protestos ciberativismo e movimentos occupy

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  • 7/25/2019 Protestos Ciberativismo e Movimentos Occupy

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    IntercomSociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da ComunicaoXV Congresso de Cincias da Comunicao na Regio NordesteMossor - RN12 a 14/06/2013

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    Protestos, Ciberativismo e Movimentos Occupy:

    O ciberespao como ambiente de contestao Virtual e Presencial

    Bruno Emmanuel de Oliveira FERREIRACludio Cardoso de PAIVA

    Universidade Federal da Paraba, Joo Pessoa, PB

    RESUMO

    O presente artigo busca apresentar o atual cenrio de mobilizao e engajamentopoltico que se delineia na internet em nossa contemporaneidade, em especial, aps a

    crise econmica de 2008 e os eventos da Primavera rabe, tentando estabelecer umarelao entre as aes desencadeadas no espao virtual e que se estendem a nossoespao fsico, entendido aqui, ainda que de forma rudimentar, como o espao fora daredeque interage com o ciberespao. Para tanto, se faz necessria o mapeamento de umconjunto de fatores relacionados cibercultura e ao ciberativismo para que, em seguida,

    possamos indicar elementos para uma discusso do empoderamento social mediado pelatecnologia.

    PALAVRAS CHAVE: Cibercultura; Ciberativismo; Movimentos Occupy

    INTRODUO

    A ecloso e popularizao das tecnologias da informao ao longo das ltimas

    quatro dcadas do sculo XX provocaram transformaes socioculturais cuja influncia

    manifesta em todas as esferas de nosso cotidiano. Em outros termos, sabemos que

    todas as prticas sociais da vida contempornea passam, com mais ou menos

    intensidade, pela interao mediada pela tecnologia.

    Essas transformaes se do, de certa forma, de imediato. Uma rpida revoluonas telecomunicaes. Esse espao de tempo aproximadamente 40 anos

    relativamente curto se comparado ao tempo de outras transformaes sociais ditadas

    pela mudana de paradigma tecnolgico ao longo da Histria.

    __________________1.

    Trabalho apresentado no DT 1 Jornalismo do XV Congresso de Cincias da Comunicao na RegioNordeste realizado de 12 a 14 de junho de 2013.

    2.

    Estudante de Graduao. 5 perodo do curso de Radialismo do CCTA-UFPB, email:[email protected]

    3.

    Orientador do trabalho. Professor Associado do PPGC-PPJ-UFFB, e Curso de Graduao em ComunicaoSocial do CCTA-UFPB, email: [email protected]

    mailto:[email protected]:[email protected]
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    Logo, h uma rpida progresso e evoluo no processamento e distribuio

    de informao desde os anos 1970 at os nossos dias. Seu incio o perodo do ps-

    guerra, com a Rede ARPANET, de uso estritamente militar, que nos anos seguintes se

    desdobra em outras redes de uso civil, muitas vezes com fins acadmicos. Unida a essarede, pilar de nossa atual internet, desenvolvem-se paralelamente alguns avanos

    significativos na rea da microinformtica. Assim, com a popularizao do computador

    pessoal e do acesso cada vez mais amplo internet, em meados dos anos 1980 entramos

    em um novo cenrio, o da cibercultura, caracterizado pela ascenso do computador

    coletivo em substituio ao computador pessoal. Essa perspectiva se atualiza em nossos

    dias com as novas mdias digitais mveis, (notebooks, smartphones e tablets) e ubquas

    (Wi-Fi) que funcionam como terminais de acesso ao ciberespao favorecidos pelamobilidade, caracterstica das novas mdias digitais.

    Essa tecnologia cria um novo modo de sociabilizao pautado pela quebra

    das barreiras tempo e espao e pela velocidade da transmisso de dados e informao, a

    caracterstica marcante dessa nova forma de vida social que vem tomando forma ao

    longo das ltimas dcadas. Desde a criao e popularizao do computador pessoal, a

    tecnologia da informao e as mdias digitais foram cada vez mais se afastando de uma

    estrutura hierrquica e se disseminando junto s massas, levando - se no umademocratizao da comunicao - pelo menos a uma via alternativa de emisso e

    recepo que no dependa mais excessivamente de um sistema miditico centralizado.

    Assim, tem-se o principio de uma comunicao distribuda, compartilhada,

    que vem sendo utilizada nos ltimos anos como um recurso importante nas

    reivindicaes populares, e que ao mesmo tempo tem gerado reaes por parte dos

    poderes hegemnicos. Percebemos cada vez mais uma interseo entre as aes que

    ocorrem no ciberespao e o impacto de tais aes no mundo fsico. Tal complexidade

    tem sido bem percebida nos ltimos anos graas s aes ciberativistas e aos

    movimentos Occupy: a partir deles podemos empreender uma anlise das relaes entre

    o mundo presencial e o virtual em nossa sociedade. Para tanto, preciso entender a

    estrutura da rede e o sentimento de democratizao que tal tecnologia parece emanar.

