psiconeuroimunologia - seminário de pesquisa iii - alubrat campinas

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1 FACULDADE SPEI E ALUBRAT PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU Especialização em Psicologia Transpessoal Turma IV - 2011-2012 SEMINÁRIO DE PESQUISA III Psiconeuroimunologia Ursula Heuchert Silvia G. Barros Sergio Viera Holtz Filho Mirian Mohamad Fares Farah Meibel Farah Laura Senne S. Paula Leite Karina Sabedot Cristiane Maziero Campinas fevereiro/2012 PROTOLOCO DE ENTREGA DE TRABALHO TURMA IV - 2011-2012 Seminário III - Psiconeuroimunologia Alunos: Ursula Heuchert, Silvia G. Barros, Sergio Viera Holtz Filho, Mirian Mohamad Fares Farah, Meibel Farah, Laura Senne S. Paula Leite, Karina Sabedot, Cristiane Maziero Recebido por: _________________________________________ em ____/ ____/ ______.

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Há uma variedade de evidências para o relacionamento recíproco entre sistema psicoemocional e vários componentes do sistema imunológico, justificando o agravamento e/ou desencadeamento de uma série de doenças físicas por razões emocionais, o que torna esse estudo particularmente interessante e prazeroso.

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    FACULDADE SPEI E ALUBRAT

    PS-GRADUAO LATO SENSU

    Especializao em Psicologia TranspessoalTurma IV - 2011-2012

    SEMINRIO DE PESQUISA III

    Psiconeuroimunologia

    Ursula Heuchert

    Silvia G. Barros

    Sergio Viera Holtz Filho

    Mirian Mohamad Fares Farah

    Meibel Farah

    Laura Senne S. Paula Leite

    Karina Sabedot

    Cristiane Maziero

    Campinas

    fevereiro/2012

    PROTOLOCO DE ENTREGA DE TRABALHOTURMA IV - 2011-2012

    Seminrio III - PsiconeuroimunologiaAlunos: Ursula Heuchert, Silvia G. Barros, Sergio Viera Holtz Filho, Mirian Mohamad Fares Farah, Meibel Farah, Laura Senne S. Paula Leite, Karina Sabedot, Cristiane Maziero Recebido por: _________________________________________ em ____/ ____/ ______.

  • 2

    IntroduoSoma e psiqueMente e matria

    Alteraes provocadas no sistema imunolgicoA evoluo em direo a valores espirituais

    A Abordagem Integrativa Transpessoal (AIT) e a Psiconeuroimunologia (PNI)Concluso

  • 3

    Introduo

    A reciprocidade entre o sistema psquico, o sistema nervoso central e o

    sistema imunolgico estimula o desenvolvimento de uma rea da medicina muito

    interessante: a Psiconeuroimunologia (PNI) ou Psiconeuroendocrinoimunologia

    (PNE).

    H uma variedade de evidncias para o relacionamento recproco entre

    sistema psicoemocional e vrios componentes do sistema imunolgico, justificando

    o agravamento e/ou desencadeamento de uma srie de doenas fsicas por razes

    emocionais, o que torna esse estudo particularmente interessante e prazeiroso.

    Os tpicos de estudo da Psiconeuroimunologia seriam as alteraes de

    um sistema que se refletem no outro e vice-versa. Percebeu-se que o sistema

    imunolgico no trabalha de forma autnoma como se supunha poca do

    biologismo materialista. As substncias mais frequentemente envolvidas nos

    estudos so os antgenos e as citocinas, neurotransmissores e hormnios em geral.

    O relacionamento recproco entre sistemas no provoca estudos e reflexes

    somente na reduo da rea mdica, como tambm dela no advm. Da sociologia

    temos muito a aprender sobre sistemas e sobre integrao o que, provavelmente,

    substituir os termos militares em voga na descrio do sistema imunolgico.A sociedade um sistema que, como todos os sistemas, se define pela diferena que capaz de manter em relao a um ambiente, que por sua vez inclui outros sistemas. Entre os sistemas includos no ambiente da sociedade est o sistema psquico, cujos portadores so seres humanos (...) o sistema psquico no irrelevante para o sistema social. Pelo contrrio, indispensvel. Sem o seu concurso o sistema social teria de absorver nveis de complexidade incompatveis com o seu bom funcionamento. Isto significa que os problemas que os sistemas tm de enfrentar dizem respeito a duas dimenses bsicas: complexidade e funcionamento (COHN, 1998).

