protestos ciberativismo e movimentos occupy
TRANSCRIPT
-
7/25/2019 Protestos Ciberativismo e Movimentos Occupy
1/15
IntercomSociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da ComunicaoXV Congresso de Cincias da Comunicao na Regio NordesteMossor - RN12 a 14/06/2013
1
Protestos, Ciberativismo e Movimentos Occupy:
O ciberespao como ambiente de contestao Virtual e Presencial
Bruno Emmanuel de Oliveira FERREIRACludio Cardoso de PAIVA
Universidade Federal da Paraba, Joo Pessoa, PB
RESUMO
O presente artigo busca apresentar o atual cenrio de mobilizao e engajamentopoltico que se delineia na internet em nossa contemporaneidade, em especial, aps a
crise econmica de 2008 e os eventos da Primavera rabe, tentando estabelecer umarelao entre as aes desencadeadas no espao virtual e que se estendem a nossoespao fsico, entendido aqui, ainda que de forma rudimentar, como o espao fora daredeque interage com o ciberespao. Para tanto, se faz necessria o mapeamento de umconjunto de fatores relacionados cibercultura e ao ciberativismo para que, em seguida,
possamos indicar elementos para uma discusso do empoderamento social mediado pelatecnologia.
PALAVRAS CHAVE: Cibercultura; Ciberativismo; Movimentos Occupy
INTRODUO
A ecloso e popularizao das tecnologias da informao ao longo das ltimas
quatro dcadas do sculo XX provocaram transformaes socioculturais cuja influncia
manifesta em todas as esferas de nosso cotidiano. Em outros termos, sabemos que
todas as prticas sociais da vida contempornea passam, com mais ou menos
intensidade, pela interao mediada pela tecnologia.
Essas transformaes se do, de certa forma, de imediato. Uma rpida revoluonas telecomunicaes. Esse espao de tempo aproximadamente 40 anos
relativamente curto se comparado ao tempo de outras transformaes sociais ditadas
pela mudana de paradigma tecnolgico ao longo da Histria.
__________________1.
Trabalho apresentado no DT 1 Jornalismo do XV Congresso de Cincias da Comunicao na RegioNordeste realizado de 12 a 14 de junho de 2013.
2.
Estudante de Graduao. 5 perodo do curso de Radialismo do CCTA-UFPB, email:[email protected]
3.
Orientador do trabalho. Professor Associado do PPGC-PPJ-UFFB, e Curso de Graduao em ComunicaoSocial do CCTA-UFPB, email: [email protected]
mailto:[email protected]:[email protected] -
7/25/2019 Protestos Ciberativismo e Movimentos Occupy
2/15
IntercomSociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da ComunicaoXV Congresso de Cincias da Comunicao na Regio NordesteMossor - RN12 a 14/06/2013
2
Logo, h uma rpida progresso e evoluo no processamento e distribuio
de informao desde os anos 1970 at os nossos dias. Seu incio o perodo do ps-
guerra, com a Rede ARPANET, de uso estritamente militar, que nos anos seguintes se
desdobra em outras redes de uso civil, muitas vezes com fins acadmicos. Unida a essarede, pilar de nossa atual internet, desenvolvem-se paralelamente alguns avanos
significativos na rea da microinformtica. Assim, com a popularizao do computador
pessoal e do acesso cada vez mais amplo internet, em meados dos anos 1980 entramos
em um novo cenrio, o da cibercultura, caracterizado pela ascenso do computador
coletivo em substituio ao computador pessoal. Essa perspectiva se atualiza em nossos
dias com as novas mdias digitais mveis, (notebooks, smartphones e tablets) e ubquas
(Wi-Fi) que funcionam como terminais de acesso ao ciberespao favorecidos pelamobilidade, caracterstica das novas mdias digitais.
Essa tecnologia cria um novo modo de sociabilizao pautado pela quebra
das barreiras tempo e espao e pela velocidade da transmisso de dados e informao, a
caracterstica marcante dessa nova forma de vida social que vem tomando forma ao
longo das ltimas dcadas. Desde a criao e popularizao do computador pessoal, a
tecnologia da informao e as mdias digitais foram cada vez mais se afastando de uma
estrutura hierrquica e se disseminando junto s massas, levando - se no umademocratizao da comunicao - pelo menos a uma via alternativa de emisso e
recepo que no dependa mais excessivamente de um sistema miditico centralizado.
Assim, tem-se o principio de uma comunicao distribuda, compartilhada,
que vem sendo utilizada nos ltimos anos como um recurso importante nas
reivindicaes populares, e que ao mesmo tempo tem gerado reaes por parte dos
poderes hegemnicos. Percebemos cada vez mais uma interseo entre as aes que
ocorrem no ciberespao e o impacto de tais aes no mundo fsico. Tal complexidade
tem sido bem percebida nos ltimos anos graas s aes ciberativistas e aos
movimentos Occupy: a partir deles podemos empreender uma anlise das relaes entre
o mundo presencial e o virtual em nossa sociedade. Para tanto, preciso entender a
estrutura da rede e o sentimento de democratizao que tal tecnologia parece emanar.
