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Direito: Psicologia Forense Psicologia Forense, também conhecida como Psicologia Criminal ou Psicologia Judiciária consiste na aplicação dos conhecimentos psicológicos ao serviço do Direito. Dedica-se à proteção da sociedade e à defesa dos direitos do cidadão através da perspectiva psicológica. Este ramo da psicologia restringe-se às situações que se apresentam nos tribunais. Deste modo a Psicologia Forense são todos os casos psicológicos que podem surgir em contexto de tribunal. Dedica-se ao estudo do comportamento criminoso. Clinicamente, tenta construir o percurso da vida do indivíduo criminoso e todos os processos psicológicos que o possam ter levado à criminalidade; tentando descobrir a razão do problema, uma vez que só assim se pode partir para a solução. Descobrindo as causas das desordens tanto mentais quanto comportamentais, pode-se determinar uma pena justa, tendo em vista que estes casos são muito particulares e assim devem ser tratados em tribunal. Esta ciência nasceu da necessidade de legislação apropriada para os casos de indivíduos considerados doentes mentais e que tenham cometido atos criminosos, pequenos ou graves delitos. A doença mental deve ser encarda pela perspectiva clinica, mas também deve ser analisada juridicamente.

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Direito: Psicologia Forense

Psicologia Forense, também conhecida como Psicologia Criminal ou

Psicologia Judiciária consiste na aplicação dos conhecimentos psicológicos ao

serviço do Direito. Dedica-se à proteção da sociedade e à defesa dos direitos

do cidadão através da perspectiva psicológica.

Este ramo da psicologia restringe-se às situações que se apresentam

nos tribunais. Deste modo a Psicologia Forense são todos os casos

psicológicos que podem surgir em contexto de tribunal. Dedica-se ao estudo do

comportamento criminoso.

Clinicamente, tenta construir o percurso da vida do indivíduo criminoso e

todos os processos psicológicos que o possam ter levado à criminalidade;

tentando descobrir a razão do problema, uma vez que só assim se pode partir

para a solução.

Descobrindo as causas das desordens tanto mentais quanto

comportamentais, pode-se determinar uma pena justa, tendo em vista que

estes casos são muito particulares e assim devem ser tratados em tribunal.

Esta ciência nasceu da necessidade de legislação apropriada para os

casos de indivíduos considerados doentes mentais e que tenham cometido

atos criminosos, pequenos ou graves delitos. A doença mental deve ser

encarda pela perspectiva clinica, mas também deve ser analisada

juridicamente.

O Psicólogo formado nesta área, além do conhecimento específico na

área da psicologia, deve também entender das leis civis e das leis criminais.

Psicologias aplicadas e psicologia jurídica

A Psicologia, como ciência e profissão, vem trabalhando a questão da

subjetividade e da complexidade. Entretanto, pouco tem produzido sobre a

questão da subjetividade dos próprios psicólogos e os processos que envolvem

as identidades sociais deles. Fatores sociais vêm contribuindo para isso, e a

psicologia vem se apresentando como uma ciência fragmentada que possui

linhas de conhecimentos divergentes entre si.

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No Brasil, a profissão de Psicólogo foi regulamentada somente em 1962,

pela lei 4.119. Diferentemente do que era quando surgiu como ciência

independente (final do século XIX), o foco atual é compreender o sujeito

biopsicossocial e sua rede complexa que envolve áreas diferentes,

transdisciplinares. Observa-se, então, o surgimento de “projetos que tomam a

própria prática do psicólogo como questão” (NASCIMENTO, MANZINI e

BOCCO, 2006 p. 15). Em 2001 a APA apresentou uma lista de 53 divisões da

psicologia aplicada: Clinica, Educacional, Saúde, Social, Hospitalar, Jurídica e

outras (TRINDADE, 2009).

A psicologia do direito, cujo objetivo seria explicar a essência do

fenômeno jurídico, isto é, a fundamentação psicológica do direito uma vez que

todo o direito está repleto de conteúdos psicológicos. Essa tarefa de

investigação psicológica do direito recebeu a denominação de psicologismo

jurídico. A psicologia no direito, que estudaria a estrutura das normas jurídicas

enquanto estímulos vetores das condutas humanas e nesse aspecto, a

psicologia no direito é uma disciplina aplicada e prática. A psicologia para o

direito, a psicologia jurídica como ciência auxiliar do direito, tal como a

medicina legal, a engenharia legal, a economia, a contabilidade, a antropologia,

a sociologia e a filosofia, entre outras. (TRINDADE, 2009).

Psicologia judiciária que trata dos atores dos processos: acusado, vitima,

acusador, testemunha; e pelos métodos de informação de instrução e

confissão, e ainda busca entender a lógica de atuação dos juízes e seus

auxiliares. A psicologia criminal que se apropria da investigação e análise do

indivíduo delinquente, sua conduta e os processos criminógenos, e por último a

psicologia legal que, estuda as significações e conceitos jurídicos penais e civis

nos quais se baseiam os processos, compreendendo os princípios jurídicos

que orientam a tomada de decisão, como: responsabilidade culpa

periculosidade, interesse das partes, autoridade legal (DORON & PAROT,

2006).

Alguns autores buscaram distinguir a psicologia jurídica e a psicologia

forense/judicial, (Sabaté, 1980, Garzón 1990 apud Trindade, 2009)

historicamente fez sentido essa distinção. No entanto, atualmente, segundo

Trindade (2009) o termo psicologia jurídica, engloba qualquer prática aplicada

da ciência e da profissão de psicologia para os problemas e questões legais.

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Jesus (2010) segue o mesmo raciocínio, afirmando que essa nomenclatura

seria mais abrangente, pois o termo forense estaria restrito ao fórum. Apesar

disso, as psicologias jurídicas, segundo Clemente (1998, apud Trindade 2009)

é citado de acordo com o tema que abordam: Psicologia judicial, penitenciária,

criminal, civil e família, do testemunho, da criança e do adolescente infrator,

policial, da vitima, e outras.

