psicologia - pais prisões e identidade - capítulo 5

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  • 7/23/2019 Psicologia - Pais Prises e Identidade - Captulo 5

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    Captulo 5: Descobertas da Pesquisa: As experincias e percepes dos

    prisioneiros como pais

    Esse captulo ir apresentar e analisar a informao e gera desse estudo.Todos os nomes usados nesse captulo so falsos, e alguns detalhes em

    relao s circunstncias da famlia so apresentadas em uma forma geralpara proteger a privacidade e confidencialidade dos participantes da pesquisa.As eperi!ncias e percep"es de paternidade do prisioneiro seroapresentadas e discutidas usando etratos de dado #ruto das entrevistas. Al$mdisso, ta#elas de informao resumida, retirada da temtica do quadro usadana anlise de dados, tam#$m ser includa para ilustrar paralelos e diversidadedentro da informao em relao a pro#lemas particulares.

    A primeira seo desse captulo ir ilustrar a sentena, vcio e perfil da famliado prisioneiro no estudo, como um conteto de suas eperi!ncias e percep"escomo pais.

    Esta#ilidade dentro da vida familiar era um tema relativamente raro nas vidasdos homens desse estudo, no entanto parceiros mantiveram um papel chaveem facilitar o envolvimento dos prisioneiros como pais. A interao entre arelao de parceria do prisioneiro, status do vcio e envolvimento com pais sereplorado em mais detalhes. Enquanto a narrativa de todos os homens temsido includa na anlise dos temas gerais nesse captulo, as eperi!ncias detr!s homens sero eploradas para ilustrar as respostas contrastantes ao vcio

    e comportamento %negligente& como pais. Analise das visitas priso irressaltar a influ!ncia da locali'ao dentro do compleo das pris"es e aqualidade da relao com o parceiro. Essa seo tam#$m ir discutir as ra'"esdas visitas priso serem desencora(adas. Ademais, a discusso daspercep"es do prisioneiro dos pap$is e responsa#ilidades da paternidade irodemonstrar o papel do poder do pai amoroso como refer!ncia cultural paternidade.

    A idade e perfil da condenao dos participantes.

    A idade e o perfil da sentena dos prisioneiros do uma indicao daquantidade de tempo passado na priso por toda suas vidas )ve(a ta#ela *+a#aio. A maioria dos prisioneiros falou so#re sua sentena em termos dedurao da sentena ganha pela corte, no entanto devido a prtica dedeteno preventiva, prisioneiros podem no ter passado todo o perodo dasentena na priso.

    -risioneiros variam em idade de vinte e quatro a trinta e tr!s anos, refletindo aidade categrica mais comum encontrada entre prisioneiros irlandeses, entrevinte e um e quarenta anos de idade )/-0, 1++2. 0entenas atuais sendo

    prestadas variam de um ano como a mais curta, a de' anos como a maislonga, no entanto era muito comum entre os eemplos estar servindo uma

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    sentena atual de menos de quatro anos de durao. 3m n4mero significantede prisioneiros no eemplo possuam m4ltiplas infra"es que haviam passadouma grande poro das vidas na priso, alguns rece#endo vrias sentenastotali'ando entre quin'e e vinte anos.

    3ma proporo menor dos eemplos estavam servindo a primeira sentena5 noentanto alguns desses pequenos %su#grupos& tam#$m estavam esperandosentenas adicionais. Essas sentenas adicionais eram importantes porqueelas indicavam a durao do tempo adicional provvel a ser passado na priso.-or eemplo, um pai, 6itchie, estava prestando a sentena atual mais #aia deum ano mas revelou que estava aguardando a sentena por *7 crimes s$rios.0entenas adicionais foram desco#ertas como um impacto no acesso aosuporte no tratamento de drogas e causaram nveis significantes de ansiedadepara prisioneiros tanto como para indivduos como para pais. 8urante essa

    entrevista 6itchie estava consideravelmente ansioso quanto durao de suasentena, seu futuro e seu relacionamento com seu filho. 8an por outro ladoestava antecipando uma sentena adicional %leve& para um crime menor eestava suavemente ansioso quanto a isso, mas achou que isso impediu seuacesso a um tratamento de drogas posterior.

    9s participantes desse estudo geralmente espelham o perfil de prisioneirosencontrados dentro de pris"es irlandesas, em termos de durao de sentenae frequ!ncia de m4ltiplas sentenas. Apesar de uma grande proporo deprisioneiros irlandeses servirem uma sentena de curto pra'o de seis meses ou

    menos, um n4mero significante de prisioneiros acumulam dentro do sistemacumprindo sentenas de longo pra'o que alcanam de um a de' anos dedurao )/-0, 1++2. A alta ocorr!ncia de m4ltiplas sentenas entre osparticipantes tam#$m reflete as tend!ncias reincidentes dos prisioneirosirlandeses destacada por pesquisa irlandesa )9&:ahon;, *

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    A Dimenso do 1cio de dro2as entre os Participantes

    A eperi!ncia precoce, de longa durao ao vcio da herona era um fatordominante entre os participantes )ve(a ta#ela **. Apenas um prisioneiro dentrode de' participantes no possua histrico de depend!ncia de drogas. /sso

    reflete a predominncia do vcio em herona encontrada entre os presosirlandeses por uma etenso de estudos )8illion 1++*, 9&:ahon;, *

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    heronadesde *@

    -tep,en /ncerto -risoprincipal

    Ecstas;e drogasvariadas

    *? ** anos

    +err* :etadonaEstvel

    3nidadem$dica

    Derona Ficiadoemheronadesde *@

    *< anos

    itc,ie enhum 3nidadem$dica

    enhuma

    enhum enhum

    /en :etadonaEstvel

    Derona Derona Deronadesde * anos

    obert :etadona

    Estvel

    Derona Derona 1@ *@ anos

    Dan Bivre de drogapstratamento

    3nidade:$dica

    Deronae drogasvariadas

    3soespordicode heronadesde os*2

    *@ anos

    0arr* 3sandoherona ilcita

    -risoprincipal

    Derona 8esde(ovem

    o especificado

    Daniel 3sandoherona ilcita

    -riso-rincipal

    Deronae drogas

    variadas

    Ficiadoem

    heronadesde *2

    *7 anos

    Prisioneiros7 paternidade e 6ida familiar

    Todos os prisioneiros no estudo eram pais #iolgicos a parte do que seidentificou como padrasto ao filho de sua parceira, e outro que tinha filhos#iolgicos mas tam#$m se referia em contato com filhos da parceira. 9 n4merode crianas apadrinhadas por esses prisioneiros variava de quatro crianas aomimo a uma criana no mnimo. rianas variavam de idade de ? meses amais nova, a tre'e anos a mais velha na $poca das entrevistas. Em termos deg!nero, de um total de 1* crianas que se refere durante a entrevista. 9n4mero de crianas masculinas quase empatou com on'e meninos e de'meninas.

    abela !8: 'ature4a das relaes familiares

    Pseud&nimo '(mero de

    relacionamentos

    com compan,eiros

    9orou com

    compan,eira e

    criana antes da

    3status de

    relacionamento com a

    parceira atual

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    en6ol6endo crianas priso

    )ar* 8ois o /ncerto+o,n 3m 0im /ncerto-tep,en Tr!s 0im asado G planos de

    morar com a parceira

    aps soltura+err* 8ois 0im planos de morar com a

    parceira aps solturaitc,ie 3m 0im planos de morar com a

    parceira aps soltura/en 8ois /ncerto /ncertoDan 8ois 0im oivo H planos de morar

    com a parceira apssoltura

    obert 3m o /ncerto0arr* 3m o /ncertoIrelao tensaDaniel 3m 0im 9ficialmente intacto

    mas incerto

    r2eis laos familiares

    Em termos de laos familiares e esta#ilidade em relacionamentos, aeperi!ncia dominante maior entre o grupo era da fragilidade norelacionamento com parceiras, e como resultado o contato interrompido, ouestranhamento das crianas. rianas dentro de relacionamentos m4ltiplos

    eram comuns e em compromissos formais como casamento e noivado eramrelativamente raras )ve(a Ta#ela *1 a#aio. A maioria havia coa#itado emalgum ponto de seus relacionamentos com parceiras e crianas, apesar de quepara alguns isso foi por #em pequenos perodos da vida, devido ao fim dorelacionamento ou priso. Apenas um prisioneiro nunca havia vivido com suaparceira e criana. -oucos desses prisioneiros que haviam vivido com suaparceira atual e crianas antes de sua sentena na priso, ainda plane(avamresidir com sua famlia aps soltura. omo pode ser visto, a incerte'a so#re ostatus de relacionamento atuais era a#rangente.