Contudo, se mostra conveniente abordar, sobretudo, aspectos do imaginrio cyberpunk,
elemento literrio e esttico essencial para a compreenso de alguns aspectos anrquicos
da rede. Tal empresa pode ajudar numa mediao entre a dimenso formal, econmica e
organizacional da cultura das redes e sua dimenso ldica, esttica e cognitiva.
-
7/25/2019 Protestos Ciberativismo e Movimentos Occupy
3/15
IntercomSociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da ComunicaoXV Congresso de Cincias da Comunicao na Regio NordesteMossor - RN12 a 14/06/2013
3
Tecnologia e o imaginrio da transgresso
A caracterstica do novo mundo digital a fuso entre um grande potencial
tecnolgico de manipulao e transmisso de dados e uma cultura pautada no
imaginrio punk traduzido no slogan Do it Yourself (faa voc mesmo). Isso se deve
no s potencialidade da tecnologia digital, mas tambm influncia da contracultura
na Costa Oeste norte-americana, bero de progressos na informtica, conseqentemente
se refletindo na atuao junto s redes digitais. Um verdadeiro movimento social
nascido na Califrnia na efervescncia da contracultura apossou-se das novas
possibilidades tcnicas e inventou o computador pessoal. (LEVY, 1999 p.31)
No estenderemos aqui uma leitura do fenmeno da contracultura, caberia
apenas ressaltar que se trata de um movimento de contestao surgido em meados dos
anos 1950/1960, caracterizado por uma viso de mundo revolucionria, empenhado em
transformar os padres sociais vigentes. Essa aura de rebeldia est de tal forma
assimilada lgica do ciberespao que se reflete no imaginrio tecnolgico atravs da
distopia do cyberpunk, um ramo da fico cientfica que aborda em suas estrias os
conflitos scio-polticos mundiais. Hoje, grandes corporaes e governos vm sendo
atacados, hackeados e enfrentados por atores anrquicos que usam a tecnologia digital
como estratgia de combate. Nesses termos, Amaral apud Landon, esclarece:
A parte cyber do nome desse movimento reconhece o seu compromissoem explorar as implicaes de um mundo ciberntico no qual a informaogerada por computador e manipulada torna-se uma nova fundao darealidade. A parte punk reconhece a sua atitude alienada e s vezes cnicapara com a autoridade e o estabelecimento de todos os tipos. (Amaral apudLandon, 2006, p.4)
As novas formas de protesto - que usam a internet como arma - emulam o
imaginrio e a atitude de enfrentamento lgica dominante. tambm no cyberpunkque melhor se percebe a propagao do estiloDo it Yourself, forma de agir fundamental
que se inscreve em nossas preocupaes acerca do ciberativismo e dos movimentos
Occupy. A eles pode ser atribuda a afirmao do pai do cyberpunk, William Gibson: a
rua encontra seu prprio uso para a tecnologia(GIBSON, 1982 p.215)
A internet uma mdia ps-massiva, sua estrutura de emisso e recepo de
mensagens diverge das mdias tradicionais. Neste espao emergente, novas formas de
interao e sociabilidade se manifestam atravs da interao mediada pela tecnologia.
Assim, se faz necessria uma compreenso das prticas e estratgias de comunicao
-
7/25/2019 Protestos Ciberativismo e Movimentos Occupy
4/15
IntercomSociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da ComunicaoXV Congresso de Cincias da Comunicao na Regio NordesteMossor - RN12 a 14/06/2013
4
presentes no ciberespao. Em princpio, pode-se identificar neste ecossistema muitas
caractersticas relacionadas prpria rede, como a descentralizao e a conseqente
perda de hierarquizao do processo comunicativo, em que os usurios se tornam
produtores, emissores e receptores de contedo, prescindindo das instituies
miditicas. No fluxo de informaes, circula uma multiplicidade de linguagens e signos.
Segundo Lemos (2002), a atual estrutura da comunicao mediada pela
tecnologia resulta diretamente das mudanas das prticas sociais ao final dos anos 1950.
O ciberespao consiste em um ambiente ps-moderno por excelncia, nascido da fuso
entre a microinformtica e as novas formas de relaes sociais pautadas em maior
horizontalidade em detrimento da hierarquia da primeira metade do sculo XX.
WEB 2.0 e interao
As estratgias de comunicao interativa entre os usurios se ampliam e
evoluem com a ascenso da Web 2.0, esse termo pode ser entendido como uma forma
de dividir a evoluo da complexidade da internet em diferentes estgios. A Web 1.0
refere-se primeira fase da popularizao da rede ao longo dos anos 1990. Essa poca
marcada pela produo de contedo restrita aos especialistas em linguagemcomputacional, um espao de produo de contedo disponvel apenas queles iniciados
nos conhecimentos especializados em informtica. O contedo nesse perodo
caracterizado por produes isoladas (PRIMO), sem grande integrao entre os
diferentes websites, com uma estrutura de funcionamento ainda pautada na hierarquia
de poucos emissores para muitos receptores.
Tal perspectiva se altera no incio dos anos 2000 com ferramentas de criao
de blogs e a proliferao das redes sociais. Na nova configurao, a produo de
contedo pode ser gerada por usurios com o mnimo de conhecimento em informtica,
no sendo mais necessria a habilidade de um especialista para gerar informao em
rede. A Web 2.0, caracterizada por uma maior nfase na integrao entre os contedos e
maior participao entre os usurios. Conforme PRIMO apud OREILLY.