Direito e Contexto jurídico

O homem é um ser que pensa, tem consciência e se move num contexto

histórico-cultural. De acordo com Longo (2004 p.25) “O homem constrói o

mundo com sua inteligência, com seus braços, com sua vontade determinante

e com seu Deus”. Nesse contexto, interage com o outro, inicialmente com sua

família e posteriormente com os outros membros da sociedade da qual faz

parte. Este convívio com o grupo social proporciona a construção das

identidades e das regras. Onde quer que se encontre um agrupamento social,

onde quer que o homem esteja, por mais rudimentar que seja o fenômeno

jurídico esta presente (MONTEIRO, 2003).

É sabido que as sociedades humanas se encontram ligadas ao direito, o

homem já nasce sujeito de direitos, é uma necessidade fundamental. Dele

recebe estabilidade e a própria possibilidade de sobrevivência, pois encontra

as garantias das condições necessárias à coexistência social. Estas são

definidas e asseguradas pelas normas, que criam a ordem jurídica dentro da

qual o Estado organizado, sociedade e indivíduo compõem o seu destino.

(BRUNO, 1969).

Pereira (2001, p.4) afirma que “há e sempre houve uma norma, uma

regra de conduta, pautando a atuação do indivíduo, nas suas relações com os

outros indivíduos”. O autor acrescenta que quando “um indivíduo sustenta suas

faculdades e repele agressão, afirma ou defende os seus poderes, diz que

defende o seu direito. E, quando o juiz dirime os conflitos invocando a norma,

diz-se que ele aplica o direito”. Existindo o que se pode chamar de realidade

jurídica, reconhecível no comportamento humano. Monteiro (2003) corrobora

dizendo que existem outras normas de convivência impostas na sociedade,

que a rigor não se confundem com as jurídicas, regras morais. Ambas se

constituem como normas de comportamento.

Page 4: Psicologia Forense (1).Docx Silviy

Prática da Psicologia com enfoque Jurídico

Em um contexto judicial, o objetivo é verificar e determinar se os fatos

realmente ocorreram. Possibilitando a responsabilização, a proteção da

sociedade e garantindo os direitos. Em um contexto clínico, o psicólogo deve

observar os sintomas com o intuito principal de intervir e auxiliar o sujeito a lidar

com esses sintomas. No âmbito social o psicólogo ajuda o sujeito a lidar com o

ocorrido, orienta e auxilia na utilização dos recursos e meios necessários a

esse fim, atuando na segurança pública, inclui, também, o sistema jurídico.

Art. 59 do CP - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à

conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e

consequências do crime, bem como ao comportamento da vítima,

estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para a reprovação e

prevenção do crime.

Na prática o juiz atribui ao agente, quase que aleatoriamente, as

expressões “personalidade desajustada”, “personalidade não informada nos

autos”, “personalidade com inclinação para o crime”, e ainda, “personalidade

desregrada”. Tais expressões nada contribuem para a demonstração da

personalidade do agente. Carvalho (2001) discute a tarefa difícil do juiz: “a

experiência cotidiana revela que a valoração da personalidade do acusado, nas

sentenças criminais, é quase sempre precária, imprecisa, incompleta e

superficial”.

Em casos que envolvem estupro, maus tratos e atentado violento ao

pudor, contra vulneráveis, a inserção do psicólogo torna-se cada vez mais

importante. Nessa linha de entendimento, pontifica a doutrina e a jurisprudência

que as declarações da vítima constituem um meio de prova. Em princípio, o

conteúdo das declarações deve ser aceito com reservas. No entanto, por se

tratar de um delito às ocultas, é necessário que as declarações sejam seguras,

estáveis, coerentes, plausíveis, uniformes, perdendo sua credibilidade quando

o depoimento se revela reticente e contraditório a outros elementos

probatórios.

As demandas judiciais das Varas de Família é outro domínio em que a

psicologia se faz presente e exerce forte influência na proteção judicial dos

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menores. Levando o magistrado a buscar, junto à Psicologia, um trabalho

técnico, seguro, capaz de embasar as decisões, resguardando os direitos das

crianças e adolescentes em questões de regulamentação de visitas e guarda

familiar (TRINDADE, 2002). Em matéria civil, a comprovação dos fatos

alegados é pressuposto da ação, e a partir dele é que se podem apurar

responsabilidades, que no caso independe de culpa. (artigo 333, 342, 348, 400

e seguintes).

Provas

Prova conceitualmente significa: “aquela que demonstra a veracidade de

uma proposição ou realidade de um fato”. Segundo Manzano (2011), prova

vem do latim probatio, que significa ensaio, verificação, inspeção, exame,

aprovação, confirmação, deriva do verbo probare. No direito, é usada para

identificar realidades diversas.

Manzano (2011 p. 1) diz que a finalidade da prova é convencer o

julgador “sobre a exatidão das afirmações formuladas pelas partes no

processo”, possibilitando “a certeza suficiente à formação do convencimento

necessário de que foi atingida a verdade possível e de legitimar a sentença”.

Acrescenta que não se pode confundir a finalidade da prova com o fim do

processo. Esta seria a verdade objetiva, alcançável e sujeita a sanção.

Hungria (1959), afirma que “prova é a verificação de algo, com a

finalidade de demonstrar a exatidão ou a verdade real da alegação feita pela

parte ao juiz. Diante desse olhar eleva-se o direito do indivíduo em face da

coletividade, pois, ao menor sinal de dúvida sobre o fato delituoso,

homenageia-se o princípio conhecido por ‘in dubio pro reo’”.

Em matéria penal, não é possível fundamentar uma decisão

condenatória apoiada exclusivamente em indícios remotos ou suposições. Para

o direito, a culpabilidade não se presume ou pode ser extraída de

subjetivismos, exigindo para sua definição prova segura do cometimento e da

autoria delituosa. (MANZANO, 2011.)

Notadamente a prova produzida quer oral, quer pericial, somente será

suficiente para a formação de um juízo de certeza se bem fundamentada. Pode

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ser utilizada em três sentidos: a) ação de provar; b) meio ou instrumento para a

demonstração da verdade; c) resultado da ação. As espécies de provas são:

Exame de corpo e delito, onde se procede a verificação da materialidade

do crime; pericia técnica direta ou indireta; interrogatório; confissão; oitiva da

vitima (art.201 do CP); testemunha; reconhecimentos de pessoas e coisas;

acareação; documentação; indícios (prova indireta) que se valem do raciocínio

indutivo para, utilizando de dados isolados e conhecidos, chegar à conclusão

da existência do fato e de outros fatos mais abrangentes, se guiando por

vestígios, e nesse caso a prova é indireta (art. 239 do CP).

