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Universidade Estadual de LondrinaCentro de Tecnologia e UrbanismoDepartamento de Engenharia Elétrica
Andrey Allan Vieira
Prototipagem de um wattímetro para cargaslineares no STM32F100RB com aquisição de
dados via Bluetooth e USB
Londrina2016
Universidade Estadual de Londrina
Centro de Tecnologia e Urbanismo
Departamento de Engenharia Elétrica
Andrey Allan Vieira
Prototipagem de um wattímetro para cargas linearesno STM32F100RB com aquisição de dados via
Bluetooth e USB
Trabalho de Conclusão de Curso orientado pelo Prof. Dr. LeonimerFlávio de Melo intitulado “Prototipagem de um wattímetro paracargas lineares no STM32F100RB com aquisição de dados via Blu-etooth e USB” e apresentado à Universidade Estadual de Londrina,como parte dos requisitos necessários para a obtenção do Título deBacharel em Engenharia Elétrica.
Orientador: Prof. Dr. Leonimer Flávio de Melo
Londrina2016
Ficha Catalográfica
Andrey Allan Vieira
Prototipagem de um wattímetro para cargas lineares no STM32F100RB com
aquisição de dados via Bluetooth e USB - Londrina, 2016 - 117 p., 30 cm.
Orientador: Prof. Dr. Leonimer Flávio de Melo
1. Wattímetro. 2. STM32F100RB. 3. Sensores. 4. Baixo Custo.
I. Universidade Estadual de Londrina. Curso de Engenharia Elétrica. II.
Prototipagem de um wattímetro para cargas lineares no STM32F100RB com
aquisição de dados via Bluetooth e USB.
Andrey Allan Vieira
Prototipagem de um wattímetro para cargas
lineares no STM32F100RB com aquisição de
dados via Bluetooth e USB
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de
Engenharia Elétrica da Universidade Estadual de Londrina,
como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel
em Engenharia Elétrica.
Comissão Examinadora
Prof. Dr. Leonimer Flávio de MeloUniversidade Estadual de Londrina
Orientador
Prof. Dr. Aziz Elias Demian JuniorUniversidade Estadual de Londrina
Prof. Dr. Lúcio dos Reis BarbosaUniversidade Estadual de Londrina
Londrina, 10 de outubro de 2016
Agradecimentos
Agradeço primeiramente a Deus, pelas condições para a finalização desta etapa na
minha vida.
A minha família, por todo apoio e incentivo oferecidos.
Ao professor Leonimer Flávio de Melo por ter aceito a proposta deste trabalho e sua
orientação.
Aos amigos, Lucas Mamoru Kakihata pelo empréstimo do microcontrolador e Roberto
Santos do Carmo pelo suporte técnico e materiais disponibilizados.
Ao restante dos amigos que fiz nestes anos que os deixaram mais divertido.
Ao professor Newton da Silva pelo empréstimo da ponteira de osciloscópio diferencial
e retirada de dúvidas.
Por fim, ao técnico Luiz Fernando Schmidt, pela colaboração e prestatividade.
"De fato, não fracassei ao
tentar, cerca de 10.000 vezes,
desenvolver um acumulador.
Simplesmente, encontrei
10.000 maneiras que não
funcionam.
(Thomas Edison)
Andrey Allan Vieira. Prototipagem de um wattímetro para cargas lineares no
STM32F100RB com aquisição de dados via Bluetooth e USB. 2016. 117 p.
Trabalho de Conclusão de Curso em Engenharia Elétrica - Universidade Estadual de
Londrina, Londrina.
ResumoAtualmente no Brasil, as principais fontes de energia elétrica são as usinas hidrelétricas e
as termelétricas, com as termelétricas mais utilizada em períodos de estiagem, o que acaba
resultando em um aumento considerável nos custos vindo da manutenção e geração desta
energia. Este custo é repassado para as casas, comércios e indústrias proporcional a ener-
gia consumida na forma da conta de energia. Esta energia consumida pode ser quantizada
por aparelhos denominados wattímetros que medem a potência ativa, reativa, aparente
e o fator de potência de qualquer equipamento ligado a uma rede elétrica. Sabendo-se
dessas variáveis é possível verificar se há dispositivos defeituosos responsáveis por sobre-
correntes, subtensões e harmônicas nas instalações e prever qual será o seu consumo de
energia e o impacto na próxima fatura. Deste modo, é proposto o desenvolvimento do
protótipo de um wattímetro de baixo custo para cargas lineares de até 15 A para redes
127 VAC e 220 VAC, com possibilidade de aquisição dos dados (potência ativa, reativa,
aparente, fator de potência, tensão e corrente eficaz) via Blueooth e USB através do mi-
crocontrolador STM32F100RB equipado com sensores de corrente e tensão, um módulo
Bluetooth e um conversor RS232-TTL utilizado em conjunto com o cabo USB-RS232.
Além disso, desenvolveu-se uma interface para Android para a comunicação Bluetooth
e outra interface para o modo USB no software MATLAB, a qual permite que se veja,
também, os formatos das ondas de tensão e corrente do equipamento.
Palavras-Chave: 1. Wattímetro. 2. STM32F100RB. 3. Sensores. 4. Baixo Custo.
Andrey Allan Vieira. Prototyping of a wattmeter for linear load on STM32F100RB
with data acquisition through Bluetooth and USB. 2016. 117 p. Monograph in
Electrical Engineering - Londrina State University, Londrina.
AbstractNowadays in Brazil, the most important sources of energy are the hydropower and ther-
moelectric plants, being the thermoelectric more used in dry periods, what causes a
considerable increase in the costs from maintenance and electricity generation. This cost
is passed to homes, commerce and industries proportional to the energy used as energy
bill. The energy consumption can be quantified by devices called wattmeters which ones
measure the active, reactive and apparent power and the power factor from any electrical
equipment. Knowing these variables it’s possible to find defective equipments responsible
for creating overcurrent, undervoltage and harmonics in electrical installations and pre-
dict their electric consumption and impact on the next electric bill. Thus, it’s proposed
a prototype development of a low cost wattmeter for linear loads until 15 A to 127 VAC
and 220 VAC electrical voltages, with data acquisition (active, reactive and apparent
power, power factor, effective voltage and current) through Bluetooth and USB using the
STM32F100RB microcontroller equipped with current and voltage sensors, a Bluetooth
module and a RS232-TTL conversor combined with a USB-RS232 cable. Beyond that,
two interfaces were created, one for Android to Bluetooth communication and another one
using the software MATLAB to USB communication, which one also shows the current
and voltage signal waves.
Key-words: 1. Wattmeter. 2. STM32F100RB. 3. Sensors. 4. Low Cost.
Lista de ilustrações
Figura 1 – Circuito DC constante . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
Figura 2 – Circuito DC pulsante . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
Figura 3 – Circuito AC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
Figura 4 – Sinais periódicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
Figura 5 – Valor rms e médio de uma senoide . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
Figura 6 – Elementos do circuito . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
Figura 7 – Tensão e corrente no resistor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
Figura 8 – Derivada de sen(t) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
Figura 9 – Tensão e corrente no Capacitor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
Figura 10 – Tensão e corrente no indutor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
Figura 11 – Potência Instantânea . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
Figura 12 – Triângulo de potências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
Figura 13 – Sinal com harmônicas e sua decomposição . . . . . . . . . . . . . . . . 54
Figura 14 – Wattímetro de indução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
Figura 15 – Wattímetro de indução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
Figura 16 – Esquema de ligação do wattímetro de indução no circuito monofásico . 57
Figura 17 – Registradores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
Figura 18 – Medidor de consumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59
Figura 19 – Vista explodida do medidor monofásico modelo M12 . . . . . . . . . . 60
Figura 20 – Wattímetro eletrodinâmico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
Figura 21 – Wattímetro digital . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
Figura 22 – Transformador de núcleo de ar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
Figura 23 – Campo magnético no transformador . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
Figura 24 – Autotransformador como abaixador e elevador . . . . . . . . . . . . . . 64
Figura 25 – Autotransformador variável . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
Figura 26 – Efeito Hall . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
Figura 27 – UART - Quadro de bits enviado/recebidos . . . . . . . . . . . . . . . . 66
Figura 28 – UART implementada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
Figura 29 – USART - Modo síncrono . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
Figura 30 – RS-232: Especificações elétricas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68
Figura 31 – RS-232 DB9: Especificações mecânicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68
Figura 32 – Cabeamento RS-232 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68
Figura 33 – Rede USB com hub . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69
Figura 34 – Cabo USB . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69
Figura 35 – NRZI com bit stuffing . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70
Figura 36 – Conectores USB . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71
Figura 37 – Microcontrolador - Arquitetura Von Neumann . . . . . . . . . . . . . . 72
Figura 38 – STM32F100RBT6B . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74
Figura 39 – Diagrama de blocos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76
Figura 40 – Transformador utilizado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77
Figura 41 – Condicionamento do sinal de tensão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77
Figura 42 – Sinais no sensor de tensão para diferentes tensões da rede . . . . . . . . 78
Figura 43 – Ganho do transformador . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79
Figura 44 – ACS712-30A . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80
Figura 45 – ACS712-30A: Diagrama e aplicação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80
Figura 46 – ACS712-30A: Lógica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81
Figura 47 – ACS712-30A: Vout X Imedida . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82
Figura 48 – Condicionamento do sinal de corrente para o ADC . . . . . . . . . . . 82
Figura 49 – Módulo Bluetooth HC-05 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83
Figura 50 – Comunicação USB 2.0 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85
Figura 51 – Envio de dados com RS-232 e TTL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85
Figura 52 – Conexões no MAX3232 e capacitores para VCC = 3.3 V . . . . . . . . 86
Figura 53 – Display LCD 16x02 HD44780 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87
Figura 54 – Fluxograma para cálculo das variáveis . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90
Figura 55 – Teste ADC1: Canal 1 e Canal 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93
Figura 56 – Defasagem entre tensão da rede e do ADC . . . . . . . . . . . . . . . . 94
Figura 57 – Montagem: cabo e placa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95
Figura 58 – Aquisição dos dados pelo osciloscópio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 96
Figura 59 – Osciloscópio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97
Figura 60 – STM32F100RB . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97
Figura 61 – Osciloscópio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 98
Figura 62 – STM32F100RB . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99
Figura 63 – Osciloscópio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100
Figura 64 – STM32F100RB . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 101
Figura 65 – Osciloscópio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 101
Figura 66 – STM32F100RB . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 102
Figura 67 – Osciloscópio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103
Figura 68 – STM32F100RB . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103
Figura 69 – Osciloscópio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 104
Figura 70 – STM32F100RB . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 105
Figura 71 – Osciloscópio: FFT do sinal da corrente . . . . . . . . . . . . . . . . . . 106
Figura 72 – STM32F100RB . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 106
Figura 73 – Osciloscópio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 107
Figura 74 – STM32F100RB . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 107
Figura 75 – Capacitor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 109
Lista de tabelas
Tabela 1 – Valores de referência globais das distorções harmônicas totais(em por-
centagem da tensão fundamental) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
Tabela 2 – Seção do fio X Fator de potência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
Tabela 3 – Capacidade do trafo X Fator de potência . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
Tabela 4 – Lâmpada Halógena 70 W (127 VAC) - Comparação . . . . . . . . . . . 98
Tabela 5 – Capacitor 6.8 µF (127 VAC) - Comparação . . . . . . . . . . . . . . . 99
Tabela 6 – Ventilador 80 W (127 VAC) - Comparação . . . . . . . . . . . . . . . . 101
Tabela 7 – Lâmpada incandescente 150 W (220 VAC) - Comparação . . . . . . . . 102
Tabela 8 – Capacitor 4.4 µF (220 VAC) - Comparação . . . . . . . . . . . . . . . 104
Tabela 9 – Lâmpada fluorescente 25 W (127 VAC) - Comparação . . . . . . . . . 105
Tabela 10 – Ferro de passar roupa 1500 W (127 VAC) - Comparação . . . . . . . . 108
Lista de quadros
Quadro 1 – Sistema básico de unidades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
Quadro 2 – Sistema derivado de unidades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
Quadro 3 – Prefixos em potência de 10 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
Quadro 4 – Relações para circuitos puramente resistivos,capacitivos e indutivos . . 50
Quadro 5 – Parâmetros de um transformador . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
Lista de Siglas e Abreviaturas
SI Sistema Internacional de Unidades
ADC Analog-to-Digital Converter
DAC Digital-to-Analog Converter
lim Limite
DC Direct Current
CC Corrente Contínua
AC Alternative Current
CA Corrente Alternada
rms Root Mean Square
f.e.m Força Eletromotriz
FP Fator de Potência
PF Power Factor
UART Universal Asynchronous Receiver Transmitter
USART Universal Synchronous Asynchronous Receiver Transmitter
DTE Data Terminal Equipment
DCE Data Communication Equipment
EIA Electronic Industries Alliance
USB Universal Serial Bus
DPLL Digital Phase Locked Loop
ARM Advanced RISC Machine
E/S Entrada e Saída
ALU Arithmetic Logic Unity
ULA Unidade Lógica e Aritmética
DMA Direct Memory Access
ANEEL Agência Nacional de Energia Elétrica
GUI General User Interface
LCD Liquid Crystal Display
TTL Transistor-Transistor Logic
THD Total Harmonic Distortion
Sumário
1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
1.1 Motivação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
1.2 Justificativa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
1.3 Objetivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
2 Fundamentação Teórica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
2.1 Definições dos parâmetros envolvidos em um circuito . . . . . . . . . . 33
2.1.1 Unidades de medidas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
2.1.2 Coulomb . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
2.1.3 Tensão e corrente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
2.1.3.1 Corrente ou tensão contínua e alternada (AC/DC) . . . . . . . . . . . 35
2.1.3.2 Valor médio e eficaz . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
2.1.4 Potência e energia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
2.2 Elementos do circuito . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
2.2.1 Resistor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
2.2.2 Capacitor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
2.2.2.1 Reatância capacitiva . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
2.2.3 Indutor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
2.2.3.1 Reatância Indutiva . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
2.3 Potências de um circuito com fonte de tensão senoidal . . . . . . . . . 44
2.3.1 Potência instantânea . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
2.3.2 Potência Ativa, Reativa e Aparente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
2.3.3 O fator de potência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
2.3.3.1 Correção do fator de potência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
2.4 Harmônicas e o Fator de Potência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
2.4.1 Taxa de distorção harmônica (THD) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
2.5 Wattímetro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
2.5.1 Indução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
2.5.2 Eletrodinâmico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
2.5.3 Digital . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
2.6 Sensores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
2.6.1 Sensor de tensão - Transformador . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
2.6.1.1 Autotransformador . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
2.6.2 Sensor de corrente - Sensor de efeito Hall . . . . . . . . . . . . . . . . 65
2.7 Comunicação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
2.7.1 RS-232 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
2.7.2 USB . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69
2.7.3 Bluetooth . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71
2.8 Microcontrolador e o STM32F100RB . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72
3 Desenvolvimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75
3.1 Materiais Utilizados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75
3.2 Diagrama de blocos do projeto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76
3.3 Sensor de Tensão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76
3.4 Sensor de Corrente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80
3.5 Bluetooth . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83
3.5.1 Interface . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84
3.6 USB . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84
3.6.1 Interface . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86
3.7 Display LCD . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87
3.8 Programação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 88
3.8.1 ADC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 88
3.8.2 Bluetooth . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89
3.8.3 USB . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89
3.8.4 LCD . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89
3.8.5 Principal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90
4 Resultados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93
4.1 ADC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93
4.2 Sensor de tensão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94
4.3 Montagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94
4.4 Variáveis obtidas e formatos de ondas . . . . . . . . . . . . . . . . . . 96
4.4.1 Lâmpada Halógena 70 W (127 VAC) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97
4.4.2 Capacitor 6.8 µF (127 VAC) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 98
4.4.3 Ventilador 80 W (127 VAC) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100
4.4.4 Lâmpada incandescente 150 W (220 VAC) . . . . . . . . . . . . . . . 101
4.4.5 Capacitor 4.4 µF (220 VAC) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103
4.4.6 Lâmpada fluorescente 25 W (127 VAC) . . . . . . . . . . . . . . . . . 104
4.4.7 Barbeador Elétrico 5.4 W (127 VAC) . . . . . . . . . . . . . . . . . . 106
4.4.8 Ferro de passar roupa 1500 W (127 VAC) . . . . . . . . . . . . . . . . 107
4.4.9 Análises complementares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 108
5 Discussões e Conclusões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 111
5.1 Trabalhos Futuros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 112
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 113
A Apêndice . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 117
A.1 Pinagem utilizada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 117
29
1 Introdução
No Brasil, com o crescente aumento da população (IBGE, 2016) ocorre, também,
um aumento na busca por recursos para suprir suas necessidades básicas sejam estas
relacionadas a sobrevivência como ao desenvolvimento tecnológico. Um desses recursos é
a energia elétrica que traz comodidade e facilidade na realização das tarefas do dia-a-dia.
Este tipo de energia é obtida de várias fontes como do vento (usina eólica), do sol (usina
solar), decomposição de matéria orgânica (usina de biomassa) e, principalmente, da água
(hidrelétricas e termoelétricas), com cada usina tendo sua produção (watts) e gastos, que
são repassados mensalmente ao consumidor na forma da conta de energia, de modo que
quanto quanto maior o consumo, maior a geração e mais cara a conta, por isso, busca-se
utilizar aparelhos elétricos/eletrônicos com o mínimo de consumo, de alta eficiência e alto
fator de potência.
