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Segurança e da Saúde dos Trabalhadores da Agricultura, Pecuária, Horticultura e Silvicultura Proteção da Comissão Europeia

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Segurana e da Sade dos trabalhadores da Agricultura, pecuria, horticultura e Silvicultura

proteo da

Comisso Europeia

A presente publicao apoiada pelo programa da Unio Europeia para o Emprego e a Solidariedade Social pROGRESS (2007-2013).

O programa executado pela Comisso Europeia. Foi criado para financiar a realizao dos objetivos da Unio Europeia nas reas do emprego, dos assuntos sociais e da igualdade de oportunidade e, deste modo, contribuir para a concretizao dos objetivos de estratgia Europa 2020 nestes domnios.

previsto para sete anos, o programa dirige-se a todos os intervenientes aptos a contribuir para a elaborao de legislao e a adoo de medidas polticas apropriadas e eficazes em matria social e de emprego na UE-27, nos pases EFtA-EEE e nos pases candidatos e pr-candidatos Unio Europeia.

para mais informaes, consultar: http://ec.europa.eu/progress

Comisso Europeia

Direo-Geral do Emprego, dos Assuntos Sociais e da InclusoUnidade B.3

Manuscrito terminado em dezembro de 2011

GUIA DE BOAS pRtICAS NO VINCULAtIVO pARA A MELhORIA DA ApLICAO DAS DIREtIVAS RELAtIVAS

pROtEO DA SEGURANA E DA SADE DOS tRABALhADORES DA AGRICULtURA, pECURIA, hORtICULtURA E SILVICULtURA

Nem a Comisso Europeia nem qualquer pessoa que atue em seu nome so responsveis pelo uso que possa ser feito com as informaes contidas nesta publicao.

para qualquer utilizao ou reproduo das fotos no abrangidas pelos direitos de autor da Unio Europeia, deve ser solicitada autorizao diretamente ao(s) detentor(es) dos direitos de autor.

As ligaes includas na publicao estavam atualizadas data da concluso do manuscrito.

Fotografia da capa: 123RF

Esto disponveis mais informaes sobre a Unio Europeia na rede Internet, via servidor Europa(http://europa.eu).Um nmero catalogrfico figura no fim desta publicao.

Luxemburgo: Servio das publicaes da Unio Europeia, 2015

ISBN 978-92-79-43410-5doi:10.2767/61851

Unio Europeia, 2015 Reproduo autorizada mediante indicao da fonte

Europe Direct um servio que responde s suas perguntas

sobre a Unio Europeia

Linha telefnica gratuita (*):00 800 6 7 8 9 10 11

(*) As informaes prestadas so gratuitas, tal como a maior parte das chamadas, embora alguns operadores, cabinas telefnicas ou hotis as possam cobrar.

http://europa.eu

3

Caro Senhor Agricultor:

A agricultura europeia enfrenta desafios e problemas crescentes. Alguns deles no pode controlar: a economia mundial, as alteraes climticas, as condies meteorolgicas extremas, o abandono das zonas rurais. O que pode controlar a sua capacidade de trabalho e a sua aptido para superar os problemas de segurana e sade com que se depara.

evidente que a sua segurana e sade e as dos seus trabalhadores, juntamente com um ambiente seguro, so condies prvias para gerir uma explorao vivel. Assegurar o cumprimento de boas normas de segurana e sade na sua atividade exige um esforo sistemtico da sua parte. igualmente da sua responsabilidade moral e jurdica enquanto empregador certificar-se de que os seus trabalhadores se encontram bem e em segurana.

A segurana e a sade so questes que pode controlar. pode reduzir os acidentes, os problemas de sade e a possibilidade de perda de bens e de produo. Utilize este guia como ponto de partida.

O guia contm informaes bsicas sobre a segurana e a sade, quais os aspetos do seu negcio relacionados com o tema, aquilo a que deve dar mais ateno e como se pode organizar para melhorar o seu controlo. Mais importante ainda, fornece-lhe uma ferramenta para identificar e avaliar os perigos decorrentes da atividade laboral: a avaliao dos riscos. So enumerados 128 perigos tpicos que deve ter em considerao nas suas avaliaes dos riscos: muito do trabalho j est feito por si, poupando-lhe custos, tempo e esforo.

tire algum tempo para analisar as sugestes deste guia, pois disso pode depender a vida de algum.

prefcio

4P R O T E O D A S E G U R A N A E D A S A D E D O S T R A B A L H A D O R E S D A A G R I C U L T U R A ,

P E C U R I A , H O R T I C U L T U R A E S I L V I C U L T U R A

NDICECaptuLo 1: Introduo ao prEsEntE guIa 10

1.1 O objetivo do presente guia 101.2 Agricultura uma indstria perigosa 101.3 As oito grandes causas de morte na agricultura 111.4 mbito deste guia 111.5 A quem se destina este guia 111.6 Como utilizar este guia 11

CaptuLo 2: Introduo sEgurana E sadE 132.1 Definio de segurana e sade 132.2 Segurana e sade uma obrigao legal 132.3 Organismos nacionais em matria de segurana e sade 142.4 por que deve ter em considerao a sade e a segurana 14

CaptuLo 3: organIzao da sEgurana E sadE 153.1 Gesto da segurana e sade 153.2 Conhecimento das suas obrigaes legais 163.3 Consulta dos trabalhadores 163.4 Modernizao de infraestruturas 173.5 planeamento de atividades 173.6 Comunicao de questes de sade e acidentes 17

CaptuLo 4: avaLIao dos rIsCos 194.1 O que uma avaliao dos riscos? 194.2 Etapas da avaliao dos riscos 204.3 Conservao de registos 244.4 a sua vez! 24Estudo de caso 26

CaptuLo 5: pLanEamEnto 275.1 A importncia do planeamento 275.2 Organize e calendarize o seu trabalho 275.3 Organize as tarefas 28Estudo de caso 29

CaptuLo 6: Formao 306.1 tipos de formao 306.2 Necessidades de formao 306.3 Licenciamento 316.4 Registos da formao 326.5 Eficcia da formao 32Estudo de caso 33

5

CaptuLo 7: mo-dE-obra 347.1 Exposio dos trabalhadores aos perigos 347.2 Envolvimento dos trabalhadores 357.3 trabalhadores vulnerveis 357.4 Instalaes 367.5 Disposies adicionais sobre o bem-estar 367.6 Violncia entre os trabalhadores 36Estudo de caso 37

CaptuLo 8: gEsto da sadE 388.1 problemas de sade 388.2 Vigilncia da sade 388.3 Zoonoses 398.4 Alergias 398.5 Vacinao 408.6 Exames auditivos, oftalmolgicos e cardiovasculares 408.7 Asma 408.8 perturbaes musculoesquelticas 418.9 Efeitos para a sade relacionados com o clima 428.10 Doenas de pele 428.11 primeiros socorros 42Um estudo de caso 43

CaptuLo 9: EquIpamEnto dE protEo IndIvIduaL 449.1 Seleo do EpI 449.2 Utilizao e manuteno do EpI 459.3 EpI habitualmente usados 469.4 Vesturio 47Estudo de caso 48

CaptuLo 10: prEparao E rEsposta a sItuaEs dE EmErgnCIa 4910.1 planeamento da resposta a situaes de emergncia 4910.2 Medidas adicionais para operaes florestais 5010.3 Medidas de preveno contra incndios 5010.4 Combate a incndios 5110.5 Inundaes e tempestades 5110.6 Contacto de mquinas com linhas eltricas suspensas 51Estudo de caso 52

CaptuLo 11: CrIanas 5311.1 Quem so as crianas que se encontram normalmente na explorao? 5311.2 Causas comuns de acidentes 5311.3 Fatores que resultam em acidentes 5411.4 Medidas simples destinadas a manter as crianas seguras 55Estudo de caso 56

6P R O T E O D A S E G U R A N A E D A S A D E D O S T R A B A L H A D O R E S D A A G R I C U L T U R A ,

P E C U R I A , H O R T I C U L T U R A E S I L V I C U L T U R A

CaptuLo 12: vIsItantEs E tErCEIros 5712.1 tipos de visitantes 5712.2 Empreiteiros agrcolas/representantes governamentais/

trabalhadores de servios pblicos e trabalhadores de manuteno e construo 5712.3 prestao de informaes a terceiros 5812.4 Medidas de preveno 5812.5 turistas/alunos em idade escolar/servios de hospedagem na explorao 59Estudo de caso 60

CaptuLo 13: InFraEstruturas 6113.1 proteo e acesso aos limites 6113.2 Mantenha o seu local limpo e arrumado 6213.3 Instalao eltrica 6313.4 Abastecimento e reservatrios de gua 6413.5 trabalhos em altura 6513.6 trabalho no solo terraplanagens 6713.7 Espaos fechados 6713.8 Lojas, armazns, empilhamento e oficinas 6813.9 Reservatrios de combustvel e preveno de incndios 6913.10 Amianto 6913.11 Lojas e estabelecimentos de hospedagem dentro da explorao 69Estudo de caso 70

CaptuLo 14: mquInas E EquIpamEntos 7114.1 perigos relacionados com mquinas 7114.2 Compra de mquinas 7314.3 Comear a utilizar a mquina 7314.4 Utilizao segura da mquina 7314.5 Crianas e mquinas 7414.6 Acessrios 7414.7 Manuteno e reparao 7514.8 Desativao 7614.9 Ferramentas e oficinas 76Estudo de caso 77

CaptuLo 15: transportEs E vECuLos 7815.1 Veculos na agricultura 7815.2 Utilizao segura de tratores 7815.3 Veculos todo o terreno (Vtt) 7915.4 Mquinas automotrizes com rodas 8015.5 Cargas e descargas 8015.6 planificao da sua viagem 8115.7 Causas de acidentes rodovirios 8115.8 Competncia e comportamento humanos 8215.9 Emergncias 82

7

15.10 Manuteno de veculos 8215.11 transporte de animais 8315.12 Organizao do trfego no local 8315.13 Animais utilizados para transporte 8415.14 transporte de gua 84Estudo de caso 85

CaptuLo 16: substnCIas pErIgosas 8616.1 Substncias perigosas nas exploraes 86

16.2 Que danos podem causar? 8616.3 Vias de contacto 8616.4 Consideraes sobre o armazenamento 8716.5 Fichas de dados de segurana 8716.6 Contacto com substncias perigosas? 8716.7 Utilizao de substncias perigosas 8816.8 Utilizao de equipamento de proteo individual 8816.9 Etiquetagem e sinaltica 8816.10 Combustveis e leos 8916.11 Gro/trigo/cereais/poeiras de alimentos para animais 8916.12 Fluidos e chorume de animais 8916.13 Amianto 90Estudo de caso 91

CaptuLo 17: sInaLtICa 9217.1 Importncia dos sinais 9217.2 Consideraes relativas sinalizao 9317.3 Sinais sonoros 9417.4 Sinais de aviso 9417.5 Sinais gestuais 95Estudo de caso 96

CaptuLo 18: produo dE CoLhEItas 9718.1 Fases do ciclo de desenvolvimento das culturas 9718.2 tipos de culturas 9718.3 preparao das parcelas e do solo 9718.4 plantao/sementeira 9818.5 Cultivo 9818.6 poda 9918.7 Colheita 99Estudo de caso 101