    Essas eperi!ncias refletiam a tend!ncia para a maior insta#ilidade familiarencontrada dentro da sociedade irlandesa em termos de grande nveis deseparao, divorcio )09, 1++= e paternidade no residencial ):cJeoCn et al,*

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    prisioneiros que no mais esperam viver com suas parceiras aps solturadevido ao fim do relacionamento )9&:ahon;, *

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    obert ontato rompido comtodos

    0em visitas 0olturatemporria

    0arr* ontato rompido 0em visitas ontato portelefone

    Daniel ontato rompido com umfilho

    Fisitas regularesda parceira e deuma criana

    o conhecido

    A import=ncia das compan,eiras em facilitar o contato.

    rianas que visitaram regularmente tendiam a ser mais (ovens )a#aio de de'por eemplo e eram tra'idas priso pela companheira do prisioneiro. 0e ascrianas visitassem a priso sem frequ!ncia, estava geralmente ligado svisitas serem desencora(adas pelo prisioneiro ou por pro#lema envolvendo acompanheira do prisioneiro. Esses pro#lemas incluam doena das

    companheiras impedindo as visitas, as crianas estando em cuidado de outroparente e no da companheira, ou o contato perdido com suas crianas pordistanciamento e conflito com a me da criana. 3ma eceo a isso foiquando uma criana mais velha visitava com pouca frequ!ncia devido aodesconforto com o am#iente da priso. Em relao ao contato regular comcrianas mais (ovens, as companheiras claramente tem um papel essencialnesse estudo. /sto coincide com o papel chave das companheiras encontradona pesquisa com prisioneiros de um n4mero de (urisdi"es. )Boone;, 1++*,larLe et al, 1++2, Ardetti et all, 1++2, MosCell and Nedge, 1++1, urse 1++*.

    A pesquisa de larL entre outros )1++2 com prisioneiros no 6eino 3nidoidentificou a qualidade do relacionamento com a parceira como um fator crucialno contato do prisioneiro com suas crianas. larLe desco#riu que osprisioneiros que tinham uma percepo positiva do relacionamento com suaparceira viam seus filhos com mais frequ!ncia, enquanto aqueles que sesentiam negativos quanto ao relacionamento viam as crianas com menosfrequ!ncia. esse estudo, alguns prisioneiros de#ateram se sentir incertos eam#guos so#re o relacionamento com suas parceiras, mas ainda assimdependiam da parceira para facilitar o contato. 8aniel por eemplo dependia da

    parceira para contato regular com seu filho mas epressava o seguinte pontode vistaO

    Bem, meio que desapontante, como se ela no estivesse sendo fiel, ela temestado com alguns bons companheiros, e eu no acredito que exista a mesmaconfiana, e no acredito que exista o mesmo amor, mas eu a amarei parasempre, ela est me trazendo as crianas e eu sempre irei respeita-la, e eusempre irei cuidar dela, mas se haver um relacionamento aps eu sair, eu nosei

    8aniel argumentou como ele no estava disposto em revelar seus sentimentosa sua parceira pois isso significaria o no contato com eles durante o

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    encarceramento. -ortanto, foi desco#erto que homens em relacionamentos queestavam oficialmente intactos haviam argumentado contato regular com seusfilhos, apesar deles no terem necessariamente se sentido positivos quanto aorelacionamento.

    A emer2ncia de uma minoria >se2ura?

    Apesar de muitos relacionamentos de prisioneiros terem sido caracteri'adospela interrupo e rompimento de relacionamento, uma minoria de prisioneiros

    mostrou elementos de grande segurana em seus relacionamentos comocompanheiros e pais. Essas raras eperi!ncias de rela"es intactas refletem a

    desco#erta de am#os estudos irlandeses )9&:ahon;, *

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    parceira de Serr; era a 4nica a usar drogas dentro desse grupo de pais, e elese referiu muitas ve'es s preocupa"es so#re a ha#ilidade da parceira emcooperar com seus filhos em sua aus!ncia. A preval!ncia de comentriospositivos so#re suas parceiras dentre esse grupo de tr!s homens, (untamentecom frequentes refer!ncias ao comprometimento, confiana e preocupao,ilustram o maior nvel de contentamento nos relacionamentos dessesprisioneiros com suas parceiras. Esses homens parecem confiantes de seuenvolvimento como pais aps soltura, e discutiram a vida familiar como fontede apoio durante suas sentenas.

    1ida familiar como fonte de suporte

    0imilar a outros estudos de prisioneiros )larLe et al, 1++2, Boone;, 1++*,8illion, 1++*, a maioria desses homens que se referiram a esta#ilidade econtentamento dentro do relacionamento com a parceira, articularam em comoa vida familiar era uma fonte de apoio na priso. -or eemplo Serr; referiuvrias ve'es a Qcomum vida familiarR fora da priso como uma fonte de foco, sereferindo frequentemente em estar ansioso em Qser um pai normal, vivendo emminha prpria casa e fazendo coisas normais com a fam%lia, saindo &untos nosferiados, esse tipo de coisaR 6itchie de#ateu com entusiasmo planos para suacompanheira e criana se realocarem (untos aps sua sentena. 8andescreveu como sua companheira e criana estavam necessitados de novamoradia e ligou isso vrias ve'es com manter sua prpria rea#ilitao Qela queruma nova casa, sim, bem as coisas esto no lugar agora, estou limpo h mais

    de um ano' Essas refer!ncias vida familiar como fonte de foco e apoio paraalguns prisioneiros espelham a o#servao feita por :c8ermot e Jing&s )*

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    de focar em mais nada, ser um pai no foi registrado' Ele descreveu orelacionamento com a me de seu filho como uma relao seual casual, e emcontraste agora, sua segunda eperi!ncia de paternidade ocorreu dentro doque ele considera ser um relacionamento amoroso. Essa segunda eperi!nciade paternidade foi descrita muitas ve'es como um eperi!ncia de mudana devida.

    !u apenas penso, eu diria que agora se eu no tivesse filhos, os dois garotos,eu diria que teria uma chance de **+ de eu estar morto, morto a tiros ou mortopor drogas, e isso um fato, porque eu no teria me importado com o que euestava fazendo

    Serr; relatou um n4mero de eperi!ncias onde comparou sua vida comocriminoso com um pai no ofensor para enfati'ar a mudana em suapercepo. Ele enfati'ou como sua condenao atual foi para um crimecometido alguns anos atrs, e que o Sui' havia suspendido seis anos da suasentena em reconhecimento por sua esta#ilidade atual.

    Serr; estava totalmente muito positivo so#re seu futuro, seu papel como pai e orelacionamento com sua parceira, a qual ele descreveu como prima ecomprometida. Ele pareceu orgulhoso do fato de estar se mantendo estvel nametadona e ele descreveu como a paternidade dentro de uma relao seguraa(udou a motivaHlo a procurar essa esta#ilidade. -arece que em#ora seucompromisso com o papel de pai, sua atitude positiva quanto a esta#ilidade de

    metadona e contentamento em um relacionamento com sua parceira, tudocom#inou para fortalecer seu envolvimento continuo como pai. Apesar de noser possvel sa#er se seu comprometimento paternidade e esta#ilidade nametadona o a(udaram a fortalecer seu relacionamento com a parceira, ou seseu relacionamento com a parceira de fato a(udou a fortalecer seucomprometimento com a paternidade. A eperi!ncia de Serr; destaca queesses fatores esto ligados, mas o relacionamento casual permanece o#scuro.

    1cios7 conflito no relacionamento e incerte4a quanto ao en6ol6imento

    Sohn era o 4nico prisioneiro a discutir eplicitamente as mudanas depensamento desde de ter se tornado um pai. Sohn tinha 1= e estava cumprindosua segunda sentena de dois anos e meio. Ele se descreveu como Qumviciado em hero%na por ( anos' mas atualmente estava estvel na metadona.:anter esta#ilidade com as drogas parecia ser muito importante a ele.

    !u estou estvel agora sabe, eu tenho ob&etivos, eu sei os erros que cometi naltima vez, tenho usado hero%na por ( anos, eu sei o que tenho que fazer paraficar limpo

    Sohn fe' refer!ncias em como se tornar um pai mudou seu pensamento, emtermos de comear a entender mais seus pais.

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    .o at que voc$ tenha seu prprio filho que voc$ percebe porque eles sepreocupam, isso vem automaticamente quando voc$ tem um filho.

    Ele tam#$m se referiu ao senso de responsa#ilidade Q!u sou responsvel poruma vida, eu quero o melhor, eu no quero meu filho crescendo como eu

    cresciR. Ele se referiu vrias ve'es a sua identidade como a de um viciado eprisioneiro e do dese(o de que seu filho o notasse de uma forma diferente.

    Q!u quero que ele saiba quem seu pai , sabe, eu no quero que ele saiba queo pai est na priso e que seu pai era um viciado em drogas.R

    -aradoalmente, apesar de Sohn ter epressado uma mudana na percepo edese(ar ser %responsvel&. Ele tam#$m o#servou #arreiras significantes namanuteno de seu relacionamento com seu filho.

