protecção social angola
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INTRODUÇÃO
A protecção social pode ser entendida como um conjunto de medidas que visa
melhorar as condições de vida das populações vulneráveis e a diminuir as barreiras a
demanda de serviços básicos resultando em melhoramentos nos indicadores sociais e
de pobreza
A assistência social é uma abordagem que visa proteger os grupos mais
vulneráveis tendo em conta critérios rigorosos para uma pessoa se habilitar a benefícios
relacionados com pobreza, doenças crónicas, incapacidade física ou mental e idade.
Muitos angolanos foram vítimas directas ou indirectas da guerra e esta é uma das causas
da condição de precariedade em que se encontram grandes segmentos da população,
muitos em estado de pobreza e vulnerabilidade, particularmente crianças e mulheres,
devido ao insuficiente funcionamento dos serviços sociais, à destruição de
infraestruturas e à deslocação massiva de populações, principalmente das áreas rurais
para as áreas urbanas.
É consabido que as políticas sociais, em particular a acção social, assumem a
função de compensar as desigualdades e disfunções geradas pelos sistemas económicos.
Por essa razão, cada vez mais vai-se entendendo que as respostas as
necessidades humanas, dependem menos de uma série de políticas diferentes, mas de
sistemas de soluções coordenadas e integradas intersectorialmente e a vários níveis.
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PROTECÇÃO SOCIAL
Angola vive hoje um clima de estabilidade política e, consequentemente, de
segurança, o que constitui uma oportunidade singular para o estabelecimento de um
quadro estratégico comum, entre os diferentes actores sociais, para a implementação das
Políticas Sociais Públicas, como mecanismo de resolução dos desequilíbrios
económicos e sociais provocados pelo longo período de conflito armado que o país
viveu.
Por outro lado, a realidade concreta do país impõe a urgência do estabelecimento
de uma política de protecção social que auxilie a redistribuição dos rendimentos, por
forma a contribuir para eliminar a precariedade e reduzir as consequências sociais
negativas, provocadas pelos longos anos de guerra, injusta e atroz, ao mesmo tempo que
ajuda a gerar novos estímulos ao desenvolvimento.
Sabe-se que o exercício para a erradicação da pobreza é difícil e complexo mas é
possível atenuar, melhorar e transformar a situação dos homens, mulheres e crianças
que se encontram nesta situação.
OBJECTIVOS DA PROTECÇÃO SOCIAL
Segundo a Lei de bases da protecção social da República de Angola, no seu
artigo 1º do capítulo I das disposições gerais constituem objectivos da protecção social:
a) Atenuar os efeitos da redução dos rendimentos dos trabalhadores nas situações
de falta ou diminuição da capacidade de trabalho, na maternidade, no
desemprego e na velhice e garantir a sobrevivência dos seus familiares, em caso
de morte;
b)
Compensar o aumento dos encargos inerentes as situações familiares de especialfragilidade ou dependência;
c) Assegurar meios de subsistência à população residente carenciada, na medida do
desenvolvimento económico e social do país e promover, conjuntamente com os
indivíduos e as famílias, a sua inserção na comunidade, na plena garantia de uma
cidadania responsável.
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RELAÇÕES COM SISTEMAS ESTRANGEIROS
O Estado promove a celebração ou adesão a acordos internacionais com o
objectivo de ser reciprocamente garantida a igualdade de tratamento aos cidadãos
angolanos e suas famílias;
Os acordos internacionais visam garantir os direitos dos cidadãos angolanos que
exerçam a sua actividade noutros países ou a estes se desloquem, bem como a
conservação dos direitos adquiridos e em formação quando regressam a Angola.
PROTECÇÃO SOCIAL EM ANGOLA
Legislação e Medidas em Funcionamento
A Lei de Protecção Social, 2004, 15 de Outubro, estabeleceu as bases de
protecção social, tratando principalmente das medidas de prevenção descritas acima. A
lei define três níveis de protecção social:
• Protecção Social de Base – Baseada nos fundos públicos, sem contributos dos
beneficiários e direccionada para os mais pobres.
• Protecção Social Obrigatória – Baseada numa lógica de seguro, financiada através
das contribuições dos trabalhadores, que oferece uma serie de direitos aos trabalhadores
no sector formal.
• Protecção Social Complementar – De adesão facultativa que ofereça os contributos
para pensões de velhice, invalidez, morte e cuidados de saúde.
1. PROTECÇÃO SOCIAL DE BASE
1.1 Fundamentos e objectivos
Constituem fundamentos e objectivos da protecção social de base:
a) A solidariedade nacional que reflecte características distributivas e é,
essencialmente, financiada através do imposto;
b) O bem-estar das pessoas, das famílias e da comunidade que se concretiza através
da promoção social e do desenvolvimento regional, reduzindo, progressivamente, as desigualdades sociais e as assimetrias regionais;
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c) A prevenção das situações de carência, disfunção e de marginalização,
organizando, com os próprios destinatários, acções de protecção especial a
grupos mais vulneráveis;
d) A garantia dos níveis mínimos de subsistência e dignidade, através de acções de
assistência a pessoas e famílias em situações especialmente graves quer pela sua
imprevisibilidade ou dimensão quer pela impossibilidade total de recuperação ou
de participação financeira dos destinatários.