CaptuLo 19: anImaIs 10219.1 Animais saudveis 10219.2 Comportamento animal 10219.3 Contacto com animais 103

8P R O T E O D A S E G U R A N A E D A S A D E D O S T R A B A L H A D O R E S D A A G R I C U L T U R A ,

P E C U R I A , H O R T I C U L T U R A E S I L V I C U L T U R A

19.4 Zoonoses 10419.5 Alimentao 10419.6 Manuseamento de estrume 10519.7 transporte de animais 10519.8 Consumo de produtos de origem animal 10619.9 pragas 10619.10 perigos musculoesquelticos 10619.11 problemas respiratrios 10719.12 Substncias qumicas 10719.13 Outros aspetos a considerar 10819.14 Os animais e o pblico em geral 108Estudo de caso 109

CaptuLo 20: EstuFas 11020.1 perigos das estufas 11020.2 perigos relacionados com materiais 11120.3 Condies de trabalho em estufas 11120.4 Sistemas de controlo ambiental 11120.5 Movimentao manual e distenses musculares 11220.6 Como reduzir os perigos musculoesquelticos 11220.7 pesticidas e fertilizantes 11220.8 Atividades de manuteno das estufas 11320.9 Consideraes suplementares 113Estudo de caso 114

CaptuLo 21: sILvICuLtura 11521.1 planeamento 11521.2 Gesto de recursos humanos 11621.3 plantao de rvores 11621.4 Acampamento 11721.5 Manuteno de florestas 11721.6 Abate de rvores 11721.7 rvores enredadas, deslizes 11821.8 transporte de madeira 11821.9 A motosserra 11821.10 Sinais gestuais 11921.11 Cordas e equipamento de escalada 12021.12 primeiros socorros e medidas de emergncia 12021.13 Incndios florestais 120Estudo de caso 121

9

A numerao dos apndices remete para o captulo principal a que correspondem no guia

apndICE 1.1: gLossrIo 122

apndICE 1.2: rEFErnCIas 123

apndICE 2.1: organIsmos naCIonaIs Em matrIa dE sEgurana E sadE 125

apndICE 2.2: dIrEtIvas EuropEIas rELatIvas sEgurana E sadE 127

apndICE 4.1: InstruEs para avaLIao dos rIsCos 130

apndICE 4.2: FICha dE avaLIao dos rIsCos 132

apndICE 4.3: ExEmpLos dE pErIgos 136

apndICE 4.4: modELos dE avaLIao dos rIsCos 158

apndICE 4.5: atIvIdadEs pErIgosas 161

apndICE 5.1: FICha dE dECLarao do mtodo dE sEgurana 165

apndICE 19.1: zoonosEs 168

10P R O T E O D A S E G U R A N A E D A S A D E D O S T R A B A L H A D O R E S D A A G R I C U L T U R A ,

P E C U R I A , H O R T I C U L T U R A E S I L V I C U L T U R A

Atualmente, no existe nenhuma diretiva europeia que se ocupe especificamente da proteo da segurana e sade dos trabalhadores em todos os aspetos da agricultura, incluindo a pecuria, a horticultura e a silvicultura. No entanto, a Diretiva 89/391/CEE, e vrias diretivas individuais, so aplicveis a estes setores de atividade. tambm de realar que as caractersticas especficas destes setores como o trabalho ao ar livre, em estufas, com maquinaria pesada, com animais, em isolamento no local de trabalho, com pouca formao, utilizando substncias qumicas e produtos fitofarmacuticos aumentam os riscos para os trabalhadores, o que se traduz numa taxa de acidentes superior mdia dos outros setores.

1.1 O objetivo do presente guia

Este guia tem como objetivo fornecer-lhe conselhos prticos e orientaes em matria de segurana e sade para o seu negcio.

No visa enumerar as suas obrigaes legais nem constitui um substituto de eventuais requisitos legais que possa ser obrigado a cumprir. pelo contrrio, vai orient-lo relativamente aos tpicos sobre os quais deve ter conhecimento e quilo com que se deve preocupar. Nesse contexto, so apresentadas sugestes quanto forma como pode obter um nvel de segurana mais elevado na sua empresa.

Veja este guia como uma ferramenta que o vai ajudar a:

tomar conhecimento das questes de segurana e sade no seu negcio;

encontrar solues para os problemas de segurana e sade; melhorar as condies de trabalho; e, em ltima anlise, tirar o mximo partido do seu negcio.

1.2 Agricultura uma indstria perigosa

ser agricultor no uma tarefa fcil: com efeito, trata-se de uma das profisses mais perigosas. a agricultura e a silvicultura, enquanto profisso, so sistematicamente consideradas como a terceira ou quarta profisses mais perigosas na unio Europeia.

Esta concluso decorre da avaliao dos acidentes e dos casos de problemas de sade comunicados s autoridades locais. pense quantos mais acidentes, casos de problemas de sade ou mesmo mortes, ocorrem sem serem comunicados... Na realidade, a situao muito mais grave. Como as exploraes agrcolas combinam, frequentemente, o local de trabalho com a prpria habitao, as crianas e os idosos esto expostos a riscos desnecessrios e so confrontados com um nmero acrescido de situaes perigosas.

CAp tULO 1

Introduo ao presente guia

Lembre-se: at as pequenas mudanas podem fazer uma grande diferena

11

1.3 As oito grandes causas de morte na agricultura

Quais so as causas de morte mais comuns neste setor?

Acidentes de transporte (atropelamento ou capotagem de veculos).

Quedas em altura (de rvores, atravs de telhados). Golpes causados por objetos mveis ou em queda (mquinas,

edifcios, fardos, troncos de rvores). Afogamento (em reservatrios de gua, tanques de chorume,

silos de cereais). Manipulao do efetivo pecurio (ataque ou esmagamento

por animais, zoonoses). Contacto com mquinas (peas mveis sem guardas

de proteo). Encarceramento (sob estruturas desabadas). Eletricidade (eletrocusso).

1.4 mbito deste guia

Este guia abrange:

a agricultura; a horticultura/atividades em estufas; a pecuria; a silvicultura.o guia dirige-se, de forma abrangente, s micro, pequenas e mdias empresas da unio Europeia.

1.5 A quem se destina este guia

O presente guia diz-lhe respeito, se:

um agricultor; um empreiteiro florestal ou a horticultura a sua rea de trabalho; gere a sua prpria empresa; um gestor ou um trabalhador.

1.6 Como utilizar este guia

o presente guia est dividido em 21 captulos. se est a visualiz-lo num computador, pode navegar para um captulo clicando simplesmente no ttulo do captulo em causa no ndice. Cada captulo apresenta informaes sobre um tema especfico, salienta os perigos caractersticos e sugere formas de lidar com os mesmos. Como muitos perigos dependem de mlti-plos fatores ou podem ser abordados a partir de vrias perspetivas (por exemplo, mquinas, veculos, animais), ir encontrar referncias cruzadas entre captulos que o remetem para outras seces do presente guia para uma consulta mais aprofundada.

12P R O T E O D A S E G U R A N A E D A S A D E D O S T R A B A L H A D O R E S D A A G R I C U L T U R A ,

P E C U R I A , H O R T I C U L T U R A E S I L V I C U L T U R A

As boas prticas so indicadas com um sinal de certo verde, as ms prticas so indicadas com uma cruz vermelha.

Este guia inclui, entre outras coisas, os seguintes recursos:

1. Exemplos de perigos que pode encontrar na agricultura, horticultura, pecuria e silvicultura (apndice 4.3: Exemplos de perigos).

2. Metodologias de avaliao dos riscos, para o ajudar a efetuar as suas prprias avaliaes dos riscos (Captulo 4: avaliao dos riscos).

3. um glossrio a que pode recorrer para todas as abreviaturas ou termos tcnicos (apndice 1.1: glossrio).

4. uma seco de referncias/bibliografia (apndice 1.2: referncias).5. uma lista dos organismos nacionais em matria de segurana e sade (apndice 2.1: organismos

nacionais em matria de segurana e sade).

tanto pode ler este guia como um todo, para se familiarizar com os vrios aspetos da segurana e sade, como pode optar por consultar captulos especficos relacionados com certas atividades ou tpicos sobre os quais necessite de apoio.

13

CAp tULO 2

Introduo segurana e sade2.1 Definio de segurana e sade

de acordo com a organizao Internacional do trabalho (oIt), a sade a promoo e a manuteno do mais elevado grau de bem-estar fsico, mental e social dos trabalhadores de todas as profisses. por outras palavras, o que o mantm fsica e mentalmente apto e satisfeito.

a segurana consiste na inexistncia de riscos ou danos inaceitveis. trata-se, por conseguinte, da obteno de condies que permitam minimizar, tanto quanto possvel, a probabilidade de ocorrncia de danos.

2.2 Segurana e sade uma obrigao legal

a sade e a segurana esto regulamentadas em toda a Europa e so reguladas pelo direito nacional e pelo direito comunitrio europeu (http://eur-lex.europa.eu/en/index.htm und http://osha.europa.eu/en/legislation/index_html/directives).

o direito comunitrio europeu estabelece os requisitos mnimos que cada Estado-Membro deve adotar ou pode desenvolver em conformidade. Foram adotadas vrias diretivas europeias em matria de segurana e sade relacionadas com:

padres mnimos para os locais de trabalho; vibraes; campos eletromagnticos; movimentao manual; agentes biolgicos, qumicos e fsicos; trabalhadoras grvidas e jovens trabalhadores; equipamento de trabalho; unidades de visualizao; equipamento de proteo individual; rudo; sinaltica; amianto; estaleiros mveis (construo).

(apndice 2.2: diretivas europeias relativas segurana e sade)

A legislao em matria de segurana e sade visa melhorar as condies de trabalho, reduzir os acidentes e as doenas relacionados com o trabalho e tornar os locais de trabalho seguros e saudveis para os trabalhadores.

Embora o conceito subjacente seja o mesmo em todos os Estados-Membros da UE, a legislao e a regulamen-tao nacionais podem variar consoante as necessidades, caractersticas e experincias de cada Estado-Membro.

http://eur-lex.europa.eu/de/index.htmhttp://osha.europa.eu/en/legislation/index_html/directives)http://osha.europa.eu/en/legislation/index_html/directives)

14P R O T E O D A S E G U R A N A E D A S A D E D O S T R A B A L H A D O R E S D A A G R I C U L T U R A ,

P E C U R I A , H O R T I C U L T U R A E S I L V I C U L T U R A

2.3 Organismos nacionais em matria de segurana e sade

A responsabilidade governamental no que se refere segurana e sade cabe Inspeo do trabalho, aos servios de sade ou a um organismo equivalente. importante que conhea a sua autoridade nacional para a segurana e sade no trabalho. Contacte o seu rgo local para obter orientaes e mais informaes sobre as suas responsabilidades (apndice 2.1: organismos nacionais em matria de segurana e sade).

2.4 por que deve ter em considerao a sade e a segurana

Deve gerir ativamente a segurana e sade pois um acidente grave ou uma morte ocorridos na sua propriedade podem ter consequncias graves.