    Sohn claramente nota seu relacionamento com sua companheira comonegativo em sua anterior recada nas drogas.

    /uando eu me limpei, eu realmente pensei que &amais voltaria 0s drogas, masacontece que minha parceira voltou 0s drogas antes de mim, e eu fiquei norelacionamento, o que eu no deveria ter feito, eu deveria ter me libertado napoca, sabe, e acabei recaindo em seguida

    Sohn tam#$m tinha certe'a que sua parceira continuou a usar drogas Q!u noacredito que ela este&a (11+ limpa, eu acredito que ela brinca com isso'

    Tam#$m, por conta da tentativa anterior de sua parceira de #loquear o acessoao seu filho durante perodos de conflito, Sohn desencora(ou as visitas do filhocomo antecipando o rompimento do relacionamento.

    2ara ser honesto eu tento e bloqueio meu filho o quanto for poss%vel, sabe, euprefiro no o ver de modo nenhum porque, o ver e ento o ver partir, machuca,sabe, ento do que eu no tenho eu no sinto falta

    Apesar de Sohn ter minimi'ado contato com seu filho para se proteger, eleparecia em conflito so#re o futuro envolvimento com seu filho em sua vida.uando se referia ao seu prprio pai, Sohn repetia vrias ve'es e de formasdiferentes, suas esperanas por um relacionamento primo com seu filho. Q!uvou ser muito mais envolvido3 .o serei apenas um provedor' Essasafirma"es contraditrias de Sohn ilustram seus sentimentos conflituosos so#repaternidade e rea#ilitao. A fim de compreender suas esperanas em perdersua identidade como um viciado e permanecer fora da priso, Sohn antecipou aperda do relacionamento com seu filho, no entanto ele tam#$m epressou odese(o de ser mais presente.

    < impacto do 6cio e ob@eti6os di6er2entes dentro do relacionamento com

    a parceira

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    Am#os os pais discutiram uma mudana de percepo desde a paternidade, eam#os, s ve'es articulavam um comprometimento por se envolver com osfilhos, apesar do dese(o de Sohn por envolvimento se contradi'er por suaafirmao so#re precisar se afastar do relacionamento por auto proteo. Asdiferenas em como esses homens se referem ao relacionamento com suasparceiras $ amplo. Serr; parece confiante em com#inar a paternidade e area#ilitao devido a uma impresso maior de cooperao e o#(etivoscompartilhados dentro do relacionamento com sua companheira. Em contraste,o relacionamento com a companheira de Sohn $ discutida em termos desuspeita, conflito e o#(etivos divergentes em relao ao tratamento das drogas.0imilar a outros estudos de prisioneiros como pais )urse, 1++*, MosCell eNedge 1++1, Ardetti et al, 1++2, Sohn cita a guarda materna como uma#arreira para seu futuro envolvimento como pai, como compreende que oacesso futuro ao seu filho vai depender na perman!ncia dentro do

    relacionamento com sua parceira. -ara alguns prisioneiros com pro#lemas devcio, sua confiana quanto ao envolvimento como pai parece depender dacooperao com o relacionamento com a parceira e o#(etivos convergentes emrelao rea#ilitao. /sso tam#$m ilustra como, quando alguns prisioneirosso mais incertos so#re o futuro envolvimento como pais, eles podemminimi'ar o contato para se isolarem do impacto da perda do relacionamento.

    < impacto do 6cio no comportamento ou en6ol6imento como pai

    9 vcio em drogas foi amplamente conhecido como um fator dominante ao fim

    de relacionamento, que frequentemente contri#uiu com a perda de contato comas crianas ou envolvimento espordico como pais )ve(a Ta#ela *@. Uar; poreemplo descreveu como o uso de drogas foi um dos fatores que condu'iu aoconflito com sua parceira e pais, ao fim do relacionamento com a parceira eseus filhos sendo colocados aos cuidados dos pais.

    !u apenas comecei a delirar, e ento a me comeou a delirar, chegandocansado, e o beb$ comea a chorar e voc$ sabe, tudo o que voc$ quer fazer dormir, ento eles tem uma enorme preocupao em torna dessa criana, masela no foi maltratada ou nada, sabe

    9utros que permaneceram em contato regular com suas crianas, discutiramneglig!ncia anterior atrav$s de priori'arem o vcio s necessidades dos filhos.

    /uando eu estava fora pelos nove meses eu estava na hero%na, sim, eu estaval para ele, nunca faltou nada3 4as voc$ ainda os neglig$ncia3 2orque voc$a sua hero%na antes dos seus filhos. )8aniel.

    o etratos acima, am#os 8aniel e Uar;, forneceram garantias de que seusfilhos no foram negligenciados de forma fsica. 8e fato, esse era um tema

    recorrente que parecia ser usado para minimi'ar o impacto de suas afirma"esdescrevendo uma situao potencial de neglig!ncia.

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    Prisioneiros est6eis na dro2a e o impacto do 6cio no ato de pensar e no

    comportamento

    -risioneiros que estavam atualmente estveis na metadona ou livres dasdrogas eram mais eplcitos so#re o impacto psicolgico e de comportamento

    no uso das drogas, ilustrando algumas evid!ncias de refleo no processo.Esses comentrios mais %refleveis& incluam como o uso das drogas condu'iaa atitudes %egostas&, sentimentos de separao da realidade, ou tur#ilhoemocional. -or eemplo, 8an que estava livre das drogas descreveu como osusurios se tornavam egostas

    5odo o resto fica em segundo lugar 0s suas drogas, voc$ muito mal, muitoegoc$ntrico, porque uma vez que voc$ tem as suas drogas voc$ no seimporta com mais nada

    omo destacado na seo anterior, Serr; descreveu um sentido de desapegono uso de droga Qmeu crebro no era capaz de se focar em nada mais, serpai no entrava na cabea'

    o trecho a seguir, 8an descreveu a eperi!ncia da desintoicao, ilustrandocomo o vcio ini#ia sentimentos e emo"es.

    6 como se quando voc$ estivesse drogado no lida com emo7es ousentimentos e quando voc$ sai delas, voc$ fica inundado desses sentimentos eemo7es, e mais, voc$ se sente limpo, voc$ se sente saudvel de novo

    Poi amplamente notado que o uso de droga levava a perda do controle decomportamento. 3m n4mero de prisioneiros discutiu como a 8sua doena'ditava em como eles se comportavam durante perodos de vcio severo. 8efato muitos prisioneiros que estavam atualmente estveis discutiam em como otratamento ou a terapia de su#stituio por metadona era o apoio maisimportante como pais que eles teriam acesso enquanto na priso, como foivisto para permitir prisioneiros a recuperar um senso de controle prprio, eremover a necessidade de procurar e consumir herona. 9 ponto do 6o#ertrefletia o ponto de vista geral

    9 programa de metadona est me mantendo longe das drogas e eu sou capazde ter um relacionamento com minhas crianas !u no preciso fugirprocurando minha prxima dose, no ser a minha doena que me dir o quefazer, serei eu mesmo

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    abela !: < %mpacto do 6cio no en6ol6imento como pai

    Dificuldades com o tratamento de dro2as e reabilitao

    Apesar de muitos desses homens terem consci!ncia do dano que seu vcio

    infligiu em seus relacionamentos, uma atitude pessimista em relao a suaha#ilidade de atingir ou manter esta#ilidade nas drogas foi muito difundidoentre pais que estavam lutando no relacionamento com as parceiras )ve(aTa#ela *2. -or eemplo o n4mero de prisioneiros que haviam passado porrecada anterior e citado isso como um motivo por temer uma recada no futuro.-reocupa"es tam#$m eram amplas so#re a preval!ncia na priso principalsendo uma tentao irresistvel a um viciado que est lutando para se li#ertar,especialmente entre prisioneiros com longas sentenas para cumprir.

    !u digo voc$ coloca um alcolatra em um bar, sentado nesse bar vinte quatro

    horas por dia por sete dias da semana, e ento eventualmente ele vai se

    banquetear, vai gargare&ar, coloque um viciado em hero%na em 4ount&o:3";aniel#

    Enquanto a metadona era muito importante para alguns prisioneiros, am#osBarr; e 8aniel, que estavam usando herona ilcita, discutiam medos similaresdas consequ!ncias pre(udicais da manuteno de metadona

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    3m n4mero de prisioneiros tam#$m citou as tenta"es apresentadas poramigos que estavam conectados ao 8estilo de vida das drogas',e asdificuldades em evitar essas ami'ades. 6o#ert estava atualmente estvel nametadona, mas notou um n4mero de #arreiras pessoais para manter suaesta#ilidade aps soltura. Ele se referiu vrias ve'es tentao do QdinheirofcilR que seria feito atrav$s da distri#uio de drogas, sua falta de eperi!nciade tra#alho anterior e sua incapacidade de ler, como #arreiras mudanapessoal e emprego futuro )ve(a Ta#ela *2.

