psicologia forense (1).docx silviy
DESCRIPTION
testeTRANSCRIPT
Direito: Psicologia Forense
Psicologia Forense, também conhecida como Psicologia Criminal ou
Psicologia Judiciária consiste na aplicação dos conhecimentos psicológicos ao
serviço do Direito. Dedica-se à proteção da sociedade e à defesa dos direitos
do cidadão através da perspectiva psicológica.
Este ramo da psicologia restringe-se às situações que se apresentam
nos tribunais. Deste modo a Psicologia Forense são todos os casos
psicológicos que podem surgir em contexto de tribunal. Dedica-se ao estudo do
comportamento criminoso.
Clinicamente, tenta construir o percurso da vida do indivíduo criminoso e
todos os processos psicológicos que o possam ter levado à criminalidade;
tentando descobrir a razão do problema, uma vez que só assim se pode partir
para a solução.
Descobrindo as causas das desordens tanto mentais quanto
comportamentais, pode-se determinar uma pena justa, tendo em vista que
estes casos são muito particulares e assim devem ser tratados em tribunal.
Esta ciência nasceu da necessidade de legislação apropriada para os
casos de indivíduos considerados doentes mentais e que tenham cometido
atos criminosos, pequenos ou graves delitos. A doença mental deve ser
encarda pela perspectiva clinica, mas também deve ser analisada
juridicamente.
O Psicólogo formado nesta área, além do conhecimento específico na
área da psicologia, deve também entender das leis civis e das leis criminais.
Psicologias aplicadas e psicologia jurídica
A Psicologia, como ciência e profissão, vem trabalhando a questão da
subjetividade e da complexidade. Entretanto, pouco tem produzido sobre a
questão da subjetividade dos próprios psicólogos e os processos que envolvem
as identidades sociais deles. Fatores sociais vêm contribuindo para isso, e a
psicologia vem se apresentando como uma ciência fragmentada que possui
linhas de conhecimentos divergentes entre si.
No Brasil, a profissão de Psicólogo foi regulamentada somente em 1962,
pela lei 4.119. Diferentemente do que era quando surgiu como ciência
independente (final do século XIX), o foco atual é compreender o sujeito
biopsicossocial e sua rede complexa que envolve áreas diferentes,
transdisciplinares. Observa-se, então, o surgimento de “projetos que tomam a
própria prática do psicólogo como questão” (NASCIMENTO, MANZINI e
BOCCO, 2006 p. 15). Em 2001 a APA apresentou uma lista de 53 divisões da
psicologia aplicada: Clinica, Educacional, Saúde, Social, Hospitalar, Jurídica e
outras (TRINDADE, 2009).
A psicologia do direito, cujo objetivo seria explicar a essência do
fenômeno jurídico, isto é, a fundamentação psicológica do direito uma vez que
todo o direito está repleto de conteúdos psicológicos. Essa tarefa de
investigação psicológica do direito recebeu a denominação de psicologismo
jurídico. A psicologia no direito, que estudaria a estrutura das normas jurídicas
enquanto estímulos vetores das condutas humanas e nesse aspecto, a
psicologia no direito é uma disciplina aplicada e prática. A psicologia para o
direito, a psicologia jurídica como ciência auxiliar do direito, tal como a
medicina legal, a engenharia legal, a economia, a contabilidade, a antropologia,
a sociologia e a filosofia, entre outras. (TRINDADE, 2009).
Psicologia judiciária que trata dos atores dos processos: acusado, vitima,
acusador, testemunha; e pelos métodos de informação de instrução e
confissão, e ainda busca entender a lógica de atuação dos juízes e seus
auxiliares. A psicologia criminal que se apropria da investigação e análise do
indivíduo delinquente, sua conduta e os processos criminógenos, e por último a
psicologia legal que, estuda as significações e conceitos jurídicos penais e civis
nos quais se baseiam os processos, compreendendo os princípios jurídicos
que orientam a tomada de decisão, como: responsabilidade culpa
periculosidade, interesse das partes, autoridade legal (DORON & PAROT,
2006).
Alguns autores buscaram distinguir a psicologia jurídica e a psicologia
forense/judicial, (Sabaté, 1980, Garzón 1990 apud Trindade, 2009)
historicamente fez sentido essa distinção. No entanto, atualmente, segundo
Trindade (2009) o termo psicologia jurídica, engloba qualquer prática aplicada
da ciência e da profissão de psicologia para os problemas e questões legais.
Jesus (2010) segue o mesmo raciocínio, afirmando que essa nomenclatura
seria mais abrangente, pois o termo forense estaria restrito ao fórum. Apesar
disso, as psicologias jurídicas, segundo Clemente (1998, apud Trindade 2009)
é citado de acordo com o tema que abordam: Psicologia judicial, penitenciária,
criminal, civil e família, do testemunho, da criança e do adolescente infrator,
policial, da vitima, e outras.
Direito e Contexto jurídico
O homem é um ser que pensa, tem consciência e se move num contexto
histórico-cultural. De acordo com Longo (2004 p.25) “O homem constrói o
mundo com sua inteligência, com seus braços, com sua vontade determinante
e com seu Deus”. Nesse contexto, interage com o outro, inicialmente com sua
família e posteriormente com os outros membros da sociedade da qual faz
parte. Este convívio com o grupo social proporciona a construção das
identidades e das regras. Onde quer que se encontre um agrupamento social,
onde quer que o homem esteja, por mais rudimentar que seja o fenômeno
jurídico esta presente (MONTEIRO, 2003).
É sabido que as sociedades humanas se encontram ligadas ao direito, o
homem já nasce sujeito de direitos, é uma necessidade fundamental. Dele
recebe estabilidade e a própria possibilidade de sobrevivência, pois encontra
as garantias das condições necessárias à coexistência social. Estas são
definidas e asseguradas pelas normas, que criam a ordem jurídica dentro da
qual o Estado organizado, sociedade e indivíduo compõem o seu destino.
(BRUNO, 1969).
