PROTEÇÃO DO PATRIMÔNIO FINANCEIRO EM TEMPOS

DE PANDEMIA

Nós da Medway disponibilizamos esse material para ajudar você, colega médico, a proteger seu patrimô-nio financeiro nessa época de crise econômica e de saúde.

Aqui você encontrará dicas práticas e objetivas sobre como gerenciar seu dinheiro nesse tempo de tantas incertezas.

Todo esse material foi orientado pelo Diretor Finan-ceiro a Medway, Felipe Mansano, que é Formado em Engenharia de Produção pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, e que trabalhou duran-te alguns anos no mercado financeiro no banco de investimento Goldman Sachs.

A pandemia de COVID-19 trouxe um impacto significativo para a eco-nomia brasileira. O isolamento social e a restrição de circulação cau-saram queda de receita e uma consequente onda de demissões em diversos tipos de empresa. Negócios como lojas de rua, academias, shopping center estão sofrendo, pois fechados têm faturamento zero.

O principal problema disso é que entramos num ciclo vicioso, no qual as demissões que já ocorreram geram mais demissões. Funciona da seguinte maneira: a onda inicial de demissões faz com que milha-res de família fiquem sem renda, reduzindo seu poder de consumo. Como consequência, empresas que não foram impactadas direta-mente pelo isolamento social, tem menos demanda por seus produ-tos ou serviços. Com menos demanda, acabam por demitir, configu-rando uma fase recessiva da economia.

O aumento da taxas de desemprego é um aspecto tangível e men-surável. Infelizmente ainda há problemas intangíveis. O medo e a insegurança sendo o maior deles. A falta de previsibilidade do que acontecerá nos próximos meses faz com que aconteça um fenômeno chamado flight to quality.

Investidores passam a alocar seus investimentos em ativos vistos como menos arriscados: títulos de dívida do governo americano ou ouro, que historicamente são os ativos mais seguros. Ativos mais ar-riscados como ações de países emergentes como o Brasil são vendi-dos. Como a precificação dos ativos em bolsa é ditada pela oferta e pela demanda, a cotação da bolsa brasileira é pressionada para baixo.

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Antes de falarmos onde você, profissional médico, deve aplicar seu dinheiro, vamos falar sobre algo que parece simples, mas é impor-tante em reforçar: SEU DINHEIRO É MEDIDO EM REAIS.

Essa reflexão é simples e importante pelo fato de médicos, em geral, medirem o valor dos bens materiais em número de horas de plantão: “Esse celular eu compro com 4 plantões”, “esse curso custa um plan-tão de 12 horas”, etc.

Esse é um grande erro estratégico. Você acredita que sempre haverá mais um plantão disponível, criando uma ideia de “dinheiro infinito”. Como consequência, nunca consegue juntar patrimônio, pois acaba gastando quase tudo o que se ganha.

O ideal é que você deixe de apenas vender o seu tempo fazendo plantões e ponha seu dinheiro para “trabalhar por você”. Ao longo da vida, seus custos aumentarão: a família cresce, você compra um car-ro melhor, aluga ou compra uma casa maior. A boa gestão financeira dita que o seu patrimônio (basicamente a quantidade de dinheiro que você tem guardada) aumente ao longo dos anos. Dessa manei-ra, você poderá montar uma estratégia de renda passiva, de maneira que fique menos dependente de dar tantos plantões.

No entanto, o primeiro passo para isso é parar de medir seu dinheiro em horas de plantão.

Para começar, você deve estabelecer uma quantia que irá poupar,

e um tempo para atingir esse valor. Por exemplo: Em 1 ANO pouparei

100 MIL Reais; Em 6 MESES pouparei 20 MIL REAIS.

Depois, quebre essas meta outras menores (de curto prazo), que

será COMO você conseguirá chegar lá. Pode ser o quanto você guar-

dará dos seus ganhos, o quanto você deixará de gastar com coisas

que gasta hoje, etc. Tente ter metas semanais ou mensais, e você

verá que será uma maneira muito mais eficaz de atingir seu objetivo

de longo prazo.