    Faz sentido que estes sistemas sejam integrados, porque ambos so

    responsveis pelo relacionamento do organismo com o mundo externo, ambos

    avaliam se os elementos da realidade externa pessoa so incuos ou perigosos,

    ambos servem defesa e adaptao, ambos possuem memria e aprendem pela

    experincia, ambos contribuem para o equilbrio do ser no mundo e consigo prprio.

    A PNI estuda, entre outras coisas, o funcionamento fisiolgico do sistema

    neuroimunolgico na sade e na doena; distrbios do sistema neuroimunolgico

    (doenas autoimunes, hipersensibilidade, imunodeficincia); e as caractersticas

  • 4

    fsicas, qumicas e fisiolgicas dos componentes do sistema neuroimunolgico in

    vitro, in situ e in vivo.

    O estudo das interaes possveis entre o sistema psquico, o sistema

    nervoso e o sistema imunolgico, ao que parece adquiriu credibilidade nos meios

    cientficos no incio da dcada de 1980, quando os pesquisadores Robert Ader e

    Nicholas Cohen publicaram Imunossupresso comportamentalmente condicionada.Uma doena induzida pela averso ao sabor foi condicionada em ratos, emparelhando a sacarina com ciclofosfamida, um agente imunossupressor. Trs dias aps o condicionamento, todos os animais foram injetados com eritrcitos de carneiro. Ttulos de anticorpos medidos hemaglutinante seis dias aps a administrao do antgeno foi elevada em ratos tratados com placebo. Ttulos elevados tambm foram observados em animais no-condicionados e em animais que foram condicionados, nem posteriormente expostos a sacarina. No foi detectada a presena de anticorpos aglutinantes em animais condicionados tratados com ciclofosfamida no momento da administrao de antgeno. Animais condicionados expostos a sacarina no momento ou aps a injeo do antgeno eram significativamente imunossuprimidos. Uma averso ao gosto induzida tambm foi condicionada utilizando LiCl, um agente no-imunosupressor. Neste caso, no entanto, no houve atenuao da titulao de hemaglutinante de anticorpos em resposta injeo com o antgeno (Ader e Cohen, 1975, [online]).

    Como reforo a esta analogia, podemos citar ainda que falhas nesses dois

    sistemas podem produzir doenas; por um lado, as doenas imunolgicas, auto-

    imunes, alergias e a vulnerabilidade a toda sorte de infeces e, por outro lado, as

    fobias, pnico, transtornos adaptativos e por estresse.

    Soma e psique

    Mas, ser que conseguiremos, atravs da psique, curar as nossas doenas

    fsicas? Conseguiremos, a partir do tratamento medicamentoso, sanar nossas

    dificuldades psquicas? Uma das evidncias de que a mente tem um papel

    fundamental nas curas, que, tambm encabula sujeitos cientificistas, consiste

    nalguns resultados surpreendentes quando do uso de placebos1, que em muitos

    casos do resultados espantosos. O efeito placebo poderoso. Em um estudo realizado na Universidade de Harvard, testou-se sua eficcia em uma ampla gama de distrbios, incluindo dor, hipertenso arterial e asma. O resultado foi impressionante:

    1 A palavra placebo deriva do latim, do verbo "placeo", que que significa, entre outras coisas "agradar a", parecer bem. Para o objeto deste trabalho importante estabelecermos a diferena: placebo o tratamento incuo; efeito placebo quando se obtm um resultado a partir da administrao de um placebo.

  • 5

    cerca de 30 a 40% dos pacientes obtiveram alvio pelo uso de placebo (Amaral e Sabbatini, 1999).