Pereira (2001, p.4) afirma que “há e sempre houve uma norma, uma
regra de conduta, pautando a atuação do indivíduo, nas suas relações com os
outros indivíduos”. O autor acrescenta que quando “um indivíduo sustenta suas
faculdades e repele agressão, afirma ou defende os seus poderes, diz que
defende o seu direito. E, quando o juiz dirime os conflitos invocando a norma,
diz-se que ele aplica o direito”. Existindo o que se pode chamar de realidade
jurídica, reconhecível no comportamento humano. Monteiro (2003) corrobora
dizendo que existem outras normas de convivência impostas na sociedade,
que a rigor não se confundem com as jurídicas, regras morais. Ambas se
constituem como normas de comportamento.
Prática da Psicologia com enfoque Jurídico
Em um contexto judicial, o objetivo é verificar e determinar se os fatos
realmente ocorreram. Possibilitando a responsabilização, a proteção da
sociedade e garantindo os direitos. Em um contexto clínico, o psicólogo deve
observar os sintomas com o intuito principal de intervir e auxiliar o sujeito a lidar
com esses sintomas. No âmbito social o psicólogo ajuda o sujeito a lidar com o
ocorrido, orienta e auxilia na utilização dos recursos e meios necessários a
esse fim, atuando na segurança pública, inclui, também, o sistema jurídico.
Art. 59 do CP - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à
conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e
consequências do crime, bem como ao comportamento da vítima,
estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para a reprovação e
prevenção do crime.
Na prática o juiz atribui ao agente, quase que aleatoriamente, as
expressões “personalidade desajustada”, “personalidade não informada nos
autos”, “personalidade com inclinação para o crime”, e ainda, “personalidade
desregrada”. Tais expressões nada contribuem para a demonstração da
personalidade do agente. Carvalho (2001) discute a tarefa difícil do juiz: “a
experiência cotidiana revela que a valoração da personalidade do acusado, nas
sentenças criminais, é quase sempre precária, imprecisa, incompleta e
superficial”.
Em casos que envolvem estupro, maus tratos e atentado violento ao
pudor, contra vulneráveis, a inserção do psicólogo torna-se cada vez mais
importante. Nessa linha de entendimento, pontifica a doutrina e a jurisprudência
que as declarações da vítima constituem um meio de prova. Em princípio, o
conteúdo das declarações deve ser aceito com reservas. No entanto, por se
tratar de um delito às ocultas, é necessário que as declarações sejam seguras,
estáveis, coerentes, plausíveis, uniformes, perdendo sua credibilidade quando
o depoimento se revela reticente e contraditório a outros elementos
probatórios.
As demandas judiciais das Varas de Família é outro domínio em que a
psicologia se faz presente e exerce forte influência na proteção judicial dos
menores. Levando o magistrado a buscar, junto à Psicologia, um trabalho
técnico, seguro, capaz de embasar as decisões, resguardando os direitos das
crianças e adolescentes em questões de regulamentação de visitas e guarda
familiar (TRINDADE, 2002). Em matéria civil, a comprovação dos fatos
alegados é pressuposto da ação, e a partir dele é que se podem apurar
responsabilidades, que no caso independe de culpa. (artigo 333, 342, 348, 400
e seguintes).
Provas
Prova conceitualmente significa: “aquela que demonstra a veracidade de
uma proposição ou realidade de um fato”. Segundo Manzano (2011), prova
vem do latim probatio, que significa ensaio, verificação, inspeção, exame,
aprovação, confirmação, deriva do verbo probare. No direito, é usada para
identificar realidades diversas.
Manzano (2011 p. 1) diz que a finalidade da prova é convencer o
julgador “sobre a exatidão das afirmações formuladas pelas partes no
processo”, possibilitando “a certeza suficiente à formação do convencimento
necessário de que foi atingida a verdade possível e de legitimar a sentença”.
Acrescenta que não se pode confundir a finalidade da prova com o fim do
processo. Esta seria a verdade objetiva, alcançável e sujeita a sanção.
Hungria (1959), afirma que “prova é a verificação de algo, com a
finalidade de demonstrar a exatidão ou a verdade real da alegação feita pela
parte ao juiz. Diante desse olhar eleva-se o direito do indivíduo em face da
coletividade, pois, ao menor sinal de dúvida sobre o fato delituoso,
homenageia-se o princípio conhecido por ‘in dubio pro reo’”.
Em matéria penal, não é possível fundamentar uma decisão
condenatória apoiada exclusivamente em indícios remotos ou suposições. Para
o direito, a culpabilidade não se presume ou pode ser extraída de
subjetivismos, exigindo para sua definição prova segura do cometimento e da
autoria delituosa. (MANZANO, 2011.)
Notadamente a prova produzida quer oral, quer pericial, somente será
suficiente para a formação de um juízo de certeza se bem fundamentada. Pode
ser utilizada em três sentidos: a) ação de provar; b) meio ou instrumento para a
demonstração da verdade; c) resultado da ação. As espécies de provas são:
Exame de corpo e delito, onde se procede a verificação da materialidade
do crime; pericia técnica direta ou indireta; interrogatório; confissão; oitiva da
vitima (art.201 do CP); testemunha; reconhecimentos de pessoas e coisas;
acareação; documentação; indícios (prova indireta) que se valem do raciocínio
indutivo para, utilizando de dados isolados e conhecidos, chegar à conclusão
da existência do fato e de outros fatos mais abrangentes, se guiando por
vestígios, e nesse caso a prova é indireta (art. 239 do CP).
No processo penal a prova pode ser: material, real, substancial, sendo
produzida na fase de instrução que se encerra na audiência de instrução e
julgamento (art. 402, 534, 411 parágrafo 3º, do CPP). Segundo Manzano (2011
p. 239):
(...) tanto no processo penal quanto no processo civil se busca a verdade
processual, concebida como a melhor verdade, verdade aproximativa, verdade
humana e eticamente possível de ser atingida, sem atropelamento de direitos
individuais, em busca da pacificação social, revelada pela permanente
preocupação com efetividade da jurisdição penal, para que se alcance o
desejado equilíbrio entre o garantia e a eficiência.