Para você que é profissional médico e tem, em média, um ganho

maior do que a maioria das outras profissões, recomendamos que

guarde algo entre 15 e 30% da sua renda líquida mensal. Dessa ma-

neira, rapidamente você entrará em um ciclo virtuoso de renda pas-

siva, por conta dos juros compostos. Quanto mais você investe, maior

será sua renda passiva ao longo dos anos.

A- Bolsa de Valores

Há duas situações sobre investimento em bolsa:

Você já estava comprado antes da crise começar Se você já investia na bolsa, o momento é de ter calma e paciência. Comparando com o pico da bolsa no final de Janeiro de 2020 (119.527 pontos), ao final de Abril de 2020 (momento em que esse texto foi escrito), a bolsa já perdeu quase 40% de seu valor.

Se esse for seu caso, nesse momento é aconselhado um pouco de frieza. A recomendação é que você não venda suas ações. Como mé-dico, é natural que você não terá tempo de fazer uma gestão ativa da sua carteira. Além disso, muito provavelmente você não está pre-cisando do dinheiro investido para sobreviver, então é muito mais prudente aguardar, do que realizar a venda (e consequente perda do seu patrimônio)

O futuro não repete sempre o passado, mas é sempre bom aprender com as crises anteriores. Olhando os dados, podemos observar que, nas últimas crises que o Brasil passou (em 2002, 2009 e 2014), o mer-cado levou entre 8 a 18 meses para voltar ao patamar onde estava. Caso você já esteja comprado em bolsa, recomendamos que aguar-de esse período para tomar uma decisão de venda.

Você não investia na bolsa e está pensando em investir

A principal pergunta é: agora que a bolsa está em baixa, devo in-vestir? Não há resposta fácil para essa pergunta, pois não sabe-mos qual será e quando acontecerá o limite mínimo de cotação da bolsa. Então, passar a investir agora na bolsa de valores depen-derá muito mais do seu perfil (conservador, moderado, arrojado ou agressivo) e da liquidez (ou seja, a quantidade de dinheiro) que você tem para investir.

Mas em qual empresa devo investir?

Se você decidir investir, separamos alguns tipos de empresa que você deve evitar e as que podem trazer um maior retorno nessa época de pandemia e crise econômica.

Empresas para Evitar

Você deve evitar empresas com os seguintes perfis:

Empresas com muita dívida - Todas as empresas têm obrigações com seus funcionários e fornecedores. Empresas endividadas tam-bém têm obrigações com credores. Empresas endividadas podem ter dificuldades em momentos econômicos de recessão, como os que estamos passando atualmente, e podem não conseguir arcar com o pagamento das suas dívidas. Para avaliar se uma empresa possui uma dívida excessiva, faça a seguinte análise. Dívida Líquida = Total de Dívida da Empresa - Total de Caixada Empresa

EBITDA = lucro antes de impostos , juros , deprec iações e amor t izações

Se a razão Dívida Líquida / EBITDA Anual > 2,5, a empresa muito pro-vavelmente está muita endividada, e por esse motivo deve ser evita-da como investimento nesse momento.

Empresas expostas a commodities - Commodities são produtos que funcionam como matérias-primas, produzidos em escala e que podem ser estocados sem perda de qualidade, como petróleo, suco de laranja congelado, boi gordo, café, soja. Geralmente têm seus pre-ços regidos por uma bolsa de futuros. Em tempos de recessão eco-nômica como a atual, causada por uma pandemia global, a demanda por commodities tende a cair. Por consequência, empresas produ-toras desse tipo de mercadoria tendem a sofrer um movimento de desvalorização das ações.

Empresas estatais - No Brasil, a interferência dos governos na eco-nomia através das empresas estatais é recorrente. Muitas vezes, po-líticas públicas são empurradas pelo governo. Apesar de ser de in-teresse social, muitas vezes tais políticas não são de interesse dos investidores. Melhor evitá-las.

Boas empresas para investir

Já falamos de empresas que você deve evitar. Veja alguns tipos de empresa que vale a pena olhar com bons olhos no atual momento:

Boas pagadoras de dividendos: Dividendos são uma parte dos lucros de uma empresa que são distribuídos aos seus acionistas como forma de remuneração. Empresas que têm um fluxo recor-rente de pagamentos de dividendos são uma ótima opção para esse momento.

