prÁticas integrativas e complementares no controle da ansiedade: yoga, meditaÇÃo e ... · 2020....

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS Curso de Graduação em Farmácia-Bioquímica PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES NO CONTROLE DA ANSIEDADE: YOGA, MEDITAÇÃO E TAI CHI CHUAN Fernanda de Carvalho Rocha Vieira Trabalho de Conclusão do Curso de Farmácia-Bioquímica da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo. Orientador(a): Prof.(a). Dr(a) Maria Aparecida Nicoletti São Paulo 2020

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  • UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS

    Curso de Graduação em Farmácia-Bioquímica

    PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES NO CONTROLE DA

    ANSIEDADE: YOGA, MEDITAÇÃO E TAI CHI CHUAN

    Fernanda de Carvalho Rocha Vieira

    Trabalho de Conclusão do Curso de

    Farmácia-Bioquímica da Faculdade de

    Ciências Farmacêuticas da

    Universidade de São Paulo.

    Orientador(a): Prof.(a). Dr(a) Maria

    Aparecida Nicoletti

    São Paulo

    2020

  • SUMÁRIO

    Pág.

    Lista de Abreviaturas .............................................................. 3

    RESUMO .............................................................................. 4

    1. INTRODUÇÃO 5

    2. OBJETIVOS 7

    3. MATERIAL E MÉTODOS 7

    4. RESULTADOS E DISCUSSÃO 8

    5. CONSIDERAÇÕES GERAIS

    26

    6. CONCLUSÃO 27

    7. BIBLIOGRAFIA 27

  • LISTA DE ABREVIATURAS

    ACTH. Hormônio Adrenocorticotrófico ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária BDNF Fator neurotrófico derivado do cérebro BZD Benzodiazepínico CAR Cortisol awakening response CBD. Canabidiol CRH Hormônio Liberador de Corticotrofina DMPFC Dorsomedial PFC (córtex pré-frontal) FDA Food and Drug Administration GC. Glicocorticóide HPA. Hipotálamo-Pituitária-Adrenal IDATE Inventário de Ansiedade Traço-Estado

    ISRS Inibidores seletivos de recaptura de seratonina NK-1 Neurocinina-1 NO. Óxido Nítrico OMS Organização Mundial da Saúde PANAS. Escala de Afeto Positivo e Afeto Negativo PIC Práticas Integrativas e Complementares

    PNPICs Política Nacional das Práticas Integrativas e Complementares

    PSS. Perceived Stress Scale (Escala de Estresse Percebido) SERT Transportador de serotonina SNC Sistema Nervoso Central SP Substância P

    STAI State-Trait Anxiety Inventory (Inventário de Ansiedade Traço-Estado) SUS Sistema Único de Saúde TCC Tai Chi Chuan THC Tetrahidrocanabinol

  • RESUMO

    DE CARVALHO ROCHA VIEIRA, FDCRV. Práticas Integrativas e Complementares no controle da ansiedade. 2009. 32p. Trabalho de Conclusão de Curso de Farmácia-Bioquímica – Faculdade de Ciências Farmacêuticas – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2020. Palavras-chave: anxiety; yoga; meditation; tai chi chuan

    INTRODUÇÃO: A ansiedade é um estado emocional com componentes

    psicológicos, fisiológicos e sociais. Apesar de funcionar como uma função

    natural do organismo de preparo diante a uma situação nova e desconhecida,

    passa a ser patológica quando começa a comprometer o cotidiano causando

    prejuízos importantes na capacidade funcional do indivíduo. Estudos indicam

    que o yoga e outras Práticas Integrativas e Complementares como o tai chi e a

    meditação podem ser eficazes na prevenção e no tratamento de distúrbios

    induzidos por estresse, como a ansiedade. OBJETIVO: Analisar, por meio da

    revisão da literatura, os efeitos de Práticas Integrativas e Complementares como

    yoga, meditação e tai chi chuan como alternativas não farmacológicas

    coadjuvantes no tratamento da ansiedade; compreender as características da

    população frente a questão social e econômica que gera ansiedade e como ela

    pode ser manejada com terapias cognitivas; avaliar o impacto na saúde pública

    brasileira, isto é, como tais práticas estão inseridas no cenário nacional e no

    Sistema Único de Saúde. MATERIAL E MÉTODOS: O presente trabalho foi

    conduzido por meio de revisão narrativa. Para a revisão foram utilizados bancos

    de dados eletrônicos como SciELO, Medline (Medical Literature Analysis and

    Retrieval System Online), Cochrane, Scopus e Web of Science além de

    documentos disponibilizados em sites institucionais nacionais e internacionais

    que colaboraram com o entendimento do cenário apresentado. RESULTADOS:

    As práticas de yoga, meditação e tai-chi podem, pelo menos em parte, reduzir

    as respostas ao estresse e alterações cardiovasculares, imunológicas e

    endócrinas relacionadas, bem como promover uma melhor resposta psicológica

    ao estresse. Os resultados sugerem que os níveis de ansiedade foram

    significativamente reduzidos com as técnicas de respiração conhecidas como

    pranayama em uma população clínica. A meditação também pode promover

  • mudanças neuroplásticas no sistema cerebral executivo, com modificações

    físicas do formato e tamanho do cérebro e da amígdala. CONCLUSÃO: O

    presente trabalho esclareceu os benefícios fisiológicos que as Práticas

    Integrativas e Complementares em Saúde escolhidas (yoga, meditação e tai chi

    chuan) podem ser uma alternativa não farmacológica na prevenção e tratamento

    da ansiedade, e como tais práticas podem atuar como potenciais

    desmedicalizadores no uso abusivo e indiscriminado de benzodiazepínicos,

    reduzindo efeitos indesejados e um custo enorme em termos de sofrimento

    humano, incapacidade e prejuízos econômicos.

    1. INTRODUÇÃO

    O campo das Práticas Integrativas e Complementares em saúde no Brasil

    constitui fenômeno de crescente visibilidade. Sua legitimação ocorreu a partir do

    incentivo da Organização Mundial da Saúde (OMS) nos anos 70 e do Ministério

    da Saúde no Brasil, por meio da Política Nacional de Práticas Integrativas e

    Complementares (PNPICs) de 2006. Desde então, ampliaram-se as práticas

    para 29 Práticas Integrativas Complementares (PIC), incluindo a medicina

    tradicional chinesa (da qual faz parte o tai chi chuan), yoga e meditação [1].

