protagonismo infantil como nÚcleo essencial do … · legal e a consagração de um novo sujeito...

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// Revista da Faculdade de Direito // edição 5 // número 5 // 1º semestre de 2018 62 PROTAGONISMO INFANTIL COMO NÚCLEO ESSENCIAL DO MARCO LEGAL DA PRIMEIRA INFÂNCIA E A PROTEÇÃO DE SUJEITOS DE DIREITO EM GRAU SUPERLATIVO Ana Claudia Pompeu Torezan Andreucci* e Michelle Asato Junqueira** *Pós-Doutoranda em Direitos Humanos e Democracia pela Universidade de Coim- bra, Portugal. Pós-Doutora em Comu- nicação pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP). Pós-Doutora em Direitos Hu- manos e Trabalho pelo Centro de Estudos Avançados da Universidade Nacional de Córdoba, Argentina Doutora e Mestre pela PUC/SP. Graduada em Jornalismo pela Faculdade de Comunicação Social Cásper Líbero e em Direito pela UPM. Professora do Curso de Graduação da Faculdade de Direito da UPM. Professo- ra do Curso de Graduação em Direito da Universidade São Judas Tadeu. Professo- ra Convidada do Curso de Pós Gradua- ção Lato Sensu da ECA/USP. Líder do Grupo de Estudos de Direitos da Criança do Adolescente no Século XXI , ambos da Faculdade de Direito da UPM. **Doutora e Mestre em Direito Político e Econômico pela Universidade Presbite- riana Mackenzie. Especialista em Direito Constitucional com Extensão em Didá- tica do Ensino Superior. Professora nos Cursos de Graduação e Pós-Graduação “Lato Sensu” da Universidade Presbite- riana Mackenzie. Vice-líder do Grupo de Pesquisa CNPq “Políticas Públicas como Instrumento de Efetivação da Cidadania” e do Grupo de Estados “Criança e Ado- lescente no Século XXI”. Pesquisadora no Grupo de Pesquisa “Estado e Economia no Brasil”. Avaliadora de diversos periódi- cos nacionais e autora de diversos artigos e livros jurídicos. Sumário: 1. Era uma vez: crianças e adolescentes como sujeitos de direito de uma narrativa histórica 2. Estatuto da Criança e do Adolescente como uma rede principiológica de garantias e interpretação construtiva. 3.Um Marco Legal e a consagração de um novo sujeito de direito em grau superlativo, eis as crianças de 0 a 6 anos de idade. 4. Protagonismo como núcleo fundamental do Marco Legal da Primeira Infância. Conclusões. Referências. Resumo: O presente artigo procura demonstrar que nos tempos contemporâneos a criança não se constitui mais como objeto de direito, pois transmutou-se a partir de 1988 como sujeito de direito, em especial, a partir de 2016, com edição da Lei 13.257, nominada de Marco Legal da Primeira Infância, como sujeito de direito político, o que consiste dizer que seu papel na sociedade está focado no protagonismo, no direito à participação nos processos que lhe dizem respeito. Urge a criação de uma rede profícua de debates para que o direito à voz seja implementado a partir das reais necessidades dos infantes e não tão somente como norma posta, mas que não ecoa na reali- dade social. A visão adultocêntrica pautada na compreensão interpretativa dos adultos de que são os tradutores dos “quereres” infantis deve ser abandonada por completo para que o exercício da cidadania infanto-juvenil seja reconhecido de maneira plena. Palavra-chave: Marco Legal. Primeira Infância. Protagonismo. Desenvolvimento. Abstract: This article seeks to demonstrate that in contemporary times the child is no longer constituted as an object of law, since it was changed from 1988 as a subject of law, especially from 2016, with edition of Law 13,257, nominated by Marco Legal Framework of Early Childhood, as a subject of political right, which means that its role in society is focused on the protagonism, the right to participate in the processes that concern it. It is urgent to create a profitable network of debates so that the right to voice is implemented based on the real needs of infants and not only as a rule but which does not echo in social reality. The adult-centric vision based on the interpretative understanding of the adults who are the translators of children’s “wills” must be completely abandoned so that the exercise of children’s and youthful citizenship is fully recognized. Keywords: Legal Framework. Early Childhood. Protagonism. Development.

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// Revista da Faculdade de Direito // edição 5 // número 5 // 1º semestre de 2018

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PROTAGONISMO INFANTIL COMO NÚCLEO ESSENCIAL DO MARCO LEGAL DA PRIMEIRA INFÂNCIA E A PROTEÇÃO DE SUJEITOS DE DIREITO EM GRAU SUPERLATIVOAna Claudia Pompeu Torezan Andreucci* e Michelle Asato Junqueira**

*Pós-Doutoranda em Direitos Humanos e Democracia pela Universidade de Coim-bra, Portugal. Pós-Doutora em Comu-nicação pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP). Pós-Doutora em Direitos Hu-manos e Trabalho pelo Centro de Estudos Avançados da Universidade Nacional de Córdoba, Argentina Doutora e Mestre pela PUC/SP. Graduada em Jornalismo pela Faculdade de Comunicação Social Cásper Líbero e em Direito pela UPM. Professora do Curso de Graduação da Faculdade de Direito da UPM. Professo-ra do Curso de Graduação em Direito da Universidade São Judas Tadeu. Professo-ra Convidada do Curso de Pós Gradua-ção Lato Sensu da ECA/USP. Líder do Grupo de Estudos de Direitos da Criança do Adolescente no Século XXI , ambos da Faculdade de Direito da UPM.**Doutora e Mestre em Direito Político e Econômico pela Universidade Presbite-riana Mackenzie. Especialista em Direito Constitucional com Extensão em Didá-tica do Ensino Superior. Professora nos Cursos de Graduação e Pós-Graduação “Lato Sensu” da Universidade Presbite-riana Mackenzie. Vice-líder do Grupo de Pesquisa CNPq “Políticas Públicas como Instrumento de Efetivação da Cidadania” e do Grupo de Estados “Criança e Ado-lescente no Século XXI”. Pesquisadora no Grupo de Pesquisa “Estado e Economia no Brasil”. Avaliadora de diversos periódi-cos nacionais e autora de diversos artigos e livros jurídicos.

