psivoc_3

10

Click here to load reader

Upload: felipe-mendes

Post on 02-Jul-2015

122 views

Category:

Documents


1 download

TRANSCRIPT

Page 1: PsiVoc_3

3796

Actas do VII Simpósio Nacional de Investigação em Psicologia Universidade do Minho, Portugal, 4 a 6 de Fevereiro de 2010

Análise Transcultural dos Interesses. Resultados do SDS em Amostras

de Portugal e do Brasil

Maria Odília Teixeira, Alexandra Barros, Isabel Janeiro

Faculdade de Psicologia, Universidade de Lisboa

Esta investigação faz parte de um projecto internacional, no âmbito da cooperação

CAPES\GRICES, cujo objectivo é analisar os resultados do Inventário de

Interesses de Exploração Auto-Dirigida (SDS) em diferentes contextos

culturais. Nos resultados, destacam-se os índices elevados da precisão que são

próximos em Portugal e no Brasil e os dados da análise factorial que, nos dois

países, revelam consistência com os princípios teóricos subjacentes à medida SDS.

As conclusões sublinham os indicadores positivos da validação transcultural da

medida, cujo significado pode ser generalizado à validade de construto da própria

teoria de personalidade vocacional de Holland, particularmente no que respeita à

natureza dos tipos e à organização de personalidade RIASEC.

Palavras-Chave: precisão, RIASEC, SDS, validade

1. INTRODUÇÃO

O Inventário de Interesses de Exploração Auto-Dirigida (SDS) é um dos

instrumentos internacionalmente mais usados, na investigação e na prática do

aconselhamento da carreira. Este inventário foi construído nos anos 70, de acordo com

os seis tipos de personalidade propostos por J. Holland (1996): Realista, Investigativo,

Artístico, Social, Empreendedor e Convencional (RIASEC). Para Holland, o conceito

de tipo está associado “a um produto característico da interacção de uma variedade de

forças culturais e pessoais, incluindo pares, hereditariedade, pais, classe social, cultura e

meio físico” (1997, p. 2). Cada tipo tem um reportório específico de atitudes,

capacidades, crenças, valores e competências; diferentes tipos seleccionam e processam

a informação de diferentes formas. Este é um conceito com alguma controvérsia, pela

dificuldade de operacionalizar dimensões de nível de generalidade tão ampla.

Nas premissas de construção do SDS há ainda a referir alguns dos princípios da

teoria de Holland (1997), face aos quais os resultados ganham significado,

designadamente (1) as pessoas e os meios podem ser classificados pelas seis categorias

ou tipos RIASEC, (2) as pessoas com as mesmas profissões têm histórias de vida e

personalidades semelhantes, (3) as pessoas tendem a procurar meios congruentes, onde

sentem que potencializam as suas capacidades e expressar os seus valores (4) o

Page 2: PsiVoc_3

3797

Actas do VII Simpósio Nacional de Investigação em Psicologia Universidade do Minho, Portugal, 4 a 6 de Fevereiro de 2010

desempenho é o produto da interacção entre a personalidade e as exigências do

ambiente. Em complementaridade com estas proposições, a teoria apresenta os

conceitos secundários de (1) consistência, (2) diferenciação, (3) congruência, (4)

calculus e (5) identidade, que são especialmente relevantes para a interpretação dos

resultados SDS. Estes conceitos são usados sob forma de índices que indicam a força da

relação entre os tipos ou entre os meios, e entre os tipos e os meios, como é o caso da

congruência. O conceito de identidade é abrangente, cujo significado remete para a

clareza e a estabilidade da pessoa ou do meio, incluindo, de certo modo, as noções de

consistência e de diferenciação.

Pelo impacto do SDS ao nível da investigação e da prática do aconselhamento

educacional, o projeto internacional, no âmbito do CAPES/GRICES, representa um

passo importante no estudo das qualidades métricas da medida SDS nos dois países,

bem como no aprofundamento teórico das questões culturais associadas à organização

teórica proposta por Holland. A propósito do estudo dos interesses, na opinião de

Rounds e Day (1999) a comparação intercultural dos resultados é uma das facetas mais

expressivas da validade de construto.

