provérbios 26 -...
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A474
Alves, Silvio Dutra
Provérbios 26./ Silvio Dutra Alves. – Rio de Janeiro,
2016.
38p.; 14,8x21cm
1. Teologia. 2. Salomão. 3. Estudo Bíblico.
I. Título.
CDD 230.223
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Provérbios 26
1 Como a neve no verão, e como a chuva na sega, assim não fica bem para o tolo a honra.
É uma coisa muito comum dar honra aos tolos, que são totalmente indignos dela e impróprios
para ela. Os homens ímpios, que não têm nem habilidades, nem graça, costumar ser
preferidos por governantes, e aplaudidos pelo povo.
É muito absurdo e impróprio quando isto ocorre. É algo incoerente como a neve no verão, e como a chuva na época da colheita, o que
dificulta os trabalhadores e estraga os frutos da terra, quando eles estão prontos para serem
colhidos.
Quando os ímpios estão no poder eles geralmente abusam do seu poder, e
desencorajam a prática da virtude, para poderem atender às suas conveniências
erradas.
Esta é a razão de um comandante desonesto colocar à frente da tesouraria da unidade que
ele dirige, um oficial tesoureiro também desonesto que lhe facilite as práticas de desvio
de recursos, em benefício de ambos. Todavia,
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ocupam cargos em que são honrados pelas patentes que possuem.
Ser honesto e digno em seus procedimentos, especialmente no ambiente de trabalho, é o
dever de todo homem, e disto darão contas a Deus no dia do juízo, da mordomia que fizeram ao usar os bens que foram colocados debaixo do
seu cuidado e administração.
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2 Como ao pássaro o vaguear, como à
andorinha o voar, assim a maldição sem causa não virá.
Aqui está a loucura da paixão. Ela faz os homens
proferirem maldições sem causa, desejando mal aos outros mediante presunção de que eles são maus e têm feito o mal, interpretado de
forma errada a pessoa ou o fato, ou por considerarem o mal como bem, e o bem como
mal.
Um tolo troveja os seus anátemas contra tudo o que ele está desgostoso, seja certo ou errado.
Grandes homens, quando ímpios, acham que têm um privilégio para manter aqueles sobre os
quais se encontram, em temor, amaldiçoando-os, e xingando-os, o que revela tanto a expressão
da sua maldade, quanto a sua fraqueza e inabilidade para suportarem e resolverem
situações que exigem sabedoria e paciência para serem resolvidas.
Aquele que é amaldiçoado sem causa, seja por imprecações furiosas ou anátemas solenes, não
sofrerá qualquer mal, assim como os pássaros que voavam sobre a cabeça de Davi não
poderiam lhe fazer qualquer mal, quando ele estava sendo amaldiçoado por Golias. Eles vão
voar para longe, como o pardal ou a andorinha, que se dirigem para o seu refúgio, e ninguém
saberá onde encontra-los depois.
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Somos proibidos pelo evangelho a amaldiçoar a quem quer que seja, ainda que nos amaldiçoem,
persigam ou ajam como nossos inimigos.
O crente foi chamado para abençoar e não para maldizer.
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3 O açoite é para o cavalo, o freio é para o
jumento, e a vara é para as costas dos tolos.
Cavalos e jumentos selvagens podem ser conduzidos somente por meio do uso de açoite e
freio.
A eles são comparados os tolos que se deixam governar e obedecer a quem é devido, somente
por meio de açoites.
A vara da correção de Deus sempre brande nas costas de seus filhos desobedientes que
necessitam ser disciplinados, e que não o permitiriam por outro modo, como se vê na
epístola aos Hebreus.
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4 Não respondas ao tolo segundo a sua
estultícia; para que também não te faças semelhante a ele.
5 Responde ao tolo segundo a sua estultícia, para que não seja sábio aos seus próprios olhos.
Veja aqui a nobre segurança do estilo de escritura, no que parece contradizer a si mesma,
mas realmente não.
É preciso sabedoria para lidar com os tolos; no que tange a saber quando se deve manter o
silêncio e quando falar, pois pode haver um tempo para ambos.
Em alguns casos, um homem sábio não irá equiparar a sua habilidade à de um tolo a ponto de lhe responder de acordo com sua insensatez.