Sumário: 1. Era uma vez: crianças e adolescentes como sujeitos de direito de uma narrativa histórica 2. Estatuto

da Criança e do Adolescente como uma rede principiológica de garantias e interpretação construtiva. 3.Um Marco

Legal e a consagração de um novo sujeito de direito em grau superlativo, eis as crianças de 0 a 6 anos de idade.

4. Protagonismo como núcleo fundamental do Marco Legal da Primeira Infância. Conclusões. Referências.

Resumo: O presente artigo procura demonstrar que nos tempos contemporâneos a criança não se constitui mais

como objeto de direito, pois transmutou-se a partir de 1988 como sujeito de direito, em especial, a partir de 2016,

com edição da Lei 13.257, nominada de Marco Legal da Primeira Infância, como sujeito de direito político, o que

consiste dizer que seu papel na sociedade está focado no protagonismo, no direito à participação nos processos

que lhe dizem respeito. Urge a criação de uma rede profícua de debates para que o direito à voz seja implementado

a partir das reais necessidades dos infantes e não tão somente como norma posta, mas que não ecoa na reali-

dade social. A visão adultocêntrica pautada na compreensão interpretativa dos adultos de que são os tradutores

dos “quereres” infantis deve ser abandonada por completo para que o exercício da cidadania infanto-juvenil seja

reconhecido de maneira plena.

Palavra-chave: Marco Legal. Primeira Infância. Protagonismo. Desenvolvimento.

Abstract: This article seeks to demonstrate that in contemporary times the child is no longer constituted as an

object of law, since it was changed from 1988 as a subject of law, especially from 2016, with edition of Law 13,257,

nominated by Marco Legal Framework of Early Childhood, as a subject of political right, which means that its role

in society is focused on the protagonism, the right to participate in the processes that concern it. It is urgent to

create a profitable network of debates so that the right to voice is implemented based on the real needs of infants

and not only as a rule but which does not echo in social reality. The adult-centric vision based on the interpretative

understanding of the adults who are the translators of children’s “wills” must be completely abandoned so that the

exercise of children’s and youthful citizenship is fully recognized.

Keywords: Legal Framework. Early Childhood. Protagonism. Development.

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Imprescindível a importância da História para se conhe-

cer a Sociedade e seus Direitos, em especial, para se

compreender o Direito de Crianças e Adolescentes. A

ciência do Direito evoluiu na medida do tempo e alicerçada

nas inúmeras conquistas dogmáticas do público infanto-ju-

venil e os direitos alcançados encontram no aspecto tem-

poral o eixo fundamentador para sua existência e dentro

deste aspecto espacial e temporal devem ser explicados

e entendidos. Se correspondem às nossas realidades ou

talvez possam em algum momento ser considerados dis-

sonantes, o próprio tempo explicará pois refletirá as con-

quistas e objetivos de uma época (ALTAVILA, 1997, p. 12)1.

Sujeitos de Direito em desenvolvimento. Esta foi a mens

legislatoris, ou intenção dos Constituintes da Constituição

Federal de 1988, ao estabelecer no art. 227 da CF/88, às

crianças e adolescentes, um status constitucional diferen-

ciado. Ao eleger como a base o que se convencionou no-

minar de “Doutrina da Proteção Integral”, quis o legislador

sublinhar a necessidade de proteção plena e especial ao

público infanto-juvenil, o qual se justifica em virtude da ma-

turidade física e mental em desenvolvimento.

Importa demarcar que até a edição da Carta Magna de 1988,

figuravam no Brasil outras narrativas sobre o público infanto-

-juvenil. As narrativas sociais e jurídicas partiam do conceito

de “menor em situação irregular”. A expressão menor - vocá-

bulo de múltiplas acepções- guardava em si a noção de so-

menos importância, sinônimo de infância em perigo ou peri-

gosa, marginalização e diminuição. A identidade do “menor”

se construía - apenas e tão somente - a partir do desvio, da

anomia e da necessidade de vigilância pelo Estado.

As disposições constitucionais sobre a criança e o adolescen-

te acompanham as previsões da Declaração Universal dos Di-

reitos da Criança, adotada pela ONU em 20 de novembro de

1959, nos seguintes termos: “a criança, em virtude de falta de

sua maturidade física e mental, precisa de proteção e cuida-

dos especiais, inclusive proteção legal apropriada antes e de-

pois do nascimento”. Apesar de um marco de extrema impor-

tância para a temática, do ponto de vista jurídico, a Declaração

se traduz como um documento que carece de coercibilidade e

se afirma, tão apenas como uma enunciação de direitos.

Também é oportuno lembrar a Convenção Americana de

Direitos Humanos de 1969, conhecida como Pacto de San

José da Costa Rica, na qual reforça o art. 3º da Declaração

Universal de Direitos Humanos das Nações Unidas de 1948.

O Texto Constitucional, no âmbito dos direitos da criança

e adolescente, representa uma nova narrativa e um marco

divisório para compreensão do status desse público alvo,

personagens, a partir daí, considerados como protagonis-

1. ERA UMA VEZ: CRIANÇAS E ADOLESCENTES COMO

SUJEITOS DE DIREITO DE UMA NARRATIVA HISTÓRICA.