Afirmar a verdade é possível deste de que se compreenda o que é
verdade real. Quando se fala em processo penal, a afirmação do princípio da
verdade real é necessária. Distingue-se do principio da verdade formal, que
regula o processo civil onde a prova é trazida pelas partes ao processo, e o juiz
decide conforme as provas apresentadas. No penal, o magistrado tem o dever
de investigar como os fatos se passaram na realidade, não se conformando
com a verdade formal constante dos autos.
Para tanto, o art. 156, II, com a redação determinada pela Lei n.
11.690/2008, faculta ao juiz de ofício determinar, no curso da instrução, ou
antes, de proferir sentença, a realização de diligências para ‘dirimir dúvida
sobre ponto relevante’. Ao magistrado é facultado buscar a verdade, persegui-
la.
Perícia
Segundo Tornaghi apud Manzano (2011 p. 8): “Perícia nada mais é do
que uma pesquisa que exige conhecimentos técnicos científicos e artísticos”.
Segundo o dicionário Aurélio, perícia é habilidade, destreza, conhecimento,
ciência, como também vistoria ou exame de caráter técnico especializado. O
termo deriva do latim, peritia, que significa destreza e habilidade ou peritus,
indivíduo erudito, capaz. (CAIRES, 2003.)
A perícia é uma prova técnica, realizada por um perito, que se utiliza da
experiência para auxiliar o juiz. Constatando, explicando, elucidando, revelando
e assim apontando um elemento de prova. Demanda a realização de um
procedimento técnico, o qual se desdobra em vários atos: preservação, coleta,
remessa, armazenamento, guarda, adoção do princípio cientifico, aplicação de
técnica especifica, e outros. Importante é a confiabilidade de sua análise e
conclusão. (MANZANO, 2011, p. 235).
A lei 4112/62 estabelece em seu art. 4º, inciso cinco, que: “Cabe ao
Psicólogo realizar perícias e emitir pareceres sobre a matéria de Psicologia”.
Caires (2003) defende a diferença entre a entrevista psicológica pericial, em
que o indivíduo não tem uma queixa, e sim, um fato jurídico e está sob o
domínio legal, e entre a entrevista clínica. Justificando a diferenciação da
técnica de psicodiagnóstico, pois o psicólogo está a serviço da justiça, o
individuo o vê como aquele que investiga e julga como se fosse uma extensão
do juiz.
Para tanto, a autora sugere procedimentos e técnicas baseados em sua
experiência, como: estudo psicológico do processo, mapeamento do caso,
mapeamento do desenvolvimento sócio afetivo, histórico médico, antecedentes
pessoais e aplicação de testes. Na construção do laudo ou parecer, deve-se
utilizar uma linguagem concisa. Sabendo que o judiciário necessita de
respostas que embasem medidas legais, sem expor o sujeito além do
necessário.
No Direito Brasileiro, existe a figura do perito oficial e do assistente
técnico, podendo ser chamados tanto na fase do inquérito policial como
durante a instrução criminal. Em juízo, o perito e o assistente podem ser
ouvidos mediante o requerimento das partes ou de ofício pelo Juiz para
esclarecer os laudos e pareceres apresentados (art. 159 e seguintes do CPP).
O perito é um auxiliar do Juiz sujeito a impedimentos. O assistente técnico,
indicado pela vítima e pelo acusado, é perito não oficial (MANZANO, 2011).
Segundo Manzano (2011), a perícia realizada na fase do inquérito
policial é investigativa, prova antecipada, se justifica se tiver natureza cautelar
e quando é realizada deve ter assegurado o contraditório. A prova é colocada à
prova, ressaltando que o juiz não está obrigado a aceitar o laudo ou parecer do
perito. No Brasil, o princípio do liberatório está no CPP e no CPC e defende o
livre convencimento do juiz, sendo esse apenas mais um elemento de prova
(MANZANO, 2011).
Definição de Psicologia Jurídica
Segundo o Conselho Federal de Psicologia, o psicólogo (a) que
trabalha na área:
1- Atua no âmbito da Justiça, colaborando no planejamento e
execução de políticas de cidadania, direitos humanos e prevenção da violência,
centrando sua atuação na orientação do dado psicológico repassado não só
para os juristas como também aos indivíduos que carecem de tal intervenção,
para possibilitar a avaliação das características de personalidade e fornecer
subsídios ao processo judicial, além de contribuir para a formulação, revisão e
interpretação das leis;
2- Avalia as condições intelectuais e emocionais de crianças,
adolescentes e adultos em conexão com processos jurídicos, seja por
deficiência mental e insanidade, testamentos contestados, aceitação em lares
adotivos, posse e guarda de crianças, aplicando métodos e técnicas
psicológicas e/ou de psicometria, para determinar a responsabilidade legal por
atos criminosos;
3- Atua como perito judicial nas varas cíveis, criminais, Justiça do
Trabalho, da família, da criança e do adolescente, elaborando laudos,
pareceres e perícias, para serem anexados aos processos, a fim de realizar
atendimento e orientação a crianças, adolescentes, detentos e seus familiares;
4- Orienta a administração e os colegiados do sistema penitenciário
sob o ponto de vista psicológico, usando métodos e técnicas adequados, para
estabelecer tarefas educativas e profissionais que os internos possam exercer
nos estabelecimentos penais; realiza atendimento psicológico a indivíduos que
buscam a Vara de Família, fazendo diagnósticos e usando terapêuticas
próprias, para organizar e resolver questões levantadas; participa de audiência,
prestando informações, para esclarecer aspectos técnicos em psicologia a
leigos ou leitores do trabalho pericial psicológico;
5- Atua em pesquisas e programas sócio-educativos e de prevenção
à violência, construindo ou adaptando instrumentos de investigação
psicológica, para atender às necessidades de crianças e adolescentes em
situação de risco, abandonados ou infratores;
6- Elabora petições sempre que solicitar alguma providência ou haja
necessidade de comunicar-se com o juiz durante a execução de perícias, para
serem juntadas aos processos;
7- Realiza avaliação das características das personalidades através
da triagem psicológica, avaliação de periculosidade e outros exames
psicológicos no sistema penitenciário para os casos de pedidos de benefícios,
tais como: transferências para estabelecimentos semiabertos, livramento
condicional entre outros semelhantes.