    Contudo, se mostra conveniente abordar, sobretudo, aspectos do imaginrio cyberpunk,

    elemento literrio e esttico essencial para a compreenso de alguns aspectos anrquicos

    da rede. Tal empresa pode ajudar numa mediao entre a dimenso formal, econmica e

    organizacional da cultura das redes e sua dimenso ldica, esttica e cognitiva.

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    Tecnologia e o imaginrio da transgresso

    A caracterstica do novo mundo digital a fuso entre um grande potencial

    tecnolgico de manipulao e transmisso de dados e uma cultura pautada no

    imaginrio punk traduzido no slogan Do it Yourself (faa voc mesmo). Isso se deve

    no s potencialidade da tecnologia digital, mas tambm influncia da contracultura

    na Costa Oeste norte-americana, bero de progressos na informtica, conseqentemente

    se refletindo na atuao junto s redes digitais. Um verdadeiro movimento social

    nascido na Califrnia na efervescncia da contracultura apossou-se das novas

    possibilidades tcnicas e inventou o computador pessoal. (LEVY, 1999 p.31)

    No estenderemos aqui uma leitura do fenmeno da contracultura, caberia

    apenas ressaltar que se trata de um movimento de contestao surgido em meados dos

    anos 1950/1960, caracterizado por uma viso de mundo revolucionria, empenhado em

    transformar os padres sociais vigentes. Essa aura de rebeldia est de tal forma

    assimilada lgica do ciberespao que se reflete no imaginrio tecnolgico atravs da

    distopia do cyberpunk, um ramo da fico cientfica que aborda em suas estrias os

    conflitos scio-polticos mundiais. Hoje, grandes corporaes e governos vm sendo

    atacados, hackeados e enfrentados por atores anrquicos que usam a tecnologia digital

    como estratgia de combate. Nesses termos, Amaral apud Landon, esclarece:

    A parte cyber do nome desse movimento reconhece o seu compromissoem explorar as implicaes de um mundo ciberntico no qual a informaogerada por computador e manipulada torna-se uma nova fundao darealidade. A parte punk reconhece a sua atitude alienada e s vezes cnicapara com a autoridade e o estabelecimento de todos os tipos. (Amaral apudLandon, 2006, p.4)

    As novas formas de protesto - que usam a internet como arma - emulam o

    imaginrio e a atitude de enfrentamento lgica dominante. tambm no cyberpunkque melhor se percebe a propagao do estiloDo it Yourself, forma de agir fundamental

    que se inscreve em nossas preocupaes acerca do ciberativismo e dos movimentos

    Occupy. A eles pode ser atribuda a afirmao do pai do cyberpunk, William Gibson: a

    rua encontra seu prprio uso para a tecnologia(GIBSON, 1982 p.215)

    A internet uma mdia ps-massiva, sua estrutura de emisso e recepo de

    mensagens diverge das mdias tradicionais. Neste espao emergente, novas formas de

    interao e sociabilidade se manifestam atravs da interao mediada pela tecnologia.

    Assim, se faz necessria uma compreenso das prticas e estratgias de comunicao

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    presentes no ciberespao. Em princpio, pode-se identificar neste ecossistema muitas

    caractersticas relacionadas prpria rede, como a descentralizao e a conseqente

    perda de hierarquizao do processo comunicativo, em que os usurios se tornam

    produtores, emissores e receptores de contedo, prescindindo das instituies

    miditicas. No fluxo de informaes, circula uma multiplicidade de linguagens e signos.

    Segundo Lemos (2002), a atual estrutura da comunicao mediada pela

    tecnologia resulta diretamente das mudanas das prticas sociais ao final dos anos 1950.

    O ciberespao consiste em um ambiente ps-moderno por excelncia, nascido da fuso

    entre a microinformtica e as novas formas de relaes sociais pautadas em maior

    horizontalidade em detrimento da hierarquia da primeira metade do sculo XX.