    As Práticas Integrativas e Complementares estão disponíveis aos

    usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) e sinalizam para uma visão da saúde

    entendida como bem-estar amplo, que envolve uma interação complexa de

    fatores físicos, sociais, mentais, emocionais e espirituais. Além disso, elas

    valorizam a integração do ser humano com o meio em que vive e favorecem a

    integralidade de atenção à saúde numa perspectiva participativa que articula

    vivências e espaço de saúde, estimula o autocuidado e a ênfase na saúde ao

    invés da doença [2]. Seu foco, portanto, está na prevenção e promoção da saúde

    e não apenas na assistência, tendo seu movimento se intensificado com o

    aumento da demanda causado por doenças crônicas, insatisfação com os

    serviços de saúde existentes e a crítica à relação assimétrica de poder entre

    médicos e pacientes, dentre outros fatores [3]. Neste âmbito, as PIC dão

    autonomia ao usuário em escolher a forma de cuidado além de responsabilizar

    o usuário pelo cuidado da sua própria saúde. Ademais, apresentam como

  • potencialidade a possibilidade de contribuição para a desmedicalização nos

    serviços de saúde [2].

    O Brasil é recordista mundial em prevalência de transtornos de

    ansiedade: 9,3% da população sofre com o problema; ao todo, são 18,6 milhões

    de pessoas [4]. A ansiedade é um estado emocional de nervosismo, tensão,

    preocupação e apreensão que uma pessoa pode se encontrar por diversas

    razões [5]. Distúrbios induzidos por estresse, como a ansiedade, podem ainda

    exacerbar desordens como doença cardiovascular, obesidade, dor crônica,

    osteoporose, complicações psicossomáticas, diabetes mellitus, depressão,

    distúrbios gastrointestinais e de sono [6].

    O yoga vem se destacando dentro das Práticas Integrativas e

    Complementares na gestão da ansiedade. A respiração trabalhada nesta prática,

    como a chamada pranayama, juntamente com series de postura e meditação

    podem levar rapidamente a mente ao momento presente e reduzir o estresse e

    sofrimento [6]. Isso porque o yoga atua melhorando funções autonômicas por

    meio de mecanismos neuro-hormonais ativadores que suprimem a atividade

    simpática por meio da regulação negativa do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal,

    além de levar à redução da frequência cardíaca e pressão arterial e reduzir níveis

    de cortisol [7].

    Tai chi chuan (TCC), é uma arte marcial chinesa antiga que inclui

    exercícios aeróbicos tradicionais de baixa a moderada intensidade e envolve

    essencialmente aprender uma sequência de movimentos que inclui movimentos

    corporais circulares e espirais. Os indivíduos praticam o TCC, principalmente,

    para desenvolver a interação mente-corpo, controle da respiração e do

    movimento, coordenação olho-mão e um estado mental tranquilo. Nos últimos

    anos, a prática do tai chi chuan tem sido associada a um melhor equilíbrio

    postural, parâmetros cardiorrespiratórios, força muscular, flexibilidade, memória

    e com resultados positivos no tratamento dos sintomas de insônia [8]. Há

    evidências científicas de que uma única sessão de tai chi chuan se apresenta

    como uma excelente alternativa de redução de sobrecarga cardiovascular, além

    de ser outra forma capaz de fornecer o controle da pressão arterial do praticante [9].

  • A medida que o tratamento medicamentoso convencional para distúrbios

    relacionados ao estresse, como a manifestação de ansiedade, pode levar a

    vários eventos adversos indesejáveis (como desenvolvimento de obesidade e

    distúrbios metabólicos para o tratamento medicamentoso inibidor seletivo da

    recaptação de serotonina) e tendo em vista o uso exacerbado de ansiolíticos na

    sociedade, tais práticas apresentam-se como alternativas não farmacológicas

    interessantes na prevenção e promoção da saúde, atuando em processos

    inflamatórios, imunológicos e endócrinos [6] os quais estão abordados neste

    texto. 2. OBJETIVO(S)

    Objetivo Geral: • Analisar, por meio da revisão da literatura, os efeitos das Práticas

    Integrativas e Complementares (yoga, meditação e tai chi chuan) como

    alternativas não farmacológicas coadjuvantes na ansiedade.

    Objetivos Específicos:

    • Compreender as características da população frente a questão social e

    econômica que gera ansiedade e como ela pode ser manejada com

    terapias cognitivas;

    • Avaliar o impacto de tais práticas inseridas no cenário nacional. 3. MATERIAL E MÉTODOS

    Para a revisão foram utilizadas buscas para a obtenção de dados sobre o

    estudo do tema os bancos de dados eletrônicos como SciELO, Medline (Medical

    Literature Analysis and Retrieval System Online), Cochrane, Scopus e Web of

    Science além de documentos disponibilizados em sites institucionais nacionais

    e internacionais que colaborem com o entendimento do cenário a ser

    apresentado.

    O período considerado incluiu artigos científicos dos últimos 10 anos, nas

    línguas portuguesa e inglesa, que após a leitura do título e resumo a leitura do

    artigo na íntegra foi selecionado levando em consideração a confiabilidade, as

    citações e a relevância do tema no que envolve a ansiedade e as PIC escolhidas.

    Os descritores empregados foram “anxiety”, “benzodiazepines”, “anxiolytics”,

  • “abuse”, “consumption”, “burnout”, “self-medication”, “yoga”, “meditation”, “tai chi

    chuan”, “práticas integrativas e complementares”, “self-care”, “stress”

    “hormones” “breath”. 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

    Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) apontam que a

    prevalência mundial do transtorno de ansiedade é de 3,6%. No continente

    americano esse transtorno mental alcança maiores proporções e atinge 5,6% da

    população, com destaque para o Brasil, onde o transtorno de ansiedade está

    presente em 9,3% da população, possuindo o maior número de casos de

    ansiedade entre todos os países do mundo [10].

    A ansiedade foi definida como uma emoção negativa caracterizada por

    um desagradável estado de turbulência interna, muitas vezes acompanhada por

    comportamento nervoso. Em contraste com o medo, que é induzido por ameaça

    real ou imediata, a ansiedade é um sentimento desagradável ou expectativa de

    ameaça futura. Ela pode ser induzida quando há falta de informações suficientes

    para fazer julgamentos ou decisões adequadas sobre o ambiente em mudança [11].

    A ansiedade se manifesta patologicamente em uma ampla gama de

    transtornos psiquiátricos, sendo necessário diferenciar a ansiedade comum

    (condição emocional construtiva e desejável, essencial ao desempenho do

    indivíduo e importante como um mecanismo de sobrevivência que nos permite

    preparar para um possível perigo) da ansiedade patológica, isto é, aquela que

    persiste fortemente na ausência de um perigo real, envolve emoção exagerada

    levando à diminuição da capacidade produtiva do indivíduo, impede a realização

    das atividades diárias, prejudica o cotidiano e torna-se, portanto, um transtorno

    de ansiedade. Coração disparado, músculos tensos, dor de barriga, boca seca

    são alguns dos sintomas relatados, que são consequência de uma reação em

    cadeia de adrenalina [12].