Se ele se orgulhar de si mesmo, não lhe responda com vanglória de ti mesmo. Se ele falar apaixonadamente, não fales
apaixonadamente também. Se ele contar uma grande mentira, não digas outra. Se ele caluniar
os teus amigos, não faças qualquer calúnia ou concorde com o que ele diz. Se ele fizer
chocarrices (brincadeiras de mau gosto), não lhe respondas em sua própria língua , para que
não sejas como ele, ainda que tenhas um
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conhecimento melhor das coisas em que poderia ser ensinado, mas percebes que se
interessaria em aprender, e muito ao contrário, ficaria irado com o fato de ser contraditado.
No entanto, em outros casos, um homem sábio
vai usar sua sabedoria para a condenação de um tolo, quando, ao tomar conhecimento de que no que ele diz, possa haver esperança de fazer o
bem, ou pelo menos evitar mais, prejuízo, quer para si próprio ou para terceiros.
Então, partindo do que ele tiver proferido pode ser acrescentado algo que conduza a um verdadeiro bem.
Nesse caso é possível que ao ver que a tua interposição apontou para um caminho melhor, o tolo não terá ocasião de se gabar de um
sabedoria que pensava ter, e que por fim entendeu que há uma sabedoria verdadeira e
melhor.
Quantos não chegam ao arrependimento e à conversão, por este processo, uma vez que o
Espírito Santo pode levar o tolo a se convencer da sua condição e aspirar por obter a verdadeira
sabedoria que há em conhecer a Jesus Cristo e a Sua Palavra.
Especialmente nos assuntos relativos à religião a “sabedoria” do mundo vai justificar a sua
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rejeição da verdadeira sabedoria que procede de Deus, com base nos mais variados argumentos,
que vão desde a rejeição de um estilo de vida mais estrito e recolhido como exemplificado no
ministério de João Batista, até o estilo mais livre e aberto que temos no ministério do próprio
Senhor Jesus Cristo. A liberdade que o evangelho dá aos crentes, não era concedida a João Batista, na condição de nazireu que era,
segundo a Lei do Velho Testamento.
Por isso Jesus dirigiu aos judeus as seguintes
palavras:
“Mas que saístes a ver? um profeta? Sim, vos digo, e muito mais do que profeta.
Este é aquele de quem está escrito: Eis que envio o meu anjo diante da tua face, O qual preparará
diante de ti o teu caminho.
E eu vos digo que, entre os nascidos de mulheres, não há maior profeta do que João o
Batista; mas o menor no reino de Deus é maior do que ele.
E todo o povo que o ouviu e os publicanos, tendo sido batizados com o batismo de João,
justificaram a Deus.
Mas os fariseus e os doutores da lei rejeitaram o conselho de Deus contra si mesmos, não tendo
sido batizados por ele.
E disse o Senhor: A quem, pois, compararei os homens desta geração, e a quem são
semelhantes?
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São semelhantes aos meninos que, assentados nas praças, clamam uns aos outros, e dizem:
Tocamo-vos flauta, e não dançastes; cantamo-vos lamentações, e não chorastes.
Porque veio João o Batista, que não comia pão nem bebia vinho, e dizeis: Tem demônio;
Veio o Filho do homem, que come e bebe, e dizeis: Eis aí um homem comilão e bebedor de vinho, amigo dos publicanos e pecadores.
Mas a sabedoria é justificada por todos os seus filhos. (Lucas 7.26-35)
Veja que Jesus se refere à sabedoria dos que reconheceram a procedência divina e celestial
tanto no seu ministério, quanto no de João Batista, como sendo a verdadeira sabedoria que
é justificada por todos aqueles que nasceram de novo, pois é pela justiça do evangelho que tanto
João e nosso Senhor anunciavam que o homem é perdoado e justificado por Deus.
Ninguém é salvo e aceito por Deus por recusar ou aceitar determinados alimentos ou modo de
se vestir, como costumam fazer os que são apenas religiosos e não convertidos de fato, mas
por se arrependerem e crerem no evangelho.
Nosso Senhor Jesus era de uma conversa mais livre e aberta do que a de João; ele veio comendo e bebendo (v. 34) pois não estava debaixo dos
votos do nazireado exigidos no Velho
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Testamento, uma vez que veio introduzir um Novo Testamento.
