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Prática Forense Senhor, eu sei que Tu me sondas – Salmo 138 Cristo, ontem e hoje; Princípio e Fim; Alfa e Omega. A Ele o Tempo e a Eternidade, a Glória e o Poder, pelos séculos sem fim, Amém. AULA SPITZER 1 (GOE – NASA – IELF) "Spitzer", novo telescópio espacial da Nasa, descobriu o que poderia ser o planeta mais jovem detectado até o momento PRÁTICA FORENSE PRISÕES & LIBERDADE PROVISÓRIA Um réu estava sendo julgado por assassinato no Brasil (*** na verdade é na Inglaterra) Havia fortes evidências sobre a sua culpa, mas o cadáver não aparecera. Quase no final da sua sustentação oral, o advogado - temeroso de que seu cliente fosse condenado - recorreu a um truque: 1 "Só tem um milhão de anos. É suficientemente jovem para causar grandes alterações nas teorias mais importantes sobre a formação dos planetas", disse Dan Watson, astrônomo da Universidade de Rochester, em uma entrevista coletiva na sede da agência espacial em Washington. O planeta foi situado em uma órbita em torno de uma estrela identificada como CoKu Tau4, cerca de 420 anos luz (um ano luz equivale a quase 9,46 trilhões de quilômetros) da Terra e na constelação de Touro. Os astrônomos identificaram mais de 100 planetas fora do Sistema Solar, mas na maioria dos casos têm mais de um bilhão de anos. Os planetas do Sistema Solar têm uma idade meia que é de cerca de 4,5 bilhões de anos. Os astrônomos afirmaram que o novo planeta foi uma das três descobertas mais importantes feitos até agora pelo observatório "Spitzer", que segue a Terra em sua órbita ao redor do Sol. O telescópio de raios infravermelhos também encontrou material orgânico congelado nos discos de pó cósmico que rodeiam outras estrelas. Esta é a primeira vez que se detecta este tipo de material nesses anéis, que precedem a formação dos planetas. Essa descoberta poderia ser muito importante, porque acha-se que a água e os ingredientes que formaram a vida orgânica talvez tenham sido usados até a Terra pelos cometas, segundo os astrônomos. "Spitzer" descobriu também mais de 300 estrelas nascentes na constelação de Centauro, a 13.700 anos luz da Terra. Lançado há apenas um ano, o telescópio é o quarto integrante da família de "Grandes observatórios espaciais" da Nasa. Os outros são o "Hubble", o "Compton" de Raios Gamma, e o "Chandra", de Raios X. Professor Thales Tácito Pontes Luz de Pádua Cerqueira Professor de Processo Penal, Prática Forense, ECA e Eleitoral – IELF/SP Pg. 1

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Prática Forense Senhor, eu sei que Tu me sondas – Salmo 138

Cristo, ontem e hoje; Princípio e Fim; Alfa e Omega. A Ele o Tempo e a Eternidade, a Glória e o Poder, pelos séculos sem fim,

Amém.

AULA SPITZER1

(GOE – NASA – IELF)

"Spitzer", novo telescópio espacial da Nasa, descobriu o que poderia ser o planeta mais jovem detectado até o momento

PRÁTICA FORENSE

PRISÕES & LIBERDADE PROVISÓRIA

Um réu estava sendo julgado por assassinato no Brasil (*** na verdade é na Inglaterra)

Havia fortes evidências sobre a sua culpa, mas o cadáver não aparecera.

Quase no final da sua sustentação oral, o advogado - temeroso de que seucliente fosse condenado - recorreu a um truque:

- "Senhoras e senhores do júri, eu tenho uma surpresa para todos vocês",disse o advogado, olhando para o seu relógio. "Dentro de um minuto, apessoa,  presumivelmente assassinada, neste caso, vai entrar nestetribunal."

E olhou para a porta.

Os jurados, surpresos, também ansiosos, ficaram olhando para a porta.

Um minuto passou. Nada aconteceu.

1 "Só tem um milhão de anos. É suficientemente jovem para causar grandes alterações nas teorias mais importantes sobre a formação dos planetas", disse Dan Watson, astrônomo da Universidade de Rochester, em uma entrevista coletiva na sede da agência espacial em Washington. O planeta foi situado em uma órbita em torno de uma estrela identificada como CoKu Tau4, cerca de 420 anos luz (um ano luz equivale a quase 9,46 trilhões de quilômetros) da Terra e na constelação de Touro.Os astrônomos identificaram mais de 100 planetas fora do Sistema Solar, mas na maioria dos casos têm mais de um bilhão de anos. Os planetas do Sistema Solar têm uma idade meia que é de cerca de 4,5 bilhões de anos. Os astrônomos afirmaram que o novo planeta foi uma das três descobertas mais importantes feitos até agora pelo observatório "Spitzer", que segue a Terra em sua órbita ao redor do Sol. O telescópio de raios infravermelhos também encontrou material orgânico congelado nos discos de pó cósmico que rodeiam outras estrelas.Esta é a primeira vez que se detecta este tipo de material nesses anéis, que precedem a formação dos planetas. Essa descoberta poderia ser muito importante, porque acha-se que a água e os ingredientes que formaram a vida orgânica talvez tenham sido usados até a Terra pelos cometas, segundo os astrônomos. "Spitzer" descobriu também mais de 300 estrelas nascentes na constelação de Centauro, a 13.700 anos luz da Terra.Lançado há apenas um ano, o telescópio é o quarto integrante da família de "Grandes observatórios espaciais" da Nasa. Os outros são o "Hubble", o "Compton" de Raios Gamma, e o "Chandra", de Raios X.

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Prática Forense Senhor, eu sei que Tu me sondas – Salmo 138

Cristo, ontem e hoje; Princípio e Fim; Alfa e Omega. A Ele o Tempo e a Eternidade, a Glória e o Poder, pelos séculos sem fim,

Amém.

O advogado, então, completou:

- "Realmente, eu falei e todos vocês olharam com expectativa. Portanto,ficou claro que vocês têm dúvida, neste caso, se alguém realmente foimorto, por  isso, insisto para que vocês considerem o meu clienteinocente".

Os jurados, visivelmente surpresos, retiraram-se para a decisão  final.Alguns minutos depois, o júri voltou e pronunciou o veredicto:

- "Culpado!"

-"Mas como?" - perguntou o advogado

- "Vocês estavam em dúvida, eu vi todos vocês olharem fixamente para aporta!"

E o juiz esclareceu:

- "Sim, todos nós olhamos para a porta, mas o seu cliente não..."

MORAL DA HISTÓRIA:

"NÃO BASTA TER UM BOM ADVOGADO, VOCÊ TEM QUE PARECER  INOCENTE".

Interdição Policial VS Entrega vigiada(2º fase do concurso para Delegado de Polícia do RJ/2002)

Interdição policial (ou ação controlada) é a investigação feita pela Polícia em crimes organizados, onde a lei permite o "flagrante retardado ou esperado-prorrogado", chamado pela lei de "ação controlada", ou seja, a possibilidade de não prender em flagrante por um crime praticado, parachegar ao objetivo maior, qual seja, o desmantelamento da organizaçãocriminosa.

 O problema é que não há prazo previsto para "retardar o flagrante", logo, omáximo disto é até o fim das investigações do Inquérito Policial, conformesustentamos na doutrina(eu e o professor LFG)

O dispositivo em comento:

Artigo 2, II da Lei 9034/95 - a ação controlada, que consiste em retardar a

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Amém.

interdição policial do que se supõe ação praticada por organizaçõescriminosas ou a ela vinculado, desde que mantida sob observação eacompanhamento para que a medida legal se concretize no momento mais eficaz do ponto de vista da formação de provas e fornecimento de informações;

***Questão de concurso: Há alguma possibilidade da autoridade ou seus agentes não prenderem outrem em flagrante conforme determina o artigo 301 do CPP, sem que cometam crime de prevaricação ?

ENTREGA VIGIADA: Ao lado da "interdição policial" temos outra figura distinta: a "entrega vigiada", que, segundo doutrina, consiste, em suma, numa uma técnica de investigação pela qual a autoridade judicial permite que um carregamento de entorpecentes enviado ocultamente em qualquer tipo de transporte possa chegar ao seu destino sem ser interceptado, a fim de se poder identificar o remetente, o destinatário e os demais participantes dessa manobra criminosa, tendo como objetivo que todos os integrantes da rede de narcotraficantes sejam identificados e presos A "entrega vigiada" não era prevista em nossa legislação, que só admitia a INTERDIÇÃO POLICIAL ("ação controlada”), que consiste em retardar a interdição policial do que se supõe ação praticada por organizações criminosas" (art. 1.º, II, da Lei do crime Organizado, Lei n. 9.034, de 3 de maio de 1995, alterada pela Lei n.10.217, de 11 de abril de 2001). Todavia, foi prevista no art. 33, II, da Lei n. 10.409, de 11 de janeiro de 2002, que alterou a Lei Antitóxicos (Lei n. 6.368/76):

Art. 33. Em qualquer fase da persecução criminal relativa aos crimesprevistos nesta Lei, são permitidos, além dos previstos na Lei n.° 9.034, de3 de maio de 1995, mediante autorização judicial, e ouvido o representante do Ministério Público, os seguintes procedimentos investigatórios:

(...) II - a não-atuação policial sobre os portadores de produtos, substâncias ou drogas ilícitas que entrem no território brasileiro, dele saiam ou nele transitem, com a finalidade de, em colaboração ou não com outros países, identificar e responsabilizar maior número de integrantes de operações de tráfico e distribuição, sem prejuízo da ação penal cabível

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Amém.

PRISÕES:

ESQUEMA GRÁFICO DE PRISÕES2

Reclusão

Prisão-Pena Detenção

Prisão simples

Prisão civil

PRISÃO Prisão preventiva

Prisão em flagrante delito

Prisãocautelarou provisória

Prisão sem pena

Prisão temporária

Prisão resultanteda Sentença de Pronúncia

Prisão resultantede Sentença penalCondenatória Recorrível

Prisão administrativa

Prisão disciplinar

O que é prisão sem pena ou cautelar ou provisória? Esta prisão fere o princípio da inocência ? Quais as espécies no Brasil?

Consiste na supressão da liberdade de locomoção antes da condenação definitiva. Trata-se de uma prisão cautelar, também conhecida como prisão provisória.

2 Professor Hidejalma Muccio, obras recomendadaProfessor Thales Tácito Pontes Luz de Pádua Cerqueira

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Amém.

Esta prisão não fere o princípio da inocência, pois também está prevista na CF/88 (artigo 5º, LXI) e tem como meta o acautelamento da sociedade, desde que presentes seus requisitos previstos em lei. Nesse sentido:

Súmula 9 do STJ: “A exigência da prisão provisória, para apelar, não ofende a garantia constitucional da presunção de inocência” (referência a CF/88, art. 5º, LVII e LXI; CPP, arts. 393, I, e 594 e Lei 6.368, de 21.10.1976, art. 35).

Inclui 5 espécies:

a)a prisão em flagrante (arts. 301 a 310 do CPP);

b) a prisão preventiva ( arts. 311 a 316 do CPP);

c)a prisão resultante da pronúncia ( arts. 282 e 408, §1.º, do CPP);

d) a prisão resultante de sentença penal condenatória ( art. 393, I, do CPP);

e) a prisão temporária (Lei n. 7.960, de 21 de dezembro de 1989).

A prisão disciplinar é constitucional ?

Sim, é permitida pela Constituição para os casos de transgressão militar e crime militar (art. 5.º, LXI). Em Minas Gerais, o Código de Ética da PM terminou com este tipo de prisão disciplinar.

O que é mandado de prisão ?

Mandado de prisão é um instrumento escrito através do qual a autoridade judicial faz expedir a ordem de prisão (cf. art. 285, caput, do CPP). Portanto, não confundir mandado (ordem) com mandato (procuração).

Quais os requisitos do mandado de prisão ?

Os requisitos do mandado de prisão, que estão elencados no parágrafo único do art. 285 do CPP, são os seguintes:

a)ser lavrado pelo escrivão e assinado pela autoridade competente;

b) designar a pessoa que tiver que ser presa, por seu nome, alcunha os sinais característicos;

c) mencionar a infração penal que motivou a prisão ( a Constituição exige que a ordem seja fundamentada – art.5.º, LXI);

d) indicar qual o agente encarregado de seu cumprimento (oficial de justiça ou agente da polícia judiciária);

e) declarar o valor da fiança arbitrada, quando afiançável a infração.

Quando poderá ser efetuada a prisão ?

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Amém.

A prisão poderá ser efetuada em qualquer dia e a qualquer hora, inclusive domingos e feriados, e mesmo durante a noite, devendo ser respeitada a inviolabilidade do domicílio.

Pode haver prisão sem a apresentação do mandado ?

Sim, desde que o preso seja apresentado imediatamente ao juíz que determinou sua expedição.

Com mandado de prisão, quando poderá ser efetuada a prisão em domicílio ?

A captura pode ser efetuada durante o dia, no período das 6 às 18 horas, mesmo sem o consentimento do morador.

Durante à noite, na oposição do morador ou da pessoa a ser presa, poderá o executor efetuar a prisão ?

Não, pois neste caso, o executor não poderá invadir a casa. Deverá esperar que amanheça para dar cumprimento ao mandado. Só então, se houver resistência, poderá usar dos meios necessários para entrar à força na casa, inclusive arrombando a porta.

Qual a conseqüência da violação do domicílio à noite, para cumprimento do mandado ?

Sujeita o violador a crime de abuso de autoridade, consistente em “executar medida privativa de liberdade sem as formalidades legais ou com abuso de poder” (art.4.º, “a”, da Lei n. 4.898/65).

14) Quais as hipóteses onde se permite adentrar na casa alheia ?

As hipóteses são: Excluindo o consentimento do morador, somente em caso de flagrante delito ou desastre, ou prestar socorro, ou, ainda, durante o dia, por determinação judicial (cf. art. 5.º, XI da CF).