8- Assessora a administração penal na formulação de políticas
penais e no treinamento de pessoal para aplicá-la;
9- Realiza pesquisa visando à construção e ampliação do
conhecimento psicológico aplicado ao campo do direito.
10- Realiza orientação psicológica a casais antes da entrada nupcial
da petição, assim como as audiências de conciliação.
11- Realiza atendimento a crianças envolvidas em situações que
chegam ás instituições de direito, visando à preservação de sua saúde mental;
12- Auxilia juizados na avaliação e assistência psicológica de
menores e seus familiares, bem como assessora-los no encaminhamento a
terapia psicológica quando necessário;
13- Presta atendimento e orientação a detentos e seus familiares
visando à preservação da saúde. Acompanha detentos em liberdade
condicional, na internação em hospital penitenciário, bem como atua no apoio
psicológico para as famílias destes;
14- Desenvolve estudos e pesquisas na área criminal, construindo ou
adaptando os instrumentos de investigação psicológica.
As doenças mentais avaliadas pelo psicólogo forense.
Transtorno se ajustamento – é uma fonte identificável de estresse que
causam sintomas emocionais e mentais significativos
1- Sofrimento acentuado, que excede o que seria esperado da
exposição ao estressor; .
2- Prejuízo significativo no funcionamento social ou profissional
(acadêmico)
Dentre eles estão:
Humor depressivo: tendências ao choro ou sensação de
impotência;
Ansiedade: nervosismo, preocupação ou inquietação, quando em
crianças, medo da separação de figuras de vinculação;
Misto de ansiedade e depressão: é a misturas das sensações
causadas pela ansiedade e pela depressão concomitantemente;
Perturbação da conduta: vadiagem, vandalismo, direção
imprudente, lutas corporais, descumprimentos de responsabilidades legais;
Perturbação mista das emoções e da conduta: são identificados
quando a manifestação é tanto sintomas emocionais quanto de conduta
(depressão, ansiedade);
Inespecífico: queixas somáticas; retraimento social, inibição
profissional ou acadêmica.
Dentro dos transtornos causados pela ansiedade, temos: agorafobia
(são o medo de reuniões, assembleias e multidões, situações em que uma
esquiva seria difícil de realizar); Ataque de pânico (é caracterizado por uma
forte sensação de medo); transtornos de pânico com ou sem agorafobia;
agorafobia sem história de transtorno de pânico; fobia específica (medo de
voas, medo de animais, de doenças, de sangue etc.); fobia social (é a
ansiedade em relação à avaliação social); transtorno obsessivo – compulsivo
(caracterizada por pensamentos e ideias incontroláveis, e a compulsão, em que
comportamentos são emitidos na tentativa de afastar tais pensamentos);
estresse pós-traumático (ocorre após um evento extremamente aversivo que
pode ter sido vivido ou apenas testemunhado pelo indivíduo), transtorno do
estresse agudo, Transtorno de Ansiedade Devido a uma Condição Médica
Geral, Transtorno de Ansiedade Induzido por Substância, Transtorno de
Ansiedade Sem Outra Especificação (Outros transtornos de ansiedade que não
se enquadram em nenhuma outra categoria).
Fobia específica, antigamente conhecida por fobia simples, é uma classe
mais generalista. Ocorre um intenso medo que pode ser de objetos ou mesmo
de situações. Por exemplo, medo de voar, medo de animais, de doenças, de
sangue etc.
A fobia social é caracterizada pela ansiedade em relação à avaliação
social de outra pessoa. É comum surgir na adolescência por ser uma fase da
vida em que há o desenvolvimento pessoal e de habilidades sociais, porém
também pode surgir na infância ou na vida adulta.
Existem vários tipos de TOCs. Neste transtorno há a obsessão,
caracterizada por pensamentos e ideias incontroláveis, e a compulsão, em que
comportamentos são emitidos na tentativa de afastar tais pensamentos. Um
exemplo comum de TOC são pessoas que lavam as mãos compulsivamente.
Vale destacar que o comportamento emitido pode ser simbólico, não
necessariamente quem lava as mãos compulsivamente, por exemplo, tem
pensamentos obsessivos com sujeira, germes e afins.
Existem vários tipos de TOCs. Neste transtorno há a obsessão,
caracterizada por pensamentos e ideias incontroláveis, e a compulsão, em que
comportamentos são emitidos na tentativa de afastar tais pensamentos. Um
exemplo comum de TOC são pessoas que lavam as mãos compulsivamente.
Vale destacar que o comportamento emitido pode ser simbólico, não
necessariamente quem lava as mãos compulsivamente, por exemplo, tem
pensamentos obsessivos com sujeira, germes e afins.
Geralmente antecede o TEPT. Ocorre em torno de um mês após a
exposição ao evento causador de estresse intenso, com o surgimento de
ansiedade.
Transtorno de Ansiedade Generalizada
É mais leve, possui uma duração curta em relação a outros transtornos
de ansiedade, em torno de 6 meses, em que há uma preocupação constante
de que algo irá acontecer, em qualquer ambiente que se vá. Não há
necessariamente um estímulo específico para a emissão de comportamentos
ansiosos.
Transtorno de Ansiedade Devido a uma Condição Médica Geral é
comum ocorrer por conta da utilização de drogas em algum tratamento, não
necessariamente sendo este tratamento de ordem psiquiátrica.
Transtornos de Ansiedade Induzidos por Substância Ocorrem por conta
de alguma droga ou substância que altere o funcionamento fisiológico e mental
do indivíduo, propiciando o surgimento de comportamentos ansiosos.
