; (b) distribuição simétrica das lesões

(c) Psoríase vulgar: (c) placas eritêmato-descamativas

Psoríase Gutata ou Eruptiva. Esta variante corresponde a cerca de 2% dos

pacientes, entretanto, é uma forma comum em crianças. As lesões são numerosas e

pequenas pápulas e placas eritêmato-escamosas com diâmetro de 2-10mm. Geralmente

têm topografia centrípeta, mas podem acometer cabeça e membros. Cerca de 66% dos

pacientes referem infecção de vias aéreas superiores precedendo as lesões (2-3

semanas). Em mais da matede dos pacientes, os títulos de ASLO, anti-Dnase B ou

estreptozima estão elevados, indicando a relevância da infecção estreptocócica. Em

crianças, o prognóstico é excelente, com remissão das lesões em semanas ou meses. Já

em adultos, as lesões podem cronificar.

Psoríase gutata

Psoríase Invertida ou Flexural. Lesões de psoríase flexural são placas finas,

brilhantes, pouco eritematosas e bem delimitadas. A presença de escamas é bem mais

escassa que nas outras formas. Topograficamente, há predileção pelas axilas, região

inguinal, fenda interglútea, regiões inframamárias e regiões retroauriculares. Há uma

maior frequência em indivíduos melanodérmicos e HIV+. Pode ser precedida por

infecções cutâneas por bactérias, cândida ou dermatófitos.

Psoríase invertida

Psoríase Eritrodérmica. Caracteriza-se por um generalizado eritema e descamação.

Pode ter instalação gradual e progressiva de placas crônicas que crescem e se confluem

(Tipo I) ou aguda (Tipo II). Este último tipo é o mais comum e geralmente está

associado à infecções, alcatrão, drogas ou retirada de corticóides sistêmicos. Pode haver

comprometimento da termorregulação cutânea, levando a hipotermia, falência cardíaca,

alterações metabólicas como hipoalbuminemia e anemia por perda de ferro, vitamina

B12 e folato.

Psoríase eritrodérmica

Psoríase Ungueal. Ocorre em 10-80% dos pacientes, sendo as unhas dos

quirodáctilos mais afetadas que as dos pododáctilos. A psoríase afeta o leito e a matriz

ungueal. A entesite associada a este tipo de psoríase justifica a maior ocorrência de

artropatia psoriásica nesses pacientes. Sinais característicos são: leuconíquia, pontos

hemorrágicos, manchas tipo “gota de óleo”, onicólise distal ou lateral, onicodistrofia,

pittings ungueais e hiperceratose subungueal.

(a) (b) (c) Psoríase ungueal: (a) onicólise distal e manchas tipo “gota de óleo”; (b) pittings ungueais e pontos

hemorrágicos; (c) hiperceratose subungueal e onicodistrofia

Psoríase Pustulosa. É subdividida em três tipos.

Psoríase Pustulosa Generalizada (GPP): Histologicamente há predomínio de

infiltrado linfocitário. Clinicamente, observa-se a presença de eritema e pústulas

“estéreis”. É uma forma incomum de psoríase que está associada à gravidez (na

qual também é denominada impetigo herpetiforme), hipocalcemia, interrupção

rápida de corticoterapia e infecções.

Psoríase pustulosa generalizada

Pustulose palmo-plantar: É caracterizada pela presença de pústulas “estéreis”

em face palmo-plantar, máculas amarelo-amarronzadas e placas eritêmato-

descamativas. É raro em crianças, predomina em adultos do sexo feminino e a

maioria dos pacientes também apresenta psoríase vulgar. O curso da doença é

crônico e pode ser agravado pelo tabagismo, estresse e infecções locais.

Pustulose palmo-plantar

Acrodermatite Contínua de Hallopeau: Rara forma de psoríase, caracterizada

por pústulas dolorosas nas falanges distais dos quirodáctilos e, mais raramente,

dos pododáctilos.Poe evoluir com a destruição completa das lâminas ungueais

afetadas.

Acrodermatite contínua de Hallopeau

Artrite Psoriásica

Ocorre em cerca de de 5-30% dos pacientes, mas, acredita-se que esta

prevalência seja subestimada. Cerca de 85-95% dos pacientes apresentam as lesões de

pele antes da artralgia. Alterações erosivas são um importante marcador para a artrite

psoriásica (AP); elas podem ocorrer anos após o início da inflamação periarticular.