Gráfico:

1) Com o consentimento do morador:

DIA E NOITE;

2) Sem o consentimento do morador:

2) a) em caso de flagrante delito, desastre ou para prestar socorro:

DIA E NOITE

2) b) em caso de mandado judicial de busca e apreensão e arrombamento:

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Amém.

DIA (das 6 às 18 horas). No caso de iniciar antes das 18 horas é possível ficar após às 18, desde que, repito, tenha se iniciado antes das 18 horas.

Exemplo polêmico:

Imaginemos que num hotel, um hóspede escolhe um quarto para descansar. Como é cediço, o hotel é lugar aberto ao público; todavia, os quartos onde hajam hóspedes são considerados extensão do conceito de casa, para efeito de inviolabilidade de domicílio (artigo 5º, XI da CF/88).

Pois bem, este hóspede resolve passear pela cidade que está viajando. Nisso, o dono do hotel e o recepcionista, desconfiados de que o hóspede, pela sua aparência, não tem condições de pagar a estadia, resolvem invadir o seu quarto e mexer nos seus pertences, para desvendar se o mesmo pagará ou não a conta. Ato contínuo, encontram substância entorpecente e chamam a polícia.

A milícia, chegando ao hotel, adentra ao quarto, na companhia do recepcionista e do dono do hotel, localizando a substância entorpecente e prendendo em flagrante o hóspede, após a sua chegada.

Neste caso, constata-se que, em primeiro lugar, houve invasão do domicílio por parte do dono do hotel e recepcionista, de forma que a conduta deles foi ilícita ao descobrir a droga. Assim, a prova que resultou na localização do entorpecente foi ilícita, não podendo ser juntada no processo. Já por parte dos militares, resta saber se os mesmos conheciam da prova ilícita (invasão de domicílio do dono do hotel e do recepcionista).

Se não conheciam, por nada respondem. Se conheciam, responderão por abuso de autoridade (artigo 4º, “a” da Lei nº 4.898/65) e, nesta hipótese, o dono do hotel e o recepcionista não responderão por invasão de domicílio, mas por abuso de autoridade junto dos militares, em face do artigo 30 do Código Penal e pelo princípio da especialidade do tipo. Para os militares, ainda poderão alegar erro de proibição, se, apesar de conhecerem do fato, agiram de forma equivocada, ou seja, sabiam que estavam fazendo, achando que era legal a prova obtida, quando na verdade era ilícita.

Portanto, em que pese o crime de entorpecente descrito ser crime permanente, permitindo o flagrante a qualquer momento (artigo 303 do CPP), a prova deste flagrante foi obtida por meio ilícito (invasão do quarto, fora das exceções legais do artigo 5º, XI da CF/88), de forma que a única prova de condenação não pode ser usada para esse fim, em face do artigo 5º, LVI da CF/88.

Todavia, imagine neste mesmo exemplo, que ao invés do dono do hotel e do recepcionista invadirem o quarto de forma ilícita, fora das hipóteses do artigo 5º, XI da CF/88, uma arrumadeira, nos horários estipulados pelo hotel, resolve fazer arrumação no quarto do hóspede e encontra sobre a mesa substância entorpecente, chamando o dono do hotel que chama a polícia. Neste caso, a prova que gerou o flagrante (entrada da arrumadeira no quarto) foi lícita e, sendo caso de flagrante sem prova ilícita, permite a entrada no quarto e a respectiva prisão, pouco importando o consentimento ou não do hóspede, já que o artigo 5º, XI da CF/88 traz exceção legal (entrada em domicílio por prisão em

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Amém.

flagrante, com ou sem o consentimento do morador, de dia ou de noite) que não contraria o artigo 5º, LVI, do mesmo texto legal.

O que se entende por prisão em perseguição ?

A prisão em perseguição ocorre quando o executor realize a prisão onde quer que alcance o capturando, após procura ininterrupta, dentro do território nacional (cf. art. 290 do CPP).

É possível a prisão fora do território do juiz (comarca), ou seja, fora de sua competência ?

Sim quando o réu estiver em território nacional, em lugar estranho ao da jurisdição, poderá ser deprecada a sua prisão, devendo constar da precatória o inteiro teor do mandado ( art.289 do CPP). E, em caso de urgência, como no de iminente fuga do território nacional, o juiz poderá requisitar a prisão por telegrama ou telex, os quais reproduzirão o conteúdo do mandado.

Em que consiste a prisão especial ?

A prisão especial consiste num benefício concedido a determinadas pessoas, em razão da função que desempenham ou de uma condição especial que ostentam, que lhes permite o recolhimento a quartéis ou celas especiais, quando sujeitas à prisão provisória, repito, PRISÃO PROVISÓRIA.

Quem tem direito à prisão especial ?

Os Ministros de Estado, os Governadores e seus secretários, os Prefeitos e seus secretários, os membros do Poder Legislativo de qualquer das esferas federativas, os Chefes de Polícia, os cidadãos inscritos no Livro de Mérito, os oficiais, os Magistrados e membros do Ministério Público, os portadores de diploma universitário, os Ministros de confissão religiosa, os Ministros do Tribunal de Contas, os Jurados, os Delegados de Polícia, os Policiais Militares, os oficiais da Marinha Mercante Nacional, os dirigentes e administradores sindicais, servidores públicos, os pilotos de aeronaves mercantes nacionais, os funcionários da polícia civil, os professores de 1.º e 2.º graus e os juízes de paz (art. 295 do CPP e leis especiais).

Qual o tempo de duração da prisão especial ?

A prisão especial perdurará enquanto não transitar em julgado a sentença condenatória. Após esta, o condenado será recolhido a um estabelecimento penal comum.

O Presidente da República, durante o seu mandato, está sujeito à prisão provisória ?

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Amém.

Não, tendo em vista a exigência constitucional de sentença condenatória (art. 86,§ 3.º, da CF).

Qual a denominação dos estabelecimentos penais fornecida pela Lei de Execuções Penais, nos casos de prisão provisória (sem pena) e prisão com pena (no regime fechado, semi-aberto e aberto) ?

1) PRISÃO SEM PENA/PRISÃO PROVISÓRIA (antes do trânsito em julgado):

CADEIA PÚBLICA

Presos provisórios e presos civis.

Os presos civis (alimentos e depositário infiel), se não tiverem local adequado, devem ficar em cela separada dos presos penais provisórios.

2) PRISÃO COM PENA (após trânsito em julgado):

a)REGIME FECHADO = PENITENCIÁRIA;

b) REGIME SEMI-ABERTO = INSTITUTO PENAL AGRÍCOLA (IPA)/ INSTITUTO PENAL INDUSTRIAL (IPI)

c)REGIME ABERTO = CASA DO ALBERGADO

Na prática, isto não acontece. Os estabelecimentos recebem denominações não previstas na Lei de Execuções Penais, como “COLÔNIA PENAL”, que aparenta ser um Instituto Penal Agrícola ou Industrial (regime semi-aberto), mas na verdade funcional como Cadeia Pública, Penitenciária e até Casa do Albergado.

O que se exige, nesta triste realidade, é que o preso civil fique separado do preso provisório penal e este fique separado do preso penal com pena.

Regras:

1) O trabalho do preso não está sujeito ao regime da Consolidação das Leis do Trabalho. (artigo 28, §2º da LEP);

2) Trabalho interno – faculdade, tendo como prêmio, a remição. O artigo 31, caput da LEP não foi recepcionado pela CF/88, que proibiu o trabalho forçado, de forma que não é “obrigatório” o trabalho interno e sim, faculdade com prêmio (remição de pena). Já para o preso provisório, a LEP determinou que o trabalho não é obrigatório e só poderá ser executado no interior do estabelecimento. Também caberá ao mesmo a remição;

Trabalho externo – faculdade no regime fechado, tanto para o juiz como para o preso (artigo 36 da LEP) e obrigação no regime aberto, para saída do estabelecimento prisional. No regime aberto não há remição, diante da obrigatoriedade do trabalho;

3) Assim, no:

a)regime fechado – trabalho interno é exceção (depende de convênios com indústrias etc). Se houver, caberá remição;

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Amém.

b) regime semi-aberto – trabalho interno deveria ser regra, com a conseqüente remição;

c) regime aberto – o trabalho é externo, de forma obrigatória, pois do contrário não poderá sair do estabelecimento prisional.

Questão polêmica na execução penal:

? Caberá, diante de nossa realidade prisional, a remição no regime aberto ?

? Caberá, diante da boa Política Criminal, remição para cada 3 dias de estudo (com freqüência e nota/aproveitamento) ?

Em que hipóteses a Lei de Execuções Penais permite a prisão domiciliar ? A Jurisprudência admite outras?

Como é cediço, a prisão domiciliar foi introduzida no Brasil pela Lei nº 5.256/67, para recolher o preso provisório (sem pena) à própria residência, nas localidades onde não houver estabelecimento adequado ao recolhimento dos que têm prisão especial.

Noutra lado, não tendo o Poder Público construído estabelecimentos destinados ao regime aberto para o preso com pena (condenado com trânsito em julgado), em todas comarcas, Juízes e Tribunais passaram a conceder a chamada “PRISÃO ALBERGUE DOMICILIAR”.

A Lei de Execuções Penais, no entanto, somente permite a prisão domiciliar para o preso com pena, isto é, após o trânsito em julgado de sua decisão e no REGIME ABERTO, nas seguintes hipóteses:

I - condenado maior de 70 (setenta) anos;

II - condenado acometido de doença grave;

III - condenada com filho menor ou deficiente físico ou mental;

IV - condenada gestante (vide artigo 117 da LEP).

Todavia, a Jurisprudência tem admitido, em hipóteses excepcionais, o recolhimento do preso com pena em “prisão albergue domiciliar”, quando no local da execução não há Casa do Albergado ou Cadeia Pública que tenha acomodações para tanto, faltando um mínimo de dignidade humana.

Concluímos, assim, que existem três espécies de prisão domiciliar:

a) para o preso provisório (sem pena), nas localidades onde não houver estabelecimento adequado ao recolhimento dos que têm prisão especial (Lei nº 5.256/67);

b) para o preso com pena, condenado a regime aberto, que se enquadra numa das hipóteses da LEP, artigo 117, ou seja, condenado maior de 70

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Amém.

(setenta) anos; condenado acometido de doença grave; condenada com filho menor ou deficiente físico ou mental; condenada gestante;

c) para o preso com pena, condenado a regime aberto, quando no local da execução não há Casa do Albergado ou Cadeia Pública que tenha acomodações para tanto, faltando um mínimo de dignidade humana – esta hipótese não está prevista em lei e sim na Jurisprudência, conforme já explicado alhures. É a chamada “prisão albergue domiciliar”.

I - FLAGRANTE

Existe um prazo entre o horário do crime e a prisão em flagrante ?

Espécies de flagrante:

a) Próprio ou real ou verdadeiro: ocorre quando o agente é surpreendido cometendo uma infração penal ou logo após cometê-la (art. 302, I e II, do CPP).

Também é próprio o flagrante em crime permanente, pois enquanto não cessar a permanência, o agente encontra-se em flagrante delito. Portanto, poderá ser preso a qualquer momento, enquanto o delito estiver se consumando.

b) impróprio ou quase flagrante: ocorre quando o agente é perseguido, logo após a prática do ilícito penal, em situação que faça presumir ser ele o autor da infração (art. 302, III, do CPP).

Este flagrante deve ser combinado com o conceito de perseguição do artigo 290 do CPP, ou seja, a perseguição deve ser ininterrupta ou se interrompida, apenas por instantes para tomar informações fidedignas do paradeiro do perseguido. Assim, a expressão “logo após” poderá durar dias, desde que ocorra a hipótese do artigo 290 do CPP. O prazo, contudo, para iniciar a perseguição é tido pela Jurisprudência entre 30 minutos a algumas horas do flagrante (variando conforme os Tribunais brasileiros);

c) Presumido ou ficto: ocorre quando o agente é preso, logo depois de praticar uma infração penal, com instrumentos, armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele o autor do ilícito.(fórmula mnemônica: “PIÃO”) (art 302, IV, do CPP).

A expressão logo depois é interpretada pela Jurisprudência dos Tribunais brasileiros, havendo decisões em vários sentidos, mas variando entre 30 minutos a 7 horas depois do delito. Nesse sentido:

ROUBO – Prisão em flagrante. Segregação ocorrida sete horas após a subtração da coisa. Legalidade. Inteligência do art. 302, IV, do CPP. O fato de a prisão haver ocorrido cerca de sete horas depois da subtração da coisa não torna ilegal a prisão em flagrante, porque esse período de tempo pode ser considerado como alcançado pela expressão logo depois, mencionada no art. 302, IV do CPP.

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Prática Forense Senhor, eu sei que Tu me sondas – Salmo 138

Cristo, ontem e hoje; Princípio e Fim; Alfa e Omega. A Ele o Tempo e a Eternidade, a Glória e o Poder, pelos séculos sem fim,

Amém.

(TACRIMSP – HC 269.346/0 – 1ª C – Rel. Juiz Pires Neto – J. 05.01.1995) (RT 715/462);

d) “flagrante esperado prorrogado” ou “flagrante prorrogado retardado” do artigo 2º, II da Lei nº 9.034/95(Lei do Crime Organizado); é aquele previsto no artigo 2º, II da Lei nº 9.034/95, na qual, em se tratando de crimes de organização criminosa, a lei permite ao policial retardar uma prisão em flagrante(“ação controlada da Autoridade Policial), para chegar primeiro a organização criminosa.

Ex: A Polícia Federal investiga uma grande organização criminosa de cocaína e heroína, que tem ligações com o Cartel de Cali.

Todavia, após interceptar uma ligação telefônica, a Polícia se dirige a um depósito abandonado, local do encontro de um dos membros da quadrilha e presencia um homicídio. Assim, para não flagrar de plano aquele homicídio, o que redundaria na descoberta pela Organização Criminosa que está sendo investigada, a Polícia Federal, com base nesta lei, pode prorrogar o flagrante, ou seja, pode continuar investigando e quando conseguir desmantelar a organização criminosa, voltará no tempo e prenderá em flagrante o autor daquele homicídio.Esta última espécie de flagrante é de duvidosa constitucionalidade, mas sequer foi objeto, até então, de Ação Direita de Inconstitucionalidade.