Transtornos de Ansiedade Induzidos por Substância Ocorrem por conta
de alguma droga ou substância que altere o funcionamento fisiológico e mental
do indivíduo, propiciando o surgimento de comportamentos ansiosos.
Transtornos Cognitivos
Transtornos cognitivos são os que envolvem funções cognitivas tais
como: memória, resolução de problemas e percepção. Também são chamados
de Demência, como quadro geral.
Alguns problemas de ansiedade e de humor são classificados como
Transtornos Cognitivos.
De acordo com DSM-IV: “Os transtornos na seção “Demência”
caracterizam-se pelo desenvolvimento de múltiplos déficits cognitivos (incluindo
comprometimento da memória) devido aos efeitos fisiológicos diretos de uma
condição médica geral, aos efeitos persistentes de uma substância ou a
múltiplas etiologias (por ex., os efeitos combinados de doença cerebrovascular
e doença de Alzheimer). Os transtornos nesta seção compartilham uma
apresentação sintomática comum, mas são diferenciados com base em sua
etiologia”.
Ou seja, os transtornos cognitivos são diferenciados de acordo com suas
causas (etiologia).
Tipos de Transtorno Cognitivo ou Demência, pelo DSM-IV:
Demência Tipo Alzheimer,
Demência vascular,
Demência Devido à Doença do HIV,
Demência Devido a Traumatismo Craniano,
Demência Devido à Doença de Parkinson,
Demência Devido à Doença de Huntington,
Demência Devido à Doença de Pick,
Demência Devido à Doença de Creutzfeldt-Jakob,
Demência Devido a Outras Condições Médicas Gerais,
Demência Persistente Induzida por Substância e
Demência Devido a Múltiplas Etiologias.
Além disso, a categoria Demência Sem Outra Especificação é incluída
nesta seção para apresentações nas quais o clínico é incapaz de determinar
uma etiologia específica para os múltiplos déficits cognitivos.
Transtornos de Desenvolvimento
Transtornos de Desenvolvimento ou Transtornos Invasivos do
Desenvolvimento, de acordo com o DSM-IV, são caracterizados por prejuízos
severos e invasivos em diversas áreas do desenvolvimento como: “habilidades
de interação social recíproca, habilidades de comunicação, ou presença de
comportamento, interesses e atividades estereotipados. Os prejuízos
qualitativos que definem essas condições representam um desvio acentuado
em relação ao nível de desenvolvimento ou idade mental do indivíduo”.
Geralmente são descobertos e diagnosticados na infância. Por isso, por
vezes também são chamados de Transtornos da Infância.
Tipos de Transtorno Invasivos do Desenvolvimento:
Transtorno Autista,
Transtorno de Rett,
Transtorno Desintegrativo da Infância,
Transtorno de Asperger e
Transtorno Invasivo do Desenvolvimento Sem Outra Especificação.
Transtorno Dissociativo e de Identidade
O termo dissociativo surgiu da palavra dissociação, que, por sua vez,
deriva de dissociar. De acordo com o Dicionário Michaelis, Dissociar significa:
1) Separar elementos associados
2) Desagregar
3) Submeter à dissociação
O antônimo de dissociar, ou seja, o contrário é associar, combinar.
O DSM-IV define os Transtornos Dissociativos também chamado
Transtorno Dissociativo e de Identidade do seguinte modo:
“A característica essencial do Transtorno Dissociativo de Identidade é a
presença de duas ou mais identidades ou estados de personalidade distintos
(Critério A), que recorrentemente assumem o controle do comportamento
(Critério B)”.
Existe uma incapacidade de recordar informações pessoais importantes,
cuja extensão é demasiadamente abrangente para ser explicada pelo
esquecimento normal (Critério C).
A perturbação não se deve aos efeitos fisiológicos diretos de uma
substância ou de uma condição médica geral (Critério D). “Em crianças, os
sintomas não podem ser atribuídos a companheiros imaginários ou a outros
jogos de fantasia”.
Transtornos Alimentares
Os Transtornos Alimentares relacionam-se, como o próprio nome já
indica, a fatores ligados diretamente com a alimentação.
A definição que encontramos no DSM-IV é a seguinte:
“Os Transtornos Alimentares caracterizam-se por severas perturbações
no comportamento alimentar”. Esta seção inclui dois diagnósticos específicos,
Anorexia Nervosa e Bulimia Nervosa.
A Anorexia Nervosa caracteriza-se por uma recusa a manter o peso
corporal em uma faixa normal mínima.
A Bulimia Nervosa é caracterizada por episódios repetidos de
compulsões alimentares seguidas de comportamentos compensatórios
inadequados, tais como vômitos auto-induzidos; mau uso de laxantes,
diuréticos ou outros medicamentos; jejuns ou exercícios excessivos”.
Outro tipo de Transtorno Alimentar é o Transtorno Alimentar na 1°
Infância.
Conheça o Curso Online de Transtornos Alimentares
Transtornos do Controle dos Impulsos
Para entendermos em que consiste este Transtorno em especial,
utilizaremos a definição dada pelo DSM-IV:
“A característica essencial dos Transtornos de Controle dos Impulsos é o
fracasso em resistir a um impulso ou tentação de executar um ato perigoso
para a própria pessoa ou para outros”. Na maioria dos transtornos descritos
nesta seção, o indivíduo sente uma crescente tensão ou excitação antes de
cometer o ato. Após cometê-lo, pode ou não haver arrependimento, auto-
recriminação ou culpa. Os seguintes transtornos são incluídos nesta seção:
O Transtorno Explosivo Intermitente é caracterizado por episódios
distintos de fracasso em resistir a impulsos agressivos, resultando em sérias
agressões ou destruição de propriedades.
A Cleptomania caracteriza-se por um fracasso recorrente em resistir a
impulsos de roubar objetos desnecessários para o uso pessoal ou em termos
de valor monetário.
A Piromania é caracterizada por um padrão de comportamento
incendiário por prazer, gratificação ou alívio de tensão.
O Jogo Patológico caracteriza-se por um comportamento mal-adaptativo,
recorrente e persistente, relacionado a jogos de azar e apostas.