O projecto, de que esta investigação faz parte, tem sido desenvolvido desde 2008,

por equipes de investigadoras do Centro de Investigação em Psicologia da Faculdade de

Psicologia da Universidade de Lisboa e do Centro de Pesquisas em Psicodiagnóstico

(CPP) da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da Universidade

de São Paulo (FFCLRP – USP) (Noce & Melo-Silva, 2009; Pasian & Okino, 2009;

Teixeira, Figueiredo & Janeiro, 2009).

2. OBJECTIVO

Como referido anteriormente, o presente trabalho analisa as características

metrológicas do SDS em âmbito transcultural, em amostras de Portugal e do Brasil.

3. METODOLOGIA

3.1. Características do SDS

O SDS possui seis escalas que correspondem aos tipos R (realista) I

(investigativo) A (artístico), S (social), E (empreendedor) e C (convencional). Cada uma

das escalas é formada por três componentes, que dizem respeito às subescalas das

actividades, das competências e das carreiras de cada tipo, e que no conjunto totalizam

Page 3: PsiVoc_3

3798

Actas do VII Simpósio Nacional de Investigação em Psicologia Universidade do Minho, Portugal, 4 a 6 de Fevereiro de 2010

216 itens. Para além destes, o SDS contém mais 12 itens cujos conteúdos caracterizam

as habilidades, subsidiárias aos seis tipos - Mecânica, Manuais, Científica, Matemática,

Artística, Musical, Relacionamento, Ensino, Vendas, Gestão, Escritório e Administrativa.

Este é um instrumento de resposta normativa, que pode ser auto-corrigido e a

informação dos resultados é transmitida num código de 3 letras, que traduz os 3

resultados mais elevados, com referência à taxonomia RIASEC. O SDS é adequado a

partir dos 14-15 anos e a sua aplicação pode ser individual ou colectiva.

3.2. Amostras

A amostra de Portugal é constituída por 272 estudantes do 12º ano, 117 rapazes e

155 raparigas, com idades entre os 16 e os 21 anos, com média de 17.34. Os alunos

pertencem a escolas da região de Lisboa, Cascais, Mem Martins e Évora, e frequentam

os cursos de ciências e tecnologias (36%), ciências sócio-económicas (9%), línguas e

literaturas (33%), artes visuais (11%) e tecnológico de acção social (3%).

Os participantes da amostra do Brasil são 497 estudantes do último ano do ensino

médio (equivalente em número de anos e final de ciclo ao 12º ano), de uma cidade do

interior de S. Paulo. As idades dos participantes estão compreendidas entre 16 e 21

anos, com média 16,99, sendo 295 raparigas e 202 rapazes.

4. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

4.1. Precisão

Nas duas amostras, os coeficientes alfa são superiores a .91, evidenciando índices

positivos quanto à consistência interna da medida.

TABELA 1 – Coeficientes alfa de Cronbach nas duas amostras.

Escalas Amostra do Brasil Amostra de Portugal

Realista .93 .93

Investigativo .92 .92

Artístico .93 .92

Social .91 .91

Empreendedor .93 .92

Convencional .94 .93

Page 4: PsiVoc_3

3799

Actas do VII Simpósio Nacional de Investigação em Psicologia Universidade do Minho, Portugal, 4 a 6 de Fevereiro de 2010

4.2. Distribuições dos resultados

Nos resultados das escalas (Tabela 2), os índices de tendência central e de

variabilidade das distribuições atestam a sensibilidade da medida à diferenciação inter-

individual. Contudo, emergem algumas assimetrias nas distribuições, especialmente nas

escalas Realista e Convencional. A hierarquia dos resultados médios demonstra que, nas

duas amostras, a média mais elevada ocorre no tipo Social, seguida do tipo

Empreendedor. Em terceiro lugar, surgem as médias dos tipos Artístico e Investigativo,

respectivamente nas amostras de Portugal e do Brasil. Em geral, há uma certa

proximidade dos resultados médios nas amostras dos dois países.

TABELA 2 - Distribuição dos resultados nas duas amostras.

