protestantismo x catolicismo

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1 CATOLICISMO X PROTESTANTISMO VERDADES E MENTIRAS http://www.paraclitus.com.br

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Protestantismo x Catolicismo

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CATOLICISMO

X

PROTESTANTISMO

VERDADES E MENTIRAS

http://www.paraclitus.com.br

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ÍNDICE Martinho Lutero: Os absurdos pregados pelo pai do Protestantismo Evangélico .............................................. 02 Martinho Lutero e sua devoção a Maria ................................................................................................................. 10 Martinho Lutero sobre os crucifixos, imagens de santos e o Sinal da Cruz ......................................................... 12 O que são as seitas protestantes? .............................................................................................................................. 15 Leitor questiona sobre a RCC , Protestantismo e irmãos de Jesus ........................................................................ 17 Por que não sou protestante ....................................................................................................................................... 25 Mas afinal, o que é um protestante? ........................................................................................................................ 32 Leitor pergunta sobre os Batistas e Igrejas Evangélicas ......................................................................................... 34 Resposta ao questionamento protestante acerca da Maternidade Divina de Maria ........................................... 44 Leitor pergunta sobre validade do Batismo ............................................................................................................. 54 Batismo Infantil ....................................................................................................................................................... 56 Leitor pede que refutemos argumentos heréticos de uma nova seita oriunda do protestantismo ...................... 59 Imagens e Ídolos .......................................................................................................................................................... 68 O uso de Imagens na Santa Igreja ............................................................................................................................ 71 A controvérsia das Imagens ...................................................................................................................................... 74 Porque ter imagens em igrejas e rezar aos pés delas, já que não possuem espíritos? ........................................ 78 Leitura fundamentalista, heresiarcas e a sagrada .................................................................................................. 81 A sagrada tradição apostólica da Igreja ................................................................................................................... 84 Por que a Bíblia católica é diferente da protestante? ............................................................................................ 92 BÍBLIA CATÓLICA E A PROTESTANTE – Porque existem as divergências mesmo entre os cristãos ......... 95 Pensamentos Católicos contra os hereges ................................................................................................................. 98 Infabilidade Papal .................................................................................................................................................... 101 Resposta às afirmações de uma testemunha de Jeová ........................................................................................... 104 Creio na Santa Igreja ! ............................................................................................................................................. 110 A cruz, símbolo pagão? ............................................................................................................................................ 111 Os sacramentos na Igreja ......................................................................................................................................... 119 O significado dos Sacramentos ................................................................................................................................ 121 Resposta aos comentários de um pseudo católico ................................................................................................. 125 Igreja anglicana de Washington adere à Igreja Católica .................................................................................... 135 600 anglicanos iniciam caminho rumo à plena comunhão com a Igreja Católica na Inglaterra ..................... 136 Três ex-bispos anglicanos são recebidos na Igreja Católica .............................................................................. 138 A volta de protestantes ao seio da Igreja Católica, nos Estados Unidos. ............................................................. 139 A Reforma foi um erro trágico, afirma reverendo Gladfelter, metropolita do ALCC ...................................... 143 As diferenças entre católicos e orientais ortodoxos ............................................................................................. 149 Éra mesmo Cristão o Catolicismo Romano ? ......................................................................................................... 154 Protestante principiante e desinformado contesta fé católica .............................................................................. 162 Resolvi estudar sobre outras vertentes cristãs, inclusive o tão difamado catolicismo ........................................ 164 São Pedro, rocha firme de fé inabalável ................................................................................................................. 177 50 Provas do Primado Petrino e do papado tiradas do Novo Testamento .......................................................... 178 Sobre o Papa e a Sucessão ........................................................................................................................................ 183 Sobre a Igreja Católica ............................................................................................................................................. 186 A origem da Igreja Católica e do Papado .............................................................................................................. 191 São Cirilo de Alexandria e a Divina Maternidade de Maria ................................................................................ 197 Maria – Assunta ao céu e coroada ! ........................................................................................................................ 199 Explicação da Ave Maria por São Tomás de Aquino ............................................................................................ 204 MARIA NOSSA MÃE ........................................................................................................................................... 211 Resposta ao questionamento protestante acerca da Maternidade Divina de Maria .......................................... 213 Imaculada Conceição da Santíssima Virgem Maria ............................................................................................. 223 A Mediação da Virgem Santíssima ......................................................................................................................... 226 Maria, Mãe de Deus ou de Jesus? ........................................................................................................................... 229 O fim dos “evangélicos”? ....................................................................................................................................... 231 Caçadores de mitos: mitos sobre a Igreja Católica ............................................................................................... 236 150 razões porque me tornei católico ...................................................................................................................... 238 O chefe humano da Igreja divina ............................................................................................................................ 251 Por que a Igreja não vende tudo o que tem para ajudar aos pobres? ................................................................. 256 Cresce o número dos que abandonam a fé católica ............................................................................................... 258 Você sabia que Lutero se arrependeu do dano que causou com o protestantismo ? .......................................... 261 A Lamentável Reforma Protestante .........................................................................................................................262 G12, encontros e técnicas de lavagem cerebral ...................................................................................................... 270

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Martinho Lutero: Os absurdos pregados pelo pai do Protestantismo Evangélico

POR: HELLEN CRISTINE WALKER | SAB , 12 DE MAIO DE 2012

Martinho Lutero: Um homem celebrado por questionar a autoridade de uma Igreja supostamente corrupta, por iniciar a liberdade religiosa em uma época do feudalismo espiritual, etc … Mas quanto Lutero o protestante comum lê durante sua vida? Ou mesmo a média clériga protestante? Seguramente não muito, porque se as pessoas realmente soubessem o que Lutero pensava e ensinava, ficariam horrorizadas.

“Cristo cometeu adultério pela primeira vez com a mulher da fonte, de que nos fala São João. Não se murmurava em torno dele: “Que fez, então, com ela?”, depois com Madalena, depois com a mulher adúltera, que ele absolveu tão levianamente. Assim Cristo, tão piedoso, também teve de fornicar antes de morrer.” (Martinho Lutero: Tischreden, nº 1472, ed. Weimer, 11, 107)”.

A fim de evitar possíveis alegações de que os trechos citados abaixo são tirados do contexto e, portanto, não podem ser confiáveis como representações precisas do pensamento de Lutero, fornecerei uma referência indicando onde cada trecho pode ser encontrado. Você verá que nenhuma dessas passagens dizem nada além do que aparece aqui, pois as intenções de Lutero são todas muito claras.

Uma outra objeção é que outros escritos de Lutero podem contradizer algumas das idéias que você encontrará aqui. Gostaríamos de responder que auto-contradição não torna um indivíduo mais coerente, mas menos.

Lutero disse: “Seja um pecador”

“Seja um pecador, e deixe os que vossos pecados sejam fortes, mas deixe que vossa confiança em Cristo também seja forte, e nos glorificamos em Cristo que é a vitória sobre a morte, o pecado e o mundo. Nós cometemos pecados enquanto estamos aqui, pois esta vida não é um lugar onde resida a justiça … Nenhum pecado pode nos separar d’Ele, mesmo se estivéssemos a matar ou cometer adultério milhares de vezes por dia.” (“Que os vossos pecados sejam fortes, a partir de “O Projeto Wittenberg, ‘O Segmento Wartburg”, traduzido por Erika Flores, de Saemmtliche Dr. Martinho Lutero Schriften, Carta n º 99, 1 de agosto de 1521).

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O que Lutero está realmente dizendo é que as nossas ações – mesmo as ações mais pecaminosas que se possam imaginar – não importam! Ele está dizendo que podemos cometer qualquer pecado que quizermos – intencionalmente, presunçosamente, propositadamente – e não vamos ofender a Deus! Afinal, não precisamos de nada mais do que a “fé” para sermos salvos. O que fazemos é incidental. É claro que qualquer pessoa familiarizada com as Escrituras salientaria que esta não é uma doutrina cristã. Por toda a Bíblia lemos que o pecado nos separa de Deus (Isaías 59:1-2). Nenhum crente tem uma licença para pecar. Os cristãos que voluntariamente se entregam ao pecado serão julgados no Tribunal do Juízo de Cristo (Romanos 12:14; 1 Tessalonicenses 4:6).

Lutero disse: Fazer o bem é mais perigoso que pecar

“Estas almas piedosas que fazem o bem para ganhar o Reino dos Céus, não só nunca terão sucesso, mas devem mesmo ser contadas entre os ímpios, é mais importante preservá-las contra as boas obras do que contra o pecado.” (Wittenberg, VI, 160, citado por O’Hare, em “Os fatos sobre Lutero, TAN Books, 1987, p. 122.)

Você deve estar pensando: “O quê? Será que eu li direito?” É mais importante preservá-las contra as boas obras do que contra o pecado?”

Lutero nos adverte contra ações retas e do bem. Ele diz para não nos preocuparmos com o pecado – Jesus vai se ocupar deles. Sengundo ele, aquele que faz o bem é melhor ficar atento. Especialmente aqueles que acham que ser bom e generoso e amoroso irá afectar o seu resultado no julgamento final.

Em sua arrogância, Lutero ignora versículo após versículo da Escritura – Antigo e Novo Testamento – onde nos é dito que a forma como vivemos a nossa fé será o critério em que seremos julgados. Como Paulo deixa perfeitamente claro em Rom. 2: 5-11 ”… o justo juízo de Deus, que retribuirá a cada um segundo suas obras”. E novamente em 2 Coríntios 5:10: “Porque todos devemos comparecer ante o tribunal … de modo que cada um receba a recompensa, de acordo com o que ele fez na carne, seja bem ou mal.” Lutero estava completamente e monumentalmente errado.

Lutero disse: Não há nenhum livre arbítrio

“… No que diz respeito a Deus, e em tudo o que traz a salvação ou condenação, (o homem) não tem ‘livre arbítrio’, mas é um prisioneiro, cativo e escravo, quer da vontade de Deus, ou da vontade de Satanás. ” (Da redação, “Escravidão da Vontade”, “Martin Luther:.. As seleções de seus escritos, ed por Dillenberger, Anchor Books, 1962 p. 190)

“… Nós fazemos tudo por necessidade, e nada pelo ‘livre arbítrio’, pois o poder de ‘livre arbítrio’ é nulo …” (Ibid., p. 188.)

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“O homem é como um cavalo. Deus por acaso salta na sela ? O cavalo é obediente e se acomoda a todos os movimentos do cavaleiro e vai para onde ele o quer. Será que Deus derruba as rédeas? Assim, Satanás pula no lombo do animal, que se dobra, anda e se submete à esporas e caprichos do seu novo piloto … Portanto, necessidade, não o livre arbítrio, é o princípio de controle do nosso comportamento. Deus é o autor do que é mal, bem como do que é bom e, assim como Ele dá a felicidade àqueles que não a merecem, Ele também maldiz aqueles que merecem o seu destino.” (“De Servo Arbitrio”, 7, 113 seq. Citado por O’Hare, em “Os fatos sobre Lutero, TAN Books, 1987, pp 266-267).

Todas estas passagens vêm de um tratado que Lutero redigiu, intitulado “De Servo Arbitrio”, ou “Cativeiro da Vontade”, no qual o grande reformador trabalha arduamente para apresentar o caso em que o livre-arbítrio não existe.

A Escritura, é claro, discorda, em palavras e espírito. Em Eclesiástico 15:11-20, encontramos: “Não digas:«Foi por feito de Deus que eu caí: pois o que ele odeia, ele não faz»”. ‘Não digas: ‘Foi ele quem me pôs perdido, pois ele não tem necessidade de homens ímpios’ … Quando Deus, no início, criou o homem, ele o fez sujeito de sua própria escolha livre. Se você escolhe, você pode guardar os mandamentos … Há diante de ti fogo e água; qualquer um que escolhas, estendas a tua mão. “

A Escritura é muito clara sobre o assunto: “Quando Deus, no início, criou o homem, ele o fez sujeito à sua livre escolha.”

Mas o Evangélico protesta: Siraque é “apócrifo” – Lutero o descartou, questionando a sua canonicidade. E não é de se admirar que o tenha feito, nós respondemos, considerando como este livro refuta diretamente seus ensinamentos. Mas a fim de evitar polêmicas desnecessárias, também podemos apontar para Deut. 30:19-20, onde Deus nos diz: “Coloco diante de ti a vida e a morte, a bênção e a maldição. Escolhe a vida, então, que tu e teus descendentes possam viver, amando o Senhor, teu Deus, obedecendo sua voz, e apegando-te, a ele.” Assim, vemos que o homem tem mais do que simplesmente a liberdade de escolher, ele é obrigado a escolher.

E antes ainda, em Gênesis 4:7, Deus fala a Caim: “Por que está tão ressentido e desapontado. Se você faz bem, você pode manter sua cabeça erguida, mas se não, o pecado é um demônio espreita à porta: seu impulso é para você, mas você pode ser seu mestre. “

E, finalmente, em João 15:15, o Senhor declara seu amor por nós, seus seguidores: ” Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que seu mestre está fazendo tenho-vos chamado amigos …” Essas palavras difícilmente soam como as palavras de um cavaleiro ao seu cavalo.

Como muitas vezes acontece, Paulo tem a palavra final: “Pois, se nós, que aspiramos à justificação em Cristo, retornamos, todavia, ao pecado, seria porventura Cristo ministro do pecado? Por certo que não!(Gálatas 2:17). Eis

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aqui uma contradição mais direta ao pronunciamento de Lutero: “Deus é o autor do que é mal, bem como do que é bom” … difícil de conceber.

A posição de Lutero não inclui nenhuma responsabilidade. Não há responsabilidade. Sem sentido de aprendizagem ou de ser aperfeiçoado através do curso de nossas vidas. Nem mesmo dignidade. Apenas a mais sombria e opressora coerção, que rouba a vida humana de qualquer sentido. Ou seja, o que você faz em sua vida – até mesmo o amor que você prova para com os vizinhos – não significa nada, de acordo com Lutero. Suas lutas, seus sofrimentos, sua perseverança – nada disso equivale a nada. Sua vontade não está mesmo em suas próprias mãos.

Lutero disse: “O indivíduo cristão não está sujeito a nenhuma autoridade

“… Cada cristão é por fé tão exaltado acima de todas as coisas que, por força de um poder espiritual, ele é o senhor de todas as coisas, sem exceção, de modo que nada lhe pode fazer mal nenhum. Por uma questão de fato, todas as coisas são subordinadas a ele e são obrigadas a servi-lo na obtenção de salvação “. (Da redação, “A liberdade de um cristão”, “Martin Luther: Seleções de seus escritos, ed por Dillenberger, Anchor Books, 1962 p. 63.).

“A injustiça é feita às palavras ‘padre’, ‘clérigo’, ‘guia espiritual’, ‘eclesiástico’, quando elas são transferidas de todos os cristãos para aqueles poucos que são agora, por um uso malicioso, chamados ‘eclesiásticos.’ “(Ibid., p 65..)

Lutero ensina que nós não precisamos de ninguém entre nós, a comunidade dos crentes, e nosso Salvador. Assim, ele se opõe à autoridade eclesiástica – e a hierarquia que a exerce. Deus está com toda a congregação, ele diz, então por que devemos se preocupar com um padre?

Parece ótimo. Até você perceber que esta visão retoma a posição da irmã de Moisés, a profetisa Miriã, que protesta em Números capítulo 12, “É só através de Moisés que o Senhor fala? Ele não fala através de nós também?” Por sua rebeldia contra a autoridade estabelecida por Deus, ela contrai lepra. Graças à oração intercessora de Moisés, ela é curada.

E ela é imitada, apenas alguns capítulos mais adiante, por Corá, que incita o povo contra Moisés e Aarão com as palavras mais perturbadoras de todas. Eles dizem, “Basta de vocês! Toda a comunidade, todos eles são santos! O Senhor está no meio deles. Por que então vocês devem impor-se sobre a congregação do Senhor?” Ao que Corá e seus seguidores foram consumidos pelo fogo enviado pelo Senhor. (Números 16).

Lutero disse: Camponeses merecem um tratamento severo

“Assim como as mulas, que não se moverá a menos que você perpetuamente chicoteá-los com varas, de modo que o poder civil deve conduzir as pessoas comuns, chicote decapitar, estrangular, enforcar, queimar, e torturá-los,

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para que possam aprender a temer os poderes constituídos. ” (El. ed. 15, 276, citado por O’Hare, em “Os fatos sobre Lutero, TAN Books, 1987, p. 235.)

“Um camponês é um porco, pois quando um porco é abatido é morto, e da mesma forma que o camponês não pensa em outra vida, caso contrário ele iria se comportar de maneira muito diferente.” (‘Schlaginhaufen’, ‘Aufzeichnungen “, p. 118, citado ibid., P. 241)

Talvez a hora mais escura de Lutero foi sua traição dos servos de longamente abusados durante Camponeses Münzer a Guerra de 1525. Primeiro, ele ingenuamente fomentou sua inquietação por vias de publicação de ”Sobre a Autoridade”, no qual ele criticou a classe principesca com insultos, como “As pessoas não podem, as pessoas não vão, aturar sua tirania e capricho por qualquer período de tempo. ” (Ibid., p. 223.) E, “… o pobre homem, na emoção e tristeza por conta dos danos que sofreu em seus bens, seu corpo e sua alma, foi muito tentado e tem sido oprimido por eles além de qualquer medida, da forma mais pérfida. Doravante, ele pode e não vai mais tolerar esse estado de coisas, e, além disso, ele tem muitas razões para irromper com o malho e o clube como Karsthans ameaça fazer “. (Ibid., p. 225.)

No entanto, quando a rebelião chegou, ele se virou a casaca, na publicação do folheto, “contra as hordas de assassinos e voraz dos Camponeses”, incitou os senhores governantes a “apunhalá-los secreta ou abertamente, como puderem, como seria ao matar um cão raivoso. ” (Ibid., p. 235.)

Para ressaltar a frieza do homem, Lutero casou-se no encalço do trágico massacre que resultou. Erasmus, um contemporâneo, estima-se que cem mil camponeses perderam suas vidas. (Ibid., p. 237.)

Lutero disse: A poligamia é permitida

“Confesso que não posso proibir uma pessoa de casar com várias esposas, pois isso não contradiz a Escritura. Se um homem deseja se casar com mais de uma esposa que ele deveria ser perguntado se ele está satisfeito em sua consciência de que o faz em conformidade com a palavra de Deus. Nesse caso, a autoridade civil não tem nada a fazer sobre o assunto. ” (De Wette II, 459, ibid., Pp 329-330).

‘Sola Scriptura’ (Escritura como única autoridade religiosa) tem suas conseqüências.

Lutero disse: A Bíblia poderia ser melhorada

“A história de Jonas é tão monstruosa que é absolutamente incrível.” (“Os fatos sobre Lutero, O’Hare, TAN Books, 1987, p. 202.)

“O livro de Ester, eu lanço no Elba. Eu sou como um inimigo para o livro de Ester, que eu gostaria que não existisse, pois Judaíza demais e tem em si uma grande dose de loucura pagã.” (Ibid.)

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“É de muito pouco valor é o Livro de Baruque, quem quer que seja o digno Baruque”. (Ibid.)

“… A epístola de São Tiago é uma epístola cheia de palha, porque não contém nada evangélico.” (Prefácio ao Novo Testamento, “Dillenberger. Ed, p. 19.)

“Se disparate é falado em qualquer lugar, este é o lugar. Eu passo por cima do fato de que muitos afirmaram, com muita probabilidade, que esta carta não foi escrita pelo apóstolo Tiago, e não é digna do espírito do apóstolo”. (“Servidão pagã da Igreja, ‘Dillenberger. Ed, p. 352.)

Lendo essas palavras de Lutero, é difícil imaginar que ele seja o mesmo homem que tantas vezes disse olhar para a Bíblia “como se o próprio Deus falasse por meio dela.” Como ele poderia ter alegado acreditar na Palavra inspirada de Deus como a autoridade máxima em matéria religiosa, se ele mesmo se colocou em julgamento das Escrituras? Ao fazer isso, ele claramente se colocou como juiz sobre o próprio Deus.

Acredite ou não, em sua arrogância Lutero, presumiu até mesmo classificar os evangelhos: “João, conta com poucos registros das obras de Cristo, mas uma grande parte de sua pregação, ao passo que os outros três evangelistas registraram muitas de suas obras, mas poucos de suas as palavras. Daqui resulta que o evangelho de João é único na delicadeza, e de uma verdade do evangelho principal, muito, muito superior aos outros três, e São Paulo e São Pedro estão muito além dos três evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas. ” (Prefácio aos romanos, “Dillenberger. Ed, p. 18-19.)

E queixou-se sobre o livro do Apocalipse: “a minha mente não percebe nesse livro nenhuma marca de um caráter apostólico ou profético … Cada um pode formar seu próprio julgamento deste livro, quanto a mim, sinto uma aversão a ele, e para mim isso é razão suficiente para rejeitá-lo. ” (Werke Sammtliche, 63, pp 169-170, “Os fatos sobre Lutero,” O’Hare, TAN Books, 1987, p. 203.)

E, finalmente, ele admitiu ter acrescentando a palavra ‘somente’ em Rom. 3:28 de sua própria vontade: “Se incomoda papista a palavra (“somente”), diga-lhe logo, o Dr. Martinho Lutero vai tê-la assim mesmo.: papista e burro são uma e a mesma coisa. Quem não quiser minha tradução, que se dê a ele um ‘vá-se embora’.. O diabo agradece àqueles que o censuram sem minha vontade e conhecimento. “Lutero assim o quer, e ele, que é doutor acima de todos os doutores do papado, assim o terá.” (Amic. Discussões, 1, 127, “Os Fatos Sobre Lutero, O’Hare, TAN Books, 1987, p. 201.)

Aqui Lutero é condenado por sua própria boca. Para João, em Apocalipse 22: 18-19, declara alguém anátema que pressupõe a mudança, mesmo uma única palavra da Escritura: “Eu testifico a todo aquele que ouve as palavras proféticas deste livro: se alguém acrescentar a elas, Deus lhe acrescentará as pragas descritas neste livro, e se alguém tirar qualquer coisa das palavras deste livro profético, Deus tirará a sua parte da árvore da vida e na cidade santa descrita neste livro “. Lutero, é claro, não apenas acrescentou ou tirou meras palavras, mas passagens e livros inteiros.

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Lutero disse: Persiga o povo judeu

“Os judeus são demônios jovens condenados ao inferno.” (“Obras de Lutero”, Pelikan, vol. XX, p. 2230).

“Queime suas sinagogas. Proibam- nos todos os que mencionei acima. Force-os a trabalhar e tratem-nos com todo o tipo de gravidade, como fez Moisés no deserto e matou três mil … Se isso não adianta, temos de levá-los fora como cães raivosos, de modo que não podemos ser participantes de sua blasfêmia abominável e de todos os seus vícios, e tendo em vista que não pode merecer a ira de Deus e ser condenado com eles. Tenho feito o meu dever. Vamos todos nos assegurar de que cada um faz o dele. Eu estou desculpado. ” (“Sobre os Judeus e Suas Mentiras”, citado por O’Hare, em “Os fatos sobre Lutero, TAN Books, 1987, p. 290.)

É muito perturbador contemplar o possível fruto nascido das sementes de ódio semeada por esse homem. Se ele foi orientado por um espírito, é óbvio que não era santo.

Conclusão

Os ensinamentos de Lutero não são os ensinamentos de Cristo. Mas como é que tantas pessoas seguiram e seguem o autor destes obscuros e sombrios ensinamentos? Existe apenas uma explicação: Eles não percebem o que Lutero – o Lutero real – na verdade, ensinou. Se o fizessem, veriam que muitas das idéias do pai da Reforma contrariam as Escrituras e bom senso.

Pastores protestantes se concentram mais no que eles creem serem erros do catolicismo do que em fazerem um exame dos escritos de seus próprios fundadores. Se você duvida dessas passagens, exorto-vos a ir à fonte. Encontrar os escritos de Lutero não é fácil, mas com diligência, pode ser feito.

Que Deus abençoe aqueles cuja busca pela verdade os leva a peneirar com imparcialidade: “Examinai-vos a vós mesmos, se estais na fé. Provai-vos a vós mesmos. Acaso não reconheceis que Cristo Jesus está em vós? A menos que a prova vos seja, talvez, desfavorável….” (2 Coríntios 13:5.) E o Deus que nos criou à sua imagem nos aproximará ainda mais o seu coração, onde toda a verdade é encontrada.

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Martinho Lutero e sua devoção a Maria

POR: MENDES SILVA | TER , 05 DE ABRIL DE 2011

Apesar do atual preconceito protestante no que diz respeito aos tradicionais artigos de fé católicos, como a Comunhão dos Santos, confissão auricular, Purgatório, Papado, sacerdócio, matrimônio sacramental etc, pode surpreender a muitos descobrir que Martinho Lutero era um profundo conservador em algumas de suas posições doutrinais, como na regeneração batismal, na eucaristia e, particularmente, em relação à Bem-Aventurada Virgem Maria.

Lutero era completamente devotado a Nossa Senhora, e crente em todas as doutrinas tradicionais marianas. É certo que esta constatação não é muito freqüente nas biografias protestantes sobre o reformador, contudo, é um fato irrefutavelmente verdadeiro. Parece ser uma tendência natural que os discípulos atuais do Protestantismo procurem se projetar no perfil do fundador do movimento que seguem. Saber que o Luteranismo de hoje não tem uma Mariologia muito consistente, leva-nos a supor que também Lutero tivesse – ele mesmo – opiniões similares com relação a este ponto.Todavia, nós veremos, por meio de fontes escritas pelo próprio Lutero, que os fatos históricos são bem diferentes. Para tal, nós consideraremos citações do ex-monge nos vários aspectos da doutrina Mariana.

Lutero (bem como os principais reformadores, por exemplo, Calvino, Zwingli, Cranmer) aceitava a opinião de que Jesus não possuía nenhum irmão de sangue, crendo também na doutrina tradicional da Perpétua Virgindade de Maria, e reconhecendo seu status como Teotokos (Mãe de Deus):

“Cristo era o único filho de Maria. Das entranhas de Maria, nenhuma criança além dEle. Os ‘irmãos’ significam realmente ‘primos’ aqui: a Sagrada Escritura e os judeus sempre chamaram os primos de ‘irmãos’.” (Martinho Lutero, Sermões sobre João 1-4, 1534-39)

“Cristo, nosso Salvador, foi o fruto real e natural do ventre virginal de Maria. Isto se deu sem a cooperação de um homem, permanecendo virgem depois do parto.” (Martinho Lutero, idem.)

“Deus diz: ‘o filho de Maria é meu Filho somente.’ Desta forma, Maria é a Mãe de Deus.” (Martinho Lutero, Ibidem)

“Deus não recebeu sua divindade de Maria; todavia, não segue que seja conseqüentemente errado afirmar que Deus foi carregado por Maria, que Deus é filho de Maria, e que Maria é a Mãe de Deus. Ela é a Mãe verdadeira de Deus, a portadora de Deus. Maria amamentou o próprio Deus; ele foi embalado para dormir por ela, foi alimentado por ela, etc. Para o Deus e para o Homem, uma só pessoa, um só filho, um só Jesus, e não dois Cristos. Assim como o seu filho não são dois filhos… Mesmo que tenha duas naturezas.” (Martinho Lutero, “Nos Conselhos e na Igreja”, em 1539)

Provavelmente, a opinião mariana mais antagonista de Lutero, seja a aceitação da Imaculada Conceição de Maria que, na época, ainda não era artigo de fé,

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que só aconteceu em 1854 na Igreja Católica. A respeito deste fato há um questionamento: sobre os aspectos técnicos das teorias medievais sobre a concepção e sobre a alma teriam se alterado mais tarde em Lutero? Para alguns teólogos eminentes do Luteranismo, como Arthur Carl Piepkorn (1907-1973) do Seminário Concórdia em São Luis, nos Estados Unidos, mantêm a aceitação da doutrina:

“É uma opinião doce e piedosa que a infusão da alma de Maria ocorreu sem o pecado original; de modo que, ao infundir a sua alma imune ao pecado original, foi adornada com presentes de Deus, recebendo uma alma pura, infusa por Deus; assim, desde o primeiro momento em que começou a viver ela esteve livre de todo o pecado.” (Sermão: “No dia da concepção da Mãe de Deus,” Dezembro [?] 1527, de Hartmann Grisar, S.J. Luther, da tradução da versão do alemão para o inglês por E.M. Lamond, editado por Luiggi Coppadelta, Londres: Kegan Paul, trincheira, Trubner, primeira edição, 1915, Vol. IV [ de 6 ], p. 238; revisado por Werke alemão, Erlangen, 1826-1868, editado por J.G. Plochmann e J.A. Irmischer, editado por L. Enders, Francoforte, 1862 ff., 67 volumes; citação 15 2 , p. 58)

“É cheia de graça, proclamada para ser inteiramente sem pecado, algo tremendamente grande. Para que fosse cheia pela graça de Deus com tudo de bom e para fazê-la vitoriosa sobre o diabo.” (Martinho Lutero, Livro Pessoal de Oração, 1522)

Uma das referências mais antigas à Imaculada Conceição aparecem no seu Sermão de Casa no Natal (1533) e em De Encontro ao Papado de Roma (1545). Lutero não acreditava que esta doutrina deveria ser imposta a todos os crentes, por achar que a Bíblia não ensina explicita e formalmente sobre o assunto. Isso se justifica pela sua teoria da “Sola Scriptura”. Mas, ele mesmo acreditava na Assunção corpórea de Maria ao céu – crença que nunca renegou, embora criticasse excessos na celebração desta festa. No seu sermão em 15 de agosto de 1522, quando pregava pela última vez na festa da Assunção, afirmou:

“Não se pode haver nenhuma dúvida que a Virgem Maria está no céu. Como isso aconteceu, nós não sabemos. E já que o Espírito Santo não nos revelou nada sobre isso, não podemos fazer disso um artigo de fé. É suficiente sabermos que ela vive em Cristo.”

Lutero era favorável à pratica devocional da veneração a Maria e expressou isso em inúmeras ocasiões com veemência: “A veneração de Maria está inscrita no mais profundo do coração humano.” (Martinho Lutero, Sermão em 1º de setembro de 1522.)

“Maria é a mulher mais elevada e a pedra preciosa mais nobre no Cristianismo depois de Cristo… Ela é a nobreza, a sabedoria e a santidade personificadas. Nós não poderemos jamais honrá-la o bastante. Contudo, a honra e os louvores devem ser dados de tal forma que não ferem a Cristo nem às Escrituras.” (Martinho Lutero, Sermão na Festa da Visitação em 1537.) “Nenhuma mulher é como tu! És mais que Eva ou Sara, sobretudo, pela

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nobreza, bem-aventurança, sabedoria e santidade!” (Martinho Lutero, Sermão na Festa da Visitação em 1537.)

“Devemos honrar Maria como ela mesma desejou e expressou no Magnificat. Louvou a Deus por suas obras. Como, então, podemos nós a exaltá-la? A honra verdadeira de Maria é a honra a Deus, louvor à graça de Deus. Maria não é nada para si mesma, mas para a causa de Cristo. Maria não deseja com isso que nós a contemplemos, mas, através dela, Deus.” (Martinho Lutero, Explicação do Magnificat, em 1521.)

Lutero vai além: dá à Bem-Aventurada Virgem Exaltada a posição de “Mãe Espiritual” para os cristãos.

“É a consolação e a bondade superabundante de Deus, o homem pode exultar por tal tesouro: Maria é sua verdadeira mãe, Jesus é seu irmão, Deus é seu Pai.” (Martinho Lutero, Sermão de Natal de 1522.)

“Maria é a Mãe de Jesus e a Mãe de todos nós, embora fosse só Cristo quem repousou no colo dela… Se ele é nosso, deveríamos estar na situação dele; lá onde ele está, nós também devemos estar e tudo aquilo que ele tem deveria ser nosso. Portanto, a mãe dele também é nossa mãe..” (Martinho Lutero, Sermão de Natal de 1529.)

Uma coisa é certa: a rejeição dos protestantes atuais à Mãe de Deus é novidade, coisa recente…

Autor: Fábio Alexandro Sexugi

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Martinho Lutero sobre os crucifixos, imagens de santos e o Sinal da Cruz

Artigo traduzido do livro Martinho Lutero: Analise Crítica Católica e Louvor. Contem uma série de citações de Lutero a respeito do crucifixo e imagens.

CRUCIFIXOS

O costume de segurar um crucifixo diante de uma pessoa que esteja morrendo tem mantido muitos na comunidade Cristã e permitiu-lhes morrer com uma Fé confiante no Cristo crucificado. (Sermão sobre João, Capítulos 1-4, 1539; LW, Vol. XXII, 147)

Foi uma prática boa segurar um crucifixo de madeira diante dos olhos dos moribundos ou pressionar nas mãos deles. Isto trouxe o sofrimento e a morte de Cristo a mente, e confortava os moribundos. Mas para os outros, que arrogantemente se basearam em suas boas obras, entraram num céu que continha um fogo crepitante. Pois eles foram afastados de Cristo e falharam em impressionar a Paixão e morte vivificante de Jesus, em seus corações.(Sermão sobre João, Capítulo 6-8, 1532; LW, Vol. XXIII, 360)

Quando eu escuto falar de Cristo, uma imagem de um homem pendurado numa cruz toma meu coração, assim como o reflexo de meu rosto aparece naturalmente na água quando eu olho nela. Se não é pecado, mas sim bom em ter uma imagem de Cristo em meu coração, porque deveria ser um pecado de tê-lo em meus olhos? (Contra os Profetas Celestiais, 1525; LW, Vol. 40, 99-100)

IMAGENS E ESTATUAS DE SANTOS

Agora, nós não pedimos mais do que gentileza em considerar um crucifixo ou a imagem de um santo, como testemunha, para a lembrança, como um sinal, assim como foi lembrado à imagem de César. (Contra os Profetas Celestiais, 1525; LW, Vol. 40, 96)

E eu digo desde já que de acordo com a lei de Moises, nenhuma outra imagem é proibida, do que uma imagem de Deus no qual se adora. Um crucifixo, por outro lado, ou qualquer outra imagem santa não é proibida. (Ibid., 85-86)

Onde, porém, imagens ou estatuas são produzidas sem idolatria, então a fabricação delas não é proibida.

Meus confinadores devem também deixar-me ter, usar, e olhar para um crucifixo ou uma Madonna… Contanto que eu não os adore, mas apenas os tenha como memoriais. (Ibid., 86,88)

Porém, imagens para memoriais e testemunho, como crucifixos e imagens de santos, são para ser tolerados… E não são apenas para ser tolerados, mas por causa do memorial e testemunho eles são louváveis e honrados… (Ibid., 91)

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SINAL DA CRUZ

Oração da Manhã

De manhã, quando você levantar, faça o sinal da santa cruz e diga:

Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém…

À noite, quando fores dormir, faça o sinal da santa cruz e diga:

Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém.

(Pequeno Catecismo, 1529, Seção II: Como o Chefe da Família Deve Ensinar a Sua Família a Orar Pela Manha e Noite, 22-23)

Assim se originou e continua entre nós o costume de dizer a graça e retornando graças às refeições, e outras orações de manhã e à noite. Da mesma fonte veio a prática com crianças de benzer-se a visão ou audição de ocorrências aterrorizantes… (Grande Catecismo, 1529, O Segundo Mandamento, seção 31, p.57)

Se o diabo coloca na sua cabeça que em você falta a santidade, a piedade e o merecimento de Davi e por essa razão não podem ter certeza que Deus escutará você, faça o sinal da cruz e diga a si mesmo: “ Deixe ser piedosos e dignos aqueles que serão!! Eu sei com certeza que eu sou uma criatura do mesmo Deus que criou Davi. E Davi, independente de sua santidade, não tem um Deus nem melhor nem maior do que eu.” (Salmo 118, LW, Vol. XIV, 61)

Se você tiver um poltergeist ou espírito tocando em sua casa, não vá e discuta sobre isso aqui e ali, mas saiba que não existe um espírito bom ao qual não procede de Deus. Faça o sinal da cruz quietamente e confie em sua fé. (Sermão do Festival da Epifania, LW, Vol. 52, 178-79)

BIBLIOGRAFIA E FONTES PRIMÁRIAS

Grande Catecismo, 1529, traduzido por John Nicholas Lenker, Mineapolis: Augsburg Publishing House, 1935.

Os Trabalhos de Lutero (LW-Luther’s Work), Edição Americana, editado por Jaroslav Pelikan (volumes 1-30) e Helmut T. Lehmann (volumes 31-55), São Luis: Concordia Pub House (volumes 1-30); Filadelfia: Fortress Press (volumes 31-55), 1955.

Armstrong, Dave. Martinho Lutero sobre os crucifixos, imagens de santos e o Sinal da Cruz. [Traduzido pela colaboradora Ana Paula Livingston]. Disponível em: http://socrates58.blogspot.com/2008/04/martin-luther-on-crucifixes-images-and.html. Acesso em : 05/03/2011

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O que são as seitas protestantes?

POR: APOSTOLADO SPIRITUS PARACLITUS | DOM , 12 DE JUNHO DE 2011

O protestantismo negando tanto a Tradição quanto o Magistério sofre desde os seus primórdios uma desintegração doutrinária assombrosa. Onde Cristo fundou a Igreja Católica sobre a Rocha, Lutero e Cia fundaram a igreja Evangélica sobre a areia movediça da sola scriptura e do livre exame. E logo nas primeiras ventanias, pôs-se a casa dos reformadores a desabar fragorosamente: tábuas lançadas aqui e ali, telha lá e acolá, junturas e cacos em todas as direções.

Vejamos como no princípio deste século, o Reverendíssimo Pe. Leonel Franca já chamava a atenção para este fato, descrevendo lucidamente o processo de desagregação doutrinária do protestantismo, baseado no método da sola scriptura e do livre exame: “Na nova seita (protestantismo) não há autoridade, não há unidade, não há magistério de fé. Cada sectário recebe um livro que o livreiro lhe diz ser inspirado e ele devotamente o crê sem o poder demonstrar; lê-o, entende-o como pode, enuncia um símbolo, formula uma moral e a toda esta mais ou menos indigesta elaboração individual chama cristianismo evangélico. O vizinho repete na mesma ordem as mesmas operações e chega a conclusões dogmáticas e morais diametralmente opostas. Não importa; são irmãos, são protestantes evangélicos, são cristãos, partiram ambos da Bíblia, ambos forjaram com o mesmo esforço o seu cristianismo” ( In I.R.C. Pg. 212 , 7ª ed.).

Vejamos alguns exemplos práticos: um fiel evangélico quer mudar de seita? Precisa-se rebatizar? Umas igrejas dizem sim, outras não. Umas admitem o batismo de crianças, outras só de adultos, umas admitem a aspersão, infusão e imersão. Aquela outra só imersão, e mesmo há grupelho que só admite batismo em água corrente e sem cloro! Aqui e ali as fórmulas de batismo são tão variadas como as cores do arco-íris. Quer o sincero evangélico participar da Santa Ceia? Há seitas que consideram o pão apenas pão (pentecostais) outras que o pão é realmente o corpo de Cristo (Luteranos, Episcopais e outros). Uns a praticam com pão ázimo, outras com pão comum, aqui com vinho, lá com vinho e água, acolá com suco de uva. A Santa Ceia pode ser praticada diariamente, mensalmente, trimestralmente, semestralmente, anualmente ou não ser praticada nunca. Trata-se de ministérios ordenados? Esta seita constitui Bispos, presbíteros e diáconos. Àquela só presbíteros e pastores, alí pastores e anciãos, lá Bispos e anciãos, acolá presbíteros e diáconos, outras não admitem ministro nenhum. Umas igrejas ordenam mulheres, outras não. E por aí, atiram os evangélicos em todas as solfas quando o assunto é ministério ordenado.

Após a morte, o que espera o cristão? Pode um crente questionar seu pastor sobre isto? E as respostas colhidas entre as denominações seria tão rica e variada quanto a fauna e a flora. Há Pastor que prega que todos estarão inconscientes até a vinda de Cristo quando serão julgados; outros pregam o “arrebatamento” sem julgamento; outros, uma vida bem-aventurada aqui mesmo na terra; aqueles lá doutrinam que após a morte já vem o céu e o inferno; no outro quarteirão, se ensina que o inferno é temporário; opinam

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alguns que ele não existe; e tantas são as doutrinas sobre os novíssimos quanto os pastores que as pregam. Está cansado o fiel da esposa da sua juventude? Não tem importância, sempre encontrará uma seita a lhe abrir risonhamente as portas para um novo matrimônio. E de vez em quando não aparece um maluco aqui e ali aprovando a poligamia?

Lutero mesmo admitiu tal possibilidade: “Confesso, que não posso proibir tenha alguém muitas esposas; não repugna às Escrituras; não quisera porém ser o primeiro a introduzir este exemplo entre cristãos” ( Luthers M.., Briefe, Sendschreiben (…) De Wette, Berlin, 1825-1828, II. 259 ). Não há uma pesquisa nos Estados Unidos que demonstra que entre os critérios para um evangélico escolher sua nova igreja está o tamanho do estacionamento? Eis o que é hoje o protestantismo.

Vejamos neste passo a afirmação de Krogh Tonning famoso teólogo protestante norueguês, convertido ao catolicismo, que no século passado já afirmava: “Quem trará à nossa presença uma comunidade protestante que está de acordo sobre um corpo de doutrina bem determinado ? Portanto uma confusão (é a regra ) mesmo dentre as matérias mais essenciais” ( Le protest. Contemp., Ruine constitutionalle, p. 43 In I.R.C., Franca, L., pg 255. 7ª ed, 1953)

Mas o próprio Lutero que saiu-se no mundo com esta novidade da sola scriptura viveu o suficiente para testemunhar e confessar os malefícios que estas doutrinas iriam causar pelos séculos afora: “Este não quer o batismo, aquele nega os sacramentos; há quem admita outro mundo entre este e o juízo final, quem ensina que Cristo não é Deus; uns dizem isto, outros aquilo, em breve serão tantas as seitas e tantas as religiões quantas são as cabeças” (Luthers M. In. Weimar, XVIII, 547 ; De Wett III, 6l ). Um outro trecho selecionado, prova que o Patriarca da Reforma tinha também de quando em quando uns momentos de bom senso: “Se o mundo durar mais tempo, será necessário receber de novo os decretos dos concílios (católicos) a fim de conservar a unidade da fé contra as diversas interpretações da Escritura que por aí correm” ( Carta de Lutero à Zwinglio In Bougard, Le Christianisme et les temps presents, tomo IV (7), p. 289).

Fonte: CORREIA, Dr. Udson Rubens. O que são as seitas protestantes. Apostolado Veritatis Splendor. Disponível em: http://www.veritatis.com.br/apologetica/protestantismo/983-o-que-sao-as-seitas-protestantes.

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Leitor questiona sobre a RCC , Protestantismo e irmãos de Jesus POR: APOSTOLADO SPIRITUS PARACLITUS | SEX , 09 DE SETEMBRO DE 2011

2. Pode o Espírito Santo agir no protestantismo? Sei que ele sopra onde quer, mas será que ele pode se contradizer quando no protestantismo existem diversas seitas espalhando seus erros dizendo estarem falando pelo Espírito Santo? Pode o Espírito Santo estar de acordo com tal divisão e práticas corrompidas, principalmente no meio pentecostal?

Esta é uma questão bem complexa e de interpretação muito cuidadosa, colocaremos alguns aspectos defendidos pela Igreja como Verdade, única e Santificadora, embasados nos ensinamentos da Sé Romana, vejamos:

1) Cristo fundou uma só Igreja que Ele confiou a Pedro e à qual Ele prometeu sua assistência infalível até o fim dos séculos (cf. Mt 16, 18s; Mt 18, 18; Lc 22, 31s; Jo, 21, 15-17; Mt 28, 18-20; Jo 14, 26; 16, 13).

2) A Igreja de Cristo subsiste na Igreja Católica, governada pelo sucessor de Pedro pelos Bispos em comunhão com o mesmo. Nela está a plenitude dos meios de Salvação:

“Esta é a única Igreja de Cristo, que no Credo confessamos ser una, santa, católica e apostólica (12); depois da ressurreição, o nosso Salvador entregou-a a Pedro para que a apascentasse (Jo. 21,17), confiando também a ele e aos demais Apóstolos a sua difusão e governo (cfr. Mt. 28,18 ss.), e erigindo-a para sempre em «coluna e fundamento da verdade» (I Tim. 3,5). Esta Igreja, constituída e organizada neste mundo como sociedade, é na Igreja católica, governada pelo sucessor de Pedro e pelos Bispos em união com ele (13), que se encontra, embora, fora da sua comunidade, se encontrem muitos elementos de santificação e de verdade, os quais, por serem dons pertencentes à Igreja de Cristo, impelem para a unidade católica.”

O Concílio usou o verbo “subsiste” para não excluir da Igreja de Cristo as comunidades separadas; logo após as palavras acima, continua o texto: “…fora da sua comunidade, se encontrem muitos elementos de santificação e de verdade…”. Com efeito; nas denominações cristãs não católicas existem diversos elementos próprios da Igreja de Cristo: a Bíblia, a Oração, a vida de Fé, o zelo missionário, o martírio… É preciso reconhecê-lo, daí dizer-se que tais denominações estão em comunhão “imperfeita” e “incompleta” com a Igreja Católica.

Como ficou claro acima a Igreja reconhece alguns aspectos do Espírito Santo em denominações protestantes, porém é salutar deixar bem claro aqui que, tudo isso é por causa da Catolicidade da única Igreja de Cristo, que é por causa da Santidade da Igreja Católica. Mas é importante também fazer outros levantamentos veja:

“Embora a Igreja tenha sido fundada por Cristo como única, diversas comunhões cristãs se propõem hoje como a verdadeira herança de Jesus Cristo. Todos se dizem discípulos do Senhor, mas tem sentimentos diversos e

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seguem caminhos diferentes, contrariam a vontade de Cristo estivesse dividido. Essas divisões, evidentemente, contrariam a vontade de Cristo, são um escândalo para o mundo e prejudicam enormemente a pregação do Evangelho a toda Criatura.” CONCÍLIO VATICANO II, 494

São Vicente de Lerins nos deixa outra reflexão:

“Na Igreja Católica é preciso pôr o maior cuidado para manter o que se crê em todas as partes sempre e por todos. Eis o que é verdadeira e propriamente católico segundo a idéia de universalidade que se encerra na própria etimologia da palavra. Mas isso será conquistado se nós seguirmos a universalidade, a antiguidade, o consenso geral. Seguiremos a universalidade se professarmos a única e verdadeira fé a que a Igreja inteira professa em todo o mundo; a antiguidade, se não nos separarmos de nenhuma forma dos sentidos que foram proclamados por nossos santos predecessores e padres; o consenso geral, por ultimo, se, nesta mesma antiguidade, abraçarmos as definições e as doutrinas de todos, ou de quase todos, os bispos e mestres.”COMONITÓRIO, II

Portanto você percebe que tudo na Santa Igreja tem um direcionamento maior, e não esporádico ou sem magistério, por isso temos a plenitude de todos os meios de Salvação, pois aqui, na SANTA Igreja Católica o Espírito Santo está em total plenitude desde todos os tempos.

3. Quando na bíblia diz “Onde dois ou mais estiverem reunidos em meu nome ai estarei no meio deles”, isto significa que Jesus estaria presente nos cultos protestantes e estaria concordando com sua divisão, já que eles prestam cultos a Jesus?

Eu vos digo: se dois de vós estiverem de acordo na terra sobre qualquer coisa que quiserem pedir, isso lhes será concedido por meu Pai que está nos céus. Pois, onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estou aí, no meio deles”.

“A oração pessoal certamente é importante, e mais ainda, indispensável, mas o Senhor garante sua presença à comunidade que – ainda que seja muito pequena – está unida e unânime, porque reflete a realidade de Deus Uno e Trino, perfeita comunhão de amor”, disse.

Por este motivo, o Bispo de Roma concluiu com seu conselho aos peregrinos: “Devemos nos exercitar tanto na correção fraterna, que requer muita humildade e simplicidade de coração, como na oração, para que se eleve a Deus a partir de uma comunidade verdadeiramente unida a Cristo”. BENTO XVI

Como vimos na questão acima a Igreja reconhece aspectos de santidade em outras denominações, e uma delas é a oração, sendo assim, ao clamarem o Santo Nome de Nosso Senhor Jesus Cristo, Ele, por ser Infinitamente Misericordioso vai ao encontro dos nossos irmãos protestantes, porém isso jamais significaria que Ele concordasse com suas divisões e muito menos com suas maneiras isoladas de professarem sua fé. Jesus adentra estes locais por

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todos aqueles que ainda não tiveram a oportunidade de conhecer a verdadeira Fé, que ainda não tiveram a oportunidade de estar em meio a plenitude da Verdade, que está tão somente na Igreja Católica.

4. O protestantismo pode ser considerado uma heresia e uma seita? E como e quando podem ser usadas tais terminologias de acordo com a Igreja?

Primeiro definiremos o conceito das duas. Segundo o Catecismo da Igreja Católica

§2089 A incredulidade é a negligência da verdade revelada ou a recusa voluntária de lhe dar o próprio assentimento. “Chama-se heresia a negação pertinaz, após a recepção do Batismo, de qualquer verdade que se deve crer com fé divina e católica, ou a dúvida pertinaz a respeito dessa verdade; apostasia, o repúdio total da fé cristã; cisma, a recusa de sujeição ao Sumo Pontífice ou da comunhão com os membros da Igreja a ele sujeitos.”

Hillaire Belloc em seu livro “As Grandes Heresias” também nos ajuda nesta reflexão:

“Heresia é o deslocamento de um esquema completo e auto-suficiente por meio da introdução de uma negação de uma de suas partes essenciais. Por esquema completo e auto-suficiente entendemos qualquer área, em que as várias partes são coerentes e sustentam-se mutuamente.”

Definiremos agora o significado de seita :

“A palavra seita vem do latim secta e significa cortada, separada. O estudo do Vaticano define seita como um “grupo religioso com uma concepção do mundo peculiar própria derivante, mas não idêntica, dos ensinamentos de uma das principais religiões do mundo”. (p. 317).

O termo seita tem uma conotação pejorativa. Jamais os membros de um grupo religioso admitem ser considerados sectários. Comumente eles julgam os verdadeiros e únicos fiéis continuadores de uma religião que reputam verdadeira.

Há seitas de todas as religiões. Não há, porém, propriamente seitas católicas, no sentido em que elas existem nas outras religiões. O shiismo, por exemplo, é uma seita maometana que permanece inserida no Islam. Quando surge uma seita entre os católicos, contudo, ela é logo expelida pela excomunhão. A unidade santa da Igreja Católica é incompatível com a existência de seitas em seu seio.

A tendência para a formação de seitas é diretamente proporcional à falta de coesão doutrinária e à falta de unidade da religião-tronco. O protestantismo é essencialmente sectarizante, pois o princípio do livre-exame da Bíblia gera continuamente novas divisões e impede qualquer unidade. Pelo contrário, a unidade da verdade católica e a unidade de seu governo monárquico obrigam

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os grupos sectários a saírem e a constituírem religiões autônomas. É o que deve ocorrer em breve com a seita progressista.

Com isso concluímos, em essência, o protestantismo foi e é uma heresia, chegando ao auge, em algumas ocasiões, de também ser considerado como uma “seita”.

5. Sobre a RCC que parece um pouco com o protestantismo, qual a opinião de vocês a respeito de tal movimento? Pode ele gerar uma nova divisão e ser um novo lutero do séc. XXI?

Não acreditamos em tal exagero, pois a Sé está muito mais embebida da sabedoria adquirida pelo transformar e ensinar do Espírito Santo, guia desta Igreja, porém há de fazermos algumas ponderações. Primeiramente gostaríamos de colocar um dos escritos do Padre Paulo Ricardo aonde ele nos exorta sobre alguns aspectos do movimento da RCC:

“Uma das coisas maravilhosas do Concílio Vaticano II e da Renovação Carismática é o retornar às fontes, às origens, nos padres da Igreja. Nada é mais em sintonia com a Renovação Carismática do que cultivar uma espiritualidade dos Padres da Igreja.

Uma dica: a Renovação Carismática tem no mundo duas correntes teológicas: a corrente americana, que é a original, e que a meu ver não é a melhor. A sociedade americana é muito embebida pela mentalidade evangélica, protestante. Eles pensam muito como os protestantes. Infelizmente são estes os livros mais traduzidos, lidos, decorados, aqui no Brasil.

Mas existe uma outra corrente teológica na Renovação Carismática que é a Européia, de grandes nomes, infelizmente não muito conhecidos no Brasil, o mais conhecido de todos no Brasil é o Padre Raniero Cantalamessa, pregador da Casa Pontifícia, que por acaso é patrólogo. E vocês conheceram o ano passado mais um: Daniel Ange. Se você lê os livros dele, verá que é Padre da Igreja do início ao fim. Ele é embebido em Patrologia. Em espiritualidade da Igreja antiga. E isto é muito conforme ao espírito fundacional da Renovação Carismática, pois a Renovação quer ser um renovar da Igreja através de suas fontes, de suas origens.

Só que a Igreja em suas fontes, não era protestante, era católica. Tinha santos Padres, teólogos, autores espirituais importantíssimos. Existem muitos patrólogos famosos que são da Renovação Carismática. Um deles é o próprio Cardeal de Viena, Christoph von Schönborn, é especializado em Patrística e é da Renovação Carismática. É o meu candidato a Papa. Ele é muito ligado à Renovação e é muito voltado para a Patrística, especializado em espiritualidade do oriente cristão, S. Máximo Confessor.

Se fôssemos um pouco mais estudiosos teríamos acesso a estes grandes teólogos. É muito mais fácil ler um livrinho aí com versículos bíblicos um atrás do outro. Tá bom! Se vamos na solidez da tradição católica, alcançamos muito

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mais. A Renovação nasceu nos Estados Unidos mas se solidificou na Igreja Católica por causa do esforço destes teólogos europeus.”

Fica claro aqui não apenas a posição do Padre Paulo Ricardo, mas também os ensinamentos da Santa Sé, é claro que existem variações acerca do movimento, porém seria injusto generalizar o “todo”, ainda em cima desta temática D. Estevão Bettencourt, OSB coloca sua reflexão:

“ A RCC merece apreço dos católicos quando bem orientada. Tem renovado a fé e a piedade de muitas pessoas afastadas ou tíbias. Pelos frutos bons se conhece a árvore boa. Não há dúvida, tem havido falhas, exageros, subjetivismos em várias expressões da RCC. O entusiasmo de pessoas despreparadas, destituídas de formação doutrinária tem provocado desastres pequenos e grandes. Mas isso não extingue o valor da RCC concebida como tal. (…) O bem da Igreja pede que não se combata a RCC, mas se interessem os responsáveis por oferecer aos seus membros o estudo aprofundado da doutrina de fé católica assim como a orientação de dirigentes seguros na fé e na moral.” (BETTENCOURT, Estêvão. A RCC depende do protestantismo? In: PR nº 352/2006, p.478)

Portanto temos uma profunda reflexão por amor à Igreja com o movimento da RCC, os bens espirituais nos cumulam das esperanças mais vindouras para a Igreja de Cristo, devemos o respeito ao movimento da RCC buscando sempre minimizar o excesso.

1. Sei que quando a bíblia fala dos filhos de Maria, ela se refere aos primos de Jesus, pois a bíblia da forte embasamento para isso e foi apresentado por vocês de forma brilhante e clara. Porém a minha dúvida é, porque a bíblia usa o termo “primos” para designar o parentesco entre Maria e Isabel, e não o utiliza para o parentesco entre Jesus e Tiago, José, Judas Tadeu e Simão?

Baseados na exegese Bíblica e também na Tradição da Igreja traremos para você a elucidação de tal temática acerca dos parentescos de Jesus, que estudiosos colocaram a nossa disposição para retirada de dúvidas, a palavra “primo” está intimamente liga também com a palavra “filho” no contexto bíblico, mas tudo isto parte da discursiva a respeito da Maternidade de Maria vejamos:

A PALAVRA DE DEUS

“Estando ainda a falar às multidões, sua mãe e seus irmãos estavam fora, procurando falar-lhe” (Mt 12,46)

“Não é este o carpinteiro, o filho de Maria, irmão de Tiago, José, Judas e Simão?

E as suas irmãs não estão aqui entre nós?” (Mc 6,3)

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Chegaram, então, a sua mãe e seus irmãos e, ficando do lado de fora, mandaram chamá-lo.

Havia uma multidão sentada em torno dele. Disseram – lhe “A tua mãe, os teus irmãos e as tuas irmãs estão lá fora e te procuram”.E Jesus perguntou:“Quem é minha mãe e meus irmãos ? “E, percorrendo com o olhar os que estavam sentado ao seu redor, disse:“Eis a minha mãe e os meus irmãos . Quem fizer a vontade de Deus,esse é meu irmão, irmã e mãe “. (Mc 3,31-35)

“Sua mãe e seus irmãos chegaram até ele, mas não podiam abordá-lo por causa da multidão Avisaram- no então: Tua mãe e teus irmãos estão lá fora,querendo te ver .” Mas ele respondeu:“Minha mãe e meus irmãos são aqueles que ouvem a palavra de Deus e a põem em prática “.

EXPLICAÇÃO

QUE SIGNIFICA OS IRMÃOS DE JESUS NA LINGUA DE JESUS ?

Há uma discussão entre católicos e protestantes em torno dos irmãos de Jesus.

Essa expressão ocorre várias vezes nos Evangelhos.

A igreja Católica, apoiando-se na sua própria tradição, já muito antiga, ensina que Nossa Senhora só teve um único filho, Jesus Cristo; e que ela foi sempre virgem antes do parto, no parto e depois do parto.

Os protestantes, apoiando-se na sua própria tradição, explicam essa expressão ao pé da letra “irmãos de Jesus” e afirmam que Maria teve outros filhos, além de Jesus.

E mostram, por exemplo, o texto de Marcos 6,3:

“Não é este o carpinteiro, o filho de Maria, irmão de Tiago, José, Judas e Simão?

E as suas irmãs não estão aqui entre nós?”

Tomando este texto ao pé da letra os protestantes concluem que, depois do nascimento virginal de Jesus, Maria e José tiveram, no mínimo, quatro filhos e duas filhas.(6)

Na Bíblia, a palavra irmão é muito elástica.

Lá dentro cabe muita gente, não só os irmãos filhos dos mesmos pais, mas também os primos e outros parentes.

Era mais ou menos como a palavra primo, hoje, no Brasil.

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É também uma palavra muito elástica que não pode ser tomada ao pé da letra, por exemplo, um fulano chega perto de você e diz:

“Aquele lá é um primo meu”.

Você toma a palavra primo ao pé da letra e pergunta:

“Então, é filho do irmão de seu pai ou de sua mãe?”

Ele responde:

“Que nada! É filho do irmão de um tio de meu avô!”

Realmente, no Brasil, a gente não pode tomar ao pé da letra a palavra primo.

A mesma coisa vale para a palavra irmão na língua de Jesus.

Se você fosse perguntar a São Marcos:

“Então, aqueles quatro irmãos de Jesus são todos filhos de José e de Maria?” Ele responderia:

“Que nada! São filhos de uma prima ou irmã da mãe de Jesus!”

De fato o mesmo Marcos diz de Tiago que ele é irmão de Jesus (Marcos 6,3) e filho de uma outra Maria (Marcos 16,1).

São Mateus diz claramente que se tratava de uma “outra Maria” (Mateus 28,1).

Então na Bíblia a palavra irmão ou irmã de Jesus eram primos e primas.

EXEMPLOS DA PALAVRA IRMÃO QUE NÃO É IRMÃO

1)“Disse Abraão a Ló: Peço-te que não haja brigas entre mim e ti, nem entre nossos pastores, pois somos irmãos” (Gênesis 13,8).

Ora, a Bíblia nos fala que Ló era filho de Arão, e Arão era irmão de Abraão (GN 11,27-28).

Vejam só: Abraão era tio de Ló e chama Ló de irmão.

2) “Eleasar morreu e não deixou filhos, mas filhas e estas casaram-se com os filhos de Cis seus irmãos”(1CR 23,22).

Eleasar e Cis eram filhos de Mooli (1CR 23,21).

Logo os filhos de Cis eram primos primeiros das filhas de Eleasar.

E a Bíblia falou que os filhos de Cis eram “irmãos” das filhas de Eleasar.

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Pe. Lucas de Paula Almeida, CM

Nesta reflexão fica claro a semelhança utilizada no contexto bíblico a respeito de seu questionamento, os relatos dos evangelistas a respeito desta discursiva rodeiam sempre Cristo, ou seja, é cristrocêntrica. Cuidando também daquilo que refere-se à Maria na vida pública de Jesus.

Ivanildo Oliveira Maciel Junior

Apostolado Spiritus Paraclitus

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Por que não sou protestante

POR: D. ESTÊVÃO BETTENCOURT | SEG , 10 DE JANEIRO DE 2011

São sete as razões principais pelas quais não sou protestante:

1. Somente a Bíblia…

Os protestantes afirmam que seguem a Bíblia como norma de fé. Acontece, porém, que a Bíblia utilizada por todos os protestantes é uma só; em português, vem a ser a tradução de Ferreira de Almeida. Por que então não concordam entre si no tocante a pontos importantes (ver nº 2 adiante)? E por que não constituem uma só comunidade cristã, em vez de serem centenas e centenas de denominações separadas (e até hostis) entre si?

A razão disto é que, além da Bíblia, seguem outra fonte de fé e disciplina… fonte esta que explica as divergências do Protestantismo.

Tal fonte, chamamo-la Tradição oral; é esta que dá vida e atualidade à letra do texto. A tradição oral do Catolicismo começa com Cristo e os Apóstolos, ao passo que as tradições orais dos protestantes começam com Lutero (1517), Calvino (1541), Knox (1567), Wesley (1739), Joseph Smith (1830)…

Entre Cristo e os Apóstolos, de um lado, e os fundadores humanos das denominações protestantes, do outro lado, não há como hesitar: só se pode optar pelos ensinamentos de Cristo e dos Apóstolos, deixando de lado os “profetas” posteriores.

Notemos que o próprio texto da Bíblia recomenda a Tradição oral, ou seja, a Palavra de Deus que não foi consignada na Bíblia e que deve ser respeitada como norma de fé. Os autores sagrados não tiveram, em vista expor todos os ensinamentos de Jesus, como eles mesmos dizem:

“Há ainda muitas outras coisas que Jesus fez. Se elas fossem escritas, uma por uma, penso que nem o mundo inteiro poderia conter os livros que se teriam de escrever” (Jo 21,25, cf. 1 Ts 2,15).

“Muitos outros prodígios fez ainda Jesus na presença dos discípulos, os quais não estão escritos neste livro. Estes, porém, foram escritos para que acrediteis que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais a vida em seu nome” (Jo 20,30s).

São Paulo, por sua vez, recomenda os ensinamentos que de viva voz nos foram transmitidos por Jesus e passam de geração a geração no seio da Igreja, sem estarem escritos na Bíblia:

“Sei em quem acreditei.. Toma por norma as sãs palavras que ouviste de mim na fé e no amor do Cristo Jesus. Guarda o bom depósito com o auxílio do Espírito Santo que habita em nós” (2Tm 1, 12/14).

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Neste texto vê/se que o depósito é a doutrina que São Paulo fez ouvir a Timóteo, e que Paulo, por sua vez, recebeu de Cristo. Tal é a linha pela qual passa o depósito:

Cristo /> Paulo /> Timóteo

A linha continua… conforme 2Tm 2,2:

“O que ouviste de mim em presença de muitas testemunhas, confia/o a homens fiéis, que sejam capazes de o ensinar ainda a outros”.

Temos então a seguinte sucessão de portadores e transmissores da Palavra:

O Pai /> Cristo /> Paulo (Os Apóstolos) /> Timóteo (Os Discípulos imediatos dos Apóstolos) /> Os Fiéis /> Os outros Fiéis

Desta forma a Escritura mesma atesta a existência de autênticas proposições de Cristo a ser transmitidas por via meramente oral de geração a geração, sem que os cristãos tenham o direito de as menosprezar ou retocar. A Igreja é a guardiã fiel dessa Palavra de Deus oral e escrita.

Dirão: mas tudo o que é humano se deteriora e estraga. Por isto a Igreja deve ter deteriorado e deturpado a palavra de Deus; quem garante que esta ficou intacta através de vinte séculos na Igreja Católica?

Quem o garante é o próprio Cristo, que prometeu sua assistência infalível a Pedro e as luzes do Espírito Santo a todos os seus Apóstolos ou à sua Igreja; ver Mt 16, 16-18; Lc 22,31s; Jo 21,15-17; Jo 14, 26; 16,13-15.

Não teria sentido o sacrifício de Cristo na Cruz se a mensagem pregada por Jesus fosse entregue ao léu ou às opiniões subjetivas dos homens, sem garantia de fidelidade através dos séculos. Jesus não pode ter deixado de instituir o magistério da sua Igreja com garantia de inerrância.

2. Contradições 0 fato de que não seguem somente a Bíblia, explica as contradições do Protestantismo:

Algumas denominações batizam crianças; outras não as batizam;

Algumas observam o domingo; outras, o sábado;

Algumas têm bispos; outras não os têm;

Algumas têm hierarquia; outras entregam o governo da comunidade à própria congregação (congregacionalistas);

Algumas fazem cálculos precisos para definir a data do fim do mundo – o que para elas é essencial. Outras não se preocupam com isto.

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Vê/se assim que a Mensagem Bíblica é relida e reinterpretada diversamente pelos diversos fundadores dos ramos protestantes, que desta maneira dão origem a tradições diferentes e decisivas.

Ademais, todos os protestantes dizem que a Bíblia contém 39 livros do Antigo Testamento e 27 do Novo Testamento, baseando-se não na Bíblia mesma (que não define o seu catálogo), mas unicamente na Tradição oral dos judeus de Jâmnia reunidos em Sínodo no ano 100 d.C.;

Todos os protestantes afirmam que tais livros são inspirados por Deus, baseando/se não na Bíblia (que não o diz), mas unicamente na Tradição oral.

Onde está, pois, a coerência dos protestantes?

Pelo seu modo de proceder, afirmam o que negam com os lábios; reconhecem que a Bíblia não basta como fonte de fé. É a Tradição oral que entrega e credencia a Bíblia.

3. Afinal a Bíblia… Sim ou Não?

Há passagens da Bíblia que os fundadores do Protestantismo no século XVI não aceitaram como tais; por isto são desviadas do seu destino original muito evidente:

1. A Eucaristia… Jesus disse claramente: “Isto é o meu corpo” (Mt 26,26) e “Isto é o meu sangue” (Mt 26,28).

Em Jo 6,51 Jesus também afirma: “O pão que eu darei, é a minha carne para o mundo”. Aos judeus que zombavam, o Senhor tornou a afirmar: “Em verdade, em verdade vos digo: se não comerdes a carne do Filho do Homem e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós. Quem come minha carne e bebe o meu sangue, tem a vida eterna eu o ressuscitarei no último dia. Pois a minha came é verdadeiramente uma comida e o meu sangue verdadeíramente uma bebida”.

Apesar disto, os protestantes não aceitam o sacramento do perdão e da reconciliação! (Jo 21,17).

Se assim é, por que é que “os seguidores da Bíblia” não aceitam a real presença de Cristo no pão e no vinho consagrados?

2. Jesus disse ao Apóstolo Pedro: “Tu és Pedro (Kepha) e sobre esta Pedra (Kepha) edificarei a minha Igreja” (Mt 16,18).

Disse mais a Pedro: “Simão, Simão… eu roguei por ti, a fim de que tua fé não desfaleça. E tu, voltando-te, confirma teus irmãos” (Lc 22,31s).

Ainda a Pedro: “Apascenta as minhas ovelhas” (Jo 21,15).

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Apesar de tão explícitas palavras de Jesus, os protestantes não reconhecem o primado de Pedro! Por que será?

3. Jesus entregou aos Apóstolos a faculdade de perdoar ou não perdoar os pecados – o que supõe a confissão dos mesmos para que o ministro possa discernir e agir em nome de Jesus:

“Recebei o Espiríto Santo. Àqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados; àqueles a quem não os perdoardes, não serão perdoados” (Jo 20,22s).

4. Jesus disse que edificaria a sua Igreja (“a minha Igreja”, Mt 16,18) sobre Pedro. As denominações protestantes são constituídas sobre Lutero, Calvino, Knox, Wesley… Antes desses fundadores, que são dos séculos XVI e seguintes, não existia o Luteranismo, o Calvinismo (presbiterianismo), o Metodismo, o Mormonismo, o Adventismo… Entre Cristo e estas denominações há um hiato… Somente a Igreja Católica remonta até Cristo.

5. 0 Apóstolo São Paulo, referindo-se ao seu elevado entendimento da mensagem cristã, recomenda a vida una ou indivisa para homens e mulheres:

“Dou um conselho como homem que, pela misericórdia do Senhor, é digno de confiança… 0 tempo se fez curto. Resta, pois, que aqueles que têm esposa, sejam como se não a tivessem; aqueles que choram, como se não chorassem; aqueles que se regozijam, como se não se regozijassem; aqueles que compram, como se não possuíssem; aqueles que usam deste mundo, como se não usassem plenamente. Pois passa a figura deste mundo. Eu quisera que estivésseis isentos de preocupações. Quem não tem esposa, cuida das coisas do Senhor e do modo de agradar ao Senhor. Quem tem esposa, cuida das coisas do mundo e do modo de agradar à esposa, e fica dividido. Da mesma forma a mulher não casada e a virgem cuidam das coisas do Senhor, a fim de serem santas de corpo e de espírito. Mas a mulher casada cuida das coisas do mundo; procura como agradar ao marido” (1Cor 7,25-34).

Ora os protestantes nunca citam tal texto quando se referem ao celibato e à virgindade consagrada a Deus. É estranho, dado que eles querem em tudo seguir a Bíblia.

4. Esfacelamento

Jesus prometeu à sua Igreja que estaria com ela até o fim dos tempos (cf. Mt 28,20); prometeu também aos Apóstolos o dom do Espírito Santo para que aprofundassem a mensagem do Evangelho (cf. Jo 14,26; 16,13s).

Não obstante, os protestantes se afastam da Igreja assim assistida por Cristo e pelo Espírito Santo para fundar novas “igrejas”. São instituições meramente humanas, que se vão dividindo, subdividindo e esfacelando cada vez mais; empobrecem e pulverizam sempre mais a mensagem do Evangelho, reduzindo-a:

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Ora a sistema de curas (curandeirismo), milagre serviço ao homem (Casa da Bênção, Igreja Socorrista, Ciência Cristã…);

Ora a um retorno ao Antigo Testamento, com empalidecimento do Novo; assim os ramos adventistas…;

Ora a um prelúdio de nova “revelação”, que já não é cristã. Tal é o caso dos Mórmons; tal é o caso das Testemunhas de Jeová, que negam a Divindade de Cristo, a SS. Trindade e toda a concepção cristã de história.

5. Deterioração da Bíblia

0 fato de só quererem seguir a Bíblia (que na realidade é inseparável de Tradição oral, que a berçou e a acompanha), tem como consequência o subjetivismo dos intérpretes protestantes. Alguns entram pelos caminhos do racionalismo e vêm a ser os mais ousados dilapidadores ou roedores das Escrituras (tal é o caso de Bultmann, Marxsen, Harnack, Reimarus, Baur…). Outros preferem adotar cegamente o sentido literal, sem o discernimento dos expressionismos próprios dos antigos semitas, o que distorce, de outro modo, a genuína mensagem bíblica.

Isto acontece, porque faltam ao Protestantismo os critérios da Tradição (“o que sempre, em toda a parte e por todos os fiéis foi professado”), critérios estes que o magistério da Igreja, assistido pelo Espírito Santo, propõe aos fiéis e estudiosos, a fim de que não se desviem do reto entendimento do texto sagrado.

6. Mal-Entendidos

Quem lê um folheto protestante dirigido contra as práticas da Igreja Católica (veneração, não adoração das imagens, da Virgem Santíssima, celibato…), lamenta o baixo nível das argumentações: são imprecisas, vagas, ou mesmo tendenciosas; afirmam gratuitamente sem provar as suas acusações; não raro baseiam-se em premissas falsas, datas fictícias, anacronismos.

As dificuldades assim levantadas pelos protestantes dissipam-se desde que se estudem com mais precisão a Bíblia e as antigas tradições do Cristianismo. Vê-se então que as expressões da fé e do culto da Igreja Católica não são senão o desabrochamento homogêneo das virtualidades do Evangelho; sob a ação do Espírito Santo, o grão de mostarda trazido por Cristo à terra tornou-se grande árvore, sem perder a sua identidade (cf. Mt 13,31 s); vida é desdobramento de potencialidades homogêneo. Seria falso querer fazer disso um argumento contra a autenticidade do Catolicismo. Está claro que houve e pode haver aberrações; estas, porém, não são padrão para se julgar a índole própria do Catolicismo.

A dificuldade básica no diálogo entre católicos e protestantes está nos critérios da fé. Donde deve o cristão haurir as proposições da fé: da Bíblia só ou da Bíblia e da Tradição oral?

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Se alguém aceita a Bíblia dentro da Tradição oral, que lhe é anterior, a berçou e a acompanha, não tem problema para aceitar tudo que a Palavra de Deus ensina na Igreja Católica, à qual Cristo prometeu sua assistência infalível.

Mas, se o cristão não aceita a Palavra de Deus na sua totalidade oral e escrita, ficando apenas com a escrita (Bíblia), já não tem critérios objetivos para interpretar a Bíblia; cada qual dá à Escritura o sentido que ele julga dever dar, e assim se vai diluindo e pervertendo cada vez mais a Mensagem Revelada. A letra como tal é morta; é a Palavra viva que dá o sentido adequado a um texto escrito.

7. Menosprezo da Igreja

Jesus fundou sua Igreja e a entregou a Pedro e seus sucessores. Sim, Ele disse ao Apóstolo:

“Tu és Pedro e sobre essa pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do Inferno não prevalecerão contra ela. Eu te darei as chaves do Reino dos céus, e o que ligares na terra será ligado nos céus, e o que desligares na terra será desligado nos céus” (Mt 16,18s).

Notemos: Jesus se refere à sua Igreja (Ele só tem uma Igreja) e Ele a entregou a Pedro… A Pedro e a seus sucessores, pois Pedro é o fundamento visível (“sobre essa pedra edificarei…”); ora, se o edifício deve ser para sempre inabalável, o fundamento há de ser para sempre duradouro; esse fundamento sólido não desapareceu com a morte de Pedro, mas se prolonga nos sucessores de Pedro, os Papas.

Ora, Lutero e seus discípulos desprezaram a Igreja fundada por Jesus, e fundaram (como até hoje ainda fundam) suas “igrejas”. Em consequência, cada “igreja” protestante é uma sociedade meramente humana, que já não tem a garantia da assistência infalívei de Jesus e do Espírito Santo, porque se separou do tronco original.

A experiência mostra como essas “igrejas” se contradizem e ramificam em virtude de discórdias e interpretações bíblicas pessoais dos seus fundadores; predomina aí o “eu acho” dos homens ou de cada “profeta” de denominação protestante.

Mas… as falhas humanas da Igreja não são empecilho para crer?

Em resposta devemos dizer que o mistério básico do Cristianismo é o da Encarnação; Deus assumiu a natureza humana, deixou-se desfigurar por açoites, escarros e crucificação, mas desta maneira quis salvar os homens. Este mistério se prolonga na Igreja, que São Paulo chama “o Corpo de Cristo” (Cl 1,24; 1Cor 12,27). A Igreja é humana; por isto traz as marcas da fragilidade humana de seus filhos, mas é também divina; é o Cristo prolongado; por isto os erros dos homens da Igreja não conseguem destrui-la; são, antes, o sinal de que é Deus quem vive na Igreja e a sustenta.

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Numa palavra, o cristão há de dizer com São Paulo: “A Igreja é minha mãe” (cf. Gl 4,26). Ao que São Cipriano de Cartago (+258) fazia eco, dizendo: “Não pode ter Deus por Pai quem não tem a Igreja por Mãe” (“Sobre a Unidade de Igreja”, cap. 4).

Conclusão A grande razão pela qual o Protestantismo se torna inaceitável ao cristão que reflete, é o subjetivismo que o impregna visceralmente. A falta de referenciais objetivos e seguros, garantidos pelo próprio Espírito Santo (cf. Jo 14,26; 16,13s), é o principal ponto fraco ou o calcanhar de Aquiles do Protestantismo. Disto se segue a divisão do mesmo em centenas de denominações diversas, cada qual com suas doutrinas e práticas, às vezes contraditórias ou mesmo hostis entre si.

0 Protestantismo assim se afasta cada vez mais da Bíblia e das raízes do Cristianismo (paradoxo!), levado pelo fervor subjetivo dos seus “profetas”, que apresentam um curandeirismo barato (por vezes, caro!) ou um profetismo fantasioso ou ainda um retorno ao Antigo Testamento com menosprezo do Novo.

Esta diluição do Protestantismo e a perda dos valores típicos do Cristianismo estão na lógica do principal fundador, Martinho Lutero, que apregoava o livre exame de Bíblia ou a leitura da Bíblia sob as luzes exclusivas da inspiração subjetiva de cada crente; cada qual tira das Escrituras “o que bem lhe parece ou lhe apraz”!

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Mas afinal, o que é um protestante?

POR: APOSTOLADO SPIRITUS PARACLITUS | SEX , 26 DE NOVEMBRO DE 2010

1) O protestante é aquele que segue a revolta iniciada contra a Igreja Católica em 1517. É seguidor de várias doutrinas que surgiram 1500 anos depois da era Apostólica.

2) O protestante é aquele que protesta contra a Igreja Católica, usa a Bíblia, porém, não possui nenhuma autoridade superior, infalível, para declarar que uma palavra tem tal sentido, e exprime tal verdade.

3) O protestante tem sua fé alicerçada na emoção. A religião, para ele, resume-se em um estado de espírito agradável, em uma sensação que forçosamente um dia irá passar. O protestante toma uma experiência emocional por uma revelação, e um estado emocional pela graça de Deus. A fé edificada sobre a emoção não é fé verdadeira, mas mera busca de recompensa rápida, tão pouco profunda e ineficiente.

4) O protestante gosta de apoiar-se em ameaças de castigos e de fim de mundo, usando trechos da Bíblia. Acredita ter uma iluminação direta do Espírito Santo, sem intermediários, ou seja, sem a Igreja. No fundo, cada protestante se julga juiz da Bíblia.

5) O protestante se afirma salvo, porém, crê em um Jesus diferente, sendo que o Jesus dos Batistas parece ser diferente do Jesus dos Metodistas , que parece ser diferente do Jesus dos Adventistas, que também parece ser diferente das demais igrejas protestantes. São mais de 33.000 denominações pregando vários Jesuses diferentes, um do outro.

6) O protestante adota uma interpretação particular da Bíblia como única norma de vida. Seu texto se converte em arma de ataque e de defesa frente a estranhos. Costuma Memorizar “versículos-chave” para tanto. Não se preocupa muito com o contexto das citações e nem com a verdade histórica de suas afirmações.

7) O protestante costuma desenvolver uma mentalidade de natureza fundamentalista. Seu fervor religioso nasce como reação a um mundo complexo e hostil que ameaça certos princípios qualificados como “intocáveis”. Exclui o uso da razão de sua compreensão bíblica e cai facilmente na irracionalidade total. Sua argumentação freqüentemente espelha medo e incerteza, desconhecendo o diálogo lógico e racional.

8) O protestante vive num ambiente de “supostos fiéis do povo escolhido”. Segundo tal, o mundo os persegue porque somente eles têm permanecido fiéis ao que Deus quer. Isto provoca uma profunda suspeita frente ao mundo. Cria a idéia de que a salvação dos homens será possível apenas dentro dos estreitos limites das igrejas protestantes.

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9)Os líderes fazem o possível para ocupar todo o tempo livre dos membros. Abarrota-lhes de reuniões, serviços, estudos e outras atividades que fazem com que a vida diária do adepto gire em torno das supostas igrejas?. Costumam proibir categoricamente qualquer contato com culturas diferentes, avanço científico, literatura ou programas que não estão explicitamente escritos na Bíblia.

10) Sem exceção, ditam um código moral estreito que afetam todos os aspectos da vida de seus membros, a forma de vestir, a abstinência da dança, da música (não evangélica) etc. Tudo isso serve para separar do mundo os membros, dar-lhes uma identidade externa inconfundível, criar neles uma mentalidade de superioridade moral e reforçar em suas mentes a legitimidade da determinada igreja protestante.

11) Os líderes criam uma forte expectativa em seus membros quanto ao fim do mundo e a segunda vinda de Cristo. Esta postura de milenarismo ou adventismo resulta em um fanatismo dificilmente compreensível para aqueles que não compartilham da visão do fim iminente.

12) Já, os grupos de espiritualidade pentecostal, dão muita importância aos sinais exteriores como o falar em línguas, o transe místico, as visões, as choradeiras, etc… Algumas igrejas protestantes exercem uma sugestão poderosa sobre os seus para que se produzam estas manifestações de forma contínua nas reuniões dos adeptos.

13) Certas igrejas protestantes obrigam seus membros a uma ação direta de proselitismo de porta em porta, pelas ruas, etc… Distribuindo mensagens como forma de ganhar novos adeptos e de fortalecer a convicção dos membros. Freqüentemente controlam os resultados do proselitismo de forma pública dentro da comunidade, o que serve de pressão aos membros menos inclinados a estar molestando estranhos com suas crenças particulares.

Autor: Jaime Francisco Moura

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Leitor pergunta sobre os Batistas e Igrejas Evangélicas

POR: APOSTOLADO SPIRITUS PARACLITUS | DOM , 08 DE MAIO DE 2011

LEITOR

Nome: A. O. Bastos

Enviada em: 30 de abril de 2011 Bahia – BA , Brasil

PERGUNTA

Já fui seguidor da Igreja Católica. Hoje tento dia a dia, seguir apenas a Cristo… Gostaria de saber a opinião deste site sobre a doutrina da Igreja Batista. O que nela é incoerente com as Escrituras? Todas as igrejas evangélicas são iguais? Obrigado.

RESPOSTA

Meu caro amigo agradecemos pelo contato e pedimos desculpas pela demora, o apostolado tem recebido vários contatos e com enorme alegria temos respondido a cada um deles, desde os mais simples até os mais complexos.

Estudamos e analisamos o seu caso com calma para posteriormente poder responder à altura de seu educado e respeitoso questionamento. Partindo disso, foram elaborados alguns tópicos para melhor elucidarem nosso diálogo perante o que será abordado. Mas gostaria antes de deixar um pensamento que em sua reflexão o ajudará a experimentar tudo o que aqui será exposto:

“’A Igreja é a finalidade de todas as coisas’. (Haer. 1,1,5) ‘Há um caminho real’, que é a Igreja católica, e uma só senda da verdade. Toda heresia, pelo contrário, tendo deixado uma vez o caminho real, desviando-se para a direita ou para a esquerda, e abandonada a si mesma por algum tempo, cada vez mais se afunda em erros.” (Santo Epifânio (†403), batalhador contra as heresias)

1. “Igreja” Batista

1.1 Origem

Para mostrar o realce de tantas diferenças doutrinais e proliferações mediante esta vertente é necessário voltar no tempo e mostrar de onde ela nasceu.

Os Batistas foram o terceiro grupo proveniente do anglicanismo depois dos Presbiterianos e Congregacionalistas. O Anglicanismo data do reinado de Henrique VIII (1509-1547), que cortou relações com o Papa, por este ter-lhe recusado a anulação do casamento com Catarina Aragão. Homem com apurada inteligência e dotado de uma rica oratória, tinha seu lado sombrio

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extrapolado. Casou-se sucessivamente com seis mulheres, mandando decapitar duas delas: Ana Bolena e Catarina Howard.

Ostentava o título de “Defensor da Fé” – antes de seu desligamento de Roma – por combater os Luteranos, mas depois além deles passou também a detestar os católicos até a morte. Os interesses pessoais e políticos motivaram Henrique VIII a romper relações com a Igreja Católica.

Desse meio surgiram John Smyth (1570-1612) considerado por muitos historiadores como o fundador da igreja batista, foi ordenado ministro da igreja anglicana em 1594, junto de Thomas Helwys, um advogado inglês que é considerado co-fundador da igreja batista, foi ele que levou de volta a congregação para a Inglaterra em 1611.

John Smyth atravessou o mar, rumo a América do Norte onde, em 1638 Roger Wiliams (“teólogo” protestante) organizou o grupo americano. É a denominação mais forte daquele país, que ainda dividiu-se em mais umas trinta ramificações diferentes, que travaram lutas ferozes entre si até o século XIX quando finalmente conseguiram uma convivência pacífica.

1.2 Doutrina

Em meio a tantas ramificações e formas de pensar ficou complicada uma linha de raciocínio, a falta de uma unidade doutrinal evidencia a fraqueza e pobreza de um embasamento sólido e verdadeiro em sua totalidade.

Ainda existem outras duas teorias sobre a origem desta vertente, mas que são rejeitadas pela historiografia oficial. São elas a teoria de Sucessão Apostólica ou JJJ (João-Jordão-Jerusalém) e a teoria anabatista. Ambas têm suas preferências doutrinais que se diferenciam na medida em que o local (espaço geográfico) e o momento (tempo histórico) mais se tornam convenientes. Para os de influência anabatista, Cristo trouxe a salvação para todos os homens; na opinião dos influenciados pelos Calvinistas, a salvação é reservada a um grupo de “eleitos”.

Ambas são rejeitadas pelos historiadores batistas Henry C. Vedder e Robert G. Torbet.

Ambas possuem algumas similaridades:

• Crença no batismo adulto e voluntário;

• Visão do batismo e da ceia do Senhor como ordenanças;

• Separação da Igreja e do Estado;

Existem também algumas diferenças entre os batistas e os anabatistas modernos (por exemplo os menonitas):

• Os anabatistas normalmente realizam o batismo adulto por aspersão e não por imersão como os batistas;

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• Os anabatistas são pacifistas extremos e se recusam a jurar;

• Os anabatistas crêem em uma doutrina semi-nestoriana sobre a natureza de Cristo, que não recebeu nenhuma parte humana de Maria;

• Os anabatistas enfatizam a vida comunal enquanto os batistas a liberdade individual;

• Os anabatistas se recusam a participar do Estado, enquanto os batistas podem ser funcionários públicos, prestar serviço militar, possuir cargos políticos;

• Os anabatistas crêem em um estado de “sono da alma” entre a morte e a ressureição;

Para todos eles a Santa Ceia é puramente simbólica, uma simples recordação da morte de Jesus. Vivem em plena democracia: nada de sacerdotes, nada de intermediários humanos. Cada um dialoga com Deus diretamente. Seus ministros são decididos e exonerados pela igreja local, e cada igreja é independente. Vai aí alguns dos mais conhecidos: Batistas Regulares, Batistas Reformados, Batista dos 6 Princípios, Batistas do 7º dia, Batistas da Comunhão Livre, Batistas da Igreja de Deus…, dentre outros.

Em relação a tolerância e respeito religioso, uns deles são anti-católicos raivosos, outros mais ou menos tolerantes.

1.2.1 Comparação com as Doutrinas da Santa Sé

A doutrina dos Batistas:

1º – O homem é pecador, condenado ao inferno. Ao ouvir a pregação do Evangelho, recebe a Graça, aceita o Cristo como Salvador e passa a pertencer ao grupo dos “salvos”;

A Doutrina CATÓLICA:

1º – O homem é naturalmente bom; criado para conhecer, amar e servir a Deus nessa vida e ser feliz com Ele na Eternidade. É livre, por isso responsável de seus atos, capaz de querer bem ou o mal. Pelo pecado (ou escolha do mal) a natureza humana ficou enfraquecida, mas é reabilitada pela Graça de Deus. Graça é o Deus que se dá gratuitamente ao homem. Se o pecador estiver arrependido de seu malfeito e quiser voltar à amizade com Deus, Deus está sempre pronto a recebê-lo. A Graça não é uma espécie de capa com que Cristo cobre o pecador, mas é a presença de Deus no homem; é viver por Cristo nele e ele em Cristo. “Mas a todos que o receberam deu o poder de se tornarem filhos de Deus” (Jo 1,12).

A doutrina dos Batistas:

2º – Adotaram o batismo por imersão e não aceitam o batismo das crianças. O batismo é apenas uma “ordenação” ou consagração e não um sacramento. A Ceia também é um símbolo e não um sacramento.

A Doutrina CATÓLICA:

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2º – O Batismo e a ceia ou Eucaristia não são símbolos e sim sacramentos, isto é, sinais exteriores da Graça interior que se recebe, isto é Deus. O Batismo, pela ação do Espírito Santo, causa, produz a presença de Deus no homem (ou Graça), apaga o pecado o torna filho de Deus e membro de uma sociedade visível que é a Igreja. O Batismo regenera pela ação do Espírito Santo. “Não sabeis que sois um templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós? Se alguém destrói templo de Deus, Deus o Destruirá. Pois o templo de Deus é santo e esse templo sois vós” (1Cor 3,16-17).

Quanto a maneira de batizar, a Igreja Católica derrama a água na cabeça, por ser mais prático, mas nos primórdios da cristandade usava o batismo por imersão.

“O Batismo é, pois, um banho de água no qual ‘a semente incorruptível’ da Palavra de Deus produz seu efeito vivificante. Sto. Agostinho dirá do Batismo: ‘Accedit verbum ad elementum, et fit Sacramentum – Une-se a Palavra ao Elemento, e acontece o Sacramento’. (CIC 1228)

A doutrina dos Batistas:

3º – A Bíblia é o único guia do homem para a verdade religiosa. O homem é justificado somente pela fé.

A Doutrina CATÓLICA:

3º – A Fé é um dom de Deus pelo qual o cristão crê nas verdades reveladas por Deus e ensinadas pela resposta do homem através de uma vida conforme o plano de Deus. “Meus irmãos, se alguém disser que tem fé, mas não tem obras, que lhe aproveitará isso?… Assim também a fé, se não tiver obras, será morta em seu isolamento… Estais vendo que o homem é justificado pelas obras e não simplesmente pela fé? (Tg 2.14.17 e 24).

A doutrina dos Batistas:

4º – Não existem dogmas, pois cada leitor da Bíblia é competente para formar por si mesmo as suas idéias sobre a verdade.

A Doutrina CATÓLICA:

4º – A Bíblia palavra de Deus é a principal fonte da Verdade. Porém, há outras Verdades ensinadas por Jesus Cristo que não estão contidas na Bíblia e se encontram na vida Igreja vai aprofundando e explicando com certeza. “Há porém, muitas outras coisas que Jesus fez e que o mundo não poderia conter os livros que se escreveriam” (Jo 21,25). O cristão deve alimentar-se da Palavra de Deus, porém, a interpretação doutrinal dela é a única e é dada por toda a Igreja. A interpretação particular da Bíblia ou de um texto bíblico leva a tantas verdades diferentes, e às vezes contraditórias, quanto são os leitores.