Ele iria jantar com fariseus, embora soubesse
que em sua maioria eles não se importariam com ele; e também com os publicanos, embora
soubesse que um grande número deles não lhe dariam qualquer crédito; mas, ainda, na esperança de fazer o bem, tanto para um grupo
quanto ao outro, ele conversava familiarmente com eles.
Por isso, parece que os ministros de Cristo podem ser de muitos tipos diferentes de temperamentos e disposições, tanto na maneira
da pregação e de vida, e ainda todos serem bons e úteis; na diversidade de dons que é dada a cada
um para o proveito comum.
Portanto, ninguém deve fazer-se um padrão para todos os outros, nem juiz daqueles que não
fazem exatamente como eles fazem.
João Batista deu testemunho de Cristo, e Cristo elogiou João Batista, embora fossem o inverso
um do outro no seu modo de viver.
Mas os inimigos comuns de ambos os acusavam. Os mesmos homens que tinham
descrito João como louco em seus intelectos, porque ele veio não comendo nem bebendo,
descreviam nosso Senhor Jesus Cristo como
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corrupto em sua moral, porque ele veio comendo e bebendo; ele é um homem comilão
e bebedor de vinho, diziam.
A má vontade nunca fala bem. Veja a malícia das pessoas más, e como elas colocam a pior interpretação em tudo que encontram no
evangelho, e nos pastores e mestres do mesmo; e por este meio, pensam que podem depreciá-
los, senão, até mesmo destruí-los; sem saber que é Deus que mantém o testemunho de Jesus
Cristo na terra pelo poder do Espírito Santo, através de todos os que foram justificados pela
fé.
Por isso, apesar de toda essa rejeição, Jesus disse que Deus será glorificado na salvação de um
remanescente escolhido (v. 35); pois a sabedoria é justificada por todos os seus filhos. Há aqueles que são dados à sabedoria como seus filhos, e
eles serão conduzidos pela graça de Deus para se submeterem à conduta e governo da sabedoria,
e, assim, para justificar a sabedoria nas formas que ela apresenta para trazê-los à submissão à
justiça e à verdade.
Nós podemos confirmar o uso do sentido do verbo justificar que Jesus faz no verso 35, com o
mesmo que é feito no verso 29, quando diz que:
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“E todo o povo que o ouviu e os publicanos, tendo sido batizados com o batismo de João,
justificaram a Deus.”
Vemos assim que do mesmo modo que os que creram na pregação de João deram testemunho
de serem de Deus, de igual forma os que creram tanto na sua pregação do evangelho quanto na de Jesus, deram testemunho de pertencerem à
sabedoria divina, da qual se tornaram filhos.
No texto paralelo de Mateus 11.19 nós lemos: “Veio o Filho do homem, comendo e bebendo, e
dizem: Eis aí um comilão e bebedor de vinho, amigo de publicanos e pecadores. Entretanto a
sabedoria é justificada pelas suas obras.”
Temos aqui em vez de “a sabedoria justificada por todos os seus filhos”, do evangelho de Lucas,
“a sabedoria é justificada pelas suas obras”, ou seja, é pelos seus efeitos verdadeiros e salvíficos
que a sabedoria que procede de Deus é reconhecida, a saber, é justificada por ser
verdadeira pelas obras que realiza na vida daqueles que a possuem.
Tiago se refere a isto em outras palavras, dizendo que a verdadeira fé que salva é reconhecida pelas obras que ela produz na vida
daqueles que são salvos por meio dela.
E quais são estas obras?
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Principalmente, justificação, regeneração, santificação e glorificação.
Os que não são tolos para Deus são aqueles que nasceram de novo do Espírito Santo, e por cujo
trabalho em suas vidas, a sabedoria divina vai sendo implantada cada vez mais, à medida da
consagração dos mesmos.
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6 Os pés corta, e o dano sorve, aquele que
manda mensagem pela mão dum tolo.
7 Como as pernas do coxo, que pendem flácidas, assim é o provérbio na boca dos tolos.
8 Como o que arma a funda com pedra
preciosa, assim é aquele que concede honra ao tolo.
9 Como o espinho que entra na mão do
bêbado, assim é o provérbio na boca dos tolos.