    Quando estamos estressados, os hormônios adrenais aumentam nossa

    frequência cardíaca, pressão arterial e açúcar no sangue, além de amortecer o

    sistema imunológico. Deste modo, a pessoa ansiosa obtém algumas horas de

    desempenho superior, mas como consequência tem estresse no cérebro e no

  • corpo [13].

    Considerando historicamente a questão da ansiedade, na época vitoriana

    há relato de ingleses que se sentiam ansiosos com o crescimento das cidades,

    abismo entre ricos e pobres e tecnologias novas [12]. Hoje, tal ansiedade parece

    manter-se. O número de indivíduos com depressão ou outras doenças de origem

    psicossomáticas (ansiedade, estresse, mudanças abruptas de humor,

    bipolaridade, etc.) tem crescido a cada ano, o que é contraditório em um tempo

    histórico em que a positividade é tão reverberada. [14]

    Uma publicação de 2018 trouxe reflexões interessantes acerca da

    característica da população frente a questão social e econômica que estabelece

    valores e gera ansiedade, bem como a respeito de uma sociedade que vive um

    momento de auto exploração e autodisciplina, a qual não necessariamente

    implica liberdade:

    “A sociedade do desempenho estabelece modos de vida que se expressam por um

    excesso ou tirania da positividade, produzindo sujeitos que devem buscar sempre

    superar-se com relação aos seus ganhos. Com isso, são engendradas subjetividades e

    sociabilidades agenciadas pela multitarefa e constante (auto)produção. Inversamente,

    esses pressupostos têm gerado, contudo, culpas e frustrações, mecanismos de

    sofrimento que vêm desencadeando patologias neuronais diversas, uma vez que os

    modelos impostos não são factíveis em sua realização. Ao invés de sujeitos com

    desempenhos sempre crescentes, as cobranças resultam num cansaço psíquico que

    induz a doenças muitas vezes difíceis de serem superadas, já que continua a ser

    propagado o preceito de que o normal seria idealmente aquele desempenho uma vez já

    não alcançado. Na sociedade do desempenho os sujeitos estão, assim, fadados a

    falharem. Ao se entregar aos postulados do desempenho e suas urgências o sujeito pode

    deixar escapar o olhar necessário sobre si mesmo” [14].

    Outro ponto de relevância em torno do tema da ansiedade é a influência

    das redes sociais e suas consequências para o bem-estar psicológico, dado que

    as redes sociais têm sido utilizadas por vezes, mesmo que inconscientemente,

    como uma forma de comparação social, especialmente em redes dedicadas a

    conteúdo visual, como o Instagram. As mulheres, em particular, comparam sua

    imagem com a de outras, então são particularmente vulneráveis à auto

    objetificação, ansiedade, satisfação corporal e percepção inferior de si mesmas [15].

  • Embora os sites de redes sociais tragam uma conveniência gigantesca e

    até mesmo resultados psicológicos positivos associados como autoexpressão,

    formação de identidade, benefícios cognitivos relacionados ao funcionamento

    executivo, sentimento de pertencimento e aprimoramento das conexões, muitos

    efeitos negativos sobre o bem-estar psicológico dos usuários precisam de mais

    investigação, entre eles o aumento da solidão e ansiedade associados ao uso

    de redes sociais que tem sido relatados nos últimos anos[16] .

    Um estudo analisou a relação entre extroversão, necessidade de

    aprovação e tempo no Facebook como indicadores de ansiedade e os resultados

    indicaram que a necessidade de aprovação estava positivamente associada à

    ansiedade. Isso indica que quanto mais um indivíduo precisa da aprovação dos

    outros, mais ansioso ele tende a ficar. Também é possível que o medo de uma

    avaliação negativa dos amigos do Facebook exacerbe a ansiedade. Isso seria

    consistente com as evidências que indicam que o medo da avaliação negativa

    produz ansiedade social. Além disso, aqueles que passam mais tempo on line

    podem perceber o Facebook como uma fonte primária de validação de outras

    pessoas. Assim, se alguém não receber feedback positivo e / ou instantâneo de

    suas postagens, isso pode elevar os níveis de ansiedade [17].

    O nível de estresse por gerações foi relatado em uma pesquisa

    realizada nos Estados Unidos da América, sendo possível perceber que as mais

    jovens são também as mais conectadas, com mais relações e muito mais

    estressadas. Em suma, os níveis de estresse de adultos mais velhos

    (classificados como "Tradicionalistas" na pesquisa “Stress in America”) no ano

    de 2017 foram os mais baixos (3,3 em uma escala de 1 a 10) entre as gerações.

    Já a geração Y (idade entre 18 e 38 anos) continua a ter os mais altos níveis de

    estresse desde 2014, com a pesquisa deste ano encontrando um nível médio de

    estresse de 5,7, um ligeiro aumento em relação a 2016 (5,6). Para Boomers

    (idade entre 53 e 71 anos) e Geração X (idade entre 39 e 52 anos), os níveis de

    estresse diminuíram ligeiramente desde 2016, para 3,9 (de 4,1) e 5,3 (de 5,4),

    respectivamente (American Psycholocial Association, 2017).

  • Em termos fisiológicos de grande importância são as amígdalas cerebrais

    na manifestação da ansiedade. Um estudo de 2016 concluiu que a

    disponibilidade do receptor neurocinina-1 da amígdala está associada a traços

    de personalidade relacionados à ansiedade em indivíduos saudáveis,

    consistente com um papel modulador do sistema substância P-neurocinina 1

    (SP-NK1) na ansiedade humana. Explorar essa relação pode fornecer

    informações importantes sobre os fundamentos neurobiológicos da ansiedade

    humana e a etiologia dos transtornos de ansiedade, uma vez que os traços

    ansiosos estão associados a uma suscetibilidade aumentada para desenvolver

    condições psicopatológicas [18].

    Já um outro estudo de 2014 evidencia que embora a amígdala inicie

    respostas defensivas, ela não as mantém, não parecendo estar envolvida na

    manutenção da ansiedade. Isso levanta a questão de qual mecanismo está por

    trás da manutenção das respostas de ansiedade. Há nele a sugestão de algo

    mais complexo que envolveria a excitação serotonérgica do circuito amígdala-

    DMPFC (córtex pré-frontal), acompanhada pela amplificação de vieses

    comportamentais negativos, podendo este circuito ser o alvo principal para

    intervenção farmacológica [19].

    Linhas convergentes de evidências fisiológicas e mecanísticas indicam

    que a amígdala estendida central - incluindo o núcleo central da amígdala (Ce)

    e o núcleo leito da estria terminal (BST) – (Figura 1) é um centro chave neste

    circuito e motiva a hipótese de que alterações locais na amígdala estendida

    central podem conduzir mudanças em regiões remotas do cérebro de forma a

    promover o desenvolvimento e a manutenção de ansiedade, humor e transtornos

    por uso de substâncias [20] .