Portanto, não existe um prazo entre o horário do crime e a prisão em flagrante, pois a regra popular de que esse prazo é 24 horas não tem qualquer fundamento.

No caso do flagrante impróprio, a perseguição pode levar até dias, desde que ininterrupta.

Na Lei do Crime Organizado, o art. 2º prevê que a autoridade policial pode adiar o flagrante para o momento mais oportuno no caso de “organização criminosa”.Por outro lado, no flagrante presumido, a expressão “logo depois”, não pode ser interpretada como no “prazo de 24 horas”, mas no sentido de “imediatamente após o crime” ou “logo em seguida”, conforme já visto.

O que ocorre é uma confusão criada entre o prazo para entrega da nota de culpa ao preso em flagrante (24 horas) e o tempo para desconfigurar o flagrante, que a lei não explicita, devendo o intérprete analisar as espécies de flagrante e o caso concreto para resolver a questão.

Modalidades de Prisão em Flagrante  As modalidades de flagrante não se confundem com as espécies vistas, uma vez que estas decorrem de lei, enquanto que as modalidades decorrem da doutrina ou da jurisprudência pátria: 

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Amém.

1. Flagrante Forjado - é o flagrante inventado. Ex.: um policial joga maconha no carro de uma pessoa e o prende em flagrante.

Quais suas conseqüências ?

Flagrante forjado é aquele onde o responsável pelo flagrante “forja”, “cria” ou “planta” uma situação inexistente, apenas para incriminar o indigitado preso em flagrante.

Assim, se por exemplo um agente policial coloca substância entorpecente num carro de uma pessoa inocente, apenas para incriminá-la, responderá pelo porte de substância entorpecente + abuso de autoridade + denunciação caluniosa, pois esta modalidade é vil, abjeta e fere todos os princípios constitucionais do cidadão.

2.   Flagrante Esperado - se dá quando se sabe previamente do crime e espera-se a conduta para o flagrante.

 

Flagrante esperado, pelo contrário, é aquele que a Polícia ou outrem legitimado não influi na vontade do autor do crime e sim, sabendo que o mesmo irá praticá-lo, espera o momento oportuno para surpreendê-lo.

Nesta modalidade, não há induzimento para que o meliante cometa o crime e sim, este o comete de forma livre, sem saber que um flagrante lhe espera. Esta modalidade é permitida no Brasil.

Ex: Câmeras em Supermercados, onde há aviso de filmagem, bem como em estabelecimentos bancários etc.

Nesse sentido:

PRISÃO EM FLAGRANTE – FLAGRANTE ESPERADO – PRISÃO DOMICILIAR – Não decorrendo a prática delituosa de induzimento ou provocação da autoridade policial, que apenas assenhoreou-se de informações que possibilitaram a prisão em flagrante, tem-se por caracterizado o flagrante esperado, e não o preparado.... . (STJ – RHC 640 – PB – 6ª T. – Rel. Min. Costa Leite – DJU 13.08.1990)

3. Flagrante Provocado ou Preparado - se dá quando o agente é induzido ardilosamente a praticar o fato. Súmula 145 do STF.

Portanto, flagrante preparado ou provocado, também conhecido como “crime de ensaio, de experiência ou de delito putativo por obra do agente provocador”, é aquele em que o agente é induzido (esta é a palavra-chave ) à prática da infração penal, ao mesmo tempo em que são tomadas as providências para a sua não consumação, como por exemplo, o aviso à polícia, a qual põe seus agentes de sentinela, para apanhar o autor no momento da prática ilícita.

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Amém.

Portanto, flagrante preparado é o flagrante ocorrido por força do induzimento do meliante à prática delitiva, influindo a polícia ou outrem em seu animus.

Como é cediço, no nosso sistema jurídico pátrio, não é possível tal figura, como ocorre nos Estados Unidos da América, pois o induzimento da milícia para o agente cometer a infração penal exclui a vontade da conduta e consequentemente, o fato típico.

Por este motivo, o Egrégio Supremo Tribunal Federal, Corte Máxima Judiciária brasileira, sumulou:

Súmula 145 do STF:

“Não há crime quando a preparação do flagrante pela polícia torna impossível a consumação”.

Mutatis mutandis, a Egrégia Casa entendeu que no flagrante preparado, como os meios empregados e o objeto material jamais poderiam levar à consumação da infração penal, materializa-se o crime impossível (art. 17 do estatuto repressivo).

Corolário, no Brasil não é possível a modalidade de flagrante preparado.

NASA:É possível a subsistência do flagrante em caso de flagrante preparado em crime de ação múltipla e conteúdo variado c/c crime permanente ?

O flagrante preparado, como vimos, é crime impossível, não sendo aceito pela Legislação Penal Pátria, pela Doutrina e pela Jurisprudência brasileira. Todavia, nos crimes de ação múltipla ou conteúdo variado, se o flagrante preparado incidir num dos verbos, por exemplo, no crime de ausência de registro/ausência de porte ilegal de arma, “portar”(artigo 14 da Lei 10826/03), a saber, a polícia induz o agente a sair de sua residência portando arma de fogo, neste verbo do tipo não há enquadramento típico, face o flagrante ser preparado.

Mas, o flagrante ainda é possível, por exemplo, no verbo possuir, sem autorização legal, arma de fogo, ou seja, a falta de registro da arma (artigo 12 da Lei 10826/03), eis que este é outro verbo do tipo, onde não houve induzimento e ainda, crime permanente(inteligência do art. 303 do CPP).

Exemplo: Imaginemos que um agente policial a paisana, induz um traficante a vender-lhe maconha, marcando-se dia para tanto. O traficante, sem saber que o comprador é policial, marca com o mesmo em sua casa, onde tem o hábito de guardar grande quantidade de maconha. Ato contínuo, o policial pede a droga e paga pela mesma. No instante em que o traficante lhe vende, o policial se identifica e o prende em flagrante.

Na presente hipótese houve flagrante preparado, de sorte que a atitude - verbo vender - está viciada, já que obtido por forma ilícita.

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Amém.

Contudo, o verbo guardar está caracterizado e o meliante será denunciado por esta conduta, eis que não pode ser considerado prova derivado de ilícita, pois não houve nexo de causalidade entre umas e outras. Da mesma forma, não se pode alegar que a prova derivada(verbo guardar) não podia ser obtidas senão por meio da ilícita(verbo vender), eis que, no exemplo dado, o traficante guardava a droga em sua casa há certo tempo, o que poderia, inclusive, ser objeto de busca e apreensão.

Todavia, se no exemplo dado, o traficante guardou a droga em sua casa, apenas para vendê-la ao policial, neste caso o verbo guardar caracteriza prova derivada da ilícita(verbo vender), de forma que não poderá ser processado, em face da teoria do fruto da árvore envenenada, já prova derivada(verbo guardar), nesta hipótese, não poderia ser obtida senão por meio da ilícita(verbo vender).

Ressalva-se que a Comissão responsável pelo projeto do novo CPP impediu tanto a prova obtida por meio ilícito, com base no artigo 5º, LVI da CF/88, bem como a derivada da ilícita, deixando um recado muito sério aos aplicadores da lei, no sentido de que não se permite, no Processo Penal, a teoria maquiavélica de que os fins justificam os meios, pois no Processo Penal o princípio basilar é do favor rei, não se permitindo chegar a uma condenação por meios escusos, ilícitos ou obnubilantes.

NASA:----- Original Message ----- From: "marciadfaro" Sent: Wednesday, June 02, 2004 4:34 PMSubject: prisão do contrabandista divulgada no JN

Prof. Thales, sou aluna do Ielf-Brasília, Asa Sul, e fiquei intrigada com a prisão do advogado do contrabandista,salvo engano, coreano, divulgada ontem pelo JN. Pareceu-me caso de flagrante preparado, pois o dep.federal combinou tudo antes.Claro que o crime de corrupção ativa já estava consumado. Estou confusa, por favor, se possível, dê- me uma luz esclarecedora. Desde já agradecendo, abraços de  sua aluna e fã,

Márcia

Professor Thales Tácito

Flagrante preparado é diferente do esperado. Qual a diferença ?

No preparado a polícia ou agente ou "isca" INDUZ outrem a praticar crime, ou seja, o deputado("isca") induz o advogado a praticar o crime. Neste caso oSTF entende ser crime impossível(Súmula 145).

Já no flagrante esperado, ao invés de induzir, o próprio meliante pratica ocrime e a milícia apenas espera o crime, ou seja, o deputado teve proposta

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de propina(que seria corrupção passiva) por parte do próprio contrabandista(Law – corruptor ativo) eainda o dinheiro a receber pelo advogado.Portanto, não INDUZIU em nada ocrime, já que tudo ocorreu por iniciativa por próprios algozes. O flagrante é permitido, pois esperado.

O problema que crime de corrupção é crime formal, ou seja, no momento da conduta o crime se consumou, logo, o contrabandista não poderia ser pego no dia seguinte, tampouco seu advogado, porquanto o pagamento era exaurimento do crime e não sua consumação.

Mas porque isto foi possível naquele caso ?

Porque o contrabandista responde inquérito por crime organizado, logo, a polícia pode retardar o flagrante, ou seja, o artigo 2, II da Lei 9034/95 permite "ação controlada" da polícia, para desbaratar a organização criminosa(é o novo flagrante "esperado-prorrogado" ou "prorrogado-retardado") - a polícia deixa o flagrante para quando desmantelar a quadrilha ou bando.

Excelente sua pergunta amiga, mostra que está atualizada!

Nota:

Crimes Habituais - não admitem flagrante, pois esta modalidade delituosa só se aperfeiçoa com a reiteração da conduta, o que não se verifica em um momento isolado.

Exemplo: 229 do CP

Outras questõesQuais as formalidades do auto de prisão em flagrante ?

As formalidades são as que se seguem:

1.ª) antes da lavratura do auto, a autoridade policial deve comunicar à família do preso ou à pessoa por ele indicada acerca da prisão (art.5.º, LXVII, da CF).Faz-se então o PREÂMBULO, constando dia, hora e local onde o auto de prisão em flagrante delito está sendo lavrado, por quem (qual Autoridade), o nome do escrivão responsável pelos serviços;

2.ª) Em seguida procede-se à qualificação, o compromisso e à oitiva do condutor (motivo que aquela pessoa está sendo apresentada presa à Autoridade Policial). O condutor é o agente público ou particular que está apresentando o autor da infração a Autoridade Policial, podendo ser o mesmo que efetuou a prisão ou não). Portanto, o condutor é a pessoa que conduziu o preso até a Autoridade;

3.ª) após, serão ouvidas as testemunhas (depoimentos) que acompanharam o condutor, devendo ser no mínimo duas (a

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jurisprudência tem admitido que o condutor funcione como testemunha, só precisando, portanto, de mais uma).

A falta de testemunhas da infração não impedirá a lavratura do auto de prisão em flagrante mas, neste caso, com o condutor deverão assinar a peça pelo menos duas pessoas que tenham testemunhado a apresentação do preso à autoridade (testemunhas instrumentais ou indiretas, também conhecidas como “testemunhas de apresentação”);

4.ª) após a oitiva das testemunhas, a Autoridade Policial tomará as declarações da vítima, se possível (ou seja, se for homicídio consumado óbvio que não dá para ouvir a vítima; se a vítima estiver distante, adoentada, internada etc, poderá ser ouvida a posteriore). A palavra da vítima é de suma importância para análise da autoria, devendo ser recebida sempre com reservas, eis que o ofendido é parte da relação jurídico-material e sendo um ser humano é psicologicamente explicável que tenha uma visão parcial; todavia, em crimes sexuais ou outros crimes “clandestinos”, a palavra da vítima assume extraordinário valor, desde que a vítima faça valer crédito para tanto, através de seu passado, personalidade, idoneidade etc, elementos que a Autoridade Policial formará seu convencimento quanto a formalização do flagrante e sua força coercitiva.

5.ª) ouvidas as testemunhas e/ou a vítima, a autoridade interrogará o investigado sobre a imputação de que lhe é feita (art. 304 do CPP), devendo alertá-lo de que tem o direito Constitucional de permanecer calado (art.5.º, LXVIII);

6.ª) se o interrogado for menor de 21 anos, deverá ser lhe nomeado curador, sob pena de relaxamento de prisão;

7.ª) o auto será lavrado pelo escrivão e por ele mesmo encerrado, devendo ser assinado pela autoridade, pelo condutor, ofendido (se ouvido), testemunhas, preso e seu curador ( se menor de 21 anos) ou defensor – é a chamada PARTE AUTENTICATIVA;

8.ª) no caso de alguma testemunha ou do ofendido recusarem-se, não souberem ou não puderem assinar o termo, a autoridade pedirá a alguém que assine em seu lugar, depois de lido o depoimento na presença do depoente (art.216 do CPP);

9.ª) se o acusado se recusar a assinar, não souber ou não puder fazê-lo, o auto será assinado por duas testemunhas (instrumentárias) que tenham ouvida a sua leitura na presença do acusado, do condutor e das testemunhas (artigo 304, §3º do CPP);

10ª) 24 horas após a lavratura do auto será dado ao preso a nota de culpa (artigo 306 do CPP);

11ª) o preso passará recibo da nota de culpa e no caso de não saber, não poder ou não querer assinar, duas testemunhas por ele assinarão (parágrafo único do artigo 303 do CPP).

Se a vítima não puder ser ouvida no auto de prisão em flagrante delito, porque estava adoecida, internada ou outro motivo

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qualquer, nada impede da Autoridade Policial ouvi-la durante o Inquérito Policial instaurado.

Qual a conseqüência da não observância das formalidades do auto de prisão em flagrante ? Pode-se falar em “nulidade do flagrante” em sede de inquisitório ?