O autor enfatiza o desenvolvimento do que chama de arquitetura departicipao: o sistema informtico incorpora recursos de interconexo ecompartilhamento [..] Isso demonstra, segundo OReilly, um princpiochave da Web 2.0: os servios tornam-se melhores quanto mais pessoas o
usarem. (Primo, 2007, p.2)
-
7/25/2019 Protestos Ciberativismo e Movimentos Occupy
5/15
IntercomSociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da ComunicaoXV Congresso de Cincias da Comunicao na Regio NordesteMossor - RN12 a 14/06/2013
5
Antoun (2008) define a Web 2.0 como a web da comunicao distribuda,
espao de participao e colaborao em favor do interesse coletivo. Porm, do mesmo
modo que muitos se renem em prol de expectativas de mudana no espao pblico, a
comunicao distribuda tambm dissemina as futilidades da cultura de massa e
avalanches de material publicitrio sem que esses fluxos de informao tenham proveito
para o pblico. Assim, manifestaes de milhes de pessoas contra guerras, corrupo e
totalitarismos em diversas partes do mundo dividem espao com sites de fofocas,
anncios publicitrios e conversas recorrentes sobre os temas da TV e grandes jornais
(ANTOUN, 2009 p. 3).
Conceito de suma importncia o de interao. A interao pressupe ao
entre dois agentes; mais que um mero feedback e constitui o cerne do princpio
comunicativo na cibercultura. Contudo, antes do conceito atualizado de interao, o
qual muitas vezes diz respeito relao mediada pela tecnologia, convm atualizar uma
definio mais tradicional dessa expresso: interacionismo simblico. De acordo com
Littlejohn, as principais ideias do que mais tarde se tornaria o interacionismo simblico,
surgem em meados do sculo XIX, e seria impreciso atribuir a um nico autor o crdito
deste conceito. Contudo, deve-se a George Herbert Mead, a autoria do interacionismo,
pois formula e estrutura os pilares desse conceito. E seu discpulo Herbert Blummer
posteriormente, nomearia as interaes analisadas como interacionismo simblico.
O interacionismo simblico diz respeito utilizao de smbolos no
processo de comunicao humana. Esses smbolos so criados por ns e interpretados
durante o ato social, ou seja, em todas as nossas relaes (pessoais, interpessoais,
massivas) em sociedade. Tal experincia faz do homem um ator, devido capacidade de
avaliar, interpretar e julgar as aes com as quais se depara em seu dia a dia, o homem
como ator tambm outra maneira de opor-se ao reino sub-humano, composto no deatores, mas de reatores, j que os animais agem por reao, por resposta a estmulos.
Sobre isso, nos fala Littlejohn:
Em suma Mead viu a pessoa como um organismo biologicamente avanado,com um crebro capaz de pensamento racional. Atravs do uso de gestossignificativos e da adoo de papis, a pessoa torna-se um objeto para simesmo, isto , ela v-se como os outros a vem. A pessoa internaliza essaviso geral do eu e comporta-se coerentemente com tal viso. Atravs do
processo de reflexo mental, a pessoa planeja e repete mentalmente o
-
7/25/2019 Protestos Ciberativismo e Movimentos Occupy
6/15
IntercomSociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da ComunicaoXV Congresso de Cincias da Comunicao na Regio NordesteMossor - RN12 a 14/06/2013
6
comportamento simblico, preparando-se para a subseqente interao comoutro (Litllejohn, 1982, p. 71)
Assim, a perspectiva de interao simblica baseada na interpretao e
atitude em relao aos smbolos, se atualiza em nossos dias atravs da cognio humanaaplicada ao ciberespao: o sujeito ou ator ao se relacionar na rede (ou fora dela) busca a
identificao e interpretao simblica de uma dada ao ou percepo como ponto de
partida para a interao. O smbolo e sua forma de se manifestar por ideias ou atitudes
expressas atravs de mensagens (imagticas, verbais ou sonoras) continua como ponto
essencial do processo de interao, tendo em vista que o ciberespao se caracteriza
justamente pelo infinito fluxo de mensagens circulantes. O ator social constri sentido
para o seu eu no ciberespao atravs desse fluxo simblico e passa a atuar de acordo
com o seu julgamento.