Salomão mostra aqui que os tolos não são aptos para qualquer desígnio útil e verdadeiro, pois suas mentes e espíritos não são parelhas à
mente e ao espírito de Deus, e assim não podem conhecer e nem viver a verdadeira sabedoria.
Eles não são aptos para que lhes seja confiada qualquer missão; e assim, aquele que enviar uma mensagem pela mão de um tolo, de uma
pessoa descuidada, que não pode aplicar sua mente a qualquer coisa que seja séria, será
certamente prejudicado, porque o tolo não é responsável em tudo o que faz (verso 6).
Um tolo pode inspirar e trazer desgraça ao homem que fizer uso do seu serviço, porque as
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pessoas estarão aptas a julgar o mestre por seu mensageiro.
O tolo não possui um caráter firme e estável, e assim, a verdadeira sabedoria proverbial é
pervertida pelo seu falar, assim como são flácidas as pernas de um coxo (verso 7).
Por isso, aquele que honra um tolo é comparado a quem atira uma pedra preciosa ao léu com
uma funda (verso 8).
Dar honra ao tolo equivale a colocar uma espada na mão de um louco, com a qual não se sabe o mal que ele pode fazer, mesmo para aqueles que
a colocaram em sua mão.
Eles não estão aptos para entregar ditos sábios, nem devem comprometer-se a lidar com qualquer questão de peso, embora devam ser
instruídos a respeito disso.
Quando um tolo entrega provérbios sábios, eles o fazem de tal maneira que que ninguém pode entender o seu verdadeiro significado, e assim
perdem a sua excelência e utilidade.
O provérbio na boca dos tolos deixa de ser uma parábola, e se torna uma brincadeira. Se um homem que vive uma vida má, ainda fala
religiosamente e leva a aliança de Deus em sua boca, ele servirá apenas para trazer vergonha a
si mesmo, e à profissão que ele afirma ter.
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Por isso, é recomendado a todos os pastores que sejam apegados à Palavra fiel e estudiosos
profundos das Escrituras, além de terem o seu próprio testemunho de vida conformado à
verdade que pregam e ensinam.
Salomão diz que o provérbio na boca do tolo é como o espinho na mão do bêbado, porque ele
pode ferir tanto a si mesmo como a outros, com o espinho ou qualquer outra coisa afiada que ele
carrega em sua mão, pois não sabe como controlá-los (verso 9).
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10 O Poderoso, que formou todas as
coisas, paga ao tolo, e ao transgressor recompensa.
O Poderoso, que formou todas as coisas em primeiro lugar, e ainda governa em infinita
sabedoria, torna a cada um segundo a sua obra. Ele recompensa o tolo, que pecou por
ignorância, que não soube a vontade do Senhor, com poucos açoites; e ele premia o transgressor,
que pecou presunçosamente e que soube a vontade do seu Senhor e não a fez, com muitos
açoites.
Alguns entendem assim, este provérbio como se referindo à bondade da providência comum
de Deus até mesmo para com os tolos e os transgressores, sobre quem ele faz com que o
seu sol brilhe e sua chuva caia.
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11 Como o cão torna ao seu vômito, assim
o tolo repete a sua estultícia.
O apóstolo (2 Pedro 2.22) aplica este provérbio àqueles que têm conhecido o caminho da
justiça, mas que não são transformados a partir dele; e assim, o Senhor está a ponto de vomitá-
los de sua boca (Apo 3.16).
É uma coisa repugnante ver um cão se
alimentando do próprio vômito. De igual modo, causa repugnação ver um tolo retornando a
praticar a mesma estultícia, repetidas vezes.
Então, pecadores que foram apenas convencidos e não convertidos, voltam a pecar
novamente, esquecendo quão doentio é o que ele fez.
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12 Tens visto o homem que é sábio a seus
próprios olhos? Pode-se esperar mais do tolo do que dele.
Nos capítulos anteriores nós vimos que nada pode ser esperado dos tolos, e aqui se diz que
pode-se obter mais do tolo do que do homem que é sábio a seus próprios olhos.
Qual a razão disto?
Possivelmente, porque aquele que é simplesmente tolo pode vir a alcançar a
sabedoria, mas um tolo que é sábio a seus próprios olhos, que confia na sua própria justiça,
dificilmente se deixará convencer que a o princípio da sabedoria é o temor de Deus.