A conseqüência da não observância das formalidades essenciais do auto de prisão em flagrante delito resulta na PERDA DE SUA FORÇA COERCITIVA, ou seja, provoca o relaxamento da prisão em flagrante. Todavia, o auto de prisão em flagrante, como peça processual tem ainda seu valor, perdendo apenas sua força coercitiva, pois em sede de inquisitório não há que se falar em nulidade, e sim, apenas “vício que acarreta a perda da força coercitiva”, pois nulidade é termo técnico da fase Processual, onde impera o contraditório e como tal, não sendo observado este ou a ampla defesa, neste caso sim, usa-se o termo técnico “nulidade”.

Sendo o preso autuado em flagrante delito, a quais obrigações constitucionais se submete a Autoridade Policial ?

A Autoridade Policial deve comunicar de imediato ao juiz competente e a família do preso ou a pessoa por ele indicada, acerca da prisão (artigo 5º, LXII da CF/88); informá-lo de seus direitos, dentre eles, o de permanecer calado e ter assistência de um advogado (artigo 5º, LXIII da CF/88); fornecer-lhe a identificação dos responsáveis por sua prisão ou por seu interrogatório policial (artigo 5º, LXIV da CF/88).

É possível prisão em flagrante nos casos de infrações penais de pequeno potencial ofensivo ?

Atualmente, de acordo com o artigo 69, parágrafo único da Lei nº 9.099/95, se o indiciado preencher os requisitos objetivos e subjetivos da citada lei E se comprometer a comparecer no Juizado Especial Criminal (JECRIM), não se pode prender em flagrante ou formalizar o flagrante ou exigir-lhe fiança; todavia, não preenchendo tais requisitos, a prisão em flagrante é viável e somente resta ao indiciado, caso não seja dado fiança de plano, o requerimento de relaxamento de flagrante (se houver ilegalidade) ou, não sendo o caso de relaxamento do flagrante, requerimento de Liberdade Provisória, se for cabível.

O artigo 69, parágrafo único da Lei 9.099/95 veio com uma novidade trazida pela Lei 10.455/02::

Art. 69. A autoridade policial que tomar conhecimento da ocorrência lavrará termo circunstanciado e o encaminhará imediatamente ao Juizado, com o autor do fato e a vítima, providenciando-se as requisições dos exames periciais necessários.

Parágrafo único. Ao autor do fato que, após a lavratura do termo, for imediatamente encaminhado ao juizado ou assumir o compromisso de a ele comparecer, não se imporá prisão em flagrante, nem se exigirá

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fiança. Em caso de violência doméstica, o juiz poderá determinar, como medida de cautela, seu afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a vítima. (NR) (Redação dada ao parágrafo pela Lei nº 10.455, de 13.05.2002, DOU 14.05.2002, com efeitos a partir de 45 dias da data da publicação)

Prática: qual peça devo fazer ?

PRÁTICA PROCESSUAL: PEÇAS DA DEFESA PARA TENTAR A LIBERDADE DO CLIENTE EM CASO DE

PRISÃO EM FLAGRANTE DELITO

PEÇAS RELAXAMENTO DO FLAGRANTE

LIBERDADE PROVISÓRIA

HABEAS CORPUS

CASOS

ILEGALIDADE DO APFD:1) NÃO ESTAR PRESENTE AS

ESPÉCIES DE FLAGRANTE;2) NÃO HOUVER CRIME;

3) FALTAR FORMALIDADES LEGAIS

LEGALIDADE DO APFD

(VER CASOS QUE CABEM OU NÃO A

LIBERDADE PROVISÓRIA NA

APOSTILA)

ILEGALIDADE OU LEGALIDADE

DO APFD, QUANDO O JUIZ

INDEFERE AS PEÇAS

ALHURESTambém cabe

RSE

COMP. JUIZ JUIZ TRIBUNAL, SALVO QUANDO

IMPETRADO CONTRA

DELEGADO, POIS NESTE

CASO DIRIGE-SE AO JUIZ

II - Prisão Preventiva: Requisitos1.   Fumus boni juris - é a prova do crime e os indícios suficientes de autoria(não

é necessária a prova plena de autoria) 2.   Periculum in mora - são os motivos da prisão. Pode ser:

a) garantia da ordem pública b) garantia da ordem econômica;c) conveniência da instrução criminal;d) prisão para assegurar a aplicação da lei penal.

Em primado Acórdão, o STJ define muito bem algumas destas figuras.

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Amém.

PRISÃO PREVENTIVA –FUNDAMENTAÇÃO – As decisões do Poder Judiciário devem ser fundamentadas (Const., art. 93, IX) Fundamentar significa indicar o fato (suposto fático); daí decorre a norma jurídica (dispensável a indicação formal). No caso de prisão preventiva, individualização de conduta que evidencie a necessidade da prisão cautelar. Especificamente, ofensa à ordem pública, conveniência da instrução criminal, ou para assegurar a aplicação da lei penal. A ordem pública resta ofendida, quando a conduta provoca acentuado impacto na sociedade, dado ofender significativamente os valores reclamados, traduzindo vilania do comportamento. A conveniência da instrução criminal evidencia necessidade de a coleta de provas não ser perturbada, impedindo a busca da verdade real.

Assegurar a aplicação da lei penal, por fim, traduz idéia de o indiciado, ou réu demonstrar propósito de furtar-se ao cumprimento de eventual sentença condenatória. Aqui, é suficiente o juízo de probalidade. (STJ – HC 3.169-5 – RJ – 6ª T. – Rel. Min. Luiz Vicente Cernicchiaro – DJU 15.05.1995)

A garantia da ordem pública visa impedir que o agente solto continue a delinqüir e ainda, visa acautelar o meio social e garantir a credibilidade da Justiça em crimes que provoquem grande clamor social, reinando a paz social.

GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA = PAZ SOCIAL

A garantia da ordem econômica visa impedir que o agente solto volte a delinqüir em crimes patrimoniais(corrente minoritária) ou contra a economia popular , contra o Fisco ou Erário e ainda, contra o Sistema Financeiro Nacional.

GARANTIA DA ORDEM ECONÔMICA = PROTEÇÃO AO ERÁRIO PÚBLICO (***OU IMPEDIR A REITERAÇÕES DE INFRAÇÕES A PATRIMÔNIOS PRIVADOS)

A conveniência da instrução criminal visa impedir que o agente perturbe ou impeça a produção de provas, ameaçando testemunhas, juiz, Promotor ou outras partes do processo(o que é crime de “Coação no Curso do Processo”- artigo 344 do CPP), apagando vestígios do crime(corpo de delito) etc.

CONVENIÊNCIA DA INSTRUÇÃO CRIMINAL = PROTEÇÃO ÀS PARTES PROCESSUAIS

Assegurar a aplicação da lei penal visa impedir que a iminente fuga do agente do distrito de culpa, inviabilizando a execução da pena e às vezes até a própria condenação, face a nova redação do artigo 366 do CPP(revelia no Processo Penal) e o impedimento de no Júri, ser o réu levado a julgamento por revelia em crime inafiançável.

ASSEGURAR A APLICAÇÃO DA LEI PENAL = IMPEDIR A FUGA

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Amém.

Portanto, podemos afirmar que caberá prisão preventiva: 

1º) prova de existência do crime(fumus boni juris);2º) crime DOLOSO(logo culposo e preterdoloso não são admissíveis);3º) indícios suficientes de autoria(fumus boni juris);4º) crime de reclusão ou sendo de detenção, prova do réu ser vadio ou impedir ou dificultar sua identificação pessoal;

5º) periculum in mora, consistente na garantia da ordem pública; garantia da ordem econômica; assegurar a aplicação do direito penal objetivo ou garantir a instrução criminal.

Não caberá prisão preventiva:

(a) CRIME CULPOSO(LOGO, PRETERDOLOSO);(b) CONTRAVENÇÃO PENAL;

(c) EM CRIME EM QUE O RÉU SE LIVRA SOLTO, INDEPENDENTEMENTE DE FIANÇA;

(d) NO CASO DO RÉU TER AGIDO ACOBERTADO POR CAUSA DE EXCLUSÃO DE ILICITUDE(AQUI BASTA UMA APARÊNCIA, O QUE DEVE SER PROVADA DURANTE A INSTRUÇÃO OU EM DETERMINAÇÀO DE ARQUIVAMENTO PELO MAGISTRADO POR ESTA EXCLUDENTE DA ILICITUDE).

Em qual momento pode ser decretada a prisão preventiva ?A prisão preventiva pode ser decretada em qualquer momento, seja durante o Inquérito Policial ou durante o Processo, desde que seja antes do transito em julgado da sentença.

Quem pode pleitear a prisão preventiva ?

O Ministério Público, o querelante, a Autoridade Policial, sendo os dois primeiros por requerimento e a última, por representação para o juiz.

O juiz pode, de ofício, decretar a prisão preventiva, devendo assim agir na fase processual e não policial, pois a titularidade da ação penal pública é do MP e se assim agisse livremente, poderia estar, via oblíqua, interferindo na própria denúncia, uma vez que a preventiva exigiria a exordial, face a presença dos requisitos mínimos(indícios de autoria e materialidade).

Quem pode decretar a Prisão Preventiva ?Somente o juiz pode decretar a Prisão Preventiva, sempre em decisão fundamentada. O juiz pode relaxar a prisão em flagrante e logo em seguida decretar a prisão preventiva.Já, se o juiz relaxar o flagrante por excesso de prazo, não pode mais decretar a prisão preventiva.

Professor Thales Tácito Pontes Luz de Pádua CerqueiraProfessor de Processo Penal, Prática Forense, ECA e Eleitoral – IELF/SP

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A prisão preventiva pode ser decretada com a apresentação espontânea do réu à Autoridade ?

Sim, de acordo com a regra do artigo 317 do CPP, a apresentação espontânea do acusado não impede a decretação de prisão preventiva, nos casos em que a lei a autoriza (isto é, estando presentes os pressupostos legais e requisitos já vistos).

Assim, é possível que um cidadão, por exemplo, mate uma pessoa de forma hedionda (qualificadoras do homicídio), “fuja do estado de flagrante” e por orientação de advogado, se “apresente espontaneamente”, mas, o Promotor de Justiça, vendo a periculosidade do mesmo, requeira a prisão preventiva com base no artigo 317 do CPP.

O juiz pode revogar a prisão preventiva? Existe preclusão pro judicato na prisão preventiva ?

Sim, o juiz pode revogar a prisão preventiva desde que no decorrer do Processo Criminal verifique a falta de motivo para que ela subsista (artigo 316 do CPP). Portanto, não faz preclusão “pro judicato” a decisão do juiz sobre a preventiva, pois ele pode revogá-la e até novamente decretá-la, bastando fundamentos para tanto. Isso somente é possível porque a lei previu, pois do contrário, uma vez decidido, não mais poderia reapreciar a medida. Da decisão que revoga a prisão preventiva cabe Recurso em Sentido Estrito (artigo 581, V do CPP).

PRÁTICA PROCESSUAL: PEÇAS DA DEFESA PARA TENTAR A LIBERDADE DO CLIENTE EM CASO DE

PRISÃO POR PREVENTIVA

PEÇAS REVOGAÇÃO DA PREVENTIVA

LIBERDADE PROVISÓRIA

HABEAS CORPUS

CASOS

ILEGALIDADE DA PRISÃO:

1) NÃO ESTAR PRESENTES OS PRESUPOSTOS, REQUISITOS OU FUNDAMENTOS;

NÃO CABE ESTA PEÇA

ILEGALID. DA PRISÃO, QUANDO O

JUIZ INDEFERE A REVOGAÇÃO DA

PREVENTIVATambém cabe RSE

COMP.JUIZ TRIBUNAL

III – PRISÃO TEMPORÁRIA

Cabimento: a prisão temporária e cabível em três hipóteses:

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Cristo, ontem e hoje; Princípio e Fim; Alfa e Omega. A Ele o Tempo e a Eternidade, a Glória e o Poder, pelos séculos sem fim,

Amém.

 As situações estão previstas no artigo 1º da Lei nº 7.960/89 como:I – imprescindibilidade da medida para investigações do Inquérito Policial;II – casos em que o indiciado não tenha residência fixa ou não forneça dados necessários ao esclarecimento de sua identidade;III – quando houver fundadas razões da autoria ou participação do indiciado em qualquer um dos crimes ali apontados(latrocínio, estupro etc) Discussão sobre tais requisitos: - jurisprudência dominante: os requisitos I e III são imprescindíveis. No tocante a combinação dos três incisos acima, do artigo 1º da Lei da Prisão Temporária, os Tribunais brasileiros têm posicionamentos diferentes:

a) para uns julgados é necessário a combinação dos três incisos(corrente minoritária-interpretação sistemática, ou seja, análise destes incisos com o princípio constitucional da inocência); b) para outros, é necessário que se combine o inciso III, com o inciso I ou o inciso III com o inciso II do mesmo artigo, para dar maior rigor e respeito ao princípio constitucional da inocência(interpretação sistemática – posição dominante)c) há julgados que entendem que basta um dos incisos estar presente(interpretação literal).

O professor Thales entende que a corrente moderna para decretação da prisão temporária deve consagrar a presença de apenas um dos incisos do artigo 1º da Lei, mas desde que os requisitos da prisão preventiva se façam presentes(garantia da ordem pública ou econômica; assegurar a aplicação do direito penal objetivo; garantir a instrução criminal), evitando, assim, prisão processual injusta ou atentatória ao princípio constitucional do estado de inocência(interpretação teleológica + sistemática).

Ademais, para o professor Thales parece ser esta a melhor doutrina, pois no caso de um inveterado furtador, cujo crime não se encontra previsto no rol do inciso III, se adotarmos as correntes “a” ou “b” acima explicadas, não seria o caso de prisão temporária, mas poderia ser de prisão preventiva.

Todavia, tal raciocínio seria ilógico e sofista, na medida em que se a prisão provisória mais precária, que é a prisão temporária, não era possível de sustentação, como admitir a prisão preventiva, que exige muito mais requisitos do que a prisão temporária, inclusive, denúncia em prazo diminuto?