Ciberativismo e ocupao: do virtual ao presencial
Resta saber qual o potencial da comunicao distribuda no sentido de trazer
as mobilizaes para fora da rede,de mobilizar socialmente tambm o mundo fsico,
no somente agir no ciberespao. Nesse sentido, a Web 2.0 tambm se torna um cenrio
onde passa a proliferar uma nova forma de organizao de reivindicao poltica e
social, o ciberativismo. E mesmo no nascendo na Web 2.0, nela se populariza. Sendo
assim, segundo SIBILIA:
[Aos jovens] incumbe a importante tarefa de inventar novas armas,capazes de opor resistncia aos novos e cada vez mais ardilosos dispositivosde poder; criar interferncias, vacolos de no-comunicao, interruptores,na tentativa de abrir o campo do possvel desenvolvendo formas inovadorasde ser e estar no mundo. (Sibilia, 2008, p.10)
Conforme a autora, as novas geraes tm o potencial (ou tarefa) de
transformar a comunicao mediada por computador em ferramenta de reivindicao
social. Em ferramenta de ciberativismo. Com o surgimento e popularizao da
informtica, o ciberespao se torna, ainda na Web 1.0, uma rea de acesso e
comunicao entre perfis sintonizados nas mesmas preferncias, opinies e vises de
mundo: pode-se encontrar fruns e chats de discusso com vasta abrangncia de temas,
desde desenhos japoneses at neonazismo. Essa ambincia miditica se mostra
-
7/25/2019 Protestos Ciberativismo e Movimentos Occupy
7/15
IntercomSociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da ComunicaoXV Congresso de Cincias da Comunicao na Regio NordesteMossor - RN12 a 14/06/2013
7
adequada organizao do ativismo nas suas mais diversas possibilidades, o
nascimento do ciberativismo, o ativismo mediado pela tecnologia, o ciberespao como
instrumento de ataque, divulgao de determinada causa, ciberguerrilha. A internet
passa a ser um espao de ao poltica construdo pela militncia e presena do
ciberativismo. Por ciberativismo podemos denominar um conjunto de prticas em
defesa de causas polticas, socioambientais, sociotecnolgicas e culturais, realizadas nas
redes cibernticas, principalmente na Internet. (SILVEIRA, 2010 p. 4)
Exemplo de um dos primeiros casos de ciberativismo na rede o
Movimento Zapatista (1994), cujo bordo Ya Basta!, quando as marchas nas ruas de
Chiapas (Mxico) faziam frente ao NAFTA (Tratado Americano de Livre Comrcio),
dos norte-americanos. O Movimento Zapatista pode ser observado como um exemplo
da dicotomia Real e Presencial, j que atuava dentro e fora do ciberespao.
Nasce a guerra em rede (netwar) que permite aos movimentos sociaislutarem vantajosamente contra Estados e corporaes (Arquilla e Ronfeldt,1996). O movimento zapatista, nascido em 1994, ser o principal exemplodesse poder e a principal escola de aprendizado para ONGs e movimentossociais (Arquilla, Ronfeldt, Fuller&Fulle, 1998; Cleaver, 1994) (Antoun,2008 p 16.)
O senso comum pode achar que o ciberativismo dos Anonymous fruto da
capacidade de comunicao distribuda (ANTOUN) e compartilhamento da Web 2.0,
mas o Movimento Zapatista j sinaliza a possibilidade deste tipo de ao ainda em
1994, sobre eles, dir SILVEIRA:
O grupo autodenominado Electronic Disturbance Theater lanou uma sriede aes de desobedincia civil eletrnica contra o governo mexicano, emapoio ao movimento zapatista. Cercado e isolado pelos mass media, osubcomandante Marcos, utilizando a Internet, rompe o cerco e se torna oprimeiro movimento de comunidades tradicionais a utilizar redes digitaispara sensibilizar a opinio pblica internacional (Silveira, 2010, p.32).
A ttica de negao de servio (DOS Attack) que os Anonymous utilizam
para derrubar as redes de seus alvos uma forma de ataque conhecida h vrios anos.
Sobre a atuao dos Anonymous nos deteremos mais adiante; por enquanto observamos
a fuso entre posicionamento poltico e domnio ciberntico como cerne da cultura
hacker; combinao que resulta no hacktivismo. desse ponto de partida que se
delineia no mundo fsico o impacto do ciberespao como ferramenta de protesto.
Ao apresentarmos as ideias gerais do ciberativismo, convm mostrarmos
alguns traos sociolgicos da sociedade ps-massiva nessa nova ambincia tecnolgica.
O modo de vida social mediado pela tecnologia definido por Castells como sociedade
-
7/25/2019 Protestos Ciberativismo e Movimentos Occupy
8/15
IntercomSociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da ComunicaoXV Congresso de Cincias da Comunicao na Regio NordesteMossor - RN12 a 14/06/2013
8
em rede. Nessa forma de sociedade as transformaes sociais ocasionadas pelas
tecnologias da informao reconfiguram a vida social em todos os seus nveis (famlia,
amigos, escola, trabalho, igreja) que passam a se relacionar com o ciberespao e as
mdias digitais. Em outras palavras, as instituies econmicas, polticas, religiosas;
pblicas ou privadas sofrem alteraes nos seus processos de relao com a sociedade
graas ao novo paradigma tecnolgico informacional.
Junto com tais transformaes percebemos uma reestruturao dos jogos de
identidade dos atores sociais em busca de novas referncias e vises de mundo.
Simultaneamente h um enfraquecimento das instituies que pode ser exemplificado
pela descrena crescente, na contemporaneidade, de modelos tradicionais de ordem
social como os sistemas polticos totalitrios, como as sociedades patriarcais. Essa nova
viso-interpretao por parte dos atores sociais tambm pode ocasionar paradoxalmente
novos focos de extremismo como o fundamentalismo religioso ou a xenofobia. Segundo
Castells, os ltimos vinte e cinco anos tm testemunhado avanos de expresses de
identidade coletiva que: Desafiam a globalizao e o cosmopolitismo em funo das
singularidades culturais e do controle das pessoas sobre as suas prprias vidas.
(CASTELLS, 1999, p. 18). A seguir o autor especifica os tipos de expresses que a
sociedade em rede (ou a cibercultura) propicia o surgimento, elas...