No processo penal a prova pode ser: material, real, substancial, sendo

produzida na fase de instrução que se encerra na audiência de instrução e

julgamento (art. 402, 534, 411 parágrafo 3º, do CPP). Segundo Manzano (2011

p. 239):

(...) tanto no processo penal quanto no processo civil se busca a verdade

processual, concebida como a melhor verdade, verdade aproximativa, verdade

humana e eticamente possível de ser atingida, sem atropelamento de direitos

individuais, em busca da pacificação social, revelada pela permanente

preocupação com efetividade da jurisdição penal, para que se alcance o

desejado equilíbrio entre o garantia e a eficiência.

Afirmar a verdade é possível deste de que se compreenda o que é

verdade real. Quando se fala em processo penal, a afirmação do princípio da

verdade real é necessária. Distingue-se do principio da verdade formal, que

regula o processo civil onde a prova é trazida pelas partes ao processo, e o juiz

decide conforme as provas apresentadas. No penal, o magistrado tem o dever

de investigar como os fatos se passaram na realidade, não se conformando

com a verdade formal constante dos autos.

Para tanto, o art. 156, II, com a redação determinada pela Lei n.

11.690/2008, faculta ao juiz de ofício determinar, no curso da instrução, ou

antes, de proferir sentença, a realização de diligências para ‘dirimir dúvida

sobre ponto relevante’. Ao magistrado é facultado buscar a verdade, persegui-

la.

Perícia

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Segundo Tornaghi apud Manzano (2011 p. 8): “Perícia nada mais é do

que uma pesquisa que exige conhecimentos técnicos científicos e artísticos”.

Segundo o dicionário Aurélio, perícia é habilidade, destreza, conhecimento,

ciência, como também vistoria ou exame de caráter técnico especializado. O

termo deriva do latim, peritia, que significa destreza e habilidade ou peritus,

indivíduo erudito, capaz. (CAIRES, 2003.)

A perícia é uma prova técnica, realizada por um perito, que se utiliza da

experiência para auxiliar o juiz. Constatando, explicando, elucidando, revelando

e assim apontando um elemento de prova. Demanda a realização de um

procedimento técnico, o qual se desdobra em vários atos: preservação, coleta,

remessa, armazenamento, guarda, adoção do princípio cientifico, aplicação de

técnica especifica, e outros. Importante é a confiabilidade de sua análise e

conclusão. (MANZANO, 2011, p. 235).

A lei 4112/62 estabelece em seu art. 4º, inciso cinco, que: “Cabe ao

Psicólogo realizar perícias e emitir pareceres sobre a matéria de Psicologia”.

Caires (2003) defende a diferença entre a entrevista psicológica pericial, em

que o indivíduo não tem uma queixa, e sim, um fato jurídico e está sob o

domínio legal, e entre a entrevista clínica. Justificando a diferenciação da

técnica de psicodiagnóstico, pois o psicólogo está a serviço da justiça, o

individuo o vê como aquele que investiga e julga como se fosse uma extensão

do juiz.

Para tanto, a autora sugere procedimentos e técnicas baseados em sua

experiência, como: estudo psicológico do processo, mapeamento do caso,

mapeamento do desenvolvimento sócio afetivo, histórico médico, antecedentes

pessoais e aplicação de testes. Na construção do laudo ou parecer, deve-se

utilizar uma linguagem concisa. Sabendo que o judiciário necessita de

respostas que embasem medidas legais, sem expor o sujeito além do

necessário.

No Direito Brasileiro, existe a figura do perito oficial e do assistente

técnico, podendo ser chamados tanto na fase do inquérito policial como

durante a instrução criminal. Em juízo, o perito e o assistente podem ser

ouvidos mediante o requerimento das partes ou de ofício pelo Juiz para

esclarecer os laudos e pareceres apresentados (art. 159 e seguintes do CPP).

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O perito é um auxiliar do Juiz sujeito a impedimentos. O assistente técnico,

indicado pela vítima e pelo acusado, é perito não oficial (MANZANO, 2011).

Segundo Manzano (2011), a perícia realizada na fase do inquérito

policial é investigativa, prova antecipada, se justifica se tiver natureza cautelar

e quando é realizada deve ter assegurado o contraditório. A prova é colocada à

prova, ressaltando que o juiz não está obrigado a aceitar o laudo ou parecer do

perito. No Brasil, o princípio do liberatório está no CPP e no CPC e defende o

livre convencimento do juiz, sendo esse apenas mais um elemento de prova

(MANZANO, 2011).

Definição de Psicologia Jurídica

Segundo o Conselho Federal de Psicologia, o psicólogo (a) que

trabalha na área:

1- Atua no âmbito da Justiça, colaborando no planejamento e

execução de políticas de cidadania, direitos humanos e prevenção da violência,

centrando sua atuação na orientação do dado psicológico repassado não só

para os juristas como também aos indivíduos que carecem de tal intervenção,

para possibilitar a avaliação das características de personalidade e fornecer

subsídios ao processo judicial, além de contribuir para a formulação, revisão e

interpretação das leis;

2- Avalia as condições intelectuais e emocionais de crianças,

adolescentes e adultos em conexão com processos jurídicos, seja por

deficiência mental e insanidade, testamentos contestados, aceitação em lares

adotivos, posse e guarda de crianças, aplicando métodos e técnicas

psicológicas e/ou de psicometria, para determinar a responsabilidade legal por

atos criminosos;

3- Atua como perito judicial nas varas cíveis, criminais, Justiça do

Trabalho, da família, da criança e do adolescente, elaborando laudos,

pareceres e perícias, para serem anexados aos processos, a fim de realizar

atendimento e orientação a crianças, adolescentes, detentos e seus familiares;

4- Orienta a administração e os colegiados do sistema penitenciário

sob o ponto de vista psicológico, usando métodos e técnicas adequados, para

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estabelecer tarefas educativas e profissionais que os internos possam exercer

nos estabelecimentos penais; realiza atendimento psicológico a indivíduos que

buscam a Vara de Família, fazendo diagnósticos e usando terapêuticas

próprias, para organizar e resolver questões levantadas; participa de audiência,

prestando informações, para esclarecer aspectos técnicos em psicologia a

leigos ou leitores do trabalho pericial psicológico;

5- Atua em pesquisas e programas sócio-educativos e de prevenção

à violência, construindo ou adaptando instrumentos de investigação

psicológica, para atender às necessidades de crianças e adolescentes em

situação de risco, abandonados ou infratores;

6- Elabora petições sempre que solicitar alguma providência ou haja

necessidade de comunicar-se com o juiz durante a execução de perícias, para

serem juntadas aos processos;

7- Realiza avaliação das características das personalidades através

da triagem psicológica, avaliação de periculosidade e outros exames

psicológicos no sistema penitenciário para os casos de pedidos de benefícios,

tais como: transferências para estabelecimentos semiabertos, livramento

condicional entre outros semelhantes.