    WEB 2.0 e interao

    As estratgias de comunicao interativa entre os usurios se ampliam e

    evoluem com a ascenso da Web 2.0, esse termo pode ser entendido como uma forma

    de dividir a evoluo da complexidade da internet em diferentes estgios. A Web 1.0

    refere-se primeira fase da popularizao da rede ao longo dos anos 1990. Essa poca

    marcada pela produo de contedo restrita aos especialistas em linguagemcomputacional, um espao de produo de contedo disponvel apenas queles iniciados

    nos conhecimentos especializados em informtica. O contedo nesse perodo

    caracterizado por produes isoladas (PRIMO), sem grande integrao entre os

    diferentes websites, com uma estrutura de funcionamento ainda pautada na hierarquia

    de poucos emissores para muitos receptores.

    Tal perspectiva se altera no incio dos anos 2000 com ferramentas de criao

    de blogs e a proliferao das redes sociais. Na nova configurao, a produo de

    contedo pode ser gerada por usurios com o mnimo de conhecimento em informtica,

    no sendo mais necessria a habilidade de um especialista para gerar informao em

    rede. A Web 2.0, caracterizada por uma maior nfase na integrao entre os contedos e

    maior participao entre os usurios. Conforme PRIMO apud OREILLY.

    O autor enfatiza o desenvolvimento do que chama de arquitetura departicipao: o sistema informtico incorpora recursos de interconexo ecompartilhamento [..] Isso demonstra, segundo OReilly, um princpiochave da Web 2.0: os servios tornam-se melhores quanto mais pessoas o

    usarem. (Primo, 2007, p.2)

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    Antoun (2008) define a Web 2.0 como a web da comunicao distribuda,

    espao de participao e colaborao em favor do interesse coletivo. Porm, do mesmo

    modo que muitos se renem em prol de expectativas de mudana no espao pblico, a

    comunicao distribuda tambm dissemina as futilidades da cultura de massa e

    avalanches de material publicitrio sem que esses fluxos de informao tenham proveito

    para o pblico. Assim, manifestaes de milhes de pessoas contra guerras, corrupo e

    totalitarismos em diversas partes do mundo dividem espao com sites de fofocas,

    anncios publicitrios e conversas recorrentes sobre os temas da TV e grandes jornais

    (ANTOUN, 2009 p. 3).

    Conceito de suma importncia o de interao. A interao pressupe ao

    entre dois agentes; mais que um mero feedback e constitui o cerne do princpio

    comunicativo na cibercultura. Contudo, antes do conceito atualizado de interao, o

    qual muitas vezes diz respeito relao mediada pela tecnologia, convm atualizar uma

    definio mais tradicional dessa expresso: interacionismo simblico. De acordo com

    Littlejohn, as principais ideias do que mais tarde se tornaria o interacionismo simblico,

    surgem em meados do sculo XIX, e seria impreciso atribuir a um nico autor o crdito

    deste conceito. Contudo, deve-se a George Herbert Mead, a autoria do interacionismo,

    pois formula e estrutura os pilares desse conceito. E seu discpulo Herbert Blummer

    posteriormente, nomearia as interaes analisadas como interacionismo simblico.

    O interacionismo simblico diz respeito utilizao de smbolos no

    processo de comunicao humana. Esses smbolos so criados por ns e interpretados

    durante o ato social, ou seja, em todas as nossas relaes (pessoais, interpessoais,

    massivas) em sociedade. Tal experincia faz do homem um ator, devido capacidade de

    avaliar, interpretar e julgar as aes com as quais se depara em seu dia a dia, o homem

    como ator tambm outra maneira de opor-se ao reino sub-humano, composto no deatores, mas de reatores, j que os animais agem por reao, por resposta a estmulos.

    Sobre isso, nos fala Littlejohn:

    Em suma Mead viu a pessoa como um organismo biologicamente avanado,com um crebro capaz de pensamento racional. Atravs do uso de gestossignificativos e da adoo de papis, a pessoa torna-se um objeto para simesmo, isto , ela v-se como os outros a vem. A pessoa internaliza essaviso geral do eu e comporta-se coerentemente com tal viso. Atravs do

    processo de reflexo mental, a pessoa planeja e repete mentalmente o

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    comportamento simblico, preparando-se para a subseqente interao comoutro (Litllejohn, 1982, p. 71)

    Assim, a perspectiva de interao simblica baseada na interpretao e

    atitude em relao aos smbolos, se atualiza em nossos dias atravs da cognio humanaaplicada ao ciberespao: o sujeito ou ator ao se relacionar na rede (ou fora dela) busca a

    identificao e interpretao simblica de uma dada ao ou percepo como ponto de

    partida para a interao. O smbolo e sua forma de se manifestar por ideias ou atitudes

    expressas atravs de mensagens (imagticas, verbais ou sonoras) continua como ponto

    essencial do processo de interao, tendo em vista que o ciberespao se caracteriza

    justamente pelo infinito fluxo de mensagens circulantes. O ator social constri sentido

    para o seu eu no ciberespao atravs desse fluxo simblico e passa a atuar de acordo

    com o seu julgamento.