A doutrina dos Batistas:

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5º – Adotam absoluta separação entre Igreja e Estado. No setor social são conservadores e não contestam a situação político-social.

A Doutrina CATÓLICA:

5º – A separação entre a Igreja e o Estado deriva da finalidade específica de cada um. Não se pode dizer que a Igreja deve preocupar-se só com o que é espiritual e o Estado só com o que é material. As duas entidades devem procurar a recíproca colaboração, pois as pessoas a que servem são as mesmas, e nas pessoas não há separação entre material e espiritual. A pessoa é tal no seu todo. Por isso a Igreja tem o dever de contestar qualquer situação político-social que prejudique a pessoa me humana através da injustiça, da mentira, do desamor e da tranqüilidade pessoal ou coletiva.

2. Incoerências

Dentre o gigantesco leque de incoerências que aqui poderia ser debatido, depois do rápido conhecimento não apenas de sua origem como também de sua proliferação, ficaremos com uma das maiores divergências doutrinárias, o Batismo.

Para os Batistas o Batismo (em sua maioria o de imersão) não passa de um simples sinal de “agregação” a uma igreja, ao Cristianismo. Defendem apenas o batismo de adultos e por imersão (mergulho), pois segundo a conveniente interpretação da leitura de Marcos 16,15-16, apenas quem é consciente do que faz (crê) pode ser batizado, o que seria impossível para um recém-nascido.

Aí trata-se do Batismo de adultos. Fator primordial é que naquele “alguém” (Cfr. João 3,5) de Jesus também entram as criancinhas pois elas também são “alguém” (Cfr. Mc 10,14). Outra coisa é certa, a prática vigorou desde os primeiros séculos. Orígenes (185-255) declara que o batismo de crianças é de instituição apostólica (Ep. Ad Rom. 1,5-9), diz também que é necessário para lavar as crianças do pecado original (In Lev. 8,3), São Cipriano e o III Concílio de Cartago (253) ensinaram que é necessário batizar o quanto antes os recém-nascidos.

Curiosidade: O Batismo é para todos… Ou tão somente para os habitantes da Amazônia, que podem mergulhar na porta de casa? E os enfermos, hospitalizados que desejassem o batismo na hora da morte? E os que vivem no deserto, aonde a água vale ouro? Os mais castigados seriam os esquimós: dó deles, que para mergulharem teriam de cavar um buraco no gelo.

É necessário entender que no grego clássico a palavra “Batismo” significa “mergulho”, mas que na língua do novo testamento pode indicar ato de lavar, purificação: “O fariseu que convidara Jesus, se surpreendeu que não se tivesse ‘batizado’ antes de comer (Cfr. Lc 11,38 – texto grego).

Para a Santa Igreja Católica não é apenas um simples sinal externo de “agregação” ao Cristianismo, mas nos dá uma nova oportunidade de

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nascimento: sepultados com Cristo, com Ele ressuscitamos à vida da Graça (Cfr. Rom. 6,4).

Para a Igreja Católica o Batismo é necessário à salvação (Cfr. João 3,5), que também foi ordenado pelo próprio Cristo (Cfr. Mt. 28,19-20; Cfr. DS 1618; LUMEN GENTIUM 14; AG 5) que fosse espalhado por todas as nações.

Para a Igreja Católica pelo Batismo todos os pecados são perdoados: o pecado original e todos os pecados pessoais, bem como todas as penas do pecado (Cfr. DS 1316).

Para Igreja Católica o Batismo nos transforma em Novas Criaturas, o Batismo não só purifica de todos os pecados, mas também faz do neófito “uma criatura nova”, um filho adotivo de Deus que se tornou “participante da natureza Divina”, membro de Cristo e co-herdeiro com Ele, templo do Espírito Santo (Cfr. CIC 1265).

Para a Igreja Católica é um Sinal Espiritual Indelével: incorporados em Cristo pelo Batismo, o batizado é configurado a Cristo [...]. Pecado algum apaga esta marca, se bem que possa impedir o Batismo de produzir frutos de salvação. Dada uma vez por todas, o Batismo não pode ser retirado (Cfr. CIC 1272)

Isto meu caro Abelmon, é para evidenciar a confusão causada por uma falta de unidade e de como o desprendimento da Igreja firmada nos Apóstolos(Santa Sé) pode causar sérias conseqüências e distorções da Verdade.

3. “Igrejas” Evangélicas (Protestantes)

Como vimos no breve relato feito sobre a origem da igreja Batista e depois de suas conseqüentes divisões, é visível como as linhas de pensamento se espalharam causando tais desdobramentos doutrinais. Agora imagine isso colocado em amplitude geral. As conseqüentes interpretações pessoais acarretam ainda muito mais divisões e modos de “lidar” com Deus.

3.1 Protestantismo – Um breve Resumo

Surgido com Lutero (1483-1546), que foi frade Agostiniano, tinha sua própria linha doutrinária, o que talvez revelasse o estado sombrio de seu espírito. Para ele:

• O pecado original estragou completamente o homem, tudo o que o homem faz é pecado mortal. O homem não é livre;

• Os mandamentos de Deus foram dados para provar ao homem que ele nunca conseguiria observá-los. No desespero da constatação o homem é direcionado a confiar único e exclusivamente na Misericórdia de Deus: só esta fé (confiança) o salvará, é a Fé sem obras;

• A Fé, porém, é um dom de Deus que Ele dá a quem quer. Consequência: uns serão salvos outros condenados (Predestinação).

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• Fonte e regra de Fé só a Bíblia, interpretada pessoalmente: Livre Exame. Papa e Concílios são inúteis (Cfr. Histórias das Heresias: Léon Cristiani);

• O interessante é que, logo após ter rejeitado a autoridade do Papa submeteu a “igreja Reformada” à autoridade dos príncipes: (Cesaropapismo).

“Não é seguidor de Cristo aquele que não é chamado cristão segundo a fé verdadeira e o ensinamento católico” (S. Agostinho, Sobre o Sermão do Senhor na montanha, I,V, 13)

Lutero, com o livre exame, provocou uma explosão em cadeia e cada vestígio deste acontecimento criou uma nova “igreja” e uma nova bomba para explodir. O princípio do “livre exame” colocava (e coloca) o crente acima de qualquer magistério, de modo que se alguém discorda do que a sua comunidade ensina, pode separar-se dela e fundar outra “igreja”.

Logo surgiu uma meia-dúzia de pseudo-igrejas e pessoas que se diziam possuidoras da verdade salvífica. Trinta anos mais tarde , (com a Rainha Isabel I) em seguida a uma forte influência luterana e Calvinista, organizou-se a igreja Anglicana (que aqui já detalhamos). Dessa multiplicaram-se várias outras, dentre essas a principal foi (enquanto fecundidade) a igreja Batista. Daí desse meio também surgiram o Adventismo e bem mais tarde o movimento pentecostal, ambos prolíferos, especialmente o segundo, cada um com seu modo particular de doutrina.

As controvérsias no meio protestante são diversas, e referem-se sempre a criticas existentes nas posições e atitudes do protestantismo e das “igrejas” que adotam esta doutrina em relação a suas ações e ensinamentos, estrutura ou natureza, bem como em suas divergências e interpretações teológicas. Uma vez que existe uma infinidade de igrejas protestantes sem ligações entre si, com diferentes pontos de vista e muitas vezes em certa rivalidade.

“Há homens que se agarram a sua própria opinião, não por ser verdadeira, mas simplesmente por ser sua.” (Santo Agostinho)

E isso parece um regrismo no meio protestante, em meio a tudo isso meu caro amigo fica evidente a carência de uma verdade plena e total que condiciona e direciona-nos a uma unidade de comunidade e espiritual em comunhão com Deus. Mas não pretendemos deixá-lo apenas com as possíveis dúvidas, mas principalmente lhe deixar a possível (digo possível, pois a escolha será sua) solução.

4. A Santa Igreja Católica

Você nos relatou que já foi seguidor da Santa Sé, mas que hoje em dia tenta apenas seguir a Cristo.

Primeiro de tudo, há uma enorme diferença entre seguidor e discípulo, Jesus não escolheu doze seguidores, Ele escolheu doze discípulos e com isso

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estendeu a todos nós o mesmo convite. Outro fator, os discípulos primeiramente aprenderam e experimentaram o seguimento de Cristo para em posterior conseqüência deste seguimento, vir a amar, defender e anunciar o Reino Divino através dos tempos em sua Igreja, a Igreja Católica… que pelo próprio Cristo foi fundada sobre Pedro e perdura até os dias atuais.

Convidamos você meu amigo a um novo “olhar”, uma nova maneira de sentir e interpretar, de sair do seguimento individual e voltar ao discipulado em comunidade e unidade.

“Assim como a vontade de Deus é um ato e se chama mundo, assim também sua intenção é a salvação dos homens, e se chama Igreja” (S. Clemente de Alexandria -†215, mártir; Paed, 1,6)

Igreja cuja existência abrange os séculos desde os apóstolos, e durará até a segunda vinda de Cristo. Igreja que pode indicar a data de cada heresia e cisma; e não uma só delas, porém, que possa indicar-lhe outra origem, que não seja o dia de Pentecostes.

Igreja que em seu múnus de ensinar tem a missão de reunir todos os homens em Cristo (Cfr. Catequese Renovada, n. 210c).

Igreja que prega “todo” o Evangelho e administra “todos os meios de salvação” como Jesus ordenou (Cfr. Mateus 28,20).

Igreja que em matéria de Fé e Moral é infalível (graças a uma especial assistência Divina), quando se pronuncia em solenidade, como Mestre da Igreja Universal, na pessoa do Papa (ex-cathedra). Para nós católicos, é doutrina de fé, definida no Concílio Vaticano I (1869-1870). Foi o próprio Cristo que garantiu a Pedro (primeiro Papa), juntamente com os apóstolos (Cfr. Mt 18,18), que tudo que ligassem ou desligassem na terra, Ele confirmaria no céu, pois estando Ele na Igreja pelo Espírito Santo não permitiria que a mesma falhasse e assim comprometesse a salvação dos homens, em termos de doutrina apenas. Esta a primazia de nossa unidade na sucessão apostólica, dom que a mais de dois mil anos manteve uma linha ininterrupta de pastores guiando a Igreja Católica com amor e Verdade.

Igreja que nunca mudou seus ensinamentos, que manteve e mantém sua Sagrada Tradição, que nunca modificou o que seus antecessores (Santos Padres) deixaram como doutrina sob inspiração do Espírito Santo.

“A Igreja de Cristo, cuidadosa e cauta guardiã dos dogmas que lhe foram confiados, jamais os altera; em nada os diminui, em nada lhes adiciona; não a priva do que é necessário, nem lhe acrescenta o que é supérfluo; não perde o que é seu, nem se apropria do que pertence aos outros, mas com todo o zelo, recorrendo com fidelidade e sabedoria aos antigos dogmas, tem como único desejo aperfeiçoar e purificar aqueles que antigamente receberam uma primeira forma e esboço, consolidar e reforçar aqueles que já foram evidenciados e desenvolvidos, salvaguardar aqueles que já foram confirmados e definidos.” (São Vicente de Lerins, Commonitorium, XXIII)

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Igreja que em mais de dois mil anos nunca revogou um desses dogmas (nossas verdades de fé). A Igreja Católica já realizou 21 Concílios Ecumênicos, um por século na média, – reunião aonde o Papa reúne todos os Bispos do mundo – e nunca, em toda nossa história, foi revogada uma verdade de Fé que o outro tenha solenemente proclamado.

Igreja que está fundamentada na sucessão Apostólica que, através dos tempos, conservou a Sagrada Tradição (oral e escrita) proveniente do Próprio Cristo, seu Fundador: “Sem dúvida, é preciso afirmar que as igrejas receberam dos Apóstolos; os Apóstolos receberam de Cristo, e Cristo recebeu de Deus” (De Praescriptione Haereticorum 21,4).

Igreja que, em Pedro, recebeu as “Chaves do Reino dos Céus” (Cf. Mt 6,19), significando assim a autoridade, faculdades para decidir, e legislar ou para administrar a Igreja de modo geral. Verdade que também foi derramada sobre todos os Apóstolos reunidos: “Em verdade eu vos declaro: tudo o que ligardes na terra será ligado no céu; tudo o que desligardes na terra, será desligado no céu” (Cf. Mt 18,18). Esta declaração quer dizer que o colegiado dos Apóstolos com Pedro terá as mesmas faculdades que Pedro a sós. O. Culmann e outros autores protestantes reconhecem que Jesus quis confiar a Pedro uma função preeminente; julgam, porém, que era limitada no tempo e intrasmissível. Caso, porém, fosse intrasmissível, dever-se-ia dizer que o edifício da Igreja ficaria sem seu fundamento imediato; acabaria caindo ou, se não caísse, Jesus teria dado a Pedro um encargo de fundamento inútil.

Igreja que antes de qualquer coisa uma comunidade cujos membros estão unidos a Cristo: pelo mesmo culto (Sagrada Liturgia), pela mesma Fé (Doutrina) e pela mesma estrutura (Hierarquia), aonde cada participante desta comunidade tem sua própria tarefa a cumprir, seu próprio carisma a valorizar, seu próprio dom para por a serviço do bem comum.

Igreja que Cristo adquiriu com seu sangue e a dotou com meios atos para uma união visível e social. A Igreja é, portanto, o sacramento (sinal) visível da união entre os homens e dos homens com Deus.

Igreja aonde os batizados são chamados a serem edifício espiritual e sacerdócio santo, de modo que ofereçam, em toda a sua atuação cristã, que os chamou das trevas à sua luz maravilhosa.

Igreja aonde os fiéis têm parte na oblação da Eucaristia, por virtude de seu sacerdote régio, e exercem esse sacerdócio comum na recepção dos sacramentos, na oração e na ação de graças, no testemunho de uma vida santa, pela abnegação e por uma caridade ativa.

Igreja que chama os batizados a serem “profetas”, isto é, responsável pela pregação da Palavra de Deus, pela busca da justiça e da verdade.

Igreja aonde os diáconos compartilham com os bispos e os sacerdotes a Pregação do Evangelho e o serviço junto aos fiéis.

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Igreja aonde os sacerdotes (ou padres), em união com os bispos, são encarregados de guiar e acompanhar o povo de Deus no seu peregrinar, dentro da Igreja, até o encontro definitivo com Deus.

Igreja que têm os bispos, como sucessores dos Apóstolos, que possuem o múnus de ensinar (doutrinar), guiar e santificar o Povo de Deus pela administração dos sacramentos da Palavra de Deus.

Igreja que têm o Santo Padre o Papa (elo de união entre todos os bispos), como vigário de Cristo, é o mestre universal da fé e costumes pela assistência especial que recebe do Espírito Santo.

Essas são algumas das maiores Verdades e dons concedidos por Deus à sua Igreja, que ao longo de 20 séculos tem nos mantidos UNOS, SANTOS, CATÓLICOS E APOSTÓLICOS.

Convidamos você meu caro amigo a uma profunda reflexão e acolhimento a tudo que aqui expomos, esperamos que ao menos tenha “atiçado” sua curiosidade acerca do conhecimento mais a fundo da linda história de nossa catolicidade. Pedimos desculpas se em algum momento possa ter aparentado que nosso desejo era menosprezar ou diminuir “A” ou “B”, pois na verdade o que aqui explicitou-se foi unicamente a plenitude e totalidade da Igreja Católica perante aos questionamentos recebidos de nossa parte.

Agradecemos seu contato e nos colocamos a disposição para qualquer dúvida que possa ter ficado.

São João Crisóstomo (350-407), doutor da Igreja; Patriarca de Constantinopla: “Não te afaste da Igreja: Nada é mais forte do que ela. Ela é a tua esperança, o teu refúgio. Ela é mais alta que o céu e mais vasta que a terra. Ela nunca envelhece”.

Salve Maria,

Ivanildo Oliveira Maciel Junior – Membro do Apostolado Spiritus Paraclitus

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Resposta ao questionamento protestante acerca da Maternidade Divina de Maria

POR: APOSTOLADO SPIRITUS PARACLITUS | TER , 07 DE JUNHO DE 2011

LEITOR

Nome: C. G. Machado

Enviada em: 22.05.2011 22:5

MG – Minas Gerais, Brasil

PERGUNTA

Que a graça e a paz de Nosso Senhor Jesus Cristo esteja com todos. O assunto que eu venho tratar é a respeito da maternidade divina de maria que vocês católicos defendem. De acordo com esse dogma maria é mãe de Deus porque gerou Jesus Cristo. Só que não é bem assim, maria era mãe do Cristo-homem e não do Cristo Deus. Ela gerou apenas a natureza humana de Jesus, pois ele como Deus já existia antes da criação do mundo. João 1;1-3. Tenho lido alguns artigos que vocês escreveram sobre esse assunto, em um deles vocês dizem que nós evangélicos queremos dividir Jesus Cristo em duas pessoas, vocês afirmam que maria era tanto mãe do cristo-homem quanto do Cristo-Deus, ou seja, que ela era mãe das duas pessoas de Jesus. Sem querer ofender a crença de vocês, mas não é isso que a Bíblia ensina, é justamente ela que separa as duas pessoas de Jesus Cristo, tanto a divina quanto a humana. Vejamos:Romanos 1;1-4 Paulo, servo de Jesus Cristo chamado para apóstolo, separado para o evangelho de Deus. O qual antes havia prometido pelos seus profetas nas santas escrituras. Acerca de seu filho, que nasceu da descendência de Davi segundo a carne, declarado filho de Deus em poder segundo o Espirito de santificação pela ressurreição dos mortos- Jesus Cristo Nosso Senhor. como podemos ver a própria palavra de Deus faz essa separação. No verso 3 fica claro que Jesus era da descendência de Davi somente segundo a carne e no versiculo 4 que Jesus é filho de Deus segundo o Espirito. Isto quer dizer que Jesus só era filho de maria segundo a carne, ela não gerou a divindade de Jesus que já existia antes da criação do mundo João 1;1. Vocês dizem que maria é templo do Espirito Santo,que é um ensinamento que eu concordo, pois o corpo dela era realmente Templo do Espirito Santo , porém é só maria que era Templo do Espirito santo, mas todo aquele que passa a crer em Jesus Cristo se torna templo do Espirito Santo .2corintios 6;16. Creiam também em Jesus para que ele também esteja habitando em seus corações . Que a graça e a paz de Nosso Senhor Jesus Cristo esteja com Vocês. Amén.

RESPOSTA

Que a mesma Paz adentre em seu coração meu caro amigo e assíduo leitor, ficamos felizes com seu contato e pedimos desculpas pela demora em responder-lhe, pois a busca por elucidações tem crescido diariamente e Graças a Deus temos conseguido clarear muitas mentes, até então, limitadas. Em primeiro lugar e sem perder tempo gostaria de fazer uma ressalva: ao ler o email enviado por sua parte pude detectar que ao tratar-se à Maria você não usa a letra “M” maiúscula, meu caro, se você não a respeita como “A MÃE DE DEUS” (como logo a seguir provarei que de fato Ela o é) ao menos respeite a Língua Portuguesa que exige o uso de letras maiúsculas no início de todo nome próprio, e Maria é um nome próprio.

Para melhor ajudá-lo no entendimento das necessárias “iluminações” tratarei em tópicos a explicação merecida por sua parte, até para facilitar sua compreensão que, ao que parece, é bastante limitada, seja por conveniência

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ou por pura ignorância. De antemão mostrarei para você que Jesus não nasceu por pedaços e muito menos dividido, para posteriormente mostrar-lhe que Maria é e sempre foi a MÃE DE DEUS (Theotokos) e para finalizar com chave de ouro lhe trarei à tona o que os seus primeiros “pais” (precursores do protestantismo) pensavam a respeito de tal assunto.

1. VERDADEIRO DEUS E VERDADEIRO HOMEM

“O acontecimento único e totalmente singular da Encarnação do Filho de Deus não significa que Jesus Cristo seja em parte Deus e em parte homem, nem que ele seja o resultado da mescla confusa entre o divino e o humano. Ele se fez verdadeiramente homem permanecendo verdadeiro Deus. Jesus Cristo é verdadeiro Deus e verdadeiro homem. A Igreja teve de defender e clarificar esta verdade de fé no decurso dos primeiros séculos, diante das heresias que a falsificavam”. (C.I.C. §464)

Como você pode verificar a Igreja não brinca de dizer que é verdade, as afirmações são mediantes a anos de estudos e revelações por meio das Sagradas e Divinas Escrituras e também através da Sagrada Tradição, ainda intensificando tal afirmativa, a Igreja defendeu desde os primeiros séculos tais heresias como a que você acabou de colocar mais uma vez à tona, talvez se você tivesse tido um pouco mais de curiosidade e vontade de ir além de julgamentos pretensiosos tivesse tido tempo de estudar um pouco da história da Igreja Católica e de como ela venceu todas as heresias que contra ela se levantaram, aí talvez você nem tivesse necessitado de tal esclarecimento. Veja como o Catecismo continua a nos ensinar:

“As primeiras heresias, mais do que a divindade de Cristo, negaram sua humanidade verdadeira (docetismo gnóstico). Desde os tempos apostólicos a fé cristã insistiu na verdadeira encarnação do Filho de Deus, “que veio na carne” (Cf. 1Jo 4,2-3; 2Jo 7). Mas desde o século III a Igreja teve de afirmar, contra Paulo de Samósata, em um Concílio reunido em Antioquia, que Jesus Cristo é o filho de Deus por natureza e não por adoção. O primeiro Concílio Ecumênico de Nicéia, em 325, confessou em seu credo que o Filho de Deus é “gerado, não criado, consubstancial (homousios) ao Pai” (Cf. Símbolo Niceno: DS 125) e condenou Ario, que afirmava que o Filho de Deus veio do nada e que Ele seria de uma substância diferente do Pai”. (C.I.C. §465)

Como você demonstrou ser um “exegeta profissional”, com uma “profunda contextualização” da Palavra de Deus, lhe trarei realmente A VERDADE COMPLETA, PLENA E CONTEXTUALIZADA do que diz as Sagradas Escrituras a respeito de Cristo Deus.

Jesus impressionava as multidões por ser Deus, “ensinava como quem tinha autoridade e não como os escribas” (Mt. 7,29).

Ele provou ser Deus; isto é, Senhor de tudo, onipotente, oniciente, onipresente: andou sobre as águas sem afundar (Mt 14,26), multiplicou os pães (Mt 15,36), curou leprosos (Mt 8,3), dominou a tempestade (Mt 8,26), expulsou os demônios (Mt. 8,32), curou os paralíticos (Mt 8,6), ressuscitou a filha de Jairo

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(Mt 9,25), o filho da viúva de Naim, chamou Lázaro do túmulo, já em estado de putrefação (Jo11, 43-44), transfigurou-se diante de Pedro, Tiago e João, no Monte Tabor (Mt 17,2) e ressuscitou triunfante dos mortos (Mt 28,6)…

Os Evangelhos narram 37 grandes milagres de Jesus, sem contar os que não foram escritos. Provou que era Deus!

Só Deus pode fazer essas obras! É por isso que São Paulo disse que:

“Nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade” (Col 2,9).

“Ele é a imagem do Deus invisível” (Col 1,15).

São Pedro diz, como testemunha:

“Vimos a sua majestade com nossos próprios olhos” (2 Pd 1,16).

E esse meu caro Célio é Jesus, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, um todo, completo, sem distinção de partes ou mesclas confusas, como fica bem mais claro a seguir:

“A heresia nestoriana via em Cristo uma pessoa humana unida à pessoa divina do Filho de Deus. Diante dela, S. Cirilo de Alexandria e o III Concílio Ecumênico, reunido em Éfeso em 431, confessaram que “o Verbo, unido a si em sua pessoa uma carne animada por uma alma racional, se tornou homem” (Cf. DS 250). A humanidade de Cristo não tem outro sujeito senão a Pessoa divina do Filho de Deus, que a assumiu e a fez sua desde sua concepção”. (C.I.C. §466)

Como o foco não é este, fica então uma curta reflexão para que você entenda a veracidade da Maternidade Divina de Maria, mas acaso você precise de mais informações a respeito, entre em contato conosco novamente e enviaremos mais detalhes referentes à unidade de Cristo.

2. MARIA, A MÃE DE DEUS (THEOTOKOS)

Continuando o parágrafo do Catecismo, citado acima, vai nos dizer assim:

“Por isso o Concílio de Éfeso proclamou, em 431, que Maria se tornou de verdade Mãe de Deus pela concepção humana do Filho de Deus em seu seio: “Mãe de Deus não porque o Verbo de Deus tirou dela sua natureza Divina, mas porque é dela que Ele tem o corpo Sagrado dotado de uma alma racional, unido ao qual, na sua pessoa, se diz que o Verbo nasceu segundo a carne”.

O Título de Theotokos, Mãe de Deus, aparece pela primeira vez, na literatura cristã, nos escritos dos Orígenes de Alexandria (†250) e foi solenemente proclamado pelo Concílio de Éfeso (431). A piedade e a teologia fazem referência, de modo cada vez mais freqüente, a esse termo, já entrando no patrimônio de Fé da Igreja.

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Compreende-se, por isso, o grande movimento de Protesto, que se manifestou no século IV, quando Nestório pôs em dúvida a legitimidade do Título “Mãe de Deus”. Ele, de fato, propenso a considerar Maria somente como mãe do homem Jesus (alguma coisa em comum, em familiar…?), afirmava que só era doutrinalmente correta a expressão “Mãe de Cristo”. Nestório era induzido a este erro pela sua dificuldade de admitir a unidade da Pessoa de Cristo, e pela interpretação errônea da distinção entre as duas naturezas – divina e humana – presente n’Ele.

O Concílio de Éfeso, no ano de 431, condenou suas teses e, afirmando a subsistência da natureza divina e da natureza humana na única pessoa do Filho, proclamou Maria Mãe de Deus.

Proclamando Maria “Mãe de Deus”, a Igreja quer, portanto, afirmar que ela é a “Mãe do Verbo encarnado, que é Deus”. Por isso, a sua maternidade não se refere a toda a Trindade, mas unicamente à segunda Pessoa, ao Filho que, ao encarna-se, assumiu dela a natureza humana. Como diria Santo Agostinho:

“se a Mãe fosse fictícia seria fictícia também a carne… fictícias seriam também as cicatrizes da ressurreição” (Tract. In Ev. Loannis, 8, 6-7)

Mas como realmente Maria pode ser (e de FATO o é) a Mãe de Deus? – Aprecie a resposta:

Toda mãe é mãe de uma pessoa. – Qual a pessoa que nasce de Maria? – A segunda Pessoa da Santíssima Trindade, que dela assumiu a carne humana, e sendo Jesus “uma pessoa” apenas, é verdadeiramente Deus e verdadeiramente homem. Com isso Maria não é apenas mãe de carne humana, mas de toda a realidade do seu Filho, que tinha uma só Pessoa (a Divina). Daí a linda afirmativa defendida com amor pela Igreja de que Maria é mãe de Deus, não enquanto Deus sem mais, mas enquanto Deus feito homem. Isto é pura lógica.

Naturalmente isso excede toda a imaginação humana, porém para Deus não cria dificuldade alguma. Uma vez que quis assumir um corpo humano aceitou também de nascer de uma criatura humana. O maior poeta italiano (poeta e teólogo) ficou encantado com tal beleza misteriosa e cantou: “Virgem e mãe, ó filha do teu Filho – Humilde e grande mais que criatura”. (Divina Comédia)

Sem dúvida o Filho de Deus podia se tornar homem nascendo biologicamente de José e Maria, contudo existia grande conveniência de que nascesse sem o concurso do varão. Com efeito, o Filho de Deus se fez homem sem ter pai na terra, pois já tinha Pai no céu, nessa prerrogativa entende-se o porque de chamarmos José de pai adotivo de Jesus (o que não diminui em nada sua importante participação na educação e vida do menino Jesus); como Deus, era Filho do Pai Eterno; como homem, tornou-se Filho de Maria. Maria foi fecundada pela ação direta do próprio Deus, sua geração virginal foi o modo pelo qual o Pai quis exprimir na carne humana a sua Paternidade em relação a Jesus. Este não é um mero homem como os outros homens, mas é verdadeiramente Deus e verdadeiramente homem, por isto nasceu como

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nenhum homem nasceu, dessa forma fica-se evidente que é a própria identidade de Jesus que está em foco, no caso. Aliás toda a figura de Maria – rica de Graça – está essencialmente em função da figura de Jesus, como todo culto a Maria é marcadamente cristocêntrico. Cancelar a maternidade Divina de Maria seria indiretamente cancelar um dos aspectos principais da identidade de Cristo.

“Quis o Pai da misericórdias que a Encarnação fosse precedida pela aceitação daquela que era predestinada a ser mãe de seu Filho, para que, assim como uma mulher contribuiu para a morte, uma mulher também contribuísse para a vida”. (LUMEN GENTIUM 56; Cf. 61)

Querendo ou não meu caro, Maria é mãe Deus. E verdades como essa são tão eternas quanto a eternidade do próprio Deus, isso nos ensina a Igreja Católica, donde provém a plenitude de toda a Revelação:

“O que a fé católica crê acerca de Maria funda-se no que ela crê acerca de Cristo, mas o que a fé ensina sobre Maria ilumina, por sua vez, sua fé em Cristo.” (C.I.C. §486)

3. O PROTESTANTISMO E MARIA

A problemática entre a atenção e a devoção a Maria Santíssima é mais agudo em nossos dias do que no início da Reforma, principalmente por causa dessas novas denominações do protestantismo (movimentos pentecostais) que são indiferentes ou infensas a Maria. Mas mostrarei agora que essa palhaçada presente, nunca foi adotada pelos precursores do Protestantismo, da Reforma.

Lutero, em 1522, escreveu um belo comentário do Magnificat de Nossa Senhora, onde repetidas vezes a chama de a “doce Mãe de Deus”. E nele Lutero pede à Virgem “que ore por ele”. Entre outras coisas ele disse da Virgem Maria: “Peçamos a Deus que nos faça compreender bem as palavras do Magnificat… Oxalá Cristo nos conceda esta graça por intercessão de sua Santa Mãe! Amém.” (Comentário do Magnificat).

Como então os protestantes, os seguidores de Lutero, não aceitam a intercessão de Nossa Senhora? É bom recordar também que Lutero implorou a intercessão de Santa Ana, mãe de Nossa Senhora, quando quase foi atingido por um raio.

Lutero disse ainda: “Ela [Maria] nos ensina corno devemos amar e louvar a Deus, com alma despojada e de modo verdadeiramente conveniente, sem procurar nele o nosso interesse… Eis um modo elevado, puro e nobre de louvar: é bem próprio de um espírito alto e nobre corno o da Virgem.” (“Maria Mãe dos homens”, Edições Paulinas, SP, p. 561).

“Maria – escreve Lutero – não se orgulha da sua dignidade nem da sua indignidade, mas unicamente da consideração divina, que é tão superabundante de bondade e de graça que Deus olhou para uma serva assim tão insignificante e quis considerá-la com tanta magnificência e tanta honra…

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Ela não exaltou nem a vir¬gindade nem a humildade, mas unicamente o olhar divino repleto de graça. (…) De fato não deve ser louvada a sua pequenez, mas o olhar de Deus”. (idem)

Lutero mostra que Nossa Senhora não atrai a nossa atenção sobre Si, mas leva-nos a olhar para Deus: “… Maria não quer ser um ídolo; não é Ela que faz, é Deus que faz todas as coisas. Deve ser invocada para que Deus, por meio da vontade dela, faça aquilo que pedimos; assim devem ser invocados também todos os outros santos, deixando que a obra seja inteiramente de Deus” (idem pp.574-575).

Madre Basiléia, é da Sociedade das Irmãs de Darmtadt, fundada na Alemanha e presente no Brasil, luterana; no entanto, as irmãs dessa Comunidade acrescentam no seu nome de Batismo o de Maria, como acontece em algumas Congregações católicas. M. Basiléia escreveu o livro “Maria – Der Weg der Mutter des Herrn”, sobre o “Caminho de Maria”, publicado em Português, em Curitiba (1982), onde cita algumas coisas que Lutero escreveu da Virgem Maria, que transcrevemos da Revista Pergunte e Responderemos, n. 429, 1998 – Lutero e Maria Santíssima, pp. 81-86).

“O que são as servas, os servos, os senhores, as mulheres, os príncipes, os reis, os monarcas da terra, em comparação com a Virgem Maria, que, além de ter nascido de uma estirpe real, é também Mãe de Deus, a mulher mais importante da Terra? No meio de toda a Cristandade ela é a jóia mais preciosa depois de Cristo, a qual nunca pode ser suficientemente exaltada; a imperatriz e rainha mais digna, elevada acima de toda nobreza, sabedoria e santidade”.

“Por justiça teria sido necessário encomendar-lhe um carro de outro e conduzi-la com 4000 cavalos, tocando a trombeta diante da carruagem, anunciando: “Aqui viaja a mulher bendita entre todas as mulheres, a soberana de todo o gênero humano”. Mas tudo isso foi silenciado; a pobre jovenzinha segue a pé, por um caminho tão longo, e apesar disso, é de fato a Mãe de Deus. Por isso não nos deveríamos admirar, se todos os montes tivessem pulado e dançado de alegria”.

“Esta única palavra “mãe de Deus” contém toda a sua honra. Ninguém pode dizer algo de maior dela ou exaltá-la, dirigindo-se à ela, mesmo que tivessem tantas línguas quantas folhas crescem nas folhagens, quantas graminhas há na terra, quantas estrelas brilham no céu e quantos grãozinhos de areia existem no mar. Para entender o significado do que é ser mãe de Deus, é preciso pesar e avaliar esta palavra no coração”. (Explicação do Magníficat)

Depois de citar essas palavras de Lutero, M. Basiléia ainda escreve: “Ao ler essas palavras de Martinho Lutero, que até o fim de sua vida honrava a mãe de Jesus, que santificava as festas de Maria e diariamente cantava o Magnificat, se percebe quão longe nós geralmente nos distanciamos da correta atitude para com ela, como Martinho Lutero nos ensina, baseando-se na Sagrada Escritura. Quão profundamente todos nós, evangélicos, deixamo-nos envolver por uma mentalidade racionalista, apesar de que em nossos escritos confessionais se lêem sentenças como esta: “Maria é digna de ser honrada e

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exaltada no mais alto grau” (Art. 21,27 da Apologia de Confissão de Augsburgo).

Em 1537, em seus “Artigos da Doutrina Cristã”, é o próprio Lutero quem diz: “O Filho de Deus fez-se homem, de modo a ser concebido do Espírito Santo sem o concurso de varão e a nascer de Maria pura, santa e sempre virgem”.

M.Basiléia explica porque escreveu este livro para os evangélicos: “Minha intenção ao escrever este opúsculo sobre o caminho de Maria, segundo o que diz dela a Sagrada Escritura, foi conscientemente reparar esta omissão pela qual me tornei culpada para com o testemunho da Palavra de Deus. Nas últimas décadas o Senhor me concedeu a graça de aprender a amar e honrar cada vez mais a Maria, a mãe de Jesus… Minha sincera intenção ao escrever esse livro, é fazer o que posso para ajudar, a fim de que entre nós, os evangélicos, a mãe de nosso Senhor seja novamente amada e honrada, como lhe compete, segundo as Palavras da Sagrada Escritura e conforme nos recomendou Martinho Lutero, nosso reformador”.

Continua M. Basiléia: “A nossa Igreja Evangélica deixou de lhe prestar honra e louvor; receando com isso reduzir a honra devida a Jesus. Mas o que aconteceu é o seguinte: toda honra autêntica dirigida aos discípulos de Jesus e também à Sua Mãe aumenta a honra do Senhor. Pois foi Ele, só Ele, que os elegeu, os cobriu com sua graça e fez deles Seu vaso de eleição. Por sua fé, seu amor e sua dedicação para com Deus, é Deus colocado no centro das atenções e é glorificado”… “É também intenção nossa – como Imaculada de Maria – contribuir em obediência à Sagrada Escritura, para que nosso Senhor Jesus não seja entristecido por um comportamento nosso destituído de reverência para com Sua mãe ou até de desprezo. Pois ela é Sua mãe que O deu à luz e O criou e educou e a cujo respeito falou o Espírito Santo, por intermédio de Isabel: “Bem-aventurada a que creu”! João Calvino, o reformador protestante de Genebra, aceitou o título de “Mãe de Deus” (Théotokos) definido pelo Concílio de Éfeso, no ano 431, quando foi condenada a heresia de Nestório. Ele sustenta a Virgindade de Maria, afirmando que os irmãos de Jesus citados em Mt 13, 55 não são filhos de Maria, mas parentes do Senhor; professar o contrário, segundo Calvino, significa “ignorância”, “louca sutileza” e “abuso da Sagrada Escritura”. (Revista PR, n. 429, p. 34, 1998)

Calvino disse: “Não podemos reconhecer as bênçãos que nos trouxe Jesus, sem reconhecer ao mesmo tempo quão imensamente Deus honrou e enriqueceu Maria, ao escolhê-la para Mãe de Deus.” (Comm. Sur l’Harm. Evang.,20)

Em 1542, João Calvino publicou o Catecismo da Igreja de Genebra, onde se lê: “O Filho de Deus foi formado no seio da Virgem Maria… Isto aconteceu por ação milagrosa do Espírito Santo sem consórcio de varão”.

“Firmemente creio, segundo as palavras do Evangelho, que Maria, como virgem pura, nos gerou o Filho de Deus e que, tanto no parto quanto após o parto, permaneceu virgem pura e íntegra.” (”Corpus Reformatorum”)

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Zwinglio, o reformador protestante de Zurich, conservou três festas marianas (Anunciação, Visitação, Apresentação no Templo) e a recitação da Ave Maria durante o culto sagrado. (PR, idem)

John Wesley, fundador da Igreja metodista na Inglaterra, em 1739, disse: “Creio que [Jesus] foi feito homem, unindo a natureza humana à divina em uma só pessoa; sendo concebido pela obra singular do Espírito Santo, nascido da abençoada Virgem Maria que, tanto antes como depois de dá-lo à luz, continuou virgem pura e imaculada.”

O Manifesto de Dresden é um texto de um grupo de Teólogos Protestantes Luteranos publicado em Dresden, então Alemanha Oriental na revista Spiritus Domini em Maio de 1982, (nº 05, maio de 1982) em que questionam a “recusa e indiferença” por parte de outras denominações evangélicas à Maria, argumentam que o próprio Martinho Lutero foi devoto de Maria e dentre outras questões, se demonstram “perplexos” diante da recusa dos Milagres e aparições de Maria por estes grupos.

O Manifesto de Dresden

“Em Lourdes, em Fátima e em outros santuários marianos, a crítica imparcial se encontra diante de fatos sobrenaturais, que tem relação direta com a Virgem Maria, seja mediante as aparições, seja por causa das causas milagrosas solicitadas por sua intercessão. Estes fatos são tais que desafiam toda a explicação natural.”

Sabemos, ou deveríamos saber, que as curas de Lourdes e Fátima são examinadas com elevado rigor científico por médicos católicos e não-católicos. Conhecemos a praxe da Igreja Católica, que deixa transcorrer vários anos antes de declarar alguma cura milagrosa. Até hoje, 1200 curas ocorridas em Lourdes foram consideradas pelos médicos cientificamente inexplicáveis, todavia a Igreja Católica só declarou milagrosas 44 delas.

Nos últimos 30 anos, 11 mil médicos passaram por Lourdes. E todos eles, qualquer que seja a sua religião ou posição científica, tem livre acesso ao Bureau des Constatatione Medicales. Por conseguinte, uma cura milagrosa é cercada das maiores garantias possíveis. Qual é, pois, o sentido profundo destes milagres no plano de Deus? Bem parece que Deus quer dar uma resposta irrefutável à incredulidade dos nossos dias. Como poderá um incrédulo continuar a viver de boa fé na sua incredulidade diante de tais fatos? E também nós, “cristãos evangélicos”, podemos ainda, em virtude de preconceitos, passar ao lado destes fatos sem nos aplicarmos a um atento exame?

Uma tal atitude não implicaria grave responsabilidade para nós? Por que um cristão evangélico pode ter o direito de ignorar tais realidades pelo fato de se apresentarem na Igreja Católica e não na sua comunidade religiosa? Tais fatos não deveriam, ao contrário, levar-nos a restaurar a figura da Mãe de Deus na Igreja Evangélica? Somente Deus pode permitir que Maria se dirija ao mundo,

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através de aparições. Não nos arriscamos, talvez a cometer um erro fatal, fechando os olhos diante de tais realidades e não lhes dando atenção alguma?

Cristãos evangélicos da Alemanha, deveremos talvez continuar a opor-lhes recusa e indiferença? Continuaremos a nos comportar de modo que o inimigo de Deus nos mantenha em atitude de intencional cegueira? Não deveremos talvez abrir o nosso coração a esta luz que Deus faz brilhar para a nossa salvação?

Tal problema evidentemente merece exame, não deve ser afastado de antemão, por preconceito, pelo único motivo de que tais curas são apresentadas pela Igreja Católica. Uma tal atitude acarretaria grave dano para nós mesmos e para o mundo inteiro. Grande responsabilidade nos toca. Temos o direito de examinar tais fatos. Não nos é possível passar ao largo e encampar tudo no silêncio. Hoje, em alguns países, está em causa a existência mesmo do Cristianismo. Seria o cúmulo da tolice ignorarmos a voz de Deus, que fala ao mundo pela mediação de Maria, e dar-lhes as costas unicamente porque Ele faz ouvir sua voz através da Igreja Católica. Como quer que seja, não podemos calar por muito tempo sobre tais realidades.

Temos que examiná-las, sem preconceito, pois é iminente uma catástrofe. Poderia acontecer que, rejeitando ou ignorando a mensagem que Deus nos faz chegar através de Maria, estejamos recusando a última graça que Ele nos oferece para a nossa salvação.

É, por isso, um dever muito grave para todos os chefes da Igreja Luterana, e para outras comunidades cristãs, examinar tais fatos e tomar uma posição objetiva. Este dever impõem-se também pelo fato de que a Mãe de Deus não foi esquecida somente depois da Guerra dos 30 anos e na época dos livres pensadores da metade do século XVIII. Sufocando no coração dos evangélicos o culto da Virgem, destruíram os sentimentos mais delicados da piedade cristã.

No seu Magnificat, Maria declara que todas as gerações a proclamarão bem-aventurada até o fim dos tempos. Todos nós verificamos que esta profecia se cumpre na Igreja Católica e, nestes tempos dolorosos, com intensidade sem precedentes. Na Igreja Evangélica tal profecia caiu em tão grande esquecimento que dificilmente se encontra algum vestígio da mesma.

Lutero honrou Maria até o fim de sua vida; santificava suas festas e cantava diariamente o Magnificat. Perdeu-se na Igreja Evangélica, em tempos posteriores à Reforma, todas as festas a Maria e tudo o que nos trazia sua lembrança. Estamos padecendo as conseqüências dessa herança de receio e temor. Entretanto, Lutero nos diz que nunca poderemos exaltar suficientemente a Mulher que constitui o maior tesouro da Cristandade depois de Cristo.

É, portanto, um profundo desejo de meu coração poder ajudar agora a que, da nossa parte, católicos evangélicos, Maria seja novamente amada e venerada como a Mãe do Nosso Senhor. E isso corresponde ao testemunho da Sagrada Escritura e também ao que o reformador protestante Lutero indicou. O temor de

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diminuir a glória de Jesus foi a causa de que as Igrejas Evangélicas se negassem à Maria a veneração e os louvores devidos.

Entretanto, temos que afirmar que, através da justa veneração que aos apóstolos e a ela corresponde, multiplica-se a glória e o louvor ao Senhor, porque foi Ele que a elegeu (e a fez) pela Sua Graça um instrumento seu. Jesus espera que veneremos Maria e a amemos. Assim nos diz a Palavra de Deus e esta é, portanto, a Sua Vontade. E só aqueles que guardam a Sua Palavra são os que amam verdadeiramente a Jesus (Jo 14, 23).”

E para finalizar, segue os sete pontos do discurso, que o pastor protestante M. Baumann, fez saudando o bispo de Fátima (Portugal), durante um encontro de orações pela paz do mundo, em Weingarten – Alemanha – (Cf. L’Homme Nouveau – Paris – 4/01/1962). Texto resumido.

1. Com nossos irmãos católicos, oramos para que a paz de Cristo reine sobre toda a terra.

2. Mantemo-nos debaixo da cruz de Cristo, com Maria.

3. Nós cremos naquilo que a Palavra de Deus nos diz sobre Maria.

4. Nós redescobrimos que Maria é Mãe de Deus. Os livros que contém nossa fé evangélica proclamam claramente que Maria é Mãe de Deus.

5. Com “a cheia de graça” nós damos a Deus um “sim” incondicional.

6. Nós reconhecemos Maria como Rainha da Paz.

7. Nós nos unimos a toda a Igreja na sede da Paz. Nestes dias em que nossos irmãos católicos lançam novamente ao mundo a mensagem de Fátima, nós lhe agradecemos sua fidelidade ao Evangelho, testemunhada pela veneração à Maria.

Como se vê os “mestres” da Reforma foram muito mais fiéis à Maria do que seus discípulos, “reformadores da Reforma do século XVI”.

Desejo com isso meu caro Célio que você possa abrir seu coração ao menos para um questionamento mais profundo em relação à Maria em um contexto geral, garanto que você irá descobrir verdades incríveis. Grato por sua atenção e desejoso de que você adentre neste mistério junto com tantos que precisam redescobrir o valor de Maria em toda a realidade cristã.

Salve Maria,

Ivanildo Oliveira Maciel Junior – Membro do Apostolado SPIRITUS PARACLITUS

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Leitor pergunta sobre validade do Batismo POR: APOSTOLADO SPIRITUS PARACLITUS | QUA , 17 DE AGOSTO DE 2011

LEITOR

Nome: M. C. P.

Religião: Católica

Estado: PR – Paraná

PERGUNTA

Olá, irmãos, gostaria que por gentileza me ajudassem na seguinte dúvida: É VÁLIDO BATIZAR UMA CRIANÇA DORMINDO NO COLO DA MÃE? Ficarei muito grato. Deus abençoe a todos.

RESPOSTA

Descrevo de forma resumida o que você deseja compreender a respeito da validade do batismo.

A cerimônia do batismo

a) Unção com óleos dos catecúmenos: Ungir o batizando no peito simboliza a luta que o batizado deve enfrentar para livrar-se dos vícios, do pecado, que estão sempre prontos para escravizá-lo.

b) Renuncia do mal: Já nos primeiros séculos, aténs do batismo, o catecúmenos rezava o Creio que continha as verdades de fé. Também o pai-nosso, a oração dos filhos de Deus. Renunciava ao demônio. E tudo aquilo que lhe impedisse de seguir a Jesus Cristo. Atualmente, continuam a existir estas promessas que são feitas pelos pais e padrinhos de um modo personalizado, não coletivo. Por isso respondem no singular: “renuncio”, depois de cada pergunta do celebrante. Com isto, renovam as promessas de seu batismo para que tenha condições de orientar o novo batizado. E, ao renovar a fé, respondem: “Creio”

c) O BATISMO PODE SER FEITO:

1. Mergulhando a criança parcialmente ou totalmente na água.

2. Derramando água sobre a cabeça e deixando-a escorrer sobre o corpo.

3. Derramando a água somente sobre a cabeça. Convém que a água seja abundante.

Para a validade do batismo basta que o celebrante tenha intenção de batizar como faz a Igreja e enquanto derrama a água sobre o batizado, diga: “NN(diz o nome)…, eu te batizo em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo”. Assim o ensinou Nosso Senhor e Salvador, quando prescreveu aos Apóstolos no Evangelho de São Mateus:”Ide, ensinai todos os povos, e batizai-os em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo” Mt 28,19;

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d) Unção depois do Batismo: O Batizado pode ser ungido com óleo do crisma. Significa a nova missão que ele assume como filho de Deus. Enquanto não tiver o uso da razão, esta missão exercem-na os pais e padrinhos. Depois,nas pegadas deles, ele continuara a exercê-la durante toda vida.

e) Veste nova: Em geral , a criança vai a Igreja como veste nova. Significa a vida nova que recebe no batismo. Torna-se uma nova criatura, à semelhança do Cristo.

f) Vela acesa: Uma vela nova, quando acesa, se ninguém apagar, fica iluminada até se consumir toda. É exemplo do cristão que, a partir do batismo, deve iluminar com seu testemunho, até o fim da vida.

g) Sal: (optativo) Sugere que a mãe seja convidada a colocar um pouco de sal na boca da criança. Recorda que o batizado deve ser sal, ajudado, principalmente, pela família.

h) Effeta – (abre-te)(optativo) -: O celebrante toca os ouvidos e a boca das crianças significando que deve estar de ouvidos abertos para ouvir a Palavra de Deus e estar sempre pronta a professar a fé, louvando a Deus.

No fim da cerimônia, se reza o Pai Nosso juntos porque os batizados tornaram-se filhos do mesmo Pai, Deus. Em seguida o celebrante pede a benção sobre os pais e todos os presentes. Depois, os batizados são consagrados a Nossa Senhora. Pede-se a ela que cuide deles como cuidou de Jesus, seu Filho.

In corde Iesu et Mariae,

Mendes Silva – Apostolado Spiritus Paraclitus

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Batismo Infantil POR: ANA PAULA LIVINGSTON | SEX , 05 DE AGOSTO DE 2011

Batismo infantil é um rito pelo qual as crianças que ainda não tenham atingido a idade da razão são iniciadas na família de Deus – a Igreja. Pecado original, que destruiu a vida de Deus na alma de nossos primeiros pais, foi herdado por todos os seus descendentes. Batismo Infantil remete os efeitos e manchas do pecado original, enquanto graça santificante é infundida na alma da criança (CIC 1250). Apesar de alguns protestantes praticarem Batismo Infantil, é também rejeitada por sua grande maioria. O rito tem um fundamento bíblico e pode ser rastreada até os tempos apostólicos, embora primeiro mencionado explicitamente no século II.

Para compreender o fundo e as origens do batismo infantil, devemos entender os destinatários originais da Nova Aliança. Durante os primeiros anos, os membros da Igreja eram exclusivamente judaicos. Os judeus praticavam a circuncisão infantil, como manda a Abraão (Gn 17:12), reafirmou na Lei mosaica (Lv 12:03), e demonstrou, a circuncisão de Jesus no seu oitavo dia (Lu 2:21). Sem circuncisão masculina não foi autorizado a participar na vida cultural e religiosa de Israel.

O rito da circuncisão, como a porta de entrada para a antiga aliança, foi substituída na Nova Aliança com o rito do batismo, ambas aplicada a crianças. São Paulo faz esta correlação: “Nele também fostes circuncidados, não por mãos humanas, mas na circuncisão de Cristo, pelo despojamento do corpo carnal. No batismo, fostes sepultados com ele” (Co 2:11-12). O Catecismo nos informa que “este sinal [da circuncisão] que prefigura ‘a circuncisão de Cristo’, que é o Batismo” (CIC 527).

Quando Pedro pregou sob a inspiração do Espírito Santo no dia de Pentecostes, ele estava falando para um público judeu (At 2:5-35).Pedro anunciou, “Convertei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para o perdão dos vossos pecados. E recebereis o dom do Espírito Santo. Pois a promessa é para vós e vossos filhos”. (At 2:38-39) Os judeus teriam contestado se a Nova Aliança não incluísse seus filhos, especialmente desde que foi prometido a eles, a Nova Aliança era para ser uma melhoria sobre o Velho em que foram incluídos.

O Novo Testamento freqüentemente implica que os adultos e as crianças foram incluídos no rito do Batismo. Por exemplo, quando o chefe de uma casa se convertia e era batizado, toda a sua casa também era batizada com ele (At 16:15, 33; 1 Co 1:16). A inferência é claro, especialmente com base na compreensão judaica da família e alianças, que incluem os idosos, os adultos, os servos, e as crianças. Se a prática do batismo infantil tivesse sido ilícita ou proibida, certamente teria sido explicitamente banida, principalmente para conter os judeus da aplicação de Batismo para seus filhos, como fizeram a circuncisão. Mas não encontramos nenhuma proibição no Novo Testamento nem nos escritos dos Patriarcas, um silêncio que é muito profundo.

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Muitos comentaristas vêem uma alusão ao batismo infantil, nas palavras de São Lucas, “Algumas pessoas trouxeram criancinhas para que Jesus as tocasse. Vendo isso, os discípulos começaram a repreendê-las. Jesus, no entanto, as chamou para perto de si, dizendo: “Deixai as crianças virem a mim e não as impeçais, pois a pessoas assim é que pertence o Reino de Deus.“ (Lc 18:15-16) Na Igreja primitiva esta passagem foi entendida como um comando para trazer as crianças até Cristo para o Batismo. A primeira vez que esta passagem mostra-se em literatura cristã (c. 200), ele é usado em referência ao batismo infantil (Tertuliano, De Baptismo18:5). Embora Tertuliano adota-se um batismo mais tardio, ele reconheceu que o batismo infantil já era a prática universal e não tentava evitar a interpretação de referência deste versículo para batismo infantil. As Constituições Apostólicas (c. 350) ensina que as crianças devem receber o batismo com base nas palavras de Jesus: “Não as impeçais” (VI 15.7)

No meio do segundo século, o Batismo infantil é mencionado não como uma inovação, mas como um rito instituído pelos apóstolos. Em nenhum lugar nós o encontramos como proibido, mas em todos os lugares o encontramos praticado. Nos primórdios da Igreja, temos Santo Irineu (130-200) que fornece uma testemunha muito cedo para batismo infantil, com base em João 3:5. Irineu escreveu: “Pois Ele [Jesus] veio para salvar a todos através de Si mesmo – tudo, eu digo, que através Dele nasceram de novo a Deus – bebes e crianças, e meninos, e jovens e velhos” (Contra heresias, 2, 22, 4).

Orígenes (185-254) que tinham viajado para as extensões do Império Romano escreveu com confiança: “A Igreja recebeu dos Apóstolos a tradição [costumes] de ministrar o Batismo mesmo aos bebes. Pois os Apóstolos, a quem foram confiados os segredos dos mistérios divinos, sabiam que há em todos, as manchas do pecado original, que devem ser lavados através da água e do Espírito “(Comentário sobre Romanos 5, 9).

Santo Agostinho confirmou o ensino onipresente da Igreja, quando escreveu: “Este [o batismo infantil], a Igreja sempre teve, sempre manteve, o que ela recebeu da fé dos nossos antepassados; isso, ela guarda perseverantemente até o fim” (Santo Agostinho , Sermão. 11, De Verbo Apost) e “Quem é tão impiedoso ao desejar excluir as crianças do reino dos céus proibindo-as de ser batizadas e nascidas de novo em Cristo?” (Agostinho, sobre o pecado original 2, 20).

Ao longo da história cristã, apenas alguns poucos se opuseram ao batismo infantil. A oposição reside principalmente naquelas do patrimônio anabatista que teve origem no século XVI e que foram fortemente contestadas pelos reformadores Martinho Lutero e João Calvino, que tanto ensinaram e praticaram o batismo infantil. A oposição dos anabatistas ao batismo de bebês encontra-se principalmente na sua crença – não suportada pela Escritura e sem provas da prática da Igreja primitiva – que um tem que ser maior de idade suficiente para exercer fé pessoal em Cristo e fazer uma confissão pessoal no batismo. Em nenhum lugar isso é ensinado nas Escrituras que somente os adultos podem receber o batismo. Para manter esta visão extrema é estar fora da continuidade do cristianismo histórico.

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O Catecismo resume o ensinamento da Igreja: “nascido com uma natureza humana decaída e manchada pelo pecado original, as crianças também têm necessidade do novo nascimento no Batismo….A gratuidade pura da graça da salvação é particularmente manifesta no Batismo das crianças. A Igreja e os pais estariam negando a criança da graça inestimável de tornar-se filho de Deus se não lhe conferissem o Batismo logo após o nascimento” (CIC -1250).

“Os pais trazem seus filhos para as águas do batismo, professando a crença em Cristo, em nome da criança, e prometendo criá-los na fé. Porque o batismo é salvífico, quanto mais cedo a pessoa vem ao batismo, melhor.”

Em que base a Igreja acredita que a fé de uma pessoa pode “ajudar” a outra? As Escrituras estão cheias de exemplos onde Jesus estende a graça de cura para pessoas com base na fé dos outros. Por exemplo, Jesus perdoa os pecados do paralítico com base na fé daqueles que o trouxeram.(Mt 9:2; Mc 2:3-5) Jesus cura o servo do centurião baseado na fé do centurião.(Mt 8:5-13) Jesus exorciza espírito impuro da criança baseado na fé do pai.(Mc 9:22-25) No Antigo Testamento, Deus salvou a vida do primeiro filho, durante a Páscoa com base na fé dos pais.(Ex 12:24-28) Devemos nos perguntar: Se Deus está disposto a efetuar a cura física e espiritual para crianças baseado na fé de seus pais, quanto mais ele dará a graça do batismo para as crianças com base na fé de seus pais?” (John Salza, The Biblical Basis for the Catholic Faith, pg. 71)

RAY, Steves. Batismo Infantil. [Traduzido por Ana Paula Livingston - Membro do Apostolado Spiritus Paraclitus]. Disponível em: http://www.catholic-convert.com/resources/writings/steve-rays/

— Arraste o mouse e veja como citar este texto —

Referência Bibliografica:

Citação de Ireneu: Os Patriarcas Ante-Niceno ed. por Alexander Roberts e James Donald e arr. Por Cleveland Coxe,

D.D. (GrandRapids, MI: W. B. Eerdmans, 1985), 1:391).

Citação de Orígenes: A Fé dos Patriarcas, William Jurgens, Liturgical Press, 1979, vol. 1, p. 209.

Primeira citação de Agostinho: A Enciclopédia Católica, “Batismo”, Charles Herbermann, ed, Robert Appleton Co.,

1907, vol.. 2, p. 270.

Segunda citação de Agostinho: Padres de Nicéia e Pos-Nicéia, série 1, Philip Schaff, ed, Eerdmans, 1980, vol.. 5, p.

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Leitor pede que refutemos argumentos heréticos de uma nova seita oriunda do protestantismo. POR: APOSTOLADO SPIRITUS PARACLITUS | DOM , 11 DE SETEMBRO DE 2011

LEITOR

Nome: L. Santos (Nome fictício) Local: BA – Bahia

Irmãos, gostaria que refutassem essas afirmações, divulgadas em um artigo do Wikipedia,desde já agradeço!

”No Compêndio da História da Igreja, de autoria de Frei Dagoberto Romag, encontra-se referência à que a ordem do batismo escrita em Mateus 28:19 (trinitário) saiu da Pena de Tertuliano no ano 197. Tertuliano era natural de Cartago, filiado à doutrina da trindade de Montano. Escreveu o primeiro catecismo sobre o batismo da trindade, e instituiu o sinal da cruz, chamando-os de “A fé de Irineu e Tertuliano”.[9] Após sua morte no ano de 222/225, este dogma foi introduzido no ano 255, no primeiro sinódio dirigido por Cipriano. Na História teológica, Tertuliano foi chamado de autor do batismo da idolatria.[10] O bispo de Roma, Estevão I, não aceitou esse batismo como nova doutrina na Igreja de Cartago, mas não o eliminou. Sisto II aceitou a comunhão com a Igreja de Cartago, e em 313 em um outro sinódio confirmou a ordem do batismo em Nome do Pai Filho e Espírito Santo, contrária aos donatistas que batizavam em nome de Jesus Cristo. Em 325, foi realizado o primeiro concílio em Nicéia, para confirmar a trindade e o batismo em seu nome. Esse concílio foi presidido por Constantino, o bispo Silvestre, Hósio de Córdoba e Atanásio.[11]”. Link: http://pt.wikipedia.org/wiki/Igreja_Remanescente_Dualista_dos_Primog%C3%AAnitos

RESPOSTA

Percebi que é mais uma seita oriunda da heresia protestante desejando propagar seus erros e afastar as pessoas da Igreja de Cristo. É típico das seitas causarem divisão entre os seus próprios membros, como exemplo, temos a que acaba de chegar ao nosso conhecimento. Pelo que esta descrito, já se originou da “Igreja” Adventista da Promessa(outra seita). O motivo do racha? Foi devido alguns dos membros terem chegado à “conclusão” de que o batismo apostólico, difundido por Jesus e seus apóstolos, era realizado em nome de Jesus Cristo para perdão e remissão de pecados. Nunca vi uma conclusão mais equivocada na qual chegaram os supostos membros, foram direcionados pelo próprio demônio, este sim gosta de causar divisão e confusão propagando erros na mente dos menos esclarecidos.

Mostrarei a estes falsos profetas o que foi ensinado pelos Apóstolos na época em que pregaram o evangelho. Vejamos a Didaquê (∆ιδαχń, “ensino”, “doutrina”, “instrução” em grego clássico) ou Instrução dos Doze Apóstolos (do grego Didache kyriou dia ton dodeka apostolon ethesin) é um escrito do século

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I que trata do catecismo cristão. É constituído de dezesseis capítulos, e apesar de ser uma obra pequena, é de grande valor histórico e teológico. O título lembra a referência de «E perseveravam na doutrina dos apóstolos …» (Atos 2:42).

Vejamos o que diz a didaquê em relação ao batismo:

“Quanto ao batismo, faça assim: depois de dita todas essas coisas, batize em água corrente, em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Se você não tiver água corrente, batize em outra água. Se não puder batizar com água fria, faça com água quente. Na falta de uma ou outra, derrame água três vezes sobre a cabeça, em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Antes de batizar, tanto aquele que batiza como o batizando, bem como aqueles que puderem, devem observar o jejum. Você deve ordenar ao batizando um jejum de um ou dois dias.”

Nos escritos da Didaquê são reforçados claramente o batismo no nome do Pai, Filho e Espírito Santo, sendo argumento claro para os que aceitam o dogma da Trindade, contrapondo-se totalmente aos não trinitários. Diante de tal registro histórico é desmascarada a heresia propagada pelos membros da nova seita que surge, demonstrando claramente que o ensino deixado pelos Apóstolos é totalmente contrário ao que eles desejam propagar.

A respeito do Batismo de Jesus

Os falsos pastores acabam causando grande confusão, principalmente quando se trata do batismo em nome de Jesus. Devido a uma leitura fundamentalista sem nenhum contexto, acabam arrancando muitas páginas do Evangelho para sustentar sua heresia. Vamos esclarecer melhor o contexto para que não vire pretexto de lobos usurpadores do evangelho.

No dia de pentecostes, São Pedro diz: “Esse Jesus Deus ressuscitou, e disso nós todos somos testemunhas”. “A ele justamente Deus constituiu senhor e Messias, esse Jesus que vós crucificastes”( At 2 , 36 ; ) “Quando ouviram isso, todos ficaram de coração aflito e perguntaram a Pedro e aos outros discípulos: irmãos, o que devemos fazer? Pedro respondeu: Arrependam-se, e cada um de vocês seja batizado em nome de Jesus Cristo, para o perdão dos pecados; depois receberão do Pai o dom do Espírito Santo.”( At 2 , 37 – 38; )

Os falsos pastores pegam a passagem de At 2, 37-38; para sustentar que Pedro batizava apenas em nome de Jesus. Ora, dizia-se batizar em “nome de Jesus” para diferenciar de outros batismos existentes, com os quais não devia ser confundido. Antes de João Batista havia o autobatismo. Era um banho que se repetia de acordo com a necessidade. Com a chegada do Batista há uma mudança radical. Agora, ele batiza os outros e o seu batismo não é renovado, já que sua mensagem tem caráter messiânico. Ele insiste na mudança de vida, pois “João percorria toda a região do rio Jordão, pregando um batismo de conversão para o perdão dos pecados.” O batismo de João é provisório, mas anuncia o definitivo. Sendo o Batismo instaurado por Jesus o definitivo, não

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poderia ser confundido com os outros. Eis o motivo da declaração de Pedro quando retrata o Batismo em nome de Jesus.

Se quisermos, podemos seguir a autoridade de Santo Ambrósio e São Basílio, Padres de muita virtude e critério, que ao Batismo “em nome de Jesus” davam a seguinte interpretação: Estas palavras designavam o Batismo instituído por Cristo Nosso Senhor, em oposição ao Batismo conferido por João; nem por isso se desviam os Apóstolos da forma comum e usual, que discriminam os nomes das três Pessoas Divinas no rito Batismal.

Sendo assim, acabamos de desmascarar mais uma falsa afirmação de seitas oriundas do protestantismo!

A fórmula ritual do batismo

O Batismo é, pois este renascimento para a vida da graça. Ele é ministrado em nome da Santíssima Trindade – Pai, Filho e Espírito Santo – porque assim como o homem foi criado por Ela, “façamos o homem a nossa imagem e semelhança“(Gen. 1,26), assim também é obra das três pessoas da SS. Trindade este renascimento espiritual.

Quanto acerca do momento em que a lei do Batismo foi promulgada, não há lugar para incertezas. Todos os escritores eclesiásticos concordam em dizer que foi depois da ressurreição de Nosso Senhor. Antes de subir ao céu Jesus deixou uma mandato para seus discípulos : “Vão e façam com que todos os povos se tornem meus discípulos, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo e ensinando-os a observar tudo o que ordenei a vocês.” Mt 28,19-20;

O Concílio de Trento estabelece o teor da forma que se deve seguir:

§ 13 – Em termos claros e singelos, de fácil compreensão para todos, devem os pastores ensinar que a forma exata e completa do Batismo é a seguinte:”Eu te batizo em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo.”

Assim ensinou Nosso Senhor Jesus e Salvador, quando prescreveu aos Apóstolos no Evangelho de São Mateus: “Ide, ensinai todos os povos, e batizai-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo.” Mt 28,19

Além disso, se diz “em nome” e não “nos nomes”, para indicar que é uma e uma a natureza e divindade na Santíssima Trindade. O termo “nome” não se refere aqui às Pessoas, mas designa a substância, virtude e onipotência divina, que é uma e a mesma nas três pessoas.

Com pequenos argumentos creio ter destruído as mentiras e heresias propagadas por esses bandos de falsos pastores, usurpadores do Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Espero ter ajudado em responder seus questionamentos. A paz de Cristo !!!

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“Não há muitas igrejas, há apenas uma. É a Igreja Católica de um lado, e seu inimigo mortal do outro.” Hilaire Belloc

In corde Iesu et Mariae,

Mendes Silva – Apostolado Spiritus Paraclitus

Intercessão dos Santos

POR: APOSTOLADO SPIRITUS PARACLITUS | TER , 01 DE MARÇO DE 2011

Diferença de culto (latria, dulia e hiperdulia)

Alguns protestantes confundem o culto que os católicos tributam aos santos com o culto que se deve a Deus. Para introduzir o assunto da intercessão dos santos é necessário esclarecer a diferença que existe entre os cultos de “dulia“, “hiperdulia” e “latria“.

Em grego, o termo “douleuo” significa “honrar” e não “adorar“.

No sentido verbal, adorar (ad orare) significa simplesmente orar ou reverenciar a alguém.

A Sagrada Escritura usa o termo “adorar” em várias acepções, tanto no sentido de douleuo como de latreuo, como demonstrarei através da “Vulgata“, Bíblia católica original e escrita em latim.

“Tu adorarás o teu Deus” (Mt 4, 10)

“Abraão, levantando os olhos, viu três varões em pé, junto a ele. Tanto que ele os viu, correu da porta da tenda a recebê-los e prostrando em terra os adorou” (Gn. 18,2).

Eis os dois sentidos bem indicados pela própria Bíblia: adoração suprema, devida só a Deus; adoração de reverência, devida a outras pessoas.

A Igreja católica, no seu ensino teológico, determina tudo isso com uma exatidão matemática.

A adoração, do lado de seu objeto, divide-se em três classes de culto:

1. culto de latria (grego: “latreuo“) quer dizer adorar – É o culto reservado a Deus

2. culto de dulia (grego: “douleuo“) quer dizer honrar.

3. culto de hiperdulia (grego: hyper, acima de; douleuo, honra) ou acima do culto de honra, sem atingir o culto de adoração.

A latria é o culto que se deve somente a Deus e consiste em reconhecer nele a divindade, prestando uma homenagem absoluta e suprema, como criador e

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redentor dos homens. Ou seja, reconhecer que ele é o Senhor de todas as coisas e criador de todos nós, etc.

O culto de dulia é especial aos santos, como sendo amigos de Deus.

O culto de hiperdulia é o culto especial devido a Maria Santíssima, como Mãe de Deus.

Alguns protestantes protestam dizendo que toda a “inclinação“, “genuflexão“, etc, é um ato eminentemente de “adoração“, só devido à Deus.

Já demonstramos, com o trecho do Gênesis, que isso não procede. Todavia, para deixar mais claro o problema, devemos recordar que o culto de “latria” (ou de “dulia“) é um ato interno da alma. A adoração é, eminentemente, um ato interior do homem, que pode se manifestar de formas variadas, conforme as circunstâncias e as disposições de alma de cada um.

Os atos exteriores – como genuflexão, inclinação, etc -, são classificados tendo em vista o “objeto” a que se destinam. Se é aos santos que se presta a inclinação, é claro que se trata de um culto de dulia. Se é a Deus, o culto é de latria.

Aliás, a inclinação pode ser até um ato de agressão, como no caso dos soldados de Pilatos que, zombando de Nosso Senhor, “lhe cuspiram no rosto e, prostrando-se de joelhos, o adoraram” (Mc 15, 19). A objeção protestante, dessa forma, cai por terra. Ou eles teriam que afirmar que havia uma “adoração” por parte dos soldados de Pilatos, o que é absurdo! Eles simulavam uma adoração (ou veneração ao “Rei dos Judeus), através de atos exteriores, mas seu desejo era de zombaria.

A mediação dos santos

“Orai uns pelos outros, para serdes salvos, porque a oração do justo, sendo fervorosa, pode muito“(Tgo 5, 16)

Orar quer dizer prestar homenagem, louvar, exaltar, suplicar, embora nem toda homenagem seja uma oração, como já vimos.

“Tomai sete touros… e ide a meu servo Job… o meu servo Job… orará por vós e admitirei propício a sua face” (Job 42, 8). Neste trecho, Deus não apenas permite, mas ordena “ide“, e promete escutar a prece que Jó há de fazer em favor dos seus amigos.

Nosso Senhor nos manda “Orar uns pelos outros” (MT 5, 44). S. Tiago nos ordena de “orar uns pelos outros” (Tgo. 5, 16). S. Paulo diz que “ora pelos colossenses” (Col. 1, 3).

No evangelho de S. Mateus (22, 30), Jesus Cristo ensina que os “santos são como os anjos de Deus no céu“. Zacarias diz: “que o anjo intercedeu por Jerusalém ao Senhor dos exércitos” (1, 12 -13).

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Os justos, os santos e os anjos do Céu se interessam pelos homens, intercedem pelos homens, e devem ser invocados e louvados.

O arcanjo Rafael diz a Tobias: “Quando rezavas com lágrimas, e sepultavas os mortos, eu oferecia tua oração a Deus” (Tob. 7, 12) (Os protestantes tiraram esse livro).

S. Paulo, na mesma carta em que declara Jesus como único mediador entre Deus e os homens, indica também mediadores ‘secundários’ (I Tm 2, 1-5): “Recomenda que façam preces, orações, súplicas e ações de graças por todos os homens…” Pois, fazer orações por outros, é de fato, ser intercessor e mediador entre Deus e os outros.

A própria Bíblia aplica o título de mediador também a Moisés (Dt 5, 5): “Eu fui naquele tempo intérprete e mediador entre o Senhor e vós“.

Quando a Sagrada Escritura diz que Nosso Senhor é o único caminho entre os homens e Deus, não quer dizer que entre os homens e Nosso Senhor não possa haver intercessores. É claro, só Nosso Senhor é o intercessor entre nós e Deus Pai, mas não significa que entre nós e Ele não existam pessoas que O conheceram, amaram e serviram de forma exemplar.

É por isso que a doutrina católica chama Nossa Senhora de “Mediatrix ad Christum mediatorem“, isto é, “Medianeira junto a Cristo mediador“. Deste modo, Cristo fica como único mediador entre Deus e os homens; e a Virgem Maria fica uma “medianeira junto a Cristo“.

O poder de interceder está expresso em diversas passagens das Sagradas Escrituras, como nas Bodas de Caná, onde Nosso Senhor não queria fazer o milagre, pois “ainda não havia chegado Sua hora” e “o que temos nós a ver com isso (com a falta de vinho)?”. Bastou Nossa Senhora pedir para que seu Filho fizesse o milagre, que Ele adiantou sua hora para atender à intercessão de sua Mãe Santíssima. Que tamanho poder de intercessão têm Nossa Senhora! Fazer com que Deus, por assim dizer, mudasse seus planos? É tal o poder de Nossa Senhora que a doutrina católica a chama de onipotência suplicante, ou seja, Aquela que tem, por meio da súplica a seu Filho, o poder onipotente!

Existem diversas passagens da Sagrada Escritura em que Deus só atende por meio da intercessão dos santos, como no caso de Jó (já visto), em que Deus expressamente mandou que o fiel pedisse através de seu servo Jó. Ou mesmo o caso do discípulo de Santo Elias, que só fazia milagres quando pedia através do Deus de Elias.

Ora, é natural que Deus atenda àqueles que estão mais perto dele do que àqueles que estão mais distantes. Quanto maior a virtude de uma pessoa, tanto mais perto de Deus ela está e tanto mais pode interceder por nós.

Portanto, fica comprovado que é útil a intercessão dos santos junto à Nosso Senhor Jesus Cristo, único mediador entre os homens e Deus-Pai.

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Os Santos não dormem após a morte, pois “Deus é Deus dos vivos” e não dos adormecidos

Eis algumas passagens que demonstram a falsidade do argumento daqueles que defendem a tese de que os homens estão “dormindo” após a morte. 1) Na transfiguração do Tabor, Nosso Senhor aparece ao lado de Elias e de Moisés. Elias está no Paraíso terrestre (ele não morreu e deve voltar no fim do mundo) e Moisés já estava morto (Lc 9, 28 ss). Ora, como alguém que esteja dormindo pode aparecer “acordado” ao lado de Nosso Senhor?, 2) Na parábola do “rico avarento“, este pedia, após sua morte, para voltar à terra e avisar os seus amigos (Lc 16, 19 e ss). Pergunta-se, como um ser que dormia podia pedir para ‘interceder‘ pelos seus?. 3) Veja essa outra citação: “santos são como os anjos de Deus no céu” (S. Mateus 22, 30). Será que os anjos também estão dormindo? E o nosso anjo da guarda? E os anjos que governam os astros?

Ora, é muita contradição defender que os santos estão dormindo, mesmo porque, Deus, voltando-se ao bom ladrão, disse: “Em verdade, em verdade vos digo, ainda hoje estarás comigo no paraíso“. Ora, ele não disse que após adormecer e após a ressurreição dos corpos S. Dimas estaria no paraíso. Ele estava ‘no tempo’, vivo, quando disse essas palavras, indicando a morte próxima de S. Dimas e a entrada deste primeiro santo canonizado da Igreja.

Em outro trecho, quando discutia com os saudoceus: “Quanto à ressurreição dos mortos, não lestes o que Deus nos declarou? Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacó? Ora, ele não é Deus de mortos, mas de vivos” (Mateus 22, 31-33). Logo, Abraão, Isaac e Jacob estão vivos e não “adormecidos“.

No Novo Testamento é nítida a afirmação de que, após a morte, os justos gozam de vida consciente e bem-aventurança. Assim, S. Paulo desejava morrer para estar com Cristo – o que lhe parecei melhor do que ficar na vida presente: “Para mim, viver é Cristo, e morrer é lucro… Sinto-me num dilema: meu desejo é partir e estar com Cristo, pois isto me é muito melhor….“(Fl 1, 21, 23) – Se é para estar com Cristo, ou Nosso Senhor está dormindo, ou os santos não estão dormindo após a morte.

Mais: em Ap. 6, 9s, os mártires, junto ao altar de Deus nos céus, clamam em alta voz: “Até quando, ó Senhor Santo e verdadeiro, tardarás a fazer justiça, vingando nosso sangue contra os habitantes da terra?” Como se vê, os justos estão conscientes após a morte!

A palavra “dormir” é utilizada em sentido figurado, como eufemismo, significando aqueles que morreram. Em outro trecho, a palavra ‘despertar‘ significa ‘ressuscitar‘. Quando Nosso Senhor fala, por exemplo: “Pelos frutos conhecereis a árvore“. A qual árvore Ele está se referindo? É claro que é uma expressão em sentido figurado. Ele está dizendo que pelos “frutos” (boas obras) conhecereis a “árvore” (quem, de fato, é a pessoa, a instituição etc).

A intercessão dos Santos Após a Morte

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Alguns exemplos de intercessão após a morte:

Jeremias: “E o Senhor disse-me: ainda que Moisés e Samuel se pusessem diante de mim, a minha alma não se inclinaria para este povo; tira-os da minha face e retirem-se” (Jer 15, 1 ss). No tempo de Jeremias, estavam mortos Moisés e Samuel, mas sua possível intercessão é confirmada pelas palavras do próprio Deus: “ainda que Moisés e Samuel se pusessem diante de mim…“, quer dizer que eles poderiam se colocar diante de Deus para pedir clemência para com aquele povo. Em outras palavras, Deus deixa clara a possibilidade da intercessão após a morte.

Os “santos são como os anjos de Deus no céu” (S. Mateus 22, 30). Zacarias diz: “que o anjo intercedeu por Jerusalém ao Senhor dos exércitos” (1, 12 -13).

Em II Mac 15, 12-15 lemos: “Parecia-lhe (a Judas Macabeu) que Onias, sumo sacerdote (já falecido!)… orava de mãos estendidas por todo o povo judeu… Onias apontando para ele, disse: ‘Este é amigo de seus irmãos e do povo de Israel; é Jeremias (falecido), profeta de Deus, que ora muito pelo povo e por toda a cidade santa“.

No Apocalipse (6, 9s), os mártires, junto ao altar de Deus nos céus, clamam em alta voz: “Até quando, ó Senhor Santo e verdadeiro, tardarás a fazer justiça, vingando nosso sangue contra os habitantes da terra?“

Todos estes trechos demonstram, inequivocamente, a intercessão dos santos após a morte.

As Relíquias dos Santos e o Incenso

Era comum, já nas catacumbas, a reprodução de imagens e a guarda das relíquias dos santos. Qualquer um que visitar Roma verá as catacumbas com pinturas, inclusive da Mãe de Deus. S. Lucas, um dos evangelistas, pintou imagens de Nossa Senhora (fala-se em três pinturas). Uma das quais está exposta à veneração dos fiéis na igreja de Loreto, Itália.

O incenso era utilizado como ritual desde o Antigo Testamento. Os capítulos 25 a 31 do Êxodo são a enumeração de todos os objetos que Deus manda fazer e reservar para o seu culto.

E não somente Deus manda separar estes objetos, mas exige que sejam “consagrados, bentos ou ungidos” com uma unção especial.

Ele mesmo manda fazer o azeite da santa unção e diz: “E com ele ungirás a tenda da reunião e a arca do testamento, e a mesa com todos os seus vasos, o altar do incenso e a pia com a sua base” (Ex 30, 26-30)

Eis a origem da benção dos objetos e das pessoas consagradas a Deus. E na categoria de objetos entram as imagens, as estátuas, que são objetos de culto, enquanto nos lembram as virtudes dos santos que representam.

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Sobre relíquias, devemos explicar o seu significado.

Relíquia é aquilo que resta dos corpos dos santos, ou os objetos que estiveram em contato com Cristo ou com os santos. As relíquias são veneráveis porque os corpos dos santos foram templos e instrumentos do Espírito Santo e ressuscitarão um dia na glória (Conc. de Tr. 25).

O culto das relíquias é inato no homem: gostamos de conservar como recordação os objetos que pertenceram aos homens ilustres, as armaduras dos grandes guerreiros, por exemplo. O mesmo Deus honra as relíquias, porque se serve delas para operar milagres. Muitos corpos de santos permanecem incorruptos, exalando bom odor etc.

Já os hebreus conservavam religiosamente as relíquias: Moisés levou do Egito o corpo de José (Ex. 13, 19); os cristãos imitaram-lhe o exemplo. Santo Inácio de Antioquia foi lançado no anfiteatro de Roma às feras, que lhe não deixaram senão ossos; os seus discípulos procuraram-nos de noite e levaram-nos para Antioquia (no ano 107). O mesmo se fez a S. Policarpo, bispo de Esmirna (166), queimado vivo; os seus restos foram considerados jóias preciosas. Os túmulos dos mártires foram, desde a mais alta antigüidade, os sítios onde se construíram Igrejas e altares para aí celebrar o Santo Sacrifício. Muitas relíquias se guardam em relicários de prata, como a Cruz de Cristo (“lignum crucis“) e o presépio de Belém.

Santo Agostinho conta uma multidão de curas e a ressurreição de duas crianças obtidas na África do Norte pelas relíquias de S. Estevão. Já no Antigo Testamento vemos um morto ressuscitar ao contato dos ossos do profeta Eliseu (4 Reis, 13, 21).

Nada de estranho há nisso, pois ao simples tocar da veste do Messias, quantos não foram curados (Mt 9, 22)? A simples passagem da sombra de S. Pedro curava doentes (At 5, 15), ou os lenços e aventais de S. Paulo (At 19, 12). É evidente que o milagre não é produzido materialmente pelas relíquias, mas pela vontade de Deus. Não há, pois, superstição alguma nas peregrinações do povo cristãos a certos lugares em que Deus obra milagres pelas relíquias ou imagens dos santos (S. Agostinho).

Fonte: Frente Universitária Lepanto

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Imagens e Ídolos

POR: APOSTOLADO SPIRITUS PARACLITUS | QUI , 10 DE FEVEREIRO DE 2011

Desde os primeiros séculos os cristãos pintaram e esculpiram imagens de Jesus, de Nossa Senhora, dos Santos e dos Anjos, não para adorá-las, mas para venerá-las. As catacumbas e as igrejas de Roma, dos primeiros séculos, são testemunhas disso. Só para citar um exemplo, podemos mencionar aqui o fragmento de um afresco da catacumba de Priscila, em Roma, do início do século III.

É a mais antiga imagem da Santíssima Virgem, uma das mais antigas da arte cristã, sobre o mistério da Encarnação do Verbo. Mostra a imagem de um homem que aponta para uma estrela situada acima da Virgem Maria com o Menino nos braços. O Catecismo da Igreja traz uma cópia dessa imagem (Ed. de bolso, Ed. Loyola, pag.19).

Este exemplo mostra que desde os primeiros séculos os cristãos já tinham o salutar costume de representar os mistérios da fé por imagens, em forma de ícones ou estátuas. É o caso de se perguntar, então: Será que foram eles “idólatras” por cultuarem essas imagens? É claro que não? Eles foram santos, mártires, derramaram, muitos deles, o sangue em testemunho da fé. Seria blasfêmia acusar os primeiros mártires da fé de idólatras.

No século VIII, sob influência do judaísmo e do islamismo, surgiu um movimento herético que se pôs a combater o uso das imagens. Eram os iconoclastas. O grande e principal defensor do uso das imagens na época, foi o santo e doutor da Igreja S. João Damasceno (de Damasco), falecido em 749, o qual foi muito perseguido por se manter fiel e defensor dessa santa Tradição cristã. A fim de dirimir as dúvidas sobre a questão, o Papa Adriano I (772´795) convocou o II Concílio Ecumênico de Nicéia, que se realizou de 24/09 a 23/10/787.

Assim se expressou o Concílio, resolvendo para sempre a questão: “Na trilha da doutrina divinamente inspirada dos nossos santos Padres, e da Tradição da Igreja Católica, que sabemos ser a tradição do Espírito Santo que habita nela, definimos com toda a certeza e acerto que as veneráveis e santas imagens, bem como a representação da cruz preciosa e vivificante, sejam elas pintadas, de mosaico ou de qualquer outra matéria apropriada, devem ser colocadas nas santas igrejas de Deus, sobre os utensílios e as vestes sacras, sobre paredes e em quadros, nas casas e nos caminhos, tanto a imagem de Nosso Senhor, Deus e Salvador, Jesus Cristo, quanto a de Nossa Senhora, a puríssima e santíssima mãe de Deus, dos santos anjos, de todos os santos e dos justos” (Catecismo da Igreja Católica, nº 1161).

Essas palavras, por serem de um Concílio da Igreja, são ensinamentos oficiais e infalíveis, e não podemos colocá´los em dúvida. O grande S. João Damasceno dizia : “A beleza e a cor das imagens estimulam a minha oração. É uma festa para meus olhos, tanto quanto o espetáculo do campo estimula meu

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coração a dar glória a Deus “ (nº 1162). O nosso Catecismo explica que: “A imagem sacra, o ícone litúrgico, representa principalmente Cristo. Ela não pode representar o Deus invisível e incompreensível; é a encarnação do Filho de Deus que inaugurou uma nova “economia” das imagens”( 1159). S. Tomás de Aquino (1225´1274) também defendia o uso das imagens, afirmando: “O culto da religião não se dirige às imagens em si como realidades, mas as considera em seu aspecto próprio de imagens que nos conduzem ao Deus encarnado. Ora, o movimento que se dirige à imagem enquanto tal não termina nela, mas tende para a realidade da qual é imagem“( 2131).

Muitos querem incriminar a Igreja Católica, afirmando que ela desrespeita a ordem que Deus deu a Moisés : “não vos pervertais, fazendo para vós uma imagem esculpida em forma de ídolo…” (Dt 4,15´16). Os cristãos, desde os primeiros séculos, entenderam, sob a luz do Espírito Santo, que Deus nunca proibiu fazer imagens, e sim “ídolos”, deuses, para adorar. O povo de Deus vivia na terra de Canaã, cercado de povos pagãos que adoravam ídolos em forma de imagens (Baals, Moloc, etc). Era isso que Deus proibia terminantemente.

A prova de que Deus nunca proíbiu imagens, é que Ele próprio ordenou a Moisés que fabricasse imagens de dois Querubins e que também pintasse as suas imagens nas cortinas do Tabernáculo. Os querubins foram colocados sobre a Arca da Aliança. “Farás dois querubins de ouro; e os farás de ouro batido, nas duas extremidades da tampa, um de um lado e outro de outro… Terão esses querubins suas asas estendidas para o alto e protegerão com elas a tampa … “ (Ex. 25,18s, Ex 37,7; 1 Rs. 6,23; 2 Cr. 3,10). “Farás o tabernáculo com dez cortinas de linho fino retorcido, de púrpura violeta sobre as quais alguns querubins serão artísticamente bordados” (Ex. 26,1.31). Que fique claro, de uma vez por todas, Deus nunca proibiu imagens, e sim, “fabricar imagens de deuses falsos”.

O mesmo Deus mandou que, no deserto, Moisés fizesse uma imagem de uma serpente de bronze (Nm 21, 8´9), que prefigurava Jesus pregado na cruz (Jo 3,14). Também o rei Salomão, quando construiu o templo, mandou fazer querubins e outras imagens (I Rs 7,29).

O culto que a Igreja Católica presta a Deus, e só a Deus, é um culto chamado “latria”, isto é, de adoração. Aos anjos e santos é um culto chamado “dulia”, de veneração. Maria, como Mãe de Deus recebe o culto de “hiper dulia”, super veneração digamos, mas que está muito longe da adoração devida só a Deus. São Pedro, ao terminar a segunda Carta falava do perigo daqueles que interpretavam erroneamente as Escrituras: “Nelas há algumas passagens difíceis de entender, cujo sentido os espíritos ignorantes ou pouco fortalecidos deturpam, para a sua própria ruína, como o fazem também com as demais Escrituras” (2 Pe 3,16). Infelizmente isto continua a acontecer com aqueles que querem dar uma interpretação individual à Palavra de Deus, sem autorização oficial da Igreja, levando multidões ao erro.

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Só a Igreja é a autêntica intérprete da Bíblia (cf.Dei Verbum,10), pois foi ela que, inspirada pelo Espírito do Senhor (Jo 16,12), a compôs. As imagens, sempre foram, em todos os tempos, um testemunho da fé. Para muitos que não sabiam ler, as belas imagens e esculturas foram como que o Evangelho pintado nas paredes ou reproduzido nas esculturas. E assim há de continuar a ser. É claro que o culto por excelência é prestado a Deus, mas isto não justifica que as imagens sejam retiradas das nossas igrejas. Ao contrário, elas nos lembram que aqueles que elas representam, chegaram à santidade por graça e obra do próprio Deus. Assim, as imagens, dão, antes de tudo, glória a Deus.

Autor: Prof. Felipe Aquino

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O uso de Imagens na Santa Igreja POR: IVANILDO OLIVEIRA MACIEL JUNIOR | QUA , 08 DE SETEMBRO DE 2010

“O culto da religião não se dirige às imagens em si como realidades, mas considera em seu aspecto próprio de imagens que nos conduzem ao Deus encarnado. Ora, o movimento que se dirige à imagem enquanto tal não termina nela, mas tende para a realidade da qual é a imagem.”

Sto. Tomás de Aquino

É comum ainda hoje, em plena era espacial, essa insinuação manjadíssima de nós católicos adorarmos imagens. Francamente, é decepcionante perceber que pessoas com tamanha intelectualidade ainda procurem desfigurar a verdade dos detalhes que a Santa Igreja guarda em seu coração com tanto amor.

Esqueceu-se que a Igreja Católica, herdeira direta da Bíblia, desde 1500 anos antes de Martin Lutero fazer sua aparição no planeta terrestre, da mesma Bíblia herdou também (com moderação cristã) a severidade em condenar e punir a idolatria? Só é ler as histórias dos cristãos que desfaleciam diante dos carrascos.

Imagens a Igreja Católica sempre teve, desde os primeiros tempos. Nas catacumbas (40km de túneis debaixo do solo de Roma, onde os cristãos se refugiaram durante as perseguições) haviam imagens pintadas nas paredes, e que ainda estão lá. Será possível que aqueles cristãos (gente de todas as condições e idade, até crianças) que se deixavam queimar vivos, dar em pastos ás feras, crucificar como Cristo…por amor de Cristo eram tipos de misturar tamanha fé com idolatria?

“…A Sé apostólica, propõe homens e mulheres que sobressaem pelo fugor da caridade e de outras virtudes evangélicas para que sejam venerados e invocados declarando-os Santos e Santas em ato solene de canonização, depois de ter realizado oportunas investigações.” (João Paulo II, Const. Apost. Divinus Perfectionis Magister)

Esses homens e mulheres saíram de uma fé superficial e viveram a intensidade única da verdade, o amor a Cristo até o final de suas consequências, foram “separados” dentre vários que receberam o chamado a serem também santos, e mereceram “a Glória dos Altares”, como é a belíssima expressão que a Santa Igreja refere-se a essas vidas que se eternizaram em seu “seio maternal”.