8- Assessora a administração penal na formulação de políticas

penais e no treinamento de pessoal para aplicá-la;

9- Realiza pesquisa visando à construção e ampliação do

conhecimento psicológico aplicado ao campo do direito.

10- Realiza orientação psicológica a casais antes da entrada nupcial

da petição, assim como as audiências de conciliação.

11- Realiza atendimento a crianças envolvidas em situações que

chegam ás instituições de direito, visando à preservação de sua saúde mental;

12- Auxilia juizados na avaliação e assistência psicológica de

menores e seus familiares, bem como assessora-los no encaminhamento a

terapia psicológica quando necessário;

13- Presta atendimento e orientação a detentos e seus familiares

visando à preservação da saúde. Acompanha detentos em liberdade

condicional, na internação em hospital penitenciário, bem como atua no apoio

psicológico para as famílias destes;

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14- Desenvolve estudos e pesquisas na área criminal, construindo ou

adaptando os instrumentos de investigação psicológica.

As doenças mentais avaliadas pelo psicólogo forense.

Transtorno se ajustamento – é uma fonte identificável de estresse que

causam sintomas emocionais e mentais significativos

1- Sofrimento acentuado, que excede o que seria esperado da

exposição ao estressor;  .

2- Prejuízo significativo no funcionamento social ou profissional

(acadêmico)

Dentre eles estão:

Humor depressivo: tendências ao choro ou sensação de

impotência;

Ansiedade: nervosismo, preocupação ou inquietação, quando em

crianças, medo da separação de figuras de vinculação;

Misto de ansiedade e depressão: é a misturas das sensações

causadas pela ansiedade e pela depressão concomitantemente;

Perturbação da conduta: vadiagem, vandalismo, direção

imprudente, lutas corporais, descumprimentos de responsabilidades legais;

Perturbação mista das emoções e da conduta: são identificados

quando a manifestação é tanto sintomas emocionais quanto de conduta

(depressão, ansiedade);

Inespecífico: queixas somáticas; retraimento social, inibição

profissional ou acadêmica.

Dentro dos transtornos causados pela ansiedade, temos: agorafobia

(são o medo de reuniões, assembleias e multidões, situações em que uma

esquiva seria difícil de realizar); Ataque de pânico (é caracterizado por uma

forte sensação de medo); transtornos de pânico com ou sem agorafobia;

agorafobia sem história de transtorno de pânico; fobia específica (medo de

voas, medo de animais, de doenças, de sangue etc.); fobia social (é a

ansiedade em relação à avaliação social); transtorno obsessivo – compulsivo

Page 11: Psicologia Forense (1).Docx Silviy

(caracterizada por pensamentos e ideias incontroláveis, e a compulsão, em que

comportamentos são emitidos na tentativa de afastar tais pensamentos);

estresse pós-traumático (ocorre após um evento extremamente aversivo que

pode ter sido vivido ou apenas testemunhado pelo indivíduo), transtorno do

estresse agudo, Transtorno de Ansiedade Devido a uma Condição Médica

Geral, Transtorno de Ansiedade Induzido por Substância, Transtorno de

Ansiedade Sem Outra Especificação (Outros transtornos de ansiedade que não

se enquadram em nenhuma outra categoria).

Fobia específica, antigamente conhecida por fobia simples, é uma classe

mais generalista. Ocorre um intenso medo que pode ser de objetos ou mesmo

de situações. Por exemplo, medo de voar, medo de animais, de doenças, de

sangue etc.

A fobia social é caracterizada pela ansiedade em relação à avaliação

social de outra pessoa. É comum surgir na adolescência por ser uma fase da

vida em que há o desenvolvimento pessoal e de habilidades sociais, porém

também pode surgir na infância ou na vida adulta.

Existem vários tipos de TOCs. Neste transtorno há a obsessão,

caracterizada por pensamentos e ideias incontroláveis, e a compulsão, em que

comportamentos são emitidos na tentativa de afastar tais pensamentos. Um

exemplo comum de TOC são pessoas que lavam as mãos compulsivamente.

Vale destacar que o comportamento emitido pode ser simbólico, não

necessariamente quem lava as mãos compulsivamente, por exemplo, tem

pensamentos obsessivos com sujeira, germes e afins.

Existem vários tipos de TOCs. Neste transtorno há a obsessão,

caracterizada por pensamentos e ideias incontroláveis, e a compulsão, em que

comportamentos são emitidos na tentativa de afastar tais pensamentos. Um

exemplo comum de TOC são pessoas que lavam as mãos compulsivamente.

Vale destacar que o comportamento emitido pode ser simbólico, não

necessariamente quem lava as mãos compulsivamente, por exemplo, tem

pensamentos obsessivos com sujeira, germes e afins.

Geralmente antecede o TEPT. Ocorre em torno de um mês após a

exposição ao evento causador de estresse intenso, com o surgimento de

ansiedade.

Transtorno de Ansiedade Generalizada

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É mais leve, possui uma duração curta em relação a outros transtornos

de ansiedade, em torno de 6 meses, em que há uma preocupação constante

de que algo irá acontecer, em qualquer ambiente que se vá. Não há

necessariamente um estímulo específico para a emissão de comportamentos

ansiosos.

Transtorno de Ansiedade Devido a uma Condição Médica Geral é

comum ocorrer por conta da utilização de drogas em algum tratamento, não

necessariamente sendo este tratamento de ordem psiquiátrica.