    Apesar de epressar sentimentos de arrependimento so#re a etenso de seucomportamento %negligente& em seus papeis como pais, e o consenso geral deque a esta#ilidade nas drogas apoiou seu relacionamento com as crianas,paradoalmente epress"es de impot!ncia e desamparo tam#$m eram comunsem relao ao alcance e manuteno do tratamento. Esse sentimento de

    desamparo era refletido em suas percep"es de perda de controle nocomportamento como destacado acima, e nas #arreiras pessoaisintransponveis ao atingir a esta#ilidade am#os dentro e fora da priso.

    abela !5: Dificuldades na reabilitao

    Barreiras relacionadas poltica na reabilitao de dro2as

    9utras #arreiras rea#ilitao vividas por alguns dos homens eramrelacionadas ao acesso s drogas dentro da priso :ount(o; )ve(a Ta#ela *2acima. Barr; mencionou vrias ve'es seus esforos ao acessar o tratamentode dentro da priso se referindo etenso dos o#stculos. Esses incluam afalta de lugares disponveis dentro do tratamento, e o fato de que ele estavaaguardando a condenao por muitas acusa"es adicionais as quaisrestringiam acesso ao tratamento dentro da priso. 8evido a uma sentenaecepcional, 8an era impossi#ilitado de seguir at$ a 3nidade de Tratamento eacessar os suportes adicionais aos viciados )como os arcticos AnVnimosfornecidos ali.

    :edo de recada futura devido a episdio de racada )Uar;, 6o#ert,

    Barr;, 8aniel, 8an Eposio ao estilo de vida das drogas atrav$s de amigos I contatos

    )6o#ert, 8an, Barr;

    Palta de maneiras alternativas de de suporte financeiro )6o#ert 8ificildade em mudar o pensamento e comportamento )6o#ert :edo da metadona )Barr;, 8aniel -redomnio de drogas na priso )8aniel, Barr; 9#rigao ecepcional e falta de apoio no estgio atual )dan 9#riga"es epecionais como #arreira I comprimento restante da

    sentena como #arreira ao tratamento de droga )Barr;. Uar; Palta de lugares para tratamento )Barr;

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    .a poca eu estava assistindo a todos os outros se deslocando do meu grupoindo para a unidade de treinamento e me sentia desapontado com isso .o hapoio agora onde estou, no h .= e existem reuni7es por semana naunidade de tratamento

    Uar; descreveu como, para prisioneiros de um longo perodo, essa dificuldadede acessar o tratamento pode aumentar o ressentimento e a negatividade entreos prisioneiros

    meses ou (? meses restando =gora se um viciado estaguardando por tanto tempo ele vai assumir a postura foda-se@ !u pedi pora&uda e voc$s me deram as costas, sabe o que estou dizendoA

    As eperi!ncias desses prisioneiros ilustram as restri"es encontradas dentroda priso #aseadas nos programas de tratamentos discutidos na literatura.omo 8illion )1++* destacou, prisioneiros com menos de 1> meses restantespara cumprir a sentena, ou com reviso (udicial datada em menos de 1>meses, podem se candidatar para qualquer um dos programas oferecidosdentro da unidade m$dica da priso de :ount(o; )8illion, 1++*. Al$m disso, seum prisioneiro no est matriculado em um programa de manuteno demetadona antes de ter entrado na priso, eles sero incapa'es de rece#eHlos

    na entrada )8illion, 1++*. 8e fato, o servio de -riso /rland!s )/-0, 1++2 temnotado como as restri"es oramentais tem resultado em restri"es naproviso do tratamento de drogas em :ount(o;.

    elaes se2uras e foco na reabilitao

    em todos os prisioneiros que estavam estveis com a metadona eram tonegativos so#re o sustento dessa esta#ilidade. omo discutido acima,prisioneiros que aparentavam mais satisfeitos em seus relacionamentos e queestavam mais certos da vida familiar do lado de fora pareciam mais positivos e

    focados na esta#ilidade das drogas. 8an por eemplo tam#$m epressou ummedo geral de recada e estava eperimentando algumas dificuldades emacessar apoio adicional )ve(a acima. o entanto ele tam#$m discutiu so#recomo um contato anterior poderia prover emprego, e garantiu um lugar em notratamento de drogas residencial aps a soltura. 9 relacionamento com acompanheira de 8an estava forte e ele pareceu ter mencionado vrias ve'esestar comprometido com Qse limparR para sua famlia.

    Bem, estar aqui "na unidade mdica#, fazendo as coisas que estou fazendo, euacho que estou indo bem, sabe, estou me recompondo

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    A atitude mais positiva de 8an parecia ser amparada pelo apoio adicional dotra#alho e ao acesso ao tratamento residencial. -ara 8an, a famlia tam#$mfornecia o apoio e a motivao para o manter estvel, e seu sucesso narea#ilitao fa'ia parecer a vida familiar muito mais possvel. /sso ilustra comoa esta#ilidade em relacionamentos e o pensamento da vida familiar parecemprovidenciar um grande elemento de apoio para alguns prisioneiros.

    < 1cio e o sentimento de comportamento ne2li2ente como pai

    Enquanto todos os prisioneiros no estudo fi'eram algumas refer!ncias ao queeles sentiam ser comportamento %R negligente&R como pais, uma variedade derespostas emocionais compleas a isso eram aparentes. Alguns entrevistadoseram dominados por manifesta"es emocionais ou com refer!ncia de culpaquanto aos seus envolvimentos intermitentes como pais ao passo que outros,com nveis similares de envolvimento intermitente, pareciam no afetados porculpa ou emoo. Tr!s entrevistados sero discutidos em detalhe porilustrarem os eemplos mais etremos dentro do alcance das respostas paracomportamento Qnegligente Qcomo pai. A entrevista do Barr; ilustra umaresposta muito emocional a sua neglig!ncia anterior e sugere que apaternidade se tornou ligada ao seu senso de %valor& como uma pessoa. Aentrevista de 8aniel ilustra como sentimentos de culpa e de falha interferiramcom sua eperi!ncia de paternidade. A entrevista de 6o#ert ilustra umaresposta mais sem emoo e afastada da paternidade intermitente.

    %nformao do 0arr*

    Barr; tinha vinte e quatro anos, e enquanto servia a sentena menor dentre oseemplares, ele estava consideravelmente ansioso quanto ao (ulgamentoiminente por tre'e crimes s$rios. Apesar de Barr; nunca ter vivido na mesmaresid!ncia que o filho, ele descreveu altos nveis de envolvimento regular comseu filho antes do desenvolvimento total de viciado e priso su#sequente.0imilar aos prisineiros com eperi!ncias familiares mais seguras )ve(a a#aio,ele fe' refer!ncias frequentes aos sentimentos de orgulho em relao aocomportamento cativante de seu filho e da qualidade de seu relacionamento.

    Ele foi o mais eplcito quanto a sentimentos de amor por seu filho. Eledescreveu como sua incapacidade de cooperar com a perda de sua parceira efilho o guiaram ao pro#lema do vcio

    implesmente no era o mesmo, porque quando ela se foi no era o mesmo eeu no estava vendo o CDimm:E mais e aquilo estava me matando !nto euacabei usando bloqueei todo o resto

    Barr; continuadamente contrastou seu comportamento positivo como pai antese seu comportamento negligente durante seu vcio, descrevendo incidentes

    como quando ele consumiu drogas na presena do filho, ou parou de comprar%presentinhos& e era geralmente no confivelO

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    2ara ser &usto haviam tempos que, e eu me sinto mal quanto a isso, Danetligava e dizia Cvoc$ vai vir buscar o Dimm:E e eu dizia CsimE, mas eu aparecia Fhoras depois, basicamente colocava a hero%na na frente do Dimm:E

    Ele pareceu estar #em inconfortvel com essas recorda"es, as descrevendo

    como Qhorr%veisR e estava particularmente emocionado nesse ponto daentrevista.

    Assim como as recorda"es de orgulho paterno e amor por seu filho, Barr;tam#$m defendeu o nvel de admirao intensa que tinha por sua parceira, queera admirada por ser uma #oa me, tra#alhadora, no usuria de drogas, nofumante, forte psicologicamente com nveis eemplares de limpe'a como me.9 relacionamento com sua e parceira parecia ser de importncia fundamentalpara ele. 0ua necessidade de provar que ele havia mudado e que era capa' deatingir e manter uma esta#ilidade parecia crucial para o futuro dorelacionamento da sua famlia. Ele a#ordou a priso como uma oportunidadede focar na superao do seu vcio e de reconstruir sua relao como pai eparceiroO

    !stou feliz por estar aqui agora, sabe o que eu quero dizer, foco nas coisas,voltar a treinar, parar de fumar, parar de in&etar, apenas me concentrar em serum pai para o Dimm: e ser um namorado decente para a Danet, sabe 2orqueeu adoraria me casar com a Danet, ela a nica garota que amei realmente.