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tas, ou na expressão dogmática, sujeitos de direito.

Até a edição da Carta Magna de 1988, figuravam no Brasil

outras narrativas sobre o público infanto-juvenil. As narrati-

vas sociais e jurídicas partiam do conceito de “menor em si-

tuação irregular”. A expressão menor - vocábulo de múltiplas

acepções- guardava em si a noção de somenos importância,

sinônimo de infância em perigo ou perigosa, marginalização

e diminuição. A identidade do “menor” se construía - apenas

e tão somente - a partir do desvio, da anomia e da necessi-

dade de vigilância pelo Estado. Para dar conta deste cenário

social, o Código de Menores de 1979 era o responsável por

disciplinar juridicamente a questão.

Ao eleger como a base o que se convencionou nominar de

“Doutrina da Proteção Integral”, quis o legislador sublinhar

a necessidade de proteção plena e especial ao público in-

fanto-juvenil, a qual se justifica em virtude da maturidade

física e mental em desenvolvimento.

O art. 227, caput, e o § 1º da Magna Carta trazem a obriga-

toriedade da intervenção estatal em relação à criança e ao

adolescente. Dessa forma, não é apenas o Estado que tem

o dever de atuação, mas também toda a sociedade. Surge,

assim, o “dever de cooperação da sociedade”, bem como

da família, com o Estado, para assegurar os direitos funda-

mentais da criança, do adolescente. (SMANIO, 2010, p.63.)2

Em razão da grande articulação e capacidade de represen-

tação, de um grupo mais vanguardista e afinado com os

clamores nacionais e internacionais no tocante aos Direitos

de Crianças e Adolescentes foi possível a inserção do art.

227 da CF/88 e consagração às crianças e adolescentes, o

status constitucional de sujeitos de direito, o qual disciplina

que “É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar

à criança, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde,

à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à

cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência

familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda a

forma de negligência, discriminação, exploração, violência,

crueldade e opressão”.

Deste modo, o art. 227 da CF/88 - inspirado nos ditames da

Declaração Universal dos Direitos da Criança de 1959 e fru-

to de grandes deliberações - traduziu um querer, um mens

legislatoris dos Constituintes de 1988, em especial, garan-

tindo às crianças e adolescentes um status constitucional

diferenciado, responsável por desencadear políticas públi-

cas e interpretações judiciais mais contemporâneas e que,

no fim do percurso, conduzirão à igualdade e a promoção

da justiça e do bem-estar social na sociedade brasileira.

Ao eleger como a base o que se convencionou nominar de

“Doutrina da Proteção Integral”, quis o legislador sublinhar

a necessidade de proteção plena e especial ao público in-

fanto-juvenil, a qual se justifica em virtude da maturidade

física e mental em desenvolvimento.

O olhar em relação à criança e ao adolescente enseja, pela

Doutrina Jurídica da Proteção Integral, uma transformação

dos nossos valores: da condição de menores, objeto de

compaixão-repressão, passam à condição de sujeitos ple-

nos de direitos: direito à vida, à saúde, à educação, à convi-

vência familiar, ao lazer, entre um elenco de outros atributos

que lhe são normativamente assegurados como cidadãos.

(CAFÉ DE JESUS, 2002, p. 13)3

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Com a observância da sistemática de incorporação dos

tratados internacionais disposto no texto constitucional de

1988, a 21 de dezembro de 1990 foi promulgada a Conven-

ção sobre os Direitos da Criança na ordem jurídica brasi-

leira com a edição do Decreto n. 99.710, tendo o mesmo

entrado em vigor para o Brasil em 23 de outubro de 1990. O

Presidente da República no exercício de sua competência

privativa, segundo dispõe a Constituição Federal no artigo

84, VIII, a ratificou em 24 de setembro de 1990; após os

trâmites no Congresso Nacional, expostos na Constituição

Federal, artigo 49, I, que aprovou a Convenção sobre os

Direitos da Criança pelo Decreto Legislativo n° 28, de 14 de

setembro de 1990.

Esta é a primeira premissa a ser observada no texto interna-

cional e o Brasil comprometeu-se internacionalmente a pro-

ceder, adotar políticas públicas, condutas e posturas nos

termos da Convenção. Então é reconhecidamente fonte de

obrigações e direitos na ordem jurídica brasileira o teor da

Convenção Internacional sobre os Direitos da Criança.

2. ESTATUTO DA CRIANÇA E ADOLESCENTE COMO

UMA REDE PRINCIPIOLÓGICA DE GARANTIAS E IN-

TERPRETAÇÃO CONSTRUTIVA

A tese central e objeto do ECA, qual seja o pleno desenvolvi-

mento da criança e do adolescente e sua proteção integral,

encontra terreno fértil na necessidade de fortalecimento de

políticas públicas e regulamentações legais protetivas e ra-

tificadoras dos objetivos e fundamentos do Estatuto. Neste

contexto de incidência da “Doutrina da Proteção Integral”

merece realce o príncípio da asseverando que todos são

coresponsáveis pelo desenvolvimento integral da criança e

do adolescente, entre eles, família, comunidade, sociedade

e Estado. (NASSAR; ANDREUCCI, p. 53-66)4

Dentre os direitos fundamentais da criança e do adolescen-

te estão o direito à vida, à saúde, à liberdade, ao respeito e

à dignidade.