    Ciberativismo e ocupao: do virtual ao presencial

    Resta saber qual o potencial da comunicao distribuda no sentido de trazer

    as mobilizaes para fora da rede,de mobilizar socialmente tambm o mundo fsico,

    no somente agir no ciberespao. Nesse sentido, a Web 2.0 tambm se torna um cenrio

    onde passa a proliferar uma nova forma de organizao de reivindicao poltica e

    social, o ciberativismo. E mesmo no nascendo na Web 2.0, nela se populariza. Sendo

    assim, segundo SIBILIA:

    [Aos jovens] incumbe a importante tarefa de inventar novas armas,capazes de opor resistncia aos novos e cada vez mais ardilosos dispositivosde poder; criar interferncias, vacolos de no-comunicao, interruptores,na tentativa de abrir o campo do possvel desenvolvendo formas inovadorasde ser e estar no mundo. (Sibilia, 2008, p.10)

    Conforme a autora, as novas geraes tm o potencial (ou tarefa) de

    transformar a comunicao mediada por computador em ferramenta de reivindicao

    social. Em ferramenta de ciberativismo. Com o surgimento e popularizao da

    informtica, o ciberespao se torna, ainda na Web 1.0, uma rea de acesso e

    comunicao entre perfis sintonizados nas mesmas preferncias, opinies e vises de

    mundo: pode-se encontrar fruns e chats de discusso com vasta abrangncia de temas,

    desde desenhos japoneses at neonazismo. Essa ambincia miditica se mostra

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    adequada organizao do ativismo nas suas mais diversas possibilidades, o

    nascimento do ciberativismo, o ativismo mediado pela tecnologia, o ciberespao como

    instrumento de ataque, divulgao de determinada causa, ciberguerrilha. A internet

    passa a ser um espao de ao poltica construdo pela militncia e presena do

    ciberativismo. Por ciberativismo podemos denominar um conjunto de prticas em

    defesa de causas polticas, socioambientais, sociotecnolgicas e culturais, realizadas nas

    redes cibernticas, principalmente na Internet. (SILVEIRA, 2010 p. 4)

    Exemplo de um dos primeiros casos de ciberativismo na rede o

    Movimento Zapatista (1994), cujo bordo Ya Basta!, quando as marchas nas ruas de

    Chiapas (Mxico) faziam frente ao NAFTA (Tratado Americano de Livre Comrcio),

    dos norte-americanos. O Movimento Zapatista pode ser observado como um exemplo

    da dicotomia Real e Presencial, j que atuava dentro e fora do ciberespao.

    Nasce a guerra em rede (netwar) que permite aos movimentos sociaislutarem vantajosamente contra Estados e corporaes (Arquilla e Ronfeldt,1996). O movimento zapatista, nascido em 1994, ser o principal exemplodesse poder e a principal escola de aprendizado para ONGs e movimentossociais (Arquilla, Ronfeldt, Fuller&Fulle, 1998; Cleaver, 1994) (Antoun,2008 p 16.)

    O senso comum pode achar que o ciberativismo dos Anonymous fruto da

    capacidade de comunicao distribuda (ANTOUN) e compartilhamento da Web 2.0,

    mas o Movimento Zapatista j sinaliza a possibilidade deste tipo de ao ainda em

    1994, sobre eles, dir SILVEIRA:

    O grupo autodenominado Electronic Disturbance Theater lanou uma sriede aes de desobedincia civil eletrnica contra o governo mexicano, emapoio ao movimento zapatista. Cercado e isolado pelos mass media, osubcomandante Marcos, utilizando a Internet, rompe o cerco e se torna oprimeiro movimento de comunidades tradicionais a utilizar redes digitaispara sensibilizar a opinio pblica internacional (Silveira, 2010, p.32).

    A ttica de negao de servio (DOS Attack) que os Anonymous utilizam

    para derrubar as redes de seus alvos uma forma de ataque conhecida h vrios anos.

    Sobre a atuao dos Anonymous nos deteremos mais adiante; por enquanto observamos

    a fuso entre posicionamento poltico e domnio ciberntico como cerne da cultura

    hacker; combinao que resulta no hacktivismo. desse ponto de partida que se

    delineia no mundo fsico o impacto do ciberespao como ferramenta de protesto.

    Ao apresentarmos as ideias gerais do ciberativismo, convm mostrarmos

    alguns traos sociolgicos da sociedade ps-massiva nessa nova ambincia tecnolgica.