As consequncias podem implicar prejuzos financeiros e causar sofrimento a si, sua famlia ou aos seus trabalhadores.

os acidentes podem afetar gravemente a sua capacidade de trabalho. Como entidade patronal ou trabalhador por conta prpria, desejar reduzir ou evitar custos relacionados com:

despesas mdicas (incluindo primeiros socorros) e farmacuticas; despesas de seguros; despesas jurdicas decorrentes de aes cveis ou penais; perodos de inatividade e encerramento; danos a mquinas e infraestruturas; recrutamento e formao de trabalhadores novos e substitutos; publicidade negativa e perda de reputao; perdas de produo.

Como trabalhador assalariado ou por conta prpria poder ter de lidar com:

sofrimento,doreleses; hospitalizao; despesasdesade; impossibilidadedetrabalhar(temporriaou

permanente); incapacidadepermanente; perdadeapoiofinanceiroparaasuafamlia.

Os inspetores de segurana e sade fiscalizam se os empregadorescumprem a legislao em matria de segurana e sade

15

CAp tULO 3

Organizao da segurana e sadeCom base em dados compilados pela Agncia Europeia para a Segurana e Sade no Trabalho, a cada trs minutos e meio algum morre na Unio Europeia por causas relacionadas com o trabalho, sendo que muitas destas mortes ocorrem nas reas da agricultura e da silvicultura.

O facto de achar que no vo acontecer no faz com que os problemas desapaream

3.1 Gesto da segurana e sade

Apesar de, neste momento, a segurana e sade poderem no ser a sua prioridade absoluta, o tempo e dinheiro gastos com a segurana e sade devem ser vistos como um investimento e no como um desperdcio.

O dinheiro que gasta em preveno ser muito inferior ao que ir gastar em despesas mdicas, trabalhadores substitutos, indemnizaes ou multas se houver um acidente nas suas instalaes.

Ao organizar a sua atividade no que se refere segurana e sade, deve saber:

quais so as suas obrigaes legais; como, e em que medida, ir envolver os seus trabalhadores; quais so os padres aceitveis relativos a infraestruturas/instalaes e mquinas para a sua empresa; como planear e realizar o seu trabalho quotidiano.

Seja proativo no fique espera que os acidentes aconteam planeie o seu trabalho

O presente captulo trata de: Gesto da segurana

e sade Conhecimento das suas

obrigaes legais Consulta dos

trabalhadores Modernizao

de infraestruturas planeamento de atividades Comunicao de questes

e acidentes relacionados com a sade

Consultas peridicas dos trabalhadores

16P R O T E O D A S E G U R A N A E D A S A D E D O S T R A B A L H A D O R E S D A A G R I C U L T U R A ,

P E C U R I A , H O R T I C U L T U R A E S I L V I C U L T U R A

3.2 Conhecimento das suas obrigaes legais

Deve conhecer a lei e o que se espera de si em termos de segurana e sade. pode haver um certo nmero de leis e outros atos que se aplicam ao seu caso, uns de forma mais evidente do que outros. A legislao frequentemente submetida a revises. Deve estar a par de quaisquer alteraes recentes legislao em vigor e da nova regulamentao ou leis. Contacte a sua entidade reguladora ou a associao do seu setor para obter mais informaes: inicie e mantenha um relacionamento com as mesmas. tome nota dos aspetos de que no tinha conhecimento anteriormente. Este conhecimento e as medidas de controlo que implementar vo ajud-lo a prevenir acidentes e problemas de sade na sua empresa e, quando no os previnam efetivamente, podem evitar aes judiciais contra si.

3.3 Consulta dos trabalhadores

Mesmo que seja proprietrio de uma empresa unipessoal e dependa de mo-de-obra familiar ou ocasional, deve

consultar todos os trabalhadores relativamente a questes de segurana e sade. a segurana e sade tm tudo a ver com a colaborao entre si e os seus trabalhadores para alcanar um objetivo comum: um sistema de produo seguro.

Voc e os seus trabalhadores esto, por isso, do mesmo lado e o debate no deve implicar discusses ou conflitos. A consulta deve envolver uma partilha de perspetivas da qual todos podem beneficiar. Escute as opinies e os problemas dos seus trabalhadores e pea-lhes para trabalharem consigo na procura de solues.

a sua equipa pode estar mais bem posicionada para identificar as questes de segurana e de sade, uma vez que lida com as mesmas diariamente. Envolva os seus funcionrios na identificao e avaliao dos perigos. Se a sua legislao nacional o exigir (e em funo da dimenso da sua explorao), incentive a eleio de representantes para a segurana, crie comits de segurana, organize reunies e conserve atas do que nelas dito. tire o mximo partido das mesmas.

17

3.4 Modernizao de infraestruturas

as suas instalaes podem precisar de algumas alteraes. Se j sabe o que necessrio, elabore um plano de ao para aplicar as alteraes. se no lhe for possvel identific-las, utilize este guia. Atravs do processo de avaliao dos riscos explicado no Captulo 4: avaliao dos riscos vai descobrir que alteraes deve realizar. a avaliao dos riscos ir resultar numa lista de tarefas relativas aos elementos que precisa de melhorar no local. Deve pensar igualmente em assuntos tais como:

a limpeza e arrumao do local; a separao do trfego, atividades laborais, pessoas e zonas mais movimentadas; sinaltica; se empregar pessoal, deve assegurar a existncia de instalaes de saneamento e de repouso

consoante a atividade; a disponibilidade de gua potvel, cantinas ou zonas para almoo e pausas, sanitrios, chuveiros e balnerios, instalaes para mulheres grvidas e lactantes, meios de comunicao, regras para fumadores;

medidas de emergncia e evacuao, prestao de primeiros socorros, transporte para fins de trata-mento mdico (em caso de necessidade).

Estes e muitos outros temas sero abordados nos prximos captulos.

3.5 planeamento de atividades

todas as atividades precisam de planeamento. No necessrio que o plano seja formal: antes de comear a trabalhar, pare um momento e pense:

tenho as ferramentas e os equipamentos indicados? O que pode correr mal? h alguma forma melhor e mais segura de realizar a tarefa? Que aes devem ser realizadas antes do incio dos trabalhos? Os meus trabalhadores sabem o que esto a fazer? Os meus trabalhadores so competentes e esto devidamente formados para a tarefa?

Quando o trabalho estiver concludo, deve perguntar-se:

Desenrolou-se tudo como previsto? posso fazer algo para melhorar o trabalho no futuro? Os meus trabalhadores e eu estamos convencidos de que realizmos

o trabalho de forma a minimizar os riscos para a segurana e sade?

3.6 Comunicao de questes de sade e acidentes

O direito comunitrio exige que os acidentes e os casos de problemas de sade relacionados com o trabalho sejam comunicados s inspees de segurana e sade ou s autoridades nacionais equivalentes.

Sempre que ocorrer um acidente, depois de cuidar dos feridos, deve:

comunicar o acidente s autoridades, tal como exigido pela legislao nacional; investigar o acidente a fim de identificar a razo da sua ocorrncia; registar o acidente, tal como exigido pela legislao nacional; registar o acidente num livro de registos.

Aprenda com aexperincia

18P R O T E O D A S E G U R A N A E D A S A D E D O S T R A B A L H A D O R E S D A A G R I C U L T U R A ,

P E C U R I A , H O R T I C U L T U R A E S I L V I C U L T U R A

uma boa prtica proceder ao registo de situaes de quase acidente, pois estas revelam a existncia de zonas propensas a acidentes.

A comunicao de acidentes e dos casos de problemas de sade contribui para o conhecimento comunitrio e para as anlises estatsticas das quais podem ser retiradas concluses. Assim, podem ser estabelecidas mais orientaes e medidas de controlo especficas para promover a melhoria dos locais de trabalho de todos.

19

CAp tULO 4

Avaliao dos riscos

4.1 O que uma avaliao dos riscos?

A fim de assegurar um ambiente de trabalho seguro e saudvel, deve comear por efetuar uma avaliao dos riscos. A avaliao dos riscos constitui a base para a gesto da segurana e sade e tambm uma das suas obrigaes legais.

A avaliao dos riscos um processo que consiste em analisar os riscos para a segu-rana e sade que os perigos existentes no local de trabalho representam para si, para os seus trabalhadores e para quaisquer membros de famlia. trata-se de uma anlise sistemtica de todos os aspetos do trabalho, realizada de forma a considerar:

o que pode causar leses ou danos; se os perigos podem ser eliminados e, caso no seja possvel, que medidas de preveno ou de proteo existem ou devem ser adotadas para controlar os riscos (Agncia

Europeia para a Segurana e Sade no trabalho: http://osha.europa.eu/en).

a avaliao dos riscos deve ser formulada por escrito.

Avaliao dos perigos

Gravidade

ELEVADA MDIA REDUZIDA

prob

abili

dade

ELEVADA Risco elevado Risco substancial Risco moderado

MDIA Risco substancial Risco moderado Risco mnimo

REDUZIDA Risco moderado Risco mnimo Risco nfimo

O presente captulo trata de: Etapas da avaliao

dos riscos Avaliao dos perigos

para determinar o nvel de risco

Determinao das medidas de preveno e proteo

Aplicao das medidas Controlo e reviso Conservao de registos Onde comear Um estudo de caso

http://osha.europa.eu/de

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P E C U R I A , H O R T I C U L T U R A E S I L V I C U L T U R A

Interpretao dos resultados

Classificao dos riscos

Medidas corretivas e calendrio

16-25 ElevadoSUSpENDA a atividade at que tenham sido tomadas as medidas necessrias e o nvel dos riscos tenha sido reduzido (consulte outros recursos especializados)

10-15 Substancial torne a situao segura no prazo de uma semana. Entretanto, tome medidas temporrias.

7-9 Moderado torne a situao segura no prazo de um ms.

4-6 Mnimo torne a situao segura no prazo de um ano.

1-3 nfimo Continue a implementar as medidas atuais de proteo e preveno mantenha a situao sob anlise.

4.2 Etapas da avaliao dos riscos

Existem cinco etapas bsicas para efetuar a avaliao dos riscos:

EtApA 1 Identificao e registo dos perigos.

EtApA 2 Avaliao dos perigos para determinao do nvel de risco.

EtApA 3 Determinao das medidas de preveno e proteo.

EtApA 4 Aplicao das medidas.

EtApA 5 Acompanhamento e reviso.

EtApA 1: Identificao e registo dos perigos

Deve identificar todos os perigos possveis na sua explorao assim como as pessoas em risco. Deve assegurar-se de que tem em conta cada fator e cada aspeto da sua empresa.

o perigo definido como algo que tem potencial para causar danos, ou seja, desde danos materiais, ferimentos ligeiros e problemas de sade menores, at leses que resultem em incapacidades, problemas de sade ou mesmo a morte.

A fim de evitar a omisso de perigos ou atender a um aspeto do seu negcio em detrimento de outro, o conceito hEEpo (humano, equipamento, ambiente, produto e organizao) ajuda-o a ter uma perspetiva global da sua explorao.