Crianças e adolescentes não são mais capitis diminutae,

mas sujeitos de direitos plenos; eles têm, inclusive, mais

direitos que os outros que os outros cidadãos, isto é, di-

reitos específicos depois indicados nos títulos sucessivos

da primeira parte (do ECA). Estes direitos específicos são

exatamente aqueles que lhes asseguram o desenvolvimen-

to, o crescimento, o cumprimento de suas potencialidades,

tornando-os cidadãos adultos livres e dignos. (VERCELO-

NE, 2010, p. 36)5

Crianças, adolescentes e princípios guardam similitudes. Prin-

cípios são as origens. Crianças e adolescentes, também. Prin-

cípios são os alicerces. Crianças e adolescentes, também.

O princípio é um vocábulo dotado de inúmeras significa-

ções, mas entre elas está presente a idéia de origem, co-

meço, base ou fundamento. O vocábulo derivado do latim

principium tem sua conotação ligada à terminologia própria

da ciência geométrica, designando as verdades primeiras

(BONAVIDES, 1998, p. 228)6. A analogia com os conceitos

de crianças e adolescentes são inevitáveis.

Da mais alta relevância, os princípios hodiernamente pos-

suem status diferenciado e galgam a categoria de normas

indispensáveis para a arquitetura do sistema jurídico, bali-

zando-o e alicernçando-o. Essa interligação se faz notória

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e presente e eis a razão pela qual o legislador optou por

fazer do Estatuto da Criança e do Adolescente, uma rede

principiológica, compreendidos os princípios nessa legisla-

ção, não como mero enunciados, mas sim diretrizes para a

conformação de todo o sistema. Desta feita, seguindo os

ditames constitucionais, o ECA consolida, como Estatuto,

as matizes que delineiam os sujeitos de direitos, crianças e

adolescentes, reiterando em seu texto os princípios da prio-

ridade absoluta, proteção integral, melhor interesse, sujei-

to de direito em desenvolvimento em toda a sua plenitude,

eivada de dignidade, respeito, liberdade e não discrimina-

ção, tendo por raiz estruturante, Tratados Internacionais e

a Constituição de 1988, o princípio da proteção integral de

crianças e adolescentes.

A tese central e objeto do ECA, qual seja o pleno desenvol-

vimento da criança e do adolescente e sua proteção inte-

gral, encontra terreno fértil na necessidade de fortalecimen-

to de políticas públicas e regulamentações legais protetivas

e ratificadoras dos objetivos e fundamentos do Estatuto.

A Carta de 1988, como também o ECA - Estatuto da Crian-

ça e do Adolescente -, em exata adstrição à Declaração

Universal dos Direitos da Criança e à Convenção Interna-

cional sobre os Direitos da Criança, imprimem no ordena-

mento jurídico brasileiro o resultado de longa e severa bata-

lha dos movimentos sociais em prol do reconhecimento dos

direitos das crianças e dos adolescentes.

A fonte mais importante da doutrina da proteção integral da

criança e do adolescente, no direito brasileiro, é, sem dúvida,

o artigo 277 da Carta Constitucional que expressamente pre-

vê ser “dever da família, da sociedade e do Estado assegurar

à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta priorida-

de, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao

lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito,

à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de

colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discrimina-

ção, exploração, violência, crueldade e opressão.”

Destaca-se que a necessidade de proteção especial se jus-

tifica em virtude da “falta de maturidade física e mental”,

consoante a Declaração Universal dos Direitos da Criança.

Assim, além dos direitos fundamentais comuns a toda pes-

soa humana, podemos identificar alguns especiais relativos

à criança e ao adolescente, direitos estes albergados sob o

manto principiológico e a doutrina do que se convencionou

chamar “doutrina da proteção integral”.

Cumpre-nos explorar, no que diz respeito à dogmatização

e enquadramento dos vetores informativos do ECA como

princípios informativos desse sistema jurídico, e não apenas

como regras técnicas de procedimento, uma vez que exterio-

rizam pressupostos políticos de um ordenamento, podendo

assim variarem conforme interesses e razões políticas.

Asseveremos neste contexto que os princípios não se con-

fundem com regras técnicas, na medida em que se consti-

tuem em mandamentos nucleares que, ao alicerçarem um

sistema, veiculam disposições fundamentais a definir a lógi-

ca e a racionalidade desse mesmo sistema, conferindo-lhe,

desta forma, sentido harmônico (MELLO, 1980, p. 230)7. No

que toca ao ECA, os princípios estabelecem e veiculam im-

perativos, comandos que norteiam a atuação inclusive em

juízo, de sorte que, por isso, podem ser apresentados como

garantias jurídicas e processuais – direitos fundamentais que

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devem estar presentes para que se possa assegurar o devido

processo legal - na medida em que venham exteriorizar fun-

damentos objetivos e subjetivos na salvaguarda dos direitos

fundamentais. (ANDREUCCI; CARACIOLA, 2016)8

Impõe-se, notadamente o princípio nuclear do ECA, relativo

à doutrina da proteção integral, um enquadramento princi-

piológico no sistema jurídico na medida em que se constitui

em elemento de interpretação desse mesmo sistema, de

modo a apontar para o ideal social e jurídico.Destaca-se

que a afirmação da criança e do adolescente como “pes-

soas em condição peculiar de desenvolvimento” e do ponto

de vista da práxis social e aplicabilidade de tão princípio

na realidade concreta significa dizer que crianças e adoles-

centes, a partir da ontologia do ser, são sujeitos de direi-

to em desenvolvimento e este reconhecimento pressupõe

um valor especial, desenhado, inclusive pelo Constituinte

de 1988, como um direito social, que gerará a imperativa

da produção de Políticas Públicas pelo Estado. (ROSSATO;