O Bispo Sto. Ambrósio, falando de quase contemporânea Sta. Inês, menina romana de 13 anos, morta pela fé, lá pelo ano 300, usa palavras vibrantes de poesia e emoção:

“Haveria naquele corpinho lugar para uma ferida? Mas ela que não tinha aonde receber o golpe, teve que vencer a espada. E isso numa idade em que as

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meninas não suportam ver os rostos carrancudos dos pais e costumavam chorar por uma picada de agulha…” (Do Tratado sobre as Virgens)

Pessoas assim eram os cristãos das catacumbas, e nas catacumbas eles já pintavam imagens. Pessoas que não adoravam imagens muito menos a quem ou o que representavam pessoas que foram além da superficialidade humana e encontraram no mistério da profundidade Divina a alegria de sofrerem por amor a Deus:

“Nós adoramos Cristo qual filho de Deus. Quanto mártires, os amamos quais discípulos e imitadores do Senhor e, o que é justo, por causa de sua incomparável devoção por seu Rei e Mestre. Possamos nós ser companheiros e condiscípulos seus.” (Sto. Policarpo, Mart. 17)

Magistério (Doutrina) e Embasamento Bíblico

No Cristianismo, Veneração (do Latim veneratio, do grego “douleuo” ou “dulia” que significa “honrar”) descreve uma especial devoção aos Santos, que são considerados modelos de vida cristã, que gozam no céu da vida eterna, podendo interceder pelos fiéis, sendo a veneração uma forma de lhe prestar respeito. É externamente pela reverência a ícones de santos e relíquias, pois as imagens são consideradas como “fotografias de nossos parentes, servindo para nos lembrar dos santos do passado. E aquele que se prosta diante do ícone, prosta-se diante da pessoa, a hipóstase, daquele que na figuração é representado.

Exemplos de veneração são demonstrados na Bíblia:

“Abraão levantou os olhos e viu três homens de pé diante dele. Levantou-se no mesmo instante da entrada de sua tenda, veio-lhes ao encontro e prostrou-se por terra.” Gn 18,2

“Moisés saiu ao encontro de seu sogro, prostrou-se e beijou-o. Informaram-se mutuamente sobre sua saúde e entraram na tenda.” Ex 18,7

“Josué rasgou suas vestes e prostrou-se com a face por terra até a tarde diante da arca do Senhor, tanto ele como os anciãos de Israel, e cobriram de pó suas cabeças.” Josué 7,6

Nas passagens acima, Abraão e Moisés põem-se de joelhos como forma de respeito e veneração por outros homens ou seres espirituais (anjos no caso de Abraão), o ato de súplica não é um ato de adoração, mas de humildade, onde eles reconhecem no outro sua superioridade ou seu poder de atender-lhe um pedido. Porém a passagem mais significativa é a de Josué, em que ele se prostra diante a arca da aliança, sendo um exemplo explícito de veneração de uma imagem ou objeto. Portanto a própria Bíblia difere a adoração (latria) de veneração (dulia).

“O mandamento Divino incluía a proibição de toda representação de Deus por mão do homem. Em Deuteronômio explica: “Uma vez que nenhuma forma

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vistes no dia em que o Senhor vos falou no Horeb, do meio do fogo, não vos pervertais, fazendo para vós uma imagem esculpida em forma de ídolo…” Dt 4,15-16. Eis aí o Deus absolutamente transcendente que se revelou a Israel. “Ele é tudo”, mas ao mesmo tempo, ele está ‘acima de todas as suas obras’. Eclo 43,27-28. Ele é “própria fonte de toda beleza criada” Sb 13,3.” C.I.C. Pg. 2129

“No entanto, desde o Antigo Testamento, Deus ordenou ou permitiu a instituição de imagens que conduziram simbolicamente à salvação por meio do verbo encarnado, como são a serpente de bronze (Nm 21, 4-9; Sb 16, 5-14; Jo 3, 14-15), a Arca da Aliança e os querubins (Ex 25,10-22; 1Rs 6,23-28; 7,23-26).” (C.I.C. Pg. 2130)

“Foi fundamentando-se no mistério do Verbo encarnado que o sétimo Concílio Ecumênico, em Nicéia (em 787) justificou, contra os iconoclastas, o culto dos ícones: os de Cristo, mas também os da Mãe de Deus, dos anjos e também de todos os santos. Ao se encarnar, o filho de Deus inaugurou uma nova “economia” das imagens.” (C.I.C. Pg. 2131)

O culto cristão das imagens não é contrário ao primeiro mandamento, que proíbe os ídolos. De fato, “a honra prestada a uma imagem se dirige ao modelo original” (S.Basílio), e “quem venera uma imagem venera a pessoa que nela está pintada” (II Concílio de Nicéia; Concílio de Trento; Concílio Vaticano II). A honra prestada às santas imagens é uma “veneração respeitosa”, e não uma adoração, que só compete a Deus:

O Culto às imagens sagradas está fundamentado no mistério da encarnação do Verbo de Deus e não contraria o primeiro mandamento. Sendo assim a Doutrina e o Magistério da Santa Igreja de modo algum prega ou mesmo ensina tal Idolatria, mas pelo contrário, com amor educa seus filhos no ensinamento herdado por seu Único e verdadeiro Fundador, Jesus Cristo nosso senhor.

Citações:

Catecismo Da Igreja Católica

Bate – Papo com um Crente (Pequeno dicionário Apologético) – Pe. Lino Simonelli – PIME

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A controvérsia das Imagens POR: D. ESTÊVÃO BETTENCOURT | TER , 01 DE FEVEREIRO DE 2011

A controvérsia iconoclasta teve como uma de suas conseqüências um maior distanciamento da Itália e do lmpério bizantino. Esse afrouxamento religioso, administrativo e político foi um dos antecedentes do cisma de 1054 entre orientais e ocidentais. Estudemos agora o debate iconoclasta; este ocorreu numa época em que os principais artigos da fé tinham acabado de ser formulados (em 681 o monotelitismo, fora condenado; ver capítulo 10); versava sobre uma prática tradicional dos cristãos.

Os inícios da controvérsia

Já os primeiros cristãos usavam imagens nos lugares de culto, nos cemitérios e nas catacumbas. Sabiam que a proibição de fazer imagens em Ex 20,4 era contingente ou devida ao perigo de idolatria que ameaçava o povo de Israel cercado de nações pagãs. Ademais o fato de que Deus apareceu sob forma visível no mistério da Encarnação parece um convite a reproduzir a face humana do Senhor e dos seus amigos.

As primeiras imagens eram inspiradas pelo texto bíblico (cordeiro, Bom Pastor, pomba, peixe, âncora, Daniel, Moisés); mas podiam também representar o Senhor, a Virgem Maria, os santos Apóstolos e mártires. Desde os inícios da arquitetura sacra, as igrejas foram enriquecidas com imagens tanto a título de ornamentação quanto a título de instrução dos iletrados.

No século IV, ouve´se uma ou outra voz contrária às imagens; assim a do concílio regional de Elvira (cerca de 306). O Papa S. Gregório Magno († 604), porém, escrevia a Severo, bispo de Marselha, que mandara destruir imagens por causa do perigo de falso culto: “Era preciso não as quebrar, pois as imagens não foram colocadas na igreja para ser adoradas, mas apenas para instruir as mentes dos ignorantes” (ep. 9,105).

O culto das imagens foi-se ampliando na Igreja, principalmente no Oriente; os monges e os simples fiéis muito as estimavam. Todavia no início do século VIII acendeu-se uma controvérsia sobre as mesmas, que durou mais de um século (com breve pausa) e deu ocasião à violência de toda espécie. A luta foi aberta pelo Imperador Leão III o Isáurico (717´741). Vejamos em que circunstâncias: Em 723 o califa Yezid mandou destruir todas as imagens dos templos e casas de seus súditos, quer muçulmanos, quer cristãos.

Maomé mesmo não proibia as imagens, mas os seus sucessores o fizeram. A proibição do califa Yezid provocou entre os cristãos um movimento iconoclasta, que se comunicou ao Imperador e a diversos bispos. As razões que devem ter movido o monarca, foram, além da influência de judeus e muçulmanos, a própria personalidade do Imperador. Este queria reorganizar o Império promovendo a unidade religiosa condição da unidade política no reino; ora as imagens eram um ponto de discórdia entre judeus e maometanos, de um lado, e cristãos, do outro lado. Leão III tinha índole fortemente absolutista e cesaropapista; dizia textualmente que era “Imperador e Sacerdote”; devia,

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portanto, subordinar ao seu poder a Igreja e, em particular, os monges, sempre ciosos da liberdade.

Quem considera esta tendência do Imperador, há de reconhecer que a defesa das imagens por parte dos católicos era não somente uma questão de ortodoxia, mas também o desejo de afirmar a independência da Igreja frente ao despotismo imperial. A luta ardente Por conseguinte, em 726 Leão III investiu contra as imagens por palavras e gestos violentos. Procurou o apoio do Patriarca Germano de Constantinopla, que lhe resistiu. Escreveu também ao Papa Gregório II, ameaçando depô-lo, caso defendesse as imagens. Gregório em duas cartas condenou a conduta do Imperador, dizendo-lhe que a questão era da competência dos bispos.

Ao saberem da imposição do Imperador, as populações do Norte da Itália teriam eleito novo Imperador se o Papa não as tivesse dissuadido. Havia na época motivos de animosidade entre bizantinos e ocidentais: o Império acabrunhava de impostos a Itália; mais de uma vez, funcionários do Imperador haviam atentado contra a vida do Papa; Gregório II, porém, manteve-se leal e exortou os italianos à sujeição. Também os habitantes da Grécia se revoltaram, proclamando um anti-Imperador, Cosmas; mandaram a Constantinopla uma frota numerosa, que foi vencida com seus chefes. Isto tudo só contribuía para irritar cada vez mais o Imperador. Em 730, Leão III depôs o Patriarca Germano e conseguiu a eleição de Anastásio, iconoclasta. Este logo publicou um edito contra as santas imagens; clérigos, monges e monjas foram decapitados e mutilados… Em 731 o Papa Gregório III convocou um Sínodo em Roma, que puniu com a excomunhão quem combatesse as imagens. Leão III, exasperado, mandou uma frota à Itália, que foi destruída no Mar Adriático por violenta tempestade (732); confiscou os bens da Igreja Romana na Calábria e na Sicília e, a quanto parece, quis subtrair à jurisdição de Roma territórios ocidentais, que ficariam sujeitos ao Patriarcado de Constantinopla. O filho de Leão III, Constantino V Coprônimo, subiu ao trono em 741. Queria convocar um Concílio para decidir a questão; antes, porém, escreveu um tratado de (índole iconoclasta, que chegava a por em xeque definições dos Concílios de Efeso e Calcedônia a respeito do mistério da Encarnação: por exemplo, Maria não devia ser dita “Mãe de Deus”, mas apenas “Mãe de Cristo”.

O Concílio convocado pelo Imperador reuniu´se em 754 e em Constantinopla com a presença de 338 bispos, sem o Papa nem os Patriarcas orientais. Declarou o culto das imagens obra de Satã, e nova idolatria. Tal Concíclio não era legítimo; por isto, foi excomungado pelo Papa Estevão III em 769. Em conseqüência, a perseguição aos fiéis ortodoxos se tornou bárbara: em todas as igrejas as imagens foram removidas ou substituídas por motivos profanos (árvores, pássaros…).

Os monges eram quase os únicos a opor resistência: muitos mosteiros foram destruídos ou transformados em quartéis, arsenais…. Fez-se tudo para tornar o monaquismo odioso aos cristãos: foi proibido o hábito monásticos; os iconoclastas procuraram seduzir os monges para prevaricação com mulheres; muitos tiveram os olhos crivados, a barba queimada, os cabelos arrancados…. A situação era comparável à dos piores dias do paganismo. Finalmente

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Constantino V morreu em 775, recomendando´se à Mãe de Deus; da qual fora adversário. Seu filho Leão IV mostrou´se mais tolerante que seu pai, mas não revogou os decretos anteriores. Faleceu em 780, sucedendo´lhe a Imperatriz Irene como regente do filho Constantino VI.

Irene era piedosa, amiga das imagens e dos monges, embora ambiciosa. Permitiu logo o culto das imagens e, a conselho dos Patriarcas Paulo e Tarásio de Constantinopla, e de acordo com o Papa Adriano, a regente convocou um Concílio ecumênico. Este, de fato, se reuniu em 787, com a presença de dois legados papais, em Nicéia. Foi o sétimo ecumênico e o segundo de Nicéia, freqüentado por 350 bispos. Notemos que a primeira sessão desse Concílio se reuniu já em 786 em Constantinopla, mas teve que se dissolver, porque Os militares, iconoclastas, apoiados por alguns bispos, impediram os trabalhos, que teriam sido um triunfo da ortodoxia.

Em Nicéia, o falso Concílio de 754 foi rejeitado; a intercessão dos Santos e o título “Mãe de Deus” foram reabilitados. Os conciliares declararam, apoiados na tradição, que às imagens de Cristo, de Maria Virgem, dos anjos e dos Santos convém uma veneração honorífica com lamparinas, incenso, inclinações, pois essa veneração recai sobre o protótipo (ou a pessoa representada); ao contrário, a verdadeira adoração compete a Deus só. A última sessão desse Concílio realizou´se em Constantinopla, sob a presidência da Imperatriz regente e de seu filho, que assinaram a definição conciliar; isto lhes valeu as aclamações dos padres conciliares e dos fiéis, dirigidas ao novo Constantino e à nova Helena.25 As decisões de Nicéia II ficaram em vigor no Oriente durante quase trinta anos, ou seja, até 813.

Ecos tardios e fim No Ocidente reinava Carlos Magno. O Papa Adriano procurou fazer que o monarca reconhecesse os decretos de Nicéia II; mas o soberano se lhes opôs, porque ´ era ambígua ou errônea a tradução latina das atas de Nicéia II; Os latinos conheciam cada vez menos o grego; por isto deram a entender que o culto de adoração, devido exclusivamente à SS. Trindade, havia de ser prestado às imagens; ´ reinava forte tensão política entre o Ocidente e Bizâncio ´ a ufania de Carlos Magno não lhe permitia reconhecer um Concílio do qual não tivessem participado bispos francos.

O rei então convocou um Concílio de 300 bispos francos para Francoforte em 794. Sob a presidência de Carlos, os conciliares condenaram as decisões do Niceno II. O Papa Adriano I, que defendia o Concílio de 787, tomou uma atitude de reserva e prudência para evitar ulteriores amarguras ou mesmo represálias da parte do monarca. Em breve, porém, também no Oriente foram atacadas as decisões do Niceno II. O Imperador Leão V em 815 renovou o iconoclasmo, atribuindo ao culto das imagens as desgraças do Império na guerra contra os sarracenos. Os decretos de 754 foram postos de novo em vigor; Os monges, mais uma vez, foram especialmente atingidos. Como na primeira fase da disputa se distinguira São João Damasceno (†749)qual campeão da ortodoxia, nesta segunda etapa sobressaiu o monge Teodoro de Studion, intrépido entre os maus tratos, a flagelação e o exílio A perseguição durou cerca de três decênios. Paralelamente à primeira fase do iconoclasmo, depois de três imperadores heterodoxos, surgiu uma mulher, a Imperatriz viúva Teodora,

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como regente de seu filho menor Miguel III; Teodora sempre fora amiga das imagens; conseguiu que um sínodo em Constantinopla (843) reabilitasse o culto das mesmas.

Para a perpétua recordação deste feito, os gregos introduziram no seu calendário a “grande festa da ortodoxia”, que todos os anos, no primeiro domingo da Quaresma, comemorava esta vitória e todas as demais vitórias levadas sobre as heresias na Igreja. Sabe-se que até hoje os orientais dedicam grande veneração aos seus ícones, símbolos de valores transcendentais. O ardor da nova discussão comunicou-se também ao Ocidente. Em 824 o Imperador Miguel II mandou uma legação ao rei Luís o Piedoso dos francos convidando´o a uma ação comum iconoclasta. Luís, com a licença do Papa Eugênio II, em 825 reuniu bispos e teólogos em Paris a fim de estudarem o assunto. Essa assembléia manifestou-se no sentido do Concílio de Francoforte (794), que, aliás, tomou posição contrária ao Niceno II, mas em termos assaz ambíguos, como se depreende desta fórmula: as imagens não devem ser nem adoradas nem veneradas nem destruídas, mas hão de ser conservadas em memória daqueles ou daquilo que representam. Não se sabe qual tenha sido a atitude do Papa diante deste pronunciamento de Paris. Finalmente o bibliotecário Anastásio refez a tradução das atas do Concílio de Nicéia II sob o Papa João VIII (872´882). Isto permitiu que as determinações conciliares fossem finalmente aceitas no Ocidente; grande parte da problemática se achava na deficiência de tradução.

Como se percebe, a veemência e a duração da controvérsia iconoclasta se devem ao cesaropapismo dos Imperadores. Os Papas perceberam que nada mais tinham a esperar dos Imperadores Bizantinos, pois, desde a época do arianismo(século IV), haviam freqüentemente favorecido as heresias e perseguidos os pastores e fiéis ortodoxos; as suas intervenções dogmatizantes eram, muitas vezes, movidas por razões políticas. Pode´se, pois, dizer que o iconoclasmo se ligam intimamente a origem do Estado Pontifício, a proclamação do Império Romano no Ocidente e, de maneira mais remota, mas não menos real, o cisma grego de 1054; por mais de um século Oriente e Ocidente tinham estado em dissensão e, quando em 843 a luta iconoclasta terminava, já Fócio, o campeão do cisma, aparecia na corte da Imperatriz Teodora, para em breve subir à cátedra patriarcal de Constantinopla. Com toda a razão, Teodoro de Studion, um dos últimos grandes católicos de Bizâncio, clamava o Papa: “Salva-nos, arquipastor da Igreja que está debaixo do céu; pereceremos!”

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Porque ter imagens em igrejas e rezar aos pés delas, já que não possuem espíritos? POR: APOSTOLADO SPIRITUS PARACLITUS | SEX , 05 DE AGOSTO DE 2011

Fazemos aos pés das imagens o mesmo que Josué fez diante da Arca

“Os israelitas cometeram uma infidelidade a respeito do interdito. Acã, filho de Carmi, filho de Zabdi, filho de Zara, da tribo de Judá, reteve para si algumas coisas condenadas, e a cólera do Senhor inflamou-se contra os israelitas. (…) Josué rasgou suas vestes e prostrou-se com a face por terra até a tarde diante da arca do Senhor, tanto ele como os anciãos de Israel, e cobriram de pó as suas cabeças.” (Josué 7 – 1ss)

Não esqueçamos que a arca era um mero objeto, e que acima dela tinha os querubins, e então, se um católico não pode prostrar respeitosamente diante de uma imagem, então Josué também não podia prostrar diante da Arca.

Por que então Josué não foi prostrar diante do próprio Senhor?

Se ele sabia que isso não podia, então por que o fez?

Simples! Porque não é adoração, não é prestar culto de latria.

Seu ato foi de veneração, e se buscar o objeto arca (que não tem espírito), puramente perecível, tanto é que pereceu, a veneração em honra ao Senhor Deus, por que não abominou isso?

Porque era feito com aprovação Dele, o Senhor.

“Os sacerdotes levaram a arca da aliança do Senhor para seu lugar, no santuário do templo, no Santo dos Santos, debaixo das asas dos querubins. Pois os querubins estendiam as suas asas sobre o lugar da arca, e cobriam por cima a arca e os seus varais”. (I Rs 8, 6 – 7)

Jamais, em nenhum texto bíblico, em nenhum versículo, capítulo ou livro consta que prostrar diante de algo ou alguém de forma respeitosa é um ato de idolatria. A Bíblia não pode ter contradições.

“Jacó, levantando os olhos, viu Esaú que avançava com quatrocentos homens. Repartiu então os filhos entre Lia, Raquel e as duas servas. Colocou as servas com seus filhos na frente, depois Lia com os seus, e, por último Raquel com José. E ele, passando adiante, prostrou-se até a terra sete vezes antes de se aproximar do seu irmão.” (Gên: 33, 1-3)

“O povo veio a Moisés e disse-lhe: “Pecamos, murmurando contra o Senhor e contra ti. Roga ao Senhor que afaste de nós essas serpentes.” Moisés intercedeu pelo povo, e o Senhor disse a Moisés: “Faze para ti uma serpente ardente e mete-a sobre um poste. Todo o que for mordido, olhando para ela, será salvo“. Moisés fez, pois, uma serpente de bronze, e fixou-a

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sobre um poste. Se alguém era mordido por uma serpente e olhava para a serpente de bronze, conservava a vida.” (Números 21, 7- 9)

Se termos objetos de veneração é pecado, se termos afeição por esse o aquele objeto que é sinal de Deus, certamente teríamos que afirmar que o Apóstolo Paulo permitiu que atos grosseiros de idolatria fossem praticados, desejando ele mesmo ser o próprio Deus.

Eis a prova:

“Deus fazia milagres extraordinários por intermédio de Paulo, de modo que lenços e outros panos que tinham tocado o seu corpo eram levados aos enfermos; e afastavam-se deles as doenças e retiravam-se os espíritos malignos“. (At 19, 11 – 12)

DEUS NÃO ENTRA EM CONTRADIÇÃO, pois somente a Trindade Santa (Pai, Filho e Espírito Santo) detêm a honra das honras.

Por que então Deus permitiria que meros objetos fossem usados como sinônimos de cura ou de própria cura que adivinha de Deus e não dos objetos, depois de tocados no corpo de um simples ser humano que era Paulo Apóstolo?

Isso seria tão idolatria ou mais do que ter imagens, porque imagens são permitidas desde o Antigo Testamento, enquanto objetos cotidianos (como lenços e panos) não constavam no mesmo.

Mas o que Deus faz é permitir que Sua glória se manifeste na ordem criada, usando do ordinário para estabelecer o extraordinário.

Deus seria incoerente já que Ele mesmo no livro do Êxodo, após entregar as tábuas da lei, manda Moisés fazer dois “QUERUBINS” de ouro e colocá-los acima da arca da aliança (Ex 25, 18 – 20)

O VERDADEIRO SENTIDO DA PROIBIÇÃO É: “NÃO TERÁS OUTROS DEUSES DIANTE DE MINHA FACE”. ISSO SIM É IDOLATRIA (ÊXODO 20, 2 – 5)

Questionamentos a serem feitos:

Defina imagem? É uma foto de seu time favorito? É a estátua da liberdade? É aquela foto das férias da família? É seu avatar no Orkut? É alguém na televisão? É o boneco de Papai Noel? Ou ainda a foto da Bíblia com o uma pomba?

Será que a definição de imagem (que infelizmente é imprecisa) enquadraria a fato de que o pai da reforma protestante, Martinho Lutero, JAMAIS PERMITIU que seus prosélitos negassem ou ultrajassem o uso das imagens? Saibam, que o próprio Lutero disse que as imagens eram “como a Bíblia

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dos pobres e iletrados” (Escritos de Lutero das Edições Weimarianas: tomo 7, pgs. 440/445).

O próprio pai da reforma e de todas as igrejas Não-Católicas chamou as imagens de própria Bíblia.

Veja que ele comparou as imagens com as próprias Palavras de Deus constantes das Sagradas Escrituras, com isso, tanto para a Igreja Católica, quanto para o dissidente Lutero, o valor sacro das imagens está constatado.

Outro dado importante, a saber, é que o mesmo Lutero prestou culto de HIPER-VENERAÇÃO à Virgem Santíssima até o último dia de sua vida.

Porém o mais grave absurdo não é dizer que somos idólatras, mas sim, manifestar que Deus entrou em contradição, que é incoerente, dizendo que num lugar a Bíblia mandou não fazer imagens e venerá-las, e noutro assim mandou.

Logo, é salutar e válido diante da Igreja Católica, prostrar-se diante de uma imagem para venera – lá.

Fonte: Catédral Santo Antônio de Jacútinga

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Leitura fundamentalista, heresiarcas e a sagrada escritura POR: IVANILDO OLIVEIRA MACIEL JUNIOR | SEX , 15 DE JULHO DE 2011

“Esta é a fé católica, e todo aquele que a não professar, com fidelidade e firmeza, não poderá salvar-se.” Santo Atanásio

A Igreja Católica crê na Palavra de Deus escrita e falada. A Palavra escrita se chama Bíblia, a falada, não fixada entre os Livros do Novo Testamento, chama-se Tradição. Mas o Protestantismo admite como fonte de fé somente a Bíblia, o que é parcialmente incompleto e incoerente para uma plena exegese e hermenêutica. Isso facilita, e muito, não apenas uma interpretação errônea, como também se torna um agente facilitador para interpretações convenientes e sem uma exigência de maior aprofundamento de estudo.

Essas interpretações, que não levam em conta nenhum magistério ou uma forma “padronizada” de direcionamento, podem levar comunidades de fiéis inteiras a um profundo erro de condicionamento e posicionamento perante a fé, pois na medida em que as pessoas começam a anunciar suas “verdades” tomando como princípio e origem as Sagradas Escrituras, tornam-se prejudiciais ao Plano de Salvação inaugurado pelo próprio Cristo. Como dizia nosso grande Doutor Santo Agostinho: “Se você acredita no que lhe agrada nos evangelhos e rejeita o que não gosta, não é nos evangelhos que você crê, mas em você.”

A leitura fundamentalista da Sagrada Escritura teve seu início na época da Reforma, com uma preocupação de fidelidade ao sentido literal da Escritura. Após o século das Luzes, ela apresentou-se em meio ao protestantismo como uma proteção contra a exegese liberal. Esta parte do princípio de que a Bíblia sendo a Palavra de Deus inspirada e isenta de erro, deve ser lida e interpretada literalmente em todos os seus detalhes. São Vicente de Lerins vai falar a respeito do uso inadequado das Sagradas Escrituras acerca da vontade unicamente humana por parte desses “falsos profetas”:

“Certamente os hereges se servem dos Testemunhos das Sagradas Escrituras. E com quanta apaixonada veemência! Nós os vemos passar de um livro a outro da Lei Santa: de Moisés aos Livros dos Reis, dos Salmos aos Apóstolos, dos Evangelhos aos Profetas. Em suas assembléias, com os estranhos, em privado, em público, nos discursos e nos escritos, durante as comidas e nas praças públicas, não proferem coisa alguma se antes não a revestiram com a autoridade da Sagrada Escritura. Basta ler as obras de Paulo de Samosata, de Priaciliano, de Eunômio, de Joviniano, e de todas as outras pestes; imediatamente se nota o acúmulo infinito de textos bíblicos; quase não há página que não esteja colorida e adornada com citações do Antigo e Novo Testamento. Mas é tão mais necessário estar em guarda e temê-los quanto mais buscam ocultar-se e esconder-se debaixo da sombra da Lei Divina. Efetivamente, sabem que suas exalações pestilentas, visíveis e diretas, não encontrariam o favor de ninguém; por isso as perfumaram com o aroma da palavra celestial, já que quem facilmente rejeitaria o erro não está disposto a menosprezar com tanta facilidade os oráculos divinos.” – Comonitório, p. 68-69

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Neste relato fica de fácil evidência o malefício causado pela mediocridade dessa particularidade da sociedade que, não apenas naquela época, mas também hoje continuam a infortunar tantos e tantas que se contagiam por tais atos totalmente humanos e devassos. Este fundamentalismo exclui todo o esforço de compreensão da Bíblia que leve em conta seu crescimento histórico e seu desenvolvimento, tomando assim, um sentido estritamente literal em todos os seus detalhes. Opõe-se à utilização do método histórico-crítico, como de qualquer outro método científico, para a interpretação da Escritura.

Este termo “fundamentalista” começou a ser usado a partir Congresso Bíblico Americano realizado em Niagara, Estado de New York, em 1895. Os exegetas protestantes conservadores definiram nele cinco pontos de fundamentalismo: a inerrância verbal da Escritura, a Divindade de Cristo, seu nascimento virginal, a doutrina da expiação vicária e a ressurreição corporal, quando da segunda vinda de Cristo. Após esse episódio, assim como no de Lutero quando instaurou o que ficou conhecido como “livre exame”, o negócio espalhou-se rápido pelo mundo afora, pior ainda foi que também começaram a surgir outros tipos de leituras, igualmente literalistas, difundiu-se de um modo que chegou até entre alguns católicos.

O problema central de tudo isso é que a partir deste nível de interpretação ela se torna incapaz de aceitar plenamente a verdade da própria Encarnação. O fundamentalismo usado pelos hereges atuais, assim como antigamente, foge da estreita relação do divino e do humano no relacionamento com Deus. Recusa-se a admitir que a Palavra de Deus inspirada foi expressa em linguagem humana cujas as capacidades e recursos eram limitados. Apegando-se nisto os aproveitadores iniciam seu circulo vicioso articulando suas “verdades” com as Sagradas Escrituras, São Vicente de Lerins continua a nos ajudar com esta especificação:

“[...] quando já não ficam satisfeitos com citar e pregar as palavras divinas, e então também comecem a explicá-las, então se porá de forma manifesta sua amargura, sua aspereza e sua raiva: então se espargirá um novo odor e aparecerão as novidades ímpias; então se verá pela primeira vez a sebe desfeita (Cf. Ecl 10,8) e atravessados os marcos postos pelos pais (Cf. Prov 22,28), ultrajada a fé Católica e o dogma da Igreja feita em pedaços.” – Comonitório, p.70

O fundamentalismo separa a interpretação da Bíblia da Sagrada Tradição guiada pelo Espírito que se desenvolve de forma plena em ligação com a Escritura no seio da comunidade de fé, falta aos hereges fundamentalistas entenderem que o Novo Testamento tomou forma no interior da Igreja Católica e que ele é a Escritura SANTA desta IGREJA , cuja a existência precedeu a composição dos seus textos, ou seja, não foi a Bíblia que fez a Igreja e sim o contrário. Quem garante a autenticidade dos 27 Livros do Novo Testamento, inspiração divina e a Sagrada Tradição para os Católicos e não-Católicos foi a Igreja, que resguardou tudo com os menores detalhes, para 1500 anos depois o protestantismo encontrarem a “papinha pronta e cheirosa”. Portanto, é preciso estar no seio da Igreja Católica para uma verdadeira e autêntica interpretação das Sagradas Escrituras, é preciso ser verdadeiramente Católico

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– para na legitimidade da Sagrada Tradição – atender profunda e completamente aquilo que o Espírito Santo nos deixou como ensino e direcionamento através dos relatos divinos.

A abordagem dos hereges nesta especificidade é muito perigosa, pois ela é atraente para as pessoas que procuram respostas bíblicas para seus problemas da vida, sendo um canal extremamente eficaz para o demônio (Cf. Mt 4,5s). São Vicente de Lerins ainda acerca desta temática nos alerta a respeito:

“[...] O que não fará aos pobres homens aquele que provocou o Senhor da Majestade com o testemunho das Escrituras? Devemos pôr grande atenção na doutrina exposta nesta passagem e retê-la, para que com um exemplo tão grande da autoridade evangélica, quando virmos alguns proferindo citações dos apóstolos ou dos profetas contra a fé católica, não tenhamos a menor dúvida de que é o demônio quem fala por meio deles. Pois assim naquela ocasião a cabeça falou à cabeça, assim também agora os membros falam aos membros, quero dizer, os membros do demônio falam aos membros de Cristo, os pérfidos ao fiéis, os sacrílegos aos piedosos, os hereges aos católicos.” – Comonitório, p.72

E para finalizar acerca de como poder nos defender destas heresias propostas por estes pseudo-apóstolos do demônio fica o seguinte ensinamento de São Vicente de Lerins quando questionado a respeito:

Que deverão fazer para distinguir nas Sagradas Escrituras, a Verdade do erro?

“Terão verdadeira preocupação em seguir as normas que no começo destas notas escrevi que foram transmitidas por doutos e piedosos homens; isto é, interpretarão o Cânon divino das Escrituras segundo as Tradições da Igreja Universal e as regras do dogma católico; na própria Igreja Católica e Apostólica deverão seguir a universalidade, a antiguidade e a unanimidade de consenso.” – Comonitório, p.73

É de fundamental importância que nos inteiremos e possamos nos precaver de todas as armadilhas dos tempos atuais, que buscam apenas destruir a Verdade da Santa Igreja, a Verdade do próprio Deus!

Fontes de Pesquisa:

• Comonitório: regras para conhecer a fé verdadeira / São Vicente de Lerins: [Tradução do espanhol Fabiano Lyrio Silva]. Niterói, Rj: Permanência, 2009, 88p

• A Interpretação da Bíblia na Igreja, Pontifícia Comissão Bíblica – Paulinas, 2006

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A sagrada tradição apostólica da Igreja

POR: APOSTOLADO SPIRITUS PARACLITUS | QUA , 13 DE JULHO DE 2011

Um dos pilares sobre os quais se assenta a fé da Igreja Católica é a Sagrada Tradição Apostólica. Esta Tradição, chamada pela Igreja de Sagrada, é tudo aquilo que ela recebeu dos Apóstolos e que a eles foi confiado diretamente pelo próprio Jesus Cristo. Não se trata da tradição dos homens, mas somente daquilo que se refere à salvação das almas, e que nos foi deixado pelo Senhor. Sabemos que o Magistério da Igreja extrai todo o ensinamento que dá aos fiéis, da Revelação Divina, que se compõe da Tradição (oral) que veio dos Apóstolos e da Tradição (escrita), a Bíblia. É sobre essa Tradição (escrita e oral), com igual importância nas duas formas, que o Magistério assenta seus ensinamentos infalíveis.

Portanto, a Igreja católica não se guia apenas pela Bíblia (a Revelação escrita), mas também pela Revelação oral que chegou até nós. Sem esta última, nem mesmo a Bíblia existiria como a temos hoje, já que ela foi ´berçada´ ´ como diz D. Estevão Bettencourt ´ e redigida pela Igreja. A transmissão do Evangelho, feita pelos Apóstolos, fez-se de duas maneiras: oralmente e, depois, por escrito, cerca de 20 anos após a morte de Jesus. No ensino oral os Apóstolos ´transmitiram aquelas coisas que ou receberam das palavras, da convivência e das obras de Cristo ou aprenderam das sugestões do Espírito Santo´ (CIC, 76), nos ensina o Catecismo. Ensina-nos a importantíssima Constituição Dogmática Dei Verbum, do Concílio Vaticano II, que: ´Para que o Evangelho sempre se conservasse inalterado e vivo na Igreja, os apóstolos deixaram como sucessores os bispos, a eles transmitindo o seu próprio encargo de Magistério´ (DV, 7).

Vemos que ´os Apóstolos deixaram como seus sucessores os bispos´, para que estes transmitissem aos seus sucessores o ´depósito da fé´ que eles tinham recebido de Jesus. Sabemos que São Paulo instituiu muitos bispos; por exemplo, colocou Timóteo como bispo à frente da importante igreja de Éfeso; enviou Tito para a ilha de Chipre. É comovente a despedida que Paulo faz aos bispos de Éfeso, quando em caminho para o cativeiro de Roma: ´Cuidai de vós mesmos e de todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para pastorear a Igreja de Deus, que ele adquiriu com o seu próprio sangue. Sei que depois de minha partida se introduzirão entre vós lobos cruéis, que não pouparão o rebanho. Mesmo dentre vós surgirão homens que irão proferir doutrinas perversas, com o intento de arrebatarem após si os discípulos. Vigiai!´(At 20,28´31). Vemos nesta passagem a preocupação do Apóstolo, recomendando aos bispos, ´constituídos pelo Espírito Santo´, que cuidem e vigiem o rebanho de Deus afim de que os hereges não lhe faça mal.

O mesmo tipo de recomendação Paulo faz a Timóteo e a Tito: ´Torno a lembrar-te a recomendação que te dei, quando parti para a Macedônia: devias permanecer em Éfeso para impedir que certas pessoas andassem a ensinar doutrinas extravagantes.´ (1Tm 1,3) ´Recomenda esta doutrina aos irmãos, e serás bom ministro de Jesus Cristo, alimentado com as palavras da fé e da sã doutrina que até agora seguiste com exatidão.´ (1Tm 4,6) ´Toma por modelo os ensinamentos salutares que recebeste de mim sobre a fé e amor a Jesus Cristo.

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Guarda o precioso depósito pela virtude do Espírito Santo.´ (2Tm 1,13´14). ´Seja (…) firmemente apegado à doutrina da fé tal como foi ensinada, para poder exortar segundo a sã doutrina´.

Nos ensina a Dei Verbum que: ´Assim a pregação apostólica, expressa de modo especial nos livros inspirados, devia conservar-se sem interrupção até a consumação dos tempos. Por isso os Apóstolos, transmitiram aquilo que eles próprios receberam (cf. I Cor 11,23; 15,3), exortam os fiéis a manter as tradições que aprenderam seja oralmente, seja por carta (cf. II Tess 2,15) e a combater pela fé uma vez transmitida aos santos (cf. Jd 3). Quanto à Tradição recebida dos Apóstolos ela compreende todas aquelas coisas que contribuem para santamente conduzir a vida e fazer crescer a fé do povo de Deus, e assim a Igreja, em sua doutrina, vida e culto, perpetua e transmite a todas as gerações tudo o que ela é, tudo o que crê´ (DV,8).

O nosso Catecismo explica assim:

´Esta transmissão viva, realizada no Espírito Santo, é chamada de Tradição enquanto distinta da Sagrada Escritura, embora intimamente ligada a ela. Através da Tradição, ´a Igreja, em sua doutrina, vida e culto, perpetua e transmite a todas as gerações tudo o que ela é, tudo o que crê (DV, 8)´. (CIC n.78) ´A Tradição da qual aqui falamos é a que vem dos Apóstolos e transmite o que estes receberam do ensinamento e dos exemplo de Jesus e o que receberam através do Espírito Santo. Com efeito, a primeira geração de cristãos ainda não dispunha de um Novo Testamento escrito, e o próprio Novo Testamento atesta o processo da Tradição viva.´ (CIC n.83)

A Dei Verbum, ensina que:

´Os ensinamentos dos Santos Padres [sec. I a VIII] testemunham a presença vivificante desta Tradição cujas riquezas se transfundem na praxe e na vida da Igreja crente e orante´ (DV,8). Embora a Igreja tenha ciência de que ´já não há que esperar nenhuma nova revelação pública antes da gloriosa manifestação de Nosso Senhor Jesus Cristo´ (DV,4), no entanto, o Catecismo nos assegura que ´embora a Revelação esteja terminada, não está explicitada por completo; caberá à fé cristã captar gradualmente todo o seu alcance ao longo dos séculos´ (CIC, 66). E isso o Espírito Santo continua a fazer na Igreja através dos teólogos e do Magistério oficial. Aos teólogos cabe aprofundar os conhecimentos do ´mistério da fé´, guiados pelos dogmas já revelados; mas somente ao Magistério cabe definir as verdades da fé.

A Tradição e a Bíblia estão intimamente ligadas. Tanto uma como a outra tornam presente e fecundo na Igreja o mistério de Cristo, presente na Igreja até o fim do mundo (cf Mt 28,20). Ensina-nos a Dei Verbum que: ´A Sagrada Tradição e a Sagrada Escritura estão, portanto, estreitamente conexas e interpenetradas. Ambas promanam da mesma fonte divina, formam de certo modo um só todo e tendem para o mesmo fim. Com efeito a Sagrada Escritura é a fala de Deus, enquanto é redigida sob a moção do Espírito Santo; a Sagrada Tradição, por sua vez, transmite integralmente aos sucessores dos Apóstolos a palavra de Deus confiada por Cristo Senhor e pelo Espírito Santo aos apóstolos para que, sob a luz do Espírito e da verdade, eles por sua pregação fielmente a

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conservem, exponham e difundam. Resulta, assim, que não é apenas através da Escritura que a Igreja consegue sua certeza a respeito de tudo o que foi revelado. Por isso, ambas ´ Escritura e Tradição ´ devem ser aceitas e veneradas com igual sentimento de piedade e reverência´ (DV,9), (CIC, 82).

Muitas são as passagens do Novo Testamento que revelam a importância da Tradição oral. São Paulo diz a Timóteo: ´O que ouvistes de mim em presença de muitas testemunhas, confia-o a homens fiéis, que sejam capazes de ensinar ainda a outros´ (2 Tm 2,2). Note bem o ´ouvistes´ de mim. É a transmissão oral do depósito da fé. Vemos aí a própria Escritura atestando a existência da transmissão oral, de geração a geração. Este ´depósito´ oral chegou até nós pela palavra oficial da Igreja, e não pode ser desprezada. Jesus deixou claro a seus discípulos, na noite da despedida, que Ele não lhes tinha ensinado tudo, mas que o Espírito Santo o faria ao longo do tempo: ´Muitas coisas tenho a dizer-vos, mas não as podeis suportar agora. Quando vier o Advogado, o Espírito da Verdade, ensinar-vos-á toda a verdade…´ (Jo 16,12).

Todo esse ensinamento que o Espírito Santo foi acrescentando à Igreja é o que foi formando a sua Sagrada Tradição. Era tão marcante a inspiração do Espírito Santo que, por exemplo, após o Concílio de Jerusalém, os apóstolos escreveram à Igreja de Antioquia: ´Com efeito, pareceu bem ao Espírito Santo e a nós…´ (Cf. At 15,28). Outras passagens mostram essa intimidade deles com o Espírito Santo. ´Então Pedro, cheio do Espírito Santo…´ (Cf. At 4,8). ´Por que combinastes para por à prova o Espírito do Senhor?´ (Cf. At 5,9). Diante do Grande Conselho dos Judeus e do Sumo Sacerdote: ´Deste fato nós somos testemunhas, nós e o Espírito Santo…´(Cf. At 5,32). Podemos, portanto, afirmar, com toda certeza, que tudo o que está na Bíblia é verdade, mas nem toda a verdade está na Bíblia. Parte da Revelação foi oral e está na Tradição, que, por isso é Sagrada e indispensável.

Na segunda Carta aos tessalonicenses vemos claramente a Tradição oral: ´Não vos lembrais de que vos dizia estas coisas, quando estava ainda convosco? ´ (2Tes 2,5). ´Assim, pois, irmãos, ficai firmes e conservai os ensinamentos que de nós aprendestes, seja por palavras, seja por carta nossa´ (2Tes 2,15). ´O que ouvistes de mim em presença de muitas testemunhas, confia-o a homens fiéis, que sejam capazes de ensinar ainda a outros´ (2 Tm 2,2). Essas passagens se referem a uma transmissão de verdades por meio oral e não escrito. Como, então, desprezar o seu valor? Nem tudo o que Jesus ensinou e fez, e nem tudo o que os apóstolos ensinaram, foi escrito (Cf. Jo 21,24-25). Naquele tempo era difícil escrever. Não havia papel e caneta fácil como hoje. Usava-se pergaminhos (peles de carneiros), papiros, etc., penas molhadas na tinta. Escrever era raridade. São João encerra o seu Evangelho mostrando claramente isto: ´Jesus fez, diante dos seus discípulos, muitos outros sinais ainda, que não se acham escritos neste livro. Estes, porém, foram escritos para crerdes que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que crendo, tenhais a vida em seu nome´(Jo 20,30s).

Mais adiante ele repete:

´Há muitas outras coisas que Jesus fez e que, se fossem escritas uma por uma, creio que o mundo não poderia conter os livros que se escreveriam´(Jo 21,25).

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Essas passagens deixam claro que os evangelistas e Apóstolos só escreveram o ´essencial ´ da mensagem de Cristo, ´ para crerdes que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que crendo, tenhais a vida em seu nome´. Vemos assim que a própria Bíblia nos encaminha para as fontes orais da Palavra de Deus; isto é, a Tradição oral que a berçou. Não podemos jamais nos esquecer de que a Igreja é anterior ao Novo Testamento e que foi ela que formou o cânon do Antigo Testamento como o temos hoje. Logo, sem a Igreja a Bíblia se esfacela. O Cristianismo já existia quando foi escrito o Novo Testamento: ´os fiéis eram assíduos aos ensinamentos (orais) dos apóstolos´ (At 2,4).

Portanto, é a Igreja que credencia a Bíblia. Foi a Igreja que ´constituiu´ a Bíblia, como a temos, e não o contrário. Todo este ensinamento é reafirmado pelo último Concílio, quando diz na Dei Verbum: ´Assim a pregação apostólica, expressa de modo especial nos livros inspirados, que devia conservar-se sem interrupção até a consumação dos tempos. Por isso os Apóstolos, transmitiram aquilo que eles próprios receberam (cf. I Cor 11,23; 15,3), exortam os fiéis a manter as tradições que aprenderam seja oralmente, seja por carta (cf. II Tess 2,15) e a combater pela fé uma vez transmitida aos santos (cf. Jd 3).

Infelizmente os reformadores protestantes (Lutero, Calvino, Melanchton, etc) tomaram a Bíblia como ´a única fonte de fé´ e, pior ainda, entendida segundo o ´livre exame´ de cada crente, podendo interpretá-la segundo o seu parecer, ´guiado pelo Espírito Santo´. Negaram a Tradição oral, repudiaram o Magistério, abandonaram a Igreja, esquecendo-se que Ela é anterior à Bíblia (Novo Testamento). Foi uma grande traição a Jesus, à Igreja, e ao Espírito Santo que, há quinze séculos (1500 anos!) já conduzia a Igreja sem nunca abandoná-la. Na verdade, a Reforma protestante foi o começo de toda esta lamentável situação que vivemos hoje, um mundo ateu, materialista, racionalista e hedonista, ofensivo a Deus e à Igreja, como diz D. Estevão Bettencourt.

A Reforma protestante, influenciada pelo Renascimento, deu a partida ao liberalismo e ao relativismo religioso que hoje assola o mundo todo e até a Igreja. Transcrevo aqui o que disse D. Estevão Bittencourt, OSB, no seu artigo Origem dos vários grupos cristãos: ´Os reformadores deram início à destruição do grande patrimônio de fé e cultura dos séculos anteriores, que associavam entre si Deus, Jesus Cristo e a Igreja. ´ a Reforma no século XVI disse SIM a Deus e a Cristo e NÃO à Igreja; ´ os iluministas racionalistas do século XVIII disseram SIM a Deus, NÃO a Cristo e a Igreja; ´ os ateus do século XIX disseram NÃO também a Deus; ´ finalmente os estruturalistas do século XX disseram NÃO também ao homem, pois a morte de Deus vem a ser também a morte do homem´. ´Negando a Igreja de Cristo, os reformadores aceitaram a fundação de numerosas igrejas e igrejinhas de líderes humanos, todas originadas do subjetivismo dos seus fundadores´ (PR, nº 404, 1996, pp. 14 e 15). Isto jamais foi da vontade do Senhor.

A maneira subjetiva com que leem a Bíblia, levou o Protestantismo ao esfacelamento, especialmente da doutrina: uns aceitam o batismo de crianças, outros não; uns guardam o sábado como o dia santo, outros o domingo; umas igrejas têm bispos, outras não; umas aceitam o batismo só por imersão na água, outras aceitam-no apenas por infusão. As denominações mais recentes (Testemunhas de Jeová, Mormons, Ciência Cristã) já não aceitam Jesus Cristo

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como Deus e Homem e nem aceitam a SS. Trindade. Os Mormons por exemplo, chegam a ter uma ´bíblia´ acima da Bíblia. E a confusão vai longe… Em relação à Jesus Cristo há divergências profundas entre luteranos e ´reformados´. Para muitos o dogma da Santíssima Trindade é a base do Cristianismo, para outros é uma ´pedra de escândalo´ e ´aberração politeísta´, embora muitas vezes convivam juntos achando que essas diferenças são ´insignificantes´. Algumas denominações levam a sério a questão doutrinária, outras, como a ´Union Church´, admitem todas as doutrinas.

Resumindo podemos dizer que não há um só ponto de acordo, nem mesmo a respeito da Pessoa do próprio Jesus Cristo, que para uns é consubstancial ao Pai, mas para outros não. Se neste ponto central do Cristianismo ´ a Pessoa de Jesus Cristo ´ não há acordo no protestantismo, imagine no resto… O próprio Lutero, amargurado, foi obrigado a reconhecer em 1525, apenas oito anos após o seu rompimento com a Igreja: ´Há tantas seitas e crenças quantas cabeças. Um não terá nada a fazer com o Batismo; outro nega o Sacramento; um terceiro acredita que há outro mundo entre este e o último dia. Alguns ensinam que Cristo não é Deus; uns dizem isto, outros dizem aquilo. Não há rústico, por mais rude que seja, que, se sonhar ou fantasiar alguma coisa não deva ser o sussurro do Espírito Santo, e ele próprio um profeta´ (Martinho Lutero, John A. O’ Brien, Ed. Vozes, 1959, p.32).

Para mostrar o quanto Lutero foi incoerente na defesa do ´livre exame da Bíblia´, cito o que diz O’ Brien: ´Lutero começou declarando que a Bíblia podia ser interpretada por qualquer um ´até mesmo pela humilde criada do moleiro; antes, até por uma criança de nove anos´. Mais tarde, no entanto, quando os Anabatistas, Zwinglianos e outros contrariaram as suas vistas, a Bíblia tornou-se para ele ´um livro de heresias´, muito obscuro e difícil de entender´ ( idem, p.32). Nos relata O’ Brien que, em Ingolstadt, em 1577, trinta e um anos após a morte de Lutero (1546), Cristovão Rasperger citava duzentas interpretações diferentes das quatro palavras da consagração: ´Isto é o Meu corpo´; interpretações sustentadas pelos seguidores da Reforma (The Faith of Millions, J. A. O’ Brien, Ind.1938, p.227). Que confusão! É preciso dizer também que, embora Lutero colocasse a Bíblia como ´a única fonte da fé´, desprezando a Tradição e o Magistério, no entanto, quando a sua teoria da ´salvação somente pela fé´, sem necessidade das obras, se chocou com as palavras da Epístola de S. Tiago (´sem obras a fé é morta´, Tg 2,26), Lutero a rejeitou de todo e a chamou de ´uma verdadeira epístola de palha´(idem p.16). Onde estava o seu respeito pela Bíblia?… Como, então, as bíblias protestantes ainda mantém nela a Epístola de S.Tiago? Jamais as igrejas evangélicas conseguiriam chegar a um único Símbolo de Fé, um só Credo.

A Igreja católica, por outro lado, porque se manteve fiel a Cristo, apesar dos pecados dos seus filhos, professa uma só fé, um só batismo, um só Senhor. Como disse D. Estevão há uma nostalgia de unidade entre os irmãos separados. Mas eles só a encontrarão ao retornarem ao seio da Igreja Una, Santa, Católica e Apostólica, fundada por Jesus sobre a Rocha de Pedro. E nós católicos esperamos por essa hora e rogamos ao Espírito Santo que a apresse, para que haja ´um só rebanho e um só pastor´ (Jo 10,16). É fácil notar que o esfacelamento do protestantismo, cada vez maior, tem como causa a negação da Igreja, do Magistério e da Tradição apostólica, e o princípio estabelecido por

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Lutero, de que a única fonte de fé é a Bíblia, interpretada segundo ´livre exame´ de cada um. Dessa ´leitura livre´ da Bíblia, cada qual tira a conclusão que quer, a que lhe seja mais oportuna e cômoda, até aquela de fundar ´nova igreja´ dirigida pelo seu fundador, contra o que Jesus determinou.

O Catolicismo tem a convicção de que a humanidade de Jesus é o grande Sacramento que salva a todos os homens, fazendo-se presente no Corpo de Cristo que é a Igreja e que leva a salvação a cada um através dos sete sacramentos. Todos os sacramentos, as verdades doutrinárias, as práticas de piedade, etc., chegaram até nós pela Tradição, oral, não escrita. Lentamente, sob o impulso do Espírito Santo, a Igreja foi descobrindo os sete sacramentos até ter uma visão nítida dos mesmos. Ao vencer cada heresia, especialmente nos grandes Concílios, foi-lhe sendo revelada o verdadeiro ´Símbolo dos Apóstolos´, o Credo. E assim, muitos outros assuntos, foram sendo, sob a inspiração do Espírito, conhecidos. Por exemplo, a necessidade e validade do Batismo ministrado às crianças; a não necessidade de ministrá-lo por imersão, mas apenas por infusão (derramamento) de água; a salutar veneração das imagens, ícones, gravuras sagradas; o casamento indissolúvel, o primado do Papa, o cânon da Bíblia como hoje o temos, diferente da bíblia protestante, o culto e a veneração dos santos (dulia) e à Nossa Senhora (hiperdulia), a santificação do domingo, o purgatório, a ordenação sacerdotal apenas de homens, a intercessão dos santos, a confissão auricular com o sacerdote, a santa missa, a Eucaristia, o celibato dos padres, os ritos litúrgicos, as grandes devoções populares (Sagrado Coração de Jesus, Rosário, Via Sacra, procissões, etc.), tudo chegou a nós através da Sagrada Tradição, confirmada e aprovada pela Igreja. Sem ela não teríamos toda a riqueza da nossa fé, e estaríamos privados de tantos meios de salvação. Só na Igreja católica está a plenitude desses meios.

Um ponto relevante a ser observado, mais uma vez, é a composição da Bíblia Católica, com 46 livros no AT (45, se contarmos Jr e Lm juntos) e 27 no NT; ao todo 72 ou 73. Garante-nos o Catecismo da Igreja e o Concílio Vaticano II que: ´Foi a Tradição apostólica que fez a Igreja discernir que escritos deviam ser enumerados na lista dos Livros Sagrados´ (DV 8) ( CIC,120). Portanto, sem a Tradição da Igreja não teríamos a Bíblia. Como então, dispensar a Tradição na sua interpretação? Como aceitar a existência da fruta e negar a árvore que a gerou? Sabemos que é o Espírito Santo quem guia a Igreja e fez com que na hesitação dos séculos II a IV a Igreja optasse pela Bíblia completa, a versão dos Setenta de Alexandria, o que vale até hoje para nós católicos.

Neste fato fundamental para a vida da Igreja (a Bíblia completa) vemos a importância da Tradição da Igreja, que nos legou a Bíblia como a temos hoje. Disse o último Concílio: ´Pela Tradição torna´se conhecido à Igreja o Cânon completo dos livros sagrados e as próprias Sagradas Escrituras são nelas cada vez mais profundamente compreendidas e se fazem sem cessar, atuantes´. (DV,8). Por fim, é preciso compreender que a Bíblia não define, ela mesma, o seu catálogo; isto é, não há um livro da Bíblia que diga qual é o índice dela. Assim, este só pode ter sido feito pela Tradição dos apóstolos, pela tradição oral que de geração em geração chegou até nós. Se negarmos o valor indispensável da Tradição, negaremos a autenticidade da própria Bíblia. São Clemente (88-97), Bispo de Roma, quarto Papa da Igreja, colaborador de São Paulo ( cf. Fil 4,3), na Carta aos Corintios, para debelar a rebelião dos fiéis contra os pastores,

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já no século I expunha as bases da Igreja, mostrando que Jesus Cristo recebeu todo o poder do Pai e incumbiu os Apóstolos de estabelecerem a Hierarquia. Assim, os Apóstolos cumpriram a ordem e puseram à frente das Igrejas, bispos, presbíteros e diáconos como auxiliares, tendo regulamentado a sua sucessão, com normas claras, para que, com a comunidade, fossem escolhidos sempre os melhores. Essas ´normas´ até hoje norteiam a vida da Igreja, é a expressão da tradição dos Apóstolos.

Um dos grandes Padres da Igreja, do século II, foi Santo Ireneu (†202); discípulo de São Policarpo (†156), grande bispo e mártir de Esmirna, que, por sua vez, foi discípulo de São João evangelista. Portanto, S. Irineu é herdeiro direto dos Apóstolos, e nos dá muitos testemunhos da importância da Tradição que recebeu deles. Vamos ver algo do que ele escreveu na sua grande obra ´Contra os Hereges´: ´Sendo nossas provas de tal monta, não é preciso ir procurar alhures a verdade, tão fácil de se haurir na Igreja, pois os Apóstolos, como num rico celeiro, aí depuseram a verdade em sua plenitude, a fim de que todo o que desejar possa tirar dela a bebida da vida…´ ´Pois bem, se ainda que apenas uma questão de detalhe provocasse discussão, não se haveria de renovar às Igrejas mais antigas, àquelas onde viveram os apóstolos, para se esclarecer a questão? E se os apóstolos não tivessem deixado quaisquer Escrituras, não se haveria de seguir a ordem da Tradição que eles legaram aos mesmos aos quais confiaram as igrejas?´ ´Assim, todos os que desejam a verdade podem perceber em qualquer igreja a tradição dos Apóstolos manifestada no mundo inteiro. E nós podemos enumerar os que os apóstolos instituíram como bispos nas igrejas, bem como suas sucessões até nossos dias´ (III, 3,1).

´A pregação da Igreja apresenta por todos os lados firme solidez, perseverando idêntica e beneficiando-se, como pudemos mostrar, com o testemunho dos profetas, apóstolos e seus discípulos, testemunho este que engloba o começo, o meio e o fim, isto é, a totalidade da ´economia´ de Deus e de sua operação infalivelmente ordenada à salvação do homem, fundamento de nossa fé. Eis porque esta fé, que recebemos da Igreja, guardamos com cuidado, como um depósito de grande valor, encerrado em vaso excelente e que, sob a ação do Espírito de Deus, se renova e faz renovar o próprio vaso que a contém. Pois como fora entregue o divino sopro ao barro modelado, foi confiado à Igreja o ´Dom de Deus´(Jo 4,10), afim de que todos os seus membros pudessem dele participar e ser por ele vivificados.

À Igreja foi entregue a comunhão com Cristo, isto é, o Espírito Santo, penhor da incorruptibilidade, confirmação de nossa fé e escada de nossa ascensão para Deus: ´na Igreja´, foi dito, ´Deus colocou apóstolos, profetas, doutores´ (1Cor12,1) e tudo o mais que pertence à operação do Espírito. Deste Espírito se excluem os que, recusando-se a aderir à Igreja, se privam a si mesmos da vida, por suas falsas doutrinas e depravadas ações. Porque onde está a Igreja está o Espirito de Deus, e onde está o Espírito de Deus está a Igreja e toda graça. Ora, o Espírito é Verdade. Assim, os que dele não participam são também os que não estão sendo nutridos e vivificados pelos peitos da Mãe, os que não têm parte na fonte límpida que brota do Corpo de Cristo, os que ´escavam cisternas dessecadas´(Jr2,13), buracos na terra, os que bebem a água poluída do pantanal. Eles fogem da Igreja para não serem desmascarados e rejeitam o Espírito para não serem instruídos. Tornando-se estranhos à verdade, é fatal

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que se precipitem em todo erro e pelo erro sejam sacudidos; fatal que pensem a cada momento diversamente sobre as mesmas coisas, nunca tendo doutrina estável, sendo sofistas de palavras mais que discípulos da verdade. Porque não estão fundados sobre a única Rocha, mas sobre a areia, a areia dos muitos saibros´ (Contra as Heresias, liv.III,24,1).

Neste texto de Santo Irineu você tem uma mostra clara do que é a Tradição da Igreja e sua importância. Torne a lê-la cuidadosamente. Nesta mesma obra Santo Irineu apresenta a primeira lista dos doze primeiros Papas da Igreja, até o décimo segundo, até Eleutério, Papa do seu tempo: ´Ora, dado que seria demasiado longo… enumerar as sucessões de todas as Igrejas, tomaremos a máxima igreja, muito antiga e conhecida de todos, fundada e construída em Roma pelos dois gloriosíssimos apóstolos Pedro e Paulo; mostraremos que a tradição que ela tem, dos mesmos, e a fé que anunciou aos homens, chegaram até nós por sucessões de bispos´… ´Porque, é com esta Igreja (de Roma), em razão de sua mais poderosa autoridade de fundação, que deve necessariamente concordar toda a Igreja… na qual sempre se conservou a tradição que vem dos Apóstolos´. ´Depois de ter fundado e edificado a Igreja, os bem´aventurados apóstolos transmitiram a Lino o cargo do episcopado… Anacleto o sucedeu. Depois, em terceiro lugar a partir dos apóstolos, é a Clemente que cabe o episcopado. Ele tinha visto os próprios apóstolos, estivera em relação com eles; sua pregação ressoava-lhe aos ouvidos; sua tradição estava presente ainda aos seus olhos. Aliás ele não estava só, havia em sua época muitos homens instruídos pelos apóstolos…

À Clemente sucede Evaristo; à Evaristo, Alexandre; em seguida… Sixto, depois Telésforo, também glorioso por seu martírio; depois Higino, Pio, Aníceto, Sotero… Eleutério em 12º lugar a partir dos Apóstolos´. ´É nesta ordem e sucessão que a tradição dada à Igreja desde os apóstolos, e a pregação da verdade, chegaram até nós. E está aí uma prova muito completa de que é única e sempre a mesma, a fé vivificadora que, na Igreja desde os Apóstolos, se conservou até o dia de hoje e foi transmitida na verdade´ (III, 2,2).

O Catecismo da Igreja fala também da importância da Tradição. Logo no início da sua apresentação, o Papa João Paulo II diz: ´Guardar o depósito da fé é a missão que o Senhor confiou à Sua Igreja e que ela cumpre em todos os tempos´ (FD, introdução). Com essas palavras o Papa nos ensina que a missão por excelência da Igreja é ´guardar´ intacta a mensagem que recebeu de Jesus, e que salva a humanidade. O Catecismo ensina que a Tradição consiste em tudo aquilo ´que vem dos apóstolos e transmite o que estes receberam do ensinamento e do exemplo de Jesus e o que receberam através do Espírito Santo´ (CIC, 83).

Autor: Frei Fernando, OFM Conv.

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Por que a Bíblia católica é diferente da protestante? POR: APOSTOLADO SPIRITUS PARACLITUS | DOM , 12 DE JUNHO DE 2011

A bíblia protestante tem apenas 66 livros porque Lutero e, principalmente os seus seguidores, rejeitaram os livros de Tobias, Judite, Sabedoria, Baruc, Eclesiástico (ou Sirácida), 1 e 2 Macabeus, além de Ester 10,4-16; Daniel 3,24-20; 13-14.A razão disso vem de longe.

No ano 100 da era cristã os rabinos judeus se reuniram no Sínodo de Jâmnia (ou Jabnes), no sul da Palestina, a fim de definirem a Bíblia Judaica. Isto porque nesta época começava a surgir o Novo Testamento com os Evangelhos e as cartas dos Apóstolos, que os Judeus não aceitaram.Nesse Sínodo os rabinos definiram como critérios para aceitar que um livro fizesse parte da Bíblia, o seguinte:

(1) deveria ter sido escrito na Terra Santa;

(2) escrito somente em hebraico, nem aramaico e nem grego;

(3) escrito antes de Esdras (455-428 a.C.);

(4) sem contradição com a Torá ou lei de Moisés.

Esses critérios eram nacionalistas, mais do que religiosos, fruto do retorno do exílio da Babilônia. Por esses critérios não foram aceitos na Bíblia judaica da Palestina os livros que hoje não constam na Bíblia protestante, citados antes.

Acontece que em Alexandria no Egito, cerca de 200 anos antes de Cristo, já havia uma forte colônia de judeus, vivendo em terra estrangeira e falando o grego. Os judeus de Alexandria, através de 70 sábios judeus, traduziram os livros sagrados hebraicos para o grego, entre os anos 250 e 100 a.C, antes do Sínodo de Jâmnia (100 d.C). Surgiu assim a versão grega chamada Alexandrina ou dos Setenta. E essa versão dos Setenta, incluiu os livros que os judeus de Jâmnia, por critérios nacionalistas, rejeitaram.

Havia então no início do Cristianismo duas Bíblias judaicas: uma da Palestina (restrita) e a Alexandrina (completa – Versão dos LXX). Os Apóstolos e Evangelistas optaram pela Bíblia completa dos Setenta (Alexandrina), considerando canônicos os livros rejeitados em Jâmnia. Ao escreverem o Novo Testamento usaram o Antigo Testamento, na forma da tradução grega de Alexandria, mesmo quando esta era diferente do texto hebraico.

O texto grego “dos Setenta” tornou-se comum entre os cristãos; e portanto, o cânon completo, incluindo os sete livros e os fragmentos de Ester e Daniel, passou para o uso dos cristãos.

Das 350 citações do Antigo Testamento que há no Novo, 300 são tiradas da Versão dos Setenta, o que mostra o uso da Bíblia completa pelos apóstolos. Verificamos também que nos livros do Novo Testamento há citações dos livros que os judeus nacionalistas da Palestina rejeitaram. Por exemplo: Rom 1,12-32

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se refere a Sb 13,1-9; Rom 13,1 a Sb 6,3; Mt 27,43 a Sb 2, 13.18; Tg 1,19 a Eclo 5,11; Mt 11,29s a Eclo 51,23-30; Hb 11,34 a 2 Mac 6,18; 7,42; Ap 8,2 a Tb 12,15.

Nos séculos II a IV houve dúvidas na Igreja sobre os sete livros por causa da dificuldade do diálogo com os judeus. Finalmente a Igreja, ficou com a Bíblia completa da Versão dos Setenta, incluindo os sete livros.

Por outro lado, é importante saber também que muitos outros livros que todos os cristãos têm como canônicos, não são citados nem mesmo implicitamente no Novo Testamento. Por exemplo: Eclesiastes, Ester, Cântico dos Cânticos, Esdras, Neemias, Abdias, Naum, Rute.

Outro fato importantíssimo é que nos mais antigos escritos dos santos Padres da Igreja (Patrística) os livros rejeitados pelos protestantes (deutero-canônicos) são citados como Sagrada Escritura. Assim, São Clemente de Roma, o quarto Papa da Igreja, no ano de 95 escreveu a Carta aos Coríntios, citando Judite, Sabedoria, fragmentos de Daniel, Tobias e Eclesiástico; livros rejeitados pelos protestantes.

Ora, será que o Papa S. Clemente se enganou, e com ele a Igreja? É claro que não. Da mesma forma, o conhecido Pastor de Hermas, no ano 140, faz amplo uso de Eclesiástico, e do 2 Macabeus; Santo Hipólito (†234), comenta o Livro de Daniel com os fragmentos deuterocanônicos rejeitados pelos protestantes, e cita como Sagrada Escritura Sabedoria, Baruc, Tobias, 1 e 2 Macabeus.

Fica assim, muito claro, que a Sagrada Tradição da Igreja e o Sagrado Magistério sempre confirmaram os livros deuterocanônicos como inspirados pelo Espírito Santo.

Vários Concílios confirmaram isto: os Concílios regionais de Hipona (ano 393); Cartago II (397), Cartago IV (419), Trulos (692). Principalmente os Concílios ecumênicos de Florença (1442), Trento (1546) e Vaticano I (1870) confirmaram a escolha.

No século XVI, Martinho Lutero (1483-1546) para contestar a Igreja, e para facilitar a defesa das suas teses, adotou o cânon da Palestina e deixou de lado os sete livros conhecidos, com os fragmentos de Esdras e Daniel.

Sabemos que é o Espírito Santo quem guia a Igreja e fez com que na hesitação dos séculos II a IV a Igreja optasse pela Bíblia completa, a versão dos Setenta de Alexandria, o que vale até hoje para nós católicos. Lutero, ao traduzir a Bíblia para o alemão, traduziu também os sete livros (deuterocanônicos) na sua edição de 1534, e as Sociedades Biblícas protestantes, até o século XIX incluíam os sete livros nas edições da Bíblia.

Neste fato fundamental para a vida da Igreja (a Bíblia completa) vemos a importância da Tradição da Igreja, que nos legou a Bíblia como a temos hoje. Disse o último Concílio: “Pela Tradição torna-se conhecido à Igreja o Cânon completo dos livros sagrados e as próprias Sagradas Escrituras são nelas cada vez mais profundamente compreendidas e se fazem sem cessar, atuantes. Assim o Deus que outrora falou, mantém um permanente diálogo com a Esposa de seu

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dileto Filho, e o Espírito Santo, pelo qual a voz viva do Evangelho ressoa na Igreja e através da Igreja no mundo, leva os fiéis à verdade toda e faz habitar neles copiosamente a Palavra de Cristo” (DV,8).

Por fim, é preciso compreender que a Bíblia não define, ela mesma, o seu catálogo; isto é, não há um livro da Bíblia que diga qual é o Índice dela. Assim, este só pôde ter sido feito pela Tradição Apostólica oral que de geração em geração chegou até nós.

Se negarmos o valor indispensável da Tradição, negaremos a autenticidade da própria Bíblia.

Autor: Por Prof. Felipe Aquino

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BÍBLIA CATÓLICA E A PROTESTANTE – Porque existem as divergências mesmo entre os cristãos POR: D. ESTÊVÃO BETTENCOURT | SEX , 15 DE ABRIL DE 2011

Os livros da Bíblia começaram a ser escritos esporadicamente desde os tempos anteriores a Moisés. Moisés foi o primeiro codificador das tradições orais e escritas de Israel. Desde o século XIII a.c. foram sendo acrescidos novos escritos sem que os judeus se preocupassem com a catalogação dos mesmos.

Entretanto, no século I d.c. começaram a aparecer os livros cristãos que se apresentavam como a continuação dos livros sagrados dos judeus. Eles, porém, trataram de impedir a aglutinação de livros judeus e cristãos. Assim, reuniram-se no ano 100 d.c. para estabelecer critérios que caracterizassem os livros inspirados por Deus:

· O livro sagrado não pode ter sido escrito fora de Israel.

· Não em língua aramaica ou grega, mas somente em hebraico.

· Não depois de Esdras (458-428 a.c.)

· Não em contradição com a Torá.

Assim, os judeus da Palestina definiram seu cânon. No entanto, em Alexandria (Egito) havia próspera colônia judaica que não adotou esses critérios nacionalistas. Estes judeus chegaram a traduzir os livros sagrados hebraicos para o grego em 250 a 100 a.c.(versão grega dita “Alexandrina” ou “dos Setenta”). Essa edição grega da Bíblia continha livros que os judeus da palestina não aceitaram, mas que os de Alexandria liam como Palavra de Deus. São eles: Tobias, Judite, Sabedoria, Baruque, Eclesiástico, 1 e 2 Macabeus, além de Ester 10,4-16,24 e Daniel 3,24-90 e 13-14.

Havia 2 cânones entre os judeus no início da era cristã: o restrito da Palestina e o amplo de Alexandria. Ora, acontece que os apóstolos, ao escreverem o NT em grego, citavam o AT, usando a tradução grega de Alexandria, mesmo quando esta diferia do texto hebraico. Este fato pode ser comprovado pelas seguintes passagens: Mt 1,23 com Is 7,14; Hb 10,5 com Sl 40,7; At 15,16 (Am 9,11s) e outros. O texto grego tornou-se comum entre os cristãos e o cânon amplo, incluindo os 7 livros citados, passou para o uso dos cristãos.

Verifica-se ainda que nos escritos do NT há citações implícitas desses livros: Rm 13,1 com Sb 6,3; Mt 27,43 com Sb 2,13.18; Ap 8,2 com Tb 12,15 e outros. Por outro lado, deve-se notar que livros aceitos por todos os cristãos como canônicos (a saber, Eclesiastes, Ester, Cântico dos Cânticos, Esdras, Neemias, Abdias e Naum) não são, nem implicitamente, citados no NT.

Nos mais antigos escritos patrísticos são citados esses 7 livros como Escritura Sagrada. Clemente, em 95, na epístola aos Coríntios cita Jt, Sb e fragmentos

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de Dn, Tb e Eclo. O Pastor de Hermas, em 140, faz amplo uso de Eclo e 2Mac (cf. Semelh. 5,3.8; Mand. 1,1…). Hipólito, em 235, comenta o livro de Daniel com os fragmentos, cita como Escritura Sagrada Sb, Br e utiliza Tb e 1 e 2 Mac.

Nos séculos II/IV houve dúvidas entre os escritores cristãos, pois alguns se valiam da autoridade dos judeus de Jerusalém para hesitar. Finalmente, prevaleceu na Igreja que o cânon do AT deveria seguir o de Alexandria, adotado pelos apóstolos. Sabemos que, das 350 citações do AT no NT, 300 são tiradas da versão grega. Assim, Os Concílios de Hipona (393), Cartago III (397), Cartago IV (419) e Trulos (692) definiram sucessivamente o cânon amplo como sendo o da Igreja. Esta definição foi repetida nos Concílios de Florença (1442), Trento (1546) e Vaticano I (1870).

São Jerônimo foi uma voz destoante deste conjunto. Tendo ido do ocidente para Belém da Palestina, a fim de aprender o hebraico, assimilou também o modo de pensar dos rabinos da Palestina neste particular.

No século XVI, porém, Martinho Lutero (1483-1546), querendo contestar a Igreja, resolveu adotar o cânon dos judeus da Palestina. É por isso que a Bíblia dos protestantes não têm os 7 livros e os fragmentos que a Bíblia católica possui. Estes livros eram tão usados pelos cristãos, que o próprio Lutero os traduziu para o alemão em 1546. As Sociedades Bíblicas protestantes até o séc. XIX incluíam esses livros em suas edições. Os próprios rabinos serviam-se do Eclesiástico até o séc. X como Escritura Sagrada. 1Mc era lido na festa de Encênia. Baruque era lido nas sinagogas no séx IV d.c.

O Catálogo dos livros do NT também foi controvertido na Igreja antiga, mas hoje é unanimemente reconhecido por todos os cristãos. Os livros controvertidos foram: Hb, Apc, 2Pd, Jd e 2/3Jo. Vejamos os motivos:

Hebreus: a Carta não indica nem autor, nem destinatário. Os cristãos orientais a tinham como paulina, os ocidentais, não. No séc III, os novacianos rigoristas (que ensinavam haver pecados irremissíveis) valiam-se de Hb 6,4-8 para propor sua tese errônea. Por isso, Hb foi relegada ao esquecimento até o séc IV quando S. Ambrósio e S. Agostinho a reconsideraram.

Apocalipse: Entre os orientais a autoria de São João era discutível. Além disso, uma facção “milenarista” apelava para Apc 20,1-15 para afirmar um reino milenar e pacífico de Cristo sobre a Terra antes do fim do mundo. Por isso, o Apc foi objeto de suspeitas e só reconhecido no séc. IV.

Tiago: Também era discutida a autoria deste escrito. E ele parecia contradizer a S. Paulo: a fé sem obras seria morta (Tg 2,14-24). Mas prevaleceu a canonicidade deste escrito perfeitamente conciliável com S. Paulo. Este afirma que a fé sem obras basta para entrarmos na amizade com Deus (ninguém compra a amizade). E Tiago quer dizer que ninguém persevera na graça se não pratica boas obras ou se não vive conforme a fé.

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Judas: Também foi discutida a autoria desta carta. Ela também cita os apócrifos: “Assunção de Moisés” (vs 9) e “Apocalipse de Henoque” (vs 14s), o que a tornou suspeita. Mas Paulo, em Tt 1,12 e At 17,18 também cita escritores gregos sem que, por isso, fosse excluído do cânon.

2 Pedro: Aparentemente, trata-se de uma reedição ampliada da carta de Judas. Por isso, sofreu as mesmas suspeitas da carta de Judas.

2/3 João: Por serem pequenos bilhetes, de pouco conteúdo teológico.

Porém, em 8 de outubro de 393 o Concílio de Hipona definiu, pela primeira vez, o cânon completo da Bíblia, que é a mesma professada hoje pela Igreja católica. Eis a redação dada pelo Concílio:

“Além das Escrituras canônicas, nada seja lido na Igreja a título de Divinas Escrituras. Tais são as Escrituras Canônicas: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números, Deuteronômio, Josué filho de Num, Juízes, Rute, 4 livros dos Reinos, 2 livros dos Paralipômenos, Jó, o Saltério de Davi, 5 livros de Salomão, 12 livros dos Profetas, Isaías, Jeremias, Daniel, Ezequiel, Tobias, Judite, Ester, 2 livros de Esdras, 2 livros dos Macabeus. E do NT: 4 livros dos Evangelhos, o livro dos Atos dos Apóstolos, 13 epístolas de Paulo Apóstolo, uma do mesmo aos Hebreus, 2 de Pedro, 3 de João, 1 de Tiago, 1 de Judas, o Apocalipse de João.”

OBS: Os 4 livros dos Reinos são os 2 de Samuel e 2 dos Reis. Os 2 de Paralipômenos são os 2 de Crônicas. Os 5 de Salomão são: Provérbios, Cântico dos Cânticos, Eclesiastes, Eclesiástico e Sabedoria. O livro de Baruque é tido como apêndice do de Jeremias.

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Pensamentos Católicos contra os hereges POR: APOSTOLADO SPIRITUS PARACLITUS | SEX , 21 DE JANEIRO DE 2011

“Cristão é meu nome e Católico é meu sobrenome. Um me designa, enquanto o outro me especifica. Um me distingue, o outro me designa. É por este sobrenome que nosso povo é distinguido dos que são chamados heréticos.” São Paciano de Barcelona, Carta a Sympronian, 375 D.C.

Mantenha-se sempre do lado da Igreja Católica, porque só Ela pode lhe dar paz verdadeira, posto que só Ela possui Jesus no Santíssimo Sacramento, o verdadeiro Príncipe da Paz.” Santo Padre Pio…

“A Igreja Católica compreende seus antagonistas, seus antagonistas não entendem a Igreja Católica” Hilaire Belloc, As Grandes Heresias…

“Guias cegos! Filtrais um mosquito e engolis um camelo.” Mateus 23,24…

“A Fé Católica não ensina o que pensávamos que ensinava e A acusávamos inutilmente de fazê-lo”. Santo Agostinho, Confissões, 6,11, 400 A.D.

“Os heréticos condenam-se a si mesmos já que por própria opção abandonam a Igreja, um abandono que, sendo consciente, torna-se sua condenação .” São Jerônimo Comentários acerca de Titus, 3,10 386 A.D.

“Aonde está Pedro, aí está a Igreja.” Santo Ambrósio de Milão, Nos doze Salmos 381 A.D.

“Um homem Cristão é Católico enquanto vive no corpo; decepado deste, torna-se um herege. O Espírito não segue um membro amputado.” Santo Agostinho.

“A Igreja Católica sempre tem o que falta ao mundo” G.K. Chesterton…

“Quando o mundo está errado, prova que a Igreja está certa.” G.K. Chesterton…

“É contraditório que um Protestante aceite a Bíblia e rejeite a autoridade da Igreja Católica que lha deu.” Anônimo…

“Ao atacar a Igreja Católica, Protestantes estão cortando suas próprias raízes.” Autor Desconhecido…

“As Igrejas Protestantes têm canções e orações. As Igrejas Católicas têm canções, orações e sacrifício.” Dr. Scott Hahn…

“Nenhum Protestante deveria citar a Escritura, porque ele não tem meios de saber quais são os livros inspirados; a menos que, é claro, queira aceitar a autoridade da Igreja Católica com relação à essa questão.” Fr. William Most…

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“Graças a Igreja Católica, a autoridade e a integridade da Bíblia se manteve intacta.” Autor Desconhecido…

“A Igreja Católica tem a Verdade em plenitude.”

“Todo vocês devem seguir a liderança do bispo, como Jesus Cristo seguiu a do Pai; seguir o presbitério como seguiriam os Apóstolos; reverenciar os diáconos como reverenciariam os mandamentos de Deus. Não permitam que ninguém toque na Igreja, a não ser o bispo ou alguém enviado por ele. Onde está o bispo, é onde o povo deve estar, assim como onde Jesus Cristo está, igualmente está a Igreja Católica. Sem a autorização do bispo, não é permitido batizar ou organizar um culto; mas tudo que ele aprova é também agradável a Deus. Se agirem assim, tudo que fizerem será isento de perigo e válido.” Santo Inácio de Antioquia, Carta aos Cristãos de Esmirna, 107 A.D..

“Pelo que foi dito, então, parece-me claro que a verdadeira Igreja, aquela que é realmente antiga, é uma só; e dela participam aqueles que, em acordo com o que foi determinado, são justos… Dessa forma dizemos que em substância, conceito, origem e imanência, antiga, Igreja Católica está só, juntando como o faz na unidade de uma fé que resulta de alianças familiares, – ou melhor dizendo, de uma aliança em eras distintas, pela vontade do DEUS uno e através de um Senhor, – aqueles que já foram escolhidos, aqueles predestinados por DEUS, que sabia desde a criação do mundo que eles seriam justos.San Clemente de Alexandria, Estromata (Miscelânia), 202 A.D..

“Portanto, a Igreja Católica é a única que retém o verdadeiro culto. Esta é a fonte da verdade; esta, o domicílio da fé; o templo de DEUS. Quem quer que não entre nela ou não saia daqui é um alienado em termos de esperança de vida e salvação… Porque, , ao contrário disso, todos os vários grupos de hereges têm confiança de que são os Cristãos, e pensam que a Igreja Católica é deles. Que se saiba que a verdadeira Igreja é na qual há confissão e penitência, e que cuida de maneira salutar dos pecados e das mágoas aos quais os fracos na carne estão sujeitos. Lactantius, As Instituições Divinas, 304 A.D..

“Levemos em conta que a própria tradição, ensinamento e fé da Igreja Católica, desde o princípio, dadas pelo Senhor, foi pregada pelos Apóstolos e foi preservada pelos Pais. Nisto foi fundada a Igreja; e se alguém se afasta dela, não é e nem deve mais ser chamado Cristão.” Santo Atanásio, Carta a Serapião de Thmuis, 359 D.C..

“Eu não deveria acreditar no Evangelho a não ser que este seja movido pela autoridade da Igreja Católica.” Santo Agostinho de Hipona, Contra a Carta de Mani, 397 D.C.

“A Igreja é Santa, a Única Igreja, a Verdadeira Igreja, a Igreja Católica, lutando sempre contra todas as heresias. Ela pode lutar, mas não pode ser derrotada. Todas as heresias são expulsas por Ela, como os galhos pendentes

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são arrancados de uma vinha. Ela permanece presa à sua raiz, em Sua vinha, em Seu amor. As portas do inferno não prevalecerão contra ela”

Santo Agostinho de Hipona, Sermão aos Catecúmenos sobre o Credo, 6,14, 395 D.C.

Fonte: Vocacionados Menores

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Infabilidade Papal POR: IVANILDO OLIVEIRA MACIEL JUNIOR | SEG , 27 DE SETEMBRO DE 2010

“O Romano Pontífice, quando fala “ex-cathedra”, isto é, quando no exercício de seu oficio de Pastor e mestre de todos os cristãos, em virtude de sua suprema autoridade apostólica, define uma doutrina de fé ou costumes que deve ser sustentada por toda a Igreja, possui, pela assistência Divina que lhe foi prometida no bem-aventurado Pedro, aquela infabilidade da qual o Divino Redentor quis que gozasse a sua Igreja na definição da doutrina de Fé e costumes. Por isto ditas definições do Romano Pontífice são em si mesmas, e não pelo consentimento da Igreja, irreformáveis.” (Conc. Vaticano I, 18 de julho de 1870, Pelo Papa Pio IX)

Jesus garantiu a Pedro (Mt 16,18) juntamente com os apóstolos (Mt 18,18), que tudo o que ligassem ou desligassem na terra, Ele confirmaria no céu, pois estando Ele na Igreja pelo Espírito Santo não permitiria que a Igreja ligasse ou desligasse na terra, algo errado, que comprometesse a salvação dos homens, em termos de doutrina apenas. Esta é a primazia da infabilidade.

“Goza desta infabilidade o Pontífice Romano, chefe do colégio dos Bispos, por força de seu cargo quando, na qualidade de Pastor e doutor supremo de todos os fiéis, e encarregado de confirmar seus irmãos na fé, proclamar, por um ato definitivo, um ponto de Doutrina que concerne à Fé e aos costumes… A infabilidade prometida à Igreja reside também no Corpo Episcopal quando este exerce seu Magistério supremo em união com o sucessor de Pedro, sobretudo em um Concílio Ecumênico.” (LG 25; Cf. Vaticano I; Ds 3074)

É necessário que não se esqueça que a infabilidade se retringe aos assuntos de fé (doutrina) e de moral (costumes), ou seja, a Igreja não possui a infabilidade nos outros assuntos como: economia, política, matemática, física, etc…

É preciso ter a exata noção que “infabilidade” não quer dizer “impecabilidade”. A Igreja é e será eternamente Santa porque seu fundador é e será eternamente Santo, é Santa porque o Espírito Santo de Deus é sua alma mas, é formada por homens pecadores que podem errar. No entanto, os pecados dos seus filhos não a impedem de ser infalível na sua tarefa de ensinar.

“Para manter a Igreja na pureza da fé transmitida pelos apóstolos, Cristo quis conferir à sua Igreja uma participação em sua própria infabilidade, Ele que é a verdade. Pelo “sentido sobrenatural da fé”, o Povo de Deus “se atém indefectivelmente à fé”, sob a guia do Magistério vivo da Igreja.” (C.I.C. 889)

Em meados do século XIX, o célebre Cardeal Newman, defendendo a infabilidade papal (ou “infabilidade da Igreja”) dizia que: “é como uma medida adotada pela misericórdia do Criador para preservar a verdadeira religião no mundo e para refrear aquela liberdade de pensamento que evidentemente, em si mesma, é um dos nossos dons naturais, mas que urge salvar de seus próprios excessos suicidas.”

Exemplos de documentos Papais Infalíveis:

Os Teólogos Católicos concordam que ambas as cartas apostólicas do Papa Pio IX de 1854 que definiu o dogma da Imaculada Conceição de MARIA, e do Papa Pio XII de 1950 que definiu o dogma da Assunção de MARIA são

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exemplos da infabilidade papal, um fato que foi confirmado pelo Magistério da Igreja.

O Teólogo e Historiador da Igreja Católica Klaus Schatz fez um estudo completo, publicado em 1985 que identificou a seguinte lista de documentos ex-cathedra:

• Carta do Papa Leão I, de 449, sobre as duas naturezas em Cristo, recebida pelo Concílio de Calcedônia;

• Carta do Papa Agatão, de 680, sobre a vontade de Cristo, recebida pelo terceiro Concílio de Constantinopla;

• Benedictus Deus, Papa Bento XII, de 1336, sobre o julgamento final;

• Cum occasione, Papa Inocêncio X, de 1653, condenando cinco proposições de Cornélio Jansen como heréticas;

• Auctorem Fidei, Papa Pio VI, de 1794, condenando sete proposições jansenistas do Sínodo de Pistoia como heréticos;

• Ineffabilis Deus, Papa PIio IX, de 1854, definindo a Imaculada Conceição de Maria;

• Munificentissimus Deus, Papa Pio XII, de 1950, definindo a assunção de Maria;

A Santa Igreja em mais de dois mil anos, nunca revogou um dos dogmas. A Igreja Católica já realizou 21 concílios Ecumênicos, um por século na média, reunião que o Papa faz com todos os bispos do mundo e nunca, em mais de dois mil anos de história, revogou uma verdade de fé que outro anteriormente tenha solenemente proclamado. Isso mostra que o Espírito Santo assiste o Papa, pessoalmente, na proclamação da verdade de fé, ainda que seja um pecador. O pecado é do homem, a infabilidade é do

Papa, assistido pelo Espírito de Jesus:

“Eu rogarei ao Pai, e Ele vos dará outro Paráclito (defensor), para que fique eternamente convosco. É o Espírito da Verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê nem o conhece, mas vós o conhecereis, porque permanecerá convosco e estará em vós.” (Jo 14,15-17)

Um pouco depois Jesus ainda disse:

“Disse-vos estas coisas enquanto estou convosco. Mas o Paráclito, O Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, ensinar-vos-á todas as coisas e recordará tudo que vos tenha dito.” (Jo 14,25)

E para finalizar Jesus concluiu:

“Muitas coisas ainda tenho a dizer-vos, mas não as podeis suportar agora. Quando vier o Paráclito, o Espírito da Verdade, ensinar-vos-á toda a verdade (…).” (Jo 16,12-13)

Por tudo isso a Igreja Católica em seu múnus de ensinar na unidade indivisível instituída pelo próprio Cristo em sua Igreja, consolidando com isso todas as promessas feitas por Deus e firmando a fé de todos os fiéis:

“Porque é com essa Igreja (de Roma), em razão de sua mais poderosa autoridade de fundação, que deve necessariamente concordar toda a Igreja, isto é, que devem concordar os fiéis procedentes de qualquer parte, ela, na

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qual sempre, em benefício dos que procedem de toda parte, se conservou a Tradição que vêm dos Apóstolos. (Sto. Irineu, 202; Contra as heresias)

“Santo dia em que fui batizado “no seio maternal” desta Igreja, pois desde esse dia também herdei todas essas verdades.”

Citações:

Catecismo da Igreja Católica (C.I.C.);

Por que Sou Católico/Felipe Rinaldo Queiroz de Aquino – 14º Ed. – Lorena: Cléofas, 2008.

Bate – Papo com um “Crente” (Pequeno dicionário Apologético) – Pe. Lino Simonelli – PIME

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Resposta às afirmações de uma testemunha de Jeová POR: APOSTOLADO SPIRITUS PARACLITUS | QUI , 11 DE AGOSTO DE 2011

Enviado por Joana(nome fictício)

Religião: Testemunha de Jeová

Estado: MG – Minas Gerais

MENSAGEM 1 - Bom, na minha opinião não se deve dizer algo do qual não se tenha total certeza. Li no seu site que testemunhas de Jeová não crêm em Jesus como salvador e que são uma ceita. A verdade é que você (que falou essa MENTIRA) está TOTALMENTE ERRADO sobre nós. CREMOS que JESUS é o nosso salvador, e ele foi enviado por nosso Deus e Maravilhoso pai JEOVÁ para morrer por nós e pagar pelos pecados que nós cometemos. Se não fosse por JESUS não teríamos conhecimento nem esperança da VIDA ETERNA. Nós também não somos uma ceita como você disse. Somos apenas praticantes da BÍBLIA ( a palavra de Deus), estudamos a bíblia; fazemos uso de seus ensinamentos e orientações e ensinamos a outras pessoas o que nos é ensinado através da bíblia. Não somos hereges como VOCÊ disse, apenas fazemos a vontade do nosso Deus e amoroso pai JEOVÁ, fazendo o possível para seguir o exemplo deixado por JESUS CRISTO, NOSSO SALVADOR E REI. Então POR FAVOR, PARE de FALAR MENTIRAS ÁS PESSOAS… não devemos cometer injustiças. Que JEOVÁ Deus e nosso SENHOR JESUS CRISTO te abençõe e proteja sempre… e que te dêem o verdadeiro conhecimento sobre o nosso único e verdadeiro Deus criado: JEOVÁ. Obrigada.