Abaixo segue a classificação da AP proposta por Moll:

Mono ou oligoartrite assimétrica: A inflamação envolve as articulações

interfalangeanas distais e proximais de quirodáctilos e pododáctilos. É a forma mais

comum de apresentação da AP. Geralmente observa-se “dedo em salsicha”.

Dificilmente acomete as articulações metacarpofalangeanas.

Artrite psoriásica: acometimento assimétrico e dedos em salsicha

Artrite da articulações interfalangeanas distais: Apresentação incomum da AP.

Provavelmente decorre do envolvimento por contiguidade da psoríase ungueal.

Apresentação semelhante a Artrite Reumatóide: Poliartrite simétrica de

pequenas e medias articulações (interfalangeanas, metacarpofalangeanas, punhos,

tornozelos e cotovelos). Alguns pacientes podem apresentar fator reumatóide positivo.

Artrite psoriásica: acometimento simétrico

Artrite mutilans: Variante menos comum da AP. Progressão rápida e severa da

inflamação articular, gerando destruição e deformação permanente.

Artrite mutilans

Espondilite e Sacroilite: Artrite predominantemente axial, embora alguns

pacientes possam ter envolvimento de articulações periféricas.

Diagnóstico

O diagnóstico de psoríase é eminentemente clínico. À curetagem metódica de

Brocq observa-se os Sinais da Vela e do Orvalho Sangrante ou de Auspitz.

Sinal de Auspitz

Tratamento

O manejo da psoríase a longo prazo deve considerer a individualização

terapêutica, a extensão das lesões e os aspectos psicológicos envolvidos, bem como os

potenciais efeitos adversos das drogas administradas.

Indicações Contraindicações

An

álo

go

s d

a V

ita

min

a D

3 Quadros leves à moderados: tratamento de

primeira linha como monoterapia ou combinado;

Quadros severos: tratamento combinado.

Quando a área afetada requerer mais

de 100g aplicadas por semana;

Anormalidades no metabolismo do

cálcio;

Insuficiência renal;

Alergia à análogos da vitamina D3 ou

constituintes da preparação;

Gravidez e lactação.

Co

rtic

óid

es T

óp

ico

s Quadro leves à moderados: tratamento de

primeira linha como monoterapia ou combinado;

Quadros severos: em combinação com análogos

da vitamina D3, retinóides tópicos ou antralina;

Monoterapia em pasoríase flexural e facial

(corticoids de baixa potência);

Placas muito espessadas podem necessitar

oclusão.

Infecções bacterianas, virais e

fúngicas;

Atrofia cutânea;

Dermatite de contato alérgica à

corticoids ou constituintes da

fórmulação;

Gravidez ou lactação.

An

tra

lin

a Psoríase leve, moderada e severa: tratamento de

segunda linha como monoterapia ou combinado.

Psoríase vulgar em fase de progressão;

Psoríase pustulosa;

Psoríase eritrodérmica.

Ret

inó

ides

pic

os Quadros leves à moderados: tratamento de

segunda linha como monoterapia ou combinado.

Psoríase vulgar em fase de progressão;

Psoríase eritrodérmica;

Dermatite de contato alérgica ao

retinóide ou constituintes da

fórmulação;

Gravidez e lactação.

Fo

toq

uim

iote

ra

pia

Psoríase moderada à severa: tratamento de

primeira linha como monoterapia ou

combinado.

Psoríase pustulosa (UVB e PUVA);

Psoríase eritrodérmica (UVB e

PUVA);

Dermatoses sensíveis à luz (UVB e

PUVA);

Fotodermatoses (UVB e PUVA);

Medicações fototóxicas (UVB e

PUVA);

Vitiligo (UVB e PUVA);

Histórico de exposição à arsenic,

irradiação excessive ou

fotoquimioterapia (UVB e PUVA);

Exposição solar excessiva;

Terapia PUVA acumulada > 2000

J/cm2;

Uso de imunosupressores;

Histórico de câncer de pele (UVB e

PUVA);

Idade fertil e sem uso de

contraceptivos (PUVA);

Gravidez e lactação (PUVA);

Insuficiência renal ou hepática

(PUVA);

Catarata (PUVA).

Met

otr

ex

ato

Psoríase severa:

Psoríase vulgar com mais de 20% de

superfície corporal acometida ou

interferência psicosocial;

Psoríase pustulosa;

Psoríase eritrodérmica;

Artrite psoriásica (moderada à severa);

Psoríase ungueal severa;

Psoríase que não responde à tratamentos

tópicos, fototerapia e retinóides.