Escalas

Amostra do Brasil Amostra de Portugal

Amplitude Média DP Amplitude Média DP

Realista 0-31 9,61 7,96 0-32 9,41 7,83

Investigativo 0-34 13,75 8,41 0-33 12,78 8,37

Artístico 0-34 13,68 8,73 0-34 15,20 8,61

Social 0-34 17,19 7,73 0-34 18,61 7,83

Empreendedor 0-34 17,09 8,31 0-33 17,34 8,37

Convencional 0-34 10,0 8,59 0-34 8,91 8,01

O efeito da variável sexo foi analisado nos resultados, procedendo-se à

comparação das diferenças entre as médias dos grupos (t de Student) (Tabelas 3 e 4). Na

amostra do Brasil, as médias são significativamente superiores (p<0.001) dos rapazes

nas escalas Realista, Empreendedor e Convencional, sendo superior das raparigas a

média da escala Social (p<0.001).

TABELA 3 – Médias e desvios-padrão dos rapazes e das raparigas da amostra do Brasil.

Razão crítica das diferenças entre as médias

Escalas

Amostra do Brasil

Masculino Feminino

t

p Média DP Média DP

Realista 14,61 8,10 6,18 5,75 13,57 0,00 M

Investigativo 14,13 8,50 13,48 8,36 0,85

Artístico 13,25 8,40 13,97 8,96 -0,90

Social 14,58 7,54 18,98 7,35 -6,48 0,00 F

Empreendedor 20,02 8,22 15,08 7,77 6,809 0,00 M

Convencional 11,67 8,84 8,85 8,22 3,64 0,00 M

Nota: M – Masculino, F- Feminino

Page 5: PsiVoc_3

3800

Actas do VII Simpósio Nacional de Investigação em Psicologia Universidade do Minho, Portugal, 4 a 6 de Fevereiro de 2010

Na amostra de Portugal (Tabela 4), a diferença das médias é também significativa

e superior dos rapazes nas escalas Realista (p<0.001) e Empreendedor (p<0.001), sendo

ainda significativa e favorável às raparigas nas escalas Artístico (p<0.05) e Social

(p<0.001). Relativamente à hierarquia dos resultados, nas duas amostras, a média mais

elevada dos rapazes incide no tipo Realista e a das raparigas no tipo Social. Estes dados

são convergentes com os obtidos anteriormente com estudantes do ensino secundário e

confirmam a prioridade dada pelas raparigas às actividades que envolvem o contacto

pessoal, enquanto os rapazes privilegiam as actividades que envolvem lidar com dados e

coisas (Teixeira, 2000, 2009).

TABELA 4 – Médias e desvios-padrão dos rapazes e das raparigas da amostra de Portugal.

Razão crítica das diferenças entre as médias

Amostra de Portugal

Escalas

Masculino Feminino

t

p Média DP Média DP

Realista 13,55 8,41 6,29 5,63 8,51 0,00 M

Investigativo 13,54 8,72 12,20 8,06 1,31

Artístico 13,98 8,67 16,12 8,48 -2,03 0,04 F

Social 15,50 7,61 20,95 7,17 -6,04 0,00 F

Empreendedor 19,29 8,24 15,87 8,19 3,40 0,00 M

Convencional 9,21 8,01 8,68 8,04 0,53

Nota: M – Masculino, F- Feminino

4.3. Correlações

Na Tabela 5, apresentam-se as correlações dos resultados referentes às seis escalas

e às habilidades auto-avaliadas. Na amostra do Brasil, os coeficientes são superiores a

.30 (parte superior da tabela) entre a escala Realista e as escalas Investigativo (.38),

Artístico (.30), Empreendedor (.39) e Convencional (.35), sendo ainda de destacar as

relações entre a escala Investigativo e as escalas Social (.31) e Convencional (.35). Nas

duas amostras, a correlação dos resultados entre os tipos Empreendedor e Convencional

é elevada, sendo de .56 e .49 respectivamente nas amostras do Brasil e de Portugal. Para

as duas amostras, são ainda de realçar (parte inferior da Tabela 5) as correlações entre as

escalas e as habilidades auto-avaliadas, designadamente entre o tipo Realista e as

habilidades mecânica e manuais, o tipo Investigativo e a habilidade científica, o tipo

Artístico e as habilidades artísticas, musicais e de trabalhos manuais, o tipo Social e as

habilidades ensino e relacionamento, o tipo Empreendedor e as habilidades vendas e o

Page 6: PsiVoc_3

3801

Actas do VII Simpósio Nacional de Investigação em Psicologia Universidade do Minho, Portugal, 4 a 6 de Fevereiro de 2010

tipo Convencional e as habilidades vendas, escritório, matemática, gestão e

administrativas.