  • Figura 1: A importância potencial da amígdala estendida central (EAc), incluindo o núcleo leito da estria terminal (BST) e o núcleo central da amígdala (Ce) que juntos coordenam a resposta

    à estímulos emocionais via alvos a jusante [21]

    Estudos relevantes também demonstraram que o estresse pode causar

    elevação de citocinas e óxido nítrico (NO) e, ainda, levar à hiperatividade do eixo

    hipotálamo-pituitária-adrenal (HPA), aumentando a vulnerabilidade a doenças

    ao longo da vida, incluindo disfunção cognitiva, hipertensão, diabetes,

    ansiedade, depressão e dependência de drogas. Ao encontrar estresse físico ou

    psicológico agudo, a entrada para os centros cerebrais superiores é conectada

    sinapticamente com o hipotálamo para aumentar a produção do hormônio

    liberador de corticotrofina (CRH) hipotalâmico e vasopressina. O CRH é

    transportado por meio do sistema de porta hipofisária para a hipófise, onde

    provoca a liberação do hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) do lobo anterior

    da glândula pituitária, que finalmente estimula a secreção de glicocorticóides

    (GCs), principalmente cortisol em humanos. Os GC então interagem com seus

    receptores em vários tecidos-alvo, incluindo o eixo HPA e o hipocampo, onde

    exercem um efeito de feedback negativo inibitório sobre a síntese de fatores de

    liberação hipotalâmica para ACTH, notavelmente CRH e vasopressina. O

    sistema neuroendócrino atua em estreita cooperação com centros vegetativos

    no cérebro e na regulação do metabolismo, a fim de estabelecer a homeostase.

    O aumento dos níveis circulantes de ambos as catecolaminas e GCs também

    promovem o aumento do tônus cardiovascular, e essas reações servem para

    aumentar a disponibilidade e distribuição de substratos energéticos para atender

    às demandas metabólicas impostas pelo estressor. Os GC elevados realmente

    ajudam a encerrar as respostas fisiológicas e comportamentais de luta / fuga. No

    entanto, quando a elevação de GCs e/ou CRH permanece por um período

    prolongado, ela ameaça a viabilidade neuronal e aumenta o risco de distúrbios

    relacionados ao estresse, como a ansiedade [22] .

    Diferentes agentes ansiolíticos, incluindo antidepressivos tricíclicos,

    inibidores de recaptação seletiva de serotonina e benzodiazepínicos (BZDs),

    parecem normalizar o eixo HPA, sendo novas linhas de pesquisa desenvolvidas

    para elucidar o mecanismo de ação já que os efeitos dos agentes ansiolíticos

    sobre a atividade do eixo HPA ainda não estão claros [23].

  • Os fármacos utilizados no tratamento de distúrbios da ansiedade

    envolvem os benzodiazepínicos (diazepam, oxazepam, estazolam, flurazepam,

    quazepam, temazepam) os quais entram no início para reduzir sintomas e os

    antidepressivos, fármacos de escolha para distúrbios que precisam de

    tratamento crônico. Os benzodiazepínicos atuam em receptores GABA-A

    (ionotrópico, permeáveis a íons cloreto). O receptor GABA-A é um complexo,

    constituído por diversas subunidades, com locais de ligação específicos para

    seus ligantes, GABA, benzodiazepínicos (BZDs) e barbitúricos. Os barbitúricos

    já não são utilizados como ansiolíticos e sim como anticonvulsivantes pois

    possuem janela terapêutica estreita sendo menos seguros. Os

    benzodiazepínicos ligam-se a sítios BDZ na interface entre alfa e gama. No

    sistema nervoso central há dois tipos de receptores BDZ (BDZ e BDZ2) sendo o

    BDZ2 o que está relacionado com a diminuição da ansiedade e localizam-se no

    hipocampo, amígdala, córtex e medula (Figura 2). Quando GABA se liga a seu

    sítio em GABA A, ocorre aumento do influxo de cloreto. Quando o

    benzodiazepínico se liga a seu sítio em GABA A, ocorre aumento da frequência

    de abertura do canal de cloreto, intensificando os efeitos de GABA e ocorrendo

    hiperpolarização da membrana. Assim, é necessário que GABA esteja ligado

    para a ação do benzodiazepínico. Os inibidores seletivos de recaptura de

    serotonina (ISRS), classe de antidepressivos muito usados em componentes

    ansiosos crônicos, por sua vez, agem bloqueando SERT (transportador de

    serotonina) e impedindo a recaptura da serotonina e aumentando a

    disponibilidade dela na fenda sináptica [24].

    Figura 2: Canal de cloreto GABA A [25]

  • Alguns efeitos colaterais de benzodiazepínicos e inibidores seletivos de

    recaptura de serotonina utilizados no tratamento da ansiedade estão listados

    abaixo:

    Figura 3: Tabela com efeitos colaterais de benzodiazepínicos (BZD) e inibidores

    seletivos de recaptura de serotonina (ISRS)

    Fonte: Elaborada pelo autor [24].

    Os benzodiazepínicos também causam tolerância do tipo farmacodinâmica

    relacionada a receptores (o número de receptores de membrana diminui sendo

    necessário mais fármaco para se ter efeito), síndrome de abstinência e

    dependência e, portanto, não devem ser utilizados por longos períodos. Seu uso

    é ideal apenas para tratamentos agudos ou subcrônicos e a retirada deve ser

    feita aos poucos, conforme explicado na imagem a seguir:

    EFEITOS COLATERAIS

    •Benzodiazepínicos (BZD)

    à Tremorà Aumento de peso

    à Amnésia anterógradaà Tontura

    à Incoordenação motoraà Xerostomia

    à Aumento da pressão intraocular (Alprazolam, Clorazepam,

    Diazepam e Lorazepam têm efeito anticolinérgico não devendo ser

    utilizados em casos de glaucoma do ângulo estreito além de não serem indicados durante a gravidez por

    atravessarem a barreira placentária)

    EFEITOS COLATERAIS

    •Inibidores seletivos de recaptura de serotonina (ISRS)

    à Náusea, desconforto intestinal e diarreia

    à Disfunção sexual (paroxetina, principalmente)

    à Cefaleiaà Insônia (fluoxetina e sertralina)à Ganho de peso (paroxetina) ou

    perda de peso (fluoxetina)à Nervosismo

    à Fadigaà Tontura e parestesias (quando

    súbita interrupção do tratamento)

  • Figura 4: Representação do mecanismo de retirada abrupta do benzodiazepínico.

