prova escrita nacional de prática processual penal - junho 2008 - rne

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  • 8/7/2019 Prova escrita nacional de Prtica Processual Penal - Junho 2008 - RNE

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    ORDEM DOS ADVOGADOSCNEF / CNA

    Comisso Nacional de Estgio e Formao / Comisso Nacional de Avaliao

    PROVA ESCRITA NACIONAL DO EXAMEFINAL DE AVALIAO E AGREGAO

    (RGF)

    Questes de Deontologia Profissional(6 valores)

    e dePrtica Processual Civil

    (7 valores)

    21 de Junho de 2008

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    I

    DEONTOLOGIA PROFISSIONAL

    GRUPO I

    ANTNIO, comerciante de arte, procurou e mandatou JLIO, advogado, a fim de que

    este instaurasse contra BENTO uma aco judicial para reconhecimento da existncia

    de um crdito, resultante da venda de um quadro que tinha em exposio na sua

    galeria de arte e que este lhe adquirira h cerca de 3 anos para decorar a sua

    residncia, sem contudo proceder ao respectivo pagamento, em que pretendia agora

    v-lo condenado.

    Aceite o mandato, e na tentativa de evitar o litgio, JLIO decidiu previamente

    contactar por escrito BENTO, expondo-lhe razes no sentido das vantagens do

    pagamento voluntrio e, ao invs, dos maiores custos do pagamento coercivo. Tal

    diligncia viria, contudo, a mostrar-se infrutfera e mereceu mesmo a discordncia de

    ANTNIO quando, posteriori, soube da sua realizao, pois estava de relaes

    cortadas com BENTO e considerava que este no merecia tal ateno, pedindo a

    JLIO que recorresse a Juzo.

    Instaurada a aco, JLIO viria a ser contactado por VICTOR, advogado de BENTO,

    que havia deduzido contestao, na qual invocara o pagamento e a prescrio

    presuntiva da dvida, nos termos do estatudo na alnea b) do art 317 do Cd. Civil e

    lhe remeteu, autorizado pelo seu cliente BENTO, cpia de uma carta deste em que o

    informava que s no pagara a dvida porque achava que o quadro no valia de facto o

    preo pelo qual lhe fora vendido, mas propunha-se pagar 75% do respectivo preo

    caso tal proposta fosse aceite.

    Conhecedor da proposta por JLIO, ANTNIO ficou indignado, tendo, no entanto, com

    ele reflectido, no que foi aconselhado a aceit-la j que era extremamente difcil ilidir a

    invocada presuno de pagamento.

    Quando se preparava para comunicar a VICTOR a aceitao de ANTNIO, JLIO

    recebeu um e-mail pelo qual VICTOR o informava que BENTO mudara de ideias e de

    que, por isso, ficava sem efeito a proposta, prosseguindo os autos. Explicava ainda

    VICTOR a JLIO que se havia decidido a contestar a aco porquanto o seu cliente

    insistira muito veementemente nesse sentido, tendo-lhe mesmo lembrado que, no ofazendo, violaria e poria em causa a clusula do contrato de trabalho para prestao

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    de actos prprios de advogado que mantinha com ele h vrios anos, a qual

    determinava no poder contrariar os interesses, nem as instrues que lhe fossem

    dadas pela entidade empregadora.

    Responda ou comente, sucinta mas fundamentadamente, as seguintes questes:

    1. Procedeu correctamente JLIO ao ter previamente contactado por escrito

    BENTO, na tentativa de obter o pagamento extrajudicial do crdito reclamado

    por ANTNIO?

    Cotao: 0,50 valores

    2. Como qualifica o comportamento profissional de VICTOR, face s razes que

    invocou no sentido de o levar a decidir contestar a aco proposta por JLIO

    em representao ANTNIO?

    Cotao: 0,50 valores

    3.

    Que se lhe oferece sobre a clusula do contrato de trabalho de VICTORmencionada no enunciado?

    Cotao: 0,50 valores

    4. Supondo que, gorado o acordo, no existia qualquer forma de contrariar

    probatriamente a invocada excepo peremptria de pagamento, o que

    poderia e de que forma, JLIO fazer?

