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Protocolos de desparasitação em bovinos até aos seis meses

Mário SilveiraMedico Veterinário

UNICOL

Secção Assistência Veterinária

Desparasitação em bovinos jovens

Tipos de Parasitas

Situação na Ilha Terceira

Protocolos de maneio e desparasitação


Tipos de Parasitas


Protozoários

Endoparasitas Nemátodes

(internos) Cestodes

Ectoparasitas Ácaros

(externos) Piolhos


Endoparasitas(internos)


Protozoários Microscópicos

Transmissão feco-oral

Problema crescente

Sensibilização dos produtores


Protozoários mais importantes:

Coccidias (Eimeria spp.)

Cryptosporidium (C. parvum)

Giardia (G. duodenalis)


Coccidias

Eimeria bovis e Eimeria zuernii

Forma infestante

Ooquistos esporulados

• Muito resistentes no meio ambiente e aos

desinfectantes

• Ciclo 18 a 21 dias (3 a 4 semanas)

• Diarreia com laivos de sangue

• Anorexia, emaciação e desidratação


1 ooquisto ingerido

Coccidias-Ciclo de vida:

24 milhões excretados!Humidade (>60%),

Oxigénio (até 10%),

Temperatura (20-25ºC)

18 a 21 dias


Cryptosporideum parvum

• Zoonose!

• Ooquistos recém excretados são infectantes!

• Ciclo de 2 a 7 dias!

• Diarreia típica de cor amarela

• Perda de peso, anorexia e depressão

• Ooquistos resistentes no ambiente

• Auto limitante animais imunocompetentes

ganham imunidade em 1 a 12 dias (colostro!!)


Giardia duodenalis

Forma infestante é o quisto

Quistos excretados são infectantes(=Cryptosporideum)

Excreções muitos longas (100 dias ou mais)

Infecções subclínicas ( alteração mucosa intestinal)

Má absorção nutrientes

Sensível aos benzimidazóis (fenbendazol e albendazol)

Aparentemente com menos importância (mais estudos)


Nemátodes Vermes redondos (lombrigas):

Ostertagia ortertagi Haemonchus placei Abomaso Trichostrongylus axei

Cooperia sp Nematodirus sp. Intestino Delgado Neoascaris vitulorum

Dictyocaulus viviparus Pulmão

Desparasitação em bovinos jovensVermes redondos (lombrigas): Transmissão feco-oral

Ovos ou larvas eliminados nas fezes (bosteira)

Ovos ou larvas evoluem para a forma infestante

(larva L3)

Chuva arrasta as larvas das bosteiras

Animais ingerem as larvas nas ervas molhadas

(temperaturas moderadas)

Geotropismo negativo e foto e higrotropismo positivo


2 a 12 semanas

Hipobiose

Dormência durante condições

adversas (Vermes gástricos)

16 a 21 dias

Humidade e temperatura

Vermes Gastrointestinais



Diarreia

Perda de peso

(Ostertagia) diarreia grave esverdeada e

anorexia – sem febre!


Anorexia porquê ? (Ostertagia!)

lesão mucosa

sensibilização recetores nervosos

peristaltismo

passagem de alimentos acelerada

perda de fluídos, eletrólitos e nutrientes

dor abdominal

gastrina (saciedade)


Desparasitação em bovinos jovensVermes Pulmonares

22 a 25 dias

Larvas L1

Animais eliminam Larvas L1

Vermes Pulmonares

Animais jovens: Tosse Bronquite (Forma aguda e crónica) Dispneia Enfizema Cianose Morte em infestações graves Animais adultos: Tosse (Forma crónica) Letargia

Dispneia



Cestodes (ténias)

Moniezia benedeni Hospedeiros intermediários: ácaros oribatídeos (no

ambiente-forragens em geral)

Pouco patogénico (exceção - grandes infestações)

Em estabulação não é um problema

Afeta os animais jovens sobretudo


Moniezia benedeni40dias

Exemplo de parasitas adultos (ovelhas)


Ectoparasitas(externos)


Ácaros

• Chorioptes bovis

• Psororoptes ovis

• Sarcoptes scabiei

Microscópicos

Alimentam-se de células epidérmicas (Chorioptes e

Psororoptes) ou escavam túneis na epiderme (Sarcoptes)

provocando lesões da pele, alopécia, prurido.