MENSAGEM 2 – Li sobre as Testemunhas de Jeová e vi que você( seja lá quem for) disse que não acreditamos em inferno. E NÃO acreditamos mesmo! Na BÍBLIA em momento algum aparece a palavra INFERNO, em momento algum nos é dito que alguém irá para o inferno, somente que o diabo e seus seguidores terão a destruição eterna ( ou morte eterna). Acho que você deveria primeiro saber mais sobre nós, para depois tirar suas próprias conclusões e opiniões. Não julgamos ninguém por serem católicos ou evangélicos apenas oferecemos nosso entendimento para ensinar outras pessoas seguindo sempre o exemplo do nosso SALVADOR JESUS CRISTO. Esse trabalho que fazemos é de bom coração pois queremos que assim como um dia nos foi ensinado a verdade, queremos passar essa verdade à outras pessoas para que tenham conhecimento do Deus verdadeiro que é o nosso Criador e Deus JEOVÁ. No mais, obrigada pela compreensão e que JEOVÁ e nosso SENHOR JESUS CRISTO te abençõe, proteja e te guie sempre.

Obs.: Devido a extensão das mensagens, diminuimos a fonte poupando espaço para a resposta.

RESPOSTA

Erich Hoffer, um grande estudioso na área do estudo da mente diz que no meio do protestantismo e das seitas, pessoas deixam-se facilmente serem levadas por um manipulador e tornam-se literalmente seguidores cegos, pessoas que querem livrar-se de suas capacidades, de seus potenciais. Elas procuram por respostas, significados e iluminação em coisas externas a si mesmas. Hoffer também diz que os “crentes” cegos são eternamente inseguros e incompletos, por fim ele os organiza em dois grupos decorrentes, os que tornam-se fanáticos ou fundamentalistas e, que ainda podem ser divididos em três classes: Primeira: as pessoas inseguras; Segunda: as mentalmente desequilibradas; Terceira: as solitárias, sem esperanças e amigos.

Particularmente para mim você encaixa-se nas três classes.

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Os fundadores de seitas (logo mais vos explicarei o motivo do uso da palavra seita) como a sua levam para suas denominações toda a ideologia persuasiva dos credos dos quais se desligaram formando um ciclo vicioso de persuasão e fanatismo. São fanáticos que geram mais fanáticos, que por sua vez produzem mais e mais fanáticos. Dentre as várias técnicas gostaria aqui de salientar duas: a Seleção e a Indução.

Na técnica da Seleção, o doutrinador seleciona cuidadosamente a informação para que os pontos destacados estimulem os leitores ou ouvintes para as conclusões que, esperam-se, eles atinjam. Isto é deliberadamente planejado para evitar ou desestimular raciocínios pessoais e avaliações independentes. Similar a esta é a técnica de indução, que é uma forma argumentativa aonde toda a evidência é planejadamente condicionada em uma seqüência fazendo com que no final a única conclusão, possível, seja aquela que o doutrinador que ver aceita.

Abordei isso primeiramente, antes de iniciar a contrapor suas fracas e ingênuas argumentações, para que você possa “olhar-se no espelho da Verdade” e refletir sobre o que realmente você acredita ser a Verdade. A partir de agora trataremos de seus argumentos enviados até nós.

1. Em primeiro lugar tudo o que escrevemos em forma de artigos, publicações ou respostas, passa, em geral, por uma profunda análise filosófica, sociológica, histórica, humana e teológica, tudo aquilo que disponibilizamos no ambiente do site é com absoluta certeza, sendo assim tenha a absoluta certeza de que o conteúdo por você lido foi escrito com absoluto exímio de veracidade e segurança, e não arredamos uma vírgula sequer daquilo que está escrito e a disposição no site, referente ao seu questionamento;

2. Em segundo lugar a única pessoa errada aqui é você, o que foi questionado no site não tem nada a ver com a relação salvífica de vocês com Cristo, e sim com o fato de vocês negarem a Sua Divindade (o que é uma heresia gravíssima), e se você desconhece as suas próprias origens doutrinais (que defendem que Jesus Cristo não é Deus) a culpa não é do Apostolado e sim comodidade sua;

3. Consideramos firmemente que vocês, Testemunhas de Jeová, caracterizam-se verdadeiramente como uma seita (e se escreve com “s” e não com “c”, como no email recebido por nós de sua parte) pois contêm erros e desvios gravíssimos em suas linhas doutrinais (alguns feitos de forma proposital) e de ideologia, o que diferem vocês de outras denominações protestantes, como por exemplo o erro citado acima, mas serei mais específico:

Em seu livro “Lavagem cerebral e Hipnose no meio Protestante”, Jaime Francisco de Moura, nos dá uma calorosa definição sobre “seita”, confira:

“Seita é uma dissidência ou um grupo fechado que julga estar o mundo corrupto, e pretende ter a verdade como patrimônio seu e solução para todos os problemas da humanidade. É uma fé e uma prática centralizada em doutrina falsa, que exige devoção para um ponto de vista, ou para um líder religioso. É

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uma grupo de indivíduos reunidos em torno de uma interpretação errônea da Bíblia, feita por uma ou mais pessoas. Na verdade é uma heresia organizada.”

Paulo Barbosa em seu artigo “Os seis estados da inteligência perante a verdade” descreve no primeiro momento algo muito interessante, veja:

“Estado de Ignorância – denominado também de nescientia, que é quando a inteligência não possui a verdade e nem se esforça por possuí-la, sendo, portanto, um estado puramente negativo, ou seja, uma ausência de relação da inteligência para com a realidade, uma ausência de adequação com o real.” (Disponível em: blog civilizacaoeambiente.blogspot.com)

Talvez você se identifique… Algumas coisas são tão visíveis que só não enxerga quem prefere permanecer na ignorância.

4. “A origem de onde nasceram freqüentemente e continuam nascendo as heresias é a seguinte: há mentes perversas e sem paz, que, discordando em sua perfídia, não podem suportar a unidade. (…) Mestres na arte de corromper a verdade, eles enganam com bocas de serpente, vomitando de suas línguas pestilentas peçonhas mortíferas. Os seus discursos brotam como chaga cancerosa, o trato com eles deixa no fundo de cada coração um veneno mortal”. (Capítulo X, como surgem a maldade e as heresias, Cipriano de Cartago, in “A Unidade da Igreja Católica”)

As únicas mentiras aqui são as afirmações contrárias usadas por você em suas infantis acusações. Por falar em mentiras, por que não tocar então nas várias (e frustrantes) tentativas de adivinhar o final do mundo encabeçado por seus fundadores? Outra coisa aqui a ser mencionada é que, de boas intenções o inferno (que daqui a pouco mostrarei que de fato EXISTE) está cheio, por isso acharia bom seu argumento não ser esse no momento que Cristo chegar novamente ao nosso meio para o Julgamento Final, e por ensinarem uma falsa doutrina permeada de conveniências humanas vocês também se caracterizam como hereges;

5. Sinceramente às vezes certos argumentos me fazem rir ao ponto de até achar engraçado a falta de exegese e de contexto que alguns de vocês possuem (e ainda se intitulam como estudiosos da Bíblia). Coitado de Nosso Senhor Jesus Cristo então, que teria de deixar tudo escrito, programado, planejado, confirmado, reconhecido por instituições credenciadas… e assim por diante, faça mil favores! Acaso você também esqueceu (ou você rasgou da sua “bíblia”) o que o próprio Cristo mostrou com sua vida e ensinamentos que, não poderia falar ou ensinar tudo de uma vez, já que naquele momento provavelmente seria demais para os discípulos (cf. João 16,12-13).

É contraditório que um Protestante aceite a Bíblia e rejeite a autoridade da Igreja Católica. Como veremos um ensinamento logo a seguir:

“Nenhum Protestante deveria citar a Escritura, porque ele não tem meios de saber quais são os livros inspirados; a menos que, é claro, queira aceitar a autoridade da Igreja Católica com relação à essa questão.” Frei William Most.

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Para a maioria de vocês o discurso é o seguinte: com o corpo morre também a alma, todos os mortos, bons e maus, ficam dormindo um longo sono. No fim do mundo, os bons ressuscitarão para a vida eterna e os maus serão aniquilados. Inferno não existe, e ainda afirmam isso usando a “bíblia” (mas acredito que só encontrem essas besteiras nas que vocês reescreveram).

Isso é muito criativo, devo até parabenizar… é de acordo com as aspirações da vida boa: Salário gordo e trabalho mínimo. Ou seja: quanto ao prêmio tudo bem: deve ser completo e eterno. Até um paraíso terrestre, um passatempo gostoso, não faria mal. Agora, gente, o castigo não: é muito mais cômodo o mau ser aniquilado, “desintegrado”. Comer, beber, roubar, adulterar até o fim e depois, um risco e tudo acaba numa tranquilíssima, eterna dormida… Uma Maravilha!

Mas vamos acordar dessa viagem na “maionese”. O famoso Sheol, o “poço” dos mortos dos hebreus, que vocês também escolheram para os seus, muito indefinido no começo, pouco a pouco foi se focalizando. Já Daniel (12,2) frisa que os mortos do Sheol ressuscitarão: os bons para a vida eterna e os maus para o “horror eterno”. Nada de aniquilação!

Mas na Bíblia (A Verdadeira), é o próprio Cristo quem diz a última Palavra. “Em verdade, te DIGO que HOJE estarás comigo no paraíso”. Foi o que disse Jesus ao ladrão arrependido. (Lc 23,43). Na parábola do rico e Lázaro, o destino se cumpre imediatamente, sem sonos intermediários: o Lázaro é elevado ao seio de Abraão e o rico sepultado no inferno. Um inferno com fogo. É o que se chama de “Juízo particular”, claramente mencionada na carta aos Hebreus (9,27): “… os homens morrem uma só vez, depois do que o julgamento”. Nos Evangelhos quase a cada página Jesus nos fala de um castigo eterno, de um fogo inestinguível (Mateus 3,12). Quem dera houvesse aniquilação, mas não há.

“Jesus anuncia em termos graves que “enviará seus anjos, e eles, erradicarão de seu Reino todos os escândalos e os que praticam a iniqüidade, e os lançarão na fornalha ardente (Mt 13,41-42), e que pronunciará a condenação: “Afastai-vos de mim, malditos, para o fogo Eterno!” (Mt 25,41). O Ensinamento da Igreja afirma a existência e a eternidade do inferno. (CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA, 1034-1035)

Portanto, está mais que provado que o Inferno existe.

6. Não apenas conhecemos sua história e evolução durante os anos como também fizemos um profundo trabalho de revisão perante o que foi abordado no artigo questionado por você, por isso, aqui reafirmo com ainda mais intensidade o que descrevi no primeiro ponto desta resposta a você. Enquanto a julgamento, não me faça rir de novo (desse jeito não conseguirei terminar de redigir sua resposta), você disse que não julgam ninguém por serem Católicos ou protestantes, engraçado, a pouco tempo recebi uma revista de uma de suas “irmãs de seita” intitulada “Sentinela da Manha, Os seis mitos do Cristianismo” (na verdade é Catolicismo, mas para “maquiar” e criar uma ilusória visão de “não ataque” a nós, colocaram isso) que ia de encontro à seis dos principais

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dogmas da Santa Igreja Católica, portanto não me venha com essa falácia de que não julgam ninguém, pois sua seita já chegou ao auge de nos intitular como “A prostituta das igrejas”, procure e você vai achar esse tremendo desrespeito. O que mostramos não refere-se a julgamento nenhum, mas somente ao anúncio da Verdade, que é o dever de qualquer cristão e quem tem de ser anunciada doa a quem doer.

7. Engraçado o fato de nos questionar quando intitulamos o fundador de sua seita como herege, quando o próprio difundiu heresias, afastando muitos da Igreja de Cristo. Para melhor esclarecer, buscarei o significado de heresia com a maior precisão possível, já que na modernidade tem sido usada de forma vaga e com muitos significados. Heresia nada mais é que “[...]distorcer um sistema por meio de uma “omissão”:”escondendo-se” uma parte da estrutura, o que implica que o esquema é desfigurado pela retirada de uma de suas partes, negando-se uma parte dele; quer deixando o vazio sem preenchimento, quer preenchendo-o com alguma outra afirmação.” (Hilare, 1953, p.14). No caso do jeovismo (como o chamam alguns estudiosos) que teve origem nos Estados Unidos da América por obra de Charles Taze Russell (1852-1916), não só cria afirmações maléficas e falsas, como também deixa vários espaços vazios – exemplo temos a volta de Cristo professado por seu fundador, que nunca aconteceu, mesmo depois de sua morte.

8. Nossa fraterna amiga diz acreditar unicamente em seu pai Jeová, sendo quem em nenhum manuscrito grego apresenta a palavra Jeova¹, e nem sequer encontramos no texto hebraico, como diremos a seguir. Não obstante, Jeová aparece no texto português de Mt 1,20.22..24; 2,13.15.19; 3,3; 4,4.7.10; 5,33… A lista continua até Ap 22,6. Ora este fato é verdadeira aberração lingüística. Com efeito. O nome Jehveh é o nome revelado por Deus a Moisés, conforme Ex 3,14s. Tornou-se muito freqüente no Antigo Testamento, onde ocorre 6.820 vezes, não, porém, no Cântico dos Cânticos, nem em Ester, nem no Eclesiastes. – Os hebreus só escreviam as consoantes J H V H, suprindo mentalmente as vogais a e.

Após o exílio (587-538 a.C.), porém, os judeus tendiam sempre mais a não pronunciar o santo nome de Deus, a fim de não correr o risco de o profanar; quando, pois, encontravam as quatro consoantes sagradas, pronunciavam Adonay (meu Senhor). Ora, nos séculos VI e seguintes após Cristo, os massoretas (rabinos judeus) quiseram colocar as vogais por escrito no texto bíblico; mas ao nome de J H V H não deram vogais, apenas escreviam na sua proximidade as vogais de A D O N A Y, a saber: a mudo (com pronúncia de e), o e a². Donde se fez Jehovah. Vê-se, pois, que o nome Jeová nem sequer está na Bíblia, mas resulta da combinação, feita pelos judeus medievais, dos nomes Jahveh e Adonay. Sendo assim fraterna irmã, os Testemunhas de Jeová já começam equivocado pelo nome.

Confesso que não gostamos muito de ter de escrever isso, pois estamos acostumados a receber questões mais elaboradas e que realmente trazem em sua base algum fundamento (ainda que falso ou conveniente) e que por sua vez nos exigem uma busca mais intensa e aprofundada de estudos, que não se reflete no seu caso. Sugiro que na próxima vez você tenha mais autocontrole e

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para refletir naquilo que escreve, ou então peça ajuda de algum dos seus “pastores”. Por conclusão, PARE de levar esses falsos ensinamentos à frente e tenha coragem de abrir seu coração verdadeiramente a uma profunda reflexão!

Estaremos em oração por você. A PAZ DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO!

Mendes Silva

Ivanildo Oliveira Maciel Junior

Apostolado Spiritus Paraclitus

Fontes de Pesquisa: 1. CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA (CIC)

2. Moura, Jaime Francisco de, Lavagem Cerebral e hipnose no meio Protestante, 1º edição, São José dos Campos, SP: Editora ComDeus, 2011

3. Bate Papo Com um “Crente”, Pe. Lino Simonelli, PIME

4. As grandes Heresias, Rj: Editora Permanência

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Creio na Santa Igreja ! POR: D. ESTÊVÃO BETTENCOURT | SEX , 24 DE SETEMBRO DE 2010

Esta profissão de fé dos Concílios de Nicéia I (325) e Constantinopla I (381) ressoa até hoje entre os fiéis católicos… E sempre a propósito. A Igreja é santa, porque, como diz o Apóstolo, é o Corpo de Cristo prolongado (cf. Cl 1,24); Cristo nela vive e garante a sua indefectibilidade e santidade. Ela é também dita, sob outro aspecto, "a Esposa sem mancha nem ruga, santa e irrepreensível" (Ef 5,27). É incessante a santidade da Igreja, porque é indissolúvel a sua união com Cristo.

Então como entender o pecado na Igreja? Visto que prolonga o mistério da Encamação, a Igreja é revestida de humanidade. Ela consta também de seres humanos frágeis e limitados, sujeitos a falhas, em demanda da plenitude da vida e da perfeição. Daí dizer-se com razão: "Igreja santa de homens pecadores" (Karl Rahner). Podemos até afirmar que a Igreja não existe sem pecadores. Mas Ela não tem pecado. O pecado existe na Igreja, mas não é da Igreja.

Com outras palavras: considerada segundo aquilo que a constitui propriamente, a Igreja não comete pecado, pois é constituída pelo mistério da Encarnação prolongada. 0 pecado se encontra nas criaturas humanas,… criaturas nas quais existem elementos da Igreja e elementos que não são da Igreja; sim, em todo cristão fica algo de pagão ou uma tendência à infidelidade à sua vocação de membro do Corpo de Cristo.

Conseqüentemente, deve-se dizer que as fronteiras da Igreja não passam longe de nós, mas atravessam o coração de cada cristão, na medida em que nele há algo que ainda não foi plenamente cristianizado. Somente a Virgem Maria realizou adequadamente em si a santidade da Igreja; por isto Ela é o tipo perfeito ou a imagem definitiva da Igreja.

Ainda em outros termos: o sujeito do pecado não pode ser a Igreja, pois todo pecado é sempre obra de uma pessoa física individual. Por seus princípios próprios e constitutivos, a Igreja é sem mancha. Quanto aos homens que a Ela pertencem, deve-se dizer: na medida em que são pecadores, não são Igreja, mas estão na Igreja. Os pecados estão fora do programa e do âmago da Igreja; todavia os que cometem o pecado, estão dentro da Igreja. Jacques Maritain distinguia sabiamente entre a Pessoa da Igreja (Corpo Místico de Cristo) e o pessoal da Igreja (que somos nós). Acrescentemos, porém: é a própria Mãe Igreja quem tira do seu tesouro de vida o remédio eficaz para curar as feridas de seus filhos; Ela não precisa de recorrer a outra fonte senão ao próprio Senhor Jesus, que nela vive e continua a sua ação redentora. São estas verdades que a Constituição Lumen Gentium recorda em seu §8: "A Igreja é fortalecida pela força do Senhor Ressuscitado,… para poder revelar ao mundo o mistério dele, embora entre sombras, mas com fidelidade, até que no fim dos tempos seja manifestado em plena luz".

Que o fiel católico, portanto, ame a Igreja, e a Ela se dedique generosamente, pois "não pode ter Deus por Pai no céu quem não tem a Igreja por Mãe na terra" (S. Cipriano).

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A cruz, símbolo pagão? POR: D. ESTÊVÃO BETTENCOURT | SAB , 25 DE JUNHO DE 2011

Em síntese: A cruz, símbolo muito caro aos cristãos, é repudiada pelas Testemunhas de Jeová como algo de pagão e abominável. O artigo presente mostra quão inconsistente é a argumentação dos jeovistas; procede na base de preconceitos e distorção de textos bíblicos. Além do quê, é de se notar que nos primeiros decenios da Congregação das Testemunhas, ou seja, de 1891 até 1931, a Sociedade “Torre de Vigia” tinha por distintivo seu uma cruz latina atravessada por uma coroa real e cercada de folhas de louro; as Testemunhas usavam tal símbolo na lapela, e cada número da sua revista oficial Watch Tower (Torre de Vigia) trazia na capa tal símbolo.

Na Escritura Sagrada, na literatura cristã antiga e na arqueologia encontram-se eloqüentes testemunhos de que a cruz com quatro ou três braços (e não uma estaca ou um poste de tortura, como dizem as Testemunhas) foi o instrumento do suplício de Jesus e se tornou a insígnia mais característica dos cristãos.

As Testemunhas de Jeová, que já não são cristãos (pois não reconhecem Jesus Cristo como Deus e Homem nem a SS. Trindade), entre os temas de sua pregação, incluem a oposição ao sinal da Cruz como se fosse um símbolo pagão. Ora, precisamente o Primeiro Catecismo ensina que o sinal distintivo do cristão é, conforme toda a Tradição bíblica e pós-bíblica, o sinal da Cruz. As Testemunhas são tanto mais agressivas quanto menos argumentos têm para fundamentar as suas sentenças.

O assunto “Cruz, Sinal do Cristão” já foi abordado em PR 307/1987, pp. 545s e 351/1991, pp. 364-374. Visto, porém, que constantes solicitações de esclarecimento nos ocorrem, voltaremos a considerá-lo nas páginas seguintes, acrescentando novos dados ao que já foi exposto.

1. OBJEÇÕES

Consideraremos quatro das várias objeções levantadas pelas Testemunhas contra a estima da Cruz.

1) As Testemunhas afirmam que Jesus não pendeu de uma Cruz, mas de um “poste de tortura” ou de uma estaca fincada no solo,tendo as mãos atadas ao topo dessa estaca. A fim de o sustentar,apelam para

Dt 21,22: ”Quando alguém tiver cometido um crime que mereça a pena de, morte, for morto e suspenso a uma árvore, seu cadáver hão poderá permanecer na árvore à noite; tu o sepultarás no mesmo dia, pois o que for suspenso será um ma/dito de Deus”.

e

Js 10,26: ”Josué feriu e matou os inimigos, e os fez suspender em cinco árvores, nas quais ficaram suspensos até a tarde”.

A propósito destes textos notemos:

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Os judeus penduravam a árvores os cadáveres dos criminosos já mortos; não havia estacas ou árvores para homens ainda vivos; é, aliás, o que se depreende dos próprios textos bíblicos. Esta observação é válida para dissipar a idéia de que Jesus tenha sido supliciado como teriam feito os judeus (estes não faziam pender de postes ou estacas homens vivos).

Ademais deve-se chamar a atenção ainda para o fato de que a tradução bíblica dos LXX realizada em 200 a.C. em Alexandria (Egito) verteu o termo hebraico ’es (estaca ou árvore) por xylon dídymon, lenho duplo ou geminado, o que mostra que em ambiente de cultura helenística o instrumento mortal não era uma estaca ou uma árvore, mas era a cruz de dois braços.

2) As Testemunhas raciocinam do seguinte modo:

“No antigo Israel, judeus infiéis choravam a morte do falso deus Tamuz. Jeová disse que aquilo que eles faziam era detestável (Ez 8,14s). Compreende-se melhor esta sentença de Jeová quando sedescobre que, historicamente, Tamuz não era mais que outro nome de Nimrod, o rebelde pós-diluviano, que se declarou contra Jeová. O símbolo de Tamuz era a cruz. Venerando-a, honra-se Nimrod (cf. Gn 10,8-10)” (Racionamos fazendo uso das Escrituras, pp. 88s).

Respondemos que a aproximação desse fato do Antigo Testamento com a morte de Cristo é muito vaga e artificial. Quando o livro do Gn 10,8-10 se refere a Nimrod, não diz que era inimigo de Javé nem que o seu símbolo era a cruz; de resto, Nimrod é uma figura que os eruditos não identificaram com precisão (ver A. van den Born, Dicionário Enciclopédico da Bíblia, verbete Nimrod). Quanto a Tamuz, não há fundamentos para identificá-lo com Nimrod; muito menos se pode dizer que o símbolo de Tamuz era a cruz; ver o mesmo Dicionário, verbete Tamuz.

3) As Testemunhas se comprazem outrossim em citar a Enciclopédia Britânica, onde se lê:

“Vários objetos marcados com cruzes de diversos tipos e que se referem a um período muito anterior à era cristã, têm sido encontrados quase em todas as partes do mundo antigo. Índia, Síria, Pérsia e Egito têm fornecido inumeráveis exemplos desta natureza. . . O uso da cruz, como símbolo religioso dos tempos pré-cristãos e entre os povos não-cristãos, talvez possa ser considerado quase universal e, em muitos casos, era associado com qualquer forma de adoração à natureza” (fascículo citado, p. 86).

As Testemunhas, porém, não citam o resto do verbete da Enciclopédia Britânica, que diz:

“A morte de Cristo sobre uma cruz conferiu necessariamente um significado novo a um sinal que até então tinha sido associado com um mundo religioso não só não-cristão, mas normalmente radical e contrário a este” (The Encyclopedia Britannica, vol. 6, 1946, p. 754).

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4) Constantino, Imperador Romano de 313 a 337, terá introduzido o símbolo pagão da cruz na iconografia crista”.

1 Em grego, Cristo se escreve XPISTÓS,- os antigos cristãos colocavam o P dentro do X.

Respondemos, reconhecendo que Constantino era um adorador do Sol em seus primeiros tempos de vida pública. O seu biógrafo, Eusébio de Cesaréia, narra que em 28/10/312 teve uma visão da Cruz no céu, diante da ponte Mílvia em Roma, quando se aprestava para enfrentar seu adversário Maxêncio. Ao lado da cruz se encontravam as palavras “Com este sinal vencerás!” (en toutoi nika); na noite seguinte, Cristo terá aparecido a Constantino com o mesmo sinal da Cruz e lhe terá ordenado que fizesse um estandarte ou uma bandeira com o monograma de Cristo (X atravessado por um R grego), o que mais tarde tomou o nome de labarum:

O relato de Eusébio de Cesaréia é controvertido. Como quer que seja, não é do tempo de Constantino que data a veneração da Cruz por parte dos cristãos, como se depreende de quanto já dissemos em PR 351/1991, pp. 370-374 e ainda diremos a seguir.

2. LINGUISTICA E ARQUEOLOGIA

Jesus foi condenado por Pôncio Pilatos sob a pressão dos fariseus. . . e condenado à morte segundo o estilo romano, more romanorum; Pilatos não se preocupava com as prescrições do Deuteronômio e as interpretações dos rabinos. Ora a crucifixão era usual entre os romanos, adotada já por povos mais antigos. Com efeito; os persas, nos séculos V/IV a.C. a aplicavam; o costume passou para o Império de Alexandre Magno, que em 331 venceu os persas, dando origem á cultura helenística. Os cartaginenses puniam os reis nacionais e estrangeiros com a cruz. Parece que foram eles que transmitiram o costume aos romanos; estes, por sua vez, o fizeram chegar à Palestina, nos tempos de Alexandre Janeu (67 a.C), rei de Judá impregnado de cultura helenística. Os romanos aplicavam o suplício da cruz aos piratas, bandidos e rebeldes; era dito supplicium servile, porque destinado originariamente aos escravos; aplicavam-no, porém, ocasionalmente, aos cidadãos romanos, apesar dos protestos de Cícero.

Examinemos as modalidades de cruz e crucifixão vigentes entre os romanos.

Estes conheciam

— a crux immissa ou capitata, com quatro braços: a haste vertical passava além da horizontal; esta forma ficou conhecida como crux latina;

— a crux commissa, em forma de T,com três braços, sem a cabeça;

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— a crux decussata ou cruz de S. André, em forma de X, letra esta que exprimia o número dez (decem,donde decussata). Não parece ter sido usada em execuções oficiais.

O braço vertical era chamado stipes ou staticulum; ficava plantado na terra no lugar determinado para as execuções, pelo menos nas cidades do Império que tinham tribunal. Um tal lugar existia também em Jerusalém, capital de uma província turbulenta, onde a crucifixão era um meio importante para coibir as revoltas da população.

O braço horizontal era chamado patibulum, nome que indicava a tranca ou a barra de madeira que fechava a porta da casa por dentro; tirada aquela barra, a porta patebat, isto é, abria-se. Essa barra era usada para punir escravos. No caso de crucifixão, o cruciarius ou o condenado à cruz, partindo do tribunal ou da prisão, carregava seu patibulum posto sobre os seus ombros (horizontalmente, atrás da nuca); as mãos passadas por cima do madeiro eram amarradas à barra com cordas; as pontas das cordas eram seguradas por um soldado, que ia â frente do condenado e que “o conduzia para onde ele não queria” (cf. Jo 21,18).

A cruz podia trazer um titulus, que indicava a causa da condenação, como se deu no caso de Jesus. Esse letreiro foi colocado por cima da cabeça de Jesus (cf. Mt 27,37), o que bem evidencia que Jesus estava pregado a uma cruz capitata; se tivesse sido preso a um poste, o letreiro estaria acima de suas mãos, não “em cima de sua cabeça”.

O fato de que os romanos usavam cruzes, com stipes ou patibulum, e não estacas, é amplamente documentado por testemunhos literários e arqueológicos. Plauto (254-184 a.C), teatrólogo romano, escreveu a comédia Mostellaria, que narra uma crucifixão; fala explicitamente do patibulum, carregado pela vítima até o lugar da execução; o relato de Plauto muito se assemelha ao dos Evangelhos. Firmício Materno, orador pagão feito cristão no século IV, refere que o condenado era “pregado ao patíbulo, e erguido na cruz”.

Quanto à palavra grega staurós, que geralmente se traduz por cruz, ocorre mais de 40 vezes no Novo Testamento, ao passo que xylon (madeiro, cruz) cinco vezes apenas.

As Testemunhas de Jeová alegam que staurós significa poste,estaca, e não cruz. Que dizer a propósito?

O poeta grego Homero, seis séculos antes de Cristo, usa realmente staurós no sentido de estaca. Podia ser um poste para fins pacíficos, como os da construção civil, mas podia também ser instrumento de tortura. Como tal, foi o poste (staurós) usado pelos romanos, tendo dois braços.

Em latim poste ou estaca se diz palus, adminiculum (quando usado como apoio), vallus (quando servia de paliçada, cercando os acampamentos militares). Para designar a tortura em estaca, os latinos diziam ad palum adlisare, figere in palum, e não crucifigere. As primeiras traduções latinas do

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Novo Testamento, feitas no século II, sempre traduziram staurós por crux, e nunca por palus (estaca).

Passemos agora à história dos primeiros séculos do Cristianismo.

3. NOS PRIMEIROS SÉCULOS

3.1. Em Herculano

A mais antiga representação da cruz cristã com seus quatro braços data do século I. Com efeito, em Herculano, cidade soterrada pelas lavas do Vesúvio em 79 d.C, foi encontrada, no ano de 1939, a marca de uma cruz sobre uma parede de estuque, na parte reservada aos escravos de uma casa nobre. Em volta da cruz, ainda estavam os pregos que sustentavam a porta ou a cortina que escondia o símbolo cristão. Após longo e cuidadoso exame, o professor A. Maiuri, diretor das escavações, garantiu que se tratava de uma cruz cristã; apesar das objeções levantadas contra esta conclusão, fica sendo a mais aceita. Isto quer dizer que cerca de quarenta anos após a Ascensão do Senhor havia no sul da Itália uma igreja doméstica em Herculano. Aliás, em 61, São Paulo desembarcou na cidade de Puzzuoli, onde encontrou alguns cristãos (cf. At 28,14), com os quais ficou uma semana; daí ser verossímil que nas vizinhanças, ou seja, em Pompéia e Herculano (cidades destruídas pelo Vesúvio em 24/08/79) houvesse também pequenas comunidades cristãs.

3.2. Em Pompéia

Em Pompéia encontrou-se o “quadrado mágico”, que parece ser outra reminiscência dos cristãos, que cultuavam às ocultas o Deus crucificado. Com efeito, o quadrado mágico compõe-se de cinco letras, dispostas em cinco linhas:

S A T O R

A R E P O

T E N E T

O P E R A

R O T A S

As palavras podem ser lidas da esquerda para a direita ou da direita para a esquerda, de cima para baixo ou de baixo para cima; daí resulta um criptograma, ou uma escrita que revela e vela. Observe-se que a palavra TENET ocorre no centro da figura tanto em sua dimensão vertical quanto na horizontal; forma uma cruz e parece referir-se ao fato de que Deus tenet (tem firmemente em suas mãos) a criação. — As cinco palavras podem ser assim traduzidas:

O SEMEADOR AREPO SEGURA CUIDADOSAMENTE AS RODAS

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As rodas significariam, no caso, o carro ou o arado (muitas vezes munido de rodas na antiguidade).

Os pesquisadores julgaram que tal quadrado podia ainda conter ulterior segredo; daí a procura de algum outro sentido oculto. A descoberta foi efetuada por dois eruditos, um alemão (Felix Grosser) e outro escandinavo (Siqurd Agrell), que estudaram o assunto independentemente um do outro. Ambos em 1925 publicaram o resultado de suas pesquisas: as 25 letras formam dois PATER NOSTER, que se cruzam sobre a letra N. Os dois A e O que sobram evocam o símbolo de Cristo, que no Apocalipse diz: “Eu sou o Alfa e o Omega” (1,8). Donde se segue esta figura:

P

A

A T O

E

R

PATERNOSTER

O

S

O T A

E

R

Os estudiosos aceitaram, em grande escala, a conclusão dos dois pesquisadores. Aliás, no plano das estatísticas há uma probabilidade infinitesimal de que as letras do palíndromo (conjunto de letras que podem ser lidas em ambos os sentidos) formem por mero acaso a figura que Grosser e Agrell descobriram. Verificou-se assim a antiguidade da comunidade cristã de Pompéia, que expressava a sua fé através de sinais polivalentes, tendo por base a Cruz de Cristo. Ainda em Pompéia, no ano de 1936 (novembro), os arqueólogos acharam as letras ANO, cujo sentido foi ilustrado pelo do quadrado mágico: N é o centro onde se encontram os braços da Cruz, e as letras A e O são as que anunciam ser Jesus o começo e o fim. Estava assim confirmada a interpretação do quadrado mágico.

Restava (e resta) ainda saber mais precisamente o que quer dizer AREPO: há quem julgue ser nome próprio, mas há também quem o traduza por ARADO (valendo-se de uma antiga tradução do criptograma para o grego e também de um vocábulo céltico conhecido no mundo latino). A tradução de AREPO

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por arado corresponderia bem ao fato de que o arado era, nos primeiros séculos cristãos, um símbolo da cruz (símbolo que revelava e também velava aos olhos dos pagãos, para os quais a cruz era ininteligível ou mesmo abominável). Conseqüentemente, a tradução do criptograma seria:

O SEMEADOR (= CRISTO)

NO ARADO (=SOBRE A CRUZ)

MANTÉM (= TENET)

COM SEU SACRIFÍCIO (= OPERA)

AS RODAS (DA HISTÓRIA DOS HOMENS E DO MUNDO)

Existem também aqueles que interpretam AREPO como a ligação das iniciais da fórmula de fé: AETERNUS REDEMPTOR ET PASTOR OMNI-POTENS.

Independentemente das traduções, o quadrado mágico de Pompéia significa que na segunda metade do século I (antes de 79 ou mesmo na década de 60) já havia no sul da Itália:

1) uma comunidade cristã que cultuava a Cruz de quatro braços e usava as letras Alfa e õmega, presentes no Apocalipse;

2) essa comunidade conhecia uma tradução latina da Oração ensinada por Jesus.

3.3 No Palatino

Em 1856 descobriu-se sobre a colina do Palatino em Roma um grafito singular: apresenta um devoto ajoelhado diante de um burro pendente não de um poste, mas com as patas dianteiras estendidas e pregadas sobre uma cruz claramente traçada. O desenho é ilustrado pelos dizeres: “Alexâmenos adora Deus” (em grego). É uma sátira à devoção que os cristãos tributavam à Cruz de Cristo; a Redenção pela Cruz seria loucura e escândalo, como diz São Paulo em 1Cor 1,23.

3.4. Na Literatura Cristã

São Justino (+165) observa que Moisés a orar com os braços abertos (cf. Ex 17,10-12) era figura de Jesus intercedendo pela humanidade, pregado à Cruz (Diálogo com Trifão 90,4).

O mesmo escritor menciona a imagem da Cruz presente em vários elementos naturais e em artefatos que cercam o homem:

“Ela (a cruz) é o maior símbolo do poder de Cristo, assim como aparece também nas coisas que caem sob o nosso olhar. Observai, de fato, se há em tudo o que existe no universo algo que se faça ou se possa manter sem esta

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figura. Não se pode sulcar o mar, se aquele troféu que se chama vela não permanecer íntegro sobre a nave; não se ara a terra sem aquele símbolo; os que cavam a terra e os artesãos não podem realizar seu trabalho se não usam instrumentos que refletem essa figura. Em nada a figura humana difere dos animais irracionais a não ser porque é ereta e pode estender os braços. . . Mesmo as insígnias com as quais marchais em público e que constituís como sinal de vosso império e de vosso poder, se bem que façais isso sem estar conscientes. . .” (citado por V. Messori,Padeceu sob Pôncio Pilatos?, p. 342).)

Tertuliano (+220 aproximadamente) afirma que os cristãos, quando rezam com os braços erguidos à altura dos ombros e com as mãos abertas, realizam o gesto de Jesus sobre o patíbulo e acrescenta: “Até mesmo os pássaros dos céus, acordando de manhã muito cedo, se dirigem na direção do céu e, abrindo as asas em forma de cruz, dizem algo que parece uma oração” (De Oratione,29,4).

Outros testemunhos poderiam ser citados. Passamos, porém, a uma observação final.

4. A HISTÓRIA DA CRUZ ENTRE AS TESTEMUNHAS

Charles Taze Russell (1852-1916) é o fundador das Testemunhas de Jeová, Comerciante, filiado à denominação adventista, refez o cálculo da data da segunda vinda de Cristo, sem, porém, acertar. Foi condenado por um tribunal norte-americano, porque afirmara conhecer grego e hebraico, mas foi comprovado que ignorava estas línguas. Russell afirmou várias proposições que os dirigentes posteriores das Testemunhas não ousam repetir; por isto, os escritos de Russell não são reimpressos pelos mentores supremos da Congregação. Ora, entre os traços iniciais da história das Testemunhas está algo que os crentes não conhecem porque foi censurado; com efeito, de 1891 a 1931 o símbolo da Sociedade “Torre de Vigia” era precisamente uma cruz latina, atravessada por uma coroa régia, sendo todo o conjunto cercado por folhas de louro! Os Estudiosos da Bíblia (título originário das Testemunhas) levavam na lapela essa cruz, que estava também sobre a capa de cada número da revista Watch Tower, revista oficial da Congregação. Na verdade, foi somente em 1937 que. F. Rutherford, presidente da “Torre de Vigia”, descobriu que a cruz era “um símbolo babilônico e satanicamente pagão”.

Vê-se assim quão arbitrária e inconsistente é a aversão das Testemunhas ao símbolo da Cruz. Este continua sendo o mais autêntico sinal dos cristãos, exprimindo a transfiguração da dor e da morte desde que Cristo a tornou a nova árvore da vida!

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Os sacramentos na Igreja POR: MENDES SILVA | DOM , 26 DE SETEMBRO DE 2010

Jesus Cristo redimiu o mundo através de sua morte e ressurreição e instituiu a Santa Igreja, seu corpo Místico, para que a salvação por ele conquistada chegue aos homens de todos os tempos e lugares, até que ele volte, na Parusia, para julgar a humanidade.

Ele conferiu autoridade aos Apóstolos(Jo 20,22-23) , e aos seus sucessores que hoje são os Bispos da Igreja Católica através da Sucessão Apostólica a missão de levar a salvação a toda humanidade, através da pregação do Evangelho e celebração dos Sacramentos.

“Dizendo soprou sobre eles e lhe disse: Recebei o Espírito Santo. Aqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhe-ãos perdoados; aqueles aos quais retiverdes ser-lhe-ão retidos.” Jo 20,22-23;

O Concílio Vaticano II chamou a Igreja de “Sacramento universal da salvação” (LG 4).

Quando a Igreja alcança o homem, é Cristo que nos alcança pois ele é o Cabeça da Igreja; quando a Igreja batiza, é Cristo mesmo que nos batiza; quando o sacerdote redime os pecados do fiéis através do Sacramento da Confissão é o próprio Cristo que perdoa. A Igreja é porta de salvação através dos Sete Sacramentos que ela ministra em nome de Jesus Cristo.

Os sacramentos são os canais por onde flui a salvação de todos os homens, que Cristo conquistou com a Sua Morte e Ressureição.

Todo Sacramento é um sinal visível pois o ser humano é formado de corpo e alma, ele passa do visível ao invisível. Aristóteles dizia que: “Nada há no intelecto que não tenha passado pelos sentidos”. Todo Sacramento não apenas assinala, imagine se estivéssemos perdidos em uma floresta e necessitássemos de um sinal que não nos levaria em lugar algum, não serviria de nada. Logo todo Sacramente é um sinal que não apenas assinala mas que transmite fielmente o que assinala. Assim como a água do Batismo indica a purificação da criança e a realiza.

O Catecismo da Igreja nos ensina muito sobre os Sacramentos.

O que são os sacramentos ?

1131 – Os sacramentos são sinais eficazes da graça, instituídos por Jesus Cristo e confiado à Igreja, por meio dos quais nos é dispensada a vida divina. Os ritos visíveis sob quais os Sacramentos são celebrados significam e realizam as graças próprias de cada sacramento. Produzem fruto naqueles que o recebem com as disposições exigidas.

1123 – Os sacramentos destinam-se à santificação dos homens, à edificação do Corpo de Cristo e ainda ao culto a ser prestado a Deus. Sendo sinais, destinam-se à instrução. Não só supõem a fé, mas por palavras e coisas

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também a alimentam,a fortalecem e a exprimem. Por esta razão são chamados Sacramentos da fé.

1127 – Celebrado dignamente na fé os Sacramentos conferem a graça que significam. São eficazes porque neles age o próprio Cristo; é ele quem batiza, é ele quem atua em seus sacramentos,a fim de comunicar a graça significada pelo sacramento.

Os sacramentos são necessários para a salvação

1129 – A Igreja afirma que para os crentes os sacramentos da nova aliança são necessários para a salvação. A “graça sacramental” é a graça do Espírito Santo dada por Cristo e peculiar a cada Sacramento. O Espírito cura e transforma os que recebem,conformando-os com o Filho de Deus. O fruto da vida sacramental é o que o Espírito de adoção deifica(2 Pe 1,4) os fiéis unindo-se vitalmente ao Filho único, o salvador.

Os sacramentos são da Igreja e para a Igreja

1118 – Os sacramentos são “da Igreja” no duplo sentido de que existem por meio dela e para ela. São “por meio da Igreja”, pois esta é o Sacramento da ação de Cristo operando em seus seio graças a ação do Espírito Santo. E são “para a Igreja”, pois são esses “Sacramentos que fazem a Igreja”.

1119 – “Formando com Cristo-cabeça como que uma única pessoa mística”(Pio XII, Mystic Corporis), a Igreja age nos Sacramentos como “comunidade sacerdotal”, “organicamente estruturada”(LG 11)

Os sacramentos nos acompanham em toda a vida,a fim de que a vida espiritual não pereça, e sejamos felizes sempre na companhia de Cristo, para que possamos chegar “ao estado de homem perfeito, à medida da estatura da plenitude de Cristo” Ef 4,13;

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O significado dos Sacramentos POR: APOSTOLADO SPIRITUS PARACLITUS | SEX , 23 DE DEZEMBRO DE 2011

Para começar, devemos retornar aos tempos da Reforma Protestante, quando milhares de cristãos abandonaram a Igreja Católica para fundar grupos eclesiais separados da autoridade de Roma. A ideia original dos autoproclamados reformadores era formar uma só igreja separada do Papa. Contudo, rapidamente suas discordâncias e desavenças resultaram em divisões que continuam até os nossos dias. Da longa lista de diferenças e separações, existe algo que sobressai em particular: a questão dos sacramentos. Escrevo assim, com inicial minúscula, porque não estou me referindo aos Sacramentos cristãos de sempre, mas das diferentes concepções e definições que surgiram na era que se seguiu à Reforma alemã. Pode-se afirmar, de maneira geral e sem medo de errar em demasia, que o Protestantismo considera os sacramentos como meras representações simbólicas de uma realidade espiritual. Repassemos os sete Sacramentos da Igreja Católica, que são:

- Batismo

– Confirmação

– Eucaristia

– Penitência (ou Reconciliação)

– Matrimônio

– Ordenação Sacerdotal – Unção dos Enfermos

UMA BREVE HISTÓRIA E DEFINIÇÃO

A maioria dos grupos eclesiais protestantes mantém o batismo e o matrimônio. Alguns praticam a “ceia do Senhor” e certa espécie de ordenação para o ministério [pastoral]. Confirmação, penitência e unção dos enfermos são menos praticados entre os cristãos separados. Pode-se afirmar que estes grupos eclesiais consideram seus sacramentos como gestos, votos ou testemunhos, cujo valor reside em simbolizar uma realidade espiritual. A pergunta que surge é: em que se diferenciam os Sacramentos católicos dos seus equivalentes no Protestantismo? A definição clássica no Catolicismo é esta: “Os Sacramentos são sinais externos da graça interna, instituídos por Cristo para a nossa santificação” (Catecismo Tridentino, nº 4, ex S. Aug.”De catechizandis rudibus”). Esta definição sucinta nos transmite primeiramente o conceito de Sacramento como “sinal”, ou seja, um sinal que significa ou evidencia algo. Neste caso, o sinal sacramental evidencia uma realidade da graça de Deus que nem sempre está evidente aos sentidos.

A diferença entre o conceito católico e o protestante está na apreciação da realidade que subjaz ao sinal: para o católico, o sinal é a evidência de algo que não pode ser facilmente visto, como, por exemplo, as pintinhas vermelhas na face de uma criança nos dão a evidência de que está com sarampo, que é uma realidade à qual o sinal está sujeito, realidade que não pode existir separada do sinal. Para o protestante em geral, o sinal é puramente simbólico, como o uniforme desportivo que identifica um atleta em uma competição. Dessa maneira, para o protestante, o batismo é um

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testemunho ao mundo de sua fé em Cristo; para o católico, o Batismo não somente é testemunho como também o início de um processo regenerativo que conduz a pessoa à sua plenitude em Cristo. Tanto o sinal (isto é, a aspersão) quanto o processo de regeneração que se segue são partes inseparáveis do Sacramento.

AS RAÍZES DO SIGNIFICADO

Quando nos comunicamos, fazemos uso de sinais. Por exemplo: este mesmo artigo que você está lendo agora não poderia ser compreendido se não existissem vários sistemas de comunicação simbólica. Os dois mais evidentes são: o alfabeto latino e o idioma português. Ambos colaboram para que você e eu possamos nos comunicar neste momento. Também estamos usando a Internet e toda uma série de protocolos e meios de comunicação; mas, para não complicarmos muito, vamos reduzir ao mais essencial: o alfabeto e o idioma.

Quando eu descrevo um conceito, por exemplo, “Arco do Triunfo em Paris”, a imagem do famoso monumento nos vem à mente. Primeiro começamos com o “a”, que representa um som, e logo acrescentamos mais letras até completar uma palavra; a seguir vem outra; e mais outra… Assim, invocamos em umas tantas palavras a um objeto real que existe em Paris. Como é de se imaginar, nenhum de nós – espero! – acredita possuir um Arco do Triunfo dentro da cabeça. No entanto, somos capazes de recordar essa realidade que vimos antes em um livro, ou em filme, ou – para alguns felizes viajantes – pessoalmente. Em suma: invocamos a um símbolo que nos refere a uma realidade.

Poderíamos mudar um pouquinho e dizer desta vez: “O Arco do Planeta Marte”. Como nenhum de nós sabe [da existência] de semelhante Arco, resta à imaginação de cada um resolver como o veria na realidade. E por mais que falemos acerca desse monumento inexistente, nunca existirá em Marte, exceto que alguém o construa. Em poucas palavras: falta-nos o elemento comum a representar; a realidade que estamos tentando representar ainda não existe. Os humanos apenas podem usar a palavra para invocar algo já existente.

É esse o caso com Deus? Lemos em Gênesis: “E Deus disse: ‘Faça-se a luz’ e a luz se fez”. O maravilhoso disto que acabamos de ler é que a mera invocação por Deus de uma realidade inexistente faz com que essa realidade “seja”. De fato, nós, cristãos, cremos que Deus é tão real que Sua própria Palavra é uma Pessoa: Deus Filho. Na fé cristã, a Memrah da fé hebraica se torna manifesta ao mundo na pessoa de Cristo, o Logos, o Verbum Dei, a Palavra de Deus.

O que apreciamos aqui é a diferença entre Criador e criatura: Deus é e ao mesmo tempo causa com que outras coisas sejam, iniciando ex nihilo, a partir do nada. O “meio” que Deus emprega é sua Palavra – assim como nós, para invocarmos um conceito como o Arco do Triunfo, usamos primariamente o alfabeto – Deus se vale do Alfa e Ômega, Jesus Cristo.

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Chegando neste ponto, você se perguntará por que trago tudo isto aqui. Todos nós sabemos que não podemos criar como Deus faz, mediante nomear algo e a partir do nada. Eis aí a diferença fundamental entre o Criador e a criação. Não aprendemos nada de novo, exceto, talvez, que podemos apreciar o seguinte: as representações de Deus não são apenas símbolos, mas ingressam na realidade como uma nova criação, sem a mediação anterior de algo que as represente. E o que isto tem a ver com os Sacramentos? Absolutamente tudo!

OS SACRAMENTOS: UM DOM DE DEUS

Quando nossos primeiros pais desobedeceram a ordem de Deus, toda a natureza começou a se degradar. A terra produziu cardos e espinhos; o corpo do homem e da mulher começaram sua lenta declinação à velhice e à morte. Pode-se dizer que o pecado original começa a destruir a criação que Deus havia declarado boa.

Após a desobediência, Deus se faz presente no Jardim que havia dado ao homem para viver. A visita não é de surpresa, pois constatamos na Escritura que Deus “passeava pelo Jardim na parte arejada do dia”. Deus aparece no horto à hora de costume. Não nos esqueçamos que Deus é Deus e que nada pode surpreendê-Lo. Ele já sabia que o homem havia desobedecido. O homem, no entanto, ao ouvir a voz de Deus no horto, se enconde porque algo lhe diz em seu interior que “está nu”, que não está com pureza suficiente para aparecer diante de Deus. A presença de Deus é real para o homem Adão e essa realidade deixa-o perturbado. Notemos isto na frase do homem: “Ouvi tua voz no horto e me escondi porque estava nu”. Novamente a voz de Deus, a Palavra proferida, tem um efeito direto no mundo natural – neste caso, o de tornar manifesta a falta de santidade do homem desobediente. Mas agora, inverte-se a função: a voz de Deus não cria coisas novas, mas coloca em evidência a desordem que ingressou na Criação através do pecado.

Refletindo um pouco na intenção de Deus, observamos que o pecado começou a revelar um aspecto da pessoa de Deus que o universo não conhecia: Sua misericórdia! Por que digo isto? Porque Deus, conhecendo a injustiça que havia sido cometida, não executa a justa sentença prometida, mas “pretende” por um instante, não saber de nada do que havia ocorrido até tornar-Se manifesto ao homem. A seu tempo, Deus deve expulsar o homem do Jardim, mas não sem antes dar-lhe peles para se abrigar e não sem prometer que, a partir desse mesmo momento, começa a trabalhar na Redenção da raça humana que está para nascer. De certa forma, estas duas ações de Deus são formas incipientes dos Sacramentos que virão muitos séculos depois, a partir da Cruz. A Misericórdia Divina provê abrigo e sobrevivência para os desobedientes do Éden. De maneira semelhante, os Sacramentos operam como um refúgio ao qual podemos acudir para nos sustentar; refúgio de Deus para aqueles que simplesmente não podem ser santos suficientemente para comparecer à Sua presença.

OS SACRAMENTOS: PODER DE DEUS

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Frequentemente ouvimos dizer que os Sacramentos “levam a cabo o que significam e significam o que levam a cabo”. Esta definição parece-lhe familiar? Espero ter-lhe feito recordar da ação criadora de Deus no Gênesis quando disse: “‘Faça-se a luz’ e a luz se fez”. Os Sacramentos compartilham da ação criadora de Deus essa “efetividade imediata” que faz com que as coisas “sejam”, ainda que não tenham existido até então. Com a mesma efetividade, os Sacramentos são os instrumentos de Deus nesta nova criação em que o cristão é transformado em uma “nova criatura” capaz de herdar a Vida Eterna e ver Deus face a face sem perecer. Quando recebemos o Batismo, recebemos aquilo que os primeiros Padres da Igreja chamavam de “magnífico selo” da salvação. Nossa alma começa a ascensão a Deus, até então impossível. Quando recebemos do sacerdote a absolvição dos nossos pecados, um milagre ainda mais assombroso que o da ressurreição de Lázaro ocorre no confessionário: uma alma perdida por efeito do pecado é renovada e readmitida à presença divina. Coisas semelhantes podem ser ditas de cada um dos Sacramentos e é bom refletir sobre cada um deles e perceber como o poder e a misericórdia divinos agem em cada Sacramento em particular, transformando as almas dos fiéis, ordenando e limpando, regenerando e iluminando, para cumprir as palavras de Jesus a São João: “Observa! Estou fazendo novas todas as coisas!”. Algo muito mais espantoso que a primeira Criação material está ocorrendo dentro de nós mesmos: “O Reino dos Céus está entre vós!”

TUDO PARA A GLÓRIA DE DEUS

Encontramos esta frase no Novo Testamento, geralmente como reação a um milagre: “E os que estavam ali presentes davam glória a Deus por ter dado semelhante poder aos homens”. Deus, ao nos dar os Sacramentos na Igreja, tem querido que o homem participe na tarefa da Criação. Graça sobre graça, misericórdia sobre misericórdia, o homem perdido recebe outra vez sua volta ao abrigo divino, desta vez magnificado infinitamente, pois o mantém a salvo da morte eterna e não somente do frio.

É necessário meditar uma e outra vez sobre estás dádivas para não rejeitá-las de pronto e, com isso, deixar de prestar a Deus o agradecimento e a glória que Ele merece, por todo o bem que faz para nós. Aqueles que pensam – em sua ignorância – que podem reorganizar estas coisas a seu próprio gosto e prazer, se equivocam completamente. Os Sacramentos não são meros símbolos, mas são dons de Deus, poder de Deus, ação real de Sua graça que nos redime, educa, alimenta, forma e fortalece.

Ninguém espere um dia estar de pé na corte de Deus se quer se dar ao luxo de ignorar os Sacramentos que Deus nos tem dado em Sua Igreja.

“Observa! Estou fazendo novas todas as coisas!” (Apocalipse 21,5).

Autor: Carlos Caso-Rosendi Fonte: http://www.primeraluz.org Tradução: Carlos Martins Nabeto

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Resposta aos comentários de um pseudo católico POR: APOSTOLADO SPIRITUS PARACLITUS | QUI , 08 DE DEZEMBRO DE 2011

LEITOR

Nome: E. M.

Religião: Católico Estado: AM – Amazonas Enviada em: 21 de novembro de 2011 08:33

é notório perceber que o batismo infantil se retrata em criar quantidade de católicos e não qualidade, estratégia de nossa igreja pra dizer que somos numerosos, e infelizmente envergonhar a si mesma..tanto que a referencia bibliográfica nem se quer cita a bíblia..JESUS DISSE crê se seja batizado..depois enfatiza o crê NELE POR DUAS vezes..e as maravilhas dos crentes NELE..pela ordem cronológica não precisa nem dizer o que vem primeiro..MC 16;16..como pode um bebe crer em CRISTO…pq digo da igreja envergonhar a si mesma , pois a pessoa mente,bebe, fuma é viciada ..se envolve com pornografia vendo as novelas, adultera, rouba e depois diz ..EU SOU CATÓLICO fui batizado quando criança….e nem se quer sabe o que CRISTO disse…tenho a certeza que a igreja precisa parar de reescrever a biblia com esses dogmas que não tem fundamento na palavra de DEUS..querendo pegar um pedaço do texto solto juntar com outro e fazer interpretações equivocadas…PROV. 30;5-6, veja os padres se perdendo na vaidade e na luxuria …virando artistas do mundo…e celebridades, veja o PAPA gastando horrores para visitar um País em crise econômica.pra que tanto LUXO daqueles que vivem da FÉ..seguem realmente o exemplo de PEDRO no qual ele se espelha…por isso mais uma vez estamos sendo RIDICULARIZADOS com esse show M.I.S.S.A. que percorre o País..fora os bem aventurados (santos) que desfilaram na parada GAY…isso ta se tornando comum por nossa unica culpa ..de quer quantidade ao invés de qualidade (pecadores sim, mais adoradores de um único DEUS e um único MEDIADOR E SALVADOR ==JESUS CRISTO)

RESPOSTA

Você se comporta como protestante além de estar impregnado de correntes modernistas, a perceber por seus comentários. Faça o favor ao menos de organizar o pensamento antes de escrever algo, assim teremos menos trabalho buscando decifrar o que desejas expressar – não vi até então questionamento tão mal formulado sem ordem lógica alguma.

Devido à avalanche de questionamentos iremos dividir em etapas para melhor responder cada tópico.

“é notório perceber que o batismo infantil se retrata em criar quantidade de católicos e não qualidade, estratégia de nossa igreja pra dizer que somos numerosos, e infelizmente envergonhar a si mesma..tanto que a referencia bibliográfica nem se quer cita a bíblia.”

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É notório para quem? Para os católicos bem esclarecidos, isto não tem nada de notório. No mínimo é notório apenas para heresiarcas ou cismáticos, já que os mesmos abraçam o erro e se revoltam contra a autoridade com obstinação, pecando assim gravemente. Afinal, é típico de hereges negar um ponto da doutrina católica definido em virtude da infalível autoridade da igreja, procurando se apoiar nas escrituras para sustentar os seus erros.

Como ainda tens coragem de dizer: “a nossa Igreja ?” – A Igreja que conheço, nunca ensinou o que você vem afirmar. Ela se preocupa com a salvação das almas e não com quantidade. Você ao distorcer o que ensina a Igreja sobre o batismo de crianças acaba por aderir ao que ensina os protestantes – duvido eu que você não seja um querendo se passar por católico; Muitos não aceitam o Batismo Católico, alegando que a criança não tem consciência do pecado e muitas vezes dizem que ela ainda nem pecou. Afirmam isso é um erro, sem nenhum conhecimento de causa.

Analisemos a situação das crianças a começar pelas palavras do Salmista, que diz: “Eis que nasci na culpa, minha mãe concebeu-me no pecado.” (Salmo 50,7). Este versículo resume o que a Igreja ensinou desde sempre sobre o Pecado Original, ou seja, desde que Adão e Eva pecaram todos receberam deles a herança do pecado. Interessante que os protestantes dizem que a criança não tem consciência do pecado, mas em verdade a maioria dos homens ou quase todos os homens não tem consciência do próprio pecado, por isso o Salmista diz: “quem pode, entretanto, ver as próprias faltas? Purificai-me das que me são ocultas.” (Salmo 18,30). Não tendo homens e crianças consciência do próprio pecado, eles não deixam de ser pecadores.

Você ainda comete outro erro grotesco em dizer que não existe referência bíblica. São Paulo, pelo que lemos, havia batizado uma família inteira. Na compreensão judaica da família e alianças, eram incluídos os idosos, os adultos, os servos, e as crianças. Nesse caso é evidente que tenha batizado também as crianças dessa família. Quando Pedro pregou sob a inspiração do Espírito Santo no dia de Pentecostes, ele estava falando para um público judeu (At 2:5-35).Pedro anunciou, “Convertei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para o perdão dos vossos pecados. E recebereis o dom do Espírito Santo. Pois a promessa é para vós e vossos filhos”. (At 2:38-39). Se a prática do batismo infantil tivesse sido ilícita ou proibida, certamente teria sido explicitamente banida, principalmente para conter os judeus da aplicação de Batismo para seus filhos, como fizeram a circuncisão. Mas não encontramos nenhuma proibição no Novo Testamento nem nos escritos dos Patriarcas, um silêncio que é muito profundo.

Leve em conta também, que era de praxe circuncidar os meninos, ao oitavo dia de seu nascimento. Ora, se para eles sortia efeito a circuncisão, praticada com a mão “para despojar a carne”, não há duvida que às crianças também aproveite o Batismo, essa “circuncisão de Cristo, a qual não é praticada por mão humana.”(Cl 2,11). Ainda ensina o Apostolo, “se pelo delito de um só, e por causa de um só, veio a reinar a morte, muito mais reinarão na vida, graças a um só, que é Jesus Cristo, todos quantos receberam abundantemente a graça e o dom da justificação.”(Rm 5,17). Logo, se por

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culpa de Adão as crianças contraem o pecado original, tanto mais podem elas receber Cristo Nosso Senhor a graça e a justiça, para reinarem na vida. Isto, porém, seria absolutamente impossível sem o batismo.

Levando em consideração o que você diz: ”[...]tanto que a referencia bibliográfica nem se quer cita a bíblia” – deixando transparecer que és protestante – Aproveito para ensinar um pequeno detalhe, bem conhecido a todo bom Católico: “Nem tudo se encontra na sagrada escritura.”

Veja o que ensina São João: “Este é o discípulo que dá testemunho dessas coisas e foi quem as escreveu: e sabemos que o seu testemunho é verdadeiro. Há, porém, muitas outras coisas que Jesus fez. Se fossem escritas uma por uma, creio que o mundo não poderia conter os livros que se escreveriam.” (Jo 21, 24-25;).

O conjunto das verdades reveladas por Deus, que foram entregues a Igreja e que o Magistério eclesiástico conserva é depósito da Revelação. A revelação esta contida na Sagrada Escritura e na Tradição: a) Uma parte das verdades reveladas foi escrita por aqueles a quem Deus as revelou, e é chamada a Sagrada Escritura; b) A outra parte não foi escrita, mais sim transmitida oralmente, e chama-se Tradição.

“Conservai-vos firmes na fé, e guardai as tradições que aprendestes, quer pela nossa pregação, que pela carta.”( 2 Ts 2, 14; ). Aqui dá exatamente o mesmo valor, como fonte de fé, à sua Carta(Escritura) e à sua pregação(Tradição)

Em relação à tradição recebida, temos testemunhos autênticos e dignos de credibilidade dando sustento à prática até hoje realizada pela Igreja Católica:

“Do batismo e da graça não devemos afastar as crianças” (São Cipriano, ano 248 – Carta a Fido).

“Ele (Jesus) veio para salvar a todos através dele mesmo, isto é, a todos que através dele são renascidos em Deus: bebês, crianças, jovens e adultos. Portanto, ele passa através de toda idade, torna-se um bebê para um bebê, santificando os bebês; uma criança para as crianças, santificando-as nessa idade…(e assim por diante); ele pode ser o mestre perfeito em todas as coisas, perfeito não somente manifestando a verdade, perfeito também com respeito a cada idade” (Santo Irineu, ano 189 – Contra Heresias II,22,4).

“Onde não há escassez de água, a água corrente deve passar pela fonte batismal ou ser derramada por cima; mas se a água é escassa, seja em situação constante, seja em determinadas ocasiões, então se use qualquer água disponível. Dispa-se-lhes de suas roupas, batize-se primeiro as crianças, e se elas podem falar, deixe-as falar. Se não, que seus pais ou outros parentes falem por elas” (Hipólito, ano 215 – Tradição Apostólica 21,16).

“A Igreja recebeu dos apóstolos a tradição de dar Batismo mesmo as crianças. Os apóstolos, aos quais foi dado os segredos dos divinos

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sacramentos sabiam que havia em cada pessoa inclinações inatas do pecado (original), que deviam ser lavadas pela água e pelo Espírito” (Orígenes, ano 248 – Comentários sobre a Epístola aos Romanos 5:9)

“Este [o batismo infantil], a Igreja sempre teve, sempre manteve, o que ela recebeu da fé dos nossos antepassados; isso, ela guarda perseverantemente até o fim” (Santo Agostinho , Sermão. 11, De Verbo Apost) e “Quem é tão impiedoso ao desejar excluir as crianças do reino dos céus proibindo-as de ser batizadas e nascidas de novo em Cristo?” (Agostinho, sobre o pecado original 2, 20).

Como demonstrado, seus comentários em relação ao batismo infantil não possui lógica nenhuma, contrariando até o que ensinava a igreja primitiva. O livre exame, no qual você tem sido contaminado é causa de tanta confusão, chagando ao ponto de fazer você ficar mais perdido que cego em tiroteio.

..JESUS DISSE crê se seja batizado..depois enfatiza o crê NELE POR DUAS vezes..e as maravilhas dos crentes NELE..pela ordem cronológica não precisa nem dizer o que vem primeiro..MC 16;16.. como pode um bebe crer em CRISTO…

Meu caro amigo filho da reforma, a oposição ao batismo infantil reside principalmente nos anabatista que teve origem no século XVI, e que foi fortemente contestada pelos reformadores Martinho Lutero e João Calvino(desobedecem os próprio mentores) que tanto consideravam o batismo infantil. Logo, seu questionamento aqui descrito não é novidade alguma.

Supondo eu, ter você desejado escrever “bebê” ao invés de “bebe”, darei prosseguimento a resposta. A vida divina dada por meio do batismo, é a maior graça que alguém pode receber. Não se pode esperar que a criança cresça para que possa escolher o nome que deseja, a língua que deseja falar, o colégio que deseja estudar, a família com quem deseja viver. Sabe-se que essas coisas são um bem para ela, por isso, lhes são dadas antes que entenda. Ora, a vida divina também um bem como dito antes, sendo assim, deve ser levada em consideração. O fato de crianças não terem condição de fazer o ato de fé não é problema. Conforme Santo Agostinho, elas são batizadas na fé da Igreja. Agora, em que base a Igreja acredita que a fé de uma pessoa pode “ajudar” a outra? As Escrituras estão cheias de exemplos onde Jesus estende a graça de cura para pessoas com base na fé dos outros. Por exemplo, Jesus perdoa os pecados do paralítico com base na fé daqueles que o trouxeram.(Mt 9:2; Mc 2:3-5) Jesus cura o servo do centurião baseado na fé do centurião.(Mt 8:5-13) Jesus exorciza espírito impuro da criança baseado na fé do pai.(Mc 9:22-25) No Antigo Testamento, Deus salvou a vida do primeiro filho, durante a Páscoa com base na fé dos pais.(Ex 12:24-28). Devemos nos perguntar: Se Deus está disposto a efetuar a cura física e espiritual para crianças baseado na fé de seus pais, quanto mais ele dará a graça do batismo para as crianças com base na fé de seus pais?”

Se fores católico realmente, esta na hora de comprar um Catecismo e começar a estudar.

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pq digo da igreja envergonhar a si mesma , pois a pessoa mente,bebe, fuma é viciada .. se envolve com pornografia vendo as novelas, adultera, rouba e depois diz ..EU SOU CATÓLICO fui batizado quando criança….e nem se quer sabe o que CRISTO disse[...] veja os padres se perdendo na vaidade e na luxuria …virando artistas do mundo…e celebridades[...]

Você se diz Católico (ao meu ver é protestante) e não conhece a própria doutrina, isto sim é uma vergonha. Para todos os não-católicos e, infelizmente, também para muitos maus católicos de hoje(pelo visto você é um deles), a Igreja é uma instituição meramente humana, constituída apenas por pecadores. É lamentável o fato de que o significado sobrenatural da palavra “Igreja” – a saber, a santa e imaculada Esposa de Cristo – seja desconhecida da esmagadora maioria das pessoas. A Igreja é santa e incorruptível, por ter o próprio Cristo como sua cabeça, de onde lhe provém toda a santidade. Logo, a mesma não têm pecado algum; têm-no os seus filhos, estes que estão sujeitos a pecar, por maior que seja a sua dignidade. Muitos de seus filhos são santos, levam um vida altamente edificante e piedosa(o que você não enxerga), mas dentro dela há também homens que erram, são pecadores porque o Reino dos céus é semelhante ainda a uma rede que, jogada ao mar, recolhe peixes de toda espécie.Quando está repleta, os pescadores puxam-na para a praia, sentam-se e separam nos cestos o que é bom e jogam fora o que não presta.Assim será no fim do mundo: os anjos virão separar os maus do meio dos justos e os arrojarão na fornalha, onde haverá choro e ranger de dentes.(Mt 13, 47-50)

Mesmo diante da infidelidade de alguns filhos da Igreja, a mesma permanece santa e imaculada, o fato de existir nela filhos pecadores não é surpresa. Surpresa e escândalo causam aos membros oriundos da reforma protestante; Explico, os primeiros reformadores ensinavam que o pecador se salva sem arrependimento: “Sê pecador e peca fortemente, mas confia e rejubila-te mais fortemente ainda no Cristo vencedor do pecado.”, dizia Lutero na sua carta a Melanchton, em 1521, este mesmo Lutero que dizia “a contrição que se prepara pelo exame e recapitulação e detestação dos pecados, pelos quais alguém relembra os seus anos na amargura de sua alma, ponderando a gravidade, multidão e fealdade dos pecados, a perda da eterna felicidade e aquisição da condenação eterna, ESTA CONTRIÇÃO FAZ HIPÓCRITA O HOMEM E ATÉ MAIS PECADOR.”(Lutero. Edição Weimat VII-13). Tal ensino contraria a Sagrada Escritura: “Se dizemos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e a verdade não está em nós. Se reconhecemos os nossos pecados, (Deus aí está) fiel e justo para nos perdoar os pecados e para nos purificar de toda iniqüidade.Se pensamos não ter pecado, nós o declaramos mentiroso e a sua palavra não está em nós.” (I Jo 1, 8-10). Ora, Lutero ao ensinar a salvação apenas pela fé, acabara por excluir a necessidade do arrependimento. Logo, reconhecer o pecado cometido e arrepender-se acabaria por se tornar motivo de muita surpresa e escândalo.

Eis o motivo de você ficar tão escandalizado ao saber que os filhos da Igreja são pecadores. Afinal, só sabe o que é o pecado quem luta contra ele; quem não o leva em consideração, nunca o conhece.

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Como conselho indico a leitura da epístola de São João(I Jo 1, 8-10), quem sabe assim pare de ficar julgando o pecado dos outros, Cristo o fará em sua volta gloriosa. A nós cabe denunciar o erro, entretanto sem perder de vista a caridade, indicando o caminho certo ao pecador – coisa que você não deve fazer; Outra, vá atrás de um bom curso de Eclesiologia, Católico de preferência.

[...]tenho a certeza que a igreja precisa parar de reescrever a biblia com esses dogmas que não tem fundamento na palavra de DEUS..querendo pegar um pedaço do texto solto juntar com outro e fazer interpretações equivocadas[...]

Pelo visto você anda bem desorientado, é bom estudar um pouco história da Igreja antes de falar tamanha besteira. Como assim a Igreja Católica precisa para de reescrever a bíblia e fazer interpretações equivocadas? Acho que você anda lendo muito gibi meu caro. Lutero depois de romper com a interpretação tradicional da Igreja estabeleceu a heresia do livre exame. O livre exame, doutrina tradicional do protestantismo, consiste em admitir que cada qual “tem o direito” de interpretar como quiser a Sagrada Escritura. Em função do livre exame, o Protestantismo acha-se divido em inumeráveis seitas, que professam doutrinas contraditórias, já que cada um interpreta a bíblia ao seu bel prazer de forma totalmente equivocada. Em função disto algumas denominações batizam crianças; outras não as batizam; algumas observam o domingo; outras, o sábado; algumas têm bispos(genéricos); outras não os têm; algumas têm hierarquia; outras entregam o governo da comunidade à própria congregação (congregacionalistas); algumas fazem cálculos precisos para definir a data do fim do mundo – o que para elas é essencial; Outras não se preocupam com isto. Vê-se assim que a Mensagem Bíblica é relida e reinterpretada diversamente pelos diversos fundadores dos ramos protestantes, que desta maneira dão origem a tradições diferentes e cismáticas.

Como você ainda tem coragem em dizer à Igreja Católica fazer interpretações equivocadas? Acorda rapaz, deixa de ler gibi. A Igreja, depositária da Palavra de Deus, permanece fiel a Jesus Cristo que não fundou senão uma única Igreja, com uma só doutrina e um só chefe. S. Paulo, ao recomendar aos fiéis de Éfeso uma estrita unidade, emprega a formula: “Um só Senhor, uma só fé, um só batismo” – isto é expresso naquilo que vive a Igreja Católica – a tríplice unidade: de doutrina(uma só fé), de governo(um Só Senhor) e de culto(um só batismo). Logo, dizer que a Igreja vive reescrevendo a bíblia e criando interpretações equivocadas é uma tremenda calunia.

Você ainda diz serem os dogmas inventados pela Igreja Católica. Eis que o protestante revela sua face!

Primeiro, a Igreja, que é depositária da Palavra de Deus, a qual é imutável, não pode tirar ou acrescentar nada. Segundo, quando a Igreja define solenemente um novo dogma, não estabelece uma nova verdade, não contida na Escritura e na Tradição; mas, pelo contrário, declara que essa verdade está contida na Sagrada Escritura e na Tradição, e que portanto devemos admiti-

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la. Terceiro, a doutrina ensinada pela Igreja nem mesmo pode ser inventada, pois Cristo garantiu a firmeza e a estabilidade de sua doutrina, prometendo que as portas do inferno não prevalecerão sobre ela.(Mt 16,18). Quarto, a tradição oral da Igreja Católica começa com Cristo e os Apóstolos, ao passo que as tradições dos protestantes começam com Lutero (1517), Calvino (1541), Knox (1567), Wesley (1739), Joseph Smith (1830) e etc. Entre Cristo e os Apóstolos, de um lado, e os fundadores humanos das denominações protestantes, do outro lado, não há como hesitar: só se pode optar pelos ensinamentos de Cristo e dos Apóstolos, deixando de lado os contestadores.

Seu comentário em dizer os dogmas não ter fundamento, é simplesmente sem fundamento. No mínimo é atribuir a Igreja o erro. Caso a Igreja não fosse coluna e sustentáculo da verdade, poderia equivocar-se e ensinar o erro. A Igreja depositaria da Palavra de Deus não pode equivocar-se e ensinar o erro, pois está escrito que: “é a Igreja de Deus vivo, COLUNA E SUSTENTÁCULO DA VERDADE” (I Tm 3,15). Logo, a Igreja sendo coluna e sustentáculo da verdade, não podendo equivocar-se e levar ninguém ao erro.

[...]veja o PAPA gastando horrores para visitar um País em crise econômica.[...] seguem realmente o exemplo de PEDRO no qual ele se espelha[...]

Avise-me a forma de viajar sem gastos, assim eu informo ao Vaticano. Afinal de contas, eu não ouvi falar em lugar algum que: passagens, hospedagem, alimentação sejam de graça nas viagens; De graça só viagens pela internet, você deve fazer muito não é mesmo?!

Retomemos o trabalho, antes de subir aos céus Cristo perguntou por três vezes a Pedro: ”Simão, filho de João, amas-me mais do que estes?”. E, depois de sua tríplice confissão, disse-lhe Jesus: “Apascenta os meus cordeiros. Apascenta as minhas ovelhas”. E completa: ”Em verdade, em verdade te digo: quando eras mais moço, cingias-te e andavas aonde querias. Mas, quando fores velho, estenderás as tuas mãos, e outro te cingirá e te levará para onde não queres”(Jo 21,25). Em nenhum momento Jesus envia São Pedro a apascentar as ovelhas quando estivesse apenas em dia ensolarado, brisa suave, ou até mesmo quando não estivesse em tempo de crise econômica. Pelo contrário, deu a entender que a Ele não caberia mais fazer a sua vontade, sendo necessário doar a própria vida se preciso. É bom lembrar ainda, que Cristo nomeou São Pedro chefe da sua Igreja; Porém, era necessário que Pedro tivesse sucessores, porque os poderes que Jesus lhe confiou não foram para o bem pessoal do Apóstolo, mais sim para o bem da Igreja, que, segundo a promessa de Cristo, há de durar até o fim dos tempos. O Papa que é o Vigário de Cristo aqui na terra, e sucessor de São Pedro não faz senão seguir o exemplo daquele que fora chamado a confirmar os filhos da Igreja na fé. Então faça chuva, sol, em épocas de crise ou não, o Santo Padre tem o dever de firmar os filhos da Igreja na fé, obediente ao envio do Mestre, e seguindo assim o exemplo do Primeiro, São Pedro.

“[...]pra que tanto LUXO daqueles que vivem da FÉ”

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Meu caro, este questionamento parte da visão comunista igualitária que pretende condenar toda a riqueza e toda a autoridade. A riqueza é boa como todos os bens, desde que seja corretamente utilizada. O mau uso de um bem é que deve ser condenado e não o bem em si. A riqueza sendo bem aplicada torna-se um excelente instrumento da Providência para socorrer os mais necessitados e promover a caridade. Os Atos dos Apóstolos narra que os cristãos depositavam aos pés dos apóstolos seus bens para que pudessem ser administrados pela Igreja, onde os recursos eram para socorrer os mais necessitados. Ao longo dos séculos a Igreja Católica não fez senão o mesmo, podemos citar: orfanatos, as escolas, os asilos, hospícios e hospitais; Todas essas sendo criadas pela Igreja e usadas sempre para socorrer os pobres. E como poderia a Igreja Católica fazer tudo isso sem dinheiro? Se as congregações, institutos, comunidades religiosas possuem muitos bens hoje é devido ao fato de ter ajudado inúmeras pessoas ao longo dos séculos, recebendo das mesmas doações e muitos bens como forma de gratidão.

Vejamos neste momento o que encontramos na Sagrada Escritura. No Antigo Testamento, Deus exigiu que o sangue dos bodes sacrificados no Templo fosse recolhido em vasos de ouro – Se o sangue dos bodes ofertados a Deus devia ser recolhido em vasos muito ricos, em que vasos se deve recolher o sangue de Cristo, na Missa? No novo testamente, presenciamos os reis magos levarem a Cristo incenso, mirra e OURO. No caso, nos ensina a oferecer a Cristo também os bens materiais, simbolizados pelo OURO. Você se esquece ainda que Jesus ao caminhar pobremente pelas estradas da Judéia usava um manto inconsútil, tão valioso que atiçou a cobiça dos soldados, que não o dividiram entre si no Calvário, mas lançaram dados sobre ele, para ver quem o ganhava inteiro. Depois do que aqui foi abordado, só lhe resta lamentar por sua visão tão limitada!

Você questiona a riqueza dos que vivem da fé, no mínimo em função das obras de arte, ouro, e edifícios por ostentar riqueza, esplendor e grandiosidade. Tudo isso representa um acervo de séculos e séculos, mesmo que a Igreja desejasse doar seu patrimônio aos pobres – não poderia, pois grande parte do mesmo é tombado como patrimônio histórico da humanidade. Que fique claro a riqueza da Igreja ser excelente, pois permite socorrer a necessidade dos pobres, promover a fé e tornar o culto no templos mais dignos – onde é sacrificado o cordeiro de Deus.

Pra finalizar, seu questionamento se parece com o de Judas, o próprio se queixou de que um caro perfume que havia sido usado para honrar a Cristo alegando que tal perfume poderia ser vendido para com o dinheiro se ajudar os pobres: “Então Judas Iscariotes, um dos seus discípulos, aquele que o havia de entregar, disse: por que se não vendeu este bálsamo por trezentos dinheiros, e se não deu aos pobres?” (Jo 12, 4-6).

A riqueza da Igreja tem ajudado a salvar muitas vidas:

• Igreja Católica a Maior Instituição de Caridade do Mundo!

• Cáritas ajuda o Haiti com mais de 230 milhões de dólares • Cáritas doa 650 mil euros às vítimas do tsunami na Indónesia

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“por isso mais uma vez estamos sendo RIDICULARIZADOS com esse show M.I.S.S.A. que percorre o País…fora os bem aventurados (santos) que desfilaram na parada GAY…isso ta se tornando comum por nossa unica culpa ..de quer quantidade ao invés de qualidade (pecadores sim, mais adoradores de um único DEUS e um único MEDIADOR E SALVADOR ==JESUS CRISTO)”

Meu irmãozinho você tem mesmo uma mentalidade protestante, somente os oriundos da reforma protestante acreditam bastar aceitar Jesus para que tudo vire um mar de rosas. Porém, não foi o ensinado por Jesus: “Se alguém quiser vir comigo, TOME A SUA CRUZ e siga-me“(Mt 16,24) ; “No mundo passais por aflições; mas tende bom ânimo, eu venci o mundo” (João 16.33);

Não há motivo de ficares tão impressionado pelo fato de sermos ridicularizados, já que sempre existiu – desde os primórdios da Igreja – os inimigos da cruz de Cristo; “Pois há muitos dos quais muitas vezes vos disse e agora repito, chorando, que são INIMIGOS DA CRUZ DE CRISTO: seu fim é a destruição, seu deus é o ventre, sua glória está no que é vergonhoso, e seus pensamentos no que está sobre a terra. Mas a nossa cidade está nos céus de onde também esperamos ansiosamente como Salvador o Senhor Jesus Cristo, que transfigurará nosso corpo humilhado, conformando-o ao seu corpo glorioso, pela força que lhe dá poder de submeter a si todas as coisas.” (Fl 3,18-19); Se hoje somos perseguidos e ridicularizados, é pelo simples fato da Igreja estar realmente comprometida com o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo: ”Felizes os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino do Céu”(Mt 5, 10)

Quanto aos eventos por você descrito não faz senão confirmar o que esta escrito: “Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscências; E desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas. Mas tu, sê sóbrio em tudo, sofre as aflições, faze a obra de um evangelista, cumpre o teu ministério.” (2 Tm 4.1-5);

Aos bons cristãos o melhor a fazer é ser paciente, buscar a perfeição e orar por estas almas que se encontrão na perdição – Aos não convertidos, cabe ficar julgando e buscando culpados! Uma coisa é lutarmos pelos nossos direitos e fazer com que a fé seja respeitada, outra totalmente diferente, é nos iludirmos que tudo irá parar por aí.

Em relação ao único mediador e salvador, ensina a Igreja Católica: “A Cruz é o único sacrifício de Cristo, único mediador entre Deus e os homens” (C.I.C 618). Bom, ao menos você lembrou alguma coisa nos tempos de sua má catequese. Porém, não esqueça da intercessão dos Santos: “Pelo fato de os habitantes do Céu estarem unidos mais intimamente com Cristo, consolidam com mais firmeza na santidade toda a Igreja. Eles não deixam de interceder por nós ao Pai, apresentando os méritos que alcançaram na terra pelo único mediador de Deus e dos homens, Cristo Jesus. Por conseguinte, pela fraterna solicitude deles, nossa fraqueza recebe o mais valioso auxílio”(C.I.C 956)

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“Um homem Cristão é Católico enquanto vive no corpo; decepado deste, torna-se um herege. O Espírito não segue um membro amputado.”(Santo

Agostinho)

In corde Iesu et Mariae,

Mendes Silva – Apostolado Spiritus Paraclitus

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Igreja anglicana de Washington adere à Igreja Católica POR: APOSTOLADO SPIRITUS PARACLITUS | TER , 07 DE JUNHO DE 2011

Em comunicado emitido nesta segunda-feira, 6, a Arquidiocese de Washington, nos Estados Unidos, informou que, “depois de um profundo período de reflexão”, o reitor e os fiéis da paróquia episcopal anglicana de São Lucas, em Bladensburg, estado de Maryland, “decidiram aderir à Igreja Católica Romana através da uma nova estrutura aprovada pelo Papa Bento XVI chamada ordinariato“. Esta paróquia é a primeira na área metropolitana de Washington a dar este passo.

Conforme o bispo anglicano, John Bryson Chane, esta foi uma conversão que foi decidida “em um espírito de sensibilidade pastoral e de respeito mútuo”. “Os cristãos se movem de uma Igreja a outra com frequência maior que no passado, às vezes como indivíduos, às vezes como grupos. Alegra-me poder satisfazer as necessidades espirituais dos fiéis e do sacerdote de São Lucas, de uma forma que respeita a tradição e a política de nossas Igrejas”, disse.

O comunicado anuncia também que o arcebispo de Washington, Cardeal Donald Wuerl, deu uma calorosa mensagem de boas-vindas à paróquia de São Lucas no seio da Igreja Católica e afirmou que reconhece a “abertura da comunidade à guia do Espírito Santo e seu caminho de fé”. O purpurado afirmou ainda que a estrutura dos ordinariatos, criada pelo Papa Bento XVI para acolher anglicanos que desejam a plena comunhão com Roma, “proporciona um caminho à unidade, uma vez que reconhece nossas crenças compartilhadas em matéria de fé e, ao mesmo tempo, respeita o patrimônio litúrgico da Igreja Anglicana”.

Por sua vez, o reitor da Igreja de São Lucas, reverendo anglicano Mark Lewis, agradeceu ao cardeal Wuerl e ao bispo Chane pelo apoio no caminho de reflexão de sua comunidade. O reverendo será ordenado sacerdote católico brevemente.

O primeiro ordinariato nos Estados Unidos ainda não foi estabelecido pela Santa Sé, por isso, a paróquia de São Lucas, que tem aproximadamente 100 membros, ficará, por enquanto, sob o cuidado da Arquidiocese de Washington.

A estimativa é de que durante a próxima Assembleia Ordinária da Conferência Episcopal norte-americana, a ser realizada no dia 15 de junho, seja apresentado o processo de estabelecimento do ordinariato no país. O cardeal Wuerl é a pessoa encarregada pela Santa Sé para implementar esse ordinariato.

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600 anglicanos iniciam caminho rumo à plena comunhão com a Igreja Católica na Inglaterra POR: APOSTOLADO SPIRITUS PARACLITUS | SEX , 11 DE MARÇO DE 2011

LONDRES, Mar. 11 / 11:34 am (ACI/EWTN Noticias)

600 fiéis anglicanos acompanhados de 20 pastores iniciaram nesta quarta-feira de Cinzas seu caminho rumo à plena comunhão com a IgrejaPapa Bento XVI na Inglaterra. através do Ordinariato Católico Nossa Senhora de Walsingham estabelecido pelo

Este grupo se une aos cinco ex-bispos anglicanos que já fazem parte do ordinariato.

A AP informou que um dos 20 sacerdotes que forma parte do grupo é David Lashbrook, quem em seu sermão de despedida na St. Marychurch em Torquay no sudeste da Inglaterra, assinalou que o sínodo geral anglicano “está buscando fazer que a igreja se conforme à cultura em vez de ser fiel à nova vida em Jesus Cristo”.

Por sua parte, Mary Huntington, do escritório de imprensa da diocese católica de Brentwood na área leste de Londres, assinalou que 241 adultos e crianças, incluindo sete sacerdotes, ingressarão na plena comunhão ali.

Do mesmo modo, Simon Chinery, um sacerdote anglicano encarregado de duas igrejas em Plymouth, comentou que experimenta “uma sensação de paz, uma sensação de emoção e um pouco de nervosismo” enquanto se prepara para entrar na Igreja Católica.

Em sua opinião o Papa Bento XVI tem facilitado o processo para os anglicanos que assim desejam possam converter-se ao catolicismo. Antes, considerou, a porta “estava aberta pela metade” mas agora está “de par em par e nos puseram um tapete de boas-vindas”.

Estes conversos não receberão a comunhão até o dia da sua Confirmação pouco antes da Páscoa, enquanto que os sacerdotes anglicanos serão ordenados sacerdotes católicos na festa de Pentecostes e logo depois de completar a formação teológica apropriada.

A comunhão anglicana sofreu uma importante ruptura interna depois que algumas de suas comunidades aprovaram a ordenação de bispos homossexuais e mulheres “bispos”. Em novembro de 2009, o Papa Bento XVI publicou a constituição apostólica Anglicanorum coetibus, na que estabelece o modo no qual os anglicanos que assim o desejem possam ingressar na comunhão plena da Igreja Católica.

Em 15 de janeiro de 2011, a Santa Sé anunciou a criação oficial do Ordinariato Pessoal de Nossa Senhora do Walsingham, como “uma estrutura canônica que permite uma reunião corporativa de tal modo que os ex-anglicanos possam ingressar na plena comunhão com a Igreja Católica preservando elementos de seu patrimônio anglicano”.

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LONDRES, Mar. 11 / 11:34 am (ACI/EWTN Noticias)

600 fiéis anglicanos acompanhados de 20 pastores iniciaram nesta quarta-feira de Cinzas seu caminho rumo à plena comunhão com a IgrejaPapa Bento XVI na Inglaterra. através do Ordinariato Católico Nossa Senhora de Walsingham estabelecido pelo

Este grupo se une aos cinco ex-bispos anglicanos que já fazem parte do ordinariato.

A AP informou que um dos 20 sacerdotes que forma parte do grupo é David Lashbrook, quem em seu sermão de despedida na St. Marychurch em Torquay no sudeste da Inglaterra, assinalou que o sínodo geral anglicano “está buscando fazer que a igreja se conforme à cultura em vez de ser fiel à nova vida em Jesus Cristo”.

Por sua parte, Mary Huntington, do escritório de imprensa da diocese católica de Brentwood na área leste de Londres, assinalou que 241 adultos e crianças, incluindo sete sacerdotes, ingressarão na plena comunhão ali.

Do mesmo modo, Simon Chinery, um sacerdote anglicano encarregado de duas igrejas em Plymouth, comentou que experimenta “uma sensação de paz, uma sensação de emoção e um pouco de nervosismo” enquanto se prepara para entrar na Igreja Católica.

Em sua opinião o Papa Bento XVI tem facilitado o processo para os anglicanos que assim desejam possam converter-se ao catolicismo. Antes, considerou, a porta “estava aberta pela metade” mas agora está “de par em par e nos puseram um tapete de boas-vindas”.

Estes conversos não receberão a comunhão até o dia da sua Confirmação pouco antes da Páscoa, enquanto que os sacerdotes anglicanos serão ordenados sacerdotes católicos na festa de Pentecostes e logo depois de completar a formação teológica apropriada.

A comunhão anglicana sofreu uma importante ruptura interna depois que algumas de suas comunidades aprovaram a ordenação de bispos homossexuais e mulheres “bispos”. Em novembro de 2009, o Papa Bento XVI publicou a constituição apostólica Anglicanorum coetibus, na que estabelece o modo no qual os anglicanos que assim o desejem possam ingressar na comunhão plena da Igreja Católica.

Em 15 de janeiro de 2011, a Santa Sé anunciou a criação oficial do Ordinariato Pessoal de Nossa Senhora do Walsingham, como “uma estrutura canônica que permite uma reunião corporativa de tal modo que os ex-anglicanos possam ingressar na plena comunhão com a Igreja Católica preservando elementos de seu patrimônio anglicano”.

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Três ex-bispos anglicanos são recebidos na Igreja Católica POR: APOSTOLADO SPIRITUS PARACLITUS | QUI , 06 DE JANEIRO DE 2011

LONDRES, 05 Jan. 11 / 11:06 am (ACI).- Em uma singela cerimônia celebrada na Catedral de Westminster no sábado 1º de janeiro, os ex-bispos anglicanos Andrew Burnham, John Broadhurst e Keith Newton, foram recebidos no seio da Igreja Católica e dentro de alguns dias receberão a ordenação sacerdotal.

O semanário inglês Catholic Herald informou em sua edição de internet da segunda-feira 3 de janeiro que os três ex-bispos serão ordenados diáconos no próximo 13 de janeiro e dois dias depois, no dia 15, receberão a ordenação sacerdotal.

A publicação sustenta que o ingresso dos três pastores à Igreja constitui o primeiro passo concreto para o estabelecimento do ordinariato que acolherá os anglicanos que desejem pertencer à Igreja Católica, cujo estabelecimento oficial poderia acontecer antes das anunciadas ordenações.

