protecção social angola

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INTRODUÇÃO A protecção social pode ser entendida como um conjunto de medidas que visa melhorar as con dições de vida da s populações vu lneráveis e a diminuir as ba rreiras a demanda de serviços básicos resu ltando em melhoramentos nos indicadores sociais e de pobreza A assistência social é uma abordagem que visa proteger os grupos mais vulneráveis tendo em conta critérios rigorosos para uma pessoa se habilitar a benefícios relacionados com pobreza, doenças crónicas, incapacidade física ou mental e idade. Muitos angolanos foram vítimas directas ou indirectas da guerra e esta é uma das causas da condição de precariedade em que se encontram grandes segmentos da população, muitos em estado de pobreza e vulnerabilidade, particularmente crianças e mulheres, devido ao insuficiente funcionamento dos serviços sociais, à destruição de infraestruturas e à deslocação massiva de populações, principalmente das áreas rurais  para as áreas urbanas. É consabido que as políticas sociais, em particular a acção social, assumem a função de compensar as desigualdades e disfunções geradas pelos sistemas económicos. Por essa razão, cada vez mais vai-se entendendo que as respostas as necessidades humanas, dependem menos de uma série de políticas diferentes, mas de sistemas de soluções coordenada s e integradas intersectorialmente e a vários níveis.

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breve descrição sobre a protecção social em angola

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7/17/2019 protecção social angola

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INTRODUÇÃO

A protecção social pode ser entendida como um conjunto de medidas que visa

melhorar as condições de vida das populações vulneráveis e a diminuir as barreiras a

demanda de serviços básicos resultando em melhoramentos nos indicadores sociais e

de pobreza

A assistência social é uma abordagem que visa proteger os grupos mais

vulneráveis tendo em conta critérios rigorosos para uma pessoa se habilitar a benefícios

relacionados com pobreza, doenças crónicas, incapacidade física ou mental e idade.

Muitos angolanos foram vítimas directas ou indirectas da guerra e esta é uma das causas

da condição de precariedade em que se encontram grandes segmentos da população,

muitos em estado de pobreza e vulnerabilidade, particularmente crianças e mulheres,

devido ao insuficiente funcionamento dos serviços sociais, à destruição de

infraestruturas e à deslocação massiva de populações, principalmente das áreas rurais

 para as áreas urbanas.

É consabido que as políticas sociais, em particular a acção social, assumem a

função de compensar as desigualdades e disfunções geradas pelos sistemas económicos.

Por essa razão, cada vez mais vai-se entendendo que as respostas as

necessidades humanas, dependem menos de uma série de políticas diferentes, mas de

sistemas de soluções coordenadas e integradas intersectorialmente e a vários níveis.

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PROTECÇÃO SOCIAL

Angola vive hoje um clima de estabilidade política e, consequentemente, de

segurança, o que constitui uma oportunidade singular para o estabelecimento de um

quadro estratégico comum, entre os diferentes actores sociais, para a implementação das

Políticas Sociais Públicas, como mecanismo de resolução dos desequilíbrios

económicos e sociais provocados pelo longo período de conflito armado que o país

viveu.

Por outro lado, a realidade concreta do país impõe a urgência do estabelecimento

de uma política de protecção social que auxilie a redistribuição dos rendimentos, por

forma a contribuir para eliminar a precariedade e reduzir as consequências sociais

negativas, provocadas pelos longos anos de guerra, injusta e atroz, ao mesmo tempo que

ajuda a gerar novos estímulos ao desenvolvimento.

Sabe-se que o exercício para a erradicação da pobreza é difícil e complexo mas é

 possível atenuar, melhorar e transformar a situação dos homens, mulheres e crianças

que se encontram nesta situação.