Seria absurdo pensar que a prisão temporária (de natureza precária, pois apenas exige meras suspeitas) não era cabível, pois o delito é de furto e deveria ser interpretado todos os incisos do artigo 1º da Lei da Prisão Temporária, mas, por outro lado, a prisão preventiva seria cabível, sendo que esta exige muito mais requisitos do que a prisão temporária.

Por conseguinte, no entendimento pessoal do Professor Thales não é necessário a combinação dos três incisos, tampouco o inciso III com o inciso I ou II do artigo 1º(interpretações sistemáticas).

Da mesma forma, a interpretação literal ou gramatical do artigo 1º, sem estar presentes os requisitos da preventiva, deve ser afastada, por ser medida extremamente gravosa para os SUSPEITOS/INDICIADOS.

CONCLUSÕES:(a) do professor Thales: basta a presença do inciso I ou II ou III da Lei da Prisão

Temporária + garantia da ordem pública/econômica ou assegurar a aplicação do Direito Penal Objetivo ou conveniência da instrução Criminal;

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Amém.

(b) da jurisprudência dominante: somente caberá prisão temporária se presente o inciso I c/c III do artigo 1º da Lei ou inciso II c/c III do artigo 1º da mencionada Lei.

DISTINÇÃO ENTRE PRISÃO TEMPORÁRIA & PRISÃO PREVENTIVA

Prisão temporária Prisão preventivaSomente em fase policial Em fase policial ou judicial

Não pode ser decretada de ofício pelo juiz3

Pode ser decretada de ofício pelo juiz

Meras suspeitas Indícios suficientes de autoria

3 Na prisão preventiva é possível a decretação de ofício pelo juiz, mas a temporária não, tendo em vista o disposto no artigo 2º da Lei nº 7.960/89(não previu o legislador a decretação de ofício pelo juiz), que difere do artigo 311 do CPP(onde o legislador claramente permitiu a decretação de ofício pelo juiz). Ora, se o legislador quisesse prever esta possibilidade na temporária teria o feito, como o fez na própria Lei da Prisão Temporária, ao determinar que o juiz de ofício pode determinar que o preso lhe seja apresentado, solicitar informações e esclarecimentos da autoridade policial e submetê-lo a exame de corpo de delito(artigo 2º, § 3º da Lei da Prisão Temporária). Todavia, nesta lei, não fez igual previsão para decretação de ofício da temporária.

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Amém.

PRÁTICA PROCESSUAL: PEÇAS DA DEFESA PARA TENTAR A LIBERDADE DO CLIENTE EM CASO DE

PRISÃO TEMPORÁRIA

PEÇAS REVOGAÇÃO DA TEMPORÁRIA

LIBERDADE PROVISÓRIA

HABEAS CORPUS

CASOS ILEGALIDADE DA PRISÃO:

1) NÃO ESTAR PRESENTES OS PRESUPOSTOS, 2) NÃO ESTAR PRESENTES OS INCISOS I+III OU II + III;

NÃO CABE ESTA PEÇA PROCESSUAL

INCOMPATÍVEL

ILEGALIDADE DA PRISÃO, QUANDO O JUIZ INDEFERE A

REVOGAÇÃO DA TEMPORÁRIA

Não há previsão de RSE, sendo que alguns admitem por analogia (corrente minoritária) e outros CORREIÇÃO PARCIAL

COMP.JUIZ TRIBUNAL

Duração:(a) regra: dura 5 dias; pode uma única prorrogação por igual período, no caso

de extrema e comprovada necessidade;(b) nos crimes hediondos e equiparados(leia-se apenas tortura, já que

terrorismo ainda não tem lei específica e o tráfico tem norma própria- vide abaixo) a duração da prisão temporária pode ser de até 30 dias, podendo ter também uma única prorrogação, sendo o tempo máximo de 60 dias;

(c) com a Lei 10.409/02, o tráfico passou a ter no máximo 30 dias de prisão temporária, já que a Autoridade Policial tem prazo de 15 dias para terminar IP em caso de traficante preso, prorrogável por mais 15 dias, sendo incompatível depois dessa lei, o prazo de temporária de 30 por mais 30 para o tráfico.

 

PRISÃO PROVISÓRIAEXCESSO DE PRAZO(FLAGRANTE E PREVENTIVA)

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A Lei do Crime Organizado(Lei nº 9.034/95), no seu artigo 8º (com redação dada pela Lei nº 9.303, de 05.09.1996) estabeleceu o prazo para encerramento da instrução criminal nos crimes de organização criminosa:

(a) 81 dias, quando o réu estiver preso e(b) 120 dias, quando o réu estiver solto, sendo este último prazo impróprio, sem

conseqüência legal no caso de descumprimento

Com exceção da Lei do Crime Organizado, o excesso de prazo é uma típica invenção da jurisprudência, que, aliás, foi incorporada na Lei 9034/95 alhures mencionada.

A Jurisprudência brasileira tem entendido que, até o fim da instrução, leia-se, até o fim da última testemunha em juízo (seja de defesa ou do juiz), a prisão processual(flagrante e preventiva4) não pode perdurar mais do que um prazo.

E qual é esse prazo ?

Os Tribunais, somando os prazos do rito ordinário, fizeram cada qual sua projeção, sendo que:

(a) STF e STJ: entendem que o prazo é de 81 dias, porém, com algumas flexibilizações. Assim, a construção jurisprudencial que estabeleceu o prazo de 81 dias para a formação do sumário de culpa na hipótese de réu submetido à prisão processual deve ser concebida sem rigor, em consonância com o princípio da razoabilidade, sendo admissível o excesso de prazo em circunstâncias adequadamente justificadas. Logo, para o STF e STJ não haverá excesso de prazo:

(1) artigo 403, 1ª parte do CPP;

(2) criações jurisprudenciais de prazo a prazo, analisado no conjunto(em Minas Gerais segue-se o Provimento nº 02/68-TJMG e suas alterações, bem como a Resolução nº 17/80);

(3) quando a mora estiver devidamente justificada nos autos(RT 538/461, 556/425, 604/382, 622/310);

(4) quando houver força maior provada por processo complexo: vários réus, vários crimes, necessidade de citação editalícia, expedição de carta precatória, instauração de incidente de insanidade mental, etc (RT 529/304, 580/403, 582/388, 624/363);

4 A temporária não é abrangida por este conceito, porquanto tem prazos próprios. Já a prisão processual decorrente de sentença condenatória recorrível também não é abrangida pelo instituto do excesso de prazo, porquanto finda a instrução, não se fala mais em excesso de prazo(Súmula 52 do STJ). Por fim, a prisão decorrente de pronúncia também não se sujeita ao instituto do excesso do prazo, face a Súmula 21 do STJ. Conclusão: o instituto – Excesso de Prazo de Prisão Processual – somente se aplica para prisão em flagrante e preventiva.

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(5) quando a mora houver sido causada pela própria defesa ou no seu interesse (RT 530/413, 539/364, 568/383, 569/311, 575/458, 583/379, 587/420)(Súmula 62 do STJ);

(6) se a instrução já houver sido encerrada(RT 562/426, 646/282). Súmula nº 52/STJ: “Encerrada a instrução criminal, fica superada a alegação de constrangimento por excesso de prazo”

(7) caso o processo se encontre em fase de Alegações Finais(JTACrSP 36/97, 38/54, 47/66, 53/463, 55/100, 62/97);

(8) caso o processo se encontre na fase das diligências previstas no artigo 499 CPP(RT 646/312);

9) por óbvio, se o Processo já foi sentenciado(RT 543/426);

(10) “Pronunciado o réu, fica superada a alegação do constrangimento ilegal da prisão por excesso de prazo na instrução”(Súmula 21 do STJ);

(b) Tribunais Estaduais: já incluindo possibilidade de exame de dependência toxicológica ou de insanidade mental, estipulam prazo de 122 dias para o término da instrução, enquanto outros de 122 dias até a sentença (provimento 2/68 do TJ/MG).

Na Lei de Tóxicos antiga e nova:b.1 – Lei 6.368/76: os prazos procedimentais da Lei 6.368/76, se contados, computam no máximo 38 dias, sendo 76 em caso de traficância(ou seja, o dobro, face a Lei 8.072/90).Em Minas Gerais, a Súmula Criminal nº 08 do Egrégio TJMG(aprovadas pelo Grupo de Câmaras Criminais), já havia alterado parte desse entendimento(apenas para o crime de tráfico), no sentido de que: “nos processos referentes aos delitos de tráfico de drogas, o prazo para encerramento da instrução criminal é de 90 dias, acrescido de mais 44 dias se houver necessidade de exame toxicológico”(resolução nº 17/80, da Corte Superior, com a alteração da Lei 8.072/90 – art.10 – unanimidade). Portanto, em Minas Gerais, o réu preso por tráfico, o máximo que uma prisão provisória poderia atingir era de 134 dias, se houver requerimento de exame de dependência toxicológica(artigo 19 da Lei 6.368/76).b.2 - já excesso de prazo para encerramento do feito em face da Lei nº 10.409, em vigor desde 28 de fevereiro de 2002, sem que haja qualquer diligência para dilação de prazo, configura-se após o limite de 79 (setenta e nove) dias

II - LIBERDADE PROVISÓRIA

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Amém.

Crimes afiançáveis = pena mínima 5 igual ou inferior a 2 anos.

Crimes inafiançáveis = pena mínima superior a 2 anos e critério residual(quando não couber fiança)

Liberdade Provisória é o instituto processual que garante ao acusado o direito de aguardar em liberdade o transcorrer do Processo até o trânsito em julgado vinculado ou não a certas obrigações, podendo ser o benefício revogado a qualquer tempo.

ESPÉCIES:

1) Obrigatória: infrações penais em que o indiciado/réu se livra solto. Dois casos : pena não privativa de liberdade; pena privativa de liberdade máxima igual ou inferior a três mesesTrata-se de direito incondicional do acusado, não lhe podendo ser negado

em hipótese alguma; ocorre no caso da infração penal não ser punida como pena privativa de liberdade ou quando o máximo da pena privativa de liberdade prevista não exceder a três meses.

Trata-se das chamadas infrações de que o réu se livra solto.

Contudo, somente não terá direito a esta Liberdade Provisória o indiciado/réu que for vadio ou reincidente em crime doloso.

Com a Lei 9099/95, artigo 69, parágrafo único, esta espécie de Liberdade Provisória praticamente ficou sem efeito.

2) Vedada/Proibida: não cabe LP: nos crimes hediondos; nos crimes equiparados a hediondo (tráfico, tortura e terrorismo); quando estiverem presentes os requisitos da preventiva (GOP, GOE, CIC, AALPO). É aquela proibida por lei como, por exemplo, a proibição de Liberdade

Provisória para os crimes previstos na Lei nº 8.072/90 e os seus equiparados (Lei dos Crimes Hediondos, artigo 2º, II)

5 Quando usamos pena mínima ? Na suspensão condicional do processo(artigo 89 da Lei 9.099/95) e na fiança Quando usamos pena máxima ? Na transação penal e no cálculo da prescrição da pretensão punitiva propriamente dita

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Com fiança (artigos 323 e ss. do CPP)3) Permitida Sem fiança: artigo 310, “caput” e

parágrafo único do CPP

A Liberdade Provisória Permitida ocorre nas hipóteses onde não couber prisão preventiva ou naquelas em que o réu pronunciado tem o direito de aguardar o julgamento em liberdade (artigo 408, §2º do CPP) ou ainda nas hipóteses em que o réu condenado tenha o direito em apelar em Liberdade (artigos 594 do CPP, 35 da Lei nº 6.368/76 e artigo 2º, § 2º da Lei nº 8.072/90).

Subdivide-se em Liberdade Provisória COM FIANÇA e Liberdade Provisória SEM FIANÇA.

Princípio constitucional relativo à Liberdade Provisória :

O princípio de que “ninguém será levado a prisão ou nela mantido, quando a lei permitir liberdade provisória com ou sem fiança” (artigo 5º, LXVI da CF/88).

FUNDAMENTO:

O fundamento da Liberdade Provisória é evitar a prisão de alguém antes que se tenha certeza de sua responsabilidade. Seu fundamento, portanto, é o princípio do estado de inocência, que só admite que alguém seja preso, depois do trânsito em julgado de sentença penal condenatória

Assim, o artigo 5º da CF/88 traz direito individual que, como é cediço, não é absoluto, pois não pode ser usado como escudo de crime ou contra a coletividade.

* O que é Liberdade Provisória vinculada ?

Liberdade Provisória vinculada é aquela onde o agente fica obrigado a comparecer a todos os termos do Processo, sob pena de revogação do benefício e conseqüente expedição do mandado de prisão. Pode ser concedida tanto aos crimes afiançáveis, como inafiançáveis, com ou sem a exigência de prévio pagamento de fiança, desde que não esteja presente nenhuma das circunstâncias que autorizariam a decretação da prisão preventiva e desde que não haja lei vedando tal hipótese (artigo 312 do CPP).

Para alguns doutrinadores, porém, Liberdade Provisória vinculada é somente aquela concedida mediante pagamento de fiança. Sustentam que a razão desta terminologia é o fato da Liberdade Provisória estar vinculada ao pagamento de determinada quantia.

Diferença entre Liberdade Provisória com fiança e Liberdade Provisória sem fiança

LIBERDADE PROVISÓRIA SEM FIANÇA COM FIANÇA

Não estar presente os motivos

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Requisito(s) Apenas

não estar presente os motivos da prisão

preventiva

da prisão preventiva+

não estar presente as hipóteses dos artigos 323 e 324 do CPP

Condição (ões)

Apenascomparecer a todos atos e

termos do processo

Comparecer a todos atos e termos do processo

+pagar fiança

+não se ausentar da comarca por mais de 8 dias sem autorização

judicial+

não mudar-se sem prévia autorização judicial

Intervenção do MP MP se manifesta ANTES do

juiz concedê-laMP se manifesta DEPOIS do juiz

concedê-la

Cabimento Infrações afiançáveis e inafiançaveis

Apenas infrações afiançáveis

Liberdade Provisória sem fiança

Esta modalidade acabou com o instituto da Liberdade Provisória com fiança ?