Incorporam movimentos de tendncia ativa voltados transformao dasrelaes humanas em seu nvel mais bsico, como, por exemplo, ofeminismo e o ambientalismo. Mas incluem tambm ampla gama demovimentos reativos que cavam suas trincheiras de resistncia em defesa deDeus, da nao, etnia, da famlia, da regio, enfim, das categoriasfundamentais da existncia humana milenar ora ameaada pelo ataquecombinatrio e contraditrio de foras tecnoeconmicas e movimentossociais transformacionais. (Castells, 1999, p.18)
Percebemos assim que a tecnologia, atravs das mudanas sociais que
ocasiona, favorece o surgimento de comunidades voltadas para a contestao do poder
estabelecido: o fundamentalismo surge como reao a um Estado que se afasta dos
preceitos da religio substantiva, na reconfigurao da vida ps-moderna, ou a
xenofobia que surge como resposta a um governo aberto para a mo de obra estrangeira.
Porm esse efeito tem mo dupla, assim como deixa o espao para o surgimento de
extremismos, tambm funciona como zona de contestao por movimentos sociais.
Com certa frequncia, a nova e poderosa mdia tecnolgica, tal como asredes mundiais de telecomunicao interativa, utilizada pelos contendores,
-
7/25/2019 Protestos Ciberativismo e Movimentos Occupy
9/15
IntercomSociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da ComunicaoXV Congresso de Cincias da Comunicao na Regio NordesteMossor - RN12 a 14/06/2013
9
ampliando e acirrando o conflito em casos em que, por exemplo, a Internetse torna instrumento de ambientalistas internacionais, zapatistas mexicanos,ou, ainda, milcias norte-americanas, respondendo na mesma moeda sinvestidas da globalizao computadorizada dos mercados financeiros e deprocessamento de dados. (Castells, 1999, p.18).
Buscando uma ruptura de paradigmas sedimentados na tradio, novas
comunidades ou tribos (MAFESOLLI), estruturam-se na rede como forma de projetar
novos valores a ser adotados pelo social. Assim, torna-se perceptvel a popularizao de
diversas formas de ativismo no mbito da cibercultura tais como: Movimento LGBT,
FEMEN, Piratas, Ficha Limpa entre tantos outros. Esse ciberativismo se nutre da
dinmica de participao caracterstica da Web 2.0, tornando mais acessvel a
circulao e a conseqente divulgao de sua mensagem. Mesmo que a tecnologia no
seja o objetivo final de um dado movimento (LGBT, por exemplo), esta assume umpapel fundamental na forma como tal movimento atua. Seja uma simples comunidade
em rede social, uma marcha registrada e narrada em tempo real atravs tweets ou fotos
de celulares, ou a simples repercusso da ao nos portais de notcias.
Nos ltimos anos, as estruturas polticas do Oriente Mdio tm sofrido
abalos em seus alicerces com revolues populares visando a democratizao do
sistema poltico e alcanando maior ou menor eficcia conforme a nao em questo. A
essas revolues (ou mobilizaes) se tem atribudo o nome de Primavera rabepois tais movimentos supostamente anunciam uma nova esperana na vida social para
um povo governado por sistemas totalitrios e repressores. Independentemente da
eficcia e concretizao dos objetivos da Primavera rabe no processo de
democratizao das naes que aderiram ao movimento convm salientar a importncia
que as redes sociais adquiriram no processo de comunicao entre os manifestantes.
No se pode atribuir comunicao mediada pela tecnologia o carter decisivo na
destituio de ditadores como Hosni Mubarak, no Egito, ou Muamar Kadafi, na Lbia,
porm relevante seu papel como ferramenta de organizao e mobilizao. Castells j
mostrou que a sociedade em rede favorece as condies para o surgimento de uma
mobilizao, mas convm esclarecer a respeito dessa forma de ao, dos novos
movimentos sociais e do ciberativismo.
Como afirma Sodr, a revoluo se faz com pedra na mo, porm a
interao mediada pela tecnologia, em especial as redes sociais tm se mostrado
importantes aliadas no auxlio queles que traro as pedras na mo. justamente nesse
aspecto de uma mobilizao que se inicia na rede e termina em nossas ruas, que
-
7/25/2019 Protestos Ciberativismo e Movimentos Occupy
10/15
IntercomSociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da ComunicaoXV Congresso de Cincias da Comunicao na Regio NordesteMossor - RN12 a 14/06/2013
10
enxergamos o potencial das tecnologias da informao de estenderem sua influncia e
ao para alm do mundo virtual.
A ameaa a sistemas polticos no mundo rabe tm influenciado as lutas
pela democracia tambm no, mundo ocidental. Faz-se necessria uma breve
contextualizao histrica dos processos que levaram onda de insatisfao expressa
nas redes sociais, posteriormente convertidas em ao no Ocidente. O ponto inicial para
as mobilizaes ciberativistas na atualidade a crise financeira ocasionada pela
especulao imobiliria nos Estados Unidos, desencadeada em 2008 e ao longo dos
meses seguintes. Conforme CARNEIRO:
O pano de fundo uma crise social, econmica e financeira que se arrasta
desde 2008 e tem como consequncias a carestia de gneros alimentares e odesemprego, mas o grande impasse que est presente a alternativa depolticas organizadas. Os movimentos se manifestam em rebeliespraticamente espontneas contra as estruturas polticas e sindicais vigentes,mas sem formar ainda uma nova articulao orgnica e representativa dosanseios de reforma e ruptura. (Carneiro, 2011, p.8)
Como efeito da falncia de diversas empresas e instituies financeiras (a
exemplo do Lehmans Brothers Holdings Ltda), os Estados Unidos sofrem uma onda de
desemprego e recesso econmica. O mal estar na economia s comparado Grande
Crise de 1929. Logo os efeitos da economia americana passam a ser sentidos na Europa,
ocasionando, tambm, complicaes para a populao de classe mdia que se v sem
amparo devido s medidas de austeridade dos governos europeus.