LÉPORE; CUNHA, 2013, p. 74)9

Outro princípio de notória importância é o da prioridade

absoluta que encontra-se disposto constitucionalmente no

art. 227 da CF/88, bem como se estabelece nos arts. 4º

e 100, parágrafo único, II, da Lei 8069/90. A garantia da

prioridade consiste em receber, primeiramente, proteção

e socorro, em quaisquer circunstâncias; atendimento pre-

ferencial nos serviços públicos e de relevância pública;

prioridade na formulação e execução de políticas sociais

públicas; destinação preferencial de recursos públicos nas

áreas de atendimento à infância e à adolescência. Estabe-

lece assim que há a primazia em favor das crianças e dos

adolescentes em todas as esferas de interesse, quer seja,

judicial, extrajudicial, administrativo, social ou familiar, o in-

teresse infantojuvenil deve preponderar. É um princípio que

não está aberto a indagações ou ponderações sobre o in-

teresse a tutelar em primeiro lugar, já que a escolha foi feita

pelo legislador constituinte, em nome da Nação. À primeira

vista, pode parecer injusto, mas se trata aqui de interesses

a se ponderar. “Ainda que todos os cidadãos sejam iguais,

sem desmerecer adultos e idosos, quais são aqueles cuja

tutela de interesses mostra-se mais relevante para o pro-

gresso da nossa Nação? Se pensarmos que o Brasil é “o

país do futuro” – frase de efeito ouvida desde a década de

1970 – e que este depende de nossas crianças e jovens,

torna-se razoável e acertada a opção do legislador consti-

tuinte”. (AMIN, 2013, p.61)10

Estabeleceu também o ECA o princípio da solidariedade

entre família, comunidade, sociedade e Estado, asseveran-

do-se que todos são co-responsáveis pelo desenvolvimen-

to integral da criança e do adolescente.

Com a Edição do Estatuto, passa–se a considerar a criança

e o adolescente como sujeitos de direito e não como ob-

jetos. Poderão, pois, exercer livremente os direitos huma-

nos reconhecidos internamente que, positivados, passam a

ostentar o status de fundamentais. Tal conclusão encontra

guarida no inciso IV do art. 3º da CF, que determina ser ob-

jetivo Fundamental da República Federativa do Brasil pro-

mover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça,

sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discrimina-

ção. (ROSSATO; LÉPORE; CUNHA, 2014, p. 93)11

Acompanhando esse novo contexto há que se registrar a

importância da interpretação para o Direito. Cabe ao inter-

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prete o papel de mediador entre o texto frio da lei e o caso

concreto no qual haverá a aplicabilidade do dispositivo.

Portanto, o ato interpretativo do profissional do Direito não

se resume a uma simples leitura, pelo contrário, requer mui-

to mais intelecção e um papel criador da norma jurídica ao

contexto social no qual está inserida.

Como já dito anteriormente o processo sistemático parte da

noção de conjunto. Assim, o Direito é um todo e como tal

deve ser contemplado. As normas interagem e se ligam de

maneira sistêmica. Resta inconteste que, para se apreender

o real e verdadeiro alcance do dispositivo normativo, faz-

-se necessária a sua análise por meio de um processo de

raciocínio no qual as normas dialoguem entre si e formem

um todo resguardado pela unidade, pela harmonia e pela

coerência. (ANDREUCCI, 2005, p.121)12

Para a compreensão da norma, indispensável se faz sua

análise histórica que pressupõe a verificação de seus an-

tecedentes evolutivos e suas fontes motivadoras para sua

efetiva criação. As proposituras legiferantes, os debates

legislativos, as discussões, os aditivos, discussões, vota-

ções, bem como todos os estudos preparatórios apresenta-

dos pelos especialistas do tema, são objeto da mais alta va-

lia para o hermeneuta. Nesse momento as digressões são

absolutamente necessárias para a compreensão do porque

e das razões para tal oferta legislativa. O ser e o vir a ser

entrelaçam-se e se mostram como discursos argumentati-

vos para a compreensão do fato social a ser regulado.

Na interpretação construtiva há uma busca constante para

a apreensão dos valores propugnados como a ultima ratio

da lei, afinados que devem estar com os anseios sociais e

as exigências do bem comum. Carlos Maximiliano destaca

a importância que deve ser dada ao elemento teleológico

destacando que:

O fim inspirou o dispositivo; deve, por isso mesmo, tam-

bém servir para lhe limitar o conteúdo; retifica e completa

os caracteres na hipótese legal e auxilia a precisar quais

as espécies que na mesma se enquadram. Fixa o alcance,

a possibilidade prática; pois impera a presunção de que o

legislador haja pretendido editar um meio razoável e, entre

os meios possíveis, escolhido o mais simples, adequado e

eficaz. (MAXIMILIANO, 2000, p.152)13

E essa é a perspectiva adotada pelo ECA, batizada tecni-

camente, filosoficamente e valorativamente, de doutrina da

proteção integral da criança, cabendo citar:

Dentro dessa perspectiva, a alteridade ora identificada,

consistente em aferir, de maneira concreta, o interesse da

criança e do adolescente, aliado à proteção integral, qua-

lifica a atividade que o intérprete deverá realizar para bus-

car o verdadeiro sentido e alcance das normas do ECA.O

interesse maior da criança e do adolescente, portanto,

consiste em princípio fundante das normas do ECA, já que

pretende aferir não um interesse qualquer – mas o maior.

E por maior não se imagina o tamanho ou extensão, mas

em qualidade. O maior interesse, portanto, deve represen-

tar o ápice de uma investigação de maneira a aferir o que

realmente será significativo, agregador e qualificativo para

a criança e adolescente.