    O modo de vida social mediado pela tecnologia definido por Castells como sociedade

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    em rede. Nessa forma de sociedade as transformaes sociais ocasionadas pelas

    tecnologias da informao reconfiguram a vida social em todos os seus nveis (famlia,

    amigos, escola, trabalho, igreja) que passam a se relacionar com o ciberespao e as

    mdias digitais. Em outras palavras, as instituies econmicas, polticas, religiosas;

    pblicas ou privadas sofrem alteraes nos seus processos de relao com a sociedade

    graas ao novo paradigma tecnolgico informacional.

    Junto com tais transformaes percebemos uma reestruturao dos jogos de

    identidade dos atores sociais em busca de novas referncias e vises de mundo.

    Simultaneamente h um enfraquecimento das instituies que pode ser exemplificado

    pela descrena crescente, na contemporaneidade, de modelos tradicionais de ordem

    social como os sistemas polticos totalitrios, como as sociedades patriarcais. Essa nova

    viso-interpretao por parte dos atores sociais tambm pode ocasionar paradoxalmente

    novos focos de extremismo como o fundamentalismo religioso ou a xenofobia. Segundo

    Castells, os ltimos vinte e cinco anos tm testemunhado avanos de expresses de

    identidade coletiva que: Desafiam a globalizao e o cosmopolitismo em funo das

    singularidades culturais e do controle das pessoas sobre as suas prprias vidas.

    (CASTELLS, 1999, p. 18). A seguir o autor especifica os tipos de expresses que a

    sociedade em rede (ou a cibercultura) propicia o surgimento, elas...

    Incorporam movimentos de tendncia ativa voltados transformao dasrelaes humanas em seu nvel mais bsico, como, por exemplo, ofeminismo e o ambientalismo. Mas incluem tambm ampla gama demovimentos reativos que cavam suas trincheiras de resistncia em defesa deDeus, da nao, etnia, da famlia, da regio, enfim, das categoriasfundamentais da existncia humana milenar ora ameaada pelo ataquecombinatrio e contraditrio de foras tecnoeconmicas e movimentossociais transformacionais. (Castells, 1999, p.18)

    Percebemos assim que a tecnologia, atravs das mudanas sociais que

    ocasiona, favorece o surgimento de comunidades voltadas para a contestao do poder

    estabelecido: o fundamentalismo surge como reao a um Estado que se afasta dos

    preceitos da religio substantiva, na reconfigurao da vida ps-moderna, ou a

    xenofobia que surge como resposta a um governo aberto para a mo de obra estrangeira.

    Porm esse efeito tem mo dupla, assim como deixa o espao para o surgimento de

    extremismos, tambm funciona como zona de contestao por movimentos sociais.

    Com certa frequncia, a nova e poderosa mdia tecnolgica, tal como asredes mundiais de telecomunicao interativa, utilizada pelos contendores,

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    ampliando e acirrando o conflito em casos em que, por exemplo, a Internetse torna instrumento de ambientalistas internacionais, zapatistas mexicanos,ou, ainda, milcias norte-americanas, respondendo na mesma moeda sinvestidas da globalizao computadorizada dos mercados financeiros e deprocessamento de dados. (Castells, 1999, p.18).

    Buscando uma ruptura de paradigmas sedimentados na tradio, novas

    comunidades ou tribos (MAFESOLLI), estruturam-se na rede como forma de projetar

    novos valores a ser adotados pelo social. Assim, torna-se perceptvel a popularizao de

    diversas formas de ativismo no mbito da cibercultura tais como: Movimento LGBT,

    FEMEN, Piratas, Ficha Limpa entre tantos outros. Esse ciberativismo se nutre da

    dinmica de participao caracterstica da Web 2.0, tornando mais acessvel a

    circulao e a conseqente divulgao de sua mensagem. Mesmo que a tecnologia no

    seja o objetivo final de um dado movimento (LGBT, por exemplo), esta assume umpapel fundamental na forma como tal movimento atua. Seja uma simples comunidade

    em rede social, uma marcha registrada e narrada em tempo real atravs tweets ou fotos

    de celulares, ou a simples repercusso da ao nos portais de notcias.

    Nos ltimos anos, as estruturas polticas do Oriente Mdio tm sofrido

    abalos em seus alicerces com revolues populares visando a democratizao do

    sistema poltico e alcanando maior ou menor eficcia conforme a nao em questo. A

    essas revolues (ou mobilizaes) se tem atribudo o nome de Primavera rabepois tais movimentos supostamente anunciam uma nova esperana na vida social para

    um povo governado por sistemas totalitrios e repressores. Independentemente da

    eficcia e concretizao dos objetivos da Primavera rabe no processo de

    democratizao das naes que aderiram ao movimento convm salientar a importncia

    que as redes sociais adquiriram no processo de comunicao entre os manifestantes.