Com esse cenrio delineado, podemos perceber no apenas a crise
financeira, mas tambm a crise de identificao dos atores sociais com suas instituies
polticas, j que as medidas econmicas adotadas pelos governos privilegiam a uma
elite social em detrimento de toda uma populao que fica a merc do caos financeiro.
nesse ponto do processo que podemos delinear a importncia adquirida pelas redes
sociais como ferramentas de empoderamento social, uma forma de exteriorizar o
sentimento de insatisfao com os rumos das decises polticas.
Desde 2008, o mundo presencia as formas de atuao nas redes sociais.
Conforme mencionamos, a rede como ferramenta de ao contra o Poder constitudo, j
fora utilizada nos tempos de Web 1.0, porm, a utilizao do potencial da Web 2.0 tem
demonstrado novos horizontes na interao mediada por computador, e nos
conseqentes empoderamentos sociais que o formato e flexibilidade da rede
-
7/25/2019 Protestos Ciberativismo e Movimentos Occupy
11/15
IntercomSociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da ComunicaoXV Congresso de Cincias da Comunicao na Regio NordesteMossor - RN12 a 14/06/2013
11
proporcionam. Destacamos aqui a importncia dos Anonymous pela euforia que
costumam causar na mdia. Valendo-se da mscara de Guy Fawkes, que por sua vez se
popularizou atravs do personagem V, do autor de histrias em quadrinhos, Alan
Moore, os Anonymous lanam seus manifestos contra o sistema atravs de mensagens
em pginas de redes sociais ou vdeos no youtube. Costumam causar frisson por
geralmente atuarem atravs de um hacktivismo agressivo; os alvos costumam ser
websites e redes de instituies comerciais ou polticas que ficam horas fora do ar
causando transtornos aos seus representantes.
Os Anonymous, dessa maneira, atuam como um belo exemplo do uso das
redes como ferramentas de empoderamento social. necessrio um conhecimento
considervel em informtica (alm de uma ao conjunta) para derrubar o sistema de
uma instituio financeira de grande porte, contudo, esse empoderamento social
expresso no necessariamente nos ataques, mas na sua publicidade: o Estado sofre um
abalo em sua reputao, as classes sociais afetadas de maneira negativa pela crise se
identificam com os atentados cibernticos e os ciberativistas concretizam a nova arma
contra os dispositivos do poder. Nesse novo cenrio de luta poltica, o social adquire
melhor condio de se opor fora de coeso do Estado, o Poder com medo da
internet (CASTELLS). Atualizando, dessa forma, a ao contra as instituies polticas
preconizadas pelo cyberpunk.
Ao lado da guerrilha ciberntica, outra forma de mobilizao social tem
tomado forma nos ltimos anos, tambm como resultado de insatisfao com o rumo
poltico tomado no decorrer da crise econmica. Assim como a guerrilha dos
Anonymous e como a Primavera rabe, a organizao desse tipo de movimento est
alicerada no ciberespao e sua forma de atuao se deu de maneira muito semelhante
aos acontecimentos pr-democracia no Oriente Mdio. Enfatizamos, contudo, uma
diferena fundamental em relao ciberguerrilha hacker: enquanto o hacktivismonecessita de conhecimentos avanados em informtica para desferir sua mensagem de
ataque, aqui a principal ferramenta so as redes sociais. Apesar de ocorrer em vrios
pases europeus e nos Estados Unidos, identificamos nesse tipo de mobilizao social o
surgimento de uma tendncia que parece tomar forma em diversos contextos scio-
polticos, incluindo o nosso pas e Estado. Tais movimentos, apesar de suas variantes e
especificidades, dependendo do local em que ocorre, os designaremos com a mesma
terminologia de Ocuppy. A este respeito caberia uma rpida contextualizao histrica.
-
7/25/2019 Protestos Ciberativismo e Movimentos Occupy
12/15
IntercomSociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da ComunicaoXV Congresso de Cincias da Comunicao na Regio NordesteMossor - RN12 a 14/06/2013
12
A crise financeira ocasionou, como se sabe, a reao de milhes de pessoas
ao redor do mundo. Enquanto no Oriente a luta por democracia organizada atravs das
redes sociais abalou sistemas polticos durante a Primavera rabe, na Europa e Amrica
os efeitos foram menos profundos, mas nem por isso, menos importantes. O smbolo de
resistncia do mundo rabe foi a Praa Tahir, no Egito, local que reuniu cerca de 15 mil
manifestantes, responsveis pela derrubada do presidente Hosni Mubarak. Quanto
Primavera rabe, cabe dizer que seu estopim foi a morte de Mohamed Bouazizi,
vendedor ambulante que cometeu suicdio por imolao em frente sede regional do
governo tunisiano aps ter negada uma autorizao para seu carrinho de frutas. A morte
de Bouazizi desencadeou uma onda de protestos na Tunsia, culminando com a
destituio do presidente Bem Ali. Logo os protestos se espalharam pelos pases rabes
com diferentes repercusses em cada lugar.