Burnham, Broadhurst e Newton serão os primeiros ex-bispos anglicanos em assumir segundo a disposição do Papa Bento XVI aos anglicanos que desejam estar em plena comunhão com Roma. Segundo o Catholic Herald, espera-se que o passo dos três ex-bispos seja seguido por 500 e até 800 pessoas.

A comunhão anglicana sofreu uma importante ruptura interna logo depois de que algumas de suas comunidades aprovassem a ordenação de bispos homossexuais e mulheres “bispos”. Em novembro de 2009, o Papa Bento XVI publicou a constituição apostólica Anglicanorum coetibus, na que estabelece o modo no qual os anglicanos que queiram ingressar na comunhão plena da Igreja Católica possam fazê-lo.

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A volta de protestantes ao seio da Igreja Católica, nos Estados Unidos. POR: APOSTOLADO SPIRITUS PARACLITUS | QUI , 05 DE MAIO DE 2011

Foi algo que os protestantes não esperavam. Para eles impossível mais para Deus possível “Jesus olhou para eles e disse: Aos homens isto é impossível, mas a Deus tudo é possível” (Mt 19,26). trata-se da volta e conversão de muitos Protestantes para o catolicismo, fato notável que tem ocorrido nos Estados Unidos, berço do neoprotestantismo.

“Estas conversões aumentam a cada dia, e estão sendo irreversíveis com a passagem do tempo. São conversões de pastores, ministros e leigos, para a Igreja Católica. Sim, antes eles eram fortes pilares do Protestantismo e promotores do anticatolicismo, que agora, voltam à Igreja de Cristo! E com os seus testemunhos atraem como uma avalanche, muitos outros protestantes de todos os continentes.”[2]

Das mais diversas denominações e comunidades eclesiais, luteranos, calvinistas, anglicanos, prebiterianos, testemunhas de Jeová, adventistas, assembleianos, batistas, congregacionais e de varias outras Igrejas.

Dentre os nomes esta: Scott Hann, Paul Thigpen, Marcus Grodi, Steve Wood, Bop Sungenis, Julie Swenson, Dave Amstrong, David B. Currie, Tom Howard, Peter Kreeft, Douglas Bogart. Cada um deles em tempos diferentes e com os meios diferentes, mas todos em comum, unidos agora na Igreja Católica. (Efésios 4, 4-5). tudo isto também dar-se através de uma solida apologética que desde os anos de 1970 vem dando fortes frutos nós EUA.

Estudaram teologia protestante, livros de exegese bíblica, o escritos dos Pais da Igreja e Cristianismo primitivo, a Patrística enfim. E eles ficaram “surpreendidos com a Verdade”. Vários deles eram professores de teologia, escritores, pastores e estudiosos. Começaram a estudar os alicerces da fé católica muitas vezes como forma de se munir contra o próprio catolicismo e foram pegos de surpresa pela verdade que as doutrinas do catolicismo são legitimas, com as praticas da Igreja em seus primórdios como exemplo os sacramentos, a utilização de ícones, a veneração aos santos e a Maria.

Descobriram a sucessão apostólica base e confiança de apostolicidade a Igreja Católica, recordam a entrega da Igreja pelos apóstolos aos seus sucessores (discípulos), Bispos que tiveram outros bispos o sucedendo, que o mesmo Pedro exerceu seu episcopado em Roma, e junto com Paulo fundaram a Comunidade cristã em Roma. Começam a refletir sobre a sola escriptura da Reforma, tendo em mente que fora a Igreja católica em seus concílios que sistematizou o cânon bíblico, com a livros que deveriam ser aceitos ou não no Novo testamento.

Eles andaram em várias estradas percorreram muitos caminhos até chegar a cátedra Romana. Agora estão em comunhão com o Papa dando testemunho em rádios, revistas e televisão no mundo inteiro. Escreveram livros, gravaram cassetes, mantém páginas e sítios na Internet. Desenvolvem apostolados apologéticos em vários países E por meio deles há um forte movimento de

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protestantes voltando a Casa do Pai. “Coluna e sustentáculo da verdade” I Tm 3,15.

Vejam o perfil de alguns deles:

1) Scott Hann. ex-pastor presbiteriano e ex-professor de teologia protestante.

Era um anticatólico dos mais radicais de sua época. O seu excelente conhecimento como pastor e teólogo protestante e o testemunho de conversão para a Igreja católica faz deste servo de Deus um fascinante defensor da verdade. Milhares de protestantes e centenas de pastores voltaram ao Catolicismo vendo o testemunho deste ex-pastor.

2) Paul Thigpen. ex- editor e escritor de várias revistas protestantes.

Foi educado em uma Igreja presbiteriana do sul. Levou a sério, os estudos religiosos na Universidade de Yale. Foi Pastor e missionário na Europa, depois passou para a Igreja Batista, Metodista, Igreja Anglicana e depois para uma Igreja Pentecostal. Finalmente fez estudos para obter doutorado em História da Teologia que o facilitou ao caminho para a Igreja Católica.

3) Marcus Grodi ex-ministro protestante formado em Teologia e Bíblia.

Fez os estudos de teologia no seminário protestante Gordon-Conwell em Boston, Massachussetts.

Marcus afirma: “Eu só quis ser um bom pastor”, mas um dia perguntou-se a si mesmo: “Eu estou ensinando a verdade ou o erro? Como eu posso estar seguro se em outras igrejas a mesma leitura Bíblica tem várias interpretações diferentes?”.

Estudou história da Igreja e soube através da Bíblia que não poderia continuar a ser um protestante. Concluiu que a verdade absoluta só se encontrava na Igreja católica. “Sou mais completo na Igreja dos Apóstolos”, disse ele.

4) Steve Wood. ex-diretor de um Instituto Bíblico na Flórida

Ex-pastor da Igreja evangélica “O Calvário”. Fazia os estudos em um Instituto das Igrejas Assembléias de Deus trabalhando em projetos de evangelismo juvenil; era líder de ministérios evangélicos na prisão; organizou um Instituto de estudos bíblicos para adultos e depois fez pós-graduação estudando no famoso seminário evangélico de teologia Gordon-Conwell em Massachusetts.

Um dia quando orava, Deus lhe falou: “Agora ou nunca”. Com a sua conversão ao Catolicismo ele perderia tudo. Perderia o trabalho como pastor e não poderia sustentar a família. “Eu tinha estudado 20 anos para ser um ministro protestante e Deus me falou: Faça, agora!… E eu fiz isto”.

5) Bop Sungenis. ex-professor de Bíblia em uma Rádio evangélica.

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Escreveu um livro contra a Igreja católica: “Recompensas no Céu?” Onde criticou os Católicos por acreditar na importância das obras. Ele quis demonstrar que os ensinamentos Católicos eram falsos e que para salvar-se, bastaria somente a fé. Estudou no “Collegue Bíblico de Washington” e depois se especializou no “George Washington University”.

Bop diz: Agora como Católico eu tenho a paz. Isso vem como consolação de viver na verdade. Agora eu entrei no exército de Cristo nesta grande batalha para a salvação das almas. Ajudarei meus irmãos protestantes a aprender que a Igreja católica não só é a verdadeira Igreja, mas a casa onde todos nós pertencemos.

6) Duglas Bogart. Ex-missionário evangélico na Guatemala.

Meu sonho era ser missionário em minha Igreja evangélica de Phoenix. Porém com o tempo, sem perceber, Deus estava me guiando para sua Igreja. Com muita tranqüilidade afirma Douglas: “Eu li muitos livros de teologia, de história, e de testemunhos”. Estudei o Catecismo da Igreja Católica comparando-o com a Bíblia. Eu li os primeiros escritos dos Pais da Igreja e descobri que a igreja primitiva era Católica e não protestante. Terminei de aceitar a verdade e agora eu sou Católico.

7) David B. Currie. Ex-ministro evangélico do qual muitos o chamavam de “O Mestre em Divindade”.

Ele nasceu e cresceu como um protestante fundamentalista, seu pai era um pastor. David fez curso de teologia no “Trindade Universidade Internacional” em Deerfield, Illinois. Depois obteve seu “Mestrado em teologia Bíblica” no “Trindade Escola de Divindade Evangélica”.

O que o levou a ser Católico? Sua resposta se baseia em duas coisas: O estudo da Bíblia o fez descobrir que a Palavra de Deus o guiou para o Catolicismo e o segundo é que a mesma Bíblia mostrou para ele que a Igreja católica é a única Igreja fundada por Cristo.

8) Alan Stephen Hopes. ex- Pastor e Bispo Anglicano nomeado por João Paulo II

Pastor Anglicano convertido ao Catolicismo. Foi nomeado bispo auxiliar de Westminster por João Paulo II. Nasceu em Oxford, em 1944. Foi recebido na Igreja Católica em 04 de Dezembro de 1995.

Depois de dois anos como vigário da paróquia de Nossa Senhora da Vitória, de Kensington, foi nomeado Padre da Paróquia de Nosso Redentor, em Chelsea, tornando-se depois, em 2001, vigário geral da arquidiocese.

Monsenhor Hopes é um dos pastores Anglicanos que abandonaram a Igreja da Inglaterra depois que a ordenação sacerdotal de mulheres foi aprovada naquela igreja.

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9) Francis Beckwith. Que em 2007 renunciou cargo de Presidente da Sociedade Teológica Evangélica (ETS) que congregava mais de 4 mil pastores nos EUA.

O que levou este homem a se converter? Beckwith relata que começou sua volta à fé em que cresceu, quando decidiu ler a alguns bispos e teólogos dos primeiros séculos da Igreja. “Em janeiro, por sugestão de um amigo querido, comecei a ler aos Padres da Igreja assim como alguns trabalhos mais sofisticados sobre a justificação em autores católicos. Comecei a convencer-me que a Igreja primitiva é mais católica que protestante e que a visão católica da justificação, corretamente compreendida, é bíblica e historicamente defensável”.

No dia em 28 de abril do mesmo ano, ele recebeu o sacramento da Confissão. Selando sua volta a Igreja Católica.

Todos eles são agora verdadeiros Católicos. Eles acharam a abundância da vida cristã e o caminho da verdade na única Igreja fundada por Cristo. Rezemos para que este movimento também florença em nosso país e já vemos no Brasil casos em pequenas proporções como por exemplo, o ex-pastor Assebleiano Sidney Alencar Veiga, também ex-pastor Batista Francisco Almeida de Araújo, a ex-prebiteriana e hoje Irmã Themis, o ex-luterano e pentecostal Alessandro Lima, atualmente apologista católico, e o também ex-luterano Marcos Monteiro Grillo e outros.

J. DA SILVA , John Lennon.Um Golpe no Protestantismo, a volta de Protestantes ao seio da Igreja Católica, nos Estados Unidos. Apostolado SRC. Disponivel em: http://www.apostoladoscr.com.br/2010/07/um-golpe-no-protestantismo-volta-de.html - Acesso em: 6 de Janeiro de 2011.

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A Reforma foi um erro trágico, afirma reverendo Gladfelter, metropolita do ALCC

POR: APOSTOLADO SPIRITUS PARACLITUS | SAB , 06 DE AGOSTO DE 2011

O Arcebispo Irl A. Gladfelter preside uma das confissões cristãs que planejam voltar ao catolicismo nos ordinariatos criados por Bento XVI. A Igreja Católica Anglo-Luterana é a única com raízes luteranas e poderia considerar-se o primeiro passo pra a volta ao redil católico dos herdeiros de Lutero. Numa longa entrevista concedida a Infocatólica, este Arcebispo que ainda não é católico mas sim cooperador da Opus Dei, fala de sua alegria de voltar à Igreja Católica, da importância de uma única fé e de seu compromisso de desfazer a Reforma protestante.

Reverendo Irl A. Gladfelter, Metropolita da Igreja Católica Anglo-Luterana (ALCC), o senhor é biólogo, Doutor em Cirurgia Dental, tenente-coronel reformado do exército americano, Doutor em Teologia e Metropolita da ALCC. Como encontrou tempo para tantas coisas?

Não foi um problema. Só me tornei clérigo depois de ser reformado pelo Exército dos Estados Unidos e como dentista.

Quando foi fundada a ALCC? Por que a combinação de anglicanismo e luteranismo?

A ALCC foi formada em 1997 por antigos membros da Igreja Luterana – Sínodo de Missouri dos Estados Unidos (LCMS), os quais, por serem luteranos orientados ao catolicismo ou “Evangélicos Católicos” (também conhecidos como a “igreja alta”), não podiam aceitar a orientação cada vez mais protestante da LCMS e sua aceitação crescente da teologia evangélica fundamentalista, junto com alguns aspectos da soteriologia e da teologia sacramental que haviam sido importados do Calvinismo por vários meios já na sua fundação e a aceitação cada vez maior de serviços evangélicos não litúrgicos. Nossos fundadores também faziam reparos à teologia sacramental da LCMS, à sua política congregacional, a suas ideias sobre a natureza e o exercício da autoridade dentro da Igreja e à sua compreensão das Ordens Sagradas (o “ofício do ministério público”, segundo a linguagem que utilizam). Inicialmente, a ALCC adotou as posturas da ala “anglo-católica” do anglicanismo (ou anglicanismo da “igreja alta”). Ao longo do tempo, embora respeitássemos as relações que haviam sido estabelecidas com o anglicanismo da “igreja alta”, a ALCC encontrou também problemas com o anglicanismo, incluindo sua recusa da primazia papal, da infalibilidade papal, da infalibilidade do Sagrado Magistério e dos Concílios posteriores aos quatro primeiros Concílios Ecumênicos, além de sua tolerância de alguns graus de teologia eucarística de tipo protestante, que podem ser encontrados na Oração Eucarística do Livro de Oração Comum, entre outros problemas. Finalmente, a ALCC chegou a reconhecer a verdade absoluta da fé católica e se deu conta de que tinha a obrigação em consciência de voltar a Roma. Descreveu-se recentemente a Igreja Católica Anglo-Luterana (ALCC) como “totalmente romanizada” e como uma Igreja que “ensina a doutrina católica sólida, utilizando um vocabulário luterano e anglicano, corrigindo este último com o

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primeiro”. Ambos comentários são acertados e precisos. Em essência, a ALCC se “romanizou” totalmente, aceitando com entusiasmo a verdade objetiva de todos os aspectos da fé católica.

Foi importante para os senhores a declaração conjunta católica e luterana sobre a justificação (1997)?

Sim. Para a ALCC, a Declaração conjunta católica e luterana sobre a doutrina da justificação decidiu de uma vez para sempre o assunto fundamental da fase de Wittenberg (luterana) da Reforma. Uma vez que esse assunto tenha sido resolvido, a ALCC se deu conta de que tinha a “obrigação em consciência” de entrar na Igreja Católica, marcando o caminho para que outras jurisdições eclesiásticas luteranas (igrejas) possam segui-la.

Quantos membros e paróquias tem aproximadamente a ALCC? Estão presentes somente nos Estados Unidos ou estão também em outros países?

O número total de membros da ALCC é de aproximadamente 11.000 pessoas, nos Estados Unidos, Canadá, Alemanha, Sudão e no proximamente independente Sudão do Sul. O maior número corresponde a africanos sub-saharianos, a maioria dos quais são do Sudão do Sul.

De onde vem a maioria de seus membros? Antes de ingressar na ALCC eram luteranos, anglicanos, católicos ou não cristãos?

A maioria de nossos membros não africanos entraram na ALCC procedentes de outras Igrejas luteranas, mas nossos membros sub-saharianos, tanto na África como nos Estados Unidos e Canadá são antigos anglicanos.

Na Comunhão Anglicana, há algumas congregações religiosas anglo-católicas. Também os senhores têm religiosos na ALCC?

Sim, temos uma Prelazia Pessoa, a Ordem de Santo Ambrósio (O.S.A) e uma Sociedade Sacerdotal, a Sociedade Sacerdotal dos Servos do Bom Pastor. A regra e a espiritualidade de ambas se parecem muito com as da Opus Dei. O Vigário Geral da ALCC e eu somos, com grande entusiasmo, Cooperadores da Opus Dei. Alguns de nossos bispos são membros da Confraternidade de São Pedro, dirigida pela Fraternidade Sacerdotal de São Pedro (FSSP), uma sociedade católica.

Ingressarão no ordinariato dos Estados Unidos quando for criado, no final deste ano?

Sim, porque é o que a Congregação para a Doutrina da Fé nos disse que façamos, mas a última palavra será da própria Congregação. Vimos trabalhando com eles desde 2009. Do ponto de vista da ALCC, trata-se de um tema de obediência à Congregação para a Doutrina da Fé. Em nossa petição a Roma para entrar na Igreja Católica (antes da promulgação da Anglicanorum Coetibus) não mencionamos um ordinariato, já que ainda não havia sido publicada a Constituição Apostólica. Por conselho de nosso advogado católico

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de Direito Canônico, a ALCC pediu apenas para entrar como “sociedade sacerdotal” ou da forma que dispusesse o Santo Padre. Nossa petição terminava com a frase: “O filho pródigo voltou e está à porta. Santo Padre, por favor, deixe-nos entrar”. A ALCC nunca pediu mais que isto. Está à porta e roga que a deixem voltar para casa. Entretanto, quando no outono de 2010 recebemos uma carta do Secretário da CDF notificando-nos que deveríamos entrar na Igreja Católica através das disposições da Anglicanorum Coetibus, por obediência aos desejos do Santo Padre e da CDF, a ALCC aceitou imediatamente estas instruções por escrito. Assim, portanto, atualmente a ALCC espera pacientemente e roga ao Senhor e a sua Bendita Mãe, Maria, que nos permita voltar para casa, a Igreja Católica, seja através daAnglicanorum Coetibus seja por outro meio.

Todos os membros da ALCC se farão católicos ou alguns decidiram esperar ou passar para outros grupos anglicanos ou luteranos?

Todos os membros da ALCC se farão católicos. A diferença de algumas Igrejas Anglicanas, a ALCC não tem “posturas inamovíveis” A ALCC não está interessada em absoluto em “preservar um patrimônio”. Ao contrário, trata-se de uma Igreja profundamente “romanizada”, que trabalha com todas as suas forças para “desfazer” a Reforma, porque considera que foi um trágico erro de proporções épicas, que nunca devia ter acontecido, e procura restaurar a unidade da Igreja segundo os critérios da Igreja Católica. A ALCC não pede para preservar um “patrimônio luterano”. A diferença do patrimônio anglicano, o patrimônio luterano é essencialmente teológico e, ao ter compreendido plenamente as heresias do luteranismo e ao ter aceitado a fé católica, a única coisa que pede e por que reza a ALCC é que se lhe permita “voltar para casa” e entrar na Igreja Católica, como filhos pródigos arrependidos. A única coisa que queremos é nos dissolvermos na Igreja Católica, como católicos normais. Faz tempo que a ALCC tem como política não admitir membros nem aceitar clérigos que não estejam plenamente comprometidos com a causa da unidade da Igreja de Cristo, sanando as feridas que infligiram a essa unidade o orgulho humano e as heresias dos líderes da Reforma protestante. Todos os membros da ALCC devem estar comprometidos em desfazer a Reforma.

Todos os clérigos da ALCC, desde o Metropolita até o último diácono permanente devem assinar uma versão adaptada do Mandato da Conferência Episcopal dos Estados Unidos, o qual estabelece que “se comprometem a ensinar a doutrina católica e não pregarão, ensinarão, escreverão nem publicarão nada que entre em conflito com o magistério católico”. Este compromisso se controla e se faz cumprir estritamente. Já aconteceu de algum sacerdote ter sido destituído de seu cargo, permitindo-lhe escolher entre sua demissão e a excomunhão, por não cumprir o Mandato da ALCC.

Será um problema para os membros da ALCC a necessidade de aceitar o Catecismo da Igreja Católica, como expressão normativa de fé para os ordinariatos? Que textos utilizam atualmente para catequizar as crianças e os adultos?

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Absolutamente. Há anos a ALCC aceitou oficialmente o Catecismo da Igreja Católica como nossa expressão completa da fé cristã. Catequizamos as crianças e os adultos usando o Catecismo da Igreja Católica, o Compêndio do Catecismo da Igreja Católica da Conferência Episcopal norteamericana, Fé para o futuro: Um novo catecismo ilustrado, publicado pela Liguori Press; o Compêndio de Doutrina Social da Igreja da Conferência Episcopal norteamericana e outros textos católicos unicamente. Para a catequese geral e o estudo, a ALCC usa a Bíblia de Navarra, publicada pela Scepter Press; a New American Bible e a Bíblia Católica de Estudo da Ignatius Press. A ALCC não permite o uso de qualquer catecismo luterano nem de outros catecismos protestantes.

Quais são as principais dificuldades encontradas até agora?

Toda organização nova tem “crise de crescimento” e a ALCC não é uma exceção. Sempre há lugar para melhorar e para formas de desenvolver nossos apostolados de forma mais eficaz. Entretanto, estamos muito bem, levando em conta que a ALCC foi fundada em1997. Amaior preocupação da ALCC, com muita diferença, consiste em conseguir seu objetivo de converter-se na primeira jurisdição eclesiástica luterana que volta à Igreja Católica como grupo unificado desde o final da Contra-reforma.

Uma vez que ingressem num ordinariato, o senhor e os demais bispos e sacerdotes da ALCC terão de ser ordenados como diáconos e sacerdotes católicos. É algo difícil de se aceitar?

Não,em absoluto. Alegramo-nosdisto, porque eliminará a possibilidade de qualquer confusão entre os fiéis católicos sobre a validade de nossa ordenação de nossos sacramentos.

Sempre existiu um setor “católico” entre os luteranos?

Si, certamente. A tal setor foi dado muitos nomes: Gneiso-luteranos (luteranos originais), Velhos-luteranos, Luteranos Romanizados e, nos últimos anos, “Católicos Evangélicos”. A ALCC está simplesmente no extremo mais católico desta tradição.

Há outros grupos de luteranos que estão relativamente próximos da Igreja Católica?

Na Suécia existe o movimento Arbetsgemenskapen Kyrklig Förnyelse (União Eclesial Sueca) e outras sociedade menores. Há comunidades monásticas, como o Mosteiro de Östanbäck (um mosteiro beneditino), o convento de Alsike e a Congregação de São Francisco, a Fundação de São Lourenço, a Fundação de Santo Oscar, a Coalizão Eclesial pela Bíblia e a pela Confissão e a Förbundet För Kristen Enhet, que como a ALCC trabalha para conseguir a união visível e como grupo com a Igreja Católica. Na Alemanha existe aSt. Jakobus- Bruderschaft, com a qual a ALCC permanece em contato, a Arbeitsgemeinschaft Kirchliche Erneuerung (Grupo de Trabalho para a Renovação da Igreja) da Igreja Luterana da Baviera, Humiliatenorden, St.

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Athanasius-Bruderschaft, Hochkirchlicher Apostolat St. Ansgar, Bekenntnisbruderschaft St. Peter und Paul, a Kommunität St. Michael en Cottbus, a Congregatio Canonicorum Sancti Augustini e o Priorado de São Wigberto. Há grupos similares na Noruega, Dinamarca, Finlândia e Islândia.

O senhor crê que se formará algum tipo de ordinariato para os luteranos no futuro?

Quer se trate de um ordinariato ou de alguma outra estrutura mais simples e menos polêmica para estabelecer e integrar na Igreja segundo o Direito Canônico, como uma “sociedade sacerdotal” ou um “instituto de vida apostólica”, creio que se formará algum tipo de estrutura para que os luteranos de todos os países possam voltar à Igreja Católica. Há de se reconhecer: a Igreja Católica, e em geral o cristianismo, estão sendo atacados atualmente. As comunidades eclesiais como os anglicanos e luteranos se dividem ainda mais sob os ataques do ateísmo, do agnosticismo, da filosofia pós-moderna e das teologias heréticas de tipo liberal. A Igreja não pode se permitir o enfrentamento a essas e outras ameaças em seu estado dividido atual. É hora de os luteranos e outras comunidades eclesiais voltarem à Igreja Católica, para que lhe resulte mais fácil derrotar estas ameaças e realizar a Nova Evangelização promovida pelo Papa Bento XVI e outras pessoas! É hora de recuperar a unidade da Igreja de Cristo! Os luteranos devem se dar conta de que voltar à Igreja Católica não é algo bom, é estupendo. No Getsêmani, Jesus orou para que seus discípulos fossem um, como Ele e o Pai são um, assim a união com a Igreja Católica não é algo “bom”, mas algo “estupendo”, porque Jesus o pediu em sua oração e o ordenou (não o “sugeriu” simplesmente). Os luteranos devem voltar à Igreja Católica porque é o correto, é o único caminho correto.

Em sua homilia de vésperas, na Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos,em São PauloExtramuros, em Roma, 25 de janeiro de 2011, o Papa Bento XVI afirmou: “Os esforços para recuperar a unidade entre os cristãos divididos não podem reduzir-se simplesmente a reconhecer nossas diferenças recíprocas e a conseguir uma coexistência pacífica. O que desejamos é a unidade pela qual orou o mesmo Cristo e que, por sua própria natureza, se manifesta numa comunhão de fé, de sacramentos e de ministério. O caminho para esta unidade deve ser percebido como um imperativo moral, uma resposta a um chamado específico do Senhor… Devemos continuar com entusiasmo o caminho para este objetivo”. Isto é exatamente o que pretende fazer a ALCC ao esforçar-se para entrar na Igreja Católica como grupo unificado.

Se se criasse um ordinariato para luteranos no futuro, os senhores deixariam o ordinariato anglo-católico para integrar-se nele?

Certamente, estaríamos interessados e colaboraríamos com qualquer futuro ordinariato luterano ou estruturas alternativas segundo o Direito Canônico atual, mas faremos exatamente o que nos pedirem a Congregação para a Doutrina da Fé e o Santo Padre. Além do mais, os membros da ALCC só queremos converter-nos em católicos normais, como todos os outros, e nos

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injetar de forma segura no “centro” teológico e social da Igreja Católica. Ficaremos contentes em “florescer” onde quer que o Santo Padre e a CDF nos “plantem” dentro da Igreja Católica.

O senhor crê que sua união com a Igreja Católica influenciará outros luteranos?

Sem dúvida. Faz alguns anos o Pe. Richard John Nieuhaus, um pastor luterano dos Estados Unidos que se converteu ao catolicismo e foi ordenado como sacerdote católico (e era o editor da revista norteamericana First Things), escreveu que enquanto ele apenas podia perceber movimentos de luteranos para a Igreja Católica, algum dia uma Igreja Luterana “dará um passo adiante e então nada voltará a ser igual”. Esperamos e rezamos para que a Igreja Católica Anglo-Luterana seja a Igreja que dará este passo adiante e que isso leve muitos luteranos a abandonar as heresias da Reforma e voltem à fé católica; que se aproxime este bendito dia no qual a oração de Cristo no Getsêmani para que todos seus discípulos sejam um seja de novo uma realidade, em uma só Igreja sob Cristo e seu Vigário nesta terral, o Sucessor de São Pedro. Até este dia, a ALCC terá muito presentes dois lemas usados por nossa Igrejas: (1) “Voltar à unidade do Corpo de Cristo, Igreja por Igreja”, e (2) o lema do escudo papal de São Pio X, “renovar todas as coisas em Cristo”.

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As diferenças entre católicos e orientais ortodoxos POR: APOSTOLADO SPIRITUS PARACLITUS | SEG , 14 DE FEVEREIRO DE 2011

Em síntese: São treze as principais diferenças doutrinárias e disciplinares que distanciam católicos e ortodoxos orientais uns dos outros: os ortodoxos não aceitam o primado e a infalibilidade do Papa, a processão do Espírito Santo a partir do Filho, o purgatório póstumo, os dogmas da Imaculada Conceição e da Assunção de Maria Ssma., o Batismo por infusão (e não por imersão), a falta da epiclese na Liturgia Eucarística, o pão ázimo (sem fermento) na celebração eucarística, a Comunhão eucarística sob a espécie do pão apenas, o sacramento da Unção dos Enfermos como é ministrado no Ocidente, a indissolubilidade do matrimônio, o celibato do clero. Como se pode ver, nem todos esses pontos diferenciais são da mesma importância. O mais ponderoso é o da fidelidade ao Papa como Pastor Supremo, assistido pelo Espírito Santo em matéria de fé e de Moral.

São treze¹ os pontos que distinguem dos fiéis católicos os cristãos ortodoxos orientais. Vão, a seguir, enumerados e comentados.

Seja observado, logo de início, que em geral os orientais têm por ideal a volta da Igreja ao que ela era até o sétimo Concílio Geral (Nicéia II em 787), pois só aceitam os Concílios de Nicéia I (325), Constantinopla I (381), Éfeso (431), Calcedônia (451), Constantinopla II (553), Constantinopla III (681), Nicéia II (787). O Concílio de Constantinopla IV, que excomungou o Patriarca Fócio em 869/870, é rejeitado pelos orientais.

1. Primado do Papa. Alega a teologia ortodoxa que a jurisdição universal e suprema do Papa implica que os outros bispos são subordinados a ele como seus representantes.

A esta concepção responde o Concílio do Vaticano II: “Aos Bispos é confiado plenamente o ofício pastoral ou o cuidado habitual e cotidiano das almas. E, porque gozam de um poder que lhes é próprio e com toda razão são antístites dos povos que eles governam, não devem ser considerados vigários (representantes) do Romano Pontífice” (Constituição Lumen Gentium27).

O primado do Bispo de Roma ou do Papa garante a unidade e a coesão da Igreja, preservando-a de iniciativas meramente pessoais e subjetivas.

2. Infalibilidade. Em 1870, fazendo eco a antiga crença dos cristãos, o Concílio do Vaticano I declarou o Papa infalível quando fala em termos definitivos para a Igreja inteira em matéria de fé de Moral. – A teologia ortodoxa oriental alega que esta definição extingue a autoridade dos Concílios.

Respondemos que os Concílios gerais ou universais têm plena razão de ser, desde que o Papa deles participe (por si ou por seus delegados) e aprove as suas conclusões. Em nossos dias mais e mais se tem insistido sobre a colegialidade dos Bispos.

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3. A processão do Espírito Santo a partir do Filho (Filioque). Esta concepção da Igreja Católica decorre do fato de que “em Deus não há distinções a não ser onde haja oposição relativa”. Se, portanto, entre o Filho e o Espírito Santo não há a distinção de Espirante e espirado, um não se distingue do outro ou o Filho e o Espírito Santo são uma só Pessoa em Deus. Verdade é que Jesus em Jo 15, 26 diz que o Espírito procede do Pai; o Senhor, porém, não tenciona propor aí uma teologia sistemática, mas põe em relevo um aspecto da verdade sujeito a ser completado pela reflexão.

Na verdade, a questão em foco é mais de linguagem do que de doutrina, como foi demonstrado em PR 442/1999, pp. 120ss. Os orientais preferem dizer que o Espírito Santo procede do Pai através do Filho – o que pode ser conciliado com a posição dos ocidentais.

4. Purgatório. Os orientais não tiveram dificuldade para aceitá-lo até o século XIII. Em 1231 ou 1232, o metropolita Georges Bardanes, de Corfu, pôs-se a impugnar o presumido fogo do purgatório, pois na verdade não há fogo no purgatório. Os teólogos orientais subseqüentes apoiaram a contestação (muito justificada) de G. Bardanes. Mas nem por isto negaram um estado intermediário entre a vida terrestre e a bem-aventurança celeste para as almas daqueles que morrem com resquícios de pecado; estes seriam perdoados por Deus em vista da oração da Igreja; estariam assim fundamentados os sufrágios pelos defuntos.

A absoluta recusa do purgatório só ocorreu entre os orientais no século XVII sob a influência de autores protestantes. Daí por diante a teologia oriental está dividida; há muitos teólogos ortodoxos que admitem um estado intermediário entre a morte e a bem-aventurança celeste como também reconhecem o valor dos sufrágios pelos defuntos.

5. A Imaculada Conceição de Maria. Esta é, por vezes, confundida com um pretenso nascimento virginal de Maria Ssma. (Santa Ana teria concebido sua filha sem a colaboração de São Joaquim). Já que tal concepção virginal carece de sólido fundamento, também a Imaculada Conceição é posta em dúvida pelos orientais. Ocorre, porém, que a literatura e a Liturgia dos ortodoxos enaltecem grandemente a total pureza de Maria, professando a mesma coisa que os ocidentais, ao menos de modo implícito, sem chegar a formular um dogma de fé a respeito.

6. A Assunção de Maria Ssma. Foi proclamada como dogma de fé em 1950 pelo Papa Pio XII, de acordo com a tradição teológica ocidental e oriental. Merece especial atenção a iconografia oriental, que representa de maneira muito expressiva a Virgem sendo assumida aos céus por seu Divino Filho. Na verdade, o que fere os orientais, não é a proclamação da Assunção; mas a promulgação do dogma (como no caso da Imaculada Conceição).

7. Batismo por infusão ou aspersão da água. Dizem os teólogos ocidentais que o importante no Batismo é o contato da água com o corpo da pessoa, simbolizando purificação. Se o sacramento é um sinal que realiza o que significa, a água batismal significa e realiza a purificação da alma.

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8. Epiclese. Os orientais julgam essencial na Liturgia Eucarística a Invocação do Espírito Santo (epiclese) antes das palavras da consagração; ora estas faltam no Cânon Romano (Oração Eucarística nº 1), pois os latinos julgam que a consagração do pão e do vinho se faz pela repetição das palavras de Cristo: “Isto é o meu corpo… Isto é o meu sangue…”. Acontece, porém, que as Orações Eucarísticas compostas depois do Concílio (1962-65) têm a epiclese não para corrigir uma pretensa falha anterior, mas para guardar uma antiga tradição.

9. Pão ázimo. Jesus, em sua última ceia, observou o ritual da Páscoa judaica, que prescrevia (e prescreve) o uso do pão ázimo ou não fermentado. A Igreja Católica guardou o costume na celebração da Eucaristia. Está bem respaldada. O uso do pão fermentado não é excluído, pois, em última análise, se trata sempre de pão.

10. A Comunhão Eucarística sob as espécies do pão apenas. Até o século XII a Comunhão era ministrada sob as duas espécies; o uso foi abolido por causa de inconvenientes que gerava (profanação, sacrilégios…). Todavia após o Concílio já é permitido dar a Comunhão sob as duas espécies a grupos devidamente preparados.

11. Unção dos Enfermos. Baseados em Tg 5, 14s, os orientais ortodoxos têm a Unção dos Enfermos como sacramento. Divergem, porém, dos ocidentais em dois pontos:

- a Unção não é reservada aos gravemente enfermos nem tem a marca de preparação para a morte, mas, ao contrário, vem a ser um rito de cura para qualquer enfermo;

- a Unção, no Oriente, tem forte caráter penitencial, a tal ponto que ela é conferida também aos pecadores, mesmo sadios, a título de satisfação pelos pecados.

Pode-se dizer, portanto, que a Unção “dos Enfermos” nas comunidades orientais ortodoxas é dada a todos os fiéis que tenham algum problema de saúde corporal ou espiritual. Isto ocorre especialmente na Semana Santa entre os russos.

Essas diferenças, que não são das mais graves, foram muito exploradas nos debates entre latinos e gregos. Os ocidentais reservam a Unção para os casos de moléstias graves ou sério perigo de vida.

12. Divórcio. Baseados em Mt 5, 32 (= Mt 19, 9) e contrariamente ao que se lê em Mc 10, 11s; Lc 16, 18; 1Cor 7, 10s, os ortodoxos reconhecem o divórcio. A Igreja Católica não interpreta São Mateus em sentido contrário ao de Marcos, Lucas e Paulo; portanto não reconhece o divórcio de um matrimônio sacramental validamente contraído e consumado, mas julga que em Mt 5 e 19 se trata da dissolução de um casamento tido pela Lei de Moisés como ilícito. Ulteriores dados podem ser encontrados em PR 473/2001, pp. 453ss.

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13. Celibato do Clero. Seria “uma restrição imposta nos séculos posteriores, contrária à decisão do primeiro Sínodo Ecumênico (325)”. Que há de verídico nisso?

O celibato do clero tem seu fundamento em 1Cor 7, 25-35, onde São Paulo recomenda a vida una ou indivisa. Esta foi sendo praticada espontaneamente pelo clero até que, em 306 aproximadamente, o Concílio regional de Elvira (Espanha) a sancionou para os eclesiásticos de grau superior. A legislação de Elvira foi-se propagando no Ocidente por obra de outros concílios regionais.

Ao contrário, os orientais estipularam que, após a ordenação, os clérigos de grau superior (ou do diaconato para cima não poderiam contrair matrimônio, mas eram autorizados a manter o uso do matrimônio os que tivessem casado antes da ordenação. O Concílio de Nicéia I (325) rejeitou a proposta segundo a qual o celibato no Oriente seria observado sem exceções, como no Ocidente; isto, por protesto do Bispo egípcio Pafnúncio, o qual guardava pessoalmente o celibato. Os Bispos orientais são todos celibatários e, por isto, recrutados entre os monges.

Como se vê, algumas das diferenças apontadas são disciplinares e não impedem a volta à unidade de cristãos orientais e ocidentais. Podem-se admitir o pão fermentado na Eucaristia, a obrigatoriedade da epiclese, o clero casado… O maior obstáculo é o do primado do Papa. Paulo VI e João Paulo II demonstraram ter consciência do problema, que poderá ser resolvido satisfatoriamente. Eis o que escreve João Paulo II em sua encíclica Ut Unum Sit datada de 25/05/95:

“Entre todas as Igrejas e Comunidades Eclesiais, a Igreja Católica está consciente de ter conservado o ministério do sucessor do Apóstolo Pedro, o Bispo de Roma, que Deus constituiu como perpétuo e visível fundamento da unidade e que o Espírito ampara para que torne participantes deste bem essencial todos os outros. Segundo a feliz expressão do Papa Gregório Magno, o meu ministério é deservus servorum Dei… Por outra parte, como pude afirmar por ocasião do Encontro do Conselho Mundial das Igrejas em genebra aos 12 de junho de 1984, a convicção da Igreja Católica de, na fidelidade à Tradição apostólica e à fé dos Padres, ter conservado, no ministério do Bispo de Roma, o sinal visível e o garante da unidade, constitui uma dificuldade para a maior parte dos outros cristãos, cuja memória está marcada por certas recordações dolorosas. Por quanto sejamos disso responsáveis, como o meu Predecessor Paulo VI, imploro perdão” (N] 88).

“Com o poder e a autoridade sem os quais tal função seria ilusória, o Bispo de Roma deve assegurar a comunhão de todas as Igrejas. Por este título, ele é o primeiro entre os servidores da unidade. Tal primado é exercido em vários níveis, que concernem à vigilância sobre a transmissão da Palavra, a celebração sacramental e litúrgica, a missão, a disciplina e a vida cristã. Compete ao sucessor de Pedro recordar as exigências do bem comum da Igreja, se alguém for tentado a esquecê-lo em função dos interesses próprios. Tem o dever de advertir, admoestar e, por vezes, declarar inconciliável com a unidade da fé esta ou aquele opinião que se difunde. Quando as circunstâncias

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o exigirem, fala em nome de todos os Pastores em comunhão com ele. Pode ainda – em condições bem precisas, esclarecidas pelo Concílio do Vaticano I – declarar ex cathedra que uma doutrina pertence ao depósito da fé. Ao prestar este testemunho à verdade, ele serve à unidade” (Nº 94).

“Dirigindo-me ao Patriarca Ecumênico Sua Santidade Dimitrios I, disse estar consciente de que, “por razões muito diferentes, e contra a vontade de uns e outros, o que era um serviço pôde manifestar-se sob uma luz bastante diversa”. Mas … é com o desejo de obedecer verdadeiramente à vontade de Cristo que eu me reconheço chamado, como Bispo de Roma, a exercer este ministério… O Espírito Santo nos dê sua luz e ilumine todos os pastores e os teólogos das nossas Igrejas, para que possamos procurar, evidentemente juntos, as formas mediante as quais este ministério possa realizar um serviço de amor, reconhecido por uns e por outros” (nº 95).

Como se vê, o Papa não abdica (nem pode abdicar) do seu ministério, que garante a unidade da Igreja, mas pede que os estudiosos proponham modalidades de exercício desse ministério que satisfaçam a todos os cristãos. – Queira o Espírito inspirar os responsáveis para que realmente colaborem para a solução das dificuldades que os cristãos não católicos enfrentam no tocante ao primado do Papa!

A propósito muito se recomenda a leitura da encíclica Ut Unum Sint (Para que seja um), sobre o empenho ecumênico, de João Paulo II.

Revista: “PERGUNTE E RESPONDEREMOS”

D. Estevão Bettencourt, osb Nº 480 – Ano 2002 – Pág. 200

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Éra mesmo Cristão o Catolicismo Romano ? POR: D. ESTÊVÃO BETTENCOURT | QUA , 19 DE JANEIRO DE 2011

Em Síntese: Eis mais um livro de origem protestante que visa a atacar a Igreja Católica de maneira sectária ou preconceituosa, com distorção da verdade. O artigo abaixo se detém sobre alguns tópicos das objeções levantadas e mostra a sua inconsistência.

Hugh P. Jeter escreveu um livro, que, entre muitos outros, procura impugnar a Igreja Católica, seu Credo e sua história. Intitula-se: “Será mesmo cristão o Catolicismo Romano?”. A Redação de PR recebe vários escritos de tal natureza por parte de pessoas que pedem uma resposta às objeções levantadas. A nossa Redação já tem escrito repetidamente sobre tais assuntos: como quer que seja, [a seguir] serão focalizados alguns aspectos dos mais representativos do livro de H. Jeter e de escritos congêneres. De modo geral pode-se dizer que tais obras se caracterizam por:

• Alusões falsas ou preconceituosas à Igreja. Os autores armam um fantoche não católico e atiram nele, tencionando atacar a Igreja Católica. • Citação parcial da Bíblia, pondo em relevo apenas os textos que correspondem ao pensamento do autor e omitindo os demais. • Tom proselitista dissimulado sob o aspecto de querer bem ao irmão católico.

1. A Igreja

Da pág. 11 à pág. 24, H. Jeter trata da Igreja. Eis algumas de suas afirmações:

1. Ao referir-se a Mt 16,13-18, Jeter escreve:

“Existe uma diferença entre petros (Pedro) e petra. Petros significa ‘um pedaço maciço de pedra’. Parece que o Senhor estava usando um jogo de palavras e dizia o seguinte: ‘Pedro, tu és uma pequena pedra, mas sobre esta pedra maciça eu construirei a minha Igreja’” (pág. 13).

A propósito, o autor parece esquecer que Jesus não falou em grego, mas em aramaico. Se em grego o trocadilho é falho, em aramaico ele é exato, pois versa sobre Kepha…Kepha. Jesus mudou o nome de Simão para Kepha em Jo 1,42, preparando assim, desde a vocação de Pedro, a promessa de primado que lhe faria em Mt 16,18. De resto, está averiguado que é mais fácil entender o texto do Evangelho traduzido do grego para o aramaico (língua de Jesus e dos primeiros pregadores) do que o texto grego canônico. Outro exemplo seria o uso de adelphoi em grego, palavra que traduz o aramaico ‘ah, cujo significa é mais amplo do que o grego adelphoi (irmãos).

O autor H. Jeter nos diz que o Novo Testamento só conhece um fundamento da Igreja: o Cristo Jesus, mencionado em 1Cor 3,11. Observemos contudo que o Senhor que disse ser a luz do mundo (cf. Jo 8,12; 9,15; 12,46), atribui o mesmo título aos seus discípulos (cf. Mt 5,14): por meio de Pedro, e mais fundo que Pedro, Cristo fica sendo a Rocha, o fundamento invisível da Igreja. É esse mesmo Jesus que “possui a chave de Davi, que abre de modo que ninguém

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fecha, que fecha de sorte que ninguém abre” (Ap 3,7). Em Cristo e em Pedro, portanto, residem análogos poderes (designados pelas mesmas metáforas); é de Cristo que eles dimanam para o Apóstolo, de sorte que este vem a ser o Vigário ou Representante de Jesus na terra.

O texto de Mt 16,13-19 é muito claro em favor do primado de Pedro. Jeter o impugna e não cita dois outros textos que corroboram o mesmo primado:

• Lc 22,31s: “Simão, Simão, eis que Satanás pediu insistentemente para vos peneirar como trigo; eu, porém, roguei por ti, a fimde que tua fé não desfaleça. Quando te converteres, confirma teus irmãos”.

• Jo 21,15-17: “Jesus disse a Simão Pedro: ‘Simão, filho de João, tu me amas mais do que esses?’ Ele respondeu: ‘Sim, Senhor, tu sabes que te amo’. Jesus lhe disse: ‘Apascenta as minhas ovelhas’. Pela segunda vez lhe disse: ‘Simão, filho de João, tu me amas?’ ‘Sim, Senhor’, disse ele, ‘tu sabes que te amo’. Disse-lhe Jesus: ‘Apascenta as minhas ovelhas’. Pela terceira vez disse-lhe: ‘Simão, filho de João, tu me amas?’ Entristeceu-se Pedro porque pela terceira vez lhe perguntara: ‘Tu me amas?’ e lhe disse: ‘Senhor, tu sabes tudo, tu sabes que te amo’. Jesus lhe disse: ‘Apascenta as minhas ovelhas’.”

O fato de que Pedro e seus sucessores foram fracos do ponto de vista moral indica bem que não é o homem quem rege a Igreja, mas é Cristo mediante os homens que Ele quer escolher e que são meros instrumentos do Senhor. Este governa a Igreja prolongando, de certo modo, o mistério da Encarnação, isto é, utilizando a precariedade humana como canal de graça e salvação.

2. À pág. 15 escreve H.P.Jeter:

“Se a Igreja Católica é infalível em doutrina, por que então através dos séculos tantas doutrinas têm sido mudadas e outras acrescentadas?

Por que já não são ensinados os poderes temporais da Igreja como enumerados por Pio IX? Por que já não se pratica a Inquisição? Por que deixaram o ensino acerca do Limbo desde o Concílio Vaticano II? Por que foram acrescentadas mais algumas coisas às doutrinas e práticas já aprovadas: a transubstanciação (1215 dC), a confissão auricular (1215 dC), a do Purgatório (proclamada em 1438 dC), a infalibilidade papal (1870 dC), a imaculada conceição de Maria (1854 dC) e a ascensão de Maria (1850 dC)?”

Em resposta, dir-se-ia:

• O poder temporal da Igreja não é artigo de fé. Trata-se de um fator contingente, que contribui para o livre exercício da missão pastoral do Papa; não subordinado a um poder civil, pode ele mais desimpedidamente cumprir sua tarefa de Pastor Universal.

• A Inquisição também nunca foi matéria de fé. Era tida como um dever de consciência dos cristãos medievais, que não podiam conceber uma sociedade pluralista como ela é hoje; nem os maiores Santos da Idade Média protestaram contra ela. Quanto à Inquisição de Espanha e Portugal, a partir do século XV,

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tornou-se mais e mais o joguete dos monarcas que assim desajavam unificar a população de seu país, à revelia mesmo das intervenções da Santa Sé.

• A doutrina do Limbo nunca foi declarada artigo de fé. Tornou-se doutrina comum a partir de S. Anselmo de Cantuária (+1109). Hoje em dia a Teologia propõe outro modo de encarar a sorte das crianças que morrem sem Batismo.

• A Transubstanciação é a conversão do pão e do vinho no Corpo e no Sangue de Cristo, de acordo com as afirmações do próprio Jesus em Jo 6,51-58; Mt 26,26-28; Mc 14,23-24; Lc 22,19; 1Cor 11,23-25. A fidelidade à Bíblia, que os protestantes tanto professam, exigem que se entendam as palavras do Senhor em todo o seu realismo, como foram entendidas durante dezesseis séculos e até hoje são entendidas tanto por católicos como por orientais ortodoxos.

• A Confissão Auricular é praxe fundamentada no próprio Evangelho, onde Jesus transmite aos Apóstolos o poder de perdoar os pecados (cf. Jo 20,22s). Para poder exercer a faculdade de perdoar ou não perdoar em nome de Cristo, deve o ministro poder avaliar o estado de alma do penitente – o que só é viável se este manifesta o que lhe vai no íntimo.

• A crença na existência do Purgatório, longe de ter sido aceita em 1438 (por que tal data?), remonta ao século II aC, como professa 2Mc 12,39-45. É de notar que Lutero não quis reconhecer como canônico este livro da Bíblia dos cristãos; eliminou-o do catálogo sagrado.

• A Infalibilidade Papal é professada desde os primeiros séculos, não com a clareza de que goza em nossos dias, mas de maneira tal que os historiadores a identificam no decorrer dos séculos. [...]

• A Imaculada Conceição de Maria é deduzida do fato de que Maria, chamada a ser a Mãe de Deus feito homem, não pode ter estado alguma vez sujeita ao pecado. Tal verdade de fé não é explicitamente enunciada nos Evangelhos porque estes não foram escritos para relatar traços de Mariologia; Maria aí só aparece tão somente como a Mãe de Jesus, que é a figura central do texto sagrado. Todavia, a Tradição Oral professou tal artigo de fé.

• A Assunção (não Ascenção) de Maria é conseqüência da vitória de Maria sobre o pecado: aquela que nunca esteve sob o domínio do pecado, não podia ficar nas garras da morte, que, como refere São Paulo (Rm 5,12-17), resulta do pecado dos primeiros pais.

3. Às págs. 15 e seguinte, escreve H. P. Jeter:

“Se a Igreja Católica é infalível, por que Mussolini, sendo católico, invadiu a Etiópia? Por que existiu a Inquisição em países como a Espanha e Portugal, que se dizem católicos? Por que espanhóis e portugueses não queriam permitir

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que suas colônias se emancipassem? Por que proibiram aos leigos a leitura da Bíblia e em outras épocas a recomendaram?”

A resposta a tais questões não é difícil, como se depreenderá:

• Mussolini não invadiu a Etiópia a mando da Igreja Católica. Embora seja filho da Igreja, um católico pode errar: o próprio Senhor Jesus predisse que no seu campo haveria trigo e joio; Ele não quer que se arranque o joio antes do fim dos tempos. O Papa ultimamente tem pedido perdão pelos pecados dos filhos da Igreja infiéis à sua Santa Mãe. Distingamos entre pessoa e pessoal da Igreja; a pessoa é a Igreja enquanto vivificada pelo Cristo ou como Esposa sem mancha nem ruga (Ef 5,27); o pessoal da Igreja são os filhos da Igreja, nem sempre dóceis aos ensinamentos de sua Mãe. [...]

• Sobre a Inquisição já foi dito algo neste artigo. É de notar que na península ibérica a Inquisição foi muito manipulada pelos monarcas, desejosos de eliminar de seus territórios judeus e muçulmanos. A Inquisição Espanhola, extinta no começo do século XIX, era dita “Inquisição Régia”.

• Nenhum dos países colonizadores viu com prazer a descolonização de suas posses na África ou na Ásia. As razões para tanto eram complexas. Tal atitude não afeta a infalibilidade da Igreja.

• Quanto à leitura da Bíblia, observe-se quanto vai dito no artigo de PR 451/1999, págs. 547-549: [Ouve-se, por vezes, dizer que a Igreja Católica proibiu a leitura da Bíblia. A resposta há de ser deduzida de um percurso da história. Ora, está averiguado que, nos primeiros séculos, muito se recomendava a leitura do texto sagrado. Na Idade Média e em épocas posteriores (especialmente no século XVI) surgiram hereges (cátaros, valdenses, wycliff, reformadores protestantes) que traduziam a Bíblia do latim para o vernáculo instilando no livro sagrado idéias contrárias à reta fé. Daí proibições, formuladas por Concílios, de se utilizar a Bíblia em língua vernácula, a não ser que o leitor recebesse especial autorização para fazê-lo. As restrições foram impostas não ao texto latino, mas às traduções vernáculas, em virtude de fatores contingentes; a Igreja, como Mãe e Mestra, sente o dever de zelar pela conservação incólume da fé a Ela entregue por Cristo e ameaçada pelas interpretações pessoais dos inovadores da pregação; eis por que lhe pareceu oportuno reservar o uso da Bíblia a pessoas de sólida formação cristã nos séculos em que as heresias pretendiam apoiar no texto sagrado as suas proposições perturbadoras. Ainda no século XIX a Igreja via nas traduções vernáculas da Bíblia (patrocinadas pelas Sociedades Bíblicas protestantes) o canal de concepções heréticas. Todavia, a partir do papa S. Pio X (+1903), deu-se uma volta às fontes, que incluiu a recomendação da leitura da Bíblia, por parte de todos os fiéis, em língua vernácula. No momento presente, dado que existem boas edições da Escritura nas línguas vivas, a Igreja fomenta o recurso assíduo à Palavra de Deus escrita e lida no concerto da Tradição da Igreja.]

4. À pág. 16 pondera Hugh P. Jeter:

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“Durante vários séculos, a missa foi celebrada em latim. Desde o Concílio do Vaticano II pode ser celebrada na linguagem do povo, embora saibamos que houve uma forte objeção a esta mudança. Se anteriormente era algo sacrílego, por que agora deve ser aceito?”

• A pergunta parece ignorar que há certas leis que devem ser periodicamente revistas e reformuladas, pois toda lei visa a promover o bem comum da sociedade nas sucessivas situações por que os homens passam. No tocante à língua da celebração eucarística, foi o vernáculo (latim) na antiguidade; o latim ficou sendo o idioma culto até o fim da Idade Média. No século XVI os reformadores protestantes pleitearam o uso do vernáculo, que naquelas circunstâncias foi rejeitado pela Igreja Católica, pois havia o risco de que o vernáculo se tornasse veículo de teses protestantes infiltradas sorrateiramente na Liturgia. Em nossos dias tal perigo já não existe; daí a permissão de se celebrar a Missa em vernáculo. Tais fatos não afetam artigos de fé ou de moral.

5. À pág. 18 lê-se:

“É bom salientar que o conceito evangélico de santo é o de alguém que vive de modo santo, enquanto que, no Catolicismo, os santos são unicamente aqueles que foram oficialmente beatificados e declarados santos pelo papa”

• Realmente o autor de compraz em caricaturar para escarnecer. É claro que, também para os católicos, a santidade é um valor íntimo, sem o qual não há santos; a declaração pontifícia consiste apenas em proclamar esse valor íntimo, depois de cuidadosamente comprovado.

6. Ainda à pág. 18 encontra-se o seguinte:

“O título de ‘Igreja Católica Romana’ é em si mesmo uma contradição, pois ‘romana’ estabelece uma área geográfica, enquanto que ‘Católica’ significa ‘universal’.”

• Deve-se responder que a Igreja é católica, ou seja, universal, mas ela tem um governo central situado em Roma – o que explica o predicado “romana”; este não limita a universalidade da Igreja, mas apenas indica qual é a “caixa postal” da Igreja. Da mesma forma, Jesus era e é o Salvador universal ou de todos os homens, mas é chamado “Nazareno” porque, vivendo na terra, precisava de ter um endereço ou um pouso.

2. A Bíblia Sagrada

Passamos a considerar outro capítulo do livro de Hugh P. Jeter.

2.1. O catálogo bíblico

Às págs. 32 e seguinte, diz o autor:

“Há, de imediato, uma diferença entre a Bíblia católica e a versão protestante. A Bíblia católica inclui no Antigo Testamento os livros de Tobias, Judite,

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Sabedoria, Siraque, Baruque, e o primeiro e o segundo livros de Macabeus. Também há acréscimos aos livros de Ester e Daniel. Essa é a principal diferença entre as duas Bíblias.

Por que os cristãos evangélicos rejeitam esses livros chamados “apócrifos”? A seguir, expomos algumas razões:

1. Os próprios livros não se dizem inspirados. No segundo livro de Macabeus 15:37-38, lemos: ‘Assim se passaram os acontecimentos relacionados com Nicanor. Como desde aquela época a cidade ficou em poder dos hebreus, eu também terminarei aqui mesmo meu relato. Se foi bem escrito em sua composição, isto é o que eu pretendia; se imperfeito e medíocre, fiz o máximo que me foi possível’.

2. Os livros apócrifos nunca foram citados por Cristo ou pelos apóstolos, mas eles, sem dúvida, citaram muitas partes da Bíblia.

3. O material não mostra nenhuma inspiração. Em 2Macabeus 12:43-45 lemos acerca de uma coleta que devia ser enviada a Jerusalém para que se oferecesse sacrifícios e oferendas pelo pecado e orações pelos mortos… algo que não figura em nenhuma parte das Escrituras.

4. Todos os livros apócrifos foram acrescentados ao Antigo Testamento. Conforme expõe Romanos 3:2, foi ‘confiada a palavra de Deus ao povo judeu’. Portanto, todos deveríamos considerar de suma importância a rejeição desses livros quanto à sua inspiração.”

Eis o que a propósito se pode observar:

5. O fato de que o autor sagrado confesse ter-se esforçado ou mesmo ter penado para escrever seu livro não significa que não usufruiu da inspiração bíblica. Esta não é um ditado mecânico, que dispense o homem de refletir, pesquisar e, em suma, fazer tudo o que deve realizar um bom escritor. A inspiração (que não é revelação) consiste em que Deus ilumine a mente do homem antigo para que, utilizando os dados de sua cultura arcaica, ponha por escrito uma mensagem que corresponde fielmente ao pensamento de Deus, mas não deixa de estar revestida da roupagem humana. Assim, o livro sagrado é, ao mesmo tempo, divino e humano. É através das vicissitudes de uma redação característicamente semita ou grega, portadora de todas as marcas do trabalho humano, que Deus quer falar aos homens. São Lucas o atesta no prólogo do seu Evangelho, quando afirma que, “após acurada investigação de tudo desde o princípio, resolveu escrever” (Lc 1,3).

6. Assim como Jesus e os Apóstolos nunca citaram explicitamente os livros que os protestantes têm por apócrifos e os católicos consideram deuterocanônicos, assim também Jesus e os Apóstolos nunca citaram alguns livros que são unanimemente reconhecidos como canônicos; tal é o caso de Eclesiastes, Ester, Cântico, Esdras, Neemias, Abdias, Naum.

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Verificamos também que nos escritos do Novo Testamento há citações implícitas dos livros deuterocanônicos. Assim, por exemplo: Rm 1,19-32->Sb 3,1-9; Rm 13,1; 2,11->Sb 6,4.8; Mt 27,43->Sb 2,13.18; Tm 1,19->Eclo 4,34; Mt 11,29s->Eclo 51,23-30; Hb 11,34s->2Mac 6,18-7,42.

Nos mais antigos escritos patrísticos são citados os deuterocanônicos como Escritura Sagrada: Clemente Romano (em cerca de 95), na epístola aos Coríntios, recorre a Jt, Sb, fragmentos de Dn, Tb e Eclo; o Pastor de Hermas, em 140, faz amplo uso do Eclo e do 2Mac (cf. Semelhanças 5,3.8; Mandamentos 1,1…); Hipólito (+235) comenta o livro de Daniel com os fragmentos deuterocanônicos; cita como Escritura Sagrada Sb, Br e utiliza Tb e 1/2Mac.

7. O fato de que em 2Mac 12,43-45 se lê algo que “não figura em nenhuma parte das Escrituras” nada significa. O raciocínio de Jeter equivale a uma petição de princípio: o autor quer dizer que 2Mac 12,43-45 não pode ser bíblico porque Jeter de antemão o exclui, eliminando as Escrituras Sagradas o 2º de Macabeus. De resto, não se pode excluir tal livro, datado do século II aC, por apresentar algo que não esteja em livros mais antigos, pois é notório que a Revelação progrediu no Antigo Testamento.

8. O autor parece ignorar que a Bíblia Sagrada continha os sete livros deuterocanônicos ou “apócrifos” até Lutero. Foi Lutero que os eliminou e não foi o Concílio de Trento (1545-1563) que os acrescentou. [...]

2.2. O uso da Bíblia entre os católicos

Às págs 25-32 Hugh P. Jeter se detém em alegar que durante séculos a Igreja restringiu ou proibiu o uso da Bíblia entre os fiéis católicos. [...] [Quanto a esta questão, foi dado um breve resumo acima].

Muitos outros pontos do livro de Hugh P. Jeter poderiam ser considerados, evidenciando-se a sua inconsistência. Em geral, a literatura polêmica protestante se ressente de preconceitos que obcecam os respectivos autores e os levam a atribuir à Igreja Católica o que ela jamais disse ou fez. O amor à VERDADE há de ser característica do autêntico cristão.

De resto, o baixo nível das acusações se depreende de outras objeções propagadas em folhas volantes. Assim, por exemplo:

“A 500 anos atrás o Papa mandou ‘matar’ Galileu só porque ele disse que a terra é redonda. A 2.700 anos atrás a Bíblia já dizia que a terra é redonda (Isaías 40:22)”.

Estas frases contêm várias imprecisões, próprias de quem fala sem saber ao certo ao que diz:

• Galileu faleceu em 1642, portanto há pouco mais de 350 anos; faleceu de morte natural. Foi controvertido porque defendia o heliocentrismo, em lugar do

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geocentrismo. O dêutero-Isaías (Is 40-55) profetizou durante o exílio (587-538 aC), ou seja, há 2.500 anos aproximadamente; ao falor do “ciclo da terra”, não se pode dizer que tinha em vista a esfericidade da terra.

Mais:

“Disse Deus: ‘Não é bom que o homem esteja só, dar-lhe-ei uma mulher’ (Gênesis 2,18). O papa Gregório 7º proibiu o casamento dos padres em 1074 dC”.

• O autor deste texto esquece que São Paulo, após a entrada do Reino do Messias neste mundo, recomenda a vida una ou indivisa; cf. 1Cor 7,25-35. Aliás, estes versículos são geralmente silenciados pelos protestantes quando querem impugnar o celibato. Este foi, a princípio, espontaneamente abraçado pelo clero; só aos poucos foi-se tornando lei.

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Protestante principiante e desinformado contesta fé católica POR: APOSTOLADO SPIRITUS PARACLITUS | SAB , 10 DE SETEMBRO DE 2011

LEITOR

Nome: C. (Somente a primeira letra devido privacidade ao nome)

Email : (xxx)[email protected]

Religião: Cristã

Estado: PR – Paraná

DÚVIDA

Apesar dos artigos, continuam carregando pedra e madeira estilizado nas costas

Apesar dos artigos, continuam diminuindo Jesus Cristo ao afirmar que sua obra ”não está consumado” e completa, ao requerer necessidade de purgatório.(Seu curso bíblico ta furado)

Apesar dos artigos, manifestam fé imperfeita em Jesus, visto fazer uso de ”apelos” à criaturas ditas ”santos” qdo Eclesiastes afirma que quem morreu não sabe o que se passa debaixo do Sol.

RESPOSTA

“As pessoas costumam amar a verdade quando esta as ilumina, porém tendem a odiá-la quando as confrontam.” Santo Agostinho

Gostaria de começar com esta santa frase de Sto. Agostinho, compreendemos seus cegos argumentos, dignos primeiramente de pena e depois de argumentações que até uma criança que iniciou catequese debateria, ao que demonstra você parece ter tido contatos com nossos artigos, mas acho que não os leu totalmente ou talvez que tenha sido informações demais para seu “intelecto”.

“…por astuta aparência de verdade, seduzem a mente dos inexpertos e escravizam-nos, falsificando as palavras de Cristo” (S. Ireneu de Lion, Adversus Haereses, I Livro, Prefacio)

“Nenhum Protestante deveria citar a Escritura, porque ele não tem meios de saber quais são os livros inspirados; a menos que, é claro, queira aceitar a autoridade da Igreja Católica com relação à essa questão.” Frei William Most

É contraditório que um Protestante aceite a Bíblia e rejeite a autoridade da Igreja Católica. A exegese católica não nasceu ontem, por isso não nos venha com uma citação bíblica narrada na limitação ignorante de sua parte ou da

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“congregação” que você pertence, pois nisso temos matéria e tempo de sobra na frente de qualquer um na história da existência.

“A origem de onde nasceram freqüentemente e continuam nascendo as heresias é a seguinte: há mentes perversas e sem paz, que, discordando em sua perfídia, não podem suportar a unidade. O Senhor, por seu lado, respeita a liberdade do arbítrio humano, permite e tolera que isto aconteça, a fim de que o crisol da verdade purifique os nossos corações e as nossas mentes, e, na provação, resplandeça com luz inequívoca a integridade da fé.

(…) Mestres na arte de corromper a verdade, eles enganam com bocas de serpente, vomitando de suas línguas pestilentas peçonhas mortíferas. Os seus discursos brotam como chaga cancerosa, o trato com eles deixa no fundo de cada coração um veneno mortal”. (Capítulo X, como surgem a maldade e as heresias, Cipriano de Cartago, in “A Unidade da Igreja Católica”)

Estamos acostumados a receber coisas mais fundamentadas do que seu e-mail ”raivoso” por ter descoberto a verdade, portanto sabemos como funcionam metalidades infantis como a sua e de uma multidão de escravos da “comodidade”.

“Levemos em conta que a própria tradição, ensinamento e fé da Igreja Católica, desde o princípio, dadas pelo Senhor, foi pregada pelos Apóstolos e foi preservada pelos Pais. Nisto foi fundada a Igreja; e se alguém se afasta dela, não é e nem deve mais ser chamado Cristão.” Santo Atanásio, Carta a Serapião de Thmuis, 359 D.C.

É esta a definição de mentes como a sua que, salutares em suas demasiadas idelogias, ficam escravas de si mesmas.

A seguir vai os links a respeito do que você nos enviou, leia com atenção e se por um acaso você achar que tem capacidade de debatê-las mande-nos algo mais específico que seu descontrole emocional, nos sentiremos felizes em contribuir para sua salvação

OBS: Peça ajuda a seus “Pastores” caso não consiga fazer isso sozinho.

1. http://www.paraclitus.com.br/2011/destaques/leitura-fundamentalista-heresiarcas-e-a-sagrada-escritura/ 2. http://www.paraclitus.com.br/2011/apologetica/protestantismo/martinho-lutero-sobre-os-crucifixos-imagens-

de-santos-e-o-sinal-da-cruz/ 3. http://www.paraclitus.com.br/2011/apologetica/imagens-santos/os-santos-inconsciencia-mortos/ 4. http://www.paraclitus.com.br/2011/yestudo/videos/intercessao-dos-santos-segundo-a-biblia/

Temos muito mais no site, caso fique alguma dúvida nos envie…Antes de pensar em mandar algo, leia muito atentamente todos os artigos !!!

TUDO COM JESUS! NADA SEM MARIA!

In corde Iesu et Mariae,

Ivanildo Oliveira Maciel Junior- Apostolado Spiritus Paraclitus

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Resolvi estudar sobre outras vertentes cristãs, inclusive o tão difamado catolicismo POR: APOSTOLADO SPIRITUS PARACLITUS | SAB , 21 DE JANEIRO DE 2012

Nome: F. Religião: Protestante Estado: MG – Minas Gerais

Corpo da mensagem:

Caros membros do Apostolado Spiritus Paraclitus, Primeiramente desejo parabenizá-los por este trabalho, graças ao qual é possível que muitas pessoas desfaçam seus preconceitos em relação à Igreja Católica. Tenho uma firme convicção cristã e congrego em uma igreja evangélica pentecostal, mas possuo dúvidas sobre certas práticas desta denominação e por isso resolvi estudar sobre outras vertentes cristãs, inclusive o tão difamado catolicismo. Para que eu prossiga nessa minha jornada em busca da legítima fé cristã, espero que vocês possam me ajudar esclarecendo certas afirmações feitas em uma publicação intitulada ”Ferramenta contra seitas e heresias”, que no tópico intitulado ”Datas das mudanças feitas depois de Cristo” informa que a Igreja Romana teria decretado uma série de práticas antibíblicas nas datas listadas abaixo, como resultado, segundo a publicação, de ”uma paganização do Cristianismo puro das Escrituras com fins políticos”: A ”Ferramenta” em questão expõe estas datas dando a entender que os Papas subitamente inventaram estas práticas católicas do nada e as impuseram à Cristandade por capricho, atendendo apenas o seu próprio egoísmo. Essa versão me parece estranha, e por isso desejo conhecer a opinião de vocês a respeito destas alegações. Desde já agradeço pela atenção dispensada. Respeitosamente, Felipe.

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RESPOSTA

Caro F. agradecemos seu email e desde já também gostaríamos de deixar nossa gratidão pela credibilidade a nós concedida de sua parte. Espero ajudar a desmascarar esta ferramente propagadora de heresias !

320 – Iniciou-se o uso de velas

Os que criticam o uso que nós, católicos, fazemos das velas, deveriam ler melhor suas bíblias. A mística da luz é muito forte no Antigo e no Novo Testamento. Até hoje, por exemplo, lembrança do judaísmo, o candelabro de sete velas carrega enorme significado. O fogo está ligado à morte e à destruição, mas ao mesmo tempo, a purificação e vida; sabendo que a luz que vem das velas e das tochas mostra caminhos, muitas religiões valorizam o sinal que vem do fogo e da luz. Somos iluminados pelo sol, pela lua e pelas estrelas, as religiões passaram a ver sentido místico em tudo isso. Nós os Cristãos, somos como estrelas, ou luas ao redor do grande Sol que é Cristo.

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A vela é luz, símbolo de Cristo. Jesus diz que nós somos a luz do mundo e que nossa luz deve brilhar (Mt 5,14). Ele mesmo se apresenta como alguém que ilumina a vida dos homens e quer que façamos o mesmo (Mt 5,6; Jo 1,4; 3,19). É por isso que acendemos velas e vemos sentido no gesto de uma vela que se apagou, curvar-se sobre outra para buscar mais luz. No gesto de iluminar nossas liturgias com muitas velas, estamos dizendo alguma coisa: queremos ser luz e iluminar. Somos uma religião que pretende ser igreja de iluminados e iluminadores; que iluminam e que se deixam iluminar; seres que se apagados, buscam a luz do outro para acender-se outra vez, ou encontrando alguém apagado, levam luz de Cristo a ele. A vela não é um costume importado do paganismo, desde o AT as velas são utilizadas na liturgia. Elas são utilizadas no templo: “Farás um candelabro de ouro puro… Far-lhe-ás também sete lâmpadas. As lâmpadas serão elevadas de tal modo que alumiem defronte dele” (Ex 25,31.37). Outros: 1Rs 7,49; 2Cr 4,7.20; Jr 52,19.

É bom lembrar que na Igreja primitiva não existia luz elétrica para iluminar as catacumbas, se fazendo necessário o uso de velas para iluminar. As alegações protestantes de que as velas são também utilizadas em cultos pagãos não invalidam a Palavra de Deus. Certo é que nas Escrituras o uso delas está inegavelmente comprovado.

381 – Culto à Maria

Deve-se, logo de início, dizer que a fé no ministério de Maria se desenvolveu em função de Cristo ou como afirmação do mistério de Cristo em seus matizes. Sirva de exemplo o Símbolo de Fé dito “Apostólico”; menciona a fé em Jesus Cristo, Deus feito homem, e observa:”foi concebido do Espírito Santo, nasceu da Virgem Maria”.

Nos dois primeiros séculos temos relativamente poucos documentos já que voltam-se principalmente para a defesa da fé, sem deixar de conter traços de teologia e espiritualidade.

S. Inácio de Antioquia(+107), sucessor de S. Pedro na cátedra de Antioquia, foi condenado à morte por ser cristão. Levado para Roma, escreveu algumas cartas, onde se encontra uma passagem notável relativa à maternidade virginal de Maria:

“Nosso Deus, Jesus Cristo, tomou carne no seio de Maria segundo o plano de Deus…”

“Permaneceu oculta ao príncipe deste mundo(Cf. Jo 12,31; 14,30) a virgindade de Maria e seu parto, como igualmente a importe do Senhor: três mistérios de grande alcance, que se processaram no silêncio de Deus.”(aos Efésios n. 18 e 19)

S. Inácio embora combata os docetas, que negavam a realidade planamente humana de corpo de Jesus, não deixou de afirmar o modo singular como essa humanidade foi concebida e nasceu: a Mãe de Jesus foi Virgem.

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S. Justino, mártir(+165) foi um apologista da fé frente a judeus e pagãos. Fez questão de distinguir dos mitos pagãos o parto virginal de Maria. Com efeito, Tifão lhe diz que, segundo os gregos, Perseu nasceu de Danae virgem, “pois desceu sobre esta, sob forma de chuva de ouro, aquele que é chamado Júpiter”, Justino rejeita qualquer afinidade desde mito com o nascimento virginal de Jesus(Cf. Diálogo com Trifão 67,1-2)

S. Irineu de Lião(+202) é considerado “o pai da dogmática católica”. Foi discípulo de S. Policarpo de Esmirra(+156) na Ásia Menor, o qual por sua vez foi discípulo de S. João Evangelista. É, pois, representante abalizado do pensamento dos Apóstolos no Ocidente.

S. Irineu desenvolveu o conceito de recapitulação, admitindo cristo como segundo Adão, que repara o erro do primeiro Adão: o caminho da salvação é o caminho da perdição percorrido com o amor que faltou ao primeiro Adão; Jesus foi obediente até a morte por amor, pois o primeiro Adão foi desobediente até a morte por des-amor. Junto ao segundo Adão, Irineu vê a segunda Eva, como, aliás, já se lê nas obras de S. Justino.

“Da mesma forma que aquela(Eva) foi reduzida para desobedecer a Deus, esta(Maria) se deixou persuadir a obedecer a Deus para ser ela, a Virgem Maria, a advogada de Eva. Assim o gênero humano, submetendo à morte por uma virgem; foi dela libertado por uma Virgem, tornando-se contrabalançada a desobediência de uma virgem pela obediência de outra”(Contra as heresias v 19)

S. Irineu usa o conceito de recirculação, ao lado de recapitulação, entendendo-o do seguinte modo: o pecado cometido nas origens da história é apagado mediante um circuito contrário: Cristo retorna a Adão e dá ao pai o Sim que o primeiro Adão lhe recusou; a cruz toma o lugar da árvore da queda; Maria faz Eva reviver autenticamente o papel de “Mãe da Vida”.

O título de “Advogada de Eva” retorna na seguinte passagem de Irineu:

“ Foi por meio de uma Virgem desobediente que o homem foi golpeado, caiu e morreu; da mesma forma é pela Virgem, obediente à Palavra de Deus, que o homem…encontrou de novo a vida…Era justo e necessário que Adão fosse restaurado em Cristo, a fim de que o mortal fosse absorvido e tragado pela imortalidade e Eva fosse reconstruída em Maria; deste modo uma Virgem, feita advogada de uma Virgem, cancelou e anulou a desobediência de uma virgem com a sua obediência de virgem”(Demonstração da Pregação Apostólica n. 33)

Oração do Século III

A oração “Sub tuum praesidium” (À vossa proteção) é a mais antiga oração a Nossa Senhora que se conhece. Encontrada num fragmento de papiro, em 1927, no Egito, remonta ao século III. Tem uma excepcional importância histórica pela explícita referência ao tempo de perseguições dos cristãos (Estamos na provação e Livrai-nos de todo perigo) e uma particular

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importância teológica por recorrer à intercessão de Maria invocada com o título de Theotókos (Mãe de Deus).

Como visto, o culto a Santíssima Virgem Maria esta presente na vida dos Cristãos muito tempo antes da data mencionada.

400 – Oração pelos mortos

Os protestantes em sua maioria ensinam que os mortos estão “dormindo” e que somente na volta de Jesus haverá a ressurreição de todos; portanto, para eles, não há ninguém no céu ainda, mesmo que seja apenas com a alma, como ensina a Igreja Católica. Desde os primórdios da Igreja, ela acredita na imortalidade da alma, e que cada pessoas é julgada por Deus, imediatamente após a morte, recebendo já o seu destino eterno. A carta aos Hebreus diz claramente: ”como está determinado que homens morram uma só vez, e logo em seguida vem o juízo” Hb 9,27;

Em Lc 16,19-51, na parábola do rico e do pobre Lázaro, Jesus apresenta claramente a sobrevivência consciente tanto dos justos como dos injustos. Nesta passagem o rico tinha cinco irmãos que poderiam também se perder; e mostra que os defuntos sobrevivem após a morte e recebem já o prêmio ou castigo.

Os Judeus acreditavam na existência do Hades ou Cheol e o no adormecimento da consciência dos defuntos num lugar subterrâneo, incapazes de serem punidos ou contemplados. Mais a partir do século II a.C., esta concepção foi abandonada pelo povo de Israel, que passou a crer que a consciência dos irmãos falecidos do seu povo, e solidários com os fiéis peregrinos na terra, e intercedendo por eles. Pode-se ver isto claramente, por exemplo, no texto de 2 Mac 15,7-17. Nele, vemos Jeremias, o profeta falecido em II a.C., juntamente com o sumo sacerdote Onias, também já falecido. Em 2 Mc 15,14 atestamos a primeira oração dos justos falecidos em favor dos vivos.

Quanto a rezar pelos mortos, encontramos legitimidade deste ato – que é lógico, ao ponto de ser aprovado explicitamente pela Escritura no texto do II livro dos Macabeus que ensina: “(Judas Macabeu) Tendo feito uma coleta, mandou duas mil dracmas de prata a Jerusalém, para se oferecer um sacrifício pelo pecado. Obra bela e santa, inspirada pela crença na ressurreição, porque se ele não esperasse que os mortos haviam de ressuscitar, seria uma coisa supérflua e vã orar pelos defuntos. Considerava que, aos que falecerem na piedade, está reservada uma grandíssima recompensa. Santo e salutar pensamento este de orar pelos defuntos” (II Mac 12, 43-46).

Notório também é no episódio do bezerro de ouro, em que Deus queria punir o povo e abandoná-lo, e Moisés rogou dizendo: “Senhor, por que se acende o teu furor contra o teu povo, que tiraste da terra do Egito com uma grande fortaleza e com uma mão poderosa? (…) Lembra-Te de Abraão, de Isaac e de Israel, teus servos, a quem por Ti mesmo juraste, dizendo: “multiplicarei a

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vossa descendência…” (Ex 32, 11-13). Abraão, Isaac e Israel já não estavam neste mundo, e entretanto os seus méritos, invocados por Moisés, clamavam a Deus pelo povo. Aquele que é santo, mesmo após a morte, continua amigo de Deus, e continua a rogar pelos pecadores que a ele recorrem como intercessor.

A oração pelos mortos nunca foi invenção da Igreja Católica.

503 – A doutrina do Purgatório

É bom ficar claro que era costume dos Judeos, após a morte de alguém, rezar durante onze meses seguidos a Deus, para que apressasse a purificação da alma do falecido. Rezava-se a Qaddish, palavra que deriva de Qaddosh, ou seja santo, para pedir a santificação da alma da pessoa morta. Os judeus já praticavams isso baseados no livro dos Macabeus. No livro II dos Macabeus se afirma que “É um santo e saudável pensamento orar pelos mortos, para que sejam livres de seus pecados” (II Mac. 12 , 46). Presenciamos no Antigo Testamento: “E, tendo feito uma coleta, (Judas Macabeu) mandou doze mil dracmas de prata a Jerusalém, para serem oferecidas em sacrifícios pelos pecados dos mortos (…) É, pois, um santo e salutar pensamento orar pelos mortos, para que sejam livres dos seus pecados” (II Mac 12, 43).

Documento mais antigo e mais autênticos do que a própria Sagrada Escritura não há. Logo, fica evidente que a Igreja Católica não inventou o purgatório. Em São Mateus se lê que Cristo disse: “Todo o que disser alguma palavra contra o Filho do homem, lhe será perdoado; porém o que a disser contra o Espírito Santo não lhe será perdoado, nem neste mundo, nem no futuro” (Mt. 12, 31-32). Isto supõe a possibilidade de haver um perdão na outra vida.

Portanto, há pecados que são perdoados no mundo futuro. Com essas palavras Cristo nos ensinou que há pecados que Deus perdoa após a morte. Muito cristãos ensinavam sobre o purgatório: Tertuliano (160-220) na carta (De Monogamia 10) prega o purgatório; Clemente de Alexandria em 202, um dos teólogos mais importantes de Alexandria, explicou o Purgatório (Stromata, 6:14,in ANF,II:504); S. João Crisóstomo (349-407) dizia: “Os Apóstolos instituíram a oração pelos mortos e esta lhes presta grande auxílio e real utilidade.” (In Philipp. III 4, PG 62, 204); Sto. Agostinho (+430), pregou o Purgatório; A oração pelos mortos no purgatório está no livro 2 Macabeus 12,43-46.

608 – Começo do Papado

Não se pode esperar encontrar nos primeiros séculos um exercício do Papado (ou das faculdades entregues por Jesus a Pedro e seus sucessores) tão nítido quanto nos séculos posteriores. Isto se deve as dificuldades de comunicação e transporte. Como quer que seja, podemos tecer a história do exercício dessas funções nos seguintes termos: A Sé de Roma sempre teve consciência de que lhe tocava, em relação ao conjunto da Igreja, uma tarefa de solicitude, com o direito de intervir onde fosse necessário, para salvaguardar a fé e orientar a disciplina das comunidades.

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Eis algumas expressões do primado do Bispo de Roma:

No século II houve, entre Ocidentais e Orientais, divergências quanto à data de celebração da Páscoa. Os cristãos da Ásia Menor queriam seguir o calendário judaico, celebrando-a na noite de 14 para 15 de Nisã (daí serem chamados quartordecimanos), independentemente do dia da semana, ao passo que os Ocidentais queriam manter o domingo como dia da Ressurreição de Jesus (portanto, o domingo seguinte a 14 de Nisã); o Bispo S. Policarpo de Esmirna foi a Roma defender a causa dos Orientais junto ao Papa Aniceto em 154; quase houve cisão da Igreja. S. Ireneu, Bispo de Lião (Gália) interveio, apaziguando os ânimos. Finalmente o Papa S. Vítor (189-198) exigiu que os fiéis da Ásia Menor observassem o calendário pascal da Igreja de Roma, pois esta remontava aos Apóstolos Pedro e Paulo.

Aliás, S. Ireneu (+202 aproximadamente) dizia a respeito de Roma: “Com tal Igreja, por causa da sua peculiar preeminência, deve estar de acordo toda Igreja, porque nela… foi conservado o que a partir dos Apóstolos é tradição” (Contra as Heresias 3, 2). Muito significativa é a profissão de fé dos Bispos Máximo, Urbano e outros do Norte da África que aderiram ao cisma de Novaciano, rigorista, mas posteriormente resolveram voltar à comunhão da Igreja sob o Papa S. Cornélio em 251: “Sabemos que Cornélio é Bispo da Santíssima Igreja Católica, escolhido por Deus todo-poderoso e por Cristo Nosso Senhor. Confessamos o nosso erro… Todavia nosso coração sempre esteve na Igreja; não ignoramos que há um só Deus e Senhor todo-poderoso, também sabemos que Cristo é o Senhor…; há um só Espírito Santo; por isto deve haver um só Bispo à frente da Igreja Católica” (Denzinger-Schõnmetzer, Enchiridion 108 [44]).

O Papa Estevão I (254-257) foi o primeiro a recorrer a Mt 16, 16-19, ao afirmar contra os teólogos do Norte da África, que não se deve repetir o Batismo ministrado por hereges, pois não são os homens que batizam, mas é Cristo que batiza. A partir do século IV, o recurso a Mt 16, 16-19 se torna freqüente. No século V, o Papa Inocêncio I (401-417) interveio na controvérsia movida por Pelágio a respeito da graça; num de seus sermões S. Agostinho respondeu ao fato, dizendo: “Agora que vieram disposições da Sé Apostólica, o litígio está terminado (causa finita est)” (serm. 130, 107).

No Concílio de Calcedônia (451), lida a carta do Papa Leão I, a assembléia exclamou: “Esta é a fé dos Pais, esta é a fé dos Apóstolos. Pedro falou através de Leão”.

O Papa Gelásio I declarou entre 493 e 495 que a Sé de Pedro (romana) tinha o direito de julgamento sobre todas as outras sedes episcopais, ao passo que ela mesma não está sujeita a algum julgamento humano. Em 501, o Synodus Palmaris de Roma reafirmou este princípio, que entrou no Código de Direito Canônico: “Prima sedes a nemine iudicatur, – A sé primacial não pode ser julgada por instância alguma” (cânon 1629). Em suma, quanto mais o estudioso avança no decurso da história da Igreja, mais nitidamente percebe a configuração do primado de Pedro, ocasionada pelas diversas situações que o povo de Deus foi atravessando.

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O título de papa é dado ao Bispo de Roma já por Tertuliano (+220 aproximadamente) no seu livro De pudicitia XIII 7, onde se lê: “Benedictus papa”. É encontrado também numa inscrição do diácono Severo (296-304) achada nas catacumbas de São Calixto, em que se lê: “iussu p(a)p(ae) sul Marcellini” (=”por ordem do Papa ou pai Marcelino”). No fim do século IV a palavra Papa aplicada ao Bispo de Roma começa a exprimir mais do que afetuosa veneração; tende a tornar-se um título específico. Tenha-se em vista a interpelação colocada por S. Ambrósio (+397) numa de suas cartas: “Domino dilectissimo fratri Syriaci papae” (=”Ao senhor diletíssimo irmão Siríaco Papa”) (epístola 42). O Sínodo de Toledo (Espanha) em 400 chama Papa (sem mais) o Bispo de Roma. São Vicente de Lerins (falecido antes de 450) cita vários Bispos, mas somente aos Bispos Celestino I e Sixto III atribui o título de Papa.

787 – Culto às imagens

Desde os primeiros séculos os cristãos pintaram e esculpiram imagens de Jesus, de Nossa Senhora, dos Santos e dos Anjos, não para adorá-las, mas para venerá-las. As catacumbas e as igrejas de Roma, dos primeiros séculos, são testemunhas disso. Só para citar um exemplo, podemos mencionar aqui o fragmento de um afresco da catacumba de Priscila, em Roma, do início do século III. É a mais antiga imagem da Santíssima Virgem, uma das mais antigas da arte cristã, sobre o mistério da Encarnação do Verbo. Mostra a imagem de um homem que aponta para uma estrela situada acima da Virgem Maria com o Menino nos braços. O Catecismo da Igreja traz uma cópia dessa imagem (Ed. de bolso, Ed. Loyola, pag.19).

Os cristãos usavam imagens nos lugares de culto, nos cemitérios e nas catacumbas. Sabiam que a proibição de fazer imagens em Ex 20,4 era contingente ou devida ao perigo de idolatria que ameaçava o povo de Israel cercado de nações pagãs. Ademais o fato de que Deus apareceu sob forma visível no mistério da Encarnação parece um convite a reproduzir a face humana do Senhor e dos seus amigos.

As primeiras imagens eram inspiradas pelo texto bíblico (cordeiro, Bom Pastor, pomba, peixe, âncora, Daniel, Moisés); mas podiam também representar o Senhor, a Virgem Maria, os santos Apóstolos e mártires. Desde os inícios da arquitetura sacra, as igrejas foram enriquecidas com imagens tanto a título de ornamentação quanto a título de instrução dos iletrados.

No século IV, ouve-se uma ou outra voz contrária às imagens; assim a do concílio regional de Elvira (cerca de 306). O Papa S. Gregório Magno († 604), porém, escrevia a Severo, bispo de Marselha, que mandara destruir imagens por causa do perigo de falso culto: “Era preciso não as quebrar, pois as imagens não foram colocadas na igreja para ser adoradas, mas apenas para instruir as mentes dos ignorantes” (ep. 9,105).

1000 – Canonização dos santos

A canonização do Santo se inspira, antes, em costumes bíblicos: o autor do Eclesiástico escreveu o “Louvor dos Pais(Enoque, Noé, Isaque, os justos…)”,

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redigindo desta forma o primeiro catálogo ou cânon dos Santos de Israel.(Eclo 44,51)

As fontes históricas mostram que, na segunda metade do século II, estabeleceu-se o belo costume de celebrar a Eucarística em cima do túmulo dos mártires, no dia do aniversário da sua morte, para invocar a sua intercessão. O primeiro tipo de Cristão cultuado pelos fiéis é o do mártir. Este desde cedo foi tido como o imitador mais perfeito de Cristo, já que o Senhor disse que “ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida por seus amigos” Jo 15,13

Conscientes disto, os antigos cristãos recolhiam reverentes as relíquias dos mártires e anualmente comemoravam o seu natalício(sua entrada na glória celeste), celebrando junto ao túmulo dos mesmos o Santo sacrifício da Missa. A mais antiga forma de canonização, atestada por documentos do séc. II, como por exemplo a de São Policarpo de Esmirna na Ásia Menor. No ano 155, em Esmirna, Policarpo é colocado na fogueira. Milagrosamente as chamas não o queimaram. Seus inimigos, então, o apunhalaram até a morte e depois queimaram o seu corpo numa estaca. Depois de tudo terminado, seus discípulos tomaram o restante de seus ossos e o colocaram em uma sepultura apropriada.

Já nos primeiros séculos, nota-se o cuidado das autoridades da Igreja em não permitir a veneração de qualquer aparente vítima da perseguição. Os bispos examinavam as “Atas do mártires”, isto é, o testemunho referente a cada cristão perseguido e morto por amor a fé. Uma vez reconhecido um autêntico herói, a comunidade cristã a que ele pertencia, enviava as demais uma carta circular(Ata) narrando o glorioso martírio do Santo, a fim de se edificarem os irmãos.

1100 – Culto aos anjos

A existência dos seres espirituais, não corporais, que a Sagrada Escritura chama habitualmente de anjos, é uma verdade de fé. O testemunho da Escritura a respeito é tão claro quanto a unanimidade da Tradição. Enquanto criaturas puramente espirituais, são dotados de inteligência e de vontade. São criaturas pessoais e imortais. Superam em perfeição todas as criaturas visíveis. Disto dá testemunho o fulgor de sua glória.(CIC 328,330)

Não é necessário enumerar muitos testemunhos patrísticos; é unanime entre os antigos escritores cristãos a crença na existência dos anjos bens e maus.

S. Agostinho(+ 430) : “Aos anjos não se oferece sacrifício; somente os veneramos com amor,”(A Cidade de Deus 10,7)

Ambrósio de Milão(+397):”Devemos rezar aos anjos que nos são dados com guardiões”(De Viduis 9,55)

Gregório Taumaturgo(+270):” Santos Anjos de Deus, que desde a minha juventude me tem protegido…”(Orat. Ad Orig. 4)

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Jerônimo: “Os anjos cuidam e velam até pelos pormenores do cosmos”(Comm. In. Eccles 10,20)

João Crisóstomos (+407):”Que há de melhor, diga-me? Falar do vizinho e da vida alheia, bisbilhotar tudo, ou se entregar com os anjos e com as coisas feitas para nos enriquecer?”(Hom. In Io. 18)

Muito tempo antes da data estipulada em sua pergunta, já se falava e cultuava os anjos.

1100 – O sacrifício da missa

A Missa foi instituída por Nosso Senhor Jesus Cristo, na última quinta feira de sua vida mortal, conf. Mt 26,28; Mc 14,24; Lc 22,20; 1Cor 11,25. Aparece entre os primeiros cristãos, inclusive é citada nos Atos dos Apóstolos: “No primeiro dia da semana, tendo-nos nós reunidos para a fração do pão…” (At 20,7). E Fazia parte do primeiro Catecismo cristão: “Reuni-vos no dia do Senhor para a fração do pão e agradecei (celebrai a eucaristia), depois de haverdes confessado vossos pecados, para que vosso sacrifício seja puro.” (Didaqué, XIV,1).