    -aradoalmente como foi eplorado no captulo anterior, Barr; tam#$m

    desencora(ou as visitas de seu filho, escolhendo manter contato por telefone.Barr; fe' in4meros elos entre seu papel como pai e seus sentimentos de autoestima, apesar de que na prima citao, isso tam#$m estava ligado com suaansiedade com o (ulgamentoO

    !u espero que o &uiz ve&a que no era realmente eu, sabe o que eu querodizer, era o viciado fazendo aquilo, e que ele ve&a que eu sou um pai decentepara o meu filho, 9 que eu sou, qualquer um da minha fam%lia vai te dizer isso,como sou bom para meu filho !stou sempre com meu filho, eu o amo

    /sso sugere que o relacionamento do Barr; com seu filho era perce#ido como omaior aspecto da sua vida, e estava sendo mantido como %evid!ncia& do seuvalor como indivduo para si mesmo e para outros.

    %nformao do Daniel

    8aniel tinha vinte e nove anos e era pai de duas crianas. Ele descreveu comoseu QvcioR para o crime e drogas se desenvolveu com uma idade muitoprecoce e se definiu como um Qviciado em hero%na desde os (F anosR. omoresultado de seus vcios, 8aniel passou a grande maioria da sua vida adulta na

    priso. Ele estava prestando uma sentena de de' anos que era a maior dentreos entrevistados. 0ua parceira e filho visitavam regularmente e ele sentia que

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    seu filho o conhecia e o amava apesar do tempo limitado que eles tiveram emcasa durante sua primeira infncia. 9 relacionamento de 8aniel com sua filhaera mais tenso, ele sentia que ela no o conhecia e a via sem frequ!nciadevido ela estar aos cuidados de outro parenteO

    4inha filha ainda no vem e pula nos meus braos, meu colega sim, ela aindachora um pouco !la no me conhece, meu filho me conhece porque eu tivenove meses l fora

    A entrevista de 8aniel foi dominada por referencias frequentes e fortes de culpae raiva so#re o relacionamento com seus filhos, seu aprisionamento de longopra'o e averso geral por seu vcio. Q!u olho pra trs e penso, eu olho paramim mesmo e penso voc$ um puta idiota por ter voltado com isso' 8anielde#ateu a paternidade nos termos de sua aus!ncia da vida das crianas Gdurantes as duas gravide'es, as crismas e comunh"es das crianas, infncia efotos familiares. 0uas a"es como pai eram continuadamente colocadas nanegativa, por eemplo Q!u no estava lR ou Q!u sei que ruim o nico lugarque eles me veem por traz do balcoR, ou Q.o certo, no soa certoR. Friasrefer!ncias foram feitas sua prpria responsa#ilidade pela situao Q!u sposso me culpar, eu fiz todas as escolhasR, mas ele tam#$m estava #ravo comoutros incluindo as autoridades da priso por recusarem a soltura temporriapara a comunho de seu filho, sua parceira por seu vcio que influenciou suarecada, e seus pais pelo uso de disciplina violenta com ele quando era umacriana.

    Em contraste aos prisioneiros com relacionamentos mais seguros, quando sereferindo ao amor de seu filho, isso pareceu causar mais culpa e confuso ao8aniel do que estreitamento do relacionamento

    ;estri minha cabea pensar o quanto ele me ama, o quanto de amor aquelacriana tem por mim, eu no passei por nada, estou preso por toda vida dele.

    9 desconforto de 8aniel com a condio fsica e intensidade emocional devisitas foi descrito acima, no entanto em adio, as visitas eram ligadas s suas

    falhas como pai e eram perce#idas como forma de presso. Apesar dessesdesconfortos 8aniel parecia determinado a manter as visitas para manter orelacionamento com suas crianas. Apesar das dificuldades no relacionamentocom sua parceira, similares com os pais com um relacionamento familiar maisseguro, seu papel como pai parecia prover a ele um senso de propsito para ofuturoO

    ;o modo como olho agora, minhas crianas so minha vida, do modo que olhopara isso, tudo que tenho so minhas crianas, quando eu sair quero construirum lar apropriado para eles e quando eu partir eu quero ser capaz de deixar

    algo aqui, eu quero deixar algo para minhas crianas

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    %nformaes do obert

    Em contraste direto com as rea"es emocionais ei#idas por Barr; e 8aniel, foidesco#erto que alguns prisioneiros no estudo pareciam relativamenteimpertur#veis ou distantes quando refletindo so#re envolvimento similar

    intermitente como pais. 6o#ert era o prisioneiro mais velho na amostra comtrinta e oito anos e estava servindo uma sentena de quatro anos. 9relacionamento de 6o#ert com sua primeira parceira aca#ou atrav$s de seuvcio.

    3chegou a um estgio em que ela sabia, e ento ela disse Colha eu no queroessa vida para o DasonE, mas no a afetou at eu comear a me afundarmesmo nas drogas, eu no a agredi, no a bateria nela, mas no tinha maistempo pra ela, sabe, no tinha mais tempo pra fam%lia, era mais concentradoem mim e em arrumar o dinheiro para as drogas

    Ele refletiu que seu relacionamento com seu filho de tre'e anos foi dominadopelo uso de drogas, aprisionamento e contato intermitente. Q!u no diria que fuium pai apropriado, um pai decente, pulando dentro e fora da sua vida .R Apesarde seu contato espordico, 6o#ert sentia que tinha um relacionamento positivocom seu filho e falava de seus esforos para permanecer em contato e proverorientao atrav$s do comeo da adolesc!ncia.

    6o#ert refletiu que ele era um muito viciado por todo o perodo de seu segundorelacionamento e que o foco principal das visitas da segunda parceira era o

    fornecimento de drogasO

    8rogas, estava sempre nas visitas, era isso o que eu esperava, a 4nica coisa,no me leve a mal, eu era ansioso de ver a 6ani mas a maior coisa na minhaca#ea eram as drogas. Eu tinha um pro#lema com isso.

    Apesar da segunda parceira e filha do 6o#ert ter visitado ele regularmente portr!s anos, 6o#ert sentiu que no desenvolveu um relacionamento com suafilha. /sso era atri#udo a estar na priso por toda a vida da sua filha, ao passoque ele havia passado um tempo com o filho quando criana. 6o#ert no

    pareceu perce#er qualquer ligao entre a seriedade de seu vcio com a faltade relacionamento com sua filha.

    omo sua segunda parceira estava estvel na metadona, o futuro dorelacionamento girava em torno dele se manter estvel na metadona quandosolto da priso. o entanto, 6o#ert notava uma ampla etenso de #arreirasam#ientais, econVmicas e pessoais para manter esta#ilidade na metadona. Eleestava a#erto inicialmente a possi#ilidade de se afastar como pai, eplicandoque sua filha merecia mais do que Qestilo de vida das drogasR e que para eleestar Qpulando pra dentro e pra foraR da sua vida e que ele no queria aQarrastar para #aioR. 6o#ert ento voltou atrs, eplicando que nada havia sido

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    decidido ainda a respeito do seu envolvimento no futuro. Apesar de no vivercom seu filho desde a infncia ele ainda conseguiu manter uma relaointermitente com ele, mas no parecia ver a mesma possi#ilidade para suafilha.

    Paternidade intermitente e a extenso das respostas emocionais

    9 estudo irland!s de Dogan e Diggin )1+++ havia sugerido que pais que usamdrogas frequentemente epressavam altos nveis de ansiedade e culpa so#re oimpacto do seu de drogas na famlia. Esse estudo foi identificado como umaescala mais ampla e mais complea de respostas a paternidade negligente eintermitente. As primeiras duas respostas ilustram altos nveis de intensidadeemocional so#re suas falhas como pais. Apesar de epressados em formasvariadas, essas parecem refletir a culpa e a ansiedade identificada pelo estudode Dogan e Diggin )1+++. A entrevista do 6o#ert se mantem em forte contrastes respostas emocionais das entrevistas de Barr; e 8aniel. A entrevista de6o#ert estava desprovida de qualquer epresso de fortes sentimentos deculpa ou ansiedade quanto ao envolvimento intermitente anterior com seu filho,e com a provvel separao de sua filha. 0imilar aos estudo dos prisioneirosem Ardetti et al&s )1++2 que se descreveram como influ!ncia negativa aosfilhos, 6o#ert discutiu seu afastamento quase como um ato responsvel paraproteger sua filha de sua influ!ncia negativa como pai.