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Não se olvide, contudo, que as normas jurídicas sejam de

natureza dispositiva, permitindo-se à criança e ao adoles-

cente a discricionariedade de sua aplicação. Nada disso.A

premissa é outra. É preciso não se afastar da ideia de que

o ECA enfeixa uma proteção integral e essa operacionali-

dade somente atingirá a sua finalidade toda vez que, sendo

possível, haja participação dos protagonistas que se busca

proteger, aferindo, concretamente, qual o melhor interesse

de maneira a se efetivar-lhe, de modo favorável, a defesa

de seus direitos e interesses. (CAMILLO, 2010, p.45)14

Finalmente, e que nos interessa sobremaneira no presente

ensaio, é a ocorrência do processo interpretativo de natureza

sociológica ou teleológica. Tal processo pressupõe a finalida-

de, o objetivo, a intenção. Por este expediente hermenêutico

cabe ao intérprete o papel de alinhavar os fatos sociais às

exigências do bem comum e aos fins sociais. Deverá coa-

dunar a norma aos novos tempos, aos novos reclamos, às

novas realidades sociais. Há uma participação pró-ativa do

hermeneuta nesse momento à medida em que se dá um ver-

dadeiro ato de criação, ou seja, uma verdadeira interpretação

construtiva. (ANDREUCCI; CARACIOLA, 2016)15

3.UM MARCO LEGAL E A CONSAGRAÇÃO DE UM NOVO

SUJEITO DE DIREITO EM GRAU SUPERLATIVO, EIS AS

CRIANÇAS DE 0 A 6 ANOS DE IDADE

1º semestre de 2016, o Brasil recepciona a chegada de uma

nova legislação. Batizada de Estatuto da Primeira Infância,

a Lei nº 13.257/2016 alterou o tratamento destinado à crian-

ça nos primeiros seis anos de vida e, especialmente, frisou

o reconhecimento desta criança como “cidadã”, buscando

a articulação entre os entes federativos e a participação so-

lidária entre Estado, família e sociedade, bem como pro-

pugnando que o fundamento constitucional da cidadania

vai além da configuração do sujeito como portador de ca-

pacidade eleitoral, mas como aquele que influi nas decisões

políticas. A novel legislação sublinha os 72 meses iniciais

de vida, ou seja, de zero a seis anos, como um momento

de extrema relevância para o desenvolvimento não apenas

infantil, mas também como um marco inicial para o desen-

volvimento pleno do ser humano.

Pesquisas científicas contemporâneas revelam que os in-

vestimentos em políticas públicas para a Primeira Infân-

cia, são os mais eficazes e que trazem mais retorno, pois

apresentam inúmeros resultados para o presente e para a

formação futura da criança e da sociedade. Nos primeiros

anos de vida, o desenvolvimento físico, psicológico e emo-

cional da criança ganha contornos para transformações em

grandes dimensões. Antes mesmo de nascer, ainda no ven-

tre materno, estudos demonstram que o desenvolvimento

aquém do desejado irá trazer consequências futuras e de

alto impacto na vida adulta.16

Seguindo tais estudos, cabe destacar que a trajetória do

Marco Legal do Primeira Infância tem início no ano de 2011

com a criação da Frente Parlamentar da Primeira Infância,

integrada por mais de 200 parlamentares e, que depois se

agremiou à Rede Nacional Primeira Infância (RNPI), articu-

lação nacional de organizações da sociedade civil, do go-

verno, do setor privado, de outras redes e de organizações

multilaterais que atuam, direta ou indiretamente, pela pro-

moção e garantia dos direitos da Primeira Infância.

Salienta-se que 23 parlamentares da Frente, participaram

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// Revista da Faculdade de Direito // edição 5 // número 5 // 1º semestre de 2018

de um Curso de Liderança Executiva em Primeira Infância,

em Harvard. Em dezembro de 2013 foi apresentado o Pro-

jeto de Lei da Primeira Infância 6.998/2013 e em fevereiro

foi criada a Comissão Especial da Primeira Infância com o

objetivo de analisar o projeto. Deve ser ressaltado que o

projeto, PL 6.998/2013, recebeu inúmeras sugestões oriun-

das de participação social, bem como de especialistas nos

temas em debates pelo Brasil afora.17

O Estatuto da Primeira Infância, destaca o caráter vital de

se atribuir a devida atenção aos primeiros seis anos de vida

da criança, reforçando medidas para consolidar o conceito

aqui explanado, que conceitua a criança no papel de cida-

dão, apto a influenciar os rumos do país, desenvolvimen-

to histórico que agora recebe novos detalhamentos pela

sociedade e pela cultura jurídica. Sob o ponto de vista da

análise da articulação, a lei é expressa em relação a esta

necessidade de que as políticas sejam formuladas e imple-

mentadas pela abordagem e coordenação intersetorial, que

articula as diversas áreas, englobando também a União, Es-

tados, Distrito Federal e Municípios, o que garantirá a trans-

versalidade das ações.

A preocupação mais pujante se refere não somente a dispo-

nibilizar os alicerces fundamentais para a criação de um ser

humano cidadão, consciente de seu papel social e do seu

direito de demandar o Estado naquilo que for oponível, como

também da possibilidade marcante de oferecer a criança o

direito mais inerente a ela, que é o direito de ter uma infância

saudável, desenvolvendo seu aprendizado sim, mas viven-

ciando essa época, brincando e convivendo harmonicamen-

te com a família e com a sociedade, uma simbiose importan-

te para a formação mais apropriada da mesma.