    Amaral e Sabbatini (1999) entendem que o efeito plecebo no se limita a

    medicamentos, mas pode aparecer em qualquer procedimento mdico. Ousam

    ainda afirmar que em uma pesquisa sobre o valor da cirurgia de ligao de uma artria no trax na angina de peito (dor provocada por isquemia cardaca crnica), o placebo consistia apenas em anestesiar o paciente e cortar a pele. Pois bem: os pacientes operados ficticiamente tiveram 80% de melhora. Os que foram operados de verdade tiveram apenas 40%. (Amaral e Sabbatini, 1999).

    H muito que os efeitos psicossomticos so descritos, todavia, no que diz

    respeito s suas origens, suas formas e seus limites, ou seja, sua fisiologia, ainda

    existem muitas dvidas na comunidade cientifica. Rdiger Dahlke entende que o

    fato de que o conceito encontrou muita ressonncia, a princpio e sobretudo entre os

    leigos interessados e, com o tempo, cada vez mais tambm entre os profissionais

    da medicina, pode ser um sinal da crescente necessidade de uma compreenso da

    doena que volte a unificar forma e contedo, corpo e alma (Dahlke, 2007, p. 11).

    Os aspectos patolgicos no so a nica expresso que diz respeito

    simultaneamente ao corpo e ao esprito, que resulta na influncia da parte psquica

    na parte fsica do organismo (psicossomtico). Mrio Simes, no prefcio do livro de

    Vera Saldanha, relembra das possibilidades transpessoais que envolvem o sistema

    psquico e, certamente, o sistema neurolgico, o sistema imunolgico, e alm.Esta incluiria no s os pressupostos da Psicologia Humanista, segundo Maslow, mas tambm os da investigao sobre estados positivos (amor, felicidade, solidariedade, tranquilidade) em contraponto aos da psicologia tradicional (psicopatologia da depresso, ansiedade, delrio, etc.) e ainda os decorrentes das experincias transpessoais, excepcionais e transformadoras (transcendentes, experincias de pico, de plateau, etc.) (Saldanha, 2008, p.20).

    Teramos, ento, que admitir outras dimenses alm de soma e psique, e

    refletir e estudar, mesmo que a partir de medies do ponto de vista dos neurnios

    e do sistema imunolgico. Cabe lembrar a teoria de Santiago, desenvolvida por

    Maturana e Varela, que fornece, segundo Fritjof Capra, o primeiro arcabouco

    cientifico coerente que, de maneira efetiva, supera a divisao cartesiana. Mente e materia nao surgem mais como pertencendo a duas categorias separadas, mas sao concebidas como representando, simplesmente, diferentes aspectos ou dimensoes do mesmo fenomeno da vida (Capra, 2004, p 132).

  • 6

    Mente e matria

    Segundo a teoria de Santiago, a mente nao e uma coisa, mas um processo

    o processo da cognicao, que e identificado com o processo da vida. O cerebro

    e uma estrutura especifica por cujo intermedio esse processo opera. Eis aqui uma

    das mais importantes aplicacoes praticas dessa teoria, tudo o que resultar do seu

    impacto na neurociencia e na imunologia. Pouco importa, para este ensaio discutir

    ou questionar a definio de mente, mas fundamental a separao do crebro e da

    mente.

    Paralelamente ao desenvolvimento da teoria de Santigao, podemos

    evidenciar que, diferente do sistema nervoso, que se apresenta em estruturas

    anatmicas interconectadas, o sistema imunolgico est espalhado no fluido

    linftico permeando cada um dos tecidos isolados. Os linfcitos, ou glbulos

    brancos, constituem um grupo de clulas extremamente diversificadas. Cada tipo

    caracterizado por marcadores moleculares especficos nas suas superfcies e

    denominados "anticorpos". De acordo com a imunologia tradicional, os linfcitos

    reconhecem perfis moleculares estranhos, prendem-se a ele e, ao faz-lo, o

    neutralizam. O corpo humano contm bilhes de diferentes tipos de glbulos

    brancos, com uma enorme capacidade para se ligar quimicamente a qualquer perfil

    molecular de seus meios ambientes, inclusive a si mesmos.