Reflita sobre todos os fatores que se seguem no que se refere sua empresa.

humano: falta de capacidades fsicas ou psquicas, falta de conhecimentos ou aptides, falta de competn-cias, atitude ou comportamento corretos.

Equipamento: mquinas, ferramentas manuais, programas e equipamentos informticos, mesas e cadeiras. ambiente: luz, rudo, clima, temperatura, vibraes, qualidade do ar ou poeiras. produto: substncias perigosas, cargas pesadas e objetos cortantes ou quentes. organizao: disposio do local de trabalho, tarefas, horrio de trabalho, pausas, sistemas de turnos,

formao, sistemas de trabalho, comunicao, trabalho em equipa, contacto com os visitantes, apoio social ou autonomia (Agncia Europeia para a Segurana e Sade no trabalho).

Precisa de saber o que pode causar danos a SI e aos SEUS TRABALHADORES afim de poder lidar comas causas

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ande pelas suas instalaes e observe:

as boas e ms prticas dos trabalhadores; as mquinas e equipamentos seguros e perigosos (com falta

de manuteno); os locais de risco; o terreno instvel ou mole; os buracos e fortes declives no terreno; as deficincias ou danos estruturais; os pontos a que o pblico tem acesso; as pessoas em risco (trabalhadores, fornecedores, empreitei-

ros, visitantes, a sua famlia); os produtos qumicos e a forma como so armazenados

e tratados; osveculoseasuacirculao.

pense nas suas instalaes e reflita sobre as atividades laborais (apndice 4.5: atividades perigosas).

pode ser necessrio dividir atividades complexas em tarefas mais simples para identificar os perigos de forma mais pormenorizada.

Discuta os possveis perigos com as pessoas que trabalham nas suas instalaes. As pessoas envolvidas nas atividades podem ter mais facilidade em reconhecer os perigos e propor solues. por pessoas deve entender os seus trabalhadores assalariados, os seus fornecedores e empreiteiros, ou ainda a sua famlia.

Na identificao dos perigos, no considere apenas as suas atividades principais. tenha sempre em ateno as atividades de apoio tais como trabalhos de manuteno, atividades de limpeza e preparao, as contagens das existncias, perfurao de poos: trabalhos que podem ocorrer s uma vez, mas que podem ser ainda mais perigosos devido pouca frequncia com que so levados a cabo.

tenha em considerao as atividades que tm lugar fora das suas instalaes, tais como o transporte de colheitas e de animais.

Se os trabalhadores e as suas famlias vivem nas instalaes ou se a explorao agrcola simultane-amente a residncia da sua famlia, preste especial ateno sua segurana, sade e s suas necessidades quotidianas.

Se as suas instalaes recebem visitas de escolas, turistas ou consumidores, lembre-se que estes so ainda mais vulnerveis, uma vez que no esto familiarizados com o local, e que voc responsvel pela sua segurana.

as crianas, as mulheres grvidas, os idosos e as pessoas com problemas de sade estaro numa situao de maior risco e podero ter necessidades especiais.

no deve esquecer-se tambm dos trabalhadores migrantes e sazonais.

pense em problemas e incidentes que tenham ocorrido no passado, assim como nas suas consequncias.

Estatisticamente, os quase acidentes acabam por se tornar mais tarde em acidentes. Aprenda com as experincias passadas, quer sejam as suas ou as dos seus colegas e vizinhos.

O conceito hEEpO (do ingls, human, equip-ment, environment, product, organisation)

Organizao

produto Equipamentohumano

Ambiente

O tringulo do acidente

Acidente mortal ou grave 1Leses graves 3Com necessidade de primeiros socorros 50Danos materiais 80Quase acidentes (inexistncia de leses ou danos) 400

Por cada acidente mortal, houve 400 quase acidentes ignorados.

Fonte: tye/pearson (1974/75)

22P R O T E O D A S E G U R A N A E D A S A D E D O S T R A B A L H A D O R E S D A A G R I C U L T U R A ,

P E C U R I A , H O R T I C U L T U R A E S I L V I C U L T U R A

No apndice 4.1: Instrues para avaliao dos riscos existem indicaes sobre quais as perguntas que deve colocar e o que deve ter em conta para identificar os perigos. O apndice 4.2 contm um modelo de uma ficha de avaliao dos riscos que pode utilizar para registar os perigos e no apndice 4.3 pode encontrar exemplos de perigos que pode considerar na sua avaliao dos riscos.

EtApA 2: Avaliao dos perigos para determinar o nvel de risco

Aps ter enumerado os perigos, tem de os avaliar para determinar o nvel de risco. O risco depende de vrios fatores, tais como:

a possibilidade (probabilidade) de esse perigo se concretizar; a gravidade do impacto aps a ocorrncia de perigo; a frequncia e a durao da exposio ao perigo; a populao o nmero de pessoas expostas.

Em termos prticos, prtica corrente considerar dois desses fatores (parmetros de avaliao): a possibi-lidade e a gravidade.

a possibilidade (ou probabilidade) representa as hipteses de ocorrncia de determinado dano. Depende das medidas e precaues de segurana que j existem. por exemplo, se o sto do celeiro est equipado com uma guarda, o risco de queda diminui.

Registo dos perigos

Depois de identificar os perigos:

faa uma lista dos mesmos; numere-os.

Fazer uma listagem dos perigos ajuda-o a:

evitar omisses; evitar repeties; avanar com a avaliao dos riscos.

Coloque a si mesmo a questo O que pode correr mal?

O risco de leses resultantes da capotagem de um trator varia consoante a proteo ( disposio ao condutor).

a avaliao dos riscos no difcil. Efetuamos avaliaes dos riscos, mentalmente, de cada vez que atravessamos uma estrada. todos sabemos que atravessar uma estrada rural envolve riscos diferentes dos de atravessar uma rua movimentada numa cidade.

trator sem proteo para o condutor

Risco elevado

trator com barras de proteo contra capotagem

Risco mdio

trator com cabina

Risco reduzido

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a gravidade representa a magnitude dos resultados (leses, problemas de sade, prejuzos, danos). Depende da natureza do perigo. Registe as eventuais consequncias de um perigo para poder determinar a sua gravidade. por exemplo, as quedas em altura implicam automaticamente uma severidade elevada, uma vez que podem resultar em morte.

A combinao dos fatores selecionados determina o risco. No apndice 4.4 so apresentados dois modelos de avaliao dos riscos.

EtApA 3: Determinao das medidas de preveno e proteo

O nvel de risco determina a urgncia das medidas a tomar, conforme demonstrado no apndice 4.4: modelos de avaliao dos riscos.

Identifique as medidas a tomar para reduzir os riscos tanto quanto possvel. O apndice 4.3 inclui as medidas preventivas sugeridas para cada perigo. Ao decidir as medidas a tomar, tenha em conta os princpios gerais de preveno:

1. atenuao dos riscos pela seguinte ordem:(a) eliminao da fonte de perigo,(b) substituio da fonte de perigo, (c) reduo de perigos decorrentes da fonte,(d) isolamento da fonte de perigo,(e) proteo dos trabalhadores mediante a utilizao de EpI (equipamento de proteo individual) ou de

outros equipamentos;2. minimizao do erro humano; 3. vigilncia da sade.

Designe pessoas responsveis pela implementao das medidas de controlo e fixe um prazo para a sua concluso.

EtApA 4: Aplicao das medidas

Implemente as medidas decididas de acordo com o planeado. verifique regularmente junto das pessoas designadas quais os progressos alcanados. Assegure-se de que os problemas que no podem ser definitivamente solucionados de imediato so resolvidos de forma temporria at ser possvel aplicar uma soluo definitiva.

O risco de leses durante a utilizao de uma motosserra depende das caractersticas da motosserra e do equipamento de proteo individual disponvel.

Operadores de motosserra sem formao e sem equipamento de proteo individual

Risco elevado

Operadores de motosserra com formao e com equipamento de proteo individual

Risco reduzido

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EtApA 5: Controlo e reviso

Lembre-se de que no possvel eliminar todos os perigos, mas possvel mant-los sob controlo. o risco residual o risco remanescente depois de terem sido tomadas as medidas de controlo adequadas. Aps a implementao das medidas de controlo, os perigos devem ser reavaliados luz das novas circunstncias. A probabilidade de esse perigo se concretizar ser agora provavelmente inferior graas s medidas tomadas. A gravidade continuar a ser a mesma uma vez que, caso o perigo se venha a materializar, as consequncias no se alteram.

quando que este processo termina? no termina. Deve ser regularmente revisto e acompanhado. tal como as pessoas mudam, as instalaes sofrem desgastes, os equipamentos e as mquinas so substitudos, so adicionados acessrios aos veculos e a tecnologia evolui, pelo que deve manter as avaliaes dos riscos atualizadas. Alguns perigos desaparecero automaticamente caso a sua fonte tenha sido suprimida (por exemplo, em caso de substituio de um trator antigo por um moderno). No entanto, podem ser criados novos perigos. Os perigos podem mudar ao ritmo das estaes. O que pode ser seguro no vero pode ser perigoso no inverno (por exemplo, superfcies escorregadias, infestao de pragas). deve acompanhar a evoluo dos acontecimentos atuais. Analise e reavalie os perigos e riscos potenciais aps qualquer alterao significativa. h sempre algo a que deve prestar ateno enquanto tiver pessoas a exercer uma atividade, independentemente de quo simples ou complexa esta seja.

4.3 Conservao de registos

Mantenha registos escritos das avaliaes dos riscos. So teis para:

avaliar os perigos que identificou e determinar os riscos e as medidas de controlo; transmitir informaes e conhecimento s pessoas em causa; avaliar as necessidades de formao dos seus trabalhadores nos casos em que a formao identificada

como uma medida de controlo; avaliar periodicamente se as medidas de controlo necessrias esto a ser implementadas; fornecer elementos de prova s autoridades; fornecer provas da devida diligncia em audincias judiciais; registar novos perigos, caso as circunstncias se alterem.

apndice 4.2: Ficha de avaliao dos riscos apresenta uma folha de clculo vazia na qual pode anotar os perigos. A avaliao dos riscos interativa que acompanha o presente guia permite-lhe preencher a avaliao dos riscos, guard-la eletronicamente e elaborar um registo das avaliaes dos riscos realizadas.

4.4 a sua vez!

para comear a sua avaliao dos riscos:

utilize o modelo da ficha de avaliao dos riscos (apndice 4.2). selecione a atividade a partir da lista de atividades (apndice 4.5). selecione os perigos a partir da lista de exemplos de perigos (apndice 4.3), assinale-os e copie-os,

juntamente com as suas consequncias e medidas de controlo sugeridas; avalie os perigos com base no modelo qualitativo sugerido no apndice 4.4; selecione a partir das sugestes de medidas de controlo e designe uma pessoa responsvel pela sua

implementao, fixando um prazo para a sua concluso; preencha a avaliao do risco residual apenas depois de as medidas de controlo terem sido implementadas.

Este guia acompanhado por um Cd para o ajudar a criar a sua prpria avaliao dos riscos eletrnica.