TABELA 5 – Correlações dos resultados nas duas amostras.

Amostra do Brasil Amostra de Portugal

R I A S E C R I A S E C

Realista 1,00 1,00

Investigativo ,38**

1,00 ,28** 1,00

Artístico ,30**

,19**

1,00 ,11 ,08 1,00

Social ,02 ,31**

,28**

1,00 -,00 ,14* ,21** 1,00

Empreendedor ,39**

,22**

,22**

,23**

1,00 ,17** ,06 ,13* ,08 1,00

Convencional ,35**

,35**

,13**

,28**

,56**

1,00 ,15* ,15* ,02 ,11 ,49** 1,00

H. Mecânica ,77**

,23**

,08 -,16**

,25**

,22**

,68** ,18** -,03 -,22** ,14* -,03

H. Científica ,08 ,72**

,010 ,21**

-,03 ,04 ,20** ,69** -,08 -,12 -,02 ,05

H. Artística ,15**

,05 ,80**

,18**

,10* ,01 ,03 -,03 ,65** -,04 -,00 -,18**

H. Ensino -,02 ,17**

,18**

,68**

,20**

,24**

-,05 ,00 ,22** ,46** ,11 ,12*

H. Vendas ,22**

,03 ,19**

,22**

,68**

,34**

,03 -,10 ,01 ,03 ,59** ,35**

H. Escritório ,11* ,15

** ,09

* ,25

** ,35

** ,68

** -,10 ,00 ,04 ,04 ,33** ,57**

H. Manuais ,59**

,18**

,33**

,12**

,25**

,23**

,53** ,15* ,28** -,07 ,03 -,09

H. Matemática ,35**

,43**

-,00 -,00 ,29**

,53**

,18** ,27** -,14* -,29** ,20** ,34**

H. Musical ,23**

,08 ,74**

,09 ,10* ,05 ,02 ,02 ,51** -,02 -,02 -,07

H. Relacionamento -,04 ,14**

,21**

,76**

,14**

,12* -,14* -,06 ,07 ,57** ,05 ,02

H. Gestão ,24**

,17**

,09 ,20**

,72**

,51**

,13* -,11 -,01 -,08 ,01 -,04

H. Administrativa ,21**

,17**

,07 ,16**

,48**

,65**

,14* -,10 ,01 -,08 -,03 -,04

Nota: São muito significativas (p<0.001) as correlações superiores a |. 16| na amostra de

Portugal e superiores a |. 12| na amostra do Brasil. A negrito os coeficientes iguais ou

superiores a |.30|.

Nos resultados do Brasil, os coeficientes evidenciam uma maior magnitude do que

na amostra de Portugal. Este facto pode estar relacionado com um grau mais elevado de

diferenciação dos interesses dos adolescentes da amostra de Portugal, que frequentam

cursos com currículos diferenciados a partir do 10º ano, comparativamente com o

carácter mais generalista do sistema de ensino do Brasil. Os estudos anteriores sugerem

que os estudantes do ensino secundário revelam padrões de interesses congruentes com

as características curriculares, e que os currículos mais diferenciados favorecem uma

maior especificação dos interesses (Teixeira, 2000; 2004; 2008; 2009).

Page 7: PsiVoc_3

3802

Actas do VII Simpósio Nacional de Investigação em Psicologia Universidade do Minho, Portugal, 4 a 6 de Fevereiro de 2010

4.4. Análise factorial

Nas duas amostras, os resultados dos itens foram submetidos a procedimentos

factoriais através de componentes principais. Numa solução imposta, e confirmada pelo

scree test, foram extraídos seis factores, que explicam cerca de 38% da variância total.

Após rotação varimax e considerando as saturações superiores a |.30|, nos dados

constata-se a correspondência entre os factores e os tipos RIASEC, e a inclusão das

habilidades nos tipos. A Tabela 6 apresenta a síntese destes resultados.

TABELA 6 – Síntese da análise factorial dos resultados dos itens, com rotação varimax

(saturações superiores a |.30|).

Factor Amostra de Portugal Amostra do Brasil

1 32 itens da escala Realista; itens das

habilidades mecânicas e manuais.

33 itens da escala Convencional, itens das

habilidades administrativa, escritório,

matemática e gestão.