De modo que quando temos o verdadeiro temor de Deus, a nossa justiça própria é aniquilada pelo reconhecimento de que somos pecadores e
falhos e que necessitamos ser justificados por meio da Justiça de Jesus, e andarmos segundo
esta justiça que nos vem do Alto e que é revelada na Pessoa do Senhor e nos Seus mandamentos.
O sábio se compara com Deus, vê sua real condição e é humilde na busca da semelhança
com o Senhor Jesus. Já o que confia na própria justiça compara-se com outros homens que
julga menos importantes, inteligentes,
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religiosos, e que enfim lhes supera em todas as áreas do conhecimento.
Nem mesmo crentes estão livres de retornarem
a esta condição de andarem confiados na própria justiça, quando perdem o temor de Deus
e a comunhão com Ele, e pensam que o seu estado espiritual é bom, quando realmente é muito ruim, como vemos no caso da Igreja de
Laodiceia (Apo 3.17).
Salomão não era apenas um homem sábio, mas um mestre de sabedoria; daí esta observação
que ele fez sobre os seus alunos, com os quais ele encontrou ser mais difícil realizar o seu
trabalho, e que eram, portanto, menos bem sucedidos do que aqueles que tinham uma
adequada opinião de si mesmos e eram sensíveis à realidade de que precisavam de
instruções.
Foi por isso que o apóstolo Paulo disse que aquele que considera-se sábio em si mesmo,
deve tornar-se um tolo, para que possa ser sábio (1 Cor 3.18).
Há mais esperança em um publicano do que em um fariseu orgulhoso (Mt 21.32).
Muitos são impedidos de ser verdadeiramente sábios e religiosos por uma presunção falsa e
sem fundamento de que eles já o são.
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“E disse-lhe Jesus: Eu vim a este mundo para juízo, a fim de que os que não veem vejam, e os
que veem sejam cegos.
E aqueles dos fariseus, que estavam com ele, ouvindo isto, disseram-lhe: Também nós somos
cegos?
Disse-lhes Jesus: Se fôsseis cegos, não teríeis pecado; mas como agora dizeis: Vemos; por isso
o vosso pecado permanece.” (João 9.39-41).
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13 Diz o preguiçoso: Um leão está no
caminho; um leão está nas ruas.
Os ociosos sempre procuram justificar a sua preguiça com as desculpas mais descabidas,
como a que é citada no provérbio.
Ele teme o caminho, as ruas, o lugar onde o trabalho está sendo feito e arranja uma forma para ir embora; pois odeia cada coisa que exija
cuidado e trabalho.
Não há nada que mais desqualifique uma pessoa a fazer progresso na fé, na vida cristã, do que a preguiça, pois não há santificação sem
diligência e muito trabalho.
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14 Como a porta gira nos seus gonzos,
assim o preguiçoso na sua cama.
Depois de ter visto o homem preguiçoso com medo de seu trabalho, aqui vamos encontrá-lo
amando o conforto e a facilidade, pois permanecerá deitado o maior tempo possível,
virando de um lado para o outro como os gonzos nas portas, pois quando se cansa de ficar deitado
sobre uma lado, vira para o outro. E como a porta que se move de um lado para o outro mas nunca
sai do mesmo lugar, também sucede com o preguiçoso, pois não fará avanços na vida, em
qualquer aspecto, quer no secular, quer no espiritual.
Aqueles que amam o sono irão provar no final que têm amado a morte.
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15 O preguiçoso esconde a sua mão ao
seio; e cansa-se até de torná-la à sua boca.
Este provérbio é uma repetição do constante do capítulo 19, verso 24.
O preguiçoso é um tolo, e todo o seu cuidado é escapar do trabalho.
Ele esconde a sua mão no seu seio, finge que é manco e não pode trabalhar; suas mãos estão
frias, e ele deve aquecê-las no seu seio, e, quando estão quentes lá, ele deve mantê-las
assim.
Ele se abraça à sua própria vontade e é resolvido contra o trabalho e as dificuldades.
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16 Mais sábio é o preguiçoso a seus
próprios olhos do que sete homens que respondem bem.