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Cerca de 128 perigos j foram objeto de avaliao dos riscos, de forma a criar uma base de dados inicial. Ao escolher a opo A minha explorao/O meu negcio vai poder:

selecionar o seu setor (opcional); selecionar a atividade que pretende avaliar; visualizar os perigos relevantes a partir da lista de 128 perigos; escolher os que se aplicam sua situao; introduzir quaisquer alteraes que considere necessrias (por exemplo, na classificao da probabilidade,

nas medidas de controlo a adotar); acrescentar novos perigos ou novas atividades; elaborar a sua prpria folha de resumo.

Quando terminar, guarde o seu trabalho antes de proceder a outra atividade. Esta ferramenta permite-lhe preparar avaliaes dos riscos para tantas atividades quantas desejar.

pode tambm visualizar e avaliar os 128 perigos:

por setor agricultura, silvicultura, horticultura, pecuria; por fonte de perigo equipamentos e mquinas, ferramentas, veculos, infraestruturas, trabalho de

campo, trabalhos florestais, substncias perigosas, gado, mo-de-obra, visitantes; por classificao do risco nfimo, mnimo, moderado, substancial e elevado.

A minha avaliao dos riscos

Siga estas instrues para aceder ao CD.

se est a utilizar a verso 2003 do Excel: clique em OK quando a palavra-passe lhe for solicitada; clique em OK na prxima janela de alerta; clique em Ativar macros quando tal lhe for solicitado.

se est a utilizar a verso 2007 do Excel: abraafolhadeclculo:verumalertadesegurananocanto

superior esquerdo avisando que as macros esto desativadas; clique em opes, ao lado do alerta, e selecione ativar esta

opo; clique em oK; se o seu computador tiver uma proteo elevada,

as macros podem no funcionar e vai ter de diminui-la.

26P R O T E O D A S E G U R A N A E D A S A D E D O S T R A B A L H A D O R E S D A A G R I C U L T U R A ,

P E C U R I A , H O R T I C U L T U R A E S I L V I C U L T U R A

Estudo de casoUma criana de 6 anos estava a visitar os avs durante as frias de vero. O rapaz sempre gostou de ir com o av ao campo, pois este deixava-o pas-sear livremente pela explorao, sentar-se no trator, apanhar batatas ou brincar com as galinhas e os coelhos da av. Longe da vista dos avs, enquanto brincava beira da lagoa, o rapaz escorregou, caiu na lagoa e afogou-se. A lagoa no tinha vedao.

O que deveria ter feito o agricultor?O agricultor devia ter procedido a uma simples avaliao dos riscos do seu local para determinar:

O que pode correr mal? Afogamento na lagoa; enredamento nas peas mveis das mquinas; acidente envolvendo o trator ou outros veculos ou equipamentos; consumo de substncias no comestveis/nocivas; quedas em altura ao escalar.

Qual a probabilidade de alguma destas ocorrncias acontecer?

Elevada, tendo em conta: a curiosidade da criana; a falta de familiarizao com o local; a falta de superviso.

Quais so as possveis consequncias (gravidade)?

Leses, morte.

Que medidas de controlo devia o agricultor ter tomado para reduzir os riscos?

Deveria: ter vedado a lagoa e outras reas perigosas; ter falado com a criana acerca dos perigos das exploraes agrcolas e ter estabelecido algumas regras bsicas; no ter deixado a criana sem vigilncia na explorao.

27

CAp tULO 5

planeamento

5.1 A importncia do planeamento

O planeamento um elemento crucial para garantir a segurana e a sade dos trabalhadores. Assegurar um bom planeamento o primeiro passo no sentido de garantir que o trabalho realizado em segurana. Um planeamento eficaz permite-lhe antecipar os riscos e prevenir acidentes. Sublinha o que deve ser feito antes do incio dos trabalhos e pode ajudar a reduzir o stresse e a evitar problemas de ltima hora, que muitas vezes resultam em ms solues, assuno de riscos e pressa desnecessria: tudo causas comuns de acidentes.

5.2 Organize e calendarize o seu trabalho

organize o seu trabalho em termos de recursos humanos, equipamentos, instalaes e caractersticas do local.

Calendarize o trabalho de forma a contar com os fatores externos que no pode controlar (por exemplo, condies meteorolgicas, a sazonalidade, a disponibilidade de mo-de-obra, algumas caractersticas do local e o congestionamento do trfego na via pblica).

O presente captulo trata de: Organizao e calendari-

zao do trabalho A organizao

de uma tarefa Um estudo de caso

recursos humanosReflita sobre: as competncias necessrias para o trabalho; a disponibilidade de trabalhadores com qualifi-

caes adequadas; o horrio de trabalho; a rotao dos postos de trabalho; as pausas para repouso; os intervalos para refeies.

Equipamento: identifique qual o equipamento necessrio

(ferramentas, mquinas e equipamento de proteo individual);

assegure a adequao e disponibilidade do equipamento;

verifique o seu bom estado de funcionamento, manuteno e a existncia de licenas e certifi-cados necessrios;

organize o seu transporte seguro para o local; certifique-se da disponibilidade/licena do

operador.

InstalaesAssegure a existncia de: gua potvel; instalaes sanitrias e de higiene; refeies; instalaes para refeies e pausas para

repouso; balnerios e instalaes de secagem; meios de transporte; telecomunicaes.

Caractersticas do localEsclarea as questes: O local de trabalho fixo? Os trabalhadores so obrigados a mudar de

local de trabalho frequentemente? toda a mo-de-obra est familiarizada com a

paisagem? Existem elementos da paisagem potencialmente

perigosos (falsias, pedreiras desativadas, fortes declives, rios, lagoas, lagos, lama e/ou ante-cedentes de desabamentos de terras, terreno desnivelado, carreiras de tiro, acampamentos)?

O local de fcil acesso? Existem plantas potencialmente nocivas ou

fauna perigosa (vegetao densa, animais selvagens, insetos, serpentes, etc.)?

28P R O T E O D A S E G U R A N A E D A S A D E D O S T R A B A L H A D O R E S D A A G R I C U L T U R A ,

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O planeamento de emergncia analisado mais aprofundadamente no Captulo 10: preparao e resposta a situaes de emergncia.

5.3 Organize as tarefas

Algumas tarefas so mais complexas ou perigosas do que outras e exigem, por isso, um planeamento mais estruturado, bem como a redao de uma declarao relativa ao mtodo de segurana.

Entre essas tarefas encontram-se, nomeadamente:

o trabalho de reparao de telhados; o trabalho de construo; a remoo de resduos; o transporte de animais;

o reabastecimento de reservatrios de combustvel; a construo de estradas florestais; os trabalhos de reparao de estufas; o transporte de maquinas e produtos.

Uma declarao do mtodo de segurana um documento que descreve pormenorizadamente a forma como uma tarefa efetuada, de modo a que seja executada de forma to segura quanto possvel. pode elaborar a sua prpria declarao do mtodo de segurana no sentido de:

clarificar as etapas, a sequncia, os equipamentos ou as precaues necessrias para a tarefa; propor formalmente um procedimento seguro para realizar os trabalhos e utilizar a declarao para comunicar

esse procedimento aos trabalhadores.

a declarao do mtodo de segurana descreve:

a localizao; a calendarizao; as condies meteorolgicas; os equipamentos e mquinas; os recursos humanos, formao, competncias, limitaes, caractersticas do trabalho (trabalho solitrio, trabalho em

espaos exguos, etc.); equipamentos de proteo individual necessrios; planeamento de emergncia; avaliao dos riscos para a tarefa; descrio das etapas para a realizao da tarefa.

Uma vez concludo o trabalho, pode efetuar correes ou mel-horias da declarao do mtodo de segurana, em funo da experincia adquirida. A declarao do mtodo revista vai forne-cer conhecimentos suscetveis de serem utilizados em situaes anlogas. No fim do presente guia, no apndice 5.1 encontrar uma Ficha de declarao do mtodo de segurana, pronta a ser utilizada.

Calendarize o seu trabalho tendo em conta: as condies meteorolgicas que podem prejudicar

as atividades (por exemplo, temperaturas extremas, velocidade do vento, visibilidade, condies atmos-fricas de chuva ou tempestade, radiao solar);

as horas de luz solar existentes e a hora ideal do dia ou da noite para realizar os trabalhos;

a sazonalidade (por exemplo, plantao, colheita, poca de caa, perodo de reproduo e acasalamento dos animais da explorao ou de animais selvagens).

planifique para situaes de emergncia: Que tipo de situaes de emergncia pode ter

de enfrentar? (por exemplo, uma pessoa perdida, com leses, que fica doente, uma tempestade, um desabamento de terras, um incndio.)

Como vai lidar com a situao? Como vai assegurar a comunicao de emergncia? Como vai assegurar os transportes de emergncia/

evacuao?

declarao do mtodo de segurana

Descrio da atividade Data de emisso: .. Nome do emitente:

1. aspetos a considerar aquando do planeamento da atividadeaspetos de trabalho parmetros de funcionamento notas

Localizao

Definir onde A menor ou maior distncia?

Acesso difcil ou fcil?

terreno acidentado ou

plano?

Calendarizao Definir quando Demasiado curto ou

demasiado longo?

presso extrema

Condies meteorolgicas

Definir as condies meteorolgicas

Quentes ou frias?

Condies meteorolgicas

extremas?

Catstrofes naturais?

Equipamentos e mquinas necessrios

Defini-los prprios ou alugados?

Com manuteno ou no?

Necessitam de reparao ou

no?

pessoas Definir quem Em nmero suficiente?

Com formao ou no?

Com experincia ou

no?

EpI Defini-los Em nmero suficiente?

Aptos para utilizao?

As pessoas sabem como utiliz-los?

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Estudo de casoUma equipa de 12 trabalhadores florestais estava a abater rvores no meio da floresta, na sequncia de uma semana de tempestades e de chuvas fortes. Tinham interrompido o trabalho durante a semana anterior devido s condies meteorolgicas extremas e tinham regressado apressada-mente ao trabalho para recuperar o tempo perdido. Foram apanhados por um desabamento de terras e trs deles per-deram a vida, enterrados sob toneladas de lama e rochas.

O que deveriam ter feito os trabalhadores florestais?Deveriam ter efetuado uma simples avaliao dos riscos do local para determinar:

O que pode correr mal? desabamento de terras;

rvores enredadas;

terrenos instveis devido tempestade.

Qual a probabilidade de se verificar uma destas ocorrncias?Elevada, tendo em conta: as condies meteorolgicas extremas que se prolongaram durante muitos dias;

as caractersticas da paisagem/terreno.

Quais so as possveis consequncias (gravidade)? leses, morte.

Que medidas de controlo deviam ter tomado, se tivessem avaliado a situao previamente?Deveriam ter:

avaliado o estado do solo do local; adiado o trabalho at o local de trabalho ser seguro.

Em tais situaes: as equipas devem planear a calendarizao do trabalho e dispor de planos de emergncia para evitar trabalhar em zonas

de alto risco aps uma tempestade; os trabalhadores de exploraes florestais devem ser formados para se aperceberem dos sinais de alerta de um desabamento

de terra iminente (ou de outras catstrofes naturais) antes do desabamento: alteraes visveis na paisagem como, por exemplo, pequenas deformaes no solo, movimentos dos terrenos, pequenos deslizamentos, fluxos de terra, rvores que se inclinam progressivamente, pode haver gua a brotar do solo em novos stios, pode ser ouvido um som de estrondo (primeiro ligeiro e aumentando gradualmente medida que o desabamento ganha mpeto), podem ser ouvidos sons pouco habituais como rvores a estalar.