2 34 itens da escala Convencional, 6 itens

da escala Empreendedor; itens das

habilidades vendas, escritório,

matemática e administrativa.

33 itens da escala Realista, itens das

habilidades mecânica e manuais.

3 34 itens da escala Social; itens das

habilidades ensino, relacionamento e

saturação negativa de matemática.

34 itens da escala Artístico, itens das

habilidades artísticas e musicais.

4 31 itens da escala Empreendedor, 4

itens de Convencional; itens das

habilidades administrativas, vendas e

gestão.

32 itens da escala Empreendedor; itens

das habilidades administrativas, vendas e

gestão.

5 31 itens da escala Artístico; itens das

habilidades artísticas e musicais.

31 itens da escala Social, itens das

habilidades ensino e relacionamento.

6 29 itens da escala Investigativo; itens

das habilidades científica e matemática.

31 itens da escala Investigativo; itens da

habilidade científica.

Na perspectiva de explorar a estrutura interna da medida e aprofundar os

pressupostos teóricos que fundamentam o SDS (Holland, 1997), examina-se também a

análise factorial ao nível das subescalas. Na extracção das componentes principais dos

resultados das subescalas seguiu-se o critério de Kaiser (lambda superior a 1.00), de que

resultaram sete factores que explicam cerca de 76% da variância total dos resultados,

nas duas amostras. Após rotação varimax e apreciadas as saturações superiores a .50, os

primeiros seis factores equivalem aos seis tipos de personalidade, propostos por Holland

(1997), apesar das diferenças na ordem de extracção. O último factor nos dois estudos é

definido por algumas das habilidades, com conteúdos diferentes nos dois países (Tabela

7); na amostra de Portugal o factor 7 associa três habilidades cujos conteúdos sugerem a

Page 8: PsiVoc_3

3803

Actas do VII Simpósio Nacional de Investigação em Psicologia Universidade do Minho, Portugal, 4 a 6 de Fevereiro de 2010

crença de capacidade para o ensino da matemática. Na amostra do Brasil, o factor 7

reúne um conjunto de habilidades relacionadas com competências de natureza

burocrática e relacional (vendas, administração e ensino), e, socialmente associadas a

actividades de baixo nível de prestígio.

TABELA 7 – Síntese da análise factorial dos resultados das subescalas do SDS, com rotação

varimax e saturações superiores a |.50|.

Amostra de Portugal

Factor 1 Factor 2 Factor 3 Factor 4

Empreendedor A Artistico A Realista A Social A

Empreendedor C1 Artistico C1 Realista C1 Social C1

Empreendedor C2 Artistico C2 Realista C2 Social C2

H. Vendas H. Artística H. Mecânica H. Relacionamento

H. Gestão H. Musical H. T. Manuais H. Escritório

H. Administrativa

Factor 5 Factor 6 Factor 7

Investigativo A Convencional A H. Escritório

Investigativo C1 Convencional C1 H. Relacionamento

Investigativo C2 Convencional C2 H. Matemática

H. Científica H. Escritório

Amostra do Brasil

Factor 1 Factor 2 Factor 3 Factor 4

Artistico A Realista A Convencional A Social A

Artistico C1 Realista C1 Convencional C1 Social C1

Artistico C2 Realista C2 Convencional C2 Social C2

H. Artística H. Mecânica H. Matemática H. Relacionamento

H. Musical H. T. Manuais H. Escriturário H. Escritório

H. Administrativa

Factor 5 Factor 6 Factor 7

Empreendedor A Investigativo A H. Escritório

Empreendedor C1 Investigativo C1 H. Vendas

Empreendedor C2 Investigativo C2 H. Gestão

H. Gestão H. Científica H. Administrativa

H. Vendas

Nota: A-Actividades, C1- Competências, C2- Carreiras, H- Habilidades

Page 9: PsiVoc_3

3804

Actas do VII Simpósio Nacional de Investigação em Psicologia Universidade do Minho, Portugal, 4 a 6 de Fevereiro de 2010

As estruturas factoriais das amostras dos dois países têm grandes semelhanças,

confirmando a natureza dos tipos, tal como era teoricamente esperado.

5. CONCLUSÕES

Nas amostras dos dois países, os dados indiciam homogeneidade da medida nas

duas culturas. As soluções factoriais dos itens e das subescalas têm também grandes

similitudes nas amostras dos dois países. Em ambas as situações identificam-se seis

factores ortogonais com correspondência aos seis tipos preconizados pela teoria da

personalidade de Holland (1997), sublinhando-se a relação entre os resultados das

habilidades e os das escalas dos tipos.