Este provérbio demonstra o nível de corrupção a que pode chegar a natureza terrena decaída no
pecado, pois, um homem que não tenha feito qualquer progresso sua vida secular ou
espiritual, por ser preguiçoso, ainda assim, gaba-se de ser mais sábio do que sete homens de
entendimento.
O parecer elevado, que o preguiçoso tem de si
mesmo, não lhe permite enxergar a loucura e o absurdo da sua preguiça.
Um homem sábio deve ser capaz de explicar a razão da esperança em Cristo que há nele (I Pedro 3.15), mas um preguiçoso jamais poderá
fazê-lo porque é necessário diligência para aprendermos qual é a razão da esperança da
nossa fé.
Todo crente bem instruído sabe que no Senhor o seu trabalho não é vão, e traz grande recompensa, e como o preguiçoso poderá
conhecer isto já que se recusa a se esforçar e a trabalhar para alcançar a sabedoria que procede
de Deus?
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A referência do provérbio, no entanto, é a de que o mais vaidoso de todos os homens é justamente
o que é preguiçoso.
Ele se entrincheirará na sua justiça própria e não terá humildade para reconhecer a sua real
condição e começar a fazer progressos, porque teme ter que abandonar a ociosidade que é o seu
verdadeiro prazer.
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17 O que, passando, se põe em questão
alheia, é como aquele que pega um cão pelas orelhas.
Coelhos são animais, juntamente com outros, que permitem ser levantados pelas orelhas, sem
se importar com isso. Mas os cães não somente não o toleram como podem reagir procurando
morder aquele que o fizer.
Se pudermos ser instrumentos para promover a paz entre aqueles que estejam em desacordo, devemos fazê-lo, caso observemos a
possibilidade de êxito ao fazê-lo, por um exame das circunstâncias que se apresentem
favoráveis, ou por se tratarem de pessoas da nossa familiaridade e bem conhecidas.
Todavia, quando se trata de uma questão alheia tanto no que tange ao nosso desconhecimento
do assunto da divergência, ou até mesmo das pessoas envolvidas, tentar arbitrar o problema
nos trará provavelmente dificuldades e feridas que poderíamos evitar não nos envolvendo no
caso.
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18 Como o louco que solta faíscas,
flechas, e mortandades,
19 Assim é o homem que engana o seu próximo, e diz: Fiz isso por brincadeira.
Fraude e falsidade queimam como fogo e matam, mesmo à distância, como flechas.
Aqueles que não têm escrúpulos e enganam o seu próximo são como loucos que lançam tições, flechas, e morte, e muita dor que eles
podem fazer por seus enganos.
Veja quão frívola é a desculpa que os homens geralmente usam para o mal que fazem, que
eles fizeram isso como uma brincadeira; e com isso, eles pensam que serão desculpados
quando forem reprovados pelo que fizeram.
Dizer “fiz isso por brincadeira” é apenas uma coberta para a malícia, quando se sabia que é
perigoso brincar com o fogo e flechas, geralmente disparados por um falar
irresponsável e insidioso.
Aquele que peca em tom de brincadeira deve arrepender-se a sério, ou o seu pecado será sua
ruína. A verdade é valiosa demais; é algo que não pode ser vendida por uma brincadeira, e com
isso ferir a reputação do nosso próximo.
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Por isso nosso Senhor Jesus Cristo diz que no dia do Juízo os homens terão que prestar contas das
palavras ociosas que proferiram.
Se os homens considerassem que uma mentira vem do diabo, e traz com ela o fogo do inferno,
com certeza isso iria estragar a brincadeira deles; pois veria que estão lançando fogo,
flechas e morte para si mesmos.
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20 Sem lenha, o fogo se apagará; e não
havendo intrigante, cessará a contenda.
21 Como o carvão para as brasas, e a lenha
para o fogo, assim é o homem contencioso para acender rixas.
22 As palavras do difamador são como
doces bocados; elas descem ao mais íntimo do ventre.
A pessoa que é dada a contender e a difamar é como um combustível que alimenta as chamas das rixas.
Esse fogo pode queimar tudo que é bom, e colocar famílias e a sociedade em chamas.
Agora, aqui nos é dito como esse fogo é comumente acendido e mantido, para que
possamos evitar as ocasiões de conflitos e assim evitar as consequências perniciosas dos
mesmos.