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CAp tULO 6

Formao

a formao essencial para assegurar a sua competn-cia e a de quaisquer trabalhadores (ou seja, voc e os seus trabalhadores devem receber a formao adequada para possurem os conhecimentos, sensibilidade, competncias e atitude para realizar o trabalho corretamente e em segurana, desde o incio. Quando voc e quaisquer trabalhadores presentes no seu local tm a formao e competncia necessrias, so muito menos suscetveis de sofrerem leses ou causar acidentes do que os operadores inexperientes e sem formao.

6.1 tipos de formao

Existem dois tipos de formao:

aulas (teoria), nas quais voc e/ou os seus trabalhadores participam em aulas ou apresentaes sobre a matria pertinente;

formao em servio (prtica), nas quais voc e/ou os seus trabalhadores assistem a demonstraes sobre como utilizar as mquinas ou sobre a forma de realizar uma tarefa na prtica.

6.2 Necessidades de formao

Deve certificar-se de que voc e os seus trabalhadores esto conscientes de todos os perigos ligados ao trabalho e da forma como tais perigos devem ser controlados e/ou resolvidos. Esta formao pode ser formal ou informal. pode assumir a forma de breves sesses apresentadas por consultores externos ou, caso seja competente para ministrar a formao, pode ser realizada por si prprio. Formaes menos formais podem incluir conversas curtas com os trabalhadores, durante alguns minutos aps a pausa deles, antes de voltarem a trabalhar, sobre questes ou tarefas especficas (por exemplo, o controlo da movimentao e velocidade de veculos, limpeza e manuteno das reas de trabalho, etc.).

Existem inmeras diretivas europeias que exigem formao especializada em certos aspetos da segurana e sade, como, por exemplo, a movimentao manual, rudo, vibraes, agentes cancergenos, mutagnicos, amianto.

Forme os trabalhadores jovens que normalmente carecem de experincia. Muitos trabalhadores jovens e inexperientes tm sido vtimas de acidentes graves e mortais por estarem ansiosos por demonstrar que so capazes de fazer o trabalho. Realce os riscos envolvidos em cada atividade que lhes atribuda ou na qual vo estar envolvidos. Instrua-os no sentido de nunca arriscar e de o consultarem a si ou ao supervisor deles imediatamente, caso tenham alguma dvida. os trabalhadores experientes em

O presente captulo trata de: tipos de formao Necessidades de

formao Licenciamento de conduto-

res e operadores Registos da formao Eficcia da formao Um estudo de caso

Formao informal sobre questes especficas.

31

atividade devem tambm ser recordados do que lhes foi ensinado: assegure-se que so realizadas regularmente formaes e cursos de reciclagem para todos.

Faa questo de formar os trabalhadores:

antes de comearem a trabalhar no local; sobre a importncia de uma boa arrumao das reas de trabalho e do respeito

pelas regras das instalaes; relativamente ao levantamento de pesos; periodicamente; sobre a utilizao de equipamento de trabalho; se estes estiverem a realizar uma determinada tarefa pela primeira vez; se tiver decidido aplicar um sistema de rotao de postos de trabalho.

Forme trabalhadores de qualidade e capazes:

sobre a utilizao de motosserras e corta-sebes eltricos; sobre tcnicas de soldadura; sobre a utilizao de escadas, equipamento de escalada, trabalhos em pla-

taformas elevatrias, trabalhos em telhados e trabalhos em altura no geral; sobre como utilizar as mquinas de forma a prevenir acidentes e reduzir distenses

musculoesquelticas; sobre tcnicas de abate de rvores, incluindo o abate de rvores enredadas; sobre o abate de rvores.

Fornea alguma formao sobre possveis situaes de emergncia e realize simulaes pelo menos uma vez por ano para aliar a teoria prtica (Captulo 10: preparao e resposta a situaes de emergncia): permite colocar em evidncia se os trabalhadores ou membros da famlia entenderam as misses que lhes foram atribudas e se o plano de emergncia exequvel e eficaz.

6.3 Licenciamento

Os condutores de veculos e operadores de certos tipos de mquinas como, por exemplo, equipamentos de elevao, devem ser titulares de uma licena. Verifique se todos os condutores e operadores tm licena para a categoria de veculo ou equipamento esto a utilizar. Verifique a frequncia com que as licenas caducam e planeie a sua renovao com antecedncia. Os pulverizadores (para os pesticidas) e outros equipamentos podem exigir inspeo e certificao. Informe-se junto do seu servio de inspeo local. Assegure-se que tem todos os certificados disponveis para efeitos de inspeo.

Se a legislao nacional o exigir, os trabalhadores que manuseiam certos tipos de pesticidas devem ser titulares de uma licena. A concesso de licenas depende do tipo de pesticidas, da sua aplicao, da toxicidade e de outras caractersticas.

Os condutores de veculos e operadores de certos tipos de mquinas como, por exemplo, equipamentos de elevao devem ser titulares de uma licena

Formao de trabalhadores jovens.

32P R O T E O D A S E G U R A N A E D A S A D E D O S T R A B A L H A D O R E S D A A G R I C U L T U R A ,

P E C U R I A , H O R T I C U L T U R A E S I L V I C U L T U R A

6.4 Registos da formao

uma boa prtica conservar os registos da formao, qualquer que seja a sua forma:

um certificado oficial de formao da entidade formadora;

uma carta de confirmao do formador; um registo de presenas de for-

mao no local, indicando o assunto e assinado pelos participantes.

6.5 Eficcia da formao

Se est a pagar a formadores ou a fornecedores externos para formar os trabalhadores, assegure-se de que:

o formador competente e a entidade formadora foi aprovada, se necessrio; clarifica quaisquer questes que voc ou os trabalhadores possam ter antes de a sesso terminar e que

tira o mximo partido do seu tempo e dinheiro.

Em qualquer caso, certifique-se de que voc e/ou os seus trabalhadores compreendem perfeitamente o que lhes foi comunicado.

CErtIFICadoCertifica-se por este meio que

O Sr. ABCConcluiu com xito uma sesso de formao sobre

a utilizao de equipamento de elevao

Que teve lugar em 21 de fevereiro de 2008,

Formador Diretor

33

pErIgo

Estudo de casoUm agricultor alugou uma empilhadora telescpica (com operador) para colocar um reservatrio de gua de plstico no seu telhado. Como existia uma vala que impedia que a empilhadora se aproximasse da parede da construo, a empilhadora teve de ser estacionada a alguma distncia. A empilhadora conseguia alcanar o local desejado, mas o operador no era capaz de v-lo. O prprio agricultor ofereceu-se para orientar o operador durante o processo e colocou-se num local visvel gritando e agitando os braos para dar indicaes ao operador. Quando o reservatrio elevado se comeou a aproximar de uns cabos eltricos suspensos, o agricultor, em pnico, comeou a agitar os braos tentando avisar o operador. Infelizmente, o operador no compreendeu os sinais do agricultor e o reservatrio tocou no cabo eltrico. O operador da empilhadora foi eletrocutado.

O que deveria ter feito o agricultor?O agricultor devia ter procedido a uma simples avaliao dos riscos a fim de determinar:

O que pode correr mal? os sinais gestuais utilizados pelo agricultor podem no ser compreendidos pelo operador; o contacto com linhas eltricas suspensas; a possvel capotagem da empilhadora.

Qual a probabilidade de alguma destas ocorrncias acontecer?Elevada, tendo em conta: o acesso ao local era difcil; o operador da empilhadora no conseguia ver a localizao do reservatrio; o operador da empilhadora precisava de receber indicaes atravs de sinais gestuais; o operador da empilhadora e o agricultor no tinham combinado que sinais gestuais iam utilizar; nunca tinham trabalhado juntos anteriormente; a presena de linhas eltricas suspensas.

Quais so as possveis consequncias (gravidade)? leses, eletrocusso, morte.

Que medidas de controlo devia o agricultor ter tomado, se tivesse analisado a atividade previamente?Deveria: ter escolhido um local mais acessvel para o reservatrio de gua; solicitado ao fornecedor de empilhadoras que enviasse um assistente com formao para orientar o

operador da empilhadora; combinado com o operador da empilhadora o significado dos sinais gestuais a utilizar.

34P R O T E O D A S E G U R A N A E D A S A D E D O S T R A B A L H A D O R E S D A A G R I C U L T U R A ,

P E C U R I A , H O R T I C U L T U R A E S I L V I C U L T U R A

CAp tULO 7

Mo-de-obra

uma vez que a fora de uma empresa depende da sua mo-de-obra, essencial que os trabalhadores sejam compe-tentes, mantidos em segurana, saudveis e felizes. Para muitos agricultores, a mo-de-obra constituda por eles prprios, os seus cnjuges, filhos e familiares. Em pocas de muito tra-balho, alguns utilizam trabalhadores assalariados com base nas necessidades do momento, ao passo que outros firmam acordos mais permanentes com os trabalhadores; contudo, os laos familiares e as modalidades de emprego so irrelevantes quando se trata de assegurar a segurana e sade da mo-de-obra.

7.1 Exposio dos trabalhadores aos perigos

aqueles que esto mais expostos aos perigos so os que exercem as atividades de trabalho: voc e os seus trabalhadores.

Caso os perigos no sejam controlados, voc e/ou os seus trabalhadores podem:

sofrer ferimentos num acidente; contrair uma doena; sofrer acidentes incapacitantes; morrer.

Embora o trabalhador possa ter culpa na eventualidade de um acidente, tal no limita de forma alguma a responsabilidade do agricultor de tomar todas as medidas possveis para proporcionar um ambiente de trabalho seguro e saudvel antes do acidente.

historicamente, a agricultura um dos setores mais perigosos para os trabalhadores da UE, registando-se entre 400 a 500 mortes por ano.

Os trabalhadores esto expostos a:

condies meteorolgicas extremas; trabalho manual repetitivo; operao de veculos e mquinas; contacto com agentes biolgicos; contacto com substncias perigosas; quedas, esmagamento e muito mais.

tire algum tempo para refletir de que forma poderia tornar o seu trabalho mais so e seguro. trabalhadores saudveis e seguros so mais produtivos do que trabalhadores sobre-carregados de trabalho, stressados, maltratados ou com leses.

O presente captulo trata de: Exposio dos trabalhado-

res aos perigos Envolvimento dos

trabalhadores trabalhadores vulnerveis Instalaes Disposies adicionais

sobre o bem-estar Violncia entre os

trabalhadores Um estudo de caso

Envolva a sua mo-de-obra

35

7.2 Envolvimento dos trabalhadores

D a conhecer aos seus trabalhadores as questes de segurana e sade e os riscos a que esto expostos. Envolva os seus trabalhadores na identificao e registo de perigos (Captulo 4: avaliao dos riscos); faa reunies regulares com eles, escute os seus problemas e solicite as suas opinies e sugestes (Captulo 3: organizao da segurana e sade). O envolvimento dos trabalhadores um requisito legal.