O que deve ser ressaltado é que o estatuto eleva a criança

à categoria de cidadã, coadunando com os instrumentos

internacionais de proteção à criança e com o nosso texto

constitucional, ressaltando a sua característica de sujeito

de direito, o que significa tratá-la como um indivíduo atuan-

te na esfera pública e sujeita à proteção do Estado, no pre-

sente caso, prioritária.

Art. 3o A prioridade absoluta em assegurar os direitos da

criança, do adolescente e do jovem, nos termos do art. 227

da Constituição Federal e do art. 4o da Lei no8.069, de 13

de julho de 1990, implica o dever do Estado de estabelecer

políticas, planos, programas e serviços para a primeira in-

fância que atendam às especificidades dessa faixa etária,

visando a garantir seu desenvolvimento integral.

Art. 4o As políticas públicas voltadas ao atendimento dos

direitos da criança na primeira infância serão elaboradas e

executadas de forma a:

I - atender ao interesse superior da criança e à sua condi-

ção de sujeito de direitos e de cidadã;

II - incluir a participação da criança na definição das ações

que lhe digam respeito, em conformidade com suas carac-

terísticas etárias e de desenvolvimento;

III - respeitar a individualidade e os ritmos de desenvolvi-

mento das crianças e valorizar a diversidade da infância

brasileira, assim como as diferenças entre as crianças em

seus contextos sociais e culturais;

IV - reduzir as desigualdades no acesso aos bens e ser-

viços que atendam aos direitos da criança na primeira in-

fância, priorizando o investimento público na promoção da

justiça social, da equidade e da inclusão sem discrimina-

ção da criança;

V - articular as dimensões ética, humanista e política da

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// Revista da Faculdade de Direito // edição 5 // número 5 // 1º semestre de 2018

criança cidadã com as evidências científicas e a prática

profissional no atendimento da primeira infância;

VI - adotar abordagem participativa, envolvendo a socie-

dade, por meio de suas organizações representativas, os

profissionais, os pais e as crianças, no aprimoramento da

qualidade das ações e na garantia da oferta dos serviços;

VII - articular as ações setoriais com vistas ao atendimento

integral e integrado;

VIII - descentralizar as ações entre os entes da Federação;

IX - promover a formação da cultura de proteção e pro-

moção da criança, com apoio dos meios de comunicação

social.

Parágrafo único. A participação da criança na formula-

ção das políticas e das ações que lhe dizem respeito tem

o objetivo de promover sua inclusão social como cidadã

e dar-se-á de acordo com a especificidade de sua idade,

devendo ser realizada por profissionais qualificados em

processos de escuta adequados às diferentes formas de

expressão infantil.

Toda essa engrenagem colabora para a consolidação dos

princípios da proteção integral e da compreensão da crian-

ça como sujeito de direito em desenvolvimento, basilares e

presentes nos marcos normativos de proteção aos direitos

infanto-juvenis. Assim, reconhecer a criança como priori-

dade é um passo importante, especialmente para a conso-

lidação do modelo responsável para fazer com que sejam

cumpridos de forma efetiva os objetivos e fundamentos da

República Federativa propostos no texto constitucional vi-

gente. A cidadania se impõe mediante o reconhecimento

dos direitos fundamentais, da erradicação da pobreza, da

redução das desigualdades e que deve ter início, literalmen-

te, no berço.

4. PROTAGONISMO COMO NÚCLEO FUNDAMENTAL

DO MARCO LEGAL DA PRIMEIRA INFÂNCIA

Aprende-se na ação. Aprende-se na prática. Aprende-se

fazendo para o outro e com o outro. Esta é a prática do Pro-

jeto Plenarinho, o fazer. Um fazer entabulado por narrativas

de aproximação, afetividade e alteridade.

Nos tempos contemporâneos a criança não é mais objeto

transmutou-se a partir de 1988 como sujeito de direito, em

especial, a partir de 2016, como sujeito de direito político,

o que consiste em dizer que seu papel na sociedade está

focado no protagonismo, no direito à participação nos pro-

cessos que lhe dizem respeito. Urge a criação de uma rede

profícua de debates para que o direito à voz seja implemen-

tado a partir das reais necessidades dos infantes e não tão

somente como norma posta mas que não ecoa na realidade

social. A visão adultocêntrica pautada na compreensão in-

terpretativa dos adultos de que são os tradutores dos “que-

reres” infantis deve ser abandonada por completo para que

o exercício da cidadania infanto-juvenil seja reconhecido de

maneira plena. Cada vez mais o pensamento “pós-meta-

físico deixa clara a superação dessa relação objetivadora.

Reconhece que as crianças têm voz, vontades, desejos e

posicionamentos que fazem parte da sua constituição; que

as crianças são sujeitos com suas singularidades e poten-

cialidades diferentes dos adultos; reconhece essas diferen-

ças e sugere a construção de espaços para novos diálogos

que permitam, por meio das estruturas do mundo da vida

infantil, externar suas vontades, anseios, necessidades.” A

partir de tais compreensões hodiernas crianças passam a

ser atores do processo educacional permeado pelo direito

à voz e valorização das experiênciais pessoais e singulares

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// Revista da Faculdade de Direito // edição 5 // número 5 // 1º semestre de 2018

para o aprendizado. (ALVES PEREIRA, 2009, p.34)18

Discussões de temas árduos, da Política, da Democracia,

do viver em sociedade são trazidos ao debate de forma lú-

dica, espontânea e que tocam a todos e a cada um em sua

singularidade infantIl. A experiência individual transmuta-se

em experiência coletiva na medida em que os projetos são

sociabilizados e neste momento, narrativas da existência

são compartilhadas por aproximação e alteridade. O pro-

cesso de troca de experiências é de extrema importância na

medida em que parte do micro para o macro e realimenta o

sistema do mundo da vida. Cada ser, em sua singularidade

é formado por inúmeras pluralidades e tomar contato com

o outro é a possibilidade de ressignificação do coletivo, das

práticas sociais e dos vazios individuais que muitas vezes

passa a ser compartilhado ganhando novas dimensões e

protagonismos.