Se então, desejarmos manter a paz, não devemos dar ouvidos a mexeriqueiros, pois
alimentam o fogo da discórdia.
Aqueles que insinuam suspeitas , que revelam segredos, e deturpam palavras e ações, podem acender o fogo que destruirá relacionamentos
até mesmos de pessoas amigas.
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Eles destroem a comunhão cristã, e não raro produzem feridas que são incuráveis.
Não devemos nos associar com pessoas contenciosas, que encontram ocasião para
iniciar discussões sobre todas as coisas.
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23 Como um vaso de barro coberto de
escórias de prata são os lábios ardentes com o coração maligno.
Um coração maligno disfarçando-se com os
lábios ardentes, queimando com as profissões de amor e amizade, e até mesmo dirigindo a
alguém suas lisonjas; é como um vaso de barro coberto com a escória de prata, com o qual
aquele que é fraco pode se afeiçoar como se fosse de algum valor, mas o homem sábio fica logo ciente da fraude.
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24 Aquele que odeia dissimula com seus
lábios, mas no seu íntimo encobre o engano;
25 Quando te suplicar com voz suave não
te fies nele, porque abriga sete abominações no seu coração,
26 Cujo ódio se encobre com engano, a
sua maldade será exposta perante a congregação.
Isto é aqui mencionado como uma coisa comum (v 24): Aquele que odeia o seu próximo e que
está maquinando para fazer-lhe um mal, ainda dissimula com os seus lábios, professa ter
respeito e afeto por ele e estar pronto para servi-lo, fala gentilmente para que a sua maldade não
possa ser descoberta, e com isso tem uma maior oportunidade de executar os seus propósitos
sem levantar suspeitas.
Esta pessoa carrega o engano dentro de si, ou seja, ela o mantém em sua mente o mal que ele
pretende fazer ao seu próximo até que tenha a oportunidade de abordá-lo com vantagem.
Esta é a malícia que tem nada menos do que a astúcia do que tem do veneno da velha serpente
nele.
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Agora, quanto a este assunto, somos aqui advertidos a não sermos tão tolos a nos deixar
levar por pretensas palavras de amizade. Lembre-se de desconfiar quando um homem
fala suavemente; não se apresse a acreditar nele, a menos que você o conheça bem, pois é
possível que haja sete abominações no seu coração, um grande número de projetos malignos contra você, nos quais ele está
trabalhando tão diligentemente para esconder com seu discurso lisonjeador.
Satanás é um inimigo que nos odeia, e ainda em suas tentações fala amigavelmente, como ele
fez com Eva, mas é loucura dar crédito a ele, pois há sete abominações no seu coração.
Embora a fraude possa ser ocultada por algum tempo, ela será trazida à luz (v. 26). Aquele cujo ódio se encobre com engano será num
momento ou noutro descoberto, e sua maldade revelada, para sua vergonha e confusão, diante
de toda a congregação; e nada vai tornar um homem mais odioso para todas as companhias.
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27 O que cava uma cova cairá nela; e o que
revolve a pedra, esta voltará sobre ele.
Aqui é dito que aquilo que intentamos fazer de mal a outros, acaba retornando sobre nós
mesmos.
Por mais que alguém trabalhe duro cavando uma cova ou rolando uma pedra, ainda assim, os que são justos serão livrados por Deus e Ele fará
com que o mal caia sobre o ímpio, assim como Hamã foi enforcado na própria forca que ele
preparou para Mardoqueu.
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28 A língua falsa odeia aos que ela fere, e
a boca lisonjeira provoca a ruína.
Existem dois tipos de mentiras igualmente detestáveis:
A mentira da difamação, que declaradamente odeia aqueles de quem fala mal. A língua falsa odeia aqueles que são afligidos por ela; aflige-os
por calúnias e censuras porque os odeia, e pode, assim, feri-los secretamente onde estão sem
defesa.
A outra forma de mentira é a lisonjeira, que trabalha dissimuladamente a ruína dos quais ela
elogia. No primeiro, o mal é simples, e os homens se protegem contra ele, mas neste é
pequena a suspeita, e os homens são traídos por serem crédulos de suas próprias virtudes e os
elogios que são passados sobre eles. Um homem sábio, portanto, será mais cauteloso com um
adulador que beija e mata, do que de um caluniador que proclama guerra.