7.3 trabalhadores vulnerveis

7.3.1. Os trabalhadores jovens carecem normalmente de experincia e tendem a ser impulsivos. precisam de formao e de uma superviso estreita at serem suficientemente competentes (Captulo 6: Formao).

7.3.2. Os trabalhadores idosos so mais vulnerveis s condies meteorolgicas, fadiga e ao stresse. podem ter limitaes relacionadas com a sua idade ou sofrer de doenas crnicas. A sua viso, audio, fora, reflexos, velocidade de movimento e mesmo a sua capacidade produtiva podem estar diminudas. preciso atribuir-lhes tarefas que lhes sejam adequadas, com uma superviso estreita para controlar os riscos que enfrentam e a sua sade deve ser vigiada frequentemente (Captulo 8: gesto da sade).

7.3.3. Os familiares podem estar dispostos ou ser obrigados a ajudar, mas deve ter em conta a sua aptido para cada tarefa, na medida em que podem no ter ainda recebido formao e, por conseguinte, estar numa situao de risco mais elevado.

7.3.4. As trabalhadoras grvidas devem ser objeto de ponderao, avaliando quais as atividades que podem efetuar em segurana, sem risco de aborto ou de qualquer outra complicao para a me ou para o feto.

7.3.5. Aos trabalhadores com incapacidades devem ser atribudas tarefas de acordo com as suas capacidades. podem ser necessrias consideraes adicionais em funo das suas necessidades e capacidades.

7.3.6. O trabalho infantil no pode ser utilizado (Captulo 11: Crianas). Sempre que as crianas da explorao familiar acompanhem os seus progenitores na realizao das tarefas, devem ser tidos em conta os perigos e os riscos envolvidos, sendo-lhes explicados quando tal seja apropriado e controlados a fim que nenhuma criana seja exposta a riscos inaceitveis.

7.3.7. Os trabalhadores imigrantes merecem, frequentemente, de consideraes adicionais.

as dificuldades de comunicao decorrentes da utilizao de lnguas diferentes podem con-duzir a interpretaes errneas, mal-entendidos e/ou acidentes, doenas ou problemas de sade. Se for este o caso, deve traduzir as informaes e instrues essenciais em termos de segurana e sade para a lngua das pessoas que executam o trabalho. pode igualmente utilizar demonstraes prticas no local de trabalho, animaes, imagens, instrues simples e linguagem gestual. No d instrues complicadas, grite ou exprima o seu desagrado ou insatisfao quando eles no conseguirem compreender alguma coisa.

diferenas culturais faa um esforo para aprender alguns princpios bsicos sobre o contexto cultural dos seus trabalhadores, pois isto poder evitar surpresas desagradveis e mal-entendidos. Os hbitos alimentares e de consumo de bebidas podem ser acentuados em algumas culturas. Alguns gestos podem ser ofensivos noutras.

A religio pode ser importante ou exigente para o trabalhador, pelo que deve tentar ter em conta exigncias de carter religioso.

Os trabalhadores esto muitas vezes numa posio que lhes permite encontrar solues prticas e efetivas para os perigos no local de trabalho

36P R O T E O D A S E G U R A N A E D A S A D E D O S T R A B A L H A D O R E S D A A G R I C U L T U R A ,

P E C U R I A , H O R T I C U L T U R A E S I L V I C U L T U R A

por vezes, os trabalhadores imigrantes residem no local e trazem a famlia consigo. deve proporcionar condies dignas de habitao, acesso a gua potvel e a cuidados mdicos para estas famlias. Deve ter em conta os possveis riscos de segurana e de sade e garantir que estes esto controlados. Se o seu trabalhador souber que a sua famlia est segura e bem cuidada, mais tendncia ter a cooperar consigo e respeitar as instrues sobre as normas de segurana e sade.

7.4 Instalaes

Disponibilize sempre casas de banho e instalaes sanitrias adequadas aos trabalhadores. Isto inclui:

casas de banho limpas; gua fria e quente; sabo e toalhas de papel de uso nico (ou equivalente) para lavagem e secagem das mos; chuveiros e vestirios, se necessrio; instalaes independentes para homens e mulheres, caso tenha trabalhadores de ambos os sexos.

7.5 Disposies adicionais sobre o bem-estar

Se for caso disso, certifique-se de que os trabalhadores so capazes de comunicar de forma satisfatria com as suas famlias, sobretudo se a famlia estiver longe e no puder ser visitada com frequncia.

Fornea informaes, instruo, formao e superviso adequadas de uma forma que possa ser entendida.

providencie cuidados mdicos sempre que necessrio. Fornea equipamento de proteo individual de forma

gratuita, (Captulo 9: Equipamento de proteo individual).

Fornea todas as informaes necessrias relevantes para as tarefas especficas a realizar.

Disponibilize formas de entretenimento caso os trabalhadores vivam no local (por exemplo, tV por satlite).

preveja um tempo de descanso adequado e tenha em considerao o facto de os trabalhadores poderem estar cansados (a fadiga pode aumentar o risco de acidentes).

Respeite as necessidades dos trabalhadores fale com eles e nunca ignore as suas preocupaes. Solicite as opinies dos trabalhadores sempre que tal seja adequado (Captulo 3: organizao da segurana

e sade).

7.6 Violncia entre os trabalhadores

por ltimo, esteja consciente de que podem existir incidentes violentos entre os trabalhadores. Verificaram-se casos de trabalhadores envolvidos em lutas ou acusados de intimidao, assdio sexual, violaes ou agresses. Certifique-se de que fica a conhecer bem os seus trabalhadores. Discuta quaisquer questes ou problemas que possam ter. Deste modo, ter conhecimento de quaisquer conflitos ou divergncias pessoais entre eles e estar em posio de evitar que os conflitos se transformem numa situao de violncia. o seu comportamento pessoal, a sua atitude e nvel de superviso podem influenciar o comportamento dos trabalhadores num sentido ou noutro.

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Estudo de casoUm trabalhador de uma explorao de sunos foi incumbido da tarefa de limpar os silos de alimentos para animais, para que estes pudessem voltar a ser enchidos no dia seguinte. Era suposto realizar a tarefa com um colega de trabalho. Devido a uma doena sbita do colega, decidiu realizar a tarefa sozinho. Ao descer no interior do silo, caiu e bateu com a cabea na parede do silo: foi encontrado morto sete horas mais tarde.

O que deveria ter feito o agricultor?Devia ter efetuado uma simples avaliao dos riscos para determinar:

O que pode correr mal? o trabalhador sofrer leses durante o trabalho no silo;

o trabalhador ficar preso no silo sem que esteja disponvel ajuda;

quedas em altura.

Qual a probabilidade de que tal acontea?Elevada, tendo em conta: o trabalhador estava a trabalhar sozinho.

Quais so as possveis consequncias (gravidade)? leses, coma, morte.

Que medidas de controlo devia o agricultor ter tomado se tivesse avaliado a situao previamente?Deveria: ter substitudo o colega doente;

ter fornecido aos trabalhadores uma declarao do mtodo de segurana;

ter supervisionado o trabalho com frequncia.

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CAp tULO 8

Gesto da sade

Sempre que a sade e a segurana so debatidas, a segurana tende a ser predominante, levando a que os riscos de sade sejam, muitas vezes, negligenciados. Em geral, tal acontece porque a falta de medidas de segurana pode conduzir a aciden-tes que causam leses imediatas ou perda de vidas humanas, enquanto os problemas de sade normalmente aumentam de forma gradual e podem no ser evidentes numa fase inicial. Os problemas de sade decorrentes de atividades de trabalho devem ser encarados como acidentes em cmara lenta, que frequentemente tm consequncias to ou mais graves do que muitos acidentes comuns.

8.1 problemas de sade

Geralmente, os problemas de sade:

desenvolvem-se progressivamente; so difceis de identificar; so duradouros; so difceis de relacionar com a causa; no esto, muitas vezes, oficialmente diagnosticados.

A sade dos trabalhadores numa explorao pode ser posta em risco devido a:

stresse excessivo; zoonoses; alergias; distenses musculoesquelticas; exposio a condies meteorolgicas extremas; contacto com a terra, a flora, a fauna, agentes biolgicos

(doenas da pele), animais.

8.2 Vigilncia da sade

a vigilncia da sade dos trabalhadores est regula-mentada. Isto significa que, se a lei o exigir, o trabalhador deve ter consultas com o seu mdico em intervalos previa-mente determinados, para ser examinado a expensas do empregador. O objetivo dos exames consiste em determinar se as atividades profissionais esto a causar ou a agravar quaisquer problemas de sade do trabalhador. O trabalhador examinado relativamente a efeitos para a sade

Os trabalhadores de uma explorao so frequente-mente expostos a cargas fsicas que so perigosas

para a sade ou desnecessariamente fatigantes

O presente captulo trata de: Efeitos para a sade Vigilncia da sade Zoonoses Alergias Vacinao Vigilncia Asma perturbaes

musculoesquelticas Efeitos para a sade

relacionados com o clima Doenas de pele primeiros socorros Comunicao de questes

relacionadas com a sade e acidentes

Um estudo de caso

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suscetveis de ocorrer tendo em conta o trabalho de que est incumbido. Alm disso, a vigilncia da sade contribui para determinar se um trabalhador est apto para o trabalho que lhe foi confiado. por exemplo, um trabalhador asmtico no deve tratar do feno ou de alimentos para animais, e um trabalhador com patologias cardiovasculares ou grave deficincia visual no deve desempenhar funes de condutor.

a vigilncia da sade deve ser realizada de forma proativa. Ajuda a identificar problemas de sade relacionados com o trabalho antes de ocor-rerem problemas graves para o trabalhador. Quaisquer problemas de sade relacionados com o trabalho devem ser imediatamente comunicados a um mdico, devendo ser tomadas as medidas adequadas.

til que o agricultor mantenha um processo para cada um dos seus trabalhadores com um registo de todas as doenas crnicas, alergias ou condies de sade que possam vir a agravar-se, bem como da medicao tomada.

8.3 Zoonoses

sempre que as pessoas esto em contacto com animais, existe o risco de ser contrada uma zoonose. Nem todas as doenas animais so transmissveis aos seres humanos, mas muitas delas so ver o quadro de zoonoses no apndice 19.1.

pode reduzir o risco de contaminao melhorando as prticas de criao, assegurando uma ventilao eficiente, agendando uma vacinao frequente dos animais, colocando em quarentena os animais doentes e mantendo uma boa higiene pessoal.

Se suspeitar que contraiu uma zoonose, contacte o seu mdico imediatamente.

8.4 Alergias

Alergias a picadas de insetos e mordeduras de rpteis podem causar efeitos que vo desde um inchao ligeiro at um choque anafiltico e morte. Muitas vezes, as pessoas desconhecem alergias que podem ter desde a nascena ou que podem ter desenvolvido em algum momento da sua vida. Caso ocorra algum incidente, mesmo se os efeitos forem ligeiros, consulte um mdico, que poder dar-lhe conselhos sobre como proceder ao tratamento e inform-lo sobre a necessidade de realizar testes alergolgicos adicionais.