    Fonte: Elaborada pelo autor [24]

    Os transtornos de ansiedade impõem um fardo considerável à saúde

    coletiva; eles são comuns, caros e contribuem para a etiologia da depressão e

    do abuso de fármacos. Os tratamentos existentes são inconsistentemente

    eficazes ou associados a efeitos adversos significativos, ressaltando a

    necessidade de desenvolver uma compreensão mais profunda dos circuitos

    neurais distribuídos que controlam a expressão de medo e ansiedade [26].

    Outro fator que demonstra o porquê de os ansiolíticos serem usados de

    forma consciente diz respeito à alta prevalência de variantes de metabolização

    das enzimas do citocromo P450, como CYP2D6, CYP2C19, CYP1A2 em

    algumas populações (como na asiática), os tornando particularmente sensíveis

    a drogas como o diazepam e imipramina [27] .

    Há ainda um fator de extrema importância que diz respeito a

    hereditariedade da ansiedade. Além das influências ambientais, um estudo

    recente indicou que existe uma variância genética que é responsável por ∼35%

    da probabilidade de que uma criança desenvolver um transtorno de ansiedade.

    Pais com ansiedade e transtornos depressivos são consideravelmente mais

    propensos a ter filhos com um estado extremamente ansioso, sendo a herança

    da ansiedade mais um fator que deve ser considerado no contexto maior da

    saúde pública [28] .

  • Ainda, é possível que as mulheres sejam mais acometidas por quadros

    de ansiedade em razão da pressão social que recebem, da jornada de trabalho

    e da renda inferior. Isso faz com que muitas tenham que trabalhar mais para

    cumprir com pagamentos e manutenção da família. Outra possível justificativa

    pode estar relacionada à exposição à violência que a mulher vem enfrentando

    cotidianamente, o que pode deixá-la em constante sensação de medo, angústia

    e ansiedade. No entanto, ainda que as mulheres apresentem maior gravidade

    nos sintomas e evolução crônica nos transtornos de ansiedade, é preciso

    salientar que, independentemente do gênero, os transtornos de ansiedade

    podem causar grande prejuízo funcional na vida dos indivíduos [29].

    Além disso, os transtornos de ansiedade são problemas frequentes

    quando se aborda a saúde do trabalhador, visto que geram altos custos e

    impacto nos índices de absenteísmo e afastamentos laborais. Na França, um

    estudo de base populacional com amostra de 4.717 trabalhadores evidenciou

    que a alta demanda psicológica, a baixa recompensa, as exigências emocionais

    e a insegurança são fatores preditores de ansiedade [30].

    Por fim, apenas 10% das pessoas com transtorno de ansiedade no mundo

    fazem o tratamento correto. A maioria tende a tentar superá-la sozinha,

    consomem álcool para relaxar (o que pode piorar a ansiedade a curto e longo

    prazo) ou maconha (Tetrahidrocanabinol -THC - pode aumentar batimento

    cardíaco apesar de existir relatos de que o Canabidiol – CBD - poderia ajudar) [12].

    As prescrições de medicamentos para ansiedade aumentaram

    substancialmente nos últimos anos, bem como, o uso não médico, ou seja, o uso

    sem receita médica ou o uso em quantidades maiores, com mais frequência ou

    mais tempo do que o prescrito ou por um motivo diferente do recomendado por

    um médico [31].

    Tendo em vista as prescrições desenfreadas de ansiolíticos, seus eventos

    adversos e riscos de tratamento bem como as condições de não resposta aos

    tratamentos convencionais, os impactos socioeconômicos relacionados e o fato

    do Brasil possuir a população mais ansiosa do mundo, busca-se entender como

    a ansiedade pode ser manejada com terapias integrativas na prevenção e

    promoção da saúde, podendo colaborar na minimização da medicalização.

  • YOGA E MEDITAÇÃO

    Estudos têm demonstrado que a prática de yoga pode, pelo menos em

    parte, reduzir as respostas ao estresse e alterações cardiovasculares,

    imunológicas e endócrinas relacionadas, bem como promover uma melhor

    resposta psicológica ao estresse [32]. O Yoga se originou por volta de 3.000 aC

    na Índia e é popularmente reconhecido como um programa de exercícios físicos

    (asana), controle da respiração (pranayama) e meditação. Todas estas

    atividades são cada vez mais reconhecidos como técnicas eficazes para

    melhorar a saúde, além de seu papel há muito reconhecido na prevenção e

    gestão de doenças [27].

    Um estudo de 2012 abordou os impactos no yoga na saúde bem como

    um pouco de seu mecanismo fisiopatológicos. O eixo hipotálamo-pituitária-

    adrenal (HPA) é acionado em resposta a estressores físicos ou psicológicos

    principalmente como resultado da liberação de cortisol e catecolaminas

    (epinefrina e norepinefrina). Com o tempo, o estado constante de hipervigilância

    resultante de disparos repetidos do eixo HPA pode levar à desregulação do

    sistema e à doenças como a ansiedade. Embora o mecanismo de ação preciso

    não tenha sido determinado, foi levantada a hipótese de que alguns exercícios

    de yoga ajudem no controle do estresse e da ansiedade ao causar uma mudança

    em direção à dominância do sistema nervoso parassimpático, possivelmente por

    meio da estimulação vagal direta [33].

    O yoga modula os sistemas de resposta ao estresse reduzindo o estresse

    percebido e a excitação fisiológica, por exemplo, reduzindo a frequência

    cardíaca, diminuindo a pressão arterial e facilitando a respiração. Além disso, o

    yoga diminui os níveis de glicose no sangue, renina plasmática, cortisol salivar e

    os níveis de nor-epinefrina e epinefrina de 24 horas na urina.

    Independentemente da via fisiopatológica, o yoga demonstrou ter efeitos

    psicológicos importantes: diminuir a ansiedade e aumentar os sentimentos de

    bem-estar espiritual, social e emocional. No mesmo artigo, há relatos de um

    estudo na Universidade de Utah que mostrou que entre os indivíduos controle e

    praticantes de yoga, este último tinha maior tolerância à dor e menor atividade

    cerebral relacionada à dor durante a ressonância magnética [33] .

  • Em outro estudo, foram doadas amostras de sangue antes e depois do

    retiro de yoga de 3 meses com 200 participantes tornando possível verificar os

    efeitos do BDNF, cortisol salivar e citocinas inflamatórias (ou seja, IL-1β, IL-6, IL-

    8, IL-12, IFN-γ e TNF-α), IL-10 junto à variáveis psicológicas como a ansiedade [34].