Um baixo consumo diz respeito ao equipamento funcionar com uma baixa potência
ativa (watts). Uma alta eficiência significa que quase toda potência ativa puxada da rede
é transformada em trabalho, a dissipação da energia como a que ocorre por efeito Joule é
mínima. Já um alto fator de potência é relacionado com uma baixa potência reativa e uma
baixa taxa de distorção harmônica total (THD), o que faz a potência ativa semelhante a
potência aparente.
Nas residências, comércios e indústrias grande parte dos eletrodomésticos (liquidifi-
cador, geladeira, ventilador, ar condicionado, máquina de lavar), aparelhos (impressora,
computador, lâmpada fluorescente) e máquinas (transformador, prensas, tornos, injetoras,
fornos de indução) utilizadas possuem algum motor de indução, bobina ou fonte chaveada
embutida, fazendo com que o fator de potência seja indutivo e menor que um.
Além de terem um fator de potência não unitário os equipamentos citados acima geram
harmônicas que podem acabar degradando a rede. Por isso deve-se ser feito um controle
destas, isto é estabelecido no documento de Procedimentos de Distribuição de Energia
Elétrica no Sistema Elétrico Nacional – PRODIST, Módulo 8 da ANEEL, o qual limita
o THD nos seguintes valores (SRD, 2016):
Tabela 1 – Valores de referência globais das distorções harmônicas totais(em porcentagem
da tensão fundamental)
Tensão Nominal do Barramento Distorção Harmônica Total de Tensão (THDV [%])
Vn < 1 kV 10
1 kV < Vn < 13.8 kV 8
13.8 kV < Vn < 69 kV 6
69 kV < Vn < 230 kV 3Fonte: SRD (2016)
30 Capítulo 1. Introdução
Segundo Eletric (2016) as harmônicas da rede caso não sejam controladas podem gerar
a sobrecarga da rede de distribuição devido ao aumento da corrente consumida, sobrecarga
do neutro com a soma das harmônicas de ordem 3 nas cargas monofásicas, sobrecarga e
envelhecimento dos transformadores, alternadores, motores e capacitores de compensação
de energia reativa e perturbação nas redes de comunicação.
Já o controle do fator de potência é estabelecido pelo decreto n. 414 de 2010, da
ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica), que dita que o fator de potência nas
unidades consumidoras deve ser superior a 0,92 capacitivo das 0:00 até as 6:00 horas
e 0,92 indutivo entre às 6:00 e 0:00 horas. Caso o estabelecimento apresente um valor
menor, será cobrado uma taxa a mais proporcional ao uso desta potência reativa adicional
(ANEEL, 2010).
A mesma resolução estabelece a obrigatoriedade da medição do fator de potência
pelas concessionárias para as unidades consumidoras de alta tensão (maior que 1 kV)
e facultativa para as de baixa tensão (menor que 1 kV), entretanto, as concessionárias
raramente optam pela medição nas unidades de baixa tensão como residências e comércios,
pois o fator de potência geralmente é maior que 0,92 e haveria gastos com medidores de
potência reativa.
Além do mais, segundo WEG (2016), conhecendo-se o fator de potência, é possível
evitar os seguintes prejuízos caso este esteja com um valor baixo:
Aumento da temperatura na fiação e nos equipamentos: Uma alta corrente faz
com que haja um aumento na temperatura dos equipamentos e fios, responsável
pela diminuição da vida útil destes e até incêndios nas instalações. Por isso, algu-
mas vezes toda a fiação e os dispositivos de segurança devem ser trocados. A tabela
abaixo mostra essa relação, com o aumento da seção proporcional a (1/FP )2:
Tabela 2 – Seção do fio X Fator de potência
Seção relativa Fator de potência
1,00 1,00
1,23 0,9
1,56 0,8
4,00 0,5
11,10 0,3Fonte: WEG (2016)
Aumento das perdas na instalação: As perdas de energia são proporcionais ao pro-
duto do quadrado da corrente no fio por sua resistência (I2R), assim, com uma
corrente maior, maior a perda e o consumo.
1.1. Motivação 31
Quedas de tensão: Um aumento da corrente causa quedas de tensão acentuadas o que
pode acarretar em uma sobrecarga e a interrupção do fornecimento de energia,
principalmente nos horários de pico de consumo. Além do mais, os dispositivos
deste rede podem apresentar mal funcionamento, como a diminuição da intensidade
das lâmpadas e aumento da corrente do motor. Isto contribui para uma menor vida
útil e problemas de produção.
Subutilização da capacidade instalada: A capacidade de um transformador que ali-
menta uma rede é dada em VA. Este valor representa a potência aparente máxima
disponível para aquela linha, então, a soma das potências aparentes de cada equi-
pamento alimentado por esta rede não deve ultrapassar este valor. Isto mostra que
quanto maior a potência reativa destes, menor será o número de equipamentos li-
gados ao mesmo tempo, o que obriga a troca do transformador caso novas cargas
surjam. A tabela abaixo ilustra isso:
Tabela 3 – Capacidade do trafo X Fator de potência
Potência útil absorvida [kW] Fator de potência Potência do trafo [kVA]
0.5 1600
8000.8 1000
1 800Fonte: WEG (2016)
1.1 Motivação
No mercado encontra-se vários dispositivos medidores de potência com preços e funções
variadas, entretanto, ao se desenvolver o protótipo de um, o custo se torna pequeno
(materiais baratos e obtidos facilmente), o produto fica flexível, podendo-se adicionar
ou remover funções e alterar suas limitações quando bem se desejar e, também, pode
ser elaborado por qualquer pessoa em casa, desde que tenha os materiais necessários e
conhecimento nesta área. Além disso, é gratificante observar em cada etapa do projeto a
aplicação de um teoria diferente e como no final elas se complementam para a criação do
produto final.
A utilização de um microcontrolador torna possível ao desenvolvedor não se prender
a apenas a um projeto, podendo retirá-lo do protótipo quando bem entender caso não
esteja precisando realizar as medições.
32 Capítulo 1. Introdução
1.2 Justificativa
O aumento da conta de energia proveniente da falta de chuva e um deficit na economia
do país são fatores que impactam diretamente no bolso do consumidor, fazendo-o adotar
uma medida de gestão de gastos e de economia. Um meio rápido e fácil de se economizar
é verificando o consumo dos equipamentos seja em casa como em comércios e indústrias.
Por isso, um sistema capaz de fornecer a potência real dos aparelhos é de bom grado
para saber o quanto é possível economizar ao se utilizar uma potência mais fraca destes
ou mantê-lo desligado por um período. Além disso, pode-se comparar a potência medida
com a informada pelo fabricante para verificar se não está ocorrendo um consumo acima
do esperado.
Dois outros pontos a serem considerados são a forma da onda de tensão e corrente
que está sendo fornecida ou absorvida para o funcionamento do aparelho e seu fator de
potência, pois dependendo do sistema elétrico e dos dispositivos instalados na rede, pode-
se ter distorções destas ondas tanto na sua forma como no seu valor eficaz, o que resulta
no mal funcionamento e até na queima destes equipamentos. Portanto, é interessante
um sistema capaz de mostrar o fator de potência e essas ondas em tempo real para uma
rápida análise da qualidade de energia, a fim de se evitar futuros problemas.
1.3 Objetivos
O principal objetivo deste trabalho foi o desenvolvimento de um protótipo de um
wattímetro com o microcontrolador STM32F100RBT6B para cargas lineares, que além
de calcular a potência ativa, corrente e tensão eficaz e o fator de potência de um aparelho,
também mostrará a potência reativa, potência aparente e a forma de onda da corrente e
tensão deste. Podendo ser utilizado em equipamentos com uma corrente máxima eficaz
de 15 A tanto em redes de 127 VAC como em 220 VAC.
A aquisição dos dados pode ser feita de três formas, sendo a primeira via Bluetooth
com o aplicativo RoboRemo Free disponível gratuitamente para Android na Google Play
Store, a segunda via USB, com a interface GUI (General User Interface) desenvolvida no
software Matlab 2016a e a última através de um display LCD (Liquid Crystal Display)
16x2 ligado no microcontrolador.
33
2 Fundamentação Teórica
2.1 Definições dos parâmetros envolvidos em um cir-
cuito
2.1.1 Unidades de medidas
O sistema de medidas adotado pelo Brasil é o estabelecido pelo SI que define as
seguintes unidades para os parâmetros (THOMPSON; TAYLOR, 2016):
Quadro 1 – Sistema básico de unidades
Unidade Descrição
m (metro) Comprimento
kg (quilograma) Peso
s (segundo) Tempo
A (ampere) Corrente ElétricaFonte: (THOMPSON; TAYLOR, 2016)
A partir das unidades básicas acima origina-se suas derivadas:
Quadro 2 – Sistema derivado de unidades
Unidade Descrição Unidades básicas Derivação
Hz (hertz) Frequência s−1 -
N (newton) Força m · kg · s−2 -
J (joule) Energia, trabalho, quantidade de calor m2 · kg · s−2 N · m
W (watt) Potência, fluxo radiante m2 · kg · s−3 J/s
C (coulomb) Carga elétrica s · A -
V (volt) Tensão, diferença de potencial (d.d.p) m2 · kg · s−3 · A−1 W/A
F (farad) Capacitância m−2 · kg−1 · s4 · A2 C/V
Ω (ohm) Resistência elétrica m2 · kg · s−3 · A−2 V/A
Wb (weber) Fluxo magnético m2 · kg · s−2 · A−1 V · s
H (henry) Indutância m2 · kg · s−2 · A−2 Wb/AFonte: (THOMPSON; TAYLOR, 2016)
34 Capítulo 2. Fundamentação Teórica
Junto com algumas unidades utiliza-se os prefixos abaixo em potências de 10 de modo
a facilitar a notação e identificação dos valores destas:
Quadro 3 – Prefixos em potência de 10
Prefixo Potência
a (atto) 10−18
f (femto) 10−15
p (pico) 10−12
n (nano) 10−9
µ (micro) 10−6
m (mili) 10−3
c (centi) 10−2
d (deci) 10−1
da (deca) 10
h (hecto) 102
k (quilo) 103
M (mega) 106
G (giga) 109
T (tera) 1012
Fonte: (THOMPSON; TAYLOR, 2016)
2.1.2 Coulomb
A força elétrica, segundo Edminister (1991) é quantizada por:
F = kq · q′
r2[N ] (2.1)
k: Constante de proporcionalidade definida por:
k =1
4πǫ[N · m2 · C−2] (2.2)
ǫ = Kǫ0 (2.3)
Com ǫ0 = 8, 85 · 10−12 C2 · N−1 · m−2, sendo a permissividade do vácuo, ǫ a per-
missividade do material e K a constante dielétrica adimensional. No vácuo K =
1.
q e q’: Cargas puntiformes [C].
r: Distância entre as cargas q e q’ [m].
2.1. Definições dos parâmetros envolvidos em um circuito 35
A unidade da carga elétrica Coulomb, pode então ser entendida como sendo a quanti-
dade de carga que colocada a distância de 1 m de uma carga idêntica, no vácuo, repele-se
com uma força de 9 · 109 N (EDMINISTER, 1991).
A carga é bipolar (negativa ou positiva) e existe em quantidades discretas que são
múltiplos inteiros da carga de 1 elétron de 1, 6022 · 10−19 C (NILSSON; RIEDEL, 2009).
2.1.3 Tensão e corrente
A tensão ou diferença de potencial é caracterizada quando é necessário o trabalho de
1 J para movimentar uma carga de 1 C de um ponto ao outro (1 V = 1 J/C), ou seja, é a
energia por unidade de carga originada pela sua separação em um material ou meio. Com
isso, se uma carga q se desloca de um ponto de maior potencial para um outro de menor
potencial, com uma diferença de potencial v, o trabalho executado é qv (EDMINISTER,
1991). A equação abaixo descreve esta energia por carga:
V =dw
dq[J/C] (2.4)
A corrente surge pela movimentação das cargas elétricas de um ponto ao outro em
um material que permite a locomoção de seus elétrons quando este está sob o efeito de
uma diferença de potencial. Quando uma carga elétrica de 1 C é movida de um ponto
ao outro em um intervalo de tempo de 1 s, é dito que a corrente existente é de 1 A. A
equação abaixo quantifica essa variação de cargas no tempo:
I =dq
dt[C/s] (2.5)
Por convenção, o sentido da corrente elétrica positiva é o oposto ao seguido pelos
elétrons.
2.1.3.1 Corrente ou tensão contínua e alternada (AC/DC)
O termo contínua e alternada pode ser acrescentado para ambas as variáveis de tensão
e corrente, de modo que tensão contínua gera corrente contínua (CC ou DC), tensão
alternada origina corrente alternada (CA ou AC) e vice versa. Para os exemplos abaixo
será considerado como variável a corrente, mas podem ser corretamente aplicados a tensão.
Corrente contínua constante é definida como um fluxo ordenado de elétron constante
sempre num mesmo sentido seja positivo ou negativo, como ilustra os circuitos abaixo:
36 Capítulo 2. Fundamentação Teórica
Figura 1 – Circuito DC constante
Fonte: Próprio autor
Caso o fluxo de elétrons varie no tempo, mas não de sentido, tem-se um circuito de
corrente contínua pulsante:
Figura 2 – Circuito DC pulsante
Fonte: Próprio autor
Por fim, corrente alternada é quando o fluxo de elétrons muda seu sentido, alternando-
2.1. Definições dos parâmetros envolvidos em um circuito 37
se entre positivo e negativo:
Figura 3 – Circuito AC
Fonte: Próprio autor
2.1.3.2 Valor médio e eficaz
Para um circuito AC ou DC pulsante com um sinal periódico (x(t)=x(t+T)), define-se
dois termos para caracterização da onda, seja de corrente ou de tensão: valor médio e
eficaz.
Figura 4 – Sinais periódicos
Fonte: Próprio autor
38 Capítulo 2. Fundamentação Teórica
O valor médio resulta da média das amostras em um intervalo de um período ou T
segundos. O cálculo para sinal discreto e analógico é dado abaixo:
Vm =1T
∫ T
0v(t)dt (2.6)
Vm =1N
N−1∑
i=0
v[i] (2.7)
O valor eficaz ou rms (root mean square, raiz quadrada da média quadrática) de
uma onda define um valor contínuo (DC) de corrente ou tensão que quando aplicado a
uma carga resistiva R, por um intervalo de tempo de T segundos, é capaz de dissipar
a mesma potência de um sinal alternado ou pulsante naquele mesmo intervalo T. Para
sinais analógicos ou discretos usa-se as equações abaixo:
Vrms =
√
1T
∫ T
0v2(t)dt (2.8)
Vrms =
√
√
√
√
1N
N−1∑
i=0
v2[i] (2.9)
Para o caso de v(t) senoidal, v(t) = Vpsen(wt + φ) ou v(t) = Vpcos(wt + φ) com w =
2π/T, tem-se:
Vm =1T
∫ T
0Vpcos(wt + φ) (2.10)
Vrms =
√
1T
∫ T
0V 2
p cos2(wt + φ) (2.11)
Que simplificando resulta em (NILSSON; RIEDEL, 2009):
Vm = 0 (2.12)
Vrms =Vp√
2(2.13)
A figura abaixo ilustra estes valores na onda:
2.2. Elementos do circuito 39
Figura 5 – Valor rms e médio de uma senoide
Fonte: Próprio autor
2.1.4 Potência e energia
A potência é a taxa de variação temporal do gasto ou absorção de energia, calculada
pelo produto da tensão e corrente (NILSSON; RIEDEL, 2009):
p =dw
dq· dq
dt=
dw
dt[J/s] (2.14)
p = v · i [W ] (2.15)
Com esta relação vê-se que quando 1 joule é gasto ou gerado em 1 segundo, a potência
é de 1 W (W = J/s).
Como a potência é variação de energia em um intervalo de tempo, a energia consumida
ou gerada neste intervalo pode ser calculada como:
w =∫ t2
t1p dt [J ] (2.16)
2.2 Elementos do circuito
Figura 6 – Elementos do circuito
Fonte: Próprio autor
2.2.1 Resistor
Um resistor é caracterizado como sendo um elemento que não armazena energia elétrica
apenas a absorve e a transforma em calor e que se opõe a passagem da corrente elétrica em
40 Capítulo 2. Fundamentação Teórica
um material, fazendo com que a tensão entre seus terminais seja proporcional a corrente
que passa por ele, esta proporção é caracterizada por R nomeada de resistência e com
unidade em Ω. Esta relação é denominada de Lei de Ohm e escrita como:
V = R · I (2.17)
Em termos práticos, o valor de R não é influenciado por tensões ou correntes senoidais
com algumas centenas de quilo-hertz, assim, R se torna uma constante (BOYLESTAD,
2004). Para v(t) = Vp · sen(wt), i(t) =Vp
R· sen(wt) = Ip · sen(wt), fazendo w = 2π60 e
R = 1 Ω, tem-se o gráfico abaixo:
Figura 7 – Tensão e corrente no resistor
Fonte: Próprio autor
Para um circuito puramente resistivo, a tensão e corrente sempre estarão em fase.