Infelizmente, nem todas as alergias podem ser predeterminadas atravs de testes e nunca se pode ter a certeza de como o organismo ir reagir a uma picada ou mordedura num dado momento, mesmo se tal tiver ocorrido anteriormente.

Se uma picada ou mordedura tiver de ser tratada, essencial que o mdico ou enfermeiro conhea o tipo de inseto ou rptil que a causou, a fim de administrar o antdoto adequado. Deve ter tambm noo de que h um limite de tempo durante o qual o antdoto deve ser injetado vtima. O seu mdico pode dar-lhe conselhos mais detalhados.

A maior parte das cobras no venenosa: mas til que saiba distinguir aquelas que so venenosas na fauna da sua regio.

Os pesticidas e as substncias perigosas em geral, quando inaladas, ingeridas ou absorvidas atravs da pele, podem causar alergias, choque anafiltico ou mesmo a morte. os sintomas podem ser ligeiros ou graves. podem ser de curta durao ou podem prejudicar a sade gradual e gravemente ao longo do tempo.

Os trabalhos que impliquem a exposio a determinados produtos qumicos exigem o acompanhamento mdico do trabalhador

A picada de uma abelha pode ter consequncias graves para uma pessoa

alrgica a insetos

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P E C U R I A , H O R T I C U L T U R A E S I L V I C U L T U R A

8.5 Vacinao

Consulte o seu mdico caso ainda no tenha sido vacinado contra o ttano, hepatite, ou recebido qualquer outra vacina que o possa proteger contra uma doena potencialmente mortal.

8.6 Exames auditivos, oftalmolgicos e cardiovasculares

A exposio a nveis elevados de rudo e vibraes excessivas deve ser minimizada na medida do possvel e, sempre que esta ocorra devido natureza do trabalho (por exemplo, utilizao de motosserras, utilizao de veculos e mquinas), as possveis consequncias para sade devem ser vigiadas e avaliadas com uma frequncia determinada por um especialista. Deve informar-se junto da sua autoridade nacional sobre a durao mxima de exposio admissvel e os limites de exposio. Ao avaliar a exposio ao rudo e s vibraes, tenha em conta:

a intensidade; a frequncia (de emisso); a durao da exposio (contnua ou fragmentada); a proximidade da fonte. o efeito combinado de vrias fontes.

Sussurro 30 dB A ttulo indicativo, uma tosquiadora de interior produz 80 dB; um Vtt, um trator ou uma ceifeira 85 dB; um trado 95 dB; uma bomba de irrigao 100 dB; e uma motosserra 110 dB.

testes oculares e exames ao sistema cardiovascular so especialmente impor-tantes se operar mquinas, conduzir ou executar trabalhos em stios altos. A perda de viso ocorre normalmente de forma gradual e subestimada.

Conversa normal 60-70 dBtoque de chamada do telefone 80 dBtrfego citadino no interior de um veculo 85 dBMetropolitano 95 dB

Nvel acima do qual a exposio prolongada ou frequente pode resultar em perda permanente da audio 85 dBMotociclo 100 dBSerra eltrica 110 dBConcerto de rock 115 dB

Comea a dor 125 dBRebitador pneumtico 125 dBMotor a jato 140 dB

Surdez 180 dB

8.7 Asma

Os trabalhadores com asma devem evitar trabalhar:

com feno, alimentos para animais, sementes, flores; com aves de capoeira; em condies que envolvam poeiras; em condies atmosfricas muito quentes e com

exposio solar; em reas com odores fortes; em silos e noutros espaos fechados.

Mantenha sempre a sua medicao mo

Mais vale prevenir do que remediar

41

8.8 perturbaes musculoesquelticas

Esticar-se ao colher fruta, dobrar-se para plantar, remover ervas daninhas e colher plantas rasteiras, levantar e transportar pesos pesados, operar mquinas, conduzir longas distncias, vrias tarefas que envolvam puxar e empurrar estas tarefas levam quase sempre a que o agricultor ou o trabalhador da explorao agrcola venha a sofrer de vrias doenas musculoesquelticas, incluindo dores na zona lombar, distenses e entorses na coluna vertebral, pernas, mos, ombros e pescoo.

Os colhedores de tabaco, por exemplo, desenvolvem problemas nos pulsos devido ao movimento contnuo do pulso na recolha manual das folhas de tabaco, tal como acontece com os produtores leiteiros devido quantidade de trabalho de pulso necessria, mesmo no caso da ordenha mecanizada.

Existem muitas consideraes a efetuar em relao ao levantamento de cargas.

tenha noo do peso exato que est prestes a levantar, verifique-o antes. Em funo do peso, forma e embalagem, decida se o pode levantar ou se necessita da ajuda de

um colega com formao ou de um auxlio mecnico. Antes de levantar o que quer que seja, decida primeiro para onde vai levar a carga e como a pode

transportar de forma segura. Sempre que possvel, tenha disponveis superfcies de trabalho a uma altura que facilite as ope-

raes de levantar, movimentar e pousar os pesos. Utilize sistemas mecnicos sempre que possvel (por exemplo, carrinhos de mo, carrinhos de

carga, gruas telescpicas ou tratores equipados para levantar pesos). Utilize sistemas de puxar sempre que possvel. Minimize a quantidade de levantamentos envolvidos no trabalho em geral. Se ainda assim tais levantamentos fizerem parte do trabalho, fornea formao aos trabalhadores

sobre as tcnicas e posturas corretas de levantamento e transporte de pesos. Use vesturio apropriado para que possa manusear de perto o material a levantar (por exemplo,

fato-macaco). nunca tente levantar nada que esteja para l das suas capacidades.

Ao levantar pesos:

mantenha as costas retas e dobre os joelhos; transfira o seu peso para as suas pernas; aproxime a carga ao corpo tanto quanto possvel; distribua a carga em partes iguais entre os seus braos; proteja as suas mos com luvas caso a carga tenha textura spera; se possvel, empurre ou puxe a carga em vez de a levantar; regra geral, os pesos com pegas so mais fceis de levantar; os pesos entre a altura do cotovelo e do ombro so os mais fceis de levantar; procure assistncia junto de um colega de trabalho para pesos mais pesados

e distribuam a carga entre ambos; divida as cargas grandes em cargas menores, se possvel; faa pausas curtas.

A elevao manual de cargas pesadas pode causar danos

graves nas costas, nos ombros e no pescoo

Utilize equipamentos de elevao para movimentar pesos pesados

De acordo com o Eurostat, a agricultura o setor no qual se verifica a maioria dos problemas musculoesquelticos relacionados com o trabalho

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P E C U R I A , H O R T I C U L T U R A E S I L V I C U L T U R A

8.9 Efeitos para a sade relacionados com o clima

A exposio a condies meteorolgicas extremas ao trabalhar no campo pode resultar em hipotermia, queimaduras provocadas pelo frio, insolao, golpe de calor, desidratao e cancro da pele.

O que pode fazer?

Calendarizar o trabalho de forma a oti-mizar as condies de trabalho.

vestir-se de forma adequada, em funo das condies meteorolgicas.

Se estiver quente e fizer sol, utilize chapu, culos de sol, protetor solar, beba gua e descanse sombra.

Se estiver frio e hmido, vista roupa quente, use fatos-macaco imperme-veis, tome um banho quente e mude de vesturio imediatamente aps terminar o trabalho.

planeie as suas atividades de forma a minimizar a exposio a condies mete-orolgicas extremas.

adie as atividades que o possam pr em risco quando se verificarem condies meteorolgicas desfavorveis.

8.10 Doenas de pele

as infees cutneas so muito comuns na agricultura e na silvicultura. O contacto contnuo com agentes biolgicos, a terra, a flora, os pesticidas e fertilizantes, os resduos animais, o adubo e a madeira podem resultar em infees, inchaos, cicatrizes e no desenvolvimento de fungos. proteja as suas mos tanto quanto possvel utilizando luvas e consulte o seu mdico caso as anomalias de pele persistam.

Muitas zoonoses como o carbnculo, a tinha do couro cabeludo e o ectima contagioso esto associadas contaminao cutnea.

8.11 primeiros socorros

mantenha sempre um estojo de primeiros socorros no local e certifique-se de que est facilmente acessvel. Os farmacuticos tm conjuntos j prontos e podem fornecer-lhe uma lista dos requisitos mnimos caso a sua legislao nacional assim o exija.

extremamente til que voc ou outro membro da famlia ou da mo-de-obra, participe em aes de formao de primeiros socorros e possa prestar assistncia imediata em caso de necessidade.

tenha uma lista dos nmeros de telefone:

dos servios de emergncia 112; do hospital mais prximo; do seu mdico; de um centro de intoxicaes.

O colhedores de tabaco, que apanham as folhas mo, esto sujeitos a infees cutneas devido ao contacto permanente com

a terra, pesticidas, fertilizantes e nicotina

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Estudo de casoA.J. trabalhava h muitos anos para um agricultor de batatas. O seu trabalho consistia em colher batatas, coloc-las em caixas e colocar as caixas em camies. J fazia este trabalho h 15 anos. Ela sofre agora de leses na coluna vertebral e pede uma indem-nizao sua antiga entidade patronal pelo seu atual problema de sade.

O que deveria ter feito o agricultor?O agricultor devia ter procedido a uma simples avaliao dos riscos das atividades de colheita das batatas para determinar:

O que pode correr mal? problemas crnicos na coluna, msculos e costas.

Qual a probabilidade de que tal acontea?Elevada, tendo em conta: levantamento e transporte de pesos; as flexes repetidas; m postura; longas horas de trabalho.

Quais so as possveis consequncias (gravidade)? problemas crnicos na coluna vertebral, msculos e costas.

Se o agricultor tivesse avaliado a situao previamente, que medidas de controlo deviam ter sido tomadas?Deveria: ter automatizado o processo tanto quanto possvel; ter disponibilizado contentores ergonmicos, se estes tivessem de ser levantados pelos trabalhadores; ter-se assegurado que as aes de levantamento e toro eram eliminadas do sistema de trabalho; ter avaliado a capacidade e aptido de cada trabalhador; ter organizado perodos de pausa e descanso adequados; ter prestado formao aos seus trabalhadores sobre as tcnicas corretas de levantamento a utilizar na

realizao da tarefa; ter-se assegurado que os pesos levantados e as horas trabalhadas pelas pessoas no excediam a sua

capacidade individual; ter providenciado vigilncia mdica a sade dos trabalhadores devia ter sido periodicamente

acompanhada.

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CAp tULO 9

Equipamento de proteo individual

No que se refere s precaues a tomar em termos de segurana e sade, o equipamento de proteo individual (EpI) deve ser visto como o ltimo recurso e s deve ser considerado aps todos os outros meios de controlo dos riscos terem sido esgotados. Tal deve-se ao facto de o EPI s proteger o indivduo e no prevenir a ocorrncia de acidentes. Mais importante ainda, muitas vezes s protege parcialmente o utilizador, reduzindo a gravidade das consequncias.

9.1 Seleo do EpI

Na processo de seleo do EpI tem de proceder ao seguinte processo de reflexo.

Qual a tarefa que deseja realizar? Contra que perigos necessita de proteo? Que par