“A Tricotilomania caracteriza-se pelo ato de puxar de forma recorrente os
próprios cabelos por prazer, gratificação ou alívio de tensão, acarretando uma
perda capilar perceptível”.
Transtornos Mentais, devido a condições médicas gerais.
Este tipo de Transtorno, intitulado Transtorno Mental devido a condições
médicas gerais, consiste em um transtorno causado por uma condição médica.
Como lemos no DSM-IV:
“Um Transtorno Mental Devido a uma Condição Médica Geral é
caracterizado pela presença de sintomas mentais considerados como a
consequência fisiológica direta de uma condição médica geral”.
Mais a frente, lemos a história da criação desta classificação, em
especial:
“No DSM-III-R, os Transtornos Mentais Devido a uma Condição Médica
Geral e os Transtornos Induzidos por Substâncias eram chamados de
transtornos “orgânicos” e listados em conjunto em uma única seção”. Esta
diferenciação de transtornos mentais “orgânicos” como uma classe separada
implicava a existência de transtornos mentais “não orgânicos” ou “funcionais”
que, de alguma forma, não apresentavam relação com fatores ou processos
físicos ou biológicos.
A avaliação de suspeitos
Como qualquer um sabe, apesar de sermos um dos países mais ricos do
mundo (somos a 7° economia mais rica!), existe um problema de alocação de
recursos em diversos setores por parte do governo. Isto se reflete nas
estatísticas: “Por ano, são mais de 50 mil mortes no país. E os casos em que
os assassinos são punidos não chegam sequer a 8%” (Fonte: Jornal O Globo).
De modo que 90% dos crimes acabam sem solução.
Se for deste modo à realidade atual, é ingenuidade achar que o governo
contrataria uma rede de psicólogos para ir atrás de possíveis suspeitos, fazer
testes e avaliações aprofundadas. Além disso, a maioria dos crimes não
necessitaria de uma investigação de personalidade apurado (o que levaria a
um diagnóstico psicopatológico que, em última análise, seria utilizado para
averiguar se a pessoa é passível de pena ou não).
Digo que não necessitaria porque a maior parte dos crimes se resume a
duas situações:
– dinheiro
– crimes passionais
E esta asserção não é apenas aqui e apenas agora. Por isso, existem
dois lemas de investigação que são: “Follow the money” (siga o dinheiro) e
“cherchez la femme” (procure a mulher), ou seja, ao seguir a rota do dinheiro
ou buscar as causas monetárias é possível solucionar uma parte dos crimes.
Por exemplo, assassinatos em que o assassino estava interessado em se
apropriar dos bens do assassinado. E, ao procurar à mulher – ou o homem – a
polícia investiga os relacionamentos afetivos, amorosos e sexuais para
descobrir motivações ligadas a estes comportamentos como ciúmes, vingança,
etc.
Além destes dois tipos de situações, também existem os casos ligados
às doenças mentais como o sujeito que está passando por um surto psicótico e
mata a família. A motivação não é por dinheiro ou por paixões e sim pela
doença mental subjacente.
Isto posto, devemos imaginar que toda a rede jurídica composta por
juízes, advogados, delegados e outros profissionais precisaria dos serviços de
um profissional da psicologia quando?
Voltamos à área da família, ao responder, mais do que a área criminal
propriamente dita. Um juiz pode pedir que uma criança de 6 anos seja avaliada
se sofreu ou não abuso ou se uma pessoa não está lúcida e deve ser
interditada. Acontece de em casos de júri popular uma avaliação seja pedida.
Porém, devemos nos lembrar de que também existe a psiquiatria forense e,
portanto, um psiquiatra talvez ocupe o lugar.
Art. 65 - Circunstâncias atenuantes
Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena:
I - ser o agente menor de 21 (vinte e um), na data do fato, ou maior de
70 (setenta) anos, na data da sentença;
II - o desconhecimento da lei;
III - ter o agente:
a) cometido o crime por motivo de relevante valor social ou moral;
b) procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência, logo após o
crime, evitar-lhe ou minorar-lhe as consequências, ou ter, antes do julgamento,
reparado o dano;
c) cometido o crime sob coação a que podia resistir, ou em cumprimento
de ordem de autoridade superior, ou sob a influência de violenta emoção,
provocada por ato injusto da vítima;
d) confessado espontaneamente, perante a autoridade, a autoria do
crime;
e) cometido o crime sob a influência de multidão em tumulto, se não o
provocou.
As circunstâncias são elementos que circundam o crime, sem afetá-lo
em sua substância. Pode se dizer que as circunstâncias servem como
catalisadores da reação química chamada delito, pois potencializam os efeitos
da sanção sem alterar a substância do crime.
No caso, as circunstâncias atenuantes têm a mesma natureza jurídica
das agravantes, entretanto, seguem sentido oposto ao destas, já que orientam
a redução da pena, quando presentes no caso concreto.
I – atenua-se a pena do menor de 21 anos, onde se considera a idade
que o autor tinha na época da prática do crime, em razão de sua presumível
imaturidade e inconsequência pelo delito que cometeu. O maior de 70 anos,
por sua vez, tem atenuada sua pena por uma questão de piedade e
humanidade, em razão da própria velhice.
II – O desconhecimento da Lei não se justifica (art. 21 do Código Penal e
3.º da Lei de Introdução ao Código Civil), tornando-se ela oponível a todos
após ter sido publicada. Entretanto, a ignorância dela pelo autor serve como
causa de diminuição de pena, caso reste reconhecida.
III, “a” – O motivo de relevante valor social é aquele que prepondera em
favor da coletividade e o de valor moral é aquele que se afigura justo, suficiente
para, ao menos no campo moral, justificar a conduta do autor.
III, “b” – O arrependimento e/ou reparação do dano surge aqui como
figura subsidiária do previsto no artigo 16 do Código Penal. Não configurado o
arrependimento posterior no mencionado artigo, pode o autor valer-se ainda da
atenuante sob comento, apenas para efeito de circunstância atenuante.