    observao mais detalhada, considerando-se que os leuccitos ligam-se

    a si mesmo e no se destrem, percebe-se que na atividade dos glbulos brancos

    est implcita alguma forma de aprendizagem e de memria. Todo o sistema se

    parece muito mais com uma rede, mais com pessoas falando umas com as outras,

    do que com soldados l fora procurando um inimigo (Capra, 2004, p. 205). Pouco

    a pouco, os imunologistas tm sido forados a mudar sua percepo de um sistema

    imunolgico para uma rede imunolgica. No organismo humano, assim como nos organismos de todos os vertebrados, o sistema imunologico esta sendo cada vez mais reconhecido como uma rede tao complexa e tao interconexa quanto o sistema nervoso, e cumpre funcoes coordenadoras igualmente importantes. A imunologia classica concebe o sistema imunologico como o sistema de defesa do corpo, dirigido para fora e, com frequencia, descrito por metaforas militares exercitos de globulos brancos do sangue, generais, soldados, e assim por diante. Recentes descobertas feitas por Francisco Varela e por

  • 7

    seus colaboradores na Universidade de Paris tem desafiado seriamente essa concepcao. De fato, alguns pesquisadores acreditam hoje que a visao classica, com suas metaforas militares, tem sido um dos principais obstaculos a nossa compreensao de doencas auto-imunologicas tais como a AIDS (Capra, 2004, p. 205).

    Desse ponto de vista, o sistema imunolgico pode ser entendido como

    uma rede cognitiva autnoma, responsvel pela "identidade molecular" do corpo.

    Em vez de simplesmente reagir contra agentes estranhos, o sistema imunolgico

    desempenha a importante funo de administrar o repertrio celular e molecular do

    organismo. Como explicam Francisco Varela e o imunologista Antnio Coutinho, "a

    dana mtua entre sistema imunolgico e corpo ... permite que o corpo tenha

    uma identidade mutvel e plstica ao longo de toda a sua vida e seus mltiplos

    encontros" (Capra, 2004 , p. 206). Tradicionalmente, a imunologia tem-se preocupado quase que exclusivamente com essa atividade imunologica "reflexiva". Limitar-nos a esses estudos corresponderia a limitar as pesquisas sobre o cerebro ao estudo dos reflexos. A atividade imunologica defensiva e muito importante, mas na nova visao e um efeito secundario da atividade cognitiva do sistema imunologico, a qual e muito mais fundamental, mantendo a identidade molecular do corpo (Capra, 2004, p. 207).

    Alteraes provocadas no sistema imunolgico

    Estudos foram e continuam a ser produzidos com medies e

    monitoramento de alteraes moleculares a partir de variveis no mensurveis,

    como a impostao de mos, praticada em algumas religies e em terapias

    complementares, tem efeitos positivos sobre o sistema imunolgico. Monezzi (2003)

    estudou os resultados da prtica de imposio de mos em 60 camundongos

    machos e sadios. Um tero do grupo recebeu o tratamento durante 15 minutos,

    por quatro dias consecutivos. Outros 20 tiveram luvas colocadas sobre as gaiolas

    pela mesma quantidade de tempo (para simular a imposio) e o restante dos

    animais, que integravam o grupo de controle, no foram submetidos a nenhum

    procedimento especfico. Ao final do experimento, foram retiradas amostras do bao

    (que armazena clulas de defesa) dos animais para anlise. Os fragmentos foram

    colocados em tubos de ensaio, para confronto com clulas tumorais. O pesquisador

    observou que os roedores que passaram pela imposio de mos apresentaram

    aumento do nmero de clulas de defesa, como moncitos e linfcitos. Alm

    disso, essas clulas revelaram o dobro de potencial para destruir as tumorais. As

  • 8

    alteraes no foram verificadas nos camundongos que receberam a simulao

    de tratamento nem no grupo de controle. O estudo no foi realizado em humanos

    para descartar qualquer possibilidade de efeito placebo, ou seja, uma resposta

    condicionada do organismo. Faltam, porm, mais estudos que esclaream esses

    resultados.