São Paulo ensina:”Todas as vezes que comeis desse pão e bebeis desse cálice, anunciais a morte do Senhor até que ele venha”(I Cor 11,26). A missa atualiza o sacrifício da cruz, a missa é real e verdadeiro sacrifício, essencialmente idêntico àquele da cruz. Pois Jesus deu a possibilidade de atualizar o sacrifício da cruz por intermédio da repetição da última ceia.

A eucaristia, entre os primeiros Cristãos, se chamava de “fração do pão“. Foi o gesto que Jesus usou na última ceia quando consagrou o pão para distribuí-lo aos discípulos. Foi por este gesto que os discípulos de Emaús reconheceram Jesus após a ressurreição. Mais tarde, chamou-se eucaristia(ação de graças), banquete do Senhor. Por último, chamou-se “missa“, palavra usada para a despedida do povo, depois celebração. Do século VI em diante, ficou reservada apenas para a ação eucarística. No iníciom celebrava-se a eucaristia no primeiro dia da semana, o domingo, porque recordava a Páscoa. No século IV, celebrava-se também às quartas e sextas-feiras. No tempo de Santo Ambrósio, diariamente.

O primeiro a usar a palavra Missa no sentido atual foi provavelmente S. Ambrósio (+ 397) na epístola 20,4. S. Agostinho (+ 430) escrevia: “Eis que após o sermão se faz a missa (= despedida) dos catecúmenos; ficarão apenas os fiéis batizados” (serm. 49,8).

Papa Clemente I de Roma: “E não será pequena a vossa falta se depuserdes do episcopado aqueles que oferecem, de maneira irrepreensível e santa, a Eucaristia”(1. Carta aos Coríntios 44,4)

Tertuliano de Cartago: “Lêem-se as Escrituras, cantam-se os Salmos, fazem-se sermões e se oferecem preces”(Da alma 9,4)

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1123 – Celibato dos sacerdotes

Os protestantes nunca entram em acordo quando se trata de acusar a Igreja Católica e, como na verdade estão mentindo, não se importam em reescrever a história a seu favor. É por isto que você vai encontrar diversas datas referentes à suposta criação do celibato.

O celibato é bíblico, São Paulo ao tratar do problema diz: “O que está sem mulher está cuidando das coisas que são do Senhor, de como há de agradar a Deus; mas o que está com mulher está cuidadoso das coisas que são do mundo, de como há de dar gosto à sua mulher e anda dividido. E a mulher solteira ou virgem cuida nas coisas que são do Senhor, para ser santa no corpo e no espírito, mas a que é casada cuida nas coisas que são do mundo, de como agradará ao marido” (I Cor. VII, 32-35). E disse ainda: “Digo também aos solteiros e às viúvas que lhes é bom se permanecerem assim, como também eu” (I Cor. VII, 8). O que parece, São Paulo exalta a superioridade do celibato e da virgindade sobre o matrimônio, embora ele também diga que casar é bom. Por este motivo, a igreja sempre levou em consideração e defendeu o celibato dos sacerdotal.

Dentre os Apóstolos, parece que alguns foram, ou eram casados, mas desde que decidiram seguir a Cristo, deixaram tudo. Por isso Cristo disse: “Todo aquele que deixar por amor de meu nome a casa, ou os irmãos, ou as irmãs, ou o pai ou a mãe, ou a mulher, ou os filhos, ou as fazendas, receberá cento por um e possuirá a vida eterna” (Mt 19, 29).

Tertuliano(+222), já dizia: “os clérigos são celibatários voluntários“.

1546 – A tradição ganha a mesma autoridade da Bíblia

Dá-se o nome de Tradição à doutrina revelada por Deus que não está contida na Escritura, tendo-se conservado por diversos meios. A Tradição chegou até nós por meio da pregação, da própria vida da Igreja, dos escritos dos Padres da Igreja, da Liturgia e de outras formas. Desde que acompanhada das devidas condições, a Tradição tem o mesmo valor que a Sagrada Escritura, porque também ela é Palavra de Deus, fielmente transmitida até nós.

Os protestantes negam-lhes qualquer valor, e, procedendo assim, contradizem ao mesmo tempo a razão e a Escritura. A tradição inicial, ou seja, a pregação dos Apóstolos, é anterior à Sagrada Escritura, e durante muitos anos foi a única regra de fé. Com efeito, a pregação dos Apóstolos começou no próprio ano da morte de Cristo(ano 33). Pelo contrário, os livros da Sagrada Escritura só começaram a ser escritos desde o ano 50 ao ano 100, e sobretudo não foram conhecidos pela Igreja universal, senão no decorrer dos primeiros séculos, pois ao principio só eram conhecidos pelas Igrejas particulares a que se destinavam. Logo, uma de duas: ou, durante esses primeiros anos e séculos, não havia na Igreja fonte alguma de fé, o que é inadmissível, porque equivaleria a dizer que então não havia fé; ou é necessário admitir uma fonte de fé distinta da Escritura, a saber, a Tradição ou ensino dos Apóstolos e seus sucessores.

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Prova-se pela Sagrada Escritura que o ensino da Igreja é fonte de fé. Pelas palavras de Cristo. Cristo disse aos Apóstolos: “Ide pelo mundo e pregai o Evangelho a toda criatura.”(Mc 16,15), e não “Ide e escrevei livros”; e “Quem vos ouve, a Mim ouve”(Lc 10,16) , e não “quem vos lê”.

Pelo ensino de S. Paulo, que escreve assim aos fiéis de Tessalonica:”Conservai-vos firmes na fé, e guardai as tradições que aprendeste, que pela nossa pregação, quer pela nossa carta ”(2 Tess. 2,14). Aqui dá exatamente o mesmo valor, como fonte de fé, à sua Carta(Escritura) e à sua pregação(Tradição)

Diz também, a Timóteo: “O que ouviste de minha boca diante de muitas testemunhas, confia-o a outros homens fiéis, capazes de instruir os outros”(2 Tm 2,2).

São João disse também, na sua Segunda Carta:”Embora tivesse muitas coisas a escrever-vos, não o quis fazer por meio de tinta e papel, pois espero ver-vos e falar-vos de viva voz.”(2 Jo 12)

Tanto a razão como a Escritura mostram, pois, o valor da Tradição como fonte de fé. E os protestantes devem aceitá-las se é verdade que respeitam o ensino da Escritura.

Testemunho da Igreja Primitiva

Papa Clemente I de Roma

“Renunciemos, portanto, às nossas vãs preocupações e retomemos à gloriosa e venerada regra da nossa Tradição”(1. Carta aos Coríntios)

Papias de Hierápolis (65 dC e 155 dC) escritor do primeiro terço do século II e um dos primeiros líderes da igreja cristã, canonizado como santo

“Caso viesse alguém que tivesse convivido com os presbíteros, eu procurava saber os ditos dos presbíteros, isto é, o que haviam ensinado André, Pedro, Felipe, Tomé, João, Mateus ou outros discípulos do Senhor(…) Estava convencido de que a leitura dos Livros não retiraria tanto proveito quanto da voz viva e permanente”(Fragmento citado na História Eclesiástica de Eusébio 3,29)

Hipólito de Roma

“Justamente por não observarem as Sagradas Escrituras e não guardarem a Tradição de algumas santas pessoas é que hereges criaram essas[ímpias] doutrinas.”(Refutação de Todas as Heresias 1, Prefácio)

Gregório de Nissa

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“Se um problema é desproporcional ao nosso raciocínio, o nosso dever é permanecer bem firmes e irremovíveis na Tradição que recebemos da sucessão dos Padres”(Quod non sint três dii)

1870 – A infalibilidade papal

A Igreja, que é depositária da Palavra de Deus, a qual é imutável, não pode tirar ou acrescentar nada. Quando a Igreja define solenemente um novo dogma, não estabelece uma nova verdade, não contida na Escritura e na Tradição; mas, pelo contrário, declara que essa verdade está contida na Sagrada Escritura e na Tradição, e que portanto devemos admiti-la.`

A infalibilidade do Papa é um dogma que tem fundamento na Sagrada Escritura. A) Se o Papa ensinasse o erro, o inferno, isto é, o demônio, espírito do erro e de mentira, prevaleceria sobre a Igreja, o que vai contra a promessa de Cristo. B) Cristo garantiu a Pedro que a sua fé não desfaleceria, e encarregou-o de confirmar nela os seus irmão. Mas, como poderia confirmá-los na fé se ele mesmo os induzisse em erro?

É bom lembrar ainda, que Cristo nomeou São Pedro chefe da sua Igreja; Porém, era necessário que Pedro tivesse sucessores, porque os poderes que Jesus lhe confiou não foram para o bem pessoal do Apóstolo, mais sim para o bem da Igreja, que, segundo a promessa de Cristo, há de durar até o fim dos tempos. O Papa que é o Vigário de Cristo aqui na terra, e sucessor de São Pedro não faz senão seguir o exemplo daquele que fora chamado a confirmar os filhos da Igreja na fé.

A infalibilidade do Papa encontra-se implicitamente contida na promessa que fez Jesus a Pedro, deste ser “pedra” fundamental de sua Igreja, “clavigero” do Reino dos Céus, “pastor” fundamental do seu rebanho. Falível, o Papa não seria fundamento seguro , clavigero e pastor digno de confiança.

1950 – A assunção de Maria é declarada artigo de fé

Antes do século IV não há notícia a respeito do fim da vida terrestre de Maria SS... S. Epifânio(+403) aborda o assunto: “A Sagrada Escritura não diz se Maria morreu , se foi sepultada ou se não foi sepultada…Conservou absoluto silêncio por causa da grandeza do prodígio, a fim de não deixar assombrados os espíritos dos homens. Quanto a mim, não ousou falar disso. Conservo a questão em minha ente e me calo”(Panarion, Haer. 78, nm. 10s)

Cito também como obra do século IV um sermão de Timóteo, presbítero de Jerusalém, que cita uma tradição referente à imortalidade de Maria:

“Uma espada transpassara a tua alma!…Desta palavras muitos concluíram que a Mãe do Senhor, morta pela espada, obteve o fim glorioso que é o martírio. Mas não foi assim. A espada metálica divide o corpo e não a alma. Nem era possível que tal acontecesse, porque a Virgem, imortal até hoje, foi transladada a partir do lugar de sua ascensão por Aquele que nela fez a sua morada.”(Homilia sobre Simeão e Ana)

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Como se vê, existia nos primeiros séculos a tendência a crer que Maria não morreu. Timóteo admitia a Assunção da Virgem. Ao mesmo tempo, uma corrente gnóstica afirmava que Maria se encontrava imortal, oculta em algum lugar da terra.

No Oriente os séculos VIII e IX houve teólogos que afirmavam a Assunção corporal de Maria após sua morte e ressurreição; tais foram S. Modesto de Jerusalém(+634), S. Germano de Constantinopla(+733), S. André de Creta(+729), S. João Damasceno(+749), S. Teodoro Studita(+826), S. Jorge de Nicomédia(+ 880). Todavia firmou-se a crença na Assunção gloriosa, a tal ponto que o Imperador de Bizâncio Andronico II(1282-1328) promulgou um decreto que consagrava o dia 15 de agosto como festa solene da Assunção gloriosa de Maria; a arte sacra. A teologia e a piedade popular se fizeram ecos dessa crença implantada de modo geral.

A Assunção de Maria Santíssima é dogma de fé, definida pelo Papa, o único que possui as chaves dadas por Cristo para ligar e desligar na terra e no céu. A morte é castigo pelo pecado, quem foi preservado do pecado não deve morrer: “Eis por que, assim como por um só homem o pecado entrou no mundo, e pelo pecado, a morte, assim a morte atingiu a todos os homens” (Romanos V, 12). Maria Santíssima, única criatura humana concebida sem pecado, foi portanto preservada da morte e levada por Deus aos céus em corpo e alma.

Os protestantes reconhecem que Deus levou Enoch e Elias ao céu sem que tivessem morrido, mas não aceitam que o mesmo possa ter ocorrido com a Santíssima Virgem Maria. Nos ensina São Paulo de que: “Pela fé, Henoc foi levado, a fim de escapar à morte e não foi mais encontrado, porque Deus o levara[...]” (Hebreus, 11,5); O livro de Reis fala de Elias, que subindo num carro de fogo, foi arrebatado por Deus, em corpo e alma. (2 Reis, 2, 1-11).

Fraterno amigo, com todo respeito, o melhor seria pegar esta bendita ferramente e jogar fora. Ela só serve para propagar heresias e mentiras, levando assim muitos ao caminha da perdição.

In corde Iesu et Mariae, Mendes Silva .

Apostolado Spiritus Paraclitus

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São Pedro, rocha firme de fé inabalável POR: MENDES SILVA | QUA , 09 DE NOVEMBRO DE 2011

No evangelho, com exceção de alguns episódios, os relatos em que Pedro aparece ocupam um lugar importante, tendo grande semelhança em Mateus, Marcos e Lucas, e mesmo de João. Entre as semelhanças e detalhes característico de cada Evangelista ao relatar os episódios, temos como certo que não se chamava Pedro, mas Simão, em grego, ou Simeão, em aramaico. Ao tomarmos como referência os quatro evangelhos, unânimes nesse ponto, esse nome lhe foi dado por Jesus. Era um novo nome, que até então parecia não ter sido dado a ninguém. Entretanto, os evangelistas situam em diferentes contextos a imposição desse nome por Jesus:

- em Mateus, é no momento da confissão de fé em Cesaréia(Mt 16,18);

- em Marcos e Lucas, tudo indica ser por ocasião da instituição do Doze(Mc 3,16; Lc 6,14). Porém é bom notar, desde o episodio da pesca milagrosa, ele já tratado no Evangelho de Lucas, como Simão Pedro(Lc 5,8);

- em João, é no momento do primeiro encontro às margens do Rio Jordão(Jo1,42).

A diversidade de contextos em que se vê Jesus dar a Simão seu novo nome,”Pedro”, indica que esse fato era bastante conhecido dos primeiros cristãos, mas que por alguns fatores, talvez se tenha esquecido sua circunstâncias exatas, conservando apenas o núcleo central do episódio, que é a clara mudança do nome de Simão para Pedro. O fato é que o cognome dado por Jesus a Simão se propagou na tradição oral impondo-se aos outros nomes. Nas cartas de Paulo, mais antigas que os evangelhos, a transcrição aramaica de “Pedro” – Cefas – tornar-se-ia a maneira habitual de designar o “primeiro” dos discípulos. Era conhecida a importância de Pedro e sua ligação privilegiada com Jesus nas primeiras comunidades Cristãs, já que sabia que a mudança de nome na Bíblia é sempre sinal de eleição divina.

Pelo fato de Simão ter grande relevância em alguns relatos e seu nome ser descrito por vezes de forma diferente, sendo que se faz referência à mesma pessoa, por parte muitos surgiu uma confusão quanto ao nome, confusão esta que buscarei esclarecer mostrando o significado de cada nome.

Simeão? Simão? Pedro? Cefas?

Simeão era o nome aramaico daquele que Jesus chamará por “Pedro”. Encontramos esse cognome apenas na boca de Tiago, “o irmão do Senhor”, por ocasião da Assembléia de Jerusalém(At 15,14), e na segunda carta cuja autoria é atribuída a “Simão Pedro”, servo e apóstolo de Jesus Cristo”( 2Pd 1,1).

Para uns, Simão seria a versão grega de Simeão; para outros, é um nome genuíno. Pedro é assim nomeado 46 vezes nos evangelhos e somente quatro vezes nos Atos dos Apóstolos(At 10-11).

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Cefas é o “novo nome” dado por Jesus a Simão: ele vem do aramaico Kêphâ; é, na origem, um nome comum que significa “pedra”, “rocha”. Ele aparece somente uma vez nos evangelhos(Jo 1,42), ao passo que se encontra 8 vezes nas cartas de Paulo(1 Cor 1,12; 3,22; 9,5; 15; 5; Gl 1,18; 2,9.11.14), sinal de seu uso freqüente desde os primórdios da Igreja.

Pedro(Petros) é a tradução grega de Cefas. É a forma mais corrente nos evangelhos(95 vezes), nos Atos(56 vezes), em Paulo(2 vezes) e nos endereçamentos das epístolas de Pedro(2 vezes).

Simão Pedro: somente João utiliza correntemente esta dupla nomeação(17 vezes). Marcos jamais utiliza; Lucas e Mateus utilizam-se uma vez(Lc 5,8; Mt 16,16).

Em algumas vertentes protestantes, se diz que o nome atribuído a Simão Pedro(“Rocha”) é uma invenção criada por parta da Igreja Católica. Como percebemos, é perfeitamente coerente a exegese Católica quando ensina que Pedro recebe de Cristo um novo nome, em vista de uma missão cuja realização é acompanhada sempre de uma promessa que ultrapassa a pessoa a quem se a dá. No caso, a missão de Pedro e seus sucessores é firmar os filhos da Igreja na fé, como uma rocha que resiste a séculos de mudanças permanecendo firme sem ser abalada.

50 Provas do Primado Petrino e do papado tiradas do Novo Testamento POR: APOSTOLADO SPIRITUS PARACLITUS | SEG , 27 DE DEZEMBRO DE 2010

A doutrina católica sobre o papado é bíblica e decorre do primado de São Pedro entre os Apóstolos. Como todas as doutrinas cristãs, desenvolveu-se ao longo dos séculos mas não se afastou dos seus elementos essenciais, presentes na liderança e nas prerrogativas do Apóstolo São Pedro. Tais prerrogativas foram dadas a São Pedro por Nosso Senhor Jesus Cristo, reconhecidas por seus contemporâneos e aceitas pela Igreja Primitiva. Os dados bíblicos sobre o Primado Petrino são muito fortes e inelutáveis em virtude de seu peso cumulativo. Tal peso fica especialmente claro com o auxílio de comentários bíblicos. A evidência da Sagrada Escritura se segue logo abaixo:

1. Mt 16,18: “E eu te digo, tu és Pedro, e sobre esta pedra eu edificarei a minha Igreja, e os poderes da morte não prevalecerão contra ela”.

A pedra (em grego, petra) aqui mencionada é o próprio São Pedro e não a sua fé ou Jesus Cristo {a}. Cristo não aparece aqui como a fundação, mas como o arquiteto que “constrói”. A Igreja é edificada, não sobre confissões, mas sobre confessores – pessoas vivas (ver, por exemplo, 1Pd 2,5).

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Hoje o consenso da grande maioria dos eruditos e comentadores bíblicos se encontra a favor da interpretação católica. Aqui é dito que São Pedro é a pedra de fundação da Igreja, a cabeça e o superior da família de Deus (vemos aí a “semente” da doutrina do papado). Além disso, a palavra “pedra” expressa uma metáfora análoga à usada por São Pedro para designar o Messias sofredor e desprezado (1Pd 2,4-8; cf. Mt 21,42). Sem uma fundação sólida qualquer casa desaba. São Pedro é o fundamento, mas não o fundador da Igreja; administrador, mas não o Senhor da Igreja. O Bom Pastor (Jo 10,11) nos dá também outros pastores (Ef 4,11).

{a} – N. do T.: Alguns protestantes objetam que o nome de Pedro em grego, petros, significa “pequena pedra”, e que, portanto, Cristo refere-se a si próprio como rocha fundamental da Igreja, petra, “grande pedra”. Tal objeção não se sustenta porque: I – No grego koiné do NT as palavraspetros e petra não possuem significados distintos [ver as seguintes fontes protestantes que confirmam este fato: Joseph H. Thayer, Thayer's Greek-English Lexicon of the New Testament (Peabody: Hendrickson, 1996), 507; D.A. Carson, "Matthew," in Frank E. Gaebelein, ed., The Expositor's Bible Commentary (Grand Rapids: Zondervan, 1984), vol. 8, 368]. II – A palavra grega para designar “pequena pedra” é lithos. Por exemplo, em Mt 4,3, o demônio tenta o Senhor a operar um milagre transformando algumas pedras, lithoi, em pães; em Jo 10,31, os judeus apanham pedras, lithoi, para apedrejar Jesus. III – Jesus falava aramaico, não grego, e em aramaico ele usou a mesma palavra para designar Pedro e pedra: kefa (cfr. Jo 1,42). Se o Senhor tencionasse chamar o Apóstolo de “pequena pedra”, teria usado o termo aramaico correspondente, evna. IV – O evangelista usou petros enquanto forma masculina de petra, para evitar uma impropriedade de gênero, a designação de um sujeito masculino – o Apóstolo – com um nome feminino – petra. V -Especialistas em grego reconhecem que petros = petra na sentença de Mt 16,18. A sintaxe da frase não deixa lugar para dúvidas. Petros é o mesmo sujeito que é designado sob o nome de petra, ou seja, São Pedro.

2. Mt 16,19: “Eu te darei as chaves do Reino dos Céus…”

O “poder das chaves” tem a ver com a disciplina eclesiástica e a autoridade administrativa com respeito às exigências da fé, como em Is 22,2 (cf. Is 9,6; Jó 12,14. Ap 3,7). É deste poder que derivam o uso de censuras, a excomunhão, a absolvição, a disciplina batismal, a imposição de penitências e os poderes legislativos. No AT um mordomo, ou primeiro ministro, é o “maior da casa”, o homem que ficava acima da assembléia (Gn 41,40; 43,19; 44,4; 1Rs 4,6; 16,9; 18,3; 2Rs 10,5; 15,5; 18,18; Is 22,15.20-21).

3. Mt 16,19: “…o que tu ligares sobre a terra será ligado no Céu, e o que desligares sobre a terra será desligado no Céu”.

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“Ligar” e “desligar” eram termos técnicos usados pelos rabinos, que significavam “proibir” e “permitir” com referência à interpretação da Lei. Secundariamente significavam o poder de condenar ou absolver. Portanto, a São Pedro e a seus sucessores, os papas, foi dada a autoridade de estabelecer as leis para a doutrina e a vida, em virtude da Revelação e da assistência do Espírito Santo (Jo 16,13), e de receber a obediência da Igreja. “Ligar” e “desligar” representam os poderes judiciais e legislativos do papa e do bispos (Mt 18,17-18; Jo 20,23). São Pedro, no entanto, é o único Apóstolo que recebeu esses poderes individualmente, o que o põe em lugar de preeminência no Colégio Apostólico.

4. O nome de Pedro ocorre em primeiro lugar em todas as listas dos Apóstolos (Mt 10,2; Mc 3,16; Lc 6,14; At 1,13). Mateus chega a chamá-lo de “primeiro” (10,2). Judas Iscariotes é invariavelmente mencionado em último lugar.

5. Pedro é quase sempre mencionado primeiro, quando seu nome aparece junto de outros. Em um exemplo que contradiz esta regra (o único), Gl 2,9, no qual “Cefas” é listado depois de Tiago e antes de João, Pedro aparece claramente em destaque, levando-se em conta o contexto do versículo (p. ex., 1,18-19; 2,7-8). Alguns códices registram variações nas quais Pedro aparece em primeiro lugar.

6. Apenas Pedro, entre todos os Apóstolos, recebe um novo nome, “pedra”, solenemente conferido (Jo 1,42; Mt 16,18).

7. Da mesma forma, Pedro é colocado por Jesus como o Pastor Chefe depois dele mesmo (Jo 21,15-17) sobre a Igreja Universal, embora outros possuam um papel parecido mas subordinado (At 20,28; 1Pd 5,2).

8. Jesus ora apenas por Pedro, dentre todos os Apóstolos, para que a sua fé não desfaleça (Lc 22,32).

9. Apenas Pedro, entre todos os Apóstolos, é exortado por Jesus: “fortalece teus irmãos” (Lc 22,32).

10. Pedro é o primeiro a confessar a divindade de Cristo (Mt 16,16).

11. Apenas de Pedro se diz que recebeu conhecimento divino através de uma revelação especial (Mt 16,17).

12. Pedro é considerado pelos Judeus (At 4,1-13) como o líder e porta-voz dos cristãos.

13. Pedro é considerado pelo povo da mesma forma (At 2,37-41; 5,15).

14. Jesus Cristo paga o imposto para si mesmo e para Pedro (Mt 17,24-27).

15. Cristo ensina da barca de Pedro, e a pesca milagrosa que se segue (Lc 5,1-11) é talvez uma metáfora sobre o papa como “pescador de homens” (cf. Mt 4,19).

16. Pedro foi o primeiro Apóstolo a partir para, e a entrar em, o sepulcro vazio (Lc 24,12; Jo 20,6).

17. Um anjo destaca Pedro entre os discípulos como líder e representante dos Apóstolos (Mc 16,7).

18. Pedro lidera os Apóstolos na pesca (Jo 21,2-3.11). A “barca” de Pedro tem sido considerada pelos católicos como uma figura da Igreja, com Pedro no leme.

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19. Apenas Pedro anda sobre as águas para encontrar-se com Jesus (Jo 21,7).

20. As palavras de Pedro são as primeiras a serem registradas e as mais importantes no Cenáculo, antes de Pentecostes (At 1,15-22).

21. Pedro toma a liderança na convocação para a escolha de um substituto para Judas (At 1,22).

22. Pedro é a primeira pessoa a falar (e a única registrada) depois de Pentecostes, de modo que ele foi o primeiro cristão a “pregar o Evangelho” no tempo da Igreja (At 2,14-36).

23. Pedro opera o primeiro milagre do tempo da Igreja, curando um aleijado de nascença (At 3,6-12).

24. Pedro lança o primeiro anátema (sobre Ananias e Safira), enfaticamente confirmado por Deus (At 5,2-11)!

25. A sombra de Pedro opera milagres (At 5,15).

26. Pedro é o primeiro depois de Cristo a ressuscitar uma pessoa morta (At 9,40).

27. Um anjo instrui Cornélio a procurar Pedro para conhecer a fé cristã (At 10,1-6).

28. Pedro é o primeiro a receber os gentios, após uma revelação de Deus (At 10,9-48).

29. Pedro ensina aos outros Apóstolos sobre a catolicidade (universalidade) da Igreja (At 11,5-17).

30. Pedro é o objeto da primeira intervenção divina em favor de um indivíduo no tempo da Igreja (um anjo o liberta da prisão – At 12,1-17).

31. A Igreja inteira ora por Pedro enquanto o mesmo está preso (At 12,5).

32. Pedro preside e abre o primeiro Concílio da História da Igreja, e lança vários princípios que serão adotados por todos os cristãos (At 15,7-11).

33. Paulo distingue as aparições do Senhor a Pedro após a ressurreição das aparições realizadas diante dos demais Apóstolos (1Cor 15,4-8). Os dois discípulos na estrada de Emaús fazem a mesma distinção (Lc 24,34), na ocasião mencionando apenas Pedro (“Simão”), mesmo tendo eles mesmos acabado de ver o Cristo ressuscitado (Lc 24,33).

34. Pedro é muitas vezes distinguido entre os apóstolos (Mc 1,36; Lc 9,28.32; At 2,37; At 5,29; 1Cor 9,5).

35. Pedro é quase sempre o porta-voz dos outros Apóstolos, especialmente nos momentos mais importantes (Mc 8,29; Mt 18,21; Lc 9,5; Lc 12,41; Jo 6,67ss).

36. O nome de Pedro é sempre o primeiro a ser listado dentro do “círculo íntimo” dos discípulos (Pedro, Tiago e João – Mt 17,1; Mt 26,37.40; Mc 5,37; Mc 14,37).

37. Pedro é muitas vezes figura central junto a Jesus em cenas dramáticas do Evangelho, como a caminhada sobre as águas (Mt 14,28-32; Lc 5,1ss; Mc 10,28; Mt 17,24ss).

38. Pedro é o primeiro a reconhecer e refutar a heresia, contra Simão o Mago (At 8,14-24).

39. O nome de Pedro é mais citado do que todos os discípulos juntos: 191 vezes (162 como Pedro ou Simão Pedro, 23 como Simão e 6 como Cefas). João é o segundo colocado com apenas 48 referências. Pedro está presente em 50% das vezes em que João é mencionado na Bíblia! O arcebispo Fulton Sheen calculou que todos os outros discípulos

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combinados somam 130 referências. Se isto é correto, 60% das referências a discípulos são referências a São Pedro.

40. O discurso de Pedro em Pentecostes (At 2,14-41) contém uma interpretação da Escritura feita com autoridade, uma decisão doutrinal e um decreto disciplinar referente aos membros da “Casa de Israel” (2,36) – um exemplo do poder de “ligar e desligar”.

41. Pedro foi o primeiro “carismático”, tendo julgado com autoridade a primeira manifestação do dom de línguas como genuína (At 2,14-21).

42. Pedro é o primeiro a pregar o arrependimento cristão e o batismo (At 2,38).

43. Pedro (presume-se) esteve à frente do primeiro batismo em massa registrado (At 2,41).

44. Pedro ordenou o batismo do primeiro cristão vindo da gentilidade (At 10,44-48).

45. Pedro foi o primeiro missionário itinerante, e o primeiro a exercer o que seria chamado de “visita às igrejas” (At 9,32-38.43). Paulo pregou em Damasco imediatamente após a sua conversão (At 9,20), mas não tinha viajado até aquela cidade com esse propósito (Deus alterou seus planos!). Suas jornadas missionárias começam apenas em At 13,2.

46. Paulo partiu para Jerusalém especialmente para ver Pedro, por quinze dias, no começo de seu ministério (Gl 1,18), e foi encarregado por Pedro, Tiago e João (Gl 2,9) de pregar para os gentios.

47. Pedro age (fortemente indicado) como o bispo/pastor chefe da Igreja (1Pd 5,1), uma vez que ele exorta todos os demais bispos, ou “anciãos”.

48. Pedro interpreta profecia (2Pd 1,16-21).

49. Pedro corrige aqueles que interpretam mal os escritos paulinos (2Pd 3,15-16).

50. Pedro escreve sua primeira epístola da cidade de Roma, de acordo com muitos estudiosos, sendo seu bispo, e como bispo universal (ou papa) da Igreja primitiva. “Babilônia” (1Pd 5,13) é uma espécie de codinome para Roma.

Em conclusão, é necessário muita credulidade para achar que Deus colocaria São Pedro em tal posição de preeminência na Bíblia sem que esta preeminência tenha algum significado ou importância para a história cristã posterior; em particular para o governo da Igreja. A doutrina sobre o papado é, de longe, a que melhor se ajusta ao dado bíblico. Considerando a Tradição e a História, a conclusão por sua veracidade é inescapável.

Traduzido e adaptado do inglês por Ewerton Wagner Santos Caetano. “50 NEW TESTAMENT PROOFS FOR PETRINE PRIMACY AND THE PAPACY”, Copyright 1994 by Dave Armstrong. All rights reserved.

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Sobre o Papa e a Sucessão POR: APOSTOLADO SPIRITUS PARACLITUS | QUA , 01 DE SETEMBRO DE 2010

São Cipriano (†258), bispo de Cartago, defensor da unidade da Igreja:

“O Senhor diz a Pedro: “Eu te digo que és Pedro e sobre esta pedra edificarei minha Igreja e as portas do inferno não prevalecerão sobre ela. Dar-te-ei as chaves do reino dos céus… O Senhor edifica a sua Igreja sobre um só, embora conceda igual poder a todos os apóstolos depois de sua ressurreição, dizendo: “Assim como o Pai me enviou, eu os envio. Recebei o Espírito Santo, se perdoardes os pecados de alguém, ser-lhes-ão perdoados, se os retiverdes, ser-lhes-ão retidos. No entanto, para manifestar a unidade, dispõe por sua autoridade a origem desta mesma unidade partindo de um só. Sem dúvida, os demais apóstolos eram, como Pedro, dotados de igual participação na honra e no poder; mas o princípio parte da unidade para que se demonstre ser única a Igreja de Cristo… Julga conservar a fé quem não conserva esta unidade da Igreja? Confia estar na Igreja quem se opõe e resiste à Igreja? Confia estar na Igreja, quem abandona a cátedra de Pedro sobre a qual está fundada a Igreja?” ( Sobre a Unidade da Igreja ).

Santo Ireneu (†202):

“Porque é com essa Igreja (de Roma), em razão de sua mais poderosa autoridade de fundação, que deve necessariamente concordar toda igreja, isto é, que devem concordar os fiéis procedentes de qualquer parte, ela, na qual sempre, em benefício dos que procedem de toda parte, se conservou a Tradição que vem dos apóstolos” (Contra as Heresias).

S. Pedro Crisólogo (†450):

“No interesse da paz e da fé não podemos discutir sobre questões relativas à fé sem o consentimento do Bispo de Roma.”

São João Crisóstomo (†407), bispo de Constantinopla:

“Pedro, na verdade, ficou para nós como a pedra sólida sobre a qual se apoia a fé e sobre a qual está edificada a Igreja. Tendo confessado ser Cristo o Filho de Deus vivo, foi-lhe dado ouvir: “Sobre esta pedra edificarei a minha Igreja”(Mt 16,18). Tornou-se enfim Pedro o alicerce firmíssimo e fundamento da Casa de Deus, quando, após negar a Cristo e cair em si, foi buscado pelo Senhor e por ele honrado com as palavras: “apascenta as minhas ovelhas”(Jo 21,15s). Dizendo isto, o Senhor nos estimulou à conversão, e também a que de novo se edificasse solidamente sobre Pedro aquela fé, a de que ninguém perde a vida e a salvação, neste mundo, quando faz penitência sincera e se corrige de seus pecados”. (Haer. 59,c,8).

Eusébio de Cesaréia (†340):

“Pedro e Paulo, indo para a Itália, vos transmitiram os mesmos ensinamentos e por fim sofreram o martírio simultaneamente” (História Eclesiástica, II 25,8)

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Observação: A História da Igreja, desde cedo, mostra que os sucessores de S. Pedro em Roma fizeram uso da sua jurisdição. Por exemplo na questão da data da festa da Páscoa, no século II, alguns cristãos da Ásia Menor não queriam seguir o calendário de Roma; o Papa S. Victor (189´199) ameaçou-os de excomunhão (cf. Hist. Ecles. Eusébio V 24, 9´18). Ninguém contestou o Bispo de Roma, o Papa; e parecia claro a todos os bispos que nenhum deles podia estar em comunhão com a Igreja universal (já chamada de católica) sem estar em comunhão com a Igreja de Roma. Isto mostra bem o primado de Pedro desde o início da Cristandade.

Papa Pio XII ´ Encíclica “Mystici Corporis Christi”:

“Há os que se enganam perigosamente, crendo poder se ligar a Cristo, cabeça da igreja, sem aderir fielmente a seu Vigário na terra. Porque suprimindo esse Chefe visível, quebrando os laços luminosos da unidade, eles obscurecem e deformam o Corpo místico do Redentor a ponto de ele não poder ser reconhecido e achado dentro dos homens, procurando o porto da salvação eterna”.

SOBRE A SUCESSÃO APOSTÓLICA

S. Clemente de Roma (†102), Papa (88´97):

“Os apóstolos foram mandados a evangelizar pelo Senhor Jesus Cristo. Jesus Cristo foi enviado por Deus. Assim, Cristo vem de Deus e os apóstolos de Cristo. Essa dupla missão se sucede em boa ordem, por vontade de Deus. Assim, tendo recebido instruções, e estando plenamente convencidos pela ressurreição de nosso Senhor Jesus Cristo, e confirmados na fé pela palavra de Deus, saíram os Apóstolos a anunciar, na plenitude do Espírito Santo, a boa nova da aproximação do reino de Deus. Iam pregando por campos e cidades, batizavam os que obedeciam o desígnio de Deus, e iam estabelecendo aos que eram as primícias dentre eles como bispos e diáconos dos futuros fiéis, depois de prová-los no Espírito Santo.

E isto não era novidade, pois desde muito tempo estava escrito de tais bispos e diáconos.” (n.VI) “Renunciemos, portanto, às nossas vãs preocupações e voltemos à gloriosa e veneranda regra de nossa Tradição.” (n.VII) “Para que a missão a eles [apóstolos] confiada fosse continuada após a sua morte, impuseram a seus colaboradores imediatos, como que por testamento, o múnus de completar e confirmar a obra iniciada por eles, recomendando que atendessem a todo o rebanho no qual o Espírito Santo os colocara para apascentar a Igreja de Deus. Constituíram pois, tais varões e em seguida ordenaram que, quando eles morressem, outros homens íntegros assumissem o seu ministério” (Carta aos Coríntios 42,44). “Também os nossos Apóstolos sabiam, por Nosso Senhor Jesus Cristo, que haveria contestações a respeito da dignidade episcopal. Por tal motivo e como tivessem perfeito conhecimento do porvir, estabeleceram os acima mencionados e deram, além disso, instruções no sentido de que, após a morte deles outros homens comprovados lhes sucedessem em seu ministério. Os que assim foram instituídos por eles, ou mais tarde por outros homens iminentes com a aprovação de toda a Igreja,

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e serviram de modo irrepreensível ao rebanho de Cristo com humildade, pacífica e abnegadamente, recebendo por longo tempo e da parte de todos o testemunho favorável, não é justo em nossa opinião que esses sejam depostos de seu ministério” (Cor 42, 1´3).

Essas palavras de S. Clemente, discípulo de S. Paulo como confirma a tradição, é da maior importância; pois nos mostram que foi desejo expresso dos Apóstolos que acontecesse a sucessão deles. É por isso que após a morte de S. Pedro, a Igreja de Roma elegeu o seu sucessor, S. Lino, depois S. Anacleto, etc.

Tertuliano, Bispo de Cartago (†202):

“… Foi inicialmente na Judéia que [os apóstolos] estabeleceram a fé em Jesus Cristo e fundaram igrejas, partindo em seguida para o mundo inteiro a fim de anunciarem a mesma doutrina e a mesma fé. Em todas as cidades iam fundando igrejas das quais, desde esse momento, as outras receberam o enxerto da fé, semente da doutrina, e ainda recebem cada dia, para serem igrejas.

É por isso mesmo que serão consideradas como apostólicas, na medida em que forem rebentos das igrejas apostólicas. É necessário que tudo se caracterize segundo a sua origem. Assim, essas igrejas, por numerosas e grandes que pareçam, não são outra coisa que a primitiva Igreja apostólica da qual procedem.

São todas primitivas, todas apostólicas e todas uma só. Para atestarem a sua unidade, comunicam´se reciprocamente na paz, trocam entre si o nome de irmãs, prestam´se mutuamente os deveres da hospitalidade: direitos todos esses regulados exclusivamente pela tradição de um mesmo sacramento. A partir daí, eis a prescrição que assinalamos.

Desde o momento em que Jesus Cristo, nosso Senhor, enviou os apóstolos para pregarem, não se podem acolher outros pregadores senão os que Cristo instituiu. Pois ninguém conhece o Pai senão o Filho e aquele a quem o Filho tiver revelado. E qual a matéria da pregação, isto é, o que lhes tinha revelado o Cristo? Aqui ainda assinalo esta prescrição: para sabê-lo é preciso ir às igrejas fundadas pessoalmente pelos apóstolos, por eles instruídas tanto de viva voz quanto pelas epístolas depois escritas.

Nestas condições, é claro que toda doutrina em acordo com a dessas igrejas apostólicas, matrizes e fontes originárias da fé, deve ser considerada autêntica, pois contém o que tais igrejas receberam dos apóstolos, os apóstolos de Cristo e Cristo de Deus. Ao contrário, toda doutrina deve ser pré´julgada como proveniente da mentira se se opõe à verdade dos apóstolos, de Cristo e de Deus. Resta, pois, demonstrar que nossa doutrina, cuja regra formulamos acima, procede da tradição dos apóstolos e, por isso mesmo, as demais procedem da mentira. Nós estamos em comunhão com as igrejas apostólicas, se nossa doutrina não difere da sua: eis o sinal da verdade.”(Da Prescrição dos hereges, XIII´XX)

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Sobre a Igreja Católica POR: APOSTOLADO SPIRITUS PARACLITUS | SAB , 11 DE SETEMBRO DE 2010

Santo Inácio de Antioquia (†107):

“Onde está Cristo Jesus, está a Igreja católica.” (Carta aos erminenses 8,2)

“Convém estardes sempre de acordo com o modo de pensar do vosso bispo. Por outro lado, já o estais, pois o vosso presbitério, famoso justamente por isto e digno de Deus, sintoniza com o bispo da mesma forma que as cordas de uma harpa. Com vossos sentimentos unânimes, e na harmonia da caridade, constituís um canto a Jesus Cristo. Mas também cada um deve formar juntamente com os outros, um coro. A concórdia fará com que sejais uníssonos. A unidade vos fará tomar o dom de Deus, e podereis cantar a uma só voz ao Pai por Jesus Cristo. Também ele, então, escutar´vos´á e reconhecerá pelas obras que sois membros do seu Filho.

Importante, por conseguinte, vivermos numa irrepreensível unidade. Assim poderemos participar constantemente da união com Deus.”(Carta aos Efésios, 4)

“Perseverai na unidade sob o olhar de Deus”. (Carta a S.Policarpo)

“Nada exista entre vós que possa dividir´vos, vossa união com o bispo e os presbíteros seja uma imagem antecipada e um sinal da vida eterna.” (Carta aos Magnésios).

“Segui ao bispo, vós todos, como Jesus Cristo ao Pai. Segui ao presbítero como aos Apóstolos. Respeitai os diáconos como ao preceito de Deus. Ninguém ouse fazer sem o bispo coisa alguma concernente à Igreja. Como válida só se tenha a eucaristia celebrada sob a presidência do bispo ou de um delegado seu. A comunidade se reune onde estiver o bispo e onde está Jesus Cristo está a Igreja católica. Sem a união do bispo não é lícito batizar nem celebrar a eucaristia; só o que tiver a sua aprovação será do agrado de Deus e assim será firme e seguro o que fizerdes”. (Carta aos Esmirnenses)

Tertuliano de Cartago (†220):

“O sangue dos mártires é semente de novos cristãos”.

“Vede como se amam” – sobre os cristãos. (Apologia. 50)

São João Crisóstomo (350´407):

“Não te afaste da Igreja: Nada é mais forte do que ela. Ela é a tua esperança, o teu refúgio. Ela é mais alta que o céu e mais vasta que a terra. Ela nunca envelhece”.

Santo Ireneu (140´202):

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“Com efeito é à própria Igreja que foi confiado o Dom de Deus. É nela que foi depositada a comunhão com Cristo, isto é, o Espírito Santo, penhor da incorruptibilidade, confirmação da nossa fé e medida da nossa ascensão para Deus. Pois lá onde está a Igreja, alí está também o Espírito de Deus; e lá onde está o Espirito de Deus, alí está a Igreja e toda a graça.”

Santo Hipólito (160´235):

“A Igreja é o local onde floresce o Espirito”.

São Justino(†165; Apol. 2,7) ´ Pastor de Hermas (†160; Vis. 2,4,1); Aristides de Atenas(†130; Apol.16, 6)

“O mundo foi criado em vista da Igreja”.

S. Clemente de Alexandria (†215):

“Assim como a vontade de Deus é um ato e se chama mundo, assim também sua intenção é a salvação dos homens, e se chama Igreja” (Paed, 1,6)

“Que estupendo mistério! Há um único Pai do universo, um único Logos do universo e também um único Espírito Santo, idêntico em todo lugar; há também uma única virgem que se tornou mãe, e me agrada chamá´la de Igreja.”. (Paed.1,6)

São Cipriano (†258) – Bispo de Cartago:

“A Esposa de Cristo não pode adulterar, é fiel e casta. Aquele que se separa dela saiba que se junta com uma adúltera, e que as promessas da Igreja já não o alcança. Aquele que abandona a Igreja não espere que Jesus Cristo o recompense, é um estranho, um proscrito, um inimigo. Não pode ter Deus por Pai no céu quem não tem a Igreja por mãe na terra”.

S. Agostinho ´ (354 ´ 430), bispo e doutor:

“Roma locuta, causa finita” (Roma falou, encerrada a questão).

“A Igreja é o mundo reconciliado”.(Sermão 96,7,9)

“Quem não crer que a Igreja lhe perdoa os pecados, a esses não lhe serão perdoados os pecados”.

“A Igreja avança em sua peregrinação através das perseguições do mundo e das consolações de Deus”. (Cidade de Deus 18,51).

“Alegremo´nos, portanto, e demos graças por nos termos tornado não somente cristãos, mas o próprio Cristo. Compreendeis irmãos, a graça que Deus nos concedeu ao dar´nos Cristo como Cabeça? Admirai e rejubilai, nós nos tornamos Cristo, com efeito, uma vez que Ele é a Cabeça, e nós somos os membros, o homem inteiro é constituído por Ele e por nós. A plenitude de

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Cristo é, portanto, a Cabeça e os membros; que significa isto: a cabeça e os membros? Cristo e a Igreja ( Com. ao Ev. de João 21,8). “Parece´me salutar fazer essas recomendações aos jovens estudiosos, inteligentes e tementes a Deus, que procuram a vida bem aventurada, que não se arrisquem sob o pretexto de tender à vida feliz e que não se dediquem temerariamene a seguir doutrina alguma das que se praticam fora da Igreja de Cristo”. “Onde está a Igreja, aí está o Espírito de Deus. Na medida que alguém ama a Igreja é que possui o Espírito Santo. Fazei´vos Corpo de Cristo se quereis viver do Espírito de Cristo. Somente o Corpo de Cristo vive do seu Espírito.” “Se na Igreja não existisse a remissão dos pecados, não existiria nenhuma esperança, nenhuma perspectiva de uma vida eterna e de uma libertação eterna. Rendamos graças a Deus que deu à Sua Igreja um tal dom”.

São Vicente de Lerins (†450)

“A Igreja de Cristo, cuidadosa e cauta guardiã dos dogmas que lhe foram confiados, jamais os altera; em nada os diminui, em nada lhes adiciona; não a priva do que é necessário, nem lhe acrescenta o que é supérfluo; não perde o que é seu, nem se apropria do que pertence aos outros, mas com todo o zelo, recorrendo com fidelidade e sabedoria aos antigos dogmas, tem como único desejo aperfeiçoar e purificar aqueles que antigamente receberam uma primeira forma e esboço, consolidar e reforçar aqueles que já foram evidenciados e desenvolvidos, salvaguardar aqueles que já foram confirmados e definidos” (Commonitorium, XXIII). “Perguntando eu com toda atenção e diligência a numerosos varões, eminentes em santidade e doutrina, que norma poderia achar, segura, enquanto possível genérica e regular, para distinguir a verdade da fé católica da falsidade da heresia, eis a resposta constante de todos eles: quem quiser descobrir as fraudes dos hereges nascentes, evitar seus laços e permanecer sadio e íntegro na sadia fé, há de resguardá´la, sob o auxílio divino, duplamente: primeiro com a autoridade da Lei divina, e segundo, com a tradição da Igreja Católica” (Commonitorium).

Santo Epifânio (†403), batalhador contra as heresias:

“A Igreja é a finalidade de todas as coisas”. (Haer. 1,1,5)

“Há um caminho real, que é a Igreja católica, e uma só senda da verdade. Toda heresia, pelo contrário, tendo deixado uma vez o caminho real, desviando-se para a direita ou para a esquerda, e abandonada a si mesma por algum tempo, cada vez mais se afunda em erros. Eia, pois, servos de Deus e filhos da Igreja santa de Deus, que conheceis a regra segura da fé, não deixeis que vozes estranhas vos apartem dela nem que vos confundam as pretensões das erroneamente chamadas ciências” (Haer.59,c. 12s).

São Máximo Confessor (580´662):

“Com efeito, desde a descida até nós do Verbo encarnado, todas as Igrejas cristãs de toda parte consideram e continuam considerando a grande Igreja que está aqui em Roma como única base e fundamento, visto que, segundo as

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próprias promessas do Salvador, as portas do inferno nunca prevalecerão contra ela.” (Opus., PG 91, 137´140).

São Leão Magno (400´461), Papa e doutor da Igreja:

“Quem se aparta da confissão da verdade, muda de caminho e o percurso inteiro se torna afastamento. Tanto mais próximo da morte estará quanto mais distante da luz católica.”

S. Básilio, S.Atanásio e outros, diziam:

“Ubi Petrus, ibi ecclesia; ubi ecclesia, ibi Christus” – “Onde está Pedro, está a Igreja; onde está a Igreja, está Cristo”.

Santo Ambrósio (340´397), doutor da Igreja:

“Da mesma forma que Eva foi formada do lado de Adão adormecido, assim a Igreja nasceu do coração transpassado de Cristo morto na cruz.” (Luc. 2, 85´89). “No início se davam sinais aos não crentes. A nós, porém, na plenitude da Igreja, importa compreender a verdade. Já não por sinais, mas pela fé”. “A Igreja é esse navio que navega bem neste mundo ao sopro do Espírito Santo com as velas da cruz do Senhor plenamente desfraldadas.”(Virg. 18,118)

São Cipriano (†258), bispo de Cartago:

“O inimigo, desmascarado e derrotado pela vinda de Cristo, … trama nova emboscada para iludir os incautos, sob o rótulo do próprio nome de cristãos. Inventa heresias e cismas para subverter a fé, corromper a verdade e quebrar a unidade… Rouba homens da própria Igreja e os imerge, inconscientes, em outras trevas, deixando´os pensar que se aproximam da luz e escapam à noite do século. Continuam a se dizerem cristãos sem guardarem a boa nova de Cristo, os seus preceitos e as suas leis! Julgam ter luz e caminham nas trevas! O inimigo sedutor e mentiroso que, nas palavras do apóstolo, se transforma em anjo de luz, apresentando seus ministros como ministros da justiça, anunciando a noite como o dia, a perdição como salvação,… o AntiCristo sob o nome de Cristo, lhes escurece e frustra a verdade pela sutileza, propondo como verdadeiras coisas ilusórias. Isto se dá, caríssimos irmãos, porque não mais se volta à origem da verdade, não se vai mais à sua fonte, nem se guarda a doutrina do magistério celeste” ( Sobre a Unidade da Igreja). “Julga conservar a fé, quem não conserva esta unidade recomendada por Paulo? (Ef 4,4´6). Confia estar na Igreja, quem abandona a cátedra de Pedro sobre a qual está fundada a Igreja? “Principalmente nós, que presidimos a Igreja como bispos, devemos manter e defender firmemente esta unidade, dando provas da união e indivisibilidade do episcopado… O episcopado é único e dele possui por inteiro cada bispo a sua porção. A Igreja é uma só, embora abranja uma multidão pelo contínuo aumento de sua fecundidade. Assim como há uma luz nos muitos raios do sol, uma árvore em muitos ramos, um só tronco fundamentado em raízes tenazes, muitos rios de uma única fonte, assim também esta multidão guarda a unidade de origem, se bem que pareça dividida por causa da inumerável profusão dos que nascem.

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A unidade da luz não comporta que se separe um raio do centro solar; um ramo quebrado da árvore não cresce, cortado da fonte o rio seca imediatamente. Do mesmo modo a Igreja do Senhor, como luz derramada estende os seus raios em todo o mundo, e é uma única luz que se difunde sem perder a própria unidade. Ela desdobra os ramos por toda a terra, com grande fecundidade; estende´se ao longo dos rios, com toda liberalidade, e no entanto é uma na cabeça, uma pela origem, uma só mãe imensamente fecunda. Nascemos todos de seu ventre, somos nutridos com seu leite e animados por seu espírito.” “A esposa de Cristo não pode ser adulterada, ela é incorrupta e pura, não conhece mais que uma só casa, guarda com casto pudor a santidade do único tálamo. Ela nos conserva para Deus, entrega ao Reino os filhos que gerou. Quem se aparta da Igreja e se junta a uma adúltera, separa´se das promessas da Igreja. Quem deixa a Igreja de Cristo não alcançará os prêmios de Cristo. É um estranho, um profano, um inimigo. Não pode ter Deus por Pai quem não tem a Igreja por mãe. Se alguém se pôde salvar dos que ficaram fora da arca de Noé, também se salvará os que estiverem fora da Igreja. O Senhor nos admoesta e diz: “Quem não está comigo está contra mim, e quem não ajunta comigo, dispersa”(Mt 12,30). Torna´se adversário de Cristo quem rompe a paz e a concórdia de Cristo; aquele que noutra parte recolhe, fora da Igreja, dispersa a Igreja de Cristo.”(A Unidade da Igreja)

Santa Catarina de Sena, doutora da Igreja, nos “Diálogos”:

“Foi na dispensa da hierarquia eclesiástica que eu guardei o Corpo e o Sangue do meu Filho”.

“Foi no seio da Igreja hierárquica que o Senhor depositou o seu mais precioso tesouro.” “Tenham a certeza de que quando eu morrer, a única causa de minha morte será meu amor pela Igreja”.

Santa Teresa de Ávila (1515´1591), doutora da Igreja: “Eu sou filha da Igreja !” “Em tudo me sujeito ao que professa a Santa Igreja Católica Romana, em cuja fé vivo, afirmo viver e prometo viver e morrer”.

Fonte: Universo Católico

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A origem da Igreja Católica e do Papado POR: D. ESTÊVÃO BETTENCOURT | SEG , 14 DE FEVEREIRO DE 2011

Há quem diga que o título de Católica só foi atribuído à Igreja pelo Concílio de Constantinopla I em 381 por decreto do Imperador Teodósio – alegação esta desmentida pelo fato mesmo de que já S. Inácio de Antioquia, nos primeiros anos do século II, falava de Igreja Católica. Quanto ao termo Papa, só foi aplicado ao Bispo de Roma no século V de maneira enfática; todavia a função de Pedro como chefe do colégio apostólico já está delineada nos escritos do Novo Testamento; no caso, o que importa não é o nome, mas o exercício da função.

O seguinte artigo de um jornal deixou vários leitores confusos. Daí então, vamos as respostas.

A ORIGEM DO VATICANO E DO PAPA: A Igreja recebeu o nome de “católica” somente no ano 381, no Concílio “Conctos Populos” dirigido pelo imperador romano Teodósio. Devido às alterações que fez, deixou de ser apostólica e não sabemos como pode ser romana e universal ao mesmo tempo. (Hist. Ecles., I pg. 47, Riva ux). Até o século V não houve “papa” como conhecemos hoje. Esse tratamento de ternura começou a ser aplicado a todos os bispos a partir do ano 304. (Cônego Salin, Ciência e Religião. Tom. 2 pg. 56).

O texto em foco contém várias imprecisões (para não dizer vários erros), como se evidenciará nas linhas seguintes.

1. Igreja Católica: desde quando?

A expressão “Igreja Católica” não tem origem no fim do século IV, mas encontra-se sob a pena de S. Inácio, Bispo de Antioquia (+107 aproximadamente), que nos primeiros anos do século II escrevia:“Onde quer que se apresente o Bispo, ali esteja também a comunidade, assim como a presença de Cristo Jesus nos assegura a presença da Igreja Católica” (Aos Esmlrnenses 8,2).

A expressão “católica” parece designar, em primeira instância, a universalidade da Igreja (ela está em toda parte, e não somente nesta ou naquela comunidade). Todavia os intérpretes do texto julgam que algo mais está dito aí: S. Inácio terá tido em vista a Igreja autêntica, verdadeira, perfeita. Desde fins do século II se torna freqüente o sentido de universal, sem, porém, excluir o de autêntica, isto é, portadora de todos os meios de salvação instituídos por Cristo. Esta segunda acepção se tornava necessária pelo fato de haver correntes ou “igrejinhas” heréticas, separadas da Igreja grande, nos primeiros séculos (como até hoje as há).

O sentido de “autêntica” atribuído ao adjetivo “católica” encontra-se regularmente nos escritos dos primeiros séculos. A partir do século III, pode-se dizer que “católica” significa a verdadeira Igreja, esparsa pelo mundo ou também alguma comunidade local que esteja em comunhão com a Grande Igreja. Quanto à origem da palavra “católico”, é preciso procurá-la no grego

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profano. Com efeito; para Aristóteles (+322 a.C.), “kath’holon” significa “segundo o conjunto, em geral”; o vocábulo é aplicado às proposições universais. O filósofo estóico Zenon (+262 a.C.) escreveu um tratado sobre os universais intitulado “katholiká”; são católicos os princípios universais. Políbio (+128 a.C.) falou da história universal em comum, dizendo-a “Tès katholikès kal koinès Historias”. Para o judeu Filon de Alexandria (+44 d.C), “katholikós” significa “geral”, em oposição a “particular”; os deuses astrais da Síria eram ditos “katholikoí”. Tal vocábulo é, pela primeira vez (como dito), aplicado à Igreja por S. Inácio de Antioquia (+107 aproximadamente).

2. Que houve então em 381?

Em 381 realizou-se o Concílio Geral de Constantinopla, que repetiu a fórmula Igreja Católica, professando: “Creio na Igreja una, santa, católica e apostólica”. O Concílio nada inovou; apenas reiterou a fórmula antiga.

Põe-se então a pergunta: que dizer do mencionado decreto do Imperador Teodósio? Impõe-se notar logo que o decreto data de 380, e não de 381. Com efeito; sob Teodósio I (379-95), que reinou no Oriente do Império Romano, registraram-se acontecimentos importantes. Aos 28/02/380, o Imperador assinou um decreto que tornava oficial a fé católica “transmitida aos romanos pelo apóstolo Pedro, professada pelo Pontífice Dâmaso e pelo Bispo de Alexandria, ou seja, o reconhecimento da Santa Trindade do Pai, do Filho e do Espírito Santo”. Com estas palavras, Teodósio abraçava, para si e para o Império, o Credo que, proveniente dos Apóstolos, era professado então pelo Papa Dâmaso (366-84) e pelo Bispo S. Atanásio de Alexandria, grande defensor da fé ortodoxa na controvérsia contra os arianos. Assim o Cristianismo, que Constantino I tornara lícito em 313, era feito religião oficial do Império Romano.

“Não sabemos como a Igreja pode ser romana e universal”. – O título “romana” não implica nacionalismo nem particularismo. É apenas o título que indica o endereço da sede primacial da Igreja. Na verdade, a Igreja, atuando neste mundo, precisa de ter seu endereço ou seu referencial postal, que é o do Bispo de Roma, feito Chefe visível por Cristo. Por conseguinte a Igreja Católica recebe o título de “Romana” sem prejuízo para a sua catolicidade ou universalidade. De modo semelhante, Jesus, Salvador de todos os homens, foi dito “Nazareno”, porque, convivendo com os homens, precisava de um endereço, que foi a cidade de Nazaré.

3. Apostolicidade

Diz a notícia de jornal: “Devido às alterações que fez, a Igreja deixou de ser apostólica”.

Em resposta, torna-se oportuno, antes do mais, examinar o que signifique o atributo “apostólica” aplicado à Igreja. Já no Novo Testamento se encontra a noção de que o patrimônio da fé não chega aos fiéis como algo descido do céu diretamente, mas, sim, como algo que parte do Pai, passa por Jesus Cristo, pelos Apóstolos e, finalmente, chega a cada indivíduo no seu respectivo tempo.

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Assim, por exemplo, Jo 1, 1-3: “O que era desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos com nossos olhos, o que contemplamos, e o que nossas mãos apalparam do Verbo da vida… nós vos anunciamos esta Vida eterna, que estava voltada para o Pai e que vos apareceu”. Cf. Jo 17, 7s; 20, 21; Mt 28, 18-20; Rm 10, 13-17; 2Tm 2, 2; Tt 1, 5.

Os primeiros escritores da Igreja retomaram e estenderam essa série de comunicações ou missões. Assim lemos em Tertuliano: “Sem dúvida, é preciso afirmar que as igrejas receberam dos Apóstolos; os Apóstolos receberam de Cristo, e Cristo recebeu de Deus” (De Praescriptione Haereticorum 21, 4). Os antigos davam grande apreço às listas de Bispos que houvessem ocupado uma sede outrora fundada ou governada por um Apóstolo. S. Ireneu de Lião (+202) é o autor de um desses catálogos: “Depois de ter assim fundado e edificado a Igreja, os bem-aventurados Apóstolos transmitiram a Lino o cargo do episcopado… Anacleto lhe sucede. Depois, em terceiro lugar a partir dos Apóstolos, é a Clemente que cabe o episcopado… A Clemente sucedem Evaristo, Alexandre; em seguida, em sexto lugar a partir dos Apóstolos, é instituído Sixto, depois Telésforo, também glorioso por seu martírio; depois Higino, Pio, Aniceto, Sotero, sucessor de Aniceto; e, agora, Eleutério detém o episcopado em décimo segundo lugar a partir dos Apóstolos” (Contra as Heresias III,2,1s).

Com outras palavras: para os antigos, a Igreja é uma comunidade que teve início com os Apóstolos, mas está destinada a se prolongar até o fim dos tempos, de modo que Ela não é senão o desabrochamento do cerne dos Apóstolos. Vejam-se as palavras de Tertuliano (+220 aproximadamente): “Foi primeiramente na Judéia que eles (os Apóstolos escolhidos e enviados por Jesus Cristo) implantaram a fé em Jesus Cristo e estabeleceram comunidades. Depois partiram pelo mundo afora e anunciaram às nações a mesma doutrina e a mesma fé. Em cada cidade fundaram Igrejas, às quais, desde aquele momento, as outras Igrejas emprestam a estaca da fé e a semente da doutrina; aliás, diariamente emprestam-nas, para que se tornem elas mesmas Igrejas. A este título mesmo são consideradas comunidades apostólicas, na medida em que são filhas das Igrejas apostólicas. Cada coisa é necessariamente definida pela sua origem. Eis por que tais comunidades, por mais numerosas e densas que sejam, não são senão a primitiva Igreja apostólica, da qual todas procedem… Assim faz-se uma única tradição de um mesmo Mistério” (De Praescriptione Haereticorum 2, 4-7.9).

A necessidade de distinguir das correntes cismáticas a verdadeira Igreja de Cristo provocou a acentuação e a utilização mais e mais freqüente do predicado da apostolicidade: a Igreja verdadeira vem de Cristo mediante os Apóstolos, ao passo que as correntes heréticas e as seitas não podem reivindicar para si o título de apostólicas. A partir do século XII começaram a aparecer pequenos tratados sobre a Igreja Apostólica frente às seitas dissidentes. Aliás, foram as heresias que provocaram a publicação de tratados explícitos sobre a Igreja.

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No século XVI a apologética católica, frente à reforma protestante, explanou largamente a origem apostólica da Igreja Católica. Os teólogos puseram em evidência que aqueles que se afastam da Igreja fundada por Cristo e entregue aos Apóstolos, é que perdem o direito de constituir a Igreja Apostólica. Os reformados têm um fundador humano para cada uma de suas denominações, que pretende recomeçar a história do Cristianismo séculos após a geração dos Apóstolos, portanto sem o clássico caráter de apostolicidade.

Quanto às “alterações” na Igreja, não são mais do que o desabrochar da semente lançada por Cristo. A árvore plenamente desenvolvida é da mesma natureza que a própria semente, e vice-versa. Tal desabrochamento – lógico e necessário – foi acompanhado pelo Espírito Santo prometido por Jesus à Igreja (cf. Jo 14, 26; 16, 13-15) para que conserve e transmita incólume o depósito da fé. Caso o Senhor não tivesse providenciado essa garantia de fidelidade e autenticidade através dos séculos, teria sido vão o seu sacrifício na Cruz. É, pois, necessário dizer que na Igreja Apostólica (fundada por Cristo e entregue aos Apóstolos) se mantém viva e pura a mensagem apregoada pelo Divino Mestre.

4. Origem do Papado

Lê-se no citado tópico de jornal: “Até o século V não houve Papa como conhecemos hoje” – A resposta a esta afirmação dependerá de como entender a expressão “Papa como conhecemos hoje”. Se entendemos que se trata de Papa com uso dos meios de comunicação modernos (televisão, rádio, internet …) e viagens aéreas, está claro que não houve Papa de tal tipo na Antigüidade. Todavia, se se entende Papa no sentido de chefe visível da Igreja, encontra-se tal figura já nos escritos do Novo Testamento. Com efeito; Pedro aí aparece como aquele a quem Jesus confia as chaves do reino dos céus (cf. Mt 16, 17-19) e entrega o pastoreio das suas ovelhas (cf. Lc 22, 31 s; Jo 21, 15-17). O aspecto bíblico da questão já foi repetidamente abordado [...]. Sejam acrescentados alguns traços significativos da história da Igreja.

Não se pode esperar encontrar nos primeiros séculos um exercício do Papado (ou das faculdades entregues por Jesus a Pedro e seus sucessores) tão nítido quanto nos séculos posteriores. As dificuldades de comunicação e transporte explicam que as expressões da função papal tenham sido menos freqüentes do que em épocas mais tardias. Como quer que seja, podemos tecer a história do exercício dessas funções nos seguintes termos: A Sé de Roma sempre teve consciência de que lhe tocava, em relação ao conjunto da Igreja, uma tarefa de solicitude, com o direito de intervir onde fosse necessário, para salvaguardar a fé e orientar a disciplina das comunidades. Tratava-se de ajuda, mas também, eventualmente, de intervenção jurídica, necessária para manter a unidade da Igreja. O fundamento dessa função eram os textos do Evangelho que privilegiam Pedro, como também o fato de que Pedro e Paulo haviam consagrado a Sé de Roma com o seu martírio, conferindo a esta uma autoridade singular.

Eis algumas expressões do primado do Bispo de Roma:

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• No século II houve, entre Ocidentais e Orientais, divergências quanto à data de celebração da Páscoa. Os cristãos da Ásia Menor queriam seguir o calendário judaico, celebrando-a na noite de 14 para 15 de Nisã (daí serem chamados quartordecimanos), independentemente do dia da semana, ao passo que os Ocidentais queriam manter o domingo como dia da Ressurreição de Jesus (portanto, o domingo seguinte a 14 de Nisã); o Bispo S. Policarpo de Esmirna foi a Roma defender a causa dos Orientais junto ao Papa Aniceto em 154; quase houve cisão da Igreja. S. Ireneu, Bispo de Lião (Gália) interveio, apaziguando os ânimos. Finalmente o Papa S. Vítor (189-198) exigiu que os fiéis da Ásia Menor observassem o calendário pascal da Igreja de Roma, pois esta remontava aos Apóstolos Pedro e Paulo.

Aliás, S. Ireneu (+202 aproximadamente) dizia a respeito de Roma: “Com tal Igreja, por causa da sua peculiar preeminência, deve estar de acordo toda Igreja, porque nela… foi conservado o que a partir dos Apóstolos é tradição” (Contra as Heresias 3, 2). Muito significativa é a profissão de fé dos Bispos Máximo, Urbano e outros do Norte da África que aderiram ao cisma de Novaciano, rigorista, mas posteriormente resolveram voltar à comunhão da Igreja sob o Papa S. Cornélio em 251: “Sabemos que Cornélio é Bispo da Santíssima Igreja Católica, escolhido por Deus todo-poderoso e por Cristo Nosso Senhor. Confessamos o nosso erro… Todavia nosso coração sempre esteve na Igreja; não ignoramos que há um só Deus e Senhor todo-poderoso, também sabemos que Cristo é o Senhor…; há um só Espírito Santo; por isto deve haver um só Bispo à frente da Igreja Católica” (Denzinger-Schõnmetzer, Enchiridion 108 [44]).

• O Papa Estevão I (254-257) foi o primeiro a recorrer a Mt 16, 16-19, ao afirmar contra os teólogos do Norte da África, que não se deve repetir o Batismo ministrado por hereges, pois não são os homens que batizam, mas é Cristo que batiza. A partir do século IV, o recurso a Mt 16, 16-19 se torna freqüente. No século V, o Papa Inocêncio I (401-417) interveio na controvérsia movida por Pelágio a respeito da graça; num de seus sermões S. Agostinho respondeu ao fato, dizendo: “Agora que vieram disposições da Sé Apostólica, o litígio está terminado (causa finita est)” (serm. 130, 107).

No Concílio de Calcedônia (451), lida a carta do Papa Leão I, a assembléia exclamou: “Esta é a fé dos Pais, esta é a fé dos Apóstolos. Pedro falou através de Leão”.

• O Papa Gelásio I declarou entre 493 e 495 que a Sé de Pedro (romana) tinha o direito de julgamento sobre todas as outras sedes episcopais, ao passo que ela mesma não está sujeita a algum julgamento humano. Em 501, o Synodus Palmaris de Roma reafirmou este princípio, que entrou no Código de Direito Canônico: “Prima sedes a nemine iudicatur, – A sé primacial não pode ser julgada por instância alguma” (cânon 1629). Em suma, quanto mais o estudioso avança no decurso da história da Igreja, mais nitidamente percebe a configuração do primado de Pedro,

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ocasionada pelas diversas situações que o povo de Deus foi atravessando.

No tocante ao termo “Papa” deve-se dizer que vem do grego “pappas” = “pai”. Nos primeiros séculos era título atribuído aos Bispos como expressão de afetuosa veneração, veneração que se depreende dos adjetivos “meu…, nosso…” que acompanham o título. A mesma designação podia ser ocasionalmente atribuída também aos simples presbíteros (pais), como acontecia no Egito do século IV. No Oriente ainda hoje o sacerdote é chamado “papas”. No Egito o “papas” por excelência é o Patriarca de Alexandria.

O título de papa é dado ao Bispo de Roma já por Tertuliano (+220 aproximadamente) no seu livro De pudicitia XIII 7, onde se lê: “Benedictus papa”. É encontrado também numa inscrição do diácono Severo (296-304) achada nas catacumbas de São Calixto, em que se lê: “iussu p(a)p(ae) sul Marcellini” (=”por ordem do Papa ou pai Marcelino”). No fim do século IV a palavra Papa aplicada ao Bispo de Roma começa a exprimir mais do que afetuosa veneração; tende a tornar-se um título específico. Tenha-se em vista a interpelação colocada por S. Ambrósio (+397) numa de suas cartas: “Domino dilectissimo fratri Syriaci papae” (=”Ao senhor diletíssimo irmão Siríaco Papa”) (epístola 42). O Sínodo de Toledo (Espanha) em 400 chama Papa (sem mais) o Bispo de Roma. São Vicente de Lerins (falecido antes de 450) cita vários Bispos, mas somente aos Bispos Celestino I e Sixto III atribui o título de Papa.

No século VI o título tornou-se, com raras exceções, privativo dos Bispos de Roma.

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São Cirilo de Alexandria e a Divina Maternidade de Maria POR: APOSTOLADO SPIRITUS PARACLITUS | QUI , 15 DE SETEMBRO DE 2011

São Cirilo de Alexandria, nasceu na metrópole Egípcia chamada Alexandria entre 370 e 380 dC. São Cirilo foi proclamado Doutor da Igreja pelo Papa LeãoXIII, que atribuiu contemporaneamente o mesmo título também a outro importante representante da patrística grega, São Cirilo de Jerusalém. Revelam-se assim a atenção e o amor pelas tradições cristãs orientais daquele Papa, que em seguida desejou proclamar Doutor da Igreja também São João Damasceno, mostrando deste modo que tanto a tradição oriental como a ocidental exprimem a doutrina da única Igreja de Cristo.

Antes de ser ordenado presbítero, viveu vida monástica e após sua ordenação, seguiu seu tio, Teófilo, que era Bispo de Alexandria e administrou com mão firme e com prestígio a diocese Alexandrina. Com o falecimento de seu ti em 412, Cirilo foi eleito Bispo de Alexandria, governando com grande energia durante trinta e dois anos, visando sempre afirmar o seu primado em todo o Oriente, fortalecido inclusive pelos tradicionais vínculos com Roma. Lutou valorosamente contra as doutrinas de Nestório, que foi condenado como herege no Concílio deÉfeso (431) por defender que Maria não era mãe de Deus, mas apenas mãe de Jesus. Cirilo foi mais tarde definido “guardião da exactidão” que se deve entender como guardião da verdadeira fé e mesmo “selo dos Padres”, tendo ele escrito verdadeiras obras eruditas que visavam a defesa e explicação da fé católica. Nos anos seguintes, dedicou-se de todos os modos à defesa e ao esclarecimento da sua posição teológica até à sua morte, ocorrida no dia 27 de Junho de 444.

Ainda em referência à heresia nestoriana, também chamada nestorianismo, Cirilo escreve em 429, uma carta destinada aos monges e Bispo de todo o Egito (Alexandria estava no Egito) condenado a tese de Nestório. Estabelecem um discutição entre a Igreja Cristã no Egito, e o grupo nestoriano de Constantinopla (Turquia). As duas correntes apelam ao Papa Celestino I, que convocando um sínodo rejeitou a tese de Nestório em 430. Deu ordem para São Cirilo para que aconselhasse a Nestório a retirar suas teses num prazo de Dez dias, e Cirilo então enviou ao Patriarca de Constantinopla os doze anatematismo (anátema,= erro) da tese de Nestório. Com o intuito de levar ao fim este impasse, o Imperador Teodósio II ( amparado pelo cesaropapismo), convocou o Concílio Ecumênico de Éfeso, no qual São Cirilo de Alexandria foi seu representante. Presentes no referido Concílio 198 bispos, a heresia nestoriana foi novamente condenada, sendo Nestório excomungado. Registrou-se nesse episódio uma bela participação do povo de Deus, como no caso do arianismo. Os nestorianos, com mais de duzentos bispos, conventos, etc., propagaram-se durante 6 séculos, penetrando na Índia, e na China. Em 1916 haviam ainda uns 600 mil nestorianos caldeus, com a sede em Bagdad. Ultimamente estão se convertendo e voltando em massa à Igreja Católica.

Segue abaixo uma das epístolas de São Cirilo de Alexandria, na qual mostra-se ardente defensor da Divindade Materna de Maria. (Epist. 1: PG 77, 14-18.27-30) (Sec. V);

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“Muito me admiro de que haja quem duvide se efectivamente a Virgem Santíssima deve ser chamada Mãe de Deus. Na verdade, se Nosso Senhor Jesus Cristo é Deus, por que motivo é que a Virgem Santíssima, que O deu à luz, não há-de ser chamada Mãe de Deus? Esta é a fé que os discípulos do Senhor nos transmitiram, embora não usassem esta mesma expressão. Assim nos ensinaram também os santos Padres. Em particular Santo Atanásio, nosso pai na fé, de ilustre memória, no livro que escreveu sobre a santa e consubstancial Trindade, na terceira dissertação a cada passo dá à Santíssima Virgem o título de Mãe de Deus.

Sinto-me obrigado a citar aqui as suas próprias palavras, que são do teor seguinte: «A Sagrada Escritura, como tantas vezes fizemos notar, tem como finalidade e característica afirmar de Cristo, nosso Salvador, estas duas coisas: que é Deus e nunca deixou de o ser, uma vez que é o Verbo do Pai, seu esplendor e sabedoria; e também que nestes últimos tempos, por causa de nós Se fez homem, assumindo um corpo da Virgem Maria, Mãe de Deus».

E continua assim pouco mais adiante: «Houve muitos que foram santos e livres de todo o pecado: Jeremias foi santificado desde o seio materno; e também João, antes de ser dado à luz, exultou de alegria, ao ouvir a voz de Maria, Mãe de Deus». Estas palavras são de um homem inteiramente digno de fé, a quem podemos seguir com toda a confiança, pois seria incapaz de pronunciar uma só palavra contrária à Escritura divina.

E de facto a Escritura, inspirada por Deus, afirma que o Verbo Se fez carne, isto é, Se uniu a uma carne dotada de uma alma racional. Por conseguinte, o Verbo de Deus assumiu a descendência de Abraão e, ao formar para Si um corpo vindo de uma mulher, fez-Se participante da carne e do sangue. Deste modo, já não é somente Deus, mas também homem semelhante a nós, em virtude da sua união com a nossa natureza.

Portanto o Emanuel, Deus-connosco, consta de duas realidades: divindade e humanidade. Mas é um só Senhor Jesus Cristo, um só verdadeiro Filho por natureza, ainda que ao mesmo tempo Deus e homem. Não é apenas um homem divinizado, como aqueles que pela graça se tornam participantes da natureza divina; mas é verdadeiro Deus que, por causa da nossa salvação, Se fez visível em forma humana, como também testemunha São Paulo com estas palavras: Ao chegar a plenitude dos tempos, Deus enviou o seu Filho, nascido de uma mulher e sujeito à Lei, para resgatar os que estavam sob o jugo da Lei e nos tornar seus filhos adoptivos.”

São Cirilo de Alexandria, Bispo e Doutor da Igreja, século V. Epistola 1, PG 77, 14-18. 27-30. Extraído de: http://coracaocristao.blogspot.com/2011/06/sao-cirlo-de-alexandria-e-divina.html

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Maria – Assunta ao céu e coroada! POR: CLÁUDIO CÁSSIO | DOM , 06 DE MARÇO DE 2011

MARIA

Μαρία, transliteração em grego do hebraico Maryam, Miriã ou Miriam ( םירמ ) que em hebraico significa “contumácia” ou “rebelião”; a origem é incerta, mas pode ter sido originalmente um nome egípcio, provavelmente derivado de mrjt (“amada”) ou mr (“amor”), no sentido de “senhora amada”; A Maria que aqui tratamos era a mãe de Jesus de Nazaré e esposa de José, segundo a Bíblia. Acredita-se que tenha nascido em Jerusalém a partir de 15 a.C., para alguns estudiosos teria nascido em Nazaré. O culto feito à Virgem Maria é conhecido por Marianismo e Maria é considerada, pela Igreja Católica,Co-Redentora da humanidade.

Alguns autores afirmam que Maria era filha de Heli, mas a genealogia fornecida por Lucas alista o marido de Maria, São José, como “filho de Eli”. A Cyclopædia (Ciclopédia) de M’Clintock e Strong (1881, Vol. III, p. 774) diz: “É bem conhecido que os judeus, ao elaborarem suas tabelas genealógicas, levavam em conta apenas os varões, rejeitando o nome da filha quando o sangue do avô era transmitido ao neto por uma filha, e contando o marido desta filha em lugar do filho do avô materno. (Num 26,33; 27,4-7).” Possivelmente por este motivo Lucas diz que José era «filho de Heli» (Lucas 3,23).

A RIQUEZA DA DOUTRINA MARIOLÓGICA[1]

A história do dogma e da teologia, testemunham a fé e a atenção incessante da Igreja em relação à Virgem Maria e à sua missão na história da salvação. Tal atenção manifesta-se já em alguns escritos do novo testamento e em não poucas páginas dos autores da idade subapostólica. Os primeiros símbolos da fé e, sucessivamente, as fórmulas dogmáticas dos Concílios de Constantinopla (a. 381), de Éfeso (a. 431) e de Calcedônia (a. 451) testemunham o progressivo aprofundamento do mistério de Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, e paralelamente a progressiva descoberta do papel de Maria no mistério da Encarnação; uma descoberta que conduziu à definição dogmática da maternidade divina e virginal de Maria.

A atenção da Igreja em relação a Maria de Nazaré continuou em todos os séculos, com muitas declarações. Recordamos apenas as mais recentes, sem com isto querer minimizar o florescimento que a reflexão mariológica conheceu noutras épocas histórica.

Pelo seu valor doutrinal não podemos deixar de recordar a Bula dogmática Ineffabilis Deus (8 de Dezembro de 1854) de Pio IX, a Constituição Munificentissimus Deus (1 de Novembro de 1950) de Pio XII e a Constituição dogmática Lumen Gentium (21 de Novembro de 1964), cujo capítulo VIII constitui a síntese mais ampla e autorizada da doutrina católica sobre a Mãe do Senhor até agora realizada por um concílio ecumênico. São também de recordar, pelo seu significado teológico e pastoral, outros documentos como a Professio fidei (30 de Junho de 1968) e as Exortações apostólicas Signum magnum (13 de Maio de 1967) e Marialis cultus (2 de

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Fevereiro de 1974) de Paulo VI, e bem assim a Encíclica Redemptoris Mater(25 de Março de 1987) de João Paulo II.

É, além disso, justo recordar a ação desenvolvida por alguns « movimentos » que, tendo suscitado em vários modos e sob pontos de vista diversos um grande interesse pela bem-aventurada Virgem, tiveram uma influência considerável na confecção da Constituição Lumen Gentium: o movimento bíblico, que sublinhou a importância primária da Sagrada Escritura para uma apresentação do papel da Mãe do Senhor, conforme à Palavra revelada; o movimento patrístico, que colocando a mariologia em contacto com o pensamento dos Padres da Igreja, lhe permitiu aprofundar as suas raízes na Tradição; o movimento eclesiológico, que contribuiu largamente para a reconsideração e aprofundamento da relação entre Maria e a Igreja; o movimento missionário, que descobriu progressivamente a importância de Maria de Nazaré, a primeira evangelizada (cf. Lc. 1, 26-38) e a primeira evangelizadora (cf. Lc. 1, 39-45), como fonte de inspiração para o seu empenhamento na difusão da Boa Nova; o movimento litúrgico, que instituindo um fecundo e rigoroso confronto entre as várias liturgias, pode documentar como os ritos da Igreja atestem uma veneração cordial em relação à « gloriosa e sempre Virgem Maria, Mãe do nosso Deus e Senhor Jesus Cristo »; o movimento ecumênico, que pediu um esforço para compreender com exatidão a figura da Virgem no âmbito das fontes da Revelação e para determinar o fundamento teológico da piedade mariana.

DOGMAS

O que é um dogma?

Dogmas são encontrados em muitas religiões como o cristianismo, islamismo e o judaísmo, onde são considerados princípios fundamentais que devem ser respeitados por todos os seguidores dessa religião. Como um elemento fundamental da religião, o termo “dogma” é atribuído a princípios teológicos que são considerados básicos. Dogma se distingue da opinião teológica pessoal. Dogmas podem ser clarificados e elaborados, desde que não contradigam outros dogmas. (Gal 1,8-9). No dicionário: “s.m. Ponto fundamental de doutrina religiosa ou filosófica, apresentado como certo e indiscutível”

Segundo a doutrina da Igreja Católica, Maria está associada aos seguintes dogmas de fé:

• Mãe de Deus (Conc. Éfeso, 431) – Maria é mãe de Deus, de Jesus e da Igreja. Reafirmou isso no IV Concílio Ecumênico em Calcedônia, no ano 451. .(CIC 466s – Theotókos – “Mãe de Deus”)

• Virgindade Perpétua (V Conc. De Constantinopla, em 553) – Maria foi virgem antes, durante e depois do parto. Sentido teológico: Maria é a terra virgem e fecunda, onde Deus fez germinar a melhor semente. Ela reservou o melhor de si: todo seu ser e coração a Deus. (CIC 496-507 –Aeiparthenos – “sempre virgem”).

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• Imaculada Conceição – (8 de Dezembro de 1854) – Cheia de graça (gratia plena) por toda a sua existência. Concebida sem a mancha do pecado original. O Papa Pio IX, na Bula Ineffabilis Deus, fez a definição oficial do dogma da Imaculada Conceição. (CIC 493 – Panhaghia – “a toda santa”)

• Assunção aos Céus – (1 de Novembro de 1950) – Refere-se à elevação de Maria em corpo e alma ao Céu. Este dogma foi proclamado pelo Papa Pio XII, na encíclica Munificentissimus Deus.(CIC 2674 – Hodoghitria – “mostra o caminho”).

As igrejas ortodoxas e anglicanas na sua maioria aceitam estes mesmos dogmas. As confissões protestantes não os aceitam, outras mostram-se reticentes sobre o tema.

COROAÇÃO DE MARIA

Neste artigo, todavia, desejo ater-me somente no Dogma da Assunção e na Festa chamada: COROAÇÃO DE NOSSA SENHORA. Com a proclamação do dogma da Assunção corporal de Maria ao céu, o título de Rainha e Senhora do universo, vem espontâneo aos teólogos, aos pregadores e aos papas. Para encerrar o Ano Santo de 1954, decretado pelo Papa Pio XII para celebrar o primeiro centenário do dogma da Imaculada Conceição, o Santo Padre escreveu a encíclica “Ad caeli Reginam” sobre a realeza de Maria e instituiu para toda a Igreja a festa de Nossa Senhora Rainha.

A festa da realeza de Maria a princípio foi celebrada no dia 31 de maio, como conclusão do mês em muitos países dedicado a Maria, com suas belíssimas noites marianas e ladainhas cantadas. Introduziu-se o costume da coroação de Maria, carregado de muita ternura, porque eram quase sempre crianças que coroavam a Mãe do Céu. A introdução da Missa vespertina diminuiu o interesse pelas “novenas”. A reforma litúrgica introduzida pelo Concílio Vaticano II (a.62-65) preferiu celebrar no dia 31 de maio o mistério da Visitação e passou a festa de Nossa Senhora Rainha para o dia 22 de agosto, dentro da oitava da solenidade da Assunção de Maria ao Céu.

O Papa Pio XII , no dia 1o. de novembro de 1950, na Basílica de São Pedro, dirigiu a cerimônia que ficou e ficará para sempre nos anais da Igreja Católica como uma das mais solenes da era contemporânea, o Dogma da Assunção da Virgem Mãe de Deus. Vejamos alguns trechos da alocução de Sua Santidade firmada nessa cerimônia: “Veneráveis irmãos e amados filhos e filhas que vos haveis congregado em nossa presença e todos vós que nos ouvis nesta Santa Roma e em todos os lugares do mundo católico. Emocionados pela proclamação como um dogma de fé da Assunção ao céu da Santíssima Virgem, em corpo e alma, exultando de alegria que inunda os corações de todos os fiéis, agora satisfeitos em seus ardentes desejos, sentimos irresistível necessidade de elevar junto convosco o hino de graças à amada providência de Deus, que quis reservar para vós a alegria deste dia e a nós o conforto de colocar sobre a fronte da mãe de Deus e da nossa mãe um brilhante diadema que coroa suas singulares prerrogativas. (…) Implorando há longo tempo, finalmente nos chega este dia, o qual por fim, é

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nosso. A voz dos séculos – deveríamos dizer a voz da eternidade – é nossa. É a voz que, com a ajuda do Espírito Santo, definiu solenemente o alto privilégio da celestial Mãe. E vosso é o grito dos séculos. Como se houvessem sido sacudidos pelas batidas dos vossos corações e pelo balbuciar dos vossos lábios, as próprias pedras desta patriarcal basílica vibram e juntamente com elas os inumeráveis antigos templos levantados em todas as partes em honra de Maria, monumentos de uma só fé e pedestais terrenos do celestial trono da glória da Rainha do Universo, parecem exultar em pequenas batidas.(…) As muitas intranqüilas e angustiosas almas, triste legado de uma idade violenta e turbulenta, almas oprimidas, porém não resignadas, que já não crêem na bondade da vida e aceitam-na somente como se fossem obrigadas a aceitá-la, ela lhes abre as mas altas visões e as conforta para contemplar que destino e que obras ela há sublimado, ela , que foi eleita por Deus para ser Mãe do mundo, feita em carne, recebeu docilmente a palavra do Senhor. (…) Enquanto suplicamos com todo o ardor que a Virgem Maria possa assinalar o retorno do calor, do afeto e da vida aos corações humanos, não nos devemos cansar de recordar que nada deve prevalecer sobre o fato, sobre a consciência de sermos todos filhos da mesma Mãe, laço é de união através do místico Corpo de Cristo, uma nova era e uma nova Mãe dos vivos, que quer conduzir todos os homens à verdade e à graça de seu divino Filho. E agora, oremos com devoção.”

ORAÇÃO A NOSSA SENHORA ASSUNTA AO CÉU

(Composta pelo Papa Pio XII)

“Oh Virgem Imaculada, Mãe de Deus e dos Homens. Cremos com todo o fervor de nossa fé em Tua triunfante Assunção em alma e corpo ao céu, onde és aclamada rainha por todo o coro dos anjos e por todos os Santos, e a eles nos unimos para louvar e bendizer o Senhor que Te exaltou sobre todas as demais criaturas: para oferecer-se a veemência de nossa devoção e de nosso amor. Sabemos que Teu olhar, que maternalmente acaricia a humilde e sofredora humanidade de Cristo na terra, se sacia no céu na contemplação da gloriosa humanidade da sabedoria incriada, e que o gozo da tua alma, ao contemplar face a face a adorável Trindade faz com que teu coração palpite com beatífica ternura. E nós, pobres pecadores, nós, a quem o corpo se sobrepõe aos anseios da alma, nós Te imploramos que purifique nossos sentidos, de maneira a que aprendamos, cá em baixo, a deleitar-nos em Deus, tão somente em Deus, no encanto das criaturas. Estamos certos de que Teus olhos misericordiosos fixar-se-ão em nossas misérias e em nossas angústias: em nossas lutas e em nossas fraquezas; que Teus lábios sorrirão sobre nossas alegrias e em nossas vitórias; que Tu ouvirás a voz de Jesus dizer-Te de todos nós, como o fez Ele de seu amado discípulo: Aqui está teu filho.

E nós, que Te invocamos, Mãe nossa, nós Te tomamos como o fez João, como guia forte e consolo de nossa mortal vida. Nós temos a vivificante certeza de que teus olhos, que choraram na terra, banhada pelo sangue de Jesus, voltar-se-ão uma vez mais para este mundo presa da guerra, de perseguições, de opressão dos justos e dos fracos. E, com meio à escuridão deste vale de lágrimas, nós esperamos de Tua luz celestial e de Tua doce piedade, consolo

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para as aflições de nossos corações, para atribulações da Igreja e de nosso país.

Cremos finalmente que na glória, na qual Tu reinais, vestida de sol e coroada de estrelas Tu és, depois de Jesus, o gozo de todos os anjos e todos Santos. E nós, que nesta terra passamos como peregrinos, animados pela fé na futura ressurreição, olhamos para Ti, nossa vida, nossa doçura, nossa esperança. Atraí-nos para Ti, com a mansidão de tua voz, para ensinar-nos um dia, depois de nosso exílio, a Jesus, bendito fruto de Teu seio, ó graciosa, ó piedosa, ó doce Virgem Maria”.

Nos dirá mais tarde o Papa J.Paulo II: “Assim pois a Assunção é, ao mesmo tempo, a «coroação» de toda a vida de Maria, da sua vocação única, entre todos os membros da humanidade, a ser a Mãe de Deus. É a «coroação» da fé que Ela, «cheia de graça», demonstrou durante a anunciação e que Isabel, sua parente, assim sublinhou e exaltou durante a visitação.” (Homilia 15.08.1980)

[1] Congregação para a educação católica: A Virgem Maria na formação intelectual e espiritual. Roma, 25 de março de 1988.

[2] Diego Rodríguez de Silva y Velázquez (*Sevilha 06.07.1599 — +Madrid, 06.08.1660) foi um pintor espanhol e principal artista da corte do ReiFilipe IV de Espanha.

Maria, no código de direito canônico:

- Culto: nos seminários,246 § 3; dos clérigos, 276 § 2,5˚ ; dos religiosos, 663 § 4 ; dos fiéis, 1186.