Transtornos de Ansiedade Induzidos por Substância Ocorrem por conta

de alguma droga ou substância que altere o funcionamento fisiológico e mental

do indivíduo, propiciando o surgimento de comportamentos ansiosos.

Transtornos de Ansiedade Induzidos por Substância Ocorrem por conta

de alguma droga ou substância que altere o funcionamento fisiológico e mental

do indivíduo, propiciando o surgimento de comportamentos ansiosos.

Transtornos Cognitivos

Transtornos cognitivos são os que envolvem funções cognitivas tais

como: memória, resolução de problemas e percepção. Também são chamados

de Demência, como quadro geral.

Alguns problemas de ansiedade e de humor são classificados como

Transtornos Cognitivos.

De acordo com DSM-IV: “Os transtornos na seção “Demência”

caracterizam-se pelo desenvolvimento de múltiplos déficits cognitivos (incluindo

comprometimento da memória) devido aos efeitos fisiológicos diretos de uma

condição médica geral, aos efeitos persistentes de uma substância ou a

múltiplas etiologias (por ex., os efeitos combinados de doença cerebrovascular

e doença de Alzheimer). Os transtornos nesta seção compartilham uma

apresentação sintomática comum, mas são diferenciados com base em sua

etiologia”.

Ou seja, os transtornos cognitivos são diferenciados de acordo com suas

causas (etiologia).

Tipos de Transtorno Cognitivo ou Demência, pelo DSM-IV:

 Demência Tipo Alzheimer,

Page 13: Psicologia Forense (1).Docx Silviy

Demência vascular,

Demência Devido à Doença do HIV,

Demência Devido a Traumatismo Craniano,

Demência Devido à Doença de Parkinson,

Demência Devido à Doença de Huntington,

Demência Devido à Doença de Pick,

Demência Devido à Doença de Creutzfeldt-Jakob,

Demência Devido a Outras Condições Médicas Gerais,

Demência Persistente Induzida por Substância e

Demência Devido a Múltiplas Etiologias.

Além disso, a categoria Demência Sem Outra Especificação é incluída

nesta seção para apresentações nas quais o clínico é incapaz de determinar

uma etiologia específica para os múltiplos déficits cognitivos.

Transtornos de Desenvolvimento

Transtornos de Desenvolvimento ou Transtornos Invasivos do

Desenvolvimento, de acordo com o DSM-IV, são caracterizados por prejuízos

severos e invasivos em diversas áreas do desenvolvimento como: “habilidades

de interação social recíproca, habilidades de comunicação, ou presença de

comportamento, interesses e atividades estereotipados. Os prejuízos

qualitativos que definem essas condições representam um desvio acentuado

em relação ao nível de desenvolvimento ou idade mental do indivíduo”.

Geralmente são descobertos e diagnosticados na infância. Por isso, por

vezes também são chamados de Transtornos da Infância.

Tipos de Transtorno Invasivos do Desenvolvimento:

Transtorno Autista,

Transtorno de Rett,

Transtorno Desintegrativo da Infância,

Transtorno de Asperger e

Transtorno Invasivo do Desenvolvimento Sem Outra Especificação.

Transtorno Dissociativo e de Identidade

O termo dissociativo surgiu da palavra dissociação, que, por sua vez,

deriva de dissociar. De acordo com o Dicionário Michaelis, Dissociar significa:

1) Separar elementos associados

2) Desagregar

Page 14: Psicologia Forense (1).Docx Silviy

3) Submeter à dissociação

 O antônimo de dissociar, ou seja, o contrário é associar, combinar.

O DSM-IV define os Transtornos Dissociativos também chamado

Transtorno Dissociativo e de Identidade do seguinte modo:

“A característica essencial do Transtorno Dissociativo de Identidade é a

presença de duas ou mais identidades ou estados de personalidade distintos

(Critério A), que recorrentemente assumem o controle do comportamento

(Critério B)”.

Existe uma incapacidade de recordar informações pessoais importantes,

cuja extensão é demasiadamente abrangente para ser explicada pelo

esquecimento normal (Critério C).

A perturbação não se deve aos efeitos fisiológicos diretos de uma

substância ou de uma condição médica geral (Critério D). “Em crianças, os

sintomas não podem ser atribuídos a companheiros imaginários ou a outros

jogos de fantasia”.

Transtornos Alimentares

Os Transtornos Alimentares relacionam-se, como o próprio nome já

indica, a fatores ligados diretamente com a alimentação.

A definição que encontramos no DSM-IV é a seguinte:

“Os Transtornos Alimentares caracterizam-se por severas perturbações

no comportamento alimentar”. Esta seção inclui dois diagnósticos específicos,

Anorexia Nervosa e Bulimia Nervosa.

A Anorexia Nervosa caracteriza-se por uma recusa a manter o peso

corporal em uma faixa normal mínima.

A Bulimia Nervosa é caracterizada por episódios repetidos de

compulsões alimentares seguidas de comportamentos compensatórios

inadequados, tais como vômitos auto-induzidos; mau uso de laxantes,

diuréticos ou outros medicamentos; jejuns ou exercícios excessivos”.

Outro tipo de Transtorno Alimentar é o Transtorno Alimentar na 1°

Infância.

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Transtornos do Controle dos Impulsos

Para entendermos em que consiste este Transtorno em especial,

utilizaremos a definição dada pelo DSM-IV:

Page 15: Psicologia Forense (1).Docx Silviy

“A característica essencial dos Transtornos de Controle dos Impulsos é o

fracasso em resistir a um impulso ou tentação de executar um ato perigoso

para a própria pessoa ou para outros”. Na maioria dos transtornos descritos

nesta seção, o indivíduo sente uma crescente tensão ou excitação antes de

cometer o ato. Após cometê-lo, pode ou não haver arrependimento, auto-

recriminação ou culpa. Os seguintes transtornos são incluídos nesta seção:

O Transtorno Explosivo Intermitente é caracterizado por episódios

distintos de fracasso em resistir a impulsos agressivos, resultando em sérias

agressões ou destruição de propriedades.

A Cleptomania caracteriza-se por um fracasso recorrente em resistir a

impulsos de roubar objetos desnecessários para o uso pessoal ou em termos

de valor monetário.

A Piromania é caracterizada por um padrão de comportamento

incendiário por prazer, gratificação ou alívio de tensão.