Empresas que exportam: Empresas exportadoras tem seu cus-to f ixo em Real, mas suas vendas são feitas em moedas mais fortes como Euro e Dólar. Esse tipo de empresa também é uma boa escolha, dada a depreciação do nosso câmbio em relação a essas moedas estrangeiras.

B - Fundos de Renda Fixa, Fundos de Ações e Multimercado

Fundos de Renda Fixa

Levando em consideração que você provavelmente não tem tempo hábil para gerir esse tipo de investimento, escolha uma empresa que faça isso para você. As taxas geralmente são: Taxa de Administração e Taxa de Performance.

A Taxa de Administração gira em torno de 2% ao ano. Ela é cobrada em cima do valor total que você tem investido. Já a Taxa de Performance é atribuída a um patamar de rendimento que pode ser a SELIC. Se os ganhos forem superiores a 3,75%a.a. (taxa em Abril de 2020), as empresas cobram em média 20% sobre o ga-nho excedente.

Vale também ficar atento aos prazos de liquidação, que é o tempo que o dinheiro demora para cair na sua conta corrente depois da ordem de venda. Há fundos com liquidez D+0 até fundos que pos-suem liquidez D+180. Leve esse fator em conta na hora de escolher seu fundo.

Diferente do ano de 2016 onde a SELIC chegou a 14,25%a.a., esse tipo de investimento não fará você ganhar muito dinheiro. Hoje, ele é vis-to como um investimento defensivo, onde você tem pouco risco e poucos ganhos.

A melhor dica que podemos te dar em relação a esse tipo de investi-mento é ler a Carta do Gestor desses Fundos. Se você não tem acesso à elas, peça para o gerente da sua conta bancária ou para o responsá-vel da corretora.

Nessa carta, o gestor apresenta a visão dele de como vai se compor-tar o mercado nos próximos meses, além da visão macroeconômica do Brasil. Ela pode ser mensal, trimestral ou anual. Se você concordar com a carta do gestor desse fundo específico que está estudando, se sentirá mais confortável em aplicar o seu dinheiro lá.

C - Imóveis

Como o próprio nome diz, esse é um tipo de investimento que imobi-liza o seu capital. Existem dois pontos fortes a se observar antes ir por esse caminho, um a favor e um contra.

A Favor O financiamento do mercado imobiliário é baseado na Taxa SELIC que chegou ao menor patamar histórico. Isso trará boa negociações caso você deseje financiar a compra do imóvel, já que esse tipo de contrato geralmente é muito longo.

Ainda falando de financiamento imobiliário, se você já possui um financiamento de anos anteriores, quando a taxa era superior à atu-al, vale muito a pena sentar com o seu gerente e renegociar o seu financiamento imobiliário. O ganho econômico ao longo dos anosvai ser imenso.

Contra

Não há garantias que, após investir em um imóvel, conseguirá um locador ou um novo comprador num curto espaço de tempo. Isso faz com que você tenha de arcar com os custos fixos de IPTU e condo-mínio, que podem acabar te descapitalizando ainda mais. Por fim, é muito importante considerar a falta de liquidez nesse tipo de investi-mento. Caso você precise do dinheiro de volta rapidamente, pode ser penalizado por um valor de revenda mais baixo.

Para encerrar, gostaria de te puxar mais um vez para uma refle-xão. O dinheiro não serve apenas para adquirir coisas, serviços e bens materiais. Ele é muito mais que isso. O dinheiro é uma reserva de tempo, uma apólice de seguro que vai ter dar segurança e tranquilidade em tempos como esse que vivemos, por exemplo.

A existência de uma reserva financeira vai te dar segurança para que possa focar em sua carreira, família e estudos sem ter que ficar estressado com o que pode vir a acontecer amanhã ou depois. Quem tem reserva financeira passa mais calmamente por tem-pos difíceis. Quem tem patrimônio financeiro tem muito mais tranquilidade para pôr as coisas de volta nos eixos.

Espero que você tenha aproveitado o conteúdo desse material, e que ele possa te ajudar a definir com mais segurança o que fará com seu patrimônio financeiro daqui para frente.