    No se pode atribuir comunicao mediada pela tecnologia o carter decisivo na

    destituio de ditadores como Hosni Mubarak, no Egito, ou Muamar Kadafi, na Lbia,

    porm relevante seu papel como ferramenta de organizao e mobilizao. Castells j

    mostrou que a sociedade em rede favorece as condies para o surgimento de uma

    mobilizao, mas convm esclarecer a respeito dessa forma de ao, dos novos

    movimentos sociais e do ciberativismo.

    Como afirma Sodr, a revoluo se faz com pedra na mo, porm a

    interao mediada pela tecnologia, em especial as redes sociais tm se mostrado

    importantes aliadas no auxlio queles que traro as pedras na mo. justamente nesse

    aspecto de uma mobilizao que se inicia na rede e termina em nossas ruas, que

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    enxergamos o potencial das tecnologias da informao de estenderem sua influncia e

    ao para alm do mundo virtual.

    A ameaa a sistemas polticos no mundo rabe tm influenciado as lutas

    pela democracia tambm no, mundo ocidental. Faz-se necessria uma breve

    contextualizao histrica dos processos que levaram onda de insatisfao expressa

    nas redes sociais, posteriormente convertidas em ao no Ocidente. O ponto inicial para

    as mobilizaes ciberativistas na atualidade a crise financeira ocasionada pela

    especulao imobiliria nos Estados Unidos, desencadeada em 2008 e ao longo dos

    meses seguintes. Conforme CARNEIRO:

    O pano de fundo uma crise social, econmica e financeira que se arrasta

    desde 2008 e tem como consequncias a carestia de gneros alimentares e odesemprego, mas o grande impasse que est presente a alternativa depolticas organizadas. Os movimentos se manifestam em rebeliespraticamente espontneas contra as estruturas polticas e sindicais vigentes,mas sem formar ainda uma nova articulao orgnica e representativa dosanseios de reforma e ruptura. (Carneiro, 2011, p.8)

    Como efeito da falncia de diversas empresas e instituies financeiras (a

    exemplo do Lehmans Brothers Holdings Ltda), os Estados Unidos sofrem uma onda de

    desemprego e recesso econmica. O mal estar na economia s comparado Grande

    Crise de 1929. Logo os efeitos da economia americana passam a ser sentidos na Europa,

    ocasionando, tambm, complicaes para a populao de classe mdia que se v sem

    amparo devido s medidas de austeridade dos governos europeus.

    Com esse cenrio delineado, podemos perceber no apenas a crise

    financeira, mas tambm a crise de identificao dos atores sociais com suas instituies

    polticas, j que as medidas econmicas adotadas pelos governos privilegiam a uma

    elite social em detrimento de toda uma populao que fica a merc do caos financeiro.

    nesse ponto do processo que podemos delinear a importncia adquirida pelas redes

    sociais como ferramentas de empoderamento social, uma forma de exteriorizar o

    sentimento de insatisfao com os rumos das decises polticas.

    Desde 2008, o mundo presencia as formas de atuao nas redes sociais.

    Conforme mencionamos, a rede como ferramenta de ao contra o Poder constitudo, j

    fora utilizada nos tempos de Web 1.0, porm, a utilizao do potencial da Web 2.0 tem

    demonstrado novos horizontes na interao mediada por computador, e nos

    conseqentes empoderamentos sociais que o formato e flexibilidade da rede

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    proporcionam. Destacamos aqui a importncia dos Anonymous pela euforia que

    costumam causar na mdia. Valendo-se da mscara de Guy Fawkes, que por sua vez se

    popularizou atravs do personagem V, do autor de histrias em quadrinhos, Alan

    Moore, os Anonymous lanam seus manifestos contra o sistema atravs de mensagens

    em pginas de redes sociais ou vdeos no youtube. Costumam causar frisson por

    geralmente atuarem atravs de um hacktivismo agressivo; os alvos costumam ser

    websites e redes de instituies comerciais ou polticas que ficam horas fora do ar

    causando transtornos aos seus representantes.