2.2.2 Capacitor
Um capacitor é definido como sendo um material que armazena energia elétrica em
campos elétricos e que possui uma quantidade de cargas armazenadas em si proporcional
a diferença de tensão entre seus terminais, com essa constante de proporção nomeada de
capacitância, representada por C e com unidade em Farad (EDMINISTER, 1991).
q(t) = C · v(t) (2.18)
i(t) =dq(t)
dt= C
dv(t)dt
(2.19)
v(t) =1C
·∫
i(t) dt (2.20)
Pela Equação 2.19 observa-se que a corrente surge com a variação da tensão no ca-
pacitor, ou seja, caso uma tensão continua DC seja aplicada no capacitor não haverá
2.2. Elementos do circuito 41
corrente e portanto não há fluxo de carga em seu interior o que o faz se comportar como
um circuito aberto. Além disso, não se pode ter uma variação muito brusca da tensão no
capacitor (onda quadrada de grande amplitude), pois isso resultaria em um alto valor de
corrente (NILSSON; RIEDEL, 2009).
Ainda analisando a Equação 2.19, aplica-se a definição da derivada abaixo (THOMAS,
2009):
f ′(t) =df(t)
dt= lim
h→0
f(t + h) − f(h)h
(2.21)
Para exemplo da aplicação com o software Matlab considerou-se f(t) = v(t) = sen(120π·t), com t = n/(40·60) e n variando de 1 a 40, ou seja, construiu-se um período de uma
senoide de 60 Hz com 40 pontos para facilitar a visualização de como a variação ocorre
em uma onda senoidal com um intervalo de tempo fixo. Com isso tem-se:
dsen(120π · t)dt
≈ limh→1/(40∗60)
sen(120π · (t + h)) − sen(120π · t)120π · h
(2.22)
O resultado gráfico pode ser conferido na figura abaixo para h → 1/(40 · 60) e h
→ 1/(40000 · 60), observando-se sua tendência para o cosseno:
Figura 8 – Derivada de sen(t)
(a) h → 1/(40 · 60) (b) h → 1/(40000 · 60)
Fonte: Próprio autor
Obs: O sinal no Matlab é discreto por isso é possível variar o passo, entretanto, para
um sinal analógico o passo é fixo e equivalente a h → 0, implicando que o capacitor
realiza a operação da derivada do sinal de tensão e mostra o resultado na forma da onda
de corrente.
Como mostrado acima, para v(t) = sen(wt) a corrente no capacitor torna-se, então,
i(t) = C · cos(wt). Pelo gráfico, com w = 2π60 e C = 1 F, tem-se:
42 Capítulo 2. Fundamentação Teórica
Figura 9 – Tensão e corrente no Capacitor
Fonte: Próprio autor
A variação é máxima da tensão quando esta se aproxima de 0 V (capacitor descarre-
gado), o que faz com que a corrente tenha seu maior valor nesse instante. Já quando a
tensão está no seu pico ou vale (capacitor carregado), tem-se uma variação muito pequena
desta e isto leva a corrente para um valor nulo. O fato das variáveis se alternarem entre
valores positivos e negativos só mostra a inversão de polaridade no capacitor que deve ser
do tipo não polarizado (PUBLISHING, 2016).
Pelo motivo descrito acima, a corrente sempre estará adiantada em relação a tensão,
ou a tensão sempre estará atrasada em relação a corrente em um capacitor, de modo que
esse atraso máximo seja de 90o, como observado na Figura 9.
2.2.2.1 Reatância capacitiva
Sabe-se que o capacitor é construído com duas placas condutoras polarizadas e sepa-
radas por um dielétrico, de modo a permitir a passagem de cargas de uma placa a outra,
esta quantidade de carga é limitada pela capacitância do material (C), o que significa
que quanto maior a capacitância maior a quantidade de cargas que o atravessam em um
intervalo de tempo e portanto maior a corrente. Além disso, caso a frequência (f) dessas
transições seja aumentada, maior será o fluxo de elétrons passando de uma placa a outra
em um intervalo de tempo, o que resulta em um maior fluxo de corrente (PUBLISHING,
2016).
O fato do capacitor poder limitar a passagem de corrente do circuito, faz com que surja
um termo para quantizar este bloqueio denominado de reatância capacitiva, representado
2.2. Elementos do circuito 43
por XC e dada em ohms (Ω), calculado pela equação abaixo:
XC =1
2πfC[Ω] (2.23)
2.2.3 Indutor
O indutor é caracterizado por armazenar energia em campo magnético através da
variação da corrente de um circuito que acaba gerando uma variação no fluxo magnético
responsável por criar uma f.e.m v(t). A constante de proporção que relaciona essa f.e.m
gerada com a variação da corrente no tempo é chamada de indutância, representada por
L e com unidade em Henry (H) (EDMINISTER, 1991). As equações abaixo quantificam
isto:
v(t) = Ld(i(t))
dt(2.24)
i(t) =1L
∫
v(t)dt (2.25)
Pela Equação 2.24 é possível observar que caso a corrente i(t) seja constante (circuito
DC), v(t) é igual a 0 v, indicando que o indutor se torna um curto circuito. Além disso,
não pode-se ter uma grande variação da corrente em um circuito com indutor, uma vez que
isso resultaria em um alto valor de tensão no componente o que o danificaria (NILSSON;
RIEDEL, 2009).
Para o caso de um circuito AC com i(t) senoidal, i(t) = sen(wt), v(t) se torna v(t) =
L · cos(wt), como foi demonstrado anteriormente na Subseção 2.2.2, e fazendo-se L = 1
H, w = 2π60, tem-se o gráfico abaixo para corrente e tensão no indutor:
Figura 10 – Tensão e corrente no indutor
Fonte: Próprio autor
44 Capítulo 2. Fundamentação Teórica
Como a f.e.m induzida no indutor é proporcional a variação da corrente nele, quando
a corrente está próxima de 0 A (indutor descarregado), tem-se sua máxima variação do
fluxo magnético que acaba gerando a máxima f.e.m. Já quando o indutor está próximo
de ser carregado com a corrente se aproximando do pico, a variação é mínima no fluxo
magnético e isto faz com que a f.e.m induzida também seja mínima equivalente a 0 V. O
fato da corrente e tensão se alternarem entre valores positivos e negativos apenas mostra
qual o sentido estão seguindo no indutor de acordo com a polaridade da fonte de tensão.
2.2.3.1 Reatância Indutiva
Como o indutor apresenta uma força oposta ao fluxo de corrente alternada e este
bloqueio não surge da fricção com o condutor o nome de resistência deve ser descartado,
assim, surge o termo reatância indutiva já que é uma reação do indutor a variação de
corrente. A reatância é dada em ohms (Ω) e representada por XL (PUBLISHING, 2016).
Quanto maior for a indutância (L) e a taxa de variação da corrente (frequência), maior
será este bloqueio, como mostra a equação abaixo:
XL = 2πfL [Ω] (2.26)
2.3 Potências de um circuito com fonte de tensão se-
noidal
O fato da fonte de tensão particularizada ser senoidal se dá pelo motivo de que nas
residências a tensão da rede necessária para o funcionamento de todos os equipamentos é
justamente senoidal, entretanto, os tipos de potências citados a seguir valem para qualquer
circuito que tenha resistores, capacitores e indutores, independente do tipo da fonte de
tensão.
2.3.1 Potência instantânea
Na Subseção 2.1.4, foi-se visto que a potência é a variação da energia em um intervalo
de tempo e calculada pelo produto da tensão e corrente. Para um circuito em que há
uma variação de tensão ou corrente este produto recebe o nome de Potência instantânea
pelo fator de variar de instante a instante e sua unidade também é o watts. Além disso,
considerando uma fonte de alimentação senoidal e elementos resistivos, indutivos e capa-
citivos no circuito, a corrente também será senoidal podendo ter ou não uma defasagem
em relação a tensão, como observado na Seção 2.2, deste modo escreve-se:
2.3. Potências de um circuito com fonte de tensão senoidal 45
v(t) = Vpcos(wt + φv) (2.27)
i(t) = Ipcos(wt + φi) (2.28)
A seguir de acordo com Nilsson e Riedel (2009), reescreve-se ambas expressões com
uma defasagem de φi:
v(t) = Vpcos(wt + φv − φi) (2.29)
i(t) = Ipcos(wt) (2.30)
A potência instantânea fica, então:
p(t) = VpIpcos(wt + φv − φi)cos(wt) (2.31)
Sabendo-se da identidade trigonométrica abaixo:
cos(a)cos(b) =12
(cos(a + b) + cos(a − b))
Faz-se a = wt + φv − φi e b = wt e reescreve-se a Equação 2.31 como:
p(t) =VpIp
2(cos(2wt + φv − φi) + cos(φv − φi)) (2.32)
Agora, utilizando-se da identidade trigonométrica a seguir:
cos(a + b) = cos(a)cos(b) − sen(a)sen(b)
Expande-se a Equação 2.32, com a = φv − φi e b = 2wt :
p(t) =VpIp
2cos(φv − φi) +
VpIp
2cos(2wt)cos(φv − φi) − VpIp
2sen(2wt)sen(φv − φi) (2.33)
Para φv = 60o e φi = 0o, tem-se o gráfico abaixo relacionando a corrente, tensão e
potência:
46 Capítulo 2. Fundamentação Teórica
Figura 11 – Potência Instantânea
Fonte: Próprio autor
É possível observar que a potência oscila entre valores positivos e negativos, isto ocorre
porque na parte positiva a rede envia energia para os componentes do circuito e nos
ciclos negativos a rede recebe a energia armazenada nos campos elétricos e magnéticos
dos indutores e capacitores que não é utilizada para executar trabalho, diz-se, então,
que a energia da rede é "emprestada". Apesar dessa energia não ser gasta, ela deve ser
fornecida pela rede nos ciclos positivos para os componentes funcionarem e isto leva as
usinas a produzirem mais, por isso que em grandes unidades consumidoras este aumento
é repassado como uma taxa a mais a ser paga pela unidade (BOYLESTAD, 2004).
2.3.2 Potência Ativa, Reativa e Aparente
A Equação 2.33 possui três termos podendo-se ser reescrita da forma:
p(t) = P + Pcos(2wt) − Qsen(2wt) (2.34)
Onde:
P =VmIm
2cos(φv − φi) (2.35)
Q =VmIm
2sin(φv − φi) (2.36)
O termo P é denominado de potência ativa ou potência média, uma vez que aplicando-
se a Equação 2.6 na Equação 2.32 ou 2.33, tem-se:
2.3. Potências de um circuito com fonte de tensão senoidal 47
Pm =1T
∫ T
0p(t)dt (2.37)
Pm =1T
∫ T
0
VpIp
2(cos(2wt + φv − φi) + cos(φv − φi))dt (2.38)
w =2π
T
Pm =VpIp
2T
(
∫ T
0cos(2wt + φv − φi)dt +
∫ T
0cos(φv − φi)dt
)
(2.39)
Pm =VpIp
2cos(φv − φi) = P (2.40)
A potência média também pode ser representada pelos valores eficazes da corrente e
tensão, a partir do resultado apresentado na Seção 2.1.3.2 na Equação 2.13, reescreve-se
a Equação 2.35 como:
P = VrmsIrmscos(φv − φi) (2.41)
A potência ativa ou média é a parcela da potência utilizada para gerar trabalho, ou
seja, é a energia absorvida da rede e transformada em outro tipo pelo sistema. É esta
o tipo da potência especificada nos aparelhos elétricos/eletrônicos em watts (W), além
disso é a potência monitorada pelas concessionárias de energia nas residências que gera a
conta de energia do consumidor (JOHNSON; HILBURN; JONHSON, 1994).
O termo Q também pode ser reescrito na forma de valores eficazes, ficando:
Q = VrmsIrmssin(φv − φi) (2.42)
De acordo com Nilsson e Riedel (2009) a parcela Q é chamada de potência reativa e
representa a parcela de energia não utilizada para realizar trabalho, ou seja, é a potência
extraída e devolvida a rede através dos campos elétricos e magnéticos dos indutores e
capacitores. A dimensão é a mesma da potência ativa, por isso para sua distinção a
unidade desta foi denominada de VAR (volt-amp reativo).
O produto VrmsIrms é denominado de potência aparente e representa a potência total
absorvida da rede pelo equipamento para seu funcionamento. Sua representação é a letra
S e a unidade é o VA (volt-amp), além disso é por meio dela que calcula-se o valor máximo
de corrente e tensão de um circuito reativo (BOYLESTAD, 2004).
A potência aparente pode ser encontrada de dois modos: a partir da potência ativa e
reativa do dispositivo e da corrente e tensão puxada por este, como mostram as equações
abaixo:
48 Capítulo 2. Fundamentação Teórica
S = IrmsVrms (2.43)
P 2 + Q2 = (VrmsIrmscos(φv − φi))2 + (VrmsIrmssen(φv − φi))2 =
(VrmsIrms)2(cos2(φv − φi) + sin2(φv − φi)) = (VrmsIrms)2 = S2
S =√
P 2 + Q2 (2.44)
Outro modo de se visualizar estas potências é pelo triângulo de potências abaixo, onde
Θ = φv − φi :
Figura 12 – Triângulo de potências
(a) Carga indutiva (b) Carga capacitiva
Fonte: Próprio autor
É importante notar que para circuitos puramente resistivos a tensão e corrente estão
em fase, o que faz φi = φv e Θ = 0o, isto implica que P = S e Q = 0, portanto, toda
a energia da rede absorvida é utilizada, neste caso transformada em calor. A equação
2.33 e o gráfico abaixo da potência instantânea ilustram isto ao não apresentarem valor
negativo e Pm = Ppico/2:
p(t) =VpIp
2(1 + cos(2wt)) (2.45)
Fonte: Próprio autor
2.3. Potências de um circuito com fonte de tensão senoidal 49
Com a potência ativa dissipada no resistor equivalente a:
Pm = P =VpIp
2cos(0) = VrmsIrms =
V 2rms
R= I2
rmsR (2.46)
Já nos circuitos puramente indutivos a corrente está 90o atrasada em relação a tensão,
ou seja, φi = φv − 90o e Θ = 90o, tem-se, então, P = 0 = Pm e Q = Ssen(90o) = S,
portanto, não há potência ativa e a energia não é transformada em trabalho, apenas é
emprestada e devolvida a rede a cada ciclo, como se vê no gráfico e na equação abaixo da
potência instantânea:
p(t) = −Qsen(2wt) (2.47)
Fonte: Próprio autor
Com a potência reativa do indutor sendo o pico da onda e equivalente a:
QL =V l
p I lp
2sen(90o) = V l
rmsIlrms =
(V lrms)
2
XL
= (I lrms)
2XL (2.48)
Para circuitos puramente capacitivos a corrente está 90o adiantada em relação a tensão,
ou seja, φi = φv + 90o e Θ = −90o, tem-se, então novamente, P = 0 e Q = Ssen(−90o) =
-S, portanto, não há potência ativa (Pm = 0) e a energia não é transformada em trabalho,
apenas é emprestada e devolvida a rede a cada ciclo, como se vê no gráfico e na equação
abaixo da potência instantânea:
p(t) = −Qsen(2wt) (2.49)
50 Capítulo 2. Fundamentação Teórica
Fonte: Próprio autor
A potência reativa do capacitor é o pico da onda e equivalente a:
QC =V c
p Icp
2sen(−90o) = −V c
rmsIcrms = −(V c
rms)2
XC
= −(Icrms)
2XC (2.50)
O fato de ser negativa apenas demonstra que o elemento é o capacitor.
Resumindo:
Quadro 4 – Relações para circuitos puramente resistivos,capacitivos e indutivos❵❵
❵❵❵❵❵❵❵
❵❵
❵❵
❵❵
ParâmetrosCircuito
Resistivo Indutivo Capacitivo
Θ = φv − φi Θ = 0 Θ = 90o Θ = −90o
P S 0 0Q 0 S -S
Fonte: Próprio autor
2.3.3 O fator de potência
Na seção anterior definiu-se as potências presentes em um circuito AC senoidal e como
são utilizadas por equipamentos, de modo que, quanto menor a potência reativa, melhor
será o aproveitamento da energia da rede. Para isso acontecer, observando a Equação
2.42, mais próximo de zero deve ser a diferença de fase entre a onda de corrente e ten-
são já que sen(0) = 0, isto implica em uma menor corrente e consequentemente menor
potência (potência aparente) exigida da rede por eletrodomésticos e máquinas, pois estes
equipamentos funcionam com uma determinada potência fixa (potência ativa), com isso
considera-se P não variante, a tensão da rede (Vrms) também pode ser considerada cons-
tante, já a diferença de fase varia com os elementos usados na fabricação dos equipamentos
de modo que para o melhor caso esta diferença deve ser zero, como mencionado acima,
2.3. Potências de um circuito com fonte de tensão senoidal 51
isto faz com que a corrente esteja com seu valor mínimo, como se vê abaixo isolando-a da
Equação 2.41 e fazendo cos(φv − φi) = 1 :
Irms =P
Vrmscos(φv − φi)(2.51)
Um outro modo de se visualizar como estas fases afetam a potência vinda da rede
necessária para o funcionamento dos dispositivos é considerar a base do triângulo de
potências fixa (potência em watts necessária para o funcionamento do equipamento),
a tensão da rede (Vrms) também é fixada, assim ao aumentar a diferença de fase de
0 até 90o o cosseno vai diminuindo e isto faz com que a corrente Irms aumente para
suprir este decaimento, como consequência, a altura do triângulo (Potência reativa) que é
proporcional ao produto do seno pela corrente irá aumentar devido ao seno ser crescente
neste intervalo e a corrente que mantém P constante também aumentar, com uma altura
maior, maior será a hipotenusa que é a potência que a rede deve fornecer.