Estas lesões em jovens passam despercebidas, podendo

originar lesões crónicas quando adultos.


Piolhos

Mordedores: Bovicula bovis

(alimentam-se de pele)

Sugadores: Linognathus vituli

Haematopinus eurysternus

(alimentam-se de sangue)

Causam irritação, perda de peso e anemia

(sugadores)


Situação na Ilha Terceira


Fonte: Laboratório Regional Veterinária

Resultados das amostras de fezes de bovino no ano de 2011


Fonte: Laboratório Regional Veterinária

Resultados das amostras de fezes de bovino no ano de 2012 (até 29-2-2012)


Protocolos de maneio e

desparasitação


Maneio

Vitelos(as)

Amamentação na vaca:

• Contaminação direta: pele do teto e úbere

(Coccídias e Cryptosporidium)

• Contaminação via lactogénica: colostro e leite

(Neoascaris vitulorum)

• Quantidade de colostro ingerido ??

(muito importante nos protozoários!!)


Maneio

Vitelos(as)

- Separar da mãe à nascença

(garantir correta administração colostro)

- Cubículos individuais ou iglos

- Agrupar por idade (3 meses)

(contágio dos mais velhos aos mais novos)

- Quarentena aos animais adquiridos

(desparasitar e aguardar 2 semanas)


Maneio Regime de estábulo:

Protozoários mais difíceis de controlar

(grande nº de ooquistos nas instalações)

desinfeção e vazio sanitário

Nematodes e céstodes com controlo mais fácil

(os ciclos de vida dependem da pastagem ou

hospedeiros intermediários)


Maneio Regime de estábulo:

• Necessidade de remover camas uma vez por mês

(serradura melhor que palha)

ciclo de vida dos insectos

(moscas e piolhos)

• Drenagem apropriada

Desparasitação em bovinos jovens Maneio

Pastagem

- Rotação de pastagens (alternar culturas)

- Evitar excesso de população e sobrepastoreio

(maior ingestão de larvas)

- Alimentar animais com pastagens de qualidade

(rotação de 30 dias, complemento de silagem e

suplementos minerais)

Dietas ricas em proteína, vitaminas e minerais

promovem melhor imunidade e resistência aos parasitas


Maneio

Pastagem

- Evitar mudanças bruscas na alimentação

(disbiose)

- Drenagem apropriada (valas de drenagem)

- Evitar as mudas com a erva molhada

(orvalho matinal)

- Limpar as pastagens no verão ( o corta

mato destrói as bosteiras diminuindo

a sobrevivência das larvas)

Desparasitação em bovinos jovens Desparasitação

Princípios ativos antihelmínticos (vermes redondos e

ténias)

Avermectinas Eficazes nos parasitas

Benzimidazóis adultos e formas larvares

Avermectinas activas nos piolhos

(com ação até 3 semanas)

Benzimidazóis activos nas ténias

Imidatiazóis Eficazes nos parasitas adultos


Desparasitação

Princípios ativos coccidicidas

• Toltrazuril

Princípios ativos insecticidas

• Piretróides Nos piolhos mordedores

• Organofosforados podem ser a melhor arma


Desparasitação

Princípios ativos quanto à via de administração

• Oral benzimidazóis, avermectinas, imidatiazóis e

toltrazuril

• Injectável avermectinas e imidatiazóis

• Pour-on (tópico) avermectinas

• Pulverização piretróides e organofosforados


Endoparasiticidas

Fonte: Controlo parasitário em bovinos leiteiros - Agripoint


Desparasitação

Terapêutica Sinais clínicos de parasitose

Contagens altas de ovos

(300 a 600 opg nos nemátodes)

Preventiva 3 ou mais tratamentos

a intervalos de 6 semanas


Desparasitação

Supressiva Doses múltiplas Origina

a intervalos curtos (3 semanas) resistências!