O Jogo Patológico caracteriza-se por um comportamento mal-adaptativo,

recorrente e persistente, relacionado a jogos de azar e apostas.

“A Tricotilomania caracteriza-se pelo ato de puxar de forma recorrente os

próprios cabelos por prazer, gratificação ou alívio de tensão, acarretando uma

perda capilar perceptível”.

Transtornos Mentais, devido a condições médicas gerais.

Este tipo de Transtorno, intitulado Transtorno Mental devido a condições

médicas gerais, consiste em um transtorno causado por uma condição médica.

Como lemos no DSM-IV:

“Um Transtorno Mental Devido a uma Condição Médica Geral é

caracterizado pela presença de sintomas mentais considerados como a

consequência fisiológica direta de uma condição médica geral”.

Mais a frente, lemos a história da criação desta classificação, em

especial:

“No DSM-III-R, os Transtornos Mentais Devido a uma Condição Médica

Geral e os Transtornos Induzidos por Substâncias eram chamados de

transtornos “orgânicos” e listados em conjunto em uma única seção”. Esta

diferenciação de transtornos mentais “orgânicos” como uma classe separada

implicava a existência de transtornos mentais “não orgânicos” ou “funcionais”

Page 16: Psicologia Forense (1).Docx Silviy

que, de alguma forma, não apresentavam relação com fatores ou processos

físicos ou biológicos.

A avaliação de suspeitos

Como qualquer um sabe, apesar de sermos um dos países mais ricos do

mundo (somos a 7° economia mais rica!), existe um problema de alocação de

recursos em diversos setores por parte do governo. Isto se reflete nas

estatísticas: “Por ano, são mais de 50 mil mortes no país. E os casos em que

os assassinos são punidos não chegam sequer a 8%” (Fonte: Jornal O Globo).

De modo que 90% dos crimes acabam sem solução.

Se for deste modo à realidade atual, é ingenuidade achar que o governo

contrataria uma rede de psicólogos para ir atrás de possíveis suspeitos, fazer

testes e avaliações aprofundadas. Além disso, a maioria dos crimes não

necessitaria de uma investigação de personalidade apurado (o que levaria a

um diagnóstico psicopatológico que, em última análise, seria utilizado para

averiguar se a pessoa é passível de pena ou não).

Digo que não necessitaria porque a maior parte dos crimes se resume a

duas situações:

– dinheiro

– crimes passionais

E esta asserção não é apenas aqui e apenas agora. Por isso, existem

dois lemas de investigação que são: “Follow the money” (siga o dinheiro) e

“cherchez la femme” (procure a mulher), ou seja, ao seguir a rota do dinheiro

ou buscar as causas monetárias é possível solucionar uma parte dos crimes.

Por exemplo, assassinatos em que o assassino estava interessado em se

apropriar dos bens do assassinado. E, ao procurar à mulher – ou o homem – a

polícia investiga os relacionamentos afetivos, amorosos e sexuais para

descobrir motivações ligadas a estes comportamentos como ciúmes, vingança,

etc.

Além destes dois tipos de situações, também existem os casos ligados

às doenças mentais como o sujeito que está passando por um surto psicótico e

mata a família. A motivação não é por dinheiro ou por paixões e sim pela

doença mental subjacente.

Page 17: Psicologia Forense (1).Docx Silviy

Isto posto, devemos imaginar que toda a rede jurídica composta por

juízes, advogados, delegados e outros profissionais precisaria dos serviços de

um profissional da psicologia quando?

Voltamos à área da família, ao responder, mais do que a área criminal

propriamente dita. Um juiz pode pedir que uma criança de 6 anos seja avaliada

se sofreu ou não abuso ou se uma pessoa não está lúcida e deve ser

interditada. Acontece de em casos de júri popular uma avaliação seja pedida.

Porém, devemos nos lembrar de que também existe a psiquiatria forense e,

portanto, um psiquiatra talvez ocupe o lugar.

Art. 65 - Circunstâncias atenuantes

Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena:

I - ser o agente menor de 21 (vinte e um), na data do fato, ou maior de

70 (setenta) anos, na data da sentença;

II - o desconhecimento da lei;

III - ter o agente:

a) cometido o crime por motivo de relevante valor social ou moral;

b) procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência, logo após o

crime, evitar-lhe ou minorar-lhe as consequências, ou ter, antes do julgamento,

reparado o dano;

c) cometido o crime sob coação a que podia resistir, ou em cumprimento

de ordem de autoridade superior, ou sob a influência de violenta emoção,

provocada por ato injusto da vítima;

d) confessado espontaneamente, perante a autoridade, a autoria do

crime;

e) cometido o crime sob a influência de multidão em tumulto, se não o

provocou.

As circunstâncias são elementos que circundam o crime, sem afetá-lo

em sua substância. Pode se dizer que as circunstâncias servem como

catalisadores da reação química chamada delito, pois potencializam os efeitos

da sanção sem alterar a substância do crime.

Page 18: Psicologia Forense (1).Docx Silviy

 No caso, as circunstâncias atenuantes têm a mesma natureza jurídica

das agravantes, entretanto, seguem sentido oposto ao destas, já que orientam

a redução da pena, quando presentes no caso concreto.

 I – atenua-se a pena do menor de 21 anos, onde se considera a idade

que o autor tinha na época da prática do crime, em razão de sua presumível

imaturidade e inconsequência pelo delito que cometeu. O maior de 70 anos,

por sua vez, tem atenuada sua pena por uma questão de piedade e

humanidade, em razão da própria velhice.

II – O desconhecimento da Lei não se justifica (art. 21 do Código Penal e

3.º da Lei de Introdução ao Código Civil), tornando-se ela oponível a todos

após ter sido publicada. Entretanto, a ignorância dela pelo autor serve como

causa de diminuição de pena, caso reste reconhecida.

III, “a” – O motivo de relevante valor social é aquele que prepondera em

favor da coletividade e o de valor moral é aquele que se afigura justo, suficiente

para, ao menos no campo moral, justificar a conduta do autor.

III, “b” – O arrependimento e/ou reparação do dano surge aqui como

figura subsidiária do previsto no artigo 16 do Código Penal. Não configurado o

arrependimento posterior no mencionado artigo, pode o autor valer-se ainda da

atenuante sob comento, apenas para efeito de circunstância atenuante.