Como a diferença de fase acaba sendo uma importante variável que delimita o quanto
a potência ativa é mais próxima da potência aparente, o cosseno desse ângulo deve receber
uma atenção maior ao se trabalhar com circuitos indutivos e capacitivos. Com isso, surge
o termo de fator de potência (FP ou PF) que é justamente esta constante que delimita a
relação entre a potência ativa e aparente.
FP = cos(φv − φi) = cos(Θ) (2.52)
FP =P
S(2.53)
Com base no Quadro 4, é possível ver que a diferença de fase pode variar de −90o
até 90o, tem-se, então, que o fator de potência pode variar de 0 até 1, não tendo valores
negativos, uma vez que o cosseno é uma função par (cos(x) = cos(-x)), o mesmo ocorre para
P. Isto impossibilita saber se o circuito é capacitivo ou indutivo apenas pelas duas equações
acima, por isso para um circuito indutivo onde a corrente está atrasada em relação a
tensão, diz-se que há um fator de potência atrasado, e para um circuito capacitivo com
a corrente adiantada em relação a tensão, diz-se que há um fator de potência adiantado
(EDMINISTER, 1991).
2.3.3.1 Correção do fator de potência
Um circuito pode ter cargas indutivas, capacitivas e resistivas ao mesmo tempo o que
implica que o fator de potência pode apresentar qualquer valor entre 0 e 1, de modo que
quanto maior sua resistência em relação a reatância, mais próximo de 1 é o FP, pois mais
a energia da rede será transformada em outro tipo. Um modo de analisar o quanto um
circuito é reativo ou resistivo é transformá-lo em uma carga com impedância complexa
do tipo:
52 Capítulo 2. Fundamentação Teórica
Zeq = Req + jXeq
Com Req sendo o equivalente resistivo e Xeq o equivalente reativo vindo da associ-
ação das cargas capacitivas/indutivas em série e/ou paralelo (JOHNSON; HILBURN;
JONHSON, 1994).
Conhecendo-se Zeq e a tensão da rede é possível determinar a corrente e todas as
potências da carga, ou tendo as potências e a tensão determina-se a impedância do circuito
através das equações abaixo:
V = IZ (2.54)
S = VI∗ (2.55)
S = |S|∠Θ =√
P 2 + Q2∠Θ (2.56)
S = P + jQ = |S|cos(Θ) + j|S|sen(θ) (2.57)
|S| = Vrms · Irms (2.58)
Com a tensão e corrente na forma de fasor com valor rms e números complexos na
forma polar, como o exemplo abaixo mostra:
V = Vrms∠θo
v(t) = 180cos(120πt + 0o)
V = 127∠0o
I = Irms∠θ
I∗ = Irms∠ − θ
Z = |Z|∠θ =√
R2 + X2∠ arctan(
X
R
)o
z = 3 + 4j
Z = 5∠53.13o
Analisando a impedância complexa equivalente, tem-se que:
2.4. Harmônicas e o Fator de Potência 53
Zeq =VI
(2.59)
|Zeq|∠Θ =Vrms∠φv
Irms∠φi
(2.60)
√
R2eq + X2
eq∠ arctan
(
Xeq
Req
)
=Vrms
Irms
∠(φv − φi) (2.61)
√
R2eq + X2
eq =Vrms
Irms
|| arctan
(
Xeq
Req
)
= (φv − φi)
(φv − φi) = Θ || FP = cos(Θ)
Ou seja, a fase da impedância complexa é justamente o ângulo do fator de potên-
cia. Deste modo, para alterar o fator de potência deve-se mudar o valor da impedância
equivalente do circuito.
Há dois modos de aumentar o fator de potência de um circuito: o primeiro é adicio-
nando um alto valor de resistência, fazendo com que Req > 10Xeq, entretanto, a energia
da rede antes emprestada agora estará sendo transformada em calor e a não ser que o
equipamento seja feito para produzir calor este método não se torna eficiente. O segundo
método consiste em equilibrar o circuito com reatância indutivas (XLeq) e/ou capacitivas
(XCeq), uma vez que indutores atrasam a corrente e capacitores a avançam, é possível
encontrar valores tais que XLeq= XCeq
, Xeq = 0. Com isso, adiciona-se cargas externas
ao equipamento caso seu fator de potência esteja fora do padrão.
2.4 Harmônicas e o Fator de Potência
As harmônicas são formas de ondas de frequências múltiplas, sendo as de ordem ímpar
as que mais degradam o sinal em sistemas elétricos, da fundamental da rede (50/60 Hz)
que são adicionadas a este sinal e o acabam degradando. A imagem abaixo ilustra isso:
54 Capítulo 2. Fundamentação Teórica
Figura 13 – Sinal com harmônicas e sua decomposição
Fonte: Eletric (2016)
O surgimento das harmônicas vem com o uso de cargas não lineares (fontes chaveadas,
retificadores) que passaram a compactar os circuitos e melhorar sua eficiência em relação
aos lineares de antigamente. Essas cargas não lineares geram correntes harmônicas que
junto com a impedância da rede originam, também, tensões harmônicas que deformam
a tensão de alimentação. Neste tipo de circuito a corrente e a tensão possuem diferentes
formas de ondas.
Além disso, há ainda o fato de algumas correntes com harmônicas serem reinjetadas
na rede, fazendo com que outros equipamentos a absorvam e reduzam seu desempenho.
Segundo Eletric (2016), como o sinal distorcido é formado pela soma de formas de
ondas de diferentes frequências e amplitudes, tem-se que a potência ativa, agora, é en-
contrada pelo produto da corrente pela tensão eficaz e pelo cosseno da defasagem entre a
corrente e tensão de cada harmônica (h) presente:
P =∞∑
h=1
V rmsh Irms
h cos(Θh) (2.62)
A potência reativa é calculada apenas para a fundamental:
Q = V rms1 Irms
1 sen(Θ1) (2.63)
A potência aparente se torna:
S =
(
∞∑
h=1
V rmsh
)
·(
∞∑
h=1
Irmsh
)
= V rmsT · Irms
T (2.64)
2.4. Harmônicas e o Fator de Potência 55
A relação S2 = P 2 + Q2 não se aplica com harmônicas. A equação, agora, é definida
por S2 = P 2 + Q2 + D2, com D sendo a potência de distorção encontrada por:
D =√
S2 − P 2 − Q2 (2.65)
2.4.1 Taxa de distorção harmônica (THD)
Segundo Eletric (2016), THD (Total Harmonic Distortion) é uma medida responsável
por definir a interferência harmônica em um sinal alternado e é geralmente expressa em
porcentagem.
Para um sinal y o THD é definido como:
THD =
√
∑
∞
h=2 y2h
y1
(2.66)
Segundo SRD (2016), "O espectro harmônico a ser considerado para fins do cálculo
da distorção total deve compreender uma faixa de frequências que considere desde a
componente fundamental até, no mínimo, a 25a ordem harmônica (hmin = 25)".
O THD para corrente e tensão é, respectivamente:
THDI =
√
∑
∞
h=2(Irmsh )2
Irms1
=
√
√
√
√
(
IrmsT
Irms1
)
− 1 (2.67)
THDV =
√
∑
∞
h=2(Vrms
h )2
V rms1
(2.68)
Para uma tensão senoidal ou quase senoidal, considera-se:
P ∼= P1 = V rms1 · Irms
1 · cos(Θ1) (2.69)
FP =P
S∼= V rms
1 · Irms1 · cos(Θ1)
V rms1 · Irms
T
=cos(Θ1)
√
1 + THD2I
(2.70)
Em um sistema com harmônicas o fator de potência é diferente de cos(Θ) e passa
a depender do THD, ou seja, quanto mais deformado o sinal, maior a influência das
harmônicas, maior seu THD e menor seu fator de potência, mesmo que as reatâncias
estejam bem equilibradas.
Deste modo, a compensação do fator de potência deve ser feita, também, reduzindo
o efeito das harmônicas que são quantizadas por aparelhos denominados de centrais de
medição. Caso haja uma distorção considerável a correção é feita utilizando os seguintes
métodos:
- Posicionar cargas poluentes próximas a rede.
- Reagrupar cargas poluentes.
56 Capítulo 2. Fundamentação Teórica
- Separar as fontes de alimentação das cargas poluentes das não poluentes.
- Inserir indutâncias na instalação para os inversores de frequência.
- Utilizar filtros passivos, ativos ou híbridos (passivo + ativo) antes das cargas poluentes.
2.5 Wattímetro
Wattímetros são dispositivos encarregados de medir a potência ativa de um dado
circuito. Com uma variedade de tipos e tamanhos, estes dispositivos podem ser encontrado
desde do formato portátil para a medição de eletrodomésticos e pequenas máquinas até os
de forma fixa e de grande potência monofásicos,bifásicos ou trifásicos, como, por exemplo,
os que ficam no relógio das residências que são instalados e calibrados pelas concessionárias
para medirem o consumo de energia elétrica mensal.
2.5.1 Indução
O wattímetro de indução é usado para corrente alternada e é o tipo mais comum encon-
trado nas residências,comércios e indústrias brasileiras para medição da energia consumida
(kW.h) devido sua simplicidade, robustez, exatidão e vida útil (∼= 15 anos)). Por conta de
ficarem em ambientes externos, são construídos sob rigorosas normas e especificações da
ABNT e INPM, de modo a evitar possíveis usuários fraudulentos (BELCHIOR, 2014a).
O esquema da construção é mostrado abaixo:
Figura 14 – Wattímetro de indução
(a) Wattímetro (b) Wattímetro com medidor
Fonte: Belchior (2014a)
Com:
2.5. Wattímetro 57
Bp: Bobina de tensão com muitas espiras de fio fino.
Bc: Bobina de corrente com poucas espiras de fio grosso.
Figura 15 – Wattímetro de indução
Fonte: Belchior (2014a)
E o esquema de ligação em um circuito monofásico está abaixo:
Figura 16 – Esquema de ligação do wattímetro de indução no circuito monofásico
Fonte: Belchior (2014a)
Segundo (BELCHIOR, 2014a), para uma carga com FP unitário, ip está quase 90o
atrasado de ic, pois as bobinas ip e ic não são puramente indutiva na prática. Seguindo,
ip cria um fluxo Ψp na bobina de tensão e ic um fluxo Ψc, que atravessam o disco de
alumínio e criam as correntes induzidas nele, Ip e Ic.
58 Capítulo 2. Fundamentação Teórica
Considerando a disposição das peças no medidor, no espaço o fluxo Ψc é normal
a direção de Ip e o fluxo Ψp a direção de Ic. Com isso, as forças originadas dessas
interações estão no plano do disco e dirigidas num mesmo sentido, as quais estando a
uma determinada distância do eixo de rotação farão-o girar devido ao conjugado motor
criado. O disco por sua vez gira dentro do entreferro de um imã permanente que limita
sua velocidade e no seu eixo adiciona-se um contador mecânico (registrador,totalizador)
com a função de quantizar o número de voltas.
Figura 17 – Registradores
(a) Ponteiro (b) Ciclométrico
Fonte: Belchior (2014b)
O conjugado motor é calculado por:
Cm = C1 + C2 (2.71)
Cm: Conjugado motor resultante.
C1: Conjugado vindo da interação de Ip e Ψc.
C2: Conjugado vindo da interação de Ic e Ψp.
Que é equivalente a:
Cm = K · V · I · sen(∆ − Θ) (2.72)
• K: Constante de proporcionalidade.
• V: Tensão do circuito.
• I: Corrente na carga.
2.5. Wattímetro 59
• ∆: Ângulo entre V e Ψp (≤ 90o).
• Θ: Ângulo entre V e I (ângulo do fator de potência).
Caso a bobina de tensão seja puramente indutiva, ∆ = 90o o que faz:
Cm = K · V · I · cos(Θ) (2.73)
O conjugado motor passa a ser proporcional a potência ativa. Entretanto, na prática,
com foi mencionado no início, a bobina de tensão não é puramente indutiva, por isso
usa-se de outros mecanismos para fazer com que o fluxo magnético seja defasado de 90o
atrasado em relação a V, este processo recebe o nome de ajuste de carga indutiva.
Além do ajuste de carga deve-se fazer a compensação do atrito nesse tipo de wattí-
metro, pois para cargas de baixa potência que demandam uma corrente pequena, o atrito
do ponto de apoio do disco e no sistema de engrenagens impedem o disco de rodar ou de
dar o número correto de rotações (consumidor estaria pagando menos). Para resolver isso
é introduzido um conjugado complementar no disco, responsável por avançar ou retardar
seu movimento.
Figura 18 – Medidor de consumo
(a) Disco do medidor (b) Dispositivo completo
Fonte: Belchior (2014b)
60 Capítulo 2. Fundamentação Teórica
Figura 19 – Vista explodida do medidor monofásico modelo M12
Fonte: Paula (2013)
2.5. Wattímetro 61
2.5.2 Eletrodinâmico
O wattímetro eletrodinâmico tem o seguinte aspecto construtivo:
Figura 20 – Wattímetro eletrodinâmico
Fonte: SENAI e FIESC (2001)
É formado por uma bobina móvel de tensão com muitas espiras de fio fino que é ligada
em paralelo com a carga e uma bobina fixa de corrente com poucas espiras de fio grosso
ligada em série com a carga.
De acordo com SENAI e FIESC (2001), o torque na bobina móvel é proporcional a
intensidade e a defasagem entre a corrente e tensão, de modo que quando se adicionar um
ponteiro a esta, o ponteiro sofrerá uma deflexão proporcionalmente a potência ativa da
carga devido a interação dos campos magnéticos das duas bobinas. Estes campos existem
tanto em AC como em DC e as bobinas são dispostas para que sempre haja repulsão entre
elas, isto torna o dispositivo apto a trabalhar em ambos os circuitos.
2.5.3 Digital
Wattímetros digitais surgiram com o avanço de microcontroladores e microprocessa-
dores ao se tornarem viáveis com boa precisão, exatidão, velocidade de processamento e
desempenho. Este tipo de wattímetro usa transdutores de tensão e corrente para receber
o sinal de corrente e tensão da rede. Com os dois tipos de ondas, realiza-se vários cál-
culos por segundo para a determinação da potência instantânea e ativa, além da reativa,
aparente, energia consumida, frequência e do fator de potência do circuito.
O fato do dispositivo ser compacto, portátil e completo, diferente dos outros tipos
analógicos que apenas mediam a potência ativa,reativa, frequência da rede ou o fator
de potência individualmente, o tornou popular e usado tanto em residências como em
indústrias para a medição instantânea de qualquer equipamento, desde que este esteja
dentro da faixa tolerada de corrente e tensão.
62 Capítulo 2. Fundamentação Teórica
Figura 21 – Wattímetro digital
(a) DW 6060 (b) GM86 - frente (c) GM86 - trás
Fonte: Próprio autor
2.6 Sensores
Sensores são dispositivos utilizados para medição dos vários tipos de energia existente,
apresentando seu valor, como por exemplo, na forma de um sinal analógico elétrico.
2.6.1 Sensor de tensão - Transformador
Segundo Kosow (1982) o transformador opera com o princípio da indutância mútua
entre duas ou mais bobinas ou circuitos indutivamente acoplados. A figura abaixo mostra
um transformador de núcleo de ar que possui um acoplamento frouxo,ou seja, apenas uma
pequena quantidade de energia é transferida do circuito 1 para o circuito 2, diferentemente
de quando as bobinas estão enroladas em um núcleo de ferro o que torna o circuito 1 e
2 fortemente acoplados, fazendo com que quase toda a energia seja transferida entre os
circuitos.
Figura 22 – Transformador de núcleo de ar
Fonte: Kosow (1982)
2.6. Sensores 63
As definições são dadas abaixo:
Quadro 5 – Parâmetros de um transformador
Parâmetro DefiniçãoV1 Tensão de suprimento do primárior1 Resistência do primário (fio)L1 Indutância do primárioI1 Irms do primário vinda de V1
E1 Tensão induzida no enrolamento primário por todo ofluxo que concatena a bobina 1
N1 Número de espiras da bobina 1Φ1 Componente de dispersão do fluxo que concatena apenas
com a bobina 1Φm Fluxo mútuo que concatena as bobinas 1 e 2V2 Tensão que aparece nos terminais do secundárior2 Resistência do secundário (fio) sem cargaL2 Indutância do secundárioI2 Irms do secundário vinda de E2
E2 Tensão induzida no enrolamento secundário por todo ofluxo que concatena a bobina 2
N2 Número de espiras da bobina 2Φ2 Componente de dispersão do fluxo que concatena apenas
com a bobina 2Fonte: Kosow (1982)
Nota-se que quando V1 é positivo, a tensão induzida E1 possui uma polaridade oposta
a V1 (lei de Lenz), e que a corrente I2 está em oposição a I1, pois I1 produz um fluxo Φm
que gera I2 que, novamente pela lei de Lenz, deve ter sentido contrário ao da variação do
campo magnético que a gera, como ilustra a imagem abaixo:
Figura 23 – Campo magnético no transformador
Fonte: Santana (2016)
Caso não haja variação do fluxo magnético do primário não há corrente induzida no
secundário, isto faz com que transformadores só sejam utilizados em circuitos AC. Além
do mais, não há contato elétrico entre o primário e secundário, uma vez que o secundário
funciona por indução, isto torna os transformadores excelentes isoladores.