    Conflito e ambi6alncia em relao a paternidade

    Am#as informa"es de Barr; e de 8aniel ilustram altos nveis de am#ival!nciaem relao ao seu papel como pai. -ara Barr;, seu papel como pai $ discutidoem termos de pra'er e ansiedade simultaneamente. Enquanto a paternidade $apresentada como o aspecto mais positivo da vida de Barr;, ele minimi'a ocontato com seu filho. -ara 8aniel, apesar de seu relacionamento com suascrianas fornecer um foco no futuro, tam#$m serve como um lem#rete do queele compreendeu com suas falhas na vida. -aradoalmente, enquanto o Barr;desencora(ava as visitas, 8aniel as continuou apesar da eperi!ncia dedesconforto. Am#ival!ncia em relao ao papel de pai tam#$m se destacou na

    entrevista de Sohn, onde ele epressou dese(o para maiores nveis deenvolvimento como pai no futuro )ve(a pgina

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    os achados de orcoran )1++2, no entanto para am#os homens eistiam#arreiras adicionais dentro do relacionamento com suas filhas. -or eemplonem 6o#ert ou 8aniel discutiram alguma condio de acesso norelacionamento com seus filhos, mesmo assim havia certos o#stculos norelacionamento com am#as as filhas. 9 relacionamento de 6o#ert com suafilha dependia dele passar por algumas mudanas pessoais as quais ele sentiaque no poderia sustentar, enquanto 8aniel discutia como devido a filha estarnos cuidados de outro parente, ele era incapa' de ganhar acesso regular paraconstruir um relacionamento com ela. Enquanto outros prisioneiros que haviamvivido com suas parceiras e crianas antes da sentena epressaramsentimentos de proimidade com seus filhos, para muitos dos homens nesseestudo, a compleidade de suas rela"es interpessoais fi'eram seusrelacionamentos como pais mais difcil de sustentar.

    A experincia di6er2ente das 6isitas

    omo encontrado no estudo de Boone; )1++*, quando as visitas ocorriamentre prisioneiros suas companheiras e filhos, elas foram consideradasimportantes em a(udar a manter os relacionamentos por todo o perodo doaprisionamento. o entanto as eperi!ncias e percep"es dos homens desseestudo foram diversas em relao s visitas familiares. ovamente, a minoriados prisioneiros que pareciam mais seguros em suas rela"es familiaresgeralmente tinham mais eperi!ncias positivas das visitas. omo deve sereplorado a#aio, aqueles que estavam lutando para manter suas rela"es

    com as parceiras tiveram eperi!ncias mais confusas e negativas de visitasfamiliares.

    3xperincias positi6as de 6isitas familiares

    3ma minoria dos prisioneiros que estavam alo(ados na unidade m$dicageralmente tinha mais eperi!ncias positivas de visitas familiares )ve(a Ta#ela*> a#aio. Esses prisioneiros que pareciam mais satisfeitos em seurelacionamento com a parceira e eram visitados regularmente por suasparceiras crianas. Essas eperi!ncias positivas de visitas familiares eram

    parcialmente relacionadas s instala"es mais limpas e mais privadas dentroda unidade m$dica e a tend!ncia de se permitir contato fsico durante asvisitas. Q!les so importantes aqui porque voc$ pode tocar seu filho e abraarseu filhoR )8an. 6itchie, 8an e Serr; argumentaram terem rece#ido tempoetra para as visitas familiares por oficiais da priso e tam#$m rece#iamocasionalmente presentes dos funcionrios para dar para seus filhos como#olas de fute#ol e chocolates.

    Todos estavam cientes de que esses presentes e tempo etra eram privil$giosadicionais das visita"es. 8e fato alguns desses homens sentiam que os

    #en$ficos s suas visitas familiares eram ganhados porque ou elesdesenvolveram relao com os funcionrios ou por terem se conformado

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    a#ertamente com as %regras&. 6itchie por eemplo, descreveu tra#alhar em umarea em particular que o permitia conversar diariamente com os guardas. Eleeplicou que ganhou *2 minutos etras em suas visitas devido ao seu QbomcomportamentoQ. Serr; eplicou que ganhou tempo etra Qporque eles meconheciam e sabem que eu no causaria nenhum problemaR. 9utros que erammantidos na unidade m$dica e rece#eram visitas apontaram o fato do contatofsico ser permitido mas no mencionaram tempo etra ou presentes.

    abela !: 3xperincias positi6as de 6isitas familiares

    %nconsistncias nas polticas das 6isitas

    Enquanto a falta de restrio no contato fsico era vista como um elementopositivo s vistas na unidade m$dica, parecia haver uma percepo de que a

    regra a respeito do contato fsico era aplicada incoerentemente dentro dapriso. Alguns prisioneiros notaram que relacionamentos positivos com osguardas tendiam a condu'ir em mais flei#ilidade em como a poltica emrelao ao contato fsico era aplicada nas visitas. 6o#ert havia passado maisde de' anos na priso e descreveu como um #om relacionamento com osfuncionrios condu'iu a uma maior flei#ilidade nessa regraO

    e aquele oficial que trabalha com voc$ te v$ na visita, ele vai ser legal comvoc$, e o beb$ vem, eu nunca tive nenhum problema com um oficial vir dizerCaqui voc$ p7e o beb$ no choE, sabe o que eu quero dizer

    9utros notaram que a aplicao das regras dependeria na atitude oupersonalidade do guarda em particular, Qisso depende no oficial que est l, seh um oficial legal ele deixa voc$ pegar sua crianaR )Uar;. A eecuo daregra do contato fsico tam#$m era vista como uma forma de punio usadapelos guardas. 6o#ert descreveu como um guarda impedindo contato fsicodurante uma visita pode estar fa'endo isso paraR daro troco no prisioneiroR porter o insultado antes na frente dos outros prisioneiros. o entanto outrosprisioneiros descreveram como eles ignoravam essa regra. 0tephen por

    eemplo, disse Qeles esto do outro lado, e no h contato f%sico, apenas faoporque quero abraas meus filhos de qualquer &eito, eu no me importo com o

    -ais com maior esta#ilidade na vida familiar reportaram eperi!ncias

    positivas de visitas )Serr;, 8an, 6itchie Todo tempo etra permitido e contato fsico na unidade :$dica Todos os presente dados pelos funcionrios para as crinas nas

    visitas Todos perce#eram que ganhavam presentes dos funcionrios porque

    se comportavam, ou no causavam pro#lema )Serr;, 8an onstruiu relacionamneto com os gurdas para ganhar #enefcios nas

    visitas )6itchie

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    que eles falam'Apesar do estudo de Boone; )1++* ter descrito a falta decontato fsico como uma dificuldade significativa com as visitas, nesse estudoas restri"es no contato fsico parecem muito mais inconsistentes. Aeperi!ncia das visitas variava de acordo com a locali'ao do prisioneiro nocompleo, o relacionamento deles com os guardas, a atitude de #oa vontadedos guardas e prisioneiros de ignorar as regras.

    Dificuldades com 6isitas

    -ara homens mantidos na priso principal, a eperi!ncia de visitas erapredominantemente negativa e estressante )ve(a Ta#ela *=. 0tephen e 8anielestavam am#os mantidos na priso principal no momento das entrevistas eam#os eram visitados regularmente por suas parceiras e algumas das suascrianas. Am#os ficaram #ravos e estressados quando discutiam o tpico decondi"es de visitas. As preocupa"es deles eram relacionadas principalmentes po#res instala"es na rea de visita devido aos nveis de #arulho, lota"es efalta de higiene. Am#os sentiam que ter que se sentar to perto de outraspessoas pre(udicava qualquer senso de privacidade na conversa com suasparceiras. Suntamente com o tempo curto e falta de instala"es de recreaopara as crianas, am#os sentiam que essas condi"es dificultavam muito ainterao apropriada tanto com a parceira como com a criana.

    =s crianas se distraem com outras coisas, sabe, no h nada para elasfazerem nas visitas 5ambm no confortvel, voc$ est gritando, voc$ est

    do lado de outras pessoas "tephen#9 que h de bom sobre eles aqui, as visitas so imundas, voc$ no consegueouvir porque tem pessoas aqui, pessoas ali, tem crianas por toda parte,gritando e correndo, as visitas so uma porcaria !u preferiria ficar sem visitas,mas preciso ver as crianas' ";aniel#

    Am#os 8aniel e 0tephen estavam cumprindo sentenas longas de oito anos emeio e de' anos respectivamente. Am#os sentiam que as visitas eram a 4nicamaneira de manter um relacionamento com seus filhos. QEu no gosto deles

    tendo nada a ver com a priso, mas $ a 4nica maneira que eu posso v!HlosR)0tephen. 8aniel se referiu importncia da visita em a(udar a manter ouconstruir um relacionamento com suas crianas atrav$s de comentrios feitosso#re sua filha que estava aos cuidados de outro parente e no visitavaregularmente. QEu gostaria de v!Hla uma ou duas ve'es por semana para euconseguir aquele vnculo com ela, mas isso no est acontecendoR. 9s doisprisioneiros, que estavam prestando uma longa sentena continuaram com asvisitas com o propsito de manter um relacionamento com suas crianas,apesar da eperi!ncia de desconforto. Essas dificuldades com a po#requalidade das condi"es de visita dentro da priso principal de :ount(o;

    espelhavam as desco#ertas do estudo de Boo#e; )1++*. Boone; )1++*concluiu que essas condi"es produ'iam um am#iente %artificial& que

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    indeterminava a interao familiar. esse estudo, $ claro que essas condi"esforam notadas como uma forma desconfortvel mas importante de contato paraalguns prisioneiros. -ara prisioneiros que estavam cumprindo sentenas delongo pra'o e que dese(avam manter um relacionamento com suas crianas,elas pareciam ser a 4nica opo disponvel.

    abela !E: 3xperincias ne2ati6as das 6isitas

    Desencora@ando as 6isitas

    Alguns prisioneiros que no estavam mais em um relacionamento intacto comsuas parceiras desencora(avam as crianas de visitar. As ra'"es fornecidas poreles eram variadas, mas tendiam a relatar amplamente preocupa"es so#re oimpacto do am#iente negativo da priso )ve(a Ta#ela *?. 6o#ert por eemploepressou a preocupao de que seu adolescente se tornaria muitofamiliari'ado e aceitando a ideia da priso.