A providência do autor para evitar as consequências do crime deve ser
logo após a prática do delito e a reparação do dano, por seu turno, deve
ocorrer ante do julgamento da ação penal.
.
III “c” – A hipótese de coação resistível, aquela situação sobre a qual é
de se esperar alguma oposição do autor, está em oposição à coação que é
irresistível, prevista no artigo 22 caput, do Código Penal. Não configurada esta
excludente de culpabilidade, o autor do fato poderá se valer ainda dela como
circunstância legal para atenuação da pena.
Vale-se da atenuante da obediência hierárquica o autor que atua sob
mando de autoridade que lhe é funcionalmente superior (exige-se uma relação
de subordinação hierárquica de direito público). Nesta hipótese, socorre-lhe tal
circunstância quando lhe é ordenado o cumprimento de ordem, ainda que esta
seja manifestamente ilegal. Se não há evidências da ilegalidade da ordem,
deve então ser beneficiado pela hipótese do artigo 22 do Código Penal.
Por fim, a violenta emoção, decorrente de ato injusto da vítima, também
determina a incidência desta circunstância atenuante.
III “d” – A confissão da autoria deve ser espontânea, não podendo
decorrer de fatores externos ao agente. Assim, não se pode considerar a que
advém de advertência de autoridade ou de outras circunstâncias, hipótese em
que se configurará, no máximo, em confissão voluntária, que não se confunde
com aquela.
III “e” – A influência da multidão em tumulto, como atenuante, só incide
quando ela não for provocada pelo próprio agente. Obsta a lei que o tumulto
provocado pelo autor do fato lhe aproveite.
Art. 26 - Inimputáveis
Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou
desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da
omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de
determinar-se de acordo com esse entendimento.
Redução de pena
Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o
agente, em virtude de perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento
mental incompleto ou retardado não era inteiramente capaz de entender o
caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
A imputabilidade é a condição legal para a imposição da sanção penal
àquele que praticou um fato típico e antijurídico. Ela existirá quando o autor do
fato for capaz, entenda-se mentalmente capaz, de compreender a ilicitude do
ato praticado ou se determinar de acordo com tal compreensão. Faltando ao
autor a inteira capacidade de compreensão da ilicitude de sua conduta, por
uma doença mental ou um desenvolvimento mental incompleto ou retardado, a
ele não poderá ser imposta sanção penal, sendo, então inimputável.
A lei, neste artigo, isenta de pena aquele cuja debilidade mental impede
a compreensão da ilicitude do fato que praticou.
Sua doença ou seu desenvolvimento mental incompleto ou retardado,
contudo, devem ser a causa de sua total falta de compreensão da ilicitude dos
fatos. A simples existência de doença mental, que, por seus sintomas, não
atinge a capacidade de percepção do autor, não serve para o reconhecimento
da inimputabilidade. Esta é a característica determinante da teoria
biopsicológica ou mista, adotada pelo código penal brasileiro.
A hipótese do parágrafo único do artigo 26 do Código Penal, por sua
vez, trata de uma imputabilidade mitigada, diminuída, que advém de uma
percepção reduzida da ilicitude penal, igualmente decorrente de uma
perturbação mental ou um desenvolvimento mental incompleto ou retardado.
No caput, do artigo 26 haverá uma isenção de pena em razão da
absoluta impossibilidade de o autor do fato compreender a ilicitude de sua
conduta ou determinar-se de acordo com esse entendimento, em razão de
alguma doença mental ou de seu desenvolvimento mental incompleto ou
retardado. Tem-se uma situação de inimputabilidade.
No parágrafo único de tal dispositivo legal haverá apenas uma redução
da pena, em razão de uma relativa impossibilidade de compreender a ilicitude
de sua conduta, também decorrente de alguma perturbação mental ou de seu
desenvolvimento mental incompleto ou retardado. A doutrina fala, aqui, em
semi-imputabilidade.
Art. 27 - Menores de dezoito anos
Art. 27 - Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente inimputáveis,
ficando sujeitos às normas estabelecidas na legislação especial.
Neste artigo a lei estabeleceu uma presunção absoluta de
inimputabilidade, decorrente da menoridade do autor do fato. Pouco importa se,
de fato, ele possuía ou não condições mentais de compreender a ilicitude de
sua conduta ou de se determinar de acordo com tal compreensão, caso não
tenha alcançado a idade de 18 anos até antes da data dos fatos, o autor será
inimputável. Se alcançou a maioridade no dia em que praticou o fato, será
imputável por sua maioridade.
Na hipótese deste artigo, o autor do fato não pode ser punido na forma
da lei penal. Contudo, fica sujeito à proteção do Estatuto da Criança e do
Adolescente, que lhe impõe medidas reeducativas, passíveis de aplicação ao
menor infrator até os 21 anos de idade.
Art. 28 - Emoção, paixão e embriaguez.
Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal:
I - a emoção ou a paixão;
II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância de
efeitos análogos.
§ 1º - É isento de pena o agente que, por embriaguez completa,
proveniente de caso fortuito ou força maior, era, ao tempo da ação ou da
omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de
determinar-se de acordo com esse entendimento.
§ 2º - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, por
embriaguez, proveniente de caso fortuito ou força maior, não possuía, ao
tempo da ação ou da omissão, a plena capacidade de entender o caráter ilícito
do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
Refere o dispositivo do artigo 28 do Código penal que a emoção e a
paixão não excluem a imputabilidade. Noutros termos, elas não servem para
escudar a tese de inimputabilidade penal.
A emoção é uma alteração afetiva importante, mas temporária,
passageira, que pode consistir no susto, na raiva, na alegria etc.
A paixão, por sua vez, é uma alteração duradoura do estado psíquico
da pessoa, tem-se como exemplo os ciúmes, o amor, o ódio etc.
Como dito inicialmente, nenhum desses estados de espírito fundamenta
a inimputabilidade do autor. Sem embargo, contudo, eles podem afetar a
dosimetria da pena na forma dos arts. 65, inciso III, "a" e "c", do Código Penal,
por exemplo.