64 Capítulo 2. Fundamentação Teórica
Quanto maior o número de linhas magnéticas que saem da bobina primária e entram
na secundária, maior o seu coeficiente de acoplamento (k ≤ 1). Considerando um acopla-
mento perfeito (k = 1), por exemplo núcleo de ferro, todo o fluxo magnético do primário
é passado para o secundário e a relação de transformação abaixo pode ser aplicada:
α =N1
N2
=E1
E2
=V1
V2
=I2
I1
(2.74)
E ainda, para um transformador ideal, sem perdas e fluxos dispersos a relação de
potência abaixo é válida:
V1I1 = V2I2 (2.75)
O fato de se relacionar o número de espiras com a tensão do primário e secundário,
faz com que os transformadores sejam utilizados no modo abaixador (N1 > N2) ou ele-
vador (N2 > N1) de tensão. Isto permite que, também, sejam utilizados como sensores
de tensão, pois podem amplificar ou atenuar determinada tensão AC utilizada por um
microcontrolador, por exemplo.
2.6.1.1 Autotransformador
Um autotransformador é definido como um transformador que só tem um enrolamento,
com maior rendimento e capacidade em kVA que os transformadores, ao custo da perda
de isolação entre primário e secundário (KOSOW, 1982). Além disso, também, trabalham
no modo abaixador ou elevador de acordo com as ligações abaixo:
Figura 24 – Autotransformador como abaixador e elevador
(a) Abaixador (b) Elevador
Fonte: Kosow (1982)
É possível ter-se, ainda, um autotransformador variável que possui um número de
espiras variável e que se comporta como abaixador,elevador ou ambos, sendo construído
com um enrolamento e núcleo de ferro toroidal como ilustra a figura abaixo. Há ainda
um tipo de autotransformador variável denominado variac que possui uma escova de
carvão solidária a um eixo rotativo que faz contato com as espiras do enrolamento do
autotransformador.
2.6. Sensores 65
Figura 25 – Autotransformador variável
(a) Abaixador (b) Elevador
(c) Abaixador e elevador (d) Abaixador e elevador
Fonte: Kosow (1982)
2.6.2 Sensor de corrente - Sensor de efeito Hall
Segundo Boylestad (2004), um sensor de efeito Hall é um dispositivo semicondutor
que gera uma tensão de saída quando exposto a um campo magnético. É constituído por
um bloco semicondutor percorrido por uma corrente, como mostra a imagem abaixo:
Figura 26 – Efeito Hall
(a) Modelo construtivo (b) Separação das cargas
Fonte: Boylestad (2004)
Ao se aplicar um campo magnético perpendicular à direção da corrente, uma tensão
VH aparecerá entre os terminais do bloco devido a força de Lorentz (força magnética) que
ocasiona a separação das cargas positivas e negativas dentro do bloco, com esta separação
dependente da velocidade dos elétrons e da intensidade do campo magnético. Deste modo,
quanto maior o campo magnético ou a corrente, maior a tensão VH .
O sensor de efeito Hall, portanto, pode ser utilizado para medir a corrente ao se
manter o campo magnético incidente no semicondutor constante ou o campo magnético
ao se manter a corrente que circula no bloco constante.
66 Capítulo 2. Fundamentação Teórica
2.7 Comunicação
O modo de comunicação entre dois ou mais dispositivos para o envio ou recebimento
de dados é um importante fator a ser considerado em um projeto, pois é por meio dele
que o usuário tem acesso local ou remoto ao que está acontecendo no sistema. Além do
mais, a informação pode ser obtida com o uso de fios por meio dos protocolos seriais mais
famosos como o RS-232 e USB, ou sem fios (wireless) como o bluetooth e wi-fi.
A interface de comunicação é responsável por indicar como os dados são enviados e re-
cebidos, podendo ser tanto serial como paralela. Além disso, há a utilização de uma UART
(Universal Asynchronous Receiver Transmitter, Transmissor Receptor Assíncrono Univer-
sal) ou USART (Universal Synchronous Asynchronous Receiver Transmitter, Transmissor
Receptor Assíncrono Síncrono Universal) para a implementação de uma camada física,
algumas funções da camada de enlace de comunicação e conversão serial/paralela. Ambas
são periféricos de um microcontrolador que convertem os dados de entrada e saída em
uma sequência serial de bits.
Uma UART trabalha no modo assíncrono, o que significa que o clock para organização
dos bits é gerado internamente no microcontrolador e sincronizado com o quadro de
bits pela transição do bit de começo (Start). Nenhuma informação do clock é enviada,
portanto, para o receptor identificar os bits deve-se enviar o baud rate (BENINGO, 2015).
Abaixo observa-se como a sequência de bits é construída pela UART e um exemplo de
sua implementação no chip 8250 que era utilizado em computadores:
Figura 27 – UART - Quadro de bits enviado/recebidos
Fonte: Pinheiro (2011)
2.7. Comunicação 67
Figura 28 – UART implementada
Fonte: Pinheiro (2011)
A USART trabalha tanto no modo síncrono como assíncrono (UART). No modo sín-
crono o sinal de clock gerador pelo transmissor é enviado em uma linha separada ou junto
com os dados para o receptor, deste modo não é necessário saber o baud rate e as taxas
de transmissão e recepção se tornam muito mais elevadas que a da UART. Além do mais,
o periférico USART é mais complexo, podendo gerar os dados em diferentes protocolos
ao custo de um gasto maior de energia. Já no modo assíncrono a USART trabalha de
modo semelhante a UART.
Figura 29 – USART - Modo síncrono
Fonte: Pinheiro (2011)
2.7.1 RS-232
RS-232 (EIA RS-232C ou V.24) é um padrão de protocolo serial ponto a ponto (2
nós) de baixa velocidade e para curtas distâncias (< 15 m), criado no final do ano 1950
para interligar um DTE (Data Terminal Equipment, Equipamento de Terminação de
Dados) como computadores e servidores, e um DCE (Data Communication Equipment,
Equipamento de Comunicação de dados) como modens,roteadores e microcontroladores.
Podendo ser utilizado no modo síncrono e assíncrono, entretanto, o mais utilizado e en-
contrado é o modo síncrono.
O padrão RS-232 é estabelecido pela EIA (Electronic Industries Alliance, Aliança
das Indústrias Eletrônicas) que dita as especificações elétricas, interfaces mecânicas e a
descrição funcional.
Os bits são enviados no formato de um sinal elétrico analógico obedecendo os níveis
abaixo:
68 Capítulo 2. Fundamentação Teórica
Figura 30 – RS-232: Especificações elétricas
Fonte: Pinheiro (2011)
A especificação mecânica diz que o conector deve ter 25 pinos (padrão DB-25), en-
tretanto, os equipamentos passaram a utilizar menos pinos e o resultado foi um conector
com apenas 9 pinos (DB-9) como o apresentado abaixo:
Figura 31 – RS-232 DB9: Especificações mecânicas
Fonte: Lages (2016a)
De acordo com Taltech (2016), os pinos RTS e CTS são utilizados para handshaking
informando quando os dados podem ser transferidos, TD para os dados transmitidos, RD
para os dados recebidos, DTR indica que o DTE está pronto, DSR indica que o DSE
está pronto, RI era utilizados por modens antigos e indica se a linha telefônica está sendo
usada, CD também é apenas utilizado pelos modens e mostra quando este se conectou a
um outro modem ou detectou algum tom de portadora.
Pode-se ter os seguintes tipos de cabeamento com o RS-232:
Figura 32 – Cabeamento RS-232
(a) DTE-DCE: Com
handshaking
(b) DTE-DCE: Sem
handshaking
(c) DTE-DTE: Sem
handshaking, null
modem
Fonte: Lages (2016a)
2.7. Comunicação 69
2.7.2 USB
O USB (Universal Serial Bus, Barramento Serial Universal) surgiu para facilitar e
padronizar a conexão de diferentes dispositivos a um computador, por exemplo. Uma vez
que os padrões anteriores exigiam uma diferente interface para cada dispositivo, chegando
até a precisar de uma lógica de programação e conexões elétricas para a instalação de um
novo equipamento. O USB conseguiu mudar isso ao ser do tipo plug-and-play, ou seja, ao
se inserir um novo dispositivo em um terminal ocorria uma auto configuração por conta
dos drivers e o usuário já poderia utilizá-lo. Além disso, o USB permitiu uma ampliação
das portas disponíveis para comunicação, assim, até 127 dispositivos físicos podem ser
ligados a um mesmo terminal.
Segundo Lages (2016b), este protocolo possui baixo overhead, funciona com alimen-
tação de 5 V @100-500 mA dependendo do hub, possui controle de fluxo e variação nas
taxas de dados dos periféricos, fácil remoção dos dispositivos conectados, tratamento dos
erros e recuperação dos dados.
Uma configuração comum em escritórios e residências é a que se vê abaixo, com o uso
de hubs para expandir a rede de comunicação:
Figura 33 – Rede USB com hub
Fonte: Lages (2016b)
O cabo USB conta com 4 fios:
Figura 34 – Cabo USB
Fonte: Lages (2016b)
O clock pode ser recuperado do sinal e utiliza-se a codificação NRZI (0 - Mudança
de estado, 1 - não mudança) para os dados, assim, uma sequência de 0s nos dados,
causa transições a cada bit no NRZI e uma sequência de 1s não modifica o estado atual.
Para assegurar uma correta transição dos dados pelo DPLL (Digital Phase Locked Loop)
70 Capítulo 2. Fundamentação Teórica
utiliza-se bit stuffing, onde é adicionado um 0 a cada seis 1s consecutivos. Na recepção
este bit é descartado pois não constitui dado.
Figura 35 – NRZI com bit stuffing
Fonte: Lages (2016b)
Antes dos bits de dados é enviado um pacote de SYNC responsável pela sincronização
do clock.
Segundo EEHerald (2016), devido a grande variedade de dispositivos deve-se separar
os diferentes tráfegos de dados e a prioridade de cada um. O USB faz isso através de
quatro diferentes tipos de transferência:
Controle: Troca de configurações, inicializações e comandos de informação entre o dis-
positivo e o host.
Isocrônico: Dispositivos com dados via streaming, em tempo real como câmeras, micro-
fone e caixas de som.
Interrupção: Periféricos que trocam pequenas quantidades de dados mas que precisam
de atenção imediata como mouse e teclado.
Bulk: Quando há grandes pacotes de dados com baixa prioridade‘como vindos da im-
pressora, scanner e hd externo, de modo que a banda reservada é a não utilizada
dos outros três modos.
No mercado, a primeira versão USB que surgiu foi a 1.1 podendo trabalhar no modo
Low Speed com 1.5 Mbps ou High Speed com 12 Mbps. Com o passar dos anos surgiram
as versões 2.0 com 480 Mbps e 3.0 com 5 Gbits/s, de modo a serem compatíveis com as
versões antigas.
Os conectores encontrados podem ser visto abaixo:
2.7. Comunicação 71
Figura 36 – Conectores USB
Fonte: http://vidigaljr.blogspot.com.br/2014/07/conectores-e-conexoes-externas.html
2.7.3 Bluetooth
Bluetooth é um protocolo de rádio de curto alcance (10 a 100 m) baseado em saltos de
frequência com o objetivo de complementar ou substituir as redes convencionais cabeadas.
Surgiu em 1994 quando a empresa de dispositivos móveis Ericsson identificou uma certa
dificuldade de comunicação entre celulares, fones de ouvido, impressoras, etc.
A modulação utilizada nos primeiros dispositivos é a AFH (Adaptive Frequency Hop-
ping, Frequência Adaptativa Variável) em que ocorre a mudança constante da frequência
da portadora em até 79 canais/s com taxa de permutação de 1600 vezes/s na banda de
2.4 - 2.4835 Ghz, isto dificulta que dois dispositivos compartilhem o mesmo canal e que
haja interferência de outras redes.
Segundo Teleco (2016), o protocolo conta com 4 níveis de segurança:
Nível de Autenticação: Evita o envio de informações duvidosas.
Modo inseguro: Não há aplicações críticas, apenas dados de baixa importância são
transmitidos.
Modo SLS (Service Level Security): Permissão de acesso dinâmico para acionar apli-
cações com diferentes níveis de segurança em paralelo.
Nível LLS (Link Level Security): Todas as aplicações iniciadas compartilham de um
mesmo nível de segurança, diferente do SLS.
72 Capítulo 2. Fundamentação Teórica
Além disso, quando a comunicação é iniciada utiliza-se criptografia e um PIN (Perso-
nal Identification Number, Número de Identificação Pessoal), que deve ser inserido pelo
usuário que iniciou a transmissão.
No mercado as versões mais comuns encontradas são a 2.0, 3.0 e 4.0.
O Bluetooth 2.0 consome menos energia, tem uma redução nos erros e no tempo para
encontrar um dispositivo, além da velocidade de dados aumentada em relação a versão
1.0, podendo chegar até 3 Mb/s.
Na versão 3.0 o enfoque foi a velocidade que foi aumentada para até 24 Mb/s. Além
disso, manteve-se sua compatibilidade com as versões anteriores e o alcance foi melhorado.
Já na versão 4.0 o enfoque foi a redução do consumo de energia seja quando o dispo-
sitivo está ocioso ou transmitindo. Isto fez com que a taxa de transmissão caísse para 1
Mb/s. Manteve-se a compatibilidade, assim, como nas versões anteriores.
2.8 Microcontrolador e o STM32F100RB
Um microprocessador, conhecido, também, como CPU (Central Processing Unity,
Unidade de Processamento Central) é um circuito integrado que realiza funções de cálculo
e tomada de decisões de um sistema, pode ser comparado ao "cérebro"do sistema. É
composto por uma unidade de controle, unidade lógica e aritmética (ALU, Arithmetic
Logical Unity) e por registradores.
Assim como um cérebro isolado do corpo, um microprocessador sozinho não realiza
ações e não se torna útil, para que haja processamento é necessário uma programação
e dados de entrada, isto só é possível com a adição de memória, dispositivos de entra-
da/saída, clock, controladores e barramentos ao microprocessador. Quando isto ocorre
tem-se um dispositivo completo chamado de microcontrolador.
O diagrama abaixo ilustra um sistema microprocessado:
Figura 37 – Microcontrolador - Arquitetura Von Neumann
Fonte: França (2001)
2.8. Microcontrolador e o STM32F100RB 73
De acordo com França (2001):
Unidade de controle: Controla a ULA e os registrador de modo a sincronizá-los e re-
aliza decisões baseadas em seus resultados.
ALU: Realiza operações lógicas (deslocamento,operações booleanas ) e aritméticas (soma,
multiplicação). Quanto mais rápida essas operações, mais veloz é o microprocessa-
dor/microcontrolador.
Registradores: Funcionam como uma memória temporária que armazenam os dados
que estão sendo ou vão ser utilizados pela ALU, como também os resultados inter-
mediário das operações, por isso um conjunto de registrador é chamado de memória
de rascunho.
Memória Principal: Armazena instruções executadas pela CPU e dados permanentes
que serão utilizados durante todo o programa. A capacidade é muito maior que a
dos registradores.
Clock: O clock é responsável por emitir uma sequência periódica de pulsos que acionam
os circuitos do sistema. Os pulsos definem os ciclos de máquina e tudo o que acontece
na CPU ocorre em um intervalo de tempo múltiplo desses ciclos. Dividi-se, ainda,
este ciclos em subciclos para que as pequenas instruções sejam executadas em ordem
bem definida.
Dispositivos de E/S: Fazem a interface entre o sistema e o mundo exterior, recebem
dados do mundo e enviam ao sistema ou recebem do sistema e enviam ao mundo.
Este é o caso de sensores, ADC, DAC, LCDs, mouses, teclados, etc.
Barramento: É um meio elétrico responsável pela comunicação dos periféricos do sis-
tema. Podendo trafegar sinais de controle e de informação.
Os tipos de microcontroladores mais famosos no mercado são o PIC, AV e Arduíno,
diz-se que já são microcontroladores pois outros periféricos já são adicionados ao chip
do microprocessador como por exemplo uma memória, em contraponto ao ARM que é
o mais famoso microprocessador. Cada tipo tem seu próprio consumo de energia, ló-
gica de programação e arquitetura Harvard (RISC), Von Neumann (CISC) ou Harvard
Modificada.
No caso do microprocessador ARM (Advanced RISC Machine), há o uso de um ar-
quitetura Harvard e de 32 bits e é utilizado por conta de seu baixo consumo, baixa libe-
ração de calor e alta velocidade, fatores indispensáveis para dispositivos portáteis como
smartphones, calculadoras, tablets e microcontroladores.
74 Capítulo 2. Fundamentação Teórica
A família ARM Cortex-M3 oferece baixo consumo, baixa latência para interrupções
e um perfil de arquitetura ARMv7-M, isto o faz ser utilizado nos microcontroladores e
sistemas de controle automotivos e industriais (ARM, 2010).
