“proteção jurídica da fauna”

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“Proteção Jurídica da Fauna” Palestrante: Prof. Daniel Lourenço

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“Proteção Jurídica da Fauna”. Palestrante: Prof. Daniel Lourenço. TÓPICOS A SEREM ABORDADOS. BIBLIOGRAFIA; INTRODUÇÃO À TEMÁTICA ANIMAL; A CONSTRUÇÃO DA “GRANDE CADEIA DO SER”; INSTRUMENTALIZAÇÃO: OS “CADÁVERES QUE SORRIEM”; IMPACTOS AMBIENTAIS SURGIMENTO DA LEGISLAÇÃO PROTETIVA; - PowerPoint PPT Presentation

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Proteo Jurdica da Fauna

Palestrante:Prof. Daniel Loureno

1TPICOS A SEREM ABORDADOSBIBLIOGRAFIA;INTRODUO TEMTICA ANIMAL;A CONSTRUO DA GRANDE CADEIA DO SER;INSTRUMENTALIZAO: OS CADVERES QUE SORRIEM;IMPACTOS AMBIENTAISSURGIMENTO DA LEGISLAO PROTETIVA;LEGISLAO PROTETIVA NO BRASIL;A INEFICCIA DA LEGISLAO PROTETIVA;CORRENTES TICAS QUE SUPERAM O ANTROPOCENTRISMO; eA POSIO DO DIREITO DOS ANIMAIS1) THOMAS, Keith. O Homem e o Mundo Natural. So Paulo: Companhia das Letras, 1996.

2) PONTING, Clive. A New Green History of the World. New York: Penguing Books, 2007.

3) Mc NEILL, J.R. Something New Under the Sun. New York: Norton, 2000.

BIBLIOGRAFIA SUGERIDA HISTRIA DA RELAO HOMEM/NATUREZABIBLIOGRAFIA SUGERIDA PROTEO ANIMAL1) BECHARA, Erika. A Proteo da Fauna Sob A tica Constitucional. So Paulo: Juarez de Oliveira, 2003.

2) DIAS, Edna Cardozo. A Tutela Jurdica dos Animais. Belo Horizonte: Mandamentos, 2000.

3) SILVA, Luciano Caetano da. Fauna Terrestre no Direito Penal Brasileiro. Belo Horizonte: Mandamentos, 2001.

1) LEVAI, Laerte Fernando. Direito dos Animais. So Paulo: Mantiqueira, 2 ed., 2004.

2) LOURENO, Daniel Braga. Direito dos Animais: Fundamentao e Novas Perspectivas. Porto Alegre: Sergio Antonio Fabris, 2008.

3) REGAN, Tom. Jaulas vazias: Encarando o Desafio dos Direitos Animais. Traduo por Regina Rheda. Reviso por Snia Felipe e Rita Pauxo. So Paulo. Lugano, 2006.BIBLIOGRAFIA SUGERIDA DIREITO DOS ANIMAIS4) SARLET, Ingo (org.). A Dignidade da Vida e os Direitos Fundamentais para Alm da Vida Humana. Belo Horizonte: Forum, 2008.

5) SINGER, Peter. Libertao Animal. Traduo por Marly Winckler. Reviso por Rita Leal Paixo. Porto Alegre, So Paulo. Lugano, 2004.BIBLIOGRAFIA SUGERIDA DIREITO DOS ANIMAIS

O GATO

JAULAS VAZIAS(Porto Alegre: Lugano, 2006)TOM REGAN (1938 -)Prof. Emrito de Filosofia da Universidade da Carolina do NorteINTRODUO TEMTICA ANIMAL

Todo ano so abatidos cerca de 50 bilhes de animais para consumo humano. Isso equivale a algo em torno de 90.000 animais mortos por minuto.

A liberdade republicana tem como fim um estado de coisas especfico a ser alcanado: uma sociedade sem escravos, pois em uma sociedade onde existe um escravo, toda a sociedade est tambm escravizada.