A embriaguez voluntária (aquela pretendida pelo autor) ou culposa
(decorrente de imprudência, negligência ou imperícia) também não servem
como causa ao reconhecimento da inimputabilidade.
Para efeitos penais, a embriaguez é o estado decorrente da ingestão de
bebidas alcoólicas ou de outras com eficácia equivalente, em que a capacidade
do autor, de compreender os fatos ou de se determinar de acordo com tal
compreensão, é afetada.
A embriaguez decorrente de caso fortuito ou de força maior, contudo, é
considerada para efeitos de inimputabilidade penal. Se, nestes casos, ela
resultar de uma absoluta impossibilidade de o autor compreender a ilicitude de
sua conduta, não haverá imposição de pena, sendo esta a hipótese do § 1.º do
presente artigo. Outrossim, caso ela implique numa reduzida capacidade de
compreensão da ilicitude do fato ilícito, remanescerá ao autor a possibilidade
de redução de sua sanção penal, na forma do § 2.º do artigo em estudo.
Art. 41 - Superveniência de doença mental
Art. 41 - O condenado a quem sobrevém doença mental deve ser
recolhido a hospital de custódia e tratamento psiquiátrico ou, à falta, a outro
estabelecimento adequado.
Aqui a norma impede a permanência do condenado acometido de
doença mental em estabelecimento penal comum, devendo ser encaminhado a
hospital de custódia ou tratamento psiquiátrico, caso sobrevenha tal
enfermidade no curso do cumprimento da pena. Não pode ele permanecer na
companhia dos apenados comuns.
Além disso, o art. 183 da LEP prevê a possibilidade de conversão da
pena em medida de segurança nestes casos.
Art. 66 – Circunstâncias atenuantes genéricas
Art. 66 - A pena poderá ser ainda atenuada em razão de circunstância
relevante, anterior ou posterior ao crime, embora não prevista expressamente
em lei.
Aqui a lei permite o reconhecimento de outras atenuantes não previstas
taxativamente na lei penal, dando ao Juízo margem de discricionariedade para
reconhecer aquelas que, sendo relevantes e anteriores ou posteriores ao
crime, merecem consideração no momento de se mensurar a dosimetria da
pena.
Às circunstâncias que forem concomitantes ao delito, não previstas em
lei, a doutrina pugna a incidência desta norma, como aplicação da analogia in
bonan parte.
Art. 77 – Requisitos da suspensão da pena (sursis)
Art. 77 - A execução da pena privativa de liberdade, não superior a 2
(dois) anos, poderá ser suspensa, por 2 (dois) a 4 (quatro) anos, desde que:
I - o condenado não seja reincidente em crime doloso;
II - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e personalidade
do agente, bem como os motivos e as circunstâncias autorizem a concessão
do benefício;
III - Não seja indicada ou cabível a substituição prevista no art. 44 deste
Código.
§ 1º - A condenação anterior a pena de multa não impede a concessão
do benefício.
§ 2o A execução da pena privativa de liberdade, não superior a quatro
anos, poderá ser suspensa, por quatro a seis anos, desde que o condenado
seja maior de setenta anos de idade, ou razões de saúde justifiquem a
suspensão.
A suspensão condicional da pena surge como proposta do legislador ao
autor de crimes menos lesivos, para que não seja ele submetido ao rigor e às
agruras de um regime prisional, desde que cumpra determinadas restrições,
diversas daquela decorrente da privação da liberdade.
À luz do artigo 157 da Lei de Execuções Penais, resulta nula a sentença
que não enfrenta a possibilidade da concessão ou não do “sursis” ao
condenado.
O “sursis” só será cabível quando (critérios cumulativos):
a) A pena privativa de liberdade for cominada na sentença em
quantidade igual ou inferior a 2 anos;
b) O condenado não for reincidente em crime doloso – Uma
condenação anterior por contravenção não impede a concessão do benefício
(já que a lei exige a reincidência em crime), tampouco a condenação por crime
em que já tenha transcorrido o período de prova de 5 anos;
c) A culpabilidade, os antecedentes, a conduta social do condenado,
assim como os motivos e as circunstâncias do crime demonstrem a
necessidade e a suficiência da medida.
d) A impossibilidade de substituição da pena privativa de liberdade pela
restritiva de direitos.
O “sursis” etário tem um limite máximo de condenação mais amplo,
quatro anos, sendo passível de concessão ao septuagenário ou àquele cujas
condições de saúde recomendem a suspensão.
Art. 99 – Direitos do internado
Art. 99 - O internado será recolhido a estabelecimento dotado de
características hospitalares e será submetido a tratamento.
Quando impõe o recolhimento do internado a estabelecimento dotado de
características hospitalares, a contrario sensu, a norma esta impedindo a
colocação daquele em estabelecimento prisional comum, misturado aos
condenados imputáveis.
De outro lado, é de se compreender que o internado preserva todos
aqueles direitos não afetados pela medida que lhe foi imposta (dignidade,
imagem, integridade física...) além de lhe ser assegurada assistência material,
jurídica etc, nos termos dos artigos 3.º, 10 a 27 da Lei de Execuções Penais.
Art. 120 – Perdão Judicial
Art. 120 - A sentença que conceder perdão judicial não será considerada
para efeitos de reincidência.
A redação do artigo 120 do Código Penal é autoexplicativa quando
refere que o perdão judicial não tem efeitos sobre a reincidência.
Já sobre a natureza da sentença que reconhece tal favor legal, mesmo
que parte da doutrina mencione tratar-se de sentença condenatória, a leitura da
Súmula 18 do STJ subtrai dela qualquer efeito condenatório:
“A sentença concessiva do perdão judicial é declaratória da extinção da
punibilidade, não subsistindo qualquer efeito condenatório.”
http://www.psicologiamsn.com/2011/01/doencas-mentais.html
http://penalemresumo.blogspot.com.br/2010/06/art-65-circunstancias-
atenuantes.html