    Os Anonymous, dessa maneira, atuam como um belo exemplo do uso das

    redes como ferramentas de empoderamento social. necessrio um conhecimento

    considervel em informtica (alm de uma ao conjunta) para derrubar o sistema de

    uma instituio financeira de grande porte, contudo, esse empoderamento social

    expresso no necessariamente nos ataques, mas na sua publicidade: o Estado sofre um

    abalo em sua reputao, as classes sociais afetadas de maneira negativa pela crise se

    identificam com os atentados cibernticos e os ciberativistas concretizam a nova arma

    contra os dispositivos do poder. Nesse novo cenrio de luta poltica, o social adquire

    melhor condio de se opor fora de coeso do Estado, o Poder com medo da

    internet (CASTELLS). Atualizando, dessa forma, a ao contra as instituies polticas

    preconizadas pelo cyberpunk.

    Ao lado da guerrilha ciberntica, outra forma de mobilizao social tem

    tomado forma nos ltimos anos, tambm como resultado de insatisfao com o rumo

    poltico tomado no decorrer da crise econmica. Assim como a guerrilha dos

    Anonymous e como a Primavera rabe, a organizao desse tipo de movimento est

    alicerada no ciberespao e sua forma de atuao se deu de maneira muito semelhante

    aos acontecimentos pr-democracia no Oriente Mdio. Enfatizamos, contudo, uma

    diferena fundamental em relao ciberguerrilha hacker: enquanto o hacktivismonecessita de conhecimentos avanados em informtica para desferir sua mensagem de

    ataque, aqui a principal ferramenta so as redes sociais. Apesar de ocorrer em vrios

    pases europeus e nos Estados Unidos, identificamos nesse tipo de mobilizao social o

    surgimento de uma tendncia que parece tomar forma em diversos contextos scio-

    polticos, incluindo o nosso pas e Estado. Tais movimentos, apesar de suas variantes e

    especificidades, dependendo do local em que ocorre, os designaremos com a mesma

    terminologia de Ocuppy. A este respeito caberia uma rpida contextualizao histrica.

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    A crise financeira ocasionou, como se sabe, a reao de milhes de pessoas

    ao redor do mundo. Enquanto no Oriente a luta por democracia organizada atravs das

    redes sociais abalou sistemas polticos durante a Primavera rabe, na Europa e Amrica

    os efeitos foram menos profundos, mas nem por isso, menos importantes. O smbolo de

    resistncia do mundo rabe foi a Praa Tahir, no Egito, local que reuniu cerca de 15 mil

    manifestantes, responsveis pela derrubada do presidente Hosni Mubarak. Quanto

    Primavera rabe, cabe dizer que seu estopim foi a morte de Mohamed Bouazizi,

    vendedor ambulante que cometeu suicdio por imolao em frente sede regional do

    governo tunisiano aps ter negada uma autorizao para seu carrinho de frutas. A morte

    de Bouazizi desencadeou uma onda de protestos na Tunsia, culminando com a

    destituio do presidente Bem Ali. Logo os protestos se espalharam pelos pases rabes

    com diferentes repercusses em cada lugar.

    Nos Estados Unidos, a iniciativa dos movimentos de ocupao do espao

    pblico parte da Adbusters, uma rede global de ativistas anti-consumismo sediada no

    Canad, conhecida por lanar algumas campanhas junto populao comoBuy Nothing

    Day(Dia de No Comprar Nada) ou TV Turn off Week(Semana da TV Desligada - uma

    semana sem ligar a TV). Logo comea a circular na internet a mensagemAre you Ready

    for a Tahir Moment?(Voc est pronto para um momento Tahir?). A proposta foi bem

    acolhida e os protestos se espalham em dezenas de cidades norte americanas. O maior

    impacto, porm, se deu em Wall Street, sede do poder financeiro norte-americano

    localizado no distrito financeiro de Manhattan, onde, no dia 17 de setembro de 2011,

    centenas de barracas de acampamento so armadas, ocupando o espao pblico em

    nome de reformas polticas e financeiras. Seu slogan We are 99%, em referncia a

    uma elite econmica, composta de 1% da populao, detentora da maior parte das

    riquezas do planeta; enquanto os outros 99% vivem em situao financeira adversa.

    Assim como nos EUA e Oriente Mdio, nos pases da Europa, tambm se va insurgncia popular contra o posicionamento neoliberal da poltica europia, algumas

    at mesmo anteriores ao Occupy, como o caso do Los Indignados da Puerta del Sol,

    responsveis pela ocupao das ruas de Madri, ou a Gerao Rasca em Portugal.

    H de se ressaltar mais uma vez as diferenas entre os movimentos Occupy

    e a Primavera rabe, os primeiros surgem em decorrncia (inspirao ou influncia)

    dessa ltima, porm, enquanto a Primavera rabe anseia por uma poltica democrtica,

    os movimentos occupy contestam a suposta democracia do mundo ocidental. Porm seexistem diferenas, as semelhanas so bem maiores: so semelhantes nos objetivos

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    finais, afinal lutam contra as injustias do poder e sua forma de atuao, em essncia,

    a mesma. A ocupao de praas e o uso de redes de comunicao alternativas de que

    nos fala Carneiro so interessantes para se explorar, afinal representam bem a relao

    presencial x virtual caracterstica do ciberativismo.