VINCIUS SCARPI (Eqidade Intergeracional: uma leitura republicana. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008, p. 67)ESCRAVIDO INSTITUCIONAL

Transformamos ANIMAIS em COMIDA

Transformamos ANIMAIS em ROUPAS

Transformamos ANIMAIS em ENTRETENIMENTO

Transformamos ANIMAIS em COMPETIDORES

Transformamos ANIMAIS em INSTRUMENTOS

Transformamos ANIMAIS em OBJETOS DESCARTVEIS

MURALHA CONCEITUALOBJETOS DE DIREITOREIFICAO DA NATUREZASUJEITOS DEDIREITO

AS PREMISSAS CULTURAIS DO ESPECISMO

RICHARD RYDER (1940 -)A) MUNDO HELNICOARISTTELES (384-322 a.C)Antropocentrismo Teleolgico

As plantas existem em benefcio dos animais, e as bestas brutas em benefcio do homem os animais domsticos para seu uso e alimentao, os selvagens (ou, de qualquer maneira, a maioria deles) para servir de alimento e outras necessidades da vida, tais como roupas e vrios instrumentos. Como a natureza nada faz sem propsito ou em vo, indubitavelmente verdade que ela fez todos os animais em benefcio do homem

A SCALA NATURAE ou A GRANDE CADEIA DO SER

B) ROMANOSDicotomia Pessoa/CoisaDominato: bens mveis e imveis

Que prazer pode um homem civilizado retirar do espetculo de um fraco ser humano a ser dilacerado por um animal poderoso, ou de um esplndido animal a ser trespassado por uma lana?CCERO (106-43 a.C.) D) IDADE MDIAPresena marcante do pensamento teolgico com a manuteno da VISO HIERRQUICA DA VIDA

Santo Agostinho(354-430 d.C.)So Toms de Aquino(1125 -1274 d.C.)C) RELIGIES DE SALVAO/MONOTESMOSElevao simblica do homem como semi-divindadeTEORIA DA IMAGO DEI e da DOMINAO DA NATUREZADeus disse: Faamos o homem nossa imagem, como nossa semelhana, e que eles dominem sobre os peixes do mar, as aves do cu, os animais domsticos, todas as feras e todos os rpteis que rastejam sobre a Terra (Gn. 1, 26-28)

ANIMAL-MQUINAGOMEZ PEREIRA (1500-1558)DESCARTES (1596-1650)E) REVOLUO CIENTFICA E O MECANICISMO Doutrina do Cogito (sculo XVII): Penso, logo existo.

24De acordo com LE GRAND (1694): O gemido de um co que apanha no constitui prova do sofrimento animal, assim como o som de um rgo no atesta que o instrumento sente dor quando tocado. Abertura de portas para o cientificismo e legitimao da vivisseco com CLAUDE BERNARD (1813-1878).

F) VIVISSECO Doutrina Mecanicista abre portas e legitima a vivisseco. G) CONTRATUALISTAS E ILUMINISTASHOBBES (1588-1679), LOCKE (1632-1704) e JOHN RAWLS (1921-2002): ausncia de razo como critrio de excluso do pacto social.Possumos um direito sobre as criaturas irracionais, da mesma forma que possumos tambm direito sobre determinadas pessoas humanas, seja por meio da sabedoria, pela fora ou em razo da ordem natural das coisas.THOMAS HOBBES (1588-1679) G) KANTSomente o homem um fim em si mesmo (LEI DA HUMANIDADE).[...] no possumos deveres diretos com relao aos animais. Animais no so autoconscientes, constituindo apenas meios para um fim. Esse fim o homem [...].KANT (1724-1804)

NATURALIZAO DA DISCRIMINAOINSTRUMENTALIZAO:OS CADVERES QUE SORRIEM

IMPACTOS AMBIENTAISOBS.: Baseado no Relatrio da Organizao das Naes Unidas para a Agricultura e a Alimentao (FAO), Roma, 2006.Disponvel em: ftp://ftp.fao.org/

Segundo um recente relatrio da Organizao das Naes Unidas para a Agricultura e a Alimentao (FAO), o sector pecurio gera mais gases com efeito estufa 18%, medidos em equivalente de dixido de carbono (CO2) - que todo o setor de transportes do mundo.AQUECIMENTO GLOBAL EFEITO ESTUFA

Queima de gasolina e diesel = 4%Criao de animais e esterco = 32%A CONEXO HAMBRGUER GASES NOCIVOSNa Amaznia hoje existem trs vezes mais bois do que pessoas. Houve um crescimento de 240% onde o nmero de populao bovina que era de 26,6 milhes chegou a 64 milhes de cabeas entre 1990 e 2003 (IBGE). O Brasil conta com um rebanho bovino de 210 milhes de cabeas.Para alguns cientistas, o metano ser o principal contribuinte para o aquecimento global ainda neste sculo. A populao tem crescido 2,1% ao ano, enquanto o nmero de bovinos cresce 5%.