Liberdade Provisória sem fiança é aquela que não exige prévio pagamento de fiança, regulada no artigo 310, caput e 310 parágrafo único, ou seja, em duas situações:

a) nas infrações penais em que o indiciado/réu se livra solto;

b) quando no auto de prisão em flagrante delito o juiz perceber que o indiciado agiu acobertado por uma causa excludente de ilicitude;

c) ou quando não estiver presentes nenhum dos motivos ensejadores da prisão preventiva.

Embora o indiciado esteja vinculado a algumas obrigações (comparecimento a todos atos e termos do Processo), alguns doutrinadores a chamam impropriamente de Liberdade Provisória Desvinculada, apenas porque está desvinculada do pagamento de fiança.

Discute-se muito na Doutrina, atualmente, se o instituto da Liberdade Provisória sem fiança (artigo 310, parágrafo único do CPP) acabou ou não com o instituto da Liberdade Provisória com fiança, enfim, com a própria fiança.

No meu entendimento pessoal, o instituto do artigo 310, parágrafo único do CPP praticamente acabou com a fiança, salvo numa hipótese.

Para este agente Ministerial, se o juiz ao analisar o auto de prisão em flagrante ou mesmo provocado pela defesa do indiciado/réu com requerimento apartado de Liberdade Provisória do artigo 310, parágrafo único (com cópia de emprego fixo, cópia de comprovante de residência, declarações de idoneidade de

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testemunhas, se possível, Autoridades) perceber que não estão presentes nenhum dos fundamentos jurídicos do periculum in mora da prisão preventiva (garantia da ordem pública; garantia da ordem econômica; assegurar a aplicação do direito penal objetivo; garantir a instrução criminal regular), esta Liberdade Provisória é direito público subjetivo do indiciado/réu, sob pena de constrangimento ilegal sanável via Habeas Corpus Act ou, no caso do juiz conceder a Liberdade mas sob o argumento de fiança, cabe mandado de segurança, pois o artigo 310, parágrafo único do CPP aplica-se a indiciados ou réus, com bons ou maus antecendentes, primários ou reincidentes, enfim, a lei processual não faz distinção e não cabe ao magistrado fazê-la in mala partem, pois em Direito Penal, cujo foco é a liberdade do indivíduo, não é possível analogia in mala partem, ou seja, não se pode aplicar a Liberdade Provisória sem fiança do artigo 310, parágrafo único do CPP a analogia do instituto da fiança, quando a lei não permitiu tal situação.

Assim, o artigo 310, parágrafo único do CPP revolucionou os mecanismos de defesa, em favor do jus puniendi, jus libertatis, jus innoccence ou favor rei, praticamente acabando com o instituto da fiança.

Entretanto, uma exceção é detectada neste contexto:

Como é cediço, a Liberdade Provisória com fiança dispensa a oitiva prévia do Ministério Público, ou seja, a Autoridade Policial ou o Magistrado concedem a fiança e após abrem vista ao parquet, que se for o caso, requererá a cassação do benefício, se patente ilegalidade.

Assim, esta Liberdade Provisória é mais ágil, do ponto de vista processual, pois a Liberdade Provisória sem fiança exige a prévia oitiva do Ministério Público, que tem prazo para se manifestar, para após ser julgado pelo magistrado, o que demanda um tempo que pode configurar constrangimento ilegal, dependendo do caso. Basta imaginar que a prisão ocorra numa Sexta-feira e haja dificuldade em localizar o Promotor Plantonista e o Juiz Plantonista, ficando praticamente no dia útil subseqüente a análise do incidente.

Nada impede, porém, que a parte requeira a fiança e após concedida, requeira o incidente de Liberdade Provisória sem fiança para devolver a fiança, com base no artigo 310 , parágrafo único do CPP, cabendo mandado de segurança em caso de indeferimento injustificado. Nesta hipótese porém, ficará difícil a restituição da fiança antes da sentença final, pois caberá aos Tribunais aplicarem a exegese do artigo 310, parágrafo único e seu reflexo na fiança, o que não torna possível o acolhimento da tese, pois o comando constitucional do princípio da inocência é o corolário do artigo 310, parágrafo único do CPP.

Hipóteses em que não há necessidade de se prestar fiança para ser concedida a Liberdade Provisória:

1º) infrações em que o indiciado/réu se livra solto (artigo 321, I e II do CPP);

2º) no caso do agente praticar o fato acobertado por uma causa de exclusão da ilicitude (artigo 310, caput do CPP);

3º) quando o juiz verificar que não estão presentes nenhum dos motivos que autorizam a decretação de prisão preventiva (artigo 310, parágrafo único do CPP).

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Amém.

Recurso da decisão que conceder a Liberdade Provisória : Recurso em Sentido Estrito (artigo 581, V do CPP).

LIBERDADE PROVISÓRIA COM FIANÇA:

O que é fiança ?

Fiança é uma caução destinada a garantir o cumprimento das obrigações processuais do indiciado/réu; denomina-se CONTRACAUTELA PENAL.

Qual a natureza jurídica da fiança ?

A natureza jurídica da fiança é direito subjetivo constitucional do indiciado/réu, que lhe permite, mediante caução e cumprimento de certas obrigações, conservar sua liberdade até a sentença condenatória irrecorrível.

Qual é o prazo de cabimento da fiança ?

A fiança terá cabimento desde a prisão em flagrante até o trânsito em julgado da sentença condenatória.

Qual é a finalidade da fiança ?

A fiança é a CONTRACAUTELA PENAL. Tem a finalidade de substituir a prisão provisória e, no caso de condenação transitada em julgado, assegurar o pagamento das custas, bem como o pagamento da pena de multa e a satisfação do dano em razão do delito.

Nos casos previstos em lei, está a Autoridade obrigada a conceder a Liberdade Provisória ?

Sim, pois a não concessão poderá implicar crime de abuso de autoridade, consistente em negar fiança, nos casos em que a lei a admite (artigo 4º, “e” da Lei nº 4.898/65). Trata-se de um direito público subjetivo do réu, consagrado no artigo 5º da CF/88.

Autoridade Policial poderá conceder fiança?

Sim, quando a infração for punida com detenção ou prisão simples (artigo 322 do CPP). Nos demais casos cabe ao juiz concedê-la, dentro do prazo de 48 horas (artigo 322, parágrafo único do CPP).

Ressalva importante é que se no local dos fatos não estiver presente a Autoridade Policial, o juiz poderá fazer valer-se desta, pois se pode arbitrar fiança para o mais, óbvio que pode para o menos, pois é o “chefe” da Polícia Judiciária.

Nos casos de infração penal de menor potencial ofensivo, a Lei nº 9.099/95, artigo 69, parágrafo único criou um obstáculo a prisão em flagrante, quando o

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Amém.

indiciado se comprometer a comparecer no Juizado Especial Criminal; não fazendo jus a esta benesse, neste caso aplica-se possíveis Liberdades Provisórias.

COMO CALCULAR FIANÇA ?

Devem ser levados em conta:

a) natureza da infração;

b) as condições pessoais de fortuna do agente;

c) sua vida pregressa;

d) circunstâncias indicativas de sua periculosidade (artigo 326 do CPP).

Como se calcula este valor ?

(Artigo 325 do CPP).

Exs:

Ameaça (artigo 147 do CP - pena de detenção, de 1 a 6 meses) – de 1 a 5 s.m;

Furto simples (art.155, caput CP – pena de reclusão de 1 a 4 anos) - de 5 a 20 s.m;

Furto qualificado (art.155, §4º do CP-pena de reclusão de 2 a 8 anos)- de 20 a 100 s.m

Nota – redução de no máximo 2/3 ou aumento do décuplo pelo juiz

Nota – Para ser possível a Liberdade provisória com fiança, a pena mínima não pode ultrapassar a 2 anos de reclusão; todavia, para fixar o valor, o critério é outro, ou seja, do artigo 325 do CPP visto.

Quem arbitra o valor da fiança ?

A Autoridade Policial (detenção) ou a Autoridade Judiciária (reclusão), dependendo do caso concreto; nos Tribunais quem concede e arbitra a fiança é o Relator.

Os Tribunais Superiores poderão conceder fiança em grau de recurso?

Sim, do mesmo modo que os “Tribunais de 2º grau de jurisdição”, qualquer dos Tribunais Superiores poderá arbitrar e conceder a fiança.

A quem será requerida fiança no caso de flagrante ?

À Autoridade Policial que presidir a lavratura do auto, salvo em se tratando de crime apenado com reclusão, quando então, o requerimento deverá ser dirigido ao juiz competente.

Se a Autoridade Policial conceder fiança em uma infração punida com reclusão, quais serão as conseqüências ?

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Amém.

Caberá ao juiz de ofício ou a requerimento do Ministério Público cassá-la ou dependendo do caso, se não for possível concedê-la, determinar o recolhimento do infrator à prisão.

CASSAÇÃO DA FIANÇA:

Quando uma fiança poderá ser cassada ?

Quando se verificar posteriormente que a fiança concedida não era cabível (artigo 338 do CPP).

PALAVRA CHAVE = ILEGALIDADE

QUEBRAMENTO DA FIANÇA:

a) quando o indiciado/réu legalmente intimado, deixa de comparecer a ato do Processo;

b) quando o indiciado/réu muda de residência ou se ausenta por mais de 08 dias sem comunicar previamente ao juízo;

c) quando na vigência do benefício, o indiciado/réu pratica outra infração penal (artigos 328 e 341 do CPP).

PALAVRA CHAVE = NÃO CUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÕES PELO INDICIADO/RÉU

Quais as conseqüências do quebramento da fiança ao afiançado ?

a) importará em perda de metade do valor da fiança;

b) obrigação do indiciado/réu recolher-se a prisão;

c) proibição de se conceder nova fiança no mesmo Processo (artigo 324, I e 343 do CPP).

PERDIMENTO TOTAL DA FIANÇA

Quando o réu, condenado, não se apresentar a prisão (artigo 344 do CPP).

CASSAÇÃO DA FIANÇA

QUEBRAMENTO PERDA TOTAL REFORÇO DA FIANÇA

CASOILEGALIDADE LEGALIDADE

MAS RÉU DESCUMPRE OBRIGAÇÕES

QUANDO CONDENADO, O

RÉU NÃO SE RECOLHE À

PRISÃO

a) quando tomada por valor

insuficiente;b) depreciação de bem;c) inovação da classificação do crime e couber fiançaCabe de ofício.

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Prática Forense Senhor, eu sei que Tu me sondas – Salmo 138

Cristo, ontem e hoje; Princípio e Fim; Alfa e Omega. A Ele o Tempo e a Eternidade, a Glória e o Poder, pelos séculos sem fim,

Amém.

Cons.

OU O JUIZ ARBITRA OU A PESSOA SERÁ

PRESA

1) RETORNO À PRISÃO;

2) PERDA DE METADE DO VALOR DA FIANÇA;

3) NÃO PODE SER

CONCEDIDA NOVA FIANÇA

NO MESMO PROCESSO

1) PERDA TOTAL DA FIANÇA;

2) DESERÇÃO DO RECURSO

OBRIGAÇÕES DA FIANÇA:

a) comparecer perante a Autoridade todas as vezes em que for intimado para atos do Inquérito Policial ou Processo-Penal;

b) não poderá, sob pena de quebramento da fiança, mudar ou se ausentar por mais de oito dias de sua residência, sem prévia autorização judicial;

c) PAGAR FIANÇA.

DISPENSA DA FIANÇA

Nos casos em que o juiz verificar que o indicado/réu não pode prestar fiança, por motivo de pobreza (artigo 350 do CPP) e recentemente, se for infração penal de pequeno potencial ofensivo e o indiciado se comprometer a comparecer no JECRIM (artigo 69, parágrafo único da Lei nº 9.099/95). Da mesma forma, nos crimes culposos de trânsito onde o causador do sinistro presta socorro imediato à vítima (Lei nº 9.503/97).

MODALIDADES DE FIANÇA:

De acordo com o disposto no artigo 330 do CPP, a fiança poderá ser prestada mediante:

a) depósito: consiste em depósito em dinheiro, pedras, objetos ou metais preciosos e títulos da dívida pública;

b) hipoteca: desde que inscrita em primeiro lugar;

FIANÇA E LEI 9099/95:

A Lei nº 9.099/95, que estabeleceu a proibição de prisão em flagrante nos casos de infrações de pequeno potencial ofensivo acabou com o instituto da fiança ?

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Cristo, ontem e hoje; Princípio e Fim; Alfa e Omega. A Ele o Tempo e a Eternidade, a Glória e o Poder, pelos séculos sem fim,

Amém.

De forma alguma, pois a Autoridade Policial atenta a interpretação teleológica da lei, deverá somente aplicar o artigo 69, parágrafo único, quando o indiciado, ao verificar a FA e demais circunstâncias, preencher os requisitos subjetivos e objetivos da citada lei (artigo 76, §2º da Lei nº 9.099/95), sob pena de sacrificar a sociedade e o próprio Estado, detentor do jus puniendi.

Por outro lado, a Autoridade Policial somente deverá colher o compromisso do indiciado de comparecer ao JECRIM, evidentemente se o mesmo estiver são; logo, estando completamente embriagado, passa a ser absurdo ou mesmo perigoso a Autoridade Policial liberar o indiciado, sob o sofisma cômodo que o “mesmo se comprometeu a comparecer no JECRIM”, pois este compromisso pressupõe capacidade de entendimento e autodeterminação.

Portanto, não preenchendo os requisitos legais (objetivos e subjetivos) da Lei nº 9.099/95, resta a Autoridade Policial analisar a possibilidade imediata do flagrante.

DESTINO DA FIANÇA:

A fiança será recolhida a repartição arrecadadora Federal ou Estadual, ou entregue ao depositário público.

REFORÇO DA FIANÇA:

Sim, será exigido quando:

a) a fiança for tomada por engano em valor insuficiente;

b) quando vier a ser inovada a classificação do delito para outro de maior gravidade e for cabível a fiança;

c) quando houver depreciação do valor dos bens hipotecados ou caucionados (artigo 340 do CPP).