Diminuição da função renal (clearance

de creatinina < 60 ml/min);

Uso de medicações que aumentam a

concentração sérica de metotrexato

(sulfametoxazol-trimetropim);

Gravidez e lactação;

Função hepatica significantemente

anormal, hepatite (ativa ou recente),

cirrose, etilismo;

Anemia severa, leucopenia e

trombocitopenia;

Infecções ativas;

Úlcera péptica ativa.

Cic

losp

ori

na

Psoríase severa;

Ineficácia ou contraindicação para outras

terapias (tratamentos tópicos, fototerapia,

acitretina e metotrexato).

Função renal prejudicada;

Hipertensão descontrolada;

História de câncer;

Uso de drogas que interfiram na

farmacocinética da ciclosporina;

Histórico de exposição à arsênico;

Histórico de fototerapia excessive;

Uso de fototerapia;

Infecções ativas;

Gravidez e lactação;

Imunodeficiências;

Disfunção orgânica crônica severa;

Uso de álcool ou drogas.

Aci

treti

na

Psoríase severa que não pode ser tratada com

tópicos ou fototerapia;

Monoterapia na psoríase eritrodérmica e

pustulosa;

Terapia combinada na psoríase vulgar.

Disfunção hepática moderada à grave;

Disfunção renal severa;

Gravidez e lactação;

Mulheres em idade fertile que não

podem garantir contracepção

adequada durante 3 anos após

descontinuada a terapia com

acitretina;

Hiperlipidemia que não possa ser

controlada;

Uso de medicações que alterem a

absorção ou a biodisponibilidade de

retinóides;

Uso de drogas hepatotóxicas

(metotrexato);

Diabetes mellitus que não possa ser

controlado;

Etilismo.

Imu

no

bio

lóg

ico

s

Psoríase moderada à severa;

Artrite psoriásica não responsiva a outras

drogas;

Pacientes não elegíveis à terapias tópicas ou

sistêmicas por eficácia insuficiente ou

contraindicação.

Psoríase gutata, pustulosa e

eritrodérmica;

Infecções virais, bacterianas e

fúngicas;

Risco de sepse aumentado;

Tuberculose ativa;

Imunosupressão;

Gravidez e lactação;

História de câncer nos últimos 5 anos;

Exposição solar ou fototerapia

excessiva;

Alergia ao medicamento.

Adaptado de Bolognia – Dermatology, 2nd

Ed.

Avaliação Pré-tratamento

Met

otr

ex

ato

História;

Exame físico;

Hemograma completo com contagem diferencial e de plaquetas;

Função renal: creatinina, uréia, sumário de urina e clearance de creatinina;

Função Hepática: AST, ALT, fosfatase alcalina, bilirubinas e albumina;

Sorologia para hepatites A, B, C e HIV;

Radiografia de tórax;

Biópsia hepatica em pacientes com fator de risco para hepatopatias;

β-HCG para mulheres em idade fértil.

Cic

losp

ori

na

História e exame físico para excluir contraindicações;

Hemograma completo com contagem diferencial e de plaquetas;

Creatinina, cholesterol total, HDL-colesterol, LDL-colesterol, triglicerídeos, função hepatica,

ácido úrico, magnésio e eletrólitos;

Sumário de urina;

β-HCG para mulheres em idade fértil.

Aci

treti

na

História para excluir contraindicações;

Função hepática (AST, ALT, γ-GT, fosfatase alcalina e bilirrubinas);

Colesterol total, HDl-colesterol, LDL-colesterol e triglicerídeos;

Glicose de jejum;

Creatinina;

β-HCG para mulheres em idade fértil.

Adaptado de Bolognia – Dermatology, 2nd

Ed.

Avaliação durante o Tratamento

Met

otr

ex

ato

Hemograma complete, incluindo contagem diferencial, contagem de plaquetas e VCM;

Função renal: creatinina e uréia; clearance de creatinina (em pacientes idosos);

Função hepática: ALT, AST, fosfatase alcalina, albumina.

Cic

losp

ori

na

Revisão de todas as medicações em uso;

Tensão arterial;

Creatinina, colesterol total, HDL-colesterol, LDL-colesterol, triglicerídeos, função hepática,

ácido úrico, magnésio e eletrólitos;

Sumário de urina.

Aci

treti

na

Monitorar efeitos adversos mucocutâneos;

Colesterol total, HDL-colesterol, LDL-colesterol, triglicerídeos, e enzimas hepáticas;

Creatinina;

β-HCG para mulheres em idade fértil.

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