    O fator neurotrófico derivado do cérebro (BDNF) é uma neurotrofina que

    promove o desenvolvimento, a sobrevivência e a plasticidade dos neurônios nos

    sistemas nervosos central e periférico. Níveis reduzidos de BDNF têm sido

    associados a distúrbios psiquiátricos e neurológicos, incluindo ansiedade,

    depressão e doença de Alzheimer. A figura a seguir explica em termos

    fisiológicos o mecanismo ocorrido:

    Figura 5: Fluxograma Práticas de yoga e relação com BDNF.

    Fonte: Elaborada pelo autor.

    Logo, o estudo sugere que o aumento no BDNF pode estar relacionado a

    marcadores psicológicos de bem-estar, sinalizando para a promoção da

    resiliência ao estresse e bem-estar integrado mente-corpo. Além disso, o

    hipocampo é um sítio ativo de neuroplasticidade, podendo tal sinalização de

    BDNF relacionada à meditação ser uma explicação parcial para os achados

    repetidos de volumes aumentados do hipocampo devido à prática meditativa em

    estudos de curto e longo prazo.

  • Também foi observado o aumento de CAR (cortisol awakening response)

    avaliados nas amostras de cortisol salivar, estando provavelmente relacionado

    a maior alerta e prontidão para envolvimento mente-corpo.

    Por fim, observou-se um padrão incomum de aumento tanto nas citocinas

    antiinflamatórias como IL-10 como nas pró-inflamatórias como TNF-α, IFN-γ, IL-

    1β, IL-6, IL-8 com diminuições simultâneas de IL-12. A hipótese sugerida aqui é

    que o aumento de citocinas anti e pró-inflamatórias possivelmente indica maior

    prontidão imunológica [34] .

    Diferentemente do que muitos pensam, o objetivo da meditação, por sua

    vez, não é se aproximar do divino ou esvaziar a mente. É, na verdade, prestar

    atenção. Assim temos dois tipos de mentes focadas: a mente focada mas que

    está tensa, e a mente focada e relaxada (que busca-se com a meditação). A

    prática da meditação consciente ou mindfulness envolve sentar-se

    confortavelmente, concentrar-se na respiração e, em seguida, trazer a atenção

    da sua mente para o presente, sem se preocupar com o passado ou futuro. Ao

    praticar a atenção plena, a pessoa se concentra no momento presente, tendo

    consciência do que está acontecendo dentro e fora, sem nenhuma reação.

    Assim, mindfulness promove o desapego do mundo externo e volta o foco do

    indivíduo para dentro, quebrando os padrões usuais de responder quando

    ansioso. Além disso, também inclui técnicas de relaxamento, que são eficazes

    para reduzir a ansiedade. O propósito da meditação é a eliminação ou redução

    dos processos de pensamento, a desaceleração do diálogo interno da mente

    com o objetivo maior de se aumentar este estado de consciência superior e,

    assim, pode levar a uma grande sensação de tranquilidade física e mental [35].

    Em estudo recente publicado cientistas descobriram que uma fração

    grande de nossos pensamentos - quase a metade - não está relacionada ao que

    estamos fazendo. Surpreendentemente, tendemos a estar em outro lugar,

    mesmo para atividades casuais e supostamente agradáveis, como assistir TV

    ou conversar. Embora possa-se esperar que essa divagação mental esteja nos

    levando a lugares mais felizes, os dados dizem o contrário e na verdade ficamos

    mais felizes quando o pensamento e a ação estão alinhados, mesmo que

    estejam alinhados apenas para lavar pratos. Neste mesmo estudo foi

    desenvolvido um aplicativo para iPhone que pesquisava periodicamente os

    pensamentos e atividades das pessoas. Em momentos aleatórios ao longo do

  • dia, o iPhone de um participante tocava e apresentava um breve questionário

    que perguntava o quão feliz ele estava (em uma escala de 1-100), o que ele

    estava fazendo e se ele estava pensando sobre o que ele estava fazendo. Se os

    sujeitos estavam de fato pensando em outra coisa, eles relatavam se essa outra

    coisa era agradável, neutra ou desagradável. Além de nos despertar para o

    quanto nossas mentes vagam, o estudo mostrou claramente que somos mais

    felizes quando pensamos sobre o que estamos fazendo. Embora imaginar

    alternativas agradáveis fosse naturalmente preferível a imaginar alternativas

    desagradáveis, o cenário mais feliz era não estar imaginando nada. Uma pessoa

    que está passando uma camisa e pensando em passar é mais feliz do que uma

    pessoa que está passando e pensando em ir tomar sol, por exemplo. Logo, a

    presença mental - a combinação do pensamento com a ação – seria o indicador

    de felicidade, embora o cérebro possa estar programado para trabalhar contra

    suas tentativas de permanecer presente, necessitando bastante prática para

    chegar lá. O que ainda não se sabe é o quanto as pessoas variam em sua

    tendência a divagar mentalmente e se estas diferenças estão associadas a

    doenças psiquiátricas. Nesse caso, podemos ser capazes de adaptar

    intervenções terapêuticas para pessoas propensas a certos estilos cognitivos

    que as colocam em risco de depressão, ansiedade ou outros transtornos [36] .

    Uma das práticas mais importantes do ponto de vista de saúde são as

    chamadas pranayama, isto é, um conjunto de exercícios de controle da

    respiração. Prāṇāyāma, é uma palavra sânscrita para prana (energia vital) e

    ayama (controle). Refere-se a uma série de exercícios voluntários de respiração

    controlada que manipulam a frequência respiratória, inalação (puraka), retenção

    (kumbhaka), exalação (rechaka) e bloqueios corporais (bandhas). Essas

    técnicas de respiração demonstraram provocar mudanças significativas na

    fisiologia e psicologia humana e efeitos positivos no estresse e ansiedade [37] .

    Um estudo observou que a prática do pranayama Bhastrika com baixa

    frequência respiratória diminuiu significativamente tanto a pressão arterial

    sistólica quanto a diastólica, com uma diminuição modesta da frequência

    cardíaca [38]. Além disso, as alterações na variabilidade da frequência cardíaca

    também apoiam a noção de que a prática de pranayama melhora a função

    respiratória e o equilíbrio simpático-vagal cardíaco, que são importantes

    variáveis psicofisiológicas relacionadas ao estresse. [39] Foi hipotetizado que os

  • mecanismos psicobiológicos pelos quais o pranayama exerce seus efeitos são

    mediados pelo nervo vago, por meio de interconexões entre órgãos sensoriais

    periféricos, núcleo solitário, tálamo, áreas límbicas e córtex pré-frontal. Além

    disso, foi sugerido que o aumento da atividade parassimpática (associada ao

    tempo de expiração) reduz a liberação de hormônios associados ao estresse [40]

    e aumenta a inibição do GABA do córtex pré-frontal e da ínsula para a amígdala,

    reduzindo sua atividade, e os sintomas psicológicos e somáticos associados ao

    estresse [41].