HIPÓTESES ONDE NÃO CABE FIANÇA

a) crimes punidos com reclusão em que a pena mínima for superior a dois

anos6;

b) contravenções penais de vadiagem e mendicância (artigos 59 e 60 do Decreto-Lei nº 3.688/41-Lei das Contravenções Penais);

c) crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade em que o indiciado/réu for reincidente em crime doloso;

d) indiciado/réu comprovadamente vadio;

e) crimes punidos com reclusão que provoquem clamor público ou que tenham sido cometidos com violência ou grave ameaça a pessoa;

f) crimes de racismo (artigo 5º, XLII da CF/88 e Lei nº 7.716/89-conhecida como “Lei Afonso Arinos”). Atenção: Crimes de racismo são aqueles previstos nesta Lei, que são todos aqueles que importam em segregação de direitos (impedir que alguém suba em elevadores ou tenha emprego porque

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Amém.

é negro etc); não confundir com injúria (qualificação negativa) qualificada pelo emprego de elementos de raça (ex: chamar outrem de preto, macaco, branco-azedo, etc), pois este está previsto no artigo 140, §3º do CP (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.459, de 13.05.1997);

g) crimes hediondos, tráfico de drogas, tortura e terrorismo (artigo 5º, XLIII da CF/88 e artigo 2º, II da Lei nº 8.072/90);

h) crimes praticados por grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático (artigo 5º, XLIV da CF/88);

i) no caso de prisão civil e militar;

j) para o réu que tiver quebrado a fiança no mesmo Processo;

k) para o réu que deixar de comparecer a qualquer ato processual a que tenha sido intimado;

l) quando estiverem presentes qualquer dos motivos que autorizam a prisão preventiva (artigo 312 do CPP);

m) no caso da Lei nº 9.613/98 (“Lei da lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores”), não cabe Liberdade Provisória com ou sem fiança e, no caso de sentença condenatória, o juiz decidirá fundamentadamente se o réu pode apelar em liberdade.

Nota:

As hipóteses alhures que não admitem Liberdade Provisória com ou sem fiança são:

“e”; “g”; “h”; “i”, “l” e “m”.

Em resumo: quais as hipóteses em que a Liberdade Provisória pode ser deferida?

a) quando o juiz verificar que o agente praticou o fato acobertado por causa de exclusão da ilicitude;

b) quando couber fiança;

c) quando o magistrado verificar que não estão presente as circunstâncias que autorizariam a decretação da prisão preventiva (Artigo 310 do CPP).

PÉROLA:

LIBERDADE PROVISÓRIA SEM FIANÇA 6:

6 Juiz concede liberdade para preso por furto de galinhas

O juiz substituto da comarca de Varginha (MG), Ronaldo Tovani, concedeu liberdade provisória para Alceu da Costa. A decisão feita em forma de versos circulou pela Internet em listas de advogados. Ele foi preso em flagrante por ter furtado duas galinhas. De acordo com a decisão, ele perguntou ao delegado "desde quando furto é crime neste Brasil de bandidos?".

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Cristo, ontem e hoje; Princípio e Fim; Alfa e Omega. A Ele o Tempo e a Eternidade, a Glória e o Poder, pelos séculos sem fim,

Amém.

No dia cinco de outubroDo ano ainda fluente,

Em Carmo da Cachoeira,Terra de boa gente,

Ocorreu um fato inéditoQue me deixou descontente.

O jovem Alceu da Costa,Conhecido por "Rolinha",

Aproveitando a madrugadaResolveu sair da linha,Subtraindo de outrem

Duas saborosas galinhas.

Apanhando um saco plástico,Que ali mesmo encontrou,

O agente muito espertoEscondeu o que furtou,

Deixando o local do crimeDa maneira como entrou.

O senhor Gabriel Osório,Homem de muito tato,Notando que havia sidoA vítima do grave atoProcurou a autoridadePara relatar-lhe o fato.

Ante a notícia do crime,A polícia diligente

Tomou as dores de OsórioE formou seu contingente:Um cabo e dois soldados

E quem sabe até um tenente.

Assim é que o aparatoDa Polícia Militar,

Atendendo a ordem expressaDo delegado titular,

Não pensou em outra coisaSenão em capturar.

E depois de algum trabalhoO larápio foi encontrado.

Estava no bar do Pedrinho.Quando foi capturadoNão esboçou reação

Sendo conduzido entãoÀ frente do delegado.

Perguntado pelo furto,Que havia cometido,

Respondeu Alceu da Costa,

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Cristo, ontem e hoje; Princípio e Fim; Alfa e Omega. A Ele o Tempo e a Eternidade, a Glória e o Poder, pelos séculos sem fim,

Amém.

Bastante extrovertido,Desde quando furto é crimeNeste Brasil de bandidos?

Ante tão forte argumentoCalou-se o delegado.

Mas por dever do seu cargoO flagrante foi lavradoRecolhendo à cadeiaAquele pobre coitado.

E hoje passado um mês,De ocorrida a prisão,

Chega-me às mãos o inquéritoQue me parte o coração.

Solto ou deixo presoEsse mísero ladrão?

Soltá-lo é decisãoQue a nossa lei refuta

Pois todos sabem que a leiÉ pra pobre, preto e puta...

Por isso peço a DeusQue norteie minha conduta.

É muito justa a liçãoDo pai destas Alterosas.Não deve ficar na prisão

Quem furtou duas penosas,Se lá também não estão presosPessoas bem mais charmosas,

Como das fraudes do governo que até hoje rolam.

Afinal não é tão graveAquilo que Alceu fez,

Pois nunca foi do governoNem seqüestrou o Martinez.

E muito menos do gásParticipou alguma vez.

Desta forma é que concedoA esse homem da simplória,

Com base no CPP,Liberdade provisória

Para que volte para casaE passe a viver na glória.

Se virar homem honestoE sair dessa sua trilha

Permaneça em CachoeiraAo lado de sua família.

Devendo, se ao contrário,Mudar-se para Brasília

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Cristo, ontem e hoje; Princípio e Fim; Alfa e Omega. A Ele o Tempo e a Eternidade, a Glória e o Poder, pelos séculos sem fim,

Amém.

Revista Consultor Jurídico, 8 de novembro de 2002.

A Liberdade Provisória e o Estatuto do Desarmamento.

Em relação à questão da Liberdade provisória: 1.1 - segundo o artigo 21 da Lei, nos crimes previstos nos artigos 16(posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito), 17(comércio ilegal de arma de fogo) e 18(tráfico internacional de arma de fogo) não cabe LIBERDADE PROVISÓRIA - note que a lei usou o termo gênero(Liberdade Provisória): logo, não cabe liberdade provisória com ou sem fiança; 1.2 - nos crimes dos artigos 12(posse irregular de arma de fogo) e 13(omissão de cautela), pela pena mínima de 1 ano, caberá liberdade provisória com fiança, como também, por força do artigo 310, parágrafo único do CPP(que dispensa pena mínima), caberá Liberdade Provisória sem fiança; 1.3 - no crime do artigo 14(porte ilegal de arma de fogo de uso permitido), a pena é de 2 a 4 anos, o que sugere, pela pena mínima, a liberdade provisória com fiança. Porém, o parágrafo único do artigo 14 diz que o crime é inafiançável, "salvo quando a arma de fogo estiver registrada em nome do agente". O mais curioso é que apesar deste crime ser parcialmente inafiançável, o legislador esqueceu que por força do artigo 310, parágrafo único do CPP(que dispensa pena mínima), caberá Liberdade Provisória sem fiança, muito mais vantajosa para o acusado. Absurdo, pois esta inafiançabilidade(ainda que parcial) de nada serve, face a Liberdade provisória sem fiança!!!;

1.4 - no crime do artigo 15(disparo de arma de fogo), a pena é de 2 a 4 anos, sugerindo fiança(pena mínima). Porém, o legislador aqui foi mais radical: no parágrafo único diz não caber fiança(crime inafiançável), esquecendo que por força do artigo 310, parágrafo único do CPP(que dispensa pena mínima), caberá Liberdade Provisória sem fiança, muito mais vantajosa para o acusado. Absurdo, pois esta inafiançabilidade de nada serve, face a Liberdade provisória sem fiança!!!;

 

LEI 10.826/03: CONCURSO DE CRIMESO professor Thales conclui que o

instrumento jurídico adequado ao caso concreto, será o concurso de crimes (concurso material – art. 69 do Codex Penal) entre os crimes previstos nos artigos 12(posse irregular de arma de fogo de uso permitido), 14(porte ilegal de arma de fogo de uso permitido) e 16(posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito) na Lei nº 10826/03 com o delito almejado pelo agente ativo (homicídio, roubo, seqüestro etc.).

Já para o delito do artigo 13(omissão de cautela), como trata-se de delito culposo, havendo dolo eventual responde o agente por homicídio doloso e não pelo crime do artigo 13 da Lei 8626/03(princípio da subsidiariedade tácita).

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Amém.

Já para o delito do artigo 15(disparo de arma de fogo), aplica-se o princípio da subsidiariedade expressa(“...desde que essa conduta não tenha como finalidade a prática de outro crime...”).

As figuras dos artigos 17(comércio ilegal de arma de fogo) e 18(tráfico internacional de arma de fogo) também podem provocar o concurso de infrações com os delitos previstos nos artigos 12, 14 e 16, exceto com os delitos previstos nos artigos 13 e 16 por serem subsidiários.

Importante frisar que apenas o crime do artigo 13(omissão de cautela) será da competência do Juizado Especial Criminal, porquanto o único, com a mudança legislativa, que a pena máxima é de 2 anos de detenção(Lei 10259/01)

MODELOS DE LIBERDADE PROVISÓRIA7

Liberdade provisória com fundamento no art. 310, caput, do CPP

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA COMARCA DE AVARÉ – SP.

IP nº 55-01

Perseu Cruz Zanize, brasileiro, solteiro, industriário, portador do RG nº 10.486.788 e CPF nº 123.455.876-13, residente e domiciliado na rua das Pedras, nº 34, nesta cidade e comarca de Avaré – SP, neste ato representado por seu advogado que esta subscreve (procuração anexa), vem à presença de Vossa Excelência para expor e requerer o seguinte:

I – O requerente, na data de ontem, foi autuado em flagrante delito por infração ao art. 121, caput, do Código Penal, encontrando-se preso na cadeia pública local. Anexas cópias do auto de prisão em flagrante e demais peças do inquérito policial (doc. 01);

II – A prova do flagrante é no sentido de que o indiciado se encontrava na direção de seu veículo, um GM-Corsa-placas-Bauru-SP,NNN-3333, parado na rua Anchieta, sentido centro – bairro, precisamente no semáforo existente no cruzamento formado com a rua Paes Leme, nesta cidade, quando foi abordado pela vítima, que, portando uma arma de fogo, lhe apontou o objeto, mirando sua cabeça, e anunciou que era “um assalto”. A vítima exigiu dinheiro e objetos pessoais, tais como: relógio, caneta, aparelho de telefone celular etc.

O indiciado já havia entregado R$ 1.000,00 em dinheiro e os objetos referidos, quando, não se podendo precisar por qual motivo, a vítima fez um disparo que, felizmente, não atingiu o requerente, mas sim o veículo (perícia e fotos anexadas). Nesse momento, agindo instintivamente, o

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Cristo, ontem e hoje; Princípio e Fim; Alfa e Omega. A Ele o Tempo e a Eternidade, a Glória e o Poder, pelos séculos sem fim,

Amém.

requerente sacou a arma de fogo que portava e alvejou o ofendido que caiu morto no local, com um tiro na cabeça, chegando, em seguida, a polícia, efetuando a prisão;

III – Não há dúvida de que o indiciado, ora requerente, conforme descrito no item II, amparado pela prova do auto de flagrante, agiu em legítima defesa. A probalidade do acolhimento, em sentença, da excludente de antijuridicidade invocada, caso iniciada a ação penal (admitindo-se esta só por hipótese), é acentuada, nada justificando o encarceramento provisório.

No mais, o indiciado é primário, trabalhador, radicado no distrito da culpa, e não possui antecedente criminal (doc. 02).

Assim, requer:

a) a concessão de liberdade provisória sem fiança, com fundamento no art. 310, caput, do Código de Processo Penal, sujeitando-se à condição de comparecimento a todos os atos do processo, sob pena de revogação;

b) no caso de não se reconhecer, ao menos nesse momento, o estado de legítima defesa, que seja a liberdade provisória concedida com fundamento no art. 310, parágrafo único, do Código de Processo Penal, uma vez que inocorre qualquer das hipóteses que autorizam a prisão preventiva (garantia da ordem pública ou econômica, conveniência da instrução criminal e asseguramento da aplicação da lei penal).

Termos em que

Pede deferimento

Avaré, 17 de setembro de 2001

Carmo Feliz Augusto Filho

Advogado – OAB/SP nº 6.666

Liberdade provisória com fundamento no art. 310, parágrafo único, do CPP

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ___ VARA CRIMINAL DA COMARCA DE AVARÉ – SP.

Processo-crime nº 325-01

Perseu Cruz Zanize, brasileiro, solteiro, industriário, portador do RG nº 10.486.788 e CPF nº 123.455.876-13, residente e domiciliado na rua das Pedras, nº 34, nesta cidade e comarca de Avaré – SP, neste ato representado por seu advogado que esta subscreve (procuração anexa),

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Cristo, ontem e hoje; Princípio e Fim; Alfa e Omega. A Ele o Tempo e a Eternidade, a Glória e o Poder, pelos séculos sem fim,

Amém.

nos autos do processo-crime nº 325-01, vem à presença de Vossa Excelência para requerer que lhe seja concedida liberdade provisória com fundamento no art. 310, parágrafo único, do Código de Processo Penal, sujeitando-se à obrigação de comparecer a todos os atos do processo, pelos motivos que passa a expor:

O requerente foi denunciado pelo Ministério Público como incurso no art. 121, caput, do Código Penal (fls. 2-3). O crime de homicídio, em tese praticado pelo acusado, se deu em 2 de setembro de 2001. Sua prisão ocorreu cerca de duas horas após o crime, quando se encontrava no interior de um bar com uma arma de fogo que se afirma ser a do crime, e porque, ligeiramente embriagado, dizia ter matado uma pessoa que o vinha ameaçando de morte (fl. 5).