Estratégica Quando os tratamentos

têm mais impacto nas larvas

na pastagem


Protocolos em vitelos 1º mês

Toltrazuril primeira semana (coccídias)

Endoparasiticida a partir das 2 semanas

repetir 3 a 4 semanas depois (se na pastagem)

(vacas leiteiras - desparasitar no periparto)


Protocolos em vitelos 2 a 3 meses

Desparasitar:

Desmame

Antes de ir para a pastagem

Junção de vitelos de origens diferentes


Protocolos em vitelos

Vitelos jovens (pós desmame)

Desparasitações estratégicas (zonas altas)

Ostertagia ostertagi e Trichostrongylus axei

Temp < 20 ºC / Precip > 50mm

Fim do Verão Agosto (Ostertagia em hipobiose)

Outono Outubro/Novembro (desmame)

Inverno Fevereiro (evitar que os parasitas se

reproduzam – manter níveis baixos de larvas na pastagem)



Vitelos jovens (pós desmame)

Desparasitações estratégicas (zonas baixas )

Haemonchus e Bunostomum

Temp > 15 ºC / Precip > 50mm

Primavera Abril a Maio

Outono Setembro a Dezembro



Vitelos mamões – enquanto estão com a

mãe não se desparasitam, excepto se houver

sinais clínicos (tosse, anorexia, perda de peso)

(Desparasitação terapêutica)


Considerações finais

Nunca subdosear antiparasitários!!

Evitar rotação e/ou associação de antiparasitários

Chuva frequente mais parasitismo!

Tentar desparasitar antes de haver ovos ou larvas

(início da primavera)



20 a 30% dos animais têm 80% parasitas!

Bovinos desenvolvem imunidade

20/24 meses



Grandes infestações por larvas provocam doença

Pequenas infestações promovem imunidade!!

Manter pastagem com nº larvas baixo



Pastagens melhores recém semeadas

Pastagens boas pastoreadas por gado adulto

(>18meses)

Pastagens de alto risco pastoreadas sempre por

animais jovens (<1 ano). Alta concentração de larvas!



Combate biológico

Administração oral do fungo nematófago

Dudingtonia flagrans

(controla as larvas na pastagem)

Realizar testes de redução de contagem de ovos

fecais (TRCOF) (Colher fezes para contagem 10 a 14 dias

depois do tratamento para verificar diminuição da excreção de

ovos/larvas)

Avalia eficácia da desparasitação

Desparasitação em bovinos jovens Agradecimentos

Associação Agrícola da Ilha Terceira

Direção Regional do Desenvolvimento Agrário

Laboratório Regional de Veterinária

Dra. Isilda Flor (Lab. Reg. Veterinária)

Dra. Deolinda Silva (Pfizer)

Dr. Manuel Dargent Figueiredo (Bayer)

Dr. Pedro David (MSD-Saúde Animal)

Pedro Garcia

Secção de Assistência Veterinária da Unicol


Bibliografia - Anthelmintic Resistance and Alternative Control Methods - Thomas M. Craig, DVM, PhD

Vet Clin Food Anim 22 (2006) 567–581

- Cattle worm control – the basics - Stephen Love, Dr Gareth Hutchinson NSW DPI, June 2007

- Endoparasite Control - Lora Rickard Ballweber, MS, DVM Vet Clin Food Anim 22 (2006) 451–461

- Parasite Control in Calves and Growing Heifers - Bert E. Stromberg, PhDa,*, Roger D. Moon, PhDb


- Parasitoses gastrintestinais em bovinos na ilha de S. Miguel, Açores – Inquéritos de

exploração, resultados laboratoriais e métodos de controlo - Tiago Costa Viveiros

- Planned worm control for the beef herd – Thecnical note, ISSN 0142 7695 ISBN 1 85482 826 6

October 2005

- Ruminant Coccidiosis - William R. Jolley, MSc, PhDa,b,*, Katherine D. Bardsley, MScb


- Veterinary Parasitology Reference Manual Fifth Edition – William J. Foreyt

- Veterinary Parasitology Second Edition – G M Urquhart, J Armour, J L Duncan, A M Dunn, F W Jennings

- Worms in dairy cattle (Parasitic gastroenteritis (PGE)) – mydairyvet.com


Obrigado

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