O STM32F100RBT6B ou STMVLDiscovery é um microcontrolador da STMicroelec-
tronics que tem como principais características, utilizar um ARM Cortex-M3, operar
numa frequência de clock de 24 MHz, possuir memória Flash de 128 KB, SRAM de 8 KB,
1 ADC com 16 canais multiplexados de 12 bits com uma taxa máxima de amostragem de
854.70 kHz (1.17 µs), 2 DAC de 12 bits, USART, tensão de alimentação de 5 V ou 3.3 V
via USB ou por uma fonte externa conectada em seu respectivo pino (5V ou 3V3 e GND),
tensão de saída de 5 V e 3.3 V, um botão de usuário, um botão de reset, possibilidade de
DMA (Direct Memory Access) que permite que periféricos acessem diretamente a memó-
ria do sistema para leitura e escrita e que os dados sejam passados de um tipo de memória
a outro independente do CPU, isto deixa o CPU disponível para outras operações e os
dados são lidos, gravados e transferidos mais rapidamente.
Figura 38 – STM32F100RBT6B
Fonte: STMicroeletronics (2016)
75
3 Desenvolvimento
3.1 Materiais Utilizados
• 1 Transformador 127/220 Vrms : 3+3 Vrms - 1 VA 100 mA
• 1 Sensor de Corrente ACS712 - 30 A
• 1 Módulo Bluetooth HC-05
• 1 Módulo RS-232 to TTL
• 1 Cabo USB to RS-232
• 1 Microcontrolador STM32F100RB
• 1 Display LCD 16x02 HD44780 3.3 V
• 1 Regulador de tensão 5 V - LM7805
• 1 Potenciômetro 10 kΩ
• 4 Diodos de silício 500 mW - 1N4148
• 1 Fonte 100-240 VAC : 9 V 850 mA
• Resistores 1/4 W:
- 2x 220 kΩ
- 2x 1 kΩ
- 1x 2.7 kΩ
- 1x 1.5 kΩ
- 1x 4.7 kΩ
• Capacitores:
- 1x 1 µF 63 V - Eletrolítico
- 1x 10 µF 16 V - Eletrolítico
- 1x 2.2 µF 250 V - Poliéster
• 1 Placa universal/ilhada 10x10 cm
76 Capítulo 3. Desenvolvimento
3.2 Diagrama de blocos do projeto
Todo o desenvolvimento do projeto foi baseado no diagrama abaixo:
Figura 39 – Diagrama de blocos
Fonte: Próprio autor
O sensor de tensão é colocado em paralelo com o equipamento e o sensor de corrente
em série, com ambos projetados para obterem a forma de onda e os valores originais da
rede e converterem estes valores para uma tensão entre 0 - 2.9 V. A tensão, então, é
inserida em um ADC do microcontrolador e a forma de onda da corrente em outro ADC.
O microcontrolador realiza as operações necessárias e envia os resultados para um dis-
play LCD em tempo real que utiliza as portas de entrada/saída, para o módulo Bluetooth
quando solicitado por algum dispositivo pela porta USART e para o conversor RS-232
to TTL que quando conectado com o cabo USB 2.0 to RS-232, realiza a conversão USB
to TTL para comunicação com a porta USART, enviando os mesmos dados da comuni-
cação Bluetooth mais as formas de ondas da corrente e tensão quando solicitado. Além
disso, para os protocolos Bluetooth e USB foi desenvolvida uma interface para aquisição
e exibição dos dados.
A alimentação do microcontrolador foi deixada isolada da dos demais periféricos, sendo
feita por meio do cabo mini USB - USB conectado em um notebook ou fonte de 5 V. Já
para os demais dispositivos utilizou-se uma fonte de roteador de 9 V e um regulador de
tensão de 5 V (LM7805) para estabilizá-la e reduzi-lá.
3.3 Sensor de Tensão
O sensor de tensão foi projetado de modo a manter o formato da onda da rede,
atenuada, entre os níveis de 0 e 2.9 V e fornecer isolação. Para isso, utilizou-se de um
transformador de baixa potência (100mA - 1 VA) com taps de entrada de 127 e 220 VAC
no primário e taps de saída de 3+3 VAC no secundário, entretanto, usou-se apenas o tap
de 220 VAC no primário e 3 VAC no secundário.
3.3. Sensor de Tensão 77
Figura 40 – Transformador utilizado
Fonte: Próprio autor
A tensão do secundário, então, foi atenuada e adicionou-se um offset nesta, através do
circuito abaixo:
Figura 41 – Condicionamento do sinal de tensão
(a) Circuito
(b) Simulação
Fonte: Próprio autor
O primeiro divisor resistivo é responsável pela atenuação que é proporcional ao offset
dado por VCC/2 do segundo divisor resistivo, onde o VCC utilizado foi a tensão fornecida
pelo pino 3V3 do microcontrolador, que apesar de mostrar 3.3 V, obteve-se 2.9 V com
um multímetro e ao montar-se o divisor e verificar o offset que deveria ser cerca de 1.45
V, mediu-se 1.3 V, diferente do esperado, por isso a simulação foi feita com um VCC
de 2.6 V para o offset se igualar ao medido de 1.3 V. Uma possível explicação para essa
diferença pode ser a tolerância dos resistores, que por não serem de valores exatamente
iguais acabam não deixando o divisor resistivo simétrico.
78 Capítulo 3. Desenvolvimento
Primeiramente, para o circuito de offset, definiu-se os valores do capacitor de 2.2 uF
e resistores de 220 kΩ com base no não aparecimento de uma defasagem entre o sinal de
entrada e saída na simulação feita no software ORCAD Capture CIS, uma vez que quanto
maior a capacitância e a resistência melhores foram os resultados. Para isso, fixou-se o
capacitor em 2.2 uF pela escolha de não utilizar um capacitor muito grande já que é do
tipo não polarizado e de poliéster e variou-se os resistores a fim de se encontrar valores
que mantinham a entrada senoidal (Vin2) em fase com a saída (Vout).
Ainda na simulação, após definir o offset de 1.3 V e seus componentes, adicionou-se
uma fonte senoidal em Vin simulando o secundário do transformador com uma amplitude
equivalente a amplitude medida com o auxílio de um osciloscópio no secundário ao se
inserir uma tensão nominal de 240 VAC no primário com um autotransformador. Definiu-
se, então, os resistores com base no formato da onda em Vout, de modo a apresentar uma
tensão um pouco maior que 0 e menor que 2.9 V, para evitar o ceifamento da onda pelo
microcontrolador. As ondas em Vin, Vin2, e Vout podem ser conferidas abaixo para
tensões no primário de 127 VAC, 220 VAC e 240 VAC:
Figura 42 – Sinais no sensor de tensão para diferentes tensões da rede
(a) 127 VAC
(b) 220 VAC
3.3. Sensor de Tensão 79
(c) 240 VAC
Fonte: Próprio autor
Para a desnormalização da tensão retirou-se o offset através do cálculo da média do
sinal e forneceu a este um ganho equivalente ao divisor resistivo e ao transformador, com
este último obtido através da relação da amplitude do primário e secundário para um sinal
da rede com o uso de um osciloscópio com uma ponteira diferencial. Os ganhos obtidos
estão abaixo:
Figura 43 – Ganho do transformador
Fonte: Próprio autor
G1 =(4.7k + 1k)
1k= 5.7 (3.1)
G2 =1842.96
= 62.16 (3.2)
GT otal = 62.16 · 5.7 = 354.31 (3.3)
80 Capítulo 3. Desenvolvimento
Além disso, fez-se a calibração do sensor multiplicando-se este ganho por um fator de
compensação obtido com a ajuda de um osciloscópio para que a amplitude desnormalizada
estivesse de acordo com a da rede.
3.4 Sensor de Corrente
A função do sensor de corrente é manter o formato da onda da rede, atenuada e apenas
com valores positivos entre 0 - 2.9 V, além de fornecer isolação da rede para o circuito.
Para isso, utilizou-se o sensor de efeito Hall linear ACS712-30A da Allegro capaz de medir
corrente AC/DC, que pode ser visto abaixo:
Figura 44 – ACS712-30A
Fonte:
http://www.cnx-software.com/2016/01/23/acs712-module-measures-currents-30a-1-dollar/
O diagrama de pinos e os componentes adicionados externamente ao CI podem ser
visto a seguir:
Figura 45 – ACS712-30A: Diagrama e aplicação
Fonte: http://embedded-lab.com/uploads/datasheets/ACS712-Datasheet.pdf
A lógica utilizada no CI é observada no seguinte diagrama de blocos:
3.4. Sensor de Corrente 81
Figura 46 – ACS712-30A: Lógica
Fonte: http://embedded-lab.com/uploads/datasheets/ACS712-Datasheet.pdf
Segundo Embedded (2012), um caminho de cobre de baixa resistência (baixa perda)
é feito ligando os pinos IP+ e IP- para que quando a corrente percorra este condutor
um campo magnético surja e atue no elemento Hall, que por sua vez irá gerar uma
tensão de saída proporcional a este campo magnético e, portanto, também, proporcional a
corrente que flui na entrada. O condicionamento no chip mostrado acima é responsável por
melhorar e estabilizar esta tensão para que seja utilizada no ADC de um microcontrolador,
por exemplo. Como não há contato elétrico entre o elemento Hall e o caminho percorrido
pela corrente, consegue-se um isolamento da rede pelo CI.
Caso se trabalhe com baixas frequências, como a da rede de 60 Hz, é desejável o uso
de um filtro passa-baixa para redução do ruído, isto pode ser implementado por um filtro
RC. O ACS712 possui um resistor interno RF localizado entre o buffer e o pino 6 (Filtro)
para esta finalidade, de modo que a adição externa de um capacitor monta um filtro com
frequência de corte dependente desta capacitância, sendo de 80 kHz a banda máxima
do circuito sem o filtro que pode ser reduzida. No datasheet recomenda-se utilizar um
capacitor de 1 nF neste filtro sob condições nominais de funcionamento.
Além do mais, este sensor possui característica relaciométrica, ou seja, a tensão de
saída e sua sensibilidade são dependentes da tensão de alimentação, de modo que para
melhor precisão e exatidão mais estável deve ser a alimentação, por isso recomenda-se,
também, adicionar um capacitor de desacoplamento de cerca de 100 nF entre os pinos 5
e 8, VCC e GND, respectivamente.
O ACS712-30A possui sensibilidade de 66 mV/A para VCC = 5 V. O gráfico abaixo do
datasheet ilustra isso ao comparar a tensão de saída com a corrente medida, observando-se
que para I = 0 A, Vout = VCC/2.
82 Capítulo 3. Desenvolvimento
Figura 47 – ACS712-30A: Vout X Imedida
Fonte: http://embedded-lab.com/uploads/datasheets/ACS712-Datasheet.pdf
Como a máxima tensão de saída do sensor é cerca de 4.5 V e a tensão máxima para o
ADC é de 2.9 V, fez-se um divisor resistivo de modo que quando o sensor apresentar 4.5
V a tensão obtida no divisor seja 2.9 V:
Vadc = Vsensor · R2R1 + R2
(3.4)
2.9 = 4.5 · R2R1 + R2
(3.5)
R2 = 1.8125 · R1 (3.6)
Escolheu-se, então, R1 = 1.5 kΩ, o que fez R2 = 2.719 kΩ, assim, usou-se R2 = 2.7
kΩ, com ambos resistores de 1/4 W e tolerância ± 5%.
Figura 48 – Condicionamento do sinal de corrente para o ADC
Fonte: Próprio autor
É importante notar que, assim, como a tensão de saída é atenuada por um fator
R2/(R2+R1) = 0.643, o mesmo ocorre com a sensibilidade que agora possui um valor de
42.43 mV/A.
Para uma corrente AC na entrada o seu valor real foi obtido a partir de Vadc, pri-
meiramente, fazendo-se a média de alguns períodos, isto forneceu o valor de offset da
3.5. Bluetooth 83
onda, equivalente a tensão de saída quando I = 0 A, subtraiu-se, então, este valor da
onda, obtendo-se semiciclos negativos e positivos iguais aos da entrada. Para o ajuste
da amplitude, bastou-se apenas dividir esses valores pela nova sensibilidade sendo esta
de 42.43 mV/A, que é equivalente a um ganho de 23.569. É importante notar que como
há variações na resistência e uma certa oscilação na alimentação, foi-se necessário reali-
zar a compensação desse ganho multiplicando-o por um fator obtido com a ajuda de um
osciloscópio.
Utilizou-se este tipo de sensor pelo seu tamanho, preço, saída linear com offset e boa
sensibilidade, tendo como único incômodo ser do modo invasivo. Uma outra opção seria
utilizar algum sensor magnético ou um sensor com transformador de corrente não invasivo,
com saída linear e uma sensibilidade não muto baixa, isto acaba deixando-os mais caros
que os invasivos.
3.5 Bluetooth
Para a comunicação Bluetooth utilizou-se o módulo HC-05 abaixo:
Figura 49 – Módulo Bluetooth HC-05
Fonte: http://www.martyncurrey.com/category/bluetooth/
Este módulo é usado para converter uma porta serial para Bluetooth e pode ser usado
em 3 modos:
Master (Mestre): O módulo pode se conectar à outros dispositivos.
Slave (Escravo): O módulo apenas recebe a conexão de outros dispositivos.
Loopback: O módulo recebe os dados do Master e envia os mesmo dados. Usado para
testes.
84 Capítulo 3. Desenvolvimento
Como é desejado que ele retorne as variáveis de corrente, tensão, potência ativa e
aparente e o fator de potência apenas quando solicitado pelo usuário, usou-se o modo
Slave.
O módulo usa comunicação UART, sendo o pino RXD utilizado para receber dados
(ligado no TX do microcontrolador) e TXD para enviar dados (ligado no RX do micro-
controlador). Utilizou-se a USART1 (PA9 e PA10) do microcontrolador para isto.
O pino EN é utilizado para entrar no modo de comandos, onde é possível alterar
algumas configurações padrões do módulo ou receber informações dele. Já o pino STATE
é responsável por indicar se o módulo está conectado ou não à algum dispositivo. Como
as configurações internas não precisaram de alteração e não se desejava saber se ele estava
ou não conectado, manteve-se os dois pinos desconectados.
O baudrate utilizado foi de 9600 para compatibilidade com a interface construída e a
alimentação utilizada foi de 5 V. É importante notar que a alimentação pode variar de
3.6 V - 6 V, mas o nível da tensão no RXD e TXD é sempre de 3.3 V, a qual é a mesma
tensão de saída/entrada da USART do microcontrolador STM32F100RB.
3.5.1 Interface
A interface foi desenvolvida para Android utilizando o aplicativo grátis RoboRemo
Free encontrado na Play Store, do seguinte modo:
Para o nome das variáveis (Corrente,Tensão..) utilizou-se caixas de textos estáticas e
para exibir seus valores caixas de textos dinâmicas definidas com uma string de iniciali-
zação, de modo que o aplicativo lê cada string recebida, desde de que seu final seja "\n",
e busca pelo primeiro caractere desta para determinar em qual caixa de texto ela deve ir,
assim, ele retira este primeiro caractere e insere o que está entre ele e o caracter "\n".
O envio do comando é realizado pelo pressionamento do botão virtual ’Atualizar’,
responsável pelo envio de um caractere ("a") para o módulo Bluetooth, o qual retorna
um conjunto de strings com valores do tipo float das variáveis, tendo diferentes caracteres
iniciais (V,I,P,S,fp) e mesmo final (\n).
O próprio aplicativo fornece as opções para se conectar ou desconectar dos aparelhos
disponíveis.
3.6 USB
Para a comunicação USB (tipo UART) utilizou-se o conversor RS232 to TTL e um
cabo USB 2.0 to RS232, como se vê abaixo:
3.6. USB 85
Figura 50 – Comunicação USB 2.0
(a) Conversor RS232 to TTL (b) Cabo USB 2.0 to RS232
Fonte: http://www.seeedstudio.com/depot/RS232-to-TTL-Converter-Module-p-1684.html e
http://www.datapro.net/products/usb-to-rs232-serial-converter.html
Com o pino RXD conectado no RX e TXD no TX da USART3 (PB10 e PB11) do
STM32F100RB.
O conversor conta com o CI MAX3232 que possui uma alimentação recomendada
pelo datasheet de 3.3 ± 0.3 V ou 5 ± 0.5 V. Escolheu-se,então, 3.6 V para alimentação,
adicionando-se dois diodos de silício em série com a tensão de 5 V. O motivo da escolha
desta tensão foi manter os níveis de tensão do RX e TX em cerca de 3.3 V, que é o aceito
pelo STM32F100RB.
O MAX3232 é tipicamente utilizado para este tipo de aplicação, realizar a conversão
RS-232, que trabalha com altos níveis de tensão positiva (3 V até 15 V, bit 0) e negativa
(-3 V até -15 V, bit 1), para TTL serial (Transistor-Transistor Logic) que possui apenas
tensões positivas de baixo nível (3.3 V ou 5 V, bit 1) e nula (0 V, bit 0), como se vê
abaixo:
Figura 51 – Envio de dados com RS-232 e TTL
Fonte: https://www.sparkfun.com/tutorials/215
O que este CI faz, então, é a conversão (regulagem dos níveis) e inversão (bit 1 agora
possui tensão positiva) da tensão para que os bits corretos sejam enviados.