    !u no peo que ele venha, eu no quero que ele entre nessa atmosfera, euno quero isso pegando nele, eu no quero que ele pense que est certo viraqui

    9utros eplicaram que seus filhos temiam a atmosfera intimidadora da priso,estavam com medo dos guardas da cadeia ou do prprio pr$dio da priso.Barr; por eemplo eplicou como seu filho estava com medo de visitar

    .a realidade na ltima vez que ele veio aqui ele me disse pelo telefone Cpapai

    eu no quero ir a% porque eu tenho medoE !le tem medo das paredes, sabe oque quero dizerA

    Essas ra'"es para desencora(amento de visitas so espelhadas porprisioneiros em uma etenso de outros estudos )MosCell e Nedge 1++1,Boone; 1++*, larLe et al, 1++2, Ardetti et al, 1++2. -arece que, similar aosprisioneiros desse estudo, esses homens estavam desencora(ando visitascomo %evid!ncia do cuidado& por suas crianas.

    Ws ve'es, no entanto, as ra'"es para o desencora(amento das visitas era mais

    compleo. Barr; por eemplo apesar de ter se referido ao medo do seu filho doam#iente da priso como uma ra'o, mais tarde na entrevista Barr; disse que

    0u(eira na rea de visita )8aniel Am#iente da priso assustador e nocivo para crianas )Barr;,

    0tephen, Sohn Tempo muito curto de visita )0tephen, Uar; 0em privacidade para conversa )8aniel, 0tephen rianas #arulhentas e fora de controle )8aniel

    Fisitas importantes para manter contato )8aniel, 0tephen

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    desencora(ou visitas devido a sua prpria incapacidade de lidar com adecepo do seu filho.

    !nto ele olhou para mim3 e disse Cquando voc$ vem para casaAE C

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    desencora(ar as visitas. esse estudo, pareceu que as preocupa"es doestigma do status do prisioneiro, reforado pelo am#iente ruim da priso,tam#$m foram citados. Aparecem uma com#inao de fatores informando essadeciso, ilustrando a nature'a complea de sentimentos ao redor dapaternidade para prisioneiros. Apesar das ra'"es para o desencora(amento dasvisitas serem frequentemente compleos, esse estudo mostra que prisioneiroscitaram ra'"es que indicavam a sua prpria incapacidade emocional oudesconforto com o estigma do aprisionamento.

    A intensidade emocional das 6isitas reforando intimidade

    A intensidade emocional das visitas era uma dificuldade amplamentecompartilhada que emergia atrav$s dos entrevistados. :uitos prisioneirosdescreveram como seus filhos mais novos se recusavam ir em#ora no fim dotempo da visita, ou mostravam frustrao intensa quando seus pais novoltavam para casa com eles. 9s prisioneiros que gostavam dos #enefcios devisitas mais fleveis de#ateram as emo"es da partida como oaspecto maisdifcil das visitas. 8an por eemplo, descreveu ter que lidar com issoconscientemente ao fim das visitas

    = parte dif%cil seria quando a criana est de partida, sabe, agarrada em mim,eu tenho que me desligar apenas e a entregar de volta 0 me, sabe 6 muitodif%cil

    -ara prisioneiros que eram muito positivos quanto s suas famlias, essas

    eperi!ncias eram de#atidas de uma forma que sugeria que essa intensidadeemocional reforava a intimidade do relacionamento com suas famlias. Serr;por eemplo, relatou com alegria e orgulho a histria de seu filho Qserecusando a sair da cadeiraR durante uma das suas 4ltimas visitas e como suaparceira Qeventualmente fez ele concordar em ir para casa e falou Ceu te amopapaiE enquanto sa%a' -ara os pais que eram mais confiantes da vida familiardo lado de fora da priso, apesar de acharem a separao ao fim das visitasdolorida, a emoo das visitas parecia reforar a coneo com suas famlias.laro que, como descrito acima, para esses prisioneiros, as visitas aconteciam

    no am#iente menos estressante da unidade m$dica, que pode ter a(udado estaeperi!ncia ser perce#ida mais positivamente.

    elacionamentos tensos e a intensidade emocional das 6isitas

    essa pesquisa foi desco#erto que prisioneiros que lutam nos relacionamentoscom suas parceiras tendiam a ser visitados com menos frequ!ncia por seusfilhos e pareciam mais propensos a perce#er a visita como uma eperi!ncianegativa.

    8aniel era incomum em comparao aos ouros pais em tenso ou incertosquanto ao relacionamento com suas parceiras como era visitado regularmente

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    por sua parceira e por seu filho, mas ainda estava lutando com sua prpriaincerte'a so#re seu futuro (untos aps a soltura. 8aniel se referia s visitascomo 4nica forma de QpressoR em sua vida e parecia encontrar a intensidadeemocional difcil. -or eemplo, 8aniel reagiu com preocupao quando seufilho se recusou a sair, e achou difcil lidar com o que ele sentia ser umatorrente de perguntas de seu filho so#re quando ele iria para casa

    5udo o que ele fala para mim Cpapai quando voc$ vem para casaAE, Ceu nosei filhoE, Cvoc$ vai estar em casa para o natalAE C!u no sei filho, no dependede mim, eu adoraria ir para casa com voc$ mas no possoE

    8aniel havia passado o perodo mais longo na priso entre os entrevistados. Wparte de nove meses passados na casa da famlia antes de sua sentena atual,a maioria de sua eperi!ncia como pai foi dentro do compleo penitencirio.Em ve' de dar ao seu filho uma resposta concreta, ele evitava responder asperguntas, ilustrando sua incapacidade de lidar com as perguntas de seu filho.-ara 8aniel, a visita parecia compor seu sentimento de fracasso como pai

    6 simplesmente errado, sabe o que eu quero dizer, a nica vida que euconheo com minhas crianas em frente do balco

    omo tem sido eplorado acima, 6o#ert e Sohn estavam em relacionamentostensos e am#os desencora(avam as visitas de seus filhos. omo discutidoacima, Barr; desencora(ou as visitas de seu filho quando ele no podia maislidar com a frustrao de seu filho. Ao mesmo tempo seu relacionamento com

    sua parceira era tensa e incerta, e ele estava ansioso quanto a possi#ilidade deuma priso mais longa, ilustrando um n4mero de press"es simultneas.

    Estudos anteriores destacaram como prisioneiros citaram sua incapacidade decooperar com a pertur#ao emocional de suas visitas como uma ra'o para oafastamento de contato )MosCell e Nedge, larLe et al, 1++2. esse estudofoi desco#erto que prisioneiros que esto lutando com nveis maiores deincerte'a dentro dos relacionamentos, ou com um n4mero de estressessimultneos, so mais propensos a perce#er a intensidade emocional das

    visitas como uma fonte de presso, ao inv$s de uma fonte de apoio.1isitas e >exposio? da en2anao

    omo foi o caso no estudo de Boone; )1++*, muitas crianas mais novasnesse estudo foram enganadas so#re o status do pai como prisioneiro, e foifalado que seu pai estava no tra#alho, ou menos comumente e no caso de umpai com D/F, foi falado que o pai estava em um hospital. Fisitas eram vistascomo um ponto crucial onde essa enganao poderia ser %eposta&. 8oisprisioneiros relataram com uma mistura de desconforto e diverso acuriosidade de seus filhos so#re a nature'a de seu tra#alho incomum com%pernoite& e %de longa durao&, ou das suas perguntas so#re a presena dos

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    oficiais uniformi'ados. Barr; por eemplo descreveu como as perguntas do seufilho eram difceis de responder, Qeu no sa#ia o que di'er, ele me pegou, sa#e,eu disse %esse emprego no $ como os outros tra#alhos do papaiR. 8anielapontou a presena dos uniformes e o uso de algemas para eplicar que aeposio era inevitvel durante as visitas.