Referências bibliográficas:

• - Na luz Perpétua, 5ª. ed., Pe. João Batista Lehmann, Editora Lar Católico – Juiz de Fora – Minas Gerais, 1959.

• - Por Frei Clarêncio Neotti, O.F.M

• www.franciscanos.org.br

• - www.vaticano.va

• - CIC – Catecismo da Igreja Católica

• - CDC – Código de Direito Canônico

• - Dicionário Bíblico, John L. Mackenzie, Ed.Paulus.

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Explicação da Ave Maria por São Tomás de Aquino POR: APOSTOLADO SPIRITUS PARACLITUS | QUI , 16 DE DEZEMBRO DE 2010

PRÓLOGO

1. — A saudação angélica é dividida em três partes: A primeira, composta pelo Anjo: Ave, cheia de graça, o Senhor é contigo, bendita és tu entre as mulheres. (Lc 1, 28).

A segunda é obra de Isabel, mãe de João Batista, que disse: Bendito é o fruto do teu ventre.

A terceira parte, a Igreja acrescentou: Maria

O Anjo não disse: Ave Maria e sim, Ave, Cheia de graça. Mas este nome de Maria, efetivamente, se harmoniza com as palavras do Anjo, como veremos mais adiante.

AVE

2. — Na antiguidade, a aparição dos Anjos aos homens era um acontecimento de grande importância e os homens sentiam-se extremamente honrados em poder testemunhar sua veneração aos Anjos.

A Sagrada Escritura louva Abraão por ter dado hospitalidade aos Anjos e por tê-los reverenciado.

Mas um Anjo se inclinar diante de uma criatura humana, nunca se tinha ouvido dizer antes que o Anjo tivesse saudado à Santíssima Virgem, reverenciando-a e dizendo: Ave.

3. — Se na antiguidade o homem reverenciava o Anjo e o Anjo não reverenciava o homem, é porque o Anjo é maior que o homem e o é por três diferentes razões:

Primeiramente, o Anjo é superior ao homem por sua natureza espiritual.

Está escrito: Dos seres espirituais Deus fez seus Anjos. (Sl 103).

4. — O homem tem uma natureza corruptível e por isso Abraão dizia a Deus: (Gn 18, 27) Falarei a meu Senhor, eu que sou cinza e pó.

Não convém que a criatura espiritual e incorruptível renda homenagem à criatura corruptível.

Em segundo lugar, o Anjo ultrapassa o homem por sua familiaridade com Deus.

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Com efeito, o Anjo pertence à família de Deus, mantendo-se a seus pés. Milhares de milhares de Anjos o serviam, e dez milhares de centenas de milhares mantinham-se em sua presença, está escrito em Daniel (7, 10).

Mas o homem é quase estranho a Deus, como um exilado longe de sua face pelo pecado, como diz o Salmista: ( 54 , 8 ) Fugindo, afasteime de Deus.

Convém, pois, ao homem honrar o Anjo por causa de sua proximidade com a majestade divina e de sua intimidade com ela.

Em terceiro lugar, o Anjo foi elevado acima do homem, pela plenitude do esplendor da graça divina que possui. Os Anjos participam da própria luz divina em mais perfeita plenitude. Pode-se enumerar os soldados de Deus, diz Jó (25, 3) e haverá algum sobre quem não se levante a sua luz? Por isso os Anjos aparecem sempre luminosos. Mas os homens participam também desta luz, porém com parcimônia e como num claro-escuro.

Por conseguinte, não convinha ao Anjo inclinar-se diante do homem, até, o dia em que apareceu urna criatura humana que sobrepujava os Anjos por sua plenitude de graças (cf n° 5 a 10), por sua familiaridade com Deus (cf. n° 10) e por sua dignidade.

Esta criatura humana foi a bem-aventurada Virgem Maria. Para reconhecer esta superioridade, o Anjo lhe testemunhou sua veneração por esta palavra: Ave.

CHEIA DE GRAÇA

5. — Primeiramente, a bem-aventurada Virgem ultrapassou todos os Anjos por sua plenitude de graça, e para manifestar esta preeminência o Arcanjo Gabriel inclinou-se diante dela, dizendo: cheia de graça; o que quer dizer: a vós venero, porque me ultrapassais por vossa plenitude de graça.

6. — Diz-se também da Bem-aventurada Virgem que é cheia de graça, em três perspectivas:

Primeiro, sua alma possui toda a plenitude de graça. Deus dá a graça para fazer o bem e para evitar o mal. E sob esse duplo aspecto a Bem-aventurada Virgem possuía a graça perfeitissimamente, porque foi ela quem melhor evitou o pecado, depois de Cristo.

O pecado ou é original ou atual; mortal ou venial.

A Virgem foi preservada do pecado original, desde o primeiro instante de sua concepção e permaneceu sempre isenta de pecado mortal ou venial.

Também está escrito, no Cântico dos Cânticos: (4, 7) Tu és formosa, amiga minha, e em ti não há mácula.

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«Com exceção da Santa Virgem, diz Santo Agostinho, em seu livro sobre a natureza e a graça; todos os santos e santas, em sua vida terrena, diante da pergunta: «estais sem pecados?» teriam gritado a uma só voz: «Se disséssemos: estamos sem pecado (cf. 1, Jo 1, 6), estaríamos enganando-nos a nós mesmos e a verdade não estaria conosco».

«A Virgem santa é a única exceção. Para honrar o Senhor, quando se trata a respeito do pecado, não se faça nunca referência à Virgem Santa. Sabemos que a ela foi dada uma abundância de graças maior, para triunfar completamente do pecado. Ela mereceu conceber Aquele que não foi manchado por nenhuma falta».

Mas o Cristo ultrapassou a Bem-aventurada Virgem. Sem dúvida, um e outro foram concebidos e nasceram sem pecado original. Mas Maria, contrariamente a seu Filho, lhe é submissa de direito. E se ela foi, de fato, totalmente preservada, foi por uma graça e um privilégio singular de Deus Todo Poderoso que é devido aos méritos de seu Filho, Jesus Cristo, Salvador do gênero humano. (N.T.).

7. — A Virgem realizou também as obras de todas as virtudes. Os outros santos se destacam por algumas virtudes, dentre tantas. Este foi humilde, aquele foi casto, aquele outro, misericordioso, por isto são apresentados como modelo para esta ou aquela determinada virtude; como, por exemplo, se apresenta São Nicolau, como modelo de misericórdia.

Mas a Bem-aventurada Virgem é o modelo e o exemplo de todas as virtudes. Nela achareis o modelo da humildade. Escutai suas palavras: (Lc 1, 38) Eis a escrava do Senhor. E mais (Lc 1, 48): O Senhor olhou a humildade de sua serva. Ela é também o modelo da castidade: ela mesma confessa que não conheceu homem (cf. Lc 1, 43). Como é fácil constatar, Maria é o modelo de todas as virtudes.

A Bem-aventurada Virgem é pois cheia de graça, tanto porque faz o bem, como porque evita o mal.

8. — Em segundo lugar, a plenitude de graça da Virgem Santa se manifesta no reflexo da graça de sua alma, sobre sua carne e todo o seu corpo.

Já é uma grande felicidade que os santos gozem de graça suficiente, para a santificação de suas almas. Mas a alma da Bem-aventurada Virgem Maria possui uma tal plenitude de graça, que esta graça de sua alma reflete sobre sua carne, que, por sua vez, concebe o Filho de Deus.

Porque o amor do Espírito Santo, nos diz Hugo de São Vitor, arde no coração da Virgem com um ardor singular, Ele opera em sua carne maravilhas tão grandes, que dela nasceu um Homem Deus, como avisa o Anjo à Virgem santa: (Lc 1, 35) Um Filho santo nascerá de ti e será chamado Filho de Deus.

9. — Em terceiro lugar, a Bem-aventurada Virgem é cheia de graça, a ponto de espalhar sua plenitude de graça sobre todos os homens.

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Que cada santo possua graça suficiente para a salvação de muitos homens é coisa considerável. Mas se um santo fosse dotado de uma graça capaz de salvar toda a humanidade, ele gozaria de uma abundância de graça insuperável. Ora, essa plenitude de graça existe no Cristo e na Bem-aventurada Virgem.

Em todos os perigos, podemos obter o auxílio desta gloriosa Virgem. Canta o esposo, no Cântico dos Cânticos: (4, 4) Teu pescoço é como a torre de Davi, edificada com seus baluartes. Dela estão pendentes mil escudos, quer dizer, mil remédios contra os perigos.

Também em todas as ações virtuosas podemos beneficiar-nos de sua ajuda. Em mim há toda a esperança da vida e da virtude (Ecl 24, 25).

MARIA

10. — A Virgem, cheia de graça, ultrapassou os Anjos, por sua plenitude de graça. E por isto é chamada Maria, que quer dizer, «iluminada interiormente», donde se aplica a Maria o que disse Isaias: (58, 11) O Senhor encherá tua alma de esplendores. Também quer dizer: «iluminadora dos outros», em todo o universo; por isso, Maria é comparada, com razão, ao sol e à lua.

O SENHOR É CONVOSCO

11. — Em segundo lugar, a Virgem ultrapassa os Anjos em sua intimidade com o Senhor. O arcanjo Gabriel reconhece esta superioridade, quando lhe dirige estas palavras: O Senhor é convosco, isto é, venero-vos e confesso que estais mais próxima de Deus do que eu mesmo estou. O Senhor está, efetivamente, convosco.

O Senhor Pai está com Maria, pois Ele não se separa de maneira nenhuma de seu Filho e Maria possui este Filho, como nenhuma outra criatura, até mesmo angélica. Deus mandou dizer a Maria, pelo Arcanjo Gabriel (Lc 1, 35) Uma criança santa nascerá de ti e será chamada Filho de Deus.

O Senhor está com Maria, pois repousa em seu seio. Melhor do que a qualquer outra criatura se aplicam a Maria estas palavras de Isaias: (12, 6) Exulta e louva, casa de Sião, porque o Grande, o Santo de Israel está no meio de ti.

O Senhor não habita da mesma maneira com a Bem-aventurada Virgem e com os Anjos. Deus está com Maria, como seu Filho; com os Anjos, Deus habita como Senhor.

O Espírito Santo está em Maria, como em seu templo, onde opera. O arcanjo lhe anunciou: (Lc 1, 35) O Espírito Santo virá sobre ti. Assim, pois, Maria concebeu por efeito do Espírito Santo e nós a chamamos «Templo do Senhor», «Santuário do Espírito Santo». (cf. liturgia das festas de Nossa Senhora).

Portanto, a Bem-aventurada Virgem goza de uma intimidade com Deus maior do que a criatura angélica.

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Com ela está o Senhor Pai, o Senhor Filho, o Senhor Espírito Santo, a Santíssima Trindade inteira. Por isso canta a Igreja: «Sois digno trono de toda a Trindade».

É esta então a palavra mais nobre, a mais expressiva, como louvor, que podemos dirigir à Virgem.

MARIA

12. — Portanto o Anjo reverenciou a Bem-aventurada Virgem, como mãe do Soberano Senhor e, assim, ela mesma como Soberana. O nome de Maria, em siríaco significa soberana, o que lhe convém perfeitamente.

13. — Em terceiro lugar, a Virgem ultrapassou aos Anjos em pureza.

Não só possuía em si mesma a pureza, como procurava a pureza para os outros.

Ela foi puríssima de toda culpa, pois foi preservada do pecado original e não cometeu nenhum pecado mortal ou venial, como também foi livre de toda pena.

BENDITA SOIS VÓS ENTRE AS MULHERES

14. — Três maldições foram proferidas por Deus contra os homens, por causa do pecado original.

A primeira foi contra a mulher, que traria seu filho no sofrimento e daria à luz com dores.

Mas a Bem-aventurada Virgem não está submetida a estas penas. Ela concebeu o Salvador sem corrupção, trouxe-o alegremente em seu seio e o teve na alegria. A Ela se aplica a palavra de Isaias: (35, 2) A terra germinará, exultará, cantará louvores.

15. — A segunda maldição foi pronunciada contra o homem (Gn 3, 9): Comerás o teu pão com o suor de teu rosto.

A Bem-aventurada Virgem foi isenta desta pena. Como diz o Apóstolo (1 Cor 7, 32-34): Fiquem livres de cuidados as virgens e se ocupem só com o Senhor.

A terceira maldição foi comum ao homem e à mulher. Em razão dela devem ambos tornar ao pó.

A Bem-aventurada Virgem disto também foi preservada, pois foi, com o corpo, assunta aos céus. Cremos que, depois de morta, foi ressuscitada e elevada ao céu. Também se lhe aplicam muito apropriadamente as palavras do Salmo 131, 8: Levanta-te, Senhor, entra no teu repouso; tu e a arca da tua santificação.

MARIA

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A Virgem foi pois isenta de toda maldição e bendita entre as mulheres. Ela é a única que suprime a maldição, traz a bênção e abre as portas do paraíso.

Também lhe convém, assim, o nome de Maria, que quer dizer, «Estrela do mar», Assim como os navegadores são conduzidos pela estrela do mar ao porto, assim, por Maria, são os cristãos conduzidos à Glória.

BENDITO É O FRUTO DE VOSSO VENTRE

18. — O pecador procura nas criaturas aquilo que não pode achar, mas o justo o obtém. A riqueza dos pecadores está reservada para os justos, dizem os Provérbios (13, 22). Assim Eva procurou o fruto, sem achar nele a satisfação de seus desejos. A Bem-aventurada Virgem, ao contrário, achou em seu fruto tudo o que Eva desejou.

19. — Eva, com efeito, desejou de seu fruto três coisas:

Primeiro, a deificação de Adão e dela mesma e o conhecimento do bem e do mal, como lhe prometera falsamente o diabo: Sereis como deuses (Gn 3, 5), disse-lhes o mentiroso. O diabo mentiu, porque ele é mentiroso e o pai da mentira (cf. Jo 8, 44). E por ter comido do fruto, Eva, em vez de se tornar semelhante a Deus, tornou-se dessemelhante. Por seu pecado, afastou-se de Deus, sua salvação, e foi expulsa do paraíso.

A Bem-aventurada Virgem, ao contrário, achou sua deificação no fruto de suas entranhas. Por Cristo nos unimos a Deus e nos tornamos semelhantes a Ele. Diz-nos São João: (1 Jo 3, 2) Quando Deus se manifestar, seremos semelhantes a Ele, porque o veremos como Ele é.

20. — Em segundo lugar, Eva desejava o deleite (cf. Gn 3, 6), mas não o encontrou no fruto e imediatamente conheceu que estava nua e a dor entrou em sua vida.

No fruto da Virgem, ao contrário, encontramos a suavidade e a salvação. Quem come minha carne tem a vida eterna (Jo 6, 55).

21. — Enfim, o fruto de Eva era sedutor no aspecto, mas quão mais belo é o fruto da Virgem que os próprios Anjos desejam contemplar (cf. 1 Pe 1, 12). É o mais belo dos filhos dos homens (Sl 44, 3), porque é o esplendor da glória de seu Pai (Heb 1, 3) como diz S. Paulo.

Portanto, Eva não pôde achar em seu fruto o que também nenhum pecador achará em seu pecado.

Acharemos, no entanto, tudo o que desejamos no fruto da Virgem. Busquemo-lo.

22. — O fruto da Virgem Maria é bendito por Deus, que de tal forma encheu-o de graças que sua simples vinda já nos faz render homenagem a Deus.

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Bendito seja Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo que nos abençoou com toda a bênção espiritual em Cristo, declara São Paulo (Ef 1, 3).

O fruto da Virgem é bendito pelos Anjos. O Apocalipse (7, 11) nos mostra os Anjos caindo com a face por terra e adorando o Cristo com seus cantos: O louvor, a glória, a sabedoria, a ação de graças, a honra, o poder e a força ao nosso Deus pelos séculos dos séculos. Amém.

O fruto de Maria é também bendito pelos homens: Toda a língua confesse que o Senhor Jesus Cristo está na glória de Deus Pai, nos diz o Apóstolo (Fp 2, 11). E o Salmista (Sl 117, 26) o saúda assim: Bendito o que vem em nome do Senhor.

Assim, pois, a Virgem é bendita, porém, bem mais ainda, é o seu fruto.

Fonte: Pai Nosso e Ave Maria – Sermões de Santo Tomás de Aquino. Editora Permanência, Rio de Janeiro

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MARIA NOSSA MÃE POR: APOSTOLADO SPIRITUS PARACLITUS | SEX , 23 DE SETEMBRO DE 2011 “Bendita sois vós entre as mulheres”: não é assim que dizemos ao rezar a Ave-Maria? Gabriel saudou Maria com estas palavras: “Alegra-te, cheia de graça! O Senhor está contigo.” (Lucas 1,28). Quem pode ser mais bendita do que essa mulher, se o próprio Deus a saúda assim?

Também Isabel, prima de Maria, chamou-a de “bendita”. Logo após a anunciação do anjo, Maria foi às pressas às montanhas de Judá para ajudar sua prima Isabel que estava para dar à luz um menino – João Batista – que seria o precursor de Jesus. Ao ver Maria, Isabel, iluminada pelo Espírito Santo, exclamou: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre!… Feliz aquela que acreditou, pois o que lhe foi dito da parte do Senhor será cumprido.” (Lucas 1,42.45).

Certo dia, Jesus estava cercado de pessoas e falava ao povo que pendia de seus lábios. E eis que uma mulher, encantada com a sabedoria de Jesus, disse: “Feliz o ventre que te trouxe e os seios que te amamentaram.” (Lucas 11,27). Ela queria dizer: “Jesus, tua Mãe é bendita, é abençoada por Deus”. Como respondeu Jesus? “Felizes, sobretudo, são os que ouvem a Palavra de Deus e a põem em prática” (Lucas 11,28).

Terá Jesus depreciado sua Mãe? Não, pelo contrário. Jesus fez de Maria o maior elogio que podia fazer, porque não existiu ninguém no mundo tão atento à Palavra de Deus e que tão bem cumpriu a vontade do Pai como a Mãe de Jesus. Assim, Maria é duplamente bendita: por ser a Mãe de Jesus e por ser a mulher atenta à Palavra e sua servidora.

Maria é, na verdade, uma mulher bendita, a mais bendita. Qual mulher, como ela, foi preservada do pecado original em previsão dos merecimentos da paixão e morte de seu Filho na cruz? Qual mulher, como ela, foi cheia de Graça, acolheu em si o Espírito Santo, esteve mais próxima de Deus e de Jesus, foi mais atenta à Palavra de Deus, mais disponível ao serviço de seus irmãos e irmãs? Qual mulher, como ela, foi mais cheia de fé, esperança e caridade, sofreu ao pé da cruz de seu Filho por amor a todos nós, foi assunta em corpo e alma aos céus, está, no céu, mais próxima de Deus e pode interceder melhor por nós, seus filhos e filhas?

Não há mulher como Maria. Ela é realmente a Mulher bendita! Não esqueça, porém, que a bem-aventurança de Maria está na sua grande fé. Fé que a levou até o topo do Calvário, padecendo, em seu coração, a mesma paixão do seu Filho na cruz. De fato, a Senhora da Piedade é representada ao pé da cruz, com o Filho Jesus morto nos braços. A cruz fez parte da vida de Jesus e de Maria.

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A sombra da cruz projetou-se sobre Maria e Jesus desde o momento em que ele foi concebido. Apenas se tornou Mãe, Maria sofreu por não saber como fazer compreender a José que estava grávida por obra do Espírito Santo e não de um homem. Prestes a dar à luz, enfrentou dura viagem até Belém para fazer o recenseamento determinado pelo imperador romano. Em Belém não encontrou acolhida na casa de ninguém, viu-se obrigada a refugiar-se numa gruta e ali, entre animais, dar à luz seu Filho e dever recliná-lo numa manjedoura.

Quando, com José, Maria se apresentou no Templo de Jerusalém para a purificação, Simeão anunciou um futuro sombrio para ela e seu Filho e acrescentou: “Uma espada traspassará tua alma!” (Lc 2,35). Em seguida, foi forçada a fugir para o Egito a fim de escapar de Herodes que queria matar-lhe o Filho. Viveu no exílio, em terra estranha, entre gente estranha, falando língua estranha. Mais tarde sofreu a dor de perder seu Filho no templo.

Um dia, Maria chorou ao ver Jesus deixar a casa paterna – e a ela, sua mãe – para dedicar-se ao anúncio do Evangelho. Durante o ministério de Jesus, Maria viu seu Filho incompreendido, perseguido, rejeitado, caluniado, por fim traído, preso, condenado iniquamente, coroado de espinhos, esbofeteado, cuspido, ridicularizado, carregado de uma cruz, nela pregado e morto. Até que, à sombra da cruz, pessoas amigas o puseram de novo em seus braços de Maria, como quando ele era criança.

A cruz de Maria, quantas cruzes! Para nós também, que ainda estamos a caminho do Pai, é impossível viver sem cruz. Não é preciso buscá-la, ela aparece por si, faz parte da vida. Lembre-se das palavras de São Paulo: “Completo, na minha carne, o que falta às tribulações de Cristo.” (Colossenses 1,24). Enquanto existir uma só pessoa no mundo, a cruz estarAá sempre a seu lado, e Cristo continuará crucificado nos que sofrem, que vão completando o que falta a seu sofrimento. Na cruz esteve a salvação de Maria e está também a nossa salvação.

D. Hilário Moser

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Resposta ao questionamento protestante acerca da Maternidade Divina de Maria POR: APOSTOLADO SPIRITUS PARACLITUS | TER , 07 DE JUNHO DE 2011

LEITOR

Nome: C. G. Machado

Enviada em: 22.05.2011 22:5

MG – Minas Gerais, Brasil

PERGUNTA

Que a graça e a paz de Nosso Senhor Jesus Cristo esteja com todos. O assunto que eu venho tratar é a respeito da maternidade divina de maria que vocês católicos defendem. De acordo com esse dogma maria é mãe de Deus porque gerou Jesus Cristo. Só que não é bem assim, maria era mãe do Cristo-homem e não do Cristo Deus. Ela gerou apenas a natureza humana de Jesus, pois ele como Deus já existia antes da criação do mundo. João 1;1-3. Tenho lido alguns artigos que vocês escreveram sobre esse assunto, em um deles vocês dizem que nós evangélicos queremos dividir Jesus Cristo em duas pessoas, vocês afirmam que maria era tanto mãe do cristo-homem quanto do Cristo-Deus, ou seja, que ela era mãe das duas pessoas de Jesus. Sem querer ofender a crença de vocês, mas não é isso que a Bíblia ensina, é justamente ela que separa as duas pessoas de Jesus Cristo, tanto a divina quanto a humana. Vejamos:Romanos 1;1-4 Paulo, servo de Jesus Cristo chamado para apóstolo, separado para o evangelho de Deus. O qual antes havia prometido pelos seus profetas nas santas escrituras. Acerca de seu filho, que nasceu da descendência de Davi segundo a carne, declarado filho de Deus em poder segundo o Espirito de santificação pela ressurreição dos mortos- Jesus Cristo Nosso Senhor. como podemos ver a própria palavra de Deus faz essa separação. No verso 3 fica claro que Jesus era da descendência de Davi somente segundo a carne e no versiculo 4 que Jesus é filho de Deus segundo o Espirito. Isto quer dizer que Jesus só era filho de maria segundo a carne, ela não gerou a divindade de Jesus que já existia antes da criação do mundo João 1;1. Vocês dizem que maria é templo do Espirito Santo,que é um ensinamento que eu concordo, pois o corpo dela era realmente Templo do Espirito Santo , porém é só maria que era Templo do Espirito santo, mas todo aquele que passa a crer em Jesus Cristo se torna templo do Espirito Santo .2corintios 6;16. Creiam também em Jesus para que ele também esteja habitando em seus corações . Que a graça e a paz de Nosso Senhor Jesus Cristo esteja com Vocês. Amén.

RESPOSTA

Que a mesma Paz adentre em seu coração meu caro amigo e assíduo leitor, ficamos felizes com seu contato e pedimos desculpas pela demora em responder-lhe, pois a busca por elucidações tem crescido diariamente e Graças a Deus temos conseguido clarear muitas mentes, até então, limitadas. Em primeiro lugar e sem perder tempo gostaria de fazer uma ressalva: ao ler o email enviado por sua parte pude detectar que ao tratar-se à Maria você não usa a letra “M” maiúscula, meu caro, se você não a respeita como “A MÃE DE DEUS” (como logo a seguir provarei que de fato Ela o é) ao menos respeite a Língua Portuguesa que exige o uso de letras maiúsculas no início de todo nome próprio, e Maria é um nome próprio.

Para melhor ajudá-lo no entendimento das necessárias “iluminações” tratarei em tópicos a explicação merecida por sua parte, até para facilitar sua compreensão que, ao que parece, é bastante limitada, seja por conveniência ou por pura ignorância. De antemão mostrarei para você que Jesus não nasceu por pedaços e muito menos dividido, para posteriormente mostrar-lhe que

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Maria é e sempre foi a MÃE DE DEUS (Theotokos) e para finalizar com chave de ouro lhe trarei à tona o que os seus primeiros “pais” (precursores do protestantismo) pensavam a respeito de tal assunto.

1. VERDADEIRO DEUS E VERDADEIRO HOMEM

“O acontecimento único e totalmente singular da Encarnação do Filho de Deus não significa que Jesus Cristo seja em parte Deus e em parte homem, nem que ele seja o resultado da mescla confusa entre o divino e o humano. Ele se fez verdadeiramente homem permanecendo verdadeiro Deus. Jesus Cristo é verdadeiro Deus e verdadeiro homem. A Igreja teve de defender e clarificar esta verdade de fé no decurso dos primeiros séculos, diante das heresias que a falsificavam”. (C.I.C. §464)

Como você pode verificar a Igreja não brinca de dizer que é verdade, as afirmações são mediantes a anos de estudos e revelações por meio das Sagradas e Divinas Escrituras e também através da Sagrada Tradição, ainda intensificando tal afirmativa, a Igreja defendeu desde os primeiros séculos tais heresias como a que você acabou de colocar mais uma vez à tona, talvez se você tivesse tido um pouco mais de curiosidade e vontade de ir além de julgamentos pretensiosos tivesse tido tempo de estudar um pouco da história da Igreja Católica e de como ela venceu todas as heresias que contra ela se levantaram, aí talvez você nem tivesse necessitado de tal esclarecimento. Veja como o Catecismo continua a nos ensinar:

“As primeiras heresias, mais do que a divindade de Cristo, negaram sua humanidade verdadeira (docetismo gnóstico). Desde os tempos apostólicos a fé cristã insistiu na verdadeira encarnação do Filho de Deus, “que veio na carne” (Cf. 1Jo 4,2-3; 2Jo 7). Mas desde o século III a Igreja teve de afirmar, contra Paulo de Samósata, em um Concílio reunido em Antioquia, que Jesus Cristo é o filho de Deus por natureza e não por adoção. O primeiro Concílio Ecumênico de Nicéia, em 325, confessou em seu credo que o Filho de Deus é “gerado, não criado, consubstancial (homousios) ao Pai” (Cf. Símbolo Niceno: DS 125) e condenou Ario, que afirmava que o Filho de Deus veio do nada e que Ele seria de uma substância diferente do Pai”. (C.I.C. §465)

Como você demonstrou ser um “exegeta profissional”, com uma “profunda contextualização” da Palavra de Deus, lhe trarei realmente A VERDADE COMPLETA, PLENA E CONTEXTUALIZADA do que diz as Sagradas Escrituras a respeito de Cristo Deus.

Jesus impressionava as multidões por ser Deus, “ensinava como quem tinha autoridade e não como os escribas” (Mt. 7,29).

Ele provou ser Deus; isto é, Senhor de tudo, onipotente, oniciente, onipresente: andou sobre as águas sem afundar (Mt 14,26), multiplicou os pães (Mt 15,36), curou leprosos (Mt 8,3), dominou a tempestade (Mt 8,26), expulsou os demônios (Mt. 8,32), curou os paralíticos (Mt 8,6), ressuscitou a filha de Jairo (Mt 9,25), o filho da viúva de Naim, chamou Lázaro do túmulo, já em estado de

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putrefação (Jo11, 43-44), transfigurou-se diante de Pedro, Tiago e João, no Monte Tabor (Mt 17,2) e ressuscitou triunfante dos mortos (Mt 28,6)…

Os Evangelhos narram 37 grandes milagres de Jesus, sem contar os que não foram escritos. Provou que era Deus!

Só Deus pode fazer essas obras! É por isso que São Paulo disse que:

“Nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade” (Col 2,9).

“Ele é a imagem do Deus invisível” (Col 1,15).

São Pedro diz, como testemunha:

“Vimos a sua majestade com nossos próprios olhos” (2 Pd 1,16).

E esse meu caro Célio é Jesus, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, um todo, completo, sem distinção de partes ou mesclas confusas, como fica bem mais claro a seguir:

“A heresia nestoriana via em Cristo uma pessoa humana unida à pessoa divina do Filho de Deus. Diante dela, S. Cirilo de Alexandria e o III Concílio Ecumênico, reunido em Éfeso em 431, confessaram que “o Verbo, unido a si em sua pessoa uma carne animada por uma alma racional, se tornou homem” (Cf. DS 250). A humanidade de Cristo não tem outro sujeito senão a Pessoa divina do Filho de Deus, que a assumiu e a fez sua desde sua concepção”. (C.I.C. §466)

Como o foco não é este, fica então uma curta reflexão para que você entenda a veracidade da Maternidade Divina de Maria, mas acaso você precise de mais informações a respeito, entre em contato conosco novamente e enviaremos mais detalhes referentes à unidade de Cristo.

2. MARIA, A MÃE DE DEUS (THEOTOKOS)

Continuando o parágrafo do Catecismo, citado acima, vai nos dizer assim:

“Por isso o Concílio de Éfeso proclamou, em 431, que Maria se tornou de verdade Mãe de Deus pela concepção humana do Filho de Deus em seu seio: “Mãe de Deus não porque o Verbo de Deus tirou dela sua natureza Divina, mas porque é dela que Ele tem o corpo Sagrado dotado de uma alma racional, unido ao qual, na sua pessoa, se diz que o Verbo nasceu segundo a carne”.

O Título de Theotokos, Mãe de Deus, aparece pela primeira vez, na literatura cristã, nos escritos dos Orígenes de Alexandria (†250) e foi solenemente proclamado pelo Concílio de Éfeso (431). A piedade e a teologia fazem referência, de modo cada vez mais freqüente, a esse termo, já entrando no patrimônio de Fé da Igreja.

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Compreende-se, por isso, o grande movimento de Protesto, que se manifestou no século IV, quando Nestório pôs em dúvida a legitimidade do Título “Mãe de Deus”. Ele, de fato, propenso a considerar Maria somente como mãe do homem Jesus (alguma coisa em comum, em familiar…?), afirmava que só era doutrinalmente correta a expressão “Mãe de Cristo”. Nestório era induzido a este erro pela sua dificuldade de admitir a unidade da Pessoa de Cristo, e pela interpretação errônea da distinção entre as duas naturezas – divina e humana – presente n’Ele.

O Concílio de Éfeso, no ano de 431, condenou suas teses e, afirmando a subsistência da natureza divina e da natureza humana na única pessoa do Filho, proclamou Maria Mãe de Deus.

Proclamando Maria “Mãe de Deus”, a Igreja quer, portanto, afirmar que ela é a “Mãe do Verbo encarnado, que é Deus”. Por isso, a sua maternidade não se refere a toda a Trindade, mas unicamente à segunda Pessoa, ao Filho que, ao encarna-se, assumiu dela a natureza humana. Como diria Santo Agostinho:

“se a Mãe fosse fictícia seria fictícia também a carne… fictícias seriam também as cicatrizes da ressurreição” (Tract. In Ev. Loannis, 8, 6-7)

Mas como realmente Maria pode ser (e de FATO o é) a Mãe de Deus? – Aprecie a resposta:

Toda mãe é mãe de uma pessoa. – Qual a pessoa que nasce de Maria? – A segunda Pessoa da Santíssima Trindade, que dela assumiu a carne humana, e sendo Jesus “uma pessoa” apenas, é verdadeiramente Deus e verdadeiramente homem. Com isso Maria não é apenas mãe de carne humana, mas de toda a realidade do seu Filho, que tinha uma só Pessoa (a Divina). Daí a linda afirmativa defendida com amor pela Igreja de que Maria é mãe de Deus, não enquanto Deus sem mais, mas enquanto Deus feito homem. Isto é pura lógica.

Naturalmente isso excede toda a imaginação humana, porém para Deus não cria dificuldade alguma. Uma vez que quis assumir um corpo humano aceitou também de nascer de uma criatura humana. O maior poeta italiano (poeta e teólogo) ficou encantado com tal beleza misteriosa e cantou: “Virgem e mãe, ó filha do teu Filho – Humilde e grande mais que criatura”. (Divina Comédia)

Sem dúvida o Filho de Deus podia se tornar homem nascendo biologicamente de José e Maria, contudo existia grande conveniência de que nascesse sem o concurso do varão. Com efeito, o Filho de Deus se fez homem sem ter pai na terra, pois já tinha Pai no céu, nessa prerrogativa entende-se o porque de chamarmos José de pai adotivo de Jesus (o que não diminui em nada sua importante participação na educação e vida do menino Jesus); como Deus, era Filho do Pai Eterno; como homem, tornou-se Filho de Maria. Maria foi fecundada pela ação direta do próprio Deus, sua geração virginal foi o modo pelo qual o Pai quis exprimir na carne humana a sua Paternidade em relação a Jesus. Este não é um mero homem como os outros homens, mas é verdadeiramente Deus e verdadeiramente homem, por isto nasceu como

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nenhum homem nasceu, dessa forma fica-se evidente que é a própria identidade de Jesus que está em foco, no caso. Aliás toda a figura de Maria – rica de Graça – está essencialmente em função da figura de Jesus, como todo culto a Maria é marcadamente cristocêntrico. Cancelar a maternidade Divina de Maria seria indiretamente cancelar um dos aspectos principais da identidade de Cristo.

“Quis o Pai da misericórdias que a Encarnação fosse precedida pela aceitação daquela que era predestinada a ser mãe de seu Filho, para que, assim como uma mulher contribuiu para a morte, uma mulher também contribuísse para a vida”. (LUMEN GENTIUM 56; Cf. 61)

Querendo ou não meu caro, Maria é mãe Deus. E verdades como essa são tão eternas quanto a eternidade do próprio Deus, isso nos ensina a Igreja Católica, donde provém a plenitude de toda a Revelação:

“O que a fé católica crê acerca de Maria funda-se no que ela crê acerca de Cristo, mas o que a fé ensina sobre Maria ilumina, por sua vez, sua fé em Cristo.” (C.I.C. §486)

3. O PROTESTANTISMO E MARIA

A problemática entre a atenção e a devoção a Maria Santíssima é mais agudo em nossos dias do que no início da Reforma, principalmente por causa dessas novas denominações do protestantismo (movimentos pentecostais) que são indiferentes ou infensas a Maria. Mas mostrarei agora que essa palhaçada presente, nunca foi adotada pelos precursores do Protestantismo, da Reforma.

Lutero, em 1522, escreveu um belo comentário do Magnificat de Nossa Senhora, onde repetidas vezes a chama de a “doce Mãe de Deus”. E nele Lutero pede à Virgem “que ore por ele”. Entre outras coisas ele disse da Virgem Maria: “Peçamos a Deus que nos faça compreender bem as palavras do Magnificat… Oxalá Cristo nos conceda esta graça por intercessão de sua Santa Mãe! Amém.” (Comentário do Magnificat).

Como então os protestantes, os seguidores de Lutero, não aceitam a intercessão de Nossa Senhora? É bom recordar também que Lutero implorou a intercessão de Santa Ana, mãe de Nossa Senhora, quando quase foi atingido por um raio.

Lutero disse ainda: “Ela [Maria] nos ensina como devemos amar e louvar a Deus, com alma despojada e de modo verdadeiramente conveniente, sem procurar nele o nosso interesse… Eis um modo elevado, puro e nobre de louvar: é bem próprio de um espírito alto e nobre corno o da Virgem.” (“Maria Mãe dos homens”, Edições Paulinas, SP, p. 561).

“Maria – escreve Lutero – não se orgulha da sua dignidade nem da sua indignidade, mas unicamente da consideração divina, que é tão superabundante de bondade e de graça que Deus olhou para uma serva assim tão insignificante e quis considerá-la com tanta magnificência e tanta honra…

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Ela não exaltou nem a vir¬gindade nem a humildade, mas unicamente o olhar divino repleto de graça. (…) De fato não deve ser louvada a sua pequenez, mas o olhar de Deus”. (idem)

Lutero mostra que Nossa Senhora não atrai a nossa atenção sobre Si, mas leva-nos a olhar para Deus: “… Maria não quer ser um ídolo; não é Ela que faz, é Deus que faz todas as coisas. Deve ser invocada para que Deus, por meio da vontade dela, faça aquilo que pedimos; assim devem ser invocados também todos os outros santos, deixando que a obra seja inteiramente de Deus” (idem pp.574-575).

Madre Basiléia, é da Sociedade das Irmãs de Darmtadt, fundada na Alemanha e presente no Brasil, luterana; no entanto, as irmãs dessa Comunidade acrescentam no seu nome de Batismo o de Maria, como acontece em algumas Congregações católicas. M. Basiléia escreveu o livro “Maria – Der Weg der Mutter des Herrn”, sobre o “Caminho de Maria”, publicado em Português, em Curitiba (1982), onde cita algumas coisas que Lutero escreveu da Virgem Maria, que transcrevemos da Revista Pergunte e Responderemos, n. 429, 1998 – Lutero e Maria Santíssima, pp. 81-86).

“O que são as servas, os servos, os senhores, as mulheres, os príncipes, os reis, os monarcas da terra, em comparação com a Virgem Maria, que, além de ter nascido de uma estirpe real, é também Mãe de Deus, a mulher mais importante da Terra? No meio de toda a Cristandade ela é a jóia mais preciosa depois de Cristo, a qual nunca pode ser suficientemente exaltada; a imperatriz e rainha mais digna, elevada acima de toda nobreza, sabedoria e santidade”.

“Por justiça teria sido necessário encomendar-lhe um carro de outro e conduzi-la com 4000 cavalos, tocando a trombeta diante da carruagem, anunciando: “Aqui viaja a mulher bendita entre todas as mulheres, a soberana de todo o gênero humano”. Mas tudo isso foi silenciado; a pobre jovenzinha segue a pé, por um caminho tão longo, e apesar disso, é de fato a Mãe de Deus. Por isso não nos deveríamos admirar, se todos os montes tivessem pulado e dançado de alegria”.

“Esta única palavra “mãe de Deus” contém toda a sua honra. Ninguém pode dizer algo de maior dela ou exaltá-la, dirigindo-se à ela, mesmo que tivessem tantas línguas quantas folhas crescem nas folhagens, quantas graminhas há na terra, quantas estrelas brilham no céu e quantos grãozinhos de areia existem no mar. Para entender o significado do que é ser mãe de Deus, é preciso pesar e avaliar esta palavra no coração”. (Explicação do Magníficat)

Depois de citar essas palavras de Lutero, M. Basiléia ainda escreve: “Ao ler essas palavras de Martinho Lutero, que até o fim de sua vida honrava a mãe de Jesus, que santificava as festas de Maria e diariamente cantava o Magnificat, se percebe quão longe nós geralmente nos distanciamos da correta atitude para com ela, como Martinho Lutero nos ensina, baseando-se na Sagrada Escritura. Quão profundamente todos nós, evangélicos, deixamo-nos envolver por uma mentalidade racionalista, apesar de que em nossos escritos confessionais se lêem sentenças como esta: “Maria é digna de ser honrada e

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exaltada no mais alto grau” (Art. 21,27 da Apologia de Confissão de Augsburgo).

Em 1537, em seus “Artigos da Doutrina Cristã”, é o próprio Lutero quem diz: “O Filho de Deus fez-se homem, de modo a ser concebido do Espírito Santo sem o concurso de varão e a nascer de Maria pura, santa e sempre virgem”.

M.Basiléia explica porque escreveu este livro para os evangélicos: “Minha intenção ao escrever este opúsculo sobre o caminho de Maria, segundo o que diz dela a Sagrada Escritura, foi conscientemente reparar esta omissão pela qual me tornei culpada para com o testemunho da Palavra de Deus. Nas últimas décadas o Senhor me concedeu a graça de aprender a amar e honrar cada vez mais a Maria, a mãe de Jesus… Minha sincera intenção ao escrever esse livro, é fazer o que posso para ajudar, a fim de que entre nós, os evangélicos, a mãe de nosso Senhor seja novamente amada e honrada, como lhe compete, segundo as Palavras da Sagrada Escritura e conforme nos recomendou Martinho Lutero, nosso reformador”.

Continua M. Basiléia: “A nossa Igreja Evangélica deixou de lhe prestar honra e louvor; receando com isso reduzir a honra devida a Jesus. Mas o que aconteceu é o seguinte: toda honra autêntica dirigida aos discípulos de Jesus e também à Sua Mãe aumenta a honra do Senhor. Pois foi Ele, só Ele, que os elegeu, os cobriu com sua graça e fez deles Seu vaso de eleição. Por sua fé, seu amor e sua dedicação para com Deus, é Deus colocado no centro das atenções e é glorificado”… “É também intenção nossa – como Imaculada de Maria – contribuir em obediência à Sagrada Escritura, para que nosso Senhor Jesus não seja entristecido por um comportamento nosso destituído de reverência para com Sua mãe ou até de desprezo. Pois ela é Sua mãe que O deu à luz e O criou e educou e a cujo respeito falou o Espírito Santo, por intermédio de Isabel: “Bem-aventurada a que creu”! João Calvino, o reformador protestante de Genebra, aceitou o título de “Mãe de Deus” (Théotokos) definido pelo Concílio de Éfeso, no ano 431, quando foi condenada a heresia de Nestório. Ele sustenta a Virgindade de Maria, afirmando que os irmãos de Jesus citados em Mt 13, 55 não são filhos de Maria, mas parentes do Senhor; professar o contrário, segundo Calvino, significa “ignorância”, “louca sutileza” e “abuso da Sagrada Escritura”. (Revista PR, n. 429, p. 34, 1998)

Calvino disse: “Não podemos reconhecer as bênçãos que nos trouxe Jesus, sem reconhecer ao mesmo tempo quão imensamente Deus honrou e enriqueceu Maria, ao escolhê-la para Mãe de Deus.” (Comm. Sur l’Harm. Evang.,20)

Em 1542, João Calvino publicou o Catecismo da Igreja de Genebra, onde se lê: “O Filho de Deus foi formado no seio da Virgem Maria… Isto aconteceu por ação milagrosa do Espírito Santo sem consórcio de varão”.

“Firmemente creio, segundo as palavras do Evangelho, que Maria, como virgem pura, nos gerou o Filho de Deus e que, tanto no parto quanto após o parto, permaneceu virgem pura e íntegra.” (”Corpus Reformatorum”)

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Zwinglio, o reformador protestante de Zurich, conservou três festas marianas (Anunciação, Visitação, Apresentação no Templo) e a recitação da Ave Maria durante o culto sagrado. (PR, idem)

John Wesley, fundador da Igreja metodista na Inglaterra, em 1739, disse: “Creio que [Jesus] foi feito homem, unindo a natureza humana à divina em uma só pessoa; sendo concebido pela obra singular do Espírito Santo, nascido da abençoada Virgem Maria que, tanto antes como depois de dá-lo à luz, continuou virgem pura e imaculada.”

O Manifesto de Dresden é um texto de um grupo de Teólogos Protestantes Luteranos publicado em Dresden, então Alemanha Oriental na revista Spiritus Domini em Maio de 1982, (nº 05, maio de 1982) em que questionam a “recusa e indiferença” por parte de outras denominações evangélicas à Maria, argumentam que o próprio Martinho Lutero foi devoto de Maria e dentre outras questões, se demonstram “perplexos” diante da recusa dos Milagres e aparições de Maria por estes grupos.

O Manifesto de Dresden

“Em Lourdes, em Fátima e em outros santuários marianos, a crítica imparcial se encontra diante de fatos sobrenaturais, que tem relação direta com a Virgem Maria, seja mediante as aparições, seja por causa das causas milagrosas solicitadas por sua intercessão. Estes fatos são tais que desafiam toda a explicação natural.”

Sabemos, ou deveríamos saber, que as curas de Lourdes e Fátima são examinadas com elevado rigor científico por médicos católicos e não-católicos. Conhecemos a praxe da Igreja Católica, que deixa transcorrer vários anos antes de declarar alguma cura milagrosa. Até hoje, 1200 curas ocorridas em Lourdes foram consideradas pelos médicos cientificamente inexplicáveis, todavia a Igreja Católica só declarou milagrosas 44 delas.

Nos últimos 30 anos, 11 mil médicos passaram por Lourdes. E todos eles, qualquer que seja a sua religião ou posição científica, tem livre acesso ao Bureau des Constatatione Medicales. Por conseguinte, uma cura milagrosa é cercada das maiores garantias possíveis. Qual é, pois, o sentido profundo destes milagres no plano de Deus? Bem parece que Deus quer dar uma resposta irrefutável à incredulidade dos nossos dias. Como poderá um incrédulo continuar a viver de boa fé na sua incredulidade diante de tais fatos? E também nós, “cristãos evangélicos”, podemos ainda, em virtude de preconceitos, passar ao lado destes fatos sem nos aplicarmos a um atento exame?

Uma tal atitude não implicaria grave responsabilidade para nós? Por que um cristão evangélico pode ter o direito de ignorar tais realidades pelo fato de se apresentarem na Igreja Católica e não na sua comunidade religiosa? Tais fatos não deveriam, ao contrário, levar-nos a restaurar a figura da Mãe de Deus na Igreja Evangélica? Somente Deus pode permitir que Maria se dirija ao mundo,

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através de aparições. Não nos arriscamos, talvez a cometer um erro fatal, fechando os olhos diante de tais realidades e não lhes dando atenção alguma?

Cristãos evangélicos da Alemanha, deveremos talvez continuar a opor-lhes recusa e indiferença? Continuaremos a nos comportar de modo que o inimigo de Deus nos mantenha em atitude de intencional cegueira? Não deveremos talvez abrir o nosso coração a esta luz que Deus faz brilhar para a nossa salvação?

Tal problema evidentemente merece exame, não deve ser afastado de antemão, por preconceito, pelo único motivo de que tais curas são apresentadas pela Igreja Católica. Uma tal atitude acarretaria grave dano para nós mesmos e para o mundo inteiro. Grande responsabilidade nos toca. Temos o direito de examinar tais fatos. Não nos é possível passar ao largo e encampar tudo no silêncio. Hoje, em alguns países, está em causa a existência mesmo do Cristianismo. Seria o cúmulo da tolice ignorarmos a voz de Deus, que fala ao mundo pela mediação de Maria, e dar-lhes as costas unicamente porque Ele faz ouvir sua voz através da Igreja Católica. Como quer que seja, não podemos calar por muito tempo sobre tais realidades.

Temos que examiná-las, sem preconceito, pois é iminente uma catástrofe. Poderia acontecer que, rejeitando ou ignorando a mensagem que Deus nos faz chegar através de Maria, estejamos recusando a última graça que Ele nos oferece para a nossa salvação.

É, por isso, um dever muito grave para todos os chefes da Igreja Luterana, e para outras comunidades cristãs, examinar tais fatos e tomar uma posição objetiva. Este dever impõem-se também pelo fato de que a Mãe de Deus não foi esquecida somente depois da Guerra dos 30 anos e na época dos livres pensadores da metade do século XVIII. Sufocando no coração dos evangélicos o culto da Virgem, destruíram os sentimentos mais delicados da piedade cristã.

No seu Magnificat, Maria declara que todas as gerações a proclamarão bem-aventurada até o fim dos tempos. Todos nós verificamos que esta profecia se cumpre na Igreja Católica e, nestes tempos dolorosos, com intensidade sem precedentes. Na Igreja Evangélica tal profecia caiu em tão grande esquecimento que dificilmente se encontra algum vestígio da mesma.

Lutero honrou Maria até o fim de sua vida; santificava suas festas e cantava diariamente o Magnificat. Perdeu-se na Igreja Evangélica, em tempos posteriores à Reforma, todas as festas a Maria e tudo o que nos trazia sua lembrança. Estamos padecendo as conseqüências dessa herança de receio e temor. Entretanto, Lutero nos diz que nunca poderemos exaltar suficientemente a Mulher que constitui o maior tesouro da Cristandade depois de Cristo.

É, portanto, um profundo desejo de meu coração poder ajudar agora a que, da nossa parte, católicos evangélicos, Maria seja novamente amada e venerada como a Mãe do Nosso Senhor. E isso corresponde ao testemunho da Sagrada Escritura e também ao que o reformador protestante Lutero indicou. O temor de

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diminuir a glória de Jesus foi a causa de que as Igrejas Evangélicas se negassem à Maria a veneração e os louvores devidos.

Entretanto, temos que afirmar que, através da justa veneração que aos apóstolos e a ela corresponde, multiplica-se a glória e o louvor ao Senhor, porque foi Ele que a elegeu (e a fez) pela Sua Graça um instrumento seu. Jesus espera que veneremos Maria e a amemos. Assim nos diz a Palavra de Deus e esta é, portanto, a Sua Vontade. E só aqueles que guardam a Sua Palavra são os que amam verdadeiramente a Jesus (Jo 14, 23).”

E para finalizar, segue os sete pontos do discurso, que o pastor protestante M. Baumann, fez saudando o bispo de Fátima (Portugal), durante um encontro de orações pela paz do mundo, em Weingarten – Alemanha – (Cf. L’Homme Nouveau – Paris – 4/01/1962). Texto resumido.

1. Com nossos irmãos católicos, oramos para que a paz de Cristo reine sobre toda a terra.

2. Mantemo-nos debaixo da cruz de Cristo, com Maria.

3. Nós cremos naquilo que a Palavra de Deus nos diz sobre Maria.

4. Nós redescobrimos que Maria é Mãe de Deus. Os livros que contém nossa fé evangélica proclamam claramente que Maria é Mãe de Deus.

5. Com “a cheia de graça” nós damos a Deus um “sim” incondicional.

6. Nós reconhecemos Maria como Rainha da Paz.

7. Nós nos unimos a toda a Igreja na sede da Paz. Nestes dias em que nossos irmãos católicos lançam novamente ao mundo a mensagem de Fátima, nós lhe agradecemos sua fidelidade ao Evangelho, testemunhada pela veneração à Maria.

Como se vê os “mestres” da Reforma foram muito mais fiéis à Maria do que seus discípulos, “reformadores da Reforma do século XVI”.

Desejo com isso meu caro Célio que você possa abrir seu coração ao menos para um questionamento mais profundo em relação à Maria em um contexto geral, garanto que você irá descobrir verdades incríveis. Grato por sua atenção e desejoso de que você adentre neste mistério junto com tantos que precisam redescobrir o valor de Maria em toda a realidade cristã.

Salve Maria,

Ivanildo Oliveira Maciel Junior – Membro do Apostolado SPIRITUS PARACLITUS

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Imaculada Conceição da Santíssima Virgem Maria POR: APOSTOLADO SPIRITUS PARACLITUS | SAB , 28 DE AGOSTO DE 2010

Uma dos dogmas da Igreja mais mal compreendidos hoje em dia é o da Imaculada Conceição da Santíssima Virgem Maria. Um dogma é uma verdade de fé que deve ser crida por todo cristão (como a Triunidade de Deus, a inerrância da Escritura, etc.). Assim, todo cristão deve crer na Imaculada Conceição.

Mas o que significa “Imaculada Conceição”? Ao contrário do que muitos pensam, não é o fato de Jesus ter nascido sem que Nossa Senhora perdesse a virgindade; isso é a Virgindade Perpétua de Nossa Senhora, não sua Imaculada Conceição. A Imaculada Conceição é o fato de nossa Senhora ter sido concebida sem Pecado Original, não tendo jamais pecado nem tido vontade de pecar.

O Pecado Original é aquilo que herdamos de nossos pais, e eles de seus pais, etc., até Adão. Desde que Adão e Eva escolheram dizer “não” a Deus, pecando por soberba ao quererem ser deuses no lugar de Deus, seus descendentes carregam esta “doença genética”, transmitida de pai para filho. Os efeitos do Pecado Original são: na alma a tendência a fazer o mal e a inimizade para com Deus; no corpo a doença, velhice, e finalmente a morte. Nossa Senhora foi salva no instante mesmo de sua concepção, no instante em que a alma criada por Deus era infusa no embrião gerado naquele instante de maneira totalmente normal por S. Joaquim e Sant’Ana, os pais da Santíssima Virgem. Ela foi preservada do Pecado Original, sendo salva não da maneira comum (pelo Batismo), mas de maneira tal que a preservou de cometer pecados ou sequer desejar cometê-los, ficar jamais doente, etc.

Podemos comparar esta diferença a uma outra situação: se uma pessoa cai em um poço e alguém vai e a tira de lá, esta pessoa foi “salva” pela que a tirou. Se, porém, esta pessoa está caindo no poço, está à beira do poço pronta para cair e alguém a segura com força e a puxa para fora, impedindo que caia, podemos também dizer que ela foi “salva” por quem a puxou. Nossa Senhora foi salva como quem é “salvo” de cair no poço, ao invés de ser salva como quem já caiu dentro dele, sujou-se todo e se machucou (o que é o nosso caso).

Isto era necessário, por uma razão muito simples: Deus a preparou, a “planejou”, por assim dizer, desde a queda de Adão para carregar a Deus em seu ventre (Gn 3,15). Seu Filho não era um menino qualquer que depois “virou Deus”; Ele era, Ele é Deus desde sempre. A partir de Sua concepção na Virgem Maria pelo Espírito Santo (Lc 1,31), Ele tomou a nossa natureza humana, sem perder a Sua natureza divina, e a segunda Pessoa da Santíssima Trindade fez-se homem; “O Verbo se fez Carne, e habitou entre nós” (Jo 1,14).

Como já vimos, o Pecado Original é transmitido de pai para filho (ou de mãe para filho…). Jesus, sendo Deus, não poderia jamais ser ao mesmo tempo Seu próprio inimigo, ser ao mesmo tempo alguém que, como nos explica São Paulo, é escravo do demônio (Hb 2,14-15) , por tender ao pecado em virtude das conseqüências do Pecado Original. “Ora”, poderia dizer alguém que nega a

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Imaculada Conceição, “mas Jesus poderia transformar o Seu próprio corpo e Sua própria alma para arrancar destes o Pecado Original, ou simplesmente impedir que ele fosse transmitido”.

Isso, porém, não faria sentido: Em Ex 25,10-22, nós vemos o cuidado de Deus nas instruções para a preparação da Arca da Aliança, destinada a portar as Tábuas onde Deus escreveu a Lei dada a Moisés (Dt 10,1-2). Para portar a Palavra de Deus, Ele manda que os homens façam uma arca de maneira muitíssimo cuidadosa e detalhada, de ouro e madeira de acácia, materiais nobres e puros. Esta Arca não pode sequer ser tocada por mãos impuras! Em 2Sm 6,6-7, vemos como Oza, filho de Abinadab, percebe que os bois que carregavam o carro da Arca tropeçaram e a apara com as mãos; ele cai morto, fulminado no ato!

O que Deus não faria então para preparar aquela que portaria não uma criatura de Deus (Sua Palavra), mas o próprio Senhor em seu ventre, aquela cujo sangue alimentaria o Verbo feito Carne, cujo leite nutriria a Deus feito homem? Se tocar a Arca que continha a Palavra bastava para matar uma pessoa bem-intencionada, que queria apenas impedir que ela caísse ao chão e se sujasse, será que Cristo poderia ser concebido e Se desenvolver em um útero impuro e escravizado ao demônio pelo Pecado Original?!

Vemos como A Santíssima Virgem foi preservada do Pecado Original também em Lc 1,28, quando o Anjo Gabriel chega a Nossa Senhora e a saúda com as palavras “Ave, cheia de graça, o Senhor é convosco; bendita sois vós entre as mulheres”. Como alguém que fosse um escravo do demônio, alguém que peca e tornará a pecar, poderia ser “cheia de graça”? Além disso, a reação de Nossa Senhora também é muito diferente da reação, que pode ser vista no mesmo capítulo, de Zacarias à chegada de um anjo: enquanto Nossa Senhora não se assusta nem um pouquinho, e medita sobre as palavras que o anjo disse, Zacarias fica perturbado e com medo antes mesmo do anjo falar. O que Zacarias faz não é estranho; é essa a reação de todos os que, carregando em seu corpo e em sua alma o Pecado Original, vêem-se face-a-face com um anjo; podemos ver, por exemplo, que esta é a mesmíssima reação que têm os pastores a quem o anjo anuncia o nascimento de Cristo (Lc 2,9).

Alguns, para negar este dogma, dizem que Nossa Senhora não teria cumprido (Lc 2,22) os rituais de purificação, que incluem uma oferenda pelo pecado (Lv 12,2-8), caso fosse mesmo preservada do Pecado original por Deus. Ora, o Evangelista nos diz que “foram concluídos os dias da purificação de Maria segundo a Lei de Moisés”(Lc 2,22), não que ela tivesse realmente ficado impura ou pecado (o pecado que precisava de um sacrifício para purificação é a promessa inconsciente que toda mulher faz em meio às dores do parto: nunca mais ter outro filho. Ora, a dor do parto é, como vemos em Gn 3,16, outra conseqüência do Pecado Original). Nossa Senhora fez o sacrifício para submeter-se à Lei, como Cristo o fez (Gl 4,4), apesar de não precisar (Cf. Mt 17,23-26): para não ser causa de escândalo (Mt 17,26) e dar exemplo de obediência, para que saibamos que devemos obedecer à Lei de Cristo como Ele obedeceu à de Moisés.

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Outros dizem que a frase de São Paulo em Rm 3,23 (“todos pecaram”) seria também aplicável à Santíssima Virgem, que teria assim pecado. Ora, se assim fosse, Nosso Senhor Jesus Cristo também teria pecado… Além disso o mesmo Apóstolo, na mesma Epístola, refere-se aos que não pecaram, em Rm 5,14. Muitos outros exemplo podemos encontrar de uso desta expressão generalizante (“todos pecaram”) sem que seja realmente todos, sem exceção: em Mt 4,24, diz-se que “trouxeram-Lhe todos os que tinham algum mal”, mas dificilmente todos os doentes da Síria teriam ido à Galiléia, passando por montanhas e desertos; em Jo 12,19, diz-se que “todo o mundo vai após” Jesus; será que realmente todas as pessoas, sem exceção, O seguem? Quem dera! Do mesmo modo, em Mt 3,5-6, vemos que a gente de “toda a Judéia e toda a terra dos arredores do Jordão” ia ser batizada por São João Batista; será que todos, inclusive Herodes, Rei da Judéia, que depois o mandou matar, todos os fariseus e saduceus, todos, sem exceção, foram ser batizados por São João? Será que “todo o povo” (Mt 27,25), sem exceção, assumiu a responsabilidade da morte de Cristo? Será que “todo o povo” que morava perto do mar (Mc 2,13) ou que vivia na Cesaréia de Filipe (Mc 9,14) foi ouvir a Cristo, sem ficar nem unzinho em casa?

Dificilmente. Assim, além da exceção já evidente de Cristo na expressão generalizante usada por São Paulo em Rm 3,23 (“todos pecaram”), vemos que o uso desta palavra para significar “a maioria”, ou “quase todos”, não é restrito de modo algum a esta frase. O que podemos dizer então, senão o que disse o Anjo a Nossa Senhora?

Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco; bendita sois vós entre as mulheres…

RAMALHETE,Carlos. A Imaculada Conceição da Santíssima Virgem Maria. Disponível em: <Reino da Virgem Maria>

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A Mediação da Virgem Santíssima POR: APOSTOLADO SPIRITUS PARACLITUS | SAB , 28 DE AGOSTO DE 2010

Muitos católicos hoje, no desejo de se mostrarem mais próximos das denominações protestantes, acabam, de forma consciente ou não, distorcendo a teologia da Santa Igreja Católica Apostólica Romana. Um conhecido e respeitado sacerdote cujo nome não considero necessário expor aqui, escreveu a alguns meses atrás:

“Não tem que ser tudo por Maria. Se fosse assim Jesus não teria ensinado o “Pai Nosso” lá Ele manda falar diretamente com o Pai. E também diz que se deve pedir no nome Dele. Em nenhum lugar está escrito que deus concede tudo por meio de Maria, ou que devemos sempre falar no nome dela. No de Jesus, sim! Eu disse que há católicos que negam o lugar de Maria como a mais excelente seguidora de Jesus e a primeira cristã; mas também há católicos que de tal maneira a exaltam que exageram seu papel. Eu disse que pode haver Maria de mais e Maria de menos nas igrejas.

“Tais palavras deste sacerdote se contrapõe aos ensinamentos dos dois maiores teólogos católicos que escreveram à respeito da Virgem Santíssima. Falo aqui de Santo Afonso Maria de Ligório (doutor da Santa Igreja) e São Luiz Maria Montfort (autor do famoso Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem).

Santo Afonso Maria de Ligório, à respeito da Mediação da Virgem Santíssima, escreveu : “Que seja Jesus Cristo o único Mediador de justiça, a reconciliar-nos com Deus, pelos seus merecimentos, quem o nega? Não obstante isto, compraz-se Deus em conceder-nos suas graças pela intercessão dos santos e especialmente de Maria, sua Mãe, a quem tanto deseja Jesus ver amada e honrada. (…) O que, porém, temos em vistas provar é que esta intercessão é também necessária à nossa salvação. Necessária sim, não absoluta, mas moralmente falando, como deve ser. A origem desta necessidade está na própria Vontade de Deus, o qual pelas mãos de Maria quer que passem todas as graças que nos dispensa. (…) Querendo exaltá-la de um modo extraordinário, determinou por isso o Senhor que por suas mãos hajam de passar e sejam concedidas todas as mercês dispensadas às almas remidas. (…) Não há dúvida, confessamos que Jesus Cristo é o único medianeiro de justiça, porque por seus méritos nos obtém a graça e a salvação. Mas ajuntamos que Maria é medianeira de graças, e como tal pede por nós em nome de Jesus Cristo e tudo nos alcança pelos méritos dele. Assim, pois, a intercessão de Maria, devemos de fato, todas as graças que solicitamos. (…) Assim o demônio envida todos os esforços para acabar com a devoção a Mãe de Deus nas almas. Pois, cortado esse canal de graças, muito fácil lhe torna a conquista.” (Glória de Maria, cap. V) E acrescenta: “É impossível a tão benigna Rainha ver a necessidade de uma alma, sem ir em seu auxílio. Esta grande compaixão de Maria para com nossas misérias a leva a nos socorrer e consolar, mesmo quando não a invocamos. É o que mostrou durante sua vida, nas bodas de Caná. (…) Se Maria é tão pronta em ajudar, mesmo sem ser rogada, quanto mais o será para consolar que a invoca e a chama em seu auxílio?” (“Glórias de Maria”, cap. IV)

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São Luiz Montfort confirma isso dizendo: “Dom nenhum é concedido aos homens que não passem por suas mãos virginais. Tal é a vontade de Deus, que tudo tenhamos por Maria, e assim será enriquecida, elevada e honrada pelo Altíssimo aquela que em toda a vida quis ser pobre, humilde, e escondida até o nada.” (Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem, 25) “Nosso Senhor é nosso advogado e medianeiro de redenção junto de Deus Pai; é por intermédio Dele que devemos rezar. (…) Temos necessidade de um medianeiro junto do Medianeiro por excelência, e Maria Santíssima é a única capaz de exercer essa função admirável. Por ela Jesus veio a nós, e por ela devemos ir a Ele. Se receamos ir diretamente a Jesus Cristo Deus, em vista da sua grandeza infinita, ou por causa da nossa baixeza, ou, ainda, devido a nossos pecados, imploremos afoitamente o auxílio e a intercessão de Maria nossa Mãe. (…) Temos três degraus a subir para chegar a Deus: o primeiro, mais próximo de nós e mais conforme a nossa capacidade, é Maria; o segundo é Jesus Cristo; e o terceiro é Deus Pai. Para ir a Jesus é preciso ir a Maria, pois ela é a medianeira de intercessão. Para chegar ao Pai eterno é preciso ir a Jesus, que é nosso medianeiro de redenção.” (Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem, 83-86)

Outros santos doutores da Igreja e Papas também confirmam isso: “O Filho atenderá Sua Mãe e o Eterno Pai ouvirá Seu próprio Filho: eis o fundamento de toda a nossa esperança.” (São Pedro Canísio, século XVI, santo doutor da Igreja) “Todos os dons, todas as graças espirituais que por Cristo, como cabeça, descem para o corpo, passam por Maria que é como a coluna desse Corpo Místico.” (São Roberto Belarmino, século XVI, bispo e santo doutor da Igreja) “Toda a graça concedida ao mundo segue esta tríplice gradação: de Deus a Jesus cristo, de Jesus Cristo à Santíssima Vrigem, da Santíssima Virgem aos homens: tal é a ordem maravilhosa de sua disposição.” (Papa Leão XIII, 1891, na encícica Octobri Mense)

Como não lembrar aqui do que São Luiz Maria Montfort escreveu à respeito do que ele chama de “devotos escrupulosos”? Assim ele escreve: “Os devotos escrupulosos são aqueles que receiam desonrar o Filho, honrando a Mãe, e rebaixá-lo se a exaltarem demais. Não podem suportar que se repitam à Santíssima Virgem aqueles louvores justíssimos que lhes teceram os Santos Padres; não suportam sem desgosto que a multidão ajoelhada aos pés de Maria seja maior que ante o altar do Santíssimo Sacramento, como se fossem antagônicos, e como se os que rezam à Santíssima Virgem não rezassem a Jesus Cristo por meio dela. Não querem que se fale tão frequentemente da Santíssima Virgem, nem que se recorra tantas vezes a ela. Algumas frases eles a repetem a cada momento: “Pra que tantos terços, tantas confrarias e devoções exteriores à Santíssima Virgem? Vai nisso muito de ignorância! É fazer da religião uma palhaçada. Falei-me, sim, dos que são devotos de Jesus Cristo; cumpre recorrer a Jesus Cristo, pois é ele o único medianeiro; é preciso pregar a Jesus Cristo, isto sim é sólido!” Em certo sentido é verdade o que eles dizem. Mas, pela aplicação que lhes dão, é bem perigoso e constitui uma cilada sutil do maligno, sob o pretexto de um bem maior, pois nunca se há de honrar mais a Jesus Cristo do que honrando a Santíssima Virgem, desde de que a honra que se preste a Maria não tenha outro fim do que honrar mais perfeitamente a Jesus Cristo, e que só se vai a ela como ao caminho para

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atingir o termo que é Jesus Cristo.” (Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem, 94) Palavras que recebem uma confirmação do saudoso Papa João Paulo II, quando afirma: “Num primeiro tempo tinha-me parecido que deveria afastar-me um pouco da devocação mariana da infância, a favor do cristocentrismo. Graças a S. Luis Grignion de Montfort compreendi que a verdadeira devoção à Mãe de Deus é, pelo contrário, cristocêntrica.” (“Cruzando o limiar da esperança”).

Seguindo o mesmo caminho de Santo Afonso Maria de Ligório, São Luiz Maria Montfort, Papa João Paulo II e tantos outros, renuncio a todo escrúpulo em venerar a Virgem Santíssimo, e A venero verdadeiramente como Mãe de Deus e Medianeira de todas graças! Francisco Dockhorn, 28 de agosto de 2006

DOCKHORN, Francisco. A Mediação da Virgem Santíssima. Disponível em: <Reino da Virgem Maria>

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Maria, Mãe de Deus ou de Jesus? POR: APOSTOLADO SPIRITUS PARACLITUS | QUI , 16 DE DEZEMBRO DE 2010

“A Virgem Maria não é a Mãe de Deus, como dizem os protestantes. Ela é a mãe de Jesus Cristo”.

Se isto é o que eles acreditam, então eles criaram vários erros.

1. Em (João 1,1) diz o seguinte,” No princípio era o Verbo, e o Verbo estava junto de Deus e o Verbo era Deus” e em (João 1,14) diz: ” E o Verbo se fez carne e habitou entre nós” Estes dois versos dizem que Deus foi feito carne. A substância da carne de Deus na segunda pessoa, que é Jesus Cristo, veio de onde? Veio de Maria!

2. Quantas pessoas é Jesus Cristo? Uma ou duas? Para acreditar que Maria só deu à luz a Jesus Cristo humano, os protestantes estão dividindo Jesus Cristo em dois, um Jesus humano e um Jesus Divino. Aí está um erro doloroso. Para provar ao contrário, é só conferir na própria Bíblia, em (Filipenses 2,5-7) onde notamos um Deus que é um homem, é também um homem que é Deus. Jesus Cristo é um, e não dois. Lembremo-nos também quando Tomé chama Jesus de”Meu Senhor e meu Deus”, (João 20,28) .

3. Os protestantes ao negar Maria como Mãe de Deus, estão refutando(Lucas 1, 43) da qual, Isabel fala com as palavras dada a ela pelo Espírito Santo.“Donde me vem esta honra de vir a mim a mãe de meu Senhor?”

É importante deixar bem claro que Maria gerou o Homem – Deus(Romanos 9,5) “e todos os Anjos o adoram” (Hebreus 1,6). Maria é, realmente, mãe de Jesus Cristo, homem e Deus, conforme o testemunho da Escritura(Gálatas 4,4). Ela torna-se a mãe da pessoa de Jesus, na plenitude de seu ser humano e divino. Por exemplo: Jesus não disse ao filho da viúva: ”a parte de mim que é Divina te diz: Levanta-te! ” Jesus fala simplesmente ”Eu te digo: Levanta-te”. Na cruz, Jesus não disse: ”minha natureza humana tem sede” mas exclama:”tenho sede”.

Podemos e devemos chamar a Virgem Maria ”Mãe de Deus” porque o termo da maternidade não é a natureza, mas a pessoa. E a Pessoa em Cristo é a 2ª da Santíssima Trindade, o Filho. Em Maria se realiza, pois este mistério: ser Ela “Mãe de Deus e de Deus filha. Ela participa do mistério do seu Filho, que é Deus e Homem ao mesmo tempo.

Assim como (Gênesis 3,2-7) apresenta a mulher (Eva) envolvida com o tentador e o pecado para a ruína do gênero humano, assim (Gênesis 3,15)apresenta a mulher (Eva feita Mãe da Vida por excelência ou Eva plenamente realizada em Maria) intimamente associada ao Messias na obra de Redenção do gênero humano. Assim a mulher (Eva, Mãe da Vida), que introduziu o pecado no mundo, será também a introdutora da Salvação ou do Salvador no mundo. O papel de Eva é recapitulado por Maria.

Eva é portadora da desobediência e da morte com o seu ”não” a Deus; Maria, ao contrário, traz a fé, alegria e a vida com o seu ”sim”. O Anjo mau falou à

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mulher infiel a Deus, o Anjo Gabriel falou à mulher fiel a Deus; no primeiro caso, a mulher colabora para a morte; no segundo caso, a mulher (a nova Eva, a verdadeira Mãe da vida) colabora para a vida.

“Podemos assim dizer que Maria é o templo do Senhor, o Sacrário do Espírito Santo. O tabernáculo e a Arca da Aliança, são figuras da Virgem Maria. Ela é o sacrário vivo do Espírito Santo, porque se tornou a Mãe do verbo Encarnado. Basta percorrer as páginas das Escrituras para ver que Deus não habita no meio do pecado”.

Portanto, Maria foi pensada, amada e predestinada para ser o templo do Espírito Santo e Mãe do Deus Encarnado.

Se Maria fosse somente um instrumento ou uma mulher comum, como se afirma no protestantismo, o próprio demônio poderia se apresentar a Jesus e dizer: ”Onde está sua honra e sua glória?”

Sem sombra de dúvidas, a Bíblia a Tradição e o Magistério da Igreja, deixa bem claro que a Virgem Maria é Mãe de Deus. É claro que não podemos esquecer que, Ela não é Mãe de Deus na Primeira Pessoa, e sim na segunda Pessoa que é Jesus Cristo.

Autor: Jaime Francisco Moura

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O fim dos “evangélicos”? POR: APOSTOLADO SPIRITUS PARACLITUS | SAB , 06 DE AGOSTO DE 2011

O presente artigo visa desmascarar a lenda de que “crescem” as seitas protestantes, evangélicas, crentes, ou seja lá como gostam de serem chamadas.

Presidente da sociedade teológica evangélica retorna à Igreja Católica:

WASHINGTON DC, 08 Mai. 07 (ACI).- Francis Beckwith renunciou esta semana a seu cargo de Presidente da Sociedade Teológica Evangélica (ETS). O motivo: retornou à Igreja a Católica onde cresceu e que abandonou para abraçar o protestantismo. Beckwith relata que começou sua volta à fé em que cresceu, quando decidiu ler alguns bispos e teólogos dos primeiros séculos da Igreja. “Em janeiro, por sugestão de um amigo querido, comecei a ler os Padres da Igreja assim como alguns trabalhos mais sofisticados sobre a justificação em autores católicos. Comecei a convencer-me que a Igreja primitiva é mais católica que protestante e que a visão católica da justificação, corretamente compreendida, é bíblica e historicamente defensável”. Por isso, em 28 de abril passado recebi o sacramento da Confissão”. http://www.acidigital.com/noticia.php?id=9899

Igreja Católica para de perder fiéis no Brasil:

Para a desgraça geral dos evangélicos, mais recentemente, pouco antes da vinda do Papa Bento XVI, em 2007, a Fundação Getúlio Vargas divulgou em pesquisa, que: A Igreja Católica parou de perder fiéis no Brasil. Na década de 1990, o número diminuía cerca de 1% a cada ano. A partir de 2000, não houve mais queda. http://g1.globo.com/Noticias/Economia/0,,MUL30239-5599,00.html

As pesquisas do IBGE acontecem a cada 10 anos, veja que contrariando a falsa notícia de que o número de católicos é cada vez menor, provamos que o número de católicos, é, e sempre foi, cada vez maior que na pesquisa da década anterior, confira:

Segundo o IBGE, em 1940 no Brasil havia 39,2 Milhões de católicos; em 1950, 48,6 Milhões; em 1960, 65,3 Milhões; em 1970, 85,5 Milhões; em 1980, 105,9 Milhões; em 1991, 121,8 Milhões; em 2003, 139,24 Milhões. Este é todo compêndio de pesquisas feita desde 1940 pelo IBGE. (Fonte: IBGE).

Nos USA cai vertiginosamente o número de evangélicos e cresce o de católicos:

Um estudo feito pelo instituto Gallup indicou que, desde a Segunda Guerra Mundial, o número de católicos subiu de 20% para 27% da população norte-americana, enquanto os protestantes diminuíram de 69% para 59% e os judeus caíram de 5% para 1%.>> http://www2.correioweb.com.br/cw/EDICAO_20020425/pri_Rel_250402_275.htm

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O número de católicos nos Estados Unidos ultrapassa o de evangélicos no Brasil:

No maior país evangélico do mundo, que são os Estados Unidos, os católicos lá, conta 66 milhões e 400 mil católicos, com um incremento anual de 2%, índice igual ao crescimento demográfico. Este número é quase três vezes o número de evangélicos aqui no Brasil, e nunca os católicos, pilheriaram dizendo que os Estados Unidos são uma “nação católica”. (Fonte:http://www.veritatis.com.br/article/2879 )

O papa João Paulo fez crescer o número de católicos no Brasil e no mundo:

Veja a evolução do número de católicos no Brasil e no mundo, conforme dados da ONU e IBGE: quando João Paulo II iniciou seu pontificado, a Igreja Católica tinha 757 milhões de católicos, ao fim de seu pontificado tem 1 Bilhão e 98 milhões de católicos. Nos Estados Unidos o número de Católicos saltou para 74 milhões (esse número é quase três vezes maior que o número de evangélicos no Brasil). No Brasil, quando o Papa João Paulo II assumiu, em 1978, tinha 85,5 milhões, agora tem 125 milhões de católicos. O Papa ampliou a presença da Igreja de 110 para 180 países. (Fontes: IBGE, ONU).

Outra notícia espetacular acaba de ser divulgada:

Cresce número de católicos no mundo: http://tribunadonorte.com.br/noticia.php?id=34690

Escândalos de padres desviados não afastam fiéis nos Estados Unidos. A Igreja Católica cresce e o protestantismo definha:

Noticiou o jornal O Correio: Os vários casos de padres pedófilos não interromperam o aumento na quantidade de fiéis da Igreja de Roma nos Estados Unidos. Segundo dados do Vaticano, o país tem hoje mais de 74 milhões de católicos. Um estudo feito pelo instituto Gallup indicou que, desde a Segunda Guerra Mundial, o número de católicos subiu de 20% para 27% da população norte-americana, enquanto os protestantes diminuíram de 69% para 59% e os judeus caíram de 5% para 1%.

http://www2.correioweb.com.br/cw/EDICAO_20020425/pri_Rel_250402_275.htm

Diz site evangélico: “Há algo errado com o povo chamado evangélico”

http://www1.uol.com.br/bibliaworld/igreja/mensag/droch010.htm

Outro site evangélico questiona: “o que aconteceu com os evangélicos?”

Quando Paulo Romeiro escreveu ‘Evangélicos em Crise’ em meados da década de 90, ele apenas tocou em uma das muitas áreas em que o

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evangelicalismo havia entrado em colapso no Brasil: a sua incapacidade de deter a proliferação de teologias oriundas de uma visão pragmática e mercantilista de igreja, no caso, a teologia da prosperidade. Fica cada vez mais claro que os evangélicos estão atualmente numa crise muito maior, a começar pela dificuldade – para não falar da impossibilidade – de ao menos se definir hoje o que é ser evangélico. (Augustus Nicodemus Lopes). http://tempora-mores.blogspot.com/2006/03/o-que-aconteceu-com-os-evanglicos.html

Católicos partem para ser maioria na Inglaterra

LONDRES, 2007-02-16 (ACI).- Os católicos no Reino Unido aumentam cada dia mais, devido à intensa imigração dos últimos anos, sobre tudo dos países do leste europeu como a Polônia, e poderiam chegar a superar o número de anglicanos no país. Assim o assinala um relatório do instituto Von Hugel, de Cambridge, que foi publicado ontem no jornal The Times, segundo o qual as paróquias católicas vêem crescer fortemente o número de fiéis. Enquanto em alguns lugares, a Igreja Católica respondeu positivamente a esse fenômeno, em outros se viu “afligida” pela magnitude do desafio que representa a maciça afluência de novos fiéis, explica o relatório. http://www.cleofas.com.br/virtual/texto.php?doc=ESCOLA&id=esc0095#11

Grupo de anglicanos solicita ingressar “em massa” à Igreja Católica: http://www.acidigital.com/noticia.php?id=11760

Luteranos finlandeses querem voltar ao catolicismo:

Os Luteranos finlandeses manifestaram a intenção de fazer parte da Igreja Católica. Após o apelo à unidade lançado por Bento XVI na sua primeira viagem do Pontificado, a Bari, o Bispo luterano de Helsínquia explicou que a verdadeira intenção de Martinho Lutero “não era fundar uma nova Igreja, mas renová-la”.

D. Eero Huovinen, que também participou no Congresso Eucarístico Nacional Italiano de Bari, afirmou à Agência Ecclesia que “nós, os Luteranos finlandeses, queremos fazer parte da Igreja Católica de Cristo”, numa declaração de intenções que poderá ter consequências nos próximos tempos.

Uma delegação desta Igreja visita todos os anos o Vaticano por ocasião da Festa de S. Henrique, patrono do país. “Junto com os irmãos e irmãs católicos, rezamos para poder ser uma só carne em Cristo”, conclui D. Huovinen, líder da Igreja a que pertencem cerca de 85% dos finlandeses. Fonte: Jaime Francisco de Moura – CN em 26 Maio de 2005./Zenit/. http://www.pime.org.br/noticias2005/noticiasfinlandia1.htm

Converte-se ao catolicismo o maior espalhador de calúnias contra a Igreja:

Dr. Scott Hahn ex-pastor presbiteriano, hoje é professor na Franciscan University of Steubenville – Ohio. Tornou-se um dos maiores pregadores católicos dos EUA. Ele foi um ferrenho aliciador de jovens católicos para o

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protestantismo, tendo distribuído inúmeras cópias do livro Roman Catholicism, de Loraine Boettner , conhecido como a bíblia do anti-catolicismo, mais de 450 páginas contendo todo o tipo de distorções e mentiras sobre a Igreja Católica. O cd do seu testemunho de conversão atingiu o maior número de cópias distribuídas em todos os tempos. O seu testemunho pode ser acessado pelo site: www.chnetwork.org/scotthconv.htm ou em português no site: http://geocities.yahoo.com.br/jf_m2001/134.htm

Grande grupo de pastores se converte ao catolicismo:

A revista norte-americana Sursum Corda Special Edition 1996, noticiou que nos últimos anos, cinqüenta pastores protestantes se converteram ao Catolicismo, sendo que outros mais estão a caminho da Igreja Católica. O artigo respectivo, da autoria de Elizabeth Althau, tem por título Protestant Pastors on the Road to Roma, (pp. 2-13).

Alan Stephen Hopes, “ex-pastor” e “bispo” Anglicano, convertido ao Catolicismo, foi nomeado Bispo auxiliar de Westminster por João Paulo II, após ter sido padre por vários anos. (Para ver os testemunhos destes “ex-pastores” e outros mais, leiam o livro: “Por que estes ex-protestantes se tornaram Católicos”. Editora ComDeus – São José dos Campos. Pedidos: http://www.apologeticacatolica.cjb.net/

TV católica está convertendo os norte-americanos:

Marcus Grodi – ex-pastor presbiteriano convertido ao catolicismo, nos Estados Unidos, tem um programa às segundas-feiras, às 20h, na televisão EWTN (católica) com uma ótima audiência, no qual sempre entrevista um ex-protestante convertido. Muitos ligam durante o programa para perguntar algo e terminam dizendo que já estão se convertendo. Saltou para 74 Milhões o número de católicos nos Estados Unidos, esse número é quase três vezes maior que o de evangélicos no Brasil.

Para constatar a corrida dos evangélicos para a Igreja Católica de Jesus Cristo, consulte o Livro: “Porque estes ex-protestantes se tornaram católicos! “ Autor: Jaime Francisco de Moura Editora COMDEUS Págs: 52-54.

Essa foi ótima:

Ex-protestante convertido aponta 150 razões por ter virado católico: http://www.cot.org.br/igreja/150-razoes-porque-me-tornei-catolico.php

Outra notícia maravilhosa: Igreja Pentecostal Maranata decide se tornar católica:

Acesse:http://br.geocities.com/jf_m2001/31.htm , e veja os testemunhos fantásticos do pastor, de sua família e dos ex-protestantes dessa igreja, que viraram católicos depois de descobrir qual a verdadeira igreja de Cristo.

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Em meio a estas notícias espetaculares para os católicos, os sites evangélicos confessam:

Igrejas evangélicas “pedem socorro”, com tanto “pastor” pornográfico.

http://salmo127.spaces.live.com/blog/cns!DA18AB0ED4BE5EA0!513.entry “64% dos pastores evangélicos e evangélicos são pornográficos e 25% são adulteros:

Patrick Means, em seu livro Men’s Secret Wars (As Guerras Secretas dos Homens), numa pesquisa entre os “evangélicos” destaca: 64 por cento dos “pastores evangélicos” e leigos têm problemas com vício sexual, inclusive pornografia e outras atividades sexuais secretas. Especificamente, 25 por cento confessaram ter cometido adultério depois de casados e depois de se tornarem “evangélicos”. Diz o Artigo de Julio Severo, no site evangélico: http://www.jesussite.com.br/acervo.asp?id=853

Na Europa e nos USA já estão vendendo as igrejas evangélicas:

Já aflorou até uma liquidação de venda de igrejas protestantes. Na página http://www.property.org.uk/unique/ch.html é possível ver várias. Algumas já foram convertidas em residências particulares ou hotéis.

Na Suécia, Dinamarca, Grã-Bretanha, Alemanha e Holanda, dezenas de templos protestantes, foram convertidos em bancos, supermercados, museus e repúblicas estudantis em razão da perda de fiéis e dos escassos meios econômicos.

Enquanto isso, o Islã espera converter-se na segunda religião na próxima década, logo atrás do Catolicismo. As confissões alemãs precisam de dinheiro para manter sua burocracia; no entanto, este dinheiro torna-se escasso em razão da diminuição de fiéis e paralisação econômica, fatores que repercutem no chamado imposto religioso, isto é, uma quantidade que o Estado retira dos cidadãos e repassa para a igreja a que pertence cada contribuinte. Por isso, os pastores têm optado pela venda dos templos. Na Alemanha, berço do protestantismo, 50% dos alemães já não crêem em Deus. (Fontes consultadas: La Razón – 21.01.2004), (Instituto Emnid), (Popular/Quentinhas do site Terra 31/01/2006).

Depois de experimentar o enxofre das seitas, como o filho pródigo, voltam os dispersos a casa do Pai.

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Caçadores de mitos: mitos sobre a Igreja Católica POR: MENDES SILVA | TER , 01 DE FEVEREIRO DE 2011

Aqui estão algumas coisas usadas pelas seitas para fazer proselitismo aos ‘católicos ignorantes’ para seu rebanho. Tenho que agradecer pelo blog Cross the Tiber pela publicação desses mitos sobre a Igreja Católica.

• Como os católicos rejeitam a tradição da sola fide (‘somente pela fé ‘), eles acham que podem trabalhar seu caminho para o Céu e acreditam que são salvos pelas obras. ERRADO

• Os católicos pensam que o papa não peca. ERRADO

• Os católicos crucificam Cristo a cada missa (ou pelo menos pensam que sim). ERRADO

• Os católicos pensam que Maria é parte da Divindade e deve ser adorada. ERRADO

• Os católicos adoram imagens. ERRADO (pela milésima vez) ERRADO

• Os católicos pensam que não podem orar a Deus diretamente, mas tem que passar por santos. ERRADO

• Os católicos invocam os mortos. ERRADO

• A Igreja Católica ensina que quem não é católico é condenado ao Inferno. ERRADO

• As Cruzadas são um exemplo de agressão católica. ERRADO

• A Inquisição matou centenas de milhares de pessoas e judeus. ERRADO

• O Papa Pio XII foi o ‘Papa de Hitler’ e não fez nada para ajudar os judeus durante a Segunda Guerra. ERRADO

• A Igreja Católica não existia até a época de Constantino, um pagão que controlava a Igreja. ERRADO

• A Igreja Católica fez mais do que cristianizar feriados pagãos, ela é pagã em suas raízes. ERRADO

Se você acredita em qualquer um dos mitos acima, eu imploro que pesquise. Para questões doutrinárias, pesquise sobre o que realmente a Igreja ensina. É a única coisa certa a fazer. Por questões históricas, pesquise de forma equilibrada e objetiva de fontes acadêmicas a partir de uma variedade de fontes (incluindo católicas).Enquanto isso, vamos olhar algumas falácias lógicas comuns que são frequentemente usadas em ataques contra o catolicismo:

Generalização: ‘Eu conheço um católico / ex-católico (ou eu era um católico), que é (quer dizer, um bêbado, não santo, não gosta da Igreja, supersticioso, não conhece a Bíblia, não têm um profundo relacionamento com Jesus, etc) e, portanto, os ensinamentos da Igreja Católica estão errados’. (Ignora o fato de que uma má formação de catequese, mal-entendidos, ou outras deficiências de alguns católicos não refletem sobre o que ensina a Igreja Católica)

Bifurcação: ‘Se a Igreja Católica não ensina que é somente a fé que salva, então ela deve ensinar que os homens são salvos por suas próprias obras.’ (Ignora que ensinam que somos salvos somente pela graça – uma graça com a qual devemos cooperar através da ‘fé que opera no amor’)

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Cum hoc ergo propter hoc (com isso, pois por causa disso): o ‘solstício de inverno é no dia 21 de dezembro; o Natal é no dia 25 de dezembro, portanto, o Natal é uma festa pagã’ (ignora o fato de que existem apenas 365 dias para escolher em um ano e que os Padres da Igreja primitiva tinha boas razões para escolher essa data. Também ignora que o ‘Dia da Reforma’ protestante é comemorado em 31 de Outubro, a festa pagã do Samhain.) [e no 27 de julho é comemorado o nascimento de INC - admin.]

Post hoc ergo propter hoc (depois disso, pois por causa disso): ‘Constantino deve ter sido a verdadeira fonte dos ensinamentos da Igreja Católica porque depois de seu reinado, a Igreja cresceu tremendamente, e antes de seu reino não era tão conhecida’ (ignora o simples fato de que Constantino apenas parou a perseguição dos cristãos com a Edito de Milão, e o cristianismo se espalhou desde então. Também ignora os escritos dos Padres da Igreja que viveram antes de Constantino -.. e que eram católicos)

Homem de palha: ‘Você adoram imagens, e isso é errado. Portanto, sua religião é satânica’. (Ignora o fato de que nós não adoramos estátuas) Agora que vocês estão equipados com a armadura completa, armai-vos com o escudo da oração, fé, conhecimento e sabedoria contra as ciladas do INIMIGO. Vamos, católicos, levantem a nossa fé que nos foi entregue por nossos PAIS que receberam DIRERAMENTE das mãos de nosso Senhor Jesus Cristo e tenhamos certeza de que, nele, estamos no caminho certo. Isso é porque nós estamos na Igreja certa – a Una, Santa, Católica e Apostólica Igreja de Cristo, que o próprio Cristo construiu sobre São Pedro (Cefas) em 33 d.C..

Extraído de http://sentircomaigreja.blogspot.com/search?q=imagens#ixzz1BSgEW5Xl. Caçadores de mitos: mitos sobre a Igreja Católica. [Traduzido por Emerson de Oliveira]. Fonte original em: http://catholicdefender2000.blogspot.com

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150 razões porque me tornei católico

Depois de se enveredar na busca pela verdade, Dave Armstrong é recebido na Igreja Católica, em 1992 junto com sua esposa Judy. Eis alguns motivos porque deixou o protestantismo.

1. A Igreja católica oferece a única visão coerente da história do Cristianismo (Tradição Cristã, Apostólica) e possui a moralidade cristã mais profunda e sublime: espiritual, social moral, e filosófica.

2. Eu me tornei um católico porque acredito sinceramente, em virtude de muita prova cumulativa, que o Catolicismo é a verdade, e que a Igreja católica é a Igreja visível divina estabelecida por Jesus contra o qual as portas do inferno não podem e não prevalecerão (Mt 16,18).

3. Eu deixei o Protestantismo porque era seriamente deficiente na interpretação da Bíblia "somente a fé". É inconsistente na adoção de várias Tradições católicas (por exemplo, o Cânon da Bíblia, falta uma visão sensata da história Cristã. Chegou a um acordo moralmente anárquico e relativístico. Essas são algumas das deficiências principais que eu vi eventualmente como fatal para a "teoria" do Protestantismo).