O requerente é primário, trabalhador, radicado no distrito da culpa, e não possui antecedente criminal (doc. 01). Também é pobre, nos termos do § 1º do art. 32 do CPP (doc. 2).

O motivo do crime, até aqui explicitado, não revela insensibilidade moral, nem é indicativo de que o réu seja pessoa perigosa, voltada para o crime, mostrando-se, a conduta tipificante do art. 121, caput, do Código Penal, fato isolado em sua vida.

Assim, forçoso é reconhecer que, em liberdade, o acusado não oferece qualquer risco à ordem pública, nem tampouco à instrução criminal e à aplicação da lei penal. Não há falar, aqui, na presença de qualquer das condições autorizadoras da prisão preventiva, não se justificando, por isso, a prisão provisória do requerente, que já se encontra preso há mais de 10 (dez) dias.

Termos em que

Pede deferimento

Avaré, 27 de setembro de 2001

Carmo Feliz Augusto Filho

Advogado – OAB/SP nº 6.666

Liberdade provisória com fundamento no art. 350, caput, do CPP

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA __ VARA CRIMINAL DA COMARCA DE ARAÇATUBA – SP.

IP. nº 22-01

Tiburcio Feliciano da Cunha, brasileiro, casado, lixeiro, portador do RG nº 57.348.221/3 e CPF nº 481.576.248-72, residente e domiciliado na rua Espumoso, nº 2B, nesta cidade e comarca de Araçatuba – SP, neste ato representado por seu advogado que esta subscreve (procuração anexa), vem à presença de Vossa Excelência, com fundamento nos arts. 322, parágrafo único, e 350, caput, ambos do Código de Processo Penal, expor e requerer o seguinte:

Professor Thales Tácito Pontes Luz de Pádua CerqueiraProfessor de Processo Penal, Prática Forense, ECA e Eleitoral – IELF/SP

Pg. 43

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Cristo, ontem e hoje; Princípio e Fim; Alfa e Omega. A Ele o Tempo e a Eternidade, a Glória e o Poder, pelos séculos sem fim,

Amém.

I – O requerente foi autuado em flagrante delito por infração ao art. 155, caput, do Código Penal, no dia 25 de janeiro de 2001, pela autoridade policial desta cidade de Araçatuba, encontrando-se preso na cadeia pública local. Anexas cópias do auto de prisão em flagrante e demais peças do inquérito policial (doc. 01);

II – O crime de furto simples, em tese praticado pelo requerente, é afiançável, uma vez que é punido com reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos (CPP, art. 323, I);

III – O indiciado, ora requerente, é primário, não possui antecedente criminal (DVC juntado aos autos do inquérito à fl. 10), é trabalhador e radicado no distrito da culpa (doc. 02). O crime não foi cometido com violência contra a pessoa ou grave ameaça;

IV – O requerente, nos termos do art. 32, § 1º, do mesmo Código, é pobre, conforme atestado de pobreza anexo (doc. 03). O estado de pobreza do requerente é tamanho que, fixada a fiança mesmo no mínimo legal, não terá condições de recolhê-la, uma vez que deve no açougue, na padaria, no mercado, as contas de luz e água etc. (doc. 04).

Requer, assim, liberdade provisória sem fiança, sujeitando-se às obrigações constantes dos arts. 327 e 328 do CPP, bem como a de não praticar outra infração penal, sob pena de revogação do benefício.

Termos em que

Pede deferimento

Araçatuba, 30 de janeiro de 2001

Alvino Petrônio Pereira da Silva

Advogado – OAB/SP nº 172.514

Modelo de requerimento formulado à autoridade judiciária (Juiz), para arbitramento de fiança

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA COMARCA DE CAFELÂNDIA – SP.

IP. nº 43-01

Manoel Castanheira Iacanga, brasileiro, casado, lavrador, portador do RG nº 12.386.688 e CPF nº 345.567.439-22, residente e domiciliado no Sítio Ribeirinha, neste município e comarca de Cafelândia – SP, neste ato

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Cristo, ontem e hoje; Princípio e Fim; Alfa e Omega. A Ele o Tempo e a Eternidade, a Glória e o Poder, pelos séculos sem fim,

Amém.

representado por seu advogado que esta subscreve (procuração anexa), vem à presença de Vossa Excelência para expor e requerer o seguinte:

I – O requerente foi autuado em flagrante delito por infração ao art. 155, caput, do Código Penal, no dia 8 de setembro de 2001, pela autoridade policial desta cidade de Cafelândia, encontrando-se preso na cadeia pública local. Anexas cópias do auto de prisão em flagrante e demais peças do inquérito policial (doc. 01);

II – O crime de furto simples, em tese praticado pelo requerente, é afiançável, uma vez que é punido com reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos (CPP, art. 323, I);

III – O indiciado, ora requerente, é primário, não possui antecedente criminal (DVC juntado aos autos do inquérito à fl. 10), é trabalhador e radicado no distrito da culpa (doc. 02). O crime não foi cometido com violência contra a pessoa ou grave ameaça;

IV – O requerente, nos termos do art. 32, § 1º, do CPP, é pobre, conforme atestado de pobreza anexo (doc. 03).

Requer, assim, seja arbitrada a fiança, postulando, nos termos dos arts. 322, parágrafo único, e 326, ambos do Código de Processo Penal, o valor mínimo legal, com a redução de dois terços, conforme art. 325, letra “b”, e seu § 1º, I, do mesmo Código, para que possa recolhê-la e ganhar a liberdade, tendo em vista o disposto no art. 5º, LXVI, da Constituição Federal e art. 4º, letra e, da Lei nº 4.898/1965.

Termos em que

Pede deferimento

Cafelândia, 10 de setembro de 2001

Jorge Augusto Desdém Filho

Advogado – OAB/SP nº 33.668

Modelo de requerimento formulado à autoridade judiciária (juiz), para arbitramento de fiança, quando omitida ou negada pela autoridade policial

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA __ VARA CRIMINAL DA COMARCA DE BAURU – SP.

IP. nº 43-01

Maria Joana Idalgo, brasileira, casada, balconista, portadora do RG nº 11.486.677 e CPF nº 567.345.199-23, residente e domiciliada na rua dos Morcegos, nº 33, Vila Falcão, Bauru – SP, neste ato representada por seu advogado que esta subscreve (procuração anexa), vem à presença de Vossa Excelência para requerer, com fundamento nos arts. 322, parágrafo único, e 326, ambos do Código de Processo Penal, arbitramento de fiança, como segue:

Professor Thales Tácito Pontes Luz de Pádua CerqueiraProfessor de Processo Penal, Prática Forense, ECA e Eleitoral – IELF/SP

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Prática Forense Senhor, eu sei que Tu me sondas – Salmo 138

Cristo, ontem e hoje; Princípio e Fim; Alfa e Omega. A Ele o Tempo e a Eternidade, a Glória e o Poder, pelos séculos sem fim,

Amém.

I – A requerente foi autuada em flagrante delito por infração ao art. 124, caput, do Código Penal, na data de ontem, pelo 2º Distrito Policial (Vila Falcão), desta cidade e comarca. Anexas cópias do auto de prisão em flagrante e demais peças do inquérito policial (doc. 01);

II – Apesar de o crime de auto-aborto, em tese praticado pela requerente, ser punido com detenção de 1 (um) a 3 (três) anos (CP, art. 124, caput), portanto, nos termos do disposto nos arts. 323 e 324 do CPP, afiançável, a D. autoridade policial determinou a instauração de inquérito policial e o recolhimento da indiciada, sem nada dizer sobre a fiança;

III – Mesmo assim, a requerente peticionou à autoridade policial o arbitramento da fiança, sem que fosse atendida (doc. 02);

Dessa forma, salientando que a indiciada é primária, não possui antecedente criminal (DVC juntado aos autos do inquérito à fl. 12), possui residência fixa e é trabalhadora (doc. 03), aguarda, com urgência, a fixação da fiança, para que possa recolhê-la, e ganhar a liberdade, tendo em vista o disposto no art. 5º, LXVI da Constituição Federal e art. 4º, letra e, da Lei nº 4.898/1965, clamando pela fixação do valor no mínimo legal, com a redução de dois terços, conforme art. 325, letra “b”, e seu § 1º, I, também do CPP, haja vista que, nos termos do art. 32, § 1º, do mesmo Código, é pobre, conforme atestado de pobreza anexo (doc. 04).

Termos em que

Pede deferimento

Bauru, 26 de janeiro de 2001

Jorge Augusto Desdém Filho

Advogado – OAB/SP nº 33.668

Modelo de requerimento formulado à autoridade policial (delegado e polícia)para arbitramento de fiança, quando de sua alçada

ILUSTRÍSSIMO SENHOR DELEGADO DE POLÍCIA DO 2º DISTRITO POLICIAL DE BAURU – SP.

IP. nº 43-01

Maria Joana Idalgo, brasileira, casada, balconista, portadora do RG nº 11.486.677 e CPF nº 567.345.199-23, residente e domiciliada na rua dos Morcegos, nº 33, Vila Falcão, Bauru – SP, neste ato representada por seu advogado que esta subscreve (procuração anexa), vem à presença de Vossa Senhoria para requerer, com fundamento nos arts. 322 e 326, ambos do Código de Processo Penal, arbitramento de fiança, como segue:

I – Na presente data (25.1.2001), a requerente foi detida e presa em flagrante delito por infração ao art. 124, caput, do Código Penal. O flagrante foi lavrado neste Distrito Policial, determinando a D. autoridade

Professor Thales Tácito Pontes Luz de Pádua CerqueiraProfessor de Processo Penal, Prática Forense, ECA e Eleitoral – IELF/SP

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Cristo, ontem e hoje; Princípio e Fim; Alfa e Omega. A Ele o Tempo e a Eternidade, a Glória e o Poder, pelos séculos sem fim,

Amém.

policial a instauração de inquérito policial e o recolhimento da indiciada, silenciando quanto à fiança;

II – O crime de auto-aborto praticado, em tese, pela requerente, é afiançável, uma vez que punido com detenção de 1 (um) a 3 (três) anos (CP, art. 124, caput), nos termos do disposto nos arts. 323 e 324 do CPP;

III – Quando a infração for punida com detenção, compete à autoridade policial conceder a fiança (CPP, art. 322);

IV – A indiciada é primária; não é possuidora de antecedente criminal (DVC juntado aos autos do inquérito policial); possui residência fixa e é trabalhadora (documentos anexos).

Diante do exposto, aguarda, com urgência, a fixação da fiança, para que possa recolhê-la, e ganhar a liberdade, tendo em vista o disposto no art. 5º, LXVI, da Constituição Federal e art. 4º, letra e, da Lei nº 4.898/1965, clamando pela fixação do valor no mínimo legal, com a redução de dois terços, conforme art. 325, letra “b”, e seu § 1º, I, do Código de Processo Penal, haja vista que, nos termos do art. 32, § 1º, do mesmo Código, é pobre (atestado de pobreza anexo).

Termos em que

Pede deferimento

Bauru, 25 de janeiro de 200

Jorge Augusto Desdém Filho

Advogado – OAB/SP nº 33.668

Modelo de requerimento para a convolação da liberdade provisória com fiança em liberdade provisória sem fiança

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA COMARCA DE LINS-SP

Processo-crime 234-01

Maria Joana Idalgo, brasileira, casada, balconista, portadora do RG nº 11.486.677 e CPF nº 567.345.199-23, residente e domiciliada na rua dos Morcegos, nº 33, Vila Falcão, Bauru – SP, neste ato representada por seu advogado que esta subscreve (procuração anexa), vem à presença de Vossa Excelência, nos autos do processo-crime nº 234-01, para requerer, com fundamento nos art. 310, parágrafo único, do Código de Processo Penal, a convolação da liberdade provisória com fiança, que lhe foi concedida à fl. 60, em liberdade provisória sem fiança, obrigando-se a comparecer a todos os atos do processo, pelos motivos que passa a expor:

I – A requerente, autuada em flagrante delito, foi posta em liberdade após o recolhimento da fiança que lhe foi arbitrada (fls. 33-35). Acabou

Professor Thales Tácito Pontes Luz de Pádua CerqueiraProfessor de Processo Penal, Prática Forense, ECA e Eleitoral – IELF/SP

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Cristo, ontem e hoje; Princípio e Fim; Alfa e Omega. A Ele o Tempo e a Eternidade, a Glória e o Poder, pelos séculos sem fim,

Amém.

sendo denunciada pelo Ministério Público, como incursa no art. 124, caput, do Código Penal (fls. 2-3);

II - A necessidade e a urgência determinaram que a acusada, para ganhar a liberdade, recolhesse a fiança. Ocorre que a acusada, sendo primária (fl. 20), empregada com carteira assinada (fl. 47), com residência fixa no distrito da culpa (doc. anexo) e sem qualquer antecedente criminal, faz jus, porque, nenhuma das condições da prisão preventiva se faz presente, à liberdade provisória sem fiança, uma vez que seu segregamento provisório não é indicado: para garantir a ordem pública, por conveniência da instrução criminal, ou para assegurar a aplicação da lei penal.

Termos em que

Pede deferimento

Lins, 2 de outubro de 2001

Carmo Feliz Augusto Filho

Advogado – OAB/SP nº 6.666

MERCÊ.

THALES TÁCITO PONTES LUZ DE PÁDUA CERQUEIRA

INSTITUTO DE ENSINO JURÍDICO PROF. LUIZ FLÁVIO GOMES

I.E.L.F.

Professor Thales Tácito Pontes Luz de Pádua CerqueiraProfessor de Processo Penal, Prática Forense, ECA e Eleitoral – IELF/SP

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