    Savieto e Silva (2004) conduziram estudo que verifica a ao do Toque

    Teraputico - uma Prtica Complementar - sobre o processo de cicatrizao

    de leses provocadas na pele de cobaias. um estudo quantitativo do tipo

    experimental e houve comparao da velocidade da cicatrizao entre 10 cobaias

    que receberam gua energizada com tal tcnica (Grupo B) e 10 cobaias que

    receberam gua sem qualquer tratamento (Grupo A). O projeto foi executado

    no Laboratrio Experimental da Escola de Enfermagem da Universidade de So

    Paulo e o comprimento das feridas medido a cada 4 dias, 5 vezes. Dentre os

    achados, verificou-se que, ao trmino de 20 dias, 100% dos ratos do Grupo B havia

    cicatrizado totalmente as feridas, o que no aconteceu com 4 (40%) do Grupo A.

    Assim, de posse dos resultados desses dois exemplos, existem muitos

    outros, pode parecer que a rede psico-neuro-imunolgica poderia ser controlada,

    estimulada, provocada pela inteno de um ser pensante, e que existe ainda, algo

    mais participando da rede, alm do sistema psquico, do sistema neural e do

    sistema imune.

    Outros autores, encurralados pelos limites da dualidade cientificista, deram

    o seu primeiro passo para uma transdisciplinaridade com novos conceitos, que

    ultrapassam os clssicos de disciplinas com conhecimentos especficos, e foram

    buscar nas cincias e tradies do Ocidente e do Oriente, conhecimentos que

    ou integrassem ou promovessem a integrao dos saberes. Buscmos L, onde

    no se falava nenhuma lngua da Europa, onde no dominavam os preconceitos

    cristos (Jung, 2006, p. 275), onde o relgio no fragmentar e encurtar em dias,

    horas, minutos e segundos sua durao ainda contida na eternidade (Jung, 2006, p.

    277).

    Assim, Carl Gustav Jung, por exemplo, empreendeu um intenso trabalho

    sobre a filosofia alquimista, estudou o I-Ching, visitou a frica do Norte, Qunia

    e Uganda, os ndios pueblos, a ndia, e Ravena (de volta s razes da civilizao

    ocidental), onde obteve uma das ocorrncias mais significativas da sua vida.

  • 9

    Jung correlaciona os nveis de realidade interior com um sistema de ioga

    denominado chakras, que predispe ao domnio da energia humana pelo prprio

    homem por meio de tcnicas especficas. Cada chakra, traduz um campo de

    experincia, pensamentos, sentimentos, sensaes, intuies, percepes e se

    relacionariam a um determinado grau de conscincia (Saldanha, 2008, p. 138).

    Pierre Weil, grande contribuidor na difuso do Transpessoal na lngua

    portuguesa, tambm foi buscar ajuda nas tradies do ioga quando props uma

    comparao muito interessante entre as hierarquias de valores, ou metamotivos de

    Maslow, e os centros energticos, ou chakras.Chakra significa roda em snscrito e designa entrocamentos de vias energticas que fazem parte de um sistema energtico sutil ligado ao sistema crebro-espinhal mas que no deve ser confundido com este. Os pontos de acupuntura fazem parte do mesmo sistema (Weil, 1992, p. 28).

    O fato de o sistema chkrico2 estar ligado ao sistema crebro-espinhal, talvez

    seja a chave que poder abrir uma das portas ao entendimento maior do que ocorre

    em Psiconeuroimunologia ou Psiconeuroendocrinoimunologia.