4. O Catolicismo não é dividido formalmente, nem é sectário (Jo 17, 20-23) (Rm 16, 17) (1 Cor 1, 10-13).

5. A Unidade católica faz o Cristianismo e Jesus mais acreditáveis para o mundo (Jo 17, 23).

6. Por causa do Catolicismo se unificou, a visão Cristã completamente do sobrenatural.

7. O Catolicismo evita um individualismo que arruína a comunidade Cristã (1 Cor 12, 25- 26).

8. O Catolicismo evita o relativismo teológico, por meio da certeza dogmática, que é centralizada no papado.

9. O Catolicismo evita anarquismo doutrinário, impedindo assim a divisão do verdadeiro Cristianismo.

10. O Catolicismo formalmente previne o relativismo teológico que conduz às incertezas dentro do sistema protestante.

11. O Catolicismo rejeita a "Igreja Estatal" que conduziu os governos a dominar politicamente o Cristianismo.

12. Protestantes de Igrejas Estatais influenciaram a elevação do nacionalismo que mitigou contra a igualdade e o Cristianismo universal.

13. A Cristandade católica unificada - antes do século XVI não tinha sido infestada pelas trágicas guerras religiosas.

14. O Catolicismo retém os elementos do mistério, do sobrenatural e do sagrado no Cristianismo, se opondo assim à secularização onde a esfera do religioso em vida se torna muito limitada.

15. O individualismo protestante conduziu à privatização do Cristianismo, por meio do que é pouco respeitado em vida de sociedade e política, deixando o "quadro público" estéril de influência Cristã.

16. A falsa dicotomia secular protestante conduziu cristãos a se comprometerem, em geral, com políticas vazias. O Catolicismo oferece um vigamento no qual chega a responsabilidade estatal e cívica.

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17. O Protestantismo se apóia muito em meras tradições de homens (toda denominação origina da visão de um fundador. Assim que dois ou mais destes se contradizem um ao outro, o erro está presente).

18. Igrejas protestantes, de um modo geral, são culpadas em colocar os pastores num pedestal muito alto. Por causa disso, congregações evangélicas experimentam uma severa crise, dividindo-se em outras quando um pastor vai embora, provando-se que suas filosofias e doutrinas são centradas no homem, em lugar de Deus.

19. O Protestantismo, devido à falta da real autoridade e estrutura dogmática, vem se diluindo a cada dia, surgindo então milhares e milhares de denominações. Existem hoje, 33.800 denominações religiosas, cada uma ensinando coisas opostas às outras.

20. O Catolicismo retém a Sucessão Apostólica, necessária para saber o que é a verdadeira Tradição Apostólica. Era o critério da verdade usado pelos primeiros Cristãos.

21. Muitos protestantes levam uma visão escura em geral da história Cristã, especialmente os anos de 313 (a conversão de Constantino) para 1517 (a chegada de Lutero). Essa ignorância e hostilidade conduzem ao relativismo teológico, ao anticatolicismo, e a um constante processo desnecessário de "reinventar a roda".

22. O Protestantismo no início era anticatólico e permanece assim até os dias atuais. Isso está obviamente errado e é antibíblico. O Catolicismo realmente é Cristão (se não é, então - logicamente – o Protestantismo que herdou a teologia do Catolicismo também não é). Por outro lado, a Igreja católica não é antiprotestante.

23. A Igreja católica aceita a autoridade dos grandes Concílios Ecumênicos (At 15) o qual definido, desenvolveu a doutrina Cristã e os demais concílios.

24. A maioria dos protestantes não tem bispos, uma hierarquia Cristã que é bíblica (1 Tm 3,1- 2) e que existiu na história dos primeiros Cristãos e na Tradição.

25. O Protestantismo não tem nenhum modo de resolver assuntos doutrinais definitivamente. A doutrina protestante só leva em conta uma visão individual na Doutrina X, Y, ou Z, não tem nenhuma Tradição protestante unificada.

26. O Protestantismo surgiu em 1517. Então não pode ser possivelmente a "restauração do puro", "primitivo" Cristianismo, desde que isso está fora de governo, pelo fato de seu absurdo recente aparecimento. O Cristianismo tem que ter continuidade histórica ou não é Cristianismo. O Protestantismo necessariamente é um "parasita" do Catolicismo.

27. A noção protestante da "igreja invisível" também é moderna na história do Cristianismo e estranho à Bíblia (Mt 5,14; 16,18), então é falso.

28. Quando os teólogos protestantes falam do ensino do Cristianismo primitivo (por exemplo, ao refutar "cultos"), eles dizem "a Igreja ensinada". . . mas quando eles recorrem ao presente, eles instintivamente se contêm de tal terminologia, como autoridade pedagógica universal que só reside na Igreja católica.

29. O princípio protestante de julgamento privado criou um ambiente (especial na América protestante) no qual invariavelmente o homem

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centralizou "cultos" como as Testemunhas de Jeová, Mormonismo, Ciência Cristã etc.

30. A falta de uma autoridade pedagógica definitiva no protestantismo (como no magistério católico) faz muitos protestantes individuais pensarem que eles têm uma linha direta com Deus. Basta uma Bíblia, o Espírito Santo e uma mentalidade individual. Não têm nenhuma segurança e garantia em dizer que são "infalíveis" sobre a natureza do Cristianismo.

31. As "técnicas" de evangelismo são freqüentemente inventadas e manipuladas, certamente não derivaram diretamente do texto da Bíblia. Algumas técnicas se igualam e se assemelham à lavagem cerebral.

32. O evangelho orado por muitos evangelistas protestantes e pastores é truncado e abreviado, é individual e diferente do evangelho bíblico como é proclamado pelos Apóstolos.

33. O protestantismo separa profundamente, a vida transformada no arrependimento para uma disciplina radical. "Um próprio ditado" luterano chama isso de "graça barata."

34. A ausência de uma idéia de submissão a uma autoridade espiritual no Protestantismo caiu no meio político onde as idéias de "liberdade" pessoal, "propriedade", e "escolha" tem agora, uma extensão de dever cívico.

35. O Catolicismo retém o senso do sagrado, o sublime, o santo, e o bonito em espiritualidade. As idéias de altar, e "espaço sagrado" são preservadas. Muitas igrejas protestantes são corredores, se encontrando em locais, como "ginásios". A maioria das casas dos protestantes é mais esteticamente notável que suas próprias igrejas. Os protestantes, são viciados freqüentemente pela mediocridade na avaliação de arte, música, arquitetura, drama, imaginação, etc.

36. O Protestantismo negligenciou o lugar da liturgia em grande parte da adoração (com exceções notáveis como Anglicanismo e Luteranismo). Esse é o modo que os cristãos sempre seguiram durante séculos e não pode ser despedido assim ligeiramente.

37. O Protestantismo tende a opor matéria e espírito, enquanto favorecendo o posterior, é um pouco Gnóstico nesta consideração.

38. O protestantismo critica a prática das procissões Católicas, indo contra a Igreja primitiva e a Bíblia (Js 3, 5-6) ( Nm 10, 33-34) ( Js 6,4) (Js 3, 14-16) (Ex 25, 18-21) (Js 4, 4-5) (Js 4, 15-18)

39. O Protestantismo limita ou descrê no sacramentalismo que simplesmente é a extensão do princípio e a convicção de que a matéria pode ser veículo da graça. Algumas seitas (por exemplo, muitos pentecostais) rejeitam todos os sacramentos.

40. Os Protestantes excessivamentes desconfiam da carne ("carnalidade"), freqüentemente caem no fundamentalismo, um legalismo absurdo não podem dançar, jogar cartas, escutar músicas convencionais, etc.

41. Muitos protestantes tendem a separar vida em categorias de "espiritual" e "carnal", como se Deus não fosse Deus de tudo e da vida. Esquecem que os empenhos de todos os pecadores são, no final das contas, espirituais.

42. O Protestantismo removeu a Eucaristia do centro e foco de adoração. Alguns protestantes só observam isto, uma vez mensalmente, ou até mesmo trimestralmente. Isto está contra a Tradição da Igreja Primitiva.

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43. A maioria dos protestantes considera a Eucaristia como um símbolismo que contraria a Tradição Cristã universal até 1517 e a Bíblia (Mt 26, 26-28) (Jo 6, 47-63) (1 Cor 10, 14-22; 11, 23-30), onde estes textos confirmam à Real Presença.

44. O Protestantismo deixou de considerar o matrimônio como um sacramento virtualmente, ao contrário da Tradição Cristã e a Bíblia (Mt 19, 4-5) (1 Cor 7, 14,39) (Efésios 5, 25-33).

45. O Protestantismo aboliu o sacerdócio (Mt 18, 18) e o sacramento da ordenação, ao contrário da Tradição Cristã e da Bíblia (At 6, 1-6; 14,22) (1 Tm 4, 14) (2 Tm 1,6).

46. O Catolicismo retém a noção de Paulo da viabilidade espiritual de um clero celibatário (1 Cor 7, 8; 7, 27 ; 7, 32) (Mt 19,12).

47. O Protestantismo rejeitou o sacramento da confirmação em grande parte. (At 8,18) (Hb 6, 2-4), ao contrário da Tradição Cristã e da Bíblia.

48. Muitos protestantes negaram o batismo infantil, ao contrário da Tradição Cristã e da Bíblia (At 2, 37-39; 16,15; 16, 33; 18,8) (1Cor 1,16) (Cl 2,11-12). O Protestantismo é dividido em cinco acampamentos principais na questão do batismo.

49. A grande maioria dos protestantes nega a regeneração batismal, ao contrário da Tradição Cristã e a Bíblia (Mc 16,16) (Jo 3,5) (At 2,38; 22,16) (Rm 6,3-4) (1 Cor 6,11) (Tt 3,5).

50. Os Protestantes rejeitaram o sacramento de ungir o doente (Extrema Unção Últimos Ritos), ao contrário da Tradição Cristã e da Bíblia (Mc 6,13) (1 Cor 12,9,30) (Tg 5,13-16).

51. O Protestantismo nega a indissolubilidade do matrimônio sacramental e permite divórcio, ao contrário da Tradição Cristã e da Bíblia (Gen 2,24) (Ml 2,14-16) (Mt 5,32) (Mt 19,6,9) (Mc 10,11-12) (Lc 16,18) (Rm 7,2-3) (1 Cor 7,10-14,39).

52. O Protestantismo não acredita que procriação é o propósito primário e benefício do matrimônio (não faz parte dos votos, como no matrimônio católico), ao contrário da Tradição Cristã e da Bíblia (Gn 1,28; 28,3; 127,3-5).

53. O Protestantismo aprova a contracepção, em desafio à Tradição Cristã universal. (Gn 38,8-10; 41,52 (Lv 26, 9) (Dt 7,14) (Rt 4,13) (Lc 1,24-5). Agora, só o Catolicismo retém a Tradição antiga.

54. O Protestantismo principalmente com sua asa liberal, em 1930, aceitou o aborto como uma opção moral, ao contrário da Tradição Cristã universal e da Bíblia. (Ex 20,13) (Is 44,2; 49, 5) (Jr 1,5; 2,34) (Lc 1,15,41) (Rm 13,9-10).

55. O Protestantismo (de denominações largamente liberais) permite mulheres como pastoras (e até mesmo bispos, como no Anglicanismo), ao contrário da Tradição Cristã, teologia protestante tradicional e da Bíblia (Mt 10,1-4) (1 Tm 2,11-15; 3,1-12) Tt 1,6).

56. O Protestantismo , cada vez mais, chega a um acordo formal e oficialmente com o feminismo radical à moda que nega os papéis de homens e mulheres como é ensinado na Bíblia (Gn 2,18-23) (1 Cor 11,3-10) e na Tradição Cristã.

57. Atualmente o Protestantismo nega com freqüência crescente, o papel do marido no matrimônio contrário da Tradição Cristã e da Bíblia (1 Cor

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11,3) (Ef 5,22-33) (Cl 3,18-19). Isso também está baseado em uma relação de igualdade (1 Cor 11,11-12) (Gl 3,28) (Ef 5,21).

58. O Protestantismo liberal (notavelmente o Anglicanismo) ordenou os homossexuais praticantes até mesmo como pastores, permitindo o "matrimônio" entre sí, sendo contrário a antiga Tradição Cristã universal, e à Bíblia (Gn 19,4-25) (Rm 1,18-27) (1 Cor 6,9). O Catolicismo ficou firme na moralidade tradicional.

59. O Protestantismo liberal aceitou métodos críticos" mais altos" de interpretação bíblica que conduzem à destruição da reverência Cristã tradicional.

60. Muitos protestantes liberais jogaram fora várias doutrinas cardeais do Cristianismo, como a Encarnação, Nascimento da Virgem, a Ressurreição Corporal de Cristo, a Trindade, Pecado Original, inferno, a existência do diabo, milagres etc.

61. Os fundadores do Protestantismo negaram, e Calvinistas negam hoje, a realidade da livre vontade humana.

62. O Protestantismo clássico teve uma visão deficiente do passado do Homem, pensando que o resultado era depravação total. De acordo com Lutero, Zwingli, Calvino, o homem poderia fazer só o mal da própria vontade dele, e não teve nenhuma livre vontade para fazer o bem. Ele agora tem uma "natureza de pecado". O Catolicismo acredita que, de um modo misterioso, o homem coopera com a graça que sempre precede todas as boas ações. Retém ainda, a natureza de algum homem bom, embora ele tenha uma tendência para pecar ("concupiscência").

63. O Protestantismo clássico e o Calvinismo de hoje põem Deus como o autor do mal. Eles alegam supostamente que os homens fazem o mal e violam seus preceitos sem ter qualquer vontade livre para fazer. Isso é blasfemo, e torna Deus em um demônio.

64. No Protestantismo e pensamento Calvinista, o homem não tem livre vontade para escolher entre o bem e o mal. Quando eles pecam, é porque Deus os predestinou ao inferno, embora eles não tenham nenhuma escolha!

65. O Protestantismo clássico e o Calvinismo, ensina falsamente que Jesus só morreu para os eleitos

66. O Protestantismo clássico especialmente o Luterano, e o Calvinismo, devido à falsa visão, nega a eficácia e a capacidade da razão humana para conhecer Deus até certo ponto, e opõe isto a Deus e fé, ao contrário da Tradição Cristã e da Bíblia (Mc 12,28) (Lc 10,27) (Jo 20,24-29) (At 1,3; 17,2,17,22-34; 19,8). Os melhores Apologistas protestantes hoje simplesmente voltam atrás para a herança católica de São Tomás de Aquino, Santo Agostinho e muitos outros grandes pensadores.

67. O Pentecostalismo ou Protestantismo carismático coloca muito alto uma ênfase na experiência espiritual, não equilibrando isso corretamente com a lógica, a razão, a Bíblia e a Tradição.

68. Outros protestantes por exemplo, muitos batistas, negam que presentes espirituais como curar estão presentes na idade atual (supostamente eles cessaram com os Apóstolos).

69. O Protestantismo tem visões contraditórias do governo da igreja, pois não possui nenhuma autoridade coletiva, assim, não existe ordem e

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unidade. Algumas seitas reivindicam ter "apóstolos" ou "profetas" entre eles, com todos os abusos de autoridade e poder.

70. O Protestantismo especialmente o pentecostalismo, tem uma fascinação imprópria para o "fim do mundo" muita tragédia humana é o resultado de tais falsas profecias.

71. A ênfase do pentecostalismo conduz a um detrimento de sensibilidades sociais, políticas, éticas e econômicas aqui na terra.

72. O Pensamento protestante separa idéias em acampamentos mais exclusivos e mutuamente hostis, quando na realidade muitas das dicotomias (divisão em dois) são simplesmente complementares em lugar do contraditório.

73. O Protestantismo se contradiz a Bíblia indo contra aos sacramentos. 74. O Protestantismo monta devoção interna e devoção contra a Liturgia. 75. O Protestantismo opõe adoração espontânea para formar suas próprias

orações. 76. O Protestantismo separa a Bíblia da autoridade que Jesus deixou a sua

Igreja. 77. O Protestantismo cria a falsa dicotomia de versões da Bíblia. 78. O Protestantismo é contra a Tradição, sendo que ela é obra do Espírito

Santo. 79. O Protestantismo considera autoridade da Igreja e liberdade individual. 80. O Protestantismo (especialmente Lutero) joga para cima o Velho

Testamento contra o Novo Testamento, embora Jesus não fizesse assim (Mt 5,17-19) (Mc 7,8-11) (Lc 24,27,44) (Jo 5,45-47).

81. O Protestantismo impõe leis para enfeitar sendo inseguras e sem sobrevivência.

82. O Protestantismo cria uma falsa dicotomia entre simbolismo e realidade sacramental (por exemplo, batismo, Eucaristia).

83. O Protestantismo separa o Indivíduo da comunidade Cristã. É só conferir as milhares e milhares de denominações diferentes umas das outras (1 Cor 12,14-27).

84. O Protestantismo descarta a reverência dos santos. A Teologia católica não permite adoração dos santos na mesma moda como é dirigida para Deus. São venerados os santos e são honrados, não adorados.

85. Muitas dianteiras de protestantes pensam que o Espírito Santo só fala com eles, e não com as multidões de cristãos durante 1500 anos antes que o Protestantismo começasse!

86. Falhas no pensamento protestante original conduziram a erros até piores. Por exemplo, a justificação extrínseca, inventada para assegurar a predominância da graça, veio proibir qualquer sinal externo de sua presença ("sola fide ").O Calvinismo com seu Deus cruel, os homens foram virados para uma tal extensão que eles se tornaram unitários (como na Nova Inglaterra). Muitos fundadores de cultos recentes partiram o Calvinismo, por ex: (as Testemunhas de Jeová, Ciência Cristã, O Modo Internacional, etc.).

87. O pentecostalismo obcecado, em moda tipicamente americana, sempre aparece com celebridades (os evangelistas de televisão).

88. O pentecostalismo se apaixona com a falsa idéia de que grandes números em uma congregação (ou crescimento rápido) é um sinal da presença de Deus de um modo especial. Eles esquecem que Deus nos

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chama à fidelidade em lugar de ir para o "sucesso", não estatísticas lisonjeiras.

89. O pentecostalismo enfatiza freqüentemente o crescimento numérico em lugar de crescimento espiritual individual.

90. O pentecostalismo é presentemente obcecado com ego-cumprimento, ego-ajuda, e o egoísmo no lugar de uma tensão Cristã tradicional em sofrer, sacrificar, etc.

91. O protestantismo tem uma visão truncada e insuficiente do lugar de sofrer na vida Cristã. Tudo em "nome-disto-e-reivindicação-daquilo" movimentos dentro do Protestantismo pentecostal estão florescendo, mas não estão em harmonia com a Bíblia, Cristianismo e Tradição.

92. O protestantismo, em geral, adotou uma forma mais capitalista que o Cristianismo. Riqueza e ganho pessoal são buscados mais que piedade, e são vistos como uma prova do favor de Deus, como o puritano, que secularizou o pensamento americano, indo contra a Bíblia e ensinamento Cristão.

93. O protestantismo crescentemente não tolera perspectivas políticas de esquerda em acordo com visões do Cristianismo, especialmente. em seus seminários e faculdades.

94. O protestantismo tolera heterodoxia crescentemente teológica e liberalismo, para tal uma extensão que muitos líderes evangélicos estão alarmados e prediz uma decadência adicional dos padrões ortodoxos.

95. Os pentecostais adotaram visões de Deus sujeitas aos caprichos frívolos do homem e desejos do momento.

96. Também as seitas anteriores aos pentecostais, ensinam totalmente ao contrário da Tradição Cristã e a Bíblia.

97. O evangelho, especialmente na televisão, é vendido da mesma forma que McDonalds vende hambúrgueres. Tecnologia de mercado e técnicas de relações públicas substituíram cuidado da pastoral pessoal e preocupação social em grande parte pelo religioso.

98. "Pecar", em algumas denominações protestantes, crescentemente, é visto como um fracasso psicológico ou uma falta de amor próprio, em lugar da revolta voluntariosa que é contra Deus.

99. O Protestantismo, em todos os elementos essenciais, somente pede emprestado por atacado da Tradição católica ou torce o mesmo. Todas as doutrinas nas quais os católicos e protestantes concordam, são claramente católicas em origem (Trindade, Nascimento da Virgem, Ressurreição, 2ª Vinda, Cânon da Bíblia, céu, inferno, etc.). Qualquer verdade que está presente em cada idéia protestante sempre é derivada do Catolicismo que é o cumprimento das aspirações mais fundas e melhores dentro do Protestantismo.

100. Um dos princípios fundamentais do Protestantismo é a sola scriptura que não é bíblico e também é inexistente até o 16º século. Na própria Bíblia, não se encontra essa palavra, ou outra com o mesmo significado. Porém é uma falsa tradição humana protestante.

101. A Bíblia não contém todos os ensinamentos de Jesus. (Mc 4,33; 6,34) (Lc 24,25-27) ( Jo 16,12-13; 20,30; 21,25) (At 1,2-3). Mesmo assim os protestantes passam por cima dessas passagens dizendo que todo ensinamento de Cristo está registrado nas Escrituras.

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102. A sola scriptura é um abuso da Bíblia. Uma leitura objetiva da Bíblia, conduz a pessoa para a Tradição e a Igreja católica, em lugar do oposto.

103. O Novo Testamento não foi escrito nem recebeu no princípio como a Bíblia, só gradualmente, e o Cristianismo primitivo não poderia ter acreditado na sola scriptura.

104. Tradição não é uma palavra ruim na Bíblia, ela recorre a algo passado de um para outro. A Tradição é falada em (1 Cor 11,2) (2 Ts 2,15, 3,6) (Cl 2,8). Mesmo assim, os protestantes não aceitam a Tradição. Eles confundem tradição humana com a Tradição que os próprios Apóstolos deixaram aos sucessores.

105. A Tradição Cristã, de acordo com a Bíblia, pode ser oral ou escrita (2 Ts 2,15) (2 Tm 1,13-14; 2,2). São Paulo não faz nenhuma distinção entre as duas formas.

106. Em Atos e as Epístolas, muitas coisas da Bíblia eram originalmente orais (por exemplo, todo o ensino de Jesus) - Ele não escreveu nada.

107. Ao contrário de muitas reivindicações protestantes, Jesus não condenou a Tradição. (Mt 15,3,6) (Marcos 7,8-9,13) Ele só condena a tradição humana corrupta, não a Tradição deixada aos 12 Apóstolos.

108. Tradição cristã, apostólica (Lc 1,1-2) (Rm 6,17) (1 Cor 11,23 15,3) (Jd 1,3), ou Tradição Cristã "receptora" acontece em (1 Cor 15,1-2) (Gl 1,9,12) (1 Tess 2,13).

109. Os conceitos de "Tradição", "evangelho", "palavra de Deus", "doutrina", e "a Fé" são essencialmente sinônimas, e tudo é predominantemente oral. (2 Ts 2,15; 3, 6) (1 Ts 2,9,13) (Gl 1,9) (At 8,14). Se Tradição é uma palavra suja,como se afirma no protestantismo, então assim é o "evangelho" e "palavra de Deus!"

110. São Paulo, em (1 Tm 3,15) põe a Igreja sobre a Bíblia como coluna e fundamento da verdade, e como ensina o Catolicismo.

111. Os protestantes defendem a sola Scriptura em (2 Tm 3,16). O Catolicismo concorda em grande parte para estes propósitos, mas não exclusivamente, como no Protestantismo. Secundariamente, quando São Paulo fala aqui de "Bíblia", o NT ainda não existia (não definitivamente durante mais de 300 anos depois dos Apóstolos), assim ele só está recorrendo ao Antigo Testamento. Isto significaria que o Novo Testamento não era necessário para a regra de fé.

112. O Catolicismo mantém a Tradição que é consistente com a Bíblia, até mesmo onde ela é muda em alguns assuntos. Para o Catolicismo, toda necessidade da doutrina não é achada somente na Bíblia, e o princípio do Protestantismo é a Sola Scriptura. Por outro lado, a maioria dos teólogos católicos reivindicam que todas as doutrinas católicas podem ser achadas na Bíblia, em forma de núcleo, ou por uso extenso e conclusão.

113. Estudantes protestantes pensativos mostraram, que uma posição irrefletida da Sola Scriptura pode se transformar em "bibliolatria", quase uma adoração da Bíblia em lugar de Deus que é seu Autor. Esta mentalidade é semelhante à visão muçulmana, onde a revelação para eles, está somente no Alcorão.

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114. O Cristianismo é inevitavelmente histórico. Todos os eventos da vida de Jesus (Encarnação, Crucificação, Ressurreição, Ascensão, etc.) eram históricos, como era a oração dos apóstolos. Então, a tradição de algum tipo, é inevitável, ao contrário de numerosos protestantes míopes que reivindicaram que sola Scriptura aniquila Tradição. Toda negação de uma tradição particular envolve um preconceito (escondido ou aberto) para a própria tradição alternada da pessoa por exemplo, se toda a autoridade da Igreja é rejeitada, até mesmo a autonomia individualista é uma "tradição".

115. A Sola Scriptura não poderia ter sido literalmente verdade, falando praticamente, para a maioria dos cristãos ao longo da história. A Tradição oral, junto com as práticas devotas, os feriados Cristãos, a arquitetura de igrejas a arte sagrada, eram os portadores primários do evangelho durante 1400 anos. Durante todos estes séculos, a Sola Scriptura teria sido considerada como uma abstração absurda e impossível.

116. O Protestantismo diz que a Igreja católica acrescentou à Bíblia.Isto não é verdade porque ela tirou somente as implicações da Bíblia (desenvolvimento da doutrina) e seguiu a compreensão da Igreja primitiva, e que os protestantes subtraíram da Bíblia ignorando grandes porções que sugestionam posições católicas.

117. A Sola Scriptura é o calcanhar de Aquiles do Protestantismo. Invocando somente a Sola Scriptura, não há nenhuma solução ao problema da autoridade, contanto que as interpretações múltiplas existam. Se a Bíblia estivesse tão clara, os protestantes simplesmente concordariam entre si, pois existem a multiplicidade de denominações.

118. A interpretação da Bíblia é inevitável sem a Tradição. É necessário então falar na Igreja Católica, ela é a que evita a confusão, o erro, a anarquia e a divisão.

119. O Catolicismo não considera a Bíblia inacessível aos leigos, como se afirma no protestantismo, mas é vigilante para proteger-se de uma exegese toda arbitrária e aberrante. As melhores tradições protestantes buscam fazer o mesmo, mas é inadequado e ineficaz desde que eles são divididos.

120. O Protestantismo tem um problema enorme com o Cânon Bíblico. O processo de determinar os livros exatos que constituem a Bíblia durou até o ano de 397 D.C., o Concílio de Cartago provou que a Bíblia não está autenticada, como acredita o Protestantismo. Alguns cristãos sinceros, devotos e instruídos duvidaram da canocidade de alguns livros que estão agora na Bíblia e outros consideraram livros que não estavam incluídos no Cânon.

121. O Concílio de Cartago, decidindo o Cânon da Bíblia inteira em 397, incluiu os livros "Deuterocanônicos" que os protestantes chutaram para fora da Bíblia. Antes do 16º século os cristãos consideravam esses livros, e eles não eram separados, como se vê no protestantismo que aceita a autoridade deste Concílio para o NT, mas não para AT.

122. A Igreja católica venerou sempre a Bíblia. Isso é provado pelo laborioso cuidado dos monges, protegendo e copiando manuscritos, e as traduções constantes em línguas vernáculas (ao invés das falsidades sobre só Bíblias latinas), entre outras evidências históricas abundantes e

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indisputáveis. A Bíblia é um livro católico, e não importa quantos protestantes estudam e proclamam isso peculiarmente, eles têm que reconhecer a dívida inegável com a Igreja católica por ter decidido o Cânon e por preservar a Bíblia intacta durante 1400 anos.

123. O Protestantismo nega o Sacrifício da Missa, ao contrário da Tradição Cristã e da Bíblia (Gn 14,18) (Is 66,18,21) (Ml 1,11) (Hb 7, 24-25; 13,10; 5,1-10; 8,3; 13,8). que transcede espaço e tempo.

124. O Protestantismo descrê, em geral, no desenvolvimento da doutrina, ao contrário da Tradição Cristã e muitas indicações bíblicas implícitas, mas seguem a Doutrina da Trindade, que foi desenvolvida na história, nos três primeiros séculos do Cristianismo. É tolice negar isso. A Igreja é o "Corpo" de Cristo, um organismo vivo que cresce e desenvolve como corpos todo vivos. Não é uma estátua, simplesmente para ser limpada e polida com o passar do tempo, como muitos protestantes parecem pensar.

125. O Protestantismo separa justificação de santificação, ao contrário da Tradição Cristã e da Bíblia (Mt 5,20; 7,20-24) (Rm 2,7-13) (1 Cor 6,11).

126. O Protestantismo desconsidera que as obras contribuam para a salvação, rejeitando assim a Tradição Cristã e o ensino explícito da Bíblia (Mt 25,31-46) (Lc 18,18-25) (Jo 6,27-29) (Gl 5,6) (Ef 2,8-10) (Fl 2,12-13; 3,10-14) (1 Ts 1,3) (2 Ts 1,11) (Hb 5,9) (Jd 1,21) Essas passagens também indicam que a salvação é um processo, não um evento instantâneo, como no Protestantismo.

127. O protestantismo rejeita a Tradição Cristã e ensino bíblico que sempre foi ensinado na Igreja Católica, onde as boas ações feitas na fé contribuem para a salvação (Mt 16,27) (Rm 2,6) (1 Cor 3,8-9).

128. Os protestantes têm convicção de que aceitando Jesus como Salvador já estão salvos. Não é bem isso que a Igreja Primitiva e a Bíblia ensinam (Fl 3,11-14) (Hb 4,1) (Tt 1,2) (1 Ts 5,8) ( Tt 3,7) (Mt 25,1-13) onde se diz, que devemos ser sempre vigilantes. Vigilante não é o mesmo que certeza.

129. Muitos protestantes (especialmente os presbiterianos, calvinistas e batistas) acreditam em segurança eterna, ou, perseverança dos santos (convicção daquele que não pode perder a "salvação". Isto está ao contrário da Tradição Cristã e a Bíblia: (1 Cor 9,27) (Gl 4,9; 5,1,4) (Cl 1,22-3) (1 Tm 1,19-20; 4,1; 5,15) (Hb 3,12-14; 6,4-6; 10,26,29,39; 12,14-15).

130. Ao contrário do mito protestante, a Igreja Católica não ensina que ninguém é salvo através de trabalhos a parte, porque a fé e obras são inseparáveis. Esta heresia da qual o Catolicismo é acusado freqüentemente estava na realidade condenada pela Igreja católica, em 529 D.C. é conhecido como Pelagianismo (visão que o homem pudesse se salvar pelos próprios esforços naturais dele, sem a graça sobrenatural necessária de Deus). Continuar acusando a Igreja católica desta heresia é um sinal de preconceito e ignorância do manifesto da história da teologia, como também o ensino católico é claro no Concílio de Trento (1545-63). Ainda o mito é estranhamente prevalecente.

131. O Protestantismo eliminou virtualmente a prática da confissão a um sacerdote (ou pelo menos pastor), ao contrário da Tradição Cristã e

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da Bíblia (Mt 16,19; 18,18; Jo 20,23). (At 19,18) (Tg 5 15-16) (Ne 9,2) (Ne 1, 6). (Jo 3,6).

132. O Protestantismo descrê na penitência ou castigo temporal para perdoar pecado, indo contra a Tradição Cristã e a Bíblia por exemplo, (Nm 14,19-23) (2 Sm 12,13-14) (1 Cor 11,27-32) (Hb 12,6-8).

133. O Protestantismo tem pouco conceito da Tradição e doutrina bíblica de mortificar a carne, ou, sofrer com Cristo: (Mt 10,38; 16,24) (Rm 8,13,17) (1 Cor 12,24-6) (Fl 3,10) (1 Pd 4,12,13).

134. Igualmente, o Protestantismo perdeu a Tradição e doutrina bíblica de compensação vicária, ou sofrimento remissório de Cristãos com Cristo, por causa de um ao outro, (Ex 32,30-32) (Nm 16,43-8; 25,6-13) (2 Cor 4,10) (Cl 1,24) (2 Tm 4,6).

135. O Protestantismo rejeitou a Tradição e doutrina bíblica do purgatório, como conseqüência de sua falsa visão de justificação e penitência, apesar de evidências suficientes na Bíblia: (Mq 7, 8-9) (Ml 3,1-4) (2 Mc 12, 39-45) (Mt 5, 25-6; 12,32) (Lc 16,19-31) (1 Pd 3,19-20) (1 Cor 3,11-15) (2 Cor 5,10).

136. O Protestantismo rejeitou a doutrina das indulgências que são simplesmente o perdão do castigo temporal para pecado (penitência), pela Igreja (aqui na terra, Mt 16,19; 18,18, e Jo 20,23). Isso não é diferente do que São Paulo fez em relação a um irmão errante na Igreja de Corinto. Primeiro, ele impôs uma penitência a ele (1 Cor 5,3-5) (2 Cor 2, 6-11). Só porque aconteceram alguns abusos antes da Revolta protestante (admitida e retificada pela Igreja católica), não tem nenhuma razão para lançar fora contudo outra doutrina bíblica. É típico do Protestantismo queimar completamente uma casa no lugar de limpá-la, "joga-se fora o bebê com a água de banho".

137. O Protestantismo jogou fora as orações para os mortos, em oposição à Tradição Cristã e à Bíblia (Tb 12,12) (2 Mc 12, 39-45) ( 2 Tm 1, 16-18). Já no primeiro século, da Era Cristã, a prática de orar pelos mortos já era registradas em muitas inscrições gravadas nos túmulos de santos cristãos e mártires da fé.

138. O Protestantismo rejeita, em chãos inadequados, a intercessão dos santos. Por outro lado, a Tradição Cristã e a Bíblia apoiaram esta prática. (Mt 22, 30) (1 Cor 15, 29) (Mt 17, 1-3; 27,50-53) eles podem interceder por nós (2 Mc 15,14) (Ap 5, 8; 6, 9-10).

139. Alguns protestantes descrêem nos Anjos da guarda, apesar da confirmação Bíblica e a Tradição Cristã (Mt 18,10) (At 12,15) ( Hb 1,14) (Ap 8, 3-5).

140. A maioria dos protestantes nega que os anjos possam interceder por nós, ao contrário da Tradição Cristã e da Bíblia (Ap 1,4; 5,8; 8,3-4) (Zc 1,12-13) (Os 12,5) (Gn 19, 17-21).

141. O protestantismo rejeita a Imaculada Concepção de Maria, apesar da Tradição Cristã desenvolvida e indicada pela Bíblia,: (Gn 3,15) (Lc 1,28) ("cheia de graça" interpretam os católicos, em chãos lingüísticos, significa "sem pecado"); Maria representando a Arca da Aliança (Lc 1,35) (Ex 40,34-8) (Lc 1,44) (2 Sm 6,14-16) (Lc 1,43) (2 Sm 6,9) A Presença de Divina requer santidade extraordinária) pois Deus não habitaria no meio do pecado.

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142. O protestantismo rejeita a Assunção de Maria, apesar da Tradição Cristã desenvolvida e indicações bíblicas. Ocorrências semelhantes na Bíblia não fazem a suposição improvável. (Henoc em Gn 5,24 e Hb 11,5) (Elias em 2 Rs 2,11) (Paulo em 2 Cor 12, 2-4) ("Êxtase" em 1 Ts 4,15-17) (subindo os santos em Mt 27,52-53).

143. Muitos protestantes negam a virgindade perpétua de Maria, apesar da Tradição Cristã e o acordo unânime dos fundadores protestantes Lutero, Calvino, Zwingli, etc.

144. O protestantismo nega a Maternidade Espiritual de Maria, ao contrário da Tradição Cristã e da Bíblia (João 19, 26-27) "Veja a mulher do Céu" (Ap 12, 1,5,17). Os Católicos acreditam que Maria é uma santa, e as orações dela são de grande efeito para nós. (Ap 5,8; 8,4; 6,9-10).

145. O Protestantismo rejeita o papado, apesar da Tradição Cristã profunda, e da forte evidência na Bíblia da preeminência de Pedro como a pedra da Igreja. Ninguém nega que ele fosse algum tipo de líder entre os apóstolos. Como sabemos, o papado é derivado desta primazia: (Mt 16,18-19) (Lc 22,31-2) (Jo 21,15-17) são as passagens "papais" mais diretas. O nome de Pedro aparece primeiro em todas as listas dos apóstolos; até mesmo um anjo insinua que ele é o líder deles (Mc 16,7), e ele andou pelo mundo como tal (At 2,37-8,41). Ele faz o primeiro milagre na Igreja (At 3,6-8), profere o primeiro anátema (At 5,2-11), é o primeiro a ressuscitar um morto (At 9,40-41), o primeiro a receber os Gentios (At 10,9-48), O nome dele é mencionado mais freqüentemente que todos os outros discípulos reunidos (191 vezes). Essas são algumas evidências que destacam Pedro dos outros Apóstolos.

146. Desde o princípio, a Igreja de Roma e os papas têm o governo e a direção teológica e a ortodoxia da Igreja Cristã. Isso é inegável. Nenhum protestante imparcial teve a coragem e a ousadia de contestar tudo isso, pois só o que Cristo transmitiu aos Apóstolos e o que se herdou destes numa sucessão ininterrupta da Igreja Católica, tem foros de verdade revelada, portanto digna de fé.

147. O Protestantismo, em seu desespero, tenta suprir algum tipo de continuidade histórica a parte da Igreja católica, às vezes tenta reivindicar uma linhagem de seitas medievais como os Valdenses, Cátaros, Montanistas ou Donatistas. Porém, este empenho é sentenciado a um fracasso quando a pessoa estuda de perto no que estas seitas acreditam.

148. Os Católicos têm o Cristianismo mais sofisticado e pensativo da filosofia sócio-econômica-política, uma mistura de elementos "progressivos" e "conservadores" distinto da retórica que tipicamente dominam a arena política. O Catolicismo tem a melhor visão da igreja em relação ao estado e cultiva como bem.

149. O Catolicismo tem a melhor filosofia cristã. Trabalhou por vários séculos de reflexão e experiência. Como em sua reflexão teológica e desenvolvimento, a Igreja Católica é sábia e profunda, para uma extensão que verdadeiramente tem um selo divino e seguro. Eu já me maravilhava, logo antes da minha conversão, de como a Igreja católica poderia ser tão certa sobre tantas coisas. Eu fui acostumado a pensar, como um bom evangélico, que a verdade sempre era uma pluralidade

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de idéias de muitas denominações protestantes, "todas juntas." Mas afinal de contas, a Igreja católica faz a diferença!

150. Por último, o Catolicismo tem a espiritualidade mais sublime e espírito de devoção, manifestado de mil modos diferentes. Do ideal monástico, para o celibato heróico do clero e religioso, os hospitais católicos, a santidade completamente de um Thomas, um Kempis ou um Santo Inácio, os santos incontáveis canonizados e ainda, Madre Teresa, Papa João Paulo II, Papa João XXIII, os mártires primitivos, São Francisco de Assis, os eventos a Lourdes e Fátima, o intelecto deslumbrante de John Henry Newman, a sabedoria e perspicácia do Arcebispo Sheen de Fulton, São João da Cruz, a inteligência santificada de um Chesterton ou um Muggeridge, mulheres anciãs que fazem as Estações da Cruz ou o Rosário. Este espírito devoto é incomparável em sua extensão e profundidade, apesar de muitas contraposições protestantes.

Fonte: http://www.robynet.psi.br/~rccsb/test02.htm

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O chefe humano da Igreja divina

POR: MENDES SILVA | TER , 27 DE SETEMBRO DE 2011

eu te darei as chaves do reino dos céus. E tudo o que atares sobre a terra será atado também nos céus; e tudo o que desatares sobre a terra será desatado

também nos céus.(Mt 16, 19)

Deus quer elevar a humanidade até Ele. O seu próprio Filho, ao entrar na raça dos homens, uniu numa só pessoa a divindade infinita e a nossa natureza humana. O Filho de Deus fez-se homem para fazer de nós, criaturas humanas, filhos de Deus. E a sua Encarnação terá uma continuidade eterna: a Igreja, por cujo intermédio entramos na família divina.

A Igreja faz de todos nós membros de um corpo de que Jesus Cristo é a cabeça. O Espírito Santo infunde nela a vida divina e liga cada uma das nossas almas a Jesus Cristo. Só Deus pode, na verdade, ser o autor da nossa divinização. São Paulo, a propósito do matrimônio, fala-nos do amor de Jesus Cristo pela sua Igreja: Cristo amou a Igreja e por ela se entregou a si mesmo, para santificá-la, purificando-a no batismo da água pela palavra da vida, a fim de apresentá-la a si mesmo, gloriosa, sem mancha nem ruga ou coisa semelhante, mas santa e imaculada (Ef 5, 25-27).

Para esta obra de santificação, Cristo estabeleceu na sua Igreja o sacerdócio, transmissor da sua própria vida divina. Mas o sacerdócio na Igreja necessita de uma autoridade reguladora, de um poder visível que coordene e dirija a atividade dos Apóstolos, que mantenha em toda a sua pureza os ensinamentos do Mestre e que assegure a unidade entre todos os membros.

Cristo não quis que esta autoridade fosse múltipla; assentaria num só homem: Pedro. Jesus continua como o único Mestre do reino que Deus estabeleceu sobre a terra, mas Pedro será o único intendente, o mordomo a quem o Mestre entrega todas as chaves. As medidas que este tomar na terra serão ratificadas no Céu, porque a sua autoridade é a autoridade do próprio Cristo. Jesus confere a Pedro muito mais do que um primado de honra sobre os outros Apóstolos; investe-o de uma autoridade efetiva sobre toda a Igreja.

E que autoridade! Nunca ninguém foi honrado com semelhante dignidade. O poder de Pedro ultrapassa o de todos os soberanos. Um monarca promulga leis e estabelece impostos, um déspota pode arrogar-se o direito de vida e morte sobre os seus súditos. O poder de Pedro, porém, é muito maior, porque se exerce sobre aquilo que escapa às mais absolutas e tirânicas autoridades humanas. Pedro tem poder sobre as inteligências, sobre as consciências, sobre as almas; atinge o nosso íntimo, e só ele pode fixar os limites desse poder sem equivalente.

Pedro dir-nos-á se somos ou não fiéis à doutrina e à vontade de Cristo, e o nosso juízo deverá inclinar-se diante do seu. Pedro é responsável pela nossa fé, pela nossa santificação e pela nossa eternidade. É ele o único juiz das decisões que as suas responsabilidades o obrigam a tomar.

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Não devemos pensar que esta interpretação dos poderes de Pedro consagra apenas um estado de coisas derivado do exercício secular de uma autoridade que teria evoluído no sentido de uma centralização e de um absolutismo progressivos. Os poderes do Sumo Pontífice não são, no nosso tempo, mais extensos que os de Pedro nos primeiros tempos da Igreja.

É Pedro quem faz eleger um sucessor do Apóstolo prevaricador; é Pedro quem fala e responde em nome de todos. Um cristão tentou enganá-lo, e eis o que ele responde: Ananias, por que Satanás se apoderou do teu coração para que mentisses ao Espírito Santo? E insiste: Não mentiste aos homens, mas a Deus (At 5, 3-4). E ali mesmo Ananias caiu por terra e expirou. Mentir a Pedro é mentir a Deus.

É Pedro quem, a despeito da oposição dos primeiros fiéis de Jerusalém, decide levar o Evangelho aos pagãos. Em Antioquia, hesita por um instante, temeroso de que a sua atitude acolhedora para com os pagãos convertidos possa perturbar a fé dos cristãos procedentes do judaísmo. Paulo censurá-lo-á por essa fraqueza, mas sem de maneira nenhuma contestar-lhe o direito de adotar sucessivamente duas soluções diversas. Mais ainda, para se impor aos que duvidavam de que o antigo inimigo da Igreja pregava o verdadeiro Evangelho, Paulo faz-lhes saber que, antes de mais nada, tinha subido a Jerusalém para conhecer Cefas, permanecendo quinze dias com ele. E é Pedro ainda que preside ao primeiro Concilio celebrado em Jerusalém.

Dezenove séculos em nada mudaram as prescrições de Cristo. Os destinos da sua Igreja assentam sobre um homem, sobre um único homem.

A que riscos não se expunha o Filho de Deus? Assim pode raciocinar a nossa curta prudência humana, mas, na realidade, a imprudência de Jesus é toda ela sabedoria. A última ordem do Salvador foi um comovente apelo à unidade: Que sejam um! Se Ele tivesse colocado à frente dos seus discípulos várias autoridades, poderiam produzir-se divergências entre elas, mesmo pequenas, e poderia haver um perigo muito maior de se introduzirem na Igreja grupos, partidos e por fim divisões. Cristo permanece como Chefe eterno da Igreja, e a sua autoridade não será dividida porque Ele a delegou unicamente em Pedro. Escolheu um homem, um único homem, e um homem sujeito às fraquezas humanas, como Pedro o demonstrou. Quando Jesus o escolhe, sabe que Pedro sucumbirá no decorrer da Paixão; e na véspera do dia em que o irá negar, o Mestre diz-lhe que orou por ele, para que a sua fé não desfalecesse, acrescentando: E tu, uma vez convertido, confirma os teus irmãos (Lc 22, 32).

A queda momentânea de Pedro, prevista por Cristo, prova-nos que, ao dar à sua Igreja um fundamento monárquico, Jesus mediu todos os riscos dessa decisão. Sabia que nem todos os sucessores de Pedro seriam santos, que alguns seriam vítimas da ambição, da cobiça ou de paixões ainda menos confessáveis. Embora sintamos tristeza perante a indignidade de um pequeno número de maus Papas, é um fato historicamente confirmado que nenhum deles foi arrastado – pela desordem da sua vida privada – a relaxar o menor preceito da lei moral, que nenhum deles tentou que lhe perdoassem os seus erros alterando o depósito da verdade dogmática.

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Nos fins do século XIV, a anarquia assolava a Igreja. Depois de uma eleição controvertida, os anti-papas levantaram-se contra os Papas. A cristandade não sabia a quem obedecer, e os próprios santos se sentiam desorientados: Santa Catarina de Sena era partidária de Roma; São Vicente Ferrer, de Avinhão. Papas e anti-papas apelavam para o poder dos reis, que se riam deles. Terrível época, que dava razão às cruéis palavras de Lacordaire: “A História é o longo relato das desonras do homem”. “Um reino temporal – escreve a este respeito um autor protestante – teria sucumbido, mas a idéia do Papado era tão indestrutível que essa cisão só conseguiu patentear a sua indivisibilidade” 1.

————————————————- (1) F. Mourret, La papauté, pág. 112. ————————————————-

Contudo, poderão as falhas de alguns fazer-nos esquecer a virtude, a ciência e o zelo de tantos outros? Aos pés da estátua que vai talhando de uma madeira nobre, o escultor deixa cair fragmentos perdidos. Não podemos remexer esses restos e censurá-lo por esses desperdícios inúteis, em vez de admirar a obra prima que criou.

Um homem, um só homem, ainda que seja santo, nunca conseguirá prescindir da sua personalidade: as suas opiniões estarão influenciadas pela sua maneira de ser e o seu modo de governar dependerá também do seu temperamento. Este inconveniente da unidade de comando não escapou ao Senhor. É certo que cada Papa, muito embora venere as tradições, dirige a Igreja de acordo com determinado espírito, e também que cada pontificado tem a sua ou as suas linhas-mestras, tornando-se possível observar orientações diversas de um pontificado para outro. Diferenças sim, divergências não, e menos ainda contradições.

O inconveniente que poderia oferecer a ação excessivamente pessoal de um chefe único, encontra-se magnificamente compensado pela sucessão de pontífices que não se assemelham. Um será mais audaz, outro mais discreto; este parecerá especialmente preocupado em conquistar o mundo para o cristianismo, aquele insistirá sobretudo na formação interior dos fiéis; e assim se completam maravilhosamente, tal como os movimentos alternados de sístole e diástole regulam a circulação do sangue em todo o organismo.

Quanto à questão de saber se, por muito diferentes que sejam uns dos outros, cada um é o representante autêntico da autoridade de Cristo, a História encarrega-se de nos responder que cada Papa chega no tempo oportuno e que o seu gênio se encontra em providencial sintonia com as necessidades do momento.

O livro dos Atos dos Apóstolos conta-nos que a sombra de Pedro curava os doentes reunidos à sua passagem, mas o seu corpo não teria projetado sombra alguma se, por cima dele, não tivesse brilhado o sol de Deus. Assim, os Papas são unicamente, mas de um modo efetivo, a sombra de Cristo. Seja qual for o nome que adotem – João, Pio ou Bento -, por detrás dele, do Chefe da Igreja, nós vemos sempre a luz de Deus.

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A instituição divina do Papado é uma verdade por demais certa para que possamos descurar os nossos deveres de católicos para com aquele a quem chamamos o Santo Padre.

Em primeiro lugar, é-lhe devido respeito. Pelo fato de vermos nele Cristo, que ele representa, não podemos ceder à tentação, demasiado fácil, de contrapor um Papa a outro, para depositar a nossa confiança naquele cujos atos estejam mais de acordo com as nossas tendências pessoais. Não podemos ser daqueles que lamentam o Papa de ontem ou esperam o de amanhã para se dispensarem de obedecer ao de hoje. Quando se lêem os textos do cerimonial da coroação dos Pontífices, é possível observar que ninguém confere ao eleito pelo Conclave os poderes da sua dignidade. O sucessor de Pedro recebe esses poderes diretamente de Cristo. Quando falamos do Sumo Pontífice, devemos banir do nosso vocabulário termos provenientes das assembléias parlamentares ou das polêmicas jornalísticas, e não devemos deixar aos estranhos à nossa fé o cuidado de nos revelarem o prestígio que o Chefe da cristandade possui no mundo.

O respeito com que falarmos do Papa inclinar-nos-á a obedecer-lhe mais perfeitamente. É claro que nunca nos poderia passar pela cabeça discutir as verdades abrangidas pelo seu magistério infalível ou as ordens emanadas da sua soberana jurisdição, posto que é através dessa submissão que se pertence à Igreja. Mas, como verdadeiros filhos, devemos também escutar atentamente o menor dos conselhos dos Pontífices, esforçando-nos por levá-los lealmente à prática.

Pode suceder que uma ou outra diretriz pontifícia se oponha aos hábitos do nosso espírito, a certas facilidades morais muito estendidas, sobretudo em questões de moral conjugal, ou exija o sacrifício de interesses materiais que julgamos bem fundamentados. Nesse caso, em vez de pretender que detemos pessoalmente a verdade, não será muito mais prudente que comecemos por tentar compreender bem o pensamento daquele que faz junto de nós as vezes de Cristo? O Papa vê de mais alto e mais longe do que nós. É por isso que a sua palavra tem um alcance que ultrapassa a nossa visão particular; e determinadas normas que nos podem surpreender ou mesmo chocar correspondem, na realidade, não só aos problemas de hoje como às dificuldades de amanhã.

Em todo o caso, nunca devemos rebaixar-nos ao ponto de atribuir ao Chefe da Igreja intenções desfavoráveis a um ou outro grupo ou destinadas a favorecer uma nação ou uma classe social determinada. Seria fazer-lhe uma grave injúria.

Imaginemos por um instante os problemas que se põem à consciência do Soberano Pontífice. Ele sabe que a menor palavra que pronuncie dará a volta ao mundo em poucas horas: não pesará, pois, cuidadosamente cada uma dessas palavras, evitando tudo quanto possa dar lugar a confusão, suavizando – mesmo que alguns considerem uma atenuação excessiva – qualquer expressão que, compreendida inexatamente, poderia fazer mal em vez de trazer luz? Não é apenas a sua autoridade que o Papa compromete ao ditar

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uma ordem ou uma proibição. Ele sabe que a sua vontade será executada por milhões de fiéis, a quem uma ordem pouco oportuna pode intranqüilizar.

É concebível que esqueça a sua responsabilidade? Ainda que fosse um homem como qualquer um de nós, só falaria depois de ter consultado e perguntado, ouvido todas as opiniões e estudado pessoalmente o assunto. Quem de entre nós se atreveria a elevar a voz se estivéssemos nessas condições? Não preferiríamos observar um discreto silêncio?

O Papa só fala porque tem o dever de fazê-lo, um dever imperioso inerente ao seu cargo. E, por outro lado, não se limita a esses longos diálogos com a sua consciência. Dialoga muito mais tempo com o Senhor, numa oração em que toda a sua alma se entrega e apenas deseja entregar-se à ação do Espírito Santo. O valor da sua palavra, para os que lhe obedecem, pode representar talvez a sua salvação eterna. Quem poderia, pois, supor que fala irrefletidamente ou sob a influência de considerações humanas? É de joelhos que medita a doutrina das suas Enciclicas; e a condenação que, por vezes, é obrigado a pronunciar não veria nunca a luz do dia se ele não tivesse a certeza de que deve falar em nome de Cristo.

Estou certo de que não haveria uma ou outra voz discordante entre os católicos dos nossos dias se se dispusessem a refletir no simples fato de que o Papa tem uma consciência, uma consciência de homem honesto, uma consciência de cristão e uma consciência de chefe, de representante de Cristo junto de todos os cristãos.

Para compreendermos que o Soberano Pontífice tem o sentido das responsabilidades que lhe incumbem, devemos considerar a insistência com que nos pede o cumprimento do terceiro dever que temos a seu respeito: o de orar com ele e por ele. Não se celebra uma só missa sem que mencionemos o seu nome. Com uma admirável generosidade, concede-nos indulgências para que oremos pelas suas intenções. E não devemos ver nisso uma recomendação supérflua, mas a necessidade que tem de que o ajudemos com as nossas orações.

Lembremo-nos da tocante cena de São Pedro na cadeia. Depois de alguns dias em que pregou livremente, Herodes Agripa manda prendê-lo, decidido a condená-lo à morte depois da festa dos Ázimos. Um anjo faz cair milagrosamente as correntes que o prendem e leva-o para fora da prisão. Pedro, já livre, reflete e não se atreve a procurar Tiago em Jerusalém, porque seria muito fácil voltar a ser preso. Dirige-se então para casa de uma humilde mulher, a mãe do futuro evangelista Marcos. Quando chega, encontra a casa cheia de cristãos que, sem descanso, oravam a Deus por ele desde o primeiro dia da sua prisão. A devoção pelo Papa remonta, assim, aos primeiros tempos da Igreja. Devemos conservá-la cuidadosamente, porque é própria das almas santas. Para governar a Igreja, Pedro tem necessidade de dois auxílios: da assistência infalível de Cristo e da humilde oração de todos os cristãos.

Fonte: Simão Pedro, Quadrante, 1990. Pág. 74-81.

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Por que a Igreja não vende tudo o que tem para ajudar aos pobres?

POR: HELLEN CRISTINE WALKER | SEG , 18 DE JUNHO DE 2012

Está é uma pergunta bastante pertinente e apesar de antiga, nunca deixou de ser atual, aliás, ultimamente, com o apetite cada vez mais voraz que a mídia secular demonstra ter para escornear a Igreja Católica, ela torna-se ainda mais relevante. Sendo assim, vamos direto aos fatos, porque apesar de haver um grande número de “bem-intencionados” Judas Iscariotes,, sejamos francos, dentre eles são poucos os que são dados à leitura e à pesquisa. Assim, não é prudente que me extenda muito.

Mas Judas Iscariotes, um dos seus discípulos, aquele que o havia de trair disse. Por que não se vendeu este bálsamo por trezentos denários e não se deu aos pobres? (João 12,4-5)

A igreja Católica é a instituição mais antinga da terra. Se fosse uma empresa privada, seria a maior do mundo, não apenas em tamanho mas em termos de volume do seu patrimônio e sua riqueza e por sua presença em quase todo o país do mundo. Sua importância, porém, não se restringe ao seu tamanho e número de fiéis batizados. Foi a Igreja Católica que criou, por exemplo, o sistema universitário, os métodos de pesquisa científica ou a filantropia instituicional, sem a qual a palavra caridade, que significa amor, não teria sequer o sentido que têm hoje nas sociedade ocidentais. Contudo, apesar de inúmeros outros feitos de valor, o mais nótorio deles: a caridade da Igreja Católica, é infelizmente, ignorada tanto pelos católicos como não-católicos. Assim, a Igreja Católica é sistematicamente cristicada por sua riqueza.

Deus Caritas Est – Deus é Amor

“Mas se a Igreja é tão rica e poderosa, por que não vende tudo o que possui para ajudar aos necessitados?”

Vamos ao números e fatos:

A Igreja Católica mantém na Ásia: 1.076 hospitais; 3.400 dispensários; 330 leprosários; 1.685 asilos; 3.900 orfanatos; 2.960 jardins de infância. Na África: 964 hospitais; 5.000 dispensários; 260 leprosários; 650 asilos; 800 orfanatos; 2.000 jardins de infância. Na América: 1.900 hospitais; 5.400 dispensários; 50 leprosários; 3.700 asilos; 2.500 orfanatos; 4.200 jardins de infância. Na Oceania: 170 hospitais; 180 dispensários; 1 leprosário; 360 asilos;60 orfanatos; 90 jardins de infância. Na Europa: 1.230 hospitais; 2.450 dispensários; 4 Leprosários; 7.970 asilos;2.370 jardins de infância.

No Brasil, podemos seguramente dizer que a contribuição da Igreja Católica para a Saúde pública foi mais valiosa do que a de qualquer outro governo já existente no país. Na década de 50, quando a rede pública de saúde ainda não contava com uma capacidade operacional expressiva, eram as casas de caridade da Igreja Católica que cuidavam das pessoas que não tinham

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condições de se tratarem em um hospital. As Santas Casas de Misericórdia e Sanatórios eram e continuam a ser dirigidos e subsidiados pela Igreja Católica, e têm as freiras e religiosos católicos como sua principal fonte de recursos humanos.

Seria quase impossível listar e numerar as atividade e contribuições da Igreja Católica no campo da caridade. O vídeo abaixo mostra algumas maneiras pelas quais a Santa Igreja tem, ao longo dos séculos, posto em prática as palavras de Cristo sobre a caridade e o amor ao próximo.

“Tudo o que fizerdes ao mais pequeninos dos Meus irmãos, o fazeis a Mim.” (Mt 25:40)

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Cresce o número dos que abandonam a fé católica O IBGE publicou que o número de católicos no Brasil, segundo o censo de 2010, caiu para 123,3 milhões, cerca de 64,6% da população. Na verdade esses números não nos assustam e nem nos surpreendem diante da realidade que vivemos. Na verdade, quantos católicos, de fato, participam da Missa aos domingos, se Confessam, Comungam e vivem os 10 Mandamentos? Creio que não chegam a 20%. Vários são os fatores que causam este fenômeno. Ignorância religiosa – é o principal deles, sem dúvida. A maioria que se diz católica, na verdade o são apenas de estatística; não conhecem os dogmas, a doutrina, a história da Igreja, etc. Não é sem razão que o Papa anunciou o “Ano da Fé” com o objetivo principal de enfrentar esse analfabetismo crônico. São Paulo disse que “a Igreja é a coluna e o fundamento da verdade” (1Tm3,15). Mas muitos católicos não sabem que esta Igreja, a que São Paulo se referia, era aquela que Cristo fundou sobre Pedro e os Apóstolos, e que as demais não foram instituídas por Jesus, mas por outros homens. Os que abandonam a fé católica nunca a conheceram de verdade. Mas, por que muitos católicos são analfabetos da fé que professam? Várias são essas causas. A principal, me parece, a falta de uma boa catequese às crianças e aos jovens. E isto acontece, há muitos anos, porque, logicamente, faltaram e faltam bons catequistas. Os primeiros deveriam ser os pais, mas, infelizmente muitos deles também não receberam formação religiosa. Já não se reza mais em família, e os pais já não ensinam a doutrina básica para os filhos. Ligado a isso está a destruição da família católica, especialmente pela mídia imoral, devastadora dos bons costumes e da moral católica, incentivando um relativismo moral degradante e um permissivismo doentio. A mídia de modo geral estimula uma vida de conforto, relaxada, regalada, usufruindo de todos os prazeres sem limites e sem regras. É claro que num contexto desse não vale a pena ser católico; não vale a pena adotar uma religião que exige uma moral rígida, autocontrole, vida de oração, jejum e sacrifícios. Infelizmente ficamos sem uma boa catequese há muito tempo. A difícil situação social da América Latina gerou entre nós nos últimos 50 anos uma falsa “catequese renovada”, trazendo no seu bojo mais sociologia e política do que teologia, esvaziando e politizando a fé. O povo católico ficou à mingua de uma catequese verdadeira, baseada no Credo, nos Sacramentos, nos Mandamentos e na Oração, como pede o Catecismo. O povo ficou à mingua de uma sadia espiritualidade e foi busca-la nas seitas. Uma certa “teologia marxista da libertação”, que confunde a libertação espiritual com a libertação política, e o estabelecimento do “Reino de Deus” na terra com a implantação uma sociedade socialista e igualitária, influenciou tremendamente quase todos

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os Seminários do pais; prejudicando essencialmente a sua formação de muitos sacerdotes. As homilias e catequeses deixaram de falar do pecado, do sexo fora do casamento, do céu, do inferno, do purgatório, da vida eterna, dos sacramentos, dos mandamentos, da oração…, e tudo se voltou para o social. Por isso o frei Cantalamessa, pregador do Papa chegou a dizer que a Igreja na América fez uma opção pelos pobres, mas estes fizeram uma opção pelas igrejas evangélicas. Por que nelas se fala de Deus e de tudo que foi excluído da catequese católica. Esqueceu-se que a Igreja não foi instituída por Jesus para resolver os problemas políticos, econômicos e sociais, mas para “salvar as almas” da morte eterna. Esqueceu-se que Jesus não é o “revolucionário de Nazaré”, mas o “Redentor dos homens”, que tira o pecado do mundo, como disse João Paulo II em Puebla. “A quem iremos, Senhor, só tu tens palavras de vida eterna” (Jo 6,68). Em 1996, falando aos bispos do Brasil (Regionais Nordeste I e IV), sobre a “ameaça das seitas, o beato João Paulo II, falou desse grave “esvaziamento espiritual”. Disse aos bispos, entre outras coisas: “A difusão das seitas não nos interroga se tem sido manifestado suficientemente o senso do sagrado?” “Vosso povo, caríssimos irmãos no episcopado, quer ver os padres como verdadeiros Ministros de Deus, inclusive na sua veste e no seu modo externo de proceder. Ele quer ver o homem de Deus nos ministros de sua Igreja, uma presença que lhes inspire amor, respeito, confiança. O povo tem direito e isso pode exigi-lo de seus pastores. O que os homens querem, o que esperam é que o sacerdote com o seu testemunho de vida e com sua palavra, lhes fale de Deus”. “O ministério da Palavra, que está intimamente ligado à Liturgia Eucarística (cf. SC, 56), contenha sempre, do início ao fim, uma mensagem espiritual. É certo que há tanta gente que não possui o suficiente para acalmar a própria fome, mas, ordinariamente, o povo tem mais fome de Deus que do pão material, pois entende que “não só de pão vive o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus” (Mt 4, 4)”. “Não estaria havendo uma certa acomodação deixando de ir em busca das ovelhas que estão afastadas? Ao contrário da parábola evangélica, não é uma e outra que está tresmalhada, mas é uma parte do rebanho”. Outro fator que destrói a fé católica hoje se encontra nas universidades. A maioria delas, com raras exceções, possuem professores que desconhecem a real História da Igreja e despejam sobre os alunos calúnias e mentiras sobre ela, gerando neles ódio e aversão à Igreja. Depois, esses jovens, futuros

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jornalistas, escritores, artistas, profissionais liberais, passam a ser maus formadores de opinião; se incumbem de destruir nos corações dos jovens leitores, telespectadores e internautas a fé católica e o amor a Igreja. Ela é mostrada a eles como a “megera da história”, a sanguinária, a culpada de todos os males, quando, na verdade, ela salvou e construiu a Civilização Ocidental a partir da queda do Império Romano do Ocidente. Outro fator preponderante nesta debandada de católicos para outras comunidades não católicas, é sem dúvida o contra testemunho de muitos católicos: leigos, sacerdotes e até alguns bispos. Nada pior para a fé católica do que isso, especialmente quando parte de um religioso. Penso que nem preciso explicar as razões disso. Mais um fator devastador para a fé católica são aqueles que dividem a Igreja Católica, não aceitando a orientação do Magistério da Igreja, se opondo ao Papa e às normas da Santa Sé. Infelizmente há muitos dentro da Igreja que se acham mais iluminados e preparados do que o Papa e ousam enfrentá-lo acintosamente. O nosso Papa disse que os piores inimigos da Igreja estão dentro dela. Diante disso tudo a Igreja não desanima e não se desespera; ela sabe que Jesus ressuscitado caminha com ela para salvar a humanidade. O Papa João Paulo II propôs uma NOVA EVANGELIZAÇÃO, que Bento XVI a impulsiona vivamente. Pedia o Papa beato uma evangelização “com novo ardor”, “novos métodos” e “nova expressão”, e graças a Deus isso tem acontecido. Os Seminários estão se enchendo. O número de padres está crescendo sensivelmente; padres novos, ardorosos, renovados. São jovens que buscam o sacerdócio com convicção e não por conveniência ou dúvidas outras. A Igreja renasce com os “Novos Movimentos” e as “Novas Comunidades”, como disse João Paulo II, “a resposta do Espírito Santo para o novo milênio”. Há que se priorizar nesse trabalho de resgate dos católicos o “ministério da acolhida”, os sinais exteriores da fé católica, as homilias bem feitas, etc., como Papa João Paulo II pediu aos bispos em 1996. Nosso Papa atual tem pedido uma Igreja de qualidade mas que de quantidade; porque a Igreja é como a pequena colher de fermento que leveda toda a massa; frágil e potente como um grão de mostarda. Prof. Felipe Aquino

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Você sabia que Lutero se arrependeu do dano que causou com o protestantismo ? Para quem gosta que as fontes sejam destacadas ai vai para conferir: 1)-Martinho Lutero chegou a perceber o dano que a Sola Scriptura e a "interpretação particular" da Bíblia estavam causando à sua "Reforma" e fez os seguintes comentários: - "Este não escuta sobre o Batismo, aquele nega o sacramento e aquele outro coloca um mundo entre este e o último dia; alguns ensinam que Cristo não é Deus, alguns dizem isto e alguns dizem aquilo; há tantas seitas e credos quanto o número de cabeças. Nada é tão rude quanto aquele que tem sonhos e fantasias, e pensa por si mesmo que foi inspirado pelo Espírito Santo, devendo ser um profeta" (De Wette 3,61; citado em O'Hare, "Os Fatos sobre Lutero", p. 208). 2)-"Nobres, homens das cidades: os camponeses e todas as classes [dizem] entender o Evangelho melhor do que eu ou que São Paulo. [Dizem que] são sábios agora e se crêem mais doutores do que todos os ministros" (Walch 14,1360; citado O'Hare, Ibid, p. 209.) 3)-"Reconhecemos - como devemos - que muito do que eles (=os católicos) dizem é verdade: que o papado possui a Palavra de Deus e o ofício dos Apóstolos, e que recebemos as Sagradas Escrituras, o Batismo, o Sacramento e o púlpito deles. O que saberíamos nós acerca disso se não fosse por eles?" (Sermão sobre o Evangelho de São João, capítulos 14 a 16, pregado em 1537; "Obras de Lutero", vol. 24, Sn. Louis, Mo.:Concórdia, 1961, p. 304). 4)-Tudo isto e muito mais foi dito pelo fundador da Sola Scriptura pouco tempo depois de ver o dano que causara e que continuava causando. Nessa época, Zwínglio corria para um lado, Muntzer para um outro e Calvino para um outro ainda - todos eles dispersando as ovelhas e carregando [uma parte do] rebanho. Lutero começara algo e não conseguiu mais parar.

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A Lamentável Reforma Protestante Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que a constroem" (Salmos 126,1) O mesmo fundador da "Reforma", Martinho Lutero, chegou a "lamentar", o dano que a sua rebelião contra a autoridade da Igreja, tinha causado. O espetáculo de seus escritos faz as seguintes observações ... "Este aqui não ouvirá falar do Batismo, e aquele nega o sacramento, outro põe um mundo entre isto e o último dia: alguns ensinam que Cristo não é Deus, alguns dizem isto, alguns dizem isso: há tantas seitas e credos como há tantas cabeças. "Nenhum rústico é tão rude quando ele tiver sonhos e fantasias, e pensar que é inspirado pelo Espírito santo e deve ser um profeta." De Wette III, 61. citado em O'Hare, Os fatos sobre Lutero, 208. "Nobres, cidadãos, camponeses, parece que todas as classes entendem o Evangelho melhor que eu ou São Paulo. Eles são agora sábios e se pensam mais entendidos que todos os ministros." XIV de Walch, 1360. citado em O'Hare, Ibid, 209. Nós concedemos como devemos nós, que tanto disso que eles (a Igreja católica) diga é verdade: que o papado tem a palavra de Deus e o escritório dos apóstolos, e que nós recebemos Bíblia Santa, Batismo, o Sacramento, e o púlpito deles. O que conheceríamos nós estes se não eram para eles? Sermão no evangelho de St. John, rachaduras. 14 - 16 (1537), em vol. 24 dos trabalhos de Luther, St. o Louis, Mo: Concordia, 1961, 304. Tudo isto e muito mais foi escrito pelo fundador da Reforma, só pouco tempo depois quando ele notou o caos que tinha criado. Antes deste tempo, Munzer tinha corrido nesta direção, em 1521, o mesmo ano que Lutero fugiu, Zwingli, tinha corrido em outra direção, Calvino numa outra, todos eles espalhando as ovelhas e levando o rebanho a dispersão. Lutero tinha deixado sair o gato da bolsa e ele era desamparado para repor isto. Ele tinha começado algo que não conseguiria mais parar. Certamente, tudo isso foi e continua sendo lamentável: "Uma vez você abre a porta ao erro, aí você não pode mais fechá-la." Como isso é verdadeiro! Lutero tinha se tornado a vítima sofrendo as conseqüências deste simples provérbio. "Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que a constroem." (Salmos 126,10) Há um aumento acelerado em dividir o Corpo de Cristo por comunidades protestantes, apesar das palavras vinda de Jesus e dos Apóstolos. "... e haverá um só rebanho e um só pastor." (João 10,16).

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"...O Deus da perseverança e da consolação vos conceda o mesmo sentimento uns para com os outros, segundo Jesus Cristo, para que, com um só coração e uma só voz, glorifiqueis a Deus, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo" (Romanos 15,5-6). "...Completai a minha alegria permanecendo unidos. Tende um mesmo amor, uma só alma e os mesmos pensamentos" (Filipenses2,2). "...Rogo-vos, irmãos, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que todos estejais em pleno acordo e que não haja entre vós divisões. Vivei em boa harmonia, no mesmo Espírito e no mesmo sentimento" (1Coríntios 1,10). Em 1600, devido à reforma protestante, havia mais de 100 divisões em várias seitas. Antes de 1900, havia 1000 ao redor. Antes de 1981 havia mais que 20.700. Hoje há mais de 33.800 dividindo o Corpo de Cristo, sendo fundadas por meras criaturas humanas. As comunidades protestantes aumentaram em número de aproximadamente 65% em só vinte anos. (Dados da Enciclopédia Cristã mundial, abril de 2001), uma publicação protestante. É bom notar que algumas seitas preferem não ser chamadas de protestantes. Porém, sem nenhuma dúvida, a existência deles deve-se à Reforma, porque sem ela, as milhares e milhares de comunidades protestantes não existiriam hoje provavelmente. Então qualquer um que reivindica ser Cristão e que não é ativo na Igreja católica é um protestante, assim este arquivo aplica-se bem a todos os não-católicos, embora o que eles desejam se chamar. "Deus não é o autor de confusão..." (1Coríntios 14,33) "Cristo foi dividido?? (1Corinthians 1,13) Se foi, é culpa da Reforma. Veja só o que diz a Bíblia. ?Sede submissos e obedecei aos que vos guiam (pois eles velam por vossas almas e delas devem dar conta). Assim, eles o farão com alegria, e não a gemer, que isto vos seria funesto? (Hebreus 13,17) Seguramente, Lutero e os outros reformadores sabiam dessas passagens, Mas não se acha um versículo Bíblico que dá a autoridade para desobedecer os superiores, e foi exatamente o que os reformadores fizeram, eles não exibiram obediência e foram ao contrário do que a Bíblia ensina. Não se acha um verso Bíblico que autoriza qualquer um quebrar a Igreja de Jesus Cristo para formar a sua própria igreja. Se a autoridade não vier de Deus, então não há nenhuma autoridade. "E ninguém vos seduza com vãos discursos. Estes são os pecados que atraem a ira de Deus sobre os rebeldes. Não vos comprometais com eles" ( Efésios 5,6-7).

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"Os escribas e os fariseus sentaram-se na cadeira de Moisés. Observai e fazei tudo o que eles dizem, mas não façais como eles, pois dizem e não fazem" (Mateus 23,2-3). Nós não deixamos Pedro e o resto dos Apóstolos por causa dos trabalhos de Judas. Ao longo da história Bíblica, pecaram os líderes e as pessoas escolhidas de Deus, contudo a comunidade de Deus, sobreviveu com uma só voz e um só pastor... Abrão mentiu (Gêneses 12,13), contudo Deus o escolheu mudando seu nome para Abraão tornando, o pai de uma multidão de nações (Gênese 17,4). Isaac mentiu (Gêneses 26,7-11), contudo o rebanho dele sobreviveu intato. Jacó mentiu e enganou (Gêneses 27,24), porém, as pessoas escolhidas de Deus sobreviveram. Moisés era desobediente a Deus e assim não foi permitido conduzir a comunidade à terra prometida (Números 20,1-12). Porém, a comunidade sobreviveu. Aarão foi feito um alto sacerdote (Êxodo 28,1-3), contudo depois conduziu as pessoas em pecado fazendo um bezerro de ouro como ídolo, (Êxodo 32,21-35). Porém ele era o alto sacerdote (Êxodo 40,13) e a comunidade sobreviveu. Davi cometeu assassinato e adultério (2 Samuel 11,1-27) ainda assim, a comunidade sobreviveu. Salomão praticou idolatria e teve 700 esposas e 300 concubinas, e teve grande riqueza, (1Reis 11,1-43). Veja Deuteronômio 17,17 onde os reis não terão um grande número de esposas, nem acumule grande riqueza, contudo a comunidade de Salomão sobreviveu. Pedro mentiu para Jesus (Mateus 26,35), e abertamente o negou três vezes (Mateus 26, 69-75), contudo ele se tornou o primeiro Bispo de Roma, e o primeiro Papa, e ele escreveu dois livros infalíveis que nós usamos até hoje, e a Igreja ainda sobreviveu com um só rebanho com um só pastor. Um Apóstolo negou Cristo (Mateus 26, 69-75), o outro o traiu (Mateus 26,25), e outro duvidou (João 20,25), e todos correram e abandonaram ele(Mateus 26,56). Ainda assim, a Igreja que Jesus Cristo fundou, sobreviveu com um só rebanho e um só pastor, e todos os Apóstolos se tornaram santos. Saulo perseguiu a Igreja impiedosamente e prendeu muitos cristãos (Atos 7, 58-59) e (Atos 8,1-2). Ainda assim a Igreja permaneceu, e Saulo se tornou Paulo, um dos maiores Apóstolos. Como podemos ver, a autoridade da Igreja não é dependente nos trabalhos de qualquer um de seus membros. A Igreja é maior que qualquer um. É maior que

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Lutero, ou Calvino, ou Munzer, ou Zwingli, e de quaisquer um desses que fugiram para formar as suas próprias igrejas. Em nenhuma parte da Bíblia é dada autoridade para qualquer um começar outra igreja diferente da que Jesus Cristo fundou. Porém, há muitos versos que advertem contra abandonar Deus, no qual ele constituiu uma autoridade (Antigo Testamento) ou Igreja (Novo Testamento) o qual Ele deu a função aos profetas, como Moisés em (Êxodo 3 e 40), e aos Apóstolos (João 20, 21-23), e para os sucessores (Hebreus 13, 7-8) (Hebreus 13,17). Leia a rebelião de Coré contra Deus, na autoridade de Moisés (Números 16, 1-35). Veja como Moisés suplicou a ele e os seguidores para terminar a revolta que era na própria tribo de Moisés dos Levitas. Preste atenção ao que aconteceu a Coré, e para os seguidores dele em (Números 16, 25-35) .. Ainda se repete as mesmas coisas no decorrer dos tempos: Leia a história paralela de Martinho Lutero, no começo da reforma, onde ele exibiu a mesma obstinação a Deus, indo contra a autoridade da Igreja. " Sei que depois da minha partida se introduzirão entre vós lobos cruéis que não pouparão o rebanho" (Atos 20, 29-30) "Principalmente aqueles que correm com desejos impuros atrás dos prazeres da carne e desprezam a Autoridade" (2 Pedro 2,10) Aqui é uma pequena amostragem das 33.800 denominações de protestantes, e as datas de fundação: 1521, Martinho Lutero começou os luteranos quando ele rompeu com a verdadeira Igreja que já tinha existido durante 15 séculos. Antes desta época, a falsa doutrina da "Sola Scriptura" ou " Só a Bíblia", não tinha existido, e nem o falso homem não tinha feito a doutrina da"Interpretação Individual" da Bíblia Sagrada. 1521, Thomas Munzer começou os Anabatistas rompendo com o Luteranismo no mesmo ano. 1534, O Rei Henrique VIII começou a Igreja da Inglaterra. (Anglicano) 1536, John Calvino, predestinação pedagógica, formou o Calvinismo. 1560, John Knox que estudou depois de Lutero começa com os presbiterianos 1582, Congregacionalistas começou por Robert Browne, como uma filial de Puritanismo. 1609, John Smyth formou os batistas. Eles subdividiram severamente desde então. 1739, John Wesley começou os Metodista, em uma divisão do Anglicanismo. 1774, Theophilus Lindley começou a igreja Unitária. 1789, Samuel Seabury começou com os Episcopais. 1793-1809, igrejas de Cristo tiveram quatro fundadores separados. 1830, Joseph Smith fundou os mórmons em Palmyra Nova Iorque. 1860, William Miller, um fazendeiro, começou o Adventismo. 1863, Ellen Gould White começou os Adventistas do Sétimo dia. 1865, William Booth começou o Exército de Salvação.

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1875, Idade nova foi começada por Helena Blavatsky. Confira: (Colossenses 2,8) 1879, Mary Padeiro Eddy começou os Cientistas Cristãos. 1879, Charles Russell começou as Testemunhas de Jeová. 1895, Abbe francês, Alfred Loisy e , George Tyrrell começou o Modernismo. 1900-1920, Episcopalianos conservadores, luteranos, presbiterianos, e Metodistas, formam um consórcio, e começam o Fundamentalismo. 1901, Pentecostalismo foi começado nos Estados Unidos. Dividiu desde então em muitas denominações independentes. 1914, Felix Manalo começou Iglesia de Cristo. 1930, Igrejas independentes de América (IFCA), foi formado por um consórcio de igrejas. 1952, L. Ron Hubbard começou a Igreja da Scientology. 1965, Smith pancada começou Capela do Calvário. 1968, discípulos de Cristo, começados como uma divisão de Igrejas de Cristo. 1974, Ken Gullickson começou o Vinhedo Companheirismo Cristão. 20º século Assembléias de DEUS, e outras divisões de Pentecostais se juntam. É algumas das milhares de seitas novas fundadas por meros homens. Será que Deus examinou e aprovou tudo isso? "Não fareis nesse lugar o que nós fazemos hoje aqui, onde cada um faz o que bem lhe parece)... " (Deuteronômio 12,8) "Então estaria Cristo dividido? " (1Coríntios 1,13) "Jesus, porém, penetrando nos seus pensamentos, disse: "Todo reino dividido contra si mesmo será destruído. Toda cidade, toda casa dividida contra si mesma não pode subsistir " (Mateus 12, 25) Isto não é exatamente o que está acontecendo com as comunidades protestantes? Eles estão implodindo devido a estas divisões sem fim. As comunidades estão cada vez menores e menores, e eventualmente se isto continuar, cada membro será teoricamente a própria comunidade eclesial e individual. Quaisquer destas pessoas recebeu autoridade de Deus para formar suas próprias comunidades ? Quaisquer destas pessoas recebeu autoridade da Bíblia Sagrada para formar as próprias comunidades ? Confira o que está escrito na própria Bíblia! "Vou pedir contas aos profetas, cujas línguas não vacilam em proclamar: "oráculo do Senhor". Irei contra os profetas de sonhos enganadores que, ao narrá-los, ludibriam com mentiras e fatuidade o meu povo, quando nem missão lhes outorguei, nem mandato algum, e de nenhuma valia são para esse povo - oráculo do Senhor" (Jeremias 23, 31-32) "Assim como houve entre o povo falsos profetas, assim também haverá entre vós falsos doutores, que introduzirão disfarçadamente seitas perniciosas. Eles, renegando assim o Senhor que os resgatou, atrairão sobre si uma ruína

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repentina. Muitos os seguirão nas suas desordens e serão deste modo a causa de o caminho da verdade ser caluniado." (2 Pedro 2, 1-2). "Mas vós, caríssimos, lembrai-vos das palavras que vos foram preditas pelos Apóstolos de Nosso Senhor Jesus Cristo. Os quais vos diziam: "No fim dos tempos virão impostores, que viverão segundo as suas ímpias paixões; homens que semeiam a discórdia, homens sensuais que não tem o Espírito" (Judas 1, 17-19). "Rogo-vos, irmãos, que desconfieis daqueles que causam divisões e escândalos, apartando-se da doutrina que recebestes. Evitai-os. Esses tais não servem a Cristo nosso Senhor, mas ao próprio ventre. E com palavras adocicadas e linguagem lisonjeira enganam os corações simples" (Romanos 16, 17-18). "Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que a constroem" (Salmos 126,1) "Quando vier o Paráclito, o Espírito da Verdade, ensinar-vos-á toda a verdade, porque não falará por si mesmo, mas dirá o que ouvir, e anunciar-vos-á as coisas que virão." (João 16, 13) A maioria das seitas protestantes declara que o Espírito santo está lhes ensinando a verdade. Porém, só existe uma verdade. Com o advento da Sola Scriptura e interpretação individual da Bíblia, como pode o Espírito Santo interpretar de várias maneiras diferentes, a mesma passagem Bíblica, nas denominações protestantes? 1. Como o Espírito santo pode iluminar os luteranos mostrando que a Eucaristia é a verdadeira presença de Cristo , e depois mostra aos batistas que é só um símbolo? 2. Como o Espírito santo pode falar para os Metodista que é certo ter os ministros femininos, e então fala isto aos batistas que é anti-bíblico? 3. Como o Espírito santo pode mostrar aos Adventistas do Sétimo dia que o sábado é o dia de adoração, e então conta para os presbiterianos que o dia de adoração é o domingo? 4. Como o Espírito santo pode mostrar aos luteranos que Maria era e sempre permaneceu virgem, e então fala para os Assembleianos que teve outros filhos? 5. Como o Espírito santo pode falar para os batistas, que a Sola Fide está nas escrituras sagradas?

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6. Como o Espírito santo pode dizer para Episcopalianos batizar as crianças e então contar para os Pentecostais que o batismo infantil é inválido? 7. Como o Espírito santo pode falar para os mórmons que a Trindade Santa não está em três pessoas, e então conta para Metodista que a Trindade de três pessoas está em um só Deus? Eu poderia dizer que toda doutrina teológica, com exceção da existência de Deus que é ensinado através de uma igreja de não-católicos é negada por outra. Isso é o que mostra os ensinamentos diferentes do caos absoluto do resultado da reforma. Quem, destas comunidades protestantes, tem a autoridade para decidir as muitas disputas doutrinais que surgiram entre eles? Com certeza, eu poderia responder que isso parece mais com a história da torre de Babel (Gêneses 11, 1-9) onde as consequências são semelhantes. A reforma mais parece com esse versículo Bíblico: "Andarão errantes de um mar a outro, vaguearão do norte ao oriente; correrão por toda parte buscando a palavra do Senhor, e não a encontrarão" (Amós 8,12). "Quem não está comigo está contra mim; e quem não ajunta comigo, espalha" (Mateus 12,30). O que significa este verso? Diz que Jesus é o caminho e a verdade (João 10,16), e que esses que estão contra ele são os mentirosos. Quem são os mentirosos aqui? Eles não são os fundadores das 33.800 seitas, onde se dividiram e espalharam o rebanho? Veja só o que diz a Bíblia! "Ai dos pastores que deixam perder-se e dispersar-se o rebanho miúdo de minha pastagem" (Jeremias 23,1) Quem é o "autor da confusão?" Você se lembrou de (1Coríntios 14,33)? Além de tudo,vejam só o que eles dizem: "O Espírito santo me incita". Pode-se perceber que um dos três espíritos é que está "incitando" de fato. São eles: 1. O Espírito santo. 2. O espírito humano dentro de cada um. 3. Um mal, ou espírito endiabrado. Estes devem ser discernidos, como nos ensina as Santas Escrituras, a testar todos os espíritos. Confira: "Caríssimos, não deis fé a qualquer espírito,mas examinai se os espíritos são de Deus, porque muitos falsos profetas se levantaram no mundo" (1 João 4,1). Na Epístola de São Paulo aos Efésios 1,22-23, quando ele menciona o "Corpo", ele recorre ao Corpo de Cristo, chefe de uma só Igreja.

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" E sujeitou a seus pés todas as coisas, e o constituiu chefe supremo da Igreja, que é o seu corpo, o receptáculo daquele que enche todas as coisas sob todos os aspectos" Em (Efésios 4, 4-6), disse Paulo, "Um Corpo (só significando UMA Igreja), Um só Espírito,... Um só Deus, Uma só Fé, Um só Batismo, Um só Deus e Pai de todos... " Aqui fica uma interrogação. Será que estas pessoas receberam autoridade Bíblica para fundar essas 33.800 denominações diferentes e contraditórias, uma das outras? Parece que não! Daí conclue-se que estas pessoas abandonaram (João 10,16) ou (João 17,20-23) ou (Romanos 15,5-6) ou (1 Coríntios 1,10) ou ( Filipenses 1, 27) ou ( Efésios 4,1-6) etc...etc...etc... Então podemos deduzir com confiança, que o espírito atuante nas milhares de igrejas protestantes, que nós demonstramos nesse texto, não é obra do Espírito santo, mas dos falsos profetas. Conclusão! O primeiro protestante, apesar de sua mente doentia e conflitante, amou e honrou a Virgem Santíssima Maria, a Mãe de Deus, como fez os outros reformadores. Por que o Protestantismo ficou tão longe do ensino de seus fundadores?

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G12, encontros e técnicas de lavagem cerebral Uma das caracteristicas mais comuns das seitas é o proselitismo, ou seja, estão sempre à espreita de uma nova vítima, e para conseguir seus “convertidos” elas precisam trabalhar duro para modificar pensamentos e atitudes em um curto espaço de tempo – geralmente um dia ou um fim de semana. O que apresentamos neste artigo são algumas das técnicas mais comuns usadas pelos manipuladores de mente: Isolamento O primeiro indicador que mostra que estão utilizando técnicas de conversão é o isolamento. As reuniões ou cursos de capacitação geralmente ocorrem em um lugar onde os participantes estão isolados do mundo exterior, podendo ser a reclusão em uma casa, um sítio ou fazenda, onde os participantes devem permanecer todo o tempo, tendo acesso apenas ao banheiro, e ainda assim este acesso é bastante restrito. Horário maçante O segundo fator que denuncia a utilização de técnicas de conversão é uma carga horária maçante, que produz cansaço físico e mental. Durante essa fase a pessoa, vencida pelo cansaço, passa a assimilar tudo o que lhe é a´presentado sem questionar, pois perde a capacidade de discernir. Insegurança O terceiro indicador é a insegurança. Poderiamos escrever várias linhas sobre as técnicas utilizadas para aumentar a tensão e gerar incerteza. Enfatiza-se muito a culpa, e os participantes são incitados a relatar seus mais intimos acontecimentos e todos são forçados a revelar os segredos da sua vida privada. Um dos seminários de auto-ajuda de mais exito força os participantes a subir em um palco diante de um auditório enquanto são atacados verbalmente pelos mentores. Ora, uma pesquisa realizada há anos atrás revela que a situação mais constrangedora para a maioria das pessoas é falar diante de um auditório. Agora, imagine a tensão que essa situação causa na pobre vítima dos manipuladores de mente! Alguns chegam a desmaiar e outros buscam fugir mentalmente da situação, entando em um tipo de transe hipinótico, o que os torna ainda mais sugestionáveis. Introdução de novas “gírias” Outro fato que indica a utilização de técnicas de conversão é a introdução de “gírias” que possuem sentido apenas para os “iniciados”. Utiliza-se esta forma de linguagem durante todo o tempo, e quase não há espaço para descontração ou gracejo, pelo menos até que os participantes tenham se “convertido”. Depois dessa fase, exagera-se no bom humor e os risos surgem como símbolo da nova felicidade que os participantes supostamente encontraram.

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As reuniões das seitas são ambientes ideais para observar aquilo que tecnicamente conhecemos como “síndrome de Estocolmo”. Esta é uma situação em que as pessoas que são intimidadas ou humilhadas, passam a sentir admiração e as vezes até desejar sexualmente os seus controladores. Aqueles que pensam que são capazes de assistir um “treinamento” desse tipo sem ser afetados devem rever seus conceitos. Um exemplo disso é a história de uma mulher que foi até o Haiti junto com um grupo de estudantes para examinar o culto local desde uma perspectiva antropológica. Ela escreve em seu relatório que a música a conduziu a alguns movimentos corporais involuntários e a um estado alterado de consciência. Ainda que ela entendia o procedimento e acreditava estar acima daquelas crenças bárbaras, ela começou a sentir-se vulnerável a música. Ela diz que tentou resistir, mas após algum tempo não suportou mais e acabou “baixando à guarda”. O enfado assegurou a “conversão” e quando ela se deu conta já estava dançando em transe em meio à reunião. Diante desse quadro é possivel entender porque algumas pessoas “renascidas” e aparentemente esclarecidas, que já aceitaram a Cristo e que são membros de igrejas sérias há anos, após participarem de uma reunião misteriosa em um lugar isolado, após muita “ministração”, havendo cumprido uma rotina fadigante durante 3 dias, ainda que tenham ido apenas como críticos, curiosos ou expectadores, regressam de lá dizendo: “nunca na vida havia tido uma experiência tão fascinante!”; “há anos eu pensava que estava servindo a Deus, mas só agora eu pude conhecer a verdade”. E quando você pergunta o que foi que ocasionou tal mudança, eles simplesmente respondem: “Só posso te dizer que É TREMENDO!”.