 A providência do autor para evitar as consequências do crime deve ser

logo após a prática do delito e a reparação do dano, por seu turno, deve

ocorrer ante do julgamento da ação penal.

  .

III “c” – A hipótese de coação resistível, aquela situação sobre a qual é

de se esperar alguma oposição do autor, está em oposição à coação que é

irresistível, prevista no artigo 22 caput, do Código Penal. Não configurada esta

excludente de culpabilidade, o autor do fato poderá se valer ainda dela como

circunstância legal para atenuação da pena.

Page 19: Psicologia Forense (1).Docx Silviy

Vale-se da atenuante da obediência hierárquica o autor que atua sob

mando de autoridade que lhe é funcionalmente superior (exige-se uma relação

de subordinação hierárquica de direito público). Nesta hipótese, socorre-lhe tal

circunstância quando lhe é ordenado o cumprimento de ordem, ainda que esta

seja manifestamente ilegal. Se não há evidências da ilegalidade da ordem,

deve então ser beneficiado pela hipótese do artigo 22 do Código Penal.

Por fim, a violenta emoção, decorrente de ato injusto da vítima, também

determina a incidência desta circunstância atenuante.

III “d” – A confissão da autoria deve ser espontânea, não podendo

decorrer de fatores externos ao agente. Assim, não se pode considerar a que

advém de advertência de autoridade ou de outras circunstâncias, hipótese em

que se configurará, no máximo, em confissão voluntária, que não se confunde

com aquela.

III “e” – A influência da multidão em tumulto, como atenuante, só incide

quando ela não for provocada pelo próprio agente. Obsta a lei que o tumulto

provocado pelo autor do fato lhe aproveite.

Art. 26 - Inimputáveis

Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou

desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da

omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de

determinar-se de acordo com esse entendimento. 

Redução de pena

Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o

agente, em virtude de perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento

mental incompleto ou retardado não era inteiramente capaz de entender o

caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.

 A imputabilidade é a condição legal para a imposição da sanção penal

àquele que praticou um fato típico e antijurídico. Ela existirá quando o autor do

Page 20: Psicologia Forense (1).Docx Silviy

fato for capaz, entenda-se mentalmente capaz, de compreender a ilicitude do

ato praticado ou se determinar de acordo com tal compreensão. Faltando ao

autor a inteira capacidade de compreensão da ilicitude de sua conduta, por

uma doença mental ou um desenvolvimento mental incompleto ou retardado, a

ele não poderá ser imposta sanção penal, sendo, então inimputável.

 A lei, neste artigo, isenta de pena aquele cuja debilidade mental impede

a compreensão da ilicitude do fato que praticou.

 Sua doença ou seu desenvolvimento mental incompleto ou retardado,

contudo, devem ser a causa de sua total falta de compreensão da ilicitude dos

fatos. A simples existência de doença mental, que, por seus sintomas, não

atinge a capacidade de percepção do autor, não serve para o reconhecimento

da inimputabilidade. Esta é a característica determinante da teoria

biopsicológica ou mista, adotada pelo código penal brasileiro.

 A hipótese do parágrafo único do artigo 26 do Código Penal, por sua

vez, trata de uma imputabilidade mitigada, diminuída, que advém de uma

percepção reduzida da ilicitude penal, igualmente decorrente de uma

perturbação mental ou um desenvolvimento mental incompleto ou retardado.

 No caput, do artigo 26 haverá uma isenção de pena em razão da

absoluta impossibilidade de o autor do fato compreender a ilicitude de sua

conduta ou determinar-se de acordo com esse entendimento, em razão de

alguma doença mental ou de seu desenvolvimento mental incompleto ou

retardado. Tem-se uma situação de inimputabilidade.

 No parágrafo único de tal dispositivo legal haverá apenas uma redução

da pena, em razão de uma relativa impossibilidade de compreender a ilicitude

de sua conduta, também decorrente de alguma perturbação mental ou de seu

desenvolvimento mental incompleto ou retardado. A doutrina fala, aqui, em

semi-imputabilidade.

Art. 27 - Menores de dezoito anos

Page 21: Psicologia Forense (1).Docx Silviy

Art. 27 - Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente inimputáveis,

ficando sujeitos às normas estabelecidas na legislação especial.

 Neste artigo a lei estabeleceu uma presunção absoluta de

inimputabilidade, decorrente da menoridade do autor do fato. Pouco importa se,

de fato, ele possuía ou não condições mentais de compreender a ilicitude de

sua conduta ou de se determinar de acordo com tal compreensão, caso não

tenha alcançado a idade de 18 anos até antes da data dos fatos, o autor será

inimputável. Se alcançou a maioridade no dia em que praticou o fato, será

imputável por sua maioridade.

 Na hipótese deste artigo, o autor do fato não pode ser punido na forma

da lei penal. Contudo, fica sujeito à proteção do Estatuto da Criança e do

Adolescente, que lhe impõe medidas reeducativas, passíveis de aplicação ao

menor infrator até os 21 anos de idade.

Art. 28 - Emoção, paixão e embriaguez.

Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal: 

I - a emoção ou a paixão;

II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância de

efeitos análogos.

§ 1º - É isento de pena o agente que, por embriaguez completa,

proveniente de caso fortuito ou força maior, era, ao tempo da ação ou da

omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de

determinar-se de acordo com esse entendimento.

§ 2º - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, por

embriaguez, proveniente de caso fortuito ou força maior, não possuía, ao

tempo da ação ou da omissão, a plena capacidade de entender o caráter ilícito

do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.

 Refere o dispositivo do artigo 28 do Código penal que a emoção e a

paixão não excluem a imputabilidade. Noutros termos, elas não servem para

escudar a tese de inimputabilidade penal.

Page 22: Psicologia Forense (1).Docx Silviy

 A emoção é uma alteração afetiva importante, mas temporária,

passageira, que pode consistir no susto, na raiva, na alegria etc.

 A paixão, por sua vez, é uma alteração duradoura do estado psíquico

da pessoa, tem-se como exemplo os ciúmes, o amor, o ódio etc.