    Em outro estudo, usou-se um desenho de ensaio clínico randomizado

    com trinta adultos jovens saudáveis avaliados no início do estudo e após 4

    semanas de práticas de pranayama. O nível de ansiedade foi avaliado pelo

    Inventário de Ansiedade Traço-Estado (IDATE), que foi traduzido e validado para

    o português brasileiro. Também utilizou-se a Escala de Afeto Positivo e Afeto

    Negativo (PANAS) para avaliar os afetos positivos (PANAS-P), como bem-estar,

    entusiasmo, inspiração e determinação, e afetos negativos (PANAS-N), voltada

    para dimensões como o medo, o nervosismo e a perturbação. Este estudo

    fornece a primeira evidência preliminar de que 4 semanas de Bhastrika

    pranayama produziu os seguintes resultados principais: mudanças nas

    pontuações PANAS e STAI sugerem níveis significativamente reduzidos de

    estado de afeto negativo e ansiedade, aumento do afeto positivo e alterações de

    fMRI sugerindo o envolvimento da amígdala, ínsula anterior, ACC, vmPFC,

    vlPFC e dlPFC. Embora não sejam patológicos, os sujeitos apresentaram níveis

    mensuráveis de ansiedade, correspondendo a uma amostra representativa de

    nossa sociedade, principalmente de estudantes universitários. Os resultados

    sugerem que os níveis de ansiedade foram significativamente reduzidos, o que

    pode encorajar a futura exploração dos efeitos ansiolíticos do pranayama em

    uma população clínica (Figuras 6 e 7). [37]

  • Figura 6: Efeitos de Bhastrika pranayama na ansiedade. Pontuações de STAI (estado e característica) em ambos os grupos (pranayama e controle) no início e após a intervenção. (A) Uma interação significativa (intervenção × tempo) foi observada na ansiedade estado com pontuações significativamente diminuídas dentro do grupo de pranayama. (B) Nenhuma interação significativa foi observada na ansiedade-traço [37].

    Figura 7: Efeitos do pranayama Bhastrika no afeto. Escores PANAS (estado e traço), positivos (PANAS-P) e negativos (PANAS-N) para ambos os grupos (pranayama e controle) no início e após a intervenção. Interações significativas (intervenção × tempo) foram observadas no estado de afeto, ambas negativas (A) e positivo (B) com uma diminuição significativa no efeito negativo dentro do grupo pranayama. Para o traço PANAS, uma tendência para PANAS-N encontrado [37],

    A respiração lenta e profunda bem como a respiração unilateral pela

    narina esquerda parece reduzir a frequência cardíaca, diminuir níveis séricos de

    catecolaminas relacionadas ao estresse e aumentar a ativação do sistema

    nervoso autônomo parassimpático, que relaxa. Um estudo em estudantes

    saudáveis comparou os efeitos de pranayama lento, rápido e sem pranayama

    por 12 semanas em parâmetros cardiovasculares e estresse. Os resultados

    demonstraram que tanto o rápido como o lento promoveram diminuições

  • significativas no estresse percebido medido pelo PSS (Perceived Stress Scale);

    no entanto, apenas o pranayama lento foi relatado para promover uma

    diminuição estatisticamente significativa na frequência cardíaca, pressão

    arterial, produto de pressão de frequência e duplo produto, indicando assim um

    aumento da dominância parassimpática e do tônus vagal no grupo lento em

    comparação com os grupos rápido e sem prática [42] .

    Um estudo avaliou a técnica de pranayama para reduzir a ansiedade dos

    alunos antes de seus exames e aumentar o desempenho no teste. Após

    responder a um questionário, foi possível avaliar por exemplo que 33,3% dos

    participantes do grupo experimental tiveram alta ansiedade do teste, enquanto

    66,7% dos participantes do grupo de controle tiveram ansiedade do teste, que

    foi duas vezes mais do que o grupo experimental. Isso significa que a prática do

    pranayama pode reduzir e controlar a ansiedade do teste. Também foi revelado

    que quanto maior a ansiedade do teste, menor o desempenho do teste [43].

    O objetivo dos exercícios respiratórios é fornecer oxigênio ao corpo e

    eliminá-lo do dióxido de carbono e de outras toxinas, sendo o oxigênio no sangue

    vital para: assimilar os alimentos que comemos para atender às várias

    necessidades do corpo, como reconstruir tecidos e fornecer energia, estimular o

    funcionamento das glândulas endócrinas, fornecer energia para o

    funcionamento do cérebro, nervos, coração e outros órgãos vitais, distribuição

    de energia vital por todo o corpo [43] .

    Existem diversas técnicas de meditação que, de maneira geral,

    promovem a redução dos níveis de estresse e ansiedade, o que pode ser

    explicado pela redução significativa dos níveis de cortisol e noradrenalina,

    juntamente com o aumento das concentrações de dopamina plasmática e

    serotonina as quais aumentam a sensação de prazer e bem estar.

    O aumento da atividade serotoninérgica pode estar relacionado à

    estimulação do hipotálamo lateral; a inervação hipotalâmica na glândula pineal

    contribui para o aumento da síntese e liberação de serotonina. A diminuição do

    cortisol e noradrenalina e o aumento dopaminérgico estão associados à

    diminuição da frequência cardíaca e respiratória, levando em consideração que

    durante a prática meditativa há menos estimulação simpática e mais estimulação

    parassimpática. O aumento da atividade do sistema parassimpático resultaria

    em uma menor inibição do sistema GABAérgico em nível bulbar, desencadeando

  • alterações na pressão arterial, frequência respiratória, motilidade e

    funcionamento do sistema gastrointestinal, melhora da memória, diminuição da

    ansiedade e melhora a sensação de bem-estar, devido ao aumento

    dopaminérgico [35].

    A meditação também pode promover mudanças neuroplásticas no

    sistema cerebral executivo. Menos falhas cognitivas e maior volume de matéria

    cinzenta (GMV) foram relatados nas regiões frontal, límbica, temporal, occipital

    e cerebelar de praticantes de meditação do que em controles correspondentes.

    Em outras palavras, a meditação também modifica fisicamente o formato e

    tamanho do cérebro, estando a matéria cinzenta mais densa nas áreas

    associadas com aprendizagem, processamento da memoria e controle da

    emoção após 8 semanas de um programa de meditação. Já a amígdala que lida

    com o estresse, pressão arterial e o medo, havia reduzido sua matéria cinzenta.

    Outros estudos encontraram níveis mais elevados de melatonina plasmática

    (que, por sua vez, pode ser responsável pela melhora da sensação de bem-

    estar) em meditadores experientes imediatamente após meditação do que sob

    condições de controle com os mesmos indivíduos sem meditação. Deste modo,

    a facilitação de níveis mais elevados de melatonina fisiológica em horários

    apropriados do dia pode ser uma via através da qual ocorrem os alegados efeitos

    da meditação na promoção da saúde [44].