Nos Estados Unidos, a iniciativa dos movimentos de ocupao do espao
pblico parte da Adbusters, uma rede global de ativistas anti-consumismo sediada no
Canad, conhecida por lanar algumas campanhas junto populao comoBuy Nothing
Day(Dia de No Comprar Nada) ou TV Turn off Week(Semana da TV Desligada - uma
semana sem ligar a TV). Logo comea a circular na internet a mensagemAre you Ready
for a Tahir Moment?(Voc est pronto para um momento Tahir?). A proposta foi bem
acolhida e os protestos se espalham em dezenas de cidades norte americanas. O maior
impacto, porm, se deu em Wall Street, sede do poder financeiro norte-americano
localizado no distrito financeiro de Manhattan, onde, no dia 17 de setembro de 2011,
centenas de barracas de acampamento so armadas, ocupando o espao pblico em
nome de reformas polticas e financeiras. Seu slogan We are 99%, em referncia a
uma elite econmica, composta de 1% da populao, detentora da maior parte das
riquezas do planeta; enquanto os outros 99% vivem em situao financeira adversa.
Assim como nos EUA e Oriente Mdio, nos pases da Europa, tambm se va insurgncia popular contra o posicionamento neoliberal da poltica europia, algumas
at mesmo anteriores ao Occupy, como o caso do Los Indignados da Puerta del Sol,
responsveis pela ocupao das ruas de Madri, ou a Gerao Rasca em Portugal.
H de se ressaltar mais uma vez as diferenas entre os movimentos Occupy
e a Primavera rabe, os primeiros surgem em decorrncia (inspirao ou influncia)
dessa ltima, porm, enquanto a Primavera rabe anseia por uma poltica democrtica,
os movimentos occupy contestam a suposta democracia do mundo ocidental. Porm seexistem diferenas, as semelhanas so bem maiores: so semelhantes nos objetivos
-
7/25/2019 Protestos Ciberativismo e Movimentos Occupy
13/15
IntercomSociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da ComunicaoXV Congresso de Cincias da Comunicao na Regio NordesteMossor - RN12 a 14/06/2013
13
finais, afinal lutam contra as injustias do poder e sua forma de atuao, em essncia,
a mesma. A ocupao de praas e o uso de redes de comunicao alternativas de que
nos fala Carneiro so interessantes para se explorar, afinal representam bem a relao
presencial x virtual caracterstica do ciberativismo.
Devemos destacar a importncia das redes sociais como uma rede
alternativa de comunicao. Apesar de Warren analisar as redes em seu contexto geral e
no apenas as redes digitais, ela afirma sobre as redes na sociedade da informao:
Portanto, as redes desempenhariam um papel estratgico, enquantoelemento organizativo, articulador, informativo e de atribuio de poder(empowerment/empoderamento) de coletivos e de movimentos sociais noseio da sociedade civil e na sua relao com outros poderes institudos
(Scherer; Warren, 2006, p. 222)
A comunicao, como se sabe, um elemento estratgico em qualquer setor
da vida social (econmico, poltico, militar, cientfico) tornando-se fundamental para
qualquer tipo de empreendimento ou ao de grupos. No se pode contar com a
influncia da mdia se a mobilizao se d contra seus interesses, essa a necessidade
do canal alternativo. As redes sociais, logo assumem um carter essencial de ferramenta
de mediao e circulao de mensagens entre os manifestantes. Sua eficcia possui sim
limitaes, mas sem a articulao e difuso da informao atravs dessas mdias
alternativas, desse uso que as ruas encontraram para a tecnologia, conforme frisa
Gibson, no haveria Movimentos Occupy ou ao ciberativista.
Em nossa abordagem dos Movimentos Occupy, entendemos que continuam
ocorrendo, sobretudo, na Europa, no se restringindo a manifestaes em ruas e praas
ao longo dos meses subseqentes a 2011. Ainda assim, esse perodo foi o ponto
culminante. Depois de quase dois anos, protestos continuam ocorrendo e mobilizaes
sendo organizadas, porm sem a mesma quantidade de participantes e sem que consigacausar o mesmo impacto junto mdia ou mesmo aos respectivos governos.
No caso da Primavera rabe, caram governos no Egito, Lbia e Tunsia. O
governo Srio, na figura do ditador Bashir Al Assad, viu a insurgncia ameaar a
segurana de seu mandato e optou pela represso, o resultado uma guerra civil que
flagela a populao civil e coloca em xeque o potencial carter revolucionrio que a
Primavera rabe poderia proporcionar naquele pas. O Egito viu cair a ditadura de
Hosni Mubarak, mas a Praa Tahir continua como local de protesto, afinal seu governofoi substitudo pela Irmandade Muulmana que ameaa lanar o pas em uma teocracia
-
7/25/2019 Protestos Ciberativismo e Movimentos Occupy
14/15
IntercomSociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da ComunicaoXV Congresso de Cincias da Comunicao na Regio NordesteMossor - RN12 a 14/06/2013
14
islmica. Tambm se deve atentar para o fato de que o smbolo maior da luta pela
democracia no mundo rabe guarda seu lado retrgrado e catico ao se dar conta dos
estupros que costumam ocorrer durante as manifestaes pblicas na praa,
evidenciando assim que nem todos os presentes s mobilizaes compreendem o real
valor e sentido de um estado democrtico e justo.