    Cotao: 2,00 valores

    5. Sem atender ao perguntado em 4 considere que a aco teria prosseguido sem

    que ANTONIO lograsse fazer reconhecer a sua pretenso , no obstante os

    esforos e as diligncias de JULIO. Poderia ANTONI, como pretendia,

    responsabiliz-lo profissionalmente, pelo insucesso?

    Cotao: 0,50 valores

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    6. Como qualificaria e enquadraria a situao se JLIO se apresentasse

    profissionalmente em simultneo como Advogado e Revisor Oficial de Contas

    de ANTNIO?

    Cotao: 0,50 valores

    GRUPO II

    Suponha agora que MARCELO, Advogado, no patrocnio de aco pendente procura

    no Tribunal o Juiz do processo, para lhe expor um determinado requerimento que

    pretendia apresentar, no intuito de com ele colaborar e de evitar trabalho intil para o

    caso de aquele Juiz no concordar com o que tenciona peticionar.

    Poderia MARCELO faz-lo?

    Cotao: 1,00 valor

    GRUPO III

    Que razes, em seu entender, esto subjacentes sano de ineficcia prevista para

    as transmisses no voluntrias inter vivos, a que se refere o n 3 do art 19 do

    Regime Jurdico das Sociedades de Advogados (D.L. n 229/2004 de 10 de

    Dezembro)?

    Cotao: 0,50 valores

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    II

    PRTICA PROCESSUAL CIVIL

    1 Questo

    O seu Constituinte, Roberto Silva, foi citado para os termos de uma aco

    sumria, pendente no 3 Juzo Cvel de Lisboa, sob o n 420/08, na qual a Sociedade

    Canos e Canos Aquecimento Central, Lda, com sede em Mafra, reclamava o

    pagamento da quantia de 35.000,00 , relativa ao fornecimento e colocao de um

    sistema de aquecimento central na sua casa, sita em Matosinhos.O seu Cliente reconhecia que estes servios haviam sido prestados e que o

    preo reclamado era o acordado.

    Sucedia, porm, que o seu Constituinte contratara tal fornecimento com uma

    outra empresa, a sociedade Casa Quente Sistemas de Aquecimento central, Lda,

    pessoa jurdica distinta daquela, com sede na Rua do ouro, n 39, em Coimbra, a qual

    lhe remetera, recentemente, cobrana, uma factura daquele valor e respeitante ao

    mesmo fornecimento de bens e servios.

    Segundo informao colhida pelo seu Constituinte, os scios da sociedade

    autora haviam sido scios da sociedade Casa Quente Sistemas de Aquecimento

    central, Lda, tendo-se desentendido e constitudo uma nova sociedade que

    consideravam ser a credora do seu Cliente.

    O seu Cliente no discute a dvida tendo, at, o dinheiro guardado para a

    pagar! mas, naturalmente, no quer pagar a quem no deve e, francamente, j nem

    sabe bem a quem deve!

    Neste quadro, elabore a pea processual que tiver por conveniente, no se

    esquecendo de suscitar as irregularidades que, porventura, tenha detectado na

    situao descrita.

    Cotao: 4,00 valores

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    2 Questo

    Em audincia de Julgamento nos autos de aco ordinria, o Sr. Juiz acabou

    de admitir a depor como testemunha Antnio Almeida, nico gerente da Sociedade

    Antnio Almeida, Lda, R naquela aco.

    Analise, criticamente, a actuao do Sr. Juiz e diga o que, perante a mesma,

    pode, enquanto Advogado do A., fazer.

    Cotao:1,50 valores

    3 Questo

    O Colega foi procurado por Rui Pinto, o qual fora citado para os termos de uma

    aco ordinria que Antnio Franco movia a Bernardo Dias.

    Nessa aco, o referido Antnio Franco demandava Bernardo Dias por este,

    alegadamente, ter efectuado de modo defeituoso uma obra de restauro da sua casa

    que, por contrato celebrado entre ambos, se obrigara a restaurar.

    Nessa obra, o seu Constituinte tinha efectuado trabalhos de carpintaria - sendo

    estes trabalhos, em parte, o objecto da aco tendo sido contratado para o efeito por

    Bernardo Dias, R. naquela aco.

    Analisada a situao, diga, por favor

    Qual o procedimento que motivou a citao do seu Constituinte para os termos

    daquela aco?Quem o suscitou e em que momento?

    Qual a posio do seu Constituinte no processo?

    O que pode fazer?

    Cotao: 1,50 valores