A CONEXO HAMBRGUER CONSUMO DE TERRA E GROSUm boi necessita de 3 a 4 hectares de terra para produzir 210 kg de carne em quatro a cinco anos segundo fontes do IBGE e Instituto Cepa. No Brasil, h 200 milhes de hectares de pastagens onde a maioria do gado mantido em locais de baixa fertilidade.

A soja ocupa 15% das reas agrcolas na Amaznia. O resto corresponde, na maior parte, a pastagens. Para produzir 1 kg de carne so necessrios 14 kg de cereais.

CONEXO HAMBRGUER: GUA POTVEL = GUA RARA97,5% da gua da Terra salgada (mares e oceanos);2,493% gua doce, mas inacessvel (geleiras e profundas); e0,007% gua doce disponvel.70% desse percentual utilizado na agropecuria.Para se produzir 1 kg de carne so consumidos cerca de 9.000 l de gua (para produzir 1 kg de tomate, gasta-se 39 l);

Para processar a carne de um bovino so adicionados 2.500 l de gua por animal;

Apenas nos EUA a produo de excrementos de 1,4 bilho de toneladas ano.

H, de fato, poucos princpios morais compartilhados pela maior parte das pessoas. Um desses princpios o de que devemos tratar os animais humanamente e no deveramos impor a eles sofrimento desnecessrio ou mesmo causarmos abusos inteis.PRINCPIOS MORAIS COMPARTILHADOS

SURGIMENTO DA LEGISLAO PROTETIVA1822Martins ActUK1850Lei GrammontFrana1886Cdigo de PosturasSPDecreto Federal n. 16.590/24Esse princpio est arraigado de maneira to intensa em nossa cultura que os mais diversos sistemas legais o incorporaram aos seus respectivos ordenamentos jurdicos sob a denominao de leis de bem-estar animal ou leis de proteo animal. LEIS DE BEM-ESTAR ANIMALRegulamento das Casas de Diverses Pblicas vedao de rinhas e outras prticas tidas como cruis.Art. 220 (animais de trao)1. COMPETNCIA PARA LEGISLAR SOBRE FAUNACompetncia Concorrente: Unio, Estados, DF (art. 24, VI, da CF) e Municpios (art. 30, I e II, da CF).2. COMPETNCIA ADMINISTRATIVA/MATERIAL SOBRE FAUNACompetncia Comum: Unio, Estados, DF e Municpios (art. 23, VII, da CF).Editar lei em sentido estritoa) fiscalizao; b) edio de atos normativos administrativos3. COMPETNCIA JURISDICONAL SOBRE FAUNACompetncia da Justia Comum: art. 1 da Lei n. 5.197/67 no foi recepcionado pela CF. Cancelamento da S. 91 do STJ (Justia Federal).Competncia Especial da Justia Federal art. 109, I, da CF.NATUREZA JURDICA: ANIMAIS COMO RECURSOS NATURAISART. 3, V, DA LEI N. 6.938/81Art. 3, V: Para os fins previstos nesta lei, entende-se por recursos ambientais, a atmosfera, as guas interiores, superficiais e subterrneas, os esturios, o mar territorial, o solo, o subsolo, os elementos da biosfera, a fauna e a flora.

O DECRETO N. 24.645/341. IMPORTNCIA2. VIGNCIADec. n. 11/1991 revogou o Dec. n. 24.645/34. O Dec. n. 11/1991, por sua vez, foi revogado pelo Dec. n. 761/1993. Como no se admite a repristinao, o Dec. 24.645/34 estaria revogado. No entanto, alguns sustentam que o Dec. n. 11/1991 no poderia ter revogado o Dec. n. 24.645/34 j que este, editado durante o Governo Provisrio de Getlio Vargas, tinha fora de lei e, como tal, no poderia ser revogado por ato inferior, o Decreto. Elenca, no seu art. 3, trinta e um incisos que exemplificam atos tidos como de maus tratos (preenchimento de um conceito jurdico indeterminado/aberto - parmetro mnimo). Art. 17. A palavra animal, da presente Lei, compreende todo ser irracional, quadrpede, ou bpede, domstico ou selvagem, exceto os daninhos.A DEFINIO LEGAL DE ANIMAL DO DEC. n. 24.645/34AFINAL, O HOMEM NO UM ANIMAL?