A ligação no CI é a mesma para qualquer alimentação, mudando-se apenas o valor de
alguns capacitores. O esquema abaixo demonstra isto com uma alimentação de 3.3 V:
86 Capítulo 3. Desenvolvimento
Figura 52 – Conexões no MAX3232 e capacitores para VCC = 3.3 V
Fonte: http://forum.arduino.cc/index.php?topic=186625.0
O cabo USB 2.0 to RS-232 é equipado com drivers que indicam como o dispositivo
deve funcionar no barramento e disponibilizam uma porta COM para a comunicação.
Além disso, possui circuitos eletrônicos que ajustam e controlam os pinos USB com os do
tipo RS-232 para que não haja congestionamento, perda de dados e tensões fora de seus
níveis.
3.6.1 Interface
A interface desta comunicação USB foi desenvolvida no software MATLAB R2016A,
necessitando da instalação do pacote MATLAB Runtime que pode ser baixado em:
http://www.mathworks.com/products/compiler/mcr/index.html .
A GUI (General User Interface) permite obter as variáveis de tensão, corrente, potência
ativa, reativa e aparente, fator de potência e as formas de ondas de corrente e tensão,
utilizadas pelo microcontrolador para os cálculos. O usuário possui três opções para
aquisição dos dados:
Atualizar Valores: Atualiza os valores das variáveis no instante em que é pressionado.
(Envio do caracter "v"para USART)
Gráfico: Exibi e atualiza o gráfico da corrente e tensão. (Envio do caracter "T"para
USART)
Atualizar Tudo: Atualiza os valores das variáveis e o gráfico da corrente e tensão ao
mesmo tempo.(Envio do caracter "q"para USART)
3.7. Display LCD 87
Ainda é possível escolher a cor e o tipo de marcador e linha do gráfico usando os coman-
dos do MATLAB, encontrados em http://www.mathworks.com/help/matlab/ref/linespec.html.
3.7 Display LCD
O display utilizado foi o HD44780 16x02 com alimentação de 3.3 V, visto abaixo,
entretanto, a alimentação ficou entre 3.4-3.6 V, pois utilizou-se de dois diodos de silício
de 1/2 W em série com a tensão de 5 V para alimentá-lo.
Figura 53 – Display LCD 16x02 HD44780
Fonte: http://www.buydisplay.com/default/1602-blue-lcd-module-hd44780-16x2-displays-
characters-white-backlight
O display possui 16 pinos, sendo 8 de dados (D0 até D7), 2 de alimentação (VCC -
VSS) e 6 de controle (V0-RS-RW-E-A-K):
VDD (VCC) - VSS (GND): Alimentação e Ground, respectivamente.
V0: Controla o contraste do display de acordo com a resistência adicionada entre ele e o
GND. Para um contraste regulável, adicionou-se um potenciômetro de 10 kΩ neste.
RS (Register Select): Em nível lógico baixo (0): Dados são enviados como comandos.
Nível alto (1): Dados são enviados como caracteres.
RW (Read/Write): Nível alto (1): Leitura. Nível baixo (0): Escrita. Como a única
operação foi a de escrita dos dados, não fazendo a leitura do LCD, conectou-se este
pino ao GND (0).
E (Enable): Inicia a transferência de dados ou comandos para o LCD, sendo de escrita
ou leitura, a partir das transições na borda de descida (1 → 0) ou subida (0 → 1),
respectivamente.
D0:D7: Estes pinos formam o barramento de dados de 8 bits (1 bit para cada pino), é por
meio deles que comandos e caracteres são enviados ao LCD. De modo a trabalharem
paralelamente, entretanto, pode-se utilizar apenas 4 pinos, geralmente D4-D7, o que
corresponde a utilizar o display em 4 bits (nibble), neste modo, deve-se enviar dois
88 Capítulo 3. Desenvolvimento
pacotes de 4 bits para que se tenha sempre os 8 bits. Isto acaba diminuindo um
pouco a velocidade de comunicação, mas permite o descarte de 4 pinos, compactando
o circuito, por isso, foi o modo escolhido.
A (Ânodo) - K (Cátodo): Controlam a luz de fundo do display que é proporcional a
tensão de entrada no pino A. O pino K foi conectado ao GND e para este projeto
escolheu uma resistência de 1 kΩ entre 5 V e o pino A, o que resultou em uma
tensão de X V para a luz de fundo.
No projeto utilizou-o no modo de 4 bits com as seguintes ligações no microcontrolador:
RS → PB0
E → PB1
D4 → PB12
D5 → PB13
D6 → PB14
D7 → PB15
3.8 Programação
A programação foi feita no software Coocox CoIDE 1.7.6 para o microcontrolador
STM32F100RB.
3.8.1 ADC
Para o ADC com DMA, que permite com que os dados sejam passados mais rapi-
damente para a memória para uma leitura mais rápida, utilizou-se como base o código
exemplo disponibilizado pelo próprio Coocox ao se adicionar o pacote ADC, sendo este
o stm32vl_adc_dma elaborado pelo usuário panditjs e o encontrado no site Micromouse
Online com o título Simple ADC use on the STM32. De modo a modificá-los e uni-los
para se trabalhar com dois canais nos pinos PA1 (Channel 1) e PA2 (Channel 2) do
ADC1, com um buffer de tamanho diferente e com os dados no buffer estáticos até que
um comando seja dado para atualizá-los.
De acordo com o manual do microcontrolador, o clock máximo para o ADC é de 12
MHz e o do microcontrolador é de 24 MHz, por isso dividiu-se este por 2 e utilizou-se a
maior taxa de amostragem que é de 1.5 ciclos de clock para uma maior quantidade de
pontos e exatidão dos cálculos. Como o circuito de Sample & Hold leva cerca de 12.5
ciclos o tempo da amostragem final foi de 1.17 µs (854.70 kHz).
3.8. Programação 89
Após a configuração do ADC, a leitura foi feita pelos comandos ADC_DMACmd
(ADC1,ENABLE) e if(DMA_GetFlagStatus(DMA1_FLAG_TC1)), com o pri-
meiro responsável por iniciar aquisição de dados e o segundo para o programa aguardar
o término da aquisição.
Os dados lidos dos ADCs são postos em um buffer circular, ou seja, as posições do
vetor retornado após o término da conversão são intercaladas pelos dados do Channel 1 e
Channel 2 na forma de números inteiros entre 0 e 4095 (ADC de 12 bits), que corresponde
a níveis de tensão de 0 à 2.9 V, respectivamente. Para saber o valor da tensão, realizou-se
apenas a divisão de 2.9/4095 e multiplicou-se pelo valor retornado do ADC.
3.8.2 Bluetooth
O código base usado foi o disponibilizado pelo Coocox ao se adicionar o pacote USART
e foi configurado com baudrate de 9600, 2 bits de parada, sem paridade e controle de
fluxo, e comprimento da palavra de 8 bits. Além disso, definiu-se uma interrupção para
a USART para que o programa retornasse a qualquer momento as variáveis de tensão,
corrente, fator de potência, potência ativa e aparente quando recebe-se a string ’a’.
3.8.3 USB
O mesmo código do Bluetooth foi utilzado para o USB, exceto que o baudrate foi
alterado para 128000 e utilizou-se 1 bit de parada. A interrupção implementada baseou-
se no recebimento das três strings abaixo com os seguintes retornos vistos na interface:
• T: Vetores de corrente e tensão com aproximadamente 4 períodos, responsáveis pelas
formas de ondas.
• v: Tensão, Corrente, Potência Ativa, Reativa e Aparente e Fator de Potência.
• q: Retorna ao mesmo tempo todos os dados das duas strings anteriores.
3.8.4 LCD
O display foi utilizado no modo de 4 bits com o código base utilizado encontrado em
http://mikrocontroller.bplaced.net/wordpress/?page_id=1378 para STM32F4, por isso
modificou o mesmo para trabalhar com o STM32F1, de modo a alterar os pinos e alguns
pacotes.
Programou-se o LCD para trabalhar em conjunto com o botão User (botão azul)
do microcontrolador (PA0) de modo a apresentar dois tipos de telas. O primeiro tipo
é o apresentado por padrão ao ligá-lo exibindo a tensão, corrente e fator de potência.
Pressionando o botão User durante alguns segundos tem-se a atualização do visor para a
90 Capítulo 3. Desenvolvimento
exibição da segunda tela com a potência aparente e ativa e pressionando-o novamente o
visor volta para a primeira tela.
A programação do método acima foi feita estabelecendo-se um intervalo de tempo
para o pressionamento do botão User, ao atingir esse tempo uma variável de controle
responsável pelo envio das strings ao LCD é alterada, alterando-se ela altera-se quais
strings são enviadas.
3.8.5 Principal
O fluxograma abaixo ilustra a programação principal utilizada para os cálculos das
variáveis:
Figura 54 – Fluxograma para cálculo das variáveis
Fonte: Próprio autor
Para um período de 60 Hz decidiu-se por utilizar cerca de 95 pontos ao custo de menos
períodos para os cálculos das variáveis (8 períodos, 760 pontos totais), uma vez que toda
a memória disponível foi utilizada, isto forneceu uma taxa de amostragem de 5.7 kHz.
3.8. Programação 91
É importante notar que essa taxa é diferente da definida para o ADC de 854.70 kHz,
por conta de que uma amostra é a média de outras 8 amostras, de modo que a taxa de
amostragem dessas 8 amostras é a definida para o ADC. Além disso, não haveria motivos
para usar taxas tão altas já que a memória disponível do microcontrolador não seria
suficiente para armazenar períodos para uma boa exatidão dos cálculos, por isso fez-se a
média para reduzir este número de pontos e reduzir o efeito das medições ruins (pontos
fora da curva).
Uma alternativa a falta de memória seria a transmissão em tempo real dos valores do
ADC para um computador via USB, assim, os cálculos só seriam realizados no computador
após um intervalo de tempo definido com base em um número de pontos necessário para
boas medições. Entretanto, isso deixaria o sistema dependente de um computador e não
seria mais autônomo, por isso não foi utilizado.
A programação automaticamente inverte o sinal de tensão caso os polos do transfor-
mador sejam trocados, resultando em um aumento da defasagem de 180o em relação ao
sensor de corrente e uma potência ativa negativa. Isto só pôde ser feito devido a simetria
do sinal AC.
O acionamento e desligamento de um LED verde do próprio microcontrolador permite
o monitoramento do programa, de modo que caso ele não acenda ou apague deve ser feito
o Reset do microcontrolador pelo pressionamento do botão preto.
Inseriu-se, ainda, condições para que quando não haja sinal de tensão ou uma corrente
maior que 0.25 A (corrente mínima para bons cálculos), as variáveis sejam zeradas.
93
4 Resultados
4.1 ADC
Gerou-se três sinais senoidais com amplitudes entre 0 e 2.9 V e frequências de 49.75
Hz, 60.24 Hz e 78.74 Hz no gerador de funções, com visualização no osciloscópio, e inseriu-
se um sinal por vez nos dois pinos utilizados do ADC a fim de se verificar algum atraso
entre eles, o qual poderia interferir na defasagem real entre corrente e tensão por conta da
multiplexação. O resultado é visto abaixo, obtido copiando-se os valores dos dois vetores
dos dois ADCs criados no Coocox com o Debug e plotando-os no MATLAB:
Figura 55 – Teste ADC1: Canal 1 e Canal 2
(a) 50 Hz (b) 60 Hz
(c) 80 Hz
Fonte: Próprio autor
Observou-se que com a sobreposição dos pontos os dois canais estão em fase e vendo
que para 49.75 Hz cada período possui 58 pontos, 60.24 Hz possui 48 pontos e 78 Hz com
37 pontos, obtêm-se as respectivas taxas de amostragem de 2.885 kHz, 2.891 kHz e 2.886
kHz. As taxas não são exatamente iguais devido a pequenas oscilações nas frequências
94 Capítulo 4. Resultados
do gerador de funções no instante em que foi feita a aquisição e a leitura no osciloscópio.
Isto mostra que os ADCs estão corretamente configurados e programados.
4.2 Sensor de tensão
O fato de se utilizar um transformador como sensor e sendo este um elemento indutivo
pode-se ter uma pequena defasagem entre a onda do primário e o secundário. Além disso
a parte do offset possui um capacitor, o que também pode vir a inserir erros na medição.
Para a verificação disto, observou-se em um osciloscópio a forma de onda da rede e a
inserida no ADC do microcontrolador que pode ser vista abaixo para redes de 127 VAC
e caso a de 220 VAC oscile para 240 VAC (erro máximo).
Figura 56 – Defasagem entre tensão da rede e do ADC
(a) 127 VAC: Rede - ADC (b) 127 VAC: Defasagem
(c) 240 VAC
Fonte: Próprio autor
Para 127 VAC obteve-se 140 µs (3o) de atraso e para 240 VAC cerca de 200 µs (4.32o).
4.3 Montagem
A montagem baseou-se na junção dos periféricos com o microcontrolador, de modo
a facilitar a aquisição dos dados, a locomoção do dispositivo, evitar mal contato entre
4.3. Montagem 95
as ligações e permitir que os periféricos e o microcontrolador sejam retirados quando
desejado. Para isto, utilizou-se de uma placa ilhada/universal 10 cm x 10 cm, conectores
de pino macho-fêmea e um cabo paralelo de bitola 2.5 mm2 para o sensor de corrente e
tensão.
Figura 57 – Montagem: cabo e placa
(a) Componentes fixos (b) Adição dos componentes removíveis
(c) Cabo com sensor de corrente e conectores para o sen-
sor de tensão
(d) Montagem completa
Fonte: Próprio autor
96 Capítulo 4. Resultados
4.4 Variáveis obtidas e formatos de ondas
Para a validação dos cálculos da tensão e correte eficaz, potência ativa, reativa e
aparente, fator de potência e dos formatos de ondas, fez-se a comparação destes com
os valores obtidos por um wattímetro (modelo DW-6060, não é True RMS) e por um
osciloscópio através de uma ponteira diferencial na rede e uma comum na saída do sensor
de corrente.
As cargas utilizadas foram capacitivas e resistivas alimentadas em 127 VAC e 220 VAC.
Adicionou-se, também, uma carga indutiva para 127 VAC, uma não linear para verificar o
efeito das harmônicas nos cálculos, outra com potência muito baixa e outra com potência
mais próxima da nominal para observar suas formas de ondas.
É importante lembrar que para obter o valor real da corrente do sensor de corrente foi
necessário retirar o offset e dividir a tensão pela sua sensibilidade de 66 mV/A. Com isso,
o canal utilizado para o sensor de corrente foi configurado para um acoplamento AC para
a retirada do offset, uma exibição direta do valor da corrente e potência ativa e verificação
da defasagem, já que o ajuste vertical não foi suficiente para manter as duas ondas na
mesma origem ao reduzir a escala da amplitude e tempo. Entretanto, o fato de se utilizar
o acoplamento AC no canal da corrente, faz com que um capacitor interno do osciloscópio
seja posto em série com o sinal, o que acaba gerando um pequeno erro de defasagem na
visualização da defasagem real e no cálculo de potências por este.
Além do mais, reduziu-se o ruído no sinal de corrente, proveniente do próprio sen-
sor, para melhor visualização da defasagem e cálculos do osciloscópio ao configurar sua
aquisição para uma média de 16 valores. Um exemplo de como essa média melhorou a
visualização do sinal sem defasá-lo pode ser conferido abaixo:
Figura 58 – Aquisição dos dados pelo osciloscópio
(a) Por amostra (b) Média de 16 amostras
Fonte: Próprio autor
4.4. Variáveis obtidas e formatos de ondas 97
4.4.1 Lâmpada Halógena 70 W (127 VAC)
Figura 59 – Osciloscópio
(a) Amplitude da corrente (b) Defasagem entre corrente e tensão
(c) Tensão, corrente e potência
Fonte: Próprio autor
Figura 60 – STM32F100RB
Fonte: Próprio autor
98 Capítulo 4. Resultados
Tabela 4 – Lâmpada Halógena 70 W (127 VAC) - Comparação
Variáveis Osciloscópio STM32F100RB Wattímetro
Vmin : Vmax [V] -178 : 182 -181.9 : 179.9
Vrms [V] 129 129.25 125.2
Imin : Imax [A] -0.788 : 0.788 -0.7744 : 0.797
Irms [A] 0.562 0.566 0.55
S [VA] 72.50 73.10 68.86
P [W] 70.30 72.50 69
Q [VAR] 17.70 9.45
Defasagem [s] - [o] 260 us - 5.62 o 175.44 us - 3.79 o
FP (P/S) 0.97 0.992Fonte: Próprio autor
O fato da resolução da potência exibida pelo wattímetro ser de 1 W e o da corrente
de 0.01 A, não tornou possível o cálculo das outras variáveis devido ao arredondamento
da potência ativa para um valor superior a potência aparente, por serem valores muito
próximos.