Estes resultados corroboram ainda o princípio teórico de que os tipos são

dimensões gerais agregadoras dos interesses por actividades, das competências, dos

interesses de carreira e das percepções pessoais das habilidades. Os indicadores

procedentes das correlações sugerem a natureza complexa dos tipos e sustentam a

organização RIASEC, designadamente os conceitos de consistência e de calculus, sendo

os coeficientes das escalas adjacentes mais expressivos na amostra do Brasil.

Nos dois países, o carácter sistemático das diferenças dos resultados médios dos

rapazes e das raparigas coloca, uma vez mais, a ênfase nas questões que associam a

construção social do género aos interesses, independentemente do contexto cultural.

Como conclusão final, sublinha-se a constância e a convergência dos resultados

nos dois países, confirmando a organização RIASEC dos seis tipos de personalidade,

independentemente da cultura. O conjunto dos dados apoia a natureza intercultural da

medida SDS e da própria teoria de J. Holland (1997).

CONTACTO PARA CORRESPONDÊNCIA

Maria Odília Teixeira [email protected]

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Holland, J.L. (1997) Making Vocational Choices: a theory of vocational personalities

and work environments. (3rd ed.). Lutz: Psychological Assessment Resources, In.

(PAR).

Noce, M. A. & Melo-Silva, L. L. (2009). Investigação com SDS e BBT-Br: Cooperação

Internacional Brasil e Portugal – Método e procedimentos [CD-ROM]. In

Page 10: PsiVoc_3

3805

Actas do VII Simpósio Nacional de Investigação em Psicologia Universidade do Minho, Portugal, 4 a 6 de Fevereiro de 2010

Resumos do IV Congresso Brasileiro de Avaliação Psicológica; XIV Conferência

Internacional de Avaliação Psicológica: Formas e contextos; V Congresso da

Associação Brasileira de Rorschach e Métodos Projetivos, Campinas:

Universidade São Francisco.

Pasian, S. R. & Okino, E. T. K. (2009). Investigação com SDS e BBT-Br: Cooperação

internacional Brasil e Portugal – Histórico e objetivos [CD-ROM]. In Resumos do

IV Congresso Brasileiro de Avaliação Psicológica; XIV Conferência

Internacional de Avaliação Psicológica: Formas e contextos; V Congresso da

Associação Brasileira de Rorschach e Métodos Projetivos, Campinas:

Universidade São Francisco.

Rounds, J. & Day, S. (1999). Describing, evaluating, and creating vocational interest

structures. In Mark L. Savickas and Arnold R. Spokane (Eds.). Vocational interests.

Meaning, measurement and counseling use (pp. 103-134). Palo Alto, CA: Davies-

Black.

Teixeira, M. O. (2000). Personalidade e motivação no desenvolvimento vocacional. As

necessidades, os valores, os interesses e as auto-percepções no conhecimento de

si vocacional. Dissertação de doutoramento não publicada apresentada à

Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Lisboa.

Teixeira, M. O. (2004). Motivos de vida e projectos de carreira: uma integração teórica

e empírica. Psychologica, extra-série, 235-248.

Teixeira, M. O. (2008). Inventário de Interesses Vocacionais de Jackson (JVIS). In L.

Almeida, M. Simões & M. Gonçalves (Eds). Avaliação Psicológica. Instrumentos

validados para a população portuguesa V II (2ª Ed. Revista) (57-74). Coimbra:

Quarteto.

Teixeira, M. O. (2009). O desenvolvimento dos projectos profissionais em contexto

escolar: as questões da idade e do género. Psicologia e Educação, Vol. VII (1),

127-134.

Teixeira, M. O., Figueiredo, A. & Janeiro, I. (2009). Investigação com SDS e BBT-Br:

Cooperação Internacional Brasil e Portugal – Principais resultados [CD-ROM]. In

Resumos do IV Congresso Brasileiro de Avaliação Psicológica; XIV Conferência

Internacional de Avaliação Psicológica: Formas e contextos; V Congresso da

Associação Brasileira de Rorschach e Métodos Projetivos, Campinas:

Universidade São Francisco.