A LEI N. 5.197/671. NO-RECEPO DO ART. 1 E CONCEITO DE FAUNA SILVESTREArt. 1. Os animais de quaisquer espcies, em qualquer fase do seu desenvolvimento e que vivem naturalmente fora do cativeiro, constituindo a fauna silvestre, bem como seus ninhos, abrigos e criadouros naturais so propriedades do Estado, sendo proibida a sua utilizao, perseguio, destruio, caa ou apanha.

CLASSIFICAES DA FAUNA1. FAUNA SILVESTRE2. FAUNA DOMSTICAAlm da definio do art. 1 da Lei n. 5.197/67, a Portaria IBAMA n. 93/98 subdivide a fauna silvestre entre a FAUNA SILVESTRE BRASILEIRA (espcies nativas ou migratrias que tenham seu ciclo de vida dentro do territrio) e FAUNA SILVESTRE EXTICA (espcies no-nativas mesmo que introduzidas no nosso territrio).De acordo com a Portaria do IBAMA n. 93/98, so aqueles animais que atravs de processos tradicionais e sistematizados de manejo e/ou melhoramento zootcnico tornaram-se domsticas, apresentando caractersticas biolgicas e comportamentais em estreita dependncia do homem.A LEI N. 5.197/67 E A CAAO art. 2 da Lei n. 5.197/67 veda o exerccio da caa profissional (com intuito de lucro). Assim que proibida a comercializao de espcimes da fauna silvestre e de produtos provenientes da caa (art. 3, caput). Permite-se, entretanto, a existncia de criadouros artificiais licenciados (art. 3, 1).VEDAO DA CAA PROFISSIONALPERMISSO DA CAA AMADORISTA/ESPORTIVADe outro lado, a mesma Lei n. 5.197/67 permite a caa amadorista e incentiva a criao de clubes e associaes amadoristas de caa e tiro ao vo, pretendendo, com isso alcanar o esprito associativista para a prtica deste esporte (art. 6, a c/c art. 11 e ss.). O art. 7 fala em ato regular de caa, que deve preceder obteno de licena (art. 20).FOI A LEI N. 5.197/67 RECEPCIONADA PELA CF/88 NO QUE SE REFERE CAA?

A CAA DE SUBSISTNCIACaa de subsistncia no vem prevista na Lei n. 5.197/67, mas vem disciplinada na Lei n. 9.605/98 que dispe no haver crime contra a fauna quando o animal for abatido em estado de necessidade para saciar a fome do agente ou de sua famlia (art. 37, I).A CAA DE CONTROLEA caa de controle permitida pela redao do art. 3, 2 da Lei n. 5.197/67 e pelo art. 37, II e IV, segundo os quais no crime o abate do animal para proteger lavouras, pomares e rebanhos da ao predatria ou por ser nocivo o animal, assim considerado pela autoridade competente.PESCA O art. 36 da Lei n. 9.605/98 define pesca como todo ato tendente a retirar, extrair, coletar, apanhar, apreender ou capturar espcimes do grupo dos peixes, crustceos, moluscos e vegetais hidrbios, suscetveis ou no de aproveitamento econmico.Cetceos , portanto, esto, em princpio, fora do conceito de pesca. Todavia, a Conveno Internacional da Baleao permite a caa para fins de pesquisa cientfica e de povos aborgenes.

A PESCADL N. 221/67O art. 2 dispe que a pesca pode efetuar-se para fins comerciais, desportivos ou cientficos. O art. 4 afirma que essa permisso se estende s guas interiores, mar territorial, alto-mar e plataforma continental.