    A evoluo em direo a valores espirituaisWeil reconhece o Yoga3 como uma cincia complexa, muito alm do que

    normalmente se pratica nas academias do ocidente, e destaca os sete chackras

    principais e suas virtudes psicossomticas, no sentido das qualidades prprias para

    produzir certos e determinados resultados, psquicas e espirituais do ser humano.Encontramos no Oriente uma escala evolutiva e um mapa bastante coerente e ligado a um sistema e conhecimento profundo da energtica humana e csmica que permite jogar luz sobre alguma confuso que possa ter sido criada na filosofia ocidental a respeito da questo de valores (Weil, 1992, p. 28).

    Charles Webster Leadbeater nos d uma cartografia bastante elucidativa da

    ligao entre os chakras e o sistema nervoso no que ele nomeou de prancha VI.

    Afirma que os raios dos chakras proporcionam aos plexos simpticos a energia

    suficiente para desempenhar sua funo subsidiria (Leadbeater, 1993, p. 54).

    Contudo adverte que no estado de nossos conhecimentos, parece-me [ao autor]

    2 Trata-se de neologismo de licena potica que une a plavra chkra, snscrito, com o sufixo -ico, que envolve, que diz respeito a, como em simblico, alegrico, psicodlico.3 snscrito yoga, portugus ioga ( ou ). Ioga masculino e feminino ubiquamente, ao mesmo tempo em toda a parte, onipresente.

  • 10

    temeridade identificar os chakras com os plexos como, sem suficiente fundamento, o

    tem feito alguns autores (op. sit.).

  • 11

    Fonte: Leadbeat, C. W. Os chackars, 1993, p. 68.

  • 12

    A tabela a seguir descreve sucintamente o desenho da prancha VI:

    Nome do chackra

    Situao na superfcie do duplo etrico

    Situao aproximada do gnglio espinal

    Plexos simpticos

    Principais plexos

    subsidirios

    Fundamental na base da espinha dorsal

    quarta vrtebra sacra

    Coccgeo

    Esplnico sobre o bao primeira lombar Esplnico

    Umbilical sobre o umbigo primeira torxica Solar Heptico, pilrico, gstrico, mesentrico, etc

    Cardaco sobre o corao oitava cervical Cardaco Pulmonar, coronrio, etc.

    Larngeo na garganta Terceira cervical Farngeo

    Frontal entre as sombrancelhas

    primeira cervical Cartido Cavernoso e em geral os enceflicos

    Coronrio no alto da cabea pituitria glndula pineal Fonte: Leadbeat, C. W. Os chackars, 1993, p. 55.

    Weil denominou cada centro energtico convenientemente ao seu propsito,

    de fazer a correspondncia ao que ele chamou de valores construtivos e valores

    destrutivos fazendo a equivalncia da seguinte forma:

    Nome do chackra Situao na superfcie do duplo etrico

    Denominao de Pierre Weil

    Fundamental na base da espinha dorsal Segurana

    Esplnico sobre o bao Sensualidade

    Umbilical sobre o umbigo Poder

    Cardaco sobre o corao Amor

    Larngeo na garganta Inspirao

    Frontal entre as sobrancelhas Conhecimento

    Coronrio no alto da cabea Transpessoal

    Tabela de equivalncia da nomenclatura

    Segunda Vera Saldanha, Pierre Weil estabelece uma analogia entre as

    Hierarquias de Necessidades e Valores de Abraham Harold Maslow com as

    Necessidades e Valores evidenciados em cada Centro do Desenvolvimento

    Humano.

  • 13

    As necessidades fisiolgicas e de segurana so correlacionadas ao primeiro centro vital; as necessidades de amor e afeto, ao segundo; as necessidades de estima so relacionadas ao terceiro; as de auto-realizanao, incluindo valores como verdade, bondade, beleza e justia, esto relacionados ao quarto centro vital. As metanecessidades de Abraham Harols Maslow relacionam-se ao quinto, sexto e stimo centros vitais, considerados os trs centros superiores (Saldanha, 2008, p. 140)

    Assim, temos a tabela dos valores e o comportamento, segundo Vera

    Saldanha:

    Centro energtico

    Valores Comportamento construtivo

    Comportamento destrutivo

    Necessidades de Maslow

    Transpessoal UnioSagradoSabedoriaGraaFelicidadePlenitudeInteireza

    HarmoniaNo-dualidade

    DivisoJulgamentoDesconfiana

    Conhecimento SaberClarezaVerdadeJustia

    RefletirMeditarAutodescoberta

    IgnorarMentirEsconder

    Inspirao CriatividadeBeleza

    ImaginaoIntuioConfianaCriaoAbertura

    FechamentoDesconfiana

    Metamotivao metanecessidades

    Amor AltruismoHumanismoHarmoniaTernura

    CompreensoEmpatiaAjuda

    MgoaEgosmoRessentimento

    Necessidade de Auto-Realizao

    Poder EquanimidadeAutonomiaResponsabilidade

    CooperaoLiberdade de pensamento

    DominaoDependncia

    Necessidade de Auto-Estima

    Sensualidade Prazer Compartilhamento

    PossessividadeApego

    Necessidade de Afeto

    Segurana Liberdade do corpoSadeExistnciaConforto essencial

    RespeitoNo-violnciaCoragemPaz

    ViolnciaAgressoMatarInfectarFerirPoluir

    Necessidade de Segurana Necessidades Fisiolgicas

    Fonte: Saldanha, V. Psicologia Transpessoal como Construo de um Novo Conhecimento, p. 141.

  • 14

    A Abordagem Integrativa Transpessoal (AIT) e a Psiconeuroimunologia (PNI)

    A sistematizao dos principais conceitos da Psicologia Traspessoal

    possibilita a identificao e a contextualizao das prticas transpessoais seja no

    setting terapeutico seja em quaisquer organizaes sociais, com resultados que

    incluem alteraes psiquicas, neurolgicas e imunolgicas, e no poderia ser de

    outra forma posto que reconhecemos o sistema imune como uma rede cognitiva

    autnoma.

    Vera Saldanha prope uma sistematizao, elaborada a partir da sua

    experincia em Psicologia Transpessoal na educao e na sade, e apoiada

    em extensa pesquisa bibliogrfica, que ela denomina Abordagem Integrativa

    Transpessoal, evidenciando conceitos que jaziam implcitos noutros autores,

    destacadamente o eixo experiencial e o eixo evolutivo e o princpio da

    transcendncia.O princpio da transcendncia indica um impulso em direo ao despertar espiritual por meio da prpria humanidade do ser, da pulso da vida, morte e para alm delas (Saldanha, 2008, p. 145).

    Segundo Vera Saldanha existem, enfim, muitos recursos que facilitam a

    forma de trazer o carter experiencial, vivencial, para a educao, estimulando o

    REIS (Saldanha, 2008, p. 196). Estes recursos podem favorecer o eixo experiencial, pois estimulam as reas da cognio, do cinestsico, do artstico, do interpessoal, do intuitivo e outas, ou seja, reas focalizadas pelas funes psquicas, denominadas neste referencial terico, como razo, emoo, intuio e sensao [REIS] (Op. cit.).

    De uma maneira simplista, podemos entender melhor a origem de REIS no

    desenvolvimento do modelo tipolgico de Carl Gustav Jung. O tipo psicolgico do

    indivduo determina sua maneira de se relacionar com o mundo, pessoas e coisas,

    e consigo mesmo: introverso e extroverso; e se d nas relaes entre s funes

    psquicas: pensamento, sentimento, sensao e intuio.

    A partir da, Vera Saldanha juntou pensamento e sentimento na

    funo Razo; a Emoo absorveu e desenvolveu a definio de Maturana

    e Varela que diz: constituem dinmicas corporais especficas em cada instante

  • 15

    e expressam os diferentes domnios de relao possveis de um organismos

    (Maturana apud Moraes apud Saldanha, 2008. p. 187); Intuio confere o mrito

    a Jung, o de afianar e valid-la como funo psquica, e define conforme dicionrio;

    e, finalmente a Sensao como funo dos rgos dos sentidos, isto , apreende a

    realidade concreta de objetos e pessoa por meio dos cinco sentidos (Saldanha 2008,

    p. 191).