OBJECTIVOS DA PROTECÇÃO SOCIAL

Segundo a Lei de bases da protecção social da República de Angola, no seu

artigo 1º do capítulo I das disposições gerais constituem objectivos da protecção social:

a)  Atenuar os efeitos da redução dos rendimentos dos trabalhadores nas situações

de falta ou diminuição da capacidade de trabalho, na maternidade, no

desemprego e na velhice e garantir a sobrevivência dos seus familiares, em caso

de morte;

b) 

Compensar o aumento dos encargos inerentes as situações familiares de especialfragilidade ou dependência;

c)  Assegurar meios de subsistência à população residente carenciada, na medida do

desenvolvimento económico e social do país e promover, conjuntamente com os

indivíduos e as famílias, a sua inserção na comunidade, na plena garantia de uma

cidadania responsável.

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RELAÇÕES COM SISTEMAS ESTRANGEIROS

O Estado promove a celebração ou adesão a acordos internacionais com o

objectivo de ser reciprocamente garantida a igualdade de tratamento aos cidadãos

angolanos e suas famílias;

Os acordos internacionais visam garantir os direitos dos cidadãos angolanos que

exerçam a sua actividade noutros países ou a estes se desloquem, bem como a

conservação dos direitos adquiridos e em formação quando regressam a Angola.

PROTECÇÃO SOCIAL EM ANGOLA

Legislação e Medidas em Funcionamento

A Lei de Protecção Social, 2004, 15 de Outubro, estabeleceu as bases de

 protecção social, tratando principalmente das medidas de prevenção descritas acima. A

lei define três níveis de protecção social:

• Protecção Social de Base  –   Baseada nos fundos públicos, sem contributos dos

 beneficiários e direccionada para os mais pobres.

• Protecção Social Obrigatória  –  Baseada numa lógica de seguro, financiada através

das contribuições dos trabalhadores, que oferece uma serie de direitos aos trabalhadores

no sector formal.

• Protecção Social Complementar  –  De adesão facultativa que ofereça os contributos

 para pensões de velhice, invalidez, morte e cuidados de saúde.

1.  PROTECÇÃO SOCIAL DE BASE

1.1 Fundamentos e objectivos

Constituem fundamentos e objectivos da protecção social de base:

a)  A solidariedade nacional que reflecte características distributivas e é,

essencialmente, financiada através do imposto;

b)  O bem-estar das pessoas, das famílias e da comunidade que se concretiza através

da promoção social e do desenvolvimento regional, reduzindo, progressivamente, as desigualdades sociais e as assimetrias regionais;

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c)  A prevenção das situações de carência, disfunção e de marginalização,

organizando, com os próprios destinatários, acções de protecção especial a

grupos mais vulneráveis;

d)  A garantia dos níveis mínimos de subsistência e dignidade, através de acções de

assistência a pessoas e famílias em situações especialmente graves quer pela sua

imprevisibilidade ou dimensão quer pela impossibilidade total de recuperação ou

de participação financeira dos destinatários.

A protecção social de base abrange a população residente que se encontre em

situação de falta ou diminuição dos meios de subsistência e não possa assumir na

totalidade a sua própria protecção, nomeadamente:

a) Pessoas ou famílias em situação grave de pobreza;

 b) Mulheres em situação desfavorecida:

c) Crianças e adolescentes com necessidades especiais ou em situação de risco;

d) Idosos em situação de dependência física ou económica e de isolamento;

e) Pessoas com deficiência, em situação de risco ou de exclusão social;

f) Desempregados em risco de marginalização.

2. 

PROTECÇÃO SOCIAL OBRIGATÓRIA

2.1 Fundamentos e objectivos:

A protecção social obrigatória pressupõe a solidariedade de grupo, tem carácter

comutativo e assenta numa lógica de seguro, sendo financiada através de contribuições

dos trabalhadores e das entidades empregadoras.

A protecção social obrigatória destina-se aos trabalhadores por conta de outrem

ou por conta própria e suas famílias e tende a protegê-los, de acordo com odesenvolvimento económico e social, nas situações de falta ou diminuição da

capacidade de trabalho, maternidade, acidente de trabalho e doenças profissionais,

desemprego, velhice e morte, bem como nas situações de agravamento dos encargos

familiares.