4.4.2 Capacitor 6.8 µF (127 VAC)
Figura 61 – Osciloscópio
(a) Amplitude da corrente (b) Defasagem entre corrente e tensão
4.4. Variáveis obtidas e formatos de ondas 99
(c) Tensão, corrente e potência
Fonte: Próprio autor
Figura 62 – STM32F100RB
Fonte: Próprio autor
Tabela 5 – Capacitor 6.8 µF (127 VAC) - Comparação
Variáveis Osciloscópio STM32F100RB Wattímetro
Vmin : Vmax [V] -180 : 184 -182.1 : 182.1
Vrms [V] 130 128.9 126.4
Imin : Imax [A] -0.515 : 0.515 -0.525 : 0.463
Irms [A] 0.336 0.349 0.32
S [VA] 43.68 45.03 40.45
P [W] 6.06 0.837 0
Q [VAR] 43.25 45.02 40.45
Defasagem [s] - [o] 4.3 ms - 92.88o 4.78 ms - 103.4o
FP (P/S) 0.138 0.0186 0Fonte: Próprio autor
100 Capítulo 4. Resultados
Analisando-se o sinal do osciloscópio, o ruído está localizado no sinal de corrente
quando este é positivo e o sinal de tensão negativo, e quando o sinal de corrente é positivo
o de tensão é negativo, ao se realizar a multiplicação destes para a obtenção da potência,
acaba-se tendo um ruído na parte negativa, responsável por não deixar a onda simétrica,
como é observado.
4.4.3 Ventilador 80 W (127 VAC)
Figura 63 – Osciloscópio
(a) Amplitude da corrente (b) Defasagem entre corrente e tensão
(c) Tensão, corrente e potência
Fonte: Próprio autor
4.4. Variáveis obtidas e formatos de ondas 101
Figura 64 – STM32F100RB
Fonte: Próprio autor
Tabela 6 – Ventilador 80 W (127 VAC) - Comparação
Variáveis Osciloscópio STM32F100RB Wattímetro
Vmin : Vmax [V] -180 : 182 -178 : 186
Vrms [V] 129 128.54 125.4
Imin : Imax [A] -0.970 : 0.970 -0.982 : 1.04
Irms [A] 0.682 0.693 0.66
S [VA] 87.98 89.13 82.76
P [W] 83.50 80.59 79
Q [VAR] 27.68 38.08 24.66
Defasagem [s] - [o] 720 us - 15.55o 1.23 ms - 26.57o
FP (P/S) 0.949 0.904 0.954Fonte: Próprio autor
4.4.4 Lâmpada incandescente 150 W (220 VAC)
Figura 65 – Osciloscópio
(a) Amplitude da corrente (b) Defasagem entre corrente e tensão
102 Capítulo 4. Resultados
(c) Tensão, corrente e potência
Fonte: Próprio autor
Figura 66 – STM32F100RB
Fonte: Próprio autor
Tabela 7 – Lâmpada incandescente 150 W (220 VAC) - Comparação
Variáveis Osciloscópio STM32F100RB Wattímetro
Vmin : Vmax [V] -316 : 320 -314.5 : 316.9
Vrms [V] 221 220.72 217
Imin : Imax [A] -1 : 1 -0.96 : 0.995
Irms [A] 0.689 0.694 0.68
S [VA] 152.27 153.23 147.56
P [W] 147.73 151.75 149
Q [VAR] 36.90 21.20
Defasagem [s] - [o] 300 us - 6.48 o 175.44 us - 3.79 o
FP (P/S) 0.97 0.99Fonte: Próprio autor
4.4. Variáveis obtidas e formatos de ondas 103
4.4.5 Capacitor 4.4 µF (220 VAC)
Figura 67 – Osciloscópio
(a) Amplitude da corrente (b) Defasagem entre corrente e tensão
(c) Tensão, corrente e potência
Fonte: Próprio autor
Figura 68 – STM32F100RB
Fonte: Próprio autor
104 Capítulo 4. Resultados
Tabela 8 – Capacitor 4.4 µF (220 VAC) - Comparação
Variáveis Osciloscópio STM32F100RB Wattímetro
Vmin : Vmax [V] -320 : 324 -323.6 : 307.8
Vrms [V] 224 219.96 220
Imin : Imax [A] -0.472 : 0.472 -0.506 : 0.460
Irms [A] 0.327 0.330 0.38
S [VA] 73.31 72.56 83.6
P [W] 5.57 7.96 0
Q [VAR] 73.10 72.12 83.6
Defasagem [s] - [o] 4.5 ms - 97.20o 4.38 ms - 94.74o
FP (P/S) 0.076 0.11 0Fonte: Próprio autor
4.4.6 Lâmpada fluorescente 25 W (127 VAC)
Figura 69 – Osciloscópio
(a) Amplitude da corrente (b) Defasagem entre os picos de corrente e
tensão
(c) Tensão, corrente e potência
Fonte: Próprio autor
4.4. Variáveis obtidas e formatos de ondas 105
Figura 70 – STM32F100RB
Fonte: Próprio autor
Tabela 9 – Lâmpada fluorescente 25 W (127 VAC) - Comparação
Variáveis Osciloscópio STM32F100RB Wattímetro
Vmin : Vmax [V] -180 : 184 -186 : 179.8
Vrms [V] 130 129.67 128
Imin : Imax [A] -1.18 : 1.18 -0.747 : 0.792
Irms [A] 0.327 0.293 0.15
S [VA] 42.51 38.05 19.2
P [W] 21.51 24.92 24
Q [VAR] 36.67 28.75
Defasagem dos picos [s] - [o] 2.1 ms - 45.36o 1.6 ms - 34.47o
FP (P/S) 0.506 0.655Fonte: Próprio autor
O fato de não se considerar as harmônicas de uma carga não linear nos cálculos fez com
que a amplitude da corrente e o fator de potência apresentassem diferenças consideráveis,
mesmo com a potência ativa ficando próxima da esperada. Uma vez que estas harmônicas
acabaram gerando picos de corrente semelhantes a deltas de Dirac (grande variação da
amplitude em um pequeno intervalo de tempo) e o método de aquisição não possui uma
taxa de amostragem muito alta e utiliza-se da média de algumas amostras, o microcon-
trolador passou a não acompanhar variações muito bruscas do sinal, deixando-o com uma
menor amplitude e uma variação mais lenta. Este efeito é mais nítido, comparando-se o
sinal do ruído no osciloscópio com o obtido, notando-se neste menor oscilação.
É possível observar que a tensão é praticamente uma senoide, mostrando que a harmô-
nica fundamental (60 Hz) é a única presente. Com isso, pode-se utilizar a Equação 2.70,
106 Capítulo 4. Resultados
onde é necessário a decomposição das harmônicas até a ordem 25 apenas do sinal de
corrente para o cálculo do fator de potência.
Para a demonstração dessas harmônicas presentes no sinal de corrente fez-se seu FFT
(Fast Fourier Transform, Transformada Rápida de Fourier) pelo osciloscópio, e obteve-se
o seguinte espectro do sinal:
Figura 71 – Osciloscópio: FFT do sinal da corrente
(a) Harmônica fundamental e 3a
Harmônica
(b) 5a e 7a Harmônica
Fonte: Próprio autor
Verificou-se que o sinal é constituído praticamente por várias harmônicas ímpares
dado a baixa amplitude das pares e que quanto maior sua ordem menor sua amplitude,
conforme o esperado para esses tipos de lâmpadas devido ao seu reator e retificador.
4.4.7 Barbeador Elétrico 5.4 W (127 VAC)
Figura 72 – STM32F100RB
Fonte: Próprio autor
Para cargas com corrente abaixo de 0.25 A, a forma de onda da corrente não pôde ser
obtida devido a sensibilidade do sensor de corrente, impossibilitando os cálculos.
4.4. Variáveis obtidas e formatos de ondas 107
4.4.8 Ferro de passar roupa 1500 W (127 VAC)
Figura 73 – Osciloscópio
(a) Amplitude da corrente (b) Defasagem entre corrente e tensão
(c) Tensão, corrente e potência
Fonte: Próprio autor
Figura 74 – STM32F100RB
Fonte: Próprio autor
108 Capítulo 4. Resultados
Tabela 10 – Ferro de passar roupa 1500 W (127 VAC) - Comparação
Variáveis Osciloscópio STM32F100RB Wattímetro
Vmin : Vmax [V] -172 : 172 -176.2 : 177.4
Vrms [V] 124 126.29
Imin : Imax [A] -15.15 : 15.46 15.6 : -15.6
Irms [A] 11.21 11.13
S [VA] 1390.04 1406.06
P [W] 1380.30 1405.02
Q [VAR] 164.24 54.48
Defasagem dos picos [s] - [o] 0 s - 0o 0 s - 0o
FP (P/S) 0.993 0.999Fonte: Próprio autor
O wattímetro não foi utilizado devido a corrente ser superior a tolerada de 10 A.
Sendo o ferro de passar uma carga resistiva o que fornece um fator de potência unitário,
as ondas encontradas estão de acordo com a teoria. Além do mais, maior parte dos valores
obtidos mostraram-se válidos devido sua semelhança com o osciloscópio, com a potência
ativa possuindo um erro de menos de 2%.
4.4.9 Análises complementares
A baixa defasagem encontrada para as lâmpadas incandescentes pelo osciloscópio, com
a corrente estando adiantada em relação a tensão, é característica de cargas capacitivas que
no caso pode estar relacionada ao capacitor do acoplamento AC. Já para o STM32F100RB
o erro pode vir do sensor de tensão e do ruído do sensor de corrente.
Ainda em relação as lâmpadas, foi possível observar que pela medição pelo wattímetro
ambas apresentaram uma potência aparente menor que a potência ativa devido a falta de
exatidão no método de exibição.
Para o caso do capacitor de 6.8 µF (127 V), a defasagem medida pelo osciloscópio foi
um pouco maior que 90o devido ao cursor estar levemente atrasado em relação ao ponto de
0 V e à degradação do sinal de corrente que dificulta o encontro do ponto de exatamente
0 A. Já para o STM32F100RB o erro foi maior por conta da baixa taxa de amostragem
que deforma mais o sinal quando este apresenta ruído e oscilações em um curto intervalo
de tempo, já que isto dificulta o encontro dos pontos de referência com exatidão.
Sendo o ventilador uma carga indutiva, esperava-se um atraso da corrente e isto foi
corretamente observado tanto no osciloscópio como no STM32F100RB com ambos apre-
sentando formas de ondas e resultados bem parecidos, diferenciando-se pelos motivos
descritos nas Seções 4.2 e 4.4.
4.4. Variáveis obtidas e formatos de ondas 109
Para a carga capacitiva de 4.4 µF na rede de 220 VAC, não soube-se explicar o motivo
da defasagem obtida pelo osciloscópio ter sido de 97o, pois ao inseri-lá na rede de 127 VAC
obteve-se 90.72o, que está dentro do esperado. Além disso, trocou-se este capacitor de
poliéster por um de polipropileno de 6.5 µF , repetiu-se a medição e obteve-se os mesmos
4.5 ms de atraso (97o) para a rede 220 VAC, e após inseri-lo na rede de 127 VAC, a
defasagem voltou a ficar próxima de 90o, evidenciando que o problema só ocorre em 220
VAC.
Outro fato não explicado é o motivo da forma de onda no capacitor ter se deformado
mais do que a das outras cargas, mesmo com os níveis de corrente semelhantes, o que
descarta a baixa sensibilidade do sensor de corrente. Isto acabou tendo grande impacto
no sinal obtido pelo STM32F100RB, pois a onda ficou ainda mais deteriorada dado a
baixa taxa de amostragem.
Figura 75 – Capacitor
(a) 4.4 uF (127 VAC) - Tensão e corrente (b) 4.4 uF (127 VAC) - Defasagem
(c) 6.5 uF (220 VAC) - Tensão e corrente (d) 6.5 uF (220 VAC) - Defasagem
Fonte: Próprio autor
111
5 Discussões e Conclusões
O desenvolvimento deste trabalho permitiu a medida com uma margem de erro aceitá-
vel das potências, da corrente, da tensão e do fator de potência de equipamentos lineares e
de baixa potência, como se observou na comparação dos resultados com os dados obtidos
de um osciloscópio e de um wattímetro, sendo menores os erros em relação ao oscilos-
cópio devido este ser utilizado como base da calibração. É importante ressaltar que o
osciloscópio, o STM32F100RB e o wattímetro são três equipamentos distintos, com um
processamento de dados, circuitos para os sensores, métodos e taxas de amostragens dife-
rentes, o que influencia nos seus resultados. Particularmente este efeito foi mais percebido
no wattímetro que apresentou um valor de corrente e tensão eficaz não plausível com sua
potência ativa, devido ao próprio método de arredondamento utilizado.
Uma taxa de amostragem maior por período mostrou-se necessária para tornar o
sistema mais exato e fiel, principalmente quando o sinal apresenta ruido ou variações
bruscas. O número de períodos utilizados não foi reduzido para aumentar a taxa por
período devido ao cálculo do offset ser baseado justamente na média desses períodos,
quanto mais períodos, melhor foi o cálculo do offset, e se fossem utilizados poucos períodos
este cálculo iria apresentar maiores variações e poderia deixar a onda mais simétrica do
que ela realmente é. Além do mais, optou-se pelo seu cálculo a cada 8 ciclos e não
a inserção de um valor fixo na programação devido a pequenas oscilações encontradas
dependentes da rede, relacionadas ao erro das fontes utilizadas.
O fato do projeto ter sido feito para cargas de baixa potência de até 15 A, 1900 VA para
127 VAC e 3300 VA para 220 V, e lineares, o torna mais apto a ser utilizado em residências
e em equipamentos que apresentem tensão e corrente mais próxima da senoidal, podendo-
se conferir seus formatos na interface USB para validação dos resultados apresentados.
Além do mais, dado a baixa sensibilidade do sensor de corrente a medição apenas se
tornou válida para correntes acima de 0.25 A, o que equivale a uma potência de 30 VA
para 127 VAC e 55 VA para 220 VAC. Abaixo desses valores houve uma alta interferência
do ruído no sinal proveniente do próprio sensor de corrente e da sua alimentação, o que
acabou impossibilitando os cálculos. Assim, quanto maior a corrente, melhores foram os
cálculos e formas de ondas obtidos com o STM32F100RB, já que os erros provenientes do
sensor de tensão e sensor de corrente foram reduzidos. Adicionalmente houve, também,
uma redução do erro do acoplamento AC do osciloscópio.
A interface Bluetooth foi desenvolvida para Android de modo a ser auto explicativa e
de fácil utilização para qualquer usuário, além disso caso este não possua Android basta
instalar algum aplicativo terminal Bluetooth, conectar-se ao HC05 com a senha padrão
1234 e enviar a string ’a’, que o microcontrolador irá retornar as mesmas variáveis. A
interface USB, também, é de fácil compreensão e uso, com as portas COMs automati-
112 Capítulo 5. Discussões e Conclusões
camente detectadas e pode ser utilizada em qualquer computador, desde de que tenha
instalado o pacote MATLAB Runtime 9.0.1 (R2016a) e configurado a COM para um
Baud Rate de 128000.
Em relação ao custo do projeto, tem-se o microcontrolador como componente mais
caro, sendo encontrado por U$ 17.00. Já os periféricos como o ACS712-30A, transforma-
dor, HC05, conversor RS232 to TTL e o cabo USB to RS232, custaram menos de U$ 5.00
cada.
5.1 Trabalhos Futuros
Para trabalho futuros considera-se os seguintes pontos a melhorar ou implementar
neste projeto:
• Substituir o transformador por algum outro sensor de tensão linear AC mais exato
e compacto.
• Reduzir o número de cabos (fonte, alimentação USB do microcontrolador) do cir-
cuito.
• Desenvolver um segundo aparelho com um sensor de corrente mais sensível para
permitir a medição da potência de aparelhos em stand by.
• Torná-lo apto a medir cargas não lineares, de modo a considerar o efeito das harmô-
nicas nos cálculos ao se decompor o sinal e encontrar as amplitudes destas outras
ondas que o formam.
• Utilizar um microcontrolador com uma frequência de trabalho e memória superiores
para um aumento da taxa de amostragem, de modo a melhorar a precisão e exatidão
dos cálculos.
• Implementar os cálculos necessários para que o dispositivo se torne um medidor
de energia, com um design pequeno, compacto e semelhante ao de um adaptador
de tomada macho-fêmea, para que fique fixo na tomada e de fácil conexão para
aparelhos elétricos.
113
Referências
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117
A Apêndice
A.1 Pinagem utilizada
HC05 Pino/Tensão/FunçãoRS232 to
USBPino/Tensão/Função
EN - VCC (3.3-5V) D11-D1-5V 3.3 - 3.6 V
VCC(3.6-6V) 5 V RXD (3.3-5V) PB11 (RX) USART3
GND GND TXD (3.3-5V) PB10 (TX) MAX 5 V
TXD(3.3 V) PA10(RX) USART1 GND GND
RXD(3.3 V) PA9(TX) MAX 5 V
STATE -
Sensor de
TensãoPino/Tensão/Função
Sensor de
CorrentePino/Tensão/Função
V1 (0-2.9 V) PA1 ADC1_IN1 VCC(4.7-5.2V) 5 V
GND GND VO (0-2.9V) PA2 ADC1_IN2
GND GND
LCD Pino/Tensão/Função
VSS GND
VDD D1-D1-5V 3.3 - 3.6 V
V0 Potenciômetro
RS PB0 I/O
RW GND
E PB1 I/O
D0-D1-D2-D3 -
D4 PB12
D5 PB13 I/O
D6 PB14 MAX 5 V
D7 PB15
A 1 kΩ - 5 V
K GNDFonte: Próprio autor
1 Diodo de silício com VD∼= 0.7 V.