    Os conceitos REIS representam no somente funes, mas tambm

    elementos do desenvolvimento humano (Saldanha, 2008, p. 186). Contudo, a

    estimulao dessas reas por si s no garante a direo que a aprendizagem

    favorecer: construtiva ou destrutiva. Por isso a importncia do eixo evolutivo, pelo

    qual, guiado pelos aspectos instintides, de Maslow, e pela procura da unidade,

    de Pierre Weil, o sujeito se encaminha, conduz-se, educa sua manifestao no

    sentido de uma dimenso mais humana, onde os valores e aes so ticos e

    construtivos, numa transcendncia inerente ao ser humano em sua humanidade

    plena.Sob o prisma da Abordagem Integrativa Transpessoal -- no desenvolvimento do ser humano -- ocorre, portanto, um processo primrio regido pelo princpio do prazer, indicando a pulso de vida e morte; o processo secundrio, regido pelo princpio da realidade, relacionado estrutura do ego, e o processo tercirio, regido pelo princpio da transcendncia, no qual sua pulso pode ser legitimada, estimulada, desenvolvida ou bloqueada no indivduo (Sadanha, 2008, p. 147).

    Resumindo, a ao de experimentar, de vivenciar, ou seja, o eixo

    experiencial, condizido pelo princpio da transcendncia, promove a harmonia

    entre razo, emoo, intuio e sensao. A harmonia leva ampliao da

    percepo de uma realidade mais abrangente, de horizontes mais amplos, maior,

    e consequentemente natural manifestao no eixo evolutivo ou nvel superior da

    conscincia, do qual emergem os valores construtivos, inerentes ao ser humano.

    Concluso

    Neste ponto da nossa redao faz-se indispensvel um parntese para

    esclarecer alguns significados, para o bom termo deste trabalho, porque vulgar

    tomar-se o verbo aprender por ir adquirindo o conhecimento de, sem se levar

    em conta que na sua origem, do latim apprehendo, -ere, significa tomar, agarrar,

  • 16

    apoderar-se, compreender. Tomemos, ento, para o melhor ilustrar o que ousamos

    sugerir, o verbo compreender que significa, entre outras coisas: abranger, encerrar,

    conter, estar includo ou contido. Consideradas as possibilidades hermenuticas,

    o includo d a utilidade do continente, a taa que contm o vinho adquire a

    importncia do vinho, sem desprezo nem menosprezo utilidade e individualidade

    da taa, o corpo que transporta a alma vale pela alma, sem desmerecer o valor

    do corpo... Assim, atribudos da licena potica para exerccio da metfora

    imprescindvel, tomemos o verbo aprender como sinnimo de mudar. Aprender

    mudar.

    Ora pois, se considerada a relao direta entre centros energticos, valores

    humanos, hierarquia de necessidade e comportamento -- estado de conscincia --,

    teramos que admitir que pela integrao dos aspectos dinmicos, eixo experiencial

    e eixo evolutivo, ao corpo terico -- da Abordagem Integrativa Transpessoal,

    sistematizada por Saldanha (2008) --, obteramos o desenvolvimento inerente

    do sistema chkrico e por conseguinte o aprimoramento do sistema nervoso no

    exerccio perfeio e excelncia das suas funes: Neurolgica, via Sistema

    Nervoso Autnomo (SNA), Simptico e Parassimptico; Endocrinolgica, via

    eixo hipotlamo-hipfise-adrenal (HHA) e Cortisol; e Imunolgica, proliferaes

    linfocitrias, citocinas, interleucinas, fatores de crescimento; em um constante

    intercmbio das partes no todo e do todo nas partes e mais alm dessas (Saldanha,

    2008, p. 160). Ou seja, poder o homem com a conscincia ampliada, aprender a

    estimular a sua rede imunolgica.Mas o fruto do Esprito : amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade,

    bondade, f, mansido, temperana. Contra estas coisas no h lei

    (Glatas 5:23).

  • 17

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