As aes contemporneas, sejam os ataques cibernticos dos Anonymous ou
os protestos e marchas ao redor do mundo, tm gerado o que podemos identificar como
duas correntes de pensamento divergentes. De um lado, esto os que enxergam na
internet uma ameaa ao sistema poltico estabelecido, e uma expresso de liberdade em
demasia, outros enxergam a mesma ameaa a esse sistema poltico e visualizam nessa
tecnologia um possvel caminho para uma real democratizao poltica.
Consideraes Finais
A internet e as ruas fervilham de manifestantes querendo fazer valer seus
direitos contra diferentes formas e ideologias de governo (sendo semelhantes, em
verdade, no gosto pelo neoliberalismo e no totalitarismo). Apesar das limitaes
sofridas pela contestao social, e os resultados ainda imprevisveis, a ao ciberpoltica
tem demonstrado uma tendncia de comportamento e atitude poltica. A sua influncia e
impacto na sociedade contempornea tem potencial para consolidar-se como tendncia.
Este seria o grande impacto das relaes entre o mundo Virtual e Presencial: h uma
alterao na estrutura poltica e econmica mundial. Talvez esta potencial
transformao explique de fato o poder que tem medo da internet, ou seja, a
tecnofobia, e explique uma nova formao histrica, a ciberdemocracia, a vontade de
concretizar por meio das redes sociais atitudes afirmativas. Isto algo que
empiricamente - tem se tornado (mais do que) uma tendncia em nossa sociedade.
Referncias
AMARAL, Adriana. Vises Perigosas: Para uma genealogia do cyberpunk. Os conceitosde cyberpunk e sua disseminao na comunicao e na cibercultura-UNIrevistaVol 1,n3, Rio Grande do Sul, 2006, p. 1-17
ANTOUN, Henrique (Org.). WEB 2.0Participao e Vigilncia na era da comunicaodistribuda.Rio de Janeiro, Maud, 2008
-
7/25/2019 Protestos Ciberativismo e Movimentos Occupy
15/15
IntercomSociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da ComunicaoXV Congresso de Cincias da Comunicao na Regio NordesteMossor - RN12 a 14/06/2013
15
_____ Biopoltica, Resistncia e Mdia Livre na Comunicao em Rede III SimpsioNacional. ABCiber ( So Paulo ), p. 1-10, 2009. Disponvel em: Acesso em: 17.04.2013
CASTELLS, M. A sociedade em rede.Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1999; __ O Poder daIdentidade. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1999_______________ Manuel Castells: O Poder tem medo da internetem novae.inf.Disponvel em: Acesso em 20 de fevereiro de 2013
LEMOS, Andr (a). Cibercultura. Tecnologia e Vida Social na Cultura Contempornea.Porto Alegre, Sulina, 2002
______________ Cunha, Paulo (orgs). Olhares sobre a Cibercultura.Sulina, Porto Alegre,2003; pp. 11-23
GIBSON, William. Burning Chrome. Disponvel em:http://migre.me/eedP8Acesso em:20.03.2013
SODR, Muniz: O capital no gosta de gente, o capital gosta de capital.Em Revista OVis. Disponvel em:http://migre.me/eedRDAcesso em: 21.02.2013
MAFFESOLI, Michel. O Tempo das Tribos. O declnio do individualismo na sociedade demassa.Rio de Janeiro, Forense Universitria, 1998.
SIBILIA, Paula. O Show do eu. A intimidade como espetculo.Nova Fronteira, Rio deJaneiro, 2008.
SADER. Emir et al. OccupyMovimentos de Protesto que tomaram as ruas.So Paulo,
Boitempo Editorial, 2012.
SILVEIRA, Srgio Amadeu. Ciberativismo, cultura hacker e o individualismocolaborativo.Revista USP, So Paulo, n 86, p. 28-39, 2010
LVY, Pierre. Cibercultura. So Paulo, Editora 34, 1999.
LITLLEJOHN, Stephen Warren. Fundamentos Tericos da Comunicao Humana.Rio deJaneiro, Zahar, 1982.
SCHERER WARREN, Ilse. Das mobilizaes as redes de movimentos sociais.RevistaSociedade e Estado. v. 21, n.1. Braslia: Editora da UnB, 2005, p. 109-130.
PRIMO, Alex. O aspecto relacional das interaes na Web 2.0.E- Comps (Braslia), v. 9,p. 1-21, 2007
http://migre.me/ea2cfhttp://migre.me/ea2cfhttp://migre.me/eedP8http://migre.me/eedP8http://migre.me/eedP8http://migre.me/ea2cfhttp://migre.me/eedRDhttp://migre.me/eedRDhttp://migre.me/eedRDhttp://migre.me/eedRDhttp://migre.me/ea2cfhttp://migre.me/eedP8http://migre.me/ea2cf