    Devemos destacar a importncia das redes sociais como uma rede

    alternativa de comunicao. Apesar de Warren analisar as redes em seu contexto geral e

    no apenas as redes digitais, ela afirma sobre as redes na sociedade da informao:

    Portanto, as redes desempenhariam um papel estratgico, enquantoelemento organizativo, articulador, informativo e de atribuio de poder(empowerment/empoderamento) de coletivos e de movimentos sociais noseio da sociedade civil e na sua relao com outros poderes institudos

    (Scherer; Warren, 2006, p. 222)

    A comunicao, como se sabe, um elemento estratgico em qualquer setor

    da vida social (econmico, poltico, militar, cientfico) tornando-se fundamental para

    qualquer tipo de empreendimento ou ao de grupos. No se pode contar com a

    influncia da mdia se a mobilizao se d contra seus interesses, essa a necessidade

    do canal alternativo. As redes sociais, logo assumem um carter essencial de ferramenta

    de mediao e circulao de mensagens entre os manifestantes. Sua eficcia possui sim

    limitaes, mas sem a articulao e difuso da informao atravs dessas mdias

    alternativas, desse uso que as ruas encontraram para a tecnologia, conforme frisa

    Gibson, no haveria Movimentos Occupy ou ao ciberativista.

    Em nossa abordagem dos Movimentos Occupy, entendemos que continuam

    ocorrendo, sobretudo, na Europa, no se restringindo a manifestaes em ruas e praas

    ao longo dos meses subseqentes a 2011. Ainda assim, esse perodo foi o ponto

    culminante. Depois de quase dois anos, protestos continuam ocorrendo e mobilizaes

    sendo organizadas, porm sem a mesma quantidade de participantes e sem que consigacausar o mesmo impacto junto mdia ou mesmo aos respectivos governos.

    No caso da Primavera rabe, caram governos no Egito, Lbia e Tunsia. O

    governo Srio, na figura do ditador Bashir Al Assad, viu a insurgncia ameaar a

    segurana de seu mandato e optou pela represso, o resultado uma guerra civil que

    flagela a populao civil e coloca em xeque o potencial carter revolucionrio que a

    Primavera rabe poderia proporcionar naquele pas. O Egito viu cair a ditadura de

    Hosni Mubarak, mas a Praa Tahir continua como local de protesto, afinal seu governofoi substitudo pela Irmandade Muulmana que ameaa lanar o pas em uma teocracia

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    islmica. Tambm se deve atentar para o fato de que o smbolo maior da luta pela

    democracia no mundo rabe guarda seu lado retrgrado e catico ao se dar conta dos

    estupros que costumam ocorrer durante as manifestaes pblicas na praa,

    evidenciando assim que nem todos os presentes s mobilizaes compreendem o real

    valor e sentido de um estado democrtico e justo.

    As aes contemporneas, sejam os ataques cibernticos dos Anonymous ou

    os protestos e marchas ao redor do mundo, tm gerado o que podemos identificar como

    duas correntes de pensamento divergentes. De um lado, esto os que enxergam na

    internet uma ameaa ao sistema poltico estabelecido, e uma expresso de liberdade em

    demasia, outros enxergam a mesma ameaa a esse sistema poltico e visualizam nessa

    tecnologia um possvel caminho para uma real democratizao poltica.

    Consideraes Finais

    A internet e as ruas fervilham de manifestantes querendo fazer valer seus

    direitos contra diferentes formas e ideologias de governo (sendo semelhantes, em

    verdade, no gosto pelo neoliberalismo e no totalitarismo). Apesar das limitaes

    sofridas pela contestao social, e os resultados ainda imprevisveis, a ao ciberpoltica

    tem demonstrado uma tendncia de comportamento e atitude poltica. A sua influncia e

    impacto na sociedade contempornea tem potencial para consolidar-se como tendncia.

    Este seria o grande impacto das relaes entre o mundo Virtual e Presencial: h uma

    alterao na estrutura poltica e econmica mundial. Talvez esta potencial

    transformao explique de fato o poder que tem medo da internet, ou seja, a

    tecnofobia, e explique uma nova formao histrica, a ciberdemocracia, a vontade de

    concretizar por meio das redes sociais atitudes afirmativas. Isto algo que

    empiricamente - tem se tornado (mais do que) uma tendncia em nossa sociedade.

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