    TAI CHI CHUAN Tai Chi Chuan é uma arte marcial chinesa antiga que inclui exercícios

    aeróbicos tradicionais de baixa a moderada intensidade e envolve

    essencialmente aprender uma sequência de movimentos que inclui movimentos

    corporais circulares e espirais. Os indivíduos praticam o TCC, principalmente,

    para desenvolver a interação mente-corpo, controle da respiração e do

    movimento, coordenação olho-mão e um estado mental tranquilo [9].

    Em um estudo, noventa e duas mulheres grávidas com depressão pré-

    natal foram aleatoriamente designadas para um grupo de controle de tai chi /

    yoga ou grupo controle com uma média de 22 semanas de gestação. O grupo

    de tai chi / yoga participou de uma sessão de grupo de 20 minutos por semana

    durante 12 semanas. No final do período de tratamento, o grupo de tai chi / yoga

    teve pontuações mais baixas de depressão sumária (CES-D), bem como

  • pontuações mais baixas de ansiedade (STAI) e menor pontuação de distúrbios

    do sono [41]. Também há relatos de melhora dos sintomas de ansiedade,

    depressão e estresse pós prática de tai-chi em pacientes com doença cardíaca

    coronária após intervenção coronária percutânea, melhorando a qualidade de

    vida dos pacientes [46] .

    Um outro estudo em pacientes idosos mostrou que após praticarem

    exercícios de tai chi em adição à terapia medicamentosa houve um efeito mais

    significativo na melhora do transtorno de ansiedade do que aqueles que são

    tratados apenas com o fármaco. Enquanto isso, se os pacientes são tratados

    apenas com o fármaco, é fácil reaparecer após a cura. No entanto, se eles

    insistem em fazer exercícios de tai chi, a taxa de recorrência é baixa e o efeito é

    significativo [47].

    Um contraponto no entanto é que, de maneira geral, os estudos que

    mostravam benefícios no tai-chi na redução do estresse vinham acompanhados

    de descrição das limitações do estudo, entre eles: efeitos de yoga e tai chi,

    quando analisados juntamente são confundidos; necessidade de estudá-los

    separadamente e em amostras maiores, adicionando medidas bioquímicas,

    como ensaios de cortisol, para fornecer dados de confirmação sobre os efeitos

    do relaxamento; necessidade de avaliar os efeitos em longo prazo de sessões

    repetidas; número limitado de estudos revisados; número mínimo de estudos

    que demonstram resultados significativos com diversos estudos e limitações

    metodológicas; em muitos estudos que demonstram benefícios, seu efeito sobre

    os sintomas depressivos e de ansiedade é pequeno [48] .

    Logo, além de faltar artigos na literatura a respeito do Tai-chi e seus

    benefícios fisiológicos na ansiedade, muitos dos resultados apresentam-se

    como inconclusivos. Portanto, estudos futuros com design mais rigoroso

    precisam examinar mais profundamente se o Tai-Chi pode promover mudanças

    fisiológicas benéficas nos sintomas de ansiedade seja por exemplo na

    variabilidade do batimento cardíaco ou no estresse percebido de forma

    consistente.

  • 5.CONSIDERAÇŌES GERAIS

    A saúde mental é tão importante como a saúde física para o bem-estar

    dos indivíduos, das sociedades e dos países. Avanços na neurociência e na

    medicina do comportamento já mostraram que, como muitas doenças físicas,

    estas perturbações resultam de uma complexa interação de fatores biológicos,

    psicológicos e sociais. Há neste contexto um custo enorme em termos de

    sofrimento humano, incapacidade e prejuízos econômicos. Como gestores finais

    de qualquer sistema de saúde, os Governos precisam assumir a

    responsabilidade de assegurar a elaboração e implementação de políticas de

    saúde mental, especialmente nos cuidados primários. O Brasil é referência

    mundial na área de Práticas Integrativas e Complementares na Atenção Básica.

    É uma modalidade que investe na prevenção e promoção da saúde, entendida

    pelo âmbito de definição de saúde pela OMS, ou seja, como «não simplesmente

    a ausência de doença ou enfermidade», mas como «um estado de completo

    bem-estar físico, mental e social» [49].

    Atualmente, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece, de forma integral

    e gratuita, 29 procedimentos integrativos e complementares à população. Os

    atendimentos começam na Atenção Básica, principal porta de entrada para

    o SUS. Evidências científicas têm mostrado os benefícios das Práticas

    Integrativas (dentre elas o yoga, tai-chi e meditação) as quais estimulam o

    autocuidado atuam na prevenção e promoção da saúde e têm sido muito

    procuradas com o aumento da demanda desencadeada por doenças crônicas,

    insatisfação com os serviços de saúde existentes e a crítica à relação assimétrica

    de poder entre médicos e pacientes, dentre outros fatores.

    O 2º Relatório de PNPIC de 2015 permite observar como se encontram

    algumas das práticas aqui estudadas no cenário nacional. Das 10 práticas

    listadas, o tai-chi encontra-se em 3º lugar na distribuição das modalidades de

    práticas complementares nos estados e municípios brasileiros e o yoga em 7º

    lugar, sendo a maior área de atuação de ações de práticas integrativas e

    complementares na Atenção Básica e Saúde da Família [50].

  • 6.CONCLUSÃO O presente trabalho esclareceu os benefícios fisiológicos que as Práticas

    Integrativas e Complementares em Saúde escolhidas (yoga, meditação e tai chi

    chuan) podem proporcionar na prevenção e tratamento da ansiedade, e como

    podem atuar como potenciais desmedicalizadores no uso abusivo e

    indiscriminado de benzodiazepínicos, reduzindo efeitos indesejados.

    A revisão narrativa e a construção deste trabalho tornou possível

    compreender a saúde em um contexto integrativo e dentro de uma cultura de

    autocuidado de modo a protagonizar o indivíduo no processo de recuperação da

    saúde e ampliar a autonomia do usuário em escolher a forma de cuidado quando

    da utilização das práticas abordadas. Assim, yoga, meditação e tai-chi

    apresentam-se como formas de terapia não fundamentadas na doença sendo a

    atenção voltada para o indivíduo de forma ampla e global. Mais estudos são

    necessários para melhorar o entendimento dessa área, bem como examinar os

    praticantes de meditação, yoga e tai-chi em diferentes contextos e condições.

    O cenário nacional da ansiedade e seus impactos socioculturais

    mostraram-se caóticos, podendo as PICs aqui estudadas virem a colaborar na

    melhoria de qualidade de vida dos indivíduos ao serem disponibilizadas ao

    acesso no contexto clínico.

    7. BIBLIOGRAFIA

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