A protecção social de base abrange a população residente que se encontre em
situação de falta ou diminuição dos meios de subsistência e não possa assumir na
totalidade a sua própria protecção, nomeadamente:
a) Pessoas ou famílias em situação grave de pobreza;
b) Mulheres em situação desfavorecida:
c) Crianças e adolescentes com necessidades especiais ou em situação de risco;
d) Idosos em situação de dependência física ou económica e de isolamento;
e) Pessoas com deficiência, em situação de risco ou de exclusão social;
f) Desempregados em risco de marginalização.
2.
PROTECÇÃO SOCIAL OBRIGATÓRIA
2.1 Fundamentos e objectivos:
A protecção social obrigatória pressupõe a solidariedade de grupo, tem carácter
comutativo e assenta numa lógica de seguro, sendo financiada através de contribuições
dos trabalhadores e das entidades empregadoras.
A protecção social obrigatória destina-se aos trabalhadores por conta de outrem
ou por conta própria e suas famílias e tende a protegê-los, de acordo com odesenvolvimento económico e social, nas situações de falta ou diminuição da
capacidade de trabalho, maternidade, acidente de trabalho e doenças profissionais,
desemprego, velhice e morte, bem como nas situações de agravamento dos encargos
familiares.
Os funcionários públicos são protegidos por regime próprio, ficando
transitoriamente abrangidos pelo regime dos trabalhadores por conta de outrem,
enquanto não for estabelecida a regulamentação própria e sem prejuízo do Sistema deSegurança Social das Forças Armadas Angolanas.
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3. PROTECÇÃO SOCIAL COMPLEMENTAR
A protecção social complementar é de adesão facultativa, assenta numa lógica
de seguro e pretende reforçar a cobertura fornecida no âmbito dos regimes integrados na
protecção social obrigatória.A protecção social complementar abrange, com carácter facultativo, as pessoas
inscritas num dos regimes de protecção social obrigatória.
A inscrição na protecção social obrigatória é prévia e indispensável à adesão à
protecção social complementar.
No quadro da profissão, da actividade ou da empresa, os parceiros sociais podem
negociar as garantias sociais, o sistema de financiamento e a entidade gestora dos
regimes.O acordo, uma vez assinado e aprovado pela tutela, tem força obrigatória para
todos os que entrarem no seu âmbito de aplicação.
FINANCIAMENTO DA PROTECÇÃO SOCIAL
A protecção Social de base é financiada por:
a) Transferências do Orçamento Geral do Estado e receitas dos órgãos administrativoslocais do Estado;
b) Donativos nacionais, internacionais ou por qualquer outra forma legalmenteadmitida, destinados a projectos específicos;c) Comparticipações dos utilizadores de serviço e equipamentos sociais, tendo em contaos seus rendimentos ou dos agregados familiares.2. Os programas sociais enquadrados na protecção social de base devem ter
programação plurianual e podem ser financiadas através de um Fundo Nacional de
Solidariedade e Assistência, essencialmente constituído por transferências do
Orçamento do Estado resultantes de medidas fiscais apropriadas.
A protecção social obrigatória é financiada por:
a) Contribuições dos trabalhadores e das entidades empregadoras; b) Juros de mora devidos pelo atraso no pagamento das contribuições;c) Valores resultantes da aplicação de sanções;d) Rendimentos do património;e) Transferências do Orçamento Geral do Estado;d) Subsídios, donativos, legados e heranças;g) Comparticipações previstas na lei;h) Outras receitas.
A protecção social complementar é financiada por contribuições dos
trabalhadores ou destes e das entidades empregadoras ou por outras formas previstas emconvenção.
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CONCLUSÃO
Em Angola, a nova visão de política social tem como fundamento básico, a
instituição de um modelo de segurança social equilibrado e sustentável onde combinem
a responsabilidade individual e a solidariedade social e, onde se diferencie
positivamente a assistência aos mais desfavorecidos.
No quadro da nova visão, pretende-se uma parceria activa entre o Estado e a
sociedade, onde as comunidades assumam uma responsabilização colectiva, na
edificação de mecanismos de apoio aos grupos mais vulneráveis e as famílias em
situação de risco.
Esta visão de parceria não deve ser entendida como um processo de
desresponsabilização do Estado, a quem cabe certamente, a função primária de proteger
e assistir os cidadãos mais carenciados.
Esta dinâmica de parceria, tem como principal objectivo o envolvimento
alargado de todos parceiros sociais, com maior protagonismo para os agentes das
instituições comunitárias, públicas, privadas, religiosas, dentre outras, para que através
da dimensão social das suas actividades, se possam aproximar aos problemas e, serem
elementos participantes activos na inserção social dos grupos hoje excluídos, não na
perspectiva de caridade mais de solidariedade social.
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BIBLIOGRAFIA
VIRGÍNIA BOTELHO, um novo conceito de protecção social , Actual Editora,
2007.
Instituto Nacional de Segurança Social, Guia do segurado e do contr ibuinte da
protecção social obr igatóri a
Assembleia Nacional, Lei nº 7/04 de 15 de Outubro (Lei de bases da protecção
Social), 2003.