 Como dito inicialmente, nenhum desses estados de espírito fundamenta

a inimputabilidade do autor. Sem embargo, contudo, eles podem afetar a

dosimetria da pena na forma dos arts. 65, inciso III, "a" e "c", do Código Penal,

por exemplo.

 A embriaguez voluntária (aquela pretendida pelo autor) ou culposa

(decorrente de imprudência, negligência ou imperícia) também não servem

como causa ao reconhecimento da inimputabilidade. 

 Para efeitos penais, a embriaguez é o estado decorrente da ingestão de

bebidas alcoólicas ou de outras com eficácia equivalente, em que a capacidade

do autor, de compreender os fatos ou de se determinar de acordo com tal

compreensão, é afetada.

 A embriaguez decorrente de caso fortuito ou de força maior, contudo, é

considerada para efeitos de inimputabilidade penal. Se, nestes casos, ela

resultar de uma absoluta impossibilidade de o autor compreender a ilicitude de

sua conduta, não haverá imposição de pena, sendo esta a hipótese do § 1.º do

presente artigo. Outrossim, caso ela implique numa reduzida capacidade de

compreensão da ilicitude do fato ilícito, remanescerá ao autor a possibilidade

de redução de sua sanção penal, na forma do § 2.º do artigo em estudo.

Art. 41 - Superveniência de doença mental

 Art. 41 - O condenado a quem sobrevém doença mental deve ser

recolhido a hospital de custódia e tratamento psiquiátrico ou, à falta, a outro

estabelecimento adequado.

 Aqui a norma impede a permanência do condenado acometido de

doença mental em estabelecimento penal comum, devendo ser encaminhado a

Page 23: Psicologia Forense (1).Docx Silviy

hospital de custódia ou tratamento psiquiátrico, caso sobrevenha tal

enfermidade no curso do cumprimento da pena. Não pode ele permanecer na

companhia dos apenados comuns.

 Além disso, o art. 183 da LEP prevê a possibilidade de conversão da

pena em medida de segurança nestes casos.

Art. 66 – Circunstâncias atenuantes genéricas

Art. 66 - A pena poderá ser ainda atenuada em razão de circunstância

relevante, anterior ou posterior ao crime, embora não prevista expressamente

em lei.

 Aqui a lei permite o reconhecimento de outras atenuantes não previstas

taxativamente na lei penal, dando ao Juízo margem de discricionariedade para

reconhecer aquelas que, sendo relevantes e anteriores ou posteriores ao

crime, merecem consideração no momento de se mensurar a dosimetria da

pena.

 Às circunstâncias que forem concomitantes ao delito, não previstas em

lei, a doutrina pugna a incidência desta norma, como aplicação da analogia in

bonan parte.

Art. 77 – Requisitos da suspensão da pena (sursis)

Art. 77 - A execução da pena privativa de liberdade, não superior a 2

(dois) anos, poderá ser suspensa, por 2 (dois) a 4 (quatro) anos, desde que:

I - o condenado não seja reincidente em crime doloso;

II - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e personalidade

do agente, bem como os motivos e as circunstâncias autorizem a concessão

do benefício;

III - Não seja indicada ou cabível a substituição prevista no art. 44 deste

Código.

§ 1º - A condenação anterior a pena de multa não impede a concessão

do benefício.

§ 2o A execução da pena privativa de liberdade, não superior a quatro

anos, poderá ser suspensa, por quatro a seis anos, desde que o condenado

Page 24: Psicologia Forense (1).Docx Silviy

seja maior de setenta anos de idade, ou razões de saúde justifiquem a

suspensão.

 A suspensão condicional da pena surge como proposta do legislador ao

autor de crimes menos lesivos, para que não seja ele submetido ao rigor e às

agruras de um regime prisional, desde que cumpra determinadas restrições,

diversas daquela decorrente da privação da liberdade.

 À luz do artigo 157 da Lei de Execuções Penais, resulta nula a sentença

que não enfrenta a possibilidade da concessão ou não do “sursis” ao

condenado.

O “sursis” só será cabível quando (critérios cumulativos):

a) A pena privativa de liberdade for cominada na sentença em

quantidade igual ou inferior a 2 anos;

b) O condenado não for reincidente em crime doloso – Uma

condenação anterior por contravenção não impede a concessão do benefício

(já que a lei exige a reincidência em crime), tampouco a condenação por crime

em que já tenha transcorrido o período de prova de 5 anos;

c) A culpabilidade, os antecedentes, a conduta social do condenado,

assim como os motivos e as circunstâncias do crime demonstrem a

necessidade e a suficiência da medida.

d) A impossibilidade de substituição da pena privativa de liberdade pela

restritiva de direitos.

O “sursis” etário tem um limite máximo de condenação mais amplo,

quatro anos, sendo passível de concessão ao septuagenário ou àquele cujas

condições de saúde recomendem a suspensão.

Art. 99 – Direitos do internado

Art. 99 - O internado será recolhido a estabelecimento dotado de

características hospitalares e será submetido a tratamento.

Page 25: Psicologia Forense (1).Docx Silviy

Quando impõe o recolhimento do internado a estabelecimento dotado de

características hospitalares, a contrario sensu, a norma esta impedindo a

colocação daquele em estabelecimento prisional comum, misturado aos

condenados imputáveis.

De outro lado, é de se compreender que o internado preserva todos

aqueles direitos não afetados pela medida que lhe foi imposta (dignidade,

imagem, integridade física...) além de lhe ser assegurada assistência material,

jurídica etc, nos termos dos artigos 3.º, 10 a 27 da Lei de Execuções Penais.

Art. 120 – Perdão Judicial

Art. 120 - A sentença que conceder perdão judicial não será considerada

para efeitos de reincidência.

A redação do artigo 120 do Código Penal é autoexplicativa quando

refere que o perdão judicial não tem efeitos sobre a reincidência.

Já sobre a natureza da sentença que reconhece tal favor legal, mesmo

que parte da doutrina mencione tratar-se de sentença condenatória, a leitura da

Súmula 18 do STJ subtrai dela qualquer efeito condenatório:

“A sentença concessiva do perdão judicial é declaratória da extinção da

punibilidade, não subsistindo qualquer efeito condenatório.”

http://www.psicologiamsn.com/2011/01/doencas-mentais.html

http://penalemresumo.blogspot.com.br/2010/06/art-65-circunstancias-

atenuantes.html