Embarcaes estrangeiras s com autorizao do Ministrio da Agricultura.MATRCULA/PERMISSO do pescador profissional (DL n. 221/67), LICENA para os amadores de pesca (IBAMA, Portaria n. 1.583/89) e para pesca desportiva (DL n. 221/67), e REGISTRO da indstria pesqueira e comrcio de animais marinhos vivos IBAMA (Portaria n. 1.581/89).O ART. 64 DA LCP E O ART. 32 DA LEI N. 9.605/98Art. 64. Tratar animal com crueldade ou submet-lo a trabalho excessivo: Pena priso simples, de dez dias a um ms, ou multa, de cem a quinhentos mil ris. 1 Na mesma pena incorre aquele que, embora para fins didticos ou cientficos, realiza em lugar pblico ou exposto ao publico, experincia dolorosa ou cruel em animal vivo. 2 Aplica-se a pena com aumento de metade, se o animal submetido a trabalho excessivo ou tratado com crueldade, em exibio ou espetculo pblico. Art. 32. Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domsticos ou domesticados, nativos ou exticos:Pena - deteno, de trs meses a um ano, e multa. 1 Incorre nas mesmas penas quem realiza experincia dolorosa ou cruel em animal vivo, ainda que para fins didticos ou cientficos, quando existirem recursos alternativos. 2 A pena aumentada de um sexto a um tero, se ocorre morte do animal.A PESCA PREDATRIAA INTERPRETAO DO ART. 32 DA LEI N. 9.605/98

PENALISTAS - LUIZ RGIS PRADO Art. 32 da Lei n. 9.605/98 (crime de maus-tratos): Sujeitos: Sujeito ativo pode ser qualquer pessoa. Sujeito passivo a coletividade e no o animal, pois este o objeto material da conduta.

OBS.: H uma evidente identidade entre o tipo penal do art. 32 e o do art. 163 do CP (crime de dano).

Mudana: Dupla subjetividade passiva.OUTROS DISPOSITIVOS DA LEI N. 9.605/98Art. 29. Matar, perseguir, caar, apanhar, utilizar espcimes da fauna silvestre, nativos ou em rota migratria, sem a devida permisso, licena ou autorizao da autoridade competente, ou em desacordo com a obtida. Art. 30. Exportar para o exterior peles e couros de anfbios e rpteis em bruto, sem a autorizao da autoridade ambiental competente.Art. 31. Introduzir espcime animal no Pas, sem parecer tcnico oficial favorvel e licena expedida por autoridade competente.Art. 33. Provocar, pela emisso de efluentes ou carreamento de materiais, o perecimento de espcimes da fauna aqutica existentes em rios, lagos, audes, lagoas, baas ou guas jurisdicionais brasileiras.OUTROS DISPOSITIVOS DA LEI N. 9.605/98Art. 34. Pescar em perodo no qual a pesca seja proibida ou em lugares interditados por rgo competente.Art. 35. Pescar mediante a utilizao de:I - explosivos ou substncias que, em contato com a gua, produzam efeito semelhante;II - substncias txicas, ou outro meio proibido pela autoridade competente.Art. 37. No crime o abate de animal, quando realizado:I - em estado de necessidade, para saciar a fome do agente ou de sua famlia;II - para proteger lavouras, pomares e rebanhos da ao predatria ou destruidora de animais, desde que legal e expressamente autorizado pela autoridade competente;III (VETADO)IV - por ser nocivo o animal, desde que assim caracterizado pelo rgo competente.A AUSNCIA DE UM TIPO PENAL PARA O TRFICO DE ANIMAIS

O ART. 225, 1, VII, DA CF/88Art. 225. Todos tm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Pblico e coletividade o dever de defend-lo e preserv-lo para as presentes e futuras geraes. 1 - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Pblico:[...] VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as prticas que coloquem em risco sua funo ecolgica, provoquem a extino de espcies ou submetam os animais a crueldade.O Princpio 1 da Declarao do Rio (ECO 92) tambm teria adotado essa posio ao estatuir que: os seres humanos esto no centro das preocupaes com o desenvolvimento sustentvel. Tm direito a uma vida saudvel e produtiva, em harmonia com a natureza. A CF/88, ao estabelecer em seus princpios fundamentais a dignidade da pessoa humana (art. 1, III) teria adotado uma viso necessariamente antropocntrica.Todos tm direito ao meio ambiente [...] , TODOS entendido como fazendo referncia apenas aos seres humanos.DESTINATRIOS DA NORMA CONSTITUCIONALO direito ambiental voltado para a satisfao das necessidades humanas. Os demais bens so protegidos no por terem valor inerente, mas por serem importantes para a sadia qualidade de vida do homem e possuem apenas valor instrumental.