    Fisitas #lindadas, com um vidro entre o prisioneiro e o visitantes evitavam ocontato fsico, apresentavam um pro#lema especial para essa enganao.Barr; eplicou que seu filho nunca foi tra'ido para visitaHlo em uma outra prisoque que usava apenas visitas pelo vidro, como iria eigir uma eplicao difcilQo que ele iria fa'er, o que ele iria pensar, por isso ele nunca foi tra'ido aquiR.uando crianas novas so enganadas so#re a priso do seu pai, as visitaspareciam apresentar uma fonte maior de desconforto aos prisioneiros, umponto potencial de eposio. Tipos particulares de visitas, como essas pelo

    vidro, fa'ia essa eposio mais provvel e parecia estar ligada aodesencora(amento das visitas.

    :orris )*= havia argumentado que os prisioneiros enganavam seus filhospara preservar uma imagem positiva e porque os prisioneiros temiam re(eiodos seus filhos. esse estudo uma variedade de eplica"es foram fornecidaspara enganar as crianas. 8aniel sugeriu que estar ciente do status do paicomo prisioneiro era nocivo para a criana, o que sugere que esconder essainformao $ vista como uma forma de proteo Qcomo eu sei que estafetando meu filho, no est afetando minha filha porque ela no sabe o que ,

    o meu filho sabe' A filha mais velha de Serr; desco#riu acidentalmenteenquanto afastada dele. Ele disse que foi QhorrvelR quando ele sou#e que suafilha desco#riu, e Qtenho certe'a que ela no est contenteR. 0imilar o#servao de urses )1++* de prisioneiros com crianas mais velhas,parecia que os prisioneiros nesse estudo mostravam desconforto e vergonhaquando seus filhos mais velhos desco#riam seus status de prisioneiros. 8avariedade de motiva"es que surgiam, parecia que prisioneiros enganavamseus filhos para os proteger da ang4stia e desconforto, para preservar umaimagem positiva aos olhos de seus filhos, e para evitar eplica"es difceis.

    A eplicao que procedia a partir do conhecimento de uma criana mais velhaso#re a priso de seu pai levantava algumas tens"es para os prisioneiros.8aniel e Uar; discutiram como, devido a inevita#ilidade da %desco#erta& do seustatus como prisioneiro, eles acharam que seria mais pre(udicial ao seurelacionamento com seus filhos se fossem epostos como %mentirosos&, entoeles queriam que a verdade fosse contada. enhum dos dois haviam contados crianas eles mesmos mas confiado na av paterna ou na parceira paratransmitir essa informao. Tam#$m foi destacado como um prisioneirocontando a verdade tam#$m pode ter que conversar com seu filho a ra'o por

    sua priso, como ilustrado no trecho de Uar;

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    !u estava muito determinado a contar a eles, olha a razo de eu estar aqui que eu fiz algo errado e estou sendo punido por isso, eles teriam que saber emalgum estgio, ento eu prefiro que o relacionamento comece com a verdadedo que com uma mentira, sabeA

    Al$m disso, alguns prisioneiros reconheceram que admitindo que fi'eram algoerrado, eles estariam comprometendo sua autoridade como pai. o primotrecho, 6o#ert reconhece essa tenso quando discutindo como enquantodando conselho, ele tam#$m teve que admitir seus prprios errosO

    abe eu tentei o guiar no caminho certo, eu at conversei com ele sobre esselugar, e que eu estou aqui porque eu era atrevido, eu no deveria ter feito ascoisas que fiz, eu tentei mostra-lo o certo do erado

    -arecia que para prisioneiros com uma criana mais velha, tenso e

    desconforto podem surgir da necessidade de revelar seu status de prisioneiro eeplicar a ra'o do aprisionamento. D um potencial para mais tenso nocomprometimento da sua autoridade como pai.

    Definindo G descre6endo o papel >ideal? de pai

    a maioria das entrevistas, os prisioneiros foram pedidos para descrever, ouapresentaram independentemente, os aspectos mais importantes do papel depai. 3ma variedade de percep"es e comportamentos surgiu dessa discusso.Algumas dimens"es de um papel mais tradicional para pais surgiram. 9 papel

    mais tradicional citado era o de prover guiamento moral, e o menospopularmente prover disciplina e apoio financeiro. A maioria das respostasrefletiu amplamente a imagem de pai %envolvido&, o modelo mais recente depaternidade %ideal& para ganhar popularidade nas d$cadas recentes )-lecL,*

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    abela !H: Definindo o papel do pai

    Paternidade >ideal? em contraste experincia pessoal

    Tam#$m era muito comum a paternidade ser descrita em termos decomparao a eperi!ncia dos prisioneiros com seu prprio pai. 9 modelo depai %envolvido& e uma re(eio ao uso de punio fsica eram temas muito fortesnessa rea de discusso. omumente, prisioneiros discutiam que osrelacionamentos com seus prprios pais era dominado por nveis etremos de

    disciplina violenta, ou em termos de no se sentirem amados, desapontados ounegligenciados. Todos os prisioneiros que comentavam essas eperi!ncias sereferiam a elas como um contraste de como um pai deveria se comportar. -oreemplo, o dese(o por um alto nvel de comunicao era tipicamentecontrastado com o uso de punio fsico, viol!ncia ou medo como forma decontrole e disciplina, como era em suas prprias eperi!ncias na infnciaO

    !u venho de uma fam%lia disciplinada, meu pai sim, eu tenho certeza que eleama seus filhos, mas ele tradicional, se voc$ fizesse algo errado, ganhavaum tapa, se voc$ fizesse algo muito errado se esconda, era assim que eu via

    < papel do pai >carin,oso?

    0er disponvel )Uar;, 6o#ert, Barr;

    omunicativo e compreensivo )Uar;, Jen, 6o#ert, 6itchie, Barr;, 8aniel

    Pornece incentivo )Uar;, 6o#ert, Barr;

    X amvel e carinhoso )Uar;, 6o#ert, Barr;

    /mportncia de #rincar e energia )Serr;

    -assar tempo (unto )6itchie

    8 esta#ilidade emocional )8an, Barr;

    8 cuidado fsico )Sohn, Jen

    8 presentes )Barr;

    Pornece orientao moral )Uar;, 6o#ert, Sohn

    X um modelo )8aniel

    PapIis tradicionais

    -rovidencia apoio financeiro )Sohn

    8isciplina )8an

    Comparaes

    0er mais como seu prprio pai )Jen

    8efinidos em relao a serem diferentes dos prprios pais )Uar;, Sohn, 8an, Barr;, 8aniel

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    !u prefiro sentar, assim que eu ve&o agora, os pais se sentando econversando com seus filhos ao invs de castiga-los "Gar:#

    Alguns discutiram suas inten"es de construir a confiana das crianas,providenciando disciplina e esta#ilidade ao contrrio da eperi!ncia de

    insta#ilidade, falta de limites e de ter a confiana pre(udicada por seus prpriospais.

    !u nunca ouvi meu pai em sua vida toda dizer Ceu te amoE nem uma vez, ouCme desculpe por aquiloE, sabe o que eu quero dizerA .enhuma vez !u digo aomeu Dimm: que eu o amo o tempo todo Hom o meu pai no h nada disso,qual a palavraA !ncora&amento, eu digo Dimm:, voc$ pode ser o que quiser,voc$ pode fazer qualquer coisa na sua vida "Iarr:#

    Alguns prisioneiros de#ateram um relacionamento positivo com seus prprios

    pais, no entanto isso era incomum. Serr; e Jen discutiram relacionamentos queeram caracteri'ados por mais calor e compreenso na relao ou com umaa#ordagem mais autoritria. Jen por eemplo, descreveu a a#ordagem do seupai com a disciplina, Qele mandava a gente fazer algo, dizia limpe a casa outomaria nosso brinquedo favorito, ele no nos batia, sabe'. -ortantorelacionamentos positivos com os seus prprios pais eram caracteri'ados pormemrias de comunicao maior, sentimentos de ser amado e a falta depunio fsica. As eperi!ncias negativas predominantes com seus prpriospais eram nitidamente caracteri'adas pelo uso da viol!ncia, punio fsica

    severa, falta de comunicao e neglig!ncia.A import=ncia do modelo de pai >carin,oso?

    X evidente a partir dessas discuss"es como um pai deve se comportar paraque o modelo de paternidade %carinhosa& )-lecL *

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    Brincadeira ou cuidado fsico e definies de paternidade

    -esar da orientao, apoio e encora(amento serem aspectos importantes do%pai carinhoso& modelo que tem formado parte da paternidade ideal, #rincar emaior envolvimento no fornecimento de cuidado, so outros aspectos chave

    desse modelo )Bam# *

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    Alguns prisioneiros eram capa'es de conseguir apoio de uma variedade defontes internas e eternas. -ara prisioneiros mais alienados, no entanto, oscapeles da priso e alguns guardas pareciam preencher um papel essencialem fornecer apoio pessoal e proveitoso em relao a pro#lemas familiares.