Por meio da ideia de compartilhamento de mundos a noção

de alteridade em sua maior dimensão como respeito à diver-

sidade, à dignidade humana, bem como ao respeito adquire

novas conformações na busca por uma solidariedade fra-

terna e global, tal ideia se encontra fortemente preconizada

por Hannah Arendt “pois o respeito à dignidade humana

implica o reconhecimento de todos os homens ou de todas

as nações como entidades, como construtores de mundos e

co-autores de um mundo comum.” (ARENDT, 1989, p. 509)19

Para Arendt a gramática da ação, ou seja, transportar do

mundo da teoria para a praxis social é de extrema valia pois

agrega inúmeros valores para a História da Humanidade

e neste sentido, não há uma data para começar, não há

um critério etário, mas apenas um começar com respeito

e voltado às interfaces próprias de cada agir. Neste sen-

tido a existência só se perfaz pela pró-atividade ou pelo

protagonismo. Não basta estar no mundo, existir é agir.

Para o mundo infanto-juvenil demarcado pela curiosidade

e a busca de respostas, nada mais adequado do que o

incentivo ao protagonismo, e neste contexto O Marco Le-

gal da Primeira Infância cumpre com maestria a sua voca-

ção, levar a cidadania para a ação, transformando crianças

e adolescentes em potências de agir nos mundos que lhe

são próprios, com suas peculiaridades, problematizações

e sonhos. Arendt com ênfase na ação, nos remete à noção

do agir para existir ao ponderar que “só assim é possível

“ser alguém”, atingir realidade plena. Ao expor-se não só

no espaço físico do mundo, mas também na “teia de rela-

coes humanas”, a ação inciada pelo agente ganha um di-

namismo que produzirá uma história na qual o indivíduo e

o sujeito, podendo atingir a imortalidade, para ingressar na

história sem começo nem fim que é o livro de histórias da

humanidade”. (ARENDT, 2010, p.231)20

Ainda Arendt reforça a ideia de ação coletiva, a interpessoa-

lidade humana para a pragmática social, e é no exercício

da política o locus privilegiado para tal ato que demanda

criatividade e se transforma em uma expressão da mais ele-

vada das faculdades humanas ambiência para a discussão

de problemas sociais a partir da ótica e do sentimento de

crianças e adolescente. (ARENDT, 1988, p. 140)21

esta é a realidade da inteligência colectiva, da sabedoria

que possuímos enquanto grupo que nos é inacessível en-

quanto indivíduos isolados. Esta sabedoria emerge quando

nos sentimos cada vez mais ligados aos outros; à medida

que passamos de uma conversa para outra, trazendo con-

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5. VERCELONE, Paolo. In: Cury, Munir et al. Estatuto da criança e do adolescente comentado. Comentários jurídicos e sociais. 10a ed. São Paulo: Malheiros, 2010, p. 36.

6. BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. 7a ed. São Paulo: Malheiros, 1998, p. 228.

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10. AMIN, Andrea Rodrigues. Princípios orientadores do Direito da Criança e do Adolescente In MACIEL, Katia Regina Ferreira Lobo Andrade. Curso de Direito da Criança e do Adolescente: aspectos teóricos e práticos. 6ª ed. São Paulo: Saraiva, 2013, p.61.

11. ROSSATO, Luciano Alves; LÉPORE, Paulo Eduardo; CUNHA, Rogério Sanches. Estatuto da Criança e do Adolescente comentado artigo por artigo. 6a edição. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2014, p. 93.

12. ANDREUCCI, Ana Claudia Pompeu Torezan. Salário-Maternidade à mãe adotiva no Direito Previdenciário Brasileiro. São Paulo: LTr, 2005, p.121.

13. MAXIMILIANO, Carlos. Hermenêutica e aplicação do direito. 18ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 2000, p.152.

14. CAMILLO, Carlos Eduarto Nicoletti Dos princípios da proteção integral e do interesse maior da criança e do adolescente como critérios de inter-pretação. In CARACIOLA, Andrea Boari; ANDREUCCI, Ana Claudia Pompeu Torezan ; FREITAS, Aline da Silva. Estatuto da Criança e do Adolescente, 20 anos. São Paulo: LTr, 2010,p.45.

15. ANDREUCCI, Ana Claudia Pompeu Torezan; CARACIOLA, Andrea Boari. ECA como uma rede principiológica: a interpretação construtiva dos direitos da criança e do adolescente e a compreensão teleológica da Lei Menino Bernardo, In PIRES, Antônio Cecilo Moreira Pires (et AL) Estudos sobre a violência contra a criança e o adolescente [livro eletrônico].São Paulo :Libro, 2016. Disponível em http//www.prioridadeabsoluta.org.br/wp-content/uploads/.../estudos_sobre_a_violencia_pdf-1.pdf.Acesso 8.mar.2018.

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18. ALVES PEREIRA, Vilmar. Infância, Subjetividade e Pluralidade no Contexto do Pensamento Pós-Metafísico. Educação & Realidade [en linea] 2009, 34 (Enero-Abril). Disponível em en:<http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=317227053013> . Acesso em 12.dez.2017.

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Entretenimento e proteção à criação intelectual // Juliana Leandra Maria Nakamura Guillen Desgualdo

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// Revista da Faculdade de Direito // edição 5 // número 5 // 1º semestre de 2018

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