AS RINHASPOSICIONAMENTO DO STF

H 3 precedentes importantes no STF: 1) ADI 1856 MC/RJ, rel. Min. Carlos Velloso (j. em 03/09/1998); 2) ADI 2514/SC, rel. Min. Eros Grau (j. em 29/06/2005); 3) ADI 3776/RN, rel. Min. Cezar Peluso (j. em 14/07/2007).A FARRA-DO-BOI OU A FARRA COM O BOI?POSICIONAMENTO DO STF

A obrigao de o Estado garantir a todos o pleno exerccio de direitos culturais, incentivando a valorizao e a difuso das manifestaes, no prescinde da observncia da norma do inciso VII do artigo 225 da Constituio Federal, no que veda prtica que acabe por submeter os animais crueldade. Procedimento discrepante da norma constitucional denominado "farra do boi (RE 153.531/SC, rel. Min. Marco Aurlio, j. em 13/06/1997).OS RODEIOS

A LEI N. 10.519/02Art. 4o Os apetrechos tcnicos utilizados nas montarias, bem como as caractersticas do arreamento, no podero causar injrias ou ferimentos aos animais e devem obedecer s normas estabelecidas pela entidade representativa do rodeio, seguindo as regras internacionalmente aceitas. OS ZOOLGICOSO CASO SUA

Art 1 da Lei n. 7.183/83 - Para os efeitos desta lei, considera-se jardim zoolgico qualquer coleo de animais silvestres mantidos vivos em cativeiro ou em semi-liberdade e expostos visitao pblica. HC 833085-3 (2005) TJ/BA;HC 96344/SP (2007) - STJ (Debby e Megh); eRHC 50343/GB (1972) STF (pssaros). O SACRIFCIO RITUALCDIGO AMBIENTAL DO RS - STJ

A dicotomia crena/ao na Suprema Corte dos EUA:Caso Mrmons UTAHCaso PeyoteIdentificao PessoalRE n. 494.601 - Questionamento da constitucionalidade da Lei n. 12.131/04-RS que introduziu pargrafo nico ao art. 2 da Lei n. 11.915/03-RS permitindo o sacrifcio ritual de animais para as religies de matriz africana.ABATE DE ANIMAIS PARA CONSUMO"Art. 135. S permitido o sacrifcio de animais de aougue por mtodos humanitrios, utilizando-se de prvia insensibilizao baseada em princpios cientficos, seguida de imediata sangria. 1 Os mtodos empregados para cada espcie de animal de aougue devero ser aprovados pelo rgo oficial competente, cujas especificaes e procedimentos sero disciplinados em regulamento tcnico. Dec. 30.691/1952: Regulamento da Inspeo Industrial e Sanitria de Produtos de Origem AnimalANIMAIS DE ESTIMAO SILVESTRES E DOMSTICOS1. MANUTENO DE ANIMAIS EM CONDOMNIOSRESP n. 12.166/STJ Possibilidade de permanncia de animais em apartamento mesmo contra disposio expressa da conveno condominial. Prova do incomodo caso a caso.2. CIRURGIAS MUTILANTESRes. 877/2008 CFMV vedao das cirurgias e procedimentos estticos mutilantes como a caudectomia, conchectomia, cordectomia e onicectomia.ANIMAIS DE RUA E CCZS

CIRCOS

PL 7.291/2006ANIMAIS PARA ENTRETENIMENTO

EXPERIMENTAO E OBJEO DE CONSCINCIAO PARADOXO DA EXPERIMENTACAO;CASO RBER BACHINSKI UFRS; e CASO JULIANA ITABAIANA - UFRJ.

Lei n. 10.519/02(Rodeios)Lei n. 7.705/92-SP (Ab. Hum.)Lei n. 11.748/08(Vivisseco)Lei n. 7.173/83(Zoo)INEFICCIA DAS LEIS DE BEM-ESTARTais normas, em realidade, possuem pouco, ou quase nenhum impacto no que se refere proteo dos interesses mais bsicos dos animais. As leis de bem-estar animal SOMENTE REGULAMENTAM prticas que exploram os animais como coisas, como instrumentos. Elas no rompem, mas sim trabalham com o PARADIGMA DO ANIMAL COMO PROPRIEDADE.A INEFICCIA DA LEGISLAO PROTETIVA INTERPRETAO DAS LEIS DE BEM-ESTAR

[...] Certo, tambm, que os animais so defendidos de maus-tratos [...]. Mas no so, por isso, portadores de personalidade, nem tm direito a tal ou qual tratamento, o qual lhes dispensado em razo de sua utilidade para o homem [...] .CIVILISTAS - CAIO MRIO DA SILVA PEREIRA21AMBIENTALISTAS - RIKA BECHARA[...] os recursos naturais merecem a mais ampla proteo, mas no exatamente por titularizarem esse direito, mas em virtude de exercerem um papel fundamental para o ecossistema e o bem-estar e dignidade da pessoa humana.