Os funcionários públicos são protegidos por regime próprio, ficando

transitoriamente abrangidos pelo regime dos trabalhadores por conta de outrem,

enquanto não for estabelecida a regulamentação própria e sem prejuízo do Sistema deSegurança Social das Forças Armadas Angolanas.

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3.  PROTECÇÃO SOCIAL COMPLEMENTAR

A protecção social complementar é de adesão facultativa, assenta numa lógica

de seguro e pretende reforçar a cobertura fornecida no âmbito dos regimes integrados na

 protecção social obrigatória.A protecção social complementar abrange, com carácter facultativo, as pessoas

inscritas num dos regimes de protecção social obrigatória.

A inscrição na protecção social obrigatória é prévia e indispensável à adesão à

 protecção social complementar.

 No quadro da profissão, da actividade ou da empresa, os parceiros sociais podem

negociar as garantias sociais, o sistema de financiamento e a entidade gestora dos

regimes.O acordo, uma vez assinado e aprovado pela tutela, tem força obrigatória para

todos os que entrarem no seu âmbito de aplicação.

FINANCIAMENTO DA PROTECÇÃO SOCIAL

A protecção Social de base é financiada por:

a) Transferências do Orçamento Geral do Estado e receitas dos órgãos administrativoslocais do Estado;

 b) Donativos nacionais, internacionais ou por qualquer outra forma legalmenteadmitida, destinados a projectos específicos;c) Comparticipações dos utilizadores de serviço e equipamentos sociais, tendo em contaos seus rendimentos ou dos agregados familiares.2. Os programas sociais enquadrados na protecção social de base devem ter

 programação plurianual e podem ser financiadas através de um Fundo Nacional de

Solidariedade e Assistência, essencialmente constituído por transferências do

Orçamento do Estado resultantes de medidas fiscais apropriadas.

A protecção social obrigatória é financiada por:

a) Contribuições dos trabalhadores e das entidades empregadoras; b) Juros de mora devidos pelo atraso no pagamento das contribuições;c) Valores resultantes da aplicação de sanções;d) Rendimentos do património;e) Transferências do Orçamento Geral do Estado;d) Subsídios, donativos, legados e heranças;g) Comparticipações previstas na lei;h) Outras receitas.

A protecção social complementar é financiada por contribuições dos

trabalhadores ou destes e das entidades empregadoras ou por outras formas previstas emconvenção.

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CONCLUSÃO

Em Angola, a nova visão de política social tem como fundamento básico, a

instituição de um modelo de segurança social equilibrado e sustentável onde combinem

a responsabilidade individual e a solidariedade social e, onde se diferencie

 positivamente a assistência aos mais desfavorecidos.

 No quadro da nova visão, pretende-se uma parceria activa entre o Estado e a

sociedade, onde as comunidades assumam uma responsabilização colectiva, na

edificação de mecanismos de apoio aos grupos mais vulneráveis e as famílias em

situação de risco.

Esta visão de parceria não deve ser entendida como um processo de

desresponsabilização do Estado, a quem cabe certamente, a função primária de proteger

e assistir os cidadãos mais carenciados.

Esta dinâmica de parceria, tem como principal objectivo o envolvimento

alargado de todos parceiros sociais, com maior protagonismo para os agentes das

instituições comunitárias, públicas, privadas, religiosas, dentre outras, para que através

da dimensão social das suas actividades, se possam aproximar aos problemas e, serem

elementos participantes activos na inserção social dos grupos hoje excluídos, não na

 perspectiva de caridade mais de solidariedade social.

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BIBLIOGRAFIA

  VIRGÍNIA BOTELHO, um novo conceito de protecção social , Actual Editora,

2007.

  Instituto Nacional de Segurança Social, Guia do segurado e do contr ibuinte da

protecção social obr igatóri a

  Assembleia Nacional, Lei nº 7/04 de 15 de Outubro (Lei de bases da protecção

Social), 2003.