3PENALISTAS - LUIZ RGIS PRADO Art. 32 da Lei n. 9.605/98 (crime de maus-tratos): Sujeitos: Sujeito ativo pode ser qualquer pessoa. Sujeito passivo a coletividade e no o animal, pois este o objeto material da conduta.4DIR. FUNDAMENTAIS - FBIO KONDER COMPARATO[...] no por acaso que o ser humano representa o pice de toda a cadeia evolutiva das espcies vivas. A prpria dinmica da evoluo vital se organiza em funo do homem [...]. Nestas condies, razovel aceitar-se como postulado cientfico, que toda a evoluo das espcies vivas se encaminhou aleatoriamente em direo ao ser humano.FREUD (1856-1939)4MARX (1818-1883)3DARWIN (1809-1882)2COPRNICO (1473-1543)1DESCENTRAMENTOS5STEPHEN J. GOULD (1941-2002)CORRENTES TICAS QUE SUPERAM O ANTROPOCENTRISMO2.1. VISO BIOCNTRICA: o biocentrismo, contrapondo-se ao antropocentrismo, coloca a vida em todas as suas formas como destinatria do direito ambiental.(a) h uma CONCEPO BIOCNTRICA MITIGADA que d nfase proteo dos animais, incluindo, claro, o ser humano (zoocentrismo ligado questo dos direitos dos animais).(b) existe tambm uma VISO BIOCNTRICA ALARGADA que abrange a proteo direta de todos os seres vivos (incluindo os vegetais e microorganismos).(c) por fim, h uma vertente ainda mais ampla, denominada ECOCNTRICA, que abrange a proteo de espcies, processos e ecossistemas, numa viso mais global.Para o BIOCENTRISMO, portanto, o Homem no mais a medida de todas as coisas. A Terra no o centro do Universo, ela no seno um planeta entre outros na imensido interestelar. O Homem no soberano de si mesmo, porm ele sofre o conflito entre conscincia e o seu inconsciente. E, mais particularmente, um primata, um animal. Submetido ao acaso original, ele no se situa no exterior da Natureza, mas dela um componente essencial. Entre muitas manifestaes biocntricas se destaca a resposta da tribo Seattle oferta de compra de suas terras por parte do Presidente dos EUA, Franklin Pierce, em 1854:O que o homem sem os animais? Se todos os animais se fossem, o homem morreria de uma grande solido de esprito. Pois o que ocorre com os animais, breve acontece com o homem. H uma ligao em tudo. [...] O que ocorrer com a terra recair sobre os filhos da terra. O homem no tramou o tecido da vida: ele simplesmente um de seus fios. Tudo o que fizer ao tecido, far a si mesmo.

Houve vrios perodos histricos em que seres humanos foram tidos como propriedade, como coisas, e tratados basicamente da mesma forma com que hoje tratamos os animais.ANALOGIA COM A EXPLORAO HUMANA

A POSIO DOS DIREITOS DOS ANIMAIS

THEODOR ADORNO (1903-1969)ANALOGIA COM A EXPLORAO HUMANAAuschwitz comea quando algum olha para um abatedouro e pensa: eles so somente animais.

Com o passar do tempo, principalmente a partir do sculo XVII, houve leis de bem-estar para os escravos, tal como hoje temos leis de bem-estar para os animais. Nessa linha, editaram-se leis, por exemplo, que reduziam ou limitavam a quantidade de aoites dirios a serem infligidos nos escravos. LEIS DE BEM-ESTAR PARA HOMENS E ANIMAISQUANTITAVAMENTE: melhoria. QUALITATIVAMENTE: estagnao.

HUMPHRY PRIMATT(1735-1777)HENRY SALT (1851-1939) CESARE GORETTI(1886-1952)JEREMY BENTHAM(1748-1832)PETER SINGER(1946 -)TOM REGAN(1938 -)STEVEN M. WISE(1952 -)GARY L. FRANCIONE(1954 -)MESMO TECIDO MORAL

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